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Endocardite de Válvula Tricúspide em Equino: relato de caso
Leonardo Maggio de Castro1, Bianca Gerardi2, Eliana Roberta Tagliari3, Larissa Gabriela Ávila4
1 Graduando de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP). E-mail: [email protected], 2 Pós-graduanda da Universidade Estadual Paulista,
“Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/Araçatuba), 3 Médica veterinária autônoma e 4 Docente de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP)
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE RIO PRETO / UNIRP, HOSPITAL VETERINÁRIO “DR. HALIM ATIQUE” BR-153, KM 69 - CEP: 15.093-450, SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP
INTRODUÇÃO:
A endocardite bacteriana é uma afecção adquirida rara e de difícil
diagnóstico em equinos acometendo principalmente animais jovens. A
doença caracteriza-se por infecção bacteriana valvular com formação
de placas fibrinosas, podendo formar êmbolos sépticos. As alterações
locais e sistêmicas levam a um prognóstico desfavorável, tornando a
afecção grave. A válvula aórtica prevalece na incidência dos casos,
seguida pela válvula mitral e posteriormente a válvula tricúspide.
RELATO DE CASO:
Relata-se o caso de uma égua da raça Quarto de Milha, de um ano de
idade, atendida no Hospital Veterinário “Dr. Halim Atique”, no Centro
Universitário de Rio Preto (UNIRP), com suspeita de babesiose. O
proprietário havia administrado deltametrina devido à presença de
carrapatos. O animal estava apático, inapetente e magro (Figura 1) e
foi medicado com 5 mL de dipropionato de imidocarb. Devido à
ausência de melhora, optou-se por encaminhá-lo ao Hospital
Veterinário de São José do Rio Preto. À avaliação física, constatou-se
taquicardia, pulso jugular positivo, taquipnéia, temperatura de 37,1ºC,
mucosas aparentes hipocoradas, tempo de preenchimento capilar de 3
segundos e motilidade intestinal normal, exceto na região do intestino
delgado, que apresentava hipomotilidade. Aos exames laboratoriais,
verificou-se, além de anemia, leucocitose com neutrofilia,
trombocitopenia, fibrinogênio 0,6 g/dL e presença de Babesia spp. O
perfil bioquímico denotou concentração de GGT (gama
glutamiltransferase) de 103 U/L. Devido à hepatopatia, iniciou-se
tratamento com solução de glicose a 5% e cloreto de sódio a 0,9%,
vitaminas, antibioticoterapia (ampicilina 6 g TID) e houve necessidade
de transfusão de sangue. Apesar da instituição de tratamento, não se
notou, entretanto, melhora nos quadros clínico, hematológico e
bioquímico. Passados alguns dias o animal começou a apresentar
edema ventral (Figura 2) e de membros, e o pulso jugular tornou-se
mais intenso. Suspeitou-se de cardiopatia e foi realizado
eletrocardiograma, porém sem detecção de alteração. Administrou-se
furosemida e houve diminuição do edema, mas o animal evoluiu a óbito
dias depois.
Figura 1. Animal mostrando apatia e perda de peso Figura 2. Edema ventral
REFERÊNCIAS:
1. BONAGURA, J.D.; REEF, V. B. Doenças Cardiovasculares. IN: REED, S.M.; BAYLY, W. M. Medicina Interna Equina. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 1998.
2. MAXSON, A. D.; REEF, V. B. Bacterial endocarditis in horses: ten cases (1984-1995), Equine Veterinary Journal, 29, 1997, p. 394-399.
3. PORTER, S. R.; SAEGERMAN, C.; VAN GALEN, G.; SANDERSEN, C.; DELGUSTE, C.; GUYOT, H.; AMORY, H. Vegetative Endocarditis in Equids (1994-2006), Journal of Veterinary Internal Medicine, 22, 2008, p. 1411-1416.
4. REEF, V. B.; MCGUIRK, S. M. Doenças do Sistema Cardiovascular. IN: SMITH, B.P. Medicina Interna de Grandes Animais. 3 ed. Barueri, SP: Manole, 2006.
5. SAGE, A. M.; WORTB, L. Fever: Endocarditis and Pericarditis. IN: MARR, C. M. Cardiology of the horse. Tottenham: W. B. Saunders, 1999.
À necropsia detectou-se cardiomegalia (Figura 3), espessamento da
válvula tricúspide (Figura 4), intensa vascularização (Figura 5) e presença
de abscesso pulmonar (Figura 6), hepatomegalia (Figura 7) com aspecto
de noz moscada (Figura 8) e grande quantidade de líquido na cavidade
abdominal, sugestivo de ascite (Figura 9).
CONCLUSÃO:
Baseando-se nos achados clínicos e post mortem, o animal apresentava
alterações condizentes com insuficiência cardíaca congestiva devido à
endocardite bacteriana de válvula tricúspide, associada a quadro de
tromboembolismo séptico.
Figura 3. Presença de cardiomegalia Figura 4. Espessamento da válvula tricúspide
Figura 5. Abscesso pulmonar (seta) e intensa
vascularização local
Figura 6. Visualização do abscesso ao corte do
parênquima pulmonar
Figura 7. Hepatomegalia Figura 8. Fígado com aspecto de noz moscada ao
corte
Figura 9. Líquido abdominal indicando ascite