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Gnosiologia: Teorias do conhecimento

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Uma explicação ou interpretação filosófica do conhecimento humano.

No conhecimento encontram-se frente a frente a consciência e o objeto, o sujeito e o objeto. O

conhecimento apresenta-se como uma relação entre estes dois elementos : sujeito-objeto

 A relação entre esses dois elementos é ao mesmo tempo

uma correlação

Teoria do conhecimento.Não utilize

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Inter-relação Sujeito -objeto

• O sujeito só é sujeito para um objeto e o objeto só é objeto para um sujeito. Ambos eles são o que são enquanto o são para o outro. Mas esta correlação não é reversível. Ser sujeito é algo completamente distinto de ser objeto. A função do sujeito consiste em apreender o objeto, e do objeto, em ser apreendido pelo sujeito”(HESSEN, 1973: 26)

• “Todo o conhecimento designa (intende) um objeto que é independente da consciência cognoscente”. (p. 28)

• “O conceito de verdade é, assim, o conceito de uma relação. Exprime uma relação, a relação do conteúdo do pensamento, da ‘imagem”, com o objeto”. (p. 30).

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Sujeito- imagem-objetorelação complexa: campos do conhecimento PsicologiaÊnfase no sujeito

LógicaÊnfase na imagem

Teoria do conhecimentoÊnfase na relação

OntologiaÊnfase no objeto

Origem e desenvolvimento do conhecimento

Psicologicismo

Concordância do conhecimento consigo mesmoRacionalismo lógico, O giro lingüístico

Estudo dos problemas da relação entre o sujeito e o objeto

Estuda o serObjeto e sujeitosComo seres independentese transcendentais

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Problemas da teoria do conhecimento

Veritas est adaequatio rei et intellectus Possibilidad. Origem Essência Tipos Critérios

DogmatismoCepticismoRelativismoPragmatismoCriticismo

(Hessen, 1973)

EmpirismoRacionalismoIntelectualismo

Pré-metafísicas: objetivismoSubjetivismoMetafísicas:RealismoIdealismoFenomenalismoRealismo Crítico

Imediato intuitivoMediato discursivo

Ausência de contradiçãoPresença imediata do objeto

Limites: Sujeito e objeto trascendental

“Tabula rasa”“Intuição das essências”

Adequação a critérios(Ajdukie-wicz, 1979)

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Processo do conhecimento(Schaff, 1986)

objeto Sujeito Interação

MecanicismoTeoria do reflexoPredominância do objetoSujeito passivo e contemplativo

Idealista e ativistaSujeito ativo criador da realidadeO objeto desaparece em favor da atuação do sujeitoFilosofias subjetivistas e idealistas

Objetivo-ativistaPredomínio da relaçãoPrincípio da interaçãoRealismo materialistaRelação objetivo- subjetivaObjeto “cognoscível”“ser–em- si” (independente da consciência) torna-se“Ser para si” (coisa para nós)

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Sentidos da atividade do sujeito

1. Sujeito empírico: pessoa que faz uma observação e é influenciada pelo que ela tem de particular e individual (interesses ou paixões). A ciência veicula uma ética do ocultamento ou apagamento do sujeito individual empírico.

2. Sujeito transcendental: conjunto de atividades estruturantes necessárias à observação, segundo regras que são sociais e ligadas à historicidade de uma cultura. Poderá ser uma “intersubjetividade”.

3. Sujeito científico ou epistemológico: conjunto de atividades estruturantes ligadas a uma abordagem científica determinada, paradigma ou matriz disciplinar. Refere-se a uma maneira socialmente estabelecida de estruturar o mundo. (FOUREZ, 1995:50)

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O conflito das primaziasAdaequatio rei et intellectus

• O sujeito• Contemplativo • Ativo• Centro (revolução

copernicana)• Negado• Construído

Socialmente• desconstruído

• O Objeto• Centro (Ordem)• Dominado (controle)• Contruído (fenômeno)

• Negado• Transformado• O discurso sobre o

objeto (Giro lingüístico)

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Os falsos dualismos• O falso empirismo sujeito e o objetos “dados”• O falso dualismo das primazia (totalidades)• A dialética do senhor e o escravo (unidade de

contrários)• O processo: inter-relação sujeito objeto (O sujeito só é

para um objeto e vice-versa)• A afirmação, negação e a negação da negação (revelar

e esconder; conhecer e desconhecer)• A dinâmica do processo. O devir• A superação do falso dualismo . A redução da

totalidades opostas em partes de um todo maior compreensivo (a cultura, o espírito humano)

• O todo compreensivo (as condições materiais históricas)

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Análise epistemológica e teorias do conhecimento

• A análise das tendências teórico-metodológicas ou paradigmas científicos supõem a articulação entre os níveis técnico-instrumental, metodológico e teórico, além de abrir a possibilidade de identificar pressupostos filosóficos que permitem a identificação de perspectivas e ideologias que, na forma de pressupostos, relacionam a prática da pesquisa com visões de mundo e os interesses humanos que orientam essa prática.

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Método: lógico e histórico• A análise epistemológica supõe a compreensão

da obra científica como um todo lógico que articula diversos fatores, os quais lhe dão unidade de sentido. (KOSIK, 1976; KOPNIN 1978)

• Esta unidade de sentido se produz em condições histórico-sociais que a determinam e a caracterizam como única e como parte do processo maior da produção do conhecimento humano. Assim, as categorias centrais da análise referem-se à relação entre o lógico e o histórico. O trabalho científico (neste caso, a pesquisa educacional) pode ser analisados segundo conteúdos lógicos e históricos.

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• ‘‘A unidade entre o lógico e o histórico é um importante princípio metodológico da construção do sistema de categorias, as quais deve refletir de forma específica a história de sua formação e evolução’’. (Sánchez Gamboa, 1996: 35).

•   Na análise epistemológica da produção científica, a inter-relação entre o lógico e o histórico refere-se a dois momentos específicos. No primeiro procura-se a estrutura interna implícita em todo texto ou pesquisa, à forma como define e articula seus elementos constitutivos; no segundo recuperam-se nexos e condições históricas que determinam essa produção. A integração destes dois momentos que se explicitam mutuamente nos oferece um conhecimento sobre as características, não apenas de cada pesquisa em particular, mas do movimento do pensamento que a sustenta e da tendência científicas na qual se situa.

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A Compreensão histórica ajudará a revelar as articulações lógicas que foram construídas e que deram como resultado uma determinada forma de fazer ciência,

A compreensão histórica poderá identificar, por exemplo, que num determinado período um determinado modelo se tornou ou deixou de ser predominante ou foi substituído por outros paradigmas com maior capacidade heurística. Temos, assim, na recuperação do histórico, novos elementos para constatar um movimento da produção científica, dos conflitos e das tendências da transformação no seio dos campos científicos (Bourdieu, 1983).

A relação entre o lógico e o histórico permite recuperar as matrizes epistemológicas predominantes num determinado campo científico

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MATRIZ PARADIGMÁTICAA LÓGICA RECONSTITUÍDA

Relação dialética entre Pergunta (P) e Resposta ( R )

• A CONSTRUÇÃO DA PERGUNTA.• Mundo da Necessidade Problema Indagações

múltiplas Quadro de questões Pergunta

• A CONSTRUÇÃO DA RESPOSTA• Nível técnico

• Nível metodológico• Nível teórico

• Pressupostos epistemológicos• Pressupostos gnosiológicos

• Pressupostos ontológicos (ser: realidade)

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MATRIZ EPISTEMOLÓGICA

• Método: lógico e histórico

• 1. Análise lógica: matriz paradigmática

• 2. Compreensão histórica: reconstrução das condições materiais da construção do conhecimento.

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A CONSTRUÇÃO DA RESPOSTA

Nível TécnicoNível Técnico Fontes e Técnicas de coleta, organização sistematização e tratamento de dados e informações.Nível MetodológicoNível Metodológico Abordagem e processos da pesquisa: Formas de aproximação ao objeto [delimitação do todo, sua relação com as partes, [des]consideração dos contextos.Nível TeóricoNível Teórico Fenômenos Privilegiados, Núcleo Conceptual Básico, Autores e Clássicos Cultivados, Pretensões Críticas, Tipo de Mudança Proposta Nível EpistemológicoNível Epistemológico Concepção de Causalidade, de Validação da Prova Científica e de Ciência [Critérios de cientificidade].Pressupostos GnosiológicosPressupostos Gnosiológicos Maneiras de Abstrair, Generalizar, Conceituar, Classificar e Formalizar, ou Maneiras de relacionar o sujeito e o objeto. Critérios de Construção do Objeto Científico.Pressupostos OntológicosPressupostos Ontológicos Concepção de História, de Homem, de Educação e Sociedade

CONCEPÇÕES DE REALIDADE

[C O S M O V I S Ã O ]

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Pressupostos Gnosiológicos

• As formas como se relacionam os sujeitos e os objetos

• A formas de construção do objeto• O problema da objetividade e da

subjetividade:• Três grandes abordagem: a) o

objetivismo, a) o subjetivismo, c) o Concretivismo

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Relação dialética Sujeito-objeto

ObjetoPROBLEMA CONCRETOSituado (espaço)Datado (tempo)Ativo (movimento)

SujeitoINDAGADOR CONCRETODuvida, suspeita, interroga

questiona, pergunta sobre fenômenos concretos

• Sem sujeito não existe objeto e vice-versa.• O falso dualismo ontológico (Separar ou que é

ontológicamente inseparável)• O falso empirismo (ser concretos separados ou totalidades

em si mesmas). • A relatividade de totalidades (sujeito e objeto) num todo

maior:• A cultura ( culturalismo e idealismo de HEGEL). • As condições materiais históricas (materialismo de MARX)

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Pressupostos ontológicos Concepções gerais do ser “ontos”• concepção de homem (perfil de variáveis, máquina; sujeito,

indivíduo, ser social que constrói a realidade)• Sociedade (estrutura funcional, dinâmica e contraditória)• História (dado conjuntural; contexto; processo de

desenvolvimento e superação das contradições e conflitos inerentes ao próprio fenômeno)

• Realidade.• Concepção de realidade ou visões de mundo (cosmovisão)• Atributos: espaço, tempo e movimento • Concepção de espaço (físico delimitado, cenário,

contexto,entorno dinâmico)• Concepção de movimento (mecânico, complexo, interno

dinamis) • Concepção de tempo (sincrônico, diacrônico, irreversível)• Concepções de ordem –Vs- desordem

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Exemplos de pressupostos gnosiológicos

• Flutuações entre:• A objetividade: processo cognitivo

centralizado no objeto (empírico-analítica, positivismo).

• A subjetividade: processo centralizado no sujeito (fenomenologia – hermenêutica)

• Concreticidade: centralizada na relação dinâmica entre o sujeito e o objeto (dialética materialista)

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Objetividade• Garantida na observação controlada que da origem

aos dados, na formalização desses dados através de instrumentos devidamente testados, na univocidade dos enunciados, na codificação matemática, na linguagem lógica das proposições protocolares, no raciocínio lógico-dedutivo.

• Processo que supõe a existência de dados imediatos despidos de conotações subjetivas

• Primazia das abordagens empírico analíticas (experimentalismo, positivismo, funcionalismo, sistemismo).

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Subjetividade• Presença marcante do sujeito na interpretação do objeto, é

garantida no processo rigoroso da passagem da experiência fenomênica à compreensão da essência, através da recuperação da totalidade implícita ou do contexto no qual se insere o fenômeno .

• “ O acesso aos fatos é dado através da compreensão do sentido, em lugar da observação. À verificabilidade sistemática das leis no quadro da ciência analítico-empírica contrapõe-se a exegese dos textos” (Habermas, 1983:306)

• Esse processo supõe o comando do intérprete que assume a “subjetividade fundante do sentido”

• Primazia nas abordagens fenomenologico- hermenêuticas).

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Concreticidade• A concreticidade se constrói na síntese objeto-

sujeito que acontece no ato de conhecer. O concreto é construído como ponto de chegada de um processo que tem origem empírico-objetiva, passa pelo abstrato, de características subjetivas, e forma uma síntese, validada na mesma ação de conhecer, quando o conteúdo concreto no pensamento é confrontado com seu ponto de partida através da prática.

• Predominância nas abordagens crítico-dialéticas

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Pressupostos ontológicos

• Concepções de homem:• Abordagens empírico-analíticas: concepções

tecnicistas e funcionalistas, “perfil funcional”, capital humano, matriz de competências.

• Abordagens fenomenológico-hermenêuticas: visão existencialista, projeto inacabado, concepção comunicativa e dialógica do homem

• Abordagens dialéticas: ser social e histórico em permanente transformação. Determinado por contextos econômicos, políticos, sociais, mas sujeito criador e transformador da realidade.

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Referências• AJDUKIEWICZ, K. Problemas e Teorias da Filosofia, São

Paulo: LECH, 1979.• BACHELARD, G. O Novo espírito Científico, Rio de

Janeiro, Tempo Brasileiro, 1968• BOURDIEU, Pierre. O campo científico. In: Ortiz, Renato

(org.). Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

• KOSIK, K. Dialética do Concreto, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

• KOPNIN,O.V. A Dialética como Lógica e Teoria do Conhecimento. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978.

• CHEPTULIN, A. A Dialética Materialista: categorias e leis da dialética, São Paulo: Alfa-Omega, 1982.

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• HABERNAS, J. Conhecimento e Interesse, Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

• HESSEN, H. Teoria do Conhecimento, Lisboa, Amado, 1973.

• LOWY, M.. Ideologia e Ciências Sociais, São Paulo: Cortez, 1986.

• FOUREZ, G. A Construção das Ciências, introdução à Filosofia e a Ética das Ciências, São Paulo: UNESP, 1995

• SÁNCHEZ GAMBOA, S. Pesquisa em Educação: métodos e epistemologias. Chapecó SC: Argós, 2008.

• SÁNCHEZ GAMBOA, S. A Pesquisa Dialética em Educação: Elementos de Contexto. In. Fazenda I. Metodologia da Pesquisa Educacional, São Paulo, Cortez 2004, pp. 91-115,

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