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Acta Reumatológica Portuguesa XIII CONGRESSO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA Teatro Micaelense Centro Cultural e de Congressos Ponta Delgada 26 a 29 de Abril de 2006 SUPLEMENTO Vol 31 • Nº1 Janeiro/Março 2006

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Acta Reumatológica Portuguesa

XIII CONGRESSO PORTUGUÊSDE REUMATOLOGIATeatro MicaelenseCentro Cultural e de CongressosPonta Delgada26 a 29 de Abril de 2006

SUPLEMENTOVol 31 • Nº1Janeiro/Março 2006

Acta

Reumatológica

Portuguesa

XII I CONGRESSO PORTUGUÊS

DE REUMATOLOGIA

Teatro Micaelense

Centro Cultural e de Congressos

Ponta Delgada

26 a 29 de Abril de 2006

SUPLEMENTO

Vol 31 • Nº1Janeiro/Março 2006

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Acta Reumatológica

Portuguesa

C O N S E L H O E D I T O R I A L

Editor Chefe (Chief Editor)João Eurico Cabral da Fonseca

Editores Associados (Associated Editors)Carlos Ramalheira José Carlos RomeuHelena Canhão Maria José SantosHenrique Barros Paulo NicolaJoaquim Ferreira Teresa CarvalhoJosé António Pereira da Silva

S E C R E T Á R I A E D I T O R I A L

Isabel Labisa

Alfonse Masi (E.U.A.)António Lopes Vaz (Portugal)Auli Toivanen (Finlândia)Dafna Gladman (Canada)David Isenberg (Reino Unido)Eliseo Pascual (Espanha)Graciela Alarcon (E.U.A.)Johannes Bijlsma (Holanda)Jaime C. Branco (Portugal)Francisco Airton da Rocha (Brasil)Gabriel Herrero-Beaumont (Espanha)Gerd Burmester (Alemanha)Hasan Yazici (Turquia)Ian Chikanza (Reino Unido)JCW Edwards (Reino Unido)J. Dequeker (Bélgica)Joachim Kalden (Alemanha)

Joseph Smolen (Áustria)Juan Gomez-Reino (Espanha)Marcos Bosi Ferraz (Brasil)Maria Odete Hilário (Brasil)Mário Viana de Queiroz (Portugal)Maurízio Cutolo (Itália)Maxime Dougados (França)Michele Petri (E.U.A.)Michele Revel (França)Rainer H. Straub (Alemanha)Ralph Schumacher (E.U.A.)Rashid Luqmani (Reino Unido)Patricia Woo (Reino Unido)Piet van Riel (Holanda)Thore Kvien (Noruega)Yrjö Konttinen (Finlândia)

Administração e EdiçãoMedfarma - Edições Médicas, LdaAlameda António Sérgio 22, 4º BEdif. Amadeo de Souza-Cardoso1495-132 Algés

RedacçãoSociedade Portuguesa de ReumatologiaRua D. Estefânia 177, 1º D1000-154 Lisboa

RegistoIsenta de inscrição no I.C.S. nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 12.0 do Decreto Regulamentar n.o 8/99, de 9 de Junho.

Depósito Legal: 86.955/95

Tiragem: 7.500 exemplares

Preço: 7,50 €

Direcção Comercial e Serviços de PublicidadeMedfarma - Edições Médicas, LdaTel: 214 121 142 – Fax: 214 121 146

Impressão e AcabamentoÓptima Tipográfica, Lda.Casais da Serra • 266-305 Milharado

Produção GráficaRita Correia

PeriodicidadePublicação Trimestral

Proibida a reprodução, mesmo parcial, de artigos e ilustrações, sem prévia autorização da Acta Reumatológica Portuguesa. Exceptua-se a citação ou transcrição de

pequenos excertos desde que se faça menção da fonte.

C O N S E L H O E D I T O R I A L I N T E R N A C I O N A L

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Presidente Dr. Domingos Araújo Tesoureiro Dr.a Maria José SantosVice-Presidente Dr. José Carlos Romeu Vogal Região Sul Dr. Fernando PimentelVice-Presidente Dr.a Helena Canhão Centro Dr.a Anabela BarcelosSec. Geral Dr.a Manuela Costa Norte Dr.a Iva BritoSec.Adjunto Prof. Dr. João Eurico Fonseca Ilhas Dr. Luís Maurício

D I R E C Ç Ã O

Presidente Prof. Dr. Jaime BrancoSecretário Dr. Jorge SilvaVogal Prof. Dr. Carlos Vaz

M E S A D A A S S E M B L E I A G E R A L

Presidente Dr.a Eugénia SimõesRelator Dr.a Carmo AfonsoVogal Dr.a Paula Valente

C O N S E L H O F I S C A L

Dr. Augusto Faustino

P R E S I D E N T E E L E I T O

ANATOMIA PATOLÓGICA Prof.ª Odete Almeida

BIOQUÍMICA Prof. J. Martins Silva

CARDIOLOGIA Prof. J. Martins Correia

DERMATOLOGIA Prof. Guerra Rodrigo

ENDOCRINOLOGIA Prof.A. Galvão Teles

FISIOPATOLOGIA Prof.António Bentes

GASTRENTEROLOGIA Prof. Guilherme Peixe

GINECOL/OBSTETRÍCIA Prof. Martinez Oliveira

HEMATOLOGIA Prof.António Parreira

IMUNOLOGIA Prof.António Coutinho

INFECCIOLOGIA Prof.ª Emília Valadas

MEDICINA FAMILIAR Prof. Luís Rebelo

REABILITAÇÃO Prof. J. Páscoa Pinheiro

MEDICINA INTERNA Dr. Álvaro Carvalho

MEDICINA TRABALHO Prof.António Sousa Uva

NEFROLOGIA Prof. José Barbas

NEUROCIRURGIA Prof.António Trindade

NEUROLOGIA Prof.ª Teresa Paiva

OFTALMOLOGIA Prof. Castanheira Diniz

ORTOPEDIA Prof. J. Salis Amaral

PATOLOGIA CLÍNICA Prof. J. Germano Sousa

PEDIATRIA Drª Maria José Vieira

PNEUMOLOGIA Prof. Carlos Robalo Cordeiro

PSIQUIATRIA Prof. Manuel Quartilho

RADIOLOGIA Dr.Tiago Saldanha

REUMATOLOGIA Prof. M.Viana de Queiroz

C O N S E L H O C I E N T Í F I C O

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S 6

Presidente da República

Primeiro Ministro

Ministro da Saúde

Director-Geral de Saúde

Bastonário da Ordem dos Médicos

Presidente do Colégio da Especialidade de Reumatologia

Presidente da Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas

Presidente da Década do Osso e da Articulação

Presidente do Governo Regional dos Açores

Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde dos Açores

Secretário-Regional dos Assuntos Sociais dos Açores

Presidente da Câmara de Ponta Delgada

Associação Portuguesa Médicos de Clínica Geral

C O M I S S Ã O D E H O N R A

SPR – Sociedade Portuguesa de Reumatologia

O R G A N I Z A Ç Ã O

Dr. Domingos Araújo

P R E S I D E N T E

Dr. Alberto Quintal

Dra. Ana Assunção Teixeira

Prof. Doutor António Albino Teixeira

Prof. Doutor António Lopes Vaz

Dr. Armando Malcata

Prof. Doutor Carlos Vaz

Dr. Domingos Araújo

Prof. Doutor Francisco Simões Ventura

Dr. Guilherme Figueiredo

Prof. Doutor Henrique de Barros

Prof. Doutor Jaime C. Branco

Prof. Doutor João Eurico Fonseca

Prof. Doutor José António Silva

Dr. José Canas da Silva

Dr. Luís Pisco

Prof. Doutor Mário Viana Queiroz

Dr. Rui André Santos

C O M I S S Ã O C I E N T Í F I C A

Dra. Anabela Barcelos

Dr. Augusto Faustino

Dr. Domingos Araújo (Presidente da SPR)

Dr. Fernando Pimentel

Dra. Helena Canhão

Dra. Iva Brito

Prof. Doutor João Eurico Fonseca

Dr. José Carlos Romeu

Dr. Luís Maurício

Dra. Manuela Costa

Dra. Maria José Santos

C O M I S S Ã O O R G A N I Z A D O R A

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XIII CONGRESSO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O

P R O G R A M A

Mensagem do Presidente 5Programa Científico 17

M E S A S - R E D O N D A S

Espondilite Anquilosante: Optimização da Terapêutica e do Seguimento• Espondilartropatias Juvenis 30• Quando Tratar Precocemente a Espondilite Anquilosante com um Anti-TNFα? 31• Guidelines Terapêuticas: Propósitos e Limitações. 31Patrocínio Bial

Interface Reumatologia / Clínica Geral• Terapêutica dos Factores de Risco Cardiovasculares nos Doentes Reumáticos 32• Técnicas em Reumatologia 32• Recomendações para a Utilização dos Coxibes e AINE 33Patrocínio Pfizer

Estratégia Terapêutica na Artrite Reumatóide• Poderá o Tratamento Agressivo e Precoce Alterar Efectivamente a Evolução da Artrite Reumatóide? 33• Anti-TNFα para Todos? 34• O Papel dos Factores Genéticos na Terapêutica da Artrite Reumatóide 34• Tratamento da Artrite:Ver Além das Articulações 35Patrocínio Schering-Plough

O que Há de Novo Acerca da Dor?• Neurobiologia da Dor 35• Aspectos Psico-Sociais da Dor 36• Métodos de Medição de Dor 36Patrocínio MSD

Tuberculose e Terapêuticas Inibidoras do TNFα• Implicações Patogénicas das Terapêuticas Antagonistas do TNFα na Infecção Tuberculosa 36

L I Ç Õ E S P L E N Á R I A S

Biologia das Stem Cells para Clínicos 26Prof. Doutora Leonor Parreira

Genética para Clínicos 26Prof. Doutor Fernando Regateiro

Células T Reguladoras e Indução de Tolerância Imunitária 26Prof. Doutor Luís Graça

A Burocracia Contra a Ciência 27Prof. Doutor Jaime C. Branco

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XIII CONGRESSO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O / C O N T E N T S

C O M U N I C A Ç Õ E S L I V R E S

Prevalência de Alterações Radiológicas e Diferenças na Sintomatologia 52Músculo-Esquelética de Acordo com o Sexo em Adultos portugueses

Determinação Laboratorial de N-Terminal Pro-Brain Natriuretic Peptide 52na Esclerose Sistémica e Correlação com a Hipertensão Pulmonar

Detecção Precoce de Hipertensão Pulmonar na Esclerose Sistémica por 53Ecocardiografia de Esforço

M E S A S - R E D O N D A S

• Estratégias Preventivas da Tuberculose em Doentes sob Terapêuticas Antagonistas do TNFα. 37A Experiência Espanhola e Internacional

• Recomendações da SPR/SPP para o Diagnóstico e Tratamento da Tuberculose Latente em Doentes 37Candidatos a Terapêutica Anti-TNFα

Avanços Terapêuticos no Lúpus Eritematoso Sistémico.Papel Actual da Ciclofosfamida e suas Alternativas• Terapêutica do Lúpus Eritematoso Sistémico: Dados Nacionais 38• O Estado da Arte no Tratamento da Nefrite Lúpica 39• Qual o Papel dos Agentes Biológicos no Lúpus Eritematoso Sistémico 39• Avaliação e Prognóstico no Lúpus Eritematoso Sistémico 40

Osteoartrose• Avanços no Diagnóstico da Osteoartrose: Marcadores Biológicos e Imagiologia 40• O Papel do Osso Subcondral na Evolução da Osteoartrose.Acção de Fármacos 41

Anti-Osteoporóticos na Cartilagem• Avanços na Terapêutica Farmacológica. Medicinas Alternativas na Osteoartrose: 41

Medicina Baseada na Evidência • EPI-Porto:Avaliação Reumatológica de uma População 42Patrocínio Rotta

Ponto da Situação em Situações Difíceis• Doença de Behçet 42• Sobreposições entre Sindroma Seco e Sindroma de Sjögren 43• Canal Lombar Estenótico 44• Hipertensão Pulmonar 45• Gravidez e Doenças Reumáticas 45• Polimialgia Reumática/Arterite Temporal 45Patrocínio Actelion

Osteoporose• O Conceito de Osteoporose 45• Tecido Ósseo: Biologia para Clínicos 46• Novas Terapêuticas na Osteoporose 47Patrocínio Roche-GSK

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C O M U N I C A Ç Õ E S L I V R E S

Custos da Utilização de Recursos na Artrite Reumatóide (CURAR) 53

Tuberculose em Doentes Reumáticos Tratados com antagonistas do TNF-α: 54A Experiência Portuguesa

Influência do HLA-DRB1 na Susceptibilidade à Artrite Reumatóide e na Produção 55de Anticorpos Anti Péptido Citrulinado Cíclico na População Portuguesa

Estudo dos Polimorfismos Genéticos da Proteína Tirosina Fosfatase de 55Baixo Peso Molecular (LMW-PTP) e sua Relação com o Fenótipo Enzimático Eritrocitário em Doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)

Papel do Polimorfismo -308 do Promotor do Gene do TNF-α na 56Susceptibilidade e Padrão de Actividade da Artrite Idiopática Juvenil:Análise Interina

Avaliação da Função Cardíaca e Pulmonar numa População de Doentes 57com Esclerose Sistémica. Correlação da Pressão na Artéria Pulmonar com a Porção N Terminal do Pro-Peptideo Natriurético Cerebral (NT Pró-BNP)

Consulta Materno-Fetal de Grávidas com Doenças Reumáticas – 2 Anos 57de Experiência

Síndrome de Anticorpos Antifosfolípidos Secundário a Lúpus Eritematoso Sistémico 58

Sequenciação da Região do Promotor do Gene do Factor de Necrose 59Tumoral Alfa – Contribuição para Novos Marcadores Genéticos de Actividade e Gravidade da Artrite Reumatóide

Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) Oligoarticular numa População Ibero-Americana 60

Avaliação do Comportamento dos Anticorpos Anti-Citrulina e do 60Factor Reumatóide IgM Na Artrite Reumatóide

Factores Associados à Fadiga Grave em Adultos Portugueses 61

Doença de Behçet e Ceruloplasmina Linfocitária 61

Influência da Idade de Início da Artrite Reumatóide na Função e Qualidade de 62Vida dos Doentes

RheugulationDB: Construindo uma Imagem Integrada para a Artrite Reumatóide 63

Determinantes da Densidade Mineral Óssea em Adolescentes do Sexo Feminino 63

Falência na Abordagem Terapêutica em Doentes com Fracturas Osteoporóticas 64

Avaliação Radiológica da Artrite Reumatóide na Prática Clínica Diária: 64Uma Proposta para a Aplicação Unilateral do Método de Sharp/ Van Der Heijde

Dactilite na Artrite Psoriática: Factor de Mau Prognóstico? 65

Concordância Entre os Diagnósticos Clínico e Radiológico de Osteoartrose 66

Terapêuticas Biológicas Na Prática Clínica: Motivos de Paragem e Resposta 66ao Switch nos Doentes Com AR

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S U M Á R I O

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S U M Á R I O

P O S T E R S

Caracterização Antropométrica e da Composição Corporal e Risco Cardiovascular 70Associado em 3.040 Doentes Reumáticos

Avaliação da Progressão Radiográfica sob Terapêuticas Biológicas 71

Crioglobulinémia:Análise de uma Série de Doentes do Instituto Português 71de Reumatologia

Achados Laboratoriais no Síndroma de Sjögren – Estudo de uma População Portuguesa 72

Caracterização Clínica de Uma População Portuguesa de Doentes de LES 73com Ac Anti-Dna Ds

Avaliação dos Motivos de Falta às Consultas de Seguimento de Reumatologia 73do Hospital de Egas Moniz, S.A.

A Espondilite Anquilosante na Perspectiva dos Doentes 74

Associação Clínica Entre Policondrite Recidivante e Polimiosite 75

Caracterização Antropométrica e da Composição Corporal e Risco Cardiovascular 75Associado em Doentes com Síndrome de Sjögren e Doença de Behçet

Caracterização Antropométrica e da Composição Corporal e Risco Cardiovascular 76Associado em Doentes com Gota

Composição Corporal na Osteoporose 77

Caracterização de Uma População com Esclerose Sistémica 78

Artrite Reumatóide – Caracterização dos Doentes da Consulta do Instituto Português 79de Reumatologia (IPR)

Densidade Mineral Óssea nas Espondilartropatias 79

Anti-TNF Alfa na Espondilite Anquilosante. 3 Anos De Experiência 80

Análise Descritiva das Fracturas Osteoporóticas do Fémur Proximal 81no 1º Semestre de 2005 – Hospital de Aveiro

Avaliação da Dor num Grupo de Doentes Seguidos em Consulta de Reumatologia 81

Caracterização Clínico-Terapêutica da Artrite Reumatóide em Portugal 82

Avaliação Antropométrica e Factores de Risco Cardiovascular em Doentes 83com Artrite Reumatóide

Avaliação da Fadiga em Doentes com Artrite Reumatóide sob Terapêutica Anti-TNFα 84

Análise de Líquidos Sinoviais na Unidade de Reumatologia do Hospital Central do Funchal 84

Critérios de Resposta à Terapêutica Anti-TNFα na Espondilite Anquilosante 85

Dermatomiosite – Casuística de um Serviço de Reumatologia 85

Hepatite Auto-Imune e Lúpus Eritematoso Sistémico: Caso Clínico 86

A Importância Relativa do DAS 28 na Artrite Reumatóide 86

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S U M Á R I O

P O S T E R S

Avaliação da Repercussão do Infliximab em Diferentes Actividades 87de Vida Diárias, em Doentes com Artrite Reumatóide e Espondilite Anquilosante,Ambiente de Hospital de Dia

Avaliação de Qualidade aos Processos Clinicos dos Doentes com Esclerose Sistémica 87numa Consulta de Reumatologia

Alterações Climatéricas, Doença e Dor:A Percepção dos Doentes com AR e OA 88

Associação entre Presença de Factores Reumatóides no Soro e Resposta à Terapêutica 89Biológica em Doentes com Artrite Reumatóide

Artrite Reumatóide e Linfoma: O Elo do Rituximab com a Reumatologia 89

Dislipidemia nas Mulheres em Pós-Menopausa com Osteoporose 90

Artropatia Seronegativa como Apresentação de Adenocarcinoma Gástrico 90

Cervico-Braquialgia Reveladora de uma Neoplasia Oculta: a Propósito de um Caso Clínico 91

Clínica de Artrites Iniciais – Dados Epidemiológicos de uma População Portuguesa 91

Artrite Psoriática e Imunodeficiência Comum Varíavel: um Caso Clínico 92

Apresentação Atípica de Neoplasia do Pulmão – Caso Clínico 92

Determinantes de Osteopenia e Osteoporose em Mulheres Pós-Menopaúsicas 92

Algoritmo para o Rastreio da Osteoartrose do Joelho, Coluna, Mão e Anca 93

Avaliação de uma Consulta de Triagem 94

Diabetes Insípida como Apresentação de Histiocitose – Um Caso Clínico 94

Capilaroscopia em Reumatologia: Casuística do HSM 95

Caracterização Clínico-Laboratorial e Prognóstico do LES nos Não Caucásicos 95

Dor e Caracterização da Composição Corporal em Doentes Reumáticos 96

Evolução do Índice de Actividade de Doença (DAS) da Artrite Reumatóide (AR) 97em Consulta de Reumatologia

Envolvimento Extraglandular no Síndroma de Sjögren Primário – 97Estudo de uma População Portuguesa

Lúpus com ANAS Negativos. Caracterização de uma População Portuguesa 98

Manifestações Músculo-Esqueléticas de Doenças Metabólicas Raras: 99A Propósito de 2 Casos Clínicos

Hiperparatiroidismo Coexistindo com Mieloma Múltiplo:Associação 100e Manifestações Raras

Estudo dos Custos da Utilização de Recursos na Artrite Reumatóide (CURAR): 100Clínica e Sócio-Demografia

Evolução da Espondilite Anquilosante em 10 Anos – Estudo Comparativo 101

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S U M Á R I O

P O S T E R S

Espondiloartropatias e Factores de Risco Cardiovasculares 102

Incapacidade para o Trabalho entre os Doentes com Artrite Reumatóide 102na Fase Final da Idade Activa em Portugal

Infecções Bacterianas Osteo-Articulares – Casuistica dos Doentes 106Internados num Serviço de Reumatologia

Dor e Edema Unilateral da Perna em Doente com Artrite Reumatóide 106

Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) e Anemia: 107A Propósito de um Caso Clínico

Estará a Prevenção da Osteoporose Induzida por Corticóides (OPIC) a 107Ser Cumprida nos Doentes com Artrite Reumatóide (AR)?

Esclerodermia – Forma de Apresentação de Recidiva de Carcinoma do Recto 107

Impacto da Terapêutica com Infliximab e Etanercept Sobre a Qualidade 108de Vida e Situação Profissional nos Doentes com Espondilite Anquilosante

Estudo da Qualidade de Vida e da Personalidade em adultos com Artrite 108Idiopática Juvenil

Factores que Influenciam o Aparecimento de Sintomas Depressivos em 109Doentes Portugueses com Artrite Reumatóide

Elaboração de uma Base de Dados para Doentes Portadores 110da Síndrome de Sjögren

Elaboração de uma Base de Dados para a Consulta de Espondiloartropatias 110

Factores Associados a Quedas nas Doenças Reumáticas 111

Espondilartropatias e Osteoartrose – Influência das Alterações Climatéricas 112

Factores Preditivos de Resposta Clínica em Doentes com Espondilite 112Anquilosante Sob Terapêutica Biológica

Endocardite Infecciosa no Diagnóstico Diferencial de Polimialgia Reumática: 113A Importância do Exame Físico

Identificação de Cristais no Líquido Sinovial Por Microscopia Electrónica 114

Neoplasia e Lúpus Eritematoso Sistémico: Uma Associação Fortuita? 114

Fracturas Osteoporóticas no Homem: Um Caso Particular 115

Manifestações Reumáticas como Forma de Apresentação de 3 casos de 116Amiloidose Primária AL

Inquérito Exploratório – Atraso no Diagnóstico e Tratamento das Doenças 116Reumáticas Juvenis

Doença de Behçet:Avaliação das Características Clínicas de Acordo com o Sexo 117

Obesidade e Factores de Risco Cardiovascular em Doentes com Osteoartrose 118

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S 13

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S U M Á R I O

P O S T E R S

Obesidade e Parâmetros Antropométricos em Subtipos de Osteoartrose 118

Gota Tofácea com Poliartrite em Pleno Século XXI – Como é Possível? 119

Estudo Epidemiológico Sobre Fracturas Osteoporóticas da Extremidade Proximal 120Do Fémur

Lombociatalgia – Rara Manifestação Clínica de Amiloidose Primária Al 120

Eventos Cardiovasculares em Doentes com LES Seguidos em Reumatologia 121

LES – Um Caso Grave de Envolvimento Cardíaco 122

Doença de Still do Adulto – Um Desafio Diagnóstico 122

Lesões Isquémicas Digitais em Doente com Asma – Caso Clínico 122

Lúpus Eritematoso Sistémico Soronegativo – 3 Casos Clínicos 123

Exequibilidade do Aumento do Intervalo de Tempo Entre as Infusões 123de Infliximab na EA

Prevalência de Osteopenia e de Osteoporose Numa Amostra Não Aleatória 124de Adultos Portugueses

Síndroma Camptodactilia-Artropatia-Coxa Vara: Caso Clínico 125

Sarcoidose – Caracterização de Doentes do Instituto Português de Reumatologia 125

Um Caso de Reacção Anafilática ao Ceftriaxone em Doente com Artrite Gonocócica 126

Propriedades Psicométricas da Versão Portuguesa do HAQ 126

Raquialgias Como Primeira Manifestação Clínica de Amiloidose AL: 127Um Caso Invulgar com Envolvimento Ósseo

Sacro-Ileíte e Acne Conglobata: Uma Forma de SAPHO 128

Variáveis Laboratoriais e Massa Óssea – Análise Em Mulheres Jovens e Pós-Menopáusicas 128

Um Caso Raro de Hiperostose Endosteal 129

Percepção Corporal nos Doentes Reumatológicos 129

Capilaroscopia e Envolvimento Pulmonar na Esclerose Sistémica 130

Tratamento da Osteoporose em Portugal:Tendência e Variação Geográfica 131

Terapêutica Biológica e Indução de Auto-Anticorpos:Análise de um Hospital de Dia 132

Prevalência dos Factores de Risco Cardiovasculares e Aterosclerose 132Carotídea Numa População com LES

Variação da Actividade Inflamatória e da Capacidade Funcional dos Doentes com 133EA Sob Terapêutica Anti-Tnfα

Caracterização Antropométrica e da Composição Corporal na Fibromialgia 133

Valor Prognóstico da Entesite em Doentes com Artrite Psoriática 134

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S 14

XIII CONGRESSO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O

P O S T E R S

Rituximab no Tratamento do Lúpus Eritematoso Sistémico 135

Uma Comparação de Factores de Risco nas Fracturas Osteoporóticas em Mulheres 136Caucasianas e Sul Asiáticas no Reino Unido

RS3PE – Revisão de uma Série Pessoal de 11 Casos Clínicos 136

Artrite Idiopática Juvenil Sistémica (AIJ-S) numa População Ibero-Americana 137

Propriedades Psicométricas da Escala de Gravidade da Fadiga em Adultos Portugueses 138

Sintomas Depressivos numa Amostra Portuguesa de Doentes com Artrite Reumatóide 138

Risco de Infecção por Mycobacterium Tuberculosis na Terapêutica Biológica e 139Imunosupressora

Elaboração de um Questionário para os Principais Sintomas Secos na Síndrome de Sjögren 139

Será o Clima uma Variável Importante na Dor dos Doentes Reumáticos? 140– A Percepção dos Doentes com Fibromialgia, LES e Síndrome Sjögren.

Terapêutica Biológica em Doentes com Artrite Reumatóide e Espondilite 141Anquilosante:Análise de Eficácia.

Síncopes numa Doente com Artrite Reumatóide. Caso Clínico 141

Púrpura de Henoch-Schönlein no Adulto:A Propósito de um Caso Clínico 142

Psoríase e Lúpus Eritematoso Sistémico: Uma Associação Rara 143

Sindroma de SAPHO: um Caso Clínico Pediátrico 143

Osteoporose Masculina – Revisão da Casuística de uma Consulta de Doenças 144Ósseas Metabólicas

Zoledronato no Tratamento da Doença Óssea de Paget (DOP) Resistente ao 144Pamidronato – Resultados Preliminares de uma Avaliação Prospectiva

Síndrome de SAPHO – Dois Casos Clínicos 145

Síndrome Unha-Patela – Caso Clínico 145

Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde em Doentes com Artrite Reumatóide: 146Estudo CURAR

Utilização do Pamidronato Endovenoso em Osteoporose 146

Síndrome de Lemierre – Trombose por Inflamação Vascular e/ou Mediada por 147Anticorpos Antifosfolípidos?

Doença Indiferenciada do Tecido Conjuntivo – Estudo Transversal Multicêntrico 147

Sindrome de Overlap: Polimiosite – Esclerodermia: Um Caso Clínico Grave 148

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xiii congresso

português de

reumatologia

Teatro MicaelenseCentro Cultural e de Congressos

Ponta Delgada26 a 29 de Abril de 2006

PROGRAMA OFICIAL

COMISSÃO PORTUGUESA DA DÉCADA

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ÓRGÃO OF IC IAL DA SOC IEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUM PORT. 2006;31:5 (SUP)

S 5

mensagem do presidente

Domingos Araújo*

Prezados Colegas

Em nome da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) e da Comissão Organizadora desejo dar asboas vindas a todos os que se deslocaram a Ponta Delgada para participar no XIII Congresso Portuguêsde Reumatologia (CPR).

Considerando o enorme e rápido avanço dos conhecimentos nos diversos capítulos das doenças reu-máticas, o XIII CPR é uma oportunidade excelente para podermos apreender os mais recentes progressosda Reumatologia apresentados por reconhecidos especialistas nacionais e estrangeiros.

As doenças reumáticas são, como todos sabemos, um dos motivos mais frequentes de Consulta de Me-dicina Familiar / Clínica Geral.

O Programa Científico do XIII CPR não esqueceu esta realidade. Concomitantemente com as sessõesdedicadas ao especialista, decorrerão Mesas-Redondas onde se abordará a interface entre a Reumatolo-gia e a Clínica Geral, para além de outros temas de elevado interesse para a Medicina Familiar / ClínicaGeral.

A beleza natural da Ilha de S. Miguel proporcionará o enquadramento propício a uma actividade cien-tífica profícua, ao mesmo tempo que os acompanhantes poderão desfrutar de um programa de circuitosturísticos organizados localmente, possibilitando-lhes o conhecimento dos principais pontos de interes-se da Ilha.

Bom Congresso e excelente estadia!!!

*Presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia

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ÓRGÃO OF IC IAL DA SOC IEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUM PORT. 2006;31:17-21 (SUP)

S 17

X I I I C O N G R E S S O P O R T U G U Ê S D E R E U M AT O L O G I A

2 6 A 2 9 D E A B R I L D E 2 0 0 6

PP RR OO GG RR AA MM AA DD OO CC OO NN GG RR EE SS SS OO

D I A 27 D E A B R I L D E 2006 • 5 A F E I R A

08.00h - 09.00h Sessão de Posters MODERADORES: Dra. Helena Canhão, Dr. Fernando Pimentel

09.00h - 9.30h LIÇÃO PLENÁRIA: «Biologia das Stem Cells para Clínicos»PRESIDENTE: Prof. Doutor Lopes VazPALESTRANTE: Profa. Doutora Leonor Parreira

09.30h - 10.30h Cerimónia de Abertura

10.30h - 11.00h Café

11.00h - 12.30h MESA-REDONDA – AUDITÓRIO: «Espondilite Anquilosante: Optimização da Terapêutica e do Seguimento»

PRESIDENTE: Prof. Doutor Simões VenturaMODERADOR: Dr. Armando Malcata

Espondilartropatias JuvenisProf. Doutor Rubén Burgos-Vargas

Quando Tratar Precocemente a Espondilite Anquilosante com um Anti-TNFα?Prof. Doutor Collantes Estévez

Guidelines Terapêuticas: Propósitos e LimitaçõesDra. Anabela Barcelos

Discussão(Patrocínio Bial)

11.00h - 12.30h MESA-REDONDA – SALA LAGOA DAS SETE CIDADES: «Interface Reumatologia/ Clínica Geral»PRESIDENTE: Dr. Guilherme FigueiredoMODERADOR: Dr. Paulo Coelho

Terapêutica dos Factores de Risco Cardiovasculares nos Doentes ReumáticosDr. João Sequeira Carlos

Técnicas em ReumatologiaDr. José Bravo Pimentão

Recomendações para a Utilização dos Coxibes e AINESDra. Teresa Nóvoa

Discussão(Patrocínio Pfizer)

12.30h - 14.00h Simpósio-Satélite (Almoço)(Patrocínio Roche)

D I A 26 D E A B R I L D E 2006 • 4 A F E I R A

16.00h - 17.30h MEET THE EXPERT: Células B e Artrite ReumatóideProf. Doutor JCW Edwards(Patrocínio Roche)

17.30h - 18.00h Café

18.00h - 19.30h Simpósio-Satélite(Patrocínio Servier)

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XII I CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

ÓRGÃO OF IC IAL DA SOC IEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUM PORT. 2006;31:17-21 (SUP)

S 18

14.00h - 15.30h MESA-REDONDA: «Estratégia Terapêutica na Artrite Reumatóide»PRESIDENTE: Prof. Doutor Armando PortoMODERADOR: Dra. Maria José Santos

Poderá o Tratamento Agressivo e Precoce Alterar Efectivamente a Evolução da Artrite Reumatóide?

Prof. Doutor John D. IsaacsAnti-TNF para todos?

Prof. Doutor Johannes W. BijlsmaO Papel dos Factores Genéticos na Terapêutica da Artrite Reumatóide

Prof. Doutor João Eurico FonsecaTratamento da Artrite: Ver Além das Articulações

Prof. Doutor José A. Pereira SilvaDiscussão

(Patrocínio Schering-Plough)

15.30h - 16.00h Café

16.00h - 16.30h LIÇÃO PLENÁRIA: «Genética para Clínicos»PRESIDENTE: Prof. Doutor Albino TeixeiraPALESTRANTE: Prof. Doutor Fernando Regateiro

16.30h - 18.00h Comunicações livresPRESIDENTE: Dr. José Carlos RomeuMODERADOR: Dra. Anabela Barcelos

18.00h - 19.30h Simpósio-Satélite(Patrocínio Lilly)

D I A 28 D E A B R I L D E 2006 • 6 A F E I R A

08.00h - 09.00h Sessão de PostersMODERADORES: Dra. Maria José Santos, Dra. Iva Brito

09.00h - 10.30h MESA-REDONDA: «O que Há de Novo Acerca da Dor?»PRESIDENTE: Prof. Doutor Jaime C. BrancoMODERADOR: Prof. Doutor Manuel Quartilho

Neurobiologia da DorProf. Doutor Armando Almeida

Aspectos Psico-Sociais da DorProf. Doutor Manuel Quartilho

Métodos de Medição de DorProf. Doutor Richard Gracely

Discussão(Patrocínio MSD)

10.30h - 11.00h Café

11.00h - 12.30h MESA-REDONDA – AUDITÓRIO: «Tuberculose e Terapêuticas Inibidoras do TNFα»PRESIDENTE: Dr. Jesus Tomero MolinaMODERADOR: Dr. Domingos Araújo

Implicações Patogénicas das Terapêuticas Antagonistas do TNF-αna Infecção Tuberculosa

Prof. Doutor Juan Gomez-ReinoEstratégias Preventivas da Tuberculose em Doentes sob Terapêuticas Antagonistas do TNFα. A Experiência Espanhola e Internacional

Dra. Loreto CarmonaRecomendações da SPR/SPP para o Diagnóstico e Tratamento da Tuberculose Latente em Doentes Candidatos a Terapêutica Anti-TNFα

Prof. Doutor João Eurico Fonseca

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PROGRAMA DO CONGRESSO

ÓRGÃO OF IC IAL DA SOC IEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUM PORT. 2006;31:17-21 (SUP)

S 19

Discussão

11.00h - 12.30h MESA-REDONDA – SALA LAGOA DAS SETE CIDADES: «Avanços Terapêuticos no Lúpus Eritematoso Sistémico. Papel Actual da Ciclofosfamida e suas Alternativas

PRESIDENTE: Dr. José Canas da SilvaMODERADOR: Dr. José Miguel Bernardes

Terapêutica do Lúpus Eritematoso Sistémico: Dados NacionaisDr. Ricardo Figueira

O Estado da Arte no Tratamento da Nefrite LúpicaDr. Pedro Ponce

Qual o Papel dos Agentes Biológicos no Lúpus Eritematoso SistémicoDra. Maria José Leandro

Avaliação e Prognóstico do Lúpus Eritematoso SistémicoDr. Anisur Rahman

Discussão

12.30h - 14.00h Simpósio-Satélite (Almoço)(Patrocínio Wyeth)

14.00h - 15.30h MESA-REDONDA – AUDITÓRIO: «Osteoartrose»PRESIDENTE: Dr. Augusto FaustinoMODERADOR: Dr. Rui André Santos

Avanços no Diagnóstico da Osteoartrose: Marcadores Biológicos e ImagiologiaProf. Doutor Bernard Mazières

O Papel do Osso Subcondral na Evolução da Osteoartrose.Acção de Fármacos Anti-Osteoporóticos na Cartilagem

Prof. Doutor Gabriel Herrero-BeaumontAvanços na Terapêutica Farmacológica. Medicinas Alternativas na Osteoartrose:Medicina Baseada na Evidência

Prof. Doutor Bernard MazièresEPI-Porto: Avaliação Reumatológica de uma População

Dr. Rui André, Dra. Lúcia Costa, Prof. Doutor Henrique BarrosDiscussão

(Patrocínio Delta)

14.00h - 15.30h MESA-REDONDA – SALA LAGOA DAS SETE CIDADES: «Ponto da Situação em Situações Difíceis»PRESIDENTE: Dr. Alberto QuintalMODERADOR: Dra. Ana Assunção Teixeira

Doença de BehçetDr. J. Vaz Patto, Dra. Sara Cortes

Sobreposições entre Síndrome Seco e Síndrome de SjögrenDr. Filipe Barcelos, Dr. José Vaz Patto

Canal Lombar EstenóticoDr. Rui Leitão

Hipertensão PulmonarDra. Ana Agapito

Gravidez e Doenças ReumáticasDra. Aurora Marques

Polimialgia Reumática/Arterite TemporalDr. Herberto Jesus

Discussão(Patrocínio Actelion)

15.30h - 16.00h Café

16.00h - 16.30h LIÇÃO PLENÁRIA: «Células T Reguladoras e Indução de Tolerância Imunitária»PRESIDENTE: Prof. Doutor José António Pereira da SilvaPALESTRANTE: Prof. Doutor Luís Graça

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XII I CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

ÓRGÃO OF IC IAL DA SOC IEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUM PORT. 2006;31:17-21 (SUP)

S 20

16.30h - 18.00h Comunicações LivresPRESIDENTE: Prof. Doutor José A. Pereira da SilvaMODERADOR: Dr. Luís Maurício

18.00h - 19.30h Simpósio-Satélite(Patrocínio Novartis)

21.00h Simpósio-Satélite(Patrocínio Roche-GSK)

Jantar de Encerramento

D I A 29 D E A B R I L D E 2006 • S Á B A D O

08.00h - 09.00h Sessão de PostersMODERADORES: Dra. Teresa Nóvoa

Dr. Jorge Silva

09.00h - 10.30h MESA-REDONDA: «Osteoporose»PRESIDENTE: Dr. Aroso DiasMODERADOR: Prof. Doutor Carlos Vaz

O Conceito de OsteoporoseDra. Viviana Tavares

Tecido Ósseo: Biologia para ClínicosDra. Helena Canhão

Novas Terapêuticas na OsteoporoseProf. Doutor Socrates Papapoulos

DiscussãoPatrocínio Roche-GSK

10.30h - 11.00h Café

11.00h - 12.00h Comunicações LivresPRESIDENTE: Dra. Maria do Carmo AfonsoMODERADOR: Dra. Manuela Costa

12.00h - 12.30h LIÇÃO DE ENCERRAMENTO: «A Burocracia Contra a Ciência»PRESIDENTE: Prof. Doutor Jaime C. Branco

12.30h - 14.00 h Simpósio-Satélite (Almoço)(Patrocínio MSD)

P R O G R A M A S O C I A L

• Exposição de FotografiaDr. Guilherme Figueiredo

• Concerto de MúsicaMaria João e Mário Laginha5ª Feira – 27/04 – 22h00

• Passeios Turísticos (a concretizar localmente)

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PROGRAMA DO CONGRESSO

ÓRGÃO OF IC IAL DA SOC IEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUM PORT. 2006;31:17-21 (SUP)

S 21

SIMPÓSIOS SATÉLITE

GSK

Lilly

MSD

Novartis

Roche

Servier

Wyeth

COLABORAÇÃO

Comissão da Década do Osso e Articulação

Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG)

Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas (LPCDR)

SECRETARIADO CIENTÍFICO

Sociedade Portuguesa de Reumatologia

Rua D. Estefânia nº 177, 1D

1000-154 Lisboa

E-mail: [email protected]

www.spreumatologia.pt

AGÊNCIA OFICIAL DO CPR (INSCRIÇÕES E RESERVAS)

Agência Açoreana de Viagens

Telf. 296301864

Fax 296301860

E-mail: [email protected]

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LIÇÕES PLENÁRIAS

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X I I I C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

ÓRGÃO OF IC IAL DA SOC IEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUM PORT. 2006;31:25-27 (SUP)

S 26

L I Ç Õ E S P L E N Á R I A S

sidência não só promete resolver algumas dessasquestões, como abre enormes perspectivas quan-to à sua utilização em patologia humana.

Neste trabalho os principais dados científicos etecnológicos sobre células estaminais serão anali-zados e discutidos em contra-ponto com as impor-tantes questões técnicas e societais levantadas pelasua potencial aplicação médica em seres humanos.

LP2 – GENÉTICA PARA CLÍNICOS

Presidente: Prof. Doutor Albino TeixeiraPalestrante: Prof. Doutor Fernando Regateiro

DDIIAA 2288 DDEE AABBRRIILL DDEE 22000066

LP3 – CÉLULAS T REGULADORAS E INDUÇÃO DE

TOLERÂNCIA IMUNITÁRIA

Presidente:Prof. Doutor José António Pereira da SilvaPalestrante: Prof. Doutor Luís GraçaInstituto de Medicina MolecularFaculdade de Medicina de Lisboa

As doenças autoimunes, bem como as doençasalérgicas e a rejeição de transplantes, são caracte-rizadas por respostas imunitárias patológicas. Umdos principais objectivos dos imunologistas temsido o desenvolvimento de métodos terapêuticospara indução de tolerância imunológica nestasdoenças. Por exemplo, anticorpos monoclonaisque bloqueiam moléculas dos linfócitos T envolvi-das na sua activação (co-receptores: CD3, CD4 eCD8; co-estimulação: CTLA4-Ig e CD40L) têm obti-do sucesso em modelos animais e em alguns ensai-os clínicos conseguindo «reprogramar» o sistemaimunitário e induzir tolerância. Estes anticorposdiferem de agentes biológicos rotineiramente uti-lizados em doentes com artrite reumatóide, no-meadamente moléculas que bloqueiam TNF-alfa eIL-1, cuja acção se limita ao controlo da inflama-ção mas não ao restabelecimento de tolerânciaimunitária. Nesta apresentação serão discutidosresultados experimentais da acção de anticorpos

DDIIAA 2277 DDEE AABBRRIILL DDEE 22000066

LP1 – BIOLOGIA DAS STEM CELLS PARA CLÍNICOS

Presidente: Prof. Doutor Lopes VazPalestrante: Prof. Doutora Leonor ParreiraInstituto de Medicina MolecularFaculdade de Medicina de Lisboa

Desde o debate sobre as tecnologias de DNA-re-combinante, já la vão quase quatro décadas, quenenhuma área das Ciências Biomédicas motivoutanto interesse e controvérsia como a relacionadacom células estaminais. Não aquelas que desde hámuito se sabia residirem em vários dos nossos te-cidos, capazes de se gerarem a si próprias e, ao mes-mo tempo, de originar vários tipos de células espe-cializadas que durante toda a vida substituem, comdiscreta e rigorosa precisão, as que por morte na-tural ou perda acidental vão desaparecendo, asse-gurando assim a integridade estrutural e funcionaldo «seu» órgão. Se dúvidas houvesse sobre a sua efi-cácia e utilidade médica, bastaria pensar que o su-cesso da transplantação de medula óssea no trata-mento de muitas doenças do sangue (e outras) sedeve, integralmente, à existência de células estami-nais hematopoiéticas naquele órgão. A controvér-sia científica, social e ética surgiu apenas quandose obtiveram células estaminais a partir de embri-ões nos seus primeiros dias de vida. Ao contráriodas células estaminais do adulto, as células em-brionárias podem dividir-se indefinidamente e ori-ginar, em laboratório, todos os tipos teciduais doadulto. Surgiu assim a esperança de uma nova te-rapia celular regenerativa, em que células especia-lizadas obtidas no laboratório a partir de célulasembrionárias, possam ajudar doentes em que es-sas células não funcionam ou foram destruídas.Contudo, uma terapia celular baseada em célulasembrionárias humanas levanta questões de enor-me importância - de natureza científica, técnica, desegurança e, acima de tudo, éticas. Recentemente,a descoberta de que células estaminais adultas po-dem, em circunstâncias específicas, diferenciar-seem tipos celulares distintos dos do seu órgão de re-

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LIÇÕES PLENÁRIAS

ÓRGÃO OF IC IAL DA SOC IEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUM PORT. 2006;31:25-27 (SUP)

S 27

indutores de tolerância imunitária e dos seus me-canismos de acção, nomeadamente a expansão decélulas T reguladoras capazes de controlar respos-tas imunitárias deletérias.

DDIIAA 2299 DDEE AABBRRIILL DDEE 22000066

LP4 – A BUROCRACIA CONTRA A CIÊNCIA

Palestrante: Jaime C. BrancoServiço de Reumatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE/H.E.Moniz e Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa

A evolução científica e o seu enorme desenvolvi-mento transformaram a ciência num dos verdadei-ros motores do progresso e prosperidade das socie-dades modernas desenvolvidas. A sua importânciareflecte-se não só no desempenho económico-socialdos países como nas suas estratégias diplomáticas.

Em Portugal, os assuntos da ciência e tecnolo-gia começaram somente a ter atenção política coma criação da Junta Nacional para a InvestigaçãoCientífica e Tecnológica (JNICT), em 1967. Trintaanos depois foi criado, pela primeira vez entre nós,o Ministério da Ciência e Tecnologia que passou agerir todos os assuntos relacionados, desde as bol-sas aos projectos de investimento.

O lançamento de Laboratórios e Institutos paraa investigação teve o mérito de desenvolver o esfor-ço investigacional e científico do país para níveisnunca vistos mas em consequência reduziu a ca-pacidade de investigação nos hospitais e até nas fa-culdades de medicina que não possuem aquelasestruturas.

A figura do médico-cientista, que associa a acti-vidade clínica de rotina com a prática de investiga-ção fundamental, e que conheceu o seu apogeunos anos 50 a 70 do século passado, está, por mo-tivos operacionais, em vias de extinção. Assim, a re-lação entre a clínica e a investigação básica, tradi-cionalmente difícil, tem vindo a tornar-se mais co-laborante e complementar.

O baixo nível de educação e cultura científicasda nossa população expõem-nos mais ao «sensa-cionalismo científico» e a tomadas de decisão pre-judiciais ao progresso científico e tecnológico.

Na nossa vida hospitalar um dos exemplos maissignificativos encontra-se na Portaria 177/97 de 11de Março – DRI, Série B em que se regulamentamos concursos de habilitação ao Grau de Consultor ede provimento de Chefe de Serviço e a Portaria

43/98 de 26/Janeiro – DRI Série B, respeitante aoconcurso de provimento na categoria de assisten-te, todos da carreira médica hospitalar. Nos três ca-sos numa classificação de 0 a 20 valores a activida-de de investigação, somada à docência, está valori-zada com apenas 0,5 valores. É evidentemente umdesencorajamento para quem quer fazer investiga-ção e uma penalização para quem a realiza de fac-to. Outro reflexo da nossa iliteracia científica residena forma como têm sido tratados os ensaios clíni-cos com fármacos, em qualquer fase de desenvol-vimento. As exigências burocráticas, variáveis deinstituição para instituição, que adiam as aprova-ções dos referidos ensaios para prazos em que já nãosão realizáveis, afastam os investigadores e hospi-tais das potenciais vantagens científicas, metodoló-gicas, financeiras, de treino e notoriedade. Nem oDL 46/2004 que, por imposição da União Europeia,procura uniformizar os procedimentos parece estara atingir os objectivos a que se propunha.

Contudo, hoje nem tudo são maus sinais. O Mi-nistério da Saúde voltou, este ano de 2006, depoisde já o haver feito em 2001, a reservar, em conjun-to com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensi-no Superior, verbas para Formação Avançada emInvestigação Clínica.

Também as Administrações Hospitalares, pelomenos em alguns casos, começaram a incluir a«produção científica», nos objectivos dos Serviços,no capítulo da qualidade. Claro que estamos a falarde investigação clínica, mas também a mim me pa-rece que deve ser com este o tipo de pesquisa, e nãocom a básica, que os hospitais se devem preocupar.

Esta investigação mais prática e orientada parao doente é um verdadeiro controlo de qualidade danossa prática assistencial diária e contribui decisi-vamente para o benefício dos doentes reumáticos.

Pela nossa parte temos de assegurar o apoio aodesenvolvimento das pessoas (investigadores), dasequipes de investigação e das organizações paraque assegurem os conhecimentos, as aptidões, asestruturas e os meios para criar, nuns casos, e me-lhorar, em outros, a qualidade da investigação reu-matológica em Portugal.

Existem várias publicações específicas sobre esteassunto, que procuram a motivação e propõem ametodologia para o sucesso nacional e até interna-cional dessa investigação.

Seguramente serão necessários instrumentos(p.ex. fundação?) para o conseguir, mas é sobretu-do essencial que cada um de nós altere a sua men-talidade, atitude e comportamento.

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MESAS-REDONDAS

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X I I I C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

ÓRGÃO OF IC IAL DA SOC IEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUM PORT. 2006;31:29-47 (SUP)

S 30

M E S A S R E D O N D A S

disease, or tarsal ankylosis), extra-articular mani-festations (eg, infectious diarrhea, urethritis, cervi-citis, psoriasis, and intestinal bowel disease [IBD]),or laboratory findings (eg, bacteriologic or serolo-gic demonstration of infection). This subgroup in-cludes ankylosing spondylitis (AS), reactive arthri-tis (ReA), and Reiter's syndrome (note that this termis in disuse), a subset of psoriatic arthritis (PsA),the arthropathies associated with IBD, specificallyCrohn's disease and ulcerative colitis, and rareforms such as ankylosing tarsitis.Epidemiology: Prevalence and incidence in the ge-neral population, in multiplex case families, and ingroups of children with juvenile arthritis mostly de-pends on the prevalence of HLA-B27. Juvenile oradult-onset SpA are seen in approximately 20% offirst-degree relatives of patients with juvenile-on-set SpA. Incidence ranges from 1.44 and 2.10 per100,000 Canadian and American children and up to24.0 per 100,000 children in Alaskan Inupiat andYupik Amerindians.

Less than 21% of white with AS have juvenile-on-set. Percentages among Chinese, Indians, Koreans,Mexicans, Indians, and North Africans are higher.

Frequency of juvenile-onset SpA in pediatricrheumatology clinics has increased through theyears. At the end of the 1990s, the juvenile rheuma-toid arthritis (JRA) to juvenile-onset SpA ratio ran-ged from 1.4:1 to 2.6:1. In the period from 1981 to2004, 360 children had SpA and 326 JRA in the Uni-versity of Saskatchewan.

66% to 75% of children HLA-B27 JRA/JCA chil-dren develop AS or undifferentiated SpA. HLA-B27increases the risk for radiographic sacroiliitis.

The prevalence rate of juvenile-onset SpA is higher in boys than in girls, particularly in the pre-pubescent years and in children with juvenile-on-set AS. Most cases start between the ages of 8 and12 years.Classification and diagnostic criteria: The termmost commonly used is juvenile or juvenile-onsetSpA. Although not all children, develop axial disea-se, the term maintains consistency with adult on-set nomenclature and classification.

DDIIAA 2277 DDEE AABBRRIILL DDEE 22000066

MR1 – Espondilite Anquilosante: Optimizaçãoda Terapêutica e do Seguimento

Presidente: Prof. Doutor Simões VenturaModerador: Dr. Armado Malcara

MR1.1 – ESPONDILARTROPATIAS JUVENIS

Prof. Doutor Rubén Burgos-VargasRheumatology DepartmentHospital General de México, Dr. Balmis 148Mexico DF06726, Mexico

Concept: The juvenile-onset SpA comprise a groupof HLA-B27-associated disorders, that are mainlycharacterized by enthesitis and arthritis affectingthe lower extremities, and, in a variable proportionof cases, the sacroiliac and spinal joints. Additionalfeatures include a variety of extra-articular mani-festations, and, in some cases, bacterial infectionsas triggers.

Except for the prevalence of some clinical featu-res at onset and severity throughout the course ofthe disease, juvenile-onset SpA resemble their adultcounterpart in most clinical aspects, strength ofHLA-B27 association, and probably the role ofarthritogenic bacteria in their pathogenesis.

Enthesitis related arthritis (ERA) is the term de-signating a subgroup of juvenile idiopathic arthri-tis (JIA), which inclusion criteria corresponds to ju-venile-onset SpA. Nevertheless, juvenile onset SpAand ERA are not conceptually equivalent.The juvenile-onset SpA group: The spectrum of ju-venile-onset group includes undifferentiated con-ditions and syndromes or diseases that either ful-fil specific diagnostic criteria or correspond withthe clinical picture of diseases already described inadults. Undifferentiated SpA includes children withisolated arthritis, enthesitis, tendinitis, and dactyli-tis or combined forms such as idiopathic serone-gative enthesopathy and arthropathy (SEA) syndro-me or ERA. Differentiated disorders have structu-ral changes (eg, radiographic sacroiliitis, spinal

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ERA is becoming widely used, but the conceptbehind this term does not completely correspondto that of the SpA.

Children with juvenile-onset SpA may be classi-fied according to the European Spondyloarthro-pathy Study Group's (ESSG) and Amor's criteria.Both sets of criteria have been validated in chil-dren.

MR1.2 – QUANDO TRATAR PRECOCEMENTE A

ESPONDILITE ANQUILOSANTE COM UM ANTI-TNFα?Prof. Doutor Collantes EstévezHospital Universitario “Reina Sofía”. Universidad de Córdoba. Cordova, Espanha

Los agentes anti-TNFα actualmente disponibles(Infliximab y Etanercept) se presentan como lasmejores alternativas terapéuticas para los pacien-tes con Espondilitis Anquilosante refractarias a tra-tamientos con AINEs. Las expectativas tras los ex-celentes resultados publicados de los recientes es-tudios sobre la eficacia de ambos han hecho vis-lumbrar, por vez primera, que se pueda contar conuna terapéutica, quizá, modificadora de la enfer-medad.

Desde los primeros resultados de los estudiosclínicos abiertos y controlados se ha demostradouna “dramática” mejoría de los síntomas axiales,junto con el descenso espectacular de los reactan-tes de fase aguda de la inflamación (VSG y PCR), asícomo un efecto muy beneficioso sobre la sintoma-tología articular periférica, también sobre las ente-sitis e incluso en algunas manifestaciones extraar-ticulares (pe: uveitis). La eficacia se manifiesta pre-cozmente en la mayoría de los pacientes y se man-tiene, como demuestran por ahora los estudios deextensión, al menos durante tres años.

Sin embargo existen algunos factores limitantesdel uso generalizado y precoz de estos agentes: suelevado coste, sus efectos secundarios y el desco-nocimiento de su manejo a medio y largo plazo,que obliga a un uso razonable de los anti-TNFα queincluye inicialmente una selección rigurosa de lospacientes candidatos a estas terapias y la definici-ón de actividad clínica. Las recientes recomenda-ciones del Grupo ASAS suponen una buena guíapara la prescripción de tratamientos biológicos enestos pacientes

La pregunta surgió casi inmediatamente des-pués de conocer estos resultados. ¿El tratamientocon anti-TNFα en las fases iniciales de la enferme-

dad cambiará su curso evolutivo? La respuesta re-quiere conceptualizar el problema previamente.

¿A qué llamamos espondiloartritis anquilosan-te reciente o precoz? Por definición, actualmentepara poder diagnosticar a un paciente como afec-to de EA debe cumplir con los criterios modifica-dos de N York lo que supone la existencia de una sa-croileitis radiográfica grado II bilateral y/o limita-ción de la movilidad raquídea y disminución de laexpansión torácica. Estos fenómenos clínicos pre-cisan de un largo tiempo para establecerse, no me-nos de 10 años. ¿Se puede llamar precoz o recientea una enfermedad con 10 años de evolución?. Pre-cisamos por tanto, de unos criterios diagnósticosque identifiquen a un paciente en los primeros mo-mentos de la enfermedad. El concepto de Espon-diloartritis preradiológica podrá ayudar sin duda aresponder la cuestión.

¿Es la EA una enfermedad contínua? Es conoci-do que durante los primeros años de la enferme-dad ésta evoluciona por brotes de actividad y remi-sión de difícil pronóstico. Es importante por tantoconocer bien la historia natural de la enfermedad,con criterios epidemiológicos rigurosos.

¿Conocemos los factores de mal pronóstico de laEA?. Algunos trabajos con diseño retrospectivo hanayudado a vislumbrar qué elementos clínicos pre-sentes en el paciente durante los primeros años dela enfermedad pueden indicar una mala evolución,pero quedan por demostrar claramente.

¿Conocemos qué pacientes serán buenos res-pondedores a estas terapias? Es muy importante, enel caso de individuos jóvenes conocer la posiblerespuesta a la terapia biológica para evitar en lamedida de lo posible efectos adversos no desea-dos.

Estas cuestiones al menos deberían responder-se antes de poder emitir un juicio acerca de la ido-neidad del uso de agentes anti-TNFαen sujetos jó-venes con Espondiloartritis.

MR1.3 – GUIDELINES TERAPÊUTICAS: PROPÓSITOS E

LIMITAÇÕES.Dra. Anabela BarcelosUnidade de Reumatologia, Hospital Infante D. Pedro, Aveiro

Avanços recentes no tratamento da Espondilite An-quilosante (EA) como seja a utilização de agentesantagonistas do factor de necrose tumoral alfa(anti-TNFα), permitiram obter significativas me-lhorias no controlo da actividade inflamatória da

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doença e da capacidade funcional e qualidade devida destes doentes.

Contudo, questões de eficácia e segurança des-tes fármacos, a curto e a longo prazo, exigem quese proceda a uma selecção minuciosa dos doentes,sendo para tal útil a elaboração de guidelines tera-pêuticas. À semelhança do que ocorreu noutrospaíses europeus e norte americanos, também en-tre nós se fez um esforço de consenso, que permi-tiu a elaboração de guidelines nacionais, igualmen-te baseadas na análise das evidências e opiniões deespecialistas.

O objectivo principal é melhorar a qualidade doscuidados médicos prestados aos nossos doentes, e,assim, diminuir o impacto multidimensional dadoença.

Existem, contudo, alguma limitações a estas gui-delines, como por exemplo os critérios de diagnós-ticos actualmente aceites, pelo que se impõe, a bre-ve prazo, a sua própria revisão, de acordo com no-vas evidências, e avaliação da sua exequibilidadeprática, na clínica quotidiana.

MR2 – Interface Reumatologia / Clínica Geral

Presidente: Dr. Guilherme FigueiredoModerador: Dr. Paulo Coelho

MR2.1 – TERAPÊUTICA DOS FACTORES DE RISCO

CARDIOVASCULARES NOS DOENTES REUMÁTICOS

Dr. João Sequeira CarlosUnidade de Saúde Familiar Rodrigues MiguéisCentro de Saúde de Benfica – Lisboa Direcção Nacional da APMCG

O Médico de Família (MF) gere na sua prática clí-nica a saúde de uma população estável de pacien-tes. Para todos terá de dirigir procedimentos pre-ventivos percorrendo os diferentes níveis – preven-ção primária, secundária, terciária e quaternária. Apromoção da saúde e a prevenção da doença é a ac-tividade nuclear do MF. A importância desta inter-venção leva a que se encare actualmente os Cuida-dos de Saúde Primários (CSP) como o local onde sesalvam mais vidas.

As doenças reumáticas têm uma expressão rele-vante na prática clínica do MF – um elevado núme-ro de consultas no contexto da Medicina Geral e Fa-miliar (MGF) é causado por queixas do sistemamúsculo-esquelético. As doenças reumáticas são

um dos principais problemas de saúde dos pacien-tes seguidos nos CSP, facto que obriga o MF a estarhabilitado para gerir o doente reumático em todasas suas dimensões. Para que os cuidados sejamefectivos é essencial que estejam assentes numacooperação interdisciplinar resultante na articula-ção entre a Reumatologia e a MGF.

Uma das dimensões a contemplar nos cuidadosao doente reumático é o risco cardiovascular. Estáhoje bem demonstrado que os eventos cardiovas-culares constituem uma causa relevante de morbi-lidade e mortalidade nas doenças reumáticas. Di-versos estudos evidenciaram que a doença ateros-clerótica evolui rapidamente e de forma acentua-da nos doentes reumáticos, facto motivadoprincipalmente pelo efeito de fenómenos inflama-tórios, da autoimunidade e da disfunção endotelialassociados a algumas doenças reumáticas.

O MF tem um importante papel na avaliação dorisco cardiovascular destes pacientes identificandofactores de risco e adoptando medidas que travema progressão da aterosclerose e previnam eventoscardiovasculares potencialmente fatais ou incapaci-tantes. No doente reumático devem ser dirigidosprocedimentos preventivos e terapêuticos aos fac-tores de risco tradicionais: tabagismo, diabetes mel-litus, hipertensão arterial, dislipidémia, obesidade esedentarismo. Em articulação com o reumatologis-ta devem ser abordados factores de risco específicosde doenças reumáticas (como na Artrite Reumatói-de): inflamação crónica e hiperhomocisteinemia.

A prevenção de eventos cardiovasculares no de-curso das doenças reumáticas exige cuidados par-tilhados e um diálogo permanente entre o MF e oreumatologista, de forma a proporcionar aos pa-cientes uma abordagem clínica integral em que sedirijam de forma personalizada as recomendaçõesmais adequadas e a terapêutica mais efectiva parao controlo dos factores de risco cardiovascular. Des-te modo poder-se-á melhorar a qualidade de vidado doente reumático e protelar os efeitos major dadoença aterosclerótica.

MR2.2 – TÉCNICAS EM REUMATOLOGIA

Dr. J.M. Bravo PimentãoServiço de Reumatologia, Hospital Egas Moniz, Lisboa

As Técnicas Diagnósticas e Terapêuticas realizadaspelos reumatologistas visam essencialmente atingirum diagnóstico tão precoce quão desejável e destaforma iniciar tão cedo quanto possível uma terapêu-

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tica, evitando não só a dor, que pode constituir o úni-co sintoma em certas patologias das partes moles,mas também tentar evitar a evolução da eventual le-são articular em certas formas de artropatias inflama-tórias, de que são exemplos, a artrite reumatoide, aartrite psoriática, as artropatias por deposição decristais, entre outras. Os médicos de família/clínicageral são, sem dúvida, os primeiros a ser confronta-dos com as queixas dos doentes referidas ao apare-lho locomotor, dada a dificuldade de acesso a cen-tros especializados por motivos que são, de todos, so-bejamente conhecidos. Estes médicos terão portan-to que ter conhecimento da existência destasabordagens mais ou menos invasivas. Não se pre-tende pois que estes clínicos possam realizar grandeparte destas técnicas, mas tão só dar-lhes a conhe-cer a existência das mesmas para que possam de umaforma mais célere encaminhar os seus doentes paraos centros onde as mesmas possam ser realizadas.

MR2.3 – RECOMENDAÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DOS

COXIBES E AINEDra. Teresa NóvoaUnidade de Reumatologia, Hospital Divino EspíritoSanto, Ponta Delgada

Sendo os anti-inflamatórios não esteróides, al-tamente eficazes no tratamento da dor e inflama-ção, particularmente na patologia músculo-esque-lética, não é de admirar que sejam das drogas maisprescritas em todo o mundo. Para termos uma ideia,só no espaço de um ano (1999) foram prescritos 111milhões e 18,5 milhões de AINES respectivamentenos EUA e na Inglaterra, o que correspondeu a cer-ca de 3% de todas as prescrições do mercado.

No entanto, os efeitos secundários destes fárma-cos, particularmente os gastrointestinais, que po-dem variar de uma simples dispepsia a uma hemor-ragia digestiva e perfuração, são os responsáveis pormais de 100.000 hospitalizações anuais, 17.000 mor-tos/ano nos EUA com custos que rondam os 1,6 bi-liões de dólares. Na Inglaterra os números apontampara 10.000 hospitalizações e 2.000 mortes/ano.

Estes números tem tendência para aumentar,com a generalização da utilização dos AINES par-ticularmente à medida que a população envelhecee aumenta a comorbilidade associada.

Uma nova classe – inibidores selectivos da COX2- foi desenvolvida para providenciar uma eficáciasemelhante à dos AINEs tradicionais, mas com uma segurança gástrica semelhante à do placebo. No

entanto, e após 6 anos de aprovação nos EUA, os re-sultados de 3 estudos randomizados, evidenciaramum grande aumento de risco cardiovascular comeste grupo de fármacos.

A acção dos AINES deve-se à inibição da biosin-tese dos prostanóides quer pela COX1, quer pelaCOX2. Após uma breve revisão sobre os modos deactuação dos inibidores COX1 e COX2, vamos re-ver os efeitos adversos e comparar as suas eficáciase segurança.

Por fim, abordaremos as melhores opções tera-pêuticas, que em principio devem ser individuali-zadas e ter em conta os factores de risco que o doen-te apresenta, particularmente os relacionados comcomplicações gastroduodenais e cardiovasculares.

MR3 – Estratégia Terapêutica na ArtriteReumatóide

Presidente: Prof. Doutor Armando PortoModerador: Dra. Maria José Santos

MR3.1 – PODERÁ O TRATAMENTO AGRESSIVO E

PRECOCE ALTERAR EFECTIVAMENTE A EVOLUÇÃO DA

ARTRITE REUMATÓIDE?Prof. Doutor John IsaacsProfessor of Clinical Rheumatology Newcastle University, UK

There are short-term and long-term managementgoals for the patient with rheumatoid arthritis (RA).Short-term goals include pain relief, suppression ofinflammation, and maintenance of both function andquality of life. These are also important long--term goals but, in addition, prevention of joint dama-ge, osteoporosis and cardiovascular morbidity, andmaintenance of good general health require attention.

Traditionally, RA was treated in a ‘pyramid’ ap-proach, in which less aggressive therapy was onlyfollowed by DMARDs and, perhaps, cytotoxic the-rapies when radiological damage was established.The realisation that, firstly, ‘complications’ of RA(radiological damage, osteoporosis and cardiovas-cular morbidity) are difficult or impossible to rever-se and, secondly, that RA is a fatal disease, have re-sulted in the study of more aggressive treatmentregimes. These have included so-called ‘sawtooth’regimes (consecutive use of single DMARDs), ‘step--up’ regimes (gradual addition of DMARDs to con-trol disease progression), and ‘step-down’ regimes

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(initial combination therapy followed by gradualreduction of treatment intensity once inflamma-tion is controlled). Recently, the early introductionof biologic therapy has also been investigated. It isnow generally accepted that the aim of therapyshould be disease remission.

Several of these studies have suggested the exis-tence of a ‘window of opportunity’ early during thecourse of RA, when effective treatment has a majoreffect on long-term disease outcome, even if ag-gressive therapy is subsequently tapered. This hasbeen likened to the management of a malignanttumour, in which early, aggressive treatment redu-ces the burden of disease to a level that is relativelyeasily controlled with less toxic and aggressive the-rapies. In contrast, similarly aggressive treatmentafter the window of opportunity has closed cantemporarily suppress activity but the disease ulti-mately progresses relentlessly. As in oncology, to acertain extent treatment then becomes palliative.

Before early, aggressive treatment gains wi-despread acceptance, several questions must beanswered. 1. What is the underlying pathophysio-logical basis to the window of opportunity? Possi-bilities include: the spreading of autoreactivity; atransition in disease pathology from immune-dri-ven to fibroblast-driven; a transition in fibroblaststhemselves to a quasi-malignant phenotype. 2.How long does the window of opportunity last? Stu-dies suggest anything from 8 months to 2 yearsfrom symptom onset. The window may vary be-tween patients, in which case we urgently requirea biomarker that marks the transition to progressi-ve disease. 3. Should such a strategy be applied toall patients? Several of the studies alluded to abo-ve suggest probably not, because some patients donot have progressive disease even with milder the-rapies. Therefore it is essential to define generallyagreed, sensitive and specific markers(s) of aggres-sive disease, such as the shared epitope, anti-CCPantibodies and rheumatoid factor. 4. How aggres-sive is aggressive, how long should such therapy bemaintained, and what is adequate maintenancetherapy? Importantly, does initial therapy need toinclude biologic agents and/or corticosteroids? Willeven earlier institution of therapy allow less aggres-sive intervention, perhaps ultimately targettingsub-clinical ‘pre-RA’?

Studies of aggressive early intervention are al-ready demonstrating beneficial effects on long-term function, quality of life, morbidity, mortality,and work instability. What is now required are re-

liable markers of early RA along with well-desig-ned, long-term studies of remission induction re-gimes followed by maintenance therapy. This willbe no mean feat but RA trials are becoming increa-singly sophisticated and several of the questionsposed above are starting to be answered.

MR3.2 – ANTI-TNFα PARA TODOS?Prof. Doutor Johannes W.J. BijlsmaDepartment of Rheumatology & Clinical Immunology,University Medical Center Utrecht, The Netherlands.

Of course TNFα blockade will not be given to allour rheumatoid arthritis patients. However, tomake optimal use of this very potent and effectivetreatment it is necessary to have a critical look atthe data. It is relevant to make a division betweenearly and established RA. Early RA: In the Dutch Best Trial different treat-ment strategies have been applied in patients withearly rheumatoid arthritis. One of these treatmentstrategies was the start of TNFα blockade directlyafter diagnosing the disease. It was shown that thisis as effective as combination treatment with glu-cocorticoids, methotrexate and sulphasalazine; inaddition in the follow up of these patients it provedto be possible to stop this aggressive treatment inmore than half of the patients within 2 years.

However, from that study, and from differentother studies in early RA, including a tight controlstudy from Utrecht, it has become clear that opti-mal use of methotrexate, perhaps in combinationwith low-dose glucocorticoids, is also able to redu-ce the severity of the disease adequately. Differenttreatment strategies that are used nowadays in ear-ly rheumatoid arthritis will be discussed.Established RA: Most studies in established RA withTNFα blockade were performed in patients not res-ponding adequately to methotrexate. However, it isinteresting to see how different TNFα blockers arenow used in daily practice. TNFα blockers are nowused as part of a treatment strategy. As far as the li-terature shows at this moment even in establishedRA TNFα blockade, mostly in combination withmethotrexate, is able to stop further progression.Different aspects will be evaluated.

MR3.3 – O PAPEL DOS FACTORES GENÉTICOS NA

TERAPÊUTICA DA ARTRITE REUMATÓIDE

Prof. Doutor João Eurico Cabral da Fonseca

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Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas, Hospital de Santa Maria e Unidade deArtrite Reumatóide, Instituto de Medicina Molecular,Faculdade de Medicina de Lisboa, Lisboa

A genética da Artrite Reumatóide (AR) é complexa, en-volvendo pelo menos 10 regiões distintas que contri-buem de diferentes formas quer para a susceptibili-dade à doença, quer para a sua evolução. No decur-so das últimas duas décadas têm sido realizados di-versos estudos com o intuito de melhor compreenderas várias regiões genéticas envolvidas na susceptibi-lidade à AR, estimando-se que a contribuição gené-tica total para a predisposição à doença ronde os 50%.

Observa-se hoje uma procura sistemática de va-riações funcionalmente relevantes na sequência degenes que possam influenciar os efeitos de váriosfármacos. Assiste-se à crescente evolução da far-macogenética, na busca do fármaco e dose indica-das para cada doente, caminhando-se para uma te-rapêutica cada vez mais dirigida e personalizada.Devido à considerável variação individual de res-posta aos vários tratamentos usados na AR, a capa-cidade de prever a ausência de resposta seria degrande interesse clínico. As recentes abordagens bi-otecnológicas ao tratamento da AR, embora extre-mamente eficazes na maioria dos casos, não se tra-duzem em qualquer benefício clínico em cerca de20-30% dos doentes, existindo uma necessidadepremente de compreender os mecanismos molecu-lares que estão na base desta ausência de resposta.

Apesar de já existirem vários trabalhos publica-dos sugerindo um papel relevante de algumas áre-as do genoma sobre a resposta à terapêutica da AR(nomeadamente a região do promotor do Factor deNecrose Tumoral alfa e o HLA DRB1), permanecepor comprovar o valor real da genotipagem na de-terminação do prognóstico de doentes com AR e naprevisão da eficácia do tratamento. Existe, por isso,uma necessidade crescente de investigação cen-trada na genética da AR, que forneça dados quemelhorem o seguimento clínico dos doentes e quecontribuam para uma melhor compreensão dosmecanismos fisiopatológicos desta doença.

MR3.4 – TRATAMENTO DA ARTRITE: VER ALÉM DAS

ARTICULAÇÕES

Prof. Doutor José António Pereira da SilvaServiço de Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra e Faculdade de Medicina da Universidadede Coimbra, Coimbra

As doenças reumáticas inflamatórias têm, para assuas vítimas, consequências que ultrapassam, emmuito, os limites estritos das articulações em quese centra o processo inflamatório. Incluem-se, nes-ta perspectiva, e antes de mais, as manifestaçõesextra-articulares destas doenças, frequentementeignoradas pelos instrumentos validados de metro-logia. Importa considerar também as complicaçõessistémicas, inespecíficas, do próprio processo infla-matório com destaque para a fadiga, a depressão eoutros factores decisivos na qualidade de vida, bemcomo a doença coronária e a amiloidose entre ou-tros. O impacto das doenças reumáticas inflama-tórias é ainda reforçado pelos efeitos secundáriosdas terapêuticas e pelo seu custo.

Nesta apresentação acentuamos a necessidadeda abordagem holística do doente reumático e en-saiamos uma análise crítica do valor e impacto dosavanços terapêuticos recentes na perspectiva globaldo doente, visto para além das suas articulações.he juvenile-onset spondyloarthr

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MR4 – O que Há de Novo Acerca da Dor?

Presidente: Prof. Doutor Jaime C. BrancoModerador: Prof. Doutor Manuel Quartilho

MR4.1 – NEUROBIOLOGIA DA DOR

Prof. Doutor Armando AlmeidaGrupo de Neurociências, Escola de Ciências da Saúde,Universidade do Minho, Braga

Uma lesão aguda periférica e o processo inflama-tório associado desencadeia a activação do sistemanociceptivo, um mecanismo essencial de defesa doorganismo na manutenção da sua integridade. Osistema nociceptivo tem a capacidade de activar fi-bras aferente primárias (nociceptores) Aδ(delta) eC, as quais libertam glutamato que se liga a recep-tores AMPA de «transmissão rápida», activando osneurónios nociceptivos da medula espinhal. Estespodem podem transmitir informação nociceptivapara o encéfalo ou modular localmente a transmis-são da informação nociceptiva espinhal. A noci-cepção ascendente atinge diversas áreas da forma-ção reticular do tronco cerebral, tálamo medial(processamento afectivo-volitivo da dor) e o tálamolateral (processamento sensitivo-discriminativo dador). Em casos de dor crónica nociceptiva ou neu-ropática a activação continuada das fibras periféri-

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cas ou a sua lesão induz uma barragem constantede informação nociceptiva sobre o corno dorsal damedula espinhal que origina alterações profundasna modulação da transmissão nociceptiva espinhal.Estas resultam em sensitização periférica e sensiti-zação central associadas a hiperalgesia e alodínia,que envolvem a ligação do glutamato a receptoresNMDA, de que resulta um enorme influxo de cál-cio e uma despolarização dramática dos neuróni-os nociceptivos. Esta plasticidade neuronial ao ní-vel dos aferentes primários, neurónios nociceptivosespinhais e neurónios do encéfalo implicados noprocessamento supraspinhal da dor e na modula-ção descendente da dor acaba por originar altera-ções no genótipo das células nociceptivas, cuja re-versão constitui ainda um objectivo utópico daciência actual. O bloqueio de mediadores inflama-tórios periféricos e centrais, o reforço da activida-de do sistema interneuronial inibidor da medulaespinhal e o reforço do sistema antinociceptivo des-cendente de áreas do tronco cerebral que inibem atransmissão nociceptiva espinhal são áreas primor-diais de investigação no controlo da dor. Resultadosexperimentais promissores ocorreram recente-mente, porexemplo no âmbito da manipulação dossistemas endógenos por terapia genica, bloqueioespinhal dos receptores de glucocorticóides e blo-queio ou facilitação de canais iónicos.

MR4.2 – ASPECTOS PSICO-SOCIAIS DA DOR

Prof. Doutor Manuel QuartilhoFaculdade de Medicina da Universidade de Coimbra,Coimbra

Esta apresentação pretende salientar a importân-cia dos aspectos psicológicos da dor crónica. Deuma forma esquemática, faz uma revisão dos vá-rios modelos de percepção da dor, da importânciada atenção, das emoções, das cognições, e das apti-dões de lidar com a dor. Estes aspectos são depoisrelacionados com a prática clínica, com o objectivode valorizar a necessidade de avaliação e interven-ção psicológicas, no contexto da dor crónica.

MR4.3 – MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE DOR

Prof. Doutor Richard H. Gracely, Ph.D.Professor, Medicine-Rheumatology and Neurology Director of Mechanistic Studies, Chronic Pain and Fatigue Research Program University of Michigan Health System, VAMC – Ann Arbor

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Fibromyalgia is defined by widespread pain andtenderness at 11 or more of 18 defined tender po-ints. Current evidence indicates that tender pointsare not unique to fibromyalgia, and are simply re-gions in the body where all people are more tender.Using the number of painful tender points as a me-asure of tenderness is clinically expedient, buttheoretically vulnerable to bias and influenced bysubjective distress.

Other means of assessing tenderness (e.g., pres-sure dolorimeter devices, or more elaborate psy-chophysical methods) demonstrate the same in-creased pain sensitivity in fibromyalgia that is no-ted with tender point assessments, but these mea-sures are relatively independent of biasing factorsor distress. Standard psychophysical proceduresshow that the level of blunt pressure needed toevoke a moderate level of pain in fibromyalgia pa-tients is about half the level needed in healthy con-trol subjects. When these levels of pressure, calibra-ted to produce moderate pain in each person, aredelivered in an fMRI scanner, both patients andcontrol subjects show similar levels of increasedactivity in a number of brain regions known to beinvolved in pain processing. When the lower pres-sures delivered to patients are delivered to controlsubjects, there is minimal activation, and a statis-tical comparison shows greater activity in patientsin the same group of brain regions activated by mo-derately painful stimulation in each group. Theseregions include primary and secondary somato-sensory cortex, insula, inferior parietal lobule, andcerebellum. These results using psychophysicaland fMRI methods are consistent with a generalcentralized augmentation of mechanical pain sen-sitivity in fibromyalgia, and this augmentation maybe a common feature of other pain syndromes suchas idiopathic low back pain and temporomandibu-lar disorders.

MR5 – Tuberculose e Terapêutica Inibidoras do TNFα

Presidente: Dr. Jesus Tomero MolinaModerador: Dr. Domingos Araújo

MR5.1 – IMPLICAÇÕES PATOGÉNICAS DAS

TERAPÊUTICAS ANTAGONISTAS DO TNFα NA

INFECÇÃO TUBERCULOSA

Prof. Doutor Juan Gomez-Reino

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MR5.2 – ESTRATÉGIAS PREVENTIVAS DA TUBERCULOSE

EM DOENTES SOB TERAPÊUTICAS ANTAGONISTAS DO

TNFα. A EXPERIÊNCIA ESPANHOLA E INTERNACIONAL

Dra. Loreto CarmonaUnidad de Investigacion, Sociedad Española deReumatologia, Madrid, Espanha

In animal models, TNFα contains latent tuberculo-sis (TB) infection. TNFα inhibition leads to fatal reactivation and TNFα deficient mice are susceptibleto Mycobacterium tuberculosis. During the clinicaltrials of the first TNF antagonists, TB was not an im-portant issue. The first general warning on infectionscame from the FDA in November 2000 and the firstaction against TB infection was taken by the EMEA,in December of that year, adding a warning label tothe SPC of Remicade®, by which 1) If active TB is sus-pected, infliximab treatment should be stopped un-til the diagnosis is ruled out or the infection is treat-ed in accordance with current guidelines; 2) Beforestarting treatment with infliximab, patients should beevaluated for both active and inactive («latent») tu-berculosis, by way of detailed medical history that in-cludes personal history of TB or possible previouscontact with TB, and consideration of appropriatescreening tests (chest x-ray, tuberculin tests). Pres-cribers were reminded that the tuberculin test maygive false negative results in patients who are severe-ly ill or immunosuppressed. And 3) If inactive or «la-tent» TB is diagnosed, measures should be taken toprevent the activation of TB and the risk/benefit forthe patient should be considered before startinginfliximab therapy. In November, 2001, at the ACRmeeting in San Francisco, data from a US studyshowed an undetermined result regarding increaseof TB while on biologics but with a trend towards noincrease and a Spanish study showed a clear increaseof TB in RA patients on biologics compared to pa-tients under other treatments. Most of the rheuma-tologists did not trust the relationship. The questionat that time was whether RA by itself was a predis-posing factor for TB infection. Our group found an in-cidence rate ratio (IRR) of 4.13 (95% CI 2.59-6.83) inRA compared to the general population (25 per100,000) in year 2001 (the study was published oneyear later). But when we compared TB rates in RA pa-tients on biologics and on other DMARDs, the diffe-rence was as high as an IRR of 5.4 [2.4 - 14.3], showinga clearly added effect of TNF inhibition. The rateswere over 400 cases per 100,000 inhabitants, way overthe range of TB in AIDS. That was the reason why theSpanish Society of Rheumatology (SER) and the Spa-

nish Medicines Agency adopted very strict measuresregarding prevention of reactivation of latent TB in-fection (LTBI), actually overlapping those recom-mended by the American Thoracic Society for AIDSpatients. These were: 1) Should a patient receive aTNF antagonist he must be screened for LTBI bymeans of a) history of infections or close contacts, b)a PPD test, considered positive if equal or greaterthan 5 mm, c) a booster PPD 7-10 days later if firstPPD was negative, and d) a chest X-ray in search ofgranulomas or any lesion suggestive of past TB; 2) Ifa PPD is positive or the chest X-ray shows past TB, orthe patients refers close contact to active TB,prophylaxis with isoniazide for 9 months (5 mg/kgdaily up to a maximum of 300 mg) is recommendedand treatment with the TNF antagonist delayed atleast one month. Other international and nationalguidelines have not been as strict as ours, probablytaking into a account the lower background rates ofthe national populations. However, so far, our re-commendations are the only ones being tested andthe effectiveness has been sound: a reduction form20 times the rate in general population down to 8times, and no difference with RA background rates.Moreover, we have analyzed the reduction depen-ding on the adherence to the recommendations andwe have found no cases of TB in RA patients in whomrecommendations were strictly followed (2,595 RApatient-years of exposure) versus 11 cases if thesewere incompletely followed (2,614 RA patient-yearsof exposure). There have been only two cases of TBin non-RA patients, yielding a rate that overlaps withthat of the general population in Spain.

TB reactivation has been seen with all TNF anta-gonists, with no statistical difference, so we recom-mend screening before treatment with any of them.We have shown that screening dramatically reducesthe incidence of active TB and we vehemently re-commend it, but always adapted to local circumstan-ces, specially background rates and BCG exposure.

MR5.3 – RECOMENDAÇÕES DA SPR/SPP PARA O

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA TUBERCULOSE LATENTE

EM DOENTES CANDIDATOS A TERAPÊUTICA ANTI-TNFαProf. Doutor João Eurico Cabral da FonsecaServiço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas, Hospital de Santa Maria e Unidade deArtrite Reumatóide, Instituto de Medicina Molecular,Faculdade de Medicina de Lisboa, Lisboa

A utilização de fármacos inibidores do Factor de

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Necrose Tumoral Alfa (anti-TNFα) em populaçõescom prevalência elevada de tuberculose, como acon-tece em Espanha e em Portugal, revelou um aumen-to dos casos de tuberculose nos doentes sob estas te-rapêuticas. A tuberculose que surge em doentes sobterapêutica anti-TNFα resulta, na maioria das vezes,da reactivação de uma infecção latente, tem início ge-ralmente nos primeiros meses de tratamento e exi-be frequentemente um comportamento atípico, porvezes difícil de diagnosticar. O TNFα é fundamentalpara a defesa imunológica contra o Mycobacteriumtuberculosis, particularmente para a formação e ma-nutenção dos granulomas, e em modelo animal épossível documentar a reactivação da tuberculoseapós administração de anticorpos anti-TNFα.

Actualmente existem recomendações específicaspara a realização de radiografia de toráx e prova detuberculina, antes do início da terapêutica anti--TNFα, que são seguidas em Portugal desde 2002. Seo doente apresentar tuberculose activa, está contra-indicada a utilização de anti-TNFα. Se apresentaruma prova de mantoux superior a 5mm deve ser ins-tituída terapêutica com isoniazida 300mg/dia du-rante 9 meses. O fármaco é habitualmente iniciadoapós o doente completar pelo menos 1 mês de trata-mento com isoniazida. No entanto, apesar destasmedidas, continuam a ocorrer casos de tuberculoseem Portugal, particularmente nos doentes tratadoscom anticorpos anti-TNFα, conforme é reportadopelo Grupo de Estudos de Artrite Reumatóide da So-ciedade Portuguesa de Reumatologia neste congres-so. As especificidades da realidade epidemiológica datuberculose em Portugal poderão explicar, pelo me-nos parcialmente, este problema.

Pretende-se, com estas recomendações sobre odiagnóstico e tratamento da tuberculose latenteem doentes com Artrite Reumatóide e com outrasdoenças inflamatórias articulares tratados com fár-macos inibidores do TNFα, reduzir o número de ca-sos de reactivação de tuberculose latente e de in-fecções de novo neste grupo de doentes através daadaptação das recomendações internacionais àrealidade Portuguesa.

MR6 – Avanços Terapêuticos no Lúpus Eritematoso Sistémico. Papel Actual da Ciclofosfamida e suas Alternativas

Presidente: Dr. José Canas da SilvaModerador: Dr. José Miguel Bernardes

MR6.1 – TERAPÊUTICA DO LÚPUS ERITEMATOSO

SISTÉMICO: DADOS NACIONAIS

Dr. Ricardo FigueiraColaboração dos Serviços de Reumatologia do1. Hospital Santa Maria, Director M. Viana de Queiroz2. Hospital Garcia de Orta, Director J. Canas da Silva3. Hospital Egas Moniz, Director J. Branco4. Instituto Português de Reumatologia, Directora Clínica A. Assunção Teixeira

Objectivo: Apresentar os dados referentes à tera-pêutica do Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)numa população de doentes portugueses, com par-ticular destaque para a utilização de fármacos imu-nossupressores.Métodos: Os autores analisaram variáveis sócio--demográficas, comportamentais, clínicas, imuno-lógicas, co-morbilidade e terapêuticas utilizadasem 524 doentes com LES seguidos nas consultas ex-ternas de Reumatologia dos Hospitais de Santa Ma-ria, Garcia de Orta, Egas Moniz e Instituto Portu-guês de Reumatologia entre 1976 e 2005. Os dadosforam obtidos retrospectivamente, por consultados processos individuais e, sempre que possível,confirmados por contacto directo com os doentes. Resultados: Quatrocentos e oitenta e sete doentes(92,9%) era do sexo feminino e 37 (7,1%) do sexomasculino, 88,7% caucásicos, 7,8% de raça negra,0,2% de raça oriental e em 17 casos (3,2%) não foipossível obter essa informação. A idade média àdata do diagnóstico era de 35,1 ± 15,5 anos, a du-ração média da doença era de 8,6± 7,5 anos e o tem-po médio de seguimento foi de 6,7 ± 5,9 anos.

Apresentaram envolvimento articular 469 doen-tes (89,5%), cutâneo 423 doentes (80,7%), hemato-lógico 297 doentes (56,7%), renal 196 doentes(37,4%), das serosas 134 doentes (25,6%) e neuro-lógico 94 doentes (17,9%).

Verificámos que os corticosteróides foram utili-zados em 93,5% dos doentes e os antipalúdicos desíntese em 73,3%. A proporção de doentes medica-dos com imunossupressores foi a seguinte: azatio-prina em 28,0%, ciclofosfamida em 9,3%, metotre-xato em 9,3%, micofenolato de mofetil em 2,1%, ci-closporina A em 0,6% e Rituximab em 0,2%.

As principais indicações clínicas em que os imu-nossupressores foram prescritos foram o envolvi-mento renal (44,8 % fizeram terapêutica com aza-tioprina, 20,4% com ciclofosfamida e 5,6 % commicofenolato de mofetil), o envolvimento neuroló-gico (40,4% fizeram azatioprina, 19,1% ciclofos-famida e 2,1% micofenolato de mofetil) e o envol-

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vimento hematológico (30,9% fizeram azatioprina,10,7 % ciclofosfamida e 1% micofenolato de mo-fetil). Discussão/Conclusão: Os corticosteróides e an-tipalúdicos de síntese foram os fármacos mais fre-quentemente utilizados. Os imunossupressores fo-ram usados principalmente nos doentes com en-volvimento renal, neurológico e hematológico, talcomo seria de esperar. A azatioprina foi o imunos-supressor mais utilizado. Estes resultados têm so-bretudo um valor histórico, uma vez que traduzemas atitudes terapêuticas ao longo de 30 anos.

MR6.2 – O ESTADO DA ARTE NO TRATAMENTO DA

NEFRITE LÚPICA

Dr. Pedro PonceServiço de Nefrologia, Hospital Garcia de Orta, Almada

Uma procura incessante de melhores terapêuticaspara a nefrite lúpica impõe-se: 1)Para controlardoença refractária; 2) Para prevenir recaídas; 3) Paraevitar esclerose glomerular / intersticial; 4) Evitarefeitos adversos da terapêutica.

A terapêutica da nefrite lúpica tem duas verten-tes paralelas e concomitantes: • Terapêutica Imunosupressora:Remissão das manifestações renais, extra-renais eserológicas → Resolução da hematúria, cilindru-ria, estabilização da creatinina e da proteinúria • Terapêutica da Insuficiência Renal Crónica eCardiovascular:IECAs / ARAs tendo como alvo T.A.< 130/80 mmHg,Estatinas para LDL col < 100 mg/dl, controlo daobesidade e tabagismo…As ARMAS TERAPÊUTICAS ao nosso dispor in-cluem, entre outras: • Ciclofosfamida oral ou E.V.• Prednisona ou Metilprednisolona• Micofenolato Mofetil (MMF)• Ciclosporina• Rituximab• Sirolimus• CTLA4IG• Anticorpos antiC5• Campath• LJP 394• Terapêutica imunoablativa

Recomendações Possíveis para Terapêutica deIndução:(apesar da literatura mais recente)

• 6 pulsos mensais de Ciclofosfamida E.V. de 500a 750mg para um nadir de leucocitos > 3500//mm3, associada a

• 6 pulsos mensais de 500 mg de Metilpredniso-lona

• Prednisona oral inicio 1 mg/kg no máximo 8 se-manas, desmame 5 a 10mg/dia/sem até ao mí-nimo que controla manifestações extra-renais

• MMF até 2 gr/dia é alternativa em doença me-nos agressiva ou quando haja contraindicaçãopara Ciclofosfamida

Recomendações Possíveis Paraterapêutica deManutenção:• MMF 1 a 2gr/dia oferece os melhores resultados

em termos de recaídas (20%) ou mortalidade(NEJM 04, 350:971)

• Manutenção deve prolongar-se > 18 a 24M comdesmame lento

• Prevê recaída uma subida dos níveis de anti--DNAds, uma queda do C3/C4 mais do que o va-lor absoluto, ou cilindruria de novo (West. AJKD91, 18:686)

MR6.3 – QUAL O PAPEL DOS AGENTES BIOLÓGICOS NO

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO

Dra. Maria José LeandroUniversity College London, Londres, Reino Unido

No tratamento do Lúpus Eritematoso Sistémico(LES) continua a haver necessidade de novas abor-dagens terapêuticas que possibilitem uma maioreficácia e menor toxicidade do que as terapêuticasimunosupressoras habituais. Nos últimos anos sur-giram vários agentes biológicos para o tratamentodas doenças reumáticas autoimunes incluindo oLES. Entre as novas terapêuticas contam-se a de-pleção de Linfócitos B com base no rituximab (an-ticorpo monoclonal anti-CD20), um anticorpo mo-noclonal anti-CD22 (epratuzumab), um anticorpoanti-receptor da IL-6, estratégias de bloqueio doBLyS/BAFF e APRIL (anti-BLyS/BAFF, TACI-Ig, BR3-Ig, BCMA-Ig), estratégias dirigidas a antigénios es-pecíficos como o péptido LJP 394 e o edratide(TV4710) e estratégias que visam inibir a activaçãodos Linfócitos T como o abatacept (CTLA-4Ig).

Para vários destes agentes biológicos existem jádados de ensaios clínicos de fase I ou II. Os dadosdisponíveis dizem sobretudo respeito a segurançae efeitos biológicos mas existem já dados sobre aeficácia de alguns deles. No caso da depleção de

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Linfócitos B com base no rituximab, o facto destefármaco existir no Mercado para o tratamento dolinfoma de células B permitiu a sua utilização emdoentes refractários as terapêuticas habituais. Da-dos referentes a pequenas séries de doentes comLES refractário sugerem que esta terapêutica podeconduzir a uma melhoria clínica significativa comuma boa tolerância. Um ensaio de fase II/III estáem curso.

MR6.4 – AVALIAÇÃO E PROGNÓSTICO NO LÚPUS

ERITEMATOSO SISTÉMICO

Dr. Anisur Rahman PhD, FRCPSenior Lecturer in RheumatologyUniversity College London, Londres, Reino Unido

Mortality from SLE has fallen considerably over thelast fifty years. This is partially due to the use of im-munosuppressive regimes in life-threatening formsof SLE such as lupus nephritis. Assessment of the-se severe forms can be expressed in terms of hardend-points such as renal failure or death. Most pa-tients with SLE, however, suffer milder manifesta-tions of disease and it is harder to define outcomemeasures in these cases - especially as different pa-tients have widely different symptoms.

To solve this problem, many groups have deve-loped disease activity measures. These involve lis-ting the patient’s symptoms, signs and results of la-boratory tests and converting this information intoa numerical score. Some measures weight the sco-re so that symptoms in some systems (e.g. kidney)are scored higher than others (e.g. joints). Mostmeasures produce a global score representing thewhole disease process. The British Isles Lupus As-sessment Group (BILAG) index scores each systemseparately. There are advantages to both the globaland system-specific methods which will be discus-sed in this talk.

It is increasingly recognized that many patientswith SLE die not from the disease itself but fromcardiovascular problems such as myocardial infarction and stroke. The risk of these problems issignificantly higher in patients with SLE than in age and sex matched controls. The reasons for this are not understood fully but involve both traditional risk factors such as tobacco and lipid levels, and more SLE-specific factors such as chronic inflammation and antiphospholipid antibodies. Cardiovascular outcomes in SLE will bediscussed.

MR7 – Osteoartrose

Presidente: Dr. Augusto FaustinoModerador: Dr. Rui André Santos

MR7.1 – AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO DA

OSTEOARTROSE: MARCADORES BIOLÓGICOS

E IMAGIOLOGIA

Prof. Doutor Bernard MazièresService de RhumatologieCHU Rangueil – Toulouse – France

L’arthrose est une maladie du cartilage d’abord, quitouche ensuite l’os sous-chondral et la synoviale, aumoins lors de poussées de la maladie. Le seul outilusuel dont nous disposons actuellement pour éva-luer l’évolution structurale de l’arthrose est la radio-graphie standard. Elle est un reflet lent et imparfaitde cette progression.

D’ou la recherche de marqueurs biologiques del’arthrose qui seraient plus sensibles au change-ment arthrosique de l’articulation (intérêt diagnos-tique), plus sensibles aux changements structurauxde la maladie (intérêt pronostique). Quels marqueurs? La recherche d’un marqueurunique paraît illusoire et c’est probablement d’étu-de de plusieurs marqueurs qui permettra de pro-gresser : marqueurs des différents tissus de l’arti-culation, marqueurs de la synthèse et de la dégra-dation des constituants de ces différents tissus (Ta-bleau I). Où les doser? Dans le liquide synovial qui est lemeilleur reflet de l’articulation malade, maisl’épanchement est inconstant, parfois difficile àobtenir et le volume de diffusion est variable.

Dans le sang, le dosage échappe à ces critiques,mais le marqueur est le reflet de la totalité des car-tilages (et pas seulement articulaires). La standar-disation n’est pas toujours au point, la reproducti-bilité variable, les normes mal définies.

Dans les urines, les taux deviennent faibles, né-cessitant des techniques au seuil de détection trèsbas. Facteurs de variations physiologiques. Plusieursde ces marqueurs varient en fonction de l’âge, dusexe, de l’indice de masse corporelle, de l’heure durecueil (rythme circadien), de l’effort physique.Dans l’arthrose. La corrélation de certains mar-queurs avec les paramètres cliniques de la maladie(douleur, indices algo-fonctionnels) est variabledans la littérature, peu convaincant.

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La corrélation avec des paramètres structurauxest plus nette (avec le degré d’ostéophytose, depincement, en fonction du stage de Kellgren etLawrence, ou en fonction de l’importance de l’œdè-me osseux sous-chondral observé en IRTM)Les questions en suspens. Un (ou des) marque-ur(s) permettrait-il de dépister précocement unearthrose, infra-radiologique dans des populationsà risque (après méniscectomie ou traumatisme ar-ticulaire)?

Des taux anormaux d’un (ou plusieurs) mar-queur permettrait-il de différencier les malades ra-pidement progresseurs des progresseurs lents (àl’extrême, dépistage des arthroses destructrices ra-pides)?

Un changement de valeur d’un marqueur sousl’effet d’un traitement à visée chondroprotectricepermettrait-il de dépister un tel effet de façon plusprécoce que la simple radio standard?

MR7.2 – O PAPEL DO OSSO SUBCONDRAL NA

EVOLUÇÃO DA OSTEOARTROSE. ACÇÃO DE FÁRMACOS

ANTI-OSTEOPORÓTICOS NA CARTILAGEM

Prof. Doutor Gabriel Herrero-BeaumontFundacion Jimenez Diaz, Madrid, Espanha

A artrose, osteoartrite (OA) ou doença degenerati-va da cartilagem articular, é um processo de evolu-ção irreversível que resulta de um desequilíbrio nahomeostasia condrocitária. Como consequência,

existe desigualdade entre degradação e síntese dosdistintos componentes da matriz extracelular(MEC), com claro predomínio dos processos cata-bólicos. Se bem que o condrócito seja o elementocentral na manutenção da referida homeostasia,outras estruturas participam também no início eprogressão da artrose. De facto, fala-se hoje da OAcomo uma falência ou insuficiência articular glo-bal – em comparação com outras estruturas orgâ-nicas – em que participam todas as estruturas ar-ticulares, desde a cartilagem até aos tendões,cápsula e ligamentos, tendo especial importânciaa interacção entre três elementos: cartilagem hia-lina normal, osso subcondral e membrana sinovial,esta ultima especialmente nas fases mais avança-das. Nesta revisão vamo-nos centrar no papel queo osso subcondral desempenham na patogenia daOA, assim como as suas possíveis implicações te-rapêuticas.

MR7.3 – AVANÇOS NA TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA.MEDICINAS ALTERNATIVAS NA OSTEOARTROSE:MEDICINA BASEADA NA EVIDÊNCIA

Prof. Doutor Bernard MazièresService de RhumatologieCHU RangueilToulouse – France

Dans le domaine des médecines «parallèles», enco-re appelées par les anglo-saxons « adjuvantes et

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Tableau I. Quelques Marqueurs Potentiels de l’Arthrose

Synthèse DégradationOs Ostéocalcine (deoxy) pyridinoline

Phosphatases alcalines osseuses fractions N et C terminales du Fractions N et C terminales du propeptide télopeptide du collagène de type 1

du collagène de type 1 (NTX-I, CTX-I)Cartilage Fractions N et C terminales du propeptide du fraction C terminale du télopeptide

collagène de type 2 du collagène de type 2 (CTX-II)Chondroïtine sulfate (épitopes 846, 3B3, 7D4) keratane sulfate (épitopes 5D4,ANP9)YKL-40 Cartilage oligomeric matrix protein

(COMP)Synoviale Acide hyaluronique NTX-I

YKL-40 CTX-ICOMPMatrix metalloproteinases (MMPs)Tissue inhibitor of metalloproteinases (TIMP)

Inflammation CRP

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complémentaires » l’arthrose est à l’honneur. Quel-ques articles de bonne tenue scientifique, dans desrevues généralistes de la plus haute importance in-ternationale, ont été publiés récemment donnantun éclairage neuf et sérieux sur des modalités thé-rapeutiques très controversées.

Trois articles rapportent des essais randomisés,contre comparateurs variés (acupuncture factice,AINS, série témoin simple), de l’acupuncture dansle traitement de la gonarthrose. Les conclusionssont concordantes : çà marche ! Reste à savoir pen-dant combien de temps, selon quelle périodicitédes séances, etc… Mais on soulage significative-ment la douleur et on améliore la fonction de cesmalades douloureux chroniques.

Un essai randomisé montre que les bonnes vi-eilles sangsues de nos grand-mères soulagent aus-si le gonarthrosique. Au dire des auteurs, l’accep-tabilité de la méthode est excellente!

Mais le plus étrange est un article du BritishMedical Journal démontrant qu’un braceletmagnétique au poignet soulage les douleursd’arthrose du genou et de la hanche. Le plus inté-ressant est la lecture du volumineux courrier quecet article a suscité: comment çà marche (on n’ensait rien), est-ce un effet placebo (mais commentexpliquer que les animaux soient, eux aussi, amé-liorés?), comment un journal réputé sérieux peut--il publier de telle inepties (un mandarin de la mé-decine anglaise)?

Bref, tout cela est réjouissant, en attendant levrai chondroprotecteur de demain!

MR7.4 – EPI-PORTO: AVALIAÇÃO REUMATOLÓGICA DE

UMA POPULAÇÃO

Dr. Rui André1, Dra. Lúcia Costa2,Prof. Doutor Henrique Barros3

1. Serviço de Reumatologia do Hospital Militar Principal, Lisboa2. Serviço de Rematologia do Centro Hospitalar do Alto Minho3. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade de Medicina do Porto, Porto

A osteoartrose é a doença reumática mais pre-valente e uma das doenças crónicas com maior im-pacto no ser humano. Contudo, a atenção que lheé dada pelos prestadores de cuidados de saúde, pe-las escolas que os formam e até por vezes pelospróprios doentes parece desproporcionadamentereduzida.

Entre as explicações para esse facto podem es-tar o pouco mediatismo da doença, a escassa for-mação em reumatologia da generalidade dos mé-dicos e, sobretudo, a muito forte associação ao pro-cesso de envelhecimento, originando um falso con-ceito de inevitabilidade.

Um grupo de investigadores do Serviço de Higie-ne e Epidemiologia da Faculdade de Medicina doPorto vem seguindo há vários anos uma coorte decerca de 4.000 indivíduos denominada EPI-Porto.Têm sido estudados aspectos tão diversificadoscomo as doenças cardiovasculares, a nutrição e amassa óssea. Na avaliação iniciada em 2005 foi de-cidido incluir uma série de questões sobre queixasrelativas ao aparelho locomotor e proceder à reali-zação de radiografias simples dos segmentos docorpo mais frequentemente envolvidos pela osteo-artrose. Os indivíduos com queixas sugestivas dedoença reumática são avaliados por reumatologis-tas e é preenchido um inquérito estruturado.

Os resultados desta avaliação vão decerto cons-tituir uma das mais importantes bases de dadossobre doenças reumáticas em Portugal e avaliar ascaracterísticas clínicas, imagiológicas e o impactodas doenças mais prevalentes na população, emparticular a osteoartrose.

MR8 – Ponto da Situação em Situações Difíceis

Presidente: Dr. Alberto QuintalModerador: Dra. Ana Assunção Teixeira

MR8.1 – DOENÇA DE BEHÇET

Dr. José Vaz Patto, Dra. Sara CortesInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

A Doença de Behçet (DB) é uma doença inflamató-ria de etiologia desconhecida que é classificada noGrupo das Vasculites. Pode envolver pequenos, mé-dios e grandes vasos.

As suas manifestações mais frequentes e menosgraves são a aftose oral e genital e as lesões cutâneas.

A artrite também pouco grave e com boa respos-ta à terapêutica caracteristicamente é uma mo-no/oligoartrite recorrente e não erosiva.

O envolvimento ocular em particular a uveíteposterior e a vasculite retiniana, tem que ser trata-do urgentemente devido ao risco de lesões irrever-síveis e evolução mesmo para a cegueira. Muitas ve-zes responde á utilização de corticóides, azatiopri-

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na e ciclosporina (podem ser associados), masquando se torna refractária pode ser necessário orecurso a terapêuticas biológicas (α interferon ouanti-TNFα) por vezes com bons resultados.

O envolvimento neurológico continua a repre-sentar um grande desafio tanto no diagnóstico di-ferencial tanto quanto ao tipo de lesão neurológi-ca. Tal facto tem especial importância se surgir an-tes da doença possuir critérios suficientes para umdiagnóstico definitivo de DB. A melhor terapêuti-ca a instituir no envolvimento do SNC nem sempreestá definida e a resposta terapêutica é muitas ve-zes insatisfatória.

As flebotromboses que podem ir desde trombo-flebites superficiais até síndromes de obstrução daveia cava superior não põem em geral a vida dodoente em perigo (o risco de embolia é pequeno).A sua terapêutica nos casos mais graves é contro-versa (anticoagulação versus imunossupressão).

Os aneurismas arteriais das grandes artérias (ex.aorta) podem constituir uma emergência cirúrgi-ca que representa ainda complicações frequentes.Já o aneurisma pulmonar (em geral de pequenas di-mensões) que representam uma das raras causasde mortalidade na DB, constitui uma emergênciamédica. A resposta à terapêutica com pulsos de ci-clofosfamida pode ser excelente, apresentando a ci-rurgia destes aneurismas em caso de ruptura (ma-nifestando-se por hemoptises) ter por vezes resul-tados catastróficos.

O envolvimento intestinal na DB frequente noJapão é raro na maioria dos países nos quais se in-cluem o nosso, coloca dificuldades de diagnósticodiferencial uma vez que as Doenças InflamatóriasIntestinais (D) podem ser acompanhadas de afto-se, lesões cutâneas e uveíte.

MR8.2 – SOBREPOSIÇÕES ENTRE SINDROMA SECO E

SINDROMA DE SJÖGREN

Dr. Filipe Barcelos, Dr. José Vaz PattoInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

O Sindroma de Sjögren (SS) é uma doença auto--imune crónica caracterizada essencialmente pelainfiltração linfocitária das glândulas exócrinas. Assuas queixas secas constituem a sua manifestaçãoclínica principal. Sendo importante que o diagnós-tico seja efectuado o mais precoce possível, sabe-se no entanto que quanto mais cedo, mais difícil setorna alcançar o diagnóstico de SS.

No que se refere ao diagnóstico diferencial en-

tre sindroma seco «indefinido» (ou sindroma seconão SS) e o SS (primário ou secundário) vários pon-tos têm que ser discutidos:1. São inúmeras as causas de sindroma seco que

podem ocorrer em doentes que tem ou não al-guma manifestação imunológica (quer sejadoença ou manifestação laboratorial). São co-muns as causas de sintomas secos desde as maisfrequentes que são muitos medicamentos, pas-sando pela diabetes mellitus, infecções (hepati-te), esclerose múltipla, até causas locais a níveldas glândulas salivares ou alterações oculares(Sindroma de Stevens-Johnson, conjuntivitecrónica, hipovitaminose A).

2. A história natural da instalação dum SS com oscritérios suficientes para ser classificado comotal por vezes leva vários anos como foi demons-trado em estudos de seguimento de doentes comsintomas secos. A xerostomia pode mesmo serprecedida por outros sintomas como sejam ede-ma das parótidas, perda precoce dos dentes ousialorreia. Nas fases iniciais de doença por vezesapenas podemos colocar a hipótese de «prová-vel» SS. Estudos sobre o balanço Th1/Th2 nosangue periférico e na biopsia das glândulas sa-livares mostram que há uma sobreposição entredoentes com SS e doentes com «sindroma seconão SS» podendo um sub-grupo destes corres-ponder a uma pré-fase de SS.

3. A biópsia das glândulas salivares é com certezao exame que mais contribui para um diagnósti-co definitivo do SS. No entanto a sua leitura ana-tomo-patológica exige experiência e assistimosa resultados variáveis de centro para centro.Como se trata de um exame «cruento» não sepode repetir como se repetem algumas análiseslaboratoriais. Para melhorar a sensibilidade dométodo foi proposta a técnica de exame de lei-tura em «cortes a múltiplos níveis» das glându-las salivares minor.

4. Embora o score do focus de infiltração linfocitária> 1 se associe fortemente ao SS, vários trabalhostem mostrado que pode encontrar-se em doen-tes sem SS (AR, LES, CBP, sida, CBP, miastnia gra-vis, doença do enxerto versus hospedeiro) e mes-mo em pessoas normais. Nos fumadores a biop-sia poderá não ser um auxiliar útil para o diagnós-tico de SS porque o tabaco parece diminuir oinfiltrado focal das glândulas salivares. Tambéma terapêutica com corticosteróides parece dimi-nuir o infiltrado linfocitário focal das glândulas sa-livares no SS, podendo diminuir a sensibilidade

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da biopsia para o diagnóstico do SS. 5. As alterações imunológicas associadas ao SS, no-

meadamente os ANA e anti-SSA e anti-SSBembora muito importantes, por vezes ajudampouco no diagnóstico diferencial porque estãopresentes noutras conectivites, sendo muito fre-quentes no LES. Novos métodos têm sido ensai-ados com a finalidade de melhorar a sensibilida-de e especificidade dos métodos clássicos.

6. Nalguns doentes em que pode coexistir um SScom outras patologias (ex. Sarcoidose) o diag-nóstico de SS deve ser muito bem fundamenta-do, pois na maioria das vezes estamos apenas napresença de um sindroma seco associado. Oscritérios do American-European ConsensusGroup excluem mesmo doentes com HepatiteC, não só devido à sobreposição de algumas ma-nifestações mas também porque a Hepatite Cpode estar implicada no desenvolvimento de SS(«secundário») num subgrupo de doentes.

MR8.3 – CANAL LOMBAR ESTENÓTICO

Dr. Rui LeitãoInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

«O canal lombar estenótico é cirúrgico» é uma fra-se demasiado pequena para albergar toda a verda-de acerca desta entidade. Com efeito, com taxas desucesso que variam entre os 26% e os 100% , depen-dendo do tempo de follow-up (muito variável en-tre os diferentes estudos) e dos critérios de avalia-ção utilizados, nomeadamente da definição de me-lhoria e muito também das expectativas dos doen-tes e médicos, que diferem com frequência, acapacidade de a cirurgia conseguir a descompres-são da zona afectada e, sobretudo, restaurar a fun-ção nervosa e fazer regredir a dor, é por alguns con-siderada quase imprevisível. Além disso, a morbi-lidade associada à agressão cirúrgica nos doentesmais idosos, particularmente na presença de co-morbilidade (cardiopatia, pneumopatia crónica,artropatia inflamatória ou degenerativa, osteopo-rose, etc), uma mortalidade operatória rondandoos 0,6% (o dobro da da discectomia lombar) e des-crições de não progressão da sintomatologia e daincapacidade, mesmo após períodos de seguimen-to relativamente prolongados, leva muitos a adop-tar uma atitude expectante antes de uma eventualdecisão cirúrgica. Além do mais, continua a havergrande dificuldade em consensualizar factoresprognósticos, não apenas em relação aos já referi-

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dos riscos operatórios mas, sobretudo, em relaçãoà eficácia da cirurgia. A realização de uma laminec-tomia unilateral com o consequente risco de ins-tabilidade e necessidade futura de reintervenção,a presença de co-morbilidade «pesada» e uma ida-de muito avançada (> 80 anos?), parecem posicio-nar-se como factores de risco de sinal contrário aode uma constrição pré-operatória grave do canalmedular (< 6mm de diâmetro), a qual parece asso-ciada a uma evolução mais favorável, logo que re-solvida a obstrução. Um diâmetro reduzido a estadimensão, está abaixo do calibre crítico da caudaequina, pressupondo uma verdadeira compressãomecânica das raízes nervosas, susceptível de serresolvida com a descompressão.

Apesar de o panorama cirúrgico não ser brilhan-te, o número de intervenções nos EUA, em pessoascom mais de 65 anos, aumentou de 7,6 para 61 por1.000.000 habitantes (!), entre 1979 e 1992. Este fe-nómeno deve-se à reduzida eficácia da terapêuti-ca conservadora mesmo que limitada às formas li-geiras a moderadas da afecção. As terapêuticas po-dem incluir repouso, analgésicos, anti-inflamató-rios e corticoesteróides (incluindo em injecçãoepidural), medidas de reabilitação física, reeduca-ção ergonómica e postural, exercícios de estabili-zação lombar e uso de ortóteses. O carácter perifé-rico da estenose lombar (recesso lateral e foramen)e a presença de uma dor unilateral, podem susten-tar a opção terapêutica por uma injecções peri-du-ral de corticoesteróides. A melhoria e manutençãode uma boa mobilidade intervertebral, recorrendoà resolução de adesões cutâneas, espasmos mus-culares e retracções musculares adaptativas e a re-mobilização das estruturas neurais, contribuempara a melhoria da vascularização do tecido nervo-so, um desiderato a alcançar nestes doentes. Umplano de fortalecimento muscular dos glúteos emúsculos da parede abdominal inferior, um pro-grama de estabilização lombar em flexão e o uso deuma ortótese lombar correctora da lordose, permi-tem aumentar o diâmetro do canal lombar a assimreduzir os sintomas.

Diâmetros ântero-posteriores do canal medularinferiores a 11,5 mm (TAC) são patológicos e impli-cam a ponderação do canal lombar estenóticocomo causa de uma lombalgia, mas os critériospara considerar estreitos os canais de saída dos ner-vos espinhais, outra localização de compressãonervosa, não estão bem definidos, pelo que é fre-quente a discrepância entre clínica e imagens. Paraalguns, a dimensão do espaço «vazio» envolvente

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do saco tecal, é o que melhor define a presença ounão de estenose canalar, sem recorrer à invasivida-de da mielografia, na qual a obstrução do contras-te simultaneamente a vários níveis parece correla-cionar-se melhor com a clínica e uma resposta fa-vorável à descompressão. A validação do EMGcomo auxiliar diagnóstico da estenose lombar co-meça finalmente a estar sustentada em estudos dequalidade.

Apesar da maior disponibilidade de métodoscomplementares de diagnóstico, e da qualidade des-tes, nunca é demais enfatizar a importância de umahistória de claudicação neurogénica, despertadacom a marcha e aliviada com a extensão da regiãolombar e o repouso. No entanto, esta dor pode seruni ou bilateral, apresentar ou não irradiação des-cendente e ser de distinção difícil da sua homónimavascular. A característica diminuição dos reflexos ós-teo-tendinosos, pode faltar nos doentes mais jovens.

O «estreitamento do canal medular, recessos la-terais e/ou foramens intervertebrais, potencialmen-te causador de compressão de estruturas nervosas»é conhecido por canal lombar estenótico. Congéni-to ou adquirido, o subtipo degenerativo é o maisfrequente.

Descrito há 51 anos por Henk Verbiest, continuaa constituir um grande desafio.

MR8.4 – HIPERTENSÃO PULMONAR

Dra. Ana AgapitoServiço de Cardiologia do Hospital de Sta. Marta, Lisboa

MR8.5 – GRAVIDEZ E DOENÇAS REUMÁTICAS

Dra. Aurora MarquesServiço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas do Hospital de Santa Maria, Lisboa

Algumas doenças reumáticas apresentam exacer-bação durante a gravidez. Por vezes ocorrem situa-ções difíceis, quer de agudização da doença mater-na, quer de riscos importantes para o feto, ou mes-mo para ambos.

É frequente a necessidade de ajustar a terapêu-tica, sendo, por vezes, indispensável suspender amedicação realizada anteriormente. Pontualmen-te ocorrem situações complexas, em que se tornadifícil manter a saúde materna, sem colocar em ris-co a fetal.

Na presente comunicação serão abordados al-guns casos difíceis de grávidas com doenças reu-máticas, seguidas na consulta de Medicina Mater-

no-Fetal do Hospital de Santa Maria, em colabora-ção com o Serviço de Ginecologia-Obstetrícia. Serádado particular ênfase às seguintes situações difí-ceis: Lúpus Eritematoso Sistémico, trombocitopé-nia no contexto de Síndrome de Anticorpos Anti--Fosfolípidos e bloqueio cardíaco congénito fetaldiagnosticado durante a gravidez.

MR8.6 – POLIMIALGIA REUMÁTICA/ARTERITE TEMPORAL

Dr. Herberto JesusUnidade de Reumatologia, Hospital Central do Funchal, Funchal

O diagnóstico destas entidades, a sua terapêuticae o seu prognóstico constituem um desafio cons-tante de suspeição e de oportunidades.

A dificuldade intrínseca reside na gestão ponde-rada e eficaz destes factores.

As novas terapêuticas, as fugas aos critérios ins-tituídos e a gestão das patologias associadas sãofactores essenciais para a obtenção de um bom re-sultado.

DDIIAA 2299 DDEE AABBRRIILL DDEE 22000066

MR9 – Osteoporose

Presidente: Dr. Aroso DiasModerador: Prof. Doutor Carlos Vaz

MR9.1 – O CONCEITO DE OSTEOPOROSE

Dra. Viviana TavaresServiço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta,Almada

Ao longo dos anos a definição de OP tem sido alte-rada de forma a reflectir o estado do conhecimen-to sobre a doença. O termo osteoporose utilizadono princípio do sec. XIX representava apenas adescrição de um estado patológico do osso (os-teoporose = menos osso). Quase 100 anos depois,o endocrinologista Fuller Albright descreve a os-teoporose pós-menopausica associando a dimi-nuição da formação óssea à falência de produçãoestrogénica. Posteriormente foi definida outra for-ma de osteoporose, a osteoporose senil, associadaà deficiência de cálcio e ao envelhecimento do es-queleto.

No início da década de 90 surge a definição hojeutilizada: a osteoporose é uma doença sistémica

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que se caracteriza pela diminuição da quantidadede osso e por uma alteração da microarquitecturaóssea, levando a um aumento da fragilidade doosso e a um consequente aumento do risco de frac-tura. Com esta definição conseguia-se chamar aatenção para as consequências clínicas (osteopo-rose = fracturas) dos fenómenos patogénicos queocorriam no osso.

Os avanços nos meios de diagnóstico, que per-mitiram medir a massa óssea, e os estudos epide-miológicos (em mulheres caucásicas pós-meno-pausicas), que relacionaram os valores de massaóssea com o risco de fractura, levaram a uma novadefinição de osteoporose pela OMS, que com baseno índice T (número de desvios padrão relativa-mente ao pico de massa óssea de uma populaçãoda mesma raça e sexo) criou vários «patamares» demassa óssea (normal, baixa massa óssea e osteopo-rose). Esta definição operacional teve o mérito depermitir um enorme avanço no reconhecimentoda osteoporose e na investigação de fármacos quecomprovadamente reduzem o risco de fracturas.

No entanto, a definição operacional colocou umpeso excessivo na baixa de massa óssea (e conse-quentemente na sua determinação) como factorde risco para fracturas. Os ensaios clínicos com fár-macos, em que a redução do risco fracturário eramuito superior ao aumento de massa óssea e osestudos epidemiológicos, que demonstraram umelevado número de fracturas em indivíduos semosteoporose, vieram chamar a atenção para a exis-tência de outros factores, independentes da mas-sa óssea, que aumentam significativamente o ris-co fracturário, como a idade, a existência de frac-turas prévias, a história familiar de fracturas, o ta-bagismo, um índice de massa corporal baixo ou acorticoterapia.

A capacidade de um osso resistir a uma fractura(resistência óssea) depende da quantidade de osso(massa óssea), da distribuição espacial da sua mas-sa (isto é, forma e microarquitectura) e das propri-edades intrínsecas dos materiais que o constituem(p. ex. matriz , colagéneo, microdano acumulado).O processo biológico responsável pelas alteraçõesnestes vários factores é a remodelação óssea, espe-cificamente o equilíbrio entre a formação e a reab-sorção. Na prática clínica diária a nossa capacida-de de avaliar a resistência óssea está limitada à me-dição da massa óssea e à avaliação da remodelaçãoóssea. Embora todos os outros factores influenciema resistência óssea a sua avaliação ainda só é pos-sivel em estudos clínicos.

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Pelo que foi exposto acima torna-se evidente quea simples medição da massa óssea não é a estraté-gia perfeita para identificar os indivíduos que vãofracturar, uma vez que representa apenas um doscomponentes dum mecanismo causal multifacto-rial.

O objectivo clínico da intervenção na osteopo-rose é evitar as fracturas. As estratégias de preven-ção populacionais poderão contribuir para umamodificação futura do risco para a comunidade.No entanto a estratégia mais eficaz será a identifi-cação dos casos com elevado risco de fractura nocurto prazo, que beneficiarão com uma interven-ção terapêutica. Foi o reconhecimento desta reali-dade que levou a OMS a recomendar que o risco defractura seja expresso como probabilidade de frac-tura a 10 anos. Para a determinação desta probabi-lidade absoluta é fundamental a ponderação dosvários factores clínicos independentes da massaóssea através de algoritmos, trabalho que a OMSvem a desenvolver. Assistiremos assim, se não auma modificação do conceito de osteoporose, auma importante e necessária modificação na suaabordagem. Até à integração desses algoritmos naprática clínica teremos de fazer um uso mais eficazdas únicas armas que possuímos, o conhecimentomédico e o senso clínico, de forma a dirigir a nos-sa intervenção aos que mais necessitam, evitandoprocedimentos desnecessários aos indivíduos combaixo risco.

MR9.2 – TECIDO ÓSSEO: BIOLOGIA PARA CLÍNICOS

Dra. Helena CanhãoServiço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas do Hospital de Santa Maria e Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa

O osso é um tecido complexo constituído por umamatriz proteica, onde predomina o colagéneo tipoI e um componente mineral, essencial para o de-sempenho das funções do sistema esquelético.

O osso constituí o depósito de cálcio mais im-portante do organismo e em conjunto com o intes-tino, rim, paratiroides e fígado permite a manuten-ção de níveis de calcémia compatíveis com a vida.

Nos últimos anos registaram-se avanços muitoimportantes no conhecimento da fisiologia e regu-lação das células implicadas na formação e re-absorção ósseas. A identificação do sistema RANK--RANKL-OPG foi crucial para compreender as in-terrelações entre osteoblastos e osteoclastos,

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MESAS-REDONDAS

identificar novos alvos terapêuticos potenciais,compreender melhor a fisiopatologia da osteopo-rose e estabelecer a ponte com fenómenos queocorrem em patologias inflamatórias, como sejamas erosões ósseas da artrite reumatóide.

A biologia específica do osso determina as suaspropriedades mecânicas, que lhe conferem resis-tência suficiente para sofrer cargas, mas elasticida-de suficiente para absorver forças.

As fracturas osteoporóticas são as complicaçõesassociadas a ossos frágeis e acarretam aumento damorbilidade e da mortalidade. Compreender a bio-logia do osso e intervir no sentido de a manter emequilíbrio poderá contribuir para a manutenção deossos saudáveis.

MR9.3 – NOVAS TERAPÊUTICAS NA OSTEOPOROSE

Prof. Doutor Socrates E PapapoulosDepartment of Endocrinology and Metabolic Diseases, Leiden University Medical Center, Leiden,The Netherlands.

During the past few years there have been signifi-cant developments in the pharmacotherapy of os-teoporosis and effective treatments have becomeavailable to physicians (e.g. alendronate, risedrona-te, raloxifene, PTH). These developments were pa-ralleled by improved understanding of the pharma-cology of existing classes of compounds and of the

determinants of bone strength as well as by signi-ficant advances in bone biology. These, in turn,have made possible the development of more con-venient or specific treatments.

In general, improvement of treatment of chronicdiseases involves several approaches. These inclu-de, further development of existing classes of inter-ventions (e.g. β-blockers, statins), new regimens ofdrug administration (e.g. long-acting somatostati-ne analogs), combination therapies (e.g. hyperten-sion) or identification of new therapeutic targets.Such approaches are also being explored in the tre-atment of osteoporosis. For example, new bisphos-phonates and SERMs have completed or are in pha-se 3 clinical development. New regimens of bis-phosphonate administration have been shown tobe effective (e.g. once-monthly oral or 3-monthlyinjectable ibandronate) or are currently tested (e.g.once-yearly intravenous zolendronate). Combina-tion therapies are being explored (e.g PTH with an-tiresorptives) whereas effects of known moleculeson bone strength have been recognized or establis-hed (e.g. strontium). In addition, new targets in os-teoclasts are explored therapeutically (e.g RANKL,Cathepsin K, αvβ3 integrin) while increased under-standing of the molecular pathways regulatingbone formation can lead to the development of newbone forming agents. These developments will al-low tailoring pharmacotherapy to the specificneeds of the individual patient with osteoporosis.

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COMUNICAÇÕES

LIVRES

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X I I I C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

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C O M U N I C A Ç Õ E S L I V R E S

analógica de intensidade média da dor no mês an-terior. Foram feitas radiografias aos joelhos, às an-cas, às mãos e à coluna lombar de todos os partici-pantes, nas quais foram consideradas presentes al-terações se a pontuação atribuída na escala deKellgren-Lawrence para alterações degenerativasfosse igual ou superior a um.Resultados: No joelho 79,7% dos indivíduos tive-ram alterações radiológicas. Destes, foram sinto-máticos 45,9% das mulheres e 22,1% dos homens(p<0,01). Na anca 51,6% dos participantes tiveramalterações degenerativas, dos quais foram sinto-máticos 40,7% das mulheres e 17,5% dos homens(p=0,015). As alterações radiológicas da mão foramencontradas em 75,5% dos indivíduos, dos quais fo-ram sintomáticos 35,3% das mulheres e 18,3% doshomens (p=0,026). Dos 83,9% de participantes comalterações radiológicas na coluna lombar foram re-feridos sintomas por 54,8% das mulheres e 19,4%dos homens com alterações (p<0,001). Não se ve-rificaram diferenças por sexo na prevalência de al-terações para nenhuma das localizações.Conclusão: Os questionários de sintomas têm pro-priedades diferenciais na selecção de indivíduospara avaliação posterior. O seu uso em estudos po-pulacionais deverá ter em conta esta limitação.

CL2 – DETERMINAÇÃO LABORATORIAL DE N-TERMINIAL

PRO-BRAIN NATRIURETIC PEPTIDE NA ESCLEROSE

SISTÉMICA E CORRELAÇÃO COM A HIPERTENSÃO PULMONAR

A Cordeiro1,2, MJ Santos1,2, MJ Loureiro1,3, C Co-trim1,3, C Marques4, J Canas da Silva2

1. Unidade de Hipertensão Pulmonar2. Serviço de Reumatologia3. Serviço de Cardiologia4. Laboratório de Bioquímica Hospital Garcia de Orta, Almada

Introdução: Valores elevados de N-terminal pro-brain natriuretic peptide (NT-proBNP) plasmáticotêm sido descritos em várias entidades clínicas, no-meadamente no síndrome coronário agudo e na in-suficiência cardíaca congestiva. Neste contexto tem

DDIIAA 2277 DDEE AABBRRIILL

CL1 – PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES RADIOLÓGICAS

E DIFERENÇAS NA SINTOMATOLOGIA

MÚSCULO-ESQUELÉTICA DE ACORDO COM O SEXO

EM ADULTOS PORTUGUESES

Anabela Barcelos1,2, Rui André Santos1,3, LúciaCosta1,4, Raquel Lucas1, Henrique Barros1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina do Porto, Porto.2. Hospital Infante D. Pedro, Aveiro.3. Serviço de Reumatologia, Hospital Militar Principal,Lisboa.4. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do AltoMinho, Ponte de Lima.

Introdução: Os questionários de sintomas têm sidofrequentemente usados em estudos de prevalênciada osteoartrose, sem considerar diferenças entresexos.Objectivos: Estimar a prevalência de alterações ra-diológicas do joelho, da anca, da mão e da colunalombar e determinar a proporção de indivíduossintomáticos por sexo.Métodos: No período de reavaliação de uma coor-te de adultos residentes no Porto, foram avaliados192 indivíduos consecutivos (57% mulheres, médiade idades (desvio-padrão) 64,9 (9,3), âmbito 48-91)através de uma entrevista pessoal. Cada partici-pante respondeu a perguntas sobre a história desintomas no joelho, na anca, na mão e na colunalombar, sendo considerado sintomático, e selec-cionado para posterior avaliação por reumatolo-gista, se preenchesse pelo menos um dos seguin-tes critérios: 1) ter consultado o médico devido aessa dor no ano anterior, tendo-lhe sido prescritosexames ou tratamento; 2) ter tido mais de 3 episó-dios dolorosos no ano anterior e assinalar um va-lor igual ou superior a 60mm na escala visual ana-lógica de intensidade média da dor no ano anterior;3) ter tido pelo menos um episódio doloroso comduração superior a uma semana nos 6 meses ante-riores ou 4) ter tido dor no mês anterior e assinalarum valor igual ou superior a 60mm na escala visual

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COMUNICAÇÕES LIVRES

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sido apontado como factor preditivo de morte e demorbilidade cardiovasculares. Na hipertensão ar-terial pulmonar (HAP) os níveis de NT-proBNP au-mentam proporcionalmente ao grau de disfunçãoventricular direita e são um factor prognóstico in-dependente.Objectivos: Determinação de NT-proBNP emdoentes com Esclerose Sistémica e sua relação coma presença de HAP.Métodos: Foram avaliados transversalmente vintee um doentes com Esclerose Sistémica (5 com for-ma difusa, 10 com forma limitada e 6 com Esclero-dermia em contexto de síndromes de sobreposi-ção) segundo o mesmo protocolo. A média de ida-des dos doentes era de 55,7 ± 12,4 anos comduração média de doença de 8,7 ± 13,4 anos. O NT--proBNP foi determinado laboratorialmente em re-pouso e imediatamente após a realização de eco-cardiograma de sobrecarga com esforço, segundoprotocolo de Bruce. Os valores de referência para oNT-proBNP foram os definidos pelo Kit Elecsys Ro-che Diagnostics. Os valores considerados para diag-nóstico de HAP foram os de Pressão Sistólica na Ar-téria Pulmonar (PSAP) ≥ 35mmHg em repouso e ≥40mmHg em esforço.Resultados: O valor médio do NT-proBNP em re-pouso foi de 272,6 ± 339,2pg/ml e o seu valor mé-dio aumentou na medição após esforço (301 ±381pg/ml). Verificou-se uma correlação positiva(r2=0,275) entre o valor de NT-proBNP em esforçocom os valores de PSAP ao esforço (p=0,01). Conclusão: O NT-proBNP poderá ser um marcadorbioquímico útil no diagnóstico precoce de respos-tas vasculares alteradas na Esclerose sistémica emcontexto de HAP.

CL3 – DETECÇÃO PRECOCE DE HIPERTENSÃO

PULMONAR NA ESCLEROSE SISTÉMICA POR

ECOCARDIOGRAFIA DE ESFORÇO

A Cordeiro1,2, MJ Santos1,2, MJ Loureiro1,3, C Cotrim1,3, J Canas da Silva2

1. Unidade de Hipertensão Pulmonar2. Serviço de Reumatologia3. Serviço de CardiologiaHospital Garcia de Orta, Almada

Introdução: A prevalência de Hipertensão ArterialPulmonar (HAP) nos doentes com Esclerose Sisté-mica é de cerca de 10 a 15% e é uma complicaçãoque contribui de forma significativa para a morbi-lidade e mortalidade da doença. O ecocardiograma

em repouso é aceite como método de screening,apesar de não ser suficientemente sensível para aHAP precoce. A confirmação do diagnóstico deHAP é assim efectuada por cateterismo direito, ummétodo invasivo e nem sempre acessível.Objectivos: Determinar o valor da ecocardiografiade esforço para o diagnóstico precoce de HAP nosdoentes com Esclerose Sistémica.Métodos: Vinte e dois doentes com Esclerose Sisté-mica foram avaliados transversalmente segundo omesmo protocolo clínico, laboratorial e cardíaco.Cinco doentes tinham Esclerose Sistémica difusa(SSc), 11 tinham Esclerodermia forma limitada (SSl)e 6 apresentavam síndromes de sobreposição. A mé-dia de idades era de 55,2 ± 12,3 anos e a duração mé-dia da doença de 8,7 ± 13 anos. Todos os doentes rea-lizaram ecocardiograma de repouso e em esforço,segundo protocolo de Bruce. Os doentes com deter-minação de Pressão Sistólica na Artéria Pulmonar(PSAP) superior a 35mmHg em repouso, ou a 40mmHg em esforço foram submetidos a cateterismocardíaco direito para confirmação de HAP.Resultados: Dos 22 doentes avaliados, 5 apresen-tavam valores de PSAP em repouso (r) ≥ 35mmHg(média 40,2±4,7mmHg) e 16 doentes apresenta-vam valores de PSAP no esforço (e) ≥ 40mmHg (mé-dia 58,8±11,5mmHg). Todos os doentes comPSAP(r) anormais também apresentaram PSAP(e)acima de 40mmHg. Dos 16 doentes com valores dePSAP acima do normal, 13 foram submetidos a ca-teterismo direito, sendo que em 10 deles se confir-mou HAP (77%), 2 deles em repouso e 8 durante oesforço com hand grip. O ecocardiograma de esfor-ço permitiu detectar elevação da PSAP em 11 doen-tes com valores normais em repouso e em 6 dosquais o cateterismo direito confirmou HAP (54,5%). Conclusão: O ecocardiograma realizado com pro-va de esforço permitiu detectar em 68% dos doen-tes elevação da PSAP não detectada no ecocardio-grama basal. O ecocardiograma de esforço é umaferramenta importante na detecção de respostaspulmonares anormais ao esforço em indivíduos emrisco de desenvolverem HAP.

CL4 – CUSTOS DA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS NA

ARTRITE REUMATÓIDE (CURAR)Félix J1, Soares M1, Nero P2, Mourão F3, Araújo D4,Malcata A5, Coelho PC6, Barcelos A7, Braña A8,Bravo T9, Maurício L10, Melo R11, Santos RA12, Alvarenga F13, Falcão S2, Branco JC2 e Grupo deEstudo CURAR

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1. Exigo Consultores2. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental/Hospital EgasMoniz3. Hospital de Santa Maria4. Centro Hospitalar do Alto Minho5. Hospitais da Universidade de Coimbra6. Instituto Português de Reumatologia7. Hospital de Aveiro8. Hospital das Caldas da Rainha9. Hospital Militar nº210. Hospital de Ponta Delgada11. Hospital de Nossa Senhora da Assunção12. Hospital Militar Principal13. Hospital Distrital de Nossa Senhora da Graça e Hospital Rainha Santa Isabel

Objectivo: Determinar os custos anuais da utiliza-ção de recursos em doentes com artrite reumatói-de (AR) seguidos em centros de reumatologia emPortugal.Métodos: Por inquérito aos serviços de saúde e aosdoentes, realizado entre Novembro de 2004 e De-zembro de 2005, recolheu-se informação sobre afrequência de utilização de recursos na AR. Os cus-tos directos foram calculados através da multipli-cação da frequência de utilização pelos custos uni-tários dos procedimentos do seio do Serviço Nacio-nal de Saúde (custos públicos) ou pelo valor decla-rado pelos doentes (custos privados). Os custosreflectem a perspectiva da sociedade.Resultados: Os 237 doentes recrutados em 12 cen-tros de reumatologia nacionais tinham em média53,9 (dp=13,2) anos e eram maioritariamente mu-lheres (80,3%). O custo anual médio por doente foide 2.966,66 euros (dp=4.752,87€). A distribuiçãodos CURAR apresenta uma cauda direita muitolonga com 21% dos doentes com custos superioresa 5 .000€ (coeficiente de achatamento=6,15, coefi-ciente de assimetria=2,0). Em média, 197,40€

(6,7%) dos CURAR foram de consultas de especia-lidade ou de clínica geral, 325,03€ (11,0%) de inter-namentos e hospital de dia, 143,01€ (4,8%) demeios complementares de diagnóstico (MCD), 2080,25€ (70,12%) de medicamentos, dos quais 1598,28€ em DMARD, e o restantes 220,97€ (7,4%)em cirurgias, assistência especializada e fisiotera-pia. Globalmente, 88,7% dos CURAR foram finan-ciados pelos sistemas de saúde (SNS=78%,ADSE=15%, outros=7%) e 11,3% pelos doentes (mé-dia=334,76€, dp=463,27€). Os custos anuais dosdoentes foram maioritariamente com os medica-mentos (60%), com consultas e MCD (18%) e assis-

tência especializada (10%). Conclusões: Os custos directos da utilização de re-cursos na artrite reumatóide da amostra estudadasão elevados, maioritariamente financiados pelosector público sendo os medicamentos a rubricacom maior peso.

Grupo de Estudo CURAR: Fonseca JE3, Sobral M3, Queiroz MV3, Afonso C4, Alcino S4, Costa L4, Silva J5,Inês L5, Alexandre M5, Santos MJ5, Silva JA5; Garcia J5,Saavedra MJ5, Couto M5, Ambrósio C5, Abreu P5, Vaz C5,Trís MJ6, Miranda L6, Pinheiro B7, Nóvoa T10

CL5 – TUBERCULOSE EM DOENTES REUMÁTICOS

TRATADOS COM ANTAGONISTAS DO TNF-α:A EXPERIÊNCIA PORTUGUESA

Grupo de Estudos de Artrite Reumatóide da Sociedade Portuguesa de Reumatologia

Introdução: O aumento da incidência de tubercu-lose (TB) foi documentado em doentes tratados comantagonistas do factor de necrose tumoral (TNF) α,que são utilizados com eficácia no tratamento dedoenças reumáticas (artrite reumatóide (AR), espon-dilite anquilosante (EA), artrite psoriática (AP) e ar-trite idiopática juvenil (AIJ) refractárias à terapêuti-ca convencional. Desde 2002 que se procede à de-tecção e tratamento sistemático de TB activa ou la-tente nos doentes candidatos a terapêutica anti-TNF.No entanto, as particularidades epidemiológicas daTB em Portugal poderão determinar que a estraté-gia até agora definida não seja a ideal.Objectivos: Caracterizar todos os casos de TB queocorreram em doentes reumáticos expostos a an-tagonistas do TNF α nos Centros de Reumatologiado Continente e IlhasMétodos: Inquérito enviado em Novembro de 2005a todos os Centros para recolha de informação sobreos doentes que desenvolveram TB sob terapêuticaanti-TNF. A informação foi centralizada e analisadapelo Grupo de Estudos de Artrite Reumatóide (GEAR)da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR).Resultados:Todos os Centros de Reumatologia exis-tentes no Continente e Ilhas participaram neste tra-balho. Registaram-se 13 casos de tuberculose (numuniverso de 960 doentes expostos, 1,35%), 8 do sexofeminino e 5 do sexo masculino. A idade média erade 46,7±13,8 anos. Dos 13 casos, 9 (1 com critériosactuais de AR, embora com início juvenil) tinham odiagnóstico de AR (num universo de 639 doentes ex-postos, 1,4%), 3 EA (num universo de 200 doentes

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expostos, 1,5%), 1 AP (num universo de 101 doen-tes expostos, 1%). O biológico instituído foi em 7 ca-sos o infliximab (num universo de 456 doentes ex-postos, 1,5%), em 4 o adalimumab (num universode 171 doentes expostos, 2,3%) e em 1 o etanercept(num universo de 333 doentes expostos, 0,3%). Obiológico estava instituído há 11,1±8,7 meses (min3 e máx 50), quando se desenvolveu a TB. Dez doen-tes estavam medicados com DMARD concomitan-te, em 9 deles o metotrexato em dose superior a10mg/semana. Foi efectuada prova de Mantoux em9 dos 13 doentes (os 4 doentes que não efectuaramMantoux prévio iniciaram terapêutica biológica an-tes de 2002). Em 3 casos o resultado foi 0 mm, em 3inferior a 10 mm, em um 14 mm e em dois 20mm.Nos três casos em que o resultado foi superior a 10mm, foi prescrita isoniazida (INZ) 300mg durante 9meses (há dúvidas se um destes doentes cumpriu aterapêutica). Apenas num dos casos havia históriaprévia de TB aos 3 anos de idade. O intervalo entreo início dos sintomas e o diagnóstico de TB foi de2,6±2,9 meses. A localização da TB foi pulmonar em6 casos, ganglionar em 2, peritoneal e pulmonar em2 e casos isolados nas seguintes localizações: gang-lionar e esplénica, osteoarticular e miliar. Registou--se um óbito e nos outros casos a evolução foi favo-rável com a instituição de antibacilares. Num doscasos ocorreu reacção paradoxal ao tratamento. Ne-nhum doente reiniciou a terapêutica biológica apóso tratamento da TB. Discussão: Da análise dos casos de TB associadosà terapêutica anti TNF em Portugal destaca-se quea incidência é superior à população geral. O núme-ro de casos em número absoluto e relativo pareceser superior para o adalimumab e infliximab faceao etanercept. Para além disso o esquema de detec-ção e tratamento da TB latente em vigor não pare-ce ser o ideal uma vez que três doentes que desen-volveram TB tinham apresentado uma reacção nulaà tuberculina e noutros 3 doentes a TB desenvol-veu-se após tratamento com INZ durante 9 meses.

CL6 – INFLUÊNCIA DO HLA-DRB1 NA

SUSCEPTIBILIDADE À ARTRITE REUMATÓIDE E NA

PRODUÇÃO DE ANTICORPOS ANTI PÉPTIDO

CITRULINADO CÍCLICO

NA POPULAÇÃO PORTUGUESA

D. Ligeiro1, J. E. Fonseca2,3, O. Abade1, I. Abreu4,M. Cruz3, P. Nero3, J. Cavaleiro2, J. Teles2, H. Trindade1, J. M. Caetano4, J. Branco3

1. Laboratorio de Imunogenética, Centro de Histocom-patibilidade do Sul

2. Unidade de Artrite Reumatóide, Instituto de Medicina Molecular3. Serviço de Reumatologia, Hospital Egas Moniz4. Departamento de Imunologia, Faculdade de CiênciasMédicas; Lisboa, Portugal

Objectivos: Clarificar a influência do locus HLA--DRB1 na susceptibilidade à Artrite Reumatóide (AR)e na produção de anticorpos anti péptido citrulina-do cíclico (anti-CCP) na população Portuguesa.Métodos: 141 doentes que cumpriam os critériosde diagnóstico revistos de 1987 do American Colle-ge of Rheumatology foram comparados com 150controlos saudáveis. A genotipagem do locus HLA--DRB1 foi realizada por PCR. Os anticorpos anti-CCP foram quantificados por ELISA nos doentescom AR. A comparação de frequências entre gru-pos foi avaliada pelo teste exacto de Fisher (two-si-ded) e foi considerado como significativo p<0.05. Resultados: O grupo HLA-DRB1*04 e o HLA--DRB1*10 estavam fortemente associados à AR (res-pectivamente p<0.0001 e p=0.031). Títulos elevadosde anticorpos anti-CCP estavam significativamen-te associados com a presença do HLA-DRB1*04/10. Conclusão: Os alelos clássicos de susceptibilidadeà AR, HLA-DRB1*04, estão associados à AR emdoentes Portugueses. O relativamente raro HLADRB1*10 está também associado à AR em Portugal,tal como foi previamente descrito noutros países doSul da Europa. Ambos os grupos estão associadosa títulos elevados de anticorpos anti-CCP, reforçan-do a sua relevância para o desencadear da doença.

CL7 – ESTUDO DOS POLIMORFISMOS GENÉTICOS DA

PROTEÍNA TIROSINA FOSFATASE DE BAIXO PESO

MOLECULAR (LMW-PTP) E SUA RELAÇÃO COM O

FENÓTIPO ENZIMÁTICO ERITROCITÁRIO EM DOENTES

COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO (LES)Martins F1. Carvalho R2, Alves M.3, Ferreira C.3, Bicho M2.1. INSA, Lisboa.2. Laboratório de Genética, FML3. Serviço de Medicina II, HSM - FML

Objectivos: Caracterização dos polimorfismos ge-néticos da ACP1 e respectivas actividades enzimá-ticas no eritrócito em dois grupos (grupo indiví-duos com Lúpus/grupo controlo).

Avaliação da possível relação genótipo-fenótipoafim de esclarecer o mecanismo da ACP1 no SLE.Materiais e Métodos: Foram estudados, aleatoria-

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mente, 50 indíviduos (48M, 2H) com diagnósticoestabelecido de SLE da consulta de Medicina II doHSM – Lisboa. O grupo controlo foi composto por127 indíviduos saudáveis (122M e 5H). A caracteri-zação genética foi efectuada por PCR-RFLP. As ac-tividades enzimáticas da ACP1 no eritrócito foramdeterminadas por método espectrofotométrico. Otratamento estatístico foi realizado pelo Primer ofBiostatistics versão 3.02. Os testes utilizados foramo t-student e o χ2. Os valores foram considerados es-tatísticamente significativos quando p<0,050.Resultados:No grupo SLE verificou-se a predominân-cia dos genótipos AA (n=8) e AB (n=21) que correspon-dem àqueles que dão origem às formas enzimáticascom menor actividade e actividade intermédia.

No grupo controlo a predominância foi para osgenótipos AB (n=52) e BB (n=36) que originam, for-mas enzimáticas de actividade mais elevada. En-contraram-se também os genótipos BC (n=10), AC(n=9) e AA(n=9). A diferença entre os dois gruposfoi estatisticamente significativa (p=0,04 no teste doχ2 p/4 graus de liberdade).

A média das actividades enzimáticas da ACP1para o grupo de doentes foi menor (261.99±95.95)(mmol p-nitrofenolato/gHb/h) do que a encontra-da para o grupo controlo (339,84±113,78) sendo adiferença entre os dois grupos estatisticamente sig-nificativa (p=0,000). Estes resultados concordamcom os genótipos encontrados nos dois grupos.Conclusões: Os indivíduos com SLE apresentarambaixas actividades enzimáticas e genótipos concor-dantes com as mesmas. Estes resultados sugeremum papel importante para a ACP1 no contexto doSLE nomeadamente ao nível da proliferação celu-lar e do stresse oxidante.

CL8 – PAPEL DO POLIMORFISMO -308 DO PROMOTOR

DO GENE DO TNF α NA SUSCEPTIBILIDADE E

PADRÃO DE ACTIVIDADE DA ARTRITE IDIOPÁTICA

JUVENIL: ANÁLISE INTERINA

Ana Filipa Mourão1,2, João Cavaleiro1, José Teles1, Artur Sousa3, Paula Costa3, Helena Canhão1,4, Marta Sobral1, J. Teixeira da Costa4, J. Gomes Pedro3, M. Viana de Queiroz4, João Eurico Fonseca1,4.*1. Unidade de Artrite Reumatóide do Instituto de Medicina Molecular2. Serviço de Reumatologia do Hospital Egas Moniz3. Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria4. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Maria,Lisboa.

*Bolsa de Investigação AstraZeneca/Faculdade de Medicina de Lisboa.

Introdução: A etiologia da artrite idiopática juve-nil (AIJ) é desconhecida. Factores ambientais e ge-néticos parecem ter um papel relevante no desen-volvimento da doença. Dada a importância do fac-tor de necrose tumoral alfa (TNFα) na fisiopatolo-gia da AIJ, é provável que alguns polimorfismosdeste gene possam ser relevantes na susceptibili-dade e padrão de actividade da doença. Objectivos: 1- Analisar a possível existência de umaassociação entre polimorfismos na posição -308 dopromotor do gene do TNFα e a susceptibilidade àAIJ, 2- Analisar a possível existência de uma asso-ciação entre polimorfismos na posição -308 do pro-motor do gene do TNFα e o padrão de actividadeda doença.Material e Métodos: Este estudo teve início emMarço de 2005 e está planeado terminar em Mar-ço de 2007. Recrutaram-se de forma consecutivadoentes com o diagnóstico de AIJ seguidos na con-sulta de Reumatologia Pediátrica do Hospital deSanta Maria. Foi aplicado de forma transversal umprotocolo que incluía dados demográficos e avalia-ção clínica, contagem do número de articulaçõescom doença activa e do número de articulaçõescom movimentos limitados e avaliação do estadofuncional, utilizando a versão portuguesa do Child-hood Health Assessment Questionnaire (CHAQ). Foicolhida uma amostra sanguínea, procedendo-se àdeterminação de alguns parâmetros laboratoriaisnomeadamente a velocidade de sedimentação.Efectuou-se a extracção do DNA com o kit comer-cial QIAmp® DNA Blood Minikit (QIAGEN), e de-terminou-se o genótipo da posição -308 por RFLP.Foi igualmente efectuada a genotipagem do mes-mo polimorfismo a partir de 40 amostras de san-gue de controlos saudáveis. Resultados: Quarenta e três doentes avaliados atéao momento, 32 doentes do sexo feminino e 11 dosexo masculino, com idade média de 10,7 ± 4,64anos (mínimo: 3; máximo:17 anos). O tempo médiode duração da doença era de 5,5 ± 4,44 anos e o tem-po médio de seguimento era de 4,63 ± 4,24 anos.Trinta doentes apresentavam a forma oligoarticu-lar, 10 a forma poliarticular, 2 a forma sistémica e1 apresentava artrite relacionada com entesite. Nogrupo de estudo, 33 (76,7%) doentes apresentavamo genótipo -308 GG e 10 (23,3%) os genótipos -308GA/AA e no grupo controlo 30 indivíduos (75,0%)apresentavam o genótipo -308 GG e 10 (25,0%) os

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genótipos -308 GA/AA. Os doentes com o subtipopoliarticular apresentavam uma frequência maiselevada do genótipo -308GA/AA (50%) do que osdoentes com a forma oligoarticular (12%) da doen-ça. Os doentes com o genótipo -308 GA/AA apre-sentavam menor capacidade funcional quandocomparados com os doentes com o genótipo GG(CHAQ=0,64±0,79 vs 0,17±0,28, p<0,05). Apresenta-vam ainda tendência para valor mais elevado de ve-locidade de sedimentação (29,9±29,4 vs 14,4±10,8)e maior valor na escala visual analógica da activi-dade da doença (31,5±30,5 vs 15,7±20,1).Discussão: Estes resultados sugerem que os poli-morfismos na posição -308 do gene do TNFα in-fluenciam o padrão de actividade da doença, umavez que os genótipos -308 GA/AA estão associadosa menor capacidade funcional, maior envolvimen-to articular e maior actividade inflamatória. Con-tudo, parecem não ter um papel relevante na sus-ceptibilidade à AIJ.

CL9 – AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA E PULMONAR

NUMA POPULAÇÃO DE DOENTES COM ESCLEROSE

SISTÉMICA. CORRELAÇÃO DA PRESSÃO ARTÉRIA

PULMONAR COM A PORÇÃO N TERMINAL DO

PRO-PEPTIDEO NATRIURÉTICO CEREBRAL (NT PRÓ-BNP)Patrícia Pinto1, Filipe Brandão1, Elisabete Martins2,Francisco Simões Ventura2

1. Serviço de Reumatologia2. Serviço de Cardiologia, Hospital de São João, Porto,Portugal

Introdução: A Esclerose Sistémica (ES) é umadoença do tecido conjunctivo caracterizada peloenvolvimento vascular, em particular da microcir-culação. As manifestações cardíacas e pulmonaressão as principais causas de morte que necessitamde diagnóstico precoce.

O Pró-BNP está aumentado em doentes com en-farte do miocárdio e insuficiência cardíaca e é ummarcador de diagnóstico da hipertensão arterialpulmonar. Objectivos: Avaliar a função cardíaca e pulmonarnuma população de doentes com Esclerose Sisté-mica; correlacionar a pressão da artéria pulmonarcom o doseamento do Pró-BNP e a sua variabilida-de após a instituição de terapêutica com inibido-res de endotelina.Métodos: Avaliamos 38 doentes com ES que foraminternados no serviço de Reumatologia. Todos osdoentes realizaram ecocardiograma transtorácico

com determinação da pressão média da artéria pul-monar e doseamento da fracção N terminal do Pro--Peptideo Natriurético Cerebral (NT Pró-BNP)

Considerou-se existir disfunção sistólica se frac-ção de ejecção <50%. Foi definida hipertensão pul-monar se PSAP > 35mmHg.

Na avaliação da função pulmonar foram realiza-das provas funcionais respiratórias com determina-ção da capacidade de difusão de CO e tomografiaaxial computorizada de alta resolução.Resultados: Os 38 doentes com Esclerose Sistémicaapresentavam idade média de 42 ± 12 e tempomédio de evolução de 12±5 anos; forma limitadaem 30 doentes e forma difusa em 8 doentes. Dozedoentes apresentavam disfunção sistólica. Dezdoentes tinham hipertensão pulmonar (3 formasdifusas e 6 formas localizadas), classe II em três, classe III em quatro e classe IV em três doen-tes. Apresentavam pró-BNP superior a populaçãosem hipertensão pulmonar (322±98 vs 124±32,p<0,05).

Em 12 doentes foi detectada elevação do Pró--BNP e estes doentes apresentavam PSAP superio-res a dos doentes com Pró-BNP normal (40± 12 vs26± 10, p<0,05).

Foi detectada fibrose pulmonar em 11 doentese alveolite pulmonar em cinco doentes. A capaci-dade de difusão de CO foi 71% do valor normal enos doentes com hipertensão pulmonar o valor dedifusão de CO foi significativamente mais baixa(54% vs 71%, p<0,05).

Nos cinco doentes com Hipertensão Pulmonarclasse III e IV submetidos a terapêutica com Bosen-tan verificou-se redução do Pró-BNP.Conclusão: A prevalência de envolvimento cardía-co e pulmonar na nossa amostra foi sobreponívelas séries publicadas e a presença de hipertensãopulmonar em 24% dos doentes alerta para a neces-sidade de vigilância periódica desta patologia.

O pró BNP pode ser um marcador útil no estu-do da função cardíaca e pulmonar e na detecçãoprecoce de hipertensão pulmonar.

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DDIIAA 2288 DDEE AABBRRIILL

CL10 – CONSULTA MATERNO-FETAL DE GRÁVIDAS COM

DOENÇAS REUMÁTICAS – 2 ANOS DE EXPERIÊNCIA

S. Capela1, R. Figueira1, M. Centeno2, P. Gonçalves2, M. Tuna2, L. Pinto2, A. Marques1, C. Cardoso2, M. Viana de Queiroz1

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1. Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas do Hospital de Santa Maria2. Serviço de Ginecologia-Obstetrícia do Hospitalde Santa Maria

Objectivo: Apresentar a experiência de 2 anos deConsulta Materno-Fetal de grávidas com doençareumática. Os objectivos desta consulta visam re-duzir a gravidade e frequência das agudizações dapatologia de base e, em simultâneo, reduzir o nú-mero e a gravidade das lesões fetais.Métodos: Nesta Consulta as doentes são observa-das com uma periodicidade variável, consoante asituação clínica. Em situações estáveis, no interva-lo das 0 às 28 semanas a consulta é efectuada de 4em 4 semanas. Desde essa data até às 32 semanasa consulta ocorre a cada 2 semanas, e após as 32 se-manas semanalmente. São registados os principaisíndices de actividade da doença de base, havendoum protocolo de seguimento. Nesta consulta sãotambém observadas doentes enviadas por abortosde repetição para estudo, ou com gravidezes de altorisco por outros motivos, com queixas sugestivas dedoença reumática mas ainda sem diagnóstico co-nhecido. Foram avaliadas variáveis sócio-demo-gráficas, antecedentes obstétricos, patologias reu-máticas, co-morbilidade, antecedentes familiares,complicações fetais e evolução durante a gravidezem doentes seguidas na Consulta Materno-Fetaldo Hospital de Santa Maria em 2004 e 2005. Os da-dos foram obtidos retrospectivamente, por consul-ta dos processos individuais. Resultados: Foram observadas 65 doentes, 60 deraça caucásica e 5 de raça negra. O número médiode consultas por doente foi de 5. A idade média dasgrávidas era de 30,7 anos. Foram seguidas doentescom as seguintes patologias reumáticas: 33 doen-ças difusas do tecido conjuntivo, 8 espondilartropa-tias sero-negativas, 4 vasculites e 5 com outras pa-tologias reumáticas. Das 15 doentes sem patologiareumática seguidas, destacam-se outras doençasdo foro auto-imune (ex: doença da tiróide) e pato-logias da coagulação. Relativamente a anteceden-tes obstétricos, 10 doentes tinham história de abor-tos espontâneos ou mortes fetais prévias (predomí-nio relativo de abortos espontâneos). As doençaspredominantes na família foram a hipertensão ar-terial, diabetes mellitus e patologia tiroideia.

No que respeita a complicações fetais, verificou--se um aborto espontâneo no primeiro trimestre,uma morte fetal tardia e um caso de lúpus neona-tal, (bloqueio cardíaco congénito). No que respei-

ta à evolução durante a gravidez, uma doentedesenvolveu diabetes gestacional e outra pré--eclâmpsia, com necessidade de indução do parto.Discussão/Conclusão: A realização desta consultade Reumatologia num centro especializado em gra-videzes de alto risco tem permitido uma estreitacolaboração com a Obstetrícia. Desta colaboraçãotem resultado uma redução significativa das com-plicações maternas e fetais num conjunto de doen-tes com patologia de base frequentemente gravee/ou com antecedentes obstétricos relevantes.

CL11 – SÍNDROME DE ANTICORPOS ANTIFOSFOLÍPIDOS

SECUNDÁRIO A LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO

S. Capela1, R. Figueira1, M.J. Santos2, P. Nero3, J. Alves de Matos3, C. Silva4, L. Miranda4

Colaboração dos Serviços de Reumatologia do1. Hospital Santa Maria, Director M. Viana de Queiroz2. Hospital Garcia de Orta, Director J. Canas da Silva3. Hospital Egas Moniz, Director J. Branco4. Instituto Português de Reumatologia, Directora Clínica A. Assunção Teixeira

Objectivos: Apresentar os dados referentes à sub--população de doentes com presença de Síndromede Anticorpos Antifosfolípidos (SAAF) numa po-pulação de doentes portugueses com Lúpus Erite-matoso Sistémico (LES), com particular destaquepara as manifestações clínicas, co-morbilidades eperfis imunológicos.Métodos: Os autores analisaram variáveis sócio--demográficas, clínicas, imunológicas e de co-mor-bilidade em 524 doentes com LES seguidos nasconsultas externas de Reumatologia dos Hospitaisde Santa Maria, Garcia de Orta, Egas Moniz e Ins-tituto Português de Reumatologia, entre 1976 e2005. Os dados foram obtidos retrospectivamente,por consulta dos processos individuais e, sempreque possível, confirmados por contacto directocom os doentes. Resultados: Dos 524 doentes analisados, 487(92,9%) eram do sexo feminino e 37 (7,1%) do sexomasculino, 88,7% caucásicos, 7,8% de raça negra,0,2% de raça oriental e em 17 casos (3,2%) não foipossível obter essa informação. A idade média àdata do diagnóstico era de 35,1 ± 15,5 anos, a du-ração média da doença era de 8,6± 7,5 anos e o tem-po médio de seguimento foi de 6,7 ± 5,9 anos.

Verificámos que 53 (10,1%) dos doentes cum-priam critérios de Sapporo para SAAF, tendo sidoanalisado este sub-grupo. Comparativamente aos

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471 doentes sem SAAF, constatou-se um aumentorelativo de fenómeno de Raynaud (41,5 vs 34,4%) ede vasculite cutânea (35,8% vs 16,1%) com igualprevalência das restantes manifestações cutâneas(80,9% vs 82,0%). As manifestações articulares, demiopatia e de envolvimento das serosas foram so-breponíveis em ambos os grupos (88,7% vs 90,0%,3,8% vs 3,8% e 28,3% vs 25,3%, respectivamente) eas manifestações do SNC ocorreram mais no pri-meiro (26,4 % vs 17,0%). Como expectável, o envol-vimento hematológico foi mais prevalente nosdoentes com SAAF (64,2% vs 55,8%), não apenasdevido ao número relativo de casos de tromboci-topénia (32,1% vs 19,3%) como também de leuco-pénia (45,3% vs 34,6%). Relativamente ao perfilimunológico, a proporção de doentes com ANA,Anti-DNAds, Anti-SSA, Anti-SSB, Anti-RNP e anti--Sm foi a seguinte: 98,1% vs 95,8%, 81,7% vs 65,4%,20,8% vs 27,0%, 7,5% vs 12,7%, 15,1% vs 16,1% e7,5% vs 13,4%. O número de doentes internados foisuperior no grupo com SAAFL (66,0% vs 42,7%), as-sim como a prevalência de patologias associadas,com destaque para a hipertensão arterial (HTA) edislipidémia (60,4% vs 41,6% e 35,8% vs 21,4% res-pectivamente. Discussão/Conclusão: Os doentes com SAAF apre-sentaram um número superior de casos de vascu-lite cutânea, fenómeno de Raynaud, envolvimen-to hematológico (leucopénia e trombocitopénia),renal e de SNC, assim como alterações em termosde perfil imunológico. Tal contribuiu para o piorprognóstico destes doentes, com aumento do nú-mero de internamentos. De salientar, em termos deco-morbilidade, a elevada prevalência de HTA, su-perior à dos doentes com LES isolado.

CL12 – SEQUENCIAÇÃO DA REGIÃO DO PROMOTOR DO

GENE DO FACTOR DE NECROSE TUMORAL ALFA – CONTRIBUIÇÃO PARA NOVOS MARCADORES GENÉTICOS

DE ACTIVIDADE E GRAVIDADE DA ARTRITE REUMATÓIDE

J Cavaleiro1, J Teles1, E Sousa1,2, H Canhão1,2, AF Mourão1,3, M Sobral1, P Nero3, MJ Saavedra4, A Malcata4, M Cruz5, R Melo6, A Braña7, L Miranda8, JV Patto8, A Barcelos9, JC Silva10, LM Santos11, G Figueiredo11, M Rodrigues12, H Jesus12, A Quintal12, T Carvalho13, MA Amaral-Turkman14, VL Andreozzi14, M Antunes14, JAP Silva2, J Branco3, MV Queiroz2, JE Fonseca1,2

1. Unidade de Artrite Reumatóide, Instituto de Medicina Molecular (IMM)

2. Hospital Santa Maria3. Hospital Egas Moniz4. Hospitais da Universidade de Coimbra5. Hospital Faro6. Hospital Nossa Senhora da Assunção7. Hospital Caldas da Rainha8. Instituto Português de Reumatologia9. Hospital Infante D. Pedro10. Hospital Garcia de Orta11. Hospital Divino Espírito Santo12. Hospital Central Funchal13. Unidade de Biologia Celular, IMM14. Centro de Estatística e Aplicações UL. Projectos POCTI/SAU-ESP/59111/2004 e POCTI/MAT/44082/2002 da FCT

Objectivos: Avaliar a existência de associação en-tre a actividade e gravidade da Artrite Reumatóide(AR) e padrões genotípicos ou haplotípicos da re-gião do promotor do gene do factor de necrose tu-moral alfa (TNF-α).Métodos: Este trabalho resulta de um estudo mul-ticêntrico de âmbito nacional. A actividade dadoença foi avaliada com o Disease Activity Score(DAS28) e a capacidade funcional com o Health As-sessment Questionaire (HAQ). Manifestações sisté-micas, uso de DMARDs, cirurgias articulares e in-capacidade laboral foram também avaliados. A re-gião promotora do gene do TNF-α entre os nucle-ótidos -1318 e +49 foi amplificada por polymerasechain reaction (PCR) e sequenciada através de umaplataforma automatizada. Foram incluídos no to-tal 554 doentes, tendo sido genotipados 10 singlenucleotide polymorphisms (SNPs), dos quais 5 fo-ram excluídos do estudo devido a desequilíbrio deHardy-Weinberg ou monomorfismo. Para os res-tantes 5 marcadores, foram estimados haplotiposatravés to algoritmo EM acelerado, implementadono programa Haploview. Foram utilizados modelosde regressão linear para avaliar a associação entreos vários polimorfismos e o DAS28 e HAQ. Para ma-nifestações sistémicas, incapacidade laboral, cirur-gias articulares e factor reumatóide (FR), foram uti-lizados modelos de regressão logística. Todas asanálises foram ajustadas para os efeitos de co-va-riáveis sócio-demográficas e clínicas. Todos os mo-delos foram estratificados por duração da doença(DD), excepto para o FR.Resultados: Da amostra inicial, foram incluídos 491doentes na análise estatística (84.1% do sexo femi-nino). Na análise individual dos SNPs, em doentescom mais de 10 anos de DD, foram detectadas as-

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sociações significativas entre o genótipo -857CC eas manifestações sistémicas (p<0.05), bem comoas cirurgias articulares (p<0.01). Foram tambémencontradas associações entre o genótipo -308GGe a incapacidade laboral em doentes com 2 a 10(p<0.05) e mais de 10 anos (p<0.01) de DD. Final-mente, detectaram-se valores no limiar do signifi-cado estatístico na associação entre o genótipo -238GG e o HAQ em doentes com 2 a 10 anos de DD(p=0.056), bem como entre os genótipos -863CC(p=0.066), -857CC (p=0.077) e -238GG (p=0.059) eo FR. Não foi encontrada qualquer associação en-tre os haplotipos e as variáveis em estudo. Conclusão: Foi observada uma associação entre al-guns genótipos específicos e as manifestações sis-témicas, incapacidade laboral e cirurgia articular,e, de forma menos expressiva, com o HAQ e FR,particularmente em determinadas classes de DD.No entanto, os resultados globais sugerem que ascovariáveis clínicas são mais relevantes para oprognóstico da AR do que os polimorfismos da re-gião promotora do TNF-α.

CL13 – ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) – OLIGOARTICULAR NUMA POPULAÇÃO IBERO-AMERICANA

José Melo-Gomes1, Marta Conde2, M.O. Hilário3, Blanca Bica3, Sheila Oliveira3, Breno Pereira3, for the Pediatric RheumatologyIberoamerican Study Group of CIAR.1. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa2. Serviço de Pediatria Hospital Fernando Fonseca3. Vários centros brasileiros de Reumatologia Pediátrica

Introdução e Objectivos: A AIJ compreende um gru-po heterogéneo de doenças que incluem diferentessubgrupos de doentes com diferentes evoluções, ca-racterísticas clínicas e laboratoriais e possivelmen-te diferentes patogéneses imunogenéticas. A formaOligoarticular (AIJ-O) é a mais frequente constituin-do uma entidade distinta composta por crianças debaixa idade, predominantemente do sexo feminino,frequentemente com ANA positivo e com risco ele-vado para uveíte crónica. Este estudo teve comoobjectivo caracterizar a clínica, alterações laborato-riais, evolução e características associadas como auveíte numa população ibero-americana.Métodos: Analisaram-se os doentes inscritos nabase de dados da CIAR que cumpriam os critériosda ILAR para o diagnóstico de AIJ-O e com doençahá mais de 6 meses, relativamente à clínica, altera-ções laboratoriais e evolução.

Resultados: Dos 610 doentes inscritos na base deAIJ da CIAR, 301 apresentavam um início oligoar-ticular (49%). Destes, 236 (38.7%) cumpriam os cri-térios da ILAR para a AIJ-O com uma duração mé-dia de doença de 5.0±5.9 (mediana 3.4) anos(A). Aidade de apresentação da doença foi de 6.4±4 A e144 (61%) eram meninas; 50/190 (27.9%) eramANA+. A presença de ANA+ esteve associada de for-ma independente com uma idade mais jovem(4.3±3.2 vs 7.2±4.1A) e com o sexo feminino (84.9%vs 60.4%). 29 doentes (13.2%) evoluiram para umaforma oligoextendida e 23 (9.7%) apresentaramuveíte crónica. A uveíte crónica esteve associada deforma independente com início da doença em ida-de mais jovem (4.3±3.2 vs 6.7±4.1 A) e com a pre-sença de ANA+, mas não com o sexo. 36 doentes(15.5%) apresentaram erosões. Discussão: Na nossa população a idade de início dadoença foi mais elevada e a evolução para forma oli-goextendida foi mais frequente que o descrito na li-teratura, mas a presença de ANA+ e de uveíte foi me-nos frequente. A uveíte esteve associada de forma in-dependente com ANA+ e com idades mais baixas deinício da doença, mas não com o sexo feminino. Es-tas diferenças estão provavelmente relacionadascom diferentes bases genéticas da nossa população.

A doença caracterizada pela associação de uvei-te crónica e oligoartrite em crianças com ANA+ éparticularmente distinta e representa uma entida-de médica sem correspondente na idade adulta,quer na nossa experiência, quer na literatura.

CL14 – AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DOS

ANTICORPOS ANTI-CITRULINA E DO FACTOR

REUMATÓIDE IGM NA ARTRITE REUMATÓIDE

Ana Lemos1, M Piedade Ramos1, MJ Furtado1, C Carvalho1, MJ Santos2, J Canas da Silva2, Humberto Ventura1

1. Serviço de Patologia Clínica2. Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia deOrta, Almada.

Objectivos: Comparar a sensibilidade e especifici-dade de dois marcadores serológicos em doentesportugueses com artrite reumatóide (AR): os an-ticorpos anti-citrulina de 2ª geração (anti-CCP2) eo factor reumatóide de classe IgM (FR-M). Material e Métodos:Foram avaliados 56 doentes comAR estabelecida (44 mulheres e 12 homens; duraçãomédia da doença 9,4±7 anos) e comparados com umgrupo controlo composto por 93 indivíduos com ca-

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ção sobre as característi-cas sócio-demográficas eclínicas através de entre-vista pessoal por inquiri-dores treinados. Foi inqui-rida a história clínica dediagnóstico de doençascrónicas (depressão, can-cro, patologias cardiovas-cular, reumática e respira-tória), além da colheita de

dados antropométricos e da determinação da hemo-globina. A todos os participantes foi aplicada a Esca-la de Gravidade da Fadiga de Krupp com 9 itens, ten-do fadiga grave sido definida como uma pontuaçãofinal média superior a 4. A média de idades (desvio-padrão) na amostra foi 62,3 anos (9,9) e 55,8% dosparticipantes eram mulheres. O cálculo das estima-tivas de risco (odds ratios) ajustadas foi feito por re-gressão logística e as fracções atribuíveis foram esti-madas usando a fórmula AR=1-Σ(ρj/ORj).Resultados:Após ajuste para a idade e co-morbilida-des, o sexo feminino esteve associado à fadiga grave(OR=1,56; IC95%: 1,08 – 2,26), assim como a escola-ridade igual ou inferior a 4 anos (OR=1,61; IC95%:1,10 – 2,34). A obesidade (OR=1,87; IC95%: 1,21 – 2,90)e a história de diagnóstico de patologia cardiovascu-lar (OR=2,23; IC95%: 1,28 – 3,90) estiveram tambémassociadas a maior fadiga. As fracções da fadiga gra-ve atribuíveis às variáveis estudadas foram: 21,1%para o sexo, 14,2% para a escolaridade, 9,8% para aobesidade e 10,9% para a patologia cardiovascular.Conclusão: O sexo e a escolaridade têm um impac-to importante na fadiga grave e, em menor extensão,também a obesidade e as doenças cardiovasculares.

CL16 – DOENÇA DE BEHÇET E CERULOPLASMINA

LINFOCITÁRIA

Oliveira R.1, Banha J.1,Martins F.1, Pereira D.2, Barcelos F.3, Teixeira A.3, Vaz Patto J.3 and Costa L.1

1. Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge, Lisboa,Portugal.2. Serviço Imuno-terapia, Hospital Reynaldo dos Santos,Vila Franca de Xira.3. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa, Portugal.

A Doença de Behçet (DB) é uma doença crónica rarade natureza inflamatória. Embora a sua etiologiaainda seja desconhecida, um desequilíbrio no ba-lanço pró-oxidante/antioxidante parece ser impor-tante para a sua patogénese. A ceruloplasmina (CP)

Área Sensibilidade Especificidade VPP VPN Eficiência sob ROC

FR-MCut-off>20 60,7% 90,7% 89,5% 63,9% 73,7% 0,787UI/mlAnti-CCP2Cut-off>10 71,4% 100% 100% 72,9% 83,8% 0,866UA/ml

VPP:Valor preditivo positivo;VPN: valor preditivo negativo; ROC: Receiver Operating Curve

racterísticas demográficas idênticas (43 doentes comespondilartropatias e 50 dadores de sangue). A deter-minação dos anticorpos anti-CCP2 foi efectuada porfluroimunoensaio enzimático e a determinação doFR-M foi efectuada por microElisa.Resultados: Os anticorpos anti-CCP2 foram posi-tivos em 40 doentes com AR (71,4%) num títulomédio de 350,5 UA/ml (11-1670 UA/ml) e negati-vos em todos os indivíduos do grupo controlo. OFR-M foi positivo em 34 doentes com AR (60,7%),em 4 doentes com espondilartropatias (9,3%) enum dador de sangue (2%). As características comparativas dos testes foram asseguintes:Conclusões: A presença de FR-M no soro é um doscritérios do ACR para classificação de AR, no entan-to é um teste menos específico e pode ser negativonuma fase inicial da doença. A determinação dosanticorpos anti-CCP2 mostrou ter uma excelente es-pecificidade e uma performance global claramentesuperior ao FR-M nos doentes com AR estabelecida.

CL15 – FACTORES ASSOCIADOS À FADIGA GRAVE EM

ADULTOS PORTUGUESES

Raquel Lucas1, Ana Azevedo1, Lúcia Costa2, Henrique Barros1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto, Porto.2. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do AltoMinho, Ponte de Lima.

Introdução: A fadiga é um sintoma inespecíficomas frequente em várias doenças. Os factores quelhe estão associados não estão completamente es-tabelecidos.Objectivo: Estimar os factores sócio-demográficose clínicos que associados à fadiga grave.Métodos: Foram avaliados 563 participantes, inte-grados na reavaliação de uma coorte de adultos por-tugueses, residentes no Porto. Foi colhida informa-

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é uma proteína de cobre (Cu) com um papel relevan-te no metabolismo do ferro (Fe) devido principal-mente à sua actividade ferroxidásica. A demonstra-ção da capacidade de síntese da CP por linfócitos desangue periférico de humanos e a expressão destaproteína à sua superfície (PBLCP) apontam para aexistência de uma relação estreita entre SistemaImunológico (SI), a homeostasia do Cu/ Fe e o stressoxidativo. De modo a investigar um possível papelda CP na patogénese da DB, estudou-se por citome-tria de fluxo a expressão da PBLCP em indivíduoscom DB de ambos os sexos (n=10) e em controlossaudáveis (n=10) do mesmo sexo dos doentes e comidades aproximadas. Marcadores hematológicos(hemograma) e bioquímicos do metabolismo do Fe(CP, Fe, ferritina, transferrina séricas; capacidade to-tal de fixação do Fe, saturação de transferrina) bemcomo marcadores inespecíficos de inflamação(PCR) foram medidos em todos os indivíduos par-ticipantes neste estudo. Tal como esperado, os níveisde PCR nos indivíduos com DB mostraram-se sig-nificativamente aumentados comparativamentecom os medidos nos controlos (p=0,01). Apesar daausência de diferenças significativas entre os doisgrupos de estudo relativamente à quantificação daCP no soro, foi encontrada uma diferença estatisti-camente significativa na PBLCP (p=0,005) medidanos doentes comparativamente com os respectivoscontrolos (48±24 UA vs 78±34 UA). Em particular, es-tes resultados traduziram o decréscimo significati-vo da expressão de CP à superfície de linfócitosCD56+ dos doentes comparativamente aos contro-los (164±118 UA vs 324±173 UA). De acordo com es-tes dados, sugere-se que a defesa antioxidante asso-ciada à diminuição da expressão da PBLCP poderáestar comprometida na DB. Funções particularesda resposta imune directamente ligadas a subpopu-lações de linfócitos específicas (como os linfócitosCD56+) poderão ter um papel importante na fisio-patologia desta doença.

CL17 – INFLUÊNCIA DA IDADE DE INÍCIO DA ARTRITE

REUMATÓIDE NA FUNÇÃO E QUALIDADE DE VIDA

DOS DOENTES

Sofia Ramiro1,2, Susana Medeiros2, Rute Cordeiro1,2, Frederick Wolfe3, J.A.Canas da Silva4, Elizabeth Benito-Garcia2,4, 1. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Novade Lisboa, Portugal2. Bioepi Clinical and Translational Research Center,Lisboa, Portugal

3. National Databank for Rheumatic Diseases, Wichita,Kansas, US4. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Al-mada, Portugal

Objectivo: A influência da idade de aparecimentoda artrite reumatóide (AR) no prognóstico e evolu-ção clínica da doença tem sido controversa. Algunsestudos revelam diferenças entre a apresentaçãoda AR de início em adultos jovens (<45 anos) e a deinício no idoso (> 60 anos). Outros defendem quea idade de aparecimento da doença não influenciaa evolução clínica ou o prognóstico da AR. Neste es-tudo, investigámos o impacto da idade de início daAR na função e qualidade de vida em doentes por-tugueses com AR.Métodos: Uma amostra de 443 doentes com AR,257 diagnosticados com menos de 45 anos e 186com o diagnóstico após os 60 anos, completaramum questionário relativo à sua doença, entre 2003e 2005. Os questionários foram administrados, porpessoas treinadas, a doentes com baixo grau de ins-trução e incluíram dados sócio-demográficos, ca-racterísticas da doença, sintomas incluindo a dor,o HAQ e medidas de qualidade de vida. Foi estuda-da a influência da idade de início da AR na função(HAQ) e na qualidade de vida pelo Euro-Qol (EQ-5D) por análises univariadas de regressão linear se-guidas por modelos de regressão linear múltiplapara ajustar potenciais confundidores. O melhormodelo final foi usado para retirar conclusões eidentificar outras variáveis que possam estar asso-ciadas com o HAQ ou EQ-5D.Resultados: As análises univariadas mostraram quenão há diferença entre os doentes com AR de iní-cio precoce e os de início tardio, a nível de comor-bilidades. No que respeita a distribuição por sexos,ambos os grupos foram idênticos. Considerandoque os β reflectem a modificação estimada do HAQou EQ-5D produzida por cada alteração de 1 uni-dade de cada uma das variáveis independentes,mantendo as restantes variáveis constantes, as aná-lises univariadas demonstraram que a idade de iní-cio da AR influencia o HAQ, assim como o EQ-5D;contudo, as análises multivariadas não revelaramnenhuma associação entre a idade de início da ARe o HAQ ou EQ-5D.Conclusão: Não foi observada nenhuma associa-ção entre a idade de início da AR e a função (HAQ)ou a qualidade de vida (EQ-5D) na amostra dedoentes portugueses. Estas conclusões podem terimplicações importantes na abordagem da AR de

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início precoce relativamente à abordagem da AR deinício tardio.

CL18 – RHEUGULATIONDB: CONSTRUINDO UMA

IMAGEM INTEGRADA PARA A ARTRITE REUMATÓIDE

J. Teles1, J. Cavaleiro1, P. Weinman1, A.O. Falcão2, P. L. Fernandes3, J.E. Fonseca1

1. Unidade de Artrite Reumatóide, Instituto de Medicina Molecular2. Departamento de Informática, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa3. Instituto Gulbenkian de Ciência

Objectivos: Criação de uma plataforma dinâmicade conhecimento actualizado sobre a AR, atravésda integração lógica de toda a informação molecu-lar relevante para o estudo da susceptibilidade,prognóstico e resposta às mais recentes terapêuti-cas da doença, numa fonte online de acesso livredestinada a clínicos, investigadores e estudantes.Métodos: A primeira fase do projecto envolveu acriação de uma base de dados relacional extensi-va, resultante da centralização de toda a informa-ção relevante proveniente essencialmente da lite-ratura e fontes online externas. O desenho da basede dados residiu numa arquitectura hierárquicaem que a informação foi categorizada em quatroclasses essenciais: «Processos», «Células», «Proteí-nas» e «Genes», com atributos que as diferenciamentre si. A segunda fase consistiu na integração ló-gica da informação, construindo a imagem globalda rede de interacções moleculares subjacentes àpatologia e tendo em atenção as escalas temporale espacial dos fenómenos. Finalmente elaborou-seuma plataforma online de acesso livre ao utilizadorbaseada num interface gráfico intuitivo, permitin-do a fácil navegação pela informação armazenadana base de dados.Resultados e Conclusão: A RheugulationDB cons-tituirá uma fonte centralizada, online, de informa-ção sobre as bases moleculares da AR, representa-da graficamente em esquemas intuitivos e de fácilinterpretação. Pretendemos que esta ferra- mentade apoio ao estudo da doença permita alargar o es-pectro das análises efectuadas actualmente, contri-buindo para a compreensão das interacções entreas múltiplas variáveis em jogo. A partir desta aná-lise global, será possível uma investigação mais pre-cisa e orientada dos fenómenos moleculares queinfluenciam a susceptibilidade, o prognóstico e aresposta às terapêuticas na AR.

DDIIAA 2299 DDEE AABBRRIILL

CL19 – DETERMINANTES DA DENSIDADE MINERAL

ÓSSEA EM ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO

Lúcia Costa1,2, Elisabete Ramos1, Raquel Lucas1, Henrique Barros1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto, Porto.2. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do AltoMinho, Ponte de Lima.

Introdução: A prevenção primária da osteoporosevisa a obtenção de um bom pico de massa óssea epor isso envolve a identificação e a correcção pre-coce de factores de risco modificáveis na adoles-cência. Como base científica destas estratégias sãoessenciais os estudos da saúde óssea em amostraspopulacionais de adolescentes, até agora escassosem Portugal.Objectivo: Avaliar os determinantes da densidademineral óssea em adolescentes portuguesas.Métodos: Foram avaliadas 904 raparigas durante a constituição de uma coorte de adolescentesnascidos em 1990 a frequentar as escolas públicase privadas da cidade do Porto (o estudo EPITeen).Na avaliação inicial foi recolhida informação sobrevariáveis demográficas, sociais, comportamentaise clínicas da adolescente e da família (através de questionários auto-aplicados à adolescente eaos pais). As adolescentes fizeram um exame clí-nico que incluiu avaliação antropométrica, medi-ção da pressão arterial, avaliação da função respi-ratória e colheita de uma amostra de sangue ve-noso. A densidade mineral óssea (DMO) no an-tebraço não dominante foi determinada por den-sitometria óssea com raios X de feixe duplo numaparelho Lunar® PIXI (Peripheral Instantaneous X--ray Image).Resultados:O valor médio (desvio-padrão) de DMO(g/cm2) no grupo pré-menarca (n=143) foi 0,311(0,043), no intervalo 0,222 a 0,425 g/cm2. No grupopós-menarca (n=761) este valor foi 0,368 (0,055), nointervalo de 0,206 a 0,569 g/cm2. A diferença signi-ficativa entre estes grupos (p<0,0001) justificou aanálise estratificada. A classificação pelo tipo de es-cola (privada ou pública), tal como pela escolarida-de dos pais, não mostrou diferenças na média daDMO em nenhum dos dois estratos. Foram encon-tradas médias de DMO significativamente maioresnas raparigas do grupo pós-menarca cujos pais re-portaram valores de peso e altura correspondentesa excesso de peso ou obesidade (p<0,01). A DMO

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mostrou diferenças significativas de acordo com aidade à menarca (p<0,001) e, nos dois estratos, comos quartis de percentagem de massa gorda(p<0,001). Adicionalmente, no grupo pré-menarca,a DMO foi significativamente diferente de acordocom os quartis de altura. As raparigas com excessode peso ou obesas, tiveram DMO significativamen-te maior que as normoponderais nos dois estratos(p<0,01). No grupo pós menarca, a densidade mi-neral óssea foi significativamente maior nas rapa-rigas que não usaram suplementos de vitaminas ouminerais (p<0,05). Não houve diferenças na DMO,em nenhum dos estratos, de acordo com o peso daadolescente ao nascimento reportado pelos paisnem com a escolaridade destes. Não houve diferen-ças significativas na densidade óssea, em qualquerdos estratos, para a ingestão de cálcio, a ingestão devitamina D, o uso de medicação crónica para a asmae os hábitos tabágicos. Conclusão:Mais do que as características comporta-mentais, o desenvolvimento pubertário e as carac-terísticas antropométricas foram os determinantesmais importantes da massa óssea na amostra.

CL20 – FALÊNCIA NA ABORDAGEM TERAPÊUTICA EM

DOENTES COM FRACTURAS OSTEOPORÓTICAS

Garces S, Cravo AR, Tavares V, Canas Silva JHospital Garcia de Orta, Almada

Introdução: As fracturas do colo do fémur são umadas principais consequências da osteoporose. Estãoassociadas a elevada morbilidade e mortalidade, re-presentando, por isso, um importante problema desaúde pública. Os doentes com fracturas do colo dofémur constituem uma população de alto risco, emque a intervenção terapêutica é mandatória.Objectivo: Avaliar a estratégia terapêutica adopta-da em doentes de elevado risco após uma fracturado colo do fémur.Material e Métodos: Foram seleccionados todos osdoentes com fracturas transcervicais do colo do fémurinternados no Serviço de Traumatologia do HospitalGarcia de Orta, no período de 1 ano (Setembro de2004 a Agosto de 2005). Foi realizado um questioná-rio, via telefónica, aos doentes, familiares directos ouaos seus prestadores de cuidados, no sentido de ava-liar a medicação prescrita à data da alta ou posterior-mente, bem como a existência de fracturas prévias ea associação estabelecida entre a fractura e osteopo-rose por parte da população estudada.Resultados:Durante o período de um ano estiveram

internados no Serviço de Traumatologia do Hospi-tal Garcia de Orta um total de 140 doentes com frac-turas transcervicais do colo do fémur (82 do sexo fe-minino), com idade média de 77±17 anos. Vinte e umpor cento dos doentes faleceram durante a estadiano hospital ou no ano subsequente e 14 foram per-didos do follow-up. Dos 97 doentes entrevistadosapenas 14,4% receberam terapêutica para a osteo-porose, à data da alta. Uma pequena minoria rece-beu posteriormente terapêutica, através do seu Mé-dico de Família ou Fisiatra, estando actualmentemedicados para a osteoporose cerca de 16,6% dosdoentes. Em 18,5% havia história prévia de fracturanão vertebral. Apenas 13,4% dos entrevistados esta-beleceram relação entre a fractura e osteoporose.Conclusões: Os doentes com fracturas osteoporó-ticas representam uma população de alto risco comindicação terapêutica bem definida a fim de impe-dir futuras complicações. Apesar disso, diversos es-tudos apontam para uma falência interventiva porparte dos Ortopedistas, que não reconhecem a im-portância de uma estratégia terapêutica contra aosteoporose nestes doentes. Os nossos resultadosestão em concordância com esses trabalhos. Omesmo problema se verifica ao nível dos cuidadosde saúde primários, onde por vezes a terapêutica éprescrita a doentes de baixo risco e esquecida nes-ta população idosa de elevado risco, em que a in-tervenção apresenta uma melhor relação custo-efi-cácia e um maior impacto na sua qualidade de vida.

CL21 – AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA DA ARTRITE

REUMATÓIDE NA PRÁTICA CLÍNICA DIÁRIA: UMA

PROPOSTA PARA A APLICAÇÃO UNILATERAL DO

MÉTODO DE SHARP/ VAN DER HEIJDE

Lopes J.1, Machado D.1, Sousa E.1,2, Cavaleiro J.1,Teles J.1, Mourão A.F.1,3, Canhão H.1,2, Branco J.3,Viana Queiroz M.2, Fonseca J.E.1,2

1. Unidade de Artrite Reumatóide, Instituto de Medicina Molecular, Lisboa, Portugal 2. Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria,Lisboa, Portugal3. Serviço de Reumatologia, Hospital Egas Moniz, Lisboa, Portugal

Introdução: A Artrite Reumatóide (AR) é classica-mente considerada uma doença inflamatória comenvolvimento articular simétrico. As radiografias de-têm um papel central no diagnóstico, orientação clí-nica e prognóstico da AR. O método de avaliaçãoradiológica de Sharp/van der Heijde (SH) é o mais

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ção destes resultados, devem ser efectuados estu-dos com amostras de maiores dimensões e em po-pulações diferentes.

CL22 – DACTILITE NA ARTRITE PSORIÁTICA:FACTOR DE MAU PROGNÓSTICO?Ramos F., Figueira R., Rosa C.M., Costa J.T., Queiroz M.V.Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas, Hospital Santa Maria, Lisboa

Introdução: A Artrite Psoriática (AP) é uma artro-patia inflamatória associada a psoríase, que fre-quentemente cursa de forma crónica e progressi-va, podendo provocar graves limitações funcionaisnestes doentes. A dactilite é uma característica clas-sicamente associada a esta patologia não estandoainda definida a possibilidade de apresentar rele-vância prognóstica. Objectivos: Avaliar e comparar as característicasclínicas de acordo com a presença ou ausência dedactilite numa população portuguesa de doentescom AP. Material e Métodos: Um total de 117 doentes comAP, seguidos na Consulta de Reumatologia do Hos-pital de Santa Maria, entre 1984 e 2005, foram divi-didos em 2 grupos de acordo com a presença ou au-sência de dactilite durante o curso da doença. Paraa análise da população foram usados métodos es-tatísticos descritivos e testes chi-quadrado para acomparação entre grupos, de forma a determinara significância estatística.Resultados: Dos 117 doentes, verificou-se em 70(61,4%) a presença de um ou mais episódios dedactilite durante a evolução da doença. A idade mé-dia de aparecimento da doença cutânea e articularfoi semelhante nos doentes com e sem dactilite,assim como a duração média da doença, que foi12,8 ± 10,0 anos no grupo com dactilite e 10,9 ± 8,2anos no grupo sem dactilite. Não foram encontra-das diferenças entre o sexo masculino e femininonos dois grupos. Verificou-se uma maior incidên-cia do tipo poliarticular (p<0,05) no grupo de doen-tes com dactilite. Estes apresentaram também sig-nificativamente maior frequência de erosões(67,4% vs 26,5%; p<0,001), maior frequência de en-tesite (53,5% vs 28,6%; p<0,01) e uma maior inci-dência de artrite mutilante (15,9% vs 28,6%;p<0,001). Não foi encontrada relação entre a pre-sença de dactilite e o tipo de psoríase, a presençade história familiar, nem com a forma inicial de

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sensível para detectar alterações ao longo do tempoe é actualmente o método escolhido para avaliaçãoda destruição articular em ensaios clínicos. No entan-to, e principalmente devido à sua complexidade, estemétodo é raramente utilizado na prática clínica. Objectivos: Verificar se a utilização unilateral dométodo SH pode substituir a avaliação bilateralconvencional, sem condicionar perda de informa-ção relevante. Métodos: Foram sistematicamente avaliadas, pelométodo de SH, radiografias de mãos e pés de 129doentes com o diagnóstico de AR, segundo os cri-térios do American College of Rheumatology de1987. Os resultados foram analisados através dosseguintes subtotais: diminuição do espaço articu-lar do pé esquerdo (DEAPE), diminuição do espa-ço articular do pé direito (DEAPD), diminuição doespaço articular da mão esquerda (DEAME), dimi-nuição do espaço articular da mão direita (DE-AMD), erosões do pé esquerdo (EPE), erosões do pédireito (EPD), erosões da mão esquerda (EME), ero-sões da mão direita (EMD). Para testar a hipóteseda presença de simetria radiográfica, os subtotaisdas extremidades esquerda e direita foram compa-rados usando o teste de t-student. O nível de rejei-ção foi estabelecido em p<0.01. Considerou-se 5,0pontos como a diferença mínima clinicamente re-levante (DMCR) para o método SH. Na avaliação dosignificado clínico dos resultados, o intervalo deconfiança das diferenças foi de 99%. Resultados: Os valores obtidos no método de SH para os pares de sutotais foram os seguintes:DEAPE-DEAPD: (9,48±6,04 vs. 9,34±5,86, NS); DEAME-DEAMD: (23,70±11,59 vs. 23,94±12,01,NS); EPE-EPD: (13,38±14,67 vs. 12,53±13,82, NS);EME-EMD: (22,70±15,61 vs. 24,18±15,15, NS). Os intervalos das diferenças existentes para ca-da par foram as seguintes: DEAPE-DEAPD: [-0,53;+0,81]; DEAME-DEAMD: [-1,33;+0,85]; EPE--EPD: [-0,59;+2,29]; EME-EMD: [-2,97;0,00556]. Discussão: A análise estatística mostrou que a hi-pótese de simetria para os valores de erosão e di-minuição do espaço articular entre as extremida-des esquerda e direita é verdadeira. Quando exis-tiam diferenças inter-extremidades, estas eraminferiores à DMCR, ou seja não apresentavam sig-nificado clínico. Isto leva-nos a sugerir que radio-grafias apenas de uma mão e de um pé podem serusadas aquando da aplicação do método de SH,sem perda de informação clinicamente relevante,o que pode ser muito útil para facilitar a aplicaçãodo método na prática clínica diária. Para confirma-

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XII I CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

apresentação da doença.Conclusão: A presença de dactilite, no início oudurante a evolução da AP, está associada ao desen-volvimento de erosões e de artrite mutilante. Assimos doentes com AP e dactilite podem representarum subgrupo em que a doença adquire caracterís-ticas mais agressivas e consequentemente piorprognóstico.

CL23 – CONCORDÂNCIA ENTRE OS DIAGNÓSTICOS

CLÍNICO E RADIOLÓGICO DE OSTEOARTROSE

Rui André Santos1,2, Lúcia Costa1,3, Anabela Barcelos1,4, Raquel Lucas1, Henrique Barros1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina do Porto, Porto.2. Serviço de Reumatologia, Hospital Militar Principal, Lisboa.3. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do AltoMinho, Ponte de Lima.4. Hospital Infante D. Pedro, Aveiro.

Introdução: Os estudos de prevalência da osteoar-trose são frequentemente baseados apenas na ava-liação radiológica das populações. A avaliação clí-nica dos indivíduos permite averiguar da legitimi-dade do uso de radiografias com este propósito.Métodos: No período de reavaliação de uma coor-te de adultos residentes no Porto, foram avaliados192 indivíduos consecutivos (57% mulheres, médiade idades (desvio-padrão) 64,9 (9,3), âmbito 48-91)através de uma entrevista pessoal. Cada partici-pante respondeu a perguntas sobre a história desintomas no joelho, na anca, na mão e na colunalombar, sendo considerado sintomático, e selec-cionado para posterior avaliação por reumatolo-gista, se preenchesse pelo menos um dos seguin-tes critérios: 1) ter consultado o médico devido aessa dor no ano anterior, tendo-lhe sido prescritosexames ou tratamento; 2) ter tido mais de 3 episó-dios dolorosos no ano anterior e assinalar um va-

lor igual ou superior a 60mm na escala visual ana-lógica de intensidade média da dor no ano anterior;3) ter tido pelo menos um episódio doloroso comduração superior a uma semana nos 6 meses ante-riores ou 4) ter tido dor no mês anterior e assinalarum valor igual ou superior a 60mm na escala visualanalógica de intensidade média da dor no mês an-terior. Foram feitas radiografias aos joelhos, às an-cas, às mãos e à coluna lombar de todos os partici-pantes, nas quais foram consideradas presentes al-terações se a pontuação atribuída na escala deKellgren-Lawrence para alterações degenerativasfosse igual ou superior a um. A concordância foiavaliada usando o kappa.Resultados: A prevalência de alterações radiológi-cas em pelo menos uma articulação em qualquerdas quatro localizações foi 98,2% nas mulheres e98,8% nos homens. A proporção de mulheres comdiagnóstico clínico de artrose em pelo menos umaarticulação em qualquer das quatro localizaçõesfoi 52,7% nas mulheres e 25,6% nos homens(p<0,001). A tabela apresenta as prevalências de os-teoartrose de acordo com o método de diagnósti-co e com a localização anatómica.Conclusão: O estudos de prevalência de osteoartro-se nos quais o diagnóstico é apenas radiológico for-necem uma sobreestimativa do verdadeiro peso dapatologia nas populações.

CL24 – TERAPÊUTICAS BIOLÓGICAS NA PRÁTICA

CLÍNICA: MOTIVOS DE PARAGEM E RESPOSTA AO

SWITCH NOS DOENTES COM ARFátima Godinho, Maria José Santos, Eufémia Calmeiro, Ana Cordeiro, Sandra Garcês,Filipe Vinagre, José Canas da Silva. Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta.AlmadaObjectivos:Avaliar os motivos de paragem das te-rapêuticas biológicas nos doentes com Artrite Reu-matóide (AR) na prática clínica e verificar que fac-tores se associam à paragem por ineficácia. Deter-minar a eficácia de um segundo fármaco biológico

quando há ineficácia ou desenvolvimento deefeitos adversos ao primeiro. Métodos: Foram avaliados de forma proto-colada, os doentes submetidos a terapêuti-cas biológicas com Infliximab, Etanercept,Anakinra ou Adalimumab, no Serviço de Reu-matologia do HGO entre 1999 e 2005. Os da-dos relativos às características da doença,DMARDs efectuados, dose de corticoesterói-des, duração da terapêutica biológica, respos-

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ColunaOsteoartrose Joelho Anca Mão lombar

Clínica e radiológica (%) 17,7 6,8 18,2 27,1

Clínica (%) 18,2 10,4 20,3 29,7Radiológica (%) 79,7 51,6 75,5 83,9Concordância k=0,09 k=0,05 k=0,09 k=0,07

(p=0,033) (p=0,043) (p=0,038) (p=0,038)

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COMUNICAÇÕES LIVRES

ta ao tratamento de acordo com os critérios de res-posta DAS28/EULAR e os consensos da SociedadePortuguesa de Reumatologia (SPR), causa de para-gem e resposta ao novo biológico foram recolhidosde forma retrospectiva. Resultados: De um total de 75 doentes com AR,houve 96 exposições a terapêuticas biológicas. Emmetade dos doentes o fármaco biológico foi pa-rado.

Numa análise univariada, os factores que se as-sociaram de forma significativa à paragem dos fár-macos por ineficácia foram a idade, as manifesta-ções extra-articulares, e o DAS inicial. Na análisemultivariada a idade dos doentes e as manifesta-ções extra-articulares mantiveram associação sig-

nificativa com a paragem do tratamento. Dos 21 doentes que efectuaram switch para um

segundo biológico, apenas 24% responderam deacordo com os consensos SPR em comparação a 67% de respostas de acordo com os critériosDAS28/EULAR.

Do total dos doentes que fizeram switch porreacção adversa, apenas um teve reacção adversaao novo biológico.Conclusões: Na prática clínica um elevado núme-ro de doentes (50%) parou a terapêutica, após umaduração média de exposição ao fármaco de 20±16meses, a maioria por resposta insuficiente. Osdoentes que não tiveram resposta adequada, erammais velhos, tinham mais manifestações extra-ar-

ticulares e DAS inicial mais elevado. Aprobabilidade de resposta ao segun-do biológico de acordo com os crité-rios EULAR/DAS28 é grande, o mes-mo não sucede quando aplicados osconsensos da SPR.

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BiológicoMotivos Infliximab Etanercept Anakinra Adalimumab Paragem (n=29) (n=39) (n=12) (n=16)Ineficácia 7 12 6 1Efeito adverso 5 5 1 1Outras 3 2 2 3Total 15 (52%) 19 (49%) 9 (75%) 5 (31%)

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X I I I C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

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P O S T E R S

associadas, intimamente relacionadas com o riscocardiovascular: hipertensão arterial, diabetes e hi-percolesterolemia.Resultados: As doenças reumáticas com maior pre-valência na população estudada foram: AR em19,6% doentes, OA em 18,5%, OP em 17,6%, Espon-dilartropatia em 12,8%, Fibromialgia em 9% e LESem 2,7%. Foram observados 3040 doentes, dosquais 83,3% do sexo feminino, cuja idade médiaera de 58,38±14,4 anos. O peso e IMC médios eramde 69,0±13,0 Kg e 28,1±5,0 Kg/m2. Obteve-se pelabioimpedância de mãos uma % de MG média de35,9±7,5%, em que 83,8% do sexo feminino e 79,4%do sexo masculino apresentava excesso de massagorda. Obteve-se ainda uma relação cintura/ancamédia de 0,88±0,08 e um PC médio de 96,5±11,9cm, dos quais 78,1% do sexo feminino e 55,8% dosexo masculino apresentava valores superiores aosdesejáveis. Pela bioimpedância de pés, obteve-seum valor de MLG média de 45,9±7,2 Kg e uma % deACT média de 49,3±6,4% (61,4% do sexo femininoe 72,7% do sexo masculino apresentava quantida-des de água corporal inferiores às desejáveis). Dos3040 doentes, 72,7% apresentam sobrecarga pon-deral (70,5% dos homens e 71,9% das mulheres).Em relação à população total de doentes, 29,6% sãohipertensos, 7,6% têm diagnóstico de diabetes,17,1% têm hipercolesterolemia, 1,7% já tiverampelo menos um episódio de AVC, embolia ou en-farte agudo do miocárdio, e 3% têm outras doen-ças cardíacas. Discussão e Conclusão: A sobrecarga ponderal écomum na grande maioria dos doentes reumáticosrepresentando cerca de 72,7% do total dos doentes,encontrando-se a grande maioria num valor deIMC entre 25-29,9 Kg/m2 (categoria de Excesso depeso). A presença de outros factores de risco car-diovascular contribuirá de certeza e de forma sinér-gica para aumentar o risco cardiovascular global.Desta forma, a intervenção nutricional nestesdoentes apresenta-se como parte importante daestratégia para a redução do risco cardiovascularcom implicações claras na evolução das doençasreumatológicas.

DDIIAA 2277 DDEE AABBRRIILL DDEE 22000066

P1 – CARACTERIZAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E DA

COMPOSIÇÃO CORPORAL E RISCO CARDIOVASCULAR

ASSOCIADO EM 3040 DOENTES REUMÁTICOS

A. Abreu2, J. Saraiva Ribeiro1, A. Cardoso2, R. Fernandes2, F Rosa2, L. Coelho1, L. Miranda1, M. Parente1, R. Leitão1, P. Coelho1, M. Silva1, M. Mediavilla1, H. Santos1, M. Micaelo1, E. Simões1, H Madeira1, C Silva1, J Ferreira1, D. Medeiros1, F. Barcelos1, M. Sousa1, C. Miguel1, S. Cortes1, L. Freire2, F. Pimentel1, V. Las1, A. Neto1, J. Figueirinhas1, J. Vaz Patto1, F. Mesquita2 e A. Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: A patologia reumática, tal como a car-diovascular, tem uma elevada prevalência e morbi-lidade no nosso país com consequentes implica-ções clínicas e custos sociais elevados em termosde saúde pública. Ambas se associam a alteraçõesantropométricas e da composição corporal. Assim,uma abordagem multidisciplinar, tendo comoobjectivos o diagnóstico e correcção precoces de al-terações ponderais, podem prevenir a morbilidadee mortalidade, associados a ambas as situações. Objectivos: Caracterizar uma população de doen-tes reumáticos, no que diz respeito às suas carac-terísticas antropométricas, sua composição corpo-ral e factores de risco cardiovascular associados. Material e Métodos: Foram observados todos osdoentes que recorreram à consulta de reumatolo-gia, durante dois meses. Foi aplicado um protoco-lo de auto-preenchimento, com o diagnóstico efec-tuado pelo médico reumatologista assistente. Fo-ram ainda avaliados: peso, índice de massa corpo-ral (IMC), perímetro da cintura (PC) e da anca (PA),relação cintura/anca, massa gorda (MG) (% e Kg),massa corporal livre de gordura (MLG) (Kg) e águacorporal total (ACT) (Kg e %). Estes parâmetros fo-ram medidos através de dois aparelhos, a bioimpe-dância de mãos (OMRON®, HBF300) e de pés (TA-NITA®, TBF350). Foram ainda avaliadas as doenças

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P2 – AVALIAÇÃO DA PROGRESSÃO RADIOGRÁFICA

SOB TERAPÊUTICAS BIOLÓGICAS

Paula Araújo1, Rita Barros1, Manuela Parente2, A. Alves Matos1

1. Serviço de Reumatologia H. Egas Moniz2. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: 1- Comparar o score radiológico totaldas mãos com o score radiológico total dos pés em24 doentes com AR tratados com terapêutica bio-lógica 2- Avaliar a evolução clínica através do cál-culo do score da actividade da doença DAS 28. Material e Métodos: 24 doentes com AR segundo oscritérios ACR de 1985 e os consensus da SPR para ini-ciar agentes biológicos foram tratados com antago-nistas do TNF-α e avaliados pelo protocolo de mo-nitorização clínica da AR. Foram efectuadas 2 ava-liações radiológicas das mãos (48) e dos pés (48) cal-culados pelo método de Sharp modificado por vander Heijde com 12 meses de intervalo por 2 méto-dos: cronológico – RX colocados lado a lado, com co-nhecimento da ordem sequencial; não cronológico-RX avaliados em tempos diferentes e sem conheci-mento da sequência das películas radiológicas. Aná-lise estatística (teste não paramétrico, o Wilcoxonsigned-ranks test). Foram assumidos os seguintesprincípios: «once an erosion, always an erosion» querecusa a ideia de fenómeno de cura. Foi considera-da a mínima diferença detectável 5 pontos no scorede Sharp modificado por van der Heijde.Resultados: Sexo feminino: 23, raça negra: 1, ida-de média: 55,4 anos (24-77), duração média dadoença: 10,73 anos (4 – 24), FR+ (13). Manifestaçõesextra-articulares AR: Nódulos reumatóides 4d., S.Sögren 2º 4d., Instabilidade cervical 2d., Amiloido-se 1d., SCT 1d.. Terapêuticas iniciadas: Infliximab+ MTX 15d., Etanercept 4 d., Etanercept + MTX 3 d.Adalimumab + MTX 1 d., Anakinra 1 d. Observou--se um elevado índice DAS 28 inicial, que diminuiusignificativamente após o início das terapêuticasbiológicas. Resultados pelo método cronológico:Média scores totais iniciais de Sharp modificado65,95 ± 93,01 e finais 70,04 ± 93,20 (p<0,0001). Pro-gressão radiográfica (score inicial e final) + 4,087 (o-15); Média scores Sharp modificado pés iniciais(18,17 ± 26,54) e finais (19,73 ± 27,24) (p=0,000).Progressão radiográfica de +1,6 (0-24), 0,95% daprogressão radiol. total dos pés. Média scores Sharpmodificado mãos iniciais 41,30 ± 59,08 e finais 43,82± 58,78 (p=0,000); Progressão radiográfica total dasmãos + 2,5 (o -208), 0,89%. O score das mãos émaior em 58,3% dos doentes (14 doentes) compa-

rativamente ao score dos pés que é superior emapenas 20,8% dos d.. Pelo método não cronológi-co: Média scores totais iniciais de Sharp modifica-do 65,95 ± 93,02 e finais 72,30 ± 93,49 (p<0,0001).Progressão radiográfica +6,35 (2-317).Conclusões: Neste estudo, a progressão radiográ-fica da AR com as terapêuticas biológicas foi me-nor comparativamente à progressão radiológicacom os DMARDs tradicionais, no entanto distin-guiu-se da literatura recente que descreve umamaior redução da progressão. Esta diferença podeser explicada pelo princípio assumido por outrosautores que aceitam o fenómeno de cura. A pro-gressão radiológica foi maior quando as radiogra-fias foram quantificadas pelo método não crono-lógico, provavelmente porque a quantificação pelométodo cronológico é dado a menos erros de me-dição. O score das mãos atingiu uma percentagemsuperior em 58,3% dos doentes. O envolvimentodos pés mostrou uma progressão radiológica ligei-ramente maior comparativamente às mãos (0,95%dos pés contra 0,89% das mãos).

P3 – CRIOGLOBULINÉMIA: ANÁLISE DE UMA SÉRIE DE

DOENTES DO INSTITUTO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

F. Barcelos, J. V. Patto, M. Parente, M. J. Mediavilla,L. Miranda, E. Simões, C. Silva, A. Faustino, M. Micaelo, H. Madeira, A. TeixeiraInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

Introdução: O termo crioglobulinémia (CG) defi-ne a presença no soro de globulinas que precipitamcom o frio, levando a activação do complemento evasculite. Pode ser assintomática ou confundir-secom outras doenças associadas, com manifesta-ções que podem incluir a tríade púrpura, fadiga eartralgias, fenómeno de Raynaud, síndroma seco,neuropatia periférica, glomerulonefrite, envolvi-mento hepático ou pulmonar, ou o desenvolvimen-to de neoplasias linfóides.Objectivos: Descrever as características clínicas,laboratoriais, e doenças associadas, num grupo dedoentes com CG seguidos na nossa consulta.Material e métodos: Estudo retrospectivo de 31doentes com CG seguidos no IPR. Foram registadasas manifestações clínicas, as doenças associadas, eparâmetros laboratoriaIs: crioglobulinas, factorreumatóide (RF), anticorpos anti-nucleares (ANA),complemento, gamaglobulina sérica, enzimashepáticas, creatinina, e vírus das hepatites B e C(HBV e HCV).

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XII I CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

Resultados: A média de idades foi de 44,1 anos (19--71), e 81% eram do sexo feminino (25 doentes).Catorze doentes (45%) cumpriam critérios de clas-sificação: 4 (13%) com Síndroma de Sjögren Primá-rio, 4 (13%) com Lúpus Eritematoso Sistémico(LES), em 2 associado a Sindroma Antifosfolípidos,4 (13%) com Doença de Behçet (DB), 1 (3%) comArtrite Reumatóide, e 1 (3%) com Artrite Psoriática.Os restantes 17 doentes (55%), que não cumpriamcritérios de classificação, apresentaram váriasmanifestações do espectro da vasculite crioglobu-linémica, tal como 6 (19%) dos doentes com diag-nóstico específico. Todos os doentes apresentaramartralgias e fadiga. Dezasseis doentes (52%) tinhammanifestações cutâneas, com púrpura confirmadaem 3 (10%) e urticária induzida pelo frio em 1 (3%).O fenómeno de Raynaud estava presente em 10doentes (32%) e as queixas secas em 10 (32%).Outras manifestações registadas foram: neuropa-tia periférica em 1 doente (3%), necrose do semi--lunar em 1 (3%) e estenose da aorta abdominalem 1 (3%). Todos os casos foram CG mistas do tipoIII. Encontraram-se marcadores de infecção porHCV em 8% dos doentes (2 em 25), e ausência demarcadores de HBV. Detectaram-se FR em 20 doen-tes (65%), ANA ≥ 1/160 em 24 (77%), baixa do com-plemento em 17% (5 em 30), e elevação das enzi-mas hepáticas (<400 UI/ml) em 4 (13%). Não seregistou elevação da creatinina. Havia hipergama-globulinémia em 32% (7 em 22), monoclonal em 1(5%), mas sem neoplasias linfóides.Discussão e Conclusão: Na nossa série encontrá-mos várias manifestações, clínicas e laboratoriais,atribuíves à CG, quer por surgirem em quadrosindiferenciados, quer não serem típicas da doençaprimária, como a presença de fenómeno deRaynaud em 2 doentes com DB. No entanto, o diag-nóstico de síndroma crioglobulinémico não foicolocado em nenhum dos 23 doentes (74%) em quetais manifestações surgiram. Verificou-se umabaixa frequência de alterações hepáticas, provavel-mente pela reduzida prevalência de marcadores deinfecção por HCV e HBV. Não se registaram mani-festações graves de vasculite, o que pode dever-seao facto de muitos doentes estarem medicadoscom corticóides e imunomoduladores, que podemalterar o curso da doença.

P4 – ACHADOS LABORATORIAIS NO SÍNDROMA DE

SJÖGREN – ESTUDO DE UMA POPULAÇÃO PORTUGUESA

F. Barcelos, J. Vaz Patto, D. Medeiros, S. Cortes, J. Ribeiro, M. Sousa, R. Figueiredo,

C. Silva, M. Mediavilla, M. Parente, H. Madeira, A. TeixeiraInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

Introdução: No Síndroma de Sjögren (SS), a infiltra-ção linfocitária e lesão auto-imune das glândulasexócrinas acompanha-se de alterações laboratoriaisque traduzem inflamação e linfoproliferação.Objectivos: Descrição e comparação dos achadoslaboratoriais em doentes com SS Primário (SSp) eSS Secundário (SSs), seguidos no Instituto Portu-guês de Reumatologia.Material e Métodos: Foi avaliado um grupo de 38doentes com SSp e um grupo de 16 doentes comSSs, definidos de acordo com os critérios propos-tos pelo «American-European Concensus Group».Os doentes com SSs, 13 tinham Artrite Reumatói-de (81%), 2 Lúpus Eritematoso Sistémico (13%), e1 Esclerose Sistémica (6%). Os parâmetros analisa-dos foram: o maior valor de velocidade de sedi-mentação (VS), concentração de hemoglobina, leu-cograma, gamaglobulinas séricas, FR, ANA, SSA,SSB, RNP, Sm, DNA, CG e complemento.Resultados: Todos os doentes com SSp e 94% (15doentes) dos com SSs eram do sexo feminino. A VSera elevada (>25 mm/1ªh) em 76,3% dos doentescom SSp (média: 46 mm), e em 94% dos com SSs(média: 35 mm). A anemia ocorreu em 21,6% dosdoentes com SSp e em 50% dos com SSs, e a leuco-penia (<4000/µl) em 14 doentes com SSp (36,8%) eem 1 doente com SSs (6,3%). Os FR foram detecta-dos em 63,0% no SSp e 87,5% no SSs. Detectou-seANA (≥1/160) em 84,2% no SSp e em 75% no SSs,anti-SSA em 68,5% e 26,7%, respectivamente, eanti-SSB em 44,7% e 13,3%. Outros anticorpos ava-liados no SSp incluíram anti-RNP em 3,4% (1 em29), anti-Sm em 0% (0 em 31), anti-DNA em 5,9%(2 em 34), e anti-Mitocôndrias em 2 doentes (5,3%).As CG foram pesquisadas 21 doentes com SSp, es-tando presentes em 9,5%. A Hγ ocorreu em 64,9%no SSp e em 64,3% no SSs, com Imunoglobulinamonoclonal apenas num doente com SSp. Dosdoentes com SSp, 28,1% apresentavam baixa docomplemento, contra 20,0% no SSs.Discussão: Ambos os grupos apresentavam parâ-metros de actividade inflamatória elevados, sendoa VS média maior no SSp. A anemia foi mais fre-quente no SSs, acontecendo o inverso em relaçãoà leucopenia, mais frequente no SSp. No SSp, a fre-quência de FR, ANA, anti-SSA e anti-SSB foi eleva-da, e merece destaque a sua presença em númerosignificativo de doentes com SSs. Merece também

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referência a detecção de CG em menos doentescom SSp do que o habitualmente descrito. A pre-valência de Hγ em ambos os grupos foi elevada, oque está de acordo com a linfoestimulação cróni-ca típica do SS.Conclusão: Em ambos os grupos de doentes, os pa-râmetros laboratoriais são indicadores de intensaactividade infamatória e linfoestimulação, comprodução de gamaglobulinas e auto-anticorpos emnúmero significativo de doentes. A presença deANA, FR, SSA e SSB não foi diferente da encontra-da em algumas séries. A utilização de critérios his-tológicos, funcionais e imunológicos na classifica-ção do SS permite excluir muitas causas não-imu-nológicas de síndroma seco.

P5 – CARACTERIZAÇÃO CLINICA DE UMA POPULAÇÃO

PORTUGUESA DE DOENTES DE LES COM

AC ANTI-DNA DS

R. Barros, P. Nero, A. Alves de Matos, J. C. BrancoCentro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE (H. EgasMoniz)

Introdução: Procurou averiguar-se numa popu-lação de doentes portugueses com LES a prevalên-cia de anticorpos anti-DNA ds e quais as caracterís-ticas clínicas associadas.Material e Métodos: Inquérito sobre as característi-cas clínicas, presença de dano (pontuação SLICC),presença de neoplasia ou morte em doentes comLES cumprindo os critérios de classificação do ACR.Procedeu-se ao estudo descritivo e à analise com oteste de qui-quadrado (programa SPSS) da relaçãoentre a presença de carácteristicas clínicas.Resultados: Dos 525 doentes que cumpriam os cri-térios de calssificação de LES do ACR, 350 (67%)apresentavam ac anti.DNAds positivos. Da popu-lação com ac anti DNAds(N=350) 92% eram do sexofeminino. A média de idades ao diagnostico foi de33,2 anos com um máximo de 84 e um mínimo de7anos. A duração média do seguimento foi de 6,75anos. Os doentes eram maioritariamente caucasi-anos (89,7%). Quanto às características clínicas, ve-rificou-se a presença de rash em 44% (ausente em56%); fotossensibilidade em 48%, úlceras mucosasem 43,7%, vasculite 20%, raynaud 32,5%, artrite72%, artralgias 62,3%, serosite 29%, envolvimentorenal 40% (n=140), com proteinuria 33,7%,cilindru-ria 6%, s.nefótico em 8,2%, hematuria 12%,insufi-ciência renal em 7,42% e insuficiência renal termi-nal em 1,7%, biópsia renal foi efectuada em 46

doentes (32,8% dos com envolvimento renal. Nos46 doentes submetidos a biópsia renal as altera-ções mais prevalentes foram 10 GNF classe2; 7 GNFclasse 3; 22GNF classe 4. Quanto ao envolvimentodo sistema nervoso central verificou-se em17,4%,com: convulsões 5%, psicose 4,5%, envolvi-mento SNP 2%, mielite 0,5%, enxaqueca 6,85%. Oenvolvimento hematológico estava presente em59,1 % dos doentes (anemia hemolítica 15,1%, leu-copénia 38,2 %, linfopenia 30,85%, trombocitope-nia 23,42%, CID 0,85 %). Verificou-se que 12,2 %cumpriam os critérios de SAFL de acordo com oscritérios de Saporo, 21% tinham ac anti-cardiolipi-na IgG; 13.4% ac anti-cardiolipina IgM,13,7% anti-coagulante lúpico; 2,8% tinham antecedentes detromboses arteriais, 9,4% de tromboses venosas.39,7% tinham evidência de dano, estando ausenteem 52% (não havia dados que permitissem calcu-lar em 7,3%) O SLICC médio foi de 0,69, com Des-vio padrão de 0,98. A pontuação de SLICC era me-nor ou igual a 2 em 302 doentes, entre 3 e 5 em 19doentes e não era calculável em 29. Nesta popula-ção verificou-se uma prevalência de 2,8% de neo-plasias com dois carcinomas da mama, 1 do ová-rio, 1 coriocarcinoma, 1 papilar da tiroideia, 1 dabexiga, 1 meningioma, 1 gamapatia monoclonal, 1carcinoma gástrico associado a colangiocarcino-ma. Verificaram-se 1,7% de óbitos (n=6), sendo que1 foi por neoplasia (gastrica+ colangiocarcinoma);1 por sepsis; 1 por suicídio; 1 por insuficiência res-piratória, 1 por AVC e não havia dados sobre a cau-sa de morte em 1 caso.Aplicando o teste de qui--quadrado a presença de ac anti-DNAds relaciona--se com a presença de rash discóide p=0.036, fotos-sensibilidade p=0.003; fenómeno de Raynaud0,001: CAVN p0,016, miosite p0,042; serosite p0.013, envolvimento renal p0.047, cilindrúriap0,032, síndrome nefrótico p0,007 e envolvimentohematologico p0,04. Não se verificou relação coma presença de dano, a pontuação do SLICC, o de-senvolvimento de neoplasias ou mortes.Conclusões: A presença de ac anti-DNA ds na nos-sa população foi um marcador de doença renal, cu-tânea e hematológica. Apesar da prevalência dadoença renal ser de 40% verifica-se que apenas 1/3dos doentes efectuou biopsia renal.

P6 – AVALIAÇÃO DOS MOTIVOS DE FALTA ÀS CONSULTAS

DE SEGUIMENTO DE REUMATOLOGIA DO HOSPITAL DE

EGAS MONIZ, S.A.Rita Barros, Rute Marques, A. Alves de Matos, Jaime C. Branco.

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XII I CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOriental, EPE (H. Egas Moniz).

Introdução: As faltas dos doentes às consultashospitalares pré-marcadas traduzem-se numaperda de produtividade e desperdício de meios erecursos, podendo ainda ter consequências aonível da saúde dos doentes. Especificamente sobremotivos de faltas às consultas de Reumatologia nãose encontraram referências nacionais ou in-ternacionais. Por estes motivos e tendo em vista a eventual introdução de medidas correctivas, foi elaborado um protocolo de estudo com o objec-tivo de estudar este assunto na nossa ConsultaExterna.Material e Métodos: Entre Outubro e Dezembro de2004 foram registadas as faltas às consultas de reu-matologia. Foi enviado para o domicílio do doen-te um inquérito, de resposta simples, a preencherpelo doente ou familiares. Com as respostas foicriada uma base de dados. De que constavamdados demográficos (sexo e idade), motivo(s) defalta à consulta, diagnóstico principal conforme ointroduzido na base de dados da Consulta, dia dasemana correspondente ao dia da falta, distânciada residência ao hospital maior ou menor que 20km. Procedeu-se apenas a uma análise descritivados dados.Resultados e Conclusões: Durante o período doestudo foram efectuadas 1748 consultas dereumatologia tendo-se verificado 15% de faltas. Dototal de consultas, 1506 (86%) foram consultas deseguimento verificando-se faltas a 16% destas. Oinquérito teve uma taxa de resposta de 73%.Dosdoentes que responderam ao inquérito 96% tinhamfaltado a consultas de seguimento e apenas 4% aconsultas de 1ª vez. A distância do domicílio dodoente ao Hospital não parece ter sido um factorsignificativo nas faltas às consultas.O maiornúmero de faltas ocorreu à segunda-feira (31%) dototal. Por ordem de frequência os motivos de faltaforam «outras causas» em 30%, N=78 (destes 22%referiu remarcação/alteração de data da consulta,19% referiram ter faltado a um tratamento e não àsconsultas e 18% referiram confusão de data e hora);49 doentes indicaram «outras doenças», 32«esquecimento», 33 «compromissos inadiáveis», 26 referiram «incapacidade devida à doençareumática». Dos doentes que faltaram a fibro-mialgia, foi o diagnóstico mais frequente seguidopela osteoartrose, artrite reumatóide e outros diag-nósticos.

P7 – A ESPONDILITE ANQUILOSANTE NA PERSPECTIVA

DOS DOENTES

H. Canhão1, F. Godinho2, Associação Nacional de Doentes com Espondilite Anquilosante1. Hospital Santa Maria2. Hospital Garcia Orta

Objectivos: Caracterizar a espondilite anquilosan-te (EA) em doentes portugueses.Métodos: Estudo transversal elaborado pela Asso-ciação Nacional de Doentes com Espondilite An-quilosante (ANEA). Foi enviado por correio um in-quérito aos associados da ANEA para caracteriza-ção da sua patologia. Esse inquérito incluía pergun-tas para caracterização demográfica, característicasda doença, situações co-mórbidas, BASDAI e BAS-FI. Os questionários foram preenchidos pelosdoentes e reenviados para a ANEA, que procedeuà análise dos dados.Resultados: 315 doentes, 121 (38,4%) mulheres e194 (61,6%) homens. A idade média era de 43 anos.O inquérito foi Nacional e as áreas de proveniênciamais frequentes foram 37,4% da área de Lisboa,15,6 % do Porto, 15% de Coimbra e 12,7% de Viseu. Em 60% dos casos a EA tinha tido início entre os 16e os 30 anos de idade. O diagnóstico foi efectuadoem média, 5 a 10 anos após o início dos sintomas.273 (86,7%) doentes eram seguidos por médico es-pecialista, reumatologista em 67,4% e fisiatra em25,6% dos casos. As manifestações mais frequentesda doença eram em 73,3% dor, em 57,1% rigidez eem 40% fadiga e cansaço. Relativamente às mani-festações extra-articulares, 33% referia envolvi-mento ocular, 18,7% intestinal e 13% cutâneo.29,8% dos doentes não apresentava manifestaçõesextra-articulares. As escalas visuais analógicas paraa actividade da doença revelavam um valor médiode 6,23 e para a intensidade da dor de 7,7. O BAS-DAI médio era de 4,68 e o BASFI de 5,04. As pato-logias co-mórbidas mais frequentes foram dislipi-démia em 18%, patologia cardíaca em 13% e hiper-tensão arterial em 8%. 37% dos doentes negavamsofrer de outras doenças. 33,7% dos doentes ti-nham familiares com EA. 84,4% frequentavam cen-tros de medicina física e reabilitação, 53,7% hidro-ginástica ou natação e 29,8% fisioterapia.Discussão: Nesta avaliação de três centenas dedoentes portugueses com EA, provenientes de di-versas áreas do país, salientamos o início precoceda doença, o intervalo de tempo até ao diagnósti-co, as manifestações extra-articulares frequentes, ador, rigidez, fadiga e cansaço que a doença acarre-

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ta e os valores médios de actividade e incapacida-de funcional elevados.

P8 – ASSOCIAÇÃO CLÍNICA ENTRE POLICONDRITE

RECIDIVANTE E POLIMIOSITE

S. Capela1, R. Figueira1, A. Marques1,Luís Gaião1, J. Teixeira da Costa1, J. Pereira da Silva1,M. Viana de Queiroz1

1. Serviço de Reumatologia e Doenças ÓsseasMetabólicas do Hospital de Santa Maria

Objectivo: A policondrite recidivante é uma doen-ça multisistémica grave e rara, caracterizada porinflamação e destruição cartilagínea. A condritemais frequente é a auricular, podendo ocorrer tam-bém a nível nasal, e do sistema respiratório. Os au-tores descrevem um caso clínico de um doente compolicondrite recidivante que desenvolveu poste-riormente polimiosite.Resultados: Doente do sexo masculino, 71 anos deidade, com início súbito de condrite auricular es-querda. Apesar de antibioterapia endovenosa e dre-nagem, manteve destruição gradual local com de-formação auricular. Na ausência de sinais sugesti-vos de infecção, foi efectuado o diagnósticopresuntivo de policondrite recidivante e inicioucorticoterapia em alta dose. Contudo, apesar demelhoria inicial após os pulsos surgiram sintomassemelhantes a nível da orelha contralateral, tendoiniciado metorexato. Por alterações hematológicassuspendeu este fármaco e iniciou azatioprina (50mg/dia) mantendo corticoterapia (20 mg/dia), comestabilização clínica. Teve vários episódios de uvei-te e 8 meses após diagnóstico na sequência de qua-dro de infecção urinária refere aparecimento defraqueza muscular progressiva. Analiticamente,destacava-se aumento dos parâmetros inflamató-rios e CK de 501 U/L. O EMG revelou aspectos mio-páticos compatíveis com polimiosite. A biopsiamuscular revelou alterações mitocondriais com«red-ragged fibers», assim como outras alteraçõessugestivas de miopatia. Iniciou imunoglobulina400 mg/kg/dia 5 dia, fazendo desde então uma per-fusão mensal. Foi necessário suspender azatiopri-na por subida das transaminases hepáticas. Verfi-cou-se uma melhoria clínica progressiva da forçamuscular e descida dos parâmetros inflamatórios,assim como um melhor controle da sua doença debase. Não foi possível distanciar perfusões por re-corrência gradual dos sintomas.

Posteriormente, começou a referir toracalgia e

dispneia esporádica. Fez TAC torácica que reveloutraqueia «em sabre» e elevação da hemicúpula di-afragmática direita. Repetiu EMG que excluiu pa-ralisia frénica, pelo que este poderá ser outro sinalda miopatia.Discussão/Conclusão: São conhecidas várias etio-logias para a miopatia/sintomas miopáticos, comoconectivopatias, neeoplasias, infecções e doençasdo foro neurológico. Foi revista a literatura e até aomomento não se encontrava descrito nenhumdoente com policondrite recidivante associada apolimiosite.

P9 – CARACTERIZAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E DA

COMPOSIÇÃO CORPORAL E RISCO CARDIOVASCULAR

ASSOCIADO EM DOENTES COM SÍNDROME DE SJÖGREN E

DOENÇA DE BEHÇET

L. Coelho1, J. Saraiva Ribeiro1, A. Abreu2, A. Cardoso2, R. Fernandes2, F. Rosa2, L. Miranda1,M. Parente1, M. Mediavilla1, R. Leitão1, P. Coelho1,M. Silva1, H. Santos1, M. Micaelo1, E. Simões1, H. Madeira1, C. Silva1, L. Freire2, D. Medeiros1, F. Barcelos1, M. Sousa1, C. Miguel1, S. Cortes1, J. Ferreira1, J. Figueirinhas1, A. Neto1, J. Vaz Patto1, F. Mesquita2, A. Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: O Síndrome de Sjögren consiste gene-ricamente numa doença inflamatória auto-imuneque afecta primariamente as glândulas exócrinas,manifestando-se pelas características xerostomia,xeroftalmia com ou sem queratoconjuntivite sicca.A Doença de Behçet consiste numa vasculite sisté-mica de causa desconhecida que afecta as artériase veias, com envolvimento mucocutâneo recurren-te e frequente envolvimento ocular, entre outros.Ambas as doenças acompanham-se de um estadode inflamação sistémica, a qual poderá estar emtermos fisiopatológicos implicada no desenvolvi-mento da placa de ateroma e consequente aumen-to do risco cardiovascular.Objectivos: Caracterizar uma população de doen-tes com Síndrome de Sjögren e Doença de Behçet,no que diz respeito às suas características antropo-métricas, sua composição corporal e factores derisco cardiovascular associados.Material e Métodos:O estudo decorreu durante doismeses, no Instituto Português de Reumatologia, en-volvendo doentes que recorreram à consulta de reu-matologia. Os doentes foram submetidos a um pro-

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XII I CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

dura visceral, o qual constitui um factor de risco in-dependente para doença cardiovascular. A repre-sentativa presença de outros factores de risco cardio-vascular: HTA, diabetes e hipercolesterolemia, alia-da ao estado de inflamação sistémica, este último,factor com importância na fisiopatologia do desen-volvimento da placa de ateroma, contribuirá de cer-teza e de forma sinérgica para aumentar o risco car-diovascular global. Desta forma, a intervenção nu-tricional aliada ao controlo farmacológico do esta-do de inflamação sistémica apresenta-se como parteimportante da estratégia para a redução do risco car-diovascular com implicações claras no prognósticodestas doenças reumatológicas.

P10 – CARACTERIZAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E DA

COMPOSIÇÃO CORPORAL E RISCO CARDIOVASCULAR

ASSOCIADO EM DOENTES COM GOTA

L. Coelho1, J. Saraiva Ribeiro1, A. Abreu2, A. Cardoso2, R. Fernandes2, F. Rosa2,L. Miranda1, M. Parente1,M. Mediavilla1, R. Leitão1, P. Coelho1,M. Silva1, H. Santos1, M. Micaelo1, E. Simões1, H. Madeira1, C. Silva1, D. Medeiros1, F. Barcelos1,M. Sousa1, C. Miguel1, S. Cortes1,J. Ferreira1, J. Figueirinhas1, A. Neto1, J. Vaz Patto1, F. Mesquita2 e A. Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: Apesar de hiperuricemia e gota apre-sentarem epidemiologias diferentes, constituemmuitas vezes uma dupla, que se associa com outraspatologias. Existe uma forte associação entre obe-sidade, hiperuricémia e gota, nos casos em que asegunda está relacionada com excesso alimentar.A HTA e hiperlipidemia podem também associar-se com hiperuricémia e gota. Por outro lado, a as-sociação entre gota e doença cardiovascular deve--se mais provavelmente ao facto de esta estar fre-quentemente presente em concomitância comHTA, obesidade, hiperlipidémia e diabetes. No en-tanto, evidências recentes sugerem que níveis ele-vados de ácido úrico constituem factor de risco car-diovascular independente em doentes com riscocardiovascular aumentado.Objectivos:Caracterizar uma população de doen-tes com Gota, no que diz respeito às suas caracte-rísticas antropométricas, sua composição corporale factores de risco cardiovascular associados. Material e Métodos: O estudo decorreu durantedois meses no Instituto Português de Reumatolo-

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tocolo de auto-preenchimento, onde constava en-tre outros factores, o diagnóstico reumatológico enão reumatológico, o qual era preenchido pelo mé-dico assistente. Foram também avaliados pela equi-pa de Nutrição os seguintes parâmetros: peso, altu-ra, índice de massa corporal (IMC), perímetro dacintura, perímetro da anca, relação cintura/anca,massa gorda (em percentagem e quilogramas), amassa livre de gordura (quilogramas) e a água cor-poral total (em percentagem e quilogramas). Estesparâmetros foram medidos através de 2 aparelhos,a bioimpedância de mãos (OMRON HBF-300) e depés (TANITA TBF-350). Foram ainda avaliados asdoenças associadas, intimamente relacionadas como risco cardiovascular: hipertensão arterial, diabe-tes e hipercolesterolemia.

Resultados:

Discussão e Conclusão:A sobrecarga ponderal é co-mum na grande maioria dos doentes, estando pre-sente em 97% e 67,7% dos doentes com Síndromede Sjögren e Doença de Behçet, respectivamente,encontrando-se a grande maioria na categoria deExcesso de peso. Por outro lado, uma quantidade re-presentativa de doentes apresenta um perímetro dacintura aumentado, traduzido num excesso de gor-

Síndrome Doença Dados Sjogren de Behçet

Nº doentes 69 31Sexo Feminino 63 26Sexo Masculino 6 5Idade Média 57,98±11,22 43,96±15,4IMC médio 28,4±4,72 27,4±5,08Massa gorda média 38,23±5,98 34,1±8,3

(NS)Doentes com excesso 68 21

de peso Sexo Masculino 6 3Sexo Feminino 62 18% água inferior ao 67 16

normalSexo Masculino 6 2 (NS)Sexo Feminino 61 14HTA 22 4 (p=0,013-t

Student)Diabetes 8 1 (NS)Hipercolesterolemia 12 2 (NS)Perímetro médio 90,56±11,37 88,7±14,8

da cintura cm (NS)Relação C/A 0,86±0,06 0,85±0,07

cm

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gia, envolvendo doentes que recorreram à consul-ta de reumatologia. Os doentes foram submetidosa um protocolo de auto-preenchimento, ondeconstava entre outros factores, o diagnósticoreumatológico e não reumatológico, o qual erapreenchido pelo médico assistente. Foram tambémavaliados pela equipa de Nutrição os seguintesparâmetros: peso, altura, índice de massa corporal(IMC), perímetro da cintura, perímetro da anca,relação cintura/anca, massa gorda (em percen-tagem e quilogramas), a massa livre de gordura(quilogramas) e a água corporal total (em percen-tagem e quilogramas). Estes parâmetros foram me-didos através de 2 aparelhos, a bioimpedância demãos (OMRON HBF-300) e de pés(TANITA TBF--350). Foram ainda avaliados as doenças associa-das, intimamente relacionadas com o risco cardio-vascular: hipertensão arterial, diabetes e hiperco-lesterolemia.Resultados: Foram observados 57 doentes comGota, 47 (82,5%) do sexo masculino e 10 (17,5%) dosexo feminino. A idade média era de 61,98±9,90anos e o IMC médio de 30,6±4,79 Kg/m2 (Obesida-de de Grau I). Pela bioimpedância de mãos obte-ve-se uma percentagem de gordura média de32,05±5,76, em que 54 (95%) doentes tinham exces-so de massa gorda, 47(82,5%) do sexo masculino e7(12,3%) do sexo feminino. Pela bioimpedância depés, e em relação à percentagem de água, 44(77,2%) doentes apresentavam quantidades deágua inferiores ao desejável, 35(61,4%) do sexomasculino e 9(15,8%) do sexo feminino. O períme-tro médio da cintura era de 102,83± 10,83 cm, sen-do que 36 (78,3%) homens e 10 (21,7%) mulheresapresentavam valores superiores ao normal. A re-lação cintura/anca média era de 0,98±0,07 cm, numtotal de 56 doentes, 46(80,7%) do sexo masculino e10(17,5%) do sexo feminino Quanto às doenças as-sociadas e simultaneamente factores de risco car-diovasculares: 22(38,6%) tinham hipertensão, 10(17,5%) tinham diabetes, 18(31,6%) tinham hiper-colesterolemia.Discussão e conclusão: A sobrecarga ponderal estápresente em 93% dos doentes, 28 (49,1%) com Ex-cesso de peso e 16 (28%) com Obesidade tipo I. Agrande percentagem de doentes com sobrecargaponderal está de acordo com o esperado dado exis-tir uma forte associação de estados de obesidadecom hiperuricémia e gota. Por outro lado, cerca de80,7% dos doentes com gota apresenta um perí-metro da cintura aumentado, traduzindo um exces-so de gordura visceral, o qual constitui um factor

de risco independente para doença cardiovascular.A concomitante e representativa presença de ou-tros factores de risco cardiovascular: HTA, diabetese hipercolestorolemia, contribuirá de certeza e deforma sinérgica para aumentar o risco cardiovas-cular global. Pelo exposto se depreende que umaintervenção nutricional constitui uma estratégiaimportante para a redução do risco cardiovascularatravés da redução ponderal e educação alimentar,apoio ao tratamento dos restantes factores de ris-co e redução do risco cardiovascular global.

P11 – COMPOSIÇÃO CORPORAL NA OSTEOPOROSE

L. Coelho1, D. Medeiros1, A. Abreu2, A. Cardoso2, R. Fernandes2, F. Rosa2, L. Miranda1, M. Parente1

R. Leitão1, P. Coelho1, M. Silva1, H. Santos1, M. Micaelo1, M. Mediavilla1, E. Simões1, H. Madeira1, C. Silva1, J. Saraiva Ribeiro1,F. Barcelos1, M. Sousa1, C. Miguel1, S. Cortes1, L. Freire2, F. Pimentel1, J. Ferreira1, V. Las1, J. Figueirinhas1, J. Vaz Patto1, F. Mesquita2 e A. Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: A osteoporose (OP) é uma doença ca-racterizada por uma densidade mineral óssea redu-zida/alterações da microarquitectura, o que se tra-duz numa maior incidência de fracturas. Condi-ciona um grande impacto físico e socio-económi-co na população. Prevenir fracturas, é o principalobjectivo e a identificação de factores de risco é es-sencial. Estudos recentes demonstram que a Dia-betes mellitus se encontra associada a um maiorrisco de osteoporose. A obesidade parece constituirum factor protector, como fonte alternativa de es-trogéneos, na menopausa, e na redução do impac-to físico de quedas. Objectivo: Caracterizar doentes com OP segundoparâmetros antropométricos, de composição corpo-ral e factores de risco cardiovasculares associados.Material e Métodos: Foram avaliados 535 doentescom OP, durante 2 meses. Foram avaliados pelaequipa de nutrição os seguintes parâmetros: peso,altura, índice de massa corporal (IMC), perímetroda cintura, perímetro da anca, relação cintura/an-ca, massa gorda (em percentagem e quilogramas),a massa livre de gordura (quilogramas) e a águacorporal total (em percentagem e quilogramas).Foram utilizados 2 aparelhos de bioimpedância:mãos (OMRON HBF-300); pés(TANITA TBF-350).

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XII I CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

Foram avaliados factores de risco cardiovascular: ahipertensão arterial, a diabetes e a hipercolestero-lemia. Resultados: Foram observados 535 doentes comOP, [46(8,6%) masculino; 489(91,4%) feminino]. Aidade média foi de 65,1±10,52 [92;18] e o IMC mé-dio de 27,3±4,72 Kg/m2, 7(1,3%) Doentes com ma-greza 154(28,8%), peso normal 223(41,7%), exces-so de peso 120(22,4%), obesidade tipo I 14(2,6%)com obesidade tipo II e 8(1,5%) com obesidademórbida. A bioimpedância de mãos obteve: per-centagem de massa gorda média de 38±6,71 emque 455(85%) dos doentes tinham excesso de mas-sa gorda, [36(8%) masculino;419(92%) feminino].Na bioimpedância de pés: massa gorda média foide 32,4±8,37%, no total, 319(60%) tinham excessode massa gorda, [23(7,2%) masculino; 296 (92,8%)feminino]. Quanto à percentagem de água,283(52,9,%) apresentavam quantidades inferioresao desejável, [30(10,6%) masculino; 253(89,4%) fe-minino]. Os factores de risco cardiovascula-res:173(32,2%) hipertensão, 45(8,4%)diabetes,109(70,3%) hipercolesterolemia. A relação cintu-ra/anca média foi 0,90±0,07cm. Esta relação foi su-perior ao normal em 457 doentes [423(92,6%) femi-nino; 34(7,4%) masculino]. Conclusão: A maior parte dos doentes observadospertenciam ao sexo feminino, com uma média deidades de cerca de 65 anos, o que vem de acordocom o que se sabe sobre a prevalência da OP nasmulheres na pós-menopausa. No que respeita àavaliação nutricional, verificou-se uma elevadapercentagem de obesidade, sobretudo no sexo fe-minino, factor de protecção no impacto de quedas,já conhecido nas populações do sul da Europa, deestatura inferior e índice de massa gorda superior.Verificou-se ainda um aumento de Diabetes melli-tus, que se sabe influenciar negativamente a den-sidade mineral óssea. Seria de esperar que esta po-pulação apresentasse um baixo IMC, pelo seu diag-nóstico de OP, o permite supor que este parâmetroconstitui, um factor de risco minor na OP.

P12 – CARACTERIZAÇÃO DE UMA POPULAÇÃO COM

ESCLEROSE SISTÉMICA

A. Cordeiro1,2, M. J. Santos1,2, M. J. Loureiro1,3, C. Cotrim1,3, A. Lemos4, P. Ramos4, S. Sousa1,5, F. Menezes1,5, J. Canas da Silva2

1. Unidade de Hipertensão Pulmonar, 2. S. Reumatologia3. S. Cardiologia

4. Lab. Imunologia5. S. PneumologiaHospital Garcia de Orta, Almada

Objectivos: Caracterização de uma população dedoentes com Esclerose Sistémica do ponto de vis-ta clínico e laboratorial.Métodos: Foram seleccionados da consulta de Reu-matologia do Hospital Garcia de Orta 20 doentescom diagnóstico de Esclerose Sistémica. Seis doen-tes tinham Esclerose Sistémica difusa (SSc), 10 comforma limitada (SSl) e 4 apresentavam síndromesde sobreposição. Todos os doentes foram avalia-dos transversalmente segundo o mesmo protoco-lo, que incluía a caracterização em termos clínicos,demográficos, determinação de índice cutâneo deRodnan modificado, gravidade do fenómeno deRaynaud, sintomas de dispneia, caracterização deauto-anticorpos, provas de função respiratória(PFR), ecocardiograma com medição da PressãoSistólica na Artéria Pulmonar (PSAP) em repouso eem esforço e, se indicado, cateterização cardíaca di-reita para confirmação de HAP.Resultados: Dezoito doentes eram do sexo femini-no, a média de idades era de 54.6 ± 12.3 anos e ti-nham em média 8.7 ± 12.7 anos de doença. Novedoentes (45%) apresentavam Raynaud grave comúlceras digitais e dois (10%) com amputação digi-tal. Treze doentes (65%) estavam medicados combloqueadores dos canais de cálcio, 7 sob corticote-rapia e 6 com imunomoduladores. A média do ín-dice de Rodnan era de 9.38 ± 6.37. Metade dosdoentes apresentava dispneia de esforço classe IIda New York Heart Association. Todos apresenta-vam anticorpos anti-nucleares positivos, 7 eramanti-centrómero positivo, (todos SSl) e 4 com SSctinham anti-scl70 positivo. Cinco doentes apresen-taram PSAP ≥ 30mmHg em repouso e em mais 11doentes foi documentada PSAP ≥ 40mmHg ao es-forço. Dos 16 doentes com valores de PSAP acimado normal, 13 foram submetidos a cateterismo di-reito, sendo que em 10 deles se confirmou HAP(77%). O resultado da Capacidade de Difusão deCO (DLCO), disponível em 13 doentes, estava redu-zido em 76.9% (n=10). Todos os doentes com DLCO<80% apresentaram PSAP com valor anormal noecocardiograma de esforço. Dois doentes inicia-ram terapêutica regular com antagonistas do re-ceptor da endotelina 1, com melhoria clínica logoapós um mês de terapêutica.Conclusão: Apesar da Esclerose Sistémica ser umadoença rara, a sua gravidade em termos de mani-

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festações clínicas impõe uma vigilância regular etratamento adequado das suas complicações.

P13 – ARTRITE REUMATÓIDE – CARACTERIZAÇÃO DOS

DOENTES DA CONSULTA DO INSTITUTO PORTUGUÊS

DE REUMATOLOGIA (IPR)Sara Cortes, Miguel Sousa, Rui Figueiredo, Cláudia Miguel, J. Saraiva Ribeiro, Manuela Micaelo, José Vaz Patto, Helena Madeira,Cândida Silva, Helena Santos, Manuela Parente,Ana Teixeira, Luís Miranda, Margarida Silva, M. Jesus Mediavilla, Rui Leitão, Eugénia Simões ePaulo Clemente-Coelho

Introdução: A Artrite Reumatóide (AR) é das doen-ças articulares inflamatórias mais prevalentes, que,quando não controlada atempadamente, provocadeformações articulares e incapacidade funcionalmarcada. A caracterização da doença e o despistede factores indicadores de agressividade da doen-ça são importantes para a escolha do tratamentomais adequado a cada doente.Objectivos: Caracterizar a população de doentescom o diagnóstico de AR da consulta do IPR, focan-do aspectos clínicos, laboratoriais, radiológicos eterapêuticos.Métodos: Estudo retrospectivo dos doentes actual-mente seguidos pelos médicos do IPR. Os doentesforam caracterizados mediante o preenchimentode um protocolo que incluía: identificação, avalia-ção clínica da doença, avaliação laboratorial e ra-diológica, e terapêutica realizada.Resultados: Estudou-se um total de 546 doentes,90 (16,5%) homens, 456 (83,5%) mulheres, média deidades de 60,1 anos (mínimo 22, máximo 87); 528(96,7%) dos doentes eram de raça caucasiana, 14 deraça negra e 3 de raça asiática. O modo de início dadoença foi articular em 536 (98,1) doentes e extra--articular em 10 (1,9%) doentes. O envolvimento ar-ticular inicial foi poliarticular em 425 (77,8%) doen-tes, oligoarticular em 83 (15,2%) doentes e mono-articular em 38 (7,0%); 358 (66,4%) dos doentesapresentavam erosões e 181 (33,6) não tinham ero-sões radiológicas; 153 (28,1%) doentes estavam emremissão, 391 (71,9%) não preenchiam critérios deremissão; 497 (91,2%) doentes tinham uma artritesimétrica; 465 (85,3%) doentes tinham rigidez arti-cular matinal superior a uma hora em fase activa.Dos doentes que não estavam em remissão (391),287 (73,4%) tinham envolvimento articular actualpoliarticular, 89 (22,8%) tinham envolvimento arti-

cular actual oligoarticular e 15 (3,8) tinham envolvi-mento articular monoarticular. As manifestaçõesextra-articulares mais frequentemente encontradasforam: anemia inflamatória (38,3%), síndrome seco(27,8%), fenómeno de Raynaud (6,4%) e nódulosreumatóides (6,2%); 73,6% (397) doentes tinham RAteste positivo e 63,8% (344) tinham reacção de Wal-ler Rose positiva. A dose média de corticoterapiaactual (equivalente em prednisona) foi de 6mg/diae a média da dose máxima utilizada foi de 11mg/dia.498 (91,5%) doentes estão a fazer terapêutica defundo, dos quais 363 (66,7%) metotrexato (252 emmonoterapia e 111 em associação). A demora noinício do DMARD correlacionou-se positivamentecom a presença de erosões, sendo a correlação es-tatisticamente significativa (p<0,0005). Verificou-setambém que a doença erosiva está associada à pre-sença nódulos reumatóides (p=0,001), de FR(p<0,004) e também aos títulos mais elevados des-tes (p<0,0005). Não se encontrou correlação signi-ficativa entre a presença de erosões e o sexo dodoente, a elevação da VS e os títulos de PCR.Conclusões: Na nossa série a agressividade maiorda artrite reumatóide correlacionou-se positiva-mente com o atraso no início do tratamento de fun-do, com a presença de nódulos reumatóide, e defactores reumatóides (positivos e títulos elevados).Estes dados, correlacionados com outros estudospublicados, podem favorecer uma abordagem maisprecoce da doença e uma adequação dessa abor-dagem às características de cada doente.

P14 – DENSIDADE MINERAL ÓSSEA NAS ESPONDILAR-TROPATIAS

A. R. Cravo, V. Tavares, J. Canas da Silva.Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada

Objectivo: Avaliar a densidade mineral óssea emdoentes com diagnóstico de espondiloartropatia everificar eventuais correlações com duração e aactividade da doença, grau funcional e gravidadede envolvimento radiológico.Métodos: Avaliámos 29 doentes com diagnósticode espondilartropatia que foram submetidos a den-sitometria óssea da coluna lombar e colo do fémur.Para além das características demograficas (idade,sexo) foram avaliados o índice de massa corporal(IMC), a duração e características da doença, a acti-vidade da doença (BASDAI – Bath Ankylosing Spon-dylitis Activity Index), a capacidade funcional (BAS-FI – Bath Ankylosing Spondylitis Functionality In-

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dex) e a avaliação radiológica da coluna lombar eanca, de acordo com o BASRI (Bath AnkylosingSpondylitis Radiology Index).Resultados: Foram incluídos 23 homens e 6 mulhe-res (idade média 39,4±11,55 anos), com uma dura-ção média de doença de 13±9,99 anos. Vinte e qua-tro doentes tinham o diagnóstico de espondiliteanquilosante, dois de artrite psoriática, dois de es-pondiloartropatia indiferenciada e um de doençainflamatória intestinal; todos os doentes apresen-tavam compromisso axial. Os doentes apresenta-ram um IMC médio de 24,7±3,26, um BASDAImédio de 40,7±21,12 e um BASFI médio de34,67±25,15. O BASRI médio da coluna lombar foide 1,5±1,62 e da anca de 0,5±0,65. A densidade mi-neral óssea (DMO) média da coluna lombar (CL) ecolo do fémur total (CF) foi de 1,0±0,17g/cm2 e0,9±0,15g/cm2, respectivamente. Na CL o índice Te o índice Z médios foram respectivamente de -0,9±1,21 e -0,6±1,19. No CF estes índices foram de-1,0±1,12 e de -0,65±1,08, respectivamente.

Não foi encontrada correlação entre a DMO e aduração ou a actividade da doença. Não existiamtambém diferenças da DMO relacionadas com a li-mitação funcional ou o grau de envolvimento ra-diológico. Entre ambos os sexos apenas os índicesT e Z do colo do fémur foram significativamente di-ferentes (p=0,02 e p=0,0003, respectivamente).Conclusão: Nos doentes com espondilartropatia,principalmente com espondilite anquilosante, a li-teratura tem demonstrado que a actividade dadoença e a sua duração podem ser responsáveis pordiminuição da DMO. Por outro lado, a existência dealterações radiológicas na CL pode alterar os valo-res densitométricos. No nosso grupo não encontrá-mos, no entanto, qualquer correlação entre a DMOe estas variáveis. Embora na nossa população nãose verificasse uma actividade e um compromissofuncional muito marcados, o que poderia justificara ausência de correlação, é mais provável que o ta-manho da amostra, bem como a dispersão dos va-lores encontrados, tenha limitado os resultados.

P15 – ANTI-TNF ALFA NA ESPONDILITE ANQUILOSANTE.3 ANOS DE EXPERIÊNCIA

I. Cunha1, P. Monteiro1, J. Garcia1, M.J. Saavedra1, P. Abreu1, M.J. Salvador1, A. Barcelos2, P. Valente3, M. Alexandre1, L. Inês1, J. Silva1, J. A. Pereira da Silva, A. Malcata1.1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra.

2. Unidade de Reumatologia do Serviço de Medicina deAveiro.3. Unidade de Reumatologia do Serviço de Ortopediade Santa Maria da Feira.

Objectivos: Avaliar a eficácia e segurança dos anti--TNF alfa em doentes com Espondilite Anquilo-sante.Métodos: Estudo aberto, incluindo dezassete doen-tes, treze do sexo masculino, com o diagnóstico deEspondilite Anquilosante segundo os critérios deNova Iorque modificados, refractária aos AINE’s eDMARD’s convencionais. Dos dezassete doentes,quinze receberam Infliximab na dose de 5mg/kg//ev; às semanas 0,2,6, e depois de 8/8 semanas e osrestantes Etanercept na dose de 25 mg/2x sem/sc.Todos os doentes foram submetidos a avaliação clí-nica e laboratorial, prospectiva e protocolizada deacordo com o recomendado pelo grupo ASAS, comos intervalos acima indicados para o Infliximab(teste de Shöber, avaliação global da actividade dadoença pelo doente e pelo médico; BASDAI; BAS-FI; EVA da dor, fadiga e lombalgia; HAQAS, PCR e VS).Resultados: Todos os doentes apresentavam en-volvimento axial, 76,5% envolvimento periférico eapenas 11,8% entesopático. A idade média dosdoentes era de 34,7 anos (16-50 anos) e a duraçãomédia da doença de 14,5 anos. A média do núme-ro de infusões de infliximab realizadas foi de 9,6 (4a 20) com uma duração média de tratamento de16,2 meses (3,5-35 meses). O valor médio inicial detodos os parâmetros avaliados melhorou na últimaobservação, com particular destaque para o BAS-DAI (de 6,04 para 2,98), BASFI (de 6,9 para 3,85),EVA da lombalgia nocturna (de 6,45 para 2,26), HAQAS (de 1,28 para 0,82).

Logo após a primeira administração verificou-seuma marcada melhoria da sintomatologia clínicae bem-estar do doente, acompanhados de dimi-nuição da PCR e da VS. 60% e 13,3% dos doentesatingiram uma resposta ASAS 20 e 50, respectiva-mente, às 2 semanas de tratamento. Na última ava-liação, 66,6% e 53,3% dos doentes, apresentavamuma resposta ASAS 20 e 50, respectivamente.

Houve necessidade de encurtar o intervalo daadministração do Infliximab para 6/6 semanas, emquatro doentes. Em três doentes foi efectuado o«switch» para etanercept, dois por ineficácia («nãorespondedores») e um por reacção alérgica (urticá-ria). Verificaram-se duas intercorrências infeccio-sas, uma pneumonia e amigdalites de repetição,tratadas em ambulatório. Quatro doentes fizerem

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profilaxia tuberculostática.Conclusões: A nossa experiência confirma os resul-tados de investigação que revelam excelente res-posta dos doentes com Espondilite Anquilosanteaos anti-TNF alfa. Esta terapêutica revelou-se tam-bém segura em todos os doentes. A melhoria clíni-ca verificou-se logo após os primeiros tratamentose manteve-se. Em alguns doentes verificou-se a ne-cessidade de encurtar o intervalo das administra-ções ou fazer o «switch». Tanto o risco de compli-cações infecciosas como o elevado custo destas te-rapêuticas impõe a aplicação de critérios rigorososde indicação e manutenção do tratamento.

P16 – ANÁLISE DESCRITIVA DAS FRACTURAS

OSTEOPORÓTICAS DO FÉMUR PROXIMAL NO

1º SEMESTRE DE 2005 – HOSPITAL DE AVEIRO

I. Cunha1, C. Santos2, L. Sousa2, C. Batista2, I. Guerreiro2, A. Meireles2 e A. Barcelos3

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Ortopedia do Hospital Infante D. Pedro,Aveiro3. Unidade de Reumatolgia do Serviço de Medicina doHospital Infante D. Pedro, Aveiro

Introdução: As fracturas proximais do fémur sãomuito frequentes tendo vindo a aumentar nas últi-mas décadas proporcionalmente ao aumento daesperança de vida. Os índices de morbilidade emortalidade são elevados sabendo-se que apenas50% dos doentes retomam a sua função anterior, eao fim de seis meses, 17 a 30% vêm a falecer. Amaioria destas fracturas ocorre numa populaçãocom idade superior a 65 anos havendo um picomédio de incidência aos 80 anos, habitualmenterelacionadas com osteoporose e como resultadode traumatismos minor. O sexo feminino é maisatingido que o masculino numa relação de 3:1.Objectivos: Estudar retrospectivamente os doentesinternados no Hospital Infante D. Pedro, Aveiro,durante o primeiro semestre de 2005, com o diag-nóstico de fractura do fémur. Métodos: Estudo retrospectivo dos doentes comidade superior a 45 anos com fractura do fémurresultante de traumatismo de baixo impacto, inter-nados no Serviço de Ortopedia do Hospital InfanteD. Pedro. Recolheram-se, por consulta dos proces-sos, as características clínicas, dias de hospitaliza-ção, tratamento cirúrgico, complicações posteriorese número de óbitos, durante o 1º semestre de 2005.

Resultados: Foram identificados 103 doentes (70%do sexo feminino) com idade média de 79,8 anos.Os principais factores de risco favorecedores daqueda foram as alterações da marcha (33%), dimi-nuição da acuidade visual e consumo de ansioliti-cos (27,4%). 90,6% dos doentes sofreu queda nodomicílio. Não houve diferenças significativasquanto ao lado fracturado (43% à direita, 57% àesquerda). Quatorze doentes (13,6%) tinham ante-cedentes de fracturas, sendo as do rádio distal, asmais frequentes (5). Apenas quatro doentes seencontravam a fazer terapêutica anti osteoporóti-ca. As patologias associadas mais frequentes foramhipertensão arterial, insuficiência cardíaca, seque-las de AVC e diabetes mellitus. A duração média decada internamento foi de 8,7 dias. O tipo de fractu-ra mais frequente foi a trocantérica, verificando-seem 72,8% dos doentes. Os tratamentos cirúrgicosmais utilizados foram o encavilhamentpo elásticode Ender (44,7%) e osteossíntese rígida (41,7%). Ascomplicações mais frequentes no pós operatórioforam anemia, síndrome confusional e infecçãorespiratória. Faleceram 3 dos 103 doentes duranteo internamento.Discussão: A incidência das fracturas osteoporóti-cas no sexo feminino, bem como os factores derisco encontrados para este tipo de fractura vão aoencontro do descrito na literatura. Os custos tantodirectos como indirectos decorrentes desta situa-ção são elevados. Em 1991 estimavam-se, em Por-tugal, gastos anuais entre 17,5 a 20,5 milhões deeuros. A implementação de medidas de prevençãodas quedas, diagnóstico precoce e tratamento ade-quado da osteoporose associados a novas técnicascirúrgicas, poderão reduzir esses encargos e melho-rar a qualidade de vida dos doentes.

P17 – AVALIAÇÃO DA DOR NUM GRUPO DE DOENTES

SEGUIDOS EM CONSULTA DE REUMATOLOGIA.I. Cunha1, M. Coutinho2, M. Sousa2, B. Gusmão2 e A Barcelos3. 1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universida-de de Coimbra, Director: A Malcata. 2. Serviço de Medicina do Hospital Infante D. Pedro, Di-rector: J Crespo.3. Unidade de Reumatologia do Hospital Infante D. Pedro

Introdução: As doenças reumáticas induzem dor eincapacidade física, sendo as principais responsá-veis pelo sofrimento crónico da espécie humana.A dor constitui o motivo mais frequente do envio

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de doentes à consulta de reumatologia. Objectivo: Avaliar a dor num grupo de doentes daconsulta de reumatologia e a sua relação com os da-dos sócio-demográficos, a patologia e resposta àterapêutica instituída. Métodos: Estudo prospectivo, aberto, protocoliza-do incluindo doentes com patologia diversa (dege-nerativa e inflamatória, excluindo doentes com fi-bromialgia) seguidos em consulta de Reumatolo-gia no Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro.

Foram registados: dados sócio-demográficos(sexo, idade, residência, escolaridade e situaçãoprofissional); intensidade da dor na última sema-na, através de uma escala visual analógica (EVA); te-rapêutica farmacológica e não farmacológica rea-lizada e a resposta à terapêutica instituída; Resultados: Foram observados 64 doentes (42 dosexo feminino e 22 do sexo masculino) com umaidade média de 48,91 anos. A duração média dadoença foi de 10,31 anos. 73 % dos doentes tinhampatologia inflamatória e os restantes patologia de-generativa. Os doentes com patologia degenerati-va referiram maior intensidade da dor comparati-vamente com os doentes com patologia inflamató-ria, com significado estatístico (6,29 versus 5,24;p<0,05). Houve diferença estatisticamente signifi-cativa entre a intensidade da dor e o sexo (p<0,04).Não houve diferenças estatisticamente significati-vas entre a intensidade da dor e a residência, esco-laridade e situação laboral. Metade dos doentes en-contravam-se activos e a trabalhar. A dor foi carac-terizada como sendo intermitente (40 doentes) econtínua (18 doentes). Os fármacos mais utilizadospelos doentes foram os anti-inflamatórios não es-teróides (67 %) e o paracetamol (19%). Cerca demetade (50%) dos doentes refere controlo da dorpor um período superior a 6 horas com a medica-ção prescrita. 19% refere não ter tido qualquer alí-vio. A fisioterapia foi a opção terapêutica comple-mentar mais frequente (43%).Discussão: A intensidade da dor é elevada nosdoentes com doenças reumáticas sendo mais ele-vado nos doentes com patologia degenerativa. Nes-te grupo de doentes, a intensidade da dor não va-riou com a residência, escolaridade e situação pro-fissional. Os fármacos mais prescritos foram os AI-NEs e o paracetamol.

P18 – CARACTERIZAÇÃO CLÍNICO-TERAPÊUTICA DA

ARTRITE REUMATÓIDE EM PORTUGAL

Falcão S. 1, Nero P. 1, Soares M. 2, Félix J.2,

V. Ferreira2, Mourão A. F3, Araújo D4, Malcata A5,Coelho PC6, Barcelos A7, Braña A8, Bravo T9,Maurício L10, Melo R11, Santos RA12, Alvarenga F13,Tris MJ, Branco J.C.1 e Grupo de Estudo CURAR1. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental/Hospital Egas Moniz2. Exigo Consultores3. Hospital de Santa Maria4. Centro Hospitalar do Alto Minho5. Hospitais da Universidade de Coimbra6. Instituto Português de Reumatologia7. Hospital de Aveiro8. Hospital das Caldas da Rainha9. Hospital Militar nº210. Hospital de Ponta Delgada11. Hospital de Nossa Senhora da Assunção12. Hospital Militar Principal13. Hospital Distrital de Nossa Senhora da Graça eHospital Rainha Santa Isabel

O estudo Custos da Utilização de Recursos na Artri-te Reumatóide (CURAR) foi desenhado para carac-terizar a utilização de recursos em doentes com ar-trite reumatóide (AR), no contexto da prestação decuidados de saúde hospitalares em Portugal.Objectivos: Caracterização dos doentes com AR,da actividade da doença e do tratamento mais uti-lizado. Material e Métodos: Recolha de dados, pela apli-cação de inquérito standard, referentes à caracte-rização prosopográfica da população, índices deactividade da doença e caracterização de regimesterapêuticos, em várias unidades de saúde distri-buídas pelo país (norte, centro, Lisboa e Vale doTejo e região autónoma dos Açores), perfazendoum total de 237 doentes.Resultados: A população estudada tem uma idademédia de 53,85 anos, 80,34% dos doentes são dosexo feminino; 53,19% têm o ensino primário e45,30% estão reformados. O tempo médio desde odiagnóstico é de 9 anos, com média de idade à datado diagnóstico de 45,56 anos. 70,26% encontra-vam-se na classe funcional ACR I e II, verificámosuma média de 3,87 do DAS28 e 20,83% cumpriamcritérios de remissão da doença (EULAR e ARA). Amanifestação extra-articular mais frequente foi aanemia (12,7%), seguida dos nódulos reumatóides(11,0%) e da queratoconjuntivite seca (9,3%). Ocor-reram 6 casos (2,56%) de fracturas desde o diagnós-tico e 2 casos (0,85%) de infecções articulares. Fo-ram efectuados 65 tratamentos cirúrgicos desdediagnóstico e 30% realizaram tratamento fisiátricono último ano. 69,20% fizeram apenas um DMARD

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e 27,01% fizeram uma combinação de DMARDs.Em monoterapia o metotrexato (MTX) foi o fárma-co mais utilizado (63%) e, em politerapia, a associa-ção MTX+hidroxicloroquina (HCQ) foi a mais esco-lhida (30%). Nos doentes que iniciaram MTX como1º regime terapêutico e necessitaram iniciar um 2ºregime, preferencialmente, faziam medicaçãocombinada com MTX (47%): sulfassalazina (SSZ)(17%); HCQ (54%); outros (29%). O 3º regime insti-tuído, mais frequentemente, foi MTX+HCQ+SSZ. Conclusão: Na população portuguesa com AR háum elevado número de reformados, a maioria apre-senta índices de actividade moderada da doença eo DMARD mais utilizado é o MTX, em mono oupoliterapia, bem como nos vários regimes tera-pêuticos.

P19 – AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E FACTORES DE

RISCO CARDIOVASCULAR EM DOENTES COM ARTRITE

REUMATÓIDE

R. Fernandes2, C. Miguel1, F. Rosa2, L. Coelho1, A. Abreu2, A. Cardoso2, L. Miranda1, R. Leitão1, P. Coelho1, M. Silva1, H. Santos1, M. Parente1, M. Micaelo1, M. Mediavilla1, E. Simões1, H. Madeira1, C. Silva1, J. Saraiva Ribeiro1, D. Medeiros1, F. Barcelos1, M. Sousa1, C. Miguel1, S. Cortes1, L. Freire2, F. Pimentel1, V. Las1, J. Ferreira1, A. Neto1, J. Figueirinhas1, J. Vaz Patto1, F. Mesquita2 e A. Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: A Artrite Reumatóide (AR) é umadoença inflamatória que afecta sobretudo as arti-culações, de forma simétrica e progressiva, condi-cionando habitualmente dor, deformação e inca-pacidade funcional. Atinge, na Europa, cerca de0,5% da população, especialmente mulheres entrea quarta e a sexta décadas de vida. Está associadaa um aumento da mortalidade precoce, sobretudodevida a doenças cardiovasculares. Estas resultamnão apenas da AR, mas também de outros factoresde risco, como a obesidade, dislipidemia, hiperten-são arterial e Diabetes mellitus. Nos últimos anos,vários estudos têm tentado estabelecer uma rela-ção de causa-efeito entre a intervenção nutricionale a melhoria da situação inflamatória. Verifica-seem alguns estudos que, apesar da intervenção nadieta produzir apenas melhoria transitória da artri-te, parece reduzir a morbilidade cardiovascular. Objectivos: Caracterizar uma população de doen-

tes com AR quanto ao perfil antropométrico e pre-sença de factores de risco cardiovascular. Material e Métodos: Durante dois meses não con-secutivos foi aplicado um protocolo de avaliaçãoclínica a todos os doentes da consulta de Reuma-tologia do Instituto Português de Reumatologia. Osdiagnósticos reumatológico e não-reumatológicoforam preenchidos pelo médico reumatologista as-sistente.

Foram avaliados pela equipa de Nutrição, o Ín-dice de Massa Corporal (IMC), os Perímetros daCintura e da Anca e a Relação Cintura/Anca, Mas-sa Gorda abdominal, Massa Livre de Gordura eMassa de Água Corporal (TBW). Foram ainda de-terminados o número de doentes com Diabetes,Hipercolesterolemia e Hipertensão arterial.Resultados: Foram observados 597 doentes comAR, dos quais 502 (84,1%) eram do sexo feminino e95 (15,9%) do sexo masculino, com uma idade mé-dia de 60,5 ± 12,6 anos [23-86]. Apresentavam umIMC médio de 27,7 ± 4,8 Kg/m2. Obteve-se umamédia de 36,5% de Massa Gorda abdominal e de45,4Kg de Massa Livre de Gordura. Do sexo femi-nino, 93% dos doentes apresentavam um TBW in-ferior ao desejável (50-60%), sendo que 67,4% dosdoentes do sexo masculino apresentava tambémum conteúdo em água inferior ao desejável (60--70%). Relativamente ao IMC, a maioria dos doen-tes avaliados encontravam-se com Excesso de Peso(43,2%). Cerca de 28,1% apresentava Peso Normale 19,6% tinha Obesidade Grau I. Quanto aos facto-res de risco cardiovascular, 69,5% dos doentes apre-sentava sobrecarga ponderal, 30,3% tinha HTA,17,2% tinham hipercolesterolemia e 8% eram dia-béticos. Dos 95 homens, 71 apresentavam uma Re-lação Cintura/Anca superior a 0,90 e 52 um Períme-tro da Cintura superior a 94cm. Das 502 mulheres,424 apresentavam Relação Cintura/Anca superiora 0,80 e 398 tinham um Perímetro da Cintura supe-rior a 80cm.Conclusão: Em relação à população portuguesaglobal, a população de doentes com AR estudadaapresenta um maior índice de excesso de peso(43,2% vs 15%), obesidade (27,4% vs 14%) e Diabe-tes (8% vs 4%). Embora tenha sido encontrada me-nor prevalência de HTA (30,3% vs 44%) e hiperco-lesterolemia (17,2% vs 60%) nos doentes com AR,comparativamente à população portuguesa, estadiferença pode ser consequência de sub-diagnós-tico. Para se poder tirar conclusões reais exactas se-ria importante obter uma população padrão sau-dável. Cerca de 70% dos doentes estudados têm so-

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brecarga ponderal, pelo que uma intervenção nu-tricional poderá ser útil, quer na redução ponderal,quer relativamente a outros factores de risco (dis-lipidemias, Diabetes, HTA, etc). Estes resultadospermitem supor que a população de doentes comAR tem um risco de doença cardiovascular superiorao da população portuguesa em geral.

P20 – AVALIAÇÃO DA FADIGA EM DOENTES COM ARTRITE

REUMATÓIDE SOB TERAPÊUTICA ANTI-TNFαRicardo Ornelas Figueira, Manuela Costa, M.V. QueirozServiço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicasdo Hospital Santa Maria

Objectivo: A fadiga é um importante parâmetro deavaliação clínica da actividade e resposta à tera-pêutica em doentes com Artrite Reumatóide (AR)e, recentemente, foi também descrito como o me-lhor item de avaliação de qualidade de vida nestesdoentes.

Alguns estudos sugerem que a terapêutica anti--TNFα está associada à melhoria da fadiga mas sãoainda insuficientes os dados que suportam estaobservação.Métodos: Foi avaliada a fadiga através da escala vi-sual analógica em 23 doentes com AR antes do iní-cio da terapêutica e após 6 meses. Estes doentesapresentavam tempos de evolução da doença va-riáveis, cumpriam os critérios GEAR-SPR para iní-cio de terapêutica com agentes biológicos e eramseguidos no Hospital de Dia do Serviço de Reuma-tologia e Doenças Ósseas Metabólicas do HospitalSanta Maria. Resultados: Dos 23 doentes observados, 18(78,26%) eram do sexo feminino e 5 (21,73%) dosexo masculino, com uma média de idades de58,22 anos e de 50,6 anos, respectivamente. Esta-vam medicados com Infliximab 15 doentes(65,21%), 80% do sexo feminino e 20% do sexomasculino e com Etanercept 8 doentes (34,78%),75% do sexo feminino e 25% do sexo masculino.

Do total dos doentes, verificou-se melhoria dafadiga em 14 doentes (60,8%), agravamento em 8(34,78%) e num doente não se observou qualqueralteração. Nos doentes sob terapêutica com Infli-ximab observou-se melhoria em 53,33 %, agrava-mento em 40% e num doente não se verificou qual-quer alteração.Nos doentes sob terapêutica comEtanercept observou-se melhoria da fadiga em 75%dos doentes e agravamento em 25%.

Conclusão: Observou-se melhoria da fadiga, ava-liada por escala visual analógica nesta populaçãode doentes com AR sob terapêutica anti-TNFα eeste facto parece ser independente da terapêuticautilizada.

Continuam a ser necessários mais estudos en-volvendo amostras maiores e períodos de avaliaçãomais prolongados e eventualmente com recurso aoutras escalas de avaliação da fadiga.

P21 – ANÁLISE DE LÍQUIDOS SINOVIAIS NA UNIDADE DE

REUMATOLOGIA DO HOSPITAL CENTRAL DO FUNCHAL

Ricardo Ornelas Figueira, Herberto Jesus, Alberto Quintal.Unidade de Reumatologia, Departamento do AparelhoLocomotor, Hospital Central do Funchal

Introdução: A análise microscópica do líquido si-novial é um importante teste complementar naavaliação do doente com patologia articular. É usa-do na Unidade de Reumatologia do Hospital Cen-tral do Funchal desde 2001 e tem permitido esta-belecer um diagnóstico específico em grande nú-mero de casos e noutros, tem contribuído para odiagnóstico diferencial e orientação terapêutica.Os autores apresentaram em 2003 a sua experiên-cia com esta técnica desde que está disponível nasua Unidade. Objectivo: Apresentar a sua experiência na obser-vação microscópica de líquidos sinoviais duranteo biénio 2004-2005 e mostrar a influência deste tes-te na abordagem do doente com patologia reuma-tológica.Método: Análise retrospectiva dos resultados daobservação do líquido sinovial efectuada a 35 doen-tes referenciados a esta Unidade, utilizando paraesse efeito, um microscópico de polarização (NikonE400 Pol®).

Para colheita e confirmação de dados foramtambém consultados os processos clínicos dosdoentes.Resultados: O sexo masculino (57,1%) e o grupoetário 50-59 anos (28,6%) foram os mais pre-valentes. Verificámos que a análise do líquido si-novial confirmou o diagnóstico inicial em 6 doen-tes (17,1%), alterou-o em 17 (48,6%) e foi inconclu-siva em 12 (34,3%). Observámos cristais de pirofos-fato de cálcio em 10 casos (28,6%), cristais demonourato de sódio em 8 (22,8%), cristais inespe-cificos em 7 (20%), cristais de corticoesteróides em2 (5,7%) e cristais de hidroxiapatite num caso

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(2,8%). A análise do líquido foi negativa em 7 ca-sos (20%).Conclusões: A análise do líquido sinovial efectua-da na nossa Unidade, provou uma vez mais, ser umteste útil na avaliação do doente reumatológico. Osautores salientam a elevada percentagem de casosem que este teste alterou o diagnóstico inicial.

P22 – CRITÉRIOS DE RESPOSTA À TERAPÊUTICA

ANTI-TNFα NA ESPONDILITE ANQUILOSANTE

S. Garcês, A. R. Cravo, F. Vinagre, M. J. Santos, J. Canas da SilvaServiço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta

De acordo com os Consensos da Sociedade Portu-guesa de Reumatologia (SPR) sobre a utilização deantagonistas do TNF-α na terapêutica da espondi-lite anquilosante são considerados critérios de res-posta a redução no Bath Ankylosing Spondylitis Ac-tivity Index (BASDAI) ≥ a 50% relativamente ao va-lor inicial ou uma melhoria ≥ a 20% do inicial em 3dos parâmetros sem agravamento superior a 20%no quarto parâmetro do score de resposta ASAS.Não está no entanto claro se estas duas formas deavaliação são equivalentes. Objectivo: Avaliar a resposta à terapêutica com in-fliximab ou etanercept em doentes com diagnósti-co de EA utilizando o critério BASDAI e o critério oASAS. Verificar a percentagem de doentes res-pondedores segundo cada um dos métodos e ava-liar a concordância entre estes dois métodos deavaliação.Métodos: Incluímos 25 doentes com EA sob te-rapêutica com agentes anti-TNFα há pelo menos48 semanas, avaliados segundo um mesmoprotocolo. O BASDAI, o Bath Ankylosing Spon-dylitis Functionality Index (BASFI), a escala visualanalógica (EVA) de dor, a avaliação global dadoença pelo doente e a rigidez foram compara-dos na semana 0, 24 e 48. Avaliámos a percenta-gem de respondedores e a correlação entre as res-postas utilizando os critérios BASDAI 50, ASAS20e ASAS40.Resultados: Do total de doentes, 18 eram do sexomasculino e 7 do sexo feminino, tinham uma idademédia de 38,68±10,03 anos e uma duração médiada doença de 13,92±8,14 anos. Dos doentesincluídos 21 estavam sob tratamento com infli-ximab e 4 sob tratamento com etanercept. As va-riáveis avaliadas apresentavam os seguintes va-lores:

A proporção de doentes com resposta utlizandoo critério BASDAI 50 ou ASAS 20 é sobreponível.Utilizando o critério ASAS40 a proporção de res-pondedores é significativamente menor.Conclusões: Os dois métodos de avaliação da res-posta à terapêutica antiTNF-α preconizados pelosconsensos da SPR mostraram ser equivalentes naprática clínica, sendo que o critério BASDAI 50 éuma forma mais simples de avaliação.

P23 – DERMATOMIOSITE – CASUÍSTICA DE UM SERVIÇO

DE REUMATOLOGIA

J. Garcia, P. Monteiro, M. J. Saavedra, I. Cunha, M. J. Salvador, M. Alexandre, L. Inês, J. A. Pereira da Silva, J Silva, A. MalcataServiço de ReumatologiaHospitais da Universidade de Coimbra

Introdução: A dermatomiosite é uma doença sis-témica de etiologia desconhecida, cuja principalmanifestação clínica é a fraqueza muscular proxi-mal associada a alterações cutâneas, algumas dasquais patognomónicas.Material e Métodos: Os autores estudaram, re-trospectivamente, os processos clínicos de doentesinternados no Serviço de Reumatologia, com o di-agnóstico de alta com Dermatomiosite, entre Ja-neiro de 1996 e Dezembro de 2005. Foram analisa-dos os dados epidemiológicos, intervalo diagnós-tico, manifestações clínicas iniciais, alterações la-boratoriais, electromiografia, capilaroscopia,biópsias e terapêuticas realizadas, e as complica-ções observadas.Resultados: Identificaram-se 11 doentes, 9 do sexofeminino (82%) e 2 do sexo masculino (8%), comuma média de idades de 50 anos e um tempo mé-dio até ao diagnóstico de 20 meses. 10 doentes fo-ram classificados como Dermatomiosite Idiopáti-ca Primária e um doente apresentou Dermatomio-site associada a LES. As principais manifestações

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Média Inicial Semana24 Semana48BASDAI 58,38±19,87 27,26±20,24 28,80±22,11BASFI 49,90±25,88 26,60±18,78 28,23±18,37DOR 58,80±20,55 29,44±24,80 31,30±25,22RIGIDEZ 65,43±25,06 26,42±21,53 27,17±23,37AV GLOBAL 60,90±29,17 31,02±23,94 32,69±24,02BASDAI50 – 52% 50%ASAS20 – 56,52% 50%ASAS40 – 34,78% 45,45%

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clínicas observadas foram: rash periungueal (73%),fraqueza muscular proximal (64%), rash malar(64%), rash heliotrópico (45%), fenómeno de Ray-naud (45%) e o emagrecimento (45%). Laborato-rialmente, verificou-se elevação da creatininafos-foquinase (50%), aldolase (67%), aminotransfera-ses (54%) e da LDH (100%). Os anticorpos anti-nu-cleares foram positivos em 54% dos casos. Acapilaroscopia realizou-se em 54%, com alteraçõesem 50%. A Electromiografia foi efectuada em todosos casos, tendo alterações em 54%. 90% dos doen-tes foram submetidos a biópsia muscular e 54% abiópsia cutânea sendo diagnósticas em 80% e 50%,respectivamente.

Os doentes realizaram terapêutica com corticos-teróides (82%), imunoglobulina endovenosa (45%),azatioprina (45%), metotrexato (36%) e hidroxiclo-roquina (18%), durante um intervalo médio de se-guimento de 50 meses. As principais complicaçõesregistadas foram de causa infecciosa em 27% doscasos.Conclusões: Registou-se um franco predomínio dosexo feminino e dos casos idiopáticos primários,não se tendo identificado nenhuma síndromepara-neoplásica.

P24 – HEPATITE AUTO-IMUNE E LÚPUS ERITEMATOSO

SISTÉMICO; CASO CLÍNICO

Florbela Gonçalves, Madalena Santos, Anabela Barcelos, Jorge CrespoDepartamento de Medicina e Unidade de Reumatologia Hospital Infante Dom Pedro,Aveiro

O envolvimento hepático nos doentes com lúpuseritematoso sistémico é relativamente raro. As ori-gens virusal, tóxica ou metabólica são as causasmais comuns de elevação das enzimas hepáticasséricas nestes doentes. Contudo, após a exclusãodestas etiologias, torna-se por vezes difícil fazer odiagnóstico diferencial entre manifestações hepá-ticas do lúpus e aquelas causadas por uma doençaprimária do fígado como é o caso da hepatite auto--imune. Mais raro é, ainda, o aparecimento simul-tâneo das duas entidades clínicas auto-imunes.

Os autores apresentam o caso de uma jovem de16 anos de idade que recorre a uma consulta mé-dica por aftose oral e poliartralgias. Os anticorposanti-nucleares (ANA) foram positivos, assim comoos anti-dsDNA, pelo que a doente foi diagnostica-da como tendo lúpus. Simultaneamente, verificou--se um aumento progressivo da aspartato amino-

transferase (TGO), da alanina aminotransferase(TGP), da fosfatase alcalina (FA) e da GGT, pelo quefoi sujeita a biópsia hepática que revelou necroseextensa dos hepatócitos com infiltração linfo-plas-mocitária portal severa, aspectos compatíveis comhepatite auto-imune. Os anticorpos anti-músculoliso foram positivos, reiterando o diagnóstico. Adoente iniciou um esquema terapêutico de predni-solona (30 mg/dia) e de azatioprina (50 mg/dia)com melhoria clínico-laboratorial. Encontra-se aser seguida em Consulta Externa, estando até aomomento assintomática.

P25 – A IMPORTÂNCIA RELATIVA DO DAS 28 NA

ARTRITE REUMATÓIDE

Herberto Jesus1, Idalina Candelária2, Cristina Martins3, Alberto Quintal1

1. Unidade de Reumatologia2. Consulta Externa3. Centro Dr. Agostinho CardosoHospital Central do Funchal, Serviço Regional de SaúdeE.P.E.

Introdução: A SPR/GEAR aconselha a monitoriza-ção da Artrite Reumatóide (AR) com avaliações pe-riódicas do DAS 28. Este score foi desenvolvido porVan Riel com o intuito de avaliar de forma mais ri-gorosa a actividade da doença na AR.Objectivo: Determinar a relevância dos váriosconstituintes do DAS 284v/3v e sua relação com o«estado clínico».Material e Métodos: Estudo prospectivo de 9 doen-tes de sexo feminino com AR seguidos na Consul-ta de Terapêuticas Biológicas do Hospital Centraldo Funchal nos últimos 3 anos. A média das idadesfoi 51 anos (29-60) e a média da duração da tera-pêutica biológica foi 2,4 anos (1-4). A avaliação daactividade da doença era efectuada através do DAS284v.Resultados: A aplicação da análise de regressão ànossa amostra permitiu a estimação de vários mo-delos tendo como variável explicada (Y) o DAS284v/3v. Destes o que apresentava o coeficiente dedeterminação mais elevado (97%) era o modelo quetinha como variáveis explicativas a dor articular, aartrite, a velocidade de sedimentação e o EVA doen-ça. Destas variáveis apenas a dor articular apresen-tava um p=0,02 (estatisticamente significativo). Omodelo estimado para explicar o EVA doença atra-vés das variáveis artrite e VS apresentava um coe-ficiente de determinação muito baixo (59%).

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Conclusões: Apesar de insuficiente o DAS 284v con-tinua a ser o «gold standard» da avaliação na AR. ODAS 28 depende estatisticamente do valor da dorarticular, este facto poderá fornecer avaliações in-correctas acerca do «verdadeiro estado clínico». Aanálise do número de articulações edemaciadas eda velocidade de sedimentação deverão ser consi-deradas como factor complementar e correctivodesta “deficiência» do DAS 284v.

P26 – AVALIAÇÃO DA REPERCUSSÃO DO INFLIXIMAB EM

DIFERENTES ACTIVIDADES DE VIDA DIÁRIAS, EM

DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE E ESPONDILITE

ANQUILOSANTE, AMBIENTE DE HOSPITAL DE DIA

Maria dos Anjos Jesus1, Rosa Branca dos Santos Pinheiro2

1. Enfermeira Chefe do Serviço de Medicina do Hospitalde S. Sebastião2. Enfermeira Graduada e Responsável do Hospital deDia do Serviço de Medicina do Hospital de S. Sebastião

Com a elaboração deste trabalho, pretendemosapresentar a melhoria da qualidade de vida dodoente, com Artrite Reumatóide e Espondilite An-quilosante submetido ao tratamento de Infliximab,em regime de Hospital de Dia. Recorremos à expo-sição de um poster para melhor ilustrar as (re)con-quistas dos doentes na realização de algumas Ac-tividades de Vida Diárias antes e depois de seremde submetidos ao Infliximab em regime de manu-tenção. A análise efectuada, consiste na traduçãoda aplicação de questionários telefónicos duranteo mês de Janeiro/Fevereiro de 2006.(Não tem emconta o tempo de evolução da patologia que o mes-mo padece).

São doentes seguidos na Consulta de Reumato-logia do Hospital de S. Sebastião onde, o doente éo centro dos cuidados e filosofia preconizada namissão do Hospital.

Devido às características inerentes às diversaspatologias e formas terapêuticas, aliando-se a hu-manização dos cuidados e rentabilização de custos,houve a necessidade de criar um sector, de atendi-mento com carácter programado, de modo a garan-tir a segurança e o bem estar dos doentes. Aqui, oenfermeiro tem um papel crucial, uma vez que é oresponsável pelas boas práticas na preparação eadministração da terapêutica em questão.

É, a ele também, que os doentes relatam a maio-ria das diferenças sentidas no seu dia-a-dia. A suacompetência passa também por um conjunto de

acções junto da equipa médica de referência ououtro elemento da equipa multidisciplinar de for-ma a assegurar a continuidade dos cuidados de en-fermagem e o envolvimento da familia.

P27 – AVALIAÇÃO DE QUALIDADE AOS PROCESSOS

CLINICOS DOS DOENTES COM ESCLEROSE SISTÉMICA

NUMA CONSULTA DE REUMATOLOGIA

M. Mateus, A.C. Alves de Matos, J.C. BrancoServiço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE (Hospital Egas Moniz)

Objectivos: A esclerose sistémica (SS) é uma doen-ça multisistémica do tecido conjuntivo, em que agrande diversidade de manifestações ao longo dasua evolução constitui um desafio à boa práticamédica. Em 2003 foram publicadas as variáveis clí-nicas, os métodos e os procedimentos que se de-veriam utilizar para a avaliação dos doentes comesclerose sistémica. Os autores pretenderam assimavaliar segundo estes padrões a actual prática mé-dica relativa a estes doentes praticada no seu Ser-viço, com o objectivo final de uniformizar poste-riormente esta avaliação na clínica diária.Métodos: Foi elaborado um protocolo de auditoriapara os doentes com o diagnóstico de esclerose sis-témica seguidos em consulta externa de reumato-logia, em que se avaliou, apenas com base na in-formação fornecida pelos processos clínicos, a ida-de, o sexo, o tempo de duração da doença, a obser-vância dos critérios de classificação da SS do ACR,major e minor, a sub-classificação em cutâneo-di-fusa ou cutâneo-localizada, a presença dos AAN,Anti-centrómero ou Anti-SCL70, o índice cutâneode Rodnan modificado, o índice de actividade dadoença, o índice de gravidade por órgão e a reali-zação anterior de capilaroscopia.Resultados: Dos 16 doentes (15 do sexo feminino)seguidos em consulta, não foi possível apurar otempo de duração da doença em 2 deles. Em 13,3%(2) dos doentes não existiam dados para determi-nar os critérios major de classificação, e nos crité-rios minor verificou-se inexistência de informaçãorelativa a esclerodactilia, cicatrizes/úlceras digitais,fibrose pulmonar, respectivamente em 6,3%,21,,4% e 25%. Um total de 13 doentes foi classifica-do pelos autores como SS cutâneo-localizada, 11dos quais tinham sido inicialmente diagnosticadoscomo CREST. Destes, 5 doentes não cumpriam oscritérios de classificação do ACR, tendo o diagnós-tico sido baseado na presença de Ac.Anti-centró-

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mero, fenómeno de Raynaud e capilaroscopia. Ape-nas em 50% dos doentes foi realizado o índice cu-tâneo de Rodnan, e o DAS28 não foi realizado emqualquer dos doentes com artrite. O índice de ac-tividade da doença só foi possível determinar em 7doentes, e o índice de gravidade por órgão não foipossível determinar para os sistemas vascular pe-riférico, pele, articular, músculo, tracto GI, pulmãoe coração em 31%, 50%, 50%, 18,8%, 37,5%, 25%,25% dos doentes, respectivamente. Só 4 doentesrealizaram capilaroscopia, que foram compatíveiscom um padrão de SS.Discussão: Verificou-se que a avaliação dos doen-tes com SS não era efectuada de modo uniformeentre os reumatologistas, e mesmo em consultasconsecutivas do mesmo doente com o seu médicoexistia falha na metodologia. Os resultados destaauditoria revelaram a necessidade de instituir umprotocolo de avaliação já elaborado, com métodose procedimentos validados e publicados por umaequipa de especialistas internacionais, com oobjectivo de melhorar a prática médica.

P28 – ALTERAÇÕES CLIMATÉRICAS, DOENÇA E DOR:A PERCEPÇÃO DOS DOENTES COM AR E OAL Miranda1, M Parente1, J Saraiva Ribeiro1, S Cortes1, M Mediavilla1, C Silva1, D Medeiros1, F. Barcelos1, M Sousa1, C Miguel1, P Coelho1, J Vaz Patto1, H Santos1, E Simões1, M Silva1, H Madeira1, J Ferreira1, R Leitão1, M Micaelo1, V Las1, A Faustino1, R Figueiredo1, J Figueirinhas1, A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Introdução: A dor é uma experiência sensorialcomplexa que se relaciona com várias dimensõesdum indivíduo: física, psicológica, social entreoutras. Da nossa prática clínica diária os doentesreferem alteração da dor e da actividade da doen-ça com alterações climáticas. Da literatura temosque a maior parte dos doentes refere alterações dasua doença com as alterações climatéricas sendo atemperatura baixa e a húmidade as situações quemais influenciam a dor em doentes crónicos. Objectivos: Correlacionar a percepção de dor e ri-gidez sentidas e as alterações climatéricas numapopulação de doentes com AR e OA.Material e Métodos: Este estudo decorreu no Ins-tituto Português de Reumatologia (IPR), tendo sidoobservados todos os doentes que recorreram à con-sulta externa de reumatologia, durante cerca de 1

mês. Foi aplicado um protocolo de avaliação dapercepção dos doentes relativamente à relação en-tre a dor, doença e rigidez e as alterações climaté-ricas de auto-preenchimento, com o diagnósticoreumatológico, preenchido pelo médico reumato-logista assistente.Resultados: Seleccionaram-se 214 doentes com AR(172 mulheres e 42 homens) e 280 (249 mulheres e31 homens) com OA.

A maioria dos doentes acredita que a sua doen-ça é influenciada pelo tempo 50% dos doentes (en-tre o percentil 25 e 75) acredita que influencia pou-co, alguma coisa ou bastante. Se compararmos ogrupo de doentes com OA e o grupo com AR, apre-senta uma diferença significativa, com a medianana resposta 3 (Alguma coisa Influenciada) para a ARe na resposta 4 (Bastante Influenciada) para a OA.A convicção de que a doença é influenciada pelotempo é mais expressiva na OA (p=0,007 por qui-quadrado).Não existe diferença entre estes 2 gru-pos em relação ao tempo seco (em que a respostamediana é a 3- Ficam na mesma), tempo húmido(em que a resposta mediana é a 2 - Ficam piores),temperaturas altas (em que a mediana é a respos-ta 3 - Ficam na mesma). Apesar de a resposta me-diana da influencia de temperaturas baixas ser ape-nas de 2 (Ficam piores), a convicção de que as tem-peraturas baixas influenciam a doença é mais signi-ficativa na AR (p=0,001). A influencia da chuvaapresenta resposta mediana 3 (Ficam na mesma),sem diferença significativa entre ambos os grupos.A análise dos meses piores para a doença revela di-ferenças significativas entre as duas patologias nosmeses de Fevereiro(p=0,02), Março(p=0,03), Outu-bro(p=0,008), Novembro(p=0,044) e Dezembro(p=0,017), em que maior percentagem de doentescom OA sente agravamento de sintomatologia, emrelação aos doentes com AR. A influência do tem-po na rigidez matinal não apresenta diferenças nasduas populações, nem o tempo quente, seco, hú-mido ou chuvoso (cuja influencia não parece sig-nificativa na maioria dos doentes).Conclusão: Os resultados apresentados vêm con-firmar que em ambas as doenças (AR e OA) pareceexistir uma alteração da percepção da dor e dadoença com as alterações climatéricas. Esta é maiorna OA em comparação à AR sendo que o tempohúmido e as temperaturas baixas são, tal como naliteratura, parecem ser os factores que mais in-fluenciam ambas as doenças sendo que as tempe-raturas baixas parecem influenciar ainda mais osdoentes com AR.

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P29 – ASSOCIAÇÃO ENTRE PRESENÇA DE FACTORES

REUMATÓIDES NO SORO E RESPOSTA À TERAPÊUTICA

BIOLÓGICA EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE.Ana Filipa Mourão1, F. Pimentel dos Santos1,3, Walter Castelão1, Patrícia Nero1, Rita Barros1, Sandra Falcão1, João Eurico Fonseca2, Manuela Parente3, A. Alves de Matos1, Jaime Branco1.1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental (CHLO), Hospital Egas Moniz, EPE,Lisboa2. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Maria,EPE, Lisboa3. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa

Objectivo: Analisar em que medida a presença defactores reumatóides (FR) no soro dos doentes comArtrite reumatóide (AR) influencia a resposta obti-da com os diferentes agentes biotecnológicos, no-meadamente infliximab, adalimumab e etanercept.Material e Métodos: Neste estudo recrutaram-sede forma consecutiva os doentes seguidos na Con-sulta Externa do Serviço de Reumatologia do CHLO,Hospital de Egas Moniz, com o diagnóstico de AR,medicados com agentes biotecnológicos. Foi apli-cado, de forma transversal, um protocolo que per-mitia a avaliação de dados demográficos, clínicos(contagem do número de articulações dolorosas etumefactas, escala visual analógica da avaliação daactividade da doença pelo doente) e laboratoriais,que permitiam calcular o DAS 28. Registaram-seainda as terapêuticas concomitantes e a presen-ça/ausência de FR no soro.Resultados: Dos 57 doentes avaliados, 52 eram dosexo feminino, e, o tempo médio de duração de te-rapêutica biológica foi de 30,9 ± 15,9 meses. Vintee quatro doentes estavam medicados com inflixi-mab, 17 com adalimumab e 16 com etanercept.Quarenta e dois doentes tinham FR detectáveis nosoro (grupo FR+) e 15 não tinham (grupo FR-) Nogrupo com FR positivos, a variação do DAS 28 (DAS28 actual – DAS 28 inicial) foi de 1,76 ± 1,53 vs 1,04± 1,76 no grupo FR - (p=0,066). O tempo médio deduração de terapêutica biológica foi semelhantenos dois grupos (31,9 ± 15,9 vs 29,5 ± 16,16 meses).Trinta e um doentes faziam medicação concomi-tante com metotrexato (dose média: 14,7 mg) nogrupo FR+ vs 10 (dose média: 13 mg) no grupo FR-e 31 doentes eram medicados com prednisona(dose média: 6,5 mg) no grupo FR+ vs 15 (dose mé-dia: 6,3 mg) no grupo FR-.Conclusões: Estes resultados sugerem que o grupo

de doentes com FR detectáveis no soro, apresenta-ram uma tendência para uma melhor resposta aosagentes biotecnológicos, embora a diferença nãoseja estatisticamente significativa. Apesar de ne-cessitarem de confirmação com uma amostra demaiores dimensões, estes resultados sugerem queos FR possam ser um indicador de melhor respos-ta à terapêutica com bloqueadores do TNFα, sus-tentando outros estudos publicados.

P30 – ARTRITE REUMATÓIDE E LINFOMA:O ELO DO RITUXIMAB COM A REUMATOLOGIA

P. Nero, J.E. Fonseca, A. Alves de Matos, J.C. BrancoServiço de Reumatologia, Hospital de Egas Moniz, EPE

Introdução: A terapêutica com rituximab, um an-ticorpo monoclonal quimérico anti CD20, depletorde linfócitos B, tem uma larga experiência de utili-zação nos linfomas. Na Artrite Reumatóide (AR),particularmente nas formas mais graves e commaior tempo de evolução existe um aumento da in-cidência de linfomas, tendo sido essa coincidênciade patologias que expôs os primeiros doentes comAR ao rituximab. Esta terapêutica não está aindaaprovada na AR e o nosso país não participou en-saios clínicos com este fármaco. Parece-nos porisso relevante reportar a nossa experiência de usodo rituximab em 2 doentes com AR e linfoma. Casos clínicos: Caso clínico 1: doente do sexo mas-culino, 60 anos, AR com factores reumatóides (FR)detectáveis no soro e erosiva, com 20 anos de evo-lução. Tinha feito anteriormente terapêutica comsulfassalazina (SLZ) que interrompeu por trombo-citopenia, metotrexato (MTX) que foi ineficaz, as-sociação de MTX com hidroxicloroquina (HQ) queinterrompeu por retinopatia e a associação MTX eSLZ que também não foi eficaz no controlo da ac-tividade da doença. Em Janeiro de 2005 iniciou qua-dro de dor nos quadrantes superiores do abdómencom perda ponderal acentuada, sem febre. Reali-zou tomografia axial computorizada toraco-abdo-mino-pélvica que mostrou várias adenopatias to-rácicas, mediastínicas e abdominais e uma massaepigástrica que se biopsou. O exame histológicoconfirmou um linfoma não-Hodgkin difuso degrandes células, CD20+, em estadio IV B. O mielo-grama e a biópsia óssea foram normais. Realizou 8ciclos de terapêutica combinada de rituximab comCHOP, entre 2.02.2005 e 5.07.2005, estando a doen-

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ça hematológica em remissão e tendo-se registadouma melhoria clínica muito significativa da AR.

Caso clínico 2: doente do sexo feminino, 75 anos,AR com 10 anos de evolução, sem factores reuma-tóides detectáveis no soro, erosiva e com amiloido-se secundária. Tinha feito anteriormente terapêu-tica com sais de ouro que interrompeu por diarreia,MTX em monoterapia e posteriormente em tera-pêutica combinada com SLZ e HQ, que foram ine-ficazes. Em Abril de 2002 iniciou anakinra, com li-geira melhoria clínica que suspendeu no final deSetembro por aparecimento de massa na face an-tero-interna da coxa esquerda, eritematosa e deconsistência dura, cuja biópsia revelou tratar-se deum linfoma de células B, CD20+. Em Fevereiro de2003 fez tratamento com rituximab, apresentandoinicialmente um DAS28 de 7,05, que melhorou pro-gressivamente após o tratamento, embora man-tendo sempre valores entre 5 e 6. Por recidiva do lin-foma repetiu o tratamento com rituximab em Ju-nho de 2004, desta vez com uma resposta mais fa-vorável, com um DAS de 4,05, 2 meses depois.Actualmente o linfoma encontra-se em remissão,mas mantem actividade da AR, embora esteja ape-nas medicada com prednisona.Discussão: Estes casos clínicos alertam-nos paraas apresentações pleomórficas dos linfomas na ARe para a necessidade desta hipótese diagnostica serpensada perante manifestações atípicas da doen-ça. Por outro lado constituíram uma oportunidadede testemunhar a resposta da AR ao rituximab, que,de acordo com o que tem sido sugerido, foi maisevidente no doente que apresentava FR.

P31 – DISLIPIDÉMIA NAS MULHERES EM

PÓS-MENOPAUSA COM OSTEOPOROSE

Neves JS, Dinis da Costa AT, Coelho AM, Pauleta J e Pereira Coelho AMServiço de Obstetrícia e Ginecologia – HS Maria LisboaClínica Universitária de Obstetrícia e Ginecologia – FMde Lisboa

Introdução: Alguns estudos clínicos mostram a as-sociação da osteoporose, aterosclerose e mortali-dade cardiovascular. Apesar de valores séricos ele-vados de LDL e valores reduzidos de HDL consti-tuírem factores de risco cardiovascular ainda nãoestá bem estabelecida a sua relação com a patogé-nese da osteoporose. Pretendemos neste estudoavaliar o perfil lipídico nas mulheres em pós-me-nopausa com diagnóstico simultâneo de dislipidé-

mia e osteoporose.População e métodos: Estudamos 26 mulheres empós-menopausa com o diagnóstico de osteoporo-se e dislipidémia. O diagnóstico de osteoporose foirealizado mediante os critérios internacionalmen-te aceites e baseado na avaliação da DMO porDEXA. O diagnóstico da dislipidémia foi baseadonas recomendações da NCEP-ATP III. Foram regis-tados parâmetros como idade, menarca, menopau-sa, idade reprodutiva, valor da DMO, t score e z sco-re (basal), valores séricos do colesterol total (CT),triglicerideos (TG), HDL e LDL colesterol (mg/dL)e ainda da ApoB (g/L). Os resultados estão repre-sentados em valores de média±desvio-padrão.Resultados: Os dados epidemiológicos globais são os seguintes: idade 62.8±6.91, menarca13.6±1.29, menopausa 48.8±4.88 e idade reprodu-tiva 35.2±4.86 anos e índice de massa corporal de27.2±4.08 Kg/m2. Os valores da DMO são os seguin-tes: valores basais - Coluna lombar 0.812±0.103g/cm2 (t score médio de –2.7 e z score médio de –1.1)e Colo do fémur 0.727±0.13 g/cm2 (t score médio de–1.9 e z score médio de –0.5). Perfil lipidico: CT248.8±42.2, TG 130.8±63.1, HDL 64.4±21.1, LDL154.2±30 mg/dL e ApoB 1.25±0.21g/L.Conclusões: Nesta população de mulheres pós--menopausa com osteoporose e dislipidémia cons-tatámos a existência de valores do perfil lipidico su-periores aos limites recomendados pela NCEP-ATPIII (normalidade CT até 189, TG até 77 e LDL até108mg/dL); o que corrobora com as observações járealizadas da relação entre a diminuição da massaóssea com alterações anormais dos lípidos séricos.

P32 – ARTROPATIA SERONEGATIVA COMO APRESENTAÇÃO

DE ADENOCARCINOMA GÁSTRICO

P. Pereira, R. Pinho, M. Alves, P. ValenteServiço de Medicina Interna Hospital de São Sebastião – Feira

A apresentação de poliartrite seronegativa comomanifestação inicial de neoplasia é muito rara. Osdoentes que a apresentam são geralmente mais ve-lhos, têm artrite assimétrica e um início explosivo.

Os AA apresentam o caso de uma doente de 59anos com antecedentes de Diabetes Mellitus insu-lino tratada, anemia ferripriva e osteoporose. Ini-ciou queixas de poliartrite simétrica aditiva, sero-negativa e emagrecimento. Apresentou isquemiados dedos do membro inferior direito, tendo efec-tuado amputação parcial do pé direito, cuja anato-

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mia patológica revelou vasculite inespecífica. Diag-nosticou-se adenocarcinoma gástrico estadioavançado, tendo ainda efectuado 4 ciclos de qui-mioterapia, vindo a falecer 6 meses após o início daprimeira manifestação (poliartrite).

Os AA propõe o caso pela forma invulgar de apre-sentação.

P33 – CERVICO-BRAQUIALGIA REVELADORA DE UMA

NEOPLASIA OCULTA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

S. Pimenta1, A. Castanheira-Vale2, I. Brito1, J. Barroso3, J. Pinto1, J. Brito1, A. C. Saraiva2, F. Simões-Ventura1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital São João, Porto2. Serviço de Cirurgia A, Hospital São João, Porto3. Serviço de Medicina Física e Reabilitação, Hospital SãoJoão, Porto

As cervico-braquialgias (CB) são, na maioria doscasos, resultantes de alterações mecânicas da co-luna cervical. Mais raramente podem estar em cau-sa formas secundárias, como processos infeccio-sos, tumorais primários ou metastáticos.

Trata-se de um doente de 49 anos, hipertenso,fumador (20 cig/dia), que iniciou de forma insidio-sa, um mês antes do internamento, uma cervico-braquialgia à esquerda, com hipostesia da regiãocubital. Não apresentava alterações do estado ge-ral, febre ou manifestações extra-raquidianas. Dadaa má resposta ao tratamento sintomático (AINE’s)e tratamento de índole físico e perante um RX dacoluna cervical aparentemente normal, fez RMN dacoluna cervico-dorsal que revelou lesões líticas devários corpos vertebrais (C7 a D6), com uma mas-sa paravertebral esquerda estendendo-se para osburacos de conjugação, envolvendo os trajectos ra-diculares. Analiticamente: sem anemia; VS:41mm/1ªh; PCR: 37.5 mg/L; leucocitose: 17.42 x 109

/L; neutrofilia:14.8x10 9 /L; G-GT: 251U/L (10-49);DHL: 338U/L (135-225); FA: 193 U/L (44-155); cál-cio total : 5.1 mEq/L (4.2-5.2); cálcio ionizado: 1.10mmol/L (1.13-1.32). Ausência de gamapatia mo-noclonal. Aspirado medular e Bx óssea: medula hi-perreactiva, sem evidência de células malignas/mi-eloma. A TAC toraco-abdominal evidenciou múlti-plas lesões nodulares hepáticas, pulmonares, dasglândulas supra-renais e na cabeça do pâncreas. Abiopsia das lesões hepáticas revelou uma neopla-sia maligna multifocal, com características de car-cinoma, sem estigmas óbvios de diferenciação. Aecografia tiroideia mostrou vários nódulos sendo o

de maior diâmetro de 12 mm e tendo sido incon-clusiva a punção biopsia aspirativa. A endoscopiadigestiva alta, colonoscopia, ecografia prostática etesticular não mostraram alterações. A broncofi-broscopia foi normal tendo sido negativa para pes-quisa de células malignas. Dado o agravamento doquadro neurológico foi submetido a radioterapiacervico-dorsal, tendo sido ponderado o início dequimioterapia para carcinoma oculto. Após 1ª ses-são de quimioterapia houve degradação do estadogeral com aparecimento de infecção respiratóriafúngica e doença inflamatória peri-anal grave comincontinência de esfíncter, pelo que teve de ser sub-metido a uma colostomia. Pouco tempo depois odoente faleceu com edema agudo do pulmão.

Este caso paradigmático vem demonstrar-nos acomplexidade e gravidade que, por vezes, uma sin-tomatologia clínica frequente em Consulta de Reu-matologia pode revelar, daí a necessidade de umainvestigação clínica conveniente para o despiste desituações menos comuns.

P34 – CLÍNICA DE ARTRITES INICIAIS – DADOS

EPIDEMIOLÓGICOS DE UMA POPULAÇÃO PORTUGUESA

Grupo de Estudos das Artrites Iniciais do IPRF.M. Pimentel dos Santos1, Manuela Parente1, R. Figueiredo1, Sara Cortes1, M. Sousa1, F. Barcelos1, D. Medeiros1, J. Saraiva Ribeiro1, Helena Madeira1, Augusto Faustino1, J. Vaz Patto1. 1. Assistente de Reumatologia do IPR

Introdução: Os conhecimentos actuais apontampara que o diagnóstico numa fase precoce da evo-lução da doença e um tratamento adequado emtempo útil são factores condicionantes de um me-lhor prognóstico. No IPR foi criada uma consulta deartrites iniciais visando alcançar aqueles objecti-vos. Pretende-se neste trabalho caracterizar em ter-mos epidemiológicos os doentes referenciados.Material e Métodos: Foram avaliados de forma sis-temática, com base nos dados obtidos através deum inquérito, os doentes referenciados à consultade Janeiro de 2004 a Dezembro de 2005.Resultados: Foram avaliados 65 doentes (52 dosexo feminino) com idades de 48 ± 15,8 anos. Estesdoentes tinham em média 8 anos de escolaridade37,3% tinham formação inferior a 4 anos e 20,3%formação superior. A generalidade dos doentes tra-balha (35 doentes – 53,9%), 15 doentes (22,9%) es-tão reformados (apenas 6 por doença reumática),5 (7,7%) estavam de baixa e apenas 3 (4,6%) de-

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sempregados. Referiram problemas familiares18,5%, laborais 14,0 %, pessoais 12,2 % nos seismeses prévios ao início dos primeiros sintomas. Aduração média dos sintomas foi de 15,9 ± 10,0 me-ses (oscilando entre 3– 24meses). O número médiode articulações dolorosas foi de 10,2 ± 11,12/64 ede articulações tumefactas de 4,13 ± 6 /64. A VS mé-dia apresenta valores de 36,6 ± 28,7 e a pcr médiade 1,56± 2,8 mg/dl. Os factores reumatóides erampositivos em 53,2% dos doentes e os ANAs em 59%.Na 1ª consulta foram classificados como artritesindiferenciadas 35 (53,8%) dos doentes e 19 (29,2%)como artrites reumatóides. A dor avaliada por es-cala visual analógica assumiu o valor médio de42,5±29,4mm. O HAQ médio foi de 0,95 ± 0,59 en-contrando-se 63,8% dos doentes no estado funcio-nal I e apenas 8,7 % nos estadios III e IV.Conclusões: A população de doentes por nósobservada apresenta algumas características dife-rentes em relação a outras séries descritas na lite-ratura. Realça-se a elevada percentagem de artritesindiferenciadas na primeira observação, o que le-vanta muitas vezes problemas em relação à abor-dagem terapêutica.

P35 – ARTRITE PSORIÁTICA E IMUNODEFICIÊNCIA

COMUM VARÍAVEL: UM CASO CLÍNICO

Patrícia Pinto, Daniela Malheiro, Francisco Simões VenturaServiço de Reumatologia, Serviço de Imunoalergologia,Hospital de São João, Porto.

Introdução: A Imunodeficiência Comum Variável(CVID) é a imunodeficiência primária mais fre-quente na idade adulta com igual distribuição emambos os sexos. As manifestações clínicas mais ca-racterísticas são as infecções das vias aéreas supe-riores mas as patologias auto-imunes ou as doen-ças granulomatosas podem ser a forma de apre-sentação ou podem se manifestar no decurso daevolução da CVID.Caso clínico: Os autores apresentam o caso clíni-co de um doente com 34 anos, com síndroma deimunodeficiência comum variável e artrite de am-bos os joelhos, com derrame articular de caracte-rísticas inflamatórias. Foi realizada sinoviórtesequímica com hexacetonide de triancinolona emambos os joelhos, com melhoria clínica. Um anodepois e no decurso de recidiva de artrite do joe-lho direito foi diagnosticada psoríase e estabeleci-do o diagnóstico de artrite psoriática. A introdução

de sulfasalazina na dose inicial de 500 mg/dia atéa dose de 2g/dia permitiu o controle da doença,sem recidiva da artrite.Conclusão: A Artrite Reumatóide e o Lúpus Eritema-toso Sistémico foram associados a CVID mas estecaso clínico é a primeira descrição desta associação.

P36 – APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE NEOPLASIA DO

PULMÃO – CASO CLÍNICO

Preto, Ana Sofia1; Medeiros, Sónia1; Brasil, Gracinda2; Ordad, Teodoro2; Figueiredo, Guilherme3; Miguel, António4;Teixeira, Rui1; Cruz, Rosa1

1. Serviço de Radiologia2. Serviço de Medicina Interna3. Serviço de Reumatologia4. Serviço de Pneumologia, Hospital do Divino EspíritoSanto, Ponta Delgada

Objectivo: Caracterização clínica e imagiológicaduma apresentação atípica de adenocarcinoma depulmão.Métodos: Revisão de caso clínico de homem de 61A, com antecedentes pessoais de dislipidemia ecarga tabágica de 125 UMA, assintomático até à al-tura em que se apresenta no SU do HDES com si-nais inflamatórios no punho e carpo direitos, joe-lho e tornozelo esquerdos que limitavam mobiliza-ção activa e passiva. Não apresentava agravamentonocturno ou rigidez matinal, sintomas acompa-nhantes ou história de queixas constitucionais. Aoexame objectivo, apresentava ainda unhas em vi-dro de relógio e dedos em baqueta de tambor, semnódulos subcutâneos ou sinais inflamatórios dasinterfalângicas proximais, médias e distais. Resultados: Foi investigada a hipótese de neopla-sia oculta, após exclusão de patologia auto-imunee infecciosa. Os exames de imagem foram prepon-derantes no dx e estadiamento da neoplasia pul-monar, tendo o dx histológico sido feito por bron-cofibroscopia com biópsia – adenocarcinoma tu-bular estadio IV.Discussão/Conclusões: O adenocarcinoma pulmo-nar está associado a várias manifestações ósseas,quer metastáticas quer paraneoplásicas.

P37 – DETERMINANTES DE OSTEOPENIA E OSTEOPOROSE

EM MULHERES PÓS-MENOPAÚSICAS

Milton Severo1, Lúcia Costa1,2, Rui André1,3, Henrique Barros1

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1. Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade deMedicina da Universidade Porto2. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do AltoMinho, Ponte de Lima3. Serviço de Reumatologia, Hospital Militar Principal,Lisboa

Introdução: A densidade mineral óssea diminuídaé um factor de risco para fractura. Como tal, torna-se importante estudar os determinantes de osteo-penia e osteoporose.Objectivo: Avaliar os determinantes de osteopeniae osteoporose em mulheres pós-menopaúsicas.Participantes e Métodos: A amostra foi compostapor 5632 mulheres pós-menopaúsicas voluntáriasrecrutadas em centros saúde e postos móveis de di-ferentes conselhos do país.

Foi recolhida informação sócio-demográfica,comportamental, clínica e de características repro-dutivas através de uma entrevista. Mediu-se a den-sidade mineral óssea em g/cm2 e dividiu-se as par-ticipantes em três grupos: osteoporóticas se a den-sidade de massa óssea fosse igual ou inferior a 2,5desvios padrão da média da população jovem de re-ferência nesse local, osteopénicas se a densidade demassa óssea fosse entre 1 e 2,5 desvios padrão in-ferior a média da população de referência e normalse fosse superior a 1 desvio padrão, como propos-to pela Organização Mundial de Saúde. Para ava-liar a associação entre os factores de risco e os di-ferentes grupos usou-se um modelo de regressãologística multinomial.Resultados: As prevalências de osteoporose e deosteopenia foram, respectivamente, de 15,7%(IC95%=[14, 8-16,7%]) e 32,0% (IC95%=[30,7-33,2])nas mulheres pós-menopaúsicas. Foi encontradauma associação com a idade (OR=1,09 IC95%=[1,08-1,10] e OR=1,21 IC95%=[1,20-1,23], respecti-vamente com osteopenia e osteoporose), o índicemassa corporal (OR=0,92 IC95%=[0,91-0,94] eOR=0,88 IC95%=[0,86-0,90]), respectivamente comosteopenia e osteoporose), com número de anosentre a menarca e a menopausa (OR=0,98 IC95%=[0,96-0,98] e OR=0,96 IC95%=[0,94-0,97], respecti-vamente com osteopenia e osteoporose) e com oconsumo de leite (para osteopenia OR=0,85IC95%=[0,74-0,99] e OR=0,84 IC95%=[0,66-1,07] e,para osteoporose, OR=0.95 IC95%=[0,77-1,17] eOR=0,69 IC95%=[0,48-0,98], respectivamente paraconsumo >0 e <500ml/dia e >= 500ml/dia). Não seencontrou qualquer associação com a paridade,com uso de contraceptivos orais, consumo de ta-

baco, consumo de álcool, actividade física e aleita-mento.Conclusão: Independentemente do consumo deleite, do IMC e do período fértil, a idade tem a as-sociação mais importante para as mulheres pós-menopaúsicas. Os resultados mostraram que o ris-co de ser osteoporótica aumenta significativamen-te mais com idade que o risco de ser osteopénica oque sugere que a osteopenia é um estadio intermé-dio para a osteoporose.

P38 – ALGORITMO PARA O RASTREIO DA OSTEOARTROSE

DO JOELHO, COLUNA, MÃO E ANCA

Milton Severo1, Raquel Lucas1, Lúcia Costa1,2, Rui André1,3, Henrique Barros1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade deMedicina da Universidade Porto2. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do AltoMinho, Ponte de Lima3. Serviço de Reumatologia, Hospital Militar Principal,Lisboa

Introdução: A osteoartrose é seguramente uma daspatologias reumáticas mais comuns. Um algoritmopara o rápido rastreio dos doentes seria de grandeutilidade.Objectivo: Construir um algoritmo de rastreio daosteartrose do joelho, da mão, da coluna e da anca.Participantes e Métodos: Duzentos e quinze par-ticipantes do estudo EpiPorto responderam a umquestionário estruturado sobre articulações e fo-ram submetidos a um exame clínico e radiológicopara diagnóstico de osteartrose.

Idade, sexo e seis perguntas específicas sobredor foram usadas para construir um algoritmo dediagnóstico de osteartrose, usando as seguintesabordagens: árvores de classificação, modelos li-neares generalizados, support vector machines, dis-criminantes quadráticos, discriminantes linearese naive Bayes.

Para avaliar os algoritmos utilização validaçãocruzada com 10 grupos (10-fold) de tamanho iguale a área sob as curvas ROC e o respectivo intervalode confiança de 95% (IC95%).Resultados: Não foram encontradas diferenças sig-nificativas entre os diferentes algoritmos de diag-nóstico de osteoartrose. A área sob a curva ROCpara o melhor algoritmo foi: 0,85 (IC95%=[0,80-0,90], naive Bayes) para o joelho, 0,84 (IC95%=[0,79-0,90], naive Bayes) para a mão; 0,77 (IC95%=[0,71-0,84], support vector machine) para a coluna;

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e 0,82 (IC95%=[0,74-0,89], naive Bayes) para a anca.Conclusão: Os resultados mostraram que se podeaplicar, como um primeiro passo, um algoritmo derastreio simples para o diagnóstico de osteoartrose.

P39 – AVALIAÇÃO DE UMA CONSULTA DE TRIAGEM

Miguel Sousa1, Cláudia Miguel1, Sara Cortes1, Rui Figueiredo1, Helena Santos2, Augusto Faustino2, Eugénia Simões2, Ana Teixeira2

1. Internos de Reumatologia 2. Reumatologistas do Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: Este estudo procurou caracterizar umaamostra de doentes que recorrem a uma Consultade Triagem de Reumatologia. Analisar a prevalên-cia das patologias em causa, o tempo de esperaapós referenciação e o grau de correlação entre odiagnóstico de presunção do médico que referenciae o diagnóstico estabelecido pelo Reumatologista. Metodologia: Neste trabalho foram analisadas to-das as consultas de Triagem realizadas por um Reu-matologista desde 12/09/2003 a 14/10/2005. Ana-lisaram-se as diferentes patologias reumáticas eaferiu-se o conjunto de informações clínicas, labo-ratoriais e imagiológicas que acompanham o pedi-do de Consulta.Resultados: Durante este período de 2 anos foramavaliados 464 doentes com 54 anos de média deidade sendo 83,7% do sexo feminino. Metade dosdoentes foi observada até aos 3,5 meses (33% do to-tal dos doentes foi observado entre os 2 e 3 meses).Dos 464 doentes observados foram inscritos 325(70%) para seguimento em Consulta de Reumato-logia e 51 (11%) tiveram «alta» com indicação paraserem seguidos pelo seu Médico Assistente. Verifi-cou-se que, em média, o doente apresentava sin-tomatologia com cerca de 5 anos de evolução. O va-lor mínimo foi de 1 mês e o máximo de 32 anos.Ve-rificou-se que o sintoma «artralgias» estava presen-te em 94% dos casos referenciados mas, em apenas38% dos casos o ritmo das mesmas foi explicitado. Metade das cartas de referenciação contêm ape-nas sinais ou sintomas, não especificando quais ashipóteses diagnosticas. O sintoma isolado «poliar-tralgias» estava presente em 46% dos casos; segui-do das hipóteses «artrite» (14%); «Artrite Reumatói-de» (13%) e osteoartrose (6%).

Dos doentes observados pelo reumatologista fo-ram realizados, essencialmente, 728 diagnósticos:artrite/poliartrite (31%); osteooporose/osteopénia

(11%); osteoartrose (10%); espondiloartropatias(9%) e fibromialgia/síndrome músculo-esqueléti-co difuso (7%).

Verificou-se uma concordância diagnóstica en-tre o médico que referencia o doente e o reumato-logista em 45% dos casos.

Relativamente aos exames complementares pe-didos pelo médico que referenciou o doente e peloReumatologista salienta-se: o pedido de cintigrafiaóssea em 50% das consultas de triagem (este é con-siderado um bom teste de rastreio de patologia in-flamatória osteo-articular). Conclusão: Destaca-se a importância deste tipo deconsulta, pois isso permitiu um acesso mais rápi-do à consulta de Reumatologia. Verificou-se que ainformação fornecida pelos médicos que referen-ciam doentes para a Consulta de Reumatologia émuitas vezes insuficiente e o grau de concordânciadiagnóstica baixo; Propõe-se um reforço da comu-nicação entre médicos e um reforço de acções deformação contínua nesta área.

P40 – DIABETES INSÍPIDA COMO APRESENTAÇÃO DE

HISTIOCITOSE – UM CASO CLÍNICO

T.Videira1, E.Mariz1, S.Pimenta1, F.Brandão1, A. Pinto1, J.Brito1, F. Simões Ventura1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital de São João, Porto

Doente, sexo feminino, 50 anos, caucasóide, comantecedentes de diabetes insípida diagnosticada há16 anos e hipoacusia. Assintomática até 2000, altu-ra em que iniciou gonalgia esquerda, discreta, de rit-mo mecânico com evolução de cerca de 3-4 mesese com resolução completa após curto período deanti-inflamatório oral. Sem outro tipo de queixas.Recidiva da gonalgia em Setembro de 2003.

Ao exame fisico não apresentava alterações, no-meadamente a nivel geral, osteoarticular e neuro-lógico.

Analiticamente apresentava um sindrome infla-matório biológico (aumento da VS 57 mms e PCR25,2 mg/dl); PTH intacta e calcitonina diminuidas;Fosfatase alcalina, função renal, hepática e meta-bolismo fosfocálcio normal; Sedimento urinárionormal; Função tiroideia, imunologia e estudo dacoagulação normal.

Do estudo radiológico ósseo efectuado salien-tam-se nas extremidades distais dos fémures e pro-ximais dos úmeros: «alterações morfológicas so-bretudo estruturais, de aspecto heterogéneo, comáreas dispersas líticas e escleróticas e com nítida

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demarcação de áreas sãs».O cintilograma ósseo revelou: «...hiperfixação na

projecção dos rádios, epífises proximais dos úme-ros, L5 – S1, sacroilíacas, metade direita de ambosos fémures,epífise proximal do peróneo direito ecalcâneo direito...». Foi efectuada RMN do joelhoesquerdo e Biópsia óssea incisional na extremida-de distal do fémur esquerdo cujas alterações eramcompatíveis com histiocitose de células de Langer-hans – nomeadamente presença de grânulos deBirbeck e coloração positiva para a proteina S-100e para o antigénio (D1a).

O restante estudo efectuado (ECG, ecocardiograma,Rx tórax, PFR, ecografia e TC abdominal) foi negativo.

Neste momento a doente aguarda os resultadosde novo estudo endocrinológico e a realização deRMN cerebral.

P41 – CAPILAROSCOPIA EM REUMATOLOGIA:CASUÍSTICA DO HSM

Ramos F., Resende C., Silva J.P., Queiroz M.V.

Introdução: A capilaroscopia permite uma análisemorfológica simples do leito capilar e a obtençãode informações relevantes da microcirculação. Temsido descrito o interesse diagnóstico e prognósticoda capilaroscopia na avaliação do Fenómeno deRaynaud bem como na detecção precoce das alte-rações microangiopáticas que ocorrem nalgumasdoenças difusas do tecido conjuntivo. Objectivos: Avaliar o interesse da capilaroscopiacomo auxiliar de diagnóstico em doentes com Fe-nómeno de Raynaud (FR).Material e Métodos: Doentes com FR primário ousecundário, de ambos os sexos, com idade superiora 16 anos, enviados para a realização de capilaros-copia, na nossa unidade de Técnicas, durante o anode 2005. Foram excluídos os doentes com dados clí-nicos incompletos. Para a realização da capilaros-copia foi utilizado um microscópio estereoscópico,com magnificação de imagem de 10 a 100 vezes.Resultados: Foram incluídos no estudo 42 doentescom FR, pertencendo 38 ao sexo feminino e 4 aosexo masculino, com uma idade média de 42,9 ±16,36 anos. A duração média verificada do FR foi 6,1± 8,3 anos. O motivo de envio para a realização decapilaroscopia foi: FR no contexto de suspeita dedoença difusa do tecido conjuntivo em 30,9% doscasos, primário em 28,6% dos casos, secundário aEsclerose Sistémica em 16,6% dos casos, secundá-rio a Lupus Eritematoso Sistémico (LES) em 9,5%

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dos casos, Artrite Reumatóide em 7,1% dos casos,Síndrome CREST em 4,7% e Polimiosite em 2,3%das situações.

As observações capilaroscópicas efectuadas fo-ram as seguintes: sem alterações em 10 (23,8%) ca-sos; alterações mínimas inespecíficas em 19(45,2%) casos; alterações significativas mas não en-quadradas em nenhum padrão definido em 3(7,1%) casos; «padrão rápido» (áreas avascularessignificativas associadas a megacapilares e desor-ganização microcirculatória) em 6 (14,2%) casos e«padrão lento» (megacapilares sem áreas avascu-lares) em 4 (9,5%) casos, segundo a classificação deMariq. Dos doentes enviados por FR primário, amaioria (8/12) apresentava alterações mínimasinespecíficas, o mesmo se passando com os doen-tes enviados por FR e suspeita de doença difusa dotecido conjuntivo (6/13). No entanto neste grupo,verificaram-se 2 casos de «padrão lento» e 2 de «pa-drão rápido», enquadrando-se estes casos em qua-dros clínicos sugestivos de esclerose sistémica e emque a capilaroscopia veio confirmar o diagnóstico.Nos doentes enviados já com este diagnóstico es-tabelecido verificou-se um predomínio dos pa-drões rápido (4/7) e lento (2/7). Todos os doentesenviados por FR no contexto de LES apresentaramalterações significativas mas não enquadradas emnenhum padrão definido. Nos restantes doentespredominaram as alterações inespecíficas.Conclusão: A capilaroscopia é uma técnica não in-vasiva que pode adicionar informações importan-tes a quadros clínicos indefinidos de doenças difu-sas do tecido conjuntivo podendo ajudar a estabe-lecer o diagnóstico. Desta forma o uso desta técni-ca auxiliar de diagnóstico deve ser promovida nosvários centros de Reumatologia.

P42 – CARACTERIZAÇÃO CLÍNICO-LABORATORIAL E

PROGNÓSTICO DO LES NOS NÃO CAUCÁSICOS

MJ Santos1, S Capela2, R Figueira2, P Nero3, A. Alves de Matos3, C Silva4, L Miranda4, A Barcelos5

Colaboração dos Serviços de Reumatologia do1. Hospital Garcia de Orta (HGO), Director J Canas da Silva2. Hospital Santa Maria (HSM), Director M Viana de Queiroz3. Hospital Egas Moniz (HEM), Director JC Branco4. Instituto Português de Reumatologia (IPR), Directora Clínica A Assunção Teixeira5. Unidade de Reumatologia do Serviço de Medicina

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DDIIAA 2288 DDEE AABBRRIILL DDEE 22000066

P43 – DOR E CARACTERIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO

CORPORAL EM DOENTES REUMÁTICOS

A Abreu2, L Miranda1, A Cardoso2, R Fernandes2, F Rosa2, L Coelho1, M Parente1, R Leitão1, P Coelho1, M Silva1, M Mediavilla1, H Santos1, M Micaelo1, E Simões1, H Madeira1, C Silva1, J Ferreira1, J Saraiva Ribeiro1, D Medeiros1, F. Barcelos1, M Sousa1, C Miguel1, S Cortes1, L Freire2, F Pimentel1, V Las1, A Neto1, J Figueirinhas1, J Vaz Patto1, F Mesquita2 e A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: A dor é uma experiência sensorial pri-vada complexa e desagradável que relaciona comvárias dimensões dum indivíduo: física, psicológi-ca, social entre outras. Existem diversos factoresintrínsecos e extrínsecos que se podem relacionarcom a dor. Os factores biomecânicos e de stress ar-ticular podem só por si agravar ou desencadearuma situação clínica pré-existente. As doenças reu-máticas são situações que pela sua natureza se as-sociam à presença de dor crónica. Objectivos: Correlacionar a intensidade da dor,avaliada pela escala analógica visual (VAS), com ascaracterísticas antropométricas e de composiçãocorporal, numa população de doentes reumáticos.Material e Métodos: Foram observados todos osdoentes que recorreram à consulta de reumatolo-gia, durante dois meses. Foi aplicado um protoco-

XII I CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

Interna Hospital Infante D Pedro (HIDP), Director J Crespo

Objectivos: Caracterizar as manifestações clínicase laboratoriais do Lúpus Eritematoso Sistémico(LES) nos doentes não caucásicos. Determinar di-ferenças no prognóstico entre indivíduos de dife-rentes origens étnicas, seguidos nas mesmas insti-tuições públicas de saúde.Métodos: Foram incluidos doentes que cumpriamcritérios para classificação de LES seguidos em 5centros de reumatologia (HGO; HSM; HEM; IPR eHIDP) entre 1976 e 2006. Analisámos as caracterís-ticas demográficas, escolaridade, manifestaçõesclínicas, perfil imunológico e co-morbilidade. Agravidade do LES foi determinada pelo envolvi-mento de órgão major e, de forma indirecta, pelaterapêutica instituída e necessidade de interna-mento hospitalar. O prognóstico foi avaliado pelonúmero de óbitos e pela presença de lesões irrever-síveis medidas pelo índice SLICC.Resultados: Dos 542 doentes avaliados 482 eramcaucásicos, 43 (8,2%) não caucásicos (42 negros e1 oriental), em 17 não foi especificada a origemétnica. Os não caucásicos eram mais jovens à datado diagnóstico (31,7±13 anos vs 35,3±13 anos;p=0,05) e o seu nível de escolaridade significativa-mente mais baixo. As manifestações clínicas foramsemelhante em ambos os grupos à excepção da fo-tossensibilidade e das úlceras orais que foram maisfrequentes nos caucásicos (30,2% vs 53,4% e 30,2%vs 45,9% repectivamente) e da miosite que ocorreumais vezes nos não caucásicos (20,9% vs 2,3%p<0,001). Nos índivíduos de raça branca os anticor-pos anti-SSA estavam presentes em 37%, os anti-RNP em 22,4% e os anti-Sm em 18,1% dos doen-tes. Nos doentes não caucásicos a sua prevalênciafoi significativamente mais elevada: anti-SSA em59% (p=0,02), anti-RNP em 64% (p<0,001) e anti-Sm em 46,6% dos doentes (p<0,001). Apesar de nãotermos encontrado diferenças na prevalência deanticorpos antifosfolípidos, a ocorrência de fenó-menos trombóticos foi mais frequente nos caucá-sicos (19,85% vs 5,13%; p=0,02). A gravidade doLES medida pelo envolvimento de órgão major, ne-cessidade de internamento hospitalar e terapêuti-ca instituída, nomeadamente corticóides e imu-nossupressores, foi semelhante nos dois grupos.Também não encontrámos diferenças na prevalên-cia de lesões irreversíveis (41,9% dos doentes cau-cásicos e 40% dos não caucásicos apresentavampelo menos uma lesão irreversível), nem no dano

medido pelo índice SLICC (0,67± 1,02 nos caucási-cos vs 0,69 ±1,02 nos não caucásicos). Nos doentescaucásicos ocorreram 7 óbitos (2,24%) e nos nãocaucásicos 2 óbitos (6,67%), não sendo esta diferen-ça estatísticamente significativa.Conclusões: O LES tem características clínicas e la-boratoriais distintas nos doentes não caucásicos.Contudo, essas diferenças não tiveram traduçãoem termos de prognóstico. Uma das explicaçõespossíveis é que o acesso aos cuidados de saúde e amedicação gratuita foi idêntico para todos os doen-tes, podendo isso contribuir para um melhor con-trolo da doença. Não podemos contudo excluir quefactores de erro inerentes a uma análise retrospec-tiva, tais como registos incompletos ou doentesperdidos para o followup, tenham influenciado es-tes resultados.

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lo de auto-preenchimento, com o diagnóstico efec-tuado pelo médico reumatologista assistente. Fo-ram ainda avaliados: peso, índice de massa corpo-ral (IMC), perímetro da cintura (PC), perímetro daanca, relação cintura/anca, massa gorda (MG) (%e Kg), massa corporal livre de gordura (MLG (Kg) eágua corporal total (ACT) (Kg e %). Estes parâme-tros foram medidos através de dois aparelhos, a bi-oimpedância de mãos (OMRON®, HBF300) e de pés(TANITA®, TBF350). Resultados: As doenças reumáticas com maior pre-valência na população estudada foram: AR em16,9% dos doentes, OA em 14,4%, OP em 16,2% eEspondilartropatias em 13,3%. Foram observados1051 doentes, dos quais 82,7% eram do sexo femi-nino e 17,3% do sexo masculino, cuja idade médiaera de 57,3±14,4 anos. O peso médio era de70,2±19,3 Kg e o IMC médio de 27,8±5,0 Kg/m2. Ob-teve-se pela bioimpedância de mãos uma % de MGmédia de 35±7,1%. Pela bioimpedância de pés, a %de MG média era de 47±8 Kg e a % de ACT médiade 45,2±15,5%. Observou-se ainda uma relação cin-tura/anca média de 0,88±0,09 e um PC médio de91,3±12,8 cm. No conjunto da totalidade dos doen-tes avaliados a intensidade da dor mediana, segun-do a escala de dor de 0 a 100, correspondia a 50(média=42,32). Existe uma correlação significativaentre a intensidade da dor e a % de MG (índice decorrelação de Pearson=0,136), na qual a % de MGvaria directamente com a intensidade da dor. Exis-te diferença estatisticamente significativa entre aintensidade da dor e o IMC superior a 25 Kg/m2

(p<0,05, segundo o teste t-Student), admitindo-seuma correlação não linear. A intensidade da dornão apresenta correlação significativa com o pesoe com a relação Cintura/Anca. Apesar da correla-ção entre a intensidade da dor e a MLG não ser sig-nificativa (p=0,086), tendo em conta que a correla-ção é negativa, há indício da existência de correla-ção inversa entre a MLG e a intensidade da dor (ín-dice de correlação de Pearson=-0,048).Conclusão: A dor nos doentes reumáticos pareceno nosso estudo relacionar-se de forma directa comalterações da composição corporal. O excesso decarga ponderal e de MG parece contribuir para a in-tensidade da dor eventualmente por um fenóme-no de sobrecarga mecânica ou por aumento damorbilidade psicológica associada. Nos doentes hi-pertensos encontramos aumento das queixas do-lorosas o que não encontrámos descrito na litera-tura associado à patologia reumática. A massa ma-gra que se relaciona sobretudo com a parte mus-

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cular parece ter um efeito positivo, embora não sig-nificativo, na redução da dor o que está de acordocom os estudos que relacionam o exercício e o au-mento da massa muscular com a redução da dor.

P44 – EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE ACTIVIDADE DE DOENÇA

(DAS) DA ARTRITE REUMATÓIDE (AR) EM CONSULTA

DE REUMATOLOGIA

Pedro Abreu1, Cláudia Vaz1, Cátia Duarte2, Luís Inês3, Armando Malcata4

1. Interno Complementar 3º anoServiço de Reumatologia – HUC2. Interno Complementar 2º anoServiço de Reumatologia – HUC3. Assistente Graduado HospitalarServiço de Reumatologia – HUC4. Director do Serviço de Reumatologia – HUC

Objectivos: Avaliação do grau de controlo da acti-vidade inflamatória da Artrite Reumatóide nosdoentes seguidos em Consulta de Reumatologia aolongo de 4 anos.Métodos: Análise retrospectiva da evolução do DASnuma série de doentes consecutivos com AR se-guidos em Consulta de Reumatologia dos Hospitaisda Universidade de Coimbra entre Fevereiro/2002e Janeiro/2006, incluindo contagem articular rea-lizada sistematicamente pelo mesmo médico, VS eterapêutica.Resultados: 112 pacientes com Artrite Reumatói-de segundo critérios ACR (média de idades: 59,6anos (±13,6 SD), com intervalo de idades entre os28 e 87 anos; 75% pacientes do sexo feminino. Fo-ram realizadas a estes doentes, no período em aná-lise, 849 avaliações. O DAS médio variou da 1ª à 10ªavaliação de 3,83 para 3,18. A percentagem dedoentes com actividade elevada da doença redu-ziu-se de 18,81% para 2,04%. A percentagem dedoentes com actividade moderada da doença redu-ziu-se de 55,45% para 32,65%. A percentagem dedoentes com actividade baixa da doença aumen-tou de 35,64% para 65,31%. Conclusões: Sob a terapêutica da AR utilizada ob-teve-se um adequado controlo da actividade infla-matória da doença em 65% dos doentes.

P45 – ENVOLVIMENTO EXTRAGLANDULAR NO SÍNDROMA

DE SJÖGREN PRIMÁRIO – ESTUDO DE UMA

POPULAÇÃO PORTUGUESA

F Barcelos, J V Patto, D Medeiros, S Cortes,

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J Ribeiro, M Sousa, R Figueiredo, M Parente, M Mediavilla, C Silva, H Madeira, A TeixeiraInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

Introdução: O Síndroma de Sjögren (SS) é umadoença inflamatória crónica caracterizada por in-filtração linfocitária e lesão auto-imune das glân-dulas exócrinas. As glândulas salivares (GS) e lacri-mais são as mais atingidas, originando queixas dexerostomia e xeroftalmia, mas outros sintomas dedisfunção glandular incluem xerose cutânea, secu-ra vaginal, e tosse seca. As manifestações extra-glandulares podem ocorrer, incluindo artralgias ouartrite, fadiga crónica ou fibromialgia, lesões cutâ-neas, fenómeno de Raynaud, envolvimento pul-monar, neurológico, renal ou gastro-intestinal (GI),vasculite e linfoma.Objectivos: Descrição das manifestações extra-glandulares em doentes com SS Primário (SSp) se-guidos no Instituto Português de Reumatologia.Material e Métodos: Foi avaliado retrospectiva-mente um grupo de 38 doentes com SSp, definidopelos critérios do «American-European ConsensusGroup».Resultados: Os 38 doentes avaliados eram todosdo sexo feminino, com uma média de idades de56,2 anos ± 11,7 (25-78), e evolução média da doen-ça de 13,3 anos ± 9,7 (2-38). As artralgias foram amanifestação inicial em 16 doentes (42,1%), numtotal de 37 doentes (97,4%), dos quais 10 (26,3%)apresentaram artrite. A fibromialgia (FM) estavapresente em 13 doentes (34,2%). O fenómeno deRaynaud estava presente em 12 doentes (31,6%).Ocorreu envolvimento cutâneo em 13 doentes(34,2%), assim distribuídas: xerose em 6 (15,8%),rash em 6 (15,8%), lesões anulares em 1 (2,6%). Oenvolvimento do aparelho respiratório surgiu em9 doentes (23,7%): tosse crónica em 7 (18,4 %), rino-sinusite em 2 (5,3%), peribronquite em 1 (2,6%), ealveolite fibrosante em 1 (2,6%). Em 4 doentes(10,5%) ocorreu envolvimento neurológico: poli-neuropatia axonal em 2 (5,3%), e encefalopatia is-quémica micro-embólica em 2 (5,3%). Detectou--se disfunção hepática ligeira em 4 doentes(10,5%).Dois doentes (5,3%) apresentaram vasculite cutâ-nea. Não foram registadas alterações cardíacas, re-nais, vasculite sistémica ou doenças linfoprolifera-tivas. Merece referência a presença de depressãoem 14 doentes (36,8%), hipotiroidismo em 4(10,5%) e diabetes em 2 (5,3%).Discussão: Na nossa série, as manifestações extra-glandulares foram muito frequentes, mas merece

destaque o seguinte: as artralgias e a artrite forammais frequentes que o esperado, e em muitos ca-sos foram a apresentação inicial; a elevada frequên-cia de FM e depressão; o envolvimento do sistemanervoso central (SNC) em 2 doentes; a baixa fre-quência de vasculite; e a ausência de linfomas. Noentanto, o facto de no nosso país as queixas mús-culo-esqueléticas serem o principal motivo de re-ferenciação à Reumatologia, a pequena dimensãoda população, e a evolução pouco prolongada (emmédia 13,6 anos), poderão explicar, em parte, os re-sultados obtidos.Conclusão: No SSp as manifestações extra-glan-dulares são frequentes, podem envolver vários ór-gãos e sistemas, e contribuem para importantemorbilidade. É necessário uma avaliação cuidado-sa e regular para a sua detecção e tratamento pre-coce.

P46 – LÚPUS COM ANAS NEGATIVOS. CARACTERIZAÇÃO

DE UMA POPULAÇÃO PORTUGUESA

R.Barros, P. Nero, A.Alves de Matos, J.C. BrancoCentro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPEH. Egas Moniz

Introdução: Embora seja pouco frequente a ausên-cia de ANAs em doentes com o diagnóstico de LESestá descrita e varia de acordo com as séries entreos 5 e os 15%. Os autores procuraram caracterizaras manifestações clínicas e padrão de auto-anti-corpos em doentes portugueses com LES que cum-priam os critérios de classificação do ACR.Material e Métodos: Um questionário com dadosclínicos e laboratoriais foi enviado aos 5 centros dosul de Portugal que colaboraram. Para serem in-cluídos no estudo todos os doentes tinham de pre-encher os critérios de classificação do ACR. Os da-dos foram introduzidos num base de dados elabo-rada para o efeito e foi feita uma análise descritivae uma análise estatística recorrendo ao teste de qui--quadrado com software SPSS.Resultados: Dos 525 doentes incluídos 8 (1,5%) ti-nham serologia negativa para ANAs sendo desco-nhecida em 2,5%. A média de idades ao diagnósti-co foi de 35 anos (máximo 62, mínima 19) e a du-ração média de seguimento foi de 9,5 anos. Todosos 8 doentes eram do sexo feminino, de raça cau-casiana (raça desconhecida em 1 caso). Das mani-festações clínicas 50% apresentavam rash, 37,5%fotossensibilidade; 62,5% fenómeno de Raynaud;87,5% artralgias e 50% artrite, em todos os casos

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sem erosões. 25% apresentavam vasculite, úlcerasmucosas, miosite, serosite (pericardite). As mani-festações renais estavam presente em 62,5% comhematúria em 37,5%, proteinúria em 37,5% (12,5%N=1) com síndrome nefrótico e insuficiência renalem 25%(N=2). Os 2 doentes submetidos a biópsiarenal apresentavam GNF classe II. Dois doen-tes(25%) apresentaram envolvimento do SNC (tiponão especificado); 1 apresentou convulsões, ne-nhum teve quadro psicótico; 25% com envolvimen-to do sistema nervoso periférico (não especificado:0 com neuropatia); 0 com mielite; 12,5% com en-xaqueca; manifestações hematológicas em 37,5%com anemia hemolítica em 12,5%, leucopenia em37,5%; linfopenia em 37,5%; trombocitopenia em37,5%. Em relação ao perfil serológico: verificou-sea presença de critérios de SAF em 12,5% de acordocom os critérios de Saporo; 12,5% apresentava anti--DNA positivo; quanto ao Anti-ssa e Anti-ssb eramnegativos em 6 e não existem dados em 2; os anti--RNP foram negativos em 5 e não estavam dispo-níveis em 3; os anti Sm foram negativos em 4 e nãohavia informação em 4. A presença de anticardio-lipina Ig G verificou-se e 2/8 e IgM em 1 (título nãodisponível), o anticoagulante lúpico foi positivo em1 doente e não existem dados em relação a umdoente. Em relação ao dano, 62,5% apresentavamevidência de dano, embora este fosse ligeiro namaioria SLICC médio de 1,5 (um com 4, 3 com slicc1, e 1 com slicc 2; não disponível em 2), mediana 1;desvio padrão 1,37. A presença de ANAS positivosrelacionou-se de modo significativo (teste qui-qua-drado com dano, SLICC e morte.Conclusões: A prevalência de LES com ANA nega-tivo na população estudada(n=8) foi inferior à re-ferida na literatura. Verificou-se um predomíniodas artralgias 87,5%, manifestações cutâneas (fenó-meno de Raynaud 87,5%, rash), artrite não erosiva,e doença renal em 62,5% com insuficiência renalem 25%. Em relação aos indicadores de dano esta-vam presentes em 62,5% mas com pontuações mé-dias de SLICC baixas. Levanta-se a questão se oscentros envolvidos no estudo não dependem de-masiado da presença de ANA para efectuarem odiagnóstico de LES.

P47 – MANIFESTAÇÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS DE

DOENÇAS METABÓLICAS RARAS: A PROPÓSITO

DE 2 CASOS CLÍNICOS

M. Bogas, M. C. Afonso, D. AraújoServiço Reumatologia, Centro Hospitalar do Alto Minho

Introdução: As manifestações músculo-esqueléti-cas nas doenças metabólicas são frequentes, po-dendo constituir importantes indícios para um cor-recto diagnóstico ou, por outro lado, sendo dema-siado inespecíficas, serem um factor confundidor.Descrevemos dois casos clínicos de doenças meta-bólicas raras que se apresentam com sintomatolo-gia músculo-esquelética e cuja clínica poderia le-vantar dúvidas diagnósticas sendo incorrectamen-te interpretadas como doenças reumáticas. Casos clínicos: 1. Doente do sexo masculino, 63anos, observado por raquialgia lombar intensa eincapacitante que teria surgido após esforço físicoque agravava com os movimentos. Episódios oca-sionais, menos intensos, de raquialgia dorsal e lom-bar mecânica desde longa data. O exame osteo-ar-ticular revelava acentuada limitação da mobilida-de em todos os planos e segmentos da coluna, oSchober era de 10-12 cm, e não tinha sinais de mi-elo ou radiculopatia, ou outras alterações articula-res relevantes. No exame geral não apresentava da-dos clínicos relevantes, excepto pigmentação cin-zento-azulada das escleróticas bilateral. A radiolo-gia mostrava calcificações discais múltiplas eestreitamento marcado dos espaços intervertebra-is nos segmentos dorsal e lombar; sem alteraçõesde relevo na bacia, joelhos, mãos e punhos. Peran-te a suspeita de artropatia ocronótica foi pedido odoseamento do HGA na urina das 24 H que confir-mou o diagnóstico.

2. Doente do sexo feminino, 34 anos, observadapor referir fadiga acentuada e caimbras muscula-res nos membros inferiores de início há cerca de 1ano. Tinha internamento recente no serviço de Psi-quiatria por depressão major. O exame físico eranormal. Analiticamente apresentava aumento daCK e ligeiro aumento das transaminases. O EMGdos membros inferiores mostrava alterações com-patíveis com doença muscular inflamatória ou me-tabólica. Após realização de biópsia muscular, ini-ciou corticoterapia por suspeita de miosite infla-matória. No entanto, a histologia não confirmoueste diagnóstico revelando tratar-se de uma glico-genose tipo V.Discussão e conclusão: Além do diagnóstico e tra-tamento de doenças reumáticas, cabe ao reumato-logista o reconhecimento de manifestações múscu-lo-esqueléticas que possam fazer parte do quadroclínico de doenças não-reumáticas. A alcaptonúriaé uma doença que resulta da deficiência de uma en-zima interveniente na degradação da tirosina e ori-gina um acumulo de ácido homogentísico (HGA)

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em alguns tecidos incluindo o tecido conjuntivo(ocronose). O envolvimento axial, raro na artropa-tia ocronótica pode, clinicamente, ser confundidocom o da espondilite anquilosante. A doença deMcArdle ou glicogenose do tipo V é uma doençacausada pela deficiência de uma enzima envolvi-da na degradação do glicogénio, a miofosforilase.Os portadores da doença apresentam dificuldadeem realizar exercício físico, referindo frequente-mente fadiga, dor e caimbras musculares. A sinto-matologia, a elevação das enzimas musculares e aelectromiografia podem levar a concluir erronea-mente por uma miopatia inflamatória, submeten-do o doente a tratamentos desnecessários.

P48 – HIPERPARATIROIDISMO COEXISTINDO COM

MIELOMA MÚLTIPLO: ASSOCIAÇÃO E MANIFESTAÇÕES

RARAS

Mónica Bogas, Lúcia Costa, Domingos AraújoServiço Reumatologia, Centro Hospitalar do Alto Minho,Ponte de Lima

Introdução: A associação de hiperparatiroidismoprimário e mieloma múltiplo é rara mas descrita naliteratura. A hipercalcémia e a osteopenia são ma-nifestações comuns das duas doenças. Actualmen-te, não é frequente o aparecimento de lesões osteo-articulares graves como manifestação destas pato-logias dado que o diagnóstico é feito em fases maisiniciais. Caso clínico: Doente do sexo feminino, 72 anos,observada, na consulta de reumatologia em Maiode 2001, por poliartralgias de longa data, acrocia-nose, anorexia e fraqueza muscular generalizada.Referia história compatível com artrite das peque-nas articulações das mãos uns anos antes. À obser-vação apresentava baixa estatura, cifose dorsalacentuada, atrofia tenar, afilamento, esclerodacti-lia e aspecto de retracção tendinosa dos dedos e es-boço de tenossinovite dos extensores das mãos, nó-dulos subcutâneos de consistência óssea nas su-perfícies de extensão dos cotovelos, atrofia quadri-cipital marcada, alargamento de consistência ósseados joelhos. No exame geral constatou-se hiper-tensão arterial. Não eram palpáveis adenomegáli-as e a auscultação cardio-pulmonar, o exame dacabeça, pescoço e abdómen eram normais. Os exa-mes analíticos mostravam anemia normocíticanormocrómica, hipercalcémia, hipofosfatémia,elevação da fosfatase alcalina, hiperuricemia e picomonoclonal na fracção gamma do proteinograma

eletroforético. O estudo para despiste de conecti-vite foi negativo. A radiologia evidenciava algumasalterações mais típicas de hiperparatiroidismo doque de mieloma múltiplo. O decurso do estudo de-monstrou uma precipitação monoclonal IgG de ca-deias leves Kappa na imunoeletroforese do sanguee da urina, elevação da PTH e hipercalciúria. O me-dulograma e a biópsia medular confirmaram odiagnóstico de mieloma múltiplo e a ecografia dopescoço confirmou a presença de nódulo sólido re-gular compatível com adenoma de paratiróide. Adoente iniciou quimioterapia para tratamento domieloma múltiplo obtendo-se a remissão. Recusoua paratiroidectomia. Manteve-se a vigilância destadoente na consulta sendo necessário frequente-mente o seu internamento para redução dos níveisséricos do cálcio. No momento actual, a radiologiamostra osteopenia generalizada, erosões e sinaisde reabsorção subperióstea das falanges das mãos,erosões subcondrais no esqueleto axial, fracturasvertebrais osteoporóticos, lesões em imagem «sale pimenta» no crâneo, condrocalcinose nos joe-lhos, sínfise púbica, coxo-femurais e punhos e cal-cificações heterotópicas peri-articulares. Algumasdestas lesões eram já existentes na altura do diag-nóstico.Conclusão: As manifestações osteo-articulares dohiperparatiroidismo e do mieloma múltiplo sãovariadas, multifactoriais, podendo algumas sercomuns. Destacam-se a sinovite osteogénica, crisesde gota e pseudogota por deposição cristais demonourato de sódio e de pirofosfato, calcificaçõesheterotópicas, lesões osteolíticas e osteoblásticas efracturas patológicas. A raridade desta associaçãoe a sobreposição de muitas das manifestaçõestorna este diagnóstico um desafio. O longo perío-do de evolução no caso descrito possibilitou odesenvolvimento de lesões actualmente poucoobservadas.

P49 – ESTUDO DOS CUSTOS DA UTILIZAÇÃO DE

RECURSOS NA ARTRITE REUMATÓIDE (CURAR):CLÍNICA E SÓCIO-DEMOGRAFIA

Branco JC1, Soares M2, Félix J2, Falcão S1, Ferreira V2, Mourão F3, Araújo D4, Malcata A5, Coelho PC6, Barcelos A7, Braña A8, Bravo T9, Maurício L10, Melo R11, Santos RA12, Alvarenga F13, Nero P1 e Grupo de Estudo CURAR1. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental/Hospital EgasMoniz2. Exigo Consultores

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3. Hospital de Santa Maria4. Centro Hospitalar do Alto Minho5. Hospitais da Universidade de Coimbra6. Instituto Português de Reumatologia7. Hospital de Aveiro8. Hospital das Caldas da Rainha9. Hospital Militar nº210. Hospital de Ponta Delgada11. Hospital de Nossa Senhora da Assunção12. Hospital Militar Principal13. Hospital Distrital de Nossa Senhora da Graça e Hos-pital Rainha Santa Isabel

Objectivo: Caracterização clínica e sócio-demográ-fica dos doentes incluídos no estudo CURAR.Métodos: Os 237 doentes incluídos no estudo CU-RAR foram recrutados em 12 centros de reumato-logia de Portugal continental e ilhas. Após consen-timento informado dos doentes foram revistos osprocessos clínicos desde a data do diagnóstico daAR e recolhida informação mais detalhada relativaaos dozes meses anteriores à inclusão, para avalia-ção da capacidade funcional dos doentes (critériosACR) e actividade da AR (DAS28). Os doentes res-ponderam aos questionários Health AssessmentQuestionnaire (HAQ) e EQ-5D na data da inclusãono estudo.Resultados: Foram incluídos doentes de dezasse-te distritos portugueses. A idade média foi 53,9(dp=13,2) anos sendo a amostra constituída porcerca de 80% de mulheres. 53,2% tinha o ensinoprimário e apenas 7,7% o ensino superior. Os tra-balhadores activos representavam 34,7% dos doen-tes e os desempregados 6,4%. A classificação fun-cional (critérios ACR) foi: I - 34,5%; II - 35,8%; III -24,6%; IV - 5,2%. A AR foi declarada activa pelos eu-matologistas em 62,9% dos casos e com rigidez ma-tinal em 63,2%, com duração média de 49,3(dp=49,6) minutos. A pontuação média no índiceDAS28 foi de 3,9 (dp=1,4). A estratificação do valordo índice DAS28 por categorias de actividade dadoença revelou AR mais activa no sexo feminino(χ2(3)=13,2). A pontuação média no índice de dis-função HAQ foi de 1,21 (dp=0,75, min=0;max=2,75).O valor HAQ foi superior nas mulheres (p<0,0001),nos indivíduos com rigidez matinal (p<0,0001) ecrescente com as categorias do estado funcionalACR(p<0,0001). A idade e o tempo desde o diagnós-tico estavam positivamente correlacionados com ovalor HAQ.Conclusões: Os doentes incluídos no estudo CU-RAR apresentavam uma AR ligeira a moderada. A

doença era mais grave e apresentava maior com-promisso nas mulheres que nos homens.

Grupo de Estudo CURAR: Fonseca JE3, Sobral M3, Queiroz MV3, Afonso C4, Alcino S4, Costa L4, Silva J5,Inês L5, Alexandre M5, Santos MJ5, Silva JA5; Garcia J5,Saavedra MJ5, Couto M5, Ambrósio C5, Abreu P5, Vaz C5,Trís MJ6, Miranda L6, Pinheiro B7, Nóvoa T10

P50 – EVOLUÇÃO DA ESPONDILITE ANQUILOSANTE EM

10 ANOS – ESTUDO COMPARATIVO

H. Canhão1; F. Godinho2, Associação Nacional deDoentes com Espondilite Anquilosante1. Hospital Santa Maria2. Hospital Garcia da Orta

Objectivos: Avaliar a evolução da Espondilite An-quilosante (EA) num período de 10 anosMétodos: Estudo comparativo utilizando um in-quérito para avaliação das características da EA,incluindo índices de actividade e capacidade fun-cional, com avaliação transversal da mesma amos-tra de doentes, em 1994 e em 2004. Resultados: Em 1994 foi enviado um inquérito aassociados da ANEA e em 2004 o inquérito foi no-vamente enviado aos mesmos associados.

60 doentes, 13 (21,7%) mulheres e 47 homens(78,3%), com idade média de 55 anos. 81,6% casa-dos ou em união de facto. 98,3% eram seguidos pormédico especialista, reumatologista em 66,1% doscasos. Relativamente à evolução da EA, 45% diziamestar pior, 25% na mesma e 25% melhor. 36,7% dosdoentes tinha sido submetido a cirurgia articular,sendo a artroplastia da anca a mais frequente. Re-lativamente à situação profissional, 48,3% dosdoentes trabalhavam e 46,7% estavam reformados;comparativamente com 71,7% de doentes activosem 1994 e 28,3% que estavam reformados. Dos 37doentes actualmente reformados, 13 (35%) tinhammais de 65 anos e 24 (65%) menos de 65 anos. OBASDAI em 1994 era em média de 4,74 e 10 anosdepois de 4,68. O BASFI era de 4,67 e actualmentede 5,04. Discussão: Neste trabalho destacamos que apenasuma pequena minoria dos doentes melhorou aolongo do tempo e que uma percentagem importan-te dos doentes se reformou antes dos 65 anos. Maisde um terço dos doentes foi submetido a cirurgiaarticular em 10 anos. O BASDAI e o BASFI com va-lores superiores a 4 traduzem objectivamente a ac-tividade e incapacidade associadas à EA.

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P51 – ESPONDILOARTROPATIAS E FACTORES DE

RISCO CARDIOVASCULARES

A Cardoso2, M Sousa1, R Fernandes2, F Rosa2, L Coelho1, A Abreu2, L Miranda1, M Parente1, R Leitão1, P Clemente-Coelho1, M Silva1, H Santos1, M Micaelo1, M Mediavilla1, E Simões1,H Madeira1, C Silva1, J Ferreira1, D Medeiros1, F. Barcelos1, C Miguel1, S Cortes1, J Ribeiro1, R Figueiredo1, L Freire2, F Pimentel1, V Las1, A Neto1, J Figueirinhas1, J Vaz Patto1, F Mesquita2,A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia (IPR)2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: As Espondiloartropatias (SpA) são umgrupo de entidades clínicas caracterizadas por en-volvimento inflamatório da coluna vertebral, ente-sites e por vezes com envolvimento articular peri-férico. No total têm uma prevalência similar à da Ar-trite Reumatóide. Nelas se incluem a EspondiliteAnquilosante (EA), Artrite Psoriásica (AP), ArtritesReactivas, Espondiloartropatias associadas a doen-ça inflamatória intestinal e Espondiloartropatiasindiferenciadas (EI).Objectivos: Avaliar a composição corporal efactores de risco cardiovascular (CV ) conheci-dos, numa população de doentes da consulta dereumatologia, com diagnósticos de Espondilartro-patia.Material e Métodos: Foi obtido o diagnóstico reu-matológico e não reumatológico (pelo Reumatolo-gista) e avaliado pela equipa de Nutrição do IPR, noperíodo de 2 meses: Índice de Massa Corporal(IMC), Perímetros da Cintura e da Anca, RelaçãoCintura/Anca, Massa Gorda, massa magra e águacorporal total. Estes parâmetros foram medidosatravés de dois aparelhos, a bioimpedância demãos (OMRON®, HBF300) e de pés (TANITA®,TBF350). Resultados: Foram observados 389 doentes, dosquais 68,6% eram do sexo feminino, com idade média 52,5±15 (mediana de 53), e IMC médio de 27,3±5,0 Kg/m2. Obteve-se pela bioimpedânciade mãos, uma percentagem de massa gorda mé-dia de 32,3±8,4%. Verificou-se que 71,3% do sexo masculino e 75,7% do sexo feminino apresenta-vam excesso de massa gorda. Pela bioimpedância de pés, a percentagem de massa gorda média foi de 29,9±9,3%. O excesso de massa gorda foi regis-tado em 51,6% do sexo masculino e 65,5% do sexofeminino. Relativamente à percentagem de águacorporal, 58,6% da população estudada apresen-

tava valores inferiores aos desejáveis. Relativa-mente à classificação pelo IMC, verificou-se que26% dos doentes apresentavam Obesidade (19,8%obesidade grau I; 4,1% grau II; e 1,8% grau III),39,1% encontravam-se em Excesso de Peso, segui-dos de 33,7% com Peso Normal e de 1,5% combaixo peso. Quanto aos factores de risco CV anali-sados: 64,8% dos doentes, apresentava sobrecargaponderal (IMC≥25), 24,2% eram hipertensos,15,4% com hipercolesterolemia e a Diabetes Mel-litus (DM) afectava 5,9% dos doentes. Dos 122 ho-mens, 75% apresentavam uma Relação Cintu-ra/Anca superior a 0,90 e 51% com perímetro dacintura superior a 94cm. Das 267 mulheres, 80%apresentavam Relação Cintura/Anca superior a0,80 e 76% tinham um perímetro da cintura supe-rior a 80cm. Os doentes com EA e EI apresentammaior sobrecarga ponderal, que os doentes comAP (p<0,001, teste t-Student). Os doentes com EAapresentam maior percentagem de Hipertensão(HTA) e Hipercolesterolemia que as AP (p<0,001,teste t-Student). Conclusão: A sobrecarga ponderal verificada em 65% dos doentes, constitui um factor de sobrecarga articular, que por sua vez leva a umamaior inactividade física, o que perpétua o ciclo vicioso. A mudança de comportamentos alimen-tares, pode ser determinante na prevenção e di-minuição do excesso ponderal, bem como deoutros factores de risco CV, como a DM e HTA. Emequipa multidisciplinar pode contribuir para ou-tros benefícios, como: maior mobilidade associa-da a maior destreza nas actividades de vida diária, com dimensão psicológica positiva a nível da auto--estima.

P52 – INCAPACIDADE PARA O TRABALHO ENTRE OS

DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE NA FASE FINAL

DA IDADE ACTIVA EM PORTUGAL

Rute Cordeiro1,2, Susana Medeiros2, Sofia Ramiro1,2, Frederick Wolfe3, J.A.Canas da Silva4, Elizabeth Benito-Garcia2,4.1. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova deLisboa, Portugal2. Bioepi Clinical and Translational Research Center, Lis-boa, Portugal3. National Databank for Rheumatic Diseases, Wichita, KS4. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Al-mada, Portugal

Objectivos: A incapacidade para o trabalho (IT) é

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uma importante consequência económica da artri-te reumatóide (AR) já que esta patologia afecta in-divíduos em idade activa e a sua taxa parece sermaior em Portugal, quando comparada com a deum estudo recente nos EUA. Estudos indicam quea idade aumenta o risco de IT, mas há poucos es-tudos que demonstrem a dimensão da IT entre osdoentes mais velhos neste grupo. Estudámos a re-lação entre a idade e IT em Portugal e os factoresque a influenciam.Métodos: Como parte de um estudo longitudinaldas consequências da AR em Portugal, 419 doen-tes completaram, semestralmente, um questioná-rio relativo ao último período de 6 meses, desde Ju-lho de 2003 até Junho de 2005. Para a nossa amos-tra entraram apenas os dados referentes ao últimoperíodo de tempo para cada doente, em indivíduoscom idades inferiores a 65 anos e que forneceraminformações sobre o seu desempenho profissional.Os índices de avaliação da IT usados foram a refor-ma precoce devido a artrite ou dor e limitações nasactividades profissionais, através do questionárioque avalia as limitações no desempenho profissio-nal. A proporção de indivíduos com idades entre os55-64 anos que se reformaram precocemente de-vido a artrite ou dor, foi comparada com a de indi-víduos mais novos (20-54 anos) por análises univa-

riadas e multivariadas de regressão linear, a últimapara ajustar potenciais confundidores, incluindoas variáveis relacionadas com factores sociodemo-gráficos e relacionados com a doença. A regressãolinear foi usada para estudar o impacto de cada umdestes grupos etários na limitação do desempenhoprofissional. Resultados: Os nossos resultados sugerem que in-divíduos com AR entre os 55-64 anos, reformam-semais precocemente que os indivíduos mais jovens(OR 1,8, 95% IC 0,9-3,8), depois do ajuste para po-tenciais confundidores. Constatámos ainda que ashabilitações literárias, o nível de qualidade de vida(obtido pelo SF-36) e a duração da doença estão as-sociados com a IT (Tabela 1). No entanto, não hou-ve diferenças estatisticamente significativas do de-sempenho profissional em cada grupo etário. (β 0,1, 95% IC -0,1-0,3) (Tabela 2), em que β é a al-teração estimada na limitação para o trabalho pro-duzida por uma mudança de uma unidade em cadauma das variáveis independentes, mantendo asrestantes variáveis constantes.Conclusão: A reforma precoce devido a artrite oudor em doentes com AR com idades entre os 55-64anos, mas sem limitações na capacidade para o tra-balho, é um problema de importância considerá-vel nos doentes com AR em Portugal.

Tabela 1. Reforma precoce ou não: relação com diversas variáveis.

Análise univariada Análise multivariadaReforma precoce vs. Reforma precoce vs.

Variáveis não precoce OR (95% IC) Não precoce OR (95% IC)Idade 55-64 vs <55 2,8 (1,7-4,7) 1,8 (0,9,3,8)Sexo 0,4 (0,2-0,7) 0,5 (0,2,1,2)Habilitações literárias 0,8 (0,7-0,8) 0,8 (0,7,0,9)Qualidade de vida (0-1) 0,0 (0,0-0,1) 0,1 (0,0,0,2)Duração da AR (anos) 1,1 (1,0-1,1) 1,1 (1,0,1,1)

Tabela 2. Frequência com que um indivíduo foi capaz de desempenhar as actividades habituais.

Análise univariada Análise multivariadaFrequência com que foi Frequência com que foi

capaz de desempenhar as capaz de desempenhar as Variáveis actividades habituais β (95% IC) actividades habituais β (95% IC)

Idade 55-64 vs <55 -0,2 (-0,5,0,1) 0,1 (-0,1,0,3)Habilitações literárias 0,1 (0,1,0,1) 0,0 (0,0,0,1)Gravidade global -0,2 (-0,3,-0,2) -0,1 (-0,1,-0,0)HAQ -0,9 (-1,0,-0,7) -0,6 (-0,8,-0,5)

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P53 – INFECÇÕES BACTERIANAS OSTEO-ARTICULARES – CASUISTICA DOS DOENTES INTERNADOS NUM

SERVIÇO DE REUMATOLOGIA

M. J. Correia, M. Mateus, J. C. BrancoServiço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE (HEM)

Objectivos: As doenças reumáticas crónicas, querpelas lesões estruturais articulares que induzem,quer pela utilização de inúmeras terapêuticas imu-nossupressoras e uso de técnicas invasivas, são umfactor de risco inquestionável para o desenvolvi-mento de uma infecção articular. Os autores pre-tendem avaliar os casos clínicos internados de in-fecção bacteriana osteo-articular que surgiram noseu Serviço.Métodos: Num total de 562 internamentos, entre1999 e 2005, verificaram-se 12 internamentos como diagnóstico de infecção bacteriana osteo-arti-cular. Foram incluídas as artrites sépticas, as osteomielites e as espondilodiscites. Os parâme-tros avaliados foram a distribuição etária e por se-xos, a proveniência dos doentes, o local da infecção,os agentes infecciosos etiológicos, o modo dedisseminação, os sintomas associados, a existênciade lesão estrutural articular consequente, a ne-cessidade de intervenção cirúrgica ou de artrocli-se, a existência de complicações, as patologias debase associadas e a duração do tempo de interna-mento.Resultados: A idade média foi de 49 anos, sendo58% do sexo feminino. À excepção de 3 doentesprovenientes directamente do serviço de urgência,os restantes eram já seguidos na consulta de reu-matologia. Foram afectadas 9 articulações perifé-ricas: 3 joelhos, um cotovelo, 1 punho, 2 pequenasarticulações das mãos na mesma doente (MCF5 eIFP5), 1 tarso, 2 espondilodiscites e 2 osteomielitesdo fémur, uma delas com atingimento posterior dojoelho. Os agentes infecciosos envolvidos foram oStaphyl. aureus (3), Streptococcus (1), Esch. coli (1),Brucella (1), Neisseria gonorrhoeae (1) e o Mycob.tu-berculosis (1). Em 3 casos, as culturas foram nega-tivas, em doentes já com antibioterapia instituídana altura da colheita. O modo de disseminação foio hematogéneo em 10 doentes e por penetraçãodirecta nos restantes. Todos apresentaram dor eimpotência funcional, mas só 58% cursaram comfebre. Existiu lesão estrutural articular em 67% dosdoentes, 33% teve necessidade de intervenção ci-rúrgica terapêutica, e a artroclise foi realizada só em3 doentes. 75% sofreram complicações, na maioria

infecção/abcesso das partes moles adjacentes. 3doentes apresentavam osteoartrose das articula-ções atingidas, um associado a DM tipo II e outroa sind. de Sjogren, 2 doentes tinham só DM tipo II,1 doente cursava com AR e IRC e outro apresenta-va uma vasculite e uma IRC em hemodiálise. Osrestantes apresentavam só comportamentos de ris-co. A duração média do internamento foi de 24 dias,com um máximo de 55 dias.Discussão: A distribuição encontrada está de acor-do com o publicado para a população da Europa eEUA, no entanto os autores esperavam encontrarmais patologias de base do foro reumático associa-do a situações de imunosupreessão, o que não severificou.

P54 – DOR E EDEMA UNILATERAL DA PERNA EM

DOENTE COM ARTRITE REUMATÓIDE

Margarida Coutinho1 e Anabela Barcelos2

2. Unidade de Reumatologia1. Serviço de MedicinaHospital Infante D. Pedro, Director: J Crespo.

As autoras apresentam o caso de um doente comArtrite Reumatóide, de 33 anos de idade, sexo mas-culino, com dor e edema unilateral da perna es-querda, com grande incapacidade para a marcha,com um mês de evolução. Recorreu ao Serviço deUrgência do Hospital da área de residência tendo--lhe sido diagnosticado trombose venosa do mem-bro inferior esquerdo iniciando terapêutica comenoxaparina subcutânea. Alguns dias depois, foiobservado em consulta de Reumatologia manten-do as queixas e ao exame objectivo apresentavaquisto de Baker palpável à esquerda, palpação do-lorosa das massas gemelares e edema unilateral daperna esquerda. Associadamente referia dor à dor-siflexão passiva do pé esquerdo (sinal de Homanpositivo). Foi colocada a hipótese de ruptura dequisto de Baker versus trombose venosa profundae foram solicitados exames complementares paraesclarecimento diagnóstico.

A ecografia do joelho e região gemelar da pernaesquerda revelou ruptura de quisto de Baker comlâmina de líquido por fora dos músculos. A ecogra-fia com Doppler mostrou compressão vascular di-fusa, por edema dos gémeos, mas sem trombosevenosa profunda.

A ruptura do quisto de Baker determina um qua-dro semelhante ao da trombose venosa profundasendo o diagnóstico diferencial muitas vezes difí-

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cil. Contudo, um quadro sugestivo de trombose ve-nosa profunda da região gemelar num doente comArtrite Reumatóide deve sempre levantar a hipóte-se de ruptura de quisto de Baker.

P55 – LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO (LES) EANEMIA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

S. Falcão1, R. Barros2, M. Mateus1, J.C. Branco1, I. Ribeiro2, A Weighert3

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE (HEM), Lisboa, Portugal2. Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE (HEM), Lisboa, Portugal3. Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar de Lisboa Oci-dental, EPE (HSC), Lisboa, Portugal

A anemia é uma manifestação frequente nos doen-tes com LES. A sua etiologia é multifactorial, a abor-dagem terapêutica é variável e o seu prognósticoestá directamente relacionado com o agente cau-sal e a resposta à terapêutica instituída. Caso clínico: Os autores apresentam o caso clínicode uma doente do sexo feminino, com 48 anos, como diagnóstico de LES, com um ano de evolução, ca-racterizado pelo: envolvimento sistémico (fadiga,astenia e febrícula), cutâneo-mucoso (erupção cu-tânea, alopécia, fenómeno de Raynaud), músculo--esquelético (poliartrite e mialgias), das serosas(derrame pericárdico), pulmonar (envolvimentointersticial basal), renal (IR moderada/grave) e he-matológico. A anemia grave refractária a corticote-rapia em altas doses (1 mg/Kg/dia), ferro oral etransfusões de sangue, associado à elevada suspei-ção clínica da presença de uma medula óssea hi-porreactiva, determinou a execução de mielogra-ma, biópsia óssea e imunofenotipagem do sanguemedular, que foi compatível com Síndrome Mielo-displásico. Iniciou terapêutica com eritropoietina(5000U 3x/semana) e pulsos de ciclofosfamida(1gr/m2 mensais) com regressão total das lesões anível da medula óssea e, subsequente, resoluçãoda anemia.Discussão: A medula óssea é um alvo comum daautoagressão no LES, pelo que não deve ser negli-genciada. Em casos graves resistentes à terapêuti-ca, devemos auxiliar-nos em exames complemen-tares de diagnóstico mais invasivos, como é o casodo mielograma e biópsia óssea. O protelar da suarealização impede o início atempado de terapêuti-ca direccionada, em prejuízo do aumento da mor-bilidade e mortalidade, já por si elevadas nesta pa-tologia.

P56 – ESTARÁ A PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE

INDUZIDA POR CORTICÓIDES (OPIC) A SER CUMPRIDA

NOS DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE (AR)?S. Falcão, R. Barros, J.M.B. Pimentão, J.C. BrancoServiço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE (HEM), Lisboa, Portugal

A terapêutica crónica com corticóides é a causamais frequente de perda de massa óssea secundá-ria; a sua severidade pode variar entre 3 a 20%, apro-ximadamente, no espaço decorrido de 1 a 2 anos.

As recomendações, do Colégio Americano deReumatologia, na prevenção da OPIC sugerem quetodos os indivíduos medicados com doses superi-ores a 5 mg/dia de prednisona (PDN) por um pe-ríodo superior a três meses devem: modificar fac-tores de risco para osteoporose; praticar exercíciofísico regular; ingerir diariamente cálcio e vitami-na D nas doses recomendadas; e iniciar terapêuti-ca com bisfosfonatos.Objectivo: Avaliar, numa população de doentescronicamente medicada com corticóides, aquelesque então a ser seguidos segundo as directrizes in-ternacionais para a prevenção da OPIC.Material e Métodos: Grupo constituído por 61 doen-tes, consecutivos, com AR, seguidos regularmente nanossa consulta. Foram apurados dados referentes àidade, sexo, corticoterapia instituída e dose diáriaefectuada, medicação concomitante com cálcio/vi-tamina D e bisfosfonatos, valores densitométricos(DMO) e existência de fractura osteoporótica. Resultados: 78,6% dos doentes faziam PDN em do-ses superiores ou iguais a 5 mg/dia por um perío-do superior a 3 meses; 81,3% estavam medicadoscom cálcio/vitamina D; 51,2 % faziam bisfosfona-tos. Relativamente aos valores DMO: 62,9% nãoeram normais (T score <-1); 5,7% eram normais; e31,4 % não havia dados.Conclusão: A percentagem de doentes com altera-ções da DMO parece-nos elevada para o reduzidonúmero de doentes a fazer bisfosfonatos; estandocomprometida tanto a prevenção, como o trata-mento da entidade em estudo, isto é, a OPIC. Palavras chave: corticóides, osteoporose induzida,prevenção

P57 – ESCLERODERMIA – FORMA DE APRESENTAÇÃO

DE RECIDIVA DE CARCINOMA DO RECTO

J. Garcia1, M. J. Saavedra1, R. Lebre2, M. J. Salvador1, A. Sá2, J. Nascimento Costa2,

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J. Silva1, A. Malcata1

1. Serviço de Reumatologia2. Serviço de OncologiaHospitais da Universidade de Coimbra

Introdução: A Esclerodermia pode ser uma mani-festação de neoplasia encontrando-se mais fre-quentemente associada às neoplasias do pulmão,ovário e mama. A associação com neoplasias dotubo digestivo é rara.Caso Clínico: Doente do sexo feminino, 37 anos deidade, com antecedentes de adenocarcinoma dorecto bem diferenciado, no contexto de PoliposeAdenomatosa Familiar, submetido a colectomia to-tal e quimioterapia adjuvante (FOLFIRI). Observa-da em Consulta de Reumatologia por edema difu-so das mãos com 4 meses de evolução. Ao exameobjectivo apresentava esclerose cutânea das mãose face, microstomia, Fenómeno de Raynaud in-completo bilateral e cicatriz de ulceração no 2ºdedo da mão direita.

O estudo complementar efectuado revelou po-sitividade para anticorpos anti-nucleares (padrãogranular fino e nucleolar, ac. anti-nucleolares eanti-PMScl positivos com anti-Scl 70 negativo), di-minuição da capacidade de difusão do monóxidode carbono no estudo ventilatório (DLCO SB- 64 %,DLCO VA- 78 %), presença de megacapilares, áreashemorragias e áreas avasculares à capilaroscopia.

Realizada TAC toraco-abdominal que revelou re-cidiva de carcinoma do recto com metastização he-pática. Iniciou nova terapêutica citostática (FOL-FOX 4) com melhoria das lesões cutâneas.

P58 – IMPACTO DA TERAPÊUTICA COM INFLIXIMAB

E ETANERCEPT SOBRE A QUALIDADE DE VIDA E

SITUAÇÃO PROFISSIONAL NOS DOENTES COM

ESPONDILITE ANQUILOSANTE

Fátima Godinho, Eufémia Calmeiro, Lurdes Barbosa, Maria José Santos, Ana Cordeiro,Ana Rita Cravo, José Canas da Silva.Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta Almada

Objectivos: Avaliar as alterações na qualidade devida e situação profissional nos doentes com Es-pondilite Anquilosante tratados com terapêuticasanti-TNF alfa.Métodos: Vinte e sete doentes com o diagnósticode Espondilite Anquilosante de acordo com os cri-térios modificados de Nova Iorque, 25 tratados comInfliximab e 2 sob terapêutica com Etanercept, fo-

ram submetidos a avaliação clínica e laboratorial.Todos os doentes preencheram o Short Form-36,um questionário acerca da sua situação profissio-nal, o BASDAI e o BASFI. Foi também avaliada a Ve-locidade de Sedimentação (VS) e a Proteína C Re-activa (PCR). Esta avaliação foi efectuada no inícioe seis meses depois do início da terapêutica. A ad-ministração foi de 5 mg/kg de Infliximab na sema-na 0, 2 e seis semanas e posteriormente de 6 em seissemanas. Nos doentes sob Etanercept a posologiafoi de 25 mg subcutâneo duas vezes por semana.Resultados: Dos 27 doentes incluídos, sete eramdo sexo feminino, 20 do sexo masculino, a idademédia era de 38,8±9,8 e a duração média da doen-ça 10,4±10,4. Em todos os doentes se verificou umamelhoria dos parâmetros inflamatórios e da acti-vidade da doença. Verificou-se uma melhoria emtodas as escalas do SF-36 mas apenas houve dife-rença estatisticamente significativa nas sub-esca-las de função física e de função social. Na altura dodiagnóstico 56% dos doentes estavam a trabalharcom situação profissional activa. Antes do inícioda terapêutica biológica 11 doentes (41%) estavamactivos, 8 (30%) de baixa e 6 (22%) desempregados.Seis meses após o início da terapêutica 9 doentes(33%) alteraram a sua situação profissional, seisdoentes positivamente e 5 considerando o trata-mento responsável por essa alteração.Conclusões: Apesar de se verificar diferença estatis-ticamente significativa apenas em duas das sub-es-calas do SF-36, 33% dos doentes alteraram positiva-mente a sua situação profissional, mas o pequenonúmero de doentes limita as nossas conclusões. Noentanto, é de salientar a importância das terapêuti-cas anti-TNF alfa na melhoria clínica e funcional dosdoentes bem como em parâmetros mais subjectivoscomo a qualidade de vida e situação profissional.

P59 – ESTUDO DA QUALIDADE DE VIDA E DA

PERSONALIDADE EM ADULTOS COM ARTRITE

IDIOPÁTICA JUVENIL

J. A. Melo Gomes1, Natália Meireles2

1. Serviço de Reumatologia Infantil, do Adolescente e do Adulto Jovem, do Instituto Português de Reumatologia2. Consulta de Psicologia Clínica da Associação Nacional de Doentes com Artrites Infantis e OutrosReumatismos da Infância.

Objectivos: A Artrite Idiopática Juvenil (AIJ), englo-ba diferentes formas de artrites e outras doenças

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reumáticas inflamatórias e juvenis de causa desco-nhecida com início antes dos 16 anos de idade, sen-do actualmente considerada como a doença cróni-ca infantil e juvenil mais frequente e incapacitan-te. Dados de evolução e prognóstico demonstramque mais de um terço dos doentes permanece coma doença activa na idade adulta, apresentando umalarga percentagem desses doentes múltiplas reper-cussões negativas em diferentes domínios da Qua-lidade de Vida (QdV). Por outro lado, a perspectivaholística dos processos de saúde e doença permi-te a aceitação do postulado de que os factores depersonalidade desempenham um factor preponde-rante no desenrolar do processo de saúde e da per-cepção subjectiva da QdV. Contudo, a investigaçãoda QdV de doentes adultos com esta patologia, per-manece no panorama nacional como reduzida-mente investigada. Nessa medida, o presente estu-do pretende avaliar dimensões da (QdV) em adul-tos com diagnóstico de AIJ, procurando verificarse existem relações entre essa percepção subjecti-va de QdV e os traços de personalidade. Acessoria-mente, proceder a avaliação similar em grupo decontrolo (adultos sem diagnóstico de AIJ ou de ou-tra doença crónica), objectivando a uma análisecomparativa dos resultados. Métodos: Estudo transversal de uma amostra ale-atória de 30 adultos com diagnóstico de AIJ (n=20mulheres/10homens; média de idades = 27 ± 12;tempo de diagnóstico = 17 ± 9), cumprindo crité-rios de classificação da ILAR de AIJ, seguidos naconsulta de Reumatologia Infantil, do Adolescen-te e do Adulto Jovem, do Instituto Português deReumatologia. O índice de capacidade funcional eas dimensões da QdV, foram avaliados através dosinstrumentos de auto-avaliação: Health AssessmentQuestionnaire (HAQ) e MOS 36-Item Short HealthSurvey (SF-36). O Inventory Personality Eysenck(EPI), foi utilizado para a avaliação dos traços depersonalidade. A fim de se proceder a uma avalia-ção comparativa dos resultados foi constituído deforma aleatória um grupo de controlo (n = 30; si-milar em idade e género), tendo sido avaliadoquanto às dimensões de QdV (SF-36) e traços depersonalidade (EPI). Resultados: O grupo de adultos com AIJ, apresen-ta alguma Incapacidade Funcional (Média HAQ =0,71) e revela uma percepção da QdV (SF-36) de ní-vel inferior nos domínios de Saúde Geral, FunçãoFísica, Desempenho Físico, Dor Corporal e Vitali-dade, comparativamente ao grupo de controlo. Aavaliação dos traços de personalidade (EPI), reme-

te para a evidência de maiores níveis de Neuroti-cismo no grupo de adultos com AIJ, comparativa-mente ao grupo de controlo. O estudo da existên-cia de relações entre os traços de personalidade eas dimensões da QDV avaliadas, remete apenas nogrupo de Adultos com AIJ para a presença de cor-relações significativas e negativas entre maiores ní-veis de Neuroticismo e percepção de pior QdV nasdimensões relativas a Saúde Geral, Função Social eSaúde Mental.Discussão/ conclusões: O estudo efectuado surgecomo relevante para o reconhecimento do impac-to negativo da AIJ na QdV dos doentes com esta pa-tologia em idade adulta. Por outro lado evidenciano grupo de doentes em estudo (adultos com AIJ)a existência de relações entre maiores níveis de Ins-tabilidade Emocional e uma percepção subjectivade pior QdV, em múltiplos domínios físicos, psí-quicos e sociais. Em síntese os resultados relevama importância de uma abordagem terapêutica ho-lística e multidisciplinar dos adultos com AIJ emprol da melhoria da percepção subjectiva de bemestar e da qualidade de Vida dos doentes com estapatologia.

P60 – FACTORES QUE INFLUENCIAM O APARECIMENTO

DE SINTOMAS DEPRESSIVOS EM DOENTES PORTUGUESES

COM ARTRITE REUMATÓIDE

Susana Medeiros1, Rute Cordeiro1,4, Sofia Ramiro1,4, J. A. Canas da Silva2, Frederick Wolfe3, Elizabeth Benito-Garcia1,2. 1. Bioepi Clinical and Translational Research Center,Lisbon, Portugal.2. Rheumatology Service, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal.3. National Databank for Rheumatic Diseases, Wichita,KS.4. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Novade Lisboa, Portugal

Objectivo: A influência da idade de aparecimentoda artrite reumatóide (AR) no prognóstico e evolu-ção clínica da doença tem sido controversa. Algunsestudos revelam diferenças entre a apresentaçãoda AR de início em adultos jovens (<45 anos) e a deinício no idoso (> 60 anos). Outros defendem quea idade de aparecimento da doença não influenciaa evolução clínica ou o prognóstico da AR. Neste es-tudo, investigámos o impacto da idade de início daAR na função e qualidade de vida em doentes por-tugueses com AR.

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P61 – ELABORAÇÃO DE UMA BASE DE DADOS PARA

DOENTES PORTADORES DA SÍNDROME DE SJÖGREN

Rui MeloAssistente hospitalar de Reumatologia Hospital de nossa Senhora da Assunção – Seia

Objectivo: Elaboração de uma base de dados paraos doentes portadores da Síndrome de Sjögren.Métodos: A Síndrome de Sjögren é uma doençaauto-imune e sistémica que atinge, principalmen-te, as glândulas exócrinas e provoca xerostomia exeroftalmia devido ao impedimento funcional dasglândulas salivares e lacrimais. É uma das patolo-gias mais comuns dentre aquelas e com uma pre-valência de 1-3%. Os doentes são classificadoscomo portadores da Síndrome de Sjögren primá-ria se não houver associação com outra patologiatambém auto-imune sistémica, mais frequente-mente com a Artrite Reumatóide e o Lúpus Erite-matoso Sistémico. A característica histopatológicaprincipal é a presença de um infiltrado linfocíticolocalizado (focal) nas glândulas exócrinas e des-truição das mesmas. A Síndrome de Sjogren temuma evolução arrastada e, na maioria dos casos li-mitada as glândulas salivares e lacrimais, porém,em um terço dos doentes, pode haver envolvimen-to vascular, renal, pulmonar, hepático ou neuroló-gico, inclusive com evolução para linfoma de célu-las B em 5% dos casos.

O autor elaborou uma base de dados com asprincipais informações clínicas desde as queixassecas orais e oculares, aos dados dos testes para oolho seco, valores laboratoriais e dos aspectos clí-nicos e exames complementares para as manifes-tações sistémicas. Resultados: Aplicação, entre os vários centros dereumatologia, de uma base de dados única para osdoentes portadores de Síndrome de Sjögren. Obterdados epidemiológicos sobre esta importante pa-tologia auto-imune e promover estudos multicên-tricos retrospectivos e prospectivos.

P62 – ELABORAÇÃO DE UMA BASE DE DADOS PARA A

CONSULTA DE ESPONDILOARTROPATIAS

Rui MeloAssistente Hospitalar de ReumatologiaHospital de Nossa Senhora da Assunção – Seia

Objectivo: Elaboração de uma base de dados comas principais informações clínicas, laboratoriais,imagiológicas e terapêuticas dos doentes portado-

Métodos: Uma amostra de 443 doentes com AR,257 diagnosticados com menos de 45 anos e 186com o diagnóstico após os 60 anos, completaramum questionário relativo à sua doença, entre 2003e 2005. Os questionários foram administrados, porpessoas treinadas, a doentes com baixo grau de ins-trução e incluíram dados sócio-demográficos, ca-racterísticas da doença, sintomas incluindo a dor,o HAQ e medidas de qualidade de vida. Foi estuda-da a influência da idade de início da AR na função(HAQ) e na qualidade de vida pelo Euro-Qol (EQ--5D) por análises univariadas de regressão linearseguidas por modelos de regressão linear múltiplapara ajustar potenciais confundidores. O melhormodelo final foi usado para retirar conclusões eidentificar outras variáveis que possam estar asso-ciadas com o HAQ ou EQ-5D.Resultados: As análises univariadas mostraram quenão há diferença entre os doentes com AR de iní-cio precoce e os de início tardio, a nível de comor-bilidades. No que respeita a distribuição por sexos,ambos os grupos foram idênticos. Considerandoque os β reflectem a modificação estimada do HAQou EQ-5D produzida por cada alteração de 1 uni-dade de cada uma das variáveis independentes,mantendo as restantes variáveis constantes, as aná-lises univariadas demonstraram que a idade de iní-cio da AR influencia o HAQ, assim como o EQ-5D;contudo, as análises multivariadas não revelaramnenhuma associação entre a idade de início da ARe o HAQ ou EQ-5D (Tabela 1).

Conclusão: Não foi observada nenhuma associa-ção entre a idade de início da AR e a função (HAQ)ou a qualidade de vida (EQ-5D) na amostra dedoentes portugueses. Estas conclusões podem terimplicações importantes na abordagem da AR deinício precoce relativamente à abordagem da AR deinício tardio.

Tabela 1

Análise Análise Univariada Multivariada

para depressão para depressão(VAS) (VAS)

Variáveis β (95% CI) β (95% CI)Idade 0.0 (0.0 0.1) 0.0 (0.0 0.2)Sexo -1.6 (-2.4 -0.9) -0.7 (-1.3 0.0)Escolaridade -0.2 (-0.3 -0.1) -0.1 (-0.2 0.0)Dor (VAS) 0.4 (0.3 0.5) 0.1 (0.0 0.3)HAQ 2.0 (1.7 2.3) 1.4 (1.0 1.9)

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res de espondiloatropatias. Métodos: Baseado nas directivas de monitorizaçãodos doentes portadores de Espondilite Anquilosan-te do Comité International ASAS (ASessments inAnkylosing Sponylitis Working Group), que orientamedidas de avaliação da actividade da doença, es-tado funcional e de lesões estruturais na EA nos cui-dados de rotina e também na avaliação de respos-ta clínica aos ensaios clínicos, o autor propõe ummodelo de registo das principais informações quesão necessárias sobre o estado clínico e de segui-mento para os doentes portadores de espondiloar-tropatias numa consulta de reumatologia.

As informações principais são: identificação dodoente,anos de evolução da doença,data da primei-ra e da última consulta, locais de atingimento dadoença (axial/periférico, entesites), patologias asso-ciadas, presença do antigénio HLA-27, registo da VSe da PCR na avaliação inicial e subsequentes, estu-do imagiológico, índices BASDAI e BASFI iniciais esubsequentes, valores da DEXA, nome e dose dos AI-NES actuais, DMARDS e terapêutica biológica, situ-ação problema a resolver.

Construção de uma folha Excel para arquivo etratamento das informações.Conclusão: A base de dados organizada permiteregistar as informações sobre a epidemiologia dasespondiloartropatias na população de uma deter-minada área hospitalar, os índices de actividade dadoença e das alterações funcionais, avaliar as res-postas a terapêutica e impedir a progressão para aincapacidade.

P63 – FACTORES ASSOCIADOS A QUEDAS NAS DOENÇAS

REUMÁTICAS

L Miranda1, M Parente1 J Saraiva Ribeiro1, S Cortes1,D Medeiros1, F. Barcelos1, M Sousa1, C Miguel1, M Mediavilla1, C Silva1, P Coelho1, J Vaz Patto1, H Santos1, E Simões1, M Silva1, H Madeira1, J Ferreira1, R Leitão1, M Micaelo1, V Las1, A Faustino1, R Figueiredo1, J Figueirinhas1,A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Introdução: A presença de patologias reumáticasem doentes envelhecidos contribui de forma im-portante para a ocorrência de quedas. Em popula-ções envelhecidas cerca de 30% nos países ociden-tais e15% nos orientais referem pelo menos umaqueda por ano e metade destes duas ou mais.Objectivos: Correlacionar o nº das quedas com fac-

tores de risco conhecidos numa população dedoentes em consulta no Instituto Português deReumatologia.Material e Métodos: Foi aplicado um protocolo deavaliação clínica de auto-preenchimento, com ahistória pregressa de quedas com o diagnósticoreumatológico e não reumatológico. Foram avalia-dos: peso, índice de massa corporal (IMC), períme-tro da cintura (PC), perímetro da anca (PA), relaçãocintura/anca (RC/A), massa gorda (em % e Kg),massa corporal livre de gordura (Kg) [FFM(kg)] eágua corporal total [TBW(%)(Kg)]. Estes parâme-tros foram medidos através de dois aparelhos, a bi-oimpedância de mãos (OMRON®, HBF300) e de pés(TANITA®, TBF350).Resultados: Foram avaliados 739 doentes, com pa-tologias mais frequentes na consulta externa dereumatologia. (OA- 231; AR-185 Espodilartropati-as (EA + Indiferenciada + reactivas)-64, Artrite Pso-riásica-55, Conectivite indiferenciada – 39, Fibro-mialgia – 35, Osteoporose -27, LES-25, SJögre-en/sind sicca – 21, poliartrite- 18 entre outros) A idade média era de 59,22±13,03 [16,89] anos, 121do sexo masculino e 618 do sexo feminino. Dos doentes avaliados 33,25% referiu ter caído sen-do que 16,4% referiu apenas 1 queda e os restantesreferiram nº variável de quedas, entre 2 a 12.Obti-vemos correlações de Spearman entre o nº de que-das e várias variáveis (manometria, idade, peso, IMC, MG(kg), FFM(kg), TBW(%)(Kg) PC,PA,RC/A.

Obtivemos relações significativas com idade(r=0,168, p<0,0005), manometria (r=-0,134,p<0,0005), FFM(kg)(r=-0,12,p=0,002), TBW(Kg)(r=-0,116, p=0,003), TBW(%)(r=-0,096, p=0,015).

O nº de quedas aumentou com a idade. Obser-vamos que as quedas diminuem na população commelhores valores de massa magra e água corporal,independentemente do peso ou IMC. Existe corre-lação do nº de quedas com valores de manometriamesmo após correcção para a variável idade(p=0,04).

O nº de quedas é mais elevado no sexo femini-no (uma diferença de 0,51 quedas, em média,p<0,0005, pelo teste de Mann-Whitney). O nº dequedas reportado é mais elevado no grupo de os-teoporose, seguido pelo S. Sjogren e S. Seco, poli-artrite indiferenciada e osteoartrose. O nº de que-das é menor no grupo de Esclerodermia, DMTC,LES, gota e espondilartropatias

A análise discriminativa confirma o peso da va-riável idade na explicação da diferença do nº de

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quedas nos vários grupos (Wilks’ Lambda=,716,p<0,0005, para a idade e Wilks Lambda=,972,p=0,081 para o nº de quedas).Conclusão: Existem diversas variáveis que podemcontribuir para as quedas nos idosos e mais aindanos doentes reumáticos. O nosso trabalho parecesugerir que para além da idade e do sexo feminino,que aumentam o risco, alterações na composiçãocorporal como a massa magra, a quantidade deágua e a manometria, todos eles indicadores indi-rectos de melhor massa muscular, parecem asso-ciar-se a menor tendência para quedas. O risco dequeda parece ser diferente nas diversas doençasreumáticas sendo maior na osteoporose.

P64 – ESPONDILARTROPATIAS E OSTEOARTROSE – INFLUÊNCIA DAS ALTERAÇÕES CLIMATÉRICAS

L Miranda1, M Parente1, S Cortes1, J Saraiva Ribeiro1, H Santos1, J Ferreira1,F. Barcelos1, D Medeiros1, C Miguel1, M Sousa1, P Coelho1, J Vaz Patto1, M Mediavilla1, C Silva1, E Simões1, M Silva1, H Madeira1, R Leitão1, M Micaelo1, V Las1, A Faustino1, R Figueiredo1, J Figueirinhas1, A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Introdução: As alterações climatéricas sazonaistêm globalmente uma influência na mortalidade emorbilidade muito por alterações nas patologiascardíacas e pulmonares. Existe uma crença po-pular generalizada que as doenças reumáticas são influenciadas por alterações climatéricas quese reflecte desde Hipócrates em artigos e traba-lhos médicos, sendo o primeiro publicado numarevista datado de 1887 (American Journal MedicalScience).Objectivos: Correlacionar a percepção de dor e ri-gidez sentidas e as alterações climatéricas numapopulação de doentes com Osteoartrose (OA) e es-pondilartropatias (Spo) (EA, artrite psoriásica, in-diferenciada, reactiva ou associada a DII).Material e Métodos: Este estudo decorreu no Ins-tituto Português de Reumatologia (IPR), tendo sidoobservados todos os doentes que recorreram à con-sulta externa de reumatologia, durante cerca de 1mês. Foi aplicado um protocolo de avaliação dapercepção dos doentes relativamente à relação en-tre a dor, doença e rigidez e as alterações climaté-ricas de auto-preenchimento, com o diagnósticoreumatológico, preenchido pelo médico reumato-

logista assistente. Os valores variavam entre 1 a 5(1- Ficam muito piores 2- Ficam piores 3- Ficam namesma 4- Ficam melhores 5- Ficam muito melho-res).Resultados: Seleccionaram-se 341doentes (293 dosexo feminino, 48 do sexo masculino), com médiade idade 59,55±14,1 [13,86] anos, com 2 grupos depatologias: Espondilartropatias (n=63) e Osteoar-trose (n=278). A maioria dos doentes acredita quea sua doença é influenciada pelo tempo: 50% dosdoentes acredita que influencia pouco, alguma coi-sa ou bastante. A rigidez matinal também surgecomo «alguma coisa influenciada» pelo tempo emais elevada, embora de forma não significativa,no tempo húmido ou frio. Estas convicções são se-melhantes em toda a população considerada. Tam-bém não existe diferença significativa destes gru-pos em relação à presunção de influência das tem-peraturas altas ou chuva (resposta mediana é a 3).Em relação ao tempo húmido os 2 grupos são con-cordantes, no sentido de uma influência adversa nasintomatologia (resposta mediana 2), mas esta res-posta é mais significativa no grupo de osteoartro-se (p=0,005). Em relação ao tempo seco, a convic-ção prevalente nega a sua influencia sendo estamais significativa na osteoartrose(p=0,041). A aná-lise dos meses piores para a doença não revela di-ferenças significativas entre as patologias sendo osmais citados Novembro, Dezembro, Janeiro e Feve-reiro. Conclusão: Existe ainda uma estabelecida contro-vérsia relativamente a se existe uma clara relaçãoentre doenças crónicas reumáticas e as alteraçõesclimatéricas. Contudo segundo alguns autores osdoentes com EA parecem ter menor incapacidadeno verão, em outras doenças e em outros trabalhospor nós realizados parece que a humidade e o tem-po frio parece agravar a dor e a rigidez matinal nosdoentes com AR e AO. Os resultados apresentadosvêm confirmar que nestas doenças parece existiruma alteração da percepção da dor e da doençacom as alterações climatéricas. A crença da influên-cia do frio e humidade no agravamento da sinto-matologia parece existir numa grande parte dosdoentes, independentemente da patologia de base(OA ou SPO).

P65 – FACTORES PREDITIVOS DE RESPOSTA CLÍNICA EM

DOENTES COM ESPONDILITE ANQUILOSANTE SOB

TERAPÊUTICA BIOLÓGICA

P. Monteiro1, I. Cunha1, J. Garcia1, M.J.

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Saavedra1, P. Abreu1, M.J. Salvador1, A. Barcelos2, P. Valente3, M. Alexandre1, L. Inês1, J. Silva1, J. A. Pereira da Silva1, A. Malcata1.1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra2. Unidade de Reumatologia do Serviço de Medicina Interna do Hospital de Aveiro3. Unidade de Reumatologia do Serviço de Ortopediado Hosp. Santa Maria da Feira

Objectivos: Avaliar a existência de factores prediti-vos de resposta clínica em doentes com Espondili-te Anquilosante tratados com fármacos anti TNFalfa.Métodos: Estudo aberto, incluindo dezassete doen-tes com o diagnóstico de Espondilite Anquilosan-te, refractária a outras terapêuticas. Todos os doen-tes incluídos no estudo cumpriam os critérios derefractariedade segundo o grupo ASAS. Quinzedoentes receberam Infliximab (5mg/kg/ev; às se-manas 0,2,6, e depois de 8/8 semanas). Dois doen-tes foram medicados com Etanercept (25 mg/2xsem/sc). Todos os doentes foram submetidos a ava-liação clínica e laboratorial, prospectiva e protoco-lizada, com os intervalos acima indicados para o In-fliximab (sexo, idade, idade de início da doença,duração da doença, teste de Shober, avaliação glo-bal pelo doente e pelo médico; BASDAI; BASFI; EVAdor, fadiga, lombalgia e dor nocturna; HAQas; PCRe VS).

Definiu-se como resposta clínica major uma me-lhoria de 50% do BASDAI inicial após 14 semanasde tratamento.Resultados: (Ver Quadro)Conclusões: Verificou-se resposta clínica major em64,7% dos doentes. Os resultados obtidos vão deencontro aos da literatura que apontam, como fac-tores preditivos de melhor resposta ao tratamentocom anti-TNF alfa, uma duração da doença maiscurta, idade mais jovem, baixo BASFI inicial e VS ePCR elevadas. Os doentes respondedores apresen-tam ainda uma menor limitação da mobilidadelombar inicial, e mais baixos índices iniciais nasescalas EVA.

P66 – ENDOCARDITE INFECCIOSA NO DIAGNÓSTICO

DIFERENCIAL DE POLIMIALGIA REUMÁTICA:A IMPORTÂNCIA DO EXAME FÍSICO

Ana Filipa Mourão1, A.Nisa Pinheiro2, J.Pimenta da Graça2.1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental (CHLO), Hospital Egas Moniz, EPE,Lisboa.2. Serviço de Medicina 2, Centro Hospitalar de LisboaOcidental (CHLO), Hospital Egas Moniz, EPE, Lisboa.

Objectivo: As doenças reumáticas podem confun-dir-se muitas vezes com patologias de origem in-fecciosa, cuja sintomatologia inicial pode ser se-melhante. Pretende-se com este caso clínico aler-tar para esta possibilidade.Caso Clínico: Doente de 72 anos com anteceden-tes de osteoporose, asma brônquica, hipertensãoarterial, dislipidémia, prolapso da válvula mitral esíndrome depressivo, é internada por afasia e he-miplegia direita de instalação súbita.Nos 3 meses prévios ao internamento iniciara ano-rexia, perda de peso, fraqueza muscular proximaldos membros superiores e inferiores e poliartralgi-as de ritmo misto. Na observação detectou-se dis-creta palidez, sopro sistólico II/VI audível no bor-do esquerdo do esterno e apex com irradiação paraa axila, afasia e hemiplegia direita de predomíniobraquial. Estava apirética, não tinha sinais de insu-ficiência cardíaca ou renal. Documentou-se umaanemia normocítica normocrómica, leucocitosecom neutrofilia e aumento da PCR e da VS. O qua-dro foi interpretado como Polimialgia Reumáticatendo a doente iniciado terapêutica com corticos-teróides, verificando-se discreta melhoria sintomá-tica. Na investigação complementar efectuada, o

Com Sem resposta resposta

Parâmetros iniciais Major Major (n=11) (n=6)

Média etária 33,9 A 43,7 AÍnício da doença 22,2 A 23,4 ADuração da doença 11,7 A 20 ASchober inicial < 2 cm 36% 67%Avaliação Global do doente 6,3 8,1Avaliação Global do Médico 6,5 7,5EVA dor 5,9 6,8EVA fadiga 6,25 7,25EVA lombalgia 6,15 6,9EVA lombalgia nocturna 7,4 8HAQ as 1,31 1,5BASDAI 5,7 6,7BASFI 6,58 7,6VS 42 29PCR 4,2 2,3

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vés de microscopia de luz polarizada e microsco-pia electrónica, na tentativa da detecção de cristaisem doentes com hidrartrose, sem história de ar-tropatia inflamatória ou doença reumática sisté-mica.Material e Métodos: Foram avaliadas amostras delíquido sinovial de doentes com hidrartrose, semhistória de artropatia inflamatória ou patologiareumática sistémica. Os líquidos sinoviais obtidosforam observados numa fase inicial no microscó-pio de luz polarizada e com a coloração com ver-melho de alizarina. Posteriormente analisámos asmesmas amostras por microscopia electrónica detransmissão e espectroscopia de dispersão de ener-gia, tentando identificar cristais e caracterizar a suacomposição química. Resultados:Foram observadas 45 preparações de 23amostras de líquido sinovial. Por microscopia de luzpolarizada identificámos cristais em 11 desses líqui-dos, 3 com pirofosfato de cálcio, 6 com «cristais con-tendo cálcio» e 2 com monourato de sódio. Nas res-tantes 12 amostras não identificámos qualquer tipode cristal e os líquidos tinham características mecâ-nicas.As amostras foram posteriormente analisadaspor microscopia electrónica de transmissão conven-cional e espectroscopia de dispersão de energia.Confirmámos a presença dos cristais anteriormen-te identificados e na totalidade das 12 amostras semcristais identificados por microscopia de luz polari-zada encontrámos cristais contendo cálcio. Conclusões: Os microcristais parecem ser umachado universal em líquidos sinoviais de doentescom osteoartrose.

P68 – NEOPLASIA E LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO:UMA ASSOCIAÇÃO FORTUITA?P. Nero1, A.Alves Matos1, R. Figueira2, S. Capela2, L. Miranda3, C. Silva3, M.J. Santos4

1. Hospital de Egas Moniz,SA, Director J.C. Branco 2. Hospital de Santa Maria, Director M Viana de Queiroz3. Instituto Português de Reumatologia, Directora Clínica A Assunção Teixeira4. Hospital Garcia de Orta, Director J Canas da Silva

Introdução: A terapêutica com imunossupressorestem sido associada a um risco acrescido de neopla-sias. Publicámos anteriormente um trabalho emque verificámos que a azatioprina não aumentavaeste risco numa população inglesa de doentes comLES. Não existe nenhum trabalho anteriormente

ECG apresentava ritmo sinusal com extrassístolesfrequentes e o Rx tórax não tinha alterações. A TAC-CE revelou lesão hipodensa do território da ACMesquerda compatível com AVC isquémico.

No 6º dia de internamento detectaram-se peté-quias conjuntivais e temperatura axilar de 38,5ºC.As hemoculturas revelaram a presença de um Strep-tococcus mitis. Os Ecocardiogramas efectuados,trans-torácico e trans-esofágico, revelaram volu-mosa vegetação aderente ao folheto posterior daválvula mitral e Insuficiência Mitral Major. É inicia-da terapêutica endovenosa para Endocardite In-fecciosa verificando-se apirexia ao 2º dia de tera-pêutica antibiótica.Discussão: A Endocardite Infecciosa pode apresen-tar-se com sintomatologia inespecífica, sendo asartralgias e a fraqueza muscular frequentementereferidas pelos doentes, podendo sugerir um qua-dro de Polimialgia Reumática. Nestes casos a res-posta à terapêutica corticóide é habitualmenteimediata o que permite indirectamente confirmaro diagnóstico. Em doentes com síndrome inflama-tório sub-agudo associado a sopro cardíaco deve-se, no entanto, colocar um elevado grau de suspei-ção para o diagnóstico de endocardite subaguda.O AVC isquémico constitui uma forma rara de apre-sentação da doença. Assim, numa era de grandesavanços tecnológicos a história clínica detalhada eo exame físico completo devem continuar a ter umlugar fulcral na abordagem diagnóstica de qual-quer doente.

P67 – IDENTIFICAÇÃO DE CRISTAIS NO LÍQUIDO

SINOVIAL POR MICROSCOPIA ELECTRÓNICA

Patrícia Nero1, Isabel Nogueira2, Rui Vilar2, J. Bravo Pimentão1, Jaime C. Branco1

1. Unidade de Reumatologia, Hospital de Egas MonizEPE, Lisboa2. Unidade de Ciência e Engenharia de Superfícies doInstituto de Ciência e Engenharia de Materiais e Superfícies, Lisboa

Introdução: A identificação de cristais no líquidosinovial é feita habitualmente através do exame mi-croscópico com luz ordinária, luz compensada e al-gumas colorações. No entanto, dadas as suas pe-quenas dimensões e diminutas concentrações nolíquido sinovial, por vezes nem mesmo após cen-trifugação estes se conseguem identificar apenascom estes métodos.Objectivos: A observação do líquido sinovial atra-

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publicado que aborde este tema relativamente àpopulação portuguesa.Objectivo: Avaliar um subgrupo de doentes com odiagnóstico de LES que desenvolveram neoplasias,quanto às suas características clínicas, imunológi-cas e antecedentes farmacológicos. Comparar a suaincidência com a da população portuguesa, damesma região.Material e Métodos: Os autores avaliaram retros-pectivamente 524 doentes com o diagnóstico deLES, seguidos durante um tempo médio de 6,66anos, em 4 serviços de Reumatologia da área dagrande Lisboa. Destes, 17 (3,2%) desenvolveramneoplasias no decurso da sua doença, sendo ape-nas 1 do sexo masculino e outro de raça não cau-cásica. A sua idade média era 53,24 anos, com umtempo médio de seguimento em consulta de 9anos. 16 (94,1%) doentes tinham ANA + e 10 (58,8%)também anti-DNA+. 4 doentes estavam medica-dos com imunossupressores (1 com azatioprina e3 com metotrexato), sendo que 9 tinham feito an-teriormente fármacos deste grupo (4 com azatio-prina, 2 com ciclofosfamida, 1 com metotrexato, 1com talidomida e 1 com quimioterapia). A Tabelaanexa localiza as neoplasias verificadas.

Usando o teste Qui-quadrado não verificámos apresença de nenhuma associação estatisticamen-te significativa nos doentes que desenvolveram ne-oplasias com manifestação clínica, alteração labo-ratorial, terapêutica imunossupressora (prévia ouactual), dano (avaliado pelo SLICC) ou morte.

Considerando a incidência média de neoplasiaspara a população portuguesa residente na zona Sul

(i.e. 300/100000 habitantes/ano) eram naturalmen-te esperados apenas 10 casos de neoplasia na nos-sa população de doentes.Conclusões: Embora a incidência de neoplasias nanossa população com LES tenha sido superio à es-perada, não encontrámos nenhuma característicaclínica, imunológica ou antecedente farmacológi-co que estivesse relacionado com o desenvolvi-mento de neoplasias.

P69 – FRACTURAS OSTEOPORÓTICAS NO HOMEM:UM CASO PARTICULAR

S. Pimenta1, P. Pinto1, T. Videira1, M. Bernardes1, F. Brandão1, J. Pinto1, J. Brito1, F. Simões-Ventura1

1. Serviço de Reumatologia do Hospital São João, Porto,Portugal

Se a osteoporose era até hoje considerada umaafecção essencialmente do sexo feminino, assisti-mos, actualmente, a um aumento do número de di-agnósticos de osteoporose masculina, paralela-mente à esperança média de vida do homem. Cer-ca de metade dos homens com osteoporose têmuma forma secundária. As causas mais frequentessão o alcoolismo, tabagismo e corticoterapia, sen-do outras mais raras, nomeadamente o hipogona-dismo que constitui um caso particular.

Doente de 74 anos, sem história de consumo ex-cessivo de álcool, sem hábitos tabágicos ou medi-camentosos, foi submetido, há 17 anos, a cirurgiada próstata por neoplasia maligna e tratado desdeentão com hormonoterapia. Recorreu à Consultade Reumatologia por dores intensas a nível do rá-quis (dorso-lombar), com 6 meses de evolução, semirradiação, sem história de traumatismo ou altera-ção do estado geral, tendo um exame neurológicosem alterações. Trazia do ambulatório um cintilo-grama ósseo com imagens de hiperfixação a nívelde D5, D7, D11 e 7ª costela à esquerda, evocandometástases ósseas. Verificou-se no Rx ósseo da co-luna vertebral uma osteopenia difusa, osteófitospredominantes na charneira dorso-lombar e acha-tamentos vertebrais de D11, D12, e L1. Na radiogra-fia do tórax evidenciavam-se fracturas de costelasà esquerda e a TAC toraco-abdominal não objecti-vou nenhuma imagem metastática, confirmandoas fracturas ósseas. A DEXA apresentava uma dimi-nuição da DMO ao nível da coluna lombar (T-sco-re: -2.8) e do colo do fémur (T-score:-2.5).

No estudo analítico verificava-se uma hemoglo-bina de 14,2g/dl, sem síndrome inflamatório bio-

TabelaMama 3Não especificado 1Bexiga 1Pele (c. espinocelular) 1Melanoma 1Tiroideia (carcinoma papilar) 1Colo útero 1Coriocarcinoma 1Gamapatia monoclonal 1Mieloma IgAk 1Doença de Hodgkin 1Estômago e

colangiocarcinoma 1Fígado 1Ovário 1Meningeoma 1

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lógico, metabolismo fosfo-cálcico e electroforesedas proteínas sem alterações. De relevante: dimi-nuição da testosterona livre: 0,41 pg/dl (5,6-19) e datotal: 50,4 ng/ml (241-827). Diminuição de LH: 0,22(3,1-34,6); osteocalcina: 27,4 ng/ml (<26,3) e CTX:0,97 ng/ml (<0,30). Face à história clínica, ao resul-tado do estudo analítico e imagiológico, o diagnós-tico de osteoporose fracturária foi considerado. Umtratamento por bifosfonatos com suplementos decálcio e vitamina D foi iniciado com melhoria sig-nificativa das queixas.

Em certos casos, quando existem antecedentesde neoplasia, o diagnóstico diferencial com metás-tases ósseas é fundamental. É necessário sublinharque a privação androgénica induzida pelos trata-mentos do cancro da próstata conduzem a um ris-co acrescido de osteoporose com fracturas verte-brais e do colo do fémur, pelo que é premente in-sistir na prevenção/tratamento da osteoporosenestes doentes.

P70 – MANIFESTAÇÕES REUMÁTICAS COMO

FORMA DE APRESENTAÇÃO DE 3 CASOS DE

AMILOIDOSE PRIMÁRIA ALT.L.Pinto, A F. Mourão, M.J. Correia, S. Falcão, C. Silva, R. Barros, M. Mateus, M. P. Araújo, J.C. BrancoServiço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE (Hospital Egas Moniz)

Introdução: A Amiloidose Primaria é uma doençarara que pode ter diversas formas de apresentação,nomeadamente, cardíaca, renal, hepática, múscu-lo-esquelética, cutânea e envolvimento do SistemaNervoso Periférico. Está por vezes associada ao Mi-eloma Múltiplo. O diagnóstico é feito por biópsiado orgão atingido ou da gordura abdominal.Objectivos: Os autores apresentam 3 casos clínicosde amiloidose primária cuja primeira manifestaçãoclinica foi do foro reumático.Métodos: Foram revistos os processos clínicos de3 doentes com o diagnóstico de amiloidose primá-ria seguidos no Serviço de Reumatologia do Hos-pital Egas Moniz. Caso 1: Doente do sexo masculino, 71 anos, inter-nado para investigação de lombociatalgia de ritmoinflamatório, acompanhada de disestesias, dimi-nuição da força muscular proximal nos membrosinferiores e perda ponderal.

Analiticamente salientava-se: VS elevada, altera-ções da função hepática com padrão colestático, di-

minuição da clearence da creatinina e proteinúrianefrótica (16g/24h). O EMG revelou alteraçõescompatíveis com radiculopatia L3-L4 direitas. ATAC e a RMN da coluna lombar não evidenciaramcompromisso radicular. Por suspeita de amiloido-se fez biópsia renal que confirmou o diagnóstico deAmiloidose AL. Foi ainda investigada a possibili-dade de existência de um mieloma múltiplo, quenão se confirmou.Caso 2: Doente do sexo feminino, 77 anos, com his-tória de Síndrome de Sjogren conhecida desde há 3anos, internada para investigação de dor na regiãoglútea esquerda com irradiação para a região lom-bar, de carácter mecânico, com um ano de evoluçãoe VS persistentemente elevada (94mm). Analitica-mente apresentava ainda anemia microcítica, neu-tropenia e aumento dos valores de β2 microglobu-lina e fosfatase alcalina. Realizou pesquisa de subs-tância amiloide na gordura abdominal que revelouAmiloidose AL. A Imunoelectroforese demonstrougamapatia monoclonal a IgG (cadeias leves λ). A TACda bacia demonstrou 2 lesões liticas. Aguardam-seresultados de biópsia óssea e mielograma.Caso 3: Doente do sexo feminino, 68 anos, com his-tória de poliosteoartrose e osteoporose, internadapara esclarecimento de quadro de aumento pro-gressivo da consistência das partes moles das cin-turas escapular e pélvica com um ano de evolução.Um mês antes do internamento refere sensação deaumento do volume da língua, com dificuldade dedeglutição e perda ponderal não quantificada. Re-feria ainda lombalgia de carácter mecânico e ede-mas dos membros inferiores.

Analiticamente salientava-se: anemia normoci-tica normocrómica, aumento dos valores de VS ePCR, hipercalcemia, clearence da creatinina dimi-nuída e proteinúria nefrótica (3,6 g/24h).

Foi realizada biópsia da gordura abdominal queconfirmou diagnóstico de amiloidose AL.

A imunoelectroforese revelou gamapatia mono-clonal (IgG/ cadeias k). O diagnóstico de mielomamúltiplo foi confirmado por mielograma e biópsiaóssea.

P71 – INQUÉRITO EXPLORATÓRIO – ATRASO NO

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS DOENÇAS

REUMÁTICAS JUVENIS

M. P. Ramos1, J. A. Melo Gomes2

1. Pediatria Médica, Serviço 1, Hospital de Dona Estefânia, Lisboa.2. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.

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As Doenças Reumáticas Juvenis são muitas vezesmal conhecidas, pelo que os autores realizaram uminquérito exploratório, com a colaboração dosdoentes e seus familiares.Objectivos: Verificar se existe atraso no diagnósti-co e tratamento das Doenças Reumáticas Juvenis equais as causas mais frequentes verificadas no in-quérito exploratório.Metodologia: Realização de inquérito explorató-rio, durante o ano de 2005, aos doentes seguidos naConsulta de Reumatologia Pediátrica (CRP) e, ouaos seus familiares, escolhidos aleatoriamente.Resultados: O questionário foi realizado por 75doentes, com idades entre os 2 e os 32 anos, dosquais 73,3% tinham menos de 16 anos. Quanto aogénero, 54% eram do sexo feminino. O diagnósticomais frequente foi a Artrite Idiopática Juvenil(58,7%). Dos doentes inquiridos, 40% tinham adoença entre 1 - 3 anos, e a idade de início da mes-ma, verificou-se ser percentualmente mais eleva-da, respectivamente aos 12 (16%), 14 (12%) e 8 anos(10,7%). Antes da ida à CRP, os doentes informa-ram-se sobre a doença preferencialmente com oMédico de Família (38,5%) e com o Pediatra(20,6%), e após a consulta esclareceram-se sobre amesma 85,3%, dos quais 28% com o Reumatologis-ta Pediátrico. Verificou-se que 81,3% tinham com-putador pessoal e 73,3% tinham acesso à Internete ainda, 82,7% habitavam em ambiente urbano e57,3% na periferia de uma grande cidade. Quantoao grau de escolaridade dos pais dos doentes, 45,3%tinham o ensino secundário e 24% o ensino básico(74,7% dos doentes). Na primeira consulta, 25,3%dos doentes apresentavam sintomatologia há maisde 1 ano e 46,7% há mais de 6 meses. Conclusões: O inquérito realizado mostrou-nosque o atraso do diagnóstico e tratamento dos doen-tes com doenças reumáticas juvenis, provavelmen-te se deve em parte pelo baixo grau de escolarida-de dos pais, e devido a não adquirirem informaçãocorrecta sobre as mesmas. Parece não haver gran-de influência o habitarem num ambiente urbano,nem o facto de terem computador pessoal ou aces-so à Internet.

P72 – DOENÇA DE BEHÇET: AVALIAÇÃO DAS

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE ACORDO COM O SEXO

Ramos F., Resende C., Macieira C., Rosa C.M., Costa J.T., Queiroz M.V.Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas,Hospital Santa Maria, Lisboa

Introdução: A doença de Behçet é uma vasculitemultissistémica de etiologia desconhecida, queapresenta uma evolução crónica por surtos recor-rentes de aftose orogenital e uveíte, a que se asso-ciam outras manifestações clínicas, sendo as maisfrequentes as cutâneas, articulares, neurológicas evasculares. Uma maior gravidade das manifesta-ções clínicas e maior grau de envolvimento sisté-mico tem sido atribuído ao sexo masculino, em queesta doença é também classicamente consideradamais prevalente.Objectivos: Avaliar as características clínicas deacordo com o sexo, numa população portuguesacom doença de Behçet.Materiais e Métodos: 61 doentes com doença deBehçet, de acordo com os critérios do Grupo de Es-tudo Internacional da Doença de Behçet, seguidosna consulta de Reumatologia do Hospital de SantaMaria durante um período de 20 anos, foram divi-dos em 2 grupos, de acordo com o sexo e analisa-das as características clínicas e a forma de evolu-ção da doença de cada grupo.Resultados: Verificou-se uma predominância dosexo feminino: 41 mulheres (67,2%) e 20 homens(32,8%). A idade média do início da doença foi 22,5± 14,4 anos no sexo feminino e 25,8 ± 14,2 anos nosexo masculino. A duração média da doença foi se-melhante nos dois grupos. A presença de úlcerasorais foi uma característica observada na totalida-de dos casos. Nas mulheres verificou-se uma pre-dominância significativa de úlceras genitais (97,6%vs 79,8%; p<0,05) e uma prevalência relativa de ar-trite (65,0% vs 35%; p<0,1), em comparação com osexo masculino. Este último apresentou uma pre-valência significativamente maior de envolvimen-to ocular (50% vs 26,8%; p <0,05), que se traduziupor uveíte na maioria dos casos. Todas as restantesmanifestações clínicas avaliadas, como o envolvi-mento cutâneo, vascular, gastrointestinal, pulmo-nar, renal e neurológico não revelaram, entre osdois sexos, diferenças com significado estatístico. Conclusão: Nesta população portuguesa comdoença de Behçet verificou-se uma predominânciado sexo feminino, o que não é uma característicaepidemiológica habitual associada a esta patologia.Nas mulheres foram mais comuns o desenvolvi-mento de úlceras genitais e de artrite do que noshomens em que predominaram as manifestaçõesoculares. De facto, à excepção destas, neste grupode doentes a doença de Behçet não parece termaior gravidade nem maior expressão sistémicano sexo masculino comparativamente ao femini-

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no, o que pode ser uma característica particular dapopulação analisada, diferindo assim da maioriadas séries estudadas.

P73 – OBESIDADE E FACTORES DE RISCO

CARDIOVASCULAR EM DOENTES COM OSTEOARTROSE

F Rosa2, F Barcelos1, L Coelho1, A Abreu2, A Cardoso2, R Fernandes2, L Miranda1, M Parente1, R Leitão1, P Coelho1, M Silva1, H Santos1, M Micaelo1, M Mediavilla1, E Simões1,H Madeira1, C Silva1, J Saraiva Ribeiro1, D Medeiros1, C Miguel1, M Sousa1, C Miguel1, S Cortes1, L Freire2, F Pimentel1, V Las1, J Ferreira1, A Neto1, J Figueirinhas1, J Vaz Patto1, F Mesquita2 e A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: A osteoartrose (OA) é a doença articu-lar mais frequente nos países industrializados. Aobesidade, além de ser um importante no desen-volvimento de OA, contribui para a exacerbaçãodos sintomas. Os doentes com obesidade, têm mui-tas vezes outros factores de risco cardiovascular,como hipertensão arterial (HTA), diabetes mellitus(DM) e hipercolesterolemia (HCol).Objectivos: Caracterizar uma população de doen-tes de ambos os sexos com OA quanto ao perfil an-tropométrico e presença de factores de risco car-diovascular.Material e Métodos: Durante dois meses foi apli-cado um protocolo de avaliação aos doentes danossa Consulta Externa, sendo registados os diag-nósticos reumatológicos e não reumatológicos, in-cluindo DM, HTA e HCol, e avaliados parâmetrosantropométricos, como o Índice de Massa Corpo-ral (IMC), os Perímetros da Cintura (PC), da Anca ea Relação Cintura/Anca (RCA), Massa Gorda Ab-dominal (MGA), Massa Livre de Gordura (MLG) eMassa de Água Corporal (MAC).Resultados: Registaram-se 557 doentes com OA,dos quais 487 (87%) eram do sexo feminino e 70(13%) do sexo masculino. A idade média foi 65,8 ±10,6 anos [45-101]. O IMC médio foi 29,6 ± 4,6Kg/m2, assim distribuído: 71 com peso normal(13%), 252 com excesso de peso (45%), 167 comobesidade grau I (30%), 51 com obesidade grau II(9%) e 15 com obesidade grau III (3%). O IMC mé-dio no sexo feminino foi 29,7 e no sexo masculino28,9. Os doentes obesos (IMC≥30) representavam43% das mulheres e 33% dos homens. No sexo fe-

minino obteve-se uma média de 36,1% de MGA e44,6 Kg de MLG, contra 27,4% e 56,0 Kg, respecti-vamente, no sexo masculino. Em relação à MAC,90% dos doentes do sexo feminino e 94% dos dosexo masculino apresentavam um valor inferior aodesejável (50-60% nas mulheres, 60-70% nos ho-mens). No sexo feminino, 91% tinha PC ≥80 cm e88% RCA ≥0,8, enquanto no sexo masculino 76% ti-nha PC ≥94 cm e 90% RCA ≥0,9. Quanto às doençasassociadas, 52% das mulheres e 47% dos homenstinham HTA; 10% e 13%, respectivamente, tinhamDM; e 74% das mulheres e 75% dos homens tinhamHCol.Discussão: Na nossa série, verificou-se predomíniodo sexo feminino, e prevalência de excesso de pesoe obesidade superior ao esperado na população ge-ral, sem diferença significativa entre os sexos. Osparâmetros de composição corporal traduziam ris-co cardiovascular aumentado, nomeadamente oaumento do perímetro de cintura, da relação cin-tura/anca e da percentagem de massa gorda abdo-minal, e a diminuição da percentagem de água cor-poral. A prevalência de HTA, DM e HCol foi supe-rior ao esperado para a idade, em ambos os sexos.Conclusão: A elevada prevalência de obesidade pa-rece apoiar o seu papel na génese da OA, mas nãopode ser excluído o aumento de peso secundárioao sedentarismo e à incapacidade física. O riscocardiovascular nos doentes com OA é elevado, nãosó devido à obesidade e parâmetros de composi-ção corporal adversos, mas também pela idade eassociação a HTA, DM e HCol. A associação entreOA, obesidade e factores de risco cardiovascularpode também sugerir um eventual papel de medi-adores endócrino-metabólicos, ainda não esclare-cidos, na génese da OA. Qualquer estratégia tera-pêutica da OA deve incluir a intervenção nutricio-nal, o exercício físico adequado e o controle dosfactores de risco cardiovascular.

P74 – OBESIDADE E PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS

EM SUBTIPOS DE OSTEOARTROSE

F Rosa2, F Barcelos1, L Coelho1, A Abreu2, A Cardoso2, R Fernandes2, L Miranda1, M Parente1, R Leitão1, P Coelho1, M Silva1, H Santos1, M Micaelo1, M Mediavilla1, E Simões1,H Madeira1, C Silva1, J Saraiva Ribeiro1, D Medeiros1, C Miguel1, M Sousa1, C Miguel1, S Cortes1, L Freire2, F Pimentel1, V Las1, J Ferreira1, A Neto1, J Figueirinhas1, J Vaz Patto1, F Mesquita2 e A Teixeira1

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1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: A osteoartrose (OA) é a doença articu-lar mais frequente no mundo ocidental, sendo aobesidade um factor de risco para o seu desenvol-vimento.Objectivos: Caracterizar e comparar grupos dedoentes com OA do joelho, da anca e da mão, quan-to ao perfil ponderal e parâmetros antropométricos.Material e Métodos: Durante dois meses foi apli-cado um protocolo de avaliação aos doentes danossa Consulta Externa, sendo registados os diag-nósticos reumatológicos e não reumatológicos, e osParâmetros Antropométricos, como o Índice deMassa Corporal (IMC), Massa Gorda Abdominal(MGA), Massa Livre de Gordura (MLG), Massa deÁgua Corporal (MAC), os Perímetros da Cintura(PC) e da Anca e a Relação Cintura/Anca (RCA).Resultados: De um total de 557 doentes com OA,aqueles sem envolvimento poliarticular foram di-vididos em OA dos joelhos, ancas e mãos. Avalia-ram-se 145 doentes com OA do joelho com idademédia (IM) de 67 anos, 42 com OA da anca e IM de66 anos, e 34 com OA da mão e IM de 64 anos. Osexo feminino representava 83%, 86% e 94% nosgrupos de OA do joelho, anca e mão, respectiva-mente. O IMC médio dos doentes com OA do joe-lho foi 30,5 Kg/m2, com OA da anca foi 29,2, e comOA da mão foi 28,3. Os doentes obesos (IMC ≥30)representavam 50% do total do grupo da OA do jo-elho, 31% na OA anca, e 30% na OA mão. Dos res-tantes parâmetros, os resultados foram os seguin-tes, respectivamente nos grupos de OA do joelho,da anca e da mão: a MGA foi 35%, 34% e 36%; a MLGfoi 46,9 Kg, 46,5 Kg e 43,1 Kg; MAC inferior ao de-sejável (50-60% nas mulheres, 60-70% nos homens)em 90%, 79% e 81%; PC superior ao desejável (94cm no homem, 80 cm na mulher) em 91%, 86% e79%; RCA superior ao desejável (0,9 no homem, 0,8na mulher) em 89%, 88% e 82%.Discussão: Verificou-se acentuado predomínio dosexo feminino em todos os grupos. O IMC médio ea prevalência de obesidade foi superior ao espera-do na população geral, salientando-se o grupo daOA do joelho, com prevalência de obesidade mui-to superior aos grupos de OA da anca e mão. Os trêsgrupos de OA apresentavam parâmetros de com-posição corporal que traduziam aumento da gor-dura corporal e do risco cardiovascular, nomeada-mente aumento do PC, da RCA e da MGA, e dimi-nuição da MAC, sendo o grupo da OA do joelho o

que apresentava piores parâmetros, e o da mão osmelhores, excepto na MGA. No entanto, deve real-çar-se o seguinte: a MLG foi semelhante nos doen-tes com OA do joelho e da anca; o número de doen-tes com MAC inferior ao normal foi semelhante nosgrupos de OA da anca e mão; o número de doentescom RCA superior ao normal foi semelhante nosdoentes com OA do joelho e da anca.Conclusão: A elevada prevalência de excesso depeso em doentes com OA do joelho parece apoiaro papel da obesidade na etiopatogénese deste tipode OA. O número de doentes com obesidade e OAda anca ou mão pode traduzir alguma influência daobesidade na sua origem. Os restantes parâmetrosantropométricos, que mostram algumas associa-ções entre os três subgrupos de OA, poderão suge-rir a influência de outros factores na génese de di-ferentes subtipos de OA. A terapêutica de qualquersubtipo de OA deve incluir a intervenção nutricio-nal e o exercício físico.

P75 – GOTA TOFÁCEA COM POLIARTRITE EM PLENO

SÉCULO XXI – COMO É POSSÍVEL?Dulcídia Sá, Andreia Bernardino, Joana Brandão,Eliana Araújo, Anabela Barcelos1, Jorge CrespoServiço de Medicina Interna1. Unidade De Reumatologia, Hospital Infante D. Pedro- Aveiro

A Gota é uma doença complexa com forte envol-vimento genético, conhecida desde a antiguidade eda qual dependem inúmeros factores ambientais.

Os autores descrevem o caso clínico de umadoente de 51 anos que recorre ao Serviço de Urgên-cia por queixas de tumefacção, dor, calor e rubor anível das articulações metacarpofalângicas (MCF)e interfalângicas proximais (IFP) de ambas as mãos,com evolução de um mês, de características infla-matórias, com rigidez matinal superior a 30 minu-tos e com despertares nocturnos frequentes. Refe-ria ainda dor a nível do cotovelo esquerdo e gonal-gia bilateral. Sem qualquer queixa sistémica asso-ciada. Já medicada com deflazacort, AINE ecolchicina sem melhoria. Trata-se de uma doentecom antecedentes de gota, hipertensão arterial ecom hábitos etílicos marcados.

Ao exame objectivo apresentava telangiectasiasfaciais, deformação em flexão das IFP, dos 1º, 2º e3º dedos da mão esquerda, 1º, 3º e 4os da mão di-reita, com marcados sinais inflamatórios e com to-fos gotosos dispersos, alguns dos quais ulcerados.

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Os exames auxiliares de diagnóstico revelaram:anemia (Hb = 10.6 g/dl) macrocítica, leucocitosecom neutrofilia, P.C.R. e V.S. elevadas. A função re-nal e ionograma eram normais, as transaminasesencontravam-se elevadas de 2 a 3 vezes o normal ea gama-GT 15 vezes o normal. A uricosúria das 24horas era de 650 mg e a uricémia era de 9,1. A eco-grafia abdominal revelou um fígado globoso decontornos regulares, difusamente heterogéneo,sem evidentes sinais de lesão focal. Tinha microli-tíase renal. A telerradiografia das mãos mostrou os-teopenia marcada, com diminuição da interlinhaarticular de várias articulações, bem como erosõesósseas com lesões em «saca bocado». O estudo bac-teriológico do material drenado das lesões tofáce-as foi negativo.

Iniciou terapêutica com prednisolona em dosebaixa (com necessidade de ser aumentada ao 7ºdia de internamento), colchicina e indometacina,além da restante terapêutica de suporte.

Durante o internamento assistiu-se a uma melho-ria clínica progressiva com recuperação funcionalsignificativa, bem como evolução analítica favorávelpermitindo diminuir a dose de prednisolona.

Descreve-se o caso clínico pela invulgar e quasesurreal forma de apresentação de uma gota tofáceacrónica com artrite, em pleno século XXI.

P76 – ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO SOBRE FRACTURAS

OSTEOPORÓTICAS DA EXTREMIDADE PROXIMAL

DO FÉMUR

Graça Sequeira1, N. Batista2, J. Monteiro2, M. Viana de Queiroz1

1. Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas2. Serviço de OrtopediaHospital de Santa Maria

Objectivos: Caracterizar uma população com frac-tura osteoporótica da extremidade proximal do fé-mur e avaliar se os doentes já se encontravam me-dicados para a osteoporose e/ou se, após a fractu-ra, foi prescrita terapêutica para esta doença me-tabólica.Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, emque foram revistos os processos clínicos de todosos doentes com fractura da extremidade proximaldo fémur, por traumatismo de baixa energia, inter-nados no Serviço de Ortopedia do Hospital de San-ta Maria durante o ano de 2003. Excluíram-se osdoentes com patologia óssea tumoral. Realizou-seanálise estatística dos dados obtidos.

Resultados: Do total de doentes internados, queforam 1501, 244 (16,3%) apresentavam fractura daextremidade proximal do fémur com as caracterís-ticas referidas. Cento e noventa e dois doentes(78,7%) eram do sexo feminino, com idade médiade 80,1±10,4 (46-102) anos. Os doentes do sexomasculino, 52 (21,3%), tinham idade média de74,7±14,2 (45-100) anos. A duração média do inter-namento foi de 12,6±5,7 (1-38) dias. Em relação aotipo de fractura, as mais frequentes foram as extra-capsulares, 137 (56,1%), relativamente às intracap-sulares, 107 (43,9%), diferença que não obtevesignificado estatístico (p=0,09). 19,8% dos doentesdo sexo feminino e 5,8% dos do sexo masculinoapresentavam fractura prévia de padrão osteopo-rótico, diferença estatisticamente significativa(p<0,01). Em termos de co-morbilidade, 121(49,6%) doentes apresentavam HTA, 46 (18,9%) ar-ritmia, 34 (13,9%) Diabetes mellitus e 40 (16,4%)status após AVC. Dos 244 doentes, 218 (89,3%) ti-veram alta, referenciados à Consulta Externa de Or-topedia do HSM, 4 (1,6%) foram transferidos paraoutros Serviços, 7 (2,9%) tiveram alta a pedido e 9(3,7%) foram reinternados. Registaram-se 16 (6,6%)óbitos durante o internamento hospitalar, 8 (4,2%)do sexo feminino e 8 (15,4%) do sexo masculino(p=0,03). As principais causas de morte foram a in-fecção respiratória em 6 doentes e o tromboembo-lismo pulmonar em 4 doentes. A nenhum doentefoi pedida densitometria óssea durante o interna-mento hospitalar. Apenas 7 (2,9%) doentes se en-contravam medicados para a osteoporose, 6 comcálcio e vitamina D, 3 com bifosfonato e um comcalcitonina. Após o internamento, apenas 11 (4,5%)dos doentes foram medicados com este tipo de te-rapêutica, 11 com cálcio e vitamina D, 3 com calci-tonina e um com bifosfonato.Conclusões: O número de doentes do sexo femini-no que fracturou a extremidade proximal do fémurfoi 3,7 vezes superior ao dos doentes do sexo mas-culino. A mortalidade nos homens foi significativa-mente superior à das mulheres. As fracturas extra-capsulares estiveram associadas a maior mortalida-de. Apenas uma pequena percentagem de doentesestava medicada para a osteoporose, situação que semanteve inalterável após a fractura. Devem imple-mentar-se medidas para corrigir esta situação.

P77 – LOMBOCIATALGIA – RARA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA

DE AMILOIDOSE PRIMÁRIA AL

C. Silva, R. Barros, M. Mateus, M. P. Araújo,

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J.C. BrancoServiço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE (Hospital Egas Moniz)

Os autores apresentam o caso clínico de umdoente do sexo masculino, de 71 anos de idade, in-ternado no Serviço de reumatologia para esclare-cimento de um quadro com cerca de 2 meses deevolução, caracterizado por perda ponderal e lom-balgia de ritmo inflamatório com irradiação bila-teral pela face posterior da coxa até ao joelho e pro-gressiva diminuição da força muscular proximal,confirmado pelo exame objectivo, que no entantonão revelou alterações dos ROT ou da sensibilida-de. O EMG revelou existirem alterações compatí-veis com radiculopatia L3-L4 direita. A radiologiasimples da coluna lombar apresentava alteraçõesdegenerativas, confirmadas pela TAC, mas semaparente compressão radicular ou estenose do ca-nal lombar. A RMN confirma a não existência dequalquer compromisso radicular. Perante este qua-dro foi realizada uma punção lombar, cujo estudobioquímico e bacteriológico do líquor foi normal.

Paralelamente, apresentou nas análises de roti-na um hemograma normal, uma VS elevada, ligei-ro aumento da creatinina, redução da clearance dacreatinina e proteinúria nefrótica de 16 gr/24 horas,não acompanhado por edemas. Realizada biopsiarenal, a histologia demonstrou existirem depósitosde substância amilóide AL. Foi assim investigadopara a possibilidade da existência de um mielomamúltiplo, que não se comprovou: apresentou umaproteinúria de Bence-Jones positiva para cadeiaslambda, característico da presença da substânciaamilóide AL, sem hipergamaglobulinémia, comnormocalcémia, mielograma com 6% de plasmoci-tos e biopsia óssea não compatível com mieloma.

Foi então colocada a hipótese de que a lesão ra-dicular lombar fosse causada por depósitos de subs-tância amilóide na bainha nervosa das raízes. Estasituação, embora não frequente, está descrita naamidoise heredo-familiar, e é possível, embora rara,na forma primária. Numa tentativa de demonstraresta teoria foi realizada RMN com gadolinio, quevoltou a não revelar alterações. Mas estas só seriamde esperar com depósitos de grande volume…

P78 – EVENTOS CARDIOVASCULARES EM DOENTES COM

LES SEGUIDOS EM REUMATOLOGIA

C Silva1, L Miranda, 1 MJ Santos2, S Capela3, R Figueira3, P Nero4, J Alves de Matos4

Colaboração dos Serviços de Reumatologia do 1. Instituto Português de Reumatologia, Directora Clínica A Assunção Teixeira2. Hospital Garcia de Orta, Director J Canas da Silva3. Hospital Santa Maria, Director M Viana de Queiroz4. Hospital Egas Moniz, Director J Branco; Unidade de Reumalotogia do Serviço de Medicina Interna5. Hospital Infante D Pedro, Director J Crespo

A patologia cardiovascular tem sido apontadacomo um dos factores major de mortalidade e mor-bilidade nos doentes com Lúpus Eritematoso Sis-témico (LES) nos últimos anos. No Pittsburgh Lu-pus Registry foi apontado um risco de enfarte agu-do do miocárdio (EAM) cerca de 40 vezes superiornas mulheres com LES, entre os 35 e os 44 anos, doque na população em geral. Em Portugal, alguns es-tudos não indicam uma prevalência tão elevada deeventos cardiovasculares.Objectivos: Determinar se nos doentes portugues-es com LES o número de eventos cardiovascularesestá significativamente aumentado e quais os fac-tores clínicos e imunológicos associados.Métodos: Foram incluídos doentes que cumpriamcritérios para classificação de LES seguidos em 4centros de reumatologia (Hospital Santa Maria,Hospital Garcia de Orta, Hospital Egas Moniz, Ins-tituto Português de Reumatologia) entre 1976 e2006. Analisámos as características demográficas,manifestações clínicas, perfil imunológico, tera-pêutica e co-morbilidade dos indivíduos com e semeventos cardiovasculares. Resultados: Dos 524 doentes avaliados encontrá-mos 12 (2.3%) com cardiopatia isquémica e 37 (7%)com doença cerebrovascular documentadas, com4 doentes a apresentarem ambas. A presença des-tes eventos correlacionou-se com a idade (40.28anos vs 34.5 anos; p= 0,02); associação a hiperten-são arterial (71.1% vs 47.5%) diabetes mellitus etromboses arteriais (p <0,0005) e presença de Sín-drome anti-fosfolipidíco secundário (SAF) (44.4%vs 7.0%; p<0,0005) e quase significativamente coma presença de anticorpos anticardiolipina IgM(p=0,056) e com a dislipidémia (p=0,07). A presen-ça de anticorpos anti SSA e SSB, foi significativa-mente inferior no grupo com doença (p=0,013 ep=0,027), assim como a toma actual de anti-palú-dicos de síntese (p=0,02). Não existiu correlaçãocom a toma de outros fármacos.Conclusões: A prevalência de eventos cardiovas-culares foi relativamente baixa na nossa popula-ção. A associação de eventos cardiovasculares com

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o SAF será a esperada, ainda mais num grupo comnúmero mais elevado de casos de doença cerebro-vascular do que de cardiopatia isquémica. A pre-sença de anti-SSA e SSB como «factores protecto-res», associada á toma de anti-palúdicos de sínte-se poderá estar relacionada com a presença dedoença cutâneo-articular e/ou com menor activi-dade. As conclusões são limitadas também por esteser um estudo retrospectivo, sem a avaliação de ín-dice de actividade da doença actual.

P79 – LES – UM CASO GRAVE DE ENVOLVIMENTO

CARDÍACO

L. Silva, F. Brandão, J. Pinto, J. Brito, F. Simões Ventura Serviço de Reumatologia, Hospital de S. João, Porto

Apresenta-se caso clínico de uma doente de 24anos com diagnóstico de LES e Síndrome anti-fos-folipídico secundário em Fevereiro /2004, comatingimento renal (Glomerulopatia III/IV OMS), ar-ticular e cardíaco, medicada com Azatioprina 150mg/dia (1 ano), corticoterapia em dose média, eanti-agregante plaquetário.

Em Dezembro/04, episódio de Fibrilação auri-cular com resposta ventricular rápida e trombo au-ricular esquerdo, com reversão após terapêuticacom digoxina e hipocoagulação.

Agravamento da função ventricular esquerda emecocardiogramas seriados, durante o ano de 2005.

Internamento em Janeiro/06 por lúpus cutâneosub-agudo, compromisso severo da FVE, e agrava-mento da proteinúria.

Efectuou 3 pulsos de metilprednisolona (500 mg,e. v), em 3 dias consecutivos, associados a terapêu-tica de suporte de Insuficiência Cardíaca (digitáli-co, IECA e diurético), com melhoria clínica e eco-cardiográfica significativa. Iniciou tratamento re-centemente com pulsos de ciclofosfamida, 750 mg,e.v. mensais.

O interesse da apresentação deste caso clínicoreside no facto de a doente apresentar grave atin-gimento cardíaco, não muito frequente nos doen-tes com LES, mas causa importante de morbilida-de e mortalidade nesta doença.

P80 – DOENÇA DE STILL DO ADULTO – UM DESAFIO

DIAGNÓSTICO

Vaz A1, Martins B2, Nascimento E3, Gomes A1, Matos L1, Martins I1, Capelo J1, Correia J1,

Mós M1, Lemos J1, Ribeiro P1, Henriques R4

1. Internos do Internato Complementar de MedicinaInterna, Serviço de Medicina 1, Hospital de S. Teotónio,S.A. – Viseu2. Assistente Hospitalar Graduado de Medicina Interna,Serviço de Medicina 1, Hospital de S. Teotónio, S.A. –Viseu3. Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço deMedicina 1, Hospital de S. Teotónio, S.A. – Viseu4. Chefe de Serviço de Medicina Interna, Director doServiço de Medicina 1, Hospital de S. Teotónio, S.A. –Viseu

Resumo: A doença de Still do Adulto é uma entida-de clínica rara e constitui um desafio de diagnósti-co, uma vez que não possui manifestações clínicas,analíticas ou histopatológicas patognomónicas,sendo por isso considerado um diagnóstico de ex-clusão. Trata-se de uma afecção inflamatória sisté-mica que se caracteriza clinicamente pela tríadede febre, rash evanescente, poliartrite e que se en-quadra muitas vezes no contexto de Síndroma Fe-bril Indeterminado.

Os autores descrevem o caso de um doente dosexo masculino, 50 anos, que recorreu ao S.U. doHospital S. Teotónio por síndroma febril arrastado,já medicado com antibioterapia por diversas vezessem sucesso terapêutico. Clinicamente apresenta-va também poliartralgias, hepatoesplenomegalia emúltiplas linfadenopatias. Durante o internamen-to e após a realização de vários exames comple-mentares de diagnóstico (biopsia hepática e gan-glionar, medulograma, serologias, TAC abdomi-nopélvica, entre outros...) desenvolve o clássicorash evanescente que contribuiu para a orientaçãodiagnóstica do doente.

Foi instituída corticoterapia com boa evoluçãoclínica do quadro.Palavras-chave: Doença de Still do Adulto; Síndro-ma Febril Indeterminado; Artrite; Rash Evanescen-te.

P81 – LESÕES ISQUÉMICAS DIGITAIS EM DOENTE

COM ASMA – CASO CLÍNICO

T. Videira1, E.Mariz1, S.Pimenta1, F.Brandão1, J. Brito1, F. Simões Ventura1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital de São João, Porto

Doente, 50 anos, caucasóide, com antecedentesde asma brônquica e de sinusite/rinite crónica.História com 6 meses de evolução de poliartralgi-

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as difusas, simétricas, de ritmo misto associadasde parestesias/disestesias das extremidades dos 4membros, fenómeno de Raynaud e atingimento doestado geral (com febrícula e emagrecimento de 10Kg em 2 meses).

Ao exame fisico apresentava lesões isquémicasnos dedos das mãos, lesões hemorrágicas peri-un-gueais e áreas de hipostesia mal definidas nas ex-tremidades dos 4 membros. Sem poliartrite.

Analiticamente apresentava anemia (Hgb 10 g/dl), leucocitose (16.000/l) com eosinofilia (> 49%), trombocitose (560.000) e um sindrome in-flamatório biológico (aumento da VS 105 mms ePCR 57 mg/dl); Imunologia: aumento IgG (2070) eIgE (222); p – ANCA positivos; Restante estudo imu-nológico, serológico, microbiológico era normal;

A EMG dos membros superiores e inferiores su-geria uma mononeuropatia múltipla e a Biópsia depele-músculo-nervo revelou «neuropatia axonalcrónica, secundária a vasculite de pequenos vasose inflamação granulomatosa eosinofílica extravas-cular».

Durante o internamento desenvolveu quadroagudo de isquemia digital das mãos pelo que apóso diagnóstico de Sindrome de Churg – Strauss foiiniciado tratamento com 3 pulsos de 1 g de Metil-prednisolona ev em 3 dias consecutivos e Ciclofos-famida (pulsos mensais ev) mantendo prednisolo-na per os 60 mg/dia.

Apresenta até à data evolução favorável com re-solução progressiva das lesões isquémicas e me-lhoria acentuada das queixas neuropáticas.

P82 – LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO

SORONEGATIVO – 3 CASOS CLÍNICOS

Nuno Bernardino Vieira, Luísa Arez.Instituição: Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio,Portimão – Serviço de Medicina – Director de Serviço:Dr. Carlos SantosIntrodução: A presença de marcadores imunológi-cos, nomeadamente os Anticorpos Anti-Nucleares(ANAs), são um factor importante no diagnósticodo Lúpus Eritematoso Sistémico (LES). A sua au-sência é por vezes encarada como critério de exclu-são para o diagnóstico.Objectivo: Caracterizar os doentes seguidos naConsulta de Medicina com o diagnóstico de LESsoronegativo (ANA-negativo). Material e Métodos: Estudo retrospectivo onde fo-ram incluídos todos os doentes seguidos nos últimos5 anos na Consulta de Medicina com o diagnóstico

de LES e com serologia negativa para os ANAs à datado diagnóstico. Analisaram-se parâmetros demo-gráficos, clínicos, tratamento e evolução. Resultados: Cumpriram os critérios de inclusão 3doentes, todos do sexo feminino. Idade média dediagnóstico 52,7 anos. Um dos casos apresentou--se como um Lúpus Discóide com o aparecimentoposterior de astenia, anemia e alopécia. O segun-do caso manifestou-se com astenia, poliartrite, fo-tossensibilidade e trombocitopénia severa. A ter-ceira doente apresentava poliartrite, alopécia, fo-tossensibilidade e leucopénia. Verificou-se boa res-posta à corticoterapia sistémica nos primeiros doiscasos e aos anti-inflamatórios não esteróides noterceiro caso com remissão da sintomatologia. Ape-nas em um caso se verificou seroconversão (ANA--positivo) 18 meses após o diagnóstico. Conclusões: Os ANAs constituem um passo impor-tante no algoritmo diagnóstico do LES. Um títulonegativo na presença dum quadro clínico compa-tível não deve no entanto excluir o diagnóstico nematrasar a instituição da terapêutica. Parte dos LESsoronegativos podem converter-se em soropositi-vos ao longo da evolução da doença.

P83 – EXEQUIBILIDADE DO AUMENTO DO INTERVALO DE

TEMPO ENTRE AS INFUSÕES DE INFLIXIMAB NA EA

F. Vinagre, S. Garçês, A. R. Cravo, M. J. Santos, J. Canas da Silva.Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta.

Introdução: Até há pouco tempo as opções tera-pêuticas na Espondilite Anquilosante (EA) eram li-mitadas, mas actualmente existem fármacos bio-lógicos mais eficazes no controlo da doença. O in-fliximab, um anticorpo monoclonal contra o TNFαestá aprovado para o tratamento da EA na dose re-comendada de 5 mg/Kg de 6 em 6 semanas. No en-tanto, o elevado custo desta terapêutica poderáconstituir uma limitação ao seu uso mais genera-lizado. Neste sentido, é importante saber se emdoentes seleccionados é viável aumentar o interva-lo entre as administrações de infliximab, manten-do a mesma resposta terapêutica.Objectivo: Avaliar a manutenção da resposta tera-pêutica ao infliximab administrado de 8 em 8 se-manas nos doentes que responderam à dose de 5mg/Kg administradas a cada 6 semanas.Material e Métodos: Em 18 doentes com EA a fazerinfliximab, com resposta à terapêutica de acordocom os Consensos da Sociedade Portuguesa de

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Reumatologia sobre a utilização de antagonistasdo TNFα na EA (BASDAI 50 ou ASAS 20), prolon-gou-se o intervalo de administração do fármacopara 8 semanas. A resposta terapêutica foi avalia-da a cada infusão através do BASDAI, BASFI, dor,rigidez, avaliação global feita pelo doente e parâ-metros inflamatórios (VS e PCR).Resultados: Treze doentes eram do sexo masculi-no e 5 do sexo feminino. A idade média era de40,9±10,2 anos e a duração da doença de 13,7±8,7anos. O BASDAI médio inicial era de 60,9±21,1 e oBASFI médio inicial de 51,8±27,8. O aumento do in-tervalo entre as infusões realizou-se em média41,2±32,8 semanas após o início da terapêutica. Ve-rificou-se que após 55,4±31,3 semanas 55,6%(10/18) dos doentes mantiveram resposta BASDAI50 ou ASAS 20.Conclusões: O aumento do intervalo entre infu-sões de infliximab é adequado para uma percenta-gem significativa de doentes, mantendo a eficáciafarmacológica e reduzindo assim os custos direc-tos e indirectos da terapêutica.

DDIIAA 2299 DDEE AABBRRIILL DDEE 22000066

P84 – PREVALÊNCIA DE OSTEOPENIA E DE OSTEOPOROSE

NUMA AMOSTRA NÃO ALEATÓRIA DE ADULTOS PORTUGUESES

Domingos Araújo1,2, Fátima Borges2, Fernando Almeida2, Lúcia Costa1,2, Raquel Lucas1,Henrique Barros1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto, Porto.2. Associação Portuguesa de Osteoporose (APO)

Introdução: A prevenção das fracturas osteoporó-

ticas passa pela identificação dos indivíduos emrisco de osteoporose e subsequente correcção dosfactores de risco modificáveis.Objectivo: Estimar as prevalências de osteopenia eosteoporose na amostra.Métodos: Em 144 centros de saúde portugueses foiavaliada uma amostra não aleatória de 17024 adul-tos caucasianos, no contexto do programa de iden-tificação de indivíduos em risco de osteoporose. Aamostra foi constituída por 15570 mulheres e 1454homens, aos quais foi medida a densidade mine-ral óssea no terço distal do antebraço, por densito-metria óssea com raios X de feixe duplo num apa-relho Lunar® PIXI. Para a definição de osteopeniae de osteoporose foram usados os valores T calcu-lados em relação à população referência usada pelofabricante e os pontos de corte recomendados pelaOrganização Mundial de Saúde (osteopenia: valorT igual ou inferior a -1,0 e superior a –2,5; osteopo-rose: valor T igual ou inferior a –2,5). A média de ida-des (desvio-padrão) na amostra foi 61,6 (11,2) e va-riou entre 20 e 102 anos.Resultados: As prevalências (IC 95%) de osteope-nia foram 40,1% (39,3-40,9) nas mulheres e 43,7%(41,1-46,3) nos homens e de osteoporose foram19,8% (19,2-20,4) nas mulheres e 25,3% (23,2-27,7)nos homens e aumentaram com a idade de formasignificativa para ambos os sexos (p para a tendên-cia <0,001).Conclusão: As prevalências de osteopenia e de os-teoporose nos homens dificilmente permitem tirarconclusões, dadas as limitações do processo deamostragem. As frequências de osteopenia e de os-teoporose nas mulheres, para as quais o tamanhoamostral é muito superior, permitem estimar queum importante número de mulheres portuguesas

Normal Osteopenia Osteoporose TotalClasse Etária n (%) n (%) n (%) n (%)

Mulheres< 50 1.789 (70,3) 718 (28,2) 38 (1,5) 2.545 (100,0)

50 – 59 2.553 (55,6) 1.822 (39,7) 214 (4,7) 4.589 (100,0)60 – 69 1.442 (31,1) 2.279 (49,1) 923 (19,9) 4.644 (100,0)

≥ 70 461 (12,2) 1.421 (37,5) 1.910 (50,4) 3.792 (100,0)Total 6.245 (40,1) 6.240 (40,1) 3.085 (19,8) 15.570 (100,0)

Homens< 59 125 (44,2) 128 (45,2) 30 (10,6) 283 (100,0)

60 – 69 182 (36,8) 210 (42,4) 103 (20,8) 495 (100,0)≥ 70 143 (21,2) 297 (43,9) 236 (34,9) 676 (100,0)Total 450 (31,0) 635 (43,7) 369 (25,3) 1.454 (100,0)

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poderá ter risco elevado de fracturas osteoporóticas.

P85 – SÍNDROMA CAMPTODACTILIA-ARTROPATIA-COXA

VARA: CASO CLÍNICO

Paula Araújo1, Ana Medeiro2

1. Serviço de Reumatologia H. Egas Moniz 2. Serviço de Genética H. Santa Maria

Os autores apresentam o caso clínico de um jovemde 22 anos, de raça negra, natural da Guiné, comum quadro de poliartrite simétrica e aditiva com 11anos de evolução, envolvendo inicialmente joelhos,punhos, articulações MCF e IFP das mãos, de ca-rácter ondulante (3 em 3 meses), associada a rigi-dez articular de várias horas. Progressivamentehouve envolvimento de forma aditiva e simétricados cotovelos, ombros, tíbio-társicas e pequenasarticulações dos pés, bem como o surgimento decervicalgias de ritmo misto e deformação em flexãopor retracção tendinosa das mãos e dos pés. Aoexame objectivo apresentava limitação e dor à mo-bilidade da coluna cervical, coxofemorais (rotaçãointerna e abdução), joelhos, tíbio-társicas, punhos,cotovelos e IFP das mãos, bem como tumefacçãodos joelhos com choque da rótula bilateral, dos co-tovelos, punhos, IFP das mãos e MCF. Tinha aindadeformações irredutíveis em flexão da IFP de todosos dedos das mãos, mais acentuado no 1º e 5º e dosdedos dos pés (campodactilia) e lesões de ictiosevulgar generalizada. Na história familiar do doen-te há a salientar o mesmo quadro familiar em 2 ir-mãos sendo os pais saudáveis mas consanguíneos(primos). O exame radiológico evidenciou coxavara, aumento do espaço das diversas interlinhasarticulares, tumefacção de partes moles peri-arti-culares, mãos com flexão das IFP mas sem erosõesou esclerose. A avaliação laboratorial (ANA, ENA,factores reumatóides, VDRL, Hudleson, Rosa deBengala, Widal, serologias para HIV 1 e 2, HTLV 1 e2 e hepatite C) não revelou alterações, à excepçãode uma «cicatriz» laboratorial de hepatite B. O eco-cardiograma a radiografia de tórax e a ecografiaabdominal não revelaram alterações. A prova deMantoux foi negativa com 2U PPD. A artrocentesedo joelho direito revelou exames bacteriológico,micológico e micobacteriológico directo e culturalnegativos. A biópsia sinovial do joelho mostrouuma membrana sinovial edemaciada, com exsuda-ção focal de fibrina e presença de algumas célulasgigantes multinucleadas, com ausência de infiltra-do inflamatório. Foi feito o diagnostico de síndro-ma camptodactilia artropatia coxa vara, caracteri-

zado por uma artropatia não inflamatória comtransmissão autossómica recessiva (segue-se umarevisão bibliográfica).

P86 – SARCOIDOSE – CARACTERIZAÇÃO DE DOENTES DO

INSTITUTO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

F Barcelos, J Vaz Patto, E Simões, M Mediavilla, M Micaelo, P Araújo, A TeixeiraInstituto Português de Reumatologia (IPR), Lisboa

Introdução: A sarcoidose é uma doença inflama-tória sistémica de etiologia desconhecida, caracte-rizada pela presença de granulomas não-caseosos,com maior expressão pulmonar, cutânea e ocular.São registadas manifestações reumatológicas emcerca de 25% dos doentes.Objectivo: Descrever as manifestações reumatoló-gicas e não-reumatológicas numa população dedoentes com sarcoidose.Material e métodos: Foi avaliado retrospectiva-mente um grupo de 12 doentes com sarcoidose,quanto às manifestações iniciais e ao envolvimen-to de órgãos e sistemas durante a evolução da doen-ça, com particular destaque para as manifestaçõesreumatológicas.Resultados: Todos os doentes eram caucasianos, eonze eram do sexo feminino (92%). A idade médiaà apresentação foi de 49,1 anos ± 12,9 (34–80), e otempo médio de evolução 8,4 anos ± 12,9 (1–25).Em 6 doentes (50%), o diagnóstico de sarcoidose foicolocado no decurso da investigação em consultade Reumatologia, enquanto os restantes já tinhamdiagnóstico à data da 1ª consulta. As manifesta-ções constitucionais ocorreram em 9 doentes(75%), sendo iniciais em 8 (67%) e persistentes em2 (17%). As manifestações pulmonares ocorreramem 10 doentes (83%). As manifestações cutâneasocorreram em 10 doentes (83%), consistindo emeritema nodoso em 6 (50%), lupus pérnio em 2(17%), e adenopatias/nódulos cutâneos em 4(33%). As queixas secas surgiram em 7 doentes(58%). O envolvimento ocular ocorreu em 5 doen-tes (42%): 3 com queratoconjuntivite seca (25%) e2 (17%) com uveíte. Em 1 doente (8%) ocorreu pa-rotidite. Um doente (8%) tinha envolvimento car-díaco, com insuficiência cardíaca e miocardiopa-tia dilatada.

Todos os doentes apresentaram manifestaçõesreumatológicas: artralgias em 12 (100%), miopatiaem 2 (17%), e osteoporose em 7 doentes (58%), dosquais 4 (33%) com fracturas.

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Ocorreram artralgias na apresentação da sarcoi-dose em 9 doentes (75%), poliarticular em 6 (50%)doentes e oligoarticular em 3 (25%),sendo o iníciosúbito 78 (7 em 9) e insidioso em 22% (2 em 9). Opadrão foi simétrico em 33 (3 em 9) e assimétricoem 67% (6 em 9), interessando: joelho (7 doentes),punho (6), IFP (6), MCF (5), ombro (4), cotovelo (4),coxo-femoral (4), tibio-társica (4) e MTF (3). Emcinco doentes (42%) houve sinais de artrite. Du-rante a evolução ocorreu remissão das artralgiasem 2 doentes (17%), e 3 doentes (25%) inicialmen-te sem queixas articulares iniciaram poliartralgias,um deles com artrite.Discussão: A prevalência de manifestações reuma-tológicas foi elevada, resultado da referenciação dedoentes com artralgias/artrite precoces, sendo odiagnóstico de sarcoidose por vezes colocado du-rante a marcha diagnóstica. Um número significa-tivo de doentes tinha osteoporose, provavelmentemultifactorial. Em relação às manifestações não--reumatológicas, não é possível estabelecer com-parações com outras séries, dada a pequena di-mensão da amostra e o viés de selecção.Conclusões: As manifestações reumatológicas nasarcoidose poderão ser mais frequentes que o habi-tualmente descrito, uma vez que ao quadro articu-lar se adiciona a osteoporose fracturária. Para me-lhor esclarecimento da sua verdadeira prevalência,são necessários mais estudos. No entanto, a sar-coidose deve ser considerada na investigação dequalquer doente com artralgias/artrite recente.

P87 – UM CASO DE REACÇÃO ANAFILÁTICA AO

CEFTRIAXONE EM DOENTE COM ARTRITE GONOCÓCICA.R.Barros, C.Silva, M.Mateus, A. Alves Matos,J.C.BrancoCentro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE (H. Egas Moniz).

Os autores apresentam o caso clínico de um doen-te do sexo masculino de 35 anos de idade, interna-do por um quadro de artrite do tarso e tenossino-vites do pé esquerdo com 5 semanas de evolução,que surgiu durante o curso de um síndrome febrile uretrite. O diagnóstico foi confirmado com umsimples exame do exsudado uretral, que revelou apresença de Neisseria gonorrhoeae. Dada a longaevolução da artrite sem terapêutica, à data do in-ternamento já existiam erosões ósseas importan-tes no tarso, o que não é frequente neste tipo de in-fecção. Posteriormente, durante a terapêutica com

ceftriaxone, o antibiótico de 1ª linha na terapêu-tica da artrite gonocócica, o doente desenvolveuuma reacção anafilática grave com ARDS e neces-sidade de ventilação assistida. Trata-se de um casoclínico simples que demonstra a importância deuma anamenese cuidada no sentido de evitar oconsumo de exames complementares desnecessá-rios, apresentando ainda a particularidade da doquadro clínico da reacção anafilática ao ceftriaxo-ne, que embora esteja descrito na literatura, é raro.

P88 – PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA VERSÃO

PORTUGUESA DO HAQElizabeth Benito-Garcia1,2, MJ Santos2, Sofia Ramiro1,3, Susana Medeiros2, Rute Cordeiro1,3, J.A.Canas da Silva2, Frederick Wolfe4

1. Bioepi Clinical and Translational Research Center,Lisbon, Portugal2. Department of Rheumatology, Hospital Garcia deOrta, Almada, Portugal3. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Novade Lisboa, Portugal4. National Databank for Rheumatic Diseases

Objectivos: O Health Assessment Questionnaire(HAQ) é o questionário mais utilizado e o mais uni-versalmente aceite para avaliar a função em reuma-tologia. Tem sido validado em várias populações elínguas. A versão para a população Portuguesa (P--HAQ) foi criada baseada na versão inglesa de 20itens, tendo esse trabalho sido publicado já em Por-tugal. No entanto, nunca foi validado. Apresentam--se algumas propriedades psicométricas do instru-mento, e que podem contribuir para a validação domesmo. Métodos: O P-HAQ foi administrado a 488 doentescom artrite reumatóide (AR) (80,6% sexo feminino;media de idade 55,4 anos; média de idade de iní-cio da AR 40,4 anos; e média de duração de doen-ça 14,3), em vários centros de reumatologia Portu-gueses entre 2003-2005. À mesma população, foiaplicado uma outra versão do HAQ baseada noHAQ-disability (HAQ-dis) que foi especificamentedesenvolvido para doentes com AR e difere do P--HAQ por excluir as perguntas relacionadas com asajudas técnicas. Foram feitas comparações entreas duas versões do HAQ, bem como com o compo-nente de avaliação física do SF-36 (PCS), e outrasmedidas de relacionadas com a AR. Resultados: A média do P-HAQ foi 1,04, e do HAQ-

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-dis foi de 1,46. Para o P-HAQ, a capacidade para de-tectar uma variação mínima é de 69%. A correlaçãoentre o P-HAQ e o PCS foi de -0,66. A tarefa mais di-fícil foi a de «alcançar e trazer até si um objectocom cerca de 2,5 kgs colocado acima da sua cabe-ça», para a qual 40% dos doentes responderam «In-capaz». As tarefas mais fáceis foram «Levar à bocaum copo ou uma chávena cheios», «Sentar e levan-tar-se da sanita», e «Abrir as portas do carro» queforam conseguidos «Sem qualquer dificuldade» por56%, 52%, e 51% dos doentes, respectivamente. Osefeitos de chão (score de 0) e de tecto (score de 3)do P-HAQ foi de 7.5% e 0.4% respectivamente, en-quanto que esses efeitos para o HAQ-dis foram de4,7% e 0,5%, respectivamente. O PCS tinha um efei-to de chão e de tecto de 0%. Tanto o P-HAQ comoo HAQ-disa correlacionaram-se positivamentecom a escala visual analógica (EVA) da dor, a EVAda actividade global da doença, e a EVA da depres-são (coeficiente de correlação >0.60) e correlacio-naram-se negativamente com medidas da quali-dade de vida do doente como o EuroQol, e oPCS(coeficiente de correlação <-0.60).Conclusões: Em geral, as propriedades psicométri-cas tanto do P-HAQ como do HAQ-dis foram, boas.Os efeitos de chão e de tecto para ambos tambémforam bons. No entanto, o HAQ-dis tinha um efei-to de chão mais pequeno do que o P-HAQ e do queas versões Inglesas do HAQ. As tarefas mais difíceise mais fáceis são as mesmas das versões Inglesas.

P89 – RAQUIALGIAS COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO

CLÍNICA DE AMILOIDOSE AL: UM CASO INVULGAR

COM ENVOLVIMENTO ÓSSEO

Miguel Bernardes1, Sofia Pimenta1, Isabel Castro2, Alexandra Bernardo1, José Pinto1, Luísa Lobato3, José Brito1, Francisco Simões-Ventura1

1. Serviço de Reumatologia2. Serviço de Hematologia, Hospital São João3. Familial Amyloidosis Research Centre, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Porto

Introdução: A fronteira entre a amiloidose AL (AAL)primária e a associada a mieloma (MM) é impreci-sa, dependendo da importância que se atribui aograu de plasmocitose medular para o diagnósticode MM. As manifestações ósseas de AAL são raras,encontrando-se publicados apenas uma vintenade casos clínicos.Caso clínico: Homem de 63 anos, com osteoporo-

se já diagnosticada e raquialgias com 12 meses deevolução, apresentou-se com deformação doloro-sa do manúbrio do esterno, lombalgias e dor ingui-nal à esquerda com incapacidade para a marcha,num contexto de emagrecimento recente (12 kgnum mês). O Rx da bacia objectivou focos de osteó-lise circunscrita, bordados de osteocondensação,na anca esquerda e o Rx do ráquis revelou múlti-plos achatamentos vertebrais. A RM vertebral evi-denciou hipersinal nos corpos vertebrais de S2-S3-S4-, nas ponderações T1 e T2, e uma massa para-vertebral abaixo de S1. A cintigrafia óssea mostrouhiperfixação em D9, nas sacro-ilíacas e no púbis àesquerda. Analiticamente, apresentava elevação daVS, PCR, fosfátase alcalina e γ-GT, dislipidemia e hi-pogamaglobulinemia. Não foi detectada gamapa-tia monoclonal por imunofixação, quer no soro,quer na urina. Dada a presença de hepatomegalia,realizou uma biópsia hepática, que objectivou de-pósitos de substância amilóide com distribuiçãosinusoidal. A biópsia medular manubrio-esternalmostrou 4,3% de plasmocitose, com fenótipoMGUS (2 populações: uma (27%) CD38+, CD19-,CD56-/+het, CD45-; outra (73%) CD38+, CD19-/+het, CD56-/+het, CD45+) e amiloidose. A bióp-sia óssea de S2 revelou apenas a presença de depó-sitos peri-vasculares de substância amilóide. To-dos estes depósitos eram resistentes ao permanga-nato de potássio. A imuno-histoquímica da medulaóssea (anticorpos, poli e monoclonais, anti-TTR,anti-AA e anti-cadeias leves) mostrou imunoreac-tividade fraca para cadeias λ, concretizando-se odiagnóstico de AAL. O doente apresentava tambéminsuficiência renal, sem proteínuria, e infiltradosintersticiais pulmonares difusos no Rx e na TC to-rácicos. O ecocardiograma, a cintigrafia e a RMmiocárdicas não permitiram objectivar qualquerenvolvimento cardíaco, apesar da presença de al-terações evolutivas no ECG. Para o tratamento, uti-lizou-se a associação idarrubicina-dexametasona(Z-DexX4) e perfusões mensais de pamidronato.Aos 7 meses, constatou-se uma uma regressão par-cial do atingimento hepático e das raquialgias, ten-do recuperado a autonomia na marcha. Aos 12meses, na sequência de uma fractura do ilíaco di-reito, foi internado, vindo a falecer 3 meses depoispor falência multi-orgânica. Conclusão: Este caso clínico ilustra uma causa rarade «osteoporose», a AAL primária, que respondeuparcialmente ao uso da associação Z-DexX4, te-rapêutica utilizada habitualmente no tratamentodo MM.

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P90 – SACRO-ILEÍTE E ACNE CONGLOBATA: UMA FORMA

DE SAPHO.M. Bogas, M. C. Afonso, D. AraújoServiço Reumatologia, Centro Hospitalar do Alto Minho

Introdução: O síndrome de SAPHO (sinovite, acne,pustulose, hiperostose e osteíte) é uma doença in-flamatória crónica, recidivante, rara, que surge ge-ralmente em doentes jovens, caracterizada por ma-nifestações cutâneas e osteo-articulares. Existemmúltiplas formas de apresentação e várias entida-des nosológicas que pertencem à mesma doença,sendo muitas vezes difícil estabelecer um diagnós-tico definitivo. Caso clínico: Doente do sexo masculino, 15 anos,observado na consulta por referir dor na região glú-tea e face antero-lateral da coxa, bilateral, intensae incapacitante com cerca de duas semanas de evo-lução, necessitando de auxiliares para a marcha.Estava apirético e tinha bom estado geral. Estavamedicado com antibiótico para tratamento de umacne conglobata exuberante da face e tronco des-de há dois meses.

Os exames analíticos revelaram uma discretaanemia, ligeira leucocitose, elevação da VS e PCR,hemoculturas negativas e HLAB27 negativo. As ra-diografias da bacia não mostraram alterações a ní-vel das coxo-femorais mas deixavam algumas dú-vidas sobre a existência de sacro-ileíte bilateral con-firmada posteriormente por RMN e cintigrafia ós-sea. Este último exame não mostrou no entantoqualquer outro tipo de alteração, nomeadamentehiperfixação de outras áreas articulares. Iniciou tra-tamento regular com AINEs melhorando muito. Foiestabelecido o diagnóstico de síndrome de SAPHO. Discussão e conclusão: São inúmeras as doençasque associam manifestações cutâneas a osteo-arti-culares. A investigação diagnóstica pode dependerda identificação da lesão cutânea ou do reconheci-mento desta no mesmo contexto clínico das quei-xas reumáticas. Como a acne, na sua forma habitual,é frequente em adolescentes, pode não ser valori-zada no contexto do quadro clínico referido. As ma-nifestações cutâneas descritas no síndrome de SAP-HO incluem a pustulose palmo-plantar, acne con-globata ou fulminans, psoríase pustular e hidrade-nite supurativa. A parede anterior do tórax e o ráquissão as estruturas osteo-articulares mais frequente-mente envolvidas. A associação de sacroileíte e acneconglobata constituem critérios suficientes para odiagnóstico. A sacro-ileíte, apesar de frequente nasformas espondilíticas, é uma forma pouco comum

de apresentação desta doença, sendo menos fre-quente ainda o seu aparecimento bilateral.

P91 – VARIÁVEIS LABORATORIAIS E MASSA ÓSSEA –ANÁLISE EM MULHERES JOVENS E PÓS-MENOPÁUSICAS

Helena Canhão1,2,3, João Eurico Fonseca1,2, Carlota Saldanha3, M Viana Queiroz1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria2. Unidade de Artrite Reumatoide, Instituto de Medicina Molecular3. Instituto de Biopatologia Química, Faculdade de Medicina de Lisboa

Objectivos: Avaliar se há diferenças detectáveis emanálises bioquímicas entre mulheres saudáveisnuma faixa etária correspondente ao pico de mas-sa óssea, mulheres pós-menopáusicas com massaóssea normal e mulheres pós-menopáusicas comosteoporose (OP) primária. Determinar se existemdiferenças, entre os grupos, nos valores dos marca-dores de remodelação óssea. Métodos: Estudámos de forma transversal mulhe-res saudáveis com idades entre os 20 e os 30 anos,correspondentes ao pico de massa óssea e mulhe-res pós-menopáusicas com mais de 50 anos de ida-de. As mulheres pós-menopáusicas foram divididasem dois grupos após realização de densitometriaóssea – grupo com massa óssea normal e grupocom critérios de osteoporose. Foram excluídas mu-lheres osteopénicas, com osteoporose secundáriae as medicadas com terapêutica anti-osteoporóti-ca. A avaliação laboratorial foi efectuada para to-das, no mesmo laboratório (Hospital Santa Maria)e incluiu – hemoglobina, velocidade sedimenta-ção, glicémia, creatinina, clearance da creatinina,ácido úrico, homocisteína, cálcio sérico e urinário,fósforo sérico e urinário, magnésio, zinco, lipase,colesterol, trigliceridos, desidrogenase láctica, cre-atinina-cinase, proteínas totais, albumina, apoli-poproteína E, hormona tireotrófica, prolactina,IGF1, hormona de crescimento, calcitonina, dehi-droepiandrosterona, paratormona e marcadoresde remodelação óssea (fosfatase alcalina total e iso-enzima óssea, osteocalcina, N-telopeptidos uriná-rios, desoxipiridolina e a razão destes dois últimoscom a creatinúria).Resultados: 45 mulheres, distribuídas por 3 grupos– 15 jovens (grupo A) com idade média de 25,2±3,4anos, 20 mulheres pós-menopáusicas com massaóssea normal (grupo B) com 65,9±8,5 anos e 10 mu-lheres pós-menopáusicas com osteoporose primá-

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ria (grupo C) com idade média de 64,5±11 anos. Detectámos doseamentos mais elevados no gru-

po A para a prolactina, hormona de crescimento,DHEA e IGF-1 relativamente aos grupos B e C (deacordo com o esperado para a idade). No grupo Cdetectámos valores séricos de lipase (29,2±7,6), in-feriores aos grupos A (36,5±9,4) e B (36,2±5,5). Damesma forma e relativamente aos marcadores deremodelação óssea a osteocalcina era inferior nogrupo C (5,98±3,27), relativamente aos grupos A(8,12±4,56) e B (7,46±5,8). A razão entre o NTX uri-nário e a creatinúria era de 81,6±29,8 para o GrupoC, 60±17,6 para o grupo A e 55,1±44,8 para o grupoB (p não significativo). Não se detectaram diferen-ças entre os grupos nos níveis de cálcio e fósforo sé-ricos ou urinários, fosfatase alcalina total e isoen-zima óssea e desoxipiridolina urinária. Discussão: Dos resultados do nosso trabalho des-tacamos a aparente maior sensibilidade da osteo-calcina relativamente à fosfatase alcalina total eisoenzima óssea como marcador de formação e doNTX/creatinúria relativamente à desoxipiridolinacomo marcador de reabsorção nos doentes comOP. No entanto a grande variabilidade individualnão permite estabelecer valores de cut-off entre osgrupos. As diferenças detectadas na lipase sérica,não foram acompanhadas de diferenças nos va-lores séricos de colesterol, triglicéridos e apolipo-proteína E. O valor inferior da lipase no grupo demulheres com OP é um dado não reportado e re-quer confirmação em amostras de maiores dimen-sões, mas poderia ser explicado pelas interrelaçõesentre adipócitos e osteoblastos ou em alternativaassociar-se a baixos níveis de vitamina D nestesdoentes.

P92 – UM CASO RARO DE HIPEROSTOSE ENDOSTEAL

S. Capela1, R. Figueira1, F. Ramos1, E. Sousa1, J.C. Romeu1, M.V. Queiroz1

1. Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas do Hospital de Santa Maria

Objectivo: A hiperostose endosteal consiste numgrupo de doenças genéticas que se pode dividir em3 subtipos, síndrome de van Buchem, esclerosteo-se e síndrome de Worth, sendo habitual em todosa presença de aumento da mandibula. O síndromede van Buchem caracteriza-se por envolvimentode vários pares cranianos e osteosclerose das colu-nas, clavículas e coluna vertebral. Os doentes comesclerosteose apresentam aumento ponderal e da

altura, dismorfismo facial, surdez, paralisia facial,hipertelorismo, sindactilia e desvio radial das falan-ges distais. Radiologicamente, destaca-se hiperos-tose do crâneo e mandíbula. O síndrome de Worthé caracterizado pela presença de uma massa pala-tina e radiograficamente por espessamento corti-cal da mandibula. Os autores descrevem um casoclínico de um doente com hiperostose endostealdifusa associada a níveis elevados de fosfatase al-calina, que habitualmente se encontra em níveisnormais neste grupo de patologias.Resultados: Doente do sexo masculino, 83 anos,com antecedentes pessoais de hipertiroidismo (ti-roidectomizado) e insuficência venosa crónica,com queixas de longa data de dor difusa de ambasas pernas, que se tem vindo a agravar progressiva-mente. À observação, de referir peso e altura nor-mais, não apresentando o doente fácies caracterís-tica ou dismorfismos. Analiticamente, destacava--se aumento dos parâmetros inflamatórios assimcomo dos valores de fosfatase alcalina. Foram ex-cluídas outras causas de aumento desta enzima eos níveis da isoenzima óssea também se encontra-vam aumentados. Radiograficamente, apresentavahiperostose endosteal difusa dos ossos longos dos4 membros, crâneo, coluna vertebral e ilíacos, comdiminuição do espaço medular e ausência de alte-rações do periósteo. A cintigrafia óssea de corpointeiro revelou hiperfixação moderada de todo oesqueleto axial, com espessamento dos ossos lon-gos. Realizou audiograma, que demonstrou hipo-acúsia neuro-sensorial moderada bilateral. Não fo-ram detectados outros membros da família comalterações laboratoriais ou imagiológicas seme-lhantes. Discussão/Conclusão: Os níveis aumentados defosfatase alcalina e o padrão de envolvimento ós-seo tão difuso não se encontra descrito na literatu-ra neste grupo de patologias. Poderá tratar-se deuma variante benigna da doença, praticamente as-sintomática apesar de afectar todo o esqueleto.

P93 – PERCEPÇÃO CORPORAL NOS DOENTES

REUMATOLÓGICOS

A Cardoso2, L Miranda1, R Fernandes2, F Rosa2, L Coelho1, A Abreu2, M Parente1, R Leitão1, P Clemente-Coelho1, M Silva1, H Santos1, M Micaelo1, M Mediavilla1, E Simões1, H Madeira1, C Silva1, J Ferreira1, D Medeiros1, F. Barcelos1, C Miguel1, S Cortes1, J Ribeiro1, R Figueiredo1, L Freire2, F Pimentel1, V Las1,

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relacionada com a idade (p=0,013), peso, IMC,FFM, TBW, perímetro da cintura e anca (p<0,0005).Portanto a percepção da própria imagem não estádistorcida e apresenta um desvio para a direita naescala CDRS (no sentido da obesidade), conformea idade é mais elevada. Estas evidências, são umamais valia, na motivação dos doentes para a alte-ração do estilo de vida, nomeadamente, de com-portamentos alimentares e actividade física. Des-te modo, é possível conseguir maior aderência, aum plano alimentar adequado, que visa atingir umaantropometria e composição corporal compatíveiscom a melhor qualidade de vida destes doentes. Amelhoria da comorbilidade nos doentes com pato-logia reumatológica é essencial, quer pela diminui-ção da dor, quer pela maior autonomia.

Tendo em conta que a escala CDRS é normal-mente aplicada a doenças do comportamento ali-mentar (anorexia e bulimia), seria importanteadaptar à população actual, de modo a diferenciaro excesso de peso e os 3 graus de obesidade.

P94 – CAPILAROSCOPIA E ENVOLVIMENTO PULMONAR

NA ESCLEROSE SISTÉMICA

Sara Cortes1, Paulo Clemente-Coelho2

1. Interna do Internato Complementar de Reumatologia do Instituto Português de Reumatologia2. Assistente de Reumatologia do Instituto Portuguêsde Reumatologia, responsável pela Consulta de Fenómeno de Raynaud e Esclerose Sistémica

Objectivos: Determinar a relação do envolvimen-to pulmonar em doentes com o diagnóstico de ES,com o padrão capilaroscópico.Métodos: A capilaroscopia foi realizada com umestereomicroscópio com ampliação de 10x a 100x.Os resultados foram divididos em grupos, de acor-do com os critérios de H. Maricq e col. («padrãolento» e «padrão rápido») e de M Cutolo e col. (pa-drões «precoce», «activo» e «tardio»). O envolvi-mento pulmonar foi avaliado por radiografia do tó-rax e/ou TAC torácica; provas de função respirató-ria (PFR) e ecocardiografia.Resultados: Foram estudados 33 doentes (30 do

sexo feminino, 3 dosexo masculino). Amédia de idades foi de57,2 anos (entre 27 e86 anos). Treze doen-tes apresentavam ESdifusa e 20 doentes ES

A Neto1, J Figueirinhas1, J Vaz Patto1, F Mesquita2,A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: O peso e a obesidade têm uma com-ponente física e da composição corporal, mas en-contram-se também associados a uma dimensãopsicológica e social. A imagem e a percepção cor-poral, que os doentes têm do seu próprio corpo, in-fluencia a atitude na mudança de comportamen-tos alimentares.Objectivos: Avaliar a percepção da imagem cor-poral, com base na aparência actual e ideal, numapopulação de doentes com patologias reumatoló-gicas.Material e Métodos: Foi aplicado um protocolo deavaliação clínica de auto-preenchimento, que in-cluía uma escala CDRS (Contour Drawing RatingScale, by M. Thompson and J. Gray, 1995) para ava-liação da percepção corporal, por identificação daaparência actual e ideal. Foram ainda avaliadospela equipa de Nutrição do IPR: Índice de MassaCorporal (IMC), Perímetros da Cintura e da Anca,Relação Cintura/Anca, Massa Gorda, massa livrede gordura (FFM) e água corporal total (TBW). Es-tes parâmetros foram medidos através de dois apa-relhos, a bioimpedância de mãos (OMRON®,HBF300) e de pés (TANITA®, TBF350). Resultados: Foram observados 956 doentes, 786(82,2%) eram do sexo feminino e 170 (17,8%) dosexo masculino, com idade mediana de 59 anos(média de 58,04±13,7). No conjunto da totalidadedos doentes a imagem corporal actual medianacorrespondia à figura 7 (média =6,05) e a imagemideal mediana correspondia à figura 4 (média=3,81). Em média, os doentes gostariam que a suaimagem se situasse em pelo menos 2 valores abai-xo, na escala de 1 a 9 (-2,14). Apesar de existir cor-relação significativa entre a imagem actual e a ideal(índice de correlação de Spearman=0,359), existeuma diferença estatisticamente significativa dasmédias das duas imagens (p<0,005, segundo o tes-te de Wilcoxon). Conclusão: A imagem corporal dos doentes está

Tabela 1. Distribuição dos doentes pela escala CDRS

Escala CDRS 1 2 3 4 5 6 7 8 9Aparência Actual (%) 2,2 4,9 6,3 9,9 11,9 12,2 25,6 18,2 8,7Aparência Ideal (%) 9,1 14,6 20,1 22,6 18,8 8,8 5,1 0,9 0,1

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limitada. A fibrose pulmonar foi detectada em 12(36,3) doentes. Os resultados das PFR foram os se-guintes: normal- 14 (42,4) doentes; padrão respira-tório restritivo- 14 (42,4) doentes; diminuição da di-fusão do CO (<80%)- 17 (51,5%) doentes. A distri-buição dos padrões capilaroscópicos foi a seguin-te: A) segundo a classificação de Maricq: a) padrãolento- 14 (42,4%) doentes; b) padrão rápido- 19(57,6%) doentes. B) Segundo a classificação de Cu-tolo: a) padrão precoce- 8 (24,2%) doentes; b) pa-drão activo- 10 (30,3%) doentes; c) padrão tardio-15 (45,4%) doentes. Dos 14 doentes com padrãorespiratório restritivo, 4 (28,5%) apresentavam «pa-drão activo«, 9 (64,3%) apresentavam «padrão tar-dio», 3 (21,4%) «padrão lento» e 11 (78,6%) «padrãorápido». Dos 17 doentes com diminuição da difu-são do CO, 5 (29,4%) apresentavam um «padrão ac-tivo», 9 (52,9%) «padrão tardio» 5 (29,4%) «padrãolento» e 12 (70,6%) «padrão rápido». Dos 12 doen-tes com fibrose pulmonar, 3 (25,0%) apresentavam«padrão activo», 6 (50,0%) «padrão tardio», 3(25,0%) «padrão lento» e 9 (75,0%) «padrão rápido».Apenas 5 doentes tinham hipertensão pulmonar,não havendo diferenças entre os padrões capilaros-cópicos nestes subgrupos.Conclusões: Os nossos resultados sugerem umaassociação entre os padrões capilaroscópicos «rá-pido» (Maricq) e «tardio» (Cutolo), com a presençade envolvimento pulmonar mais significativo. Con-tudo, o reduzido nº de doentes deste estudo nãopermite tirar conclusões estatisticamente significa-tivas. São necessários estudos em maior escala paraprovar esta possível associação, que, se confirma-da no futuro, será uma mais valia na avaliação prog-nóstica dos doentes com ES. É também importan-te a inclusão de mais doentes para avaliar a possí-vel correlação desta tendência, com a duração dadoença e com a gravidade das alterações microcir-culatórias.

P95 – TRATAMENTO DA OSTEOPOROSE EM PORTUGAL:TENDÊNCIA E VARIAÇÃO GEOGRÁFICA

Lúcia Costa, Olavo Rocha, Nuno Lunet, Henrique Barros.Serviço de Higiene e Epidemiologia – FMUP.

Objectivos: Descrever o uso de medicamentos (es-timado pelas vendas) para o tratamento da osteo-porose entre 1998 e 2004 e a variabilidade geográ-fica na sua utilização em 2004.Métodos: Através do IMS Health obtivemos os da-

dos de vendas de medicamentos para o tratamen-to da osteoporose em ambulatório, em Portugal,de 1998 a 2004 (n.º de embalagens e valor a preçode venda ao público (PVP) de cada designação co-mercial), e por distrito, em 2004 (n.º de embala-gens e valor a PVP de cada medicamento, mas semdistinção de dosagem ou dimensão da embala-gem). Considerámos para cada grupo (bifosfona-tos, raloxifeno, calcitoninas, THS e suplementos decálcio e vitamina D), em cada ano, o somatório dosvalores de número de embalagens ou valor a PVP,independentemente das dosagens e tamanhos daembalagem. Para os bifosfonatos, calcitoninas e ra-loxifeno foram calculadas as DDD (Defined DailyDose) vendidas anualmente em todo o país. Todosos dados de consumo de medicamentos são apre-sentados por mulher com idade entre 45 e 74 anos.Os dados nacionais foram utilizados para descre-ver a evolução das vendas de 1998 a 2004, e com osdados distritais foi efectuado o mapeamento dosconsumos em 2004, utilizando o programa ArcViewGIS Version 3.1®.Resultados: O valor gasto em Portugal com medi-camentos dos grupos farmacoterapêuticos utiliza-dos na osteoporose teve um aumento de 60%, de34€/mulher em 1998 para 55€/mulher em 2004. Asvendas de bifosfonatos aumentaram mais de cin-co vezes de 1998 a 2004, representaram em 2004,em valor a PVP, cerca de 60% do mercado nacionaldos medicamentos indicados para a osteoporose.O raloxifeno representava aproximadamente 10%das vendas em 2004. O consumo de calcitoninasdecresceu cerca de 70% no período em observa-ção. O uso da THS registou até 2001/2002 um au-mento de 30% a 40% e a partir dessa altura um de-créscimo de magnitude semelhante. As variaçõesno consumo de cálcio e vitamina D foram de me-nor magnitude que as observadas para os restan-tes grupos.

Na análise dos consumos relativos ao ano de2004 observaram-se diferenças geográficas nasvendas, com uma amplitude de variação de apro-ximadamente duas vezes (para os bifosfonatos epara o cálcio e vitamina D) a cerca de 3 vezes (parao raloxifeno, as calcitoninas e a THS) entre os dis-tritos nacionais. Em Beja e Bragança observam-sesistematicamente valores dos mais baixos para asvendas de medicamentos pertencentes a todos osgrupos analisados, e Aveiro apresenta sempre va-lores dos mais elevados. Os maiores consumos deraloxifeno observam-se, na região Noroeste do paíse a THS foi mais utilizada nos distritos do litoral.

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Discussão/conclusões: Em Portugal, a evolução doconsumo dos medicamentos utilizados para o tra-tamento da osteoporose assim como o peso relati-vo de cada um dos grupos segue um padrão seme-lhante ao observado noutros países. A variação re-gional no uso destes fármacos pode reflectir dife-renças distritais na frequência da doença ou naproporção de casos com tratamento. Contudo, aamplitude da variação observada sugere que outrosfactores, designadamente de natureza social e eco-nómica, possam contribuir para essa assimetria.

P96 – TERAPÊUTICA BIOLÓGICA E INDUÇÃO DE

AUTO-ANTICORPOS: ANÁLISE DE UM HOSPITAL DE DIA

M. Couto, C. Ambrósio, A. Barcelos, M.J. Salvador, I. Cunha, M.J. Saavedra, J. Garcia, P. Abreu, C. Duarte, C. Vaz, P. Monteiro, P. Machado, J. Silva, A. MalcataServiço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Os autores analisaram os dados refe-rentes a 48 doentes com o diagnóstico de artritereumatóide, sob terapêutica biológica, com a fina-lidade de avaliar o surgimento de auto-anticorpose de eventuais manifestações clínicas.Material e métodos: Foram alvo desta análise 45mulheres e 3 homens, com uma média de idadesde 51,5 anos, em tratamento com infliximab (n=14),etanercept (n=15) e adalimumab (n=19). Pesquisa-ram-se auto-anticorpos (ANA’s, Anti dsDNA, Anti--histonas, Anti SSA e SSB) imediatamente antes dotratamento, à 30ª semana, à 54ª semana e à 102ª se-mana.Resultados: 23% (n=11) do total dos doentes alte-rou o seu padrão de imunidade, tendo sido detec-tados novos auto-anticorpos à 30ª semana em 4dos casos e à 54ª semana nos restantes 7 casos. Des-tes, 4 dizem respeito a doentes medicados com eta-nercept, 4 com infliximab e 3 com adalimumab. Osauto-anticorpos mais frequentemente detectadosforam os ANA’s, (com o aparecimento de antidsDNA num doente), não se tendo verificado ou-tras manifestações sugestivas de LES ou outra co-nectivite.Conclusões: A relação entre o uso de terapêuticasbiológicas e a formação de novos auto-anticorposé já conhecida, especialmente em relação ao infli-ximab. Os autores procuraram analisar e compararo comportamento dos 3 fármacos mais usados emterapêuticas biológicas: infliximab, etanercept e

adalimumab. Parece existir uma menor tendênciapara alterações de padrão imunológico dos doen-tes sob tratamento com adalimumab (15,8% doscasos), comparativamente aos que fazem etaner-cept (26,7% dos casos) e infliximab (28,6% dos ca-sos). Apesar da presença destes anticorpos, não severificou o surgimento de qualquer manifestaçãoclínica relacionável com essa alteração imunoló-gica.

P97 – PREVALÊNCIA DOS FACTORES DE RISCO

CARDIOVASCULARES E ATEROSCLEROSE CAROTÍDEA

NUMA POPULAÇÃO COM LESAna R Cravo1, Rui Camacho 2, Maria J Santos 1,Ana C Cordeiro 1, Fátima Godinho1, Viviana Tavares 1 e José Canas da Silva 1.1. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta,Almada 2. Serviço de Radiologia, Hospital Garcia de Orta,Almada.

Objectivo: A aterosclerose pode representar nosdoentes com lúpus eritematoso sistémico (LES)uma importante causa de mortalidade e morbili-dade. A doença subclínica atinge cerca de 30 a 40%dos doentes. Na população portuguesa a prevalên-cia não é conhecida. O nosso objectivo foi determi-nar a prevalência dos factores de risco cardiovas-culares (CV) tradicionais e a prevalência da ateros-clerose carotídea numa população de doentes comLES.Métodos: Avaliámos 36 doentes com diagnóstico deLES e determinámos a duração da doença, a pre-sença de factores de risco CV modificáveis, o perfillipídico e a medicação habitual. A actividade dadoença foi obtida pelo SLE Disease Activity Index(SLEDAI) e o dano a longo termo foi determinadopelo Systemic Lupus International CollaboratingClinic (SLICC). A presença de placas carotídeas e aespessura da parede arterial carotídea (intima/mé-dia) – EIM – foi medida por ecografia carotídea emmodo B, doppler a cores e espectral.Resultados: Os doentes tinham uma idade médiade 41,6±14,8 anos, 86,1% eram do sexo feminino e13,9% do sexo masculino, com predomínio da raçacaucasiana (80,5%) e uma duração média de doen-ça de 6,09±7,47 anos. Dezanove por cento dosdoentes eram hipertensos, 5,5% eram diabéticos,30,5% tinham hiperlipidémia e 33,3% tinham ex-cesso de peso, 11,1% tinham hábitos tabágicos ecerca de 75% levavam uma vida sedentária. Oiten-

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tanto nos valores do BASDAI como do BASFI à se-mana 24 e 48.A correlação entre os valores do BASDAI e do BAS-FI à semana 0 foi de 0,53 (IC 95% 0,152-0,774), queaumento na semana 24 para 0,71 (IC95% 0,433-0,872) e à semana 48 para 0,79 (IC95% 0,559-0,910).Conclusão: Ao longo das 48 semanas de trata-mento verificou-se uma melhoria mantida daactividade da doença e da funcionalidade. A melho-ria da actividade da doença medida pelo BASDAIteve uma boa correlação com a melhoria da acti-vidade funcional medida pelo BASFI, em todos osmomentos da avaliação e aumentando ao longo dotempo.

P99 – CARACTERIZAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E

DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NA FIBROMIALGIA

D Medeiros1, L Coelho1, A Abreu2,A Cardoso2, R Fernandes2, F Rosa2, L Miranda1, R Leitão1, P Coelho1, M Silva1, H Santos1, M Parente1, M Micaelo1, M Mediavilla1, E Simões1, H Madeira1, C Silva1, F Pimentel1, I Barata1, J Ferreira1, J Figueirinhas1, F Barcelos1, M Sousa1,C Miguel1, S Cortes1, A Neto1,L Freire2, J Vaz Patto1,F Mesquita2 e A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Objectivo: Avaliação antropométrica e da compo-sição corporal em 275 doentes com o diagnósticode Fibromialgia.Introdução: A Fibromialgia (FM) é um síndrome deetiologia desconhecida caracterizado por dor cró-nica difusa, articular e muscular, que afecta a po-pulação geral numa prevalência que varia entre os0,5 a 5%, envolvendo, sobretudo, mulheres demeia-idade. A associação entre FM e outras entida-des crónicas, como a obesidade, alterações da ten-são arterial, e outros factores de risco cardiovascu-lar, podem indicar um papel importante de causa-lidade com distúrbios do eixo hipotalâmico-pitui-tário, do sistema autónomo, e de hormonas

ta e um por cento dos doentes estavam sob corti-coterapia (dose média diária 7,8±10,6mg de pred-nisolona) e 72% faziam antipalúdicos. Nenhum dosdoentes tinha tido evento CV prévio. O SLEDAI mé-dio na última avaliação foi 2,5±3,25 e o SLICC mé-dio foi 0,4±0,87. Apenas três mulheres (8,3%) ti-nham placas carotídeas. A espessura média ínti-ma/média carotídea foi 0,7±0,1 mm. Não foram en-contradas estenoses significativas e o fluxosanguíneo foi normal em todos os doentes. A EIMcorrelacionou-se com a idade dos doentes e com apresença de hipertensão.Conclusões: Encontrámos uma prevalência baixade aterosclerose carotídea, que pode ser explicadapor se tratar de uma população jovem, com pou-cos factores de risco CV tradicionais, baixa activi-dade de doença e baixo índice de dano a longo ter-mo. No entanto não podemos excluir a influênciade factores genéticos ou nutricionais.

P98 – VARIAÇÃO DA ACTIVIDADE INFLAMATÓRIA E

DA CAPACIDADE FUNCIONAL DOS DOENTES COM

EA SOB TERAPÊUTICA ANTI-TNFαA. R. Cravo, S. Garcês, F. Vinagre, M. J. Santos, J. Canas da SilvaServiço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada

O Bath Ankylosing Spondylitis Activity Index (BAS-DAI) e o Bath Ankylosing Spondylitis Functionalityíndex (BASFI) são instrumentos utilizados para ava-liação da actividade da doença e do grau de limita-ção funcional na Espondilite Anquilosante.Objectivos: Avaliar longitudinalmente a variaçãoda actividade inflamatória e da capacidade funcio-nal medidas pelo BASDAI e pelo BASFI em doen-tes com EA sob terapêutica anti-TNFα. Verificar sea melhoria da actividade inflamatória se traduznuma melhoria da capacidade funcional.Métodos: Incluímos 23 doentes com EA que cum-priram pelo menos 48 semanas de terapêutica comInfliximab ou Etanercept. Os questionários BAS-DAI e BASFI foram analisados às 0, 24 e 48 sema-nas de tratamento. Verificámos se existia correlaçãoentre a variação da actividade inflamatória e a ca-pacidade funcional dos doentes.Resultados: Dos doentes avaliados 18 eram do sexomasculino, tinham uma idade média de 37,70±9,28anos e uma duração média de doença de 11,13±8,40 anos. Dezoito doentes encontravam-se sob te-rapêutica com infliximab e 4 sob terapêutica cometanercept. Verificou-se uma redução significativa

Média Inicial Semana 24 Semana 48BASDAI 56,39±19,47 27,90± 21,00 27,72±22,64BASFI 48,69±25,76 25,11± 17,68 27,43±18,36Variação - -50,52% -48,42%

BASDAIVariação - -50,84% -43,67%

BASFI

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sexuais, já identificados em muitos doentes comFM. Esta possivel associação levou-nos a estudar ascaracterísticas antropométricas e a presença defactores de risco cardiovascular numa populaçãocom o diagnóstico de FM estabelecido. Material e Métodos: O estudo decorreu durantedois meses, em tempos separados, no Instituto Por-tuguês de Reumatologia, envolvendo doentes comFM, que recorreram à consulta de reumatologia.Os critérios de classificação de FM foram os do ACR.Os doentes foram submetidos a um protocolo deauto-preenchimento assistido, onde constava en-tre outros factores, o diagnóstico não reumatológi-co e reumatológico, o qual era preenchido pelo mé-dico assistente. Foram também avaliados pelaequipa de nutrição os seguintes parâmetros: peso,altura, índice de massa corporal (IMC), perímetroda cintura, perímetro da anca, relação cintura/an-ca, massa gorda (percentagem e quilogramas), amassa magra (quilogramas) e a água corporal total(percentagem e quilogramas). Estes parâmetros fo-ram medidos através de 2 aparelhos, a bioimpe-dância de mãos (OMRON HBF-300) e de pés(TANI-TA TBF-350). Foram ainda avaliadas doenças asso-ciadas, intimamente relacionadas com o risco car-diovascular: a Hipertensão Arterial, Diabetesmellitus e a HipercolesterolemiaResultados: Foram observados 275 doentes comFM, 9(3%) do sexo masculino e 266(97%) do sexofeminino. A idade média foi de 52±11,58 anos[17;81], o peso médio de 68,8±13,43 kg, com umIMC médio de 28,1±5,16 Kg/m2. A bioimpedânciadas mãos revelou uma percentagem média de mas-sa gorda de 36%. A massa gorda média medida pelabioimpedância das mãos foi de 36±6,3%, em que192(70%) dos doentes tinham excesso de massagorda, sendo que destes, 9(5%) pertenciam ao sexomasculino e 183(95%) ao sexo feminino. A massagorda média medida pela bioimpedância dos pésfoi de 34,5±7,61%, em que 192(70%) dos doentes ti-nham excesso de massa gorda, sendo que destes,6(3%) pertenciam ao sexo masculino e 186(97%)ao sexo feminino. Quanto à percentagem de água,163(59,2%) doentes, apresentavam quantidades deágua inferiores ao desejável, 4(2,5%) do sexo mas-culino e 159(97,5%) do sexo feminino. A quantida-de de massa magra média foi de 44,5±5,78 kg.Quanto aos factores de risco cardiovasculares:34(12%) tinham Hipertensão Arterial, 7(3%) tinhamDiabetes mellitus, 14(5%) tinham Hipercolestero-lemia. A relação cintura/anca média foi de 0,87cm.Conclusão: A maior parte dos doentes observados

pertenciam ao sexo feminino, o que está de acor-do com o que se sabe sobre a prevalência da FM nosexo feminino. A média de idades foi de 62 anos, umvalor um pouco superior ao que seria de esperar, jáque esta patologia encontra-se sobretudo em mu-lheres com cerca de 50 anos de idade. No que res-peita à avaliação nutricional, verificou-se uma ele-vada percentagem de obesidade, sobretudo no sexofeminino. Este achado pode revelar uma associa-ção directa com este síndrome, contudo, há que terem consideração o sedentarismo marcado nestegrupo de doentes, dada a presença generalizada dedor crónica musculo-esquelética. Verificou-se ain-da uma percentagem significativa de factores derisco cardiovascular, nomeadamente HipertensãoArterial, eventualmente associada a um distúrbiometabólico generalizado (Sindrome X).

P100 – VALOR PROGNÓSTICO DA ENTESITE EM DOENTES

COM ARTRITE PSORIÁTICA

R. Figueira, F. Ramos, C.M. Rosa, J.T. Costa, M.V. QueirozServiço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas, Hospital Santa Maria, Lisboa

Introdução: A artrite psoriática é uma doença ar-ticular inflamatória crónica caracterizada pela as-sociação de artrite e psoríase, evoluindo por vezespara formas incapacitantes. A entesite é uma carac-terística clínica frequente em todas as espondilar-tropatias e que por ter sido associada a determina-dos formas clínicas de artrite psoriática a sua pre-sença poderá ter valor prognóstico. Objectivos: Identificar e comparar a presença dedeterminadas características clínicas em doentescom e sem entesite.Métodos: Foram analisadas variáveis sócio-demo-gráficas e clínicas, em 117 doentes com artrite pso-riática, seguidos na Consulta Externa de Reumato-logia entre 1984 e 2005. Estes doentes foram divi-didos num grupo com entesite (Grupo 1) e noutrosem entesite (Grupo 2).

Os autores utilizaram métodos estatísticos des-critivos e o teste chi-quadrado para caracterizar apopulação e relacionar a presença de entesite comos diversos achados clínicos.Resultados: A idade média dos doentes (Grupo 1:56,2 ± 12,3 e Grupo 2: 54,0 ± 13,5), a idade de inícioda doença articular (Grupo 1: 40,4 ± 10,6 e Grupo2: 43,8 ±13,7) e o tempo de evolução da doença(Grupo1: 15,6 ± 9,5 e Grupo2: 10,4 ± 8,4) foram se-

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melhantes nos dois grupos. Não se encontraramtambém, diferenças estatisticamente significativas,entre sexos.

Quarenta e três doentes (38,1%) tiveram pelomenos um episódio de entesite durante o tempo deevolução de doença.

Os autores verificaram que o grupo dos doentescom entesite esteve associado a formas erosivas dadoença em 63% vs 29,4% (p<0,001), à presença deperiostite em 74% vs 15,7% (p<0,001) e com o en-volvimentos das articulações interfalângicas dis-tais em 65% vs 37,6% (p<0,01). No grupo dos doen-tes com entesite a presença de dactilite foi maior(53,5 vs 28,6; p<0,01) e não se verificou associaçãoestatisticamente significativa entre entesite e a for-ma de apresentação da doença, outras formas clí-nicas ou tipo de psoríase.Conclusão: A presença de entesite parece estar as-sociada a formas mais agressivas de artrite psoriá-tica, dada a maior prevalência de periostite e ero-sões.

P101 – RITUXIMAB NO TRATAMENTO DO LÚPUS

ERITEMATOSO SISTÉMICO

JE Fonseca1, MJ Santos2, E Mariz3, M Oliveira4, P Pinto3, H Canhão1, MJ Saavedra4, F Vargas5, Vaz C3, JA Pereira da Silva1, A Malcata4, J Canas da Silva2, F Ventura3, Mário Viana Queiroz1.1. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Maria2. Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta(HGO)3. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João4. Serviço de Reumatologia dos Hospitais Universitá-rios de Coimbra5. Serviço de Hemato-oncologia do HGO

Introdução: O tratamento do Lúpus EritematosoSistémico (LES) refractário aos fármacos conven-cionais é uma situação complexa com elevada mor-bilidade e mortalidade. Nos últimos anos a utiliza-ção do rituximab (RTX) tem apresentado resultadospromissores. Apresentamos 4 casos clínicos de uti-lização deste fármaco em doentes com LES refrac-tários a múltiplas terapêuticas.Casos Clínicos: Doente 1: sexo feminino, 38 anos,trombocitopénia autoimune diagnosticada há 3anos no contexto de LES. Refractária à azatioprina(AZT), ciclofosfamida PO e EV e ao micofenolato demofetil. Recusou esplenectomia. Mantinha plaque-tas acima de 10.000 com um esquema de 1,5 g de

metilprednisolona (MP) e γ-globulina quinzenal,associado a doses de prednisona (PDN) diárias de10 a 30 mg. Foi tratada com RTX 375mg/m2 em 4pulsos semanais, tendo sido confirmada laborato-rialmente a depleção de linfócitos B. Ao fim de 3meses de seguimento foi possível estabilizar as do-ses de PDN em 10mg/dia e reduzir os pulsos de MPpara 1g mensal, coadjuvado por γ-globulina men-sal, com contagens plaquetárias acima dos 20 000

Doente 2: sexo feminino, 28 anos, trombocitopé-nia autoimune diagnosticada há 12 anos no contex-to de LES. Refractária a AZT, danazol, γ-globulina eà esplenectomia. Mantinha plaquetas acima de 10000 com uma dose de PDN diária de 20 a 40 mg. Foitratada com RTX 375mg/m2 em 4 pulsos semanais,não tendo realizado o último tratamento por apa-recimento de doença do soro. Ao fim de 4 meses deseguimento foi possível estabilizar as doses de PDNem 5 mg em dias alternados, tendo atingido umacontagem plaquetária acima de 100.000.

Doente 3: sexo feminino, 24 anos, trombocitopé-nia autoimune diagnosticada há 9 anos (tratadacom PDN, γ-globulina e esplenectomia) e manifes-tações clínicas e analíticas compatíveis com LESdesde há 7 anos. No contexto de surto de agrava-mento da doença surgiu envolvimento do sistemanervoso central refractário à corticoterapia e γ-glo-bulina. Foi tratada com RTX 375mg/m2 em 4 pul-sos semanais e 2 pulsos de ciclofosfamida. Foi con-firmada laboratorialmente a depleção de linfócitosB. Ao fim de 3 meses de seguimento verificou-senormalização progressiva dos parâmetros clínicose analíticos, não apresentando evidência actual deactividade do LES.

Doente 4: sexo feminino, 27 anos, LES com 7anos de evolução, fibromialgia, depressão e hiper-prolactinémia, apresentava poliartrite refractária amúltiplos DMARD e a γ-globulina (1g/Kg/dia em 2dias) mensal. Em Outubro de 2004 faz MTX 15mg/semana + RTX 375mg/m2 (toma única), semmelhoria clínica. Em Maio de 2005, mantendo do-ses estáveis de MTX (15 mg/s) e PDN 10 mg/dia ésubmetida a duas administrações de RTX 1 g comintervalo de 15 dias. Ao fim de 6 meses de segui-mento verifica-se redução no número de articula-ções tumefactas (20 para 12, em 28), mantendo ele-vado número de articulações dolorosas (25 para22, em 28).Discussão: Apesar do pouco tempo de seguimen-to, estes 4 casos clínicos ilustram que o RTX cons-titui uma opção terapêutica muito útil e segura noLES refractário à terapêutica convencional.

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XII I CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

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P102 – UMA COMPARAÇÃO DE FACTORES DE RISCO NAS

FRACTURAS OSTEOPORÓTICAS EM MULHERES

CAUCASIANAS E SUL ASIÁTICAS NO REINO UNIDO

Lydia Freire1, 3, Soma Mitra2, Nicola Lowe2

1. Instituto Português de Reumatologia2. Department of Biological Sciences UCLAN3. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: A Osteoporose é uma doença metabó-lica caracterizada por uma baixa massa óssea e poruma deterioração micro-arquitectural do tecidoósseo, com consequente aumento da fragilidadedo osso e aumento do risco de fracturas. A inges-tão adequada de Ca, vit D e outros micronutrien-

tes é essencial para o osso, assim como para redu-zir o risco de fracturas osteoporoticas. As mulheresAsiáticas a residir no Reino Unido parecem estar emmaior risco de desenvolver Osteoporose do que asmulheres Caucasianas, devido a factores dietéticose ao estilo de vida. Objectivos: Investigar factores de risco que poten-ciem as fracturas osteoporoticas em mulheres SulAsiáticas e Caucasianas e usar a informação obti-da como uma base de recomendação para melho-rar as medidas de prevenção e tratamento a seremaplicadas aos pacientes Sul Asiáticos.Material e Métodos: 29 mulheres Caucasianas e 25mulheres Sul Asiáticas entre os 20 e 30 anos foramrecrutadas da University of Central Lancashire. Oconsumo alimentar foi obtido por entrevista, atra-vés do preenchimento de um questionário de fre-quência alimentar. Os dados obtidos foram anali-sados usando uma base de dados alimentar (Win--Diets). A atenuação pelo ultrasom do osso (BUA)foi determinada usando a sonometria de ultrasomde contacto no calcâneo (McCue CUBA Clinical Ul-trasonometer).Resultados: A média de idades nas mulheres Cau-

casianas e Sul Asiáticas (média±DP) era de 25.1 ±3.2 e 21.8 ± 3.1 anos respectivamente. A ingestãodiária de nutrientes foi comparada entre os doisgrupos, nomeadamente a ingestão calórica total,HC, proteínas, lípidos, vit D, P, Ca e Zn. Os valoresobtidos encontram-se na tabela seguinte. O valormédio de BUA para as Caucasianas era de 82.62 ±15.11 dB/MHz e de 77.12 ± 11.39 para as Sul Asiá-ticas, o que corresponde respectivamente a 95% e87% do valor normal para este intervalo de idades. Conclusão: Não se observaram diferenças estatis-ticamente significativas a nível do consumo de mi-cronutrientes essenciais para o osso (Vit D, P, Ca eZn) entre os dois grupos. Contudo a nível dos valo-

res de BUA observou-se quedentro dos valores que se con-sideram normais para estegrupo de idades, as mulheresCaucasianas apresentam me-lhores valores do que as SulAsiáticas. Desta forma pareceque existem outros factores, aser investigados num próximoestudo, que colocam as mu-lheres Sul Asiáticas em maiorrisco de desenvolver fracturasosteoporoticas.

P103 – RS3PE – REVISÃO DE UMA SÉRIE PESSOAL

DE 11 CASOS CLÍNICOS

J. A. Melo GomesAssistente Graduado de Reumatologia do Instituto Português de Reumatologia. Lisboa, Portugal.

Daniel J. McCarthy publicou em 1985 [«Remmittingseronegative symmetrical synovitis with pittingedema (RS3PE syndrome). JAMA 254: 2763-7,1985»] a primeira descrição de uma síndrome ca-racterizada pelo aparecimento, de forma súbita, noindivíduo idoso (de idade superior a 60 anos, masgeralmente com mais de 70) de um quadro de Si-novite grave Simétrica Seronegativa (para os facto-res reumatoides IgM), acompanhada de edemamole das mãos e/ou pés («Pitting Edema»).

Esta síndrome atinge predominantemente os pu-nhos e mãos (carpos e bainhas dos tendões digitais),é mais frequente no sexo masculino (2M/1F) e ca-racteristicamente entra em remissão com a admi-nistração de doses médias de Prednisolona (10--15mg/dia ou equivalente) por período relativa-mente curto, obtendo-se a remissão em intervalo

t p Caucasianas Sul Asiáticas (t < 0.05) (p < 0.01)

BUA(dB/MHz) 82,62±15,11 77,12 ± 11,39 1,490 0,142% Esperada 95,24±17,32 87,24 ± 12,63 1,912 0,061Energia (Kcal) 2064,13± 478,20 2550,2 ± 696,79 -3,02 0,004HC (g) 282,32 ± 69,08 346,80 ± 102,93 -2,73 0,008Proteinas (g) 77,08 ± 23,05 85,56 ± 25,08 1,29 0,201Lipidos (g) 71,17±24,91 100,79 ± 30,62 -3,91 0,0003Vit D (units) 2,76 ± 1,43 2,39 ± 2,24 -1,700 0,089P (units) 1386,55± 361,71 1511,4 ± 400,34 1,203 0,234Ca (mg) 986,24 ± 328,47 1264 ± 868 -1,008 0,323Zn (mg) 9,44 ± 3,07 10,38 ± 2,99 -0,946 0,344

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variável entre 3 semanas e 36 meses, habitualmentesem sequelas significativas (discretas contracturasde flexão dos dedos das mãos podem observar-se).

O Quadro abaixo tem a indicação das caracterís-ticas dos 11 doentes estudados (7M/4F), dos quaisapenas um tem idade inferior a 70 anos (idade mé-dia de início=75 anos), que foram por mim diagnos-ticados e tratados entre 1992 e 2006.

A remissão foi rápida e espectacular após intro-dução da corticoterapia e persistiu em todos os ca-sos após a suspensão, lenta e progressiva, da tera-pêutica.

Em 2 casos verificou-se recidiva dos sintomasapós suspensão abrupta do corticoide, feita por ini-ciativa do doente.

A comorbilidade foi frequente, como seria de es-perar neste grupo etário: Diabetes mellitus tipo II(3 casos), anemia refractária + prótese aórtica (1caso), insuficiência cardíaca congestiva (2 casos),hipertensão arterial (4 casos), e polimialgia reumá-tica cerca de 2 anos antes (1 caso).

P104 – ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL-SISTÉMICA

(AIJ-S) NUMA POPULAÇÃO IBERO-AMERICANA

José Melo-Gomes1, Marta Conde2, M.O. Hilário3, Blanca Bica3, Sheila Oliveira3, Breno Pereira3, for the Pediatric RheumatologyIberoamerican Study Group of the CIAR.1. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa2. Serviço de Pediatria do Hospital Fernando Fonseca 3. Vários centros brasileiros de Reumatologia Pediátrica.

Objectivos: Caracterização clínica, laboratorial eda evolução de uma população ibero-americanade doentes com AIJ-S

Métodos: Estudo retrospectivo de uma populaçãode doentes (dts) com AIJ que cumpriam os critériosda ILAR para AIJ-S e com duração de doença ≥ 6meses. Foram analisadas variáveis clínicas e labo-ratoriais e para os casos com doença há mais de 10anos analisaram-se também classe funcional, com-plicações e terapêutica efectuada. Resultados: Dos 610 dts da base de dados JIA

do CIAR, 166 (27,2%) tinham doença sistémi-ca, 143 (23,4%) início poliarticular (P) e 301(49,3%) oligoarticular (O). Dos doentes comJIA-S, 50,6% eram raparigas e a apresenta-ção ocorreu aos 5±3,46 anos (O:7,2±4,2;P:7,7±4,1; p<0,0001). 85,5% apresentaramexantema, 51,2% hepato/esplenomegalia,59,6% linfadenopatias, e 25,9% serosite;76,3% dos dts com AIJ-S apresentaram envol-vimento de ≥5 articulações na apresentação.Na apresentaçao: hemoglobina (Hb) de9,6±1,5 g/dL (O:11,91±2,22; P: 11,38±1,82;p<0,0001), plaquetas (Plt) de 541,6±189,0103/ul (O:332,0±11,5; P:348,1±110,3;p<0,0001), leucócitos de 16,8±6,5 103/ul(O:9,0±6,0; P:9,2±3,5; p<0,0001), VS de 71±29

mm/h (O:36±28; P:49±31; p<0,0001). 46 dts (27,7%)evoluiram com doença policíclica. A presença deexantema, linfadenopatias e anemia mais grave naapresentação estiveram associados a essa evolu-ção. 73 (44%) tiveram uma evolução poliarticular e69 (41,5%) oligoarticular com 24 (14,5%) dts semdoença articular ou apenas sob terapêutica comAINE. Um maior número de articulações activas,anemia mais grave e trombocitose mais elevada naapresentação estiveram associadas com a evolu-ção poliarticular. Dos 23 dts com doença há ≥10anos, 21% ainda apresentavam sintomas sistémi-cos, 34,8% apresentavam classe funcional ≥ III/IV,52,2% atraso de crescimento, 73,9% erosões ósse-as e 21,7% haviam sido submetidos a cirurgia orto-pédica.Discussão: Esta população Ibero-Americana comAIJ-S é semelhante à descrita na literatura. Umamaior proporção de doentes ainda apresenta sinto-mas sistémicos ou doença articular activa após 10anos de doença. Estes resultados podem ter sido in-fluenciados pelo carácter rectrospectivo deste estu-do. Nesta população a presença de exantema, lin-fadenopatias e anemia mais grave na apresentaçãoesteve associada com uma evolução policíclica dadoença e um maior número de articulações activas,anemia mais grave e trombocitose mais elevada naapresentação com uma evolução poliarticular.

Idade Duração de antes do Edemas

Caso início Sexo diagnóstico (Mãos/Pés) Remissão VS1 75 M 12 s +++ M 4s DFZ 782 84 M 3 s +++ M/ P 1s DFZ 503 77 M 10 s +++ M/ P 1s PDN 524 82 M 4 s +++ M/ P 1s DFZ 105 78 M 4 s +++ M 4s DFZ 346 61 F 3 s +++ M 3M DFZ 707 71 F 2 s +++ M 2s PDN 438 75 M 8 s +++ M 3s DFZ 509 78 F 3 s +++ M 3s DFZ 6710 70 M 4 s +++ M/ P 2s DFZ 8211 78 F 2 s +++ M DFZ 98

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P105 – PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA ESCALA DE

GRAVIDADE DA FADIGA EM ADULTOS PORTUGUESES

Raquel Lucas1, Milton Severo1, Ana Azevedo1, Lúcia Costa2, Henrique Barros1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto, Porto.2. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do AltoMinho, Ponte de Lima.

Introdução: As propriedades psicométricas das es-calas de medição da fadiga têm sido estudadasprincipalmente em amostras de doentes.Métodos: Durante o período de reavaliação de umacoorte de adultos portugueses residentes no Portoforam avaliados 520 participantes consecutivos. Amédia de idades (desvio-padrão) na amostra foi62,5 anos (9,9). Os participantes, entrevistados porinquiridores treinados, responderam a uma ques-tão sobre a existência de doenças crónicas no mo-mento da avaliação. Todos os inquiridos preenche-ram uma tradução portuguesa da Escala de Gravi-dade da Fadiga de Krupp, com 9 itens, classificadosde 1 a 7. A análise de fiabilidade da escala foi feitausando as médias de pontuação, através do cálcu-lo das correlações item-total e do alfa de Cronbachglobal. A dimensionalidade da escala foi avaliadapor análise dos componentes principais. O pressu-posto teórico da diferença nas médias de pontua-ção entre participantes saudáveis e aqueles que re-feriram pelo menos uma doença crónica foi testa-da usando regressão linear generalizada.Resultados:A distribuição da média de pontuação foinormal, com média (desvio-padrão) 3,9 (1,5). As cor-relações item-total variaram entre 0,68 e 0,84 e a es-cala mostrou um grau elevado de consistência inter-na (alfa de Cronbach global=0,92). A análise de com-ponentes principais sugeriu um componente prin-cipal que explicou 63,0% da variação na pontuação.Ajustadas para o sexo, idade e educação, as médiasde pontuação foram mais altas nos participantes quedeclararam ter pelo menos uma doença crónica(4,08; IC 95%: 3,93 – 4,23 vs. 3,43; IC 95%: 3,18 – 3,68).Conclusão: A escala teve boa fiabilidade e a pontua-ção final esteve associada à morbilidade auto-decla-rada, o que apoia o seu uso em estudos populacionais.

P106 – SINTOMAS DEPRESSIVOS NUMA AMOSTRA

PORTUGUESA DE DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE

Susana Medeiros1, Rute Cordeiro1,4, Sofia Ramiro1,4, J. A. Canas da Silva2, Frederick Wolfe3, Elizabeth Benito-Garcia1,2.

1. Bioepi Clinical and Translational Research Center,Lisboa, Portugal.2. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal.3. National Databank for Rheumatic Diseases, Wichita, KS4. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Novade Lisboa, Portugal

Objectivo: A associação entre sintomas depressivos(SD) e a Artrite Reumatóide (AR) é já conhecida. Naprática clínica, e em Portugal, os doentes com ARencontram-se frequentemente deprimidos, não es-tando no entanto esta relação bem estudada. Aidentificação de uma depressão nestes doentes émuito relevante para que precocemente se instituaterapêutica. Na literatura Americana, foi a escala vi-sual analógica (EVA) da dor e o suporte social quemostraram uma maior associação com os SD nes-te grupo de doentes. Neste estudo estudamos se aassociação entre dor medida pela EVA se mantême quais os outros factores que se associam aos SDem doentes com AR em Portugal.Métodos: Cerca de 567 doentes portugueses comAR responderam a um questionário bianual, entreJulho 2003 e Junho de 2005, referente a um estudolongitudinal a realizar neste grupo de doentes. Osquestionários foram aplicados, por entrevistado-res treinados, aos doentes que não possuíam habi-litações literárias suficientes para auto administra-ção. Estes questionários contemplaram questõesrelacionadas com factores socio-demográficos, ca-racterísticas da doença, sintomas (incluindo dor),função (HAQ) e qualidade de vida(EuroQol). Os SD,definidos pela EVA, e os vários factores estudadoscomo potencialmente associados aos sintomas de-pressivos foram analisados primeiro por análisesunivariadas em modelos de regressão linear e de-pois por modelos de regressão linear múltipla, paraajustar para eventuais factores confundidores.Resultados: No Quadro 1 estão apresentados os re-sultados sendo β a relação estimativa entre VAS dadepressão e cada um dos componentes em análi-se, quando as outras variáveis se mantêm constan-tes. Tanto as análises univariada como a multiva-riada mostraram que valores mais elevados de dor-EVA se correlacionam com valores elevados da de-pressão-EVA, após ajustar para a idade, o sexo, onível de educação, e o HAQ. Variáveis associadas aosuporte social não mostraram qualquer relação.Mostramos também que os doentes com AR maisvelhos, com nível educacional mais baixo, e valo-res mais elevados de HAQ, correlacionam com mais

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SD. Não se demonstrou associação entre a fadiga,o sono, os factores relacionados com a profissão equalidade de vida medida por EuroQol e SF-36.Conclusão: Concluímos que nesta amostra dedoentes Portugueses com AR, valores mais eleva-dos de EVA, a idade e baixos níveis educacionais seassociam a mais sintomas depressivos medidospela EVA Estudos futuros de seguimento deverãoser realizados para mostrar o efeito temporal entredepressão e cada um dos factores que se correla-cionam com os SD.

P107 – RISCO DE INFECÇÃO POR MYCOBACTERIUM

TUBERCULOSIS NA TERAPÊUTICA BIOLÓGICA E

IMUNOSUPRESSORA

D.Medeiros1, M.C. Gomes2, M. Garcia2, F.Barcelos1,A.Gautier2, A.Gomes2, J.Vaz Patto1, A. Teixeira1.1. Instituto Português de Reumatologia (IPR). 2. Centro de Diagnóstico Pneumológico da Alameda(CDP – Centro de Saúde da Alameda).

Introdução: Apesar da etiologia das doenças infla-matórias reumáticas ser ainda desconhecida, e dasua patogenecidade ser complexa, são corrente-mente utilizadas terapêuticas imunosupressoras(p.e.citoquinas), que regulam eficazmente o pro-cesso inflamatório. A utilização de anti-TNF-alfa eseus semelhantes, introduziu uma nova era no tra-tamento das doenças reumáticas. Os efeitos esti-muladores dos neutrófilos, que estes imunosupres-sores apresentam, são úteis sobretudo em distúr-bios como a Artrite Reumatóide, a Artrite Psoriáti-ca ou a Espondilite Anquilosante. Apesar disso,acarretam um risco elevado de reactivação de mi-croorganismos intra-celulares, como o Mycobacte-rium tuberculosis (BK).Objectivos: Avaliar o risco de infecção por Myco-bacterium tuberculosis, em doentes do IPR a reali-zar terapêutica com biológicos ou imunossupres-sores (designadamente metrotexato).Métodos: Estudo transversal sobre uma amostra

de doentes do IPR, efectuado com a colaboração doCDP da Alameda, com início a Fevereiro de 2005, eque envolveu a avaliação de 34 doentes no ini-cio/manutenção de terapêutica biológica ou emtratamento com Metrotexato (MTX) e corticotera-pia. Foram avaliados parâmetros epidemiológicos(idade, sexo), diagnóstico reumatológico de base,e tipo de terapêutica biológica. Efectuaram-se pro-vas tuberculínicas (2U) e imagiológicas (RX tórax eTC torácica), aquando do ínicio da administração,no momento de reavaliação aos 6 meses, e sempreque se suspeitou de infecção por BK. Resultados: Do total de 34 doentes avaliados,70%(24) pertenciam ao sexo feminino e 30%(9) aosexo masculino, com uma idade média de 48 anosde idade [min 16; max 72]. Relativamente ao diag-nóstico (n=30), 56%(17) dos doentes tinham ArtriteReumatóide, 13%(4) Artrite Psoriásica; 10%(3) Es-pondiloartropatia seronegativa indiferenciada,10%(3) Doença de Behçet, 6%(2) Espondilite Anqui-losante e 3%(1) Lupus Sistémico Eritematoso. Noque respeita ao tipo de terapêutica ministrada,50%(15) dos doentes encontrava-se a realizar medi-cação com Infliximab, 23%(7) MTX, 20%(6) Adalimu-mab, e 7%(2) Etanercept. 33 doentes foram observa-dos em consulta de pneumologia, sendo que45,5%(15) apresentou prova de Mantoux superior a15mm. 18 doentes (54,6%) tiveram indicação pararealizar profilaxia com Isoniazida durante 9 meses.De referir ainda que, destes 18 doentes, 22%(4) e28%(5) dos doentes apresentou, respectivamente,alterações no RX e na TC torácica (alt. sequelares).Conclusão: Apesar da pequena amostra estudada,verificou-se uma elevada percentagem de casos deprovável reactivação tuberculosa, associada à rea-lização de terapêutica imunosupressora. Este valorpode reflectir um eventual viés de observação, umavez que os casos de doentes a realizar biológicos ouMTX em que não se justificou a profilaxia com Iso-niazida, podem não ter sido protocolados. Estes re-sultados são fruto de um estudo preliminar; devi-do à elevada prevalência da tuberculose em Portu-gal e face aos presentes resultados, parece-nos fun-damental prosseguir a investigação, estendendo oestudo a um maior número de doentes, com umareavaliação mais detalhada.

P108 – ELABORAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO PARA OS

PRINCIPAIS SINTOMAS SECOS NA SÍNDROME DE SJÖGREN

Rui MeloAssistente hospitalar de Reumatologia Hospital de nossa Senhora da Assunção – Seia

Análise Análise Univariada Multivariate

para depressão para depressão Variáveis (VAS) β (95% CI) (VAS) β (95% CI)Idade 0.0 (0.0 0.1) 0.0 (0.0 0.2)Sexo -1.6 (-2.4 -0.9) -0.7 (-1.3 0.0)Escolaridade -0.2 (-0.3 -0.1) -0.1 (-0.2 0.0)Dor (VAS) 0.4 (0.3 0.5) 0.1 (0.0 0.3)HAQ 2.0 (1.7 2.3) 1.4 (1.0 1.9)

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Objectivo: Elaboração de um questionário sobreos principais sintomas secos para rastreio da Sín-drome de Sjögren.Método: A Síndrome de Sjögren é uma doença au-to-imune e sistémica que atinge, principalmente,as glândulas exócrinas e provoca xerostomia e xe-roftalmia devido ao impedimento funcional dasglândulas salivares e lacrimais. É uma das patolo-gias mais comuns dentre aquelas e com uma pre-valência de 1-3%. Os doentes são classificadoscomo portadores da Síndrome de Sjögren primá-ria se não houver associação com outra patologiatambém auto-imune sistémica, mais frequente-mente com a Artrite Reumatóide e o Lúpus Erite-matoso Sistémico.

Em 1993, um Grupo de Estudo Europeu elabo-rou um Critério de Diagnóstico para a Síndrome deSjögren que consiste de seis itens: 1) sintomas ocu-lares, 2) sintomas orais, 3) testes de avaliação paraa ceratoconjuntivite seca, 4) biopsia da glândulasalivar positiva, 5) cintigrama salivar e 6) presençade auto-anticorpos anti- Ro e anti-La. Os doentesdevem preencher no mínimo quatro dos seis itenspropostos para estarem classificados.

O autor elaborou um questionário dos principaissintomas secos oculares, orais, nasais e vaginaispara ser aplicado aos doentes com patologias auto-imunes, facilitando, de forma rápida e objectiva, orastreio da Síndrome de Sjögren primária ou se-cundária.

Para cada pergunta, há uma resposta positiva ounegativa sem quantificação dos sintomas.Resultados: Valorização dos dois primeiros itensdo Grupo de Estudo Europeu para o Diagnóstico daSíndrome de Sjögren com a elaboração de umquestionário de fácil entendimento e resposta paraos principais sintomas secos orais e oculares.

P109 – SERÁ O CLIMA UMA VARIÁVEL IMPORTANTE NA

DOR DOS DOENTES REUMÁTICOS? – A PERCEPÇÃO DOS

DOENTES COM FIBROMIALGIA, LES E SÍNDROME SJÖGREN.Miranda1, M Parente1 J Saraiva Ribeiro1, S Cortes1,

J Vaz Patto1, C Silva1, R Leitão1, C Miguel1, M Sousa1, D Medeiros1, F. Barcelos1, P Coelho1,H Santos1, E Simões1, M Silva1, H Madeira1, M Mediavilla1, J Ferreira1, M Micaelo1, V Las1, A Faustino1, R Figueiredo1, J Figueirinhas1, A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Introdução: Há milhares de anos que doentes e

médicos acreditam que as condições atmosféricase as suas alterações podem ter um papel importan-te na evolução da sua doença nomeadamente nadoença reumática. A dor para a maioria dos doen-tes sofre influências importantes com variaçõesquer da temperatura quer da pressão atmosféricaentre outras variáveis atmosféricas. Estudos rela-cionam alterações cutâneas e da actividade do LEScom a exposição solar (a fotosensibilidade é crité-rio de classificação); No Sindrome Sjögren a secu-ra das mucosas associa-se previsivelmente ao au-mento da temperatura atmosférica.Objectivos: Correlacionar a percepção de dor e ri-gidez sentidas e as alterações climatéricas numapopulação de doentes com Fibromialgia, LES e S.SjogrenMaterial e Métodos: Este estudo decorreu no Ins-tituto Português de Reumatologia (IPR), tendo sidoobservados todos os doentes com estes diagnósti-cos que recorreram à consulta externa de reuma-tologia, durante cerca de 1 mês. Foi aplicado umprotocolo de avaliação da percepção dos doentesrelativamente à relação entre a dor, doença e rigi-dez e as alterações climatéricas de auto-preenchi-mento, com o diagnóstico reumatológico, preen-chido pelo médico reumatologista assistente. Osvalores variavam entre 1 a 5 (1- Ficam muito pio-res 2- Ficam piores 3- Ficam na mesma 4- Ficammelhores 5- Ficam muito melhores)Resultados: Seleccionaram-se 89 doentes (83 dosexo feminino, 6 do sexo masculino) com Fibromi-algia (n=42), LES (n=25), S.Sjogren ou S. Seco(n=22). A maioria dos doentes acredita que a suadoença é influenciada pelo tempo: 50% dos doen-tes (entre o percentil 25 e 75) acredita que influen-cia pouco, alguma coisa ou bastante. A rigidez ma-tinal também surge como influenciada pelo tem-po e ligeiramente mais elevada, embora de formanão significativa no tempo húmido ou frio. Estasconvicções são semelhantes em toda a populaçãoconsiderada. Todos os doentes acreditam que nãoexiste diferença significativa entre estes 3 grupossendo que a resposta mediana é a 3- Ficam na mes-ma, em relação à influência do tempo seco tempe-raturas altas e chuva e é a resposta 2 - Ficam pioresrelativamente ao tempo húmido e temperaturasbaixas. A análise dos meses piores para a doença re-vela diferenças significativas entre as três patologi-as nos meses de Fevereiro (p=0,001), Março(p=0,001), Abril (p=0,001), Maio (p=0,01) e Outubro(p=0,018), em que maior percentagem de doentescom Fibromialgia sente agravamento de sintoma-

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tologia, em relação aos doentes com LES ou S. S..Este facto deve-se a uma maior tendência para ma-nutenção dos sintomas ao longo do ano nos doen-tes com fibromialgia. Agosto parece ser o melhormês para os doentes com fibromialgia, Maio e Abrilpara os doentes com LES e Maio, Junho e Setem-bro para os doentes com S.S.Conclusão: Os resultados apresentados vêm con-firmar que nestas doenças parece existir uma al-teração da percepção da dor e da doença com as al-terações climatéricas (Ex. temperaturas baixas etempo húmido). Parece existir menor expressivida-de sintomatológica na primavera e meses de tem-peratura amena em doentes com LES e S.S. quan-do comparados com doentes com fibromialgia. Acrença da influência do frio e humidade no agra-vamento da sintomatologia parece existir na maio-ria dos doentes. Este estudo reflecte a sensibilida-de da prática clínica diária relativamente às altera-ções que estas doenças sofrem com as alteraçõesclimatéricas, tal achado insere-se nos estudos con-troversos que têm sido publicados.

P110 – TERAPÊUTICA BIOLÓGICA EM DOENTES COM

ARTRITE REUMATÓIDE E ESPONDILITE

ANQUILOSANTE: ANÁLISE DE EFICÁCIA.Ana Filipa Mourão1, Walter Castelão1, Fernando Pimentel dos Santos1,2, Patrícia Nero1,Rita Barros1, Sandra Falcão1, Manuela Parente2, A. Alves de Matos1, Jaime Branco1

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental (CHLO), Hospital Egas Moniz, EPE,Lisboa2. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa

Objectivos: A etiologia das doenças reumáticas in-flamatórias é desconhecida, sabendo-se, todavia,que as moléculas de adesão, as células T e as cito-cinas desempenham um importante papel patogé-nico, e que o seu bloqueio tem importantes impli-cações terapêuticas.Analisar a eficácia dos diferentes agentes biotecno-lógicos, nomeadamente infliximab, etanercept eadalimumab (antagonistas do factor de necrose tu-moral alfa (TNFα) em doentes com artrite reuma-tóide (AR) e espondilite anquilosante (EA).Material e Métodos: Neste estudo recrutaram-se deforma consecutiva os doentes seguidos na Consul-ta Externa do Serviço de Reumatologia do CHLO,Hospital de Egas Moniz, com o diagnóstico de ARe EA medicados com agentes biotecnológicos. Foi

aplicado, de forma transversal, um protocolo quepermitia a avaliação de dados demográficos, clíni-cos e laboratoriais, com cálculo do DAS 28 e doBASDAI. Registaram-se ainda as terapêuticas con-comitantes. Foi comparada a eficácia dos diferen-tes agentes biotecnológicos em cada um dos sub-grupos (AR e EA).Resultados: Dos 68 doentes avaliados, 57 apresen-tavam AR e 11 EA. No grupo com AR, 52 doenteseram do sexo feminino e o tempo médio de dura-ção de terapêutica biológica foi de 31,2 ± 15,9 mes-es. Vinte e quatro doentes estavam medicados cominfliximab, 16 com etanercept, 17 com adalimumab.O delta DAS (DAS actual - DAS inicial) no grupo dedoentes a fazer infliximab foi de 2,04 ± 1,69, no eta-nercept de 0,64 ± 1,35 e no grupo adalimumab de1,74 ± 1,44 (p<0,018). Em cada um destes sub-gru-pos a duração de terapêutica biológica era seme-lhante bem como a posologia média das terapêuti-cas concomitantes (metotrexato e prednisona).

Do grupo com EA, 6 doentes eram do sexo femi-nino e o tempo médio de duração da terapêuticabiológica era de 11,9 ± 6,05 meses. Oito doentes es-tavam medicados com infliximab e 3 doentes cometanercept. O delta BASDAI (BASDAI actual – BAS-DAI inicial) no grupo de doentes a fazer infliximabera de 4,33 ± 2,36 e no grupo etanercept de 1,82 ±1,06 (p=0,066).Conclusões: Estes resultados sugerem que os agen-tes biológicos mostram eficácia no tratamento des-tes doentes. As diferenças encontradas podem de-ver-se à pequena dimensão da amostra devendo osresultados ser confirmados com uma amostra demaiores dimensões.

P111 – SÍNCOPES NUMA DOENTE COM ARTRITE

REUMATÓIDE. CASO CLÍNICO

Ângela Neves, P. Monteiro, C. Ambrósio, J. Garcia,J. Silva, A. MalcataServiço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Introdução: A Artrite Reumatóide é uma doençacom complicações sistémicas várias cujas mani-festações dependerão do sistema ou órgão atingi-do. O presente caso refere-se à investigação diag-nóstica duma doente com artrite reumatóide e his-tória de síncopes de repetição.Caso clínico: Doente de 69 anos com artrite reuma-tóide com 4 anos de evolução, internada para es-tudo de síncopes de repetição, com um ano de

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evolução e agravamento recente. No mês anteriorao internamento teve 2 episódios de síncope umdos quais com traumatismo crânio-encefálico. Osepisódios não eram precedidos de qualquer sinto-matologia ou factor desencadeante. Sem referên-cia a convulsões, mordedura de língua ou altera-ções mnésicas. Associadamente referia tonturasposturais.

Ao exame objectivo ressalta-se a presença de ar-ritmia à auscultação cardíaca, tonturas nas mudan-ças posturais, nistagmus no olhar conjugado à es-querda. Restante exame físico incluindo neuroló-gico sem alterações; 0 articulações dolorosas e 0articulações tumefactas.

Exames Complementares de diagnóstico: hemo-grama, bioquímica e radiografia do tórax que semalterações. ECG: bloqueio completo do ramo es-querdo; ECG Holter: um episódio de TSV de 8 com-plexos, EV frequentes polimorfas e isoladas; Eco-doppler carotídeo: estenose < 40% a nível da bifur-cação carotídea sem compromisso hemodinâmico.Foi observada por Cardiologista tendo sido medi-cada com propafenona. Foi observada por ORLaguardando investigação diagnóstica.

Permaneceu assintomática até D12 altura emque é presenciada síncope com objectivação de blo-queio aurículo-ventricular completo. Foi suspensaa propafenona e implantado pace-maker provisó-rio e posteriormente pace-maker definitivo, tendoa doente tido alta para o domicílio assintomática.Conclusão: Os autores descrevem o caso clínico ea propósito fazem uma revisão breve das manifes-tações cardiovasculares em doentes com artritereumatóide.

P112 – PÚRPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN NO ADULTO:A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

S. Pimenta1, E. Mariz1, A. Oliveira2, M. Azevedo4, C. Valbuena3, J. Pinto1, J. Brito1, F. Simões-Ventura1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital São João, Porto2. Serviço de Nefrologia, Hospital São João, Porto3. Serviço de Anatomia Patológica, Hospital São João, Porto4. Serviço de Medicina 1, Hospital São Marcos, Braga.

A púrpura de Henoch-Schönlein é uma vasculitesistémica de pequenos vasos caracterizada por de-pósitos vasculares e/ou mesangiais de IgA, mani-festando-se essencialmente por um quadro de púr-pura vascular de predomínio nos membros inferio-res, atingimento gastrintestinal, articular e renal. Oenvolvimento de outros órgãos é mais raro confe-

rindo um pior prognóstico. Trata-se de uma afec-ção predominante na criança, sendo muito maisrara no adulto, mas com evolução e prognósticomais severos.

Doente de 48 anos com diagnóstico de púrpurade Henoch-Schönlein desde 2001 com atingimen-to cutâneo, articular e digestivo, habitualmentemedicado com sulfona 100 mg/dia recorre ao SUpor dor abdominal aguda em Outubro 2005. NaTAC abdominal observava-se um derrame pleuralà direita e uma imagem compatível com invagina-ção intestinal. Foi laparotomizado, objectivando-seapenas sinais inflamatórios do cego. 24 horas de-pois teve um agravamento das queixas respirató-rias. O RX pulmonar mostrava um derrame pleuralbilateral de médio volume. A toracocentese reveloutratar-se de um transudado. Clinicamente: púrpu-ra vascular dos membros inferiores e região abdo-minal e edemas periféricos acentuados. Analitica-mente: anemia 7.4g/dl; com alterações do sedi-mento urinário: leucocitúria e eritocitúria. Tinhauma proteinúria de 19,29g/dia, com Clcr: de 80 ml/min. ANA, ANCAs e Crioglobulinas negati-vos. A biopsia renal evidenciou proliferação me-sangial com presença de crescentes e depósitos deIgG++, IgM++ e IgA +++. Fez 3 pulsos de metil-prednisolona, seguido de 500 mg de ciclofosfami-da. Dada a persistência da sintomatologia respira-tória (dispneia, hipoxia com PO2: 74 mmHg eDLCO: sem alteração) fez TAC torácica de alta re-solução que evidenciou um padrão em vidro des-polido. A broncofibroscopia mostrou um lavadobronco-alveolar hemático com alterações celularescompatíveis com hemorragia pulmonar grave. Fez2º pulso de ciclofosfamida de 500 mg 15 dias apóso primeiro. Teve melhoria da sintomatologia clíni-ca e da proteinúria: 2.8g/dia, mas observou-se umaelevação sustentada da ureia e creatinina séricascom diminuição do CLcr: 23.78 ml/min. RepetiuTAC torácica demonstrando melhoria das altera-ções do parênquima. O doente teve alta clinica-mente estável, sem edemas periféricos. Alguns diasdepois, por não cumprimento terapêutico adequa-do, teve agravamento do quadro renal com protei-núria nefrótica grave, de difícil controlo que aindamantém actualmente.

Trata-se de um quadro clínico de púrpura de He-noch-Schönlein do adulto de evolução recidivan-te, com atingimento renal muito grave (evoluçãorápida para insuficiência renal apesar da terapêu-tica imunossupressora) e pulmonar grave (hemor-ragia intra-alveolar).

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P113 – PSORÍASE E LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO:UMA ASSOCIAÇÃO RARA

S. Pimenta1, A. Bernardo1, M. Bernardes1, A. P. Cunha2, J. Pinto1, J. Brito1, F. Simões-Ventura1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital São João, Porto,Portugal2. Serviço de Dermatologia, Hospital São João, Porto,Portugal.

A associação Psoríase e Lúpus Eritematoso Sis-témico (LES) é rara. Poucos são os casos descritosna literatura, sendo geralmente a Psoríase anteriorao diagnóstico de LES, podendo também associar-se ao Lúpus discóide.

Um homem de 31 anos, sem antecedentes derelevo, iniciava, há um ano, uma poliartrite simé-trica dos punhos, mãos (MCF e ITFp), joelhos e tor-nozelos. Apresentava úlceras da mucosa oral e umatingimento do estado geral (astenia e febre). Ana-liticamente de referir uma anemia (Hg:11.5 g/d),um síndrome inflamatório biológico (VS: 66mm//1ªh; PCR:44mg/L), anticorpos anti-nucleares(1/1280), ant-DNAds (2484 UI/ml) e anti-histonaspositivos. No sedimento urinário observava-se umaeritrocitúria, leucocitúria e vestígios de proteinas.Foi iniciado 40 mg/dia de prednisolona tendo tidomelhoria de toda a sua sintomatologia, proceden-do progressivamente à diminuição terapêutica até15 mg/dia. De seguida, iniciou a hidroxicloroqui-na 400 mg/dia mas, 15 dias depois, surgiu uma to-xicodermia (confirmada por biopsia da pele, pro-vavelmente à hidroxicloroquina) pelo que suspen-deu o anti-palúdico. Três meses mais tardeobservou-se um agravamento osteo-articular, apa-recendo progressivamente psoríase no couro cabe-ludo, peri-umbilical, nas mãos e joelhos (confir-mado por biopsia de pele) evoluindo para um atin-gimento de quase toda a superfície corporal. Foi au-mentada a prednisolona para 30 mg/dia, sendo aresposta muito moderada. Clinicamente de referir,de novo, artrite periférica, cervicalgias e lombalgi-as de ritmo inflamatório, com rigidez matinal pro-longada; a pesquisa do antigénio HLA-B27 foi po-sitiva o que evocava o diagnóstico de artropatiapsoriática axial e periférica, mas o estudo imagio-lógico não demonstrou nenhuma imagem suges-tiva. Foi iniciado o metotrexato (doses progressivasaté 25 mg/semana) e AINE’s mantendo a cortico-terapia com redução progressiva até (12,5 mg/dia).Após nove meses obteve-se uma resposta terapêu-tica satisfatória, a sintomatologia axial tinha desa-parecido não tendo quase nenhuma evidencia de

artrite periférica. Do ponto de vista cutâneo, entrealguns surtos, aquando a redução da prednisolona,tinha-se obtido uma melhoria significativa.

A associação de Psoríase/LES levanta problemasdiagnósticos e terapêuticos. Neste caso clínicoobserva-se o aparecimento de psoríase três mesesapós o início da hidroxicloroquina assim como do-res osteo-articulares atípicas pela sua localização ecortico-resistência, sendo o diagnóstico de Reu-matismo Psoriático difícil neste contexto. O meto-trexato pode ser uma indicação privilegiada nestasituação mas, necessitam-se de mais estudos parao tratamento destes doentes.

P114 – SINDROMA DE SAPHO: UM CASO CLÍNICO

PEDIÁTRICO

Patrícia Pinto, Iva Brito.Serviço de Reumatologia, Hospital de São João, Porto

Introdução: A síndroma de SAPHO ( Sinovite, acne,pustulose, hiperostese, osteite) é uma patologia in-flamatória crónica, de evolução intermitente, ca-racterizada por envolvimento cutâneo e osteoarti-cular. Outras denominações, como artrite induzi-da pelo acne ou osteomielite multifocal recorrentecrónica, foram atríbuidas a esta patologia. Caso clínico: Os autores apresentam o caso clíni-co de um doente do sexo masculino, com 15 anos,observado na Consulta de Reumatologia coxalgiade ritmo inflamatório associado a claudicação damarcha. No exame objectivo apresentava lesões deacne conglobata localizadas do dorso, dor a palpa-ção da sacro-ilíaca esquerda, mobilidade das coxo-femorais preservada e dor a palpação das esterno-costais.

O estudo analítico mostrou anemia discreta comsíndrome inflamatória biológica e estudo analíticonormal. A radiografia das coxofemorais foi normale a da bacia mostrou sacroiliite unilateral, à esquer-da. Apresentava lesões de hiperostese da esterno-clavicular direita.

Foi medicado com anti-inflamatório não este-róide e acido trans-retinóico, com melhoria clínica.Conclusão: Trata-se de uma patologia rara, maisfrequente nas crianças e adultos jovens, em que asmanifestações dermatológicas, ósseas e articula-res podem surgir isoladamente ou separadas porum intervalo de tempo variável. A terapêutica comAINE’s e corticóides é eficaz em 2/3 dos doentes eapenas num 1/3 dos casos são necessárias terapêu-ticas imunomoduladoras.

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P115 – OSTEOPOROSE MASCULINA – REVISÃO DA CASUÍSTICA

DE UMA CONSULTA DE DOENÇAS ÓSSEAS METABÓLICAS

J.S. Ribeiro, E.Simões, Sara Cortes, L. Miranda, M. Micaelo, Vaz Patto, A. Teixeira Consulta de Doenças Ósseas MetabólicasInstituto Português de Reumatologia – Lisboa

Foram revistos e analisados os doentes e pro-cessos clínicos, observados na Consulta de DOMdurante o ano de 2005.

Durante este ano, foram seguidos 20 doentes dosexo Masculino, que tinham sido referidos a estaconsulta por Baixa DMO.Destes 20 doentes, há a assinalar o seguinte:A idade dos pacientes oscila entre 17 e 83 anos. Odiagnóstico de osteoporose foi efectuado entre 1 a11 anos.Em 85% dos doentes (17) existiam níveis compatíveiscom Osteoporose a nível trabecular (índice T de -4,77a 1,8), os outros 3 doentes possuíam osteopénia.8 doentes (40%) têm também osteoporose cortical,quando analisada a nível da região neck do colo fe-moral (índice T de -3,36 a -0,99).Num doente houve fractura da anca, em 2 pôde-seidentificar fracturas vertebrais e em 4 fracturas emdiferentes localizações.Quanto a etiologia, de referir hipercalciúria idiopá-tica em 11 doentes (55%), corticoterapia prolonga-da em 2, hipogonadismo primário em dois casos,diabetes fosforada noutro caso. O que significa queem 15 doentes (75% dos casos) se pôde identificaruma causa subjacente à osteoporose.Em termos terapêuticos, todos os doentes com hi-percalciúria foram tratados com tiazidas, 15 doen-tes (75%) com bifosfonatos orais e todos com su-plementos de cálcio.A taxa de sucesso terapêutico foi superior a 90%, setivermos em conta a recuperação a nível de DMOe a não ocorrência de novas fracturas clínicas.Conclusões: Tal como noutras séries da literaturaexiste uma elevada prevalência de causas secundá-rias de osteoporose neste grupo de doentes, sendoa hipercalciúria o defeito bioquímico mais encon-trado. De assinalar também, o elevado sucesso te-rapêutico com bifosfonatos.

P116 – ZOLEDRONATO NO TRATAMENTO DA DOENÇA

ÓSSEA DE PAGET (DOP) RESISTENTE AO PAMIDRONATO –RESULTADOS PRELIMINARES DE UMA AVALIAÇÃO

PROSPECTIVA

J.C. Romeu, F. Ramos, R. Figueira, S. Capela,

E. Sousa, M.V.QueirozServiço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas do Hospital de Santa Maria (HSM). Lisboa

Objectivos: Os novos bisfosfonatos, potentes inibi-dores da reabsorção óssea, constituem os fármacosde escolha na terapêutica específica da DOP. Em2005, antes da recente aprovação pela EMEA do zo-ledronato no tratamento da DOP, a Consulta deDoenças Ósseas Metabólicas do HSM iniciou a uti-lização do zoledronato no tratamento da DOP re-sistente ao pamidronato como inovação terapêu-tica em protocolo aprovado pela Comissão de Far-mácia e Terapêutica e pela Comissão de Ética. Apre-sentam-se os seus resultados preliminares daavaliação prospectiva do efeito do zoledronato notratamento das DOP resistente ao pamidronato.Métodos: Avaliação prospectiva do efeito de umaadministração endovenosa (EV) de 4 mg de zoledro-nato em doentes com DOP resistente ao pamidro-nato. A resistência ao pamidronato foi definida por,após administração de 180 mg de pamidronato EV(60 mg/dia em 3 dias sucessivos), (1.) não normali-zação da FA e (2.) diminuição da FA inferior a 50%ou diminuição da FA igual ou superior a 50% segui-da de aumento superior a 25% nos 6 meses seguin-tes. Foram critérios de exclusão história de hiper-sensibilidade ao fármaco, creatinina sérica superiora 1,5 mg/dl e incapacidade para consentimento in-formado por escrito. Foram programadas avaliaçõesclínicas e laboratoriais prévias ao tratamento e 3 e 6meses depois, seguidas de avaliações semestrais,com avaliação global dos resultados após 1 ano deutilização do fármaco incluindo todos os doentestratados independentemente do período de segui-mento. O zoledronato é administrado em Hospitalde Dia em 100 cc de soro fisiológico em perfusão de30 minutos. Os doentes são medicados, na ausênciade contra-indicação, com suplementos de doses fi-siológicas de cálcio e vitamina D.Resultados: Foram tratados 6 doentes (3 do sexomasculino e 3 do feminino), com idades compreen-didas entre 55 e 73 anos (média+ DP: 61,8+6,4) ecom uma percentagem de esqueleto com envolvi-mento pagético (tabela de Howarth) entre 17 e 54%(média+DP: 36,5+12,3). Os doentes tinham umadose cumulativa de pamidronato EV de 685+333,6mg (media+DP) (entre 360 e 1170 mg). A FA inicial(prévia ao tratamento com zoledronato) variavaentre 2,2 e 13,7 vezes o limite superior do normal(LSN) (média+DP: 6,1+4,8). Disponíveis os resulta-dos 6 meses após o tratamento em 3 doentes (pre-

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vendo a inclusão dos resultados a 12 meses de 2destes doentes e a 3 meses dos outros 3 doentes tra-tados), verificaram-se reduções da FA superior a75% em todos eles, com normalização da FA em 2e diminuição da FA de 13,7 para 1,7xLSN no tercei-ro (redução de 87,6%). Nestes 3 doentes a reduçãoda FA aos 3 e 6 meses foi, respectivamente, de70,5+6,8 % (p<0,005) e 82,1+4,8% (p<0,002). A vari-ação da FA entre o 3º e 6º meses foi de -38,7+14,4%(p<0,05). A redução da desoxipiridolina/creatinú-ria ao 6º mês foi de 75,4+19,1% (p<0,05). Não foramregistados efeitos adversos graves.Conclusão: Os resultados preliminares disponíveissugerem que o zoledronato é, pelo menos a curtoprazo, eficaz no controlo da actividade metabólicada DOP resistente ao pamidronato.

P117 – SÍNDROME DE SAPHO – DOIS CASOS CLÍNICOS

Maria João Saavedra, Margarida Alexandre, Armando MalcataServiço de Reumatologia – Hospitais da Universidade deCoimbra

A Síndrome de SAPHO é uma síndrome rara, queinclui manifestações músculo-esqueléticas e der-matológicas: sinovite (S), acne (A), pustulose (P), hi-perostose (H) e osteíte (O). Descrevem-se os casosclínicos de dois doentes com SAPHO. Caso clínico 1: sexo feminino, 34 anos, internadapor artrite da articulação esterno-clavicular dta. e1ª condro-esternal dta., com 6 meses de evolução.Ao exame objectivo: lesões de acne da face, regiãodo dorso e proximal dos membros inferiores; tume-facção e palpação dolorosa da articulação esterno-clavicular direita e 1ª condro-esternal dta.; artritede três articulações interfalângicas proximais. Ma-nobras das sacro-ilíacas positivas. Do estudo efec-tuado: hemograma, bioquímica, PCR e VS sem al-terações; HLA-B27: negativo; ADA sérica: normal;intradermorreacção (2 U) = 0 mm; Serologias vira-is, hemo e uroculturas: negativas; Cintigrama oste-oarticular: hipercaptação da esterno-clavicular e1ª condro-esternal direitas; TAC-torácica: lesão os-teolítica do esterno à direita; RMN condro-esternal:hiperostose esternoclavicular; RMN sacro-íliacas:sacroiliíte bilateral; Biópsia aberta esterno-clavi-cular dta.: tecido ósseo com alterações da remode-lação, espaços interósseos com tecido inflamatório,sem atipias, culturas negativas. Caso clínico 2: sexo masculino, 18 anos, observa-do por dor, tumefacção e calor da mandíbula es-

querda; Ao exame objectivo: lesões de acne da facee dorso, palpação dolorosa e tumefacção da man-díbula esquerda. Exames complementares: hemo-grama e bioquímica normais; VS= 2 mm 1ª h; PCR=1,5 mg/dl; Ortopantomografia: lesões líticas e pe-riostite da mandíbula esquerda; Cintigrama OA: hi-percaptação da mandíbula esq.; TAC da face: osteo-mielite crónica da mandíbula esquerda. Foi reali-zada descorticação da mandíbula. Diagnóstico his-tológico: osteomielite crónica, não se identificandonenhum gérmen nas culturas. Discussão: Existem poucas centenas de casos des-ta síndroma descritos a nível mundial. Devem ex-cluir-se: osteomielite séptica, hiperostose idiopáti-ca difusa, artrite infecciosa da parede torácica, pus-tulose palmoplantar infecciosa e queratodermiapalmoplantar. Os esquemas terapêuticos propostossão muito díspares e incluem AINEs, glucocorticói-des, MTX, SLZ, ciclosporina, antibioterapia (poucoscasos), pamidronato e ácido zoledrónico.

P118 – SÍNDROME UNHA-PATELA – CASO CLÍNICO

Maria João Saavedra, Margarida Alexandre, Armando MalcataServiço de Reumatologia – Hospitais da Universidadede Coimbra

A Síndrome Unha-patela, ou osteo-onicoosteoar-trodisplasia é uma doença rara, de transmissão au-tossómica dominante, ligada ao braço longo docromossoma 9, com expressividade variável. A suaincidência é de 22 por milhão e está descrita emtodo o mundo.

Caracteriza-se por uma tétrade de sinais: hipo-plasia ou ausência da patela (92% dos doentes),distrofia das unhas (97% dos doentes), hipoplasiado rádio e cúbito (72% dos doentes) e alterações doosso ilíaco («cornos ilíacos»- 62% dos doentes). Oenvolvimento renal é inconstante e pode traduzir--se por proteinúria, síndrome nefrótico, hematúriae HTA.

Descreve-se o caso clínico de uma doente de 23anos de idade com artralgias de ritmo mecânicodos joelhos e tibiotársicas, com seis anos de evolu-ção e distrofia ungueal congénita. Ao exame objec-tivo: distrofia ungueal afectando todas as unhasdos dedos das mãos, palpação dolorosa dos joe-lhos e tibiotársica direita. Restante exame sem al-terações. Do estudo analítico destaca-se: hemogra-ma e bioquímica: normais; VS= 5 mm 1ª H e PCR=0,2 mg/dl; Proteinograma: normal; ANA`s: negati-

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vos; Função tiróideia: normal; Urina tipo II: indíci-os de proteinúria; Proteinúra 24h: 107 mg; RX dabacia: alterações estruturais dos ilíacos de nature-za displásica; RX joelhos: displasia das rótulas comsubluxação e báscula externa; TAC dos pés: irregu-laridade da superfície articular sub-astragalina comdestacamento de fragmentos ósseos e alargamen-to da entrelinha articular. A doente está medicadacom analgésicos e AINEs.Discussão: Não existe terapêutica específica paraesta síndroma. Deve ser considerada correcção ci-rúrgica de acordo com as alterações funcionais. Par-ticular atenção merece a função renal, uma vez 30%dos casos evoluem para insuficiência renal terminal.

P119 – QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A

SAÚDE EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE:ESTUDO CURARSoares M1, Félix J1, Falcão S2, Mourão F3, AraújoD4, Malcata A5, Coelho PC6, Barcelos A7, Braña A8,Bravo T9, Maurício L10, Melo R11, Santos RA12, Alvarenga F13, Nero P2, Branco JC2 e Grupo de Estudo CURAR

1. Exigo Consultores2. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental/Hospital Egas Moniz3. Hospital de Santa Maria4. Centro Hospitalar do Alto Minho5. Hospitais da Universidade de Coimbra6. Instituto Português de Reumatologia7. Hospital de Aveiro8. Hospital das Caldas da Rainha9. Hospital Militar nº210. Hospital de Ponta Delgada11. Hospital de Nossa Senhora da Assunção12. Hospital Militar Principal13. Hospital Distrital de Nossa Senhora da Graça e Hospital Rainha Santa Isabel

Objectivo: Caracterizar a qualidade de vida rela-cionada com a saúde em doentes portugueses comartrite reumatóide (AR). Cálculo de uma medidaagregada do perfil de saúde ancorada na teoria dobem-estar social.Métodos:Os doentes do estudo CURAR (n=237) res-ponderam ao questionário EQ-5D constituído pe-los domínios de saúde: mobilidade; cuidados pes-soais; actividades habituais; dor/mal-estar; ansie-dade/depressão. O cálculo do índice único de bem--estar (utilidade) foi efectuado a partir da aplicaçãode um algoritmo pré-estabelecido (*Dolan, 1997) à

pontuação dos diferentes domínios do EQ-5D.Resultados: Dos 237 doentes incluídos no estudoCURAR, 221 responderam de forma válida ao EQ--5D. Os domínios de saúde mais afectados nestesdoentes (HAQ =1,21 [IC95%- 1,11;1,30]) foram a dore mal-estar, actividades habituais e a ansiedade edepressão. As mulheres identificaram mais proble-mas ou incapacidade para as actividades habituaisdo que os homens como consequência da AR(p=0,001). Nos outros domínios do EQ-5D não severificaram diferenças estatisticamente significati-vas entre homens e mulheres (Teste χ2). O valor glo-bal do índice único de bem-estar foi 0,52 (IC95%[0,48;0,56]). Mulheres 0,49 (IC95% [0,44;0,54]) e ho-mens 0,64 (IC95% [0,56;0,72]).Conclusões: Na a mostra estudada existia um ele-vado compromisso da qualidade de vida relaciona-da com a saúde, mais evidente nas mulheres quenos homens.

Grupo de Estudo CURAR: Fonseca JE3, Sobral M3, Queiroz MV3, Afonso C4, Alcino S4, Costa L4, Silva J5,Inês L5, Alexandre M5, Santos MJ5, Silva JA5; Garcia J5,Saavedra MJ5, Couto M5, Ambrósio C5, Abreu P5, Vaz C5,Trís MJ6, Miranda L6, Pinheiro B7, Nóvoa T10,

*Dolan P. Modelling valuations for EuroQol Health States.Medical care, 1997; 35(11):1095-1108.

P120 – UTILIZAÇÃO DO PAMIDRONATO ENDOVENOSO

EM OSTEOPOROSE

Miguel Sousa1, Sara Cortes1, Rui Figueiredo1, José Ribeiro1, Helena Santos2, Manuela Parente2,Eugénia Simões2, Paulo Coelho2, Ana Teixeira2

1. Internos2. Reumatologistas do Instituto Português de Reumatologia

Objectivo: Testar a eficácia de um esquema inter-mitente de pamidronato endovenoso em aumen-tar a Densidade Mineral Óssea (DMO) e na preven-ção de novas fracturas osteoporóticas numa amos-tra de doentes com osteoporose (OP) estabelecida.Metodologia: Foi desenhado um estudo prospec-tivo onde foram incluídos doentes com osteoporo-se e com ineficácia ou intolerância aos bifosfona-tos orais. Foi administrado trimestralmente 30 mgendovenoso de pamidronato. Os participantes fo-ram avaliados no início e anualmente com: radio-grafia da coluna dorsal e lombar; densitometria ós-sea da coluna lombar e colo do fémur esquerdo;ocorrência de fracturas vertebrais e não vertebrais;

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e trimestralmente com exames analíticos: ureia,creatinina, ionograma, cálcio total e ionizado, fós-foro, magnésio, FA, PTH, osteocalcina e NTX uriná-rio aos 0 e cada 3 meses.Resultados: Foram estudados 74 doentes, dos quaisse destacam 52 casos de OP pós menopáusica, 10doentes com Artrite Reumatóide, 3 doentes comEspondilite Anquilosante.

Apenas em 17 doentes foram feitas avaliaçõesradiológicas e clínicas de fracturas ao fim dos 12meses. Em 9 doentes, não se verificou a ocorrênciade novas fracturas. Em 8 doentes ocorreram novasfracturas: 1 nova fractura em 2 doentes, 2 novasfracturas em 3 doentes e 3 novas fracturas em 2 ca-sos. Em um doente registaram-se 6 novas fracturasvertebrais. No entanto, neste caso somente foramfeitas 3 administrações de pamidronato.

Verificou-se um aumento significativo da DMOem L1-L4 entre os 0 e 12 meses (p=0.01). Foi obser-vado uma diminuição significativa do NTX uriná-rio entre os 0 e 6 meses (p=0.046) e os 0 e 12 meses(p=0.046). Estas mesmas tendências foram obser-vadas para o subgrupo das doentes com OP de etio-logia pós menopáusica embora não se tenham de-terminado diferenças significativas.

Foram observados alguns efeitos adversos como:um episódio de descolamento do vítreo; cãimbrasem 5,4% e dores ósseas em 2,7%. Discussão: Trata-se de um estudo longitudinal, semum grupo de controlo, em doentes com risco frac-turário muito elevado (idade elevada, baixos valo-res de DMO, múltiplas fracturas vertebrais de iní-cio). No entanto, 9 em 17 doentes (53%) não desen-volveram qualquer outra fractura durante os pri-meiros 12 meses. Foi também evidenciada aeficácia deste esquema em aumentar a DMO emL1-L4 aos 12 meses. Os níveis de um dos marcado-res de reabsorção óssea, NTX urinário, diminuíramsignificativamente e posteriormente estabilizaramnuma fase precoce do tratamento. Conclusão: Apesar do número de fracturas regista-do, estas evidências sugerem que este esquema te-rapêutico poderá ser útil no tratamento da OP emdoentes com alto risco fracturário e com intolerân-cia ou ineficácia aos bifosfonatos orais.

P121 – SÍNDROME DE LEMIERRE – TROMBOSE POR

INFLAMAÇÃO VASCULAR E/OU MEDIADA POR

ANTICORPOS ANTIFOSFOLÍPIDOS?Sousa E.1, Canhão H.1, Fonseca J.E.1, Marques A.1,Costa M.1, Rosa C.M. 1, Catita C. 1, Romeu J.C. 1,

Pereira da Silva J.A.1, Queiroz M.V. 1

1. Serviço de Reumatologia e de Doenças Ósseas Metabólicas, Hospital de Santa Maria

Introdução: A síndrome de Lemierre (SL) é carac-terizada por uma tromboflebite da veia jugular in-terna, secundária a uma infecção por anaeróbiosna região da cabeça ou pescoço. Pode complicar--se por sepsis e embolização séptica de órgãos àdistância. Embora constitua uma entidade rara naera pós antibiótica, pode condicionar importantemorbilidade e mortalidade e dúvidas no diagnós-tico diferencial com doenças difusas do tecido con-juntivo. Casos clínicos: Caso 1: sexo feminino, 19 anos, in-ternada por suspeita de artrite séptica da tibiotár-sica no contexto de manifestações clínicas e labo-ratoriais sugestivas de Lúpus Eritematoso Sistémi-co (LES). A investigação revelou a presença detrombose das veias jugulares internas, anticorposantifosfolípidos (AAF) e sepsis. O isolamento emhemocultura de um Fusobacterium necrophorume a remissão clínica e laboratorial após antibiote-rapia dirigida permitiram estabelecer o diagnósti-co de SL.

Caso 2: sexo masculino, 21 anos, referenciado àconsulta de Reumatologia para avaliação de prová-vel SAAF, por trombose da veia jugular interna as-sociada à detecção de AAF. Também neste caso, ahistória clínica, exames complementares (isola-mento de um Staphylococcus saprophyticus) e evo-lução clínica eram compatíveis com SL. Discussão: Estes dois casos clínicos reforçam a ne-cessidade da exclusão de etiologias infecciosas an-tes de se estabelecer o diagnóstico de uma doençareumática em quadros clínicos de instalação re-cente. A coincidência de eventos trombóticos e AAFcirculantes associados à SL coloca a hipótese des-tes eventos serem, pelo menos parcialmente, me-diados por estes anticorpos.

P122 – DOENÇA INDIFERENCIADA DO TECIDO

CONJUNTIVO – ESTUDO TRANSVERSAL

MULTICÊNTRICO

Cláudia Vaz, Luís Inês, Pedro Abreu, Patrícia Nero,Rita Barros, Maria José Santos, Anabela Barcelos,Rui Melo, Armando MalcataServiços de Reumatologia – Hospitais UniversidadeCoimbra, Hospital Egas Moniz, Hospital Garcia de Orta, Hospital Infante D. Pedro- Aveiro e HospitalNossa Senhora da Assunção- Seia.

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Objectivos: Caracterização do perfil clínico e sero-lógico de doentes com Doença Indiferenciada doTecido Conjuntivo (DITC) seguidos em Consultade Reumatologia dos Hospitais da Universidade deCoimbra, Hospital Egas Moniz, Hospital Garcia deOrta, Hospital Infante D. Pedro- Aveiro e HospitalNossa Senhora da Assunção- Seia. Métodos: Análise retrospectiva dos processos clí-nicos dos doentes com diagnóstico de DITC. Crité-rios de Inclusão: Doentes com sinais e sintomas dedoença do tecido conjuntivo (DTC) com ANA’s po-sitivos que não preenchem os critérios de classifi-cação das DTC bem diferenciadas.Resultados: 52 doentes com diagnóstico de DITC,com uma média de idade de 48 anos (16 - 77 anos);92% do sexo feminino. As manifestações clínicasmais comuns incluem as artralgias (65%), o fenó-meno de Raynaud (33%), a artrite (21%), as quei-xas secas (21%) e a leucopenia (19%). Em relaçãoao perfil de autoimunidade, 100% dos casos apre-sentavam ANA’s positivos, a prevalência de anti-corpos anti-SS-A foi de 25 %, anti-dsDNA de 21%,anti-centrómero e anti-RNP de 8%.Discussão: Os doentes apresentam um quadro clí-nico frustre e um perfil imunológico limitado. Os estudos publicados acerca da DITC são muitoescassos. São necessários trabalhos prospectivospara avaliação do prognóstico e potencial de evo-lução para formas definidas de DTC.

P123 – SINDROME DE OVERLAP: POLIMIOSITE – ESCLERODERMIA: UM CASO CLÍNICO GRAVE

T. Videira1, E. Mariz1, S. Pimenta1, F. Brandão1, J. Brito1, F. Simões Ventura1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital de São João, Porto

Doente, sexo feminino, 48 anos, caucasóide, semantecedentes patológicos de relevo. História com 5meses de evolução de mialgias de predomínio nosmembros inferiores com fraqueza muscular proxi-mal de agravamento progressivo, disfagia para só-lidos, poliartralgias difusas e simétricas de ritmoinflamatório, fenómeno de Raynaud, espessamen-to cutâneo nos 4 membros, face, tórax e abdómene atingimento do estado geral (astenia, anorexia,emagrecimento de 5 kg em 1 mês e febrícula).

Ao exame objectivo apresentava espessamentocutâneo da extremidade dos membros superiores(até ao cotovelo) e dos membros inferiores (até aojoelho), face, tronco e abdómen; Nódulos de Got-tron na superficie extensora das articulações MCF

e IFP, diminuição da força muscular simétrica e depredominio proximal (grau 3 em 4) dos membroscom envolvimento predominante da cintura esca-pular, limitação da abertura da boca. Rash heliotró-pico. Sem úlceras digitais. Sem poliartrite.

Analiticamente apresentava: anemia (Hgb 11,5g/dl), S inflamatório biológico (VS 65 mms; PCR6,3 mg/dl), Aumento das enzimas musculares (CK640; Aldolase 12,4, DHL 403, mioglobina 328). Fun-ção renal, hepática e tiroideia normal; Imunologia:Anticorpo anti-SL70 positivo e ANA’s > 1/1000 pa-drão homogéneo e nucleolar (Anticorpo anti- RNPe anti-centrómero negativos); Imunoglobulina ecomplemento normal.

As alterações electromiográficas dos membroseram compatíveis com padrão miopático de tipoinflamatório, A biópsia de pele e músculo revelou:«...atrofia muscular neurogénea de pequeno gru-po,.. e alterações cutâneas compatíveis com escle-rose dérmica.»

Do restante estudo efectuado verificou-se: dis-função esofágica; pequeno derrame pericárdicocircunferencial e S ventilatório obstrutivo ligeirocom DLCO de 51% (com TC torácico normal).

Foi efectuado o diagnóstico provável de overlapentre polimiosite e esclerodermia. Foi iniciada cor-ticoterapia per os, protector gástrico e procinético,com melhoria transitória.Evolução: Agravamento progressivo da capacidadefuncional pelo grave envolvimento cutâneo apesardas várias atitudes terapêuticas tentadas (cortico-terapia, Imunoglobuinas,D penicilamina, azatio-prina). Cerca de 1 ano após o diagnóstico a doentefaleceu por envolvimento cardíaco grave (miocar-dite com insuficiência cardíaca congestiva).

P124 – AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E MANOMETRIA

EM DOENTES REUMÁTICOS

R Fernandes2, L Miranda1, F Rosa2, L Coelho1, A Abreu2, A Cardoso2, R Leitão1, P Coelho1, M Silva1, H Santos1, M Parente1, M Micaelo1, M Mediavilla1, E Simões1, H Madeira1, C Silva1, J Saraiva Ribeiro1, D Medeiros1, F Barcelos1, M Sousa1, C Miguel1, S Cortes1, L Freire2, F Pimentel1, V Las1, A Neto, J Ferreira1, A Neto1, J Figueirinhas1, J Vaz Patto1, F Mesquita2, A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

Introdução: A manometria é um método simples

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e fácil de avaliar o estado nutricional de um doen-te. É utilizado como medida de força muscular, sen-do bastante útil em diversas patologias reumáti-cas, como a Artrite Reumatóide (AR), a Osteoartro-se (OA) e a Fibromialgia, dando uma noção da ca-pacidade funcional do doente.Objectivos: Avaliar uma população de doentes reu-máticos e relacionar o perfil antropométrico coma força de preensão da mão.Material e Métodos: Durante um mês, foi medidaa força de preensão da mão de todos os doentes querecorreram à consulta de Reumatologia, no Ins-tituto Português de Reumatologia, utilizando umesfigmomanómetro Foram realizadas três medi-ções, sendo o valor final a sua média. Foram ava-liados pela equipa de Nutrição, o Peso, IMC, Rela-ção Cintura/Anca, Massa Gorda (%), Massa Livre deGordura (Kg) e Massa de Água Corporal (%). Com-pararam-se os valores de manometria entre doen-tes com Osteoartrose, Artrite Reumatóide e Fibro-mialgia.Resultados: Avaliaram-se 1051 doentes, dos quais183 (17,3%) eram do sexo masculino e 868 (82,7%)do sexo feminino, com uma idade média de 57,3 ±14,4 anos. Apresentavam um IMC médio de 27,8 ±5 Kg/m2. Obteve-se uma média de 35 ± 7,1% deMassa Gorda abdominal e de 47 ± 8Kg de Massa Li-

vre de Gordura. Apresentavam uma percentagemÁgua Corporal de 45,2 ± 15,5%. Existe uma correla-ção positiva significativa entre a manometria, a %de água corporal total (p<0,0005) e a massa livre degordura [que incluí a massa muscular (p<0,0005 eíndice de correlação de Pearson = 0,397)]. Obser-vou-se uma correlação negativa significativa entrea manometria e a % de MG (p<0,0005 e índice decorrelação de Pearson = -0,209).Os doentes comOsteoartrose apresentam valores mais elevados demanometria que os doentes com AR (p=0,003, tes-te t-Student). Os doentes com Fibromialgia apre-sentam valores mais elevados de manometria quena AR (p=0,031, teste t-Student). Não havia dife-rença significativa entre a OA e a Fibromialgia.Conclusão: Como seria de esperar, a manometriarelacionou-se com a massa livre de gordura e a %Água Corporal (P<0,0005). Encontrou-se igualmen-te uma relação inversa com a % Massa Gorda. Estemétodo pode ser uma abordagem simples e inicialque permite ter uma noção básica da massa e daforça muscular dos doentes.

Nos doentes reumáticos, a deformação articularpode ser um factor importante de confundimento.Na AR, a diminuição dos valores da manometriapode estar associada à deformação e destruição ar-ticular, nomeadamente, nas mãos.

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