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Igreja Evangélica Kyrios PREFÁCIO Este estágio nasceu da necessidade em dar as primeiras pistas doutrinárias sobre a igreja de Jesus Cristo a você aluno que terminou o segundo estágio. Principalmente porque nos sentimos desafiados pelas falsas concepções sobre igreja que observamos no mundo hoje e causadas essencialmente pela falta de relacionamentos nas comunidades. Você vai perceber que as nossas lições possuem conteúdos de fácil assimilação, pois tivemos a preocupação de manter as definições dentro dos textos da Bíblia e da realidade que você vive aqui na igreja. Portanto, nosso intúito e objetivo máximo é levar você a terminar este estágio não só sabendo o que é a igreja conforme a concepção do Novo Testamento, antes, que você se sinta também desafiado a construir de modo saudável um espaço de relacionamentos e partilhas na fé em Jesus no ambiente da Igreja Evangélica Kyrios. 1

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Igreja Evangélica Kyrios

PREFÁCIO

Este estágio nasceu da necessidade em dar as primeiras pistas doutrinárias sobre a igreja de Jesus Cristo a você aluno que terminou o segundo estágio. Principalmente porque nos sentimos desafiados pelas falsas concepções sobre igreja que observamos no mundo hoje e causadas essencialmente pela falta de relacionamentos nas comunidades.Você vai perceber que as nossas lições possuem conteúdos de fácil assimilação, pois tivemos a preocupação de manter as definições dentro dos textos da Bíblia e da realidade que você vive aqui na igreja.Portanto, nosso intúito e objetivo máximo é levar você a terminar este estágio não só sabendo o que é a igreja conforme a concepção do Novo Testamento, antes, que você se sinta também desafiado a construir de modo saudável um espaço de relacionamentos e partilhas na fé em Jesus no ambiente da Igreja Evangélica Kyrios.

Conselho Igreja Evangélica Kyrios

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Índice

Título Página

Prefácio 01

Lição 01 – Igreja- A Vida Em Comunidade 03

Lição 02 – Comunidade- A Difícil Arte de se Relacionar 05

Lição 03 – Missão- Reconciliar o Homem com Deus 09

Lição 04 – Visão- Quem Somos? 11

Lição 05 – Quais são os Nossos Propósitos? 13

Lição 06 - Religiosidade 15

Lição 07 – Exclusão 17

Lição 08 – A Igreja Como Pessoa Jurídica 19

Leitura Final 22

Bibliografia 29

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Lição 1IGREJA – A VIDA EM COMUNIDADE

Atos 2:42-47 “Diariamente perseveravam unanimes no templo”

Apresentação

Se você está participando desse discipulado no III estágio, significa que você se converteu acerca de um ano ou veio de outra igreja para estar conosco, por isso preparamos esses estudos para tratarmos da vida em comunidade. Acreditamos ser muito importantes os relacionamentos e laços de amor desenvolvidos na comunidade e entendemos que uma boa compreensão do que vem a ser a vida em comum proposta nos Evangelhos, é saúde para a nossa vida espiritual em dias difíceis com os de hoje.Para darmos continuidade, gostaríamos que respondesse o questionário anexo da forma mais sincera e transparente possível, o que irá ajuda-lo a se conhecer um pouco mais e a saber quais os pontos das lições devem ser mais enfatizados.

Introdução

Para aprendermos sobre a vida em comunidade, podemos estudar o livro de Atos dos apóstolos, onde estão registradas as atitudes, pensamentos, dificuldades e milagres da primeira comunidade de cristãos. Para mim é como o resumo de um diário que foi escrito 17 anos após a morte de Jesus, aproximadamente, e é quase como uma fotografia da época. É uma grande benção podermos saber como viveram os primeiros seguidores de Cristo e quais foram os fatos que aconteceram depois de Sua ressurreição. Por isso quero olhar para o texto mencionado, extraindo detalhes importantes sobre o que é a igreja e qual sua razão de existir, tendo em mente três informações importantes:

1. Igreja são pessoas - em nenhuma parte do Novo Testamento, veremos cristãos preocupados com paredes ou templos. Sempre que falarmos sobre igreja, falaremos de pessoas que juntas, formam a comunidade.

2. Igreja é lugar de doação - ela só existirá quando a comunidade estiver disposta a se envolver física, espiritual e moralmente com sua existência. Além dos dízimos e das ofertas, uma igreja não subsistirá se não houverem pessoas para mante-la, por isso precisamos aprender a viver em harmonia em tempos de individualismo, quando viver em sociedade chega a ser para alguns, uma reeducação de vida.Lembre-se: a nossa decisão por Cristo é individual e subjetiva, mas a expressão dessa fé é comunitária.

3. Igreja é lugar de relacionamentos - não há doação sem relacionamentos. Muitas vezes encontramos pessoas que não querem quebrar suas cascas e se relacionar trocando virtudes com seus irmãos; os que agem desse modo, em breve deixarão de ser igreja e perderão o vínculo com a comunidade. Muitos estão traumatizados com seus relacionamentos frustrados e por isso nos propomos a estudar a vida dos primeiros cristãos.

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No texto lido, vemos que os membros da comunidade primitiva perseveravam unanimes. Gostaria de usar esse texto para mostrar três importantes conceitos:

1. Diversidade - você já imaginou todas aquelas pessoas crendo em Jesus? Eram vidas, pensamentos, gostos e culturas diferentes, tudo novo. Talvez aos nossos olhos, pareceria uma confusão e para alguns extremistas, a diversidade da graça de Deus é desconcertante, mas Deus faz maravilhas naquilo que é diverso. Diverso é aquilo que é diferente ou contém variação, mas que não implique em mudança de objetivos.Essa é sem dúvida uma das grandes riquezas da comunidade, sermos diferentes e por isso, mais amplos. Surgem aí algumas das nossas dificuldades em nos relacionarmos, encontramos na igreja temperamentos e educações muito diferentes da nossa e saber que vamos viver com essas pessoas, pode ser assustador; para que possamos vencer esse problema, precisamos cultivar o amor por nossos irmãos, um amor que é tão forte como o que você tem por si mesmo, que deseja as mesmas coisas boas que você sonha para si, um amor que é brando na crítica aos outros e duro na sua autocrítica, sabendo que o olhar de Cristo deve ser o seu olhar e que Ele aceita e nos ama com nossas diferenças.

2. Unidade - não é por acaso que somos chamados de “corpo de Cristo” na Bíblia e para que exista um corpo, é preciso que exista unidade entre os órgãos. A unidade da igreja, não está em termos os mesmos gostos e sonhos, mas em termos um mesmo pensar acerca de Deus, de como servi-lo e da Sua palavra.A unidade muitas vezes não é compreendida pelos irmãos. Ser unidos, não significa que somos iguais ou que temos as mesmas habilidades, mas sim que estamos interessados em buscar a Deus e a sua justiça, usando a nossa diversidade para cumprir Seus propósitos. Apesar de termos culturas, educações, gostos e temperamentos diferentes, somos unidos em uma só fé que nos motiva a servir a Cristo até a morte.

3. Integridade - ser integro é estar completo, estar perfeito. Muitas vezes congregamos buscando a unidade na diversidade, sem querermos viver a integridade do que cremos. A Bíblia nos mostra como um único membro pode ameaçar a integridade de todo o corpo e que cada célula pode contribuir para a saúde desse mesmo corpo; daí a responsabilidade de quem participa do corpo de Cristo, onde somos muitos membros de um mesmo corpo e se um de nós estiver doente, poderá contaminar os outros.A Bíblia nos ensina que a santidade não é transferível, mas o pecado sim. Não podemos passar saúde para nossos filhos e queridos, mas podemos passar vírus e doenças; o pecado também é assim. A vida em comunidade deve ser compreendida de forma tal que a nossa integridade, seja compromissada com a santidade do Senhor.

Esses princípios são importantes para que você possa viver bem na comunidade e desenvolver sua vida espiritual. Com certeza você não vai querer ficar fora do propósito de ser útil na casa de Deus, por isso cresça no relacionamento com seus irmãos e busque a unidade no amor do Senhor.

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Lição 2COMUNIDADE – A DIFÍCIL ARTE DE SE RELACIONAR

III João 9 “Escrevi alguma cousa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida.”

Introdução

A vida em comunidade tem seus momentos de dificuldade, porque muitos de nós temos problemas em nos relacionar. Em tempos de solidão e individualismo, as pessoas não sabem compartilhar com seus irmãos um pouquinho de si mesmas, o que, somado a dificuldade de administrar o tempo disponível, acaba nos levando a viver isolados e torna os cultos e programações da igreja, mais um mero evento em nossa agenda cheia de atividades e compromissos. Trazemos para dentro dessa comunidade nossas manias e pensamentos, sem percebermos o quanto são incoerentes com a palavra de Deus, abrindo ainda mais o abismo entre nós e a igreja. No texto acima, o apóstolo João fala de um homem que se tornara o dono de sua comunidade, o que é descrito na palavra primazia, que significa querer ter o primeiro lugar, ser o primeiro, com direitos sobre tudo e todos. Separamos esse texto para mostrar que algumas das dificuldades em nos relacionarmos, não são fruto de doenças modernas e até mesmo o apóstolo João, chegou a enfrenta-las. Com certeza Diótrefes era uma pessoa que queria ser o dono de sua comunidade, não respeitando nem mesmo a autoridade apostólica de João e hoje temos em nossas igrejas pessoas como ele, que impedem o crescimento da obra e o amor entre os irmãos, suspeitam mal e se acham mais competentes do que os outros.Apesar de problemas assim, somos desafiados pela palavra a vivermos em comunidade, exercitando o amor de uns para com os outros e para isso, precisamos vencer algumas questões como: o medo, a desconfiança, a incredulidade e o individualismo.

1. As mágoas no meio da igreja

A mágoa é um sentimento de tristeza causada por ofensas e parece estranho que possa encontrar espaço no meio do corpo de Cristo. A pessoa magoada é neutralizada espiritualmente, não consegue sentir o amor de seus irmãos, e não são poucos os que acabam deixando a comunidade por isso. Nem sempre a intenção do irmão foi magoar, as vezes somos ou estamos sensíveis demais e outras vezes, nossa cultura e formas de expressão têm significados diferentes, e podem levar a interpretações equivocadas.O problema não está em quem diz as duras palavras, mas em quem as recebe; o receptor se prende na mágoa e não consegue se livrar de suas tristezas. Jesus disse: “Eu, porém, vos digo: Não resistais ao homem mau; mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. (Mateus 5:39)”, podemos então não ser atingidos com as falsidades, calunias e injúrias, além de oferecer a confiança aos que nos magoaram, quantas vezes for necessário. Ao exercermos o direito de não nos magoarmos, não estamos sendo hipócritas ou falsos por isso, ao contrário, as pessoas más que sentem prazer em ferir, sempre existirão, cabe a nós passar por cima disso tudo, estando prontos para amá-los.I Pedro 3:9 “... não pagueis mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança”

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O que a Bíblia ensina é que não precisamos dar troco ou nos vingarmos, mas sim agir com amor, para que o irmão vença a sua natureza que o leva a ofender aos outros.

2. As discórdias no meio da igreja É claro que as discórdias externam dificuldades no relacionamento. Vejamos o que Paulo diz a esse respeito em sua 1a carta à igreja de Corinto: I Coríntios 1:11 e 12 “Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe , de que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.”Aquela igreja não estava se partindo, porém seus líderes mostravam suas diferentes filosofias e ideologias bíblicas, o que fez a igreja se dividir em quatro grupos.1. Primeiro grupo “Sou de Paulo”: Acreditavam que assim como Paulo havia fundado

a igreja e trazido eles para Cristo, somente Paulo estava certo, não ouviam a mais ninguém. A postura de Paulo era o exemplo da única forma correta e sincera de ser cristão.

2. Segundo grupo “Sou de Apolo”: Apolo nos é apresentado no livro de Atos como um excelente orador. Naquela época o mundo apreciava a sua oratória e portanto, seu grupo era formado por mestres da sabedoria e do conhecimento; já Paulo, não pregava tão bem. Chamamos esse grupo de “mestres da comunidade”.

3. Terceiro grupo “Cefas”: Era formado por aqueles que queriam manter as experiências que viveram com Pedro, quando esteve com eles; diziam ser esse o caminho certo a seguir. Talvez tivesse menos força que os grupos de Paulo e Apolo, tendo em vista a própria formação de Pedro.

4. Quarto grupo “Os de Cristo”: Quando li essa passagem, achei esse grupo o mais perigoso e sagaz de todos, porque achavam que mesmo ouvindo os apóstolos e mestres, continuavam sabendo mais do que esses a respeito do que Cristo queria, e por isso, não mereciam crédito. Com tal presunção, se declaravam oráculos de Deus, se auto-intitulavam “Somos de Cristo”.

Você não precisa ter muito tempo de vida cristã para ter experimentado experiências semelhantes, com pessoas presas emocionalmente a líderes, que dizem: “Eu sou da fulana de tal”, “Eu sou servo de Deus”, “sicrano, beltrano, a igreja do fulano, a igreja do sicrano, etc.”. Numa dimensão mais branda, temos espaço para essas coisas aqui mesmo, porque alguns são mais pentecostais, outros mais estudiosos, outros insubordinados e se tivéssemos mais pastores, talvez alguns diriam que são a favor do Pastor tal e assim por diante. Mas sempre que é permitido o avanço desses pensamentos, nasce aí uma fonte de dificuldade e de tristeza para toda a igreja.Eu sei que todos nós temos um pregador, ministério ou ministro de louvor que nos agrada mais e até certo ponto, isso não é errado, o problema é quando isso sufoca e estrangula a multiforme sabedoria de Deus. Há algumas pessoas que nos auxiliam melhor e outras que nos ensinam com maior clareza e nem por isso, precisamos fazer dela exclusiva e não querer ver ou ouvir alguém diferente. Devemos estar abertos para nos relacionar com pessoas que têm idéias diferentes da nossa, desde que estejam de acordo com a Palavra de Deus.

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I Coríntios 1:13-16 “Acaso Cristo está dividido? foi Paulo crucificado em favor de vós, ou foste porventura, batizados em nome de Paulo? Dou graças [a Deus] porque a nenhum de vós batizei, exceto Crispo e Gaio; para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome. Batizei também a casa de Estéfanas; além destes não me lembro se batizei algum outro.”Aqui Paulo começa a descrever as perdas que sofremos quando vivemos tudo isso dentro da igreja. Cristo está dividido ou cada um deles mostra um angulo a seu respeito? Podemos ver isso nos quatro evangelhos, porque contam as mesmas histórias de um mesmo homem de maneiras diferentes. Assim é na igreja, uns voltados à meditação, outros à experiências; são perspectivas diferentes que nos fazem ver completamente a Cristo.

1. Primeira perda: Paulo pergunta se ele foi crucificado por você e nisso identificamos um problema que tem origem em nossas expectativas quanto a líderes humanos. Esperamos que eles sejam tão perfeitos e absolutos como o próprio Cristo, que nos dêem coisas que não podem dar, os colocamos muito acima do que poderiam estar aceitando-os como “deus”, a ponto de influenciarem nossas vidas profundamente.Nós devemos respeitar nossos líderes, mas sempre lembrando de sua humanidade e suas limitações, sem esperar que eles nos dêem o que Cristo já nos deu, que é a comunhão com o Pai. Não há nenhum pastor, professor ou profeta que possa nos dar o que Jesus nos deu por meio da crucificação; outros homens foram crucificados, como o próprio Cefas o foi de cabeça para baixo, mas ele não pode lhe dar salvação dos seus pecados e nem morreu por esse propósito.

2. Segunda perda: é quando usamos o nome da escola, o curriculum ou os discipuladores como referência de vida espiritual. Isso não significa nada, muitas pessoas procuram igrejas de pastores renomeados para poderem dizer “Eu sou como o fulano de tal, foi ele quem fez o meu casamento”, “foi o sicrano que me batizou”, como se isso nos enchesse mais da graça. Me lembro que no seminário, os alunos estufavam o peito e contavam acerca de seus pastores e chegavam a migrar para outras igrejas diante da fama de um outro mais importante, como se fosse o suficiente para fazer deles bons pregadores. Era o que faziam os homens mencionados no texto, dizendo “Foi Pedro quem me batizou... aquele que andou sobre as águas”.

I Coríntios 1:17 “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo.” Aqui Paulo diz que nós não curamos divisões e relacionamentos mostrando quem é melhor, porque a cura está em voltar ao princípio do evangelho da cruz e a pregação da história de um homem que, mesmo sendo cheio da glória de Deus, se esvaziou para sofrer por nós. Para nós, a cruz simboliza o gerador da unidade e dos bons relacionamentos, o amor de Deus por pecadores, empatia de Deus pelos homens. Ele sentiu a dor e o fardo do pecado que estava sobre nós, sem precisar de ninguém para lhe contar sobre a nossa natureza, porque era homem perfeito e conhecedor de todas as coisas. Aqueles que amam com o amor de Cristo demonstrado na cruz, podem dizer “Pai, perdoe as minhas dívidas, assim como perdôo os meus devedores”. Esse amor empático da cruz, é a “liga” dos relacionamentos vividos na igreja, e isso não é filosofia nem utopia, é o resultado da presença de Cristo em nossas vidas.

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Conclusão

Existem muitos outros casos de dificuldades vividas em relacionamentos, mas com certeza a mensagem da cruz tem poder para apagar todas elas. Por isso, lembre-se sempre que Cristo morreu até mesmo por seus perseguidores, como o próprio apóstolo Paulo, e nos tornou irmãos no amor do Senhor.

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Lição 3MISSÃO – RECONCILIAR O HOMEM COM DEUS

II Coríntios 5:18-21 “..., e nos confiou a palavra da reconciliação.”

Introdução

Em todo o mundo existem irmãos freqüentando igrejas, sem saber realmente a sua razão de existir, buscando motivos pessoais que justifiquem a necessidade de estarem com os irmãos. Outros, não tão felizes, acreditam que não há motivo para pertencer a uma igreja. O texto acima, explica claramente a missão da comunidade e foi o que tomamos por base para definirmos “a missão da Igreja Evangélica Kyrios”. Com certeza, milhares de igrejas espalhadas pelo mundo, reconhecem esse texto como chamada para a sua existência.

O que é Missão? É a incumbência que a igreja ou comunidade recebe, a fim de justificar a sua existência. Você pode imaginar a Deus criando alguma coisa, qualquer que seja, sem explicar o motivo e utilidade dessa criação? Toda a criatura divina cumpre a sua comissão, o que não é diferente para a igreja, já que também fomos criados por Ele.Versículos 18 e 19 “Ora, tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.”Para compreendermos a nossa missão, precisamos entender primeiro o que Paulo quis dizer com: “tudo provém de Deus”. Significa que o projeto de reconciliar o homem com Deus, foi intenção Dele mesmo; o homem não tem nada haver com isso, nem poderia ter, porque esse milagre só foi possibilitado pelo amor de nosso Pai.Esse grande plano de vida espiritual, primeiro nos atingiu e agora nos torna participantes da grande missão de unir homens maus, afastados e perdidos, como um dia nós mesmos fomos, a esse Deus bondoso que deseja nos salvar.Reconciliar significa trazer de volta a antiga amizade. Podemos pensar: “Mas que amizade, se estamos falando de pessoas que nunca conheceram a Cristo?”Você lembra da comunhão que Adão desfrutava com o Senhor? Como sendo ele humano, podia se apresentar ao Senhor sem culpa ou medo? Ele ansiava pela chegada do entardecer para se encontrar com Deus e é essa a nossa missão por meio da pregação do Evangelho, trazer de volta à amizade com o Pai. Tudo isso foi conquistado através da cruz do calvário, somos apenas agentes desse amor manifesto em Cristo Jesus.Nosso ministério tem duas marcas distintivas: a primeira delas está na certeza do Seu perdão. O texto acima termina dizendo que sobre os que crêem em Cristo, Deus não imputa suas transgressões, não nos cobra mais por nossos pecados, liberando o perdão e a restauração. Essa é sem dúvida a mensagem da esperança, mas alguns de nós, sendo conhecedores dessa verdade, vivemos uma vida culpada e pesada por causa das nossas transgressões. O ministério da reconciliação tem por objetivo tirar tudo o que lhe impede de sentir o perdão de Deus, por isso, encha seu coração dessa graça, creia que, mediante a fé e o arrependimento em Cristo Jesus, você não será mais cobrado por seus pecados.A segunda marca é que o mesmo Deus que nos perdoou, agora nos confia sermos testemunhas da sua graça e transformação, nos dando a palavra de restauração.

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Versículo 20 “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.”O história da nossa fé, não termina em nós mesmos: “Fui salvo, Aleluia!”. Somos todos chamados para sermos representantes legais nessa grande comissão, estando juridicamente aptos a levar os pedidos de Deus, para que o mundo se arrependa e volte para Ele. Nisso, todos que são igreja estão envolvidos, sendo testemunhas desse Deus maravilhoso e contribuindo com seus dons e ministérios.Note que Paulo fala desse ministério usando sempre “nós”, o que quer dizer que esse não é o ministério apenas do pastor ou de alguns escolhidos. A igreja primitiva acreditava ser nosso esse ministério e que para isso o Senhor nos manteve vivos, morando no bairro em que moramos, conhecendo e nos relacionando com pessoas diferentes.Sua casa é uma agência de reconciliação e seus vizinhos, parentes e amigos, precisam saber disto. Muitas vezes tenho a sensação de que os irmãos não compreendem o nosso chamado, que é através de nossos lábios que a Palavra vai chegar aos corações perdidos. Não é uma escolha pessoal fazer parte ou não dessa missão, pois essa é a nossa razão de existir.Versículo 21 “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.”Esse último versículo nos leva a perceber que, para Jesus, não houve limites ao nos possibilitar o gozo da comunhão com Deus, nos justificando pela fé. Por isso quero concluir dizendo que, se nem Jesus se poupou a fim de completar sua missão, que nos beneficia até hoje, falta-nos um comprometimento e seriedade com esse propósito.

Convido-o a memorizar esse versículo, em resumo desta lição.

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Lição 4VISÃO – QUEM SOMOS?

Muitas igrejas espalhadas pelo mundo, podem definir a sua missão assim como fizemos na lição anterior, mas o que as diferencia é que, mesmo estabelecendo os mesmos alvos, podem procurar atingi-los de maneiras diferentes.Quando ajuntamos diversas pessoas em uma comunidade, estamos formando uma sub-cultura, o que quer dizer que o gosto e o ponto de vista da comunidade, será estabelecido a partir da nossa forma de agir. Ninguém escapa dessa lei natural, podemos ter várias cidades, mas nenhuma igual a outra, várias escolas com o mesmo objetivo de ensinar, usando métodos diferentes para isso.Nós, como igreja, também vivemos essa lei natural. Temos várias denominações com a missão de reconciliar o homem com Deus, atingindo esse objetivo de diversas formas.Nesta aula, vamos apresentar a você os principais pontos da nossa Visão.

1. Espiritualidade contagiante: “E vós vos tornastes nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo. De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e na Acaia” (I Ts 1:6 e 7). Cremos que, como cristãos, fomos chamados para sermos luz e sal para o mundo. Não alcançaremos tal impacto, se não tivermos uma vida espiritual capaz de persuadir o homem. Em outras palavras, queremos ser fervorosos e trabalhamos para que este desejo dado por Deus, esteja presente na vida de todos os membros.

2. Relacionamentos baseados no Amor: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12:10). Não teria sentido ou valor, a unção que Deus tem derramado sobre nós, se não pudéssemos transferi-la aos irmãos, através do Amor que sentimos uns pelos outros. Queremos que cada irmão desenvolva laços profundos no fraterno Amor de Cristo.

3. Dons e ministérios: “Temos diferentes dons, segundo a graça que nos é dada” (Rm 12:6a). A Kyrios é uma igreja que desde a sua fundação, acredita que o Senhor distribui dons a todos os que são seus, para o serviço do Seu Reino. Esses dons favorecem a geração de ministérios saudáveis, para a existência do corpo. Você tem dons e deve procurar descobri-los, para que possa auxiliar no crescimento desta obra.

4. Excelência: Sabemos que devemos dispor ao Senhor o nosso melhor, mas muitos irmãos confundem excelência com perfeccionismo. Por mais que demos tudo o que temos em louvor a Deus, sabemos que o nosso melhor nunca será perfeito. Lembre-se que, ao se engajar em um ministério, pessoas estarão sempre cobrando o seu melhor.

5. Santificação e poder do Espírito: “Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou” (I Jo 2:6). Cremos que o Senhor quer de nós uma vida pura, limpa, por isso somos uma igreja que prega a santificação como requisito de vida espiritual. Não pregamos usos e costumes, como roupas ou corte de cabelo, mas queremos nossas vidas longe do pecado, para vivermos uma comunhão com Deus, onde Ele possa nos usar demonstrando o seu poder ao homem, através de curas, milagres, sinas e prodígios. Verdadeiramente queremos andar como Ele andou, em santificação e poder do Espírito.

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6. Ministérios por propósitos: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos...” (Ef 4:11 e 12). Todas as nossas atividades, são voltadas para o cumprimento dos propósitos da nossa igreja. Esse é o assunto da nossa próxima aula, mas podemos adiantar que, devemos ter uma razão para tudo o que fazemos, para que não sejamos apenas ativistas.

7. Ministérios multiplicadores: “Afinal de contas, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e isto conforme o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento” (I Co 3:5 e 6) e “..., pus eu, como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele”(I Co 3:10). Cada ministério precisa estar consciente de não ser único, já que os ministérios surgirão para o cumprimento dos propósitos. Quanto mais ministérios existirem, maior será desenvolvimento da obra de Deus, por isso, esteja consciente de que, qualquer ministério pode ser multiplicado, quantas vezes Deus quiser e for necessário para a vida da igreja.

8. Servir uns aos outros: Jesus disse que “... o filho do homem não veio para ser

servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20:28). Assim como Cristo, o Rei da glória, assumiu seu ministério servindo a todos nós com a sua própria vida, devemos estar prontos a servir e não ser servidos. É claro que, se estivermos todos servindo, inevitavelmente seremos ministrados por dons e ministérios de outros irmãos, o que não deve nos deixar acomodados, mimados e passivos, aguardando a atenção de todos.

Participe dessa cadeia de Amor e ministração mútua, lembrando que talvez seja necessário desaprender muita coisa vivida em outras comunidades.

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Lição 5QUAIS SÃO OS NOSSOS PROPÓSITOS?

Efésios 4:11 “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, ...”

Talvez você já tenha entendido quem somos e como somos, e esteja ansioso para começar a trabalhar, mas não sabe aonde. Para facilitar a sua localização, a igreja Kyrios está dividida em 5 propósitos, e cada ministério auxilia a um deles.Alguns acreditam que devem primeiro descobrir seus dons, para depois se engajar em algum ministério. Essa é uma verdade, mas a melhor forma para descobri-los é testando, analisando em que área Deus tem te usado mais e, para isso, desenvolvemos o IV estágio. Enquanto você não chega a esse estágio, veja qual o propósito que mais lhe atrai e una-se a ele.

1. Evangelizar: Nosso primeiro propósito é evangelizar pois, como poderemos cumprir a nossa missão, sem pregarmos o evangelho? Há várias formas de faze-lo e cremos que podemos usar todas elas para divulgar a mensagem da cruz. Há muito o que fazer para mantermos esse propósito, e talvez Deus esteja requisitando sua mão de obra.

2. Ensinar: Os que servem nesse propósito, são responsáveis por transmitir a palavra de Deus, de forma que todos possam não apenas conhece-la, mas também entende-la. Podem tratar especificamente com crianças ou adolescentes, por exemplo. Note que, se não houverem pessoas aptas a ensinar, em breve não saberemos no que cremos.

3. Profetizar: Não estamos falando aqui de predições, mas sim de irmãos que Deus levanta para aquecer toda a igreja e manter a comunhão. Esses irmãos são responsáveis por jejuns, vigílias e cultos, de forma que toda a igreja possa se manter em um ambiente espiritual.

4. Pastorear: Existe o ofício de pastorear, que é o caso de homens chamados por Deus, para se dedicarem exclusivamente a sua obra. Com certeza eles estarão engajados a um desses propósitos, mas falamos aqui de irmãos que se sentem responsáveis pelo auxílio espiritual, físico e moral da comunidade; são costumeiramente vistos com os novos na fé, a fim de auxilia-los nas lutas e dificuldades.

5. Administrar: Esse propósito existe com a finalidade de sustentar todos os outros. É ele que da suporte organizacional para que exista evangelismo, acampamentos, local para culto, etc. Esse propósito gere os nossos recursos e também cuida de nossos bens e patrimônio.

Todos os que estão envolvidos em alguma atividade na igreja, de uma forma ou de outra, estão cumprindo um desses propósitos, fazendo com que toda a igreja exista e funcione. Analise a cada um deles e tome uma decisão, sem medo de experimentar atividades em todos eles, afim de ter certeza absoluta de onde Deus quer te usar.É importante lembrar que todo ministério, atividade e programação, deve servir a algum desses propósitos, para que não gastemos energia desnecessariamente. Por isso, defina primeiro o propósito, para depois criar ou participar de um ministério já existente.

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Efésios 4:7 e 8 “E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Por isso diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens”.Não podemos bloquear, negar, nem impedir dons concedidos a nós por nosso Pai. As estruturas que impedem que os dons aflorem no meio da congregação, limitam e impedem que irmãos auxiliem no corpo de Cristo. Vencemos esses bloqueios, crendo que fomos presenteados com dons, a fim de servir a Deus com amor.A nossa liberdade se torna plena no serviço ao Rei, quando entendemos a grandeza que é poder adora-lo com nossos dons e ministérios.Efésios 4:11-13 “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, ...”Podemos ver que o próprio Senhor Jesus, estabelece quem vai servir nos propósitos de Sua casa. Esse texto apresenta os dons de serviço, e foi o que tomamos por base para definir os propósitos de nossa igreja. Note que o apóstolo Paulo, salienta que os dons e ministérios cumprem um propósito espiritual; existem para nos dar uma maior capacitação para servir, nos tornando construtores do corpo de Cristo.Quando cumprimos os propósitos, tornamos a igreja sadia. Cada um busca a direção para o que foi capacitado, fazendo com que todo o corpo cresça e se exercite, desenvolvendo fervor, cuidado e conhecimento, resultando em crescimento. Embora alguns vislumbrem nesse texto uma hierarquia, ele não fala de liderança, mais sim de utilidade. Assim como todos os nossos órgãos são úteis e não queremos perder a nenhum deles, como membros do corpo de Cristo, também fomos transformados pelos dons em órgãos úteis, para cumprir um propósito.Efésios 4:14-16 “... para que não mas sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para edificação de si mesmo em amor”.Com toda certeza edificar a igreja por propósito, é fortalece-la contra os ataques do inimigo, sabendo que pela justa cooperação de cada um, ela naturalmente crescerá numericamente e espiritualmente. Por isso, não perca tempo para auxiliar o propósito que mais lhe atrai, não transfira essa responsabilidade a ninguém, pois é responsabilidade de todos nós.

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Lição 6RELIGIOSIDADE

Mateus 23:3 “...; porque dizem e não fazem”.

Existem pessoas na igreja, que carregam consigo uma herança cultural que não tem nada a ver com a palavra de Deus. Mesmo após a conversão, permanecem com traços da religiosidade brasileira, que santifica o pastor, faz de nós “cristãos domingueiros”, que não faltam nos cultos de Domingo e nos outros dias, se esquecem do compromisso com Cristo. Cremos que o pastor seja uma autoridade espiritual e não há nenhum problema nisso, mas a religiosidade quer colocar apenas ele como responsável pelas obras do Reino, assim como quer fazer do Domingo, o único dia propício à adoração a Deus.Como materialização da religiosidade, vemos pessoas usando broches, camisetas e bonés com mensagens cristãs. Mas ser cristão é muito mais do que ser adepto a “Mania de Cristo”, que o compara a um lançamento do cinema, inspirando a criação de suvenir para comercializar e lucrar; ser cristão é carregar a cruz, é seguir as pegadas do mestre e ser Seu imitador. Os religiosos podem pendurar uma série de inscrições em suas roupas, sem desejar vive-las.É um grande desafio entregar completamente nossa vida a Cristo e talvez você tenha feito isso há muito tempo. Mas a pergunta é: Você é um religioso ou um cristão? É verdade que todo cristão participa de uma religião, que chamamos de cristianismo, mas a questão é muito mais profunda: Você se sente desafiado a viver o que a palavra ensina? Para você, a Bíblia é uma utopia? Seu compromisso com Jesus, é o mesmo do princípio da sua fé?Essas perguntas parecem óbvias demais, mas perceba nelas a intenção de nos levar a uma vida espiritual crescente com Deus. Se isso não aconteceu até agora, esperamos que você comece essa caminhada, imediatamente.Os fariseus são um dos modelos de religiosidade do Novo Testamento. Eram judeus maníacos, usavam suas tradições penduradas nas roupas, punham na testa pequenos rolos de couro (filactérios) contendo textos inteiros da lei de Moisés, andavam no meio do povo como homens cheios de santidade e queriam mostrar que Deus se agradava disso. Mas, vejamos a opinião de Jesus:Mt 23:1- 3 “Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos: Na cadeira de Moisés se assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem”.Jesus começou a explicar aos que estavam com Ele, porque não deveriam imitar os fariseus. Perceba que ele estava ensinando a seus discípulos, o que não deveriam fazer.Houveram escribas importantes na história de Israel, como por exemplo Esdras, que foi muito útil na reconstrução dos muros da cidade. Mas nos tempos de Jesus, eles haviam se tornado religiosos, conheciam e falavam da palavra, sem vive-la. Não havia nenhum problema no fato de conhecerem tão bem a palavra, e sim no fato de não quererem vive-la.Mt 23:4 “Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-los”.

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A religiosidade tem suas características e Jesus descreveu várias delas. Uma particularidade do religioso, é querer tornar a palavra de Deus num livro de regras e sem princípios, os quais não está interessado em viver, exigindo que as pessoas procedam de acordo com sua própria vontade.Seria estranho exigir do irmão uma vida dedicada à santificação e à graça, sem que eu mesmo estivesse disposto a viver o mesmo grau de fé e amor a Deus. O religioso é brando e complacente consigo, e duro e severo com os outros; não aceita desculpas para os erros dos outros, mas os seus maus caminhos já nem enxerga mais.Mt 23:5-7 “Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas. Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças, e o serem chamados mestres pelos homens.”O apóstolo João falou da necessidade de provarmos os espíritos. Creio que, além de provarmos os espíritos demoníacos, precisamos avaliar o nosso próprio espirito. Se o orgulho e a vaidade, são o motivo para servir e viver nossa fé, nossas obras têm sido mortas e não combinam com a vida que Cristo nos desafiou a viver.

Conclusão

Reflita um pouco sobre a sua conduta: Você é discípulo ou tem “Mania de Cristo”? Vive acima da religiosidade, ou sua fé te leva a olhar para seu próprio coração e discernir a verdadeira intenção?Nosso desafio é viver acima da religiosidade domingueira. O apóstolo Paulo disse que nos últimos dias o amor de muitos se esfriaria e como está o seu?Todas essas perguntas parecem duras demais, mas a intenção é desafia-lo a viver uma vida de discípulo, tomando sua cruz e seguindo o mestre.

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Lição 7EXCLUSÃO

I Coríntios 5:9 “Já por carta vos escrevi que não vos associásseis com os que se prostituem.”

Introdução

Este é um assunto difícil de ser tratado na comunidade: quando devemos tirar pessoas do meio do povo de Deus? Há alguma razão forte o suficiente, para excluir membros da igreja? No texto citado, podemos ver que, se há pessoas imorais que não desejam o arrependimento, não devem mais participar da comunhão com o corpo de Cristo.Por causa do uso indevido dessa autoridade dada à igreja, estabelecemos alguns princípios baseados em Mateus 18:15-17, onde o próprio Senhor Jesus nos adverte acerca da disciplina na igreja.

1. Como lidar com o problema?

Mt 18:15 “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só. Se te ouvir, ganhaste a teu irmão.”Jesus recomenda que examinemos o problema juntamente com o irmão que falhou conosco, questionando em particular sua conduta, censurando-o e disciplinando-o.Na primeira etapa do nosso processo disciplinar, demonstramos que amamos o irmão, mas não concordamos com suas atitudes, buscando traze-lo novamente para a conduta de um verdadeiro cristão. Agindo assim, imitamos a Cristo que amou o pecador, sem nunca aceitar o seu pecado.

2. Em busca do arrependimento.

Esse é o principal passo que deve ser dado para o retorno à comunhão, pois sem arrependimento, não há remissão de pecados. Passamos por dificuldades quando nos deparamos com pessoas que se acostumaram com o pecado, e já não desejam mais mudar, sentindo apenas remorso. Se houver arrependimento, vamos em busca da mudança e regeneração; se não houver, passamos então para a 3a etapa.

3. Reunião com o Conselho da igreja.

Mt 18:16 “Mas se não te ouvir, leva contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada.”Nessa etapa, o Conselho entrevista o irmão, avaliando seu desejo de mudança e abandono do pecado. Pode haver quantas reuniões forem necessárias, tanto para o arrependimento, desde que todos os membros do Conselho estejam convencidos do desejo de mudança, quanto para a exclusão.Quando o Conselho percebe que a pessoa está realmente arrependida, pode solicitar uma confissão pública do seu arrependimento; nos casos em que o pecado se torna público, como numa gravidez fora do casamento, por exemplo, também usamos esse procedimento. O Conselho avalia o que será confessado publicamente, para evitar escândalos e que os novos e mais fracos, se percam.

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4. A notificação da exclusão.

Mt 18:17 “E, se não as ouvir, dize-o à igreja; e, se também não ouvir a igreja, considera-o como gentio e cobrador de impostos.”Nós entendemos que, quando o Conselho delibera a exclusão de um membro, deve comunicar à igreja em assembléia, demonstrando o desacordo com a atitude do membro disciplinado e buscando a homologação de sua decisão.Não há como revogar a decisão do Conselho numa assembléia como essa, pois a esses líderes foi reservado o direito de disciplinar os membros, quando receberam um chamado espiritual para cuidar da vida da igreja.

Conclusão

O nosso grande objetivo quando seguimos esses passos, é disciplinar e não punir a qualquer irmão. Muitas pessoas acreditam que a exclusão é um meio de punição ao irmão que está em pecado, esquecendo que a disciplina é uma manifestação de amor e busca o arrependimento.

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Lição 8A IGREJA COMO PESSOA JURÍDICA

Introdução

Nesse estudo, você poderá aprender sobre as questões administrativas. Nosso objetivo é integrá-lo com as normas da igreja e, talvez, elucidar algumas dúvidas acerca da nossa estrutura administrativa.Em primeiro lugar, veremos as leis que regulamentam uma igreja em nosso país. Um fator que nos limita, é que todo o templo religioso, tem a mesma interpretação jurídica diante do Estado, não temos benefícios especiais por sermos evangélicos. Todas as religiões são consideradas práticas livres e, de acordo com nossa constituição, cada uma tem sua obrigação junto a sociedade.

1. O estado

A igreja é vista pelo Governo, como uma associação religiosa sem fins lucrativos, sendo que o objetivo é a proclamação do evangelho de Jesus Cristo (igrejas evangélicas). Deve ser representada por uma diretoria (no caso da nossa igreja, essa diretoria é composta por presidente, vice-presidente, tesoureiro e secretário), que responderá civil e criminalmente pelo seus atos.Para se tornar uma pessoa jurídica, é necessário que os documentos abaixo sejam providenciados: Estatuto e Ata de Inauguração (registrada em cartório de títulos e documentos); Inscrição no ministério da Fazenda (CNPJ); Inscrição na Prefeitura (CCM); Inscrição no INSS (caso a igreja venha a ter funcionários).Como o irmão pode perceber, estes documentos são básicos para qualquer associação, entidade religiosa ou empresa.

2. O estatuto

Muitos irmãos não sabem o que é um estatuto, e nem qual é a sua finalidade, por isso, acreditamos ser importante apresentá-lo neste estudo.Estatuto é a lei orgânica de um estado, sociedade ou associação. É o primeiro documento a ser providenciado, pois nele irá constar a constituição, as regras e o regulamento da igreja (associação).Muitos irmãos espiritualizam quando dizem que suas regras são as palavras de Jesus, mas, para o Estado, o que realmente interessa é o estatuto da igreja, devendo ser claro para que possa haver idoneidade no proceder, pois, diante de diversos conceitos de interpretação da palavra, é o estatuto que define as nossas intenções.Todo membro deve conhecer o estatuto de sua igreja, que deve ser cumprido, mantendo assim suas regras. Por ele serão julgadas as nossas realizações, como por exemplo: alugar, comprar, vender, etc.O que desejamos com este estudo, é conscientizar os membros de que: A Igreja é uma instituição que precisa cumprir as suas obrigações perante Governo; É dever do membro fazer com que essas obrigações sejam cumpridas;

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É preciso muita maturidade, tanto espiritual quanto emocional, para perceber que fazemos parte de uma instituição que leva o nome do Senhor Jesus, e por isso, deve ser honrada. Não devemos esquecer que somos Seu corpo, Sua família e não podemos ligá-la e desligá-la quando quisermos.

3. Presidente

O presidente representa legal e civicamente a igreja, podendo sofrer penalidades criminais em caso do não cumprimento de suas obrigações. No nosso estatuto; estão registrados os direitos e deveres do presidente, que será sempre o pastor.

4. Administração

A igreja interpreta que a administração deve ser dirigida por um ministro vocacionado por Deus para a liderança dos trabalhos financeiros, econômicos e organizacionais da obra.Este ministro tem por visão de serviço, trabalhar no Reino, administrando a casa do Senhor. Tem direitos em sua área e está sob supervisão do pastor-presidente e conselho da igreja.

5. Conselho

É formado por um grupo de líderes que podem ser leigos ou não, e são assessorados pelo pastor-presidente nos ministérios específicos da igreja (administração, evangelismo, ensino, profecia, pastorado, louvor, etc.). Entendemos que devem ser ungidos por Deus para liderar a obra, colocando em prática a Teocracia, buscando assim a visão e o direcionamento da parte do Senhor para os seus ministérios.Têm a obrigação de observar a vida do pastor, assim como as suas atitudes. São eles que estão juntamente com o pastor, preocupados com a saúde e o crescimento da igreja, visando a expansão do Reino. O conselho tem algumas funções singulares, como por exemplo: Decidir o direcionamento financeiro da igreja; Decidir o salário do pastor, assim como seus benefícios; Buscar o direcionamento espiritual para a igreja e trabalhos dos demais ministérios; Representar a igreja diante de outras comunidades eclesiásticas; Dinamizar os trabalhos, de acordo com a visão estabelecida por Deus para a nossa

igreja.O conselho, por se tratar de um grupo de atuação juntamente com o pastor, é eleito e destituído por ele. Por outro lado, o pastor pode ser demitido a qualquer momento em assembléia extraordinária.É valido lembrar que não são todos os líderes que devem participar do conselho, mas aqueles que expressam habilidades espirituais para gerir e auxiliar o pastor em suas decisões.

6. Assembléia

As assembléias gerais são realizadas para tratar de assuntos de interesse de toda a igreja, como: Administração; Apresentação dos relatórios financeiros;

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Alteração de endereço (sede).Bem como integrar ou excluir um membro da comunidade, no caso do não cumprimento dos seus deveres espirituais como cristão.

Conclusão

Talvez você possa pensar: “No que este estudo influenciará a minha vida pessoal?” Entendemos que todos nós devemos ter boas noções sobre todos os assuntos da

igreja, já que fazemos parte dela; Devemos estar atentos para não nos desviarmos da visão do Senhor para a nossa

vida; Sabemos que muitos dos nossos alunos serão chamados por Deus para a liderança e,

como líderes, devem saber o funcionamento da igreja diante do Estado.

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Curso Bíblico Graduado3º Estágio

A Influência do tempo nas relações HumanasLeitura Final

A leitura final que escolhemos para colocar aqui aparece no ótimo livro de Ricardo Gondim: Fim de Milênio: Os perigos e desafios da pós-Modernidade na Igreja - Ed. Press Abba - (pags 51-63). Entre 1500 e 1840, a melhor média de velocidade das carruagens e dos barcos a vela era 16 km/h. Já entre 1850 a 1930 as locomotivas a vapor alcançavam em média 100 Km/h e os barcos a vapor, 57 Km/h. Logo depois, em 1950, os aviões a propulsão chegavam entre 480 e 640 Km/h. Na década de 60, os jatos de passageiros já atingiam a velocidade de até 1000 Km/h. Esse avanço espantoso na conquista dos espaços e do tempo, fez parecer que a terra encolhia , as pessoas necessitavam se redimensionar para conviver com tamanha rapidez de mudanças: adaptar-se a relacionamentos fugazes, sem raízes.Esse desarraigamento trouxe duas concequencias. Primeiramente, os relacionamentos tornaram-se corriqueiros. As pessoas não mais se interessam pôr relacionamentos permanentes, que sobrevivam ao tempo. As amizades vão se colorindo e se acinzentando em grande velocidade. Em segundo lugar, esse processo vai acostumando as pessoas a uma relação com a vida cada vez mais superficial e menos histórica.Na pós-modernidade as pessoas acreditam que podem mudar seus relacionamentos na mesma freqüência como se atualiza o mundo da moda e como oscilam as Bolsas de Valores de Nova Iorque ou Tóquio. Se hoje está com um companheiro, amanhã estará com outro, simplesmente porque você esta encontrando muita gente. Não causa espanto ao pós-moderno que a Maddona anuncie que colocará um anúncio no jornal procurando um homem com quem possa gerar um filho. Ou que o galã das novelas afirme, sem tremer o rosto, que faria um filho na sua namorada obedecendo as normas genéticas que usa para seus cavalos.Em 22 de abril de 1984 o jornal “Le Monde” publicou o retrato falado do perfil egoísta do homem pós Moderno(1):Pragmatismo(2) e cinismo(3), preocupações a curto prazo. Vida privada e lazer individual. Sem religião, apolítico(4), amoral(5), naturalista(6), Narcisista(7). Na pós-Modernidade, o narcisista coincide com a deserção do indivíduo cidadão, que não mais adere aos mitos e ideais da sociedade.Assim o homem pós-moderno se encontra com o paradoxo máximo. Está só e não gosta, mas pôr outro lado não sabe como desenvolver amizades sólidas. Fechado em si, não consegue se lembrar do caminho materno, pois recebeu um tratamento profissional de uma babá. Narcisisticamente sente-se dono de seus sentimentos, mas vive triste, pois não sabe como transpor a linha divisória entre amor e sensualidade; a maioria dos seus relacionamentos começaram com uma transa. Não confia em ninguém porque todos querem levar vantagem. Arrasado joga-se de volta no ciclo vicioso de tentar novas

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amizades, simplesmente para descobrir que à medida que troca de amigos, mais se encontra solitário.

Os Desafios dos Relacionamentos na Igreja:

Infelizmente, a cultura que gera relacionamentos superficiais vem afetando diretamente a igreja. Muitas igrejas da pós-modernidade não tem conseguido alterar essa realidade; não conseguem gerar relacionamentos duradouros.As igrejas do passado, funcionavam, mais ou menos, como centros comunitários nas pequenas cidades e bairros onde se instalavam. Lá, as pessoas se encontravam, desenvolviam um ambiente de aconchego. Divertiam-se, tinham sonhos comuns, namoravam e casavam. É verdade, que havia muita fofoca, às vezes uns se metiam exageradamente na intimidade dos outros, mas em compensação os laços de amizade e afetos eram duradouros.Hoje, as grandes igrejas agregam pessoas não só do bairro, mas de toda a cidade. Pessoas habituadas a relacionamentos fugazes, desacostumadas a um contato mais pessoal, ariscas para não se exporem. Gente que entra em contato com milhares de pessoas diariamente, mas rápida e superficialmente. Para elas, deixar-se conhecer significa tornar-se vulneráveis e a primeira lição de sobrevivência que se deve aprender numa cidade é que ninguém deve se mostrar vulnerável. Os assaltos nos semáforos acontecem principalmente com mulheres; os pequenos furtos nas praças, com idosos. Qualquer descuido é fatal. Há uma porção de charlatões tentando se aproveitar dos menos avisados. A grande cidade ensina aos seus habitantes a se proteger não se expondo.Para o homem urbano, o encontro sexual não pode mais ser desprotegido; as negociações precisam de assessoria de um advogado experiente; não se deve mais contentar com apenas uma consulta médica, deve-se procurar uma segunda opinião; e, ninguém deve freqüentar uma igreja sem antes certificar-se de que seu pastor não e um oportunista.Aprendi essa dura realidade logo que cheguei a São Paulo. Geruza e eu marcamos para visitar uma senhora viúva que vinha freqüentando os cultos da nossa igreja. Compadecidos com sua luta para sobreviver, trabalhando mais de oito horas por dia e ainda cuidando de sua mãe octogenária e uma filha adolescente, interessei-me por saber como conseguia administrar seu salário. Deixei explícito que desejávamos ajudar. Sua reação foi típica de quem vive numa grande metrópole. Ela respondeu com evasivas e tratou de espalhar na igreja, de sorte que chegasse aos nossos ouvidos, que não gostara que bisbilhotassemos sua vida particular. A princípio me magoei, mas depois compreendi que aquela viúva exercitava apenas seu direito de se defender dos oportunistas (inclusive religiosos).Numa igreja urbana as pessoas chegam anonimamente, assistem passivamente ao culto e saem como entraram, anonimamente, muitas vezes sem ao menos ser cumprimentadas na porta pelos diáconos.Como o pitch mercadológico(8) que atraiu essas pessoas não incluía relacionamentos e sim sucesso, prosperidade e vida abundante, elas até se sentiriam enganadas se, de repente, em algumas igrejas, se falassem em discipulado. A estratégia então é gerar um ambiente “para cima”, triunfalista. Se é artificial não interessa, porque a realidade não importa mesmo.As igrejas gradativamente se convertem de centros comunitários em centros de auto-ajuda. O fim disto tudo é que conseguem produzir momentos, apenas momentos, de

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júbilo, alegria e sensações. Quando, porém, despedem as multidões, jogam as pessoas de volta para a solidão e desespero de suas vidas. A igreja assim pode até ganhar o mundo inteiro, contudo, perdendo sua capacidade de oferecer afetos, não perde também sua alma? (Mc 8.36)

A Igreja Cumprindo Sua Missão:

O novo testamento vale-se de uma palavra comunitária para transmitir o conceito da igreja. A Ekklesia do grego, a princípio não carregava uma concepção religiosa, simplesmente comunitária. Com o passar do tempo e a institucionalização da religião, a palavra igreja passou a representar uma instituição, e depois até o prédio. Nesse final de século a igreja enfrenta um grande desafio de resgatar o sentido comunitário do evangelho. Vejo pelo menos duas maneiras de como isso pode acontecer.Através do resgate da encarnaçãoJesus, encarnou Deus no mundo. Antes de Jesus, Deus era apenas uma idéia, algumas vezes confusa. Na mitologia, Deus era a imagem e semelhança dos homens. No judaísmo, um mistério alto e incompreensível. Quando Moisés ouviu sua voz no monte Horebe, sua reação foi querer saber logo a respeito de Quem falava com ele. Queria desvendar o mistério da divindade, não bastava conhecê-lo como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. A resposta de Deus continuava enigmática;“Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós: e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu sou me enviou a Vós.”(Ex 3.12-14)Essa frase, EU SOU parecia uma resposta incompleta. EU SOU quem? EU SOU o que? Pôr séculos, permaneceram essas reticências até que o “Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. (João 1.12) Assim, a idéia de Deus corporificou-se em Jesus; não havia mais dúvidas. Nas diversas vezes que ele terminou a frase aparentemente incompleta de Deus a Moisés, suas declarações transformaram-se em sentenças retumbantes de Deus ao mundo: Eu SOU caminho, a verdade, e a vida. EU SOU o pão e céu. EU SOU a videira verdadeira. EU SOU a luz do mundo. EU SOU a porta. EU SOU a ressurreição e a vida.Cada passo, gesto ou palavra de Jesus comunicava Deus aos homens. Lucas afirma que:“Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem, e curando todos os oprimidos do diabo porque Deus era com ele” .(At 1-.38.). Suas palavras eram oráculos divinos. Todas as vezes que ele falava, circunstâncias mudavam, a natureza se acalmava e pessoas se transformavam, porque Deus era com ele. Certa vez, os fariseus, conspirando, mandaram alguns soldados do templo prender Jesus. Não contavam, porém, com o risco que aqueles homens corriam ao ouvir as palavras de Jesus. Era o último dia, o dia da grande festa e sua mensagem tratava de sede e de uma água que se transformaria em rios de água viva jorrando do ventre de cada um. O conteúdo completo do sermão não se encontra registrado, sabe-se apenas que aquela água viva representava o Espírito Santo.Os soldados quedaram-se pasmos pelo que ouviam. As palavras de Jesus vinham de encontro às necessidades mais profundas da alma de cada um. Hipnotizados pelo que ouviam, não se mexeram. Quando Jesus terminou seu sermão, a multidão se dispersou e eles não conseguirão prendê-lo. Quando os soldados retornaram aos principais sacerdotes judaicos, eles perguntaram: - “Porque não O prenderam”? A resposta ainda ecoa pelos pórticos da eternidade:

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“Nunca homem algum falou assim como este homem”. (Jo 7.45-46). Mas, Jesus encarnou Deus na terra para que as pessoas também não tivessem dúvida sobre o seu amor. Um certo dia, um pobre leproso de Cafarnaum, aproximando-se de Jesus, esboçou uma dúvida sobre o caráter de Deus: “Senhor, se queres, serei limpo”. Ele não questionava o poder de Jesus, isso pareceu resolvido na sua decisão de buscar ajuda. O que lhe atormentava era saber se Jesus se compadecia de sua necessidade. A resposta de Jesus foi incisiva; “Quero”, resolvendo a dúvida sobre o caráter de Deus, ele quer sim, visitar as pessoas nas suas aflições.Quando Filipe lhe perguntou; “Senhor mostra-nos o Pai e isso basta”. Jesus lhe respondeu:“Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu : Mostra-nos o Pai”? (Jo 14.8)Jesus corporificou as idéias do Pai e conseguiu transmitir a autêntica mensagem de Deus através de seu viver. O EU SOU tornou-se no Emanuel, o Deus conosco. O divino invadiu em Cristo o espaço do material, pela primeira vez o corruptível tornou-se incorruptível, e o mortal, na ressurreição, alcançou a imortalidade.A igreja para ser autenticamente cristã e eficaz precisa encarnar Cristo.Antes de ser um espaço para o aprimoramento dos potenciais humanos e, antes de ser uma instituição social, a igreja necessita se ver como a expressão do corpo de Cristo na terra. Como Cristo transmitiu Deus, hoje compete à igreja transmitir Cristo ao mundo. Somente assim ela pode ser um espaço relacional, pois quando entender sua tarefa de encarnação ela se verá como corpo.Textos da bíblia como o de 1 Coríntios 12, sobejamente demonstram que à medida que a igreja se compreende como encarnação de Cristo, assumindo seu papel de corpo, ela se articula. Os membros passam a desempenhar seus dons, e Cristo, como cabeça deste corpo, fornece a liderança. A dignidade humana nessa dimensão deixa de ser desempenho e passa para a esfera relacional. Todos são amados e queridos não porque demonstram sinais de riqueza, beleza e poder, mas porque estão ligados ao corpo místico de Cristo.Michael Green, em sua tese sobre a igreja no Congresso de Lausane, chegou a afirmar que a comunhão dos crentes foi responsável pelo impacto da igreja primitiva no mundo antigo:“Quer tenhamos em vista Jerusalém ou Antioquia; quer leiamos nas entrelinhas das Cartas aos Filipenses ou Tessalonicenses; quer fixemos nossa atenção em Éfeso nos dias de Paulo e João, ou na Cartago do tempo de Tertuliano, a importância da comunhão cristã é fácil de ver. Esses cristãos abraçavam todas as cores, todas as classes e todos os intocáveis da sociedade antiga numa unidade. Davam a impressão de estarem em perpétua celebração, mesmo em face da morte. Seus cultos davam oportunidade para que muitas pessoas espiritualmente dotadas usassem seus dons para o bem da maioria. O cuidado que demonstravam pelos que tinham necessidade tornou-se proverbial na antigüidade. Quando as pessoas percebiam como esses cristão se amavam uns aos outros, quando notavam que nessa sociedade de Jesus os poderes do tempo por si eram realmente exercidos (profecia, línguas, cura, junto com ensino, administração e obras de caridade), então ouviam a mensagem de Jesus, que sozinho respondia por toda essa singular situação”A igreja é o sinal mais concreto do reino de Deus. “Foi enviada ao mundo exatamente como Cristo foi enviado pelo Pai.” (Jo 17.11-18) (Padilla, Evangelização e Mundo, Abu, pag. 152).

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Enquanto as comunidades estiverem centradas nas instituições, nos programas e em ativismo, a igreja permanecerá atraindo as pessoas, mas falhará em prover um ambiente de relacionamentos profundos.

O Discipulado:

Os relacionamentos fracionados e sem compromisso do homem pós-moderno conclamam a igreja a rever seus princípios sobre o discipulado. Muito já se falou sobre discipulados e muito já se discutiu sobre sua relevância na igreja. Mas o discipulado hoje, é essencial para a própria sobrevivência do Cristianismo. No imperativo de Cristo de fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.19), não se encontra apenas a necessidade expansionista da fé, mas a própria preservação dos conteúdos principais da fé. Sem fazer discípulos o cristianismo encontra-se condenado a se tornar uma empresa missionária, nada mais. O que lhe aufere pertinência é exatamente esse contato pessoal.O próprio Sr. Jesus calcou Seu ministério em relacionamentos pessoais. Sim, Ele alcançava as multidões e ministrava às necessidade de todos os que Lhe procurassem no espaço público investido com apenas um pequeno punhado de homens e mulheres a Quem chamou de discípulos, e jamais falhou em procurar no diálogo pessoal estabelecer vínculos mais permanentes com os indivíduos. Seus métodos evangelísticos incluíam olhar o fundo dos olhos das pessoas.A distribuição do Seu tempo não consistia primordialmente em aulas e exposição sobre temas que tratassem de espiritualidade. Algumas vezes, chamou seus discípulos para descansar. Participou de casamentos com eles. Acompanhou-os em pescarias. Para Jesus, o projeto do reino de Deus consistia muito em estar junto. O texto de Marcos 3.14-15 é significativo, sua prioridade maior era querer estar com os seus discípulos mesmo antes de comissioná-los a fazer missão:“Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios”.Saliente-se ainda que o discipulado de Jesus envolvia o estabelecimento formal de laços de submissão e prestação de contas. Seu projeto distanciava-se muito da atual atitude descompromissada de alguns que vêm à igreja, Jesus sabia que é impossível relacionamentos duradouros e profundos sem compromissos formais. Aqueles que, desejaram segui-lo sem compromissos explicítos foram rechaçados:“Ora, ia com ele uma grande multidão; e voltando-se, disse-lhe: Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a vierem comecem a escarnecer dEle dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz”. (Lucas 14.25-32.)Para Jesus esse custo a ser calculado, indicava que o envolvimento do discípulado seria formal. Nada dessa intensa troca de igrejas que se observa hoje. Não há nada que se desatualize com maior rapidez que o rol de membros das grandes igrejas urbanas. Todas as semanas, novas pessoas chegam, mas também saem em busca de um ambiente que

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lhes seja mais aprazível. Não há qualquer sentimento de pertinência; ninguém se sente ligado organicamente a ninguém.Para se resgatar o discipulado no cristianismo atual, há necessidade de se restabelecer nas igrejas um conceito de aliança. O pacto de Rute e Noemi deve inspirar ao homem pós-moderno que, na dimensão espiritual, as alianças devem ser mais que uma casual adesão a uma organização humana. Como a igreja metaforicamente(9) simboliza o compromisso de uma noiva com o noivo, as pessoas devem estar cônscias(10) que, ao se ligarem a qualquer comunidade local, estão entrando numa aliança tão espiritualmente formal quanto um casamento. Ao se unir como membro de uma comunidade, o crente deve entender que aquela união está sendo ligada também no céu. A mesma advertência que Jesus fez para os casamentos vale para a membrezia da igreja:“...Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. (Mateus 19.6b.)Deve-se desenvolver um conceito de discípulado tão forte nas igrejas ao ponto de ser inadmissível que uma pessoa pense em sair para outra comunidade. Isso representaria um ato de rebelião, pois quebraria uma aliança selada em Deus.Há um princípio bíblico muito esquecido na pós-modernidade que é o da prestação de contas. Todas as vezes que Jesus delegou algum tipo de responsabilidade ou contou alguma parábola em que pessoas desempenhavam alguma tarefa, sempre houve uma prestação de contas posterior. Submissão implica em se prestar contas dos atos a outrem. A grande dificuldade da maioria dos pastores urbanos é a que mentalidade de prestação de contas simplesmente não existe.Quando Tito enfrentou dificuldade em plantar a igreja de Creta, recebeu de Paulo uma exortação para que não desanimasse diante das inúmeras dificuldades daquela ilha e a fórmula que ele deu para o seu sucesso ministerial foi:“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas, que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei”.(Tito 1.5)O estabelecimento de uma liderança devidamente discipulada era mais importante para Paulo do que incrementar os esforços evangelísticos. Ele sabia que o sucesso daquele empreendimento só teria continuidade através de pessoas trabalhadas nos relacionamentos, no caráter, e submissão.Sua concepção de que o discipulado deve ser a coluna vertebral da vida da igreja, está nos seus últimos conselhos a Timóteo quando pressente a sua morte:“E o que de mim, entre muitas testemunhas ouvistes, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem a outros”. (2 Timóteo 2.2)O mundo não se impressionará com nossa eloqüência retórica nas plataformas. A organização institucional da igreja será incapaz de transformar esse mundo. Se a igreja deseja fazer frente ao espírito contrário ao Reino de Deus, resta-lhe somente duas opções: o da encarnação e o discípulado. Portanto, mãos à obra!

Notas:

(1) Pós-Moderno - Pessoa que esta inserida nos valores da Pós-Modernidade. Para entendermos o que é Pós-Modernidade , cabe aqui explicar o que é Modernidade.A Modernidade se estabeleceu a partir do grande desenvolvimento tecnológico e científico e se definiu nos comportamentos sociais, ou seja, o modo de vida das pessoas com o acesso que elas passaram a ter a este desenvolvimento, além da urbanização, globalização de informações e da cultura. A Pós-Modernidade mescla os comportamentos sociais que a Modernidade produziu com o desencanto que as pessoas tiveram com ele,

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ou seja, a Modernidade não trouxe os benefícios e nem as respostas para a vida que aparentemente prometera.Deste modo, a Pós-Modernidade abarca uma Modernidade ainda mais avançada e selvagem, misturada com sentimentos de insatisfação, medo, angústia e excitação ao mesmo tempo.

(2) Pragmatismo - Se refere à prática, aquilo que pode ser realizado, feito, levado a têrmo, cumprido sem muitas dificuldades. Se define em pessoas que crêem só no que é possível, concreto, naquilo que pode trazer resultados imediatos.

(3) Cinismo - Nasceu como escola de pensamento na Antigüidade. Sua concepção moderna, porém, se define a partir do “descaramento das pessoas”, ou seja, indivíduos que vivem e se comportam falsamente na tentativa de se adaptar ao meio e aos relacionamentos. A falsidade aqui, seria um meio de sobrevivência moderna.

(4) Apolítico - Não-político, ou seja, no contexto moderno, é o indivíduo que não se compromissa com nenhuma relação mais profunda a alguma instituição ou grupo específico, geralmente faz isto para se manter com grande flexibilidade em seu comportamento social, isto é, muda de opinião rapidamente.

(5) Amoral - Como o apolítico, não se fixa à opiniões determinadas quanto à moral. Diferente do imoral que vai em confronto com os valores morais, o amoral não define em sua vida exatamente o que é imoral ou moral, típico de um mundo em constate transformação e mudança.

(6) Naturalista - Que tenta buscar nos meios naturais (tanto quanto nos alimentos, medicina, comportamento e moda), razões alternativas que reflitam a sua rebelião ao mundo moderno e artificial em que vive. Porém, o resultado é contraditório, ou seja, ao invés de ser natural, leva o indivíduo a um comportamento artificial.

(7) Narcisista - Se fundamenta no mito grego de Narciso, homem que tinha grande vaidade e paixão por si mesmo. Gostava de se contemplar no espelho d’água e achar-se o mais belo de todos. No entanto, na concepção moderna, o Narcisista é o indivíduo que se importa apenas com as suas próprias opiniões. O seu comportamento é sempre triunfalista, de vitória de si mesmo. Acha belo o seu modo de vida e comportamento social.

(8) Pich mercadológico - Lançamento ou novidade do mercado, aquilo que de mais interessante pode ser estabelecido para vender. No caso do texto que você esta lendo, o pitch mercadológico se trata dos produtos de lançamento que as igrejas urbanas colocam a disposição. Conforme o autor, o principal produto deste pitch mercadológico é o sucesso, excluindo os relacionamentos.

(9) Metaforicamente - Simbolicamente; que substituí uma palavra por outra de semelhante sentido ou idéia figurada.

(10) Cônscias - Conscientes, informadas, determinadas, estão sabendo.

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Bibliografia

- Hocking, David; Wagner, C. Peter - As Sete Leis da Liderança Cristã - Ed. Abba Press;- Kivitz, Ed Rene - Quebrando Paradigmas - Ed. Abba Press;- Gondim, Ricardo - Fim de Milênio: Os Perigos e Desafios da Pós- Modernidade na Igreja - Ed. Abba Press;

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