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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
FRANCISCO LÁZARO GOMES DOS SANTOS
GESTÃO ASSISTENCIAL EM INTENSIVISMO ADULTO: UMA RELAÇÃO
TÊNUE ENTRE LONGEVIDADE E A MORTALIDADE POR AGRAVOS
EVITÁVEIS
Teresina – PI
2018
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FRANCISCO LÁZARO GOMES DOS SANTOS
GESTÃO ASSISTENCIAL EM INTENSIVISMO ADULTO: UMA RELAÇÃO
TÊNUE ENTRE LONGEVIDADE E A MORTALIDADE POR AGRAVOS
EVITÁVEIS
Artigo apresentado ao Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva - IBRATI, como requisito de avaliação para Conclusão de Curso de Mestrado em Terapia Intensiva.
Orientadora: Dra Cláudia Conforto.
Teresina – PI
2018
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FRANCISCO LÁZARO GOMES DOS SANTOS
GESTÃO ASSISTENCIAL EM INTENSIVISMO ADULTO: UMA RELAÇÃO
TÊNUE ENTRE LONGEVIDADE E A MORTALIDADE POR AGRAVOS
EVITÁVEIS
Artigo apresentado ao Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva - IBRATI, como requisito de avaliação para Conclusão de Curso de Mestrado em Terapia Intensiva.
Orientadora: Dra Cláudia Conforto.
Juazeiro do Norte, 24 de Fevereiro de 2018.
Banca Examinadora
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GESTÃO ASSISTENCIAL EM INTENSIVISMO ADULTO: UMA RELAÇÃO
TÊNUE ENTRE LONGEVIDADE E A MORTALIDADE POR AGRAVOS
EVITÁVEIS
Francisco Lázaro Gomes dos Santos1, Cláudia Conforto de Sá2
RESUMO:
A relevância desse estudo pauta-se na possibilidade de oferecer suporte para outras pesquisas, bem como favorecer o entendimento da gestão dos leitos e da assistência em UTI Adulto, assim como a gestão estratégica dos recursos e do aprimoramento do serviço intensivo. Tendo como objetivo geral analisar sobre a dinâmica da mortalidade por causas preveníveis e o impacto na gestão estratégica e assistencial em Terapia Intensiva. Optou-se por pesquisa de revisão bibliográfica qualitativa, utilizando da base de dados reunidas através de dissertações, teses e artigos das principais bases de estudo acadêmico, com prioridade para as produções cientificas públicas nos últimos trinta anos, justificado pela transição da mortalidade que ocorreu nos anos oitenta e noventa para os anos dois mil. Notou-se que a mortalidade, traduzida pelas chamadas estatísticas de mortalidade, continua representando importante subsídio para a grande maioria dos indicadores de saúde, mesmo nos chamados países desenvolvidos e industrializados. E conclui que o estudo da mortalidade por causa, excluindo-se as mal definidas, caracteriza epidemiologicamente a saúde da população e indica prioridades.
PALAVRAS-CHAVE: Unidade de Terapia Intensiva. Mortalidade. Longevidade. Agravos Evitáveis.
ABSTRACT:
The relevance of this study is based on the possibility of providing support for other researches, as well as favoring the understanding of bedside management and adult ICU care, as well as the strategic management of resources and the improvement of the intensive service. With the general objective of analyzing the dynamics of mortality due to preventable causes and the impact on the strategic and assistance management in Intensive Care. We chose a qualitative bibliographic review research, using the database gathered through dissertations, theses and articles of the main academic study bases, with priority for public scientific productions in the last thirty years, justified by the transition of mortality that occurred in the eighties and ninety for the two thousand years. It was noted that mortality, translated by the so-called mortality statistics, continues to represent an important subsidy for the vast majority of health indicators, even in the so-called developed and industrialized countries. And he concludes that the study of mortality by cause, excluding the poorly defined, epidemiologically characterizes the health of the population and indicates priorities.
KEY WORDS: Intensive Care Unit. Mortality. Longevity. Preventable Diseases.
1Especialista em Unidade de Terapia Intensiva Adulto pela UFU, Uberlândia - MG. Especialista em Infectologia Hospitalar e Obstetrícia – AVM Faculdade Integradas. Mestrando em Terapia Intensiva pelo Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva - IBRATI. E-mail: [email protected]. Mestre e Doutora em Terapia Intensiva pelo Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva - IBRATI.
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1 INTRODUÇÃO
A população mundial está vivendo mais (VERAS, 2003). Contudo, com o
envelhecimento torna necessário cuidados com a saúde, maior progresso da ciência,
aprimoramento no combate às doenças e melhorias no meio ambiente.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE - 2003), o
desenvolvimento populacional do Brasil nas últimas duas décadas se deu a partir da redução
da mortalidade juntamente com a redução no processo de fecundidade, tornando-se assim um
país, com tendência ao envelhecimento populacional.
Para Veras (2003), esse processo de envelhecimento populacional é considerado um
fator de risco importante para múltiplas doenças, entre elas, as Doenças e Agravos Não-
Transmissíveis (DANT), que para o Ministério da Saúde (2010), corresponderam a
aproximadamente 67% das causas básicas de óbito entre os anos de 2000 a 2007.
Por outro lado, a União, Estados e Municípios brasileiros tem investido maciçamente
no combate as DANT, reafirmando estratégias, como da Saúde da Família como sendo
responsável pela resolução de 85% dos casos inseridos na atenção a pessoa e a coletividade,
restando apenas 15% das demais comorbidades ou situação de atenção à saúde secundária,
especializada e ou terciária (LAURENTI; MELLO JORGE; GOTLIEB, 2005).
Estudos longitudinais têm mostrado a relação tênue entre a longevidade, DANT e
demais comorbidades que tem alta taxa de mortalidade como os cânceres, mortes por causas
externas deve ser priorizado pelo acompanhamento hospitalar de alta complexidade
(NOVAES; KNOBEL,2008), o que indica que a população está vivendo mais com um grau
crescente desses problemas e, que existe uma relevância maior de se tratar sobre a gestão
estratégica da admissão de agravos de maior complexidade clínica em pacientes
(LAURENTI; MELLO JORGE; GOTLIEB, 2005).
A longevidade, de fato é uma dádiva, entretanto, para cada decênio de vida, a
incidência de doenças cardiovasculares em adultos dobra, os índices de internamento por
câncer tem elevados números, assim como as doenças e agravos por causas externas evitáveis,
fato esse último, inquietante (SILVA, et al. 2012).
Mas, tendo em vista que apesar dessa estatística, grande parte dessas condições
crônicas poderiam ser evitadas com mudanças no estilo de vida, acompanhamento adequado
em instâncias de menor atenção à saúde, promoção, educação, prevenção e acompanhamento
médico (PEREIRA; BARRETO; PASSOS, 2008).
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Nesse contexto, a longevidade trouxe consigo a inversão de parâmetros e cuidados
diferenciados, sendo assim de extrema importância buscar apoio em estudos que envolvem a
questão da longevidade, a mortalidade por DANT e a necessidade de aparato tecnológico para
manutenção da vida e bem estar fisiológico (PEREIRA; BARRETO; PASSOS, 2008).
Por último, a pesquisa sobre mortalidade traz à tona uma vertente de trabalho tímida
frente as demais arestas de pesquisa. Isso ocorre segundo Palú, Labronici e Albini (2004),
porque o final da vida ainda é um momento que pouco se deseja falar, apesar de que a morte é
uma situação progressiva, que ocorre com diminuição e alterações das funções vitais que
culminam no limiar da existência, devendo assim ser encarada como um sentimento natural
do comportamento humano.
A relevância desse estudo pauta-se na possibilidade de oferecer suporte para outras
pesquisas, bem como favorecer o entendimento da gestão dos leitos e da assistência em UTI
Adulto, assim como a gestão estratégica dos recursos e do aprimoramento do serviço
intensivo.
Diante do exposto, este estudo busca analisar sobre a dinâmica da mortalidade por
causas preveníveis e o impacto na gestão estratégica e assistencial em Terapia Intensiva.
Detalhando através dos achados literários bibliográficos disponíveis sobre a tendência da
mortalidade e o advento da longevidade humana; bem como demonstrar a magnitude de se
trabalhar as estatísticas sobre morbi-mortalidade para a gestão dos recursos em UTI.
Fazer uma análise holística sobre a mortalidade permite conhecer o perfil da
população estudada. Neste contexto e considerando a importância dos dados de mortalidade
como ferramenta de planejamento estratégico de ações, promoções e adequação do serviço.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Entende-se que uma pesquisa científica requer uma atribuição na qual lança cuidados
de procedimentos formais e métodos reflexivos com o objetivo de ratificar ou refutar os fatos
pesquisados, ao mesmo tempo em que propõe soluções definitivas ou parciais.
Partindo desse pressuposto, a natureza desse trabalho traz como abordagem a pesquisa
qualitativa, por trabalhar com dados teóricos que objetivam buscar significado. Visa ainda,
explicar origem, mudanças relacionadas ao fenômeno em estudo e suas relações mediante a
máxima valorização do contato direto com a situação estudada e busca o que é comum, mas
permanece aberta para perceber a individualidade e os múltiplos significados, tendo o
pesquisador como o seu principal instrumento (OLIVEIRA, 2011).
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Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, por ser uma pesquisa embasada em
material já elaborado, constituído principalmente em livros e artigos científicos, porém não se
constitui de uma repetição de dados mas um novo enfoque (GIL, 2010). Este tipo de pesquisa
tem como principal objetivo levar o pesquisador a entrar em contato direto, com tudo o que
foi escrito, dito, filmado sobre determinado assunto (LAKATOS; MARCONI, 2005).
Esse estudo de revisão bibliográfica foi realizado a partir da base de dados reunidas
através de dissertações, teses e artigos das principais bases de estudo acadêmico, com
prioridade para as produções cientificas públicas nos últimos trinta anos, justificado pela
transição da mortalidade que ocorreu nos anos oitenta e noventa para os anos dois mil.
Dessa forma, foram utilizadas como principais fontes de informação: LILASCS –
Literatura Latino Americana e do caribe em Ciências da saúde, que se refere a uma base de
dados cooperativa da Rede BVS; MEDLINE – Literatura Internacional em Ciências da Saúde;
Biblioteca Cochrane, na qual consiste de uma coleção de fontes de informação atualizada
sobre medicina baseada em evidencias, incluindo a Base de dados Cochrane de revisões
sistemáticas, que são revisões preparadas pelos grupos da colaboração Cochrane; e SCIELO –
Electronic Library Online, bem como a base de dados do Instituto Brasileiro de Terapia
Intensiva (IBRATI).
Para a realização deste trabalho de revisão de literatura foi adotado as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para apresentação de manuscritos.
3 REVISÃO LITERÁRIA
3.1 Importância, estereótipos e real entendimento da UTI
De acordo com Fonseca e Fonseca (2010), as Unidade de Terapia Intensiva (UTI),
nascem da ideia da enfermeira Florence Nightingale ao descrever os benefícios de se ter uma
área separada do hospital para pacientes em recuperação de cirurgia durante a guerra da
Criméia, século XIX. De tal maneira, explicava-se que os pacientes mais graves ficassem
mais próximos à área de trabalho das enfermeiras, tendo assim um melhor acompanhamento e
vigilância.
Dessa maneira, a gênese estrutural das UTIs, surgiu no entendimento em buscar aliar o
que existe de mais aprimorado em tecnologia, aliado a conhecimento científico, tendo como
objetivo magno reduzir o número de mortes dos pacientes em que até então não conseguiam
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resistir a determinadas situações, comorbidades ou agravos a saúde (FERREIRA; MENDES,
2013).
No Brasil, na década de 60 surgiram as primeiras UTIs em São Paulo e Rio de Janeiro
(PESSINI, 2004). Já nos anos 70 no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com dez leitos
direcionados a um atendimento diferenciado ao paciente grave (CUCHI, 2009). O serviço
de UTI promove uma atenção de base própria, equipada com aparelhamentos
disponíveis, recursos profissionais adequados que objetiva oferecer uma
assistência mais eficiente e segura (ABRAHÃO, 2010).
Sumariamente, pode-se compreender com Terapia Intensiva o espaço nosocomial que
tem como objetivo receber pacientes clínicos, pós-cirúrgicos, terminais e em estado grave
com possibilidades de recuperação, sendo dessa maneira um local que acolhe pessoas com
diagnósticos diversificados e com necessidades e cuidados específicos (PREGNOLATTO;
AGOSTINHO, 2010).
A importância da UTI, foi mencionada e amparada pela legislação a cerca de vinte
anos, quando o Ministério da Saúde, segundo a Lei 3.432, de 12 de agosto de 1998, define a
UTI como sendo um departamento proposto ao atendimento de pacientes graves ou de risco
que dispõem de subsídio do serviço médico e de enfermagem contínuos, com equipamentos
específicos, recursos humanos especializados, além de acesso a outras tecnologias destinadas
ao diagnóstico e terapêutica.
Contudo, cabe reforçar que magnitude do trabalho intensivo adulto, por exemplo, está
atrelado a sua equipe pluralizada. De acordo com Martins e Nascimento (2005), a equipe de
profissionais denominados intensivistas, necessita ser qualificada e especializada sendo ela
formada por: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, farmacêuticos,
fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, psicólogos e assistentes sociais (MARTINS;
NASCIMENTO, 2005).
Legitimando a interdisciplinaridade do serviço, Santos e Bueno (2011), reafirmam que
os profissionais que atuam no intensivismo, estão comprometidos com o cuidado dos
pacientes e suas famílias, bem como o comprometimento com a melhora no atendimento
humanizado e livre de erros e eventos adversos.
Já o estudo de Novaes e Knobel (2008), enfatizam que o ambiente de uma UTI,
configura-se em um cenário de aparelhos e ações profissionais rápidas e assertivas, que
podem levar a uma falsa impressão de isolamento, incerteza, medos e até angústia. Além
disso, a Unidade de Terapia Intensiva, tem seu nome vinculado a um estereótipo de morte
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eminente, há a crença de que é um local que conduz o paciente em estado terminal, ou que
não tem mais possibilidades de vida (SEBASTIANI, 2003).
Apesar de ser um ambiente que possui características que contribuem para o estresse
físico e psicológico dos pacientes, justamente por ser carregada de equipamentos estranhos,
alarmes incessantes, pessoas desconhecidas, cheiros desagradáveis e luzes quase sempre
acesas. Contudo, apesar de extremamente estressantes e alguns momentos, a UTI é na verdade
o local com maiores chances de prognostico para os pacientes internados em suas instalações
(NOVAES; KNOBEL, 2008).
Dessa maneira, a importância da UTI, segundo os estudos utilizados está no
entendimento que o adoecimento de uma pessoa e sua internação nessa unidade, além de
implicarem numa dinâmica específica de intervenção profissional requer também uma
modificação técnica e cientifica para a recuperação da saúde, sendo na UTI, o local com
maior probabilidade de recuperação da saúde (MARTINS; NASCIMENTO, 2005).
3.2 Histórico da Epidemiologia da morbi-mortalidade no Brasil
De acordo com Vasconcelos (1998), existem duas fontes oficiais, no Brasil, por
elaborar as estatísticas dos óbitos: o IBGE que publica seus resultados em "Estatísticas do
Registro Civil" e o Ministério da Saúde disponibiliza seus dados pelo Sistema de Informação
sobre Mortalidade (SIM) em "Estatísticas de Mortalidade", ambos em seus respectivos sítios
institucionais. No entanto ainda há discrepâncias nos resultados dessas duas fontes.
No decorrer das décadas o Brasil vem desenvolvendo inúmeros artifícios tecnológicos
nas áreas da ciência, porém, a evolução dos registros vitais no Brasil é marcada por fatores
políticos e instabilidades administrativas. A história do conhecimento dos eventos vitais, de
maneira quantitativa e sistematizada, é relativamente recente no País. Somente a partir da
década de 70 que começaram a surgir trabalhos com novas abordagens, exceto por alguns
estudos esporádicos anteriores (MORTARA, 1989).
De acordo com Paes (2005), no ano de 1974, o órgão responsável pelo processamento
dos eventos vitais – a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –
iniciou a série de publicações anuais das estatísticas vitais para todas as Unidades da
Federação (UF). Por sua vez, o Ministério da Saúde (MS) desenvolveu e implantou, em 1975,
o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), que além de processar dados para o volume
de óbitos ocorridos para as UF agrega o tipo de causa de morte, cuja série estatística foi
iniciada em 1979.
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Os dados sobre a mortalidade no Brasil ainda contém pontos falhos, porém desde 1976
vem tendo melhorias significativas, de acordo com Pereira (2003), o IBGE teve papel
fundamental nessa progressão, tendo como auxilio os recenseamentos e inquéritos utilizados
desde 1960.
Até 1995, o SIM classificava os óbitos e suas causas seguindo os capítulos da nona
revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-9). A partir daquela data, o
Ministério da Saúde adotou a décima revisão (CID-10); que, em seu capítulo XX, classifica
como "causas externas de morbidade e mortalidade". Quando se registra um óbito por causas
externas: acidentes, envenenamento, queimadura, afogamento (WAISELFISZ, 2007).
A cobertura dos óbitos nas primeiras idades é usualmente inferior à dos adultos, no
entanto, a mortalidade da população brasileira na infância é muito mais estudada do que a
adulta. Mesmo a mortalidade adulta possuindo a vantagem de ser mais reportada, a produção
do conhecimento sobre o potencial desses dados ainda é limitada, embora seja reconhecida
sua importância no encaminhamento de intervenções em diversos campos de atuação (PAES,
2005).
Dessa maneira é necessário que se invista mais no resgate do poder explicativo desses
registros de óbitos, bem como no de suas causas básicas, tanto na mortalidade adulta quanto
infantil.
Deve ser notificado ao SIM todo e qualquer óbito ocorrido no território nacional,
tendo ou não ocorrido em ambiente hospitalar, com ou sem assistência médica. A causa
básica de óbito analisada é aquela que desencadeou o processo mórbido que gerou o óbito,
independentemente do tempo que o precedeu (OMS, 1995).
O SIM vem apresentando avanços importantes em sua cobertura, tendo atingido em
2001 81,2% em relação ao número de óbitos estimado pelo IBGE. Essa cobertura, porém não
é ainda homogênea (92,7% na região Sul, 89,3% na região Sudeste, 84,1% na região Centro-
Oeste, 72,2% na região Norte e 65,6% na região Nordeste) (COSTA et al., 2003).
Nas últimas décadas, o Brasil vem alcançando importantes avanços em sua situação de
saúde, observadas do ponto de vista cientifico nas mudanças do perfil epidemiológico. A
queda da taxa de mortalidade infantil, a redução na mortalidade proporcional das doenças
infecciosas e aumento das doenças crônicas-degenerativas determinaram reflexos positivos no
aumento da expectativa de vida, porém ocorreu um aumento nas doenças não-transmissíveis e
a mortalidade por causas externas (ANDRADE et al., 2008).
Houve uma redução de 11,1% da mortalidade geral no Brasil entres os anos de 1980 e
2001, a estatística caiu de 6,3 para 5,6 por mil habitantes no referido período. Em 1980 as
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doenças do aparelho circulatório eram a principal causa morte, o que permaneceu em 2000,
mas, entre os 1980 e 2000 tiveram mudanças significativas nas causas de morte no Brasil tais
como: as neoplasias que eram a 5ª causa morte, passou a ser a 3ª, foi observado o aumento das
mortes por doenças do aparelho respiratório e em contra partida a diminuição das mortes por
doenças infecciosas e parasitárias (BRASIL, 2004).
Ainda de acordo com o mesmo autor, ao mesmo tempo em que o Brasil vem
alcançando essas importantes conquistas, antigas preocupações tornam-se objeto de estudo
entre os profissionais da área da saúde. Entre esses, encontra-se o crescimento das causas
externas, que a partir de 1980, passam a ocupar o segundo lugar entre as causas de morte no
país. No Brasil, no ano 2000, ocorreram 118.367 mortes por causas externas, o que
representou 12,5% do total de mortes.
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na maioria dos países do
mundo, com exceção da África. No Brasil a mortalidade por este grupo de doenças ocorre em
idades mais precoces e está associada a piores condições sócio-econômicas (LOTUFO, 1998).
Segundo Buss e Pellegrini (2007), a desigualdade social determina em saúde gerando
escassez de recursos para alguns indivíduos e levando à ausência de investimentos em
equipamentos comunitários de educação, transporte, saneamento, lazer, habitação, serviços de
saúde e outros.
Não somente no Brasil, mas também em outros países do mundo, é principalmente a
partir dos dados de mortalidade que se estudam as causas externas, em razão da facilidade de
obtenção e qualidade da informação (LEBRÃO; MELLO-JORGE; LAURENTI, 1997).
A violência contra adolescentes acompanha a trajetória da humanidade e os jovens do
sexo masculino são suas principais vítimas pela sua exposição e vulnerabilidade. Segundo
Minayo (1994), quando a morte ocorre numa etapa da vida de alta criatividade e
produtividade, como é a adolescência, não só pune o indivíduo e o grupo que lhe é próximo,
mas também priva a coletividade de seu potencial intelectual e econômico.
De 1990 a 2000, morreram no Brasil 211.918 crianças e adolescentes por acidentes e
violências, sendo que 33.512 ocorreram na faixa etária de 10 a 14 anos e 119.203 em
adolescentes de 15 a 19 anos. A mortalidade por causas externas no Brasil segue a tendência
mundial e concentra-se nas regiões metropolitanas (SOUZA; MELO JORGE, 2004).
Os dados referentes às internações e ou emergências nem sempre são facilmente
disponíveis, pois muitas vezes dependem de estudos específicos. É somente a partir de 1997
que os dados provenientes das internações no Sistema Único de Saúde (SUS) dispõem dos
códigos relativos ao tipo de causa externa, além da natureza da lesão (disponíveis desde
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1992). Em 2000, as causas externas representaram 5,2% do total das internações realizadas no
país (BRASIL, 2004).
Em três décadas após a criação do SIM, a produção ainda não tem sido relativa ao
conhecimento do comportamento dessas estatísticas. Vários fatores podem ser atribuídos a
esse atraso, mas seguramente estão associados às grandes diferenças entre regiões e estados.
Esses fatores têm relação com aspectos sociais, econômicos e com as condições de vida das
populações, os quais têm influenciado fortemente a qualidade dos registros vitais (PAES,
2005).
Para Paes e Albuquerque (1999), são comuns os estudos que abordam a mortalidade
brasileira por meio de estimativas indiretas, apoiadas em severas restrições quanto ao
comportamento demográfico e social das populações. As estatísticas atuais oferecem um
campo de exploração, cujos dados carregam um poder explicativo suficiente para apontar
tendências e padrões de comportamento. Ademais, fornecem informações úteis para se
entender como se processa a dinâmica da mortalidade brasileira para vários estados.
Por que nas sociedades ocidentais os homens morrem antes do que as mulheres? A
explicação tradicional reside no fato de os primeiros seguirem comportamento de maior risco,
tais como acidentes com veículos automotores, homicídios, suicídios ou acidentes com armas
de fogo. Esse aumento da mortalidade masculina coincide com o advento da puberdade e se
estende até as idades avançadas (OWENS, 2002).
Portanto segundo Moore e Wilson (2002), a mortalidade masculina a mecanismo de
seleção sexual, uma vez que, segundo esses autores, tal mecanismo levaria a maior
suscetibilidade dos indivíduos masculinos às infecções.
3.3 Características da mortalidade
A mortalidade, traduzida pelas chamadas estatísticas de mortalidade, continua
representando importante subsídio para a grande maioria dos indicadores de saúde, mesmo
nos chamados países desenvolvidos e industrializados (BRASIL, 2004). Ainda que nesses
países, de maneira geral, seja possível obter, mais facilmente, dados de morbidade, é a
mortalidade que continua como um dos principais, se não o principal, indicador de saúde. O
estudo da mortalidade por causa, excluindo-se as mal definidas, caracteriza
epidemiologicamente a saúde da população e indica prioridades (PEREIRA, 2003).
Existe um predomínio dos homens no número de morte se comparados ao mesmo
número em mulheres, justificado no estudo de Laurent (2005), que explica os indicadores
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tradicionais de saúde reafirmam a existência desse diferencial, tendo maior incidência de
mortalidade masculina em praticamente todas as idades.
Ainda de acordo com o mesmo desde 2001, as mulheres tinham maior sobrevida de
oito anos, em relação à esperança de vida masculina (respectivamente, 73 e 65 anos).
Em relação à faixa etária ao se aplicar o índice de Swaroop e Uemura nos dois
municípios, evidencia-se um índice mais elevado em Uberlândia (71,62%) do que em
Fortaleza-CE (64,06%), porém os dois municípios são classificados como nível de saúde bom
mas com a persistência de agravos preveníveis.
De acordo com Waldman (2000), o Brasil, do ponto de vista da saúde de sua
população, apresenta o paradoxo de conviver, ao mesmo tempo, com situação predominante
nos países desenvolvidos doenças não-infecciosas e com doenças já vencidas há décadas,
como várias doenças infecciosas, além, ainda, de altos valores da mortalidade infantil, em
algumas áreas.
Estudos longitudinais têm mostrado a relação entre a crescente longevidade e as
deficiências e incapacidades, indicando que a população está vivendo mais tempo com um
grau crescente desses problemas e, que existe uma prevalência maior de deficiências e
incapacidades nas idades avançadas, além das doenças crônicas (LAURENTI, 2005).
As doenças do aparelho circulatório apareceram como a primeira e as neoplasias
como a segunda causa de morte, o que segundo Shitani (2006), as doenças cardiovasculares
(DCV) representam a primeira causa de morte no Brasil e que, apesar da sua importância
crescente nos países em desenvolvimento, são poucos os estudos que investigam como as
desigualdades sociais afetam o quadro de mortalidade. Uma possível explicação para esses
diferentes resultados em incidência das DCV de acordo com o mesmo, está relacionada ao
problema da qualidade da informação.
Síndrome Metabólica
A Organização Mundial de Saúde estimou que em 2005 ocorreram 35 milhões de
mortes por doenças crônicas no mundo, sendo que aproximadamente 7,6 milhões, ou 21,7%,
corresponderam às neoplasias (OPAS, 2002).
Segundo dados do Ministério da Saúde (2005), no Brasil, desde o ano 2000, as
neoplasias correspondem à segunda causa de morte, atrás apenas das doenças do aparelho
circulatório e superando o total de óbitos por causas externas. Entre 1993 e 1999 houve uma
variação percentual anual na mortalidade por câncer no Brasil de 2,68% entre as mulheres e
de 2,79% entre os homens. Quanto à incidência, o Instituto Nacional do Câncer (INCA)
estimou que em 2006 ocorram 234.570 novos casos de câncer no sexo masculino e 237.480
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no sexo feminino no Brasil, sendo, à exceção de pele não melanoma, o câncer de mama
feminina e o de próstata os mais incidentes.
Caso medidas para o controle do câncer não sejam tomadas, 84 milhões de pessoas
irão morrer nos próximos dez anos por esta causa. A tendência também é de acréscimo na
incidência das neoplasias. Um aumento de 50% num prazo de quinze anos é estimado,
chegando-se a um total de 15 milhões de novos casos em 2024 (BOING; VARGAS; BOING,
2007).
As causas externas são a terceira causa morte entre os homens, principalmente os
acidentes e violências vem se tornando o motivo de preocupação, devido aos altos índices de
morbidade e mortalidade, são apontadas como grandes responsáveis pelas internações
hospitalares no Brasil. Apesar de, em geral, essas causas apresentarem menor tempo de
internação, seu custo é superior ao observado nas internações por causas naturais,
representando impacto significativo para os recursos públicos de saúde (TOMIMATSU et al.,
2009).
A Taxa de Mortalidade Infantil é um dos principais indicadores de saúde observados e
de interesse da OMS, UNICEF, ONU para avaliar as condições de vida e saúde de um povo,
pois reflete, de maneira geral, os níveis de saúde e de desenvolvimento socioeconômico de
uma determinada área, sendo considerada um dos mais importantes indicadores
epidemiológicos utilizados internacionalmente (BEZERRA FILHO et al., 2007).
Já a Taxa de Mortalidade Materna aponta para um bom desempenho em programas
voltados para a saúde da mulher, e um avanço no controle da mortalidade por doenças
obstétricas e evitáveis.
De acordo com Ruy Laurenti e seus colaboradores (2004), no período de 1999 a 2001,
a razão de morte materna do Brasil apresentou uma queda, que pode estar associada a uma
melhoria na qualidade da atenção obstétrica e ao planejamento familiar. Já para Marinho e
Paes (2010), nesse período, a questão da mortalidade materna ganhou maior visibilidade e
vários processos estaduais e municipais foram deflagrados para este enfrentamento.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa apontou para um predomínio de mortalidade do sexo masculino em todos
os estudos listados no referencial bibliográfico, tendo as doenças do aparelho circulatório
como sendo as principais causas de mortes, apontando uma superação das doenças infecciosas
e parasitárias, porém ressalta-se o desafio em programas eficazes no enfrentamento das
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mortes por causas externas que ocupam o terceiro lugar nas causas de óbitos, sendo estas
morte por causas preveníveis, registrados na literatura e nos moldes de estatísticas
Os resultados apontam do ponto de vista da saúde, que surgem novos problemas
ligados ao envelhecimento, destacando-se as doenças crônicas e as doenças e agravos não
transmissíveis. Assim, o setor saúde, em especial as Unidades de Terapia Intensiva, tem de
estar preparado para enfrentar o incremento do número de casos, em um grupo populacional
de características específicas.
O estudo aponta também que o planejamento estratégico dos serviços e dos recursos
devem ser direcionados a implementação da política de saúde do homem e do idoso, bem
como estratégias e investimentos em equipamentos que possam potencializar a utilização da
Terapia Intensiva por esse público, afinal são camadas da população que vem demonstrando
maiores índices de mortalidade.
Dessa maneira a mortalidade deve ser considerada um importante indicador da
realidade social do país, e em particular nos achados literários estudadas, deve-se capacitar e
implementar os serviços diminuindo as dificuldades de acesso aos serviços de saúde.
Sugere-se que novas pesquisas sejam desenvolvidas no intuito de acompanhar os
indicadores de saúde e que estes sejam utilizados como subsídios para
implantação/implementação de políticas púbicas de saúde voltadas para a diminuição dos
indicadores e melhoria da qualidade de vida e saúde de toda a população.
Assim, o presente estudo abriu possibilidades para novos questionamentos e
investigações, com base na mortalidade de pacientes internados em UTI. Apontou alguns
elementos consideráveis para uma melhor qualidade da assistência e despertou o interesse
nessa problemática.
Pode-se perceber que a Unidade de Terapia Intensiva surge a partir da necessidade de
aprimoramento e dedicação, que concilia recursos humanos e materiais para cuidar de
pacientes graves, porém considerados recuperáveis e que requerem uma observação constante
e centrado num espaço especializado.
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