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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÕES E ARTES CAIMÃ LIRA ERICA CRISTINA GABRIELA FIORINDO HALINE FLORIANO HELENA MANDELLI JULIA GUMIEL MARCELA TRENTIN RENAN AUGUSTO VANESSA MARCONDES A MITOLOGIA ÁRABE E SEUS DESDOBRAMENTOS

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÕES E ARTES

CAIMÃ LIRAERICA CRISTINA

GABRIELA FIORINDOHALINE FLORIANOHELENA MANDELLI

JULIA GUMIELMARCELA TRENTIN RENAN AUGUSTO

VANESSA MARCONDES

A MITOLOGIA ÁRABE E SEUS DESDOBRAMENTOS

SÃO PAULO2016

Caimã Lira, 22/11/16,
https://youtu.be/BgFI9mLddXQhttps://www.youtube.com/watch?v=Z__ft-VORzM
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CAIMÃ LIRAERICA CRISTINA

GABRIELA FIORINDOHALINE FLORIANOHELENA MANDELLI

JULIA GUMIELMARCELA TRENTIN RENAN AUGUSTO

VANESSA MARCONDES

A MITOLOGIA ÁRABE E SEUS DESDOBRAMENTOS

Trabalho de conclusão da disciplina de Comunicações, Subjetividades e Representações, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), como parte das exigências para o curso de graduação em Relações Públicas.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Alexino Ferreira

São Paulo

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2016

RESUMO

Este trabalho tem por finalidade apresentar os principais conceitos da

mitologia árabe, bem como analisar as suas aplicações e desdobramentos na

contemporaneidade. Serão entrevistadas duas pessoas: um estudioso, especialista

da área, e um indivíduo inserido na cultura árabe, ambos com o intuito de

enriquecer o trabalho e trazer mais propriedade para a discussão. Além disso, será

abordada a obra “As Mil e Uma Noites”, referência da literatura árabe. Por fim, a

mitologia em questão será relacionada com a Indústria Cultural, a qual é integrante

e corrente teórica dos estudos em Comunicação; sendo assim, os seus conceitos

também serão tomados como base para a execução deste trabalho.

Palavras-chave: mitologia árabe, contemporaneidade, As Mil e Uma Noites.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5

2. DESENVOLVIMENTO 62.1 Análise reflexiva e descrição da mitologia árabe 62.2 Abordagem teórica da mitologia árabe em sua forma original 92.3 Desdobramentos da mitologia em outras produções 102.4 Descrição e análise da entrevista com o especialista 122.5 Descrição e análise da entrevista com o sujeito originário da cultura árabe 142.6 Justificativa da escolha do tema 152.7 A Indústria cultural e o mito 17

3. CONCLUSÃO 20

REFERÊNCIAS 21

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1. INTRODUÇÃO

É tamanha a complexidade da mitologia árabe, visto que a mesma é um

fragmento de toda uma cultura. Trata-se de uma mitologia antiga, cuja literatura tem

início por volta do século X e que, por esse motivo, ainda traz dúvida a alguns

historiadores sobre o princípio de sua constituição. No entanto, percebe-se uma

forte relação dos mitos com aspectos da cultura local e da religião islâmica.

Por se tratar de uma mitologia com características muito marcantes e

particulares, muitas histórias e fragmentos das destas são hoje abordados em

produções literárias e audiovisuais. Além disso, essa mitologia pode ser analisada

pelas mais diversas correntes de estudos da comunicação.

Foi essa profundidade teórica que a mitologia e a cultura árabe possibilitam,

bem como suas ramificações na sociedade atual que despertou no grupo o

interesse em pesquisar mais a respeito. Através de análises literárias e de

depoimentos dados por conhecedores dessa cultura, buscamos aprofundar os

conhecimentos e apresentar diferentes perspectivas sobre a mitologia árabe.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 ANÁLISE REFLEXIVA E DESCRIÇÃO DA MITOLOGIA ÁRABE

Ao abordarmos a mitologia árabe, é preciso salientar que ela se refere à

mitologia pré-islâmica, ou seja, aquela anterior ao advento do Islã, Antes do Islã na

Península Arábica, em 622, a Caaba, localizada em Meca, e centro físico do Islã,

estava permeada de símbolos que representavam os “demônios inumeráveis”, djinn,

semideuses e outras criaturas sortidas, as quais caracterizavam o politeísmo pré-

islâmico da antiga Arábia. A partir dessa diversidade de deuses e personalidades,

tem-se espaço para o desenrolar de mitos, como as histórias de gênios, ghouls,

lâmpadas mágicas, tapetes voadores, e os desejos contidos nos contos de “As Mil e

Uma Noites”, por exemplo, além de outras obras que foram transmitidas ao longo

das gerações. É neste sentido que, para analisarmos a mitologia árabe, abordamos

o mito “As Mil e Uma Noites”, clássico da literatura árabe, mais especificamente, da

Pérsia. Primeiramente, esta obra deu origem aos mais variados tipos de narrativas,

assim como será analisado posteriormente. No entanto, a construção inicial parte da

reunião de vários contos, cuja procedência é, exclusivamente, oriental.

O primeiro nome que caracterizou este mito foi “Alf Lailah Oua Lailah”,

reunindo contos que datam dos séculos XIII e XVI. Embora cada capítulo tenha uma

história diferente, há uma ligação na transição entre elas, que são narradas pela

personagem Scherezade. De acordo com as análises feitas acerca da obra no geral,

o uso, no título, de “as mil”, isto é, o plural em vez do singular, vem da necessidade

de mostrar que cada história pode trazer inúmeras narrativas, até mesmo

incontáveis, a fim de resultar em uma obra aberta, o que não aconteceria caso fosse

utilizado o singular. Este clássico abrangeu, em suas narrativas mais antigas,

histórias de origem egípcia, que permeiam o século XII. Posteriormente, novas

histórias foram adicionadas à criação original, tais como contos persas, hindus,

siríacos e judaicos. Essa miscelânea, portanto, visivelmente se modifica conforme

os novos textos vão sendo incorporados. No mundo ocidental, a obra passou a ser

amplamente conhecida a partir de uma tradução para o francês realizada em 1704

pelo orientalista Antoine Galland, transformando-se num clássico da literatura

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mundial. Todavia, não existe uma versão definida da obra, uma vez que os antigos

manuscritos árabes diferem no número e no conjunto de contos.

Fazendo uma ligação com o que foi exposto acerca da mitologia árabe,

temos em muitos contos, que integram a obra “As Mil e Uma Noites”, como em

“Aladim e a lâmpada maravilhosa”, a evidência da presença que o “gênio” ganha

nessa mitologia. Um gênio é um ser fantástico da mitologia semita. Nos tempos

antigos, eram os espíritos de pessoas que tinham desaparecido, deixando a noite

para perturbar e se esconder logo ao amanhecer; em contrapartida, para outras

mitologias, são seres de fogo. No Islã, são considerados seres criados com fogo

sem fumo, com o livre arbítrio, eles podem obedecer a Deus, Iblis, ou ao Diabo,

podendo compartilhar o mundo físico com os homens e serem tangíveis, porém,

podem também assumir qualquer forma ou ser invisível. Eles podem se casar e

procriar com os seres humanos, além de outras características.

Por conseguinte, em “As Mil e Uma Noites” o enredo envolve a relação entre

o Califa de Bagdá e a sua mais recente esposa, aquela que, supostamente, seria a

sua próxima vítima, Scherezade. O rei persa foi traído por sua mulher, a qual dormia

com o próprio escravo do rei, toda vez que este viajava. Ao descobrir a traição, o

Califa mandou executar a mulher e o escravo; e convicto de que nenhuma mulher

do mundo é digna de confiança, decide que, a partir de então, dormirá com uma

mulher diferente cada noite, mandando matá-la na manhã seguinte: desta forma não

poderia ser traído nunca mais. Durante três anos ele pratica o mesmo ritual, no qual

o rei desposou e sacrificou inúmeras moças, trazidas à sua presença pelo vizir

(equivalente a um primeiro-ministro) do reino, até que não haja mais jovens virgens

em seu reino.

É quando a filha do vizir, Scherezade, aquela que era considerada a mais

bela donzela da corte, pediu para ser entregue como noiva ao rei, embora corresse

os notáveis riscos; sua decisão era porque sabia de uma forma para escapar ao

triste fim que alcançaram as moças anteriores. O vizir apenas aceita depois de

muita insistência da filha, levando-a finalmente ao rei. Antes de ir, ela diz à irmã,

Dinazarda, que lhe peça que conte uma história quando for chamada ao palácio do

rei. Muito inteligente e astuta, arma o plano com a sua irmã, que com a permissão

do soberano, dorme também no quarto nupcial.

Conforme o combinado, a cunhada do Califa convida a irmã para lhe narrar

um de seus contos fantásticos. Ela relata a "História do mercador e do gênio", mas,

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ao amanhecer, ela interrompe o conto, dizendo que continuará a narrativa na noite

seguinte. O rei, curioso com o maravilhoso conto de Scherezade, não ordena a sua

execução para poder saber o final da história na noite seguinte. Assim, repetindo

essa estratégia, a mulher consegue sobreviver noite após noite, contando histórias

sobre os mais variados temas, desde o fantástico e o religioso até o heróico e o

erótico. Ao fim das mil e uma noites repletas de contos, Scherezade já havia tido

três filhos do rei, e lhe suplica que a poupe, por amor às crianças. O rei, que há

muito havia-se arrependido dos seus atos passados e se convencido da dignidade

de Scherezade, perdoa-lhe a vida, desistindo de matá-la, bem como se livra da sua

desvairada vingança, fazendo dela a sua rainha definitiva. E sua irmã, Dinazarda, é

feita esposa do irmão do rei, Xazamã.

Dessa maneira, levando-se em consideração que as religiões representam

mitos, e analisando-se, por exemplo, a Bíblia e o Corão, percebe-se que a

construção de um Deus neles é contraditório quando se tenta correlacioná-los. No

âmbito dos gênios, na mitologia árabe, a maioria desses “espíritos”, beneficentes ou

maus, possuía um guardião supremo da ordem moral: Allah (Al Ilah; nome que

remete ao Deus do Corão); logo, percebe-se a relação na construção dos mitos e

das religiões locais.

Em suma, cada conto relatado por Scherezade que, posteriormente, tornou-

se a conhecida obra “As Mil e Uma Noites”, representa uma série de costumes e

peculiaridades da cultura e mitologia árabe. A expansão da obra para os outros

países permitiu que as suas origens, evolução, significado, etc se fizessem públicos.

Para a civilização ocidental, por exemplo, entrar em contato com essa obra (por

meio de novelas, desenhos e pela própria publicação) parece algo longínquo,

justamente por se tratar de hábitos que não fazem parte do cotidiano deste. Por

isso, além de representar os costumes e construção histórica de um povo, esse mito

também explica as atitudes e muito daquilo que a civilização árabe é ainda hoje em

dia. Muito se vê sobre a submissão da mulher árabe, e desde os primórdios, com os

relatos e com aquilo que lemos na mitologia em questão, percebemos o quanto o

homem desenvolvia um discurso autoritário e violento, ao não suportar que “a sua

mulher” tivesse outro caso com alguém; no entanto, em uma relação desigual, ele

podia ter com outras mulheres. As Mil e Uma Noites, por outro lado, mostra como

uma mulher conseguiu driblar aquilo que seria a sua predestinação, isto é, a morte

em decorrência da vingança do rei. Os contos se fazem, então, a parte pelo todo;

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através de histórias separadas que se interligam, constitui-se uma obra literária de

alcance universal.

2.2 ABORDAGEM TEÓRICA DA MITOLOGIA ÁRABE EM SUA FORMA ORIGINAL

Acredita-se que as primeiras histórias árabes manuscritas datam no século X,

e as produções mais completas, no século XIV. O denominado ciclo de histórias se

formou em Bagdá e se expandiu no Cairo. Assim, uma vasta literatura se

estabeleceu para os alfabetizados, o que tornou capaz de criar uma autoconsciência

cultural na população na época. Com a criação das primeiras bibliotecas, que “(...)

eram mais que simples repositórios de livros; eram também centros de estudo e

propagação de idéias” (HOURANI, 1991, p. 209), passou a ser aceita a ideia de que

os livros contribuíam para geração de conhecimento e estudo e ensino da religião

Islâmica.

É importante observar que os grandes mitos árabes surgiram a partir dessa

autoconsciência cultural que a literatura gerou, uma vez que não era clara a

diferença entre ciência e superstição - muitos aceitavam as ideias por serem

amplamente difundidas e pouco questionadas por teólogos.

Algumas das crenças mais comuns eram a crença em alquimistas - que

alguns metais poderiam ser produzidos pelos homens - e a crença em espíritos -

como por exemplo, os jinns. Outras crenças envolviam forças sobrenaturais e

bruxaria, além de que os sonhos e as visões poderiam trazer mensagens de Deus.

Ibn Khaldun, considerado o maior historiador árabe, considerava a interpretação dos

sonhos uma ciência religiosa, pois acreditava que “quando as percepções

sensóreas são afastadas pelo sono, a alma tem um vislumbre de sua própria

realidade” (adaptado de HOURANI, 1991, p. 214).

O Deus supremo era Alá, mas havia crença em outros deuses, como o Sol e

a Lua, entre outros. Os gênios eram divididos entre os "do bem" e os "do mal",

respectivamente, os Jinns e os Ghuls. Além desses, algumas outras crenças

comuns eram “o olho do mal”, semelhante à superstição de “olho gordo” no Brasil, e

o Aladdin, famosa história que foi adaptada pelos estúdios Walt Disney.

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Dessa forma, pode-se dizer que a constituição mitológica árabe se originou

de questões das quais não se podia ter certeza e geravam dúvida em historiadores

e teólogos da época, unidas à cultura, que refletia diretamente nas crenças e na

literatura, além de histórias manuscritas propagadas pelos alfabetizados.

2.3 DESDOBRAMENTOS DA MITOLOGIA EM OUTRAS PRODUÇÕES

A mitologia árabe já foi muito abordada em obras literárias e

cinematográficas, como em contos e filmes, de forma que os tapetes voadores e

gênios da lâmpada fazem parte de uma série de produções literárias e audiovisuais.

Esse trecho do trabalho visa, portanto, abordar os desdobramentos da mitologia

árabe na cultura contemporânea.

Um dos principais itens a ser mencionado são os contos que compõem as Mil

e uma Noites, cujos manuscritos tiveram origem na índia, Pérsia e Arábia e são do

século XV. Pela data, não se sabe ao certo quais são os contos que compunham as

primeiras versões, visto que os mesmos sofreram alterações durante os anos, mas

a história mais conhecida é a de Sherazade e Shariar, já mencionada acima.

Essa história sofreu releituras durante os anos e a mais recente é uma novela

turca, exibida na Band em 2015. O nome é o mesmo mas o enredo é

completamente diferente, a novela apresenta a história de Sherazade, uma mulher

cujo filho sofre de leucemia e precisa de dinheiro para uma cirurgia, com isso ela

concorda em passar uma noite com Onur, seu chefe, em troca de dinheiro, mas ele

se apaixona e tenta sempre arranjar maneiras de se aproximar de Sherazade.

Outra história que saiu das Mil e Uma Noites é Aladdin e a Lâmpada Mágica,

que retrata um jovem rapaz despreocupado que encontra um mago, o qual lhe

oferece uma fortuna para que entre em uma caverna e busque uma lâmpada

mágica. Ao tentar sair, o mago tenta enganar Aladdin, mas acaba que o mesmo fica

preso na caverna com a lâmpada, despertando o gênio que vivia dentro da mesma.

Um de seus pedidos é se tornar um príncipe, para poder casar com Jasmine, a filha

do sultão.

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O conto acima já foi adaptado para o cinema, teatro e literatura, sendo mais

conhecido pela animação da Disney, lançada em 1992, que apresenta a história

exatamente como é originalmente, mas em forma de musical. Além disso, Aladdin

aparece também na sexta temporada da série de TV Once Upon a Time, na qual o

mesmo é procurado por Jasmine para encontrar uma arma chamada “Diamante

Bruto”, que teria o poder de livrar o reino do vilão Jafar (o mesmo mago do conto

acima).

Por fim, um importante conto é o de Ali Babá e os 40 ladrões, o qual conta a

história de um mercador que descobre uma caverna cheia de moedas de ouro,

prata, tecidos e tapetes finos. O mesmo vê alguns ladrões entrando na caverna a

partir da frase “Abre-te, Sésamo” e decide tentar entrar também depois da saída dos

ladrões, levando um pouco de ouro. Seu irmão, Cássim, acha estranho o

comportamento e súbito enriquecimento de Ali e decide segui-lo até a caverna.

Após a saída de Ali, Cássim diz: Abre-te, Sésamo e entra na caverna, mas fica

preso lá dentro por não saber qual a frase que permitiria sua saída. Os ladrões

voltam e, ao ver Cássim, ficam furiosos e o matam.

Ali percebe a ausência do irmão e decide procurá-lo, quando encontra seu

corpo na caverna e o leva de volta para a cidade para ser sepultado. A ausência do

corpo assusta os ladrões, os quais percebem que há mais alguém ciente do

tesouro. O chefe ordena, então, que os 40 ladrões encontrem essa pessoa e a

mate.

Conversando com alguns comerciantes da cidade, descobrem que Ali é o

outro conhecedor do tesouro. Com isso, pedem para que um dos moradores da

cidade marque a porta de sua casa com giz, para que eles possam entrar e matá-lo.

Mas a esposa de Ali, Morjana, percebe a porta marcada com giz e decide fazer o

mesmo em outras casas como forma de despistar os ladrões.

Isso acontece algumas vezes e o chefe, enfurecido, mata os responsáveis

por aquelas missões e decide encontrar a casa sozinho. O mesmo desenvolve um

plano: fingir ser um comerciante que está viajando vendendo azeite, pedir para

passar a noite na casa de Ali e matá-lo enquanto dorme.

O plano dá certo, estando os outros ladrōes escondidos em barris de azeite.

Mas Morgana descobre as intenções do “comerciante” e durante a noite despeja

azeite fervente em cada barril, matando os ladrōes. Quando o chefe descobriu, fugiu

da cidade.

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Esse conto foi adaptado em filmes americanos, indianos e franceses. Foi,

também, contemplado na mini-série mexicana “As 1001 noites” e até mesmo em um

anime chamado “Magi”. Em cada um sofreu algumas alterações, principalmente por

causa do tipo de público para o qual a história era voltada. Na mini-série, por

exemplo, ao invés de Morjana matar os ladrões, ela avisa Ali e os dois empurram os

barris em uma rua íngreme. Mas nenhuma mudança foi muito significativa a ponto

de mudar grande parte do conto.

Desse modo, fica claro que a mitologia árabe já foi muito abordada e

explorada pela indústria de entretenimento em geral, seja por algum conto na

íntegra ou por algum fragmento da mitologia, como os gênios da lâmpada e tapetes

voadores, que foi o caso da série “Jeannie é um gênio”. De qualquer forma, essa

mitologia é muito rica e singular, garantindo um diferencial para filmes, séries ou

livros.

2.4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA ENTREVISTA COM O ESPECIALISTA

O especialista escolhido foi Mamede Mustafá Jarouche, bacharel em Letras

(Português & Árabe) pela Universidade de São Paulo (1988); doutor em Letras e

Livre-Docente (2009) em Literatura Árabe pela mesma universidade. Ele leciona na

Universidade de São Paulo desde 1992, tendo experiência na área de educação

principalmente com os temas de narrativa árabe, cultura árabe, Oriente Médio e

tradução do árabe.

Ele inicia o seu relato com a sua experiência pessoal de ir estudar na Arábia

Saudita quando era mais novo, destacando aspectos como a repressão política e

falta total de liberdade. Tal aspecto acaba sendo refletido na literatura da região, de

modo que acredita que quase não há produção cultural. Sendo assim, a mitologia

não é específica e fácil de ser identificada, pelo contrário, pode ser vista de

diferentes perspectivas.

Uma delas seria a mitologia pré-islâmica originária de povos politeístas. O

professor relata que estes possuíam ídolos, deusas e também acreditavam em

criaturas espirituais chamadas de gênios. Além disso, destaca a relevante relação

entre o meio geográfico e a maneira de explicar o mundo pela mitologia. Isto porque

o deserto, meio característico da região em questão, revela-se como um ambiente

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hostil, sendo a natureza vista como inimiga. Desta forma, os elementos criados

servem como soluções, de modo que as divindades sempre são representadas em

locais verdes com água em abundância.

Outra perspectiva possível é quando se considera o Islã como uma forma de

mitologia. Apesar de os religiosos não simpatizarem com tal definição, Mamede

acredita que a mitologia nada mais é que um conjunto de narrativas cosmogônicas,

isto é, narrativas criadas para explicar a origem das coisas. O Islamismo traz

explicações justamente para isso, inclusive, de maneira muito semelhante a outras

religiões tais como o cristianismo.

Por fim, coloca que, atualmente, o nacionalismo árabe seria uma mitologia

com viés ideológico. Este pode ser descrito como uma narrativa que traz consigo

uma ideia de comunidade de interesses que seria capaz de integrar todos os

árabes.

Assim sendo, o especialista trouxe para o grupo a complexidade envolvida

quando se trata de mitologia, demonstrando a existência de inúmeras

possibilidades. Ele também trouxe um aprofundamento enriquecedor para diversos

elementos já citados anteriormente tais como gênios, tapetes voadores, feitiçaria e

metamorfose, deixando claro como aparecem de maneira mais pontual, ou seja,

como não são genéricos ao ponto de explicar origens.

2.5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA ENTREVISTA COM O SUJEITO ORIGINÁRIO DA CULTURA ÁRABE

Para compreender melhor a temática, foi entrevistado o estudante Adel

Mohamed Osman, que possui origem árabe. Adel compartilha conosco um pouco de

sua história e convivência com a cultura em questão. Conta que sua mãe e seus

avós nasceram na Arábia Saudita, mas que ele e seus irmãos nasceram no Brasil.

De qualquer forma, Adel possui forte ligação com os costumes árabes. Participa de

festas, frequenta mesquita e sempre que possível, viaja ao país para visitar seus

parentes.

Ao longo da gravação, é possível perceber que a cultura da família do

indivíduo exerce forte influência sobre ele. Sua avó por exemplo, mesmo inserida

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na cultura brasileira, não consegue renunciar os costumes de seu país natal. Além

disso, o entrevistado enfatiza bastante a questão religiosa, o hábito de ir à Mesquita

e de passar ensinamentos. Por outro lado, Adel convive com as duas culturas e

ambas influenciam sua vida. Por exemplo, ao contrário de sua avó, Adel não

comparece à Mesquita nos dias necessários, mas realiza alguns estudos, como

leitura de mitologias e outros.

Adel divide conosco a história dos “gênios”. Como o professor Mamede

Mustafá Jarouche compartilhou em sua entrevista, os gênios eram criaturas

espirituais que habitam o mundo com os mortais. Todavia, Adel chama atenção para

o fato que esse tipo de informação e mitologia não é de fácil acesso às produções

culturais contemporâneas. Ele ressalta que com a vivência no Brasil, acabou se

afastando desse tipo de produção.

Por fim, é perguntado como Adel enxerga as representações que mídia faz a

respeito da Arábia Saudita. Ele diz que a mídia enfoca bastante em guerras e que

grupos terroristas, como Estado Islâmico, passam uma imagem negativa do Islã,

distorcendo e manipulando as palavras do Alcorão, que não compartilha valores que

justificam a forma violenta como os grupos atuam.

2.6 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA

Abordar uma mitologia que esteja inserida no todo que constitui a cultura

árabe não é uma tarefa fácil. Tanto pelas complexidades que envolvem a sua

formação, quanto pelos aspectos que que desenham a sua unidade enquanto povo,

os traços da mitologia árabe não permitem uma interpretação rápida ou superficial.

Por conta do trajeto histórico e as mudanças vividas pelos países integrantes, cada

região do mundo árabe acabou por estabelecer características diferentes entre si.

Desde os inícios do islamismo até aos nossos dias foram bastante complexas as circunstâncias e os condicionalismos que determinaram a fisionomia de cada país ou região desse vasto mundo, pelo que se torna actualmente embaraçoso estabelecer um quadro único que se possa aplicar a todos eles. (RODRIGUES, 1980, p.3)

Apesar de não conseguirmos com facilidade estabelecer um quadro único da

cultura árabe, a mitologia pode se tornar um ponto de contato entre as diferentes

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nacionalidades. Obviamente, a língua é o laço mais forte e o que une todas elas,

mas os personagens e narrativas constituintes desse “folclore” dos países árabes,

parece ser a base de seu desenvolvimento cultural. Essa riqueza de relações e

possibilidades foram motivos que entusiasmaram o grupo na escolha do tema do

trabalho.

Além disso, cabe ressaltar a importância dos países do mundo árabe, tanto

do ponto de vista histórico, quanto da atualidade. Importante recuperarmos que boa

parte das manifestações culturais presentes até hoje na Europa, em particular na

Península Ibérica, sofreram forte influência do povo árabe. Durante a expansão de

seu Império, eles dominaram Portugal e Espanha por anos e acabaram, até mesmo,

por definir novos vocábulos da própria língua portuguesa. Atualmente, essa região é

vista por sua grande importância econômica e financeira, oriunda das bacias

petrolíferas. Entretanto, é preciso pensar o mundo árabe para além da perspectiva

do capital.

Por outro lado, é estranho que as nações se debrucem tantas vezes sobre a problemática árabo-islâmica apenas quando estão em causa interesses de ordem material, como os intercâmbios comerciais, e de estratégia político-militar. O que ultimamente tem sucedido com o problema do petróleo e com as questões do Irão e do Afeganistão aí está a testemunhar essa óptica unilateral e limitada. (RODRIGUES, 1980, p. 5)

Conforme coloca Rodrigues (1980), enxergar a cultura árabe por uma única

perspectiva é unilateral e limitado. Exemplo prático disso pode ser obtido no

discurso da escritora nigeriana Chimamanda Adichie na TED Conference,

abordando o perigo intrínseco quando se conta apenas um lado de uma história, à

medida em que todo o restante é desconsiderado, abrindo portas para os processos

de estereotipização. A partir dessa reflexão, o papel da mídia na disseminação da

cultura árabe também surgiu como um motivador para o grupo.

Agravado pelos conflitos com os Estados Unidos dos últimos anos, os povos

que vivem nos países de língua árabe vêm sofrendo com o poder que a mídia de

massa possui de modelar a opinião pública a favor de interesses que, na maioria

das vezes, não são claros nem divulgados. Primeiramente, é preciso estabelecer a

diferenciação entre a religião e a etnia, já que nem todo árabe é muçulmano, sendo

esta associação uma das principais causas dos preconceitos e sub julgamentos

acerca da cultura destas populações.

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As designações de “árabe” e “islâmico” são distintas. Ser árabe refere-se a uma etnia e cultura. Árabe é a aquele que fala a língua o idioma de mesmo nome e vive em um dos 22 países árabes existentes. Noventa por cento dos árabes são islâmicos, mas na realidade podem professar qualquer religião ou mesmo ser ateus. (GUEDES, J; DIAS, L & SOUSA, R., 2011, p. 3)

Por conta da atuação de grupos religiosos extremistas, os muçulmanos

acabaram ganhando uma imagem amplamente disseminada pela imprensa

internacional que não corresponde à sua totalidade enquanto povo. Aliada à baixa

representação dos aspectos da cultura árabe nos meios de comunicação e do

entretenimento mundial, sendo possível contar nos dedos as produções de massa

que de fato se debruçam na análise desses traços, o público muitas vezes acaba

assimilando somente noticiários negativos e unilaterais como a única versão

disponível de uma cultura que é diversificada, complexa e rica como qualquer outra,

seja da Europa, da África ou de qualquer outra região.

Em conseqüência da ação dos jornais, da televisão e dos outros meios de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além disso, o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma importância que reflete de perto a ênfase atribuída pelos mass media aos acontecimentos, aos problemas, às pessoa (SHAW, apud WOLF, 2001, p. 144).

Em resumo, a riqueza dessa cultura, a possibilidade de abordá-la por meio

de viés que extrapole sua importância econômica e financeira para o mundo atual,

além do entendimento mais profundo, que fuja das representações unilaterais da

mídia de massa, foram os principais motivadores para que o grupo escolhesse a

mitologia árabe como foco do trabalho desenvolvido. Aliado a esses motivadores,

está ainda a baixa representatividade do tema tanto no universo do entretenimento

quanto nos projetos acadêmicos, principalmente no que se relaciona aos imigrantes

árabes no Brasil e nos seus legados para o país, já que conforme coloca

Montenegro (2002), a atual presença árabe não foi objeto no campo da análise dos

estudos do Brasil, sendo possível encontrar apenas pequenas menções à chegada

dos contingentes de imigrantes ao país na maioria das bibliografias especializadas.

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2.7 A INDÚSTRIA CULTURAL E O MITO

Para análise e estudo da mitologia árabe, consideramos a Indústria Cultural

como corrente teórica da comunicação, profundamente relacionada ao conceito de

arquétipos.

A partir das ideias de Adorno, Horkheimer e Marcuse, a Indústria Cultural

propôs uma crítica à cultura de massa, por conservar marcas de violência e

exploração, resultado da utilização dos meios tecnológicos midiáticos pela classe

dominante. A Indústria Cultural tem a intenção de demonstrar a padronização dos

grandes temas de produtos midiáticos, expondo esses temas arquétipos

apropriados através de estereótipos.

Segundo Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, discípulo de Freud, os

arquétipos são conjuntos de imagens que têm origem da repetição progressiva de

experiências em diferentes gerações.

A mitologia, que é "de alguma forma uma tomada de consciência, é o poder

ver através de outra perspectiva, é termos um elemento para nos identificar, é o

encontrar de um valor" (SAVARIS), se apropria dos arquétipos da mesma forma que

a Indústria Cultural: uma forma de realização no objeto, que se torna um produto do

consciente coletivo.

O arquétipo tem o poder de despertar nos indivíduos fortes emoções, porque

evoca uma imagem primordial da memória inconsciente. O mito e a cultura de

massa utilizam disso para cumprir os seus propósitos, de explicar as coisas, para o

primeiro, e atrair consumidores, para a segunda.

Pensando na proximidade de arquétipos e estereótipos, não devemos deixar

de lado a diferenciação. O arquétipo é muito mais profundo, ele é a tendência para

caracterizar pensamentos ou sentimentos. Trabalha na inconsciência, o qual se

modifica através de sua conscientização. Já os estereótipos são as imagens que

estabelecemos com os elementos que existem à nossa volta no decorrer da vida.

Mas além disso, o que a Indústria Cultural faz é justamente reproduzir esses

mitos para seu benefício. Morin (1977) diz que a cultura de massa fornece imagens

e modelos que dão forma às inspirações do homem comum.

No entanto, a imagem, quando encenação, acaba por constituir-se como

falsa tentativa de conexão com o mundo interno. Falsa pois essas imagens estão

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desligadas de vários aspectos da vida, estão conectadas ao status quo do sistema

que as produz.

No mundo interno há uma energia encoberta que atua de forma integrada,

que desconhece a separação artificialmente elaborada pelo sistema. A dinâmica da

psique, seu funcionamento, não segue a lógica da razão, não está sob as normas e

regras do capital.

A compensação fornecida pela Indústria Cultural, não dá conta de satisfazer

instintos internos. A lógica racional não revelou os fenômenos da vida. A Indústria

Cultural encoraja somente uma visão passiva e acrítica do mundo ao dar ao público

apenas o que ele quer superficialmente, desencorajando o esforço pessoal. A

mitologia, também tem esse lado passivo, no entanto, entrega explicações de como

o mundo atingiu a forma atual, uma tentativa de responder os anseios mais

profundos.

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3. CONCLUSÃO

Após levantamentos teóricos e entrevista com especialistas, chegamos a

conclusão de que falar sobre Mitologia da Arábia Saudita não seria uma opção

viável para a realização deste trabalho. Uma vez que o estado da Arábia Saudita só

foi consolidado em 1932, não por um sentimento de união dos povos e sim por uma

série de conquistas de Abd al-Aziz Al Saud, estabelecendo-se em um governo

autoritário com alta repressão às manifestações culturais, inclusive mitologia. A

partir dessa conclusão, redefinimos nosso tema para Mitologia Árabe.

Como abordado no ensaio, a Mitologia Árabe tem origem pré-islâmica, onde

a crença politeísta era forte e não havia repressão religiosa. Nela havia a presença

de seres mágicos que muitas vezes ajudavam os moradores da região, hoje, oriente

médio.

Pode-se dizer que as mitologias tentam entregar às populações explicações

sobre como o mundo atingiu a sua forma atual, nessa lógica é possível pensar que

a Mitologia Árabe contém traços facilitadores para a vida inóspita no deserto.

Foi pensando nesse aspecto da mitologia que passamos a analisá-la a partir

da teoria da comunicação Indústria Cultural, que, assim como os mitos, parte do

princípio dos arquétipos para atingir seus públicos e transmitirem suas mensagens.

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