0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P...

39
TERRA ROXA e outras terras // i-$i~ LVO inNDRINA.AGOSTO PE 1975"ANoZ -NUMERO ELES SÃO 400 M/L NA REGIÃO.ELES SÃO OS BÓIAS-FRIAS, página § M 0 ^ "& v O ÍNDIO DEVE MORRER.págma f

Transcript of 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P...

Page 1: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

TERRA ROXA e outras terras

//

i-$i~ LVO

inNDRINA.AGOSTO PE 1975"ANoZ -NUMERO

ELES SÃO 400 M/L NA REGIÃO.ELES SÃO OS BÓIAS-FRIAS, página §

M 0 ^ "&

v

O ÍNDIO DEVE MORRER.págma

f

Page 2: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

sta é uma revista do interior. Da terra roxa^da zona rural.Mas que,conforme a segmento do seu tituloinão i ide ser xenófoba, e que aspira a uma abertura total a outras terr , jxo Brasil e ao exterior. Como Mario de Andrade, em 1926, se rebeln sumariamente contra fatos ou procedimentos que negam a formação,a origem,o passado e abraçam as iyrftações estrangeiras.Assim, o nosso .critério máximo de valorização é o "brasileirÍ8mo",bem como a falha mais rigorosamente censurada é a imitação estrangeira.

OFICIAL DO DCE Rua Anionina 1777- Londrina-Paraná

TIRAGEM:200Ò EXEMPLARES Nenhum direito reservado

Gestão Levanta Sacode a POEIRA e Dá a Volta por Cima

Page 3: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

"1 I

A • ]| ESENTAÇÁO No Início,"Terra Roxa e outras terras" foi um Jornal crj_

ado pelos modernistas em São Paulo no ano de 1926, com seis edições. Em novembro de 1972,foi apenas "Terra Roxa", um Jornal de estudantes publicado pelo DCE da Fuel.Teve se te edições.

Hoje,na terceira gestão,"Terra Roma e outras terras" res surge,quase 50 anos depois,na forma de revista,com um^espT rito semelhante ao dos modernistas de 26,conforme_vocês po derão ler no fac-símile da Ia. página da lá. edlção,pub1I- cada em 20 de Janeiro de 1926, e que evoluiu através _da participação de Mário de Andrade em defesa da valorização das coisas brasileiras.

A revista surge na região quando a cultura sistematizada começa a dar os primeiros passos.Torna-se,então,imprescin- dível uma revista de estudos e artigos que aprofundem a a- nâlise dos problemas regionais e também de outras terras , pois não podemos nos restringir a uma visão locailsta e^xe nófoba da nossa rea1Idade.Face ã quase completa inexistên- cia de estudos sobre o Norte do Paraná,estes assumiram a - qui um papel primordial. Pouco de nós compreendemos a ori- gem,as implicações, o mecanismo econõmico-soc1 a 1 da região. E ê dentro desta complexa estrutura que vamos tentar atuar no futuro,como prof i ss lonai s .Vamos contribuir inconsciente^ mente para o agravamento dos problemas ou vamos procurar 'entende-1 os para poder part 1 c 1 par, Junto com as outras cama- das da população para uma solução que beneficie a maioria?

Neste primeiro número da revista,e oitavo do título, pu- blicamos um estudo do bói a-f r I a ,elaborado pelo Grupo de Es^ tudos de Imprensa Estudantil do DCE, e que pretende desper_ tar a atenção dos colegas e professores para o problema que, pela sua 1mportincla,merece maior aprofundamento e ou- tras abordagens.

"Terra Roxa e outras terras" é uma revista aberta, no sentido de que será democrâtica.Uma revista em busca de leitores e, como não possuímos a equipe dos modernistas de 26, também em busca de colaboradores.

0 artigo "Essa gente presta",vai de exemplo de como os assuntos da terra roxa podem ser tratados com profundidade, sem erudição.

0 artigo "0 iVidioiaqueie que deve morrer" ,escr I to por bispos e missionários braslleiros,vai como outro exemplo de como os temas "de outras terras" podem ter igual trata- mento.

G . E . I . E .

Page 4: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 ■ IJüI i

terra roxa e outras terras

larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf* na "Typ. PíUII.U", de JOSB NAPOLI * CIA. _ Rua A««embléa, 56-58 — S. 1

11 ilU

ARREISEINTAÇÃO ! .

iífreo» qu« atte Jornal^ ao nawj^r, «ia prova de uma cqpage^i (íígna do Anhanguéra: dostin^se a um público que não exltte. seu ograma ó Isso mesmo: ser feito para o homem qu^ |é. 1

A notsa teira fOKa, mercê de^tua fertilidade complexa e exagerada, lem «do éí fux tudo que á o sonho de uma Ima- cS^â0 ífJ?1^1 açuc!ir' ca^ *wha-céus, trens elé- ctrioos, lança^perfcmes^ «tírectôj-lií», políticos, omnlbu^ e até literatos* tMrfc Menos aH nesse baoco de jardim inglês, ou nessa ppfV*na de varanda de be)ngM<r3 ou nesse club* ^Me!.M rede.«f ^nda, ou4 nesíe^infnan da Paulista, a enUdade rara ejk^timável ^ue é^lwmem que lê. Poli ÍXSL eWe 52?^ ima9Jnário. Oir peto menos ainda in* cognlto comovi, #61 erp viajem de neereio, qu* decWlnSr t^SSi.^* |O0ar n0 mvnd0 ô -^RÂROXAI eloS

Entre n^s, «fenômeno é singular: não é o leitor á prqçura de um loimil, mas o jornal á procura de um kjtor. Ensinemos êtaelfeíUir a lêr. Sem cartilha. Sem bolos, àem premío de fim ds ano,

Trea desejos levam o homem çivilisado á leitura: o de se instruir, o de^ divertir, o de faíer bonito dfante de pa- rentes, amigos auiconhecldos. TERRA ROXA fornecefá lei Uira para esses tr«s fln». Quem o lêr, com aquela rassldui«- mde que sempí»e coínove as administrações jorfialíslicas, fípderá facilmente ap^jider, distrair se e^ cdmo se diz no nosso admirável léomaltalo-páubrasll, bancar o intelectual.

Ao ente hlp^tétice e incei^o, ifara, quem compomos este qulnrenárioí oíerecemos, cqmo numa bandeja caipira, o>repasto variado, é sucufento que convém a um apetite virgem: cróntca M&rÁvf*, crónloa artística, crônica files<S- flca, crônica mUB^al 4» teatral, ensaios de crítica, ensaios de história, cre» íes de poetas, novelas, romances, todos os gêneros, mert^ esperemos em Deus, êsso gênero páu Ca^wyaiwfljw^ificás^ de que fus^m» com» da p>st»

Os trabalhos public ados obedecerão a uma ífhha geráí chamada do espírito moderno, que não sabemos bem o que seja, mas que est* patentemente delineada pelas suas ox- clufeões.

Camarada leitor: muito praxer e muita honra em deé- oobrli-o.

Page 5: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

"AOS HOMENS DE TRABALHO NO CAMPO CONSIDERAM UMA TURBA AMORFA.QUE , VAI DESAPARECER,BANDOS DE SERTANEJAS,DE JAGUNÇOS,CA IPIRAS.MATUTOS TABARÉUS,CABOCLOS,SEM A MENOR VALIA.E NAO LHES OCORRE,REPI TO,QUE ESSAS GENTES É QUE,COM OS EX-ESCRAVOS NELAS HOJE INCORPORADOS,CRI ARAM COM TODAS AS FALHAS,A FORTUNA,A RIQUEZA EXISTENTE NO PArs»."''

- Silvio Romero em "O Brasil Social",1907.

bolas-irias: PRESTA

'yéHÚáR IGNORAR O BOlA-FRIA ESCONDIDO NO MEIO DO LAS RUAS E ESTRADAS, E VICE-VERSA.MAS REC CA^/CONHECÉ-LO.ASSIM, EM TOM DE DESPREZO,M RARAMENTE É IDENTIFI

É IMPOSSÍVEL.O NOSSO SERTANEJO NAO ESTA MAIS S CAFEZAIS;ELE ESTA CIRCULANDO DIARIAMENTE P£ NUM INCANSÁVEL ÊXODO DAS CIDADES PARA 0 CAMPO ONHECER A EXISTÊNCIA DO BÕIA-FRIA NAo S I GN I rj_ QUASE TODAS AS REFERÊNCI AS FEITAS A ELE SAO í ENOSPREZO,ÕDIO E,QUANDO MU I TO,COMPAIXAO. CADO COMO TRABALHADOR E PRODUTOR DE RIQUEZA.

«k» caingangues aos bóias-frias

^_ as s Pios gangue tual N chegar rjas de que pa

de ma i Raposo cravi z encont nhores ou exp massa ros em

a ram- desd

s que or te am os

mi 1 decem s de

Tav ou os rados de t

u 1 sos de br busc

se ma e os vivi

do Pa jesu

hares nas

cem c ares índi pe 1 a

erras . A p asile a de

i s de trê pr i mi t i vos am Waímat ranã quand T tas,a té a

de bói a fave 1 as

idades da extermi nou os. Os po s companhi

foram di art i r de 1 i ros e e.st um pedaço

s secu- c a i n -

as do £ o aqui s cçnte s-fr i as e vilas reg i ao. ou es -

sse i ros as e sje z i mados 930 uma range i- de chio

ocupou a terra roxa paranaense. Mas a expulsão cpn t i^nuqu : der rufa- da a mata saía o peão;plantado o café,o formador ; ar rançado o cafle, vêm saindo o porcen te i ro, o colcino e até o sitiante^Sai o homem,en- tram o boi e o trator. Mas este nio faz tudo sozinho.Se a utiliza çio intensa da máquina na nossa a gricultura- num transplante "mecã nico^da mecanizáçio realizada em outros países èm situações diver- sas- contribuiu para exilar o la- vrador da zona rural,por outro ;l£ do,nio dispensou totalmente seus

Page 6: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

essa gente não presfa"(A,varoPano%:afa-"975ro'a° ■""■"' )

braços.Para aumentar a produtlvlda de da decadente agr I eu 1 tura , gastají do o mínimo e lucrando o maxímoT foi preciso negar ao trabalhador todos os direitos trabalhistas e humanos,joqando homens,ve1hos,mu - lheres e crianças nas periferias das cidades e nas carrocerias dos cami nhões . //

Quem ainda vem para o Paraná es- perando encontrar o E1dorado,depa- ra com um ambiente adverso. E se nio continuar viagem rumo ao Mato Grosso,Amazônia e Paraguai,com cer teza terá o mesmo destino errante, miserável e marginal do novo assa- lariado agrícoIa:tornar-se,"previ- so r lamente", bóia-fria,numa s i tua- çio ambígua que para muitos já du- ra mais de dez anos^epe 1 i dos pela terra e ao mesmo tempo imprescindí veis a ela.Vivendo nas cidades sem desfrutar dos seus confortos . Traba lhando na roça sem contar com suas poucas rega 1ias .Desprezados por to dos e,no entanto, sio aqueles que plantam o que comemos.//

uma mutação degenerada ou

"ai que saudades que eu tenho do tempo do colonato..."

Saudosos da fase áurea do café, nio sio poucos os que hoje exal

tam a figura do co1ono,traba1hador que se viu transformado em bóia- fria.Fala-se da harmonia entio rej_ nante nas fazendas, da fartura de que desfrutariam os lavradores qu^ com seu trabalho árduo,diseip1ina- do e eficiente conseguiriam chegar a pequenos proprietários e até mes mo grandesrLunarde11i seria o exem pio.Terá o co1ono,entio,sido víti- ma de uma mutaçio,perdendo todo o seu va 1 or , vi rando pregu i coso , rebe_[_ de,ignorante,ou um coitado,só por- que agora nio mora na fazenda,come comida fria e viaja feito gado?

'/ Quem sabe o contato diário com i n - seticidas e a poeira gue tomam na cara pelas estradas nao tenham pe-

Page 7: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

é uma cambada de vagabundos^ (Un Iversitárío do tiorte do ParanãX

aò lornal Panorama-1975 '

netrad do uma

o nas mu ta

va , ai dor? A cabe a mos te

0 t i n to Paraná de i ros do co 1

suas çio g

ce enê

lula ti ca

s, provocan

teran comp

os ge n ta r co 1 on na ag

• 0 a

de v ona to

cfo o rovaç ne t i c a exp o es t r i eu I nse i o

degenera tf- car ão fst Ifc á p tur de

ater dest as. açio ratl a do mu ?

do a_ hí Nós p . hlst camen Nort

tos f oi ta r ê se

a me

ant i hant

ga re e ao

lavra- pótese refer_[_ õr i ca . te ex- e , ido: azen- 1 açio dos se

nhores de escravos após a abolI - ^jâol sofrendo os prejuTzos resul - tanTes da perda de seus escravos e obrigados a reorganizar a fazenda, a fim de adaptá-la ao trabalho se- mi-livre do parceiro (do qual o co lono foi uma evoluçio), passaram a exaltar o escravo, antes sempre ta xado de preguiçoso e rebe 1 de , trans^ ferindo esses atributos aos colo - nos imigrantes, que não se subme - tiam às duras condições aqui vigen tes . Entio, era comum ouvir da bo- ca dos escravocratas: "os carcama- nos nio chegam aos pés dos negros'.' Mas. com o passar do tempor ' a^. vantagens do trabalho "livre" fo- ram aos poucos se evidenciando e, entio, passou-se a dizer; "um tra- balhador livre produz mais que 30 escravos,

Hoje, quando a lenta e contra- ''ditõria - mas inevitável - evolu - çio da agricultura exige nova alte raçio na organização da fazenda,OJJ

ve-se novamente o clamor daqueles que são refratários a qualquer mu- dança. Quando o bô i a-f r i a , ta 1 qual o parceiro do século passado, recusa-se a receber o mesmo ofere- cido ao "pé-de-ferro" (empregado que ainda mora na fazenda) e resol ve "queimar sola" (voltar para sua casa a pé) o colono, tal qual o ejs cravo, é lembrado com saudade. E a quele que antes era qualificado de capiau e mal agradecido, tem o de£ tino dos grandes homens: morto, a- brem-se-lhe as portas negadas effl vida. E exaltado quando já está praticamente extinto. Querem a sua

volta quando as circunstancias im- pedem. E passam a ma 1 d i zer o bôia- fr i a, que é o colono expulso da fa zenda. por lhe terem oferecido condições de morte e não de vida.

III t ■

um boia-frla produz

mais que 30 cotonott algrado serem vistos como margj_ nais e não como trabalhadores,

os bôias-frias constituem o maior contingente de trabalhadores agrí- colas do Norte do Paraná- calcula- se que já tenham ultrapassado os 400 mil (50^ da mão de obra do no£ te do Estado).Em São Paulo eles to ta 1 i zam 25% de'toda a força ^mpj-e- g"ãda em at i vTdádes Fura i s , sendo também conhecidos pelos nomes_ d£ preciativos de "birol os","pilões", "paus-de-arara","avulsos" e outros,

Vy* Ém todo o Brasil os lavradores que vivem nas cidades - os rurba- nos - estão na casa do milhão.E se a estes somarmos os bôias-frias do campo (os peões, volantes e sit1a£ tes pobres que trabalham fora em cer.tas épocas - todos trabalhado- res temporários) encontraremos 5 milhões de famílias. Elas se esp£ lham por todo o paTs,des1ocando - se diária òu per 1odIcamente,a pé ou ^de cami nhao, pa ra as d i s f"arrtes lavouras do café, do a 1godão,cana- de-açúcar, para o desmatamento, e plantio de capim, sem saber onde

■estarão no dia de amanha. Snio, por_ tantoj criações típicas^las regi - ões bras11 eiras onde o desenvolvi- mentõ~da agriculturif atingiu a me- canização e cuja economia se asser^ ta num produto geralmente de ex- portação .

Por conseguinte, sob o ponto de vis^ta da economia, o bõla^?ria nao põefe ser considerado, de forma alguma um marginal. Os produtos a- gricolas de exportação ainda são

e hoje mais do que fundamenta i s nunca ra

para a economia brasllel Se quem planta e colhe esses

7

Page 8: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

produtos é, sobretudo, o bóia-fria, como poderá ele estar â margem co- mo produtor? Como consumidor, sim, ele está à margem: sobrevive com

de um salário mínimo. menos /^ Quanto ã produtividade, ê pos- sível fazer entre o colono e o bó- ia-fria a mesma comparação feita entre o eácravo e o trabalhador li vre? Talvez a diferença nao_seja na mesma proporção - de um para trinta - mas sabe-se que a produti vidade no sul do país, que é onde-

se concentra o maior número de as- salariados, principalmente bóias - frias, ê 500 por cento maior do que no nordeste, onde se mantêm as relações de produção mais atrasa- das, ao passo que os salários pa- gos no sul são apenas 90 por cento ma i s altos do que os do nordeste //

da enxada e oa roca para a favela

e a marginalização g^e, enquanto na roça, eles são ^*fundamentaís para a economia , 9l/a"do regressam"aos seus barracos a noite, transformam-se em marqf - nais para a sociedade. São analfa- betos, desnutridos, mortos-vivos

sem organização, sem segurança . Os mínimos direitos, já adquiridos por outras categorias profissio- nais, lhes sao negados; ass i s tên- cia me d í c ^~p r é vTlíeTrc ia social, fé rias, descanso remunerado, contra- to de t rabaIho , etc .

0_unico e maior bem que pos- s u e m -"q ü e já c o meçam a valor í z a r - é a liberdade de trabalhar onde quiserem, sem nenhum vínculo de de pendência a prendê-los a um pã» trão. Apesar de invejarem a roci-- • nha do "pê-de-ferro", começam a re conhecê-la uma faca de dois gumesT em troca do direito de plantar pa- ra si, o colono fica preso ao pa- trão, submetendo-se a situações a- viltantes, raramente vendo a cor do dinheiro» Ainda hoje os traba- lhadores não-remunerados no campo, em todo o Paraná, chegam a ^OOmi 1 .// Mas a cada dia essa cifra diminui, e dezenas de famílias vão inchando as cidades do Norte do Estado.

[I ^ Tendo que enfrentar tantos o\>%_ táculos, perigos e rudezas para po derem sobreviver, ê de se admirar-

a resistência dos bôias-frlas ao atrativo da mendicância, da crimi- na 1 idade JB—-da. ^prost i tui çã^. E, no entanto. são chamados de vaqabun- dos...

8

Page 9: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

bóia-fria é palavrâo,,vxtra'do de um poema)

f f meu patrão brigou comigo me chamou de bóia-fria não bati na cara deie

para não perder o dia..-" "

mssim começa a modinha cantada ^*nos programas sertanejos das rádios e repetida pelos próprios bóias-frias durante o trabalho.Es^ ta ê uma das formas subliminares de promover a sua auto-desva1ori- zaçio.Tenta-se convenci-los de su a "inferioridade" pela repetição insistente de que sio incapazes, que nio prestam,que não podem ter vez.E para isso contribui não ape nas ^a atitude de desprezo como"" também a de compaixão.Ao dizermos^ "coitados dos bóias-frias" ou "e- les são uns pobres coitados,aban- donados pela sorte", e que preci- sam da nossa caridade,estamos, na realidade, alimentando uma falsa caridade, que se nutre da situa- ção injusta e i nf er i or i zan te ào // "assistido", colocado na posição' de incapaz de reagir e superar su a a tua 1 cond i ção . ~

a herança do bota .fria é a esperança 1

J^carga pejorativa do nome "bói£ fria" atribui a este trabalhador algo além da pecha de preguiçoso e ignorante que vem perseguindo, como um pecado original, o nosso sertanejo, a partir do índio,quan do este recusou ser escravizado. Bóia-fria é sinônimo também de i- mundo, instável, enfim é um pala- vrão .

sy SJJ_v^Lx> _Roniero_ j á assinalava que os maiores obstáculos para a com- preensão realista do valor do ho- mem do campo são "as literatices dos escritores e políticos que julgam, eles, esses desfrutadores de empregos púb1icos,posições e prof i ssões liberais, os genuínos

e únicos brasileiros, a a 1 ma e o braço do povo".Assim como a"turba amorfa" não desapareceu, não desa pareceram até hoje as literatices daqueles p.ara quem o desprezo pe- lo sertanejo é quase uma segunda natureza-.

Por outro lado, temos grandes.e. xemplos de valorização do homem do campo.Euc1ides da Cunha já cha

mava a atenção para "as massas a- bandonadas do interior,que só apa recém no cenário nacional nos mo"1

mentos de crise e transformaçãot

revolucionária,revelando aspectos trágicos da nossa formação".Coube aoautor de "Os Sertóes" acordar a inteligência brasi1eira,voltada durante k séculos para a Europa , culpando-a por haver acentuado o c.£-11raste entre o nosso modo de

viver e o daqueles rudes patrfcT1" os,mais estrangeiros nesta terra

Europa. mar

do que os imigrantes da Porque não no-los separa um sePJram~no-loLtrês séculos ... "

Do bóia"-f riã" aindlT nòs separam quase três séculosrele evoluiu do medievalismo do século XVI euro - peu -representado aqui,com as de- vidas modifÍcaçóes,pelo colonato-

Page 10: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

nas carrocerias dos caminhões

'Z

para o início da revoluçio indus- trial^no século XVI II .Naque1 a epo ca o êxodo rural começou a ganhar

intensidade na Europa, com o atra tivo exercido pelas manufaturas e melhores condições de vida nas ei dades.A peculiaridade da terra ro xa paranaense é agravante:aqui aT

indústrias rareiam, as cidades crescem pelo menos cinco vezes ma is que as européias de entio, e a agricultura depende basicamente do~1mercado externo, sendo que am- bos padecem dé^ uma crise Tnsolú - vei.Assim, o nosso migrante não vai engrossar as fileiras do pro- le tariad_o_urbanOj_com o ocorreu a- lem-mar, mas sim do proletariado rural de rTõyõ tTp o.

x. Entretanto, apesar de evolufdo, o bóia-fria herdou muitos dos pro blemas, misérias e qualidades dos seus antepassados sertanejos.

Herdou a esperança do reti rante de Graciliano Ramos e do jagunço de Guimarães Rosa,que,em "Grande SertãorVeredas" sonhava:"Ah ,este Norte em remanência:progresso for te, fartura para todos, a alegria naciona1 1 . ..A gente tem que sair do sertãol Mas só se sai do sertão é tomando conta dele a den_ tro..."

E, em 1975, o bóia-fria não pe_r deu a espe rança: "eu acho que dev_i_

a ponhar uma lei mandando o? fazendeiros que não deixassem plantar tudo, dividir a terra de- les com os outros^Pegava uma fairn

lia, tem dez pessoas? toma ^ ai queires de terra.Tem 8?Toma 3 alr

queíres de terra" - extraído do jornal Panorama de 8.3.75.

Herdou também as contradições de Macuna'ma,de Mario de Andrade, que vai do campo para a cidade"" e 3es ta de novo para o campo, anfr^ b í o. sem raízes e ainda IsolaJo: "aqui é cada um por st e Deus con tra".Assim Macunaíma foi recebido na cidade. E assim o bóia-fria.en contra a cidade hoje:

"Eu não sei como estão as col -

sas por outras bandas , mas bola fria aqui anda mais perdido do que cego no melo de tiroteio" Folha de Londr1 na,25.7.7^.

y Multas outras influências veiji sofrendo o bóia-fria.No Norte do Paraná,ta1 vez mais do que em qual quer lugar do Brasil,vêm se mistiJ rando pessoas vindas de todo o país e de quase todo o mundo, num caldeirão soeia 1,racia 1 e cultu - ra1 peculiar.Ao mesmo tempo que \\ sua ebulição vem produzindo, em termos materiais, das maiores ri quezas nacionaIs,tem sido um cal do de cultura fertrlísslmo para os mais dramáticos problemas so- ciais,cujo produto mais típico e recente é o bó1 a-frI a.Tão típico que já é usado no resto do Brasil para identificar o Norte do Para- ná, ao lado do símbolo tradlcio - nal da terra roxa e no lugar do ca fé .

10

Page 11: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

eles perseguem um (irfuro melhor

é a alma • o JBaaça

Ia periferia de Londrina coexl£ tem,lado a lado, o campus uni-

versitário e o maior bairro de bólas-frlas, o Novo Bandeirantes. Sio duas culturas diferentes e". duas épocas de uma mesma cultura.

No campus vive-se a vida das cj[ dàdes, mais perto de Sio Paulo^ que das vilas que o cercam.Nas vj_ Ias os bôlas-frlas vivem a vida do campo, mais próximos dos jagun ^os de Canudos e do Contestado que dos estudantes com quem cru - zam nas estradas da Cidade Uníve£ s i tiri a.

Onde estar»© os "genuínos e unj^ cos brasileiros, a alma e o braço do povo7,, No Campus ou na VI la?^

Para responder a essa indagaçio é necessário que nos dispamos de toda a arrogância, sem procurar escapar de uma realidade que pos- sa nos ofender e cujo reconheci - mento pode até mesmo nos ameaçar.

// Se partirmos do princípio de que a crlaçio cultural é obra de homens seletos, de uma elite prj_ vilegiada, de donos da verdade e do saber, para guem todos os que estão de fora sao "essa gente","u ma cambada","uns coitados",cuja presença e participação na cultu" ra e na história é sintoma de sua deterioração,a resposta será uma.

Se,pelo contrário,partirmos do princípio de que a^cultura letra da,sistematIzada,não sobrevive ê estéril sem a participação povo, aonde deve ser buscada a Inspiração para a literatura, objetivo da ciência, a llnha^ pensamento, a diretriz da ação, a resposta será outra._ Conciliar as duas épocas e as

duas culturas é a tarefa que se Impõe.Os bólas-frlas, como seres

e do

o do

lru»a-pâ©

Fruta-pãotÔ fruta-pão quem 0 que mais furta o pão? 0 bóia-fria ou o patrão? Mas que pergunta obaeena, extravagante,enjoada, "bóia-fria" nem existe ê uma palavra inventada... -Mas tem gente que jã viu, "bóia-fria",diz que tem jeito de homem usa ehapelão de palha correntes nos pés e vive cavalgando as rodovias montado num aabo de enxada... -Tem outras gentes que juram que "bóia-fria" ê mulher oom duas brasas nos olhos os cabelos encharcados de sangue dando de mamar a uma criança que uiva em vez de chorar... -Qual o que,isso é lenda, e invenção, "bóia-fria"não existe é uma palavra inventada... -Não existe? , üêlEntão quem colhe o café da Fazenda S.José? o algodão,o milho e o feijão das propriedades rurais de seu doutor Benedito doutor Milton e doutor Brás? Quem capina? Quem arrua? e carrega o café colhido pra secar no terreirão? E rastela e amontoa e mais uma vez carrega o café e põe na tulha? -Fruta-pão,ô fruta-pão quem ê que mais furta o pão? 0 bóia-fria ou o patrão? -Mas que pergunta enjoada extravagante,obscena, "bóia-fria" nem existe ê uma palavra inventada... -Começa na madrugada e acaba no por do sol.

MARIA LEOPOLDINA RESENDE i

Page 12: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

humanos, são históricos, evoluem. Ao descobrirem seu valor, sua fo£ ça, seus reais anseios , estario a um passo de sua redençio .Assim,t£ rio ainda em vida o destino que os colonos só tiveram depois de extintos- serem va1orizados.Mas , no caso dos bõias-frias,va1oriza- dos pelo que eles têm de humano,e nio de bestas de carga.AT, entio, seu nome, inventado para humilhá- lo,perderá seu atual significado. A história já se encarregou de transformar o caráter pejorativo do nome "tiradentes" no símbolo do herói naciona1 , apontando quem foram aqueles que o chamaram de "bandido","inconfidente" (sem fi- delidade), e o enviaram ã forca. A história destruiu o "título" que lhe atribuíram e reconheceu , finalmente, o valor da sua atitu- de .

Nio está longe o tempo do reco- nhecimento do bóia-fria.Apesar de tênues,já notam-se alguns sinto - mas.Em Arapongas,estudantes cria- ram um jornal que tem o seu nome. Jornalistas têm testemunhado com fidelidade a sua vida.Poetas e e£ critores tentam retratar o seu drama . Po 1 í t i cos lembram-se de mer\_ cioná-los nos pa r 1 amen tos . C i en t i s_ tas sociais procuram ententer a sua situaçio.Educadores,médicos , advogados,economistas e outros preocupam-se ante a ineficiência de sua açio e compaixão para solu^

cionar o problema dos bóias-frias. E estes, montados nas carrocerias dos caminhões,continuam perseguin

do um futuro melhor, despercebi - dos e desprezados por uma multi - dio de cegos que passam por eles nos caminhos, bebem o café colhi- do por eles, quase lhe esbarram nas ruas:

"No outro dia, na Avenida Para- ná, eu vi a figura que mais mexeu comigo nesta cidade.

Um bóia-fria, vermelho de terra,sandá1ias de borracha, enxada ao ombro, sg me- xendo entre o povo passante.Só conseguia enxergar a ele,única fi gura destacada, na calçada cheia. A enxada nas costas era levada co mo uma arma, leve e eficiente;eF¥

admirável a destreza, a leveza co mo ele se mexia entre as pessoas, imundo, tostado de sol e também pardacento, esguio,1igeiro.E1e mais deslizava que andava na cal- çada e ao atravessar a rua, teve um íntimo conhecimento,quase fami liar, do trânsito - nio esbarrava em nada.Nem nas pessoas,nem nos veículos.Era rápido,calmo e,ape- sar de andrajoso,compôs to,ereto, inteiriço.A partir dessa cena,pa- receu-me que nio tinha mais nada a ver na vida urbana de Londrina".

Quem escreveu esta cena foi Joio Antonio,escritor,e um dos poucos que têm olho, numa terra de cegos.

Artigo escrito pelo GEIE- Grupo ie Estudos de Imprensa Estudan- til, do DCE da FUEL3a partir de debates3pesquisas nos jornais locais e livros ("Grande Sertão: Veredas" e "Os Sertões").

s

12

Page 13: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

O HMDIO

AQUELE QUE DEVE MORRER

(documento de urgência de bispos e missionários)

Ji antes de \(>k2,a I greja , a traves do Papa Urbano , reconhec i a que o índio tem a 1 ma.É gente.Apesar disto e dos esforços de alguns homens , o indigena continua nio sendo considerado.como tal.Tem suas terras In vadidas pelos brancos,a lém^dej1 ver a extinção de sua raça em consequen

cia das mais variadas violências. Tal como o bóia-fria, nio é considerado gente.E sinônimo de margi -

na 1 ,vagabundo, gentinha.

13

Page 14: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

NO VIOESIMO dUlHTO ANIVEBSAmo DA DECLARACÍO umvFIKli E EL

0í"N«"í^!0onD^sfn

F,;Dos "" ^COXK" íi ^..«rw^ SSA M,ss^O Ç PELO CHOQUE DA REALIDADE QUE lin«:

?í:í3FE?:S,6DíNAU

S"«SC;I!ASS?L

B"E A »«-"-?AE?opN

EsíçNjis-0„Err

M. , ■ . . 25 DÊ DEZEMBRO DE 1973 Max mo Blennes,Bispo de Câcercs,MT Mel Io Campos,Bispo de Viana,NA

Peíír?,í;rí??? d%fve"«r,Blspo de Marabá,PA Pedro Casaldallga,Bispo de São Fêllx,MT Temas Balduíno,BIspo de Golas,60 Agostinho José SartorI,BIspo de Palmas,PR

Gomes Leitao,MIsslonârlo de Marabá,PA

Dom Dom Dom Dom Dom Dom Frei

F^rní;?0"10 ia?,'M,Ss4onir,0 de Diamantino,MT Frei Domingos Mala LeIte,MIsslonârlo de Conceição

P.^.- * . ,. do Araguaia,PA Padrl LIITAM ^""^'«'"íonirío de São Fêlíx,MT Padre Leonlldo BrustolIn,Mlsslonârlo de Palmai,PR Padre Tomas LIsboa,MIsslonârlo de Dlamantlno^MT

Qs Bispos da região Extremo Oes *^te declararam a 12.11.71:" As"3

slstlmos em todo o pafs â Invasão e gradativo esbulho das terras dos índios. Praticamente não são reconhecidos os seus direitos hu- manos, o que os leva paulatlnamen te a morte cultural e também bio- lógica, como Jâ sucedeu a multas tribos brasllelras"(l).

0 documento firmado por 80 ho- mens de ciência em Curitiba dizia: "Os que assinam o presente, liga- dos ao problema do índio por ra- zões de atividade profissional ou por vlnculação de sentido puramen te humanístlco, sentem-se no de- ver de dlrlglr-se, de público, âs autoridades do país e a própria consciência nacional, com o propô sito de despertar o Interesse e a atenção para as ameaças que se re novam contra os direitos mais ele mentares das populações Indígenas brasllelras"(2) .

Para avaliar o alcance da afir-

mação dos Bispos e dos cientistas acima citados e para verificar que não hâ apenas ameaças mas reais vUlações dos direitos das populações Indígenas,apresentamos algumas notícias publicadas em Jornais e revistas somente nos Gl tlmos dois anos, a partir do Iní"1" cio da construção das estradas na AmazonI a.

"Respondendo às críticas dos Ir mãos VI lias Boas ã construção dã BR-80, disse o presidente da Fu- nal,General Bandeira de Mello que a estrada não vai criar problema para os índIos"(3).

Não criar problemas para os ín- dios significa não violar o seu direito ã terra, não levar eles â morte pelas enfermidades e pelos confUtos violentos,não oa díspar sar,não destruir enfim sua cultur

ra,

Entretanto um antropólogo,asses der do próprio presldence da Fu" J»aj ,afl rmou; "Todos sabem que uma

cf

Page 15: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

estrada, cortando reservas indí- genas,ê um veículo que traz enor- mes problemas para os índios e consequentemente para a FunafíM.

Referindo-se â BR-80 assim fa- lou o sertanista Orlando Villas Boas:"Não tem levado para a re- giio senio cachaça, prostituição, aventureiros e depredadores da n£

tureza"(5). No princípio deste ano, os jor-

nais noticiavam:"0s três funcio - nários da Funai do subposto de A- lalau (Roraima) foram assassina - dos por vingança pelos indios WaJ_ mlris-Atroaris que,em junho de 1972 haviam sido desrespeitados por mateiros contratados para a- poiar os trabalhadores da estrada Manaus-Caracaraí"(6)._

A mesma coisa poderá acontecer

em outras áreas,como afirmou o professor Eduardo Galvão do Museu Goeldi de Belém, ao prever l,ch£ quês entre as populações indíge- nas e o elemento colonizador na rodovia perimetral Norte"(7).

Nessa perimetral, além das mor- tes violentas,há ainda, como em todos os casos de contato dos in- dios com as frentes de penetraçio, a morte causada pelas enfermida^ des:"!^ índios Waimiris-Atroari , vítimas da gripe fogo" (8) .

A respeito da situação dos ín- dios de Roraima, dizia um jornal de Manaus:"0 índio foi e continua sendo sempre a vítima indefesa. Suas terras são invadidas,suas r£ servas roubadas, suas mulheres ul- trajadas. A polícia de Boa Vista sabe disso...a Funai também o sa-

Eles perdem suas terras, e ganham cachaça,prósti- tuicão,doenças e mortes.

15

Page 16: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

"Quanto e que as companhias (agro-pecuárias) pagaram ao Pai do Céu de vocês para ele dar as terras dos Índios?"

indio Tupirapé.

be...sõ nós nio sabemos porque o índio deve continuar a ser exter- Tninado sob o olhar tutelar da Fu- nai . .."(9) .

A BR-80 que dividiu a tribo Tu- karramie provocou toda uma reação em cadela."Como conseqüência da- quela reação em cadê 1 a , outros pro^ blemas virão e,quando forem cons- ta tados , mu i tos índios ja terão morrido"(10).lsto,infelÍ2mente,jâ

está acontecendo:"4 mortos, 20 doentes em perigo de vida e 70 \n ternados são o resultado do surto de sarampo que atingiu os Índios Tukarramãe, numa das mais graves crises de doenças do Parque Nacio nal do Xingu,agora cortado pela rodovia BR-80"(1 1) .

Essa ca 1amidade,porém,se justi- fica dentro da visão do sistema "pois o Parque Nacional do Xingu não pode impedir o progresso do país",como afirmou o presidente da Funai,Genera 1 Bandeira de Me 1- Io.(12).A resposta a isto já foi dada antecipadamente pelo poeta: "... chame-1he progresso quem do extermínio secular se ufana:eu,mo desto cantor do povo extinto cho- rarei nos vastíssimos sepulcros que vão do mar aos Andes e do Pr£ ta ao largo e doce mar das Amazo-

nas"(l3) . Tal violação dos direitos dos

índios não constitui problema pa- ra a Fanai que,na opinião do Depu tado Jeronimo Santana , "perdeu o sentido da mensagem do Marechal Rondon-morrer se for preciso, ma- tar nunca-e hoje em dia,para de - fender seus interesses,o que o 5£ gão leva menos em conta ê o pró - prio índio"(li») .

A linguagem do General Bandeira de Mello parece menos a do presi- dente do órgão criado para defen- der os direitos dos índios,que o eco das palavras dos latifundiá - rios da Amazônia:"Referindo-se às

diretrizes da Funai para l9722vo^ tou a ressaltar que o índio não pode deter o desenvolvimento"(15) .

A simples construção de uma es- trada em área indígena constitui uma violação do direito que os Í£ dios têm sobre suas terras.No dj_ zer de quem é autoridade no assu£ to,Gonzalo Rúb i o , Di re tor do lnstj_ tuto Indigenista 1nteramericano: "A ação dos aventureiros e explo- radores de ontem, contra os Indí- genas,se somam hoje os elementos novos,as estradas e as forças prc) gresso- os quais,mesmo sem Inten- ção de produzir danos,atrapa 1ham inegavelmente a vida dos grupos, que ainda res tam" ( 1 6) .Ta 1 assertj_ va encontra eloqüente comprovação no que disse o engenheiro Cláudio Pontes, da Empresa industrial e Técnica,uma das que vio construir a Perimetral Norte:"Em momento a_l_ qum o trabalho será interrompido, mesmo que surjam problemas com IJI

dios"(l7). Os conflitos surgem inevitavel-

mente : "Traba 1 hadores e engenhei - ros da COTERRA - companhia de te£ raplenagem que constrói a BR-80 - foram recebidos.a bala,quando te£ taram se aproximar da aldeia dos índios Tuk.a r ramãe . . . " ( 1 8)

"Um ultimato,um furto e um tiro telo,com a agravante da tensão na área,provaram, há duas semanas, que os índios do Xingu não acei - tam ainda a estrada"(19) .

Resumindo:1^ Transamazônica e outras estradas em construção no Norte do país estão formando o cerco em volta de 80 mil índios brasileiros, condenando-os â ex - tinção"(20). Aliás a Amazônia é tida como

terra de ninguém e o triste exem- plo de desrespeito aos direitos de seus legítimos ocupantes lamen^ tavelmente vem de ei ma:"Quando se quer fazer alguma coisa na Amazô- nia,não se deve pedir licença:fa£

Page 17: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

se",afirma o Coronel Carlos Aloí- seo Weber (21) .

Que outros órgãos do governo, » responsáveis pelos bens materiais da Amazônia, sejam omissos,jâ é iin tolerável pois constitui,na .ex- pressão do General Olímpio Mourão Fllho:"um absurdo o que se faz a- tualmente na Amazônia.Acabaremos transformando a selva num deserto" (22).Ultrapassa,portanto,o absur- do que o órgão nato para a defesa dos direitos dos índios seja "o^ grande ausente nos sertões amazô- nicos",como teve oportunidade de

confirmar,em sua segunda viagem ao Norte,o General Frederico Ron- don(23).

A Imagem que temos da Amazônia, essa vastidão plena de mistérios e de desafios, que oferece tanto espaço para o mito da "conquista" pode facilmente atenuar ou enco - brlr a responsabilidade da FUMAI. Se,porém,passarmos para o extremo sul do país,encontramos melancólj_ cos depoimentos como este de Car- los de Araújo Moreira Neto:"Em re lação ao problema que vem sendo especificamente díscutido,Isto é, a situação atual dos índios Kaln- gang do Rio Grande do Sul,princi- palmente no que se refere às su - cesslvas Invasões de Nonoãi por intrusos.a posição da Funal e de outros setores oficiais lnteress£ dos,é característicamente cautelo sa e dilatorla o que leva ao fo£ talecimento do "status-quo".Neste sentido não há diferença entre a ação da Funal e a do SPI,ambos iji capazes de uma modificação signi- ficativa no sistema geral de expo Ilação e aviltamento a que esteve (e está) submeti do"(2M . Ainda a propósito dos índios do

sul,podemos citar a opinião de ou^ tro antropólogo»o professor Sil > vlo Coelho dos Santos,dlretor do Museu de Antropologia da UnlversJ[ dade Federal de Santa Catarina: "...conheço a situação dos índios nos Estados do Paraná,Santa Cata- rina e Rio Grande do Sul, pois de senvolvl extenso projeto de pes -

quisa nessa área.A situação não é boa em nenhum dos postos que co- nhecemos,mas é sempre pior quando os indígenas estão em contato com ' os brancos"(25).

"Bêbados,maltrapi1hos e famin - tos,escondi dos no mato ou vagando pelas estradas a esmolar,os pou - cos milhares de Índios das reser- vas do Rio Grande do Sul,passam quase ignorados durante os últi - mos meses de farto noticiário a- cerca de seus Irmãosde raça"(26)

"0 engenheiro Moisés Westpbblen, professor universitário e grande estudioso do problema indígena a- flrmou:"0 governo gaúcho sempre participou da expoliação da terra dos Índios e a Funal é uma morta- viva.O que estãokfazendo com os Índios no Rio Grande do Sul é um genocídio,porque eles não podem viver sem terra"(27).

Seguindo o roteiro da miséria e da fome do índio b ras i 1 e i ro , encon^ tramo-los também em S.Paulo onde "passam o dia mendigando,dormindo sob as pontes e bebendo a cachaça que podem comprar ou que os mora- dores de outros barracos lhes of£ recém.Vestem-se de farrapos e pe- rambulam pelos bairros próximos, de Santo Amaro(28).

No Mato Grosso,os Xavantes es - tão "em pé de guerra e dispostos a reagir a qualquer invasão de^ suas reservas"(23).Os Tapirapés foram recentemente ameaçados de serem retirados de suas terras pe Ia Funal, que desejava "transferT los para a Ilha do Banana 1 •, ceden- do ãs pressões da Companhia Colo- nlzadora Taplraguaia(30).

"Os Índios Galera e Sararé do grupo Nhambiquara,que a Funal es- tá transferindo para uma reserva 1ndigena,encontram-se em estado de saúde tão precário que,há pou- cos meses,um surto de gripe,deco_r rente do contato com os brancos , dizimou toda a população tribal na faixa dos 15 anos"(3l).A trans ferência dos índios Nambikuara se prende ã necessidade de ceder suas terras a poderosos grupos e'

17

Page 18: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

"Nos/índios^omds como a plantação: Quando mudada de lugar, se não morre,

pelo menos se ressente multo." índio Pataxo'

conômlcos. Notícias provenientes de Cuiabá

dio conta de que os Kaiabi foram solicitar armas à Funai "para en- frentar alguns fazendeiros da lo- calidade de Porto dos Gaúchos que Continuam Invadindo suas terras (32).

Em Goiás informa-se que "250 iji dlo;s, Xerentes tentam assumir ,. o controle do município de Tocatlnj_ as,tendo Já saqueado algumas fa kendas.Os Índios reclamam a pro - prledade das terras em que vivem"

(33) . A respeito dos Índios Karajá da

Ilha do Bananal.Estado de Gojâs, lemos depoimentos como e8te:"\/e - Jam.os civilizados construíram a- qui os seus hotéis para assistir a decadência de outra civilização. Ê uma barbárie".A barbárie a que se refere o oficial da FAB e o e£ petáculo visto da varanda do ho- tel Kennedy naquela I1ha:"0s índj_ os carajás voltando bêbados da cj_ dade matogrossense de S.Felix. Os Índios atravessam o rio soltando longos uivos dentro da nolte"(3,«). Ainda sobre os Karajâs:chegou-nos ao conhecimento uma carta de LucJ[ ara,no dia do Indlo,(19.^.73),as- sinada por 125 moradores daquele lugarejo e endereçada ao Diretor do Parque Indígena do Araguaia,1- Iha do Bananal .Entre outras coU- .sas,dizla:"Pedlmos em favor deles (índios Karajás em Luciara)uma ur_ gente Intervençio da FunaI .Alguns gravemente doentes (tuberculose)e todos absolutamente abandonados , precisam de uma assistincla exce£ cional e permanente".

Na Bahia,nio obstante o reduzi- do número de índios lã existentes encontramos a mesma vlolaçio dos seus direi tos,com todas as conse- qüências que daí der Ivam:"Homens entregues ã beb1 da,mulheres tran£ formadas em empregadas domésticas.

crianças que morrem antes de com- pletar um ano de Idade,assim vi - vem os Índios Qu1rIrIs,tr1bo em decadência atua 1 mente,loca 1Izada na Vila de Mlrandelo a 293 kms de Salvador"(35) •

Os Índios Pataxós,como alias to dos os outros,nos planos oficiais, valem até menos que a flora e a fauna:"A proteção deles deveria u dilr-se ou mesmo sobrepor-se a de- fesa da flora e da fauna do lugar" (36). E se sua transferência for concretizada,"decretará" o fim do último direito que a tribo ainda tem de viver na terra onde nasceu" (37).0 protesto dos índios Pata,- xós é patético:"Nôs,índios, somo» como a plantação que,quando muda- da de lugar,se não morre pelo me- nos se ressente muito.Nio aceita- mos sair daqui porque muitos anos antes de existir o parque,a gente já estava nestaterra que,boa ou ruim,é nossa e é onde nasceram,se crlaram,morreram e estão enterra- dos nossos pais e avos"(38K

No Pará,"os Indlps (Gaviões) a- cabaram sendo removidos para ou- tra área pela Funai. Mas esta - vam tão transtornados que as mu- lheres chegaram a praticar abor - tos para que não nascessem crian- ças,pois os bebês ,segundo elas,dj_ flcultavam a locomoção da tribo . E a tribo estava sempre mudando de lugar, fugindo dos brancos"(39) Um grupo deles "maltrapilho e fa- minto,chegou a Fortaleza para pe- dir ajuda" e na sua linguagem sim pies fizeram a denúncia contra a Funai porque ela é dirigida por um homem civilizado e homem civl- 1 I zado engana índio"(1»0) .

0 mesmo drama do índio pode ser presenciado no Nordeste onde "Xu- curus",Fulniôs,Pankararus e Hamu- és . . .sobrevi vem apesar de confinai dos em parcelas de seus antigos territórios e "perambulam" de um

18

Page 19: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

lado para outro,sempre escorraça-

dos"(/»l). "Em Rondônia,a ocupação afeta

índio e eco 1ogía"(42) .Surgem mor- tes de parte a parte e os respon- sáveis são "os gr i 1 ei ros ,gar impej_ ros e seringueiros,que invadem as terras dos Índios" éo que se vê o brigado a reconhecer o próprio presidente da Funai(^B).Mas a ver dadeira responsabilidade recai so bre a Funai porque "tem dado^per- missão a empresas de mineração p£ ra explorarem minério na área in- dígena",como foi afirmado na Cirna ra dos Deputados em Brás T 1 i a (M) . Nesta rápida amostragem da situ

ação dos Índios,ficou bem c^aro que "o Índio brasileiro está sen- do extermi nado.Com o avanço da cj_ vilização branca tem havido cho - quês e sempre o Índio brasileiro leva a pior.Esse extermínio não se faz através de armas mais podje rosas,mas também por causas biolo gicas introduzidas pelos brancos , como afirmou o professor Newton Freire Mala,Diretor do Departameji to de Genética da Universidade do

Paraná(^5)• Não obstante a criação do novo

órgão para atender às populações indígenas,a situação destas contj_ nua a mesma senão pior que a des- crita pelo Grupo de Trabalho cons^ tituído por decreto pres1denc1aj , em maio de 1968:"Em que pese à forte legislação que,desde o pe - ríodo colonial procura amparar o nosso 1nd1 o,cont1 nua o desrespei- to pelo sllvícola.As dificuldades para o cumprimento dessas leis e a morosidade do rito processual^ nos casos de invasão ou posse,são incentivos para a continuação da espoliação de suas terras.Sempre de maneira 11egftima,por fraude ou violência,foram as terras ti- radas a seu dono .E , não_raro,para "legltlmar"o esbulho,há a acober- tá-lo um decreto,uma lei ou um a- to administrativo qua1 quer (^ô) .F£ nal.SPI, mesma coisa', exclamava um chefe Karajá...

"Os VI lias Boas protestam"faz a manchete da notícia da verdadeira

trama contra o Parque Indígena do Xi ngu, pat roc 1 nada pela Funai e de_ fendida pelo General Ismarth de Araújo,super 1ntendente do órgão, sob pretexto de 1ntegração:"índio 1ntegrado,segundo os boletins do órgão,é aquele que ée converte em mão de obra".Para os sertanistas, é um mal.Essa política caracteri- zou-se pela opressão"(If7) .0 pro - blema de fundo continua o mesmo, em que pese a explicação posterior do superintendente que persiste em defender a "1ntegração",mesmo que a qualifique de "lenta e har- moniosa" (48) .

Para encerrar esse levantamento de dados,passemos a palavra a um dos mais sensíveis poetas atuais: "Homens esquecidos do arco-e-fle- xa/deixam-se consumir em nome/ da integração que desintegra/a raiz do ser e do vi ver./"Vocês têm o - brigação de usar ca 1ça/camisa;pa- letó^sapato e lenço/enquanto no Leblon nos despedimos/de toda a convenção e viva a natureza".../ Noel, tu o disseste:/a civiliza - ção que sacrifica povos e cultu - ras ahtiquíssimas/é uma farsa amo

19

Page 20: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

»jste sucinto e incompleto levan ^™tamento das nossas populações" indigenas já teria sentido para nos se,com e1e,conseguíssemos a- lertar a consciência de todos os brasi1eiros,correspondendo ao ape Io do General Antônio Coutinho,De" legado da Funai:"Se a igreja não

botar a boca no mundo,os Índios., vãoser sempre massacrados"(50) .

Sinajs de um despertar da consciência se vislumbram ao^ in 'di osmas , diante da sombria rea 1 i da" de,não conseguem vencer uma "enor- me sensação de remorso",porque "no fundo,no fundo,o que a gente faz ê um crime",como me 1anco1icamente

confessava o sértanista Antônio Co trim Neto(51) .

Cumpre reconhecer que tem sido farto o noticiário dos jornais so bre os indios,mas esbarra na indi- ferença do nosso povo que tem uma visão er rônea , supe r f i c i a 1 e tendejn ciosa a respeito das populações ir^ digenas.Para a maioria,© indio não passa de um selvagem ou de uma fi- gura de museu.

Para alertar e melhor interpre - tar essa problemática que,queira - mos ou não,é também nossa,apresen- tamos algumas pistas para a análi- se das causas que produzem essa morte lenta das populações indige- nas .

J»S populações indigenas são \/\t\_ **mas de todas as injustiças. A própria política indigenista,por ser ma[s política do que indigenis^ ta,está merecendo as mais severas criticas,a ponto de ser considera- da "carente de qualquer mérito e um amontoado de contradições"(52).

"A reformulação urgente dos mé- todos adotados pela Funai é a uni ca maneira de evitar que os Ín- dios brasileiros sejam destruídos pela civi 1 ização",afi r mo*u o s e r t a n i s ta Cotr i m (53).

Antes dos próprios métodos,há algo bem mais profundo a ser re - formu1ado:"A única solução para o problema dos Índios brasileiros será a total reformulação da a- tual política adotada pela Funai, disse o General Frederico Rondon (5^4) .

ii

"Aparentemente a Funai é instituição muito dinâmica,à qual o país deveria inestimáveis servi ços.Rara^é a semana em que a im ~ prensa nao registra declaração de seu presidente sobre os projetos da entidade e as complexas tare fas realizadas por seus funcioná- rios . í nfe 1 i zmen te essa imagem idí 1ica da Fundação Nacional do In ~ dio não passa de um mito"(55).

Dos altos escalões ã simples e- quipes de a tração,ressalvando uns poucos e heróicos sertanistas, o que caracteriza a Funai é o des - preparo para a missão que foi cha mada a desempenhar.E1 a se trans ~ formou numa enorme máquina buro - crática centralizada em Brasília e"cuja8 opções são alheias ao bem estar da comunidade indígena" se- gundo ressaltou o Dr.Amaury Sa

Page 21: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

O Dr.Sadock era o único dos al- tos funcionários da Funai que en- tendia de índio,mas teve que se demitir,dadas as irregularidades existentes no õrgio que, na opi - niio do General Bandeira de Mello "atingem a quase todos os setores da Funai,envolvendo inclusive a nossa prestaçio de contas" (57).

É impossível reformular uma au- têntica política indigenista sem á redeflniçio de princípios e con_ celtos e sem situã-la no conjunto da política nacional.Nem mesmo o conteúdo antropo 1ógico ^e certas palavras como "aculturaçio" e "i£ tegraçio" tem sido respeitado no Jogo de prestidlgltaçio de cer - tos conferenc1stas que a Funai tem enviado ao estrangeiro, na sua preocupação com a "boa ima - gem".A própria Convenção n?107 da Organização Internacional do Trabalho ê utilizada dentro de

outro esquema menta1,dentro de £ ma realidade diferente e com ou- tros obje ti vos . "Declarações atribuídas a ai -

tos dirigentes da Fundação Nacio nal do Indio...vieram aumentar a distancia que separa os que têm interesse no indio sob o ponto de vista teórico mas que não po- dem nem devem deixar de olha -Io também como ser humano"(58).A re formulação da política indigenis^ ta urge mais atê porquese tor - nou uma "política contrária aos princípios que ela defendia quan^ do foi criada"(59).

A doença que se manifesta em um órgão só poderá ser convenier^ temente diagnosticada se o exame se estender ao corpo inteiro.Se- rá que não teremos mais elemen - tos e mais esclarecedores se es- tendermos nosso exame â política g1obaI? .

a política do «modelo brasileiro»

f^s dirigentes políticos brasl- to e Oleiros,no afã do "desenvolvi- ria. mento",promovem os interesses e- ria conomlcos de grupos Internado - plan nais e de uma minoria de brasi - que, leiros a eles Integrada.Só podem roub fazer e de fato só fazem uma po- do s lítica economieista,sobrepondo o de d produto aos produtores,a renda ment nacional â capacidade aquisitiva Es da população,o lucro ao trabalho volv a afirmação da grandeza nacional cia ã vida dos brasileiros^ preten- do p são de hegemonia sobre a América sub- Latlna ao crescimento harmônico etár do Contlnente.Jâ está mais do jaa que provado e disto as nossas a_u peão torldades não fazem segredo, que do.M foi aceito o caminho do "capita- prof lismo Integrado e dependente" pai em r ra o nosso "progresso" .Mais pro- rico vado ainda está que o "modelo perl brasileiro" visa um "desenvolvi- clon mento" que é só um enrIquecImen- próp

conomico de uma pequena mino Este enriquecimento da mino- será fruto da concentração ejada da riqueza nacional em termos mais simples,é o o do resultado do trabalho e ofrimento da quase totalida- a população que progressiva- e se i rá empobrecendo (60). sa opção equ i vocamen te deseji mentista tem.como conseque£

a crescente margina 1ização ovo brasileIro,seja operário, operar Io, seja pequeno proprJ_ Io da cidade ou do campo,se- rrendatârlo,posse!ro,meIeIro, ,sub-empregado ou desemprega ais grave ainda é que se ab- unda a dependência do país elação a outros países mais s e fortes , 1 mped I ndo uma ejK êncla de desenvolvimento na- al,definido e assumido elos rios brasI1eIros.

21

Page 22: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

Em funçio dessa opção "desen - volvimentista" assim caracteriza da ê que se constituem os orga - nismos admi n i s t rat i vos ,como a Fu^ nai.Muito a propósito vêm as re- centes palavras do etnôlogo Car- los Moreira Neto,do Conselho Na- cional de Pesquisas:"0 Brasil passa por uma febre desenvolvi - mentista que pode estar influen- ciando ma 1eficamente a Funai"(6l)

Todos os setores da administra çio devem colaborar para alcan - çar os mesmos objetivos.Por tanto todos estão dependendo das dire- tivas econômicas e a elas devem servir.Tendo estas uma linha an- ti-nacional e antipopu!ar , ê ne - cessãrio que estes órgãos admi - nistrativos amorteçam e contró - lem as tensões sociais que apare çam.No nosso caso "quando o ter-

ritório onde vivem apenas índios começa a receber co1onos,maderei- ros e grupos exploradores de mine rios,as autoridades resolvem o i- nevitâvel conflito entre indios e brancos-quando ainda restam in- dios- transfer i ndo o grupo indíge- na para outro local mais afastado da civilização e ãs vezes jâ povo ados por tribos inimigas das que chegam"(62) .Nisto se reflete o fe nômeno geral:o que importa não se rã promover algo mas, " i n tegra r " a população que puder ser integrada ao sistema adotado,servindo ao"mo de Io bras ile i ro" . Todos percebem que^com uma mentia

lidade e programa assim desenvolvj_ mentistas qq,e tem presente "somen- te orendimento econômico,caminhar£ mos fatalmente para a extinção to- tal das populações indígenas, por

22

Page 23: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

mais belas sejam as nossas inten - ções, estatutos e leis"(63).0 ex- diretor do SPI e experiente indige nista.Gama Malcher afirmou que "a política definida como de "prote - ção ao indio",na realidade trans - forma o silvicola em justificativa para a existência de um aparato bjj rocrãtico que relega os interesses dos indígenas a um segundo plano £ fim de atender prioritariamente as pressões e interesses de lattfundj[_ ãrios"(6i4) .Com energia,© deputado Jerônimo Santana denuncia:"A Funal se transformou num órgão de que os grupos se valem para explorar os recursos naturais das reservas on- de os índios vivem.Hoje o indio ê o que menos importa.0 indio é uma coisa e a política posta em práti- ca pela Funai o prova"(65)."As pa- lavras "progresso" e "desenvolvi - mento" servem de escudo para a dejs truição do ambiente natural brasi- leiro e para o extermínio dos ind_i_ genas" ê a conclusão a que chega a equipe do "0 Estado de S. Paulo" que fez uma alentada pesquisa so - bre o indígena no Brasil (66).

Para o povo pobre do Brasil o fu turo que o sistema oferece ê uma margina 1ização cada dia maior. Pa- ra os Índios, o futuro oferecido ê a morte.0 insuspeito "Osservatore delia Demenica" do Vaticano comen- ta:"esse progresso (do Brasil) no entanto tem um preço ecológico: a extinção dos indios"(67).

0a política global de desenvolv_i_ mento econômico do governo faz pajr te a "ocupação da Amazônia" (e do território nacional) mesmo que se- ja feita por companhias estrangei- ras ou multinacionais que ali en - contram grandes oportunidades de investimentos altamente lucrativos na exploração de minérios e de ma- deiras ou na organização de "empre sas agro-oecuãrias".

Se para isso é necessário conti- nuar, os métodos importados e tradj^ cionais de depredação da natureza, não 1mporta."Dlz-se que é preciso abrir estradas para povoar,fixar o homem na Amazônla .Agora que as es- tradas estão abertas verlflca-se

que o deserto de homens permanece. Derrubam-se as matas não só para a_ brlr estradas mas também para In - troduzlr o bol.Garante-se que só^ com a pata do boi a Amazônia será conquistada...Em nome disso,expu1 * sam-se os índios de suas reservas, mutila-se fortemente nosso equilí- brio ecolõgico",dlz severamente Cláudio Vi 1 Ias Boas(68) .

Se para isso é necessário abrir grandes rodovl as , sej am abertas mes^ mo que os "males sejam grandes",se: gundo Orlando Vlllas Boas que a propósito da BR-80 frlsa:"Estrada política e não de interlorlzação" (69).Se é necessário expulsar os posseiros ali radicados hâ anos; que,depois dos Índios,foram os únj_ cos defensores daquelas riquezas , sejam expulsos a qualquer custo_ , conforme a vigorosa denúncia ate hoje 1rrejpondlda do Prelado de São Fellx do Araguala (70) .Se n£ cessar Io ma tar,mata-se . ,, .J

E se ali encontra rem. os índlos?£ les não podem Impedir a marcha do "desenvolvimento" e devem ser "In- tegrados", "acul tu rados" para cola- borar no crescimento naclonaK" 0 des-envo 1 v l mento da Amazônia não p£ ra por causa dos índios" é o títu- lo das declarações do Ministro Co^ ta Cavalcanti que exclama patética mente:"E por que eles hão de ficar sempre 1nd i os"?(71) .

Se os índios ali estão mas não produzem segundo os critérios do capitalismo Integrado e dependente, se não possuem propriedade legal da terra,se não são proprletá rios de empresas agríco1 as , então devem dar lugar aos novos "ban - delrantes",devem retirar-se des- tas terras que nunca lhes perten_ ceram e que só agora a "civiliz£ ção" dâ ou vende aqueles que vão desenvolver o país'. Podem estes últimos explorar (ou roubar) no£ sas riquezas naturais que vão au méntar as riquezas dos países rj_ cos...deles é o direito a apro - prlação daquelas terras.Se os iin dlos assim provocados e expolla- dos do seu direito reconhecido teoricamente e do seu modo natu-

23

Page 24: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

ral de viver.morrerem, pois que morramlSe reagirem,sejam enfren- tados como se fossem eles os in- vasores dessas terras! 0 Marechal Rondon.em trágica profecia,jâ em 1916 dizÍa:"Mais tarde ou mais cedo,conforme lhes soprar o ven- to dos interesses pessoais,esses proprietários-coram Deum soboles (ante a face de Deus)-expe1irio dali os índios que,por uma inver sio monstruosa dos fatos,da* ra "- zio e da moral,serio considerados e tratados como se fossem eles os intrusos,sa1teadores e ladrões" (72).

Fazendo eco ã profecia do Mare- chal Rondon,diz o Xavante Juruna: "...a terra ê a única riqueza que o índio tem na vida.Sem ela,ele vira um bicho,um cachorro que es- tá sempre triste . . .E1 es (os Kra - nhacacores)precísam saber que o branco quer sempre enganar para ficar com as terras"(73).Não fal- ta razão aos Irmios Vi lias Boas quando c1 amam:"Nossos Índios es - tio mor rendo,desaparecendo numa paisagem em que o boi e o capim vio expulsando definitivamente o homem.Agora,diante do processo de ocupaçio da Amazônia,vemos o in - dio ao largo do desenvolvimento como mera paisagem"(74).

Se apresentamos aqui a atual po lítica indígenísta como a causa mais próxima da sítuaçio em que vivem (ou morrem) nossos índios , temos clara consciência de que ""a causa real e verdadeira está na própria formulação global da polí tica do "modelo brasí1eiro".E se dizemos que é necessário modifi - car profundamente a política da Funai,afirmamos que isto somente será possível com uma modifícaçio radical de toda a política brasi- leira.Sem esta modificação global nao poderá a Funai ou outro orga- nismo passar dos limites de um as s i s tenc í a 1 í smo barato e farisaict) aos condenados à morte,para camu- flar o inconfessado apoio aos grandes proprietários e explorado res das riquezas nacionais . Neste contexto,o decantado Estatuto do índio não passará de uma publici- dade oportunista ou uma homenagem póstuma.

De nada adiantaria reformular a Funai se a psicose desenvolvi men- ti sta ,mot i vada por exclusivos cri terios econômicos e por um falso prestígio naclona 1,continuasse a dominar a política global do pa.ís. Seria o mesmo que reformar um dos vagões,não modificando o trilho - sistema que está estragadoro de - sastre é inevitável'.

24

Page 25: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

Depois desta sumária análise das causas da situação das_po-

pulações indigenas, a conclusão _i_ 'mediatista seria que não existe solução para o prob1 ema.Sertanis- tas/funeionários e missionários , que atraem novos rjrupos de Índios sentem-se angustiados pela cons - ciência de que o resultado de seu trabalho foi apenas atrasar (oua_ celerar?) em alguns anos a extin- ção de tais grupos .

"Ê com tristeza,diz Apoena de Meireles, que tentamos atraí-los, sabendo-se que um futuro sem pers_ pectivas os águarda"(75)•

Esta mesma nostalgia se encon.- tra em declarações de outros co - nhecidos sertanistas.Or1 ando Vi1- Ias Boas,em setembro deste ano_,

voltando de uma frente de atração "parecia preocupado com o destino dos indios,que chama de tragédia" (76).Mas já em f ever e í r o, a s s i m de_ sabafava:"E quantos de nós, por força de miseráveis e desgraçadas circunstâncias os estamos traindo naquele exato momento do aperto de mão,do abraço,do sorrir,do ges_ to enfim de afeição.Desgraçados que somos,é a ve rdade " ( 77 ) . Seu ir_ mão Cláudio comenta com meIancolJ_ a:"Levamo-1hes (aos indios) nos - sas doenças ; into 1erancia e muitas vezes o extermínio c r i m i noso , as s u_ m i do , proc 1 amado-" ( 73) .

No mesmo tom,falava Antônio Co- trim Neto:"Não pretendo contribu- ir para o enriquecimento de gru - pos econômicos ã custa da extin - ção das culturas primitivas.(.. .) A política indigenista desenvolvj_

da,aceita a tese de que as cultu- ras primitivas são quistos ao de- senvolvimento nacional,Já estou cansado de ser coveiro de Índio : transformei-me em administrador de cemitérios indigenas"(79).

Muitos missionários fariam suas as enérgicas palavras do missioná^ rio jesuita , Padre Tomas de Aquino Lisboa no Simpósio sobre o futuro dos indios Cinta-Larga,em março deste ano:"0 Parque Ãrlpuanã será cortado como o foi o Parque do Xingu.0 trabalho já está iniciado. Eu,como responsável pela atração desse grupo Cinta-Larga,não estou mais animado a faze-la,a não ser que as regras do jogo sejam obed£ ei das:respeitar os Indios,inter.- romper os trabalhos da estrada fi- te que se consiga falar com os \t\_ dios para orientá-los nos seus f£ turos contatos com os brancos. Pois é melhor que o índio morra lutando pelo que é seu do que vi- ver marginalizado e mendigando o que sempre foi dele"(80).

Será q.ue os Indios constituiri- am "um povo com os dias contados" (8l),ou como afirma Cláudio Vil - Ias Boas, "os indios não terão propriamente um destino?" (82).Ou ainda , na me 1hor das hIpóteses,se- gundo o falecido Francisco Meire- les "o índio só tem um destino: a marginalização?"(83).

Não obstante esta trágica pers- pectiva ou exatamente por isso, é preciso salvar os povos indígenas, ameaçados de desaparecer . E1 es mais do que patrimônio-arquívo da humanidade,são humanidade viva.

25

Page 26: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

êr

t

26

Page 27: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

4(Estou cansado de ser covéiro de índios" ANTÔNIO COTRIN NETO sertanista

%

Eis por que se justifica que so

mente pessoas ou entidades cons cientes,competentes e desinteres-

sadas sejam mobilizadas para equ£ cionar este problema.

Não i possível que se continue a dizer,em alto e bom tom^OsJn- dios estão cansados de serem indj_ os.Eles querem beneficiar-se com os programas do Governo" (81») . Se já é estranho que assim fale o mj_ nistro Mario Andreazza,mais es- tranho é que o General Frederico Rondon afirme que se "deve promo- ver a integração total mediante a absorção da mao de obra indígena" (85) e o General Bandeira de Mel- lo,diretor da Funai,proclame que a "assistência ao Índio deve ser a mais comp1eta possíve1 mas nao pode obstruir o desenvolvimento da Amazônia"(86) .Nesse contexto, não é de estranhar a fanfarronice do Deputado Gastão Muller:Se os fazendeiros quisessem,poderiam ter partido para uma luta armada e seria muito fácil vencer os in-

dios"(87) . Afirmações como estas,orquestr£

das por tantos fatos lamentáveis, confirmam as denúncias de genocí-

dio... Em que pese as reiteradas afir-

mações do Ministro do Interior de que o "problema dos Índios e um problema do Brasil^SS) e "os ou- tros países não tem o menor conhe cimento do problema do Índio bra- sil e i ro" (89) , t ra ta-se de um pro - blema da humanidade,ta1 vez melhor conhecido,em suas causas e motiva^ ções,nos países onde existe 1ibe£ dade de informações e de debate.A final são milhões de seres huma nos nas Américas e alguns milha res no Brasil,que há quatro sécu- los vêm sofrendo as maiores injus^ tiças por parte de uma "raça" que se pretende superior.

Se o grau de consciência da hu- manidade correspondesse ao volume das 1nformações,já não se tolera- ria mais tal situação inígua.É com os olhos fitos no veredito da história,tradução do julgamento de Deus,que o Brasil deve solucio nar o problema do indígena,não co mo questão de segurança nacional e economia,mas como imperativo da dignidade humana e da honra do p£ vo bra s1 1e i ro .

Somente assim seria legitimo que uma política indigenista bra- sileira se apoiasse num documento

1nternaci onal (90) . Evidentemente o problema indí-

gena brasileiro não se equaciona e menos ainda se resolve_ se nao for situado em sua dimensão inte£ nacional. Mas também é evidente que não encontrará solução adequa_ da, separado de seu contexto nacj_ onal, levando em conta que os Ín- dios constituem apenas alguns mi- lhares dentro da esmagadora maio- ria de milhões de brasileiros maj^ glnalizados. Todos hão de concor- dar que "em nome de uma política de integração, que não Integrou nem mesmo os civilizados, nao se pode violentar uma cultura que,em

bora pr 1 mi 11 va ,* tem garantido a subsistência secular desses povos. A sociedade civilizada sôterã o direito de falar em integração do índio no dia em que,em seu meio, ,

.não houver ninguém morrendo de fc>

.'me"(9l) . "Há séculos - afirmam os l_r

mãos Vlllas Boas sobre osindios- sobrevivem graças ã caça,ã pesca_ e a uma rudimentar agrI eu 1 tura . Sã o felizes com suas crenças e seus rituais be1íssimos.Por que então destruir essa cultura secular?Ape nas para impor nosso sistema de vida aos IndI os?CIv11Izar para

Page 28: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

«£ PRECISO RESPEITAR O INDÍGENA COM SUAS CRENÇAS E SEU ÜIÓDÒ DE VIDA»

PADRES CATÓLICOS

que? Destruir a organização tri - fba 1 existente e depois deixar os ■índios marginalizados na nossa so cledade?"(92) .

Sempre na perspectiva de uma mudança profunda da política glo- jba 1 do atual modelo bras i 1 e i ro , i m por-se-ia ainda a.organização de um grupo diversificado do qual participassem Índios, antropõlo J

gos è outros'c t ent i st as,ser tan i s- tas e missionãrios , para promover ío autêntico diálogo i n tercu 1 tura 1 e a harmônica convivência e cola- boração dos nossos diferentes po- vos .

Deyemojí reconhecer que freque£ temente faltou esta visão e cons'- ciência sócIo-polTtica às entida- des cristãs,preocupadas mais em "prestar assistência" aos Indròs. Em conseqüência, sob equívocos pretextos de uma caridade aliena- da, não raro traíram sua missão e vangêlica de defendê-los tenazmen te da morte física e cultural ou" de respeitar sua liberdade e dig- nidade de pessoa humana.

"Os próprios padres católicos- é afirmado em recente artigo da imprensa-apõs mais de AOO anos de catequese,viram-se obrigados a mu dar de tat1ca.pois se continuas - sem nomesmo propósito de Anchie- ta e Nóbrega (sic) o que iriam conseguir não seria mais do que a desagregação,margina 11zação,des - truição e morte do que resta dos grupos indígenas bras i 1 e I ros . E ejs sa mudança de tática foi justamen te no sentido de respeitar o indi gena com suas crenças e seu modo de vida,valorIzar a sua cultura £ o Invés de procurar Impor a cultu k» dos cUI I lzados"(93) .

A visão de uma nova política indlgenlsta deveria ser posslblll tada e favorecida pela transforrna ção das missões religiosas.

Exigindo que só pessoas devida^ mente qualificadas e com uma prá- jtlca conseqüente. Interfiram na 'solução do problema I nd I gena , pen^ samos na formação adequada que de vem ter os mlssIonãrios,pols seu trabalho de_,eyangel i zaçãosempre 'va\ atingir o coração,o núcleo central das culturas i nd i gena.s .To car no coração sem a ciência e a perícia de uma equipe de cardi ologistas seria causar fatalmen" te a morte àquele a quem deseja- mos fazer o bem.

Gravíssima responsabilidade é a do charlatão em medicina e mal or ainda no camp^ da aculturação onde se pode causar a morte não apenas a um que outro indivíduo, mas a um povo todo e à sua cultu ra. ""

Além disto, para que este trai balho seja efIc1ente,torna-se ne cessaria uma espécie de as.sepsí^ não no sentido de total ISolamen to, mas no sentido de preparar " as populações envolventes. Com e feito, para os índios, todos oT "brancos" ou "civilizados" repre sentam de certo modo o "cristla-" 'nismo" de que os missionários se reclamam e portanto também a men sagem que estes querem transmi -

tir. Faz-se pois necessário que medidas análogas sejam tomadas em relação aos evange1lzadores dessas populações envolventes.

Ensina o mlssionárIo-antropó- logo Adalberto Holanda Pere I ra : "0 indlo é apenas diferente de nós e com o direito de continuar a sua vida ao lado da nossa.Den- tro da maior simetria entre os sistemas de l nteração,transmita- mos ao Indlo os traços culturais que ele deseja receber e recebe- mos dele os que nos possa trans- mltlr"(92t) .

Page 29: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

s

Iesmo percebendo sinais pos i tj_ vos,como sejam uma nova ment£

lidade missionária, a criação do CIMI, encontros ecumênicos,não estamos sat!sfeitos com o nosso trabalho e não podemos esquecer a d ramaticidade da situação, de£ crita na lancinante "Carta dos Caciques de Votouro"(R.G.S.),da qual vamos reproduzir um pequeno trecho,segundo cópia do original;

"Queria ver os senhores de ou tra origemJnão sendo o indio.Que_ ria ver o português cassar a "0£< aa passada sem ninguém por ele e' outro lado de origem italiana sem ter aquilo que traz o ensi- no:suas mãos presa^ seus olhos ae_ go para o ensino,seus ouvido eur do para ouvir as enduaação,sem direito sociedade nenhuma, sem di^ reito a um palmo de terra3sem dt reito educar os filhos.. ,0^ nosso plano de todos nossos irmãos de terra mundial nós acreditamos ' que somos iguais que nosaos ir- mãos ycorre sangue dos pés a cabe ça,carne humana,iguais como quaT quer um de 'nóa"(9S).

Aí está uma interpelação que suscita uma indispensável pergu£ ta,em sentido contrário:0 que se ria o Brasil,se contasse positi- vamente com o indio?Ê bem possí- vel que muitas autoridades e br£ slleiros de mentalidade capita - lista e imperialista tremam dian^ te desta pergunta,o que mostra que,consciente ou inconsciente - mente,apoiam a extinção dessas populações que constituem, por seus valores positivos, uma con- testação viva do sistema capita- lista assim como dos tais "valo-

res" de,pretensa "civilização

,;crista". Diante de outra pergunta: o.

que seria a nossa Igreja,se con- tasse positivamente com o indio?

Talvez a atitude de muitos Í£# mãos de fé seria igualmente de embaraço.Se olhássemos positiva- mente para os valores vividos pe los Índios criticarem nossos va- lores , f i car ia evidente um incômo do j u1gamento.

Tanto para a sociedade brasi- leira quanto para a Igreja,o mes, mo aconteceria se perguntássemos o que seria o Brasil ou nossa I- greja,se contássemos posItivame£ te com os valores do povo margi- nalizado das cidades ou dos cam- pos . . .

Por 1sso , convidando a todos para assumirem conosco este com- promisso,nós nos propomos,em prj_ meiro lugar,a continuar uma esp£ rançosa luta pelos direitos dos"" povos indigenas.Mesmo que todos

os fatos nos incitem ao desânimo ou ao desespero,fazemos nossa a .vontade dos nossos irmãos Índios' de viver e de lutar pela preser- vação de sua cultura.Não traba - 1hamos por uma causa perdida,por que se trata de uma causa profun damente humana,pe1 a qual vale a' pena ate morrer,se preciso for. Seria trair a nossa missão, se

nos resignássemos a ser minis- tros de um Batimo "in articulo morti s" .

Em segundo lugar,não aceitare ;mos ser instrumentos do sistema"" Icapitalista bras i I e i ro . Nada fare- mos em colaboração com aqueles

Page 30: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

que visatr. "a t ra I r " , "pac í f l car" e "acalmar" os índios para favore- cerem o avanço dos latifundiári- os e dos exploradores de minéri- os ou outras riquezas.Ao contrá- rio,tal procedimento será objeto de nossa denúncia corajosa ao l£ do dos próprios Índios.Com eles, nio aceitaremos um tipo de "inte gração" que venha apenas trans - formá-los em mio de obra barata, avolumando ainda mais as classes marginalizadas que,no func[ona - mento do sistema de produção,en- riquecem somente aos que já são ricos.Menos ainda,por ser mais humilhante e criminoso,colabora- remos com um trabalho que vise transformar o indio em um ser hu^ mano necessitado de tutela,pois ele não é um menor nem um inválj_ do,e sua maioridade de indivíduo ou de povo, ga ran t i da pela prôpr_i_ a lei na Natureza e por Deus,Se- nhor das consciências e fiador dos direitos humanos,não pode f\_ car condicionada a critérios de uma suposta "integração".

Em terceiro lugar,o objetivo do nosso trabalho não será "c i v_^ lizar" os indios.Estamos convenw

cidos,como o grande precursor Bartolomeu de Las Casas que "muj_ tas lições eles nos podem dar não só para a vida monástica mas também para a vida econômica ou política e poderiam até ensinar-

nos os bons costumes"(96) . Seria trair o Evange1ho,reduzí-1 o a instrumento de uma sociedade que "se desumaniza - como diz da ci- dade Cláudio Villas Boas - tor - nando o relacionamento entre as pessoas cada vez mais difícil,ca da vez mais distante.Tenho pres- sa em voltar ao Xingu,uma pressa agôníca,existencia] . Lá , creio que poderei entendê-los melhor. Em sintesernão estando no proce£ so de afogamento,compreenderei melhor o que se está afogando"(9 7) .

Por outrvo 1 ado , Compromet i dos com os povos indigenas,afirmamos:

Há entre eles valores vitais que os constituem como povos e

Page 31: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

J

consequentemente,os fazem sujei- tos de direitos que não podem ser espezinhados."Como ser huma- no - proclama Apoena - nio pode (o índio) ficar sempre sendo a vítima das decisões muitas vezes arbitrárias dos que pretendem d_i^ rigir-lhes o destino" (98) .A úni- ca atitude válida será respeitá- los como povos e,num diálogo re- al e positivo,progredirmos jun - tos como humanIdade.Qua1 quer ti- po de intervenção que vise ensi- nar-lhes costumes e padrões de nossa cultura será ou dominação direta ou caridade farisaica. Só um diálogo assentado no reconhe- cimento de seus valores e d i rej_ tos será autêntico e positivo p_a ra os dois 1ados.

Sem assumir a visão idílica de Rousseau,sentimos a urgente

necessidade de reconhecer e pu- blicar certos valores que são rna is humanos e,assim, mais evangé- licos do que os nossos "civiliza^ dos" e constituem uma verdadeira contestação â nossa sociedade:

19 - Os povos indigenas}em ge_ vai, têm um sistema de uso da terva^haseado no social,não no ■particular, em profunda consonân- cia com todo o ensinamento bibli^ ao,não só no Antigo mas no Novo Testamento,sobre a posse -e o uso da terra (99$.Corta-se assim pe- la raiz a possibilidade de domi- nação de uns sobre os outros ã base da exploração particular de meios de produção.Nota Antônio Cotrim Neto que "com a chegada do branco, estabelece-se o concei_ to de propriedade particular,sur_ gindo os conflitos na aldeia"(lO

2Q - Toda a produção, fruto do trabalho ou do aproveitamento das riquezas da natureza e por - tanto toda a economia é baseada nas necessidades dó povo,não no lucro ."Produz-se para viver e não se explora o trabalho para lu arçLr."0 indio não se preocupa com acumular bens de qualquer na tureza - ensina o jesuita Adal -

berto Pereira - nem possui o ee* ttmulo econômico no sentido _ de adquirir prestígio ou elevação do "s tatus" social.Não conh'ece competição econômica e nem atitu des de ambição .Vive jo sistema cq_ munitãrio de produção e consumo, com divisão de trabalho segundo o sexo". (101) .

SÇ - A organização social tem como única finalidade garantir a sobrevivência e os direitos de todos,não os privilégios de ai - guns.O comunitário prevalece 8j>- bre o individual.To da expressão cultural visa celebrar e aprofun_ dar este senso de comunidade.Eis a fonte da paz e da harmonia de que tem saudades os sertanistas: "nossos irmãos da selva - diz Cláudio Villas Boas - sem possui rem toda esta sofisticação teano_ lógica,são plenos e felizes,vi - vendo uma vida equilibrada e har_ moniosa (102).Francisco Meireles sonha-."Intimamente gostaria que eles pudessem ser mantidos em su_ as aldeias e que nós,civilizados, ao invés de incutir-lhes nossos padrões culturais,aprendêssemos com os indios que ^sempre vivem ^ em harmonia não só no grupo tri- bal mas com a própria natureza. (203).

49-0 processo de educação caracteriza-se pelo exercício da liberdade. "Aprendem a ser livres desde a infância - diz Luiz Sal- gado Ribeiro - pois um pai nunca obriga o filho a fazer o que. ele não quer.Um pai nunca bate no fi_ lho,por maior que tenha sido- a sua travessura". (...) "0 indio é

acima de tudo um hom depende de ninguém p to de sua família - ça e pesca enquanto cuida da pequena lav sistência - e isso l ções de não dever fa gação a ninguém.Nem nem ao chefe da trib

59 - A organizaçã não é despótica masc "Assim o chefe não ê

em livre.Não ara o susten eie mesmo ca_ sua mulher oura de sub- he dá oondi- vor ou obri- a seu pai, o" - (104). o do poder ompartilhada. aquele qup

31

Page 32: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

manda}mas sim o sãbio que aaonse .lha o que deve ser feito...Se os indijos seguem ou não seus conse- lhos,o problema não é do chefe.E le apenas é um líder que aconse- lharão um patrão que determina o que tem de ser feito.Mesmo no caso de uma guerra,o chefe nunca poderá determinar que todos os homens participem da luta"(105). Isto significa que, entre eles,a autoridade é realmente um servi- ço a comunidade,não dominação. Claro que nestas condições não há lugar para instituições de po

- liciamento e coerção. 69 - As populações indígenas

vivem em harmonia com a natureza e seus fenômenos,em contraposiçã o a nossa "integraçãocom as difê rentes poluições, destroços de u ma natureza arrazada e substitui da pelo habitat em que vivemos:~ "Os indios, ao contrário dos brancos, sempre conviveram em peje feita harmonia com a natureza, não havendo casos de tribos que tenham destruído a fauna ou a flora de qualquer região por e Ias habitada.Esta e a posição di" antropólogos e especialistas em indigenismo"(106).

79 - A descoberta, evolução e vivência do sexo entram no ritmo normal da vida do indio,num cli- ma de respeito,sem as caracteres ticas de tabu ou de ídolo que si" manifestam em nossa sociedade e tanto a condicionam.

Essa enumeração de valores ni,

o pretende ser exaustiva nem e ^ les se realizam uniformemente, mesmo porque cada grupo indigena constitui um povo, com suas ca - racterísticas pecu1iares,cuja ex pressão maior ê a língua.Não ig" noramos que também no homem indí gena há sinais da sombra do peca" do que,sob formas diferentes dõ egoismo comum,embaraçam a plena realização e autêntica integra - ção desses valores humanos.

Mas esses valores existem e devem ser respeitados ,e promovi- dos.0 trabalho à ser feito será decidido com os indios e nunca

O chefe; não é aquele

que manda, mas sim o sélpio que aconselha

o que deve ser feito... Se os índios seguem

ou nao os seus conselhos

o problema não é do chefe Ele apenas e um líder que aconselha

não um patrão que determina o que tem

de ser fe/to"» (O Estado de São Paulo)'

Page 33: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

"Um pai nunca obriga o filho a fazer o que ale não quer. Um pai nunca bate num filho, por maior gue tenha ado a sua travessara?'

Luiz Salgado Ribeiro.

S para os índios.EJes mesmo desen- volverão seus valores e suas téc nicas e decidirão o que aceitam de nossa cultura e com Isso rea- lizarão seu caminho original,co- laborando com o verdadeiro desejn volvimento Integral do Brasil e da Humanidade.

Neste ano em que celebramos o 25? aniversário da Declaração dos Direitos Humanos,se cotejás- semos esses direitos com a nossa realidade civilizada e com a re£ lidade Indigena,ta1 vez tivésse- mos a surpresa de descobrir que os índios mais os vivem e respej^ tam do que as najões que afiança ram sua formulação.

Se tivéssemos a corajosa hum- mildade de aprender com os Indl? os,talvez fossemos levados a ti transformar nossa mentalidade Ini dtvtdualtsta e as corresponden- tes estruturas econôml cas , pol rtj_ cas,sociais e religiosas para que,em algum lugar da dominação de uns sobre os outros,pudesse'»* mos construir o mundo solidário da colaboração.

Se como Igreja ou como pesso- as que se pretendem cristãs con- tinuarmos nos apresentando aos índios com belas palavras con - tradltadas por nossas Iniciatl - vas capItaIIstas,permanente e m£ Is profundo será o escândalo pa- ra esses povos.Bem o mostra a ■ pergunta de um índio Tupirapé ao mlssionârIo:"Quanto é que as Com panhlas (agro-pecuárIas)pagaram ao Pai do Céu de vocês para ele dar as terras dos Índios"?

íO c r i s t a o " s 5 será slfilTl u h I - Versaí' da salvação e revelador do amor do Pai do Céu,em toda parte,e em particular,para os po vos Indígenas,se for uma presen- ça respeitosa e paciente e espe- rançosa que possa perceber,assu-

'mír,~viver e r«ye'».t.jos 'egítlmò* valores desses povos^em que sé • exprime a milenar ação de Deus em sua vlda.Els o que seria uma pratIca correta"da continàidade da Encarnação de Cristo.

Ele mesmo o fez, antes de I njj ciar sua atividade pública de profecla,"despojando-se de sua divindade" (Fl 1 .2, 7) ,para situar^ se nos limites de um chão humano onde,homem,aprendeu com os ho mens, a linguagem do diálogo e o gesto da comunhão,faz abrir os caminhos de uma real libertação.

ê preciso o despojamento da cultura para entender o indlo, nosso Irmão.Se a comunhão com o próximo,o amor,é o núcleo da mer[ sagem evangélica, antes de qual- quer proclamação verbal,deve ser, atitude de vida.Só através de um processo de encarnação no selo dos povos Indl genas ,assumi ndo su^ a cultura,seu estilo de viver e de pensar,poderá ser demonstrada de modo convincente,a transcèn - dência do Evangelho tão afirmada teoricamente e tão negada na prá tlca,pelas {■posições de um rígT do lega 11smo.

Transmitir o Evangelho é Ins- taurar um processo de revelação libertadora e, antes de tudo,vi- vê-lo no seu d Inaralsno.Hui tos a-1

pelos da presença e da ação.do senhor,sementes do Evangelho,hâ de receber o evangel I zador' qoe real e lealmente se encarne no mundo dos I ndlos.SentIr e decl - frar tais apelos será condição preliminar da missão. Juntamente com os índios,é preciso Identlf^ car.na vida deles,os rastros de um Deus solícito que percorre e orienta os caminhos de todos os homens,ontem como hoje,para a ; plenitude dos tempos que é Jeass Cristo,o Homem Novo,cuja ressur- reição radicaliza na história o

Page 34: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

CHEGOU O MOMENTO DE ANUNCIAR:

AQUELE QUE DEVERIA MORRER

É AQUELE QUE DEVE VIVER

pioneiro da transformaçio da Hu-

man i dade . ' A Ressurreição do Senhor que- bra os limites do tempo e do es- paço,abrindo os horizontes de u- ma Nova Humanidade, enquanto au- tentica os valores pelos quais o Cristo morreu,os valores da Ver- dade,da Justiça, da Liberdade.e do Amor,essenciais para se cons- truir uma sociedadehumana fra terna,sacramento,anúncio e reve-

lação de que Deus ê o Pai Nosso. A Ressurreição do Senhor nao

permite que sua mensagem fique sepultada nos quadros de uma cuj_ tura,mesmo que essa cultura se intitule "cristã".

A Ressurreição do Senhor não permite que seus arautos fiquem reduzidos a pioneiros de um sis- tema desumano, apaziguadores de conflitos a serviço dos podero - sos,a anestesistas de povos cha- mados primitivos ou selvagens pa ra mortíferos transplantes cult£

ra i s . A Ressurreição do Senhor,pro-

va de seu poder soberano,não ê compatível com qualquer atitude de desânimo ou desa1ento,porque é a demonstração da lógica divi- na que, na execução do Reino, se arma da força dos fracos e da sa bedoria dos incultos.

A esta altura,hão de acusar - nos de ter levantado problemas e

não'trazer soluções.As soluções só serão encontradas na realida- de onde nos precede a ação do E^ pírito.Não haverá so1ução,enquan to não mudarmos nossos critérios e continuarmos desenvolvendo u- ma açio Inconsciente e irrespon- sável,por falta de uma visão lú- cida. A luz da fé não anula nem atenua,nem substitui,mas antes £ centua,aclara e exige uma anali- se objetiva e portanto global da

nossa rea 1 i dade . Neste esforço de assumir nos-

sa existência em todas as suas dimensões,sentimo-nos solidários

com tudo o que existe no mundo , especialmente na América Latina, em favor da libertação do homem e dos povos,em particular dos po

vos indígenas. Enfim,sentimo-nos ligados a

toda luta pela configuração de u ma solidária experiência nacion- nal,o que não significa um nacio nalismo estatalista nem tolera qualquer internaciona1ismo impe-

r i a 1 Ls ta . «j — ' '' Vivemos sob o signo da mor- te ressurreição do Senhor . Nossas populações indígenas,ao longo do tempo,já pagaram a morte o seu doloroso tributo.

Chegou o momento de anunciar, na esperança,que aquele que deve

ria morrer, é aquele que deve vj_

ver .

Page 35: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

—-o dia 21 de dezembro p.p. po- IMdiam-se ler nos jornais man - chetes como esta do Estado de_S. Pau Io:"Médici veta participação religiosa junto aos indios" ou, no Jornal do Brasil,"Estatuto dos índios é Sancionado com Ve - tos",esc 1 a recendo loqo na segun- da alTnea:"0s vetos se referem ã participação de missões religio- sas ou científicas na assistênc_i_ a ãs comunidades indígenas e a realização de contatos comindi-

os". Foi vetado o. Parágrafo Onico

do Art.2? a&sim formulado:"É re- conhecido ãs missões religiosas e científicas o direito de pres- tar ao indio ,/e ãs comunidades in dígenas serviços de natureza as- sistência 1 , respe i tadas a legisla_ ção em vigor e a orientação do órgão federal competente".

Na justificação do veto.e ale- gado que "pela prõpria natureza da assistência ou tutela a ser prestada ao indigena.cumpre se preserve a unidade de ação e co£ trole sobre as áreas ocupadas De_ los silvícolas. A outorga a entj_ dades privadas do direito de pa£ ticipar dessa tarefa criará,não obstante os seus altos propósi - tos,grave embaraço ao exercício da competência assistencial que é incumbida ã Nação".

Logicamente foi também vetado o artigo 6^ e seu parágrafo,nos quais se autoriza e disciplina a prestação de serviços aos indios, sem fins 1ucrativos,por entida - des re 1 i g i osas , c i en t í f i ca s ou fj_ lantrópicas. -.-

' Foi igualmente vetado o Pará- grafo Segundo do Art.l8:"E veda- do a terceiros contratar com in- dios a prática por estes de quaj_ quer das atividades previstas no

parágrafo anterior" isto é,"a prática de caça,pesca ou coleta de frutos,assim como de ativida- des agropecuárias ou extrativa".

Da justificação,destacamos a seguinte frase:". . . cria esse pr£ ceito obstáculos ainda ao cumpr_i_ mento dos objetivos cardeais do Estatuto,que consistem precisa - mente na rápida ç salutar inte'- gração do indio na civilização (Jornal do Brasi 1 ,21/12/73) . Quando da aprovação da emenda

do Senado sobre as missões reli- giosas e científicas,eis o nue dizia o P.Vicente César, presl - dente do Conselho Indigenista Missionário,no dia 23 de novem - bro p.p.:"0s missionários defen- dem os indios há séculos e um di reito secularmente respeitado na_ o pode ser transformado súbita - mente num simples consentimento de acao,sem desprimor para nossa Historia" ( 0 Estado de S.Paulo).

Seria supérfluo qualquer comen^ tário,a esta altura,sobre esses vetos que apenas vêm ilustrar tu do o que já foi exposto:a redu - çáo dos indios â condição de po- bres tutelados,o comportamento do governo que trata não somente as suas terras,mas suas próprias pessoas como objeto de apropria- ção e toda a iniqüidade da tal integração de que tanto se fala.

Se os missionários podem invo- car um direito que lhes é confe- rido pelo Evange 1 ho , portanto pe- lo próprio Deus,em termos de um imprescritível manda to,podem os cientistas invocar a outorga de seu direito da própria humanida- de a cujo serviço se colocam.

Este adendo , imposto pelo cará- ter recente dos fatos,pretende simplesmente servir como confir- mação de todo este docume n to

Page 36: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

I-JUCA PIRAM A (ADENDO N'2)

HHOtlvos alheios â vontade dos ^^■autores fizeram com que este documento só venha ã luz da pu - blicidade três meses após a data

para o qual fo| preparado. Nas a- tuais circunstâncias em que vive mo s,não será difícil ao "Te i to r .i dentificar o tipo de obstáculos"" que sua publlcaçio encontrou .Pou^ pamos-1he,por isso,o relato de toda essa penosa história que já vale por um tributo pago à defe- sa dos nossos Índios.

As notícias divulgadas pelos mais sérios jornais do pafs.após a data em que deveria ter vindo a público este documentofconfir- mam a análise da situação em que se encontram os índios e as crí- ticas ã FUNAI . "A I nda há pouco,os jornais estampavam o triste doc_u mento fotográfico de índios Kre- en-akarores mendigando na rota Cuiabá-Santarem.Os atritos entre tribos e colonos que lhes cobi - Çam as terras são fatos comuns.I gualmente rotineiras são as notT cias de a 1coolIsmo,próstitu Ição, tuberculose e outras doenças cor^ traídas por tribos que o homem civilizado pretende resgatar à vida primitiva"(Jornal do Brasil

de \2/^i"7,*) . Os Kreen-akarores,menos de um

ano depois de a t ra ídos , f oram I nj_ ciados em aberrações,por um fun- cionário da FUNAI."0 presidente da FUNAI,genera1 Bandeira de Me- lo,mandou instaurar inquérito p£ ra apurar as responsabilidades do sertanista(...) acusado de prá tica homossexua1ista,envolvendo índios Kreen-akarores (0 Popular

de Goiin^a.S/l/?1*. A propósito desse lamentável

fato,o missionário jesuíta Anto- rvlo lasi Jun i or , comentava : "Os In

dios estão sempre levando a pior, nossa luta em defesa de seus in- teresses chega a assumir caract£ risticas,de quando em quando, de tarefa Insuportável.Sinceramente, não sei por que é que existe tar^ ta I nsensibi1idade,tanto egoísmo e tanta podridão entre os que se dizem,alto e bom som,como defen- sores dos IndIos"(\/oz do Paraná, 14/1/74) . Novos pronunciamentos foram ou

vidos nas Câmaras,como o do depju tado Juarez Bernardes,criticando as atividades da FUNAI e classi- ficando-as como "um desastre so- cial" (Jornal_do Brás I1,13/3/74) .

As declarações de Rangel Reis, atual ministro do Interior, an - tes da posse,não deixaram de cho car a todos que se Interessam pie Io problema dos índios."Novo Mi- nistro quer fim das reservas in- dígenas" deu manchete de jornal

(Jornal do B ras i 1 , 9/3/74) e mere ceram destaque na Ia.página suas opiniões sobre a "absorção dos índios brasileiros na sociedade civil e o abandono - tão rápido quanto possível - da idéia de rie servas indígenas,pois "o proble- ma do índio será tratado dentro da nova ótica,sem romantIsmos".. ( JB , id). Igua1 mente,deve-se par - tir para uma política realista e' honesta".(0 G1obo,9/3/74).0 novo presidente da FUNAI tentou um "arranjo" para encobrir a nota dissonante de tal declaração,di- zendo que "as declarações recen- tes do Ministro do Interior do novo governo,Sr.Range 1 Rèis,fo - ram mal interpretadas"(Jornal do Brasi 1 ,12/3/74K

Mas a confusão continua pois enquanto o Ministro diz que se deve partir "para uma política

36

Page 37: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

4

<

4

realista da FUNAI , jo.diz:'^ po1't i ca (Jornal d

0 ma i s com o Pre t i ca da F tado de S ve irão vo1v i men t qua1 o In torvo ao tre tan to mo af i rma da Mata,D do Museu locada de como o de ro poderá tribais q

nac ional?

e hone genera ave rã i nd!ge o Brás acerta s i dent UNA! ê .Paulo sabor i s ta d d i o ê progre "a que o an t

i retor Nac i on ou t ra

senvo1 benef

ue v i v

"(0 Gl

sta 1 Is con t nf st IM do s e do vac

.13/ da p o pa vi s t sso s tão ropõ de

ál - man

v i me icia em e

obo,

,o presl marth de i nu i dade a oficia 2/3/71») . er i a diz Cl Ml :"A

Ilante"( B/M) -El o 1't i ca T s,pa ra o como u nacional do i nd i logo Rob Ant ropol deve se

e i ra,ou nto bras r os gru m ter r i t

17/3/71»)

dente Araú na ti

er

po!_[. 0 Es- a de- d e*s e£ a m es - .En - o -co er to ogia r co- sej a: i 1 e i - pos

õr i o

NOTAS

Comunicado mensal da CNBB,n9 231 - Dezembro,1971 e I/Os -\ servatore Romano - Ed.Em Por tuguês,30/1/72. O Estado de S. Paulo - 15/6/ 1971. O Estado de S. Paulo - O Estado de S. Paulo - 31/3/ 1973. Jornal do Brasil - 16/11/73. O Estado de sJPaulo - 2/2/73 O Estado de S.Paulo -18/8/ 1973. O Estado de S.Paulo - 29/7/ 1973. A Notícia (Manaus) - 10/1/71

10- O Globo - 19/7/1971. 11- Jornal do Brasil - 15/ll/73#

12- Visão - 25/4/1971. 13- Gonçalves Dias,Antônio - Os

Tymbiras,canto III. 14- Jornal da Tarde - 8/12/1971. 15- O Estado de S.Paulo - 26/10/

1971. JLG- O Estado de S.Paulo - 8/8/72 17- O Estado de S.Paulo - 15/8/

1 -

2 -

3 - 4 -

5 - 6 - 7 -

8 -

9 -

1973. 18- O Estado de S.Paulo - 16/11/

1971. 19- Jornal do Brasil - 28-29/11/

1971. 20- O Estado de S.Paulo - 12/3/

1971. 21- Realidade - Outubro de 1971. 22- Realidade - Outubro de 1971. 23- O Estado de S.Paulo - 5/11/

1973. 2 4- Carlos de Araújo Moreira Ne-

to in "La Situación dei Indí gena en América Del Sur" - Montevideo - üruguay - 1972- pâg.404.

25- O Estado de S.Paulo - 9/5/71 26- Veja - 28/2/1973. 27- O Estado de S.Paulo - 28/3/

1972. 28- O Estado de S.Paulo - 19/4/

1971. 29- Jornal do Brasil - 8/7/1972. 30- O Estado de S. Paulo - 4/4/

1972. 31- O Estado de S.Paulo -31/5/

1972. 32- Jornal do Brasil - 25/10/

1973. 33- O Estado de S.Paulo -3/9/71. 34- O Estado de S.Paulo -31/3/

1972. 35- O Estado de S.Paulo - 1/1971 36- Jornal do Brasil - 24/12/72. 37- O Estado de S. Paulo - 27/2/

1972. 38- Jornal do Brasil - 20-21/2/

1972. 39- O Estado de S.Paulo - 25/5/

1972. 40- O Estado de S.Paulo - 15/12/

1971. 41- O Jornal - Rio - 29/4/1973. 42- O Estado de S.Paulo - 22/5/

1973. 43- O Estado de S.Paulo - 3/12/

1971. 44- Correio Brasiliense - 8/12/

1971. 45- Veja - 5/4/1972. 46- O Estado de S.Paulo - 3/10/

1971. 47- O Estado de S.Paulo - 20/11/

1973. 48- O Estado de S.Paulo - 21/11/

Page 38: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

-

1973. 49- Jornal do Brasil - 15/2/1973

- Carlos Drummond de Andrade. 50- Correio Brasiliense - 1/9/73 51- O Estado de S.Paulo - 5/11/

1972. 52- O Estado de S.Paulo - 13/5/

1971. 53- 0 Estado de S.Paulo - 20/4/

1973. 54- 0 Estado de S.Paulo - 26/4/

1972. 55- O Estado de S.Paulo - 30/3/

1972. 56- O Estado de S.Paulo - 9/8/

1973 57- O Estado de S.Paulo - 22/8/

1973. 58- Silvio Coelho dos Santos

.índios e Brancos no Sul do Brasil" - Florianópolis,1973 - pág.21-22.

59- O Estado de S.Paulo - 15/5/ 1971.

60- Eu Ouvi o Clamor do Meu Povo -Documento de Bispos e Supe- riores Religiosos_do Nordes- te - Marginalização de um Po vo,Grito das Igrejas - Docu- mento de Bispos do Centro-O- este. O Popular - Goiânia - 22/11/ 1973. O Estado de S.Paulo -7/11/72 O Estado de S.Paulo -15/4/71 O Estado de S.Paulo - 5/11/ 1972. O Estado de S.Paulo - 19/1/ 1972. O Estado de S.Paulo - 8/11/ 1972. O Estado de S.Paulo - 10/8/ 1972. Jornal do Brasil - 21/4/73. O Estado de S.Paulo - 20/11/

Casaídâliga,Pedro - ym *' greja contra o latifúndio na Amazônia" - 1971. ,„.-.__ jornal do Brasil - 18/9/73 O Estado de S.Paulo - 10/8/

O Estado de S.Paulo -22///

1973. „«/*/ O Estado de S.Paulo - 29/4/ 1973.

61-

62x 6 3- 64-

65-

66-

67-

68- 69-

70-

71- 72-

73-

74-

75- Correio da Manhã - 19/9/72. 76- O Estado de S.Paulo - 19/9/

1973. 77- Jornal do Brasil - 14/2/73. 78- Jornal do Brasil - 21/4/73. 79- O Estado de S.Paulo - 8/2/73 80 - Atas do Simpósio sobre o fu

turo dos Cinta-Largas - Uni versidade Federal de Mato Grosso - Cuiabá - Março de 19*73.

81 - Anuârio da Companhia de Je- sus - Roma,1971/72.

82-0 Estado de S.Paulo - 14/11/ 1972.

83 - Realidade - Outubro,1971 84 - Diário de Pernambuco - 22/7

1973. 85 - Jornal do Brasil - 24/5/72. 86-0 Estado de S.Paulo - 22/5/

.1971. 87 - 0 Estado de S.Paulo - 2/9/

1973. . ' 88-0 Estado de S.Paulo - 25/3/

1972. 89-0 Estado de S.Paulo - 9/11/

1973. 90 - Convenção n9107 da Organiza

ção Internacional do Traba- lho, Genebra. .

91-0 Popular - Goiânia - 22/11 1973.

92-0 Estado de S.Paulo - 7/11/ 1972.

93-0 Popular - Goiânia - 22/11 1973.

94 - Adalberto Holanda Pereira - "Questões de Aculturação" in Essa Onça - Universidade Fe deral do Mato Grosso - § 12 (1973).

95 - Carta dos Caciques de Votou ro,página 13.

96 - Marianne Mahn-Lot - "Barthe lémy de Las Casas" - I/Evan gile et La Force - Ed.Du Cerf,Paris,1964 - pág.102.

97 -"0 Estado de S.Paulo - 29/4/ 1973.

98-0 Estado de S.Paulo ^ 26/6/ 1973.

99 - Dom Franzoni - "La Terra è di Dio".

i

38

Page 39: 0 M TERRA ROXA · MOt-MOMEMN mmWU 2® DE Hmm 1926 terra IJüI i roxa e outras terras larros P Antônio d« Alcônura Machado • Secrclãrio e a inoiíype Mergentl».^ e ímpreitf*

i 1

100- O Estado de S.Paulo - 20/8/ .1972. _

101- Adalberto Holanda Pereira - "Questões de Aculturação"in Essa Onça - Universidade Fe deral do Mato Grosso - 1971 §18.

102- O Estado de S.Paulo - 29/4/ 1973.

103- O Estado de S.Paulo - 26/6/ 1973.

104- A Voz do Paraná - 3-9/9 e 6/10/1973.

105- O Estado de S.Paulo -5/3/72 106" O Estado de S.Paulo.

I

I

4

^mOram imigrantes italianos fixados no Estado • ^Fde São Paulo que, involuntariamente^introduzi^

ram em nossa lingua a denominação errada para os mais férteis solos brasileiros:terra roxa. Trabalhando nos àafezais3vieram a conhecer as vantagens deste tipo de 8olo3óhamando-o ^de "ter_ ra rossa",isto és terra vermelha.Coube ã'nossa gente do campo transformar a expressão em "ter- Pa rvxa".Na verdade,sua cor ê avermelhada}oom variações de tonalidade (vermelho c^laro,verme- lho escuro).Éesultam de decomposição de rochas vulcânicasyd-ustinguindo-se em dois tipos :a ter-

•ra roxa legítima,mais fértil e a terra roxa misturada,na qual os neenitos também estão pre-' sentes.

39