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    Amlia Martins, csp

    Snoezelencom

    IdososEstimulao sensorial para melhor qualidade de vida

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    Amlia Martins, [email protected]

    2011 Snoezelen com Idosos

    Capa: Amlia Martins

    ISBN: 978-989-97252-0-1

    N de registo IGAC : 1204/2011

    www.snoezelen

    -idosos.com

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    Aos Idosos do Lar Santa Beatriz da Silva

    s Colaboradoras do Lar Santa Beatriz da Silva

    Aos meus pais

    minha Comunidade

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    Prefcio

    Puro amor! Amor ao prximo. Uma irm ao servio de umacolectividade, uma fora anmica empunhando o Snoezelen ededicando-o a todo um grupo de idosos, pessoas esquecidas,vivendo a sua doena, o seu isolamento, a depresso e o Alzheimer,ou a quase total dependncia.

    uma ddiva da cincia, para o bem dos que quase acabaram,mas revivem com o acordar dos sentidos, estimulados neste lugarsagrado, de fora para dentro, atingindo o corao, o crebro e aalma, como testemunham Isabel, Maria, Lus e tantos outros.

    Foi toda uma experincia que vivi por escrito, lendo e relendoestas 150 pginas, e como vs aprendendo: estmulos mnimos e

    tranquilos fazendo reaparecer uma vida com qualidade. Levanta-tee anda, estavas morto e eu ressuscitei-te a vida pode ainda serbela, se houver por perto um(a) samaritana que O ouviu no poode Jacob e um mecenas que d corpo a mais outros Snoezelen.

    Envelhecer com dignidade diz a irm Amlia Martins e com

    felicidade, digo eu, porque a encontraram no vosso caminho!

    Fernando de Pdua

    Maro de 2011

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    ndice

    Prefcio 4

    Introduo 7

    1 Se eu no morresse nunca e eternamente

    buscasse a perfeio das coisas 11

    2 Breve olhar sobre a neuropsicologia 31

    3 Snoezelen e Integrao Sensorial 71

    4 Um estudo de caso 112

    5 Caracterizao dos idosos do

    Lar Santa Beatriz da Silva 133

    Concluso 139

    Bibliografia 142

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    Introduo

    Com o presente texto pretendemos partilhar a experincia doSnoezelen no Lar Santa Beatriz da Silva com Idosos.

    A palavra Snoezelen provm do Holands Snuffelen- cheirar eDoezelen- tornar-se leve, relaxar. Tradicionalmente, na Holanda,onde nasceu, nos anos 60, o Snoezelen foi aplicado numa salaespecial com um equipamento que oferecia mltiplos estmulos,envolvendo todos os sentidos, tanto para estimular como pararelaxar.

    Antes de implementar o Projecto de Snoezelen no Lar, procurmosFormao e Bibliografia que nos orientasse neste caminho. EmPortugal apenas tivemos acesso a Bibliografia, artigos e sitesrelacionando o Snoezelen com a deficincia ou especificamente comAlzheimer1. Fizemos tambm uma pesquisa na Internet, atravs demotores de busca e facilmente acedemos a muitos artigos em lnguainglesa e alem sobre esta temtica. A Formao aos terapeutas foiministrada por Roger Hutchinson2.

    Os efeitos do Snoezelen em Lares de Idosos no so bemconhecidos (Chung et al., 2002 cit in AA.VV, 2004). E este trabalhoapenas reflectir avaliao qualitativa e no quantitativa.

    Dentro deste contexto, importante reconhecer osfactores que facilitaram e os que dificultaram a implementao donosso Projecto. Ao longo do texto apresentado vamos descobrindo

    esses mesmo factores.

    Pela sala de Snoezelen, desde Setembro de 2005 j passaram cercade 80 idosos acompanhados por 5 cuidadores. Nem todos viveram

    1Cf. http://www.alzheimerportugal.org/scid/webAZprt/defaultArticleView

    Oneasp?articleID=556&categoryID=926 acedido a 24/01/2011 (um

    exemplo)2 Ver Bibliografia

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    esta experincia sensorial com finalidade teraputica. Para alguns, oSnoezelen foi e uma actividade sem objectivos de reabilitao oucura, no entanto, pela nossa observao e acompanhamento

    percebemos muitos sorrisos, algumas palavras e expresses faciaisque revelaram outras curas, como o prazer e bem estar. Entovale a pena este investimento

    H uma relao personalizada que se estabelece pelo facto de assesses decorrerem com um, dois ou trs (no mximo) utentes eum cuidador/terapeuta sempre numa dimenso de humanitude,favorecendo as relaes entre doente e cuidador.

    Mesmo que o desenvolvimento tecnolgico seja tambm uma

    realidade no Snoezelen, a mais valia a ateno dos cuidadores pessoa doente, prevalece sobre a eficincia tcnica.

    Sabemos que o desenvolvimento de cada criana e as experinciasque vivencia determinam o stockde conhecimento sobre o qual construdo o seu futuro. Toda a criana tem direito a experimentarpor si mesma a descoberta dos seus limites e potencialidades. O

    comprometimento de um ou mais canais sensoriais, tais como adeficincia visual grave ou surdez, determina na criana adificuldade em recuperar informaes sobre o seu ambienteexterno e interno.

    Imaginemos agora um adulto idoso que cego e com multi-dficits:o seu contexto de participao social limitado, a totaldependncia de outros para as aces simples de higiene e cuidadosdirios, talvez com problemas de comportamento, os esteretipos,

    as dificuldades de relacionamento, de expressar as suas emoes...Pensando nessas pessoas e nas suas necessidades, projectamos umambiente multissensorial um ambiente em que a teraputicacaminha aliada ao lazer, relaxamento, experincias sensoriaisagradveis.

    O principal objectivo nesta abordagem multissensorial acompanhar a pessoa no crescimento da aceitao da sua novacondio, na manuteno das suas capacidades e na reabilitao,

    criando um contexto de calma e tranquilidade, motivador e

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    desafiador, onde no existem exigncias, expectativas ou opinies,mas um lugar sagrado, longe de todos os espaos comuns erecolhido onde todos os sentidos e experincias proporcionadas s

    para si mesmo, o seu tempo, as suas limitaes, os seussentimentos... Porque cada humano nico e irrepetvel, e mais doque incapacidades e deficincias, tem talentos e potencialidadesque devem ser melhorados e reforados, para aumentar e permitiruma vida com mais qualidade (cf. Montobbio e Lepri, 2000).

    O modelo de base em que assenta o projecto Snoezelen comidosos o da qualidade de vida para idosos dependentes, quesuporta a viso de que podemos optimizar recursos e

    potencialidades at ao final das nossas vidas. Como veremos, algunsautores apoiam esta ideia, mas pessoalmente ela fruto daexperincia diria de comunho com pessoas extraordinrias queesto na ltima fase da vida. Essas pessoas so os personagensprincipais deste livro e destas pginas. Ao longo do nosso textovamos encontrando as suas expresses variadas, registadas aps assesses de Snoezelen. As suas palavras, aqui expostas, so bemreais, os nomes so fico

    A necessidade de escrever sobre o Snoezelen com idosos, partiu dasconstantes questes que nos colocam outras Instituies e outrostcnicos. Tal como ns ficamos em choque ao ver tantas pessoascom elevado grau de dependncia, sem qualquer tipo de actividadeestimulante e com vida, outros tcnicos partilham o mesmosentimento. E agora, que fazer? Como proporcionar ainda

    estmulos, qualidade de vida, como envolv-los na construo doseu Plano Individual?

    Respostas? No temos.

    Apenas a experincia do Snoezelen nos tem ajudado a sonhar novoshorizontes capazes de serem um caminho para a respostanecessria (para uns sim, para outros no).

    Reflectiremos ao longo do texto algum enquadramento terico quesustenta a nossa interveno no Lar. No h pretenso de ser

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    exaustivo, apenas partilhar a centelha que ilumina a nossa acocom as pessoas mais idosas.

    Queremos partilhar as vivncias dentro dum espao

    multissensorial dedicado ao cuidado dos idosos com dficitscognitivos, comportamentais ou fsico-funcionais na sala deSnoezelen. Pela estimulao dos sentidos neste ambiente podemoslimitar o estado de desconforto fsico e dor, aliviar a tensoemocional e agressividade, reduzir o medo que vem dodesconhecido e, ao mesmo tempo, tornar a pessoa participante nadescoberta de um mundo de luzes, sons, cheiros, sentimentos,emoes... adequado a todas as idades. Bem estar .

    Deslumbramento ou at no dizer de alguns lugar sagrado.

    O design do nosso trabalho assenta num background terico querene fundamentos das teorias da actividade, da ruptura (teoriasbio-psico-fsicas), alguns apontamento de neuropsicologia, que nosnorteiam na compreenso do processo de envelhecimento. Odesenvolvimento de todo o projecto a que nos propusemos, desdeo incio, tem uma caracterstica especial, evolutivo; medida quevamos conhecendo melhor os benefcios conhecemos melhor ospacientes e nesta espiral vamos avanando com a certeza de que acada dia algo de novo vamos descobrindo no efeitos do Snoezelen.

    Se no fosse o apoio integral da Fundao Calouste Gulbenkian, asala de Snoezelen no Lar Santa Beatriz da Silva no se teria tornadorealidade. Por isso no poderamos deixar de expressar o nosso

    bem-haja a esta nobre Fundao sempre atenta e avant-garde napromoo do desenvolvimento humano mais social com melhorqualidade.

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    CAPTULO 1

    Se eu no morresse nuncae eternamente buscasse

    a perfeio das coisas

    Ao longo deste captulo procurmos integrar a fundamentao

    terica que reveste a nossa prtica, numa linha da gerontologiasocial. A filosofia subjacente a esta dimenso de vital importnciaporque no h nada mais prtico do que uma boa teoria (KurtLewin). A frase que nos deu o mote, de Cesrio Verde, ilustra estabusca pelo conhecimento, pelo aperfeioamento das prticas, peloquerer ir sempre mais alm no entendimento do que oenvelhecimento e como proporcionar melhor qualidade de vida.

    Aristteles e Galeno acreditavam que cada pessoa nascia com certaquantidade de calor interno que se iria dissipando com o passar dosanos. Consideravam que a velhice seria o perodo final da dissipaodesse calor. Assim sugeriam que fossem desenvolvidos mtodosque evitassem a perda do calor, o que prolongaria a vida. Ao longode milhares de anos, foram-se tornando conhecidas incessantesbuscas da imortalidade, do elixir da juventude, da preservao dajuventude (conhecidas histrias de Clepatra), buscando a perfeio

    do ser humano.

    Se eu no morresse nunca e eternamente buscasse

    a perfeio das coisas

    Cesrio Verde.

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    Com pouco mais de noventa anos, Maria3, j evidenciando algunssinais de demncia, disse que se sentia no cu ao estarconfortavelmente deitada na cama de gua e ouvindo a voz de

    Marco Paulo, o seu cantor favorito.Para alm da higiene, em que sente o toque das pessoas com maisou menos sensibilidade, a verdade que Isabel recebe como nicaestimulao positiva o som e a luz do Snoezelen.

    Como lmpida e suave a coletnea

    de concertos para piano de Mozart!

    Muitas vezes o corpo, as sensaes e os sentidos so os principaismeios de comunicao da pessoa. Ao longo da vida, o crebroaprende a interpretar e a responder s informaes recebidasatravs dos sentidos. Estas informaes organizam-se em respostasmetdicas, automticas e muito eficientes. A nossa vida reguladacontinuamente atravs de escolhas sensoriais, nos movimentos e

    nas diferentes actividades. Estas escolhas provocam respostassensoriais, que variam medida que o nosso equilbrio sensorial sedesenvolve. Por vezes, no possvel organizar e responderadequadamente aos estmulos sensoriais, porque se perderamcompetncias devido a algum tipo de acidente, doena, falta decapacidade ou liberdade de fazer escolhas para equilibrar a vidasensorial. O Snoezelen pode oferecer um ambiente descontrado,agradvel, com sons, experincias tcteis, massagem e vibrao,

    efeitos luminosos interessantes tudo em funo de permitir quesurja uma auto-regulao ou melhoria na resposta adequada aosestmulos sensoriais. Alm disso, o Snoezelen oferece um ambientede oportunidades de interaco e envolvimento quer a nvel docorpo (fsico) quer da mente (psquico), quer do esprito(espiritualidade).

    3Nome fictcio

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    Ainda voltando Isabel, que nada sabe de msica clssica, nemnunca tinha ouvido tal tipo de msica. Apesar de tudo, esta amsica que a tranquiliza e serenamente relaxa a ponto de

    adormecer. Confortavelmente coloca as mos delicadamente sob orosto. E o corpo, j muito sofrido pela sarcopenia4, toma a posiofetal. Com o apoio da terapeuta, que actua com esprito nodirectivo, adormece, sentindo ainda nos seus ps as massagensrevigoradoras. Mas sobretudo sentindo o valor de uma presena spara ela.

    Nos ltimos quatro anos temos assistido a muitas histrias como asde Maria e as de Lusa. Os efeitos realados pelo Snoezelen no

    sentido da integrao sensorial e da sade passaram a ser maisvalorizados.

    Mas a quem se destina o Snoezelen?

    No Lar Santa Beatriz da Silva destina-se aos idosos, quer

    dependentes quer independentes, homens ou mulheres, quer compatologias demenciais quer sem patologias simplesmente aosidosos. Aos que a equipa Tcnica determina acompanhar,habitualmente uma mdia de 20 por ano.

    4A sarcopenia uma das variveis utilizadas para definio da sndrome de

    fragilidade, que altamente prevalente em idosos, conferindo maior risco

    para quedas, fracturas, incapacidade, dependncia, hospitalizaorecorrente e mortalidade. Essa sndrome representa uma vulnerabilidadefisiolgica relacionada idade, resultado da deteriorao da homeostasebiolgica e da capacidade do organismo de se adaptar s novas situaesde stress. () Outros indicadores da sndrome de fragilidade incluem perdade peso recente, especialmente da massa magra; autorelato de fadiga;quedas frequentes; fraqueza muscular; diminuio da velocidade dacaminhada e reduo da actividade fsica, todos relacionados ao

    desempenho do sistema musculoesqueltico. (inhttp://www.scielo.br/pdf/rbr/v46n6/06.pdf acedido a 30/08/09).

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    Precisamos ento de perceber o que acontece s pessoas em fasede envelhecimento (aps os 65 anos), para melhor entender aactuao e efeito do Snoezelen.

    O envelhecimento uma fase do ciclo da vida. A pessoa idosa nopode ser vista como uma categoria em si, uma componente fora dasoutras faixas etrias. preciso esclarecer e entender oenvelhecimento e enquadr-lo numa perspectiva global. Envelhecerbem no significa evitar problemas, mudanas ou perdas quesurgem com o avano da idade, mas significa, sobretudo, umempenho contnuo a potenciar ganhos e minimizar as perdas.

    Deixem-me estar aqui, no quero mais andar de um lado para ooutro em casa dos meus sobrinhos. Eu j no fazia nada, mas agoraajudo a pr os talheres na mesa, ao menos ganhei alguma coisa em

    vir para o Lar, ainda sou til e no dou tanto trabalho.

    (Marta, 80 anos)

    Existe actualmente um vasto complexo de conhecimentos no querespeita ao envelhecimento, estratgias e mecanismos que possamajudar a enfrentar estas perdas. Conhecimentos que so,partilhados por gerontlogos e geriatras de todo o mundo. Sobre abase de tais conhecimentos, compreendemos que existe umaenorme variedade de teorias, na natureza e no tempo,relativamente ao evento envelhecer.

    Por favor d-me o que fazer, diga-me algo que precisa

    que eu faa, seno eu morro.

    Pedro, 95 anos

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    O envelhecimento possui energias escondidas e diversificadas ques se atingem passando por este processo. Um processoheterogneo. Tal heterogeneidade aumenta com a idade, pois se

    acumulam factores ambientais que acentuam as diferenasindividuais. As doenas podem aumentar tal heterogeneidade, poisinfluenciam o processo de envelhecimento diferenciando-o emvrias modalidades.

    Quando se fala de sade do idoso, necessrio considerar osnumerosos factores que a podem influenciar, tendo presente que oestado de sade no significa apenas presena ou ausncia dedoena, mas sim o bem-estar de toda a pessoa, nos seus vrios

    aspectos fsicos, psquicos, sociais e espirituais. Ou seja, qualidadede vida5. A medicina geritrica tem como objectivo primrio areduo da morbidade no idoso e aumentar a Qualidade de Vida.Tal objectivo s se alcana intervindo nos mltiplos factores de riscoque tm repercusso na sade: factores demogrficos; factoressociais; ambiente de vida; factores econmicos, factores culturais,factores afectivos e factores religiosos e espirituais.

    Estou no cu, aqui no tenho dores, j posso morrer em paz.

    Maria, 90 anos

    5Qualidade de vida envolve o bem fsico, mental, psicolgico e emocional,

    alm de relacionamentos sociais, como famlia e amigos e tambm a

    sade, educao, poder de compra e outras circunstncias da vida. (inhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Qualidade_de_vida acedido a 30/08/09). OProjecto WHOQOL OLD da OMS pretendeu desenvolver e testar aavaliao da qualidade de vida em adultos idosos. Teve incio em 1999,com uma cooperao cientfica de diversos centros. O objectivo doprojecto foi desenvolver e testar uma medida genrica da qualidade devida em idosos para utilizao internacional e transcultural. Os conceitos econtedos das facetas inclusas no mdulo WHOQOL-OLD so: Habilidades

    sensoriais, autonomia, actividades passadas presentes e futuras,participao social, morte e morrer e intimidade.

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    So expresses como esta que nos fazem acreditar que o Snoezelenpode intervir em quase todos os aspectos da vida descritos

    anteriormente. Eis uma prova ao nvel da msica: os poderes deMozart, especialmente os concertos para violino, criam o maiorefeito curativo no corpo humano. Sob a influncia continuada destamsica, que o sujeito apreende sob a forma de sons filtrados, oouvinte massajado por uma sucesso de ondas sonoras. medidaque esses sons so integrados em canais neurais, o sujeitodesenvolve (e ou readquire) a capacidade de falar e comunicar comos outros (Campbell, 2000).

    Leve-me a sua casa (Snoezelen);

    ali sinto-me bem e j no me enervo.

    Alice, 80 anos

    Assim descreve a fora deste espao (O Snoezelen): um espao fsicomas mais que isso um espao emocional, musical, afectivo, umespao de vida. Mas, voltemos aos factores que influenciam oprocesso de envelhecimento. Mesmo sobejamente conhecidos einvestigados por peritos, aqui fazemos-lhe referncia para melhornos situarmos a que nveis actua o efeito do Snoezelen.

    Relativamente aos factores6 demogrficos, no podemos esquecerque a famlia por sua natureza e estrutura a primeira protagonistana vida do idoso. O ncleo familiar assume particular importnciamesmo no mbito assistencial. Embora saibamos que a estruturasocial de hoje determina noutros moldes esta assistncia, bemdiferente daquela prestada no sculo passado. O processo gradualque a sociedade tem atravessado passa de altas taxas defecundidade e mortalidade para baixas taxas. Caracterizando-se

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    No pretendemos aqui explorar estes factores, recomendando para isso aconsulta de outra bibliografia mais especfica.

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    pela diminuio da taxa de natalidade, diminuio da mortalidadeinfantil, decorrente da diminuio das doenas infecciosas eparasitrias. Mas o escalo da populao que mais cresce

    actualmente o dos idosos, sobretudo aqueles com mais de 80anos. O cmputo mundial actual que existem 540 milhes deidosos. Estima-se que em 2020 haver 1,2 bilies de idosos em todoo mundo.

    A estrutura das causas de morte na populao idosa tem seguidoum mesmo padro tanto em pases desenvolvidos como nos pasesem vias de desenvolvimento, ou seja, diminuio gradual das taxasde mortalidade causadas por doenas infecciosas e aumento das

    taxas de mortalidade motivadas por doenas crnicas edegenerativas, doenas isqumicas cardacas e cardiovasculares,neoplasias, doenas respiratrias, entre outras.

    O processo acelerado da transio demogrfica em Portugal temsido acompanhado por transformaes sociais que pressionamprogressivamente a proliferao de instituies de longapermanncia, que requerem muitos procedimentos de gestoespecficos e sobretudo a reconceptualizao da prestao decuidados. Estas instituies tm apresentado complexidadescrescentes e comeam a abordar modelos de organizao comconceitos e caractersticas mais adequadas ao que deve ser aprestao de servios com a melhor qualidade (de vida) possvel,conforme os Modelos de Gesto da Qualidade da Segurana Socialou da Norma ISO 9001:2008. A abordagem do Snoezelen emestruturas residenciais para idosos passa por esta

    reconceptualizao nos cuidados a prestar.Nos factores sociais, encontramos laos e relaes que tm umpapel importante, como protectores nos confrontos da sade doidoso. De facto, um baixo nvel de interaces e de suporte social,aumenta o risco de morbilidade e de mortalidade. Querendo poisdeterminar um ndice de medida das relaes sociais, necessrioter em considerao elementos tais como o viver ou no sozinho, aproximidade com os filhos, a solido, o nmero de contactos sociais

    e a participao nas actividades sociais.

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    Todos os estudiosos so unnimes em dizer que as condies devida habitacional exercem tambm grande influncia na sadepsicofsica da pessoa, sobretudo nos idosos, para os quais a casa o

    lugar principal de vida e onde permanecem por longo tempo. Ahabitao significa ligao ao passado e, mais do que ligao,significa continuidade da vida anterior. o lugar onde estdepositada a sua memria e conservada. Por vezes, somos tentadosa considerar como ambiente de vida apenas a casa, mas tudo oque a envolve, como a disponibilidade da vizinhana, os servios desade, os meios de transporte, o comrcio, a parquia, etc..juntamente com as memrias, as alegrias, as tristezas e a solido a

    vividas. O ambiente no apenas fsico, natural, mas o ambienteem que se estabelecem relaes humanas, de trabalho, de amizade,etc.. E tudo isto influencia a sade, autonomia e qualidade de vida.Verificamos que, para os idosos, este ambiente cada vez tende maisa ser reduzido e adquire sempre mais importncia o lugar privado(vizinhana prxima, famlia e a casa). So numerosos os estudosque comprovam a estreita relao entre a satisfao do ambientede vida e a sade do idoso. Um dos factores de risco nos idosos do

    Concelho de Ourm (conforme dados recolhidos nos processos deCandidatura ao Lar) exactamente a falta de condieshabitacionais que consequentemente agrava o estado de sade efaz procurar o lar e a necessidade de uma vida espiritual maisintensa, mais plena e participada.

    Eu no podia estar em casa, estava tudo desarranjado, a humidadeera muita, chovia como na rua e eu mal sentia coragem para andar,doa-me tudo, os meus ossos!!!, mas era a minha casinha; tive de vir

    para aqui, as senhoras da assistncia (Segurana social) disseramque no podia estar ali, no tinha condies. Tambm no tinha

    vizinhos, e a minha filha emigrou h muitos anos e por l tem a suafamlia, e perto do Santurio sinto-me reconfortada.

    Emlia, 92 anos

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    claro que a falta de bem-estar fsico e psicolgico aumenta demodo relevante a procura e utilizao dos servios de sade e de

    assistncia. um alerta a pobreza econmica e social dos idososcomo indicadores de risco para as condies de sade fsica epsquica.

    Outro indicador scio-econmico relevante constitudo pelo nvelde instruo. Mas a pobreza cultural no pode ser medida apenasatravs do nvel de instruo escolar. Em particular, para os idososde hoje, a necessidade de trabalhar desde muito cedo contribuiupara a interrupo ou no da frequncia da escola. Uma correcta

    avaliao deve ter em conta que a cultura tambm se exprimeatravs da experincia, da tradio, da continuidade laborativa, dasolidariedade, escala de valores, etc., da aprendizagem ao longo davida, como se pretende, agora mais do que nunca, valorizar.

    No sei ler, como quem no v, mas na minha taberna nunca meenganaram, eu sabia bem fazer as contas de cabea.

    um desgosto muito grande nunca ter aprendido a ler,mas fiz a minha vida.

    Maria, 80 anos

    Os factores afectivos relacionados com o estado matrimonial, onmero de filhos e netos, a frequncia das interaces sociais, apresena de depresses tm um papel importante a ponto depoderem constituir factores de risco de mortalidade e morbilidade.

    Como exemplo, podemos tomar estudos que revelaram os efeitosda componente afectiva no decurso do enfarte agudo do miocrdioem pessoas com mais de 65 anos. Independentemente da idade, dagravidade do enfarte, da comorbilidade, evidenciou-se que umavida de solido aumentava em quase 50% o risco de morte por estadoena. Pelo contrrio, o bom suporte afectivo fez com que o riscode morte fosse menor. (Caretta, Petrini & Sandrin, 2002)

    Uma projectualidade pessoal de pleno desenvolvimento, mesmopela condio de envelhecimento, depende do complexo de crenas

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    e de valores que fazem parte do mundo espiritual da pessoa, nosentido mais amplo do termo. preciso definir o papel que revestea espiritualidade no confronto com a sade da pessoa idosa, que o

    conhecimento da natureza espiritual do envelhecimento humanoinfluencia cada aspecto da vida da pessoa. As necessidadesespirituais influenciam cada modalidade de confronto emotivo,cada necessidade de participar na actividade religiosa, cada motivode reflexo, cada objectivo de vida, cada pensamento. Diversosestudos sobre a conexo entre aspectos espirituais e sade tm sidoconduzidos pelo centro de Promoo e desenvolvimento daAssistncia geritrica da Universidade Catlica Del sacro Cuore. Os

    resultados de tais estudos evidenciam que o idoso crente enfrenta adoena e o sofrimento com uma atitude melhor, a f ajuda-o aaceitar com serenidade as mudanas da condio de vida. Olhandopara os idosos institucionalizados, evidente que a f, a orao e asrecordaes da vida passada constituem uma fundamental fonte deconforto quotidiano. (Caretta, Petrini & Sandrin, 2002)

    Devemos ver o envelhecimento como um processo diferencial e quese efectua gradual e progressivamente em cada indivduo, segundoo ambiente, atitude e estilo com que se vive a vida. (Bonilla, 1998)

    Como temos vindo a reflectir so variados os factores queinfluenciam o envelhecimento assim como so variadas as teoriasque envolvem este processo. Desde as de ordem biolgica spsicolgicas, como sociais. Todas pretendem explicar o processo deenvelhecimento a partir de diferentes perspectivas. Nenhuma dasteorias, apenas por si, consegue explicar todos os passos deste

    complexo processo que o envelhecer. Em cada uma delasencontramos pedaos da verdade biolgica e psquica doavanar da idade. A busca pela explicao do processo deenvelhecimento no acaba...

    No me importo de ser velho, s no sei explicar

    como aqui cheguei foi tudo to depressa, vivi muito

    Rui, 85 anos

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    Algumas teorias advogam, com base na evidente realidade, que oorganismo multicelular tem um tempo limite de vida, e as

    probabilidades de sobreviver vo sendo cada vez menores medidaque se avana na idade. As transformaes de textura e(re)organizao que a velhice imprime no organismo a nvel fsico epsquico revelam-se por vezes num tal grau que os estadosfisiolgico e patolgico parecem confundir-se e influenciar-semutuamente.

    As teorias de ndole biolgica tendem a focar os problemas queafectam a funcionalidade e preciso do sistema orgnico durante o

    processo de envelhecimento, sejam eles de origem gentica,metablica, celular ou molecular. Dividem-se em:

    natureza gentico-desenvolvimentista

    natureza estocstica

    Na natureza gentico-desenvolvimentista ou no estocstica, oenvelhecimento visto como um continuum controlado

    geneticamente e talvez programado para um desequilbrioneuroendcrino, levando a uma diminuio de integrao funcionaldos sistemas orgnicos.

    As Teorias Estocsticas afirmam que o processo de envelhecimento o resultado da soma de alteraes que ocorrem de formaaleatria e se acumulam ao longo do tempo. Incluem-se aqui asteorias do erro catastrfico, teoria do entrecruzamento, teoria dodesgaste e teoria dos radicais livres.

    As Teorias Sistmicas defendem que quanto mais lento for ometabolismo de um ser, maior pode ser a sua longevidade, ou seja,apresentam a relao inversa entre quantidade de caloriasconsumidas e durao mxima de vida. Defendem ainda que osdanos cumulativos do oxignio sobre a mitocondria (a sua funo vital para a clula, sem a qual h morte celular) levam ao declnio nodesempenho fisiolgico das clulas, pois a produo de energia comprometida devido leso das estruturas da membranamitocondrial pelo dano oxidativo.

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    No entanto, at aos dias de hoje no existe nenhuma teoria queseja completa e explique tudo o que ocorre no processo deenvelhecimento. H mudanas fsicas, fisiolgicas, psicologias,

    sociais e espirituais que se vo definindo durante o ciclo vital. Eestas no ocorrem da mesma forma nem no mesmo grau paratodos os indivduos; h pois amplas variaes especficas eindividuais.

    Com o presente trabalho, tm vital importncia, alm das teoriasreferidas, as teorias sociais (nomeadamente teoria da ruptura e daactividade), assim como outros focos de ordem bio-psquica eneurolgica que reflectem um complemento de factores e situaes

    que nos aproximam de um conhecimento mais amplo do processode envelhecimento.

    Teoria da Actividade

    Esta Teoria trata de explicar os problemas sociais e as causas que

    contribuem para a inadaptao das pessoas idosas. Havighurstapresentou esta teoria, situando a actividade como a base doenvelhecimento saudvel. Aps um estudo cuja amostra eraconstituda por pessoas entre os 50 e 90 anos, este autor observouque as pessoas mais adaptadas e que sobreviviam mais anos e emmelhor estado eram as que realizavam mais actividade, quer setratassem de tarefas e papis habituais, quer de outros papis etarefas, trocadas de acordo com as suas preferncias.

    Qualquer coisa ou qualquer actividade que possa ajud-la a vivermelhor o seu dia est bem para mim. Esta uma actividade nova e

    cheia de possibilidades para a minha me

    Filha de Isabel, 83 anos.

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    O conceito fundamental da abordagem desta Teoria o conceito deactividade, entendida como uma interaco propositada eintencional entre o sujeito e o mundo. Esta considerada como

    origem do desenvolvimento histrico-social dos homens. Assim, aactividade proposta como a mais pequena unidade bsica deanlise fornecendo uma maneira de compreender simultaneamentesujeito e objecto e as modificaes mtuas resultantes dainteraco que se cria entre estes.

    A actividade socialmente significativa o princpio explicativo daconscincia, a qual construda de fora para dentro por meio dasrelaes sociais. Nesta perspectiva, os papis sociais, o trabalho-

    emprego e a cultura, entre outros polos de atividade, no sofactores externos que influenciam a mente humana, mas forascriadoras directamente comprometidas na organizao da mesma.

    Kuhlen (1959) considera que a satisfao e a autoestima, sinaispositivos do envelhecimento bem sucedido, so proporcionais actividade desenvolvida e intensidade das interaces sociais,(Paul, 1996). A actividade necessria para a qualidade de vida;mas actividade no necessariamente sinnimo de actividaderentvel. Neste contexto significa desempenhar aces que causemprazer, desenvolvimento intelectual, social e que sejam de lazer,solidrias e gratificantes. Evita alguns fantasmas como a solido, oaborrecimento e a depresso. Se a actividade for efectivada emgrupo, pode congregar mais interesse e aumentar a qualidade devida. (cit in Monteiro & Neto, 2008)

    Se privamos os idosos de alguns papis, todos os que ficam so

    indefinidos porque se cortou o fio condutor entre todos. A confusoresultante leva a um estado de anomia7. O indivduo carece de

    7 A anomia um estado de falta de objectivos e perda de identidade

    provocado pelas intensas transformaes ocorrentes no mundo socialmoderno. A partir do surgimento do Capitalismo e da tomada da Razocomo forma de explicar o mundo, h um brusco rompimento com valorestradicionais fortemente ligados concepo religiosa.

    A Modernidade, com os seus intensos processos de mudana, no fornecenovos valores que preencham os anteriores demolidos, ocasionando uma

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    objectivos e de identidade. Segundo a teoria da actividade, se osnovos papis no preenchem o espao vazio deixado pelosanteriores, a anomia tende a interiorizar-se e o indivduo torna-se

    inadaptado e alienado, no apenas da situao, mas tambm de simesmo. Um envelhecimento plenamente alcanado supe adescoberta de novos papis ou de novos meios de conservar osantigos. Para que se realize este ideal ser preciso no futuroreconhecer o valor da idade (Fernndez, 1992). Este enfoque socialrefere um complemento de factores e situaes que se aproximamde um conhecimento mais amplo e integral do que o que significa oprocesso de envelhecimento.

    Se pudermos imaginar no ser capazes de comunicar as nossasnecessidades, desejos, e no ser capazes de compreender o que osoutros nos dizem, estamos presos, mas quando pensamos sobre osnossos sentidos, isso apenas uma experincia, ns realmente notemos que entender, ns no temos de dar sentido, apenasexperimentar. Por isso o Snoezelen realmente funciona no-ameaador, no-verbal, e os idosos podem realmente apenasfazer experincia do sentir, actividade sempre presente na nossavida sem necessidade absoluta de cognio experiencial.

    espcie de vazio de significado no quotidiano de muitos indivduos. H umsentimento de se "estar deriva", participando inconscientemente dosprocessos coletivos/sociais: perda quase total da atuao consciente e da

    identidade.Este termo foi cunhado por mile Durkheim em seu livro O Suicdio.Durkheim emprega este termo para mostrar que algo na sociedade nofunciona de forma harmoniosa. Algo desse corpo est funcionando deforma patolgica ou "anomicamente." No seu famoso estudo sobre osuicdio, Durkheim mostra que os fatores sociais especialmente dasociedade moderna exercem profunda influncia sobre a vida dosindivduos com comportamento suicida. (inhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Anomia acedido a 13/12/2009).

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    Tragam-me aqui todos os dias, esta gua quentinha nas costas d-me sade; tambm sinto a msica, mas a gua!...

    Joana, 85 anos.

    De facto, h diversas formas de conceber o envelhecimento.Segundo diferentes disciplinas, a perspectiva sociolgica, que vimosanteriormente, defende que a unidade de anlise deve serconstituda pela sociedade como determinante de oportunidade econdies para os idosos; pelo seu lado, a perspectiva psicolgicasupe que a unidade de anlise o indivduo que envelhece e osmodos de encarar o processo. Da combinao destas perspectivasresulta uma terceira, que (Barros, 1991) denomina psicossocial.Articula-se o sociolgico com o psicolgico, dando como resultado ointeresse por estudar a forma como os indivduos encaram o seuenvelhecimento dentro de um contexto social determinado.

    Nesta perspectiva atribui-se s pessoas idosas um papelprotagonista na construo do seu prprio bem-estar a partir dasoportunidades sua volta como protagonistas do seu prprio Plano

    de Desenvolvimento Individual (PDI).

    A resposta social ao declnio biolgico prprio do envelhecimentoresponde configurao do chamado modelo mdico tradicional,que se refere velhice em termos de perdas e regresso,enfatizando o envelhecimento como um processo degenerativo.Leva a tomar uma atitude de resignao.

    J no presto para nada, sou uma intil...Emlia, 82 anos.

    No entanto, so as condies sociais as que no oferecem maioresincentivos para que as pessoas se mantenham activas. A perda daocupao, a diminuio no acesso e o declnio da identidade social,

    so trs situaes que esto ligadas entre si, dado que o peso que

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    se d socialmente actividade laboral remunerada e s interacesque durante a sua vida a pessoa tece sua volta, constituem-se noseu maior vnculo para a identidade social e futura.

    A ideologia da velhice e a desvalorizao social da mesma definemesta etapa como decadncia fsica, mental e projecta nas pessoasidosas uma imagem de incapacidade e inutilidade social, o que leva descriminao e excluso, repercutindo-se nas prprias pessoasque se percebem a si mesmas desta forma, por vezes deixando delado qualquer tentativa de superao. A ausncia de um papelsocial, a falta de tarefas e actividades especficas, leva a dificuldadespara dirigir esforos pessoais e actualizar as prprias

    potencialidades de acordo com as situaes e contextos actuaiscaracterizadas pelo avano tecnolgico e cientfico.

    Tendo em conta que estes so elementos que empobrecem aqualidade de vida das pessoas idosas na sociedade, iniciativascontrrias podem coadjuvar para diminuir a resposta social einstitucional negativa face ao envelhecimento e a modificarideologias da velhice, a desvalorizao social e os esteretipos.Estas iniciativas revertem em estratgias baseadas numa forteconvico de uma viso integral e holstica do idoso e doenvelhecimento, assim como numa busca de melhor qualidade devida para este grupo populacional conforme a percebem e noimposta.

    Desta forma, o conceito de actividade d um passo marcante emdireco quilo que se torna o foco, as interrelaes complexasentre o sujeito individual e a comunidade em que actua. E quando

    estas interrelaes comeam a falhar por variados motivospodemos estar perante o terreno frtil para dar lugar ruptura.

    A satisfao de vida e o autoconceito esto relacionados com oprocesso de envelhecimento bem sucedido, pois o indivduo quepossui uma desajustada concepo de si mesmo pode ter muitasdificuldades para se sentir feliz com a sua vida.

    Em relao concepo da teoria da actividade propriamente dita,ela procura explicar como os idosos se ajustam s mudanas

    relacionadas com a idade. Pode-se dizer que se baseia em duas

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    hipteses: a primeira aponta que as pessoas mais velhas e activasso mais satisfeitas e melhor ajustadas do que aquelas que sopassivas. J a segunda hiptese est vinculada ao facto de que

    pessoas mais velhas podem vir a substituir perdas de papis pornovos, para manterem o seu lugar na sociedade. Assim, medidaque as pessoas vo saindo do mercado de trabalho, ou mesmo quevo deixando de ocupar papis sociais, as pessoas mais velhasprocurariam actividades compensatrias em relao s anteriores.Tais actividades tm como finalidade trazer melhor qualidade devida s pessoas adultas maduras e idosas, tornando-as mais activas(Doll J. et al, 2007), da o voluntariado.

    Os sistemas de actividade movem-se atravs de ciclos detransformaes qualitativas e experienciais. Quando ascontradies do sistema de actividade so agravadas quer porimposies sociais, polticas, fsicas e psquicas, alguns indivduos(idosos) comeam a questionar e a desviarem-se das normasestabelecidas.

    Temos assim a teoria da ruptura (Cumming & Henry, 1961 cit inBarros & Castro, 2002). Com o envelhecimento, as pessoas retiram-se da sociedade desistindo de alguns dos seus papis sociais, sendoum processo inevitvel, o que significa que muitas das relaes comos outros so cortadas e as que se vo mantendo sofrem alteraesna qualidade. Este processo de ruptura, de separao(disengagement process) com os outros e com a sociedade, um

    processo que varia de pessoa para pessoa em termos da altura em

    que se inicia e do grau em que actua, como explicado pelosautores:

    Na nossa teoria, o envelhecimento uma separao, resultando dadiminuio da interaco entre as pessoas que envelhecem e asoutras do sistema social a que pertencem. O processo pode seriniciado pelo indivduo ou pelos outros que esto envolvidos nasituao. As pessoas que envelhecem podem afastar-se maismarcadamente de algumas classes de pessoas enquanto

    permanecem relativamente prximas umas das outras. O seu

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    afastamento pode ser acompanhado desde o princpio por umaumento da preocupao com ele prprio (). Quando o processode envelhecimento est completo, o equilbrio que existia na meia-

    idade entre o indivduo e a sua sociedade deu lugar a um novoequilbrio caracterizado por uma grande distncia em relao aalgumas pessoas e por um tipo alterado de relaes (Barros &Castro, 2002).

    No dizer de Berryman (2002), ruptura seria (...) uma retiradamtua do indivduo da interaco social, e da sociedade doindivduo. (...) pode ser social (...) e pode ser psicolgico (...) a

    ruptura pode surgir por vrias razes. As mudanas nos papislaborais e familiares, a doena, a energia e a forma fsica reduzida,as dificuldades de comunicao (...) afirmaram que a ruptura erauma caracterstica natural e inevitvel da ltima fase da vida. (...)ajuda as pessoas a adaptar-se velhice, levando a uma maiorsatisfao e a uma moral mais elevada.

    O prprio processo de institucionalizao pode ser entendido comoruptura, como um processo de afastamento. E, como tal, podemocorrer mudanas de trs ordens diferentes:

    1. mudana regista-se ao nvel quantitativo, ou seja, no nmerode pessoas com quem o indivduo interage, e ao nvel da frequnciadessas interaces e dos seus respectivos fins.

    2. ordem de mudanas verifica-se na qualidade do padro dasdiferentes interaces que se iro estabelecer.

    3 mudana ocorre na personalidade do indivduo que causa adiminuio do envolvimento com os outros e aumenta a suapreocupao com ele prprio.

    Neri (2005) aponta que a teoria da ruptura no levou em conta quea velhice comporta vrios tipos de experincia de afastamentodependentes de variveis, como: classe social, profisso, renda,educao, status e envolvimento social, gnero e sade fsica epsicolgica.

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    A ruptura pode ocorrer em algumas reas da vida, mas no emtodas. Por um lado, eles destacam os aspectos qualitativos. Nestaperspectiva, o envelhecimento pode ser menos marcado por uma

    diminuio quantitativa dos contactos e interrelaes, mas por umareestruturao qualitativa dessas relaes e por um envolvimentointerno diferente nos papis exercidos at esta altura. Isso significaque pessoas podem diminuir suas actividades numa rea, porexemplo, na profisso, mas podem compensar isso atravs doenvolvimento noutros sectores.

    Estou profundamente admirada. A D. Maria, em casa, j nada fazia

    a no ser olhar para os joelhos, nada a fazia animar nem avivar.Tudo era doena, dor

    Agora, desde que est no Lar parece outra, sai, passeia, colaboranas actividades. Est muito melhor a nvel de sade.

    A todos os nveis.

    Mdica da D. Elisa

    Erikson (cit in Sousa et al, 2006), incluindo nos estgios dodesenvolvimento a velhice, alargando o desenvolvimento donascimento morte, chamou ltima etapa: Integridade versusDesespero. A pessoa idosa pode encarar de duas formas a vida:sente-se vencedora por considerar que foi produtiva teoria daactividade ou, pelo contrrio, entra em desespero ao considerar quedeixou de aproveitar a vida e que no h mais condies de

    recuperar o tempo perdido teoria da ruptura. O grande desafio reorganizar o quotidiano institucional, descentrar a actividade e aruptura e encontrar um papel e redefinir objectivos de vida (Planode desenvolvimento individual participado) que garanta amanuteno do sentido de utilidade e continuidade da vida.

    Agora podemos imaginar o mundo que se deixa de fora (ruptura)para abrimos a porta da sala de Snoezelen e abrir vagarosamente(actividade), a luz tnue envolve o nosso olhar. O barulho das vozes,os gritos da rua do lugar a outros sons escutando-se chilreios de

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    pssaros, a brisa suave, uma flauta, um piano, msica clssica. Luzesde cristal multicolor, o corpo no colcho de gua aquecida, numondular suave que acaricia e embala at ao relaxamento profundo.

    Vemos no alto uma bola de espelhos lanando imagens ou corestridimensionais que rodopiam na parede. O azul, depois o verde, overmelho, o amarelo e o branco num permanente e flutuante arco-ris. No canto, as colunas de gua multicolor fazem subir bolhas dear borbulhantes, o espelho que as multiplica e reflecte

    Em suma, nenhuma teoria explica por si s o fenmeno doenvelhecimento. Lembremos a imagem de Karl Popper: as teoriasso as redes que lanamos para captar a realidade. As teorias

    devem servir para oferecer a base para uma definio, umaexplicao e um prognstico do processo do envelhecimento para,com isso, ter fundamentos para uma interveno ao nvel doSnoezelen (e no s) assente em evidncias como, por exemplo,utilizar as mos para bater palmas ou marcar ritmos podesincronizar os hemisfrios cerebrais. A msica pode activar ohemisfrio direito criativo e o hemisfrio esquerdo mais lgico docrebro, que nos permite encontrar solues mais criativas para osnossos problemas e funes (Campbell, 2000).

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    CAPTULO 2

    Breve olhar sobrea neuropsicologia

    Com este breve olhar sobre a neuropsicologia8 no pretendemos serexaustivos, mas, apenas demonstrar como o seu conhecimento fundamental para compreender o que acontece ou pode acontecer

    no Snoezelen. Precisamos entender os efeitos e causas das lesescerebrais (em idosos) e como elas se processam para a criao deprogramas de reabilitao (reas onde o Snoezelen poder actuar).

    Neuropsicologia

    A neuropsicologia um ramo da psicologia e neurologia que estuda

    a ligao entre o crebro e comportamento (animal) humano.Dedica-se a investigar como diferentes leses causam dficits emdiversas reas do comportamento e da cognio humana. (reasonde o Snoezelen poder actuar).

    As neurocincias reunem disciplinas que estudam o sistemanervoso, a anatomia e a fisiologia do crebro humano. umaprtica interdisciplinar, resultado da interaco de diversas reas do

    saber ou disciplinas cientficas como, por exemplo: biologia,neurobiologia, neurofisiologia, neuropsicologia, entre outras. Aolongo de milhares de anos a neurocincia foi ganhando vida com osconhecimentos empricos, filosficos, reflexivos desde Alcmaedon(Sc. V a.C.) at actualidade. Umas vezes o crebro ganhou maiorimportncia, outras ganhou o corao para a compreenso do

    8

    Estes elementos so o resultado da reflexo elaborada pela autora, apartir da frequncia da Ps-Graduao em Neuropsicologia Clnica.

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    comportamento humano9. Mas sem dvida que este estorganizado e coordenado no sistema nervoso; aqui soconstrudos e finalizados os estmulos dos sentidos e iniciam-se as

    aces e ou reflexos. Por sua vez o sistema nervoso central constitudo por neurnios e clulas gliais. Estes desempenhampapis importantes na referida coordenao. Observando aestrutura do sistema nervoso, percebemos que eles tm partessituadas dentro do crebro e da coluna vertebral e outrasdistribudas por todo corpo. As primeiras recebem o nome desistema nervoso central (SNC), e as ltimas de sistema nervosoperifrico (SNP). no sistema nervoso central que esto a grande

    maioria das clulas nervosas, os seus prolongamentos e as relaese contactos que estabelecem entre si. O conjunto de neurnios aque chamamos nervos levam informao para o sistema nervosocentral. Os neurnios so formados por trs partes: a soma, osaxnios e as dendrites. A parte central, corpo celular ou soma,contm o ncleo celular. Pode-se observar que a soma possuigrande nmero de prolongamentos, ramificando-se mltiplas vezescomo pequenos arbustos, as dendrites. atravs das dendrites que

    cada neurnio recebe as informaes provenientes dos outrosneurnios a que se associa. O grande nmero de neurnios til clula nervosa, pois permite multiplicar a rea disponvel parareceber as informaes aferentes. Saindo tambm da soma, existeum filamento mais longo e fino, ramificando-se pouco no trajecto emuito na sua poro terminal, o axnio, e por ele que saem asinformaes dirigidas s outras clulas de um circuito neural. Ocontacto entre um terminal de fibra nervosa e uma dendrite ou ocorpo (mais raramente um outro axnio) de uma segunda clula,chama-se sinapse, e constitui uma regio especializada fundamentalpara o processamento da informao pelo sistema nervoso. Nasinapse, nem sempre os sinais elctricos passam sem alterao,podem ser bloqueados parcial ou completamente, ou entomultiplicados. Logo, no ocorre apenas uma transmisso da

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    In http://pt.wikipedia.org/wiki/Neuroci%C3%AAncia acedido a07/05/2007

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    informao, mas uma transformao durante a passagem. Atransmisso sinptica pode ser qumica ou elctrica. Na sinapseelctrica, as correntes inicas passam directamente pelas junes

    GAP (canais acoplados das duas membranas) para as outras clulas.A transmisso bidireccional, j que o sinal passa praticamenteinalterado de uma clula para outra. Na sinapse qumica, atransmisso do sinal atravs da fissura sinptica feita atravs deneurotransmissores. A sinapse qumica pois, unidireccional. Astransformaes ocorridas durante a sinapse garantem ao sistemanervoso a sua enorme diversidade e capacidade de processamentode informao.

    As clulas gliais tm como funo manter e suster os neurniosatravs da nutrio, controle do equilbrio inico, protegendo-os deagentes patognicos. Em suma, as suas principais funes soestrutural, metablica e de defesa. Os neurnios nunca se dividem evo morrendo mas as clulas gliais, como clulas que so, vomantendo a sua capacidade de se dividirem ao longo de toda a suavida; ainda ao contrrio dos neurnios no respondem a potenciaisde aco mas apresentam variaes do potencial da membrana.

    A mielina uma substncia lipdica, de cor branca reluzenteproveniente de algumas clulas gliais. A mielina est presente nachamada bainha de mielina (formada pelas clulas de Schwann),que rodeia algumas fibras nervosas, fazendo com que tenham umaconduo de impulsos nervosos mais rpida, logo com respostas ereflexos mais satisfatrios. No SNC no h facilidade de regeneraoda mielina tornando as leses praticamente irreversveis enquanto

    que no SN perifrico possvel o processo de regenerao, porvezes, da mielina. O sistema nervoso constitudo por Sistemanervoso central e perifrico. O Encfalo (prosencfalo, mesencfaloe rombencfalo) e a espinal medula compem o SNC. O SNP composto pelo SN autonmico (sistema nervoso simptico esistema nervoso parasimptico) e pelo SN somtico. O sistema

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    nervoso10 tem como principais funes o controlo docomportamento e a regulao fisiolgica do organismo. Esteprocesso estabelecido por diversas estruturas de forma interligada

    e muitas vezes em estilo de complementaridade e de cuja harmoniadepende o equilbrio do corpo humano. Nestas estruturasdestacamos o sistema central e o sistema perifrico que actuamcoordenadamente nas relaes do homem com o meio, bem comona manuteno do seu equilbrio interno, conforme referimosanteriormente. Assim, nesta evoluo por que passa o crebrodesde a fase embrionria at idade adulta, vemos que a estruturado mesmo vai ganhando novos contornos:

    1 prosencfalo;2 mesencfalo;

    3 rombencfalo;

    4 incio da medula espinhal;

    5 diencfalo;

    6 telencfalo;

    7 miencfalo;

    8 espinal medula;9 hemisfrio cerebral;

    10 lbulo olfatrio;

    11 nervo ptico;

    12 cerebelo;

    13 metencfalo.

    A diferenciao ocorrida ao longo da evoluo e desenvolvimento notria durante o perodo embrionrio at s 6 semanas aps aconcepo. Mas a sua formao atinge o seu auge j na fase daadolescncia e por vezes na fase adulta.

    10

    in http://www.icb.ufmg.br/lpf/revista /revista2/sobrevoo/cap2.htmacedido a 10-11-2009

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    A neuropsicologia ocupa-se do estudo das relaes existentes entreas funes cerebrais, a estrutura psquica e a sistematizaosociocognitiva nos seus aspectos normais e patolgicos, abarcando

    todos os perodos evolutivos.O progresso do conhecimento e da investigao das Neurocincias econsequentemente da neuropsicologia tem permitido reduzir osndices de mortalidade e aumentar o nmero de sobreviventes comleses cerebrais causadas por acidentes vasculares cerebrais,traumatismos crnio-enceflicos, infeces, tumores cerebrais,doenas nutricionais e metablicas, doenas degenerativas edesmielizantes, epilepsia, etc., cujas consequncias a nvel

    cognitivo, emocional e comportamental tendem a ter umarepercusso a todos os nveis da pessoa, relevando o nvel socialpela diminuio de possibilidade de executar determinadasactividades da vida diria.

    Quanto ao AVC ou Acidente vascular enceflico (AVE), vulgarmentechamado de "derrame cerebral", uma doena de incio sbito, quepode ocorrer pelos seguintes motivos: isquemia ou hemorragia. AIsquemia o mais comum, e d-se devido falta de irrigaosangunea num determinado territrio cerebral, e vai causar danosem algum tecido cerebral. Na maioria da vezes esse dano irreversvel, pois o tecido morreu. Por seu turno o AVC hemorrgicoocorre pela ruptura de um vaso sanguneo intracraniano, levando formao de um cogulo que vai afectar determinada funocerebral. O processo de reabilitao pode ser mais ou menos longo,dependendo das caractersticas do prprio AVC, da regio afectada

    e do apoio que o doente tiver. E neste apoio imprescindvel oacompanhamento de algum com formao suficiente emneuropsicologia. De qualquer forma, o AVC uma doena que podeprovocar elevados graus de dependncia e alterao da vida e amelhor maneira de lidar com ela preveni-la, controlando todos osfactores causais (tabaco, lcool, hipertenso arterial, a diabetesentre outras).

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    O sistema nervoso central (inclui alm do crebro, o troncocerebral, o cerebelo11 e at a medula espinal) pode ser todocomprometido por esta doena. Dependendo da regio a ser

    atingida, os sintomas e as sequelas so diferentes. Devemos ter emmente que todo o sistema nervoso est interligado, podendo umaleso numa mnima parte ter grandes repercusses no todo e suasimplicaes (algumas destas implicaes podem ser por exemplohemiplesia e afasia, entre outras). A recuperao depende dotamanho da leso. A TAC e as ressonncias magnticas auxiliam nadeteco da sua localizao e configurao/tamanho.

    A consequncia fsica mais comum dos AVCs a hemiplegia,

    definida como paralisia completa dos membros superiores einferiores do mesmo lado. Outras sequelas dos acidentes vascularespodem ser problemas de cognio, sensoriais e de comunicao,que precisam ser consideradas no setting teraputico do Snoezelen.Em consequncia destes danos, o sistema proprioceptivo pode ficarmuito danificado. Pois a estrutura orgnica que, entre outrasfunes, informa o crebro sobre o estado de cada segmento docorpo humano, sobre a relao entre cada segmento e o todocorporal e tambm o informador sobre a relao do corpo com oespao que o rodeia.12 O conjunto de informaes que chegam aocrebro provenientes dos diferentes receptores proprioceptivos,deixam de chegar em boas condies. Neste caso a noo inata deesquema corporal no idoso est fortemente ameaada.

    Sempre que a informao provinda de determinado sector no seenquadra nesse molde de coerncia o sistema deveria ser obrigado

    a reagir no sentido de retomar a coerncia perdida. O ambienteSnoezelen uma tentativa de reformulao desse mesmo esquema.

    A propriocepo depende dos receptores sensoriais. Estesreceptores so estruturas especializadas, cuja funo transformar

    11O cerebelo tem um papel importante na integrao sensorial porque

    processa os estmulos relativos gravidade e movimento, como veremosadiante.12

    In http://apde.no.sapo.pt/Sistema%20Proprioceptivo.pdf acedido a20/10/2009

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    a energia mecnica da deformao fsica (alongamento, compressoe presso) em potenciais de aco nervosos que so transmitidos aoSNC, mais exactamente na espinal medula.

    O sistema nervoso central hierarquicamente organizado. Oprocesso cortical depende da adequada organizao dos estmulosrecebidos. Estes estmulos so transmitidos pelas reas inferioresdo crebro. Filogeneticamente, conforme o crebro se desenvolve,as estruturas mais novas e mais altas, como o crtex cerebral,permanecem relacionadas e dependem do correcto funcionamentodas estruturas mais antigas e mais baixas do crebro. As integraesdo estmulo sensoriais proveniente dos centros inferiores do

    crebro atingem os centros superiores ou corticais para processar ainformao mais completa e especializada.

    Traumatismos crneo-enceflicos

    O traumatismo crneo-enceflico (TCE) uma leso cerebral

    causada por uma fora externa, a qual pode produzir umadiminuio ou alterao da conscincia e eventualmente um dficitdas capacidades cognitivas e ou das funes fsicas. Ento o queocorre quando h TCE? Existem dois processos diferentes namaioria dos TCE: uma leso primria que causada directamentepelo prprio impacto e conjunto de leses secundrias que soresultado das complicaes locais e de outros sistemas corporais.Assim, a leso primria altera um sistema altamente integrado que

    carece quase totalmente de capacidade funcional de reparao; aplasticidade que a capacidade de compensar um dano estrutural tambm limitadas, e provavelmente, ainda mais limitada medidaque a idade avana. Ou seja, os efeitos da leso primria soirreversveis. As leses secundrias so potencialmente reversveis,mas o tecido nervoso, as clulas nervosas previamente danificadasficam mais vulnerveis. Por isso deve-se sempre prevenir,diagnosticar e tratar estes efeitos desencadeados pela primeira

    leso. Afinal que tipo de leses primrias temos? Contuso cerebral

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    originada ou desencadeada por um golpe, este um tipo de TCEaberto porque o crneo rompe e pequenos fragmentos dos ossospenetram no parnquima cerebral. Temos ainda as laceraes, a

    leso axonal difusa, entre outras As leses secundriasdesenvolvem-se posteriormente ao acidente e podem ser:isquemia, hematoma intracraneal, epilepsia ps-traumtica;hidrocefalia O facto do prognstico dos pacientes com TCE comleso primria depender sobretudo da existncia de lesessecundrias, leva a que os pacientes devam ser sempre sujeitos aum perodo de observao e avaliao de danos.

    M. portadora das seguintes patologias: Hidrocefalia, distrbiospsiquitricos, aps um TCE, apresenta problemas de locomoo,

    pelo que se determina incapacidade total para o desempenho dasseguintes actividades: levantar-se sozinha, higiene pessoal, vestir-se

    e deitar-se sozinha; precisa ainda de vigilncia e orientao nalocomoo, ou seja, incapacidade

    na execuo plena das suas AVDs.Excerto de Relatrio Mdico de Matilde, 66 anos

    Para este tipo de leses h agentes externos que os causamindependentemente da idade, e quanto aos factores de risco jpodemos referir a idade. Por exemplo, na terceira idade, em que amortalidade pode surgir com maior frequncia, assim como a

    recuperao muito mais lenta e duvidosa.

    Tumores

    Um tumor indica um aumento anormal de uma parte ou datotalidade de um tecido, ou seja das clulas que se organizam de

    forma atpica e crescem desordenadamente sem cumprir qualquer

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    misso. Este crescimento denomina-se por neoplasia. Esta pode serbenigna ou maligna. A sua origem d-se numa clula defeituosa quese reproduz noutras com a mesma deformidade (e estas clulas

    defeituosas originadas geram outras defeituosas, e assim pordiante, fazendo o tumor crescer). A diferena entre o tumorbenigno e maligno a sua capacidade de gerar metstases pelocorpo, assim como a velocidade do aumento do tecido afectado,podendo medir assim sua gravidade. Pode-se dizer que, no tumorbenigno, as clulas ficam como que envolvidas por uma membranaque impede que elas se desenvolvam e espalhem tanto. Estestumores podem crescer fora do crebro, como sucede no caso dos

    meningiomas e no se infiltram na parede cerebral ao contrrio domaligno que pode expandir-se facilmente e rapidamente osgliomas. Estes crescem nas clulas gliais, infiltram-se de tal modoque se confundem com o tecido cerebral.

    Infeces

    Uma infeco pode afectar o tecido nervoso de vrias formas:interferir sobre o fluxo sanguneo cerebral (causando tromboses,hemorragias, etc.), meningites ou abcessos. pois todo o processoinflamatrio no qual exista um agente infeccioso: vrus, bactrias,fungos, parasitas, etc.. O vrus infecta uma clula e, uma vez dentrodela, liberta o seu ADN e ARN (que contm a informao necessriapara criar novas partculas de vrus) e assume o controlo de alguns

    processos metablicos que ocorrem na mesma. Comoconsequncia, os componentes do vrus so fabricados dentro daclula e reunidos adequadamente para que o vrus seja libertado econtinue a manter a sua capacidade infectante. O que sucede clula depende do tipo de vrus. Alguns matam as clulas queinfectam. Outros alteram a funo celular ao ponto de a mesmaperder o controlo sobre a sua diviso normal e tornar-se cancerosa.Alguns vrus incorporam uma parte da sua informao gentica no

    ADN da clula hospedeira, mas permanecem inactivos (ou latentes)

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    at que a mesma seja alterada, permitindo ento que o vrus surjaou emerja de novo. Muitas pessoas afectadas por uma infecoviral do crebro restabelecem-se completamente. A gravidade

    depende do tipo de vrus.Por outro lado temos as infeces bacterianas. Estas tm tendnciapara provocar febre e provocam um aumento maior do nmero deglbulos brancos. Quando afectam o SN porque houve umainvaso de micro-organismos por via sangunea. Por vezesproduzem meningite ou at abcessos celulares. As infecesmicticas do-se atravs da entrada de fungos no SN. Temos comoexemplo de infeces deste tipo no SNC a tuberculose e a leucemia.

    Quanto s infeces parasitrias temos a encefalite; tambmabcessos cerebrais e deteriorao cognitiva generalizada do pontode vista neuropsicolgico.

    Desnutrio

    Outra leso que pode ocorrer a nvel neuropsicolgico adesnutrio doenas nutricionais e metablicas. A falta denutrientes tais como as vitaminas determina o bom/maufuncionamento do SN. O lcool um factor gerador de doenasnutritivas j que a ele se associa muitas vezes a diminuio deingesto de alimentos e as suas consequncias.

    Epilepsia

    Abordamos ainda neste mbito a epilepsia. Esta caracteriza-se pelapresena de actividade paroxstica relacionada com traosdesorganizantes na actividade neuronal do crtex cerebral. possvel conhecer a causa da epilepsia quando se realizam examesatravs do electroencefalograma, que revela uma actividade

    elctrica anormal, ou uma ressonncia magntica, que pode revelar

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    cicatrizes em pequenas reas do crebro. Em alguns casos, estesdefeitos podem ser cicatrizes microscpicas como consequncia deuma leso cerebral. Alguns tipos de perturbaes convulsivas so

    hereditrias, outras denominam-se por idiopticas, isto , no seevidencia nenhuma leso cerebral nem se conhece a causa. Ascrises epilpticas podem ser desencadeadas por vrios estmulosno muito fortes, mas um estmulo muito forte pode desencade-laat em quem no tem tendncias hereditrias, as chamadasanteriormente por idiopticas. Por exemplo, certos frmacos,valores baixos de oxignio no sangue ou valores muito baixos deacar no sangue podem desencadear uma descarga elctrica. Os

    tratamentos ou teraputica recomendada vo provavelmente inibiras descargas neuronais ou outras vezes recorre-se cirurgia13.

    Doenas degenerativas

    As doenas degenerativas implicam uma perda progressiva das

    clulas neuronais com sinais e sintomas neurolgicos eneuropsicolgicos. A doena de Alzheimer a mais referida. umadoena do crebro (morte das clulas cerebrais e consequenteatrofia do crebro), progressiva, irreversvel e com causas etratamento ainda no muito conhecidos. Comea por atingir amemria e, progressivamente, as outras funes mentais, acabandopor determinar a completa ausncia de autonomia dos doentes.

    Os doentes de Alzheimer tornam-se incapazes de realizar as

    actividades de vida diria, deixam de reconhecer os rostosfamiliares, e progressivamente vo perdendo todas as capacidadesat dependncia total. Pela nossa experincia verificamos quetanto a sala de Snoezelen como a musicoterapia so estimulantes(memria auditiva e retrgrada) e/ou inibidores (de stress e

    13 Cf. http://www.manualmerck.net/?url=/artigos/%3Fid%3D99%26amp%3Bcn%3D912 acedido a 04/05/2007

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    ansiedade) para os doentes de Alzheimer. Abertura aos estmulossensoriais e cognitivos, isto na sala de Snoezelen, e quanto musicoterapia tem-se verificado que reagem aos estmulos ritmos

    musicais tentando imit-los e por vezes proferir as palavrascantadas.

    Avaliao neuropsicolgica

    A avaliao neuropsicolgica tem como objectivos:

    Determinar a situao cognitiva actual do sujeito; Analisar os sintomas e sinais presentes e identificar os sndromasfundamentais subjacentes;

    Proporcionar informao para um diagnstico diferencial entrecondies aparentemente similares;

    Sugerir possveis patologias subjacentes a uma disfuno cognitivaexistente;

    Elaborar procedimentos teraputicos e determinar a sua

    efectividade.Temos dois modelos de avaliao neuropsicolgica:

    o Modelo Quantitativo e Psicomtrico, centrado em resultadosvariveis claramente especificados e susceptveis de quantificao,que nasce nos EUA com a Bateria Neuropsicolgica de Halstead-Reitan; e

    o Modelo Qualitativo, centrado em processos de resoluo de

    tarefas de sujeitos com leso cerebral.Para um correcto diagnstico e consequente interveno o ideal acombinao dos dois modelos (modelo misto). O objectivoprimordial da avaliao diagnosticar os efeitos cognitivos ecomportamentais de uma desordem neurolgica. Atravs deentrevista e testes neuropsicolgicos padronizados, poderemosentender as capacidades e as dificuldades especficas de umapessoa para planear a interveno mais indicada afim de que haja

    reabilitao (sempre que possvel).

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    Para detectar uma desordem neurolgica (por exemplo quadros dedemncia, depresso, etc.) ou para realizar um diagnsticodiferencial entre uma sndrome psicolgica e uma sndrome

    neurolgica, ainda para determinar as habilidades cognitivas quepodem ajudar a pessoa a atingir o seu maior nvel de independnciae realizao, a avaliao fundamental. E o que vamos avaliar? Aateno, a memria, a aprendizagem, a capacidade de raciocnio, ocomportamento, a linguagem, a resoluo de problemas, a respostaaos estmulos fsicos, etc.. Esta avaliao feita atravs de testes jvalidados, fiveis e sensveis.

    As escalas de avaliao que utilizamos so as seguintes: The

    Neuropsychiatric inventory (NPI-NH); Mini Exame Cognitivo; testedo desenho do relgio e a escala da demncia de Blessed(Arrazolaet al, 2001), completamos a avaliao com o ndice de Barthel e oMtodo Geronte (ver p. 44).

    Entre os instrumentos de avaliao neuropsicolgica existeminstrumentos de rastreio cognitivo, baterias neuropsicolgicasgerais e testes especficos das funes:

    a) Instrumentos de Rastreio Cognitivo;

    b) Baterias Neuropsicolgicas Gerais e

    c) testes especficos.

    Antes de preparar o setting teraputico, precisamos desteconhecimento das doenas que afectam o SN, de que temos muitosexemplos nos idosos com quem diariamente lidamos, desde os AVC,s epilepsias, dos distrbios de memria ao Alzheimer, etc.. Maisfacilmente determinamos a avaliao de riscos e possibilidades de

    reabilitao. Serve-nos de guia para a compreenso dedeterminados estados de sade neuropsicolgicos dos idosos.Permitiu-nos identificar factores de risco que predispem aocorrncia de algumas leses e serve de orientao para um melhorplaneamento dos cuidados a ter com pacientes com estas leses.Por isso a avaliao psicolgica dos idosos com estas lesesapresentadas acima tem de ser adaptvel, individualizada eminuciosa.

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    Fig. 1 Exemplos de Teste do relgio aplicado a 2 pacientes vtimasde AVC com comprometimentos neurolgicos diferentes, sendo quea Rosa evidencia maior desarmonia neurolgica.

    O teste do relgio no exige um profissional habilitado ou recursodiagnstico especfico para ser realizado. um teste de simplesexecuo, podendo ser aplicado por comando verbal para desenharum relgio ou copiar um desenho j previamente feito, sem limitede tempo para o executar. Solicita-se que marque no relgio umdeterminado horrio14. Avaliamos a compreenso verbal, a

    memria a curto prazo, a memria a longo prazo e a funoexecutiva/planeamento. Tambm se pode realizar uma cpia e avantagem desta opo que h maior exigncia da funovisuoespacial dos lobos parietais, responsvel em grande parte peloacto da cpia. O lobo frontal tambm utilizado de maneiraimportante, pois a cpia requer um planeamento executivo dotrabalho. Neste teste aparentemente simples envolvem-se diversas

    14H autores que defendem que a hora seja a seguinte: 13h50m.

    Antnio, 88 anos Rosa, 81 anos

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    funes cognitivas: visuoespacial, mnemnica, lingustica eexecutiva. Requer habilidade de abstraco, memria verbal enumrica, consequentemente activando zonas corticais e

    subcorticais em ambos os hemisfrios cerebrais. (Neri & Yassuda,2004)

    Fig. 2 - Mtodo Geronte (adaptao portuguesa)

    1. Coerncia2. Orientao3. Integrao Social4. Vista

    5. Ouvidos6. Fala7. Higiene (parte superior)8. Higiene (parte inferior)9. Vestir-se (parte superior)10. Vestir-se (parte inferior)11. Calar-se12. Alimentar-se

    13. Tipo de alimentao14. Continncia urinria15. Continncia fecal16. Manusear objectos usuais17. Preparao de alimentos18. Tarefas domsticas19. Comunicar20. Utilizao de transportes21. Sair s compras

    22. Fazer visitas23. Actividades scio-culturais24. Validez global25. Deslocaes no interior26. Ajudas nas AVD27. Deslocaes exterior

    Cores: Verde independenteAmarelo independente

    mas comprometidoVermelho dependente (comprometido)

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    O Mtodo Geronte uma grelha para a gesto das necessidades dapessoa conforme as reas comprometidas. Permite avaliar

    rapidamente a autonomia graas observao das cores15

    ;seguidamente avalia-se a dependncia e as restantes capacidadescom o objectivo de tornar o cuidado da pessoa o mais adequado eatencioso possvel. um auxlio precioso para determinar o planode higiene e cuidados de imagem a executar pelas ajudantes deaco directa. Estas olham s cores, os tcnicos aos aspectos queenvolvem cada elemento definido no desenho.

    Em relao aos aspectos ontognicos, a expresso comportamentaldos processos mentais s pode ser compreendida a partir docontexto de interaco do organismo com o seu meio. O idoso e sualeso so produtos e produtores do ambiente em que se inserem, oque evidencia ainda mais a complexidade das interaces a seremconsideradas no mbito da relao que se estabelece entre o

    paciente com o processo da doena e da cura, as crenas e ossentimentos que lhe ocorrem, mbito este que nos interessa doponto de vista sociolgico (Thiers et al, s/d)16.

    Os sndromes difusos so progressivos, ao passo que os focais, nasua maioria, podem ser originados por uma leso momentnea. Ossndromes difusos vo originando um declnio global docomportamento intelectual, frequentemente emocional emotivacional, ao passo que os sndromes focais no originam este

    desgaste global e progressivo.

    15Pinta-se cada espao numerado da figura conforme o grau de

    comprometimento16

    In http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0249.pdf acedido a

    20/10/2009

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    As reas de comprometimento podem ser as mesmas, a formacomo esse comprometimento ocorre que diferente, comoreferimos anteriormente.

    Sndromes difusos

    Os sndromes difusos implicam uma perda de capacidadescognitivas relativamente ao nvel pr-mrbido; existe uma alteraoda memria; coexistem outros dficits em funes superiores eexistem em intensidade suficiente para interferir no funcionamentohabitual da pessoa sobretudo ao nvel das AVDs (actividades de vidadiria) (Carreteiro, 2006).

    Um aspecto que ope os sndromes difusos dos focais tem a vercom a questo da idade, pois as demncias aumentam de formaexponencial a partir dos 65 anos de idade. Os sndromes focais noafectam particularmente os homens ou as mulheres; j os difusospodem afectar de forma diferente um dos gneros. A demnciavascular e a demncia de Corpus Lewy so mais frequentes nos

    homens; por seu turno o Alzheimer mais frequente nas mulheres(Carreteiro, 2006).

    Demncia Vascular

    A demncia vascular a demncia causada por vrias enfermidadesque tm em comum a origem vascular, ou seja, o conhecidoderrame ou AVC e d-se pela obstruo de pequenas artriascerebrais ou por causas cardiorrespiratrias (paragem cardaca ououtra causa de falta de oxignio no crebro). O diagnstico feitoatravs de exame clnico pelo mdico. A ressonncia magntica docrnio ajuda no diagnstico. A demncia dos corpus de Lewy podeser facilmente confundida com a doena de Alzheimer. causadapelo acumular de grande quantidade de substncias chamadas de

    corpos de Lewy no crtex cerebral.

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    Os sinais mais comuns nas demncias so: dficit de memria;dificuldades de executar tarefas domsticas AVDs; problema como vocabulrio; desorientao no tempo e espao; incapacidade de

    julgar situaes; problemas com o raciocnio abstracto; colocarobjectos em lugares equivocados; alteraes de humor decomportamento; alteraes de personalidade; perda da iniciativa passividade; lentificao motora; lentificao do pensamento;disfunes sensoriais, entre outros.

    A avaliao de sinais e sintomas demenciais em idosos implica saberque o funcionamento cognitivo muda durante o envelhecimento,no s por deteriorao patolgica, mas pelo prprio aumento da

    idade (Dunitz, 1996) importante o registo dos factores de risco para desenvolvimentode demncia, de informaes sobre histria mdica, medicamentose eventos importantes, necessrio estabelecer o tipo de defeitoscognitivos, incio e impacto na vida diria. As informaes obtidascom o indivduo permitem uma anlise inicial da linguagem,ateno, memria e julgamento, a serem contrastadas com ashabilidades e o desempenho na vida quotidiana.

    Questes (entre outras) de destaque a ter em conta no diagnsticoda demncia:

    Houve mudana no comportamento, hbitos e personalidade?

    A mudana foi abrupta ou progressiva?

    Quais foram e quando apareceram os dficits cognitivos?

    Quando e como atingiram a eficincia no funcionamento dirio?

    Como interferiram nos relacionamentos e no grau de

    independncia?Mas todas so importantes porque quando o quadro de dficits leve ou moderado, o diagnstico por testes pode ser mais difcil,sendo necessrio dar mais peso histria pessoal e passada doidoso, pois h que ter em conta que os testes no representaminteiramente o funcionamento no dia-a-dia, muito menos o doinstitucionalizado, j que as rotinas so as da instituio e pouco asdo idoso. No entanto permitem examinar processos. Porm no soa medida da funo em si mesma. Os idosos podem ter um

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    desempenho menos bom aquando da aplicao dos testes masfuncionarem bem na vida diria. Ocorre o risco de perceposubjectiva do idoso, das suas facilidades e dificuldades. Alm de

    ouvir o idoso, importante ouvir a famlia sobre as suas actividadesdirias e/ou os cuidadores institucionais, como lida com o dinheiro,medicamentos, uso do telefone, etc..

    A grande oposio entre os sndromes difusos e os focais temsobretudo a ver com a questo idade e o processo decomprometimento.

    Os vrios sndromes podem estar presentes num mesmo indivduo(comorbidade), embora a probabilidade de coexistirem persista no

    factor idade e tambm em questes sociodemogrficas e genticas.

    Na medida em que se constituem percursos na cartografia do corpodo idoso ou nos espaos da sua memria, vai-se refazendo opassado e reinventa-se a reabilitao pelo Snoezelen. A diegeseneste ambiente, para fazer sentido, precisa de conhecer o idoso.Conhecer e avaliar para SER.

    Sndromes neuropsicolgicos

    Como sndromes neuropsicolgicos focais temos a Memria, aAfasia, a Ateno as Apraxias e as Agnosias.

    A memria a nossa histria, as experincias gravadas no crebro.E essas experincias esto intimamente relacionadas com aaprendizagem, de tal forma que podemos mudar o comportamentoou fazer uma escolha se nos orientarmos de forma consciente ouinconsciente pelas lembranas dessas experincias. O processoenvolvido na gravao dessas experincias e as mudanascomportamentais que ocorrem em funo delas esto associadas aalteraes na organizao qumica e elctrica entre um neurnio eoutros neurnios que ocorrem no nosso crebro durante todo o

    processo de desenvolvimento, desde a formao do sistema

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    nervoso durante a gestao at morte que vai acontecendo deforma muita progressiva no envelhecimento. E essa dinmica passvel de influncias ambientais (carncias nutricionais, traumas

    neurolgicos e psicolgicos, drogas lcitas e ilcitas, doenas,privaes sensoriais, motoras, cognitivas, emocionais e sociais). Ouseja, do ponto de vista neuropsicolgico, entende-se a memriacomo uma funo de integrao que engloba a ateno-concentrao, orientao e memria e depende de vrios factorescomo bioneurolgicos, psicolgicos, socioculturais, temporais,situao funcional das outras funes superiores e caractersticas domaterial a memorizar (Carreteiro, 2006).

    Bem sabemos que a noo de memria tem uma representaopopular marcante, particularmente pela sua propriedade de tornaro passado presente. Ditados populares ajudam nestaconceptualizao, por exemplo: recordar viver. Mas mais do quemera recordao, a memria um processo cognitivo estruturadopor um conjunto de operaes que respondem a regras deintegrao com o meio ambiente com base a nvel neural. Esteprocesso de interaco resulta no registo, permanente ou no, deuma experincia atravs do tempo e em mudana nocomportamento, que pode ser relativamente duradoura. Permite acontinuidade da preservao da identidade do indivduo ao longodas variaes que compem as experincias adquiridas dia apsdia, ao longo da vida (Frank, 2002).

    Nesta casa lembro-me de tudo; assim calminha penso melhorAna, 85 anos.

    A memria pode ser dividida em relao ao tempo e ao contedo(Carreteiro, 2006). Em geral, a dimenso temporal entendidacomo memria de curtssimo prazo, memria de curto prazo,memria de longo prazo e memria de longussimo prazo. Amemria de curtssimo prazo responsvel pelo armazenamento

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    muito rpido, geralmente com uma representao auditiva ou visual(Cowan, 1996). A informao na memria de curto prazo maisduradoura, permitindo a realizao de trabalhos mais elaborados

    sobre a informao inicialmente codificada e posteriormentetrabalhada. A memria operacional um exemplo da memria acurto prazo. Exemplos clssicos da memria operacional so arealizao de clculo mental, aplicao de regras para resolverproblemas.

    No sei ler, mas sei fazer as contas todas,

    e sei faz-las de cor

    Maria, 90 anos.

    a componente do sistema de informao humano que permite aoindivduo manter-se consciente ao longo dos eventos e dasdemandas mltiplas na interaco com o meio em que se insere a

    cada instante. A memria de longo prazo est relacionada cominformaes que foram consolidadas e armazenadas por umperodo de tempo bem mais longo. Estas informaes soconsolidadas dentro de uma janela de tempo e armazenadas noscrtices de associao de acordo com as suas propriedades emodalidades (McGaugh, 2000 cit in vila & Miotto, 2002).Finalmente, memrias de longussimo prazo podem ficararmazenadas por um perodo de tempo quase que ilimitado. So

    informaes que foram consolidadas e podem ficar armazenadaspraticamente durante toda uma vida. Memrias de Infncia quenormalmente em fase avanada do envelhecimento se fazem maispresentes.

    A diviso da memria, segundo o contedo, refere-se organizaodas informaes hierarquicamente estruturadas em relao aomomento e ao local ou contexto onde foram adquiridas(Markowitsch, 1999; Tulving, 1987 cit in vila & Miotto, 2002).Neste sentido, a memria pode ser episdica ou semntica. A

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    memria episdica refere-se ao passado, sendo mais especfica emtermos do contexto e do tempo, ou seja, onde e quando. Dependeda autoconscincia do indivduo, se sabe ou no a sua origem e

    pormenores, atravessa o tempo, permitindo a continuidade daidentidade individual, a evocao de factos concretos da suahistria pessoal. A memria semntica voltada para o presente econtm o acervo de factos e informaes sobre o mundo doindivduo, desde o conjunto de conhecimentos sobre sua linguagem,vocabulrio, regras de gramtica, como conceitos e significadosdiversos. Conhece a informao, mas no sabe a sua origem Conscincia Notica. As fronteiras entre estes sistemas de memria

    so sujeitas a mudanas pela vontade do sujeito. Por exemplo,podemos iniciar um relato com dados mais semnticos, presentes, edar continuidade evocando instncias especficas que requerem umacesso episdico aos dados do passado.

    H vrias baterias de avaliao da memria: ENIAM, WMS-R e MAS(Carreteiro, 2006) e vrios testes e subtestes especficos para nosajudar na avaliao neuropsicolgica da memria.

    Alteraes da memria

    Podem afectar a memria:

    Tumores intracranianos

    AVE, Ruptura de Aneurismas

    Traumatismo Craniano Fechado

    Infeces Virais

    Distrbios Nutricionais

    Epilepsia

    O motivo pelo qual abordamos a memria enquanto sndrome focalcom mais pormenor deve-se ao facto de encontrar o mesmo com

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    muita frequncia17 na populao residente no Lar Santa Beatriz daSilva e onde o Snoezelen tem um papel fundamental.

    A amnsia retrgrada ocorre aps leses do hipocampo ou de

    estruturas relacionadas. A Amnsia Dienceflica ou Sndrome deKorsakoff: amnsia antergrada e retrgrada, a desorientaotemporal, em que por vezes acontecem fabulaes. Ocorreu umaleso dos corpos mamilares, ncleo dorso-medial do tlamo e aAmnsia talmica situa-se ao nvel de amnsia antergrada eretrgrada e acontecem problemas com a organizao cronolgica,pois h uma diminuio do fluxo da informao entre regiesanatmicas relacionadas com a memria (Carreteiro, 2006); ainda a

    amnsia ps-traumtica que segue o traumatismo cranianofechado no qual o paciente confuso, desorientado, sofre deamnsia retrgrada e incapaz de registrar novas informaes. Hautores que calculam a durao da APT (amnsia ps traumtica) apartir do trauma (incluem o coma) enquanto outros a calculam apartir do despertar mas a durao da APT tende a variar com adurao do coma. E por ltimo citamos as alteraes de memriaassociadas idade, dado que as derivadas de doenasdegenerativas so focadas nos sndromes difusos. A estas alteraesKral (1962) chama de esquecimentos benignos devido idade.Critrios tais como idade superior a 50 anos, queixas que afectam aperda de memria e consequente afectao na vida quotidiana,comeo gradual, rendimentos nos testes de memria mais baixos(figura complexa de Rey por exemplo), funes intelectuais geraisainda esto normais e no h demncia (MMS maior ou igual a 27).

    17Estudo interno

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    Figura elaborada por Maria A., 89 anos

    Figura 3 Figura Complexa de Rey

    Este teste, da Figura Complexa de Rey destinado a avaliar apercepo visual e a elaborao dessa percepo, o planeamento edesenvolvimento de estratgias assim como a actividade de

    memorizao visual. A aplicao do teste simples e consiste emtrs fases. A primeira fase consiste em apresentar a figura, pedirque o indivduo copie, informando-o que no necessria umacpia exacta, mas sim prestar ateno s propores e, acima detudo, no ter pressa. A segunda fase a da memria imediata, naqual o examinado deve reproduzir de memria a figura copiada. Otempo de reproduo livre, sendo indicado pela pessoa se jterminou. Aps um intervalo de trinta minutos inicia-se a terceira

    fase, pedindo-se ao indivduo que reproduza mais uma vez a figura.A figura elaborada pela Maria A. o resultado da segunda fase.Denotamos a ausncia de muitos elementos, mas sobretudoregistamos pela observao a falta de planeamento e constantepedido de ajuda para lembrar o original.

    Houve conscincia plena da ausncia de memria por parte dosujeito.

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    Para um possvel retardamento da ausncia de memria,recomenda-se a no cessao da actividade mental e fsica.Recomendamos ainda, utilizar o prprio ambiente Snoezelen, para

    que no mesm