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UNIVERSIDADE DO PORTO
ACULDADE DE CIÊNCIAS DO RTO E DE EDUCAÇÃO FÍSICA
0 Transporte de Cargas em Mochilas Escolares e o Desenvolvimento Motor Harmonioso das Crianças
Estudo das repercussões biomecânicas agudas na marcha e na equilibração, com cargas diferenciadas
ge Tiago Ferreira Lopes
PORTO
UNIVERSIDADE DO PORTO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E DE EDUCAÇÃO FÍSICA
O TRANSPORTE DE CARGAS EM MOCHILAS ESCOLARES E O
DESENVOLVIMENTO MOTOR HARMONIOSO DAS CRIANÇAS.
Estudo das repercussões biomecânicas agudas na marcha e na equilibração, com cargas diferenciadas.
JORGE TIAGO FERREIRA LOPES
PORTO 2002
O TRANSPORTE DE CARGAS EM MOCHILAS ESCOLARES E O
DESENVOLVIMENTO MOTOR HARMONIOSO DAS CRIANÇAS.
Estudo das repercussões biomecânicas agudas na marcha e na equilibração, com cargas diferenciadas.
Tese apresentada à Faculdade de Ciências do
Desporto e Educação Física, da Universidade do
Porto, como requisito para a obtenção do grau de
Mestre em Ciência do Desporto na especialidade
da Actividade Física Adaptada.
JORGE TIAGO FERREIRA LOPES
Orientador: Prof. Dr. João Paulo Vilas-Boas
Mestrado em Actividade Física Adaptada
AGRADECIMENTOS
Os meus agradecimentos dirigem-se a todos aqueles que considero co-
responsáveis por este produto final, particularmente, durante os últimos dois anos
da concretização deste projecto de mestrado.
O meu muito obrigado:
Ao Laboratório de Biomecânica da FCDEF, pelo apoio prestado durante os
procedimentos experimentais para este estudo, nomeadamente ao Eng. Pedro
Gonçalves, ao Dr. Filipe Conceição, à Dra. Filipa Sousa e ao Dr. Alberto
Graziano.
Aos jovens que participaram neste trabalho, em especial àqueles que se
deslocaram ao Laboratório de Biomecânica da FCDEF, pela paciência e
abnegação reveladas durante os testes experimentais.
Aos professores de Educação Física e representantes dos Conselhos Executivos
das Escolas visitadas, durante o estudo epidemiológico, por toda a compreensão
e colaboração prestadas.
Aos colegas mestrandos, na área da Biomecânica: Luis Oliveira e Nuno Carvalho,
pela ajuda, companheirismo e amizade que disponibilizaram sempre que foi
necessário, durante todo este projecto de investigação.
Ao professor Dr. João Paulo Vilas Boas, que sempre foi o maior incentivador e
exemplo de dedicação e competência.
A todos os amigos e familiares, de quem obtive todo o apoio e incentivo, desde o
primeiro momento.
Ill
índice
Pág.
Lista de Figuras v
Lista de Quadros viii
Abreviaturas e Símbolos ix
Resumo xi
1. INTRODUÇÃO 1
2. REVISÃO DA LITERATURA 5
2.1. A Mochila 5
2.2. A Marcha 8
2.2.1. A Força de Reacção do Solo 12
2.2.2. Distribuição da Pressão Plantar 22
2.3. O Equilíbrio 27
2.3.1. A Força de Reacção do Solo 36
2.3.2. Distribuição da Pressão Plantar 38
3. MATERIAIS E MÉTODOS 40
3.1. Caracterização dos sujeitos e do Protocolo Experimental 41 3.1.1. Estudo Epidemiológico 41
3.1.2. Estudo Laboratorial da Marcha e do Equilíbrio 41
iv
3.2. Metodologia e Materiais utilizados 42
3.2.1. Estudo Epidemiológico 42
3.2.2. Estudo Laboratorial da Marcha 44
3.2.3. Estudo Laboratorial do Equilíbrio 49
3.2.4. Distribuição da Pressão Plantar 51
3.3. Definição das variáveis selecionadas 59
3.3.1. Estudo Epidemiológico 59
3.3.2 ..Estudo Laboratorial da Marcha 60
3.3.3. Estudo Laboratorial do Equilíbrio 62
3.4. Procedimento Estatístico 64
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 66
4.1. Estudo epidemiológico 66
4.2. Estudo Experimental da Marcha e do Equilíbrio 73
4.2.1.1. A Marcha - A Força de Reacção do Solo 73 4.2.1.2. A Marcha - Distribuição da Pressão Plantar 81
4.2.2.1. O Equilíbrio -A Força de Reacção do Solo 87
4.2.2.2. O Equilíbrio - Distribuição da Pressão Plantar 91
5. CONCLUSÕES 95
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97
7. ANEXOS 109
Mestrado em Actividade Física Adaptada v
LISTA DE FIGURAS
página
FIGURA 1 - Sequência de episódios característicos da fase de 11
apoio no ciclo da marcha (WHITTLE, 1995).
FIGURA 2 - Sujeito 1 realizando o apoio sobre a plataforma de 44
forças, durante o teste da marcha, com carga (mochila).
FIGURA 3 - Esquema gráfico do sistema do protocolo experimental 45
utilizado para análise da marcha.
FIGURA 4 - Equilíbrio bipodal do sujeito 2 com carga, durante o 51
teste de 30 s.
FIGURA 5 -Saída gráfica 2D do sistema Pedar. 52
FIGURA 6 - Saída gráfica 3D do sistema Pedar. 5 2
FIGURA 7 - Equipamento principal do sistema Pedar de registo das 53
pressões plantares.
FIGURA 8 - Sincronismo das amostras obtidas pelo ACK (FRS) e 54
pelo PEDAR (pressão plantar).
FIGURA 9 - Esquema do protocolo experimental de captação 55
simultânea de dados das palmilhas e da plataforma de força, para a
situação de marcha.
FIGURA 10 - Esquema do protocolo experimental de captação 5 6
simultânea de dados das palmilhas e da plataforma de força, para a
situação do equilíbrio.
Mestrado em Actividade Física Adaptada vi
FIGURA 11 - Esquema da divisão do pé em quatro áreas de 57
pressão plantar SACCO (1997).
FIGURA 12 - Gráfico representativo das componentes vertical e 62
ântero-posterior da FRS e algumas variáveis de estudo
consideradas.
FIGURA 13 - Divisão do espectro de frequências do sinal
estabilométrico em quatro bandas de potência (OLIVEIRA, 1996).
FIGURA 15 - Médias semanais de peso transportado
individualmente pelos alunos de cada Escola e do total da amostra.
FIGURA 16 - Formas de transporte da mochila mais frequentes
entre as crianças do estudo epidemiológico.
FIGURA 19 - Representações gráficas dos picos máximos e mínimo
de força vertical (FZ) absoluta, nas três situações de carga, durante
o apoio, para o pé direito e pé esquerdo, respectivamente.
63
FIGURA 14 - Representação gráfica do peso (média e desvio 6 7
padrão) transportado semanalmente na mochila.
68
69
FIGURA 17 - Percepção do conforto e do peso representado pela 7 1
mochila.
FIGURA 18 - Relação entre dores sentidas supostamente 7 2
relacionadas pelo transporte da mochila, sua localização e procura
ou não de tratamento das mesmas.
74
FIGURA 20 - Representações gráficas dos picos máximos e mínimo 7 6
de força vertical (FZ) normalizada ao peso total (sujeito e mochila),
nas três situações de carga, durante o apoio (tempo normalizado à
duração total do apoio), para o pé direito e pé esquerdo,
respectivamente.
Mestrado em Actividade Física Adaptada Vil
FIGURA 21 - Representações 2D e 3D da distribuição da pressão 82
plantar durante o apoio no ciclo da marcha para o sujeito 5, sem
mochila.
FIGURA 22 - Representações 2D e 3D da distribuição da pressão 8o
plantar durante o apoio no ciclo da marcha para o sujeito 5, com
15% de carga na mochila.
FIGURA 23 - Representações 2D e 3D da distribuição da pressão 85
plantar durante o apoio no ciclo da marcha para o sujeito 5, com
30% de carga na mochila.
FIGURA 24 - Sequência das fases do contacto do pé no solo (apoio
do retropé, mediopé e antepé).
FIGURA 27 - Área de migração do CP, em cada situação de carga,
durante o teste de Equilíbrio de 30 s, do indivíduo 7.
FIGURA 28 - Distribuição da pressão plantar no sujeito 2, sem
mochila (0%).
85
FIGURA 25 - Representação gráfica do padrão de comportamento g 6
da componente vertical da FRS, durante o apoio simples na marcha,
evidenciando as fases da curva representativas do retropé, mediopé
e antepé.
FIGURA 26 - Evolução da distribuição das pressões plantares com R f i
o aumento da Carga, no Sujeito 5 (em ambos os apoios).
90
91
FIGURA 29 - Distribuição da pressão plantar no sujeito 2, com 15% q~
de carga na mochila.
FIGURA 30 - Distribuição da pressão plantar no sujeito 2, com 30% q „
de carga na mochila.
FIGURA 31 - Equilíbrio bipodal do sujeito 2, com variação do nível Q.
de carga na mochila (0% -15% - 30%).
Mestrado em Actividade Física Adaptada viu
LISTA DE QUADROS
página
QUADRO 1 - Valores médios e desvios padrão (±) da força FZ (N) e 74
variação de tempo (s) em que ocorrem os eventos indicados, para
cada nível de carga e para ambos os pés, no total da amostra.
QUADRO 2 - Magnitude das variáveis da Força de Reacção do Solo 7 5
(valores médios e desvios padrão) normalizadas (expressas em %
do peso total), para a amostra, constituída por 11 sujeitos.
QUADRO 3 - Valores médios e desvios padrão dos Tempos em que 79
ocorrem os respectivos eventos estudados (expressos em % do
tempo total do apoio simples correspondente) para o total da
amostra.
QUADRO 4 - Valores médios e desvios padrão das Taxas de 80
Crescimento da Fz1 e Fz2 ( % PT / s ) e do Impulso vertical relativo
da mesma ( % ).
QUADRO 6 - Média e desvio padrão da potência média relativa, das oo
bandas de frequência, de 0 a 2 Hz, nas oscilações ântero-
posteriores.
QUADRO 5 - Média e desvio padrão da potência média relativa, das 89
bandas de frequência, de 0 a 2 Hz, nas oscilações médio-laterais.
QUADRO 7 - Média e desvio padrão das migrações do CP, médio-90
laterais e ântero-posteriores, e da área resultante, nos 30 s do teste
de equilíbrio bipodal.
Mestrado em Actividade Física Adaptada
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
A/P (ou Y) - Movimentos na direcção ântero-posterior.
ACK -Software "Acqknowledge".
ACV - Ângulo crâneo-vertebral.
A-D - Analógico-digital.
AP - Área de pressão.
CG - Centro de gravidade.
CM - Centro de massa.
CP - Centro de pressão.
FFT - "Transformada rápida de Fourier".
FRS - Força de reacção do solo.
Fx - Componente transversal ou médio-lateral da FRS.
Fy - Componente horizontal ou ântero-posterior da FRS.
Fz - Componente vertical da FRS.
Fz máxl - Primeiro pico máximo da componente vertical da FRS.
Fz máx2 - Segundo pico máximo da componente vertical da FRS.
Fz min - Pico mínimo da componente vertical da FRS.
G LM - "general linear mode!'.
ImpFzl - Impulso vertical relativo, da força vertical passiva.
lmpFz2 - Impulso vertical relativo, da força vertical activa.
M/L (ou X) - Movimentos na direcção médio-lateral.
Mestrado em Actividade Física Adaptada x
PC - Computador portátil.
PC - Peso corporal.
PT - Peso total.
SNC - Sistema nervoso central.
TC Fz1 - Taxa de crescimento da força vertical 1.
TC Fz2 - Taxa de crescimento da força vertical 2.
TFyO - Variação de tempo até se verifique o início da fase positiva da força
horizontal.
Tfymáx - Variação de tempo até se registar pico máximo da componente
horizontal da FRS.
Tfymín - Variação de tempo até se registar o pico mínimo da componente
horizontal da FRS.
Tfz máxl - Variação de tempo até se registar o 1o pico de força vertical
máximo.
Tfz máx2 - Variação de tempo até se registar o 2o pico de força vertical
máximo.
Tfz min - Variação de tempo até se registar o pico mínimo de força vertical.
Mestrado em Actividade Física Adaptada
RESUMO
O objectivo deste estudo consistiu em determinar as repercussões
biomecânicas agudas, na marcha e na equilibração, de crianças do 5o e 6o
anos, sujeitas ao transporte de cargas diferenciadas nas suas mochilas
escolares.
Para percebermos entre que valores oscila o peso da mochila transportada por
estas, ao longo da semana escolar, e conhecermos a forma habitual como é
feito o seu transporte, realizámos um estudo epidemiológico em duas escolas
na região do Grande Porto.
Seguidamente, estudámos uma amostra constituída por 11 sujeitos,
provenientes da amostra inicial do estudo epidemiológico, que reproduziram,
em laboratório, a marcha e a equilibração bipodal estática, em três condições:
sem mochila e com mochila com cargas equivalentes a 15% e 30% do seu
peso corporal.
Para este estudo experimental foi utilizada uma plataforma de forças BERTEC e
o sistema PEDAR, composto por palmilhas, transdutoras de pressão plantar,
com o objectivo de analisarmos as repercussões da carga transportada na
força de reacção do solo e na distribuição da pressão plantar, durante o apoio,
quer na marcha, quer na equilibração.
Dos resultados obtidos no estudo da marcha e da equilibração, verificámos
existirem alterações significativas de determinadas variáveis (Fzmín e
TcFzmáxI, área e potência média relativa) que nos permitem concluir existirem
repercussões biomecânicas agudas em ambas as situações, com o aumento
de carga, especialmente com a elevação para 30% do PC dos sujeitos.
Mestrado em Actividade Física Adaptada
ABSTRACT
The aim of this programme consists in establishing the acute biomechanics
repercussions in the Gait and Balance of children from the 5th and 6th grade,
who transport different loads in their backpacks.
To better understand the fluctuation of the backpack's weight during a school
week and to be acquainted with the usual way how these children transport
their bags, we have made an epidemiological study in two schools of the
Oporto area.
Next, we have studied a sample made up of 11 individuals, deriving from the
initial sample of the epidemiological study, that reproduce in laboratory the gait
and the static bi-footed balance, in three different conditions: without backpack
and with backpack with loads equal from 15% and 30% of their corporal
Weight.
During this experimental study, a force platform BERTEC was used as well as
the PEDAR system, made up of insoles, transducers of plantar pressure, with
the aim of analysing the repercussions of the load transported in the ground
reaction force and in the distribution of plantar pressure during the footing,
either in the gait or in the balance.
From the results of the gait and balance study, we have confirmed the
existence of same significative changes of some variants (Fzmin and
TcFzmáxI, surface and relative average power) that allows us to conclude
that there are acute biomechanics repercussions in both the situations with the
increase of the load, specially when there is an elevation to 30% of the
individuals corporal weight.
Mestrado em Actividade Física Adaptada
RÉSUMÉ
L'objectif de cette étude a consisté à évaluer les répercussions biomécaniques
aiguës, dans la marche et dans l'équilibration, d'élèves des 5eme et 6eme
années de scolarité, soumis au transport de charges différenciées dans leurs
cartables.
Afin de comprendre entre quelles valeurs oscille le poids du cartable
transporté par ceux-ci, tout au long de la semaine scolaire, et pour savoir de
quelle manière est habituellement effectué son transport, on a réalisé une
étude épidémiologique dans deux écoles de la ville de Porto.
De suite, on a étudié un échantillon composé par 11 individus, provenant de
l'échantillon initial de l'étude épidémiologique, qui ont reproduit, en laboratoire,
la marche et l'équilibration bipède statique, selon trois conditions : sans le
cartable et avec le cartable ayant des charges équivalentes à 15% et 30% de
leur poids corporel.
Dans cette étude expérimentale on a utilisé une plate-forme de forces
BERTEC et le système PEDAR, composé par des semelles, transductrices de
pression plantaire, pour analyser les répercussions de la charge transportée
dans la force de réaction du sol et dans la répartition de la pression plantaire,
pendant l'appui, soit dans la marche, soit dans l'équilibration.
Des résultats obtenus dans l'étude de la marche et de l'équilibration, on a
vérifié qu'il existe des changements significatifs de certaines variables (Fzmin
et TcFzmáxI, surface et puissance moyenne relative) qui nous permettent de
conclure qu'il y a des répercussions biomécaniques aiguës dans l'une et
l'autre situation, avec l'augmentation de la charge, notamment avec
l'accroissement de 30% du poids corporel des individus.
Mestrado em Actividade Física Adaptada
1. INTRODUÇÃO
Para muitos estudantes, a única forma de transportar o (muito) material
didáctico necessário às suas actividades escolares é recorrendo a uma mochila
(NEGRINI et ai., 1996; PASCOE et al.,1997; KAREN et ai., 1999).
Essa mochila é, normalmente, transportada de várias formas, algumas das
quais subvertendo a técnica recomendável, a de colocá-la às costas, com as
alças ajustadas em ambos os ombros. Nomeadamente, realizando o seu
transporte com esta apoiada num só ombro.
Segundo COSTA (2000), o conceito de sobrecarga define um conjunto de
forças e momentos produzidos durante a manutenção de uma postura ou a
realização de um dado movimento. Quando essas forças são geradas fora do
corpo, são classificadas como sobrecarga externa. É o caso das mochilas
escolares transportadas às costas dos alunos.
Para além da forma incorrecta de transportar a mochila, tantas vezes utilizada
pelos estudantes, o peso excessivo agrava a sobrecarga que se manifesta
durante a locomoção, como demonstram os trabalhos de GOH et ai. (1997) e
HONG et ai. (2000).
Vários investigadores têm produzido estudos que demonstram que, deste facto,
resultam determinadas alterações estáticas e dinâmicas, traduzidas ao nível da
postura estática e durante a marcha, respetivamente.
Todavia, o organismo humano, dotado de uma notável capacidade de
adaptação, desenvolve um conjunto de ajustamentos compensatórios a essas
alterações (PIERRYNOWSKI et ai., 1981; LINK et ai., 2000).
Da prática recorrente e prolongada desses mecanismos de sobrecarga, muitos
jovens parecem manifestar sinais claros de dor (PASCOE et al.,1997;
OLIVEIRA, 1999; TROUSSIER et ai., 1994), que associam com frequência ao
í
Mestrado em Actividade Física Adaptada
uso das mochilas pesadas e que resultam, em muitos casos, em idas a
consultas médicas, clínicas de reabilitação física, etc.
Sendo este um problema tão actual, de bem-estar infantil e de prevenção
futura, que atinge milhares de crianças e jovens, pretendemos com este estudo
contribuir, no sentido de reivindicar atitudes de caráter profilático, ou de
prevenção primária.
Nesta perspectiva, enquadramos este Mestrado de Actividade Física Adaptada;
na vontade de acrescentar mais um contributo para que esta "população
especial", constituída pelas crianças e jovens em idade escolar, possa
desenvolver equilibrada e harmoniosamente o corpo e a mente.
A disciplina de Educação Física, presente na formação geral dos alunos,
pretende dar um contributo válido e decisivo para o seu desenvolvimento
integral e harmonioso, privilegiando a componente física.
As queixas manifestadas pelos alunos, acerca do desconforto sentido e das
dores relacionadas com o transporte das suas mochilas escolares, bem como
de evidentes compensações posturais ao peso que estas transportam, têm
levantado suspeitas da existência de uma realidade que atenta contra a
qualidade de vida de um número relevante de estudantes.
Este estudo tem como objectivo, em primeiro lugar, confirmar ou não essas
suspeitas, ao pretendermos conhecer uma determinada realidade, realizando
um estudo epidemiológico, acerca do peso médio transportado diariamente nas
mochilas, da sua relação com eventuais dores sentidas, etc.
Depois, pretendemos analisar as repercussões biomecânicas agudas que
cargas de determinada magnitude diferenciada reflectem na marcha e na
equilibração, em termos de adaptações funcionais do organismo ou estratégias
de remediação.
Para além deste aspecto, o conhecimento destas repercussões biomecânicas é
fundamental para um determinado universo de actividades físicas, em que o
2
Mestrado em Actividade Física Adaptada
transporte de cargas, por recurso a uma mochila, assume papel decisivo para o
sucesso das mesmas. Como por exemplo as actividades de montanhismo.
A opção pelo estudo da Marcha teve que ver com o facto do transporte de
mochilas escolares traduzir a ideia de um percurso realizado (casa - escola e
vice-versa) e durante os intervalos escolares, sendo a marcha, o movimento
dominante dessa acção.
Por outro lado, pressupõe o reconhecimento da marcha como um fenómeno
cíclico, constituindo uma sucessão de eventos que se repetem ao fim de algum
tempo e, como tal, permitem o estudo isolado das etapas desse ciclo (MELO et
ai., 1999).
Neste sentido, pretendemos analisar um conjunto de variáveis dinâmicas da
marcha, relacionadas com a sobrecarga mecânica que o peso transportado na
mochila escolar implica no aparelho locomotor.
Através destes parâmetros, procuramos avaliar as alterações no padrão da
marcha num grupo de jovens, sujeitos ao transporte de uma mochila pesando o
equivalente a 15% e 30% do seu peso corporal e sem mochila, de forma a
descrever a influência da carga nos prováveis mecanismos compensatórios,
durante a locomoção.
Procuramos ainda determinar relações de dependência entre as áreas de
pressão plantar e a formação de picos de pressão plantar, e como elas
evoluem em função da elevação do peso transportado nas mochilas.
De acordo com os trabalhos de AMADIO e SACCO (1999), é possível obter
importantes informações acerca da forma e características da sobrecarga
mecânica exercida sobre o aparelho locomotor, através da investigação da
força de reacção do solo, bem como da distribuição de pressões plantares,
durante a fase de apoio da marcha.
3
Mestrado em Actividade Física Adaptada
O estudo que se segue é iniciado a partir de uma revisão bibliográfica, na qual
se procura caracterizar a marcha e a equilibração, sob ponto de vista da
dinâmica. Concretamente, colocando maior ênfase no conhecimento do
comportamento da força de reacção do solo e no registo de pressões
plantares, em estudos privilegiando amostras formadas por crianças e jovens,
ou ainda, em alguns trabalhos de investigação em que se tentou utilizar cargas
transportadas em mochilas.
Nesta revisão da literatura, para além de estudos em que se utilizaram as
técnicas específicas da dinâmica, são ainda aflorados trabalhos onde outras
técnicas biomecânicas foram utilizadas, nomeadamente pela Cinemetria, com o
mesmo objectivo, o de analisar as alterações na marcha em função da
elevação da carga nas mochilas.
São dadas a conhecer as metodologias utilizadas neste estudo, assim como os
materiais a que recorremos para as concretizar.
De seguida são apresentados os resultados obtidos no estudo e,
simultaneamente, discutidos de acordo com aspectos mais relevantes
apresentados aquando da consulta bibliográfica.
Dos resultados obtidos emergem as conclusões mais relevantes, quer do
estudo epidemiológico, quer dos estudos da marcha e da equilibração.
No final, apresentamos um capítulo dedicado à referenciação bibliográfica e
também, uma secção que contará com alguns anexos.
4
Mestrado em Actividade Física Adaptada
2. REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo iniciamos a abordagem ao tema, salientando a importância
atribuída à mochila como meio de transporte privilegiado, utilizada pela
generalidade dos estudantes no seu quotidiano escolar.
Destacamos, ainda, aspectos que se prendem com a forma de realização do
seu transporte e dos limites de peso transportável numa mochila, considerados
por diversos autores, com base em trabalhos de natureza biomecânica e
fisiológica.
Seguidamente apresentamos uma súmula de conhecimentos provenientes de
vários trabalhos de investigação, respeitantes à marcha e ao equilíbrio,
enfatizando dados respeitantes à força de reacção do solo e à análise de
pressões plantares durante o apoio.
De referir ainda, que algumas das conclusões extraídas destes estudos
reflectem repercussões na marcha, provocadas pelo transporte de cargas de
determinada magnitude, em mochilas.
2.1. A MOCHILA
Entre os estudantes, as mochilas começaram a ser moda nos anos 80. De
início eram utilizadas apenas nos tempos livres, mas aos poucos foram sendo
adoptadas para o transporte de material escolar.
A mochila é dos utensílios de transporte de material didáctico mais utilizado
pelos estudantes, nos seus trajetos de casa para a escola e vice-versa
(TROUSSIER, 1994; NEGRINI et ai., 1996; PASCOE et ai.,1997; GRIMMER,
1999).
5
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Quando comparadas com outros meios de transporte de livros e cadernos (na
mão, em malas de mão ou a tiracolo), têm inegáveis vantagens: permitem a
repartição simétrica do peso por ambos os ombros, deixando livres as mãos.
Com o objectivo de se encontrar outras formas alternativas mais eficazes para
transportar cargas, foram produzidos diversos estudos (KINOSHITA, 1983;
LEGG et ai., 1985; LEGG et ai., 1992).
Todavia, a mochila tem mantido maior consenso quanto à eficácia oferecida,
atendendo a várias variáveis, tais como: a sua dimensão, a quantidade e
volume da carga transportada, ou mesmo a distância e o tipo de terreno em
que se realiza o transporte da mesma, como demonstraram os trabalhos
realizados por: MALHOTRA e SEM GUPTA (1965), LEGG e MAHANTRY
(1985), LEGG et ai., (1992), KNAPIK (1989) e PASCOE (1997).
Estes autores concluíram que o transporte da mochila às costas, com o seu
peso equilibradamente distribuído pelos dois ombros, constitui um método
muito eficiente, sob ponto de vista energético, comparativamente com qualquer
outra forma de a transportar.
Para além da importância de se realizar correctamente o transporte da mochila,
é fundamental que a carga transportada na mesma não ultrapasse
determinados limites de peso.
A maior parte dos estudos produzidos, aponta para limites de carga
transportada por crianças, em torno dos 10 a 15% do seu peso corporal
(MALHOTRA e SEM GUPTA, 1965; VOLL e KLIMT, 1977; SANDER, 1979;
HONG et al., 2000).
Já com adultos, esses limites apontam para valores que rondam os 30%
(HARDIN e KELLY, 1975, cit. por PASCOE, 1997), embora não haja
unanimidade em torno deste valor.
6
Mestrado em Actividade Física Adaptada
O Instituto Nacional Americano para a Saúde e Segurança no Trabalho (1981),
recomenda que, para adultos, não se deve exceder a carga de 23 kg, pois este
valor já representa uma carga "mais ou menos pesada".
Este Instituto refere que um peso de 14 kg constitui uma carga moderada e que
pode ser manipulado por cerca de 85% da população de trabalhadores norte
americana.
Também concluíram não haver diferenças significativas entre sexos até um
peso "mais ou menos pesado" mas que daqui para a frente, até ao "peso
máximo", acentuam-se as diferenças.
Existe um número considerável de estudos acerca do uso de Mochilas; no
entanto, a sua maioria tem privilegiado amostras de sujeitos adultos.
São disto exemplo os trabalhos realizados por KNAPIK (1989),YU e LU (1990),
VIEL et ai. (1981), QUESADA et al.(2000) que utilizaram militares como
amostra para os seus estudos.
No entanto, segundo PASCOE (1997), as crianças e jovens precisam de
limitações para o peso das mochilas, sensíveis à sua idade, peso, padrão de
crescimento e nível de força.
Tem sido considerado que o transporte de cargas a partir de determinada
intensidade, coloca pressões adicionais sobre as estruturas ósseas da coluna
vertebral das crianças e adolescentes, tomando-os propensos a alterações na
postura. Essas alterações foram demonstradas nos trabalhos de KINOSHITA,
(1985), KNAPIK et ai. (1996), PASCOE et al.(1997), KAREN et ai. (1999), LINK
et ai. (2000).
Muitas vezes associados a alterações posturais encontram-se problemas de
dores nas costas, nos ombros e no pescoço (PASCOE et ai.,1997; OLIVEIRA,
1999; TROUSSIER et ai., 1994).
PASCOE et ai. (1997), também referem que a escoliose funcional é um
problema associado ao uso de mochilas.
7
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Estes investigadores, aplicando um questionário a 61 alunos, com idades
compreendidas entre os 11 e os 13 anos, referem que 67.2% dos sujeitos se
queixaram de "músculos doridos", 50.8% de "dores nas costas", 24.5% de
"entorpecimento geral" e 14.7% de "dores nos ombros".
Num estudo epidemiológico sobre a prevalência da lombalgia na região da
grande Lisboa, OLIVEIRA (1999), com base na amostra de 1139 jovens com
idades entre os 10 e os 18 anos, concluiu que esta era de 39.2%. Para além
deste facto, também foi verificado uma maior prevalência de lombalgia nas
raparigas que nos rapazes.
Nos inquéritos a que responderam, estes jovens apontaram a zona lombar e
lombo-sagrada como locais privilegiados de aparecimento dessas dores.
Também referiram que a dor era mais intensa quando transportavam a mochila
escolar, outras cargas ou quando se inclinavam para a frente.
2.2. A MARCHA
A Biomecânica é uma disciplina, entre as ciências derivadas das ciências
naturais, que desenvolve análises físicas de sistemas biológicos e,
consequentemente, análises físicas de movimentos do corpo humano.
A Biomecânica pode ser dividida de acordo com os métodos de medição de
que faz apelo: a Cinemetria, a Antropometria, a Electromiografia e a
Dinamometria, sendo esta última a responsável pela determinação dessas
forças externas e sua distribuição.
8
Mestrado em Actividade Física Adaptada
A Dinamometria, em Biomecânica, lida com a determinação directa das forças
externas que são medidas na periferia do corpo sob a forma de força de
reacção (BAUMANN, 1989, cit. por COSTA, 2000).
O estudo da Marcha tem ocupado um lugar de destaque nos movimentos
estudados por esta disciplina.
A marcha é uma forma natural de locomoção vertical, cujo padrão motor se
caracteriza por uma acção alternada e progressiva das pernas e um contacto
contínuo com a superfície de apoio (WICKSTROM, 1990).
Este movimento caracteriza-se por ser voluntário e cíclico, executado pelo
homem no seu quotidiano, com diversas finalidades (MELO et ai., 1999).
De acordo com LIEBER (1992, cit. por ARAÚJO, 2000), o ciclo da marcha é
uma sequência perfeitamente orquestrada de eventos eléctricos e mecânicos
que culminam na propulsão coordenada do corpo através do espaço.
Estruturalmente, a Marcha é modificada de acordo com as características de
cada indivíduo, sua natureza morfológica, tipo de actividade, idade e presença
de determinadas doenças, entre outros factores.
A locomoção humana requer um complexo controlo interactivo entre múltiplas
extremidades e os segmentos do corpo, actuando, congruentemente, para
assegurar a melhor absorção possível do choque e eficiência energética do
movimento para a frente (COSTA, 2000).
Nos movimentos de locomoção humana existe uma grande variabilidade
(ROSE e GAMBLE, 1998), pelo que se pode dizer, segundo estes autores, que
cada indivíduo evidencia características particulares no padrão básico da sua
marcha.
Da mesma forma, BRUNERA e AMADIO (1993) admitem que a marcha seja
estruturalmente modificada de indivíduo para indivíduo, e para um mesmo
9
Mestrado em Actividade Física Adaptada
sujeito, a diferentes velocidades, devido à sua idade, à sua natureza
morfológica, ao tipo de actividade desenvolvida, entre outros factores. No
entanto, consideraram que determinadas características na locomoção humana
são passíveis de poder padronizar este movimento; uma destas é a dinâmica
do movimento.
O ciclo básico da marcha é composto por uma fase de apoio e uma fase de
balanço.
A primeira compreende o período entre o toque do pé (calcanhar) e o levantar
dos dedos.
A fase de balanço é iniciada após a retirada dos dedos e o segundo toque do
pé.
Nos indivíduos adultos, a fase de apoio compreende cerca de 62% do ciclo da
marcha e a fase de balanço dura aproximadamente 38% (SUTHERLAND et ai.,
1998).
Ainda segundo estes autores, a fase de apoio é dividida em três períodos:
1) Duplo Apoio Inicial (do toque do pé até ao levantar do pé oposto):
compreende aproximadamente cerca de 12% do ciclo da marcha;
2) Apoio Simples (do levantar do pé até ao toque do pé contralateral): traduz
cerca de 38% do ciclo;
3) Duplo Apoio Final (do toque do pé contralateral até ao levantamento do pé):
abrange aproximadamente 12% do ciclo.
Durante a fase de apoio, o pé contacta o solo, a massa corporal é apoiada
seguindo-se a propulsão para a frente nas etapas seguintes ao apoio.
Segundo WHITTLE (1995), a fase de apoio pode ser descrita de acordo com 5
pequenos episódios, como documenta a figura 1:
10
Mestrado em Actividade Física Adaptada
1 - Contacto do calcanhar com o solo ;
2 - "Pé plano". Acontece no momento em que o resto da planta do pé contacta
o solo e normalmente é quando o peso total do peso do indivíduo passará a ser
suportado pela perna (imediatamente precedente da fase de um único apoio);
3 - "Meio do apoio". Define-se no momento em que o centro de massa do
indivíduo está precisamente por cima do centro articular do tornozelo. Ou
ainda, quando o centro articular da anca está, na vertical, por cima da
articulação do tornozelo;
4 - Elevação do calcanhar. Ocorre quando este começa a deixar de contactar
com a superfície do solo, preparando-se para a propulsão para a frente do
corpo;
5 - Saída do dedo grande do pé (hálux). É a última acção da fase do contacto.
FASE DE APOIO
Figura 1 - Sequência de episódios característicos da fase de apoio no
ciclo da marcha (WHITTLE, 1995).
A - Fase do 1o duplo apoio B - Fase do apoio simples C - Fase do 2o apoio duplo
Para além do movimento que se realiza para a frente, são facilmente
identificáveis os movimentos vertical e mediolateral, quando se observa a
marcha num plano frontal.
l i
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Quando a última fase do apoio tem lugar (a propulsão), o movimento da
componente vertical ganha preponderância. Contudo, ainda na fase de apoio
simples, o movimento do corpo toma a direcção desse apoio, promovendo
paralelamente, uma componente médio-lateral.
A etapa propulsora da fase de apoio pode ser dividida em duas sub-fases; a
primeira diz-se activa e a segunda, passiva.
A parcela activa ocorre após levantamento do calcanhar do solo e antes do
duplo apoio (do outro pé iniciar o contacto). A parcela passiva inicia-se com o
contacto do pé contrário (fase do duplo apoio).
Durante a marcha, a fase de apoio constitui um fenómeno complexo (AMADIO
e SACCO, 1999), caracterizado pela influência de muitas variáveis dinâmicas,
nomeadamente por forças internas e por forças externas.
De entre as últimas, destacamos a Força de reação do solo (FRS), nas suas
componentes ortogonais, assim como da sua distribuição pela planta do pé
(pressões plantares).
A partir da determinação dessas forças e distribuição da pressão durante o
apoio do pé no solo, em situações estáticas e dinâmicas, pode-se estudar os
mecanismos compensatórios prováveis, accionados em função de possíveis
alterações funcionais ocorridas no corpo humano.
2.2.1 A FORÇA DE REACÇÃO DO SOLO
A força de reacção do solo (FRS) é uma força que actua a partir do solo no
objecto que consigo mantém contacto. Esta força resulta de todas as forças
locais actuando na superfície do pé e no solo (NIGG et ai., 2000).
12
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Segundo ARAÚJO (2000) a FRS é uma variável biomecânica que mostrou ter
um comportamento padrão constante e repetitivo, independente das condições
do solo, da idade do indivíduo ou da velocidade da marcha.
Já LOBO DA COSTA e AMADIO (1995) tinham afirmado que esse padrão
apresenta determinadas características que podem ser alteradas por via das
condições ambientais ou do próprio indivíduo.
Todavia, é importante realçar que a FRS constitui um dos mais importantes
indicadores de sobrecarga mecânica gerada pelo movimento, pois traduz o
somatório dos produtos da aceleração da massa de todos os segmentos do
corpo (AMADIO e DUARTE, 1996).
As três componentes ortogonais da FRS têm sido frequentemente descritas
nos mais variados contextos. Contudo, é possível defini-las da seguinte forma:
A COMPONENTE VERTICAL (Fz), representa a acção do corpo contra a
gravidade.
Justificado pela preponderância da sua magnitude sobre a força de reacção
resultante, a força vertical tem sido considerada um forte indicador da
capacidade de conduzir o corpo adiante, a despeito das forças externas bem
como das sobrecargas externas que atingem o aparelho locomotor (BECK et
ai., 1981; SUTHERLAND et al. 1988, cit. por COSTA, 2000).
A intensidade máxima aparece duas vezes representada na curva da força
vertical de reacção do solo. O primeiro pico, considerado pico passivo (Fz
máx1), tem lugar com o toque do calcanhar na plataforma de forças e o
segundo máximo, o pico activo (Fz máx2), ocorre pouco antes dos dedos
deixarem o contacto com o solo, correspondendo á fase de propulsão, durante
a qual apenas o metatarso se encontra em apoio.
Durante a marcha, um indivíduo, ao realizar o apoio no solo, exerce com cada
pé uma força máxima, que é superior ao seu peso total.
13
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Em relação aos picos de força máxima que se produzem durante o apoio no
ciclo da marcha, SIMON et ai. (1981), verificaram valores que se
superiorizavam 0,5 a 1,25 vezes ao valor do peso corporal (PC).
JACOBS et ai. (1972), relataram que o valor máximo da componente vertical da
FRS podia chegar até 2 vezes o peso corporal do indivíduo.
AMADIO e BARBANTI (2000) referem que a força vertical chega a ultrapassar
10 a 30% do peso corporal do indivíduo.
Para além destes valores elevados de força, regista-se ainda uma depressão
ou vale (Fz min), entre esses dois picos, devido à aceleração parcial dos outros
segmentos corporais. Durante este período, resultante da deflexão do 1o pico
máximo da força vertical, o aparelho locomotor vê reduzido o valor da carga
que lhe é imposta durante a fase passiva do movimento (SERRÃO et ai.
,1993).
A força vertical inicia o seu declínio à medida que o outro pé contacta o solo
(início da fase do duplo apoio).
A FRS horizontal, ou componente ÂNTERO-POSTERIOR (Fy), traduz
sobretudo o carácter da propulsão e não tanto os aspectos da sobrecarga, e
indica uma desaceleração inicial na fase de acomodação do peso, seguida de
uma aceleração na fase propulsora, orientada na direcção do deslocamento
(COSTA, 2000).
A consequente frenação do movimento ântero-posterior produzida no início,
também conhecida por fase excêntrica ou negativa, está relacionada com o
toque do calcanhar no solo.
A cerca de 50% do apoio, inicia-se a fase concêntrica (de aceleração positiva),
com valores máximos cerca dos 30% do peso do indivíduo (KOMI, 1992).
A interpretação desta componente pode ser decisiva para avaliar a capacidade
de um indivíduo para realizar uma marcha segura e eficiente, principalmente se
comparadas as suas características entre diferentes condições de afectação do
14
Mestrado em Actividade Física Adaptada
aparelho locomotor, ou mesmo entre crianças em diferentes etapas do
desenvolvimento (BECK et ai. 1981; SUTHERLAND et ai. 1988, cit. por
COSTA, 2000).
A componente MÉDIO-LATERAL da FRS (Fx), representa sobretudo um
aspecto de controlo do equilíbrio dinâmico na direcção transversal, em termos
de instabilidade do apoio do pé no solo (COSTA, 2000).
As suas magnitudes são relativamente baixas (cerca de 10% do peso corporal
do indivíduo) e ligeiramente mais significativas durante a acomodação do peso,
que ocorre logo após o contacto do calcanhar com o solo.
Devido à reduzida magnitude e alta variabilidade que a componente da FRS
normalmente apresenta, torna-se difícil a realização de interpretações
generalizantes do seu padrão, pelo que não é geralmente muito discutida.
Apresenta um primeiro pico positivo, relacionado com as forças de pronação do
pé e, uma fase seguinte que se prolonga de 15% até 95% do apoio e que tem
que ver com a força de supinação do pé (AMADIO et ai.,1999).
A Taxa de Crescimento (TC) da força vertical, representa uma variável
biomecânica utilizada em diversos estudos, escorados ao estudo da marcha,
(SACCO, 1999; COSTA, 2000) e traduz a rapidez com que esta força atinge o
seu máximo de magnitude.
SERRÃO (1999) calcula o valor desta variável, pela razão entre Fzmáxl
(obtido em % PC) e o intervalo de tempo para atingi-lo (em % da fase de
apoio).
Como a componente vertical da FRS apresenta dois picos máximos, podemos
falar de duas taxas de crescimento: TC Fz máx.1 e TC Fz máx.2 (SACCO,
1999).
Esta variável tem sido utilizada em diversos estudos, sobretudo desenvolvidos
na área da reabilitação, que investigam a relação do seu efeito com a etiologia
15
Mestrado em Actividade Física Adaptada
ou mesmo progressão de situações patológicas relacionadas com os membros
inferiores, nomeadamente as dores lombares (COLLINS e WHITTLE, 1984;
MESSIER, 1992).
Estes investigadores referem que valores elevados da TC Fz máx.1
caracterizam indivíduos cujas funções relacionadas com a absorção da força,
no instante do contacto com o solo, se encontram prejudicadas.
O cálculo desta variável obtém-se a partir da razão entre Fz máx.1 (em % do
peso corporal) e o intervalo de tempo para atingi-lo (em % da fase de apoio).
A análise desta variável permite identificar as relações de sobrecarga no
aparelho locomotor ocorridas em intervalos de tempo demasiado curtos para
haver resposta activa da musculatura, gerando o chamado pico passivo, que
surge antes de Fz máx.1 (NIGG, 1985, cit. por COSTA, 2000).
Segundo este autor, as forças passivas podem alcançar o seu pico em
intervalos de tempo inferiores ao tempo de reacção do sistema neuro-muscular
e, neste caso, são transmitidas sob forma de impacto aos tecidos moles e
ossos, resultando em lesões.
O Impulso Vertical Relativo da força vertical (Imp Fz) é outra variável
biomecânica com interesse para a análise da marcha. Representa o carácter
temporal do desenvolvimento da força vertical, sendo utilizado para descrever
qualitativamente a capacidade de sustentação do membro inferior, durante a
fase completa do apoio (COSTA, 2000).
Segundo DUARTE et ai. (1995), o impulso vertical total traduz a capacidade do
sistema para responder à sobrecarga imposta pela tarefa do movimento.
Estes autores referem a existência de dois tipos de impulso: o Impulso passivo
e o Impulso activo, estando estes relacionados com o 1o e 2o picos de força
vertical máxima, respectivamente.
Esta variável foi igualmente usada por GLITSH et ai. (1993) com pacientes
sujeitos a processo de reabilitação, com o objetivo de identificar assimetrias na
16
Mestrado em Actividade Física Adaptada
capacidade de sustentação durante a fase de apoio, entre o pé esquerdo e o
pé direito.
Vários têm sido os estudos publicados acerca dos efeitos que o transporte de
cargas provoca no padrão normal da marcha.
Para essa avaliação, os autores têm recorrido a cargas de valor absoluto
(MALHOTRA e SEM GUPTA, 1965; PASCOE et ai.,1997; BEZERRA et ai.,
1999) ou optam por cargas de valor relativo ao peso corporal (KINOSHITA et
ai., 1983; KINOSHITA, 1985; MARTIN e NELSON, 1986; WONG e HONG,
1997).
Os estudos biomecânicos que procuram analisar as forças envolvidas na
dinâmica da marcha, têm privilegiado a utilização de Plataformas de força,
(SERRÃO et ai.,1993; BARROS et ai., 1995; MOTA et ai., 1997; SACCO,
2000), entre muitos outros.
A utilização da Dinâmica para estudar os efeitos da carga sobre o padrão da
marcha têm representação nos trabalhos de BEZERRA et ai. (1999), quando
jovens adultos se submeteram ao transporte de cargas de 10kg, 20kg e 30kg,
em mochilas.
Estes autores admitiram existir uma grande estabilidade do padrão da marcha,
mesmo durante o transporte de cargas "expressivas". Deste facto, concluíram
que o organismo, durante a marcha, apresenta uma grande eficiência no
controlo das acções motoras e uma alta capacidade de adaptação ao
movimento.
LINK et ai. (2000), utilizando cargas menores (12% do PC dos sujeitos), com
crianças de 8 a 9 anos, confirmaram esta capacidade de adaptação do
organismo que, apesar de alterações significativas no comportamento dos
ângulos do tronco e quadril a este nível de carga, as características espaço-
temporais da sua marcha mostraram-se estáveis.
MARTIN e NELSON (1986) verificaram que, para uma velocidade constante, a
cadência da passada na marcha, aumentava à medida que o valor da carga
17
Mestrado em Actividade Física Adaptada
transportada nas mochilas era aumentado, tomando-se estatisticamente
significativos para pesos que rondem os 40% do peso corporal dos indivíduos.
Estes investigadores concluíram que a duração (relativa e absoluta) do
contacto do calcanhar no solo diminui sempre que o valor da carga, ou da
velocidade da marcha, aumenta.
Para além desse aspecto, em resposta ao peso da mochila, o comprimento da
passada diminuiu, ao mesmo tempo que aumenta a frequência.
Este aumento do valor da carga faz aumentar igualmente o tempo de apoio
total e, consequentemente, o tempo do duplo apoio também se vê dilatado.
Ainda segundo os mesmos autores, aumentando a duração da fase do duplo
apoio, significa que a carga é suportada durante mais tempo pelos dois pés, o
que resulta na maior estabilidade da marcha, para além de provocar menor
desgaste mecânico sobre o sistema locomotor.
Com o objectivo de determinar o impacto que diferentes formas de transporte
de sacos escolares tinham na postura estática e na cinemática da marcha,
PASCOE et ai. (1997), resolveram estudar um grupo de 61 jovens de ambos os
sexos dos 11 aos 13 anos.
Em resposta ao peso da mochila, o comprimento da passada diminuiu e a sua
frequência aumentou, implicando a diminuição da fase de apoio da marcha, em
qualquer das formas de transporte experimentado.
Recorrendo a uma amostra constituída por adultos, KNAPIK et ai. (1996)
verificaram que com uma carga, transportada numa mochila, correspondendo a
20% do peso corporal, os indivíduos projectavam significativamente o seu
tronco para a frente.
KINOSHITA (1985) refere que, durante o transporte às costas de cargas de
diferentes magnitudes, observa-se uma maior flexão do joelho da perna que
acaba de fazer o contacto no solo, à medida que essa carga vai sendo cada
vez maior, supostamente devido à absorção do choque.
18
Mestrado em Actividade Física Adaptada
CHARTERIS (1998) comparando os efeitos do transporte de uma mochila nos
padrões da marcha, a diferentes velocidades, concluiu que os parâmetros
cinemáticos da marcha (temporais e espaciais), tais como: a cadência, o
comprimento e o tempo da passada, da absorção e do choque
(desaceleração), do duplo apoio e fase de balanço, todos mostraram ser
influenciáveis pelo valor da carga transportada e pela velocidade da marcha.
Assim, o investigador concluiu que o aumento da carga fazia com que
ocorresse relativamente mais cedo o contacto do pé no solo e aumentasse a
duração de todos os contactos no solo, fazendo diminuir os tempos de balanço.
Este fenómeno compensatório foi igualmente verificado por MALHOTRA e
GUPTA (1965), quando observaram uma inclinação "apreciável" do tronco para
a frente, em 6 jovens (9 -15 anos) que transportavam mochilas às costas com
2.6 kg (correspondendo a 10-12% do peso corporal).
KAREN et ai. (1999) realizaram um estudo, abrangendo uma população
escolar de 1049 indivíduos do 8o ao 12° anos, com o objectivo de analisar os
efeitos do peso transportado nas mochilas escolares, na postura dos
adolescentes, mais concretamente, da resposta do ângulo crâneo-vertebral
(ACV) à aplicação de cargas (mochila) nas costas.
Estes investigadores verificaram uma significativa alteração ACV em todos os
alunos do 8o ao 12° ano observados, quando comparadas a postura sem e com
mochila. As maiores alterações foram encontradas nos alunos mais novos.
Os resultados apoiam a ideia de que existe uma diferente resposta postural
relativamente aos dois sexos e ao nível de desenvolvimento ósseo (coluna
vertebral) mas também sugerem que o ACV pode não ser a medida mais
sensível das alterações posturais do segmento pescoço-cabeça, ocorridas em
adolescentes.
Diversos trabalhos têm posto em discussão a influência que a carga
transportada exerce no padrão da marcha dos indivíduos.
19
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Grande parte dos estudos publicados que abordam as implicações directas ou
indirectas resultantes do transporte de mochilas com diferentes níveis de carga,
têm dado maior destaque a variáveis fisiológicas, nomeadamente ao consumo
de oxigénio.
Nestes trabalhos, os investigadores procuram traduzir o grau de esforço (ou de
economia de esforço) que esta actividade envolve, em função da carga
transportada.
DATTA et ai. (1971) e EPSTEIN et ai. (1980) consideram que as principais
alterações fisiológicas que se registam, derivadas do transporte de cargas de
determinada magnitude, encontram justificação nas alterações mecânicas
detectadas nessa marcha.
HONG et ai. (2000) procuraram verificar as diferenças fisiológicas, em 15
crianças do sexo masculino, no transporte de uma mochila carregada às
costas, com 10,15 e 20% do seu peso corporal.
Os resultados obtidos evidenciaram para a mochila mais pesada, aumentos
significativos quanto ao consumo de oxigénio, energia dispendida no esforço e
pressão sanguínea, quando comparados com os obtidos, usando as outras
mochilas.
QUESADA et ai. (2000) estudaram as respostas fisiológicas ao transporte de
mochilas, com 12 recrutas militares, numa marcha que durou 40 minutos.
As situações de estudo englobavam a marcha sem carga e com carga na
mochila às costas, pesando 15 e 30 % do peso corporal correspondente. Em
condições de carga, por cada aumento de 15% desse valor, verificou-se um
aumento proporcional nos gastos metabólicos (cerca de 5 a 6% superiores).
Outros investigadores procuram usar os meios da cinemática para estudar as
alterações no padrão da marcha, em função do aumento da carga
transportada.
20
Mestrado em Actividade Física Adaptada
WONG e HONG (1997) estudaram os padrões da marcha de 10 rapazes com
10 anos, sujeitos a diferentes níveis de carga nas mochilas (0%, 10%, 15% e
20% do seu peso corporal).
Da análise cinemática realizada, os autores verificaram que a mochila com
20% de carga provocou um aumento significativo da projecção anterior do
tronco e uma diminuição significativa do tempo de apoio simples de cada pé,
quando comparada com os restantes níveis de carga.
Segundo COSTA, (2000), o conceito de sobrecarga define um conjunto de
forças e momentos produzidos durante a manutenção de uma postura ou a
realização de um dado movimento. Quando essas forças são geradas
externamente ao corpo, são classificadas como sobrecarga externa. As
mochilas escolares, transportadas às costas dos alunos, assumem-se como
um bom exemplo de sobrecarga externa.
GOH et ai. (1997) tentaram verificar de que forma era alterada a força exercida
pelo músculo iliocostal dorsal, com o aumento do peso nas mochilas,
transportadas por 10 indivíduos do sexo masculino, com altura, peso e idades
semelhantes.
Para além de terem verificado uma evidente flexão anterior compensatória do
tronco, quando faziam o transporte da mochila carregada com 30% do seu
peso corporal, apenas encontraram modificações mínimas dos parâmetros da
marcha, tais como velocidade, comprimento e cadência da passada.
Estes investigadores também constataram um aumento desproporcional das
forças exercidas pelo músculo iliocostal dorsal na região da ligação L5-S1,
provocadas pelo transporte de mochilas carregadas com 15% do seu peso
corporal, quando esse peso aumenta para 30%.
Esses picos de força são de 26.7% e de 64%, em relação a situação de
ausência de carga, respectivamente para 15 e 30% do seu peso corporal.
21
Mestrado em Actividade Física Adaptada
2.2.2. DISTRIBUIÇÃO DA PRESSÃO PLANTAR
Para além do conhecimento acerca da manifestação das componentes da FRS
durante a fase de apoio, no ciclo da marcha, também deve ser discutido como
se distribuem estas forças de contacto.
A grande vantagem de se utilizar a análise da distribuição plantar das pressões
para o estudo da Marcha, consiste na possibilidade de conhecermos as
influências directas das forças aplicadas em regiões específicas da planta do
pé, em termos da sua intensidade, da área sobre a qual actuam e a duração da
sua aplicação (BORGES MACHADO et ai., 1999).
Segundo AMADIO e SACCO (1999), podem ser obtidos importantes
conhecimentos acerca da forma e características da sobrecarga mecânica, que
é exercida sobre o aparelho locomotor, através da investigação da FRS, bem
como da distribuição de pressões plantares, durante a fase de apoio na
marcha.
O conceito de pressão é usado para descrever a distribuição da força pela
superfície de contato ou área. Ou seja: P = F / A, onde F é uma força e A é a
área sobre a qual essa força é aplicada.
A pressão expressa-se em N/m2.
O conceito de pressão é particularmente importante em actividades onde
ocorram colisões ou impactos (HAMILL e KNUTZEEN, 1999). Geralmente,
quando uma força de impacto precisa de ser minimizada, esta deve ser
recebida sobre uma área o mais ampla possível.
Deste pressuposto resulta que, entre dois indivíduos de pesos diferentes, se a
planta do pé do sujeito mais pesado apresentar um área superior à do sujeito
mais leve, poderá acontecer verificarem-se pressões mais elevadas sobre os
apoios do indivíduo que pesa menos.
22
Mestrado em Actividade Física Adaptada
O número de estudos existentes para análise da distribuição de pressões
plantares em amostras de populações infantis é mais escasso do que aqueles
em que participam adultos como amostra.
No entanto, HENNING et ai. (1994) chegaram a comparar os padrões de
distribuição de pressões plantares de um adulto com um grupo de crianças
entre os 6 e os 10 anos, tendo concluído que nas crianças, os picos de pressão
formados eram consideravelmente mais baixos.
BORGES MACHADO et ai. (1999) justificam essa diferente magnitude da
distribuição de pressões plantares não apenas pelas evidentes diferenças de
peso corporal entre adultos e crianças, mas também pela influência da
constituição óssea peculiar das crianças.
Os mesmos autores consideram que a distribuição de pressão reduzida, que as
crianças evidenciaram, resultou do facto de, neste período do desenvolvimento
humano, a relação entre a largura do pé e o peso corporal promover a
distribuição das forças de reacção do solo, por uma área de contacto mais
ampla.
Contudo, HENNING e ROSEMBAUM (1991), não obtiveram correlação
significativa entre a massa corporal dos indivíduos e os picos de pressão, tanto
com crianças como com adultos.
Segundo os autores, o maior valor da massa corporal é em geral acompanhado
por uma maior área de pé onde a força é aplicada.
Também CAVANAGH et ai. (1991) encontraram apenas um efeito reduzido
(14% de variância) do peso do indivíduo na formação de picos de pressão
plantar no pé por inteiro.
O pé, como extremidade dos membros inferiores, é uma estrutura complexa,
tridimensional e diferenciada de forma excepcional no ser humano.
23
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Das diversas funções que se atribuem a este segmento corporal, destaca-se a
capacidade de suporte, de amortização e de distribuição do peso do indivíduo
(KNACKFUSSetal.,1993).
Para além de permitir o apoio e o equilíbrio do corpo, o pé actua como um
sistema de alavancas que impulsionam o corpo, durante a marcha, a corrida ou
mesmo o salto (NASSER et ai., 1999).
O primeiro osso do pé dá pelo nome de astrálago e é responsável por receber
a carga da tíbia e a transmitir segundo duas direcções: póstero plantar, para o
calcâneo, e ântero plantar, para o escafóide ou navicular, e daí para o
metatarso.
A unidade designada por pé talar, constituída pelo talo, escafóide, três
cunéiformes, três primeiros metatarsianos e respetivos dedos, é responsável
por receber directamente a carga corporal e a transmitir ao solo, principalmente
durante a fase final do apoio (propulsão).
O calcâneo, o cubóide, o 4o e 5o metatarsianos e respetivos dedos constituem
a unidade calcanear, situada mais lateralmente e mais junto ao solo do que a
unidade talar, e tem uma função mais estática e de equilíbrio, quando o pé está
apoiado (GARDNER et ai., 1998).
A formação de picos de pressão plantar nas diferentes áreas do pé é
determinada por diversos factores estruturais. De acordo com MORAG e
CAVANAGH (1999) a literatura destaca os seguintes:
Constituição óssea, dimensões dos tecidos moles (STEEL et ai., 1980;
SALTZMAN et ai., 1994; CAVANAGH et ai., 1997) o comprimento relativo do
arco longitudinal medial (CLARKE, 1980; DUCKWORTH et al.,1985), as
proeminências ósseas (HABERSHAW e DONOVAN, 1984), todos têm sido
discutidos no contexto do aumento da pressão plantar.
Segundo PLENTZ (1995), podem existem três abordagens possíveis para
medições de pressões plantares entre o pé e o solo: o registo a partir da
24
Mestrado em Actividade Física Adaptada
superfície plantar e o solo, entre a sola do calçado e o solo, e entre a superfície
plantar do pé e a palmilha do calçado.
CAVANAGH (1987) considera que, em contexto clínico, as mais importantes
pressões são aquelas entre o pé e o calçado do paciente.
CAVANAGH e LAFORTUNE (1980) relataram áreas locais, distintas, de alta
pressão na planta do pé, durante a fase de apoio. As maiores pressões foram
medidas no calcanhar, nas cabeças dos metatarsos e sobre o hálux.
TESTUT, JACOB, entre outros anatomistas, defendiam que o pé se apoiava no
solo através de três pontos: Calcâneo e cabeças do 1o e 5o metatarsianos
(KNACKFUSS et ai. 1993).
Segundo SACCO (1997), considerando a estrutura anatómica dos pés, a
presença dos arcos plantares deveria contribuir para a diminuição dos picos de
pressão em determinadas regiões do pé.
VILADOT (1974, cit. por AMADIO e SACCO, 1999), estudando as áreas de
apoio dos pés, durante a marcha, concluiu que o hálux e a 1a cabeça
metatarsiana são mais solicitadas funcionalmente, apesar de toda a região
anterior do pé realizar o apoio.
Também concluiu que, na fase final do apoio, apesar de toda a região anterior
do pé ter contacto com o solo, verifica-se uma maior solicitação funcional na
cabeça do primeiro metatarso e no hálux.
SHOKES (1979) considera que, durante o apoio, o valor da força sob a cabeça
do primeiro metatarso representa 30% do peso corporal do indivíduo, enquanto
que na segunda cabeça força actuante não ultrapassa 10%.
Já em contexto clínico, DUCKWORTH et ai. (1985) e VEVES et ai. (1991),
utilizando uma amostra constituída por indivíduos diabétios, após realizarem
estudos sobre a pressão plantar dos mesmos, verificaram que, durante o apoio,
as maiores pressões plantares se localizavam nas primeiras duas cabeças
metatársicas e no hálux.
25
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Nestas estruturas, CAVANAGH et ai. (1991) encontraram picos de pressão
plantar em 90% dos indivíduos diabéticos avaliados em seu estudo.
KNACKFUSS et ai. (1993), utilizando uma amostra de 43 indivíduos adultos e
recorrendo a um sistema computadorizado para análise biomecânica da
marcha, denominado F Scan, concluíram que em ambos os pés, os valores
mais elevados de pressão plantar ocorrem nas regiões: calcâneas, 2a e 3
cabeças metatarsianas e nos háluxes.
Também puderam observar que o maior tempo de contacto na região do
antepé ocorre na região correspondente à 2a cabeça metatarsiana.
A maior predominância de formação de picos plantares de pressão durante a
marcha nas regiões anteriores do pé, pode ser justificada pela maior magnitude
da força exercida nesta área, durante a fase de propulsão.
De acordo com SAMMARCO (1989), 50% da carga que o pé suporta, durante a
fase de apoio da marcha é da responsabilidade do calcanhar e a restante
metade distribui-se pelas cabeças metatarsianas.
Ainda segundo o mesmo autor, a carga na cabeça metatarsiana do primeiro
dedo é duas vezes superior à que se reflecte nas quatro cabeças
metatarsianas laterais.
Segundo CHÃO (1986, cit. por MACHADO et ai., 1993), a análise da marcha
pode seguir três diferentes formas de abordagem:
1 ) O estudo cinemático dos membros e movimento articular,
2) A análise de forças de reacção do solo e pressões de contacto,
3) A previsão de forças articulares internas e musculares.
26
Mestrado em Actividade Física Adaptada
2.3. O EQUILÍBRIO
Durante o seu processo evolutivo, o Homem conquista a postura erecta,
através da bípedia.
A posição bípede do homem só foi possível graças ao reposicionamento de
diversas estruturas corporais. A cabeça teve que se equilibrar na porção
superior da coluna vertebral; a cabeça e o tronco tiveram que se posicionar
sobre os membros inferiores, por meio da cintura pélvica; todo o corpo teve de
se equilibrar sobre o espaço ocupado pela planta dos pés, quando estes se
encontraram firmemente apoiados no solo . Para tal foram desenvolvidas
curvaturas ântero-posteriores como forma de adaptação, para aumentar a sua
capacidade para suportar cargas (ASHER, 1976, cit. por FERNANDES et ai.,
1998).
Da mesma forma, assiste-se a um grande desenvolvimento da musculatura.
Esse desenvolvimento vem permitir não só a manutenção da coluna vertebral
na posição vertical, como também manter a cabeça na sua posição erecta,
dado o peso significativo que esta apresenta.
A evolução da postura corporal no homem, ao longo dos tempos, apoiou-se no
desenvolvimento de um mecanismo reflexo, com o objectivo de manter e
recuperar o equilíbrio na posição erecta estática e dinâmica (BOBATH, 1978).
Ou seja, na posição de pé, o principal objectivo de um indivíduo consiste em se
manter nessa posição, sem cair.
Segundo LATASH (1998), o corpo humano pode ser visto como uma estrutura
semi-rígida, oscilante como um pêndulo invertido, cujo eixo de rotação se situa
ao nível dos joelhos.
Segundo KISNER (1987, cit. por FERNANDES et ai., 1998), a postura traduz
uma posição ou atitude do corpo, formada pelo arranjo relativo de suas partes
27
Mestrado em Actividade Física Adaptada
para uma actividade específica, ou tão somente, uma maneira individual de
sustentação, orientada pela força da gravidade.
Para MOCHIZUKI (1995), a postura define-se como uma procura da
manutenção do corpo numa determinada posição, resultante de uma contínua
actividade muscular que luta contra a força da gravidade e estabiliza a acção
das diferentes articulações.
O conceito de sistema postural, para WINTER et ai. (1996) assimila a noção
de um sistema que estabiliza automaticamente as finas e subtis oscilações de
posicionamento através do tónus postural.
Nesta perspectiva de controlo postural, SLOBOUNOV (1996) considera que a
estabilidade postural está relacionada com o meio, podendo determinadas
condições do meio, do organismo, ou mesmo relacionadas com a tarefa (grau
de complexidade), levar à instabilidade postural.
HORAK (1997) considera que o controlo postural traduz uma habilidade que o
sistema nervoso central aprende e aperfeiçoa, sendo para tal necessário
intervirem diversos sistemas, incluindo os elementos passivos biomecânicos, o
sistema sensorial, o sistema muscular, como ainda diferentes partes do
cérebro.
A compreensão do controlo motor é fundamental, portanto, para entender a
forma como a postura é controlada.
O equilíbrio é uma capacidade motora determinante do comportamento geral
de cada indivíduo, e é fundamental para o controlo da postura, quer estática
quer dinâmica.
Quando a soma das forças e a soma dos momentos que actuam sobre o corpo
são ambas iguais a zero, diz-se que o corpo está em equilíbrio.
A capacidade de equilibração é essencial para o ajustamento da postura e do
movimento, determinando o comportamento em geral.
28
Mestrado em Actividade Física Adaptada
HORAK (1997) defende que a manutenção do equilíbrio não é baseada em
respostas fixas, mas sim flexíveis, admitindo que estas possam sofrer
adaptações com o treino e com a experiência de cada sujeito.
Numa situação laboratorial de avaliação do equilíbrio, o indivíduo deverá
manter-se na posição de pé, sobre uma plataforma de forças, fixando o olhar
em frente, na direcção de uma marca colocada à altura dos seus olhos,
procurando permanecer imóvel.
A força resultante da reacção ao solo aplica-se sobre o centro de pressão (CP),
e deriva dos dados das forças e dos momentos.
O CP é uma medida de localização das forças, exercidas na base de apoio, e
permite medir as oscilações do corpo, embora não seja uma medida directa
dessas oscilações (PELLEGRINI, 1999).
Se considerarmos um indivíduo em posição bípede, sobre uma superfície
plana, este encontra-se em equilíbrio quando o seu peso (força vertical, dirigida
para baixo, aplicada sobre o centro de massa ou CG do indivíduo) iguala em
intensidade e direcção, mas com sentido contrário, a FRS (força vertical,
dirigida para cima, com aplicação sobre o CP do indivíduo), no caso de não
actuar mais nenhuma força sobre o indivíduo.
Na posição descontraída em pé, a linha de gravidade oscila por uma área
média, dentro da base de sustentação. Deste modo, a linha de gravidade
projecta-se, anteriormente à articulação do tornozelo, no plano sagital, e entre
os dois pés, no plano frontal (MOCHIZUKI et ai.,1995).
Para manter o equilíbrio do indivíduo, é necessário que a projecção do seu CM
caia dentro da área de apoio, também conhecido como, polígono de
sustentação (NASHNER et ai., 1985).
Sendo a área de apoio relativamente pequena, é exigível um apropriado
controlo ou coordenação dos movimentos nas diferentes articulações do corpo,
por forma a manter o equilíbrio.
29
Mestrado em Actividade Física Adaptada
A manutenção do equilíbrio faz-se, dum modo geral, por uma de duas formas:
ou se altera a dimensão da base de sustentação (aumentando-a,
normalmente), ou se modifica de forma mais ou menos pronunciada a postura
relativa dos segmentos (ex: membros superiores), permitindo variar a
distribuição das massas corporais, por forma a que a projecção vertical do CG
permaneça coincidente com o CP (WINTER, et ai., 1996).
Todavia, quando a projecção vertical do CG do indivíduo se desloca para fora
da sua base de sustentação, o resultado da não coincidência vertical do CG
com o CP é a criação de um momento de força, em torno de um eixo paralelo
ao solo que passa pelo CG, fazendo com que o corpo se desloque na procura
dessa coincidência espacial (do CP e da projecção vertical do CG).
O processo de equilíbrio é simultaneamente dependente e modificador do
tónus muscular, sendo difícil uma análise isolada destes dois aspectos.
As sensações proprioceptivas, de tensão e relaxamento ligamentoso,
contribuem directa e efectivamente para a regulação do tónus postural dos
músculos, que provocam ou modificam aquela tensão.
O cerebelo, conjuntamente com outros órgãos, contribui para o tónus muscular
subjacente à postura do indivíduo, ao seu equilíbrio e também ao tónus de
base dos movimentos (HAYES, 1982).
A maior ou menor estabilidade da postura em equilíbrio de um indivíduo,
depende da maior ou menor sensibilidade deste ao efeito das forças que
tendem a desequilibrar essa postura (CELSO et ai., 2000).
A estabilidade é influenciada por determinados factores. HAYES (1982)
destaca os seguintes:
A área da base de apoio dum objecto, ou corpo, determina a sua estabilidade.
Aumentando a área da base de sustentação, geralmente, faz-se aumentar a
sua estabilidade.
30
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Contudo, pode-se observar a estabilidade de um corpo numa determinada
direcção e não em outra. Por exemplo, quando um indivíduo afasta os seus
pés, aumenta a área da base de apoio, ficando mais estável no plano
transversal, mas não melhora a estabilidade no plano ântero-posterior.
A estabilidade de um corpo é também inversamente proporcional à altura do
seu centro de massa. Ou seja, um corpo com o seu centro de massa baixo
tenderá a ser muito estável, quando comparado com outro com um centro de
massa alto.
A massa de um corpo também exerce influência sobre a sua estabilidade. De
acordo com a segunda lei de Newton, a força aplicada a um objecto é
proporcional à massa do objecto e à sua aceleração. Assim, é necessário uma
força proporcionalmente maior para mover um objecto, ou corpo, com uma
massa superior.
O equilíbrio está directamente relacionado com a estabilidade articular, sendo
que ambos dependem de informações sensoriais, captadas através de
receptores periféricos.
Essas informações, obtidas através dos receptores visual, vestibular e
proprioceptivo, alimentam os mecanismos de controlo envolvidos na
manutenção do equilíbrio postural (IMBIRRA et ai., 2000).
De acordo com os mesmos autores, o equilíbrio resulta sempre de um conjunto
integrado de processos de natureza biomecânica, motora e sensorial.
A estabilidade articular deriva de um número de estruturas e mecanismos,
ambos mecânicos e neuronais, que servem para restringir o movimento
articular aos normais limites anatómicos.
Estruturas estáticas, como ligamentos e cápsulas articulares, servem para
impedir possíveis desvios para além desses limites.
31
Mestrado em Actividade Física Adaptada
A estabilidade pode ser definida como a habilidade para controlar a amplitude e
velocidade de deslocamento do CG, enquanto mantém a posição estática
(SHUMWAY-COOK et ai. 1995, cit. por DANIS et ai., 1998).
Os mecanismos proprioceptivos contribuem também para essa estabilidade
articular, ao promoverem um facilitado controlo neuromuscular.
A proprioceptividade e a força muscular jogam um papel determinante na
conquista do equilíbrio, pela sua acção directa sobre o controle neuromuscular.
O sistema vestibular desempenha a função de maior importância no equilíbrio
da postura, particularmente pela actuação de receptores periféricos, sensíveis
á aceleração.
Outros sistemas sensoriais, tais como a visão e a proprioceptividade, também
exercem a sua influência para o controlo da postura corporal.
Alterações provocadas nestes sistemas podem levar a perturbações mais ou
menos significativas da postura.
Do ponto de vista mecânico, a estabilidade da postura erecta não resulta da
condição de passar a linha da gravidade através dos centros das articulações
que suportam o peso das extremidades. Ou seja, a posição "centrada" não
significa necessariamente uma posição estável (FERNANDES et ai., 1998).
Na postura vertical, o ser humano é inerentemente instável. Os mecanismos
voluntários dos vários segmentos corporais induzem perturbações na postura
devido ao movimento articular resultante e às alterações na geometria do corpo
(LATASH, 1998).
Neste sentido, em pé e em repouso, o corpo humano nunca se encontra
totalmente imóvel; está permanentemente a oscilar de acordo com ritmos
particulares e complexos, por forma a reencontrar continuamente o seu
equilíbrio (DANIS et ai., 1998).
32
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Assim, segundo estes autores, um indivíduo apresenta todos os CG, dos vários
segmentos corporais, em constante movimento,
Segundo HAYES (1982), a estabilização da postura é assegurada por um vasto
número de mecanismos que incluem os ajustamentos posturais antecipatórios,
elasticidade periférica dos músculos e tendões, reflexos musculares, correções
pré-programadas da postura e correcções voluntárias.
MADEIRA (1996) entende que o equilíbrio depende de dois tipos diferentes de
estratégia, consoante o grau de oscilação relativamente ao eixo corporal, nessa
posição:
1- Estratégias automáticas de estabilização fina (mantendo a projecção do CG
dentro do intervalo de 0 a 4o ou não ultrapassando os 100 mm2, em média,
de área de deslocamento da sua projecção horizontal).
2- Estratégias de luta contra a desestabilização, que projecta a linha da
gravidade para além dos limites do polígono de sustentação (são chamados
a intervir os chamados reflexos de equilibração).
Normalmente, as pequenas amplitudes e velocidades de deslocamento do CG
estão associadas a maiores graus de estabilidade.
Na postura descontraída erecta, a linha da gravidade oscila por uma
determinada área, dentro da base de sustentação, recaindo por norma, entre
os dois pés e anteriormente à articulação do tornozelo, resultando numa
alteração constante da distribuição do peso sobre as superfícies de apoio.
A postura humana, associada às adaptações da vida moderna, torna os
segmentos da coluna vertebral (cervical, toráxica e lombar) susceptíveis a
alterações decorrentes de solicitações mecânicas prolongadas (FERNANDES
et ai., 1998).
Uma postura inapropriada pode levar à sobrecarga de alguns segmentos da
coluna, favorecendo possíveis traumas de disco, vértebras, etc. (FERNANDES
et ai., 1998).
33
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Ainda segundo os mesmos investigadores, em situação de utilização de peso
adicional às costas (ex: a mochila escolar), quanto maior for a carga
transportada, maiores serão as tensões aplicadas no corpo.
Se este não se encontrar equilibrado na sua linha de gravidade, produzir-se-á
maior tensão em determinadas regiões e algumas estruturas sofrerão
sobrecargas.
A estratégia que o corpo utiliza para diminuir essas tensões é gerando força
muscular na direcção oposta à inclinação óssea, para equilibrar os momentos
de forças aplicadas, por forma a restaurar a posição anterior.
Uma carga colocada às costas de um indivíduo, implica que a projecção do seu
centro de gravidade seja deslocada para trás. Por isso, toma-se necessário
aumentar a actividade abdominal para contrariar a carga e manter o equilíbrio
geral.
FERNANDES et ai. (1998) reforçam esta ideia, referindo que qualquer desvio
na forma da coluna vertebral, como na rectificação ou na acentuação das suas
curvaturas, pode gerar solicitações funcionais prejudiciais.
No entanto, ainda segundo os mesmos autores, a amplitude dessas curvaturas
é caracterizada por claras variações individuais, pelo que nem sempre é fácil
diagnosticar um quadro de anomalia.
A estabilidade do sistema postural do indivíduo é garantida pela regulação do
tónus postural.
A acção de um músculo particular não é independente de outros músculos. A
co-acção de músculos anteriores e posteriores, bem como da musculatura
bilateral simétrica, joga um importante papel na estabilidade da postura e
suporte.
Manter o equilíbrio na postura bípede, constitui um complexo mecanismo de
controlo, que é suportado por um fluxo de impulsos neurológicos, provenientes
dos sistemas proprioceptivo, vestibular e óculo-motor, cujas informações são
34
Mestrado em Actividade Física Adaptada
processadas pelo sistema nervoso central (SNC) e regressam pelas vias
eferentes para manter o controlo do equilíbrio corporal, pela contracção dos
músculos antagonistas anti-gravitacionais (NASHNER, 1998, cit. por OLIVEIRA
et al., 1999).
A adequada repartição do tónus muscular para esta situação concreta, de
utilização duma carga adicional sobre a região posterior do tronco, traduz o
trabalho harmonioso dos diferentes níveis do SNC, que cooperam, quer nas
acções reflexas posturais, quer nas acções facilitadoras e/ou inibidoras dos
reflexos posturais (WINTER et al., 1996). Estes autores referem, ainda, que os
músculos abdutores e adutores da anca constituem o principal mecanismo de
controlo postural na direcção médio-lateral, desencadeando a transferência de
peso de um apoio para o outro, ou aumentando as forças horizontais,
relacionadas com o atrito com o solo.
Quanto mais baixo for a colocação do posicionamento do CG do corpo maior
será a estabilidade do equilíbrio. Quando é colocada às costas um peso
adicional (ex: a mochila), não só se desloca posteriormente a linha da
gravidade, como se eleva o CG do indivíduo com a carga, diminuindo a
estabilidade e equilíbrio do corpo (HAYES, 1982).
Para minimizar essas alterações, são colocadas maiores exigências aos
músculos posturais e o corpo compensará com uma inclinação do tronco para
o lado contrário (para a frente), trazendo, de novo, a linha de gravidade para
dentro da base de sustentação (FERNANDES et al., 1998).
Outro dado importante que importa contemplar quando se avalia o equilíbrio de
um indivíduo é o de conhecer os limites de estabilidade que o caracterizam. Se
um indivíduo apresentar um limite de estabilidade mais amplo, uma maior área
de deslocamento do CP, na posição neutra, não reflecte instabilidade, mas sim
outro processo que pode estar ligado à quantidade de informações aferentes.
Ao invés, se esses limites de estabilidade forem menores, maiores deslocações
do CP poderão indicar deficiências no sistema de controlo motor (CELSO et al.,
2000). Podemos então falar de limites de estabilidade diferentes de indivíduo
para indivíduo.
35
Mestrado em Actividade Física Adaptada
MOCHIZUKI et ai. (1999) afirmam que a visão pouco influencia a oscilação
média do CP. No entanto, a complexidade da tarefa parece ser o factor mais
importante para essa oscilação.
O membro inferior é um sistema articulado, num equilíbrio dinâmico, sob acção
de forças internas, decorrentes da própria contração muscular, e forças
externas, tais como a inércia, a força de gravidade e a força de reacção do solo
(MOCHIZUKI et ai.,1999).
2.3.1. A FORÇA DE REACÇÃO DO SOLO
A quantificação, em Laboratório, da resposta postural, pode ser útil para
predizer o equilíbrio no desempenho das tarefas funcionais, assim como para
medir clinicamente este equilíbrio (SHUMWAY-COOK, 1997).
Como resultado da interacção do apoio do indivíduo com a plataforma de
forças, são medidas as forças e os momentos de força, permitindo determinar a
localização do centro de pressão (CP) e como evolui a sua posição ao longo do
tempo.
O gráfico resultante da evolução espacial do CP nas direcções médio-lateral e
ântero-posterior é conhecido como estabilograma.
A estabilometria consiste num método de análise do equilíbrio postural através
da quantificação das oscilações do corpo, nas direcções ântero-posterior (y) e
médio-lateral (x). A plataforma de forças tem sido o instrumento utilizado com
mais frequência para aquisição dos sinais estabilométricos.
As variáveis tradicionalmente estudadas, a partir dos dados obtidos da
plataforma de forças, têm sido: a média e o desvio padrão da área, o
36
Mestrado em Actividade Física Adaptada
comprimento e amplitude do deslocamento do CP num determinado plano
(ântero-posterior e médio-lateral).
Segundo MOCHIZUKI et ai. (1999), os movimentos do CP na direcção A/P e
M/L são independentes entre si, pelo que os mecanismos para o seu controlo
são diferenciados nessas direcções.
Ainda segundo os mesmos autores, nas posturas de equilíbrio em duplo apoio,
são verificados maiores valores de oscilação na direcção ântero-posterior.
O sinal estabilométrico pode ser analisado através de determinadas variáveis
espaciais, tais como a área de deslocamento do CP no plano da plataforma
(HASSAN et ai. 1990; OLIVEIRA et ai. 1996).
A partir das últimas duas décadas, têm sido utilizados vários métodos para a
análise dos dados da postura, obtidos através da plataforma de força. Uns
avaliaram a amplitude e área de migração do CP (SLOBOUNOV e NEWELL,
1996), outros analisaram a velocidade de migração do CP (STARKS et ai.,
1992), ou ainda o comprimento do percurso realizado pelo CP (NORRE et ai.,
1987), a análise espectral (HAYES et ai., 1985), entre outras.
O desenvolvimento de estudos estabilométricos, com possibilidades de análise
da amplitude, da área, do comprimento e velocidade de migração do CP, bem
como do estudo do seu espectro de frequências, têm permitido aprofundar o
conhecimento acerca da estabilidade postural em diversas populações.
Todavia, não encontrámos registos de estudos que incluíssem estes
parâmetros, numa abordagem aos efeitos da carga na alteração do equilíbrio
de um indivíduo.
As características espectrais das oscilações posturais têm despertado
interesse de vários investigadores, no sentido de identificar padrões específicos
de comportamento, dos sistemas envolvidos no controle do equilíbrio postural
(AGGASHYAN, 1972; BIZZO et ai. 1973).
37
Mestrado em Actividade Física Adaptada
O espectro de potência de sinais estabilométricos é calculado, na maioria das
vezes, via "Transformada Rápida de Fourier" (FFT). A FFT é um algoritmo de
fácil implementação e já amplamente utilizado na análise espectral de sinais
estabilométricos, em relação à forma da curva (LEROUX et ai., 1973); às
frequências dominantes (SOAMES et ai., 1982) à frequência média (ERA et ai.,
1985) e à energia (ganhos) relativa por banda de frequência (YONEDA et ai.,
1986; PRIETO et ai., 1992; OLIVEIRA et ai., 1994).
Ainda segundo YONEDA et ai., 1986; PRIETO et ai., 1992; OLIVEIRA et ai.,
1994, as oscilações posturais são caracterizadas por uma baixa frequência,
sendo a banda que vai dos 0 aos 2 Hz, aquela que regista os eventos
relevantes.
2.3.2. DISTRIBUIÇÃO DA PRESSÃO PLANTAR
A distribuição de pressão na superfície plantar pode revelar, segundo AMADIO
e SACCO (1999), importantes conhecimentos tanto sobre a estrutura e função
do pé, como também sobre o controlo postural de todo o corpo.
Deste modo, os dados qualitativos e quantitativos da força de reacção do solo,
assim como dos padrões de distribuição de pressão na superfície plantar, são
de enorme relevância para diferentes grupos profissionais que se envolvem na
investigação em Biomecânica.
Ainda persistem diferentes opiniões acerca da exacta natureza da distribuição
das cargas nas várias cabeças metatársicas, durante a posição de pé parado.
CAVANAGH et ai., (1987) encontraram elevadas pressões sob as cabeças dos
metatarsos II e III. Ao invés, STACOFF e LUETHI (1986), concluíram que a
sustentação do corpo é realizada principalmente em três pontos do pé: o
calcâneo e as bases distais dos metatarsos I e V.
38
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Dum estudo realizado por BETTS et ai. (1980), acerca da distribuição dos picos
de pressão plantar pelo retropé e antepé, os autores utilizaram 29 crianças na
posição de pé, tendo encontrado uma pressão aproximadamente 1,94 vezes
maior no calcanhar que na parte anterior do pé.
Outros autores, utilizando amostras constituídas por sujeitos adultos de ambos
os sexos, verificaram essa mesma tendência para se registarem pressões na
região do retropé bem superiores às verificadas no antepé, durante a posição
em causa.
GRIEVE e RASHDI (1984) encontraram pressões 1,74 vezes maiores e
CAVANAGH et ai. (1987) chegaram a valores de 2,6 superiores. Estes últimos
autores, utilizando uma amostra de 107 indivíduos, verificaram que, durante a
posição de pé parados, 60,5% do peso se concentra no calcanhar, 7,8% no
mediopé, 28,1% no antepé e 3,6% nos dedos.
39
Mestrado em Actividade Física Adaptada
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo por nós realizado foi escorado por duas intervenções, de diferente
natureza, mas de características complementares.
Numa primeira etapa realizámos um estudo de natureza epidemiológica, no
qual se pretendeu caracterizar a realidade concreta, em relação ao peso
transportado diariamente nas mochilas e/ou sacos escolares, por alunos do 5o
e 6o anos, de duas escolas da zona do Grande Porto.
Para tal optámos por duas Escolas com padrões de gestão opostos; uma
Escola Pública e um Colégio Privado, por forma a apresentar a realidade
existente, na sua variabilidade.
Terminada a recolha dos dados, relativos às características físicas dos alunos,
assim como da carga habitualmente transportada na mochila, ao longo da
semana, procurámos saber mais, através de um inquérito por nós elaborado,
acerca das condições em que esse transporte era realizado, das eventuais
dores provocadas pelo peso da carga, sua localização, etc.
De referir que este estudo epidemiológico foi realizado conjuntamente com
Carvalho (2002), autor que desenvolveu uma dissertação subordinada à
mesma temática, tendo partilhado da mesma amostra, mas seguindo,
posteriormente, uma abordagem cinemática.
Numa segunda etapa, demos curso a um trabalho experimental, de natureza
laboratorial, onde contámos com uma amostra mais reduzida, previamente
seleccionada, com a qual procurámos analisar a influência que diferentes
níveis de carga produziriam, no padrão da marcha e do equilíbrio dos sujeitos.
Para esse efeito, optámos por uma instrumentação recorrente em estudos da
dinâmica, utilizando uma plataforma de forças, que aqui surgiu,
40
Mestrado em Actividade Física Adaptada
complementarizada por um sistema de captação da distribuição das pressões
plantares.
3.1. Caracterização dos sujeitos e do Protocolo Experimental
3.1.1. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO
Neste estudo participaram 563 alunos do 5o e 6o anos de escolaridade de duas
Instituições de Ensino da região do Grande Porto; uma Escola Pública e um
Colégio Privado.
A amostra foi constituída por um total de 288 sujeitos do sexo masculino
(51.2%) e 275 (48.8%) do sexo feminino, com idade média de 10,9 ± 1,08
anos, peso corporal de 42,7 ± 10,0 kg e altura média de 149,3 ± 8,28 cm.
3.1.2. ESTUDO LABORATORIAL DA MARCHA E DO EQUILÍBRIO
Deste estudo laboratorial, fez parte um grupo de 11 jovens voluntários do sexo
masculino, alunos do Colégio Particular, com idade média de 11,7 ± 0,64 anos,
com peso corporal médio de 38,2 ± 5,25 kg e com uma estatura média de
150,9 ±4,95 cm.
Estas características não apresentaram diferenças significativas relativamente
às características da amostra do estudo epidemiológico.
Os critérios para a escolha desta amostra foram os seguintes:
Primeiro, todos os sujeitos integravam a amostra do estudo epidemiológico.
Depois, qualquer dos onze sujeitos seleccionados, transportava habitualmente
41
Mestrado em Actividade Física Adaptada
na sua mochila escolar, ao longo da semana, cargas variando entre 0 e 30% do
seu peso corporal.
Como característica comum, referimos ainda o facto de todos estes jovens não
apresentarem qualquer história clínica de lesões do sistema locomotor ou do
sistema neuromuscular.
Finalmente, com o objectivo de facilitar a adesão dos alunos, optámos por
seleccionar sujeitos na mesma turma, para cada sessão de testes. Deste
modo, pretendíamos igualmente proporcionar um ambiente de maior
descontração dentro do Laboratório, por forma a optimizar os resultados
experimentais.
3.2. Metodologia e materiais utilizados
3.2.1. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO
A recolha de dados, referentes ao peso das mochilas (e sacos escolares
auxiliares) que os alunos levavam para a Escola, foi realizada ao longo de seis
semanas, cobrindo todos os dias da semana, em qualquer das escolas
estudadas.
Paralelamente, foi solicitada a colaboração dos respectivos professores de
Educação física destes alunos, que se responsabilizaram pelo registo do peso
corporal e altura dos mesmos, durante as aulas de Educação Física.
Para a pesagem dos alunos, foi utilizada uma balança analógica, da marca
KRUPS, mod. 829 e uma fita métrica colada numa parede, para o registo da
sua altura.
O inquérito por nós elaborado, resultou de um conjunto de procedimentos que
visaram adequar o tipo de questões, com interesse assente nos trabalhos
42
Mestrado em Actividade Física Adaptada
desenvolvidos por PASCOE et ai. (1997) e NEGRINI et al.(1999), à realidade
humana e física que caracterizava a nossa amostra.
Assim, iniciámos uma reflexão falada, com três crianças do 5o e 6o anos, de
uma das Escolas estudadas, colocando-lhes questões oralmente, ao mesmo
tempo que íamos apontando o tipo de resposta, as dúvidas por eles colocadas
e grau de pertinência das questões, face à realidade do seu quotidiano.
Após esta fase, elaborámos um pré-teste com 12 questões de resposta rápida,
sendo a maior parte de preenchimento através de uma cruz.
O grau de objectividade, simplicidade e relevância das questões deste pré-
teste, foram avaliados em duas turmas do 5o e 6o ano de escolaridade, de uma
Escola em Aveiro.
Após este procedimento, houve necessidade de reformular algumas questões
que necessitavam de maior objectividade, simplificar a forma de apresentação
de outras, para encurtar o tempo de resposta e diminuir, ou eliminar, todas as
dúvidas de interpretação.
Passadas duas semanas, foi apresentado às mesmas turmas o pré-teste,
agora reformulado, tendo-se verificado que as alterações produziram o efeito
desejado. Todavia, ainda foram detectadas questões que necessitariam de
uma ligeira alteração.
Finalmente, o documento final, validado por uma reflexão falada e dois pré
testes, foi aplicado aos 563 alunos da amostra inicial, pelos respectivos
professores de Educação Física, previamente elucidados quanto aos cuidados
a ter na apresentação do documento aos alunos e esclarecimento de eventuais
dúvidas que estes pudessem colocar.
43
Mestrado em Actividade Física Adaptada
3.2.2. ESTUDO LABORATORIAL DA MARCHA
O estudo laboratorial da marcha foi materializado em duas vertentes: a análise
do comportamento da força de reacção do solo (FRS) e o resultado da mesma
na superfície plantar dos pés, ao nível da distribuição das pressões plantares.
Para a análise dinamométrica do ciclo da marcha, nomeadamente pela
observação do comportamento das FRS, foi utilizado o seguinte equipamento:
• Uma plataforma de forças BERTEC 4060-15;
• Um amplificador BERTEC AM 200;
• Uma unidade de conversão analógico-digital de 16 Bites (da marca
BIOPAC);
• Uma unidade de sincronização
• Um computador (PC)
Figura 2 - Sujeito 1 realizando o apoio sobre a plataforma de forças, durante o
teste da marcha, com carga (mochila).
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Mestrado em Actividade Física Adaptada
Todas as grandezas biomecânicas (forças e momentos) do sinal eléctrico,
recebido pela plataforma, foram amplificadas com ganhos de 10 vezes, excepto
para Fz (apenas 5 vezes).
De seguida, foram filtradas por um filtro Passa-Baixo de frequência de corte de
1000 Hz.
Ao amplificador da Biopac esteve ligada uma placa de conversão analógico-
digital, com uma taxa de amostragem de amostras por segundo.
Os sinais foram processados por um computador, utilizando o software
Acqknowledge (ACK) e Matlab.
A utilização deste equipamento permitiu definir um sistema tridimensional de
coordenadas (x, y, z), onde as componentes transversal, horizontal e vertical,
respectivamente, foram observadas.
Foram registados os valores das componentes da força de reacção do solo,
referentes a um ciclo de marcha iniciado com o apoio do pé direito, sobre a
plataforma, e um ciclo de marcha iniciado com o apoio do pé esquerdo, sobre a
mesma plataforma. Foram realizadas três tentativas e respectivos registos com
cada pé.
A plataforma de forças utilizada no nosso estudo encontrava-se colocada no
centro de um estrado com 5 m de comprimento por 0,92 m de largura, a cerca
de 1,5 m do início da marcha. As suas dimensões são: 0,70 m de comprimento
por 0,40 m de largura.
Figura 3 - Esquema gráfico
do sistema do protocolo
experimental utilizado para
análise da marcha.
m
, V
tís*^
- I f )
I
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Todos os indivíduos foram previamente aconselhados a realizarem a
deslocação (marcha) à sua velocidade normal.
Com o objectivo de atingir o centro da plataforma de força com o pé pretendido,
e prevenir que a marcha dos indivíduos não fosse alterada, foi sendo aferido o
local no estrado onde iniciassem a marcha.
Deste modo, o ponto de partida para a marcha foi ajustado e pré-definido, com
o objectivo de que, ao segundo apoio, o pé responsável por esse contacto
tocasse no centro da plataforma, como se poderá observar a partir da figura 2..
Simultaneamente, foi colocada uma figura-alvo à altura da cabeça, na parede
em frente, no final do estrado.
Os sujeitos eram instruídos a andar de forma relaxada e tão natural quanto
possível, tentando fixar o olhar nessa figura e evitando, deste modo, olhar para
a plataforma de força.
Após o domínio da cadência da passada, tão natural quanto possível e,
associada à colocação do apoio do pé pretendido na plataforma, procedeu-se
ao registo de um total de 3 tentativas, com o pé direito, e outras três, com o pé
esquerdo, sem carga e com a mochila, transportando 15% e 30% do seu peso
corporal em livros.
Durante as várias repetições de passagem sobre o estrado, foram permitidos
períodos de descanso (até dois minutos), tanto maiores quanto mais pesada se
encontrava a mochila, por forma a evitar as possíveis influências de fadiga, no
padrão motor dos alunos.
Sempre que se elevava o valor da carga na mochila, os alunos eram
aconselhados a ajustarem as alças da mesma, por forma a sentirem-se mais
confortáveis, sendo alguns desses critérios, observados subjectivamente.
A mochila utilizada, da marca Quiksilver, era dotada de duas alças
almofadadas e reguláveis.
46
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Como carga para a mochila, recorremos a livros de vários tamanhos e, para o
registo da magnitude da carga transportada, utilizámos uma balança analógica.
A opção pela mochila utilizada, prendeu-se com o facto de ser aquela que
apresentava características estruturais, semelhantes à maioria das mochilas
que foram pesadas durante o estudo epidemiológico efectuado inicialmente.
Uma vez que decidimos trabalhar com valores relativos de peso para a
mochila, 15% e 30% do peso corporal de cada sujeito, foi necessário ajustar o
valor da carga, em livros, para cada aluno, em função da percentagem de PC a
transportar.
Com o objectivo de descrever as características temporais da marcha de cada
sujeito em particular, e do grupo em geral, para cada situação diferenciada de
carga transportada, foram calculados os valores normalizados das variáveis:
tempo total do apoio e intensidade da FRS.
A normalização da base do tempo foi determinada pelo sinal da componente
vertical da força de reacção do solo, estabelecendo que o tempo inicial (início
do apoio) passasse a valer 0% e o último instante (fim do apoio) passasse a
valer 100%, pois o nosso principal interesse, foi a análise da fase de apoio do
ciclo da marcha.
Os valores da FRS tiveram as suas intensidades normalizadas ao valor do
peso corporal de cada sujeito, na situação de ausência de carga (0%) e ao
peso total (o peso do sujeito + o peso da mochila carregada com 15 e 30% do
PC), conforme procedimento utilizado por BEZERRA et ai.(1999).
O protocolo experimental que utilizámos, partiu do pressuposto que,
simultaneamente com o toque do calcanhar do indivíduo na plataforma, o
sistema começasse a registar o valor da força actuante (FRS), a partir do seu
"zero".
Para tal, o controlo do nível de disparo ("trigger") do sistema foi ajustado por
forma a que o primeiro contacto do pé na plataforma de forças desse início à
captação dos dados.
47
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Esse nível de disparo foi sendo ajustado em cada sessão de testes, em função
do ruído existente, por forma a evitar disparos provocados pelo mesmo.
Isto é tão importante quanto o facto de que pretendíamos que o sistema
iniciasse a aquisição, logo após o início do apoio na plataforma.
Estes fenómenos de ruído são comuns no Laboratório, pela interferência, por
exemplo, de outros equipamentos, da própria instalação eléctrica, etc.
Todavia, em determinadas sessões de testes, não foi possível iniciar a
aquisição dos dados, imediatamente após esse contacto inicial. O valor do
trigger foi elevado por forma a evitar a aquisição aleatória de dados e, como
resultado, o sistema apenas disparou para valores de Fz excessivamente
superiores a zero.
Deste modo, o registo das forças iniciava-se com um atraso de tempo em
relação ao primeiro contacto efectivo do pé com a plataforma.
Com três indivíduos da amostra, esse atraso de tempo foi significativamente
superior a zero, justificado pela curva vertical apresentar um desenho que
assinala, o valor de Fz inicial, significativamente superior a zero (cerca de 60%
do peso corporal do indivíduo).
Por este facto, decidimos abdicar dos dados temporais obtidos, relativos a
estes apoios, embora os valores dos picos máximos e mínimos das
componentes vertical e horizontal da FRS tenham sido utilizados para
tratamento estatístico.
Ainda referente a esta contingência experimental, salientamos o facto de três
outros indivíduos da amostra, apresentarem registos da FRS com atrasos de
tempo significativamente pequenos (até dois centésimos de segundo, no
máximo).
Com estes registos, realizámos a reconstrução da curva da componente
vertical da FRS (Fz), recorrendo a um programa elaborado em Matlab.
48
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Estatisticamente, as implicações decorrentes deste condicionalismo
expressaram-se nas seguintes práticas:
Dos onze indivíduos da amostra inicial, somente com cinco, foi possível avaliar
o impulso vertical relativo referente aos dois picos de Fz (ImpFzl e lmpFz2) e
os picos máximo e mínimo da componente transversal de Fz (Fxmáx e Fxmín).
Da mesma forma, apenas com oito indivíduos se puderam avaliar as taxas de
crescimento dos picos da força vertical (TcFzl e TcFz2), assim como da
variação de tempo, em que ocorreram todos os eventos seleccionados,
referentes à FRS.
3.2.3 ESTUDO LABORATORIAL DO EQUILÍBRIO
Tendo como objectivo a análise das alterações produzidas ao equilíbrio
postural dos indivíduos, sujeitos a diferentes níveis de carga, colocada na
mochila às costas, recorremos à estabilometria.
A estabilometria consiste num método de análise do equilíbrio postural, que se
baseia na quantificação das oscilações do Centro de Pressão (CP).
Para o efeito, utilizámos uma plataforma de força, isolando a força vertical e
analisando o deslocamento do CP no plano e decomposto nas direcções
ortogonais ântero-posterior e médio-lateral (OLIVEIRA, 1996).
Além da plataforma de força (BERTEC 4060-15), o equipamento que utilizámos
foi composto por:
• Um amplificador BERTEC AM 200;
• Uma unidade de conversão analógico-digital (A-D) de 16 Bites (da marca
BIOPAC);
• Uma unidade de sincronização
• Um computador (PC)
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Mestrado em Actividade Física Adaptada
A unidade de conversão A-D foi regulada com uma frequência de amostragem
de 500Hz.
Todas as grandezas biomecânicas (forças e momentos) foram amplificadas por
um amplificador BERTEC AM 200, com ganhos de 10 vezes, excepto para Fz
(apenas 5 vezes) e passadas por um filtro Passa-Baixo de frequência de corte
de 1000 Hz.
Não utilizámos a capacidade máxima de amostragem do sistema Biopac, que é
de 1000 Hz por duas razões: primeiro, por uma razão de incapacidade
tecnológica do nosso sistema, que não nos permite realizar 1000 amostras/ s
durante 30 segundos. Depois, porque, segundo a literatura consultada, não
iríamos encontrar componentes relevantes no sinal estabilométrico para além
dos 2 Hz, logo, a frequência de 500 Hz foi julgada suficiente para a
representação do sinal.
Pela teoria da amostragem, utilizando esta frequência de amostragem,
conseguimos captar componentes no sinal estabilométrico até 250 Hz.
Os sinais foram processados por um computador PC, em software
Acqknowledge (ACK).
Os canais dedicados à aquisição do sinal da plataforma de força foram três,
dos quais um correspondia à componente vertical (Fz), e os outros dois aos
momentos da força ântero-posterior e médio-lateral.
Os procedimentos utilizados para a recolha dos dados foram os seguintes: aos
11 alunos foi pedido que permanecessem sobre a plataforma de força o mais
imóveis possível, durante 30 segundos, na posição vertical, conforme
documenta a figura 4.
Os pés ficariam paralelos e unidos um ao outro, assim como o seu olhar
dever-se-ia fixar sobre uma figura-alvo, colocada na parede em frente, ao nível
da cabeça.
50
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Figura 4 - Equilíbrio bipodal do sujeito 2 com carga, durante o teste de 30 s.
3.2.4. DISTRIBUIÇÃO DA PRESSÃO PLANTAR
A força de reacção do solo (FRS) é, como o próprio nome indica, a reacção a
toda e qualquer acção exercida pelo indivíduo através dos seus pés sobre o
solo.
Esta força pode ser medida, bem como as suas componentes, através de
vários aparelhos. Alguns desses aparelhos, como a plataforma de força,
medem a intensidade, a direcção e o sentido dessa força, sem no entanto,
fornecer qualquer informação quanto à sua distribuição pelo pé.
Todavia, existem aparelhos que medem as pressões resultantes desse
contacto no solo, identificando as regiões do pé submetidas a maiores ou
menores cargas.
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O sistema por nós utilizado para medir as respostas dinâmicas das forças e
suas características directamente na superfície plantar, foi o sistema PEDAR
(Firma Novel, Munique, Alemanha).
Este sistema permite analisar a informação recolhida a dois níveis:
A nível qualitativo, permite caracterizar a distribuição das pressões ao longo do
apoio, sua evolução temporal, destacando a localização das áreas de maior
pressão, assim como dos picos de pressão que se forem formando.
Como se pode observar a partir das figuras 5 e 6, essa informação pode ser
apresentada através de imagens 2D e/ou 3D, conforme as necessidades do
utilizador.
A nível quantitativo, o sistema oferece valores de Pressão máxima e Pressão
média, por sensor da palmilha; de Força máxima e Força média, desenvolvidas
pelo apoio; área de contacto (onde se registaram pressões plantares) e o
Percurso que o CP realiza pelo apoio, como resultado da aplicação da força.
Figura 5 - Saída gráfica 2D Figura 6 - Saída gráfica 3D do sistema Pedar. do sistema Pedar.
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Mestrado em Actividade Física Adaptada
Conforme documenta a figura 7, o sistema PEDAR é composto pelo seguinte
equipamento:
a) Um par de palmilhas;
b) Uma caixa de sincronização, ligando as palmilhas a uma unidade de
controlo de sincronização, por meio de cabos eléctricos;
c) Um computador (PC);
d) Uma unidade de interface (sincronização) entre as palmilhas, o PC e a
corrente eléctrica;
e) Um transformador, ligado à corrente eléctrica e à caixa de interface;
f) Um conjunto de cintas de aperto por velcro, que ajustam os cabos das
palmilhas às pernas do sujeito a estudar.
Figura 7 - Equipamento principal do sistema Pedar para o registo das pressões
plantares.
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Mestrado em Actividade Física Adaptada
Os tamanhos de palmilha, utilizados pelos jovens da nossa amostra, foram
38/39 e 40/41 (EU).
No nosso estudo, o registo das pressões plantares realizou-se a partir da
palmilha, colocada entre a superfície plantar do pé e a palmilha do sapato
(ténis).
De salientar que todos os alunos testados utilizaram calçado desportivo
próprio. Este facto enfatiza o objectivo central deste estudo, que consiste na
avaliação das modificações produzidas apenas pelo acréscimo de peso
transportado nas mochilas.
Deste modo, as diferenças entre o calçado utilizado pelos indivíduos foram
desprezadas.
O protocolo utilizado por nós, para avaliação do padrão da marcha, impunha
que as palmilhas iniciassem a recolha de dados, a partir do toque inicial do pé
na plataforma de forças.
A unidade de sincronização Biopac estabelecia o sincronismo da captação de
amostras da plataforma (ACK) com as amostras das palmilhas (Pedar),
conforme a representação esquemática traduzida pela figura 8.
PLATAFORMA 7- BIOPAC
Sincionistno
ACK
0,04 0,08
' —> TEMPO (s)
1 = 3 C=L 0 0,02 0,04 0,06 0,08
PEDAR
Figura 8 - Sincronismo das amostras obtidas pelo ACK (FRS) e pelo PEDAR
(pressão plantar).
54
Mestrado em Actividade Física Adaptada
A frequência de amostragem máxima das palmilhas é de 50 Hz, ou seja, cada
frame (imagem) é adquirida durante 0,02 s e a frequência de amostragem do
Acqknowledge (ACK) é de 25 Hz, sendo o início da amostragem controlado
pelo ACK.
No entanto, não foi possível realizar aquisições do ACK no mesmo intervalo do
sistema Pedar (0,02 s), porque sempre que era tentado sincronizar a resolução
dos dois sistemas, os resultados obtidos apresentavam menor consistência,
devido à instabilidade que o sistema apresentava., não havendo sincronismo
com a duração de cada aquisição.
Deste modo, e para simplificar o cálculo da proporcionalidade da duração de
cada amostragem, regulámos a taxa de aquisição do ACK para 0,04 s.
O ACK emite um sinal de sincronismo em cada 0,04 s. Significa que cada
frame nas palmilhas corresponde a 0,04 s no ACK.
Para verificar as correlações entre os dados de ambos os sistemas, apenas
nos interessou o apoio do pé que tocasse a plataforma.
Embora as palmilhas continuassem a registar, o sistema PEDAR era desligado
através de um dispositivo de disparo manual (documentado pela figura 9), após
a entrada do pé na fase de balanço, evitando-se novos registos com o mesmo
pé.
v\ — SINC Out—>
v\ TRIGGER
Biopac
— SINC Out—>
, ^
v\ — SINC Out—>
\ ON v\ — SINC Out—> / -.fcjSs- / Recolha de
DADOS — SINC Out—> Unidade de SINCRONISMO SINC In —* PEDAR
Palmilhas / -.fcjSs-f s
Recolha de DADOS — SINC Out—> Unidade de
SINCRONISMO SINC In —* PEDAR Palmilhas
PLATAFORMA f s
Recolha de DADOS — SINC Out—> Unidade de
SINCRONISMO SINC In —* PEDAR Palmilhas
PLATAFORMA — SINC Out—> Unidade de
SINCRONISMO PLATAFORMA
— SINC Out—>
^
PLATAFORMA — SINC Out—>
OFF
PLATAFORMA — SINC Out—>
Figura 9 - Esquema do protocolo experimental de captação simultânea de
dados das palmilhas e da plataforma de força, para a situação de marcha.
55
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Tal como documenta a figura 10, no protocolo experimental do equilíbrio, a
captação de dados da plataforma de forças e das palmilhas era iniciada a partir
de um mecanismo de disparo manual, logo após ser mantida a posição estática
por parte do sujeito em observação.
O N / O F F
\í y
Recolhi de DADOS BIOPAC
A-D
| ON
Unidade de SINCRONISMO — SINC Out—* PEDAR
Palmilhas
| OFF
Figura 10 - Esquema do protocolo experimental de captação simultânea de
dados das palmilhas e da plataforma de força, para a situação do equilíbrio.
Através do software específico das palmilhas {PEDAR) obteve-se a imagem
bidimensional e tridimensional das alterações, ao nível da distribuição das
pressões plantares, a cada frame, ocorridas durante o apoio. Estas imagens
podem ser reveladas imagem a imagem, ou numa sequência dinâmica.
Apesar destas possibilidades, não pudemos contar com a total resolução das
palmilhas para o nosso estudo, pelo facto da calibração das mesmas não ser
adaptada a crianças ou jovens leves, mas apenas a adultos.
A calibração destas é realizada de tal forma que cada sensor reconhece
pressões a partir de determinado valor, sendo que, neste caso, apenas
garantia a resolução absoluta se utilizadas por adultos, i.e. com pesos
56
Mestrado em Actividade Física Adaptada
superiores. Assim, pese embora as células terem sido activadas, a sua
informação em termos de valores da pressão, força e área, não podem ser
tomadas em consideração, pois pecam por defeito.
Para a análise qualitativa da distribuição da pressão plantar durante a marcha,
utilizámos um mapa da superfície plantar do pé, concordante com aquele
apresentado por SACCO (1997), que reparte o pé em 4 áreas de pressão:
Figura 11 - Esquema da divisão do pé
em quatro áreas de pressão plantar
SACCO (1997).
a) Área de pressão I: Hálux, onde ocorre, conjuntamente com o metatarso
medial, o apoio na inversão para a propulsão final da marcha para a fase de
balanço;
b) Área de pressão II: Metatarso medial, apoio durante a inversão na marcha;
c) Área de pressão III: Metatarso lateral: apoio durante a fase de eversão na
marcha;
d) Área de pressão IV: Calcanhar: Onde ocorre o ataque inicial do pé durante
o início da fase de apoio na marcha.
Com a abordagem à informação do registo da pressão plantar, pretendemos
alcançar dois objectivos fundamentais.
Um primeiro, o de caracterizar e determinar as zonas da planta do pé onde se
regista a maior incidência de pressão plantar, nos três momentos de carga
57
Mestrado em Actividade Física Adaptada
(0%, 15% e 30% do PC), em especial, através da detecção dos picos de
pressão plantar formados.
Esta tarefa comporta um aspecto comparativo posterior, comparando as zonas
de pressão das quatro áreas designadas, nas três situações testadas.
O outro objectivo, consiste na sobreposição desta informação qualitativa do
apoio realizado, com os dados obtidos pela plataforma de força, de forma a
aumentar o conhecimento da forma como os indivíduos se comportam na
marcha e no equilíbrio, com mochilas com diferente nível de carga.
Com o objectivo de caracterizarmos qualitativamente a distribuição de pressão
plantar ocorrida em cada nível de carga utilizada, seguimos a seguinte
estratégia:
Inicialmente partimos na procura de um padrão de distribuição de Pressão
Plantar, nos três níveis de carga estudados, pelas quatro áreas de Pressão
(AP) apresentadas por SACCO (1999), com especial ênfase no local da
formação de picos de pressão plantar.
De seguida, comparámos os padrões de distribuição dessa pressão plantar,
característica de cada valor de carga utilizada, tentando encontrar as
diferenças mais substanciais e as principais alterações no padrão dessa
distribuição, que pudesse ser justificada por influência do factor carga.
No entanto, verificámos a dificuldade em definir somente um padrão de
distribuição da pressão plantar, para cada nível de carga, entre todos os
sujeitos.
A natureza de grande variedade inter-individual, no que toca a este parâmetro,
já tinha sido descrita por CAVANAGH et ai. (1987) e SACCO (1999), em
estudos realizados com amostras constituídas por indivíduos acometidos por
neuropatia diabética.
As diferenças ao nível da morfologia do pé de cada indivíduo, supostamente
terão justificado essas dessemelhanças.
58
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Além disso, os dados colectados dos onze sujeitos, têm um carácter apenas
referencial, não sendo possível estabelecer generalizações quanto a diferenças
e semelhanças entre os padrões encontrados, por se tratar de uma amostra
reduzida.
Contudo, foi possível constatar uma prevalência maior para determinado
padrão, pelo que apresentamos os resultados, enfatizando essa tendência
observada.
3.3. Definição das variáveis seleccionadas
3.3.1. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO
Numa primeira abordagem, a variável PESO da mochila foi considerada
primordial. Associada a esta, outras variáveis, tais como: o peso corporal, a
idade e a altura dos sujeitos foram consideradas importantes parâmetros para
melhor caracterizar a amostra.
Após a avaliação do valor absoluto da carga transportada nas mochilas e/ou
sacos auxiliares, normalizámos esse valor ao peso do indivíduo responsável
pelo seu transporte, de acordo com os trabalhos BEZERRA et ai. (1999);
HONG et ai. (2000) e PASCOE et ai. (1997).
Com recurso ao inquérito e atendendo aos estudos produzidos por PASCOE et
ai. (1997), considerámos importantes as seguintes variáveis:
• A frequência de utilização da mochila escolar;
• Características da mochila utilizada pela maioria dos alunos;
• Grau de conforto / desconforto que a mochila carregada oferece aos alunos;
59
Mestrado em Actividade Física Adaptada
• Sensação de peso transportado habitualmente na mochila;
• Prevalência de dores musculares, atribuídas como causa directa do
transporte regular da mochila;
• Localização dessas dores.
Para além destes indicadores, importantes para caracterizar a realidade da
amostra observada, também quisemos saber se, na situação de existência de
um quadro de dor instalada, os indivíduos procuravam ajuda especializada ou,
pelo contrário, encaravam com naturalidade e resignação.
3.3.2. ESTUDO LABORATORIAL DA MARCHA
As variáveis seleccionadas para a descrição do padrão da marcha, conforme
ilustrado parcialmente na figura 12, foram:
a) Primeiro pico máximo da componente vertical da FRS (Fz máxl);
b) Segundo pico máximo da componente vertical da FRS (Fz máx2);
c) Pico mínimo da componente vertical da FRS (Fz min);
d) Pico máximo da componente ântero-posterior da FRS (Fymáx);
e) Pico mínimo da componente ântero-posterior da FRS (Fymín);
f) Pico máximo da componente médio-lateral da FRS (Fxmáx);
g) Pico mínimo da componente médio-lateral da FRS (Fxmín);
h) Tempo de apoio total (s), referente ao tempo que decorre entre o contacto
do calcanhar com o solo, até á retirada dos dedos do mesmo pé;
60
Mestrado em Actividade Física Adaptada
i) Variação de tempo até se registar o 1o pico de força vertical máximo: Tfz
máxl (s);
j) Variação de tempo até se registar o pico mínimo de força vertical: Tfz min
(s);
k) Variação de tempo até se registar o 2o pico de força vertical máximo:Tfz
máx2 (s);
I) Variação de tempo até se registar o pico máximo da força horizontal
:Tfymáx (s);
m) Variação de tempo até se registar o pico mínimo de força horizontal :Tfymín
(s);
n) Variação de tempo até se verifique o início da fase positiva da força
horizontal: TFy=0
o) Taxa de crescimento do primeiro pico máximo da força vertical (TCFzl),
definida como a razão entre Fz1 (normalizada ao peso corporal) e o tempo
(normalizado à duração total do apoio) para se atingir este pico de força
(PC/s);
p) Taxa de crescimento do segundo pico máximo da força vertical (TCFz2),
definida como a razão entre Fz2 (normalizada ao peso corporal) e o tempo
(normalizado à duração total do apoio) para se atingir este pico de força
(PC/s);
q) Impulso vertical relativo (Imp1) da força vertical, na fase negativa da sua
componente ântero-posterior; até atingir o Fzmáxl (%);
r) Impulso vertical relativo (Imp2) da força vertical, na fase positiva da sua
componente ântero-posterior; até atingir o Fzmáx2 (%);
s) Análise qualitativa da localização dos picos de pressão plantar e da
distribuição da pressão plantar por áreas de pressão (SACCO, 1997),
durante a fase de apoio do ciclo da marcha.
61
Mestrado em Actividade Física Adaptada
(%P1) 150 '
100 ■
50 ■
FYmin 100
•ATEMPO DE APOIO
Figura 12 - Gráfico representativo das componentes vertical e ântero-posterior
da FRS e algumas variáveis de estudo consideradas.
3.3.3. ESTUDO LABORATORIAL DO EQUILÍBRIO
As variáveis seleccionadas para a descrição do equilíbrio foram as seguintes:
• Área de deslocamento do CP;
• Potência relativa da frequência das oscilações (em quatro bandas);
• Análise qualitativa da localização dos picos de pressão plantar e da
distribuição da pressão plantar por áreas de pressão (SACCO, 1997).
A área de deslocamento do CP foi calculada pelo resultado do produto da
componente horizontal (X) pela componente vertical (Y), obtidas através do
quocientes do Momento de Fy pela força vertical (Fz) e do Momento de Fx por
Fz, respectivamente.
62
Mestrado em Actividade Física Adaptada
X = MFy / Fz e Y = MFx / Fz , sendo a Área = X x Y (mm2)
Para realizar a análise da potência (ganho) do sinal estabilométrico, durante os
movimentos médio-laterais e ântero-posteriores, foi considerada a banda de
frequência até aos 2 Hz.
Este espectro foi valorizado por nós, pelo facto dos sinais estabilométricos
apresentarem normalmente uma frequência muito baixa, sendo os fenómenos
mais relevantes e com maior interesse, aqueles que decorrem nesta banda
(YONEADA et ai. 1986; PRIETTO et ai. 1992; OLIVEIRA et ai. 1994).
De acordo com os mesmos autores, dividimos este espectro de frequência em
quatro bandas, para avaliar a magnitude média relativa do sinal
estabilométrico: B1 de 0 a 0,1 Hz, B2 de 0,1 a 0,2 Hz, B3 de 0,2 a 0,5 Hz e B4
de 0,5 a 2 Hz, conforme se observa a partir da figura 13:
i
0.5
o» o m
-0.5
0.1 0.2 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 1.0
( H 2 )
Figura 13 - Divisão do espectro de frequências do sinal estabilométrico em
quatro bandas de potência (OLIVEIRA, 1996).
B 2 I * ' B 3 - >I
<
BI—l 1
63
Mestrado em Actividade Física Adaptada
0 ganho médio relativo verificado em cada banda de frequência foi
considerado em função do ganho médio registado ao longo do espectro
considerado (0 - 2Hz).
Considerado este parâmetro uma grandeza adimensional, os resultados
expressam-se apenas no ganho verificado em cada banda, em relação ao
ganho total registado nesse intervalo, até aos 2 Hz.
3.4. Procedimento estatístico
Inicialmente procurámos verificar se a amostra seleccionada para o estudo
experimental era representativa, sob ponto de vista estatístico, da amostra do
estudo epidemiológico.
Aplicámos o T-Test e verificámos não existirem diferenças, estatisticamente
significativas, entre os dois grupos amostrais, no que respeita aos parâmetros:
da idade, do peso e da altura.
Estatística descritiva:
Para a análise descritiva das variáveis, devido à utilização de estatística não
paramétrica, utilizámos a média e o desvio padrão.
Estatística inferencial:
Este tipo de análise foi realizada pelo programa SPSS, para o Windows, v.
10.0.
1 Devido à não normalidade das variáveis em estudo, e ao reduzido tamanho
da amostra, foram utilizados testes não paramétricos.
2 Posteriormente recorremos a testes paramétricos para sobrepor os
resultados, ao nível da significância das diferenças detectadas nos
primeiros.
64
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Inicialmente recorremos ao teste não paramétrico Kruskal-Wallis e de seguida
avançámos para uma análise dos dados em três momentos de carga. Para tal
realizámos análise por GLM ("general linear modef) de medidas repetidas.
Posteriormente recorremos a um teste paramétrico para medidas repetidas
(Manova), para o qual foi desenvolvida uma sintaxe apropriada para analisar
comparativamente as médias nos três grupos de carga.
A partir deste teste, foi-nos possível realizar um teste post-hoc, concretamente
o T-test, onde verificámos entre que grupos se estabeleciam as diferenças
estatisticamente significativas.
Finalmente, aplicámos o teste paramétrico Anova one-way, com nível de
significância de 0.05, em que foram comparadas as médias das variáveis nos
três grupos a que correspondiam níveis de carga diferenciados.
Este teste permite sobrepor, em simultâneo, as médias, nos três grupos
considerados, em função do nível de carga transportado, destacando as
diferenças estatisticamente significativas, com um nível de significância de
95%.
Posteriormente foram realizadas comparações post-Hoc (LSD e Tukey HSD)
dos resultados, para pesquisar entre que cargas decorriam essas diferenças.
65
Mestrado em Actividade Física Adaptada
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO
Do estudo realizado nas duas Escolas, acerca do peso transportado nas
mochilas, pelos alunos do 5o e 6o anos, verificámos que:
O peso médio da mochila carregada, durante a semana, foi de 6,44 ± 2,37 Kg,
que correspondia a 15% do peso corporal médio dos indivíduos observados.
Este valor absoluto da carga média, situou-se abaixo daquele encontrado tanto
por PASCOE et ai. (1997), de 7,7 kg, como por NEGRINI et ai. (1996), de 9,3
kg, nos estudos epidemiológicos por estes protagonizados.
Do mesmo modo, os pesos relativos da carga, representada pela mochila, foi
também menor à encontrada nos anteriores estudos. Respetivamente de 17%
e 22% do peso corporal dos sujeitos.
Também pudemos constatar que 9% do total dos alunos, pesados no nosso
estudo, transportavam na mochila, pelo menos uma vez por semana, o
equivalente a 30% ou mais do seu peso corporal. Salientamos que esta
percentagem sobe para 17%, se considerarmos apenas os alunos do colégio
particular.
Para este nível de carga, NEGRINI et ai. (1996) relatam valores bem
superiores, na ordem dos 34,8%, de alunos transportando, pelo menos uma
vez por semana, cargas iguais ou superiores a 30% do seu peso corporal.
Como se pode observar a partir da figura 14, durante a semana, verificámos
que a média do peso transportado em cada dia variou entre um mínimo de 6,22
Kg e um máximo de 6,68 Kg.
66
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Ao mesmo tempo, importa salientar que a média do peso transportada em cada
dia não sofreu alterações significativas.
PESO DA MOCHILA
(Kg)
SEMANA
Figura 14 - Representação gráfica do peso (média e desvio padrão)
transportado semanalmente na mochila.
Em relação ao peso máximo da mochila registado em cada dia, aquele que
representou o mais baixo da semana, apresentou o valor de 13 Kg
(correspondendo a 22,8 % do PC) e o valor semanal para o pico de carga mais
elevado foi de 15 kg, (que traduz 34,6 % do seu PC).
A média semanal dos valores, de peso mais elevados, foi de 13,9 ± 0,74 Kg.
Se considerarmos que o peso médio dos alunos era de 42,7 Kg, então
verificamos que esta carga representa 32,5 % do seu peso corporal médio.
67
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Salientamos ainda o facto, de 48% dos alunos observados, transportarem em
média, durante a semana, a sua mochila com o peso equivalente até 15% do
seu PC e, 50% dos mesmos, transportarem entre 15 e 30% do seu PC.
Como se poderá observar na figura 15, os alunos do Colégio Particular
transportam pesos relativos mais elevados que os seus colegas da Escola
Pública. Nos primeiros verificámos uma maior incidência para o transporte de
cargas variando entre 15% e 30% do peso corporal. Valor esse que se situa
num nível considerado como indutor de alterações posturais .
Enquanto 68% dos primeiros coloca, em média, a mochila a pesar entre 15 e
30% do seu PC, para os segundos, igual percentagem (68%) transporta
nestas, até 15% do seu PC.
Pensamos que talvez a maior exigência e responsabilização exigida dos alunos
do Colégio Particular, possam explicar as referidas diferenças entre as duas
Escolas estudadas.
Até 15% PC ■ Entre 15 e 30% PC □ Mais de 30% PC
80%
ESCOLA PÚBLICA
COLÉGIO PARTICULAR
TOTAL
Figura 15 - Percentagem de alunos, de cada Escola e do total da amostra, que
transportam semanalmente a mochila com um dos pesos médios relativos (ao
PC) considerados.
68
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Do questionário aplicado aos alunos, registaram-se os seguintes resultados:
A mochila é o meio mais popular entre as crianças inquiridas para transportar
livros, e restante material didáctico, traduzindo uma utilização diária que ronda
os 89 % .
A maioria dos alunos (79%) revela ter consciência da forma mais correcta de
transportar a sua mochila, trazendo-a às costas, apoiada por ambos os ombros
"sempre", "muitas vezes" ou "às vezes", conforme documenta a figura 16.
Pelo contrário, a maioria dos alunos (73,1%) participantes do estudo realizado
por PASCOE et ai. (1997), afirmou que o método de transporte mais utilizado
para o transporte da sua mochila era trazendo-a apoiada, apenas sobre um dos
ombros.
No nosso estudo, esta forma de realizar o seu transporte representa apenas
26%. Nesta percentagem, estão incluídos aqueles que afirmaram colocá-la
sobre um ombro "sempre", "muitas vezes" ou "às vezes".
■ Sempre ■ Mt vezes □ Ás vezes
60% -
50% -
40% -
30% -
20% -
10% -
0% -
Si i§ §3 sa I I os i l %i §í H *§ S
8 s \i cu
Figura 16 - Formas de transporte da mochila mais frequentes entre as crianças
do estudo epidemiológico.
69
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Salientamos ainda, que o tipo de mochila, dotada de um sistema de rodas para
o seu arraste, é muito pouco utilizado entre as crianças inquiridas no nosso
estudo. Apenas 8% as utiliza "sempre" ou "muitas vezes".
No entanto, devemos realçar que este género específico de mochila é
substancialmente mais popular entre os jovens do Colégio Particular do que na
Escola Pública. No primeiro, 16% dos alunos utiliza-as "sempre" ou "muitas
vezes".
Na Escola Pública a sua expressão é quase nula (3% com semelhante tipo de
frequência).
No que concerne à natureza do conteúdo habitual das mochilas escolares, os
alunos referiram que, para além do normal material didáctico, 47% destes
também transportam material desportivo, 19% acrescentam à lista o material
de desenho e 28% dizem que levam habitualmente o lanche para a escola na
mochila.
Contrariando um pouco a situação verificada aquando da pesagem das
mochilas, durante a qual observámos um número substancial de jovens em
posturas claramente alteradas, em virtude do peso das respectivas mochilas,
verificámos que 68% dos alunos considerava a sua mochila confortável.
Conforme documenta a figura 17, somente 4% dos alunos considerou a sua
mochila desconfortável, embora 28 % pense tratar-se de um meio pouco
confortável.
Curiosamente, 50% dos alunos estudados considera que, habitualmente, a sua
mochila é "pesada" ou "muito pesada". Do total da amostra, 35% dos sujeitos
acredita que a sua mochila apresenta frequentemente um peso "normal" ou
"médio".
70
Mestrado em Actividade Física Adaptada
PERCEPÇÃO DO CONFORTO DA MOCHILA
PERCEPÇÃO DO PESO DA MOCHILA
68% CONFORTÁVEL
23% POUCO CONFORTÁVEL
W* DESCONFORTÁVEL
35% NORMAL
31% PESADA
19% MUITO PESADA
i i i i i I I I I i 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 %
Figura 17 - Percepção do conforto e do peso representado pela mochila.
Um dado que nos parece importante realçar, prende-se com a elevada
percentagem de alunos (83%), que afirmou sentir dores musculares,
supostamente relacionadas com o transporte da sua mochila. Neste contexto,
18% desses alunos afirmam que essa sintomatologia de dor é muito frequente.
Como se pode observar através da análise à figura 18, em relação à
localização dessas dores, os alunos tendo a possibilidade de indicar mais do
que um local de instalação da dor, privilegiaram as dores nas costas (50%) e
nos ombros (49%), embora também tenham dado alguma relevância à dores
localizadas no pescoço (23%).
Salientamos ainda o facto da maioria dos alunos, apesar de relacionarem estas
dores musculares com o transporte das respectivas mochilas, denotam uma
atitude mais ou menos resignada perante essa realidade.
71
Mestrado em Actividade Física Adaptada
A confirmar esta ideia surgem 61% dos inquiridos que revelaram nunca terem
procurado qualquer médico ou especialista para ajudar a solucionar este
problema, por "não sentiram necessidade".
DORES RELACIONADAS COM A UTILIZAÇÃO DA MOCHILA
LI 1 8 « •-o 1 % l 8 n -s s si n ai
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LOCALIZAÇÃO DAS DORES
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Figura 18 - Relação entre dores sentidas supostamente relacionadas pelo
transporte da mochila, sua localização e procura ou não de tratamento das
mesmas.
72
Mestrado em Actividade Física Adaptada
4.2. ESTUDO EXPERIMENTAL DA MARCHA E DO EQUILÍBRIO
Sempre que apresentemos figuras ou quadros demonstrativos dos resultados,
verificados para cada parâmetro em análise, estes, referir-se-ão a um sujeito
apenas, o qual representa aquele que melhor caracteriza o padrão observado
nos restantes elementos da amostra.
De igual modo, algumas tabelas e quadros de determinados dados traduzem
os resultados da amostra global, para as variáveis em questão.
4.2.1.1. A MARCHA - FORÇA DE REACÇÃO DO SOLO
De seguida apresentamos os valores absolutos da força vertical (FZ) durante
os dois picos máximos e pico mínimo, assim como as respectivas construções
gráficas, durante os apoios, com o pé direito e com o pé esquerdo.
Os resultados expressos no Quadro 1 e visualizados graficamente na figura 18,
para além de revelarem o esperado crescimento do valor da força com a
elevação do nível de carga transportada, registam uma tendência para
aumentar a duração dos eventos seleccionados para a componente vertical da
FRS e aumentar a duração do apoio simples.
73
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Quadro 1 - Valores médios e desvios padrão (±) da força FZ (N) e variação de
tempo (s) em que ocorrem os eventos indicados, para cada nível de carga e
para ambos os pés, no total da amostra.
Carga/Pé FZmáxI T FZmáxI Fzmín T Fzmín FZmáx2 T FZmáx2 T Apoio
0% Pé D
0% PéE
439,3 ±64,9 0,15 ±0,02 315,8 ±55,1 0,30 ±0,05 425,3 ±70,7 0,54 ± 0,05 0,74 ±0,07
434,3±64,4 0,14±0,04 311,1 ±54,2 0,31 ±0,06 424,3±62,8 0,58±0,06 0,76±0,07
15% Pé D
15% PéE
501,4 ±89,8 0,15 ±0,02 341,9 ±49,9 0,30 ±0,03 489,5 ±76,3 0,55 ±0,05 0,75 ±0,06
497,3 ±83,4 0,16 ±0,04 344 ± 57,9 0,32 ±0,05 493,7 ± 75,4 0,57 ±0,05 0,75 ±0,06
30% Pé D
30% Pé E
528,9 ±97,2 0,19 ±0,08 383 ±61,9 0,34 ±0,08 530,2 ± 73,3 0,59 ±0,06 0,79 ±0,08
538,7 ±85,8 0,18 ±0,07 388,9 ±71,4 0,34 ±0,08 530,7 ± 70,4 0,59 ±0,07 0,78 ±0,07
De acordo com os resultados expressos na figura 19, o que de mais relevante
se destaca é o aumento da duração do contacto, em função da elevação do
valor da carga, que se traduz, igualmente, por uma maior variação de tempo
necessário a que ocorrem os dois picos máximos e o pico mínimo de Fz.
Figura 19 - Representações gráficas dos picos máximos e mínimo de força vertical (FZ) absoluta, nas três situações de carga, durante o apoio, para o pé direito e pé esquerdo, respectivamente.
74
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Este aumento na duração do apoio simples, em função do acréscimo na
magnitude da carga transportada, é também documentada nos trabalhos de
MARTIN e NELSON (1986), CHARTERIS (1998) e BEZERRA et ai. (1999).
Contudo, WONG e HONG (1997) verificaram o oposto. Estes investigadores
observaram uma diminuição significativa do tempo de apoio simples de cada
pé, com uma carga de 20% do peso corporal nos indivíduos estudados, quando
comparada com situações de utilização de cargas inferiores, ou mesmo, sem
carga.
Nos quadros 2 e 3 apresentamos valores normalizados da força, à
percentagem do peso total (indivíduo com a mochila) e do tempo, à duração
total da fase de apoio simples, respectivamente.
Quadro 2 - Magnitude das variáveis da Força de Reacção do Solo (valores
médios e desvios padrão) normalizadas (expressas em % do peso total), para a
amostra, constituída por 11 sujeitos.
Carga / Pé FZmáxI Fzmín * FZmáx2 FYmáx Fymín FXmáx Fxmín
0% Pé D
0% Pé E
111.9 ±7.0 80.5 + 4.2 107.2 + 3.3 19.9 + 2.8 18.0 + 5.9 7.6 ± 2.8 3.3 + 1.8
110.5 ±6.8 79.9 ±5.6 107.7 ±6.4 21.3 ±3.4 17.8 ±2.6 3.7 ±2.0 5.5 ±1.9
15% Pé D
15% PéE
110.6 ±7.2 75.6 ±4.7 108.2 ±4.6 20.7 ± 3.0 18.9 ±3.1 8.5 ±3.5 3.4 ±1.9
110.5±7.2 75.5±5.2 109.0 ±4.1 21.9 ±2.4 17.9 + 3.1 3.0 + 1.7 5.2 ±1.4
30% Pé D
30% Pé E
106.0 ±10.7 75.9 ±3.7 107.1 ± 7.8 20.7 ±2.4 19.3 ±3.4 7.9 ± 3.9 3.2 ± 2.3
107.1 ±7.1 76.8 ±5.8 107.1 ± 7.5 20.6 ± 3.9 18.3 ±2.7 3.3 ±1.8 4.9 ± 2.0
* Variáveis que sofreram alterações significativas (p< 0,05) em função do transporte
diferenciado de cargas.
Os valores da força vertical, sem carga, para os dois picos máximos, aqui
apresentados, estão de acordo com a literatura, nomeadamente com os
75
Mestrado em Actividade Física Adaptada
estudos de SIMON et ai. (1981), em que verificaram valores que se
superiorizavam entre 5 e 12,5% ao valor do peso corporal, embora AMADIO e
BARBANTI (2000) refiram para o mesmo aumento, valores entre 10 a 30%.
De acordo com os dados expostos no quadro 2 e na figura 20, na componente
vertical, a magnitude normalizada do primeiro pico (Fzmáxl ) sofreu alterações
em função da carga transportada, registando-se uma ligeira tendência de
diminuição à medida que se elevou o valor da carga. Esta tendência
decrescente, da magnitude máxima deste indicador de sobrecarga no aparelho
locomotor, diverge dos dados obtidos por BEZERRA et ai. (1999), que
registaram um aumento significativo desse valor.
Figura 20 - Representações gráficas dos picos máximos e mínimo de força
vertical (FZ) normalizada ao peso total (sujeito e mochila), nas três situações
de carga, durante o apoio (tempo normalizado à duração total do apoio), para o
pé direito e pé esquerdo, respectivamente.
76
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Já no que se refere ao segundo pico máximo desta componente da FRS, os
dados obtidos não revelaram qualquer tendência clara de variação da sua
magnitude, em função da alteração da carga na mochila, embora BEZERRA et
ai. (1999) tenham verificado uma diminuição significativa da magnitude deste
parâmetro, com a utilização de cargas mais expressivas.
A única variável referente à componente vertical da FRS, que sofreu alterações
significativas, foi o pico mínimo desta força (Fzmín), nas comparações entre a
situação sem carga e com carga equivalente a 30% do seu PC, para o pé
direito.
Esta variável apresentou uma pequena redução da sua magnitude em função
do aumento da carga, tendência essa generalizável, também, para o pé
esquerdo.
Do mesmo modo, BEZERRA et ai. (1999) verificaram uma diminuição
significativa dos valores de Fzmín, quando eram colocadas cargas acima de 10
kg, nas mochilas transportadas pelos indivíduos deste estudo.
Durante este período, resultante da deflexão do 1o pico máximo da força
vertical, MARTIN e NELSON (1986) consideram que a diminuição deste
parâmetro, possa estar relacionada com o aumento da duração da fase de
duplo apoio.
Segundo os mesmos autores, a duração da fase de duplo apoio é aumentada,
quando se transportam cargas mais expressivas, devido à maior necessidade
de estabilidade e de equilíbrio dinâmico durante a marcha. Por outro lado, o
risco de sobrecarga para o aparelho locomotor vê-se assim diminuído.
CHARTERIS (1998) refere nos seus estudos, que a duração do duplo apoio
mostrou ser influenciada pelo valor da carga transportada, aumentando com a
elevação desta.
Os restantes parâmetros em análise, referentes às componentes antero
posterior (Fy) e médio-lateral (Fx) da FRS, não registaram alterações
significativas nas suas magnitudes em função do aumento da carga das
mochilas.
77
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Apenas o pico mínimo de Fy, relacionado com a frenação do movimento no
ataque do calcanhar ao solo, registou uma ligeira tendência para elevação da
sua magnitude em função do aumento crescente do peso transportado na
mochila. Resultado, aliás, esperado e que confirma uma variação semelhante
deste parâmetro obtida por BEZERRA et ai. (1999).
Em relação às variáveis temporais relativas (ou normalizadas), foi registado um
aumento mais expressivo da duração do primeiro pico máximo e do pico
mínimo de Fz, embora estatisticamente não significativo, entre a situação sem
carga e com carga equivalente a 30% do seu peso corporal. Estes dados estão
de acordo com os resultados obtidos.
COSTA (2000) sugere que a maior duração do pico mínimo (TFz min) possa
ser explicado pela melhor capacidade do organismo em resistir ao momento
externo, nesta fase do apoio, que tende a produzir uma flexão plantar.
Ainda segundo a mesma investigadora, com a idade, provavelmente ocorre o
aperfeiçoamento deste mecanismo, controlando melhor a flexão plantar pelos
dorso-flexores, produzindo uma suave transferência da fase de acomodação do
peso para a fase do apoio plantar total.
Nos restantes parâmetros temporais, não foram observadas alterações
significativas ou qualquer tendência evidente para aumentar ou diminuir o seu
valor, em função do aumento da carga transportada.
Também LINK et ai. (2000), não verificaram alterações significativas nas
características temporais da marcha de crianças trazendo mochilas de pesos
distintos. Estes autores justificaram essa relativa estabilidade pela notável
capacidade de adaptação do organismo às cargas transportadas.
78
Quadro 3 - Valores médios e desvios padrão dos Tempos em que ocorrem os
respectivos eventos estudados (expressos em % do tempo total do apoio
simples correspondente) para o total da amostra.
CARGA D/E
Tfz máxl
Tfz min
Tfz máx2
Tfy máx
TfyO Tfy min
Tfx máx
Tfx min
0% D
0% E
20,1± 1,8 40,3 ±3,7 72,4 ±3,9 84,4 ±1,8 48,8 + 3,1 15,3 ± 2,5 31,5 ±23,2 36,3±43,3
19,6±2,4 38,4 ±5,5 75,3 ± 2,4 84,3 ±1,7 48,8 ± 5,3 12,1 ±3,8 18,5 ±36,9 27,7 ± 22,0
15% D
15% E
20,5±2,4 40,4 ±5,0 73,3 ±4,6 83,9 ±1,7 49,5 ±5,3 16,2 ±2,1 26,2 + 18,2 27,2 ± 37,9
21,4±3,3 41,5±4,3 75,3±2,6 84,6 ± 2,7 48,4 ± 5,0 16,3±3,6 17,9±29,1 38,5±27,9
30% D
30% E
23,0±6,3 42,5 ±5,9 74,8 ±2,1 84,1 ±1,2 46,9 ±6,0 14,7 ±2,1 23,3 ±12,4 36,3 ±43,3
23,1±3,4 42,8 ±3,5 74,9 ± 2,6 84,4 ±1,3 50,2 ±4,4 16,3 ±1,9 19,8 + 33,1 37,4 ±25,3
A taxa de crescimento da força vertical passiva (TcFzmaxI ), no apoio com o pé
esquerdo, sofreu alterações significativas na passagem da situação sem
mochila para a situação com mochila carregada com o equivalente a 30% do
seu peso corporal.
A sua magnitude diminuiu significativamente com o aumento de carga,
conforme se observa através do quadro 4.
O sentido desta alteração é lógico, desde que ficámos a saber que também
foram alterados, com a carga, a intensidade do primeiro pico de força vertical
(diminuiu) e a variação de tempo para se atingir o mesmo (que aumentou).
Logo, a razão entre estas duas variáveis condicionou a diminuição da Tc
Fzmáxl.
Na taxa de crescimento do segundo pico máximo da força vertical (Tc Fzmáx2),
não foi observada qualquer alteração significativa, facto esse a que não é
alheio o comportamento mais semelhante, nos três níveis de carga estudados,
da componente vertical da FRS, logo após ocorrer a deflexão da curva vertical.
79
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Quadro 4 - Valores médios e desvios padrão das Taxas de Crescimento
da Fz1 e Fz2 ( % PT / s ) e do Impulso vertical relativo da mesma ( % ).
Passagem TCFZ1 * TCFZ2 IMP1 IMP2
00 Dir
00 Esq
5.32 ±0.48 4.63 + 0.82 19.0 ±2.02 28.3 ± 3.95
5.80 ±0.72 4.26 ±0.61 19.3 ±1.96 30.4 ± 3.61
15 Dir
15 Esq
5.22 ±0.56 4.45 ±0.70 19.1 ±2.40 28.2 ± 4.71
5.16 ±0.62 4.71 ±0.78 19.7 ±1.73 30.0 ±4.21
30 Dir
30 Esq
4.65 ±1.34 5.04 ±1.01 19.0 ±2.60 30.1 ±4.66
4.68 ±0.47 4.81 ±0.37 19.1 ±2.08 30.0 ± 4.02
* Variáveis que sofreram alterações significativas (p< 0,05) em função do transporte diferenciado de cargas.
AMADIO e COSTA (1992) relacionam valores baixos da taxa de crescimento
da "força passiva" (TcFzl ) com um melhor controlo da distribuição das forças
na marcha, no sentido de atenuar o impacto, protegendo as estruturas passivas
do aparelho locomotor evolvidas nesse mecanismo de absorção do choque
mecânico.
Os impulsos verticais relativos não apresentaram alterações significativas, em
função do aumento de carga nas mochilas, conforme se observa pelo quadro 4,
tendo-se verificado mesmo uma certa estabilidade no seu valor, nas três
situações de carga testadas.
80
Mestrado em Actividade Física Adaptada
4.2.1.2. A MARCHA - DISTRIBUIÇÃO DA PRESSÃO PLANTAR
Os resultados apresentados, reflectem apenas a análise qualitativa da
distribuição da pressão plantar, observada durante o estudo da Marcha.
A expressão quantitativa dos valores da pressão, da força e da área plantar
activados durante o apoio não foi considerada pelos motivos explicados na
apresentação da metodologia empregue no estudo.
Tendo cada sujeito realizado três passagens sobre a plataforma com o pé
direito, e outras tantas com o pé esquerdo, a tarefa para encontrar um padrão
de distribuição de pressões plantares revestiu-se de elevada complexidade.
Concretamente, constatámos uma grande variabilidade na forma de realizar os
apoios com cada pé e para o mesmo nível de carga, em cada indivíduo.
A primeira situação observada consistiu na passagem dos sujeitos sem mochila
(0% de carga), tendo-se verificado os seguintes aspectos:
. Na área de pressão IV (AP IV), caracterizada pela zona do calcanhar,
registou-se uma maior pressão na zona exterior do mesmo, conforme
documenta a figura 21.
Esta tendência foi maior quando se observou o apoio com o pé esquerdo.
No entanto, num número considerável de indivíduos da amostra (4),
também se formaram picos de pressão numa zona mais interna ou medial
do calcanhar.
• No momento em que se observa a formação de picos de pressão, nesta
estrutura do pé, está a plataforma de forças a registar o primeiro máximo da
componente vertical da FRS.
• Na fase seguinte do apoio, quando o pé assenta totalmente no solo, a
distribuição das maiores pressões evolui do retropé (zona do calcanhar)
81
Mestrado em Actividade Física Adaptada
para o antepé (zona metatársica), normalmente pela região exterior do pé,
exceptuando dois sujeitos da amostra acometidos por "pé raso".
• Na AP III (metatarso lateral) registaram-se picos de pressão, no entanto,
com uma expressão reduzida, em qualquer dos pés.
• Na AP II (metatarso medial), quando ocorre a fase de inversão do pé (apoio
do antepé), verificámos a formação de zonas de elevada pressão (picos)
caracterizando a propulsão que se verifica nesta fase do ciclo da marcha.
Nesta área também se observaram valores significativos de pressão, ainda
durante o apoio total do pé, sem contudo darem origem à formação de picos
de pressão.
• De realçar que o momento em que é registado na plataforma de forças o
segundo pico (máximo) da componente vertical da FRS, corresponde ao
instante em que se formam picos de pressão plantar, observado nas
palmilhas. Para a maioria dos indivíduos da amostra, estes picos de
pressão formam-se, sobretudo, na AP II.
• Na AP I (hálux), onde ocorre a transferência da fase de apoio para a fase de
balanço, foram registadas pressões apenas nas duas últimas imagens
(frames) do apoio.
Figura 21 - Representações 2D e 3D da distribuição da pressão plantar durante
o apoio no ciclo da marcha para o sujeito 5, sem mochila.
82
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Na situação seguinte, os sujeitos realizaram o percurso com a mochila
carregada com 15% do seu peso corporal e, como traduz a figura 22, verificou-
se que:
• Os registos de maiores pressões aconteceram sobretudo na fase de apoio
do retropé (ataque do calcanhar ao solo), prolongando-se um pouco mais,
ainda durante a fase do contacto de todo o pé.
• Em ambos os pés, na AP IV, formaram-se picos de pressão numa zona
mais interna, mas também se registaram elevadas pressões na região
centro/ exterior do calcanhar.
• Na AP III, há registos expressivos de pressão plantar, durante a fase de
apoio de todo o pé, e com pouca expressividade para a maioria dos
indivíduos, na fase de propulsão do apoio (antepé).
• Já na AP II, formaram-se picos expressivos de pressão plantar,
particularmente durante a fase de propulsão (antepé).
• Na AP I verificámos a formação de picos de pressão, durante a fase final da
propulsão (apoio do hálux), em apenas cerca de metade dos sujeitos
observados.
Nos restantes casos, a pressão foi pouco expressiva ou mesmo inexistente,
quanto ao seu registo.
Figura 22 - Representações 2D e 3D da distribuição da pressão plantar
durante o apoio no ciclo da marcha para o sujeito 5, com 15% de carga na
mochila.
83
Mestrado em Actividade Física Adaptada
A passagem dos sujeitos com uma mochila, transportando o equivalente a 30%
do seu peso corporal, de acordo com o documentado pela figura 23, revelou:
• A formação de picos de pressão expressivos na AP IV, independentemente
do pé observado, localizando-se mais exteriormente, em metade dos
sujeitos da amostra, e nos restantes, essas elevadas pressões centravam-
se na região interna. Para além deste aspecto, também foi evidente, nesta
área, uma pressão geral superior e uma maior superfície do calcanhar com
pressões expressivas, em relação às duas situações analisadas
anteriormente, de acordo com o incremento de carga verificado.
• Na AP III registámos elevadas pressões, especialmente durante a fase do
contacto do mediopé, e imediatamente antes da elevação do calcanhar.
Todavia, durante a fase em que ocorre a propulsão final, também foram
registadas pressões significativamente altas, em grande parte da amostra.
• No entanto, nesta fase, onde apenas contacta a região do antepé, a maior
expressão de picos de pressão plantar situou-se na AP II.
• Na região do hálux (AP I), apenas se observam picos de pressão plantar na
fase final do apoio, na generalidade dos indivíduos observados.
• Salientamos ainda, que a sobreposição dos dados temporais, obtidos
através das palmilhas, com os dados provenientes da plataforma de forças,
permitiu verificar que, aquando da formação do primeiro pico da força
vertical, já se registavam pressões no mediopé e, com alguns sujeitos,
também no antepé. Isto permite sugerir que, para este nível de carga, o
toque inicial do pé na plataforma, se fizesse com um precoce assentamento
plantar do pé.
84
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Figura 23 - Representações 2D e 3D da distribuição da pressão plantar
durante o apoio no ciclo da marcha para o sujeito 5, com 30% de carga na
mochila.
Seguidamente, apresentamos os resultados da distribuição da pressão plantar
em três momentos do contacto do pé no solo, conforme ilustrado nas figuras 24
e25.
O primeiro, de localização no retropé, inicia-se com o toque do calcanhar no
solo e que se prolonga até ao momento em que a força vertical atinge o seu
primeiro pico máximo. O segundo, relativo ao mediopé, circunscreve-se ao
período entre o registo dos dois picos máximos da força vertical e, por último,
no antepé, que vai do segundo pico máximo da componente vertical da FRS
até ao final do contacto do pé no solo.
Figura 24 - Sequência das fases do contacto do pé no solo (apoio do retropé,
mediopé e antepé).
85
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Ataque do calcanhar no solo Meio do apoio Propulsão
Retropé Mediopé Antepé
Figura 25 - Representação gráfica do padrão de comportamento da
componente vertical da FRS, durante o apoio simples na marcha, evidenciando
as fases da curva representativas do retropé, mediopé e antepé.
Por forma a fornecer uma perspectiva mais global, e de síntese, da evolução
da distribuição das pressões plantares ao longo do apoio, em função da carga,
e que aqui, resumimos a três etapas. A figura 26 pretende reproduzir
RETROPÉ MEDIOPÉ ANTEPÉ
PÉ DIREITO
0%-15%-30% 0% - 15% - 30% 0% - 15%-30%
PÉ ESQUERDO
0% - 1 5 % - 30% 0% - 15% - 30% 0%-15%-30%
Figura 26 - Evolução da distribuição das pressões plantares com o aumento da
Carga, no Sujeito 5 (em ambos os apoios).
86
Mestrado em Actividade Física Adaptada
4.2.2.1. O EQUILÍBRIO - A FORÇA DE REACÇÃO DO SOLO
De acordo com um dos objectivos específicos que nos propusemos realizar
neste estudo, fomos avaliar a influência da carga na potência (magnitude)
relativa do sinal estabilométrico, nas quatro bandas de frequência do espectro
de 0 a 2 Hz.
Foram consideradas as direcções ântero-posterior (y) e médio-lateral (x) do
movimento oscilante produzido durante o teste de equilíbrio.
Após a aplicação do teste ANOVA, verificámos não existirem, na generalidade,
variações significativas, qualquer que seja a direcção do movimento
considerada, nas bandas de frequência definidas, em função do factor carga. A
excepção vai para a faixa dos 0,2 aos 0,5 Hz (B3), nos movimentos de direcção
ântero-posterior.
Estes dados confirmam as conclusões de MOCHIZUKI et ai. (1999), segundo
as quais os autores defendem que, nas posturas de duplo apoio, verifica-se
que as maiores oscilações são realizadas na direcção ântero-posterior.
Dos dados obtidos e registados no Quadro 5 podemos ainda inferir que,
apenas na banda de frequência mais baixa, do espectro considerado, se
verificou uma tendência para diminuir a potência média relativa do sinal
estabilométrico em função do aumento de carga. Nas restantes bandas,
verificámos uma tendência inversa, sendo significativo o aumento da potência
média relativa apenas na banda que vai dos 0,2 aos 0,5 Hz e na passagem de
0 para 15% do PC de carga.
87
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Quadro 5 - Média e desvio padrão da potência média relativa, das bandas de
frequência, de 0 a 2 Hz, nas oscilações ântero-posteriores.
b1y b2y b3y * b4y
0% 10.9 ±1.37 0.64 ±0.32 0.44 ±0.27 0.13 ±0.08
15% 9.64 ±1.96 1.03 ±0.76 1.26 ±0.82 0.21 ±0.11
30% 8.72 ±2.91 1.23 ±0.77 0.88 ±0.69 0.22 ±0.14
* Variáveis que sofreram alterações significativas (p< 0,05) em função do transporte
diferenciado de cargas.
Os dados sugerem que a magnitude do sinal (potência), registada nesta banda
de frequência, é significativamente maior na situação de equilíbrio com mochila
pesando 15% do PC, quando comparada com a situação de controlo (sem
mochila).
Contudo, para cargas superiores (30% do PC), a magnitude do sinal, embora
superior à verificada na situação sem mochila, quando comparada com a
mochila com 15% do PC diminui, aproximando-se dos valores obtidos sem
mochila.
De realçar que, na faixa de frequência entre 0,1 e 0,5, IMBIRRA (1997) afirma
estarem presentes fenómenos relevantes, tais como a frequência respiratória,
sendo, inclusive, responsável por parte das oscilações verificadas.
Conforme se observa a partir do Quadro 6, nas oscilações médio-laterais,
verificámos uma tendência para um aumento dos ganhos na banda de
frequência mais baixa (0 a 0,1 Hz) com a elevação do nível de carga. Nas
restantes bandas observámos uma preponderância para diminuírem os ganhos
entre 0 e 15% de carga e aumentarem entre 15 e 30% de carga.
Embora sem se mostrarem significativas as alterações nos movimentos de
componente médio-lateral, provocadas pela variação do nível de carga, importa
salientar que a potência média relativa do sinal estabilométrico revelou uma
88
Mestrado em Actividade Física Adaptada
tendência para aumentar quando a carga passou de 15 para 30% do PC, em
qualquer das bandas de frequência consideradas.
Quadro 6 - Média e desvio padrão da potência média relativa, das bandas de
frequência, de 0 a 2 Hz, nas oscilações médio-laterais.
b1x b2x b3x b4x
0% 7.72 ±2.72 1.56 ±1.01 1.10±0.66 0.27 ±0.14
15% 8.91 ±1.31 1.35 ±0.5 0.92 ± 0.34 0.2 ±0.07
30% 9.24 ±4.95 1.85 ±1.29 1.17 + 0.57 0.24 ±0.14
Quanto à outra variável em estudo, verificámos que os dados relativos à área
de oscilação do CP, durante os 30 segundos do teste do equilíbrio, apresentam
diferenças estatisticamente significativas, quer nos movimentos ântero-
posteriores, quer nos movimentos médio-laterais, em função da variação da
carga transportada na mochila.
Os indivíduos da amostra revelaram uma tendência geral para um aumento dos
movimentos oscilantes, ântero-posteriores e médio-laterais, em função do
aumento da magnitude de carga transportada.
Na direcção médio-lateral, esse aumento só foi significativo na passagem para
cargas mais expressivas (15 para 30% do PC). Importa referir que os
indivíduos com uma carga de 15% do PC revelaram uma maior estabilização
dos movimentos nesta direcção, quando comparados com a situação sem
mochila.
Já com as oscilações de componente ântero-posterior, foi observada uma
tendência para aumentar a sua magnitude com a elevação do nível de carga
utilizado , sendo esse aumento significativo na passagem de 0 para 30% do
PC.
89
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Os resultados do Quadro 7 demonstram que a amplitude da área, percorrida
pela migração do CP, é substancialmente superior na situação de carga, com a
mochila transportando 30% do seu PC. Contudo, apesar de se verificar um
aumento expressivo da área, este não foi considerado significativo,
supostamente justificado pela alta variabilidade inter-individual que caracterizou
a amostra, como se poderá inferir dos dados relativos ao seu desvio padrão.
Quadro 7 - Média e desvio padrão das migrações do CP, médio-laterais e
ântero-posteriores, e da área resultante, nos 30 s do teste de equilíbrio bipodal.
X(mm) * Y (mm) * AREA (mm2)
0% 25.73 + 12.49 20.52 + 7.41 63.53 + 42.17
15% 22.04 + 5.69 26.09 ±6.81 59.15 + 25.06
30% 32.12 + 7.70 30.82 + 10.62 102.78 + 59.53
• Variáveis que sofreram alterações significativas (p< 0,05) em função do transporte
diferenciado de cargas.
Da figura 27 podemos observar a tendência verificada para um aumento das
oscilações segundo as direcções médio-laterais e ântero-posteriores (em
especial ), com a elevação do nível de carga utilizado nas mochilas.
CARGA 0% 15% ~ 30%
Figura 27 - Área de migração do CP, em cada situação de carga, durante o
teste de Equilíbrio de 30 s, do indivíduo 7.
90
Mestrado em Actividade Física Adaptada
4.2.2.2. O EQUILÍBRIO - DISTRIBUIÇÃO DA PRESSÃO PLANTAR
Conforme documenta a figura 28, durante a equilibração bipodal, realizada sem
mochila, os indivíduos apresentaram distribuições da Pressão Plantar que
evidenciaram:
• Registos de grande pressão na área do retropé (AP IV), particularmente na
sua região interna.
• Nas restantes áreas plantares, a pressão registada foi nula ou pouco
expressiva, estando esta associada sobretudo à região do metatarso lateral
(AP III), embora também surjam casos com alguma expressão de pressão
plantar na AP II. Contudo, estas nunca chegam a aproximar-se das
magnitudes verificadas na AP IV.
• Em todos os indivíduos da amostra não se verificou a activação da AP I,
neste nível de carga.
• Outro aspecto, que nos parece relevante, é o facto de, para todos os
indivíduos da amostra, e em todos os casos se observar que um dos pés
regista valores superiores de pressão plantar e maiores superfícies
plantares dos pés, activadas.
Figura 28 - Distribuição da pressão plantar no sujeito 2, sem mochila (0% de
carga).
91
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Para uns trata-se do pé direito e, para outros, do pé esquerdo. Esta situação
vem, mais uma vez, comprovar a grande variabilidade inter-individual da
amostra, no que respeita às diferenças podológicas e de lateralidade.
Outros autores, utilizando amostras constituídas por sujeitos adultos de ambos
os sexos, têm verificado tendência semelhante, para se registarem pressões na
região do retropé bem superiores às verificadas no antepé durante o equilíbrio
bipodal.
GRIEVE e RASHDI (1984) encontraram pressões 1,74 vezes superiores e
CAVANAGH et ai. (1987) chegaram a valores de 2,6 mais elevadas. Mais
concretamente, estes últimos autores, com uma amostra de 107 indivíduos,
puderam verificar que, durante a manutenção da posição vertical bípede
estacionária, 60,5% do peso se concentra no calcanhar, 7,8% no mediopé,
28,1% no antepé e 3,6% nos dedos.
Dum estudo realizado por BETTS et ai. (1980), acerca da distribuição dos picos
de pressão plantar pelo retropé e antepé, os autores utilizaram 29 crianças na
posição de pé, tendo encontrado uma pressão aproximadamente 1,94 vezes
superior no calcanhar do que na parte anterior do pé.
Com 15% de carga observámos valores mais elevados de pressão distribuída
por uma maior superfície plantar, quando comparada com a situação de 0% de
carga. Contudo, a formação de picos de pressão continua a ser exclusiva da
AP IV, conforme se observa a partir da figura 29.
Podemos ainda realçar que a região do antepé e, particularmente, dos dedos,
apresenta uma participação pouco expressiva (e nalguns casos, mesmo nula),
no apoio e registo de pressões, para este nível de carga,.
92
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Figura 29 - Distribuição da pressão plantar no sujeito 2, com 15% de carga na
mochila.
Como se pode observar a partir da figura 30, com uma carga correspondendo a
30% do seu peso corporal, aumenta a superfície plantar com registos de
pressão.
Os picos de pressão verificados na região do calcanhar (AP-IV) são de maior
magnitude e representam a região do pé onde a carga produz um efeito mais
intenso.
Figura 30 - Distribuição da pressão plantar no sujeito 2, com 30% de carga na
mochila.
93
Mestrado em Actividade Física Adaptada
Realçámos ainda uma maior expressão da pressão registada nas AP II e AP III,
tendo alguns indivíduos apresentado picos de pressão na região do metatarso
medial (AP II).
Conforme traduz a figura 31, a elevação do nível de carga é responsável por
uma maior superfície do pé que regista pressões plantares.
Do mesmo modo, mantém-se a tendência para os picos mais expressivos de
pressão plantar se localizarem na zona do calcanhar (AP I). No entanto importa
registar que também na AP II se formam picos de pressão, embora de menor
expressividade, e apenas na condição de carga mais intensa (30% do PC).
0 % de carga 15% de carga 30 % de carga
Figura 31 - Equilíbrio bipodal do sujeito 2, com variação do nível de carga na
mochila (0% -15% -30%).
94
Mestrado em Actividade Física Adaptada
5. CONCLUSÕES
As crianças do nosso estudo não transportam nas suas mochilas escolares, ao
longo da semana, um peso médio considerado excessivo, pela generalidade
dos estudos produzidos nesta área. Todavia, os mesmos estudos admitem que
o transporte de cargas equivalentes a 15% do peso corporal (valor médio
semanal do peso da mochila carregada, verificado no nosso estudo), seja tido
como limite máximo para evitar repercussões agudas, nomeadamente ao nível
postural.
O transporte de mochilas com cargas mais expressivas (30% ou mais do seu
PC) é pouco realizado, no entanto, para 50% dos alunos, a sua mochila
transporta semanalmente uma carga que ultrapassa esse limite máximo (entre
15% e 30% do PC).
Dos resultados obtidos ao inquérito aplicado, podemos concluir que a maioria
dos alunos, embora considere "pesada" ou "muito pesada" a sua mochila,
pensa que a mesma é confortável. Este facto poderá ter que ver com a forma
correcta com que os sujeitos realizam o transporte da mochila, pois 79% destes
refere que utiliza as duas alças da mesma para a distribuição da sua carga por
ambos os ombros.
Apesar desta percepção positiva em relação ao conforto proporcionado pela
sua mochila, a maioria dos alunos confessa já ter sentido dores musculares,
supostamente relacionadas com o transporte da mesma. Contudo é reduzida a
percentagem dos alunos já procuraram ajuda médica, ou outro tipo de ajuda,
para melhorarem dessa sintomatologia ( apenas 15%).
No que respeita ao estudo experimental por nós encetado, concluímos que
existem repercussões biomecânicas agudas na marcha e na equilibração em
função do aumento do peso transportado na mochila.
Esta constatação consubstancia-se nos seguintes resultados: na diminuição
significativa do pico mínimo de força vertical (Fzmín) e na diminuição
95
Mestrado em Actividade Física Adaptada
significativa da taxa de crescimento do primeiro pico máximo desta força (TC
Fzmáxl), registada durante a marcha, com a mochila transportando 30% do
seu PC.
Contudo, também verificámos que estas consequências agudas se traduzem
em adaptações do organismo, no sentido de permitir ao indivíduo ver reduzida
a sobrecarga imposta pelas cargas mais expressivas (30% do seu PC). Com
efeito, os resultados obtidos através das palmilhas transdutoras de pressão
plantar, sugerem que os sujeitos realizem uma menor flexão dorsal do pé, no
contacto inicial deste com o solo, antecipando o apoio total do pé. Com estas
adaptações, o organismo tende a promover a maior estabilidade do equilíbrio
dinâmico, sobretudo quando a este está associado o transporte das cargas
mais expressivas.
Em relação ao equilíbrio bipodal estático, concluímos existirem alterações
biomecânicas agudas na equilibração, particularmente, com cargas mais
expressivas (30% do seu PC), que se consubstanciam nas seguintes:
Num aumento significativo da área resultante da migração do CP, com a carga,
especialmente nos movimentos ântero-posteriores, mas também nos de
direcção médio-lateral.
Numa maior variação da magnitude dos ganhos do sinal estabilométrico, com a
carga, na gama de frequências que vai dos 0,2 aos 0,5 Hz.
Apesar de termos verificado existirem repercussões biomecânicas agudas na
marcha e na equilibração em função do aumento de carga transportada, não
nos é possível concluir acerca dos efeitos crónicos, reflectidos nos indivíduos
que realizam regularmente esse transporte, em virtude do nosso estudo não
apresentar uma natureza longitudinal. Todavia, somos levados a considerar da
hipotética possibilidade de sofrerem consequências residuais a prazo, para as
quais os pais e os professores, especialmente, de Educação Física, devem
estar atentos, nomeadamente procurando intervir no sentido de as minorar.
96
Mestrado em Actividade Física Adaptada
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Actividade Física Adaptada
Lê com atenção o seguinte questionário e tenta responder a todas as perguntas com sinceridade e sem precipitação. Se tiveres dúvidas em alguma questão, pergunta ao professor.
QUESTIONÁRIO
Nome (primeiro e último) Idade Sexo Ano Turma N° M F
1. Quando vais para a Escola levas uma MOCHILA?
(Usa uma cruz para responderes)
SIM, todos os dias em que tenho aulas SIM, todos os dias menos à
(ex: terça-feira à tarde, quinta-feira todo o dia, etc)
2. Como levas a tua mochila para a Escola?
(Responde a todas as possibilidades com uma cruz)
Nunca Rara-Mente
Poucas vezes
As vezes
Muitas vezes
Sempre
As costas, apoiada nos dois ombros Apoiada num só ombro
Segura pela mão
Debaixo do braço
Arrastando-a pelas rodas
De outra forma. Qual:
Actividade Física Adaptada
3. Descreve-nos a tua mochila.
Normalmente, a tua mochila é:
Confortável Pouco confortável Desconfortável
Muito pesada Pesada Peso "normal" Leve
4. Na tua mochila, costumas trazer, para além de livros e cadernos: (Usa uma cruz para resposta)
Material desportivo Material de Desenho Lanche Outras coisas. Ex:
5. Durante o transporte da tua mochila, ou depois de a utilizares nas tuas deslocações, costumas sentir dores?
(Coloca tantas cruzes quantas achares importantes para responderes totalmente à questão)
Nas Costas
Nos Ombros
No Pescoço
NÃO SIM, raramente SIM, ás vezes SIM, muitas vezes SIM, sempre
6. Já alguma vez tiveste que consultar um médico, ou outro profissional de saúde (massagista, enfermeiro, "endireita", etc) por causa dessas dores?
(Assinala as afirmações correctas com uma ou mais cruzes).
SIM, por causa de dores nas costas SIM, por causa de dores nos ombros SIM, por causa de dores no pescoço NÃO, porque não senti necessidade NÃO, embora sinta necessidade NÃO, mas em breve irei a uma consulta por causa de dores (costas/ ombros/ pescoço)
O questionário terminou.
Obrigado pela tua colaboração!