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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO DIEGO LEONARDO HOLK RISCOS EM PROCESSO DE APLICAÇÃO DE HERBICIDA NO PLANTIO DE ESPÉCIES FLORESTAIS – ESTUDO DE CASO PONTA GROSSA 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABAL HO

DIEGO LEONARDO HOLK

RISCOS EM PROCESSO DE APLICAÇÃO DE HERBICIDA NO PLA NTIO DE ESPÉCIES FLORESTAIS – ESTUDO DE CASO

PONTA GROSSA

2012

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DIEGO LEONARDO HOLK

RISCOS EM PROCESSO DE APLICAÇÃO DE HERBICIDA NO PLANTIO DE ESPÉCIES FLORESTAIS – ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Prof. Orientador: Dr. Altair Justino Prof. Coorientador: Ms. João Manoel Grott

PONTA GROSSA 2012

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Universidade Estadual de Ponta Grossa Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho

RISCOS EM PROCESSO DE APLICAÇÃO DE HERBICIDA NO PLANTIO DE ESPÉCIES FLORESTAIS – ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Estadual de Ponta Grossa para obtenção do título de Especialista em

Engenharia de Segurança do Trabalho

Departamento de Engenharia Civil

Cursista:

Diego Leonardo Holk

Prof. Carlos Luciano Sant’Ana Vargas, D.Eng.

Coordenador do EngSeg2011

BANCA EXAMINADORA :

Prof. Dr. Altair Justino

Orientador

Dr. João Manoel Grott

Coorientador

Carlos Luciano Vargas, D.Eng.

Membros

Ponta Grossa, maio de 2012

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Este trabalho é dedicado a todos os meus familiares, mas em especial minha mãe que abriu mão da minha companhia, me apoiou nos momentos em que tudo parecia impossível de ser realizado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço Primeiramente a este Deus tão maravilhoso, por todo apoio, força

e determinação que me concedeu, durante o estudo e na realização deste trabalho.

A Universidade Estadual de Ponta Grossa, em especial o seu representante

e Coordenador de curso professor Carlos Luciano Sant´Ana Vargas, por permitir a

minha participação nesta especialização.

A minha mãe Elisabete Aparecida Cunha Holk, que me apoiou desde o

inicio, quando decidi que faria o curso, mesmo em dificuldades financeiras foi o

meu amparo e a minha irmã Ingrid Helen Holk pelo carinho e preocupação.

Aos meus colegas e amigos de classe que me proporcionaram momentos

de alegria e companheirismo.

A Família Quimelli que em meio a dificuldades me ofereceram amplo suporte

e apoio para conclusão deste.

Agradeço em especial os meus professores orientadores Altair Justino e

João Manoel Grott que me ajudaram a elaborar e concluir este trabalho.

E, a todos que torceram por mim, direta e indiretamente.

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RESUMO

Com o passar dos anos e os avanços no controle químico de plantas

daninhas, após a “Revolução Verde”, observa-se a grande utilização dos

agrotóxicos no setor produtivo florestal, esta demanda excessiva e descontrolada

causou alguns danos aos trabalhadores que participaram desse período, o qual

não existia estudos, Leis e Normas Regulamentadoras para defender a integridade

física dos trabalhadores. Embora o governo tenha criado meios para diminuir os

riscos de acidentes de trabalho, ele ainda falha nos caso onde a supervisão e a

especialização da mão de obra não são empregadas. Assim, o presente trabalho

objetiva, por meio de um estudo de caso, avaliar os riscos a saúde do trabalhador

em processos de aplicação de herbicida no plantio de espécies florestais em

propriedades agrícolas da Região dos Campos Gerais e Norte Pioneiro do Paraná.

Os resultados mostraram que a empresa contratada se preocupa com a segurança

e saúde de seus funcionários procurando atender os preceitos estabelecidos nas

Normas Regulamentadoras e Leis Vigentes, mas ainda falha com relação à

supervisão do uso dos EPIs durante toda a jornada de trabalho, além de permitir o

uso de tabagismo durante a atividade que é um meio de intoxicação e pode causar

incêndios na propriedade.

Palavras chave: Intoxicação, aplicação de herbicida, Equipamentos de Proteção

Individual.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Equipamentos para pulverização. A) Bom estado de uso; B) Mal estado de uso com vazamentos (IWAMI et al. 2010).......................................... 13

Quadro 1 – Identificação prática de velocidade do vento para pulverização (ANDEF, 2004)........................................................................................................ 14 Quadro 2 – Fatores que influenciam o risco de intoxicação aos usuários (Daldin, et al. 2008). ................................................................................................................ 17

Figura 2 – Vias de entrada de herbicida no corpo humano (IWAMI et al. 2010). .... 18

Figura 3 – EPIs necessários a segurança do trabalhador (IWAMI et al. 2010). ...... 23

Figura 4 – Aplicação de herbicida pós-emergente em sistema de caminhamento de aplicadores enfileirados lado - a - lado “arrastão” (O autor). ................... 27

Figura 5 – Aplicação do Herbicida Pré-emergente Fordor 750 WG na linha de plantio (O autor). ..................................................................................... 28

Figura 6 – Pulverizador costal utilizada na aplicação de herbicidas. A) Aplicação Pós – Emergente sem chapéu de Napoleão; B) Aplicação Pré – Emergente com chapéu de Napoleão (O autor)...................................... 29

Figura 7 – Trator Valtra BM100 acoplado com Comboio (Glass Tanque 2000L). (O autor)....................................................................................................... 29

Figura 8 – Tratorista realizando o preparo da calda com os devidos EPIs. (O autor). . ..................................................................................... 30

Figura 9 – Trator percorrendo linha limite do talhão neste caso sendo a estrada (O autor)....................................................................................................... 31

Figura 10 – Imprudências encontradas na utilização dos EPIs. A) Fechando o pulverizador costal sem luvas; B) Espera de abastecimento sem luvas; C) Erguendo o pulverizador costal aberto e sem luvas. (O autor). ....... 32

Figura 11 – Não utilização da toca de proteção pelo aplicador (O autor)................ 32 Figura 12 – Modelo de Ônibus da empresa contratada, utilizado para fazer o

transporte dos trabalhadores (O autor)................................................. 34 Figura 13 – Aplicação de herbicida Pré – Plantio em áreas infestadas (O autor). .. 35

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Figura 14 – Funcionários recebendo palestra de como realizar alongamentos antes das atividades (O autor). ...................................................................... 36

Figura 15 – Respirador Semi - Facial, utilizados para proteção das vias

respiratórias (O autor)........................................................................... 37

Figura 16 – Macacão, utilizado para proteção do corpo (O autor). ........................ 37 Figura 17 – Óculos de Segurança (Lente Clara), utilizados para proteção dos olhos

(O autor). .............................................................................................. 38 Figura 18 – Botas de PVC com Biqueira e Palmilha de Aço, utilizados para

proteção dos pés (O autor)................................................................... 38 Figura 19 – Luvas de Látex Natural Neoprene, utilizados para proteção das mãos e

punho (O autor). ................................................................................... 39

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 09 1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 10 1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 10 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 10 1.2.2 Objetivo Especifico......................................................................................... 10 2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA........................... .................................................... 11 2.1 CONTROLE QUÍMICO DE PLANTAS DANINHAS ........................................... 11 2.1.1 Preparação de calda ...................................................................................... 11 2.1.2 Abastecimento de equipamentos costais ....................................................... 12 2.1.3 Aplicação de herbicida ................................................................................... 13 2.2 NORMA REGULAMENTADORA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL EPIS – NR6........................................................................................ 15 2.2.1 Responsabilidades do empregador ............................................................... 15 2.2.2 Responsabilidades dos trabalhadores ........................................................... 15 2.3 ATOS INSEGUROS .......................................................................................... 16 2.4 RISCOS DE INTOXICAÇÃO COM HERBICIDA ............................................... 16 2.4.1 Intoxicação por herbicida Pós - Emergente Scout (glifosato) ......................... 17 2.4.2 Intoxicação por herbicida Pré - Emergente Fordor 750 Wg (isaxoflutol) ........ 18 2.5 NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQÜICULTURA – NR31.......................................................................................... 19 2.5.1 Agrotóxicos adjuvantes e produtos químicos ................................................. 19 2.5.2 Capacitações e instruções aos trabalhadores................................................ 20 2.5.3 Equipamentos de Proteção Individual – EPI .................................................. 21 2.5.4 Em casos de Intoxicação................................................................................ 24 2.5.5 Transporte de Trabalhadores ......................................................................... 24 2.6 ERGONOMIA .................................................................................................... 24 2.7 OUTROS RISCOS DE ACIDENTES................................................................. 25 2.8 RESPONSABILIDADE JURIDICA DE EMPREGADO E EMPREGADOR ........ 25 3. MATERIAL E MÉTODOS .............................. ..................................................... 26 3.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO........................................................... 26 3.2 METODOLOGIA DA PESQUISA ...................................................................... 26 3.3 ATIVIDADES OBSERVADAS ........................................................................... 27 4. RESULTADO E DISCUSSÕES .......................... ............................................... 30 4.1 FATORES DE RISCOS OBSERVADOS........................................................... 30 4.1.1 Preparo da calda e abastecimentos ............................................................... 31 4.1.2 Utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) ......................... 31 4.1.3 Utilização de tabagismo durante a atividade .................................................. 33 4.1.4 Condições Ambientais.................................................................................... 33 4.1.5 Transporte ...................................................................................................... 34 4.1.6 Ergonomia ...................................................................................................... 34 4.1.7 Locais de Trabalho......................................................................................... 35 4.2 MEDICINA OCUPACIONAL.............................................................................. 35 4.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL DOS APLICADORES DE HERBICIDA............................................................................................................. 36 4.4 RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA ........................................................... 39 5. CONCLUSÃO ....................................... .............................................................. 40 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 41

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1. INTRODUÇÃO

O uso de produtos químicos para o controle de plantas daninhas teve seu

primórdio pouco antes do início do século XX. Entretanto, somente depois de 1944,

com a descoberta das propriedades fitotóxicas do 2,4 D é que essa técnica atingiu

desenvolvimento segundo linhas mais cientificas (LORENZI, 2000).

Após a Segunda guerra mundial, intensifica-se o ritmo das inovações

tecnológicas em várias partes do mundo, culminando na década de 70, com a

chamada Revolução Verde, que traz consigo, além do "pacote tecnológico", a

esperança de resolver os problemas da fome. Como conseqüência, a produção

total da agricultura cresceu nos anos 80 e a euforia das grandes safras cederia

lugar a uma série de preocupações relacionadas aos problemas sócio-econômicos

e ambientais provocados por este padrão produtivo (MONTEIRO, 2001).

Durante anos os agrotóxicos foram utilizados em larga escala ganhando

amplo espaço no mercado, mas em contra partida a esta demanda excessiva, o

uso sem uma supervisão técnica adequada vem mostrando quais riscos os

trabalhadores estão expostos e a que tipos de erros por desconhecimento eles

estão sujeitos.

Os produtos fitossanitários são importantes para proteger as plantas do

ataque de pragas, doenças e plantas daninhas, mas podem ser perigosos se forem

usados de forma errada (IWAMI et al. 2010).

A atividade de aplicação manual de herbicidas é complexa e está submetida

a diversos fatores tanto externos (intempéries climáticos, condições operacionais,

riscos químicos, a locomoção em superfícies de solos declivosos) como internos

(estado nutricional, biótipo corporal, situações psicológicas e culturais), podendo

ocorrer no corpo desse trabalhador, como conseqüência, uma tensão nos

músculos requeridos na atividade, ocasionando problemas posturais que com

grande intensidade e freqüência produzirá sintomas de fadiga, estresse e desgaste

(MONTEIRO, 2001).

Devido ao alto risco de intoxicação o uso de Equipamento de Proteção

Individual - EPI tornou-se uma exigência da legislação trabalhista brasileira através

de suas Normas Regulamentadoras. O não cumprimento poderá acarretar ações

de responsabilidade cível e penal, além de multas aos infratores (ANDEF, 2003).

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Objetivou-se com este trabalho quantificar e qualificar os riscos de

intoxicações humanas no controle químico de plantas daninhas no plantio de

espécies florestais, atividades que envolvem o processo de preparação de calda,

abastecimento de equipamentos costais e aplicação do herbicida.

1.1 JUSTIFICATIVA

O agrotóxico é uma substância que apresenta grau de toxicidade

classificado a partir do poder tóxico que possui, o qual é determinado pela dose

que é absorvida ou que, de qualquer modo, são introduzidas no organismo.

Quando em contato com o corpo humano (dérmica, oral, ocular e vias

respiratórias), o agrotóxico pode causar intoxicações ou graves problemas

relacionados à saúde, tornando-o suscetível pelo mau emprego ou má utilização

dos EPIs nas atividades de controle de plantas daninhas. Sendo assim faz-se

necessário o estudo de caso para que se possa auxiliar na prevenção de

problemas a saúde, decorrentes desta atividade.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Acompanhar e analisar a segurança dos trabalhadores envolvidos na

aplicação de herbicida no plantio de espécies florestais.

1.2.2 Objetivo Especifico

a) Verificar o uso correto do EPI, nas etapas de abastecimento e pulverização;

b) Verificar o cumprimento das precauções recomendadas para a atividade;

c) Verificar o cumprimento das normas de segurança para a operação de

pulverização de agrotóxicos;

d) Verificar os atos considerados inseguros.

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2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 CONTROLE QUIMICO DE PLANTAS DANINHAS

O controle químico é realizado através do uso de herbicidas, que pode

prevenir a interferência das plantas daninhas principalmente no início do ciclo,

período durante o qual causam normalmente as maiores perdas nas culturas. É um

aspecto importante quando na população de plantas daninhas presentes são

encontradas espécies de difícil controle após a emergência, ou quando as plantas

daninhas são indesejáveis durante todo o ciclo da cultura, como no caso de áreas

destinadas à produção de sementes. Além disso, o uso de herbicidas proporciona

um controle mais efetivo nas linhas de plantio, onde muitas vezes outros métodos

de controle não têm a mesma eficiência (OLIVEIRA, 2011).

Os agrotóxicos são rigorosamente selecionados pela toxicidade e letalidade

aos organismos vivos danosos às culturas. A toxicidade é a capacidade que os

compostos tóxicos têm para intoxicar e matar os organismos alvos de controle,

mas também podem intoxicar e matar organismos não alvos que entrarem em

contato, como os trabalhadores expostos. Portanto, em qualquer atividade com

agrotóxicos existe um determinado risco de intoxicação ocupacional, que depende

da toxicidade e da exposição proporcionada pelas condições específicas de

trabalho (Machado - Neto e Machado, 2010).

2.1.1 Preparação de calda

Segundo ZAMBOLIM et al. (2008) o preparo da calda é a atividade de maior

risco, pois o usuário irá manipular o produto puro, altamente concentrado. Os

procedimentos a serem adotados são:

a) Primeiramente, ler o rótulo do produto a ser preparado e seguir

corretamente as suas instruções,

b) Escolher um local adequado para realizar a operação, com bastante

ventilação, longe de casas, fontes de água, crianças e animais. De

preferência, utilizar uma bancada próxima do local de pulverização ou ao

lado de um abastecedouro comunitário.

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c) Juntar o material de preparo de calda, como copo medidor, balde, panos,

balanças, água e sabão. Nunca utilizar este material em outra atividade.

d) Colocar o conjunto completo do EPI: calça, jaleco, avental (colocado na

frente), bota impermeável, respirador (máscara), viseira, touca árabe e

luvas.

e) Encher o tanque do pulverizador pela metade sempre com água limpa, sem

retirar a peneira ou o coador, para evitar o entupimento dos bicos.

f) Em um balde reservado para esta finalidade, colocar dois litros de água

limpa.

g) Abrir cuidadosamente a embalagem. Caso ela esteja lacrada, romper o

lacre.

h) Para formulações líquidas, utilizar um copo dosador e colocar a dose

recomendada pela receita agronômica. Quando a formulação do produto for

pó molhável/ solúvel, fazer uma mistura previa no balde com água e em

seguida despejar no pulverizador, com cuidado.

i) Ao esvaziar as embalagens rígidas (plásticas, metálicas e de vidro) de

produtos que são diluídos em água, proceder a tríplice lavagem.

j) Fazer a lavagem dos utensílios utilizados, pelo menos três vezes, colocando

a calda dentro do pulverizador.

k) Encher o tanque até o nível recomendado. Fechar bem a tampa do

pulverizador e certificar-se de que não há vazamentos.

l) Antes de deixar o local de preparo da calda, verificar se não há embalagens

de produtos, restos de calda ou utensílios contaminados por produto tóxico.

m) Se ocorrer contaminação lavar imediatamente.

A calda deve ser preparada numa quantidade suficiente para aplicar na

área. Caso sobre calda após a aplicação, diluir dez vezes e aplicarem em

carreadores e bordaduras.

2.1.2 Abastecimento de equipamentos costais

Segundo MONTEIRO (2001) da análise do trabalho propriamente dita o ciclo

operacional de um aplicador dura, aproximadamente, 10 minutos para encher o

tanque e 15 a 20 minutos para pulverizar. Há diferentes procedimentos técnicos

operacionais para se obter o uso mais correto, seguro e menos cansativo para o

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operador diante do tipo de sistemas operacionais, do tipo de cultura, da declividade

do terreno e das condições climáticas; associado também com o ajuste da

velocidade da aplicação com a vazão do equipamento, compatível com as

condições topográficas da área, considerando o conforto do operador, tipo de

pulverização e capacidade em litros do pulverizador. Portanto, a prática da

agroquímica fica susceptível às exigências acima citadas e podem promover

dificuldades e transformações técnicas desta atividade.

2.1.3 Aplicação de herbicida

Segundo IWAMI et al. (2010) os procedimentos para aplicar corretamente

um produto são:

a) Leia o manual de instruções do fabricante do equipamento pulverizador e

saiba como calibrá-lo corretamente;

b) Use sempre água limpa para preparar a calda de pulverização;

c) Jamais utilize equipamentos com defeitos, vazamentos ou em condições

inadequadas de uso como observa-se na Figura 1B e, se necessário,

substitua-os;

Figura 1 – Equipamentos para pulverização. A) Bom estado de uso; B) Mal estado

de uso com vazamentos. Fonte : IWAMI et al. (2010).

A B

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d) Verifique a velocidade do vento, para evitar a deriva; que poderá ser

realizada de forma prática, conforme indicada no Quadro 1, ANDEF (2004);

e) Pressão excessiva na bomba causa deriva e perda da calda de

pulverização;

f) Lave o equipamento e verifique o seu funcionamento após cada dia de

trabalho;

g) Faça revisão e manutenção periódica nos pulverizadores, substituindo as

mangueiras e bicos danificados;

h) Mantenha os equipamentos aplicadores sempre bem conservados.

i) Outras regras importantes citadas por IWAMI et al. (2010):

j) Sempre use EPI para aplicar produtos fitossanitários;

k) Evite aplicar produtos fitossanitários nas horas mais quentes do dia;

l) Não coma, não beba e não fume durante a aplicação;

m) Não desentupa bicos com a boca;

n) Após a aplicação, mantenha as pessoas afastadas das áreas tratadas,

observando o período de reentrada na lavoura.

Quadro 1 – Identificação prática de velocidade do vento para pulverização.

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2.2 NORMA REGULAMENTADORA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇ ÃO

INDIVIDUAL EPI’s – NR6

Para fins de aplicação desta Norma regulamentadora – NR, considera-se

Equipamento de Proteção Individual – EPI todo dispositivo ou produto, de uso

individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de

ameaçar a segurança e a saúde no trabalho (item 01.1).

2.2.1 Responsabilidades do empregador

Cabe ao empregador quanto ao EPI (item 06. 1) :

a) Adquirir o adequado ao risco de cada atividade;

b) Exigir seu uso;

c) Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente

em matéria de segurança e saúde no trabalho;

d) Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;

e) Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;

f) Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;

g) Comunicar ao MET - Ministério do Trabalho e Emprego qualquer irregularidade

observada;

h) Registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotado livros, fichas

ou sistema eletrônico.

2.2.2 Responsabilidades dos trabalhadores

Cabe ao empregado quanto ao EPI (item 07. 1) :

a) Usar, utilizando-o apenas para finalidade a que se destina;

b) Responsabilizar-se pela guarda e conservação;

c) Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso;

d) Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

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2.3 ATOS INSEGUROS

Daldin, et al. (2008), afirma que um dos grandes problemas enfrentados

pelas empresas, de modo geral, é fazer com que os empregados utilizem os EPI

de forma habitual, pois eles demonstram sentimentos contrários ao uso desses

equipamentos, por considerá-los incômodos, principalmente durante o período de

adaptação.

Algumas causas que poderíamos atribuir são as seguintes:

a) O empregado acredita ser bastante homem para não precisar usar EPI, isto

é, ele confia demais nas suas ações. Acha-se suficientemente ágil para se

livrar de qualquer acidente e acredita ser um super – homem do seu

trabalho. Portanto, o EPI não precisa ser usado por ele;

b) O empregado tem uma desconfiança quanto a utilização do EPI, pois,

durante todo o desempenho de suas funções, nunca precisou utilizá-lo.

Acredita que o EPI só irá prejudicar o seu serviço;

c) O empregado tem um desconhecimento dos riscos ambientais como:

agentes físicos: ruído, calor, iluminação, radiações, etc.; químicos como

gases, vapores, poeiras, etc.; e biológicos, como doenças transmitidas pelos

animais, que podem acarretar grandes problemas à saúde;

d) O empregado gosta de expor voluntariamente ao perigo, pois almeja a

admiração de seus colegas de trabalho expondo- se a atos heróicos.

2.4 RISCOS DE INTOXICAÇÃO COM HERBICIDA

Podemos observar no Quadro 2, nove fatores que influenciam o risco de

intoxicação do operador na aplicação de herbicidas, seguidos de exemplos

elucidativos, conforme apresentados por Daldin, et al. (2008).

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Quadro 2 - Fatores que influenciam o risco de intoxicação aos usuários.

Fator de Risco Exemplos

Produto fitossanitário • Tipo de formulação e da embalagem

(ingrediente ativo + inertes) • Volatilidade

• Preparo de calda

Tipo de atividades • Aplicação

(fases) • Manutenção de equipamentos

• Tipo de equipamento de aplicação

Método de aplicação • Espectro de gotas (deriva)

• Tipo de aplicação: solo, foliar.

Tipo de cultura: porte - • Baixo

fase de desenvolvimento • Alto

Freqüências das exposições • Dérmica

• Inalatória

Durações das exposições • Número de horas.

• Horário

• Intensidade do Vento

Condições ambientais • Temperatura.

• Umidade Relativa do ar.

• Treinamento de segurança

Habilidade e atitude do usuário • Comportamento/conscientização.

• Cuidados

• Higiene pessoal

• Proximidade de recursos hídricos.

• Declividade e tipo de solo

Fatores ambientais • Direção de ventos

• Umidade Relativa do ar.

• Temperatura. Fonte : Daldin, et al. (2008)

2.4.1 Intoxicação por herbicida Pós - Emergente Sco ut (glifosato)

Segundo MONSANTO (2012), as sintomatologias de intoxicação por seu

produto são:

− Oral (boca – Fig. 2A): Se ingerido, podem ocorrer lesões corrosivas

(ulcerativas) das mucosas oral, esofágica, gástrica e, menos frequentemente,

duodenal; disfagia, epigastralgia, náusea/vômitos, cólicas, diarréia. Também são

observadas hematêmese e melena, assim como hepatite anictérica e pancreatite

aguda; hipotensão arterial, choque cardiogênico. Hipoxemia leve assintomática

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detectável por gasometria; infiltrado alveolar ou intersticial ao raio X, taquipnéia,

dispnéia, tosse, broncoespasmo, edema pulmonar não cardiogênico e falência

respiratória. Pode ocorrer pneumonite por broncoaspiração, bem como, oligúria,

anúria e hematúria; acidose metabólica e insuficiência renal nos mais seriamente

intoxicados. As alterações neurológicas, que podem se complicar com convulsões,

coma e morte, são atribuídas a hipóxia e/ou hipotensão;

− Dérmica (pele – Fig. 2B): Se em contato com a pele pode ocorrer dermatite de

contato (eritema, queimação, prurido, vesículas, eczema);

− Vias Respiratórias (pulmões – Fig. 2C): Se inalado pode ocorrer irritação das

vias respiratórias altas. Nos casos de aspiração pode ocorrer pneumonite química;

− Ocular (olhos – Fig. 2D): O contato com os olhos pode resultar em irritação,

dor e queimação ocular, turvação da visão, conjuntivite e edema palpebral.

Figura 2 – Vias de entrada de herbicida no corpo humano.

Fonte : IWAMI et al. (2010)

2.4.2 Intoxicação por herbicida Pré - Emergente For dor 750 Wg (isaxoflutol)

Segundo BAYER (2012), Não existem informações sobre sintomas de

alarme específicos para o ser humano, mas testes realizados em animais de

laboratório relatam:

− Efeitos Agudos: Os sintomas descritos são todos de dados de experimentos

com animais. Quando administrado em altas doses em ratos de laboratório, o

Isoxaflutole causou diarréia, manchas escuras na pele perianal, respiração rápida;

A B C D

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− Efeitos Crônicos: Em estudos toxicológicos de longa duração, nos quais os

animais são observados durante toda ou boa parte de suas vidas, expostos ao

lsoxaflutole, em diferentes concentrações, os animais apresentaram redução de

consumo alimentar, menor ganho de peso e redução da atividade enzimática do

citocromo P450.

2.5 NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO

TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EX PLORAÇÃO

FLORESTAL E AQÜICULTURA – NR31

Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo estabelecer os preceitos a

serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar

compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura,

pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com segurança e saúde no

meio ambiente do trabalho (item 01.1).

2.5.1 Agrotóxicos adjuvantes e produtos químicos

Para fins desta norma são considerados (item 08.1):

a) Trabalhadores em exposição direta, os que manipulam os agrotóxicos e

produtos afins, em qualquer uma das etapas de armazenamento, transporte,

preparo, aplicação, descarte, e descontaminação de equipamentos e

vestimentas;

b) Trabalhadores em exposição indireta, os que não manipulam diretamente os

agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins, mas circulam e desempenham suas

atividades de trabalho em áreas vizinhas aos locais onde se faz a manipulação

dos agrotóxicos em qualquer uma das etapas de armazenamento, transporte,

preparo, aplicação e descarte, e descontaminação de equipamentos e

vestimentas, e ou ainda os que desempenham atividades de trabalho em áreas

recém-tratadas.

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2.5.2 Capacitações e instruções aos trabalhadores

O empregador rural ou equiparado deve fornecer instruções suficientes aos

que manipulam agrotóxicos, adjuvantes e afins, e aos que desenvolvam qualquer

atividade em áreas onde possa haver exposição direta ou indireta a esses

produtos, garantindo os requisitos de segurança previstos nesta norma (item 08.7)

O empregador rural ou equiparado deve proporcionar capacitação sobre

prevenção de acidentes com agrotóxicos a todos os trabalhadores expostos

diretamente (item 08.8).

A capacitação prevista nesta norma deve ser proporcionada aos

trabalhadores em exposição direta mediante programa, com carga horária mínima

de vinte horas, distribuídas em no máximo oito horas diárias, durante o expediente

normal de trabalho, com o seguinte conteúdo mínimo (item 08.8.1):

a) Conhecimento das formas de exposição direta e indireta aos agrotóxicos;

b) Conhecimento de sinais e sintomas de intoxicação e medidas de primeiros

socorros;

c) Rotulagem e sinalização de segurança;

d) Medidas higiênicas durante e após o trabalho;

e) Uso de vestimentas e equipamentos de proteção pessoal;

f) Limpeza e manutenção das roupas, vestimentas e equipamentos de proteção

pessoal.

O empregador rural ou equiparado, deve adotar, no mínimo, as seguintes

medidas (item 08.9):

a) Fornecer equipamentos de proteção individual e vestimentas adequadas aos

riscos, que não propiciem desconforto térmico prejudicial ao trabalhador;

b) Fornecer os equipamentos de proteção individual e vestimentas de trabalho em

perfeitas condições de uso e devidamente higienizados, responsabilizando-se

pela descontaminação dos mesmos ao final de cada jornada de trabalho, e

substituindo-os sempre que necessário;

c) Orientar quanto ao uso correto dos dispositivos de proteção;

d) Disponibilizar um local adequado para a guarda da roupa de uso pessoal;

e) Fornecer água, sabão e toalhas para higiene pessoal;

f) Garantir que nenhum dispositivo de proteção ou vestimenta contaminada seja

levado para fora do ambiente de trabalho;

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g) Garantir que nenhum dispositivo ou vestimenta de proteção seja reutilizado

antes da devida descontaminação;

h) Vedar o uso de roupas pessoais quando da aplicação de agrotóxicos.

2.5.3 Equipamentos de Proteção Individual - EPI

O empregador rural ou equiparado, de acordo com as necessidades de cada

atividade, deve fornecer aos trabalhadores os seguintes equipamentos de proteção

individual (item 20.2).

a) proteção da cabeça, olhos e face:

1. Capacete contra impactos provenientes de queda ou projeção de objetos;

2. Chapéu ou outra proteção contra o sol, chuva e salpicos;

3. Protetores impermeáveis e resistentes para trabalhos com produtos químicos;

4. Protetores faciais contra lesões ocasionadas por partículas, respingos, vapores

de produtos químicos e radiações luminosas intensas;

5. Óculos contra lesões provenientes do impacto de partículas, ou de objetos

pontiagudos ou cortantes e de respingos.

b) óculos contra irritação e outras lesões:

1. Óculos de proteção contra radiações não ionizantes;

2. Óculos contra a ação da poeira e do pólen;

3. Óculos contra a ação de líquidos agressivos.

c) proteção auditiva:

1. Protetores auriculares para as atividades com níveis de ruído prejudiciais à

saúde.

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d) proteção das vias respiratórias:

1. Respiradores com filtros mecânicos para trabalhos com exposição à poeira

orgânica;

2. Respiradores com filtros químicos, para trabalhos com produtos químicos;

3. Respiradores com filtros combinados, químicos e mecânicos, para atividades em

que haja emanação de gases e poeiras tóxicas;

4. Aparelhos de isolamento, autônomos ou de adução de ar para locais de trabalho

onde haja redução do teor de oxigênio.

e) proteção dos membros superiores:

1. Luvas e mangas de proteção contra lesões ou doenças provocadas por:

1.1. Materiais ou objetos escoriantes ou vegetais, abrasivos, cortantes ou

perfurantes;

1.2. Produtos químicos tóxicos, irritantes, alergênicos, corrosivos, cáusticos ou

solventes;

1.3. Materiais ou objetos aquecidos;

1.4. Operações com equipamentos elétricos;

1.5. Tratos com animais, suas vísceras e de detritos e na possibilidade de

transmissão de doenças decorrentes de produtos infecciosos ou parasitários;

1.6. Picadas de animais peçonhentos.

f) proteção dos membros inferiores:

1. Botas impermeáveis e antiderrapantes para trabalhos em terrenos úmidos,

lamacentos, encharcados ou com dejetos de animais;

2. Botas com biqueira reforçada para trabalhos em que haja perigo de queda de

materiais, objetos pesados e pisões de animais;

3. Botas com solado reforçado, onde haja risco de perfuração;

4. Botas com cano longo ou botina com perneira, onde exista a presença de

animais peçonhentos;

5. Perneiras em atividades onde haja perigo de lesões provocadas por materiais ou

objetos cortantes, escoriantes ou perfurantes;

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6. Calçados impermeáveis e resistentes em trabalhos com produtos químicos;

7. Calçados fechados para as demais atividades.

g) proteção do corpo inteiro nos trabalhos que haja perigo de lesões

provocadas por agentes de origem térmica, biológica , mecânica,

meteorológica e química:

1. Aventais;

2. Jaquetas e capas;

3. Macacões;

4. Coletes ou faixas de sinalização;

5. Roupas especiais para atividades específicas (apicultura e outras).

h) proteção contra quedas com diferença de nível:

1. Cintos de segurança para trabalhos acima de dois metros, quando houver risco

de queda.

Na operação de aplicação de herbicidas deverão ser utilizados os seguintes itens de proteção individual, ilustrados na Figura 3 apresentada por IWAMI et al. (2010)

Figura 3 – EPIs necessários a segurança do

trabalhador. Fonte : IWAMI et al. (2010)

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2.5.4 Em casos de Intoxicação

O trabalhador que apresentar sintomas de intoxicação deve ser

imediatamente afastado das atividades e transportado para atendimento médico,

juntamente com as informações contidas nos rótulos e bulas dos agrotóxicos aos

quais tenha sido exposto (item 08. 11).

2.5.5 Transporte de Trabalhadores

O veículo de transporte coletivo de passageiros deve observar os seguintes

requisitos:

a) Possuir autorização emitida pela autoridade de trânsito competente;

b) Transportar todos os passageiros sentados;

c) Ser conduzido por motorista habilitado e devidamente identificado;

d) Possuir compartimento resistente e fixo para a guarda das ferramentas e

materiais, separado dos passageiros (item 16.1).

2.6 ERGONOMIA

MONTEIRO (2001) afirma que pelo tipo de tarefa, o trabalhador também

está submetido a cargas fisiológicas que seriam as dores articulares e musculares,

características da atividade onde o levantamento e o carregamento da bomba

costal com um peso que fica em torno de, aproximadamente, 20 Kg a 25 Kg para a

bomba convencional, aumentam os esforços físicos na região da coluna e

membros superiores e inferiores. Afinal, é uma tarefa que se realiza em várias

posições, com inclinações do tronco e depois passa a posição bípede ao caminhar

em terrenos que, na maioria das vezes, se encontram irregulares e inclinados,

devido ao tipo de atividade prescrita para esses tipos de topografia.

Ainda MONTEIRO (2001) relata que além do peso, existe a manobra de

acionamento repetitivo no sistema de alavanca que é realizado, na maior parte,

pelo membro superior esquerdo nas bombas convencionais. Podendo realizar a

tarefa segundo normas técnicas estabelecidas, onde as alavancas são acionadas a

cada dois passos, ou empiricamente onde, na prática, os trabalhadores se

deparam com dificuldades para acompanhar de modo sistemático a operação. É

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comum existir a necessidade de aumentar o acionamento da alavanca,

principalmente, ao final da tarefa de aplicação quando se faz necessária a

realização de manobras mais rápidas (para cima e para baixo), no intuito de manter

a pressão interna. Isto ao longo do tempo e na intensidade do trabalho poderá

ocorrer fadiga e, conseqüentemente, o desgaste das articulações envolvidas,

podendo levar às doenças Ocupacionais Relacionadas ao Trabalho por traumas

repetitivos (D.O.R.T.).

2.7 OUTROS RISCOS DE ACIDENTES

Outros fatores a se levarem em consideração como risco segundo Daldin, et

al. (2008):

a) Brincadeira em local de trabalho;

b) Falta de treinamento do operador;

c) Layout inadequado;

d) Fazer reparos em máquinas ou equipamentos em movimento;

e) Falta de planejamento de uma atividade;

f) Transferência de funcionários de um setor para o outro, para o qual não foi

treinado.

2.8 RESPONSABILIDADE JURIDICA DE EMPREGADO E EMPREG ADOR

CONCEIÇÃO (2008) afirma, que há responsabilidade para todos os

envolvidos no setor, de acordo com o artigo 84 do Dec. Fed. 4074 de 04/01/2002:

“Art. 84. As responsabilidades administrativas, civil e penal pelos danos

causados à saúde das pessoas e ao meio ambiente, em função do

descumprimento do disposto na legislação pertinente a agrotóxicos, seus

componentes e afins, recairão sobre”:

I. O registrante que omitir informações ou fornecê-las incorretamente;

II. O produtor, quando produzir agrotóxicos, seus componentes e afins em

desacordo com as especificações constantes do registro;

III. O produtor, o comerciante, o usuário, o profissional responsável e o

prestador de serviços que opuser embaraço a fiscalização dos órgãos

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competentes ou que não der destinação às embalagens vazias de acordo

com a legislação;

IV. O profissional que prescrever a utilização de agrotóxicos e afins em

desacordo com as especificações técnicas;

V. O comerciante, quando efetuar a venda sem o respectivo receituário, em

desacordo com sua prescrição ou com as recomendações do fabricante e

dos órgãos registrantes e sanitário-ambientais;

VI. O comerciante, o empregado, o profissional responsável ou prestador de

serviços que deixar de promover as medidas necessárias de proteção à

saúde ou ao meio ambiente;

VII. O usuário ou o prestador de serviços, quando proceder em desacordo com o

receituário ou com as recomendações do fabricante ou dos órgãos sanitário-

ambientais;

VIII. As entidades públicas ou privadas de ensino, assistência técnica e pesquisa,

que promoverem atividades de experimentação ou pesquisa de agrotóxicos,

seus componentes e afins em desacordo com as normas de proteção da

saúde pública e do meio ambiente.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente estudo de caso foi realizado em fazendas localizadas no município

de Telêmaco Borba – PR, durante a operação de controle químico de plantas

daninhas antes e após o plantio das mudas, conduzido por empresa de

reflorestamentos que atua com serviços terceirizados de atividades silviculturais no

ano de 2010.

3.2 METODOLOGIA DA PESQUISA

O trabalho pode ser considerado uma pesquisa descritiva, pois visa expor as

características de determinada população ou fenômeno através de observações

sistemáticas. O procedimento técnico empregado baseia-se em um estudo de caso

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detalhando informações de uma área específica da empresa (SILVA; MENEZES,

2001).

Para o levantamento das informações foi realizado revisão bibliográfica

sobre:

a) Assuntos que abordam atividades de aplicação de herbicidas;

b) Segurança no trabalho;

c) Normas regulamentadoras.

A verificação do cumprimento das normas regulamentadoras e

procedimentos recomendáveis para a atividade foram realizados através:

a) Observações em campo;

b) Registros fotográficos;

c) Diálogo com encarregados de equipes.

3.3 ATIVIDADES OBSERVADAS

Para o controle das plantas daninhas em pós emergência, ou seja, depois

da germinação das sementes, com Scout (Glifosato) foi empregado o método

denominado “arrastão”, onde os aplicadores percorrem o talhão em faixas

posicionados um ao lado do outro, conforme observado na Figura 4.

Figura 4 – Aplicação de herbicida pós-emergente em sistema de

caminhamento de aplicadores enfileirados lado-a-lado (arrastão).

Fonte : O autor

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O controle das plantas daninhas em pré emergência, antes da germinação

das sementes ou emergência de suas plântulas, com Fordor 750 WG foi realizada

somente nas linhas de plantio (Linha do Ripper) após a adubação de base que

ocorre no pós-plantio (Figura 5), sendo que a mesma não foi acompanhada, mas

explanada por encarregados de outras atividades que já possuem experiências

com a mesma e visualizada em companhia do Supervisor e do Coordenador de

Operações da empresa.

Figura 5 – Aplicação do Herbicida Pré-emergente Fordor 750 WG na linha de plantio.

Fonte : O autor

As aplicações dos herbicidas foram realizadas com pulverizador costal de

acionamento manual, também conhecido como “bomba costal”, com capacidade

para 20 litros. O equipamento possuí bomba de um pistão acionado por alavanca

lateral, onde a calda é pressurizada e liberada por gatilho localizado na

extremidade de um tubo metálico denominado de ”lança” e pulverizada após a

passagem pelo bico (capa, filtro e ponta) (Figura 6A). Na aplicação do herbicida

Fordor foi utilizado na extremidade da lança um protetor denominado “chapéu de

Napoleão”, com o objetivo de prevenir o contato das mudas com o herbicida

(Figura 6 B).

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Figura 6 – Pulverizador costal utilizada na aplicação de herbicidas. A) Aplicação Pós – Emergente sem chapéu de Napoleão; B) Aplicação Pré – Emergente com chapéu de Napoleão.

Fonte : O autor

Já para o preparo e agitação da calda de herbicida, foi empregado um

pulverizador especifico da marca FMCopling - modelo comboio 2000, provido

tanque de armazenamento com capacidade para 2.000 litros e bomba com

capacidade para 80 litros por minuto acionada pela tomada de potência do trator

da marca Valtra – modelo BM 100, conjunto denominado “trator + glass tanque”,

(Figura 7).

Dosagem e volume de calda de aplicação foram determinados conforme

receituário agronômico pertinente.

Figura 7 - Trator Valtra BM100 acoplado com Comboio (Glass Tanque 2000L).

Fonte : O autor

A B

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Assim, foram observados os procedimentos durante atividades de aplicação

dos herbicidas, direcionando para a área de segurança e saúde do trabalhador,

com análise da adequação das Normas Regulamentadoras, utilização de EPIs e

Leis Vigentes.

4. RESULTADO E DISCUSSÕES 4.1 FATORES DE RISCOS OBSERVADOS 4.1.1 Preparo da calda e abastecimentos

O preparo da calda de herbicida foi feito seguindo-se as instruções do

receituário agronômico, sendo que há um funcionário específico para a atividade.

Foi empregado equipamento de proteção individual adequado, porém o local para

a colocação do agrotóxico no tanque está em posição imprópria causando

desconforto para o funcionário e risco de acidente (Figura 8).

O eixo cardan de acionamento da bomba pela tomada de potência do trator

apresentava com capa de proteção, conforme estabelece as normas de segurança.

Figura 8 – Tratorista realizando o preparo da calda com os devidos EPIs.

Fonte : O autor.

O deslocamento do trator acoplado ao comboio para fazer os

abastecimentos da equipe se da na linha limite de cada faixa de aplicação, ou seja,

sempre quando o aplicador encontra o limite do talhão ele fará o abastecimento

dos pulverizadores costais (Figura 9).

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Figura 9 – Trator percorrendo linha limite do talhão neste caso

sendo a estrada. Fonte : O autor

O rendimento da atividade depende de cada aplicador, sendo que o

caminhamento na área é diferenciado entre os aplicadores.

4.1.2 Utilização dos Equipamentos de Proteção Indiv idual (EPI’s)

Pode-se constatar de que os aplicadores ainda não admitem a importância

da utilização dos EPIs. Quando em campo ao acompanhar as atividades de

aplicação visualizou-se uma situação na qual o aplicador ao deixar seu

equipamento costal no chão para o reabastecimento retirou as luvas, talvez por

descuido ou desconforto e para fechar o tanque do pulverizador após o processo

não às recolocou. Quando se fecha o registro de liberação do glass tanque, não se

interrompe instantaneamente o fluxo da calda, e assim uma pequena quantidade

foi derramada nas mãos do trabalhador. No dia seguinte constatou-se novamente a

imprudência registrada através de foto observada na Figura 10.

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Figura 10 - Imprudências encontradas na utilização dos EPIs. A) Fechando o pulverizador costal sem luvas; B) Espera de abastecimento sem luvas; C) Erguendo o pulverizador costal aberto e sem luvas.

Fonte : O autor Outro fator a se destacar foi a não utilização da toca protetora do macacão como é

observado na Figura 11, tendo ela a finalidade de evitar contato do pescoço com

herbicida de possíveis vazamentos nas mangueiras e conexões do pulverizador

costal na saída da bomba.

Figura 11 – Não utilização da toca de proteção pelo aplicador.

Fonte : O autor

B C A

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4.1.3 Utilização de Tabagismo Durante a Atividade

Durante as atividades no momento de abastecimento quando os aplicadores

retiravam a luva e esperavam a vez para o abastecimento, eles faziam uso de

tabagismo, o que possivelmente poderia causar uma intoxicação respiratória,

quando o herbicida contido na mão exposta do trabalhador para o abastecimento,

entrava em contato com o cigarro impregnando o papel, o qual era queimado e

aspirado, conhecido como “tragada”.

Outro fator observado em campo era quando os aplicadores terminavam de

fumar, jogavam as bitucas de cigarro no chão, em meio a uma área de vegetação

seca o que fornece um grande risco de incêndio e possíveis acidentes de trabalho

também.

4.1.4 Condições Ambientais

A empresa faz avaliações das variáveis metereológicas, com potencial para

interferir na operação, antes de realizá-la.

Alguns fatores a se considerar na aplicação correspondem à temperatura que

deve estar abaixo de 27ºC com uma umidade ambiente igual ou superior a 55% e

uma velocidade do vento não ultrapasse 10 Km/h, caso a situação não esteja de

acordo com os citados acima não se recomenda a aplicação. Tendo atenção maior

a umidade, pois é ela quem determina uma maior ou menor evaporação das gotas

ocasionando uma deposição irregular ou desvio acentuado do alvo desejado.

Herbicidas aplicados na superfície do solo são freqüentemente perdidos,

especialmente se ocorrer um período prolongado de seca após a aplicação (Silva

et al., 2007). É possível que ocorram perdas em função do processo de

fotodegradação, além de outros fatores que podem estar envolvidos, como a

volatilização, acentuada pela temperatura elevada na superfície do solo, a

degradação química e biológica e a sorção, que devem ser considerados para

explicar o desaparecimento dos herbicidas no solo (Silva et al., 2007).

Quando a atividade é mal realizada, ocorrem os chamados “Jacarés” áreas de

vegetação de plantas daninhas não ou parcialmente atingidas pelo herbicida,

dessa forma dando um aspecto de ilhas verdes justaposto a áreas de coloração

parda devido à morte de plantas pelo herbicida.

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4.1.5 Transporte

O transporte era realizado por ônibus como se observa na Figura 12

propriedade da empresa contratada, o Técnico de Segurança da empresa fazia as

vistorias e Check List dos ônibus regularmente. Os equipamentos utilizados para

aplicação do herbicida eram guardados em espaço reservado, os Equipamentos de

Proteção individual- EPIs, a barraca de almoço e banheiro desmontável eram todos

guardados nos bagageiros.

Figura 12 – Modelo de Ônibus da empresa contratada,

utilizado para fazer o transporte dos trabalhadores.

4.1.6 Ergonomia

Um fator muito interessante atentado pela empresa refere-se ao peso

transportado pelos trabalhadores ao longo da jornada de trabalho. O pulverizador

costal tem uma liberação de volume liquido muito lenta, o que faz com que os

trabalhadores carreguem o equipamento cheio por longo período de tempo e por

longas distâncias de caminhamento, assim como método ergonômico utilizado pela

empresa os pulverizadores costais eram abastecidos numa proporção de 2/3 de

sua capacidade máxima (aproximadamente 15 kg), o que diminui o peso excessivo

sobre as costas e o corpo do trabalhador.

A jornada de trabalho realizada pelos funcionários era de 8 horas diárias,

sendo 60% de trabalho efetivo, 16% deslocamento das equipes, 9%

abastecimento, 15% DDS - Dialogo de Segurança, Café e Almoço.

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4.1.7 Locais de trabalho

a) Clima

Excessiva temperatura, ocasionada pela presença continua do sol a céu

aberto. Em dias chuvosos as atividades são paralisadas, devido à inviabilidade das

mesmas. Os locais possuíam grande umidade no período da manhã.

b) Terreno

As áreas de combate pré - plantio por ficar muito tempo em pousio, as

plantas daninhas chegavam até 1,20 m de altura, como se observa na Figura 13, o

que dificultava o caminhamento dos trabalhadores e o controle, ocorrendo às vezes

até acidentes nos casos em que o terreno possuía muitos buracos e os

trabalhadores não os enxergavam.

Figura 13 – Aplicação de herbicida Pré – Plantio em áreas

infestadas. Fonte : O autor

4.2 MEDICINA OCUPACIONAL

Antes do inicio dos trabalhos, logo após os funcionários tomarem o café da

manhã, era realizado o DDS - Diálogo de Segurança, para prevenir acidentes

específicos da atividade a ser desenvolvida, bem como ginástica laboral, para

evitar possíveis lesões musculares (Figura 14).

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Figura 14 – Funcionários recebendo palestra de como realizar alongamentos

antes das atividades. Fonte : O autor

4.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL DOS APLICAD ORES DE

HERBICIDA

A empresa fornece todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

que se fazem necessário a atividade. Os equipamentos que foram visualizados em

campo são citados a seguir.

−−−− Respirador Semi-Facial (Figura 15): O respirador – peça facial filtrante - PFF,

também denominado como “máscara” para proteção do nariz e da boca sendo

ela adaptada de filtros trocáveis feitos com fibras;

−−−− Macacão (Figura 16): Confeccionado de tecido de algodão e utilizado para

proteção da cabeça, pescoço, tórax, barriga e pernas com o agrotóxico. Possui

lavagem máxima de 70 vezes;

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Figura 15 – Respirador Semi - Facial, utilizados para proteção das vias respiratórias.

Fonte : O autor

Figura 16 – Macacão, utilizado para

proteção do corpo. Fonte : O autor

−−−− Óculos de Segurança / Lente Clara (Figura 17): Protege contra impactos de

partículas sólidas quentes ou frias, de substâncias nocivas (poeiras, líquidos,

vapores e gases irritantes), de radiações (infravermelho, ultravioleta e calor);

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Figura 17 – Óculos de Segurança (Lente Clara), utilizados para proteção dos olhos.

Fonte : O autor

−−−− Botas de PVC com Biqueira e Palmilha de Aço (Figur a 18): Protegem os pés

contra perfurações, cortes, contato de produtos tóxicos com a pele. Alguns

afirmam ser foco de transpiração, mas na empresa acompanhada não

observou-se nenhuma reclamação sobre;

Figura 18 – Botas de PVC com Biqueira e Palmilha de Aço, utilizados para proteção dos pés.

Fonte : O autor −−−− Luvas de Látex Natural Neoprene (Figura 19): Proteção das mãos do usuário

contra riscos e contra a ação de produtos químicos: Classe A - Tipo 2:

Agressivos básicos/Classe B: Detergentes, sabões, amoníaco e similares.

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Figura 19 – Luvas de Látex Natural Neoprene,

utilizados para proteção das mãos e punho.

Fonte : O autor 4.4 RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA

Um dos grandes problemas enfrentados pelas empresas, de modo geral, é

fazer com que os empregados utilizem os EPI de forma habitual, pois estes

demonstram sentimentos contrários ao uso dos EPI, talvez por considerá-lo

incômodo, principalmente, durante o período de adaptação.

Segundo VEIGA, M. M (2007) realmente as propriedades físicas e químicas

que fornecem aos EPIs essa característica de proteção também os transformam,

freqüentemente, em bastante desconfortáveis e/ou inadequados. Daldin, et al

(2008) cita algumas soluções práticas para resolver este problema:

a) Começa pela escolha do tipo e modelo do EPI adequado para cada

finalidade, que se adapta ao risco no trabalho; normalmente, essas tarefas

são destinadas aos profissionais ligados à área de engenharia de segurança

e medicina do trabalho;

b) A empresa deverá propor soluções quanto aos processos de rejeição ou

aceitação do EPI, analisando o comportamento das pessoas, normalmente é

requisitado um psicólogo do trabalho para executar esta tarefa;

c) A empresa deverá detectar as mais diversas causas que influenciam o

desconforto e a adaptação perfeita do EPI, a fim de estudar e corrigir as

situações que possam, eventualmente, surgir;

d) A empresa deverá orientar e explicar a cada empregado que o EPI que está

sendo entregue, longe de ser um instrumento de martírio, é um elemento de

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sua proteção. Para isso, o empregado deverá ser preparado

psicologicamente e estar consciente de que o protetor é um objeto de que

ele precisa e não um instrumento que vem incomodá-lo;

e) A empresa deverá integrar o empregado aos acontecimentos de sua

atividade, contribuindo, da melhor maneira possível, para solucionar os

problemas;

f) Promover incansavelmente trabalhos de conscientização de prevenção de

acidentes, como: palestras, cursos, gincanas, campanhas educativas etc;

Outra solução seria selecionar os aplicadores que apresentam falhas na

utilização dos Equipamentos de Proteção Individual e proporcionar um curso de

aperfeiçoamento e conscientização do uso dos mesmos, semelhante a um curso

de reciclagem.

Em vista da utilização desregrada de tabagismo e dos riscos de intoxicação

e incêndios florestais é recomendado a proibição sem exceções do uso do mesmo

nos locais e durante as atividades.

5. CONCLUSÃO

O estudo revelou que empresa se preocupa com a segurança e saúde de

seus funcionários e procura atender os preceitos estabelecidos nas Normas

Regulamentadoras e Leis Vigentes relacionadas à atividade desenvolvida, mas

ainda falha com relação:

a) À supervisão do uso dos EPIs durante todo o trabalho;

b) Aos riscos no manuseio durante a operação preparo da calda e

abastecimentos de Pulverizadores costais;

c) A permissão do uso de tabagismo durante as atividades, sendo um meio de

intoxicação ao trabalhador e proporcionando um grande risco de incêndio a

propriedade devido à presença de material combustível seco.

Sugere-se a empresa para melhorias a curto e longo prazo:

a) Trabalhos de conscientização e prevenção de acidentes (palestras e

treinamentos);

b) Maior atenção por parte dos Encarregados de campo na utilização correta

do uso de EPIs pelos funcionários;

c) A proibição do uso de tabagismo em local e horário de serviço.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABAL HO

DIEGO LEONARDO HOLK

RISCOS EM PROCESSO DE APLICAÇÃO DE HERBICIDA NO PLA NTIO DE ESPECIES FLORESTAIS – ESTUDO DE CASOS

PONTA GROSSA

2012