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__________________________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ Curso de Pós-Graduação lato sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho Andrisio Bet EXPLOSÕES DE PÓS EM UNIDADES DE RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM DE GRÃOS DE CEREAIS NA CIDADE DE CHAPECÓ Chapecó 2010

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  • __________________________________________________________________________________________ Carin Maria Schmitt. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2004

    UNIVERSIDADE COMUNITRIA DA REGIO DE CHAPEC

    Curso de Ps-Graduao lato sensu em Engenharia de Segurana do Trabalho

    Andrisio Bet

    EXPLOSES DE PS EM UNIDADES DE RECEBIMENTO E

    ARMAZENAGEM DE GROS DE CEREAIS NA CIDADE DE

    CHAPEC

    Chapec 2010

  • 1

    ANDRISIO BET

    EXPLOSES DE PS EM UNIDADES DE RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM DE GROS DE CEREAIS NA CIDADE DE

    CHAPEC

    Monografia de concluso de curso apresentada Universidade Comunitria da Regio de Chapec como parte dos requisitos para obteno do grau de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho

    Orientador: Prof. Dr. Me. Silvio Edmundo Pilz

    Chapec 2010

  • 2

    Dedico este trabalho a minha famlia e aos meus amigos

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Expressamos sinceros agradecimentos aos meus colegas, empresa a qual auxiliou

    financeiramente na elaborao dos resultados das anlises necessrias, colaboradores

    principalmente a equipe de segurana do trabalho que cederam equipamentos de medies a

    qual possibilitou a minha total dedicao aos meus estudos para alcanar os objetivos

    traados.

    Agradeo ao Prof. Dr. Me. Silvio Edmundo Pilz, orientador deste trabalho pela sua total

    dedicao e contribuio que proporcionou o sucesso desse trabalho.

    Agradeo nossos familiares, pela compreenso de cada momento que tivemos de nos ausentar

    de suas presenas.

  • 4

    H muitas maneiras de avanar, mas s uma maneira de ficar parado.

    Franklin D. Roosevelt

  • 5

    RESUMO

    BET, andrisio. Exploses de Ps em Unidades de Recebimento e Armazenagem de Gros de Cereais na Cidade de Chapec. 2010. Monografia (Engenharia de Segurana do Trabalho) Curso de Ps Graduao em Engenharia de Segurana do Trabalho, UNOCHAPECO, Chapec, 2010.

    Este trabalho aborda os riscos existentes em uma unidade de recebimento, limpeza, secagem,

    armazenagem e expedio de cereais (soja) na cidade de Chapec, sob o ponto de vista da

    ocorrncia de exploses do p em suspenso. As causas do fenmeno so pouco conhecidas

    por empresrios, tcnicos, engenheiros e funcionrios, os quais conhecem mais suas

    conseqncias, devido a notcias de ocorrncia dessas exploses, em geral extremamente

    danosas com grandes destruies e mortes no somente dos funcionrios mas tambm dos

    moradores prximos unidade conforme a magnitude da exploso. Infelizmente ainda no h

    normas especficas da ABNT relativas a exploses de ps, somente a NR-31 aborda sobre as

    instalaes eltricas em ambientes com atmosferas explosivas e a IT 027/2010 a qual

    estabelece medidas de segurana quanto a incndios e exploso em silos de armazenamento

    de cereais. As amostras de poeiras sero coletadas e analisadas conforme os procedimentos

    tcnicos e mtodos de ensaio recomendado pela FUNDACENTRO denominada como anlise

    gravimtrica de aerodispersides slidos coletados sobre filtros de membrana. Baseado nesses

    conhecimentos este trabalho prope atravs da concentrao total de p coletado na unidade

    em estudo identificar e quantificar os locais de riscos quanto a explosividade. Este estudo

    inicia com a identificao da unidade atravs de visitas feitas in-loco pra verificar todo o

    processo visualizando assim os pontos geradores de ps, os quais, atravs de mtodos e

    instrumentos sero efetuados as medies da concentrao total de poeira e identificar

    possveis fontes de ignio, descrevendo os procedimentos adotados para coleta das amostras

    em campo, tambm procedimentos laboratoriais apresentando os resultados das concentraes

    encontradas em cada local de coleta verificando a probabilidade de ocorrncia de exploso na

    unidade em estudo a qual servir de orientao para outras unidades que processam o mesmo

    produto, finalizando este trabalho com a descrio das medidas preventivas pra evitar

    exploses nos locais onde foram encontrados concentraes dentro da faixa de explosividade.

    Palavras-chave: exploso; p; gerador de p.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: exploso em Paranagu - Paran....................................................................... 20

    Figura 2: imagem aps exploso nos silos, Blaye Frana 1997..................................... 21 Figura 3: vista superior do terminal graneleiro de Blaye antes e o que sobrou depois da

    exploso (partes em azul).................................................................................... 21

    Figura 4: exploso na Imperial Sugar nos Estados Unidos ............................................. 22

    Figura 5: exploso silo graneleiro fundo V em Santa Rosa RS.................................. 22 Figura 6: poeira depositada sob acionamento da correia transportadora no tnel

    subterrneo de uma unidade armazenadora de gros.......................................... 30

    Figura 7: enclausuramento de lmpadas deficientes......................................................... 32

    Figura 8: enclausuramento correto de lmpadas.............................................................. 32

    Figura 9: corte esquemtica de um filtro de manga vista interna...................................... 37

    Figura 10: filtro de manga vista externa............................................................................ 37 Figura 11: cmara de ar do Filtro de manga..................................................................... 38

    Figura 12: instalao de um filtro de manga..................................................................... 38 Figura 13: captao de p na correia transportadora em um tnel subterrneo................ 39

    Figura 14: filtro de mangas compacto aplicado a um elevador de canecas...................... 39 Figura 15: filtro de manga aplicado a um redler............................................................... 40

    Figura 16: sistema de captao de p para moegas de descarga de caminhes / vages com aplicao de abafadores de p sob a grade.................................................. 40

    Figura 17: sistema de captao de p para moegas de descarga de caminhes / vaes com aplicao de abafadores de p sob a grade.................................................. 41

    Figura 18: elemento de alvio de presso.......................................................................... 42 Figura 19: croqui geral da unidade em estudo.................................................................. 47

    Figura 20: croqui da unidade identificando as edificaes por onde ocorre as etapas do processo de armazenagem de gro...................................................................... 48

    Figura 21: identificao dos pontos geradores de ps os quais sero coletados amostras de poeiras............................................................................................................ 49

    Figura 22: moega de recebimento de gro (milho, soja e trigo) com piso de madeira..... 50 Figura 23: moega de recebimento de gro (milho, soja e trigo) com piso metlico......... 50

    Figura 24: moega sem captores de p no momento da descarga de soja com tombador.. 51

    Figura 25: moega com sistema de captao de p no momento de descarga com tombador............................................................................................................. 51

    Figura 26: sistema manual de descarga de cereais em moegas......................................... 52

    Figura 27: moega com fechamento automtico evitando a expanso do p..................... 53 Figura 28: moega com tombador enclausurado evitando a expanso do p..................... 53

  • Figura 29: fita transportadora localizada no tnel subterrneo prximo da descarga para o elevador.................................................................................................... 54

    Figura 30: fita transportadora localizada no tnel subterrneo embaixo dos silos de armazenagem (tnel com uma fita)..................................................................... 55

    Figura 31: fita transportadora localizada no tnel subterrneo embaixo dos silos de armazenagem (tnel com duas fitas)................................................................... 55

    Figura 32: acmulo de p na fita transportadora localizada no tnel subterrneo............ 56

    Figura 33: bateria de mquinas de limpeza....................................................................... 56 Figura 34: mquina de limpeza providas de captores de ps............................................ 57

    Figura 35: mquina de limpeza......................................................................................... 57 Figura 36: manoplas e janelas laterais............................................................................... 58

    Figura 37: exaustor centrfugo.......................................................................................... 58 Figura 38: redler de transporte.......................................................................................... 59

    Figura 39: parte interna do redler mostrando as correntes................................................ 60 Figura 40: vista frontal de um conjunto de elevadores instalados.................................... 61

    Figura 41: vista frontal mostrando o p do elevador......................................................... 61 Figura 42: vista frontal da cabea do elevador.................................................................. 62

    Figura 43: calhas com janelas pra inspeo e manuteno............................................... 62 Figura 44: modelos de caambas dos elevadores.............................................................. 63

    Figura 45: calha anti-exploso dos elevadores.................................................................. 63

    Figura 46: vista frontal de um secador de cereais............................................................. 64

    Figura 47: torre de secagem.............................................................................................. 65 Figura 48: fornalha interligada ao secador........................................................................ 66

    Figura 49: balana analtica de preciso............................................................................ 69 Figura 50: preciso de 0,01mg.......................................................................................... 70

    Figura 51: sistema de calibrador da vazo da bomba de amostragem.............................. 70 Figura 52: sistema de medio de perda de carga do porta-filtro com manmetro de

    coluna inclinada.................................................................................................. 71

    Figura 53: bomba de amostragem de baixa vazo............................................................ 73

    Figura 54: sistema de coleta utilizado para poeira total, formado pela bomba de amostragem de baixa vazo, mangueira e dispositivo amostrador..................... 73

    Figura 55: porta-filtro de poliestireno de 37 mm.............................................................. 74 Figura 56: vista explodida do dispositivo de coleta (porta-filtro de poliestireno) com

    seus componentes: (a) plugues de vedao, (b) tampa com orifcio de entrada do ar, (c) anel central, (d) filtro de membrana, (e) suporte do filtro e (f) base com orifcio de sada do ar..................................................................................

    74

    Figura 57: cronmetro para medio do tempo de coleta das amostras............................ 75

  • Figura 58: procedimento de calibrao da bomba............................................................. 76

    Figura 59: visor do calibrador mostrando o resultado da calibragem............................... 77 Figura 60: fechamento manual com placa de madeira...................................................... 80

    Figura 61: vedao com fita tipo teflon............................................................................ 80 Figura 62: moega com tombador...................................................................................... 82

    Figura 63: moega sem tombador....................................................................................... 82 Figura 64: local de instalao dos equipamentos pra coleta de poeira por descarga

    manual................................................................................................................. 83

    Figura 65: coleta da amostra de poeira no momento da descarga por tombador.............. 84

    Figura 66: local onde foi executado a coleta de poeira na galeria subterrnea (momento da fita parada)...................................................................................................... 85

    Figura 67: momento da coleta de poeira na galeria subterrnea (com fita em movimento)......................................................................................................... 85

    Figura 68: local de realizao da coleta do p na mquina de limpeza............................ 86 Figura 69: local de realizao da coleta de p no redler de transporte............................. 87

    Figura 70: momento da medio com o redler em funcionamento................................... 88 Figura 71: situao momentos aps a parada de funcionamento do redler....................... 88

    Figura 72: local de instalao dos equipamentos de medio no elevador de transporte. 89 Figura 73: medio no incio do acionamento do elevador.............................................. 90

    Figura 74: depsito de poeira no local de circulao do ar que vem da fornalha............. 91

    Figura 75: fornalha, duto de conduo do ar e local de medio no secador.................... 91

    Figura 76: momento da medio da poeira com o secador acionado................................ 92 Figura 77: resultado final das concentraes encontradas................................................ 99

    Figura 78: concentrao total de poeira acima do limite inferior de explosividade de 20g/m3................................................................................................................. 100

    Figura 79: pesagem do p encontrado nos locais de medies pra simulao em maquete experimental......................................................................................... 101

    Figura 80: resultado dos testes realizados com as concentraes encontradas pra verificar a ocorrncia ou no de exploso........................................................... 101

    Figura 81: maquete experimental utilizada para simulaes de exploses....................... 102

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: algumas exploses ocorridas no Brasil............................................................. 23

    Tabela 2: resultado das concentraes totais encontradas nos locais de coleta................ 98

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    LIE: Limite Inferior de Explosividade

    LSE: Limite Superior de Explosividade

    Pmp: Presso Mxima de Exploso

    Vmp: Velocidade Mxima de Aumento de Presso

    CO2: Dixido de Carbono

    O2: Oxignio

    N2: Nitrognio

    He: Hlio

    A: Argnio

    oC: Grau Centgrado

    cm: Centmetro

    t: Tempo Total de Coleta

    Qm: Vazo Mdia

    V: Volume de ar Amostrado

    C: Concentrao da poeira

    CMP: Concentrao Mdia de P

    um: Micrometro

    m: Metro

    mm: Milmetro

    DIN: Deutsches Institut fur Normung

    EC: European Community

    EN: European Standard

    EUA: Estados Unidos da Amrica

    Kg: Quilograma

    g/m: Grama por Metro Cbico

    m: Metro Cbico

  • Kg/m: Quilograma por Metro Cbico

    m/s: Metro por Segundo

    mg/m: Miligrama por Metro Cbico

    mg: Miligrama

    t/m: Tonelada por Metro Cbico

    t/h: Tonelada por Hora

    m.c.a: Metro Coluna de gua

    l/min: Litros por Minuto

    Km/h: Quilometro por Hora

    IEC: International Electrotechnical Commission

    KPa: Quilopascal

    mJ: Milijoule

    NBR: Norma Brasileira

    NEC: National Electrical Code

    NEMA: National Electrical Manuacturing Association

    NFPA: National Fire Prevents of Acidents

    NR: Norma Regulamentadora

    OSHA: Occupational Safety & Health Administration

    PR: Paran

    RS: Rio Grande do Sul

    SC: Santa Catarina

    C.S.B: Chenical Safety Board

    PCF: Porta Corta Fogo

  • 12

    SUMRIO

    1 INTRODUO ........................................................................................................... 15 1.1 OBJETIVOS................................................................................................................ 17

    1.1.1 Objetivo Geral........................................................................................................ 17 1.1.2 Objetivos Especficos.............................................................................................. 17 1.2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................ 18

    2 REVISO BIBLIOGRFICA.................................................................................... 19 2.1 EXPLOSES EM UNIDADES DE ARMAZENAGEM DE GROS...................... 19

    2.1.1 Histrico.................................................................................................................. 19 2.1.2 Normas Brasileiras................................................................................................. 23 2.1.3 Exploses de Ps..................................................................................................... 25 2.1.4 Parmetros Crticos para Exploses de Poeiras.................................................. 32 2.2 MEDIDAS PREVENTIVAS CAPAZES DE EVITAR EXPLOSES...................... 33 2.2.1 Medidas Preventivas Gerais.................................................................................. 33 2.2.2 Aspectos Construtivos............................................................................................ 34 2.2.2.1 estrutura................................................................................................................. 34

    2.2.2.2 escadas e elevadores.............................................................................................. 35 2.2.2.3 instalaes eltricas............................................................................................... 35

    2.2.2.4 sensor de temperatura............................................................................................ 36 2.2.2.5 eletricidade esttica............................................................................................... 36

    2.2.2.6 indicadores de pontos aquecidos........................................................................... 36 2.2.2.7 controle de poeira.................................................................................................. 36

    2.2.2.8 locais confinados................................................................................................... 41 2.2.2.9 alvio de exploso.................................................................................................. 42

    2.2.2.10 dispositivos gerais............................................................................................... 42 2.2.3 Possveis Fontes de Ignio.................................................................................... 43 3 METODOLOGIA E AMOSTRAGEM...................................................................... 45 3.1 DESCRIO DA UNIDADE EM ESTUDO............................................................ 47

    3.1.1 Escolha da Unidade para Estudo.......................................................................... 47 3.1.2 Identificao dos Locais Geradores de P........................................................... 48 3.1.2.1 moega.................................................................................................................... 49

    3.1.2.2 galeria subterrnea................................................................................................. 54

    3.1.2.3 mquina de limpeza............................................................................................... 56 3.1.2.4 redler de transporte................................................................................................ 59

  • 3.1.2.5 elevador de transporte........................................................................................... 60

    3.1.2.6 secador................................................................................................................... 64 3.2 MTODO UTILIZADO............................................................................................. 66

    3.2.1 Mtodo..................................................................................................................... 66 3.2.1.1 princpio do mtodo.............................................................................................. 67

    3.2.1.1.1 Interferncias..................................................................................................... 68 3.3 INSTRUMENTAO................................................................................................ 68

    3.3.1 Materiais Utilizados no Laboratrio.................................................................... 68 3.3.1.1 aparelhagem.......................................................................................................... 69

    3.3.1.2 balana analtica.................................................................................................... 69

    3.3.1.3 calibrador de vazo................................................................................................ 70

    3.3.1.4 manmetro de coluna inclinada............................................................................. 71 3.3.1.5 instalaes............................................................................................................. 72

    3.3.2 Materiais Utilizados em Campo............................................................................ 72 3.3.2.1 bomba de amostragem........................................................................................... 72

    3.3.2.2 dispositivo amostrador.......................................................................................... 74 3.3.2.3 cronmetro............................................................................................................ 75

    3.4 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS EXECUTADOS ANTES DA COLETA EM CAMPO.................................................................................................................

    76

    3.4.1 Calibrao da Bomba............................................................................................. 76 3.4.2 Preparao dos Filtros para Coleta...................................................................... 77 3.4.2.1 montagem dos filtros............................................................................................. 77 3.4.2.2 seleo do filtro testemunho.................................................................................. 77

    3.4.2.3 codificao do porta-filtro..................................................................................... 78 3.4.3 Pesagem dos Filtros antes da Coleta..................................................................... 78 3.4.3.1 estabilizao.......................................................................................................... 78 3.4.3.2 pesagem................................................................................................................. 78

    3.4.4 Vedao do Porta-Filtro........................................................................................ 79 3.4.5 Verificao de Vazamento do Porta-Filtro.......................................................... 80 3.4.6 Prazo de Validade dos Filtros Pesados................................................................. 81 3.5 PROCEDIMENTO DE COLETA EM CAMPO........................................................ 81

    3.5.1 Coleta de Amostra na Moega................................................................................ 81 3.5.1.1 coleta na moega com descarga manual................................................................. 82

    3.5.1.2 coleta na moega com descarga por tombador....................................................... 83 3.5.2 Coleta de Amostra na Galeria Subterrnea........................................................ 84

  • 14

    3.5.3 Coleta de Amostra na Mquina de Limpeza....................................................... 86 3.5.4 Coleta de Amostra no Redler de Transporte....................................................... 86 3.5.5 Coleta de Amostra no Elevador de Transporte................................................... 89 3.5.6 Coleta de Amostra no Secador.............................................................................. 90 3.6 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS EXECUTADOS APS A COLETA EM

    CAMPO........................................................................................................................ 92

    3.6.1 Pesagem dos Filtros aps a Coleta........................................................................ 92 3.6.2 Limpeza de Materiais e da Balana...................................................................... 93 3.6.2.1 limpeza de materiais.............................................................................................. 93

    3.6.2.2 limpeza da balana analtica.................................................................................. 93 3.6.3 Expresso dos Resultados...................................................................................... 94 3.6.4 Notas de Procedimentos......................................................................................... 95 3.6.4.1 pesagem de amostras soltas................................................................................... 95

    3.6.5 Anlises das Amostras de Poeira.......................................................................... 96 3.6.5.1 gravimetria............................................................................................................ 96

    3.6.6 Determinao das Concentraes de Poeira........................................................ 97 3.6.6.1 concentrao de poeira total.................................................................................. 97

    3.6.6.2 volume do ar amostrado........................................................................................ 97

    4 RESULTADOS E ANLISES DAS AMOSTRAS................................................... 98 4.1 PROBABILIDADE DE EXPLOSES NA UNIDADE SEGUNDO

    CONCENTRAES ENCONTRADAS..................................................................... 99

    5 CONSIDERAES FINAIS...................................................................................... 103 REFERNCIAS ............................................................................................................... 107

    ANEXO A ANLISE LABORATORIAL DE ALGUMAS AMOSTRAS ................. 109 ANEXO B PLANILHA DE CLCULO DAS AMOSTRAS....................................... 115

  • 15

    1 INTRODUO

    Toda a atividade industrial em seu processo de transformao, tem objetivo atravs de

    matria-prima, com processos industriais diversos, chegar ao produto manufaturado, porm o

    rendimento nunca ocorre em 100%, com um valor inicial da matria-prima o resultado no

    produto final menor, devido s perdas e eficincia do processo, sempre existiro resduos, e

    estes podem ser: slidos, lquidos ou gasosos, e ter caractersticas diversas, alguns podendo

    ser inflamveis e explosivos, podendo afetar os trabalhadores envolvidos, a parte fsica da

    indstria, bem como a comunidade vizinha, e at o meio ambiente, atravs das emisses do

    processo para o exterior (S, 1997).

    O fogo e a exploso devido poeira orgnica em suspenso so riscos potencialmente mortais

    em toda a operao que tem resultado secundrio a formao de tais materiais pulverulentos

    em algumas etapas de seu processo produtivo.

    As indstrias de processamento de produtos que em alguma de suas fases se apresentam na

    forma de p so instalaes com potencial de riscos quanto a incndios e exploses. So

    indstrias de armazenagem, secagem e beneficiamento de produtos agrcolas, fabricantes de

    raes animais balanceadas, indstrias alimentcias, indstrias metalrgicas, farmacuticas,

    plsticas, de carvo e beneficiamento de madeira. Tais instalaes devem, antes de sua

    implantao, efetuar uma anlise acurada de seus riscos e tomar as precaues cabveis, pois

    na fase de projeto as solues so mais simples e econmicas. Porm as indstrias j

    implantadas, com o auxlio de um profissional competente, podero equacionar

    razoavelmente bem os problemas, minorando os riscos inerentes (S, 1997).

    Sob aspectos militares, explosivos podem ser definidos como substncias ou mistura destas suscetveis a sofrerem bruscas transformaes qumicas sob influncia de calor ou ao mecnica. Destas transformaes geram-se gases aquecidos sob alta presso que tendem a expandir rapidamente levando a romper estruturas, destruir equipamentos e ceifar vidas humanas.

    As exploses em unidades armazenadoras geralmente possuem por material explosivo a mistura das substncias: ar atmosfrico e partculas slidas em suspenso, respectivamente. As partculas originam-se das impurezas que acompanham a massa de gros ou do esfacelamento dos gros.

    A detonao dessa mistura ser processada caso em algum local ocorra a temperatura do ponto de detonao, o que pode ser causado por uma fonte de

  • 16

    ignio do tipo: acmulo de cargas eletrostticas, curtos circuitos, descargas atmosfricas, atrito de componentes metlicos e descuidos quando do uso de aparelhos de soldagem.

    Processada a detonao em um dado ponto, a energia calorfica dissipada ser utilizada na detonao de outro ponto. Isto estabelecer uma srie de detonaes, enquanto houver condies favorveis que so estabelecidas pela existncia dos agentes comburentes e combustvel e a ocorrncia da temperatura do ponto de detonao. Deste modo, tem-se que o processo de detonao rpido, mas no instantneo, sendo que as sries de detonaes podem atingir velocidades de propagao de at 7000 m/s, exercer presses de at 550 KPa e gerar ondas de choque com velocidades de 300 m/s (SILVA, 1999).

    Nas atividades industriais descritas acima h riscos para os trabalhadores, riscos estes fsicos,

    qumicos, biolgicos e ergonmicos. No entanto, dentre os principais riscos observados em

    tais instalaes, os acidentes causados por incndios e exploses por poeiras em suspenso

    so dos que mais danos trazem ao patrimnio, com perdas irreparveis inclusive de vidas

    humanas, incontveis dias de paralisao, perda de mercado, de competitividade, o

    investimento necessrio para colocar novamente em operao o complexo, alm das

    conseqncias psicolgicas que isto representa no futuro, pois, sempre haver algum que

    participou ou assistiu a catstrofes e que ter dificuldade de conviver com ela novamente.

    Neste trabalho ser abordado mais especificamente os riscos de exploses de ps em

    suspenso nos diversos setores de uma unidade de recebimento, secagem, limpeza,

    armazenagem e expedio de produtos agrcolas mais precisamente o gro de soja.

    As exploses de ps em suspenso so fenmenos de pouca freqncia e talvez por esse

    motivo no Brasil existe pouca ou nenhuma bibliografia a respeito do assunto. Entretanto,

    quando um efeito desses acontece suas conseqncias so desastrosas e pouco difundidas. Em

    razo disso o fenmeno com suas causas e conseqncias torna apaixonante a busca por

    mtodos de preveno.

    O presente trabalho tem por objetivos identificar na unidade em estudo, pontos geradores de

    ps e possveis fontes de ignio, descrevendo os mtodo e instrumentao pra quantificao

    do p em suspenso atravs de procedimento a ser adotado para coleta das amostras em

    campo e procedimentos laboratoriais utilizados pra quantificar as amostras. Atravs de

    planilhas e grficos ser apresentado os resultados das amostras correspondente a cada local

    coletado e diante das concentraes encontradas verificar a probabilidade da ocorrncia de

    exploso na unidade em estudo descrevendo medidas preventivas segundo concentraes

    encontradas para evitar exploses na unidade em estudo.

  • 17

    Para atender os objetivos propostos este trabalho busca quantificar a poeira total gerada em

    diversas etapas de trabalho informando o risco de exploses de ps em unidades de

    recebimento e armazenagem de cereais na cidade de Chapec.

    1.1 OBJETIVOS

    1.1.1 Objetivo Geral

    Atravs de amostras de poeiras totais coletadas em uma unidade de recebimento,

    beneficiamento, armazenagem e expedio de cereais, identificar e quantificar os riscos

    quanto exploso de ps.

    1.1.2 Objetivos Especficos

    Identificar na unidade em estudo pontos geradores de ps e possveis fontes de

    ignio;

    Identificar o mtodo e instrumentao pra quantificao do p em suspenso;

    Descrever o procedimento adotado para coleta das amostras em campo;

    Descrever os procedimentos laboratoriais utilizados pra quantificar as amostras;

    Atravs de planilhas e grficos apresentar os resultados das amostras correspondente

    cada local coletado;

    Diante das concentraes encontradas verificar a probabilidade da ocorrncia de

    exploso na unidade em estudo;

    Medidas preventivas segundo concentraes encontradas para evitar exploses na

    unidade em estudo.

  • 18

    1.2 JUSTIFICATIVA

    A grande justificativa da elaborao deste trabalho se deu pelos poucos estudos relacionados

    exploso de ps no Brasil, talvez por falta de uma norma especfica de regulamentao

    trazendo com isso um total descuido e desconhecimento sobre o assunto.

    Atravs de exploses j ocorridas, sabe-se da grande destruio que a mesma pode trazer em

    uma unidade de recebimento, beneficiamento e armazenagem de gros, mas continuamos

    sem saber exatamente os pontos crticos da ocorrncia de uma exploso, sem dados reais da

    concentrao de p e possveis fontes de ignio.

    Estudos realizados na Sucia descrevem concentraes de poeiras de gros na faixa entre 4 e

    53 g/m3 em vrios tipos de operaes, mas no encontra-se nem um estudo relacionado

    nossa regio, pois, por mais que seja o mesmo tipo de gro em anlise, a temperatura e a

    umidade do ar influencia na gerao de p, sua concentrao e na ocorrncia de exploso.

    Existe uma grande preocupao por parte dos profissionais de segurana do trabalho referente

    concentraes de poeiras respirveis, causadoras de doenas ocupacionais, inclusive com

    vrios dados, estudos e medies em todos os ambientes de trabalho, mas nenhum estudo com

    enfoque quanto concentraes de poeiras totais causadoras de exploses o que seria a

    destruio total de uma unidade de gros.

    Alm de saber que exploses so acidentes de grandes propores causando destruies das

    edificaes, paralisao dos trabalhos, perdas de mercado competitivo devido paralisao e

    fornecimento do produto, repercusso na mdia mundial e a morte de grande nmero de

    funcionrios, at mesmos vizinhos conforme a dimenso da exploso.

    Foi atravs da grande preocupao quanto a exploso de p e a falta de informaes sobre a

    mesma que se decidiu elaborar esse trabalho buscando informaes de concentrao, ignio

    e possveis exploses nos ambientes de trabalho considerados crticos em uma unidade de

    recebimento, beneficiamento e armazenagem de gro.

    Outra grande justificativa da realizao deste trabalho se deu principalmente por se enquadrar

    em uma unidade que mais sofreu acidentes por exploso de p, pois, 67% dos acidentes totais

    ocorridos em exploses de p, ocorreram em instalaes de silos armazenadores (P

    MORTAL, [entre 1970 e 1980]).

  • 19

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 EXPLOSES EM UNIDADES DE ARMAZENAGEM DE GROS

    2.1.1 Histrico

    Nos ltimos anos, passou-se a notar que notcias sobre incndios e exploses em instalaes

    que processam gros tm sido veiculadas com certa freqncia na mdia brasileira. Catstrofes

    envolvendo prejuzos de milhes de dlares e com vtimas fatais j no so mais

    exclusividade dos Estados Unidos, Frana ou Espanha. Dentre as ocorrncias no Brasil,

    podemos resumidamente citar:

    Em janeiro de 1992, a exploso da clula C-2 do silo vertical de Porto de Paranagu, Curitiba

    (PR) causou o falecimento de dois trabalhadores alm de cinco ficarem feridos. A provvel

    causa apontada para a exploso teria sido a combusto da poeira de cevada armazenada no

    local, durante uma operao de limpeza que acontecia no dcimo andar do silo (que tinha 13

    andares e 55 metros de altura), (RANGEL, 2007).

    Em junho de 1993, a exploso de um tnel de expedio de gros da Cooperativa Agrcola

    Vale do Piqueri (Coopervale), em Assis Chateaubriand (PR), foi to forte que deslocou o

    tnel seis metros acima do subsolo, lanando-o o mais de um metro no ar, formando uma

    cratera de mais de 40 metros de dimetro. Quatro homens, que trabalhavam no escritrio da

    balana do setor de expedio, morreram e seis ficaram feridos. Segundo moradores da

    cidade, o estrondo foi ouvido a quilmetros de distncia e estilhaos de metal foram lanados

    a mais de mil metros. Os silos ficaram praticamente destrudos e os elevadores foram todos

    desmontados. Uma causa aventada foi a poeira em suspenso do milho transportado pelo

    tnel, que, em contato com uma fasca eltrica, teria provocado uma exploso em cadeia.

    Em novembro de 2001 uma exploso no depsito da empresa multinacional Coimbra,

    responsvel pelo armazenamento de gros do Corredor de Exportao do Porto de Paranagu

    (PR), deixou 18 pessoas feridas, conforme figura 1 abaixo. Os tcnicos do porto afirmaram,

    na poca, que o desastre poderia ter sido causado por limpeza deficiente das esteiras que

  • 20

    transportavam os gros das cinco mil toneladas de milho estocadas no local. A exploso teve

    tal magnitude que pedaos de telhas de zinco foram arremessados at mil metros de distncia

    e estruturas de cimento com mais de 300 Kg tambm foram encontradas longe. Alm do

    prejuzo com a perda do depsito, houve considerveis danos causados aos caminhes que

    estavam na rua aguardando para descarregar, bem como a paralisao das esteiras que

    abasteciam os nove armazns graneleiros, o que suspendeu as operaes do Corredor de

    Exportaes. Caso a exploso no tivesse ocorrido na hora do almoo, um nmero maior de

    vtimas teria sido registrado (WEBER, 2005).

    Figura 1: Exploso em Paranagu Paran (WEBER, 2005)

    Em dezembro de 2003, um incndio destruiu trs secadores de soja, com 40 toneladas cada,

    da Bunge Alimentos em Rio Grande (RS).

    Pode-se observar atravs da figura 2 o poder de uma exploso ocorrida em agosto de 1997 no

    terminal graneleiro da Semabla em Blaye, Frana. O complexo era formado por 44 cilindros

    de concreto, cada um com 6 metros de dimetro e 36 metros de altura, dispostos em trs

    fileiras, com capacidade de armazenamento de 37.000 toneladas de milho, cevada e trigo. O

    evento causou 11 mortes, sendo encontradas soterradas em seus postos de trabalho seis

    vtimas, visto que no houve tempo de se promover uma evacuao no local. Tambm foi

    registrado que pedaos de concreto de tamanho considervel foram encontrados a 100 metros

    de distncia (RANGEL, 2007).

  • 21

    Figura 2: Imagem aps exploso nos silos, Blaye Frana 1997

    (RANGEL, 2007)

    Logo a seguir, na figura 3, pode-se ter uma idia do que era o terminal antes da exploso e,

    assinalado em azul, podemos verificar o que restou da destruio causada pela exploso.

    Figura 3: Vista superior do terminal graneleiro de Blaye antes e o que

    sobrou depois da exploso (partes em azul) (RANGEL, 2007)

    Nos Estados Unidos, segundo relatrio do C.S.B. (Chemical Safety Board), ocorreram 82

    exploses que tiveram incio em funo de poeira explosiva, no perodo de Janeiro de 2006 a

    julho de 2009. A grande maioria destas exploses no foram de grande gravidade, mas, teve

    uma conforme mostramos na figura 4 abaixo, a qual pode ser classificada como muito grave

    que foi em 07 de fevereiro de 2008 na Imperial Sugar, no momento da exploso havia 101

    pessoas na indstria, tendo 39 mortes, tambm 23 pessoas sofreram queimaduras, sendo que

    15 com queimaduras graves. A causa foi o acmulo de poeira de acar em diversos locais da

    fbrica.

  • 22

    Figura 4: Exploso na Imperial Sugar nos Estados Unidos (Chemical

    Safety Board, 2006-2009)

    A figura 5 abaixo, mostra aspecto em que ficou um silo Graneleiro fundo "V", da

    COTRIROSA, na cidade de Santa Rosa, RS. Devido exploso do p nas galerias e nos

    poos dos quais existe um tnel contendo a correia transportadora para a descarga ou a

    transilagem dos gros. Nestes tneis, tambm denominados galerias, se deposita significativa

    poro de p e outra tanta quantidade se encontra em suspenso em condies ideais de

    exploso caso tenha uma fonte de ignio.

    Figura 5: Exploso silo graneleiro fundo V em Santa Rosa RS

    (WEBER, 2005)

    Na tabela 1 abaixo, resumo das exploses ocorridas no Brasil, as quais teve alguma

    repercusso na mdia.

  • 23

    Tabela 1: algumas exploses ocorridas no Brasil

    Local Ms / Ano

    Ceval (Pranchita PR) Janeiro - 1985

    Cotrirosa (Santa Rosa RS) Agosto - 1985

    Porto (Paranagu PR) Julho - 1986

    Canorpa (Apucarana PR) Agosto - 1988

    Ceval (Xanxer SC) Julho - 1991

    Porto (Paranagu PR) Novembro - 1991

    Porto (Paranagu PR) Janeiro - 1992

    Cooperavale (Assis Chateubriand PR) Junho - 1993

    Fonte: Eng. Civil Silvio Edmundo Pilz - 2005

    2.1.2 Normas Brasileiras

    No Brasil no h nenhuma norma que trata especificadamente sobre o fenmeno EXPLOSO

    DE P. No exterior, os estudos esto mais aprofundados. Nos Estados Unidos existe a norma

    NFPA 68, do rgo de mesmo nome que regulamenta os procedimentos para combate a

    incndios e exploses. A NFPA trabalha em conjunto com o OSHA. Para evitar o perigo de

    exploso, regras de proteo em forma de leis, de especificaes e normas tm sido

    desenvolvidas em muitos pases e objetivam garantir que um alto nvel de segurana seja

    observado. Devido ao crescimento da conexo econmica internacional, um extensivo

    progresso tem sido feito na conciliao de regras para a proteo contra exploses. As

    condies para a completa harmonizao foram criadas na Unio Europia pela Diretriz EC

    9194. A Diretriz 94/9/EC foi lanada em 1994 para padronizar a proteo contra exploso. No

    entanto, mundialmente h muito ainda a ser feito nessa rea. (CLAUDIO BETENHEUSE,

    CARLOS ROGRIGO FERREIRA E OSVALDO THIBES CHAVES OLIVEIRA, AGOSTO

    DE 2005).

    Existem regulamentaes e classificaes para definir os ambientes com presena de

    substncias inflamveis, a temperatura superficial mxima de equipamentos, zonas e produtos

  • 24

    de risco que colaboram para a normatizao na fabricao e instalao de equipamentos em

    reas suscetveis a riscos de exploso.

    A ABNT colabora com as norte-americanas NFPA, NEMA, NEC e IEC, assim como as

    normas europias EN e DIN, entre outras a nvel mundial. No Brasil, as NRs definem padres

    de segurana para ambientes considerados perigosos ao trabalho humano. Os produtos de

    risco so classificados pela ABNT (NBR 5418) em 4 grupos: I, IIA, IIB, IIC, a qual baseada

    na Instruo Europia IEC 79/14-1984.

    As regulamentaes internacionais usam as recomendaes da IEC 79-10, que distinguem as

    seguintes categorias de zonas perigosas: zona 0, zona 1 e zona 2. Estas zonas so geogrficas,

    mas os limites entre cada uma delas dificilmente so bem definidos. Uma zona pode se

    deslocar por diversos motivos: aquecimento dos produtos, ventilao falha do local, variaes

    climticas, erro de manipulao. Na zona 0, a atmosfera explosiva est sempre presente: na

    zona 1, a atmosfera explosiva est freqentemente presente: na zona 2, a atmosfera explosiva

    pode acidentalmente estar presente. A ABNT adota a classificao em zonas. (ABNT, NBR-

    5418, 1995, p. 3).

    J a NFPA e NEC adotam a mesma classificao apenas chamando-as de divises.

    A operao de equipamentos eltricos em atmosferas potencialmente explosivas, por sua

    prpria natureza constituem uma fonte de ignio e devem atender os requisitos estabelecidos

    em normas internacionais, como por exemplo NFPA 497. Estas normas apresentam os

    critrios para definio de rea classificada, em funo do potencial de risco das substncias

    inflamveis. A poeira de gros e farelos classificada como de classe II, grupo G, onde

    incluem poeiras combustveis com resistividade igual ou superior a 105 ohm.cm. (MASHI,

    2000)

    Ainda para equipamentos eltricos h a classificao em Grupos de Exploso, onde classifica-

    se como grupo II os aparelhos eltricos para todos os outros ambientes potencialmente

    explosivos remanescentes. Sendo assim, os aparelhos eltricos em instalaes de

    armazenagem de gros e farelos est neste grupo. A etiqueta de identificao de equipamentos

    eltricos deve mostrar para qual grupo de exploso est designada. (R. STAHL

    SCHALTGERATE GMBH; R. STAHL FORDERTECHNIK GMBH, 1999)

  • 25

    Tem-se a Instruo tcnica N 027/2010 da Polcia Militar do estado de So Paulo, a qual

    estabelece medidas de segurana para a proteo contra incndios e exploses em silos de

    armazenamento de cereais. Tambm a norma regulamentadora NR-31 a diretriz legal que

    define os requisitos mnimos para a segurana do trabalhador do segmento agrcola, e ela

    traa diretrizes para a execuo de instalaes seguras de silos nas quais:

    Os elevadores e sistemas de alimentao dos silos devem ser projetados e operados de forma

    que evitem o acmulo de poeiras, em especial nos pontos onde seja possvel a gerao de

    centelha por eletricidade esttica.

    Todas as instalaes eltricas e de iluminao no interior dos silos devem ser apropriadas

    rea classificada. Nota: Denomina-se rea classificada a regio identificada com potencial

    para formar uma atmosfera explosiva.

    2.1.3 Exploses de ps

    As indstrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na forma

    de p, so indstrias de alto potencial de risco quanto a incndios e exploses, e devem, antes

    de sua implantao, efetuar uma anlise acurada dos mesmos e tomar as precaues cabveis,

    pois na fase de projeto as solues so mais simples e econmicas, porm as indstrias j

    implantadas, com o auxlio de um profissional competente, podero equacionar

    razoavelmente bem os problemas, minorando os riscos inerentes. Citamos algumas atividades

    industriais reconhecidamente perigosas quanto ao risco de incndios e exploses: indstrias

    de beneficiamento de produtos agrcolas, indstrias fabricantes de raes animais, indstrias

    alimentcias, indstrias metalrgicas, indstrias farmacuticas, indstrias plsticas, indstrias

    de beneficiamento de madeira e indstrias do carvo (S, 1997).

    Nestes locais tambm encontra-se riscos de incndios os quais ocorrem com todas as poeiras

    combustveis, porm, para que tal acontea necessrio que a quantidade de material

    combustvel seja muito grande, e as partculas, tenham pouco espao entre si, impedindo um

    contato direto e abundante com o oxignio do ar. As partculas devem, porm estar afastadas

    entre si, de maneira que apesar da existncia da fonte de ignio e da conseqente combusto

    local, no seja permitida a propagao instantnea do calor de combusto s partculas

    localizadas nas camadas mais internas, devido a insuficincia de ar. Desta forma, a queima se

  • 26

    d por camadas, em locais onde poeiras estejam depositadas ao longo das jornadas de

    trabalho, ou numa das seguintes formas: empilhados, em camadas, armazenados em tulha,

    depsitos e outros.

    A ignio que ocorre em camadas, deve ser controlada com cuidado, para evitar que o

    material depositado em estruturas, tubulaes e locais de difcil visualizao e limpeza, sejam

    colocados em suspenso, formando a nuvem de poeira, que evoluir para exploso pois h no

    ambiente os fatores de deflagrao da mesma, isto fogo e energia. O incndio por camadas,

    outrossim de difcil extino, podendo prolongar-se por vrias horas aps sua

    extino.

    No pode-se deixar de destacar o grande risco de exploses, o qual ocorre freqentemente em

    unidades processadoras em referncia, onde as poeiras tenham propriedades combustveis.

    necessrio, porm, que as mesmas estejam dispersas no ar e em concentraes adequadas.

    Isto ocorre em pontos das instalaes onde haja moagem, descarga, movimentao, transporte

    etc., desde que sem controle de exausto e desde que, obviamente existam os fatores

    desencadeantes.

    As misturas combustveis finamente pulverizadas so, em geral muito perigosas. Os depsitos

    de poeira combustveis sobre vigas, sobre mquinas em torno dos locais de transferncia no

    transporte, so suscetveis de incendiar com chamas. Ao entrar em ignio, as poeiras

    combustveis suspensas no ar podem produzir fortes exploses. Por outra parte, se as poeiras

    so agentes oxidantes e se acumulam sobre superfcies combustveis, o processo de

    combusto se acelera consideravelmente no caso de incndio. Se misturar um agente oxidante

    finamente pulverizado com outras poeiras combustveis, a violncia da exploso resultante

    ser muito mais grave que se faltasse tal agente oxidante. Para sufocar ou deter os incndios

    ou deflagraes de poeiras combustveis se empregam materiais inertes, tais como a pedra cal.

    O perigo de uma classe determinada de poeira est relacionado com sua facilidade de ignio

    e com a gravidade da exploso resultante. Para tal, foi criado nos E.U.A um equipamento

    experimental para testar poeiras explosivas, com sensores diversos para permitir conhecer as

    caractersticas das poeiras explosivas. A sensibilidade de ignio funo da temperatura de

    ignio e da energia necessria, enquanto que a gravidade de exploso vem determinada pela

    presso mxima de exploso e pela mxima velocidade de crescimento da presso. Para

    facilitar as comparaes dos dados de explosividade derivados dos ensaios mencionados,

  • 27

    todos os resultados se relacionam com uma poeira de carvo conhecida de Pittsburg

    tomando uma amostra uma concentrao de 0,5 kg/m3 , kg de p de carvo por m3 de ar,

    exceto dos ps metlicos.Quanto menor for a dimenso da partcula de p, mais fcil a

    nuvem entrar em ignio, visto ser maior a superfcie exposta por unidade de peso da matria

    (superfcie especfica). As dimenses da partcula influem tambm sobre a velocidade de

    crescimento da presso: para uma concentrao dada de p em peso, um p formado por

    partculas grossas mostra uma velocidade de aumento de presso mais baixa que o mesmo p

    fino. A concentrao mnima necessria para que haja exploso, a temperatura de ignio, e a

    energia necessria para ignio por sua vez diminuem ao diminuir a dimenso da partcula de

    p. Numerosos estudos indicam este efeito em grande variedade de poeiras.A dimenso do

    tamanho da partcula, faz aumentar tambm a capacidade eltrica das nuvens de p, ou seja, o

    tamanho das cargas eltricas que se pode acumular na partcula da nuvem.

    Como a capacidade eltrica dos slidos funo de sua superfcie, a possibilidade que se

    produzam descargas eletrostticas de suficiente intensidade para colocar em ignio a nuvem

    de p, aumenta ao diminuir a dimenso mdia da partcula. Porm para que se produzam

    descargas eletrostticas se requer, entre outros, considerveis quantidades de p em grandes

    volumes com foras dieltricas relativamente altas e conseqentemente longos perodos de

    relaxao. Devido as altas energias de ignio necessrias para incendiar a nuvem, em

    comparao com as que requerem os gases. A causa de uma exploso de p deve atribuir-se a

    outros fatores, a no ser que existam provas definitivas que demonstrem que esta foi a causa

    provvel. Como acontece com os vapores e os gases inflamveis, existe uma margem

    especfica de concentrao de p dentro do qual pode ocorrer a exploso.Os valores da

    concentrao podem expressar-se em peso por unidade de volume, embora ao no conhecer-

    se a dimenso da partcula da amostra. O limite superior de explosividade (LSE) das nuvens

    de p no foram determinadas devido a dificuldades experimentais, tambm se questiona se

    ele existe para poeiras e do ponto de vista prtico sua utilidade duvidosa. As curvas que se

    obtm ao relacionar graficamente a Pmp. e a Vmp., com a concentrao, demonstram que

    estes valores so mnimos no limite inferior de explosividade e que depois aumentam at seu

    valor mximo ao dar-se a concentrao tima, em cujo ponto comeam a diminuir lentamente.

    Tambm se verifica que a Pmp. e a Vmp., no se do precisamente em igual concentrao. O

    efeito destrutivo se determina em primeiro lugar pela Vmp (S, 1997).

    Se observa que as exploses mais violentas se produzem com uma concentrao ligeiramente

    superior a necessria para que se tenha a reao com todo o oxignio que haja na atmosfera. A

  • 28

    concentraes menores se gera menos calor e se criam menores presses de ponta. Com

    concentraes maiores das que causam exploses violentas, a absoro do calor pela poeira

    no queimada pode ser a razo que se produzam presses menores de exploso, que a

    mxima.

    A presena de um slido inerte no p, reduz a combustividade do mesmo, pois absorve calor,

    porm a quantidade necessria para impedir a exploso considerada maior que as

    concentraes que possam ser encontradas ou toleradas como corpos estranhos ao processo. A

    adio de corpos inertes reduz a Vmp. E aumenta a concentrao mnima de p necessria

    para a exploso. Um exemplo a pulverizao de rocha nas minas de carvo para impedir as

    exploses dos ps-combustveis. Geralmente a pulverizao se faz na entrada das minas com

    uma concentrao de poeira de rocha de 65% da quantidade total do p.

    O gs inerte eficaz na preveno das exploses de ps, uma vez que dilui o O2 a uma

    concentrao muito baixa. Ao selecionar o gs inerte mais adequado, deve-se cuidar para que

    este no reacione com o p, o caso de certas poeiras metlicas que reacionan com o CO2 ou

    com o N2, neste caso deve usar-se o Hlio(He) ou Argnio (A).

    As variaes da concentrao do O2 afetam a facilidade de ignio das nuvens de p e suas

    presses de exploso. Ao diminuir a presso parcial de O2, a energia necessria para exploso

    aumenta, a temperatura, tambm, e as Pmp., diminuem. O tipo de gs inerte empregado como

    diluente para reduzir a concentrao do O2 tem um efeito aparentemente relacionado com a

    capacidade molar.

    A combusto do p se produz na superfcie das partculas. A velocidade de reao, portanto,

    depende do ntimo contato do p com o O2. Por este fato, o fator turbulncia propicia

    exploses mais violentas, que as em atmosferas mais tranqilas.

    A adio de uma pequena quantidade de gs inflamvel nuvem de p pe em ignio o

    aerossol resultante, reforando a violncia da exploso, sobretudo a baixas concentraes. As

    Vmp, resultantes so mais altas que as previsveis em condies normais. Sem contar o p, a

    frao restante do total do combustvel suspenso no ar, representada pelo vapor inflamvel,

    estaria por si s abaixo de seu (LIE). Em algumas operaes de secagem que impliquem na

    evaporao de uma substncia inflamvel extrada da poeira combustvel, se produzem

    exploses muito mais violentas que as consideradas apenas pelo vapor inflamvel.

  • 29

    Tem acontecido ainda exploses em misturas de vapor inflamvel-p combustvel-ar em que

    a proporo da mistura de ar vapor estava abaixo do (LIE), ante tal situao necessrio

    prever medidas de proteo especial, tal como a diluio com gs inerte, utilizao de

    supressores de exploso, instalao de elementos de ventilao de grandes dimenses e a

    adoo de mtodos cuidadosamente estudados da eliminao da eletricidade esttica

    (aterramento). As nuvens de poeira podem incendiar-se pela ao de chamas abertas, luzes,

    produtos defumadores, arcos eltricos, filamentos incandescentes, fascas de frico, condutos

    de vapor de alta presso, e outras superfcies quentes, fascas eletrostticas, aquecimento

    espontneo, Solda e corte oxi-acetilnico, e fascas procedentes destas operaes.

    A maior parte das temperaturas necessrias para por em ignio as nuvens de p, situam-se

    entre 300 e 600 C. e a grande maioria das potncias, esto entre 10 e 40 mJ.

    A alta concentrao de poeira gerada pela manipulao dos gros o principal combustvel

    para a ocorrncia de exploses. Nos estados de Gois, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia,

    onde tambm intensa a atividade de manipulao de gros, os riscos so ainda maiores em

    funo da baixa umidade relativa do ar, transformando as unidades armazenadoras de gros

    em verdadeiros barris de plvora. A concentrao da incidncia de incndio e exploses nos

    silos brasileiros ainda uma incgnita para os especialistas.

    As exploses em plantas de armazenagem podem ser classificadas como primrias e

    secundrias. A poeira depositada ao longo do tempo nos mais diversos locais da planta

    industrial conforme figura 6 abaixo, quando agitada ou colocada em suspenso e na presena

    de uma fonte de ignio, com energia suficiente para a primeira deflagrao, poder explodir,

    causando vibraes subseqentes pela onda de choque fazendo com que mais p depositado

    entre em suspenso e mais exploses aconteam, cada qual mais devastadora que a anterior,

    causando prejuzos irreversveis ao patrimnio, paradas no processo produtivo, invalidez ou

    morte.

    As exploses em unidades armazenadoras geralmente possuem por material explosivo a mistura das substncias: ar atmosfrico e partculas slidas em suspenso, as quais neste caso so denominadas como os agentes comburentes e combustvel, respectivamente. As partculas originam-se das impurezas que acompanham a massa de gros ou do esfacelamento dos gros (SILVA, 1999).

  • 30

    Figura 6: Poeira depositada sob acionamento da correia transportadora

    no tnel subterrneo de uma unidade armazenadora de gros

    A mudana de incndio para exploso pode ocorrer facilmente, desde que poeiras depositadas

    nas cercanias do fogo, sejam agitadas, entrem em suspenso, ganhem concentrao mnima, e

    como o local j est com os ingredientes necessrios, o prximo passo o desencadeamento

    das subseqentes exploses. Ao contrrio, se as poeiras em suspenso causarem uma

    exploso, as partculas de poeira que esto queimando saem da suspenso e espalham o fogo.

    Nestes termos os danos podero ser bem maiores.

    A possibilidade da exploso de uma nuvem de p est condicionada pela dimenso de suas

    partculas, sua concentrao, as impurezas, a concentrao de oxignio e a potncia da fonte

    de ignio. As exploses de p se produzem freqentemente em srie, muitas vezes a

    deflagrao inicial muito pequena em quantidade, porm de suficiente intensidade para

    colocar o p das cercanias em suspenso, ou romper peas de mquinas ou instalaes dentro

    do edifcio, como os coletores de p, com o que cria uma nuvem maior atravs do qual podem

    se propagar exploses secundrias e at mesmo de um edifcio ao outro.

    O perigo de uma classe determinada de poeira est relacionado com sua facilidade de ignio

    e com a gravidade da exploso resultante.

    As partculas inferiores a 100 mcrons so aderentes aos gros durante a operao de limpeza,

    podendo se desprender durante a movimentao e, por isso, permanecem em suspenso.

    Estudos revelam que, partculas inferiores a 100 mcrons demoram mais de 24 horas para

  • 31

    decantar em dois cm. As partculas de p apresentam as seguintes propriedades: (ANDRADE.

    E.D; BORM. F.M, 2004)

    Teor de umidade entre 5 a 11% b.u

    Carboidratos 6 a 20%

    Lipdios 1 a 4%

    Fibras 7 a 15% (ANDRADE. E.D; BORM. F.M, 2004)

    semelhana dos gases e vapores, o p agrcola exige limites de concentraes para

    diferentes tamanhos de partculas em suspenso no ar para que possam ocorrer exploses ou

    incndios. Outros fatores podem alterar o ndice de concentrao de p, dentre eles o tamanho

    e dimetro da partcula, a concentrao de oxignio, energia da fonte de ignio, a turbulncia

    da nuvem de p e o teor de pureza do p.

    Medidas preventivas, como o controle de concentrao de p no ambiente, avisos com

    proibio de fumar, manuteno de redes eltricas, utilizao de protetores para lmpadas e

    emprego de motores blindados, so bsicos e fundamentais.

    A umidade contida nas partculas de p faz aumentar a temperatura de ignio. Aps a

    ignio, a umidade do ar tem pouco efeito sobre a deflagrao, existe, porm, uma relao

    direta entre o teor de umidade, a energia mnima necessria para a ignio, a concentrao de

    exploso mnima e as dimenses da partcula. Do ponto de vista prtico, a umidade no pode

    considerar-se como meio efetivo de preveno contra exploses, pois a maior parte das fontes

    de ignio, proporciona energia suficiente para aquecer e evaporar a umidade que pode estar

    presente no p. Para que a umidade impea a exploso, o p deve estar encharcado.

    Outras medidas preventivas prevem instalaes eltricas nos silos prova de exploso como

    enclausuramento de lmpadas e tomadas conforme figura 7 e figura 8. Apurado o controle da

    umidade relativa do ar (abaixo de 50%, caracteriza-se faixa crtica de risco), controle da

    eletricidade esttica, por meio de sistema de aterramento dos silos, controle de chamas abertas

    com o uso de aparelhos de soldagem, fsforos e operaes de esmirilhamento de metais, alm

    da instalao de pra-raios.

  • 32

    Figura 7: Enclausuramento de lmpadas deficientes

    Figura 8: Enclausuramento correto de lmpadas

    2.1.4 Parmetros crticos para exploses de poeiras

    Nos Estados Unidos, que estudam as exploses de poeira de gros h mais tempo, recomenda-

    se que a concentrao mxima de poeira de gros no ambiente de trabalho seja de 4 g/m3 de

    ar. A faixa mais perigosa para gerar uma exploso, varia entre 20 e 4.000 g/m3 de ar. Se uma

  • 33

    lmpada de bulbo (incandescente) de 25 watts pode ser vista a 2 metros de distncia num

    ambiente empoeirado, isso significa que a concentrao de poeira inferior a 40 g/m3 de ar,

    mas, mesmo assim, dentro do limite da explosividade.

    A seguir, um resumo das caractersticas fsico-qumicas dos fatores influentes na ocorrncia

    de exploses por p em suspenso.

    Tamanho da partcula: < 0,1mm;

    Concentrao da poeira: 40 a 4.000 g/m3;

    ndice de umidade: < 11%;

    ndice de oxignio no ar: > 12%;

    Energia de ignio: > 10 a 100 mj (mega joule);

    Temperatura de ignio: 410 a 600 C. (FIREFLY, 2005).

    2.2 MEDIDAS PREVENTIVAS CAPAZES DE EVITAR EXPLOSES

    2.2.1 Medidas preventivas gerais

    Apurado controle de umidade relativa do ar sendo que abaixo de 50%, caracteriza-se

    faixa crtica de risco;

    Limpar periodicamente os sistemas de captao de p trocando os filtros nos perodos

    definidos pelos fabricantes;

    Proceder a limpeza diria da poeira residual depositada nas mquinas, equipamentos e

    instalaes;

    Treinar os operadores e demais funcionrios quanto os potenciais riscos de exploses;

    Fazer manutenes peridicas dos equipamentos eletro-mecnico;

    Certificar periodicamente os estados dos cabos eltricos;

    Tomar os devidos cuidados ao utilizar aparelhos de solda nos servios de manuteno;

  • 34

    Evitar que pessoas fumem no interior e nas proximidades dos silos;

    Conservao e manuteno das edificaes; (INSTRUO TCNICA NO 027/210)

    2.2.2 Aspectos construtivos

    2.2.2.1 Estrutura

    O material de construo dos silos devem ser incombustvel;

    A cobertura do silo dever ser dotada de vedao contra ps e contra gua;

    No dever haver nenhuma abertura entre silos;

    Cada silo deve ter um respiro na cobertura;

    O respiro deve ser curvado ou inclinado para evitar a entrada de gua e a cobertura

    deve ser vedada contra poeira e gua;

    O respiro deve ser dimensionado adequadamente, para atender sua finalidade;

    Silos metlicos devem ser construdos com a solda enfraquecida entre a cobertura e o

    corpo, de forma a permitir a separao neste ponto, em caso de exploso no seu

    interior;

    Dotar os ambientes como tneis, galerias e pontos de carga e descarga de gros com

    sistemas de captao de p;

    Instalar sistema de captao de p em elevadores, caambas e tubulaes de transporte

    de gros;

    Projetar edificaes que estruturalmente contemplem reas de fcil ruptura caso

    ocorram exploses, isto minimizar danos a edificao, pois os gases em expanso

    sero lanados atmosfera;

  • 35

    Instalar aspersores de leo mineral em pontos do sistema de movimentao de gro

    passveis de ocorrncia de alta concentrao de p com valores superiores a 0,05

    Kg/m3;

    Os sistemas de captao de p devem ter bloqueadores de exploses impedindo que a

    mesma minimize a propagao de exploso;

    Secadores indiretos sem contato de fagulhas; (INSTRUO TCNICA NO 027/210)

    2.2.2.2 Escadas e elevadores

    aplicado em silos horizontais, escadas internas do tipo enclausurada com acesso

    atravs de porta corta fogo com resistncia de 90 minutos (PCF 90), no necessitando

    haver janelas de ventilao no corpo da escada, possuir largura mnima de 1,00m

    independente da altura da edificao;

    Elevadores devem ser fechados em poos estanques com paredes resistentes ao fogo

    por 2 e dotados de portas-corta-fogo (PCF) do tipo P-90, com fecho automtico, em

    todas as aberturas; (INSTRUO TCNICA NO 027/210)

    2.2.2.3 Instalaes eltricas

    As instalaes eltricas devem atender s NBR-5418 e NBR-5363;

    Proceder ao aterramento eltrico dos silos, componentes eletromecnicos e pontos

    geradores de cargas eletrostticas;

    Instalar sistemas de pra-raios;

    Projetar sistemas de iluminao apropriados aos ambientes com risco de exploso;

    Os silos e estruturas metlicas devero ser convenientemente aterradas;

    (INSTRUO TCNICA NO 027/210)

  • 36

    2.2.2.4 Sensor de temperatura

    Um sensor de temperatura dever ser localizado entre os dispositivos de produo de

    calor e o secador;

    Os secadores devem ter um sensor de temperatura regulado para limitar o ar

    introduzido no secador a uma temperatura segura. Tal controle deve contar todo calor

    que est sendo fornecido ao secador e deve permitir a continuao do movimento de ar

    no aquecido atravs do secador;

    2.2.2.5 Eletricidade esttica

    Deve ser removida dos silos, das mquinas e equipamentos que acumulem carga

    eltrica, por meio de aterramento instalado de acordo com as normas tcnicas;

    (INSTRUO TCNICA NO 027/210)

    2.2.2.6 Indicadores de pontos aquecidos

    Devem ser instalados em todos os silos. O nmero e a localizao dos detectores

    devem estar de acordo com as especificaes do fabricante;

    2.2.2.7 Controle de poeira

    A poeira deve ser coletada em todos os pontos de produo de p dentro da unidade

    armazenadora e instalao de movimentao como: na admisso ou descarga de

    transportadores de correias, redler ou chute, despoeiramento ao longo dos tneis,

    balanas de fluxos, elevadores, secadores e mquinas de limpeza;

    A captao de p composta por filtro de mangas a qual um separador filtrante de

    limpeza totalmente automtico por meio de jatos pulsantes (jet pulse). utilizado para

    a filtragem de material particulado seco, contido em gases ou no ar ambiente.

    Construdo em ao carbono de forma retangular em mdulos, proporciona fcil

  • 37

    retirada das mangas atravs de plenum de ar limpo pela parte superior, sua principal

    caracterstica a alta eficincia na limpeza para a regerao do meio filtrante, aliada

    ao baixo consumo de ar comprimido. Devido ao sistema de limpeza otimizado, obtm-

    se uma vida til elevada dos elementos filtrantes. Visando a segurana do trabalho, a

    troca das mangas feita pelo lado do ar limpo, minimizando o contato com o p

    durante a troca e ainda, os componentes so posicionados de tal forma que permitem

    uma fcil manuteno. Na figura 9 e figura 10 corte esquemtico de um filtro de

    manga com vista interna e externa respectivamente.

    Figura 9: Corte esquemtica de um filtro de manga vista interna

    (COMIL, 2010)

    Figura 10: Filtro de manga vista externa (COMIL, 2010)

    Nas mangas ocorre a separao do material particulado do ar, ficando as partculas

    retidas na parte externa conforme figura 11 abaixo. Cada fileira de mangas limpa

  • 38

    individualmente, atravs do tubo soprador. Os tubos sopradores so interligados aos

    reservatrios de ar comprimido equipados com as vlvulas solenides.

    Figura 11: Cmara de ar do Filtro de manga (COMIL, 2010)

    Na figura 12 abaixo mostramos um filtro de manga instalado em uma unidade de recebimento

    e armazenagem de gros a qual atravs de seu motor retira o p do tnel de uma moega. Na

    figura 13 mostramos a instalao da captao em uma fita transportadora em um tnel

    subterrneo.

    Figura 12: Instalao de um filtro de manga

  • 39

    Figura 13: Captao de p na correia transportadora em um tnel

    subterrneo

    Na figura 14 abaixo mostramos um filtro de manga instalado em um elevador de canecas.

    Figura 14: Filtro de mangas compacto aplicado a um elevador de

    canecas (VECTRA EQUIPAMENTOS, 2010)

  • 40

    Na figura 15 abaixo mostramos um filtro de manga instalado em um redler de transporte de

    cereais.

    Figura 15: Filtro de manga aplicado a um redler (VECTRA

    EQUIPAMENTOS, 2010)

    Especial ateno dever ser dada aos pontos de recebimento de gros, a qual se faz nas

    moegas de recebimentos conforme mostra na figura 16 e 17 abaixo;

    Figura 16: Sistema de captao de p para moegas de descarga de

    caminhes / vages com aplicao de abafadores de p sob a grade

  • 41

    Figura 17: Sistema de captao de p para moegas de descarga de

    caminhes / vages com aplicao de abafadores de p sob a grade (VECTRA EQUIPAMENTOS, 2010)

    A poeira coletada deve ser filtrada e armazenada em silo situado fora do local de risco,

    devendo ser equipado com dispositivo corta fogo no duto de conexo e provido de

    dispositivos de alvio de exploso;

    Os dutos de transporte de poeira devero ser dotados de sistemas de deteco e de

    extino de fascas;

    2.2.2.8 Locais confinados

    Todos os locais confinados devero ser providos de ventiladores prova de exploso,

    com acionamento manual ou automtico, devidamente dimensionados para permitir a

    retirada de poeira e gases e a renovao do ar;

  • 42

    2.2.2.9 Alvio de exploso

    Todas as edificaes e estruturas onde exista o risco de exploso de p devem contar

    com dispositivos de alvio de exploso, de acordo com as normas tcnicas; (na figura

    18 abaixo um elemento de alvio de presso)

    Figura 18: Elemento de alvio de presso (BERNAUER, 2005)

    Todos os equipamentos, dutos, silos de p e coletores no interior dos quais a poeira

    fica confinada, devem ser dotados de alvio de exploso, devidamente dimensionados,

    de acordo com as normas tcnicas;

    Os dispositivos de alvio de exploso devem ser indicados em planta e descritos em

    memorial;

    2.2.2.10 Disposies gerais

    Transportadores de parafuso (rosca-sem-fim) devem ser completamente fechados em

    caambas metlicas, com tampas de abertura livre na extremidade de descarga e no

    acoplamento do eixo;

    O combustvel (lquido ou gasoso) utilizado pelo secador de gros dever atender s

    normas de segurana exigidas nas instrues tcnicas respectivas;

    Secadores de gros que utilizem combustvel slido devero ter as fornalhas instaladas

    no mnimo a 4 metros distantes do secador, ligando-se a este por um tnel,

  • 43

    convenientemente dimensionado, de forma a reduzir o risco da introduo de fagulhas

    no secador;

    Os transportes verticais e horizontais devero ser dotados de sensores automticos de

    movimento, que desligam automaticamente os motores ao ser detectado o

    escorregamento da correia ou corrente;

    A instalao dever contar com um constante programa de limpeza, para evitar a

    formao de acmulos de poeira sobre equipamentos, estruturas e demais locais

    sujeitos a tal fenmeno, para evitar exploses;

    Os gros devero ser constantemente aerados para evitar sua decomposio que

    podem gerar vapores inflamveis como metanol, propanol ou butano;

    Quando as concentraes de poeiras so desconhecidas, avaliar estes locais

    periodicamente com uso de bomba de amostragem. Estas concentraes de p nunca

    podero estar entre 20 a 4.000g/m3;

    2.2.3 Possveis fontes de ignio

    As possveis fontes de ignio para ocorrer uma exploso so decorrentes de:

    Acmulo de cargas eletrosttica;

    Curtos circuitos;

    Descargas atmosfricas;

    Atrito de componentes metlicos

    Descuidos quanto ao uso de aparelhos de soldagem;

  • 44

    Segundo estatsticas, as principais fontes de ignio causadoras de acidentes com exploses

    de p so:

    Fascas mecnicas = 50%;

    Eletricidade esttica, corte e solda, fascas a arco = 35%;

    Sobreaquecimento = 15%;

    Os principais equipamentos e ou locais crticos ao surgimento destes acidentes so:

    Moinhos e trituradores = 40%;

    Elevadores = 35%;

    Transportadores = 35%;

    Coletores de p e silos = 15%;

    Secadores = 10%;

  • 45

    3 METODOLOGIA E AMOSTRAGEM

    Este captulo apresenta a descrio dos procedimentos experimentais, mtodos e instrumentos

    utilizados para a coleta, preparao e medio da poeira gerada durante as operaes de

    trabalhos mais comuns nas atividades de uma unidade de recebimento, transporte,

    beneficiamento, armazenagem e expedio de gros de cereais.

    Para atender os objetivos propostos, foram utilizados mtodos normatizados para a coleta e

    para a anlise de amostras da poeira gerada na unidade em estudo. Neste trabalho no foi

    considerado o fator temperatura do gro, os mtodos selecionados foram definidos de forma a

    identificar a concentrao em massa de p suspenso no ar em todos os ambientes de trabalho

    considerados propensos exploso como:

    a) moega: local de recebimento do gro de cereais com descarga manual e por

    tombador;

    b) galeria subterrnea: local confinado responsvel pelo transporte do produto atravs

    de correias transportadoras;

    c) mquinas de limpeza: onde feita a limpeza do produto, retirando as impurezas

    existentes;

    d) redlers: equipamento que transporta o produto horizontalmente;

    e) elevadores: responsvel pelo transporte vertical do produto atravs de canecas

    levando o mesmo da galeria subterrnea passarela superior;

    f) secador: onde feito a secagem do produto, possibilitando assim a armazenagem do

    mesmo em condies ideais e inertes de deteriorao;

    A metodologia tem uma finalidade exploratria, ao envolver a observao das diversas etapas

    do processo de fabricao, sendo composta pela anlise da massa de gro e a anlise de

    amostras de poeiras presentes nos ambientes de trabalho j citados.

    Como primeira etapa do estudo, foi efetuada a identificao de uma unidade de recebimento e

    armazenagem de gro da cidade de Chapec atravs de visita feita in-loco demarcando todos

    os pontos onde sero coletadas as amostras durante o trabalho realizado em campo. Nessa

  • 46

    unidade, foi efetuado um reconhecimento preliminar de seus processos, com a observao

    sistemtica das operaes realizadas em cada setor produtivo, de forma a identificar as fontes

    de gerao de poeira geradas pelo funcionamento dos equipamentos e as possveis fontes de

    ignio que podero ser as responsveis por exploses.

    Em segunda etapa, foi realizada a identificao do mtodo e instrumentao tanto de

    laboratrio como de campo para coleta de amostras de poeira explosiva nos postos de

    trabalhos escolhidos como perigosos quanto a explosividade.

    Na terceira etapa, foi descrito todo o procedimento executado em laboratrio desde a

    preparao dos instrumentos pra coleta at o resultado final da concentrao total.

    Em quarta etapa do trabalho, foi descrito todo o procedimento de coleta das amostras em

    campo, contemplando a data de coleta, local da coleta, tempo de amostragem e o tipo de

    produto gerador do p.

    Na quinta etapa, foi realizado o estudo de carter exploratrio e descritivo por meio de

    amostras de poeiras coletadas na unidade no perodo da avaliao de campo, contemplando os

    resultados das concentraes de p em cada etapa da atividade coletada e informaes atravs

    de grficos dos resultados obtidos separadamente no incio da operao, aps 4 horas e 8

    horas de funcionamento da unidade.

    Na sexta etapa do trabalho, foi verificado a probabilidade da ocorrncia de uma exploso na

    unidade segundo concentraes encontradas.

    Na stima e ltima etapa foram feitas as anlises e consideraes finais dos resultados

    encontrados descrevendo medidas preventivas pra evitar exploso de p na unidade em

    estudo.

    As amostras de poeiras foram coletadas e analisadas conforme os procedimentos tcnicos e

    mtodos de ensaio recomendados pela FUNDACENTRO (TEIXEIRA et al., 1985; SANTOS,

    1989, FUNDACENTRO, 2001, 2002, 2007). As tcnicas analticas utilizadas na anlise da

    poeira foi a anlise gravimtrica de aerodispersides slidos coletados sobre filtros de

    membrana.

  • 47

    3.1 DESCRIO DA UNIDADE EM ESTUDO

    3.1.1 Escolha da unidade para estudo

    A escolha da unidade de recebimento e armazenagem de gros se deu por estar localizada na

    cidade de Chapec, onde se delimitou ao estudo, por possuir na mesma unidade todas as

    atividades do processo, desde recebimento, transporte, secagem, limpeza, armazenagem e

    expedio de gros de cereais sendo eles milho, soja e trigo. Outro ponto importante para a

    escolha, foi a grande capacidade de armazenagem e movimentao do produto, possuindo

    uma capacidade de armazenagem de 75.000 toneladas de produto e uma movimentao de

    180.000 toneladas por ano, pois uma unidade centralizada que abastece uma indstria de

    leo vegetal e uma indstria de farinha de trigo localizada na mesma cidade. Na figura 19

    pode-se identificar a unidade como um todo, possibilitando assim termos uma noo da

    grandiosidade da unidade contemplando a demarcao da rea a qual est implantada.

    Figura 19: Croqui geral da unidade em estudo

  • 48

    Para melhor visualizao apresentamos na figura 20 abaixo somente a rea da unidade em

    estudo, onde atravs da legenda demarcamos as edificaes por onde ocorre as etapas do

    processo de recebimento, limpeza, secagem, armazenagem e expedio do produto.

    Figura 20: Croqui da unidade identificando as edificaes por onde

    ocorre as etapas do processo de armazenagem do gro

    3.1.2 Identificao dos locais geradores de p

    Aps anlise in-loco e vrias entrevistas com os funcionrios que trabalham na unidade

    procuramos identificar na unidade todos os locais geradores de ps, os quais podemos citar

    como sendo: Moega de recebimento do gro com descarga manual e descarga por tombador,

    secador de secagem do produto, redler de transporte horizontal do produto, mquinas de

    limpeza do mesmo, galeria subterrnea e elevador de transporte horizontal.

    Todos esses pontos esto identificados na figura 21 abaixo onde serviram de local para coleta

    das amostras pra verificao da sua concentrao total.

  • 49

    Figura 21: Identificao dos pontos geradores de ps os quais sero coletados amostras de poeiras

    A ameaa de exploses nos silos que no possuem as adequadas medidas de segurana,

    acompanha praticamente todas as etapas do processo de armazenamento do gro. Desde a

    moega (local de recepo do gro), passando pelas correias localizadas nos tneis, pelas

    mquinas de limpeza, secagem at os silos de armazenagem conforme descrio abaixo.

    3.1.2.1 Moega

    A moega o local onde descarregado o produto (milho, soja ou trigo) manualmente pelas

    bicas de descarga, por caambas basculantes ou por tombadores. Seu piso vazado com

    resistncia suficiente para resistir passagem de caminhes e carretas carregadas e para fluir

    o produto para seu interior conforme mostrado nas figura 22 e 23 abaixo, sendo assim

    liberado atravs de registros conforme a necessidade para a correia transportadora localizada

    no tnel subterrneo.

    O processo inicia com a chegada planta, dos caminhes graneleiros e ao descarregar seu produto sobre as moegas, produzem uma enorme nuvem de poeira, em condies e concentraes propicias a uma exploso. (S, 1997).

    algo considerado complicado de conter o p em moegas, especialmente nas que possuem

    tombador e que recebem gros razo de 10 toneladas por minuto ou at 7.500 m3 a cada

    descarga. A poeira que levanta enorme, o p se espalha por todos os lados e mesmo com

  • 50

    todas as portas abertas e o ar circulando, o p permanece espalhado por quase toda a jornada

    de trabalho.

    Figura 22: Moega de recebimento de gro (milho, soja e trigo) com

    piso de madeira

    Figura 23: Moega de recebimento de gro (milho, soja e trigo) com

    piso metlico

    A moega um local tambm considerada de grande risco de exploso por representar grandes

    nuvens de poeira no momento de descarga, principalmente quando essa descarga feita por

    tombador e no possui captao de p instalado conforme mostramos na figura 24 abaixo.

  • 51

    O p torna-se o astro principal com domnio sobre tudo e todos.

    Figura 24: Moega sem captores de p no momento da descarga de soja

    com tombador

    notrio a percepo de uma moega desprovida de um sistema de captao de p ao vermos

    uma descarga com tombador por uma moega com implantao desse sistema onde no se

    percebe a existncia de p durante a descarga conforme podemos observar na figura 25

    abaixo.

    Figura 25: Moega com sistema de captao de p no momento de

    descarga com tombador

    Tambm se tem preocupao na descarga de produto em moegas desprovidas de tombador

    onde a mesma descarregada manualmente simplesmente abrindo as bicas localizadas no

    assoalho da carroceria dos caminhes conforme mostramos na figura 26 abaixo.

  • 52

    Figura 26: Sistema manual de descarga de cereais em moegas

    Existem solues atravs de sofisticados sistemas de captores, transportadores e filtros de

    mangas que so realizados a elevados preos de fabricao e instalao em sistemas com

    motores de altas potncias em torno de 50 CV ou mais, onerando os investimentos na

    unidade, elevando a conta mensal de energia durante os meses de safra, porm h ainda outra

    soluo que de utilizar um sistema de conteno mecnica de p (CMP) sob as grelhas da

    moega que impede o p de sair para fora das moegas, retendo-o internamente e com apenas

    uma tubulao de escape que o direciona ao filtro de mangas onde separado o p do ar.

    Preferencialmente o filtro de mangas localizado na parte externa da casa das moegas. O

    sistema econmico, de menor investimento e exige apenas um motor eltrico de apenas 7,5

    ou 10 CV, portanto com muito menor investimento inicial e menor despesa mensal.

    Possuem moegas que alm de estarem providas de sistema de captao de p so totalmente

    fechadas, no momento em que o caminho entra na mesma pra efetuar a descarga do produto

    feito o fechamento lateral pra que o p gerado seja totalmente sugado pelo sistema de

    captao de p conforme a figura 27 abaixo.

  • 53

    Figura 27: Moega com fechamento automtico evitando a expanso do p

    Tambm encontra-se moegas providas de tombadores enclausurados para que o p no

    momento da descarga no se espalha para outros ambientes e seja totalmente captado o p no

    local onde foi gerado conforme figura 28 abaixo.

    Figura 28: Moega com tombador enclausurado evitando a expanso do p

    Nas moegas percebemos um grande fluxo de pessoas, proprietrios dos caminhes de

    transporte do produto, motoristas terceirizados e at mesmo o prprio produtor o qual leva o

    seu produto at a unidade para descarregar. Mesmo possuindo medidas de controle e sendo

    informado a proibio de fumar dentro da unidade, encontramos inmeras pessoas fumando

    prximo moega de descarga servindo como ignio para uma possvel exploso. Tambm

  • 54

    encontramos prximo s moegas poo de elevadores providos de motores o qual tambm

    uma possvel fonte de ignio nas moegas.

    3.1.2.2 Galeria subterrnea

    Galeria subterrnea o local onde se encontra as esteiras transportadoras, as quais, geralmente

    so correias de estrutura metlica com longarinas de vigas U ou L, fixadas nos pisos por

    cavaletes parafusados, com a finalidade de transportar gros no sentido horizontal, a grandes

    distncias.

    Praticamente em todas as unidades de recebimento, beneficiamento e armazenagem de gros

    os tneis subterrneos so executados em concreto armado no piso, laterais e laje superior,

    mas tambm encontra-se nas obras mais antigas tneis em alvenaria. O tnel tem incio

    abaixo da moega at dar descarga ao elevador localizado no poo de elevador que levar o

    mesmo at as mquinas de limpeza, geralmente esses tneis variam de 15 a 20 metros de

    comprimento. Na figura 29 abaixo mostramos um tnel subterrneo com sua respectiva

    correia transportadora prximo da descarga para o elevador.

    Figura 29: Fita transportadora localizada no tnel subterrneo prximo

    da descarga para o elevador

    Tambm encontramos tneis subterrneos em baixo dos silos de armazenagem necessrios

    pra fazer sua expedio quando da necessidade, esses sim so de extenses grandes podendo

    chegar at a 200 metros dependendo da quantidade de silos de armazenagem que a unidade

    possui conforma figuras 30 e 31 abaixo.

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    Figura 30: Fita transportadora localizada no tnel subterrneo

    embaixo dos silos de armazenagem (tnel com uma fita)

    Figura 31: Fita transportadora localizada no tnel subterrneo

    embaixo dos s