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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    METODOLOGIA PARA IMPLEMENTAO DE UM

    SISTEMA DE GESTO DE ESTOQUES:ESTUDO DE

    CASO DO ALMOXARIFADO DA BASE AREA DE

    CANOAS

    Emlio Kerber Filho

    Porto Alegre, 2004

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    METODOLOGIA PARA IMPLEMENTAO DE UM

    SISTEMA DE GESTO DE ESTOQUES:ESTUDO DE

    CASO DO ALMOXARIFADO DA BASE AREA DE

    CANOAS

    Emlio Kerber Filho

    Orientador: Professor Dr. Flvio Sanson Fogliatto

    Banca Examinadora:

    Franciso Jos Kliemann Neto, Dr.Prof. Depto. Engenharia de Produo / UFRGS

    lvaro Gehlen de Leo, Dr.

    Prof. Depto. Engenharia de Produo / PUCRS

    Patrcia Costa Duarte, Dra.

    Profa. Depto. Engenharia de Produo / UFRGS

    Dissertao de Mestrado Profissionalizante em Engenharia como requisito parcial obteno do

    ttulo de Mestre em Engenharia modalidade Profissionalizante nfase Logstica

    MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUO

    Porto Alegre, 17 de dezembro de 2004

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    Esta dissertao foi analisada e julgada adequada para a obteno do ttulo de Mestre

    em Engenharia de Produo e aprovada em sua forma final pelo Orientador e pelo Coordenador

    do Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Escola de Engenharia Universidade Federal do

    Rio Grande do Sul.

    __________________________________

    Prof. Flvio Sanson Fogliatto, Ph.D.

    PPGEP / UFRGS

    Orientador

    ___________________________________

    Profa. Helena Beatriz Bettela Cybis, Dra.

    Coordenadora Mestrado Profissionalizante em

    Engenharia

    Banca Examinadora:

    Franciso Jos Kliemann Neto, Dr.

    Prof. Depto. Engenharia de Produo / UFRGS

    lvaro Gehlen de Leo, Dr.Prof. Depto. Engenharia de Produo / PUCRS

    Patrcia Costa Duarte, Dra.

    Profa. Depto. Engenharia de Produo / UFRGS

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    O Vo do homem atravs da vida sustentado

    pela fora de seus conhecimentos.

    AFA

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    AGRADECIMENTOS

    FUNDASUL, pela oportunidade concedida para o exerccio da minha carreira docente.

    Ao amigo, Tenente Coronel Aviador Roberto Tasqueto Bolzan, pelo grande apoio no incio desta

    jornada e pelo exemplo de liderana como meu primeiro chefe na Fora Area Brasileira.

    Ao meu amigo, o Professor Pauto Motta, pelo aconselhamento e amizade durante a etapa de

    elaborao deste trabalho.

    Faculdade Camaqense de Cincias Contbeis e Administrativas (FACCCA FUNDASUL),

    pela oportunidade concedida em favor do meu desenvolvimento inicial como docente.

    Ao meu irmo, Leandro de Oliveira Kerber, pelo valoroso auxlio a este trabalho, dispendido em

    seus momentos de lazer.

    Ao Marcelo Cortimiglia, pelo imprescindvel auxlio na fase final desta dissertao.

    Ao meu grande amigo, Joo Antnio Junqueira, a minha eterna gratido pelo apoio em todas as

    fases desta caminhada, pela amizade, pela transmisso de conhecimentos acadmicos, pelo

    grande exemplo de vida e, principalmente, pela amizade.

    Ao meu orientador, Professor Ph.D. Flavio Sanson Fogliatto, pela preciosa orientao, pelo

    exemplo como docente didtico e pelo grau de exigncia que possibilitaram a concluso desta

    dissertao.

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    RESUMO

    A implementao de uma metodologia de gesto de estoques, objetivo geral dapresente dissertao, vital para empresas que buscam constante aprimoramento dos

    processos de gerenciamento como um todo. Estas empresas vislumbram na gesto nosestoques mais um ponto responsvel pelo diferencial competitivo do mercado. Aadministrao pblica deve ter como preocupao a eficincia de suas operaes da mesmaforma que as empresas privadas, no tendo apenas na eficcia o seu foco de atenes, umavez que o bem pblico deve ser administrado dentro do princpio da economicidade, ou seja,buscando-se a minimizao de custos. Desta forma, o principal objetivo deste trabalho odesenvolvimento de uma metodologia para implementao de um sistema de gesto deestoques baseado no dimensionamento do nvel de servio e de custos de pedidos. A revisobibliogrfica sobre gesto de estoques baseia-se em publicaes consideradas relevantessobre o assunto, com foco em obras que abordam prticas de controle de estoque. Por fim,um estudo de caso sobre gesto de estoques agrega teoria prtica gerencial de modo a obter-se uma comparao entre custos e benefcios do sistema proposto.

    Palavras-chave: Gesto de estoques, sistemas de controle de estoques.

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    ABSTRACT

    The implementation of a methodology for inventory management, the main goal ofthis thesis, is essential for companies that aim at continuous improvement of processes. Such

    companies recognize in inventory management a potential factor of market differentiation.Public administration should focus on operation efficiency as much as private companies,paying attention not only to efficacy, once the public possession should be administrated inparsimonious way, but aiming at minimizing costs. Therefore, the main goal of the presentwork is to develop a methodology to implement an inventory control system based on servicelevel measuring and order costs. The literature review on inventory management was basedon publications considered significant, focusing on works that describe inventory controlpractices. Finally, a case study on inventory management links theory to managerial practiceto describe an analysis on costs and benefits related to the proposed system.

    Key words: Inventory management, inventory control systems.

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    SUMRIO

    RESUMO .................................................................................................................................. 5

    ABSTRACT .............................................................................................................................. 6

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ 10

    LISTA DE TABELAS............................................................................................................ 11

    INTRODUO ...................................................................................................................... 13

    1.1 Consideraes Iniciais ................................................................................................ 13

    1.2 Tema e Objetivos........................................................................................................ 151.3 Justificativa do Tema e dos Objetivos ........................................................................ 161.4 Mtodo de Pesquisa e de trabalho .............................................................................. 17

    1.4.1 Caracterizao do Tipo de Pesquisa................................................................. 171.4.2 Mtodo de Trabalho ......................................................................................... 18

    1.5 Limites do Trabalho.................................................................................................... 181.6 Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 19

    2 REVISO BIBLIOGRFICA........................................................................................21

    2.1 Conceitos de Estoque..................................................................................................21

    2.2 Objetivos do Gerenciamento de Estoques .................................................................. 242.3 Classificao de Estoques........................................................................................... 262.4 Tticas para Reduo de Estoques.............................................................................. 282.5 Nvel de Servio ......................................................................................................... 302.6 Tipos de Demanda ...................................................................................................... 322.7 Custos ......................................................................................................................... 332.8 Classificao ABC...................................................................................................... 352.9 Giro de Estoque ou Rotatividade................................................................................ 38

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    2.10 Lote Econmico de Compra ....................................................................................... 392.11 Sistemas de Controle de Estoque................................................................................ 43

    2.11.1 Sistema de Reviso Contnua (Sistema Q)....................................................... 432.11.2 Sistema de Reviso Peridica (Sistema P)....................................................... 472.11.3 Comparaes entre os Sistemas P e Q ............................................................. 50

    2.11.4 Sistemas Hbridos............................................................................................. 50

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS................................................................. 52

    3.1 Aquisio de Dados .................................................................................................... 543.2 Consolidao da Base de Dados................................................................................. 543.3 Classificao dos Produtos ......................................................................................... 55

    3.3.1 Classificao ABC ...........................................................................................553.4 Ajuste dos Parmetros do Sistema de Estoques .........................................................57

    3.4.1 Dados de Entrada para a Modelagem............................................................... 583.5 Determinao da Melhor Poltica de Gesto de Estoque dos Produtos em Anlise... 62

    3.6 Determinao dos Custos do Sistema de Gesto Proposto......................................... 623.7 Determinao dos Benefcios do Sistema de Gesto Proposto ..................................623.8 Recomendaes para Implementao do Sistema de Gesto Proposto...................... 63

    4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................ 64

    4.1 Equipe Responsvel.................................................................................................... 644.2 Cronograma ................................................................................................................ 654.3 Delimitao da Unidade-Caso.................................................................................... 65

    4.3.1 Contexto Histrico ...........................................................................................664.4 Coleta de Dados.......................................................................................................... 66

    4.4.1 Aquisio de Dados.......................................................................................... 67

    4.4.2 Consolidao da Base de Dados.......................................................................684.5 Anlise e Interpretao dos Dados ............................................................................. 69

    4.5.1 Classificao dos Produtos............................................................................... 694.5.2 Ajuste dos Parmetros...................................................................................... 724.5.3 Determinao da Melhor Poltica de Gesto de Estoques................................774.5.4 Determinao de Custos................................................................................... 794.5.5 Determinao dos Benefcios do Sistema Proposto......................................... 864.5.6 Recomendaes para Implantao do Sistema Proposto ................................. 90

    5 COMENTRIOS FINAIS..............................................................................................91

    5.1 Concluses ..................................................................................................................91

    5.2 Sugestes para Trabalhos Futuros .............................................................................. 93

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................95

    APNDICE A ......................................................................................................................... 98

    APNDICE B ......................................................................................................................... 99

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    APNDICE C ....................................................................................................................... 101

    APNDICE D ....................................................................................................................... 107

    APNDICE E ....................................................................................................................... 109

    APNDICE F........................................................................................................................114

    APNDICE G ....................................................................................................................... 116

    APNDICE H ....................................................................................................................... 121

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Percentagem dos estoques sobre a venda final e sobre o PNB. ...................... 23

    Figura 2 Relao entre custos de estoque e nveis de servio ....................................... 31

    Figura 3 Exemplo de classificao ABC....................................................................... 36Figura 4 Comportamento dos custos anuais de manuteno, colocao de pedidos e

    custo total ........................................................................................................................ 42

    Figura 5 Nveis de estoque cclico................................................................................. 43

    Figura 6 Sistema de Reviso Contnua com demanda e lead timeconstantes .............. 45

    Figura 7 Sistema de Reviso Contnua com demanda incerta....................................... 46

    Figura 8 Sistema de Reviso Peridica com demanda incerta ...................................... 48

    Figura 9 Representao esquemtica da metodologia proposta .................................... 53

    Figura 10 Interface de entrada de dados do aplicativo INPOL ....................................... 61

    Figura 11 Representao grfica da classificao ABC dos produtos de limpeza .......... 71

    Figura 12 Representao grfica da classificao ABC dos produtos de expediente ..... 72

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Representatividade financeira dos estoques, em milhes de dlares .............. 22

    Tabela 2 Elementos componentes nos custos de manuteno de estoques.................... 34

    Tabela 3 Reproduo parcial de uma base de dados genrica ....................................... 54Tabela 4 Dados necessrios para a classificao ABC de produtos .............................. 56

    Tabela 5 Itens A de uma classificao ABC genrica ................................................... 56

    Tabela 6 Desdobramento das Etapas da Metodologia nas Fases do Estudo de Caso .... 64

    Tabela 7 Cronograma das Fases do Estudo de Caso...................................................... 65

    Tabela 8 Reproduo parcial da base de dados de produtos de limpeza ....................... 67

    Tabela 9 Reproduo parcial da base de dados de produtos de expediente................... 67

    Tabela 10 Reproduo parcial dos parmetros calculados para produtos de limpeza ..... 68

    Tabela 11 Reproduo parcial dos parmetros calculados para produtos de expediente 69Tabela 12 Classificao ABC dos produtos de limpeza (itens da classe A).................... 70

    Tabela 13 Classificao ABC dos produtos de expediente (itens da classe A) ............... 71

    Tabela 14 Dimensionamento de pedidos dos produtos de limpeza ................................. 78

    Tabela 15 Dimensionamento de pedido dos produtos de expediente .............................. 79

    Tabela 16 Determinao de custos anuais dos produtos de limpeza ............................... 80

    Tabela 17 Resumo de custos anuais totais dos produtos de limpeza ............................... 81

    Tabela 18 Determinao de custos anuais dos produtos de expediente........................... 82

    Tabela 19 Resumo de custos anuais totais dos produtos de expediente .......................... 82

    Tabela 20 Determinao do custo de estoque de segurana real para produtos de limpeza ......................................................................................................................... 83

    Tabela 21 Determinao do custo de estoque de segurana real para produtos deexpediente.................................................................................................................... 84

    Tabela 22 Custo de produtos de limpeza sem consumo .................................................. 85

    Tabela 23 Custo de produtos de expediente sem giro no perodo.................................... 85

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    Tabela 24 ndices comparativos de custos reais e ideais dos produtos de limpeza A.. 86

    Tabela 25 ndices comparativos de custos reais e ideais dos produtos de expediente A . ......................................................................................................................... 87

    Tabela 26 Comparao entre nveis de servio reais e ideais para produtos de limpeza. 88

    Tabela 27 Comparao entre nveis de servio reais e ideais para produtos de expediente ......................................................................................................................... 88

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    CAPTULO 1

    1 INTRODUO

    1.1 CONSIDERAES INICIAIS

    A ltima dcada se caracterizou, no Brasil, por uma acentuada preocupao por parte

    das empresas no que tange a administrao de materiais e, em um contexto mais amplo, no

    gerenciamento da cadeia logstica como um todo (FLEURY; WANKE; FIGUEIREDO, 1999;

    NOVAES, 2001). Essa questo empresarial surgiu principalmente com a estabilizaoeconmica advinda com o Plano Real, e foi responsvel por mudar o panorama poltico de

    gesto de estoques no pas. A partir de ento, a especulao com estoques, em virtude de uma

    elevada taxa de inflao, deu lugar, de uma forma geral, busca por uma efetiva racionalizao

    das quantidades estocadas (CHING, 2001; GASNIER, 2002).

    Alm disso, Teixeira (2004) aponta o advento da globalizao e a conseqente insero

    do Brasil no panorama logstico mundial como um segundo elemento impulsionador desta

    tendncia de preocupao e interesse pela racionalizao da gesto de estoques. A integrao

    plena de todos os elos empresariais ao longo da cadeia de suprimentos, neste sentido, tornou-se

    um ponto vital para o sucesso das operaes logsticas, ensejando a necessidade de estreitamento

    das relaes empresariais ao longo de todo o processo, com objetivos afins, confiabilidade e

    permuta de informaes fidedignas, sempre tendo em mente que haver melhores resultados se o

    conjunto estiver sintonizado e harmnico (NOVAES, 2001; TEIXEIRA, 2004).

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    Nesse contexto, a gesto de estoques tem tido participao vital na logstica de

    empresas. A movimentao de materiais visando ao abastecimento final de um sistema engloba

    princpios e mtodos com a finalidade de aprimoramento da eficincia e eficcia de uma misso

    empresarial (TEIXEIRA; KERBER, 2002).

    No caso especfico dessa dissertao, o estudo em questo aborda o almoxarifado da

    Base Area de Canoas, responsvel pelas atividades logsticas referentes a trs tipos de

    materiais: fardamentos, de limpeza e de expediente. O setor de almoxarifado contempla, assim,

    materiais com caractersticas de demanda dependente e independente (DAVIS et al., 2001). O

    fardamento pode ser enquadrado como material de demanda dependente, pois existe a vinculao

    do consumo com um fator determinstico que a quantidade de pessoas apoiadas. J o material

    de limpeza e de expediente pode ser caracterizado pela demanda independente, em virtude de seu

    consumo ser desvinculado de qualquer fator previsvel e, portanto, considerado probabilstico. O

    objeto de estudo dessa dissertao encontra-se direcionado aos produtos de demanda

    independente, pelo fato de exigirem um gerenciamento de estoque diferenciado dos itens de

    consumo determinstico, que so administrados por outros tipos de ferramentas, tais como o

    MRP (Materials Requirements Planning Planejamento das Necessidades Materiais).

    Para facilitar o gerenciamento de compras dos almoxarifados da FAB Fora Area

    Brasileira, as compras so descentralizadas. De acordo com autores como Chiavenato (1991),

    Messias (1987) e Dias (2001), o gerenciamento de compras descentralizadas permite: (i) maiorconhecimento acerca dos fornecedores locais; (ii) melhor atendimento das necessidades

    especficas de cada setor; e (iii) agilidade nas aquisies. A aplicao de tal abordagem ao

    gerenciamento de atividades logsticas nos almoxarifados na FAB visa o desenvolvimento

    logstico de uma gama de atividades-suporte que impulsionam a atividade-fim, a qual nada mais

    do que a manuteno da soberania do espao areo brasileiro.

    Neste contexto organizacional, os Almoxarifados tm a finalidade de prever e prover

    todo material de suporte misso da FAB. Diante desta afirmao, surge o cenrio que originouo tema desta dissertao de mestrado: a gesto de estoques no cenrio logstico dos

    almoxarifados de intendncia da Fora Area Brasileira.

    Pode-se mencionar, ainda, que a evoluo de tecnologias de informao fez com que a

    logstica empresarial alasse um grande avano recente no Brasil. Tal fato no foi compartilhado

    com a mesma velocidade pela administrao pblica, sobretudo o Ministrio da Defesa, em

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    virtude da escassez de recursos aplicados no mesmo perodo no setor (FLEURY; WANKE;

    FIGUEIREDO, 1999). A obsolescncia de programas computacionais de controle de estoque

    especficos e adequados tornou demasiadamente atrasada a logstica militar no Brasil. Os

    softwareexistentes na FAB so precrios, desenvolvidos no mbito interno da FAB, e restritos

    quanto capacidade de atender as reais necessidades do gerenciamento de materiais.

    No Brasil, o degrau tecnolgico da logstica militar em relao logstica empresarial

    evidencia a defasagem dos recursos disponveis aplicados no ramo militar, principalmente se

    comparado aos Estados Unidos da Amrica e a pases da Europa.

    Com o intuito de analisar, racionalizar e sistematizar a operao de recursos materiais

    nos sistemas de almoxarifado da FAB, desenvolveu-se o presente trabalho. O gerenciamento de

    produtos, atravs de conceitos calcados em uma referncia terica, tem por objetivo desenvolverna Fora Area Brasileira um panorama mais fidedigno realidade logstica dos cenrios

    nacional e internacional, atravs da eficincia como suporte para a eficcia (TEIXEIRA;

    KERBER, 2002). O gerenciamento de materiais, atravs da aplicao de conceitos calcados em

    experincias no ramo empresarial, tem por fim desenvolver na FAB um panorama mais

    fidedigno realidade empresarial nacional. Um segundo elemento motivador do

    desenvolvimento desta dissertao foi a economia dos escassos recursos disponveis na

    atualidade patrimnio-oramentrio-financeira da Aeronutica.

    1.2 TEMA E OBJETIVOS

    Inserido no escopo logstico, o tema deste trabalho a gesto de estoques. Mais

    especificamente, so abordados assuntos relacionados modelagem de estoques e determinao

    de polticas timas para sua gesto.

    O objetivo geral desta dissertao o desenvolvimento de uma metodologia para

    implementao de um sistema de gesto de estoques baseado no dimensionamento do nvel de

    servio e de custos correlatos.

    Os objetivos especficos so os seguintes:

    a) Anlise terica das principais polticas de gesto de estoque;

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    b) Implementao da metodologia proposta para a gesto de estoques no almoxarifado

    da Base Area de Canoas, comparando os resultados obtidos atravs do

    estabelecimento de ndices de eficincia, cujo papel indicar o desempenho de um

    sistema de controle de estoque.

    1.3 JUSTIFICATIVA DO TEMA E DOS OBJETIVOS

    A principal justificativa para o tema exposto est relacionada atmosfera econmica do

    Brasil e ao avano das condies tecnolgicas capazes de interagir para a eficincia e eficcia de

    uma instituio, seja ela privada ou at mesmo pblica (TEIXEIRA; KERBER, 2002).

    O tema deste trabalho, gesto de estoques, tem por argumentao a deficincia demtodos e tcnicas aplicados gesto de materiais no mbito da FAB, bem como a necessidade

    de se sanear da forma mais racional possvel a aplicao dos recursos colocados disposio da

    administrao pblica. A reduo de custos e a racionalizao dos meios utilizados pela logstica

    pblica devem trazer avanos tecnolgicos que visam a facilidade e dinamicidade dos processos

    logsticos em vigor.

    Outro aspecto que sustenta, concomitantemente, a necessidade de reviso da realidade

    gerencial de materiais a escassez oramentria a disposio do Ministrio da Defesa, sobretudo

    do Comando da Aeronutica, no que tange renovao da frota de aeronaves e obsolescncia de

    materiais e equipamentos. Esta situao acarreta o estrangulamento de melhores possibilidades

    de gerenciamento de estoques e torna-se um dos gargalos para a determinao de prticas de

    gesto mais modernas, que vislumbrem um quadro efetivo de correta aplicao de recursos com

    a finalidade ltima de tornar a FAB mais operacional possvel. O saneamento das incorrees

    bsicas da administrao de materiais da FAB serve de argumento para um trabalho referenciado

    no que se julga mais apropriado para uma gesto logstica.

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    1.4 MTODO DE PESQUISA E DE TRABALHO

    1.4.1 Caracterizao do Tipo de Pesquisa

    Este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa de natureza aplicada, com

    abordagem quantitativa e com o objetivo de se fazer um estudo de caso (GIL, 1991).

    Como desenvolve uma metodologia que objetiva soluo de um problema em

    particular, trata-se de uma pesquisa aplicada. quantitativa em virtude do enfoque dado em

    anlises numricas da sistemtica de gesto de estoques. Alm disso, envolve um estudo sobre

    administrao de estoques de um setor do governo federal, analisando-o de forma geral e

    especfica, sendo, portanto, um estudo de caso.

    Conforme Gil (1991), estudos de caso caracterizam-se por grande flexibilidade. Desta

    forma, no h um procedimento fixo para todos os casos, cabendo ao pesquisador estabelecer as

    etapas especficas de sua pesquisa. Ainda assim, Gil (1991) sugere quatro fases fundamentais em

    um estudo de caso, a saber: (i) delimitao da unidade-caso; (ii) coleta de dados; (iii) anlise e

    interpretao de dados; e (iv) redao do relatrio. Estas etapas deram origem s fases da

    pesquisa deste estudo.

    Na delimitao da unidade-caso a ser estudada, foi escolhido o Almoxarifado da BaseArea de Canoas como objeto de aplicao da metodologia proposta neste trabalho. Os

    principais critrios para esta seleo incluram caractersticas do objeto de estudo, como sua

    representatividade do setor logstico nas Foras Armadas, disponibilidade de acesso aos dados

    necessrios e possibilidade de manipulao dos mesmos.

    A coleta de dados se deu atravs de consulta aos bancos de dados histricos do

    Almoxarifado. Esta consulta limitou-se aos dados de produtos de limpeza e expediente, em vista

    da demanda dos mesmos ser caracterizada como independente.

    A fase de anlise e interpretao dos dados constituiu-se na aplicao da metodologia de

    gesto de estoques proposta. Finalmente, os resultados obtidos foram analisados criticamente e

    procedeu-se com a elaborao do relatrio.

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    1.4.2 Mtodo de Trabalho

    Este trabalho foi desenvolvido em quatro etapas, delineadas na seqncia.

    A primeira etapa se refere reviso da literatura sobre gesto de estoques, desenvolvidaa partir de consulta a livros-texto, dissertaes e artigos publicados em peridicos e em

    congressos.

    Na segunda etapa, consolidaram-se os conceitos tericos adquiridos na reviso

    bibliogrfica em uma metodologia para anlise de um sistema de gesto de estoques. A

    metodologia faz uso intensivo do softwarede gesto de estoques INPOL, incluso no pacote de

    programas de gesto logsticaLogware verso 4.0 (BALLOU, 1999).

    A terceira etapa compreende os passos operacionais para o desenvolvimento daaplicao prtica da metodologia proposta. Inicialmente, so coletados os dados relacionados

    demanda dos produtos analisados, durante o exerccio financeiro de 2003, com base em dados de

    pedidos internos de materiais (PIM), consolidandose estes dados em uma de planilha do Excel

    (MICROSOFT EXCEL, 1997). Na seqncia, classificam-se os produtos abordados segundo o

    critrio ABC. Produtos classificados como prioritrios so inseridos no pacote computacional

    INPOL para que seja feito o seu dimensionamento de estoque conforme parmetros de sistemas

    de controle de estoques previamente definidos. Na seqncia, so comparados os custos do

    sistema de estoque atualmente em uso no almoxarifado da base area com os custos ideais,

    resultantes da adoo de uma poltica tima de estoques para os itens. Por fim, apuram-se as

    vantagens e desvantagens da sistemtica de gesto de estoques proposta.

    Na quarta etapa, so elaboradas as concluses do trabalho e sugestes para

    desenvolvimentos futuros.

    1.5 LIMITES DO TRABALHO

    O presente trabalho limitase ao desenvolvimento de uma metodologia para

    implementao de um sistema de gesto de estoques, que compreende o estabelecimento de uma

    poltica de compras baseada em definir o momento de colocao dos pedidos e o tamanho dos

    lotes de compra. A implementao do referido sistema ser ilustrada com sua aplicao no

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    almoxarifado da Base Area de Canoas e pode demandar adaptaes para aplicaes em outros

    contextos.

    A metodologia proposta est baseada na utilizao de um software para clculo dos

    principais elementos caracterizadores de uma poltica de estoques, tais como o lote de compra e

    o estoque de segurana. O software indicado na metodologia, INPOL, apresenta caractersticas

    comuns a maioria dos aplicativos desenvolvidos para a mesma finalidade; por exemplo, o SAP

    Advanced Planner and Optimizer (SAP APO).

    O presente trabalho, voltado gesto de estoques, analisa apenas o gerenciamento do

    estoque dos produtos de limpeza e de expediente, classificados como A (prioritrios), do

    almoxarifado da Base Area de Canoas. O foco da dissertao est na racionalizao dos meios

    de gerenciamento de estoques de uma forma geral, inferindo-se a possibilidade de aplicao dasrespectivas tcnicas e mtodos de uma forma mais ampla e abrangente.

    1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

    O presente trabalho compe-se de cinco captulos.

    O primeiro captulo apresenta a introduo do tema gesto de estoques, alm de

    contextualizar e delinear o tema no enfoque da logstica de Fora Area Brasileira, cenrio do

    estudo de caso, destacando os objetivos e justificativas frente referncia bibliogrfica, bem

    como o mtodo de trabalho, as caractersticas da pesquisa aplicada, etapas e ferramentas

    utilizadas para o alcance das metas propostas. So expostas, ainda, os limites do trabalho,

    definindo-se o seu enfoque e a sua estrutura de organizao.

    A referncia bibliogrfica sobre gesto de estoques embasada nas principais obras e

    publicaes que sedimentam o conhecimento acerca do assunto, apresentada ao longo do

    segundo captulo.

    O terceiro captulo apresenta a metodologia proposta para a implementao do sistema

    de gesto de estoques.

    O quarto captulo traz um estudo de caso no qual se aplica a metodologia relatada no

    captulo anterior. O estudo refere-se ao almoxarifado da Base Area de Canoas, apresenta

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    resultados, vantagens e desvantagens do sistema de controle de estoque proposto como ideal e

    analisa a implementao desse gerenciamento em uma empresa da administrao pblica (no

    caso, a FAB).

    O ltimo captulo relata concluses relevantes sobre todo o trabalho, relacionando,

    tambm, assuntos que possam ser abordados em futuros trabalhos nesta rea e que possam dar

    continuidade s pesquisas sobre o tema.

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    CAPTULO 2

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 CONCEITOS DE ESTOQUE

    No passado, o estoque era visto como um ativo para as organizaes, em virtude do seu

    registro em relatrios financeiros como tal. Esta viso j no mais aceita, devido tendncia de

    diminuio nos ciclos de vida dos produtos e o conseqente aumento em sua probabilidade de

    obsolescncia. Sob este prisma, o estoque um problema empresarial a ser gerenciado. Aexistncia de estoques acaba encobrindo gargalos empresariais relacionados ao seu mau

    gerenciamento, pois permite que erros administrativos de toda a cadeia de suprimentos fiquem

    ocultos ao longo da cadeia produtiva. A existncia de estoques implica em gastos: os custos

    mdios anuais de manuteno de estoques em empresas de manufatura so estimados ao redor de

    20% a 40% do valor dos itens estocados (BALLOU, 2001). Conseqentemente, sob o aspecto

    econmico, o seu gerenciamento merece um cuidado especial, ensejando-se a interpretao de

    que o estoque um passivo que deve ser reduzido e, se possvel, eliminado. A busca pela

    reduo dos nveis de estoques, no entanto, no significa minimizar a sua importncia. Quandose trata de sistemas de produo, no h nada mais vital do que estoques (DAVIS et al., 2001). A

    importncia da manuteno de produtos em estoque notria quando se verifica que os

    investimentos anuais em estoques contabilizam ao longo do canal logstico, por fabricantes,

    varejistas e atacadistas estadunidenses, 13% do PNB (Produto Nacional Bruto) (BALLOU,

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    2001). Ainda do ponto de vista financeiro, os inventrios inserem-se como parte do capital da

    empresa. Quanto maiores os estoques, maior o capital total (MOREIRA, 2001).

    Em um primeiro momento, para se compreender a importncia atribuda a este capital

    imobilizado dentro da empresa, deve-se ter uma viso da magnitude dos ativos nele aplicados,

    em uma empresa privada. A Tabela 1 apresenta valores de vendas, lucro lquido e investimento

    em estoque de alguns fabricantes de produtos industriais e de consumo, bem como de algumas

    empresas comerciais. Os dados evidenciam a proporo significativa de ativos aplicados

    imobilizados em estoques. A magnitude do investimento comprometido nessa espcie de ativo e

    sua proporo, considerando-se os recursos totais, fazem do estoque uma rea estratgica em

    termos de custos. A reduo de alguns pontos percentuais em recursos imobilizados pode

    resultar num acrscimo substancial da lucratividade (BOWERSOX; CLOSS, 1999).

    Tabela 1 Representatividade financeira dos estoques, em milhes de dlares

    Empresa VendasLucro

    LquidoAtivosTotais

    Investimentosem Estoques

    % emEstoques

    Johnson & Johnson 13.753 1.030 11.844 1.742 14,70

    RJR - Nabisco 15.734 319 32.041 2.776 8,70

    Dow Chemical 18.971 276 25.360 2.692 10,60

    Bergem Brunswigt 5.048 61 1.412 548 38,80

    Fleming Companies 12.938 113 3.118 959 30,80

    Ace Hardware 1.871 61 595 213 35,80

    Kmart 37.724 941 18.931 8.752 46,20

    JC Penney 18.009 777 13.536 3.258 24,00

    Dillards 4.714 236 4.107 1.106 26,90Fonte: Adaptado de Bowersox e Closs (1999, p. 224)

    Embora investimentos em estoques sejam substanciais, o seu gerenciamento tem

    permitido reduzir seu porte, tanto em relao s vendas correntes quanto ao PNB, como mostra a

    Figura 1 (BOWERSOX; CLOSS, 1999).

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    Fonte: Adaptado de Bowersox e Closs (1999, p. 225)

    Figura 1 Percentagem dos estoques sobre a venda final e sobre o PNB.

    Apesar do aumento e da diversificao de produtos, executivos da rea de logstica tm

    conseguido reduzir os nveis de estoque operacional. Essa melhoria deve-se nfase gerencial

    que o assunto tem recebido e adoo de estratgias baseadas em prazos, como, por exemplo, o

    Just In Time(FLEURY; WANKE; FIGUEIREDO, 1999; BOWERSOX; CLOSS, 1999).

    A necessidade causal para se investir em estoques decorre da impossibilidade da

    produo reagir rapidamente a um estmulo da demanda, havendo necessidade de flexibilizaoatravs de produto acabados, que funcionam como amortecedores deste impacto. Por outro lado,

    o acmulo de produto ocorre sempre que a taxa de consumo for menor que a taxa de produo.

    Desta forma, o estoque faz o papel de elemento regulador (ou buffer) da velocidade do fluxo de

    produo em relao demanda (MOREIRA, 2001).

    Estoquepode ser caracterizado como a quantificao de qualquer item ou recurso usado

    em uma organizao (DAVIS et al., 2001). Trata-se das matrias-primas, peas, componentes,

    semi-acabados ou produtos acabados que esto, em qualquer momento no tempo, em um ponto

    de um sistema de produo (ELSAYED; BOUCHER, 1994). Um sistema de estoques um

    conjunto de polticas e controles que monitoram os nveis de itens em estoque, determinando

    quanto manter e quando comprar (ELSAYED; BOUCHER, 1994).

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    Estoques so formados quando o recebimento de materiais, peas ou produtos acabados

    excede a sua demanda; em contra-partida, sempre que o consumo dos itens for superior ao seu

    recebimento, tem-se uma reduo quantitativa dos estoques (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

    2.2 OBJETIVOS DO GERENCIAMENTO DE ESTOQUES

    Analisando-se a funcionalidade dos estoques, verifica-se que os objetivos bsicos de seu

    gerenciamento advm de duas questes essenciais:

    a) quanto deve ser pedido; e

    b) quando os pedidos devem ser colocados, de modo que os custos sejam

    minimizados.

    A busca por solues s indagaes acima expostas norteiam as principais diretrizes do

    gerenciamento de materiais (ELSAYED; BOUCHER, 1994; DAVIS et al., 2001).

    Novas tendncias de mercado tm influenciado a gesto de estoques, em virtude da

    maior integrao dos elos da cadeia de suprimentos e do estreitamento de relaes entre

    empresas e seus fornecedores, principalmente no que diz respeito freqncia e aos prazos de

    entrega (DAVIS et al., 2001).

    Estoques so considerados vitais ao longo da cadeia de suprimentos. Entretanto, existem

    compensaes (trade-offs) entre manter nveis elevados ou reduzidos de produtos em estoque.

    De uma forma geral, as razes para se manter estoques esto relacionadas com a necessidade de

    se manter um certo nvel de servio, ou com os custos derivados indiretamente da capacidade de

    pronto-atendimento (BALLOU, 2001).

    Os estoques fornecem um nvel de disponibilidade de produtos e servios para satisfazer

    uma exigncia das necessidades de consumo de um cliente de forma rpida e pontual. A

    capacidade de possibilitar o suprimento das necessidades do pblico-alvo no apenas mantm as

    vendas, como tambm induz o seu crescimento (BALLOU, 2001; KRAJEWSKI; RITZMAN,

    2004).

    A reduo da potencial escassez de produtos ou de atrasos so minimizadas atravs de

    um bom gerenciamento de estoques. A falta de produtos ocorre quando um item comumente

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    estocado no se encontra disponvel no momento em que solicitado, ocasionando a perda de

    uma venda. A espera por um pedido em atraso pode gerar problemas futuros para a empresa,

    como, por exemplo, a insatisfao do cliente, que ensejar a procura no mercado por

    fornecedores mais confiveis que possam suprir as suas necessidades prontamente. Outro ponto

    negativo dado pelo custo adicional para disponibilizar rapidamente o produto no caso de atraso

    na entrega (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004; DIAS, 2001).

    Mesmo que manter estoques seja oneroso, possvel reduzir custos operacionais em

    outras atividades. Primeiro h a possibilidade dos estoques servirem de amortecedor entre a

    demanda e a produo, flexibilizando o fluxo de materiais ao longo da cadeia de suprimentos,

    incentivando economias de produo atravs de rodadas mais longas, mais amplas e de maior

    nvel. Dessa forma, cada processo de obteno de materiais gera um custo fixo, independente da

    quantidade envolvida. Desse modo, quanto maior a produo ou a quantidade de produtos

    comprados, menor ser o custo mdio total por unidade, havendo, assim, uma compensao em

    se estocar mais, at um limite apropriado. A demanda no um fator constante em gesto de

    materiais e, por ser uma varivel, deve-se ter um estoque de segurana para absorver alteraes

    de consumo. Sempre que o consumo exceder a capacidade produtiva, haver a necessidade de

    uma cobertura de produtos. Em segundo lugar, pode haver a reduo de custos atravs de

    compras mais baratas, feitas em lotes maiores, e a diminuio dos custos de transportes com a

    consolidao de cargas, compensando-se a relao de custo por unidade transportada. Compras

    antecipadas tambm permitem obter preos mais baixos no momento da aquisio. Alm disso,

    existir a proteo diante de incertezas do mercado: demanda, prazos de entrega e qualidade de

    produtos, alm de outros possveis distrbios cadeia logstica, como greves ou desastres

    naturais. Por fim, existe a necessidade de se obter economias de escala. Cada processo de

    obteno de materiais gera um custo fixo, independente da quantidade envolvida. Desse modo,

    quanto maior a produo ou a quantidade de produtos comprados, menor ser o custo mdio total

    por unidade, havendo, assim, uma compensao em se estocar mais, at um limite apropriado

    (BALLOU, 2001; DAVIS et al., 2001; KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

    Manter estoques em excesso mais fcil de justificar do que enfrentar todas as

    conseqncias da escassez de produtos. Tanto esta afirmao verdade, que os custos

    decorrentes de manter produtos armazenados so difceis de serem expressos com clareza. A

    imobilizao de capital em estoques classificada contabilmente como um ativo (bem ou

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    direito), ao passo que, ao restringir-se o capital disponvel, minimizam-se oportunidades em

    outros investimentos.

    O custo de oportunidade a principal parcela do custo de manuteno de estoques.

    Nveis de estoque muito elevado so criticados por serem considerados desperdcios. Sob este

    prisma, financeiramente podem ser interpretados como passivos contbeis, j que absorvem

    capital que poderia ser destinado a melhores investimentos, como melhorar a produtividade ou a

    competitividade.

    Alm disso, o acmulo de produtos em processo pode mascarar deficincias de

    qualidade, bem como falhas produtivas e administrativas, como mau gerenciamento da

    capacidade produtiva, compras desnecessrias ou urgentes (GOLDRATT, 2003). Em relao

    falhas na qualidade, um excesso de produo formaria um estoque qualitativamente defeituoso epor si s obsoleto. Por fim, a anlise de inventrios deve ser feita considerando o canal logstico

    como um todo, sem consideraes insulares. A tomada de decises deve ser integrada,

    facilitando o planejamento e a coordenao dos diversos elos do canal simultaneamente

    (BALLOU, 2001; DAVIS et al., 2001).

    O acmulo de materiais implica em penalidades para a empresa e para a cadeia de

    suprimentos. Eis alguns efeitos negativos adicionais de manter estoques excessivos (GASNIER,

    2002): necessidade de espao fsico maior, maiores custos operacionais, despesas com

    financiamento do capital de giro, falta de liquidez financeira, perdas por obsolescncia e

    validade, maiores custos com seguros e maiores despesas administrativas.

    2.3 CLASSIFICAO DE ESTOQUES

    Para o gerenciamento mais eficiente dos estoques, estratgica a compreenso dos

    diferentes tipos. Um primeiro tipo de segmentao concebido pelo modo de criao que

    justifica a existncia de cada tipo de estoque. Pelo modo como so criados, estoques podem ser

    classificados em quatro tipos, ainda que posteriormente no possam ser fisicamente

    diferenciados. No entanto, preciso que haja essa compreenso entre as diferenas para

    diagnosticar possveis tcnicas de reduo das quantidades estocadas (KRAJEWSKI;

    RITZMAN, 2004).

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    Quanto ao modo como so criados (BOWERSOX; CLOSS, 2001; FIORIOLLI, 2002;

    KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004), os estoques so classificados nos seguintes tipos:

    (i) estoque cclico;

    (ii) estoque de segurana;

    (iii) estoque de antecipao; e

    (iv) estoque em trnsito.

    O estoque cclico a parcela do estoque total que varia proporcionalmente com o

    tamanho do lote de compra ou de produo. Para o estabelecimento do tamanho do lote de

    compra (Q), preciso determinar a freqncia e a quantidade pedida. Para tanto, dois princpios

    so importantes. Primeiro, o tamanho do lote varia diretamente com o tempo transcorrido entre

    dois pedidos. Um lote pedido deve comportar o equivalente demanda do mesmo perodo.

    Segundo, quanto maior o intervalo entre os pedidos de um determinado item, maior ser o seu

    estoque cclico.

    Considerando-se que a taxa de demanda constante e uniforme, pode-se definir que o

    estoque cclico mdio a metade do lote pedido (FIORIOLLI, 2002; KRAJEWSKI; RITZMAN,

    2004).

    Assim sendo, tem-se:

    Estoque cclico mdio = 2/Q (1)

    O estoque de segurana (ES) a parcela de estoque com a finalidade de proteger a

    empresa contra incertezas relacionadas demanda, ao tempo de espera (L - lead time) e ao

    fornecimento, sob o aspecto da qualidade. O ES evita a deficincia de atendimento aos clientes e

    os custos decorrentes da escassez de fornecimento (KRAJEWSKI E RITZMAN, 2004,BALLOU, 2001; FIORIOLLI, 2002; DAVIS et al., 2001). Alm disso, garante que operaes

    industriais no sejam interrompidas diante de uma ruptura de estoque. O ES equivale diferena

    de consumo entre o nmero de perodos antecipados ao pedido e o nmero de perodos do lead

    timede entrega do fornecedor.

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    O estoque de antecipao, ou estoque de especulao, a parcela de estoque formada

    para amortecer o fluxo irregular de demanda ou fornecimento. Fabricantes de produtos sazonais,

    como, por exemplo, ar-condicionados, acumulam produtos antecipadamente em perodos de

    demanda reduzida, a fim de que os nveis de produo no tenham de ser aumentados

    bruscamente nos picos de demanda. O nivelamento das taxas de produo com estoques aumenta

    a produtividade, j que as flutuaes de capacidade produtiva podem ser mais onerosas

    (FIORIOLLI, 2002; KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

    O estoque em trnsito, ou estoque em movimento ou estoque contnuo, a parcela do

    estoque que est sendo movimentada de um ponto a outro na cadeia de suprimentos. Consiste em

    pedidos que foram colocados e ainda no foram recebidos. Pode ser mensurado como a demanda

    mdia durante o lead time (DL), que a demanda mdia por perodo (d) multiplicada pelo

    nmero de perodos no lead timedo item em questo (BOWERSOX; CLOSS, 1999), ou seja:

    Estoque Contnuo = LD = dL (2)

    2.4 TTICAS PARA REDUO DE ESTOQUES

    Cada um dos tipos de estoques pode ser gerenciado de maneira diferente, visando a um

    meio eficaz para reduzir a quantidade em estoque, bem como seu custo decorrente(KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004). Esse gerenciamento para reduzir o estoque denomina-se

    ttica bsica ou alavanca, e pode ser classificado como primrio, quando a atitude tomada para

    a diminuio do estoque, ou secundrio, quando a deciso tomada para minimizar os efeitos de

    uma ttica principal.

    A ttica principal para reduo do estoque cclicoconsiste na diminuio do tamanho

    do lote. Por outro lado, os custos de preparao podem se tornar muito elevados, requerendo

    duas alavancas secundrias:

    (i) cientificar os mtodos de colocao de pedidos e de preparao dos mesmos,

    minimizando seus respectivos custos; e

    (ii) aumentar o ndice de repetio para reduzir custos de set up, transporte e

    proporcionar descontos por parte dos fornecedores.

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    A ttica principal para reduzir o estoque de seguranaconsiste em diminuir o lead time

    do processo com a colocao de pedidos o mais prximo possvel do momento realmente

    necessrio. Quatro tticas secundrias podem ser abordadas:

    (i) melhorar as previses de demanda, diminuindo as incertezas de mercado;

    (ii) diminuir os tempos de espera para pedidos, minimizando as oscilaes de demanda

    durante os tempos de espera;

    (iii) minimizar as incertezas da oferta (uma maior confiabilidade por parte dos

    fornecedores pode ser alcanada com o compartilhamento das metas de produo ou de vendas); e

    (iv) contar com equipamentos e mo-de-obra sobressalentes, como reservas de

    capacidade produtiva e de prestao de servios.

    A ttica principal para a reduo do estoque de antecipao consiste em igualar a

    demanda ao ritmo de produo (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004). Alteraes do ritmo de

    produo ao longo do perodo de um ano so mais dispendiosas, se comparadas, por exemplo, a

    alteraes dentro de perodos dirios ou mensais (MOREIRA, 2001). As seguintes tticas

    secundrias visam nivelar a demanda:

    (i) adoo de produtos com ciclo de demandas diferentes, de modo que a sazonalidade

    de um compense a do outro;

    (ii) realizar campanhas de marketingfora do pico sazonal de um produto; e

    (iii) implantar preos diferenciais por perodo sazonal.

    A alavanca principal para reduo do estoque em trnsito consiste em diminuir o

    tempo de espera, haja vista ser esse estoque uma funo da demanda sobre o lead time. Tticas

    secundrias para a diminuio do lead timeso:

    (i) melhorar as previses de demanda, diminuindo as incertezas do mercado;

    (ii) diminuir os tempos de espera para pedidos, minimizando as oscilaes de demanda

    durante o lead time; e

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    (iii) diminuir o tamanho do lote porque quantidades menores ensejam menos tempo

    para seu preenchimento de carga e por isso, menor tempo entre um transporte e outro.

    2.5 NVEL DE SERVIO

    Uma poltica de estoque deve ser dimensionada de modo a satisfazer as exigncias dos

    clientes em relao s expectativas de atendimento com relao demanda de um item no prazo

    desejado, a partir do saldo existente no estoque. Essa expectativa de pronto-atendimento de um

    item chama-se nvel de servio, ou grau de atendimento, e normalmente expresso em

    percentagem (GASNIER, 2002).

    O nvel de servio um indicador gerencial que evidencia o desempenho noatendimento das necessidades dos clientes em relao a cada item de um estoque e visa atender

    s necessidades do cliente em relao a prazos e presteza de entrega dos pedidos (POZO,

    2002).

    Os gerentes usualmente imaginam os estoques de segurana como meio de assegurar

    um bom servio, definido, de modo abrangente, como dispor do produto quando o consumidor

    desejar. Portanto, h uma relao funcional direta entre o tamanho do estoque de segurana e o

    nvel de servio que se pretende oferecer ao consumidor. Elsayed e Boucher (1994) apresentam

    trs critrios para relacionar o tamanho do estoque de segurana com o nvel de servio. A

    seguir, abordar-se-o os dois mais usados na prtica.

    O primeiro critrio de relacionamento define o nvel de servio, SL1, como a

    probabilidade de noescassez do item durante o lead time.

    1 1 ( ) 1 ( )R

    SL P X R f x dx

    = > = (3)

    Por este critrio, estabelecido um determinado nvel de servio SL1, determinase, na

    tabela da funo cumulativa da distribuio normal padronizada, o valor dez1tal que:

    1 1( )P z z SL< = (4)

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    31

    O segundo critrio de relacionamento define o nvel de servio, SL2, como sendo o

    nmero de unidades de demanda satisfeita durante o lead time. Segundo este critrio, o nvel de

    servio mede a ruptura do estoque em termos de unidades ou poro da demanda total no

    satisfeita durante o lead time. Se a demanda durante o lead timeforx, o tamanho da escassez, ao

    final de cada ciclo ser (x-R). Assim, o nmero esperado de unidades escassas por ciclo ser

    dado pela expresso (5).

    [ ]unidades escassas ( ) ( )R

    E x R f x dx

    = (5)

    Por sua maior facilidade de aplicao, no estudo de caso, constante no quarto captulo

    da presente dissertao, ser utilizado o nvel de servio, SL1, definido como a probabilidade de

    noescassez do item durante o lead time.

    O planejamento da gesto de estoques presume o estabelecimento de um nvel de

    servio para cada produto estocado. Desse modo, importante relacionar-se o grau de

    atendimento almejado com o seu respectivo custo. Observa-se que os custos de manuteno de

    estoque progridem de forma exponencial em relao proximidade de 100%, chegando a valores

    excessivos para a empresa, a partir de um determinado nvel de servio alcanado (POZO, 2002).

    Este comportamento mostrado na Figura 2, onde se pode verificar que o custo de manuteno

    cresce medida que aumenta o grau de atendimento. O ideal que cada empresa encontre um

    nvel de servio timo, de modo que o custo advindo de uma quantidade maior mantida em

    estoque no seja prejudicial sua sade financeira.

    0

    250

    500

    750

    1000

    74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 100

    n ve l d e se rv io (%)

    custodeestoque(R$)

    Fonte: Adaptado de Pozo (2003, p. 40)

    Figura 2 Relao entre custos de estoque e nveis de servio

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    32

    2.6 TIPOS DE DEMANDA

    A demanda corresponde taxa de consumo de um item durante um intervalo de tempo

    (GASNIER, 2002). Pode ser classificada, conforme a sua natureza, em quatro tipos (ELSAYED;

    BOUCHER, 1994; FIORIOLLI, 2002):

    (i) determinstica e esttica, correspondendo a uma demanda conhecida (determinada) e

    constante em um perodo de tempo determinado, com igual taxa para todos os perodos;

    (ii) determinstica e dinmica, equivalendo a uma demanda conhecida e constante em

    um perodo de tempo determinado, porm com taxas diferentes para cada perodo;

    (iii) probabilstica e esttica, representando uma demanda varivel, seguindo uma

    distribuio de probabilidade dependente do tamanho do perodo e que se mantm equivalente

    em todos os perodos; e

    (iv) probabilstica e dinmica, correspondendo a uma demanda varivel, seguindo uma

    distribuio de probabilidade dependente do tamanho do perodo, porm variando de um perodo

    a outro.

    A demanda tambm pode ser classificada quanto sua dependncia em demanda

    dependente ou independente. No caso de demanda independente, um item mantido em estoqueno tem a demanda vinculada a de outro item do mesmo estoque. As demandas para estes itens

    so estimadas a partir de previses, ou seja, so probabilsticas. Por outro lado, estoques com

    demanda dependente referem-se a itens cuja demanda vincula-se a demanda de outros itens

    mantidos em estoque. Componentes, matrias-prima, peas de um conjunto maior, ou acessrios,

    so previstos com base na demanda dos bens acabados em que esses materiais fazem parte. um

    tipo de demanda determinstica, j que o seu gerenciamento difere dos itens de demanda

    independente por ser determinado pela demanda do bem final produzido. Pelo fato da demanda

    independente ser incerta, estoques de segurana acabam se formando para que sejam evitadasrupturas de estoque (DAVIS et al., 2001; GAITHER; FRAZIER, 2004).

    A demanda dependente representa um problema simples na gesto de estoques. Na

    prtica gerencial, o foco, assim, est direcionado para itens com demanda independente, pelo

    fato de necessariamente implicarem em polticas no que tange quantidade e freqncia de

    pedidos que minimizem custos e otimizem os nveis de servios.

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    33

    2.7 CUSTOS

    Custo considerado como todo o gasto para a obteno de bens e servios aplicados na

    produo (RIBEIRO, 2001). Desse modo, pode-se definir que estoque gera custo pelo fato de ser

    considerado um bem adquirido, produzido ou em fase de produo, e imobilizado como um

    investimento da empresa.

    Para a determinao de uma poltica de estoques, trs classes de custos so relevantes:

    custos de manuteno, custos de pedido e custos de escassez (BALLOU, 2001). Esses custos

    funcionam como compensaes, ou seja, esto em conflito. Assim sendo, a adoo de uma

    poltica para gerenciamento do estoque no funciona sistematicamente da mesma forma para

    todos eles (BALLOU, 2001).

    O custo de guarda de estoque o tipo de custo resultante da estocagem de bens por um

    perodo de tempo e proporcional a quantidade mdia dos produtos mantidos armazenados.

    Pode ser agrupado em quatro classes: custos de oportunidade e capital, de armazenagem e

    manuseio, dos servios de estoque e de riscos de estoque. Uma distribuio tpica dessas classes

    de custos, descritas na seqncia, vem apresentada na Tabela 2.

    O custo de oportunidade ou de capital o componente mais expressivo do custo de

    manuteno, podendo representar mais de 80% do total. Representa o capital imobilizado de uma

    empresa que dispensa a oportunidade de investir em outro negcio com retorno mais atrativo.

    o mais intangvel e subjetivo de todos os componentes do custo de manuteno porque o estoque

    representa uma combinao de recursos a curto e longo prazo. Alm disso, o custo de capital

    pode oscilar da taxa de juros ao custo de oportunidade sobre o investimento supostamente mais

    rentvel, determinado previamente pela empresa.

    O custo de armazenagem e manuseio representa o uso do espao dentro do armazm,

    que pode ser alugado, alocado de uma rea interna da empresa potencialmente produtiva, ou

    mesmo prprio, construdo com recursos investidos e amortizados pelo tempo de utilizao do

    depsito. um custo de natureza operacional, j que se repete a cada perodo de tempo, porm

    irrelevante no contexto de custo de manuteno global. O custo dos servios de estoque equivale

    ao seguro e aos impostos dos bens mantidos em estoque. Finalmente, os custos de riscos de

    estoque so os custos associados a perdas, a deteriorao e a obsolescncia. Durante o perodo de

    manuteno dos produtos estocados, parte do estoque pode ser extraviada por furto, roubo,

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    contaminao, deteriorao ou obsolescncia. Essa parcela estar de alguma forma inutilizada

    para ser aproveitada na produo ou em vendas, incorrendo em nus financeiro para a empresa.

    Tabela 2 Elementos componentes nos custos de manuteno de estoques

    Custos: Guarda de Estoque %

    Custos de oportunidade e juros 82,00

    Obsolescncia e depreciao fsica 14,00

    Estocagem e manuseio 3,25

    Impostos 0,50

    Seguros 0,25

    Total 100,00Fonte: Ballou (2001, p. 256)

    Custo do pedido diz respeito aos custos associados com a aquisio para o

    reabastecimento do estoques. Cada operao para a obteno de produtos implica em um custo

    de pedido. As despesas administrativas que compem o custo do pedido advm do

    processamento, do ajuste, da transmisso, do manuseio e do pedido propriamente dito. Englobam

    o custo de manufatura do produto, qualquer que seja o tamanho do lote de compra, o custo de

    ajustar o processo de produo, o custo de processamento de um pedido atravs da contabilidade

    e do setor de compra, o custo de transmitir o pedido para os fornecedores e o custo de manuseio

    de mercadoria nos pontos de recebimento. Geralmente, o custo de um pedido pode ser

    considerado fixo, portanto no variando com o tamanho do lote de compra. Alguns de seus

    componentes podem variar, como por exemplo os custos decorrentes de transporte, manufatura e

    manuseio de materiais, que dependem do tamanho de um pedido. O custo de pedido dado pela

    soma dos custos por pedido, sendo que o primeiro expresso geralmente no perodo de um ano,

    ao passo que o segundo refere-se ao valor gasto isoladamente com cada compra (BALLOU,

    2001).

    O custo de escassez o custo decorrente da impossibilidade de atendimento a uma

    solicitao feita pela falta de produtos em estoque. So dois, basicamente, os tipos de custos

    escassez: o custo de vendas perdidas e o custo de pedidos em aberto. difcil mensurar cada um

    deles, em virtude de suas naturezas intangveis, pressupondo por parte dos clientes um

    comportamento especfico para cada caso.

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    O custo de vendas perdidas ocorre diante da impossibilidade de pronto-atendimento a

    uma solicitao durante o momento da demanda, diante de uma ruptura de estoque. O custo pelo

    no atendimento solicitao de compra de um cliente pode ser expresso pelo lucro perdido no

    momento da no concretizao da venda. Pode-se adicionar a esse custo o efeito negativo de no

    futuro se ter uma venda perdida pela quebra da imagem da empresa. Produto com similares no

    mercado so muito expostos a substituio por marcas concorrentes e por isso, so os mais

    provveis de sofrerem com vendas perdidas (BALLOU, 2001; DIAS, 2001).

    O custo de pedidos em aberto ocorre quando uma solicitao feita por um cliente e a

    mesma no poder ser prontamente atendida, porm o cliente mantm seu pedido e espera o seu

    atendimento por completo, de forma que apenas houve uma postergao na venda. O esforo

    empresarial extra para o saneamento de um pedido em aberto cria custos adicionais

    administrativos, com o processamento do pedido de urgncia, transporte e manuseio. So custos

    tangveis, mas pode ocorrer tambm o efeito negativo de uma venda futura perdida pelo

    comprometimento da viso da empresa no mercado.

    2.8 CLASSIFICAOABC

    Na gesto de estoques, imprescindvel a estratificao dos materiais de maneira a permitir

    que se possam aplicar tratamentos apropriados a cada grupo. Essa diferenciao em classes pode sedar por meio da classificao criada por Vilfred Pareto no sculo XVIII, baseada em um determinado

    critrio considerado relevante. A estipulao dos esforos de gerenciamento de itens estocados pode

    ser orientada, principalmente, por critrios econmicos, rotatividade de estoque, complexidade de

    aquisio, importncia estratgica (criticidade) ou aplicabilidade (GASNIER, 2002).

    Ao se fazer uma anlise de estoque onde h a anlise de custos, a classificao quanto

    ao aspecto econmico de um item no estoque a mais apropriada. A classificao evidencia que

    apenas uma pequena porcentagem dos itens de um estoque merece maior ateno e um controlegerencial mais rigoroso.

    O mtodo de classificao ABC corresponde criao de um grfico de estoque.

    Conforme a Figura 3 evidencia, itens classificados como "A" normalmente representam 20% da

    quantidade, mas correspondem a aproximadamente 80% do valor de um estoque. Itens de

    categoria "B" representam 30% da quantidade e 15% do valor, em mdia, e itens "C" indicam

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    50% dos itens e irrelevantes 5% do valor de custos imobilizados em produtos estocados

    (MARTINS; LAUGENI, 2002; KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

    percentual dos tens

    custototal(%)

    A B C

    95

    Fonte: Adaptado de Gasnier (2002, p. 275)

    Figura 3 Exemplo de classificao ABC

    O objetivo da anlise ABC a identificao de itens da faixa "A" de um estoque,

    permitindo um gerenciamento mais eficiente, atravs da priorizao gerencial dos itens

    estocados que correspondem a uma maior representatividade econmica.

    Os procedimentos descritos a seguir especificam o mtodo para a implantao da

    classificao ABC de um grupo de itens em estoque, bem como a elaborao do grfico da curvaABC (GASNIER, 2002).

    Os seguintes parmetros de classificao devem ser considerados na classificao ABC:

    (a) Escopo: diferenciar itens comprados de itens fabricados;

    (b) Critrio de priorizao: multiplicao do consumo dos itens pelos seus respectivos

    custos de aquisio ou produo;

    (c) Sistemtica de apurao: pode ser manual, semi-automtica (planilhas de clculo)

    ou automtica (ERP);

    (d) Horizonte de alcance: deve ser considerado pelo menos o histrico de consumo

    dos ltimos 12 meses para que haja a contemplao da sazonalidade;

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    (e) Periodicidade de processamento: dependendo de cada caso, conveniente

    atualizar a classificao a cada dois ou trs meses, conforme maior ou menor for a dinmica de

    migrao dos itens entre as categorias;

    (f) Pontos de corte: no h um critrio universal em virtude de uma ampla

    diversidade de perfis para a classificao ABC. Entretanto, 80%, 15% e 5% dos valores podem

    ser um critrio de corte conveniente, em geral, para formao das classes A, B e C,

    respectivamente;

    (g) Excees: alm das trs classes, pode haver outras especiais: (i) Itens classe "A+",

    correspondendo aos mais importantes da classe "A"; (ii) Itens classe "D", correspondendo aos

    itens da categoria "C" sem consumo no perodo considerado; e (iii) Itens classe "E",

    correspondendo aos itens que devem ser excludos do sistema porque esto desativados.

    Aps a identificao dos nveis de estoque, alguns procedimentos administrativos

    podem ser adotados para cada faixa. Os itens "A" devem ser revistos mais freqentemente, a fim

    de reduzir o tamanho do lote mdio, mantendo sempre os registros atualizados. Os itens "B" so

    itens de importncia intermediria e so passveis de decises de compra ou reposies

    programadas.

    Itens "C" so aqueles cuja escassez pode ser to importante quanto a de um item "A" ou

    "B", porm o seu custo de manuteno em estoque tende a ser reduzido, justificando nveis de

    estoques mais elevados, com maiores estoque de segurana e lotes de compra.

    O critrio de classificao dos produtos sob o aspecto meramente econmico deve ser

    tambm relacionado com outros fatores prticos, que podem ser cruciais nas decises relativas a

    uma poltica ideal de gesto de estoque. Alguns desses fatores so os seguintes (GAITHER;

    FRAZIER, 2004):

    (a) Criticidade dos materiais: a escassez de alguns itens pode paralisar linhas de

    produo inteiras, o que pode justificar volumes estocados maiores;

    (b) Prazo de validade dos produtos: materiais sujeitos a uma maior obsolescncia ou

    deteriorao implicam em estoques mais reduzidos;

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    (c) Produtos muito grandes ou volumosos: a exigncia de um espao maior para

    estocagem pode justificar menores quantidades armazenadas;

    (d) Materiais valiosos sujeitos a roubo: para que seja reduzida a probabilidade de

    perda, estoques menores so mais indicados;

    (e) Lead times irregulares: produtos com acentuada variabilidade nos prazos de

    entrega sugerem que pedidos maiores reduzem a quantidade de compras durante o ano e

    minimizam a incerteza de oferta;

    (f) Demandas irregulares: demandas imprevisveis induzem a grandes lotes de

    compra e a grandes pontos de pedidos, j que estoques de segurana maiores sero necessrios;

    (g) Lotes padro: quantidades diferentes do LEC podem-se se justificar devido aoscustos extras advindos se o tamanho do pedido padro no completar uma carga de transporte,

    por exemplo.

    2.9 GIRO DE ESTOQUE OU ROTATIVIDADE

    O custo de vendas anuais em relao ao capital investido em estoque, ou a quantidade

    mdia de materiais em estoque dividida pelo custo anual das vendas o que se pode definircomo rotatividade (R) ou giro de estoque, sendo expresso pela frmula abaixo (POZO, 2002):

    estoquedocusto/anuaisvendasdascusto=R (6)

    Ou, ainda:

    mdioestoquequantidade/vendidaquantidade=R (7)

    A rotatividade expressa por meio da quantidade que o valor de estoque gira ao ano, ou

    seja, o valor investido em estoque ou a sua quantidade de peas que atender um determinado

    perodo de tempo. O custo anual das vendas se resume nos custos dos materiais comprados que

    foram vendidos no ano.

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    Com a determinao do giro anual de estoques possvel o clculo do perodo de tempo

    que esse estoque contempla. Calcula-se esse perodo dividindo-se a quantidade de meses no ano

    pelo valor da rotatividade encontrado. O valor encontrado a capacidade de suporte de um

    estoque dada em funo do tempo. Por exemplo, uma rotatividade de trs giros por ano

    corresponde a um tempo de suporte do estoque de quatro meses.

    O Giro de Estoque indica a velocidade de renovao dos estoques dentro de um perodo

    de tempo definido, usualmente um ano, abrangendo tanto o estoque global como especificamente

    um s item. A Rotatividade um indicador de desempenho til e rpido para a avaliao da

    gesto de estoques de uma empresa, facilitando a anlise da situao operacional de uma

    organizao, sendo ainda, um padro mundial de comparao.

    Quanto maior a rotatividade do estoque de uma empresa, melhor ser a suaadministrao logstica, bem como a sua competitividade, uma vez que haver uma maior

    quantidade de capital disponvel para investimentos oportunos mais atrativos, resultando numa

    evidente reduo nos custos de oportunidade. A necessidade de capital circulante para uma

    empresa faz uma sensvel diferena, porque uma boa gesto de estoque, com um elevado giro,

    permite uma menor imobilizao de capital, disponibilizando-se, assim, recursos para serem

    investidos em outras reas da empresa.

    No Brasil, a mdia da rotatividade est em torno de 14 giros ao ano, que um valor

    muito baixo quando comparado aos padres mundiais. No Japo esta mdia est em torno de 160

    giros ao ano, ao passo que na Europa, nos Estados Unidos e na sia a rotatividade mdia

    equivale a 80 giros ao ano (POZO, 2002). Isso significa que os estoques no Japo equivalem a

    aproximadamente um dia e meio, nos demais pases desenvolvidos do mundo correspondem em

    mdia a trs dias e no Brasil, a 17 dias.

    2.10LOTE ECONMICO DE COMPRA

    A gesto de estoques contempla a busca incessante do mais adequado nvel de estoque

    cclico para cada item, atravs do estabelecimento do Lote Econmico de Compra (LEC). O

    LEC o tamanho de lote que minimiza os custos anuais totais de manuteno do estoque e de

    processamento de pedidos.

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    O mtodo para a obteno do LEC baseia-se nas seguintes hipteses (KRAJEWSKI;

    RITZMAN, 2004):

    (i) a demanda considerada constante e conhecida;

    (ii) o tamanho de um lote ilimitado;

    (iii) somente so relevantes, e conseqentemente considerados na anlise, os custos de

    manuteno, de emisso de pedidos, de compra e de escassez;

    (iv) as decises de compra de um item so feitas independentemente de outros itens, ou

    seja, no so consideradas combinaes de pedidos ao mesmo fornecedor ou qualquer pedido

    conjunto; e

    (v) o lead time considerado constante e conhecido com preciso, ou seja, a quantidade

    recebida exatamente a solicitada, sem falhas de qualidade e entregues de uma s vez.

    Para a determinao do LEC, o primeiro passo encontrar a expresso para o custo total

    em funo de um lote qualquer (Q). Sendo o custo total (Ctot) a soma dos quatro componentes de

    custo [ver hiptese (iii) acima], tem-se (BALLOU, 2001):

    ECPMtot CCCCC +++= (8)

    Onde, CM, CP, CCe CEso, respectivamente, os custos de manuteno, pedido, compra

    e escassez.

    Detalhando especificamente cada um dos custos, cabe ressaltar que, segundo as

    hipteses anteriores, o CC uma constante uma vez que a demanda anual (D) considerada

    conhecida. Dessa forma,

    ic CDC = (9)

    OndeCi o custo de uma unidade do produto.

    Pelas mesmas premissas, CM dado pelo produto do estoque cclico mdio (Q/2) com o

    custo de manuteno de uma unidade (H), ou seja:

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    41

    HQ

    CM = 2 (10)

    J o custo de colocao de pedidos dado pelo produto do nmero de pedidos (Np) como valor de um pedido (S). Porm,Np dado simplesmente pela razo entre a demanda anual e Q,

    o que permite escrever:

    SQ

    DCP = (11)

    Considerando o custo de escassez como o custo de manuteno do estoque de

    segurana, pode-se escrever:

    LE zHC = (12)

    Onde zL a quantidade de unidades do estoque de segurana (ES), dada a partir do

    produto entre o nmero de desvios-padro (z) para um nvel de servio (NS) desejado e o desvio

    padro da demanda durante o tempo de espera (L).

    Com isso, chega-se na seguinte expresso para o custo total:

    iLtot CDzHSQ

    DH

    QC +++=

    2 (13)

    Cabe notar que apenas os dois primeiros termos da equao (13) possuem uma

    dependncia com o tamanho do lote (Q).

    Uma vez de posse desta expresso, pode-se encontrar o LEC derivando-a para Q e

    igualando a expresso resultante a zero (BALLOU, 2001), ou seja:

    H

    DQ

    2* = (14)

    onde Q* o LEC cujo valor minimiza o custo total.

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    42

    A Figura 4 apresenta um exemplo dos comportamentos individuais dos CMe CP, bem

    como da soma de ambos. Atravs desta mesma figura possvel identificar o LEC e o custo

    mnimo alcanado (BALLOU, 2001; GAITHER; FRAZIER, 2004).

    0

    50

    100

    150

    200

    0 100 200 300 400 500

    Tamanho do lote (Q)

    CustoAnual(C)(em$

    )Manuteno

    Pedido

    Total

    Lote Econmicode Compra (LEC)

    Custo Mnimo

    Fonte: Adaptado de Krajewski e Ritzman (2004, p. 303)

    Figura 4 Comportamento dos custos anuais de manuteno, colocao de pedidos e custo total

    Como base nas suposies do LEC, obtm-se um nvel de estoque cclico perfilado,

    como mostra a Figura 5. O ciclo comea com Qunidades mantidas em estoque, sempre que um

    pedido novo recebido. Durante o ciclo, o estoque disponvel decresce a uma razo constante de

    Dunidades/perodo de tempo. A demanda tambm conhecida com exatido e o lead time constante, sendo que um pedido colocado sempre que o estoque cai a zero, que o ponto exato

    de chegada de um novo pedido. J que o estoque varia uniformemente entre Qe 0, o estoque

    cclico mdio equivalente metade do lote Q(KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

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    Tempo

    Estoquedisponvel

    Recebimentodo pedido

    Q

    Q/2

    1 ciclo

    Reduo do nvel deestoque (demanda)

    Estoque CclicoMdio

    Fonte: Adaptado de Krajewski e Ritzman (2004, p.301)

    Figura 5 Nveis de estoque cclico

    2.11SISTEMAS DE CONTROLE DE ESTOQUE

    O estabelecimento do LEC possibilita a quantificao dos pedidos em uma gesto de

    estoques. Em paralelo, preciso que haja a determinao da periodicidade da colocao de

    pedidos. Um sistema de controle de estoques capaz, no s de responder segunda questo,como ambas, desde que seja feita a seleo de itens de demanda independente. Os produtos com

    demanda dependente so caracterizados como insumos ou componentes para a composio de

    outro produto. Esse tipo de demanda comporta-se muito diferente da demanda independente,

    devendo ser gerenciada com outras tcnicas especficas (BALLOU, 2001; KRAJEWSKI;

    RITZMAN, 2004).

    2.11.1 Sistema de Reviso Contnua (Sistema Q)

    O Sistema de Reviso Contnua denomina-se tambm, sistema do ponto de recolocao

    do pedido ou sistema de quantidade fixa. Corresponde a um monitoramento constante dos nveis

    de estoque, toda vez que um item retirado, determinando a reposio de estoque se necessrio.

    Cada reviso incidir na tomada de deciso sobre o nvel de estoque de um produto. Havendo a

    reduo do estoque abaixo de um limite pr-determinado, ocorre a emisso de um novo pedido.

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    O nvel de estoque (NE) indica a possibilidade de satisfao de demanda num horizonte de

    tempo futuro. mensurado pela soma do estoque disponvel (ED) com os recebimentos

    programados (RP), subtrados dos pedidos em atraso (PA) (KRAJEWSKI; RITZMAN; 2004).

    Sendo assim, tem-se:

    PARPEDNE += (15)

    O limite de reposio previamente determinado definido como ponto de pedido (PP),

    sendo o elemento motivador para a colocao de umLEC. importante destacar que um sistema

    de reviso contnua caracterizado por pedidos com quantidade ou lotes de compra fixos, mas

    com intervalos de tempos entre pedidos variveis. Assim, o tamanho do lotes pode ser

    estabelecido atravs doLEC, do volume de uma carga completa a ser transportada ou de um lote

    que permita descontos por quantidade (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

    2.11.1.1Seleo do Ponto de Pedido Quando a Demanda Determinstica

    Sempre que o comportamento da demanda analisada for determinstico e esttico, com

    lead timeconstante e com fornecimentos pontuais e exatos em quantidade e qualidade, o ponto

    de pedido ser igual demanda durante o lead time, no havendo a necessidade de estoque de

    segurana (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

    O entendimento bsico de um sistema de reviso de estoques baseado em lotes de

    compra contempla demanda e lead time constantes, ou seja, como variveis sem erros de

    previso. Como exemplo, tem-se a Figura 6 que mostra o grfico dente de serra, onde a linha

    descendente corresponde ao estoque disponvel sendo consumido em um ritmo constante. Assim

    que o estoque atinge o ponto de pedido, colocada uma solicitao para um novo lote de

    compra. O consumo, uniforme, permanecer durante o lead time, at o recebimento do pedido.

    Esse o momento que marca o fim do lead time e o estoque chega ao seu nvel mximo,

    representado por Q. Nesse modelo, toda vez que o nvel de estoque cair a zero, chegar uma

    remessa de pedidos. O intervalo entre os pedidos ser sempre o constante para cada ciclo, bem

    como o intervalo de ressuprimento (IR), que medido entre um ponto de pedido e outro

    (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

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    45

    Tempo

    Estoquedisponvel

    PP

    0L

    IEP

    Pedidorecebido

    Pedidocolocado

    Fonte: Adaptado de Krajewski e Ritzman (2004, p. 306)

    Figura 6 Sistema de Reviso Contnua com demanda e lead timeconstantes

    O nvel de estoque equivale ao estoque disponvel, a exceo do momento em que

    houver um pedido em espera. O nvel de estoque exceder ao estoque disponvel durante todo o

    lead time. Ao final de cada ciclo, que marcado pelo recebimento de pedido e, ento, pelo final

    do lead time, tem-seNE=EDnovamente, at que uma nova solicitao seja feita. Sempre deve-

    se tomar como referncia o nvel de estoque com o ponto de pedido, considerando-se pedidoscom recebimento programado e pedidos com entrega em atraso (KRAJEWSKI; RITZMAN,

    2004). O ponto de pedido (PP) dado por:

    LdPP = (16)

    2.11.1.2Seleo do Ponto do Pedido Quando a Demanda Probabilstica

    A demanda probabilstica uma suposio mais real para a modelagem de estoques, j

    que a demanda e o lead timenem sempre so previsveis. Diante desses argumentos, necessria

    a criao de estoques de segurana como forma de proteo s incertezas de demanda ou de lead

    time, evitando com isso a ruptura do estoque. Dessa forma, o ponto de pedido passaria a ser

    calculado adicionando-se o estoque de segurana ao lead time, sendo notrio que o ponto de

    pedido nesse caso superior ao modelo hipottico com demanda determinstica (KRAJEWSKI E

    RITZMAN, 2004):

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    ESLdPP += (17)

    Supondo-se que o lead timeseja uma constante e que o consumo seja varivel e por isso

    representado por um traado ondulado, como evidencia a Figura 7, quanto maior for a sua

    inclinao descendente, maior ser a demanda representada. Isso significa que o intervalo entre

    pedidos se altera.

    Tempo

    Estoquedispon

    vel

    PP

    0L1

    IEP1

    Pedidocolocado

    Pedidorecebido

    L2

    IEP2 IEP3

    L3

    Fonte: Adaptado de Krajewski e Ritzman (2004, p. 307)

    Figura 7 Sistema de Reviso Contnua com demanda incerta

    O fato da demanda ser probabilstica enseja que o diferencial desse modelo seja a

    definio do estoque de segurana, para a obteno do equilbrio entre nvel de servio almejado

    atravs da poltica de cada empresa e os custos totais com estoque. A determinao do grau de

    atendimento capaz de suprir qualquer falta em estoque deve contemplar uma razovel margem

    de segurana para que o consumo no exceda a oferta durante o lead time. O risco de ruptura de

    estoque s existe durante o perodo entre o pedido de um item e o seu recebimento, ou seja,

    durante o seu lead time (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

    O conhecimento da variabilidade da demanda durante o lead timepermitir o calcular

    um estoque de segurana proporcional a esta variao. A variabilidade ser considerada

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    conforme as distribuies de probabilidade, definidas por parmetros (mdia e varincia, no caso

    da distribuio Normal).

    Para o planejamento de um estoque de segurana, inicialmente deve-se supor que a

    demanda durante o lead time siga uma distribuio Normal. Sendo assim, ao se optar por um

    nvel de servio estimado em 90%, tem-se o ponto de pedido (PP) calculado com base na

    demanda mdia durante o lead timepara que o estoque de segurana seja capaz de suprir 90% da

    demanda (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004). Conforme apresentado anteriormente, o estoque de

    segurana calculado a partir da seguinte expresso:

    LzES = (18)

    Quanto maior o nvel de servio a ser almejado, maior dever ser z e,conseqentemente, o estoque de segurana.

    A determinao do ponto de pedido e do estoque de segurana adequados requer a

    estimativa da distribuio da demanda durante o lead time. Existem dois motivos para o clculo

    da demanda durante o lead time(KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004):

    (i) possvel que seja mais fcil estimar a demanda do que o lead time, porque a

    demanda vincula-se s informaes do cliente, ao passo que o lead time relacionado ao

    fornecedor;

    (ii) as informaes sobre demanda e lead time podem estar em intervalos de tempo

    distintos, havendo a necessidade de padronizao dessas medidas.

    2.11.2 Sistema de Reviso Peridica (Sistema P)

    Outro tipo de sistema de controle de estoque o sistema de reviso peridica, ou

    sistema de recolocao de pedidos em intervalos fixos, ou ainda, sistema de recolocao depedidos peridicos. No sistema P, o nvel de estoque passa a ser verificado periodicamente e no

    continuamente, como no sistema Q. um sistema que estabelece uma rotina, podendo

    simplificar os processos de solicitao e recebimento de pedidos. A colocao de pedidos feita

    sempre ao trmino de cada reviso, em um intervalo entre pedidos constante, ao passo que a

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    demanda varia entre uma reviso e outra (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004; GAITHER;

    FRAZIER, 2004).

    Algumas suposies feitas para o clculo do lote econmico de compra so mantidas:

    lotes com tamanho ilimitado, os custos relevantes so os de manter o estoque e de colocao de

    pedidos, o gerenciamento de cada item estocado independe dos demais e o lead time

    determinstico. Por outro lado, dada a incerteza quanto demanda, h a necessidade de calcular

    um estoque de segurana como proteo variabilidade do consumo (BALLOU, 2001;

    GAITHER; FRAZIER, 2004; KRAJEWSKI; RITZMAN, 2004).

    Conforme ilustrado na Figura 8, a linha descendente representa o nvel de estoque. A

    cada intervalo de tempo IEP (intervalo entre pedidos), um pedido colocado tal que a

    quantidade solicitada corresponda diferena entre o nvel de estoque almejado (EA) e o nvel deestoque no momento da reviso. O nvel de estoque e o estoque disponvel diferem somente

    durante o lead time, ou seja, desde que um pedido solicitado at o seu recebimento. Observa-se

    que o tamanho dos lotes varia de um perodo a outro em virtude da variao de demanda.

    Tempo

    Estoquedisponvel

    PP1

    PP2

    PP3

    L L

    P P

    Colocaode pedido

    Pedidorecebido

    EA

    Fonte: Adaptado de Krajewski e Ritzman (2004, p. 312)

    Figura 8 Sistema de Reviso Peridica com demanda incerta

    A primeira definio gerencial de um sistema P diz respeito periodicidade das

    revises. Para o clculo do IEP, pode-se tomar como base o lote econmico de compra, visando-

    se a compras de lotes que minimizem os custos em um intervalo de tempo ideal, conforme a

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    demanda anual de produtos, de forma a obter-se um consumo mdio. Sendo assim, ao dividir-se

    o tamanho do lote escolhido pela demanda anual (D), obtm-se a frao de tempo (em anos)

    entre pedidos, que pode ser convertido em meses, semanas ou dias (BALLOU, 2001):

    D

    QIEP ** = (19)

    A segunda deciso importante para o gerenciamento de estoques atravs de um sistema

    P diz respeito determinao do nvel de estoque almejado (EA). Toda vez que um pedido

    colocado, o seu tamanho deve ser mensurado de forma a satisfazer s exigncias da demanda at

    uma nova reviso do nvel de estoque. Sempre que um pedido colocado, o seu recebimento s

    se concretiza ao final do lead time(L), como mostra a Figura 8. Assim, como se tem oIEP como

    o perodo de tempo entre um pedido e outro, o estoque de segurana dever ser calculado para

    prover proteo durante o perodo dado pela soma entre IEP e lead time (L). Esse perodo

    conhecido como in