01% A 1NU A

67
01% 01% W 111 1,111 K'lý o& EMPRESA MOÇAMBICANA DE SEGUROS E. E. A 1NU A <3APA: Alfabetízação: mulheres na vanguarda Director: Alvas Gomes; Refiacção: Albino Magaia. Alves Gomes, Antônio Mdtonse, Calane da Silva, Carios Cardoso, Luís David, Mendes de Oliveira, Narciso Cas tanheira, Ofélia Tembe: Fotografia: Ricardo Rangel. Kok Nam, Naita Ussene, Armindo Afonso (colaborador); Maquetizaçio: Eugénio Aldaese; Ivana Segall Correspondentes Internacionais: Wilfred Burchett, Augusfa Conchiglia (Angola); Berrada Abderrazak (França) Tony Avirgan (Tanzania) Registado' no I.N.L.D. sob o número 001/l.N.L.D. - PUB./78 Agéncia AIM e ANGOP; Colàboração editorial com a revista «Tercer Mundo» propriedade: Tempogr&fica - Oficinas, Redação e Serviços Comerciais: Av Alimed Sekou Touré. 1078-A e 8 (Prédio Invicta). Teis. 26191/2/3: C.P. 2917 Maputo República Popular de Moçambique Não é a ,alfabetização da mulher que faz surgir contradições no seio familiar. E s t a s contradições já existem, simplesmente elas são agudizadas quando uma mulher aprende a ler e a escrever. E é nos primeiros gestos de emancipação da mulher que começa todo um processo de resoluçao dessas contradi- Porque, depois do que aconteceu o ano passado (em que da mesma maneira que agora a F- ções que darão lugar a outras a um nível mais elevado de consciência social... Pág . ................... 20 T NC começou a sua luta por conquistar as cidades, de onde foi rapidamente desalojada) a Frente volta a adoptar a m e s m a estratégia no Shaba? Pá g . .................. 54 PÁGINA POR PÁGINA Cartas dos leitores . . 2 Semana a Semana nacional 8 Jornais-revistas . . 14 Caça em Moçambique . 16 Alfabetização: mulheres na vanguarda... .. 20 Jornais do povo repensados. 21 Festival Nacional de danças 32 Portugal: o regresso . . . 42 De Maio a Maio .. . 44 Argentina: mundial de futobo ...... . .. 47 Ala Dili . ....... 5.1 Lições de Shaba .... 54 Presilente Samora na Coreia .. ....... 58

Transcript of 01% A 1NU A

Page 1: 01% A 1NU A

01%

01%W 1111,111 K'lýo &

EMPRESA MOÇAMBICANA DE SEGUROS E. E.

A 1NU A <3APA: Alfabetízação: mulheres na vanguardaDirector: Alvas Gomes; Refiacção: Albino Magaia. Alves Gomes, AntônioMdtonse, Calane da Silva, Carios Cardoso, Luís David, Mendes de Oliveira,Narciso Cas tanheira, Ofélia Tembe: Fotografia: Ricardo Rangel. Kok Nam, NaitaUssene, Armindo Afonso (colaborador); Maquetizaçio: Eugénio Aldaese; IvanaSegall Correspondentes Internacionais: Wilfred Burchett, Augusfa Conchiglia(Angola); Berrada Abderrazak (França) Tony Avirgan (Tanzania) Registado' noI.N.L.D. sob o número 001/l.N.L.D. - PUB./78 Agéncia AIM e ANGOP;Colàboração editorial com a revista «Tercer Mundo» propriedade: Tempogr&fica- Oficinas, Redação e Serviços Comerciais: Av Alimed Sekou Touré. 1078-A e 8(Prédio Invicta). Teis.26191/2/3: C.P. 2917 Maputo República Popular de MoçambiqueNão é a ,alfabetização da mulher que faz surgir contradições no seio familiar. E s ta s contradições já existem, simplesmente elas são agudizadas quando umamulher aprende a ler e a escrever. E é nos primeiros gestos de emancipação damulher que começa todo um processo de resoluçao dessas contradi-Porque, depois do que aconteceu o ano passado (em que da mesma maneira queagora a F-ções que darão lugar a outras a um nível mais elevado de consciência social...P á g . ................... 20T NC começou a sua luta por conquistar as cidades, de onde foi rapidamentedesalojada) a Frente volta a adoptar a m e s m a estratégia no Shaba?Pá g . .................. 54PÁGINA POR PÁGINACartas dos leitores . . 2 Semana a Semana nacional 8Jornais-revistas . . 14Caça em Moçambique . 16Alfabetização: mulheres navanguarda... . . 20Jornais do povo repensados. 21 Festival Nacional de danças 32 Portugal: oregresso . . . 42 De Maio a Maio . . . 44Argentina: mundial de futobo ...... . .. 47Ala Dili . ....... 5.1Lições de Shaba . . . . 54 Presilente Samora na Coreia .. ....... 58

Page 2: 01% A 1NU A

Tempos livres última PáginaPODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADESPRO1NCIA DE MAPUTO: Namaacha, Maãnhiça, Moamba, Incoluane, Xinavanee Boane; PROVINCIA DE GAZA: Xai-Xai, Ch;cualacuala. Chibute. Cso1wé.Massg;r, Ma.njacaze, Caniçado. Mabalê'ne e, Nhamavila; PROVINCIA DEINHÁMBANE: Inhambane, Quissico-Zavala, Maxixe, Homolne, Morrumbene,Mamnbone, Panda e Mabote: PROVINCIA DE MANICA: Chimoio,Espungabera e Manica; PROVINCIA DE SOFALA: Beira, Dondo e Marrômeu;PROVINCIA DE TETE: Tetse Songo, Angónia, Mutarara, Z6bué, Moatize eMúgoé; PROVINCIA DE ZAMBÉZIA: Quelimane, Pebane. GiIé, Ie. Maqania daCosta. Namacurra, Chinde, Luabo, Alto Molocué. Lugela. Gúrul, Mocuba eMacuse; PROVINCIA DE NAMPULA: Nampula, Nacala. Angoche. Lumbo.Murrupula,. Meconto e MossurHl; PROVINCIA DE CABO DELGADO: Pemba,Moclmboa da Praia e Montepuez; PROVINCIA DO NIASSA. Lichinga eMarrupa. EM ANGOLA: Luanda, Lubango. Huambo, Cab;nda. Benguela eLobito. EM PORTUGAL: Usboa.CONDIÇÕES DE ASSINATURA:PROVINCIAS DF MAPUTO. GAZA E INHAMSA"E: 1 ANO (52 N-MEROS)940*00; 0 MESES (25 NÚMEROS> 470*00; 8 M&ESS (IS N1IEROS> 85*0 0aOUTRAS PROViNCIAB.- POR VIA AIREA I' ANb (52 NÚMEROS) 1.170S00;e MESES (26 NÚMEROS> 58a00: 8 ~ ~MI0~ <I8'tu.MEROS) 855*00. O PEDIDO DE ASSINATURA DIVE SERACOMPANHADO D. IMPORTÁNCIA RESPECTIVA.

OPORTUNISTAS SERVEM-SEDAS PALAVRAS DE ORDEMSolicito aos colegas leitores desta revista uma grande ajuda para que possamoscompreender definitivamente o significado das palavras «ABAIXO» e«LIBERDADE» ou para podermos ver até que ponto os oportunistas deturpam overdadeiro sentido das mesmas.Ainda na então cidade de Lourenço Marques, nos anos que já lá vão, verificámospor vezes c e r t a s manifestações, embora abafadas pelo sistema em vigor,tendentes a condenar o banditismo, os roubos e de certo modo a poligamia e oalcoolismo. Como é óbvio, tratava-se apenas de manifestações esporádicasbaseadas no consenso comum de alguns indivíduos conscientes do que taispráticas nos trazem. Isto deixava-me satisfeito visto que era já algo de positivo.Fiquei contudo bastante satisfeito quando, após a tomada do poder pelaFRELIMO, o nosso PARTIDO implementou o uso da palavra «ABAIXO» parasob o ponto de vista Sócio-político, combater ideologicamente, todos os mausvícios que havíamos herdado do regime colonial. A maioria do nosso Povo soubeinteriorizar o conteúdo desta expressão.Porém, olhando para a realidade, em especial a das cidades, o que verifico?Um companheiro, altamente embriagado, a cambalear e a cair nos passeios.

Page 3: 01% A 1NU A

Quando abordado, esse individuo afirma teimosamente: <A FRELIMO diz«Abaixo o alcoolismo» e isso significa que devemos beber pouco mas nãodeixar....» (Abaixo o alcoolismo be-ber pouco). Porém, quando analisamos profundamente verificamos que esseindivídúo está completamente fora,de si o que revela que não bebeu assim tãopouco como afirma. Outra lamentdvel atitude ronda à volta da palavraLIBERDADE». São frequentes os tristes espectdculos que a sua má interpretaçãonos dá:- Um marido sai e volta à casa quando bem entende, sem dizer nada a ninguém(<ele é livre-). Se a mulher tenta objectar contra aquele comportamento incorrectotem como resposta: - «Não me chateies. Não sabes que sou livre?»- Há também mulheres irresponsáveis pelos trabalhos domés ticos e se os maridoslhes chamam atenção recebem esta: «Tuem mim não mandas.... eu sou livre e emancipada». Por vezes os G.D. recebemvergonhosas queixas sobre casos semelhantes. As consequências destescomportamentos são a intranquilidade, a desarmonia e brigas nas famílias;algumas vezes chega-se à destruição de lares.Quando se diz «ABAIXO IAN SMITH; Viva a LIBERDADE DOS POVOSOPRIMIDOS», julgo que todos somos unânimes em dizer e compreender que oregime ilegal de Ian Smith deve ser totalmente liquidado. Então porque é que nãocompreendemos que, igualmente, devemos liquidar todos os maus vícios? Porqueé que alguns querem incubar tais vícios com as palavras de ordem?Estevão Tshambe MAPUTORELIGIOSOSE SUAS MANOBRAS<Devems abrir os olhos»Não irei falar de todos os religiosos, mas sim em alguns de-les que estavam engajados com o Governo Colonial.Digo então isso porque os indunas que andavam apanhar as pessoas para iremtrabalhar no chibalo diziam, nas suas conversas. De que ah!... Vocês irmãos nós jásabemos 'que há muito tempo, há anos atrás, há umas certas palavras que nãoconseguimos cumprir, mas porquê?» Diziam isso a nós próprios.Respondendo o mas e o porquê do povo, que era mobilizado por esses indunasdisso que quando veio o (kubyanhane e Xikuvane) com mais (Adão e Eva) nósnão conseguimos cumprir as suas leis. Isso na maneira dele de dinamizar o povono obscurantismo, dizia que essas quatro pessoas foi Deus que os mandou para aterra e que quando Deus mandou essas pessoas, os dois pretos não conseguiramcumprir as leis de Deus; Por isso Deus disse que vocês os dois sofrerão e osvossos netos também. E serão escravos, e dizia ainda que é por isso irmãos quenós somos governados pelos brancos.O povo muito dentro da ignorância teve que cumprir as leis do senhor Nduna.Bem eu ainda irei lembrar aos leitores que se um camarada qualquer, começarcom uma discussão com um dos religiosos da queles que me referi, irá aindadescobrir muita coisa E é de tal maneira que se consegue capturar as(Testemunhas de Jeovd), com as suas conversas começará por dizer que, «apessoa que não reza a Deus não tem respeito». Até porque irei perguntar porque é

Page 4: 01% A 1NU A

que o baptismo era pago? Nisso direi eu que faziam esses pagamentos sem saberpara onde é que ia o dinheiro.Direi ainda que o dinheiro ia à compra de «Land-Rover, para os senhores padresque era para então poderem deslocar nas terras mais longe da cidade.TEMPO N. 399- pg. 2

Tudo isso muitos faziam na base da ignorância, até porque muitos chegaram adesistir por terem melhor esclarecimento: mas muitos ainda estão dentro do(tambor fechado). Isso quer dizer que ainda continuam com as suas contribuiçõespara os chamados (Quereques).E alguns ainda tentam a sua mobilização para ir r e z a r a Deus!... E é nessa alturaem que podemos capturar esses nossos inimigos camuflados.Com isso não quero dizer que todos os religiosos são nossos inimigos não!....- Os n o s s o s inimigos são aqueles que serviam de igrejas como quartéis e osque serviam do povo como via dos seus interesses como no caso das«testemunhas de Jeová», padres desviados, etc., etc.Até porque posso lembrar aos caros leitores que as testemunhas estão a serrecuperadas até hoje, e ainda apelo à nossa vigilância para os mesmos. Por essarazão teremos que a b r ir os olhos...Moniz P. das Dores ZunguzaMAPUTOAS MULHERES SÃO IGUAISAOS HOMENS?- «Uma dúvida e um conceito reaccionário»Conforme é do conhecimento geral, aquilo que o homem faz, a mulher tambémpode fazer. Agora pergunto: Porque é que a mulher não pode namorar o homem?Andar atrás do homem? (Escrever cartas do amor, sendo ela primeiro, marcarencontro, convidar ao cinema, etc) até ao presente momento tem sido os homens afazer tudo isto. Porque é que não serão também as mulheres, porque as mulheressão iguais aos homens? Atédigo mais, até ao presente momento ainda não vi nenhuma mulher a carregarcimento para cima dum prédio. Será mesmo verdade que a mulher é igual a umhomem? Na minha maneira de ver, acho que não. Um homem tem uma forçadiferente do que uma mulher. Um homem, é um homem.Tenho outra pergunta:Porque é que não existe a Organização do Homem Moçambicano? (OHM) e aOrganização do Velho Moçambicano? (OVM). Apelo aos amigos leitores que medêem as vossas sugestões neste aspecto, porque até agora estou confuso.Aproveito a oportunidade deenviar as minhas saudações revolucionárias.Arlindo de Sousa MulhangaMorador na Mafalala MAPUTONR- Existe a Organização da Mulher Moçambicana para que a mulher se organizee para que ela possa discutir os seus problemas específicos. Também porque ela évítima de uma dupla exploração quer do sistema colonial-capitalista, quer do

Page 5: 01% A 1NU A

sistema tradicional-feudal que a tomava pura e simplesmente como uminstrumento de reprodução.A mulher foi-lhe negadoo direito a instrução, ao trabalho. Temos um exemplo concreto entre a populaçãomoçambicana: o maior número de analfabetos encontra-se nas mulheres.A igualdade que é exigidapelo leitor não corresponde àquela que é atribuída à mulher moçambicana, porquenão se trata de igualdade física mas sim à igualdade de direitos. É esta que édefendida pelo nosso Par-tido para que ela possaatingir a emancipação.Exemplicando, exige-s eque a mulher que esteja a exercer um trabalho igual ao do homem deve serremunerada por igual, e mais, ela deve receber a instrução igual ao homem.A concepção do leitor épor conseguinte reaccionária, porque corresponde exactamente àquilo que édefendido numa sociedade capitalista em que a mulher procura imitar cegamenteaquilo que o homemfaz.OS PASSESDOS ESTUDANTES E OS ATRASOS DOS MACHIMBOMBOS- 0 passe já não vale quando ocarro atrasa?»Tenho um filho que anda a estudar na Escola Secundária da Matola, onde iniciamas aulas às 13.10 horas até às 19 horas. Ele utiliza o automóvel da C.T.M. paraInfulene onde reside. Porém os machimbombos só aparecem às 20 horas na Praçaonde o aguardam, assim partindo de novo para o Infulene 4s 21 horas, nessa alturaos passes Escolares já perdem a validade. En tretanto, a criança vê-se obrigada apedir o dinheiro para o transporte aos conhecidos, caso não, é sujeito a ficar em,Maputo possuindo no entanto o seu passe escolar!... Afinal o que é que serve opasse escolar?Outra preocupação: tem-se verificado uma discriminação entre os alunosresidentes no mesmo Bairro, pois, os que frequentam as aulas no período damanhã, têm direito a transporte da Escola, em relação aos que frequentam noperíodo da tarde. Ser& que ainda existem filhos de grandes Senhores?....TEMPO N. 399 - pãg. 3

Eu acho que senao crianças que frequentam uma mesma Escola deviam t e rdireito p o rFernando Carlos ChipeneteBairro INFULENE Unidade «E»CÓLERADirijo para Revista «TEMPO» afim de expor o problema que afecta a populaçãoda cidade M. DA Praia na Província de C. Delgado a respeito de Higiene.Camaradas, MOCIMBOA da Praia fica situada no sul do Distrito de Palma quefaz fronteira com Tanzânia e nós bem sabemos que os nossos irmãos da Tanznf

Page 6: 01% A 1NU A

estão neste momento a encarar uma situação muito alarmante isto é, a cólera.Agora vamos lá ver o que acontece nesta Cidade Mocimboa da Praia a partir dosvelhos, jovens e ultimamente crianças. Não conhecem o que é uma latrina, fazemnecessidades nos arredores das casas deles, desculpa dizer isso, é que as moscassão agentes transmissores das doenças infecto-contagiosas. Por exemplo, temosuma Pensão única em M. da Praia que é Padaria ao mesmo tempo, que ospadeiros quando tiram farinha de trigo podre, em vez de fazerem uma cova para olixo, eles então deitam em baixo da parede da própria Pensão e o lixo por sua vezfabrica as moscas. Tanto como cozinheiros, quando tiram batata podre fazem namesma. Agora imaginam lá camaradas quando as batatas ficam podres qual é ocheiro que elas produzem?Como no princípio falei sobreas necessidades que eles andam a fazer nos arredores das casas deleS, além defazer nos arredores das casas, hd uma escola no Bairro de «Milamba» a 6 metrosdo Bazar, e fica perto do Hospital Central DistritaLTEMPO N. 399 - pg. 4Esta escola estava em condições de material escolar, nomeadamente cadeiras,carteiras e quadro preto. Falo de que estava em -condições porque a escola (agora)j- é inútil. É inútil porque está totalmente cheia de fezes a partir do chão até àscadeiras e nas próprias carteiras, menos no quadro porque o quadro está pregado.Agora vejam lá que situação é essa que passa em M. da Praia? Assim não érequisitar a CóLERA?Foi no ano antepassado que o camarada Presidente da RPM no seu discursodirigido à NAÇÃO de que cada cidadão moçambicano deve matar 30 moscas pordia. Agora não sei se M. da Praia quando o camarada Presidente dirigiu a palavrade ordem de matar as moscas do Rovuma ao Maputo, será que as populações dacidade de M. da Praia não ouviram? E se ouviram porque é que não queremcumprir?Ultimamente peço aos Leitores contribuir o nosso povo ainda oprimido na cidadede M. da Praia para rectificar a maneira de viver na nossa jovem R.P.M.Dansel Oreste MontanhaElemento das F.P.L.M. M. daPRAIAEDUCAÇÃOOS «JOSINISTAS»Vou falar precisamente da organização da Escola Josina Machel da localidade deMutala, distrito de Alto Molócuè, província da Zambézia.Quando a escola tomou o nome de Josina Machel os professores, os alunos e ospais dos alunos sentiram-se encorajados por corresponderem os valorosostrabalhos levados a cabo pela combatente Josina Machel nas zonas libertadas poisela mobilizava o povo, ensinava-lhe aproduzir colectivamente a combater o inimigo e a conhecer a personalidade damulher. E de modo particular educar as crianças.Estas acções são hoje modelos vivos para os continuadores da Escola JosinaMachel. T o d o s, conscientemente, procuram levar uma vida revoluciondriacomo foi outrora a da inesquecível Josina. Em virtude disto, os trabalhos são

Page 7: 01% A 1NU A

efectuados colectivamente, a dedicação ao estudo é uma preocupação de todos, asactividades culturais são verdadeiramente sentidas como forma de suscitar apersonalidade do povo moçambicano, e, o espírito de disciplina e organização éconstante.Os continuadores intitulam-se por «Josinistas» e muitas vezes organizam peçasteatrais onde salientam concretamente a vida da camarada Josina nas zonaslibertadas. O dia 7 de Abril de cada ano é particularmente honrado e celebradocomo dia da Escola «Josina Machel». As comemorações da data duram três diasmas dias de grande alegria popular e de muitas actividades culturais,nomeadamente, jogos, danças, teatro, poesia, canções e contos populares. Asescolas vizinhas, movidas por esta prodigiosa organização, procuram imitar a vidados «Josinistasa.Nesta zona ser ,Josinista» implica uma grande honra. E em consequência dissotem-se constatado que muitos jovens estimulados pela vida «Josinista» pedempara entrar na escola. Digo isto porque nos anos lectivos de 76 e 77 a EscolaJosina Ma-

cnet era Irequentaaa por zuu aíunos e neste ano estão a frequentá-la 380 alunos.Gabriel Fonseca Tomás Mosquito(ex-professor/director desta Escola).N.R.:A luta diária pela construção de um sistema educacional revolucionário emMoçambique apresenta um cenário extremamente complexo com muitos avançose muitos recuos, às vezes num mesmo distrito. Na carta acima o leitor GabrielMosquito relata-nos um avanço, cremos que, fundamentado na organização,tantas v e z e s esquecida.Nesta carta que se segue é retratado um recuo, nomeadamente, a violêncianuma escola.Frederico F. P. Mucaíma, de Macuse, escreve oseguinte:«Neste momento irei dizer do s companheiros professores do distrito deNamacurra. Na escola são reis, ninguém tem voz activa senão eles, e, quandoquerem castigar um aluno, são todos os professores (13). Eu pergunto e não sei seestou em erro, por ignorância: quando é que saiu este artigo? Com varas,bofetadas, pontapés, puxar nariz, etc.Assim é que vamos resolver o problema da transformação do homem para a novasociedade? Ou estão a dar campo ao inimigo?O que admiro, na sededistrital onde se traçam orientações para os círculos para poderem traba-lhar dentro da linha política, nunca vi coisas idênticas.Deixando este assuntoirei focar os secretários das células do distrito de Namacurra. Usam formaliberalista (QUEM MANDA AQUI SOU EU). Não asseguram os interesses dopovo. Outros alegam de que <Eu não conheço OJM» mas não se esqueçam queOJM é uma organização democrática demassas como a OMM».

Page 8: 01% A 1NU A

1.° FESTIVAL NACIONAL DE DANÇA POPULAR NYAUNo número 393 da nossa revista publicámos um artigo do nosso colaborador P.S.sobre a dança Nyau. Esta semana recebemos as cartas de dois leitores acerca destadança em torno da qual existe uma vasta controvérsia que vai das atitudesmeramente morais às atitudes antropológico-politicas. Como um dos objectivosdo presente Festival de Dança Popular é alargar o debate sobre as dançasmoçambicanas, publicamos hoje os extractos principais destas duas cartas.A primeira, de Isaias Bento Chipenete, residente em Tete, foca um aspecto dessadança: um certo grau de violência que por vezes manifestam os dançarinos Nyau.Isaía0 Chipenete conta um caso que se passou com ele próprio:«Foi no dia 20.4.78 data em que tinha recebido visita da minha família. Eram porvolta das 19.30 e tivemos que conversar até mais ou menos às 21 h e depoisacompanhei-os ao local onde residem. Nisto então eu, minha esposa e 3 criançaspassámos ao local onde tocavam batuque dos ensaios de dançaNyau-Gule e o pessoal dançarino tinha, penetrado no mato à espera para exibir adança. Nós sem sabermos de nada passámos por um trilho onde estavam osdançarinos e... de repente... só ouvimos e vimos uma chuva de pedras a bater-nosincluindo uma das crianças acima expostas.E sem outro recurso tive que enfrentar duro para conseguir apanhar pelo menosum deles que era para assim explicar-me o significado das pedradas que nosatiraram mas.., consegui um que lhe perguntei os porquês. A resposta deste disse-me que era expressamente proibida a passagem de pessoas na área. Eu apresenteio caso ao chefe de cultura e ao secretário daquele bairro e a resposta destesdisseram-me que iam-se reunir mas até aqui procurei o resultado da reunião massempre dizem que ainda não conseguiram reuni-los.Pergunto aqui aos- meus camaradas o significado disto mesmo também que nãoforam todos os Nyaus-Gules da província mas acho que por um pode ser que secontamina os restantes.»Por sua vez Francisco Xavier M'pesa, residente em Maputo, afirma o seguinte:Tendo lido o artigo do senhor P.S. sobre a dança «nyau» publicado pela revistaTEMPO no seu número 392, eis que eu venho também dizer algo sobre o «nyau»entre os Vanguni e os m'tawara (Tete).O senhor P.S. falou do unyau» na sociedade chewa da Marávia-Angónia.Infelizmente nunca tive azo de estar na zona dos planaltos de Marávia-Angónia.A ser assim, não me atrevo a fazer umas objecções às afirmações feitas pelosenhor P.S. no seu artigo. Porém, essas afirmações deixaram-me um tantoperplexo e gostaria almejadamente de conversar com as pessoas maisTEMPO N. 399- pig. 5

peritas no «Nyau» das zonas referidas pelo autor do artigo.Nunca esperei tanta coisa boa do «Nyau».Eu vou falar do «Nyau» que conheci na Rodésia do Sul e em Tete nas terrashabitadas pelos «Vanguni» e M'tawara, dado que apresentava característicasidênticas.O Nyau entre os zimbabweanos Vanguni e M'tawara, não é uma dança original,mas sim uma dança exótica, ,,importada» do Nyassaland (actual Malawi). Quando

Page 9: 01% A 1NU A

Nyassaland era uma colónia britânica juntamente com a Rodésia do Sul, uma vezque os colonos rodesianos necessitassem de homens para as suas empresasagrícolas, mineiras e demais serviços pesados, mandavam vir esses homens doNyassaland. Foram esses homens deportados para aquela colónia britânica daRodésia do Súl que introduziram o Nyau na Rodésia do Sul. E como é que osVanguni e os M'tawara conheceram o Nyau?Ora vejamos: durante o jugo colonial português em Moçambique, muitosmoçambicanos preferiram ir ganhar a sua vida nas cidades das colónias britânicasonde era costume remunerar o trabalho feito pelo negro.Para os Vanguni e os M'tawara ficava-lhes perto a colónia britânica da Rodésia doSul. Uns iam para regressarem depois de alguns anos de trabalho, outrosradicavam-se lá. A viagem durava uma semana de caminho. Os contactos havidosentre os trabalhadores deportados do Nyassaland, os trabalhadores da própriaRodésia e os trabalhadores moçambicanos (Vanguni e M'tawara), fizeram comque os zimbabweanos, os Vanguni e os M'tawara aprendessem o Nyau. Quandoeles regressavam para asua terra natal, vinham já iniciados no Nyau passando assim a iniciarem os outrospara a mesma organização dançarina. Foi devido a esses regressados da Rodésiaque o «Nyau» foi conhecido pelos Vanguni e pelos M' tawara. Quem era «Nyau»e como se era «Nyau»?O Nyau era única e exclusivamente homem. Só os homens é que podiam serNyau. Para ser Nyau era mister ser iniciado. A iniciação era ministrada pelosanciãos, homens mais calejados no Nyau. Iniciação essa era feita no cemitério.O lugar onde se dançava o Nyau estava afastado da aldeia. A assistência doshomens ao Nyau era expressamente proibida. Só as mulheres e as criançasmasculinas de menor idade é que podiam assistir o Nyau. Se porventura, umhomem ousasse ir assistir o Nyau, uma vez que ele fosse descoberto, era açoitadobarbaramente e casos houve em que alguns homens foram mortos. O Nyaudançava mascarado e as assistentes não conheciam os que dançavam.Por via de regra, os homens que se metiam no Nyau, tanto os Vanguni como osM'tawara não eram homens normais, pois não usufruíam de uma boa reputação nasociedade a que pertenciam. Quem era Nyau era desdenhado. O ser Nyau era serdesumano. Um Nyau quando- apanhasse um homem durante as suas cerimóniasnos seus campos, castigava-o barbaramente, independentemente de ser familiar,amigo ou conhecido. O facto de se iniciarem nos cemitérios e o dançarem quasenus eram outros agravantes pela desaprovação do Nyau. O cemitério entre osVanguni e os M'tawara é um lugar muito sagrado e temido.Só vão ao cemitério quando vão enterrar um morto e nadaTEMPO N.° 399 - pág. 0mais. Um que vai ao cemitério jora deste caso é encarado como um feiticeiro ouum tolo. O seu procedimento bárbaro para com os homens que não eram do grupodos Nyau e o dançarem camuflados não podiam deixar de ser outros factores que-exacerbavam o seu repúdio.Psicologicamente os homens do Nyau eram anormais. Grande número dos Nyauque eu conheci, para não dizer todos e não passar por um extremista, eramcómicos, «desaparafusados».

Page 10: 01% A 1NU A

Por aquilo que eu conheço sobre o Nyau praticado pelos Vanguni e M'tawara,tenho muita dúvida em considerar o Nyau como sendo parte integrante do seupatrimónio cultural. É-me dificilimo descobrir um ponto positivo do Nyau dosVanguni e dos M'tawara.Francisco Xavier M'pesaMAPUTONR -Pensamos que o mais importante é analisar os porquês históricos dos valoresinerentes num determinado acto cultural como o Nyau, e não condená-lo pura esimplesmente a partir de critérios morais que não são os mesmos que estavam naorigem desse acto. No contexto actual de novos valores culturais(fundamentados na procura científica das causas de todos os fenómenos sociais) aprópria dança Nyau se transforma e se transformará. Ou seja, são os valoresculturais que determinam os pormenores de qualquer dança e nz;o esta quedetermina aqueles.Resta-nos esperar q u emais leitores nos escrevam sobre este e outros assuntos semelhantes das nossasdanças.

MUITOSMOÇAMBICANOS NÃO TIVERAM OPORTUNIDADE DE ESTUDARPela presente nos dirigimos a esta Revista; vimos solicitar que nos sela publicadaa carta que em seguida transcrevemos, em alusão da carta do camarada VICTORHUGO DE JESUS XAVIER, com título «UMA SUGESTÃO À DIRECÇÃO DEFUNÇÃO PúBLICA», publicada na Revista TEMPO n.o 397, de 14-5-78.Camarada HUGO, pedimos-lhe desculpas se estamos a ofender nesta nossa carta,gostamos de partilhar consigo na luta pela expansão da luz da unidade e dorespeito mútuo, por isso lemos atentamente a sua carta. O motivo fundamentalque nos leva a dirigir-lhe esta, é o facto de na sua carta dizer que os Serviços daFunção Pública deviam mandar publicar uma Lei que só permita admissão nosServiços Públicos, Empresas Estatais e particulares, de pessoas só a partir da 4.1classe para diante a fim de evitar que se fale língua nativa nos serviços.Mais adiante o camarada diz que (o colega que chama atenção ao outro por estefacto, a resposta será: - Ora, se não sabem falar esta língua não tenho culpa, queaprendam...), continuando diz que pessoas com preparação académica procedemdesse modo. Nós diríamos que o companheiro não expôs às claras o objectivo dasua sugestão, e chegámos à conclusão de que, o camarada sabe que não são só osque não sabem falar português que falam a língua nativa nos serviços e perantepessoas que não compreenaem essa. mesma língua!Também deparamos com o facto de o camarada saber que não basta terestudado para ter um bom comportamento.Agora gostaríamos de lhe perguntar o seguinte:1.0- O companheiro recorda-se que há apenas três anos q u e Moçambiqueconquistou a sua independência?2.0 - Recorda-se ainda que notempo colonial muitos mo çambicanos não tiveram possibilidade de estudar?3.°- Quantos moçambicanos

Page 11: 01% A 1NU A

o camarada calcula que precisam de aprender alguma coisa daquilo que ocolonialismo lhes recusou?4.°- Se um indivíduo não tem4.1 classe ou algo equivalente não pode trabalhar no s Serviços Públicos,Empresas Estatais e Privadas?5.'- Recorda-se que mesmoos que lutaram pela Patria, uns não sabiam ler nem escrever, mas que tinham umadeterminação firme de libertar o País do jugo colonial fascistae imperialista?Pensamos que o companheiro ao dizer que só pessoas com 4." classe é que devemser admitidos nos serviços, está a desprezar o nosso Povo de Operários cCamponeses. E achamos também que ao expor este assunto, não meditou uma, aduas vezes para chegar à conclusão de criticar línguas nacionais! - com isto nãoestamos a defender nenhuma tese...Está certo que devemos esforçar-nos cada vez mais em aprender para melhoravançar na fase da Reconstrução Nacional! Também não esqueçamos que muitosdos trabalhadores que se encontram a trabalhar, não tiveram sorte idêntica à que ocamarada teve!Camarada, devias dizer isso num sentido construtivo e não desse modo querecorreste!Recorda o companheiro que até alguns dos nossos pais que se encontram atrabalhar há 40 anos não sabem ou melhor, não são capazes de explicar a palavra:- INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO?Olha que se formos a ver as coisas do mesmo modo'que o companheiro as depara,estaremos a despersonalizar a nossa própria identidade africana edespersonalizávamos t a m b é m até aos próprios combatentes da liberdade (e quegraças a eles junta-mente com o povo, aquele povo que não sabia ler nem escrevero português, libertaram a Pátria do jugo colonial!).A finalizar, gostaríamos que nos explicasse em termos concretos o sentido dasseguintes palavras que se encontram nos fins do antepenúltimo parágrafo: -«Socialmente vale muito mais um indivíduo bem educado do que um doutormalcriado sem princípios cívivoso?Boaventura Alberto Henrique J. de BritoA. MucaveleMAPUTOTEMPO W. 399 .pég.'TEMPO N.* 399 pág.'

*EMANA A SEMANACRIADA COiSSÃO DE REVISÃO DA CONSTITUIÇÃOElaborar uma proposta de alteração da Constituição, promover o seu estudo eanálise pelos deputados da Assembleia Popular e das Assembleias Provinciais,bem como pela Comissão Nacional de Implementação dos Conselhos deProdução e Secretariados Nacionais das Organizações Democráticas de Massas, esubmeter as conclusões do trabalho realizado à Comissão Permanente daAssembleia Popular, são as funções da Comissão de Revisão da Constituição,

Page 12: 01% A 1NU A

composta por 30 membros, criada através de uma Lei da Comissão Permanente daAssembleia Popular divulgada no passado sábado.No preâmbulo da referida Lei recorda-se que «o III Con gresso da FRELIMOdefiniu os princípios orientadores pa ra a construção de um Estado DemocráticoPopular» e que «no cumprimento das suas orientaçõas foram realizadas em todo oPaís as primeiras eleições gerais, formando-se assim as Assembleias do Povo. Aparticipação massiva do Povo na escolha dos deputados, o alto sentido devigilância popular e consciência de classe, testemunham vivamente a determinação do Povo moçambicano na edificação de uma sociedade socialista». «OComité Central da FRELIMO, tendo analisado na sua 3. Sessão o desenvolvime-to da experiência de organização da vida democrática na República Popular deMoçambique, em particular o processo de formação das Assembleias do Povo, econs tatado a necessidade de adequar a Lei Fundamental do nosso País àspresentes condições da luta de classes, mandatou a Assembleia Popular paraproceder à revisão da Constituição da República Popular de Moçambique».Desta forma, a fim de dar cumprimento ao disposto na Resolução n.* 15/77 daAssembleia Popular, usando da competência que lhe é atribuída pelo artigo 45.oda Constituição, a Comissão Permanente da Assembleia Popular determinou acriação da Comissão de Revisão da Constituição com as funções de: Elaborar umapro posta de alteração da ConsTEMPO N, 399- pág. 8tituição; Promover o estudo e análise da proposta de alteração da, Constituiçãopelos deputados da Assembleia Popular e das Assembleias Provinciais, bem comopela Comissão Nacional de Implementação d o s Conselhos de Produção eSecretariados Nacionais das Organizações Democráticas de Massas. e Submeteras conclusões do trabalho realizado à Comis-são Permanente da Assembleia Popular.De acordo com a referida Lei a fim de cumprir as suas funções, a Comissão deRevisão da Constituição deve aprovar um plano de tarefas e prazos e submeter àComissão Permanente da Assembleia Popular as conclusões do trabalhoefectuado até 25 de Junho do corrente ano.A Comissão de Revisão da Constituição tem a seguinte composição:Presidente - MARCELINO DOS SANTOS; Secretário- JOSÉ ÓSCAR MONTEIRO; Relator - RUI BALTAZAR DOS SANTOSALVES; SEBASTIAO MARCOS MABOTE; TEODATO HUNGWANA;RAIMUNDO PACHINUA PA: JOÃO FACITELA PELEMBE; JOSÉMOIANE; FERNANDO MATAVELE; DANIELSAUL MBANZE; FÉLIX AMANE; ANTÓNIO SACURO; BERNARDOMOISÉS 3OIGOl; CÉSAR ZONGANL NOVELA; E D U A R D r ARÃO.EDUARDO DA cjILVA NI: HIA; ESPERANÇA MUTHEMBA; ESTEVAOJACOB CHILAVI; JOB CHAMBAL; JOSÉ PONTES TORCIDA; JOSÉPASCOAL ZANDAMELA; JÚLIO ALMOÇO MECHOLA; LOURENÇOUASSE LIKUKU; LUCIANO NGUIRAZ; MELITA JOÃO GUAMBE; PAULOJOLIO ROSITA RUCO;. RAFAEL MAGUNI; RUI ANTÓNIO CHUNDIZA;VALERIANO FERRÃO; ZACARIAS KUPELA.

Page 13: 01% A 1NU A

A Comissão de Revisão da Constituição pode ainda agre gar cidadãos comconhecimentos ou experiências no domínio das suas funções, a fim de que aapoiem no seu cumprimento.A presente Comissão extingue-se após ter submetido à Comissão Permanente daAssembleia Popular as conclusões do trabalho efectuado.AGRICULTURA EM NIASSA E NAMPULAPara estudar assuntos referentes ao sector da produção agrícola, o ConselhoProvincial de Nampula e o Governo Provincial de Hiassa efectuaram reuniões,nas cidades de fampula e de Lichinga respectivamente. No decurso dessasreuniões, foram definidas orientações com vista a superar di ficuldades queafectam a Agricultura naquelas províncias.Assim, na Província de Nampula, no final da reunião do Conselho AgrárioProvincial definiu-se entre outras orientações, que deve ser implementada acampanha de Emulação Socialista como apoio à Estruturação do Partido.No decorrer da reunião., foram estudadas as formas de prestação de uma boaassistência nas aldeias comunais e cooperativas, racionalização da maquinaria ede outros recursos humanos e materiais, bem como a organização do controlopecuário na Província.Entretanto, em Niassa, foi anunciado durante o encerramento da reunião do Go-verno Provincial que a Direcção Provincial de Agricultura deve elaborar um planodas necessidades em equipamento agrícola, levando em conta um certo excedentena campanha agrícola de1979/80.Nesta reunião que terminou no passado dia nove, foi também definido quedoravante a quisição de peças sobressaites será controlada por uma estruturaúnica. Um dos aspectos que fez com que fosse tomada esta decisão, foi o de 60por cento das máquinas da Direcção Provincial de Estradas se encontraremparalisadas, devido à falta de peças.Sabe-se também que algumas estradas da província se encontram intransitáveis oque põe em risco a comercialização dos excedentes da produção que a populaçãoestá fazendo na campanha agrícola em curso.O Governo Provincial aprovou também uma proposta dos distritos, que diz paraserem aumentadas para 2 mil as áreas de cultivo do sector cooperativo napróxima campanha agrícola. Foi ainda recomendado que em cada cooperativasejam plantados cinco hectares de eucaliptos, para assegurar o futuroabastecimento em lenha à população. Também recomendou-se que em todas asaldeias e cooperativas sejam plantadas 200 papaieiras.Por outro lado para que a empresa Lojas de Povo possa abastecer correctamenteas cooperativas e aldeias comunais em géneros de primeira necessidade, foifeita uma recomendação nesse sentido.

Por fim, foram dadas orientações, tendo em vista que dentro desta semana asDirecções Provinciais e os diversos serviços apresentem os respectivos planos detrabalho, no quadro da Emulação Socialista em curso, a fim de serem superadas asmetas de produção para o ano corrente.DELEGAÇÃO CULTURAL SOVMiTICA VISITOU MOÇAMBIQUE

Page 14: 01% A 1NU A

Uma delegação cultural da U.RS.S. efectuou de 8 a 13 de Maio uma visita aMoçambique, que se insere no âmbito do intercâmbio cultural entre os doispaíses. A delegação visitante era chefiada pelo Ministro da Cultura da RepúblicaSocialista Soviética do Azerbaijão, Bajirov Zakihir, e integrava também ummembro do Comité Central do Partido Comunista da U.R.S.S:, o Secretário-Geralda Organização dos Artistas Plásticos e um grupo de música, dança e canção querealizou diversas actuações para Irabalhadores, nas províncias de Maputo eSofala.O Ministro da Cultura do Azerbaijão, Bafirov Zalihir, ao ser recebido peloMinistro da Educação e Cultura da RPM, Çraça Machel.O Ministro soviético do Azerbaijão foi recebido pelo Ministro moçambicano daEducação e Cultura que durante o encontro reafirmou a determinação daRepública Popular de Moçambique em pôr em prática os acordos de cooperaçãocultural estabelecidos com a União Soviética.O Ministro da Cultura da República Socialista Soviética do Azerbaijão, referiu-sDpor seu lado à situação do Educação e Cultura no seu país, particularmente n3Azerbaijão, mencionando, por outro lado, o carácter positivo do intercâmbiocultural que é proporcionado pela * isita que'efectua a Moçambique. 1Entretanto, no cumprimento do programa da visita, o Ministro soviético, BajirovZakihir, esteve na Beira., ondo manteve àonversações com o Primeiro Secretáriodo Partido e Governador na província de Sofala, Fernando Matavele.No decorrer do encontro o Governador de Sofala falou das relações que existementre os dois países. Referindo-se à nossa cultura disse que no tempo colonial elaera das conhecida e hoje como somos livres a cultura moçambicana é conhecidano Mundo.O Ministrodd Azerbaijão co-. meçand'ó pof enumerar as várias frentes da cultura e sua importância para o desenvolvimento de u~ paíshistoriou também o desenvolvimento que sofreu a cultura da U.R.S.S. até aoponto que atingiu hoje, tendo salientado o facto de a alfabetização ser tarefaprioritária e deter*inante para o avanço da revolução nos países socialistas.«A cultura - disse o ministro soviético - tem in-Deverá chegar amanhã a Maputo um carregamento de 10.000 toneladas da trigoimportado de emergência, a fim de permitir ultrapassar a grave situação de faltade pão que ultimamente se tem verificado nas províncias do sul do País,nomeadamente Maputo, Gaza e Inhambane.Segundo declarações pres tadas à AgêrÍcia de Informação de Moçambique por umresponsável da Direcção Nacional de Comércio Interno, um dos factores quecausaram a falta de pão foi o atraso na chegada de um barco vindo do Canadá,com 11.000 toneladas de trigo, que estava prevista para o passado dia 29 de Abril.Segundo a masma fonte, este barco encontra-se ainda a caminho e o seucarregamento será desembarcado em fins do corrente mês nosfluência em todos os sectores e no desenvolvimento da sociedade».Antes de embarcar de regresso ao seu Pais, a delegação visitante, foi recebidapelo Secretário do Trabalho Ideológico da FRELIMO e Ministro da Informação,Jorge Rebelo, a quem apresentou cumprimentos de despedida.BARCO COM TRIGO ESPERADO AMANHA

Page 15: 01% A 1NU A

portos de Nacala (4.500 toneladas e Beira (6.500 toneladas), para garantir oabastecimento às províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado, através do -primeiro porto e Sofala, Manica, Teta e Zambézia através do segundo.-As 10.000 toneladas agora importadas como medida de emergência, paradistribuição em Maputo, Gaza e Inhambane, deverão assegurar o abastecimentodestas três províncias atO ao dia 15 do próximo mês de Julho.Não são ainda conhecidos com precisão os factores que levaram ao atraso dobarco vindo do Canadá, atraso esse, aliás, de que a Direcção Nacional daComércio Interno só teve conhecimento no próprio dia em que estava prevista achegada.Para as vitimas do ZambezeOFERTA DO POVO DA RDACHEGA EM AVIAO ESPECIALParte de uma importante oferta, com o valor total superior a 45 mil contos, feitapelo Povo da República Democrática Alemã às vítimas das inundações do Valedo Zambeze chegou no passado domingo, por via aérea, à cidade da Beira ondefoi entregue à Comissão Interprovincial das Calamidades Naturais.Este carregamento aéreo era constituído por duas toneladas de leite em pó, 1,000colchões de ar, 2.500 cober-tores, 300 baldes de borracha, 50 tendas grandes, 600 jerricans e 200 candeeirospróprios para as tendas. A parte restante da oferta deverá chegar a Maputo por viamarítima, no princ.pio do próximo mês.A entrega do donativo foi feita por Joachim Kindier, Primiíro Secretário daEmbaixada da RDA em Maputo, a César Mendes, do Executivo Permanente dareferida Comissão Interprovincial, e teve lugar no Hotel D. Carlos da cidade daBeira.TEMPO N.- 399- p.

SEMANA A SEMANA1.0 PLENARIO DOS CONSELHOS DE BASE DO HCMA criação de uma Comissão Coordenadora dos Conselhos de Base e de umConselho de Controlo de Produtividade para a promoção da Emulação Socialista,foram as mais importantes decisões do 1.0 Plenário dos Conselhos de Base doH.C.M., realizado nos dias 20 e 21 do corrente mês de MaioO referido encontro que decorreu nas instalações do Centro 8 de Março emMaputo, contou com a participação de 500 elementos dos Conselhos de Base detodas as secções daquele estabelecimento hospitalar e tinha como objectivosessenciais analisar as experiências adquiridas desde a criação dos conselhos,traçar orientações de modo a que estas estruturas se tornem mais objectivas efuncionais, bem como criar, através do engajamento total dos trabalhadores, maisunidade e maior consciência de classeJorge Rebelo. Secretário au DTIP, ladeado por membros da Comissão deReestruturaçWo do HCM, quando, na sessão de abertura, se dirigia aosparticipantes ao 1.0 Plenário dos Conselhos de Base.Na sessão de abertura deste plenário usou de palavra, Fernando Vaz., Director ePre sidente da Comissão de Reestruturação do Hospital Central do Maputo, que

Page 16: 01% A 1NU A

começou por saudar os participantes, e referindo-se à importância desta realizaçãoatirmou que «representa um momento importante da nossa vida, vai ser um passoem frente na nossa História, vai ser um avanço da Revoluçãono Hospital».Segundo palavras de Fernando Vaz, este encontro realizou-se como orientação do1.0 Seminário de militantes que teve lugar em Outubro de 1977-e «culmina todauma ofensiva de purificação dos Conselhos., desencadeada em Fevereiro desteano».Fazendo uma súmula dosobjectivos deste encontro, aquele responsável afirmou que «é irmo-nosaproximando cada vez mais e melhor, dum verdadeiro Hospital que sirva o povo eliberte o homem».Seguidamente, FernandoVaz fez uma análise do que era o hospital durante a dominação colonial, dizendoque bastaria para isso dizer que era onde se reflectiam todos os horrores dosistema colonial».Partindo do princípio deque «o nosso Hospital deve ser um centro de unidade nacional, um centro deunidade de classe, um centro de puTificaçãO de ideias, um centro de propagandarevolucionária um destacamento de combate»- palavras do Presidente Samora-,durante a sua alocução Fernando Vez disse que é através dos ConTEMYPO, N.'399- 9, 1selhos de Base que se tem procurado criar um espírito de unidade de classe, entreos médicos e auxiliares de serviço, eliminando-se todos os factores dedivisionismo.Acerca das manobras desencadeadas pelo inimigo, após a nacionalização do Hospital, o Presidente da Comissão de Reestruturação, salientou que os Conselhos deBase desempenharam e desempenham um papel importante na neutralização detodas essas manobras.Referindo-se a toda uma série de transformações que se vêm verificando naqueleestabelecimento hospitalar,, o responsável pela Comissão de Reestruturação doHospital Central do Maputo, salien tou que apesarde ainda se verificarem algunsaspectos negativos, «o nosso hospital é hoje mais aceite pela comunidade, queagora, espontaneamente, participa nostrabalhos que programamos e colabora emtodas as iniciativas de apoio».A terminar Fernando Vaz assin31ou ser importante «reafirmarmos que osConselhos provaram ser estruturas capazes de transformar a face do hospital».Em seguida foi apresentado, pelos trabalhadores dos Conselhos um extensodocumento em que se sintetizam de uma maneira mais la ra, as experiências deum an3 e meio de trabalhos desta estrutura organizativa. O referido documentoreferia-se essencialmente às dificuldades encontradas após a criação dosConselhos de Base, designadamente: à articulação entre as estruturas, integraçãodos cooperantesUm aspecto doa parttdpantes ao 1.* Plenário dos Consellzos de Base.nos serviços g e r a i s do do Trabalho Ideológico do Hospital, à emulaçãosocialis Partido, dirigindo-se aos parta e ainda à situação actual ticipantes, fez

Page 17: 01% A 1NU A

notar que não do Hospital Central do Ma- iria dar orientações de qualputo.quer ordem, visto que o doApós lido o documento- cumento-base apresentado pe-base, seguiu-se a leitura de los trabalhadores, fazia uma uma, mensagem dosCPUP, análise profunda dos princina qual se reiterava o apoio pais problemaspolíticos do total que esta estrutura dá Hospital. «Eu não vou dar aostrabalhadores do Hospi- orientações como é evidente tal. porque aanálise dos probleEm seguida, Jorge Rebele, mas políticos fundamentaisSecretário do Departamento do Hospital já foi feita nos

relatórios apresentados a este plenário e foram propostas soluções em grandemedida, soluções que resultam já de uma discussão profunda e colectiva de todosos trabalhadores do Hospital».Prosseguindo Jorge Rebelo referiu que as experiências obtidas no HospitalCentral do Maputo deveriam ser alas tradas para outras províncias. Isto porque asqueixas que haviam acerca do Hospital do Maputo, são as que ainda continuam achegar dos hospitais de outras províncias.Por último., o Secretário do Departamento d o TrabalhoIdeológico do Partido, felicitou a Comissão de Reestruturação pela realizaçãodeste plenário e pela análise da situação daquele estabelecimento hospitalar, feitano documento-base.«As experiências deste plenário dos trabalhadores dos Conselhos de Baseencorajam-nos e estimulam-nos disse a terminar Jorge Rebelo, após o quefelicitou os participantes ao 1.* Plenário dos Conselhos de Base em geral, osmembros da Comissão de Reestruturação e os membros dos Conselhos de Base.Com a assinatura de um protocolo que estabelece as linhas de desenvolvimento dacooperação nos campos da assistência técnica, industrial, agrícola e das obraspúblicas, terminaram na passada segunda-feira as conversações entre a RepúblicaPopular de Moçambique e a Liga Nacional das Cooperativas Italianas, que sehaviam inioíado no dia 19.O referido protocolo foi assinado pelo Secretário-Geral do Ministério da Indústriae Energia do nosso País, António Branco, e pelo Vice-Presidente da LigaNacional das Cooperativas Italianas e chefe da delegação daquele País, HumbertoDragone.No decorrer da cerimónia, António Branco recordou o espírito internacionalistademonstrado por aquela organização italiana desde o período da Luta Armada deLibertação Nacional e destacou que o desenvolvimento das ligações entreMoçambique eA fim de fazer a entrega ao Presidente da FRELIMO e Presidente da RPM,Samora Machel, de uma mensagem pessoal do Presidente do M LSTP ePresidente da República Democrática de S. Tomé e Príncipe Manuel Pinto daCosta, chegou no passado sábado a Maputo uma delegação daquela ex-colóniaportuguesa, chefiada nor Alda Espírito Santo, memhro do «Bureau» Político doCmité Central do MLSTP e Mi nistro da Informação.A deslocacão da deleqacão de S. Tomé e Príncipe ao nosso país visa também atroca de experiências no campo da Informação e com asorganizações democráticas de massas.

Page 18: 01% A 1NU A

Alda Espírito Santo, de cuja delegação faz igualmente parte Alberto Çhongue,Comissário Político do MLS TP., chegou a Moçambique proveniente deMadagáscar, onde participou na conferência dos países progressistas africanos alirealizada recentemente.De referir que o nosso País também participou na mencionada reunião com umadelegação chefiada por José õscar Monteiro, Secretário da Organização do Partidoe Ministro de Estado na Presidência.Depois destas intervenções que marcaram o início do Plenário, seguiram-sedebates ao programa estabelecido para o encontro, que culminaram com a criaçãode uma Comissão Coordenadora dos Conselhos de Base, de um Conselho deControlo de Produtividade para a promoção da Emulação Socialista emelhoramento do sistema de trabalho.Foi também aprovado, durante os trabalhos deste encontro, um CódigoDisciplinar dos trabalhadores do Hos pital, bem como o estabelecimento de metase prazos para implementação das ori-a Liga Nacional das Cooperativas Italianas é o prosseguimento natural dessasboas relações existentes.Por sua vez, Humberto Dra gone reafirmou a vontade do movimentocooperativista ita liano em apoiar solidamente os esforços de reconstruçãonacional e o desenvolvimen to da República Popular de Moçambique.ENTREGA DE MATERIALAinda na mesma ocasião, o chefe da missão diplomática da Itália emMoçambique Cláudio Moreno, fez a entre-entações traçadas no plenário.Pela importância do discurso proferido pelo presidente da Comisão deReestruturação do Hospital e do documento-base, igualmente apresentado nasessão de abertura, foi acordado por unanimidade que estes documentos servissemde base ao estudo político dos trabalhádores do H.C.M.O comunicado final do plenário sublinha que «a realização deste plenário foi umêxito, pois ao definir correctamente os objectivos a atingir, foi possível encontrarsoluções novas».ga oficial de um contingente d e equipamento fornecido pelo Governo italiano aoMinistério da Agricultura.Trata-se de uma remessa de moto-bombas, alfaias agrícolas, medicamentos para aveterinária e material audiovisual para cursos de formação de técnicos, que serãoutilizados no quadro do projecto agro-zootécnico da Província do Maputo levadoa cabo pelos técnicos da Liga das Cooperativas Italianas.Este projecto foi ampliado até Dezembro de 1979 e prevê a chegada de maistécnicos e equipamentos, segun do foi revelado no decorrer da mesma cerimônia.oCURSODECONSERVADORES DE ESTRADASCom a participação de 20 trabalhadores provenientes de todas as províncias doPais, decorre na Direcção Nacional de Estradas, em Maputo, um curso 'dé

Page 19: 01% A 1NU A

formação de responsáveis de Zona de Conservação de Estradas, que terá aduração de dez sem3nas.No programa do curso estão incluídas aulas de Administração, Betões, Estradas,Manutenção e Equipamento, Educação Política e Topográfica e o principalobjectivodo mesmo é o de melhorar o nível 'do trabalho de conservação de estradas emtodo o País.Na mesma ocasião., teve lugar o encerramento dos cursos de mecânica e detécnica adminístrativa, que viniam decorrendo desde há alguns meses com acolaboração de cooperantes cubanos e em que participaram 47 alunos.TEMPO N. 399 -pg. 11LIGA DAS COOPERATIVAS ITALIANAS DESENVOLVE COOPERAÇÃOCOM MOÇAMBIQUEMENSAGEM DE PINTO DA COSTA PARA O PRESIDENTE SAMORA

IANA A SEMÁANALISE DO TRABALHO DA OMM- Realizada segunda reunião da comissão coordenadora nacional.Decorreu em Maputo, durante os passados dias 16 e 17, a Segunda reunião daComissão Coordenadora Nacional da Organização da Mulher Moçambicana que,entre outros assuntos, analisou o trabalho desenvolvido pela OM14 em todo oPaís após a primeira reunião daquele órgão e traçou o plano das actividades adesenvolver, entre as quais se situam a de continuar a criação de casas-modelo e aintegração da mulher em algumas modalidades desportivas.Na primeira reunião da Comissão Coordenadora Nacional da OMM tinha sidoestabelecida a realização de conferências provinciais e a criação de comissõescoordenadoras da organização, bem como a dinamização do processo de admissãode novos membros. Assim, nesta segunda reunião, além da análise dos trabalhosdesen-volvidos dentro deste- mbito foi também debatido o relatório geral das actividadeslevadas a cabo pela Comissão Coordenadora e discutidos os relatórios dasprovíncias.Na sessão de encerramento desta Segunda Reunião Nacional, que foi presididapelo Primeiro Secretário do Partido em Maputo, JoséMoiane, foram apresentadas moções de apoio à medida govemamental denacionalização do complexo carbonífero de Moatize e à campanha deEstruturação do Partido.O papel importante desempenhado pela mulher moçambicana durante a LutaArmada de Libertação Nacional, o que deve constituir exemplo para a mulher seengajar cada vez com maior afinco nas tarefas da reconstrução nacional, foi umdos pontos focados por José Moiane na sua intervenção, depois de ter afirmadoque «saudamos este encontro, pois foi através dele que a Comissão CoordenadoraNacional da OM M conseguiu apurar as insuficiências que se verificaram aolongo do trabalho realizado por esta organização democrática de massas, a nívelnacional, e, desta forma, planificar novas acções de forma a avançar comsucesso». Na mesma ocasião Safomá Moiane, Secretária-Geral

Page 20: 01% A 1NU A

da OMM referiu-se aos trabalhos desenvolvidos durante o encontro, quecaracterizou como tendo sido de intensa discussão, e frisou que ai dificuldades eos sucessos são uma rica experiência para que os trabalhos do segundo semestretenham re sultados cada vez mais positivos. Foi depois apresentado o relatório dasactividades a desenvolver pela OMM, que prevê o desenvolvimento da criação decasas-mbdeLo, a integração da mulher em aigumas modalidades desportivas,assim como a criação da OMM junto das células do Partido e a realização deinquéritos sobre os problemas sociais em cada província, além de outrasrealizações integradas nas actividades gerais.Teve lugar em Sófia, ca- amplamente questões rela- bém prevista, ao abrigodosACORDO pital da Bulgária, de 12 a 17 cionadas com o alargamentoacordos assinados, a particido corrente mês, o primei- da cooperação bilateral nospação daquele pais socialisDE COOPERAÇÃO ro encOntro da comissãomis- domínios da indústria, trans- ta na construção de fábricasta moçambicano-búlgara pa- portes, construção, agricul- de tratamentos deprodutos ra a cooperação económica, tura e comércio. agrícolas.científica e técnica no decor- A Bulgária prestará a Mo- A delegação do nossoPais rer do qual foram assinados çambique apoio técnico no foi chefiada porMarcelino quatro acordos. desenvolvimento da agricul- dos Santos,membro do CoAo longo dos trabalhos tura, trabalhos de prospec- mité PolíticoPermanente da desta primeira sessão, a s ção e no desenvolvimento daFRELIMO e Ministro do Piaduas delegações discutiram saúde pública, estandotem- no. a IOito mortosé o balanço i 8 horas e 15 nhecido porcinco quilóme ç5es ferroviáAs duas coísageiros conhem direcçãoembater na s Fada na «PaEntre as vícontravam jul lheteira e saTEMP N.- 3MOITO MORTOS E 49 FERIDOS NUM ACIDENTE FERROVIARIOe 49 feridos, quatro dos quais em estado grave, forgão e uma carruagem depassageiros com a violência do nicial do acidente ferroviário ocorrido cerca das-embate. A linha férrea também ficou destruída numa extensão minutos do passadosábado, no apeadeiro co- de vários metros admitindo-se, na altura, que viesse aser en«Passagem de Nivel», na Manga, a cerca de contrado mais algum corpodurante a remoção dos escombros rros da cidade da Beira, quando duas composi-e a desobstrução da linha férrea. rias chocaram violentamente entre si.mposições, uma de mercadorias e outra de pas- Para além dos primeiros socorrosprestados pelas populaecida por «Foguete». tinham partido,do Dondo ções dolocal, foram imediatamente organizadas brigadas de à Beira uma a seguir à outra,indo a primeira socorro pelo Corpo de Polícia de Moçambique e Serviço egunda

Page 21: 01% A 1NU A

na altura em que esta se encontrava pa- Nacional de Saúde. sagem de Nível» areceber passageiros. Quanto às causas do acidente, segundo o Jornal«Notícias»,limas contam-se alguns passageiros que se en- não estavam completamenteesclarecidas tudo levando a crer rito de uma habitação que funcionava como bi-que na sua origem tenham estado falhas humanas. Para um la de espera para ondeforam projectados um, com ípeto esclarecimento foi aberto um inquérito.- pg. 12

CURSO DE HORTICULTURAPARA COOPERATIVISTASCem. aáramç de cinco dias; decorreu durante a penúltina smana no disrito datoamba o i Curso Provincial de Horticultura m que participaram 55 trabalhadoresde 25 cooperativas de produção agrícola e três Aldeias Comunais dos distritos daProvíncia de Maputo.O encerramento do referido curso foi presidido pelo administrador do Distrito daMoamba e contou com aparticipação de responsáveis do sector da Agricultura a nível provincial.Ao usar da palavra, o resporisável provincial de Agricultura e Florestas salientouque a organização no seio dos cooperativistas e em todas as estruturas ligadas aeste sector, bem como a consequente troca de experiências entre as diferentescooperativas, constitui uma das condições essenciais para a valorização daprodução colectiva e consequentemente para o combate à, fome.Ao fazer uma breve retrospectiva do que foi este Curao. uma monitora louvou aaplicação dos cooperativistas do que resultou o bom rendimento e oaproveitamento obtidos. Por sua vez, umdos cooperativistas, manifestou a suasatisfação em ter participado no curso, referindo que ate «foi um, grande sucesso,porque foi através do mesmo que tivemos ocasião de apro fundarmos mais oestudo teLAdr. a nrático do trabalhoque diariamente desenvolvemos».O mesmo cooperativista afirmou mais adiante: «Concretamente, queria destacarcomo exemplo do que aprendemos, a construção de viveiros e a forma de tratar asplantas nas suas diversas fases de crescimento bem como o tratamento dasculturas desde a sementeira até à sua colheita».Uma outra cooperativista, salientou a importância da planificação dos trabalhosde uma cooperativa de produção agrícola, o que não era feito até ao momento,salientando também a importância das aulas práticas ministradas ao longo docurso.Por fim o administrador do distrito da Moamba salientou os objectivos do curso.,a for ma como deveriam ser transmitidas as experiências ali adquiridas, e apelouaos cooperativistas para que se empenhem com maior determinação no combatepelo desenvolvimento da produção e produtividade.eSERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIOCENTROS DE RECENSEAMENTOEM MAPUTO E MATOLA

Page 22: 01% A 1NU A

0 Estado-Maior General das Forças Populares de Libertação de Moçambiquedivulgou no passado dia 16 uma nota em que se afirma que na sequência dostrabalhos de recenseamento dos cidadãos moçambitanos, ao abrigo do Artigo 35.0números 1 e 2 da Lei do Serviço Militar Obrigatório, são criados os seguintesCentros de Recenseamento ao nível das cidades de Maputo e Matola:Centro n.° 1, sito na esquina das avenidas Kwame ,Nkrumah e Amílcar Cabral,antigo Distrito de Recrutamento e Mobilização.Centro n.o 2- Sede Provincial do Partido. na Avenida de Angola.Centro n.° 3, na Polana, sito na esquina das Avenidas Eduardo Mondlane e TomásNduda.Centro n.° 4, na Sede Distrital do Partido, na Matola.A mesma nota afirma também que todos os cidadãos moradores nesses lugares,abrangidos pelo recenseamento, deverão apresentar-se nesses centros a partir dopassado dia 18, das 8 às 12 horas e das 14 às 17 horas.No momento em que se forem apresentar, os cidadãos deverão estar munidos dosseguintes documentos: Bilhete de Identidade, Cédula Pessoal. ou outrodocumento que os identifique como cidadãos moçambicanos e certificado dehabilitações literárias.Quem não estiver registado em qualquer Conservatória do Registo Civil déveráapresentar-se com uma guia passada pela estrutura política ou administrativa dolocal dp residência.Além dos documentos mencionados, cada cidadão deverá ser portador de duasfotografias tipo passe, que serão afixadas no Boletim de Inscrição e no Cartão deRecenseamento.No recenseamento previsto para o corrente ano são incluídos todos os cidadãosque em 1978 completam 17 anos e os que no ano de 1911 tenham completado de,17 a 21 as de idade e que ainda não tenham sido incorporados nas F.P.L.M.

ANA A SEM4CONJUNTURADE VELHOFASCISTAA meados de Agosto, a secção da investigações do ANC (African NationalCongress/South Africa) apresentou ao público, numa conferência internacional deimprensa, documentação intitulada «A conspiração contínua de armamento doApartheid». Nela são mencionados vários generais e almirantes das ForçasArmadas da República Federal da Alemanha que dão íntima colaboração às forçasarmadas do regime racista de Vorster. Até o momento, não há nenhuma tomadade posição do Ministério da Defesa da RFA. É devido a isso, e por ser o círculode pessoas cuja actividade mostra a continuação da cooperação militar entre aRFA e a RAS a um alto nível, que devemos demarcar seus componentes de formaum pouco mais clara:GENERALJOHANN ADOLFVON KIELMANNSEGG

Page 23: 01% A 1NU A

Realizou viagens pela África do Sul, e negociou com generais racistas. Ele éoriginário do estado-maior da Alemanha hitlerista. Durante a segunda guerra,ocupando funções de comando como oficial, participou da invasão da França, eem 1941 esteve na direcção da 6.1 Divisão Blindada que invadiu a URSS. A partirde 1944 mudou já como 2.0 Oficial de Estado-Maior, na categoria de coronel deuma secção de operação do estado-maior do exército, onde deu permissão para oassassinato inescrupuloso de milhares de antifascistas na França e na Jugoslávia.Kielmannsegg é também o autor do livro nazista, publicado em 1941, intitulado«Tanques entre Varsóvia e o AtlântiTEMPO N. 399 - pO: 14co». Como um «cavalheiro», ele faz a pregação do racismo nesse livro.Na sua condição de comandante competente das forças armadas da RFA, vonKielmannsegg ajudou na formulação da chamada «estratégia de avanço»(Vorwarts-strategie), da excepcional agressividade, orientada contra os paísessocialistas da Europa. Como comandante-e m-c h e f e das forças de terra daOTAN (NATO) na comandatura da Europa, ele põe em acção a sua concepçãonos organismos que lhe são subordinados.GENERAL ULRIQUEDE MAIZIERERealizou inspeções na República da África do Sul e manteve conversaçõessecretas com a empresa racista e armamentista «Armaments Development andManufacturing Corporation of South Africa Ltd». De Maizière chegou a sercoronel no estado-maior da Alemanha hitleriana, e se entrevistava com Hitler nafortaleza deste, em Berlin (a chamada «Führerbunker»). Participou, com asdivisões de infantaria e blindados, no assalto à Polônia e à União Soviética.Devido à sua experiência na guerra fascista, de Maizière dirigiu nas forçasarmadas da RFA, a Academia de Oficiais de Hamburgo, contou-se entre os paisespirituais da antidemocrática «Constituição de Emergência» da RFA, foiinspector do exército, e finalmente, como general de quatro estrelas é inspector-general das forças armadas da RFA.TENENTE-GENERALGUNTHER RALLEm sua condição de representante da RFA no Conselho Militar da OTAN emBruxelas, inspeccionou secretamente - sob a alcunha de Ball - as instalaçõesde pesquisas atómicas da Africa do Sul, tendo sido passado à reserva antes dotempo devido às pressões exercidas pela opinião pública, quando dodescobrimento de sua missão pró-racista.Na Alemanha nazista, Rall estava entre os pilotos de combate mais fanáticos sobas ordens do criminoso de lesa-humanidade Hermann Güring. Rall é o culpado damorte de 275 tripulações de aviões antifascistas, que ele- derrubou na França,Inglaterra e União Soviética. O próprio Hitler nomeou o então piloto de 26 anosRall para comodoro de esquadra, condecorando-o com o espadim e o ramo defolhas de carvalho da ordem n az i s t a «Ritterkreuz» (Cruz de Cavaleiro). Nasactuais FFAA da RFA, Rall saltou rapidamente de comandante de uma divisãoaérea para inspector da Força Aérea federal.ALMIRANTEROLF STEINHAUS

Page 24: 01% A 1NU A

Propiciou aos racistas da RAS informações e recomendações da comissão daOTAN «(para) Ampliação do domínio da OTAN no Atlântico Sul».Na Alemanha de Hitler, Steinhaus serviu desde 1936 até a derrota do nazismo esuas forças armadas, como oficial na marinha-de-guerra. Na sua condição detenente-capitão e comandante de submarino realizou sob a suástica nossubmarinos U 101, U8 e U 802 verdadeiras caçadas contra os transportes emarinheiros dos países da coligação antifascista. Desde 1944 desempenhou-secomo responsável do serviço de formação no comando dos almirantes nazistas daesquadra de submarinos. Ainda hoje é membro activo da organização fascista deBonn «Marine Offizier-Vereinigung» (MOV). Sendo almirante de flotilha dasFFAA da RFA, Steinhaus foi referente (informador) para política militar

do Ministério de Defesa de Bonn, foi posteriormente comandante darepresentação da RFA na OTAN em Bruxelas e Washington, avançandofinalmente-para o posto de Vice-chefe da secção de planeamento do Ministério daGuerra da RFA.GENERALHEINZ TRETTNERAinda mais clara fica a extensão da conjura da camarilha de generaisimperialistas, quando se põe a nu o passado de alguns generais da África do Sul.Trata-se, por exemplo, de:GENERALRUDOLPH CHRISTIAN HIEMSTRAtos de informação de Bonn (BND), da Chancelaria da República, entre os quais(presidentes) contamos o Tenente-general das FFAA da RFA Reinhardt Gehlen, eGerhardt Wessel. Gehlen foi general da espionagem e sabotagem hitleristas, nocomando-supremo do exército nazista, Wessel foi na época sua «mão di-Em seu tempo de serviço acti- Desempenhou em seu tempo reita», comotenente coronel no vo na condição de inspector das funções de comandante dasFAA estado-maior. Actuando contra os FFAA da RFA, visitou a África doindasessso-mais do po osSul, mantendo encontros secretos da África do Sul. Devido as suas interessesvitais dos povos afriem Pretória. atitudes pró-fascistas, q u a n d ocanos, e espionagem electrónica éNa Alemanha de Hitler, Tret- ainda era major foi afastado pe- dirigida pelogeneral sul-africano tner - devido ser fanático na- los ingleses do exército, em1941, Du Toit em estreita colaboração zista - fez em sete anos uma comopotencial golpista. Somen- com o major-general das FFAA carreira-relâmpago,ascendendo tde capitão a tenente-general. Hi-te em 1946, quando os racistas de RFAHubertus Grossler, peritotler pessoalmente o condecorou tomaram o poder na África do em electrónicado BND. Esse em 1940 por suas actuações como Sul, Hiemstra foi reactivado, ede- osercfo oicia p ssiona pára-quedista de comandos com a legado na condiçãode adido mi- do exército hitleriano, usando o «Ritterkreuz», e novamente em

Page 25: 01% A 1NU A

litar e aeronáutico da RAS em es- uniforme de capitão, estando ac1944 com a«Fichenlaub» (ramo tivo desde 1941 a 1945.de carvalho). Já em 1937, Tret- tados como a França, Bélgica e a tner ajudou -sendo então auxi- Holanda, onde ele passou a cons- Já em 1971 dois jornalistasde liar de estado-maior da famige- pirar' assiduamente com generais Hamburgodenunciaram a cooperada «Legião Condor» - o tirano que haviam trabalhado comHi- ração dos serviços secretos da Franco a dar seu golpe fascista na tler.Espanha. Tomou parte no reta- República Federal daAlemanhalhamento da cidade de Guernica, TENENTE-GENERAL com a Africado Sul com as setarefa executada pela mencionada«Legião Condor», com bombar- JACOBUS guintes palavras:deamento. Aos 14 de Maio de PIETER VERSTER (0 ServiçoFederal de Informa1940, violando os acordos de tré- ções),trabalha com os serviçosgua, Trettner atacou a cidade ho- Chefe da South Africain Air israelíitos, turcos,taívaneses, sullandesa de Rotterdamm, bombar- Force, sobre o qual antigos pri- -americanos e africanos em codeando-a. Em Julho de 1944' ini- sioneiros de guerraingleses sou- operação. E como as tarefas daciou terríveis massacres na Itáliaberam informar como ele colabo- das pelo governo (da RFA) ordeocupada, epraticamente destruiua «cidade aberta» de Florença. rou, na condição de comandante nam, encontra-se também em reTrettner organizou também o as- de Caça-bombardeiro, comos lações de negociações com paísessassinato em massa de guerrilhei- fascistas já durante a segunda que nãorepresentam os ideais ros antifascistas italianos. guerra mundial.Sendo inspector-general das FF liberais e democráticos, comoporAA da RFA, exigiu armamento exemplo a África do Sul,.nuclear táctico para a RFA. Pro- MAJOR-GENERALvocativamente, exigiu ante. o Ple- H. DEV. ' T0I" Uma conspiração develhos eý!áiO do.:, lhp da OTI41 cfe qvçLfa q stas,: ,istas, assim é. Nadadel'aris, dia I5 4Dezembro de 1964 Na su, condição dos serviços no vo na área depoder de Vorster, a criação de,úm «cinturão atómico» nas fronteiras da RFA coma ser1e... ,é ..... .... eÚ* A e á i.ST'.o',, h.(Ê hab dít' t do habýt~ ü ts Pro. Dr. JuliusMader«Plano Trettner»). «Preside 1es» dos serviços secre- in «PanoramaLJ»4~#~

li Caça em Moçambique:,k~ ~ ~ - M,'uU

Page 26: 01% A 1NU A

Um Decreto-Lei do Conselho de Ministros, fixou o reinício da actividade de caçano território nacional para o dia 1 de Junho, conformo anunciámos numa ediçãoanterior. Deste modo está-se a cumprir o princípio estabelecido no artigo 8.' daConstituição da República e que foi reafirmado pelo III Congresso da FRELIMO.Esse princípiodiz que os recursos naturais renovàveis são património de todo o Povo, e é aoEstado que compete o controlo do seu aproveitamento.No presente trabalho focamos alguns aspectos importantes do regulamento sobrea caça de acordo com documentos que nos foram cedidos pela Direcção Nacionalde Pecuària.LIRinoceronte uma espécie protegida em Moçambique.TEMPO N. 399- pág. 17LI

Conforme a modalidade de caça que o interessado pretende praticar, existe ummodelo de licença que lhe dá esse direito. A licença é adquirida obrigatoriamentejunto à estrutura competente mediante o parecer favorável da estrutura políticaonde reside o interessado e o pagamento da taxa correspondente que vai de200$00 a 8000$00.Os animais cujo abate não é permitido, são o Pangolim (Halakavuma), Avestruz,Rinoceronte, M'zanzi, Matagaíça, Girafa, e Chita, por se constar que a existênciados referidos bichos no território nacional, se encontra ameaçada.Não será permitida a comercialização dos produtos da caça, visto que não fazsentido um património colectivo, ser utilizado para se obter lucros a favor decertos indivíduos isoladamente.Foram tomadas também outras medidas a fim de racionalizar o aproveitamento dafauna moçambicana em beneficio do homem e em defesa da natureza. Com alicença da caça pretende-se garantir o cumprimento de medidas queregulamentam a actividade e controlar correctamente esta prática.A licença para a caça de autoconsumo, é concedida pela estrutura do Ministérioda Agricultura no distrito, onde reside o interessado enquanto, para caçadesportiva, a licença é concedida junto à Repartição Provincial da área ondereside o interessado.A caça de autoconsumo, é concedida pela estrutura do Ministério da Agriculturano distrito onde reside o interessado enquanto, para caça desportiva, a licença éconcedida junto à RepartiçãoGirafa, uma das esplédes cujo abate não é pomitido na RepOblica Poputarde Moçambique.TEMPO N.* 399 - pág. 18Provincial da área onde reside o interessado. A caça de autoconsumo divide-se emduas modalidades que são o autoconsumo familiar e colectivo. A cada uma dessasmodalidades corresponde os modelos «A» e «B» respectivamente. Para a licençado primeiro, modelo, paga-se a taxa de 200$00, e para o último, a taxa de500$00Por sua vez, a caça desportiva é composta por modalidade «limitada» e

Page 27: 01% A 1NU A

«alargada» às quais corresponde os modelos «C» e «D» com taxas de 1 000$00 e3 000 escudos respectivamente.Pode beneficiar da licença do modelo «A», o camponês que viva e produza numaregião isolada, onde não haja outro tipo de abastecimento de carne. Seráconcedida a licença do modelo «B», às organizações colectivas tais como AldeiasComunais, Cooperativas, Propriedades Estatais e outras do género.Têm direito à licença para cada um dos modelos da caça desportiva as pessoasque residem per-

EM CIMA: Avestrua, outra espéce protegida pelas autoridades do nosso País.AO LADO: Pangolim, um animalque rareia e devido a isso,é proibido caçd-lo.manentemente na República Popular de Moçambique.Para a caça desportiva, existe ainda um terceiro modelo que será requerido porpessoas que não residem permanentemente no nos so País e cuja taxa vale 8000$00- modelo «C>f.Todos os caçadores legais, que serão portadores da licença da prática de caçaficam sujeitos ao cumprimento das regras estabelecidas no decreto-lei doConselho de Ministros e pelas estruturas competentes para o efeito, de contrárioserão punidos de acordo com as penalidades previstas.ONDE E QUANDO NAO SE PODE CAÇARNão é permitido caçar nas ilhas e ilhotas existentes ao longo da costa marítima daRepública Popular de Moçambique.É proibida a prática da caça desportiva no período nocturno. De 1 de Outubro a 31de Março, observa-se o período de defesa geral, durante o qual ninguémpode caçar, a menos que o faça em defesa de pessoas e de bens.Num raio de acção de 3 000 metros à volta das povoações e suas áreas deexpansão e numa faixa da mesma medida para os dois lados das estradas públicase linhas de Caminho de Ferro não se admite o uso de armas de fogo para caçar.Não é permitido, o recurso, às queimadas, uso de armas automáticas, laços,armadilhas metálicas, explosivos e venenos para abater ou cercar os animais.Quem fere um animal, deve obrigatoriamente abatê-lo, não pode abandonar.Na prática da caça desportiva, ninguém pode perseguir os animais através deveículos automóveis, aviões ou helicópteros.É proibido o abate e fêmeas de mamíferos identificáveis.. interdita a prática da caça nas «Zonas de Conservação, Parques Nacionais,Reservas Especiais ou parciais e nas zonas vedadas sem a autorização dosrespectivos utentes».O uso de armas de fogo, está condicionado pelos tipos de cali-bres em função dos animais que se pretenda com elas abater.TROFÉUS E DESPOJOSTroféus «são as partes do animal que duram mais tempo como os cornos, dentes,unhas, peles, etc. «Despojos» são a carne, a gordura e as restantes partes nãoincluídas nos troféus.

Page 28: 01% A 1NU A

Para ter direito à posse de troféus e despojos é necessário apresentar a licença dacaça que permitiu o abate dos animais de que provêm.É necessário uma autorização especial para a comercialização dos troféus edespojos pela qual será paga uma taxa anual de. 5000$00De salientar que só tem direito de caçar quem possuir a licença para a prática.Para todas as infracções às regras estabelecidas na prática da caça, existem parauma delas medidas punitivas de acordo com a sua gravidade.TEMPO N. - pig. 19

AIfab t aa etl zaomulheresTEMPO N.' 399-pág. 0'

Desde a proclamação da independência que um fenómeno sócio-cultural novovem tomando forma: na alfabetização de adultos as mulheres compõem a maioriae são elas que se entregam com maior entusiasmo ao ABC da leituro e da escrita.Porquê, e que efeitos dai advêm para o processo mas vasto da emancipação damulher?navangu TWard,,aTEMVPO N.° 399 pág. 21

Esta reportagem começa no mercado do Xipamanine, um dos subúrbios deMaputo.Sentada à sua banca de vendedeira, Maria Verónica Metchisso olha-nos do outrolado de mais de 40 anos de vida difícil. Como qualquer vendedeira, ela tem que sedeslocar frequentemente aos postos de TEMPO N. 399 - pág. 22abastecimentos que ficam distantes do mercado. Logo aí surge o primeiroproblema.«Eu não sabia identificar o machimbombo que me pudesse levar onde euquisesse. Uma vez fui à baixa fazer compras e quando queria voltar já não sabia onúmero do machimbombo que tinha de apanhar.Apanhei três machimbombos e nenhum deles vinha para o Xipamanine. Entravanum machimbombo e perguntava para onde é que vai? Nada! Não era o meu.Uma dessas vezes fui parar no Xinhambanine enquanto queria vir ao Xipamanine.Diz ela que esse foi um dos problemas que a le-vou a frequentar as aulas de alfabetização no mercado onde trabalha.Num quotidiano grandemente determinado por um ganha-pão árduo epermanente, num sistema de trocas comerciais ainda opressivo para a maioria opouco dinheiro que se tem é quase que um passaporte para um pouco de comidano dia

seguinte. Maria Metchisso explica esta realidade.

Page 29: 01% A 1NU A

«Não sabia escrever o meu nome e muitas vezes era preciso assinar. Tambémquando fazia compras havia muita aldrabice nos trocos porque não sabia ler osrecibos».Fez uma pausa e acrescentou:<Tinha muitos problemas por causa de não saber nada. Agora já sei fazer umpouco de contas, escrever um pouco e até escrever todos os números até 200».ERA COMO UMA NOITENo dia-a-dia de uma pessoa que não sabe lerhá todo um número de episódios cricatos. EI. sa Machavane conta-nos um dessesepisódios:«Uma vez passei por uma casa onde havia uma chapa que dizia: CUIDADOCOM OS CÃES. Mas como eu não sabia ler passei do portão sem me aperceberdaquilo. Os cães ladraram de repente perto de mim e apa-nhei um susto que nem imagina.Foi daí que eu vi que andava numa noite que não podia acabar se eu não viesse àsaulas de alfabetização. Até tenho vontade de continuar a estudar para saber muitascoisas de que preciso».TEMPO N.- 399 - pág. 23

Elisa Machavane-«Outras vezes queria comprar jornal ou mesmo a TEMPO parapoder saber o que se passa no nosso país. Mas não valia a pena porque as letrasliam-me a mim».Feliciana Come - «Tenho vontade de estudar, mas a falta de óculos impede-me deir à escola».Maria Verónica Metchisso - «Num casal, quando um deles estudou um pouco,devia deixar que o outro também vá à escola».ERAM AS LETRAS QUE LIAM-ME A MIMOs problemas de uma pessoa analfabeta acumulam-se diariamente, pequenos egrandes problemas alguns dos quais redundam, finalmente, numa tomada dedecisão: aprender a ler e escrever:Ana Xavane, também vendedeira do mercadoTEMPO N. 399 - pág. 24de Xipamanine, fala de um sentimento comum à grande maioria dos anal fabetos:«Eu muitas vezes andava com pessoas que sabiam ler e escrever. Eu via aquelaspessoas a ler ou a escrever qualquer coisa e perguntava-me a mim própria qualseria o significado daquilo. Para mim não tinha sentidoFALTA DE ÓCULOSNos vários locais que temos visitado para esta e outras reportagens temosverificado que há muitas pessoas com deficiências na vista que gostariam departicipar na alfabelização mas não têm óculos.«Eu tenho vontade de estudar mas sofro da vista», diz-nos Catarina MtekeMandiate. «Quando quero escrever, por que pelo menos sei escrever o meu nome,vejo tudo confuso à minha frenle. Uma vez tive que ir assinar alguns documenlosdo meu filho mas como eram muitos papéis chegou certo tempo que eu fiqueiconfusa e não aguentava mais ver as letras».

Page 30: 01% A 1NU A

nenhum, mas isso fazia-me rancor.Agora já sei um pouco de muitas coisas. Quero que um dia possa discutir àvontade com qualquer pessoa para poder aprender ainda mais».Ao seu lado, Elsa Machavane faz um sinal de concordância com a cabeça e diz:«As vezes queria comprar jornal para saber o que se passa no nosso país. Mascomo não sabia ler bem não valia a pena porque eram as letras que liam-me amim.Agora quero continuar a estudar para ajudar o pais porque não podemos começaruma vida nova enquanto ainda existe o analfabetismo».TRADICIONALISMO E SUBMISSÃO DA MULHERDurante o colonialismo, só uma percentagem ínfima do povo moçambicanoaprendeu a ler e escrever, e nessa percentagem eram poucas as mulheres. Estasituação agrava-se pelo facto de na hierarquia tradicional a mulher ser dependentedo homem, quer economicamente quer no plano dos conhecimentos.Por isso mesmo, quando uma mulher aprende a ler e escrever, ela provoca umabalo nessa multissecular hierarquia tradicional.Esse abalo é hoje muito visível e tão extenso como a quantidade de mulheresmoçambicanas que se alfabetizam. São elas que atravessam um Numa escola daMados níveis mais dinâmi- lhangalene, um bairro de cos de luta ideológica ac-Maputo, entre a cidade tual na República Popu- de cieno e os subúrlilar deMoçambique. Um os, falámos com Tereta dos fenómenos dessa lu- João,doméstica, casada, ta é este: há muitos ma- 18 anos de idade.ý Diz ela: ridos quenão deixam sue I l iÉas suas esposas de fre- «Há certas situações quentar a alfabetização». queobrigam os maridos a tomarem decisões desA questão não acaba se género. Porexemplo, numa simples palavra sobre o que deve e o que o bas0 de mulheres que não deve ser feito. Tere- não têmconsciência do sa Jouo explica algumas que é que elas são, não]os d e tê .,TíaUtodísciplinaI EmvýieIýà sm

ra estudar, não. Elas vêm tratar outras coisas.O marido pode gostar que ela estude mas não é para ela começar a abusar comoalgumas fazem. Sabe, há mulheres que estudam e depois começam a ficarcomplexadas Abusam dos maridos por que elas também já sabem.Mas há maridos que querem que as mulheres continuem na escuridão para poderoprimir melhor, outras vezes são as mulheres que perdem a suaresponsabilidade». No mesmo local falámos com Páscoa Jorge Tembe:«Há o problema de mulheres que são infiéis aos maridos, existe mesmo aqui nanossa escola, tan.to que temos colegas que deixaram de aparecer às aulas porquetiveram problemas lá com a família delas. Mas nós mulheres se fôssemosconscientes não devíamos falar com aqueles homens que andam a perseguirmulheres de outros, porque nós temos os nossos lares.Bem, as pessoas são diferentes. Há pessoas habituadas a fazer isso e é difícil de secorrigirem. Outros ficam três anos a frequentar a mesma classe mas nunca mais

Page 31: 01% A 1NU A

passam. Isto acontece porque esses quando vêm para a escola não é para estudar.Outros homens só vêm apreciaras «miúdas» e outras mulheres só vêmaqui para terem oportunidade de se encontrarem com os homens delas. Isto existena reali¥de. Até há pesso éom complexos de superioridade enquanto não éstudamnada, só por causade namorar».Estes acontecimentosTEMPO N.- 399 - 28(minoritários neste «mar» de gerte que aprende a ler e a escrever) servem muitasvezes de pretexto para proibir à mulher o acesso ao conhecimento. O argumento émais ou menos este: chá mulheres que começam a abusar só porque já sabem ler eescrever, portanto tu também vais/ fazer o mesmo».O adultério da mulher um ponto forte da moral tradicional, particularmente, setomarmos em conta a actual mistuTa de tradicionalismo com ideologia pequeno--burguesa. Mas, p a r a além do facto de o mesmo aplicado ao homem não suscitargrandes protestos, a questão de fundo não é esta. A questão de fundo é toda umaestrutura social que impôs a seguinte lei: só o homem deve saber.Vejamos um reflexo dessa estrutura ao nível psicolgico: em muitas aulas dealfabetização onde há mulheres e homes lado a lado aôontecem casos de homensesconderem das mulheres aquilo que escrevem pàtt não t r krsttr efiqualquer possível erro.Não é a alfabetização ia mulher que faz sur,ir contradições no seio amiliar. Estascontradi;ões já existem, simplesnente elas são agudizaLas quando uma mulher?prende a ler e a escrever. E é nos primeiros gestos de emancipação da mulherque começa todo um processo de resolução dessas contradições que darão lugar aoutras a um outro nível mais elevado de consciência social. A alfabetização está aser um desses «primeiros gestos». Por isso mesmo a batalha da alfabetizaçãotranscende a sala de aulas, transcende o alfabetizador. É campo de luta para todasas forças revolucionárias de uma sociedade.O inimigo não é o homem. O inimigo é o obscurantismo, quer tradicional querpequeno-burguês. Mas há muitos homens que não só querem que suas mulheresestudem como vão mais longe. Páscoa Tembe conta-nos que quando estevegrávida do seu 1.0 filho ela não pôde ir às aulas durante a fase final da gravidezmas conseguiu passar os exames porque seu marido lhe ensinou a matéria que se-dava entretanto na escola..É este tipo de actuação que deve ser generalizado.Hoje há milhares e milhares de moçambicanas, a serem alfabetizadas. De umamaneira muito concreta elas tomam uma posição de vanguarda na lutaantiobscurantismo. Na prática elas provam o princípio de que sem a emancipaçãoda mulher não é possível revolucionalizar uma sociedade.

Jornais do Povorepensados«Os Jornais do Povo têm um papel bastante importante na mobilizaçao dostrabalhadores, na medida que atra vés dele maior número de pessoas fica

Page 32: 01% A 1NU A

informado dos acontecimentos que no dia-a-dia são vividos no nosso país, bemcomo no estrangeiro» - Esta é a opinião de Rafael Bié, trabalhador da«Maquinag», no Maputo. Aliás, de ummodo geral, esta é a visão que muitas outras pessoas com quem conversámos têmsobre a importância daquele meio de comunicação que é, neste momento, oprincipal instrumento, ou a melhor forma de as populações do nosso paisparticiparem na informação.Texto de Narciso Castanheira Fotos de Naita Ussene e arquivoAquando da sua criação houve umagrande participação por parte das populações na sua feitura, apesar de em muitoscasos não terem sido obedecidas orientações correctas, pois nem em todo o ladoelas chegavam. Actualmente eles encontram-se praticamente paralisados, devido avários questões que seguidamente iremos abordar. No entanto estão nestemomento a decorrer intensos trabalhos com o objectivo de fazer renascer osJornais do Povo. Este trabalho obedece a um novo plano que está sendo aplicadoa título de experiência, em alguma:s zonas do Maputo,e dos resultoa0Q aqui obtidos estender-se-ao a nvel de todo o pais..W - pâg. 27

Como dissemos anteriormente, a maioria dos Jornais do Povo deixou defuncionar. Mas antes de apontarmos a causas que deram origem a esta situação,vamo-nos referir a alguns aspectos da forma como eles nasceram.Recorde-se que aquando da sua criação tinham a designação de «Jornal deParede». Tal como diz o nome, aqueý le jornal era feito ou colocado nas paredes.Ora nem em todos os pontos do país existem paredes, e portanto isso tornava-seum tanto ou quanto desmobilizador. Q u e r dizer, obedecendo a essa orientação,procurar uma parede tornava-se uma preocupação, e conse quentemente haviapouica participação tanto na feitura dos jornais como na leitura drs mesmos porparte das populações. E em algumas zonas nem chegou a existir aquele tipo dejornal.Foi a partir de então que se verificou a necessidade de adoptar novas formas defazer com que o jornal fossefeito e lido em todos os pontos do país - como principal instrumento decomunicação que é - independentemente da existência ou não de paredes,passando-se a chamar «Jornal do Povo». A questão não foi apenas a mudança donome, mas porque sendo Jornal do Povo não tinha que implicitamente ser feitonas paredes. Assim, em todo o país começou a haver maior mobilização eparticipação na feitura desses jornais contando com os recursos e*xistentes emcada zona.Todavia, a elaboração dos Jornais do Povo não estava a obedecer a umaorientação correcta. Notavam-sê divertS fo r m a s de apresentação., havendoaqueles que apenas apareciam com recortes de jornais ou revistas, sem qualquertipo de incentivo que atraísse a atenção das pessoas. Outros permaneciamexpostos ao sol e à chuva mais tempo do que o necessário (quinze dias). Emcontrapartida havia os que reflectiam um maior

Page 33: 01% A 1NU A

interesse e zelo por parte dos seus elaboradores, escrito com letras grossas,ilustrados, e ain da acompanhando a actqalidade dos acontecimentos.]È claro quepara este último! caso há que atender a várias questões tris como a prepEração daspessoas que fazem o jornal, não apenas a sua formação didáctica, mas também ofacto de se assumir a con ciência do objectivo da feitu ,a dos Jornais do Povo.POR QUEM E COMO ERAM FEITOSDe um modo geral, o Jornáiá do Povo eram feítosi apenas pelos responsáveis dainformação a nível dos grupos dinamizadores de empresas e bairros o que emprincíp o es.tá errado. Antônio Ramir:> responsável da informação do G. D. da«Vidreira», falou-ncjs sobre este aspecto dizendq:«Eu fazia sozinho o Jornal do Povo. Escrevia noticias do país, acontecimentosiniternosda empresa, tais corno roubos, atrasos constantes ao serviço por parte de certoselementos, e outras notícias. Era um traba lho duro que eu não conseguia fazercorrectamente por estar só. Solicitava a participação de outros trabalhadores, masnunca responderam a isso. Assim tinha de enfrentar várias dificuldades, porquepara além do meu trabalho tinha de andar à busca de elementos pa ra informar.»Esta falta de participação conjunta na elaboração dos Jornais do Povo, dificultava,ou melhor, não permitia que certos jornais tivessem uma boa apresentação tantoem termos de qualidade como de quantidade de notícias como já vimosanteriormente. E podernos adiantar que esta foi também uma das razões porquemuitos jornais deixaram de funcionar, porque para além dos problemas domaterial, como veremos mais adiante, a ausência de um trabalho colectivo, atravês do qual as ideias de cada um devem ser aproveitadasAquando da sua criação os Jornais do Povo designavam-se «Jornais de Parede»,como documenta a foto. Dado que aquele jornal só devia ser colocado nasparedes, eles io podiam estender-se a nível da maioria das zonas do país onde nãohá paredes.TEMPO N.' 399--, 2

A maioria doI Jornais do P4vo apr'eSent4vam-se apenàs com recolrtes de jora s.Po cas vzes aparecia U9s ou ôutro exto escrito c4tn lerras irossas que píémitisemlma melhor Zeitura.Eftquanto al uns Jornais dó Povo aprêsentavam-se sem quase nez hum atractiv#poutr s ha ia que desI*tava i tteresse dasp 8soas,|o quer dizer .q e hava m4i or zelo por Ppãte do* elaboradores dos P1utimos.para a busca de melhores formas de actuação, imhpede a resolução de certosproblemas.No entanto., salienta-se que houve unidades de produção, ou zonas reýsidencijisonde os Jornais do !Povo fram feitos com a participação do maior número -de1pessoas possível, e que porjanto tinham uma m e 1 h o r apresentação. Porexemplo nal escola; de formação de professores de Namaacha, província doMaputo, o Jornal do P vo eral feito a nível de turmis. Quei" dizer, para cada jorialhavia uma turma que reallizava en conjunto diversos tipos de trabalho, tais comoa recolha de elementos, desenh s para ilustração e outros. .

Page 34: 01% A 1NU A

Os Jornais do Povo eram feitos de várias formas. Uns apresentava Én-se emquadros de madeira Outros.+r parádes, e ainda em vários ltiOs bnde se pudesseicolar 0apéis, ou escrever de forma visível. O papel e a caneta de feltro eram osprincipais materiais de trabalho.O QUE NOS MOSTRAVAM «Durante o pouco tempo que sufieiente parac mprar jornal,OS JORNAIS DO POVO os Jornais do Povo estiveram os Jornais: doPovo servirama funcionar mais ou menos para eles ficarer a conhecer Apesar das situaçõesque já bem, notei muitos aspectos ima corp o Po o es a viver aqui referimos, osJornais do Povo portantes. Por exemplo, nem no osso a|t sim tomo láapresentaram-se com carácter todas as pessoas têm dinheiro nasý Oltt4 tórr S.Dápois o bastante mobilizador. Gabriel para todos os dias comprar o que é queacontecia? NaqueNhantumbo, trabalhador da jornal, e fora disso há outras lesjornais que eram bem fei«Maquinag», no Maputo, con que nem sabem ler. Paraas tos é tinham desÉnhos, as pes ta-nos a experiência que viveu: pessoas que nãotêm dinheiro soas iam para lá ver mesmo

ase a a asaUm dos novos Jornais do Povo, situ~ad junto & «PROTAL», no Maputo. Repare-se na forma como ele se apresenta, conforme explicamos no texto.sem saber ler, porque ficavam a saber o que aquilo queria dizer perguntandoàqueles que sabiam ler.»No depoimento deste trabalhador encontramos o aspecto principal do papel dosJornais do Povo que é a sua importância como um meio deveras eficaz para ainformação da maioria das populações do país. A dificuldade que o nosso Povotem em se informar, não se baseia apenas na falta de dinheiro para a compra dojornal ou revista, como frisou Gabriel Nhantumbo. Há os que não sabem ler, que éa maioria, e ainda há zonas onde os referidos meios de comunicação chegam. E éisto que se deve tomar em conta, quando se fala em Jornais do Povo.Outro exemplo foi-nos dado a conhecer por José Johane que disse: «Eu porexemplo não tenho tempo para comprar um jornal diário, ou escutar o noticiáriopela rádio, devido ao trabalho. Mas na aiTEMPO N. 399 -pg. 30tura em que nós tinhamos Jornal do Povo na empresa onde trabalho, à hora daentrada, ou mesmo à hora da saida, conseguia inteirar-me dos acontecimentosatravés daquele jornal. Podia ver quanto é que estavamos a produzir, podia ficar aconhecer quem eram os trabalhadores indisciplinados que faziam atrasar a nossaprodução, e muitas-ou tras coisas qoe se passavamdentro e fora de Moçambique Estou-me a lembrar agora que quando o nosso paiscortou as fronteiras com a Rodésia do Smith, os Jornais do Povo falavam muitosobre isso. E tanto que posso dizer que esses jornais mobilizaram mtfitas pessoaspara apoiar a decisão tomada pelo nosso Governo».O DESAPARECIMENTO

Page 35: 01% A 1NU A

Já vimos como nasceram os Jornais do Povo, quem os fazia e como eram feitos, eaquilo que nos mostravam eo seu papel mobilizador. Infelizmente, como se está a verificar, aqueles jornaisdeixaramde funcionar, na sua maio ria, com a excepção de alguns que sempre semantiveram operacionais.Esta situação surge quando se começa a verificar a escassez de papel e canetas defeltro com que vinham a ser feitos. Por outro lado notou-se desmobilização porparte daqueles que os elaboravam, nem todos, porque por exemplo tivemos aoportunidade de verificar numa zona de Inhambane, precisamente em Vilanculos,o n d e estava exposto um Jornal do Povo feito com papel utilizado, isto é, papeljá escrito, aproveitando a parte de trás ainda em branco. E como não havia canetasutilizaram carvão para escrever em letras grossas sobre o papel. Aquele jornal nãoestavaassim tão perfeito mas ali con tou-se com as próprias torças.Portanto, por um lado foi a falta de material de trabalho, e por outro a falta deiniciativa para procurar um outro material que substituísse aque le que estavasendo utilizado no princípio. Salienta-se no entanto que a falta de orientaçõestambém teve influência para o desaparecimento daqueles jornais. Aliás comoafirmou José Simango, responsável do sector de agitação dos Jornais do Povo,junto ao Departamento do Trabalho Ideológico do Partido,» a paralisação quasetotal dos Jornais do Povo, deve-se também ao facto de não ter estado a serobedecida quase nenhuma orientação. É importante realçar o facto de que antes dacriação do Partido, e como t--)/, este trabalho não encontrava eco. Pensamos queagora com a estruturação do Partido haverá condições para que as orientaçõescheguem a todos os níveis».

Alguns trabalhadores da «Maquomg» quando nos contavam a sua experiênciasobre os Jornais do Povo.O RENASCIMENTO DOS JORNAIS DO POVOque o programa será estendido a nível de todo o país.De adiantar aue já existeme voltar sas. MaCom o objectivo de fazer alguns desses feitos em con- que dev renascer osJornais do Povo, formidade com o referido pia- colocar decorrem na cidade deMapu- no. E atendendo às dificulda- de as c to e arredores trabalhos para des quese verificaram em re com ta< a feitura-dos mesmos em cer- lação à escassez depapel e um hom tas zonas onde se concentra canetas de feltro, os novos maiornúmero de pessoas, si- Jornais do Povo estão sendo ler um tuadas nomeadamentena ave- feitos em duas formas: uns em Na av nida de Moçambique, av. daNamRacha, av. da OUA av. de quadros verdes ou pretos, e junto á Angola av. 25de Setembro, outros sobre paredes também mos um av. Eduardo Mondíane naMa- pintadas nas mesmas cores. feito. Fo chave e na Matola, que cobri- E asletras estão sendo de- dro de rão as unidades industriais exis senhadas com gizbranco e a to sobre tentes nessas m esm as zonas. , davrs asEste trabalho obedece a um no cores. diversas

Page 36: 01% A 1NU A

vo planá para a feitura daque- Nota-se que voltou a haver giz bram les jornais,que está sendo ori- participação por parte dos tra tá coloc entado pela secção dosJor- balhadores no acompanhamen abrigo lo nais do Povo do Departamento doTrb e to e rea liaçãaoda part ors iSegudo1 ó&m + esQo s lhi- sl 4qul e? ;,.ê "âti das junto àquela estrutura, es-esá sendo utllAta W te trabalho está decorrendo alã lk< tobtidos ao longo do mesmo dar as notícias, é só apagar qr pdla escrever outras cols aqui penso também e haver o cuidado de o jornal num lugaronoisas não se apaguem cilidade» - disse-nos em que encontrámos a desses novosjornais. enida de Moçambique., «PROTAL», encontráJornal do Povo peri feitocom um quanadeira pintada a preo qual sobressaem .notícias escritas com co.Aquele jornal escado dentro de um1ei0 4ó mas fo-cadeira ou por má intenção deturpe as notícias contidas naquele jornal. Maisainda, pode ser lido mesmo de noite, pois foram ali colocadas lâm. padas parailuminação.Também na av. de Angola, perto do cinema «Império», há um outro jornal quaseidêntico àquele que acabamos de descrever, contendo para além de várias notíciasnacionais e estrangeiras, outros acontecimentos que se verificaram em certasempresas existentes na quela zona. «Assim ficamos a saber aquilo que se passanas nossas empresas aqui vizinhas e quando isto for alargado pas cohhecer asnossasei ad>s» - ouvimos dizerýWèrt,ýrio que conversavam Outro mesmo em frepe orngle

TEMPO N.* 399- ~

LU LUýEMPO N.. pãg. 33

O céu de Iaranjai mudou para um cinzento luminoso e uma linho de nuvens roloupor ci e ýý crista das montanhas A nossa tarefa precisa t6o grandiosa como serr osubida Iã o cima.A estrada asfaltada que sai de Nampula termina a alguns 300 metros da cidade. Amedida que o nosso «land-rover» avançava no terreno, deixávamos para trás osproblemas de preparar a nossa expedição de fim-de-semana: encontrar as pilhaspara o gravador, os filmes apropriados para as nos., sas máquinas fotográficas, osaces.. sórios que servissem para o «land-rover». Sentimo-nos como se a revoluçãotivesse alcançado uma pequena vitória: as faltas não iriam prejudicar estainiciativa. Apenas o condutor estava ainda preocupado e verificava a fuga de óleono pedal do travão que escorria para o chão da cabina.«Sempre o problema dos transportes» - resmungou.

Page 37: 01% A 1NU A

Nós outros pensávamos na nossa missão. Éramos duas brigadas provinciais dedança e partíamos para investigar as danças tradicionais em duas regiões daprovíncia de Nampula, Ribauè e Malema. Cada brigada deveria incluir umentrevistador, um técnico de gravação e um fotógrafo, mas eu tinha sidoconvidado para participar na brigada de Ribáuè como «técnico de gravação,, e«fotógrafo» devido à escassez de pessoal. O entrevistador era Rafael, um jovemprofessor de História. Apesar da nossa falta de experiência, estávamos excitadospela oportunidade de ajudarmos a integrar as bases da tradição oral na cultura doNovo Moçambique. A nossa informação devia no regresso ser enviada ao Museude Nampula, que coordenava uma campanha cultural no norte do país. Ainvest¤gação destinava-se a apoiar o Festival Nacional da Dança Popular que estáa desenrolar-se em cada distrito e província como celebração da unidade nacional.Em vez de as danças serem exibidas como simples espectáculos, cada uma delasdeveria ser explicada ,e integrada num contexto, através TEMPO N. 399 - pág. 34de perguntas como, quando e porqcé eram dançadas. Por quem? Que parte cabia acada tambor na música? O que signifLcavam as palavras que acompanhavamcada dança? As respostas seriam divulgadas pela Rádio Moçambique. Tinha sidotomada a importante decisão de que elas não seriam deixadas nas prateleiras dosmuseus, ou para mais tarde, e-entualmente, encontrarem o seu caminho para asteses de antropólogos visitantes.A estrada curvava-se entre «serras», umas vezes montanhas elevadas, outrasapenas excrescências rochosas. Passamos quase por baixo de uma rocha enorme,erguida em desequilíbrio apesar de dever ter centenas de metros de altura. A suaface batida pelo tempo manifestava o hábito de desafiar a gravidade. A paisagemnão podia ter mudado muito em milhares de anos, mas a conversa no land--roverera sobre aldeias comunais, que hoje começam a fervilhar de actividade nestecampo. Os seus habitantes dispersos estão a juntar-se para transformarem as suasvidas de luta pela subsistência em luta pelo desenvolvimento socialista.Passávamos frequentemente por pessoas que andavam ao longo da estrada umamãe e os seus filhos; várias mulheres ou um grupo de homens. A maioriatransportava fardos à cabeça. Pelo menos uma pessoa em cada grupo saudava o,land-rover» com um punho erguido, emprestando ao gesto a dignidade lenta doscamponeses em todo o mundo.Em Ribáuè, o «land-rover» deixou-nos na cantina, a Rafael e a mim, e seguiu paraMalema. Entrámos em contacto com o responsável local da cultura, e sentámo-nos à espera do grupo de habitantes que devia .vir falar connosco. Depois daindependência o tióm ta ¿;'nt i;a tinha sido muda-do para «Centro Josina Machel», porém ela ostentava ainda os vestígios das suascaracterísticas passadas, como uma velha mesa de bilhar na varanda. Uma placade latão fixada na parte lateral da mesa dizia «Fabricado em Lisboa» numa escritarebuscada. Mas os jogadores já não eram colonos portugueses. Vários jovensmoçambicanos passavam a tarde de sábado, jogando alternadamente com o únicotaco. Por vezes, um deles parava a meio de uma jogada para dançar um pouco, aosom da música do rádio transistor.Nós bebíamos «Seven-ups» e admirámos a paisagem. Depois do Ribáuè, para oslados de Malema, existiam mais montanhas. Uma longa crista saía delas e

Page 38: 01% A 1NU A

terminava numa rocha alta que se erguia da crista como uma torre ao can-. to damuralha de um castelo. Em frente, uma planície estendia-se até às serras querodeiam Nampula. As casas de Ribáuè eram, na sua maior parte, «bungalows»limpos e espaçosos. As maiores construções eram a cantina, os escritórios daAdministração do Distrito e a residência do Administrador, outra relíquiacolonial.Para lá das casas de cimento estava um bairro comunal novo com habitações domesmo estilo mas feitas de materiais tradicionais. Era ali que viviam os nossoscontactos. Uma brisa soprava desde a planície até Nampula, e refrescava-nosdepois da jornada.PRIMEIRAS PALAVRASOs nossos contactos chegaram já o dia crepusculava. Encontrámo-los sentadosnum muro perto da cantina, olhando com incerteza para as cagas de ciffiê#0Ç1,~M explicou que, no petído bol0ihiãl, a maioria dos moçambicanos nãogostava de ir às cantinas devidotas ,.'i.ga,. nratz homens,

1SNNpl(3rlr) d~ Ns (lhiTEMPO N. 399 - pág. 35

oito de meia idade e dois mais velhos. Apenas dois usavam sapatos - sapatilhas - esó um tinha calças compridas. Os restantes vestiam calções e camisas desbotados.Lembrei-me do hábito colonial de chamar a todos os africanos «rapazes», e doengajamento da FRELIMO em ultrapassar o problema do vestuário. Os. doishomens mais velhos traziam bordados, recordando a influência árabe na AfricaOriental, mesmo tão ao sul e tão para o interior. Ninguém falou enquanto Rafael eeu pegávamos em cadeiras da cantina, para nos sentarmos onde todos nospudessem ver: Começámos por perguntar se alguém falava português. O homemdas calças compridas respondeu-nos que sabia um pouco e que faria o seu melhorpara traduzir. Os outros nem sequer, olharam para nós, enqualito ele traduzia asnossas primeiras perguntas para macua.«Quais são os nomes das danças de Ribáuè?».O céu passou de laranja para um einzentp luminoso, e uma liTEMPO N.' 399 -pág. 36nha de nuvens rolou por cima de crista de montanhas. A nossa tarefa parecia tãofavorável como seria a subida lá acima. As folhas do questionário de Rafaelestalaram no silêncio. Sentímo-nos como inquiridores. Quando Rafael repetiu apergunta, o próprio intérprete nomeou três danças bem conhecidas em toda aprovíncia. Vários pares de olhos observaram-nos desinteressadamente, enquantoanotávamos a resposta. Para eles, todos analfabetos, a es~ crita significava apenasuma forma de controlo usada por funcionários.«Pode dizer-nos se há algumas danças que só sejam dançadas na região de Ribáuèe em nenhuma outra parte da província?»

Page 39: 01% A 1NU A

Mais uma vez só o intérprete respondeu. Mas os restantes olha~ ram para ele comuma centelha de curiosidade quando mencionou uma das suas danças, oMussitoro. Encorajados, insistimos com as nossas perguntas. Estávamosdecididos a demonstrar, pelos nossos gestos e expressões,que )uvíamos atentamente o intorpr te. Um a um, os outros hoinen de meia idadecomeçaram a contI ibuir. Ao princípio dirigiam-se apenas ao intérprete, sem olharem lara nós. Depois começaram iia! olhar-nos nos olhos, embora soub ssem quenão compreendiamosP macua. A nuvem tinha conseguido ultrapassar a crista e aýýsUa ixtremidade começava a asYsentar pacatamente na encosta, lrecoirtando-semuito branca coný,tra a montanha escura de cujos detalhes já não nosconseguíamos I'aperqeber. Estava já a ficar mais escu o do que claro. A nossaconversaý, também, ultrapassava um ponto de viragem. Apenas os homens, maisvelhos não tinham ainl:d' falado. O cozinheiro da canti.na s iu para acender ofogo, faizendd as nossas faces tremular com ntimidade.W iQu ndo estava completamente eýcuio, e o vento tinha parado, o :rçsp nsávelveio e convidou-nos a lentFarmos na cantina para fugirInms aos mosquitos.Levou-nos Ptra ma sala pequena, mobilada

com um sófá é três caceiras de braços. Na parede, uma fotografia do PresídeÍiteSamorý. Os homens seguiran-nos, novamente incertos, e settaram-se pouco àvontade. Aqueles que sei instalaram nas cadeiras sem braços, trazidas de fora peloresponsável, pareciam mais confortáveis iue os que se s4ntaram nas que láestavam na sála. Quatro ocuparam o sofá, senta6do-se muito direitos e com um ãrpouco nat4ral. Mas a conversa aqueceu quando pedimos que nos, descrevessemos passos do Mus itoro. O in érprete consultou os seus amigos e respondeu que!não podia descrever a dança, apýnas demonstrá-la.«Está bem», dissemos.ý,Mas não há espaço suficiente e é difícil dânçar quando estamos «frios».«Tente por favor, camarada».Afastámos as cadeiras 0ele iniciou vários, p ssos, bateýdo palmas eaconpahhando-se om um canto agudo. Vários do$ outros respondiam, em coro,çom um longo «Iééééé». A demonstraçãodurou apenas alguns segundos, mas depois entrevistadores e entrevistadosinclinaram-se entusiasticamente para a frente. Nós lutávamos para pôr perguntasclaras, e anotar correctamente as respostas; eles esforçaram-se para responder,talvez pela primeira vez, a per"guntas «científicas». Provavelmente, nuncaninguém lhes tinha pedido para explicarem uma dança. Toda a gente se esqueceudo aperto de tantos corpos numa sala pequena numa noite quente.Quando chegámos ao tratamento que era dado às danças pelas autoridadesportuguesas, um dos velhos quebrou finalmente o seu silêncio. Dobroudeliberadamente o seu fez e pô-lo ao colo, para poder enumerar os pontos pelosseus dedos esguios e longos: os portugueses não aprovavam a dança; se alguémfosse apanhado a dançar, tinha que fugir a correr para a mata; as pessoas eramobrigadas a abandonar os tambores, e a polícia destruía-os; se apanhavam aspessoas que fugi=m

Page 40: 01% A 1NU A

para a mata, mandavam-nas para os trabalhos forçados; sim, as mulheres tambémeram mandadas, tal e qual como os homens; não, era difícil dançar em segredoporque os tambores tocavam muito alto. Quando acabou, o velho desdobrou o fezda mes'ma forma deliberada a voltou a colocá-lo na cabeça, para mostrar quetinha dito o que tinha a dizer. O intérprete acrescentou que a repressão dosportugueses se'tinha tornado tão violenta que hoje quase ninguém se lembrava decomo se dança o Mussitoro. Ele apenas conhecia alguns passos, de ver os maisvelhos. Mas se quiséssemos ir ao bairro no dia seguinte ele traria alguns dos maisvelhos que nos "poderiam dizer mais alguma coisa.NUM ESPAÇO ABERTO RECONSTRUINDO UMA DANÇA ANTIGANa manhã seguinte encontrámo-nos outra vez fora da cantina. Veio o grupooriginal, acompaTEMPO N. 399 - pág. 37AI10, ýo

nhado de dois homens que pareciam ainda mais velhos que os que usavam fez.Vestiam negros túnicas rasgadas e um deles trazia uma vara comprida. Ointérprete levou-nos das casas de cimento, na direcção da crista de montanhas.Marchávamos à maneira africana tradicional, numa só fila. Frnquanto andávamosos homens conversavam com os vizinhos, falando num tom de voz normal atravésde distâncias que levariam um europeu a levantar a voz ou aproximar-se. Mesmoeste estilo de conversa casual reflecte as dimensões de Africa e a dispersão da suapopulação. Passámos através do bairro, com as suas galinhas e cabritos, as suascasas maticadas e latrinas recém-escavadas. Parámos num espaço aberto,dominado pela extremidade da crista de montanhas. De um dos lados encontrava-se uma palhota aberta, destinada às reuniões públicas. Do outro, dois bocados demetal estavam pendurados em paus, para chamar as pessoas. Enquantocolocávamos mesas e ca-' deiras sob a cobertura da palhota, os habitantescomeçaram a juntar-se em torno de nós. Alguns do grupo original trouxeramparentes e amigos mais velhos; chegaram com as suas filhas crescidas; quatrooutros homens mantinham-se em pé ao lado, num círculo autocontido; e as crianças do bairro olhavam-nosda beira do espaço aberto. Duas arriscaram-se a rolar aros até perto de nós, paradepois correrem para longe atrás deles. A maioria das pessoas trazia bancos decasa. Os outros sentavam-se no chão. Uma mãe alimentava uma criança que entrecada sorvo de leite olhava indefinidamente para nós.O intérprete começou o encontro resumindo o que tinha sido dito no dia anterior.O grupo original respondeu com acenos e murmúrios de concordância. Depoiscomeçámos com as nossas perguntas. Quais eram os movimentos da dança? Aspalavras da canção? Os detalhes dos tambores? Duas mulheres iam falar-nos dospassos da dança e da canção. Uma era alta, e usava um vestido comprido dealgodão e um lenço na cabeça. A outra era mais baixa, com uma face e ombrosquase masculinos sobre a capulana. Estava de cabeça nua, e não usava quaisquerornamentos à excepTEMPO N.' 399 - pág. 38ção de uma argola prateada numa das narinas. Inicialmente, a mulher alta deurespostas bruscas, e a sua amiga manteve-se em silêncio. Elas não compreendiam

Page 41: 01% A 1NU A

que tipo de informações pretendíamos, e porquê. Um dos homens do grupooriginal explicou que estávamos a fazer perguntas sobre o Mussitoro porque opovo já não precisava de esconder a sua cultura. Os visitantes tinham vindo paraajudar as «mamãs» a passarem o seu conhecimento para todo o povo deMoçambique, do Rovuma ao Maputo. Satisfeitas, mas ainda com um olhar incertopara o nosso gravador, elas responderam com frases precisas. Os velhos dastúnicas descreveram os tambores.Depois veio a que nós julgávamos ser uma pergunta crítica.«As «mamãs» e «papás» não nos querem mostrar como se dançava o Mussitoro?»O intérprete não teve que traduzir, porque os preparativos já estavam a ser feitos.«Sejam pacientes, camaradas. Eles foram buscar os tambores».Os quatro homens que estavam de pé ao lado tinham partido do local da reunião.Quando regressaram com os instrumentos, acendeu-se uma fogueira para aquecere esticar as peles dos tambores. Cada tamborista testou o seu instrumento,segurando-o sobre as chqmas ou esfregando um molho de paus em brasa na pele.Havia um Tchu-Tchu, um tambor pequeno em forma de taça, que se toca compaus; um Petheni, de dimensões médias; e um M'lapa, um tambor de baixo que setoca com o fundo colocado no gargalo de um pote oco.A vista dos tambores as crianças, que até então não se tinham interessado pelaconversa, juntaram-se ao grupo. Os tamboristas conferenciaram com os velhossobre o ritmo do Mussitoro, e começaram a ensaiar. Um dos homens mais velhoscorrigiu o tocador de Tchu-Tchu, um jovem nos seus vinte anos. O velho pegounos paus para ilustrar o seu ponto, enquanto toda a gente se juntava numsemicírculo. O outro homem muito velho e a mulher alta convidaram váriosoutros para se juntarem à dança. A mulher explicou o canto, e mostrou os passos.O intérprete veio dizer-nos que um dos velhos lhe tinhapedido para sublinhar bem que o Mussitoro é uma dança feliz, iniciada pelosvelhos e dançada em ocasiões como uma boa colheita. Na sua juventude, aspessoas costumavam começar logo ao princípio da noite e dançar durante muitashoras, descansando apenas ocasionalmente para beber ou para deixar outrosdançarem.Antes de o intérprete ter acabado, a dança começou. Os tamboristas sentaram-seem linha ao lado dos dançarinos, o Tchu-Tchu e o Petheni ressoandoritmicamente e o M'lapa dando as indicações para cada movimento. Osdançarinos começaram suavemente, dançando apenas das ancas para baixo,transferindo o peso de um pé para o outro e marcando com leveza os compassosbatendo com os calcanhares no chão. A mulher alta dirigia o canto. A um sinal doM'lapa, começaram a oscilar para a frente e para trás, batendo palmas e rodandocomo o intérprete nos tinha mostrado. A audiência juntou-se aos «iééééés» docoro. Ocasionalmente, alguém elevava a voz para um tom agudo e elevado defalsete.Na primeira pausa pedimos-lhes que parassem enquanto preparávamos o nossogravador. Registámos a música metodicamente: primeiro tambor a tambor, depoissó o canto; e depois tudo junto. A dança continuava, embora a manhã estivessequase no máximo do calor. O suor escorria pelas faces dos tamboristas e brilhavaatravés dos buracos nas suas camisas. Tocavam com a intensidade de músicos de

Page 42: 01% A 1NU A

jazz, as cabeças atiradas para trás. Uma ou duas vezes, para afinar osinstrumentos. Os dançarinos mantinham o canto, esperando que o ritmocomeçasse novamente.Depois de cerca de meia hora, chamámos ao lado o intérprete e explicámos-lheque tínhamos de partir, porque o responsável nos tinha arranjado um encontrocom o grupo que iria representar oficialmente Ribáuè na competição provincial.Mas queríamos mostrar a nossa gravação, para que a pudessem verificar. Ointérprete interrompeu a dança e pediu a todos que voltassem a reunir-se napalhota. Depois de ouvida a fita e verificado que ela estava bem gravada, foi-nosoferecido um cacho de bananas, apanhadas

cuidadosamente para amadurecerem daí a um ou dois dias, quando estivéssemosde voltar à cidade. Rafael agradeceu e despediu-se com vivas:«VIVA A FRELIMO!»«VIVA!» Todos ergueram os punhos em resposta, incluindo uma criança quepousou o aro.«VIVA O FESTIVAL NACIONAL DE DANÇA POPULAR! «VIVA!»«VIVA A CULTURA AO SERVIÇO DAS MASSAS! »«VIVA!»«fVIVA A CULTURA - UMA ARMA NAS MÃOS DO POVO! »«.VIVA! »Enquanto pegávamos nos nossos livros de notas e equipamento, começaram ospreparativos para continuar a dança. O velho que tinha corrigido o tocador deTchu-Tchu falava à audiência Quando apertávamos a mão ao intérprete,perguntámos-lhe o que estava a ser dito. Respondeu-nos.«Ele está a dizer-lhes que o Mussitoro nasceu outra vez,.Richard GrêyTEMPO N.' 399 -pág. 39

1.o Festival Nacional de Dança PopularXINGOMANAOriginária da dança Massessa o Xingomana era tradicionalmente dançado pormulheres mas hoje também homens a dançam.O Xingomana é uma dança originária da província de Gaza. Segundo dadoscolhidos junto de alguns praticantes desta dança dizem que ela é odesenvolvimento da dança Massessa, também das regiões de Gaza. Xingomana éconhecida como a dança da juventude feminina, pois foi concebidotradicionalmente. Ela é o divertimento das raparigas.Ao contrário de algumas das nossas danças, o Xingomana era exibido no Inverno,altura fresca e de grande abundancia alimentar. Não era integrada em nenhumacerimónia e as regulares exibições que se faziam tinham como finalidades aalegria das jovens que nas suas canções falavam da vida dos jovens, criticandocertos erros por estes cometidos.Ao gosto dos chefes ou dos Régulos da zona, ýs grupos de Xingomana eramconvidados a actuar em recintos preparados e onde o régulo ou chefe se pudesse

Page 43: 01% A 1NU A

divertir., Esta constit Ia a gra de competição da ona!,porque da g*uTMPO N.o399 - pãg. 40po pretendia sobressair. Cada dançarino preocupava-se em fazer o melhor para oseu grupo triunfar. Nota-se na dança Xingomana fhão um número limitado dedançarinos mas quem ensaiava era a quem se dava a possibilidade de participarnas competi,,ões.Cada grupo de Xingomana tem uma chefe, a chamada CHAIMEN, que é aprimeira a entoar as canções sendo seguida pelas dançarinas e pelo coro queconstitui o grupo.Nesta dança a indumentária é geralmente constituída por um: «CHIQUITAU»,blusa com uma cor adoptada pelo grupo, e o «sundo», espécie de uma saia feltapor minalas.O nome Xingomana foi dado a esta dança após a introdução de um instrumento depercussão chama lo «ngoma», muitõ pequeno. !Massessa, é dança mãe do Xingomara. A mesma movimentação, daã ça .1s ,¿s 4uusam neste são as mesmas que se usam em MASSESSA. A principal diferençaque aqui há é que a MASSESSA é acompanhada apenas por palavras enquantoque o Xingomana já tem um instrumento de percussão. Actualmente p a r e c einvulgar quando até vemos homens e mulheres idosas a executar perfeitamente adança XINGOMANA. É por vezes impressionante quando vemos crianças adançarem sozinhas em plena rua. Pois isto é devido a um facto muito concreto.Enquanto que naquela altura, só podiam alinhar nesta dança jovens a partir dosdoze anos hoje há uma grande preocupação em inculcar nas nossas crianças anova cultura popular. Gaza e Maputo, são os principais centros onde esta dança émais executada. Há também na província de Inhambane mas este é um poucodiferente do de Gaza embora se utilizem os mesmos instrumentos.EÉzeqtIýI Matoýa

"4,TEMPO N.* 39 pig. 1

To~~; rc/7 41~o7r. 4~'~/#r44v7~? e ~~~4P~PR~5I DENPortugal:o regressoO Presidente da República Portuguesa decidiu permitir, por razões humanitárias,o regresso em liberdade a Portugal do Almirante Américo Tomás, o Presidentedos últimos anos de Salazar e de todo o período de Caetano.Vejamos como é que um jornal reaccionário português faria a reportagem dachegada do Almirante.«O regresso a Portugal do Almirante Américo Tomás foi uma festa.No Terreiro do Paço aguardavam o ilustre homem de Estado, que regressava deuni prolongado exilio, milhares e milhares de homens, mulheres e crianças,

Page 44: 01% A 1NU A

envergando orgulhosamente as fardas verdes da Legião Portuguesa e da MocidadePortuguesa.Quando atracou ao cais das colunas a lancha do contratorpedeiro em que o senhorAlmirante viajou desde o Rio de Janeiro, aque las milhares de pessoas entoaram amelhor das boas vindas e aquelas pedras antigas mais uma vez ouviram os alegresacordos do aLá vamos, cantando e rindo .... » enquanto os braços se estendiam nasaudação que julgávamos não voltar a ver.Recordamos que o vaso de guer ra foi enviado ao Brasil para transportar oAlmirante Tomás, pelo actual Presidente Português que invocou razõeshumanitárias. Espalhadas ao longo da praça podemos ver várias delegaçõespartidárias e de associações cívicas e económicas. Recorda-nos ter visto adelegação do MIRN encabeçada pelo general Kaúlza de Arriaga, tendo junto desi, misturando-se praticamente, a enorme delegação do CDS.Mais adiante um grupo de retornados, uma delegação da FNLA, uma delegaçãoda UNITA (Chefiada por Daniel Chipenda que se encontra em Portugal acontratar antigos militares) e alguns elementos das embaixadas dos EstadosUnidos e do Zairecantam, em coro notavelmente afinado, o «Angola é nossa». Vemos também umagrande delegação de ex-elementos da Pide/ /DGS, ao qual se juntou, segundofomos informados, a delegação da Comissão de Extinção da PIDE/DGS formandouma delegação unitária.Desde o Cais das Colunas 'até ao palanque, montado junto à estátua, foramformadas elas de manifestantes que seguram nas mãos centenas de fitasmulticoloridas. É um espectáculo deslumbrante este de centenas, talvez milhares,de fitas que se atravessam no caminho do Almirante Américo Tomás.Uma gentil menina aproximou-se então do ilustre estadista e entregou-lhe umatesoura em ou-TEMPO W0 399~ --,ý ý2

ro, fruto de uma subscrição feita entre as irmãs do convento de MariaAnunciadora. Com esta tesoura, e numa atitude resoluta como tantas vezes ovimos tomar no passado, o Almirante Tomás foi cortando fita após fita,aproximando-se assim do palanque.Chegava entretanto ao Terreiro do Paço a delegação do Partido Social Democrataque se atrasou devido a não haver a certeza se já seria ou não dirigida por SáCarneiro.O Partido Socialista não enviou delegação, mas a nossa reportagem pôde ver napraça a maioria dos seus dirigentes, sem dúvida de passagem para os seusministérios.Nos últimos metros antes do palanque, as alas eram formadas pela totalidade dosmembros do PCP (m-l) que entre si seguravam fitas de cor vermelho-amarelado.As avultadas despesas feitas com esta recepção, que englobaram a esmeradadecoração da praça, o aluguer de camionetas para trazer elementos do interior e asrefeições e gratificação destes elementos, foram pagas em cinquenta por centopela Confederação das Indústrias Portuguesas. Os outros cinquenta por centoforam cobertos por um empréstimo especial do Fundo Monetário Internacional.

Page 45: 01% A 1NU A

Sobre o palanque aguardam o Almirante Américo Tomás uma delegação doconselho episcopal, dirigida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa e alguns elementosda Comissão para e Recolocação da Cabeça na Estátua de Salazar que vêmentregar ao Almirante a cabeça do antigo dirigente. Segundo soubemos, após adestruição à bomba da estátua, esta comissão pensa alterar a sua designação paraComissão para a Colocação de uma Estátua na Cabeça de Salazar.Ao lado do Cardeal Patriarca está Lúcia, a última sobrevivente dos pastorinhos deFátima, que, segundo consta, informou que a terceira profecia de Nossa Senhoraaté hoje mantida em segredo, revelava a notícia alegre do regresso do antigopresidente.No momento em que o Almirante Tomás chegou ao cimo doAmérico Tomás foi autorizado a voltar a Portugal. Agora só falta Caetano.palanque ouviu-se uma salva de tiros dada por um grupo de Chaimites doRegimento de Comandos da Amadora, dirigido pelo Coronel Jaime Neves, queassim se associou aos festejos.E subitamente fez-se o silêncio total na enorme praça. Aproximando-se domicrofone, o senhor Almirante Américo Tomás tossiu comovido, antes de iniciaro seu breve mas importante improviso, que passamos a transcrever:«Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa.Senhores representantes d o MIRN, CDS, PSD, PCP (ml) e MDLP.Senhores dirigentes das Associações Económicas Minhas senhoras e meussenhoresEsta é a décima-quinta vez que eu regresso a Portugal após uma ausência destaterra.Mas, como curiosidade, posso dizer que esta foi a minha ausência maisprolongada, isto é, a que mais durou.Estou muito contente por voltar a Portugal. Embora o senhor Presidente daRepública do Brasil tenha feito o possível para eu considerar o Brasil como aminha Pátria, eu sempre lhe disse que entre as várias Pátrias que são a nossaPátria, a nossa Pátria é sempre mais Pátria!(Vozes: muito bem, bravo bis) Recordo que há alguns anos eu parti desta mesmapraça em direcção ao Brasil, para levar ao povo brasileiro as ossadas daquele quefoi o primeiro imperador do Brasil.Fiz agora a viagem em sentido inverso, para trazer a Portugal as ossadas do quefoi o último Presidente do Estado Novo, embrulhadas na sua velha pele.Trago comigo uma mensagem do doutor Marcelo Caetano. É ele o único que faltanesta nossa festa.(toda a praça grita: Só .... só ... só .... mais um!)Já fui abraçado por velhos amigos, como Franco Nogueira, Adriano Moreira, RuiPatrício e outros muitos. Recebi até um telegrama de boas vindas do senhorgeneral Spínola, que não tinha sido alheio à minha partida. Mas falta nesta praça oprofessor Marcelo Caetano».Neste momento a nossa reportagem viu sair de debaixo do palanque três operáriosque desde há momentos pareciam consertar qualquer coisa junto a um dos pés doestrado.

Page 46: 01% A 1NU A

E foi quando estes três operários passavam em frente do local onde nosencontrávamos que pudemos ver as braçadeiras que traziam e onde se podia ler:ARA, LUAR e BR.Ainda mal refeitos da surpresa ouvimos i ý ý grande estoiro e vimos o palanquesubir cerca de dez metros para se vir esmagar no solo no meio de ferros retorcidose panos a arder.Dos elementos que se encontravam sobre o estrado apenas um não caiu. Trata-sede Lúcia, a vidente, que abrindo uma asas brancas subiu graciosamente ao céuonde a Senhora de Fátima a esperava.MACHADO DA GRAÇA

DEAMAIO MAIOMaio, 1968 - Estudantes franceses ocupam a Universidade de Sorbonne, em Paris.A acção não foi isolada.O movimento de contestação alarga-se entretanto a outros sectores - não é apenaso sistema educacional que é questionada, é todo o «modus vivendi», o modelo desociedade, a «civilizaçác ocidental europeia» que é posta em causa.Estudantes e operários descem às ruas de Paris e desafiam o po: der de Estado.Durante 45 dias o aparato gaullista é abalado - con tingentes policiais, granadaslacrimogéneas, balas de borracha e não só, são utilizadas violentamente contra osmanifestantes que, nas barricadas, nas escolas e nas fábricas desafiam a ordem e alei institucionalizadas, e na prática criativa quotidiana levaram em frente a palavrade ordem «Mudar tudo».Era o modelo de sociedade, as suas instituições, a família, que eram postas emcausa - eram as entranhas do sistema que eram revolvidas.A burguesia europeia tremeu, o-novimento de contestação foi esmwado, mas o espírito do Maio*ý; 8, como ficou conhecido o-iflento, permaneceu e ultrau fronteiras.plano político Maio de 68 arca a consumação da ruptura entre a esquerdatradicional, pre~vIa com o jogo eleitoral e as--tratégicas à vizinhan' , as suas dissidênýÃtancN o i.,;pg t4rnativas*mais radvý,'r) N., 3Q<' - pág. 44DEZ ANOS DEPOISHoje dez anos passaram sobre os históricos acontecimentos, que impregnaramprincipalmente, as camadas mais jovens de um forte sentimento de necessáriamudança. Dez anos depois o poder na Europa tem a marca liberal, social-democrata, centro-direita, cen tro-esquerda ou outros rótulos que identificam aburguesia no poder. A esquerda tradicional continua à margem ou nas franjas dopoder.Paralelamente, em dez anos, o espectro da crise do sistema também se agigantou.As melhorias verificadas na condição social do operariado europeu como osistema de reformas; indemnizações, prémios, salários, assistência etc, não

Page 47: 01% A 1NU A

acompanham de modo algum a alta do custo de vida, a inflação e outras situaçõesque e a desintegração económica origina.O espectro do desemprego não paira só sobre o sector operário. Os licenciadosuniversitários são hoje colocados no mercado do tra balho em identidade decircunstâncias com outros sectores constituintes da força de trabalho, à disposiçãodas empresas privadas e do estado.A agudização da crise não tem correspondido os partidos da esquerda tradicionalcom alternativas programáticas e práticas que avancem para uma situação deruptura com o sistema. Assim, hoje, uma parte do sector operário, do sectorestudantil e fracções da pequena burguesia urbana consti+lxpm as fileiras dadenominadaEm Maio de 68 o poger gaullista tremeu.

(pela comunicação social, bu guesa) «extrema esquerda» que 4onta para modelosde luta «ter eirb mundistas», embora olhando gs para 1971 do que para 1978. Sreetivermos como termómetro, emb0 ra discutível, as eleições que se têmdesenrolado em vários países europeus, as aderências à der ominada «extremaesquerda», nã têm cessado de aumentar. En� It4lia e França mais de 1 milhão deeleitores, para não falar da 4xpcriência portuguesa, das luta pópulares no períodoanterior :o 25 de Novembro ou mesmo o prbjecto Otelo Saraiva de Carvalho Nãose trata aqui de fazer a apo ogiÚ da denominada «extrema-es ue]da» ou «esquerdarevoluion ra:, muitas vezes pecando por i rros de populismo, espontaneis o eesquerdismo, mas sim apont r aiguns elementos que levem à onpreensão destefenómeno re 1.Numa perspectiva revolue onária, a ostentação de um det rminado nome nãosignifica um aactuação prática definida historicamente.A prática contextuada no real de cada situação, deve ser o pampo de actuação dasforças eesquerda, independentemente dos rótulos que tenham esta ou aduelaformação política.A desagregação do modelo de «civilização ocidental europei4» desmistificadoenquanto mýde]o ideal, o reformismo que carcteriza muitas das formações daesquerda tradicional (ou hist rica) e as experiências revolucionárias posteriores àrevolução bolcevique de 1971, como a revoluçáochinesa, as lutas populares na América Latina e o Movimento de Libertação emÁfrica e na Ásia, poderão ser algumas das bases para o fenómeno de crescimentoda «esquerda revolucionária europeia». Apontemos o caso das «brigadasvermelhas».AS BRIGADAS VERMELHASEste grupo marginal à própria «extrema esquerda» devido à sua estratégia de luta,(guerrilha urbana, raptos, atentados contra figuras políticas de direita erepresentantes do capital), vai buscar à filosofia dos movimentos de libertação,muito da sua argumentação programática.As «br» proclamam o proletariado como a única classe iminentementerevolucionária, sendo o sector estudantil, desempregados e outras camadas dapequena burguesia aliados secundários, opon1do a clandestinidade a luta legalque consideram «suicídio politico».

Page 48: 01% A 1NU A

Face ao terrorismo institucionalizado pelo estado burguês as «br» proclamam «aguerra civil popular de longa duração», capaz de estender a guerrilha a todo ocontinente europeu, sob a direcção daquilo a que chamam «Partido ComunistaCombatente». Parafraseando a orientação ào guerrilheiro deve ser como peixe naágua», os «brigadistas» são instruídos no sentido de se comportarem de acordocom a posição que ocupam num determinado meio, não entrando emcontradiçoes desnecessárias que ponham~ga~Poster de Maio de 68: eu participo, tu participas, ele participa, nós participamos,vós participais eles lucram.em causa as tarefas e ã actuação do grupo. (Só o alto grau de disciplina podejustificar a perfeição com que este grupo executa as suas acçoes).Renato Curcio, líder das «br» encarcerado em Turim e formado em Sociologia, éconhecido como um estudioso profundo das lutas de libertação no TerceiroMundo. Contudo a estratégia das «br» não deixa de suscitar a reprovação devastos sectores operários - durante o casý Moro milhares de operáriosmobilizados pelos partidos políticos italianos manifestaram-se objectivamentecontra a actuação das «brigadas vermelhas».Grupos políticos italianos da «esquerda revolucionária» demarcaram-se tambémem relação às «br»: «Nem com o Estado nem com as «br» - afirmaram. Porquê oEstado?ESTADO E PODER DE ESTADOAtacando o Estado ataca-se o órgão pela qual a burguýesia exerce o seu poder,minam-se as instituições burguesas.Quando a esquerda tradicional aceita participar na gestão do estado burguês aceitamevitavelTEMPO N.- 399 - pág. 45

~LL~i .~ JI.~. ~iO 1mente o reformismo, o papel de atrelado das instituições do poder de classe daburguesia, muito embora o projecto revolucionário da «sociedade sem classes» demodo algum seja posto em causa (enquanto linha programática). E na Europa, atéa social-democracia de Willy Brandt a Soares, fala na «sociedade sem classes».É o Estado com um rótulo democrático que por exemplo na Itália institucionalizaa violação de correspondência, a escuta de chamadas telefónicas que podemconstituir incriminação nos tribunais, buscas ao domicílio, detenção sem culpaformada, interrogatórios sem a presença de advogado ou juiz, para além dosmúltiplos gabinetes de segurança que controlam quotidianamente a actividadeprivada de milhares de cidadãos.1 o Estado com o mesmo sinal que «suicida» na prisão a 9 de Maio de 1976 (AldoMoro foi morto igualmente a 9 de Maio), nas prisões da cidade alemã de Stuttgart,Ulrique Meinhof e um ano mais tarde Andreas Baader Gudrun Ensselin e Jan KarlRaspe(1).Estas algumas das circunstâncias que levam a «extrema esquerTEMPO N.* 399 -oé,. 46da» a apontar o 1 como alvo a abate.

Page 49: 01% A 1NU A

Em Setembro d. 1'.» lonha (Itália) 50 000 ... «extrema esquerda dis ternativas,afirmara.. destruir o Estado». As «b-;g .oas LlíIíuO .. £ap taren Moto n dia 1;íoJ.£aliza ção de um au g i [ lí .ntre as forças xli, ,Atares de esqued - . £ ±c. p clanam:Ad of * o ui , . 1Estado».QUE ANALISE POSSÍVEILA distãncia, porque num contexto de luta com conotações específicas deve serpossível perspectivar o tipo de situações que se apresentam às classestrabalhadoras europeias e a estratégia dos seus movimentos populares-- compreender criticamente a guerrilha urbana implica compreender também o«erro comunismo», ou seja, o abandono do leninismo e da ditadura doproletariado, analisar o esquerdismo e o espontaneísmo implica uma análisesimultânea do reformismo e as vias de cedência à democracia burguesa?or4ue todos estes feriõinenos ,o círcunstanciados a um conti.� ea~. Urx- 11 .jVilzao e a um .e de desonvolvih.ento cha4ilo, 10 anos depois.Discutlr a lua de classes no-,velho continene implica pensar -- «. Euro e lá», implica corproender a recusade análises Iec anistas, dogmatismos e defin ções abstractas que limitam o espaçodo conhecimlento de <o que é a esquerda». Ser de esquerda não compreendeapenas um passado de luta, uma tradição de combate, porque os tempos ...também vão mudando.FERNANDO LIMA1 - Elementos do. grupo alemão «Fracção do Exército Vermelho,», maisconhecido como grupo «Baader - Meinhof» preconizando uma estratégia de luta,idêntica às «Brigadas vermelhas» italianas.Dingen L s : ý- >

Mundial de futebol na ArgentinaMONTONEROSADVERT'EMCom a aproximação do mundial de futebol, a realizar na Argentina, muitaespeculação tem sido feita sobre qual será a actuação dos montoneros, vanguardaarmada do povo argentino, durante o campeonato.Para desfazer equivocos, denunciar a atitude da Junta Militar fascista, e exporclaramente a análise do Movimento ao acontecimento, qual vai ser a sua acção, osMontoneros fizeram distribuir pe. la Informação uma comunicação. O seu textointegral é o que se segue.VIDELA AL iARELONSlogan dos Montoneros para o Mundial de futebol Argentina Campe'ã' Videla aoparedão!j - 1 7

No mundo inteiro se comentaque poucas vezes na história do desporto este esteve tão directamente ligado àpolítica. De facto é um sintoma que os comentaristas políticos de todas astendências, tanto dentro como fora da Argentina, ao falarem da situação no país

Page 50: 01% A 1NU A

falem já dois períodos: antes e depois do Mundial, dando a entender claramenteque os resultados do acontecimento (e não propriamente os resultadosdesportivos) tenham considerável influência no futuro imediato do país.PLANOS DA JUNTA MILITARUma vez chegados ao poder em Março de 1976, os Comandantes em Chefe dastrês Armas concluiram que a organização da Copa que a FIFA (FederaçãoInternacional de Futebol Associado) havia confiado à Argentina já em 1970 seriaa sua «oportunidade de ouro» para convencer o mundo acerca das boas-intençõesdo «processo de Reorganização Nacional» que lideravam contra a vontade daimensa maioria dos argentinos. Para isso contavam com a experiência levada acabo por um dos seus inspiradores secretos, Adolfo Hitler. Com efeito, foi oditador nazi quem em 1936 fez bom uso dos Jogos Olímpicos em Berlim comomostra da «gran deza» do seu «Terceiro Reich» e a «superioridade da raçaariana».(Este último aspecto não foi capaz de provar quando, para seu desespero alguns«não arianos», atletas norte-americanos negros, ganharam diversas competições).Para organizar todos os detalhes a Junta Militar criou um aparelho especial todo -poderoso, o «Ente Autárquico Mundial 78» (EAM 78). Quase integralmenteconfiado a militares, o organismo a cargo do General Actis, passou a dependerdirectamente da Presidência da Nação, exceptuando-se das normas a que tinhamque seguir todas as outras instituições do Estado. Apesar de um começo comalguns problemas (o General Actis foi executado pelo Exército Montonero a 19 deAgosto de 1976 e substituído pelo General António Luís Melro) o organismo depressa se entregou à tarefa semTEMPO N.- 399 -Pág. 48olhar a gostos. Foi assim que, enquanto ao mesmo tempo o povo argentino sofriacom as consequências de uma política económica destinada a ampliar brutalmenteos benefícios da oligarquia agro-pecuária e os monopólios internacionais,baseando-se na super-exploração dos trabalhadores (salário real descido em 60%desde o golpe, inflação em 1977: 160%, recessão e desemprego), o EAM gastousem problemas a soma de 700 milhões de dólares (incluindo a remodelação deestádios, a instalação de televisão a cores especial, etc.).Os planos da Junta para mostrar em Junho de 1978 a imagem da sua «Pazamericana» tinham como base a sua *estratégia para a guerra contra-revolucionária na Argentina. O mundial significaria a culminação da campanha decerco e aniquilamento contra as forças populares (em especial a nossa) numaestratégia de guerra curta. Depressa se soube que não falavam em vão. Osconhecidos números de 8 mil mortos, 12 mil prisioneiros políticos (a maioriadeles em virtude do «estado de sítio») e os 20 mil desapaitcidos são eloquentes doplano dS Pentágono para a Argentina.As atrocidades cometidas pelos militares fascistas, aparte de suscitar o crescenterepúdio e resistência do povo argentino, depressa se espalharam pelo mundo, e ajunta viu com visível mau humor que inclusive aqueles que eles consideravamcom seus aliados do «mundo ocidental e cristão» se juntavam à condenação dosnovos Pinochet. Organizações como a Amnistia Internacional e outras punham jáa Argentina no lugar de mais destaque na lista dos regimes repressivos. O caso

Page 51: 01% A 1NU A

Argentino começou a ser tratado na Comissão dos Direitos Humanos das NaçõesUnidas. Falava-se na Europa na possibilidade de um boicote ao acontecimento.Que fazer então para rearmar a «imagem»? A Junta não teve melhor ideia que aoestilo dos seus patrões yanquis, contratar uma agência especializada depublicidade. Assim, pela módica quantia de um milhão de dólares, a agência«Buston-Marsteller» de Nova Iorque, especializada na promoÇão de «boasimagens», prontifi-cou a realizar a tarefa de maquilhar a Junta e lá poucos meses apresentou a suainformação e propostas em forma Confidencial à Junta. Como costuma acontecernestes casos não tardou a que esta informação chegasse às mãos da resistênciaargentina. Extractos da mesma foram primeiramente publicados em Dezembro de1977 na revista madrilena «Câmbio 16». Cremos interessante dar a conheceralguns deles.As recomendações de B-M baseiam-se em organizar «um sistema de filtração nosdiários e revistas de vanguarda», assim como «um programa de convite adestacados jornalistas de todo o mundo». Além de apresentar uma lista dejornalistas de vários países ocidentais e latino-americanos «que actuam nadeterminação da política editorial» aconselhava que a visita ao pais destes«afortunatos» além de proporcionar-lhe permanente informação sobre «osaspectos positivos do pais «a Junta incluiria o alojamento em luxuosos hotéis, umplano de «distracções nocturnas» e a apresentação de jovens representando ajuventude atractiva e sã», que lhes servirão de guias e acomodadores». Por fim,para não termos que fazer uma noticia de 150 folhas, diremos que o mesmo secomplementa com diversas medidas todas tendentes a assegurar, uma coberturajornalística «cooperadora e complacente». Estas medidas conjugam-se com umaclara atitude restritiva com jornalistas que a Junta considere «perigosos».A POSIÇÃO DOS MONTONEROSApesar de em diversos lugares do mundo se tenha especulado com uma atitude depossível boicote por parte da oposição argentina, depressa a atitude foi clarificada.Com efeito, já em Outubro de 1977 o Secretário Geral do Movimento PeronistaMontonero, Mário Eduardo Firmenich Declarava numa entrevista em Estocolmoque «se Videla utiliza os mundiais para sua propaganda, nós faremos o mesmo».A atitude de favorecer que se desenvolva o acontecimento baseia-se em razõesfundamentadas:

1) O campeonato a realizar na te a repressão que impede todas Argentina estavaprevisto antes as manifestações políticas e sinda instalação da Junta militar. Odicais legais as conchas dos campovo argentino não o considera pos de futebolresultaram muitas entáo uma questão dos militares vezes no lugar principal daexmas uma questão sua, e espera pressão política das massas;cOm nral ttere Cj' Ue os partidos reúnam o melhor da desporto mais popular nopaís;2) Para o povo argentino e para os militantes revolucionários trata-se de umamagnífica oportunidade para manifestar antes uma audiência calculada em maisde mil milhões de tele-espectadores de todo o mundo o seu real sentir frente àditadura militar que oprime a nossa pátria. Com efeito, não será a primeira vez

Page 52: 01% A 1NU A

nos últimos tempos, que as conchas dos campos de futebol se convertem emcaixas de ressonância política e social. Ao longo de todo o ano de 1976, e 1977,sucederam-se incidentes de diverso tipo nos estádios, na maioria deles por causada repressão policial contra os espectadores que cantavam slogansantigovernamentais ou entoavam as estrofes da Marcha Pçronista e davam vivasaos Montoineros. An-3) Durante várias semanas os olhos de todo o mundo estarão postos no nosso país.Milhares de jornalistas e visitantes poderão conhecer de perto e fazer conheceraos seus povos a realidade de uma luta lamentavelmente ainda não bemconhecida. A imaginação popular tornará possível que apesar de todas asrestrições, os estrangeiros percebam imediatamente a situação.A confiança do Movimento na combatividade do povo baseia-se por outro lado nofracasso dos planos repressivos da Junta e seu crescente isolamento interno eexterno. Resulta ainda do facto que, em lugar de encontrar-se na etapa culminantede cerco e aniquilamento, os militares devem enfrentar a massiva resistência deum povo que não se rende, fortalecendo em vez disso a potencialidade daorganização revolucioná-ria. A onda de graves dos fins do ano passado e as crescentes acções armadasconfirmaram com clareza esta situação. Com base nesta situação, o MovimentoPeronista Montonero deu então na Argentina a uma primeira tarefa tendente aassegurar a massiva ida aos campos de futebol. Tendo em conta o alto preço dasentradas, organizaram-se nos bairros populares diferentes colectas, festas, etc.,com o fim de utilizar os fundos recolhidos para uma ampla aquisição de entradasa ser distribuídas o mais amplamente possivel entre os trabalhadores.REACÇÃO DA JUNTA MILITARA decisão popular pos em graves apertos a Junta, que vê agora com grandenervosismo como a «operação mundial» pode escapar-se-lhes das mãos, tornando-se uma arma contra os seus próprios desígnios. Nãotardou então em tomar diversas medidas, todas, tendentes a assegurar o controlodos estádios:1) Subiu ainda mais o preço das entradas, chegando essas a ser vendidas a 12dólares (o salário mensal médio no país anda à volta dos 80 dólares). As entradasantes de serem postas à venda começaram a ser distribuídas gratuitamente entre osmembros das forças de segurança e seus familiares.2) Instituiu um sistema nominal de venda de entradas. Quer dizer, cada compradordevia anotar o seu nome, direcção e apresentar o bilhete de identidade, pa ra podercomprar o seu bilhete. As entradas são além disso, intransferíveis.3) Decidiu que seriam afectados pelo menos 8 mil polícias fardados (nãocontando com os que irão à civil) para cada partida.4) Instalou nos principais estádios um sofisticado aparelho,TEMPO N. 399 - pig. 49

marca Siemens, capaz de fotografar instantaneamente qualquer sector do estádio;Toda uma série de medidas foram também tomadas em relação ao jornalismoestrangeiro:

Page 53: 01% A 1NU A

a) Um cuidadoso estudo do «curriculum» político de cada jornalista estrangeirofoi instituído antes do outorgamento das credenciais. Sabe-se que a Junta já negoucredenciais a vários jornalistas de diversos meios (de mencionada revista«Câmbio 16», jornalistas considerados «comunistas», incluindo alguns quetrabalham em agências ocidentais).b) Alertou extra-oficialmente várias associações de jornalistas que qualquerrepórter que tratasse temas fora dos temas especificos do futebol seriaimediatamente expulso do país.c) Montou u.m completo sistela dê controlp individual iôbb,TEMPO N. 399 -' pg. 0cada jornalista visitante. Nos prin cipais hotéis, grande parte dos empregadosforam substituídos por policia à civil.PREPARAÇÃO DA OFENSIVA TÁCTICAApesar das medidas de controlo (por demais previsíveis) da ditadura militar, oM.P.M. não declina o seu optimismo sobre as possibilidades do Mundial. Emmaterial de distribuição massiva na Argentina vem o Movimento desde há mesespropagandeando e organizando para que o povo tire o máximo proveito doacontecimento. Assim o nosso trabalho dirige-se a diversos sectores: ostrabalhadores deverão fazer coincidir com essas festas as suas graves emobilizações possíveis, convidado os jornalistas cstran-geiros a conhecer os seus p;roblemas. Os familiares dos presos e desaparecidosdeverão concentrar-se nas igrejas atraindo também a atenção para as suasreivi'ndicações. A juventude e o povo to do devem alproveitar toda estaaglomeração, dentro ou fora dos estádios, para manifestar-se contra a ditadura,unificando as suas expressões num slogan simultaneamente futebolístico epolítico: ,,ARGENTINA CAMPEÃO, VIDELA AL PAREDON» (Argentinacampeão, Videla ao paredão). (a)Sintetizando então c r e m o s afirmar desde já (com altas possibilidades) que,como diz o slogan instituído pelo Movimento para o acontecimento «Esta partidaganha-a o povo».UM ALERTA PARA POSSÍVEIS PROVOCAÇÕESNão é no entanto de não ter em conta que a Junta adopte atitudes extremas nocaso da operação lhe escapar das mãos e o repúdio massivo consiga serclaramente mostrado. Perante isso é possível que organize alguma acção violentae trate de a atribuir à nossa organização ou a outro sector da resistência.Perante essa possibilidade, e para evitar possíveis confusões no mundo, o nossoMovimento já deixou bem claro em repetidas ocasiões que nenhuma acção militarserá empreendida por nós dentro dos estádios ou contra os visitantes durante odecurso do acontecimento.As equipas estrangeiras, assim como os jornalistas e outros visitantes nada têm atemer de um povo e da sua vanguarda. Pelo contrário serão considerados seushóspedes especiais, uma vez que podem cumprir um papel importante apoiando onosso povo nesta dijicil etapa da sua luta pela li5ertação nacional e social.(a) (Paredon: parede de fuzilamento)

ARQUIVO HISTÕRICO DE MOÇAMBIQ!

Page 54: 01% A 1NU A

Alô Dili«Alô Dili... Alô Baucau... Alô Ermera... Al Bobonaro Alô Covalima... AlôAtieu... A todos vás camaradas, que estais escutando o programa especialradiofónico da Frente Externa da Frente Revolucionária de T i m o r-L e s t eIndependente - FRETILIN - emitido da Rádio Moçambique directamente para aRepública Democrática de Timor-Leste- RDTL - e para todos os patriotas, timores espalhados pelo mundo, emcomemoração do dia 20 de Maio - Dia da Revolução Maubere - apresentamos asnossas saudações revolucionárias...».Foi com estas palavras que no ra Timor-Leste. Durante cerca de passado dia 20,pelas 23.15 horas uma hora e um quarto vivemos o de Moçambique, e 6.15 horasde calor e o ímpeto revolucionáio Timor-Leste, a Frente Externa da de quem,em ms fora do país,Pretilia iniciou oweu p lmp~deý e izmpeddo dW ~ ~tu"rádio directo de Moçambique pa- camaradas que dentro do país lu-tam de armas na mão, de quem contacta o seu povo heróico e resistente. Durantecerca de uma hora e um quarto vivemos o clia ê e 1 e encorajamentoque a emissão trouxe certamente,fl ý N.' 399 - pág 51

Durante o programa de rddio transmitido pela Frente Externa da FRETILIN deMaputo para Timor-Leste, leram-se mensagens, recitaram-se poemas. A intercalaras palavras, cantos militantes.ao pbvo maubere e aos combatentes das Falintil que, completamente cercados nasua pátria lutando e sobrevivendo em condições extremamente difíceis,assumiram que «resistir é vencer», resistem e constroem dia-a-dia a vitória.TAREFAS DEFINIDAS NO 20 DE MAIO DE 74TÊM SIDO CUMPRIDASO programa foi Iniciado com o Hino da Revolução Maubere, e com a leitura deum editorial. O tema do editorial era, naturalmente, o 20 de Maio - dia dafundação da ASDT/FRETILIN, escolhido por Isso como DIA DA REVOLUÇAOMAUBERE.Dizia o editorial:«Hoje, ao festejarmos esta data, fazemo-lo honrando todos aqueles, vivos oumortos, que com o seu ilimitado sacrifício permitiram fazer deste dia um dia devitória; fazemo-lo homenageando os heróis mauberes que tombaram no campo daHonra e da Glória devemos faz,-lo, saudando todas as mães que conseguiramtransformar a sua dor em força para participarem activaMente lia coinu(ação dIaluta; faTEMPO Wizemo-lo, concentrando o fogo dos canhões das nossas valorosas Falintil contratodas as posições inimigos, contra todos os traidores da P6trla; devemos fazê-lo,entoando vibrantemente o Hino da Revolução Maubere - Foho Ramelau. Fazemo-lo saudando combativamente o Glorioso e intrépido Comité Central da Fretilinliderado pelo Camarada Nicolau dos Reis Lobato, símbolo vivo da determinaçãodo Povo maubere.»

Page 55: 01% A 1NU A

<Hoje, após quatro anos de vida, nenhuma dúvida nos resta que as tarefasdefinidas em 20 de Maio de 1974 têm sido cumpridas, etapa por etapa, de umaforma cabal e correcta.As derrotas infligidas -aos inimigos são a mais viva prova desta afirmação. Avitória conquistada no desmantelamento da rede capitulacionista e arquitraiçoeirachefiada por Xavier do Amaral é, por si só, uma leitura do nível de crescimentoatingido pela Revolução Maubere.As sementes reproduziram-se na imensidão dos verdejantes campos regados pelosangue e adubados pela carne dos mais queridos filhos mauberes. As erÍvasdaninhas foram arrancadas.Todos os choros e gritos outrora abafados pela monstruosidade ciclóniça datraição humana encontram ý agora eco nos corações dos oprimidos. Os pdssarosmulticolores companheiros fiéis dos valorosos guerrilheiros das Falntil, pululamde ramo em ramo, de drvore em drvore a anunciar o novo dia que desponta. Avitória final aproxima-se. Ela é certa. É simplesmente uma questão de tempo.»NADA PODERÁ DESTRUIRNOSSA AMIZADECOM POVOS DE ÁFRICAApós a leitura do editorial o programa da Frente Externa da FRETILIN incluíauma mensagem do Comandante Rogério Lobato para os combatentes das Falintil(braço armado do Povo maubere e da Fretilin) a leitura de mensagens dasorganizações da mulher e da Juventude timorenses, uma mensagem da CruzVermelha de Timor-Leste, uma mensagem aos soldados Indonêtos o menagenspeusoais. Foram lidos poemas mitit s. As palavras eram Intercaladas por cantos emúsipas populares do Povo mau-

Ministro. das Relações Exteriores da RDTL, Mério Alkatirl lendo aos microfOnesda Rddio Moçambique a sua mensagem para o Comité Central da FRETILIN. Namensagem Mdrio Alkatiri reafirmaria a convicção de que só através da lutaarmada de libertação nacional o povo maubere conseguird a sua independência.Uma das componentes fundamentais da luta do Povo Maubere é ointernacionalismo. Também esse seu carácter ficou bem evidenciado no programatransmitido de Maputo para Timor-Leste.Para além de alusões constantes à identificação da luta do Povo Maubere com aluta de todos os povos pela Revolução, foram dedicados dois apontamentosespeciais ao internacionalismo. Um, sob o tema «duas lutas», ao paralelismo ecomplementaridade da luta do povo maubere com a luta do povo sariano, quenesse mesmo dia celebrava o 5.0 aniversário do inicio da Luta Armada daRepública Árabe Democrática do Sahara. Outro, à luta do Povo moçambicano,dirigido pelo seu Partido de Vanguarda FRELIMO, ao seu apoio incondicional àslutas dos povos subjugados na África Austral, dos povos em luta em todo omundo, e em particular ao apoio do povo moçambicano à luta do povo maubere.-Foi dessa luta rica de formas e cheia de conteúdo que emergiu na África umabase segura para a Revolução, uma retaguarda firme para todos aqueles quededicam as suas vidas à construçãode uma sociedade nova e de um Homem Novo.»

Page 56: 01% A 1NU A

e.. .É neste país tornado República Popular, junto deste heróico povo que estamosa reforçar os laços de amizade e solidariedade com os povos oprimidos da Africa,em particular com os povos irmãos da Namíbia, do Zimbabwe e da África do Sul.Selamos assim uma amizade que nada poderd 'destruir. É através dos seuslegítimos representantes - a FRETILIN e a FRELIMO - que os nossos Povos, aRDTL e a RPM, dão as mãos, apoiam-se mutuamente e gritam bem alto: a lutacontinua"LUTA ARMADADETERMINANTE DA VITÓRIAA terminar o programa foi transmitida pelo responsável pela Frente Externa, oMinistro das Relações Exteriores da RDTL, Mário Alkatiri, uma mensagemdirigida ao Comité Central da FRETILIN e ao Povo Maubere.uPodemos concluir que, quatro anos denois da criação da ASDTI /FRETILIN,obtivemos um balanço irreversivelmente positivo. Em termos militares consegui-mos destruir o mito de invencibilidade das forças inimigas, causando-lhesirrepardveis derrotas. Como consequ~ni, no campo diplomdtico fomos capazes deapresentar ao mundo a verdadeira face do inimigo. Provocámos a precipitação daqueda da mdscara que encobria a face e os dentes assassinos da c1iue de Suhartono Governo da Indonésia. Conseguimos arrancar as luvas que camuflavam asmãos ensanguentadas e as garras venenosas do fascismo indonésio. Em termospoliticos, acelerdmos o reacender da chama da liberdade nos corações dos povosda Indonésia e logramos isolar o regime corrupto de Jakarta na arenapolíticainternacional. Organizacionalmente, com batemos de uma formaimplacdvel a traição, o capitulacionismo, a improvisação, o elitismo, ooportunismo, o comodismo, o demissionismo, a descoordenação, o espontaneísmoe o grupismo, edificando uma Organização mais férrea e granítica, onde oplaneamento e o estudo constituem a base fundamental de toda a nossa actividade.Logrdmos assim um salto qualitativo na nossa Organização de vanguarda.» -Diria na sua mensagem o Ministro Mário Alk.tiri.E acrescentaria noutro ponto: «No presente momento o inimigo encontra-sedesesperado. As divergências no seio do regime indonésio aumentamprogressivamente. Levantam-se hipóteses para encontrar alguma solução para oconflito. Contudo, parece que os agressores e os seus aliados pretendem aindasubestimar a nossa capacidade de resposta em certos campos de luta. Fracassadosos meios militares, preparam-se para nos bloquearem política e economicamente.Contra tal atitude reafirmamos a nossa convicção de que a luta armada, e só ela, éfactor determinante da nossa vitória.»Foi assim que pela primeira vez através da Rádio Moçambique a Frente Externada FRETILIN contactou Timor-Leste, seu povo heróico e combatente.NTEMPO N.* 399- págL 53

Lições do ShabaNathanaeI Mbumba, chefe mdzw da FLNC. Segudo suas declaragóes a Frentepropõe-se lutar pela libertação total do Zaire. Serd a estratégia de ocupação decidades o melhor caminho?

Page 57: 01% A 1NU A

Um acontecimento mobilizou as atenções toda a última semana: o reacender noZaire, mais propriamente na província do Shaba, do confronto entre a Frente deLibertação Nacional do Congo (FLNC) e as tropas governamentais do regime deMobutu.Dia 14 a FLNC ataca a cidade mineira de Kolwezi dia 15 é noticiado em todo omundo que as unidades combatentes da Frente haviam ocupado as cidades deKolwezi e Mutshatsha, e combatim às portas de Dilolo. Por todo esse dia e nosdias imediatos a tónica das notícias que enchiam folhas e folhas de telexs( agrande maioria proveniente das agênTEMPO N. 399 - pág. 54cias noticiosas imperialistas ou da agência zairota AZAP) era para os seguintespontos.-Primeiro, que com a ocupação das cidades pela Frente estavam em perigo de vidaos estrangeiros europeus;- Depois, que Mobutu havia pedido auxílio às potências ocidentais;- Depois, que os combatentes da FLNC cometiam toda a espécie de barbaridades,nascidades ocupadas;- Finalmente, que as potências ocidentais analisavam o pedido de auxílio deMobutu, estudavam se deviam ou nãointervir.A intenção por trás dos telexs era bem clara: justificar a intervenção directa emilitar dessas potências imperialistas no conflito interno que no Zaire opunha aFrente às tropas de Mobutu.Outros aspectos fundamentais da questão - e que só seriam divulgados através deComunicados da Frente emitidos em Bruxelas- eram intencionalmente ignorados:-Primeiro, que houve da parte de FLNC um esforço claro por pôr a salvo doconfronto os estrangeiros que vivam em Kolwezi, e que, como é natural, numsítio onde havia guerra, estavam de facto em risco de vida.Para isso a Frente, das primeiras coisas que fez ao ocupar a cidade foi entrar emcontacto com a Cruz Vermelha Internacional oferecendo-se para estudarem emconjunto a melhor maneira de evacuar rapidamente osestrangeiros.- Depois que foi clara a negligência dessas potências imperialistas em retirar osseus cidadãos de Kolwezi. Se os retirassem, é óbvio, perdiam o pretexto para aintervenção... (Os americanos, por exemplo, logo no primeiro dia da ocupaçãodeidiram retirar os 75 americanos que lá estavam e retiraram-nos- Depois, que a intervenção militar imperialista no Zaire não teve como motivo a.existência de europeus no Shaba, pois que era muito anterior à acção da Frenteem Kolwezi. Logo no seu primeiro comunicado a FLNC denunciou que entre osdois mil homens do exército de Mobutu que combatiam contra eles na ocupaçãode Kolwezi, 300 eram franceses. Entre os

prisioneiros feitos pela Freinte nesses combates, s e teeram franceses...Dois outros aspectos - usuais nestas questões - eram também agora de notar.

Page 58: 01% A 1NU A

Primeiro, não era feita, nunca foi feita qualquer referência aos civis zairensesmortos nos combates e, essencialmente nos bombardeamentos feitos pelosMirages de Mobutu, desde o primeiro dia de combates. Por outro lado e isso aindavai ser bastante explora0o - eram desenvolvidas histórias rocambolescas sobrecomo tinha sido este ou aquele dos estrangeiros mortos durante os combates.Depois, toda a acção da Frente era atribuida a uma maquinação russo-cubana,com a cumplicidade da Argélia e da Líbia, a uma construção angolana, aodesenvolver do chamado conflito sino-soviético, aos papões comunistas ...Também pretextos de consumo garantido, ainda.Nunca a perspectiva de que a questão de Shaba era - como de facto era - umconflito que opunha uma Frente de Libertação ao regime no poder, era sequersugerida. Sempre era apresentada como uma invasão, como um ataque vindo doexterior...Reunidos estes pretextos (se não fossem estes seriam outros, é bom de ver) antervenção consumou-se. A Bélgica e a França enviaram tropas (comandos ePára-quedistas) e toneladas de material de guerra. Os Estados Unidos forneceuaviões qde transporte de homens e material, forneceu material de guerra,muniÇões. Porque não chegou a ser necessário, não enviou homens, embora ositivesse tido de prevenção e preparados para embarçar, a qualquer momento. Entrecomandos e pára-quedistas belgas e franceses enviados Para a Shaba durante oconflito (e fora os franceses que já lá es-tavam) foram lançados sobre Kolwezi ou nos arredores da cidade dois milhomens. Os Estados Unidos forneceram 19 ãviões, puseram à disposição deMobutu material de guerra no valor de 17,5 milhões de dólares.Por desaire militar ,ou porque, como diziam num comunicado retiravam para daroportunidade a que os estrangeiros fossem evacuados para pôr fim ao pretextoimperialista, logo após a intervenção os combatentes da Frente abandonaramKolwezi, embora ainda não tenha sido noticiado devem ter abandonado tambémMutshatsha.Entretanto foi também noticiado que no tiroteio foram destruídas tubagens dasminas, o que teve como consequência a sua inundação. De acordo com asprevisões serão precisos pelo menos seis meses para proceder à recuperação epara as minas voltarem a poder ser exploradas, caso os técnicos estrangeiros sedecidam voltar para lá... como é de calcular, e sabendo-se ser o cobre de Kolweziuma das principais fontes de riqueza do actual regime, isto provocará um forteabalo na economia zairota.Estes foram os acontecimentos fundamentais do conflito. Na próxima ediçãopublicaremos .uma cronologia mais detalhada.Mas, mais importante do que isso é tentarmos tirar Uções des-ses acontecimentos. Nesse quadro há algumas reflexões a fazer, algumas questõesa equacionar.A primeira, naturalmente a questão:da intervenção imperialista. É muitoimportante assinalar facilidade cada vez maior com que as potências ocidentaisIntervêm directamente em Africa, numa atitude de hostilidade clara contra ospovos africanos, numa atitude de descarado apoio aos regimes mais reaccionários,contra os quais esses povos se levantam. Intervêm directa e militarmente, com

Page 59: 01% A 1NU A

homens, com material bélico do mais sofisticado. Em particular a França (nestemomento envolvida com unidades militares nos conflitos do Sahara, do Chade, eagora de Shaba). Com a derrota da esquerda nas eleições, o governo rwaccionãriofrancês, perdeu comletamente qualquer tipo de pudor...Por seu lado, os Estados Unidos, como se usa dizer, deixando cair a máscara, enuma argumentação parecida a.uma outra que nós conhecemos (a de Vorster, deque a zona operacional sul-africana vai até ao Sahara) justifica a sua intervenção*porque o conflito se situa numa região de segurança para os Estados UJnidos»...Sem pretender ontrspor ao papão comunista um papão imTEMPO N.° 399-pâg.M

perialista (porque compreendemos, historicamente, po r que, quando surgem estasondas de agressividade pensamos que é importante uma reflexão sobre estaatitude imperialista. Pensamos que mais do que um problema deste ou daquelepovo, esta é já uma questão de África.Um outro ponto sobre qual achamos importante uma primeira reflexão é sobre aestratégia adoptada pela FLNC. Há em relação a isso algumas questões a pôr.Primeira, porque, depois do que aconteceu o ano passado (em que da mesmamaneira que agora a FLNC começou a sua luta por conquistar cidades, de ondefoi rapidamente desalojada) a Frente volta a adoptar essa mesma estratégia?Embora não conheçamos a situação no terreno qual o grau de apoio popular daFrente, qual o grau de consciência e organização das massas populares - que sãofactores fundamentais para a avaliação da estratégia correcta a adoptar) outrosfactores importantes de não aconselhar essa estratégia parecem ter ficado bemevidenciado da prática.Primeiro, que é nas cidades que o inimigo é mais forte. DepoisTEMPO N.° 399- pág. 5Tropas francesas em Kolwezi. É cada vez maior a facilidade com que as potênciasimperialistas - em especial a França - se envolvem directa e militarmente emAfrica. Este ld não é um problema deste ou daquele povo, é um problema deÁfrica.Depois da primeira ofensiva da FLNC em Abril do ano passado, Mobutu, desloca-se pessoalmente a Kolwezi. Este ano a cena repete-se. Como se repetirãocertamente as represálias sobre as populações.que é lá onde mais facilmente poderia chegar (como chegara anteriormente) apoiomilitar externo. Por último, a natureza do poder instaurado no Zaire.O poder nq Zaire - o mobutismo é Ii sistema prbfunda-mente antipopular. Como era de esperar, logo após a retirada das tropas da Frenteo ano passado, desencadeou na região do Shaba a mais forte repressão aí jamaisexercida sobre o povo. Massacres, prisões, torturas, interrogatórios

O risco de falhar outra vez, seria naturalmente o risco de que essa onda derepressão se repita, talvez até mais intensa. Se o grau de consciência e deorganização do povo (aí entra este factor) não é muito elevado, esses riscosimplicam, naturalmente também, a perda de confiança popular na Frente, o medo,

Page 60: 01% A 1NU A

ou talvez, o mais grave ainda, o desacreditar na guerra de libertação ou napossibilidade da própria libertação.A experiência da F R E L I M O, quando se lhe apresentou essa questão - decomeçar a guerra tomando cidades ou fazer guerrilha no campo - é de que os quequeriam começar a guerra tomando as cidades tinham uma estratégia separatista.Não queriam libertar Moçambique, queriam libertar Cabo Delgado. Depois ha-vemos de conquistar outras províncias, diziam...Em todas as declarações vindas a público pelos dirigentes da FLNC, nos seuscomunicados, a Frente afirma veemente estar a lutar para libertar todo o país, nãosó do Shaba.Qual então a sua estratégia? Libertar Kolwezi. Esperavam libertar a seguirKinshasa? Ou ir galgando aqueles milhares de quilómetros ocupando as cidadesuma a uma?(Isto mesmo pondo de parte os riscos acima enunciados, em especial o facto de oscombatentes saberem que, quando desalojados, podem sair, mas que a populaçãoterá que lá ficar, a sofrer as represálias.)Na região mesmo ao lado do Shaba, na região de Kivu, tam-Tropas de Mobutu, especialmente treinadas pelos franceses, cujos oficiais ascomandam directamente. Dos 1500 soldados zairotas com quem a Frente teve quecombater para entrar em Kolwezi, 300 eram franceses. Sete deles são aindaprisioneiros da FLNC.bém se luta. Apesar de ser lá onde Mobutu cedeu parte do Zaire à AlemanhaFederal para esta instalar seu campo de experiência de armas nucleares,desenvolve-se nessa região há mais de dez anos a luta armada. As tropas deMobutu não entram lá, existem extensas áreas libertadas. O movimento que dirigea luta - o PRP (Partido Revolucionário do Povo)- e que tem uma forte inserção popular, estratégia que usa é a da luta de guerrilha,nas áreas rurais.Porque não adopta também a FLNC a estratégia da guerra de guerrilha? Não seria- numa acção coordenada - muito mais eficaz e consequente do que a ocupaçãotemporária das cidades?Mendes de OliveiraTEMPO N. 34r - pãg, 57

PRJESIDENTE SAMORA MACHEL NA MONGÓLIANo prosseguimento da visita de Partido e Estado que está a, efectuar a quatropaises socialistas, o Presidente Samora Machel chegou ao fim da manhã dopassado domingo à capital da República Popular da Mongólia, depois de tervisitado a República Popular e Democrática da Coreia com quem foi firmado umTratado de Amizade e Cooperação e vários outros acordos.Esta visita oficial do Presidente Samora Machel, acompanhado de sua espose e deuma delegação do Partido e do Governo, à República Popular da Mongólia é feitaa convite de Yu. Tsedenball, Primeiro Secretário do Comité Central do PartidoRevolucionário Popular da Mongólia e Presidente do Presidium da GrandeAssembleia Popular.

Page 61: 01% A 1NU A

A sua chegada ao aeroporto de Ulan Bator, capital da Mongólia., o PresidenteSamora Machel era aguardado por Yu Taedenball e esposa, membros do ComitéCentral e do «Bureau» Político Revolucionário da Mon gólia, membros doConselho de Ministros, Presidente do Comité das Mulheres Mongóis, elementosdo Corpo Diplomático acreditado em Ulan Bator e milhares de pessoas queempunhavam bandeiras dos dois países.A delegação do nosso Pais seguiu depois para o centro da cidade, por entre umcordão compacto de gente que saudava alegremente os 'visitantes, deslocando-se àresidência presidencial onde teve lugar uma cerimónia de boas-vindas durante aqual foi servido um copo de leite «AIRAG» ao Presidente Samora, Machel. Estegesto é tradicional na Mongólia e expressa o desejo de longa saúde e boa estadano PaísTEMPO N.° 399-pág. 5spara a individualidade que chega.O «AIRAG» é um leite de jumento fermentado e misturado com algunsingredientes, constituindo uma bebida com uma graduação alcoólica aproximadade três graus.Depois do almoço, a delegação Presidencial dirigiu-se ao Mausoléu de SekheBator e Choibalsan, dois heróis nacionais que se distinguiram na luta de libertaçãoda Mongólia contra o feudalismo, o colonialismo e o imperialismo.Logo a seguir os dirigentes dos dois Países tiveram um breve encontro no Paláciodo Governo, onde foram apresentados os elementos da delegação moçambicanapelo Presidente Samora Machel ao Presidente Yu. Tsedenball, tendo este, por suavez, apre sentado elementos do seu Partido e Governo que iriam estar presentesdurante as conversações a efectuar entre os dois países.Neste breve encontro de apresentação, o Presidente Samora Machel falou sobre nluta comum anti-imperialista dos dois povos e a necessidade de o nosso País sairdo subdesenvolvimento imposto pelo colonialismo e imperialismo.Antes do banquete de Estado que se realizou pelas 19 horas, a delegaçãomoçambicana assistiu a um es-pectáculo de música da cidade de Ulan Bator.Durante o banquete de Estado, realizado no Palácio do Governo, falou emprimeiro lugar Yu. Tsedenball que exprimiu a enorme satisfação do Povo mongole do seu Partido de Vanguarda pela visita efectuada pelo Presidente SamoraMachel ao seu País, o que demonstra que, apesar da grande distância entreMoçambiquee a Mongólia, a amizade entre os dois Povos mantém-se e consolida-se através daluta pelo objectivo comum que é a construção do Socialismo.Depois de ter elogiado a luta e a vitória do Povo moçambicano, dirigido pela FRELIMO, contra o colonialismo e o imperialismo e denunciado as constantesameaças e agressões imperialistas de que o Povo moçambicano é vítima, Yu.Tsedenball frisou que o Partido Revolucionário e Popular da Mongólia e o Povomongol estão firmemente ao lado dós Povos do Zimbabwe, dirigido pela FrentePatriótica, da Namibia, dirigido pela SWAPO, e da África do Sul, na sua lutacontra o colonialismo e racismo. Condenou também as constantes agressões de

Page 62: 01% A 1NU A

que são vítimas os Países da «Linha da Frente», tendo, no final do seu discurso,brindado pelo fortalecimento da amizade, solidariedade e co-operação entre a FRELIMO e o PRPM, entre a RPM e a República Popular daMongólia, entre os dois Povos e pelo fortalecimento e unidade do MundoSocialista, do Movimento Comunista Internacional e do Movimento de LibertaçãoNacional.Por sua vez, o Presidente Samora Machel, depois de agradecer as palavras dodirigente mongol e o fraternal e caloroso acolhimento dispensado pelo Povo desdea sua chegada à capital do País, afirmou que a solidariedade e a amizade entre oPovo mongol e o Povo moçambicano começou já há muito anos, durante o tempoda Luta Armada de Libertação Nacional e que, agora, depois da Independência,essa amizade e cooperação irão elevar-se a níveis cada vez maiores.Após ter reafirmado a determinação da República Popular de Moç.,ibique n ocumprimento da seu dever internacionalista para com a justa luta dos Povosoprimidos, nomeadamente na África Austral, o Presidente Samora Machel falousobre as manobras imperialistas d e criar conflitos entre Estados irmãos,incitamento à anexação e ocupação de outros Estados, como, por exemplo., aRepública Árabe Democráttica do Sara.Condenando a corrida aos armamentos e a intervenção

directa do imperialismo, o Presidente Samora Machel afirmou que, a RepúblicaPopular de Moçambique é a favor do desarmamento geral e uni versal, brindando,finalmente, pelos sucessos do Povo mongol sob a correcta direcção do PartidoRevolucionário Popular da Mongólia e sábia direcção de Yu. Tsedenball.COMUNICADO CONJUNTO MOÇAMBIQUE-COREIANo termo da visita efectuada pelo Presidente Samora Machel à República Populare Democrática da Coreia foi emitido um comunicado conjunto em que se afirmaque «a delegação de Partido e dp Governo da Re. pública Popular de Moçambiquevisitou fábricas cooperativas agrícolas, estabelecimentos educacionais e culturaisda cidade de Pyongyang e da Província de Damkiong do Sul., tendo sido em todaa parte objecto de caloroso e cordial ãcolhimento. Na cidade industrial deJamjung, na Província d'1A Damkiong do Sul, o Camarada Samora MoisésMachel, Presidente da FRELIMO e Presidente da República Popular deMoçambique,, diri-giu, num comício de massas realizado em honra da dele gação de Partido e deGoverno da República Popula; de Moçambique, a mensagem de amizade esolidariedade dos trabalhadores moçambicanos aos seus irmãos da classe, ao Povocoreano».Acrescenta o mesmo texto que «durante a visita, tiveram lugar conversações entre o Camarada Samora Moisés Machel, Presidente da FRELIMO e Presidente daRe pública Popular de Moçambique e o Camarada Kim i1 Sung, Secretário- Geraldo Comité Central do Partido do Trabalho da Coreia e Presidente da RepúblicaPopular e Democrática da Coreia» que «decorreram num ambiente de amizade ecamaradagem» e nas quais «ambas as partes trocaram valiosas experiênciasadquiridas pelos dois partidos na condução da revolução na República Popular deMoçambique e na República Popular e Democrática da Coreia. Também foram

Page 63: 01% A 1NU A

trocadas informações sobre a situação dos respectivos países e compartilhadasopiniões acerca de assuntos de interesse comum».«Ambas as partes chegaram a uma identidade completa de pontos de vista emtodos os problemas discutidos - ambas as partes manifestaram a sua satisfaçãopelo facto de que as relações de amizade e cooperação en tre os dois partidos,estados e povos desenvolvem-se, de maneira excelente e irreversivelmente, nabase dos princípios do marxismo-leni. nismo e do internacionalismo proletário, eexpressaram a sua unânime determinação de reforçá-las e desenvolvê-las aindamais, em todos os domínios.»«Desejosos de reforçar e desenvolver ainda mais as relações de amizade e cooperação entre os dois países, ambas as partes concluíram o Tratato de Amizade eCooperação e vários outros acordos.»Acrescenta ainda o comunicado conjunto que «a parte coreana 'felicitou calorosamente o Povo moçambicano, que depois do triunfo da Revolução DemocráticaNacional sob a correcta direcção do seu destacado dirigente, Camarada SamoraMoisés Ma chel, tem obtido enormes êxitos na luta para a consolidação da suaindependência política e na edificação das bases materiais e ideológicas dasociedade socialista» e que «também congratulou os êxitos do histórico IIICongresso da FRELIMO, o Congresso da Vitória e da criação do Partidn deVanguarda Marxista-Leninista da classe operária e do seu aliado fundamental, ocampesinato, e felicitou os sucessos alcançados no processo de imolementacãodas estruturas do Poder Prwilar Democrático, com a eleição das Assembleias doPovo, que consagrou o papel dirigente e dominante das classes trabalhadoras noseio do Estado».Por sua vez, «a parte moçambicana apreciou altamente e felicitou calorosamenteos enormes. êxitos alcançados pelo Povo coreano, sob a correcta e sábia direcçãodo Camarada Kim II Suing, grande líder e destacado dirigente revolucionário, naconsolidação da Revolução Socialista, materializando em todos os domínios a ideiazuchah, e também desejou ao Povo coreano os maiores sucessos na sua lutaheróica para a implementação das três revoluções, a ideológica, a técnica ecultural e no cumprimento, com enorme êxito, do 2.o Plano Septenal, grandiosoprograma de construção socialista».«A parte moçambicana expressou o seu total e incondicional apoio aos três princípios e à orientação dos cin co pontos para a reunificação e independência dapátria coreana, apresentados pelo Camarada Kim II Sung, respeitado e queridolíder do Povo coreano, repudiando e condenando resolutamente as manobrasdivisionistas tendentes a fabricar duas Coreias e a legalizar o regime fantoche daparte sul da Coreia, assim como exigiu a retirada imediata das tropas de ocupaçãoestrangeiras estacionadas na parte sul da Coreia, com o seu material bélicoincluindo armamento nuclear.O comunicado conjunto que afirma a terminar que «foi aceite com muitagratidão» o convite feito pelo Presidente Samora Machel ao Presidente Kim IISung para, acompanhado de sua esposa e dirigindo uma delegação de Partido e deGoverno, visitar a República Popular de Moçambique, acrescenta ainda noutroponto:

Page 64: 01% A 1NU A

«Ambas as partes afirmaram com satisfação que a vi sita da delegação de Partidoe de Governo da República Popular de Moçambique à República Popular eDemocrática da Coreia constituiu um importante acontecimento para início deuma nova e mais elevada etapa nas relações de amizade e cooperação fraternaisentre os dois países, e contribuiu grandemente para o fOrtalecimento da amizade eunidade entre os povos, que lutam pela paz e democracia, pela independêncianacional e socialista.» oTEMPO N.° 399 - pág. 59

t e Mpos1ivresPALAVRAS CRUZADASHORIZONTAIS - 1 - Pais independente em 11 de Movembro do 1975; Nome demulher. 2 - Filho do filho; Diminutivo de José (invertido). 3 - Voz do gato; Nomede medicamento para dor de cabeça. 4 - Fluido transparente e invhivel que orma aatmosfera; O lado do vento. S - Pedra de moinho. 6-Uma das ilhas das ex-colôniasportuguesas no Oriente. 7- Recitei; Local onde se realizaram conversações entre o governo Inglês e a FrentePatriótica. - 8 - Fruto da amoreira; Duas consoantes Iguals. 9 - Negação; Três. 10Pronome demonstrativo; Feminino de cavalo (plural).VERTICAIS - Primeiro Presidente da FRELIMO. 2 - Grilo de dor; Campeão. 3 -Estimem; Aqueles. 4 - Organização em e.,e o Secretário-Geral é Kurth Waldheim.5 - Estuda; Pequena partícula constituinte da matéria. 6 - Unir; Habilidade. 7 -Convites; Partido de vanguarda do Povo angolano. 8 - Organização do Povopalestino (sigla, invertido); Pronome pessoal. 9 - Imperador de Roma Antiga;Rompa. 10- Motivo; Equivalente a 3,14; Outra vez.1 2 345 6 78910(Colaboração de Rujino Manuel de Melo - Maputo)SABER NÃO OCUPA LUGARDas três respostas que apresentamos para cada pergunta, apenas uma esta certa.Sublinhe com um traço a resposta certa de cada uma das cinco perguntas quepublicamos a seguir.1-O Mapico é uma dança moçambicana originária da província de:InhambaneMaputoCabo Delgado2 - O Primeiro Estado da Africa*dental fiAngola Ghana Nigéria3 - O Povo moçambicano foi colonizado pelos:FrancesesPortuguesesIngleses4 - O Massacre de Pidgiguiti foi praticado pelo colonialismo português em:

Page 65: 01% A 1NU A

São ToméAngolaGine-BissauS'- O rio Cunene é um rio da:Africa Europa Asia

JOGO DE, PALAVRASDanças moçambicanasK - - - ------ -Colborçã de A -uh - Mauto-m - K - ---i -i -ii i A n ----W AColabora ção de A. Munhat - Maputo)TEMPO N.° 399 -pg. S1

t emposQUEBRA-CABEÇASSubstituindo os traços por letras, por forma a encontrar palavras equivalentes àspalavras ou expressões que se indicam após as setas, encontrará na vertical onome do Presidente de um Pais africano.- + alegar - alegar previamente- - + derar " fulminar- -- + ário "- antiga moeda romana-- + ose deificação- -+ Itada " assalto- - + rder --O dar dentadas - - + ro - fora do vulgar- - + goa ~0> tristeza- + eira - lugar onde são empilhadas as balas, na bateria dum navio.(Colaboração de Maria João Ro4rigues Botelho- Chókwé)4 e()QUAIS OS NÚMEROS?Em cada quadrado em branco falta um número que depois de executada aoperação Indicada pelo sinal aritmético (X,:,+,-) deverá dar o resultado (=)indicado na coluna da direlta e em baixo. Quais são os números que faltam?(Colaboração de Maria João Rodrigues Botelho- Chókwé)1212O JOALHEIRO E O CUENTEO cliente entra numa joalharia e compra um anel por cem escudos. No diaseguinte vai à mesma joalharia e pede para trocar o anel por um outro que custavaduzentos escudos. Entrega o primeiro anel, agarra no que acabara de escolher evai para sair do estabelecimento. O joalheiro exclama: Então.. .1 faltam cemescudos! O cliente muito calmo: Ontem paguei-lhe cem escudos e agora acabo delhe entregar um anel no valor de cem escudos. Então as duas coisas não somamduzentos escudos? (Colaboração de Severiano Mahalambe - MaDuto)TEMPO N.- 399 - põg. 62l1vr es

Page 66: 01% A 1NU A

Seis romanosCem portugueses menos umapernaMais a segunda metade da cabeça dum francês sem chapéuFaz um nome em português.Qual é esse nome?(Colaboração de Antônio Esmael E. Cabo Quelimane)Quem é quem Uma senhora muito assenhoradaQue nunca saiu de casa Mas está sempre molhada?1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 r-L M, 451 I 2AuArOP A 1 1 O1a'a~ L N~tLS60 II~ CvRAI8 __R .L tX ' VADIVINHASUma senhora estava gravemente doente. Foi ao hospital e logo que o médico a viuficou curada.O que ela tinha?Um macaco subiu a um coqueiro e arrancou muitas bananas.Como é que depois conseguiudescer?(Colaboração de M. Graça e Ana - Machava)JOGO DE PALAVRAS - Lumumba; Pereira; Cabral; Lithuli; Nyerere; Mondiane.SABER NÃO OCUPA LUGAR - 1- Damasco; 2 - Maio; 3 Valentina Terechkova; 4Aden; 5 - Nacala.ADIVINHAS - I - E o botão. II - No Polo Norte.TEMPO . 399 - pãg. 03(Colaboração de Rafael Joaquim Nhabanga Inhambane)SOLUÇÕES DO NÚMERO ANTERIORPALAVRAS CRUZADAS

TEMPO N.* 399 - plg. 04«0 e t o $0 au trna pagtnlrimgia>we

r-~PRÉMIOS MAIORES NA EXTRACCAOESPECIAL DA INDEPENDENCIA~KK~4~<prémios correspondentes. a um bilhete inteiro:1.0 prémio 500 000$002.' prémio 300 000$00

Page 67: 01% A 1NU A

3.o prémio 150 0005003 prémios a 50 000$00 6 prémios a 20 000$00 10 prémios a 10000$00 20 prémiosa 5 000$00 20 prémios a 3 000$002 aproximações ao 1.' prémio a 5 000$00 2 » ao 2.0 prémio a 3 500$002 » ao 2.1 prémio a 1550$002999 terminações ao 1.1 prémio a 100$00jogue na 1rlContribua para a saúde e educação do PaísvK

MELHOR CINEMA PARA O ESPECTADOREM ESTREIA,O FILME REALIZADOPOR PAOLO A história veridica dum pastor analfabeto que, utilizando a culturacomo arma de libertação, luta contra a tirania de seu Pai.patrão,Este pasto ,.que doeumenta este filme com a sua presença,é Gavino Leddaem cujaautobiografia se insp!raram os irmãos Taviani,E VITTORIO TAVIANIpadrepadrone,(meu paimeu patrão)PALMA D'OURO DO FESTIVALDE CANNES DE 1977 PRÉMIO DA CRÍTICA INTERNACIONALimportação e distribuição doa=lUI IE CUrd