01. Análise Vetorial

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Capítulo 1 do Livro de eletromagnetismo do autor Eduardo Fontana.

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  • ELETROMAGNETISMO - PARTE 1 - Edio 01.2011

    Eduardo Fontana, PhD

    Professor Titular

    Departamento de Eletrnica e Sistemas

    UFPE

    Copyright Verso Impressa 1994 by Eduardo Fontana

    Copyright Verso ebook 2011 by Eduardo Fontana

  • Captulo 1 - Anlise Vetorial 1.1 Campo Vetorial e Escalar

    1.2 lgebra Vetorial

    1.2.1 Soma

    1.2.2 Produto

    Produto escalar

    Produto vetorial

    1.2.3 Decomposio de vetores

    1.3. Alguns sistemas de coordenadas

    1.3.1 Coordenadas cartesianas

    1.3.2 Coordenadas cilndricas

    1.3.3 Coordenadas esfricas

    1.4. Transformao de coordenadas e vetores

    1.4.1 Cartesianas-Cilndricas

    1.4.2 Cilndricas-Esfricas

    1.4.3 Cartesianas-Esfricas

    1.5. Integrais

    1.5.1 Integral de linha de uma funo

    1.5.2 Integral de linha de um vetor

    1.5.3 Integral de superfcie

    1.5.4 Integral de volume

    1.6. Operaes diferenciais com vetores

    1.6.1 Gradiente

    1.6.2 Operador Nabla

    1.6.3 Divergente

    1.6.4 Rotacional

    1.7. Identidades vetoriais

    1.8. Alguns teoremas da anlise vetorial

    1.8.1 Teorema de Gauss

    1.8.2 Teorema de Stokes

    1.8.3 Identidades de Green

    1.8.4 Teorema de Helmholtz

    Problemas

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    1.1 Campo Vetorial e Escalar

    O eletromagnetismo lida essencialmente com grandezas escalares e

    vetoriais. Por grandeza escalar, entende-se uma grandeza fsica que possa

    ser quantificada por um nico parmetro, como por exemplo, a massa de um

    objeto ou a carga de um corpo carregado. Uma grandeza vetorial, por outro

    lado, requer parmetros adicionais para uma mais completa especificao,

    como por exemplo, magnitude, linha de ao e sentido. Esse o caso, por

    exemplo, da velocidade de um objeto em movimento. Um outro conceito que

    surge no estudo de eletromagnetismo o de campo. Na maioria das situaes

    de interesse o campo uma forma conveniente de representao do efeito

    produzido por uma fonte fsica em cada ponto de espao, a cada instante de

    tempo. O campo ser escalar ou vetorial, se a grandeza fsica a ele associada

    for de natureza escalar ou vetorial, respectivamente.

    O estudo detalhado do eletromagnetismo requer familiaridade com as

    propriedades de vetores, escalares e de campos escalares e vetoriais. Algumas

    destas propriedades so examinadas a seguir.

    1.2 lgebra Vetorial

    Um vetor representado geometricamente por um segmento de reta

    orientado conforme ilustrado na Fig. 1.1, onde o comprimento da seta

    proporcional a magnitude do vetor, e a orientao da seta indica a direo e

    sentido do vetor.

  • Vetores satisfazem algumas propriedades quanto a soma e produto, descritas a

    seguir:

    1.2.1 Soma

    A soma de vetores realizada geometricamente, a partir do

    deslocamento paralelo de um dos vetores at a extremidade do outro,

    conforme ilustrado na Fig.1.2. O vetor resultante se estende na direo da

    diagonal do paralelogramo formado pelos dois vetores. A partir dessa

    definio, a soma de vetores satisfaz as propriedades:

    Comutatividade:

    Associatividade:

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    1.2.2 Produto

  • Outro tipo de operao entre vetores o produto, que pode resultar em

    uma grandeza escalar ou vetorial.

    Produto escalar

    O produto escalar entre dois vetores e definido por

    (1.1)

    onde e so as magnitudes dos vetores e , respectivamente, e o

    menor dos ngulos entre eles. A partir dessa definio, a magnitude de um

    vetor pode ser obtida da relao

    A operao produto escalar, satisfaz algumas propriedades, tais como:

    Comutatividade:

    Distributividade:

    Produto vetorial

    Este tipo de produto gera como resultado um vetor. Define-se esta

    operao pela relao

    (1.2) onde, conforme ilustrado na Fig.1.3, o menor dos ngulos entre os

    vetores , um vetor de magnitude unitria, perpendicular ao plano que

    contm os vetores , e cujo sentido aquele do polegar, quando simula-se

    com a mo direita a rotao do vetor em direo ao vetor .

  • Fig.1.3 Disposio dos vetores na operao produto vetorial.

    Algumas das propriedades satisfeitas pelo produto vetorial seguem

    diretamente da definio e das propriedades de soma de vetores. Duas dessas

    so:

    Anti-comutatividade:

    Distributividade:

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    1.2.3 Decomposio de vetores

    No espao tridimensional, um vetor arbitrrio pode ser especificado

    em termos de trs vetores ortogonais. Quando esses vetores possuem

    magnitude unitria eles formam uma base ortonormal no espao

    tridimensional. Uma base ortonormal de vetores 1 , 2 e 3 satisfaz as

    seguintes propriedades:

    A base ortonormal tambm uma base cclica de vetores se

    ,

    onde:

  • Uma seqncia cclica a partir de 123 gera como resultado as

    combinaes, 231, 312, etc. Uma seqncia acclica obtida trocando-se um

    dos ndices da seqncia cclica, como por exemplo, a seqncia 213.

    A decomposio de um vetor em uma base cclica ortonormal

    requer a determinao dos coeficientes , tal que

    .

    Os coeficientes da decomposio so denominados de projees do

    vetor nos vetores de base, e essas projees so obtidas simplesmente a

    partir da operao produto escalar com cada vetor de base. Por exemplo, a

    projeo A1 obtida do produto escalar

    Realizando-se a mesma operao com os outros vetores de base,

    obtm-se

    Utilizando-se a decomposio de vetores em uma base cclica

    ortonormal, as operaes de soma, produto escalar e produto vetorial entre

    dois vetores podem ser representadas respectivamente por,

    Para o produto vetorial, a soma resulta em

  • (1.3)

    que tambm pode ser posta na forma de um determinante,

    (1.4)

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    Pode-se simplificar a notao de somatrio utilizada nas vrias operaes

    descritas anteriormente, convencionando-se que a ocorrncia de ndices

    repetidos no segundo membro dessas operaes indique somatrio no ndice

    correspondente. Por exemplo, na operao produto escalar, pode-se

    representar o resultado na forma simplificada

    (1.

    5)

    onde a dupla ocorrncia do ndice i no segundo membro da Eq.(1.5)

    indica . No caso do produto vetorial a representao simplificada da

    forma

    (1.6)

    onde a dupla ocorrncia dos ndices i, j e k, no segundo membro indica a soma

    tripla .

  • 1.3. Alguns sistemas de coordenadas

    Em problemas de teoria de campo, a escolha de um sistema de

    coordenadas adequado fundamental para obteno de representaes

    simplificadas dos campos envolvidos. O sistema mais adequado geralmente

    determinado levando-se em conta a geometria da regio de existncia dos

    campos. Vrios sistemas de coordenadas podem ser definidos para atender

    uma larga gama de situaes. Os trs sistemas de coordenadas mais comuns e

    freqentemente utilizados no estudo de eletromagnetismo sero tratados no

    texto, e esses so descritos a seguir.

    1.3.1 Coordenadas cartesianas

    Neste sistema, as coordenadas de um ponto no espao so definidas a

    partir de trs eixos x, y , z, perpendiculares aos planos x = 0, y = 0 e z

    = 0, respectivamente, conforme ilustrado na Fig.1.4. Qualquer vetor neste

    sistema de coordenadas pode ser representado como combinao linear dos

    trs vetores unitrios,1=x, 2=y, 3=z, paralelos aos

    eixos x, y, z, respectivamente. A origem do sistema cartesiano a interseo

    dos planos x=0 , y=0 e z=0. A localizao de um ponto no espao pode ser

    representada pelo vetor posio

    tendo uma das extremidades na origem do sistema, conforme ilustrado na

    Fig.1.4. A distncia do ponto P a origem obtida de,

  • Fig.1.4 Representao de um ponto e vetores de base no sistema de

    coordenadas cartesianas.

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    1.3.2 Coordenadas cilndricas

    Neste sistema as coordenadas de um ponto no espao so

    representadas pelos parmetros:

    r = distncia at a origem da projeo do ponto no plano xy.

    = ngulo azimutal, que representa o desvio angular do vetor projeo no plano xy relativamente ao eixo x.

    z = coordenada axial do ponto.

    A base de vetores neste sistema formada pelos vetores unitrios

    ortogonais as superfcies,

    r = constante, que representa a equao de uma superfcie cilndrica,

    = constante, que representa a equao de um semi-plano,

  • z = constante, que representa a equao de um plano.

    Essas superfcies e os vetores unitrios correspondentes,

    , esto representados na Fig.1.5. importante observar que a seqncia de

    vetores unitrios da base deste sistema, est escrita na forma de uma

    seqncia cclica, conforme definido anteriormente. Notemos tambm que

    diferentemente do que ocorre com os vetores de base do sistema de

    coordenadas cartesianas, neste sistema os dois primeiros vetores de base

    variam com a coordenada .

    Fig.1.5 Vetores de base e superfcies coordenadas do sistema de coordenadas

    cilndricas.

    1.3.3 Coordenadas esfricas

    As coordenadas de um ponto neste sistema de coordenadas so

    representadas pelos parmetros ilustrados na Fig.1.6, a saber:

    R = distncia do ponto origem,

    = ngulo polar, que representa o desvio angular do vetor posio em relao ao eixo z,

  • = ngulo azimutal, comum ao sistema de coordenadas cilndricas.

    A base deste sistema formada pelos vetores,

    , que so perpendiculares as superfcies,

    R = constante , que representa a superfcie de uma esfera.

    = constante , que representa a superfcie de um cone. = constante , que representa a superfcie de um semi-plano.

    O espao tridimensional gerado pelas condies,

    e . As superfcies coordenadas, bem como os vetores de base esto

    ilustrados na Fig. 1.6. Neste sistema de coordenadas, o vetor posio

    representado por .

    Fig.1.6 Base de vetores e superfcies coordenadas do sistema de coordenadas

    esfricas.

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    1.4. Transformao de coordenadas e vetores

    1.4.1 Cartesianas-Cilndricas

    Existem situaes em que torna-se necessria a transformao de

    vetores e coordenadas de um sistema de coordenadas para outro. Considere-

    se inicialmente um vetor representado no sistema de coordenadas

    cartesianas. Qual seria a representao desse vetor, por exemplo, no sistema

    de coordenadas cilndricas?

    Essa questo pode ser resolvida com o emprego das propriedades

    bsicas de vetores. Para isso, seja da forma

    O objetivo determinar as componentes de forma que o vetor

    assuma a representao

    As componentes incgnitas podem ser obtidas pelo clculo das

    projees

    Os produtos escalares entre vetores unitrios nessas ltimas expresses,

    so obtidos com base na Fig.1.7, resultando em,

  • portanto,

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    Esse sistema de equaes lineares relacionando as projees no

    sistema de coordenadas cilndricas quelas correspondentes ao sistema de

    coordenadas cartesianas pode ser posto na forma matricial

    e essa forma matricial determina a lei de transformao de vetores entre os

    dois sistemas.

    Pode-se representar a lei de transformao atravs da equao matricial

    (1.7)

    onde,

  • e

    Nas Eqs.(1.7) e (1.8), foi introduzida a representao matricial de

    vetores em um sistema de coordenadas. Com se pode observar na Fig.1.7, o

    efeito da matriz produzir uma rotao do sistema xy, de radianos no

    sentido anti-horrio, em torno do eixo z, A matriz possui um determinante

    unitrio e sua inversa igual a sua transposta. Essa matriz portanto uma

    matriz unitria e satisfaz a relao

    onde

    a matriz identidade.

    Matrizes de transformao resultantes de rotao ou translao de

    eixos so unitrias pois essas transformaes no alteram a magnitude de um

    vetor ou mesmo a orientao relativa entre vetores. Para demonstrao dessa

    afirmativa, seja a operao produto escalar entre vetores, que na representao

    matricial assume a forma

    (1.9)

    Transformaes de rotao ou translao de eixos no alteram a

    magnitude e orientao relativa de vetores e se tal transformao for

    representada pela matriz , tal que

    (1.10)

  • o produto escalar no novo sistema de coordenadas pode tambm ser escrito

    como,

    (1.11)

    Igualando-se as Eqs. (1.9) e (1.11), resulta,

    e essa ltima relao s se verifica se a matriz satisfizer a propriedade

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    1.4.2 Cilndricas-Esfricas

    Seguindo o procedimento descrito na seo anterior, considere-se

    agora o vetor expresso em coordenadas cilndricas e a obteno de sua

    representao em coordenadas esfricas. Seja portanto,

    e quer-se determinar a representao correspondente em coordenadas esfricas

    Seguindo as etapas j descritas na seo anterior, e com base na Fig.

    1.8, obtm-se

    que pode ser posto na forma,

  • com,

    (1.12)

    A transformao inversa obtida de,

    Fig.1.8 Disposio relativa dos vetores de base nos sistemas de coordenadas

    cilndrica e esfrica.

    1.4.3 Cartesianas-Esfricas

    Essa transformao obtida pela aplicao sucessiva das

    transformaes anteriores, ou seja,

    e a transformao inversa simplesmente,

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    1.5. Integrais

    Em eletromagnetismo operaes de integrao e diferenciao so

    geralmente efetuadas no espao tridimensional e envolvem campos escalares e

    vetoriais. Essas operaes so revisadas a seguir.

    1.5.1 Integral de linha de uma funo

    Seja f(x,y,z) uma funo definida em uma regio do espao

    tridimensional e uma curva ou caminho Ccontida nessa regio. A equao de

    uma curva no espao tridimensional obtida a partir da interseo de duas

    superfcies, cada uma representada por uma relao entre coordenadas do tipo, S(x,y,z) = 0 onde S uma funo arbitrria das variveis x , y e z. Conseqentemente, uma

    curva no espao tridimensional corresponde a soluo do sistema de equaes

    Define-se a integral de linha de f sobre C, com respeito a varivel x,

    pela relao

    onde o subscrito C sob o sinal de integrao implica que a funo

    escalar f(x,y,z) calculada sobre os pontos compondo o caminho C, resultando

  • em uma funo fC(x,y,z). Portanto, para efetuar-se esta integrao necessria

    a utilizao do sistema de equaes definindo a curva C, o que implica

    Definies semelhantes se aplicam a integrais de linha com respeito as

    variveis y e z ou com respeito a variveis compondo sistemas de coordenadas

    curvilneas em geral. Exemplo 1.1: Seja a funo f(x,y,z)=2x+y+z2 e o caminho C, limitado pelos

    pontos (0,0,0) e (1,1,1) e definido pela interseo entre os planos,

    Para calcular a integral de f sobre C com respeito a varivel y, utilizam-

    se as duas equaes anteriores para obter,

    e portanto

    A integral de linha com respeito a uma das coordenadas do caminho

    apenas um caso particular da situao mais geral envolvendo a integrao com

    respeito ao deslocamento ao longo do caminho. Seja luma varivel que mede

    o comprimento ao longo da curva C. A integral de linha de f sobre C com

    respeito a varivel l definida pela relao,

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    possvel reduzir-se essa ltima expresso para uma integral com

    respeito a uma das variveis do sistema de coordenadas considerado, no caso,

    o sistema de coordenadas cartesianas. Para isso, seja o vetor tendo

  • magnitude dl e direo tangente a curva C. Sua decomposio em

    coordenadas cartesianas dada por

    Para efetuar-se o clculo da integral com respeito a varivel x, por

    exemplo, calcula-se o efeito de um pequeno incremento dx sobre as

    coordenadas y e z da curva C, resultando em,

    portanto,

    e a integrao com respeito a varivel l reduz-se a,

    No clculo dessa ltima integral, necessrio expressar-se as

    variveis y e z em termos da varivel x, o que equivale ao clculo da

    funo f sobre a curva C.

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    1.5.2 Integral de linha de um vetor

  • A funo escalar no integrando da integral de linha pode representar

    uma das componentes de um campo vetorial . Seja um caminho C e

    um vetor tangente a curva C em cada um de seus pontos. Define-se a

    integral de linha da projeo de sobre C por,

    Dados dl e , define-se o vetor deslocamento diferencial ao longo da

    curva por, , e a ltima integral pode ser posta na forma,

    Para um caminho formando uma curva fechada, denota-se

    Essa ltima integral tambm denominada de circulao de

    sobre C.

    A decomposio do vetor deslocamento diferencial nos sistemas de

    coordenadas cilndrica e esfrica obtida com base nas Figs. 1.9a e 1.9b e a

    integral de linha de um vetor, nos trs sistemas de coordenadas

    considerados, pode ser expressa como a soma de integrais com respeito a uma

    nica varivel conforme delineado a seguir,

    Cartesianas

    Cilndricas

    Esfricas

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    (a)

    (b) Fig.1.9 (a) Projees no plano xy do vetor deslocamento diferencial no

    sistema de coordenadas cilndricas. (b) Componentes do vetor deslocamento

    diferencial no sistema de coordenadas esfricas.

    Exemplo 1.2: Para o caminho fechado C mostrado na Fig.1.10 calcular a

    circulao do campo vetorial, em coordenadas cilndricas.

  • Primeiramente transforma-se utilizando-se a matriz de

    transformao dada pela Eq.(1.8)

    onde fez-se uso das transformaes de

    coordenadas,

    Portanto em coordenadas cilndricas,

    Com base na Fig.1.10, as equaes para os caminhos 1, 2 e 3 em

    coordenadas cilndricas so

    portanto

    Sobre os trs caminhos, tem-se

    resultando em

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    1.5.3 Integral de superfcie

    A integral de uma funo sobre uma superfcie uma extenso do caso

    unidimensional. Seja S uma superfcie e f(x,y,z) uma funo

    escalar. Seja fs(x,y,z) o valor dessa funo calculada sobre pontos da

    superfcie. Define-se a integral de superfcie de f como sendo

    onde dS um elemento diferencial de rea sobre a superfcie S. Se fs a

    projeo de um campo vetorial ao longo da direo normal

    superfcie, denota-se,

    como sendo o fluxo do vetor atravs de S, onde o vetor unitrio

    normal a superfcie em cada ponto. Se a superfcie fechada, e o vetor

    aponta para fora do volume limitado por S, denota-se,

    como sendo o fluxo lquido de para fora da regio limitada por S. Note-se

    que se o vetor for tangente superfcie em todos os pontos, ento o fluxo

    lquido nulo. Ser mostrado adiante que o clculo do fluxo de um campo

    vetorial para fora de um volume limitado por uma superfcie S auxilia na

    determinao de fontes de campo no interior do volume considerado.

    conveniente incorporar-se o carter vetorial do vetor normal

    superfcie diretamente no elemento diferencial de rea dS. Para isso, define-se

    um vetor rea diferencial em cada ponto da superfcie por,

  • O vetor , apontando em um dado sentido, tem magnitude igual ao

    produto de comprimentos diferenciais ao longo da superfcie, e

    conseqentemente as representaes desse vetor nos trs sistemas de

    coordenadas aqui considerados so dadas por:

    Cartesianas:

    Cilndricas:

    Esfricas:

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    1.5.4 Integral de volume

    A integral de uma funo ou vetor em um volume ocorre

    freqentemente no estudo de Eletromagnetismo e em outras reas da Fsica.

    Seja f uma funo escalar e um campo vetorial, V um volume no espao

    tridimensional e dV um volume diferencial. Denotam-se

    como sendo as integrais de volume das grandezas f e , respectivamente. A

    escolha mais adequada para representao do elemento diferencial de volume

    depende da geometria do volume de integrao. O elemento diferencial dV o

    produto de trs comprimentos diferenciais, e as representaes

    correspondentes nos trs sistemas de coordenadas so:

    Cartesianas:

    Cilndricas:

    Esfricas:

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    1.6. Operaes diferenciais com vetores

    1.6.1 Gradiente

    Seja uma superfcie descrita no sistema de coordenadas cartesianas pela

    equao f(x,y,z)=C. Na Fig.1.11a esto ilustradas duas superfcies

    adjacentes S1 e S2, descritas respectivamente pelas equaes,

    S1 : f(x,y,z) = C

    S2 : f(x,y,z) = C + dC

    onde dC>0 um pequeno incremento diferencial na constante C. O

    deslocamento do ponto P para o ponto Qilustrados na Fig.1.11a,

    representado pelo vetor deslocamento diferencial,

    Fig.1.11 Geometria das superfcies e disposio de vetores utilizados na

    definio do gradiente de uma funo.

  • A variao df , na funo f , devido a esse deslocamento pode ser obtida

    utilizando-se o termo em primeira ordem de uma expanso de Taylor para

    funes de trs variveis

    que pode ser expressa na forma do produto escalar

    onde

    denominado de gradiente da funo f. Esse vetor resultante da ao do

    operador vetorial

    sobre a funo f , gerando como resultado um vetor.

    Para pontos P e Q bem prximos e situados sobre S1 conforme ilustrado

    na Fig.1.11b, a variao na funo f , df = 0, i.e.,

    o que indica que o vetor perpendicular a superfcie S1 no ponto P.

    Orientando-se o vetor de forma a torn-lo paralelo e no mesmo sentido do

    vetor , a magnitude de assume seu valor mnimo, resultando em

    ou seja, o vetor tem como magnitude a mxima taxa de variao da

    funo f no ponto P e aponta no sentido dessa mxima variao. Definindo-se

    um caminho curvilneo passando perpendicularmente a famlia de

    superfcies Si descritas por equaes do tipo, f(x,y,z)=Ci, conforme ilustrado na

    Fig.1.11c, permite expressar o gradiente na forma simples

    (1.13)

  • onde u a varivel que mede comprimento ao longo da direo normal ao

    conjunto de superfcies e u o vetor unitrio, tangente a essa trajetria e

    orientado no sentido de crescimento de u.

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    1.6.2 Operador Nabla

    O operador pode atuar sobre escalares ou vetores. Operao sobre

    uma funo escalar resulta no vetor gradiente. A representao do vetor

    gradiente feita com os vetores unitrios escritos esquerda dos respectivos

    operadores diferenciais, como na Eq.(1.13). Isso porque, em sistemas de

    coordenadas curvilneas, vetores de base em geral dependem dessas

    coordenadas, e portanto essa notao evita que os operadores diferenciais

    atuem sobre os vetores de base. Da Eq.(1.13), o operador , quando

    decomposto em uma base de vetores unitrios, ter como componentes as

    derivadas com respeito aos comprimentos diferenciais medidos ao longo dos

    respectivos eixos coordenados, assumindo a forma geral,

    (1.14) onde dli o comprimento diferencial ao longo do eixo i. De acordo com essa

    expresso, as seguintes representaes so obtidas nos sistemas de

    coordenadas cilndricas e esfricas:

    Cilndricas:

    (1.15)

    Esfricas:

    (1.16)

    1.6.3 Divergente

  • O divergente uma funo escalar resultante de uma operao

    diferencial sobre um vetor. Considere-se um sistema ortogonal de

    coordenadas generalizadas, representadas pelas variveis u, v e w. Os

    elementos diferenciais de comprimento associados a essas variveis so

    definidos por dl1=h1du, dl2=h2dv, dl3=h3dw .

    Os parmetros h, so fatores de escala, funes das coordenadas, que

    multiplicados pelos respectivos elementos diferenciais du, dv e dw

    , produzem os comprimentos diferenciais correspondentes. Na Tabela 1.1,

    esto tabulados os parmetros h correspondentes aos trs sistemas de

    coordenadas mais utilizados. Tabela 1.1 Parmetros h e variveis correspondentes em trs sistemas de

    coordenadas

    u v w h1 h2 h3

    Cartesianas x y z 1 1 1

    Cilndricas r z 1 r 1

    Esfricas R 1 R Rsen

    Seja o cubo curvilneo de volume , ilustrado na

    Fig.1.12, com centro no ponto , e um campo vetorial

    Define-se o divergente de no ponto P pela relao,

    (1.17)

    que mede a densidade volumtrica de fluxo lquido do vetor para fora de

    um volume diferencial com centro no ponto P. Com base na geometria

    ilustrada nas Figs.1.12a e b, possvel determinar-se formalmente uma

    expresso para o divergente em termos das componentes de e das

    coordenadas u, v e w. Para isso basta computar-se o fluxo do vetor para

    fora do volume diferencial, atravs das seis superfcies do cubo curvilneo. Na

    Fig.1.12b, esto indicadas as superfcies S1 e S2 , e a superfcie

    intermediria S0 . Sendo o vetor normal a superfcie intermediria, obtm-se

    para o fluxo atravs dessa superfcie

  • Os fluxos atravs das superfcies que tm em comum o vetor

    unitrio , podem ser expressos em termos de a partir das expanses

    de Taylor em 1a. ordem

    Fig.1.12. Cubo curvilneo utilizado no clculo formal do divergente de um

    campo vetorial.

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    Assim, a contribuio das superfcies S1 e S2 para o fluxo total para o

    exterior da regio limitada pelo cubo pode ser obtida de

  • A contribuio das outras superfcies obtida fazendo-se permutaes

    cclicas sobre os respectivos ndices e coordenadas, resultando em,

    donde

    Inserindo-se essa ltima expresso na Eq.(1.17), fornece

    (1.18)

    Utilizando-se os parmetros da Tabela 1.1 e a Eq.(1.18), as seguintes

    expresses so obtidas nos trs sistemas de coordenadas:

    (1.19)

    (1.20)

    (1.21)

    A divergncia de um campo vetorial, indica a existncia de fontes ou

    sumidouros associados a esse campo. Se a divergncia em um ponto nula, o

    fluxo total que entra o mesmo que sai em um volume arbitrariamente

    pequeno circundando o ponto considerado, indicando assim uma certa

    conservao das linhas de campo naquele ponto. Se a divergncia positiva,

    existe um fluxo liquido para o exterior do volume diferencial ao redor do

    ponto considerado, indicando a presena de uma fonte capaz de produzir essas

    linhas de campo. Finalmente, quando a divergncia negativa, existe um

  • fluxo lquido convergindo para o interior do volume diferencial, indicativo da

    existncia de um sumidouro de linhas de campo no ponto sob considerao.

    Considerando-se a Eq.(1.19), pode-se escrever o divergente de um

    campo vetorial na forma

    Ou seja, no sistema de coordenadas cartesianas, o divergente de um

    campo vetorial obtido diretamente do produto escalar do vetor com o

    vetor . Essa expresso tambm se verifica em qualquer sistema de

    coordenadas, mas deve-se levar em conta que em outros sistemas os vetores

    de base dependem das coordenadas, e que os operadores diferenciais atuam

    sobre os vetores de base. Por exemplo, considerando-se o sistema de

    coordenadas cilndricas e a Eq.(1.17), tem-se

    Antes da realizao dos produtos escalares, deve-se observar que os

    vetores e dependem da coordenada . A forma explcita dessa

    dependncia obtida decompondo-se esses vetores na base de vetores do

    sistema de coordenadas cartesianas. Com base na matriz de transformao

    dada pela Eq.(1.8), tem-se que,

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  • Diferenciao desses vetores com respeito a varivel fornece

    Levando-se em conta essas propriedades no desenvolvimento da

    operao , resulta em

    Comparando-se essa ltima expresso com a Eq.(1.20) tem-se

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    1.6.4 Rotacional

    O rotacional uma operao

    diferencial realizada sobre um vetor,

    produzindo como resultado um outro vetor

    e til na determinao das propriedades

    de circulao de campos vetoriais. Com

    base na Fig.1.13, define-se o rotacional de

    um campo vetorial pela relao

  • (1.22)

    Verifica-se da definio dada pela Eq.(1.22) que cada componente do

    vetor rotacional a razo entre a circulao do campo vetorial e a rea

    limitada pelo caminho de integrao, calculada no limite quando essa rea

    tende a zero. No clculo da Eq.(1.22), a orientao do caminho definida de

    forma que a rea por ele limitada esteja sempre situada esquerda no decorrer

    do percurso de integrao. O vetor unitrio normal a rea diferencial

    orientado no sentido da extremidade do polegar ao simular-se a trajetria de

    integrao com a mo direita.

    Considere-se um sistema genrico de coordenadas curvilneas (u, v, w)

    e a geometria ilustrada na Fig.1.14 para o clculo da componente u da

    Eq.(1.22). Admitindo-se um campo vetorial da forma

    ,

    a integral de linha da Eq.(1.22) reduz-se a

    Fig.1.14 Geometria para o clculo do rotacional em termos das componentes do

    campo vetorial

    Supondo-se conhecidas as integrais de linha sobre os dois caminhos

    que cruzam o centro do retngulo curvilneo, as integrais ao longo dos quatro

    segmentos indicados na Fig.1.14 podem ser obtidas a partir das expanses de

    Taylor em 1a. ordem

  • onde,

    ,

    so as integrais de linha intermedirias no sentido crescente das

    variveis v e w, respectivamente.

    A integral de linha resultante portanto,

    A rea do retngulo diferencial aproximadamente,

    e a componente u do rotacional, obtida da Eq.(1.22),

    donde

    (1.23)

    As outras componentes so obtidas realizando-se permutaes cclicas

    nos ndices e coordenadas, o que fornece:

    (1.24)

    (1.25)

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    As Equaes (1.23)-(1.25) so vlidas para um sistema ortogonal de

    coordenadas curvilneas generalizadas. Nos trs sistemas de coordenadas mais

    usados e com base na Tabela 1.1, essas expresses assumem as formas:

    Cartesianas:

    (1.26)

    Cilndricas:

    (1.27)

    Esfricas:

    (1.28)

    A operao pode ser obtida diretamente do produto vetorial do

    operador com o vetor , levando-se em conta a operao diferencial sobre

    os vetores unitrios do sistema de coordenadas curvilneas. Por exemplo, no

    sistema de coordenadas cilndricas obtm-se formalmente

  • Em coordenadas cilndricas os vetores e dependem apenas da

    coordenada , conforme descrito na Sec. 1.6.3. Efetuando-se os produtos

    vetoriais entre vetores unitrios obtm-se

    Comparando-se essa ltima expresso com a Eq. (1.27) fornece

    (1.29)

    Existe uma segunda forma de definio da operao rotacional que

    envolve uma integrao na superfcie fechada que limita o ponto

    considerado. Essa definio til no desenvolvimento de algumas relaes

    integrais e pode ser desenvolvida com base na geometria do cubo curvilneo

    ilustrado na Fig.1.12a. Seja o vetor rea diferencial em cada face do cubo

    e dV o volume diferencial correspondente. O rotacional pode ento ser

    definido na forma

    (1.30)

    Note-se que a Eq.(1.30) tem uma forma semelhante a Eq.(1.17) a

    menos da natureza vetorial. Para verificar-se que o resultado obtido com essa

    nova definio idntico quele obtido da Eq.(1.22), considere-se as

    contribuies das superfcies S1 e S2 para a integrao de superfcie, expressas

    em termos da contribuio da superfcie S0, conforme ilustrado na

    Fig.1.12b. Na superfcie S0 tem-se

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    De forma semelhante quela descrita anteriormente as integraes nas

    superfcies S1 e S2 podem ser expressas como as expanses de Taylor em 1a.

    ordem

    onde o sinal negativo na ltima expresso decorrncia de a normal para o

    exterior da regio na superfcie S2apontar no sentido do vetor . Assim a

    contribuio das superfcies S1 e S2 dada por

    que pode ser reescrita na forma

    A partir desse resultado, as integraes nas quatro superfcies restantes

    podem ser obtidas realizando-se permutaes cclicas nas coordenadas,

    resultando em

  • Pode-se mostrar que os ltimos trs termos do segundo membro da

    expresso anterior so todos nulos. Para isso, suficiente mostrar que um

    deles se anula e utilizar a correspondncia cclica entre os termos. A

    demonstrao como segue. Considere-se o vetor deslocamento diferencial

    que no sistema uvw pode tambm ser escrito na forma

    A igualdade dessas duas relaes fornece

    Assim, o primeiro dos trs ltimos termos da integral de superfcie

    pode ser escrito na forma

    ,

    e o mesmo resultado se aplica para os dois ltimos termos. Com esse resultado

    a integral na superfcie do cubo curvilneo reduz-se a

    Utilizando-se esse ltimo resultado juntamente com a

    expresso V=h1h2h3dudvdw, na definio dada pela Eq.(1.30) obtm-se finalmente

  • o que corresponde ao resultado contido nas Eqs.(1.23)(1.25).

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    1.7. Identidades vetoriais

    O operador pode operar sobre escalares ou vetores ou combinaes

    de produtos dessas grandezas e vrias identidades vetoriais podem ser obtidas

    da definio bsica do operador conforme ilustrado a seguir:

    1.7.1

    Utilizando-se a notao compacta e a definio do produto escalar,

    tem-se

    onde subtendida a soma nos ndices i e j e . Utilizando-se a regra da

    cadeia para a operao de diferenciao, obtm-se

    donde

    (1.31)

    1.7.2

    Utilizando-se o procedimento delineado anteriormente, obtm-se

  • donde

    (1.32)

    1.7.3

    A divergncia do gradiente de um escalar denominada

    de Laplaciano que um operador diferencial de 2a. ordem encontrado

    freqentemente em teoria de campos. Utilizando-se a Eq.(1.14), e os

    parmetros hdefinidos anteriormente, o gradiente de um escalar pode ser

    expresso como

    O divergente do vetor obtido da Eq.(1.16), resultando em

    (1.33)

    Utilizando-se os parmetros da Tabela 1.1, obtm-se as seguintes

    expresses nos sistemas de coordenadas considerados neste captulo:

    Cartesianas

    (1.34)

    Cilndricas

    (1.35)

    Esfricas

    (1.36)

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    1.7.4

    Considere-se a determinao do rotacional do gradiente de uma funo

    escalar. Utilizando-se a notao compacta, com ndices repetidos

    representando soma, o gradiente e o rotacional podem ser representados por,

    onde, . Fazendo-se , obtm-se

    Para uma funo f com 2a. derivada contnua tem-se

    que, . Portanto, fixado o ndice k , e fazendo-se uso da

    propriedade , conclui-se que,

    (1.37)

    Essa identidade implica que: qualquer campo vetorial obtido do

    gradiente de uma funo escalar irrotacional.

    1.7.5

    Considere-se agora o divergente do rotacional de um vetor. Para isso,

    a Eq.(1.16) expressa na forma compacta,

  • com ndices repetidos indicando soma, e o ltimo fator na expresso anterior,

    satisfaz a,

    Seja

    cuja divergncia ,

    onde nessa ltima expresso tem-se uma soma sobre os ndices repetidos i , j ,

    k, l , m. Notando-se que,

    e este termo ser no nulo para cada valor do ndice i, se a seguinte condio

    for satisfeita,

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    Quando esta condio satisfeita, tem-se que,

    ,

    portanto,

  • Para Fm com 2a. derivada contnua tem-se

    e utilizando-se a propriedade , obtm-se finalmente,

    (1.38)

    Essa identidade implica que: qualquer campo vetorial derivado do

    rotacional de outro vetor, possui divergncia nula.

    1.7.6 Outras identidades vetoriais

    Existem outras identidades envolvendo operadores e vetores que so

    de importncia no formalismo matemtico da teoria eletromagntica, algumas

    das quais listadas a seguir. A demonstrao dessas expresses geralmente

    realizada seguindo procedimentos semelhantes queles delineados

    anteriormente.

    (1.39)

    (1.40)

    (1.41)

    (1.42)

    (1.43)

    (1.44)

    1.8. Alguns teoremas da anlise vetorial

    Vrias relaes integrais so de importncia no formalismo

    matemtico da teoria eletromagntica e algumas destas so descritas a seguir.

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  • 1.8.1 Teorema de Gauss

    A definio da divergncia de um vetor expressa pela Eq.(1.15), pode

    ser posta na forma

    com representando o

    fluxo lquido do vetor para

    fora da regio diferencial em

    torno do ponto P. Essa ltima

    relao permite obter o fluxo

    lquido a partir do

    conhecimento do divergente e

    do volume diferencial uma

    vez que

    (1.45)

    A generalizao dessa

    expresso para o caso de um

    volume macroscpico V limitado por uma superfcie fechada pode ser

    obtida com base na Fig.1.15. O volume V subdividido em elementos

    diferenciais , e sobre cada elemento a Eq.(1.45) utilizada para calcular o

    fluxo lquido para fora do elemento diferencial de volume. Efetuando-se a

    soma dos fluxos diferenciais de cada elemento, componentes de fluxo

    calculadas sobre superfcies comuns a elementos adjacentes se cancelam.

    Conseqentemente, ao se somar as contribuies diferenciais, as nicas

    componentes de fluxo que no se cancelam so aquelas calculadas sobre a

    superfcie . Dessa forma, pode-se escrever,

    que leva ao teorema de Gauss,

    (1.46)

  • onde o vetor rea diferencial dirigido para fora do volume V.

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    1.8.2 Teorema de Stokes

    A definio do rotacional de um vetor dada pela Eq.(1.19) pode ser

    expressa na forma,

    onde um vetor unitrio normal ao elemento de rea S, e C o caminho de integrao, orientado de acordo com a regra da mo direita. Essa relao

    permite obter a circulao do campo vetorial a partir do conhecimento da

    projeo do rotacional na direo normal superfcie limitada pelo caminho.

    Definindo-se no limite,

    pode-se escrever,

    donde

    (1.47)

    A Eq.(1.47) pode ser

    generalizada para o clculo de

    circulao de um campo vetorial,

    qualquer que seja a forma e tamanho do caminho, conforme ilustrado na

    Fig.1.16. A superfcie subdividida em elementos diferenciais, e sobre cada

    elemento, a Eq.(1.47) utilizada para o clculo da integral de linha no

  • caminho limitando o elemento de superfcie correspondente. Efetuando-se a

    soma dessas circulaes diferenciais sobre todos os elementos da superfcie,

    integrais de linha calculadas sobre segmentos comuns a elementos adjacentes

    se cancelam. Conseqentemente, ao somar-se as contribuies diferenciais, o

    nico segmento que contribui para a integral de linha do vetor o

    caminho C limitando a superfcie S. Pode-se escrever portanto,

    resultando no teorema de Stokes,

    (1.48)

    Uma outra identidade integral envolvendo o rotacional de um campo

    vetorial decorre diretamente da Eq.(1.30). Com base naquela equao e

    seguindo procedimento semelhante quele que levou a Eq. (1.46) pode-se

    mostrar que

    (1.49)

    onde a superfcie fechada que limita o volume V, conforme ilustrado na Fig.1.15.

    1.8.3 Identidades de Green

    As identidades de Green seguem diretamente do teorema da

    divergncia e so teis no formalismo das funes de Green para

    determinao de campos. Considere-se duas funes f e g, que so utilizadas

    para gerar os vetores, e . Utilizando-se a identidade vetorial expressa

    pela Eq.(1.26), obtm-se,

    (1.50)

    (1.51)

    Efetuando-se a diferena entre as Eqs.(1.50) e (1.51) e integrando-se o

    resultado em um volume V, resulta em

  • Aplicando-se o teorema de Gauss, expresso pela Eq. (1.46), no primeiro

    membro, resulta em

    (1.52) que o Teorema de Green. Procedimento semelhante aplicado Eq.(1.50),

    leva a primeira identidade de Green,

    (1.53)

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    1.8.4 Teorema de Helmholtz

    O Teorema de Helmholtz estabelece que um campo vetorial

    univocamente especificado em uma regio, se forem conhecidos seu

    divergente, rotacional e sua componente normal sobre a superfcie que limita a

    regio. A importncia deste teorema na teoria eletromagntica consequncia

    da forma de representao matemtica do comportamento de campos

    eletromagnticos em termos de operaes de divergncia e rotacional. Para

    demonstrar-se o teorema, seja um vetor definido em uma regio limitada

    por uma superfcie fechada , tal que,

  • com especificadas em toda regio, conjuntamente com a componente

    normal de sobre , . Admitindo-se a existncia de um vetor distinto

    satisfazendo as mesmas propriedades, ou seja

    a unicidade do vetor ficar demonstrada se a condio, , for satisfeita.

    Para isso, constri-se o vetor,

    que satisfaz as propriedades,

    Como irrotacional, da Eq.(1.37), pode-se definir uma funo , tal

    que,

    ,

    e a divergncia nula de fornece

    Utilizando-se a 1a. identidade de Green dada pela Eq.(1.53),

    com f = g = , resulta em

    donde

    Dado que vem

  • Como a grandeza positiva definida, a integrao de volume s

    ser nula se para qualquer ponto no interior do volume, o que

    implica , como se queria demonstrar.

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    Problemas

    1.1) Considere a funo, , com

    e . Mostre que , onde .

    1.2) Calcule o valor da integral de linha,

    onde C o segmento de reta orientado do ponto (a,0,0) ao ponto

    (a,a,0).

    1.3) Determine,

    onde C o arco de circunferncia orientado, definido por r=3, z=0,

    0/2.

  • 1.4) Dado o campo vetorial , determine o fluxo desse

    vetor atravs da superfcie definida pelas condies, {z=4, 0 x 3,

    1 y 2}.

    1.5) Para o campo vetorial , determine , sobre a

    superfcie do cubo cujos vrtices esto localizados nos pontos,

    (0,0,0); (1,0,0); (1,1,0); (0,1,0)

    (0,0,1); (1,0,1); (1,1,1); (0,1,1)

    Admita que seja o vetor rea diferencial dirigido para fora da

    regio limitada por .

    1.6) Use o teorema de Gauss e determine a resposta da questo anterior,

    pelo clculo de uma integral de volume na regio limitada por .

    1.7) Dado o campo vetorial , mostre que .

    1.8) Dado o campo vetorial , mostre que .

    1.9) Calcule as seguintes integrais:

    , , , , ,

    onde C a circunferncia z=0 , r = 1.

    1.10) Calcule as seguintes derivadas e expresse suas respostas na base de

    vetores do sistema de coordenadas esfricas.

    1.11) Calcule as integrais de superfcie:

    , , ,

  • , , ,

    onde a superfcie esfrica R = 1.

    1.12) Calcule as integrais de volume

    , , ,

    onde V o volume esfrico R 1.

    1.13) Utilize o teorema de Stokes em uma superfcie fechada, com o auxlio

    do teorema de Gauss, para mostrar que

    1.14) Use o resultado da questo anterior para mostrar

    que

    1.15) Verifique que para uma funo f e um elemento diferencial de

    deslocamento , tem-se que , onde df a

    diferencial de f.

    1.16) Utilize o resultado da questo anterior, juntamente com o teorema de

    Stokes, para mostrar que

    1.17) Aplique o resultado da questo anterior em uma rea de integrao

    diferencial para mostrar que .

    1.18) Demonstre a Eq.(1.49)

  • 1.19) Verifique que o gradiente de uma funo escalar pode ser obtido da definio

    onde uma superfcie fechada que limita o volume

    diferencial V e o vetor rea diferencial dirigido para o exterior do volume V.

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