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Rubem Tadeu

COLEÇÃO FORMANDO EDUCADORES

EDITORA NUPRE

2009

GEOGRAFIA ECONÔMICA

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SUMÁRIO

1 OS HOMENS, A NATUREZA E A ECONOMIA.............................................................................. 9

1.1 TEMA 1. A DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS NO PLANETA......................................................... 11

1.1.1 CONTEÚDO 1. A IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS PARA A VIDA DO HOMEM.......... 11 1.1.2 CONTEÚDO 2. OS FATORES QUE INFLUENCIAM A DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS16 1.1.3 CONTEÚDO 3. AS FONTES DE ENERGIA E O CRESCIMENTO.................................... 22 1.1.4 CONTEÚDO 4. O PERIGO DA EXTINÇÃO DOS RECURSOS E A SUA ABORDAGEM NO

ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO................................................................................. 35 MAPA CONCEITUAL.......................................................................................................................... 50 ESTUDOS DE CASO ........................................................................................................................... 51 EXERCÍCIOS PROPOSTOS .................................................................................................................. 51 1.2 TEMA 2. OS SETORES DA ECONOMIA - A TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA EM MERCADORIA54

1.2.1 CONTEÚDO 1 – OS SETORES DA ECONOMIA E A SUA ABORDAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO .............................................................................................. 54

1.2.2 CONTEÚDO 2 – O SETOR PRIMÁRIO........................................................................ 58 1.2.3 CONTEÚDO 3 – O SETOR SECUNDÁRIO................................................................... 62 1.2.4 CONTEÚDO 4 – O SETOR TERCIÁRIO ....................................................................... 75

MAPA CONCEITUAL.......................................................................................................................... 82 ESTUDOS DE CASO ........................................................................................................................... 83 EXERCÍCIOS PROPOSTOS .................................................................................................................. 83 EXERCÍCIOS PROPOSTOS .................................................................................................................. 88

2 OS HOMENS, A SOCIEDADE E A ECONOMIA............................................................................91

2.1 TEMA 3. A SOCIEDADE DE CONSUMO E O ESPAÇO................................................................. 93

2.1.1 CONTEÚDO 1. A CIRCULAÇÃO E OS TRANSPORTES ................................................ 93 2.1.2 CONTEÚDO 2. OS SISTEMAS ECONÔMICOS E A SUA ABORDAGEM NO ENSINO

FUNDAMENTAL E MÉDIO .............................................................................................. 97 2.1.3 CONTEÚDO 3. A ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA DO PLANETA E A SUA ABORDAGEM

NO ENSINO MÉDIO ...................................................................................................... 100 2.1.4 CONTEÚDO 4. OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO...................................................... 109

MAPA CONCEITUAL........................................................................................................................ 114 ESTUDOS DE CASO ......................................................................................................................... 115 EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 116 2.2 TEMA 4. EM PROCESSO DE MUDANÇA.................................................................................. 121

2.2.1 CONTEÚDO 1. A DINÂMICA DA MUDANÇA DOS PROCESSOS ECONÔMICOS....... 121 2.2.2 CONTEÚDO 2. A FORMAÇÃO DOS BLOCOS ECONÔMICOS................................... 128 2.2.3 CONTEÚDO 3. GLOBALIZAÇÃO: AS REDES TÉCNICAS E A FLUIDEZ........................ 136 2.2.4 CONTEÚDO 4. O ENSINO-APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA ECONÔMICA NAS SÉRIES

FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO ................................................ 141 MAPA CONCEITUAL........................................................................................................................ 148 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 149 EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 149

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GLOSSÁRIO ...............................................................................................................................154

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................159

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APRESENTAÇÃO

A Geografia Econômica é a Geografia do homem ganhando a vida, que estuda as ativi-

dades econômicas – extrativismo, agricultura, pecuária, indústria, comércio e serviços – como

elementos estruturais do espaço geográfico e que procura entender a lógica das localizações

dessas atividades.

A Geografia Econômica dedica-se à utilidade das características da terra para o homem,

com a quantidade de sustento que lhe pode dar e com as medidas que ele poderá tomar para

utilizá-las.

O estudo da Geografia Econômica de um dado país precisa levar em conta que existem

fatos econômicos ocorrendo em nível mundial que repercutem no nível nacional, que por sua

vez influenciarão na dinâmica local.

Os temas transversais que serão tratados durante a leitura deste material didático são a

Economia, o Meio Ambiente e a Cidadania.

A partir daqui estaremos conversando sobre todas estas relações econômicas no territó-

rio. Recomendo que a sua atenção seja redobrada para estarmos retirando dúvidas e fortale-

cendo as nossas informações sobre os atuais processos econômicos e os seus impactos sobre os

territórios do planeta.

Um forte abraço,

Professor Rubem Tadeu

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1 OS HOMENS, A NATUREZA E A

ECONOMIA

BLOCO TEMÁTICO

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11 GEOGRAFIA ECONÔMICA

OS HOMENS, A NATUREZA E A ECONOMIA

1.1 TEMA 1. A DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS NO PLANETA

1.1.1 CONTEÚDO 1. A IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS PARA A VIDA DO HOMEM

Tem por objetivo caracterizar os tipos e a im-

portância dos recursos.

1. O Recurso

O dicionário define recurso como “um meio

de sustento” – isto é, sustento para a vida animal de

nosso globo e, em especial, para o homem.

Plataforma off-shore de exploração de petró-

leo, um recurso naturais mais importantes do mun-

do.

O que constitui um recurso? Como podemos

avaliar os recursos de uma determinada comunida-

de? O nosso pensamento deve incluir alguns itens.

O primeiro, e o mais obvio, é um conjunto de con-

dições naturais de que nosso planeta, nas suas várias

partes. O segundo seria os recursos humanos e o

terceiro, os recursos tecnológicos.

FONTE: MICROSOFT OFFICE 2003 CLIP-ART

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12 RUBEM TADEU

2. Recursos Naturais

É em grande parte fixa e nada podemos fazer para afetá-la, pois não depende de qual-

quer outra variável que esteja sob o controle do homem, apenas sob seu controle está a desco-

berta dos recursos naturais, dentre eles, rochas, minérios, terra, água, vegetação e animais sel-

vagens. É normal falar desses recursos como “naturais”, no sentido de que formam uma

categoria cuja existência, em sua maioria, é independente das ações do homem: estavam aqui,

na terra, antes do homem e, embora este possa usá-los e abusar deles de modo a diminuir sua

quantidade, não poderá afetar sua distribuição básica, que é um resultado de um acidente geo-

lógico, de uma posição no globo ou de um processo físico que foi iniciado no começo dos

tempos.

O extrativismo vegetal ainda é uma atividade importante dentro do contexto

econômico, pois se constitui em fonte de matéria-prima para as indústrias.

Esses recursos naturais são dados a partir dos quais o homem tem de agir e planejar. Pa-

ra isso, deve começar aceitando o fato de que sua distribuição é desigual, de que algumas regi-

ões são mais favorecidas do que outras – favorecidas além de quaisquer limites de compensa-

ção para o usuário ou por ele.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://PICARETASDATAVOLA.BLOGSPOT.COM)

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13 GEOGRAFIA ECONÔMICA

O extrativismo na Amazônia

Antes de examinar a evolução histórica do extrativismo, é conveniente definir o con-

ceito. O termo extrativismo, em geral, é utilizado para designar toda atividade de coleta de

produtos naturais, seja de origem mineral (exploração de minerais), animal (peles, carne,

óleos) ou vegetal (madeiras, folhas, frutos...).

A evolução histórica aqui estudada tem como objetivo facilitar a compreensão do apa-

recimento das reservas extrativistas. Através desse estudo, não se analisa o extrativismo do

Brasil como um todo, mas apenas os aspectos históricos que se relacionam com as reser-

vas. Assim sendo, será analisada especificamente a evolução histórica do extrativismo na

Região Norte do país, onde estão concentradas as experiências com as reservas.

O interesse econômico pela Amazônia despertou-se no século XVIII mediante a pro-

cura das chamadas "Drogas do Sertão", plantas medicinais, óleos, resinas, cacau, peles, pei-

xes e carnes secas. Embora, naquele período, tivessem sido estabelecidas às margens dos

grandes rios, fazendas para pecuária e agricultura – cacau, café, algodão –, estas significa-

vam muito pouco, quando comparadas com as atividades extrativas. A participação dos

índios e caboclos muito contribuiu para o crescimento do extrativismo, mas os índios, na

maioria dos casos, eram perseguidos e obrigados a trabalhar para os colonizadores. Não é

significativa a participação do negro no extrativismo na Amazônia.

A ocupação da Amazônia foi motivada pelo extrativismo, especialmente durante a se-

gunda metade do século XIX, quando ao redor de 400.000 famílias vindas do Nordeste, lá

se instalaram, à procura da borracha, cuja demanda crescente, nos Estados Unidos e na

Europa, exigiam um rápido aumento de produção. Este foi o chamado "ciclo da borracha",

que teve seus anos áureos na virada do século e seu declínio por volta de 1920.

Durante a Segunda Guerra Mundial, incentivou-se novamente o extrativismo da bor-

racha e milhares de famílias nordestinas foram transportadas para os seringais. Terminada

a guerra, o governo procurou manter uma política de incentivo ao extrativismo da borra-

cha, com financiamentos para a comercialização e o beneficiamento. Como os preços pa-

gos ao produtor não eram atraentes, o extrativismo passou por diversas crises, fazendo

com que, nos últimos 10 anos, grande número de famílias tenha abandonado a atividade.

O extrativismo da borracha sempre esteve ligado ao da castanha, que é praticado nas

mesmas áreas; o primeiro, na época menos chuvosa (maio a novembro) e o segundo, no

período mais chuvoso (dezembro a março).

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14 RUBEM TADEU

2. A Divisão dos Recursos Naturais – Os mesmos são divididos em Recursos Naturais

Renováveis e Recursos Naturais Não-Renováveis:

2.a.a Recursos naturais Renováveis São definidos como aqueles recursos

que podem ser renovados através dos ciclos

da natureza, tendo como exemplo o ciclo da

água.

2.a.b Recursos Naturais Não Renová-

veis

São definidos como aqueles recursos

que não são renovados, mas são encontrados

na natureza em condições limitadas, tendo

como exemplo o petróleo “hidrocarbonetos”.

3. Recursos Humanos

Homens dirigindo-se à frente de trabalho na construção de uma highway.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://GOPENG.FILES.WORDPRESS.COM/2008/12/HIGHWAY-WORKERS.JPG)

Os recursos humanos podem ser aplicados diretamente pelo trabalho de cavar, construir

e combater ou, então, indiretamente, aplicando sua inventiva a essas e outras tarefas, especi-

almente ao criar máquinas para fazerem o trabalho e, ao mesmo tempo, aumentarem a capa-

cidade do trabalhador. Estes recursos estão ligados às pessoas existentes para a realização de

uma determinada atividade.

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15 GEOGRAFIA ECONÔMICA

4. Recursos Tecnológicos

Sofisticado laboratório universitário de robótica.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://UNCCACADOR.FILES.WORDPRESS.COM/2009/10/DSCF2908_COPY1.JPG)

A associação entre natureza e Tecnologia nos mostra que um recurso sozinho não pode

ser o único responsável pelo desenvolvimento de um território, mas, muitas vezes, sua tecno-

logia poderá ser suficientemente avançada para lhe proporcionar uma escolha dos meios de

sustentação e o equipamento para usá-los muito rapidamente. Terá de decidir, então, quanto

pode permitir-se usar no presente e quanto deverá ser guardado para o futuro; que minérios

deverão extrair ou que florestas deverão ser preservadas. Na prática, quase todas as comuni-

dades, até mesmo as mais tecnologicamente atrasadas que conhecemos, tomam decisões sobre

essas questões e as colocam em execução por vários meios. E, na prática, também, o número e

as importâncias dessas decisões estão sempre aumentando, já que o número de pessoas, api-

nhando-se em nosso globo, aumenta constantemente e o valor que damos a nossos recursos

vai-se tornando um fator de sobrevivência cada vez mais crítico.

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16 RUBEM TADEU

1.1.2 CONTEÚDO 2. OS FATORES QUE INFLUENCIAM A DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS

Tem por objetivo observar os fatores importantes na distribuição e nas mudanças dos

recursos.

1. Fatores importantes na distribuição e na disposição dos recursos:

1.1 Os Recursos, O Espaço e o Tempo

Mas, se é verdade que essa camada de recursos varia no espaço, também é verdade e tão

importante que varia no tempo. Como é a aplicação de recursos humanos à riqueza natural

que lhe dá seu valor, devemos sempre perguntar que recursos humanos ou técnicos estão sen-

do aplicados. Serão os da Idade da Pedra? Nesse caso, os minérios metálicos não têm valor.

Serão os de beduíno? Então, os nômades poderão cavalgar sobre todos os campos petrolíferos

do Oriente Médio e morrer de sede, a não ser que tenham alguma forma de extrair o petróleo,

vendê-lo aos que podem usá-lo e, com o produto dessa venda, comprar para si um abasteci-

mento de água suficiente. Em outras palavras, à medida que o tempo corre o padrão dos re-

cursos do mundo muda, não pelo fato da distribuição básica da natureza se alterar, mas devi-

do à mudança naquilo que constitui um recurso.

1.2 Recursos, população e nível de vida

Devemos acrescentar às distribuições dos recursos naturais e dos recursos técnicos, a va-

riável população, que se manifesta de forma desigual, por não variar diretamente em relação

às outras, pois existem populações densas em áreas pobres e vice-versa, devido aos recursos

técnicos.

Essas discrepâncias persistem em razão de haver outra variável. O nível de vida, o con-

sumo ou a utilização de recursos por certos grupos é muito maior do que por outros. Compa-

rando o volume de posses e de consumo diário de alimento, energia, materiais, ou jornais do

norte-americano médio com os do indonésio, passamos a conhecer como é diferente a utiliza-

ção, em escala, dos recursos de cada um deles.

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17 GEOGRAFIA ECONÔMICA

1.2.1 A População

Membros de uma comunidade indígena em Goiás

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.ELIANEPOTIGUARA.ORG.BR/NEW%20SITE%206. JPG)

Numa comunidade que vive perto da natureza, há sempre uma correlação inicial e sim-

ples entre as distribuições de população e de recursos naturais. Isso envolve fatores permissi-

vos, que são: o progresso tecnológico (mais pessoas sobrevivendo num espaço menor) e restri-

tivo, que impede que a distribuição da população se ajuste aos níveis atuais de recursos

políticos, sociais e/ou culturais, e por vezes, técnicas.

1.2.2 Superpopulação

Rua 25 de Março, Centro de São Paulo.

(FONTE: DISPONÍVEL EM:HTTP://STATIC.PANORAMIO.COM/PHOTOS/ORIGINAL/9995860.JPG)

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18 RUBEM TADEU

Assim, existem discrepâncias entre essas distribuições inter-relacionadas. Por vezes, es-

sas discrepâncias tornam-se tão acentuadas que criam uma condição de superpopulação. A

definição de superpopulação deveria combinar todos os quatro elementos que estamos discu-

tindo, pois a superpopulação representa um estado crônico de desequilíbrio entre eles num

determinado ponto do tempo. Em determinadas circunstâncias, portanto, uma área poderá

ser considerada superpovoada:

Se o crescimento vegetativo da população que a ocupa conduzir a uma queda do nível de

vida;

Se um aumento no número de trabalhadores na força de trabalho conduzir a um decrés-

cimo da produção por trabalhador;

Se o progresso tecnológico em relação à taxa corrente produzir uma mudança zero ou

negativa na disponibilidade de recursos per capita.

A constante emigração de uma região é um dos principais indicadores de superpopula-

ção.

A ideia de superpopulação é sempre relativa aos recursos de que a comunidade dispõe e

que esses recursos mudam com o decorrer do tempo.

1.3 Níveis de vida

Numa sociedade que subsiste com base nos seus recursos naturais, depende da quanti-

dade e disseminação desses recursos, e varia com a extensão de seus terrenos de caça e as ho-

ras de dedicação ao recolhimento. Mas a essa correlação simples se sobrepõem outros fatores

como: o nível tecnológico e, em segundo, a estrutura social.

1.4 Redução

O objetivo da substituição é alcançar a combinação de insumos que, para qualquer dada

quantidade de produto, reduza os necessários insumos a um mínimo. Na verdade, podemos

afirmar com segurança que, se a redução não tivesse sido alcançada, a nossa terra já há muito

se teria provado inadequada para sustentar seu crescente numero de habitantes. O que acon-

teceu foi que o homem exerceu seu engenho para economizar no uso de seus dois recursos

mais escassos e mais valiosos – sua terra e seu próprio trabalho – empregando recursos de

técnica e de capital em quantidades cada vez maiores.

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19 GEOGRAFIA ECONÔMICA

1.5 Política de Recursos

Já que a aplicação de recursos humanos de tecnologia a recursos naturais de uma área

pode multiplicar sua capacidade de sustento da população e, ao mesmo tempo, elevar o nível

de vida. Depreende-se que a manipulação dos fatores que os produzem é um assunto da maior

importância.

As mudanças na distribuição e disposição dos recursos estão associadas a valores cultu-

rais, sociais e históricos de uma sociedade, e, de um modo geral, tem sido atribuída a três cate-

gorias principais:

Tem havido mudanças naquilo de que o homem necessita, que o conduziram a uma re-

avaliação de certas mercadorias. O melhor exemplo desse tipo de mudança talvez seja o co-

mércio de especiarias. A Grande Época dos Descobrimentos, que surgiu na Europa no século

XV, viu os portugueses contornarem a África e estabelecerem um império no Extremo Orien-

te; levou os espanhóis para o oeste, em busca das mesmas metas orientais, com os ingleses e os

holandeses gastando anos em busca de uma passagem para o Oriente pelo norte. No centro de

todo esse imenso esforço internacional, havia o desejo de obter o controle do comércio de

especiarias. A Europa, na Idade Média, vivia seu inverno com base na carne salgada e as espe-

ciarias eram importadas para torná-la mais saborosa. Depois do próprio ouro e talvez da seda,

não havia recurso mais procurado do que as raízes e nozes das ilhas das Índias Orientais. A

Europa travou guerra após guerra por causa do comércio de especiarias da mesma forma co-

mo aconteceu, no século XVIII, em relação ao comércio de açúcar das Índias Ocidentais. Atu-

almente, não é provável que houvesse uma guerra por causa de especiarias ou açúcar. A im-

portância das especiarias diminuiu pelo fato de já ser muito simples, com o progresso das

tecnologias, conservarem alimentos, de uma forma perfeitamente saborosa, de um ano para o

outro. Uma guerra, hoje, poderia ser travada por causa de petróleo ou talvez até de cobre ou

urânio, mas não de especiarias.

A tecnologia, mais uma vez, foi definidora no abandono de um recurso, tendo como

exemplo as especiarias. Já com o petróleo, ainda não foi possível encontrar uma tecnologia

que o substituísse inteiramente, pois as que hoje dividem o desenvolvimento com o petró-

leo são também escassas.

Mudanças em fontes de suprimento que afetam a importância de recursos naturais es-

pecíficos. Novas formas de obter um produto acabado são descobertas. E quanto à antiga for-

ma, usada nas matérias-primas, são abandonadas.

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20 RUBEM TADEU

As Grandes Formações Vegetais do Mundo

Ocorrem mudanças naquilo em que o homem pode encontrar em uso, desde a econo-

mia dos povos primitivos, que procuravam apenas alimento, roupas e armas, até a economia

imensamente sofisticada das sociedades modernas que dependem de milhares de diferentes

componentes materiais. A história do avanço técnico tem sido a de uma constante descoberta

de novos usos para materiais que, antes, tinham pouco ou nenhum valor. Um exemplo indivi-

dual poderá servir para ilustrar o que pode acontecer. A substituição da matéria-prima.

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21 GEOGRAFIA ECONÔMICA

(FONTE: MINT MAP: THE WORLD’S RESOURCES BY COUNTRY. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.MINT.COM/BLOG/WP-CONTENT/UPLOADS/2009/06/MINT-WORLD-RESOURCES-MAP-R2.GIF.)

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22 RUBEM TADEU

1.1.3 CONTEÚDO 3. AS FONTES DE ENERGIA E O CRESCIMENTO

O objetivo deste conteúdo é analisar a importância das fontes de energia para o desen-

volvimento da atividade econômica.

Os minerais são muito importantes como matéria-prima para a indústria. As fontes de

energia são matérias para produzir calor, eletricidade ou movimento. Uma fonte de ener-

gia pode ser também matéria-prima, como acontece com o carvão e o petróleo que ali-

mentam importantes indústrias.

O carvão e o petróleo são combustíveis fósseis encontrados em bacias sedimentares.

A produção de fontes energéticas e recursos minerais se caracteriza pela concentração

em determinadas áreas geográficas. Entretanto, os países pobres têm dificuldades de explo-

rar tais recursos, precisando quase sempre da interferência dos países ricos neste setor.

As fontes de energia secundárias, como a energia nuclear, são mais desenvolvidas nos

países ricos porque necessitam de uma tecnologia avançada.

1. AS FONTES DE ENERGIA

A quantidade de consumo de energia per capita oferece uma correlação muito mais es-

treita com os níveis de renda do que oferecia um mapa que mostrasse, simplesmente, quanto

carvão, petróleo ou arroz cada país produz. Os recursos de uma comunidade assim consistem

numa riqueza natural somada a um estado de capacidade tecnológica.

1.1 Tipos de combustível e de energia

A energia nuclear

HTTP://UPLOAD.WIKIMEDIA.ORG/WIKIPEDIA/COMMONS/7/79/RANCHO-SECO-POWER-PLANT-CALIFORNIA_NEW.JPG

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23 GEOGRAFIA ECONÔMICA

A energia elétrica gerada pelas usinas nucleares se baseia na quebra do átomo, tendo por

matéria-prima o urânio ou o tório, que são dois minérios altamente radioativos. Quando os

átomos de urânio ou tório são bombeados por nêutrons, seus núcleos fragmentam-se, libe-

rando enorme quantidade de energia. Os nêutrons dos átomos fragmentados, por sua vez, vão

bombardear outros átomos, que também se quebram, e assim sucessivamente, numa reação

em cadeia. Nas usinas atômicas, a fissão nuclear é provocada sob controle no reator atômico, o

elemento fundamental desse tipo de usina. A energia liberada na fissão produz calor, que vai

aquecer certa quantidade de água, transformando-a em vapor; este converte a energia mecâni-

ca proveniente da turbina em energia elétrica. Os países em que a energia elétrica gerada em

usinas nucleares ocupa melhor posição são a França, a Bélgica e a Suécia. No entanto, o maior

desenvolvimento dessa tecnologia e o maior número de usinas construídas ou em construção

encontram-se nos Estados Unidos e no Japão. O Brasil começou a desenvolver seu programa

nuclear em 1967, com a criação de um grupo de trabalho integrado por representantes do Mi-

nistério das Minas e Energia, das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) e da Comissão

Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Em 1969, o Brasil comprou da empresa americana

Westinghouse Electric Company o primeiro reator nuclear. Em 1972, foram iniciadas as obras

da Usina Nuclear Angra I (Praia de Itaorna – Angra dos Reis, no Rio de Janeiro) que só foi

inaugurada em 1981. Em 1975, o Brasil assinou um acordo com a Alemanha Ocidental para a

aquisição de oito usinas nucleares e a transferência de tecnologia alemã para o Brasil. Apesar

de ter consumido bilhões de dólares, a produção de eletricidade nuclear é muito pequena e

tem sido objeto de muitas críticas.

1.2 A energia solar

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://UPLOAD.WIKIMEDIA.ORG/WIKIPEDIA/COMMONS/A/A9/SOLAR_TWO_2003.JPG)

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24 RUBEM TADEU

A superfície recebe uma quantidade fantástica de energia com os raios solares. O pro-

blema está em descobrir como aproveitar essa energia de forma econômica e como armazená-

la (construção de “baterias solares”). Atualmente, ela é usada para aquecimento de água e de

interiores de prédios e na indústria eletrônica, em calculadoras pequenas.

A luz solar é obtida pela exposição de células fotoelétricas à radiação do sol. É uma fonte

de energia não poluente, ecologicamente correta e eternamente renovável. Ela é mais abun-

dante na zona equatorial e na zona intertropical, mas, mesmo em regiões temperadas, seu po-

tencial é extraordinário.

1.3 A energia dos mares

(FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW. KANTOXIMPI.BLOGSPOT.COM)

A utilização do movimento diário de subida e descida das águas do mar vem gerando e-

letricidade no Japão, Inglaterra, França e outros países. Usinas marelétricas aproveitam a força

das águas marinhas para mover turbinas e gerar energia elétrica para localidades pequenas e

costeiras, como também a diferença térmica entre a superfície oceânica e as suas águas pro-

fundas.

São três as principais maneiras de se obter energia, tendo-se como fator gerador os oce-

anos, a saber:

• A Energia das ondas • A Energia das marés

• A Energia térmica dos oceanos

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25 GEOGRAFIA ECONÔMICA

• A energia das ondas

É possível gerar energia através do movimento das ondas do mar. Basta que se utilize o

fluxo e refluxo das águas (ondas do mar) e, através desse movimento, é acionado um meca-

nismo específico, que põe um gerador para funcionar.

Vale salientar que estes sistemas são de baixa capacidade, sendo utilizado apenas para i-

luminação de algumas boias marinhas de aviso, colocadas em locais estratégicos, ou para ilu-

minação de uma casa.

• A energia das marés

Outra fonte de energia proveniente do oceano é a energia gerada em função do deslo-

camento das águas do mar ou marés. Para que esta energia seja gerada, é necessário que sejam

construídos diques na praia. Quando a maré enche, a água fica depositada nos diques, e,

quando a maré baixa, a água sai pelo dique, tendo um comportamento igual aos das barra-

gens.

O funcionamento desse sistema só é pleno e a contento se as marés e correntes marinhas

envolvidas no processo sejam fortes, tendo também de haver um aumento de nível de água da

maré baixa em relação à maré alta de, no mínimo, 5,5 metros. Este sistema também é pouco

utilizado, sobretudo em decorrência da existência de poucas regiões onde a diferença de nível

das marés corresponda a ideal citada anteriormente.

• A energia térmica dos oceanos

Este tipo de energia é gerado tendo como base a diferença de temperatura das águas da

superfície dos oceanos em relação às águas mais profundas, que, por não estarem expostas

diretamente aos raios solares, possuem uma temperatura mais amena.

Para que haja condição propícia à geração de energia, é necessário que a diferença de

temperatura das águas superficiais em relação às águas profundas seja de 38º Fahrenheit.

Embora este tipo de energia seja realidade, apenas é utilizado a título de experiência no

Japão e no Havaí.

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26 RUBEM TADEU

1.4 Energia Eólica – A força dos ventos

(FONTE: HTTP://VERDEDENTRO.FILES.WORDPRESS.COM/2009/08/EOLICA-01.JPG)

O vento também se constitui em importante fonte de energia, podendo gerar energia

mecânica e elétrica.

A utilização pelo homem da energia mecânica, gerada pelo vento, é registrada desde a

antiguidade (4.000 a.C. ao século V d.C.) Trata-se da utilização do vento para a movimentação

(deslocamento) de embarcações a vela.

A energia eólica teve uma importância muito grande no desenvolvimento da produção

agrícola e no desenvolvimento em determinadas épocas, pois a água era bombeada, utilizan-

do-se moinhos de vento, conhecidos no Brasil como cata-vento. O vento também tinha a fun-

ção de fazer girar a mó dos moinhos (espécie de pedra para moer grãos), transformando o

milho em farinha.

Com o desenvolvimento tecnológico, os cata-ventos, atualmente, são responsáveis pela

geração de energia elétrica, sendo que, nesse processo, os ventos fazem girar uma turbina que,

por sua vez, faz funcionar um gerador cuja resultante é a geração de energia elétrica.

Esta energia gerada é oferecida a uma linha de transmissão (fios de alta tensão) que con-

duzira a energia gerada até as residências, indústrias, hospitais, escolas etc.

Este tipo de energia é muito utilizado nos Estados Unidos, Dinamarca e Alemanha.

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27 GEOGRAFIA ECONÔMICA

1.5 A energia geotérmica

(FONTE: WWW.PORTAL-ENERGIA.COM)

É a utilização do calor que vem do interior do planeta, nas rochas subterrâneas próximas

a vulcões ou nos gêiseres (fontes de água quente com temperaturas às vezes superiores a 100

°C) que expelem a água verticalmente e de forma intermitente, com intervalos que podem

variar de horas até semanas.

A energia geotérmica, como diz o próprio nome, é um tipo de energia gerada pelo calor

da terra, em que “Geo” significa Terra e “térmica” significa calor.

Para entendermos como este tipo de energia é gerado, temos que compreender a origem

de tudo.

No centro da terra, existe o magma, que se encontra em alta temperatura, responsável,

em alguns casos, pelo aquecimento dos lençóis freáticos ou dos reservatórios subterrâneos de

água, sem que haja contato direto com a água. Isso ocorre apenas através do aquecimento da

rocha. Estas águas podem chegar à temperatura de 148º Celsius, entrando em estado de aque-

cimento pleno e fervura.

Este estado de fervura propicia o surgimento de vapores quentes que, canalizados e con-

duzidos através de dutos (canalização apropriada para tal fim) até uma central elétrica geo-

térmica, faz girar as lâminas da turbina. Esta turbina faz funcionar um gerador cuja resultante

é a energia elétrica.

O vapor canalizado também pode ser utilizado para aquecer casas, piscinas e pequenos

prédios na época do inverno.

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28 RUBEM TADEU

Na Califórnia, este tipo de energia é gerado em quantidade suficiente para atender a

demanda de até dois milhões de casas.

1.6 O álcool e a bioenergia (biomassa)

O Brasil é o maior produtor mundial de álcool de cana-de-açúcar.

(FONTE: WWW.JORNALE.COM.BR)

Pode ser produzido a partir da cana-de-açúcar, da beterraba, da cevada, da batata, da

mandioca, do girassol, do eucalipto etc. além de usado em bebidas e como desinfetante, o ál-

cool serve também como fonte de energia, podendo ser empregado como combustível em

veículos automotores.

A produção de energia elétrica fica por conta da biomassa, ou seja, o bagaço da cana e

resíduos da palha são utilizados para a geração de energia.

Este material é queimado ao ser colocado em uma caldeira de alta pressão. As usinas de

cana-de-açúcar e as fábricas de papel celulose utilizam com eficiência este tipo de energia elé-

trica, que é considerada energia limpa, ou seja, não poluente.

Existe uma série de elementos (biomassa) que podem ser utilizados para a geração de

energia, a exemplo dos resíduos agrícolas, madeiras, plantas, como também o lixo doméstico.

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29 GEOGRAFIA ECONÔMICA

1.7 O hidrogênio

(FONTE: WWW.QUEBARATO.COM.BR)

1.8 O xisto betuminoso

(FONTE: WWW.ECSENGENHARIA.COM.BR)

É um betume em forma sólida, uma substância natural formada por hidrocarbonetos.

Seu aproveitamento econômico é feito com o aquecimento, que irá separar o betume e a ener-

gia do restante da rocha. A produção de betume e de energia a partir dessas rochas já existe

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30 RUBEM TADEU

em várias usinas de processamento do xisto (inclusive no Brasil), embora numa escala muito

pequena. As principais reservas encontram-se nos Estados Unidos, no Canadá, na Venezuela e

no Brasil.

Agregando algumas qualidades inerentes ao petróleo e ao carvão mineral, o xisto betu-

minoso é um tipo de carbonífero mais novo que a hulha, em termos de formação no solo.

Quando destilado, quer seja pelo processo fracionado ou a seco, produz uma série de deriva-

dos tais como: enxofre, gasolina, gás combustível, dentre outros.

A não utilização em grande escala do xisto betuminoso dá-se em decorrência do proces-

so de destilação deste ser altamente poluente e com alto custo econômico, o que o torna inviá-

vel.

A energia gerada pelo xisto betuminoso é uma energia renovável, limpa (não poluente) e

a baixo custo, diferente do custo de destilação, que é alto, como vimos anteriormente.

1.9 Energia Hidroelétrica

A hidroeletricidade constitui-se numa das principais fontes de energia do Brasil.

(FONTE: WWW.MIDIAINDEPENDENTE.ORG)

Este tipo de energia é gerado aproveitando-se a energia cinética gerada pelo movimento

ou queda d’água.

Nesse processo, a água é acumulada em barragem e, ao precipitar-se para a parte mais

baixa do leito do rio, é disciplinada a passar por uma turbina, a qual, quando acionada, faz

funcionar um gerador que transforma a energia mecânica em energia elétrica.

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31 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Este tipo de energia é muito utilizado no Brasil, em face dos nossos rios serem rios de

planalto, ou seja, nascem em regiões de altitude e se movimentam por gravidade em direção às

regiões mais baixas até chegar ao gradiente zero ou referencial de altitude, que é o oceano.

1.10 Petróleo

Plataforma de petróleo na Bacia de Campos, Rio de Janeiro.

(FONTE: HTTP://UPLOAD.WIKIMEDIA.ORG/WIKIPEDIA/COMMONS/A/AB/OIL_PLATFORM_P-51_(BRAZIL).JPG)

É a segunda fonte de energia mais consumida, atualmente, no Brasil. A maior parte do

petróleo é consumida pelo setor de transportes, depois pelas indústrias, residências, agricultu-

ra, energia, comércio e, por último, o setor público. O petróleo teve participação decisiva no

processo da industrialização do Brasil, pois assegurou o desenvolvimento de uma das mais

importantes indústrias do país, tais como: autopeças, vidros, artefatos de couro, borracha,

pneumáticos, eletroeletrônica e siderúrgica. Petróleo significa óleo de pedra e é encontrado na

natureza em áreas de camadas de rochas sedimentares. Ocorre em profundidades variáveis,

que podem atingir às vezes 7.000 metros. É o resultado de depósitos de minúsculos seres vivos

soterrados em mares rasos, há milhões de anos. Para que tenha início o processo de formação

do petróleo, é necessário que haja pouca circulação e oxigenação no fundo das águas, para

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32 RUBEM TADEU

impedir a ação destruidora das bactérias. Mares interiores, baías fechadas e golfos são os am-

bientes mais propícios à formação do petróleo. Pode ser encontrado tanto no continente co-

mo sob os oceanos. Isso acontece porque ele migra através das fissuras das rochas até em en-

contrar uma área que o retenha. A rocha na qual o petróleo se formou pode estar a centenas

de quilômetros da rocha que o armazena. Além disso, muitas áreas que eram marinhas foram

soerguidas por tectonismo, podendo, então, dar origem a reservas de petróleo próximas da

superfície. A maior parte do território brasileiro é formada por bacias sedimentares, que fo-

ram depressões que facilitam o depósito de matéria orgânica, mas as reservas de petróleo co-

nhecidas são modestas.

1.11 Carvão mineral

O carvão brasileiro não possui boa qualidade calorífica.

(FONTE: WWW.MARCOSBOHRER.BLOGSPOT.COM)

É uma rocha sedimentar de origem orgânica, resultante da transformação de restos ve-

getais soterrados há milhões de anos (cerca de 350 milhões de anos). Foi a primeira fonte de

energia moderna e só começou a perder importância no consumo energético a partir da se-

gunda metade do século XIX, com a descoberta do petróleo e do início da produção de eletri-

cidade de origem hidráulica, mas se manteve como a principal fonte de energia do mundo até

a primeira metade do século XX.

A formação do carvão mineral ocorre, essencialmente, em terrenos sedimentares onde,

sob as rochas, o acúmulo de material orgânico propicia a sua formação ao logo de milhões de

anos.

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33 GEOGRAFIA ECONÔMICA

O carvão mineral é bastante utilizado no mundo, não somente para gerar energia nas u-

sinas termelétricas, mas também como matéria-prima para a produção de aço.

Quadro 1 – RECURSOS ENERGÉTICOS (Quadro Resumo)

Recurso

Energético

Reno-

vável

Não-

renovável Vantagem Desvantagem

Petróleo X

Funciona bem na

maioria dos motores e,

apesar das oscilações do

preço, mantém boa rela-

ção custo benefício.

As reservas con-

centram-se em poucos

países, que podem

manipular o preço. É

um dos maiores polu-

idores.

Carvão

mineral X

É abundante, en-

contrado com facilidade

na maioria dos países.

É o maior polu-

idor entre os combus-

tíveis fósseis.

Gás natu-

ral X

É versátil, de alta

eficiência na produção de

energia elétrica e não

faria faltar. Polui menos

que o carvão e o petróleo.

Os preços instá-

veis em algumas regi-

ões exigem grandes

investimentos em

infraestrutura de

transporte (gasodutos

ou terminais maríti-

mos).

Usinas

Hidrelétricas X

É fonte de energia

que produz eletricidade

de uma forma limpa, não

poluente e barata.

Exigem grande

investimento inicial

na construção de bar-

ragens. Podem ter a

operação prejudicada

pela falta de chuvas.

Usinas

Atômicas ou

Nucleares

X

As reservas de

combustível nuclear são

abundantes: não emitem

poluentes e o avanço

tecnológico tornou as

A usina exige

grande investimento,

demora para entrar

em operação e produz

lixo radioativo. Sofre

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34 RUBEM TADEU

usinas mais seguras. o estigma de acidentes

como a de Chernobyl.

Biomassa X

Aproveita restos,

reduzindo o desperdício.

O álcool tem eficiência

equivalente à gasolina

como combustível para

automóveis.

O uso em larga

escala na geração de

energia esbarra nos

limites da sazonalida-

de. A produção de

energia cai no período

de entressafra. De-

pendendo de como se

queima, pode ser mui-

to poluente.

Eólica X

Poluição zero. Po-

de ser complementar às

redes tradicionais.

Instável, está su-

jeita às variações do

vento e a calmarias.

Os equipamentos são

caros e barulhentos.

Geotér-

mica X

Custo mais estáveis

que as outras fontes al-

ternativas. É explorada

nos EUA, Filipinas, Mé-

xico, Itália e, principal-

mente, pela Islândia.

Só é viável em

algumas regiões, que

não incluem o Brasil.

É mais usada como

auxiliar nos sistemas

de calefação.

Solar X

Útil como fonte

complementar em resi-

dências e áreas rurais

distantes da rede elétrica

central. Índice zero de

poluição.

O preço proibi-

tivo, para produção

em média e larga esca-

la. Só funciona bem

em áreas muito enso-

laradas.

(FONTE:HTTP://ORBITA.STARMEDIA.COM/GEOPLANETBR/ECONOMIA.HTM )

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35 GEOGRAFIA ECONÔMICA

1.1.4 CONTEÚDO 4. O PERIGO DA EXTINÇÃO DOS RECURSOS E A SUA ABORDAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Tem por objetivo analisar os limites dos recursos com o avanço das atividades humanas

sobre os mesmos.

É notória a diminuição no oferecimento dos recursos no planeta. Este fato abala pro-

fundamente a vida das pessoas e o processo de desenvolvimento das atividades econômicas.

Mesmo com este perigo, o homem vem tendo uma postura nociva para com os recursos que o

mantém. Houve um avanço significativo na legislação ambiental e na consciência das pessoas

com relação ao uso destes recursos, com práticas de educação ambiental. Vamos avaliar um

trecho da “Carta da Terra”, que estabelece limites no uso destes recursos para que os mesmos

possam ser utilizados pelas futuras gerações.

Gado morto à beira da BR-122, no município de Pindaí, Bahia.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.AGENCIABRASIL.GOV.BR/MEDIA/IMAGENS/2008/11/17/0815VC6520A.JPG.)

1. “Carta da Terra”

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ocor-

reu no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992, reafirmou a Declaração de Estocolmo e ba-

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36 RUBEM TADEU

seou-se nela. Teve como objetivo estabelecer uma nova e justa parceria global, através da cria-

ção de novos níveis de cooperação entre os estados, setores importantes da sociedade e o po-

vo, visando aos acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a inte-

gridade do meio ambiente global e sistema de desenvolvimento, além de reconhecer a

natureza integral e interdependente da Terra, nosso lar, proclama:

Artigo 1 – Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desen-

volvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em

harmonia com a natureza. A sociedade deve-se desenvolver sem destruir a

natureza.

Artigo 7 – Os Estados devem cooperar em espírito de parceria global para

conservar, proteger e restabelecer a saúde e integridade do ecossistema da

Terra. Em vista das diferentes contribuições para a degradação ambiental

global, os Estados têm responsabilidades comuns diferenciadas. Os países de-

senvolvidos reconhecem a responsabilidade que tem na busca internacional

do desenvolvimento sustentável, em vista das pressões que suas sociedades

exercem sobre o meio ambiente global e das tecnologias e recursos financei-

ros que dominam. A defesa da natureza é uma tarefa comum em que cada

país deve participar de acordo com suas possibilidades.

Ao lermos o trecho da “Carta da Terra”, nos deparamos com a materialização dessa cri-

se e um dos exemplos é a crise do petróleo. Conheça o texto:

2. A crise do petróleo

A última crise do petróleo provocou a escassez e altas no preço dos combustíveis e deri-

vados petroquímicos.

(FONTE: DISPONÍVEL: HTTP://MANOENG.FILES.WORDPRESS.COM/2009/03/BOMBA-DE-GASOLINA.JPG)

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37 GEOGRAFIA ECONÔMICA

A crise do petróleo aconteceu em seis fases, todas depois da Segunda Guerra Mundial,

provocada pelo embargo dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Pe-

tróleo (OPEP) e Golfo Pérsico de distribuição de petróleo para os Estados Unidos e países da

Europa.

A região petrolífera do Golfo Pérsico foi descoberta em 1908, no Irã, a partir daí, toda a

região começou a ser visada estrategicamente e explorada. Devido à política da região ser dife-

renciada da ocidental, os chefes de Estado árabes e xás fizeram rigorosas concessões a empre-

sas multinacionais exploradoras de petróleo.

Devido aos quatro países da OPEP: Arábia Saudita, Irã, Iraque e Kuwait controlarem a

produção de petróleo no mundo e as crises em decorrência da política externa, as crises deses-

tabilizaram a economia mundial, houve uma enorme recessão nos Estados Unidos, Europa e,

consequentemente, no resto do mundo.

Fases da crise

• A primeira fase aconteceu em 1973, em contrapartida ao apoio dos Estados Unidos e países da Europa, ao apoiar a ocupação Israelense a territórios Palestinos durante a

Guerra de Yom Kippur. • A segunda fase ocorreu em 1956, depois que o presidente do Egito, na época Gamal

Nasser, entregou o canal de Suez para uma empresa anglo-francesa. O canal é uma

importante passagem para exportação de produtos da região para países ocidentais. Devido ao fato, os países árabes boicotaram a distribuição de petróleo.

• A terceira fase aconteceu durante a Guerra dos Seis Dias. Devido Israel ser apoiado

pelos Estados Unidos, iniciou-se a guerra contra os países vizinhos. • A quarta fase derivou-se durante a Guerra de Yom Kippur. Países árabes organiza-

dos na OPEP decidiram aumentar o preço do petróleo em mais de 300%. • A quinta fase ocorreu durante a crise política no Irã e a consequente deposição do

Xá Reza Pahlevi, o que desorganizou todo o setor de produção no Irã, onde os preços aumentaram em mais de 1000%.

• A sexta crise foi a Guerra do Golfo, em 1991, depois que o Iraque, governado pelo

país vizinho Kuwait, um dos maiores produtores de petróleo do mundo e o maior distribuidor dos Estados Unidos. Com a intervenção da ONU em apoiar a desocupa-

ção do Kuwait, os iraquianos desocuparam o Kuwait, contudo, incendiaram todos os

poços de petróleo do emirado provocando uma enorme crise econômica e ecológica.

O iminente declínio do petróleo

Observadores atentos dos acontecimentos internacionais saberão, mas a maioria dos ci-

dadãos ignora porque lhes é intencionalmente mantido em sigilo a existência de uma "agenda

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38 RUBEM TADEU

escondida" das decisões dos políticos no plano da política internacional. Ainda menos obser-

vadores atentos saberão que no topo dessa agenda está o acesso e o controle dos recursos e-

nergéticos mundiais. E que a atual fase de agressividade brutal do imperialismo é movida

também pelo reconhecimento (que o público em geral ignora) de que a atual disponibilidade

de energia está em vias de extinção. Em vez de trabalhar por alternativas viáveis no interesse

da Humanidade, o controle dos recursos energéticos é o pretexto para intervenções diplomá-

ticas cobertas e encobertas e para as intervenções militares "humanitárias" ou “antiterroristas”

por todo o mundo.

Grandes grupos empresariais fazem manobras políticas, através de seus governos nacio-

nais, provocando guerras para manipular a oferta e o preço do petróleo.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://KR.IMG.BLOG.YAHOO.COM/YBI/1/24/56/SHINECOMMERCE/ FOLDER/58/IMG_58_6594_5?1159025819.JPG.)

A industrialização no decurso do século XX está marcada pela ascensão do petróleo co-

mo a mais importante fonte de energia primária e dos seus derivados, como os mais essenciais

combustíveis para os transportes e a produção termoelétrica e essenciais matérias-primas para

as petroquímicas (as "naftas", os BTX e vários elementos químicos).

Porém acumula-se a evidência de que a capacidade de produção de petróleo "conven-

cional" está a atingir os seus limites. O petróleo convencional é aquele de que o mundo afluen-

te se tem alimentado desde o princípio do século XX e que, na década de 60, ultrapassou o

carvão como principal fonte de energia. O petróleo convencional é de extração relativamente

acessível e econômica. No caso das jazidas gigantes da Arábia Saudita, por um preço na ordem

de 1 ou 2 dólares por barril. A fração de hidrocarbonetos líquidos que acompanha a extração

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39 GEOGRAFIA ECONÔMICA

de gás natural pode ser contabilizada e adicionada à produção de petróleo convencional. Esta

fonte de hidrocarbonetos aumentará previsivelmente até cerca de 2050, em resultado de a

produção de gás natural exceder nesse período a de petróleo, mas em quantidade que, atenu-

ando o declínio da produção de petróleo convencional, não adiará perceptivelmente o tempo

de ocorrência do "pico" de produção de hidrocarbonetos líquidos.

O petróleo não convencional – isto é, o “heavy oil” (ou petróleo pesado), o petróleo po-

lar (acima do Círculo Polar Ártico), o petróleo do “deep ocean offshore” (oceano profundo),

as areias betuminosas e os xistos asfálticos – ou é de qualidade inferior, sendo de extração e

refinação mais dispendiosa (caso do petróleo pesado da bacia do Orinoco ou das areias betu-

minosas de Athabasca), ou de elevado custo de extração (custo não só econômico, mas ener-

gético também). O petróleo polar implica impactos ambientais em zonas sensíveis e mesmo

protegidas, e também investimentos intensivos, sobretudo, associados ao transporte para os

centros consumidores. O petróleo do oceano profundo (há mais de 500 metros de profundi-

dade) apresenta condições geológicas complexas e ambientais rigorosas, apresentando elevado

risco de investimento e custo de extração. O aproveitamento das areias betuminosas implica

impactos ambientais pesados, custos econômicos e energéticos elevados, tais que as eventuais

reservas produtíveis serão muito inferiores aos recursos existentes na crosta.

Situação mais problemática ainda é a dos xistos betuminosos. Todavia, a “propaganda”

anestesiante procura fazer passar a ideia de recursos fabulosos à superfície da Terra, uma fan-

tasia como oferecer a Lua. A referência cada vez mais frequente a esses “novos” recursos de

petróleo não convencional é a mais clara confissão de que o petróleo “barato”, o petróleo con-

vencional, está a aproximar-se dos seus limites.

Os recursos de petróleo não convencional são comparáveis com os de petróleo conven-

cional, mas a fração convertível em reservas exploráveis ascende, na hipótese otimista, a não

mais que 20% desses recursos. Somado a estes custos, o desenvolvimento de tais reservas exi-

girá períodos de tempo dilatados. Investimentos pesados a longo prazo é qualquer coisa que

não cabe no quadro da atual organização econômica, o que não exclui a possibilidade de um

ou outro conglomerado petrolífero vir a fazê-lo, na perspectiva de retorno à custa da extrema

escassez futura. E não há dúvida de que, embora possa haver uma fronteira difusa entre petró-

leo convencional e não convencional, acabado o primeiro a economia do segundo será subs-

tancialmente diferente e o custo de energia será muito superior.

É convicção corrente, alimentada pela informação oriunda da maioria dos organismos

oficiais e das empresas petrolíferas, que a produção de petróleo poderia prosseguir indefini-

damente, como se o recurso natural fosse ilimitado, ou seja, como se o planeta Terra fosse

plano e não esférico e, portanto, finito. É a visão conhecida por “flat land”.

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40 RUBEM TADEU

Unidade de bombeio de petróleo em terra firme.

(DISPONÍVEL EM: HTTP://LIALDIA.COM/WP-CONTENT/UPLOADS/2009/06/PETROLEO-YACIMIENTO1.JPG.)

Essa visão idealista é conforme a teoria econômica dominante, a qual informa que os di-

versos fatores de produção seriam ilimitados e intermutáveis, como se não tivessem "qualida-

des" distintas, e o mercado seria um regulador perfeito da atividade econômica, "oferecendo"

automaticamente fluxos de matérias-primas, de força de trabalho e de energia, em reposta

inevitável ao aumento de "procura" e a subida dos respectivos preços. Esta teoria econômica

pressupõe que haja uma Terra com recursos ilimitados e com ilimitada capacidade de gerar

fluxos desses recursos, bem como um exército de desempregados e de técnicos já qualificados,

em todas as especialidades. Num e noutro caso disponíveis no imediato, como se o desenvol-

vimento de uma província petrolífera não levasse cerca de uma década e a formação de espe-

cialistas num novo domínio cerca de um lustro.

Mas a longa experiência da indústria petrolífera prova que não é assim. A produção em

cada província é assegurada majoritariamente por um escasso número de jazidas gigantes, um

elevado número de pequenas jazidas fornecendo apenas um modesto complemento. O nível

de produção de cada província, uma vez que todas as jazidas são postas a produzir, não mais

poderá crescer significativamente e, pelo contrário, entrará em declínio, a um ritmo que só a

multiplicação do número de poços consegue atenuar. O custo de extração vai crescendo em

função do volume de produção acumulada em cada província petrolífera.

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41 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Até quando haverá petróleo abundante?

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_5ZHV0X_IIUW/R1GXBKFL14I/AAAAAAAAC-4/O7UTL-VDHJS/S1600-R/OILWELL1.JPG)

O ritmo de descoberta de novas jazidas de petróleo tem diminuído e as grandes jazidas

vão escasseando. Na escala global, o ritmo de consumo já ultrapassou e vem excedendo, desde

1981, as descobertas de novas províncias petrolíferas. O pico das descobertas na escala mundi-

al ocorreu em 1964. Como o ritmo das descobertas deixou de compensar o ritmo de consumo,

o balanço é negativo e as reservas restantes têm diminuído persistentemente. O "crescimento

de reservas", ou seja, a reavaliação em alta das reservas das províncias petrolíferas já conheci-

das – em resultado conjugado do fator econômico preço e do fator técnico taxa de recupera-

ção do petróleo "in situ" – tem decrescido também, e será, no futuro, mais reduzido do que no

passado. Depois de um século de prospecção em todo o mundo, e de aperfeiçoamentos cientí-

ficos e tecnológicos na geofísica e na engenharia do petróleo, sabe-se hoje virtualmente quase

tudo sobre essa matéria e, particularmente, sabe-se que recursos existem e quais os seus limi-

tes. O maior obstáculo é, de fato, a escassez de informação (completa e consistente) e a mani-

pulação (comercial ou política) de que os resultados têm sido objeto por parte de empresas

petrolíferas, governos e organismos internacionais. Em suma, conjugando informações de

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42 RUBEM TADEU

origens diversas, os especialistas estimam que, ainda na presente década, ocorra o "pico" da

produção mundial de petróleo.

Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos, e seus arranha-céus: o símbolo da riqueza e

prosperidade do mundo árabe em função do petróleo.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://UPLOAD.WIKIMEDIA.ORG/WIKIPEDIA/COMMONS/7/72/DUBAISKYSCRAPERS.JPG)

A região do Golfo Pérsico detém a maior fração das reservas restantes. A OPEP, que as-

segura, atualmente, uma fração próxima de 40% do comércio mundial, terá um peso crescente

nesse abastecimento e na formação do preço. A atual produção mundial de cerca 75 milhões

de barris de petróleo/dia poderá ascender a um máximo de cerca 80 milhões barris/dia na pre-

sente década, sendo que a OPEP, só por si, poderá elevar ainda a respectiva produção até 45

milhões de barris/dia até 2015, mas já num contexto mais geral de exaustão ou declínio. Por

isso o pico do petróleo ocorrerá antes desta última data.

Os EUA são o país com mais longa e completa experiência na indústria petrolífera. No

território dos 48 estados contíguos, as descobertas atingiram o seu máximo em 1930, no qual

resultou uma produção que atingiu o apogeu em 1971. Desde então, o declínio tem sido ine-

xorável.

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43 GEOGRAFIA ECONÔMICA

No Alaska, foi descoberta e desenvolvida uma província petrolífera em Prudhoe Bay. O

investimento necessário à sua exploração, incluindo o extenso oleoduto, foi muito elevado e

demorado, como é próprio de uma fonte considerada já não convencional. E, todavia, a res-

pectiva produção passou o seu máximo doze anos depois, em 1989.

Ora, a produção nos EUA atingiu o seu apogeu sem que fossem adotadas políticas de

desenvolvimento sustentado no plano doméstico, o que ilustra como o mercado não oferece

solução para o desenvolvimento sustentado. O caminho prosseguido está à vista: os EUA de-

clararam como seu interesse vital o acesso às fontes de energia mundiais. E estão a prosseguir

nessa política, agora sob a designação de "guerra ao terrorismo", nomeadamente estabelecen-

do alianças com regimes corruptos, bases militares em regiões estratégicas para o domínio de

províncias petrolíferas e de oleodutos e, bem assim, desencadeando ameaças militares e ações

de guerra. Mais discreto é o apoio diplomático e o financiamento invisível das empresas pe-

trolíferas; o que frequentemente é feito através do inesgotável financiamento para a Defesa

Nacional. É um ciclo vicioso, em que o poder econômico influencia e domina o poder político

e este apoia no plano internacional e financia os consórcios econômicos com recursos públi-

cos.

A queda da produção de petróleo nos Estados Unidos, nos últimos anos, é um dos pro-

blemas econômicos mais sérios que o país enfrenta.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.ENERGYINDUSTRYPHOTOS.COM/OILFIELD_BLOWOUT_PHOTOS_AND_RIG.HTM)

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44 RUBEM TADEU

Rússia e a bacia do Cáspio detêm cerca de 15% das reservas mundiais de petróleo con-

vencional. Porém, significativos recursos e reservas adicionais de petróleo polar na região Ár-

tica são prováveis. A Rússia mais a bacia do Cáspio forneceram em 2001 cerca de 11% da pro-

dução mundial de petróleo convencional. Essa produção poderá aumentar ainda 50%, durante

os próximos anos, podendo contribuir então com cerca de 15% da produção mundial.

Na Rússia, o setor econômico mais dinâmico na última década tem sido o energético, o

qual tem gerado acumulação de capital e suportado a constituição da oligarquia financeira

emergente. Este sector tem tripla importância para os EUA: é a estrutura econômica que, na

Rússia, mais rapidamente se constitui como capitalista; por outro lado, pode servir aos "inte-

resses vitais" dos EUA, na segurança do aprovisionamento energético. Finalmente, pode servir

ao objetivo geoestratégico de controlar o aprovisionamento energético de outros grandes paí-

ses carentes de fontes de energia própria – designadamente a Índia e o Japão, a China e outros

países do Extremo Oriente. Estas razões têm movido os EUA ao estreitamento de relações

políticas com a Rússia. Em contrapartida, este país terá interesse em desenvolver ao máximo

as suas infraestruturas energéticas e manter relativo equilíbrio de relações comercias quer com

a Europa, quer com o Extremo Oriente, quer com os EUA, nesse sentido tendo programado o

prosseguimento do desenvolvimento das atuais províncias produtoras, novas pesquisas na

zona Ártica e, ainda, o reforço e alargamento da rede de oleodutos para o ocidente, para a cos-

ta do Pacífico e para a RP China. A atual "aproximação" da Rússia com os EUA é uma aliança

para desenvolvimentos tecnológicos e investimentos conjuntos no setor energético, coopera-

ção e partilha do comércio internacional de matérias-primas energéticas, mas é também uma

capitulação da soberania russa face ao império financeiro global. Em breve, a Rússia entrará

na OMC.

Quanto à Europa Ocidental, a província petrolífera do Mar do Norte já ultrapassou a

sua produção máxima e entrou em declínio. Descoberta essa província em 1969, a taxa de des-

coberta atingiu o seu máximo em 1974 e, a taxa de produção, o seu apogeu em 2000. Tendo

incrementado as reservas estimadas inicias em 50% e atingido a taxa de recuperação 50%, mas

não podendo já aumentar nem uma nem outra, o declínio é inexorável. O progresso tecnoló-

gico faz maravilhas, mas ainda não faz milagres. A Europa terá, agora, de importar uma cres-

cente quota de petróleo num mercado mundial incerto.

Quanto ao gás natural do Mar do Norte, ele assegura agora 50% do gás natural consu-

mido na União Europeia. Descoberto em 1965, atingiu o máximo de sua produção em 1979 e

espera-se que a sua produção entre em declínio também. A Europa depende já, e crescente-

mente no futuro, do aprovisionamento de gás natural proveniente do Norte da África e da

Rússia.

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45 GEOGRAFIA ECONÔMICA

A Noruega dispõe ainda de recursos adicionais de hidrocarbonetos no Ártico, particu-

larmente gás, que permitirá manter e mesmo acrescentar a sua capacidade produtiva, o que

atenuará, mas não substituirá a pressão para as importações de fora da Europa Ocidental.

Especialistas oriundos de vários países europeus, EUA, Rússia e Irã, reunidos num en-

contro internacional realizado em fins do mês de maio de 2002, na Universidade de Uppsala,

na Suécia, alertaram para a previsível ocorrência de sérios choques petrolíferos na próxima

década. Prevê-se que a produção mundial de petróleo convencional iniciará, então, um declí-

nio irreversível que terá enorme repercussão em todo o mundo.

À luz do conhecimento atual, na base dos atuais dados relativos a reservas e a recursos,

descobertos e ainda previsivelmente por descobrir, a produção mundial deverá atingir o seu

ponto máximo por volta de 2010. A rede de instituições e especialistas constituída nesse en-

contro internacional – ASPO (Association for the Study of Peak Oil) – afirmou o propósito de

proceder, anualmente, à atualização do cenário da produção em conformidade com o apura-

mento dos resultados de exploração e produção verificados.

O Sal da Terra

Composição: Beto Guedes/Ronaldo Bastos

Anda, quero te dizer nenhum segredo

Falo desse chão, da nossa casa, vem que tá na hora de arrumar

Tempo, quero viver mais duzentos anos

Quero não ferir meu semelhante, nem por isso quero me ferir

Vamos precisar de todo mundo pra banir do mundo a opressão

Para construir a vida nova vamos precisar de muito amor

A felicidade mora ao lado e quem não é tolo pode ver

A paz na Terra, amor, o pé na terra

A paz na Terra, amor, o sal da...

Terra, és o mais bonito dos planetas

Tão te maltratando por dinheiro, tu que és a nave nossa irmã

Canta, leva tua vida em harmonia

E nos alimenta com teus frutos, tu que és do homem a maçã

Vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois

Prá melhor juntar as nossas forças é só repartir melhor o pão

Recriar o paraíso agora para merecer quem vem depois

Deixa nascer o amor

Deixa fluir o amor

Deixa crescer o amor

Deixa viver o amor

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46 RUBEM TADEU

Geografia econômica mundial1

"A 'segurança energética' de longo prazo se transformou num tema absolutamente deci-

sivo da atual agenda geoestratégica das Grandes Potencias…"

(Financial Times, 17 de marco de 2005)

Jose Luís Fiori.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.REVISTAMACAU.COM/IMAGES/INDICE/0090701.JPG.)

No início do século XXI, o eixo econômico do sistema mundial já está completamente

refeito, e não deve ser alterado nas próximas décadas. Depois de 1945, a economia capitalista

cresceu liderada pelos Estados Unidos e pela Alemanha e pelo Japão, seus dois protetorados

militares que se transformaram em cadeias transmissoras do dinamismo global, na Europa e

no Sudeste Asiático. Um tripé que funcionou, de forma absolutamente virtuosa, até 1973, uni-

ficado pela reconstrução do pós-guerra e pela competição com a União Soviética, enquanto se

desfaziam os velhos impérios coloniais europeus. Este eixo dinâmico da economia mundial

entrou em crise na década de 70 e perdeu seu fôlego global, na década de 80, logo antes que as

economias alemã e japonesa entrassem em estado de letargia crônica, nos anos 90. Ao contrá-

rio dos seus antigos parceiros, os Estados Unidos cresceram durante as duas últimas décadas

do século XX, de forma quase contínua, liderando uma reestruturação profunda da economia

mundial. Foi o período em que a economia nacional da China – e logo depois, a da Índia –

foram assimiladas pelo "território econômico" do capital financeiro norte-americano, e se

1 1 Disponível em: http://www.desempregozero.org.br/artigos/geografia_economica_mundial.php

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47 GEOGRAFIA ECONÔMICA

transformaram na fronteira de expansão e acumulação capitalista do sistema mundial. Dentro

desta nova arquitetura, a Alemanha e o Japão ainda não perderam seu lugar, na hierarquia das

economias nacionais, nem deixaram de ser países ricos, cada vez mais ricos, apenas perderam

o seu protagonismo e a sua liderança do processo de acumulação do capital, a escala global.

Foram substituídos pelo novo tripé, e esta mutação geológica da economia mundial não tem

mais como ser revertida a médio prazo, mesmo que alguns setores do establishment político e

acadêmico americano sigam propondo o bloqueio da expansão asiática, e da China, em parti-

cular. Daqui em diante, o entrelaçamento econômico deste novo tripé será cada vez maior,

mesmo quando a sua competição geopolítica crescer até o limite do enfrentamento explícito.

É interessante observar que esta revolução renova, de fato, uma das relações mais anti-

gas e permanentes da história econômica moderna. A relação do "Ocidente" com as "Índias",

que está na origem do “milagre europeu" e da economia capitalista, e de todos os grandes im-

périos que se constituíram, depois dos "descobrimentos". Neste sentido, a nova geografia do

capitalismo mundial mantém, atualiza e potencializa, a um só tempo, a relação transcontinen-

tal que está na origem da globalização do capitalismo europeu. Esta “permanência" do sistema

mundial, entretanto, não elimina a novidade revolucionária da nova geografia econômica do

sistema, nem diminui o seu impacto sobre a economia mundial. É muito difícil de prever to-

das as suas consequências, mas já é possível mapear os primeiros "congestionamentos" e con-

flitos que estão sendo provocados por este deslocamento geoeconômico. Nestas horas de mu-

dança radical, a economia e a política tendem a convergir mais do que de costume, e fica mais

fácil identificar conexões e sobreposições entre o jogo geopolítico da defesa e da acumulação

do poder, e o jogo geoeconômico da monopolização e da acumulação da riqueza. Como se

pode ver, por exemplo, neste momento, com relação ao problema da "segurança energética"

desta nova máquina de crescimento, um verdadeiro quebra-cabeça, do ponto de vista da reor-

ganização e redistribuição – política e econômica – dos recursos disponíveis e escassos, nos

vários pontos do mapa energético do mundo. Não é difícil de entender a complexidade do

novo arranjo que está em curso, basta olhar para as duas pontas do novo sistema e para as

projeções de suas necessidades, se for mantido seu dinamismo atual.

Em conjunto, a China e a Índia detêm um terço da população mundial e vêm crescendo

nas duas últimas décadas, a uma taxa média entre 6 e 10% ao ano. Por isto, ao fazer seu Mapa

do Futuro Global, o Conselho de Inteligência Nacional dos Estados Unidos previu em 2005,

que até 2020, a China devera aumentar, em 150%, o seu consumo energético, e a Índia em

100%, se forem mantidas suas atuais taxas de crescimento econômico. E nenhum dos dois

países tem condições reais de atender suas necessidades internas através do aumento de sua

produção doméstica de petróleo ou de gás. A China já foi exportadora de petróleo, mas, hoje,

é o segundo maior importador de óleo do mundo, importações que atendem um terço de suas

necessidades internas. No caso da Índia, sua dependência do fornecimento externo de petró-

leo é ainda maior do que a da China e, nestes últimos 15 anos, passou de 70 para 85% do seu

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48 RUBEM TADEU

consumo interno. Para complicar o quadro das necessidades asiáticas, o Japão e a Coreia per-

manecem altamente dependentes de suas importações de petróleo e de gás, o que contribui

ainda mais para a intensificação da competição econômica e geopolítica dentro da própria

Ásia. A necessidade urgente de antecipar-se e garantir o fornecimento futuro de energia é que

explica, por exemplo, neste momento, a aproximação de todos estes países asiáticos com o Irã,

a despeito da forte oposição dos Estados Unidos. Como explica também a ofensiva diplomáti-

ca e econômica recente – massiva, em alguns casos – da China na Ásia Central, na África, e até

mesmo na Venezuela; e a presença crescente da Índia, em Burma, Sudão, Líbia, Síria, Costa do

Marfim, Vietnã e na própria Rússia. Além da sua participação conjunta na disputa competiti-

va, quase belicosa, com os Estados Unidos e com a Rússia, pelo petróleo do Mar Cáspio e seus

oleodutos alternativos de escoamento, através da Ucrânia, Geórgia, Azerbaijão, Turquia, Po-

lônia, ou Afeganistão e Paquistão. Seguindo a mesma estratégia dos seus governos, as grandes

corporações públicas ou privadas chinesas e indianas também têm feito investidas fora de sua

zona imediata de atuação tradicional, para controlar empresas estrangeiras que garantam o

fornecimento futuro de petróleo para seus países. Como foi o caso da China National Offsho-

re Corporation que já comprou participação acionária em empresas no Irã, como também no

grupo Yukos na Rússia, e na Unocal, dos Estados Unidos, o mesmo caminho que vem sendo

trilhado pelas grandes empresas estatais indianas – a ONGC e a IOC – que já anunciaram no-

vas associações na Rússia, no Irã e na própria China. Por fim, o Instituto Internacional de Es-

tudos Estratégicos de Londres atribui a esta mesma disputa energética, a recente reestrutura-

ção naval e a presença militar crescente dos chineses e indianos no Mar da Índia e no Oriente

Médio. Como se quisessem relembrar, aos economistas mais ingênuos, o parentesco muito

próximo que existe entre os caminhos do mercado e a competição militar.

No outro lado da ponta deste novo eixo dinâmico da economia mundial, está os Estados

Unidos, que já eram e continuam sendo os maiores consumidores de energia do mundo, e

que, além disto, estão empenhados em diversificar suas fontes de fornecimento, para diminuir

sua dependência dos países do Oriente Médio. Hoje, a Arábia Saudita só atende 16% da de-

manda interna dos Estados Unidos, que já conseguiu deslocar a maior parte do seu forneci-

mento de energia para dentro de sua zona imediata de segurança estratégica, situada no Méxi-

co e no Canadá, aparecendo a Venezuela logo em seguida, como seu quarto fornecedor mais

importante. Mas, alem disso, os Estados Unidos vêm trabalhando ativamente para obter um

acordo estratégico de longo prazo com a Rússia e vem avançando de forma agressiva e compe-

titiva em cima dos novos territórios petrolíferos situados na África sub-sahariana e na Ásia

Central, na região do Mar Cáspio. Isto é, na sua condição de poder global, os Estados Unidos

estão disputando todos os territórios que tenham disponibilidade atual ou que apresentem

algum potencial futuro, capaz de garantir a expansão contínua do seu poder econômico e polí-

tico. Para complicar este quadro, na sua área imediata de influencia tradicional, a Grã-

Bretanha, depois de alguns anos, voltou a sua condição de importadora de petróleo, ao lado

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49 GEOGRAFIA ECONÔMICA

dos seus demais sócios da União Europeia, que hoje importam da Rússia, 49% do seu gás, e

que deverão estar importando da mesma Rússia, algo em torno de 80%, por volta de 2030. Por

isto, o governo Putin está trabalhando hoje de forma tão agressiva para transformar a Rússia

num "gigante mundial da energia", unificando e reestatizando suas empresas produtoras, se-

gundo o modelo ARAMCO, da Arábia Saudita. Esta nova mega-empresa deve se transformar

num instrumento fundamental de poder, na luta russa para se recolocar dentro do jogo eco-

nômico das grandes potências e para aumentar a margem de manobra e negociação da Rússia,

dentro da própria Europa.

Em síntese, o que estamos assistindo hoje no mundo do petróleo e do gás natural é uma

expansão veloz da demanda e um aumento da intensidade da competição, entre os velhos e os

novos grandes consumidores da energia disponível no mundo. Mas esta não é apenas uma

disputa normal de mercado, nem é o produto de alguma manobra da OPEP ou do aumento

puro e simples das taxas de crescimento da economia mundial. Pelo contrário, é o produto de

uma gigantesca mutação geoeconômica do capitalismo mundial, que está exigindo não apenas

um aumento da produção da energia, mas também uma redistribuição radical de suas fontes

de produção. Por trás desta transformação, entretanto, esconde-se uma outra mudança ainda

mais complexa: a entrada, no tradicional "jogo" de poder das Grandes Potências, de alguns

paises que faz mais de 500 anos que se transformaram no "objeto do desejo" dos europeus e

que foram suas colônias ou protetorados até meio século atrás. Agora, são eles que estão ba-

tendo à porta, anunciando sua passagem.

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50 RUBEM TADEU

MAPA CONCEITUAL

Distribuição de Recursos no Planeta

Sobrevivência das espécies Condições climáticas

Extrativismo Geração de energia

Extinção de recursos Emprego e renda

Conscientização

Fontes alternativas de energia

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51 GEOGRAFIA ECONÔMICA

ESTUDOS DE CASO

Em nosso planeta encontramos diversos tipos de fontes de energia. Elas po-

dem ser renováveis ou esgotáveis. Por exemplo, a energia solar e a eólica (ob-

tida através dos ventos) fazem parte das fontes de energia inesgotáveis. Por

outro lado, os combustíveis fósseis (derivados do petróleo e do carvão mine-

ral) possuem uma quantidade limitada em nosso planeta, podendo acabar

caso não haja um consumo racional.

(Fonte: http://www.suapesquisa.com/cienciastecnologia/fontes_energia.htm).

Nos tempos atuais, há uma preocupação dos estudiosos com a questão ambiental, por

entenderem que a sustentabilidade do planeta Terra reside em observamos regras de utiliza-

ção de recursos que não venham a agredir ao meio ambiente. Pelo exposto, redija um texto de,

no mínimo, quinze linhas, apresentando soluções viáveis para evitar o esgotamento das fontes

de energia, citando as fontes de consulta.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

QUESTÕES DO ENADE, ADAPTADAS DO ENADE OU SIMILARES

QUESTÃO 01

(EPE, 2006) Acerca da utilização do biodiesel no Brasil, é correto afirmar que:

a) A sua implementação efetiva em adição ao diesel de origem fóssil depende de medi-

das governamentais e nenhuma lei ou decreto sobre o assunto foi publicado até o final de

2005.

b) A implementação efetiva da utilização de tal combustível adicionado ao diesel de ori-

gem fóssil está vinculada às diretrizes do Ministério de Minas e Energia, de maneira indepen-

dente da ANP.

c) Para a geração da energia elétrica, foi autorizada a adição de biodiesel, em percentuais

maiores que 2%, ao diesel fóssil.

d) Os órgãos governamentais, quando manifestam a intenção de limitar o percentual de

biodiesel a ser adicionado ao diesel fóssil, têm receio de aumentar descontroladamente o po-

der calorífico da mistura final.

e) O Governo tem a intenção, em um futuro próximo, de autorizar oficialmente a utili-

zação de tal combustível.

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52 RUBEM TADEU

QUESTÃO 02

(EPE, 2006) Considere as afirmações abaixo, que dizem respeito à geração térmica no

Brasil.

I. Especificamente acerca das termelétricas, a GLP, uma das vantagens da sua imple-

mentação no Brasil, está relacionada à autossuficiência nacional nesse tipo de combustível.

II. Segundo o Balanço Energético Nacional de 2005, a geração a gás natural continuou

uma trajetória de crescimento no ano de 2004.

III. Uma das principais motivações para a expansão desse tipo de geração é o fato da

tecnologia envolvida ser de domínio nacional.

É (são) correta(s) apenas a(s) afirmação(ões):

a) I.

b) III.

c) II e III.

d) II.

e) I e II.

QUESTÃO 03

(EPE, 2006) A geração de energia elétrica no Brasil, em centrais de serviço público e de

autoprodutoras, atingiu 387,5 TWh em 2004 (Fonte: BEM 2005). A tecnologia de maior oferta

e o setor de maior consumo de energia elétrica no Brasil, respectivamente, são as centrais:

a) Hidrelétricas e o setor residencial.

b) Hidrelétricas e o setor industrial.

c) Termelétricas, em geral, e o setor comercial.

d) Termelétricas a gás natural e o setor residencial.

QUESTÃO 04

(EPE, 2006) Assinale a afirmação que apresenta dados corretos a respeito da geração

nuclear no Brasil.

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53 GEOGRAFIA ECONÔMICA

a) Segundo o Balanço Energético Nacional de 2005, esse tipo de geração reforçou, no

ano de 2004, a tendência de crescimento moderado (menos de 5%) que vem apresentando em

todos os anos desde 2000.

b) Esse tipo de geração, nas duas usinas de Angra dos Reis, tem disponibilizado para o

Brasil, nos últimos anos, uma quantidade de energia superior à importada pelo país.

c) Um dos argumentos a favor da conclusão da construção da Usina Angra III é o fato

de que o montante financeiro necessário é menos de 25% do montante que já foi investido na

compra de equipamentos para aquela obra.

d) Um dos argumentos novos a favor da expansão desse tipo de geração no Brasil ba-

seia-se na solução para a reciclagem do rejeito nuclear apresentada pelos pesquisadores da

Marinha do Brasil, em parceria com a UFRJ, Eletronuclear e Nuclebrás.

e) Segundo a Estrutura da Oferta de Eletricidade no Brasil, apresentada no Balanço E-

nergético Nacional de 2005, esse tipo de geração foi responsável por menos de 3% da oferta no

ano de 2004.

QUESTÃO 05

(Adaptado de SEML, 2003) O carvão mineral é bastante utilizado, tanto para gerar ener-

gia elétrica em usinas termelétricas como também como matéria-prima para produzir aço nas

siderúrgicas. No Brasil, é o Estado de Santa Catarina que se destaca nessa produção. Entre os

tipos (estágios) de carvão, o de maior consumo no mundo é:

a) A linhita.

b) A hulha.

c) A turfa.

d) O antracito.

e) A celulose

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54 RUBEM TADEU

CONSTRUINDO CONHECIMENTO

SOBRE A GEOGRAFIA ECONÔMICA

A Geografia Econômica é o estudo da diversidade de condições econômicas sobre a Ter-

ra. A economia de uma área geográfica pode ser influenciada pelo clima, pela geologia, e tam-

bém pelos fatores político-sociais.

Os estudiosos em geografia econômica têm por foco os aspectos espaciais das atividades

econômicas em várias escalas. A distância de uma cidade como um mercado com demanda

para diversos produtos tem papel significativo nas decisões econômicas das empresas, en-

quanto outros fatores como o acesso ao mar pelos portos marítimos, ou a presença de maté-

ria-prima como petróleo afetam as condições econômicas dos países.

1.2 TEMA 2. OS SETORES DA ECONOMIA - A TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA EM MERCADORIA

1.2.1 CONTEÚDO 1 – OS SETORES DA ECONOMIA E A SUA ABORDAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Tem por objetivo descrever e avaliar a teoria dos setores da economia como forma de

organização do espaço produtivo.

Setores da Economia – Tradicionalmente as atividades econômicas reúnem três setores:

Setor primário:

(FONTE:WWW.ECODEBATE.COM.BR)

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55 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Agrupa o extrativismo vegetal, mineral e animal.

Setor secundário:

(FONTE:WWW.JOTA7.COM)

Abrange as indústrias de beneficiamento, construção civil e transformação.

Setor terciário:

(FONTE: CLIP-ART)

Designa o comércio em geral, bancos, administração, serviços diversos: transporte,

educação, saúde etc. Hoje, já existe a possibilidade da existência do setor quaternário.

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56 RUBEM TADEU

1. A TEORIA DOS TRÊS SETORES DA ECONOMIA

A teoria dos três setores da economia foi sistematizada pelo economista Colin Clark, na

década de 30, num contexto econômico muito diferente do atual. Os critérios subjacentes a

essa classificação já nem são mais conhecidos.

Clark chamou de setor primário todas as atividades econômicas que, para serem reali-

zadas, contassem com a participação do trabalho humano e da natureza. Nesse caso se enqua-

drariam:

• As atividades extrativas – vegetal, animal e mineral (o homem extrai, mas quem “pro-

duz” é a natureza);

• A agricultura (o homem prepara a terra – meio de produção, semeia, toma cuidados e

colhe, e a natureza faz o restante);

• A pecuária (criação de animais, também combinando trabalho humano e mecanismos

naturais). Essas atividades são desenvolvidas no campo.

Já o setor secundário seria a produção de bens materiais elaborados, a partir de elemen-

tos oferecidos pela natureza, contando somente com a participação do trabalho humano. A

isso se chama atividade industrial. Nas sociedades modernas, essa atividade é desenvolvida nas

fábricas, localizadas principalmente no espaço urbano. O setor terciário seria composto por

outras atividades que não se refiram à produção de bens materiais (setor primário e secundá-

rio), mas sim à de bens imateriais (serviços em geral – transportes, comunicações, serviços

públicos, bancos, oficinas, manutenção, comércio etc.), juntamente com o comércio. Seu de-

senvolvimento básico também ocorreria no espaço urbano. Setor primário, secundário e terci-

ário são expressões incorporadas à linguagem corrente. No caso do terciário, as novas ativida-

des não aparecem nas estatísticas, pois se trata de um setor extremamente heterogêneo e só

através de uma preocupação teórica é que podemos criticar a rigidez (imposta pela “teoria dos

três setores”) com que se coletam os dados estatísticos”.

Problemas teóricos da teoria dos três setores

• Surgem novas formas de organizar um empreendimento econômico, que alteram a es-

trutura do emprego (do trabalho) e também a estratégia de localização geográfica das empre-

sas. Essas novas formas escapam às classificações tradicionais, mas não podem escapar de nos-

sos olhos se quisermos entender a realidade;

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57 GEOGRAFIA ECONÔMICA

• No início do século, as empresas se organizavam do seguinte modo: mais de 90% da

mão de obra empregada trabalhava diretamente na produção. Assim, só uma pequena parte

dos trabalhadores exercia funções administrativas (burocráticas). Esse pequeno setor adminis-

trativo funcionava, em geral, no mesmo edifício em que se realizava a produção. Existia tam-

bém certa correspondência entre a localização da empresa e as fontes de energia, matéria-

prima e mercado (era tudo mais ou menos próximo);

• Numa empresa atual, a realidade é completamente diferente. Cresceu significativa-

mente o setor administrativo, com mudanças qualitativas. Chega, em alguns casos, a corres-

ponder a mais de 50% dos empregados. São novas profissões ligadas ao planejamento, ao

marketing, aos recursos humanos, à contabilidade, à pesquisa cientifica etc.

• Além desse crescimento, tornou-se comum separar no espaço geográfico os locais de

instalação da unidade produtiva e do setor administrativo. O setor produtivo pode estar na

área periférica de uma cidade, enquanto o setor administrativo pode estar no centro. Indo

mais longe, pode haver separação entre regiões ou até entre países. A sede administrativa da

Sony fica no Japão e as unidades produtivas se espalham pelo mundo, como por exemplo, em

Manaus. Também não há correspondência geográfica entre os locais de produção, fonte de

matérias-primas e fontes de energia. Os meios de transporte e de comunicação moderno refa-

zem, com eficiência, a ligação perdida.

Terceirização, terceiros (empresas especializadas que prestam serviços – faxina, restau-

rante, informática, manutenção de equipamentos etc.), a questão se complica mais ainda.

Mas as mudanças tecnológicas e organizativas nas atividades agropecuárias produzem

outras consequências. Elas seguiram a mesma lógica das modificações nas indústrias. A tal

ponto que dizer qual é na essência a diferença entre uma indústria e um empreendimento

agrícola capitalista moderno tornou-se difícil. Daí o terno agroindústria. A dúvida é saber até

onde a natureza ainda influencia a produção agropecuária. Avanços como os da biotecnologia

permitiram aumentar a produção (via seleção, as adaptações de espécies a variam condições

climáticas, criação de novas espécies e assim por diante). Outros avanços no preparo e corre-

ção do solo e na mecanização das tarefas diminuíram significativamente a dependência da

natureza. Da relação de produção original homem-natureza, a produção agropecuária está

baseada hoje na relação homem-homem, típica do setor secundário.

Trabalho em grandes empreendimentos agrícolas cada vez mais se assemelha ao traba-

lho na fábrica: as tarefas são subdivididas, os trabalhadores operam máquinas, são assalariados

e muitos moram nas cidades, inserindo-se num modo de vida urbano. Sintetizando: as ativi-

dades terciárias permeiam o setor primário e o secundário. O primário moderno se confunde

com o secundário. O terciário, que complementava a produção, agora, em grande medida,

antecipada. Ora, são tantas as incompatibilidades da teoria dos três setores com a realidade,

que quase não há mais razões para mantê-la.

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58 RUBEM TADEU

1.2.2 CONTEÚDO 2 – O SETOR PRIMÁRIO

Tem por objetivo analisar, avaliar e descrever a importância do Setor Primário da Eco-

nomia na organização do espaço.

1. O setor primário

As atividades do setor Primário são: atividades extrativas, a agricultura e a pecuária.

A Agricultura pode ser dividida em: de subsistência, comercial, especulativa, coletivista,

moderna e agroindústria.

2. A agricultura no mundo

Quase todas as atividades realizadas pelo homem têm caráter econômico, ou seja, envol-

vem trocas monetárias: a produção de mercadorias agrícolas e industriais, o comércio desses

produtos, as atividades imobiliárias, educacionais, esportivas etc. Por meio da atividade eco-

nômica, a sociedade produz os bens que necessita tanto os materiais quanto os imateriais ou

serviços.

No ato de produzir, consumir e trocar produtos, o espaço está sendo transformado. No

entanto, nenhum elemento que já existisse no planeta é utilizado para a criação de novos pro-

dutos. O que se altera é o modo de combinar os mesmos elementos, os novos instrumentos

desenvolvidos para executar as tarefas e o trabalho humano empregado.

No período pré-capitalista, as sociedades eram basicamente agrícolas e não se diferenci-

avam muito umas das outras quanto ao estágio de desenvolvimento. A diferenciação só se

acentuou com o capitalismo, quando a atividade industrial começou a se tornar predominante

em alguns países.

O setor primário, tradicionalmente caracterizado como rural, com pequena participação

nos índices nacionais de produção e técnicas rudimentares, passou por uma grande evolução

nas últimas décadas. As novas tecnologias permitem realizar melhoramentos genéticos na

agropecuária e aumentar a produtividade, imprimindo um ritmo industrial a essa atividade.

3. O campo e a cidade

Nas sociedades antigas, a agricultura era a principal atividade econômica. Mesmo na-

quelas que se celebrizaram pelo esplendor de suas cidades, a grande maioria da população que

trabalhava vivia nos campos. Na antiguidade, o campo constituía o espaço da produção; a ci-

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59 GEOGRAFIA ECONÔMICA

dade, o espaço da circulação e do consumo das mercadorias produzidas. A cidade foi também

o espaço da política, do ócio, das artes e da ciência.

As civilizações urbanas que se desenvolveram na Mesopotâmia e no Egito eram susten-

tadas pelo trabalho dos camponeses. O excedente da produção rural se transformava em tri-

butos pagos aos governantes e sacerdotes, habitantes das cidades.

A agricultura também foi a base econômica durante toda a Idade Média. Nesse caso, o

trabalho agrícola cabia aos servos, e o excedente da produção alimentava os senhores feudais

(inclusive o clero) e seus exércitos.

Nas sociedades pré-industriais, o campo abrigava a grande maioria da população e era

responsável pela quase totalidade da produção de riquezas. Por meio de diferentes mecanis-

mos de coerção política, o excedente da produção agrícola acabava canalizando para o susten-

to das populações urbanas e dos homens em armas.

4. O campo se moderniza

Nos países desenvolvidos, o emprego massivo de tecnologia na agricultura produz uma

forte integração entre o setor agrícola e o setor industrial. Nesse caso, utiliza-se a expressão

agricultura industrializada.

Ao mesmo tempo que atende às demandas urbano-industriais, a agricultura nesses paí-

ses constitui um poderoso mercado de consumo para as indústrias urbanas. Tratores, semea-

deiras e colhedeiras mecânicas, fertilizantes, adubos químicos e até computadores fazem parte

do arsenal de insumos industriais que explica as elevadas taxas de produtividade agrícola.

Apesar de toda a tecnologia empregada, o trabalho na agricultura é menos produtivo

que do que o trabalho na indústria.

Nesses países, a participação do setor agrícola no PIB é sempre inferior a porcentagem

da PEA empregada na agricultura. A indústria, em contrapartida, apresenta uma participação

no PIB superior à PEA empregada no setor. Isso significa que uma mesma porcentagem de

trabalhadores produz menos riquezas na agricultura do que na indústria. Esse diferencial ne-

gativo de produtividade indica que, apesar dos altos investimentos em tecnologia, a agricultu-

ra jamais se industrializa completamente. Mesmo mecanizada e automatizada, a agricultura

continua vulnerável aos ciclos vegetativos impostos pela natureza, bem como às alterações

climáticas que escapam ao controle humano e impõem barreiras à aceleração do ritmo de

produção.

Entretanto, a reduzida participação da agropecuária na geração do PIB e na absorção da

PEA escamoteia a verdadeira importância do setor na economia dos países desenvolvidos. Em

muitos deles, o setor primário dinamiza inúmeros ramos industriais.

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60 RUBEM TADEU

5. A agropecuária em países desenvolvidos

De maneira geral, a agricultura e a pecuária são praticadas de forma intensiva, com

grande utilização de técnicas biotecnológicas modernas. Em razão disso, é pequena a utiliza-

ção de mão de obra no setor primário da economia (conforme tabela acima).

Nesses países, além dos elevados índices de produtividade, obtém-se também um enor-

me volume de produção que abastece o mercado interno e é responsável por grande parcela

do volume de produtos agropecuários que circulam no mercado mundial. Uma quebra de

safra de qualquer produto cultivado nos Estados Unidos tem reflexos imediatos no comércio

mundial e na cotação dos produtos agrícolas.

6. A agropecuária em países subdesenvolvidos

Nos países subdesenvolvidos, é impossível estabelecer generalizações, já que os contras-

tes, verificados entre os membros desse bloco, repetem-se também no interior dos próprios

países, onde convivem lado a lado, modernas agroindústrias e pequenas propriedades nas

quais se praticam a agricultura de subsistência. Tanto nos países subdesenvolvidos, cuja base

econômica é rural, como nas regiões pobres dos países subdesenvolvidos industrializados, há

um amplo predomínio da agricultura de subsistência contrastando com o sistema de plantati-

on. Essa situação é uma herança histórica do período em que esses países foram colônias.

Desde então, excluem a população dos benefícios econômicos atingidos.

O setor primário constitui a base da economia nesses países. Como se pratica uma agri-

cultura predominantemente extensiva, o percentual da população economicamente ativa, que

trabalha no setor primário, é sempre superior a 25%, atingindo, às vezes, índices espantosos.

Porém, isso não significa que esses países são os maiores produtores de alimentos, bem como

também não são grandes exportadores.

A maior quantidade de alimentos por trabalhador agrícola não é produzida pelos países

com maior concentração populacional no campo. Ao contrário, a alta produtividade é carac-

terística dos países mais urbanizados, mais industrializados, mais mecanizados e com maiores

investimentos em pesquisas tecno-científicas. Isso nos permite afirmar que, os países ou regi-

ões em que a economia tem por base a produção agrícola são os que passam por maiores difi-

culdades econômicas e, por conseguinte, são os países nos quais a maioria de sua população

tem problemas (grave, às vezes) de desnutrição ou subnutrição.

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61 GEOGRAFIA ECONÔMICA

(FONTE:DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.AGRALEMARRUA.COM.BR/AGRALE/IMAGENS/BI.NSF/0/6FCAC3BD210345D483257555003787EE/$FILE/TRATOR%204000

%20AGRIC%20FAMI.JPG.)

A Alta Mecanização da agricultura é uma característica marcante na agopecuária dos

países desenvolvidos.

O Cio da Terra

Composição: Milton Nascimento e Chico Buarque de Holanda

Debulhar o trigo

Recolher cada bago do trigo

Forjar no trigo o milagre do pão

E se fartar de pão

Decepar a cana

Recolher a garapa da cana

Roubar da cana a doçura do mel

Se lambuzar de mel

Afagar a terra

Conhecer os desejos da terra

Cio da terra, a propícia estação

E fecundar o chão

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62 RUBEM TADEU

1.2.3 CONTEÚDO 3 – O SETOR SECUNDÁRIO

Tem por objetivo analisar, avaliar e descrever a importância do Setor Secundário da E-

conomia na organização do espaço.

O Setor Secundário

INDÚSTRIA: Parte da economia que engloba empresas cujas principais atividades são a

industrialização de matérias-primas e a manufatura de bens para consumo ou elaboração adi-

cional.

1. A evolução da indústria

Indústria é o conjunto das atividades realizadas na transformação de objetos em estado

bruto, as chamadas matérias-primas naturais ou não, em produtos que tenham uma aplicação

e satisfaçam as necessidades do homem. Quanto a sua evolução histórica, podemos reconhe-

cer três estágios fundamentais: o artesanato, a manufatura e a maquinofatura. Com a Revolu-

ção Industrial, o homem aumentou a sua capacidade de produção.

Por causa da sua diversidade, a indústria comporta diferentes tipos e inúmeras classifi-

cações.

1. A indústria pode ser de beneficiamento, de construção ou de transformação:

• Beneficiamento: Consiste em transformar um produto para que possa ser consumido,

como descascarem cereais ou refinar o açúcar.

• Construção: Utiliza diferentes matérias-primas para criar um novo produto, com o a

construção civil.

• Transformação: Emprega sistemas, com diferentes graus de sofisticação, nas atividades

de reelaboração de uma matéria-prima.

2. Outra maneira de classificação (a mais utilizada) é a que leva em conta a destinação de

seus produtos: de bens não-duráveis e de bens duráveis.

• Indústria de bens não-duráveis: Produz bens que são consumidos num tempo breve,

como os produtos alimentares, cigarros, confecções, bebidas, calçados e medicamentos.

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63 GEOGRAFIA ECONÔMICA

• Indústria de bens duráveis: Que produz bens de longa duração, como eletrodomésti-

cos, máquinas, motores e veículos.

3. Podemos classificar as indústrias de uma maneira mais genética, como:

• Indústria de base: É aquela que produz bens que servirão de base para outras indús-

trias, como a metalurgia, a indústria química, fabricação de cimento.

• Indústria de bens de produção: É considerada a mais importante, pois é por meio dela

que são criadas as condições necessárias a outras indústrias. É a indústria de máquinas e fer-

ramentas, cuja existência determina o caráter da economia de um país: dependente ou inde-

pendente. Assim, se um país produz seus bens de consumo e de uso, mas não produz os meios

com os quais possa realizar tais produções, estará na dependência de outros que lhe forneça os

equipamentos indispensáveis.

• Indústria de bens de consumo: É aquele que vai, com produtos da indústria de bens de

produção (máquina), fabricar aquilo que o mercado consumidor necessita.

Nesse caso podemos ter:

a) A indústria de bens finais: Produz bens prontos para o uso ou consumo.

b) A indústria de derivados: É aquela que emprega como matéria-prima bens já benefi-

ciados ou semiacabados, dando-lhes um novo acabamento (exemplo: indústria de confec-

ções).

4. Quanto à tonelagem de matérias-primas empregadas e à quantidade de energia con-

sumida, a indústria pode ser:

a) Leve: Produtos alimentares, têxteis, fumo, bebidas, produtos farmacêuticos e calca-

dos.

b) Pesada: Metalúrgica, siderúrgica, fabricação de máquinas, veículos automotores e na-

vios.

Exemplo de Indústrias

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64 RUBEM TADEU

(FONTE: WWW.FIEC.ORG.BR) (FONTE: WWW.UNICAMP.BR)

CALÇADOS AUTOMOBILÍSTICAS

1.1 A indústria automobilística

Durante os anos de expansão econômica (1950-1973), o automóvel foi o símbolo da so-

ciedade de consumo. Este enorme desenvolvimento da produção automobilística deu lugar a

vários problemas, como a saturação do consumo em muitos países e a forte concorrência en-

tre as marcas. Para frear a crise, propuseram-se soluções como a fusão de empresas e a auto-

mação da produção, o que provocou uma considerável redução dos postos de trabalho.

1.2 As indústrias tradicionais ou dinâmicas

As indústrias tradicionais são aquelas ligadas às descobertas da Primeira Revolução In-

dustrial. Utilizam muita mão de obra e pouca tecnologia.

As indústrias de ponta, ao contrário, utilizam muito capital e tecnologia e pouca força

de trabalho (mão de obra).

1.3 As indústrias de ponta

Denominam-se indústrias dinâmicas ou de tecnologia de ponta aqueles setores nos

quais a pesquisa exerce um papel fundamental. Sua atividade depende em grande parte das

inovações que geram. Estas indústrias necessitam de grandes investimentos para funcionar e

dedicam grande parte deles ao desenvolvimento de novas pesquisas, para criar novos proces-

sos de produção e novos produtos. Esta denominação engloba setores, como o farmacêutico, o

da informática, o aeroespacial e o das telecomunicações.

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65 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Os Tecnopolos

Desde a Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra no século XVIII até os dias atuais,

o mundo já passou por mais duas revoluções industriais. Em cada uma delas, as relações de

produção são modificadas de forma a atender aos interesses dos agentes econômicos de cada

momento. No momento atual, em que as nações mais desenvolvidas industrialmente já passa-

ram pela Terceira Revolução Industrial, novos espaços de produção têm sido pensados e ma-

terializados no espaço geográfico.

A economia, ao se mundializar e se globalizar, produz esses novos espaços de produção,

ligados entre si por redes em escala planetária, acirrando a concorrência entre lugares

(BENKO, 2002, p. 223). A competição entre estes espaços aumenta significativamente. Por-

tanto, cada espaço entra no jogo competitivo da economia procurando e criando estratégias

tecnológicas e científicas de desenvolvimento que o qualifiquem a ser o espaço escolhido para

desenvolvimento do setor produtivo. Uma dessas estratégias é o desenvolvimento regional

baseado na exploração de recursos tecnológicos, universitários e de pesquisa com a conse-

quente implantação de tecnopolos.

Esses espaços, por conta dos intensos processos de globalização, observados no mundo

contemporâneo, têm sido interligados. As revoluções nos transportes e nas telecomunicações

corroboram estes processos. É a compressão do tempo-espaço. Espaços mais dinâmicos são

produzidos, dando ao mundo um aspecto fragmentado, formado por espaços da globalização.

Diante desse quadro, cada vez mais se acirra a competitividade entre estes espaços e os mes-

mos buscam alternativas de inserção no âmago do capitalismo, em sua fase atual. Uma dessas

alternativas é o planejamento do desenvolvimento de determinadas regiões tendo em vista a

instalação de tecnopolos.

Os tecnopolos originaram-se nos Estados Unidos, quando a Universidade de Stanford,

na Califórnia, criou o Silicon Valley. A partir da experiência norte-americana, o fenômeno dos

tecnopolos estende-se a outros países de economia capitalista. Tecnopolo é um termo que

aparece regularmente na literatura no final dos anos 1970 do século XX. Laffitte, citado por

Benko (2002, p. 154), descreve os tecnopolos como sendo “a reunião, num mesmo lugar, de

atividades de alta tecnologia, centros de pesquisa, empresas e universidades, assim como de

organismos financeiros que facilitem os contatos pessoais entre esses meios, produz efeito de

sinergia de que podem surgir ideias novas, inovações técnicas, suscitando, portanto, criações

de empresas”.

Em relação a sua localização, o tecnopolo designa um espaço preciso, um espaço especí-

fico e singular dentro de um território, em que se concentram e se relacionam as atividades

econômicas. Os tecnopolos também surgem como alternativa para o desenvolvimento de á-

reas atrasadas. Identificar um tecnopolo nem sempre é uma tarefa fácil de ser cumprida. Para

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66 RUBEM TADEU

isso, é necessária a compilação de vários indicadores que, combinados, possibilitam distinguir

o conteúdo das diferentes zonas de atividades e de separar “falsos” e “verdadeiros” espaços

tecnopolitanos que, com muita frequência, possuem aparências físicas semelhantes.

Tecnopolo significa, de modo genérico, materialização de arranjos organizacionais de

inovação, que pressupõem duas características principais: concentração espacial de institui-

ções de ensino-pesquisa associadas a empresas de base tecnológica e a existência de parcerias

entre estas instituições com órgãos da iniciativa pública e privada, visando reunir condições

favoráveis à formação de um ambiente inovador, tanto no uso de tecnologia como na inova-

ção do processo de produção. São muitos os exemplos de tecnopolos, dentre esses, podemos

citar os parques científicos e tecnológicos, os tecnopolos, as cidades científicas, as incubadoras

de empresas, dentre outros.

Na concepção, execução e implantação desses meios de produção, bem como na sua or-

ganização, a concentração espacial de atores do desenvolvimento científico e tecnológico e do

setor empresarial é ressaltada como um fator que favorece as interações, parcerias e redes,

bem como os fluxos de ideias e conhecimento, configurando assim, ambientes favoráveis à

geração do saber e de inovações tecnológicas em diferentes ramos da produção.

Os modelos de tecnopolos, considerando os seus objetivos de promover os processos de

inovação tecnológica, via produção científica, e o dinamismo local e regional, têm sido enfati-

zados, principalmente nas três últimas décadas, como possíveis alternativas a serem adotadas

por diferentes atores locais, regionais e nacionais para se inserirem, de forma mais estratégica

e sedutora, na atual economia mundial, altamente competitiva, globalizada e informacional.

Nesse contexto, a capacidade de desenvolver novas tecnologias e conhecimentos e de elevar o

conteúdo tecnológico dos produtos e serviços, cada vez mais, tem sido uma questão constan-

temente colocada aos diferentes países, cidades, estados, localidades e ao setor empresarial.

Caso os atores envolvidos no processo estejam despreocupados com essa questão, a possibili-

dade de os tecnopolos não acompanharem as demandas de uma economia globalizada au-

mentará cada vez mais, resultando assim, no seu enfraquecimento, em determinadas localida-

des, em detrimento do fortalecimento de outras.

A difusão de um novo paradigma embasado nas novas tecnologias de informação e co-

municação, de base microeletrônica, bem com a difusão de redes eletrônicas virtuais de in-

formação e conhecimento, contribui para que novas dimensões sejam incorporadas à discus-

são sobre o papel e alcance de tais arranjos espaciais técnico-produtivos em diferentes

localidades.

Nesse contexto, uma questão a ser abordada refere-se ao impacto das novas tecnologias

de informação e comunicação sobre a configuração de redes locais, tendo em vista o movi-

mento atual que leva à formação de redes eletrônicas, redes essas cada vez mais utilizadas para

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67 GEOGRAFIA ECONÔMICA

o desenvolvimento de pesquisas científicas, negócios, troca de dados e informações e dissemi-

nação de conhecimentos em diferentes países.

Essas redes são formadas, geralmente, por um grande leque de atores e instituições, ain-

da que as relações mais frequentes e estratégicas ocorram, principalmente, entre pesquisado-

res, estudantes, professores de centros de pesquisa e universidades; técnicos, engenheiros e

empresários vinculados a empresas de base tecnológica, e, em muitos casos, agentes e funcio-

nários do governo. Os vínculos empresa-universidades-centros de pesquisa se configuram

como os mais estratégicos e atraentes no contexto das redes que se formam para a dissemina-

ção de informações e conhecimentos, e para inovações tecnológicas e organizacionais.

Normalmente, essas redes estruturam-se, fundamentalmente, por relações informais e

interpessoais e são altamente influenciadas pelo ambiente local e regional. Identifica-se, nesse

sentido, uma série de elementos que favorecem a cooperação e a interação entre atores do de-

senvolvimento científico e tecnológico e do setor empresarial, produzindo os tão desejáveis

efeitos sinérgicos que fundamentam os tecnopolos. Estes elementos referem-se à demanda e

oferta de tecnologias; à presença de universidades e centros de pesquisa; à disponibilidade de

recursos humanos qualificados; às relações de amizade e confiança e a uma cultura local favo-

rável ao seu desenvolvimento.

Um aspecto a ser destacado é que a predisposição para a cooperação e interação, no con-

texto de tais arranjos organizacionais, é, em grande medida, influenciada pela gênese das em-

presas de base tecnológica, uma vez que, em muitos casos, os vínculos e as relações que confi-

guram as suas redes antecedem o próprio ordenamento e institucionalização do tecnopolo.

Nesse sentido, esse tipo de empreendimento não pode ser realizado em qualquer lugar. Para

sua implantação, é necessário que determinados espaços apresentem vantagens comparativas

em relação a outros espaços Um das vantagens existentes dá-se a partir da relação construída

entre diferentes atores que trabalham na localidade ou região. Os professores, técnicos, pes-

quisadores, engenheiros, que criam as suas empresas a partir de pesquisas desenvolvidas em

universidades e centros de P&D de outras empresas ou instituições, geralmente, continuam a

estabelecer relações frequentes com antigos colegas, professores e orientadores, assegurando

os fluxos de informação entre eles.

A proximidade entre os atores do desenvolvimento científico e tecnológico e do setor

empresarial tem favorecido os processos sinérgicos em contextos específicos, nos quais se es-

tabelecem relações profissionais, de confiança, de amizade, graças à convivência cotidiana, às

interações e interesses comuns. Entretanto, não se pode afirmar que a proximidade física, por

si só, seja capaz de promover o processo de fertilização cruzada entre os atores locais nem a

configuração de redes de cooperação e informação. Para que esses atores se relacionem e tro-

quem informações, é necessária a conjunção de determinados fatores culturais, sociais, ambi-

entais, econômicos e políticos.

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68 RUBEM TADEU

Um importante aspecto a ser incorporado na discussão sobre o papel da proximidade

geográfica no contexto dos tecnopolos é o tamanho tácito do conhecimento, que exerce papel

fundamental nos processos de geração de informações e inovações. Como o processo de dis-

seminação de conhecimentos tácitos depende dos códigos e da cultura local, bem como das

interações entre as pessoas, as redes informais e a convivência espaço-temporal continuam a

ser destacadas como elementos indispensáveis e estratégicos na dinâmica desses arranjos or-

ganizacionais.

A análise de experiências internacionais e nacionais na implantação de tecnopolos per-

mite fazer algumas considerações sobre a dinâmica e as características das redes estruturadas

no contexto destes arranjos organizacionais. Ressalta-se que essas considerações devem ser

relativizadas em conformidade com o escopo e abrangência da pesquisa, embora, a análise

minuciosa fornece importantes subsídios para a compreensão do contexto mais amplo, no

qual se insere a temática de investigação.

1.4 Os fatores de localização industrial

As indústrias buscam localizar-se naquelas zonas que permitem baratear seus custos de

produção. Tradicionalmente as empresas, sobretudo as pesadas, tendem a localizar-se onde o

custo do transporte é menor, aproximando-se das fontes de energia ou das matérias-primas.

Outros setores industriais, especialmente os leves, tendem a se localizar próximos aos merca-

dos de consumo.

1.5 As grandes regiões industriais do mundo

As indústrias tendem a se concentrar geograficamente ao longo dos grandes eixos de

comunicação e dos espaços urbanos bem conectados. Quando a concentração é considerável,

formam-se as denominadas regiões industriais. As tradicionais zonas industriais correspon-

dem aos países ricos: áreas produtoras de carvão e ferro, vales industriais, zonas urbanas e

portuárias.

1.6 Expansão da indústria mundial

Já a maioria das novas regiões industriais, mais bem adaptadas aos novos processos de

produção, encontra-se nas regiões dinâmicas dos países do Extremo Oriente, ou ao redor das

grandes metrópoles dos países desenvolvidos. Nas últimas décadas, alguns países asiáticos

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69 GEOGRAFIA ECONÔMICA

experimentaram um rápido crescimento econômico. Os denominados "Tigres" (entre eles

Hong Kong, Taiwan e Coreia do Sul) estão conseguindo consolidar sua posição mundial in-

dustrialmente, ainda que as rápidas transformações socioculturais tenham gerado certos dese-

quilíbrios.

Nos últimos anos, a indústria chinesa também começou a despontar graças à aplicação

de novas políticas econômicas. As denominadas Zonas Econômicas Especiais do litoral chinês,

que gozam de ampla liberdade econômica, situam-se entre as regiões mais dinâmicas do

mundo.

1.7 Distribuição industrial no Brasil

No Brasil, as principais regiões industriais estão concentradas na região Sudeste, no tri-

ângulo formado pelas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Outras áreas podem ser chamadas de periféricas: áreas metropolitanas de Curitiba, Por-

to Alegre, Recife e Salvador; Zona Franca de Manaus, Goiânia (GO), Campo Grande (MS) e

Vale do Itajaí (SC).

OS NICs – NOVOS PAÍSES INDUSTRIALIZADOS2

A partir dos anos 50, passou a ocorrer uma intensificação no processo de expansão das

multinacionais, em direção a diversas regiões do mundo. Com esse processo, a produção in-

dustrial, até então concentrada na Europa, no Japão, nos Estados Unidos e no Canadá, passou

a se disseminar por vários países.

Num primeiro momento, os países sub¬desenvolvidos que mais receberam filiais das

multinacionais foram Brasil, Argentina, México e África do Sul, todos com grande mercado

consumidor e com capacidade de processamento de algumas matérias-primas necessárias às

multinacionais. Posterior¬mente, a partir de meados da década de 60, tal processo de expan-

são das multinacionais e disseminação da atividade industrial atingiu a Coreia do Sul, Taiwan,

Hong Kong e Cingapura. Todos esses países que passaram por um processo de industrializa-

ção mais intensa após a década de 50 recebem a denominação de NICs (Newly Industrialized

Countries). Mais recentemente ainda, a partir dos anos 80, outros países do sudeste asiático

começaram a ter, gradativamente, a indústria como um setor importante da economia. É o

caso da Malásia, da Tailândia e da Indonésia.

2 Conteúdo encontrado em http://orbita.starmedia.com/geoplanetbr/economia.htm

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70 RUBEM TADEU

Se observarmos em um mapa, as áreas de maior concentração industrial não se restrin-

gem mais aos países desenvolvidos do hemisfério Norte. Fora das regiões tradicional¬mente

industrializadas da Europa, da América do Norte e do Japão, surgiram várias outras: no sudes-

te do Brasil; nas regiões em torno de Buenos Aires e da Cida¬de do México; em Pretória e em

Johanesburgo, na África do Sul; no leste da China; no sudeste da Ásia e nos tigres asiáticos.

As trajetórias da industrialização dos NICs não foram as mesmas, mas se apoiaram em

políticas industriais nas quais a participação do Estado foi decisiva.

No caso dos países latino-americanos, como Brasil, México e Argentina, a industrializa-

ção baseou-se na substituição de importações e, posteriormente, na internacionalização do

mercado.

Nas principais crises econômicas mundiais do século XX, particularmente na de 1929,

os países da América Latina viram-se impossibilitados de importar as mercadorias fabricadas

no mundo industrializado. Além disso, diante da conjuntura desfavorável à exportação de

produtos agrícolas não essenciais, os investimentos passaram a se destinar à produção local de

manufaturados. Os bens de consumo que, antes eram importados, passaram a ser produzidos

pelas antigas nações importadoras. Daí o nome dado ao pro¬cesso de industrialização desses

países: ISI (Indústria Substitutiva de Importação).

Transeuntes na movimentada Wall Street, em 1929, ano em que se inicia a pior crise

mundial da história do capitalismo de que se tem conhecimento.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://BILAN.USHERBROOKE.CA/VOUTES/VOUTE3/CRASH_1929.JPG. ACESSO EM: 17 DEZ. 2009.)

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71 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Após a década de 50, as práticas substitutivas apoiaram-se na internacionalização do

mercado. Brasil, Argentina e México atraíram os investimentos internacionais co¬mo forma

de acelerar o desenvolvimento industrial.

As políticas industriais de atração dos investimentos estrangeiros ofereciam mão de o-

bra barata, investimentos estatais em infraestrutura de transpor¬te, energia e processamento

de matérias-primas essenciais à instalação industrial. Os incentivos fiscais, a participação nos

mercados internos, sem a necessidade de transpor barreiras alfandegárias, e a facilidade de

remessa de lucros eram atrativos tentadores às empresas estrangeiras.

O caminho seguido pelos NICs asiáticos foi diferente. A estratégia industrial traçada por

Taiwan, Cingapura, Coreia do Sul e Hong Kong apoiou-se na IOE (industrialização Orientada

para a Exportação). As multinacionais que se estabeleceram nesses países, e mesmo as empre-

sas nacionais, tinham como objetivo principal o comércio externo. Daí a expressão plata-

for¬mas de exportação para designar os tigres asiáticos.

Enquanto na ISI foi preponderante a participação do capital norte-americano e do eu-

ropeu, no caso da IOE, a principal fonte de investimentos foi o capital japonês.

O crescimento econômico dos tigres foi alicerçado na associação entre as empresas pri-

vadas e o governo, que garantiu proteção às empresas nacionais por meio de barreiras alfan-

degárias e criou os mecanismos legais de incentivos às exportações e aos investimentos estran-

geiros. Além disso, investiram na educação e, consequentemente, na qualificação da mão de

obra.

No entanto, todo o processo de evolução econômica e industrial foi traçado sob um re-

gime ditatorial, com exceção de Hong Kong. A liberdade de imprensa e de expressão e as elei-

ções livres não faziam parte do dia a dia dos habitantes desses países.

Durante a década de 70, os tigres asiáticos apresentaram taxas de crescimento econômi-

co, próximas de 10% ao ano e, na década de 80, próximas de 7,5%. Nos primeiros anos da dé-

cada de 90, passou a ocorrer uma desaceleração do crescimento econômico. Mesmo assim, as

taxas desses países são superiores às apresentadas pelas nações mais industrializadas do globo.

A passagem de economias predominantemente agrícolas para países industrializados e

com parques industriais diversifica¬dos, no curto período de duas décadas, evidentemente

acontece em ritmo de cresci¬mento econômico bastante acelerado. Atingindo tal grau de in-

dustrialização, é natural que o ritmo de crescimento passe a ser menor. Como se pode obser-

var no gráfico, é o que acontece com os tigres asiáticos.

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72 RUBEM TADEU

O NOVO EIXO DE PROSPERIDADE DO PACÍFICO3

É ainda muito cedo para que se aceite a afirmação de que o grande centro econômico do

século XXI seja a região do Pacífico, sob a liderança do Japão. Entretanto, o ritmo de cresci-

mento industrial e a capacidade dos investimentos japoneses têm indicado forte liderança

dessa região, na nova ordem mundial que se está esboçando.

Atualmente, em volume de depósito, os dez maiores bancos do mundo são japoneses. E,

entre os dez maiores conglomerados financeiros mundiais, nove são japoneses. Até meados

dos anos 60, não aparecia nenhum banco japonês entre os cinquenta maiores.

O Japão é, sem dúvida, o expoente máximo de uma região que, nos últimos 30 anos, tem

conquistado inigualável cresci¬mento econômico: o leste e o sudeste da Ásia, na região do

Pacífico. No início da década de 90, enquanto a economia mundial assegurava míseros 0,3%

de crescimento econômico, essa região do Pacífico expandia-se na ordem de 5,8%.

As exportações dos quatro tigres passa¬ram de 2 bilhões de dólares, em 1960, para mais

de 377 bilhões, em 1993. Na pauta de exportações, predominam os produtos eletroeletrônicos

(televisores, videocassetes, apare¬lhos de som, fornos de microondas), acessórios para compu-

tadores e telecomunicações, tecidos sintéticos, roupas, plásticos e veículos.

Tigres Asiáticos

(FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.PADOGEO.COM)

3 Conteúdo encontrado em http://orbita.starmedia.com/geoplanetbr/economia.htm

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73 GEOGRAFIA ECONÔMICA

A China, com 20% da população da Terra, caminha a passos largos para transformar seu

mercado potencial num grande mercado de consumo. Na década de 80, obteve as maiores

taxas de crescimento econômico. É claro que essas taxas têm validade relativa, já que a base

anterior da economia era muito baixa e o modelo de desenvolvimento industrial chinês ainda

está baseado na utilização de mão de obra barata e no baixo índice tecnológico.

Em meados da década de 90, surgiram várias denúncias de que parte dos produtos in-

dustrializados chineses, que têm conquistado o mercado mundial devido aos baixos preços e

não à boa qualidade, são fabricados em campos de concentração, com a utilização de mão de

obra, a custo zero, de prisioneiros que trabalham os 7 dias da semana.

Nestas duas últimas décadas, juntamente com o Japão e a China, os tigres formaram um

importante polo econômico no Extremo Oriente da Ásia.

A Coreia do Sul possui empresas conhecidas mundialmente, como a Sansung (compu-

tadores, eletroeletrônicos), a Hyundai e a Daewoo (automóveis). Vários setores industriais

têm, hoje, destaque na economia coreana: construção naval, brinquedos, eletro¬eletrônicos,

computadores, relógios e outros itens.

Hong Kong, além de um setor de bens de consumo bastante diversificado, está entre os

maiores centros financeiros internacionais e seu porto é o terceiro entreposto Comercial do

mundo.

O desenvolvimento industrial de Taiwan e a forte penetração dos seus produtos no mer-

cado externo fazem com que esta pequena ilha do Pacífico tenha uma das maiores reservas

cambiais do mundo.

Cingapura, cuja área é 68 vezes menor que a ilha de Marajó, exportou, por sua vez, 97

bilhões de dólares, em 1994, mais que o dobro das exportações brasileiras, que atingi¬ram 44

bilhões de dólares no mesmo ano.

O crescimento econômico nesta região do Pacífico tem arrastado outros países: Tailân-

dia, Malásia, lndonésia, Filipinas e Vietnã. A Tailândia, por exemplo, exporta hoje mais pro-

dutos têxteis e eletroeletrônicos do que arroz e borracha, seus tradicionais itens de exportação.

Um aspecto importante do crescimento econômico desses países é o fato de os tigres asiáticos

estarem entre os maiores investidores externos, aspecto que reforça o dinamismo econômico

da região do pacífico.

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74 RUBEM TADEU

AS ZONAS ECONÔMICAS ESPECIAIS4

A China tem se adaptado às grandes transformações econômicas mundiais de for¬ma

gradual. A introdução da economia de mercado está sendo feita pelo próprio PCC (Partido

Comunista Chinês), em áreas determinadas pelo governo, que receberam a denominação de

ZEEs (Zonas Econômicas Especiais).

As ZEEs foram idealizadas por Deng Xiaoping e implantadas a partir de 1978. Elas se

constituíram no modelo chinês para suplantar a estagnação econômica que, naquele momen-

to, atingia o conjunto dos países socialistas e os afastavam, cada vez mais, do nível de desen-

volvimento do mundo capitalista.

Nas cidades escolhidas para a criação dessas zonas de economia de mercado, abriram-se

as portas para o investimento estrangeiro e estabeleceram-se medidas semelhantes às adotadas

nos tigres asiáticos: baixos impostos, isenção total para a importação de máquinas e equipa-

mentos industriais, e facilidades para a remessa de lucros ao exterior. Além disso, as empresas

que nelas se instalaram contam com a mão de obra mais barata do mundo, o que torna os

preços dos pro¬dutos de baixo aporte tecnológico (têxtil, calçados e brinquedos) imbatíveis

no merca¬do internacional.

A localização das ZEEs é estratégica. Estão situadas próximas às áreas litorâneas, a pouca

distância dos outros grandes centros econômicos do Pacífico. Em 1992, o governo chinês cri-

ou 28 novas zonas de livre mercado, mais para o interior, ao longo do rio Yang-Tsé-Kiang.

Entretanto, o desenvolvimento da economia chinesa irá encontrar adiante uma série de

obstáculos. De modo diverso ao que ocorreu no grupo dos quatro tigres, em que houve uma

política governamental de investimento pesado em educação e em infraestrutura básica, a

China não tem caminhado nessa mesma direção. O índice de analfabetismo chinês atinge 73%

da sua população e os estudantes universitários não chegam a 1,5 milhão, num país de 1,2

bilhões de habitantes.

O sistema portuário é bastante incipiente e a China não conta com estradas de rodagem

e ferrovias adequadas à circulação de mercadorias, fundamentais à dinamização de seus mer-

cados interno e externo. Consta que os últimos trilhos das ferrovias chinesas foram instalados

há sete décadas.

4 Conteúdo encontrado em http://orbita.starmedia.com/geoplanetbr/economia.htm

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75 GEOGRAFIA ECONÔMICA

1.2.4 CONTEÚDO 4 – O SETOR TERCIÁRIO

Tem por objetivo analisar, avaliar e descrever a importância do Setor Terciário da Eco-

nomia na organização do espaço.

Conhecido como setor de serviços, encarrega-se de parte da economia, que inclui as o-

cupações de comércio, corretagem de valores, seguro, transportes, serviços de consultoria,

intermediação financeira, atividades bancárias e turismo.

Recursos naturais: matéria-prima para a atividade turística

Não há dúvida de que o turismo é uma das atividades que mais cresceu nos últimos a-

nos. De acordo com informações de órgão oficiais, a cada ano que passa aumenta o número

de visitantes nacionais e internacionais em diferentes localidades do Brasil, sobretudo nos

estados nordestinos e no Estado do Rio de Janeiro. Além da grande quantidade de visitantes,

aumenta também a necessidade de complexos hoteleiros e pousadas, a contratação de grande

quantidade de profissionais capacitados para atender ao aumento dessa demanda.

O aumento do fluxo de visitantes em diferentes locais do Brasil provoca diferentes im-

pactos na cultura, na economia e no ambiente dos locais visitados. Esses impactos podem ser

classificados como positivos e negativos, e a depender do local da visita, da intensidade da

mesma e da quantidade de visitantes, eles podem se dá em maior ou menor escala e intensida-

de.

Qualquer atividade humana impacta o ambiente onde ela se desenvolve. Além disso, há

de se considerar que a própria natureza se autodestrói, no sentido de que a construção e a des-

truição é parte inerente à evolução física do planeta Terra. No entanto, à medida que a popu-

lação do planeta aumenta e os fluxos turísticos crescem esses impactos tendem a se dar com

maior intensidade e, às vezes, se tornam irreversíveis.

De acordo com Ruschamann (2003, p. 13), a palavra turismo teria sido utilizada pela

primeira vez no século XIX, no entanto, essa atividade remonta desde os primórdios da civili-

zação, quando, por diferentes necessidades, integrantes de comunidades se movimentavam no

espaço geográfico. Afirma-se ainda que, a partir da 2ª Guerra Mundial, ela se desenvolve co-

mo consequência de alguns fatores, como aumento da produtividade empresarial, aumento do

poder de compra da população dos países desenvolvidos e restauração de uma certa paz em

todo o mundo. De certo que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial até os dias atuais, con-

flitos continuam a acontecer em diferentes nações, embora não tenham a mesma abrangência

geográfica como as duas grandes guerras mundiais.

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76 RUBEM TADEU

Até pouco tempo atrás, o turismo era uma atividade restrita a uma pequena elite que

dispunha de tempo e de capital para viajar. Nas últimas décadas, percebe-se que a população

de menor poder aquisitivo tem viajado graças à junção de diferentes fatores. Nesse sentido, se

pode dizer que essa atividade não é mais prerrogativa de alguns cidadãos privilegiados e cons-

titui parte integrante do modo de vida de um número cada vez maior de pessoas em todo o

planeta.

O processo de urbanização já estabilizado nos países desenvolvidos e em expansão nos

países subdesenvolvidos separa as pessoas cada vez mais de ambientes naturais e as aproxima

do ambiente artificial, integrando-as ao ambiente artificial das cidades. Sem dúvida, esse é um

dos fatores que impulsiona a população urbana a estar cada vez mais em contato com o verde,

com os recursos naturais.

Em consequência disso, os impactos negativos aumentam em diferentes escalas geográ-

ficas: local, regional e nacional. ONGs e diversos órgãos que lutam em defesa do meio ambi-

ente vêm pressionando os governos e a iniciativa privada a criarem mecanismos que possam

diminuir os impactos ocasionados ao meios ambiente, por conta do desenvolvimento da ati-

vidade turística. Cabe ao Estado criar as leis e verificar se elas estão sendo respeitadas pelos

diferentes atores responsáveis pelo desenvolvimento do turismo.

Nesse contexto, vêm crescendo o desejo de desenvolver o chamado turismo naturalista,

divulgado pelos meios de comunicação e outros informantes como turismo ecológico. Esse

tipo de turismo caracteriza-se por conduzir o visitante ao contato com a natureza em grupos

pequenos e tende a caracterizar os fluxos turísticos do futuro.

De acordo com alguns especialistas, o meio ambiente pode ser entendido como a biosfe-

ra, formada pelas rochas, pela água e pelo ar que envolve a Terra. Somando-se a esses elemen-

tos devem ser citados os ecossistemas, os elementos bióticos e abióticos. Segundo ele, inserem-

se também no meio ambiente todos os recursos e objetos produzidos pelo homem: casas, ci-

dades, rodovias, monumentos históricos, sítios arqueológicos, dentre outros. Os padrões

comportamentais das populações, o folclore, o vestuário, a comida e os modos de vida em

geral, também, fazem parte do mesmo de acordo com esse estudioso.

Os elementos existentes no espaço, sejam eles criados pelo homem ou não, são os gran-

des atrativos para os turistas. Aqueles produzidos em épocas distantes e/ou pretéritas são obje-

tos de visitas constantes. Esses recursos são indispensáveis para o desenvolvimento do turismo

histórico e cultural. Porém, como afirmado anteriormente, vem crescendo o número de indi-

víduos que praticam o turismo ecológico. O fluxo de pessoas aumenta a cada ano para locais

com atrativos naturais. A natureza ganha nova valoração nos diferentes lugares do planeta.

Por conta disso, afirma-se que a relação entre a atividade turística e o meio ambiente é incon-

testável, uma vez que este último se constitui na “matéria-prima” da atividade. Embora esta

ideia seja divulgada entre os principais atores responsáveis pelo desenvolvimento do turismo,

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77 GEOGRAFIA ECONÔMICA

o meio ambiente vem sofrendo com a omissão dos empresários em não promover o desenvol-

vimento do turismo sustentável.

Cientistas afirmam que desde o século XVIII , quando o turismo passa a ser entendido

como atividade econômica, até os dias atuais, ele apresentou diferentes características. No

primeiro momento (século XVIII), a atividade se caracterizava pela necessidade de se conhe-

cer a natureza e as comunidades receptoras. Nessa fase, os locais dos países subdesenvolvidos

ainda não eram visitados com esse fim.

A segunda fase, final do século XIX, caracterizava-se por um turismo elitista. Nesse

momento, também não havia a preocupação com a proteção ambiental e a intensificação da

procura por localidades estimulou a construção nos ambientes visitados.

A terceira fase caracterizou-se pela existência do turismo de massa e teve início a partir

dos anos 50 e teve seu apogeu nos anos 70 e 80 do século passado. De acordo com estudiosos,

esse período é o mais devastador e se caracteriza pelo domínio brutal do turismo sobre a natu-

reza e as comunidades receptoras.

Para esse mesmo autor, a fase atual está sendo marcada pelo desenvolvimento de um tu-

rismo que considera os problemas acarretados ao meio ambiente pela atividade. Após os anos

80, as caminhadas, o ciclismo, o mountain bike e toda uma série de esportes novos se desen-

volveram e necessitam de uma natureza preservada para serem praticados.

Embora a preocupação em desenvolver um turismo sustentável esteja presente nas dis-

cussões em universidades e centros de pesquisas, muitos empresários do ramo, não estão aten-

tos à preservação do meio natural. Os interesses econômicos de curto prazo geralmente invia-

bilizam a implantação de projetos turísticos sustentáveis. Os interesses econômicos

sobrepõem-se aos interesses pró-preservação dos recursos naturais.

Enquanto os impactos econômicos da atividade são obtidos numa escala curta de tem-

po, os impactos causados à natureza são difíceis de serem mensurados nessa mesma escala de

tempo, porque a natureza não responde com a mesma intensidade que a economia.

Os recursos naturais ganham maior relevância, sobretudo nos países subdesenvolvidos,

por conta de que a atividade turística tem sido uma das atividades que mais incrementam a

economia desses países. Para muitos, o turismo chega a ser a atividade que mais divisas traz ao

par Estado-nação. O turismo passa a ser uma espécie de tábua de salvação para a economia

desses países. Se essa atividade apresenta tamanha importância para essas economias, a natu-

reza, que é o recurso utilizado para desenvolvê-la, ganha maior importância, embora não te-

nha recebido os cuidados devidos.

Outro aspecto relevante na análise do turismo é discorrer sobre o contato estabelecido

entre o turista e a comunidade receptora. Para muitos estudiosos, existe um “fosso cultural”

entre o visitante e os membros da localidade. Normalmente, essa relação é superficial ou não

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78 RUBEM TADEU

se dá de fato. O turista não interage com os membros da comunidade de forma a experienciar

os valores e os costumes dessas comunidades. O turista faz o seguinte percurso: aeroporto-

hotel-aeroporto.

As comunidades que, num pequeno período de tempo, passam a receber grande quanti-

dade de turistas sentem, ao longo do tempo, os impactos dessa chegada. São várias as conse-

quências: o preço dos alimentos, e aumenta também o índice de violência na localidade. Além

dessas modificações, em muitos casos, a população pobre desses locais não é absorvida pelas

ofertas de emprego no setor. Mesmo com esses impactos negativos para a comunidade, tem-se

observado que, em muitos lugares, as culturas locais bem como o artesanato passaram a ser

preservados de forma a se tornarem produtos a serem comercializados. Se a atividade turística

não chegasse, o artesanato local correria o risco de não ser mais produzido. Embora seja pro-

duzido principalmente para a venda, continua sendo produzido, mantendo as tradições da

localidade. Além disso, tende-se a valorizar a herança cultural, o orgulho ético e o patrimônio

cultural. Os impactos culturais desfavoráveis são: descaracterização do artesanato local, com

produção voltada somente para o consumo do turista; vulgarização das manifestações tradi-

cionais; arrogância cultural, em que o folclore local e outras manifestações culturais são ge-

ralmente apresentados aos turistas em salões especiais, com ar-condicionado e poltronas con-

fortáveis. Além disso, a destruição do patrimônio histórico pode se dar por conta do acesso de

turistas em massa, que pode comprometer as estruturas de bens históricos consideráveis, em

virtude da circulação excessiva de veículos e das ações depredatórias dos próprios turistas,

nem sempre controláveis.

Diante disso, pode-se afirmar que o turismo, considerado potencialmente uma excelente

oportunidade para o encontro entre povos, não tem sido aproveitado de forma ideal para esse

fim. Em vez de promover a compreensão e os relacionamentos humanos, ele favorece as rela-

ções econômicas, que permitem apenas os contatos precários, favorecem o lucro e provocam a

dependência excessiva da atividade por parte das destinações.

O comportamento humano é passível de mudança ao longo do tempo. Ruschamann (p.

47) identifica cinco estágios da crescente desilusão de uma comunidade receptora com a ativi-

dade turística. O estágio inicial é de euforia, no qual as pessoas estão entusiasmadas e vibram

com o desenvolvimento do turismo. A segunda fase é de apatia, à medida que a atividade cres-

ce e se consolida a população receptora, considera-se a rentabilidade do setor como garantia e

o turista passa a ser considerado um meio para a obtenção de lucro. A irritação caracteriza a

terceira fase, que se manifesta quando a atividade turística começa a atingir níveis de satura-

ção. O quarto nível se caracteriza pelo antagonismo. Os moradores já não disfarçam sua irrita-

ção e responsabilizam os turistas por todos os seus males. O quinto e último estágio ocorre

quando a população se conscientiza de que, na ânsia de obter todas as vantagens da atividade

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79 GEOGRAFIA ECONÔMICA

turística, ela não considerou as mudanças que estavam ocorrendo e nem pensou em impedi-

las.

A atividade turística, assim como outras atividades econômicas, precisa ser estudada ca-

da vez mais por pesquisadores da Geografia. Esses estudos precisam dar conta de como o es-

paço geográfico tem sido transformado por conta dessa atividade.

Outro aspecto interessante e que deve ser ressaltado nesse texto é o fato de que a ativi-

dade turística pode ser entendida como fator de desenvolvimento regional. No entanto, esse

desenvolvimento deve resultar da prática de um turismo sustentável, turismo esse que deve

ser defendido por todos aqueles que entendem que é preciso preservar o meio ambiente e seus

recursos.

1. Teorias geográficas ligadas à discussão do comércio

1.1 CHRISTALLER – 1933

(A Teoria das Localidades Centrais) Residência de níveis estratificados de localidades

centrais, nos quais os centros de um mesmo nível hierárquico oferecem um conjunto seme-

lhante de bens e serviços e atuam sobre áreas semelhantes no que diz respeito à dimensão ter-

ritorial e ao volume da população. Os mecanismos fundamentais que atuam gerando essa hie-

rarquia de centros são, de um lado, o alcance espacial máximo e, de outro, o alcance espacial

mínimo. Christaller – um lugar central não distribui somente bens e serviços relativos a sua

importância, mas também a centros colocados em uma posição inferior. Não é possível que

todos os bens e serviços sejam oferecidos em todas as localidades centrais, fazendo decorrer

daí o principio de hierarquia. O principio básico é o de mercado.

Existem princípios gerais que regulam os números, tamanho e distribuição dos núcleos

de povoamento: grandes, médios e pequenas cidades, e ainda minúsculos núcleos semirrurais,

todos são considerados como localidades centrais. Todos são dotados de funções centrais, isto

é, atividades de distribuição de bens e serviços para uma população externa residente na regi-

ão complementar (hinterlândia, área de mercado, região de influência), em relação a qual lo-

calidade central tem uma posição central. A centralidade de um núcleo, por outro lado, refere-

se ao seu grau de importância a partir de suas funções centrais: maior a população extrema

atendida pela localidade central, é maior a sua centralidade. Christaller definiu ainda 2 outros

conceitos, o alcance espacial (maximum range) e o de alcance mínimo (minimum range Thre-

shold). O primeiro refere-se à área determinada por um raio, a partir da localidade central

dentro desta área, na qual os consumidores efetivamente se deslocam para a localidade central

visando à obtenção de bens e serviços. A área em questão constitui a região complementar.

Para além dela, os consumidores se deslocam para outros centros que lhe estão mais próxi-

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80 RUBEM TADEU

mos, implicando isto menores custos de transporte. O alcance espacial mínimo, por sua vez,

compreende a área em torno de uma localidade central que engloba o número mínimo de

consumidores que são suficientes para que uma atividade comercial em que serviços, uma

função central, possam economicamente se instalar.

1.2 A REDE DENDRÍTICA

Origem colonial. Valorização dos territórios conquistados pelo capital europeu que nas-

ce e se estrutura uma rede dendritica. As principais características são:

Concentra as principais funções econômicas e políticas da hinterlândia. Transforma-se

em um núcleo muito grande em relação aos demais centros da hinterlândia. Cidade primaz

comercial. Sistema primaz concentra a maior parte do comércio atacadista exportador e im-

portador.

Excessivo número de pequenos centros. Pequenos pontos de renda indiferenciados en-

tre si. E assim por causa do baixo nível de demanda da população e de sua limitada mobilida-

de espacial e da prioridade das vias e dos meios de transporte. Cada centro da rede recebe e

envia para um núcleo maior e mais próximo da cidade primaz. Tal padrão espacial de intera-

ções constitui-se, por outro lado, em um esquema de drenagem de recursos em geral; drena-

gem esta que privilegia parcialmente a cidade primaz, em detrimento de sua hinterlândia. Em

velocidade, na rede dendrítica, verifica-se, em consequência do padrão espacial de interações,

que à medida que se afasta da cidade primaz, os centros urbanos diminuem gradativamente de

tamanho populacional, no valor de vendas do comércio atacadista e em termos de expressão

política. As redes urbanas regionais do Piauí e Maranhão oferecem um exemplo de rede den-

drítrica.

1.3 A TEORIA DOS DOIS

O processo de modernização tecnológica, verificada nos países subdesenvolvidos após a

Segunda Guerra Mundial, por atuar de forma muito relativa, teve o papel, segundo Santos, de

dividir a vida econômica desses países em dois circuitos de produção, distribuição e consumo.

Um deles (o circuito superior) é diretamente resultante da modernização tecnológica, enquan-

to o outro (inferior) deriva, indiretamente, da citada modernização tecnológica, dirigindo-se

aos indivíduos que poucos ou nada se beneficiam com progresso, diferenças qualitativas e

quantitativas de consumo. Os dois circuitos são uma bipolarização que possuem o mesmo

conjunto de causas, apresentando-se interligados. Os dois circuitos em realidade, não estão

isolados entre si. A existência de uma classe média que utiliza um e outro circuito impede o

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81 GEOGRAFIA ECONÔMICA

isolamento. Em segundo lugar, porque existem articulações de complementaridade e de de-

pendência, envolvendo intercâmbios de insumos entre os dois circuitos. Em longo prazo, apa-

rece a dependência do circuito inferior ao superior.

Circuito Superior – bancos, comércio, indústria. Voltados para exportação indústria

moderna, serviços modernos, empresas atacadistas e de transporte. Por sua vez, o circuito

inferior é construído por atividades que não utilizam capitais de modo intenso, possuindo

ainda uma organização primitiva: a fabricação de bens, certas formas de comércio e serviços

compõem a ampla gama do circuito inferior, que atende, sobretudo, às classes pobres.

1.4 AS PROPOSIÇÕES DE JACQUELINE BEAUJEAU GARNIER

O comércio aparece, sem dúvida, como o elemento que melhor traduz o tipo de socie-

dade em que está implantado. Esta importância reflete-se, materialmente, em instalações vari-

adas quanto ao local, à composição, ao nível de preços. Nos países capitalistas, a regra absoluta

é a de atrair o máximo de clientes, os de maior rendimento possível, e vender-lhes o máximo.

A nação de concorrência. O comércio por grosso na cidade. A implantação do comércio por

grosso em meio urbano. No entanto, foi possível distinguir cinco tipos de localização. Essa

tipologia apoia-se, essencialmente, nos mecanismos das operações e nos estabelecimentos

através das quais elas se realizam.

Escritórios de grandes sociedades nacionais ou internacionais, ou de grupos industriais

que representam o ramo de comercialização. Os escritórios situam-se no centro de negócios.

Alguns possuem armazéns na periferia da própria cidade ou em localidades vizinhas.

O escritório e o armazém encontram-se nos bairros periféricos, à busca de espaços vari-

ados e mais baratos.

De grossistas especializados, associa o fabrico à venda, isto é, a fabrica à loja. Vendem a

outros grossistas da cidade ou de países estrangeiros. Isto dá lugar ao nascimento de bairros

muito especializados (confecções e peles em Paris; confecções em Nova York).

Comercialização de produtos pesados: precisam de vias de comunicação (cais, docas de

mercadorias, ramais especiais, passagens de estados) precisam de áreas vastas, mais ou menos

arranjadas, de lugares, de terrenos livres e baratos. Os lugares de escritório ocupam áreas mui-

to pequenas.

Constituído por intermediários que se ocupam da comercialização de produtos alimen-

tares frescos. Estes cinco tipos aparecem, portanto, fundamentalmente ligados às comunica-

ções: telex e telefone, os escritórios centrais, visitas de compradores aos tipos vistos, produção,

comercialização, transporte de materiais ou de produtos acabados.

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82 RUBEM TADEU

MAPA CONCEITUAL

Setores da Economia

Secundário Primário Terciário

Extrativismo

Agricultura

Pecuária

Indústria

Transformação

Construção Civil

Comércio

Administração

Serviços

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83 GEOGRAFIA ECONÔMICA

ESTUDOS DE CASO

As atividades industriais desempenham um papel crucial na organização do espaço geo-

gráfico na sociedade moderna. A partir da Primeira Revolução Industrial, o mundo se trans-

formou e, ao longo do século XX, finalmente, tornou-se urbano. Neste contexto urbano-

industrial, observam-se áreas que se destacam pela sua densidade de sistemas técnicos, pro-

movendo uma maior fluidez, em detrimento de áreas desprovidas destas mesmas característi-

cas.

No Brasil, o desenvolvimento industrial ocorre nos anos trinta no Governo de Getúlio

Vargas. Analisando as repercussões e especificidades espaciais da distribuição industrial brasi-

leira, em busca de um melhor entendimento da dinâmica socioeconômica entre as unidades

da federação. .

Analisando o texto apresentado, responda as questões abaixo com citação de fonte de

consulta:

a) Cada estado brasileiro possui especificidades históricas e geográficas no seu processo

de industrialização. Como ocorreu historicamente a industrialização no seu estado?

b) Qual a importância industrial do seu Estado no contexto brasileiro? Explicite

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

QUESTÕES DO ENADE, ADAPTADAS DO ENADE OU SIMILARES

QUESTÃO 01

(ENADE, 2005) Considere os dados abaixo.

Produção automobilística em alguns países (mil unidades)

Países 1999 2004

Estados Unidos 13.025 11.989

México 1.550 1.565

Brasil 1.346 2.210

Reino Unido 1.976 1.856

Itália 1.701 1.142

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84 RUBEM TADEU

Alemanha 5.688 5.570

Rússia 1.184 1.385

Índia 728 1.511

China 1.805 5.071

Coreia do Sul 2.843 3.469

Japão 9.895 10.512

Veículos Automotivos e Similares

(FONTE: ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DOS FABRICANTES DE).

A situação retratada na tabela pode ser explicada:

A) Pelo processo de transnacionalização das atividades econômicas que permitiu aos pa-

íses periféricos executar projetos industriais promotores do desenvolvimento autossustentado.

B) Pela crise do atual sistema mundial produtor de mercadorias que leva à relativa “de-

sindustrialização” nas regiões centrais, assim como a conversão das regiões periféricas pobres

em novos centros de produção, na tentativa de manter os níveis de rentabilidade do capital.

C) Pelas políticas de investimento das antigas regiões centrais altamente industrializadas

voltadas para a diversificação de seus parques industriais, devido à grande competitividade do

mundo globalizado.

D) Pelos acordos feitos entre os países periféricos para diminuir custos e participar

competitivamente do mercado global, dominado pelas grandes empresas.

E) Pelo desenvolvimento econômico desigual e combinado que tende a reduzir as dife-

renças entre os blocos de países mais ricos e mais pobres, na busca do desenvolvimento sus-

tentável.

QUESTÃO 02

(Teresópolis, 2005)

O novo endereço da indústria paulista. A partir de 1970, começou a ocorrer

uma relativa desconcentração industrial no Estado de São Paulo, com um

decréscimo da participação da região metropolitana na produção industrial

em favor do interior do Estado.

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85 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Entre as razões dessa desconcentração não podemos incluir:

A) A redução das vantagens locacionais da região metropolitana, que estimula o deslo-

camento das indústrias para os tecnopolos surgidos ao longo dos eixos de industrialização.

B) A perda da importância da capital paulista nos setores industrial e financeiro, que

transfere o poder de gestão e decisão para novas áreas metropolitanas como a de Campinas.

C) As vantagens oferecidas por outros municípios – isenção de impostos, infraestrutura

industrial – que atraem os novos investimentos industriais para o interior.

D) Os índices de poluição e de insegurança na região metropolitana, que estimulam a

instalação das novas indústrias nas cidades que oferecem melhor qualidade de vida.

E) A fuga de empresas da região metropolitana, que é explicada pelas pressões exercidas

pelos movimentos sindicais na defesa dos direitos dos trabalhadores.

QUESTÃO 03

(CODEVASF 2003)

Apesar de o dinamismo da nossa industrialização não ter sido capaz de re-

solver o problema da demanda de empregos, ele significou, porém, um im-

portante fator de redistribuição da população ativa brasileira entre os dife-

rentes setores de nossa economia (Fonte: SCARLATO, F.C. População e

Urbanização Brasileira. In ROSS, J. L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Pau-

lo: EDUSP, 1996, p. 390).

Com base no texto acima, pode-se afirmar que, a partir da década de 1960, a economia

brasileira presenciou:

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86 RUBEM TADEU

A) Uma distribuição quase homogênea da população entre os três setores de atividade

econômica, graças aos projetos de desenvolvimento industrial brasileiro;

B) Uma crescente expansão industrial, fato incapaz de alterar a relação existente entre a

parcela da população ativa e não-ativa, devido à tecnologia empregada nessa atividade;

C) Uma realocação da população economicamente ativa (PEA) no seu interior, o que

equiparou o Brasil a números comparáveis com os existentes nos países desenvolvidos;

D) Um crescimento tecnológico em seus diversos setores, uma vez que os setores agríco-

la e de serviços acompanharam a evolução e o desenvolvimento do setor industrial;

E) Uma participação majoritária da PEA no setor industrial da Região Sudeste, enquan-

to as demais regiões apresentam sua PEA alocada predominantemente no setor agrícola.

QUESTÃO 04

(SAD-MT, 2006) A rápida e desorganizada urbanização brasileira não é função direta da

industrialização, o que difere da urbanização dos países europeus. Isso tem gerado, nas regiões

metropolitanas brasileiras:

A) Um grande impulso da indústria do turismo;

B) Uma diminuição dos índices de desemprego no setor secundário;

C) Um aumento, exagerado, do consumo de bens duráveis;

D) Desemprego e subemprego, em larga escala, nas grandes cidades;

E) Um aumento dos índices de analfabetismo, em razão do êxodo rural.

QUESTÃO 05

(São Paulo, 2007) O crescimento das indústrias de bens de consumo duráveis no Brasil

esteve atrelado:

A) Aos interesses das multinacionais em expandir novas tecnologias.

B) A estratégia de exportação de tecnologia dos países desenvolvidos.

C) Ao aumento da classe média urbana com necessidades crescentes de consumo.

D) À possibilidade de fusão entre as empresas nacionais e multinacionais.

E) A independência deste tipo de indústria que não necessita integrar-se a outras.

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87 GEOGRAFIA ECONÔMICA

CONSTRUINDO CONHECIMENTO

CURIOSIDADE

O Pantanal brasileiro é um dos locais com maior diversidade de seres vivos e a maior

superfície alagada do mundo. Além de se constituir em um dos mais importantes destinos

turísticos no Brasil, o extrativismo também contribui para a economia local. Todos os anos

são pescadas milhares de toneladas de peixes nos rios do Pantanal, sendo a piscicultura

uma atividade importante para a região, gerando divisas.

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88 RUBEM TADEU

Estudos de caso

A proposta deste caso para ensino é investigar como os diversos tipos de conhecimento

ocorrem na comunidade onde você vive. Dentre os tipos que estudamos neste tema, escolha

um e observe como ele se expressa na sua cidade. Identifique uma dificuldade seja na forma

como ele é praticado, seja na forma como as pessoas lidam com ele. Formule uma questão-

problema de maneira interrogativa: seu objetivo será tentar respondê-la e propor sugestões de

solução para o problema levantado. Caso o tipo escolhido por você não seja observável na sua

cidade, identifique as causas disso e aponte soluções para fomentar a expressão desse conhe-

cimento. Comece o seu estudo de caso resumindo as principais características de cada tipo de

conhecimento estudado:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

QUESTÃO 01

“Delimitar ou definir os fatos a investigar, separando-os de outros semelhan-

tes ou diferentes; estabelecer os procedimentos metodológicos para observa-

ção, experimentação e verificação dos fatos; construir instrumentos técnicos

e condições de laboratório específicas para a pesquisa; elaborar um conjunto

sistemático de conceitos que formem a teoria geral dos fenômenos estuda-

dos, que controlem e guiem o andamento da pesquisa, além de ampliá-la

com novas investigações, e permitam a previsão de fatos novos a partir dos já

conhecidos: esses são os pré-requisitos para a constituição de uma ciência e

as exigências da própria ciência.”

(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em:

<http://br.geocities.com/mcrost02/>. Acesso em: 11 out. 2007).

Com base na leitura do texto acima e características da atividade científica, é correto a-

firmar:

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89 GEOGRAFIA ECONÔMICA

a) O texto retrata a ciência como um todo integrado no qual interagem as implicações

metodológicas e contextuais na produção de um saber pelas causas, racional, sistemático e

planejado.

b) A ciência deve possuir um único objeto de estudo, porém, o texto acima coloca diver-

sos objetos diferentes para a investigação científica, como a metodologia, a técnica e os fenô-

menos da realidade.

c) O texto acima compreende a dimensão lógica do conhecimento científico, pois esta-

belece uma cadeia de causas e efeitos logicamente determinados, deixando de lado os aspectos

metodológicos e materiais.

d) A busca do ser humano pela compreensão da realidade foi responsável pela criação

desse modo particular de conhecimento, o científico, reconhecido de acordo com as caracte-

rísticas apresentadas desde a Antiguidade.

QUESTÃO 02

“[...] o cotidiano é a hora da verdade. [...] É ali, no cotidiano, que sujeitos en-

carnados lutam, sofrem, são explorados, subalternizados, resistem, usam as-

túcias para se defender das estratégias dos poderosos, se organizam para so-

breviver, e assim vivem, lutam, sobrevivem e, como todos os mortais, um dia

morrem”. (GARCIA, 2003, p. 195).

Com base no fragmento acima, associado aos estudos sobre o conhecimento popular e

conhecimento científico, analise as proposições a seguir:

I. A experiência cotidiana dos indivíduos é inadequada para a realização de estudos ci-

entíficos, pois os objetos formais de investigação devem ser isentos de conflitos, valores e ex-

pectativas do dia a dia.

II. No cotidiano, o conhecimento popular se constrói a partir da experiência, originando

um conhecimento superficial e não causal, isto é, sem a preocupação em definir as causas que

geraram os fenômenos.

III. As estratégias dos sujeitos mencionadas no texto correspondem à vivência cotidiana

na qual o conhecimento popular é construído sem sistematização e sem a aplicação de méto-

dos, aspectos que o caracterizam.

IV. Conhecimento popular e conhecimento científico se aproximam, já que ambos rea-

lizam reflexões aprofundadas, construindo instrumentos capazes de explicar fenômenos da

natureza e do cotidiano, transmitidos e modificados de geração para geração.

Das proposições acima, estão corretas, apenas:

a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) III e IV.

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91 GEOGRAFIA ECONÔMICA

2 OS HOMENS, A SOCIEDADE E A

ECONOMIA

BLOCO TEMÁTICO

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92 RUBEM TADEU

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93 GEOGRAFIA ECONÔMICA

OS HOMENS, A SOCIEDADE E A ECONOMIA

2.1 TEMA 3. A SOCIEDADE DE CONSUMO E O ESPAÇO

2.1.1 CONTEÚDO 1. A CIRCULAÇÃO E OS TRANSPORTES5

Tem por objetivo analisar, descrever e avaliar a importância dos transportes e das co-

municações para a atividade econômica através dos seus usos e aplicações.

1. Transportes: Conjunto de todos os meios utilizados para conduzir pessoas e bens no

espaço, tipo de serviço que faz parte de setor terciário da economia.

2. A importância dos transportes na economia moderna

Na economia moderna, com as pessoas e as mercadorias se deslocando com a maior fa-

cilidade para os lugares mais diversos, os sistemas de transportes têm grande importância,

grande significação. Dois elementos possibilitam esta circulação de pessoas e de mercadorias:

a rapidez e a capacidade de carga dos veículos para transportar grandes volumes e pesos.

5 Conteúdo construído com a contribuição da Bibliografia de ANDRADE, 1985.

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94 RUBEM TADEU

Comparando o tempo gasto na viagem e peso das mercadorias transportadas, compreende-se

por que pode haver tão grande intensificação das relações comerciais no último século. A

mesma revolução operou-se no interior dos continentes, onde os transportes eram feitos em

lombos de burros ou em carros de tração animal e passou a ser feito em caminhões e trens,

com muito maior velocidade e capacidade de carga.

A distribuição das vias férreas e das rodovias no interior dos continentes, porém, é feita

de forma muito irregular, havendo grande concentração em algumas áreas – onde a pequena

densidade demográfica não permite a existência de ferrovias ou rodovias economicamente

viáveis e onde ainda são usados processos primitivos no transporte de mercadorias e de pesso-

as. A exploração madeireira, os desenvolvimentos da pecuária, da agricultura e da exploração

mineral são apontados como fontes de recursos que compensarão os investimentos feitos.

Além, naturalmente, do peso das razões geopolíticas.

As reflexões do Professor Manuel Correia de Andrade nos remete à importância dos

transportes para a construção da atual configuração do espaço no que diz respeito ao desen-

volvimento das atividades humanas.

Os tipos de transporte são classificados em: transportes terrestres, transportes marítimos

e transportes aéreos:

3. Os transportes terrestres

Classificados em ferroviários e rodoviários:

3.1 Ferroviários

No período de crescimento provocado pela Revolução Industrial. Foi graças às ferrovias

que se intensificou, na metade do século XIX, o comércio entre os portos e as regiões centrais,

permitindo uma integração nacional. São chamadas estradas de penetração, que aparecem

isoladas, como traços nos mapas, ao contrário das densas redes ferroviárias dos países desen-

volvidos.

As estradas de ferro no Brasil da segunda metade do século passado, nunca tiveram uma

grande malha ferroviária, em virtude de condições, como o relevo, a concentração dos produ-

tos de exportação em áreas restritas, próximas ao litoral etc.

3.2 Rodoviários

A princípio, os transportes rodoviários não foram utilizados para as grandes distâncias e

sim como complementares da rede ferroviária, transportando pessoas e mercadorias até as

estações e destas ao local de destino. As construções de grandes rodovias e as ampliações da

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95 GEOGRAFIA ECONÔMICA

capacidade de carga dos veículos tornaram a mesma uma grande concorrente e não uma

complementadora da rodovia. No Brasil, as estradas foram construídas nas três primeiras dé-

cadas do século XX, sem obedecer a qualquer plano. Durante a Segunda Grande Guerra foi

que se compreendeu a necessidade de construir uma verdadeira rede nacional, quando, com o

torpedeamento de navios em nossas costas, as várias porções do país ficaram praticamente

isoladas umas das outras. A construção dessas estradas possibilitava a saída de uma fase de

rodovias de penetração para uma verdadeira rede rodoviária que seria um grande fator de

integração nacional.

4. Os transportes marítimos

Os grandes petroleiros – que transportam para os pontos mais distantes o petróleo, os

cereais, o café, o chá, as matérias-primas vegetais etc., podendo fazê-lo a baixo custo, aproxi-

mando das áreas produtoras de matérias-primas as áreas industrializadas mais distantes. Não

fosse a evolução dos transportes marítimos e o Japão, pobre em recursos minerais, não pode-

ria ser hoje a terceira potência industrial do mundo. A importância do porto depende, de mo-

do geral, de sua localização geográfica, das condições que oferece às embarcações e dos equi-

pamentos que possui. Rio de janeiro, nosso maior principal porto de importação. Os rios têm

sido o caminho natural de penetração nos continentes, dando grande contribuição ao povoa-

mento dos mesmos. Existência de portos que se colocaram entre os mais movimentados e

importantes do mundo. Na Europa, onde a rede fluvial é largamente utilizada para navegação

e os rios são ligados uns aos outros por canais, ela tem ainda hoje importância fundamental no

transporte de certas mercadorias, como o carvão e o petróleo.

5. Os transportes aéreos

Os transportes aéreos tiveram grande desenvolvimento no pós-guerra. Posteriormente,

graças a sua rapidez, a aviação passou a ser largamente usada no transporte de passageiros e de

mercadorias leves ou muito valorizada, nos países que possuíam grande extensão territorial e

deficiência de estradas. Daí sua maior utilização na América Latina e na África, inicialmente,

do que na Europa e nos Estados Unidos, servidos por excelentes rodovias e ferrovias.

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96 RUBEM TADEU

6. As comunicações

O mundo moderno está bastante integrado, provocando a existência de uma grande re-

de de comunicações. Visando a fins comerciais, afetivos e culturais, a humanidade usa, de

forma dinâmica, os mais diversos meios para se comunicar. Dispondo de uma rede de trans-

missão potente, que se sucede a grandes distâncias, como corridas de automóvel, jogos de fu-

tebol, de basquetebol ou outros esportes e acontecimentos, programados com antecedência.

Quanto às comunicações individuais ou de empresas, para transmissão de notícias de interes-

se apenas para determinados grupos, podem ser feitas de forma discreta pelo telégrafo, pelo

telex e até por transmissões de radioamadores. Utilizando cabos submarinos, o telégrafo, po-

rém, perdeu importância, em face do sistema de transmissão pelo rádio, ou por meio de satéli-

tes, além das comunicações telefônicas, com o uso do DDD e do DDI, permitindo ligações

diretas interurbanas e internacionais, fazendo com que as pessoas se comuniquem rápida e

diretamente a grande distância.

Alguns meios de comunicação de ordem cultural, cuja transmissão não necessita ser i-

mediata, continuam a desfrutar de prestígio e de grande difusão. Assim, as ideias e as notícias

detalhadas de acontecimentos são transmitidas ao grande público, através de periódicos –

revistas e jornais. No Brasil, cidades centro-regionais têm larga difusão nos respectivos estados

e nos estados vizinhos, enquanto o das capitais e cidades importantes, mas cuja influência não

vai além das fronteiras estaduais, se circunscreveram ao Estado ou à sub-região em que são

impressos. Os jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, que fazem uma cobertura mais com-

pleta dos acontecimentos nacionais e internacionais, têm, graças ao rápido transporte aéreo,

circulação em todo país. Há jornais que são difundidos por todo o mundo, costumando im-

primir, que resumem os acontecimentos da semana, como o famoso Le Monde. Os correios

adquiriram tal eficiência que é comum fazer compras de artigos mais especializados que utili-

zam os serviços de reembolso postal. Os bancos também desempenham grande ação de co-

municação, transferindo, através de ordem de pagamento, importância de uma para outra

praça.

O desenvolvimento da tecnologia e a acumulação do capital, em nível nunca dantes co-

nhecido, têm facilitado a integração dos países, quer do ponto de vista nacional quer do inter-

nacional. Que esta tecnologia e este capital sejam utilizadas em benefício do homem e não

com fins de dominação e conquista é um desejo da maioria absoluta da humanidade.

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97 GEOGRAFIA ECONÔMICA

2.1.2 CONTEÚDO 2. OS SISTEMAS ECONÔMICOS E A SUA ABORDAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Tem por objetivo analisar, caracterizar e avaliar a importância dos sistemas econômicos

para a organização do espaço geográfico.

1. Os Sistemas Econômicos

Os sistemas econômicos que tiveram influência na vida da humanidade foram: o capita-

lismo, o socialismo, o comunismo, o liberalismo e o neoliberalismo. Estaremos expondo cada

um deles, dando uma ênfase maior para o capitalismo pelo fato do mesmo ter um maior raio

de influência no planeta.

2. O sistema Capitalista

Capitalismo é um sistema econômico assentado na hegemonia econômica, política e so-

cial dos detentores de capital, isto é, da burguesia que controla os meios de produção, circula-

ção e distribuição de bens. O desenvolvimento do capital industrial gerou o aparecimento de

classes, como a própria burguesia industrial e o proletariado, principalmente urbano, formado

por aqueles que, destituídos de capital, vendem sua força de trabalho como assalariados dos

capitalistas, estabelecendo com estes relações de produção capitalistas.

As origens do sistema capitalista remontam à Baixa Idade Média (séculos XI – XV),

quando a economia de mercado superou a economia de subsistência. Os bens produzidos tor-

naram-se mercadorias, pois passaram a ser vendidos em troca de dinheiro. Em geral, um gru-

po social ou unidade familiar produziu apenas para o seu consumo.

Desde suas origens, o capitalismo tem passado por sucessivas mudanças, até atingir sua

fase atual. A partir dos séculos XV e XVI, com as Grandes Navegações, os europeus percebe-

ram que as novas regiões descobertas poderiam ser importantes fornecedoras de produtos

comerciáveis – matérias-primas, açúcar, ouro, prata e especiarias – além de se tornarem con-

sumidores dos produtos fabricados na Europa. Essa fase do capitalismo ficou conhecida como

capitalismo comercial, pois a principal atividade desenvolvida nesse momento era a circulação

de mercadorias. Surgiu, assim, o mercado mundial ou internacional, ou seja, diferentes partes

do mundo tornaram-se produtoras e consumidoras de mercadorias. A segunda grande fase da

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98 RUBEM TADEU

história do capitalismo veio com a Revolução Industrial no século XVIII. Nesse período, fo-

ram introduzidas muitas inovações na produção de mercadorias. As principais foram:

• A invenção da máquina a vapor, que tornou a produção mais rápida, permitindo fabri-

car uma grande quantidade de produtos.

• Novas formas de organizar os trabalhadores, como agrupá-los em fábricas e dividir as

tarefas por setores, fundamentais para o aumento da produtividade. Cada setor e cada traba-

lhador, especializando-se numa certa atividade necessária à elaboração do produto final, pu-

deram tornar-se, assim, muito mais eficientes.

Os avanços do capitalismo industrial ocorreram a partir da Europa, particularmente da

Inglaterra, de início, e, mais tarde, dos Estados Unidos, transformando profundamente as

formas de produção e as relações internacionais.

A industrialização foi a causa do grande crescimento da economia europeia e norte-

americana, o que levou, no século XIX, a uma nova colonização, particularmente da África e

da Ásia.

3. Comunismo

Sistema econômico, político e social baseado na propriedade coletiva dos meios de pro-

dução e na abolição do Estado. Para os materialistas históricos, seria uma etapa superior do

socialismo, após a superação do capitalismo e o desaparecimento das classes sociais. V. modo

de produção, socialismo.

4. O sistema socialista

A concepção de uma sociedade socialista, na qual os interesses sociais prevalecessem so-

bre os interesses individuais e houvesse igualdade entre as pessoas, começou a se desenvolver

no século XVIII e definiu-se melhor no século XIX. Concretamente, só no início do século XX

foram instalados governos socialistas, primeiramente na União Soviética e, mais tarde, em

outros países, em especial no leste da Europa.

O principal objetivo do socialismo é construir uma sociedade com o mínimo de desi-

gualdades. Para conseguir isso, o socialismo tem como princípios básicos a propriedade cole-

tiva dos meios de produção, pelos menos dos mais importantes, como as terras, as fábricas, os

bancos. Além disso, o sistema não admite que uns se apropriem dos frutos do trabalho de ou-

tros para fins de enriquecimento. A riqueza, portanto, incluindo suas fontes, deve pertence a

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99 GEOGRAFIA ECONÔMICA

toda a sociedade. A construção coletiva de uma sociedade de homens livres e iguais. As terras,

as fábricas e os bancos, até as pequenas lojas, as oficinas mecânicas, as quitandas, as padarias,

as farmácias, tudo era propriedade do Estado. Havendo um único e grande patrão, os traba-

lhadores passaram a serem empregados do governo, recebendo salário por seu trabalho.

Como senhor absoluto das decisões nacionais, o governo planejava e dirigia a economia,

tendo em vista os interesses e objetivos que ele próprio estabelecia como sendo de toda socie-

dade. Para executar suas numerosas funções, o Estado foi pouco a pouco criando um imenso

quadro de funcionários, nem sempre necessário ao bom desempenho das atividades gover-

namentais. Surgiu assim uma enorme burocracia, responsável pelo consumo de boa parte dos

recursos nacionais. Esses recursos seriam mais bem aproveitados se fossem destinados a obras

e serviços em benefício da população.

Além disso, os dirigentes dos órgãos do governo obtiveram vantagens que a maioria da

população não possuía, como altos salários, residências confortáveis, automóveis etc. Apesar

dos desvios sofridos pelo socialismo, a União Soviética e os países do Leste da Europa passa-

ram a apresentar indicadores econômicos típicos dos países desenvolvidos. E isso graças, so-

bretudo, à planificação econômica introduzida pelo novo sistema. O plano regulava o quê,

onde, como e quanto produzir, bem como a forma de distribuir a produção. O governo apli-

cava os lucros da produção em obras para desenvolver a economia, corrigir as diferenças regi-

onais e prestar serviços, como assistência medica e educação, que eram gratuitas.

Foi assim que tais países tiveram um grande crescimento econômico, um considerável

avanço da ciência e da tecnologia, uma melhoria substancial dos transportes e das comunica-

ções.

A falta de liberdade em exagerado poder do governo criou problemas muitos sérios, que

foram se agravando com o tempo. A situação econômica dos países socialistas tornou-se mui-

to difícil.

Havia muita corrupção e muitos privilégios entre altos funcionários. As transformações

iniciaram-se por volta de 1986, na União Soviética, e atingiram grande intensidade a partir de

1989, tanto no campo econômico quanto social e no político. Propriedade particular, liberda-

de de produção, greves por melhores salários, instalação de empresas multinacionais, organi-

zação de sindicatos, liberdade de imprensa e religião, eleições livres – todos esses fatos, ausen-

tes por muitas décadas nos países de formação socialista, tornaram-se comuns na década de

1990. As transformações ocorridas nesses países produziram resultados diversos. Alguns anti-

gos países socialistas, com certa homogeneidade étnica e cultural e que, sobretudo, já tinham

tradição industrial, assemelham-se agora a países desenvolvidos capitalistas.

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100 RUBEM TADEU

5. Liberalismo

Doutrina econômica, política e social que preconiza a legitimidade da propriedade pri-

vada dos meios de produção e do lucro e apregoa a livre concorrência em uma economia de

mercado sem interferência estatal, no plano econômico; liberdade de organização e de expres-

são, pluralismo partidário, eleições, sistema constitucional, autonomia dos poderes, no plano

político; criação de mecanismos de intervenção do Estado, que permite a criação de oportuni-

dades, como o acesso à educação para todos. No liberalismo, o Estado desempenha funções

mínimas, deixando a responsabilidade do mercado em organizar a sociedade.

6. Neoliberalismo

Corrente teórica que prega a redução de interferência estatal, especialmente na econo-

mia, responsabilizando-a pelos problemas como recessão e inflação, sendo a favor da chamada

“livre concorrência”, submetida à lógica do mercado. Um dos exemplos da atuação deste sis-

tema foi a privatização da Coelba e da Vale do Rio Doce. Demonstrando que o controle de um

setor foi transferido para a iniciativa privada.

2.1.3 CONTEÚDO 3. A ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA DO PLANETA E A SUA ABORDAGEM NO ENSINO MÉDIO

Tem por objetivo caracterizar, analisar e avaliar a organização econômica do planeta pa-

ra o espaço.

1. A organização Econômica do Planeta

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101 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Para discutirmos a organização econômica do planeta, levaremos em consideração as re-

flexões anteriores ligadas aos setores da economia e principalmente aos sistemas econômicos,

desde a organização da sociedade, aos territórios de como são organizados.

A atual organização do planeta sofre as influências da Revolução Industrial ocorrida na

Inglaterra no que diz respeito à produção e aos procedimentos econômicos com a participa-

ção dos EUA nesta renovação dos procedimentos econômicos. Também não podemos esque-

cer de que a Política é essencial para validar os processos econômicos e esta influência nos foi

dada pela Revolução Francesa, ao criar esta forma de território através da nação e dos poderes

Executivo, Legislativo e Judiciário. Esta organização do Estado se mantém até hoje, dando o

tom das relações entre os territórios. Vamos aos conteúdos:

2. Os três mundos

A ampliação do mundo socialista, desde o fim da Segunda Guerra (1945), permitiu uma

outra classificação do espaço mundial, baseada em critérios políticos, além de socioeconômi-

cos:

• Primeiro Mundo – Países capitalistas desenvolvidos (Estados Unidos, Reino Unido,

França etc.).

• Segundo Mundo – Países desenvolvidos socialistas (União Soviética, Hungria, Tche-

coslováquia etc.).

• Terceiro Mundo – Países subdesenvolvidos, constituindo um conjunto muito hetero-

gêneo (Brasil, Nigéria, Índia etc.).

Com as profundas alterações sofridas pelos países socialistas, o Segundo Mundo desin-

tegrou-se, deixando de existir como tal. Assim, a classificação do espaço mundial em três

mundos perdeu a atualidade, pois não mais espelha a realidade de hoje.

No entanto, por força da tradição, ainda se usa muito a expressão Primeiro Mundo,

principalmente para identificar os países mais avançados do ponto de vista do desenvolvimen-

to econômico e tecnológico e da organização da vida social e política. Também permanece a

expressão Terceiro Mundo, usada para designar o conjunto de paises marcados pela subordi-

nação externa (econômica, tecnológica e política) e por grandes desigualdades sociais internas.

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102 RUBEM TADEU

3. A oposição Norte – Sul

No fim do século XX e início do novo milênio, é possível dividir o espaço mundial entre

paises ricos e países pobres, as desigualdades entre esses grupos, aliás, acentuaram-se nos anos

1980 e 1990.

Com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, os países ricos, desenvolvidos em graus

variados, localizam-se no hemisfério norte. No Sul, ficam os países pobres, considerados sub-

desenvolvidos. Por isso, os países ricos são chamados de países do Norte, enquanto os países

pobres são conhecidos como países do Sul.

4. Os níveis de desenvolvimento

O capitalismo avançou de maneira diferenciada no espaço mundial. Num primeiro

momento surgiu nos países europeus e posteriormente, foi estendido às colônias, tanto ao

longo dos séculos XVI e XVII quanto a partir do século XIX, com a chamada fase imperialista.

Assim, sua evolução influiu de modo significativo na organização do espaço e nas diferentes

paisagens geográficas, pois determinou o nível de desenvolvimento dos países, principalmente

no decorrer do século XX.

Desde o início dos anos 1990, a ONU classifica, anualmente, os países segundo o que

denominou IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.

Esse índice expressa a qualidade de vida das pessoas com base na renda per capita, no

grau de saúde e nas condições educacionais da população. O grau de saúde é indicado pela

expectativa de vida, isto é, pelo número de anos que as pessoas vivem em média, o que, por

sua vez, depende muito da mortalidade infantil. As condições de educação referem-se ao anal-

fabetismo e à taxa de matrículas no ensino fundamental, médio e superior.

4.1. Os países desenvolvidos

As principais características dos países desenvolvidos são:

• Agricultura intensiva, isto é, moderna e racional, com emprego de máquinas, técnicas

eficientes de produção e mão de obra qualificada. Como consequência, uma pequena parcela

da população empregada na agricultura consegue elevada produtividade, geralmente capaz de

sustentar a população de todo país.

• Nível científico e tecnológico elevado, responsável por um constante aperfeiçoamento

das atividades humanas.

• Meios de transporte e comunicação modernos e eficientes.

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103 GEOGRAFIA ECONÔMICA

• Forte predomínio da população urbana sobre a população rural.

• Baixo crescimento natural da produção.

• Elevada qualidade de vida da população, características expressa através de:

• baixas taxas de mortalidade infantil;

• alta expectativa de vida;

• reduzido número de analfabetos;

• boas condições de alimentação e habitação.

Mas há significativas diferenças entre os países desenvolvidos. Alguns atingiram um ele-

vado nível de desenvolvimento tecnológico e comandam as principais empresas mundiais.

4.2. Os países subdesenvolvidos

Os países subdesenvolvidos apresentam duas características essenciais:

• Grandes desigualdades sociais, que se expressam pela existência de uma minoria rica

ou muita rica, enquanto a maioria da população é pobre ou muito pobre.

• Dependência econômica em relação a países desenvolvidos, característica que se mani-

festa sobre tudo através de:

• Considerável dívida externa para com governos e principalmente bancos estrangeiros;

• Forte influência de empresas estrangeiras, chamadas multinacionais ou transacionais,

que controlam grande parte das atividades econômicas dos países subdesenvolvidos.

Os países subdesenvolvidos possuem ainda outras características, quase sempre ligadas

às duas principais. São elas:

• Grande população trabalhando na agricultura, mas com baixa produtividade, devido à

falta de técnicas e meios modernos de produção (agricultura extensiva).

• Baixo nível de conhecimento científico e tecnológico.

• Sistemas de transporte insuficientes.

• Elevado crescimento natural da população.

• Cidades com crescimento muito rápido e cercadas por bairros pobres e miseráveis.

• Grandes diferenças entre uma região e outra, como, por exemplo, entre o Sudeste e o

Nordeste do Brasil.

• Baixa qualidade de vida da maior parte da população, característica expressa por:

• alta taxa de mortalidade infantil;

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104 RUBEM TADEU

• más condições alimentares, que trazem como consequência baixa capacidade

para o trabalho e grande facilidade em contrair doenças;

• baixa expectativa de vida da população;

• elevada proporção de analfabetos.

Existem grandes diferenças entre os países subdesenvolvidos. Alguns chegam a ter certas

características de país desenvolvido, como agricultura intensiva e predomínio da população

urbana sobre a rural.

Mas todos apresentam algumas semelhanças fundamentais, como a dependência em re-

lação aos países desenvolvidos e a grande concentração de renda. Esta é responsável pela situ-

ação de pobreza e miséria em que vive grande parte da população.

Por que as multinacionais escolhem os países subdesenvolvidos para se instalarem?

O pilar principal do capitalismo atual, de um mundo marcado pela facilidade de comu-

nicação e transporte de ideias e materiais, sem dúvidas é aquele formado pelas empresas mul-

tinacionais. Estas têm seu surgimento marcado no final do século passado, sendo que os prin-

cipais grupos presentes hoje, em sua maioria, nasceram nas primeiras décadas deste século.

Porém, foi só depois da II Guerra Mundial que estas empresas "supranacionais" tomaram sua

posição de hegemonia na economia mundial, sendo que a renda anual das maiores multina-

cionais supera o PIB de muitos países.

O processo pelo qual ocorreu esta expansão explosiva de empresas que superam a fron-

teira de seus países de origem é a própria essência do que é uma multinacional: competição e

eliminação de concorrência.

Quando estudado o surgimento de qualquer multinacional típica, nota-se que, primei-

ramente, esta passou por um período de dominação do mercado interno. No seu caminho em

direção a esta supremacia na sua área específica, uma determinada empresa – futura multina-

cional – se vale de todos os elementos possíveis para diminuir o número de concorrentes, e,

consequentemente, o número de participantes com quem terá que dividir as fatias do bolo

"lucros". Isto pode ocorrer de duas formas – que geralmente ocorrem ao mesmo tempo: 1)

Inovação em sua área, seja por invenção de um produto revolucionário, por uma maneira

nova de fabricar um produto já existente ou mesmo transporte e prestação de serviços sobre

os itens anteriores. 2) Obtendo vantagens através de formação de cartéis, trustes, e (ou) atra-

vés de acordos ilícitos com outras empresas ou com o governo.

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105 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Como exemplos do primeiro caso, temos a divisão do trabalho e linha de produção cria-

da por Henry Ford, a percepção de Rockfeller de que quem dominasse o transporte do petró-

leo dominaria este mercado, ou a de Bill Gates sobre softwares como o futuro dos computado-

res, o que pôs a Microsoft como uma das maiores multinacionais do mundo.

No segundo caso, estão as vantagens obtidas pelo próprio Rockfeller em pagamento

menor de impostos e taxas, ou as constantes acusações de que a Microsoft tenha feito lobby

para derrubar novas empresas que surgiram no seu mercado.

Uma vez dominado o mercado interno, esta empresa sai para tentar o mundo, num pro-

cesso idêntico ao anterior: o peixe grande comendo o pequeno, e os pequenos unindo-se para

não serem devorados. Após consolidadas no mercado internacional, as mais ou menos 10 em-

presas que dominam o seu determinado mercado continuam o seu antigo objetivo de "não

repartir o bolo". Os instrumentos para isto variam de acordo com a área: na automobilística, a

inovação de seus modelos a cada ano, impossível de ser acompanha por pequenas empresas.

Na área do petróleo, o baixo preço cobrado pelo produto, mesmo que as "7 irmãs" detenham

praticamente o monopólio mundial de sua distribuição.

O que busca uma multinacional? Primeiramente, um mercado mundial aberto aos seus

produtos e às suas fábricas, daí o mito globalização tão defendido por EUA e Japão – estes

mesmos muito fechados. Neste mundo sem fronteiras, elas optarão por países que apresentem

mão de obra barata, matéria-prima abundante e incentivos fiscais.

Como agem? Atualmente, elas instalam fábricas nos países com as condições acima ci-

tadas. Estas não necessariamente fabricam o produto completo, mas sim certas partes em cada

país, unidas em terceiros países e de lá exportadas para o resto do mundo. Exemplo: o carro

"Mondeo" da Ford. Dos lucros obtidos em um determinado país, parte deles é reinvestido,

mas outra parte – que varia de acordo com a lei interna – são exportados à matriz e possivel-

mente investidos em outros países, o que dá uma falsa impressão de rendimento interno no

país, uma vez que os lucros exportados são contados no PIB do país em questão.

Consequências de sua existência: estas empresas acabam por ter um enorme poder sobre

as decisões dos países em que são sediadas. As pressões dos países que as sediam, somadas às

dos órgãos que ditam as direções a serem tomadas, sempre em favor destes e de suas multina-

cionais, e ao esquema de remessa de lucros, constroem uma teia da qual fica quase impossível

a fuga para os países periféricos por ela explorados. Existem teorias que tentam apresentar

soluções de como sair deste "beco", como a de Fernando Henrique Cardoso, contudo é notória

a sua precariedade em apresentar uma saída eficaz, principalmente no que se refere às péssi-

mas condições de vida dos habitantes destes países "escravos".

Para estudar os diferentes países do mundo contemporâneo, pode-se agrupá-los toman-

do como base o desenvolvimento, em especial o padrão de vida das populações. A classifica-

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106 RUBEM TADEU

ção feita com base em indicadores sociais é sempre provisória, pois está sujeita às alterações

que ocorrem no seio da sociedade ao longo do tempo.

Essa divisão é cada vez mais utilizada na atualidade: Estados do Norte e Estados do Sul,

ou países desenvolvidos e países subdesenvolvidos. Essa divisão que, segue o critério social,

não é rígida e permanente como a localização por continentes. Ela é complexa e sujeita a dú-

vidas e polêmicas.

Conforme podemos observar no mapa abaixo, a divisão entre países do Norte e do Sul

não têm o Equador como linha divisória, mas sim o nível de pobreza ou de riqueza de sua

população. Os países ricos ou desenvolvidos estão situados em sua maioria ao norte do Trópi-

co de Câncer, e os países pobres ou subdesenvolvidos localizam-se em grande parte ao sul do

Trópico de Câncer. A linha divisória entre o Norte industrializado e o sul subdesenvolvido,

portanto, não é uma linha reta, e sim uma curva: ela passa pela fronteira entre Estados Unidos

e México, entre a Europa e a África, e no Oriente, no oceano pacífico, faz uma grande abertura

para o sul, para incluir a Austrália e a Nova Zelândia no Norte.

5. Organizações que influenciam nas relações econômicas do planeta:

G-7: O Grupo dos Sete é formado pelos setes países mais industrializados do mundo re-

úne, desde meados dos anos 70, Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Uni-

do e Canadá – mais a Rússia. O presidente da União Europeia participa de suas “reuniões de

cúpula” e, desde 1994, a Rússia está em seus planos políticos. A doutrina que orienta as políti-

cas do G-8 baseia-se na estabilização, liberalização e privatização.

OPEP: A Organização dos Países Exportadores de Petróleo foi fundada em Bagdá, em

1960, por iniciativa da Venezuela e por mais 13 membros.

A ONU (Organização das Nações Unidas): fundada em 1945, está dirigida para impor-

tantes objetivos. É composta por seis órgãos principais: Assembleia Geral, Conselho de Segu-

rança, Conselho Econômico e Social, Conselho de Tutela, Corte Internacional de Justiça e

Secretaria Geral.

Além disso, cerca de trinta organizações especializadas, que constituem o que é conhe-

cido por sistema das Nações Unidas, cobrem praticamente todos os campos do desenvolvi-

mento. É preciso, ainda, distinguir, de um lado, as instituições que, mesmo pertencendo ao

sistema das Nações Unidas, são autônomas (FAO, UNESCO, FIDA, OMS, OIT, ONUDI etc.,

bem como o FMI, o grupo do Banco Mundial – BIRD, AID, SIF) e, de outro lado, os órgãos

propriamente ditos das Nações Unidas (PNUD, CNUCED, UNICEF, HCR, PAM, UNITAR,

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107 GEOGRAFIA ECONÔMICA

FNUAP etc.). Pelo fato de possuírem caráter e influência próprios, o FMI e o Banco Mundial

conquistaram grande independência.

PRINCIPAIS ÓRGÃOS DA ONU

Assembleia Geral: É o principal órgão deliberativo. Cada estado – membro dispõe de

um voto. A assembleia se reúne em sessões. O funcionamento repousa em sessões plenárias e

em sete grandes comitês:

• Primeiro comitê: questões políticas e de segurança.

• Comitê político especial: questões políticas diversas.

• Segundo comitê: questões econômicas e financeiras.

• Terceiro comitê: questões sociais, humanitárias e culturais.

• Quarto comitê: território sob tutela e territórios não autônomos.

• Quinto comitê: questões administrativas e judiciárias.

• Sexto comitê: questões jurídicas

CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL

Colocado sob a autoridade da Assembleia geral, o conselho econômico e social. Coorde-

na as atividades econômicas e sociais das Nações Unidas e das instituições especializadas. É

composto de 54 membros, dentre os quais 18 são eleitos anualmente por um período de três

anos.

Os comitês permanentes tratam das questões de programa e coordenação, organizações

não governamentais recursos naturais, ciências e técnicas a serviço do desenvolvimento etc. A

comissão das sociedades transnacionais e a comissão das instituições humanas são, também,

órgãos permanentes.

As comissões econômicas regionais: Comissão Econômica para a Europa, CEE. Comis-

são Econômica e Social para a Ásia e Pacifico (CESAP, com sede em Bancoc), Comissão Eco-

nômica para a América Latina e Caribe (CEPAL, com sede em Santiago do Chile), Comissão

Econômica para a África (CEA, com sede em Adis Abeba) e a Comissão Econômica para Ásia

Ocidental (CEAO, com sede em Bagdá).

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108 RUBEM TADEU

As comissões técnicas: Comissão de Estatística, Comissão da população, Comissão do

Desenvolvimento Social, Comissão dos Direito Humanos, Comissão da Condição da Mulher,

Comissão dos Estupefacientes.

CNUCED: A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento

(CNUCED). É uma organização que desenvolve a análise e o debate Norte-Sul. Tem por órgão

permanente o Conselho do Comércio e do Desenvolvimento. Criada em 1964 porque os paí-

ses em desenvolvimento julgavam o GAT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) preocupado

demais apenas com as posições dos países industrializados.

OIT: Organização Internacional do Trabalho. Tornou-se a primeira instituição especia-

lizada das Nações Unidas. A OIT reúne os representantes dos governos, empregados e traba-

lhadores, com o objetivo de recomendar normas internacionais básicos e redigir convenções

internacionais no campo do trabalho. A OIT é constituída por uma conferência geral anual,

por um conselho de administração composto de 56 membros.

FMI: Fundo Monetário Internacional. Aconselha os governos no campo financeiro. O

Fundo pode, também, vender divisas e ouro a seus membros para facilitar-lhes o comercio

internacional. Ele criou uma moeda internacional, o DES (Direito de Emissão Especial). O

Fundo é constituído por um Conselho de Governadores, nomeados por cada um dos estados

membros, por administradores e por um diretor geral.

BANCO MUNDIAL: A criação do Banco Mundial foi decidida ao mesmo tempo que a

do FMI, por ocasião da Conferência Monetária e Financeira de Bretton Woods, em 1944. O

grupo do Banco Mundial compreende atualmente:

• BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, citado em 1945);

• AID (Associação Internacional para o Desenvolvimento), fundo criado em 1960;

• SFI (Sociedade Financeira Internacional), criada em 1956;

• AMGI (Agência Multilateral de Garantia dos Investimentos), criada em 1988.

OMC – Organização Mundial do Comércio. Criada nas discussões finais da Rodada do

Uruguai do GATT, para assumir a coordenação e regulamentação das políticas de comércio e

serviços, a partir de 1 de janeiro de 1995, em substituição ao GATT – Acordo Geral de Tarifas

e Comércio, criado em 1948.

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109 GEOGRAFIA ECONÔMICA

(FONTE: HTTP://GLOBOBRASIL.FILES.WORDPRESS.COM/2009/08/DIVISAO20NORTE20E20SUL2.JPG)

2.1.4 CONTEÚDO 4. OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO

Tem por objetivo analisar, caracterizar e avaliar a importância dos processos de produ-

ção para a atividade econômica.

Os processos de produção a que nos propomos analisar são forjados em determinados

territórios e momentos históricos. Inseridos em aspectos políticos/ culturais e obedecendo,

várias vezes, objetivos comerciais e econômicos que não consideram os mesmos processos

(políticos, culturais, históricos e sociais) no momento da sua aplicação.

1. O TAYLORISMO

Dentre estas formas de gestão, o taylorismo se caracteriza por racionalizar a produção,

padronizando os tempos e movimentos do trabalhador, disciplinando-o e controlando-o atra-

vés de horários, fardamento etc.

O taylorismo controla o tempo do trabalhador e o limita através da hierarquização na

estrutura da fábrica, apropriando-se do conhecimento desenvolvido pelo trabalhador, tendo

como principal representação o artesão, que possuía todo o controle da sua produção indivi-

dual, mas, que foi perdendo este controle pela subordinação do trabalho ao capital. Desta

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110 RUBEM TADEU

forma, acontece a hierarquização dentro da fábrica, através da tomada de decisões vinda ex-

clusivamente da gerência, havendo uma separação entre os que pensam e os que executam.

2. O FORDISMO

O fordismo tem características muito próximas ao taylorismo, destacando-se a raciona-

lização da produção e padronização de tempos e movimentos do trabalhador, também o dis-

ciplinando, através de horários e fardamento e outras tarefas executadas dentro da fábrica,

diferenciando o chão da fábrica do teto, objetivando a separação do pensamento (gerência) e

da ação (o trabalhador/operário). Havia persuasão para um bom funcionamento das fábricas.

Com incentivo à produção através do consentimento de salários mais altos, benefícios e ga-

nhos de produtividade. Com o fordismo é assumida a exploração existente entre o empregado

e empregador (a mais-valia), assumindo esta desvantagem para com o trabalhador, através do

pagamento de bons salários e a elaboração de leis trabalhistas, assumindo assim o pacto social

(Estado de bem- estar social).

Existe um grande controle do trabalhador para que o mesmo se dedique exclusivamente

à fábrica, através da vigilância a sua atividade sexual, política e de lazer; não permitindo que o

mesmo se desviasse do pensamento da produção. Outras características estão no parcelamen-

to de tarefas, avanços da mecanização através da introdução da esteira rolante, produção em

massa de bens padronizados, salários relativamente elevados e crescentes (incorporando ga-

nhos de produtividade). Além da incorporação de amplos segmentos aos mercados de traba-

lho e de bens de consumo, políticas de pleno emprego, pacto com os sindicatos (estes reco-

nheciam a direção da fábrica em troca de aumentos reais de salários).

Propondo-se a não somente mudar a estrutura econômica de uma época, mas também

de mudar a concepção do homem, adaptando-o nos aspectos culturais e sociológicos.

A década de 1980 presenciou, nos países de capitalismo avançado, profundas transfor-

mações no mundo do trabalho, nas suas formas de inserção na estrutura produtiva, nas for-

mas de representação sindical e política. Esta década se caracterizou por um salto tecnológico:

a automação, a robótica e a microeletrônica invadiram o universo fabril, inserindo-se e desen-

volvendo-se nas relações de trabalho e de produção do capital. Vive-se, no mundo da produ-

ção, um conjunto de experimentos, mais ou menos intensos, mais ou menos consolidados,

mais ou menos presentes, mais ou menos tendências, mais ou menos embrionários. O fordis-

mo e o taylorismo já não são os únicos e mesclam-se com outros processos produtivos (neo-

fordismo, neotaylorismo, pós-fordismo), decorrentes das experiências da “Terceira Itália”, na

Suécia (na região de Kalmar, do que resultou o chamado “Kalmarianismo” ou “Volvismo”),

do Vale do Silício, nos EUA, em regiões da Alemanha, entre outras, sendo em alguns casos até

substituídos, com a experiência japonesa a partir do toyotismo.

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111 GEOGRAFIA ECONÔMICA

As mudanças das atuais condições da conjuntura internacional, iniciadas na década de

80, que têm como principais características: a globalização e o neoliberalismo são transforma-

ções marcadas por grandes avanços tecnológicos e a ruptura do pacto social. Este contexto

trouxe a procura de novas formas de gestão que conseguissem se adaptar a nova realidade do

mercado. Dentre estas novas formas de gestão estão: o toyotismo, a Terceira Itália e o volvis-

mo.

3. Os novos processos de produção

O trabalho repetitivo tem sido substituído pelo trabalho criativo, que atende às constan-

tes variações do cotidiano da linha de produção. Começam a surgir os Círculos de Controle de

Qualidade, nos quais grupos de trabalhadores reúnem-se e discutem a melhoria da qualidade

do produto e o aumento de produtividade. Em contraste com o fordismo e o taylorismo, em

que a responsabilidade e a habilidade de cada trabalhador ficavam restritas a uma única tarefa,

nos Círculos de Controle de Qualidade implantados nas empresas mais modernas, o trabalha-

dor passa a ter conhecimento de todo o processo produtivo e a nele intervir. É provável que,

em pouco tempo, o trabalho repetitivo, característico da indústria até recentemente, fique

restrito à ação das máquinas.

O Japão tem sido pioneiro na criação dos novos métodos de produção, mais ágil e flexí-

vel, que estão sendo adaptados às indústrias em quase todo o mundo.

3.1. O TOYOTISMO (modelo japonês)

Caracteriza-se pela racionalização do trabalho, flexibilização da produção e do trabalho;

produtividade, redução de custos/ melhor qualidade; mobilização do saber operário e o envol-

vimento dos trabalhadores com o trabalho; polivalência; constituição do trabalho parcei-

ro/produtivo; gerência científica, separação entre concepção e execução do trabalho, gerência

participativa, cultura da qualidade total, cooperação e parceria entre capital e trabalho, produ-

tividade, competitividade, prêmios.

Houve inovação no toyotismo com a microeletrônica (nova base tecnológica), trabalho

em equipe, just-in-time, kanban, CCQs, CEP; prêmios/participação; programas de

TQC/terceirização/subcontratação; seleção para empresa (não por posto); envolvimento inci-

tado.

As implicações sociopolíticas são nova mobilização do saber/ nova qualificação; consti-

tuição de duas categorias: “estáveis” e os subcontratados; desregulamentação do mercado de

trabalho; desemprego estrutural; precarização das condições de trabalho/saúde/ação coletiva.

A relação com os sindicatos acontece através do: despotismo hegemônico (camuflar o con-

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112 RUBEM TADEU

fronto – diluição do confronto – classes sociais / patrão e empregado); desmantelamento dos

sindicatos; sindicato – empresa; individualização e destruição dos coletivos de trabalho; preca-

rização da ação coletiva e sindical.

3.2. O MODELO ITALIANO – TERCEIRA ITÁLIA

Caracteriza-se pela produção de pequenas e médias empresas em distritos industriais

acompanhada de uma complementaridade, uma solidariedade entre as empresas, recebendo

um apoio das prefeituras. As mudanças trazidas estão na produção em massa, na desverticali-

zação da atividade produtiva, surgimento de novos padrões de divisão do trabalho, descon-

centração produtiva, inserção do trabalhador no processo produtivo (integração de cada indi-

víduo ao grupo).

3.3. O VOLVISMO

Com relação ao volvismo, caracteriza-se por um conceito de administração da produção

desenvolvida nas fábricas da Volvo, na Suécia, a partir do início dos anos 70, e que representa-

va uma combinação de incorporação do progresso técnico e formas tradicionais de produção,

isto é, a introdução da automação com métodos manuais de fabricação, o que resultou em

grande flexibilidade de produto e de processo, além de representar uma redução da intensida-

de de capital. Em grande medida, esta forma combinada deveu-se à participação ativa dos sin-

dicatos de trabalhadores na incorporação de novas tecnologias nos processos produtivos. A-

lém destes padrões, pode-se destacar: modelo de organização baseado no trabalho em grupo,

na união da execução e concepção, no enriquecimento dos cargos com a junção de tarefas

antes separadas pela divisão do trabalho, na qualificação dos operários; grande intervenção

jurídica e uma jurisdição que beneficiava o trabalhador.

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113 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Parabolicamará

Gilberto Gil

Antes mundo era pequeno porque Terra era grande

Hoje mundo é muito grande porque Terra é pequena

Do tamanho da antena parabolicamará

Ê volta do mundo camará,ê mundo da volta camará

Antes longe era distante perto só quando dava

Quando muito ali defronte e o horizonte acabava

Hoje lá trás dos montes dendê em casa camará

Ê volta do mundo camará, ê ê mundo da volta camará

De jangada leva uma eternidade, de saveiro leva uma encarnação

De jangada leva uma eternidade, de saveiro leva uma encarnação

Pela onda luminosa, leva o tempo de um raio

Tempo que levava rosa pra aprumar o balaio

Quando sentia que o balaio ia escorregar

Ê volta do mundo, camará, ê ê mundo da volta camará

Esse tempo nunca passa não é de ontem nem de hoje

Mora no som da cabeça, nem tá preso nem foge

No instante que tange o berimbau, meu camará

Ê volta do mundo, camará, ê ê mundo da volta camará uma eternidade, de

saveiro leva uma encarnação

De jangada leva uma eternidade, de saveiro leva uma encarnação

De avião o tempo de uma saudade

Esse tempo não tem rédea vem nas asas do vento

O momento da tragédia, Chico Ferreira e Bento

Só souberam na hora do destino apresentar

Ê volta do mundo camará, ê ê mundo da volta camará...

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114 RUBEM TADEU

MAPA CONCEITUAL

A Sociedade de Consumo e o Espaço

Circulação e Transporte Comunicação

Aquático

Terrestre

Aéreo

Duto

Telefonia

Internet

Televisão

Rádio

Sistemas Econômicos

Capitalismo

Liberalismo

Socialismo

Comunismo

Processos de produção

Fordismo

Taylorismo

Toyotismo

Volvismo

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115 GEOGRAFIA ECONÔMICA

ESTUDOS DE CASO

O MERCOSUL é um bloco econômico formado por países da América do Sul que se

congregaram com a ideia de cooperar mutuamente para eliminar barreiras alfandegárias e

incrementar o comércio entre os membros do bloco. Tudo começou com quatro nações e o

seu sucesso despertou o interesse dos países vizinhos, tais como a Bolívia, cujo gás exportado

para o Brasil e Argentina responde por quase a totalidade de suas exportações.

Mas, em novembro de 2008, o presidente Evo Morales nacionalizou as reservas bolivia-

nas de hidrocarbonetos, confiscando-as da Petrobrás, a multinacional petrolífera estatal brasi-

leira, sem indenização, causando um grande prejuízo financeiro e um clima de hostilidade

diplomática. Também os preços do gás foram drasticamente elevados, sem negociação com

nenhum dos clientes (Brasil e Argentina).

Diante deste acontecido, vista a “carapuça” de presidente do Brasil, pense, reflita e res-

ponda:

a) Por você, qual a probabilidade da Bolívia ingressar no MERCOSUL, diante de sua in-

flexibilidade diplomática?

b) A Argentina aceitou o reajuste do preço do gás imposto por Morales, reconhecendo

que o seu valor estava muito baixo. Você também aceitaria? Justifique-se citando uma notícia

que comprove sua decisão?

Baseado em: BBC Brasil. Bolívia vai triplicar venda de gás para a Argentina. São Paulo,

17 dez. 2008. Disponível em:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2006/10/061019_bolivia_argentina_dg.shtml.

Acesso em: 21 set. 2009.

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116 RUBEM TADEU

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

QUESTÕES DO ENADE, ADAPTADAS DO ENADE OU SIMILARES

QUESTÃO 01

(Adaptado de UFBA, 2006).

Do ponto de vista da história de sua implantação, a indústria se localizou

primeiramente na Inglaterra, onde encontrou as condições necessárias ao seu

surgimento, como grau de desenvolvimento técnico e condições de acumula-

ção de capital. Elas surgiram dentro da cidade: perto do mercado e da mão

de obra. No século XIX, as instalações industriais se localizavam perto das

bacias hulhíferas exploradas. A produção petrolífera e a introdução da ener-

gia elétrica permitiram novas escolhas no que se referia à localização das in-

dústrias. Assim, a localização industrial evolui [...] ao longo do processo his-

tórico, exigindo novas formas de pensar o fenômeno, reforçando o fato de

que a questão locacional deve ser analisada em sua dinâmica (CARLOS,

2000, p. 21-22).

A partir da análise do texto e dos conhecimentos sobre a industrialização no Brasil e no

mundo, marque F para as alternativas falsas e V para as verdadeiras:

( ) Os Estados Unidos e a Federação Russa ocupam, atualmente, os dois primeiros lu-

gares entre os países industriais, apoiados em suas imensas reservas de petróleo e de gás natu-

ral e no alto poder aquisitivo de seus mercados internos.

( ) As primeiras concentrações industriais eram urbanas, ocorreram no final do século

XVIII, na Inglaterra, seguidas da Alemanha, porém, no século XIX, as instalações industriais

se localizavam perto das explorações hulhíferas, atingindo outros países da Europa e da Amé-

rica do Norte.

( ) A Era Vargas (1930-1945) foi marcada pelo crescimento industrial decorrente da

implantação do modelo que visava substituir as importações de bens de consumo, sendo fun-

damental a participação do Estado como investidor.

( ) As refinarias e as instalações petroquímicas só podem ser localizadas nas regiões

produtoras de petróleo, pois a proximidade da fonte de energia e de matéria-prima é funda-

mental na instalação dessas indústrias.

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117 GEOGRAFIA ECONÔMICA

( ) O governo Juscelino Kubitschek favoreceu a instalação de filiais de grandes empre-

sas multinacionais no Brasil, que passaram a controlar importantes setores industriais, como o

automobilístico e o de eletrodomésticos.

Qual o resultado correto de alternativas verdadeiras e falsas?

A) V, V, F, V, F.

B) F, V, F, F, V.

C) F, V, V, F, V.

D) V, F, F, V, V.

E) F, V, F, V, F.

QUESTÃO 02

(MPU, 2004) Avalie as afirmativas a seguir e assinale a opção correta.

I. O conceito de "integração econômica" é recente, passando a ser utilizado em seu sen-

tido atual após a Segunda Guerra Mundial, sendo um fenômeno comum no mundo deste final

de século.

II. Os processos de integração econômica são conjuntos de medidas de caráter econômi-

co e comercial que têm por objetivo promover a aproximação e, eventualmente, a união entre

as economias de dois ou mais países.

III. Os modelos de integração baseiam-se, fundamentalmente, na vontade dos Estados

de obter, através de sua adoção, vantagens econômicas que se definirão, entre outros aspectos,

em termos de: (1) aumento geral da produção, através de um melhor aproveitamento de eco-

nomias de escala; (2) aumento da produtividade, através da exploração de vantagens compa-

rativas entre sócios de um mesmo bloco econômico, e; (3) estímulo à eficiência, através do

aumento da concorrência interna.

IV. Quase todas as grandes economias mundiais encontram-se, de alguma forma, en-

volvidas em processos de integração econômica, por exemplo: NAFTA (North American Free

Trade Agreement), União Europeia, Pacto Andino e Mercosul.

A) I, III e IV estão corretas. D) I, II e IV estão corretas.

B) Todas estão corretas. E) I, II e III estão corretas.

C) I e IV estão corretas.

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118 RUBEM TADEU

QUESTÃO 03

(SAD-MT, 2006) A expansão do comércio mundial acarretou a abertura de novas fron-

teiras, principalmente agrícolas, além de investimentos variados realizados por empresas na

construção de “pequenas cidades” (infraestrutura básica: estradas, casas, creches etc.). Essas

empresas estão à procura de:

A) Diminuição da concorrência comercial entre empresas de mesmo porte;

B) Expansão dos lucros através da importação de matérias-primas a preços baixos ori-

undas de países subdesenvolvidos;

C) Captação de novas formas de produção e novas tecnologias, pleiteadas pelos países

hospedeiros, com oferta de mão de obra barata e qualificada;

D) Novos aliados econômicos que financiem estudos científicos sobre produtos trans-

gênicos, a fim de aumentar os lucros da produção;

E) Expansão dos lucros através da captura de novos mercados consumidores, além de

subsídios oferecidos pelos governos, como doação de terrenos públicos, isenção de impostos

etc.

QUESTÃO 04

(SE-PE, 2006) É um conjunto de ideias contrárias ao keynesianismo. Seus adeptos mais

destacados são Friedrich Hayek e Milton Friedman. Os políticos e os economistas que seguem

esse modelo ressaltam a necessidade da abertura da economia e a eliminação de barreiras aos

investimentos estrangeiros diretos. Por essas características apontadas, pode-se dizer que se

trata do:

A) Neoliberalismo.

B) Neo-keynesianismo.

C) Mercantilismo.

D) Novo pensamento marxista-leninista.

E) Protecionismo econômico.

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119 GEOGRAFIA ECONÔMICA

QUESTÃO 05

(Adaptado de Araçatuba, 2000) A entidade que tem como principal função a regula-

mentação do comércio internacional é:

A) OMC.

B) OPEP.

C) Clube dos Treze

D) Mercado Comum.

E) Clube dos Sete.

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120 RUBEM TADEU

CONSTRUINDO CONHECIMENTO

INDICAÇÃO

Recomendamos o CD Geografia Divertida, por tratar de assuntos pertinentes a Geo-

grafia de maneira a utilizar a lógica. Este CD contém jogos para auxiliar no aprendizado da

Geografia, envolvendo países, gentílicos, clima, relevo, vegetação etc. Apresenta um conte-

údo diversificado de aspectos pertinente à ciência geográfica, sendo de grande utilidade

para alunos e professores.

Para maiores informações acesse o site www.sogeografia.com.br.

Seguem, abaixo, tópicos constantes no CD:

• Qual é o País? – Identifique as bandeiras dos países.

• Montando o Brasil – Monte o mapa do Brasil, posicionando cada estado no local a-

dequado.

• Blocos Econômicos – Aponte os países que pertencem a cada bloco econômico (Mer-

cosul, União Europeia, ALCA...).

• Qual é a Capital? – Teste seus conhecimentos sobre as capitais mundiais.

• Os Gentílicos – Descubra os gentílicos das pessoas de diversos estados e cidades bra-

sileiras.

• Pontos Turísticos – Indique a localização de pontos turísticos nacionais e internacio-

nais.

• Clima Brasileiro – Relacione cada tipo de clima com a sua descrição.

• Agentes Modeladores do Relevo – Arraste o nome dos agentes modeladores de acor-

do com as informações exibidas.

• O Ciclo das Rochas – Posicione corretamente os nomes dos processos de formação

das rochas.

• Vegetação Brasileira – Relacione cada tipo de vegetação com sua descrição.

• Os Idiomas – Indique os idiomas falados em diversos países.

• Qual é a População? – Tente adivinhar a população de diversos países.

• Populoso ou Povoado? – Identifique os países populosos e os povoados.

• Coordenadas Geográficas – Arraste os pontos até as coordenadas correspondentes

no mapa.

• Hinos Nacionais – Escute os hinos e tente identificar seus respectivos países.

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121 GEOGRAFIA ECONÔMICA

2.2 TEMA 4. EM PROCESSO DE MUDANÇA

2.2.1 CONTEÚDO 1. A DINÂMICA DA MUDANÇA DOS PROCESSOS ECONÔMICOS

Tem por objetivo analisar a dinâmica das mudanças dos processos econômicos e as suas

características.

1. Estados Unidos como Primeira Potência Mundial

Os Estados Unidos se tornou o país mais rico do mundo depois da Primeira Guerra

Mundial. Uma aparência de riqueza generalizada tomou conta da população norte-americana,

que pensava em desfrutar condições de vida melhores que a de outros povos. Os capitais das

pessoas influentes participavam em investimentos em todos os países do planeta. A euforia

dos anos 20 era incontrolável para os americanos e essa década ficou conhecida como os Lou-

cos Anos 20. Pois, para quem era maior de idade e pertencia à classe media ou à burguesia, nas

grandes cidades dos Estados Unidos, foram dez anos de uma grande farra. Para começar, fazer

compras virou parque de diversão dos adultos e o ideal dessas famílias era possuir o último

modelo de carro, geladeira, fogão, rádio, aspirador de pó. A indústria não parava de inventar

novos bens de consumo.

Nessa era, defendia-se a ideia de que consumir era um ato de patriotismo, ajudava os Es-

tados Unidos a continuar crescendo. A classe média estava adorando e quase todo o planeta

invejava o american way of life (modo de vida americano).

Para se ter uma ideia, de cada 100 carros que o mundo inteiro produzia 85 eram ameri-

canos. As fábricas americanas, sozinhas, produziam mais que o quíntuplo de automóveis de

todas as outras fábricas do mundo industrial. E isso não ficava somente nos automóveis, os

Estados Unidos eram os maiores produtores mundiais de aço, comida enlatada, carvão, petró-

leo, rádio, e quase tudo que se possa imaginar.

A indústria cinematográfica surgiu naquela época, ajudando a difundir o estilo de vida

americano em todo o mundo, inclusive no Brasil. Foi nos anos de 1920 que Hollywood, na

Califórnia, ganhou a fama de capital mundial no cinema, e milhares de salas de projeção fo-

ram abertas em várias partes do mundo. Igualmente importante na época foi o crescimento da

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122 RUBEM TADEU

indústria radiofônica e a criação de centenas de estações de rádios nos Estados Unidos, pois,

pela primeira vez na história, pessoas que nunca haviam se visto partilhavam das mesmas ale-

grias e tristezas, ouviam e debatiam os mesmos acontecimentos.

O cinema e o rádio também ajudaram na campanha das mulheres pela conquista do di-

reito ao voto, em agosto de 1920. Depois de décadas de lutas e debates, as mulheres norte a-

mericanas com mais de 21 anos conquistaram o direito de votar e de disputar todos os cargos

eletivos.

Toda essa euforia econômica também se refletia nas manifestações culturais. Foi um pe-

ríodo de grande produção musical em um gênero que ficou mundialmente famoso: o jazz.

Assim como o rap e o hip hop, o jazz é um gênero musical surgido entre a comunidade negra

e pobre dos Estados Unidos e muitas de suas letras eram inspiradas nas experiências sociais

dos seus compositores e intérpretes negros e pobres, que buscavam, na música, canais de ex-

pressão de sua condição humana. No final do século 20, o jazz ainda dividia opiniões. Os gru-

pos mais conservadores da sociedade americana o consideravam uma música indecente, liga-

da a marginais, prostitutas e alcoólatras. Pouco a pouco, no entanto, o jazz encontrou muitos

ouvintes, fazendo sucesso também entre as plateias brancas e ricas.

2. O crack da bolsa: começa a crise mundial

Na quinta-feira “negra”, 24 de outubro de 1929, começou a pior crise econômica da his-

tória do capitalismo. A bomba estourou na “bolsa de valores de Nova Iorque”. De repente as

ações das grandes empresas sofreram uma queda vertiginosa, perdendo quase todo o seu valor

financeiro. Os investidores correram para vender as ações, mas ninguém queria comprar, só

vender. E os valores continuaram despencando.

As empresas foram forçadas a reduzir o ritmo de sua produção. Em função disso, pro-

moveram a demissão em massa de seus funcionários. Terminava o sonho do “American way

of life”. Durante a crise, somaram-se 15 milhões de desempregados. Muitos empresários sim-

plesmente não puderam sobreviver à queda brutal das encomendas, tiveram tantos prejuízos

que não conseguiram pagar as dívidas e foram à falência. Muitos bancos não receberam de

volta o que haviam emprestado, indo à falência também.

O crack (quebra) da bolsa de valores de Nova Iorque era apenas o começo. Naquela é-

poca, a economia mundial já estava bastante interligada. A crise americana fez com que os

Estados Unidos importassem menos de outros países. Estes tinham uma porção de mercado-

rias que, antes, exportavam para os Estados Unidos e, agora, estão encalhadas, também parti-

cipando na roda da crise. Um sintoma da crise mundial foi o fato de, apenas algumas horas

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123 GEOGRAFIA ECONÔMICA

depois da queda da bolsa de Nova Iorque, estourarem também países altamente industrializa-

dos, como Londres, Berlim, Tóquio.

Mas, para ninguém se enganar, a crise realmente começou em 1929, mas, em 1930, ela

estava pior ainda, e foi piorando a cada ano que passava. Essa terrível crise atravessou a déca-

da inteira, período que ficou conhecido como A GRANDE DEPRESSÃO.

Com a crise de 1929, grande parte do volumoso estoque de café, produzido no Brasil, fi-

cou sem mercado consumidor. Milhares de sacas de café foram queimadas, numa desesperada

atitude para se manter os preços. Tudo em vão. Foi impossível conter o desastre econômico

que abalou a classe cafeicultora brasileira e, por consequência, as próprias estruturas políticas

da República Velha, abrindo caminho para a Revolução de 1930, que levaria Getulio Vargas ao

poder. Entretanto, houve uma exceção à URSS que, isolada e socialista, quase não sofreu com

a crise de 1929, a qual abalou o mundo inteiro.

3. Crise econômica: rumo a um novo modelo de desenvolvimento

A partir de meados dos anos 60, o modo de desenvolvimento fordista entra abertamente

em crise. As alavancas macroeconômicas que asseguraram o crescimento de ouro dos “Trinta

Gloriosos” (trinta anos de crescimento) se revelam fragilizados ou servem até mesmo de obs-

táculo à acumulação capitalista. O fordismo aparece com perda de velocidade, entravado em

seu impulso pela conjunção de uma crise de eficácia e de um esmorecimento de legitimação: a

cadeia de produção peca por “rigidez”, ao passo que a “cadeia” das certezas de um desenvol-

vimento inesgotável é quebrada de maneira patente. A adoção das diversas estratégias pelos

dirigentes capitalistas não logrou impedir nem o agravamento dos problemas estruturais de

lucratividade, nem (no nível macroeconômico) a perda de eficácia do complexo modo de “re-

gulação fordista”. Por isso, o sistema de produção em massa se encontra abalado, desvitalizado

tanto pela crise disciplinar dos métodos taylorianos/fordistas, como pelo espectro da não re-

produtibilidade do “compromisso” fordista rastejante. Se, durante o período do crescimento

da base material do “compromisso”, era assegurado (“a maré montante soerguia os barcos”),

os tempos de crise transformam o compromisso em “confrontação aberta sem compromisso”

(BIHR, 1991).

Adotam-se estratégias de “saída” do fordismo e tendências à experimentação flexível do

trabalho se esboçam para fazer face à escassa produtividade da coerção direta. O capital, tendo

como principal objetivo à restauração do lucro, questiona o “compromisso” da relação salarial

num esforço para tornar concorrencial o conjunto dos componentes da relação salarial fordis-

ta (flexibilidade). Como sublinha R. Boyer, “de um ponto de vista geral o problema – chave,

para as economias capitalistas, é o da restauração das condições de valorização, sem que sejam

solapadas as bases da realização”. Uma vez em que a reprodução da força de trabalho é parte

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124 RUBEM TADEU

integrante e quantitativamente importante do circuito do capital, a relação salarial deveria

tentar “internalizar” o caráter fundamentalmente contraditório desses dois imperativos. Neste

contexto, as estratégias capitalistas de racionalização/flexibilização – comparáveis a uma re-

vanche de classe de alcance histórico – remodelam a totalidade das práticas de socialização

fordista. Daí uma ruptura, “sem dúvida parcial, gradual, menos marcada nos fatos que nos

discursos, mas ruptura, e que nem por isso é menos real e costumada” (BIHR, 1991).

A ruptura na qual o capital aposta sua “salvação” é, antes de tudo, uma modalidade de

aprofundamento das relações capitalistas. A era “eletrônica” da acumulação capitalista não é a

de um lento refluxo da exploração da força de trabalho pelo capital, mas, ao contrário, um

momento histórico singular em que o reexame do “compromisso” da relação salarial fordista e

busca de novas fontes de produtividade se conjugam (pelo jogo de práticas imanentes) com a

complexificação da concorrência intercapitalista e uma nova configuração internacional da

divisão do trabalho com mudanças na composição intersetorial da acumulação, deslocação

das unidades para zonas de baixos salários, tendência a privilegiar unidades de produção me-

nores, em que o processo de trabalho é mais flexível e em que se efetuem economias máximas

nos custos de produção. A hipótese da crise do fordismo, como aprofundamento das relações

capitalistas, é aqui conceituada como destruição dos quadros de reprodução social em vigor,

por meio de um processo de desintegração social cujo triunfo outra coisa não é senão a conso-

lidação de um novo bloco hegemônico de classe alta a classe capitalista, a classe do enquadra-

mento capitalista e largas camadas da pequena burguesia intelectual e técnica. A eclosão e a

recomposição do mundo do trabalho – num contexto socioeconômico em que o campo sis-

temático de integração se encolhe – marcam esse período de “transição” de contornos incer-

tos. Se o regime de acumulação fordista é deslocado (estando o movimento operário, por ora,

incapaz de sair do limiar do “compromisso” fordista), o projeto de um novo modelo de de-

senvolvimento é indefinível e confuso. Como as novas estratégias capitalistas (em suas varia-

ções “liberal-produtivistas” ou “social-produtivistas”, para retomar a distinção proposta por

Alain Lipietz) têm estruturalmente a iniciativa, elas subvertem as relações de produção e os

equilíbrios sociopolíticos ao redistribuir os mapas do poderes. O aumento das “marginaliza-

ções sociais de massa” que acompanham o desdobramento dessas estratégias é um índice a-

propriado para se avaliar o seu impacto sociopolítico.

4. A nova geografia do mundo

Adaptado de Marcos Sawaya Jank, presidente do ICONE, "O Estado de São Paulo" –

01/06/2004 – p. A2.

Em suas viagens, o presidente Lula tem mencionado a necessidade de os países em de-

senvolvimento estabelecerem uma nova Geografia de relações econômicas e comerciais. No

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125 GEOGRAFIA ECONÔMICA

nosso caso, o novo traçado passaria pela integração da América do Sul, pela reaproximação

com a África e a Ásia e pelo fortalecimento das relações com as demais grandes baleias – Chi-

na, Índia e Rússia.

A união comercial dos países em desenvolvimento vem sendo cantada em eloquentes

discursos pelo mundo afora, desde o fim da era colonial. Uma nova tentativa para avançar na

matéria vai ocorrer de 14 a 18 de junho, quando centenas de países e ONGs se encontrarão

aqui, em São Paulo, para a XI Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvol-

vimento (Unctad).

Faz todo o sentido baleias e peixes, de todos os tamanhos, dos mares do Sul se reunirem

com maior frequência, principalmente se tais encontros resultarem na abertura recíproca das

suas economias, cujos benefícios vêm sendo assinalados por centenas de estudos nas últimas

décadas.

O resultado mais provável, no entanto, será os países constatarem mais uma vez que a

nova Geografia comercial do mundo em desenvolvimento tem sido bem mais efetiva no dis-

curso do que na realidade, e que o chamado Terceiro Mundo é muito mais heterogêneo do

que parece aos desavisados. Basta tomar o caso da agricultura: enquanto países como o Brasil

brigam pelo livre comércio, a maioria dos países em desenvolvimento luta para preservar as

suas elevadas proteções comerciais e tornar permanentes as condições preferenciais de acesso

que recebem dos países desenvolvidos. Comércio livre versus comércio preferencial é apenas

uma das áreas de conflito de interesses entre países em desenvolvimento.

A nova Geografia do mundo está longe de ser Sul-Sul, não é Leste-Oeste, marca princi-

pal dos tempos da guerra fria, nem mesmo Norte-Sul, no sentido do velho paradigma das re-

lações de dependência centro-periferia. Ocorre que a globalização está enterrando todas as

formas de compartimentalização hemisférica, continental ou mesmo sub-regional do mundo.

Ou seja, a Geografia Econômica tende a ignorar as geografias física e humana. Por exemplo,

novos acordos bilaterais do tipo Japão-México e Chile-China contradizem a lógica das fron-

teiras físicas. O outsourcing de contadores, engenheiros e call centers na Índia redesenha o

mapa do trabalho.

A China e a Índia ganharam destaque do novo mapa econômico-comercial, principal-

mente porque milhões de consumidores potenciais estão deixando a autossuficiência primiti-

va e a pobreza absoluta nesses países. Na base da revolução dos dois gigantes, que somam um

terço da população mundial, se encontra a combinação de reformas institucionais profundas

com um lento e seguro movimento de abertura e integração comercial ao exterior. Vários ou-

tros países do Sudeste Asiático ocupam posições centrais no novo mapa comercial porque

souberam implementar reformas institucionais profundas e equilibrar os fundamentos ma-

croeconômicos. Alguns deles se destacam também por suas políticas horizontais de investi-

mento em educação, saúde e infraestrutura.

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126 RUBEM TADEU

Na última década, o Brasil certamente avançou no rumo correto e Lula tem conseguido

manter o rumo da nau, mas ainda falta percorrer um bom pedaço do caminho. Continuare-

mos inseridos no mapa se o governo mantiver o equilíbrio das contas públicas e não obstruir

o movimento de capitais, se soubermos manter a estabilidade das regras do jogo, se conse-

guirmos completar projetos inacabados, como a reforma tributária e a consolidação do Mer-

cosul, e se não fecharmos opções de integração como a Alca e o acordo com a União Europeia.

Tenho tido o privilégio de vivenciar de perto um período extraordinário da história do

agronegócio brasileiro, que hoje desperta enorme interesse, curiosidade e respeito em todos os

cantos do planeta. Explodimos no mapa do agronegócio mundial simplesmente porque per-

mitimos que as nossas vantagens comparativas seculares se transformassem em renda, comér-

cio e eficiência.

Abrimos a economia e reduzimos a intervenção do Estado no setor. Investimos em pes-

quisa e tecnologia tropical e, apesar dos percalços, conseguimos avançar na infraestrutura de

suporte e no respeito aos contratos e direitos de propriedade, ainda que estas duas últimas

áreas estejam agora se deteriorando a olhos vistos. A respeitabilidade internacional do agro-

negócio nasceu com os índices de crescimento contínuo da produção e produtividade e ga-

nhou maturidade com as investidas recentes da política comercial brasileira nos contenciosos

do algodão e do açúcar e na liderança inconteste do Brasil no G-20 – o grupo de países em

desenvolvimento que se formou nas negociações agrícolas da Rodada de Doha da Organiza-

ção Mundial do Comércio (OMC). Graças à agricultura, deixamos de ser um país eminente-

mente defensivo na arena mundial, que buscava apenas preservar as suas políticas protecionis-

tas, e passamos a ocupar uma posição central e ofensiva como demandantes de um comércio

mais livre e justo.

Em suma, o Brasil fará parte da nova Geografia do mundo se souber fazer a economia

crescer com eficiência, equidade e sustentabilidade. Se conseguir aumentar os fluxos de expor-

tações, importações e turistas, atrair investimentos, exportar as suas marcas e empresas e mu-

dar as percepções negativas sobre o País que ainda persistem no exterior. A nova Geografia

comercial não é mais aquela derivada das chagas da era colonial, das teorias conspiratórias

sobre a perversidade do grande capital, de discursos terceiro-mundistas vazios e de patriota-

das desnecessárias. Ela é, sim, traçada por países que estão buscando criar novas oportunida-

des de integração comercial, que completam reformas institucionais profundas e conseguem

manter as regras do jogo, mostrando resultados concretos em termos de estabilidade, cresci-

mento econômico e atração de investimentos produtivos. A nova Geografia do mundo é de-

terminada, acima de tudo, pela eficiência econômica.

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127 GEOGRAFIA ECONÔMICA

5. Os grandes desafios econômicos do mundo atual6

Aos avanços decorrentes dos processos de radicalização ideológica e de reassimilação

Leste-Oeste contrapõem-se, porém, novos desafios. A nova ordem geopolítica mundial resul-

tante das grandes mudanças do final da década de 80 e início da de 90 traz, entre outros, dois

desafios de alta relevância:

A transposição do modelo bipolar, fundamentado em radicalizações ideológicas, para o

modelo multipolar, centrado na capacidade de competição no campo econômico. A consoli-

dação dos processos de integração econômica e política e a dilatação das novas esferas ma-

crorregionais de coprosperidade. As questões globais para o futuro dizem respeito a pelo me-

nos quatro grandes desafios.

O primeiro é a consolidação da nova ordem geopolítica, que emergiu da desradicaliza-

ção político-ideológica e da reassimilação Leste-Oeste. O segundo é a universalização do de-

senvolvimento: um desafio que implica o rompimento dos círculos viciosos do retardamento

econômico há muito tempo instalados em grande número de países pobres. O terceiro é con-

ciliar a expansão da competitividade das empresas, que implica tecnologia avançada de pro-

dução e de gestão e estruturas organizacionais enxutas, com a expansão das oportunidades de

emprego para fator trabalho. E a quarta é a sustentação do crescimento econômico, em face

das exigências globais de preservação do meio ambiente. Estas quatro questões podem ser

sintetizadas em uma só: a conciliação de desempenho econômico satisfatório sem liberdade

políticas amplas.

O primeiro grande desafio tem estreitas relações com a consolidação da nova tendência

político – ideológica centrípeta – o que implica a superação de confrontações ancoradas em

radicalismos. Desde o pós-guerra até a metade dos anos 80, o mundo ficou dividido entre du-

as ideologias antagônicas. O modelo era bipolar, fundamentado em realizações políticas Ago-

ra, consolida-se uma ordem geopolítica multipolar, centrada na capacidade de competição de

grandes blocos no campo econômico. A consolidação dos processos de integração econômica,

que dão suporte a nova ordem geopolítica, e a dilatação das esferas de coprosperidade que

dela decorrem sintetizam esse primeiro desafio.

O segundo é uma espécie de subproduto desta nova ordem: a universalização do desen-

volvimento.

O terceiro grande desafio é também um subproduto da nova ordem geopolítica: concili-

ar a expansão da competitividade das empresas com a expansão das oportunidades de empre-

6 Texto construído com Rosetti (1997).

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128 RUBEM TADEU

gos para o fator trabalho. O outro grande desafio tem a ver lado, a expansão da produção; de

outro lado, a preservação ambiental.

2.2.2 CONTEÚDO 2. A FORMAÇÃO DOS BLOCOS ECONÔMICOS7

Tem por objetivo caracterizar, analisar e avaliar a formação e a importância dos blocos

econômicos para a atividade econômica. Para iniciarmos a discussão da mudança da lógica

econômica, é importante compreendermos a transição das economias nacionais para as eco-

nomias em blocos regionais. Vejamos o conceito de bloco econômico.

1. Bloco econômico

Acordo visando à associação e integração de políticas econômicas entre os países de

uma determinada região geográfica ou área de influência, no sentido de ampliação dos mer-

cados e fortalecimento de suas respectivas economias nacionais. A criação de blocos econômi-

cos tem se intensificado com o processo de crescente globalização ou mundialização da eco-

nomia, e suas propostas são de alcance diferenciado, ou seja, alguns blocos econômicos se

limitam a promover políticas de isenção alfandegária sobre os produtos dos países membros,

enquanto outros avançam no sentido de promover uma moeda única e completa integração

dos mercados. Os blocos econômicos mais importantes, por ordem dos respectivos PIBs acu-

mulados, são: APEC – Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacifico, NAFTA –

Acordo de Livre Comercio da América do Norte, UE – União Europeia. Os Estados Unidos da

América do Norte participam dos primeiros.

2. A reorganização da economia mundial

A formação de blocos econômicos não é um fenômeno que surgiu do nada. Principal-

mente após a Segunda Guerra Mundial, muitos organismos multinacionais (entre nações)

vêm sendo articulados, com o objetivo de aumentar os mercados e os laços de cooperação

econômica entre os países membros. Com a economia mundial globalizada, a tendência co-

mercial é a formação de blocos econômicos. Estes são criados com a finalidade de facilitar o

7 Conteúdo construído com Benko (1996).

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129 GEOGRAFIA ECONÔMICA

comércio entre os países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas al-

fandegárias e buscam soluções em comum para problemas comerciais. Em tese, o comércio

entre os países constituintes de um bloco econômico aumenta e gera crescimento econômico

para os países. Geralmente estes blocos são formados por países vizinhos ou que possuam afi-

nidades culturais ou comerciais. Esta é a nova tendência mundial, pois cada vez mais o comér-

cio entre blocos econômicos cresce. Economistas afirmam que ficar de fora de um bloco eco-

nômico é viver isolado do mundo comercial.

3. Os novos blocos comerciais e a crise econômica mundial

Parece haver um pouco de tudo, mas a crise tem sido o fator preponderante, pois a pró-

pria constituição desses blocos tem gerado novas tensões e está longe de ser harmoniosa. Caso

fosse apenas um aperfeiçoamento, qualquer iniciativa seria aplaudida pela comunidade inter-

nacional. Mas não é o que ocorre. Há muito temor de que a situação mundial se agrave e que

muitos saiam perdendo. Vejamos o caso a seguir.

Em agosto de 1992, EUA, Canadá e México assinaram um acordo para a criação de uma

zona norte-americana de livre comércio – o NAFTA. Imediatamente o Japão (e sua área de

influência) e a UE (União Europeia) reagiram, declarando que saúdam o acordo, mas desde

que ele respeite as regras do comércio internacional. Condicionaram seu apoio, pois desconfi-

am que o acordo signifique a construção da “Fortaleza América”, que se fecharia ao comércio

mundial. A expressão “Fortaleza América” é irônica e uma provocação aos EUA, que, cons-

tantemente, manifestam seu temor de que a UE significaria uma “Fortaleza Europa” fechada

ao comércio mundial, tal volume de medidas protecionistas (que protegem os produtores lo-

cais, taxando fortemente os produtos estrangeiros).

Veremos abaixo uma relação dos principais blocos econômicos da atualidade e suas

características.

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130 RUBEM TADEU

3.1. UNIÃO EUROPEIA

(FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW. EXECUTIVO.GUARDA.PT)

A União Europeia (UE) foi oficializada no ano de 1992, através do Tratado de Maastri-

cht. Este bloco é formado pelos seguintes países: Alemanha, França, Reino Unido, Irlanda,

Holanda (Países Baixos), Bélgica, Dinamarca, Itália, Espanha, Portugal, Luxemburgo, Grécia,

Áustria, Finlândia e Suécia. Este bloco possui uma moeda única que é o EURO, um sistema

financeiro e bancário comum. Os cidadãos dos países membros são também cidadãos da Uni-

ão Europeia e, portanto, podem circular e estabelecer residência livremente pelos países da

União Europeia.

A União Europeia também possui políticas trabalhistas, de defesa, de combate ao crime

e de imigração em comum. A UE possui os seguintes órgãos: Comissão Europeia, Parlamento

Europeu e Conselho de Ministros.

União Europeia: a realização de uma perspectiva

Foi na Europa que, concretamente, esses esforços de cooperação regional vingaram. Já

havia algum tempo funcionava o MCE – Mercado Comum Europeu, que preparou a atual UE

– União Europeia. Em 1957 foi firmado o Tratado de Roma, que fecundou a ideia de unifica-

ção europeia no então MCE.

A reconstrução da Europa, após a Segunda Guerra Mundial, passava não apenas pela

organização de um sistema conjunto de defesa, mas exigia alguns laços de cooperação das e-

conomias nacionais. Em 1957, a então Alemanha Ocidental, Bélgica, França, Itália, Luxem-

burgo e Holanda assinaram o Tratado de Roma, criando a CEE – Comunidade Econômica

Europeia – ou MCE – Mercado Comum Europeu. Em 1973, entrariam Dinamarca, Grã-

Bretanha e Irlanda. Em 1981, a Grécia e, em 1986, Portugal e Espanha.

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131 GEOGRAFIA ECONÔMICA

A Europa já vinha de experiências anteriores, como a CECA – Comunidade Europeia

do Carvão e do Aço – criada em 1951 e integrada pela antiga Alemanha Ocidental, França,

Itália e países de outra instituição de cooperação econômica, o Benelux (Bélgica, Holanda e

Luxemburgo).

• Unidade política: Cria a figura do cidadão europeu. Esse cidadão poderá morar e tra-

balhar em qualquer país membro, assim como votar e candidatar-se em eleições municipais

(um grego pode vir a ser prefeito numa cidade italiana, por exemplo) ou ao parlamento euro-

peu;

• União econômica e monetária: Prevê a criação, em várias fases, de uma moeda única e

um Banco Central único. A moeda única será adotada em 1 de janeiro de 1997 – se não hou-

ver problemas de ajustes. De outro modo, será adotada de qualquer modo em 1 de janeiro de

1999;

• Igualdade social: A comunidade compromete-se a diminuir as diferenças nos padrões

de vida dos povos dos países membros, através da canalização de recursos extras para os países

mais pobres;

• Área de interferência: a UE ganha autoridade para atuar em áreas como assuntos ex-

ternos e de segurança, comércio, agricultura e pesca, transporte, meio ambiente, indústria,

pesquisa e desenvolvimento, saúde, justiça, educação, proteção ao consumidor, energia e tu-

rismo.

Os problemas da unificação europeia

A PAC – Política Agrícola Comum – da UE foi concebida inicialmente, em 1962, pelos

seis países que compunham na ocasião a CEE.

Seu objetivo era controlar a produção e os dos produtos agrícolas, tendo em vista cinco

aspectos estratégicos:

1. Aumentar a produtividade;

2. Proporcionar bem-estar aos agricultores;

3. Estabilizar o mercado;

4. Garantir segurança alimentar;

5. Oferecer preços razoáveis para os consumidores.

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132 RUBEM TADEU

Outro problema refere-se à corrida que se faz em direção à UE (migrações, por exem-

plo). Muitos países europeus reivindicam sua participação na UE, pressionando através da

busca de aliados no interior da UE, criando focos de tensão, entre Alemanha e França, entre

Franca e Inglaterra e assim por diante. Não se pode esquecer a já mencionada questão do Les-

te Europeu, que, caso não seja resolvida a contento, pode abalar a unificação.

3.2. NAFTA

Outro organismo poderoso que foi criado é o NAFTA – North American Free Trading

Association – o mercado comum norte-americano.

Fazem parte do Nafta (Acordo de Livre Comércio do Norte) os seguintes países: Estados

Unidos, México e Canadá. Começou a funcionar no início de 1994 e oferece aos países mem-

bros vantagens no acesso aos mercados dos países. Estabeleceu o fim das barreiras alfandegá-

rias, regras comerciais em comum, proteção comercial e padrões e leis financeiras. Não é uma

zona livre de comércio, porém, reduziu tarifas de aproximadamente 20 mil produtos.

3.3. MERCOSUL

O Mercosul (Mercado Comum do Sul) foi oficialmente estabelecido em março de 1991.

É formado pelos seguintes países da América do Sul: Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.

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133 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Em 2004, os países chamados andinos como o Chile, Bolívia, Equador, Colômbia e Peru se

associaram ao MERCOSUL. Em 2005, a Venezuela buscou sua adesão ao acordo, mas teve que

cumprir algumas exigências, como adotar a TEC – Tarifa Externa Comum. Esse acordo bene-

ficiou as ligações comerciais e financeiras entre os países parceiros, já que houve implantação

de indústrias filiais em países parceiros e ainda o grande crescimento turístico entre os mes-

mos. O objetivo principal do Mercosul é eliminar as barreiras comerciais entre os países, au-

mentando o comércio entre eles. Outro objetivo é estabelecer tarifa zero entre os países e num

futuro próximo, uma moeda única.

O Brasil e o Mercosul

Conforme foi dito anteriormente, o Mercosul deve ser compreendido como parte de

uma estratégia mais ampla de abertura comercial e de reinserção regional no cenário econô-

mico internacional. Os anos 80 foram inaugurados na América Latina sob o impacto da crise

da dívida externa, o aceleramento de processos inflacionários, a crise dos estados autoritários

e o aprofundamento das desigualdades sociais. O processo de globalização, o acirramento da

competitividade comercial e o temor da marginalização econômica estão entre os fatores que

motivaram as elites dirigentes latino-americanas, no decorrer dos anos 80, a impulsionar pro-

cessos de reestruturação econômica e liberalização.

No caso do Brasil, o processo de abertura comercial somente vai ganhar impulso no fi-

nal dos anos 80, ainda na administração do presidente José Sarney, e acelera-se definitivamen-

te durante a experiência de "neoliberalismo delirante" de Fernando Collor de Mello. O atual

governo do presidente Fernando Henrique Cardoso mantém o ritmo da abertura. De acordo

com a análise de um importante ator no período, negociador brasileiro no GATT e ex-

ministro da Fazenda, embaixador Rubens Ricupero, os objetivos mais imediatos da abertura

comercial poderiam ser resumidos nos seguintes aspectos:

a) Submeter a economia brasileira a um ‘choque de competitividade’, levando nossas

empresas a buscar formas mais eficientes de produção – em benefício, inclusive, de sua capa-

cidade de exportação;

b) Facilitar a importação de bens e de tecnologias essenciais para a modernização do

parque industrial;

c) Introduzir maior grau de competição em setores oligopolizados da economia brasilei-

ra, em benefício dos consumidores (sic) e, também, como fator de contribuição aos esforços

de controle da inflação.

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134 RUBEM TADEU

Festejado no Brasil como um dos maiores sucessos da diplomacia econômica do país –

que, sem nenhuma dúvida, exerceu um papel de liderança na promoção da proposta – o Mer-

cosul corresponde, portanto, a uma estratégia mais geral de reestruturação da economia brasi-

leira. Da mesma forma, os seus efeitos em termos de incremento do volume do comércio entre

os países membros é bastante significativo.

Para o Brasil, em particular, o impacto do Mercosul pode ser avaliado pelo incremento

das nossas exportações durante o período chamado de transição. Por exemplo, as exportações

brasileiras para a Argentina, o Uruguai e o Paraguai elevaram-se de US$1,3 bilhões, em 1990,

para US$5,9 bilhões,em 1994, representando um acréscimo da ordem de 350%. No mesmo

período, as exportações totais do Brasil cresceram em apenas 38,5%.

Devemos ressaltar, no entanto, que a estabilização da economia brasileira e a valorização

do Real, a partir de julho de 1994, provocaram uma importante mudança na balança comerci-

al brasileira. Ou seja, até meados de 1994, o Brasil vinha acumulando superávits significativos

com os demais países do Mercosul, chegando a US$ 2 bilhões em 1993. Este quadro é reverti-

do com o Plano Real. Somente com a Argentina, durante o primeiro semestre de 1995, o Bra-

sil acumulou um déficit comercial de US$ 900 milhões.

Finalmente, o Mercosul integra um processo mais amplo na América do Sul que foi o

aceleramento dos processos de integração econômica a partir da década de 80. Esta tendência

se expressou, por um lado, pelo aumento do volume de comércio intrarregional; e, por outro

lado, pela proliferação de acordos bilaterais e sub-regionais.

3.4. PACTO ANDINO

Outro bloco econômico da América do Sul é formado por Bolívia, Colômbia, Equador,

Peru e Venezuela. Foi criado no ano de 1969 para integrar economicamente os países mem-

bros. As relações comerciais entre os países membros chegam a valores importantes, embora

os Estados Unidos seja o principal parceiro econômico do bloco.

3.5. APEC

A APEC (Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) foi criada em

1993 na Conferência de Seattle (Estados Unidos). Integram este bloco econômico os seguintes

países: EUA, Japão, China, Formosa (Taiwan), Coreia do Sul, Hong Kong, Cingapura, Malá-

sia, Tailândia, Indonésia, Brunei, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Ca-

nadá, México, Tigres Asiáticos, Chile e países da ASEAN. Somadas a produção industrial de

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135 GEOGRAFIA ECONÔMICA

todos os países, chega-se a metade de toda produção mundial. Quando estiver em pleno fun-

cionamento, será o maior bloco econômico do mundo.

3.6. Outros Blocos

• CEAO (Comunidade Econômica da África Ocidental), formada por Benin, Costa do

Marfim, Mali, Mauritânia, Níger, Senegal e Burkina Faso;

• ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), cujos membros são: Cingapura,

Filipinas, Indonésia, Malásia e Tailândia;

• AELC (Associação Europeia de Livre Comércio), que reúne Áustria, Finlândia, Islân-

dia, Noruega, Suécia e Suíça;

• ALADI (Associação Latino – Americana de Desenvolvimento e Intercâmbio), cujos

membros são Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru,

Uruguai e Venezuela.

(FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.GUIADICAS.NET)

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136 RUBEM TADEU

2.2.3 CONTEÚDO 3. GLOBALIZAÇÃO: AS REDES TÉCNICAS E A FLUIDEZ8

Tem por objetivo analisar, caracterizar e avaliar a importância das redes técnicas para a

atividade econômica através dos seus usos e aplicações.

O território do planeta está passando por um processo de reorganização geográfica, ca-

pitaneado pelas redes técnicas (computadores, fios elétricos etc.). Como o Brasil está no plane-

ta, o mesmo participa do processo de reorganização do território.

A implantação das redes técnicas no território brasileiro faz parte da estrutura que co-

manda a globalização, o avanço tecnológico e a ciência. Este conjunto de intervenções físicas

(próteses) no território, integrando-o ao mundo e entre si (o território brasileiro), pelas suas

dimensões continentais.

A instalação desta rede técnica acompanhou o processo histórico vivido no Brasil e no

planeta. Assim, foi se instalando, no Brasil, um conjunto de condições para que o país come-

çasse a fazer parte deste projeto de globalização. Só que os interesses deste conjunto de equi-

pamentos estão na condução das grandes corporações (transnacionais) a fim de garantir

grandes lucros em países em desenvolvimento, que podem oferecer condições favoráveis de

investimento em bolsas de valores e em outras transações financeiras internacionais.

Assim, pretendemos analisar a influência e importância destas redes na formação do

território brasileiro na atualidade.

As redes são formadas por traços, instalados em diversos momentos, diferentemente da-

tados, muitos dos quais já não estão presentes na configuração atual e cuja substituição no

território também se deu em momentos diversos. Podemos, grosso modo, admitir, pelo me-

nos, três momentos na produção e na vida das redes. Um largo período pré-mecânico, um

período mecânico intermediário e a fase atual.

Se compararmos as redes do passado com as atuais, a grande distinção entre elas é a res-

pectiva parcela de espontaneidade na elaboração respectiva. Quanto mais avança a civilização

material, mais se impõe o caráter deliberado na constituição de redes. Com os recentes pro-

gressos da ciência e da tecnologia e com as novas possibilidades abertas à informação, a mon-

tagem das redes supõe uma antevisão das funções que poderão exercer e isso tanto inclui a sua

forma material como as suas regras de gestão.

Vamos ver como estas redes se implantaram no Brasil.

8 Conteúdo construído com: SANTOS, 1996; SANTOS; SILVEIRA, 2001.

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137 GEOGRAFIA ECONÔMICA

Nos últimos decênios, o território conhece grandes mudanças em função de acréscimos

técnicos que renovam a sua materialidade, como resultado e condição, ao mesmo tempo, dos

processos econômicos e sociais em curso. Destacamos, aqui, as infraestruturas de irrigação e

as barragens, os portos e aeroportos, as ferrovias, rodovias e hidrovias, as instalações ligadas à

energia elétrica, refinarias e dutos, as bases materiais das telecomunicações, além de semoven-

tes e insumos ao solo.

2. Construções, irrigações e barragens

Em meados do século XX, as transformações na escala de produção agrícola e a impor-

tância de estocá-la, à espera da comunicação, levaram à necessidade de construir depósitos,

paióis e silos no campo. Desde cedo, o Sul incorpora técnicas a uma agricultura que, desse

modo, já não era inteiramente dependente dos fatores climáticos e naturais. A construção de

barragens tem possibilitado o aumento de terras irrigadas. No Nordeste, representavam

24,08% em 1996 do total nacional e eram somente 14,6% em 1970, ano em que a Bahia e o

Ceará já contavam juntos com 34.493 hectares beneficiados, o que significa 65,4% das terras

irrigadas do Nordeste. Paralelamente aos progressos da biotecnologia, à função da Embrapa e

a todo um leque de manifestações da mecanização, da informatização e da quimização, as téc-

nicas de regadio tiveram papel fundamental na transformação de áreas quase desérticas em

zonas de agricultura de exportação, marcadas, sobretudo, pela presença da soja. É o caso da

região Centro-Oeste (com 1,8% das terras irrigadas do país em 1970 e 8,35% em 1996) e dos

cerrados baianos nas décadas de 1970 a 1980 (em 1996, a Bahia representava 6,71% do total

nacional das terras irrigadas).

Quanto à construção de barragens, dois programas têm sido as suas bases organizacio-

nais, desde os albores do século XX. Trata-se da açudagem pública do Departamento Nacional

de Obras de Contenção da Seca e da Açudagem em cooperação com agentes privados.

3. Aeroportos e portos

Foi a partir da década de 1970 e, ainda mais, nos anos 80 que se construíram novos ae-

roportos, como os internacionais de Guarulhos, em São Paulo, e Tancredo Neves, em Belo

Horizonte. O critério de classificação da Infraero leva em consideração a infraestrutura física

(medidas de pistas, dos pátios e dos terminais de passageiros e de carga), a chamada infraes-

trutura operacional (Instrument Landing System – ILS –, Sistema Informativo de Uso – SIU –

e emergência médica) e a estrutura administrativa. Conforme esses critérios, a região Sudeste

possui os dois únicos aeroportos especiais, Guarulhos, em São Paulo, e Galeão, no Rio de Ja-

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138 RUBEM TADEU

neiro, e, além desses, a maior concentração de aeroportos da hierarquia consecutiva, os aero-

portos internacionais Tancredo Neves e Viracopos e o aeroporto de Congonhas (São Paulo)

(categoria 1), e os aeroportos de Belo Horizonte, Santos Dumont (Rio de Janeiro), Macaé,

Jacarepaguá e São José dos Campos. São as regiões Sul, Nordeste e Norte que possuem o mai-

or número de aeroportos da menor classificação.

4. Ferrovias, rodovias, hidrovias

Com desenhos mais ou menos retilíneos interior-litoral nos Estados nordestinos do Ma-

ranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, algumas

ferrovias se complementam com trechos que, mais ou menos paralelos à costa marítima, u-

nem as cidades-sede de funções portuárias, políticas e econômicas. A exploração e o rápido

escoamento de minérios no Norte e no Nordeste exigiram sistemas de engenharia eficientes

especializados, ligando os portos regionais com a ferrovia do Amapá, construída na década de

1970 e destinada ao transporte de manganês, com a Estrada de Ferro Carajás (889,34 km), em

funcionamento desde 1985, que liga a mina de Carajás, no Pará, ao porto de Itaqui, em São

Luis do Maranhão, e à ferrovia do Aço.

5. Energia elétrica

A difusão da energia elétrica no território nacional leva, num primeiro momento, à

construção de sistemas técnicos independentes, chamados a atender às necessidades locais.

Mais tarde, a ocupação e a urbanização do território, o processo de industrialização, o aperfei-

çoamento das técnicas de geração e transmissão e a organização centralizada do setor em tor-

no da Eletrobrás convergem para interligar boa parte dos sistemas isolados. O primeiro ini-

ciou-se com a Usina Paulo Afonso em 1955, atingindo Salvador, Recife e Fortaleza em 1966.

Em 1981, entra em operação a linha de transmissão que une Sobradinho, Imperatriz, Tucuruí.

O segundo subsistema, mais denso, foi interligado a partir de 1963, com a Usina de Furnas no

Rio Grande e a interconexão do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Verifica-se, assim,

uma expansão das linhas de transmissão no Brasil, passando de 4.513,3 km, em 1955, para

159. 291,6 km no mesmo ano.

6. Refinarias e dutos

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139 GEOGRAFIA ECONÔMICA

A configuração do equipamento petrolífero brasileiro revela claramente, nas suas cama-

das técnicas e nas suas localizações, as especificidades da sua política para o setor. Nas regiões

Sul e Sudeste do país, e com predomínio de localizações litorâneas, as refinarias foram cons-

truídas, em grande parte, para realizar o processamento final de um petróleo que era importa-

do da Venezuela e do Peru, da União Soviética e dos países árabes. Definida durante o gover-

no Vargas, essa política visava diminuir a importação de produtos acabados derivados do

petróleo, num país que praticamente não havia descoberto reservas no seu território. Daí que,

tendo precedido à exploração, as refinarias se localizem longe das áreas, hoje em produção.

No entanto, as refinarias construídas após a década de 1960, uma vez descobertas variam das

jazidas do litoral entre Maranhão e Rio de Janeiro, imitaram o antigo padrão, pois preferiram

a proximidade do core industrial do país. O refinamento antecedeu à exploração.

7. Bases materiais das telecomunicações

A revolução das telecomunicações, iniciada no Brasil dos anos 70, foi um marco no pro-

cesso de rearticulação do território. Novos recortes espaciais, estruturados a partir de forças

centrípetas e centrífugas, decorriam de uma nova ordem, de uma divisão territorial do traba-

lho em processo de realização. Do telégrafo ao telefone e ao telex, do fax e do computador ao

satélite, da fibra óptica à Internet, o desenvolvimento das telecomunicações participou vigoro-

samente do jogo entre separação material das atividades e unificação organizacional dos co-

mandos.

8. Semoventes e insumos ao solo

A difusão pelo campo brasileiro de tratores, arados, grades, semeadeiras, cultivadores,

ceifadores e colhedeiras de tração mecânica, incipiente nos anos 20, vai se tornando generali-

zada nos dias de hoje. Nas primeiras décadas do século XX, a região Sul ostentava as manchas

de um meio técnico, parcialmente espalhado, tanto nos seus acréscimos fixos como nos semo-

ventes. Essa região reunia 59,03% dos tratores e mais de 70% das grades e semeadeiras do país

em 1920, mostrando sua precoce vocação para uma agricultura mecanizada.

9. Geografia da pesquisa e da tecnologia

Há, entretanto, outros fatores que tornam mais complexa essa incorporação de insumos

ao solo. A localização de serviços técnicos, escolas de agronomia, institutos e centros de pes-

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140 RUBEM TADEU

quisa obrigam a reconhecer o papel de um poder público que ora precede, ora acompanha,

sucede ou busca compensar a ação das empresas no território nacional e, assim, participa mais

ou menos ativamente na construção de especializações territoriais. Já nas primeiras décadas

do século XX, havia a preocupação de criar apoios técnicos e institutos de experimentação

agropecuária. Em união indissolúvel com a hierarquia produtiva mundial própria de cada

momento histórico, criam-se no Brasil serviços técnicos para a cultura de algodão (1915), de-

fesa animal (1920), florestal (1921), café (1933) e, a partir dos anos 40, institutos orientados

para o desenvolvimento regional (Amazônia, Centro-Oeste, Bahia, Recife). O mercado mun-

dial demandava com força crescente carne e leite, café, madeira e derivados e insumos para a

indústria têxtil. Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo eram também grandes consumidores de

algodão, pois já vinham desenvolvendo a manufatura têxtil desde o século XIX. Desse modo,

surgem, aqui e ali, embriões do que iria construir, na década de 1970, uma verdadeira rede de

centros de investigação em território brasileiro, sobretudo com a criação da Embrapa, em

1972, sem esquecer organizações anteriores, como o Departamento de Pesquisas e Experimen-

tação Agropecuária (DPEA), com sede no Rio de Janeiro. Mas a criação da Embrapa inicia o

funcionamento de uma estrutura unificadora, que irá desenvolver novos centros e acompa-

nhar as novas exigências de qualidade.

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141 GEOGRAFIA ECONÔMICA

2.2.4 CONTEÚDO 4. O ENSINO-APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA ECONÔMICA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO

Conhecimento geográfico e sua importância social

A Geografia tem por objetivo estudar as relações entre o processo histórico na formação

das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio da leitura do lugar, do terri-

tório, a partir de sua paisagem. Na busca dessa abordagem relacional, trabalha com diferentes

noções espaciais e temporais, bem como com os fenômenos sociais, culturais e naturais carac-

terísticos de cada paisagem, para permitir uma compreensão processual e dinâmica de sua

constituição, para identificar e relacionar aquilo que, na paisagem, representa as heranças das

sucessivas relações no tempo entre a sociedade e a natureza em sua interação.

Nesse sentido, a análise da paisagem deve focar as dinâmicas de suas transformações e

não simplesmente a descrição e o estudo de um mundo aparentemente estático. Isso requer a

compreensão da dinâmica entre os processos sociais, físicos e biológicos inseridos em contex-

tos particulares ou gerais. A preocupação básica é abranger os modos de produzir, de existir e

de perceber os diferentes lugares e territórios como os fenômenos que constituem essas paisa-

gens e interagem com a vida que os anima. Para tanto, é preciso observar, buscar explicações

para aquilo que, em determinado momento, permaneceu ou foi transformado, isto é, os ele-

mentos do passado e do presente que neles convivem.

O espaço, considerado como território e lugar, é historicamente produzido pelo homem

à medida que organiza econômica e socialmente sua sociedade. A percepção espacial de cada

indivíduo ou sociedade é também marcada por laços afetivos e referências socioculturais. Nes-

sa perspectiva, a historicidade enfoca o homem como sujeito produtor desse espaço, um ho-

mem social e cultural, situado além e mediante a perspectiva econômica e política, que im-

prime seus valores no processo de produção de seu espaço.

Assim, o espaço na Geografia deve ser considerado uma totalidade dinâmica em que in-

teragem fatores naturais, sociais, econômicos e políticos. Por ser dinâmica, ela se transforma

ao longo dos tempos históricos e as pessoas redefinem suas formas de viver e de percebê-la.

Pensar sobre essas noções de espaço pressupõe considerar a compreensão subjetiva da

paisagem como lugar, o que significa dizer: a paisagem ganhando significados para aqueles

que a constroem e nela vivem; as percepções que os indivíduos, grupos ou sociedades têm da

paisagem em que se encontram e as relações singulares que com ela estabelecem. As percep-

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142 RUBEM TADEU

ções, as vivências e a memória dos indivíduos e dos grupos sociais são, portanto, elementos

importantes na constituição do saber geográfico.

No que se refere ao ensino fundamental, é importante considerar quais são as categorias

da Geografia mais adequadas para os alunos em relação a essa etapa da escolaridade e às capa-

cidades que se espera que eles desenvolvam. Assim, espaço deve ser o objeto central de estudo,

e as categorias território, região, paisagem e lugar devem ser abordadas como seu desdobra-

mento. A categoria território foi originalmente formulada nos estudos biológicos do final do

século XVIII. Nessa definição inicial, o território é a área de vida em que a espécie desempe-

nha todas as suas funções vitais ao longo do seu desenvolvimento. Portanto, o território é o

domínio que os animais e as plantas têm sobre porções da superfície terrestre.

Mediante estudos comportamentais, Augusto Comte incorporou a categoria de territó-

rio aos estudos da sociedade como categoria fundamental, o que foi absorvido pelas explica-

ções geográficas.

Na concepção ratzeliana de Geografia, esse conceito define-se pela apropriação do espa-

ço, ou seja, o território, para as sociedades humanas, representa uma parcela do espaço identi-

ficada pela posse. É dominado por uma comunidade ou por um Estado. Na geopolítica, o ter-

ritório é o espaço nacional ou a área controlada por um Estado-nacional: é um conceito

político que serve como ponto de partida para explicar muitos fenômenos geográficos relacio-

nados à organização da sociedade e suas interações com as paisagens. O território é uma cate-

goria fundamental quando se estuda a sua conceitualização ligada à formação econômica e

social de uma nação. Nesse sentido, é o trabalho que qualifica o território como produto do

trabalho social.

Além disso, compreender o que é território implica também compreender a complexi-

dade da convivência, nem sempre harmônica, em um mesmo espaço, da diversidade de ten-

dências, ideias, crenças, sistemas de pensamento e tradições de diferentes povos e etnias. É

reconhecer que, apesar de uma convivência comum, múltiplas identidades coexistem e, por

vezes, se influenciam reciprocamente. No caso específico do Brasil, o sentimento de pertinên-

cia ao território nacional envolve a compreensão da diversidade das culturas que aqui convi-

vem e que, mais do que nunca, buscam o reconhecimento de suas especificidades, daquilo que

lhes é próprio.

Para professores de geografia, é fundamental reconhecer a diferenciação entre a catego-

ria território e o conceito de territorialidade. Num primeiro momento, essas duas palavras

podem parecer dizer a mesma coisa. Porém, o território refere-se a um campo específico do

estudo da Geografia. Ele é representado por um sistema de objetos fixos e móveis, como, por

exemplo, o sistema viário urbano representando o fixo e o conjunto dos transportes como os

móveis. Ambos constituem uma unidade indissolúvel, mas que não se confundem. Outro e-

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143 GEOGRAFIA ECONÔMICA

xemplo pode ser a unidade formada pela moradia com a população. No limite mais abstrato, o

da indústria e do fluxo de trabalhadores.

Enquanto a categoria território representa para a Geografia um sistema de objetos, sen-

do básica para a análise geográfica, o conceito de territorialidade representa a condição neces-

sária para a própria existência da sociedade como um todo. Se o território pode ser considera-

do campo específico dos estudos e pesquisas geográficas, a territorialidade poderá também

estar presente em quaisquer outros estudos das demais ciências. Dificilmente poderemos pen-

sar num antropólogo, sociólogo, biólogo ou engenheiro civil, entre outros, que, no seu campo

de estudos, não esteja trabalhando com o conceito de territorialidade.

A categoria território possui relação bastante estreita com a categoria paisagem. Pode

até mesmo ser considerada como o conjunto de paisagens. É algo criado pelos homens, é uma

forma de apropriação da natureza. A categoria paisagem, porém, tem um caráter específico

para a Geografia, distinto daquele utilizado pelo senso comum ou por outros campos do co-

nhecimento. É definida como sendo uma unidade visível do território, que possui identidade

visual, caracterizada por fatores de ordem social, cultural e natural, contendo espaços e tem-

pos distintos; o passado e o presente. A paisagem é o velho no novo e o novo no velho!

Por exemplo, quando se fala da paisagem de uma cidade, dela fazem parte seu relevo, a

orientação dos rios e córregos da região, sobre os quais se implantaram suas vias expressas, o

conjunto de construções humanas, a distribuição de sua população, o registro das tensões,

sucessos e fracassos da história dos indivíduos e grupos que nela se encontram. É nela que

estão expressas as marcas da história de uma sociedade, fazendo assim da paisagem um acú-

mulo de tempos desiguais.

A categoria paisagem, por sua vez, também está relacionada à categoria lugar, tanto na

visão da Geografia Tradicional quanto nas novas abordagens. O sentimento de pertencera um

território e a sua paisagem significa fazer deles o seu lugar de vida e estabelecer uma identida-

de com eles. Nesse contexto, a categoria lugar traduz os espaços com os quais as pessoas têm

vínculos afetivos: uma praça onde se brinca desde criança, a janela de onde se vê a rua, o alto

de uma colina de onde se avista a cidade. O lugar é onde estão as referências pessoais e o sis-

tema de valores que direcionam as diferentes formas de perceber e constituir a paisagem e o

espaço geográfico. É por intermédio dos lugares que se dá a comunicação entre homem e

mundo.

Assim, pode-se compreender por que o espaço, a paisagem, o território e o lugar estão

associados à força da imagem, tão explorada pela mídia. Pela imagem, muitas vezes a mídia se

utiliza da paisagem para inculcar um modelo de mundo. Sendo a Geografia uma ciência que

procura explicar e compreender o mundo por meio de uma leitura crítica a partir da paisa-

gem, ela poderá oferecer grande contribuição para decodificar as imagens manipuladoras que

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144 RUBEM TADEU

a mídia constrói na consciência das pessoas, seja em relação aos valores socioculturais ou a

padrões de comportamentos políticos nacionais.

O estudo de Geografia possibilita aos alunos a compreensão de sua posição no conjunto

das relações da sociedade com a natureza; como e por que suas ações, individuais ou coletivas,

em relação aos valores humanos ou à natureza, têm consequências (tanto para si como para a

sociedade). Permite também que adquiram conhecimentos para compreender as atuais rede-

finições do conceito de nação no mundo em que vivem e perceber a relevância de uma atitude

de solidariedade e de comprometimento com o destino das futuras gerações. Além disso, seus

objetos de estudo e métodos possibilitam que compreendam os avanços na tecnologia, nas

ciências e nas artes como resultantes de trabalho e experiência coletivos da humanidade, de

erros e de acertos nos âmbitos da política e da ciência, por vezes permeados de uma visão uti-

litarista e imediatista do uso da natureza e dos bens econômicos. Para Milton Santos, a Geo-

grafia pode ser entendida como uma filosofia das técnicas.

Desde as primeiras etapas da escolaridade, o ensino da Geografia pode e deve ter como

objetivo mostrar ao aluno que cidadania é também o sentimento de pertencer a uma realidade

em que as relações entre a sociedade e a natureza formam um todo integrado (constantemente

em transformação) do qual ele faz parte e que, portanto, precisa conhecer e do qual se pinta

membro participante, afetivamente ligado, responsável e comprometido historicamente com

os valores humanísticos.

A modernização capitalista e a redefinição nas relações entre o campo e cidade

Este tema sugere a reflexão sobre como as estruturas sociais e as configurações territori-

ais tanto do campo quanto das cidades guardam em si sobrevivências do passado que ainda

estão se reproduzindo nos dias de hoje, e que as transformações geradas pelo capitalismo no

Brasil no processo de transição do modo de produção agroexportador para o urbano-

industrial não garantiram a plena transformação daquelas estruturas e configurações territori-

ais. Fazer os alunos compreenderem que, ao lado de um Brasil agrário com grandes lavouras

monocultoras praticadas com métodos científicos de plantio, trato e colheita, perdura um

Brasil arcaico do latifúndio e do trabalho servil. Esse Brasil arcaico que reproduz outras rela-

ções de produção ainda garante a reprodução da acumulação capitalista. Isso significa dizer

que não se coloca a ideia de um Brasil arcaico que se contrapõe a um Brasil “moderno”, mas

que existe uma reciprocidade dialética entre ambos.

Ao mesmo tempo refletir que, com as lavouras de exportação subsidiadas por grandes

financiamentos que garantem a entrada de divisas para o país, coexistem as pequenas e médias

propriedades, em sua quase totalidade desprovidas de auxílios financeiros, mas que respon-

dem pela maior parte do abastecimento das cidades. Isso significa dizer que, paralelamente à

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145 GEOGRAFIA ECONÔMICA

modernização de muitos segmentos empresariais no campo, continuou se reproduzindo o

drama dos posseiros, parceiros, pequenos proprietários e arrendatários.

Essa modernização significou, também, numa dialética perversa, a expulsão dos traba-

lhadores da terra e o crescimento de uma multidão dos sem-terra e sem-trabalho, visto que

essa modernização trouxe consigo a mecanização e automação do trabalho no campo.

É importante que o professor reflita e critique com seus alunos a crença de que as tecno-

logias importadas e suas consequentes inovações sejam capazes por si só de gerar os impactos

necessários para o desenvolvimento da sociedade brasileira. Fazer com que os alunos perce-

bam que essas tecnologias e seus benefícios se voltaram para os grandes empreendedores do

campo que por sua vez passaram a ter seus interesses atrelados às empresas multinacionais em

sua grande maioria voltadas para produtos de exportação, inclusive para beneficiar os avanços

tecnológicos nos setores secundários e terciários das grandes cidades.

É inegável o reconhecimento de que a grande industrialização e urbanização nas metró-

poles brasileiras sensibilizaram os grandes empresários das cidades para a necessidade de re-

formas no campo. Isso porque o crescimento demográfico nas cidades passou a demandar um

crescimento na oferta de alimentos acompanhada da queda dos preços. Para os empresários

urbanos essas reformas se faziam necessárias, pois a política de contenção salarial para não

acirrar os conflitos junto à classe trabalhadora da cidade dependia de um aumento na eficiên-

cia nesse abastecimento. A presença de várias instituições representativas das classes empresa-

riais, bancos, multinacionais, órgãos de classe, como a Fiesp (Federação das Indústrias do Es-

tado de São Paulo), reivindicando do governo essas reformas, está ligada a essa estratégia de

política salarial. A sala de aula poderá ser um local de críticas e debates. Nesse sentido, acredi-

ta-se que o professor estará sempre aberto, saindo da explicação simplista e maniqueísta

quando estiver debatendo com seus alunos temas sobre os conflitos entre o capital e o traba-

lho.

Fazer com que os alunos compreendam que a modernização capitalista no Brasil, onde o

campo e a cidade foram se inserindo nas novas relações de trabalho, buscando maior eficiên-

cia e produtividade, foram os setores hegemônicos das cidades, aliados aos segmentos empre-

sariais do campo, que passaram a ser os maiores beneficiados. Que essa aliança entre os seto-

res hegemônicos do capitalismo no Brasil por sua vez acabou reproduzindo e acentuando as

contradições no campo e na cidade. Que o crescimento dos segmentos sociais dos sem-terra e

sem-trabalho no campo se associou aos sem-trabalho e sem-teto nas cidades. Ambos tendo

sua origem no processo de concentração do capital e nas inovações tecnológicas importadas

empreendidas pelo processo de modernização. Uma modernização que veio se acentuando

muito mais para responder aos interesses do grande capital nacional e multinacional com seus

centros de gestão e de interesses nas grandes metrópoles comprometidas com os setores he-

gemônicos do capitalismo. Que, por mais que a modernização ocorra em alguns setores em-

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146 RUBEM TADEU

presariais do campo, será sem dúvida ao secundário e terciário de ponta nesse período técni-

co-científico que os grandes investimentos serão destinados, aumentando provavelmente o

número de excluídos do campo e das cidades.

Sugerem-se os seguintes itens como parâmetros para trabalhar este tema:

• A entrada das multinacionais no campo e seu papel nas exportações brasileiras;

• Os problemas enfrentados atualmente pelos pequenos e médios produtores do campo;

• O abastecimento das cidades e o papel do pequeno e médio produtor do campo;

• A mecanização, a automação, a concentração de propriedade e o problema dos sem-

terra;

• Os sem-teto nas metrópoles e suas relações com processo de modernização capitalista;

• As metrópoles como centro de gestão das inovações tecnológicas e gestão do capital e

suas repercussões no campo;

• Modernização e desemprego no campo e na cidade;

• A importância da reforma agrária como solução para os grandes problemas sociais do

campo e da cidade no Brasil.

O papel do Estado e das classes sociais e a sociedade urbano-industrial brasileira. Uma

breve análise das transformações históricas pelas quais vêm passando as relações entre o Esta-

do e as classes sociais no Brasil permitirá ao professor e a seus alunos tomarem como referên-

cia as seguintes conclusões.

Tanto no período colonial como no império as consolidações das oligarquias agrárias

representaram o centro do poder. Primeiramente as oligarquias da cana-de-açúcar no Nordes-

te, posteriormente a do café no Sudeste, chegando até os anos da Velha República.

A fragilidade e a pouca expressividade de uma classe média urbana e o predomínio das

relações servis de trabalho no campo garantiam às oligarquias uma plena manipulação da or-

ganização política voltada para seus interesses. Para que o aluno possa compreender e explicar

as mudanças que ocorreram no poder político do Estado é necessário analisar as mudanças

que ocorreram no processo de industrialização e urbanização do país.

Com o processo de industrialização e urbanização que se verificou a partir dos anos 30,

em várias capitais do Brasil, e o consequente surgimento de uma burguesia e um proletariado

industrial, o cenário político mudou. Essas novas classes sociais passaram a se organizar e con-

testar a hegemonia das oligarquias rurais no poder. Porém, foi somente a partir dos anos 50,

quando o crescimento econômico brasileiro, fundamentado num processo de forte industria-

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147 GEOGRAFIA ECONÔMICA

lização e urbanização das metrópoles aliado aos capitais multinacionais que ocorreu a ruptura

entre a sociedade agroexportadora que se havia implantado até então, para dar lugar à nova

sociedade urbano-industrial. Isso, porém, não significou o alijamento do poder das antigas

oligarquias, mas a composição de novas alianças entre os representantes do poder no campo

com os da cidade. O professor, quando tratar das mudanças, pode considerar que, de uma

forma ou outra, a sociedade acaba reproduzindo antigas relações e que estas guardam quase

sempre alguma relação com as situações anteriores.

As conquistas das classes trabalhadoras desde a implantação da República sempre tive-

ram de enfrentar as alianças realizadas no interior das classes dominantes. O direito ao voto, à

organização sindical, continuou a ter de enfrentar, no campo e na cidade, as manipulações que

se faziam para barrar as transformações mais profundas das estruturas sociais em benefício da

classe trabalhadora.

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148 RUBEM TADEU

MAPA CONCEITUAL

Dinâmica das mudanças dos proces-

sos econômicos

Estados Unidos: primeira

potência mundial

Crise da superprodução de

1929

Novo modelo de desenvol-

vimento

Nova ordem mundial: Paí-

ses do Norte X

Países do Sul

Formação dos blocos eco-

nômicos

Redes técnicas e fluidez Melhora da infraestrutura

Utilização de tecnologia de ponta

Modernização capitalista

Novas relações entre campo

e cidade

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149 GEOGRAFIA ECONÔMICA

ESTUDO DE CASO

“... o ensino da geografia desenvolve o senso do tempo e ajuda a compreender a noção

da evolução. Relevo, solos, gêneros de vida, modos de ocupação do solo, correntes de comér-

cio, potência das nações, tudo evolui e cada capítulo de um curso de geografia consigna esta

constante transformação, indicando-lhe simultaneamente os fatores e as consequências. Esse

aspecto da geografia, portanto, ressalta que o ensino bem feito dá aos jovens o senso da reali-

dade e ao mesmo tempo o da evolução. Pode ajudá-los a se compenetrarem de sua posição

exata na curva do tempo; de herdeiros do pas¬sado e germes do futuro. Resultado esse obtido

não por meio de frases e discursos que os jovens não escutariam ou de que pouco se lembrari-

am, mas por fatos exatos cuja lição aparece automaticamente. Tanto mais que os alunos estão

numa idade em que fazem questão de ser modernos e realistas” (Fonte:

http://www.geocritica.com.br/texto09.htm).

Observando o texto acima, explicite a sua opinião (mínimo de dez linhas) sobre a im-

portância do ensino da geografia econômica das series finais do ensino fundamental e médio,

justificando.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

QUESTÃO 01

(SEDUC, 2002) Considerando que o Brasil é um país de dimensões continentais que se

limita com quase todos os países da América do Sul, é correto afirmar que:

A) Os países sul-americanos são os maiores parceiros comerciais do Brasil.

B) A presença de barreiras naturais tais como, os Andes, a floresta amazônica e a pre-

sença de grandes rios dificultam o intercâmbio comercial entre o Brasil e os demais países da

América do Sul.

C) A maior valorização dos produtos sul americanos pela Europa, faz com que tais paí-

ses prefiram comercializar com os países europeus.

D) A relação de dependência do Brasil e dos demais países sul americanos, os aproxima

mais dos Estados Unidos e da Europa, com quem realizam a parte mais significativa do seu

comércio exterior.

E) Por ter uma produção muito semelhante à produção brasileira, a Argentina é um dos

países da América do Sul de menor relacionamento comercial com o Brasil.

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150 RUBEM TADEU

QUESTÃO 02

(Adaptado de SEDUC, 2002) No que diz respeito às questões emergentes na nova or-

dem mundial da economia globalizada, analise as afirmativas:

I. As questões étnico-nacionalistas ganharam força em todo o mundo, explodindo em

vários movimentos separatistas.

II. Acirramento da Guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética.

III. Revalorização das questões culturas, que eram ignoradas no mundo bipolar.

IV. O narcotráfico ganhou tamanha proporção que se tornou um problema internacio-

nal.

V. A ecologia passou a ser um dos principais temas de debate e as minorias excluídas

passaram a reivindicar seus direitos com mais força.

Com base em seus conhecimentos, quais as afirmativas corretas?

A) I, II e V. C) III, IV e V. E) I, II, IV e V

B) I, III, IV e V. D) II, III e IV.

QUESTÃO 03

(Adaptado de Parauapebas, 2006) Para alguns, o Mercado Comum do Sul

(MERCOSUL) é uma decisão essencialmente política que se realiza a partir de apoio a deci-

sões de caráter econômico. Já a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) tem proposta

fundamentalmente econômica, que seus proponentes originais tentam implementar de forma

política. Com relação à temática dos blocos econômicos, julgue os itens subsequentes e mar-

que V para os verdadeiros e F para os falsos.

( ) A ALCA é o nome proposto para a expansão do Acordo de Livre Comércio da Amé-

rica do Norte (NAFTA) para todos os países das Américas, incluindo Cuba.

( ) A formação de blocos econômicos regionais foi a estratégia encontrada pelos estados

para manter os mercados globalizados, garantindo a livre circulação de mercadorias entre

países vizinhos ou próximos.

( ) O MERCOSUL é um processo de integração entre Brasil, Argentina, Chile, Paraguai

e Uruguai, criado a partir da assinatura do Tratado de Assunção, em 26/3/1991.

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151 GEOGRAFIA ECONÔMICA

( ) O MERCOSUL surgiu cumprindo, antes de tudo, um exercício de convergência de

interesses entre países que, grosso modo, possuem semelhante patamar de desenvolvimento

econômico e social, independentemente das diferenças de tamanho entre eles.

( ) Um dos problemas considerados na ALCA é o fato de tentar nivelar economias e so-

ciedades com históricos problemas sociais e econômicos distintos.

Qual a sequência correta?

A) FVFVV

B) FVVFV

C) FVVFV

D) VFVFF

E) VFFFF

QUESTÃO 04

(SEDUC, 2002) Assinale com V ou com F conforme as alternativas sejam respectiva-

mente verdadeiras ou falsas em relação à atividade industrial.

( ) A transformação da sociedade em urbana e industrial teve início na Inglaterra

em meados do séc.XVIII, com a revolução industrial.

( ) A primeira indústria a se desenvolver foi a indústria metalúrgica, com a expansão

das ferrovias e a utilização do minério de ferro abundante no território britânico.

( ) O mundo vive hoje uma nova revolução industrial, a revolução técnico-científica,

cuja base é a informática, a eletrônica e a biotecnologia.

( ) A indústria de bens de consumo é aquela que produz bens duradouros que são utili-

zados por outras indústrias, tais como insumos, máquinas e equipamentos.

A sequência correta é:

A) F V F V

B) V F F V

C) F V V V

D) V F V F

E) V V V F

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152 RUBEM TADEU

QUESTÃO 05

(São Paulo, 2007)

Estudos de campo realizados no Vale do Paraíba, entre as duas grandes metrópoles na-

cionais, bem como nas suas ramificações no Sul de Minas, mostraram que existem bolsões de

trabalho especializado e qualificado formados por formas pretéritas de industrialização que

fornecem mão de obra e base técnica para as novas fábricas do segmento eletro-eletrônico e

mecânico que estão se implantando recentemente na região (Fonte: Adaptado de: CASTRO,

Iná Elias de et al. Geografia: conceitos e temas, 2005).

O processo descrito no texto ocorre:

A) pelo papel desempenhado pelo Estado em seus vários níveis, do nacional ao local,

dentre outros fatores.

B) unicamente pela atuação das forças de mercado, isto é, a união entre a produção e o

consumo.

C) pela política deliberada de dispersar os tecnopolos pelas áreas fornecedoras de maté-

rias-primas especiais.

D) pela conjugação da precariedade das leis ambientais e a pequena articulação sindical.

E) como possibilidade de reforçar o rápido crescimento da megalópole, ainda em estado

incipiente.

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153 GEOGRAFIA ECONÔMICA

CONSTRUINDO CONHECIMENTO

Recebe o nome de Geógrafo o profissional que estuda a geografia.

Os geógrafos não apenas investigam os aspectos físico-sociais da Terra como também

as razões destes aspectos e as possíveis consequências para o ambiente.

O Geógrafo no Brasil é o profissional que concluiu o Bacharelado em Geografia, le-

galmente habilitado através da Lei 6664/79, e obtém seu registro no CREA – Conselho Re-

gional de Engenharia e Arquitetura – de seu estado.

A distinção profissional entre um Geógrafo e um Professor de Geografia é que o Geó-

grafo possui habilitação para emissão de pareceres técnicos, desde que regularmente asso-

ciado ao CREA, assim como para a elaboração de EIA/RIMA (estudo prévio de impacto

ambiental e relatório de impacto ambiental), podendo também prestar concursos públicos

para quadros estatais que precisem de bacharelados.

O professor de Geografia é o profissional que tem titulação de Licenciado em Geogra-

fia, podendo exercer legalmente exclusivamente as funções de docência, do 6º ano ao 9º

ano do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Para lecionar no Ensino Superior, tanto para o bacharel quanto para o licenciado, o

requisito é um curso de mestrado, não essencialmente na área de Geografia, mas nas áreas

afins.

No dia 29 de maio é comemorado o dia do geógrafo.

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154 RUBEM TADEU

GLOSSÁRIO

ÁFRICA SUB-SAHARIANA (OU SUBSAARIANA) – Corresponde à região do continente africano ao sul do Deserto do Saara, ou seja, aos países que não fazem parte do Norte da Áfri-ca. A palavra sub-sahariana deriva da convenção geográfica eurocentrista, segundo a qual o Norte estaria acima e o Sul abaixo (daí o prefixo latino sub).

AGRICULTURA COMERCIAL – É destinada a venda, portanto quem define a produção é o mercado consumidor. Atividade agrícola praticada em larga escala de produção, dirigida para o abastecimento dos grandes mercados consumidores, nacionais e internacionais.

AGRICULTURA COLETIVISTA – Organizada segundo as necessidades sociais do país onde é praticada, não se volta para o mercado externo, a procura de lucros. (ex: kibutzim em Israel, fazendas estatais com trabalho comunitário, elevados níveis de integração social e finalidade de defesa militar).

AGRICULTURA ESPECULATIVA – Organizada para a exportação, não se relaciona com os interesses da economia e da sociedade local (ex: a plantation).

AGRICULTURA MODERNA – Encontra-se presente principalmente nos paises desenvolvi-dos e possui as seguintes características: utilização intensiva de maquinas agrícola, como tra-tores, semeadeiras, colheitadeiras; uso de técnicas de cultivo, com proteção ao solo e à lavoura; uso intensivo de adubos, fertilizantes, corretivos e defensivos agrícolas; adoção, em larga esca-la, por parte dos agricultores, de cooperativas agrícolas; construção, em larga escala, de silos, câmeras frigoríficas e outros meios de armazenagem da produção; apresentação de uma rede de transporte estruturada, permitindo rápido acesso entre as áreas de produção e de consumo; utilização da pesquisa agronômica com o objetivo de aperfeiçoamento genético das espécies.

AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA – A produção destina-se ao consumo do próprio pro-dutor. Atividade agrícola praticada em pequena escala de produção. Características principais: pequena propriedade, técnicas rudimentares, baixa produtividade, mão de obra familiar e consumo local.

AGROINDÚSTRIA – Indústria instalada em áreas rurais onde são processados cereais, frutas, madeiras, álcool, açúcar etc., provenientes dos cultivos da área. Exemplo: agroindústria açuca-reira do Nordeste brasileiro.

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155 GEOGRAFIA ECONÔMICA

ARTESANATO – Estágio em que o produtor (artesão) executava sozinho todas as fases da produção e até mesmo a comercialização do produto. Não havia divisão do trabalho nem o emprego de máquinas, somente de ferramentas simples (até o século XVII).

BIOTECNOLOGIA – Toda aplicação tecnológica que utiliza sistemas biológicos e organismos vivos ou seus derivados para a criação ou modificação de produtos ou processos para usos específicos.

CLASSES SOCIAIS – Genericamente, o termo refere-se às diferentes posições em que se en-contram as pessoas dentro de uma estrutura socioeconômica. Segundo o próprio povo classi-fica, de acordo com a sua percepção, há “os bens de vida” (aqueles “ricos mesmo”), os “reme-diados”, os “pobres mesmo” os “de cima” (a classe “alta”), os de baixo (a classe “baixa”).

COMÉRCIO – Parte do setor terciário da economia (setor de serviços) que engloba as empre-sas cuja principal atividade consiste em comprar e vender.

CONCENTRAÇÃO DE RENDA – Nível de apropriação da renda nacional pela minoria mais rica, que fica com a maior parte da renda, ficando a maioria mais pobre com baixa participa-ção na renda. O Brasil é um país que apresenta grande concentração de renda, tendo, na atua-lidade, uma das piores distribuições de renda do mundo.

CRESCIMENTO VEGETATIVO DA POPULAÇÃO – É a diferença entre os nascimentos e os óbitos, ou seja, entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade, geralmente ele é expresso em porcentagem. O crescimento vegetativo pode ser:

• Positivo: Quando o número de nascimentos é maior que o de mortes.

• Negativo: Quando o número de nascimentos é menor que o de mortes.

• Nulo: Quando o número de nascimentos é igual ao de mortes.

DESTILAÇÃO – Separação mediante o aquecimento e sucessiva condensação dos vapores que compõem um líquido e de volatilidade diferente.

GUERRA FRIA – Nações digladiam-se através de corrida armamentista e tecnológica, espio-nagem ou guerras por procuração (dar suporte armamentista a outro país para fins de enfren-tamento), sempre evitando o conflito direto, uma vez que este desencadearia uma situação sobre a qual ambas não teriam controle. Ex.: Estados Unidos da América X União das Repú-blicas Socialistas Soviéticas.

HIDROCARBONETO – Composto formado apenas por átomos de carbono e hidrogênio.

HINTERLÂNDIA – Território localizado no interior, atrás de uma costa marítima ou de um rio.

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156 RUBEM TADEU

INDUSTRIALIZAÇÃO – Processo de construção da capacidade de um país de processar, a-través de suas indústrias, matérias-primas e de manufaturar bens para consumo ou elaboração adicional.

MAIS-VALIA – Conceito desenvolvido por Karl Marx (1818-1883), em seus estudos de Eco-nomia Política (especialmente em sua obra O Capital), retomando concepções sobre a teoria do valor de Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823). Marx afirma que o valor de troca (o valor de mercado) das mercadorias é determinado pela quantidade (tempo) de trabalho socialmente necessário para sua produção e que esse valor é apenas parcialmente repassado aos trabalhadores que as produziram, em forma de salário; o valor excedente, o so-bre valor criado pelo trabalho.

MALHA FERROVIÁRIA – Conjunto de ferrovias que se entrelaçam em um determinado espaço, estado, ou país.

MANUFATURA – A manufatura corresponde ao estágio intermediário entre o artesanato e a maquinofatura. Nesse estágio já ocorria a divisão do trabalho (cada operário realizava uma tarefa ou parte da produção), mas a produção ainda dependia fundamentalmente do trabalho manual, embora já houvesse o emprego de máquinas simples. Esse estágio corresponde à fase inicial do capitalismo (1620-1750).

MAQUINOFATURA – É o estágio atual, iniciado com a Revolução Industrial. Podendo ser caracterizado pelo emprego maciço de máquinas e fontes de energia modernas (carvão mine-ral, petróleo etc.), produção em larga escala, grande divisão e especialização do trabalho (1750 até hoje).

MATÉRIA-PRIMA – Substância bruta principal e essencial com que se faz alguma coisa.

METRÓPOLES – São cidades com densidade demográfica superior a um milhão de habitan-tes. Exemplo: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte.

MODO DE PRODUÇÃO – Conceito marxista que trata da forma como os homens organi-zam a produção e reprodução dos bens necessários à sua existência em dada sociedade e con-ceito histórico, a partir das condições materiais herdadas das gerações anteriores.

MONOPÓLIO – Tráfico, exploração, posse, direito ou privilégio exclusivos.

MULTINACIONAIS – Também conhecidas como transnacionais, são empresas que possuem matriz num país e possuem atuação em diversos países. São grandes empresas que instalam filiais em outros países em busca de mercado consumidor, energia, matéria-prima e mão de obra baratas.

OLIGARQUIA – Regime político em que o poder é exercido por um pequeno grupo de pes-soas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família. (Derivação: por extensão de sentido): preponderância de um pequeno grupo no poder, especialmente para praticar corrupção e go-vernar em interesse próprio.

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157 GEOGRAFIA ECONÔMICA

OLIGOPÓLIO – Situação de mercado em que a oferta é controlada por um pequeno número de grandes empresas.

OPEP – Organização dos países produtores de petróleo. Instituída em 1960, com sede em Vi-ena, Áustria. Responsável pela coordenação e unificação da política da comercialização do petróleo, tendo como países membros a Argélia, Abu Dhabi, Arábia Saudita, Bahrein, Equa-dor, Gabão, Indonésia, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Qatar e Venezuela.

PARQUE INDUSTRIAL OU PARQUE EMPRESARIAL – É um espaço territorial no qual se agrupam uma série de atividades industriais ou empresariais que podem ou não estar relacio-nadas entre si.

PEA – População Economicamente Ativa. Parte da população formada por pessoas com mais de 10 anos de idade que exerçam um trabalho remunerado.

PER CAPITA – Per capita é uma expressão latina que significa Por cabeça; Para cada indiví-duo. Portanto, renda per capita significa renda por pessoa; e consumo de energia per capta refere-se ao consumo por pessoa.

PIB – Produto Interno Bruto. O total de bens e serviços gerados por uma região, estado ou país no período de 1 ano, calculando a preços deflacionados e convertidos em dólares ameri-canos como padrão de comparação. Não considerar, ao contrário do PNB, os rendimentos de capital, como juros, recebidos da balança de pagamento com o exterior. Quando se desconta do PIB o cálculo de depreciação de instalações e bens de produção, obtêm-se o produto inter-no líquido que serve de base para o cálculo da renda nacional, adotada como um dos indica-dores do grau de desenvolvimento socioeconômico de uma região, estado ou país, assim como serve de base para cálculo da renda percapita.

PNB – Produto Nacional Bruto. Total de bens e serviços gerado em todo o território de uma nação no período de 1 ano, calculando a preços deflacionados (é descontada a inflação) e con-vertido em dólares americanos como padrão de comparação. Inclui nos cálculos os rendimen-tos de capital, como os juros, recebidos da balança de pagamentos com o exterior.

RECURSOS TÉCNICOS – Conjunto de meios utilizados para resolução de problemas e/ou desenvolver, melhorar ou proceder ao processo de produção, industrialização, extração ou desenvolvimento de tarefas com maior capacidade de resposta produtiva e de qualidade.

REPÚBLICA VELHA – Foi o período da história do Brasil que se estendeu da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até a Revolução de 1930 que levou Getulio Vargas ao poder, e que depôs o 13º e último presidente da República Velha Washington Luís.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – Por Revolução Industrial podemos entender as profundas transformações resultantes do progresso da técnica aplicada à indústria, ou seja, a passagem de uma sociedade rural e artesanal para uma sociedade urbana e industrial. Com o seu desen-volvimento, a indústria se expande da Inglaterra, estabelecendo-se em outros países europeus, como Alemanha, Bélgica, França e, mais tarde para outras áreas fora da Europa Ocidental como Japão, Estados Unidos, Rússia etc.

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158 RUBEM TADEU

SETOR QUATERNÁRIO – É citado recentemente para referisse às atividades profissionais vinculadas à Revolução Tecno-Científica.

SINERGIA – Associação simultânea de vários fatores que contribuem para uma ação coorde-nada.

SUPORTE – Conjunto de elementos entre os quais se estabelecem relações e operações que lhes dão as características de grupo, ou de anel, ou de domínio.

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159 GEOGRAFIA ECONÔMICA

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