01. LÍNGUA PORTUGUESA - CAIXA.pdf

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LÍNGUA PORTUGUESA SUMÁRIO 1. ORTOGRAFIA OFICIAL ............................................................................................................... 02 Uso de por que, porque, por quê e porquê.......................................................................................... 03 Hífen.................................................................................................................................................... 04 Acentuação tônica .............................................................................................................................. 05 Acentuação gráfica ............................................................................................................................. 05 Abreviaturas e siglas........................................................................................................................... 06 Forma e grafia de algumas palavras e expressões ........................................................................... 07 2. MORFOLOGIA ............................................................................................................................... 10 Emprego das Classes de palavras ..................................................................................................... 10 Diferenciação morfológica de palavras .............................................................................................. 37 3. SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO ...................................................................................... 41 Frase, oração e período ...................................................................................................................... 41 Termos da oração ............................................................................................................................... 41 Período composto................................................................................................................................ 44 Orações reduzidas ............................................................................................................................. 48 Funções sintáticas dos pronomes relativos ....................................................................................... 50 4. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL ..................................................................................... 51 5. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL ................................................................................................ 56 6. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE .......................................................................... 63 7. PONTUAÇÃO ................................................................................................................................. 66 8. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ................................................................ 74 9. TIPOLOGIA TEXTUAL (COERÊNCIA E COESÃO) ...................................................................... 92 10. REDAÇÃO OFICIAL .................................................................................................................. 100 11. REDAÇÃO .................................................................................................................................. 125 12. PROVAS CESGRANRIO ............................................................................................................ 155

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUMÁRIO

1. ORTOGRAFIA OFICIAL ............................................................................................................... 02Uso de por que, porque, por quê e porquê.......................................................................................... 03Hífen.................................................................................................................................................... 04Acentuação tônica .............................................................................................................................. 05Acentuação gráfi ca ............................................................................................................................. 05Abreviaturas e siglas........................................................................................................................... 06Forma e grafi a de algumas palavras e expressões ........................................................................... 07

2. MORFOLOGIA ............................................................................................................................... 10Emprego das Classes de palavras ..................................................................................................... 10Diferenciação morfológica de palavras .............................................................................................. 37

3. SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO ...................................................................................... 41Frase, oração e período ...................................................................................................................... 41Termos da oração ............................................................................................................................... 41Período composto................................................................................................................................ 44Orações reduzidas ............................................................................................................................. 48Funções sintáticas dos pronomes relativos ....................................................................................... 50

4. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL ..................................................................................... 51

5. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL ................................................................................................ 56

6. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE .......................................................................... 63

7. PONTUAÇÃO ................................................................................................................................. 66

8. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ................................................................ 74

9. TIPOLOGIA TEXTUAL (COERÊNCIA E COESÃO) ...................................................................... 92

10. REDAÇÃO OFICIAL .................................................................................................................. 100

11. REDAÇÃO .................................................................................................................................. 125

12. PROVAS CESGRANRIO ............................................................................................................ 155

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Língua Portuguesa

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Ortografi a é a parte da gramática que determina como as palavras devem ser escritas, segundo os padrões da língua culta. Embora poucas orientações sejam realmente efi cien-tes para escrever de modo correto os vocábulos, há três procedimentos que, em conjunto, podem diminuir as difi cul-dades relativas à ortografi a: • conhecer as orientações ortográfi cas que serão expostasa seguir;• consultar, sempre que necessário, o dicionário;• memorizar a grafi a das palavras.

SINAIS DIACRÍTICOS OU NOTAÇÕES LÉXICAS

Todos os sinais gráfi cos utilizados na escrita são chamados sinais diacríticos ou notações léxicas. São estes:

1) acento agudo (´);

Indica que a vogal tem som aberto (relé) ou apenas que a sílaba é tônica (refém);

2) acento circunfl exo (^);

Indica que a vogal tem timbre fechado (quilômetro, ocorrência);

3) acento grave (`);

Indica, hoje, apenas a ocorrência da crase, ou seja, a fusão de dois aa (à, àquele, àquilo);

4) til (~);

Indica a nasalação de vogais ou de ditongos (hortelã, cãibra). Pode aparecer numa palavra que já tenha acento agudo: órfã;

5) cedilha (ç);Indica som sê, quando usada com a letra c, antes de a, o, u: faça, faço, Iguaçu;

6) apóstrofo (‘) Indica supressão de letra (copo d’água);

7) hífen (-)

Indica variadas funções no português contemporâneo, entre as quais: separa sílabas e elementos de compostos, liga pronomes oblíquos enclíticos, etc..

EMPREGO DE LETRAS

ESCREVE-SE COM S E NÃO COM C/Ç As palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais em: nd, rg, rt, pel, corr e sent.

Ex.: pretender - pretensão / expandir - expansão / ascen-der - ascensão / inverter - inversão / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir - diversão / compelir - compulsão / repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / sentir - sensação / consentir – consensual.

ESCREVE-SE COM S E NÃO COM Z

Os sufi xos: ês, esa, esia, e isa quando o radical é substan-tivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos. Ex.: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, prin-cesa, etc..

Os sufi xos gregos: ase, ese, ise e ose. Ex.: catequese, metamorfose.

As formas verbais pôr e querer. Ex.: pôs, pus, quisera, quis, quiseste.

Nomes derivados de verbos com radicais terminados em d. Ex.: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empre-sa / difundir - difusão.

Os diminutivos cujos radicais terminam com s. Ex.: Luís - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho.

Após ditongos. Ex.: coisa, pausa, pouso.

Verbos derivados de nomes cujo radical termina com s. Ex.: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.

ESCREVE-SE COM SS E NÃO COM C OU Ç

Nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem em: gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou meter. Ex.: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer - compromisso / submeter – submissão.

Quando o prefi xo termina com vogal que se junta com a palavra iniciada por s.Ex.: a + simétrico - assimétrico / re + surgir - ressurgir.

O pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Ex.: fi casse, falasse.

11 ORTOGRORTOGRAFAFIA OFICIALIA OFICIAL

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ESCREVE-SE COM C OU Ç E NÃO COM S OU SS

Os vocábulos de origem árabe: Ex.: cetim, açucena, açúcar.

Os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica. Ex.: cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.

Os sufi xos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu. Ex.: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.

Nomes derivados do verbo ter. Ex.: abster - abstenção / deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção.

Após ditongos. Ex.: foice, coice, traição.

Palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r). Ex.: marte - marciano / infrator - infração / absorto – ab-sorção.

ESCREVE-SE COM Z E NÃO COM S

Os sufi xos ez e eza das palavras derivadas de adjetivo. Ex.: macio - maciez / rico - riqueza.

Os sufi xos izar (desde que o radical da palavra de origem não termine com s). Ex.: fi nal - fi nalizar / concreto - concretizar.

Como consoante de ligação se o radical não terminar com s. Ex.: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal.

ESCREVE-SE COM G E NÃO COM J

Palavras de origem grega ou árabe. Ex.: tigela, girafa, gesso.

Estrangeirismo, cuja letra G é originária. Ex.: sargento, gim.

As terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou-cas exceções).Ex.: imagem, vertigem, penugem, bege, foge.

OBSERVAÇÃO: Exceção: pajem.

As terminações: ágio, égio, ígio, ógio, úgio. Ex.: sufrágio, sortilégio, litígio, relógio, refúgio.

Os verbos terminados em ger e gir. Ex.: eleger, mugir.

Depois da letra r com poucas exceções. Ex: emergir, surgir.

Depois da letra a, desde que não seja radical terminado com j.

Ex.: ágil, agente.

ESCREVE-SE COM J E NÃO COM G

Palavras de origem latinas. Ex.: jeito, majestade, hoje.

Palavras de origem árabe, africana ou exótica. Ex.: alforje, jiboia, manjerona.

Palavras terminadas com aje. Ex.: laje, ultraje.

ESCREVE-SE COM X E NÃO COM CH

Palavras de origem tupi, africana ou exótica. Ex.: abacaxi, muxoxo, xucro.

Palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J). Ex.: xampu, lagartixa.

Depois de ditongo. Ex.: frouxo, feixe.

Depois de en. Ex.: enxurrada, enxoval.

DIVISÃO SILÁBICA

Sílaba é o fonema ou conjunto de fonemas, pronunciados em uma única expiração, isto é, em uma só emissão da voz. A palavra, dependendo do número de sílabas, pode ser clas-sifi cada em: monossílabas (apenas uma sílaba), dissíla-bas (duas sílabas), trissílabas (três sílabas) e polissílabas (quatro ou mais sílabas).

Regras práticas em relação à divisão silábica:

• Não se separam ditongos e tritongos. Exemplos: mau, a-ve-ri-guei.

• Separam-se as letras que representam os hiatos. Exemplos: sa-í-da, vo-o..

• Separam-se somente os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc. Exemplos: pas-se-a-ta, car-ro, ex-ce-to, cres-cer.

• Separam-se os encontros consonantais pronunciados sepa-radamente. Exemplo: car-ta, trans-por-tar.

• Os elementos mórfi cos das palavras (prefi xos, radicais, su-fi xos), quando incorporados à palavra, obedecem às regras gerais. Exemplos: de-sa-ten-to, bi-sa-vô, tran-sa-tlân-ti-co.

• Consoante não seguida de vogal permanece na sílaba ante-rior. Quando isso ocorrer em início de palavra, a consoante se anexa à sílaba seguinte. Exemplos: ad-je-ti-vo, tungs-tê-nio, psi-có-lo-go, gno-mo...

USO DE POR QUE, PORQUE,POR QUÊ E PORQUÊ

POR QUE

• Em frases interrogativas (diretas e indiretas).Ex: Por que ele sumiu?

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Digam-me por que ele sumiu.• Em substituição à expressão pelo qual (e suas variações), ou seja, como pronome relativo.Ex: As ruas por que passamos eram sujas. (por que = pelas quais).

PORQUEEm frases afi rmativas e respostas como conjunção.Ex: Não fui à festa porque choveu.

POR QUÊ

No fi nal de frases.Ex: Eles estão revoltados por quê? / Ele não veio não sei por quê. / Você reclama de tudo, por quê, meu fi lho?

PORQUÊ

Como substantivo.Ex: Todos sabem o porquê do seu medo. Não aceito os seus falsos porquês.

OBSERVAÇÕES: 1º) Em frases interrogativas, fi ca subtendida a palavra razão logo após a forma por que.2º) A forma porque, em geral, equivale a pois.3º) A forma porquê equivale a palavra mo-tivo.

HÍFEN

As regras colocadas neste tópico estão regidas pelo Novo Acordo Ortográfi co.

USA-SE O HÍFEN:

1. Com mal, quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou l e quando a composição signifi car uma doença em que as palavras não estão ligadas por elementos.Ex.: mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo, mal-francês.2. Para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não apropriadamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.Ex.: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

Em compostos:1. Quando não apresentam elementos de ligação.Ex.: guarda-roupa, arco-íris, boa-fé, vaga-lume, porta-malas, joão-ninguém.*Exceção: palavras que perderam a noção de composição.Ex.: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedista.

2. Adjetivos.Ex.: surdo-mudo, afro-brasileiro, sino-luso-brasileiro.

3. Quando as palavras são iguais ou quase iguais, sem ele-mentos de ligação.Ex.: reco-reco, blá-blá-blá, zigue-zague.

4. Quando entre os elementos há emprego do apóstrofo.Ex.: gota-d’água, pé-d’água.

5. Quando a composição deriva de topônimos (nomes pró-prios de lugares), com ou sem elementos de ligação.

Ex.: Belo Horizonte - belo-horizontino, Porto Alegre - porto-alegrense, Mato Grosso do Sul - mato-grossense, África do Sul - sul-africano.

6. Quando designam espécies de animais e botânicas (nomes de plantas, fl ores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação.Ex.: bem-te-vi, peixe-espada, erva-doce, pimenta-do-reino, cravo-da-índia.

Com prefi xos:1. Ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice, em todas as situações.Ex.: além-mar, aquém-túmulo, ex-aluno, pré-vestibular.

2. Diante de palavra iniciada por h.Ex.: anti-higiênico, co-herdeiro, macro-história.*Exceção: subumano – nesse caso, a palavra humano perde o h.

3. Quando termina por vogal, se o segundo elemento come-çar pela mesma vogal.Ex.: anti-ibérico, contra-almirante, micro-ônibus.

4. Quando termina por consoante, se o segundo elemento começar pela mesma consoante.Ex.: hiper-requintado, inter-racial, super-racista.

5. Sub e sob, diante de palavra iniciada por r.Ex.: sub-região, sub-raça.

6. Circum e pan, diante de palavra iniciada por m, n e vogal.Ex.: circum-navegação, pan-americano.

7. Na formação de palavras com ab, ob e ad, diante de pa-lavras começadas por b, d ou r.Ex.: ad-digital, ad-renal, ob-rogar e ab-rogar.

Com sufi xos:

1.De origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.Ex.: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

NÃO SE USA HÍFEN:

1. Na formação de palavras com não e quase.Ex.: (acordo de) não agressão, (isto é um) quase delito.

2. Com mal, quando signifi ca doença e houver ligação por meio de um elemento.Ex.: mal de lázaro, mal de sete dias.

Em compostos:

1. Quando apresentam elementos de ligação, incluindo os compostos de base oracional.Ex.: pé de moleque, pé de vento, cara de pau, maria vai com as outras, faz de conta, cor de burro quando foge.*Exceções: água-de-colônia, cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.

2. Quando designam espécies botânicas e zoológicas que são empregadas fora de seu sentido original.Ex.: a) bico-de-papagaio (espécie de planta) - bico de papa-gaio (deformação nas vértebras).b) olho-de-boi (espécie de peixe) - olho de boi (espécie de selo postal).

Com prefi xos:

1. Quando terminam em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.Ex.: aeroespacial, antieducativo, autoescola, extraescolar, infraestrutura, plurianual.

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2. Co – aglutina-se em geral com o segundo elemento, mes-mo quando este se inicia por o ou h. Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte começar com r ou s, dobram-se essas letras.Ex.: cooptar, coordenar, coocupante, cooperação, corréu, cosseno, corresponsável.3. Quando termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.Ex.: anteprojeto, autopeça, coprodução, semideus.4. Quando termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, duplicando-se essas letras.

Ex.: antirrábico, contrarregra, minissaia, ultrassom.

5. Quando termina por consoante, se o segundo elemento começar por vogal.

Ex.: hiperacidez, interescolar, superamigo, superinteressante.

6. Quando termina por consoante diferente da consoante com que se inicia o segundo elemento.

Ex.: hipermercado, intermunicipal, superproteção.

7. Pre e re, mesmo diante de palavras iniciadas por e.

Ex.: preexistente, reelaborar, reescrever, reedição.

EXERCÍCIOS 01. Una os elementos de cada item seguinte.a) arqui / milionário: g) contra / senso:b) arqui / secular: h) auto / biografi a:c) anti / social: i) extra / ofi cial:d) anti / tetânico: j) intra / muscular:e) ante / sala: l) neo / latino:f) contra / ponto: m) mal / agradecido:

02. Explique a diferença de signifi cado entre os termos des-tacados nos pares de frases seguintes.a) Patrícia comprou mudas de comigo-ninguém-pode. Irritada, ela se virou e disse: “Comigo ninguém pode”.b) Quem os vê percebe que se trata de um amor perfeito. Deu-me uma muda de amor-perfeito. c) Deu pão duro aos mendigos. Mais uma vez bancou o pão-duro.d) Depois que ele resolveu brigar, a festa transformou-se num deus-nos-acuda. Ele vai voltar? Deus nos acuda!

GABARITO01. a) arquimilionário e) antessala i) extraofi cial b) arquissecular f) contraponto j) intramuscular c) antissocial g) contrassens l) neolatino d) antitetânico h) autobiografi a m) mal-agradecido

02. a) comigo-ninguém-pode: espécie de planta. comigo ninguém pode: expressão de descontenta-mento, irritação.

b) amor perfeito – sentimento irretocável amor-perfeito – a fl or

c) pão duro – substantivo + adjetivo: pão seco, velho pão-duro – avaro, sovina, miserável

d) deus-nos-acuda – confusão, desordem Deus nos acuda – interjeição: socorro!

ACENTUAÇÃO TÔNICANas palavras constituídas por duas ou mais sílabas, em geral, uma delas é pronunciada com mais intensidade (força) que as outras, a ela damos o nome de sílaba tônica. Dependendo da posição da sílaba tônica, as palavras têm uma classifi cação.

• Oxítonas ou agudas - são aquelas cuja a sílaba tônica é a última: você, ruim, café, carcará, jiló, vatapá, alguém, anzol, ninguém, condor.

• Paroxítonas ou graves - são aquelas cuja sílaba tônica é a penúltima: gente, dólar, álbum, planeta, pedra, vírus, ho-mem, caminho, tórax, alto, amável, âmbar, táxi, éter, hífen.

• Proparoxítonas ou esdrúxulas - são aquelas cuja sílaba tônica é a antepenúltima: lágrima, mágico, trânsito, lâmpada, xícara, ótimo, último, médico, Alcântara, fanático.

ACENTUAÇÃO GRÁFICAA acentuação gráfi ca das palavras possibilita que elas sejam lidas (pronunciadas) corretamente. Para melhor compreen-são, as regras serão subdivididas em dois grupos: regras gerais e regras complementares.

REGRAS GERAIS

1º regra > Acentuação das palavras monossílabas tônicas.

Acentuam-se as monossílabas terminadas em: A / AS: chá, gás, má.E / ES: mês, crê, fé. O / OS: pó, dó, nós.

OBSERVAÇÃO: Monossílabas átonas (isto é, que têm pronúncia “fraca”) não rece-bem acento. Exemplos: Ela estava na festa de aniversário, mas não a vi.

2º regra > Acentuação das palavras oxítonas.

Acentuam-se as oxítonas terminadas em:A / AS: guaraná, xarás, sofá.E / ES: você, jacarés, café.O / OS: cipós, bisavô, retrós.EM / ENS: vintém, parabéns, alguém.

3º regra > Acentuação das palavras paroxítonas.

Acentuam-se as paroxítonas terminadas em: I(s), U(s): biquíni, tênis, bônus.L, N, R, X: notável, hífen, fêmur, tórax.UM / UNS, PS: fórum, álbuns, bíceps.Ã(s): órfã, ímã.DITONGO (+s): falência, pônei, órfãos.

OBSERVAÇÃO: os prefi xos (semi-, anti-, super-, inter-) não são acentuados, ou seja, não seguem a regra. Exemplos: su-per-homem, inter-racial, anti-ibérico.

4º regra > Acentuação das palavras proparoxítonas.

Todas as proparoxítonas são acentuadas. Exemplos: típico, médico, máquina, tônica, código, trânsito, tráfego.

REGRAS COMPLEMENTARES

1º regra > Acentuação dos ditongos abertos.Segundo o Novo Acordo Ortográfi co, no seguinte caso, as

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palavras paroxítonas não são acentuadas:Paroxítona em ditongo aberto ei e oi.Ex.: ideia, boia, heroico, Coreia.

Acentuam-se os ditongos abertos das palavras oxítonas ter-minadas em: ÉI (S): anéis, papéis.ÉU (S): troféu, chapéus, véus.ÓI (S): constrói, dói.

OBSERVAÇÃO: lembre-se de que, quando

uma palavra recebe acento, este deve ser co-locado necessariamente na sílaba tônica. As-sim, palavras que apresentam ditongo aberto

em sílabas não tônicas obviamente não são acentuadas. Com-pare: chapéu = é acentuada, pois o ditongo aberto está na sí-laba tônica, mas chapeuzinho não é acentuada, pois o ditongo não está na sílaba tônica que é zi.

2º regra > I e U na 2º vogal do hiato.

O i e o u são acentuados desde que: representem a 2º vogal do hiato (vogal da direita), sejam a única letra da sílaba (ou acompanhadas de s) e não estejam seguidos de nh.Exemplos: miúdo, caído, saúde, saída, país, caída, baú.

3º Regra > verbos dar, crer, ver e derivados.

Segundo o Novo Acordo Ortográfi co, os verbos dar, ter, ler, crer e derivados na 3º pessoa do singular e do plural, e palavras terminadas e: eem e oo(s) não são acentuadas. Exemplo: creem, deem, leem, voos, perdoo, enjoo, veem. Permanecem os acentos que diferenciam os verbos ter e vir. Exemplo: Ele tem dois sapatos. / Eles têm dois sapatos.

4º regra > Acento diferencial.

Segundo o Novo Acordo Ortográfi co, não recebem o acento agudo diferencial os seguintes vocábulos: pára/para; pólo/polo; pêlo/pelo; pêra/pera.Exemplo: Esse coelho tem pelos brancos. Eu comi pera.

OBSERVAÇÃO: O Novo Acordo Ortográfi co não alterou a acentuação dos verbos pôr e pôde.

EXERCÍCIOS01. Assinale a opção em que os vocábulos obedecem à mesma regra de acentuação gráfi ca:a) terás / límpida. b) necessário / verás. c) incêndio / também.d) extraordinário / incêndio.

02. São acentuadas grafi camente pela mesma razão as pala-vras da opção:a) há – até – atrás. b) história – ágeis – você. c) está – até – você.d) ordinário – apólogo – insuportável.

03. São acentuadas por razões diferentes:a) caráter, fênix, provável. b) antipático, páginas, próximo. c) cópias, monetários, intransponíveis.d) há, é, dá, até.

04. Diante da visão de um prédio com uma placa indicando “Sapataria Papalia”, um jovem se deparou com a dúvida: como pronunciar a palavra Papalia?

Levado o problema à sala de aula, a discussão girou em torno da utilidade de conhecer as regras de acentuação e, especialmente, do auxílio que elas podem dar à corrente, pronúncia de palavras.Após discutirem pronúncia, regras de acentuação e escrita, três alunos apresentaram as seguintes conclusões a respeito da palavra Papalia:I. Se a sílaba tônica for o segundo pa, a escrita deveria ser Papália, pois a palavra seria paroxítona terminada em ditongo crescente.II. Se a sílaba tônica for li , a escrita deveria ser papalía, pois i e a estariam formando hiato.III. Se a sílaba tônica for li, a escrita deveria ser Papalia, pois não haveria razão para o uso de acento gráfi co.

A conclusão está CORRETA apenas em:a) I. b) II. c) II. d) Ie I I I .

05. (Unimep) – “Perguntei ..... ele não veio. Ele disse que não veio ...... choveu.”A alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas é:a) porque - porque.b) por que – porque.c) por que – por que.d) por quê – porque.e) porquê – por que.

06. (Fuvest – SP) –Assinale a frase gramaticalmente CORRETA.a) Não sei por que discutimos.b) Ele não veio por que estava doente.c) Mas porque não veio ontem?d) Não respondi porquê não sabia.e) Eis o porque da minha viagem. 07. (Fesp – SP) – Considere as frases:I – O porquê da evasão escolar parece muito claro.II – Por que você não veio?III - você não veio por quê?IV – O motivo porque ele saiu não interessa.V – Irei porque me agrada sua companhia.Marque a alternativa CORRETA:a) Todas corretas.b) Todas corretas, menos a IV.c) I, III e IV.d) II e IV corretas.e) Todas incorretas.

08. .............................., o auxiliar judiciário explicou os mo-tivos ....................... não ............. o negócio.a) ansioso - por que - fez.b) ancioso - porque - fêz.c) ancioso - por que - fêz.d) ansioso - porque - fez.

GABARITO01. d 02. c 03. d 04. d

05. b 06. a 07. b 08. a

ABREVIATURAS E SIGLASNão confunda siglas com abreviaturas. Tanto as siglas quanto as abreviaturas são fi lhas do mesmo processo: a abreviação – que consiste em reduzir o tamanho de palavras ou expressões

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usadas com grande frequência, a fi m de acelerar a escrita.

Em princípio, a distinção entre elas é a seguinte: a abrevia-tura usa um segmento do vocábulo, que é interrompido num determinado ponto, geralmente logo após uma consoante: ap., de “apartamento”, prof., de “professor”, min. de “minuto”, e assim por diante. Há algumas abreviaturas “descontínuas”, mas são a minoria, como dr., que usa a primeira e a última letra do vocábulo; neste caso, o ponto tem a função impor-tantíssima de indicar que estamos diante de uma palavra re-duzida.

Já a sigla é formada pelas letras iniciais das palavras que for-mam uma expressão (às vezes com alguma interpolação de vogal, para melhorar o perfi l fonológico): AIDS, por exemplo, é uma sigla típica, pois suas letras são as iniciais do nome da doença (em Inglês, “acquired immunodefi cience syndrome”). O popular CD também (“compact disc”), assim como CD-ROM (“compact disc reading only memory”), além de DNA, ONU, MEC, FIESP.

Regras para abreviaturas:• possuem ponto abreviativo; • são fl exionadas; • são acentuadas; • mantêm o hífen;• não têm limite de letras.Ex.: V.Sa., V.Sas., pág., linguíst., Ltda., etc..

Regras para siglas;• Não acentue as siglas. • Não use pontos entre as letras nem no fi m. Ex.: ONU (e não O.N.U.).• Quando citar pela primeira vez uma sigla em um texto, ex-plique antes o que ela signifi ca e, em seguida, coloque a si-gla entre parênteses. Nas demais vezes em que ela aparecer, você não vai mais precisar explicar seu signifi cado. Ex.: Im-posto Predial e Territorial Urbano (IPTU).• Todas as letras são escritas em maiúsculas quando a sigla possui até três letras: BC, USP, ONU, OAB, ONG.• As siglas com quatro letras ou mais são escritas com a pri-meira letra em maiúscula quando forem pronunciadas como uma única palavra (e não letra por letra): Unicamp, Eletropau-lo, Masp, Varig, Inmetro.• As siglas com quatro letras ou mais são escritas todas em maiúsculas quando se pronuncia separadamente cada uma de suas letras ou parte delas: CPFL, CNBB, CPMF, ABNT.• Algumas siglas podem ter, ao mesmo tempo, letras maiús-culas e minúsculas: CNPq, UnB, SPTrans.

FORMA E GRAFIA DE ALGUMASPALAVRAS E EXPRESSÕES

• Que/QuêO que você pretende. / Você me pergunta o que vou fazer. / O que posso fazer? / Afi nal, você veio aqui fazer o quê? / Há um quê inexplicável em sua atitude. / Quê! A infl ação voltou?!- Que é pronome, conjunção, advérbio ou partícula expletiva. Não é acentuado por se tratar de monossílabo átono. - Acentua-se o quê, monossílabo tônico no fi nal de frases ou quando equivaler a um substantivo.

• Onde/Aonde Aonde você vai? / Não sei aonde ir. / Aonde querem chegar? / Aonde devo dirigir-me? / Onde você está? / Onde você vai fi car nas próximas férias? / Não sei onde começar a procurar.- Aonde indica ideia de movimento ou aproximação.- Onde indica o lugar em que se está ou em que se passa algum fato.

• Mas/MaisTentou, mas não conseguiu. / Ela assistiu ao fi lme, mas não gostou dele. / É um dos países mais miseráveis. / Ele é o mais elegante dos candidatos.- Mas é conjunçao adversativa, equivalendo a porém, contu-do, entretanto.- Mais é advérbio de intensidade ou pronome indefi nido.

• Mal/MauEra previsível que ele se comportaria mal. / A seleção brasi-leira jogou mal, mas conseguiu vencer. / Mal entrou em casa, o telefone tocou. / A febre amarela é um mal. / O mal não compensa. Não é mau sujeito. / Trata-se de um mau administrador. /Tem um coração mau.- Mau é adjetivo, antônimo de bom. Refere-se, portanto, a substantivo.- Mal pode ser advérbio ou substantivo. Como advérbio, sig-nifi ca “irregularmente”, “erradamente”. Opõe-se a bem. Como substantivo pode signifi car “doença”, “moléstia”, aquilo que é prejudicial ou nocivo. O substantivo “mal” também pode designar um conceito moral, ligado à ideia de maldade. “Mal” também pode ser conjunção subordinativa temporal - sinôni-mo de “assim que”.

• A par/Ao par

Mantenha-me a par de tudo o que acontecer. / O aluno está a par dos acontecimentos. / As moedas fortes mantêm o câm-bio praticamente ao par. / O Brasil já elevou o papel moeda, deixando o real e o dólar quase ao par.- A par tem o sentido de “bem informado”, “ ciente”.- Ao par é uma expressão usada para indicar relação de equi-valência ou igualdade entre valores fi nanceiros (geralmente em operações cambiais).

• Ao encontro de/De encontro a

Ainda bem que sua posição veio ao encontro da minha. / Sua decisão vem ao encontro de meus interesses. / Os gestos do jogador foram de encontro aos princípios morais. / O carro foi de encontro ao muro, derrubando-o.- Ao encontro de indica “ser favorável a”, “aproximar-se de”.- De encontro a indica “oposição, choque, colisão”.

• A/Há

Partiriam dali a duas horas / Viajarão daqui a pouco. / Tais comemorações aconteceram há três anos.- A é preposição. Emprega-se quando não é possível a subs-tituição por faz.- Há emprega-se com o sentido de existir.

• Acerca de/Há cerca de/ A cerca deHaverá uma palestra acerca das consequências das queima-das sobre a temperatura ambiente. / Os primeiros coloniza-dores surgiram há cerca de quinhentos anos./ O prédio fi ca a

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cerca de dois quarteirões daqui.- Acerca de signifi ca “sobre”, “a respeito de”.- Há cerca de indica um período aproximado já transcorrido.- A cerca de é usada quando signifi ca “aproximadamente”.

• Afi m/A fi mSão espíritos afi ns / Tiveram comportamentos afi ns. / Mos-trou-se capaz de inúmeras tarefas a fi m de nos enganar.- Afi m é um adjetivo que signifi ca “igual”, “semelhante”.- A fi m surge na locução a fi m de, que signifca “para” e indica ideia de fi nalidade.

• De mais/DemaisAborreceram-nos demais: Isso nos deixou aborrecidos demais / Estou até bem demais. / Não vejo nada de mais em sua atitude! / Decidiu-se suspender o concurso porque surgiram candidatos de mais. - Demais pode ser advérbio de intensidade, com o sentido de “muito”; aparece intensifi cando verbos, adjetivos ou outros advérbios; pode ser também pronome indefi nido.- De mais opõe-se a de menos. Refere-se sempre a um subs-tantivo ou pronome.

• Senão/Se nãoNão fazia coisa alguma senão criticar. / É bom que ele chegue a tempo, senão não haverá como ajudar. / Se não houver se-riedade, o país não sairá da pobreza.- Senão equivale a “caso contrário” ou “ a não ser”;- Se não surge em orações condicionais. Equivale a caso não.

• Tampouco/ Tão poucoNão canta, tampouco faz poesia. / Estudou tão pouco que nada aprendeu. / Ganhou tão pouco dinheiro que acabou de-sistindo.- Tampouco equivale a “também não”, “nem”; não aceita palavra negativa: nem tampouco, tampouco não, etc..- Tão pouco trata-se do advérbio tão mais o advérbio ou pronome pouco.

EXERCÍCIOS01. Complete as frases seguintes utilizando a forma apropria-da dentre as que são fornecidas entre parênteses.a) Tenho muito o fazer. (que/quê)b) É preciso um de louco para poder fazer isso. (que/quê)c) Estamos rindo sem ter de . (que/quê)d) está meu orgulho? (onde/aonde)e) Irei você quiser que eu vá. (onde/aonde)f) Não gosto muito dela, tenho de admitir que é inteligente do que eu supunha. (mas/mais)g) Comportou-se durante a reunião. Não creio que seja um sujeito, porém. (mal/mau)h) Às vezes, penso que o anda vencendo o bem de goleada neste nosso mundo. (mal/mau)i) humorados de todo o mundo, uni-vos! (mal/mau) j) Deixe-me de tudo o que estiver acontecendo. (a par/ao par)l) Várias pessoas expuseram opiniões que vieram mi-nhas durante o debate, o que muito me animou. (ao encontro de/de encontro a)m) Muitas pessoas têm opiniões que vêm mi-nhas, o que não chega a me desanimar. (ao encontro de/de

encontro a)n) anos não nos vemos. E só poderei reencontrá-lo daqui dois meses! (há/a)o) Dali três meses, eu mudaria de vida. (há/a)p) Nada sei das manifestações que ocorreram no país_______de dois anos. (acerca/há cerca)q) Já que temos ideias deveríamos trabalhar juntos ______de conseguir melhores resultados. (afi m/a fi m)r) Não há nada em gostar de doces. (de mais/demais)s) fi zer alguma coisa, o país escorregará para o caos. E ainda há quem não faça nada________ perseguir privilégios. (se não/senão)

GABARITO01. a. que b. quê c. quê

d. onde e. aonde f. mas/mais

g. mal/mau h. mal i. mal

j. a par l. ao encontro de m. de encontro a

n. há/a o. a p. acerca/ há cerca

q. afi ns/afi m r. de mais/ demais

s. se não/senão

EXERCÍCIOS DE REVISÃO

01. Escolha, entre as alternativas, a que propõe a substitui-ção dos termos ou expressões em destaque, sem que haja alteração do sentido da sentença apresentada abaixo.“Parecia estar prestes a acontecer a desclassifi cação, pois os jogadores demonstraram usar métodos pouco sá-bios na realização dos preparativos fi nais para a partida decisiva.”a) eminente - incípios - concecussão. b) eminente - insipientes - consequência. c) iminente - insipientes - consecução.d) eminente - insípidos - concecussão.

02. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas das frases:1. Ontem houve uma violenta ___________ de caminhões.2. O ladrão foi apanhado em ___________. 3. O artigo ________ na Revista científi ca foi premiado.4. Ponto é a ___________ de duas linhas.5. O aluno perdeu o _________ de ridículo.a) coalizão - fragrante - inserto - intercessão - censo.b) colisão - fl agrante - inserto - interseção - senso. c) coalizão - fl agrante - incerto - intercessão - senso.d) coalisão - fragrante - incerto - interseção - censo.

03. A linguagem científi ca busca fi xar na signifi cação das pa-lavras:a) O signifi cado denotativo.b) O signifi cado polissêmico.c) O signifi cado conotativo.d) O signifi cado fi gurado.e) NDA.

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04. Observando as palavras em maiúsculas, assinale o único item em que não temos um par de termos denotativo/cono-tativo:a) QUEBREI O COPO / O Presidente QUEBROU o protocolo.b) A CHAVE não abriu a porta / Eis a CHAVE do problema.c) Os bandeirantes buscaram OURO / Tinha coração de OURO.d) Os fi lhos não aceitavam a MADRASTRA / A MADRASTRA deles é jovem.e) NDA.

05. Verifi que, com ajuda do dicionário, se algum item apre-senta erro de SINONÍMIA na correspondência de signifi cado da palavra em maiúscula.a) Refutar o argumento: contestar.b) Elucidar a dúvida: esclarecer.c) Eivar de erros: limpar.d) Efusivos cumprimentos: expansivos.e) NDA.

06. Verifi que se ocorre algum ERRO na correspondência en-tre a frase à direita e seu sinônimo numa única palavra à esquerda.a) Que não se pode ler: ilegível.b) Que não tem movimento próprio: inerte.c) Que não tem meios de defesa: inerme.d) Que não tem sabor: insípido.e) NDA.

07. Idem, para:a) Aquele que deixou uma comunidade: egresso.b) Aquele que pode ser eleito: elegível.c) Aquilo que não provoca efeito: inócuo.d) Aquilo que não tem cheiro: insosso.e) NDA.

08. Assinale, se ocorrer, o item em que se errou no sinônimo da palavra à direita.a) Infenso a bebidas: hostil.b) Morrer de inanição: por falta de alimentos.c) Habilidade inata: congênita. d) Trabalho profícuo: proveitoso.e) NDA.

09. Verifi que se houve erro ou não na correspondência entre a palavra em maiúscula à esquerda e seu antônimo à direita. a) Parecer ADVERSO / favorável.b) Palavras VERAZES / falsas.c) Homem TACITURNO / alegre.d) Comportamento EXECRÁVEL / fi rme.e) NDA.

10. Idem, para:a) INCLUIR uma correção / excluir.b) Recursos EXAURÍVEIS / inexauríveis.c) Homem PROBO / ímprobo.d) Clima TÍPICO / atípico.e) NDA.

11. Na frase EMERGIR das águas, o item que indica o antô-nimo da frase é:a) Imergir nas águas.b) Convergir nas águas.c) Insugir-se contra as águas.d) Divergir das águas.

e) NDA.

12. Verifi que se ocorre em alguns dos itens um antônimo da palavra em maiúscula na frase ao lado: Era um orador LOQUAZ.a) Mordaz. d) Insano.b) Voraz. e) N.D.A.c) Calado.

13. ...e cônscio de que a Câmara e o senado... A palavra cônscio se grafa com SC; a alternativa que tem a palavra com sua grafi a INCORRETA porque não deveria ser grafada com essas duas consoantes é:a) suscinta. d) incandescente.b) piscina. e) fl orescer.c) fascismo.

14. ...e na forma de currículo interdisciplinar,...; como se pode ver a palavra interdisciplinar apresenta o grupo con-sonatal SC em sua forma gráfi ca. O item que apresenta erro na grafi a de uma das palavras exatamente pela presença in-devida desse mesmo grupo é:a) piscina - crescimento. d) ascensão - indescente. b) adolescente - descida. e) fl uorescente - consciente. c) suscitar - fascismo.

15. Identifi que o segmento com total adequação ortográfi ca.a) Opções paliativas têm lançado milhões de nordestinos ao exôdo, enxotando-os de seus lares e expulsando-os de seu chão de nascimento.b) A CODEVAST tem atribuído a interrupção de obras à falta de recursos orçamentários, solicitando em tempo hábil, mas não atendidos com imprecindível presteza pelos poderes com-petentes.c) Os recursos destinados ao Nordeste não podem continuar minguando, por conta de uma burocrácia inciente, de admi-nistrações ineptas e de cortes orçamentários indiscriminados.d) O Nordeste brasileiro, fl ajelado por secas cíclicas, ostenta hoje um colossal canteiro de obras inacabadas, abandonadas ou interrompidas.e) Estima-se que quarenta projetos de irrigação estejam para-lizados ou semiparalizados no sertão nordestino.

16. (Administração – BNDES – CESGRANRIO - 2009) • É melhor começar a exercitar a linguagem, _________ o seu relacionamento pode acabar mal.• A pesquisa recentemente realizada pela empresa foi _________ do estresse emocional do trabalhador.Expliquei-lhe as exigências do atual mercado _________ ele se adaptasse melhor.A sequência que completa CORRETAMENTE as frases acima é:a) se não – a cerca – a fi m de que.b) se não – acerca – afi m de que.c) se não – acerca – a fi m de que.d) senão – acerca – a fi m de que.e) senão – a cerca – afi m de que.

GABARITO01. c 02. b 03. a 04. d 05. c 06. e

07. d 08. e 09. d 10. e 11. a 12. c

13. a 14. d 15. a 16. d

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22 MORFOLOGIAMORFOLOGIA

CYBERCAFÉS GARANTEM PRONTA COMUNICAÇÃO

Conectados à rede mundial de computadores, os cyberca-fés se espalham velozmente nos cinco continentes. E têm se transformado num dos maiores aliados dos viajantes. Aeroportos, hotéis, shoppings e até restaurantes entram na onda e passam a reservar espaço para o serviço, que facilita e barateia a vida do turista. Checar e enviar mensagens via correio eletrônico é prática e sai mais em conta do que as chamadas telefônicas internacionais.

O Estado de S. Paulo, 25/11/2003.

Observando as partes que compõem alguns vocábulos, po-demos entender melhor seu signifi cado e a classe gramatical a que pertencem. Veja o caso do substantivo cybercafés, vo-cábulo recém-criado (trata-se de um neologismo), compos-to de elementos oriundos de diferentes línguas (trata-se de um hibridismo): cyber- (do inglês cybernétics, “cibernética”, resultado na forma aportuguesada ciber-) e café (do árabe qahwa, “vinho”, através do turco gahvé, “café”; a partir do século XVIII, emprega-se também para denominar o estabe-lecimento que serve a bebida). Assim, desvendando o sentido das partes, chegamos ao sentido do todo. Devemos obser-var, ainda, uma relação entre os componentes: o elemento de composição cyber- está caracterizando o radical café; po-demos concluir, então, que se trata de um estabelecimento que, além de servir café, oferece a possibilidade de o cliente conectar-se à internet.

No substantivo aeroporto, embora se trate de um vocábulo que já veio formado do francês “aéroport”, encontramos o elemento de composição aero - do grego aero-, “do ar” e o radical porto do latim “portus”. Outro caso de hibridismo, em que temos um caracterizador aero- e um caracterizado porto.

Já em velozmente, temos o adjetivo veloz, radical da palavra, que passa a funcionar como advérbio com o acréscimo do sufi xo –mente, formador de advérbios modais.

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

Elas são agrupadas em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. A seguir, estão listadas as classes: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Ad-vérbio, Preposição, Conjunção, Interjeição.

Para diferenciá-las utilizamos três critérios:

• Morfológico - diz respeito à forma das palavras (morfo- for-ma; logia-estudo) e como elas variam. Ex: menino, menina, meninos, menininho.

•Sintático - é usado para defi nir a função que a palavra exerce na frase; a relação das palavras dentro de uma mesma oração e entre as orações.

•Semântico - defi ne a classe de palavra de acordo com o que ela representa. Ex: caracterizar, nomear, numerar, defi nir.

Para caracterizar uma classe, são necessários dois ou mais critérios para que elas não se confundam. Por exemplo, tan-to substantivos como adjetivos variam em número, gênero e grau. Portanto, somente o critério morfológico não seria sufi ciente para diferenciá-las.

Além do mais, o contexto, muitas vezes, leva uma palavra a assumir uma função morfológica diferente daquela que lhe é inerente. São os casos de derivação imprópria (ver página 11).

Para ilustrar melhor o que foi dito até aqui e o que vem em seguida, o texto abaixo foi selecionado. Dele serão extraídos excertos para ilustrar todas as classes de palavras. Quando um excerto aparecer, junto à defi nição de cada classe, volte ao texto completo e observe bem como as palavras são usa-das no contexto.

NOTA: qualquer estudo que envolva a lín-gua portuguesa deve considerar primordial-mente o contexto, por isso, mesmo que uma frase esteja destacada, para analisá-la é preciso estar atento ao que veio antes e ao que vem depois dela no texto.

O HOMEM NUFernando Sabino

Ao acordar, disse para a mulher:

— Escuta, minha fi lha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.

— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.

— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fi ca quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.

Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao ba-nheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, toca-vam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, fi cou à espera, olhando ansiosamente ao redor.

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Língua Portuguesa

Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:

— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.

Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.

Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!

Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervo-sas o embrulho de pão:

— Maria, por favor! Sou eu!

Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproxi-mavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o ele-vador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lançe de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.

Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.

— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.

E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pelo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu aparta-mento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Ka-fka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!

— Isso é que não. — repetiu, furioso.

Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechan-do os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonha-va. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: “Emergência: parar”. Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.

— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmur-rando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.

Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e ten-tando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:

— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Ima-gine que eu...

A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:

— Valha-me Deus! O padeiro está nu!

E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:

— Tem um homem pelado aqui na porta!

Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:

— É um tarado!

— Olha, que horror!

— Não olha não! Já pra dentro, minha fi lha!

Maria, a esposa do infeliz, abriu fi nalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.

— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.

Não era: era o cobrador da televisão.

SUBSTANTIVODefi nições:

•Semântico - é a classe de palavras que dá nome aos seres, lugares, sentimentos, estados, qualidaddes e ações;

•Morfológico - pode variar em gênero, número e grau;

•Sintático - pode ser precedida por um artigo e exerce princi-palmente as funções sintáticas de sujeito e objeto.

Excerto:“— Escuta, minha fi lha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, es-tou a nenhum.”

CLASSIFICAÇÃO DO SUBSTANTIVO

Comum - é aquele que indica um nome comum a todos os seres da mesma espécie. Exemplos: criança, rio, cidade, estado, país.

Coletivo - Embora no singular, indicam uma multiplicidade de seres da mesma espécie. Exemplos: boiada (de bois), cardume (de peixes), semana (os sete dias).

Próprio - é aquele que particulariza um ser dentro de espécie.Exemplos: João, Tietê, Ceará, Caio, Brasil. Possuem nomes próprios principalmente:- pessoas - estados - rios

- cidades - países - animais domésticos

Concreto - é aquele que indica seres reais ou imaginários, de existência independente de outros seres.Exemplos:- casa (ser real) - bruxa (ser imaginário)- Uruguai (ser real) - saci (ser imaginário)

Abstrato - é aquele que indica seres dependentes de outros seres.Exemplos: ódio, trabalho, solidão, beleza.

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Língua Portuguesa

Portanto, os substantivos que indicam sentimentos, ações, estados e qualidades são abstratos.

FORMAÇÃO DO SUBSTANTIVO

Primitivo - é aquele que dá origem a outras palavras.Exemplos: ferro, pedra, terra, etc..

Derivado - é aquele que se origina, que se forma de outra palavra.Exemplos: -pedreira, pedrada, pedregulho (derivado de pedra).-terreno, terreiro, terráqueo (derivado de terra).

Simples - é aquele formado de apenas um radical. Exemplo: fl or, maçã, couve, banana.

Composto - é aquele formado com mais de um radical.Exemplo: banana-maçã, couve-fl or, girassol, planalto.

FLEXÃO DO SUBSTANTIVO

O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quando sofre fl exão(variação). A palavra garoto, por exemplo, pode sofrer variações para indicar:

- plural – garotos.

- aumentativo – garotão.

- feminino – garota.

- diminutivo – garotinho.

GÊNERO DO SUBSTANTIVO

Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e feminino.• É masculino o substantivo que admite o artigo “o”. Ex.: o aluno.• É feminino o substantivo que admite o artigo “a”. Ex.: a aluna.

SUBSTANTIVO BIFORME - quando o substantivo indica nomes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino e outra para o feminino:- menino (masculino), menina (feminino).- ofi cial, ofi ciala.- gato, gata.- parente, parenta.- peru, perua.- ateu, ateia.- barão, baronesa. - anão, anã.- cidadão, cidadã. - poeta, poetisa.- homem, mulher. - ator, atriz.- cavalheiro, dama.- folião, foliona.

SUBSTANTIVOS UNIFORMES – há nomes de seres vivos que possuem uma só forma para indicar o sexo masculino e o sexo feminino. Classifi cam-se em:

Epicenos – são substantivos de um só gênero que indicam nome de certos animais. Para especifi car o sexo, são utiliza-das as palavras macho ou fêmea:Exemplos:

- crocodilo macho, crocodilo fêmea.

- onça macho, onça fêmea.

- mosca macho, mosca fêmea.

- cobra macho, cobra fêmea.

- borboleta macho, borboleta fêmea.

Sobrecomuns – são substantivos de um só gênero que in-dicam tanto seres do sexo masculino como do sexo femini-no: a criança, o indivíduo, a criatura, a vítima, a testemunha, o cônjuge. A identifi cação do sexo é feita pelo contexto.

Comum de dois gêneros – são substantivos que possuem uma só forma para o masculino e o feminino, mas permitem a variação do gênero por meio de palavras modifi cadoras (artigos, adjetivos, pronomes): champanhe, personagem, avestruz, diabetes, laringe, usucapião, agravante.- o colega, a colega.- um estudante, uma estudante. - meu fã, minha fã.- o pianista, a pianista. - um cliente, uma cliente. - meu artista, minha artista.

Gênero e mudança de signifi cado

Certos substantivos apresentam um signifi cado quando no gênero masculino e outro quando no feminino.

o cabeça (líder, chefe) a cabeça (parte do corpo)

o caixa (funcionário) a caixa (objeto)

o capital (dinheiro) a capital (cidade)

o cisma (separação, dissi-dência)

a cisma (ideia fi xa, preocupação,suspeita)

o grama (unidade de massa) a grama (relva)

o guia (pessoa que orienta) a guia (documento)

o moral (ânimo, brio) a moral (conjunto de valores e regras de comportamento)

o nascente (lugar onde o sol nasce) a nascente (fonte)

o rádio (aparelho, osso, elemento químico) a rádio (emissora)

o violeta (cor) a violeta (fl or)

o lente (professor) a lente (instrumento óptico)

o cura (sacerdote) a cura (ato ou efeito de curar)

Substantivo de gênero dúvidoso

Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas costu-mam trocar.

• Gênero masculino:o aneurisma – o champanha – o clã – o dó - o apêndice – o matiz – o guaraná – o eclipse - o eczema – o formicida – o plasma - o pernoite – o herpes.

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Língua Portuguesa

• Gênero feminino:a alface – a cal – a couve-fl or – a aguardente - a derme – a dinamite – a bacanal - a comichão – a ênfase – a agravante - a cólera.

NÚMERO DO SUBSTANTIVO

O substantivo pode estar no singular ou no plural.Formação do plural• Regra geral: acrescenta-se o s. Ex.: sofá – sofás; herói – heróis.• Substantivos terminados em r, z: acrescenta-se es. Ex.: mar – mares; cruz – cruzes.

• Substantivos terminados em al, el, ol, ul: troca-se o l por is. Ex.: álcool – álcoois; canal – canais; papel – papéis.

• Substantivos terminados em il: os oxítonos: troca-se o il por is; paroxítonos: troca-se il por eis. Ex.: barril – barris; réptil – répteis.

• Substantivos terminados em m: troca-se o m por ns. Ex.: vintém - vinténs; armazém – armazéns.

• Substantivos terminados em s: monossílabos e oxítonos: acrescenta-se es. Ex.: gás – gases; um lápis – dois lápis; ananás - ananases.

• Substantivos terminados em x: fi cam invariáveis. Ex.: o tó-rax – os tórax; um clímax – alguns clímax.

• Substantivos terminados em ão. Há três formas de plural: ãos, ães, ões. A tendência da Língua Portuguesa Brasileira é utilizar-se a forma de plural em – ões. Ex.: ancião – anci-ões – anciães – anciãos; anão – anões – anãos; verão – ve-rões- verãos; cristão – cristãos; cidadão – cidadãos; guardião – guardiões – guardiães.

Plural dos substantivos compostos

1-PRIMEIRO CASO – Substantivo + Substantivo: os dois ele-mentos vão para o plural.Veja exemplos:couve-fl or = couves-fl ores (Substantivo + Substantivo)homem-rã = homens-rãs (Substantivo + Substantivo)No caso acima, todos os termos são substantivos, portanto, todos vão para o plural.

ATENÇÃO: nos casos em que o segundo substantivo indica característica do primei-ro, não é obrigatório passar o segundo ter-mo para o plural.Veja:Comi uma banana-maçã.

Comi duas bananas-maçã. (é correto pluralizar só o primeiro termo)Comi duas bananas-maçãs. (também é correto pluralizar os dois termos)As duas formas do plural estão corretas.

2-SEGUNDO CASO – Dois substantivos ligados por preposi-ção: somente o primeiro termo irá para o plural.Veja os exemplos abaixo:estrada de ferro = estradas de ferro (Subst.+ preposição + Subst.)

pé de moleque = pés de moleque (Subst.+ preposição + Subst.)Nos casos apresentados acima, o fato de os substantivos re-ceberem uma preposição (de) como elo de ligação entre si, permite que apenas o primeiro termo vá para o plural.

3-TERCEIRO CASO – Substantivo + Adjetivo ou Adjetivo + Substantivo: os dois elementos vão para o plural.cartão-postal = cartões-postais (Subst. + Adjetivo)má-língua = más-línguas (Adjetivo + Subst.)No primeiro exemplo, temos o substantivo CARTÃO + o Ad-jetivo POSTAL e, no segundo, temos o Adjetivo MÁ + o subs-tantivo LÍNGUA. Todos vão para o plural.

4- QUARTO CASO – Verbo + Substantivo: somente o segundo elemento irá para o plural.vira-lata = vira-latas (Verbo + Substantivo)beija-fl or = beija-fl ores (Verbo + Substantivo)Sempre que o primeiro termo for um verbo, somente o segun-do passará para o plural.

5- QUINTO CASO – Palavra invariável + Palavra variável (Veja Classes de palavras): só a variável vai para o plural.Veja este exemplo:sempre-viva = sempre-vivas (Invariável + Variável)Nesse caso o substantivo composto é formado pelo Advérbio, (palavra invariável) SEMPRE + o Adjetivo (e, portanto, variá-vel), VIVA. Lembre-se, as palavras invariáveis não fl exionam.

6- SEXTO CASO – Palavras repetidas: apenas o segundo ter-mo vai para o plural.Veja o exemplo:o pula-pula = os pula-pulaso tico-tico = os tico-ticosNas palavras formadas por termos repetidos só o segundo passa para o plural.

7- SÉTIMO CASO – Substantivos compostos formados com o uso da palavra GUARDA: quando a palavra GUARDA for usa-da no sentido verbal, utilizamos a regra descrita no QUARTO CASO desta página. Veja:guarda-roupa = guarda-roupas (verbo+substantivo)guarda-pó = guarda-pós (verbo+substantivo)guarda-chuva = guarda-chuvas (verbo+substantivo)Nesses casos a palavra (guarda) está sendo utilizada como ver-bo, no sentido de guardar algo. Aplicando a regra do quarto caso, temos que, somente o Substantivo passa para o plural.

Nos casos em que a palavra GUARDA é usada no sentido de Substantivo aplicamos a regra do TERCEIRO CASO descrito acima, pois, o segundo termo vira adjetivo do primeiro. Veja:guarda-noturno = guardas-noturnos (Substantivo + Adjetivo)guarda-fl orestal = guardas-fl orestais (Substantivo + Adjetivo)

DICA LEGALGUARDA é substantivo quando se refere a pessoas e profi ssões.GUARDA é adjetivo quando se refere a mó-veis ou objetos.

GRAU DOS SUBSTANTIVOS

Os graus aumentativo e diminutivo dos substantivos podem ser formados por dois processos: sintético e analítico.• aumentativo sintético: rato – ratão; • aumentativo analítico: rato grande;• diminutivo sintético: rato – ratinho;• diminutivo analítico: rato pequeno.

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Língua Portuguesa

EXERCÍCIOS01. A classe gramatical do vocábulo em caixa-alta está COR-RETAMENTE indicada em:a) “... a montar uma BARRAQUINHA...” - adjetivo.b) “... explica QUE a maioria dos ambulantes...” - pronome re-lativo.c) “... VENDA ambulante não é trabalho.” - substantivo.d) “... pagam A comerciantes...” - artigo.e) “... OU sequer convidados...” - preposição.

02. (Administração – BNDES – CESGRANRIO - 2009) Qual vocábulo se fl exiona em número pela mesma justifi cativa que “salva-vidas”?a) Guarda-municipal. b) Beija-fl or.c) Salário-mínimo. d) Segunda-feira.e) Navio-escola.

03. O item que faz o plural como cidadão é:a) charlatão, pão, balão, botão, coração. b) anão, ancião, cristão, corrimão, refrão. c) cirurgião, razão, cão, escrivão, capitão.d) faisão, porão, alemão, capelão, grão.

04. O plural dos substantivos compostos está INCORRETO em:a) malmequeres / girassóis. b) primeiras-damas / couves-fl ores. c) mula-sem-cabeças / vices-diretores.d) pés-de-moleque / cafés-com-leite.

05. Assinale a alternativa em que está INCORRETA a forma plural:a) jovens, varais, azuis, barris, fuzis. b) répteis, meses, pomares, anéis. c) anzóis, funis, projéteis, rapazes.d) açúcars, papels, júniors, fuzíveis.

06. Assinale a alternativa em que todas as palavras têm seu plural com metafonia (passagem de ô a ó) como em fogo-fogos:a) corpos, esforços, portos.b) caroços, bolos, trocos.c) fogos, portos, bolsos.d) cachorros, estojos, globos.

07. A formação do feminino só está ERRADA em:a) cavaleiro – amazona. c) ateu – ateia. b) diácono – diaconisa. d) cavalheiro – cavalheira

GABARITO

01. c 02. b 03. b 04. c

05. d 06. a 07. d

ADJETIVODefi nições:

•Semântico - caracteriza o substantivo, podendo indicar: QUA-LIDADE (delicado, estúpido), ESTADO (confuso, calmo), LU-GAR DE ORIGEM (brasileiro, carioca), MODO DE SER (pessoa simples);

•Morfológico - varia em gênero, número e grau;

•Sintático - pode exercer as funções de adjunto e predicativo.

Excerto:

“Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momen-to o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!”

FORMAÇÃO DO ADJETIVO

Como o substantivo, o adjetivo pode ser:

Primitivo - é aquele que não deriva de outra palavra. Ex.: pequeno, doce.

Derivado - é aquele que deriva de outra palavra (geralmente de substantivos ou verbos). Ex.: preguiçosa (substantivo pre-guiça), amargurado (verbo amargurar).

Simples - é aquele formado de apenas um radical. Ex.: escu-ro, brasileiro.

Composto - é aquele formado com mais de um radical: cas-tanho-claro, luso-brasileiro.

GÊNERO DO ADJETIVO

Quanto ao gênero, os adjetivos podem ser:

Uniformes - possuem apenas uma forma, que se aplica tanto a substantivos masculinos como a substantivos femininos: o moço feliz, a moça feliz; o interesse comum, a causa comum. São uniformes os adjetivos compostos em que o segundo ele-mento é um substantivo. Ex.: casaco amarelo-limão; camisa amarelo-limão; carro verde-garrafa; bicicleta verde-garrafa; papel verde-mar; tinta verde-mar. Também são uniformes: azul-marinho e azul-celeste.

Biformes - possuem duas formas: uma para o masculino e outra para o feminino.Ex.: o menino brincalhão, a menina brincalhona.O gênero da maioria dos adjetivos biformes é formado pelas mesmas regras de fl exão do substantivo. Há, porém, alguns que não seguem essas regras:Ex.: ateu, ateia; plebeu, plebeia; judeu, judia; mau, má.

FORMAÇÃO DO FEMININO DOS ADJETIVOS

• Adjetivos simples- Quando terminados em –o, trocam o –o por –a: ativo – ativa.- Quando terminados em –ês, -or e –u, recebem -a: Burguês – burguesa / encantador – encantadora / cru – crua.Exceções: anterior, inferior, superior, interior, melhor, pior, inco-lor, multicolor, hindu, cortês, descortês e pedrês (invariáveis).- Quando terminados em –ão, trocam o –ão por -ã: cristão – cristã / temporão – temporã / são - sã.- Quando terminados em –ão, trocam o –ão por –ona: chorão – chorona / brigão – brigona / brincalhão – brincalhona.- Quando terminados em –eu, trocam o –eu por –eia: ateu – ateia / europeu – europeia / plebeu – plebeia.Exceção: judeu – judia / sandeu – sandia.

• Adjetivos CompostosNos adjetivos compostos, apenas o último elemento sofre fl exão:

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Língua Portuguesa

cidadão luso–brasileiro / cidadã luso–brasileira; casaco verde-escuro / saia verde-escura; consultório médico-dentário / clínica médico-dentária.

NÚMERO DO ADJETIVO

O adjetivo simples varia em número para concordar com o substantivo a que se refere. Em geral, os adjetivos fazem o plural seguindo as mesmas regras dos substantivos.

Plural dos adjetivos compostos

No adjetivo composto, só o último elemento vai para o plural:cantor norte-americano / cantores norte-americanos

Alguns adjetivos compostos não seguem essa regra. a- São invariáveis azul-marinho e azul-celeste:sapato azul-marinho / sapatos azul-marinhocamisa azul-celeste / camisas azul-celeste b- São invariáveis os adjetivos compostos referentes a cores, quando o segundo elemento da composição for um substan-tivo:tecido verde-abacate / tecidos verde-abacate c- Para formar o plural de sudo-mudo fl exiona-se os dois ele-mentos:menino sudo-mudo / meninos surdos-mudos

GRAU DO ADJETIVO

O adjetivo pode apresentar-se em dois graus: comparativo e superlativo.

Grau Comparativo

Igualdade - tão + adjetivo + quanto (como). Ex.: Ele é tão bom quanto a irmã.

Superioridade - mais + adjetivo + que (do que). Ex.: Ele é mais inteligente que a irmã.

Inferioridade - menos + adjetivo +que (do que). Ex.: Ele é menos inteligente que a irmã.• bom= melhor (superioridade), pior (inferioridade).• grande = maior (superioridade).• menor = comparativo de superioridade, pois equivale a mais pequeno.

Grau Superlativo

Ele pode ser:

Relativo - quando a qualidade de um ser é intensifi cada em relação a um conjunto de seres. Ex.: Ele é o mais inteligente da classe.

Absoluto - quando a qualidade de um ser é intensifi cada sem relação com outros seres. Apresenta-se em duas formas:

• analítica: a intensifi cação se faz com o auxílio de palavras que dão ideia de intensidade (muito, extremamente). Ex.: Ele é muito inteligente.

• sintética: a intensifi cação se faz por meio do acréscimo de sufi xos (-íssimo, -rimo, -imo). Ex.: Ele é inteligentíssimo – agradabilíssimo – amicíssimo – celebérrimo – efi cacíssimo – feíssimo – fi delíssimo – fríssimo – amabilíssimo – audacíssimo – boníssimo – capacíssimo – cheíssimo – comuníssimo.

Alguns comparativos e superlativos apresentam formas es-peciais:bom – melhor – ótimo; mau – pior – péssimo; grande – maior – máximo; pequeno – menor – mínimo; alto – superior – su-premo; baixo – inferior – ínfi mo.

OBSERVAÇÃO: As formas analíticas cor-respondentes (mais bom, mais mau,mais grande,mais pequeno) só devem ser usa-das quando se comparam duas característi-cas do mesmo ser:

Ele é mais bom (do) que inteligente. / Todo corrupto é mais mau (do) que esperto.Meu salário é mais pequeno (do) que justo. / Este país é mais grande (do) que equilibrado.

LOCUÇÃO ADJETIVA

É a expressão formada de preposição + substantivo (ou advérbio), com valor de adjetivo. Há muitos adjetivos que mantêm certa correspondência de signifi cado com locuções adjetivas, e vice-versa. É o caso de paterno - de pai e bucal - da boca. Porém, contrato leonino é uma expressão usada na linguagem jurídica: é muito pouco provável que os advogados passem a dizer contrato de leão.

Excerto:“Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão.”“Com cautela desligou a parada de emergência(...)”

Ex.: de abdômen (abdominal); de fígado (hepático); de fi lho (fi lial); de aluno (discente); de professor (docente); de abelha (apícola); de cidade (citadino ou urbano); de estômago (es-tomacal ou gástrico); de estrela (estrelar); de leite (lácteo ou láctico); de mestre (magistral).

Adjetivos Pátrios

São denominados pátrios os adjetivos que indicam o lugar de origem, referindo-se a continentes, países, estados, cidades, etc.. Ex.: Acre – acreano; Costa Rica – costarriquenho; João Pessoa - pessoense; Belo Horizonte – belo-horizontino; Áus-tria - austríaco; Amapá - amapense; Belém (palestina) -be-lemita; Belém (Pará) - belenense; Boa Vista - boa-vistense; Buenos Aires - portenho; Cabo Frio - cabo-friense; Campi-nas - campineiro ou campinense; Cuiabá - cuiabano; Espí-rito Santo - espírito-santense ou capixaba; Estados Unidos - estadunidense, norte-americano ou ianque; Rio de Janeiro (cidade) - carioca; Rio de Janeiro (estado) - fl uminense; São Paulo (cidade) - paulistano; São Paulo (estado) - paulista; Salvador - salvadorense ou soteropolitano; Três Corações - tricordiano,etc.

OBSERVAÇÃO: • Alguns adjetivos pátrios, na for-ma composta, apresentam reduzido o primeiro ele-mento. Ex.:Tratado ítalo-americano, cultura luso-

portuguesa, guerra greco-romana.• Algumas formas reduzidas de adjetivos pátrios: África - afro; Alemanha - germano ou teuto; Espanha - hispano; França - franco; Índia - indo; Inglaterra anglo; Japão – nipo; América – Américo, etc..

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Língua Portuguesa

EXERCÍCIOS 01. A frase que contém um adjetivo é:a) Todos querem a paz para o mundo.b) Gostaria de que ele votasse.c) Ela veio à festa.d) Ele usa uma camisa desbotada.

02. Vários homens, assustados e trêmulos, invadiram, naquela noite fria, a fazenda abandonada. Qual o número de substantivo e adjetivos do periodo?a) 3 substantivos, 2 adjetivos.b) 2 substantivos, 4 adjetivos. c) 4 substantivos, 4 adjetivos.d) 3 substantivos, 4 adjetivos.

03. Marque a opção em que as palavras assinaladas são adjetivos:a) “... a humanidade vem passando por transformações.”b) “ O homem comum pode criar outras condições de vida.”c) “ Infelizmente não podemos mais parar o mundo.”d) “ As rápidas transformações serão mais asfi xiantes.”

04. O item em que locução adjetiva NÃO correspondente ao adjetivo dado é:a) cefálico: de cabeça.b) sacarino: de açúcar.c) capilar: de cabra.d) encefálico: de cérebro.

05. Marque a alternativa em que o adjetivo pátrio NÃO cor-responde ao substantivo:a) acreano: Acre. c) vitoriense: Vitória.b) tricordiano: Três Corações. d) goiano: Goiânia.

06. Assinale a alternativa ERRADA quanto ao superlativo erudito:a) amigo: amiguíssimo; doce: docíssimo.b) fácil: facílimo; feio: feiíssimo. c) ágil: agilíssimo; agradável: agradabilíssimo.d) cruel: crudelíssimo; comum: comuníssimo.

GABARITO01.d 02.d 03.d 04.c 05.d 06.a

VERBO

Defi nições:

•Morfológico - varia em número, pessoa, aspecto, modo, tempo e voz.

•Semântico - pode indicar entre outros processos: ação (pu-lar, correr, rir); estado ou mudança de estado (ser, fi car); fe-nômeno natural (chover, anoitecer, relampejar); ocorrência (acontecer; suceder); desejo (querer; aspirar).

•Sintático - é o núcleo do predicado verbal ou a ligação entre o sujeito e seu predicativo, no caso de predicado nominal. Concorda em número e pessoa com o sujeito.

Excertos:

“Escuta: quando ele vier a gente fi ca quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.”

“(...)estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento,(...)”

ESTRUTURAS DAS FORMAS VERBAIS

1 – Radical – é o morfema que concentra a signifi cação básica do verbo: opin-ar/aprend-er/nutr-ir.• Podem se antepor prefi xos: des-nutr-ir; re-aprend-er.

2 – Vogal Temática – é o fonema que permite a ligação entre o radical e as desinências. Há três vogais temáticas:a) -a-, que caracteriza os verbos da primeira conjugação: cant-a-r, am-a-r, chor-a-r;b) -e- ,que caracteriza os verbos da segunda conjugação:• O verbo pôr e seus derivados (compor, depor, repor, etc.) pertencem a essa conjugação, porque sua forma primitiva era poer.c) -i-, que caracteriza os verbos da terceira conjugação: part-i-r, fug-i-r;• O conjunto formado pelo radical seguido da vogal temática recebe o nome de tema.3 – Desinências – são morfemas que se acrescentam ao tema para indicar as fl exões do verbo; há desinências núme-ro-pessoais e desinências modo-temporais: cantá-sse-mos.Cantá - : tema (radical+vogal temática);-sse - : desinência modo-temporal (indica o modo – subjun-tivo – e o tempo – pretérito-imperfeito);-mos : desinência número – pessoal (indica a primeira pes-soa do plural).• Chamam-se formas rizotônicas quando apresentam o acento tônico no radical do verbo: canto , venda , parta.• Chamam-se formas arrizotônicas quando apresentam o acento tônico fora do radical: cant-ava, vend – ia, part- imos.

FLEXÕES VERBAIS

1) Número e pessoa – o verbo admite dois números: singular e plural; e admite três pessoas: primeira; segunda e terceira.Ex.: Eu opino (1ª pessoa do singular) – Nós opinamos (1ª pes-soa do plural). – pessoa que fala Tu opinas (2ª pessoa do singular) – Vós opinais (2ª pessoa do plural). – pessoa com quem se fala Ele opina (3ª pessoa do singular) – Eles opinam (3ª pessoa do plural). – pessoa de quem se fala

2) Tempo e modo – no momento em que se fala ou escreve, o processo verbal pode estar ocorrendo, pode já ter ocorrido ou pode ainda não ter ocorrido. Essas três possibilidades são expressas pelos tempos verbais: o presente, o pretérito (imperfeito, perfeito e mais-que-perfeito) e o futuro (do pre-sente ou do pretérito).

Se se considera o que é falado ou escrito uma certeza, utili-zam-se as formas do modo indicativo. As formas do modo subjuntivo indicam que o conteúdo é tomado como incer-to, duvidoso, hipotético. Além disso, o verbo pode exprimir um desejo, uma ordem, um apelo: nesse caso, utilizam-se as formas do modo imperativo. O esquema a seguir apre-senta os modos e os tempos simples.

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Língua Portuguesa

Opinar Regular Irregular Abundante Detectivo

INDICATIVO

Presente Pretérito imperfeito

Futuro do presente

Futuro do pretérito

Pretérito perfeito Pretérito-mais-que-perfeito

opinoopinasopinaopinamosopinaisopinam

opinavaopinavasopinavaopinávamosopináveisopinavam

opinareiopinarásopináraopinaremosopinareisopinarão

opinaria

opinarias

opinaria

opinariamos

opinarieis

opinariam

opinei

opinaste

opinou

opinamos

opinastes

opinaram

opinara

opinaras

opinara

opináremos

opináreis

opinaram

SUBJUNTIVOIMPERATIVO AFIRMATIVO

FORMAS NOMINAIS

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Infi nitivo

Flexionado Gerúndio

opine

opines

opine

opinemos

opineis

opinem

opinasse

opinasses

opinasse

opinássemos

opinásseis

opinassem

opinar

opinares

opinar

opinarmos

opinardes

opinarem

-opina

opine

opinemos

opinai

opinem

opinar

opinares

opinar

opinarmos

opinardes

opinarem

opinando

Particípio

opinado

to do subjuntivo e futuro do subjuntivo. Para obter o tema do pretérito perfeito, basta retirar a desinência –ste da for-ma correspondente à segunda pessoa do singular (vie-ste); a seguir, concentram-se a esse tema as desinências caracte-rísticas de cada um dos três tempos derivados:

a) pretérito mais-que-perfeito do indicativo: -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram. Exemplos: viera/viéramos.

b) pretérito imperfeito do subjuntivo: -sse, -sses, -sse, -ssemos, -sseis, -ssem. Exemplos: viesse/viéssemos.

c) futuro do subjuntivo: -r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem. Exemplos: vier/viermos.

Tempos e formas nominais derivados doinifi nitivo impessoal

O infi nitivo impessoal dá origem aos seguintes tempos e for-mas nominais:

a) pretérito imperfeito do indicativo: forma-se pelo acrés-cimo das terminações –ava,-avas,-ava,-ávamos,-áveis,-avam (para os verbos de primeira conjugação) ou –ia,-ias,-ia,-íamos,-íeis,-iam (para os verbos de segunda e terceira conjugações) ao radical do infi nitivo impessoal (opt-ar) – optava/optávamos.

b) futuro do presente do indicativo: forma-se pelo acrésci-mo das desinências –rei,-rás,-rá,-remos,-reis,-rão ao tema do infi nitivo impessoal: optarei/optaremos.

c) futuro do pretérito do indicativo: forma-se pelo acrés-cimo das desinências –ria,-rias,-ria,-ríamos,-rieis,-riam ao tema do infi nitivo impessoal: optaria, optaríamos.

d) infi nitivo pessoal: acrescentam-se as desinências –es(para a segunda pessoa do singular) e –mos, -des, -em (para as três pessoas do plural) ao infi nitivo. Ex: optar (eu), optares (tu), optar (você), optarmos (nós), optardes (vós),

optarem (vocês).

e) particípio: acresenta-se a desinência –ado (para verbos da primeira conjugação) ou –ido (para verbos da segunda e terceira conjugações)ao radical do inifi nitivo. Ex.:optado, sofrido.

FORMAÇÃO DOS TEMPOS SIMPLES

Tempos derivados do presente do indicativo

a) presente do subjuntivo – forma-se a partir do radical do presente do indicativo. Esse radical é obtido pela elimina-ção da desinência –o da primeira pessoa do singular: cant-o | conheç-o | venh-o.

A esse radical, acresentam-se as desinências –e, -es, -e, -emos, -eis, -em para os verbos da primeira conjugação; e -a, -as, -a, -amos, -ais, -am para verbos da segunda e ter-ceira conjugações.

b) imperativo afi rmativo – a segunda pessoa do singulare a segunda pessoa do plural são retiradas diretamente dopresente do indicativo, suprimindo-se o –s fi nal: tu conheces– conhece (tu) / vós conheceis – conhecei (vós). As demaispessoas são idênticas às pessoas correspondentes do pre-sente do subjuntivo. Lembre-se de que não se conjuga a primeira pessoa do singular no modo imperativo.

c) imperativo negativo – todas as pessoas são idênticas às pessoas correspondentes do presente do subjuntivo:Esquema de formação dos tempos derivados do presente doindicativo (exemplo: verbo optar).

presente do indicativo

imperativo negativo

presente do subjuntivo

Imperativo afirmativo

opt -o

optas [-s]

opta

optamos

optais [-s]

optam

optemos

optai

optem

não optes

não opte

não optemos

não opteis

não optem

opt-e

opt-es

opt-e

opt-emos

opt-eis

opt-em

Tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo

Esse tempo fornece o tema para a formação de três tempos: pretérito mais-que-perfeito do indicativo, pretérito imperfei-

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Língua Portuguesa

f) gerúndio: acrescenta-se a desinência –ndo ao tema do in-fi nitivo impessoal. Ex.: optando,sofrendo, rindo.

TEMPOS COMPOSTOS

Há verbos que participam da conjugação de outros, formando os chamados tempos compostos e as locuções verbais. Esses verbos são chamados auxiliares; os quatro mais usados nessa função são: ser, estar, ter e haver.

Modo Indicativo

pretérito mais-que-perfeito

tinha/havia

tinhas/havias

tinha/havia

tinham/haviam

tínheis/havíeis

tínhamos/havíamos

opinado aprendido nutrido

pretérito perfeito

tenho/hei

tens/hás

tem/há

têm/hão

opinado aprendido nutrido

tendes/haveis

temos/havemos

presente pretérito imperfeito

pretérito perfeito

tenha/haja

tenhas/hajas

tenha/haja

tenham/hajam

opinado aprendido nutrido

tenhais/hajais

tenhamos/hajamos

Modo Subjuntivo Modo Subjuntivo

Presente

pretérito mais-que-perfeito

tivesse/houvesse

tivesses/houvesses

tivesse/houvesse

tivessem/houvessem

tivésseis/houvésseis

tivéssemos/houvéssemos

opinado aprendido nutrido

futuro

tiver/houver

tiveres/houveres

tiver/houver

tiverem/houverem

opinado aprendido nutrido

tiverdes/houverdes

tivermos/houvermos

Pretérito imperfeito

Formas Nominais

opinado,aprendido,nutrido

Infinitivo pessoal(pretérito)

ter/haver

teres/haveres

ter/haver

terem/haverem

opinado aprendido nutrido

terdes/haverdes

termos/havermos

Infinitivo impessoal (pretérito)

ter/haver

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS

Emprego das formas verbais do modo indicativo:

1) Presente – pode exprimir:

a) um fato que ocorre no momento em que se fala:Elas praticam exercícios físicos na escola.b) uma ação habitual:Faço exercícios físicos todos os dias.c) uma verdade universal:O homem é um animal racional.

2) Pretérito imperfeito – pode assinalar:

a) um fato passado contínuo, permanente, habitual, de pro-cesso não concluído: Nós namorávamos todos os dias.b) um fato presente em relação a outro fato passado, indican-do simultaneidade: Ela saía quando eles apareceram.

3) Pretérito perfeito – refere-se a um fato já ocorrido, con-cluído: Estudei o dia inteiro.

4) Pretérito mais-que-perfeito – indica um processo que ocorreu antes de outro do passado: Ela enviou a carta que sua mãe pedira.

5) Futuro do presente – aponta um fato futuro em relação ao momento em que se fala: Almoçarei mais tarde.

• Na expressão de condições, o futuro do presente se rela-ciona com o futuro do subjuntivo para indicar processos cuja realização acreditamos possível: Se pressionarmos, as refor-mas sairão.

6) Futuro do pretérito – mostra um fato futuro em relação a outro fato passado: Faria tudo diferente se pudesse.

Emprego das formas verbais do modo subjuntivo:

1) Presente – pode indicar um fato presente, mas duvidoso ou um desejo, uma vontade: É possível que eles tragam o material/ Que vocês sejam felizes!

2) Pretérito imperfeito – indica uma hipótese, uma condi-ção, em relação a um momento passado: Se eu viajasse, teria conhecido outras culturas.

Emprego das formas nominais:

Três são as formas nominais: infi nitivo, gerúndio e particípio:É proibido fumar.Ter fi cado até o fi m da festa não foi bom.Calado num canto, ele nos observava.Estamos lutando para mudar esta situação.

CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS

1) Regulares – são verbos que seguem os paradigmas das conjugações, isto é, não apresentando variações de forma nos radicais ou nas desinências, como: pular, vender e partir.

2) Irregulares – são verbos que não seguem os paradig-mas das conjugações, apresentando variações de forma nos radicais ou nas desinências, como: medir, fazer, crer, dar, valer, requerer, passear, etc.

3) Anômalos – são verbos que, durante a conjugação, apresentam profundas alterações no radical. São apenas dois: ir e ser. Observe: ir (vou, fui, ia, fora, irei, fosse, etc.); ser (sou, fui, era, fora, serei, fosse, etc.)

4) Defectivos – São considerados defectivos os verbos que

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não possuem conjugação completa. É comum dividir os ver-bos defectivos em impessoais, unipessoais e pessoais.

Os impessoais e os unipessoais são verbos que só se conju-gam em algumas formas por motivos de signifi cado.

São impessoais os verbos que não têm sujeito, como os que indicam fenômenos naturais: alvorecer, amanhecer, anoitecer, chover, chuviscar, estiar, gear, orvalhar, relampe-jar, trovejar, ventar. Esses verbos são usados normalmente na terceira pessoa do singular:Anoiteceu calmamente sobre o vale.Chovia muito.

Os verbos unipessoais exprimem vozes de animais e são normalmente conjugados na terceira pessoa do singular e na terceira pessoa do plural:O cão latiu a noite inteira.As onças rosnam ao redor da cabana.Outros verbos unipessoais exprimem acontecimento, neces-sidade: acontecer, convir, ocorrer, suceder.Você pode empregar os verbos impessoais e unipessoais em outras formas: basta tomá-los em sentido fi gurado. É o que ocorre, por exemplo, em frases como:Entardeci indiferentemente.

Os estudantes amanheciam para uma nova época.Choveram protestos sobre o orador.Aconteci naquela festa.

Os defectivos pessoais não apresentam algumas fl exões por motivos morfológicos ou eufônicos. O verbo falir, por exemplo, teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar – o que implicaria um problema morfológico. O verbo computar teria como formas do presente do indicativo computo, computas, com-puta – formas de sonoridade considerada “suspeita”. Essas razões muitas vezes não conseguem impedir o uso efetivo de formas verbais consideradas “erradas”: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

5) Abundantes – são aqueles que apresentam mais de uma forma para determinada fl exão. Esse fenômeno costuma ocor-rer no particípio, em que, além das formas regulares termi-nadas em -ado ou –ido, sugerem as chamadas formas curtas. Com ter e haver, deve-se usar a forma regular. Com ser e estar, deve-se usar a forma irregular.

Observe a relação a seguir:

INFINITIVO IMPESSOAL PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR

aceitar aceitado aceito

entregar entregado entregue

enxugar enxugado enxuto

expressar expressado expresso

expulsar expulsado expulso

fi ndar fi ndado fi ndo

isentar isentado isento

limpar limpado limpo

matar matado morto

salvar salvado salvo

segurar segurado seguro

soltar soltado solto

acender acendido aceso

benzer benzido bento

eleger elegido eleito

morrer morrido morto

prender prendido preso

suspender suspendido suspenso

expelir expelido expulso

extinguir extinguido extinto

imergir imergido imerso

imprimir imprimido impresso

inserir inserido inserto

omitir omitido omisso

submergir submergido submerso

exprimir exprimido expresso

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NOTAS:1 - Os particípios regulares são empregados normalmente com os auxiliares ter e haver; os particípios irregulares são normalmente empregados com os auxiliares ser, estar:ter/haver elegido;ter/haver exprimido;ser/estar eleito;ser/estar expresso.

2 - Ganhar, gastar e pagar são abundantes: ganhado/ga-nho; gastado/gasto; pagado/pago; são seus particípios. As formas irregulares podem ser usadas com os auxiliares ser, estar, ter e haver; as formas regulares, somente com ter e haver:ter/haver/ser/estar ganho, gasto, pago.ter/haver ganhado, gastado, pagado.

3 - Pegar e chegar, na língua culta, apresentam apenas o particípio regular: pegado e chegado.

4 - Abrir (e derivados), cobrir (e derivados), escrever (e de-rivados) apresentam particípios irregulares: aberto, reaber-to, entreaberto; coberto, recoberto, encoberto, descoberto, escrito, reescrito, subscrito.

6) Pronominais – aparecem acompanhados de pronomes oblíquos da mesma pessoa do sujeito:Queixou-se de uma dor de cabeça que a torturava.

Os principais aspectos são:

• Incoativo: indica início de ação: Comecei a estudar para a prova.Ele pôs-se a rir descontroladamente.

• Permansivo: indica continuidade de ação:José continua lendo o jornal.Ela continua a falar sobre o acidente.

• Durativo, cursivo ou progressivo: indica ação em desenvol-vimento ou demorada:Estou praticando esportes.A jovem fi ca a ler até a madrugada.

• Cessativo ou conclusivo: indica ação repetida:O aluno tornou a pesquisar aquele assunto.Já deixei digitar os textos.Rafael parou de reclamar.

• Frequentativo ou iterativo: indica ação repetida:O aluno tornou a pesquisar aquele assunto.Ela costuma dizer a verdade.

• Iminencial: indica iminência de ação:Estava para começar a partida.

VOZES VERBAIS

A voz verbal indica a relação entre o ser a que o verbo se refere e o processo que esse mesmo verbo exprime. Há três situações possíveis:

• Voz Ativa – O jornalista entrevistou o ministro; o verbo entrevistou está na voz ativa porque o jornalista é o agente do processo verbal.

• Voz Passiva – O ministro foi afastado do cargo; a locução verbo foi afastado está na voz passiva porque o ministro é o paciente da ação verbal.Há duas formas de voz passiva: a voz passiva analítica, em que ocorre uma locução verbal formada pelo verbo ser mais

o particípio do verbo principal – como em “o ministro foi afas-tado do cargo”. É a voz passiva sintética em que se utiliza o pronome se (nesse caso chamado pronome apassivador) ao lado do verbo em terceira pessoa – como em “Procuram-se soluções para a crise.”

• Voz Refl exiva – o ser a que o verbo se refere é, ao mesmo tempo, agente e paciente do processo verbal, pois age sobre si mesmo. Em “O rapaz cortou-se com uma tesoura”, a forma verbal cortou-se está na voz refl exiva, pois o rapaz é, a um só tempo, agente e paciente: ele cortou a si mesmo.

• Voz Refl exiva Recíproca- será chamada de refl exiva recíproca, quando houver dois elementos como sujeito: uma prática a ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro. Ex: Paula e Renato amam-se. / os ônibus chocaram-se violentamente.

IMPORTANTE:

O papel do pronome seA voz passiva é privativa dos verbos transiti-vos diretos e transitivos diretos e indiretos: somente em casos excepcionais, forma-se a

voz passiva de verbos com outra transitividade.Por isso, o pronome se surge como formador da voz passiva sintética ao lado desses tipos de verbos; ao lado de verbos de ligação, intransitivos ou transitivos indiretos, o pronome se surge como indeterminador do sujeito.

Observe:

Aluga-se uma casa na praia.

Alugam-se casas na praia.

voz passiva sintética: alugar é transitivo direto.

voz passiva sintética: comunicar é transitivo direto.

Comunicou-se o fato aos Interessados. Comunicaram-se os fatos aos Interessados.

Sempre se está sujeito a erros.

Mata-se impunemente neste país.

oração com sujeito indeterminado: estar é verbo de ligação.

Oração com sujeito indeterminado:matar é o verbo intransitivo.

Nunca se esqueça de que a voz passiva sintética tem sem-pre um sujeito com o qual o verbo deve estabelecer con-cordância no singular ou no plural – o que não acontece com os casos de indeterminação de sujeito, em que o verbo deve estar obrigatoriamente no singular.Apela-se para os mais sensíveis. oração com sujeito Indeterminado: apelar é

transitivo indireto

EXERCÍCIOS – VOZES VERBAIS01. Analise as frases a seguir e preencha os parênteses com o seguinte código:

A (voz ativa); PA (voz passiva analítica); PS (voz passiva sinté-tica); R (voz refl exiva) e RR (voz refl exiva recíprocra).a. ( ) Meus amigos cercavam-me por todo lado.b. ( ) Teriam encontrado a solução do problema.c. ( ) A queda da bolsa fora prevista pelo analista.

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d. ( ) As gavetas foram reviradas pelos ladrões.e. ( ) Os cidadãos não devem negar as informações aos policiais.f. ( ) Compra-se ferro velho a prazo.g. ( ) Os torcedores ofendiam-se grosseiramente.h. ( ) As tenistas abraçavam-se comovidas.i. ( ) Vendem-se lotes somente à vista.j. ( ) Um tema polêmico será abordado pelo cientista.l. ( ) Já não se fazem fi lmes como antigamente.m. ( ) Novos prefeitos serão eleitos pelo povo.n. ( ) O assaltante escondia-se atrás do muro.o. ( ) A bailarina pintava-se entre um e outro ato do espe-táculo.

02. Compare os enunciados e comente as diferenças entre eles, considerando a voz verbal e as alterações de sentido.a) Macacos me mordam._________________________________________________ _________________________________________________b) O macaco se mordia raivosamente._________________________________________________ _________________________________________________c) Os macacos se morderam._________________________________________________ _________________________________________________ d) O macaco era mordido por todos._________________________________________________ _________________________________________________e) Ele mordia-se de inveja._________________________________________________ _________________________________________________

03- Quando surgiu a preocupação ética no homem? Em que momento da sua história sentiu o ser humano neces-sidade de estabelecer regras definindo o certo e o errado? Essas indagações, possivelmente existentes desde que o ho-mem começou a pensar, têm ocupado o tempo e o esforço de reflexão dos filósofos ao longo dos séculos. O fato é que, desde seus primórdios, as coletividades humanas não apenas pactuaram normas de convivência social, mas também foram corporificando um conjunto de conceitos e princípios orienta-dores da conduta no que tange ao campo ético-moral. Esta necessidade ética, sinalizando parâmetros de comportamento em todas as esferas da atividade humana, naturalmente tinha que alcançar o exercício das profissões.

Adaptado de Ivan de Araújo Moura Fé, Desafios éticos – prefácio.

Trechos destacados do texto foram reescritos na voz passiva. Assinale aquele em que essa transformação NÃO respeita as regras gramaticais ou os sentidos do texto original.a) Em que momento da sua história sentiu o ser humano necessidade de estabelecer regras? Em que momento de sua história foi sentida pelo ser humano a necessidade de estabelecer regras?b) Essas indagações têm ocupado o tempo e o esforço de reflexão dos filósofos ao longo dos séculos. Ao longo dos sé-culos, o tempo e o esforço de reflexão dos filósofos têm sido ocupados por essas indagações. c) Desde seus primórdios, as coletividades humanas não ape-nas pactuaram normas de convivência social. Não apenas desde seus primórdios, normas de convivência social foram pactuadas pelas coletividades humanas. d) Foram corporificando um conjunto de conceitos e princí-pios orientadores da conduta no que tange ao campo ético-moral. Um conjunto de conceitos e princípios orientadores da

conduta, no que tange ao campo ético-moral, foram sendo corporificados.e) Esta necessidade ética naturalmente tinha que alcançar o exercício das profissões. Naturalmente, o exercício das profissões tinha que ser alcançado por esta necessidade ética.

GABARITO1. a) Voz ativa;b) Voz ativa; c) Voz passiva analítica;d) Voz passiva analítica;

2. a) Voz ativa: sujeito (macacos) é agente; a ação está direcionada ao falante (complemento verbal: me).

e) Voz ativa;f) Voz passiva sintética;g) Voz refl exiva recíproca;h) Voz refl exiva recíproca;i) Voz passiva sintética;j) Voz passiva analítica;l) Voz passiva sintética;m) Voz passiva analítica;n) Voz refl exiva;o) Voz refl exiva.

b)Voz refl exiva: aceita reforço a si mesmo.c)Possibilita duas leituras: voz refl exiva propriamente dita, pois aceita o reforço a si mesmos; e a voz refl exiva recíproca, pois aceita o reforço mutuamente.d) Voz passiva: o sujeito (o macaco) é paciente; quem realiza a ação é o agente da passiva (por todos).e)Emprego conotativo (fi gurado) do verbo morder (pronominal, com o sentido de irritar-se, desesperar-se).

03. c)

EXERCÍCIOS DE REVISÃO

01. A opção em que a forma verbal está CORRETA é:a) Se pores tudo em ordem, fi carei satisfeito. c) Não se premiam os fracos que só obteram derrotas.b) O superior interveio na discussão, evitando a briga. d) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será absolvi-do.

02. Passando a frase – Ele não só criou aqui o primeiro ob-servatório astronômico das Américas, como trouxe cientistas – para o futuro do presente, os verbos destacados assumem, respectivamente, as seguintes formas:a) criava – trazia. b) criaria – traria. c) criará – trará. d) criará – trazerá.

03. Marque a opção que completa CORRETAMENTE a fra-se: Se tu ...................... que os eleitores chegam para votar, ...................... a porta e ........................ -os entrar.a) veres – abre – deixa. b) veres – abra – deixe. c) vires – abra – deixa. d) vires – abre – deixa. 04. Na resposta de um médico a seu paciente há ERRO de emprego verbal em:- Doutor, eu preciso tomar remédio?a) Convém que você o tome. b) Se você tomar o remédio, sarará mais rapidamente.c) É preciso que você tome o remédio.d) É bom que você toma o remédio.

05. Assinale a alternativa CORRETA quanto à correlação dos tempos verbais, de acordo com a norma culta.a) Se todos estiverem de acordo, elas deixariam a reunião para a semana seguinte.

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b) Logo que você perceber o clima de tensão, não teria agido daquela maneira.c) Seria melhor que elas examinassem os documentos com o cuidado necessário.d) Quero que você dirige a atenção aos mais necessitados.

06. Assinale a opção que preenche CORRETAMENTE as res-pectivas lacunas:Não ............ cerimônia,............ que a casa é ..............e ...............à vontade.a) faças – entre – tua – fi que. b) faça – entre – sua – fi que. c) faças – entre – sua – fi ca.d) faça – entra – tua – fi ca.

07. A forma verbal negritada tem força de imperativo em:a) Ora, direis, ouvir estrelas. . .b) Ao toque do sinal, entrar em classe.c) É preciso que eles venham comigo ao aeroporto.d) Serão expulsos, caso assim se comportem.

08. A fl exão da forma verbal destacada está CORRETA em:a) O árbitro interviu e acabou com as provocações.b) Não admito que as razões dele se sobreponhem às mi-nhas.c) Teríamos reclamado, se os guardas o detessem.d) Se você o revir, será que o reconhecerá?

09. “Querido, se você me ama tire a camisa!”Transformando-se a fl exão dos verbos da frase acima para im-perfeito do subjuntivo e futuro do pretérito, têm-se a seguinte sequência CORRETA.a) Se você me amar, tirará a camisa. b) Se você me amasse, tirava a camisa. c) Caso você me ame, tire a camisa.d) Se você me amasse, tiraria a camisa.

10. Em relação à frase “Percebi que tem muita coisa que posso fazer” é INCORRETO afi rmar que:a) o uso da forma verbal tem, embora aceitável na fala co-loquial em que se encontra, seria incorreto no nível culto do idioma.b) para tornar a frase adequada ao nível culto, no lugar do verbo ter poderiam ser utilizados os verbos existir ou haver.c) ”muita coisa” é uma expressão genérica, equivalente a “muitas coisas”.d) no lugar da expressão “tem muita coisa” poderia ser usa-da, atendendo à norma culta do idioma, a expressão “existe muitas coisas”.

11. Examine o termo destacado nos períodos abaixo:• O frasco maior contém mais líquido, é evidente.• O relato da testemunha não condiz com os fatos apontados pelo perito.• Ele não intervirá na questão entre o árbitro e o atleta.Assinale a alternativa CORRETA a respeito desses verbos, colocados no pretérito perfeito, mas mantida a pessoa gra-matical.a) conteve, condiria, interveio. b) conteu, condizia, interveio. c) conteve, condisse, interveio.d) conteu, condisse, interviu.

12. Nas frases abaixo, todas as formas verbais estão incorre-tas segundo o que preceitua a língua padrão, EXCETO:a) Se você decompor esta equação, chegará aos resultados previstos.

b) Eu tenho chego tarde ao trabalho.c) O investidor ainda não reaveu o dinheiro aplicado nas Bol-sas de Valores.d) Foi imprimida grande velocidade ao veículo.

13. Assinale a alternativa em que o particípio destacado está INCORRETAMENTE utilizado.a) O diretor tinha suspenso a edição do jornal. b) Maria tinha trago as encomendas. c) O coroinha havia já disperso a multidão.d) A correspondência não foi entregue na escola.

14. Na língua portuguesa, às vezes, verbos diferentes assu-mem a mesma forma verbal. Isso NÃO ocorre em: a) fui – pretérito perfeito do indicativo de ir e ser.b) viemos – pretérito perfeito do indicativo de vir e presente do indicativo de ver.c) vimos – pretérito perfeito do indicativo de ver e presente do indicativo de vir.d) for – futuro do subjuntivo de ir e de ser.

15. Assinale a alternativa que contenha, CORRETAMENTE, os verbos da oração abaixo no futuro do subjuntivo.a) Se o menino se entretesse com o cão que passear na rua.../se não cabesse na bolsa o frasco que você me emprestasse...b) Se o menino se entreter com o cão que passear na rua.../se não couber na bolsa o frasco que você me emprestar...c) Se o menino se entretiver com o cão que passear na rua.../se não couber na bolsa o frasco que você me emprestar...d) Se o menino se entreter com o cão que passear na rua.../se não caber na bolsa o frasco que você me emprestar...

16. Assinale a alternativa que contém formas verbais que preenchem CORRETAMENTE os espaços.“Ao .............. que os colegas iriam se desentender,..............de imediato e pedi-lhes que se .......... para evitar um mal maior.”a) previr – intervir – contivessem. b) prever – intervim – contessem.c) prever – intervi – contessem.d) prever – intervim – contivessem.

17. A forma verbal está CORRETAMENTE empregada em:a) Eu requero a palavra, mas ele insiste no comentário.b) A economia latino-americana se modernizou sem que a estrutura de renda da região acompanhou as transformações.c) A indústria fi cará satisfeita só quando vender metade do estoque e transpor o obstáculo dos juros.d) Se fazer previsões sobre a situação econômica já era difícil antes das eleições, agora fi cou ainda mais complicado.

18. Observe as formas verbais – pode, chocará, acender, es-bravejando – no trecho “um casal pode fazer sexo explícito em cena e ninguém se chocará. Mas, se acender um cigarro depois, haverá gente na plateia limpando um pigarro imagi-nário ou esbravejando” e aponte a opção que corresponde, respectivamente, ao tempo e ao modo de cada um deles:a) presente do indicativo, futuro do pretérito, futuro do sub-juntivo, gerúndio.b) presente do indicativo, futuro do presente, futuro do sub-juntivo, gerúndio.c) pretérito perfeito, futuro do presente, infi nitivo, gerúndio.d) pretérito perfeito, futuro do pretérito, infi nitivo, particípio.e) presente do subjuntivo, futuro do pretérito, futuro do sub-juntivo, particípio.

19. Há uma correlação nos tempos verbais do trecho “en-quanto a mídia americana continuar na mesma toada, qual-

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quer consideração sobre imprensa livre (...) precisa ser devi-damente peneirada”.No fragmento acima, observa-se a correlação temporal e mo-dal ao se empregar o verbo da primeira oração no futuro do subjuntivo, e o da segunda, no presente do indicativo. Outra possibilidade de reescrita para o mesmo contexto, obedecen-do à correlação normativa e coerente entre os tempos e mo-dos verbais, é:a) enquanto a mídia americana continuar na mesma toada, qualquer consideração sobre imprensa livre precisará ser de-vidamente peneirada.b) enquanto a mídia americana continua na mesma toada, qualquer consideração sobre imprensa livre precisava ser de-vidamente peneirada.c) enquanto a mídia americana continue na mesma toada, qualquer consideração sobre imprensa livre precisou ser devi-damente peneirada.d) enquanto a mídia americana continuar na mesma toada, qualquer consideração sobre imprensa livre precisou ser devi-damente peneirada.e) enquanto a mídia americana continuasse na mesma toada, qualquer consideração sobre imprensa livre precisará ser de-vidamente peneirada.

20. Os verbos da frase “o mais honesto seria que os veículos da grande imprensa deixassem claras suas preferências” es-tão em suas formas simples. Uma das opções abaixo transpõe os dois verbos para as formas compostas equivalentes, man-tendo o mesmo sentido da frase original. Assinale-a.a) terá sido – pudessem deixar.b) deveria ter sido – houvessem deixado.c) poderia ser – começassem a deixar.d) haveria sido – tivessem deixado.e) precisava ser – passassem a deixar.

21. Marque a forma verbal CORRETA dos verbos: medir, va-ler, rir, caber, pôr e requerer, na primeira pessoa do singular do futuro do presente do indicativo, respectivamente:a) meça – vali – ria – caiba – ponha – requeira.b) medi – vali – ri – coube – pus – requeri.c) medisse – valesse – risse – coubesse – pusesse - reque-resse.d) medirei – valerei – rirei – caberei – porei – requererei.

22. Marque a alternativa em que a correlação de tempos e modos verbais foge às regras da língua padrão:a) Não fora a coerção exercida pelos defensores do purismo linguístico, todos teremos liberdade de expressão.b) O ensino de Português já sofrera profundas modifi cações, quando se organizou uma conferência para discutir o assunto.c) O ensino de Português tornou-se mais dinâmico depois que textos de autores mais modernos foram introduzidos no cur-rículo.d) Para alguns professores, o ensino de língua portuguesa será sempre melhor, se houver o domínio das regras de sin-taxe.

23. A frase em que a correlação de tempos e modos verbais foge às normas da língua oculta é:a) Pode-se prever que os ideólogos do capitalismo usarão to-dos os apelos populistas de que puderem valer-se para intro-duzir um forte golpe.b) Em 1970, não houve argumento capaz de convencer a im-prensa populista de que seria de interesse geral a 1ª Bienal Internacional do Livro.c) Todos seríamos escravos de ideias maniqueístas, não fora o trabalho desenvolvido pelos fi lósofos iluministas.

d) Se os parlamentares tivessem tido preocupação de discutir com seriedade as propostas, os eleitores só poderão estar satisfeitos.

24. Assinale a opção em que há ERRO na forma verbal no presente do indicativo. (Considere o Novo Acordo Ortográfi co)a) hei, hás, há, havemos, haveis, hão.b) nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam.c) anseio, anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam.d) creio, creias, crê, cremos, credes, creem.

25. A forma verbal está INCORRETA na frase:a) Caso eles hajam com má fé, serão processados. b) Ainda que sejam culpados, têm direito à defesa. c) É indispensável que nós nos acautelemos.d) Você reouve seus bens na justiça?

26. A opção em que a forma verbal está INCORRETA é:a) Estamos tão aborrecidos! Não é possível que vocês não estejam.b) Se nós fôssemos os responsáveis pelo acidente assumiríamos a culpa.c) Se tal comportamento condissesse com o cargo que ele ocupa, não haveriam tantos protestos.d) Quando transpusermos as últimas montanhas, veremos nossa cidade.

27. Assinale a frase cuja forma verbal está INCORRETA:a) O imposto já foi pago. Além disso todo o dinheiro deste mês já foi gasto.b) O candidato foi eleito, pois aqueles que o haviam eleito anos antes voltaram a votar nele.c) Ele nunca foi aceito pelos companheiros, pois diziam que tinha aceitado suborno.d) Devido à falta de energia elétrica, havíamos acendido vá-rios lampiões.

28. Transpondo a frase: “O professor não entregaria os ga-baritos com respostas erradas” para a voz passiva, temos:a) teria entregue. c) seriam entregues. b) poderia ter entregue. d) teriam sido entregues.

29. Aponte a frase com ERRO na mudança da voz verbal.a) Que você compre o jornal. Que o jornal fosse comprado por você.b) Ela te ama. És amado por ela.c) Procurarei sempre essas pessoas. Essas pessoas serão sempre procuradas por mim.d) Rasgaram a revista. A revista foi rasgada por eles.

30. Assinale a fl exão verbal INCORRETA:a) Se a duplicata estiver certa, paguem-na.b) Se vir o tal colega, falar-lhe-ei.c) Se eu vier cedo, aguardo-o.d) Se eu pôr o verbo no plural, erro de novo.

GABARITO01. b 02.c 03.d 04.d 05.c 06.b

07.b 08.d 09.d 10.d 11.c 12.d

13.b 14.b 15.c 16.d 17.d 18.a

19.a 20.d 21.d 22.a 23.d 24.d

25.a 26.c 27.b 28.c 29.a 30.d

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PRONOME

Defi nições:

•Sintático - é a palavra que substitui ou acompanha um substantivo; pode exercer as funções de objeto e sujeito;

•Semântico - pode remeter ou retomar outras palavras, ora-ções e frases expressas no texto; •Morfológico - varia em gênero, número e pessoa.Excertos:“– Escuta, minha fi lha(...)”“Sou eu!”“Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar.” “(...)vieram ver o que se passava:”“(...)não poderia aparecer ninguém.”

Há seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, demons-trativos, indefi nidos, interrogativos e relativos.

PRONOMES PESSOAIS

Os pronomes pessoais substituem os substantivos, indicando as pessoas do discurso. São eles: retos, oblíquos e de tratamento.

Pronomes pessoais retos e oblíquos

Pessoas do discurso Pronomes Retos

Pronomes oblíquos

primeira pessoa do singular

segunda pessoa do singular

terceira pessoa do singular

eutu

ele/ela

me, mim, comigo

te, ti, contigoSe, si, o, a, lhe,

consigo

primeira pessoa do pluralsegunda pessoa do pluralterceira pessoa do plural

nósvós

eles/elas

nos, conoscovos, convoscose, si, os, as, lhes, consigo

• Os pronomes eu e tu nunca podem ser regidos de preposi-ção. Devemos substituí-los pelos pronomes mim e ti:Ex.: Nunca houve nada entre mim e ele./ Todos confi aram em ti.

• Em frases do tipo: “O professor pediu pra eu ler alguns poemas”, a preposição para não rege o pronome eu e sim o verbo ler. Sintaticamente, a frase corresponde a “pediu para ler” , e não “pediu para eu”. Esse mesmo tipo de ligação sintática ocorre com o pronome tu: O professor pediu para tu leres alguns poemas.

• Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos como objetos indiretos: Meus alunos sempre me res-peitam. / Ninguém vos abandonará, senhor.

• Os pronomes o, a, os, as atuam exclusivamente como ob-jetos diretos; as formas lhe(s), como objetos indiretos. Ex.: Trouxe o pacote. Trouxe-o. (o – objetivo direto). Seus fi lhos sempre lhe obedeceram. (lhe – objetivo indireto).

• O pronome se pode ser objeto direto ou indireto; em qual-quer caso, deve ser refl exivo, ou seja, deve indicar que o

sujeito pratica a ação sobre si mesmo. Esse pronome também pode ser usado em construções da voz passiva sintética e na indeterminação do sujeito. Ex.: Penteou-se cuidadosamente./Forra-se botão. / Precisa-se de vendedores.• As formas conosco e convosco são substituídas por com nós e com vós quando os pronomes pessoais são reforçados por palavras como outro, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum numeral: Você terá de almoçar com nós todos./ Ela disse que voltaria com nós dois./ Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.• O pronome si é exclusivamente refl exivo no português do Brasil. O mesmo ocorre com a forma consigo: Ela é muito egoísta: só pensa em si. / Ela frequentemente conversa con-sigo mesma em voz alta.• Os pronomes nos, vos e se denominam-se recíprocos, quan-do indicam ação mútua: cumprimentamo-nos demoradamen-te./ Eles abraçaram-se amigavelmente.• Os pronome me, te, lhe, nos e vos podem apresentar valor possessivo: pisaram-me os pés. (=meus). / O sol de verão queimou-nos fortemente a pele. (=nossa)Formas PronominaisOs pronomes o, a, os, as, adquirem as seguintes formas: • -lo, -la, -los, -las, quando associados a verbos terminados em r, s ou z. Ex.: encontrá-lo, fazei-lo, fê-las.• -no, -na, -nos, -nas, quando associados a verbos terminados em som nasal. Ex.: encontraram-no, põe-nas, retém-na.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

ConceitoTodos os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, os, as, lhes) podem ocupar três posições com relação aos verbos. Essas três colocações dos pronomes chamam-se, respectivamente:a) Ênclise (depois do verbo): Encontrei-o na sala de recepção.

b) Próclise (antes do verbo): Não o encontrei na sala de recepção.

c) Mesóclise (no meio do verbo): Encontrá-lo-ei na sala de recepção.

Segundo a Gramática que herdamos de Portugal, a colocação normal do pronome é a ênclise. No entanto, no Português escrito e falado no Brasil hoje, nota-se uma preferência marcante pela próclise.

A colocação pronominal não é uma questão de análise sintática, isto é, a posição do pronome não determina sua função na frase. Trata-se de um problema de eufonia (palavra de origem grega que signifi ca “bom som”). Assim, se houver dúvida quanto à posição do pronome, a melhor regra é escolher a forma que soar melhor ao ouvido e estar atento ao nível de linguagem que se quer.

Qual é a forma mais correta: Joana me falou ou Joana falou-me? Nenhuma das duas é melhor que a outra. Pode-se dizer que a primeira (Joana me falou) é mais coloquial, mais adequada a textos informais; a segunda (Joana falou-me) se presta a situações que exigem uma formalidade maior.

As regras da norma culta, muitas vezes, são infringidas em textos jornalísticos e até mesmo literários.

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Língua Portuguesa

Regras Gerais

PRÓCLISE

a) com palavras de sentido negativo. Não, nunca, jamais, nada, nem, etc.- Não me convidaram para a festa.

b) com pronomes relativos. Que, o qual, a qual, os quais, as quais, quem, cujo, onde, quanto- Esta é a festa para a qual nos convidaram.

c) com pronomes indefi nidos. Tudo, nada, ninguém, alguém, outrem, algo.- Ninguém te convidou para a festa.

d) com pronomes demonstrativos. Este, esta, esse, essa, isto, isso, aquele, aquela, aquilo.Este me deixa confortável.

e) com conjunções subordinativas. Porque, como, embora, se, conforme, quando, etc. - “Quando meu bem-querer me vir, estou certo...”

f) com advérbios, antes de verbos. Aqui, bem, mal, muito, hoje, amanhã, etc.- Bem se vê que lá se vive melhor.

g) com gerúndio precedido da preposição em. Em se levantando o cerco...

h) com orações optativas. Deus te abençoe, meu fi lho.

i) com orações exclamativas. Quanto me custa tudo isso!

j) com orações interrogativas. Quem o trouxe aqui?

MESÓCLISEQuando o verbo estiver no futuro do presente e no futuro do pretérito, e a próclise não for obrigatória.

Contar-me-ão o segredo. Perguntar-se-ia o motivo.

ÊNCLISE

a) com o verbo no imperativo afi rmativo. Apressa-te!

b) com o verbo no infi nitivo. Vamos convidá-los.

c) com o verbo no gerúndio. ...e, mostrando-nos a estrada...

d) com o verbo iniciando a oração. Ensinei-lhe tudo.

Colocação pronominal em locuções verbais

São possíveis as seguintes colocações:

AUXILIAR + INFINITIVO

- Ele devia entregar-me o cheque.- Ele devia-me entregar o cheque.- Ele me devia entregar o cheque.PORÉM,- Ele não me devia entregar o cheque.- Ele não devia entregar-me o cheque.

AUXILIAR + GERÚNDIO

- O caso estava aborrecendo-me.- O caso estava-me aborrecendo.- O caso me estava aborrecendo.PORÉM,- O caso não me estava aborrecendo.- O caso não estava aborrecendo-me.

AUXILIAR + PARTICÍPIO

- Ele havia-me perseguido.- Ele me havia perseguido.PORÉM,- Ele não me havia perseguido.

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1. Auxiliar + infi nitivo - há quatro possibilidades:

a) ênclise ao auxiliar. O amigo precisou lhe confi ar o segredo.

b) ênclise ao infi nitivo. O amigo precisou confi ar-lhe o segredo.

c) próclise ao auxiliar. O amigo lhe precisou confi ar o segredo.

d) próclise ou ênclise ao infi nitivo precedido de preposição. O amigo não deixou de lhe confi ar o segredo. O amigo não deixou de confi ar-lhe o segredo.

2. Auxiliar + gerúndio - há três possibilidades:

a) próclise ao auxiliar. O amigo lhe estava confi ando o segredo.

b) ênclise ao auxiliar. O amigo estava-lhe confi ando o segredo.

c) ênclise ao gerúndio. O amigo estava confi ando-lhe o segredo.

3. Auxiliar + particípio - há duas possibilidades:

a) próclise ao auxiliar. Os amigos se tinham despedido.

b) ênclise ao auxiliar. Os amigos tinham se despedido.

NOTAS 1) Com palavra ou locução atrativa, o pronome não pode fi car no meio da locução. Não lhe quero falar ou Não quero falar-lhe.

2) A interposição do pronome átono nas locuções verbais sem se ligar por hífen ao auxiliar consagrou-se na língua literária, a partir (ao que parece) do Romantismo.“O morcego vem te chupar o sangue.” (Alencar) “...estava se distanciando da outra.” (Taunay) “Como teria se comportado aquela alma de passarinho diante do mistério da morte?” (Raquel de Queirós)

Estilística

No Brasil, a próclise é a colocação usual tanto na língua falada como na escrita, caracterizandose por ser mais espontânea e informal. A ênclise pode demonstrar um tom cerimonioso.

Observe:

Mariana me telefonou. (próclise)

Mariana telefonou-me. (ênclise)

O segundo exemplo mostra uma colocação bastante formal e pouquíssimo utilizada no Brasil.

Leia outros exemplos extraídos de textos literários:

Mãe amorosa, a Europa afl igiu-se com a sorte das suas terras extremas...

Quem vivia num baixo, podia imaginar-se dentro de um poço tapado...Com trêmulas mãos acenderam-se as velas nas casas... (José Saramago)

...Fabiano espiava a caatinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros, torrados. Pouco a pouco, os bichos se fi navam, devorados pelo carrapato. (Graciliano Ramos)

A ênclise foi utilizada por José Saramago, escritor português, e a próclise, pelo escritor modernista brasileiro Graciliano Ramos. Em Portugal, a preferência é pela colocação enclítica; no Brasil, predomina o uso da próclise.

A mesóclise está praticamente sendo abolida em nosso país, fi cando restrita a textos muito formais, como leis, códigos e uns poucos textos literários. Hoje, o emprego da mesóclise é considerado inadequado e até pedante.

“Art.6° Na interpretação desta Lei, levar-se-ão em conta os fi ns sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.” (Estatuto da Criança e do Adolescente)

Pronomes Pessoais de Tratamento

Os pronomes pessoais de tratamento representam a forma de se tratar as pessoas: trato cortês ou formal.

pronome de tratamento

Vossa Alteza

Vossa Eminência

Vossa Excelência

Vossa Magnificência

Vossa Magestade

Pronomes de tratamento

Vossa Santidade

Vossa Senhoria

abreviatura usado para se dirigir a

V.A.

V.Emª

V.Exª

V.Magª

V.M.

V.S.

V.Sª

príncipes, duques

cardeais

altas autoridades e oficiais-generais

reitores de universidades

reis, imperadores

papa

tratamento cerimonioso

• A chamada segunda pessoa indireta ocorre quando utiliza-mos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor (portanto, a segunda pessoa) utilizam o verbo na terceira pes-soa. É o caso dos pronomes de tratamento. Ao tratarmos um deputado por Vossa Excelência, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa. As formas de relação devem ser usadas quando designamos a segunda pessoa, para designar a terceira pessoa, é necessário substituir vossa por sua, ob-tendo os pronomes Sua Alteza, Sua Excelência, etc..

PRONOMES POSSESSIVOS

Pronomes Possessivos são palavras que, ao indicarem a pes-soa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de pos-se de algo (coisa possuída). Podem indicar também afetivi-dade, respeito, cálculo aproximado, ação habitual, ofensa ou predileção.

Emprego Dos Pronomes Possessivos

a) Meu prezado amigo, gosto muito de você. (afetividade)Com licença, minha senhora!(respeito)Naquela época ela devia ter seus quinze anos. (cálculo apro-ximado)Costumo fazer meus trabalhos à tarde.(ação habitual) Procure sua turma, seu burro! (ofensa)Drummond sempre foi o meu poeta. (predileção)

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b) O emprego de seu, sua, seus, suas pode causar duplo sen-tido em certas frases: A mãe proibiu o fi lho de sair com seu carro. Para evitar o duplo sentido, usamos as formas dele(a): A mãe proibiu o fi lho de sair com o carro dele. (ou dela)

c) O pronome seu pode indicar tratamento: Quem trouxe a sacola foi o seu Paulo.

d) Em referência a partes do corpo ou faculdades do espírito, não se empregam os possessivos quando dizem respeito ao próprio sujeito da oração: Fraturei a perna. (E não: fraturei a minha perna.)A telefonista perdeu a razão.(E não: A telefonista perdeu a sua razão.)

e) Para realçar o caráter possessivo, podemos empregar as pa-lavras próprio(s), própria(s): Ele foi preso em sua própria casa.

f) Os pronomes oblíquos me, te, nos e vos podem funcionar com pronomes possessivos: Quebrei-lhe os dentes (=seus dentes). Roubaram-me os documentos (=meus documentos).

Pronomes possessivos:

primeira pessoa do singularsegunda pessoa do singularterceira pessoa do singular

meu, minha, meus, minhasteu, tua, teus, tuasseu, sua, seus, suas

primeira pessoa do pluralsegunda pessoa do pluralterceira pessoa do plural

nosso, nossa, nossos, nos-sasvosso, vossa, vossos, vossasseu, sua, seus, suas

O pronome possessivo concorda em pessoa com o possuidor e em gênero e número com a coisa possuída.

PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Pronomes Demonstrativos são palavras que indicam, no espa-ço ou no tempo, a posição de um ser em relação às pessoas do discurso.

Pronomes demonstrativos:

Variáveis Invariáveis

este, esta, estes, estasesse, essa, esses, essas

aquele, aquela, aqueles, aquelas

istoisso

aquilo

Emprego Dos Pronomes Demonstrativos

1. Em relação ao espaço:

a) Os pronomes este(s), esta(s) e isto indicam o ser próximo à pessoa que fala. Ex.: Este relógio (que está comigo) é bem antigo. / Isto (aqui) é uma verdadeira obra de arte.

b) Os pronomes esse(s), essa(s) e isso indicam o ser próximo à pessoa com quem se fala. Ex.: Esse caderno (que está com você) é ótimo. / Isso (aí) é bom?

c) Os pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo indicam o ser distante tanto de quem fala como de quem ouve. Ex.: Aquela casa (lá) pertence ao meu pai./Aquilo (ali) é seu?

2. Em relação ao tempo:

a) Os pronomes esta(s), este(s) e isto indicam o presente em relação ao emissor: Jamais esquecerei este momento.

b) Os pronomes esse(s), essa(s) e isso indicam o tempo pas-sado ou futuro relativamente próximo ao momento em que o emissor fala: Ontem comemorei meu aniversário. Jamais esquecerei essa data.

c) Os pronomes aquela(s), aquele(s) e aquilo indicam um tempo distante em relação ao momento em que o emissor fala: Há dez anos festejei meus quinze anos. Jamais esquece-rei aquele momento.

3. Em relação à fala ou à escrita:

a) Os pronomes esta(s), este(s) e isto indicam o que ainda vai ser falado ou escrito: Meu argumento é este: o crescimento econômico só faz sentido quando produz bem-estar social.

b) Os pronomes essa(s), esse(s) e isso indicam o que já foi fa-lado ou escrito: O crescimento econômico só faz sentido quan-do produz bem-estar social. Essa é a posição que defendo.

c) Os pronomes esta(s), este(s), aquela(s) e aquele(s) re-ferem-se a elementos já mencionados na fala ou na escrita, diferenciando-os pela ordem em que aparecem no discurso: crianças e idosos enfrentam problemas semelhantes na socie-dade brasileira: estes (=idosos) são desprezados por um sis-tema previdenciário inefi ciente e corrupto; aquelas(=crianças)são massacradas por uma distribuição de renda que impede os pais de criá-las dignamente.

OBSERVAÇÃO: Os pronomes o(s), mesmo(s), próprio(s), semelhante(s), tal(is) também são considerados demonstrativos: A que fi zer o melhor trabalho será promovi-da. / Nunca imaginei que pudesse ouvir tal

coisa./ Semelhantes dúvidas ocorreram. / O próprio eleitor deve fi scalizar a atitude dos políticos. / Já não sei mais o que fazer.

PRONOMES INDEFINIDOS

Pronomes Indefi nidos são palavras que se referem a terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago ou expressando quantidade indeterminada.

Além desses pronomes, existem também as locuções pronominais indefinidas: cada um, cada qual, quem quer que, todo aquele que, tudo o mais, etc.

algum,alguns,alguma,algumas

nenhum,nenhuns,nenhuma,nenhumas todo,todas,toda,todas

outro,outros,outra,outras

muito,muitos,muita,muitas

pouco,poucos,pouca,poucas

Pronomes indefinidos variáveis

certo,certos,certa,certos

vário,vários,vária,várias

tanto,tantos,tanta,tantas

quanto,quantos,quanta,quantas

um,uns,uma,umas

bastante, bastantes

qualquer,quaisquer

alguém, ninguém

tudo,nada

algo

cada

outrem

mais, menos, demais

Pronomes indefinidos invariáveis

todo, toda, todos, todas

PRONOMES INTERROGATIVOS

Os pronomes que, quem, qual e quanto recebe a denomina-ção particular de pronomes interrogativos porque são empre-gados para formular interrogações diretas ou indiretas:

Que é isso?Quero saber que é isso.

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Quem é esse senhor?Estou perguntando quem é esse senhor.Qual o melhor trajeto a percorrer?Diga-me qual é o melhor trajeto a percorrer.Quanto lhe devo?Quero saber quanto lhe devo.

PRONOMES RELATIVOS

Os pronomes relativos referem a um termo anterior, antece-dente, introduzindo uma oração adjetiva subordinada a esse antecedente. Ex.: Buscam-se soluções para a crise que há anos castiga o país. Eis o velho amigo de que lhe falei. Eis os velhos amigos de que lhe falei. Eis o instrumento de que necessitamos. Eis os instrumentos de que necessitamos.

que

o qual, os quais, a qual, as quais

cujo, cujos, cuja, cujas

quem

onde

quanto, quantos, quantas

Pronomes relativos

quando

como

• Cujo e suas fl exões equivalem a de que, do qual, de quem. Estabelecem normalmente relação de posse entre o antece-dente e o tempo que o especifi cam. Devem-se eleger candi-datos cujo passado seja garantia de boas intenções.

• Quem refere-se a uma pessoa ou a uma coisa personifi -cada:Aquele velho senhor a quem cumprimentamos toda manhã ainda não recebeu sua aposentadoria. Ex.: Esse é o livro a quem prezo como companheiro.

• Onde é pronome relativo quando tem o sentido aproxima-do de em que, deve ser usado , portanto, na indicação de lugar:Buscamos uma cidade onde possamos passar alguns dias tranquilos.

• Quanto, quantos e quantas são pronomes relativos quando seguem os pronomes indefi nidos tudo, todos ou todas:Esqueci tudo quanto foi dito aquela noite.Você pode confi ar em todos quantos estão presentes nesta sala.

• Quando e como são relativos que exprimem noções de tempo e modo, respectivamente:É a hora quando as garças levantam voo.Não entendi até agora a maneira como ela se dirigiu a mim naquela festa.

EXERCÍCIOS01. Assinale a frase em que o pronome pessoal NÃO obe-dece à norma culta:a) Não há mais nada entre mim e ti.b) Não vá sem eu saber.c) Trouxeram as peças para eu verifi car.d) Não se comprovou qualquer ligação entre tu e ela.

02. A substituição do termo destacado pelo pronome está INCORRETA em:a) Leve sua reivindicação aos vereadores. / Leve-ab) Indiquei o caminho certo aos turistas. / Indiquei-oc) Trouxeram alguns pacotes aos vizinhos. / Trouxeram-nosd) Refi z o serviço. / Refi z-lo.

03. O emprego do pronome relativo está CORRETO em:a) Aquele é o prédio onde acontecem muitas coisas.b) Devem-se eleger candidatos cujo o passado seja garantia.c) Este é o velho senhor cujo lhe falei.d) Buscamos uma cidade que possamos passear.

04. O emprego do pronome relativo está INCORRETO em:a) A mulher com quem viajei passou mal.b) A região por cujas ruas caminho é perigosa.c) Os que estão na rua correrão perigo. d) Visitarei o lugar que nasci.

05. Marque o ERRO na análise dos pronomes.a) Quem disse tal coisa? (pron. substantivo/ pron. adjetivo).b) Certas pessoas não têm o que fazer. (pron. adjetivo/ pron. substantivo).c) Dê-me o jornal que está na estante. (pron. substantivo/ pron. substantivo).d) Tenho vários livros falando sobre isso. (pron. adjetivo/ pron. adjetivo).

06. Assinale a opção em que o emprego do pronome NÃO está de acordo com a norma culta.a) Ela leva a fotografi a consigo.b) Isso sempre acontece conosco.c) O carro derrapou com nós três dentro.d) Aquela mulher só sabe falar de se mesma.

07. De acordo com a norma culta, há ERRO no uso do pro-nome pessoal em:a) Nada houve entre eu e você. b) Empreste o livro para eu ler. c) É hora de eles voltarem.d) Deixe-os entrar.

08. Assinale a alternativa em que o pronome pessoal está empregado CORRETAMENTE:a) Para mim, viajar de avião é um suplício. b) Este é um problema para mim resolver. c) Entre eu e tu não há mais nada.d) A questão deve ser resolvida por eu e você.

09. O pronome LHE tem valor possessivo na seguinte al-ternativa:a) João lhe pediu desculpas.b) Admiro-lhe a inteligência penetrante. c) O porteiro entregou-lhe as cartas do inquilino.d) Depois da ameaça, o funcionário obedeceu-lhe.

10. Marque a opção cuja colocação do pronome obedece à norma culta:a) As universidades já têm cursos especiais para alunos de Terceira Idade que querem reciclar-se.b) A diferença para as turmas convencionais é uma só: nin-guém submete-se a provas e exames.c) Os meninos nunca deram-se a oportunidade de cantar algo mais elaborado.d) Se pode correr 100 metros em cinco segundos quando se é um atleta.

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11. Na passagem: “De repente, foi assaltada por um adoles-cente, que a roubou...”, o pronome pessoal oblíquo está em posição proclítica. Segundo a norma culta, esta é a colocação CORRETA, porque:a) a oração é iniciada por palavra interrogativa. b) há uma oração de valor negativo na frase. c) o verbo não está no futuro do presente. d) há um pronome relativo na oração.

12. Marque a opção em que há ERRO quanto à colocação de pronome oblíquo átono.a) Para Maria, que encorajou-me a proliferar estas histórias, ofereço este livro.b) Pedro arriou o feixe de lenha, voltou-se para os fi lhos e sorriu.c) Infelizmente, não lhe foi possível dominar as emoções.d) As linhas irregulares da costura tumultuaram-se no aves-so da roupa.

13. De acordo com a norma culta, está INCORRETA a co-locação do pronome em:a) Sempre a desejou como madrinha. c) Ninguém lhe informou o resultado.b) Quando o chamaram, fi cou nervoso. d) Recusou o prêmio que ofereceram-lhe.

14. De acordo com a norma culta, está INCORRETA a co-locação do pronome em:a) Que a terra lhes seja leve! c) Companheiros, escutai-me. b) Explique-lhe o motivo das férias. d) Lembrarei-me de alguns belos dias aqui.

15. De acordo com a norma culta, há ERRO no uso do pronome pessoal em:a) A paz lhe seja concedida. c) Não lembrarei-me nunca do que você disse. b) O júri vai entregar-lhe o prêmio amanhã. d) Eu já tinha lido aqueles livros que me deram.

16. Assinale a opção em que a colocação do pronome oblí-quo está INCORRETA quanto à norma culta da língua.a) Não pude dar-lhe os cumprimentos, por estar fora da cidade.b) Agora tem-se dado muito apoio técnico ao pequeno em-presário.c) Ter-lhe-íamos pedido ajuda, se o víssemos antes da prova.d) Como me propiciou momentos agradáveis, fui bastante paciente.

17. Marque as colocações incorretas do pronome pessoal:

1. ( ) Tenho previnido-o. 2. ( ) Haviam-no denunciado. 3. ( ) Nada darei-te de presente.4. ( ) Se a memória não me falha...5. ( ) Farei-te o serviço amanhã

As frases INCORRETAS são:a) 1,2,3,4,5. b) 1,2,5. c) 1,3,5. d) 2,3,4,5.

18. Imagine que um cientista deseje escrever uma carta ex-plicando-se a algumas personalidades brasileiras. Identifi que os pronomes de tratamento que seriam adequados para as autoridades listadas a seguir.

Pronomes de tratamento Autoridades

I. Vossa Eminência ( ) Senador da república

II. Vossa Excelência ( ) Diretor de órgão público

III. Vossa Magnifi cência ( ) Reitor de universidade

IV. Vossa Senhoria ( ) Pesquisador em institui-ção de pesquisa

V. Senhor ( ) Cardeal

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA de cima para baixo.a) I, III, II, IV, II. b) II, III, IV, V, I. c) II, IV, III, I, V. d) II, IV, III, V, I. e) III, IV, II, V, I.

GABARITO 01. d 02. d 03. a 04. d 05. d 06. d

07. a 08. a 09. b 10. a 11. d 12. a

13. d 14. d 15. c 16. b 17. c 18. d

NUMERAL Defi nições:

•Semântico - é a palavra que se refere ao substantivo dando a ideia de quantidade, ordem, multiplicação ou fração.– quantidade - Choveu durante quatro semanas.– ordem - O terceiro aluno da fi leira era o mais alto.– multiplicação - O operário pediu o dobro do salário.– fração - Comeu meia maçã.

•Morfológico - pode ocorrer variação de número, gênero e grau.

•Sintático- pode exercer a função de adjunto e de núcleo do sintagma nominal.

CLASSIFICAÇÃO DO NUMERAL

Cardinal - Indica uma quantidade determinada de seres.

Ordinal - Indica a ordem (posição) que o ser ocupa numa série.Multiplicativo - Expressa a ideia de multiplicação, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada.

Fracionário - Expressa a ideia de divisão, indicando em quantas partes a quantidade foi dividida.

GÊNERO DO NUMERAL

Variam em gênero: os cardinais um, dois e os de duzentos a novecentos; todos os ordinais; os multiplicativos e os fracio-nários quando expressam uma ideia adjetiva em relação ao substantivo.Exemplos:um - uma;dois- duas;segundo- segunda;septuagésimo- septuagésima.

João deu um salto duplo e um triplo e tomou uma dose quá-drupla de vitaminas./ Comi meio abacate e meia banana.

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NÚMERO DO NUMERAL

Variam em número: os cardinais terminados em –ão (Bilhões de dólares foram perdidos com a crise); todos os ordinais (As primeiras pessoas passaram no teste); os multiplicativos com função de adjetivo (Tomei dois copos duplos de leite); os fra-cionários, dependendo do cardinal que os antecede (Gastou dois terços do salário).

GRAU DO NUMERAL

Na linguagem coloquial é comum a fl exão de grau dos numerais.Ex:As cinquentonas de hoje estão muito longe das vovozinhas de anos atrás.Ninguém perde os jogos da segundona.O jogador foi o primeiríssimo artilheiro do capeonato.Aquela duplinha nunca vencerá o jogo.

NUMERAIS MULTIPLICATIVOS E FRACIONÁRIOS

meio ou metade oitavo

terço

quarto

quinto

sexto

sétimo

nono

décimo

onze avos

doze avos

centésimo

Numerais fracionários

duplo,dobro ou dúplice óctuplo

triplo ou tríplice

quádruplo

quíntuplo

sêxtuplo

séptuplo

nônuplo

décuplo

undécuplo

duodécuplo

cêntuplo

Numerais multiplicativos

Numerais cardinais e ordinais

Algarismos

arábicos Romanos Cardinais Ordinais

1 I um primeiro

2 II dois segundo

3 III três Terceiro

4 IV quatro quarto

5 V cinco quinto

6 VI seis sexto

7 VII sete sétimo

8 VIII oito oitavo

9 IX nove nono

10 X dez décimo

11 XI onze décimo primeiro ou undécimo

12 XII doze décimo segundo ou duodécimo

13 XIII treze décimo terceiro

14 XIV catorze ou quatorze décimo quarto

15 XV quinze décimo quinto

16 XVI dezesseis décimo sexto

17 XVII dezessete décimo sétimo

18 XVIII dezoito décimo oitavo

19 XIX dezenove décimo nono

20 XX vinte vigésimo

21 XXI vinte e um vigésimo primeiro

30 XXX trinta trigésimo

40 XL quarenta quadragésimo

50 L cinquenta quinquagésimo

60 LX sessenta sexagésimo

70 LXX setenta septuagésimo ou setuagésimo

80 LXXX oitenta octogésimo

90 XC noventa nonagésimo

100 C cem centésimo

200 CC duzentos ducentésimo

300 CCC trezentos trecentésimo

400 CD quatrocentos quadringentésimo

500 D quinhentos quingentésimo

600 DC seiscentos seiscentésimo ou sexcentésimo

700 DCC setecentos septingentésimo ou setingentésimo

800 DCCC oitocentos octingentésimo

900 CM novecentos nongentésimo

1 000 M mil milésimo

10 000 X dez mil décimo milésimo

100 000 C cem mil centésimo milési-mo

1 000 000 M um milhão milionésimo

1 000 000 000 M um bilhão ou

bilião bilionésimo

• Os numerais que designam um conjunto determinado de seres recebem o nome de numerais coletivos:

Bíduo período de dois dias Bimestre período de dois mesesBienal o que ocorre de dois um dois anosBiênio período de dois anosCentena conjunto de cem unidadesCentenário/centúria período de cem anos Decálogo conjunto de dez leisDecênio período de dez anosDecúria grupo de dez (coisas, indivíduos, etc.)Dístico estrofe de dois versosDúzia doze unidadesgrosa doze dúziasLustro/quinquênio período de cinco anosMês período de trinta diasMilênio período de mil diasNovena período de nove diasPar agrupamento de duas coisas semelhantesQuarentena período de quarenta diasQuatriênio período de quatro anosQuina série de cinco númerosResma quinhentas folhas de papelSemana período de sete dias

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Semestre período de seis mesesSeptênio período de sete anosSesquicentenário período de cento e cinquenta anosSexênio período de seis anosSextilha estrofe de seis versosTerceto estrofe de três versosTrezena período de treze dias Tricinquentenário período de cento e cinquenta anosTriênio período de três anosTrinca conjunto de três coisas semelhantes

EXERCÍCIOS

01. O signifi cado do numeral coletivo está ERRADO em:a) resma: cem folhas.b) sesquicentenário: período de cento e cinquenta anos.c) grosa: doze dúzias.d) quina: série de cinco números.

02. Os ordinais referentes aos números 200, 500 e 90 são, RESPECTIVAMENTE:a) dulcentésimo, quingentésimo, nonagésimo.b) ducentésimo, quingentésimo, nongésimo.c) ducentésimo, quigentésimo, nonagésimo.d) ducentésimo, quingentésimo, nonagésimo.

03. A alternativa que apresenta um vocábulo numeral car-dinal é:a) Eles comeram meio bolo. b) O papa Paulo VI já veio ao Brasil. c) Foram acidentadas três pessoas.d) Comeu o triplo do que devia.

04. Os ordinais sexagésimo e quadringentésimo correspon-dem aos cardinais, respectivamente:a) setenta e quatrocentos. b) cinquenta e quarenta. c) sessenta e setenta.d) sessenta e quatrocentos.

05. Quíntuplo e séptuplo são numerais:a) ordinal o primeiro e multiplicativo o segundo.b) multiplicativo o primeiro e ordinal o segundo.c) ambos cardinais.d) ambos multiplicativos.

GABARITO01. a 02. d 03. c 04. d 05. d

ARTIGO

Defi nições:

• Sintático - é a palavra que se antepõe ao substantivo e tem função de adjunto.

• Morfológico - varia em gênero e número.

• Semântico - determina ou indetermina o substantivo.

Excerto:

“A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito (...)”

CLASSIFICAÇÃO DO ARTIGO

O artigo classifi ca-se de acordo com a ideia que atribui ao ser em relação a outros da mesma espécie. Ex.: Um homem tocou a campainha. Era o técnico chamado para consertar a TV.

O artigo um que se refere ao substantivo homem indica o ser de maneira imprecisa: trata-se de um homem qualquer entre os demais.

O artigo o que se refere ao substantivo técnico indica o ser de maneira precisa: trata-se de um ser específi co, que já era esperado. Portanto, o artigo classifi ca-se em:

Defi nido - é aquele usado para determinar o substantivo de forma defi nida: o, as, os, as.

Indefi nido - é aquele usado para determinar o substantivo de forma indefi nida: um, uma, uns, umas.

FLEXÃO DO ARTIGO

O artigo é uma classe variável. Varia de gênero e número para concordar com o substantivo a que se refere.

• O artigo sempre se antepõe a um substantivo. Isso não signifi ca, contudo, que ele deva posicionar-se imediatamen-te antes do substantivo; às vezes, pode haver entre o artigo e o substantivo uma ou mais palavras de outras classes gra-maticais. Ex.: Os dois lindos fi lhos de colo são gêmeos.

• Os artigos podem combinar-se com preposições, resultan-do nas formas ao, do, nos, num, numa, etc..

• Quanto à fusão da preposição a com o artigo a(s), gra-fi camente representada pelo acento grave: a+a(s) =à (s), temos um caso especial denominado crase.

EMPREGO DO ARTIGO

• O artigo defi nido, no singular, pode indicar toda uma espé-cie. Ex: O homem é mortal./ O trabalho enobrece o homem.

• Alguns nomes próprios indicativos de lugar admitem o ar-tigo, outros não: o Rio de Janeiro, a Bahia, Belo Horizonte.

• O uso do artigo antes de nomes próprios personativos é facultativo quando há ideia de familiaridade ou afetividade: O Paulo é meu irmão. / Namoro a Andréia há muito tempo.

• Nomes próprios personativos são determinados por artigo quando estão no plural: os Vieiras, os Silvas, os Cunhas.

• É obrigatório o emprego do artigo depois de numeral “am-bos”: Fizemos ambos os testes.

• Depois do indefi nido todo(a) usa-se artigo para dar ideia de totalidade; sem artigo o pronome assume a noção de “qualquer”: Toda a cidade comemorou o seu aniversário.

• O artigo defi nido como superlativo: Meio ambiente é o negócio.

• Emprega-se o artigo para substantivar palavras: O sim foi dito./ Este é o porquê do problema.

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Língua Portuguesa

EXERCÍCIOS 01. O artigo defi nido está empregado ERRADO em:a) “ A velha Roma está sendo modernizada.”b) “ A Paraíba é uma bela fragata.”c) “ Não conheço agora a Lisboa de meu tempo.”d) “ O gato escaldado tem medo de água fria.”

02. Está INCORRETO o emprego do artigo em:a) Este é o livro cujo o autor desconheço.b) A menina nem deu explicações para o professor.c) Queria que ela trouxesse todo o material.d) Eles acertaram ambos os exercícios.

03. Em qual dos casos o artigo denota familiaridade?a) Os Andradas são políticos famosos.b) O professor é amigo de todos.c) O Rio de Janeiro está em guerra.d) O Antônio chegou atrasado.

04. Assinale a alternativa em que há ERRO no emprego do artigo:a) Nem todas as opiniões são valiosas.b) Disse-me que conhece todo o Brasil.c) Leu todos os dez romances do escritor. d) Andou por todo o Portugal.

GABARITO01. d 02. a 03. d 04. d

PREPOSIÇÃO

Defi nições:

• Sintático - é usada como elemento de ligação entre duas es-truturas diferentes (substantivo + adjetivo; verbo + advérbio).

• Morfológica - é invariável.

• Semântica - isoladamente, as preposições e as locuções pre-positivas não têm nenhum sentido lógico. Na frase, no en-tanto, podem expressar as mais diversas relações semânticas (relações de sentido).

Excertos:

“Deixa ele bater até cansar(...)”

“Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão.”

“(...) fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.”

Preposição Relações Exemplos

ALugarModoTempo

Domingo iremos a Recife.O cavaleiro partiu a galope.Eles voltaram à tarde.

COM

CausaCompanhiaInstrumento

Modo

A árvore caiu com o tempo-ral.Ela só viaja com os amigos.Cavamos o buraco com a pá.Façam a prova com atenção.

DE

LugarCausaPosse

Assunto

A encomenda veio de Belém.A criança chorava de fome.Os livros do menino sumi-ram. Estamos falando de preposições.

EMLugar

MatériaModo

A igreja fi ca em uma colina.Ele fez uma escultura em gesso.Todos saíram em silêncio.

POR LugarCausa

Passei por lugares belíssi-mos.Por ser gago, era tímido.

LOCUÇÃO PREPOSITIVA

É o conjunto de duas ou mais palavras com valor de uma preposição.

Ex.: A fi m de, através de, à custa de, a cerca de, embaixo de, por trás de, junto a, junto de, graças a, etc..

OBSERVAÇÃO: Sintaticamente, as preposi-ções não exercem propriamente uma fun-ção: são consideradas conectivos, ou seja, elementos de ligação entre termos oracio-nais:

• Complementos Verbais – Obedeço aos meus princípios.

• Complementos Nominais – Continuo obediente aos meus princípios.

• Locuções Adjetivas – É uma pessoa de valor.

• Locuções Adverbiais – Tive de agir com cautela.

• Orações reduzidas – Ao chegar, foi recebido pelo encarre-gado da seção.

CONJUNÇÃO

Defi nições:

• Sintática - liga estruturas semelhantes (substantivo + subs-tantivo; oração + oração).

• Semântica - é a classe de palavras em que o sentido é alte-rado de acordo com o contexto.

• Morfológica - é invariável.

Excertos:

“Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cida-de(...)”

“Enquanto esperava, resolveu fazer um café.”

“Como estivesse completamente nu(...)”

“Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.”

As conjunções são basicamente classifi cadas em coordena-tivas e subordinativas, de acordo com o tipo de relação que estabelecem. As conjunções coordenativas As subordinativas ligam uma primeira oração a uma segunda que em relação à primeira desempenha função sintática; em outras palavras, ligam uma oração principal a uma oração que lhe é subordi-nada.

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Matéria

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Língua Portuguesa

Podemos esquematizar assim as conjunções coordenativas:

Conjunções coordenativas Estabelecem coordenação e exprimem... Exemplos

Aditivasadição e correlação:e, nem, nem ... nem, não só ... mas também, etc..

Não só leio mas tambémescrevo.Correu e lutou bastante.

Adversativascontraste e compensação:mas, porém, contudo, todavia, no entanto, en-tretanto, senão, etc..

Saiu, mas não foi ao Banco.Ele lê bastante, todavia não se concentra.

Alternativas

alternância e correlação:ou, ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer ... quer, seja ... seja, umas vezes ...outras vezes, etc..

Ou sai você ou (saio) eu.Quer leia, quer escreva, está sempre aprimorando sua lingua-gem.

Conclusivas

conclusão, consequência:logo, pois, portanto, por isso, por isto, por con-seguinte, assim, etc.

Ele estudou, por conseguinte terá um futuro bem-sucedido. Não previu nada, por isso esque-ceu até a mala.

Explicativasexplicação e esclarecimentos:que, porque, porquanto, etc.. (Se que e porque tiverem valor subordinativo, passam a ser con-junções causais.)

Não polua o ar, pois precisamos dele limpo.Vá, que poderá ser prejudicado.

Adverbiais: são as que, exprimindo diferentes circunstâncias, podem ser assim esquematizadas:

Conjunções subordinativas adverbiais Exprimem circunstâncias de... Exemplos

Causais Causa: porque, que , visto que, como, uma vez que, já que, etc..

O aluno vibrou porque a nota foi excelente. Já que vieste, fi ca para a festa.

comparativasComparação: como, mais ... (do) que, tão ...como, tanto ... quanto, tão ... quanto, assim como, etc..

Numa sala de fumantes há menos oxigênio do que fumaça.O policial agiu mais rápido que o assaltante.

ConcessivasConcessão: embora, ainda que, mesmo que, se bem que, posto que, conquanto, apesar de que, etc..

Embora não fosse gênio, conseguiu grandes realizações. Apesar de analfabeto, entende de mecânica.

Condicionais

Condição: se, caso, sem que, se não, uma vez que, a não ser que, exceto se, a menos que, contanto que, salvo se, etc..

A passeata só será adiada se chover.Caso todos estejam de acordo, iniciaremos a reunião às oito horas.

Conformativas Conformidade: conforme, consoante, como, segundo que (= conforme), etc..

Consoante a última pesquisa, o custo de vida baixou. A ECO-92 foi um sucesso, segundo os repórteres.

ConsecutivasConsequência: de sorte que, de modo que, sem que, senão, tão (tanto, tamanho, tal) ... que, etc..

O susto foi tamanho que ela caiu desmaiada.O leitor não passava de três palavras sem que gaguejasse.

FinaisFinalidade: para, para que, a fi m de que, que (= para que), de modo que, de forma que, de sorte que, etc..

Deus criou os homens para que sejam felizes.Anda com prudência, a fi m de compensares a imprudência dos outros.

ProporcionaisProporção: à proporção que, à medida que, quanto mais ... tanto mais, ao passo que, etc..

À proporção que perdoares, serás perdoado.O meio ambiente é agredido à medida que o progresso avança.

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Matéria

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Língua Portuguesa

Temporais

Tempo: quando, enquanto, assim que, logo que, sempre que, depois que, desde que, até que, mal, apenas, sem que (= antes que), etc..

Mal ele abria a boca, todos riam. Morreu sem que viajasse para a Europa.Assim que o vi, corri para abraçá-lo.

Integrantes que, se e como. Desejo que sejas feliz.Não sei se devo dizer-lhe.

OBSERVAÇÃO: As conjunções integrantes introduzem orações subordinadas substanti-vas.

ADVÉRBIODefi nições:

• Semântica - é a palavra que indica as circunstâncias em que ocorre a ação verbal.

• Sintática - é, fundamentalmente, um modifi cador do verbo, mas modifi ca também adjetivo.

• Morfológico - invariável.

Excertos:

“(...)viu o ponteiro subir lentamente os andares...”

“Antes de mais nada(...)”

“Não gosto dessas coisas.”

“(...)quando ele vier a gente fi ca quieto aqui dentro(...)”

CLASSIFICAÇÃO DO ADVÉRBIO

De acordo com as circunstâncias que exprime, o advérbio pode ser de:

Tempo (ontem, hoje, logo, antes, depois, jamais, outrora, quando, às vezes, de repente...)

Lugar (aqui, ali, acolá, atrás, além, acima, onde, longe, ao lado, de fora, dentro...)

Modo (bem, mal, depressa, assim, devagar, rapidamente, às claras, sem medo, em silêncio...)

Afi rmação (sim, deveras, certamente, realmente, efetiva-mente, seguramente, com certeza...)

Negação (não, absolutamente, tampouco, de modo algum, de jeito nenhum...)

Dúvida (talvez, quiçá, porventura, provavelmente, eventual-mente, possivelmente, acaso...)

Intensidade (muito, pouco, mais, bastante, quase, apenas, demais, tanto, quanto...)

LOCUÇÃO ADVERBIAL

É um conjunto de duas ou mais palavras com valor de ad-vérbio.Exemplos:Ele virá com certeza.Ele chegou de repente.

GRAU DE ADVÉRBIOS

Alguns advérbios (de lugar, de modo, de tempo e de inten-sidade) admitem à maneira dos adjetivos, a fl exão de grau comparativo e superlativo:

Grau comparativo – Pode ser de igualdade, de superiorida-de e de inferioridade:

Ele agia tão calmamente quanto (ou como) o amigo.Ele agia mais calmamente (do que) o amigo.Ele agia menos calmamente (do que) o amigo.

• Os advérbios bem e mal possuem as formas sintéticas de comparativo melhor e pior: Eles atuam melhor/pior (do que) os amigos.

• As formas analíticas correspondentes mais bem e mais mal são usadas diante de particípios que atuam como adjetivos: Ele é o mais bem informado dos amigos./Esta casa é a mais mal construída de todas.

Grau superlativo – O superlativo dos advérbios é absoluto e pode ser formado de duas maneiras:

a) analítico – O superlativo é obtido por meio do uso de um advérbio de intensidade: Ele agiu muito ponderadamente./Estamos muitíssimo perto do local indicado.

b) sintético – O superlativo é obtido por meio do uso do su-fi xo – íssimo: Acordamos cedíssimo todos os dias. / Amamos muitíssimo nossas convicções.

ADVÉRBIOS INTERROGATIVOS

São advérbios interrogativos: quando (de tempo), como (de modo), onde (de lugar), por que (causa). Podem aparecer tanto nas interrogativas diretas quanto nas indiretas.

INTERJEIÇÕES Defi nições:

• Semântica - palavras que expressam surpresa, alegria, aplauso, emoções.

Excertos:

— Ah, isso é que não!

— Valha-me Deus!

— Olha, que horror!

OBSERVAÇÃO: no caso dessa classe de palavras, apenas a defi nição semântica é su-fi ciente.

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Língua Portuguesa

CLASSIFICAÇÃO DAS INTERJEIÇÕES

As interjeições classifi cam-se segundo as emoções ou senti-mentos que exprimem:a) alegria: ah!, oh!, oba!;b) animação: coragem!, avante!, eia!, vamos!;c) aplauso: bis!, bem!, bravo!, viva!;d) desejo: oh!, oxalá!, tomara!;e) dor: ai!, ui!;f) espanto ou surpresa: ah!, chi!, ih!, oh!, ué!, uai!, caramba!;g) apelo: alô!, ei!, socorro!;h) silêncio: psiu!, silêncio!, calada!;i) suspensão: alto!, basta!;j) advertência: cuidado!, atenção!.

LOCUÇÃO INTERJETIVA

São duas ou mais palavras com valor de interjeição. Exem-plos: Meu Deus!, Ora bolas!, Que horror!, Valha-me Deus!, Alto lá!, Credo em cruz!

EXERCÍCIOS

01. Não há preposição na seguinte frase:a) Li as pesquisas, mas não encontrei tal assunto.b) Trazia o celular sob a camisa.c) Sobre o anoitecer chegamos a Mariana.d) Ele tomou seu café-com-leite e saiu.

02. Só existe preposição em:a) Se esperar, você terá a resposta.b) Espero que você entre logo.c) Há quem evite falar disso.d) Tomou as decisões rapidamente.

03. Marque a preposição que é indicativa de meio:a) Passei o dia à toa. b) Várias pessoas seguiam após eles. c) Agora vou até o fi m. d) Estou vindo de ônibus para a escola.

04. Marque a opção em que a palavra grifada é advérbio:a) Há quem queira falar sobre isso. b) Jamais lhe falei a verdade. c) Passei o dia falando em você.d) Você trouxe o material que lhe pedi?

05. Marque o advérbio que está classifi cado INCORRETA-MENTE:a) Alguns não conhecem o assunto. ( negação )b) O menino cantou dasafi nadamente. ( modo )c) Amanhã iremos ao cinema. ( tempo )d) Não sabemos por que ele foi preso. ( dúvida )

06. Em todas as alternativas há dois advérbios, EXCETO:a) Hoje jogaremos bola à tarde.b) Calmamente, ele não disse a resposta.c) Agora ele fi cou ao lado dela.d) Ele fi cou muito triste.

07. Marque a opção em que NÃO se observa equivalência de sentido entre a locução e o advérbio:a) de vez em quando – esporadicamente.b) sem muito cuidado – negligentemente.c) aos poucos – inoportunamente.d) ao mesmo tempo – concomitantemente.

08. Não há transformação CORRETA das expressões desta-cadas dos advérbios terminados em –mente em:a) Tratou com amizade: amigavelmente.b) Agiu sem medo: destemidamente.c) Fez tudo com prazer: prazerosamente.d) Ofendeu a todos sem distinção: distintivamente.

09. Em todas as alternativas a(s) palavra(s) em destaque indica(m) circunstância de tempo, EXCETO:a) Eles saíram logo que amanheceu.b) Quanto mais leio, mais aprendo.c) Quando chegamos, eles já haviam saído.d) Só voltou a jogar depois que se sentiu bem.

10. A conjunção grifada indica fi nalidade em:a) “ Falou tão alto, que a família acordou”.b) “ Tremia como se fosse desmaiar”.c) “ Fiz-lhe sinal que se calasse”.d) Como fazia frio, fechou as janelas.

11. A palavra “como” indica comparação em:a) Como chovesse, decidi adiar a partida.b) Fiz tudo como combináramos.c) Como fazia frio, fechou as janelas.d) Ele é compreensivo como um travesseiro.

12. No período “Apesar de que existem provas irrefutáveis contra ele, o réu continua a dizer-se inocente”, a palavra des-tacada veicula uma ideia de:a) explicação. c) consequência. b) concessão. d) condição.

13. Em: “Se houver decisões rápidas e efi cientes, o quadro social pode começar a melhorar”, o valor da conjunção do período é de:a) conformidade. c) proporção. b) tempo. d) condição.

14. As formas que traduzem vivamente os sentimentos súbi-tos, espontâneos dos falantes são denominados:a) advérbios. b) conjunções.c) preposições. d) interjeições.

15. Em: “Cuidado! Não abuse de bebidas alcoólicas” – essa interjeição exprime:a) espanto. c) advertência. b) aplauso. d) apelo.

GABARITO01. a 02. c 03. d 04. b 05. d

06. d 07. c 08. d 09. b 10. c

11. d 12. b 13. d 14. d 15. c

EXERCÍCIOS DE REVISÃO

01. Assinale a alternativa em que está CORRETA a forma plural.a) júnior: júniors. b) gavião: gaviães. c) fuzil: fuzíveis. d) Atlas: Atlas.

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02. O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem. Afetuosa porque geralmente o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão afáveis que se deixam diminuir sem perder o sentido. E preca-vida porque também o usamos para desarmar certas palavras que, por sua forma original, são ameaçadoras demais.

Luiz Fernando Veríssimo, Diminutivos.

A alternativa inteiramente de acordo com a defi nição do autor de diminutivo é:a) O iorgutinho que vale por um bifi nho.b) Ser brotinho é sorrir dos homens e rir interminavelmente das mulheres.c) Gosto muito de te ver, Leãozinho.d) Essa menininha é terrível.

03. Assinale o período que NÃO contém um substantivo sobrecomum.a) Ele foi a testemunha ocular do crime ocorrido naquela polêmica reunião.b) Aquela criança ainda conserva a ingenuidade meiga e dócil.c) O indivíduo morreu mantendo-se como um ídolo indestru-tível na memória de seus admiradores.d) O pianista executou com melancolia a suavidade a sinfo-nia preferida pela platéia.

04. Observe as frases seguintes e depois escolha a única alternativa INCORRETA. I. Com a Ana, ele vai brigar.II. Com Fred, ele não vai discutir.a) A frase I contém um artigo defi nido, no feminino e no singular, que semanticamente torna Ana mais próxima do emissor.b) A frase I contém um artigo defi nido, no feminino e no singular, pois antecede um nome próprio e no singular, e de mesmas características morfológicas.c) No confronto entre a frase I e II pode-se notar a importân-cia do uso estilístico do artigo.d) A frase II, não contendo artigo defi nido diante do nome próprio, está errada.

05. Palavras que, originalmente diminutivos ou aumentativos, perderam essa acepção e se constituem hoje em formas nor-mais, independentes do termo derivado:a) pratinho, papelzinho, livreco, barcaça.b) tampinha, cigarrilha, estantezinha, elefantão.c) cartão, fl autim, lingueta, cavalete.d) chapelão, bocarra, vidrinho, martelinho.

06. Indique o item em que os numerais estão INCORRETA-MENTE empregados:a) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.b) Após o parágrafo nono, virá o parágrafo dez.c) Depois do capítulo sexto, li o capítulo onze.d) O artigo vinte e um foi revogado.

07. A alternativa em que o numeral está impropriamente empregado é:a) O conteúdo do artigo onze não está claro.b) Já lhe disseram, pela noningentésima vez, o que fazer.c) Esses animais viveram, aproximadamente, na Era Terciária.d) Consulte a Encíclica de Pio Dez.

08. A frase em que o adjetivo está no grau superlativo de superioridade é:

a) Estes operários são capacíssimos.b) O quarto estava escuro como a noite!c) Não sou menos digno que meus pais.d) Você foi o amigo mais sincero que eu tive.

09. O termo em destaque é um adjetivo desempenhando a função de um substantivo em:a) O coitado está se queixando dela com toda a razão.b) É uma palavra assustadora.c) Num joguinho aceita-se até o cheque frio.d) Ele é meu braço direito, doutor.

10. Assinale a alternativa INCORRETA:a) Na oração “eu [a agulha] é que vou entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima”, embora apresentan-do um sufi xo próprio do grau do substantivo, o adjetivo unida possui valor superlativo.b) A frase “Toda linguagem muito inteligível é mentirosa” po-deria apresentar a forma inteligibilíssima em lugar de muito inteligível, sem alteração alguma no grau do adjetivo.c) O uso popular estabelece várias formas “não gramaticais” para intensifi car a qualidade expressa pelo adjetivo, como na expressão ”podre de rico”; não se pode dizer o mesmo de “magro como um espeto”, que é simplesmente uma compara-ção sem força expressiva.d) Muitos aumentativos e diminutivos perderam a função, pró-pria do grau do substantivo, de indicar a variação do tamanho do ser, passando a exprimir, conforme o contexto, desprezo ou afetividade, como em “essa gentalha não vê o seu lugar”.

11. Assinale a oração em que o termo cego(s) é um adjetivo.a) “Os cegos , habitantes de um mundo esquemático, sabem aonde ir...”b) “O cego de Ipanema representava naquele momento to-das as alegorias da noite escura da alma...”c) “Todos os cálculos do cego se desfaziam na turbulência do álcool”.d) “...da Terra que é um globo cego girando no caos”.

12. Assinale a opção que completa as lacunas da seguinte frase: “Ao comparar os diversos rios do mundo com o Amazo-nas, defendia com azedume e paixão a proeminência _______ sobre cada um _______”.a) desse, daquele. c) deste, daqueles.b) daquele, destes. d) deste, desse.

13.“Toda pessoa deve responder pelos compromissos assu-midos.” A palavra destacada é:a) pronome indefi nido variável. b) pronome indefi nido invariável. c) pronome demonstrativo.d) pronome possessivo.

14. Assinale a opção que completa as lacunas da seguinte frase: “Se ninguém _______ a verdade, e se precisei lutar para _______ nada _______ a respeito.”a) Disse-me, a encontrar, se falou. b) Disse-me, encontrá-la, se falou.c) Me disse, a encontrar, falou-se.d) Me disse, encontrá-la, se falou.

15. ”Visitei o sítio da amiga de Paula, o qual muito me en-cantou .” Usou-se o qual em vez de que: a) por uma questão de estilo.b) pois só o qual é conectivo. c) pois a segunda oração é adjetiva. d) para se evitar ambiguidade.

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16. Assinale o item que completa convenientemente as lacu-nas do trecho: ”A maxila e os dentes denotavam a decrepi-tude do burrinho; _______, porém, estavam mais gastos que _______”.a) esses, aquela. b) estes, aquela. c) estes, essa. d) aqueles, esta.

17. A frase negativa que corresponde a “Põe nela todo o incêndio das auroras” é:a) Não põe nela todo o incêndio das auroras. b) Não ponhas nela todo o incêndio das auroras. c) Não põem nela todo o incêndio das auroras.d) Não ponha nela todo o incêndio das auroras.

18. Transpondo para a voz passiva a oração ”Os colegas o es-timavam por suas boas qualidades”, obtém-se a forma verbal:a) eram estimadas. b) tinham estimado. c) fora estimado. d) era estimado.

19. “Se ele ( ) ao nosso trabalho, ( ) um elogio”.Assinale a alternativa em que as formas dos verbos ver e fazer preenchem corretamente as lacunas da frase acima.a) ir, fazerá. c) fosse, fará. b) isse, faria. d) for, fará.

20. Assinale a alternativa que contém uma frase em que o ad-vérbio expressa simultaneamente ideias de tempo e negação.a) Falei ontem com os embaixadores. b) Não me pergunte as razões da minha atitude. c) Eles sempre chegam atrasados.d) Jamais acreditei que você viesse.

21. “Um , dois, três lampiões, acende e continua. Outros mais a acender imperturbavelmente. À medida que a noite aos poucos se acentua. E a palidez da lua apenas se pressente.”A oração que se inicia com o conectivo à medida que oferece à anterior uma ideia de:a) proporção. c) consecução. b) concessão. d) tempo.

22. “...foram intimados a comparecer...”“...não a fi zeram...”“...a sua oração...”As três ocorrências do a são, RESPECTIVAMENTE:a) Preposição, pronome, preposição. b) Artigo, artigo, preposição. c) pronome, artigo, preposição. d) preposição, pronome, artigo.

23. Assinale a alternativa correspondente à frase em que ocorre uso incorreto de conjunção.a) O homem criou a máquina para facilitar sua vida, e contudo ela correspondeu a essa expectativa.b) Diga-lhe que abra logo a porta, que eu estou com pressa.c) Ele tinha todas as condições para representar bem os cole-gas; nem todos lhe reconheciam os méritos, porém.d) O problema é que ainda não se sabe se ele agiu conforme as normas da empresa.

GABARITO01. d 02. c 03. d 04. d 05. c 06. a

07. d 08. d 09. a 10. a 11. d 12. c

13. a 14. d 15. d 16. b 17. b 18. a

19. d 20. d 21. a 22. d 23. a

DIFERENCIAÇÃO MORFOLÓGICA DE PALAVRAS

Algumas palavras podem apresentar classes diferentes em função do contexto. Seguem, abaixo, algumas palavras e suas características para diferenciação.• A > artigo defi nido - antes de um substantivo, concordando com ele.Ex.: A saudade dói.> pronome demonstrativo - antes do pronome relativo QUE ou da preposição DE, sendo substituível por AQUELA. Ex.: Esta é a casa a que estimo. / Comprei uma boa roupa, mas a de Maria é melhor.

OBSERVAÇÃO: antes do pronome relativo QUE o A também pode ser preposição, mas não será substituível por AQUELA.

> pronome pessoal oblíquo - junto a um verbo e corresponde a ela.Ex.: Amo-a.> preposição essencial - pode ser trocado por outra prepo-sição como forma de teste e não equivale a o no masculino.Ex.: Embarcação a remo. / Estou a vender.> substantivo comum - quando representa a letra do alfabetoEx.: Este a é pequenininho.> numeral ordinal - quando corresponde a primeiro em uma enumeração.Ex.: Capítulo a.

• Atrás > advérbio de lugar.Ex.: Nós caminhamos atrás.> palavra expletiva.Ex.: Há anos atrás as coisas não eram assim.

• Bastante > adjetivo.Ex.: Isso era bastante.> pronome adjetivo indefi nido.Ex.: Comprei bastantes roupas.> advérbio de intensidade (invariável).Ex.: Eram bastante ricos.

• Bem > advérbio de intensidade - quando corresponde a muito.Ex.: Joana é bem inteligente.> advérbio de modo.Ex.: Esmeralda fala bem.> substantivo comum.Ex.: Meu bem está longe.> interjeição.Ex.: Bem! ainda assim estou certa.

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• Certo > adjetivo - determinando um substantivo e com signifi cado de verdadeiro.Ex.: É um homem certo.> pronome adjetivo indefi nido - antes de um substantivo, concordando com ele.Ex.: Vi certo livro.> advérbio de afi rmação - quando quer dizer certamente.Ex.: Certo, não queres brincar.

• Como > advérbio interrogativo de modo - em perguntas diretas e indiretas.Ex.: Como estás, menina? Não sei como consegui este resul-tado.> advérbio de intensidade - quando se pode mudar para quanto ou quão.Ex.: Como brilham teus cabelos.> conjunção subordinativa comparativa.Ex.: Era vermelho como sangue.> conjunção subordinativa conformativa -equivale a conformeEx.: Era trabalhador, como disse o patrão.> conjunção subordinativa causal.Ex.: Como tivesse chovido muito, a terra estava molhada.> advérbio interrogativo de quantidade - no início de uma frase interrogativa, precedido de preposição.Ex.: Como vende o chá?> substantivo próprio - signifi cando divindade mitológica ou nome de lugar.Ex.: Como presidia às festas noturnas. Como é a terra natal de meus ancestrais.> verbo comer.Ex.: Como muito bem.> preposição acidental - quando quer dizer na qualidade deEx.: Como deputado tenho direito de falar.> palavra explicativa.Ex.: O estabelecimento vende muitos objetos, como: portas, janelas, piso.

• Diferente > adjetivo.Ex.: São de cores diferentes.> pronome adjetivo indefi nido.Ex.: Diferentes cores ele tem.

OBSERVAÇÃO: certo, vários e diversos, modifi cando substantivo, têm as mesmas classifi cações, conforme venham antes ou depois do substantivo a que se referem.

• E > conjunção coordenativa aditiva.Ex.: Ele e ela chegaram.> conjunção coordenativa adversativa - quando equivale a mas.Ex.: Fala, e não faz.> numeral ordinal - quando corresponde a quinto em uma enumeração.Ex.: capítulo e.

• Logo > advérbio de tempo - equivale a imediatamente ou daqui a pouco.Ex.: Vou logo.> conjunção coordenativa conclusiva - quando quer dizer portanto.Ex.: Ela estuda muito, logo aprende.

• Mais > pronome adjetivo indefi nido - antes de substantivoEx.: Vendi mais livros.> pronome substantivo indefi nido - quando quer dizer mais coisa.Ex.: É pouco, quero mais.> palavra de adição - pode-se mudar para e.Ex.: João mais Maria brincam juntos.> advérbio de intensidade - modifi ca adjetivo, verbo ou ou-tro advérbio.Ex.: Ele estava mais alto. Parecia mais recordar do que aprender.> advérbio de tempo.Ex.: Saudades que os anos não trazem mais.> substantivo comum - quando vem com artigo determi-nando-o.Ex.: Os mais não vieram.

• Meio > advérbio de intensidade - equivalente a um pouco.Ex.: Ela está meio triste hoje.> numeral fracionário - signifi cando metade de uma divisão.Ex.: Comprei meio cento de laranjas.> substantivo comum.Ex.: Estamos buscando outro meio de resolver o problema.

• Melhor > advérbio de modo no grau comparativo de superioridade - querendo dizer mais bem.Ex.: Este rapaz canta melhor.> adjetivo no grau comparativo de superioridade - querendo dizer mais bom.Ex.: O vinho é melhor que a uva.> substantivo comum.Ex.: O melhor do negócio é o segredo.

• Menos > pronome adjetivo indefi nido - acompanhando um subs-tantivo.Ex.: Tenho menos revistas.> pronome substantivo indefi nido - quando quer dizer me-nos coisa.Ex.: Tenho menos do que ele.> advérbio de intensidade - junto a um verbo ou a um ad-jetivo, modifi cando-o.Ex.: Passeia menos e sê menos gastador.> preposição acidental - quando quer dizer exceto.Ex.: Todos brincam menos ela.

• Mesmo > pronome adjetivo demonstrativo - designa identidade, equivale a em pessoa, próprio.Ex.: Estivemos na mesma casa. Era Cristo a mesma inocência.> substantivo comum - precedido de artigo defi nido, quer dizer a mesma coisa.Ex.: Façam o mesmo que eu fi z.> palavra de inclusão - quando vale até.Ex.: Mesmo o pai caiu neste erro.> advérbio de afi rmação - equivalendo a realmente.Ex.: Canta mesmo como um passarinho.> palavra de concessão - corresponde a ainda que.Ex.: Mesmo doente sairei.

• Muito > pronome adjetivo indefi nido - acompanha um substantivo concordando com ele.Ex.: Muito trabalho me cansa.> pronome substantivo indefi nido - quando quer dizer muita coisa.Ex.: Muito se faz nesta casa.

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> advérbio de intensidade - quando modifi ca verbo, adjetivo ou advérbio.Ex.: Ele é muito inteligente.

• Na> contração da preposição em com o artigo a.Ex.: na rua da amargura.> contração da preposição em com o pronome demonstra-tivo a.Ex.: Estou em minha casa e você na que ele vendeu.> pronome pessoal oblíquo a - depois de verbo terminado em vogal ou ditongo nasal.Ex.: Viram-na todos.

• O > artigo defi nido - quando vem antes de substantivo, deter-minando-o.Ex.: O homem e o cantar.> pronome demonstrativo - antes do pronome relativo que, da preposição de ou junto a um verbo, sendo substituível por aquele/aquilo/isso.Ex.: Ela era bonita e sabia que o era. O que eu disse.> pronome pessoal oblíquo - vem junto a um verbo e cor-responde a ele.Ex.: O patrão estima-o.> substantivo comum - se representar a letra do alfabetoEx.: Este o está torto.

• Pior > advérbio de modo no grau comparativo de superioridade - querendo dizer mais mal.Ex.: Este autor escreve pior do que eu.> adjetivo no grau comparativo de superioridade - querendo dizer mais mau.Ex.: Antônio é pior que Paulo.

• Pois > conjunção subordinativa causal - relacionada a uma oração principal.Ex.: Não vi nada, pois estava dormindo.> conjunção coordenativa explicativa - pensamento em sequ-ência justifi cativa, anteposta ao verbo da oração que participa.Ex.: Cedo se arrependerá, pois é o que acontece aos desavi-sados.> conjunção coordenativa conclusiva - posposta ao verbo e equivalente a portanto.Ex.: mande os livros, pois, pelo portador.> palavra de situação - traduz um sentimento.Ex.: Pois vá saindo daqui logo!> palavra de realce - seguida de sim ou não.Ex.: Pois sim que você vai sair.

• Porque > conjunção subordinativa causal - relaciona causa da oração principal.Ex.: Não veio porque não quis.> conjunção coordenativa explicativa - a segunda frase expli-ca a razão de ser da primeira.Ex.: Isso não é razão, porque, afi nal de contas, os negócios têm ido bem.> conjunção subordinativa fi nal - equivale a para que.Ex.: Não veio porque lhe acontecesse alguma desgraça.> advérbio interrogativo de causa - em perguntas diretas e indiretas.Ex.: Por que vieste tarde? / Perguntei-te por que não falaste nada.

OBSERVAÇÃO: No fi m de frase ou de perí-odo interrogativo, escreve-se por quê.

> preposição por e pronome relativo que - substitui-se o pron. relativo por o qual (a/s).Ex.: Não conheço o caminho por que devo passar (= caminho pelo qual...).> substantivo comum.Ex.: Ele deve me dizer o porquê de tanta confusão.

• Pouco > pronome adjetivo indefi nido - acompanha um substantivo.Ex.: Ele teve pouco trabalho hoje.> pronome substantivo indefi nido - signifi ca pouca coisa.Ex.: Pouco não quero.> advérbio de intensidade.Ex.: Ele sempre fala pouco / Ele é pouco inteligente.

• Próprio > adjetivo - signifi ca peculiar, privativo, adequado, digno.Ex.: Essa atitude não é própria de alguém de sua importância.> pronome adjetivo possessivo.Ex.: Moro em casa própria.> pronome adjetivo demonstrativo - equivale a mesmo (a/s).Ex.: Ele cortou a si próprio com a faca.> substantivo comum.Ex.: O senhor é o próprio?

• Se > pronome pessoal oblíquo refl exivo - referente ao sujeito. do verbo, equivalente a si mesmo, a si próprio.Ex.: O menino feriu-se.

OBSERVAÇÃO: também pode ter valor de reciprocidade, se puder ser substituído por a si mesmos (as) a si próprios (as) - Eles cortaram-se.

> pronome apassivador - ação recai sobre o sujeito paciente na voz passiva sintética.Ex.: Rasgou-se a carta (= A carta foi rasgada).> conjunção subordinativa integrante - introduz orações substantivas que completam sintaticamente a oração principalEx.: Não sei se choverá.> conjunção subordinativa condicional - equivale a caso.Ex.: Se saíres agora, verás onde ele está.> palavra de realce - pode ser retirada da frase sem prejuízo.Ex.: Foram-se embora os convidados.> Substantivo.Ex.: O se exerce várias funções sintáticas.> Índice de indeterminação do sujeito.Ex.: Não se é feliz sem amor. Precisa-se de carpinteiro.> Parte integrante do verbo.Ex.: Aquela mulher sempre se queixou dos maus-tratos come-tidos pelo marido.

• Que> Substantivo.Ex.: Aquela garota tem um quê de arrogância... (objeto di-reto).(O vocábulo que nem sempre é acentuado grafi camente quando especifi ca outro substantivo).

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> Pronome adjetivo interrogativo.Ex.: Que livros você comprou? (adj. Adnominal)> Pronome substantivo interrogativo.Ex.: Que fazes aqui nesta hora? (obj. direto) Em que você já não acredita? (obj. indireto)> Pronome adjetivo indefi nido.Ex.: Que entusiasmo tem aquela gente! (adj. adnominal)> Pronome relativo.Ex.: Chegaram os músicos que animarão a nossa festa. (su-jeito). Está é a parede que você deverá pintar. (obj. direto) Comprei o livro a que você se referiu. (obj. indireto) Aquelas são as curvas de que tenho medo. (Comple-mento nominal) O fi ngido que você é já não engana a ninguém. (predic. do sujeito) Era venenosa a aranha por que você foi picado (agente da passiva) Guardei a faca com que a criança se feriu (adj. adv. de instrumento)> Advérbio de intensidade.Ex.: Que lindas são estas fl ores!> ConjunçãoEx.: Pula que pula, mas nunca se cansa. (aditiva) Pequeno que seja o auxílio, devemos aceitá-lo. (conces-siva) Convém que você me escreva sempre. (subjetiva)> Partícula de realce ou expletiva.Ex.: Você é que deve pagar a conta hoje.> Preposição.Ex.: “Alguém vai ter que me ouvir...”

• Segundo > numeral ordinal.Ex.: Fevereiro é o segundo mês do ano.> substantivo comum - indica fração de hora (tempo).Ex.: Gastou um segundo para resolver a questão.> conjunção subordinativa conformativa - equivale a con-forme.Ex.: Segundo fui informado, ele não virá.

• Todo > pronome adjetivo indefi nido - quando se pode mudar para cada, qualquer.Ex.: Todo homem deve trabalhar.> adjetivo - equivalente a inteiro.Ex.: O campo todo queimou-se.> substantivo comum.Ex.: O todo é maior do que qualquer parte.> advérbio de modo - quando quer dizer completamente.Ex.: Ele estava todo zangado.

ATENÇÃO: Com a Reforma Ortográfi ca, al-gumas palavras que antes eram escritas com hífen para diferenciação morfológica (e claro, semântica) – pois são locuções adver-biais com função de substantivo ou adjeti-vo, passando assim a representar palavras compostas – perderam esse sinal. É o caso de “dia a dia” e “à toa”.

• Dia a dia> Substantivo composto (antes dia-a-dia) – signifi ca cotidia-no, diário e pode exercer função de sujeito.

Ex.: Os afazeres domésticos tomam horas do dia a dia das donas de casa. > Locução adverbial – exprimem a maneira pela qual algo acontece, equivale a “diariamente”.Ex.: Nesta semana, ele viajou dia a dia, sem descanso.

• À toa> Adjetivo composto (antes à-toa) – signifi ca inútil, ruim, mal, sem valor.Ex.: Um probleminha à toa causou grande atraso.> Locução adverbial – signifi ca sem rumo defi nido, a esmo, ao léu.Ex.: “Estava à toa na vida, o meu amor me chamou Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor...”

EXERCÍCIOSDiga qual a classifi cação morfológica de cada palavra ou ex-pressão destacadas nas frases abaixo, mas não esqueça de avaliar o contexto.

01. A moça estava meio cansada.

02. Ele comeu meio bolo.

03. Ao ver o resultado do fi lho, a mãe começou a chorar.

04. A triste criança parecia exausta.

05. Eu a vi no parque.

06. Um gosta de futebol, outro de vôlei.

07. Era um menino muito esperto.

08. Ele pediu apenas um pedaço do bolo.

09. O pai virou uma fera.

10. O carro virou na estrada.

11. Segundo fui informado.

12. Ele chegou em segundo lugar.

13. Ele estava todo zangado.

14. Vou logo.

15. Ela estuda muito, logo aprende.

16. Na sala havia bastantes alunos.

17. Vendem-se carros.

18. Elas compraram sapatos diferentes.

GABARITO01. advérbio 02. numeral 03. preposição

04. artigo 05. pronome pes-soal

06. pronomes in-defi nidos

07. artigo 08. numeral 09. verbo de liga-ção

10. verbo intran-sitivo 11. conjunção 12. numeral

13. advérbio 14. advérbio 15. conjunção

16. pronome ad-jetivo

17. pronome apassivador 18. adjetivo

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33SINTAXE DA ORAÇÃO SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODOE DO PERÍODO

FRASE, ORAÇÃO E PERÍODOSintaxe é a parte da gramática que estabelece as relações de combinação entre as palavras a partir da análise sintática. Mas, o que é análise sintática? A análise sintática é uma parte da sintaxe que tem por objetivos: analisar as relações que se es-tabelecem entre as palavras de uma oração e classifi cá-las de acordo com tais relações e analisar as relações entre as orações de um período. Para melhor entender a sintaxe, precisamos saber alguns conceitos básicos sobre frase, oração e período.

FRASE É um enunciado linguístico que, independentemente de sua estrutura ou extensão, traduz um sentido completo em uma situação de comunicação. Caracteriza-se por apresentar um contorno de entonação que lhe delimita o início e o fi nal. Cons-titui, assim, a unidade mínima no discurso. Exemplos de frases:

Socorro!Eu acho tudo isso um horror.Que horror!Você nem imagina o que ainda tenho que estudar.Bom dia, meu amigo.

ORAÇÃO É um enunciado linguístico que apresenta uma estrutura carac-terizada sintaticamente pela presença obrigatória de um predi-cado, função preenchida por um verbo. Apresenta, na maioria das vezes, um sujeito e vários outros termos (essenciais, inte-grantes e acessórios). Exemplos de orações:

Corram!Nós compramos todos os livros indicados para o concurso.Ele é um excelente amigo.Vende-se casa.

ATENÇÃO: Lembre-se: toda oração é uma frase, mas nem toda frase é uma oração. Isso acontece porque em uma frase pode ou não haver um verbo. Analise os exemplos dados acima e veja a diferença.

PERÍODO É um conjunto frasal que pode abarcar uma ou mais orações e que apresenta um sentido geral autônomo com relação aos enunciados que o precedem e seguem. Existem dois tipos de períodos: simples = quando possui uma única oração; com-posto = quando possui duas ou mais orações. Exemplos de períodos:

Corram!Os problemas são muito difíceis.Quantos problemas vocês devem resolver para a prova?Queremos que ele venha amanhã e traga os fi lmes que prometeu.Ele saiu da escola mais cedo.

RESUMINDO: Frase - todo enunciado de sentido completo, capaz de esta-

belecer comunicação. Podem ser nominais ou verbais.

Oração - enunciado que se estrutura em torno de um verbo ou locução verbal.

Período - constitui-se de uma ou mais orações. Podem ser simples ou composto.

ATENÇÃO: Haverá num período tantas orações quanto forem os verbos, conside-rando locuções verbais e tempos compos-tos como um só verbo.

TERMOS DA ORAÇÃO TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO

SUJEITO

O verbo mantém relação de concordância com seu sujeito. A composição do sujeito explícito pode ser uma única palavra ou um conjunto de palavras (onde se deve determinar o nú-cleo ou núcleos), incluindo também as orações substantivas subjetivas.

Podem ser núcleo do sujeito: substantivo ou um equivalente dele (pronomes, substantivos, numerais substantivos ou pa-lavras substantivadas).

Tipos de Sujeito

Os tipos de sujeito são basicamente dois, segundo Pasquale e Ulisses, determinado (simples, composto e oculto) e in-determinado, além das orações sem sujeito.

• Sujeito simples - possui um núcleo.

Ex.: Maria esteve aqui. / Alguém me viu. / Duas vieram.

OBSERVAÇÃO: O pronome oblíquo áto-no pode funcionar como SUJEITO de um verbo no infi nitivo. Isso ocorre quando se tem na 1ª oração um verbo causativo (deixar, mandar, fazer...) ou sensitivos

(ver, ouvir, sentir...) - o chefe mandou-o trabalhar / não o vimos entrar.

• Sujeito composto - possui mais de um núcleo, indepen-dente de sua ordem na frase.

Ex.: João e eu visitamos a moça. / Jessé ou José casará com ela? / Estão aqui o seu dinheiro e sua bolsa!

OBSERVAÇÃO: Nos casos de inversão do sujeito de verbos intransitivos (aparecer, chegar, correr, restar, surgir...), pode-se confundi-lo com objeto. Deve-se sempre examinar a natureza do verbo, para não se deixar enganar.

Ex.: Apareceu, enfi m, o cortejo real.

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• Sujeito oculto, elíptico ou desinencial - determinado, mas implícito na desinência verbal (DNP) ou subentendido através de uma frase anterior. Deve-se atentar para a 3ª pes-soa do plural, na qual não há sujeito oculto eles ou elas e, sim, um caso de sujeito indeterminado.

Ex.: Vivemos felizes. / Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho. / Beba esse leite, menino!

• Sujeito indeterminado - quando não se pode (ou não se quer) precisar que elemento é o sujeito. Ocorre de duas maneiras: verbo na 3ª pessoa do plural, sem sujeito explícito ou 3ª pessoa do singular (exceto VTD) + SE. Ex.: Nunca lhe ofereceram emprego. / Precisa-se de empregados.

OBSERVAÇÃO: A oração de sujeito inde-terminado com a partícula “se” não pode ser transformada em voz passiva analítica. Havendo essa possibilidade, a palavra se deve ser interpretada como pronome apas-

sivador. Ex.: Celebrou-se a missa - A missa foi celebrada.

• Oração sem sujeito - o processo verbal encerra-se em si mesmo, sem atribuição a nenhum ser. Ocorre sempre com verbos impessoais nos seguintes casos: verbos que exprimem fenômenos da natureza; verbos fazer, ser, ir e estar indicando tempo cronológico ou clima (no caso do ser, também distân-cia); verbo haver = existir ou em referência a tempo decor-rido. Ex.: Choveu demais. / São três anos de solidão. / Há cem voluntários. / Há muitos anos não o vejo. / Vai para dois meses de espera.

OBSERVAÇÃO: Os verbos impessoais não apresentam sujeito e devem permanecer na 3ª pessoa do singular (exceto o verbo ser, que também admite a 3ª pessoa do plural). Quando um verbo auxiliar se junta a um ver-

bo impessoal, a impessoalidade é transmitida a ele.

PREDICADO

É o termo da oração que faz uma predicação, ou seja, uma declaração, uma afi rmação sobre o sujeito. Apresenta-se em três tipos:

• Verbal - núcleo é um verbo signifi cativo, nocional que traz uma ideia nova ao sujeito (transitivo ou intransitivo);

• Nominal - núcleo do predicado é um nome (predicativo). O verbo não é signifi cativo, funcionando apenas como ligação entre o sujeito e o predicativo;

• Verbo-nominal - contém dois núcleos: verbo signifi cativo e um predicativo.

OBSERVAÇÃO: Quando houver verbo de ligação, o predicado será necessariamente nominal e quando houver predicativo do objeto, o predicado será verbo-nominal sempre.

Para se classifi car o predicado, torna-se indispensável o estu-do dos tipos de verbos (transitivos, intransitivos e de ligação).

Predicado nominal

É formado por um verbo de ligação acrescido de um nome (substantivo, adjetivo ou pronome), dito predicativo do sujei-to. O núcleo deste predicado é o predicativo, uma vez que o verbo somente estabelece ligação. Ex.: O rapaz estava apre-ensivo. / A mãe virou bicho naquele dia.

Predicado verbal

É formado por um verbo transitivo ou intransitivo, isto é, um verbo que não seja de ligação. Neste caso, o verbo será sem-pre signifi cativo, constituindo o núcleo do predicado verbal.

Ex.: Os passageiros desceram. / Comprei fl ores. / Comprei-lhe fl ores.

Predicado verbo-nominal

Encerra em si mesmo uma união de predicados. Apresenta um verbo signifi cativo (núcleo do predicado verbal) e um predi-cativo (núcleo do predicado nominal), portanto, dois núcleos.

Ex.: Ela entrou risonha na sala. / João abaixou os olhos pen-sativo. / Considero inexequível o projeto exposto.

A regência verbal é importante para se compreender que os verbos devem ser classifi cados em função do contexto em que se apresentam. Há casos de verbos que aparecem com transitividades diferentes se os contextos foram trocados.

Ex.: Perdoai sempre. - intransitivo / Perdoai as ofensas - tran-sitivo direto / Perdoai aos inimigos - transitivo indireto / Per-doai as ofensas aos inimigos. - transitivo direto e indireto

OBSERVAÇÃO: Verbos transobjetivos: jul-gar, chamar, nomear, eleger, proclamar, de-signar, considerar, declarar, adotar, ter, fa-zer, tornar, encontrar, deixar, ver, coroar, sagrar, achar etc..

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃOComplemento nominal, complementos verbais (objeto direto e indireto), predicativo e agente da passiva.

PREDICATIVO

Expressa um estado ou qualidade do sujeito ou do objeto. Pode ser representado por substantivo ou expressão subs-tantivada, adjetivo ou locução adjetiva, pronome, numeral ou oração subordinada substantiva predicativa. O predicativo pode referir-se ao objeto, sendo mais raramente ao objeto indireto. Exprime, às vezes, a consequência do fato indicado pelo predicado verbal.

Observe alguns predicativos do sujeito (as palavras sublinha-das são características do sujeito):

Ex.: Os fi lhos são frutos. / Ela era chata e sem utilidade. / Os próximos seremos nós. / Todos eram um.

OBSERVAÇÃO: O predicativo pode vir precedido de preposição (de, em, para, por), de locução prepositiva ou da palavra como. Ex.: Ele formou-se em advocacia. / Considerei-o como um farsante.

Observe alguns predicativos do objeto: Todos nos julgam cul-pados. / Considero uma verdade isso. / As paixões tornam os homens cegos. / Acho razoáveis suas pretensões. / O maior desprazer de um homem é ver a amada triste. / O governador nomeou a professora reitora. / O juiz julgou o recurso impro-cedente.

COMPLEMENTO NOMINAL

Tanto o CN como o OI vêm precedidos de preposição obri-

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Língua Portuguesa

gatória, mas a palavra que rege esta preposição é diferente nos dois casos: nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) no CN e verbo no OI. Ex.: ofensivo à honra / contrariamente aos nossos anseios / compreensão do mundo / obedecer aos princípios / precisar de auxílio.

Deve-se marcar que há uma relação de regência nominal en-volvendo o emprego do CN, que é termo regido. Muitas vezes o nome cuja signifi cação o CN integra tem raiz verbal (amar o trabalho - amor ao trabalho / confi ar em Deus - confi ança em Deus). Quando um termo preposicionado se liga a um advérbio ou adjetivo, não há dúvida de que o termo regido é um CN.

No entanto, quando um termo preposicionado liga-se a um substantivo, deve-se fazer uma análise mais criteriosa. Esse substantivo deve apresentar uma transitividade em si mesmo, para ser caracterizado como CN. São casos de substantivos ditos transitivos: substantivo abstrato de ação, corresponden-te a verbo cognato que seja transitivo ou que peça comple-mentação adverbial de circunstância.

Ex.: inversão da ordem - onde o verbo de “inverter a ordem” é trans. direto / obediência aos pais - onde o verbo de “obede-cer aos pais” é trans. indireto / ida a Roma - onde o verbo de “ir a Roma” pede adjunto adverbial / certeza da vitória - onde se pode construir “certo da vitória” / fi delidade aos amigos - onde se pode construir “fi el aos amigos”.

OBSERVAÇÃO: Se perderem o caráter abstrato, os substantivos deixam de reger o CN.

COMPLEMENTO VERBAL

Objeto indireto

É o complemento verbal que se liga ao verbo através da pre-posição exigida pelo verbo. Nesse caso, o verbo pode ser transitivo indireto ou transitivo direto e indireto. Normalmente as preposições que ligam o objeto indireto ao verbo são: a, de, em, com, por, contra, para.

Exemplos:

Optei pelo menor / Lutei contra o azar / Obedeço ao mestre / Deparei com um estranho / Comunicaram o fato aos leitores / Acredito em você / Ofereci um prêmio ao vencedor.

Objeto direto

É o complemento verbal que se liga ao verbo sem preposição obrigatória. Nesse caso o verbo pode ser transitivo direto ou transitivo direto e indireto.

Exemplos:

Não vi ninguém / Os jornais nada publicaram / Ofereci um prêmio ao vencedor / Comunicaram o fato aos leitores.

Objeto pleonástico Em alguns momentos, a repetição produz uma relação de ên-fase ou ratifi cação. Este é o objeto pleonástico. Exemplos:

O meu procurador, encontrei-o.

De todas as pessoas fi éis, gostamos delas.

Objeto direto preposicionado

As preposições podem ser utilizadas para trazer novo signifi -

cado ou ainda um signifi cado mais particularizado na relação verbo/complemento.

Preposição que tira a ambiguidade – veja o exemplo: O caça-dor o leão matou. (verbo transitivo direto)

Neste caso, você não sabe se quem matou foi o caçador ou o leão. Não se sabe quem é o sujeito e quem é o objeto. Tiran-do a ambiguidade, temos: Ao caçador o leão matou. O leão matou o caçador. “Ao caçador” é objeto direto preposiciona-do, pois completa um verbo transitivo direto e a preposição a se encarregou de tirar a ambiguidade da frase. Também poderíamos fazer o contrário: O caçador ao leão matou. “Ao leão” é objeto direto preposicionado.

Preposição para indicar parte de um todo – veja o exemplo:Comemos o bolo (comeram tudo) – Objeto direto. Comemos do bolo (comeram parte do bolo) – objeto direto preposicionado.

AGENTE DA PASSIVA

Termo que indica o autor da ação verbal expressa em oração de voz passiva analítica.

Exemplos:Para alegria de Eva, a fruta proibida foi comida por Adão.

A virtude deve ser buscada por todos.

O sujeito “a fruta”, no primeiro exemplo, é sujeito paciente, pois sofre a ação do verbo comer, porém o termo Adão é agente da ação de comer, quer dizer, é agente da voz em que o sujeito se mostra passivo – agente da passiva.

TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃOADJUNTO ADNOMINAL

Termo que aparece junto de um termo substantivo, produzin-do a este um signifi cado maior. O adjunto adnominal pode ser morfologicamente caracterizado por:

- Artigo : As festas aconteciam em Bagdá. - Numeral: Quinze alunos chegaram agora. - Adjetivo: Entregar-te-ei coração fi el. - Pronome: Nosso pensamento é a vitória do grupo.- Uma locução ou expressão adjetiva: homem sem barba / alegria sem tamanho.

OBSERVAÇÃO: O adjunto adnominal prende-se diretamente ao substantivo, en-quanto o predicativo refere-se ao substan-tivo por meio de um verbo.

ADJUNTO ADVERBIAL

Termo que modifi ca o verbo, o adjetivo e o próprio advérbio. Podem ser de:

- Afi rmação: De fato, sabemos toda a matéria. - Assunto: Especializou-se em política. - Concessão: Apesar de tudo, amo sem restrições aos meus amigos.- Companhia: Deves caminhar para a felicidade com seus ami-gos. - Condição: Menino, sem escada, não alcançará o teto. - Causa: O menino chorava de dor.

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Matéria

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- Direção: O tiro saiu para o lado. - Exclusão: Todos foram ao cinema, menos eu. - Fim / Finalidade: Ele vive para trabalhar. - Frequência: Faltou à aula três vezes. - Instrumento: Eles a cortaram a canivete. - Intensidade: Ele fala demais. - Lugar: Caminharei por esta rua até em casa. - Meio: Andava a cavalo. - Modo: Saíram em silêncio. - Tempo: Depois da prova, viajarei.

APOSTO

Termo que explica, desenvolve ou resume outro termo da ora-ção. Aparece geralmente, sem preposições e entre pausas. Se retirarmos o fundamental, o aposto assumirá a função do termo retirado.

• Aposto explicativo: identifi ca ou amplia a signifi cação do nome principal. Vem entre vírgulas, travessão ou parênteses. Exemplos:

Nós, participantes da vida, estamos esperançosos no futuro.

D. Pedro I, Imperador do Brasil, proclamou a independência.

• Aposto especifi cativo: liga-se, sem pausa, a um substan-tivo de sentido genérico para indicar a espécie a que perten-ce. Exemplo: O jornal O Globo é um bom jornal.

• Aposto enumerativo ou distributivo: faz uma relação de enumeração ou distribuição de nomes com referência an-terior. Exemplos:

Falamos com duas colegas: Ana Maria e Paula.Li dois livros: Senhora e Macunaíma.

• Aposto resumidor: retoma, utilizando-se de um pronome, ao que foi expresso pelo termo fundamental. Exemplo: Amor, paixão, ódio, tudo faz parte da vida.

VOCATIVO

É uma forma de chamar a atenção da pessoa com quem fa-lamos. É um termo alheio à oração e não tem propriamente função sintática, uma vez que só serve para chamar. Exemplos:

Doutor Adalberto, seu paciente chegou.

Espere por mim, amigo.

Maria, você trabalhou hoje?

TIPOS DE ORAÇÃO

Absoluta - é a que forma um período simples;

Coordenada - mantém com outra uma relação sintática de independência;

Subordinada - é aquela que depende sintaticamente de ou-tra oração;

Principal - é aquela da qual a oração subordinada depende;

Intercalada - é independente e de cunho esclarecedor (“Meu pai - Deus o guarde - mostrou-me o caminho do bem”).

PERÍODO COMPOSTOEstrutura do período composto:

Classifi cação Estrutura

Período composto por subordinação

Oração principal + oração subor-dinada (pode haver a inversão

dessa ordem)

Período composto por coordenação

Oração coordenada + oração coordenada

Período mistoOração principal + oração coor-denada + oração subordinada

(pode haver inversão da ordem )

ORAÇÃO COORDENADA São orações que exercem relação semântica umas sobre as outras, porém desprovidas de qualquer dependência sintáti-ca. Podem ser assindéticas (sem conjunções – ex.: Maria cantou, dançou, pulou, sorriu) e sindéticas (com conjunções – ex.: Maria cantou, e dançou, e pulou e sorriu.). Veja a clas-sifi cação das orações coordenadas sindéticas:

• ADITIVAS - exprimem uma relação de soma, de adição. São iniciadas por uma conjunção coordenativa aditiva ou por uma locução conjuntiva coordenativa aditiva (e, nem, mas também, mas ainda). Ex.: Não veio nem telefonou.

• ADVERSATIVAS - exprimem uma ideia contrária à da outra oração, uma oposição. Iniciam-se por uma conjunção coordenativa adversativa ou por uma locução conjuntiva co-ordenativa adversativa (mas, porém, todavia, no entanto, en-tretanto, contudo).

Ex.: A estrada era perigosa, entretanto todos queriam visitá-la.

• ALTERNATIVAS - exprimem ideia de opção, de escolha, de alternância. Iniciam-se por uma conjunção coordenativa alter-nativa ou por uma locução conjuntiva coordenativa alternativa (ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer).

Ex.: Ora chama pela mãe, ora procura o pai.

• CONCLUSIVAS - exprimem uma conclusão da ideia conti-da na outra oração. São iniciadas por uma conjunção coorde-nativa conclusiva ou por uma locução conjuntiva coordenativa conclusiva (logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois). A conjunção pois será conclusiva quando estiver após o verbo ou entre vírgulas.

Ex.: Falta carne no mercado, portanto conheça a comida ve-getariana.

ORAÇÃO SUBORDINADASão orações que exercem relação semântica e sintática umas sobre as outras. Há dependência sintática entre a oração prin-cipal e a subordinada que funcionará como termo (sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento no-minal, adjunto adverbial, aposto) da primeira. Podem ser: substantivas, adjetivas ou adverbiais.

SUBSTANTIVA

Tem função sintática própria dos substantivos, ou seja, exercem a função de sujeito ou objeto direto ou indireto ou complemento nominal ou predicativo ou aposto.

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Geralmente são introduzidas pelas conjunções integrantes “que” (nas afi rmações certas) e “se” (nas afi rmções incer-tas). Além das conjunções integrantes, podem ser introduzi-das, também, por pronomes ou advérbios interrogativos.

Ex.: Você sabe quem fez isso? Ignora-se quantos são os responsáveis, não sei quando voltarei.

A função da oração subordinada substantiva depende da es-trutura da oração principal. Tipos de orações substantivas:

• Subjetiva - funciona como sujeito do verbo da oração prin-cipal. O verbo da oração principal se apresenta sempre na terceira pessoa do singular e nessa não há sujeito, o sujeito é a oração subordinada.Ex.: É necessário que ele viaje.

• Objetiva direta - exerce a função de objeto direto do ver-bo da oração principal. Está sempre ligada a um verbo da oração principal, sem auxílio de preposição, indicando o alvo sobre o qual recai a ação desse verbo.

Ex.: Espero que ele volte.

• Objetiva indireta - funciona como objeto indireto do ver-bo da oração principal. Está sempre ligada a um verbo da oração principal, com auxílio de preposição, indicando o alvo do processo verbal.

Ex.: Necessito de que ele volte.

• Completiva nominal - funciona como complemento nomi-nal de um nome da oração principal. Está sempre ligada a um nome da oração principal através de preposição.

Ex.: Tenho necessidade de que ele volte.

• Predicativa - funciona como predicado do sujeito da ora-ção principal. Está sempre ligada ao sujeito da oração princi-pal através de verbo de ligação.

Ex.: Minha esperança é que ele volte.

• Apositiva - funciona como aposto de um nome da oração principal. Está sempre ligada a um nome da oração principal, sem o uso de preposição e sem mediação de verbo de ligação.

Ex.: Espero somente isto: que ele volte.

OBSERVAÇÃO: Não há referência à ora-ção que teria papel de agente da passiva na Nomenclatura Gramatical Brasileira. Es-sas seriam introduzidas por pronomes in-defi nidos (quem, quantos, qualquer...) pre-

cedidos de preposição por ou de.

Ex.: A equipe será formada por quem souber ao menos ler.

ADJETIVA

É aquela que se encaixa na oração principal, funcionando como adjunto adnominal. As orações subordinadas adje-tivas classifi cam-se em: explicativas e restritivas. É intro-duzida por pronome relativo (que, qual/s, como, quanto/a/s, cujo/a/s, onde). Estes pronomes relativos podem ser precedi-dos de preposição.

• Explicativa - acrescenta uma qualidade acessória ao an-tecedente e é separada da oração principal por vírgulas. Ex: Grande Sertão: Veredas, que foi publicado em 1956, causou muito impacto.

• Restritiva - restringe o signifi cado do antecedente e não é separada da oração principal por vírgulas. Ex: O professor castigava os alunos que se comportavam mal.

Tipos de oração subordinada adjetiva

Restritiva Explicativa

restringe o sentido da OP explica o sentido da OP

fundamental é dispensável

sentido particularizante do antecedente

sentido universalizante do antecedente

OBSERVAÇÃO: Geralmente, as orações explicativas vêm separadas da oração prin-cipal por vírgulas ou travessões.

ADVERBIALCorresponde sintaticamente a um adjunto adverbial, sendo introduzidas por conjunções subordinativas adverbiais. São introduzidas pelas conjunções subordinativas e classifi cadas de acordo com as circunstâncias que exprimem. Tipos de ora-ções adverbiais:

• Causal - indica a causa da ação expressa na oração princi-pal. Principais conjunções: porque, porquanto, desde que, já que, visto que, uma vez que, como, que. Ex.: Saí apressado, porque estava atrasado.

OBSERVAÇÃO: A oração causal introduzi-da por como fi ca obrigatoriamente antes da principal.

• Consecutiva - indica uma consequência do fato referido na oração principal. Principais conjunções: que (precedido de tão, tal, tanto, tamanho), de maneira que, de forma que. Ex.: Saímos tão distraídos, que esquecemos os ingressos.

• Comparativa - comparação com o que aparece expresso na oração principal, buscando entre elas semelhanças ou di-ferenças. Pode aparecer com o verbo elíptico. Principais con-junções: assim como, tal qual, que, do que, como, quanto.

Ex.: Naquele lugar chovia, como chove em Belém.

• Condicional - expressa uma circunstância de condição com relação ao predicado da oração principal. Principais con-junções: se (=caso), caso, contanto que, dado que, desde que, uma vez que, a menos que, sem que, salvo se, exceto se. Ex.: Sairei, se você der autorização.

• Conformativa - indica conformidade em relação à ação expressa pelo verbo da oração principal. Principais conjun-ções: conforme, como, segundo, consoante. Ex.: Saímos na hora, conforme havíamos combinado.

• Concessiva - admissão de uma circunstância ou ideia con-trária, a qual não impede a realização do fato manifestado na OP. Principais conjunções: embora, ainda que, se bem que, mesmo que, apesar de que, conquanto, sem que. Ex.: Saímos cedo, embora o espetáculo fosse mais tarde.

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OBSERVAÇÃO: Sempre com verbo no sub-juntivo.

• Temporal - funciona como adjunto ad-verbial de tempo. Também pode ser iniciada por ao, estando o verbo no infi nitivo.

É iniciada por uma conjunção subordinativa temporal ou por uma locução conjuntiva subordinativa temporal. Principais conjunções: quando, assim que, logo que, tão logo, enquanto, mal, sempre que. Ex.: Saímos de casa assim que amanheceu.

• Finalidade - indica o objetivo ou a destinação do fato relata-do na OP. Principais conjunções: para que, para, a fi m de que, com a fi nalidade de. Ex.: Fomos embora, para que não hou-vesse confusão. / Ao terminar essa discussão, sairemos daqui.

• Proporcional - relação existente entre dois elementos, de modo que qualquer alteração em um deles implique altera-ção também no outro. Principais conjunções: à medida que, à proporção que, enquanto, ao passo que, quanto. Ex.: Os alunos saíram, à medida que terminavam a prova.

OBSERVAÇÕES:

• uma oração pode ser subordinada a uma principal e, ao mesmo tempo, principal em relação a outra.

Ex.: Ele age / como você (age) / para estar em evidência.

• a Nomenclatura Gramatical Brasileira não faz referência às orações adverbiais modais e locativas (introduzidas por onde).

Ex.: Falou sem que ninguém notasse. / Estaciona-se sempre onde é proibido.

EXERCÍCIOS01. Assinale a alternativa que tem oração sem sujeito:a) Deve existir um grupo importante aqui.b) Mesmo sem avisar, havia pedido tudo.c) Existem inúmeros animais que atacam o homem.d) Há de haver um grupo mais responsável.

02. Assinale a alternativa CORRETA. Em “ Fica aqui, aluno irresponsável” tem-se como sujeito:a) Te. b) inexistente.c) Oculto determinado.d) aluno.

03. Assinale a alternativa em que há oração sem sujeito.a) Amizades verdadeiras haverá para toda vida.b) O pai trovejou ardentemente com o fi lho.c) Haveria procurado João todas essas coisas!d) Ninguém havia aberto a porta.

04. Numa oração do tipo “As meninas assistiram alegres ao espetáculo”, temos:a) predicado verbal.b) predicado verbo-nominal.c) predicado nominal.d) duas orações, portanto dois predicados.

05. Classifi que sintaticamente o termo grifado “Vivia preso como um novilho amarrado ao madeiro”.a) objeto direto.

b) adjunto adverbial.c) adjunto adnominal.d) objeto indireto.

06. Em: “Eu era enfi m, senhores, uma graça de aliena-do”, os termos em destaque são, RESPECTIVAMENTE:a) adjunto adnominal, vocativo, predicativo do sujeito.b) adjunto adverbial, aposto, predicativo do sujeito.c) adjunto adverbial, vocativo, objeto direto.d) adjunto adverbial, vocativo, complemento nominal.

07. “Tinha grande amor à humanidade.”“As ruas foram lavadas pela chuva.”“Ele é rico em virtudes.”As palavras destacadas são, RESPECTIVAMENTE:a) objeto indireto, adjunto adverbial, adjunto adverbial.b) complemento nominal, agente da passiva, objeto indireto.c) objeto indireto, agente da passiva, complemento nominal.d) complemento nominal, agente da passiva, complemento nominal.

08. “Não se fazem motocicletas como antigamente”.O termo em destaque funciona como:a) sujeito.b) objeto direto.c) predicativo.d) adjunto adnominal.

09. A oração que apresenta complemento nominal é:a) Os pobres necessitam de ajuda. b) Os homens aspiram à paz. c) Os pedidos foram feitos por nós.d) Sejamos úteis à sociedade.

10. “Sua vida foi uma festa contínua.”Os termos destacados são, RESPECTIVAMENTE:a) sujeito, predicativo do sujeito.b) adjunto adnominal, objeto direto.c) adjunto adnominal, predicativo do sujeito.d) adjunto adnominal, adjunto adverbial de modo.

11. Indique o item em que a classifi cação sintática do ele-mento destacado está INCORRETA:a) “O pensamento do Presidente é que as forças do Exérci-to ou outras forças existem como instituições para enfrentar duas situações específi cas: o ataque inimigo ou a anar-quia instituída” – aposto.b) “Soma-se a isso o seguinte: para combater uma agressão externa, as verbas, os equipamentos e o pessoal das Forças Armadas são insufi cientes. Para combater a desordem, são demais”. – predicativo.c) “A sociedade mantém as Forças Armadas inativas no caso.” - adjunto adnominal.d) “Devem estas instituições intervir no processo com seu instrumental capaz de intimidar o crime?” - sujeito.

12. No período: “Ele me cobre de glórias e me faz magní-fi co”, os termos destacados têm, RESPECTIVAMENTE, as funções sintáticas de:a) objeto direto, objeto indireto, objeto direto.b) objeto indireto, objeto indireto, predicativo do sujeito.c) objeto direto, objeto direto, predicativo do objeto.d) adjunto adnominal, adjunto adnominal, objeto direto.

13. “A representação pública mantém as atividades estáti-cas no caso. Os desejos de comprometê-las na...”“Entendo que todos os grupos envolvidos nesse grande pro-cesso compartilham desse posicionamento fi rme...”Quais as funções sintáticas respectivamente desempenhadas pelos termos destacados nas frases dadas?a) Objeto direto – objeto indireto.

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Língua Portuguesa

b) Objeto indireto – adjunto adnominal.c) Objeto indireto – objeto indireto.d) Objeto direto – objeto direto.

14. I. Ele é muito simpático.II. Ele trabalhou muito pouco.III. Há muito carro bonito.A palavra muito é:a) adjunto adverbial em I e adjunto adnominal em II e III.b) adjunto adverbial em II e adjunto adnominal em I e III.c) adjunto adverbial em I, II e III.d) adjunto adverbial em I e II e adjunto adnominal em III.

15. Em: “Eu faço o mesmo”.Assinale o item em que a oração subordinada exerce função semelhante ao termo destacado:a) Não é certo que ele retorne.b) Fizeram um só pedido: que cuidássemos bem do jardim.c) Eles precisavam de que eu os ajudasse.d) Todos esperam que ela volte logo.

16. “Em outros campos, desprezam-se vocábulos vivos que dão o seu recado com efi ciente simplicidade...” Quais os sujeitos das duas orações presentes no trecho acima?a) Campos/vocábulos vivos.b) Vocábulos vivos/que.c) Vocábulos vivos/ vocábulos vivos.d) Indeterminado/ recado.

17. Nos trechos abaixo, as orações sublinhadas exercem, em relação às anteriores, as funções sintáticas de:I – “A transformação ora em debate está supondo que os trabalhadores portugueses não consigam”.II- “É simples compreender que os deputados não sabiam a verdade sobre o caso.”a) Adjunto adverbial de tempo e objeto direto, respectivamente.b) Objeto direto e predicativo do sujeito, respectivamente.c) Sujeito e sujeito.d) Objeto direto e objeto direto.

18. “Para passar o período de amamentação com o fi lho, até que este complete seis meses de idade, terá a mulher direito, durante a jornada, a dois descansos especiais de meia hora cada”... O comentário CORRETO a respeito da estrutura sintática desse período é:a) O sujeito do verbo da oração principal está posposto.b) A oração subordinada do período indica fi nalidade.c) O complemento nominal de “direito” é “durante a jornada”.d) “Para amamentar o próprio fi lho” é adjunto ligado à oração subordinada.

19. “Os vocábulos de nossa língua andam tomando uma verdadeira surra, até mesmo na mão de quem devia saber o respeito que merecem. É como se fosse uma cabala contra a comunicação: o signifi cado das palavras depreciado, desprezado, trocado, ignorado”.Assinale a afi rmativa CORRETA a respeito do texto acima:a) É formado por uma oração absoluta.b) É constituído por quatro orações, sendo uma delas reduzida.c) Apresenta duas orações adjetivas, uma substantiva e uma principal.d) Todas as orações subordinadas são dependentes sintática e semanticamente das orações anteriores.

20. “Quem sempre procura a verdade diz a verdade”.Assinale o comentário CORRETO sobre o verso destacado:a) O sujeito da segunda oração é a oração anterior.b) O sujeito da primeira oração é a segunda oração.c) O objeto direto da primeira oração é a segunda oração.d) O objeto direto da segunda oração é a primeira oração.

21. A alternativa que apresenta uma oração subordinada substantiva subjetiva é:a) Em desejando mesmo, serão presenteados com a medalha.b) Os pastores sabem se eles virão ao culto esta noite.c) É muito provável que as movimentações se estabilizem daqui em diante.d) J.J Frederich percebeu, logo, que tudo era uma farsa.e) A verdade é que eles sumiram para sempre.

22. Nos períodos abaixo, que oração destacada tem sua classifi cação indicada CORRETAMENTE?a) ”Era a grande tosse dos pobres, sintomas e denúncia da silicose que os roía - oração subordinada adverbial modalb) “...contou-me um amigo uma história exemplar, que teria ocorrido na cidade mineira de Nova Lima, por volta dos anos 30”. Oração subordinada adjetiva explicativa.c) “É claro que a criminalidade, enquanto sintoma, tem de ser adequadamente combatida por medidas policiais enérgicas...” – oração subordinada completiva nominal.d) “Os ingleses dessa forma uniram o útil ao agradável” – oração coordenada assindética.

23. Assinale a alternativa em que as orações grifadas nos períodos I e II desempenham a mesma função sintática (trecho de A hora da estrela de Clarice Lispector).a) I- Não sei se estava tuberculosa, acho que não. II- Se é pobre, não estará me lendo porque ler-me é supérfl uo.b) I - A moça um dia viu num botequim um homem tão, tão, tão bonito que – que queria tê-lo em casa. II - Encontrar-se comigo próprio era um bem que ela até então não conhecia.c) I - E minha vida (...) responde que devo lutar, como quem se afoga, mesmo que eu morra depois. II - Cristo tinha sido além de santo um homem como ele, embora sem dente de ouro.d) I - Nunca se perguntara porque colocava a barra embaixo. II - Eu só não digo palavrões grossos porque você é moça donzela.

24. Nos períodos abaixo, as orações negritadas estabelecem relações sintáticas e de sentido com outras orações.I- Eles compunham uma grande coleção, que foi se dispersando, à medida que seus seis fi lhos se casavam, cada qual um lote de herança = PROPORCIONALIDADEII – Mal se sentou na cadeira presidencial, Itamar Franco passou a ver conspirações = MODO.III – Nunca foi professor da UnB, mas por ela se aposentou = CONTRARIEDADEA classifi cação dessas relações está CORRETA somente nos períodos:a) Apenas I.b) Apenas II.c) I e III.d) II, III.

25. Assinale a alternativa em que a conjunção grifada introduz a oração que completa o sentido do verbo da oração anterior.a) Talvez fosse bom indagar se o tópico da ideologia realmen-te merece toda atenção que lhe tem sido conferida.b) Talvez fosse bom indagar se o tópico da ideologia realmen-te merece toda atenção que lhe tem sido conferida.c) As verdadeiras razões podem ser bem mais mundanas do que qualquer conversa sobre “ discurso hegemônicos”. d) Thatcher não esteve onde esteve porque a população bri-tânica fi elmente identifi cava com seus valores.

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26. Leia com atenção as afi rmações abaixo:I. A oração grifada na frase abaixo tem valor de adjetivo, indica uma qualidade inerente ao substantivo a que se refere: Ela foi a primeira ministra em parte por causa das excentrici-dades do sistema eleitoral britânico, que pode colocar no poder um governo rejeitado pela maioria do eleitorado.II. A oração grifada na frase abaixo tem valor adjetivo, refe-rindo qualidade acidental do substantivo a que se refere.Esta consiste em converter as pessoas relativamente agradá-veis que povoavam o país quando Thatcher chegou pela primeira vez a Downing Street em um bando detestável de imbecis egoístas e empedernidos.III. O pronome relativo na frase abaixo indica posse.Conseguiu obter o apoio de uma camada especializada da classe trabalhadora cuja importância era decisiva do ponto de vista eleitoral.

Estão CORRETAS:a) I, somente.b) I, II somente.c) I e III, somente.d) I, II e III.

27. Em: “Já ajeitei o travesseiro, ajustei a luz e abri a lista telefônica, tentando me convencer de que, pelo menos no número de personagens, seria um razoável substituto para um romance russo.” (Luiz Fernando Veríssimo)Encontram-se quantas orações?a) 7.b) 8.c) 5.d) 4.

28. “Se é para o bem de todos e a felicidade geral da Nação, diga ao povo que fi co!”A conjunção é:a) coordena orações aditivas.b) une dois sujeitos.c) liga elementos de função sintática distintas.d) une dois complementos verbais.

GABARITO

01. d 02. c 03. a 04. b 05. d 06. d

07. d 08. a 09. d 10. c 11. c 12. c

13. a 14. d 15. d 16. b 17. d 18. a

19. d 20. a 21. c 22. b 23. c 24. c

25. a 26. d 27. c 28. a

ORAÇÕES REDUZIDASOração reduzida é uma oração construída com uma das for-mas nominais do verbo, gerúndio, infi nitivo e particípio. As orações reduzidas aparecem como orações subordinadas a uma oração principal desenvolvida (não reduzida). As oraçõesreduzidas não são introduzidas por conectivos.

Veja os exemplos:

Os meninos da rua saíram para jogar bola. (Infi nitivo)Fez um gol driblando o goleiro. (Gerúndio)Acabada a chuva, o carnaval recomeçou. (Particípio)

As orações reduzidas podem, em geral, ser desdobradas em

orações desenvolvidas. Essas orações são chamadas de ora-ções desenvolvidas correspondentes, um recurso de equiva-lência de signifi cado que pode auxiliar na análise sintática.

Observe:a) Relampeando, eu não consigo dormir = Se relampear, eu não consigo dormir.b) Declarei estar ocupado = Declarei que estava ocupado.c) Para estudarmos precisamos de sossego = para que estu-demos, precisamos de sossego.d) Acabada a festa, retirou-se = quando acabou a festa, re-tirou-se.

SOBRE AS FORMAS DO INFINITIVO: A forma infi nitiva é identifi cada por sua terminação em R: -ar, -er, -ir. Não po-demos esquecer que a língua portuguesa admite fl exão na forma infi nitiva. Assim temos:Era para eu cantar.Era para tu cantares.Era para ele cantar.Era para nós cantarmos.Era para vós cantardes.Era para eles cantarem.

Quando ocorre locução verbal, o auxiliar indica-se trata de oração reduzida ou não. Na frase: “Tendo de ausentar-se, de-clarou vacante seu cargo.” Temos aqui uma oração reduzida de gerúndio. Portanto, é condição para que a oração seja re-duzida que o auxiliar se encontre representado por uma forma nominal.

ANÁLISE SINTÁTICA DAS ORAÇÕES REDUZIDAS

As orações reduzidas possuem as mesmas características sin-táticas das orações subordinadas desenvolvidas. Nos exem-plos abaixo, a forma desenvolvida da oração reduzida segue em parênteses. Classifi cação:

I. ORAÇÕES REDUZIDAS DE INFINITIVO

• SUBSTANTIVAS

Subjetivas:

- É necessário gostar de frutas e verduras. (que se goste de frutas e verduras)

Objetivas Diretas:

- O técnico assegurou serem seguras as máquinas. (que eram seguras as máquinas)

Objetivas Indiretas:

- Gosto de fi car sozinho. (que eu fi que sozinho)

Predicativas:

- O melhor seria fazerem a viagem. (que fi zessem a viagem)

Completivas Nominais:

- Eu estou disposto a arriscar tudo. (que eu arrisque tudo)

Apositivas:

- Ele nos fez um convite: comparecermos ao seu casamento. (que comparecêssemos ao seu casamento)

• ADJETIVAS

Restritiva:- Ela foi a única a apreciar o show. (que apreciou o show)

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Explicativas:- Aquele, a cantar no palco, é meu amigo. (que canta no palco)

• ADVERBIAIS

Causal:- Eu lamento por ter chegado atrasado. (porque cheguei atra-sado)

Temporal:- Não podem ir embora sem cumprimentar o casal. (que cum-primentem o casal)

Final:- Fiz um empréstimo para comprar um carro. (para que compre um carro)

Concessiva:- Apesar de estar triste ela continua sorridente. (apesar de que esteja triste)

Condicional:- Se cumprirem a promessa eu cumpro a minha. (caso cum-pram a promessa)

Consecutiva:- Ela se distraiu tanto a ponto de esquecer a discussão. (que esqueceu a discussão)

II. ORAÇÕES REDUZIDAS DE GERÚNDIO

• ADJETIVAS

Restritiva:- Gosto de crianças correndo pela casa. (que corram pela casa)

Explicativas:- Encontrei Maria, saindo de férias. (que saía de férias)

• ADVERBIAIS

Causal:- Não cumprindo a promessa, sentiu remorsos. (porque não cumpriu a promessa)

Temporal:- Faltando alguns minutos para o fi nal da prova, eu terminei. (quando faltavam alguns minutos para o fi nal da prova)

Concessiva:- Mesmo estando doente assisti aos jogos. (mesmo que esti-vesse doente)

Condicional:- Mentindo assim você fi cará em uma situação difícil. (caso você minta assim)

III. ORAÇÕES REDUZIDAS DE PARTICÍPIO

• ADJETIVAS

Restritiva:- Temos apenas um carro comprado com muito sacrifício. (que compramos com muito sacrifício)

Explicativas:- Fiquei surpresa com a casa, pintada de branco. (que pintaram de branco)

• ADVERBIAIS

Causal:- Ferido na perna, ele não pode mais jogar. (porque se feriu na perna)

Temporal:- Concluído o jogo, o time foi descansar. (quando concluíram o jogo)

Concessiva:- Vencido o campeonato, permanecerão treinando. (mesmo que vençam o campeonato)

Condicional:- Excluídas as doações, como funcionaremos? (caso excluam as doações)

EXERCÍCIOS01. A oração grifada está em forma reduzida (de infi nitivo): “Apesar de só dizer a verdade, não lhe deram crédito”. Assinale a alternativa em que ela aparece desenvolvida de forma CORRETA. a) Apesar que só dizia a verdade, não lhe deram crédito. b) Apesar que só dissesse a verdade, não lhe deram crédito. c) Visto que só dizia a verdade, não lhe deram crédito. d) Embora só dissesse a verdade, não lhe deram crédito. e) Mesmo dizendo a verdade, não lhe deram crédito.

02. Analise o ERRO na análise da oração reduzida.a) Após sair, o mecânico sentiu-se mal. (subordinada adverbial temporal reduzida de infi nitivo)b) Tenho medo de errar. (subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infi nitivo)c) Vi um menino chorando. (subordinada adjetiva restritiva reduzida de gerúndio)d) Trabalhando mais, você teria progredido. (subordinada adverbial fi nal reduzida de gerúndio)

03. A oração reduzida que expressa fi nalidade é:a) Encerrado o jogo, entregaram os troféus.b) Apressei-me para assistir ao jogo todo.c) Reclamado, nada conseguiu do patrão.d) Gostava de ser conduzido.

04. Classifi que as orações reduzidas em negrito, conforme as opções abaixo:(1) de gerúndio adverbial causal (2) de gerúndio adverbial concessiva (3) de infi nitivo adverbial fi nal (4) de gerúndio adjetiva restritiva(5) de infi nitivo adverbial temporal(6) de particípio adverbial causal(7) de infi nitivo adverbial consecutivaa) Viemos para colaborar (...). Ou viemos a fi m de incomodar. (...) b) Pulavam, cantavam, gritavam, para acordar toda vizinhança. (...) c) Há muita gente reclamando da administração pública. ( ..) d) Não dispondo de combustíveis, os países escandinavos utilizam energia elétrica em grande escala. (...) e) Aborrecido com as crianças, xinguei-as. (...) f) Era tão valente, que, estando malferido (...), continuou a lutar. (...)

05. “Viu um homem correndo na calçada”. A oração desta-cada é classifi cada como:a) oração coordenada adjetiva.b) oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de par-ticípio.c) oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de ge-rúndio.

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d) oração subordinada adverbial reduzida de gerúndio.

06. Marque a alternativa que NÃO apresenta oração redu-zida de particípio.a) Terminada a prova, todos saíram.b) Aborrecido com o chefe, abandonou a reunião.c) Carla, deixada de lado, sentiu-se humilhada.d) Estudando mais, você teria sido aprovado.

GABARITO

01. d 02. c 03. b

04. a) 3,3 c) 4 e) 6

b) 3 d) 1 f) 2,7

05. c 06. d

FUNÇÕES SINTÁTICAS DOS PRONOMES RELATIVOS

Os pronomes relativos que introduzem as orações subordi-nadas adjetivas desempenham funções sintáticas. Para esse tipo de análise, deve-se substituir o pronome relativo por seu antecedente e proceder a análise como se fosse um pe-ríodo simples.

O homem, que é um ser racional, aprende com seus erros - sujeito.

Os trabalhos que faço me dão prazer - objeto direto.

Os fi lmes a que nos referimos são italianos - objeto indireto

O homem rico que ele era, hoje passa por difi culdades - pred. do sujeito.

O fi lme a que fi zeram referência foi premiado - complemen-to nominal.

O fi lme cujo artista foi premiado não fez sucesso - adj. ad-nominal.

O bandido por quem fomos atacados fugiu - ag. da passiva.

A escola onde estudamos foi demolida - adj. adverbial.

OBSERVAÇÕES:• cujo sempre funciona como adjunto adnominal; onde como adjunto adverbial de lugar e como será adjunto adverbial de modo.

• relativo preposicionado - OI, CN, Adj. adverbial, Agente da passiva / relativo não preposicionado - Sujeito, OD, Predica-tivo do sujeito.

EXERCÍCIOS• Dê a função sintática dos pronomes relativos destacados:

01. “Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro”.

Clarice Lispector

02. “Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, ce-dendo talvez à gravidade com que se pediam”.

Clarice Lispector

03. De vez em quando bebíamos o vinho que ele nos servia.

04. Os livros que ele trouxera são conhecidos.

05. Aquele que pareces ser não és.

06. Recolheu as moedas que lhe caíram do bolso.

07. A resposta por que estava esperando acaba de chegar.

08. A casa onde moro fi ca no alto da serra.

09. Ela admirava a pessoa por quem era amada.

10. A teoria a que te referes será debatida na próxima aula.

11. Não encontrei o poema a que fi zeste referência.

12. Era imensa a euforia de que estávamos possuídos.

GABARITO

01. sujeito / sujeito 02. adjunto adver-bial de modo

03. objeto direto

04. objeto direto 05. predicativo do sujeito

06. sujeito

07. complemento nominal

08. adjunto adver-bial de lugar

09. agente da passiva

10. objeto indireto 11. complemento nominal

12. agente da passiva

ANOTAÇÕES_______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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Sabemos que a sintaxe, ou seja, a organização de uma frase implica algumas relações fundamentais, como a coordenação, a subordinação, a regência, a colocação e a concordância. A concordância é conceituada como o mecanismo pelo qual algumas palavras alteram suas terminações, para se acomo-darem a outras palavras. Nesse sentido, é apontado que, em Português, existem dois tipos de concordância: a verbal, que trata das alterações do verbo para se acomodar ao seu sujei-to, e a nominal, que trata das alterações das palavras adjeti-vas para se acomodarem ao nome a que se referem.

CONCORDÂNCIA NOMINAL

Na concordância nominal, os determinantes do substantivo (adjetivos, numerais, pronomes adjetivos e artigos) alteram sua terminação (gênero e número) para se adequarem a ele, ou ao pronome substantivo ou numeral substantivo a que se referem na frase.O problema da concordância nominal ocorre quando o adjeti-vo se relaciona a mais de um substantivo, e surgem palavras ou expressões que deixam em dúvida. Observe estas frases: • Aquele beijo foi dado num inoportuno lugar e hora. • Aquele beijo foi dado num lugar e hora inoportuna. • Aquele beijo foi dado num lugar e hora inoportunos. (aqui fi ca mais claro que o adjetivo refere-se aos dois substantivos.)

REGRA GERALO artigo, o pronome, o adjetivo e o numeral devem concordar em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural) com o substantivo a que se refere. Exemplo: O alto ipê cobre-se de fl ores amarelas. Adj. Adjetivo Faz duas horas que cheguei de viagem. Num.

OUTROS CASOS DE CONCORDÂNCIA NOMINAL

1. Um adjetivo após vários substantivos1.1 Quando os substantivos são do mesmo gênero há duas concordâncias: a) assumi o gênero do substantivo e vai para o plural. Exemplo: Encontramos um jovem e um homem preocupados. Adjetivo No exemplo acima o adjetivo assumiu o gênero masculino e foi para o plural.

b) concordar só com o último substantivo em gênero e nú-mero. Exemplo: Ela tem irmão e primo pequeno. Adjetivo Acima o adjetivo assumiu o gênero masculino e concordou só com o último substantivo.

OBSERVAÇÃO: Quando os substantivos são do mesmo gênero as duas concordâncias po-dem ser usadas, embora a primeira seja mais adequada porque mostra que a característica é atribuída aos dois substantivos.

• Se o último substantivo estiver no plural, a concordância só poderá fi car no plural. Exemplo: Ele possui perfume e carros caros. • Se o adjetivo funcionar como predicativo, o plural será obri-gatório. Exemplo: O irmão e o primo dele são pequenos. VL Predicativo

1.2 Quando os substantivos são de gêneros diferentes também há duas possibilidades: a) ir para o masculino plural.Exemplo: “Uma solicitude e um interesse mais que fraternos.” (Mário Alencar)

b) concordar só com o substantivo mais próximo. Exemplo: A Marinha e o Exército brasileiro estavam atento.

OBSERVAÇÃO: No caso de substantivos de gêneros diferentes, o adjetivo irá para o masculino plural, se o adjetivo tiver a função de predicativo.

Exemplo: O aluno e a aluna estão reprovados. VL Predicativo

2. Um adjetivo anteposto a vários substantivosA concordância se dará com o substantivo mais próximo. Exemplo: Tiveste má ideia e pensamento. Velhos livros e revistas estavam empilhados na prateleira.

OBSERVAÇÃO: Quando o adjetivo exerce a função de predicativo, ele pode concordar só com o primeiro ou ir para o plural. Exemplo: Ficou reprovada a aluna e o aluno. Ficaram reprovados a aluna e o aluno.

• Se o adjetivo anteposto referir-se a nomes próprios, o plural será obrigatório. Exemplo: As simpáticas Lúcia e Luana são irmãs.

3. Um substantivo e mais de um adjetivo Admitem-se duas concordâncias: a) Quando o substantivo estiver no plural, não se usa o artigo antes dos adjetivos. Exemplo: Estudava os idiomas francês e inglês. b) Se o substantivo estiver no singular, o uso do artigo será obrigatório a partir do segundo adjetivo.Exemplo: Estudo a língua inglesa, a francesa e a italiana.

4. É bom, é necessário, é proibido Essas expressões concordam obrigatoriamente com o subs-tantivo a que se referem, quando for precedido de artigo. Caso contrário são invariáveis. Exemplo: Vitamina C é bom para saúde. É necessária muita paciência.

5. Um e outro (num e noutro) Nesse caso o substantivo fi ca no singular e o adjetivo vai para o plural. Exemplo: Numa e noutra questões complicadas ela se con-fundia.

44CONCORDÂNCIA CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBALNOMINAL E VERBAL

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6. Anexo, incluso, apenso, próprio, obrigado Por serem adjetivos, concordam com o substantivo a que se referem. Exemplo: Seguem anexos os acórdãos. A procuração está apensa aos autos. Os documentos estão inclusos no processo. Obrigado, disse o rapaz. Elas próprias resolveram os exercícios.

OBSERVAÇÃO: A expressão em anexo é invariável. Exemplo: Em anexo segue a procuração Em anexo segue o despacho.

7. Mesmo, bastante Tanto pode ser advérbio como pronome. Quando for advérbio permanece invariável. Quando é pronome concorda com a palavra a que se refere. Exemplo: Os alunos mesmos resolveram o problema. Pronome Os alunos resolveram mesmo o problema. Nesse caso mesmo = realmente AdvérbioHaviam bastantes razões para ela reclamar. Pronome Eles chegaram bastante cedo ao aeroporto. Advérbio

8. Menos, alerta São palavras invariáveis. Exemplo: O Amazonas é o Estado menos populoso do Brasil. Havia menos alunas na sala hoje. Os soldados estavam alerta.

OBSERVAÇÃO: Atualmente alerta vem sendo utilizada no plural. Exemplo: Nossos chefes estão alertas.

9. MeioEssa palavra pode ser numeral ou advérbio. a) Quando for numeral é variável e concorda com a palavra a que se refere. Exemplo: Tomou meia garrafa de champanhe. numeral Isso pesa meio quilo. numeral

b) Se for advérbio é invariável. Exemplo: A porta estava meio aberta. Advérbio Ele anda meio cabisbaixo. Advérbio

10. Muito, pouco, longe, caro Quando essas palavras funcionam como adjetivo variam de acordo com a palavra a que se referem. Se funcionarem como advérbio são invariáveis.Exemplo: Muitos alunos compareceram à formatura. Adjetivo Os perfumes eram caros. Adjetivo As mensalidades escolares aumentaram muito. Advérbio Vocês moram longe. Advérbio

11. Sóa) Quando tem o signifi cado de sozinho(s) ou sozinha(s) essa

palavra vai para o plural. Exemplo: Joana fi cou só em casa. (sozinha) Lúcia e Lívia fi caram sós. (sozinhas) b) Ela é invariável quando signifi ca apenas/somente. Exemplo: Depois da guerra só restaram cinzas. (apenas) Eles queriam fi car só na sala. (apenas)

OBSERVAÇÃO: A locução adverbial a sós é invariável.

12. PossívelQuando acompanhada de expressões superlativas (o mais, a menos, o melhor, a pior) varia conforme o artigo que integra as expressões. Exemplo: As previsões eram as piores possíveis. Recebemos a melhor notícia possível.

13. Pronomes de tratamentoOs pronomes de tratamento sempre concordam em 3ª pes-soa. Exemplo: Vossa Santidade está muito preocupado. 3ª P.S

CONCORDÂNCIA VERBAL

1. verbo com sujeito simples O verbo concorda em número e pessoa, não interessando a posição. Ex.: Ele chegou tarde. Nós voltaremos logo. Chegaram os alunos.

2. sujeito composto antes do verbo a) o verbo vai para o plural: Exemplo: Recife e Jaboatão dos Guararapes são as principais cidades do litoral pernambucano. b) o verbo poderá fi car no singular: • Se os núcleos do sujeito forem sinônimos. Exemplo: A decência e honestidade é coisa rara nos dias atuais. • Quando os núcleos formam uma gradação. Exemplo: A angústia, a solidão, a falta de companhia levou-o ao vício da bebida. • Quando os núcleos aparecem resumidos por tudo, nada, ninguém. Exemplo: Diretores, gerentes, supervisores, ninguém faltou. A ameaça, o terrorismo, a agressão, nada o assustava.

3. sujeito composto depois do verbo a) o verbo vai para o plural:Chegaram ao estádio os jogadores e o técnico. Cambaleavam na rua Do Carmo e Dirceu. b) o verbo concorda com o núcleo mais próximo: Chegou ao estádio o técnico e os jogadores.

4. sujeito composto de pessoas diferentes a) quando aparece a 1ª pessoa do singular o verbo vai para o plural.Exemplo: Jorge e eu jogaremos amanhã. O professor e eu fotografamos vários tipos de pássaros. b) se o sujeito for formado de segunda e terceira pessoas do singular, o verbo pode ir para a 2ª ou 3ª pessoa do plural. Exemplo: Tu e ele fi careis atentos. Tu e tua esposa viajarão cedo.

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5. núcleos do sujeito ligados por OUa) se houver ideia de exclusão ou retifi cação, o verbo fi ca no singular ou concordará com o núcleo do sujeito mais próximo. Exemplo: Paulo ou George será o novo gerente. O marginal ou os marginais não deixaram nenhuma pista para os policiais. b) se não houver ideia de exclusão o verbo vai para o plural. Exemplo: A bebida ou o fumo são prejudiciais à saúde.

6. núcleos do sujeito ligados por COM O verbo irá para o plural, mas admite-se o singular quando se quer destacar o primeiro núcleo do sujeito. Exemplo: O marceneiro com o pintor terminaram o serviço combinado. O marceneiro com o pintor terminou o serviço combinado.

7. sujeito coletivo Quando o sujeito é um coletivo, o verbo concorda com ele. Exemplo: A multidão aplaudiu o discurso do diretor. As boiadas seguiam seu caminho pelo pantanal.

OBSERVAÇÃO: se o coletivo vier especifi -cado o verbo pode fi car no singular ou ir para o plural. Exemplo: A equipe de cinegrafi stas acompanhou o protesto dos professores

pelas ruas do Recife. A equipe de cinegrafi stas acompanharam o protesto dos professores pelas ruas do Recife.

8. sujeito é substantivo que só tem pluralQuando o sujeito é um substantivo usado somente no plural, há duas possibilidades: a) se o substantivo não vier precedido de artigo fi ca no singular. Exemplo: Estados Unidos é a maior potência econômica do mundo. b) se o substantivo for precedido de artigo, o verbo vai para o plural. Exemplo: As Minas Gerais possuem grandes paisagens naturais.

9. sujeito é um pronome de tratamentoQuando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo vai para a 3ª pessoa. Exemplo: Vossa Excelência agiu corretamente. Vossas Excelências votaram a nova lei.

10. sujeito são os pronomes relativos QUE e QUEM a) se o sujeito for o pronome relativo QUE, o verbo concordará em número e pessoa com o antecedente do pronome. Exemplo: Fui eu que liguei o rádio. Fomos nós que consertamos a TV.

b) se o sujeito for o pronome QUEM, o verbo fi ca na 3ª pessoa do singular. Exemplo: Não sou eu quem faz o jantar. Fui eu quem pagou o jantar.

OBSERVAÇÃO: Popularmente é comum o verbo concordar com o antecedente do pronome QUEM. Exemplo: Não sou eu quem faço o jantar.

11. o sujeito é uma oração Quando o sujeito for representado por uma oração, o verbo fi ca na 3ª pessoa do singular. Exemplo: Ainda falta comprar vários livros.

Não adianta vocês fi carem parados na fi la.

12. os núcleos do sujeito são infi nitivos O verbo vai para o plural se os infi nitivos forem determinados por artigos. Caso os infi nitivos não aparecerem determinados o verbo poderá fi car no singular. Exemplo: Correr e caminhar é um ótimo exercício. O cantar e o dançar divertem qualquer pessoa.

13. Verbo com a partícula apassivadora SE O verbo normalmente concorda com o sujeito. Exemplo: Vende-se uma geladeira. Vendem-se carros.

14. Verbo com índice de indeterminação do sujeitoO verbo fi ca na 3ª pessoa do singular e a partícula a SE está ligada a um verbo transitivo indireto ou intransitivo. Exemplo: Precisa-se de pedreiros. Trabalha-se muito em Brasília.

15. Sujeito formado por expressões • Um ou outro O verbo concorda no singular com o sujeito. Exemplo: Um ou outro jogador merecia críticas. Um ou outro levava a irmã ao colégio.

• Um e outro, nem um nem outro, nem... nem... O verbo concorda preferencialmente no plural. Exemplo: Um e outro permaneciam aguardando a chamada. Nem um nem outro quiseram tomar banho. • Um dos que, uma das que O verbo vai, de preferência, para o plural. Exemplo: Antônio é um dos que mais estudam matemática. • Mais de, menos de O verbo concorda com o numeral a que se refere. Exemplo: Mais de um aluno apresentou a pesquisa de campo. Mais de cem menores fugiram do presídio. • A maior parte de, grande número de Essas expressões seguidas de substantivos ou pronome no plural, o verbo pode ir para o singular ou para o plural. Exemplo: Grande número de empresários se revoltou contra o governo. A maioria das pessoas protestaram contra o aumento da energia elétrica. • Quais de vós, quantos de nós, alguns de nós O verbo concordará com os pronomes nós ou vós ou concordar na 3ª pessoa do plural. Exemplo: Alguns de nós chegaram hoje. Muitos de nós não conhecemos as leis.

OBSERVAÇÃO: Se o pronome indefi nido ou interrogativo estiver no singular, o verbo fi cará na 3ª pessoa do singular. Exemplo: Nenhuma de nós ouviu a notícia.

16. Haja vista Podem ocorrer as seguintes concordâncias: • A expressão fi ca invariável.Exemplo: Haja vista aos livros da escola. (atente-se) Haja vista os livros da escola. (por exemplo) • A expressão vai para o plural.Exemplo: Hajam vista os livros da escola. (vejam-se)

17. Concordância dos verbos DAR, SOAR, BATER Esses verbos concordam regularmente com o sujeito, a não ser

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que sejam usadas outras palavras como sujeito. Exemplo: Batiam cinco horas quando o alarme tocou. Deu quatro horas e ninguém foi visto.

18. Concordância dos verbos impessoais Ficam na 3ª pessoa do singular, pois não possuem sujeito. Exemplo: Havia cinco anos que moravam em Portugal. Chovia muito naquela noite. Faz dois meses que recebemos a carta.

OBSERVAÇÃO: • Quando acompanhado de verbo auxiliar, esse fi ca invariável na 3ª pessoa do singular. Exemplo: Devia haver cinco anos que não falávamos com Rita.

• Verbos que exprimem fenômenos da natureza usados em sentido fi gurado deixam de ser impessoais. Exemplo: Choviam lágrimas de seus olhos.

• Popularmente é comum usar o verbo TER como impessoal no lugar de haver ou existir. Tem cinco anos que moravam em Portugal.

19. Concordância do verbo SER O verbo SER ora concorda com o sujeito ora concorda com o predicativo. • Quando o sujeito for um dos pronomes QUE ou QUEM o verbo SER concordará obrigatoriamente com o predicativo. Exemplo: Que são homônimos? Quem foram os vencedores do campeonato?

• O verbo SER concordará com o numeral na indicação de tempo, dias, distância. Exemplo: É uma hora da madrugada. São dezenove horas em ponto.

• Quando o sujeito for os pronomes tudo, o, isso, aquilo, isto o verbo SER concorda, preferencialmente, com o predicativo, mas poderá concordar com o sujeito. Exemplo: Tudo são fl ores no início da relação. Isto são fenômenos da natureza.

• Quando aparece nas expressões é muito, é pouco, é bastante o verbo SER fi ca no singular, quando indicar quantidade, distância, medida. Exemplo: Quatro reais é pouco para irmos ao cinema. Seis quilos de feijão é mais do que pedi.

20. Concordância do verbo PARECER O verbo PARECER antes de infi nitivos admite duas concordâncias: • O verbo PARECER se fl exiona e o infi nitivo não varia. Exemplo: As paredes do prédio pareciam estremecer. • Não varia o verbo PARECER e o infi nitivo é fl exionado. Exemplo: Os alunos parecia concordarem com o diretor da escola. • O verbo PARECER concordará no singular, usando-se oração desenvolvida. Exemplo: As paredes parece que estão estremecidas.

EXERCÍCIOS01. Assinale a opção que completa CORRETAMENTE o seguimento da proposição: No momento da eleição...a) buscaram-se estudar os gênios.b) buscou-se estudar os gênios.c) buscaram-se estudar o gênio.d) buscou-se estudares os gênios.

02. “Trajava à moda antiga, uma saia ________, uma blusinha ________e sorria timidamente para os rapazes que a cortejavam, abrindo muito os olhos ________ onde se via um brilho de malícia” (Machado de Assis).Marque a alternativa que completa CORRETAMENTE as lacunas do período acima.a) azul-marinho – verde-clara – castanho. b) azul-marinha – verde-claro – castanhos. c) azul-marinha – verde-clara – castanhos.d) azul-marinho – verde-clara – castanhos.

03. Aponte a alternativa CORRETA quanto a sua concordância.a) As grã-cruzes foram entregues aos heróis.b) Velhas e rasgadas moedas e carteiras foram substituídas por novos.c) Saborosos bananas e laranjas estrangeiras.d) Uma e outra alunas foram punidos por terem colado.

04. Informo a Vossas Senhorias que, ________seguem a car-ta, o relatório e a cópia que nos solicitaram, e que estão intei-ramente à ___________ disposição.Marque a alternativa que completa CORRETAMENTE as lacu-nas do período acima.a) incluso – vossa. c) incluso – sua. b) inclusos – sua. d) inclusos – vossa.

05. Elas __________ tomaram todos os cuidados _________, saindo ________.Marque a alternativa que completa CORRETAMENTE as lacu-nas do período acima.a) próprio – possíveis – duas a duas . b) próprias – possível – de duas. c) próprias – possível – em duas.d) próprias – possíveis – duas a duas.

06. Assinale a alternativa INCORRETA.a) Eram pseudo-artistas que apresentavam menas qualidades que qualquer um dos espectadores daquela plateia monstro.b) Havia uma fi la monstruosa de carros.c) Havia uma fi la monstro.d) A ordem é que estejamos alerta.

07. Assinale a alternativa em que a concordância está ER-RADA.a) Os braços e as mãos trêmulas erguiam-se para o céu.b) Todos se moviam cautelosamente, alertas ao perigo.c) Tinha belos olhos e boca.d) Chegada a sua hora e a sua vez, intimidou-se.

08. Das duas orações: Amor é alegrias e Amor são alegrias:a) a primeira está errada e a segunda certa. b) a primeira está certa e a segunda está errada. c) ambas estão certas.d) ambas estão erradas.

09. Indique a alternativa INCORRETA quanto à concordância.a) Isso são verdadeiros absurdos da vida moderna. b) Entre nós não deveriam haver constrangimentos. c) Quantos meses faz que chegaram ao Brasil?d) O menino é as alegrias do irmão.

10. Assinale a frase CORRETA:a) Já vai fazer cinco anos que me radiquei em Brasília.b) Falta apenas dois meses para o término do semestre letivo.c) Comer e dormir fazem mal à digestão.d) Não faltou repórteres abelhudos que procuravam entre-vistar o astro.

11. Das frases abaixo, assinale aquela que fere a norma culta em sua concordância.a) Grande número de anúncios televisivos divulgaram os re-sultados.b) A maioria dos professores primários optaram pelo novo

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método.c) Há instrumentos musicais tão bons quanto esse ou melhores.d) Devem fazer dez meses que não produzimos negócios com vendedores de São Paulo.

12. Assinale a opção que admite a variação de concordância feita entre parênteses.a) Deve haver mais vagas do que candidatos para o concurso de fi scal do INSS - (devem).b) A maior parte funciona bem quando há uma fi scalização mais cuidadosa – (funcionam).c) A população corria desesperadamente em busca de qual-quer trocado que trouxesse um equilíbrio fi nanceiro – (corriam).d) A maioria dos alunos aprovou a ideia de trabalhar por uma causa social maior – (aprovaram).

13. A concordância do verbo negritado está INCORRETA na alternativa:a) Ele era um dos pivetes que escaparam da chacina.b) Se Vossa Excelência vier, a violência será combatida.c) Os Estados Unidos, se o Brasil permitir, ajudarão no com-bate ao narcotráfi co.d) Não importa ao justo as calúnias.

14. Nas alternativas abaixo, a que contém ERRO no emprego do plural é:a) O governo está estudando novas medidas econômico-fi -nanceiras.b) Ao dar prioridade à educação, teremos cidadãos mais conscientes.c) Havia provas bastantes do crime.d) A reunião iria examinar os pró e os contra da questão.

15. Há ERRO de concordância nominal, segundo a norma culta, em:a) Ele pulou longos capítulos e páginas. b) Considerou perigosos a decisão e o argumento. c) Remeto-lhe anexo as duplicatas.d) Bastantes alunos foram aprovados.

16. A alternativa em que a lacuna pode ser preenchida, de acordo com a norma culta, por qualquer uma das formas no-minais, indicadas entre parênteses é:a) Encontrei ___________ as portas e o portão.(abertos, abertas)b) Julguei-as ___________alunas. (melhor, melhores)c) As cartas e os telegramas seguem ___________. (anexos, anexas)d) Ganhei ____________ livros. (bastante, bastantes)

17. A frase em que a concordância nominal está INCORRETA é:a) Sempre digo que nós não estamos só.b) É meio dia e meia, disse o professor.c) A menina estava com sapatos e bolsa escuros.d) Choveu no quarto embora a janela estivesse meio fechada.

18. Assinale a opção em que a concordância do verbo des-respeita a norma culta.a) Mesmo assim, os adultos houveram por bem recomendar cautela a todos.b) Dessa maneira, não haveria arrependimentos nem lamentos.c) Naquela situação de tensão, os garotos se houveram com muita discrição e elegância.d) Eles sabiam que deviam haver punições para os que vio-lassem as regras.

19. Nas frases: “Já ________ duas semanas que não íamos à praia”, “Não _________ existir muitos prêmios” e “Ainda _________haver vagas”, as lacunas se preenchem, RESPEC-TIVAMENTE, com:a) faziam, podem, devem.b) faziam, podem, deve. c) fazia, pode, deve.d) fazia, podem, deve.

20. “Há reuniões da comissão que tratam do assunto.”De acordo com a norma culta, pode-se substituir a forma verbal grifada por:

a) vai acontecer.b) têm havido.

c) pode ocorrer.d) devem existir.

21. As formas verbais negritadas em “Gente que conhecia havia milhares de anos” e “Naquele momento, havia dois modos de olhar as coisas” podem ser substituídas, respecti-vamente, por:a) faziam e existiam. b) fazia e existia.c) haviam e existia.d) fazia e existiam.

22. Pela grafi a e fl exão do verbo TER pode-se afi rmar que houve ERRO de concordância em:a) Nossas várzeas têm mais fl ores.b) Nossos bosques têm mais vida.c) Uma série de fatores tem contribuído para difi cultar a con-clusão da obra.d) O aluno desta universidade não têm motivos para temer o desemprego.

23. Assinale a alternativa INCORRETA quanto à concor-dância verbal:a) Soava seis horas no relógio da matriz.b) Apesar da greve, professores, diretores e funcionários não foram demitidos.c) José chegou ileso a seu destino, embora houvesse muitas ciladas em seu caminho.d) A cidade fi ca a 100 quilômetros daqui.

24. Quanto à concordância nominal, a única frase CERTA é:a) Eles mesmo preencherão a declaração de bagagem.b) Seguem anexo as provas do processo.c) Estamos quite com o fi sco.d) A mercadoria estava meio escondida.

GABARITO01. b 02. d 03. a 04. b 05. d

06. a 07. b 08. c 09. b 10. a

11.d 12. d 13. d 14. d 15. c

16. a 17. a 18. d 19. d 20. d

21. d 22. d 23. a 24. d

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ABREVIAÇÕES UTILIZADAS

TR – Termo regente;Tr – Termo regido;I – Verbo intransitivo;

VTD – Verbo transitivo direto; VTI – Verbo transitivo indireto;VTDI – Verbo transitivo direto e indireto.

Na construção de uma unidade signifi cativa, algumas palavras exigem o acompanhamento de outros elementos da língua. Essa relação de dependência com vistas à formação de um signifi cado é chamada regência.

A regência pode ser direta, quando a relação de dependência é imediata, ou indireta, quando ela é intermediada por ou-tros elementos da língua, como as preposições. A regência do substantivo sobre o adjetivo (como em “a menina bonita”), ou do verbo transitivo direto sobre seu complemento (ex.: “Ma-ria ama Pedro”) se dá de forma direta, enquanto a regência do substantivo sobre outro substantivo (como em “a fi lha de Maria”) ou de um verbo transitivo indireto sobre seu comple-mento (ex.: “Maria gosta de Pedro”) se faz necessariamente por meio de uma preposição.

Nos casos de regência indireta, é preciso observar que nem to-das as preposições podem desempenhar o papel de ligar o re-gente ao regido. Além disso, o uso de uma ou outra preposição pode provocar alterações de signifi cado bastante consideráveis (ex.: “ir para casa”, “ir de casa”, “ir na casa”, etc.). Por isso, é preciso estar atento para o conjunto de preposições exigidas pelo regente e para as implicações do seu uso.

A seguir, alguns verbos da língua portuguesa que envolvem problemas frequentes quanto à regência:

CONSTRUÇÃO INADEQUADA CONSTRUÇÃO ADEQUADA

Estar de (greve) Estar em (greve)

Namorar com Namorar

Arrasar com Arrasar

Repetir de (ano) Repetir o (ano)

Exemplos: Suzana continuava a dizer que namorava com Mário. [Inade-quado] Suzana continuava a dizer que namorava Mário. [Adequado]

Meus pais não suportariam se eu repetisse de ano! [Inade-quado] Meus pais não suportariam se eu repetisse o ano! [Adequado]

TRANSITIVIDADE VERBAL

O verbo, quanto à predicação, pode ser classifi cado em:

TRANSITIVO

É o verbo considerado de sentido incompleto, que exige com-plemento que lhe integre o sentido. Esse pode ou não vir revelado na oração.

TRANSITIVO DIRETO

É aquele que vem acompanhado de um objeto sem preposição obrigatória (objeto direto ou objeto direto preposicionado).

Ex.: O aluno comprou os livros.O exemplo traz um verbo transitivo direto, pois o verbo com-prar exige complemento para inteirar seu sentido. Quando se compra, compra-se obrigatoriamente algo.

O complemento do verbo é chamado de ‘objeto’; quando esse objeto é ligado ao verbo sem intervenção de uma preposição é chamado de ‘objeto direto’, assim o verbo torna-se ‘verbo transitivo direto’. Há também o objeto direto preposicionado’. Esse é ligado ao verbo por uma preposição não obrigatória.

Ex: A bruxa bebeu de sua poção mágica. transitivo complemento com preposição direto não obrigatória

TRANSITIVO INDIRETO

Esse vem acompanhado de um objeto com preposição obriga-tória (objeto indireto).

Ex: Os fi lhos devem obedecer aos pais. transitivo indireto objeto indireto

(preposição obrigatória)

O exemplo traz um verbo que requer complemento para inte-grar seu sentido, pois quem ‘obedece’, obedece, necessaria-mente, a alguém ou algo. Esse complemento ligado ao verbo com a intervenção de uma preposição é chamado de ‘objeto indireto’.

TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO

Aquele que vem acompanhado de um objeto sem preposição (objeto direto) e de um objeto com preposição (objeto indi-reto).

Ex: O jornal dedicou uma página ao episódio. verbo transitivo objeto direto objeto indireto direto e indireto

INTRANSITIVO

É o verbo considerado de sentido completo, que não exige complemento que lhe integre o sentido.

Ex: A criança dorme.

REGÊNCIA NOMINAL E REGÊNCIA NOMINAL E VERBALVERBAL55

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Língua Portuguesa

VERBO DE LIGAÇÃO

É aquele que serve para estabelecer certo tipo de relação en-tre um atributo do sujeito e o sujeito, sempre com signifi cado de estado ou mudança de estado. Ex: O bebê é calmo. sujeito verbo de ligação atributo do sujeito

estado permanente

O bebê está calmo. sujeito verbo de ligação atributo do sujeito

estado transitório

O bebê fi cou calmo. sujeito verbo de ligação atributo do sujeito

mudança de estado

REGÊNCIA NOMINAL

Estuda as relações em que os nomes – substantivos, adjeti-vos e advérbio – exigem complemento para completar-lhes o sentido. Geralmente, essa relação entre o nome e seus com-plementos é estabelecida pela presença de preposição. Exemplos: Ele tem aversão à altura. TR Tr Ficamos contentes por você. TR Tr Os alunos votaram favoravelmente ao projeto. TR Tr

OBSERVAÇÃO: Há nomes que admitem mais de uma preposição.

Exemplos: Tenha amor a seus fi lhos. Renato não morria de amor por Paula. A seguir, veremos a relação de alguns nomes e as suas preposições mais usuais: abrigado – a, com, contra, de, em, sobacessível – a, para, poradequado – a, com, paraafável – a, com, para com agradável – a, de, paraalheio – a, deamante – de amigo – deamoroso – com, para, para com análogo – aansioso – de, para, poranterior – a aparentado – a, com, deapto – a, paraatentado – a, contraatento – a, em, paraavaro – a, de, em, com, para comaversão – a, em, para, por

avesso – a, de, emávido – de, porbacharel – em, porbanhado – de, em, porbenéfi co – a, parabom – a, de, para, para comcapaz – de, paracaritativo – com, para com caro – a, decego – a, de, paracerto – com, de, em, paracheio – com, decheiro – a, decobiçoso – de, porcompatível – a, comcomum – a, com, de, em, entre, paraconforme – a, com, em, paraconivente – com, emconstante – de, emcontemporâneo – a, decontente – com, de, em, porcontíguo – a, comcontrário – a, de, em, porcruel – a, com, em, para, para comcuidadoso – com, de, emcúmplice – de, em, paracurioso – a, de, para, pordesatento – adescontente – com, dedesejoso – dedesfavorável – a, paradesleal – a, com, em, para comdevoção – a, para com, pordevoto – a, dediferente – com, de, em, entre, pordifícil – a, de, paradigno – dediligente – em, paraditoso – com, de, em, pordiverso – de, emdoce – a, de, paradócil – a, paradotado – com, de, em, paradoutor – de, em, pordúvida – acerca de, em, sobreempenho – contra, de, em, porentendido – em, porerudito – de, emessencial – a, de, em, paraestranho – a, de, paraexato – emfácil – a, de, em, parafalho – de, emfavorável – a, parafeliz – com, de, em, porfértil – de, em

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fi el – a, em, para comfi rme – emforte – de, em, parafraco – com, de, em, parafranco – a, com, em, sobrefurioso – com, contra, porgrato – a, com, emhábil – em, parahabituado – a, com, emhorror – a, de, diante de, porhostil – a, contra, para comida – a, paraidêntico – a, emimediato – aimpaciente – com, de, porimportante – a, contra, em, paraimpotente – a, ante, contra, diante de, porimpróprio – a, de, paraimune – a, deinábil – em, parainacessível – a, paraincapaz – de, em, paraincompatível – comincompreensível – a, em, parainconstante – emincrível – a, paraindeciso – em, entre, quanto a, sobreindiferente – a, com, para, para com, porindigno – deindulgente – a, com, em, para, para cominédito – a, eminerente – a, eminsensível – a, ante, paraintolerante – a, com, em, para, para comleal – a, com, em, para, para comlento – de, emliberal – com, de, em, para commaior – de, emmau – com de, para, para commenor – de, emmorador – de, emnatural – a, de, em, paranecessário – a, em, paranegligente – emnobre – de, em, pornocivo – a, paraobediente – aobsequioso – com, para, para comodioso – a, para, poroneroso – a, paraorgulhoso – com, de, em, porparco – com, de, emparecido – a, com, empassível – depeculiar – a, parapertinaz – em

piedade – com, de, para, para com, porpobre – depoderoso – com, em, parapossível – a, deposterior – apreste – a, em, paraprodígio – de, emproeminência – sobrepronto – a, em, parapropício – a, parapróprio – a, de, paraproveitoso – a, parapróximo – a, dequerido – a, de, em, porrente – a, com, de, porrespeito – a, com, de, em, entre, para com, porrico – de, emsábio – em, parasensível – a, parasito – em, entresituado – a, em, entresoberbo – com, desolícito – com, de, em, para, para com, porsujo – desuspeito – a, detemeroso – a, de, emtemível – a, paratriste – com, de, em, para, porúltimo – a, de, emunião – a, com, de, entreúnico – a, em, entre, sobreusual – a, entreútil – a, em, parautilizado – em, paravacilante – ante, em, entrevagaroso – de, emvaidade – de, emvaidoso – de, emvário – devazio – devedado – a, porvelado – a, de, em, porvencido – de, em, porvendido – a, porveneração – a, de, para com, porvenerado – de, porvenerável – a, porventuroso – com, porverdade – de, em, sobrevergonha – de, paraversado – emvestido – a, com, de, em, para, porveto – a, contraviagem – a, através de, em, para, porvinculado – a, com, porvisível – avizinho – a, com, devulgar – a, em, entrevulgarizado – em, por

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REGÊNCIA VERBAL

É o modo pelo qual o verbo se relaciona com os seus com-plementos.

Exemplo: Todos criticaram a professora. TR Tr Há verbos que admitem mais de uma regência:

Ela não esquecia as fl ores recebidas. Ela não se esquecia das fl ores recebidas. A seguir, veremos a regência de alguns verbos:

* ABDICAR - Pode signifi car renunciar, desistir. Pode ser um verbo intran-sitivo, transitivo direto ou transitivo indireto. Exemplos: O rei abdicou. Não abdicarei dos meus direitos.

*AGRADAR - No sentido de contentar, satisfazer é transitivo indireto. Exemplo: O jogo não agradou ao técnico. O convite não lhe agradou.

OBSERVAÇÃO: também é possível aparecer com objeto direto. Ex.: A menina agradava o cãozinho.

*AGRADECER - Pode aparecer como transitivo direto, tran-

sitivo indireto e transitivo direto e indireto. Exemplo: Agradeci as fl ores. Agradeci aos diretores. Agradeci o presente ao amigo.

*ANSIAR- Transitivo direto (angustiar, causar mal-estar).Exemplos: A falta de espaço ansiava o aluno.

- Transitivo indireto (desejar ardentemente) - Rege a preposi-ção por e não admite lhe(s)Exemplos: Ansiamos por dias melhores.

*ASPIRAR - Será transitivo direto quando signifi car sorver, respirar. Exemplos: Aspirou gás carbônico.

- É transitivo indireto no sentido de almejar, pretender. Exemplo: Os trabalhadores aspiravam ao aumento salarial.

*AJUDAR - Aparece como transitivo direto e transitivo direto e indireto. Exemplos: Ela ajudava a minha irmã. Nós ajudávamos papai a limpar o quintal.

* ASSISTIR - Será transitivo direto quando signifi car prestar assistência, ajudar. Exemplos: O médico assistiu o pequeno garoto. - Será transitivo indireto quando signifi car presenciar, ver.

Nesse sentido o verbo ASSISTIR não admite o uso dos pro-nomes LHE, LHES. Exemplos: Nós assistimos ao jogo da seleção. Ele assistiu ao espetáculo.

- Será transitivo indireto quando signifi car caber, pertencer. Exemplos: Assiste aos governantes o bem-estar social.

- No sentido de morar, residir – pouco utilizado atualmente – será intransitivo. Exemplos: Ele assiste no Recife há muito tempo.

*CASAR- Intransitivo.Exemplos: Eles casaram ontem em São Paulo.

- Transitivo indireto.Exemplos: O rapaz não queria casar com ninguém.

*CHAMAR - Será transitivo direto no sentido de convidar, convocar. Exemplos: Nós chamamos todos os presentes.

- No sentido denominar há 4 construções: Chamaram-no trambiqueiro. Transitivo direto; Chamaram-no de trambiqueiro. Transitivo direto; Chamaram-lhe trambiqueiro. Transitivo indireto; Chamaram-lhe de trambiqueiro. Transitivo indireto.

*CHEGAR(Todos os verbos de movimento: ir, vir, voltar e retornar)- Intransitivo – usa-se com a preposição “a”Exemplos: Eles chegaram ao sítio de carro. Voltei à feira ontem.

* CUSTAR - No sentido de ser custoso, ser difícil será transitivo indireto. Exemplos: Custou ao governo aquela difícil meta.

- No sentido de acarretar será transitivo direto e indireto. Exemplo: A insensatez custou-lhe os bens.

*ESFORÇAR-SE- Como verbo pronominal é transitivo indireto regendo as preposições em, a, por e para.Exemplos:Ele esforçou-se em desviar os olhos.Se você é bom, esforça-se a sê-lo sempre.Sempre nos esforçamos por agradar as pessoas.Ele não se esforçou para continuar a luta.

*ESQUECER / LEMBRAR - Serão transitivos diretos se não forem pronominais. Exemplos: Esqueci o nome da rua. Lembrei um caso antigo.

- Serão transitivos indiretos se forem pronominais. Exemplos: Esqueci-me do nome da rua. Lembrei-me de um caso antigo.

- Estes verbos admitem uma construção de uso literário.

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Exemplos:Esqueceram-me os acontecimentos.(O que nas duas construções é objeto passa a ser sujeito nessa sentença.) Os acontecimentos esqueceram-me, isto é, “fugiram-me da lembrança.”

*IMPLICAR- Transitivo direto (acarretar, envolver)Exemplos:O conserto do carro implica nova tecnologia.

- Transitivo indireto (ter implicância, mostrar má indisposi-ção).Exemplo: A professora sempre implicou com minha letra.

*INTERESSAR-SE- Como verbo pronominal é transitivo indireto regendo as preposições em e por.Exemplos:Paulo interessava-se nestas pesquisas.Ele interessa-se por minha companhia.

*OBEDECER/ DESOBEDECER - São transitivos indiretos. Exemplos:O jogador desobedeceu à diretoria. Os juristas obedecem ao Código Civil.

*MORAR/ RESIDIR- Usam-se com a preposição em.Exemplos:Moro em Betim.Resido na Rua Santa Catarina.

*NAMORAR- Intransitivo (galantear, cortejar)Exemplos: Pedro começou a namorar muito tarde.

- Transitivo direto ( desejar, galantear, cortejar).Exemplos: Ana namora Joaquim há anos.

*PAGAR/PERDOAR- Transitivo diretoExemplos:Perdoaremos as suas ofensas.Pagaremos as nossas dívidas.

- Transitivo indiretoExemplos:A esposa perdoou ao marido.Ela pagou ao empregado.

- Transitivo direto e indiretoExemplos:Ela perdoou os erros ao fi lho.Ela pagou a conta ao funcionário.

*PRECISAR - No sentido de marcar com precisão é transitivo direto. Exemplos: Ele precisou a hora e o local da consulta.

- No sentido de necessitar é transitivo indireto. Exemplos: Nós precisamos de bons políticos.

*PREFERIR - É um verbo transitivo direto e indireto. Exemplos: Preferia o computador. Preferia o vinho à cerveja.

*PREVENIR- Transitivo direto (evitar dano, mal, etc.)Exemplos: A paciência previne as desilusões.

- Transitivo indireto (avisar com antecedência)Exemplos:Vou prevenir os colegas de que a prova está complicada.

*SIMPATIZAR/ ANTIPATIZAR(não é verbo prenominal)Exemplos:Simpatizei com os moradores de rua.Antipatizei com os desordeiros.

*PROCEDER- Intransitivo (ter fundamento, portar-se, provir)Exemplos:As suas dúvidas não procedem.Aqueles alunos procedem muito bem.O português procede do latim.

- Transitivo indireto (realizar, dar início). Nesse sentido rege a preposição a.Exemplos:A moça procedeu ao questionamento.

*QUERER- Transitivo direto (desejar, pretender)Exemplos:Ela queria o prêmio.

- Transitivo indireto (amar, estimar, ter afeto)A mãe queria muito a seus fi lhos.Quero-lhe muito, amor.

* RESPONDER- Transitivo direto (ser respondão com)Exemplos: Ele respondeu o pai e foi castigado.

- Transitivo indireto (dar resposta, ser submetido a)Exemplos:Responderam a todas as questões.Ontem ele respondeu a um processo.

*SOBRESSAIR (não é verbo prenominal)Exemplos:Qual foi o jogador que sobressaiu no campo?Nunca sobressaiu em física.

*VISAR- Transitivo direto (mirar, apontar, pôr visto, rubricar)Exemplos:O caçador visava a cabeça do bicho.O gerente visou o cheque.

- Transitivo indireto (ter como objetivo, ter em vista). Rege a preposição a.Exemplo: Os acordos visaram a um estudo.

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A REGÊNCIA E OS VERBOS PRONOMINAIS

Os verbos pronominais são termos que, em geral, regem complementos preposicionados.

São considerados verbos pronominais aqueles que se apre-sentam sempre com um pronome oblíquo átono como parte integrante do verbo (ex.: queixar-se, suicidar-se). Alguns ver-bos pronominais, porém, podem requerer um complemento preposicionado. É o caso, por exemplo, do verbo “queixar-se” (queixar-se de) e não do verbo “suicidar-se”.

Quando os verbos pronominais exigirem complemento, este deve sempre vir acompanhado de preposição. Exemplos:

Naquele momento os fi éis arrependeram-se os seus pecados. [Inadequado]

Naquele momento os fi éis arrependeram-se dos seus peca-dos. [Adequado] ...[dos: de + os = dos / de = preposição] ...[dos seus pecados: objeto indireto]

Os biólogos do zoológico local dedicam-se as experiências ge-néticas. [Inadequado]

Os biólogos do zoológico local dedicam-se às experiências ge-néticas. [Adequado] ...[às: a (preposição) + as (artigo) = às] ...[às experiências genéticas: objeto indireto]

Note que, no exemplo (2), o verbo “dedicar-se” não é essen-cialmente pronominal, mas sim acidentalmente pronominal. Isto é, esse verbo pode se apresentar sem o pronome oblíquo e, nesse caso, deixa de ser pronominal (ex.: Ele dedicou sua vida ao pobres).

Casos como esse, porém, demonstram que, em princípio, qualquer verbo pode se tornar pronominal e, portanto, pos-suir um complemento preposicionado.

EXERCÍCIOS

01. Assinale a alternativa gramaticalmente CORRETA:a) Os caminhos porque passamos eram sombrios.b) Assististe ao espetáculo? Assisti-lhe.c) Volte, que o país lhe está ordenando.d) Refi ro-me à opinião dele e não à dela.

02. NÃO há erro de regência em:a) Esqueceu do nome dele.b) Esta é a idade que mais gosto.c) Boa era a anedota que se lembrou.d) A comissão chega a Londres à tarde.

03. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas no período abaixo.“Os ideais _____ aspiramos são muitos, mas os recursos _________ dispomos não são muitos.”a) que – dos quais.b) aos quais – com que.c) a que – que.

d) a que – de que.

04. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas no período abaixo: “________ intromissões e insi-nuações de última hora, o Rio, por ter melhor _______ deverá sediar a 2ª Conferência Internacional sobre O Meio Ambiente, _______mais de cem Chefes de Estado”.a) salvas as – infraestrutura – aonde comparecerão.b) mesmo que haja – infraestrutura – à qual deverão com-parecer.c) salvo – infraestrutura – à que haverá de comparecer.d) apesar das – infraestruturas – onde poderão comparecer.

05. Ele conhecera o poeta, _______ versos gostava e _________ estava apaixonada, na cidade ____nascera.Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as la-cunas no período acima.a) dos quais – por quem – que.b) de quem – por que – onde.c) por cujos – com quem – em que.d) de cujos – por quem – onde.

06. A lacuna da frase “Fui visitar o lugar _______ nasci” só pode ser preenchida, CORRETAMENTE, por:a) do qual. b) no qual. c) o qual. d) na qual.

07. Segundo a norma culta, há ERRO de regência com o verbo sublinhado na alternativa:a) Eu devo obedecer ao meu amigo.b) Esqueci-me do nome dele.c) Ao falar de imortalidade disse que aspirava a ela.d) Prefi ro ouvir música do que ver televisão.

08. O taquígrafo _________ rapidez admiramos, foi feliz no exame.a) cuja. c) em cuja. b) por cuja. d) cuja a.

09. É preciso ________ função de bibliotecário.a) desobrigar-lhe a. c) desobrigá-lo à. b) desobrigá-lo da. d) desobrigar-lhe à.

10. A questão agrária custa ao país sangue e lágrimas.A regência do verbo custar é idêntica à do trecho acima em:a) Custa-me crer em tais arbitrariedades.b) O sonho de justiça não deveria custar tanto.c) A dignidade, por vezes, custa caro.d) A terra custou aos lavradores a vida.

11. Em relação à regência verbal, marque a alternativa que contraria a norma culta da língua.a) É necessário proceder à distribuição dos folhetos expli-cativos.b) O empregado atendia a um e a outro; atendia a eles inin-terruptamente.c) O funcionário aspira, desde muito tempo, um cargo melhor.d) Prefi ro ler cuidadosamente as críticas de certos textos a incorrer nas mesmas falhas.

12. A frase construída de forma inteiramente CORRETA é:a) Não apreciei o fi lme que tantos dizem ter gostado.b) A exposição a que resolvi prestigiar era um desastre.c) A peça cuja execução ele mais se esmerou foi a de Mozart.d) Ainda que comigo venham a discordar, editarei o livro.

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Matéria

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Língua Portuguesa

13. A regência verbal está CORRETA, de acordo com a nor-ma culta, em:a) Eles preferiam mais música do que cinema.b) Antônio, eu lhe vejo amanhã no clube.c) O secretário informou ao candidato o resultado da prova.d) A humanidade aspira dias melhores de existência.

14. Em relação à regência verbal, marque a alternativa em que se contraria a norma culta da língua.a) O empresário visou somente ao lucro pretendido. b) Nós chegamos na fazenda ontem cedo. c) Pague aos funcionários hoje mesmo.d) Não simpatizo com suas ideias inovadoras.

15. Em relação à regência nominal, marque a alternativa IN-CORRETA:a) Ele é muito amoroso com seus pais. b) Este exercício está difícil de entender. c) Nós fi camos atentos nele.d) Ela é indigna para você.

16. Há ERRO de regência nominal em:a) O sentimento de amor é comum a todos os homens.b) Seu irmão é bacharel de direito.c) O garoto tinha a face banhada por lágrimas.d) Esta é uma tarefa agradável de fazer.

17. A regência verbal está INCORRETA em:a) Seu telefone não atende às chamadas.b) O advogado procedeu à leitura dos autos.c) Prefi ro este trabalho a discutir com ele.d) Informou-lhe de todos os problemas.

18. A regência nominal está CORRETA em:a) Ele é muito apegado em bens materiais.b) A recepcionista procurava ser afável de todos.c) Ela prosperou porque foi constante com seus propósitos.d) O professor foi desleal com a escola.

19. A regência verbal está INCORRETA em:a) Este rapaz namora com a amiga de Paula.b) O governo assiste os pobres com o Bolsa-Família.c) Você visa a uma aprovação no concurso.d) O jogador sobressaiu na partida de ontem.

20. A regência verbal está CORRETA em:a) Simpatizei-me com o padre da cidade. b) O delegado procedeu o interrogatório. c) O promotor respondeu ao questionamento do réu.d) Ela previne a mãe os problemas.

21. Assinale a frase INCORRETA quanto à regência nominal.a) O teatro está situado na Rua da Bahia.b) É proibido invasão de domicílio.c) Os carros japoneses são superiores aos brasileiros.d) O goleiro exerce liderança de todo time.

22. Assinale a frase CORRETA quanto à regência nominal.a) O álcool é nocivo para com a saúde. b) Estou curioso de saber quem ganhou na loteria. c) Era suspeito em ter assaltado a loja.d) Ela já está apta em dirigir.

23. Há ERRO de regência verbal de acordo com a norma culta em:a) Prefi ro fazer caminhada do que dormir. b) Assisti ao jogo e gostei dele. c) Está na hora de a aula terminar. d) Ele chegou ao colégio muito cedo.

GABARITO01. c 02. d 03. d 04. c 05. d 06. b

07. d 08. a 09. b 10. d 11. c 12. a

13. c 14. b 15. d 16. b 17. d 18. d

19. a 20. c 21. d 22. b 23. a

ANOTAÇÕES

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Crase é a fusão da preposição a com o artigo defi nido femini-no a ou as. A crase é indicada pelo acento grave.

TIPOS DE CRASE

1. Entre a preposição a e o artigo defi nido a: Vamos à cidade.

2. Entre a preposição a e o pronome demonstrativo a: Ele se referiu à que deixei no armário.

Nota: O a é pronome demonstrativo quando antecede queou de, equivalendo a outro pronome demonstrativo: esta, essa ou aquela.

3. Entre a preposição a e o a inicial dos pronomes aquele, aquela, aquilo: Dirija-se àquele vendedor.

4. Entre a preposição a e o a do pronome relativo a qual: Chegou a aluna à qual entreguei o resultado.

PARA SABER SE HÁ CRASE

1. Com nomes comuns: troca-se a palavra feminina por uma masculina; aparecendo ao, usa-se crase.Ele se dirigiu à fazenda. – Ele se dirigiu ao clube. Os turistas visitaram a cidade. – Os turistas visitaram o mu-seu.

Nota: coisa se troca por coisa: tesouraria – escritório; pes-soa, por pessoa: professora – professor.

2. Com nomes próprios de lugar: troca-se o verbo que pede a preposição a por outro, que peça outra preposição. Vamos adotar o verbo vir; aparecendo da, usa-se o acento de crase:Ela foi à Bahia. – Ela veio da Bahia.Ela foi a Cuiabá. – Ela veio de Cuiabá.

OBSERVAÇÃO: a) Nomes de cidade não se usam com artigo a. Mas, se determinar-mos o substantivo, aparecerá o artigo e, portanto, a crase: Iremos à simpática Cuia-bá. – Viremos da simpática Cuiabá.

b) Não se devem misturar os dois macetes (nomes comuns / nomes próprios de lugar), pois se trocarmos, indevidamente, Cuiabá por um substantivo masculino, aparecerá ao, o que nos levará a pôr, erradamente, o acento de crase: Ele foi ao Rio de Janeiro. – Ele foi à Cuiabá.

CASOS OBRIGATÓRIOS

1. Com a palavra hora, clara ou oculta, indicando o momento em que acontece alguma coisa: Saímos às três horas. / O médico retornou às dez.

2. Às vezes se usa o acento diante de palavra masculina, por estar oculta uma outra, feminina. A mais comum e importante é a palavra moda: Usava cabelos à Roberto Carlos. – à moda Roberto Carlos.Irei à Presidente Dutra. – à Rodovia Presidente Dutra.Voltei à Rio Branco. – à Avenida Rio Branco.

OBSERVAÇÕES: a) A palavra moda fre-quentemente fi ca subentendida diante de determinados nomes femininos: Comemos um angu à baiana. – à moda baiana.b) Palavras como rua, avenida, estrada,

rodovia, editora e muitas outras, que podem estar subenten-didas, transmitem à frase um aspecto bastante regionalista. Ninguém é obrigado a saber que em uma localidade afastada da sua há uma determinada rua, estrada, rodovia etc. com aquele nome.

3. Com determinadas locuções formadas por palavras femi-ninas.• Adverbiais: duas ou mais palavras com valor de advérbio: “Hoje a casinha já nao abre à tarde.” (Castro Alves) / Trabalha-ram às escondidas. / Fui levado à força. / Estudaram à beça.

OBSERVAÇÕES: a) As locuções adver-biais de instrumento não levam o acento de crase. Para alguns gramáticos, porém, exis-te acento. Ex.: Escreveu a caneta. b) A locução adverbial a vista, contrário de a prazo, não deve ter o a craseado. No

entanto, há gramáticos que admitem o acento.

• Prepositivas: grupos de palavras que funcionam como preposição; as que nos interessam neste ponto começam por à e terminam por de: Ficarei à disposição de vocês. / Vivia à custa do irmão. / Estamos à mercê do patrão. / Fez o trabalho à vista de todos.

• Conjuntivas: grupos de palavras que funcionam como conjunção; só existem duas com acento de crase: à medida que e à proporção que: À medida que corria, ia fi cando vermelho. / Aprenderá à proporção que estudar.

Nota: As locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas com palavras femininas devem levar acento de crase. Com palavra masculina, o acento não existe: Iremos todos a ca-valo. / Conversavam a respeito dos incidentes.

4. Com os pronomes demonstrativos aquele, aquela e aquilo: Não me refi ro àquilo que ele fez. (a aquilo) / Prefi ro este lenço àquele. (a aquele).

5. Com pronome demonstrativo a: Dirigi-me à que estava no balcão.

Nota: Haverá acento de crase antes de que e de (à que, à de), sempre que se puder trocar por a aquela que ou a aquela de; ou quando possível a troca pelo masculino: Minha camisa é semelhante à que ele comprou. – Minha ca-misa é semelhante a aquela que ele comprou. – Meu paletó é semelhante ao que ele comprou.

CASOS FACULTATIVOS1. Antes de nomes de mulher: Mandei uma carta à (a) Patrí-cia. – Mandei uma carta ao (a) Manuel.

Nota: Com determinação, a crase é obrigatória: Mandei uma carta à culta Patrícia. – Mandei uma carta ao culto Manuel.

66EMPREGO DO SINAL EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASEINDICATIVO DE CRASE

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2. Antes de pronomes adjetivos possessivos no singular: Ex-pliquei isso à (a) sua irmão. Expliquei isso ao (a) seu irmão.

OBSERVAÇÕES: a) Se o possessivo esti-ver no plural, teremos: – crase obrigatória (a + às): Expliquei isso às suas irmãs.– crase proibida (apenas a preposição): Ex-pliquei isso a suas irmãs. A palavra a (no singular), diante de suas irmãs, é prepo-

sição, pois o artigo, se fosse usado, teria de estar no plural.b) Se for pronome substantivo, a crase é obrigatória: Expli-quei isso à sua.

3. Depois da preposição até: Ele foi até à (a) praia. – Ele foi até ao (o) campo.

OBSERVAÇÃO: Até é a única preposição que admite um a craseado depois dela.

4. Com as palavras Europa, Ásia, África, França, Espanha, Inglaterra, Escócia e Ho-landa: Viajaremos à (a) França.

Pode-se dizer, por exemplo: Estava em França. Incomum, po-rém correto.

CASOS PROIBIDOS

1. Com a palavra casa sem determinação, quando, então, se refere ao próprio lar: Ele foi a casa pela manhã.

2. Com a palavra distância, sem especifi cação, ou seja, sem precisar a distância: O guarda fi cou a distância.

OBSERVAÇÃO: A palavra distância possui esse tratamento quando pertence a uma locução. Não sendo assim, é uma palavra como outra qualquer: Refi ro-me à distância que percorremos. (ao caminho)

3. Com a palavra terra, quando contrário de bordo: Os ma-rujos foram a terra.

4. Em locuções com palavras repetidas: Os adversários fi ca-ram cara a cara.

5. Antes de palavra masculina: Contei uma estória a João.

6. Antes de verbo: Estava prestes a chorar.

7. Com a antes de plural: Não se prendia a coisas materiais.

8. Antes de artigo indefi nido, claro ou oculto: Aspirava a uma posição melhor. Nunca assistimos a (uma) novela tão ruim.

9. Antes de pronome indefi nido: Chegaram a alguma ilha do interior.

Nota: Pode ser que o à se deva a uma outra palavra, que não o pronome indefi nido que está diante dele: Obedecia à cada vez mais autoritária diretora (ao cada vez mais autori-tário diretor). O indefi nido cada não impede o acento, pois o artigo da palavra à é determinado de diretora: a diretora autoritária.

10. Antes de pronome pessoal, inclusive o de tratamento: Diga a ela que voltarei. Já tinha pedido isso a Vossa Senhoria.

Nota: Os pronomes de tratamento senhora, senhorita, madame e dona (este último quando acompanhado de ad-jetivo) admitem o acento de crase: Dirigiu-se à senhorita Denise. Falaremos à alegre dona Helena.

11. Antes de esta e essa: Diga a verdade a essa funcionária. (a esse funcionário)

12. Antes de nomes de vultos históricos: Aludimos a Joana d’Arc. (a Napoleão)

Nota: Com determinação, aparece o acento: Aludimos à valente Joana d’Arc.

13. Antes de Nossa Senhora e Maria Santíssima: Farei uma prece a Nossa Senhora.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. Há duas expressões semelhantes com a palavra hora: Das oito às dez horas (as horas do relógio) – De oito a dez horas (ideia de duração). É errado escrever: de oito às dez horas.

DICA: Em intervalos de horas, quando a expressão começar com de (somente pre-posição), o a não será craseado pois tam-bém representará apenas a preposição. Ao se colocar o artigo junto com do de (de + as = das), deve-se colocá-lo também acom-

panhando a (a + as = às), fi cando assim craseado.Ex: das 8 às 15 hs (de + as; a + as) de 8h a 15h (somente preposições)

2. Quando se diz “Voltei à uma hora”, não há erro de crase porque uma é numeral, e não artigo indefi nido.

3. Em expressões do tipo aquela hora, aquele minuto etc., pode haver o acento por se tratar de indicação de tempo. Troque por naquela ou naquele: Àquela hora, todos estavam cansados. – Naquela hora, todos estavam cansados.

4. Algumas expressões têm o sentido alterado com a presen-ça da crase:Bateu a porta. (Empurrou a porta para fechá-la)Bateu à porta. (Chamou)Chegou a tarde. (Entardeceu)Chegou à tarde. (Ele chegou de tarde)Saiu a francesa. (A mulher francesa saiu)Saiu à francesa. ( Saiu sem ninguém notar)Trabalhavam as cegas. (Mulheres cegas trabalhavam)Trabalhavam às cegas. (Trabalhavam sem saber direito o que faziam)Escreveu a mulher uma carta. (Ela escreveu uma carta)Escreveu à mulher uma carta. (Ele mandou uma carta à mulher)

A CRASE E AS PREPOSIÇÕES

A crase não deve ser empregada junto a algumas prepo-sições. Dois casos, no entanto, devem ser observados quanto ao em-prego da crase. Trata-se das preposições “a” e “até” empre-gadas antes de palavra feminina. Essas únicas exceções se devem ao fato de ambas indicarem, além de outras, a noção de movimento. Por isso, com relação à preposição “a” torna-se obrigatório o emprego da crase, já que haverá a fusão en-tre a preposição “a” e o artigo “a” (ou a simples possibilidade de emprego desse artigo). Já a preposição “até” admitirá a crase somente se a ideia expressa apontar para movimento.

Exemplos: A entrada será permitida mediante à entrega da passagem. [Inadequado] A entrada será permitida mediante a entrega da passagem. [Adequado] Desde à assembleia os operários clamavam por greve. [Ina-dequado] Desde a assembleia os operários clamavam por greve. [Ade-

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Língua Portuguesa

quado] Os médicos eram chamados a sala de cirurgia. [Inadequado]

Os médicos eram chamados à sala de cirurgia. [Adequado] ...[termo regente: chamar a / “a” = preposição indicativa de movimento] ...[termo regido: (a) sala / “a” = artigo] ...[sala: palavra feminina] Os escravos eram levados vagarosamente até a senzala.

Os escravos eram levados vagarosamente até à senzala. ...[termo regente: levar a / “a” = preposição indicativa de movimento] ...[termo regido: (a) senzala / “a” = artigo] ...[senzala: palavra feminina]

Observe que não foi apontado no exemplo (4) o uso ina-dequado e adequado das ocorrências de crase. Isso se dá porque atualmente no Brasil o emprego da crase diante da preposição “até “ é facultativo.

EXERCÍCIOS01. Assinale a alternativa em que a crase é OBRIGATÓRIA:a) Referiu-se a Vossa Excelência. b) O trem partia as nove horas. c) Este ano, muitos brasileiros irão a Roma.d) Não tenho tempo de ir a casa para almoçar.

02. Está CORRETAMENTE acentuado o A em:a) O doente bebia o remédio gota à gota. b) O rapaz continuava à explicar o caso. c) Aumentaram diariamente as vendas à credito.d) O rapaz chegou cedo à casa do amigo.

03. Coloque crase onde necessário e, em seguida, indique a alternativa em que aparece um caso de crase facultativa.a) Os normandos lutavam a pé e a cavalo.b) O comboio dirigia-se a capital da província. c) A noite, os vaga-lumes emitem luz fria; um mistério a as-sombrar os sábios.d) O juiz entregou a criança a sua verdadeira mãe.

04. Dadas as sequências:I – Estou a seu dispor à todo momento a menos que surja algum imprevisto.II – Ele estava às voltas com um imprevisto, mas planejava ir à casa do chefe.III – Não daremos atenção à atitudes que nos comprometam.Observando o uso do acento indicativo de crase, é CORRETO afi rmar que:a) somente a I é correta. b) a II e a III são corretas. c) somente a III é correta.d) somente a II é correta.

05. Em: “Existe em Nova Lima uma importante mina de ouro – a mina de Morro Velho – que, àquela época, vivia o seu auge e era propriedade de uma companhia inglesa”.Qual a razão de àquela possuir o acento grave indicativo de crase?a) Ser palavra feminina.b) Fazer parte da locução adverbial. c) Ser elemento de locução prepositiva.d) Representar a união de a(artigo) + aquela.

06. Assinale a alternativa em que o emprego da crase é PROIBIDO:

a) Não me refi ro a reunião deste mês. b) Fique a vontade. c) Abrimos as quintas-feiras.d) Remeto a Vossa Senhoria todos os recibos.

07. Assinale a alternativa em que o emprego da crase está INCORRETO:a) Preciso ir à Copacabana. b) Ele chegou à uma e meia. c) Seja rápido em sua ida à França.d) O professor falara àquele aluno.

08. Indique a opção que completa as lacunas do trecho abaixo:É comum vincular ____ criatividade ____ originalidade, _____ ruptura de padrões, no desvio de modelos pré-estabelecidos. Supõe-se que a criatividade repousa sobre as manifestações não sujeitas _____ regras pessoais e próprias de manifestação.a) a, à, à, a. b) à, a, a, à. c) à ,à, á , a. d) a, à, a, à. 09. Ocorre ERRO no emprego da crase em:a) À toda hora, chegavam as estudantes aprovadas.b) Ficamos à espera do resultado fi nal.c) Dirigiu-se àquele mestre com respeito.d) Referiu-se atenciosamente às alunas que a haviam home-nageado.

10. Quanto ao uso da crase, a frase ERRADA é:a) Refi ro-me à isenção de impostos.b) Ao viajar à Europa, cuidado para não ultrapassar a cota.c) Tenho dúvidas à respeito de franquia.d) Esta mercadoria é atentatória à ordem pública.

11. Daqui _____ uma semana, conclui-se ____ fase de corre-ção dos testes, e todos os candidatos terão direito ___ revisão de prova que acontecerá ____ 15 horas.Indique a opção que completa as lacunas CORRETAMENTE:a) à, a, à, as. b) a, à, à, as. c) a, à, a, as. d) a, a, à, às.

12. O grupo obedece ______ comando de um pernambucano, radicado ______ tempos em São Paulo, e se exibe diariamente ______ hora do almoço.a) O, a, à. b) Ao , há, à. c) Ao, a, a. d) O, há , a. 13. O acento gráfi co indicativo da ocorrência da crase está CORRETAMENTE empregado em: a) À família compete obedecer às leis que garantem à criança o direito à vida.b) À justiça compete garantir à todas as crianças o cumprimen-to das leis que as protegem.c) Daqui à algumas semanas, iremos às urnas à fi m de eleger-mos nossos representantes.d) À noitinha, todas se reúnem à beira da fogueira alimentada à fogo brando.

14. ______ muitos anos, o gaúcho era livre para percorrer ______ cavalo largas distâncias, pondo ______ prova suas qualidades de cavaleiro.Selecione a alternativa que preenche CORRETAMENTE as la-cunas da frase apresentada.a) Há / à / a. b) A / a / à. c) À / à / a. d) Há / a / a.

GABARITO01. b 02. d 03. d 04. d 05. b

06. d 07. a 08. a 09. a 10. c

11. d 12. b 13. a 14. d

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Língua Portuguesa

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A língua escrita não dispõe dos inumeráveis recursos rítmi-cos e melódicos da língua falada. Para suprir esta carência, ou melhor, para reconstituir aproximadamente o movimento vivo da elocução oral, a escrita serve-se da PONTUAÇÃO.

O primeiro grupo compreende os sinais que, fundamental-mente, destinam-se a marcar as PAUSAS:a) a vírgula (,) b) o ponto (.) c) o ponto-e-vírgula (;)

O segundo grupo abarca os sinais cuja função essencial é marcar a MELODIA, a ENTONAÇÃO:a) os dois-pontos (:) b) o ponto de interrogação (?) c) o ponto de exclamação (!) d) as reticências (...) e) as aspas (“ “) f) os parênteses ( ( ) ) g) os colchetes ( [ ] ) h) o travessão (--)

VÍRGULA (,)

A VÍRGULA marca uma pausa de pequena duração. Empre-ga-se não só para separar elementos de uma oração, mas também orações de um só período.

Emprego da vírgula no interior da oração

1. Para separar elementos que exercem a mesma função sin-tática (sujeito composto, complementos, adjuntos), quando não vêm unidos pelas conjunções e, ou e nem. Exemplos: “As nuvens, as folhas, os ventos não são deste mundo.”

A. MAYER

“Ela tem sua claridade, seus caminhos, suas escadas, seus andaimes.”

C. MEIRELES

2. Para separar elementos que exercem funções sintáticas diversas, geralmente com a fi nalidade de realçá-los. Em particular, a VÍRGULA é usada: a) para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor me-ramente explicativo: “Ele, o pai, é um mágico.”

ADONIAS FILHOb) para isolar o vocativo: “Moço, sertanejo não se doma no brejo.”

J. A. DE ALMEIDA

c) para isolar o adjunto adverbial antecipado: “Depois de algumas horas de sono, voltei ao colégio.”

R. POMPÉIA

d) para isolar os elementos pleonásticos ou repetidos: “Ficou branquinha, branquinha. Com os desgostos humanos.”

O. BILAC

3. Emprega-se ainda a vírgula no interior da oração:

a) para separar, na datação de um escrito, o nome do lugar: Teófi lo Otoni, 10 de maio de 1917.

b) para indicar a supressão de uma palavra (geralmente o verbo) ou de um grupo de palavras: “Veio a velhice, com ela, a aposentadoria.”

H. SALES

Emprego da vírgula entre orações

1. Para separar as orações coordenadas assindéticas: “Levantava-me, passeava, tamborilava nos vidros das jane-las, assobiava.”

M. DE ASSIS

2. Para separar as orações coordenadas sindéticas, salvo as introduzidas pela conjunção E: “Cessaram as buzinas, mas prosseguia o alarido nas ruas.”

A. M. MACHADO

OBSERVAÇÃO:- Separam-se por VÍRGULA as orações coordenadas unidas pela conjunção E, quando têm sujeito diferente. Exemplo:

“O silêncio comeu o eco, e a escuridão abraçou o silêncio.”

G. FIGUEIREDO

- Costuma-se também separar por VÍRGULA as orações in-troduzidas por essa conjunção quando ela vem reiterada: “Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”

O. BILAC

• Das conjunções adversativas, MAS emprega-se sempre no começo da oração; “porém, todavia, contudo”, entretanto e no entanto, podem vir ora no início da oração, ora após um dos seus termos. No primeiro caso, põe-se uma VÍRGULA antes da conjunção; no segundo, vem ela isolada por vír-gulas. Compare-se este período de Machado de Assis: “- Vá aonde quiser, mas fi que morando conosco.” aos seguintes: - Vá aonde quiser, porém fi que morando conosco. - Vá aonde quiser, fi que, porém, morando conosco.

Em virtude da acentuada pausa que existe entre as orações acima, podem ser elas separadas, na escrita, por PONTO-E-VÍRGULA. Ao último período é mesmo a pontuação que melhor lhe convém: - Vá aonde quiser; fi que, porém, morando conosco.

• A conjunção conclusiva “pois” vem sempre posposta a um termo da oração a que pertence e, portanto, isolada por vírgu-las: “Não pactua com a ordem; é, pois, uma rebelde.”

(J. RIBEIRO)

As demais conjunções conclusivas (logo, portanto, por conse-guinte, etc.) podem encabeçar a oração ou pospor-se a um dos seus termos. À semelhança das adversativas, escrevem-se, conforme o caso, com uma vírgula anteposta, ou entre vírgulas.

77 PONTUAÇÃOPONTUAÇÃO

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Língua Portuguesa

3. Para isolar as orações intercaladas:

“- Se o alienista tem razão, disse eu comigo, não haverá muito que lastimar o Quincas Borba.”

M. DE ASSIS

4. Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas: “Pastor, que sobes o monte, Que queres galgando-o assim?”

O. MARIANO

5. Para separar as orações subordinadas adverbiais, principal-mente quando antepostas à principal: “Quando tio Severino voltou da fazenda, trouxe para Luciana um periquito.”

G. RAMOS

6. Para separar as orações reduzidas de gerúndio, de particí-pio e de infi nitivo, quando equivalentes a orações adverbiais: “Não obtendo resultado, indignou-se.”

G. RAMOS

“Acocorado a um canto, contemplava-nos impassível.”E. DA CUNHA

“Ao falar, já sabia da resposta.”J. AMADO

OBSERVAÇÕES: 1) Toda oração ou todo termo de oração de valor meramente explicativo pronun-ciam-se entre pausas; por isso, são isola-

dos por vírgula, na escrita;

2) Os termos essenciais e integrantes da oração ligam-se uns com os outros sem pausa; não podem, assim, ser separados por vírgula. Esta é a razão por que não é admissível o uso da vírgula entre uma oração subordinada substantiva e a sua principal;

3) Há uns poucos casos em que o emprego da vírgula não corresponde a uma pausa real na fala; é o que se obser-va, por exemplo, em respostas rápidas do tipo: Sim, senhor. Não, senhor.

PONTO (.)

1. O PONTO assinala a pausa máxima da voz depois de um grupo fônico de fi nal descendente. Emprega-se, pois, fun-damentalmente, para indicar o término de uma oração de-clarativa, seja ela absoluta, seja a derradeira de um período composto: “Nada pode contra o poeta. Nada pode contra esse incorrigí-vel que tão bem vive e se arranja em meio aos destroços do palácio imaginário que lhe caiu em cima.”

A. M. MACHADO

2. Quando os períodos (simples ou compostos) se encadeiam pelos pensamentos que expressam, sucedem-se uns aos ou-tros na mesma linha. Diz-se, neste caso, que estão separados por um PONTO SIMPLES.

OBSERVAÇÃO: O PONTO tem sido utili-

zado pelos escritores modernos onde os antigos poriam PONTO-E-VÍRGULA ou mesmo VÍRGULA.

“A música toca uma valsa lenta. O desânimo aumenta. Os

minutos passam. A orquestra se cala. O vento está mais forte.”

E. VERÍSSIMO

3. Quando se passa de um grupo a outro grupo de ideias, costuma-se marcar a transposição com um maior repouso da voz, o que, na escrita, se representa pelo PONTO-PARÁGRAFO. Deixa-se, então, em branco o resto da linha em que termina um dado grupo ideológico, e inicia-se o seguinte na linha abai-xo, com o recuo de algumas letras. Assim: “Lá embaixo era um mar que crescia.Começara a chuviscar um pouco. E o carro subia mais para o alto, com destino à casa de Amâncio, que era a melhor da redondeza.”

J. L. DO REGO

4. Ao PONTO que encerra um enunciado escrito dá-se o nome de PONTO-FINAL.

PONTO-E-VÍRGULA (;)

1. Como o nome indica, este sinal serve de intermediário entre o PONTO e a VÍRGULA, podendo aproximar-se ora mais da-quele, ora mais desta, segundo os valores pausais e melódicos que representa no texto. No primeiro caso, equivale a uma espécie de PONTO reduzido; no segundo, assemelha-se a uma VÍRGULA alongada.

2. Esta imprecisão do PONTO-E-VÍRGULA faz que o seu empre-go dependa substancialmente de contexto. Entretanto, pode-mos estabelecer que, em princípio, ele é usado: - Para separar num período as orações da mesma natureza que tenham certa extensão:“Todas as obras de Deus são maravilhosas; porém a maior de todas as maravilhas é a existência do mesmo Deus.”

M. DE MARICÁ

- Para separar partes de um período, das quais uma pelo me-nos esteja subdividida por VÍRGULA: “Chamo-me Inácio; ele, Benedito.”

M. DE ASSIS

- Para separar os diversos itens de enunciados enumerativos (em leis, decretos, portarias, regulamentos, etc.), como estes que iniciam o Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educa-ção Nacional: “Art. 1º - A educação nacional, inspirada nos princípios de li-berdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fi m: a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem; c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade in-ternacional; d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação na obra do bem comum. (...)”

DOIS-PONTOS (:)

Os DOIS-PONTOS servem para marcar, na escrita, uma sensí-vel suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída. Empregam-se, pois, para anunciar:

1. uma citação (geralmente depois de verbo ou expressão que signifi que dizer, responder, perguntar e sinônimos): “Eu lhe responderia: a vida é ilusão...”

A. PEIXOTO

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2. uma enumeração explicativa: “Viajo entre todas as coisas do mundo: homem, fl ores, animais, água...”

C. MEIRELES

3. um esclarecimento, uma síntese ou uma consequência do que foi enunciado: “Ternura teve uma inspiração: atirar a corda, laçá-la.”

A. M. MACHADO“Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.”

C. MEIRELES

OBSERVAÇÃO: Depois do vocativo que encabeça cartas, requerimentos, ofícios, etc., costuma-se colocar DOIS-PONTOS, VÍRGULA, ou PONTO, havendo escritores

que, no caso, dispensam qualquer pontuação. Assim: Prezado senhor: Prezado senhor. Prezado senhor, Prezado senhor Sendo o vocativo inicial emitido com entoação suspensiva, deve ser acompanhado, preferentemente, de DOIS-PONTOS ou de VÍRGULA, sinais denotadores daquele tipo de infl exão.

PONTO DE INTERROGAÇÃO (?)

1. É o sinal que se usa no fi m de qualquer interrogação dire-ta, ainda que a pergunta não exija resposta: “Sabe você de uma novidade?”

A. PEIXOTO

2. Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-se fazer seguir de RETICÊNCIAS o PONTO-DE-INTERROGAÇÃO: “ — Então?...que foi isso?...a comadre?...”

ARTUR AZEVEDO

3. Nas perguntas que denotam surpresa, ou naquelas que não têm endereço nem resposta, empregam-se por vezes combinados o PONTO-DE-INTERROGAÇÃO E O PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO:“Que negócio é esse: cabra falando?!”

C. D. DE ANDRADE

OBSERVAÇÃO: O PONTO-DE-INTERROGAÇÃO nunca se usa no fi m de uma interrogação indireta, uma vez que esta termina com entoação

descendente, exigindo, por isso, um PONTO. Comparem-se: — Quem chegou? [= INTERROGAÇÃO DIRETA] — Diga-me quem chegou. [= INTERROGAÇÃO INDIRETA]

PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!)

É o sinal que se pospõe a qualquer enunciado de entoação exclamativa. Emprega-se, pois, normalmente:

a) depois de interjeições ou de termos equivalentes, como os vocativos intensivos, as apóstrofes: “Oh! dias de minha infância!”

C. DE ABREU“Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?”

(C. ALVES)

b) depois de um imperativo:

“Coração, pára! ou refreia, ou morre!”A. DE OLIVEIRA

OBSERVAÇÃO: A interjeição oh! (escrita com h), que denota geralmente surpresa, alegria ou desejo, vem seguida de PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO. Já à interjeição de ape-

lo ó, quando acompanhada de vocativo, não se pospõe PON-TO-DE-EXCLAMAÇÃO; este se coloca, no caso, depois do vocativo. Comparem-se os exemplos do item a.

RETICÊNCIAS (...)

1. As RETICÊNCIAS marcam uma interrupção da frase e, con-sequentemente, a suspensão da sua melodia. Empregam-se em casos muito variados. Assim:

a) para indicar que o narrador ou o personagem interrompe uma ideia que começou a exprimir, e passa a considerações acessórias:“— A tal rapariguinha... Não digam que foi a Pôncia que con-tou. Menos essa, que não quero enredos comigo!”

J. DE ALENCAR

b) para marcar suspensões provocadas por hesitação, sur-presa, dúvida, timidez, ou para assinalar certas infl exões de natureza emocional de quem fala:“Fiador... para o senhor?! Ora!...”

J. AMADO

“Falaram todos. Quis falar... Não pude... Baixei os olhos... e empalideci...”

A. TAVARES

c) para indicar que a ideia que se pretende exprimir não se completa com o término gramatical da frase, e que deve ser suprida com a imaginação do leitor: “Agora é que entendo tudo: as atitudes do pai, o recato da fi lha... Eu caí numa cilada...”

J. MONTELLO

2. Empregam-se também as RETICÊNCIAS para reproduzir, nos diálogos, não uma suspensão do tom da voz, mas o corte da frase de um personagem pela interferência da fala de outro. Se a fala do personagem continua normalmente depois dessa in-terferência, costuma-se preceder o seguimento de reticências: “— Mas não me disse que acha... — Acho. —...Que posso aceitar uma presidência, se me ofereceram? — Pode; uma presidência aceita-se.”

M. DE ASSIS

3. Usam-se ainda as RETICÊNCIAS antes de uma palavra ou de uma expressão que se quer realçar: “E teve um fi m que nunca se soube... Pobrezinho... Andaria nos doze anos. Filho único.”

S. LOPES NETO

ASPAS (“ “) 1. Empregam-se principalmente:

a) no início e no fi m de uma citação para distingui-la do resto do contexto:O poeta espera a hora da morte e só aspira a que ela “não seja vil, manchada de medo, submissão ou cálculo”.

MANUEL BANDEIRA

b) para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente

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não peculiares à linguagem normal de quem escreve (estran-geirismos, arcaísmos, neologismos, vulgarismos, etc.): Era melhor que fosse “clown”.

E. VERÍSSIMOc) para acentuar o valor signifi cativo de uma palavra ou ex-pressão: “A palavra ‘nordeste’ é hoje uma palavra desfi gurada pela expressão ‘obras do Nordeste’ que quer dizer: ‘obras contra as secas’. E quase não sugere senão as secas.”

G. FREYRE

OBSERVAÇÕES: 1) No emprego das AS-

PAS, cumpre atender a estes preceitos do Formulário Ortográfi co: “Quando a pausa

coincide com o fi nal da expressão ou sentença que se acha entre ASPAS, coloca-se o competente sinal de pontuação de-pois delas, se encerram apenas uma parte da proposição; quando, porém, as ASPAS abrangem todo o período, senten-ça, frase ou expressão, a respectiva notação fi ca abrangida por elas: “Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de se-gurar? Ninguém.”

R. BARBOSA.

“Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume!”

M. DE ASSIS

2) Usa-se aspas simples (‘ ’), geralmente, quando se quer realçar alguma expressão que está contida dentro de uma frase que já está assinalada com aspas duplas.

PARÊNTESES ( ( ) )

1. Empregam-se os PARÊNTESES para intercalar num texto qualquer indicação acessória. Seja, por exemplo:

a) uma explicação dada, uma refl exão, um comentário à margem do que se afi rma:“Os outros (éramos uma dúzia) andavam também por essa idade, que é o doce-amargo subúrbio da adolescência.”

P. MENDES CAMPOS

b) uma nota emocional, expressa geralmente em forma ex-clamativa, ou interrogativa: “Havia a escola, que era azul e tinha Um mestre mau, de assustador pigarro... (Meu Deus! que é isto? que emoção a minha Quando estas coisas tão singelas narro?)”

B. LOPES

OBSERVAÇÃO: Entre as explicações e as circunstâncias acessórias que costu-mam ser escritas entre PARÊNTESES, in-cluem-se as referências a datas, a indica-

ções bibliográfi cas, etc.:

“Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.”CASTRO ALVES. Espumas Flutuantes, Bahia, 1870, p. 71

2. Usam-se também os PARÊNTESES para isolar orações in-tercaladas com verbos declarativos: “Uma vez (contavam) a polícia tinha conseguido deitar a mão nele.”

A. DOURADOO que se faz mais frequentemente por meio de vírgulas ou de travessões.

COLCHETES ( [ ] )

Os COLCHETES são uma variedade de PARÊNTESES, mas de uso restrito. Empregam-se:

a) quando numa transcrição de texto alheio, o autor intercala observações próprias, como nesta nota de SOUSA DA SILVEI-RA a um passo de CASIMIRO DE ABREU: Entenda-se, pois: “Obrigado! obrigado [pelo teu canto em que] tu respondes [à minha pergunta sobre o porvir (versos 11-12) e me acenas para o futuro (versos 14 e 85), embora o que eu percebo no horizonte me pareça apenas uma nuvem (verso 15)].”

b) quando se deseja incluir, numa referência bibliográfi ca, in-dicação que não conste da obra citada, como neste exemplo: ALENCAR, José de. O Guarani, 2 ed. Rio de Janeiro, B. L. Garnier Editor [1864].

TRAVESSÃO ( – )

Emprega-se principalmente em dois casos:

a) Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor: “— Muito bom dia, meu compadre. — Por que não apeia, compadre Vitorino? — Estou com pressa.”

J. LINS DO REGO

b) Para isolar, num contexto, palavras ou frases. Neste caso, usa-se geralmente o TRAVESSÃO DUPLO: “Duas horas depois —— a tempestade ainda dominava a cida-de e o mar —— o “Canavieiras” ia encostando no cais.”

J. AMADOMas não é raro o emprego de um só TRAVESSÃO para desta-car, enfaticamente, a parte fi nal de um enunciado: “Um povo é tanto mais elevado quanto mais se interessa pe-las coisas inúteis — a fi losofi a e a arte.”

J. AMADO

OBSERVAÇÃO: “Emprega-se o traves-são, e não o hífen, para ligar palavras ou grupo de palavras que formam, pelo assim dizer, uma cadeia na frase: o trajeto Mauá—Cascadura; a estrada de ferro Rio-

Petrópolis; a linha aérea Brasil—Argentina; o percurso Bar-cas—Tijuca; etc.” (Formulário Ortográfi co).

OBSERVAÇÕES DO GRAMÁTICO

É preciso erradicar de vez a concepção errônea que existe em alguns espíritos de que não se usa a vírgula antes de “e” em hipótese nenhuma. A título de mera curiosidade, eis cinco casos de emprego obrigatório da vírgula antes de “e”:

a) quando o ”e” equivale a “mas”, caso em que se classifi ca como conjunção adversativa. Ex.:

Quem cabritos vende, e cabras não têm, dalgures lhe vêm. (e = mas)

Juçara fuma, e não traga. (e=mas)

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Todo político promete, e não cumpre. (e=mas)

b) quando o “e” dá início a outra oração no período, sendo diferentes os sujeitos. Ex.:

Uma mão lava a outra, e a poluição suja as duas.

Os soldados ganham as batalhas, e os generais recebem o crédito.

c) quando entre um sujeito e outro aparece um termo imediatamente anterior separado por vírgulas. Ex.:

A casa, muito antiga, e o edifício, moderníssimo, formavam visível contraste.

d) nas frases deste tipo:

Dá-me um ponto de apoio, e suspenderei a terra e o céu (Arquimedes)

Fala pouco e bem, e ter-te-ão por alguém!”

Essa vírgula é facultativa, dependendo da maior ou menor necessidade de ênfase que se queira transmitir à segunda oração.

e) quando se deseja pequena pausa para em seguida dar ênfase ao termo imediatamente posposto ao “e”.Ex.: Algumas coisas precisam ser esclarecidas, e logo!

A referida pausa, nesses casos, é tão desejada e signifi cativa, que os autores modernos preferem substituir a vírgula pelo ponto. Ex.: Algumas coisas precisam ser esclarecidas. E logo!

Em vez de vírgula e do ponto, pode aparecer nesse caso o travessão, que sugere pausa maior que a vírgula, porém. Ex.: Um homem arrebata o primeiro beijo, suplica pelo segundo, pede o terceiro, toma o quarto, aceita o quinto – e aguenta todos os outros.

f) antes de vice-versa. Ex.: As orações causais não aceitam normalmente os artifícios que se empregam para as orações explicativas, e vice-versa.

g) antes do último membro de uma enumeração. Ex.: O Brasil é o maior produtor mundial de mamona; o México produz muita prata, petróleo e mercúrio, e o Chile é rico em cobre.

h) nos polissíndetos. Ex.: A criança chorava, e berrava, e gritava, e esperneava, e fazia todo o mundo louco!

i) antes das expressões E NEM, E NEM AO MENOS, E NEM SEQUER. Ex.: Ela chegou, e nem quis saber de nós. Luiz Antonio Sacconi

O PODER DA VÍRGULA

Na Inglaterra, certa vez, um ofi cial foi condenado à morte. Seu pedido de perdão recebeu a seguinte sentença do rei:

• Perdoar impossível, mandar para a forca!

Antes de a mensagem ser enviada ao verdugo, passou pelas mãos da generosa rainha, que, compadecida da sorte do ofi -cial, tomou de uma caneta e alterando a posição da vírgula, simplesmente mudou o signifi cado da mensagem:

Perdoar, impossível mandar para forca!

Na Antiguidade, um imperador estava indignado com a po-pulação de uma cidade, sem dúvida, por motivos políticos. O governador, então, passa-lhe um telegrama:

Devo fazer fogo ou poupar a cidade?

A resposta do monarca foi:

Fogo, não poupe a cidade!

O telegrafi sta, por questões humanitárias ou por qualquer outro motivo, trocou a posição da vírgula. E a resposta fi cou assim:

Fogo não, poupe a cidade!

EXERCÍCIOS01. Em “Ela, a mídia, pode e deve se manifestar quanto a suas preferências”, as vírgulas servem para:a) separar um vocativo.

b) destacar uma expressão resumitiva.c) enfatizar um termo subsequente.d) isolar um aposto.e) neutralizar um termo antecedente.

02. No fragmento “... seja um cidadão seja uma empresa – afi -nal, todos têm direito à livre manifestação nas sociedades de-mocráticas –, o que tem acontecido é lamentável sob qualquer ponto de vista.”, os travessões foram empregados para:a) indicar a mudança de interlocutor.b) isolar uma palavra.c) isolar uma explicação acessória.d) enfatizar o fi nal do enunciado.e) negar o que está mencionado anteriormente.

03. Lula se equivocou ao afi rmar que a cana “fi ca muito dis-tante da Amazônia”.As aspas, no trecho destacado, são empregadas para:a) transcrever falas do autor.b) demarcar transcrição de uma fala.c) destacar exemplo importante.d) assinalar uma fi gura de linguagem.e) citar frases cristalizadas na língua.

04. “A advertência famosa, sem a vírgula e com outro subs-tantivo, fornece a mais completa explicação para o quadro atu-al: é o capitalismo estúpido.”O trecho em destaque refere-se à frase “É a economia, estú-pido!”, pronunciada por um marqueteiro eleitoral americano. Além de aspectos semânticos, a retirada da vírgula produz o seguinte efeito sintático:

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a) “capitalismo” passa a ser objeto direto.b) “estúpido” deixar de ser vocativo.c) “capitalismo estúpido” passa a ser uma oração.d) “estúpido” passa ser o núcleo da expressão.e) “estúpido” deixa de ser sujeito.

05. Só faltou agregar, em estilo real, o “porque não te calas!”.No fragmento acima, o emprego das aspas é feito para:a) indicar a citação de uma fala.b) assinalar o discurso direto do autor.c) revelar a falta de coerência das autoridades.d) fragmentar o discurso do autor.e) marcar a referência a uma idéia corrente.

06. No fragmento “Estudo realizado pela Universidade da Ca-lifórnia revela que, embora a presença de fumantes em fi lmes norte-americanos tenha diminuído nas últimas décadas, a maior parte das produções continua exibindo cenas com cigar-ros.”, as vírgulas foram colocadas para separar a oração:a) subordinada adverbial concessiva intercalada à principal.b) coordenada, intercalada, introduzida por conector.c) subordinada adverbial, anteposta à principal.d) adjetiva explicativa, introduzida pelo pronome relativo que.e) subordinada adverbial condicional, iniciada pelo conector “embora”.

07. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação cor-reta:a) E, palavra, no caso desta última, senti profundamente o que aconteceu.b) E palavra, no caso, desta última senti, profundamente o que aconteceu.c) E palavra no caso desta última: senti profundamente, o que aconteceu.d) E, palavra, no caso desta última senti profundamente o que, aconteceu.

08. Indique o trecho em que os sinais de pontuação estão bem empregados:a) O principal dado da pesquisa do DataFolha sobre a sucessão presidencial, publicada ontem, é o fato de que, pela primeira vez desde abril, os números indicam que haverá um segundo turno.b) O principal dado, da pesquisa do DataFolha, sobre a suces-são presidencial, publicada ontem, é o fato de que pela pri-meira vez, desde abril, os números indicam que haverá um segundo turno.c) O principal dado da pesquisa do DataFolha sobre a sucessão presidencial publicada ontem, é o fato de, que pela primeira vez, desde abril, os números indicam que haverá um segundo turno.d) O principal dado da pesquisa do DataFolha, sobre a suces-são presidencial, publicada ontem é o fato de, que pela primei-ra vez, desde abril, os números.

09. Indique o período inteiramente correto quanto à pontu-ação.a) Passados os primeiros dias de recuperação o médico, bus-cando animar o doente disse-lhe que talvez, em mais uma se-mana, viesse a lhe dar alta.b) Fosse pelo cansaço, fosse pelo desânimo, o fato é que: não pude ler toda a bibliografi a da prova, que deveria fazer, dali a três dias.c) Diante do juiz o advogado reiterou, que seu cliente ainda

não reunia as mínimas condições para depor, em tão compli-cado processo.d) É possível que, contrariando todas as expectativas, o candi-dato venha a renunciar, em benefício, segundo dizem, da maior união no partido.

10. Os períodos abaixo representam diferenças de pontuação. Assinale a opção que corresponde ao período de pontuação correta:a) Uns optaram, pelo partido rosa, outros pelo azul, houve quem preferisse, o amarelo mas vermelho não podia ser.b) Uns optaram pelo partido rosa, outros pelo azul houve quem, preferisse o amarelo, mas vermelho não podia ser.c) Uns optaram pelo partido rosa outros pelo azul houve, quem preferisse o amarelo, mas vermelho não podia ser.d) Uns optaram pelo partido rosa, outros pelo azul, houve quem preferisse o amarelo, mas vermelho não podia ser.

11. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação CORRETA:a) Justamente no momento em que as coisas iam melhorar, ele pôs tudo a perder.b) Justamente no momento em que as coisas iam melhorar, ele pôs tudo, a perder.c) Justamente, no momento, em que as coisas iam melhorar, ele pôs tudo a perder.d) Justamente no momento, em que as coisas iam melhorar, ele pôs tudo, a perder.

12. Está inteiramente correta a pontuação da seguinte frase:a) Ao longo do tempo, verifi cou-se que o homem é capaz de se valer de suas experiências, sobretudo as mais marcantes, para se prevenir contra tudo o que possa vir a representar uma ameaça para ele.b) Ao longo do tempo verifi cou-se, que o homem, é capaz de se valer de suas experiências, sobretudo as mais marcantes para se prevenir contra tudo, o que possa vir a representar uma ameaça para ele.c) Ao longo do tempo, verifi cou-se que o homem é capaz, de se valer de suas experiências, sobretudo, as mais marcantes, para se prevenir, contra tudo o que possa vir a representar, uma ameaça para ele.d) Ao longo do tempo verifi cou-se que, o homem, é capaz de se valer, de suas experiências, sobretudo as mais marcantes para se prevenir contra tudo o que o que possa vir a represen-tar: uma ameaça para ele.

13. Assinale a alternativa cujos sinais de pontuação estão inde-vidamente empregados:a) Deus que é Pai ora por todos nós.b) Deus, que é Pai, ora por todos nós.c) A bondade, isto é, um dos mais sublimes sentimentos, deve estar no coração de todos.d) Iracema, a virgem dos lábios de mel, é personagem de José de Alencar.

14. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação cor-reta:a) Quem foi, que me disse, que o Pedro estava à procura, de uma gramática de alemão?b) Quem foi que, me disse, que o Pedro, estava à procura de uma gramática, de alemão?c) Quem foi que, me disse que o Pedro estava à procura de

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uma gramática de alemão?d) Quem foi que me disse que o Pedro estava à procura de uma gramática de alemão?

15. Assinale a alternativa CORRETA quanto ao emprego da pontuação.a) Meninos, venham aqui!b) - Meninos, venham aqui?c) - Meninos, venham aqui.d) - Meninos, venham aqui!

16. Observe as frases:I - Ele foi, logo eu não fui.II - O menino, disse ele, não vai.III - Deus, que é pai, não nos abandona.IV - Saindo ele e os demais, os meninos fi carão sós.Assinale a afi rmativa CORRETA:a) Em I, há um erro de pontuação.b) Em II e III, as vírgulas podem ser retiradas sem que haja erro.c) Na I, se mudar a vírgula de posição, muda-se o sentido da frase.d) Na II, faltam dois-pontos depois de disse.

17. A pontuação é responsável pela mudança de sentido da frase em:a) Vivo só, com um criado. / Vivo só com um criado.b) Lembrou-me hoje reproduzir no Engenho Novo a casa que me criei na antiga rua de Matacavalos. / Lembrou-me hoje reproduzir, no Engenho Novo, a casa que me criei, na antiga rua de Matacavalo.c) O meu fi m evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. / O meu fi m evidente era atar as duas pontas da vida e restaurar, na velhice, a adolescência. d) Se só me faltassem os outros, vá./ Se só me faltassem os outros... vá.

18. Assinale a opção em que está CORRETAMENTE indica-da a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as lacunas abaixo:Quando se trata de trabalho científi co _ duas coisas devem ser consideradas _ uma é a contribuição teórica que o traba-lho oferece _ a outra é o valor prático que possa ter.a) Dois-pontos, ponto-e-vírgula, ponto-e-vírgula.b) Dois-pontos, vírgula, ponto-e-vírgula.c) Vírgula, dois-pontos, ponto-e-vírgula.d) Ponto-e-vírgula, dois-pontos, ponto-e-vírgula.

19. Escolha a alternativa em que o texto é apresentado com a pontuação mais adequada:a) Depois que há algumas gerações, o arsênio deixou de ser vendido, em farmácias, não diminuíram os casos de suicídios, ou envenenamento criminoso, mas aumentou - e quanto... o número de ratos.b) Depois que há algumas gerações o arsênio, deixou de ser vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídios, ou envenenamento criminoso, mas aumentou: e quanto ! o número de ratos.c) Depois que, há algumas gerações, o arsênio deixou de ser vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídios ou envenenamento criminoso, mas aumentou e – quanto! - o número de ratos.d) Depois que há algumas gerações o arsênio deixou de ser vendido em farmácias - não diminuíram os casos de suicídios, ou envenenamento criminoso, mas aumentou: e quanto - o

número de ratos.

20. Assinale a alternativa que contém os sinais de pontuação adequados à seguinte frase:“Carlos todo domingo segue a mesma rotina praia futebol jan-tar em restaurante” a) Vírgula, vírgula, ponto-e-vírgula, vírgula, vírgula e ponto.b) Vírgula, vírgula, dois-pontos, vírgula, vírgula, ponto.c) Vírgula, ponto-e-vírgula, vírgula, vírgula, ponto.d) Vírgula, dois-pontos, vírgula, vírgula e ponto.

21. No trecho “O Japão, mais do que qualquer outro país da-quele lado do mundo, encanta e atrai os habitantes deste lado”.Justifi ca-se o uso das vírgulas por:a) Ser uma oração apositiva.b) Ser uma oração coordenada deslocada.c) Ser uma oração adverbial deslocada.d) Construir uma oração adjetiva deslocada.

22. A Organização Internacional do trabalho convocou os conselhos brasileiros da Infância e da Adolescência a com-bater o trabalho infantil, a partir de números que são ter-ríveis: há 7,5 milhões de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos neste país que efetivamente trabalham. E entre os que contam mais de 14 anos, apenas 25% têm carteira assinada, o que, conforme aquela instituição vinculada às Nações Unidas, confi gura o fato de serem “vergonhosamen-te exploradas”.Justifi ca-se o emprego dos dois-pontos na linha 04 por an-teceder.a) Um exemplo. c) Uma observação. b) Um esclarecimento. d) Um aposto.

23. Por que motivo a expressão “vergonhosamente explora-das” (linhas oito e nove do exercício nº 22) está entre aspas?a) Para ratifi car o combate à exploração do trabalho infantil.b) Para questionar os conselhos brasileiros da Infância e Ado-lescência.c) Para confi gurar a exploração das crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.d) Para criticar a Organização Internacional do Trabalho.

24. Leia o parágrafo: É uma realidade que precisa de uma única e coletiva verdade: a de ser enfrentada partindo da pressuposição de que à infân-cia estão confi gurados dois direitos básicos – o de aprender e o de brincar. O primeiro se reveste... num dever que precisa envolver a família, o outro é uma necessidade indispensável para o amadurecimento infantil que, ao exercer e desenvolver seu lado lúdico, se alimenta do imaginário... Expressar o seu próprio psiquismo e formar-se como ser humano.É possível permutar o travessão utilizado na linha 03 por:a) Vírgula. b) Dois-pontos. c) Ponto-fi nal.d) Ponto-e-vírgula.

25. A oração que deve necessariamente fi car entre vírgulas encontra-se na alternativa:a) O cidadão brasileiro que roda de automóvel não está livre das violências.b) Os assaltos frequentes a mão armada que resultam em homicídios tornam-se cada vez mais frequentes.c) A população em geral que teme os assaltos não hesita em se armar. d) O número de crianças que perambulam pelas ruas não pára de crescer.

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Matéria

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GABARITO

01. d 02. c 03. b 04. b 05. a

06. a 07. a 08. a 09. d 10. d

11. a 12. a 13. a 14. d 15. d

16. c 17. a 18. c 19. c 20. b

21. c 22. b 23. a 24. b 25. c

ANOTAÇÕES

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88 COMPREENSÃO E COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOSINTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Para falar de texto, precisamos defi nir o que é um texto. Podemos abraçar um conceito amplo de texto. Neste caso, incluiremos como texto, produções nas mais diversas lingua-gens. Seriam tratadas como textos as produções feitas com as linguagens das artes plásticas, da música, da arquitetura, do cinema, do teatro, entre outras. Defi nições que se enqua-dram nesse caso são:

“A palavra texto provém do latim textum, que signifi -ca tecido, entrelaçamento. (...) O texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fi m de se obter um todo inter-relacionado. Daí poder falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantem sua coesão, sua unidade.”

INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. Curso prático de leitura e redação. Editora Scipione. São Paulo. 1991 p. 49.

“...em um sistema semiótico bem organizado, um signo já é um texto virtual, e, num processo de comunicação, um texto nada mais é que a expansão da virtualidade de um sistema de signo.” ECO, Umberto. Conceito de texto. São Paulo: T.A. Queiroz, 1984. p.4.

“Embora a palavra texto tenha como referente ‘conjunto verbal’, podemos estendê-la aos signos em geral, defi -nindo texto como um processo de signos que tendem a iludir seus referentes, tornando-se referentes de si mes-mos e criando um campo referencial próprio.” PIGNATARI, Décio. Informação, linguagem, comunicação. Editora

Ateliê: São Paulo, 2002. 25 ed. p.79.

Podemos, então, entender que o texto é um tecido verbal estruturado de tal forma que as ideias formam um todo coe-so, uno, coerente. A imagem de tecido contribui para escla-recer que não se trata de feixe de fi os (frases soltas), mas de fi os entrelaçados (frases que se inter-relacionam).

O texto é uma unidade complexa de signifi cação e pode ter qualquer extensão: pode ser desde uma simples palavra até um conjunto de frases. O que o defi ne não é sua extensão, mas o fato de que ele é uma unidade de signifi cação em relação à situação. É o lugar, o centro comum que se faz no processo de interação entre falante e ouvinte, autor e leitor.

Todas as partes de um texto devem estar interligadas e ma-nifestar um direcionamento único. Assim, um fragmento que trata de diversos assuntos não pode ser considerado texto. Da mesma forma, se lhe falta coerência, se as ideias são contraditórias, também não constituirá um texto. Se os ele-mentos da frase que possibilitam a transição de uma ideia para outra não estabelecerem coesão entre as partes ex-postas, o fragmento não se confi gura um texto. Essas três qualidades — unidade, coerência e coesão — são essenciais para a existência de um texto.Esse conjunto de ideias entrelaçadas para formar um enun-ciado, capaz de transmitir uma informação, ou mensagem,

que é o texto, nem sempre aparece revestido de palavras: ele pode também ser constituído por um desenho, uma charge, uma fi gura. Neste ponto, pode-se lembrar da publicidade que se vale da utilização de imagens para veicular ideias.

Um texto é mais ou menos efi caz dependendo da competên-cia de quem o produz, ou da interação entre autor-leitor, ou emissor-receptor. O texto exige determinadas habilidades do produtor, como conhecimento do código, das normas grama-ticais que regem a combinação dos signos. A competência na utilização dos signos possibilita melhor desempenho.

A leitura de uma produção linguística ou texto leva em con-sideração a situação em que foi produzida. Essa situação é conhecida como contexto.

O contexto defi ne-se como informações que acompanham o texto. Por isso, sua compreensão depende da compreensão do contexto. Assim sendo, não basta a leitura do texto, é preciso retomar os elementos do contexto, aqueles que esti-veram presentes na situação de sua construção.

O contexto deve ser visto em suas duas dimensões: estrutu-ra de superfície e estrutura de profundidade. A estrutura de superfície considera os elementos do enunciado, enquanto a estrutura de profundidade considera a semântica das relações sintáticas. Num caso, o leitor busca o primeiro sentido produ-zido pelas orações; no outro, vasculha a visão de mundo que informa o texto.

A produção e recepção de um texto estão condicionadas à situação; daí a importância de o leitor conhecer as circuns-tâncias e ambiente que motivaram a seleção e a organização dos signos.

O gênio, a mulher e a leitura. Pintura de Van Gogh.

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

A questão traz uma notícia de jornal, o trecho de um conto ou uma poesia. A resposta está toda contida no enunciado e, ainda assim, há um sofrimento para chegar à alternativa cer-ta. São as perguntas de interpretação de texto que testam a capacidade dos candidatos de realizar uma leitura consistente e extrair do que foi lido todo o signifi cado.

O estudo de texto é uma atividade que exige, além da in-terpretação dos fatos apresentados, a fundamentação das respostas baseadas nas proposições constantes do próprio texto. Assim, é necessário que qualquer resposta seja con-textualizada; afi nal, cada questão é apenas uma parte que foi destacada de um todo e colocada em realce para examinar sua compreensão, verifi cando, inclusive, como você relaciona estas partes com todo o texto. Também é a partir de textos que as questões normalmente cobram a aplicação das regras gramaticais nos grandes concursos de hoje em dia. Por isso, é cada vez mais importante observar os comandos das ques-tões. Normalmente o candidato é convidado a:

O que se pede: O que se deve fazer:

Identifi car Reconhecer elementos funda-mentais apresentados no texto.

Comparar

Descobrir as relações de seme-lhanças ou de diferenças entre situações apresentadas no tex-to.

Comentar Relacionar o conteúdo apresen-tado com uma realidade, opi-nando a respeito.

Resumir Concentrar as ideias centrais em um só parágrafo.

Parafrasear Reescrever o texto com outras palavras.

ContinuarDar continuidade ao texto apre-sentado, mantendo a mesma linha temática.

Afi rmar certifi car, comprovar, declarar.

Explicarexpor, justifi car, expressar, sig-nifi car.

Caracterizardistinguir, destacar o caráter, as particularidades.

Associarestabelecer uma correspondên-cia entre duas coisas, unir-se, agregar.

Justifi carprovar, demonstrar, argumentar, explicar.

Relacionarfazer comparação, conexão, li-gação, adquirir relações.

Defi nir

revelar, estabelecer limites, in-dicar a signifi cação precisa de, retratar, conceituar, explicar o signifi cado.

Diferenciarfazer ou estabelecer distinção entre, reconhecer as diferenças.

Classifi car

distribuir em classes e nos res-pectivos grupos, de acordo com um sistema ou método de clas-sifi cação; determinar a classe, ordem, família, gênero e espé-cie; pôr em determinada ordem, arrumar (coleções, documentos etc.).

Referir-sefazer menção, reportar-se, alu-dir-se.

Determinarprecisar, indicar (algo) a partir de uma análise, de uma medida, de uma avaliação; defi nir.

Citartranscrever, referir ou mencionar como autoridade ou exemplo ou em apoio do que se afi rma.

Indicar

fazer com que, por meio de gestos, sinais, símbolos, algo ou alguém seja visto; assinalar, designar, mostrar.

Deduzirconcluir (algo) pelo raciocínio; inferir.

Inferir concluir, deduzir.

Equivalerser idêntico no peso, na força, no valor etc.

Proporsubmeter (algo) à apreciação (de alguém); oferecer como op-ção; apresentar, sugerir.

Depreender

alcançar clareza intelectual a respeito de; entender, perce-ber, compreender; tirar por con-clusão, chegar à conclusão de; inferir, deduzir.

Aludirfazer rápida menção a; referir-se.

Fonte: Dicionário Houaiss

Por isso, as condições básicas para o candidato interpretar textos são: o conhecimento histórico (aí incluída a prática da leitura), o conhecimento gramatical e semântico (signifi cado das palavras, aí incluídas homônimas, parônimas, sinônimos, denotação, conotação), e a capacidade de observação, de sín-tese e de raciocínio.

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É preciso aprender a ser um bom leitor, visto que, do contrá-rio, simplesmente responderá às perguntas sobre o texto sem interagir com ele.

PONTOS FUNDAMENTAISa) Nunca se deve basear em fragmentos isolados do texto, pois cada segmento tem um sentido determinado pelo con-texto em que se encaixa.

b) Nunca deixar de ver o “pronunciamento contido por trás do texto”, pois o texto sempre refl ete um posicionamento.

c) É preciso distinguir as questões secundárias da principal, isto é, aquela em torno da qual gira o texto inteiro. Se o leitor não consegue saber sobre o que o texto trata, ou sabe apenas de maneira genérica e confusa, é sinal que precisa fazer uma nova leitura.

d) Identifi car a opinião do autor sobre a questão posta em discussão. Uma leitura competente ajudará identifi cá-la.

e) Identifi car os argumentos utilizados pelo autor para funda-mentar a opinião dada; argumentos são os recursos usados pelo autor para convencer o leitor de que ele está falando a verdade.

ROTEIRO PARA INTERPRETAR TEXTOS

1. Ler atentamente todo o texto, procurando focalizar sua ideia central.

2. Interpretar as palavras desconhecidas através do contexto.

3. Reconhecer os argumentos que dão sustentação à ideia central.

4. Identifi car as objeções à ideia central.

5. Sublinhar os exemplos que forem empregados como ilus-tração da ideia central.

6. Antes de responder às questões, ler mais de uma vez todo o texto, fazendo o mesmo com o enunciado de cada questão.

7. Evite responder “de cabeça”. Procure localizar a resposta no texto.

8. Se preferir, faça anotações à margem ou esquematize o texto.

9. Se o comando pede a ideia principal ou tema, normalmente deve situar-se no primeiro parágrafo (introdução) ou no últi-mo (conclusão).

10. Se o comando busca a argumentação, deve localizar-se nos parágrafos intermediários (desenvolvimento).

ERROS COMUNS DE INTERPRETAÇÃO EXTRAPOLAÇÃO (viagem): Ocorre quando o candidato sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto, normalmente porque já conhece o tema, ou por uso de sua imaginação criativa. Portanto, é proibido viajar.

REDUÇÃO: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção ape-nas a um ou outro aspecto, esquecendo-se de que o texto é um conjunto de ideias.

CONTRADIÇÃO: É comum as alternativas apresentarem ideias contrárias às do texto, fazendo o candidato chegar a conclusões equivocadas, de modo a ter dúvidas na questão. Portanto, internalize as ideias do autor e ponha-se no lugar

dele. Só contradiga o autor se isso for solicitado no comando da questão. Exemplo: “Indique a alternativa que apresenta ideia contrária à do texto”.

TRÊS QUESTÕES BÁSICAS PARA AVALIAR ACOMPREENSÃO DO TEXTO

Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido é a resposta a três questões básicas:

І – Qual é a questão de que o texto está tratando? Ao tentar responder a essa pergunta, o leitor será obrigado a dis-tinguir as questões secundárias da principal, isto é, aquela em torno da qual gira o texto inteiro. Quando o leitor não sabe dizer do que o texto está tratando, ou sabe apenas de maneira genérica e confusa, é sinal de que ele precisa ser lido com mais atenção ou de que o leitor não tem repertório sufi ciente para compreender o que está diante de seus olhos.

ІІ – Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão? Aparecem vários indicadores da opinião de quem escreve, disseminados pelo texto. Por isso, uma leitura compe-tente não terá difi culdade em identifi cá-la. Não saber dar resposta a essa questão é um sintoma de leitura desatenta e dispersiva.

ІІІ – Quais são os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinião dada? Deve-se entender por argu-mento todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer o leitor de que ele está falando a verdade. Saber reconhecer os argumentos do autor é também um sintoma de leitura bem feita, um sinal claro de que o leitor acompanhou o desenvolvi-mento das ideias.

DICAS PARA ANALISAR, COMPREENDER E INTERPRETAR TEXTOSÉ comum encontrarmos alunos se queixando de que não sa-bem interpretar textos. Muitos têm aversão a exercícios nessa categoria. Acham monótono, sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o seu próprio entendimento do texto ou cada um interpreta a sua maneira. No texto literário, essa ideia tem algum fundamento, tendo em vista a linguagem conotativa, os símbolos criados, mas em texto não literário isso é um equívo-co. Diante desse problema, seguem algumas dicas para você analisar, compreender e interpretar com mais profi ciência.

1º - Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós passamos a gostar de algo, compreendemos melhor seu fun-cionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós mesmos. Não se deixe levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença. Também não se intimide, caso alguém diga que você lê porcaria. Leia tudo que tenha vontade, pois, com o tem-po, você se tornará mais seleto e perceberá que algumas leituras foram superfi ciais e, às vezes, até ridículas. Porém elas foram o ponto de partida e o estímulo para se chegar a uma leitura mais refi nada. Não fi que chateado com comentários desagradáveis.

2º - Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio.

3º - Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, um bom exercício para ampliar o léxico é fazer pala-vras cruzadas.

4º - Faça exercícios de sinônimos e antônimos.

5º - Leia verdadeiramente. Somos um País de poucas lei-turas. Veja o que diz a reportagem, a seguir, sobre os estu-dantes brasileiros.

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“Dados do Programa Internacional de Avaliação de Alu-nos (Pisa) revelam que, entre os 32 países submetidos ao exame para medir a capacidade de leitura dos alunos, o Brasil é o pior da turma. A julgar pelos resultados do Pisa, divulgados no dia 5 de dezembro, em Brasília, os estudantes brasileiros pouco entendem do que leem. O Brasil fi cou em último lugar, numa pesquisa que envolveu 32 países e avaliou, sobretudo, a compreensão de textos. No Brasil, as provas foram aplicadas em 4,8 mil alunos, da 7ª série ao 2º ano do Ensino Médio”.

6º - Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão pode ser falsa. É preciso paciência para ler outras vezes. An-tes de responder às questões, retorne ao texto para sanar as dúvidas. Uma boa estratégia é marcar as partes importantes e fazer anotações.

7º - Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está voltada a uma linha do texto e por isso você deve voltar ao parágrafo para localizar o que se afi rma. Outras vezes, a questão está voltada à ideia geral do texto.

8º - Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do conhecimento, porque algumas perguntas extrapolam ao que está escrito. Veja um exemplo disso:

“Pode dizer-se que a presença do negro representou sem-pre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventual-mente, prestimosos colaboradores da indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado. Difi cilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para as ati-vidades menos sedentárias e que pudessem exercer-se sem regularidade forçada e sem vigilância e fi scalização de estranhos.”

Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes do Brasil.

Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram:a) os portugueses.b) os negros.c) os índios.d) tanto os índios quanto aos negros.e) a miscigenação de portugueses e índios.Resposta: Letra C. Apesar de o autor não ter citado o nome dos índios, é possível concluir pelas características apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimen-to que extrapola o texto.

Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.

10º - Leia o trecho e analise a afi rmação que foi feita sobre ele.“Sempre fez parte do desafi o do magistério administrar adolescente com hormônios em ebulição e com o desejo natural da idade de desafi ar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos casos, a relação comercial entre a escola e os pais se sobrepõe à autoridade do professor.”

VEJA, p. 63, 11 maio 2005.

Frase para análise:• Desafi ar as regras é uma atitude própria do adolescente nas escolas. E esse é o grande desafi o do professor moderno.

1 – Não é mencionado que a escola seja da rede privada.2 – O desafi o não é apenas do professor atual, mas sempre fez parte do desafi o do magistério. Outra questão é que o grande desafi o não é só administrar os desafi os às regras, isso é parte do desafi o; há também os hormônios em ebulição que fazem parte do desafi o do magistério.

11º - Atenção ao uso da paráfrase (reescrita do texto sem prejuízo do sentido original).

(Concurso TRE/ SC – 2005) Estava eu hoje cedo, parado em um sinal de trânsito, quando olho na esquina, próximo a uma porta, uma loirona a me olhar e eu olhava também.A frase parafraseada é:a) Parado em um sinal de trânsito hoje cedo, numa es-quina, próximo a uma porta, eu olhei para uma loira e ela também me olhou.b) Hoje cedo, eu estava parado em um sinal de trânsito, quando, ao olhar para uma esquina, meus olhos deram com os olhos de uma loirona.c) Hoje cedo, estava eu parado em um sinal de trânsito quando vi, numa esquina, próxima a uma porta, uma lou-raça a me olhar.d) Estava eu hoje cedo parado em um sinal de trânsito, quando olho na esquina, próximo a uma porta, vejo uma loiraça a me olhar também.Resposta: Letra C.

A paráfrase pode ser construída de várias formas, veja algu-mas delas:a) substituição de locuções por palavras;b) uso de sinônimos;c) mudança de discurso direto por indireto e vice-versa;d) converter a voz ativa para a passiva;e) emprego de antonomásias ou perífrases (Rui Barbosa = a águia de Haia; o povo lusitano = portugueses).

12º - Observe a mudança de posição de palavras ou de expressões nas frases.Exemplos:a) Certos alunos no Brasil não convivem com a falta de pro-fessores. b) Alunos certos no Brasil não convivem com a falta de pro-fessores.c) Os alunos determinados pediram ajuda aos professores.d) Determinados alunos pediram ajuda aos professores.EXPLICAÇÕES:a) Certos alunos = qualquer aluno.b) Alunos certos = alunos corretos.c) Alunos determinados = alunos decididos.d) Determinados alunos = qualquer aluno.

VEJA AS DIFERENÇAS ENTRE ANALISAR,COMPREENDER E INTERPRETAR

1. O que se pretende com a análise textual?- identifi car o gênero; a tipologia; as fi guras de linguagem;- verifi car o signifi cado das palavras;- contextualizar a obra no espaço e tempo;- esclarecer fatos históricos pertinentes ao texto;- conhecer dados biográfi cos do autor;- relacionar o título ao texto; - levantar o problema abordado;- apreender a ideia central e as secundárias do texto;- buscar a intenção do texto;

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- verifi car a coesão e a coerência textual;- reconhecer se há intertextualidade.

2. Qual o objetivo da análise?- levantar elementos para a compreensão e, posteriormente, fazer julgamento crítico.

3. Para compreender bem é necessário que o leitor:- conheça os recursos linguísticos. Por exemplo, a regência verbal não compreendida pelo leitor, pode levá-lo ao erro. Veja: Assisti o doente é diferente de assisti ao doente. No primeiro caso, a pessoa ajuda o doente; no segundo, ela vê o doente; - perceba as referências geográfi cas, mitológicas, lendárias, econômicas, religiosas, políticas e históricas para que faça as possíveis associações;- esclareça as suas dúvidas de léxico;- esteja familiarizado com as circunstâncias históricas em que o texto foi escrito. Por exemplo, para entender que, no poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, os advérbio s aqui e lá são, respectivamente, Portugal e Brasil, você tem que saber onde o poeta escreveu seu poema naquela época.- observe se há no texto intertextualidade por meio da pará-frase, paródia ou citação.

4. Afi nal o que é interpretar?- Interpretar é concluir, deduzir a partir dos dados coletados.

5. Existe interpretação crítica?- Sim, a interpretação crítica consiste em concluir os dados e, em seguida, julgar, opinar a respeito das conclusões.

REFERENCIAÇÃO

A referenciação diz respeito às escolhas do falante para re-presentar estados de coisas, para afi rmar ou dizer algo. No momento da escrita, por exemplo, não há a transferência da realidade para o papel, pois o que é registrado é resultado da interpretação que fazemos do meio, da nossa interação com o entorno físico, social e cultural.

De forma sucinta, a referenciação é a reconstrução da realidade e das estratégias que usamos no momento da escrita ou da fala.

INTERTEXTUALIDADEA Intertextualidade pode ser defi nida como um diálogo entre dois textos. Observe os dois textos abaixo e note como Mu-rilo Mendes (século XX) faz referência ao texto de Gonçalves Dias (século XIX):

CANÇÃO DO EXÍLIO “Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais fl ores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.”

Gonçalves Dias

CANÇÃO DO EXÍLIOMinha terra tem macieiras da Califórniaonde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os fi lósofos são polacos vendendo a prestações.Gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas fl ores são mais bonitas nossas frutas mais gostosasmas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade!

Murilo Mendes

Nota-se que há correspondência entre os dois textos. A paró-dia-piadista de Murilo Mendes é um exemplo de intertextuali-dade, uma vez que seu texto foi criado tomando como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias.

Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é persistente.

Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.

Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos é exemplo de intertextualização.

A intertextualidade está presente também em outras áreas, como na pintura. Veja as várias versões da famosa pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa:

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Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919.

Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.

Mona Lisa, propaganda publicitária.

LÍNGUA X LINGUAGEMA comunicação tem por objetivo a transmissão de mensagens. Não nos comunicamos unicamente através da fala: o silêncio, olhares, gestos, expressões faciais, vestimentas, nossa postura são comportamentos que promovem a comunicação. Esta ocorre nas situações em que há intenção de comunicar e produzir uma reação ou efeito sobre o outro.

Um texto é uma forma de comunicação que coloca em relação um emissor (que fala ou escreve) e um receptor (ouvinte ou leitor). Observe os elementos da comunicação e em que consistem:

• emissor - emite, codifi ca a mensagem;• receptor - recebe, decodifi ca a mensagem;• mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;• código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem;• referente – contexto, situação e objetos aos quais a mensagem remete;

• canal - meio pelo qual circula a mensagem.

Para que haja comunicação, é preciso que o emissor e o receptor utilizem um mesmo código. Uma língua é um tipo de código formado por palavras e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si, podendo constituir a linguagem oral ou escrita. Existem basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas funcionais:

1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta ou língua-padrão, tem por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo segmento mais culto e infl uente de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comunicação de massa (livros, emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios), cuja função é a de serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colaborando na educação.

2) a língua funcional de modalidade popular, língua popular ou língua cotidiana (coloquial), apresenta gradações as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão. É a língua que usamos no nosso cotidiano, com os amigos, parentes e até colegas de serviço.

Linguagem é a representação do pensamento por meio de sinais que permitem a comunicação e a interação entre as pessoas. Os tipos de linguagem são:

• LINGUAGEM VERBAL: é aquela que tem por unidade a palavra escrita ou falada. Exemplos: bula de remédio, textos literários, discursos de políticos...

• LINGUAGEM NÃO VERBAL: possui outros tipos de unidades, exceto a palavra. Exemplos: gestos, placas de trânsito, fotografi a...

• LINGUAGEM MISTA: é aquela na qual aparecem as duas formas (verbal e não verbal). Exemplos: história em quadrinhos, charge, cinema, TV...

LINGUAGEM

CLASSIFICAÇÃO

ESCRITA

ÁUDIO

VISUAL

NATUREZA

VERBAL FALADA

ESCRITA

NÃO VERBAL CORPORAL

GESTUAL

VISUAL

MUSICAL

MISTA INTEGRA VÁRIAS LINGUAGENS

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Língua Portuguesa

TEXTO LITERÁRIO X TEXTO NÃO LITERÁRIO

Para ser literário, o texto deve apresentar uma linguagem li-terária, isto é, uma linguagem em que se encontram recursos expressivos que chamam a atenção para o modo como ela própria foi construída. O texto não literário se volta inteira-mente para a realidade, e o texto literário apresenta uma realidade baseada na expressão, uma realidade de forma sin-gular e única. Veja abaixo as características dos dois textos e exemplos:

TEXTO LITERÁRIO TEXTO NÃO LITERÁRIO

Linguagem pessoal, con-taminada pelas emoções e

valores de seu emissor.

Linguagem impessoal, obje-tiva e informativa.

Linguagem plurissignifi cati-va, conotativa.

Linguagem que tende à denotação.

Recriação da realidade, intenção estética.

Informação sobre a reali-dade.

Ênfase na expressão. Ênfase na informação, no conteúdo.

Exemplos: letra de música, poema, conto, crônicas,

romances...

Exemplos: textos jornalís-ticos, bulas de remédios,

folder, contratos...

Exemplo de texto literário:

TODAS AS CARTAS DE AMOR...

Fernando Pessoa

(Poesias de Álvaro de Campos)

“Todas as cartas de amor sãoRidículas.Não seriam cartas de amor se não fossemRidículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,Como as outras,Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,Têm de serRidículas.

Mas, afi nal,Só as criaturas que nunca escreveramCartas de amorÉ que sãoRidículas.

Quem me dera no tempo em que escreviaSem dar por issoCartas de amorRidículas.

A verdade é que hojeAs minhas memóriasDessas cartas de amorÉ que sãoRidículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,Como os sentimentos esdrúxulos,São naturalmenteRidículas.)”

Álvaro de Campos, 21/10/1935

Exemplo de texto não literário:

LEI ANTIFUMO DE MINAS COMPLETA UM MÊS SEM REGULAMENTAÇÃO

A lei antifumo de Minas completa um mês em vigor nesta terça-feira sem nenhuma autuação. Como as regras que permitem sua real implementação não foram publicadas no Minas Gerais, o diário ofi cial do Estado, os municípios ainda não colocaram nas ruas as equipes para fi scalização. Sancionada pelo ex-governador Aécio Neves (PSDB) em 4 de dezembro do ano passado, a Lei 18.552/09 é menos restritiva que as normas de São Paulo e Rio de Janeiro. Em Minas, é proibido fumar em espaços fechados, mas fumó-dromos isolados por barreira física são permitidos.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, a previsão é de que a regulamentação seja publicada até o fi m do mês. Enquanto as regras não saem, bares, restaurantes e outros estabelecimentos têm difi culdades para se adequar à lei. “Pesquisamos em vários lugares sobre o que é permitido e o que não é. Mas a dúvida ainda permanece em alguns casos. Para evitar problemas, proibimos o fumo em todas as áreas da pizzaria. Aguardamos normas mais claras”, diz uma das donas da Pizzaria Parada do Cardoso, no Bairro Santa Tereza, Região Leste de Belo Horizonte, Fabiana So-fi a Carvalho.

Amanda Almeida - Estado de Minas. 04/05/2010. Adaptado. Disponível em: http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/05/04/noticia_

minas,i=158226/LEI+ANTIFUMO+DE+MINAS+COMPLETA+UM+MES+SE

M+REGULAMENTACAO.shtml.

Em provas de concursos públicos, é comum o uso dos dois textos (literário e não literário), pois nos dois tipos é possível fazer uma interpretação e compreensão das ideias defendidas pelo autor. Fique atento à referência do texto, pois pode aju-dar e muito nas questões de interpretação.

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

No quadro anterior, dois termos foram citados: conotação e denotação. Esses também são tipos de linguagens que mo-difi cam o sentido do texto. Veja a diferença: “Nossa, ele é um gato”.

Nessa frase há o uso de uma fi gura de linguagem (Ver pág. 98): a metáfora, que é caracterizada pelo uso da conotação. Nela a palavra GATO não está relacionada ao felino e sim a uma pessoa, por isso a conotação, uma linguagem fi gurada.

“Tia, seu gato morreu”. Nesta outra frase, a palavra GATO representa o animal, por isso o uso da linguagem denotativa, pois o sentido da palavra é real.

Preste bastante atenção na diferença de signifi cação das pala-vras. Para você memorizar melhor, observe o quadro:

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DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO

Palavra com signifi cação res-trita.

Palavra com signifi cação am-pla, criada pelo contexto.

Palavra com sentido comum, aquele encontrado no dicio-nário.

Palavras com sentidos que carregam valores sociais, afetivos, ideológicos...

Palavra utilizada de modo objetivo.

Palavra utilizada de modo criativo, artístico.

Linguagem exata e precisa. Linguagem expressiva, rica em sentidos.

Consultando o dicionário Houaiss, encontramos para a pala-vra joia as seguintes defi nições:

“1 – objeto de metal precioso fi namente trabalhado, em que muitas vezes se engastam pedras preciosas, pérolas etc. ou a que é aplicado esmalte, us. como acessório de vestuário, adorno de cabeça, pescoço, orelhas, braços, dedos etc.2 – Pedra preciosa de grande valor.3 – p. ext. qualquer objeto caro e trabalhado com arte (estatueta, relógio, cofre, vaso etc).”

As defi nições são claras, precisas. Todas giram em torno de um objeto de valor. A partir dessas defi nições, podemos criar frases com muita segurança.Ex.: Essa joia em seu pescoço está há várias gerações em nossa família. O rubi é uma joia que encanta meus olhos. Aquele vaso, provavelmente chinês, é uma joia de raro acabamento.

A palavra joia, presente nas três frases citadas, foi empregada em seus sentidos reais, primitivos. A isso se dá o nome de denotação.

Voltando ao dicionário citado, encontramos na sequência da leitura o seguinte:

“4 – fi g. pessoa ou coisa muito boa e querida (sua sobri-nha é uma joia).”

O próprio dicionarista nos dá um exemplo. Vejamos outras frases:Ela é uma joia de menina.Que joia esse cachorrinho!Minha irmã se tornou uma joia muito especial.

Observe que, na última sequência de frases, a palavra joia extrapolou o sentido original de objeto caro. Ela está se refe-rindo a pessoas e animais, que, na realidade, não podem ser joias, se levarmos em conta o sentido denotativo do termo. Há uma comparação implícita em cada frase: bonito ou bonita como uma joia. Dizemos então que se trata de conotação.

Vamos comparar as duas frases abaixo:Comi uma fruta deliciosa.Ela escreveu uma frase deliciosa.

Na primeira, o adjetivo deliciosa está empregado denotati-vamente, pois indica o gosto agradável da fruta; trata-se do sentido real do termo. Na segunda, o adjetivo não pode ser entendido “ao pé da letra”, uma vez que frase não tem gosto, não tem sabor. É um emprego especial, estilístico da palavra deliciosa. Assim, ela está sendo usada conotativamente.

Muitas vezes, as perguntas de interpretação se voltam para o emprego denotativo ou conotativo dos vocábulos. E mais:

o entendimento global do texto pode depender disso. Leia-o, pois, com atenção. A leitura atenta é tudo.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

TEXTO I

“Não existe essa coisa de um ano sem Senna, dois anos sem Senna...Não há calendário para a saudade.”

Adriane Galisteu, no Jornal do Brasil.

01. Segundo o texto, a saudade:a) aumenta a cada ano.b) é maior no primeiro ano.c) é maior na data do falecimento.d) é constante.e) incomoda muito.

02. A segunda oração do texto tem um claro valor:a) concessivo. b) temporal.c) causal.d) condicional.e) proporcional.

03. A repetição da palavra não exprime:a) dúvida.b) convicção.c) tristeza.d) confi ança.e) esperança.

04. A fi gura que consiste na repetição de uma palavra no início de cada membro da frase, como no caso da palavra não, chama-se:a) anáfora.b) silepse.c) sinestesia.d) pleonasmo.e) metonímia.

COMENTÁRIOS:

01. Letra dNada no texto fala de aumento ou diminuição da saudade. A palavra “calendário” é a chave. Ao dizer que “não há ca-lendário para a saudade”, a autora diz que não existe data marcada para se ter mais ou menos saudade. Ou seja, a saudade não depende do tempo, simbolizado aqui pelo calendário: ela simplesmente existe.

02. Letra cHá muitas questões em concursos públicos envolvendo o signifi cado das orações. Procure ver qual conjunção pode-ria ser usada no texto. No início do livro, você tem uma boa lista dessas palavras. No caso da questão, poder-se-ia começar a segunda oração com a conjunção porque: porque não há calendário para a saudade. Sim, porque o fato de não haver calendário para a saudade faz com que não exista “essa coisa de um ano sem Sena, dois anos sem Senna”.

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03. Letra bNormalmente a repetição de uma palavra, nos moldes em que aqui foi feita, expressa uma confi rmação, uma con-vicção do autor. As outras palavras, .por si mesmas, se eliminam.

04. Letra aHá várias fi guras de sintaxe que consistem na repetição de termos. Veja as mais importantes:a) anáfora: repetição de uma palavra ou expressão no iní-cio da frase, membro da frase ou verso.Ex.: “Vi uma estrela tão alta!Vi uma estrela tão fria!Vi uma estrela luzindo...” (Manuel Bandeira)b) Epístrofe: repetição no fi nal.Ex.: “Chegou a hora da névoa. No peito e nos olhos, né-voa. Quero guardar-me da névoa. Porém é inútil: há né-voa.” (Henriqueta Lisboa)c) Símploce: repetição no início e no fi m.Ex.: Tudo ali precisa de explicação. Tudo ali merece uma boa explicação.d) Pleonasmo: repetição de uma ideia ou de um termo da oração (objeto direto, objeto indireto ou predicativo do sujeito)Ex.: Vi tudo com meus próprios olhos, (repetição da ideia)Esse livro, já o li há muito, (o —> objeto direto pleonás-tico)e) Quiasmo: repetição e inversão simultâneas de termos; há uma espécie de cruzamento.Ex.: “No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho.” (C. D. de Andrade)

TEXTO II

“Quando vim da minha terra, não vim, perdi-me no espaço, na ilusão de ter saído.Ai de mim, nunca saí.”

Carlos D. de Andrade, no poema A Ilusão do Migrante.

01. O sentimento predominante no texto é:a) orgulho.b) saudade.c) fé.d) esperança.e) ansiedade.

02. Infere-se do texto que o autor:a) não saiu de sua terra.b) não queria sair de sua terra, mas foi obrigado.c) logo esqueceu sua terra.d) saiu de sua terra apenas fi sicamente.e) pretende voltar logo para sua terra.

03. Por “perdi-me no espaço” pode-se entender que o autor:a) fi cou perdido na nova terra.b) fi cou confuso.c) não gostou da nova terra.d) perdeu, momentaneamente, o sentimento por sua terra natal.e) aborreceu-se com a nova situação.

04. Pelo último período do texto, deduz-se que:a) ele continuou ligado à sua terra.b) ele vai voltar à sua terra.c) ele gostaria de deixar sua cidade, mas nunca conseguiu.

d) ele se alegra por não ter saído.e) ele nunca saiu da terra onde vive atualmente.

05. A expressão “ai de mim” só não sugere, no poema:a) amargura. b) decepção.c) tristeza. d) vergonha.e) nostalgia.

COMENTÁRIOS:

01. Letra bO autor saiu de sua terra, mas sente como se isso nunca tivesse ocorrido, pois seu sentimento é todo dela.

02. Letra dO texto passa uma impressão de que o autor continua ligado, espiritualmente, à sua terra. Fisicamente, claro, ele não está lá, como se vê no primeiro verso. Já o último verso mostra que ele permaneceu ligado a ela, por seus sentimentos.

03. Letra bAo sair da terra natal e não se adaptar ao novo lugar, em virtude de sua ligação afetiva com ela, o autor se torna confuso. Não se entenda aqui o verbo perder (perdi-me) com o seu sentido original. A ideia é a de não se encontrar, mentalmente, no novo espaço ocupado. Outra justifi cativa seria a palavra ilusão, que por si só demonstra um estado de confusão.

04. Letra aComo já vimos, o autor saiu apenas fi sicamente, pois es-piritualmente continuou preso à terra natal. Cuidado com a letra b. É claro que ele gostaria de retornar, mas em momento algum essa ideia é expressa no texto.

05. Letra dAs palavras amargura, decepção, tristeza e nostalgia per-tencem ao mesmo campo semântico. O autor sofre por não estar em seu lugar de origem, e todas essas pala-vras associam-se à ideia de sofrimento. Não é o caso de vergonha. Isoladamente, a expressão ai de mim poderia indicar vergonha, mas o texto fala apenas do sofrimento do autor por estar ausente, nada ele fez que pudesse envergonhá-lo.

TEXTO III

OS UMBRAIS DA CAVERNA

“RIO DE JANEIRO - Não sei por que(*), mas associei duas declarações da semana passada, feitas no mesmo dia, mas separadas por espaço e objetivo.

No Brasil, o presidente da República declarou que “já vamos transpor os umbrais do atraso”. No Afeganistão, um tal de Abdul Rahman, ministro do novo governo que ali se instalou, acredita que o país será invadido por turistas de todo o mundo interessados em conhecer Tora Bora e Can-dahar.

Louve-se o otimismo de um e de outro. Sempre ouvi dizer que 10 o otimista é um cara mal-informado. As duas declarações, juntas ou separadas, são uma prova. Os umbrais do atraso que FHC anuncia transpor e os encantos turísticos do Afeganistão são boas intenções ainda distan-tes da realidade. Certo que não faltam progressos em nossa vida como nação e povo, mas o quadro geral ainda é lastimável, 15 sobretudo pela existência de dois cenários contraditórios - um cada vez mais rico e outro cada vez mais miserável.

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Os umbrais que separam a riqueza da miséria não serão transpostos com as prioridades que sete anos de tucanato estabeleceram para o país. Quando Maria Antonieta per-guntou por que o povo não comia 20 bolos à falta de pão, também pensava que a monarquia havia transposto os umbrais do atraso.

Quanto ao interesse de as cavernas de Tora Bora provoca-rem uma invasão de turistas, acho discutível esse tipo de atração. Reconheço que há exageros na massifi cação do tu-rismo internacional, mas não a esse 25 ponto.

Em todo o caso, não custa abrir um crédito de esperança para as burras do erário afegão. Se o ministro Abdul Rahman contratar um dos nossos marqueteiros profi ssionais, desses que prometem eleger um poste para a Presidência da Re-pública, é possível que muita gente vá conhecer 30 as cavernas onde ainda não encontraram Osama bin Laden.”

Carlos Heitor Cony, na Folha de São Paulo, 13/1/02.

*A palavra aparece assim na edição eletrônica da Folha. No entanto, deve ser acentuada (quê).

01. O autor não acredita:a) na boa intenção do presidente da República.b) que o Afeganistão será invadido por turistas de todo o mundo.c) que o ministro afegão seja otimista.d) que o otimista é um cara mal-informado.e) em semelhanças entre as declarações de FHC e Abdul Rahman.

02. Maria Antonieta é comparada a:a) Abdul Rahman.b) turistas de todo o mundo.c) Tora Bora.d) FHC.e) um cara mal-informado.

03. “...não custa abrir um crédito de esperança para as bur-ras do erário afegão.” Neste trecho, “as burras do erário afegão” signifi cam:a) as pessoas ignorantes do Afeganistão.b) os animais de carga do Afeganistão.c) os cofres do tesouro do Afeganistão.d) o dinheiro da iniciativa privada do Afeganistão.e) o dinheiro de empresas falidas do Afeganistão, confi scado pelo novo governo.

04. Ao defi nir o otimista, o autor valeu-se de uma lingua-gem:a) hermética.b) culta.c) chula.d) coloquial.e) ofensiva.

05. Para o autor, tanto FHC como Abdul Rahman:a) estão descontentes com a situação em seus países.b) têm ampla visão social.c) são demagogos.d) não têm preparo para ocupar seus cargos.e) são mal-informados.

06. Se levarmos em conta a afi rmação de FHC, teremos de concluir que o Brasil:a) não é mais um país atrasado.b) continuará a ser um país atrasado.

c) levará muitos anos para se desenvolver.d) em pouco tempo deixará de ser um país atrasado.e) tem condições de ser um país adiantado.

07. No último parágrafo do texto, o autor utiliza uma lin-guagem:a) metafórica.b) hiperbólica.c) irônica.d) leviana.e) pessimista.

08. Para o autor, as declarações de FHC e do ministro só não têm em comum o fato de:a) serem equivocadas.b) partirem de pessoas otimistas.c) serem despropositadas.d) serem bem-intencionadas.e) supervalorizarem a capacidade turística de seus países.

COMENTÁRIOS:

01. Letra bO autor declara que “o otimista é um cara mal-informado” (/. 10). Para ele, o ministro afegão é otimista em crer numa invasão de turistas. Agora, juntemos tudo isso com o trecho seguinte: “Os umbrais do atraso que FHC anuncia transpor e os encantos turísticos do Afeganistão são boas intenções ainda distantes da realidade.” A resposta, assim, só pode ser a letra b.

02. Letra dO presidente FHC disse que “já vamos transpor os umbrais do atraso” (/. 4/5). Mais adiante, nas linhas 19 a 21, o autor afi rma: “Quando Maria Antonieta perguntou por que o povo não comia bolos à falta de pão, também pensava que a monarquia havia transposto os umbrais do atraso.” A comparação com FHC fi ca evidente na palavra também, no trecho destacado. Também une as duas pessoas, FHC e Maria Antonieta, no que toca à ideia de terem sido trans-postos os umbrais do atraso. Daí a resposta ser a letra d. A letra e poderia parecer correta, mas está errada. Maria Antonieta não é comparada a um cara mal-informado, ela era malinformada.

03. Letra cBurra é uma palavra de pouco uso no português atual, com o sentido de cofre. Erário é dinheiro público. Assim, o trecho destacado tem o sentido de cofres do tesouro do Afeganistão. O crédito de esperança seria a possibilidade de haver, de acordo com o otimismo do ministro Abdul Rahman, uma invasão de turistas ávidos por conhecer Tora Bora e Candahar, o que encheria os cofres do país.

04. Letra dAo considerar o otimista “um cara mal-informado” (/. 10), o autor se vale de uma linguagem descontraída, coloquial. Mais precisamente no emprego da palavra cara, com o sentido de pessoa.

05. Letra eO texto não diz nem sugere que eles estejam desconten-tes com a situação em seus países, ao contrário, uma vez que se mostram ambos otimistas. Para o autor, eles não têm visão social, por estarem equivocados em seus pontos de vista. O autor não os acusa de demagogos, apenas os considera mal-informados, o que nos leva a aceitar a alternativa e como resposta. A letra d é absolutamente inadequada em relação às ideias contidas no texto.

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06. Letra dA resposta da questão se encontra claramente colocada no trecho: “já vamos transpor os umbrais do atraso” (/. 4/5). A palavra já transmite nitidamente a ideia de que o país deixará logo de ser atrasado.

07. Letra cO autor ironiza ao dizer que o ministro afegão poderia conseguir que muita gente visitasse as cavernas do país se contratasse um dos marqueteiros profi ssionais do Bra-sil, que prometem até eleger um poste para a Presidência do Brasil.

08. Letra eUma questão bastante sutil. Para alguns, parecerá que não há resposta. Acontece que só o ministro Abdul Rah-man supervaloriza a capacidade turística do país; o pre-sidente do Brasil fala em vencer o atraso, sem nenhuma citação ao setor do turismo.

Exercícios do livro de Renato Aquino. Interpretação de textos. Elsevier Editora Ltda. 2006.

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO01. Escolha, entre as alternativas, a que propõe a substitui-ção dos termos ou expressões em destaque, sem que haja alteração do sentido da sentença apresentada abaixo.“Parecia estar prestes a acontecer a desclassifi cação, pois os jogadores demonstraram usar métodos pouco sábios na realização dos preparativos fi nais para a partida decisiva.”a) eminente - incípios - concecussão. b) eminente - insipientes - consequência. c) iminente - insipientes - consecução.d) eminente - insípidos - concecussão.

02. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas das frases:1. Ontem houve uma violenta ___________ de caminhões.2. O ladrão foi apanhado em ___________. 3. O artigo ________ na Revista científi ca foi premiado.4. Ponto é a ___________ de duas linhas.5. O aluno perdeu o _________ de ridículo.a) coalizão - fragrante - inserto - intercessão - censo.b) colisão - fl agrante - inserto - interseção - senso. c) coalizão - fl agrante - incerto - intercessão - senso.d) coalisão - fragrante - incerto - interseção - censo.

03. A linguagem científi ca busca fi xar na signifi cação das pa-lavras:a) O signifi cado denotativo.b) O signifi cado polissêmico.c) O signifi cado conotativo.d) O signifi cado fi gurado.04. Observando as palavras em maiúsculas, assinale o úni-co item em que NÃO temos um par de termos denotativo/conotativo:a) QUEBREI o copo. / O Presidente QUEBROU o protocolo.b) A CHAVE não abriu a porta. / Eis a CHAVE do problema.c) Os bandeirantes buscaram OURO. / Tinha coração de OURO.d) Os fi lhos não aceitavam a MADRASTRA. / A MADRASTRA deles é jovem.

05. Verifi que se algum item apresenta ERRO de SINONÍMIA na correspondência de signifi cado da palavra em maiúscula.a) REFUTAR o argumento: contestar.b) ELUCIDAR a dúvida: esclarecer.c) EIVAR de erros: limpar.d) EFUSIVOS cumprimentos: expansivos.

06. Verifi que se ocorre algum ERRO na correspondência en-tre a frase à direita e seu sinônimo numa única palavra à esquerda.a) Que não se pode ler: ilegível.b) Que não tem movimento próprio: inerte.c) Que não tem meios de defesa: inerme.d) Que não tem sabor: sápido.

07. Idem, para:a) Aquele que deixou uma comunidade - egresso.b) Aquele que pode ser eleito - elegível.c) Aquilo que não provoca efeito - inócuo.d) Aquilo que não tem cheiro - insosso.

08. Assinale, o item em que se ERROU no sinônimo da pa-lavra à direita.a) Infenso a bebidas: hostil.b) Morrer de inanição: por falta de alimentos.c) Habilidade inata: congênita. d) Trabalho profícuo: baldo.

09. Verifi que se houve ERRO na correspondência entre a pa-lavra em maiúscula à esquerda e seu antônimo à direita. a) Parecer ADVERSO / favorável.b) Palavras VERAZES / falsas.c) Homem TACITURNO / alegre.d) Comportamento EXECRÁVEL / fi rme.

10. Idem, para:a) INCLUIR uma correção / excluir.b) Recursos EXAURÍVEIS / inexauríveis.c) Homem PROBO /trapaceiro.d) Clima TÍPICO / atípico.

11. Na frase EMERGIR das águas, o item que indica o ANTÔ-NIMO da frase é:a) Imergir nas águas.b) Convergir nas águas.c) Insugir-se contra as águas.d) Divergir das águas.

12. Verifi que se ocorre em alguns dos itens um ANTÔNIMO da palavra em maiúscula na frase ao lado: Era um orador LOQUAZ.a) Mordaz.b) Voraz.c) Calado.d) Insano

GABARITO01. c 02. b 03. a 04. d 05. c 06. d

07. d 08. d 09. d 10. c 11. a 12. c

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

TEXTO VI01. Concordo plenamente com o artigo “Revolucione a sala de aula”. É preciso que valorizemos o ser humano, seja ele estudante, seja professor. Acredito na importância de apren-der a respeitar nossos limites e superá-los, quando possível, o que será mais fácil se pudermos desenvolver a capacidade de relacionamento em sala de aula. Como arquiteta, concordo

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com a postura de valorização do indivíduo, em qualquer situ-ação: se procurarmos uma relação de respeito e colaboração, seguramente estaremos criando a base sólida de uma vida melhor.

Tania Bertoluci de Souza. Porto Alegre, RS Disponível em: <:http://www.kanitz.com.br/veja/cartas.htm>. Acesso em: 2 maio 2009 (com adaptações).

Em uma sociedade letrada como a nossa, são construídos tex-tos diversos para dar conta das necessidades cotidianas de comunicação. Assim, para utilizar-se de algum gênero textual, é preciso que conheçamos os seus elementos. A carta de lei-tor é um gênero textual que:a) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizado pela tipologia da ordem da injunção (comando) e estilo de lingua-gem com alto grau de formalidade.b) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de descre-ver os assuntos e temas que circularam nos jornais e revistas do país semanalmente.c) se organiza por uma estrutura de elementos bastante fl exí-vel em que o locutor encaminha a ampliação dos temas trata-dos para o veículo de comunicação.d) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da varie-dade não-padrão da língua e tema construído por fatos po-líticos.

TEXTO VII

O poema de Manoel de Barros será utilizado para resolver as questões 02 e 03.

O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS

Uso a palavra para compor meus silêncios.Não gosto das palavrasfatigadas de informar.Dou mais respeitoàs que vivem de barriga no chãotipo água pedra sapo.Entendo bem o sotaque das águasDou respeito às coisas desimportantese aos seres desimportantes.Prezo insetos mais que aviões.Prezo a velocidadedas tartarugas mais que a dos mísseis.Tenho em mim um atraso de nascença.Eu fui aparelhadopara gostar de passarinhos.Tenho abundância de ser feliz por isso.Meu quintal é maior do que o mundo.Sou um apanhador de desperdícios:Amo os restos como as boas moscas.Queria que a minha voz tivesse um formatode canto.Porque eu não sou da informática:eu sou da invencionática.Só uso a palavra para compor meus silêncios.

BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo:

Publifolha, 2006. p. 73-74.

02. É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e coisas considerados, em geral, de menor importância no mun-do moderno. No poema de Manoel de Barros, essa valorização é expressa por meio da linguagem:

a) denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade.b) rebuscada de neologismos que depreciam elementos pró-prios do mundo moderno.c) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignifi cantes.d) simples, porém expressiva no uso de metáforas para defi nir o fazer poético do eu lírico poeta.

03. Considerando o papel da arte poética e a leitura do poe-ma de Manoel de Barros, afi rma-se quea) informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: ambas têm o mesmo valor na sua poesia.b) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para dar sentido à própria vida.c) a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização tecnológicos.d) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, preci-sou se render às inovações da informática.

TEXTO VIII

AUMENTO DO EFEITO ESTUFA AMEAÇA PLANTAS, DIZ ESTUDO

O aumento de dióxido de carbono na atmosfera, resultante do uso de combustíveis fósseis e das queimadas, pode ter con-sequências calamitosas para o clima mundial, mas também pode afetar diretamente o crescimento das plantas. Cientistas da Universidade de Basel, na Suíça, mostraram que, embora o dióxido de carbono seja essencial para o crescimento dos vegetais, quantidades excessivas desse gás prejudicam a saú-de das plantas e têm efeitos incalculáveis na agricultura de vários países.

O Estado de São Paulo, 20 set. 1992, p.32.

04. O texto acima possui elementos coesivos que promovem sua manutenção temática. A partir dessa perspectiva, conclui-se quea) a palavra “mas”, na linha 3, contradiz a afi rmação inicial do texto: linhas 1 e 2.b) a palavra “embora”, na linha 4, introduz uma explicação que não encontra complemento no restante do texto.c) as expressões: “consequências calamitosas”, na linha 2, e “efeitos incalculáveis”, na linha 6, reforçam a ideia que per-passa o texto sobre o perigo do efeito estufa.d) o uso da palavra “cientistas”, na linha 3, é desnecessário para dar credibilidade ao texto, uma vez que se fala em “es-tudo” no título do texto.

TEXTO IX

Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir inter-minavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.

CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

p. 91.

TEXTO X

Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é muito mais! É saber que todos os amigos já morreram e os que teimam em viver são entrevados. É sorrir, interminavelmente,

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não por necessidade interior, mas porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que a arcada.

FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As

cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 225.

05. Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para defi nir as fases da vida, entre eles,a) expressões coloquiais com signifi cados semelhantes.b) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres huma-nos.c) recursos específi cos de textos escritos em linguagem for-mal.d) metalinguagem que explica com humor o sentido de pa-lavras.

TEXTO XI

APESAR DA CIÊNCIA, AINDA É POSSÍVEL ACREDITAR NO SOPRO DIVINO – O MOMENTO EM QUE O

CRIADOR DEU VIDA ATÉ AO MAIS INSIGNIFICANTE DOS MICRO-ORGANISMOS?

Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, nomeado pelo papa Bento XVI em 2007: “Claro que sim. Estaremos falando sempre que, em algum momento, co-meçou a existir algo, para poder evoluir em seguida. O ato do criador precede a possibilidade de evolução: só evolui algo que existe. Do nada, nada surge e evolui.”

LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. SuperInteressante, São Paulo, n. 263-A,

p. 9, mar. 2009 (com adaptações).

Resposta de Daniel Dennet, fi lósofo americano ateu e evolu-cionista radical, formado em Harvard e Doutor por Oxford: “É claro que é possível, assim como se pode acreditar que um super-homem veio para a Terra há 530 milhões de anos e ajustou o DNA da fauna cambriana, provocando a explosão da vida daquele período. Mas não há razão para crer em fan-tasias desse tipo.”

LIMA, Eduardo. Advogado do Diabo. SuperInteressante, São Paulo, n. 263-A,

p. 11, mar. 2009 (com adaptações).

06. Os dois entrevistados responderam a questões idênticas, e as respostas a uma delas foram reproduzidas aqui. Tais res-postas revelam opiniões opostas: um defende a existência de Deus e o outro não concorda com isso. Para defender seu ponto de vista, a) o religioso ataca a ciência, desqualifi cando a Teoria da Evo-lução, e o ateu apresenta comprovações científi cas dessa te-oria para derrubar a ideia de que Deus existe.b) Scherer impõe sua opinião, pela expressão “claro que sim”, por se considerar autoridade competente para defi nir o as-sunto, enquanto Dennett expressa dúvida, com expressões como “é possível”, assumindo não ter opinião formada.c) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente, pondo em dúvida a existência de Deus, e o ateu argumenta com base no fato de que algo só pode evoluir se, antes, existir.d) o fi lósofo utiliza dados históricos em sua argumentação, ao afi rmar que a crença em Deus é algo primitivo, criado na épo-ca cambriana, enquanto o religioso baseia sua argumentação no fato de que algumas coisas podem “surgir do nada”.

07.

O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitante da zona rural, comumente chamado de “roceiro” ou “caipira”. Considerando a sua fala, essa tipicidade é confi rma-da primordialmente pelaa) transcrição da fala característica de áreas rurais.b) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comunida-des rurais.c) emprego de elementos que caracterizam sua linguagem como coloquial.d) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios urbanos.

GABARITO

01. c 02. d 03. b 04. c 05. d

06. d 07. a

EXERCÍCIOS DE REVISÃO01. Relacione a primeira coluna à segunda:(1) despensa ( ) perfumado(2) dispensa ( ) comércio ilícito(3) tráfego ( ) lugar de guardar alimentos(4) tráfi co ( ) evidente(5) fl agrante ( ) trânsito(6) fragrante ( ) licença, isenção.A sequência CORRETA é:a) 6 – 3 – 2 – 5 – 1 – 4.b) 6 – 4 – 1 – 5 – 3 – 2.c) 2 – 4 – 5 – 6 – 1 – 3.d) 6 – 4 – 5 – 1 – 2 – 3.

02. Em todas as alternativas, o termo destacado expressa idéia de circunstância, exceto em:a) Ontem, Vanda Lopes procurou-me na secretaria do colégio. b) As questões colocadas sobre a mesa, afi nal não eram mui-tas.c) Na verdade, o nome, assim solene, assenta-lhe como uma luva.d) Apesar de nosso esforço, as represálias não tardaram, po-rém.

03. Dê o signifi cado da frase: Embora fosse um professor incipiente, falava um inglês estreme.a) Embora fosse um professor principiante, falava um inglês genuíno.b) Embora fosse um professor ignorante, falava um inglês puro.c) Embora fosse um professor relapso, falava um inglês fl uen-te.d) Embora fosse um professor provisório, falava um inglês excelente.

04. Em relação ao provérbio: “Os lábios de justiça são o con-tentamento dos reis, e eles amarão o que fala coisas retas”; pode-se depreender que:

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a) Os lábios amarão pessoas retas.b) Os reis contentam-se com pessoas justas.c) Os reis amarão pessoas retas.d) Os lábios retos amarão os reis justos.

05. Em uma das alternativas, há o vício de linguagem conhe-cido por AMBIGUIDADE. Assinale-a.a) Vi aquela situação toda com meus próprios olhos.b) Lia lia na folia.c) Quero saber da novidade. Falem um por cada vez.d) Pedro, o Paulo procura seu irmão.

06. Assinale a opção que, atendendo a coesão e a coerência textual, preenche CORRETAMENTE as frases abaixo, na se-quência em que aparecem.

Nunca está só quem possui um bom livro para ler e boas ideias___________ meditar.A inveja é um mal ___________________ há poucos remé-dios.São sagradas as imagens _____________ nos ajoelhamos.Todos conhecem a máscara ______________ te escondes.a) pelas quais – por que – que – sobre que.b) sob as quais – com a qual – pelas quais – diante da qual.c) que – as quais – a quem – de quem.d) sobre as quais – contra o qual – perante as quais – sob a qual.

07. Considere as seguintes afi rmações:I. M. mostra-se indignado.II. É alta a corrupção na política.III. M. acha que, sem a corrupção, o país avançaria.Essas afi rmações articulam-se de modo correto e coerente na frase:a) Apesar de se mostrar indignado pela alta corrupção na po-lítica, M. acha que não obstante ela o país avançaria.b) Mostrando-se indignado com a alta corrupção na política, M. julga que, não fosse ela, o país avançaria. c) Sem a corrupção, à qual M. se mostra tão indignado como pela política, o país avançaria.d) M. acha que o país poderia avançar, no caso que não hou-vesse a alta corrupção na política, que é indigna.

08. “O nacionalismo brasileiro é fervoroso, mas falta ao na-cionalismo brasileiro o sentimento da comunidade de destino, para que de fato vejamos frutifi car o nacionalismo brasileiro.” Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados, RESPECTIVAMENTE, por:a) falta-lhe nele - lhe vejamos frutifi car.b) lhe falta - vejamos frutifi cá-lo.c) falta-o - vejamos ele frutifi car.d) falta-lhe - o vejamos frutifi car.

09. (Analista – Infraero – FCC – 2009) Ao utilizar pela primei-ra vez um aeroporto, o novato percorre o aeroporto como se estivesse num labirinto, buscando tornar o aeroporto familiar aos seus olhos, aplicando seus olhos na identifi cação das ram-pas, escadas e corredores em que se sente perdido.Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:a) o percorre - o tornar - aplicando-lhes.b) percorre-o - tornar-lhe - aplicando-os.c) o percorre - torná-lo - aplicando-lhes.d) percorre-o - torná-lo - aplicando-os.

10. (Analista – Infraero – FCC – 2009) É preciso corrigir, em nível estrutural, a redação da seguinte frase:a) Coube à direção da INFRAERO, em vista dos rumores sobre

a privatização da empresa, esclarecer também que a mesma será reestruturada.b) Em sua tarefa de coordenação, caberá ao BNDES viabilizar o ingresso da INFRAERO no mercado de capitais e aprimorar nosso sistema aeroportuário.c) A par de desmentir rumores sobre a privatização da INFRA-ERO, seu presidente anunciou a contratação de uma empresa de consultoria.d) Durante a entrevista, foram desmentidos boatos sobre a privatização da INFRAERO e anunciou-se o trâmite de contra-tação de empresa de consultoria.

11. Leia os anúncios abaixo e responda:I – Aproveite o Dia Mundial da AIDS e faça um cheque ao por-tador. Bradesco, Ag. 093-0, C/C 076095-1. (Agência Norton)II – Bi Bi – General Motors: Duas vezes bicampeã do carro do ano. (Agência Colucci e Associados)Os anúncios apresentam semelhanças porque seus criadores:a) exploram, na construção do texto, o potencial de signifi ca-ção das palavras, com criatividade.b) exploram expressões consagradas, negando, no entanto, o sentido popular de cada uma delas.c) utilizam processos de abreviação vocabular; representados, respectivamente, por uma sigla e uma onomatopeia.d) apostam nas sugestões sonoras produzidas pelos textos e no conhecimento vocabular dos leitores.

12. Marque a alternativa em que NÃO há ambiguidade.a) O presidente do Partido informou ao candidato que ele deveria renunciar.b) A testemunha confi rmou que o acusado, em seu depoi-mento, omitira muitos detalhes do assalto.c) Porque era irritadiço, o Chefe vivia advertindo o emprega-do.d) Olhando o panorama da rua, tudo parece mais real.

13. Em “Um pacote embrulhado também em couro de jaca-ré endurecido pelo tempo”, o emprego da palavra também indica:a) oposição.b) inclusão.c) exclusão.d) explicação.

14. Nas orações: I - “Quanto” menino bonito! II - Maria não sabe nem “quanto” odeia o padrasto. A palavra “quanto” tem, RESPECTIVAMENTE, valor:a) de intensidade - de intensidade.b) de indefi nição - de intensidade.c) de indefi nição - de indefi nição.d) de intensidade - de indefi nição.

15. “O que é real para uns [...] pode não ser para outros.”Assinale a alternativa em que o sentido das palavras destaca-das nessa frase está CORRETAMENTE identifi cado.a) Defi nição.b) Indeterminação.c) Qualifi cação.d) Quantifi cação.

GABARITO

01. b 02. d 03. a 04. c 05. d

06. d 07. b 08. d 09. d 10. a

11. a 12. d 13. b 14. d 15. b

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SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS

LÉXICO

É o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. Por exemplo, temos um léxico da língua portuguesa que é o conjunto de todas as palavras que são compreensíveis em nos-sa língua. Quando essas palavras são materializadas em um texto, oral ou escrito, são chamadas de vocabulário. O conjunto de palavras utilizadas por um indivíduo, portanto, constituem o seu vocabulário.

O campo lexical, por sua vez, é o conjunto de palavras que pertencem a uma mesma área do conhecimento, ou seja, pa-lavras que fazem parte de um contexto específi co e está dentro do léxico de alguma língua.

São exemplos de campos lexicais: - medicina: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação.- escola: livros, disciplinas, biblioteca, material escolar.- informática: software, hardware, programas, sites, internet.- teatro: expressão, palco, fi gurino, maquiagem, atuação.- dos sentimentos: amor, tristeza, ódio, carinho, saudade.- relações interpessoais: amigos, parentes, família, colegas de trabalho.

O campo semântico, por sua vez, é o conjunto de possi-bilidades que uma mesma palavra ou conceito tem de ser empregada(o) em diversos contextos. O conceito de campo semântico está ligado ao conceito de polissemia.

Uma mesma palavra pode ter vários signifi cados diferentes em um mesmo texto, dependendo de como ela for empregada e de que palavras a acompanham para tornar claro o signifi cado que ela assume naquela situação.

Por exemplo:- conhecer: ver, aprofundar-se, saber que existe, etc..- bacia: utensílio de cozinha, parte do esqueleto humano.- brincadeira: divertimento, distração, passa-tempo, gozação, piada, etc..- estado: situação, particípio de estar, divisão de um país, etc..O campo semântico pode também ser o conjunto das maneiras que elas são utilizadas para expressar um mesmo conceito.

Exemplos:- Campo semântico em torno do conceito de morte: bater as botas, falecer, ir dessa para a melhor, passar para um plano su-perior, falecer, apagar, etc..

- Campo semântico em torno do conceito de enganar: trapacear, engabelar, fazer de bobo, vacilar.

POLISSEMIA

É a propriedade de uma palavra apresentar vários sentidos. Denomina-se polissemia o fato de a palavra sofrer alterações semânticas às diversas circunstâncias em que é usada, sem, contudo, deixar de se ligar a um sentido básico inicial. Neste caso, não se trata de criar um novo item lexical, mas apenas usar uma palavra em sentido fi gurado. Em outros termos, estamos fazendo uso da linguagem metafórica ou polissêmica.

São exemplos de polissemia: braço de um rio, dente de uma engrenagem, boca da noite, ponte-aérea, folha de caderno, es-pinhos da profi ssão, cortina de ferro, paraíso de felicidade etc..

AMBIGUIDADE

(ambi = dualidade) É a duplicidade de sentidos que pode ha-ver em uma frase ou num texto. Ela surge quando algo que está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo a compreensão do conteúdo. Este ato pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a conclusões equivocadas na interpretação do texto. Isso ocorre quando há inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e até mesmo enunciados, comprometendo a clareza do texto. Observe o exemplo que segue:

“O professor falou com o aluno parado na sala.”

Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção sintática deste enunciado. Quem estava parado na sala? O aluno ou o professor? A solução é, mais uma vez, colocar “parado na sala” logo ao lado do termo a que se refere: “Parado na sala, o profes-sor falou com o aluno”; ou “O professor falou com o aluno, que estava parado na sala”.

A ambiguidade é muito utilizada como recurso na construção de textos poéticos, publicitários e humorísticos, em quadri-nhos e anedotas.

O enunciado do anúncio remete à culinária, porém, ao obser-varmos o anúncio de forma mais atenta, percebemos outro sentido do enunciado: Como fazer uma galinha, um bordado com formato de galinha.

SINONÍMIASinônimos - São palavras de sentidos idênticos ou aproxima-dos que podem ser substiuídas uma pela outra em diferentes contextos.

Exemplo: Cômico – engraçado; Débil - fraco, frágil; Distante - afastado, remoto.

ANTONÍMIAAntônimos - são palavras de sentido contrário entre si. As palavras aberto e fechado normalmente são antônimas e se opõem quanto ao sentido.

Exemplos: velho - novo; bom – mau; economizar – gastar.

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HIPERONÍMIA

É uma palavra que dá a ideia de um todo, do qual se origina várias partes e ramifi cações.

Exemplo: A palavra religião é um todo ao qual faz referência todo tipo de religião – católica, protestante, batista, budista. O mesmo ocorre com a palavra calçados, a ela estão ligadas palavras como tênis, sandálias, botas.

HIPONÍMIA

É exatamente o oposto da Hiperonímia – É a palavra que indica cada parte ou cada item de um todo. Deste modo, as palavras bem-te-vi, curió e canário representam uma parte de um todo e o todo a elas correspondente está representado pela palavra ave.

EPONÍMIA - caracteriza-se pela atribuição de nome próprio a objetos e técnicas, ou seja, o nome denomina algo.Exem-plo: Gilete (s.f.) epônimo de King Camp Gillette, inventor e primeiro fabricante dessa lâmina e aparelho de barbear.

PALAVRAS HOMÔNIMAS

São aquelas que têm sentidos diferentes, mas a mesma grafi a e/ou pronúncia. Dividem-se em: homônimas perfeitas, homô-nimas homógrafas, homônimas homófonas.

HOMÔNIMAS PERFEITAS: São palavras que possuem a mesma pronúncia, a mesma grafi a, porém as classes grama-ticais são diferentes. Exemplos:• Caminho (substantivo) - Caminho (verbo caminhar)- O caminho para a minha casa é muito movimentado.- Eu caminho todos os dias.• Cedo (Advérbio) - Cedo (verbo ceder)- Eu cedo livros para a biblioteca.- Levantou cedo para estudar.

HOMÔNIMAS HOMÓGRAFAS: São palavras que possuem a mesma grafi a, porém a pronúncia é diferente.• Colher (substantivo) - Colher (verbo colher)- Eu comprei uma colher de prata.- Chamei minha vizinha para colher frutas na horta da fazenda.• Começo (substantivo) - Começo (verbo)- O começo do fi lme foi muito legal.- Eu começo a entender este livro.

HOMÔNIMAS HOMÓFONAS: São palavras que possuem a mesma pronúncia, porém a grafi a e o sentido são diferentes.• Serrar - Cerrarserrar: cortarcerrar: fechar• Cassar - Caçarcassar: anularcaçar: procurar (alimento).

PALAVRAS PARÔNIMAS

São aquelas de sentidos diferentes que apresentam entre si certa semelhança na grafi a ou na pronúncia.

Exemplos: comprimento (extensão), cumprimento (saudação).

Algumas palavras homônimas e parônimas mais usadas:

absolver: inocentar, perdoar absorver: sorver, consumir, esgotar acender: pôr fogo, alumiar ascender: subir, elevar-seacidente: acontecimento casual incidente: episódio, aventura apreçar: perguntar preço, dar preço apressar: antecipar, abreviar aprender: tomar conhecimento apreender: apropriar-se, assimilar mentalmente acento: tom de voz, sinal gráfi co assento: lugar de sentar-se acerca de: sobre, a respeito de cerca de: aproximadamente há cerca de: faz aproximadamente acostumar: contrair hábito costumar: ter por hábito afi m de: semelhante a, parente de a fi m de: para, com a fi nalidade de amoral: indiferente à moral imoral: contra a moral, libertino, devasso arrear: pôr arreios arriar: abaixar, descer assoar: limpar o nariz assuar: vaiar, apupar bucho: estômago buxo: arbusto caçar: apanhar animais ou aves cassar: anular calda: xarope cauda: rabo cavaleiro: aquele que sabe andar a cavalo cavalheiro: homem educado cédula: documento, chapa eleitoral sédula: ativa, cuidadosa (feminino de sédulo) cela: pequeno quarto de dormir sela: arreio censo: recenseamento senso: raciocínio, juízo claro cerração: nevoeiro denso serração: ato de serrar, cortar cesto: balaio sexto: numeral ordinal (seis) chá: bebida xá: título do ex-imperador do Irã conserto: reparo concerto: sessão musical, acordo coser: costurar cozer: cozinhar cheque: ordem de pagamento xeque: lance de jogo no xadrez delatar: denunciar dilatar: alargar, ampliar desapercebido: desprevenido despercebido: sem ser notado descrição: ato de descrever, expor discrição: reservada, qualidade de discreto descriminar: inocentar discriminar: distinguir despensa: onde se guardam alimentos dispensa: ato de dispensar discente: referente a alunos docente: referente a professores destinto: que se destingiu

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distinto:diverso, diferente eminente: ilustre, excelente iminente: que ameaça acontecer emergir: vir à tona imergir: mergulhar emigrar: sair da pátria imigrar: entrar num país estranho para nele morar enfestar: exagerar, roubar no jogo, entediar infestar: causar danos esperto: ativo, inteligente, vivo experto: perito, entendido espiar: observar, espionar expiar: sofrer castigo estático: fi rme, imóvel extático: admirado, pasmado estrato: tipo de nuvem extrato: resumo, essência fl agrante: evidente fragrante: perfumado fl uir: correr fruir: gozar, desfrutar fusível: aquele que funde fuzil: arma história: narrativa de fatos reais ou fi ctícios estória (origem inglesa): narrativas de fatos fi ctícios incerto: impreciso inserto: introduzido, inserido incipiente: principiante insipiente: ignorante infl ação: desvalorização do dinheiro infração: violação, transgressão infl igir: aplicar pena infringir: violar, desrespeitar intercessão: ato de interceder, de intervir interseção/intersecção: ato de cortar laço: nó lasso: frouxo, gasto, bambo, cansado, fatigado lista: relação, rol listra: risca, traço mal: antônimo de bem mau: antônimo de bom mandado: ordem judicial mandato: procuração ótico: relativo ao ouvido óptico: relativo à visão paço: palácio passo: passada peão: aquele que anda a pé pião: brinquedo procedente: proveniente, oriundo precedente: antecedente prescrito: estabelecido proscrito: desterrado, emigrado recrear: divertir, alegrar recriar: criar novamente ruço: grisalho, desbotado russo: da Rússia sexta: numeral cesta: utensílio de transporte sesta: descanso depois do almoço sortir: abastecer surtir: produzir efeito tacha: pequeno prego taxa: tributo tachar: censurar, pôr defeito

taxar: estipular tráfego: movimento, trânsito tráfi co: comércio lícito ou não vadear: passar ou atravessar a pé ou a cavalo vadiar: vagabundear vale: acidente geográfi co vale: recibo vale: do verbo valer viagem: substantivo: a viagem viajem: forma verbal: que eles viajem vultoso: volumoso vultuoso: atacado de congestão na face xácara: narrativa popular em verso chácara: pequena propriedade campestre

EXERCÍCIOS01. Escolha, entre as alternativas, a que propõe a substitui-ção dos termos ou expressões em destaque, sem que haja alteração do sentido da sentença apresentada abaixo.“Parecia estar prestes a acontecer a desclassifi cação, pois os jogadores demonstraram usar métodos pouco sá-bios na realização dos preparativos fi nais para a partida decisiva.”a) eminente - incípios - concecussão. b) eminente - insipientes - consequência. c) iminente - insipientes - consecução.d) eminente - insípidos - concecussão.

02. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas das frases:1. Ontem houve uma violenta ___________ de caminhões.2. O ladrão foi apanhado em ___________. 3. O artigo ________ na Revista científi ca foi premiado.4. Ponto é a ___________ de duas linhas.5. O aluno perdeu o _________ de ridículo.a) coalizão - fragrante - inserto - intercessão - censo.b) colisão - fl agrante - inserto - interseção - senso. c) coalizão - fl agrante - incerto - intercessão - senso.d) coalisão - fragrante - incerto - interseção - censo.

03. A linguagem científi ca busca fi xar na signifi cação das pa-lavras:a) O signifi cado denotativo;b) O signifi cado polissêmico;c) O signifi cado conotativo;d) O signifi cado fi gurado;e) NDA.

04. Observando as palavras em maiúsculas, assinale o único item em que não temos um par de termos denotativo/cono-tativo:a) QUEBREI O COPO / O Presidente QUEBROU o protocolo.b) A CHAVE não abriu a porta / Eis a CHAVE do problema.c) Os bandeirantes buscaram OURO / Tinha coração de OURO.d) Os fi lhos não aceitavam a MADRASTRA / A MADRASTRA deles é jovem.e) NDA.

05. Verifi que, com ajuda do dicionário, se algum item apre-senta erro de SINONÍMIA na correspondência de signifi cado da palavra em maiúscula.a) Refutar o argumento: contestar.b) Elucidar a dúvida: esclarecer.c) Eivar de erros: limpar.d) Efusivos cumprimentos: expansivos.e) NDA.

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06. Verifi que se ocorre algum erro na correspondência entre a frase à direita e seu sinônimo numa única palavra à esquerda.a) Que não se pode ler: ilegível.b) Que não tem movimento próprio: inerte.c) Que não tem meios de defesa: inerme.d) Que não tem sabor: insípido.e) NDA.

07. Idem, para:a) Aquele que deixou uma comunidade - egresso.b) Aquele que pode ser eleito - elegível.c) Aquilo que não provoca efeito - inócuo.d) Aquilo que não tem cheiro - insosso.e) NDA.

08. Assinale, se ocorrer, o item em que se ERROU no sinôni-mo da palavra à direita.a) Infenso a bebidas: hostil.b) Morrer de inanição: por falta de alimentos.c) Habilidade inata: congênita. d) Trabalho profícuo: proveitoso.e) NDA.

09. Verifi que se houve ERRO ou não na correspondência en-tre a palavra em maiúscula à esquerda e seu antônimo à direita. a) Parecer ADVERSO / favorável.b) Palavras VERAZES / falsas.c) Homem TACITURNO / alegre.d) Comportamento EXECRÁVEL / fi rme.e) NDA.

10. Idem, para:a) INCLUIR uma correção / excluir.b) Recursos EXAURÍVEIS / inexauríveis.c) Homem PROBO / ímprobo.d) Clima TÍPICO / atípico.e) NDA.

11. Na frase EMERGIR das águas, o item que indica o ANTÔ-NIMO da frase é:a) Imergir nas águas.b) Convergir nas águas.c) Insugir-se contra as águas.d) Divergir das águas.e) NDA.

12. Verifi que se ocorre em alguns dos itens um antônimo da palavra em maiúscula na frase ao lado: Era um orador LOQUAZ.a) Mordaz.b) Voraz.c) Calado.d) Insanoe) NDA.

GABARITO01. c 02. b 03. a 04. d 05. c 06. e

07. d 08. e 09. d 10. e 11. a 12. c

ANOTAÇÕES

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Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação ou composição textual. Basicamente, existem três tipos de redação: narração (base em fatos), descrição (base em carac-terização) e dissertação (base em argumentação).

Talvez a maneira mais simples de defi nir a noção de texto seja dizer que é uma unidade de linguagem, de extensão variável, produzida a partir de um determinado contexto ou situação, que visa comunicar uma mensagem, através de um meio, de um locutor ou sujeito a um interlocutor ou receptor. Para isso, é utilizado um código comum aos interlocutores (locutor e re-ceptor). Perceba que nessa defi nição houve referência a todos os elementos da comunicação, pois a existência de qualquer texto, seja oral, escrito ou visual, supõe todos os seis elemen-tos da comunicação.

Elaboramos bilhetes, cartas, telegramas, respostas de ques-tões discursivas, contos, crônicas, romances, artigos, mono-grafi as, descrições, narrações, dissertações, e-mails, enfi m, várias modalidades de redação. Seja qual for a modalidade redacional, a criação de um texto envolve conteúdo (nível de ideias, mensagem, assunto), estrutura (organização e dis-tribuição adequada das ideias), linguagem (expressividade, seleção de vocabulário) e gramática (adequação à norma pa-drão da língua).

Geralmente, as modalidades redacionais aparecem combina-das entre si, vamos, inicialmente, procurar defi nir os três tipos básicos.

DESCRIÇÃO

A descrição procura apresentar, com palavras, a imagem de seres animados ou inanimados captados através dos cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato e gustação). A caracteri-zação desses entes obedece a uma delimitação espacial.

Elementos predominantes na descrição:a) Frases nominais (sem verbo) ou orações em que predomi-nam verbos de estado (ser, estar, parecer etc.).b) Frases enumerativas.c) Adjetivação, qualifi cando nomes.d) Figuras de linguagem: recursos expressivos, em linguagem co-notativa, como metáfora, metonímia, prosopopeia, sinestesia etc.e) Referências às sensações, ou seja, as percepções visuais, auditivas, gustativas, olfativas e táteis.

NARRAÇÃO

A narração constitui uma sequência temporal de ações desen-cadeadas por personagens envoltas numa trama que culmina num clímax e se esclarece no desfecho.

Narrar, portanto, é contar uma história (real ou fi ctícia). O fato narrado apresenta uma sequência de ações envolvendo personagens no tempo e no espaço.

São exemplos de narrativas a novela, o romance, o conto, uma peça de teatro, a crônica, uma notícia de jornal, uma piada, um poema, uma letra de música, uma história em qua-drinhos, desde que apresentem uma sucessão de aconteci-mentos. Convencionalmente, o enredo da narração pode ser assim estruturado:a) exposição (apresentação das personagens e/ou do cenário e/ou da época);b) desenvolvimento (desenrolar dos fatos apresentando com-plicação e clímax) e;c) desfecho ou desenlace (arremate da trama).

Entretanto, há diferentes possibilidades de se compor uma trama, seja iniciá-la pelo desfecho, construí-la apenas através de diálogos, ou mesmo fugir ao nexo lógico de episódios, ou seja, construir uma história que não está adequada à realida-de, mas que está adequada a uma lógica que lhe é própria. Como exemplo disso, tem-se o seguinte excerto:

“A safra pertenceu originalmente a um sultão que mor-reu em circunstâncias misteriosas, quando uma mão saiu de seu prato de sopa e o estrangulou. O proprietário seguinte foi um lorde inglês, o qual foi encontrado certo dia, fl orindo maravilhosamente numa jardineira. Nada se soube da joia durante algum tempo. Então, anos depois, ela reapareceu na posse de um milionário texano que se incendiou enquanto escovava os dentes.”

Woody Allen. Sem Plumas.

Elementos básicos da narração:a) Enredo (ação), personagem, tempo e espaço.b) Foco narrativo (de 1ª ou 3ª pessoa) que é a perspectiva a partir da qual se conta a história.c) Os discursos (direto, indireto ou indireto livre) representam a fala da personagem.

DISSERTAÇÃO

Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado as-sunto. É discutir essas ideias, analisá-las e apresentar provas que justifi quem e convençam o leitor da validade do ponto de vista de quem as defende.

Dissertar é um exercício cotidiano e você o utiliza toda vez que discute com alguém, tentando fazer valer sua opinião sobre qualquer assunto, por exemplo, futebol, política etc. Isso porque o pensar, a capacidade de refl exão, é uma prá-tica permanente da nossa condição de seres sociais, cujas ideias são debatidas e veiculadas através da comunicação linguística. Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica situações diversas, questionando a realidade e nossas posi-ções diante dela.

99 TIPOLOGIA TEXTUALTIPOLOGIA TEXTUAL(COERÊNCIA E COESÃO)(COERÊNCIA E COESÃO)

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A adequada expressão do conteúdo da dissertação exige o encadeamento das ideias. Assim, para se redigir um texto dissertativo é indispensável:

- Criticidade: exame e discussão crítica do assunto, por meio de argumentos convincentes, gerados pelo acervo de conhecimentos pessoais adquiridos através de pesquisas bi-bliográfi cas, leituras e experiências. É um processo de análise e síntese.

- Clareza das ideias: vocabulário preciso, objetivo e coe-rente às ideias expostas. O aprimoramento da linguagem e a diversidade vocabular são fundamentais para adequar ideias e palavras. Essa capacidade se adquire através do hábito de leitura, de escrita e de pesquisas em dicionários e gramáticas.

- Unidade: o texto deve desenvolver-se em torno de um as-sunto. As ideias que lhe são pertinentes devem suceder-se em ordem lógica. Não deve haver redundância nem porme-nores desnecessários. Como não é possível esgotar um tema, a redação impõe certos limites e é preciso saber escolher os aspectos a serem desenvolvidos. Em vista disso, é muito im-portante que, antes de começar sua dissertação, você saiba delimitar o tema a ser explorado, selecionando os aspectos que achar mais relevantes ou aqueles que conheça melhor. A delimitação ajuda a pôr em ordem nossas ideias.

- Coerência: deve haver associação e correlação das ideias na construção dos períodos e na passagem de um parágra-fo a outro. Os elementos de ligação, tais como conjunções, pronomes relativos, pontuação etc., são indispensáveis para entrosar orações, períodos e parágrafos.

- Organização dos parágrafos: não deve haver fragmenta-ção da mesma ideia em vários parágrafos, nem apresentação de muitas ideias num só parágrafo. A sequência dos pará-grafos deve ser coerente e articulada. A transição entre os parágrafos deve ser adequada, quer pelas relações em nível das ideias, quer pelo uso de palavras e expressões de ligação.

Embora a capacidade de pensar, portanto a capacidade dis-sertativa, seja própria de nossa condição de homens, ela é limitada, em geral, por nossas condições de vida. Temos nos distanciado da paixão de pensar, de compreender, de questio-nar - de modo livre e lúcido, organizado e produtivo - nossa realidade. Como encaminhar o pensamento para conquistar o conhecimento de forma organizada e coerente?

Suponhamos que devemos redigir um texto dissertativo sobre um determinado assunto, já realizamos uma pesquisa biblio-gráfi ca, porém nos encontramos em difi culdade para começar a escrever de forma organizada. Para que nosso trabalho seja encaminhado, vamos utilizar a TÉCNICA DA DÚVIDA:

1º passo: Transformar o tema em interrogação.

2º passo: Responder à interrogação de forma natural (se já estamos informados sobre o assunto, conseguimos tirar dessa resposta nossa posição ou ponto de vista).

3º passo: Por que pensamos assim? Tentar justifi car nossa posição (desse questionamento extraímos nosso argumento principal).

4º passo: Procurar fazer anotações de ideias e exemplos re-lacionados ao tema, à posição e ao argumento principal, que

poderão ser utilizados como argumentos auxiliares, coadju-vantes na sustentação de nossa posição e convencimento do receptor de nosso texto.

5º passo: Tentar se colocar na posição contrária, o que pensa e como se justifi ca quem assume posições diferentes da nos-sa (lembre-se que toda dissertação supõe debate, discussão, há, portanto, diálogo, explícito ou implícito com outros conhe-cedores do assunto sobre o qual estamos escrevendo). Daqui tiramos os argumentos contrários aos nossos.

6º passo: Confrontar os nossos argumentos com os argumen-tos contrários. Será que nossos argumentos são realmente melhores? Será que são convincentes?

7º passo: Tentar encontrar novos argumentos para refutar os argumentos contrários à nossa posição.

CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE

COERÊNCIA A coerência é um processo global responsável pela formação do sentido que garante a compreensibilidade de um texto, não havendo uma continuidade de sentido, o texto torna-se inco-erente. Ela dá textura à sequência linguística, entendendo-se por textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência linguística em texto e não em um amontoado de palavras. A sequência é percebida como texto quando aquele que o recebe é capaz de percebê-lo como uma unidade signifi cativa global.

A coerência abrange, além da coesão textual, outros fatores de ordem diversas, tais como, elementos linguísticos, conhe-cimento de mundo, conhecimento partilhado, situacionalidade, informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabi-lidade. Os elementos linguísticos funcionam como pistas para ativar o conhecimento de mundo e dizem respeito à relação que se estabelece entre o texto e o seu contexto. Esses ele-mentos são necessários para se obter a coerência mas não são os únicos responsáveis para dar o signifi cado a uma narrativa.

A situacionalidade refere-se ao conjunto de fatores que tornam um texto essencial em uma situação de comunicação corrente ou passível de ser constituída. Tanto a intencionali-dade como a aceitabilidade são fatores que se constituem através do princípio de cooperação entre os interlocutores, pois quem produz um texto tem sempre a intenção de que este seja compreendido, e quem o recebe espera que o mesmo faça sentido. Já a informatividade diz respeito ao grau de novida-de e previsibilidade contidos em um texto, podendo, por isso, difi cultar ou facilitar a compreensão do texto. A intertextua-lidade – como já foi falado anteriormente – envolve as diver-sas maneiras pelas quais a produção e recepção de um texto dependem do conhecimento prévio de outros textos por parte dos interlocutores, ou seja, está relacionado aos fatores que tornam a utilização de um texto dependente de um ou mais textos previamente existentes.

Um texto coerente deve apresentar:

1. Repetição: Diz respeito à necessária retomada de elemen-tos no decorrer do discurso. Um texto coerente tem unidade, já que nele há a permanência de elementos constantes no seu desenvolvimento. Um texto que trate a cada passo de assuntos

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diferentes sem um explícito ponto comum não tem continuida-de. Um texto coerente apresenta continuidade semântica na retomada de conceitos, ideias. Isto fi ca evidente na utilização de recursos linguísticos específi cos como pronomes, sinônimos, hipônimos, hiperônimos etc. Os processos coesivos de continui-dade só se podem dar com elementos expressos na superfície textual; um elemento coesivo sem referente expresso, ou com mais de um referente possível, torna o texto mal-formulado.

2. Progressão: O texto deve retomar seus elementos con-ceituais e formais, mas não deve limitar-se a isso. Deve, sim, apresentar novas informações a propósito dos elementos men-cionados. Os acréscimos semânticos fazem o sentido do texto progredir. No plano da coerência, percebe-se a progressão pela soma das ideias novas às que já foram apresentadas. Há mui-tos recursos capazes de conferir sequenciação a um texto.

3. Não contradição: um texto precisa respeitar princípios ló-gicos elementares. Não pode afi rmar A e o contrário de A . Suas ocorrências não podem se contradizer, devem ser compatíveis entre si e com o mundo a que se referem, já que o mundo textual tem que ser compatível com o mundo que representa. Esta não contradição expressa-se nos elementos linguísticos, no uso do vocabulário, por exemplo. Em redações escolares, costuma-se encontrar palavras que não condizem com os sig-nifi cados pretendidos.

4. Relação: um texto articulado coerentemente possui relações estabelecidas, fi rmemente, entre suas informações, e essas têm a ver umas com as outras. A relação em um texto refere-se à for-ma como seus conceitos se encadeiam, como se organizam, que papéis exercem uns em relação aos outros. As relações entre os fatos têm que estar presentes e serem pertinentes.

COESÃO

“A coesão não nos revela a signifi cação do texto; revela-nos a construção do texto enquanto edifício semântico.”

M. Halliday

A metáfora acima representa de forma bastante efi caz o sen-tido de coesão, ao compará-la às partes bem “amarradas” que compõem a estrutura de um edifício. As várias partes de uma frase devem se apresentar bem conectadas para que o texto cumpra sua função primordial – veículo entre o seu articulador e seu leitor.

Portanto, coesão é essa “amarração” entre as várias partes do texto, ou seja, o entrelaçamento signifi cativo entre declarações e sentenças.

Vejam, pode-se dizer: Procurei Túlio, mas ele havia partido.

Porém, não se pode dizer: Mas ele havia partido. Procurei Túlio.

Observe que a sequência lógica das orações presentes em:

“Procurei Túlio” e depois “Mas ele havia partido.”

O pronome “ele” retoma o substantivo e a conjunção “mas” estabelece a oposição entre as duas orações.

Existem, em nossa língua, dois tipos de coesão: a lexical e a gramatical.

• A coesão lexical é obtida pelas relações de sinônimos ou quase sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos e formas re-duzidas.

• Já a coesão gramatical é conseguida a partir do empre-go adequado de pronomes, adjetivos, pronomes substantivos, pronomes pessoais de 3ª pessoa, elipse, determinados advér-bios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.

MECANISMOS DE COESÃO LEXICAL

• A repetição lexical consiste na reiteração de um termo ou termos de uma mesma família lexical.

• A sinonímia baseia-se na substituição de um termo por outro ou por uma expressão que possua equivalência de signifi cado.

• O campo semântico baseia-se no emprego de termos que pertencem a um repertório associado a uma realidade, uma ciência, um estudo, isto é, termos que designam seres afi ns.

Observe no texto abaixo exemplos desses três mecanismos destacados conforme a legenda: – Negrito - repetição lexical;– Sublinhado - campo semântico;– Maiúscula - sinonímia.

Verde, vermelho, esquerda, direita

“O mundo gira, o tempo passa, e lá vem ela de novo: a teoria de que o aquecimento global é uma farsa monta-da por ex-comunistas desocupados. Então vamos às considerações. O problema é que essa hipótese não faz o menor sentido do ponto de vista político.

É comum ouvir a ideia de que o ambientalismo nada mais é do que o refúgio da esquerda após a queda do muro de Berlim. No repertório conservador pós-1989, dizer que “o verde é o novo vermelho” já virou piada velha. Continua sendo repetida, talvez consequência de a extrema direita europeia e americana ter perdido seu “inimigo de estima-ção” – os estados comunistas de regime ditatorial – do que de um verdadeiro acolhimento da causa ambien-talista pela esquerda.

Em primeiro lugar, porque o ideal socialista de igualdade e justiça não caiu com o muro. O colapso do comunis-mo na EUROPA livrou muitos povos de ditadores cruéis, mas não solucionou desigualdades sociais e regionais, nem mesmo na Alemanha. A esquerda europeia, portanto, pode até acabar por incompetência eleitoral, mas não por falta de injustiças contra as quais lutar. Ela abraçou a causa verde, mas não a tem como um de seus eixos ideológicos centrais.

Fora do VELHO MUNDO, mesmo que alguns grupos de orientação socialista abracem questões como a preser-vação da Amazônia, isso só ocorre em casos onde há favorecimento mútuo. Quem quiser um contraexemplo doméstico pode achá-lo nas altas taxas de desmate em as-sentamentos do Movimento Sem-terra. Quem quiser algo do outro lado do mundo que tente achar um boto chinês no rio Amarelo.

Em segundo lugar, a maior questão ambiental em pauta hoje, o aquecimento global, já têm pontuado o discurso de alguns cardeais do Partido Republicano nos EUA, como Arnold Schwarzenegger. O último candidato a presidente pela sigla, John McCain, foi autor do primeiro projeto de lei do país para reduzir emissões de gases do efeito estufa.

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Já na Europa a causa tem sido defendida por líderes como Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, que a direita já deve estar vendo como “perigosos comunistas”. Um trabalho do economista Nicholas Stern sob encomenda do ex-premiê britânico Tony Blair, pode ter algo a ver com essa “guinada à esquerda”, já que projeta expressivas perdas econômicas advindas do impacto da mudança climática. Stern, aliás, foi um dos grandes responsáveis por ajudar a transpor o debate ambiental da política para a economia.

Nos EUA, a bandeira dos céticos do clima foi então aban-donada fi nalmente aos órfãos da administração Bush e ao lobby emissor de CO2. Alguns ainda fazem água no Con-gresso, difi cultando a aprovação da nova lei do país para reduzir emissões. Forçaram Barack Obama a entrar um cenário de impasse para atrasar o novo acordo global do clima. Tudo foi combinado com... o governo comunista chinês!

Na Europa, a negação do aquecimento global acabou nas mãos de uma extrema direita que já não tem força para soprar suas ideias políticas para além mar. Recorrendo à xenofobia como eixo de agrupamento ideológico regional, fi cou difícil fazer discurso fora do VELHO CONTINENTE. Nessas situações, é melhor tentar mudar de assunto. Falar de ambiente pode ser uma boa escolha, caso seja possível atribuir rótulo ideológico à causa verde. Mas está difícil.

Ao que parece, a tática só convence os portadores de ca-sos mais graves de daltonismo intelectual. Para quem sofre desse mal, tudo o que não é cinza aparece em tons de vermelho. Se houver muita gente assim, a teoria de que o aquecimento global é uma conspiração de esquerda pode até se espalhar. Fenômenos físicos como o efeito estufa, porém, não seguem orientação ideológica.”

Rafael Garcia. In: http://laboratorio.folha.blog.uol.com.br/arch2009-11-29_2009-12-05.html#2009_12-03_15_33_55-137758372-0

MECANISMOS DE COESÃO GRAMATICAL

• Os pronomes pessoais são palavras que têm sua carga signifi cativa plena apenas quando os realacionamos a um subs-tantivo (já citado anteriormente ou que ainda será citado). Isso signifi ca que um pronome nunca tem autonomia e, por se relacionar a outro termo, torna-se peça fundamental na arqui-tetura, na “amarração” deu um texto:

O mundo mais parece uma caixinha de surpresas. Ele vive nos pregando peças. (O pronome ele refere-se ao termo antecedente: mundo)

• Os pronomes possessivos associam a ideia de posse às pessoas do discurso, relacionando a coisa possuída com a pes-soa do possuidor.

“Em seu programa semanal Café com o Presidente, Lula ressaltou que a decisão de prorrogar até junho de 2010 as desonerações em setores como a linha branca serve para incentivar que o povo continue comprando, além de fomentar a produção.”

• Pronomes relativos, além de retomarem um termo an-tecedente, em geral introduzem uma oração subordinada e desempenham função sintática nessa oração. O emprego in-correto de pronomes relativos (que, o qual, cujo) desestrutura por completo um texto:

“A terceira é uma parte da crise da qual não vamos es-capar: mudar de rumo no que diz respeito às estratégias produtivas, para mitigar as mudanças climáticas.”

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u663630.shtml

• Os pronomes demonstrativos, no contexto textual, re-lacionam-se a uma pessoa do discurso, fazendo referência ao substantivo que preenche o signifi cado dela, e indicam a posi-ção do substantivo em relação ao que se declara dele:

“Ampliar a rede universal de serviços sociais, ou seja, de educação, saúde, saneamento e, quem sabe, habitação popular, porque esses atuam no bem-estar da população sem a mediação do mercado.”

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u663630.shtml

Há muitas coisas a serem consideradas. Essas fazem grande diferença nos momentos de decisão.

• Os pronomes indefi nidos são aqueles que se referem à terceira pessoa do discurso de modo impreciso, indeterminado, genérico:

É difícil entender o que se passa de um lado quando se está do outro.

Muito cuidado na hora de usar os pronomes nos textos. Como são palavras que têm signifi cado somente quando associados a seus referentes, é preciso buscar sempre a associação cer-ta, pois muitas vezes a distância entre referente e pronome pode gerar ambiguidades.

• Os conectivos - conjunções e preposições - são responsá-veis pela ligação de elementos linguísticos (palavras, frases, orações, períodos), podendo carregar ou não signifi cado para as relações que fazem. As conjunções, assim como as prepo-sições, não desempenham função sintática, o que ressalta seu papel de elementos conectores:

“Sobre a queda do voo 447, a investigação francesa in-dicou que os controladores brasileiros tentaram passar o monitoramento do voo para os senegaleses, mas não ti-veram resposta imediata. Não foi a causa da queda, como Lula fez questão de dizer, mas, segundo a apuração fran-cesa, pode ter retardado o início das buscas.”

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u664681.shtml

Nas duas situações em que a conjunção mas foi usada, vemos que ela introduz uma oração que faz oposição à ideia da oração anterior, relacionando-as.

Observe um caso de escolha inadequada da conjunção: “Em-bora o Brasil seja um país de grandes recursos naturais, tenho certeza de que resolveremos o problea da fome”.

Veja que não existe a relação de oposição ou a ideia de con-cessão que justifi caria a conjunção EMBORA. Como a relação é de causa-efeito, deveria ter sido usada uma conjunção cau-sal: “Como o Brasil é um país de grandes recursos naturais, tenho certeza de que resolveremos o problea da fome”.

Para que problemas desse tipo não aconteçam em suas re-dações, acostume-se a relê-las, observando se suas pala-vras, orações e períodos estão adequadamente relaciona-dos.

DELTAMO, Dileta. Escrevendo Melhor. Ed. Ática, 1995.

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Conectivos ou elementos de coesão são todas as palavras ou expressões que servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso, tais como: então, portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, dessa forma, isto é, embora e tantas outras. Veja o exemplo:

Israel possui um solo árido e pouco apropriado à agricultura, porém chega a exportar certos produtos agrícolas.

No caso, faz sentido o uso do porém, já que entre os dois segmentos ligados existe uma contradição. Seria descabido permutar o porém pelo porque, que serve para indicar causa.

Relação dos principais elementos de coesão:

ASSIM, DESSE MODO: têm um valor exemplifi cativo e complementar. A sequência introduzida por eles serve normalmente para explicitar, confi rmar ou ilustrar o que se disse antes. Ex.: O Governador resolveu não comprometer-se com nenhuma das facções em disputa pela liderança do partido. Assim, ele fi cará à vontade para negociar com qualquer uma que venha a vencer. E: anuncia o desenvolvimento do discurso e não a repetição do que foi dito antes; indica uma progressão que adiciona, acrescenta, algum dado novo. Se não acrescentar nada, constitui pura repetição e deve ser evitada.Ex.: Tudo permanece imóvel e fi ca sem se alterar.

AINDA: serve, entre outras coisas, para introduzir mais um argumento a favor de determinada conclusão, ou para incluir um elemento a mais dentro de um conjunto qualquer. Ex.: O nível de vida dos brasileiros é baixo porque os salários são pequenos. Convém lembrar ainda que os serviços públicos são extremamente defi cientes.

ALIÁS, ALÉM DO MAIS, ALÉM DE TUDO, ALÉM DISSO: introduzem um argumento decisivo, apresentado como acréscimo, como se fosse desnecessário, justamente para dar o golpe fi nal no argumento contrário. Ex.: Os salários estão cada vez mais baixos porque o processo infl acionário diminui consideravelmente seu poder de compra. Além de tudo são considerados como renda e taxados com impostos. ISTO É, QUER DIZER, OU SEJA, EM OUTRAS PALAVRAS: introduzem esclarecimentos, retifi cações ou desenvolvimento do que foi dito anteriormente. Ex.: Muitos jornais, fazem alarde de sua neutralidade em relação aos fatos, isto é, de seu não comprometimento com nenhuma das forças em ação no interior da sociedade.

MAS, PORÉM E OUTROS CONECTIVOS ADVERSATIVOS: marcam oposição entre dois enunciados ou dois segmentos do texto. Não se podem ligar, com esses relatores, segmentos que não se opõem. Às vezes, a oposição se faz entre signifi cados implícitos no texto. Ex.: Choveu na semana passada, mas não o sufi ciente para se começar o plantio.

EMBORA, AINDA QUE, MESMO QUE: são relatores que estabelecem ao mesmo tempo uma relação de contradição e de concessão. Servem para admitir um dado contrário

para depois negar seu valor de argumento. Trata-se de um expediente de argumentação muito vigoroso: sem negar as possíveis objeções, afi rma-se um ponto de vista contrário. Ex.: Ainda que a ciência e a técnica tenham presenteado o homem com abrigos confortáveis, pés velozes como o raio, olhos de longo alcance e asas para voar, não resolveram o problema das injustiças. (Como se nota, mesmo concedendo ou admitindo as grandes vantagens da técnica e da ciência, afi rma-se uma desvantagem maior.)

O uso do embora e conectivos do mesmo sentido pressupõe uma relação de contradição, que, se não houver, deixa o enunciado descabido.

Certos elementos de coesão servem para estabelecer grada-ção entre os componentes de uma certa escala. Alguns, como mesmo, até, até mesmo, situam alguma coisa no topo da escala; outros, como ao menos, pelo menos, no mínimo, situam-na no plano mais baixo. Ex.: O homem é ambicioso. Quer ser dono de bens materiais, da ciência, do próprio semelhante, até mesmo do futuro e da morte.

É preciso garantir ao homem seu bem-estar: o lazer, a cultura, a liberdade, ou, no mínimo, a moradia, o alimento e a saúde.

• Os advérbios dão as coordenadas sobre a localização no es-paço e no tempo dos elementos a que se referem e que podem aparecer no contexto textual:

A casa de campo fi ca a 30 km daqui. Amanhã sairemos cedo e logo estaremos lá.

• Os ordenadores, como em resumo, por um lado, daí, então, para começar etc., encarregam-se da organização das informa-ções no texto:

“Pode até acontecer, mas é tolice ver no Chile-2009 uma espécie de espelho do Brasil-2010.

Primeiro porque situações de um país não podem, jamais, ser mecanicamente transplantadas para outro. Menos ain-da no caso do Chile, um dos dois únicos países sul-ameri-canos (o outro é o Uruguai) em que o sistema partidário não implodiu nem durante nem depois das ditaduras em cada um deles.

Segundo, ao contrário do governismo brasileiro, entrin-cheirado atrás de Lula e de sua candidata, o governismo chileno se dividiu em duas candidaturas: há a ofi cial, do ex-presidente Eduardo Frei, democrata-cristão, e a há a alternativa, de Marco Enríquez-Ominami, um socialista que discordou do processo de escolha do candidato da Con-certación, a coligação DC-PS, e lançou-se como indepen-dente.”

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u665440.shtml

O IMPLÍCITOHá dois tipos de implícitos: os pressupostos e os subentendidos.

• Os pressupostos são ideias que não aparecem explicita-mente em um enunciado, mas decorrem do sentido de certas palavras ou expressões pertencentes a este.Exemplo: “João continua doente”.

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Esta frase nos traz o pressuposto de que João já estava doente antes. O sentido do verbo “continuar” nos permite dizer isso.

“O médico atendeu ao seu primeiro cliente”.

O adjetivo “primeiro” revela o pressuposto de que o médico não havia atendido ninguém ainda.Há algumas palavras que geralmente servem de marcadores e pressupostos:A) adjetivos (ou palavras e expressões com valor adjetivo). Ex.: Aquela é a moça mais feia da festa. Pressuposto: há outras moças na festa que não são tão feias como aquela.B) certos verbos. Ex.: Juliana parou de fumar. Pressuposto: Juliana fumava antes.C) certos advérbios. Ex.: O governo está pensando somente em reeleição. Pressuposto: o governo não está pensando em mais nada.

• Enquanto os pressupostos decorrem de alguma palavra contida na frase, não podendo, por isso, serem negados, o subentendido é uma insinuação que dependerá do ouvinte para ser consumado.Exemplo:“Nossa! São três horas da manhã!” – diz a dona de casa a um convidado chato que veio para jantar e esqueceu-se de ir embora.

Se esse convidado for realmente chato, ele poderá dizer para a dona da casa: “São só três horas da manhã e você já quer que eu vá embora?

Como o subentendido tem a vantagem de poder ser negado, a dona da casa poderá responder: “Imagine! Eu só queria dizer que ao seu lado o tempo passa voando!”.

Para entendermos melhor essas colocações, vamos trabalhar juntos o texto a seguir:

RECUPERAÇÃO E APREENSÃO DE INFORMAÇÃO

Interessa a todos saber que procedimento se deve adotar para se tirar o maior rendimento possível da leitura de um texto. Mas não se pode responder a essa pergunta sem an-tes destacar que não existe para ela uma solução mágica, o que não quer dizer que não exista solução alguma. Ge-nericamente, pode-se afi rmar que uma leitura proveitosa pressupõe, além do conhecimento linguístico propriamente dito, um repertório de informações exteriores ao texto, o que se costuma chamar de conhecimento de mundo. A título de ilustração, observe a questão seguinte, extraída de um concurso:

Às vezes, quando um texto é ambíguo, é o conhecimento de mundo que o leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma interpretação adequada do que se lê. Um bom exemplo é o texto que se segue:

As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas fi tas de sexo explícito. A decisão atende a uma portaria de dezembro de 1991, do Juizado de Menores, que proí-be que as casas de vídeo aluguem, exponham e vendam fi tas pornográfi cas a menores de 18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos pais.

Folha Sudeste, 6/6/92

É o conhecimento linguístico que nos permite reconhecer a ambiguidade do texto em questão (pela posição em que se situa a expressão sem a companhia ou autorização dos pais, pois permite a interpretação de que, com a companhia ou autorização dos pais, os menores podem ir a rodeios e mo-téis). Mas o nosso conhecimento de mundo nos adverte de que essa interpretação é estranha e só pode ter sido produ-zida por engano do redator. É muito provável que ele tenha tido a intenção de dizer que os menores estão proibidos de ir a rodeios sem a companhia ou autorização dos pais e de frequentarem motéis.

PROVA AFTN/2005

Assinale a opção em que a estrutura sugerida para preenchi-mento da lacuna correspondente provoca defeito de coesão e incoerência nos sentidos do texto.

A violência no País há muito ultrapassou todos os limites. ___1___ dados recentes mostram o Brasil como um dos paí-ses mais violentos do mundo, levando-se em conta o risco de morte por homicídio.

Em 1980, tínhamos uma média de, aproximadamente, doze homicídios por cem mil habitantes. ___2___, nas duas dé-cadas seguintes, o grau de violência intencional aumentou, chegando a mais do que o dobro do índice verifi cado em 1980 – 121,6% –, ___3___, ao fi nal dos anos 90 foi superado o patamar de 25 homicídios por cem mil habitantes. ___4___, o PIB por pessoa em idade de trabalho decresceu 26,4%, isto é, em média, a cada queda de 1% do PIB a violência crescia mais do que 5% entre os anos 1980 e 1990.

Estudos do Banco Interamericano de Desenvolvimento mos-tram que os custos da violência consumiram, apenas no setor saúde, 1,9% do PIB entre 1996 e 1997. ___5___ a vitimização letal se distribui de forma desigual: são, sobretudo, os jovens pobres e negros, do sexo masculino, entre 15 e 24 anos, que têm pago com a própria vida o preço da escalada da violência no Brasil.

(Adaptado de http://www.brasil.gov.br/acoes.htm)

a) 1 – Tanto é assim que b) 2 – Lamentavelmente c) 3 – ou seja d) 4 – Simultaneamente e) 5 – Se bem que

COMENTÁRIO: As lacunas no texto ocultam palavras e ex-pressões que atuam como conectores – ligam orações esta-belecendo relações semânticas entre os períodos. A banca sugere algumas opções de preenchimento.

Dessas, a única que não atende ao solicitado é a de número 5, uma vez que a expressão “Se bem que” deveria introduzir uma oração de valor concessivo, estabelecendo, assim, ideia contrária à que foi apresentada até então pelo texto.

Verifi ca-se, contudo, que o que se segue ratifi ca as informa-ções anteriores ao fornecer dados complementares às esta-tísticas sobre homicídios. Sendo aceita a sugestão da banca, a coerência textual seria prejudicada. Por isso, o gabarito é a opção E.

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EXERCÍCIOS01. Assinale a opção que preenche, de forma coesa e coeren-te, as lacunas do texto abaixo.

O fenômeno da globalização econômica ocasionou uma série ampla e complexa de mudanças sociais no nível interno e externo da sociedade, afetando, em especial, o poder regu-lador do Estado. _________________ a estonteante rapidez e abrangência _________ tais mudanças ocorrem, é preciso considerar que em qualquer sociedade, em todos os tempos, a mudança existiu como algo inerente ao sistema social.

(Adaptado de texto da Revista do TCU, nº82)a) Não obstante – com queb) Portanto – de quec) De maneira que – a qued) Porquanto – ao quee) Quando – de que

02. Marque a sequência que completa corretamente as lacu-nas para que o trecho a seguir seja coerente.

A visão sistêmica exclui o diálogo, de resto necessário numa sociedade ________ forma de codifi cação das relações sociais encontrou no dinheiro uma linguagem universal. A validade dessa linguagem não precisa ser questionada, ________ o sistema funciona na base de imperativos automáticos que ja-mais foram objeto de discussão dos interessados.

(Barbara Freytag, A Teoria Crítica Ontem e Hoje, pág. 61, com adaptações)

a) em que – posto queb) onde – em quec) cuja – já qued) na qual – todaviae) já que - porque

03. Leia o texto a seguir e assinale a opção que dá sequência com coerência e coesão.

Em nossos dias, a ética ressurge e se revigora em muitas áreas da sociedade industrial e pós-industrial. Ela procura no-vos caminhos para os cidadãos e as organizações, encarando construtivamente as inúmeras modifi cações que são verifi ca-das no quadro referencial de valores. A dignidade do indivíduo passa a aferir-se pela relação deste com seus semelhantes, muito em especial com as organizações de que participa e com a própria sociedade em que está inserido.

(José de Ávila Aguiar Coimbra – Fronteiras da Ética, São Paulo, Editora SENAC)

a) A sociedade moderna, no entanto, proclamou sua indepen-dência em relação a esse pensamento religioso predominante.b) Mesmo hoje, nem sempre são muito claros os limites entre essa moral e a ética, pois vários pensadores partem de con-ceitos diferentes.c) Não é de estranhar, pois, que tanto a administração pública quanto a iniciativa privada estejam ocupando-se de proble-mas éticos e suas respectivas soluções.d) A ciência também produz a ignorância na medida em que as especializações caminham para fora dos grandes contextos reais, das realidades e suas respectivas soluções.e) Paradoxalmente, cada avanço dos conhecimentos científi -cos, unidirecionais produz mais desorientação e perplexidade na esfera das ações a implementar, para as quais se pressu-põe acerto e segurança.

04. Assinale a opção que não constitui uma articulação coesa e coerente para as duas partes do texto.

O capital humano é a grande âncora do desenvolvimento na Sociedade de Serviços, alimentada pelo conhecimento, pela informação e pela comunicação, que se confi guram como peças-chave na economia e na sociedade do século XXI. _____________,no mundo pós-moderno, um país ou uma co-munidade equivale à sua densidade e potencial educacional, cultural e científi co-tecnológico, capazes de gerar serviços, in-formações, conhecimentos e bens tangíveis e intangíveis, que criem as condições necessárias para inovar, criar, inventar.

(Aspásia Camargo, “Um novo paradigma de desenvolvimento”)

a) Diante dessas considerações,b) É necessário considerar a ideia oposta de que,c) Partindo-se dessas premissas,d) Tendo como pressupostos essas afi rmações,e) Aceitando-se essa premissa, é preciso considerar que,

05. Assinale a opção que não representa uma continuação coesa e coerente para o trecho abaixo.

É preciso garantir que as crianças não apenas fi quem na es-cola, mas aprendam, e o principal caminho para isso, além de investimentos em equipamentos, é o professor. É preciso fazer com que o professor seja um profi ssional bem remune-rado, bem preparado e dedicado, ou seja, investir na cabeça, no coração e no bolso do professor.

a) Qualquer esforço dessa natureza já tem sido feito há mui-tos anos e comprovou que os resultados são irrelevantes, pois não há uma importação de tecnologia educacional.b) Tal investimento não custaria mais, em 15 anos, do que o equivalente a duas Itaipus.c) Esse esforço fi nanceiro custaria muito menos do que o que será preciso gastar daqui a 20 ou 30 anos para corrigir os desastres decorrentes da falta de educação.d) Isso custaria muitas vezes menos que o que foi gasto para criar a infraestrutura econômica.e) Um empreendimento dessa natureza exige como uma con-dição preliminar: uma grande coalizão nacional, entre parti-dos, lideranças, Estados, Municípios e União, todos voltados para o objetivo de chegarmos a 2022, o segundo centenário da Independência, sem a vergonha do analfabetismo.

(Adaptado de Cristovam Buarque, O Estado de S.Paulo)

06. Os trechos abaixo compõem um texto, mas estão desor-denados. Ordene-os para que componham um texto coeso e coerente e indique a opção correta.( ) O primeiro desses presidentes foi Getúlio Vargas, que sou-be promover, com êxito, o modelo de substituição de importa-ções e abriu o caminho da industrialização brasileira, colocan-do, em defi nitivo, um ponto fi nal na vocação exclusivamente agrária herdada dos idos da colônia.( ) O ciclo econômico subsequente que nos surpreendeu, sem dúvida, foi a modernização conservadora levada à prática pe-los militares, de forte coloração nacionalista e alicerçado nas grandes empresas estatais.( ) Hoje, depois de todo esse percurso, o Brasil é uma econo-mia que mantém a enorme vitalidade do passado, porém, há mais de duas décadas, procura, sem encontrar, o fi o para sair do labirinto da estagnação e retomar novamente o caminho do desenvolvimento e da correção dos desequilíbrios sociais, que se agravam a cada dia.

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( ) Com JK, o país afi rmou a sua confi ança na capacidade de realizar e pôde negociar em igualdade com os grandes in-vestidores internacionais, mostrando, na prática, que oferecia rentabilidade e segurança ao capital.( ) Em mais de um século, dois presidentes e um ciclo recente da economia atraíram as atenções pelo êxito nos programas de desenvolvimento.( ) Juscelino Kubitschek veio logo depois com seu programa de 50 anos em 5, tornando a indústria automobilística uma realidade, construindo moderna infraestrutura e promovendo a arrancada de setores estratégicos, como a siderurgia, o pe-tróleo e a energia elétrica.

(Emerson Kapaz, “Dedos cruzados” in: Revista Política Democrática nº 6, p. 39)

a) 1º - 2º - 4º - 5º - 6º - 3ºb) 2º - 3º - 5º - 1º - 4º - 6ºc) 2º - 5º - 6º - 4º - 1º - 3ºd) 5º - 2º - 4º - 6º - 3º - 1ºe) 3º - 5º - 2º - 1º - 4º - 6º

07. Indique a opção que completa com coerência e coesão o trecho a seguir.

Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos planos de reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do sis-tema de um país depende de suas condições econômicas,

a) subordina-se o problema pedagógico à questão maior da fi losofi a da educação e dos fi ns a que devem se propor as escolas em todos os níveis de ensino.b) é impossível desenvolver as forças econômicas ou de pro-dução sem o preparo intensivo das forças culturais.c) são elas as reais condutoras do processo histórico de arre-gimentação das forças de renovação nacional.d) o entrelaçamento das reformas econômicas e educacionais constitui fator de somenos relevância para o soerguimento da cultura nacional.e) às quais se associam os projetos de reorganização do siste-ma educacional com vistas à renovação cultural da sociedade brasileira.

GABARITO01. a 02. c 03. c 04. b

05. a 06. c 07. b

ANOTAÇÕES

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REDAÇÃO OFICIALREDAÇÃO OFICIAL

O QUE É REDAÇÃO OFICIALEm uma frase, pode-se dizer que redação ofi cial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações.

A redação ofi cial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi ciência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações ofi ciais.

Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que difi culte ou impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão.

Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração que remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de que se aponha, ao fi nal desses atos, o número de anos transcorridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no período republicano.

Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformi-dade, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações ofi ciais: elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.

Nesse quadro, fi ca claro também que as comunicações ofi ciais são necessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público).

Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações ofi ciais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a fi xação dos fechos para comunicações ofi ciais, regulados pela Portaria nº 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual.

Acrescente-se, por fi m, que a identifi cação que se buscou fazer das características específi cas da forma ofi cial de redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha a

criação – ou se aceite a existência – de uma forma específi ca de linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a redação ofi cial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases.

A redação ofi cial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à evolução da língua. É que sua fi nalidade básica – comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência particular, etc.

Apresentadas essas características fundamentais da redação ofi cial, passemos à análise pormenorizada de cada uma delas.

A IMPESSOALIDADE

A fi nalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação.

No caso da redação ofi cial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.

Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações ofi ciais decorre:a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes setores da Administração guardem entre si certa uniformidade;b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal;c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo temático das comunicações ofi ciais se restringe a questões que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom particular ou pessoal.

Desta forma, não há lugar na redação ofi cial para impressões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação ofi cial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora.

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A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para elaborar os expedientes ofi ciais contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impessoalidade.

A LINGUAGEM DOS ATOS E COMUNICAÇÕES OFICIAIS

A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e expedientes ofi ciais decorre, de um lado, do próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua fi nalidade. Os atos ofi ciais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes ofi ciais, cuja fi nalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade.

As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão difi cultada.

Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, refl ete de forma imediata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de si mesma para comunicar.

A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz da língua, a fi nalidade com que a empregamos.

O mesmo ocorre com os textos ofi ciais: por seu caráter impessoal, por sua fi nalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em que: a) se observam as regras da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação ofi cial decorre do fato de que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos os cidadãos.

Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e fi guras de linguagem próprios da língua literária.Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “padrão ofi cial de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações ofi ciais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a

utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.

A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.

FORMALIDADE E PADRONIZAÇÃO

As comunicações ofi ciais devem ser sempre formais, isto é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.

A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão exige que se atente para todas as características da redação ofi cial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos.

A clareza datilográfi ca, o uso de papéis uniformes para o texto defi nitivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padronização.

CONCISÃO E CLAREZA

A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto ofi cial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.

O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.

Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplifi cá-las; mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas.

A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi cial, conforme já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se defi nir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais características da redação ofi cial. Para ela concorrem:

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a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpreta-ções que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en-tendimento geral e por defi nição avesso a vocábulos de circu-lação restrita, como a gíria e o jargão;c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres-cindível uniformidade dos textos;d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos lin-guísticos que nada lhe acrescentam.

É pela correta observação dessas características que se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos ofi ciais, de tre-chos obscuros e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua correção.

Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domí-nio que adquirimos sobre certos assuntos em decorrência de nossa experiência profi ssional muitas vezes faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o signifi cado das siglas e abreviações e os conceitos específi cos que não possam ser dispensados.

A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão.

“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a má-xima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercus-são no redigir.

AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS

A redação das comunicações ofi ciais deve, antes de tudo, se-guir os preceitos explicitados anteriormente. Além disso, há características específi cas de cada tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe. Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalida-des de comunicação ofi cial: o emprego dos pronomes de tra-tamento, a forma dos fechos e a identifi cação do signatário.

PRONOMES DE TRATAMENTO BREVE HISTÓRIA DOS

PRONOMES DE TRATAMENTO

O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali1, após serem incorporados ao português, os pronomes la-tinos tu e vos, “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia su-perior. Prossegue o autor:

“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fi ngir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela própria. Assim apro-ximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e adotaram-se na hierarquia eclesiástica 1 SAID ALI, Manoel. Gramática secundária histórica da língua portuguesa . 3ª. ed. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1964. p. 93-94.

vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”2

A partir do fi nal do século XVI, esse modo de tratamento indi-reto já estava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas.

CONCORDÂNCIA COM OS PRONOMES DE TRATAMENTOOs pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indire-ta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refi ram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a ter-ceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.

Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a prono-mes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refe-re, e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.

EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTOComo visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular tradição. São de uso consagrado:Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:a) do Poder Executivo;Presidente da República;Vice-Presidente da República;Ministros de Estado3;Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;Ofi ciais-Generais das Forças Armadas;Embaixadores;Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial;Secretários de Estado dos Governos Estaduais;Prefeitos Municipais.

b) do Poder Legislativo:Deputados Federais e Senadores;Ministro do Tribunal de Contas da União;Deputados Estaduais e Distritais;Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.

c) do Poder Judiciário:Ministros dos Tribunais Superiores;Membros de Tribunais;

2 Id. Ibid.3 Nos termos do Decreto no 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, art. 28, parágrafo único, são Ministros de Estado, além dos titulares dos Ministérios: o Chefe da Casa Civil da Presidência da República, o Chefe do Gabinete de Segurança Insti-tucional, o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Advogado-Geral da União e o Chefe da Corregedoria-Geral da União.

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Juízes;Auditores da Justiça Militar.

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car-go respectivo:Excelentíssimo Senhor Presidente da República,Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fe-deral.

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Se-nhor, seguido do cargo respectivo:Senhor Senador,Senhor Juiz,Senhor Ministro,Senhor Governador.No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:A Sua Excelência o SenhorFulano de TalMinistro de Estado da Justiça70.064-900 – Brasília. DF

A Sua Excelência o SenhorSenador Fulano de TalSenado Federal70.165-900 – Brasília. DF

A Sua Excelência o SenhorFulano de TalJuiz de Direito da 10a Vara CívelRua ABC, no 12301.010-000 – São Paulo. SP

Em comunicações ofi ciais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação.

Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é:Senhor Fulano de Tal,(...)

No envelope, deve constar do endereçamento:Ao SenhorFulano de TalRua ABC, no 12370.123 – Curitiba. PR

Como se depreende do exemplo acima, fi ca dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É sufi ciente o uso do pronome de tratamento Senhor.

Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações.

Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnifi cência, em-pregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo:Magnífi co Reitor, (...)

Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são:Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O

vocativo correspondente é:Santíssimo Padre, (...)

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reveren-díssimo Senhor Cardeal, (...)

Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunica-ções dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssi-ma ou Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenho-res, Cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.

FECHOS PARA COMUNICAÇÕESO fecho das comunicações ofi ciais possui, além da fi nalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re-gulados pela Portaria nº 1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fi to de simplifi cá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de so-mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação ofi cial:a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re-pública:Respeitosamente,b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:Atenciosamente,

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró-prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.

IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIOExcluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Re-pública, todas as demais comunicações ofi ciais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da identifi cação deve ser a seguinte:

(espaço para assinatura)NOME

Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República(espaço para assinatura)

NOMEMinistro de Estado da Justiça

Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfi ra para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

O PADRÃO OFÍCIO

Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela fi nalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memoran-do. Com o fi to de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagra-mação única, que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas semelhanças.

PARTES DO DOCUMENTO NO PADRÃO OFÍCIOO aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes:a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede:

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Exemplos:Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MMEb) local e data em que foi assinado, por extenso, com ali-nhamento à direita:Exemplo:Brasília, 15 de março de 1991.

c) assunto: resumo do teor do documento:Exemplos:Assunto: Produtividade do órgão em 2002.Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.

d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é diri-gida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído tam-bém o endereço.

e) texto: nos casos em que não for de mero encaminha-mento de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:– introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empreguea forma direta;– desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;– conclusão, em que é reafi rmada ou simplesmente reapre-sentada a posição recomendada sobre o assunto.

Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.

Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estrutura é a seguinte:– introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do mo-tivo da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:

“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.”

ou“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa có-pia do telegrama no 12, de 1º de fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técnicas agríco-las na região Nordeste.”

– desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.

f) fecho (Techos para Comunicações);g) assinatura do autor da comunicação; eh) identifi cação do signatário (Identifi cação do Signatário).

FORMA DE DIAGRAMAÇÃOOs documentos do Padrão Ofícios4 devem obedecer à seguin-te forma de apresentação:4 O constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à mensa-gem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).

a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de cor-po 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman, poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser im-pressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 cm de largura;g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo,bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usadaapenas para gráfi cos e ilustrações;l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7x 21,0 cm;m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arqui-vo Rich Text nos documentos de texto;n) dentro do possível, todos os documentos elaborados de-vem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira:tipo do documento + número do documento + palavras-cha-ves do conteúdoEx.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”

AVISO E OFÍCIO

DEFINIÇÃO E FINALIDADE

Aviso e ofício são modalidades de comunicação ofi cial prati-camente idênticas. A única diferença entre eles é que o avi-so é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm como fi nalidade o tratamento de assuntos ofi ciais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares.

FORMA E ESTRUTURA

Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do pa-drão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o desti-natário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula.Exemplos:Excelentíssimo Senhor Presidente da RepúblicaSenhora MinistraSenhor Chefe de GabineteDevem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as se-guintes informações do remetente:– nome do órgão ou setor;– endereço postal;– telefone e endereço de correio eletrônico.

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MEMORANDO

DEFINIÇÃO E FINALIDADE

O memorando é a modalidade de comunicação entre unida-des administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminen-temente interna.

Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empre-gado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por determinado setor do serviço público.

Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do me-morando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e

pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comunicações, os des-pachos ao memorando devem ser dados no próprio documen-to e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplifi cado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que se historie o andamento da maté-ria tratada no memorando.

FORMA E ESTRUTURA

Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa.Exemplos:Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos

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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

DEFINIÇÃO E FINALIDADE

Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:a) informá-lo de determinado assunto;b) propor alguma medida; ouc) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.

Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado.

Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chama-da de interministerial.

FORMA E ESTRUTURA

Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão ofício (O Padrão Ofício). O anexo que acompa-nha a exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adiante.

A exposição de motivos, de acordo com sua fi nalidade, apre-senta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou submeta projeto de ato norma-tivo.

No primeiro caso, o da exposição de motivos que simples-mente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.

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Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes por seu autor, de-vem, obrigatoriamente, apontar:a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida ou do ato normativo proposto;b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alternativas existentes para equacioná-lo;c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual ato normativo deve ser editado para solucionar o pro-blema.

Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o se-guinte modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.

Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ou órgão equivalente) no , de de de 20 .

1. Síntese do problema ou da situação que reclama provi-dências

2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na medida proposta

3. Alternativas existentes às medidas propostas

Mencionar:• se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;• se há projetos sobre a matéria no Legislativo;• outras possibilidades de resolução do problema.

4. Custos

Mencionar:• se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orçamentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;• se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordi-nário, especial ou suplementar;• valor a ser despendido em moeda corrente.

5. Razões que justifi cam a urgência (a ser preenchido somen-te se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei que deva tramitar em regime de urgência)

Mencionar:• se o problema confi gura calamidade pública;• por que é indispensável a vigência imediata;• se se trata de problema cuja causa ou agravamento não tenham sido previstos;• se se trata de desenvolvimento extraordinário de situa-ção já prevista.

6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medida proposta possa vir a tê-lo)

7. Alterações propostas

Texto atual Texto proposto

8. Síntese do parecer do órgão jurídico

A falta ou insufi ciência das informações prestadas pode acar-retar, a critério da Subchefi a para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o exame ou se reformule a proposta.

O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição de ato normativo tem como fi nalidade:a) permitir a adequada refl exão sobre o problema que se bus-ca resolver;b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Executivo (v. 10.4.3.).c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.

Dessa forma, ao atender às questões que devem ser anali-sadas na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo com-plementam-se e formam um todo coeso: no anexo, encontra-mos uma avaliação profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado e suas cau-sas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de motivos fi ca, assim, reservado à demonstração da necessidade da provi-dência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o problema.

Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (no-meação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, re-versão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposenta-doria), não é necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos.

Ressalte-se que:– a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não dispensa o encaminhamento do parecer completo;– o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos comentários a serem ali incluídos.

Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a atenção aos requisitos básicos da redação ofi cial (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de linguagem) deve ser redobrada.

A exposição de motivos é a principal modalidade de comu-nicação dirigida ao Presidente da República pelos Ministros.

Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada no Diário Ofi cial da União, no todo ou em parte.

MENSAGEM

DEFINIÇÃO E FINALIDADE

É o instrumento de comunicação ofi cial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública; expor o plano de gover-

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no por ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de delibera-ção de suas Casas; apresentar veto; enfi m, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação.

Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministé-rios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação fi nal.

As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes fi nalidades:

a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen-tar ou fi nanceira.Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Consti-tuição, art. 64, §§ 1º a 4º). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência.

Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro Secre-tário da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput).

Quanto aos projetos de lei fi nanceira (que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anu-ais e créditos adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros do Congresso Nacional, e os res-pectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis fi nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5º), que comanda as sessões conjuntas.

As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame técnico, jurídico e econômico-fi nanceiro das matérias objeto das proposições por elas encaminhadas.

Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos ór-gãos interessados no assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da exposição de motivos do órgão onde se geraram (Exposição de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de encaminha-mento ao Congresso.

b) encaminhamento de medida provisória.Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da República encaminha mensagem ao Congres-so, dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secre-tário do Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação de Documentação da Presidên-cia da República.

c) indicação de autoridades.As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistra-dos dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Cons-tituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indicação.O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, acom-panha a mensagem.

d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-sidente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias.

Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa do Congres-so Nacional.

O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes men-sagens idênticas.

e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e TV.A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso Nacional (Consti-tuição, art. 223, § 3º ). Descabe pedir na mensagem a urgên-cia prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1º do art. 223 já defi ne o prazo da tramitação.

Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensa-gem o correspondente processo administrativo.

f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Na-cional as contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista per-manente (Constituição, art. 166, § 1º), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Re-gimento Interno.

g) mensagem de abertura da sessão legislativa.Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situa-ção do País e solicitação de providências que julgar necessá-rias (Constituição, art. 84, XI).

O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidên-cia da República. Esta mensagem difere das demais porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em forma de livro.

h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio-nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem dois exemplares dos três au-tógrafos recebidos, nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de sanção.

i) comunicação de veto.Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Ofi cial da União (Forma e Estrutura), ao contrário das demais mensa-gens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.

j) outras mensagens.Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência mensagens com:– encaminhamento de atos internacionais que acarretam en-cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera-ções e prestações interestaduais e de exportação (Constitui-ção, art. 155, § 2º, IV);– proposta de fi xação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);– pedido de autorização para operações fi nanceiras externas (Constituição, art. 52, V); e outros. Entre as mensagens menos comuns estão as de:– convocação extraordinária do Congresso Nacional (Consti-tuição, art. 57, § 6º);

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– pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2º);– pedido de autorização para declarar guerra e decretar mo-bilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);– pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, XX);– justifi cativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º);– pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons-tituição, art. 137);– relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);– proposta de modifi cação de projetos de leis fi nanceiras (Constituição, art. 166, § 5º);– pedido de autorização para utilizar recursos que fi carem sem despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constitui-ção, art. 166, § 8º);

– pedido de autorização para alienar ou conceder terras pú-blicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1º); etc.

FORMA E ESTRUTURAAs mensagens contêm:a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, hori-zontalmente, no início da margem esquerda: Mensagem nº b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda:Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal;c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do fi nal do texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu fi nal com a margem direita.

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identifi cação de seu signatário.

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Matéria

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TELEGRAMA

DEFINIÇÃO E FINALIDADE

Com o fi to de uniformizar a terminologia e simplifi car os pro-cedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegra-ma toda comunicação ofi cial expedida por meio de telegrafi a, telex, etc..

Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos co-fres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência justifi que sua utilização e, também em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação deve pautar-se pela con-cisão (Concisão e Clareza).

FORMA E ESTRUTURA

Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutu-ra dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet.

FAX DEFINIÇÃO E FINALIDADE

O fax (forma abreviada já consagrada de fac-simile) é uma forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmis-são de mensagens urgentes e para o envio antecipado de do-cumentos, de cujo conhecimento há premência, quando não há condições de envio do documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela via e na forma de praxe.

Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xe-rox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapidamente.

FORMA E ESTRUTURAOs documentos enviados por fax mantêm a forma e a estru-tura que lhes são inerentes.

É conveniente o envio, juntamente com o documento princi-pal, de folha de rosto, isto é, de pequeno formulário com os dados de identifi cação da mensagem a ser enviada, conforme exemplo a seguir:

CORREIO ELETRÔNICO

DEFINIÇÃO E FINALIDADE

O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celerida-de, transformou-se na principal forma de comunicação para transmissão de documentos.

FORMA E ESTRUTURA

Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua fl exibilidade. Assim, não interessa defi nir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação ofi cial (A Linguagem dos Atos e Comunicações Ofi ciais).

O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensa-gem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do destinatário quanto do remetente.Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.

Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confi rma-ção de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da men-sagem pedido de confi rmação de recebimento.

VALOR DOCUMENTAL

Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário exis-tir certifi cação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.Fonte: manual de redação da presidência república. https://www.planalto.gov.

br/ccivil_03/manual/index.htm

ATOS NORMATIVOS

LEI ORDINÁRIA

DEFINIÇÃO

A lei ordinária é um ato normativo primário e contém, em regra, normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam defi -

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Língua Portuguesa

nidas, normalmente, pela generalidade e abstração (“lei ma-terial”), estas contêm, não raramente, normas singulares (“lei formal” ou “ato normativo de efeitos concretos”).Exemplo de lei formal:– Lei orçamentária anual (Constituição, art. 165, § 5º);– Leis que autorizam a criação de empresas públicas, socieda-des de economia mista, autarquias e fundações(Constituição, art. 37, XIX).

O STF tem entendido que os atos normativos de efeitos con-cretos, por não terem o conteúdo material de ato normativo, não se sujeitam ao controle abstrato de constitucionalidade.51

OBJETO

O Estado de Direito (Constituição, art. 1º) defi ne-se pela sub-missão de diversas relações da vida ao Direito. Assim, não deveria haver, em princípio, domínios vedados à lei. Essa afi r-mativa é, todavia, apenas parcialmente correta.

A Constituição exclui, expressamente, do domínio da lei, as matérias da competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), que devem ser disciplinadas mediante decreto le-gislativo. Também não podem ser tratadas por lei as matériasque integram as competências privativas do Senado e da Câ-mara (Constituição, arts. 51 e 52).

Por fi m, a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, reservou matérias para decreto do Presidente da República (art. 84, VI, alíneas a e b).

Acentue-se, por outro lado, que existem matérias que somen-te podem ser disciplinadas por lei ordinária, sendo, aliás, ve-dada a delegação (Constituição, art. 68, § 1º, I, II, III).

FORMA E ESTRUTURA

A estrutura da lei é composta por dois elementos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada.

A ordem legislativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei; a matéria legislada diz respeito ao texto ou corpo da lei.

ORDEM LEGISLATIVA

Das partes do ato normativo

O projeto de ato normativo é estruturado em três partes bá-sicas:a) A parte preliminar, com a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enunciado do objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposições normativas;b) A parte normativa, com as normas que regulam o objeto defi nido na parte preliminar;c) A parte fi nal, com as disposições sobre medidas necessá-rias à implementação das normas constantes da parte norma-tiva, as disposições transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a cláusula de revogação, quando couber.5 ADInsMC 205-MA (RTJ 131/1007), 842-DF (RTJ 147/545), ADInMC 647-DF

(RTJ 140/36), ADInMC 842-DF (RTJ 147 /545), ADInMC 1.827-SP, rel. Min Néri

da Silveira, julg. em 13.5.98, e ADIn 2.484-DF, rel. Min. Carlos Velloso, julg.

em 19.12.2001.

Epígrafe

A epígrafe é a parte do ato que o qualifi ca na ordem jurídica e o situa no tempo, por meio da data, da numeração e da denominação.

Exemplo de epígrafe:LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.

Ementa ou Rubrica da Lei

A ementa é a parte do ato que sintetiza o conteúdo da lei, a fi m de permitir, de modo imediato, o conhecimento da maté-ria legislada.Exemplo de ementa:

Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

A síntese contida na ementa deve resumir o tema central ou a fi nalidade principal da lei; evite-se, portanto, mencionar ape-nas um tópico genérico da lei acompanhado do clichê “e dá outras providências”.

Preâmbulo

O preâmbulo contém a declaração do nome da autoridade, do cargo em que se acha investida e da atribuição constitucional em que se funda para promulgar a lei e a ordem de execução ou mandado de cumprimento, a qual prescreve a força coati-va do ato normativo.Exemplo de autoria:O Presidente da RepúblicaFaço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei (...)

Exemplo de ordem de execução:O Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

Âmbito de aplicação

O primeiro artigo da lei indicará o objeto e o âmbito de apli-cação do ato normativo a ser editado de forma específi ca, em conformidade com o conhecimento técnico ou científi co da área respectiva.

Fecho da Lei

Consagrou-se, entre nós, que o fecho dos atos legislativos ha-veria de conter referência aos dois acontecimentos marcantes de nossa História: Declaração da Independência e Proclama-ção da República6.2

Exemplo de fecho de lei:“Brasília, 11 de setembro de 1991, 169º da Independência e 102º da República.”

Matéria Legislada: Texto ou Corpo da Lei

O texto ou corpo da lei contém a matéria legislada, isto é, as disposições que alteram a ordem jurídica. Ele é composto por artigos, que, dispostos em ordem numérica, enunciam as regras sobre a matéria legislada.

6 Cf., a propósito, “1. O que é Redação Ofi cial”.

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Na tradição legislativa brasileira, o artigo constitui a unidade básica para a apresentação, a divisão ou o agrupamento de assuntos de um texto normativo. Os artigos desdobram-se em parágrafos e incisos, e estes em alíneas. Por exemplo, o art. 206 do Código Civil de 10 de janeiro de 2002:“Art. 206. Prescreve:§ 1º Em um ano:I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pa-gamento da hospedagem ou dos alimentos;II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de inde-nização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; (...)”

Agrupamento de Artigos

Como assinalado no item “9.2.2., Sistemática Externa”, a di-mensão de determinados textos legais exige uma sistemati-zação adequada. No direito brasileiro consagra-se a seguinte prática para a divisão das leis mais extensas:– um conjunto de artigos compõe uma SEÇÃO;– uma seção é composta por várias SUBSEÇÕES;– um conjunto de seções constitui um CAPÍTULO;– um conjunto de capítulos constitui um TÍTULO;– um conjunto de títulos constitui um LIVRO.Se a estrutura alentada do texto requerer desdobramentos, adotam-se as PARTES, que se denominam Parte Geral e Parte Especial7.3

Por exemplo, o Código Civil de 10 de janeiro de 2002:PARTE GERAL

LIVRO IDAS PESSOAS

TÍTULO IDAS PESSOAS NATURAIS

CAPÍTULO IDA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

CAPÍTULO IIDOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

CAPÍTULO IIIDA AUSÊNCIA

Seção IDa Curadoria dos Bens do Ausente

Seção IIDa Sucessão Provisória

Seção IIIDa Sucessão Defi nitiva

Cláusula de Revogação

Até a edição da Lei Complementar nº 95, de 1998, (art. 9º – v. Apêndice) a cláusula de revogação podia ser específi ca ou geral. Desde então, no entanto, admite-se somente a cláusula de revogação específi ca. Assim, atualmente é incorreto o uso de cláusula revogatória do tipo “Revogam-se as disposições em contrário.”.

7 V., a propósito, Pinheiro, Hesio Fernandes. Técnica legislativa. Rio de Janeiro,

1962. p. 110s.

A revogação é específi ca quando precisa a lei ou leis, ou parte da lei que fi cam revogadas.

Exemplo de cláusulas revogatórias específi cas:“Fica revogada a Lei nº 4.789, de 14 de outubro de 1965.”“Ficam revogadas as Leis nos 3.917, de 14 de julho de 1961, 5.887, de 31 de maio de 1973, e 6.859, de 24 de novembro de 1980.”“Ficam revogados os arts. 16, 17 e 29 da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990.”

Ademais, importantes doutrinadores já ressaltavam a desne-cessidade da cláusula revogatória genérica, uma vez que a derrogação do direito anterior decorre da simples incompati-bilidade coma nova disciplina jurídica conferida à matéria (Lei de Introdução ao Código Civil, art.2º, § 1º).

Destarte, afi gura-se mais útil o emprego da cláusula espe-cífi ca, que – além de cumprir a fi nalidade de marcar o en-cerramento do texto legislativo – remete com precisão aos dispositivos revogados.

Cláusula de Vigência

Além da cláusula de revogação, o texto ou corpo do ato nor-mativo contém, normalmente, cláusula que dispõe sobre a sua entrada em vigor. Caso a lei não consigne data ou prazo para entrada em vigor, aplica-se preceito constante do art. 1º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual, salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias após a sua publicação.

Assinatura e Referenda

Para terem validade, os atos normativos devem ser assinados pela autoridade competente. Trata-se de práxis amplamente consolidada no Direito Constitucional e Administrativo brasi-leiros.

As leis devem ser referendadas pelos Ministros de Estado que respondam pela matéria (Constituição, art. 87, parágrafo úni-co, I), que assumem, assim, a co-responsabilidade por sua execução e observância8. No caso dos atos de nomeação de Ministro de Estado, a referenda será sempre do Ministro de Estado da Justiça, nos termos do art. 29 do Decreto nº 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, que “Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios e dá outras pro-vidências”.

LEI COMPLEMENTAR

DEFINIÇÃO

As leis complementares constituem um terceiro tipo de leis que não ostentam a rigidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a revogação por força de qualquer lei ordinária superveniente9. Com a instituição de lei comple-mentar buscou o constituinte resguardar certas matérias de caráter paraconstitucional contra mudanças céleres ou apres-sadas, sem lhes imprimir uma rigidez exagerada, que difi cul-taria sua modifi cação.

8 PINHEIRO, Hesio Fernandes. Técnica legislativa. Rio de Janeiro, 1962. p.

189-190.9 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 17. ed. São Paulo, 1989. p. 183.

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A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso (Constituição, art. 69).

OBJETO

Caberia indagar se a lei complementar tem matéria própria. Poder-se-ia afi rmar que, sendo toda e qualquer lei uma com-plementação da Constituição, a sua qualidade de lei comple-mentar seria atribuída por um elemento de índole formal, que é a sua aprovação pela maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso. A qualifi cação de uma lei como comple-mentar dependeria, assim, de um elemento aleatório. Essa não é a melhor interpretação. Ao estabelecer um terceiro tipo, pretendeu o constituinte assegurar certa estabilidade e um mínimo de rigidez às normas que regulam certas matérias. Dessa forma, eliminou-se eventual discricionariedade do le-gislador, consagrando-se que leis complementares propria-mente ditas são aquelas exigidas expressamente pelo texto constitucional10.

Disto decorre que:

– Não existe entre lei complementar e lei ordinária (ou medida provisória) uma relação de hierarquia, pois seus campos de abrangência são diversos. Assim, a lei ordinária que invadir matéria de lei complementar é inconstitucional e não ilegal.

– Norma pré-constitucional de qualquer espécie que verse sobre matéria que a Constituição de 1988 reservou à lei com-plementar foi recepcionada pelo nova ordem constitucional como lei complementar.

– Lei votada com o procedimento de Lei Complementar e de-nominada como tal, ainda assim, terá efeitos jurídicos de lei ordinária, podendo ser revogada por lei ordinária posterior, se versar sobre matéria não reservada constitucionalmente à lei complementar.

– Dispositivos esparsos de uma lei complementar que não constituírem matéria constitucionalmente reservada à lei Complementar possuem efeitos jurídicos de lei ordinária.

No texto constitucional são previstas as seguintes leis com-plementares:

– Lei que disciplina a proteção contra despedida arbitrária (Constituição, art. 7º, I);

– Lei que estabelece casos de inelegibilidade e prazos de sua cessação (art. 14, § 9º);

– Lei que regula a criação, transformação em Estado ou rein-tegração ao Estado dos Territórios Federais e que defi ne a incorporação, subdivisão e desmembramento dos Estados mediante plebiscito e aprovação do Congresso Nacional (art. 18, §§ 2º, 3º e 4º);

– Lei que dispõe sobre os casos em que se pode permitir o trânsito ou a permanência temporária de forças estrangeiras no território nacional (art. 21, IV);

– Lei que faculta aos Estados legislar sobre questões espe-cífi cas das matérias relacionadas na competência legislativa privativa da União (art. 22, parágrafo único);

– Lei que fi xa normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional (art. 23, parágrafo único);10 V. sobre o assunto, ATALIBA, Geraldo. Lei complementar na Constituição. São Paulo, 1971.p. 28 s. FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito

constitucional. 17. ed. São Paulo, 1989, p. 174-185.

– Lei dos Estados que institui regiões metropolitanas, aglome-rações urbanas e microrregiões. (art. 25, § 3º);

– Lei que defi ne as áreas de autuação de sociedades de eco-nomia mista, empresas públicas e fundações criadas pelo po-der público (art. 37, XIX);

– Lei que estabelece exceções aos limites de idade para apo-sentadoria do servidor público no caso de exercício de ati-vidades consideradas penosas, insalubres ou perigosas (art. 40, § 4º);

– Lei que dispõe sobre as normas gerais para a instituição de regime de previdência complementar pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para atender aos seus respecti-vos servidores titulares de cargo efetivo (art. 40, § 15);

– Lei que estabelece o procedimento de avaliação periódica para perda de cargo de servidor público (art. 41, §1º);

– Lei que dispõe sobre as condições para integração das re-giões em desenvolvimento e a composição dos organismos regionais (art. 43, § 1º, I, II);

– Lei que estabelece o número de Deputados, por Estado e pelo Distrito Federal, proporcionalmente à população (art. 45, § 1º);

– Lei que autoriza o Presidente da República a permitir, sem manifestação do Congresso, em determinadas hipóteses, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente. (art. 49, II, e art. 84, XXII);

– Lei que dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis (art. 59, parágrafo único);

– Lei que confere outras atribuições ao Vice-Presidente da República (art. 79, parágrafo único);

– Lei que dispõe sobre o Estatuto da Magistratura (art. 93);

– Lei que dispõe sobre organização e competência dos tri-bunais eleitorais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais (art. 121);

– Lei que estabelece a organização, as atribuições e o estatu-to do Ministério Público (art. 128, § 5º);

– Lei que dispõe sobre a organização e o funcionamento da Advocacia-Geral da União (art. 131);

– Lei que dispõe sobre a organização da Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios, e prescreve normas gerais para sua organização nos Estados (art. 134, parágrafo único);

– Lei que estabelece normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas (art. 142, § 1º);

– Lei que dispõe sobre confl itos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, regula limitações ao poder de tributar e estabe-lece normas gerais, em matéria tributária (art. 146, I, II, III a, b, c);

– Lei que institui empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, ou para possibilitar inves-timento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional (art. 148, I e II);

– Lei que institui imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII);– Lei que institui outros impostos federais não previstos na Constituição (art. 154, I);

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– Lei que regula a competência para instituição do impos-to de transmissão causa mortis e doação, se o doador tiver domicílio ou residência no exterior, ou se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior (art. 155, § 1º, III);– Lei que defi ne os serviços sujeitos a imposto sobre serviços de qualquer natureza, defi ne as suas alíquotas máxima e mí-nima, exclui da sua incidência a exportação de serviços para o exterior e regula a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fi scais serão concedidos e revogados (art. 156, III e § 3º);– Lei que estabelece normas sobre distribuição das quotas de receitas tributárias (art. 161, I, II, III e parágrafo único);– Lei que regulamenta as fi nanças públicas; o controle das dívidas externa e interna; a concessão de garantias pelas en-tidades públicas; a emissão e o resgate de títulos da dívida pública; a fi scalização das instituições fi nanceiras; as opera-ções de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, do Distrito Federal e dos Municípios; a compatibilização das funções das instituições ofi ciais de crédito da União (art. 163, I a VII);– Lei que regulamenta o exercício e a gestão fi nanceira e patrimonial da administração direta e indireta, bem como as condições para a instituição e o funcionamento de fundos (art. 165, § 9o, I e II);– Lei que estabelece limites para a despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 169);– Lei que estabelece procedimento contraditório especial para o processo judicial de desapropriação (art. 184, § 3º);– Lei que dispõe sobre o sistema fi nanceiro nacional (art. 192);– Lei que estabelece o montante máximo de débito para a concessão de remissão ou anistia de contribuições sociais;– Lei que regula a aplicação de recursos dos diversos entes da federação em saúde (art. 198, § 3º);– Lei que estabelece casos de relevante interesse público da União, quanto aos atos que tratam da ocupação, do domínio e da posse das terras indígenas, ou da exploração das rique-zas naturais do solo, fl uviais e lacustres nelas existentes (art. 231, § 6º).

LEI DELEGADA

DEFINIÇÃO

Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Pre-sidente da República em virtude de autorização do Poder Le-gislativo, expedida mediante resolução e dentro dos limites nela traçados (Constituição, art. 68, caput e §§).

De uso bastante raro, apenas duas leis delegadas foram pro-mulgadas após a Constituição de 1988 (Leis Delegadas no 12, de 7 de agosto de 1992 e no 13, 27 de agosto de 1992).

OBJETO

A Constituição Federal (art. 68, § 1º) estabelece, expressa-mente, que não podem ser objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de compe-tência privativa da Câmara ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:a) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

b) nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;c) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

FORMA E ESTRUTURA

Sobre a estrutura e a forma da Lei Delegada são válidas, fun-damentalmente, as considerações expendidas em Forma e Estrutura.

Exemplo de Lei Delegada:

“LEI DELEGADA Nº 12, DE 7 DE AGOSTO DE 1992.

Dispõe sobre a instituição de Gratifi cação de Atividade Militar para os servidores militares federais das Forças Armadas.O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,Faço saber que, no uso da delegação constante da Resolução no 1, de 1992 - CN, decreto a seguinte lei:Art. 1º Fica instituída a Gratifi cação de Atividade Militar, de-vida mensal e regularmente aos servidores militares federais das Forças Armadas, pelo efetivo exercício de atividade mili-tar, ou, em decorrência deste, quando na inatividade.(...)Art. 5º Esta lei delegada entra em vigor na data de sua pu-blicação, com efeitos fi nanceiros a contar de 1° de julho de 1992, observada a graduação estabelecida pelo art. 2°.Brasília, 7 de agosto de 1992; 171° da Independência e 104° da República.

FERNANDO COLLORCélio Borja

Marcílio Marques Moreira”

MEDIDA PROVISÓRIA

DEFINIÇÃO

Medida Provisória é ato normativo com força de lei que pode ser editado pelo Presidente da República em caso de relevân-cia e urgência. Tal medida deve ser submetida de imediato à deliberação do Congresso Nacional.

As medidas provisórias perdem a efi cácia desde a edição se não forem convertidas em lei no prazo de 60 dias, prorrogá-vel por mais 60. Neste caso, o Congresso Nacional deverá disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas decor-rentes da medida provisória. Se tal disciplina não for feita no prazo de 60 dias após a rejeição ou perda de efi cácia de medi-da provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da medida provisória conservar-se-ão por ela regidas.

OBJETO

As Medidas Provisórias têm por objeto, basicamente, a mes-ma matéria das Leis Ordinárias; contudo, não podem ser ob-jeto de medida provisória as seguintes matérias:a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti-cos e direito eleitoral;b) direito penal, processual penal e processual civil;c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvada a abertura de

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crédito extraordinário, a qual é expressamente reservada à Medida Provisória (Constituição, art. 167, § 3º);e) as que visem a detenção ou sequestro de bens, de poupan-ça popular ou qualquer outro ativo fi nanceiro;f) as reservadas a lei complementar;g) já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da Re-pública;h) aprovação de Código; ei) regulamentação de artigo da Constituição cuja redação te-nha sido alterada por meio de emenda constitucional promul-gada no período compreendido entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação da Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001.

Por fi m, o Decreto nº 4.176, de 2002, recomenda que não seja objeto de Medida Provisória a matéria“que possa ser aprovada dentro dos prazos estabelecidos pelo procedimento legislativo de urgência previsto na Constituição” (art. 40, V).

FORMA E ESTRUTURA

São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas em Forma e Estrutura.

Exemplo de Medida Provisória:

“MEDIDA PROVISÓRIA Nº 55, DE 7 DE JULHO DE 2002.Autoriza condições especiais para o crédito de valores iguais ou inferiores a R$ 100,00, de que trata a Lei Complementar no 110, de 29 de junho de 2001, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:

Art. 1º Fica a Caixa Econômica Federal autorizada a creditar em contas vinculadas específi cas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, a expensas do próprio Fundo, os valores do complemento de atualização monetária de que tra-ta o art. 4º da Lei Complementar no 110, de 29 de junho de 2001, cuja importância, em 10 de julho de 2001, seja igual ou inferior a R$ 100,00 (cem reais).§ 1º A adesão de que trata o art. 4º da Lei Complementar no 110, de 2001, em relação às contas a que se refere o caput, será caracterizada no ato de recebimento do valor creditado na conta vinculada, dispensada a comprovação das condições de saque previstas no art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990.§ 2º Caso a adesão não se realize até o fi nal do prazo regu-lamentar para o seu exercício, o crédito será imediatamente revertido ao FGTS.

Art. 2º O titular de conta vinculada do FGTS, com idade igual ou superior a setenta anos ou que vier a completar essa idade até a data fi nal para fi rmar o termo de adesão de que trata o art. 6º da Lei Complementar no 110, de 2001, fará jus ao cré-dito do complemento de atualização monetária de que trata areferida Lei Complementar, com a redução nela prevista, em parcela única, no mês seguinte ao de publicação desta Me-

dida Provisória ou no mês subseqüente ao que completar a mencionada idade.Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 12 de julho de 2002; 181° da Independência e 114° da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOPedro Malan

Paulo Jobim Filho”

DECRETO LEGISLATIVO

DEFINIÇÃO

Decretos Legislativos são atos destinados a regular matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional (Constitui-ção, art. 49) que tenham efeitos externos a ele.

OBJETO

Objeto do Decreto Legislativo são as matérias enunciadas no art. 49 da Constituição, verbis:

“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Na-cional:I – resolver defi nitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compro-missos gravosos ao patrimônio nacional;II – autorizar o Presidente da República a declarar guer-ra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;III – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Repú-blica a se ausentarem do País, quando a ausência exce-der a quinze dias;IV – aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer dessas medidas;V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de dele-gação legislativa;VI – mudar temporariamente sua sede;VII – fi xar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;VIII – fi xar os subsídios do Presidente e do Vice-Presi-dente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo Presi-dente da República e apreciar os relatórios sobre a exe-cução dos planos de governo;X – fi scalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;XI – zelar pela preservação de sua competência legislati-va em face da atribuição normativa dos outros Poderes;XII – apreciar os atos de concessão e renovação de con-cessão de emissoras de rádio e televisão;XIII – escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

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Língua Portuguesa

XIV – aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;XV – autorizar referendo e convocar plebiscito;XVI – autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos, e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;XVII – aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.”

Acrescente-se, ainda, como objeto do Decreto Legislativo a disciplina das relações jurídicas decorrentes de medida provi-sória não convertida em lei (Constituição, art. 63, § 3º).

FORMA E ESTRUTURA

São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas no item Forma e Estrutura. Ressalte-se, no entanto, que no decreto legislativo a autoria e o fundamento de autoridade antecedem o título.

Exemplo de Decreto Legislativo:

“Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Ramez Tebet, Presidente do Senado Federal, nos termos do art. 48, item 28, do Regimento Interno, promulgo o seguinte

DECRETO LEGISLATIVO Nº 57, DE 2002Aprova solicitação de o Brasil fazer a declaração facultati-va prevista no artigo 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, reconhecendo a competência do Comitê Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial para receber e analisar denúncias de violação dos direitos humanos cobertos na Con-venção.O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Fica aprovada solicitação de fazer a declaração facul-tativa prevista no artigo 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, reconhecendo a competência do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação Racial para receber e analisar denúncias de violações dos direitos humanos cobertos na Convenção.Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção, bem como, nos termos do inciso I do art. 49 da Constituição Federal, quaisquer ajustes complementa-res que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação.Senado Federal, em 26 de abril de 2002.

Senador RAMEZ TEBETPresidente do Senado Federal”

DECRETO

DEFINIÇÃO

Decretos são atos administrativos da competência exclusiva do Chefe do Executivo, destinados a prover situações gerais

ou individuais, abstratamente previstas, de modo expresso ou implícito, na lei11. Esta é a defi nição clássica, a qual, no en-tanto, é inaplicável aos decretos autônomos, tratados adiante.

DECRETOS SINGULARES

Os decretos podem conter regras singulares ou concretas (de-cretos de nomeação, de aposentadoria, de abertura de crédi-to, de desapropriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto de perda de nacionalidade, etc.).

DECRETOS REGULAMENTARES

Os decretos regulamentares são atos normativos subordina-dos ou secundários.

A diferença entre a lei e o regulamento, no Direito brasileiro, não se limita à origem ou à supremacia daquela sobre este. A distinção substancial reside no fato de que a lei inova origi-nariamente o ordenamento jurídico, enquanto o regulamento não o altera, mas fi xa, tão-somente, as “regras orgânicas e processuais destinadas a pôr em execução os princípios insti-tucionais estabelecidos por lei, ou para desenvolver os precei-tos constantes da lei, expressos ou implícitos, dentro da órbita por ela circunscrita, isto é, as diretrizes, em pormenor, por ela determinadas”12.

Não se pode negar que, como observa Celso Antônio Bandeira de Mello, a generalidade e o caráter abstrato da lei permi-tem particularizações gradativas quando não têm como fi m a especifi cidade de situações insuscetíveis de redução a um padrão qualquer .13 Disso resulta, não raras vezes, margem de discrição administrativa a ser exercida na aplicação da lei.

Não se há de confundir, porém, a discricionariedade admi-nistrativa, atinente ao exercício do poder regulamentar, com delegação disfarçada de poder, Na discricionariedade, a lei estabelece previamente o direito ou dever, a obrigação ou a restrição, fi xando os requisitos de seu surgimento e os ele-mentos de identifi cação dos destinatários. Na delegação, ao revés, não se identifi cam, na norma regulamentada, o direito, a obrigação ou a limitação.

Estes são estabelecidos apenas no regulamento.

DECRETOS AUTÔNOMOS

Com a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, introduziu-se no ordenamento pátrio ato normativo conhecido doutrinariamente como decreto autônomo, isto é, decreto que decorre diretamente da Constituição, possuindo efeitos análogos ao de uma lei ordinária.

Tal espécie normativa, contudo, limita-se às hipóteses de or-ganização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando vago (art. 84, VI, da Constituição).

11 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo. 16. ed. São Paulo, 1988. p.

155.

12 Mello, Oswaldo Aranha Bandeira de. Princípios gerais de Direito Administra-

tivo. Rio de Janeiro, Forense, 1969. vol. I, p. 314 e 316. 13 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Ato administrativo e direito dos admi-nistrados. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1981. p. 93.

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Língua Portuguesa

FORMA E ESTRUTURA

Tal como as leis, os decretos compõem-se de dois elementos: a ordem legislativa (preâmbulo e fecho) e a matéria legislada (texto ou corpo da lei).

Assinale-se que somente são numerados os decretos que con-têm regras jurídicas de caráter geral e abstrato.

Os decretos que contenham regras de caráter singular não são numerados, mas contêm ementa, exceto os relativos a nomeação ou a designação para cargo público, os quais não serão numerados nem conterão ementa.

Todos os decretos serão referendados pelo Ministro compe-tente.

Exemplo de Decreto:

“DECRETO Nº 4.298, DE 11 DE JULHO DE 2002.Dispõe sobre a atuação dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal durante o processo de transição governamental.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, D E C R E T A :

Art. 1º Transição governamental é o processo que objetiva propiciar condições para que o candidato eleito para o cargo de Presidente da República possa receber de seu antecessor todos os dados e informações necessários à implementação do programa do novo governo, desde a data de sua posse.Parágrafo único. Caberá ao Chefe da Casa Civil da Presidência da República a coordenação dos trabalhos vinculados à tran-sição governamental.

Art. 2º O processo de transição governamental tem início seis meses antes da data da posse do novo Presidente da Repúbli-ca e com ela se encerra.

Art. 3º O candidato eleito para o cargo de Presidente da Re-pública poderá indicar equipe de transição, a qual terá acesso às informações relativas às contas públicas, aos programas e aos projetos do Governo Federal.Parágrafo único. A indicação a que se refere este artigo será feita por meio de ofício ao Presidente da República.

Art. 4º Os pedidos de acesso às informações de que trata o art. 3º, qualquer que seja a sua natureza, deverão ser for-mulados por escrito e encaminhados ao Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da República, a quem competirá requisitar dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal os dados solicitados pela equipe de transição, obser-vadas as condições estabelecidas no Decreto nº 4.199, de 16 de abril de 2002.

Art. 5º Os Secretários-Executivos dos Ministérios deverão en-caminhar ao Secretário- Executivo da Casa Civil da Presidên-cia da República as informações de que trata o art. 4º, as quais serão consolidadas pela coordenação do processo de transição.

Art. 6º Sem prejuízo do disposto nos arts. 1º a 5º, o Secretá-rio-Executivo da Casa Civil solicitará aos Secretários-Executi-vos dos Ministérios informações circunstanciadas sobre:I - programas realizados e em execução relativos ao período do mandato do Presidente da República;II - assuntos que demandarão ação ou decisão da administra-ção nos cem primeiros dias do novo governo;III - projetos que aguardam implementação ou que tenham sido interrompidos; eIV - glossário de projetos, termos técnicos e siglas utilizadas pela Administração Pública Federal.

Art. 7º O Chefe da Casa Civil expedirá normas complementa-res para execução do disposto no art. 5º.

Art. 8º As reuniões de servidores com integrantes da equipe de transição devem ser objeto de agendamento e registro sumário em atas que indiquem os participantes, os assuntos tratados, as informações solicitadas e o cronograma de aten-dimento das demandas apresentadas.

Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 11 de julho de 2002; 181º da Independência e 114º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOSilvano Gianni”

PORTARIA

DEFINIÇÃO E OBJETO

É o instrumento pelo qual Ministros ou outras autoridades ex-pedem instruções sobre a organização e funcionamento de serviço e praticam outros atos de sua competência.

FORMA E ESTRUTURA

Tal como os atos legislativos, a portaria contém preâmbulo e corpo. São válidas, pois, as considerações expendidas no item Forma e Estrutura.

Exemplo de Portaria:

“PORTARIA Nº 5 , DE 7 DE FEVEREIRO DE 2002.Aprova o Regimento Interno do Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ.

O CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚ-BLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 9º do Decreto no 4.073, de 3 de janeiro de 2002, R E S O L V E :Art. 1º Fica aprovado, na forma do Anexo, o Regimento Inter-no do Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ.Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

PEDRO PARENTE”

APOSTILA

DEFINIÇÃO E FINALIDADE

Apostila é a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso de decretos e portarias pessoais (nomeação, promoção, ascen-

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Língua Portuguesa

são, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade e aposentadoria), para que seja corrigida fl agrante inexatidão material do texto original (erro na grafi a de nomes próprios, lapso na especifi cação de datas, etc.), desde que essa correção não venha a alterar a substân-cia do ato já publicado.

Tratando-se de erro material em decreto pessoal, a apostila deve ser feita pelo Ministro de Estado que o propôs.

Se o lapso houver ocorrido em portaria pessoal, a correção por apostilamento estará a cargo do Ministro ou Secretário signatário da portaria. Nos dois casos, a apostila deve sempre ser publicada no Boletim de Serviço ou Boletim Interno cor-respondente e, quando se tratar de ato referente a Ministro de Estado, também no Diário Ofi cial da União.

A fi nalidade da correção de inexatidões materiais por meio de apostila é evitar que se sobrecarregue o Presidente da República com a assinatura de atos repetidos, e que se onere a Imprensa Nacional com a republicação de atos.

FORMA E ESTRUTURA

A apostila tem a seguinte estrutura:a) título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto:

APOSTILA;b) texto, do qual deve constar a correção que está sendo feita, a ser iniciada com a remissão ao decreto que autoriza esse procedimento;c) data, por extenso:Brasília, em 12 de novembro de 1990;d) identifi cação do signatário, abaixo da assinatura:

NOME (em maiúsculas)Secretário da Administração Federal

No original do ato normativo, próximo à apostila, deverá ser mencionada a data de publicação da apostila no Boletim de Serviço ou no Boletim Interno.Exemplo de Apostila:

“APOSTILAO cargo a que se refere o presente ato foi transformado em Assessor da Diretoria-Geral de Administração, código DAS-102.2, de acordo com o Decreto no 99.411, de 25 de julho de 1990.Brasília, 12 de novembro de 1990.

NOMESubchefe da Secretaria-Geral da Presidência da República”

EXERCÍCIOS01. Assinale a opção incorreta a respeito de correspondência ofi cial. a) O resumo do assunto, na correspondência ofi cial, é chama-do de ementa. b) Se a forma de tratamento do destinatário da correspon-dência for Vossa Excelência ou Vossa Senhoria, por força da concordância exigida para os pronomes pessoais que a ele se referem, não se pode usar vosso e suas fl exões. c) Introduzir um ofício usando frases como “Viemos, por inter-médio do presente, acusar recebimento da petição e levar ao conhecimento de V. Sa. que ...” é sinal de elegância, concisão, correção linguística e respeito.

d) Denomina-se circular o instrumento de comunicação que se envia a vários destinatários simultaneamente, com vistas à transmissão de instruções, ordens, esclarecimento de conteú-do de leis, regulamentos etc. e) Os fechos Atenciosamente e Respeitosamente são adequa-dos para um ofício.

02. Observe o texto a seguir.

Brasília, 1.º de junho de 2003.

Para a Coordenação de Concursos do CESPE/UnB,

Requerimento:

JOSÉ DA SILVA DOS SANTOS REIS, devidamente inscrito no concurso para TÉCNICO JUDICIÁRIO do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, com a inscrição n.º 197.542/03, VENHO, POR DIREITO E MUI RESPEITOSAMENTE, solicitar a Vocês a emissão de uma certidão de comparecimento nesta prova realizada nesta data supracitada, uma vez que hoje es-tou trabalhando em turnos e preciso comprovar meu afasta-mento do serviço no período da tarde, para realizar o referido exame.

Nesses termos, peço aceitação do meu pedido e AGUARDO DEFERIMENTO. Atenciosamente,

José da Silva dos Santos Reis.

Com respeito ao texto acima, assinale a opção CORRETA.a) O lugar correto para a colocação da data é à esquerda, e não à direita, como se encontra no documento. b) O tipo de documento adequado para tal fi nalidade não é o requerimento, e sim o ofício. c) Em vez do pronome de tratamento “Vocês”, o redator deve-ria ter empregado Vossas Excelências. d) O candidato deveria ter solicitado uma declaração, e não uma certidão. e) O fechamento “Atenciosamente” deveria constar antes do pedido de deferimento.

03. Assinale a opção INCORRETA a respeito do texto a se-guir.

ATA DA SALA 25

Realizou-se, na sala vinte e cinco, do prédio das Relações Humanas, da Escola Martin Luther King, em Brasília, Distrito Federal, dia primeiro de junho de dois mil e três, das quinze horas às dezoito horas e trinta minutos, portanto, com três horas e meia de duração, esta prova (anexa) de Conhecimen-tos Gerais e Específi cos para o Cargo de Técnico Judiciário, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), conforme diz o Edital um de 13 dois mil e três, tendo comparecido todos os candidatos inscritos e, portanto, o índi-ce de abstensão foi de zero candidatos. Nada mais havendo a constar, eu, MARIA DAS GRAÇAS LUZ FLORES, chefe de sala, lavrei esta ata que será assinada por mim, exprimindo a ver-dade dos fatos, sob o testemunho da fi scal de sala. Brasília, 1.º/6/2003, Maria das Graças Luz Flores e Thomásia Apareci-da Silva. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

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Língua Portuguesa

a) A redatora da ata respeitou os requisitos formais para a redação do documento, conforme os preceitos dessa tipologia de correspondência ofi cial. b) A redatora, ao escrever por extenso os números da sala, das horas, da duração da prova e do edital cometeu erros de grafi a e de adequação ao tipo de documento. c) A grafi a do vocábulo “abstensão” está incorreta, pois deve-ria ter sido escrito abstenção. d) A passagem “exprimindo a verdade dos fatos” pode ser suprimida do texto, uma vez que essa informação deve estar pressuposta em toda correspondência ofi cial. e) O preenchimento do restante da linha após a última assi-natura visa evitar que outras pessoas possam adulterar o fi nal do texto.

04. Assinale a opção correta com relação à redação ofi cial.a) Na redação ofi cial, exige-se, além de lógica e coerência na organização das idéias do texto, criatividade e eruditismo.b) Ofício é a correspondência interna dos órgãos públicos que objetiva tratar de assuntos administrativos e(ou) pessoais en-tre autoridades de mesma hierarquia, ou entre estas e infe-riores hierárquicos.c) O ofício deve apresentar, no fecho, o motivo da comunica-ção e a forma de cortesia conveniente.d) O relatório administrativo é uma narração de fatos e de ocorrências administrativas ou pessoais, e pode não apresen-tar conclusão devido à sua natureza investigativa.e) Em relatórios administrativos, pode-se incluir material ilus-trativo, tais como gráfi cos, tabelas e diagramas, que devem estar incorporados no texto ou anexados a ele.

05. Assinale a opção incorreta com relação ao uso das formas de tratamento na redação ofi cial.a) Os pronomes ou expressões de tratamento podem ser gra-fados por extenso nas correspondências ofi ciais.b) Nas formas de tratamento, os pronomes Vossa e Sua de-vem ser empregados, respectivamente, em relação à pessoa com quem se fala, isto é, a quem se dirige a correspondência, e à pessoa de quem se fala.c) É gramaticalmente correto e adequado ao padrão ofício o seguinte trecho de início de correspondência ofi cial: “Enca-minhamos a Vossa Senhoria as informações referentes a seu pedido de 16 de fevereiro de 2006”.d) A concordância de gênero com as formas de tratamento deve ser feita no masculino, independentemente do sexo da pessoa a quem a forma de tratamento se refi ra, pois o gênero deve ser mantido neutro nas correspondências ofi ciais.e) Não se emprega a crase diante das formas de tratamen-to, ainda que estas sejam subordinadas a termos que exijam preposição, com exceção dos tratamentos senhora e senho-rita.

06. Assinale a opção correta acerca da redação ofi cial.a) Requerimento é um documento específi co por meio do qual se solicita algo a que se tem direito ou se supõe ter.b) Memorando é uma correspondência ofi cial externa ente au-toridades de mesmo nível hierárquico, assemelhado, em sua estrutura, ao requerimento.c) O fecho de um memorando apresenta expressões canôni-cas, tais como “Nestes termos, aguarda deferimento” e “Es-pera deferimento”.d) Memorando, ofícios e requerimentos devem ser numerados na borda superior do papel, junto à margem esquerda.e) A redação de um ofício assemelha-se, conforme o assunto tratado, à produção literária, visto que é comum e aceitável, na elaboração desse tipo de documento, o emprego de fi guras de linguagem e de estruturas linguísticas coloquiais.

07. Com referência à redação ofi cial, assinale a opção COR-RETA.a) Abaixo-assinado é um requerimento coletivo em que não se colocam no início os nomes dos remetentes e, sim, do destinatário.b) Ata é o resumo escrito de fatos ou decisões de uma assem-bleia, sessão ou reunião para determinado fi m.c) Atestado é o documento, fi rmado por uma repartição públi-ca em favor de outra, a respeito de determinado fato.d) O aviso é a correspondência padrão, caracterizada, no iní-cio, pelo papel timbrado e, no fi m, por fechos tradicionais de cortesia.

08. Desconsiderando a necessidade do espaçamento padrão, assinale a opção correta a respeito da simulação de escrita de documentos ofi ciais. a) Cabeçalho de ofício:Ofício no. 1234/DAJ/2006(Timbre do MINISTÉRIO DA MÚSICA)Brasília, 29 de abril de 2006

b) Texto de memorando:De acordo com entendimento telefônico já mantido, solicita-mos providências em relação às cercas invasoras.

c) Vocativo de ofício:Prezado Senhor Manuel de Manuel,Chefe de gabinete do deputado Carlos de Carlos:

d) Fecho de memorando:Cordialmente,Maurício de MaurícioMaurício de MaurícioChefe de Serviços Gerais

Leia o texto a seguir para responder à questão 9.

Texto I

Hoje o “povo” é a base e o ponto de referência comum de to-dos os governos nacionais, excetuando-se os teocráticos. Isso não apenas é inevitável, como certo – afi nal, se o governo tem algum objetivo, só pode ser o de cuidar do bem-estar de todos os cidadãos e falar em nome deles. Na era do homem comum, todo governo é governo do povo e para o povo, em-bora não possa, em qualquer sentido operacional do termo, ser exercido pelo povo.

Os governos dos Estados-Nação ou dos Estados territoriais modernos erguem-se sobre três premissas. Primeira: eles tem mais poder que outras unidades que operam em seu territó-rio. Segunda: os habitantes de seus territórios aceitam sua autoridade mais ou menos de bom grado. Terceira: os go-vernos podem prover aos habitantes de seu território servi-ços que, de outro modo, não seriam fornecidos com efi cácia igual ou nem sequer seriam fornecidos – serviços como “lei e ordem”, segundo a frase proverbial. Nos últimos trinta ou quarenta anos, essas premissas vem deixando de ser válidas.

09. Considerando que são características da linguagem ofi -cial a clareza, a concisão, a impessoalidade e o uso do nível formal da linguagem, e que o texto acima faça parte de um documento ofi cial, assinale a opção correta.a) Como está, o texto pode fazer parte de um parecer, com o objetivo, por exemplo, de sustentar uma opinião técnica submetida a exame.

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Língua Portuguesa

b) Em um relatório, a linguagem precisaria ser mais formal, evitando-se, por exemplo, o emprego de aspas e alterando-se a regência de “prover aos habitantes” para prover os habi-tantes.c) Em uma ata, a enumeração contida no segundo parágrafo deveria ser em tópicos, com a margem recuada, como mos-trado a seguir:1ª eles tem mais poder que as outras unidades que operam em seu território;2ª os habitantes de seus territórios aceitam sua autoridade mais ou menos de bom grado;3ª os governos podem prover aos habitantes de seu território serviços que, de outro modo, não seriam fornecidos com efi -cácia igual ou nem sequer seriam fornecidos.d) Se o texto fi zesse parte de um ofício, os pronomes de ter-ceira pessoa deveriam ser alterados para a primeira pessoa do plural ou deveria ser usada a voz passiva.e) Como está, o texto pode fazer parte de um edital, porque argumenta quanto a assunto público e de interesse do Estado.

Texto II – Maconha na escola

No Rio de Janeiro, houve a expulsão de quatro alunos de uma escola de vanguarda, por terem assumido que estavam fu-mando maconha em uma excursão a Ouro Preto. Os meninos foram fl agrados, ou quase, quando a professora, em um quar-to ao lado, resolveu reclamar do barulho do quarto vizinho.

Ao chegar, sentiu o cheiro da erva e eles admitiram logo que tinham fumado. Podiam alegar que não era bem assim, que aquele cheiro não era de maconha, que não tinham tragado. Mas eles preferiram dizer a verdade inteira.

A pena máxima provocou protestos dos colegas. Eles se sen-tiram traídos por um centro de ensino reconhecidamente libe-ral, de excelência, compreensivo, que dá prioridade ao pensa-mento crítico e por isso mesmo é preferido da elite cultural da cidade que ali matricula seus fi lhos.

Em uma das manifestações de rua, havia a seguinte mensa-gem de ácida ironia anti-hipocrisia: “Não seja honesto, não admita seus atos, minta. Aprendi isso na escola”.

Texto III – Maconha no drive-thru

Algumas drogas, como a maconha e o haxixe, são liberadas na Holanda e podem ser encontradas em qualquer esquina. A facilidade fi nal acaba de ser anunciada: o drive-thru das drogas. Como ocorre com lanchonetes, será possível adquirir o produto sem descer do carro.

As duas primeiras lojas, chamadas eufemisticamente de cafés, serão inauguradas no ano que vem na cidade de Venlo, na fron-teira com a Alemanha, para atender aos turistas das drogas.

Essa tentativa ofi cial parte do princípio de que tudo o que é proibido acaba acirrando a curiosidade do jovem; em contra-partida, tudo o que é liberado desestimula o interesse e, por conseguinte, a procura. Assim, esperam alterar o consumo de tais produtos.

Paradoxo? Ironia? Como classifi car essa situação? Se alguém for analisar as estratégias empregadas, com vistas ao aumen-to, à diminuição ou à extinção do consumo de drogas, a partir de refl exões dialéticas, poderá dizer?

“Nem tanto...”.

10. Reunidos em assembléia, os membros da Associação Estudantil da escola de onde os estudantes foram expulsos, conforme o texto II, sabedores da realidade da Holanda, re-ferida no texto III, e revoltados com a iniciativa tomada pela direção do colégio, por julgá-la intempestiva e contraditória perante as normas liberais do regimento disciplinar, resolve-ram encaminhar, ao diretor do estabelecimento de ensino, um documento coletivo, solicitando a revisão e a suspensão da pena imposta aos quatro companheiros. Para tanto, escolhe-ram formalizar o pedido em um documento que expressasse, da maneira mais adequada, as aspirações da maioria.

Na situação hipotética descrita, as várias opções de corres-pondência ofi cial a ser enviada ao diretor do estabelecimento incluem o(a)I – abaixo-assinado.II – carta.III – e-mail (mensagem de correio eletrônico).IV – requerimento.

A quantidade de itens certos é igual a:a) 0.b) 1.c) 2.d) 3.e) 4.

11. Ao redigir um documento a ser enviado a uma autorida-de, é necessário empregar o pronome de tratamento adequa-do. Assinale a opção em que a relação estabelecida entre as colunas não está de acordo com a normatização do emprego dos pronomes de tratamento.a) Vossa Excelência / presidente da República.b) Vossa Magnifi cência / reitor de universidade.c) Vossa Senhoria / senhor José da Silva.d) Vossa Excelência / desembargador.e) Vossa Senhoria / presidente do Supremo Tribunal Federal.

Texto IV

Aos quatro dias de novembro de dois mil e hum, na sala do Di-retor Central da Escola Presidente Prudente, às quinze horas, conforme a publicação na página quarenta e seis do Diário do Poder Judiciário do Estado de Roraima, do dia vinte e seis de outubro do mesmo ano, deu-se início à aplicação das provas objetivas do concurso público para provimento das vagas em cargos de nível superior do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima. Dos cento e sessenta candidatos inscritos para o cargo de biblioteconomista, indicados para ocuparem esse local, faltaram quatro num percentual de noventa e sete e meio por cento de comparecimento. Os faltantes foram os candidatos cujos nomes e números de inscrição estão discri-minados a seguir: Marcolino Medeiros de Menezes – 12.345; Joelma da Cruz Figueiras – 23.567; Nadiantunes Xavier Sal-gado – 38.990 e Julianes Bacheira da Silva Só – 47.001. Os trabalhos ocorreram no esperado clima de tranquilidade, não havendo qualquer intercorrência desabonadora do evento. Após três horas e trinta minutos de duração foram recolhidos os materiais pertinentes, esvaziando a sala. Então foi lavrado este documento o qual será assinado por mim, Manuel Maria Morais, fi scal de sala e pelos meus dois auxiliares, dando por concluída a tarefa para a qual fui especialmente contratado.

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12. A respeito do expediente acima, assinale a opção correta.a) Trata-se de um relatório técnico, incompleto, pois falta a listagem nominal e por número de inscrição de todos os que compareceram, mas cuja omissão justifi ca-se pela listagem nominal referida.b) Trata-se de uma ata circular, feita antecipadamente, que deve ser entregue a cada um dos candidatos presentes, ao término do expediente, a qual documentará o comparecimen-to, para fi ns de abonação da falta ao serviço particular.c) Trata-se de um relatório administrativo, cujo teor, por equívoco, foi registrado inadequadamente, por desconheci-mento dos princípios da redação ofi cial, por parte do relator, que se esqueceu de registrar os cargos dos auxiliares.d) Trata-se de uma ata convencional que apresenta os se-guintes erros, entre outros: grafi a inadequada do numeral um, ausência da data, que deveria anteceder a assinatura.e) Trata-se de uma prestação de contas de um serviço re-alizado por um equipe, a fi m de ser efetuado o pagamento da tarefa; como tal, não apresenta erros graves, exceto o destaque em negrito do nome do evento e do cargo, desne-cessários para tal fi m.

13. Assinale a opção que apresenta uma defi nição correta de ata.a) Resumo escrito que constitui registro de fatos, ocorrências, resoluções, decisões e deliberações de uma assembleia, ses-são ou reunião.b) Ato administrativo de correspondência entre agentes de uma mesma repartição, no qual, de maneira simples e direta, são tratados assuntos de rotina para conhecimento interno. Dispensa fórmulas de cortesia e demais formalidades.c) Exposição circunstanciada de atividade administrativa, ou relato mais ou menos minudente que se faz por escrito, por ordem de autoridade superior ou no desempenho das funções do cargo que exerce.d) Documento específi co de solicitação, no qual o indivíduo expõe a matéria objeto do pedido. Compõe-se de vocativo, preâmbulo, estado civil, nacionalidade, idade, residência e profi ssão do peticionário, contexto e fecho.e) Declaração fi rmada por alguém em razão do seu ofício, na qual afi rma a verdade de um fato ou estado, ou a existência de uma obrigação, e que, fornecida a outrem, serve a este de documento.

Texto V

Ofício 75/99 Excelentíssimo Senhor Secretário,

1. Apraz-nos levar ao conhecimento de Sua Senhoria, para os fi ns pertinentes, que recebemos solicitação do Ministério da Educação do Chile, relativa ao envio do material resultante do seminário “Perspectivas de Educação à Distância na América Latina”, realizado em Brasília-DF, nos dias 19 e 20 de novem-bro último.2. Muito nos agradeceria a Vossa Senhoria, encaminhar-nos o referido material, com a maior brevidade possível, para que o mesmo possa ser remetido aos interessados.3. Aproveitamos o ensejo para reiterar a Sua Senhoria protes-tos de consideração e apreço.

Brasília, 30 de novembro de 1999.

José da Silva Diretor

14. Com relação ao vocativo e aos pronomes de tratamento utilizados no texto acima, é correto afi rmar que:a) todos (vocativo e pronomes de tratamento) estão empre-gados corretamente.b) apenas os pronomes de tratamento utilizados no primeiro e no terceiro parágrafos estão corretamente empregados.c) apenas o pronome de tratamento utilizado no segundo pa-rágrafo está corretamente empregado.d) apenas o vocativo e o pronome de tratamento utilizado no segundo parágrafo estão corretamente empregados.e) apenas o vocativo e os pronomes de tratamento utilizados no primeiro e no terceiro parágrafos estão corretamente em-pregados.

15. Os itens abaixo são reescrituras de trechos do texto V. Indique a opção que apresenta inadequação em relação às normas estabelecidas para uma correta redação de corres-pondência ofi cial.a) Linha 1: Senhor Secretário:b) Primeiro parágrafo: Recebemos solicitação do Minis-tério da Educação do Chile de envio de material resul-tante do seminário “Perspectivas de Educação à Dis-tância na América Latina”, realizado em Brasília-DF, nos dias 19 e 20 de novembro último.c) Segundo parágrafo: Reivindicamos, pois, com urgên-cia urgentíssima, o envio do material referido, para que possam-se remete-los com a maior brevidade.d) Início do fecho: Atenciosamente. 16. Com relação às características do texto V, é correto afi r-mar que:a) todos os parágrafos do texto podem aparecer sem nume-ração sequencial.b) a data deveria vir à direita do papel, antes do vocativo.c) o vocativo também deveria ser numerado.d) não se trata, na verdade, de um ofício, mas de um ates-tado.e) a correspondência não deveria vir assinada, já que se trata de expediente interno.

Texto VI

Ao oitavo dia do mês de setembro do ano de 1998, às 20h30, em segunda e última chamada, reuniram-se na sala de reu-niões do Banco Jota os acionistas relacionados no livro de presença, na folha 14, verso, para deliberarem sobre assuntos constantes no edital de convocação, o qual foi previamente distribuído a todos. (...)

17. Pelo teor do trecho inicial do texto ofi cial reproduzido acima, conclui-se que se trata de um(a):a) ata.b) relatório.c) circular.d) memorando.e) requerimento.

Texto VII

Tendo em vista a necessidade de treinamento na área e con-forme orientação desse Centro e de acordo com mensagem de 20/11/94 no Informativo nº 1.000, e considerando ainda a prioridade que tem merecido a melhoria de atendimento os nossos clientes, solicitamos o especial obséquio de verifi car a possibilidade de incluir na pauta dos próximos cursos, ainda

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que para o próximo semestre, os funcionários abaixo indica-dos para o treinamento de Atendente de Público, se possível com prioridade.

Sem mais para o momento e certos de sua habitual preste-za e atenção para com as postulações deste Posto, desde já agradecemos, colocando-nos à sua inteira disposição para quaisquer informações que se fi zerem necessárias no sentido de termos atendido nosso pleito, com a brevidade possível.

18. O texto acima infringe as normas exigidas de um texto ofi cial, porque:a) é ambíguo.b) utiliza-se de linguagem prolixa.c) não se utiliza do padrão culto da linguagem.d) não respeita, reiteradamente, as regras gramaticais da nor-ma culta.e) é redigido de forma obscura, de modo que não é possível compreender o que se solicita.

19. Assinale a opção cujo fragmento obedece às exigências de correção gramatical, impessoalidade e objetividade pró-prias da redação de documentos ofi ciais.a) São passíveis de penhora o numerário pertencente à asso-ciação ainda que em tal valor se insira o pagamento de sa-lários de seus empregados. Na realidade, a vedação legal de constrição atinge somente os salários efetivamente recebidos.b) Adicional noturno e horas extras não são abrangidos pelo conceito de remuneração, logo, não pode sobre os mesmos incidir a contribuição previdenciária, segundo entendimento embasado na Lei nº 8.112/1990.c) Inexistindo, nos autos, provas concludentes no sentido de descaracterizar a atuação de um dos acusados, mero empre-gado de imobiliária, que agiu mediante ordens de seu pre-posto, mantêm-se a absolvição decretada, eis que ausente a intenção de lesar o bem jurídico tutelado.d) Deve ser anulado o julgamento do tribunal do júri, no qual a formulação dos quesitos se deu de forma complexa, vio-lando o procedimento normatizado, cujo determina que os quais quesitos deverão ser feitos em proposições simples e bem distintas.e) Cuidando-se de empresa pública, a penhora dos valores existentes em sua conta-corrente poderá ocasioná-la danos de difícil reparação, inviabilizando a adimplência de compro-missos assumidos, inclusive o pagamento de salários de fun-cionários.

ATENÇÃO: as questões de 20 a 23 referem ao texto abaixo.

Texto VIII

Governo do Estado do AmazonasDefensoria Pública do Estado do AmazonasOf. nº 125/2003/SG

Manaus, 5 de outubro de 2003.A Sua Excelência o SenhorDeputado Jaime da LuzCâmara dos Deputados70160-900 – Brasília-DFAssunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Deputado,

Informo a Voss Excelência que as medidas tomadas em favor da demarcação das terras indígenas estão amparadas pelo

procedimento administrativo consuetudinário, com amparo legal e tendo em vista os princípios éticos, conforme reza a moral e os bons costumes.

Reforço que a demarcação de terras indígenas deve ser pre-cedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao dispositivo no art. 231, § 1º, da Constituição Federal, os quais devem incluir os aspectos etno-históricos, sociológicos, carto-gráfi cos e fundiários. O exame deste último aspecto deve ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual com-petente.

Sendo o que nos traz no momento, reiteramos nossas sau-dações.

Atenciosamente,

Marina Severina NordestinaSecretária Geral

A partir das informações contidas no documento acima, jul-gue os itens subsequentes.

20. ( ) Esse documento, com a data corretamente redigida e localizada, é o centésimo vigésimo quinto ofício expedido no ano indicado pelo órgão supracitado, sob a responsabilidade da secretaria geral.21. ( ) No endereçamento, há um erro quanto ao emprego do pronome de tratamento, pois deveria constar, abreviada-mente, V.S.ª, ou seja, Vossa Senhoria.22. ( ) A signatária, ao fl exionar no singular a forma verbal “reza”, no primeiro parágrafo do texto, expressa que conside-ra coisas distintas a “moral” e os “bons costumes”.23. ( ) O fecho dessa correspondência, adequadamente re-digido e localizado, serve também para fechamento dos expe-dientes denominados memorando e requerimento.

Leia o texto a seguir para esponder as questões de 24 a 33

Texto IX

Leia os seguintes fragmentos de um documento do padrão ofício para responder aos próximos dez itens.

I – Solicitamos à Vossa Senhoria que sejam indicados, até 22 de maio do corrente ano, os cinco servidores para participa-rem da elaboração dos projetos.II – Carlos de Sousa SoaresDiretor Geral de Recursos HumanosIII – Senhor Secretário,IV – Respeitosamente,V – Brasília, 27 de junho de 2002.VI – Ofício nº 23/DRH/ME.

24. ( ) Observando o corpo de texto, pode-se inferir que a situação é mais adequada a um memorando.25. ( ) O nome por extenso do signatário é opcional, já que a assinatura é obrigatória.26. ( ) No vocativo de um ofício, deveria constar apenas o nome do destinatário.27. ( ) Considerando que o destinatário é de menor hierar-quia que o signatário, o fecho indicado está errado.28. ( ) Em se tratando de um ofício, está faltando o ende-reçamento.29. ( ) A sequência lógica do documento é: VI –V-III-I-IV-II.

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30. ( ) O pronome de tratamento indicado não está adequa-do à situação.31. ( ) A crase antes do pronome de tratamento é facultativa.32. ( ) No texto, não há obediência ao princípio da concisão.33. ( ) No vocativo, a vírgula poderia ser substituída por dois pontos.

34. Os decretos compõem-se de dois elementos: a ordem legislativa (preâmbulo e fecho) e a matéria legislada (texto ou corpo da lei). Quanto à numeração, o Manual de Redação da Presidência da República determina que:a) os decretos contendo regras jurídicas de caráter geral e abstrato sejam numerados e não contenham ementa.b) os decretos relativos a nomeação ou designação para car-go público sejam numerados e não contenham ementa.c) os decretos contendo regras de caráter singular não sejam numerados, mas contenham ementa.d) os decretos contendo regras de caráter singular não sejam numerados e não contenham ementa.e) os decretos contendo regras jurídicas de caráter geral e abstrato não sejam numerados e não contenham ementa.

35. Apostila é um nome de um dos Atos Normativos mencio-nados no Manual de Redação da Presidência da República. Sobre sua defi nição e fi nalidade, é CORRETO afi rmar que Apostila é:a) o ato praticado por meio de republicação no Diário Ofi cial de documento público, para corrigir fl agrante inexatidão ma-terial do texto original, desde que essa correção não venha a alterar a substância do ato já publicado.b) a retifi cação, mediante correspondência administrativa endereçada à repartição competente, para permitir o acesso dos servidores à instrução a ser praticada nos procedimentos mencionados no ato normativo anterior.c) a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso de de-cretos e portarias pessoais para que seja corrigida fl agrante inexatidão material do texto original, desde que essa correção não venha a alterar a substância do ato já publicado.d) o conjunto de documentos legais acerca de um tema de interesse do Poder Público, reunidos de modo didático para permitir o acesso dos servidores à legislação e à instrução a ser praticada na redação de ato normativo.e) o conjunto de documentos legais acerca de um tema de interesse do Poder Público, reunidos de modo cronológico para permitir a instrução técnica do servidor encarregado de propor a redação de ato normativo.

36. (Ag. Administrativo – Funasa – Cesgranrio - 2009)

REDAÇÃORedija um ofício em que o Diretor de um dos departamentos da Fundação Nacional de Saúde solicita a um dirigente de outro órgão público da área de saúde a indicação de um especialista para participar de mesa-redonda que tem por objetivo discu-tir medidas de prevenção contra a gripe suína (Infl uenza A).

Justifi que a necessidade da participação desse especialista.

O ofício deverá ser redigido de acordo com as normas esta-belecidas no Manual de Redação da Presidência da República.

Como a redação não deverá ser identifi cada, utilize no ofício um nome fi ctício.

(Administrador - SEAPA/DF – CESPE – 2009)

TimbreNOME DO ÓRGÃO EXPEDIDOR

Senhor Coordenador-Geral,Dr. Pedro José Cabral

Em atendimento à determinação da ordem de serviço n.º 200002, e consoante o estabelecido na Seção II, Capítulo IV, da Instrução Normativa TTFGH n.º 13, de 22 de abril de 2005, apresentamos os exames realizados no PROCESSO ANUAL DE CONTAS da Secretaria XVWYZ.(...)CONCLUSÃOTendo sido abordados os pontos requeridos pela legislação aplicável, submetemos o presente relatório a consideração superior, de modo a possibilitar a emissão do competente cer-tifi cado de auditoria.

Brasília, 7 de setembro de 2008.Fulano de Tal

37. (Advogado Jr. – Petrobras – Cesgranrio – 2006) Indique a opção que NÃO está de acordo com as características esta-belecidas para correspondências ofi ciais.a) A impessoalidade, a clareza, a concisão e o paralelismo gramatical são qualidades necessárias à boa redação.b) Há documentos que diferem mais no que diz respeito à forma do que à fi nalidade, como o memorando, o ofício e o aviso.c) Os ofícios poderão ser impressos em ambas as faces do papel e deverão ter as margens esquerda e direita com as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho).d) O memorando é a modalidade de comunicação entre uni-dades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes.e) O correio eletrônico, quando usado como correspondência ofi cial, não apresenta forma rígida para sua estrutura, mas evita-se o uso de linguagem incompatível com uma comuni-cação ofi cial.

38. Assinale a alternativa CORRETA quanto à concordância verbal e nominal em relação aos pronomes de tratamento empregados na redação ofi cial.a) Recebei Vossa Magnifi cência nosso protesto de conside-ração.b) Vossa Senhoria não entendeu minha declaração sobre os diferentes tipos de inteligência.c) Vossa Excelência tendes sido mal informa dos sobre as pesquisas desenvolvidas na instituição.d) Informo a V. Sa. de que vossas observações serão levadas em consideração no relatório fi nal.e) Vossa Eminência sereis oportunamente informado dos re-sultados.

GABARITO01. c 02. d 03. b 04. e 05. d 06. a

07. b 08. b 09. a 10. d 11. e 12. d

13. a 14. c 15. c 16. b 17. a 18. d

19. b 20. C 21. E 22. C 23. E 24. E

25. E 26. E 27. C 28. C 29. C 30. C

31. E 32. E 33. C 34. c 35. c 36.

37. b 38. b

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O ato de escrever deve ser entendido como a etapa fi nal de um longo processo de refl exão. Uma constatação óbvia: es-crever é colocar uma ideia no papel; portanto, o primeiro pas-so é ter uma ideia. Para ter ideias, é preciso ler, ler e ler. Mas não basta ler e fechar o livro, dizer que leu. O mais importante é a leitura ativa (ou interativa), que leva à refl exão. O leitor deve atuar sobre o livro e, ao mesmo tempo, deve ser per-meável à leitura. Ao ler um poema, um romance, um artigo de jornal ou qualquer outro tipo de texto, deparamos com a leitura de mundo de quem o escreveu. Portanto, ler muito é acumular várias experiências, várias vivências. Só assim con-seguimos formar a nossa própria leitura de mundo.

A leitura é fundamental para a produção de textos porque nos permite o contato com uma variedade de conteúdos (culturas, áreas de conhecimento, informações em geral).

Uma vez ultrapassada a primeira fase do processo – ter ideias –, a questão que se coloca é como colocar essas ideias no papel, como encontrar a melhor forma de expressá-las. Os problemas vão desde o domínio do vocabulário, passando por um razoável conhecimento de ortografi a, pontuação, con-cordância e de outros quesitos gramaticais, para fi nalmente desembocar em algo muito pessoal, o estilo. Tudo isso sem perder de vista os elementos do processo de interação (es-pecialmente quem é meu interlocutor), a intencionalidade e a adequação.

Então, mais uma vez entra em jogo os conhecimentos ad-quiridos pela leitura, desta vez os conhecimentos de forma: variedade de gêneros textuais e variedade de registros e mo-dalidades da língua.

Mas afi nal, o que se avalia em uma redação?

A redação procura medir dois pontos básicos e fundamentais de um texto coerente; então, avalia-se:

• a capacidade do aluno em ler e entender o seu próprio texto, somado a sua capacidade de escrita;• a capacidade do aluno em organizar suas ideias na redação.

Quando se anula uma redação?

O aluno só terá uma nota zero na redação se:• não entender a solicitação da prova, ou seja, o aluno lê a prova e faz um texto sobre os animais, por exemplo, quando teria de fazer sobre a guerra; • fi zer um desenho; • fi zer um poema.

TIPOLOGIA TEXTUAL

Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação ou composição textual. Basicamente, existem três tipos de redação: narração (base em fatos), descrição (base em ca-racterização) e dissertação (base em argumentação).

Talvez a maneira mais simples de defi nir a noção de texto seja dizer que é uma unidade de linguagem, de extensão variável, produzida a partir de um determinado contexto ou situação, que visa comunicar uma mensagem, através de um meio, de um locutor ou sujeito a um interlocutor ou receptor. Para isso, é utilizado um código comum aos interlocutores (locutor e receptor). Perceba que nessa defi nição houve refe-rência a todos os elementos da comunicação, pois a existên-cia de qualquer texto, seja oral, escrito ou visual, supõe todos os seis elementos da comunicação.

Elaboramos bilhetes, cartas, telegramas, respostas de ques-tões discursivas, contos, crônicas, romances, artigos, mono-grafi as, descrições, narrações, dissertações, e-mails, enfi m, várias modalidades de redação. Seja qual for a modalidade redacional, a criação de um texto envolve conteúdo (nível de ideias, mensagem, assunto), estrutura (organização e dis-tribuição adequada das ideias), linguagem (expressividade, seleção de vocabulário) e gramática (adequação à norma pa-drão da língua).

Geralmente, as modalidades redacionais aparecem combi-nadas entre si, vamos, inicialmente, procurar defi nir os três tipos básicos.

DESCRIÇÃO

A descrição procura apresentar, com palavras, a imagem de seres animados ou inanimados captados através dos cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato e gustação). A carac-terização desses entes obedece a uma delimitação espacial.

Elementos predominantes na descrição:a) Frases nominais (sem verbo) ou orações em que predomi-nam verbos de estado (ser, estar, parecer etc.).

1111REDAÇÃOREDAÇÃO

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b) Frases enumerativas.c) Adjetivação, qualifi cando nomes.d) Figuras de linguagem: recursos expressivos, em linguagem co-notativa, como metáfora, metonímia, prosopopeia, sinestesia etc.e) Referências às sensações, ou seja, as percepções visuais, auditivas, gustativas, olfativas e táteis.

NARRAÇÃO

A narração constitui uma sequência temporal de ações desen-cadeadas por personagens envoltas numa trama que culmina num clímax e se esclarece no desfecho.

Narrar, portanto, é contar uma história (real ou fi ctícia). O fato narrado apresenta uma sequência de ações envolvendo personagens no tempo e no espaço.

São exemplos de narrativas a novela, o romance, o conto, uma peça de teatro, a crônica, uma notícia de jornal, uma piada, um poema, uma letra de música, uma história em qua-drinhos, desde que apresentem uma sucessão de aconteci-mentos. Convencionalmente, o enredo da narração pode ser assim estruturado:a) exposição (apresentação das personagens e/ou do cenário e/ou da época);b) desenvolvimento (desenrolar dos fatos apresentando com-plicação e clímax) e;c) desfecho ou desenlace (arremate da trama).

Entretanto, há diferentes possibilidades de se compor uma trama, seja iniciá-la pelo desfecho, construí-la apenas através de diálogos, ou mesmo fugir ao nexo lógico de episódios, ou seja, construir uma história que não está adequada à realida-de, mas que está adequada a uma lógica que lhe é própria. Como exemplo disso, tem-se o seguinte excerto:

“A safra pertenceu originalmente a um sultão que morreu em circunstâncias misteriosas, quando uma mão saiu de seu prato de sopa e o estrangulou. O proprietário se-guinte foi um lorde inglês, o qual foi encontrado certo dia, fl orindo maravilhosamente numa jardineira. Nada se soube da joia durante algum tempo. Então, anos depois, ela reapareceu na posse de um milionário texano que se incendiou enquanto escovava os dentes.”

Woody Allen. Sem Plumas.

Elementos básicos da narração:a) Enredo (ação), personagem, tempo e espaço.b) Foco narrativo (de 1ª ou 3ª pessoa) que é a perspectiva a partir da qual se conta a história.c) Os discursos (direto, indireto ou indireto livre) representam a fala da personagem.

DISSERTAÇÃO

Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado as-sunto. É discutir essas ideias, analisá-las e apresentar provas que justifi quem e convençam o leitor da validade do ponto de vista de quem as defende.

Dissertar é um exercício cotidiano e você o utiliza toda vez que discute com alguém, tentando fazer valer sua opinião sobre qualquer assunto, por exemplo, futebol, política etc. Isso porque o pensar, a capacidade de refl exão, é uma prática permanente da nossa condição de seres sociais, cujas ideias

são debatidas e veiculadas através da comunicação linguísti-ca. Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica situações diversas, questionando a realidade e nossas posições diante dela.

A adequada expressão do conteúdo da dissertação exige o encadeamento das ideias. Assim, para se redigir um texto dissertativo é indispensável:

- Criticidade: exame e discussão crítica do assunto, por meio de argumentos convincentes, gerados pelo acervo de conhecimentos pessoais adquiridos através de pesquisas bi-bliográfi cas, leituras e experiências. É um processo de análise e síntese.

- Clareza das ideias: vocabulário preciso, objetivo e coe-rente às ideias expostas. O aprimoramento da linguagem e a diversidade vocabular são fundamentais para adequar ideias e palavras. Essa capacidade se adquire através do hábito de leitura, de escrita e de pesquisas em dicionários e gramáticas.

- Unidade: o texto deve desenvolver-se em torno de um as-sunto. As ideias que lhe são pertinentes devem suceder-se em ordem lógica. Não deve haver redundância nem porme-nores desnecessários. Como não é possível esgotar um tema, a redação impõe certos limites e é preciso saber escolher os aspectos a serem desenvolvidos. Em vista disso, é muito im-portante que, antes de começar sua dissertação, você saiba delimitar o tema a ser explorado, selecionando os aspectos que achar mais relevantes ou aqueles que conheça melhor. A delimitação ajuda a pôr em ordem nossas ideias.

- Coerência: deve haver associação e correlação das ideias na construção dos períodos e na passagem de um parágra-fo a outro. Os elementos de ligação, tais como conjunções, pronomes relativos, pontuação etc., são indispensáveis para entrosar orações, períodos e parágrafos.

- Organização dos parágrafos: não deve haver fragmenta-ção da mesma ideia em vários parágrafos, nem apresentação de muitas ideias num só parágrafo. A sequência dos pará-grafos deve ser coerente e articulada. A transição entre os parágrafos deve ser adequada, quer pelas relações em nível das ideias, quer pelo uso de palavras e expressões de ligação.

Embora a capacidade de pensar, portanto a capacidade dis-sertativa, seja própria de nossa condição de homens, ela é limitada, em geral, por nossas condições de vida. Temos nos distanciado da paixão de pensar, de compreender, de questio-nar - de modo livre e lúcido, organizado e produtivo - nossa realidade. Como encaminhar o pensamento para conquistar o conhecimento de forma organizada e coerente?

Suponhamos que devemos redigir um texto dissertativo sobre um determinado assunto, já realizamos uma pesquisa biblio-gráfi ca, porém nos encontramos em difi culdade para começar a escrever de forma organizada. Para que nosso trabalho seja encaminhado, vamos utilizar a TÉCNICA DA DÚVIDA:

1º passo: Transformar o tema em interrogação.

2º passo: Responder à interrogação de forma natural (se já estamos informados sobre o assunto, conseguimos tirar dessa resposta nossa posição ou ponto de vista).

3º passo: Por que pensamos assim? Tentar justifi car nossa posição (desse questionamento extraímos nosso argumento principal).

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4º passo: Procurar fazer anotações de ideias e exemplos re-lacionados ao tema, à posição e ao argumento principal, que poderão ser utilizados como argumentos auxiliares, coadju-vantes na sustentação de nossa posição e convencimento do receptor de nosso texto.

5º passo: Tentar se colocar na posição contrária, o que pensa e como se justifi ca quem assume posições diferentes da nos-sa (lembre-se que toda dissertação supõe debate, discussão, há, portanto, diálogo, explícito ou implícito com outros conhe-cedores do assunto sobre o qual estamos escrevendo). Daqui tiramos os argumentos contrários aos nossos.

6º passo: Confrontar os nossos argumentos com os argumen-tos contrários. Será que nossos argumentos são realmente melhores? Será que são convincentes?

7º passo: Tentar encontrar novos argumentos para refutar os argumentos contrários à nossa posição.

TIPOS DE DISSERTAÇÃO

DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA: Um texto é expositivo quan-do aborda uma verdade inquestionável, dá a conhecer uma informação ou explica pedagogicamente um assunto, sem apresentar discussão ou sem que o autor dê a conhecer, ex-plicitamente, sua posição sobre o tema tratado. Exemplos de textos expositivos: livros didáticos de ciências, de histó-ria, matérias jornalísticas informativas etc. Mas é importante ressaltar que mesmo nas dissertações expositivas é possível reconhecer uma posição, a partir da seleção de dados e da maneira de apresentar esses dados pelo autor.

DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA: O texto argumentativo sustenta-se com exemplos elucidativos, interpretação ana-lítica, evidências e juízos, sempre com visão crítica. Assim, enquanto a dissertação expositiva apresenta um assunto, a argumentativa o discute. Nela, o autor assume, explicitamen-te, a defesa de uma posição.

ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO

A dissertação, comumente, apresenta três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

INTRODUÇÃO (OU TESE): É a apresentação do assunto a ser discutido e do ponto de vista que orientará o autor no desenvolvimento de seu texto. Pode ser elaborada por meio de afi rmação, defi nição, citação, interrogação, da narração de um fato ou traçando uma trajetória histórica da questão tratada. Esses procedimentos podem ou não vir combinados entre si.

DESENVOLVIMENTO (ARGUMENTAÇÃO): O desenvolvi-mento é a parte mais extensa do texto dissertativo. Consti-tui-se pela apresentação dos argumentos, que são exempli-fi cações, dados estatísticos, referências a provas concretas, testemunhos de autoridade, referências históricas etc., que justifi cam e sustentam a tese (ideia central) apresentada na introdução.

O conteúdo dos parágrafos de desenvolvimento deve obe-decer a uma progressão: repetir ideias mudando apenas as palavras resulta em redundância. É preciso encadear os enun-ciados de maneira que se completem (cada enunciado deve

acrescentar informações novas ao anterior). Deve-se também evitar a reprodução de clichês e frases feitas - recursos que enfraquecem a argumentação.

Podemos defi nir o argumento como sendo aquilo que justifi ca e esclarece o pressuposto apresentado pelo autor sobre um determinado tema.

CONCLUSÃO: Quando elaboramos uma dissertação, temos sempre um objetivo defi nido: defender uma ideia, um ponto de vista. Para tanto, formulamos uma tese interessante, que será desenvolvida com efi cientes argumentos, até atingir a última etapa da estrutura dissertativa, que é a conclusão. As-sim, as ideias devem estar articuladas numa sequência que conduza logicamente ao fi nal do texto. Para textos com teor informativo, caberá a conclusão que condense as ideias con-sideradas. Já no caso de textos cujo conteúdo seja polêmico, questionador, recomenda-se a conclusão que proponha solu-ções ou levante hipóteses acerca do tema discutido. A con-clusão pode, ainda, ser uma retomada da tese, reafi rmando o posicionamento nela proposto.

O texto dissertativo será tão mais convincente quanto maior, mais coerente e mais convincente for a malha de relações que o autor conseguir tecer; ou seja, quanto mais amplo for o contexto de relações de causa e consequência em que o autor conseguir inserir o assunto abordado.

Exemplo:• Tema: A falta de leitura entre os jovens.• Pressuposto: O caráter predominantemente visual da cultu-ra de massas (substituição da palavra pela imagem).• Argumentos: Por isso, os jovens têm difi culdades para apre-ender conceitos. Por isso, os jovens são propensos a ter di-fi culdades para dominar a sintaxe da Norma Culta da Língua Portuguesa.• Conclusão: Constata-se um crescente empobrecimento inte-lectual entre os jovens.

Na maioria dos concursos, o tipo de texto mais solicitado é o dissertativo, afi nal ele permite que os alunos mostrem seu potencial argumentativo, seu ponto de vista a respeito do mundo, seu grau de informatividade e não exige habilidades literárias – até porque Machados de Assis não nascem todos os dias e escrever literatura é um trabalho árduo, que neces-sita muita dedicação.

Exemplo de texto dissertativo:

O MILAGRE DA CIDADE DE DEUS

(1) “Nos últimos oito meses, ocorreu apenas um assassi-nato na Cidade de Deus, a região cuja violência foi proje-tada mundialmente por causa do magnífi co fi lme de Fer-nando Meirelles. Mesmo este único assassinato não está ligado ao tráfi co, mas a uma desavença familiar. Qual o santo por trás desse milagre? Temos aqui uma das mais interessantes notícias, no Brasil, de 2009.

(2) No ano passado, a polícia decidiu não apenas fazer uma investida na região, mas controlar o território – e, assim, conseguiu ganhar certa confi ança da população. É um processo semelhante ao que ocorreu em São Paulo, no Jardim Ângela, região tida, há dez anos, como a mais violenta do mundo. A articulação nessa região fez com que São Paulo ocupasse, segundo indicador do Ministério da Justiça, a condição de capital brasileira mais segura (ou menos insegura, se preferir).

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(3) Depois da polícia, vieram ações sociais. Uma delas, implementada pela prefeitura, foi o bairro educador. Uma parte das escolas funciona em tempo integral, com ati-vidades disseminadas pelo bairro – criou-se a fi gura do professor comunitário. A matrícula escolar cresceu, no período, 30%.

(4) Na verdade, nem o santo é santo. Nem o milagre é milagre. Em todos os lugares em que se combinam ações policiais repressivas e preventivas – o policiamento co-munitário – com atividades sociais, criando um senso de pertencimento, o crime cai.

(5) Foi assim no Jardim Ângela, mas também em Bogotá, Medellín, Los Angeles, Boston e Nova York.

(6) Cidade de Deus só mostra que estamos começando a dominar a receita contra a barbárie.”

Folha Online. 07/12/2009. In: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u662760.shtml

Comentários:

(1) Apresentação do tema sobre o qual o texto tratará: medi-das de controle da violência em favelas.

(2) Argumento 1 – Comparação de situações semelhantes: Jardim Ângela (SP) e Cidade de Deus (RJ).

(3) Argumento 2 – Descrição das medidas de controle da vio-lência.

(4) Argumento 3 – Avaliação do autor sobre os argumentos. Note que isso se dá sem a presença de termos na 1ª pessoa.

(5) Argumento 4 – Outros locais onde as mudanças foram aplicadas com sucesso.

(6) Conclusão.

TIPOS DE DISCURSONo DISCURSO DIRETO, o narrador introduz o personagem, geralmente, com um verbo de elocução e termina a frase com dois pontos. Em seguida, faz um novo parágrafo e coloca um travessão, seguido da fala do personagem. Já, no DISCUR-SO INDIRETO, o narrador conta o que o personagem disse.

Muitas vezes é conveniente transformar um discurso direto em indireto. É o que fazemos, normalmente, ao reproduzir um diálogo que presenciamos, com nossas palavras.

Veja como fi cam algumas passagens de narrativas de nossa literatura, originalmente escritas em discurso direto, transpos-tas para o indireto.

Discurso direto Discurso indireto

Aires pôs água na fervura, dizendo para o bacharel:

— Não vale a pena, moço; o que importa é que cada um tenha as suas ideias e se bata por elas, até que elas vençam.

(Machado de Assis, in Esaú e Jacó)

Aires pôs água na fervura, dizendo para o bacharel que não valia a pena. O que importava é que cada um tivesse as suas ideias e se batesse por elas, até que elas vencessem.

Observe, em negrito, as modifi cações realizadas no texto, re-sumidas no quadro abaixo:

Discurso direto Discurso indireto

Uso de dois-pontos, pará-grafo e travessão, depois do verbo de elocução.

Ausência de pontuação de-pois do verbo de elocução, que vem seguido do conec-tivo que.

Verbos no presente do indi-cativo.

Verbos no perfeito ou im-perfeito do indicativo.

A transformação de discurso, portanto, requer atenção espe-cial no emprego dos tempos verbais, pontuação e algumas palavras como pronomes, advérbios e conectivos.

TEMPOS VERBAIS

Ao transformar o discurso direto em indireto, transcrevemos algo que alguém já disse. Logo, no discurso indireto, o tempo verbal será sempre passado em relação ao discurso direto. Observe alguns casos no quadro abaixo.

Discurso direto Discurso indireto

Presente do indicativo Pretérito perfeito ou imper-feito do indicativo

Pretérito perfeito do indicativo

Pretérito mais-que-perfeito simples ou composto

Imperativo Pretérito imperfeito do sub-juntivo

Futuro do presente do indicativo

Futuro do pretérito do indi-cativo

PRONOMES E ADVÉRBIOSPronomes e advérbios também são classes gramaticais que requerem alterações. Veja o exemplo a seguir.

Discurso direto Discurso indireto

Justina olhou para Elza e disse:

— Hoje não saio de casa.

— Não compreendo essa sua atitude.

Justina disse a Elza que aquele dia não sairia de casa e Elza respondeu que não compreendia aquela atitude dela.

Hoje (advérbio de tempo) aquele dia

essa (pronome demonstra-tivo) aquela

sua (pronome possessivo) dela

Observe, ainda, que, além dos tempos verbais, pronomes e advérbios, é preciso estar atento à coesão textual, empre-gando corretamente os conectivos que unirão as falas que compõem o diálogo.

O DISCURSO INDIRETO LIVRE combina algumas caracte-rísticas do discurso direto com algumas do discurso indireto. Do primeiro, as falas dos outros reproduzidas literalmente, tal qual foram ditas, porém sem as marcas típicas (travessões, dois-pontos, etc.); do segundo, as falas dos outros integradas no texto, porém sem marcas típicas.

Dos efeitos provocados pelo emprego do discurso indireto li-vre para introduzir outras vozes na montagem de um texto, podemos citar:

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• A fl uência textual, o texto não aparece truncado pelas mar-cas de introdução das vozes;• A vivacidade textual, as falas não perdem sua força, pois estão reproduzidas de forma literal.

“Como nas noites precedentes, uma fi la de agricultores se formou na porta de uma padaria e o padeiro saiu a informar que não havia pão. Por quê? Onde estava o pão? O padeiro respondeu que não havia farinha. Onde então estava ela? Os agricultores invadiram a padaria e levaram o estoque de roscas e biscoitos, a manteiga e o choco-late.”

Garcia de Paiva. Os agricultores arrancaram paralelepípedos.

No fragmento apresentado, o autor reproduz uma conversa entre um grupo de agricultores e um padeiro sem utilizar a es-trutura tradicional de diálogo. Nas duas falas do padeiro, temos exemplos de discurso indireto: “... o padeiro saiu a informar que não havia pão” e “O padeiro respondeu que não havia farinha.” Por outro lado, quando o narrador reproduz a fala dos agricultores, ele o faz literalmente, ou seja, usando a mesma forma com a qual eles se expressam, o que é uma característica do discurso direto. Quando isso ocorre – algumas expressões do discurso direto intercaladas ao discurso indireto –, temos um discurso misto, a que chamamos discurso indireto livre.

PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA E ARTICULAÇÃO DE ARGUMENTOS

COMO ESCREVER O NECESSÁRIO EM POUCAS PALAVRAS?

Há autores que apresentam uma característica expressiva em seus textos: gastam muitas palavras para comunicar suas ideias. São detalhistas, preferem explorar as ideias em várias facetas. Outros têm características opostas: expressam suas ideias em poucas palavras; comunicam o essencial; vão di-reto ao raciocínio. Se há o exagero expressivo, comete-se o erro chamado prolixidade. Se há muita economia de ideias, caímos no erro do hermetismo. Entre esses dois extremos, há os textos mais fl uentes e cheios de palavras ou os mais densos e contidos. Assim, começamos a falar em concisão e precisão da linguagem.

1. Concisão e precisão Concisão é a qualidade de dizer o máximo possível com o mí-nimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa para dizer exatamente o que se quer.

Podemos considerar a concisão e a precisão como qualidades que caminham juntas, têm afi nidade. Mas a concisão verifi ca-se na frase e a precisão, no vocábulo.

1a. Texto conciso e texto precisoUm texto conciso é aquele em que as ideias se condensam em frases e períodos que expressam o essencial do que se quer comunicar. Em um texto preciso, todas as palavras traduzem exatamente as ideias do autor e não entram em choque com conceitos estabelecidos. O antônimo ou o contrário da con-cisão é a prolixidade. O contrário da precisão é a imprecisão ou o óbvio.

2. Quando a redundância é necessária A redundância é uma das falhas mais comuns na falta de con-

cisão. Ser redundante signifi ca dizer a mesma coisa mais de uma vez. Geralmente, a redundância prejudica um texto. Mas há situações em que ela é justifi cável e necessária, como em um texto didático em que o autor repete de propósito concei-tos ou os redige em outras palavras, usando a repetição como um recurso para acentuar pontos importantes do assunto.

3. A fala e a escrita Não podemos estabelecer um paralelo exato entre a fala e a escrita. Há pessoas que são prolixas na expressão oral, outras são de poucas palavras. Mas isso não quer dizer que elas se comportarão do mesmo modo ao redigir. Muitas vezes, pesso-as falantes são concisas ao redigir e vice-versa.

4. As características do redator O redator precisa identifi car as suas características ao escre-ver, fi cando atento para reconhecer se é prolixo ou conciso demais. Assim, fi ca mais fácil controlar os excessos ou con-tornar as falhas. O prolixo vai precisar reler seus textos e cortar o que é excessivo. O conciso deve observar se não está sendo sintético demais, a ponto de difi cultar a compreensão do leitor, e se é necessário desenvolver mais alguns trechos de seu texto.

5. Redação é concisão O ato de redigir ou o momento em que o autor cria o texto é solitário. É uma situação de escolha e síntese de palavras, normalmente muito menos espontânea do que a fala. Escre-ver pressupõe também um trabalho lento de aprendizagem e de consciência de elaboração do texto. É um processo conciso por sua própria natureza.

6. Liberdade de expressão A necessidade de ser conciso não deve ser uma limitação à liberdade de expressão do redator. Por isso, pense no seu modo de redigir, na sua personalidade de escritor — que ja-mais poderá ser moldada por imposições teóricas. A concisão como qualidade somente será atingida se você respeitar seu modo de ser quando estiver escrevendo. A concisão, portan-to, não é linguagem de telegrama, é uma forma particular de buscar a linguagem mais econômica, com o único intuito de conseguir uma comunicação mais efi ciente.

7. A imprecisão Com frequência ouvimos frases como: “Tá na ponta da lín-gua...”; “Como é mesmo o nome daquela coisa?”; “Como é que eu digo isso?”; “Esqueci...”; e tantas outras. Essa sensa-ção de que as palavras de repente fogem de nós pode indicar que o nosso vocabulário é insufi ciente ou impreciso.

7a. Ampliação do vocabulário A limitação do vocabulário não impede um raciocínio inteli-gente e incisivo. Em tese, nosso vocabulário é sufi ciente para desenvolver nossas tarefas. Quando ele é insufi ciente, pesqui-samos e estudamos.

Quando dominamos bem o nosso vocabulário, conseguimos ser mais precisos; ou seja, a precisão depende mais do domí-nio do vocabulário que temos do que do conhecimento de um grande número de palavras.

8. Terminologia A precisão é um aspecto importante da linguagem. Mas, se pensamos no vocabulário específi co de uma ciência ou de uma área de conhecimento e no conteúdo que esses termos expressam, a precisão se relaciona diretamente com a termi-

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nologia — que é outro critério de avaliação da qualidade do texto.

Redação boa não é aquela em que o aluno apenas escreveu sobre determinado tema, nem aquela em que ele mostrou conhecimento da modalidade culta da língua. Redação boa é aquela cujo autor demonstra vasta cultura geral, prova por meio de raciocínio concludente que sabe argumentar com coerência e apresenta deduções que denotam a verda-de de sua conclusão por se apoiar em premissas admitidas como verdadeiras.

APRIMORAMENTO LINGUÍSTICO Por ser um conjunto de opiniões pessoais logicamente conca-tenadas, a redação deve ser precisa, rigorosa. Para despertar interesse, deve ser sugestiva e original. A vulgaridade é o ní-vel em que a mensagem é só redundância. Vejamos os casos mais frequentes de vulgaridades, em que a redundância é desnecessária e mesmo prejudicial à informação:

1. Adjetivação excessiva A incômoda e nociva poluição ambiental pode tornar o já pro-blemático e atrasado Brasil uma terra inabitável. 2. Queísmo O fato de que o homem que seja inteligente tenha que en-tender os erros dos outros e perdoá-los não parece que seja certo.

3. Intromissão Cultura, na minha opinião, é ...

4. Projeção da linguagem oral Hoje em dia a gente não vive, a gente vegeta; dizem que an-tigamente a coisa era melhor porque havia mais tempo para as diversões, para as conversas, para a família, e assim su-cessivamente.

5. “Atualidade” redundante O sistema de disco laser, hoje, pouco acessível à maioria dos consumidores que, atualmente, continuam preferindo os to-ca-discos tradicionais. Porém, na atualidade, tem havido um crescente interesse pela aquisição dessa recente inovação tecnológica.

6. Abstração grosseira Porque aí nós pegamos e pensamos: para onde vai à huma-nidade?

7. Predominância do gerúndio (endorreia) Entendendo dessa maneira, o problema vai-se pondo numa perspectiva melhor, fi cando mais claro...

8. Palavras de introdução embromatória A vida, única e exclusivamente, é tão complexa que, apesar de tudo, não obstante o que possam dizer torna-se altamente problemática.

9. Adjetivos cristalizados “Silêncio mortal”, “calorosos aplausos”, “mais alta estima”, “sol quente”, “cabelos negros como a noite”, “grande homem”, sé-ria conversa, “notável artista”, “mulher fatal”, ‘lábios de mel”, “dentes de pérola”, “semblante carregado”, “sinceros votos de feliz natal “, “merecidos aplausos”, “calorosa polêmica”,

“gol espetacular”, “amor inesquecível”, “alma trasbordante”, “esmagadora maioria”.

10. Lugar-comum ou clichê “Subir os degraus da glória”, “fazer das tripas coração”, “en-cerrar com chave de ouro”, “a nível de”, “a grosso modo”, “solução para este problema”, “colocar os pingos nos ii “, “sair com as mãos abanando”, “fazer fé em”, “da melhor maneira possível”, “em todos os cantos do mundo”, “com a voz embar-gada pela emoção”, “muita gente pensa que”, “isto quer dizer que”, “pedra sobre pedra”, “dos males o menor”, “encher os bolsos”, “agora ou nunca”, “contorcendo-se em dores”, “cho-rando copiosamente”, “ uma vergonha”. 11. Truísmo - (verdade evidente) Todos os homens são mortais. / São Paulo, o maior centro industrial da América Latina./ Pelé considerado rei do futebol. / A criança de hoje será o adulto de amanhã. /Os idosos são pessoas que viveram mais que os jovens.

ARGUMENTAÇÃO

O ato de argumentar procura atingir a vontade, o sentimen-to dos interlocutores por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis e tem caráter ideológico, subjetivo, temporal, di-rigido a um leitor particular, levando a inferências que podem induzir esse leitor à adesão dos argumentos apresentados.

A argumentação esteia-se em dois elementos principais: a consistência do raciocínio e a evidência das provas. São cinco os tipos mais comuns de evidência: os fatos propriamente ditos, os exemplos, as ilustrações, os dados estatísticos e o testemunho.

1. Proposição: Afi rmativa, sufi cientemente defi nida e limita-da; não deve conter em si mesma nenhum argumento, isto é, prova ou razão.

2. Análise da proposição.

3. Formulação dos argumentos (evidências):(a) fatos;(b) exemplos;(c) ilustrações;(d) dados estatísticos;(e) testemunho.

4. Conclusão.

Fonte: Garcia, 1997.

Por organizar as ideias em função da expressão de um ponto de vista, a argumentação têm o predomínio de:

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• Linguagem denotativa, objetiva, sem rodeios (afi nal, con-vence-se o leitor pela força dos argumentos, não pelo cansa-ço), dispensando o uso abusivo de fi guras de linguage, bem como o valor conotativo das palavras (o que não signifi ca que esses recursos nunca sejam usados);• Várias vozes ao longo do texto: a voz do produtor do texto e as vozes introduzidas por ele por meio de citações e/ou referências, ora para afi rmar sua posição, ora para refutá-las;• Períodos compostos por subordinação, especialmente os que exprimem relações de causa/consequência e concessão; consequentemente, predominam as conjunções causais (por-que, que, pois, visto que, já que etc.) e concessivas (embora, ainda que, se bem que, conquanto etc.);• Períodos compostos por coordenação, com destaque para os que exprimem contraste (coordenadas adversativas) e os utilizados para fechar uma ideia (coordenadas conclusivas);• Expressões valorativas positivas ou negativas, quando a in-tenção é evidenciar uma posição não só com argumentos ob-jetivos (dados, citações, relações lógicas etc.), mas também lançando mão da subjetividade (o que pode dar ao texto tanto um tom irônico ou sarcástico quanto um tom de contundên-cia);• Ordenadores e organizadores textuais, encarregados da arru-mação das informações dentro do texto: do mesmo modo, não só ... mas também, por um lado ... por outro lado, em primeiro lugar ... em segundo lugar, para começar ... fi nalmente etc..

OPERADORES ARGUMENTATIVOS

Operadores argumentativos são palavras e expressões ca-pazes de introduzir um signifi cado, enfatizá-lo ou insinuá-lo.Dentre os mais comuns, destacamos:

• conectivos conjuncionais: especialmente as conjunções que contêm noções semânticas, pois explicitam a relação de sen-tido entre as ideias do texto. Por exemplo: mas = oposição; nem = adição; logo = conclusão etc.;• intodutores de pressupostos: especialmente representados pela palavras e expressões denotativas (até, nem mesmo, in-clusive, também...); numa afi rmação do tipo “Nem mesmo os mais alienados deixarão de receber...”, parte-se de um pres-suposto: o que vai ser demonstrado é óbvio;• intensifi cadores e modalizadores: especialmente represen-tados pelas palavras e expressões denotativas (só, somen-te, apenas, no mínimo, quando muito), são intensifi cadores quando reforçam a noção semântica do termo a que se asso-ciam (“um só elemento”), são modalizadores quando acres-centam uma noção contrastiva ao termo a que se associam (“mas também”);• modalizadores valorativos: representados por expressões adverbiais (lamentavelmente, sinceramente, talvez...), por verbos (acreditar, supor, saber...), por pronomes (isto, aquilo, esta, essa...), por adjetivos (bom, ruim, excelente, desastro-so, divertido, chato...), pelos modos verbais (indicativo, sub-juntivo), exprimem a posição do enunciador em relação às ideias do texto, ora de incerteza, ora de convicção, ora mani-festando subjetividade;• reformuladores: representados por palavras e expressões denotativas (ou seja, melhor dizendo, aliás, quer dizer...), re-tifi cam e/ou esclarecem ideias já expostas.

DO QUE É FEITO O NOBEL DA PAZ?

“A eleição do presidente Barack Obama ao prêmio No-bel da Paz, anunciada nesta sexta-feira, é um prêmio às boas intenções. Porque essas são, por enquanto (1), as

credenciais de seu governo. Cabe analisar do que é feito, afi nal, o prêmio Nobel da Paz, a mais simpática e política (2) das seis premiações da Real Academia de Ciências da Suécia. É de ações individuais ou das de governo? (3) No caso de Obama, seu principal gesto individual será a doação do dinheiro do prêmio a instituições de caridade.

Como governante, sim, ele tem o que mostrar. Sua re-cente proposta de desarmamento nuclear tem um peso extraordinário (4). Aponta uma mudança importante na posição do governo americano. Sua disposição ao diálogo com os países islâmicos, sem perder a fi rmeza na con-denação ao avanço iraniano na área nuclear, também. A recente crítica ao governo de Israel pelas ocupações em território palestino é outra guinada admirável (5).

Mas (6) são ações motivadas pela necessidade de uma correção de rumos inescapável (7). Deveriam resultar, no máximo, em um prêmio Nobel do Bom Senso. Ele perce-beu a rejeição internacional às posições assumidas pelo governo americano nos últimos anos e deu um rumo à diplomacia de seu país. Ou está tentando dar, porque a diplomacia americana é coisa para profi ssionais. Por lá não tem essa história vergonhosa de fi liação partidária como acaba de fazer a cúpula do Itamaraty.

O reposicionamento da política externa americana é resultado do deslocamento do eixo político global com entrada da China e dos outros emergentes no jogo. É resultado também da absurda situação de endividamento legada por George W. Bush, que ele precisa contornar se quiser manter a capacidade de intervenção em confl itos regionais ao redor do mundo. Não se pode dizer que seja (8) uma propensão do presidente à bondade.

O líder político que, durante sua campanha, encantou multidões com a perspectiva de uma nova Era de Aqua-rius, é pragmático a ponto de manter a posição america-na em relação às guerras e adiar a retirada de tropas do Iraque. Da mesma forma, adotou medidas para redução das emissões de gases de efeito estufa muitíssimo (9) mais modestas do que prometeu na campanha.

O prêmio que acaba de ganhar criou a suspeita de que os senhores da Nobel Foundation, na Suécia, estão de birra com George W. Bush (10). Durante o governo do ex-presidente americano, concederam a honraria a alguns de seus principais desafetos ou concorrentes. Assim, como quem não quer nada, em 2002, premiaram Jimmy Carter, que de fato liderou a luta mundial pelos direitos humanos, mas é um integrante do Partido Democrata; o presidente da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed ElBaradei ganhou em 2005. Seu feito notável (11) foi bater de frente com o governo americano por conta da falsa acusação da existência de armas nucleares no Iraque. Era um opositor de Bush, portanto. Em 2007, o ex-vice-presidente Al Gore foi o escolhido, no momento em que se tornou o maior crítico da política ambiental americana.

Premiar Obama agora, com apenas nove meses de gover-no, parece um recado claro de contestação ao governo Bush — que diga-se de passagem (12), lutou com afi nco contra a paz mundial. Talvez o maior feito de Obama seja não ser Bush.”

Ronaldo França. 09/10/09. In: http://veja.abril.com.br/40anos/blog/ronaldo-franca/index.shtml

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Comentários:1. Modalizador - ele traz um tom de parcialidade a oração.2. Modalizadores valorativos - adjetivos.3. Pergunta retórica - são interrogações direcionadas ao inter-locutor (leitor/ouvinte do texto), que o tornam participante do desenvolvimento argumentativo por meio de antecipação de dúvidas, da provocação de refl exões, de afi rmações indiretas.4. Modalizador valorativo - adjetivo.5. Modalizador valorativo - adjetivo.6. Conectivo conjuncional de oposição - o mas chama a aten-ção para o que, na opinião do autor, são as verdadeiras inten-ções de Obama com as ações citadas no parágrafo anterior.7. Modalizador valorativo - adjetivo.8. Modalizador valorativo - modo subjuntivo - expressa dúvida diante da propensão do presidente à bondade.9. Modalizador valorativo - adjetivo.10. Note como os dados que o autor possui servem como sustenção de seu argumento.11. Modalizador valorativo - adjetivo.12. Introdutor de pressuposto.

Perceba que nesse texto a intenção do autor é criticar a pre-miação concedida a Barack Obama. Para tanto, ele usa de ironia, por isso o uso constante de expressões valorativas, principalmente adjetivos. Tente ler o texto sem estes e verá que o tom do texto mudará.

ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO

COESÃO

“A coesão não nos revela a signifi cação do texto; revela-nos a construção do texto enquanto edifício semântico.”

M. Halliday

A metáfora acima representa de forma bastante efi caz o sen-tido de coesão, ao compará-la às partes bem “amarradas” que compõem a estrutura de um edifício. As várias partes de uma frase devem se apresentar bem conectadas para que o texto cumpra sua função primordial – veículo entre o seu articulador e seu leitor.

Portanto, coesão é essa “amarração” entre as várias partes do texto, ou seja, o entrelaçamento signifi cativo entre declarações e sentenças.

Vejam, pode-se dizer: Procurei Túlio, mas ele havia partido.

Porém, não se pode dizer: Mas ele havia partido. Procurei Túlio.

Observe que a sequência lógica das orações presentes em:

“Procurei Túlio” e depois “Mas ele havia partido.”

O pronome “ele” retoma o substantivo e a conjunção “mas” estabelece a oposição entre as duas orações.

Existem, em nossa língua, dois tipos de coesão: a lexical e a gramatical.

• A coesão lexical é obtida pelas relações de sinônimos ou quase sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos e formas re-duzidas.

• Já a coesão gramatical é conseguida a partir do empre-go adequado de pronomes, adjetivos, pronomes substantivos,

pronomes pessoais de 3ª pessoa, elipse, determinados advér-bios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.

MECANISMOS DE COESÃO LEXICAL

• A repetição lexical consiste na reiteração de um termo ou termos de uma mesma família lexical.

• A sinonímia baseia-se na substituição de um termo por outro ou por uma expressão que possua equivalência de signifi cado.

• O campo semântico baseia-se no emprego de termos que pertencem a um repertório associado a uma realidade, uma ciência, um estudo, isto é, termos que designam seres afi ns.

Observe no texto abaixo exemplos desses três mecanismos destacados conforme a legenda: – Negrito - repetição lexical;– Sublinhado - campo semântico;– Maiúscula - sinonímia.

Verde, vermelho, esquerda, direita

“O mundo gira, o tempo passa, e lá vem ela de novo: a teoria de que o aquecimento global é uma farsa monta-da por ex-comunistas desocupados. Então vamos às considerações. O problema é que essa hipótese não faz o menor sentido do ponto de vista político.

É comum ouvir a ideia de que o ambientalismo nada mais é do que o refúgio da esquerda após a queda do muro de Berlim. No repertório conservador pós-1989, dizer que “o verde é o novo vermelho” já virou piada velha. Continua sendo repetida, talvez consequência de a extrema direita europeia e americana ter perdido seu “inimigo de estima-ção” – os estados comunistas de regime ditatorial – do que de um verdadeiro acolhimento da causa ambien-talista pela esquerda.

Em primeiro lugar, porque o ideal socialista de igualdade e justiça não caiu com o muro. O colapso do comunis-mo na EUROPA livrou muitos povos de ditadores cruéis, mas não solucionou desigualdades sociais e regionais, nem mesmo na Alemanha. A esquerda europeia, portanto, pode até acabar por incompetência eleitoral, mas não por falta de injustiças contra as quais lutar. Ela abraçou a causa verde, mas não a tem como um de seus eixos ideológicos centrais.

Fora do VELHO MUNDO, mesmo que alguns grupos de orientação socialista abracem questões como a preser-vação da Amazônia, isso só ocorre em casos onde há favorecimento mútuo. Quem quiser um contraexemplo doméstico pode achá-lo nas altas taxas de desmate em as-sentamentos do Movimento Sem-terra. Quem quiser algo do outro lado do mundo que tente achar um boto chinês no rio Amarelo.

Em segundo lugar, a maior questão ambiental em pauta hoje, o aquecimento global, já têm pontuado o discurso de alguns cardeais do Partido Republicano nos EUA, como Arnold Schwarzenegger. O último candidato a presidente pela sigla, John McCain, foi autor do primeiro projeto de lei do país para reduzir emissões de gases do efeito estufa.

Já na Europa a causa tem sido defendida por líderes como Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, que a direita já deve estar

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vendo como “perigosos comunistas”. Um trabalho do economista Nicholas Stern sob encomenda do ex-premiê britânico Tony Blair, pode ter algo a ver com essa “guinada à esquerda”, já que projeta expressivas perdas econômicas advindas do impacto da mudança climática. Stern, aliás, foi um dos grandes responsáveis por ajudar a transpor o debate ambiental da política para a economia.

Nos EUA, a bandeira dos céticos do clima foi então aban-donada fi nalmente aos órfãos da administração Bush e ao lobby emissor de CO2. Alguns ainda fazem água no Con-gresso, difi cultando a aprovação da nova lei do país para reduzir emissões. Forçaram Barack Obama a entrar um cenário de impasse para atrasar o novo acordo global do clima. Tudo foi combinado com... o governo comunista chinês!

Na Europa, a negação do aquecimento global acabou nas mãos de uma extrema direita que já não tem força para soprar suas ideias políticas para além mar. Recorrendo à xenofobia como eixo de agrupamento ideológico regional, fi cou difícil fazer discurso fora do VELHO CONTINENTE. Nessas situações, é melhor tentar mudar de assunto. Falar de ambiente pode ser uma boa escolha, caso seja possível atribuir rótulo ideológico à causa verde. Mas está difícil.

Ao que parece, a tática só convence os portadores de ca-sos mais graves de daltonismo intelectual. Para quem sofre desse mal, tudo o que não é cinza aparece em tons de vermelho. Se houver muita gente assim, a teoria de que o aquecimento global é uma conspiração de esquerda pode até se espalhar. Fenômenos físicos como o efeito estufa, porém, não seguem orientação ideológica.”

Rafael Garcia. In: http://laboratorio.folha.blog.uol.com.br/arch2009-11-29_2009-12-05.html#2009_12-03_15_33_55-137758372-0

MECANISMOS DE COESÃO GRAMATICAL

• Os pronomes pessoais são palavras que têm sua carga signifi cativa plena apenas quando os realacionamos a um subs-tantivo (já citado anteriormente ou que ainda será citado). Isso signifi ca que um pronome nunca tem autonomia e, por se relacionar a outro termo, torna-se peça fundamental na arqui-tetura, na “amarração” deu um texto:

O mundo mais parece uma caixinha de surpresas. Ele vive nos pregando peças. (O pronome ele refere-se ao termo antecedente: mundo)

• Os pronomes possessivos associam a ideia de posse às pessoas do discurso, relacionando a coisa possuída com a pes-soa do possuidor.

“Em seu programa semanal Café com o Presidente, Lula ressaltou que a decisão de prorrogar até junho de 2010 as desonerações em setores como a linha branca serve para incentivar que o povo continue comprando, além de fomentar a produção.”

• Pronomes relativos, além de retomarem um termo an-tecedente, em geral introduzem uma oração subordinada e desempenham função sintática nessa oração. O emprego in-correto de pronomes relativos (que, o qual, cujo) desestrutura por completo um texto:

“A terceira é uma parte da crise da qual não vamos es-capar: mudar de rumo no que diz respeito às estratégias produtivas, para mitigar as mudanças climáticas.”

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u663630.shtml

• Os pronomes demonstrativos, no contexto textual, re-lacionam-se a uma pessoa do discurso, fazendo referência ao substantivo que preenche o signifi cado dela, e indicam a posi-ção do substantivo em relação ao que se declara dele:

“Ampliar a rede universal de serviços sociais, ou seja, de educação, saúde, saneamento e, quem sabe, habitação popular, porque esses atuam no bem-estar da população sem a mediação do mercado.”

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u663630.shtml

Há muitas coisas a serem consideradas. Essas fazem grande diferença nos momentos de decisão.

• Os pronomes indefi nidos são aqueles que se referem à terceira pessoa do discurso de modo impreciso, indeterminado, genérico:

É difícil entender o que se passa de um lado quando se está do outro.

Muito cuidado na hora de usar os pronomes nos textos. Como são palavras que têm signifi cado somente quando associados a seus referentes, é preciso buscar sempre a associação cer-ta, pois muitas vezes a distância entre referente e pronome pode gerar ambiguidades.

• Os conectivos - conjunções e preposições - são responsá-veis pela ligação de elementos linguísticos (palavras, frases, orações, períodos), podendo carregar ou não signifi cado para as relações que fazem. As conjunções, assim como as prepo-sições, não desempenham função sintática, o que ressalta seu papel de elementos conectores:

“Sobre a queda do voo 447, a investigação francesa in-dicou que os controladores brasileiros tentaram passar o monitoramento do voo para os senegaleses, mas não ti-veram resposta imediata. Não foi a causa da queda, como Lula fez questão de dizer, mas, segundo a apuração fran-cesa, pode ter retardado o início das buscas.”

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u664681.shtml

Nas duas situações em que a conjunção mas foi usada, vemos que ela introduz uma oração que faz oposição à ideia da oração anterior, relacionando-as.

Observe um caso de escolha inadequada da conjunção: “Em-bora o Brasil seja um país de grandes recursos naturais, tenho certeza de que resolveremos o problea da fome”.

Veja que não existe a relação de oposição ou a ideia de con-cessão que justifi caria a conjunção EMBORA. Como a relação é de causa-efeito, deveria ter sido usada uma conjunção cau-sal: “Como o Brasil é um país de grandes recursos naturais, tenho certeza de que resolveremos o problea da fome”.

Para que problemas desse tipo não aconteçam em suas re-dações, acostume-se a relê-las, observando se suas pala-vras, orações e períodos estão adequadamente relaciona-dos.

DELTAMO, Dileta. Escrevendo Melhor. Ed. Ática, 1995.

Conectivos ou elementos de coesão são todas as palavras ou expressões que servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso, tais como: então,

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portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, dessa forma, isto é, embora e tantas outras. Veja o exemplo:

Israel possui um solo árido e pouco apropriado à agricultura, porém chega a exportar certos produtos agrícolas.

No caso, faz sentido o uso do porém, já que entre os dois segmentos ligados existe uma contradição. Seria descabido permutar o porém pelo porque, que serve para indicar causa.

Relação dos principais elementos de coesão:

ASSIM, DESSE MODO: têm um valor exemplifi cativo e complementar. A sequência introduzida por eles serve normalmente para explicitar, confi rmar ou ilustrar o que se disse antes. Ex.: O Governador resolveu não comprometer-se com nenhuma das facções em disputa pela liderança do partido. Assim, ele fi cará à vontade para negociar com qualquer uma que venha a vencer. E: anuncia o desenvolvimento do discurso e não a repetição do que foi dito antes; indica uma progressão que adiciona, acrescenta, algum dado novo. Se não acrescentar nada, constitui pura repetição e deve ser evitada.Ex.: Tudo permanece imóvel e fi ca sem se alterar.

AINDA: serve, entre outras coisas, para introduzir mais um argumento a favor de determinada conclusão, ou para incluir um elemento a mais dentro de um conjunto qualquer. Ex.: O nível de vida dos brasileiros é baixo porque os salários são pequenos. Convém lembrar ainda que os serviços públicos são extremamente defi cientes.

ALIÁS, ALÉM DO MAIS, ALÉM DE TUDO, ALÉM DISSO: introduzem um argumento decisivo, apresentado como acréscimo, como se fosse desnecessário, justamente para dar o golpe fi nal no argumento contrário. Ex.: Os salários estão cada vez mais baixos porque o processo infl acionário diminui consideravelmente seu poder de compra. Além de tudo são considerados como renda e taxados com impostos.

ISTO É, QUER DIZER, OU SEJA, EM OUTRAS PALAVRAS: introduzem esclarecimentos, retifi cações ou desenvolvimento do que foi dito anteriormente. Ex.: Muitos jornais, fazem alarde de sua neutralidade em relação aos fatos, isto é, de seu não comprometimento com nenhuma das forças em ação no interior da sociedade.

MAS, PORÉM E OUTROS CONECTIVOS ADVERSATIVOS: marcam oposição entre dois enunciados ou dois segmentos do texto. Não se podem ligar, com esses relatores, segmentos que não se opõem. Às vezes, a oposição se faz entre signifi cados implícitos no texto. Ex.: Choveu na semana passada, mas não o sufi ciente para se começar o plantio.

EMBORA, AINDA QUE, MESMO QUE: são relatores que estabelecem ao mesmo tempo uma relação de contradição e de concessão. Servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor de argumento. Trata-se de um expediente de argumentação muito vigoroso: sem negar as possíveis objeções, afi rma-se um ponto de vista contrário.

Ex.: Ainda que a ciência e a técnica tenham presenteado o homem com abrigos confortáveis, pés velozes como o raio, olhos de longo alcance e asas para voar, não resolveram o problema das injustiças. (Como se nota, mesmo concedendo ou admitindo as grandes vantagens da técnica e da ciência, afi rma-se uma desvantagem maior.)

O uso do embora e conectivos do mesmo sentido pressupõe uma relação de contradição, que, se não houver, deixa o enunciado descabido.

Certos elementos de coesão servem para estabelecer grada-ção entre os componentes de uma certa escala. Alguns, como mesmo, até, até mesmo, situam alguma coisa no topo da escala; outros, como ao menos, pelo menos, no mínimo, situam-na no plano mais baixo. Ex.: O homem é ambicioso. Quer ser dono de bens materiais, da ciência, do próprio semelhante, até mesmo do futuro e da morte.

É preciso garantir ao homem seu bem-estar: o lazer, a cultura, a liberdade, ou, no mínimo, a moradia, o alimento e a saúde.

• Os advérbios dão as coordenadas sobre a localização no es-paço e no tempo dos elementos a que se referem e que podem aparecer no contexto textual:

A casa de campo fi ca a 30 km daqui. Amanhã sairemos cedo e logo estaremos lá.

• Os ordenadores, como em resumo, por um lado, daí, então, para começar etc., encarregam-se da organização das informa-ções no texto:

“Pode até acontecer, mas é tolice ver no Chile-2009 uma espécie de espelho do Brasil-2010.Primeiro porque situações de um país não podem, jamais, ser mecanicamente transplantadas para outro. Menos ain-da no caso do Chile, um dos dois únicos países sul-ameri-canos (o outro é o Uruguai) em que o sistema partidário não implodiu nem durante nem depois das ditaduras em cada um deles.Segundo, ao contrário do governismo brasileiro, entrin-cheirado atrás de Lula e de sua candidata, o governismo chileno se dividiu em duas candidaturas: há a ofi cial, do ex-presidente Eduardo Frei, democrata-cristão, e a há a alternativa, de Marco Enríquez-Ominami, um socialista que discordou do processo de escolha do candidato da Con-certación, a coligação DC-PS, e lançou-se como indepen-dente.”

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u665440.shtml

COERÊNCIA

A coerência é um processo global responsável pela formação do sentido que garante a compreensibilidade de um texto, não havendo uma continuidade de sentido, o texto torna-se inco-erente. Ela dá textura à sequência linguística, entendendo-se por textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência linguística em texto e não em um amontoado de palavras. A sequência é percebida como texto quando aquele que o recebe é capaz de percebê-lo como uma unidade signifi cativa global.

A coerência abrange, além da coesão textual, outros fatores de ordem diversas, tais como, elementos linguísticos, conhe-cimento de mundo, conhecimento partilhado, situacionalidade,

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informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabi-lidade. Os elementos linguísticos funcionam como pistas para ativar o conhecimento de mundo e dizem respeito à relação que se estabelece entre o texto e o seu contexto. Esses ele-mentos são necessários para se obter a coerência mas não são os únicos responsáveis para dar o signifi cado a uma narrativa.

A situacionalidade refere-se ao conjunto de fatores que tornam um texto essencial em uma situação de comunicação corrente ou passível de ser constituída. Tanto a intencionali-dade como a aceitabilidade são fatores que se constituem através do princípio de cooperação entre os interlocutores, pois quem produz um texto tem sempre a intenção de que este seja compreendido, e quem o recebe espera que o mesmo faça sentido. Já a informatividade diz respeito ao grau de novida-de e previsibilidade contidos em um texto, podendo, por isso, difi cultar ou facilitar a compreensão do texto. A intertextua-lidade – como já foi falado anteriormente – envolve as diver-sas maneiras pelas quais a produção e recepção de um texto dependem do conhecimento prévio de outros textos por parte dos interlocutores, ou seja, está relacionado aos fatores que tornam a utilização de um texto dependente de um ou mais textos previamente existentes.

Um texto coerente deve apresentar:

1. Repetição: Diz respeito à necessária retomada de elemen-tos no decorrer do discurso. Um texto coerente tem unidade, já que nele há a permanência de elementos constantes no seu desenvolvimento. Um texto que trate a cada passo de assuntos diferentes sem um explícito ponto comum não tem continuida-de. Um texto coerente apresenta continuidade semântica na retomada de conceitos, ideias. Isto fi ca evidente na utilização de recursos linguísticos específi cos como pronomes, sinônimos, hipônimos, hiperônimos etc. Os processos coesivos de continui-dade só se podem dar com elementos expressos na superfície textual; um elemento coesivo sem referente expresso, ou com mais de um referente possível, torna o texto mal-formulado.

2. Progressão: O texto deve retomar seus elementos con-ceituais e formais, mas não deve limitar-se a isso. Deve, sim, apresentar novas informações a propósito dos elementos men-cionados. Os acréscimos semânticos fazem o sentido do texto progredir. No plano da coerência, percebe-se a progressão pela soma das ideias novas às que já foram apresentadas. Há mui-tos recursos capazes de conferir sequenciação a um texto.

3. Não contradição: um texto precisa respeitar princípios ló-gicos elementares. Não pode afi rmar A e o contrário de A . Suas ocorrências não podem se contradizer, devem ser compatíveis entre si e com o mundo a que se referem, já que o mundo textual tem que ser compatível com o mundo que representa. Esta não contradição expressa-se nos elementos linguísticos, no uso do vocabulário, por exemplo. Em redações escolares, costuma-se encontrar palavras que não condizem com os sig-nifi cados pretendidos.

4. Relação: um texto articulado coerentemente possui relações estabelecidas, fi rmemente, entre suas informações, e essas têm a ver umas com as outras. A relação em um texto refere-se à for-ma como seus conceitos se encadeiam, como se organizam, que papéis exercem uns em relação aos outros. As relações entre os fatos têm que estar presentes e serem pertinentes.

O IMPLÍCITOHá dois tipos de implícitos: os pressupostos e os subentendidos.

• Os pressupostos são ideias que não aparecem explicita-mente em um enunciado, mas decorrem do sentido de certas palavras ou expressões pertencentes a este.

“João continua doente.”

Esta frase nos traz o pressuposto de que João já estava doente antes. O sentido do verbo “continuar” nos permite dizer isso.

“O médico atendeu ao seu primeiro cliente.”

O adjetivo “primeiro” revela o pressuposto de que o médico não havia atendido ninguém ainda.

Há algumas palavras que geralmente servem de marcadores e pressupostos:a) adjetivos (ou palavras e expressões com valor adjetivo). Ex.: Aquela é a moça mais feia da festa. Pressuposto: há outras moças na festa que não são tão feias como aquela.b) certos verbos. Ex.: Juliana parou de fumar. Pressuposto: Juliana fumava antes.c) certos advérbios. Ex.: O governo está pensando somente em reeleição. Pressuposto: o governo não está pensando em mais nada.

• Enquanto os pressupostos decorrem de alguma palavra contida na frase, não podendo, por isso, serem negados, o subentendido é uma insinuação que dependerá do ouvinte para ser consumado.

– Nossa! São três horas da manhã! – diz a dona de casa a um convidado chato que veio para jantar e esqueceu-se de ir embora.

Se esse convidado for realmente chato, ele poderá dizer para a dona da casa: “São só três horas da manhã e você já quer que eu vá embora?”

Como o subentendido tem a vantagem de poder ser negado, a dona da casa poderá responder: “Imagine! Eu só queria dizer que ao seu lado o tempo passa voando!”.

PONTUAÇÃO

Ao se redigir um texto, um dos aspectos mais importantes a ser considerado é a pontuação, cujo uso adequado é um mecanismo coesivo e um recurso de estilo.

Um texto mal pontuado é, no mínimo, difícil de ser lido, além de deselegante, podendo mesmo tornar-se incompreensível. Leia a frase seguinte:

“Um lavrador tinha um bezerro e a mãe do lavrador era tam-bém o pai do bezerro.”

Como se pode observar, esse enunciado é absurdo. Entre-tanto, um ponto fi nal já serveria para torná-lo mais claro (embora a constução continuasse feia):

“Um lavrador tinha um bezerro e a mãe. Do lavrador era também o pai do bezerro.”

Outro defeito comum, resultado da má pontuação, é a ambi-guidade. Veja os exemplos:

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a) Só, o Diego da Turma M fez o trabalho de artes.b) Só o Diego da Turma M fez o trabalho de artes.c) Os alunos dedicados passaram no vestibular.d) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular.e) Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi.f) Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi.EXPLICAÇÕES: a) Diego fez sozinho o trabalho de artes.b) Apenas o Diego fez o trabalho de artes.c) Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e, passaram no vestibular, somente, os que se dedicaram, res-tringindo o grupo de alunos.d) Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados.e) Marcão é chamado para cantar.

f) Marcão pratica a ação de cantar.

Muitas são as regras de pontuação; também são muitas as possibilidades de construção de um texto, dependendo da intenção de quem escreve e dos aspectos que o autor pre-tende ou não realçar. Isso signifi ca que não podemos con-siderar o conjunto de regras de pontuação algo infl exível.

Na hora de pontuar, pense na organização das ideias, evite a armadilha da construções complexas e das frases longas, leia o texto várias vezes para ter certeza de que fi cou claro e preciso, dê atenção ao ouvido para perceber pausas e o ritmo fi nal do texto, treine o ouvido lendo bons autores, etc.

Vejamos, na análise do texto a seguir, todos os tópicos a respeito da estrutura textual:

UM ARGUMENTO CÍNICO

(1) “Certamente nunca terá faltado aos sonegadores de todos os tempos e lugares o confortável pretexto de que o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de administradores incompetentes e desonestos.(2) Como pretexto, a invocação é insuperável e tem mesmo a cor e os traços do mais acendrado civismo. (3) Como argumento, no entanto, é cínica e improcedente.(4) Cínica porque a sonegação, que nesse caso se pratica não é compensada por qualquer sacrifício ou contribuição que atenda à necessidade de recursos imanente a todos os erários, sejam eles bem ou mal administrados.(5) Ora, sem recursos obtidos da comunidade não há policiamento, não há transportes, não há escolas ou hospitais.(6) E sem serviços públicos essenciais, não há Estado e não pode haver sociedade política.(7) Improcedente porque a sonegação, longe de fazer melhores os maus governos, estimula-os à prepotência e ao arbítrio, além de agravar a carga tributária dos que não querem e dos que, mesmo querendo, não têm como dela fugir - os que vivem de salário, por exemplo.(8) Antes, é preciso pagar, até mesmo para que não faltem legitimidade e força moral às denúncias de malversação.(9) É muito cômodo, mas não deixa de ser, no fundo, uma hipocrisia, reclamar contra o mau uso dos dinheiros públicos para cuja formação não tenhamos colaborado.(10) Ou não tenhamos colaborado na proporção da nossa renda.”

VILLELA, João Baptista. Veja, 25 set. 1985.

Comentários: 1º período: o autor começa a desmontar o argumento dos sonegadores através da expressão “confortável pretexto”.

2º período: o autor admite como pretexto a justifi cativa dos sonegadores.

3º período: o conectivo “no entanto” introduz uma argumentação contrária, dizendo que a justifi cativa é cínica e improcedente. 4º período: através do conectivo “porque” ele diz a causa pela qual considera cínico o argumento dos sonegadores.

5º período: o conectivo “ora” dá início a uma argumentação contrária à ideia de que o Estado possa sobreviver sem arrecadar impostos e sem se prover de recursos. 6º período - o conectivo “e” introduz um segmento que adiciona um argumento ao que se afi rmou no período anterior. 7º período - depois de demonstrar que o argumento dos sonegadores é cínico, o autor passa a demonstrar que é também improcedente, o que já foi afi rmado no terceiro período. É usado o conectivo “porque” para isso. Mais adiante o conectivo “além de” introduz um argumento a mais a favor da improcedência da sonegação. 8º período - o autor usa dois conectivos: “antes” e “até mesmo” que reforçam sua argumentação. 9º parágrafo - o conectivo “mas” estabelece a contradição das duas argumentações (dos sonegadores e do autor). 10º período - o conectivo “ou” inicia uma passagem que contém uma alternativa que caracteriza ainda a atitude hipócrita dos sonegadores.

Para Entender o Texto - Leitura e Redação. Platão & Fiorin, Editora Ática, 1995.

VÍCIOS DE LINGUAGEM

CONCEITO

Chama-se vício de linguagem ao modo de falar ou escrever que contraria as normas de uma língua. A infração à norma só recebe o nome de vício quando se torna frequente e habitual na expressão de um indivíduo ou de um grupo.

Os vícios de linguagem mais comuns são:

ARCAÍSMO

Consiste no emprego de palavras ou construções que já caí-ram em desuso, que pertencem ao passado de língua e não entram mais em seu uso normal.

“Convidou-os mui polidamente a cear.” (Folha de São Paulo) (mui = muito)

“Aurélia, que se dirigia ao seu toucador, sentou-se a uma es-crivaninha...” (José de Alencar)

(toucador = penteadeira)

“Os três dias de nojo tinham passado.” (Eça de Queirós) (nojo = pesar, luto)

Muitos arcaísmos são comuns nas falas regionais.

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O arcaísmo poderá ter fi nalidade expressiva e, nesse caso, não se constitui num vício.

“... o roubo só rendera cadeia e pancadas aos pândegos dos ciganos, enquanto Sete-de-Ouros voltara para a Fazenda de Tampa...” (Guimarães Rosa) (pândego = engraçado, alegre)

ANFIBOLOGIA OU AMBIGUIDADE

Ocorre quando uma mensagem apresenta mais de um senti-do. A anfi bologia geralmente resulta da disposição inadequa-da das palavras nas frases.

Encontrei-o preocupado. (Quem estava preocupado: eu ou ele?)

A menina viu o incêndio da loja. (A menina estava na loja e viu o incêndio ou viu a loja incendiar-se?)

BARBARISMO

É todo erro que diz respeito à forma da palavra.

a) cacopeia – erro de pronúncia:

Forma incorretaEstejeFidagalMetereologiaXipófago

Forma corretaestejafi gadalmeteorologiaxifópago

Quando o erro se deve ao deslocamento do acento tônico, recebe o nome de silabada:

Forma incorretaavaroíberoarieteinterimrúbrica

Forma corretaávaroiberoaríeteínterimrubrica

b) cacografi a – qualquer erro de grafi a:

Forma incorretaencimaem baixoderrepentepixeexcessãomagestosoquizer

Forma corretaem cimaembaixode repentepicheexceçãomajestosoquiser

Os erros de separação silábica também se incluem na caco-grafi a:Pá – ssa – ro ......... pás – sa – ro (correto)E – rra – do ........... er – ra – do (correto)So – sse – go ........ sos – se – go (correto)

c) estrangeirismo – é o emprego de palavras ou expressões estrangeiras ainda não adaptadas ao idioma nacional:

A divisão de merchandising da Rede Globo deu um belo pre-sente à Casa dos Artistas.

(Maria Lúcia Rangel)

O exame antidoping obrigatório continua longe do tênis. (Thales de Menezes)

Estrangeirismo

bom-tomcostumesalta aos olhosshowpedigreeentrar de sóciojogar de goleirorepetir de anoenquanto queter lugartomar a palavra

Forma equivalente em português

educação, boas maneirastraje, vestido, ternoé claro, é evejanteespetáculo, exibiçãoraça, linhagementrar como sóciojogar como goleirorepetir o anoenquantorealizar-seusar da palavra, ter a palavra

Quando o vocábulo estrangeiro revela-se muito útil ou neces-sário, tende a adaptar-se à pronúncia e grafi a do português. É o que chamamos de “aportuguesamento”.

Veja:

Beef – bife

Basket-ball – basquetebol

Football – futebol

Club – clube

Gaffe – gafe

Goal – gol

Roast-beff – rosbife

Abat-jour – abajur

CACÓFATO

É a palavra ou expressão inconveniente, descabida, ridícula ou obscena que resulta da união de duas palavras ou de par-tes de palavras vizinhas.

Na vez passada falei com você. (na vespa assada)

Ela tinha muito dinheiro. (é latinha)

Essas palavras saíram da boca dela. (cadela)

COLISÃO

É a sequência de sons consonantais iguais, da qual resulta um efeito acústico desagradável.

Eu não conheço muito bem a sede desse partido no centro...

Sabe, se você se sair satisfatoriamente bem, seremos salvos.

ECO

É a rima em prosa. Constitui-se num defeito quando o texto não é prosa literária.

A reação da população foi de pura emoção.

Na realidade, a subjetividade é uma questão de identidade.

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HIATO

É o acúmulo de vogais que produz um efeito acústico desa-gradável.

Vá à aula.

Assava a asa da ave.

PLEONASMO

É o emprego de palavras ou expressões de signifi cado seme-lhante que não acrescenta nada ao que já foi dito e, por isso, tornam-se inúteis na frase.

Subiu para cima.

Desci para baixo.

Saia daqui para fora.

SOLECISMO

É o nome dado às construções que infringem as normas de sintaxe.

a) solecismo de concordância:

Abreu garante que não há problemas com o abastecimento. Os que haviam estão sendo desenvolvidos. (Veja)

(os que havia...)

... acho que precisamos nos dar conta da componente civil do golpismo. É muito maior que a componente puramente

militar. (Veja)

(... do componente civil...que o componente...)

Fazem três anos que estamos estudando neste colégio.(Faz três anos...)

Haviam muitas pessoas na sala.(Havia muitas pessoas...)

A turma já foram para o bar.(A turma já foi...)

b) solecismo de regência:

Este é o prefeito que a cidade precisa. (Anúncio Publicitário)

(... de que a cidade precisa)

Cheguei no colégio. (Cheguei ao colégio)

Os líderes distanciaram-se de qualquer base social que po-diam aspirar. (Folha de São Paulo)

(a que podiam aspirar)

c) solecismo de colocação:

Me faça um favor? (Faça-me um favor?)

Não diga-me uma coisa dessas!(Não me diga uma coisa dessas!)

Quando os desvios de sintaxe têm intenção estilística, não constituem solecismos.

TAUTOLOGIA

É o vício de repetir uma ideia com palavras diferentes. Evite escrever ou falar:

Elo de ligação Acabamento fi nal

Certeza absoluta Como prêmio extra

Juntamente com Há anos atrás

Vereador da cidade Relações bilaterais entre dois países

Outra alternativa Detalhes minuciosos

A razão é porque Anexo(a) junto à carta

Sua livre escolha Superávit positivo

Vandalismo criminoso Todos foram unânimes

A seu critério pessoal Conviver junto

Encarar de frente Multidão de pessoas

Amanhecer o dia Criação nova

Empréstimo temporário Compartilhar conosco

Surpresa inesperada Escolha opcional

Continua a permanecer Passatempo passageiro

Atrás da retaguarda Repetir outra vez

Voltar atrás Abertura inaugural

Obra-prima principal Gritar bem alto

Comparecer em pessoa Demasiadamente excessivo

Individualidade inigualável Abusar demais

Exceder em muito

REDIGINDO O TEXTO

PLANEJARPalavras não criam ideias. Muitas vezes, ao ler o tema da redação o aluno logo começa a escrever: primeiro parágrafo, segundo... e ops! Travou. As ideias acabam e não há como prosseguir o texto. Por isso, é preciso planejar. Colocaremos em seguida alguns passos que podem ajudar no planejamento e escrita de redações. São sugestões que podem ajudar aqueles que estão sem prática.

• Dado o tema, pensar livremente sobre ele, anotando as mais diferentes ideias que forem aparecendo.• No caso de um texto predominantemente descritivo, anotar os elementos mais signifi cativos, que realmente caracterizam um objeto, uma pessoa, uma paisagem; defi nir o foco descritivo.• No caso de um texto predominantemente narrativo, defi nir personagens, cenário, tempo, confl ito; estabelecer o tipo de narrador; moldar o começo, o meio e o fi m da história com uma sequência lógica.• No caso de um texto predominantemente dissertativo, anotar os argumentos (a favor e contra sua tese) e defi nir um posicionamento diante do tema.• Colocar as ideias em ordem, organizar uma sequência.• Selecionar as ideias, dando uma estrutura ao tema que será desenvolvido, sem esquecer de observar qual será seu interlocutor, onde circulará seu texto, qual a situação comunicativa, sua intenção, o gênero textual etc.

Simples, não? É apenas uma questão de organizar o trabalho antes de começar a realizá-lo.

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Chama-se coletânea ou painel de leitura o conjunto de tex-tos que compõe uma proposta de redação. Tal conjunto oferece para o candidato um quadro diversifi cado de ideias sobre um mesmo assunto, podemos abordá-lo de forma distinta e até contraditória. Esse conjunto está, por um lado, a serviço do candidato: amplia e/ou esclarece a temá-tica da proposta, oferece ideias e pontos de vista variados, provoca e motiva a produção do texto; por outro, é de ser-ventia para os avaliadores, porque evidencia a competência de leitura e de refl exão do candidato, sua capacidade de associação e articulação de ideias.

DIFERENÇA ENTRE TEMA E TÍTULO

Produzir um texto dissertativo, ou dissertação, consiste em defender uma ideia. É a defesa de uma tese -- proposição que se apresenta com o objetivo de convencer quem lê, ou seja, o leitor. Para se alcançar tal objetivo, a organização da disser-tação é fundamental. Existem, portanto, algumas instruções, as quais favorecem o ato da escrituração, que você poderá verifi car agora. O tema e o título são, com muita frequência, empregados como sinônimos. Contudo, apesar de serem partes de um mesmo tipo de composição, são elementos bem diferentes. O tema é o assunto, já delimitado, a ser abordado; a ideia que será por você defendida e que deverá aparecer logo no primeiro parágrafo. Já o título é uma expressão, ou até uma só palavra, centrada no início do trabalho; ele é uma vaga referência ao assunto (tema). Veja a diferença entre os dois nos exemplos abaixo: Título: A cidade e seus problemas Tema: A cidade de São Paulo enfrenta atualmente grandes problemas.

Título: A importância da Península Arábica Tema: Entendemos que a comunidade internacional deva preocupar-se com os acontecimentos que envolvam a Penín-sula Arábica, já que grande parte do petróleo que o mundo consome sai desta região.

Título: A criança e a televisão Tema: Psicólogos do mundo todo têm se preocupado com a infl uência que determinados programas de televisão exercem sobre as crianças.

Título: As contradições na era da comunicação Tema: Vivendo a era da comunicação, o homem contempo-râneo está cada vez mais só.

Note que o tema, na verdade, como já mencionamos acima, é a delimitação de determinado assunto. Isso é necessário, pois um assunto pode ser muito extenso e, nesse caso, ao abordá-lo, você poderá se perder em sua extensão. Peguemos o as-sunto “ensino” como exemplo. Há muito o que escrever sobre ele, por isso convém delimitá-lo. Desse modo, obtém-se o tema. Logo, para cada assunto, há inúmeros temas.

Da mesma forma, quando os títulos são generalizados, abre-se um leque de temas a serem desenvolvidos. Para o título “A criança e a televisão”, por exemplo, podemos defi nir um outro tema, como “A criança se encanta com os novos programas de TV criados especialmente para elas”, ou ainda “Os pais, envoltos com seus problemas, não perceberam ainda o perigo da televisão para as suas crianças”.

O importante é você usar a criatividade até mesmo no título de sua redação. Pense no título após o rascunho estar ponto, fi ca mais fácil. Assim, o estudante não se torna escravo do título.

OBSERVAÇÕES: Quando você participar de algum concurso ou teste e tiver de fazer uma dissertação, observe a proposta e/ou instruções. Muitas vezes, já vem explicitado o tema ou título; às vezes, é sugerido ape-nas o assunto. O item que faltar, cabe a você elaborar.

O aspecto estético também é avaliado em qualquer teste. Com relação ao título e ao tema, há algumas regras impor-tantes: o título deve ser colocado no centro da folha, logo no início de sua dissertação, com inicial maiúscula; uma linha é sufi ciente para separar o título do corpo de sua redação. Nada mais deve ser acrescentado, principalmente algo que seja óbvio, do tipo “Título:”; comece diretamente pelo título (expressão escolhida por você para dar nome a sua redação), conforme orientações acima.

In: Técnicas Básicas de Redação, Editora Scipione.

ESTRUTURA DO PARÁGRAFO

O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.

O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais de sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios.

Tamanho do parágrafo: Os parágrafos são moldáveis como a argila, podem ser aumentados ou diminuídos, conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação onde o texto vai ser divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos, dará colorido especial ao texto, captando a atenção do leitor, do começo ao fi m. Em princípio, o parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página impressa no livro, e a regra geral para determinar o tamanho é o bom senso. Parágrafos curtos - próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas populares, livros didáticos destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam parágrafos curtos.

Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágrafos menores, seguindo critério claro e defi nido. O parágrafo curto também é empregado para movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma ideia.

Parágrafos médios - comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor de nível médio (2º grau). Cada parágrafo médio construído com três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada página de livro, cabem cerca de três parágrafos médios.

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Parágrafos longos - em geral, as obras científi cas e acadêmicas possuem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias ideias e especifi cações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los.

TÓPICO FRASAL

A ideia central do parágrafo é enunciada através de um período denominado tópico frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período, em provas e concursos, deve ser escrito no começo do parágrafo a fi m de orientar ou governar o conteúdo global do parágrafo, afi nal, dele nascem outros períodos secundários ou periféricos.

Como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afi rmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação que pressupõe desdobramento ou explicação. TÓPICOS FRASAIS CLAROS

Um tópico frasal só será claro caso não permita dupla interpretação, ou seja, tópico frasal obscuro é inútil, pois o leitor não conseguirá distinguir a ideia central ao lê-lo, fazendo com que perca sua fi nalidade. Exemplos de obscuridade e de clareza:I.OBSCURO: Treinar um campeão não é fácil.CLARO: Treinar um campeão não é fácil, pois requer tempo e paciência.CLARO: Um campeão é forjado na experiência adquirida no tempo de treinamento e na paciência, virtude dos obstinados.II.OBSCURO: Estudar é fundamental.CLARO: Estudar é fundamental para o domínio das peculiaridades de sua língua natal, tornando-a mais simples e acessível.CLARO: Estudar é fundamental porque introduz as crianças no saudável hábito de refl etir por si mesmas, aprendendo a deduzir acerca dos ensinamentos recebidos.III.OBSCURO: A televisão deseduca.CLARO: A televisão deseduca quando visa apenas ao consumismo, esquecendo-se de seu papel cultural e informativo.CLARO: A televisão deseduca quando é excludente, ou seja, ao não exibir uma programação democrática, voltada para todos os segmentos sociais indistintamente.

TÓPICOS FRASAIS ESPECÍFICOS

Um tópico frasal deve ser claro, porém não pode ser amplo ou genérico, exige especifi cidade. Para atingir tal intento deve ser explicado, explicitado, extraído seu sumo. Exemplos de não específi cos e específi cos: I. TEMA: Como passar em um concurso concorrido? NÃO ESPECÍFICO: Para o aluno, a fórmula correta é o estudo. ESPECÍFICO 1: Para o aluno, a fórmula correta é o estudo sistemático dos conteúdos, seja em sala de aula, seja com apoio de obras indicadas nos editais.

ESPECÍFICO 2: Dentre as tantas formas de se obter sucesso num concurso público é a obstinação, a humildade, além de estudo dirigido e atualizado. II. TEMA: Redigir com clareza e objetividade é aprendizado que exige dedicação. NÃO ESPECÍFICO: É muito complexo aprender a redigir pois é muito difícil chegar a um resultado bom. ESPECÍFICO 1: Para atingir um bom nível numa redação, é preciso dedicação e ajuda de especialistas.

ESPECÍFICO 2: Para se atingir um patamar de excelência na elaboração de redações, é fundamental a leitura diversifi cada e dinâmica, além da constante elaboração de novos textos. DETALHAMENTO DO TÓPICO FRASAL

Depois de estabelecida a clareza e a especifi cidade, convém detalhar o tópico frasal. Essa medida tem por fi m traçar um bom plano de parágrafo, proporcionando ao leitor uma visão prévia de todos os aspectos da ideia-tópico que serão usados no desenvolvimento de sua dissertação. Exemplo sem e com detalhamento:I. SEM DETALHAMENTO: O estudante precisa fazer tudo para não errar mais no estudo do português.COM DETALHAMENTO: O estudante precisa dedicar-se ao estudo dalíngua portuguesa, lendo mais livros, assistindo às aulas com atenção, enfi m, dedicando-se ao aprendizado sem medo de fracassar. O TODO EM PARTES

A divisão do tópico frasal em partes segue o propósito de sustentar o ponto de vista que se quer apresentar. Quando se resumem os principais argumentos, colocando-os no tópico frasal, expõe-se o próprio pensamento e permite-se ao leitor ver, antes da discussão principal, como se planejou apresentá-los. Desta forma, mesmo os tópicos frasais oriundos de temas prosaicos são capazes de resultar num bom parágrafo, pois o raciocínio que o gerou será explicitado ao leitor no decorrer do desenvolvimento.

Observe a validade do tópico frasal, nos exemplos a seguir, em função de a segunda frase de cada par indicar, além do ponto de vista e dos argumentos que serão desenvolvidos para sustentá-lo, a ordem em que esses argumentos serão apresentados.I.Fragmentado: O trânsito hoje será terrível.Argumentado: O trânsito hoje será terrível, pois houve um acidente grave e a pista está interditada.II. Fragmentado: A relação entre pais e fi lhos é muito complexa.Argumentado: A comunicação entre pais e fi lhos é complexa. Dois fatores fundamentam essa complexidade: vivem em mundos diferentes e falam línguas diferentes. TÓPICOS FRASAIS ARGUMENTATIVOS

Embora haja inúmeras formas de se fazer o tópico frasal, interessa-nos apenas os que compõem o texto argumentativo. 1) Tópico frasal com defi nição: trata-se de explicar ao leitor o signifi cado dos conceitos empregados. Ex.: Política

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é o modo mais seguro de se perder a ética de uma vida em poucos meses. 2) Tópico frasal com enumeração: trata-se da enumeração de elementos que comporão cada um dos parágrafos argumentativos. Ex.: O aborto deve ser discutido em três níveis: cultural, penal e médico. 3) Tópico frasal com comparação ou confronto: trata-se do confronto entre duas ideias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças. Ex.: A vida não é um jogo, mas um acúmulo de experiências.4) Tópico frasal com razões: durante o desenvolvimento apresentam-se as razões, os motivos que comprovam o que se afi rma no tópico frasal. As mulheres recebem menos mesmo quando desempenham funções similares aos homens. 5) Tópico frasal com análise: trata-se da divisão do todo em partes. Há três tipos básicos de redação: narração, descrição e dissertação. 6) Tópico frasal com exemplifi cação: consiste em esclarecer o que foi afi rmado no tópico frasal por meio de exemplos.As novidades trazem à tona medos e inseguranças

Nelson Maia Schocair. In: http://www.professornelsonmaia.com visualizar.php?idt=397248

EXERCÍCIOS 01. Desenvolva também estes tópicos frasais dissertativos: a) A prática do esporte deve ser incentivada e amparada pelos órgãos públicos. b) O trabalho dignifi ca o homem, mas o homem não deve viver só para o trabalho. c) A propaganda de cigarros e de bebidas deve ser proibida. d) O direito à cultura é fundamental a qualquer ser humano.

02. Desenvolva os tópicos frasais seguintes, considerando os conectivos:a) O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que... b) As mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções de destaque na vida social e política de muitos países; no entanto... c) Um curso universitário pode ser um bom caminho para a realização profi ssional de uma pessoa, mas... d) Se não souber preservar a natureza, o ser humano estará pondo em risco sua própria existência, porque... e) Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência que existe hoje em várias cidades; outras, porém... f) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, porque... g) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, no entanto... h) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura, pois... i) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura, entretanto... j) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, porque... l) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, embora...

COMO ORDENAR AS IDEIAS

Se queremos dar clareza e fl uência ao nosso texto, devemos respeitar o princípio de que a ordenação normal dos termos da oração é a mais clara. Mas essa não é uma regra indiscutível.Os termos integrantes da oração são sujeito, predicado e complementos. Portanto, em princípio, é mais claro dizer: Zé anda de bicicleta.Em vez de: De bicicleta Zé anda.

Também é mais clara a ordenação normal dos períodos compostos — oração principal, orações coordenadas e/ou subordinadas. É mais claro: Zé anda de bicicleta, mesmo que faça frio.Em vez de: Mesmo que faça frio, Zé anda de bicicleta. Zé, mesmo que faça frio, anda de bicicleta. Ideias intercaladas: De um modo geral, sempre que quebramos a ordem direta de um período, intercalando ideias entre os termos integrantes da oração ou entre orações de um período, prejudicamos a fl uência do texto.

Períodos longos: Os professores costumam ensinar que períodos longos prejudicam a clareza e a fl uência. O problema não é exatamente o tamanho do período e sim a organização das ideias. Se estiverem intercaladas em excesso, o texto pode se tornar cansativo, mas não será, necessariamente, obscuro. Porém, não é bom redigir períodos muito longos. Veja o exemplo seguinte:

“Apesar disso, se compararmos essa crise na educação com as experiências políticas de outros países no século XX, com a agitação revolucionária que se sucedeu à Primeira Guerra Mundial, com os campos de concentração e de extermínio, ou mesmo com o profundo mal-estar que, não obstante as aparências contrárias de propriedade, se espalhou por toda a Europa a partir do término da Segunda Guerra Mundial, é um tanto difícil dar a uma crise na educação a seriedade devida.”

Hannah Arendt, Entre o Passado e o Futuro.

Reordenando períodos longos: O problema do primeiro texto é que a oração principal “...é um tanto difícil...” está no fi nal. Quando lemos seu início “Apesar disso...”, esperamos uma continuidade lógica. É como se nossa mente perguntasse “Apesar disso o quê?”. Mas a resposta a essa suposta pergunta só vem no fi nal.

A impressão é de que metade da nossa mente fi ca esperando a resposta, enquanto a outra metade continua lendo o restante do período. Quando fi nalmente o “apesar disso” se junta ao “é um tanto difícil”, já lemos o restante do período pela metade. Ficamos, então, com a sensação de que não entendemos direito. Assim, um problema de estrutura de ideias gera outros de clareza e fl uência.

Reordenando o período, ele fi caria assim:

“Apesar disso, é um tanto difícil dar a uma crise na educação a seriedade devida, se compararmos essa crise na educação com as experiências políticas de outros países no século XX, com a agitação revolucionária que se sucedeu à Primeira Guerra Mundial, com os campos de concentração e de extermínio, ou mesmo com o profundo mal-estar que, não obstante as aparências contrárias de

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propriedade, se espalhou por toda a Europa a partir do término da Segunda Guerra Mundial.”

INTRODUÇÃO

Se o tema da redação é muito amplo, podendo ser explorado de vários ângulos, às vezes é necessário delimitá-lo, fi xando-se em um desses ângulos e aprofundando sua discussão. De-limitar é reduzir a abrangência de um conteúdo. A delimita-ção é feita geralmente na introdução e pode ser explícita ou implícita.

Delimitação explícita: É aquela em que se utilizam as pri-meiras pessoas, singular e plural, do verbo — eu e nós. Desse modo, o autor faz-se presente no texto e anuncia claramente que está delimitando. Observe o exemplo ao lado, em que o autor emprega a 1ª pessoa do plural:

“O que pretendemos com este trabalho é tecer algumas considerações gerais sobre o nível de formação, informa-ção e interesses dos alunos que nos chegam para um curso de Literatura. Acreditamos que as observações que realizaremos podem ser aplicadas tanto aos alunos que ingressam no 2º grau, como àqueles que iniciam o curso superior.”

Adilson Citelli, “O Ensino da Literatura no 2º Grau”. In: Língua e Literatura: o Professor Pede a Palavra.

Delimitação implícita: Nesse caso, o leitor deduz que o tema está sendo delimitado, pois o autor não diz isso clara-mente. Ou seja, não há a presença do verbo nas primeiras pessoas. Mas, mesmo assim, percebemos que a discussão está sendo delimitada. Observe o exemplo abaixo:

“Esta pequena obra visa ao estudante de Letras das nos-sas universidades, sem também perder de vista o secun-darista e o vestibulando. É um resumo de teorias sobre os pontos fundamentais do estudo de Literatura, em ní-vel bastante elementar, mas procurando ser informativo e, ao mesmo tempo, tentando orientar o estudante no intrincado dos problemas, sem todavia acumulá-lo com excessos doutrinários.”

Afrânio Coutinho, Notas de Teoria Literária.

Quando usar uma ou outra delimitação: Essa decisão depende do autor, do objetivo de seu texto e de suas in-tenções com o seu leitor. Ou seja, o autor do texto deve ter sensibilidade para defi nir qual é o melhor caminho a seguir.

Em algumas situações, porém, a delimitação explícita pode ser arriscada ou um pouco pedante. Em um concurso, que é uma situação bastante impessoal, pode parecer pretensão escrever o texto usando o verbo na primeira pessoa.

Em outros casos, o autor do texto pode ter segurança sufi -ciente para utilizar a delimitação explícita, sem parecer pre-sunçoso. O importante é não esquecer que o bom senso deve prevalecer sempre.

DESENVOLVIMENTO

As ideias, os dados e os argumentos que sustentam e expli-cam as posições do autor são apresentados nessa parte do texto. O desenvolvimento orienta a compreensão do leitor até a conclusão. Faz a relação entre a introdução e a conclusão.

Podemos comparar o desenvolvimento a uma ponte. De um lado, está a introdução. Do outro, a conclusão. Essa ponte é formada por ideias bem organizadas em uma sequência que permite a relação equilibrada entre os dois lados. O desenvol-vimento depende de outras partes. Isoladamente, a introdu-ção e a conclusão podem fazer algum sentido. O desenvolvi-mento não tem essa autonomia, porque ele tem a função de relacionar trechos do texto.

Ponto de vista do autor: É no desenvolvimento que o autor do texto revela toda a sua capacidade de argumentar. É aí que ele defende seus pontos de vista e, de forma inteligente, tem de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. Nessa parte do texto, todas as possíveis linhas de argumentação devem ser consideradas. É que a antítese, ou o desenvolvimento, tem a função de fundamentar as conclusões.

Organização do desenvolvimento: Não dá para redigir sem termos clareza de qual será a conclusão. Sem essa cla-reza é como se fôssemos iniciar a construção de uma ponte sem saber onde ela vai dar. É arriscado começar a redigir uma “dissertação” — sem se ter a noção da conclusão a que se quer chegar. O risco é maior para quem está aprendendo a redigir. Por isso, é tão importante planejar o texto.

Todo texto pode (e deve!) ser surpreendente para o leitor, com suas conclusões muito bem fundamentadas. Para o au-tor, não. Não pode haver surpresas. É importante estar pre-visto antes da redação. Para isso, é preciso planejá-lo, princi-palmente prevendo a conclusão.

Muito cuidado com as falhas no desenvolvimento. Entre elas, existem duas principais:

• O desvio da argumentação — O autor toma um argumento secundário, por exemplo, e se distancia da discussão inicial; ou então, concentra-se em apenas um aspecto do tema e esquece a sua amplitude (toma a parte pelo todo).

• A argumentação desconexa — Acontece quando o autor tem muitas ideias ou informações sobre o tema e não consegue encadeá-las. Ele também pode ter difi culdade para estruturar suas ideias e defi nir uma linha lógica de raciocínio. As falhas do desenvolvimento podem ser evitadas se antes da redação o autor fi zer um plano do que irá escrever. Retoman-do nossa imagem da ponte, o plano são os pilares que sus-tentam essa construção, mostrando sua lógica de raciocínio e antecipando, para quem escreve, o que depois aparecerá em uma sequência clara e racional para o leitor.

CONCLUSÃO

Parte mais importante do texto, é o seu ponto de chegada. Os dados utilizados, as ideias e os argumentos convergem para este ponto em que a discussão ou a exposição se fecha. A conclusão tem o valor da síntese no pensamento dialético. E, na sua estrutura normal, não deve deixar abertura para

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continuidade da discussão. Em uma comparação, a conclusão é equivalente à resposta em um problema de Matemática. Concluir sem repetir: Um texto bem concluído é aquele que evita repetir argumentos já utilizados. A repetição de ar-gumentos e o uso de fórmulas feitas empobrecem qualquer redação. Fuja de expressões como: “Portanto, como já disse-mos antes (...)” ou “Então, como já vimos (...)”.

Além disso, o caráter de fecho da conclusão deve fi car evi-dente na clareza e força dos argumentos do autor. Portanto, é desnecessário e pouco elegante escrever “Concluindo (...)” ou “Em conclusão (...)”.

As conclusões que ultrapassam 1/5 do texto, ou seja, naque-las que fi cam muito longas, é possível que haja um dos se-guintes erros: • O desenvolvimento não é sufi cientemente explorado e inva-de a conclusão.• O desenvolvimento não é sufi ciente para fundamentar a conclusão e há necessidade de mais explicações.• O autor está “enrolando”, “enchendo linguiça”, “fl oreando”.• O autor usa frases vazias, perfeitamente dispensáveis.• O autor não tem clareza de qual é a melhor conclusão e se perde na argumentação fi nal.• Na falta de argumentos conclusivos de fato, o autor fi ca girando em torno de ideias paralelas ou redundantes.

QUANDO A CONCLUSÃO NÃO CONCLUI

A conclusão, é claro, deve concluir o texto. Por isso, não pode ser uma abertura para novas discussões. Existem exceções. Acompanhe em seguida algumas delas:

• O autor apresenta ideias polêmicas e deixa a conclusão em aberto para não infl uenciar o posicionamento do leitor.• O autor não fecha a discussão propositalmente, estimulando o leitor a ler uma possível continuidade do texto, como um outro capítulo.• O autor não deseja mesmo concluir, mas apenas apresentar dados e informações sobre o tema que está desenvolvendo.• O autor quer que o próprio leitor tire suas conclusões e enumera perguntas no fi nal.

Assim, temos:

Introdução“A alienação social se exprime numa ‘teoria’ do conheci-mento espontânea, formando o senso comum da socie-dade. (...)

DesenvolvimentoUm exemplo desse senso comum aparece no caso da ‘ex-plicação’ e da pobreza, em que o pobre é pobre por sua própria culpa (preguiça e ignorância) ou por vontade divi-na ou por inferioridade natural. Esse senso comum social, na verdade, é o resultado de uma elaboração intelectual sobre a realidade, feita pelos pensadores ou intelectuais da sociedade — sacerdotes, fi lósofos, cientistas, profes-

sores, escritores, jornalistas, artistas, que descrevem e explicam o mundo a partir do ponto de vista da classe a que pertencem e que é a classe dominante de sua socie-dade. Essa elaboração intelectual incorporada pelo senso comum social é a ideologia. Por meio dela, o ponto de vista, as opiniões e as ideias de uma das classes sociais — a dominante e dirigente — tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as classes e de toda a sociedade.

A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indi-visão e de diferenças naturais entre os seres humanos. Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos le-vados a crer que somos todos iguais porque participamos da ideia de ‘humanidade’, ou da ideia de ‘nação’ e ‘pátria’, ou da ideia de ‘raça’ etc. Diferenças naturais: somos le-vados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela divisão social das clas-ses, mas por diferenças individuais dos talentos e das capacidades, da inteligência, da força de vontade maior ou menor etc.

ConclusãoA produção ideológica da ilusão social tem como fi nali-dade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhe-cê-las realmente, sem levar em conta que há uma contra-dição profunda entre as condições reais em que vivemos e as ideias. (...)“

Marilena Chauí, Convite à Filosofi a.

APRESENTAÇÃO VISUAL DA REDAÇÃO

1. O aluno deve preencher corretamente todos os itens do cabeçalho com letra legível. 2.Centralizar o título na primeira linha, sem aspas e sem gri-fo. O título pode apresentar interrogação desde que o texto responda à pergunta. 3. Pular uma linha entre o título e o texto, para então iniciar a redação. 4. Fazer parágrafos distando mais ou menos três centímetros da margem e mantê-los alinhados. 5. Não ultrapassar as margens (direita e esquerda) e também não deixar de atingi-las. 6. Evitar rasuras e borrões. 7. Apresentar letra legível, tanto de fôrma quanto cursiva. 8. Distinguir bem as maiúsculas das minúsculas. 9. Não exceder o número de linhas pautadas ou pedidas como limites máximos e mínimos. 10. Escrever apenas com caneta preta ou azul. O rascunho ou o esboço das ideias podem ser feitos a lápis e rasurados. O texto não será corrigido em caso de utilização de lápis ou caneta vermelha, verde etc. na redação defi nitiva.

OBSERVAÇÕES: Números a) Idade - deve-se escrever por extenso até o nº 10. Do nº 11 em diante devem-se usar algarismos; b) Datas, horas e distâncias sempre em al-garismos: 10h30min, 12h, 10m, 16m30cm, 10km (m, h, km, I, g, kg).

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99 ERROS COMUNS1 - “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.

2 - “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.

3 - “Houveram” muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.

4 - “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam ideias.

5 - Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer. Para eu dizer. Para eu trazer.

6 - Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.

7 - “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.

8 - “Entrar dentro”. O certo: entrar em. São casos de tautologia ou redundâncias. Como em: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.

9 - “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

10 - “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.

11 - Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.

12 - Preferia ir “do que” fi car. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a fi car. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.

13 - O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.

14 - Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. Veja outras grafi as erradas e, entre parênteses, a forma correta: “paralizar” (paralisar), “benefi ciente” (benefi cente), “xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado),

“calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro).

15 - Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.

16 - Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.

17 - Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.

18 - “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.

19 - “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profi ssionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.

20 - Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os fi lhos ao circo.

21 - Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

22 - Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

23 - Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

24 - O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: fl úido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

25 - A última “seção” de cinema. Seção signifi ca divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

26 - Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

27 - “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repente.

28 - Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qualquer”, que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.

29 - A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

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30 - Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

31 - O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeçalho).32 - Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?

33 - “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.

34 - O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfi zera, entrevimos, condisser, etc.

35 - Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.

36 - “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fi que: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.

37 - A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.

38 - A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.

39 - Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.

40 - Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que signifi ca acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.

41 - Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.

42 - “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.

43 - Ministro nega que “é” negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.

44 - Tinha “chego” atrasado. “Chego”, neste caso, não existe. “Chego” é a conjugação da 1º pessoa do singular no presente do indicativo: “Eu chego”. O certo é: Tinha chegado atrasado.

45 - Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: ternos azuis, canetas pretas, fi tas amarelas.

46 - Lute pelo “meio-ambiente”. Meio ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-campo, etc.

47 - Queria namorar “com” o colega. O verbo namorar não pede preposição. Queria namorar o colega.

48 - O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não “junto ao”) Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não “junto aos”) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não “junto ao”) banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não “junto ao”) Procon.

49 - As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.

50 - Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca “imporá-se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. / Tendo me formado (e nunca tendo “formado-me”).

51 - Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.

52 - Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para defi nir o material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.

53 - A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu “a luz a” gêmeos.

54 - Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.

55 - Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.

56 - Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.

57 - O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.

58 - À medida “em” que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.

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Língua Portuguesa

59 - Não queria que “receiassem” a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).

60 - Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.61 - A moça estava ali “há” muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao fi lho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)

62 - Não se diz “se o”. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.

63 - Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-fi nanceiras, partidos social-democratas.

64 - Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que signifi ca inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.

65 - “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.

66 - Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.

67 - Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.

68 - Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não “dos mesmos”).

69 - Vou sair “essa” noite. É este que desiga o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).

70 - A temperatura chegou a “O graus”. Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.

71 - A promoção veio “de encontro aos” seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a signifi ca condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.

72 - Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de signifi ca apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.

73 - Se eu “ver” você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fi zer (de fazer), desfi zer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.

74 - Ele “intermedia” a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.

75 - Ninguém se “adequa”. Não existem as formas “adequa”, “adeque”, etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.

76 - Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale “exploda” ou “expluda”, substituindo essas formas por estoure, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas “precavejo”, “precavês”, “precavém”, “precavenho”, “precavenha”, “precaveja”, etc.

77 - Governo “reavê” confi ança. Equivalente: Governo recupera confi ança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que o verbo haver tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem “reavejo”, “reavê”, etc.

78 - Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.

79 - O homem “possue” muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.

80 - A tese “onde”... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...

81 - Já “foi comunicado” da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém “é comunicado” de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientifi cado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria “comunicou” os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.

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82 - Venha “por” a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Veja outros: fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar), pélo (verbo pelar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no entanto: Ele, toda, ovo, selo, almoço, etc.

83 - “Infl ingiu” o regulamento. Infringir é que signifi ca transgredir: Infringiu o regulamento. Infl igir (e não “infl ingir”) signifi ca impor: Infl igiu séria punição ao réu.

84 - A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfi co (contrabando) com tráfego (trânsito).85 - Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também “comprimentar” alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).

86 - O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.

87 - Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV “a” preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.

88 - “Causou-me” estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não “foi iniciado” esta noite as obras).

89 - A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve infl uir na concordância. Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não “foram punidas”).

90 - O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido signifi ca desprevenido.

91 - “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.

92 - A moça “que ele gosta”. Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o fi lme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.

93 - É hora “dele” chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infi nitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...

94 - Vou “consigo”. Consigo só tem valor refl exivo (pensou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não “para si”).

95 - Já “é” 8 horas. Horas e as demais palavras que defi nem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não “são”) 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.

96 - A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg.

97 - “Dado” os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...

98 - Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que signifi ca debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a infl ação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.99 - “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.

Este último exemplo de texto foi escrito seguindo passo a passo as dicas deste capítulo. Leia-o com atenção e tente perceber nele as características de um texto dissertativo, seus argumentos, suas partes (introdução, desenvolvimento, conclusão), os modalizadores, conjunções, intensifi cadores, introdutores de pressupostos, enfi m, tudo o que foi apresentado anteriormente para que, ao colocar a “mão na massa”, estejam mais claros os elementos textuais essenciais e suas relações.

VIOLÊNCIA NA TV

“Atualmente, ao ligarmos a televisão, é cada vez mais frequente depararmo-nos com notícias de guerra, assaltos, mortes e ainda com programas em que o recurso à violência impera.

Como sabemos, as crianças são as principais admiradoras desse pequeno aparelho que é a televisão e de tudo o que lá é transmitido. Signifi ca isto que é de extrema importância a redução do número de programas que contenham violência explícita por parte dos canais de TV, principalmente em horários nos quais a maioria das crianças assiste à televisão, visto que esta exposição poderá ser um dos fatores que as infl uenciará na sua vida, nomeadamente na sua personalidade e atitude na resolução dos problemas que lhes irão surgir.

Em primeiro lugar, é possível afi rmar-se que a violência a que as crianças estão expostas nos diversos programas televisivos lhes pode provocar comportamentos violentos. Esta é uma opinião compartilhada por muitas pessoas que, apesar do que se possa pensar, não é apenas uma ideia do senso comum, na medida em que está comprovada por diversos estudos. Tome-se como exemplo um trabalho do Instituto de investigação Social da Universidade de Michigan (Estados Unidos da América), coordenado pelo psicólogo L. Rowell Huesmann e apresentado na edição de Março de 2003 da revista Development Psychology, o qual demonstra que crianças de ambos os sexos que assistem a muitos programas televisivos violentos têm um elevado risco de desenvolverem um comportamento agressivo em adultos.Para esta situação, surge como uma possível explicação o fato de as crianças não fazerem a distinção entre a fi cção e a realidade, o que as leva a pensar que o que vêem na televisão são os comportamentos mais corretos a ter. Já o famoso austríaco fundador da psicanálise, Sigmund Freud, depois de muitas investigações relacionadas com a

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Língua Portuguesa

mente humana, constatou que as crianças utilizam o faz-de-conta tanto ou mais que a realidade concreta para a sua construção psíquica. Quer então isto dizer que toda a violência que preenche os desenhos animados aos quais as crianças tanto gostam de assistir, tais como o Dragon Ball, Tartarugas Ninja, Power Rangers e tantos outros, lhes vai incutir valores contraproducentes à sua formação como pessoa.

É legítimo que se imponha às estações de televisão uma restrição de exibição de material violento nas suas grades de programação, dado que a exposição a este tipo de conteúdos é extremamente prejudicial no desenvolvimento das crianças.”

PROPOSTAS DE REDAÇÃO

PROPOSTA 1

(ANEEL – SUPERIOR – CESPE – 2010)

Por muitos anos, o Brasil conviveu com a impressão de que suas fontes hidroenergéticas eram inesgotáveis. De fato, teo-ricamente, seria ainda possível dobrar, em alguns anos, o nú-mero de hidrelétricas instaladas no país, sem provocar danos irreversíveis ao meio ambiente. No entanto, a população bra-sileira mais que triplicou nos últimos 40 anos, e esta, de uma ocupação predominantemente agrária e rural, se inverteu para urbana e industrial. A demanda por energia elétrica cres-ceu naturalmente, de forma exponencial, até que, em meados da década passada, o sistema hidrelétrico instalado começou a dar sinais de esgotamento. Os excedentes de água, que davam garantia de abastecimento por cinco anos, passaram a ser utilizados acima da taxa de recomposição natural durante os períodos chuvosos. Ainda em 2001, o Brasil foi submetido a um dos piores regimes pluviométricos das últimas décadas, que, aliado à falta de investimentos no setor energético, cul-minou na maior crise energética já existente.

Internet: <www.agriambi.com.br> (com adaptações).

Nunca é redundante assinalar que uma reação radical à in-tervenção humana acaba reifi cando o natural, isolando-o, como se a própria história da vida na Terra fosse construí-da de modo linear e sem a interferência das espécies vivas. É conhecimento indiscutível hoje, no campo das ciências da natureza, que os ecossistemas existentes são o resultado da interação das formas vivas com os elementos abióticos (não vivos), ao contrário do que a teoria paleontológica e geológica clássica afi rmava, ao destacar que não há ecossistemas imu-táveis, e a espécie humana, enquanto existir sobre a Terra, atuará neles. O que pode e deve mudar é o padrão societário e, consequentemente, a visão de mundo que se tem e o tipo de relações sociais e de produções aí inseridas.

Carlos F. B. Loureiro. Teoria social e questão ambiental: pressupostos para uma práxis crítica em educação ambiental. In: Carlos F. B. Loureiro, Philippe P. Layrargues e Ronaldo S. de Castro (Orgs.). Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate, 4.a ed. São Paulo: Cortez, 2006, p. 23 (com

adaptações).

A tabela a seguir apresenta o total de energia requerida para atender à demanda brasileira de energia em 2020, segundo cenário tendencial.

Agenda elétrica sustentável 2020: estudo de cenários para um setor elétrico brasileiro efi ciente, seguro e competitivo. WWF-Brasil, 2006, p. 27. Internet:

<www.wwf.org.br>.

Considerando que as informações acima têm caráter unica-mente motivador, redija um texto dissertativo acerca do papel do cidadão como agente social responsável pelo uso racional e pelas consequências do mau uso de energia elétrica. Ao elaborar seu texto, atenda, necessariamente, as seguintes determinações: < comente acerca da importância do uso racional de energia elétrica nos diversos âmbitos — individual, social, ambiental, fi nanceiro —, tendo em vista as consequências do desperdí-cio;

< dê exemplos de atitudes promotoras de economia de ener-gia no cotidiano;

< proponha projetos de ação social que visem à conscientiza-ção da sociedade quanto ao uso adequado de energia elétrica.

PROPOSTA 2

(IBRAM – SUPERIOR – CESPE – 2009)

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC) é o órgão das Nações Unidas responsável por produzir re-latórios com informações científi cas que são divulgados pe-riodicamente desde 1988. Os relatórios são embasados na revisão de pesquisas de 2.500 cientistas de todo o mundo e, em 2007, um novo documento foi divulgado. Esse relatório é considerado um marco ao afi rmar, com 90% de certeza, que os homens são os responsáveis pelo aquecimento global. O relatório estima que a temperatura deve aumentar entre 1,8 e 4,0 graus ainda neste século. Para garantir a qualidade de vida atual, é preciso que o aumento da temperatura média do planeta não ultrapasse 2 ºC em relação aos níveis pré-industriais, da metade do século XIX. Por isso, é fundamental que todos tomem consciência do problema e façam sua parte.

World Wide Fund for Nature: WWF-Brasil. Internet: <www.wwf.org.br> (com adaptações).

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente mo-tivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.

AQUECIMENTO GLOBAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA AS FORMAS DE VIDA NO PLANETA TERRA

Ao elaborar o seu texto, aborde, necessariamente, os seguin-tes aspectos:

< efeito estufa: descrição detalhada;

< gases do efeito estufa e suas principais fontes;

< aumento de temperatura na Terra, suas causas e conse-quências.

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Língua Portuguesa

PROPOSTA 3

(ICMBIO – SUPERIOR – CESPE – 2009)

As baleias, como a jubarte, mink, orca, baleia azul, franca e bryde, e várias espécies de golfi nhos, entre eles o rotador, já podem desfrutar da costa da brasileira como um santuário de preservação e proteção. Decreto do presidente da República, publicado em 18/12/2008 no Diário Ofi cial da União, reafi rma o interesse nacional no campo da preservação e da proteção desses cetáceos, permitindo a pesquisa científi ca de uso não-letal e o aproveitamento turístico ordenado.

A data do decreto coincide com os 21 anos da lei internacio-nal que, desde 1986, proíbe a caça a baleias. Com a norma, o Brasil marca sua posição internacional em relação a outros países que defendem a caça.

O decreto presidencial diz que a União promoverá, por meio de canais diplomáticos e de cooperação competentes, a atua-ção do Brasil nos foros internacionais e a articulação regional e internacional necessária a promover a integração em pes-quisas e outros usos não-letais dos cetáceos.

Internet: <www.mma.gov.br> (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial, redija um texto dissertativo abordando necessariamente os seguintes aspec-tos:< confl ito de interesses socioambientais entre países e a pro-posta de santuário do Atlântico Sul;< áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade no Brasil e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza;< políticas públicas que possam incentivar os usos não letais dos cetáceos.

PROPOSTA 4

(TCU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2009)

Nos últimos anos, tem havido uma proliferação de medidas provisórias para a abertura de créditos extraordinários, o que gerou críticas de diferentes setores, inclusive do Tribunal de Contas da União. A propósito, o Supremo Tribunal Federal chegou a conceder medida liminar em ação declaratória de inconstitucionalidade contra a abertura de um desses crédi-tos, que estariam disfarçando créditos suplementares ou es-peciais.

Considerando o texto acima, redija um texto dissertativo que responda, necessariamente, aos seguintes questionamentos:< a profusão da abertura dos citados créditos é sintoma de que características de atuação por parte do Poder Executivo?< por que motivos créditos suplementares ou especiais esta-riam disfarçados de créditos extraordinários?< que consequências a situação de que trata o texto provoca em termos de recomposição orçamentária?

PROPOSTA 5Leia os textos a seguir e observe a charge seguinte:

“O ator Robin Williams fez piada da vitória do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016 durante entrevista a David Letterman, no Late Show. Logo no início da entrevista, o ator disse que o Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó, referindo-se a Copenhague, onde ocorreu a eleição da cidade sede entre os membros do Comitê Olímpico Internacional (COI). Robin

Williams brincava com a apresentadora Oprah Winfrey, apre-sentadora do talk show The Oprah Winfrey Show ao falar da ‘desigualdade de condições’ na disputa entre Chicago e Rio de Janeiro.

– Espero que a Oprah não esteja chateada com as olimpíadas. Chicago mandou Oprah e Michelle (Obama). O Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó – disse.

E concluiu: – Não foi justo.”O Globo. 31/11/2009. In: http://oglobo.globo.com/rio/rio2016/

mat/2009/11/30/robin-williams-faz-piada-da-vitoria-do-rio-para-sediar-as-olimpiadas-de-2016-no-programa-de-david-letterman-914985398.asp (com

adaptações).

TIROTEIO NO MORRO DOS MACACOS LEVA PÂNICO A MORADORES DE VILA ISABEL E GRAJAÚ E DERRUBA

HELICÓPTERO DA PM

“Doze pessoas morreram – sendo dez bandidos e dois poli-ciais - durante um intenso tiroteio no Morro dos Macacos, que começou na madrugada, estendeu-se por toda a manhã deste sábado e continua causando pânico em moradores de Vila Isa-bel, do Grajaú e de outros bairros próximos. Os tiros atingiram uma escola municipal e provocaram curto-circuito e incêndio em duas salas. À tarde, o clima de guerra se espalhou pela ci-dade e oito ônibus foram incendiados em várias comunidades. Até o momento, três pessoas foram presas.

Segundo a Polícia Militar, o confronto foi entre trafi cantes de quadrilhas rivais. A troca de tiros começou quando bandidos do Morro do São João, no Engenho Novo, invadiram o Morro dos Macacos, por volta de 1h deste sábado. Três corpos foram en-contrados dentro de um Peugeot preto, em um dos acessos à comunidade, e dois policiais morreram carbonizados na queda de um helicóptero da Polícia Militar, que foi derrubado por tiros disparados por trafi cantes. O helicóptero foi atingido na hélice e caiu pegando fogo dentro da Vila Olímpica, que fi ca na Avenida Marechal Rondon, próximo ao Túnel Noel Rosa, que dá acesso ao Morro dos Macacos. Após a queda, a aeronave explodiu. Ou-tros quatro policiais que estavam no helicóptero fi caram feridos no acidente, sendo um deles em estado grave.”

O Globo. 17/10/2009. In: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/10/17/tiroteio-no-morro-dos-macacos-leva-panico-moradores-de-vila-isabel-grajau-

derruba-helicoptero-da-pm-768099949.asp (com adaptações).

Secretário de Segurança do Rio de Janeiro - José Mariano Beltrame. In: http://www.jornaloimparcial.com.br/wp-content/gallery/charges secretario

seguranca.jpg

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Matéria

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Língua Portuguesa

Com base nas informações dos textos e da charge apresenta-dos, redija um texto dissertativo, que contenha entre 20 e 30 linhas, sobre o tema:

É POSSÍVEL PROMOVER OLIMPÍADAS COM SEGURANÇA NO RIO EM 2016?

PROPOSTA 6

Observe os textos seguintes:

“O Haiti é um país localizado na América Central, sua exten-são territorial é de 27.750 quilômetros quadrados, totaliza em seu território mais de 10 milhões de habitantes. Antiga colô-nia francesa, o país é a primeira república negra do mundo, sendo fundada em 1804 por antigos escravos.

Marcada por uma série de governos ditatoriais e golpes de estado, a população haitiana presencia uma guerra civil e muitos problemas socioeconômicos. O Haiti é o país econo-micamente mais pobre da América, seu Índice de Desenvol-vimento Humano é de 0,532; aproximadamente 60% da po-pulação é subnutrida e mais da metade vive com menos de 1 dólar por dia.

Além de todos esses fatores, o país passou por outra tragédia, dessa vez de ordem natural. No dia 12 de janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter atingiu o país, provocando uma série de feridos, desabrigados e mortes. Di-versos edifícios desabaram, inclusive o palácio presidencial da capital Porto Príncipe.

Conforme o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o terre-moto ocorreu à cerca de 10 quilômetros de profundidade, a 22 quilômetros de Porto Príncipe. A esse primeiro terremoto, antecederam outros dois de magnitudes 5,9 e 5,5. Esse fato promoveu grande destruição na região da capital haitiana, estima-se que metade das construções foram destruídas, 250 mil pessoas foram feridas, 1 milhão de habitantes fi caram de-sabrigados e o número de mortos já chega a, aproximada-mente, 222 mil.”Brasil Escola. 12/04/2010. http://www.brasilescola.com/geografi a/o-terremoto-no-haiti.htm.

Adaptado.

http://www.blogdomadeira.com.br/wp-content/uploads/2010/01/hai_de_ti.jpg

Redija um texto dissertativo em que se discuta:

O PAPEL DAS GRANDES NAÇÕES MUNDIAIS NA REABILITAÇÃO DA SOCIEDADE HAITIANA.

PROPOSTA 7

Leia o texto a seguir:

CIDADES-SEDE DA COPA DE 2014

O Brasil tem pouco mais de cinco anos para preparar a reali-zação de sua segunda Copa do Mundo de futebol. A primeira, em 1950, teve partidas disputadas em seis cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Recife. Na Copa de 2014, o número vai dobrar: doze cidades vão receber o mundial e, para isso, precisam correr contra o tempo. As reformas ou construções dos estádios devem co-meçar no máximo até o dia 31 de janeiro de 2010. Além disso, as cidades terão de melhorar a infraestrutura para receber as seleções e torcedores estrangeiros. A seguir, os detalhes do processo:

Quais cidades receberão jogos da Copa do Mundo de 2014?

São 12 cidades-sede: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA).

Quais critérios foram usados para defi nir as sedes?

Segundo o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, a esco-lha obedeceu a critérios técnicos, com base nas visitas feitas por técnicos da entidade, no começo de 2009, e nos projetos entregues pelas cidades. Além dos estádios, aspectos como a rede hoteleira, sistema de transporte urbano, aeroportos, segurança pública e opções de lazer também foram levados em conta na hora da escolha.

O que a Fifa exige em um estádio que receberá a Copa?

Para começar, os estádios precisam ter pelo menos 40.000 lugares. O estádio da abertura deverá ter pelo menos 60.000 assentos; o de encerramento, mais de 80.000. A Fifa reco-menda ainda que todos os espectadores tenham cadeiras individuais numeradas, com encosto de pelo menos 30 cen-tímetros de altura. Banheiros limpos e em número sufi ciente, corredores de entrada e saída largos e tribunas de imprensa bem equipadas - raridades nos campos brasileiros - são ou-tras exigências. Também é preciso haver hospitais e estacio-namentos nas imediações das arenas.

De onde sairá o dinheiro para construir e reformar estádios?

Segundo Ricardo Teixeira, as reformas dos estádios particu-lares - o Morumbi, por exemplo - são de inteira responsa-bilidade dos seus donos. Já as obras dos estádios públicos, como Maracanã e Mineirão, serão pagas através de parcerias público-privadas.

Veja. 28/01/2010. http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_res-postas/cidades-copa-2014/cidades-sede-copa-2014-estadios-capitais-fi fa-cbf-

abertura-fi nal.shtml

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Língua Portuguesa

http://www.bhnacopa.com.br/imgs/logo_bhnacopa.jpg

Redija um texto dissertativo, contendo título e obedecendo a norma culta padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

QUAIS OS BENEFÍCIOS E AS PERDAS PROVÁVEIS QUE BELO HORIZONTE PODE SOFRER SENDO SEDE DA

COPA DE 2014?

PROPOSTA 8

As crianças, os pré-adolescentes e os adolescentes, os jovens e os adultos chegam às escolas “com identidades de classe, raça, etnia gênero, território, campo, cidade, periferia [....]” (Arroyo, 2006). Essas identidades são marcadas pelos conhe-cimentos que trazem das linguagens, da ciência, das relações sociais, dos valores, dos costumes construídos nas interações em seu contexto social e cultural. Entretanto, para que esse cidadão ou cidadã possa exercer plenamente sua cidadania, é necessário que seus conhecimentos e saberes sejam reco-nhecidos e ampliados. Cabe à escola, ou seja, é função da escola, possibilitar aos diversos grupos sociais que compõem seu quadro discente o reconhecimento de seus conhecimen-tos e a sua ampliação e incrementação, incorporando dados, organizando-os, desenvolvendo estratégias de percepção, compreensão, busca, associação cognitiva e análise. Portanto, é função da escola desenvolver uma proposta curricular que

leve os estudantes a atingir patamares mais organizados de conhecimento complexo e de processos complexos de conhe-cimento, favorecendo a sua participação e inclusão nas discussões e busca de respostas para as questões de seu tem-po e de sua idade, de sua sociedade, desse mundo, de agora.

PROPOSTA 9

“[...] é inegável a pluralidade cultural do mundo em que vi-vemos e que se manifesta, de forma impetuosa, em todos os espaços sociais, inclusive nas escolas e nas salas de aula. Essa pluralidade frequentemente acarreta confrontos e con-fl itos, tornando cada vez mais agudos os desafi os a serem enfrentados pelos profi ssionais da educação.”

Tema: A presença desses desafi os reforça a necessidade de que os professores e estudantes tenham metas de ensino cla-ramente defi nidas, metodologias cuidadosamente pensadas e trabalho coletivo.

Faça uma dissertação argumentativa, em prosa, sobre o tema acima. Não é necessário dar um título ao seu texto.

PROPOSTA 10

A seguir, você encontrará duas redações incompletas. Na primeira, há introdução e conclusão; na segunda, apenas o desenvolvimento e o título. Para melhorar suas habilidades nas partes distintas da redação, complete-as com o que falta.Lembre-se de:• Na primeira: levar em consideração o que é dito tanto na introdução quanto na conclusão para que a argumentação de seu desenvolvimento se encaixe perfeitamente a elas. Dê um título.• Na segunda: fazer uma introdução que aborde rapidamente os argumentos colocados no desenvolvimento. A conclusão também deve basear-se na argumentação já dada e no título.

ANOTAÇÕES

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Língua Portuguesa

REDAÇÃO

NOME: _______________________________________________________________________________________

TURNO: ____________________ SALA: ______ UNIDADE: _____________________

LEGENDASConteúdo: I. Pertinência ao tema proposto, II. Argumentação coerente das ideias e informatividade, III. Adequação no uso de articuladores, IV. Organização adequada de parágrafos e V. Propriedade vocabular; Correção linguística: O = Ortografi a, P = Pontuação e MS = Morfossintaxe.

TÍTULO: CORREÇÃO LINGUÍSTICA

20 PONTOS

IMPORTANTE: Faça letra legível. O P MS

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CONTEÚDOI II III IV V TOTAL 1

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NOTA FINAL

OBS.:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Uma das maiores preocupações das pessoas é a preservação do meio ambiente, fator que envolve o futuro do planeta e consequentemente a sobrevivência humana.

As universidades e instituições de pesquisa em geral precisam agir rapidamente na elaboração de pro-jetos cientificos com vistas a combater os resultados caoticos da falta de conscientização humana. Nada melhor que a ciência para direcionar formas praticas de amenizarmos o mal que tomou conta do nosso planeta.

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Língua Portuguesa

REDAÇÃO

NOME: _______________________________________________________________________________________

TURNO: ____________________ SALA: ______ UNIDADE: _____________________

LEGENDASConteúdo: I. Pertinência ao tema proposto, II. Argumentação coerente das ideias e informatividade, III. Adequação no uso de articuladores, IV. Organização adequada de parágrafos e V. Propriedade vocabular; Correção linguística: O = Ortografi a, P = Pontuação e MS = Morfossintaxe.

TÍTULO: Benefícios da leitura CORREÇÃO LINGUÍSTICA

20 PONTOS

IMPORTANTE: Faça letra legível. O P MS

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CONTEÚDOI II III IV V TOTAL 1

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TOTAL 2:

NOTA FINAL

OBS.:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A leitura permite ao homem se comunicar, aprender e até mesmo se desenvolver, trabalhar dificuldades. Em reportagem recente, uma grande revista de circulação nacional atribuiu à leitura a importância de agente fundamental para a transformação social do nosso país.

Através do conhecimento da língua, todos têm acesso à informação e são capazes de construir e emitir uma opinião sobre os acontecimentos. Ter opinião é exercer cidadania e essa parte pode ser a grande transfor-mação social do Brasil.

Os benefícios da leitura são cientificamente comprovados. Pesquisas indicam que crianças que têm o há-bito da leitura incentivado durante toda a vida escolar desenvolvem seu senso crítico e mantém seu rendimento escolar em um nível alto.

Permitir a uma criança sonhar com uma aventura pela selva ou imaginar uma incrível viagem espacial são algumas das mágicas da leitura. Ler amplia nosso conhecimento, desenvolve a nossa criatividade e nos des-perta para um mundo de palavras e com elas construímos o que gostamos, o que queremos e o que sonhamos.

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Língua Portuguesa

REDAÇÃO

NOME: _______________________________________________________________________________________

TURNO: ____________________ SALA: ______ UNIDADE: _____________________

LEGENDASConteúdo: I. Pertinência ao tema proposto, II. Argumentação coerente das ideias e informatividade, III. Adequação no uso de articuladores, IV. Organização adequada de parágrafos e V. Propriedade vocabular; Correção linguística: O = Ortografi a, P = Pontuação e MS = Morfossintaxe.

TÍTULO: CORREÇÃO LINGUÍSTICA

20 PONTOS

IMPORTANTE: Faça letra legível. O P MS

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NOTA FINAL

OBS.:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Língua Portuguesa

PROVAS CESGRANRIOPROVAS CESGRANRIO 1212AGENTE ADMINISTRATIVO -

FUNASA - 2009Texto I

MUNDO TEM MAIS OBESOS DO QUE DESNUTRIDOSSegundo a OMS, 300 milhões são muito gordos e 170

milhões estão abaixo do peso

GENEBRA. Aproximadamente 170 milhões de crianças em todo o mundo têm peso abaixo do normal, enquanto cerca de 300 milhões de adultos são obesos, informou ontem a Orga-nização Mundial da Saúde (OMS), na abertura da 33a sessão anual do Comitê Permanente de Nutrição, em Genebra.

Reunido até sexta-feira, o organismo formado por represen-tantes de várias agências da Organização das Nações Unidas (ONU) pretende elaborar um plano de ação que ajude as au-toridades nacionais a enfrentar os problemas.

– Para alcançar as Metas do Milênio estabelecidas pela ONU, e controlar a epidemia crescente das doenças crônicas, é ne-cessário lutar com urgência contra a má nutrição no mundo, tanto causada pelo excesso quanto pela falta – afi rmou a pre-sidente do comitê, Catherine Bertini.

Das 170 milhões de crianças desnutridas, cerca de três mi-lhões morrem a cada ano, de acordo com os dados fornecidos pela OMS. No extremo oposto, calcula-se que há no mundo cerca de 1 bilhão de pessoas com excesso de peso, das quais 300 milhões são obesas.

Todos eles estão mais expostos que os demais a sofrer cardio-patias, acidentes cardiovasculares, cânceres e diabetes, entre outras doenças ligadas ao excesso de peso.

A OMS adverte que esse problema duplo não é simplesmente de países ricos ou pobres, mas está ligado ao grau de desen-volvimento de cada nação.

O Globo,14 mar. 2006.

01. A ideia central do Texto I baseia-se na visão de que é pre-ciso combater a má nutrição no mundo. Qual dos trechos da matéria transcritos a seguir apresenta o argumento de consis-tência compatível com essa tese?a) “Aproximadamente 170 milhões de crianças em todo o mundo têm peso abaixo do normal, enquanto cerca de 300 milhões de adultos são obesos,” (linhas 1-3)b) ...“é necessário lutar com urgência contra a má nutriçãono mundo, tanto causada pelo excesso quanto pela falta –” (linhas 11-13)c) “calcula-se que há no mundo cerca de 1 bilhão de pessoas com excesso de peso, das quais 300 milhões são obesas.” (linhas 17-19)d) “Todos eles estão mais expostos que os demais a sofrer cardiopatias, acidentes cardiovasculares, cânceres e diabetes, entre outras doenças ligadas ao excesso de peso.” (linhas 20-22)

e) “A OMS adverte que esse problema duplo não é simples-mente de países ricos ou pobres, mas está ligado ao grau de desenvolvimento de cada nação.” (linhas 23-25)

02. Conjunções são importantes mecanismos para estabele-cer a coesão dos textos, indicando a relação de sentido entre duas orações, por exemplo. No último período do Texto I, a conjunção “mas” (linha 24) estabelece uma relação de sen-tido com a oração imediatamente anterior, expressando uma ideia de:a) adição. b) causa.c) fi nalidade. d) proporção.e) consequência.

03. No Texto I, em “e controlar a epidemia crescente das do-enças crônicas,” (linha 11), o termo destacado está ligado sintaticamente ao substantivo “epidemia”. O termo que de-sempenha função sintática idêntica ao destacado acima está no trecho:a) “enquanto cerca de 300 milhões de adultos são obesos,”(linhas 2-3)(b) “...que ajude as autoridades nacionais a enfrentar os problemas.” (linhas 8-9)c) “– Para alcançar as Metas do Milênio estabelecidas pela ONU,” (linha 10)d) “Todos eles estão mais expostos...” (linha 20)e) “entre outras doenças ligadas ao excesso de peso.” (li-nhas 21-22)

Texto II

A charge a seguir trata da situação crítica a que está subme-tido o país em relação à dengue.

04. Essa charge:a) compara a luta contra a dengue a uma situação de guerra.b) coloca em situação de oposição o homem e a sociedade.c) suaviza a gravidade da questão a partir do humor.d) dá características humanas ao mosquito.e) propõe que forças bélicas sejam usadas na prevenção da doença.

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Língua Portuguesa

05. Uma charge tem como objetivo, por meio de seu tom caricatural, provocar, no leitor, uma dada reação acerca de um fato específi co. De acordo com a situação em que foi produ-zida, a charge de Ique, aqui apresentada, visa a provocar, no leitor, uma reação de: a) consternação.b) revolta.c) alerta.d) complacência.e) belicosidade.

Texto IIIO MENINO DOENTE

O menino dorme.Para que o meninoDurma sossegado,Sentada ao seu ladoA mãezinha canta:

— “Dodói, vai-te embora!“Deixa o meu fi lhinho,“Dorme... dorme... meu...”

Morta de fadiga,Ela adormeceu.Então, no ombro dela,Um vulto de santa,Na mesma cantiga,Na mesma voz dela,Se debruça e canta:

— “Dorme, meu amor.“Dorme, meu benzinho...”

E o menino dorme.BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,

1983.

06. Em dois versos do poema há a ocorrência do sufi xo –inho.Nos dois casos, esse elemento assume um valor de:a) intensidade.b) tamanho.c) ironia.d) afeto.e) desrespeito.

07. — “Dodói, vai-te embora!“Deixa o meu fi lhinho,“Dorme... dorme... meu...”Essa estrofe do poema é construída como um diálogo ima-ginário, com o uso da segunda pessoa do singular - tu. Em-pregando-se a terceira pessoa (você), como devem fi car os verbos adotados na estrofe?a) vás / deixes / durmasb) vais / deixas / dormesc) vá / deixe / durmad) ide / deixai / dormie) vão / deixem / durmam

08. As reticências podem ser usadas com diferentes fi nali-dades. No trecho “Dorme... dorme... meu...”, encontrado no Texto III, as reticências foram usadas para:a) marcar um aumento de emoção.b) apontar maior tensão nos fatos apresentados.c) indicar traços que são suprimidos do texto.d) deixar uma fala em aberto.e) assinalar a interrupção do pensamento.

09. A palavra “debruça” (v. 15), presente no Texto III, pode ser substituída, sem alteração de sentido, por:a) recolhe. b) inclina.c) derrama. d) descobre.e) ajoelha.

Texto IV

O anúncio publicitário a seguir é uma campanha de um ado-çante, que tem como seu slogan a frase “Mude sua embala-gem”.

10. A palavra “embalagem”, presente no slogan da campa-nha, é altamente expressiva e substitui a palavra:a) vida. b) corpo.c) jeito. d) história.e) postura.

GABARITO01. d 02. a 03. b 04. a 05. c

06. d 07. c 08. e 09. b 10. b

AGENTE ADMINISTRATIVO - EPE - 2009

NÃO NOS FALTA INFORMAÇÃO E SIM SABEDORIA

Vivemos em um mundo repleto de informação, com o volume de dados dobrando a cada 18 meses, sedento por conheci-mento e desesperado por sabedoria.

A transição da informação para conhecimento acontece atra-vés da experiência. Esta é a diferença entre um profi ssional recém-formado e outro com 10 anos de trabalho, mas a expe-riência não traz sabedoria. Posso garantir que você conheceu muitos com um conhecimento vasto, mas sem sabedoria.

A diferença entre quem tem conhecimento e quem tem sabe-doria é que um sábio analisa o mundo não somente através do conhecimento técnico, mas também através de valores. Valores que levam em consideração um maior número de perspectivas e, por isso mesmo, inclui uma quantidade maior de pessoas.

Segundo o psicólogo Robert Sternberg, a sabedoria é um co-nhecimento tácito, isto é, adquirido por prática, que permite

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Língua Portuguesa

ao indivíduo balancear duas áreas. A primeira é o equilíbrio das suas próprias necessidades com as dos outros, sendo ca-paz de incluir as necessidades de pessoas e coisas que pos-sam ser afetadas a longo prazo, como instituições e o meio ambiente.

A segunda área corresponde à capacidade do sábio de equi-librar três respostas às situações de vida: a adaptação (mu-dando a si mesmo para se ajustar ao mundo), a intervenção (mudando o ambiente a sua volta) e a seleção (escolhendo mudar para um novo ambiente). Portanto, para aumentar a nossa sabedoria, o conhecimento é necessário, mas não sufi -ciente e, acima de tudo, temos de refl etir a respeito dos nos-sos valores, e do impacto de nossas ações sobre o universo, como um todo.

PORTO, Frederico. Disponível em: <http://www.integracaohumana.com.br/ artigos_nao_nos_falta_informacao_e_sim_sabedoria.htm>. Acesso em: 06

nov. 2008.

01. O sentido da passagem “Vivemos em um mundo repleto de informação,” (linha 1) é ratifi cado, semanticamente, por:a) “com o volume de dados dobrando a cada 18 meses,” (li-nha 1-2)b) “sedento por conhecimento...” (linha 2-3)c) “...desesperado por sabedoria.” (linha 3)d) “A transição da informação para conhecimento acontece através da experiência.” (linha 4-5).e) “Esta é a diferença entre um profi ssional recém-formado e outro com 10 anos de trabalho,” (linha 5-6)

02. Segundo o texto, é CORRETO afi rmar que o(a):a) conhecimento sucede a sabedoria.b) conhecimento precede a informação.c) conhecimento antecede a experiência.d) experiência antecede o conhecimento.e) sabedoria antecede a experiência.

03. Em relação às ideias apresentadas no texto, é CORRETO afi rmar que a(o):a) competência é o diferencial entre o profi ssional que detémo conhecimento técnico e o sábio.b) avalanche de informações que assola o mundo vem decli-nando dia a dia.c) característica essencial do sábio é a experiência.d) sábio, por sua argúcia, é capaz de avaliar qualitativamenteum maior número de pessoas.e) sábio, quanto à capacidade de avaliação, caracteriza-se pela versatilidade.

04. No texto, “refl etir” (linha 28) só NÃO está empregado com o sentido de:a) conjecturar.b) ponderar.c) avaliar.d) aquilatar.e) declinar.

05. O substantivo seleção admite apenas uma forma de plu-ral. Entre os apresentados a seguir, o substantivo que tam-bém só admite uma forma para o plural é:a) refrão.b) cidadão.c) verão.d) corrimão.e) ancião.

06. Assinale a opção cuja frase apresenta ERRO de pontu-ação.a) Acumulam-se, no decorrer da vida, experiências diversas.b) Logo depois, quando conseguiu o equilíbrio necessário, atingiu o seu propósito de vida.c) O conhecimento, contudo, não é sufi ciente para alcançar-mos a sabedoria.d) O sábio analisa o mundo a sua volta, e eu, a vida que me cerca.e) As análises psicológica, psicanalítica e terapêutica, não condizem com a da maioria das pessoas.

07. O conhecimento ___________ se referia o profi ssional, sefaz presente nas pessoas ___________ valores não são ma-teriais.Assinale a opção que, segundo o registro culto e formal da língua, preenche as lacunas acima.a) que – que.b) que – cujos os.c) a que – cujos.d) o qual – de cujos.e) o qual – para quem.

08. Qual palavra pode substituir a destacada em “Portanto, para aumentar a nossa sabedoria,” (linha 26-27), sem que haja alteração de sentido, quanto à argumentação original?a) Porquanto.b) Contudo.c) Entretanto.d) Assim.e) Conquanto.

09. Em relação às correspondências ofi ciais, analise as afi r-mativas abaixo.I - Ata: Redigida sem parágrafos, sem abreviatura de palavras ou expressões, sem emendas ou rasuras. Se constatado erro ou omissão, no momento de redigi-la, emprega-se a expres-são “em tempo”.II - Requerimento: Entre o destinatário e o corpo do texto, deve haver espaço de sete linhas pautadas ou de sete espa-ços duplos, onde será redigido o despacho.III - Ofício: Os fechos “respeitosamente” e “atenciosamente” são empregados, respectivamente, para autoridades superio-res e para as da mesma hierarquia ou de hierarquia inferior, seguidos de vírgula.Está(ão) CORRETA(S) a(s) afi rmativa(s):a) I, apenas.b) I e II, apenas.c) I e III, apenas.d) II e III, apenas.e) I, II e III.

10. No quadro abaixo, indique a forma de tratamento e sua respectiva abreviatura, no singular, que estão INCORRETA-MENTE relacionadas ao título.

TÍTULO FORMA DE TRATAMENTO

ABRE-VIATURA (singular)

a) Altas autoridades Vossa Excelência V.Exª

b) Reitores de Univer-sidades

Vossa Magnifi -cência

V. Magª

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Língua Portuguesa

c) Príncipes, duques Vossa Majestade V.Mª

d) Cardeais Vossa Eminência V. Emª

e) Sacerdotes Vossa Reveren-díssima

V. Rvema

GABARITO01. a 02. d 03. e 04. e 05. b

06. e 07. c 08. d 09. d 10. c

ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO - CASA DA MOEDA - 2009

Às vezes me perguntam o porquê dessa nossa quase obsessi-va preocupação com açudes: açude encheu, açude está seco, açude sangrou. Mas é isso mesmo: no Nordeste, o açude é o núcleo, o coração da fazenda. Fazenda sem açude é um casco morto, sem gado, sem moradores, sem plantio. O açude é o símbolo da riqueza do fazendeiro – ou da sua ruína.

O velho açude do Junco, por exemplo. Mas antes devo dizer o que é – ou o que foi – o Junco. Neste mundo tão grande, nunca houve pedaço de terra que tenha sido mais preso ao meu coração do que aquele trecho bravio do município de Quixadá. E engraçado é que não nasci lá. Contudo, decerto andava por lá antes de nascer (já contei essas coisas de ou-tras vezes, mas, afi nal, só tenho uma história).

O Junco é, ou foi, uma fazenda à velha moda do Nordeste (embora hoje já muito alterada e dividida), com matas de caatinga subindo e descendo por cabeços cobertos de pedre-gulho, vastos campestres de capimpanasco, coroas férteis de riacho, lagoas que secam no verão (tudo, aliás, ali, seca no verão). Tudo seca, menos o açude.

À direita da casa-grande – a casa velha – se estende o prato de água que, dantes, era a única fonte de vida dos homens, dos bichos e das plantas. (Hoje lá existe também um açude novo, maior e talvez mais bonito do que o velho.) Mas aquele, o ‘meu açude’, foi feito por mão de escravos. Fez-se a parede devagarinho, em anos. Antes aquilo era uma lagoa, alimen-tada por sete riachos, que só correm no inverno. Assim, aos poucos, o dono foi levantando uma barragem, procurando ar-mazenar mais água; construía sem projeto no papel, meio ao acaso, que o lugar nem era próprio para açude: uma lagoa aberta, sem nenhuma elevação aos lados, onde fi rmassem os ombros da parede. O porão se fez fundo a poder de escava-ções e não como os outros açudes, num boqueirão natural. De modo que a obra está toda errada como técnica; mas, como sempre acontece na vida, os erros não lhe prejudicaram a solidez. O açude do Junco já tem quase dois séculos e, nes-se tempo todo de existência, só arrombou no inverno de dilú-vio de 1924 e, mais tarde, outra vez. Contudo, em ambas as vezes, o rombo na parede foi tapado dentro de poucos dias.

A água do açude do Junco tem uma cor ferrugenta, tinturada pelo barro vermelho do fundo. Mas é boa, sadia e doce como água de chuva.

QUEIROZ, Rachel de. In: Tantos Anos, Editora Siciliano, 1998. (Adaptado)

01. “Mas é isso mesmo:” (l. 3)

Com esta frase a autora admite que:a) fazendas sem açude são como um casco morto.b) desconhece a resposta à pergunta que às vezes lhe fazem.c) existe, no Nordeste, uma quase obsessiva preocupação com os açudes.d) durante o intenso verão nordestino tudo pode secar.e) açudes são símbolo de riqueza e não motivo de preocu-pação.

02. “Mas é isso mesmo: no Nordeste, o açude é o núcleo, o coração da fazenda.” (l. 3-4)A palavra ou a locução capaz de substituir os dois pontos na passagem acima, sem alterar o sentido da frase, é:a) porém.b) porque.c) embora.d) entretanto.e) ainda que.

03. Está em DESACORDO com o texto escrever que o velho açude do Junco é uma obra:a) secular.b) sólida.c) feita sem planejamento técnico.d) de execução difícil.e) escavada num boqueirão natural.

04. Considere o texto abaixo.“O indivíduo se organiza a partir de sua história, do seu per-tencer a uma família, a um povo, a uma terra.”

COLASANTI, Marina. Fragatas por Terras Distantes.

A passagem do texto de Rachel de Queiroz em que NÃO se evidencia a presença de um desses elementos de que fala Marina Colasanti é:a) “...dessa nossa quase obsessiva preocupação com açu-des:” (l. 1-2).b) “Neste mundo tão grande, nunca houve pedaço de terra que tenha sido mais preso ao meu coração...” (l. 8-10).c) “E engraçado é que não nasci lá. Contudo, decerto andava por lá antes de nascer” (l. 11-12).d) “(já contei essas coisas de outras vezes, mas, afi nal, só tenho uma história).” (l. 12-13).e) “De modo que a obra está toda errada como técnica;” (l. 33).

05. No terceiro parágrafo do texto, a autora:a) explica como o açude foi construído.b) exalta as belezas do Nordeste.c) descreve a paisagem da fazenda.d) conta histórias da sua infância.e) expõe sua opinião a respeito da seca.

06. Observe a frase.Ficou-nos a lembrança _______ a água do açude erasadia e doce.A frase se completa CORRETAMENTE com:a) que.b) a que.c) com que.d) de que.e) em que.

07. Na estrada cheia de sol, um convite:

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Língua Portuguesa

Para completar o cartaz CORRETAMENTE, a sequência é:a) A – À – A.b) A – À – À.c) À – A – À.d) À – À – A.e) À – À – À.

08. Se ________ conhecer o açude ________ comigo.Tendo em vista a correlação dos tempos dos verbos, as for-mas verbais que completam CORRETAMENTE a frase acima são, respectivamente:a) quiser e venha.b) quisesse e virá.c) queria e vem.d) quiser e viesse.e) quer e viria.

09. Qual a forma entre parênteses que completa CORRETA-MENTE a frase?a) Gostaria de saber ________ tanta preocupação. (porque)b) O convite ________ esperava fi nalmente chegou. (por quê)c) Não havia água ________ o riacho secou. (por que)d) Não foste à fazenda ________? (por quê)e) ________ os açudes são tão importantes? (Porque)

10. Coloque C ou I conforme esteja correta ou incorreta a concordância verbal.( ) Daquele dia fi cou-lhe belas recordações.( ) Algum de vocês conheceram a fazenda?( ) Cada uma das lagoas secou a seu tempo.A sequência CORRETA de cima para baixo é:a) I – I – C.b) I – C – I.c) C – I – I.d) C – C – I.e) C – I – C.

GABARITO01. c 02. b 03. e 04. e 05. c

06. d 07. d 08. a 09. d 10. a

AGENTE CENSITÁRIO - IBGE - 2009

ABREVIADOS

Nem faz tanto tempo assim, as pessoas diziam vosmecê. “Vosmecê concede a honra desta dança?” Com o tempo, fo-mos deixando a formalidade de lado e adotamos uma forma

sincopada, o popular você. “Você quer ouvir uns discos lá em casa?” Parecia que as coisas fi cariam por isso mesmo, mas o mundo, defi nitivamente, não se acomoda. Nesta onda de tornar tudo mais prático e funcional, as palavras começaram a perder algumas vogais pelo caminho e se transformaram em abreviaturas esdrúxulas, e você virou vc. “Vc q tc cmg?”

Nenhuma linguagem é estática, elas acompanham as exi-gências da época, ganham e perdem signifi cados, mudam de função. Gírias, palavrões, nada se mantém os mesmos. Qual é o espanto?

Espanto, aliás, já é palavra em desuso: ninguém mais se espanta com coisa alguma. No máximo, fi camos levemente surpreendidos, que é como fi quei quando soube que um dos canais do Telecine iria abrir um horário às terças-feiras para exibir fi lmes com legendas abreviadas, tal qual acontece nos chats. Uma estratégia mercadológica para conquistar a au-diência mais jovem, naturalmente, mas e se a moda pegar?

Hoje, são as legendas de um fi lme. Amanhã, poderá ser lan-çada uma revista toda escrita neste código, e depois quem sabe um livro, e de repente estará todo mundo ganhando tempo e escrevendo apenas com consoantes – adeus, vogais, fi m de linha pra vocês.

O receio de todo cronista é fi car datado, mas, em contraparti-da, dizem que é importante este nosso registro do cotidiano, para que nossos descendentes saibam, um dia, o que se pas-sava nesta nossa cabecinha jurássica. Posso imaginar, daqui a 50 anos, meus netos gargalhando diante deste meu texto: “ctd d w”.

Coitada da vovó mesmo. Às vezes me sinto uma anciã, lamen-tando o quanto a vida está fi cando miserável. Não se trata apenas dos miseráveis sem comida, sem teto e sem saúde, o que já é um descalabro, mas da nossa miséria opcional. Abreviamos sentimentos, abreviamos conversas, abreviamos convivência, abreviamos o ócio, fazemos tudo ligeiro, atro-pelando nosso amor-próprio, nosso discernimento, vivendo resumidamente, com fl ashes do que outrora se chamou arte, com uma ideia indistinta do que outrora se chamou liberdade. Todos espiam todos, sabem da vida de todos, e não conhe-cem ninguém. Modernidade ou penúria?

As vogais são apenas cinco. Perdê-las é uma metáfora. Cada dia abandonamos as poucas coisas em nós que são abertas e pronunciáveis.

MEDEIROS, Martha. Revista O Globo. 20 mar. 2005.01. “Uma língua viva nunca está plenamente feita, mas se fazcontinuamente graças à atividade linguística.”

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa.Em qual parágrafo do texto o conteúdo coincide com o do trecho apresentado acima?a) 2ºb) 3ºc) 4ºd) 5ºe) 6º

02. Assinale a expressão que, por se identifi car com o conte-údo da crônica, poderia servir-lhe de título.a) “...exigências da época,” (l. 10-11)b) “...estratégia mercadológica...” (l. 19)c) “...conquistar a audiência...” (l. 19-20)d) “...cabecinha jurássica.” (l. 29)e) “vivendo resumidamente,” (l. 38-39)

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03. A cronista chama de “....miséria opcional.” (l. 35) a(s):a) privação voluntária de bens materiais.b) vida dos sem comida, sem casa, sem saúde.c) perda, pelo abandono consciente, de nossos melhores sen-timentos e atitudes.d) resignação diante das difi culdades da vida.e) legendas abreviadas dos chats.

04. Considere as afi rmações a seguir.I - Por tratarem geralmente de temas da atualidade do autor, as crônicas são um valioso registro do cotidiano de uma época para conhecimento das futuras gerações.II - Falta à crônica de Martha Medeiros atualidade temática e um pouco de humor.III - Ao desenvolver a sua crônica, Martha Medeiros vai tocan-do em vários assuntos, sem todavia desviar-se de seu foco: perdas que empobrecem.É(São) verdadeira(s) APENAS a(s) afi rmação(ões):a) I.b) II.c) III.d) I e II.e) I e III.

05. Observe as seguintes passagens do texto:I - “fomos deixando a formalidade de lado...” (l. 3)II - “ ‘...quer ouvir uns discos lá em casa?’ ” (l. 4-5)III - “as palavras começaram a perder algumas vogais...” (l. 7-8)IV - “Amanhã, poderá ser lançada uma revista...” (l. 21-22)V - “...o quanto a vida está fi cando miserável.” (l. 33)As locuções verbais em destaque exprimem desenvolvimento gradual da ação APENAS nas passagens:a) I e II.b) I e V.c) II e III.d) II e IV.e) III e IV.

06. De acordo com a norma culta da língua, apenas uma das opções está CORRETA quanto à regência verbal. Assinale-a. a) Os jovens anseiam por novidades tecnológicas.b) Chegaram rapidamente no cinema.c) Esqueci-me o nome do fi lme vencedor do festival.d) Ela namorava com o jovem no computador.e) Este é o fi lme que lhe falei.

07. O termo em destaque foi substituído INCORRETAMEN-TE pelo pronome em:a) deixando a formalidade (deixando-a).b) adota uma forma (adota-a).c) ouvir uns discos (ouvi-los).d) põe o CD sobre a mesa (põe-no).e) acompanham as exigências (acompanham-las).

08. Em qual frase o verbo está na voz ativa?a) As legendas dos fi lmes tinham sido abreviadas.b) Algumas legendas não foram entendidas pelos mais velhos.c) Em muitas situações não se aceitam abreviaturas.d) Muitos não conseguiram decodifi car as mensagens.e) Transmitiram-se as mensagens pelo computador.

09. Em qual opção o a deve levar o acento indicativo de cra-se?a) Dirigiu a você algumas palavras.b) Referia-se a legenda do fi lme.

c) Foi para a praia e leu um livro.d) Deu ciência a todos de sua decisão.e) Estava frente a frente com o problema.

10. Quanto à concordância verbal, em qual frase há INCOR-REÇÃO?a) Nem o amor-próprio nem nosso discernimento foram pou-pados.b) Legendas, conversas, ócio, tudo foi abreviado.c) Faz meses que não vê fi lmes com legendas.d) Existe certamente entre vocês outras opniniões.e) Desapareceram as vogais das palavras.

GABARITO01. a 02. e 03. c 04. e 05. b

06. a 07. e 08. d 09. b 10. d

C.E.F - RJ E SP - 2010

Texto para as questões de 1 a 3

Especialistas apostam que hoje há 32 milhões de brasileiros com potencial para planejar uma boa aposentadoria. São jovens das classes A e B, com emprego formal, moram em grandes cidades do Sul e do Sudeste, e são o público-alvo principal das empresas de previdência privada. “Se você co-meça a investir nisso com 20, 25 anos, tem condições de chegar à aposentadoria com uma reserva fi nanceira grande”, resume um dos sócios de uma das cinco maiores consultorias de benefícios e gestão empresarial do país.

A aposentadoria — mesmo a minguada quantia mensal paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) — é a princi-pal renda fi xa do idoso paulistano. Segundo o estudo Síntese de Indicadores Sociais — Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira, publicado em 2009 pelo Instituto Bra-sileiro de Geografi a e Estatística, 55,9% dos velhinhos paulis-tanos são aposentados e 12,8%, pensionistas. Do total, 6,2% usufruem do duplo benefício.

É o caso de Maria Sonia, de 75 anos de idade. Costarriquenha radicada no Brasil desde os 20 anos — com passagens por Rio, Natal e Avaré – SP — ela aposentou-se com 60 anos. Ganha, com isso, cerca de R$ 1,2 mil. Com a morte do marido, alguns anos depois, passou a acumular o benefício da pensão (cerca de R$ 1 mil). Entretanto, não parou de trabalhar. Empresária, está à frente de uma pousada no bairro do Paraíso, a quatro quadras de sua casa — aumentando sua renda mensal em cerca de R$ 4 mil. “Chego a trabalhar até 11 horas por dia”, afi rma, com ar vitorioso. “Você tem a idade que você sente.”

Um benefício que não refl ete diretamente no bolso das pes-soas da terceira idade — mas pode melhorar sua condição de vida — é a criação, em janeiro, do Fundo Nacional do Idoso. “Quando regulamentado, receberá doações de pessoas físi-cas para fi nanciar programas para os idosos, mediante aba-timento fi scal”, diz Cláudia Beré, promotora do Atendimento ao Idoso do Ministério Público Estadual. “A lei federal que o criou também permite a regulamentação de fundos estaduais e municipais. Já enviamos ofício ao governo do estado e à prefeitura para saber quais são os planos de implementação.”

Edison Veiga, Filipe Vilicic e Vitor Hugo Brandalise. De olho no futuro, jovens planejam aposentadoria. In: O Estado de S.Paulo, 4/4/10, p. C4. Internet:

<www.estadao.com.br> (com adaptações).

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Língua Portuguesa

01. A partir das ideias expressas no texto, assinale a opção correta.a) Só é possível garantir uma boa aposentadoria se o inves-timento destinado a esse fi m for iniciado entre 20 e 25 anos de idade.b) Apenas uma parcela da população jovem brasileira tem condições de aderir a um programa de previdência que não seja gerido pelo governo.c) Dos jovens empregados das grandes cidades do Sul e do Sudeste do país, 32 milhões têm um plano de previdência privada.d) Todos os idosos da cidade de São Paulo recebem aposen-tadoria pelo INSS.e) Dos benefícios recebidos pelos idosos, a aposentadoria é o mais rentável.

02. Com base no texto, assinale a opção correta no que con-cerne a regência verbal e nominal e ao uso do sinal indicativo de crase.a) No trecho ‘Se você começa a investir nisso’ (R.6), o vo-cábulo ‘nisso’ denota a complementação indireta do verbo ‘investir’.b) Substituindo-se o vocábulo ‘aposentadoria’ por aposentar em ‘chegar à aposentadoria’ (R.7), o acento grave deve ser mantido, pois sua exigência deve-se à regência de ‘chegar’.c) No trecho “está à frente de uma pousada no bairro do Pa-raíso” (R.25-26), o sinal indicativo de crase foi empregado por se referir a um elemento específi co — a pousada; e não a umconjunto de elementos, de forma geral.d) No trecho “a quatro quadras da sua casa” (R.26), o empre-go do sinal indicativo de crase em “a” é facultativo.e) O verbo “refl ete”, em “Um benefício que não refl ete dire-tamente no bolso das pessoas da terceira idade” (R.30-31), é intransitivo.

03. A respeito do texto, assinale a opção correta.a) Se a palavra “brasileiros” fosse utilizada no feminino plural, o trecho “hoje há 32 milhões de brasileiros” (R.1-2) deveria ser reescrito da seguinte forma: hoje há trinta e duas milhões de brasileiras.b) O travessão empregado na linha 11 poderia ser substituído por vírgula, o que manteria a correção e o sentido original do texto.c) Os sujeitos das formas verbais “aposentou” (R.21), “Ga-nha” (R.22), “passou” (R.23), “parou” (R.24) e “está” (R.25) possuem o mesmo referente.d) A presença de citações no texto, como as que ocorrem no fi nal do terceiro parágrafo, evidencia seu caráter narrativo.e) No texto, predomina o gênero descritivo, já que os autores discorrem sobre o funcionamento da aposentadoria no Brasil.

Texto para as questões de 4 a 8

Ao lado do vinho, a região do Mediterrâneo tem uma cesta de produtos nobres cujo consumo nos países em desenvolvimen-to, até recentemente, era restrito às classes altas. Nos últimos cinco anos, porém, artigos como frutas secas, vinagre balsâ-mico, nozes e castanhas começaram a ganhar mercado nos emergentes. Nos quatro maiores, os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), nenhum avançou mais rápido que o azeite. Desde 2005, as vendas do produto nesses países tiveram, em média, crescimento de 235%. Nos Estados Unidos da América (EUA), o segundo maior mercado mundial de azeite, atrás apenas da União Europeia, o número fi cou na casa dos 20%. Dois fatores ajudam a entender a difusão do óleo de oliva nos

BRICs. O primeiro é a expansão da renda: uma classe média maior gasta mais, tanto em volume quanto em qualidade. Tão importante quanto isso, no entanto, foi o fato de que os fabricantes de azeite entenderam que cada lugar tem as suas especifi cidades. Na Índia, por exemplo, o produto passou a ser vendido na seção de produtos de beleza dos supermerca-dos. Além de nutrir os cabelos das indianas, ele é usado na pele, para prevenir estrias.

Entre os integrantes dos BRICs, o Brasil é o que tem, de longe, o maior mercado de azeite: o consumo deverá atingir 50.000 toneladas em 2010. Como o país tem forte infl uência espa-nhola, italiana e portuguesa (os mais importantes produtores mundiais), o hábito de usar o óleo em pizzas e saladas é mais comum do que nos outros do grupo — e as empresas do ramo praticamente não mudam suas táticas de venda no mercado brasileiro. Na China, o comércio do produto varia conforme o calendário. Em datas festivas, as pessoas trocam vidros de azeite como presente. As empresas se preparam para essa época e fazem embalagens especiais, já que a fi nalidade do produto é enfeitar as estantes das casas. “Os chineses quase não comem salada. Tivemos de encontrar maneiras alternati-vas para vender lá”, diz David Prats, presidente do grupo es-panhol Borges, um dos maiores fabricantes de azeite do mun-do. A companhia, que há quinze anos vende seus produtos no Brasil por meio de importadoras, decidiu no ano passado abrir uma fi lial no país. “O mercado brasileiro está fervilhando. En-quanto as nossas vendas fi caram estáveis em alguns países, no Brasil elas subiram 30% em 2009”, completa o espanhol.

Renata Betti. O óleo da massa. In: Veja, 3/3/2010, p. 27. Internet: <veja.abril.com.br> (com adaptações).

04. Assinale a opção correta acerca das ideias expressas no texto.a) A comercialização do azeite para fi ns não culinários é irrisó-ria, se comparada à venda do azeite usado na culinária.b) Atualmente, o consumo de vinho e de azeite no Brasil pode ser equiparado ao dos países mediterrâneos.c) Desde 2005, o aumento no consumo de azeite nos países que compõem o grupo denominado BRICs só não foi maior do que nos EUA, um dos maiores consumidores mundiais do óleo.d) Um dos fatores que determinaram o alargamento do uso do azeite em países não mediterrâneos foi a diferenciação do uso do produto dada pelos fabricantes em cada localidade atendida.e) O azeite e o vinho deixaram de ser produtos de consumo das classes mais abastadas e passaram a constar das listas de compras das classes menos privilegiadas nos países em desenvolvimento.

05. No que se refere a aspectos linguísticos do texto, assinale a opção correta.a) O vocábulo “porém” (R.4) estabelece uma relação de con-dição entre a oração da qual faz parte e a oração anterior.b) O pronome “isso” (R.15) retoma a expressão “a expansão da renda” (R.13).c) A conjunção “Como” (R.23) introduz oração que expressa um fato que está em conformidade com a ideia apresentada no período que a antecede.d) Na linha 36, o termo “que” faz referência a “companhia” e poderia, sem prejuízo para a correção gramatical do texto, ser substituído por onde. e) O vocábulo “Enquanto” (R.39), por expressar uma ideia de proporcionalidade, poderia ser substituído por À medida que, mantendo-se o sentido original do texto.

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Matéria

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Língua Portuguesa

06. Considerando que as opções abaixo apresentam propos-tas de reescrita de trechos do texto indicados entre aspas, assinale a opção que, além de estar gramaticalmente correta, mantém o sentido original do texto.a) “Desde 2005, as vendas do produto nesses países tiveram, em média, crescimento de 235%” (R.8-9): A pouco menos de uma década, nas vendas do produto desses países houve em média, melhora de 235%.b) “Dois fatores ajudam a entender a difusão do óleo de oliva nos BRICs” (R.12-13): Dois fatores permitem compreender: a difusão do óleo de oliva nos BRICs.c) “O primeiro é a expansão da renda: uma classe média maior gasta mais, tanto em volume quanto em qualidade” (R.13-15): O primeiro é o aumento da renda, uma classe mé-dia maior gasta mais, tanto em volume quanto em qualidade.d) “Tão importante quanto isso, no entanto, foi o fato de que os fabricantes de azeite entenderam que cada lugar tem as suas especifi cidades” (R.15-17): De importância similar foi o fato de os fabricantes de azeite entenderem que, cada lugar, tem as suas peculiaridades.e) “Em datas festivas, as pessoas trocam vidros de azeite como presente” (R.29-30): As pessoas oferecem e recebem vidros de azeite como forma de presentear em datas festivas.

07. Com relação a aspectos linguísticos do texto, assinale a opção correta.a) Em “a região do Mediterrâneo tem uma cesta de produ-tos nobres” (R.1-2), se a palavra “cesta” fosse fl exionada no plural, a forma verbal “tem” deveria ser grafada da seguinte forma: têm.

b) Na linha 9, a forma verbal “tiveram” está fl exionada no plural para concordar com “países”, que exerce a função de sujeito na oração.c) O vocábulo “atrás” (R.11) pode ser corretamente grafado também da seguinte forma: atraz.d) No trecho “o comércio do produto varia conforme o calen-dário” (R.28-29), mesmo se a palavra “produto” fosse fl exio-nada no plural, a forma verbal “varia” deveria permanecer no singular.e) A correção gramatical do texto seria mantida se o vocábulo “há” (R.36) fosse substituído por a.

08. No que se refere a aspectos gramaticais do texto, assinale a opção correta.a) As palavras “vinho” (R.1) e “média” (R.9) classifi cam-se, no texto, como substantivos.b) No trecho “era restrito às classes altas” (R.3-4), o uso do sinal indicativo de crase em “às” é facultativo.c) Em “ganhar mercado nos emergentes” (R.6), está implícito o termo “artigos” (R.4) antes do vocábulo “emergentes”.d) A expressão “nesses países” (R.8-9) retoma “países em desenvolvimento” (R.2-3).e) Os termos “o produto” (R.17) e “ele” (R.19) referem-se ao vocábulo “azeite” (R.16).

GABARITO01. b 02. a 03. c 04. d

05. b 06. e 07. d 08. e

ANOTAÇÕES_______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________