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 1  E  s  t  e  S  u  p  l   e  m  e  n  t  o  d  o  P  r  o  f   e  s  s  o  r  r  e  f   e  r  e -  s  e  à  o  b  r  a  A   s  a  l    a  d   e  a  u  l    a  [   e  o  u  t  r  o  s  c  o n  t   o  s  ]   ,  d  a  E  d  i   t  o  r  a  S  c  i   p  i   o  n  e  .  N  ã  o  p  o  d  e  s  e  r  c  o  m  e  r  c  i   a  l   i   z  a  d  o  .  E  l   a  b  o  r  a  ç  ã  o  :  A  r  i   s  l   e  u  d  a  M  o  n  t  e  i   r  o  V  a  s  c  o  n  c  e  l   o  s  /   E  l   z  a  M  e  n  d  e  s  .  A sala de aula [e outros contos]  Marília Lo vate l  E  s  t  e  S  u  p  l   e  m  e  n  t  o  d  o  P  r  o  f   e  s  s  o  r  r  e  f   e  r  e -  s  e  à  o  b  r  a  A   s  a  l    a  d   e  a  u  l    a  [   e  o  u  t  r  o  s  c  o n  t   o  s  ]   ,  d  a  E  d  i   t  o  r  a  S  c  i   p  i   o  n  e  .  N  ã  o  p  o  d  e  s  e  r  c  o  m  e  r  c  i   a  l   i   z  a  d  o  .  E  l   a  b  o  r  a  ç  ã  o  :  A  r  i   s  l   e  u  d  a  M  o  n  t  e  i   r  o  V  a  s  c  o  n  c  e  l   o  s  /   E  l   z  a  M  e  n  d  e  s  . ROTEIRO PARA O PROFESSOR

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    Este Suplemento do Professor refere-se obra A

    sala de aula [e outros contos], da Editora Scipione. No pode ser com

    ercializado. Elaborao: Arisleuda M

    onteiro Vasconcelos / Elza M

    endes.

    A sala de aula[e outros contos]

    Marlia Lovatel

    Este Suplemento do Professor refere-se obra A

    sala de aula [e outros contos], da Editora Scipione. No pode ser com

    ercializado. Elaborao: Arisleuda M

    onteiro Vasconcelos / Elza M

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    roteiro para o professor

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    Este Suplemento do Professor refere-se obra A

    sala de aula [e outros contos], da Editora Scipione. No pode ser com

    ercializado. Elaborao: Arisleuda M

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    A literatura arte: fenmeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, atravs da palavra. Funde os sonhos e a vida prtica, o imaginrio e o real. As palavras da escritora e crtica literria Nelly Novaes Coelho resumem bem o livro A sala de aula [e outros contos], de Marlia Lovatel.

    O livro rene 11 histrias que tm como fio condutor as relaes humanas. primeira vista, falam sobre aspectos cotidianos, no entanto, mostram tambm que as pessoas podem fazer que a fantasia torne suas vidas mais agradveis e que h sempre uma sada positiva para as coisas, mesmo em situaes difceis.

    Tal mistura entre real e mgico transmite uma sensao de que o amor, a amiza-de, a ajuda ao prximo, a natureza podem tornar a vida muito melhor. Ou, nas pala-vras de Rachel de Queiroz, a mensagem de otimismo e a coragem que nos trazem [os contos] so como uma lufada de esperana, amenizando estes duros tempos que so os nossos.

    Sugestoes didticasAs sugestes aqui apresentadas podem servir de ponto de partida para explorar o texto literrio, melhorando seu entendimento e fruio.

    Compreenso dos Contos

    1. Relaes humanas

    a) As relaes entre as pessoas so uma constante na maioria dos contos. a relao do sobrinho com seus tios-avs que o leva a rever o lugar que eles viveram e o faz viajar dcada de 1920, em O chapu. Pea aos alunos que destaquem o papel de cada relacionamento dos personagens nos demais contos.

    Por exemplo: em A cura, o mdico da cidade grande enviado para uma pequena cidade carente, onde decide fincar razes aps comear a se relacionar com as pessoas do lugar por meio das consultas mdicas. Questione sobre quais sentimentos foram provocados nesse mdico para faz-lo optar por cidadezinha to sem recursos.

    Beto, de A sala de aula, tinha dificuldade de se enturmar com os colegas da escola. O poema que criou acaba por gerar uma srie de amizades. Provoque um debate entre os alunos, questionando se a popularidade suficiente para fazer ami-

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    sala de aula [e outros contos], da Editora Scipione. No pode ser com

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    zades verdadeiras. Estimule-os a contar experincias prprias ou conhecidas de rela-cionamentos com familiares ou amigos.

    b) Nos contos A jardineira, A histria do Viraverde e Cu e terra, alm do rela-cionamento entre os personagens, marcante o contato dos protagonistas com ou-tros elementos temticos. Desafie os alunos a levantar tais aspectos, como em Azul-zinho: Ser que o comportamento das cores pode ser avaliado como uma metfora do relacionamento humano?

    2. Memria

    So as relaes humanas passadas e guardadas na memria que os personagens trazem ao tempo presente, revivendo-as e gerando novas histrias. Um sai pelas ruas com o empoeirado chapu do tio-av, outro dominado pela tristeza, em Pintura em por-celana, outro, ainda, pela decepo em O quarto dos arreios.

    Em A jardineira, o personagem passa a cuidar de plantas porque lembra que seu av imigrante plantava macieiras ao longo da estrada para que os viajantes pudessem comer as frutas maduras.

    Promova uma discusso na classe sobre o que aconteceu com o personagem em O chapu. possvel algum viver to intensamente uma lembrana a ponto de ter seus sentidos alterados, vendo, ouvindo e sentindo o que a memria guardara? O que pode avivar lembranas antigas? Pode ser voluntariamente, quando se traz memria algo vivido. Mesmo quando no se quer lembrar, as lembranas aparecem, por exemplo, por meio dos sentidos: um som, um cheiro, um sabor Solicite exemplos e experincias dos alunos sobre o assunto, lembrando alguma vivncia passada que marcou sua memria.

    3. Situaes inusitadas

    Em que contos os alunos sentiram algum tipo de estranhamento no enredo? Pea que relatem essas passagens e reflitam sobre elas. O fantstico ou maravilhoso tm como caracterstica principal a inverossimilhana das situaes. Segundo os dicionrios de portugus, fantstico tudo aquilo que s existe na imaginao.

    Por exemplo, fantstica a cena do protagonista que virou rvore em A histria do Viraverde. O nome do protagonista, Rubinho Machado, tem algum indcio para a sua transformao? Qual seria o sentido dela? Pode ser considerada como uma lio em relao natureza? Por qu?

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    Em O vendedor de sonhos, possvel algum sofrer de uma maldio fazendo-o chorar lgrimas de limo sempre que se angustia? O vendedor de doces tinha a his-tria certa para cada morador do povoado que necessitava rever sua vida. Isso pode ser visto como fantstico na caracterizao do personagem?

    O protagonista que viaja no tempo em O chapu pode ter avaliao semelhante? Ampliando a viso da temtica do conto, convide a turma para assistir Meia-noite em Paris, filme de 2011 escrito e dirigido pelo norte-americano Woody Allen. Na trama, um rapaz dos dias atuais v a cidade de Paris voltar a ser como era no final do sculo XIX e incio do sculo XX.

    O conto A lenda da dormncia um texto que faz parte do maravilhoso, os acon-tecimentos irreais so constantes nesse tipo de narrativa, em que se incluem os mitos, fbulas e contos de fada.

    4. Elementos mgicos

    H contos nesta obra com elementos importantes que, por sua carga emotiva, marcam a narrativa e promovem alterao no estado e nas aes dos protagonistas. Podem ser objetos banais, lugares inexpressivos, cada um trazendo um sentido simblico. Solicite aos alunos que faam um levantamento e anlise do sentido desses elementos nos contos:

    Chapu simboliza o tempo em que viveram seus tios-avs. Com ele na ca-bea, o personagem transportado para essa poca.

    vaso de porCelana o vaso pintado pela av, j falecida, representa o amor que uniu av e neta.

    histrias em Vendedor de sonhos, cada histria contada pelo personagem Jos desperta em seu interlocutor uma mudana de atitude, de comportamento.

    quarto dos arreios o local traz lembrana da personagem Luiza his-trias vividas quando menina na fazenda de sua amiga, onde aconteceu o seu primeiro beijo adolescente.

    rosa roubada funciona no conto A lenda da dormncia como o smbo-lo do movimento quando a rainha decreta que a garota, se parada, passar a sentir dormncia nos membros.

    A partir dessa abordagem, pea aos alunos exemplos em suas vidas de alguma coisa que os tenha desequilibrado emocionalmente, mas provocado uma reflexo e aprendi-zado. E proponha que cada um relate num texto em primeira pessoa, em prosa ou em verso, essa experincia.

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    alguns elementos da narrativa

    1. Linguagem

    A autora emprega diferentes linguagens, tornando a leitura dinmica e agradvel. Alm de singela, a linguagem fala mais ao corao que razo. cheia de emoo, nostalgia e revelao. Solicite turma que levante alguns trechos que mostram esses aspectos, como na p. 16: Do passado restava apenas a sombra dos velhos oitizeiros a se debruar sobre o movimento.

    Parte dos contos do livro apresenta marcas do irreal, do estranho e do alegrico, caractersticas da literatura fantstica ou maravilhosa. Um bom exemplo encontrado no conto A histria do Viraverde, quando o personagem Rubinho se transforma em rvore. A turma ter compreenso maior desse tipo de literatura se reescrever um desses contos sem as alegorias, colocando no lugar cenas e argumentos lgicos da realidade, com a mesma inteno temtica.

    A autora se importa em escrever aquilo que sente, empregando uma linguagem em que a narrativa em prosa vez ou outra vem entremeada de versos, como nos contos A sala de aula e Pintura em porcelana. Pea aos alunos que relatem o que cada poema provocou no comportamento dos personagens no desenrolar das respectivas histrias. Convide-os a transformar um dos poemas feito pelo personagem do conto em uma narrativa em prosa.

    2. Personagens

    Pea classe para identificar e levantar a caracterizao dos protagonistas de cada narrativa. No conto O chapu, no se sabem o nome e a idade do protagonista, mas, pelo seu relato, sabe-se, por exemplo, que um personagem masculino sau-doso dos tios-avs, que visitava com frequncia quando criana e que ele tem certa formao cultural, uma vez que reconhece o estilo belle poque da morada dos tios.

    Em A cura, o jovem mdico da cidade grande que chega a uma cidadezinha tam-bm no tem nome. A informao de suas caractersticas fsicas chega por meio da ilustrao da p. 20. A ideia que se tem do personagem de que uma pessoa generosa e sensvel. Levante com a classe os possveis motivos que levaram a autora a no nomear esses protagonistas.

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    O que a classe pode dizer sobre o casal de A jardineira? No so pobres, eles fazem uma viagem Frana, tambm no so ricos, vivem num aparta-

    mento aparentemente modesto. O que mais?Em Azulzinho, as cores azul, branca e roxa so os personagens que se destacam.

    Elas apresentam caractersticas humanas e passam para o leitor sentimentos de amiza-de, amor e solidariedade. Quem no concorda com as caractersticas dadas s cores no conto?

    Questione a classe sobre a possibilidade de haver protagonistas com caractersticas iguais ou semelhantes. O homem de O chapu, por exemplo, ao descrever a rua da morada dos tios, sinaliza que no est feliz com o barulho, grades e pichaes si-tuao urbana. O mdico de A cura se diz curado do seu amor pela cidade grande quando percebe que sua felicidade est na cidadezinha do interior.

    Em O vendedor de sonhos, o protagonista Jos parece possuir algo de sobrenatu-ral, mgico. Com suas histrias, ele transforma para melhor a vida dos habitantes da cidade. Ser que o mdico de A cura no exerce a mesma funo do Jos? Ele leva bem-estar s pessoas do lugar, com a diferena de que o doutor emprega no magia, mas sua generosidade e seus conhecimentos cientficos.

    A cura e A jardineira deixam entrever uma certa antipatia pelo espao das gran-des cidades. Alguns exemplos: Desembarcou na rodoviria, sentiu uma tontura no meio da multido. Pegou um txi. Poeira, buzinas, xingamentos, correria, barulho (p. 22); Morava num apartamento com a esposa, tambm aposentada, no meio do caos urbano de uma grande capital (p. 25). Estimule os alunos a refletir sobre o que significa viver em uma cidade grande. As sociedades urbanas atuais queixam-se de insegurana, violncia, individualismo, solido, desrespeito

    Em contrapartida, os personagens parecem aceitar bem o ambiente rural e as pe-quenas cidades interioranas, como Joca, em Cu e terra. Nas p. 94-95, o narrador conta que era da terra que ele cuidava com carinho. Revolvia, adubava, a pre-parava E a terra costumava responder aos cuidados com generosidade. At o ano anterior, quando o inverno faltou, e a terra sentiu. Este conto retrata um problema social regional: a seca. O protagonista se nega a sair de sua terra em busca de um lugar melhor para viver com sua famlia. Promova um debate com a turma sobre o compor-tamento de Joca. O que pensam a respeito, ser que Joca era otimista demais, tinha apego doentio sua terra ou no achava justa nenhuma oferta feita pelo vizinho? Para os alunos sentirem a dimenso do problema social que a seca do serto nordestino, aprofunde o tema apresentando a eles o livro Vidas secas, de Graciliano Ramos, ou o filme (de 1963, do cineasta Nelson Pereira dos Santos) baseado no livro, que conta a histria de uma famlia que foge da seca.