02 Dez 2011

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ESTADO DE MINAS - p. 27 - 02.12.2011

GERALDO WILSON FER-NANDES

Os ganhos reais da sociedade frente ao avanço das atrocidades am-bientais têm sido, na maioria dos ca-sos, ínfimos ou mesmo inexistentes. Isso por causa de uma pequena par-cela da sociedade. Um desses atores é representado por aqueles que deve-riam zelar pelo bem comum e não o fazem. Lamentavelmente, esse ator tem sido o próprio poder público. Raramente uma alma revolta surge e ai é que alguma atitude é tomada e alguma coisa é feita. Ninguém age até que alguém grite e esperneie, ou seja, não há ação proativa.

Diante da inércia, o poder públi-co termina por privilegiar poucos em detrimento de muitos, contrariando o preconizado pela Justiça. A maioria daqueles empossados para defender e zelar pelo bem público apenas ob-serva, sem opinião, sem alma, sem coragem. Como covardes, escon-dem-se, deixando o bem público vi-rar pó. E quem paga a conta por tanta incompetência e cumplicidade? Ora, ninguém!

Um pequeno exemplo, em meio a milhares em todo o país, é represen-tado por um trecho de cerca de três quilômetros na subida mais íngreme da rodovia MG-10, na serra do Cipó. O trecho, de cenário ímpar e peri-goso, foi revestido cuidadosamente por intertravados de concreto e nele não seria permitido o tráfego pesado. Uma antiga e obsoleta ponte sobre o rio Cipó deveria funcionar como gar-galo a limitar os veículos pesados.

E foi assim durante alguns anos, até que as obras da mineração da An-glo Ferrous e o asfaltamento de ro-dovias da região se iniciassem para

que a bela obra fosse rapidamente danificada. Diante dos estragos e do perigo, o piso foi remendado, mas, infelizmente, de maneira amadora e ineficiente. Tudo isso diante de ci-dadãos, autoridades e usuários que viraram simples espectadores da des-truição do bem comum.

Assim, continuam os comboios intermináveis de caminhões e carre-tas, que trafegam “invisivelmente” de dia e à noite. Os buracos que se ampliam, “anastomosando-se” uns aos outros, causam acidentes e tiram vidas, e também erodem o natural belo da paisagem e até nossa paciên-cia.

Até quando, covardemente, va-mos assistir a isso, atônitos? A inércia é nossa e dos políticos, que deveriam garantir o bem-estar dos eleitores, que os mantêm com salários altos e em cargos de prestígio, mas têm sido indecente e imoral. Assombra o caráter malévolo dos governantes e empresários, que não esboçam ne-nhuma atitude cidadã. Mais curioso é o comportamento inaceitável de ór-gãos públicos, que, coniventes com a situação, assistem à degradação desse bem conquistado com grande luta.

Diante de tanta obtusidade, será que resta apenas o punho do Minis-tério Público? Talvez esse órgão seja hoje a única esperança, tamanhas a ineficiência e a preguiça de parte da nossa sociedade.

É com tristeza que concluímos que alguns empresários não têm nem consciência nem decência, e que os cidadãos de bem e políticos, que têm capacidade e cultura, assistem pre-guiçosamente à erosão do bem co-mum.

O TEMpO - - p.21 - 02.12.2011Ministério Público é a única esperança

Erosão da cidadania