06 Arius 13 2 Oralidade Como Saber de Referencia Na Formacao Do Professor de Lingua Materna

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Revista de Ciências Humanas e Artes ISSN 0103-9253 v. 13, n. 2, jul./dez., 2007 Ariús, Campina Grande, v. 13, n. 2, p. 163–167, jul./dez. 2007 Oralidade como saber de referência na formação do professor de língua materna EDMILSON LUIZ RAFAEL, DENISE LINO DE ARAÚJO E KARINE VIANA AMORIM Universidade Federal de Campina Grande RESUMO Neste trabalho, apresentamos resultados finais do Projeto de Pesquisa “Formação do Professor de Língua Materna: Práticas de Análise de Oralidade em Materiais Didáticos”, que tinha como objetivo investigar o tratamento dado à oralidade como objeto de estu- do em cursos de Letras de instituições públicas do Estado da Paraíba. Os resultados apontam um tratamento superficial e fragmentado, com ênfase na descrição de textos orais tomados como produtos. Palavras-chave: Oralidade. Estudos Lingüísticos. Formação de Professor. Orality as reference knowledge in mother tongue teachers’ formation ABSTRACT In this work, we present the final results of the Research Project entitled “ Mother Tongue Teacher Formation: Analyses of Orality in Textbooks” (Sponsored by CNPq), which aimed at investigating the treatment of orality as an object of study in Letters Courses at public universities in the Brazilian State of Paraíba. The results show a superficial and fragmented treatment, with emphasis on oral texts taken as products. Key words: Orality. Linguistic Studies. Teacher Formation. Edmilson Luiz Rafael Dr. em Lingüística Aplicada pela UNICAMP. Professor da Unidade Acadêmica de Letras – CH/UFCG. E-mail: [email protected] Denise Lino de Araújo Dra. em Educação pela USP. Professora da Unidade Aca- dêmica de Letras – CH/UFCG. E-mail: [email protected] Karine Viana Amorim Mestre em Lingüística pela UFPE. Professora da Unidade Acadêmica de Letras – CH/UFCG. E-mail: [email protected] Endereço para correspondência: Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Aca- dêmica de Letras. Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó. CEP 58109-970 – Campina Grande, PB – Brasil

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  • Revista de Cincias Humanas e ArtesISSN 0103-9253v. 13, n. 2, jul./dez., 2007

    Aris, Campina Grande, v. 13, n. 2, p. 163167, jul./dez. 2007

    Oralidade como saber de referncia naformao do professor de lngua materna

    EDMILSON LUIZ RAFAEL, DENISE LINO DE ARAJO E KARINE VIANA AMORIM

    Universidade Federal de Campina Grande

    RESUMONeste trabalho, apresentamos resultados finais do Projeto de Pesquisa Formao doProfessor de Lngua Materna: Prticas de Anlise de Oralidade em Materiais Didticos,que tinha como objetivo investigar o tratamento dado oralidade como objeto de estu-do em cursos de Letras de instituies pblicas do Estado da Paraba. Os resultadosapontam um tratamento superficial e fragmentado, com nfase na descrio de textosorais tomados como produtos.

    Palavras-chave: Oralidade. Estudos Lingsticos. Formao de Professor.

    Orality as reference knowledge in mothertongue teachers formationABSTRACTIn this work, we present the final results of the Research Project entitled Mother TongueTeacher Formation: Analyses of Orality in Textbooks (Sponsored by CNPq), which aimedat investigating the treatment of orality as an object of study in Letters Courses at publicuniversities in the Brazilian State of Paraba. The results show a superficial and fragmentedtreatment, with emphasis on oral texts taken as products.

    Key words: Orality. Linguistic Studies. Teacher Formation.

    Edmilson Luiz RafaelDr. em Lingstica Aplicada pela UNICAMP. Professor daUnidade Acadmica de Letras CH/UFCG.E-mail: [email protected]

    Denise Lino de ArajoDra. em Educao pela USP. Professora da Unidade Aca-dmica de Letras CH/UFCG.E-mail: [email protected]

    Karine Viana AmorimMestre em Lingstica pela UFPE. Professora da UnidadeAcadmica de Letras CH/UFCG.E-mail: [email protected]

    Endereo para correspondncia:Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Aca-dmica de Letras. Av. Aprgio Veloso, 882, Bodocong.CEP 58109-970 Campina Grande, PB Brasil

  • 164INTRODUO

    A implantao da disciplina Lingstica nos cursosde Letras, no Brasil, na dcada de 60, provocou umamudana no paradigma de estudo da linguagem, com asubstituio da perspectiva filolgica pela descritivista eestruturalista, tomando ainda a lngua escrita formal eculta como referncia. Nesse mesmo perodo, um outropanorama de estudos se delineava fora do pas, com aconsolidao da sociolingstica, das anlises da conver-sao, do texto e do discurso, da pragmtica, entre ou-tras reas. Trata-se da chamada virada lingstica, quan-do o expurgo saussuriano, constitudo pela fala e suasvariaes, passa a ser objeto sistemtico de estudo, masno ainda objeto de ensino.

    Considerando, ento, a vitalidade dos estudos lin-gsticos sobre a modalidade falada da lngua e a revisodos cursos de formao de professores, que desde o fi-nal do sculo XX tendem a no mais se fixar somente noensino da modalidade escrita (SCHNEUWLY; DOLZ,2004), o objetivo deste trabalho1 que se insere numapesquisa mais ampla2 identificar a apresentao e otratamento dado oralidade e o seu ensino em diversasdisciplinas componentes de cursos de Letras. Para tal,so focalizados, quatro Cursos de Letras, habilitao Ln-gua Portuguesa e Literatura Brasileira, mantidos por Ins-tituies Pblicas de Ensino Superior3, sediadas no Estadoda Paraba. Com base numa perspectiva interpretativistade pesquisa, examinamos ementas, planos de curso,projetos poltico-pedaggicos, a fim de atingir o objetivoda pesquisa. Para triangulao dos dados, confrontamosesse diagnstico com entrevistas semi-estruturadas rea-lizadas com vrios professores e alunos desses Cursos.As entrevistas com os professores foram realizadas viaendereo eletrnico (internet) e pretendiam apreendera viso dos professores sobre o tratamento que a orali-dade deve merecer como componente curricular doscursos de Letras. As entrevistas com os alunos foram re-alizadas face a face e audiogravadas e pretendiam saberdos alunos o que eles se lembravam de terem estudadosobre oralidade, em que disciplinas e de que forma oestudo tinha sido realizado. Apenas 6 professores se dis-puseram a responder. Foram entrevistados trs alunosde trs fases diferentes do curso: alunos que estavamcursando o terceiro perodo; alunos do quinto perodo

    e alunos que estavam concluindo o curso, na poca derealizao da pesquisa.

    A ORALIDADE COMO OBJETO DE ESTUDO E ENSINO: ASPERSPECTIVAS TERICAS

    Tomando Saussure ([1916]1998) e Bakhtin ([1979]2000) como marcos de referncia dos estudos lingsti-cos, podemos traar dois diferentes quadros de estudosobre a oralidade necessrios consolidao de um sa-ber de referncia deste assunto. Na perspectiva saussu-riana, o estudo da lngua constituiu-se em funo dedicotomias, sendo a principal delas a que ope, e aomesmo tempo relaciona, lngua e fala (langue e parole).A lngua foi considerada como objeto de estudo da lin-gstica, tida como essencial e mais importante do que afala, considerada secundria. Com isso, Saussure propsuma lingstica da lngua que estudaria o sistema lings-tico, sua homogeneidade e regularidades. A uma lings-tica da fala caberia o estudo das variaes individuais dosistema lingstico. No mbito desta tradio, e focali-zando a fala, consolidaram-se, num primeiro momento,as disciplinas de Fontica e Fonologia, voltadas para oestudo dos sons. As principais contribuies desses estu-dos para a constituio de um saber de referncia sobreoralidade situam-se no campo da descrio fsica dossons, da sua implicao na cadeia sintagmtica e para-digmtica. Portanto, no que diz respeito oralidade comoum componente indispensvel formao acadmica deprofessores, a contribuio se situa na explicao da in-terferncia da fala na grafia, revelada tanto pela troca deletras, quanto pelas junturas no interior de grupos fono-lgicos, pelo no registro escrito de slabas tonas, detraos escritos, entre outros.

    Dentre os estudos que deram origem virada lin-gstica, destacam-se os da sociolingstica e da anliseda conversao. Em ambos est presente a preocupa-o com a relao entre lngua e sociedade, no maisno sentido formal e estrutural dos fatos lingsticos, con-soante havia sido definido por Saussure ([1916] 1998),mas no sentido de que o cultural e o social influenciame so influenciados pela linguagem. A contribuio des-sas duas reas para a consolidao de um saber de refe-rncia sobre a oralidade situa-se no fato de estudarem a

    1 Trabalho apresentado em Mesa-Redonda, no V Seminrio sobre Ensino de Lngua Materna e estrangeira e de Literatura, promovido pelo Programade Ps-Graduao em Linguagem e Ensino, em 08 de junho de 2007, na Universidade Federal de Campina Grande.

    2 Trata-se da pesquisa FORMAO DO PROFESSOR DE LNGUA MATERNA: PRTICAS DE ANLISE DE ORALIDADE EM MATERIAIS DIDTICOS,financiada pelo CNPq (Processo 470469/2004-1), e que tem como objetivo central apresentar a(s) perspectiva(s) terico-metodolgica(s) fundamenta(m)a formao de estudantes das licenciaturas em Letras, em relao anlise e avaliao de propostas de ensino da oralidade, em materiais didticosde lngua materna.

    3 Agrademos a essas Instituies a disponibilizao dos programas e projetos poltico-pedaggicos que compem o corpus desta pesquisa.

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    Edmilson Luiz Rafael, Denise Lino de Arajo e Karine Viana Amorim

  • 165fala desvinculada da escrita, focalizando-a no seu ambi-ente de produo, na dependncia dos interactantes, narelao estabelecida entre eles e no propsito comuni-cativo posto em andamento na ao conjunta empreen-dida.

    No que diz respeito influncia dessa contribuiopara a formao de professores e para o ensino de ln-gua materna, destacamos as noes de variao lings-tica (diatpica, diastrtica), de norma culta e de gria,como fundamentais para uma viso no prescritiva e nopreconceituosa da aquisio da linguagem oral formal eda linguagem escrita na escola. Esse conhecimento con-tribui para uma postura pr-ativa de professores no quese refere insero, permanncia e xito escolar de bra-sileiros oriundos de classes sociais desfavorecidas, por-tanto, no falantes nativos do portugus urbano culto.

    A Lingstica Textual uma rea de estudos que seconsolidou com um propsito muito claro: ir alm daanlise frstica das manifestaes da linguagem empre-endida pela Lingstica Estrutural. Esses estudos introdu-ziram, nos saberes de referncia, diversos conceitos muitoimportantes, como o de texto, fatores de textualidade,competncia comunicativa e textual, gramtica de textoe, mais recentemente, o de gneros textuais.

    No que diz respeito aos estudos sobre o texto fala-do, as contribuies dessa disciplina podem ser aponta-das em trs momentos. No primeiro, consolidou-se aidia de que textos falados so diferentes de textos es-critos, porque, entre outros fatores, envolvem a relaopresencial, ainda que assimtrica entre os interlocuto-res, e, tambm porque, em geral, so formulados e ela-borados concomitantemente, como o caso da conversa-o. No segundo momento, configurou-se a viso decontnuo (continuum) entre oralidade e escrita e passou-se a entender que as modalidades so utilizadas confor-me situaes sociais de referncia, que geram certas pro-ximidades entre os textos, tais como um bilhete e umrecado, uma conferncia e um relato de pesquisa. Noterceiro, que nos parece ser o atual momento, essa no-es foram substitudas pelas de gnero textual (MAR-CUSCHI, 2002) e gnero discursivo (ROJO, 2000). Demodo associado aos estudos sobre gneros textuais/dis-cursivos, destacam-se os estudos sobre o letramento,entendido como um fenmeno plural, que abrange osusos das duas modalidades da lngua na sociedade (KLEI-MAN, 1995). Tais estudos se abrigam na rea de Lin-gstica Aplicada, onde so realizados estudos sobre alinguagem de uma perspectiva contextualizada, o quesignifica dizer que, para essa rea, interessa, alm doensino-aprendizagem de lngua, o estudo da linguagemna inter-relao com o uso que dela se faz na socieda-de, para atingir determinados objetivos pragmticos.

    Considerando, por fim, o conjunto dos estudos lin-gsticos, acreditamos que a principal ruptura advm comos trabalhos que se filiam perspectiva bakhtiniana deestudo da linguagem. De modo diferente da conceposaussuriana de linguagem, Bakhtin ([1979]2000) enten-de que a oralidade mostra-se de suma importncia comodado lingstico, pois atravs dela que, primeira e pri-mariamente, se manifestam as enunciaes, tanto nocrculo domstico e familiar, quanto em outros que re-querem a presena face a face dos interlocutores. Nobojo dessa discusso, ganha reforo o conceito de enun-ciao, como manifestao dialgica da linguagem. Ouseja, enquanto na perspectiva saussuriana falava-se emsistema abstrato, na perspectiva bakhtiniana focaliza-sea linguagem em funcionamento. Nesse sentido, a visosobre a linguagem proposta por Bakhtin encontra maisressonncia junto aos estudos que acima denominamosde virada lingstica, pois levam em considerao o su-jeito e as condies efetivas de uso da linguagem.

    Na seo a seguir, correlacionamos o percurso his-trico dos estudos lingsticos sobre oralidade e o seuensino com os projetos poltico-pedaggicos, ementas eprogramas de vrias disciplinas dos cursos de Letras, fo-calizados neste trabalho, e com entrevistas realizadas comprofessores e alunos desses mesmos cursos.

    ORALIDADE NOS CURSOS DE LETRAS:ANLISE DOS PLANOS DE CURSO E DAS FALAS DE PROFES-SORES E ALUNOS

    A partir da anlise comparativa entre os planos decurso e as falas de professores e alunos, constatamos quea oralidade aparece como um componente em dois ei-xos: o da descrio lingstica, como objeto de estudo,e o da metodologia didtico-pedaggica, como objetode ensino. Porm, tanto o estudo, quanto o ensino superficial e fragmentado.

    Tomando para anlise, inicialmente, os planos decurso, identificamos a presena da oralidade em dois dositens que compem um plano de curso: a metodologiae a avaliao. A referncia oralidade como objeto deestudo, como contedo disciplinar aparece apenas emtrs disciplinas: Portugus I (uma disciplina inicial doscursos), em Lingstica III (disciplina do terceiro perodoou do segundo ano do curso) e Fontica e Fonologia ouLingstica II (disciplina do segundo perodo ou primeiroano do curso). Constatamos, ainda, que, com exceode Lingstica II, destinada ao estudo da Fontica e Fo-nologia cujo contedo disciplinar o estudo dos sonsda fala, as disciplinas Portugus I e Lingstica III enfo-cam a oralidade como objeto de estudo apenas com um

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    Oralidade como saber de referncia na formao do professor de lngua materna

  • 166dos tpicos do programa. Por exemplo, em LingsticaIII, enuncia-se o estudo de gneros orais, com nfasenos estudos de Anlise da Conversao. O Quadro Iabaixo relaciona os tipos de gneros orais que apare-cem nos planos de curso, os quais serviro ora comoinstrumento metodolgico, quando se diz, por exemplo,que a metodologia da disciplina prev a realizao deseminrios, ora como instrumento de avaliao, quandose diz que o aluno ser avaliado pela realizao de se-minrios.

    Um primeiro resultado a ser considerado que oaluno-formando (futuro professor de lngua) exposto asituaes de produo, mas no tem um objeto de estu-do. Por exemplo, o seminrio, como objeto de estudo,no aparece como contedo disciplinar. Isso se torna maisgrave quando consideramos essa lacuna em relao aoevento/gnero aula. A aula como um objeto de ensinoaparece no final do curso, em disciplinas chamadas Pr-ticas de ensino, mas nunca como objeto de estudo, ouseja, no se estuda o gnero aula. O conhecimento dereferncia para realizao do evento/gnero, que oproduto do trabalho do professor (a aula), dado comomodelo supostamente j cristalizado na memria dossujeitos, e, por isso, no se precisa estud-lo.

    Na fala dos professores (dos poucos que se dispuse-ram a responder a uma entrevista via e-mail), fica evi-dente que, para esses sujeitos, formadores do professorde lngua, o conhecimento da oralidade deve enfocar osdomnios da produo e do ensino, pois o futuro profes-sor precisa estudar os gneros que ir produzir pela vida,tais como: aula, seminrio, debate e exposio oral e,tambm os gneros orais que ensinar aos alunos daeducao bsica, como seminrio, aviso, entrevista, con-vite e relatos. O Quadro II, a seguir, relaciona os gne-ros orais apontados pelos professores entrevistados, comosendo aqueles que os futuros professores devem domi-nar para produzir e/ou para ensinar a produzir:

    Os planos de cursos, como documentos oficiais quepretendem orientar o ensino, apontam para a primaziada lngua saussureana, sistemtica e homognea, para-digma que no contempla o oral como objeto de estu-do. No entanto, os professores dos cursos parecem sin-tonizados com o paradigma da ruptura, ou da viradalingstica, conforme comentamos no item anterior. Essaconstatao fica evidenciada pela terminologia confusana definio dos gneros que os alunos devero reali-zar, pela ausncia nos planos das disciplinas de orienta-es especficas sobre como produzir o gnero emfuno da disciplina, pela ausncia de estudos sobreoralidade (portugus oral) nas disciplinas do ncleoduro do curso (as disciplinas chamadas Portugus II,III, IV, V ou equivalentes que tratam da descrio da ln-gua nos nveis morfolgico, morfossinttico e sinttico),pelo predomnio da exposio oral e da apresentaode leituras (simulacros de seminrio) em sala e peloesquecimento da aula, localizada apenas no final docurso, como objeto de ensino.

    Os trechos de fala a seguir so representativos daviso dos alunos sobre o tratamento da oralidade nocurso:

    1) o estudo no foi suficiente partindo do princpio de que como...ns seremos futuros profissionais de lngua a gente deve trabalharmais com oralidade... porque: a lngua na esCOla no ensino elatambm deve ser tratada sob esse aspecto o aspecto oral e eu acheique: foi muito pouco um nico assunto um nico tpico abordadonessa disciplina lingstica TRs...2) acho que seria fundamental a... uma disciplina especfica...pra/ com relao a textos orais que a gente pudesse::: v textosespecficos ... situaes empricas que a sim a gente pudesselevar pra sala de aula como os: gneros que voc/ voc falou a/anteriormente se tivesse uma cadeira que a gente pudesse estu-dar os textos tericos sobre a oralidade e nos familiarizar maiscomo esse assunto

    orenG oazilacoL

    siarosedadivitA oailavA

    sessucsiD oailavA

    siaroseudorP oailavA

    saciretsessucsiD aigolodoteM

    avitisopxealuA aigolodoteM

    sociretsotxetedossucsiD aigolodoteM

    soirnimeS aigolodoteM

    adagolaidoisopxE aigolodoteM

    oirnimeS oailavA

    sotxetedadatnemocarutieL aigolodoteM

    adatneiroossucsiD aigolodoteM

    QUADRO I Oralidade nos planos de curso

    orenG oinmoD

    oirnimeS oudorP

    larooisopxE oudorP

    etabeD oudorP

    osivA onisnE

    sacilbpsessesmeoinipO onisnE

    atsivertnE onisnE

    oamalceR onisnE

    etivnoC onisnE

    artselapeaicnrefnoC onisneeoudorP

    aluA oudorP

    socinfoidaresovisiveletsoiricitoN onisnE

    sotaleR onisneeoudorP

    QUADRO II Oralidade na fala dos professores

    Aris, Campina Grande, v. 13, n. 2, p. 163167, jul./dez. 2007

    Edmilson Luiz Rafael, Denise Lino de Arajo e Karine Viana Amorim

  • 167Os depoimentos dos alunos comprovam que a ora-

    lidade tratada de modo localizado e confirmam a lgi-ca dos planos de curso, ou seja, para os alunos, em ape-nas duas disciplinas tiveram acesso a estudos sobreoralidade.

    Do ponto de vista terico, ou do aproveitamentodos conhecimentos lingsticos contemporneos sobreessa modalidade lingstica, evidencia-se a superficiali-dade, quando os alunos se reportam somente Anliseda Conversao, Lingstica Textual e Sociolingsti-ca Variacionista, como disciplinas que tratariam da ora-lidade.

    CONSIDERAES FINAIS

    Neste trabalho, tentamos apresentar uma resposta pergunta: qual saber de referncia da oralidade cons-trudo pelos estudos lingsticos e qual a sua relaocom a formao do professor de lngua? Com base nosdados aqui enfocados e nas constataes comentadasno item anterior, podemos afirmar que o saber referente oralidade fragmentado e sobreposto a um conheci-mento sobre lngua que ainda se orienta por apenas umeixo de explicao: o do estruturalismo lingstico. Essafragmentao evidencia um modo de pensar a forma-o, segundo o qual parece ser suficiente ao futuro pro-fessor um conhecimento descritivo de lngua, enquantoum sistema que contemplaria o entendimento de toda equalquer forma lingstica, independente da modalida-de lingstica e de seu(s) lugar(es) textuais/discursivos/pragmticos de uso. Do lado da chamada virada lings-tica, ou de um paradigma de estudo que considera aoralidade como um conjunto variado e complexo de

    prticas lingsticas que atendem a diferentes funessociais de interlocuo entre sujeitos reais, encontram-se postulados sobre a oralidade que parecem permear aformao dos sujeitos enfocados nesse trabalho: as rela-es entre fala e escrita so limitadas s diferenas entreformalidade e informalidade; a variao lingstica re-duzida noo de erro lingstico, tendo a escrita for-mal como modelo hegemnico; e o estudo dos gnerosorais limitado descrio do texto.

    REFERNCIAS

    BAKHTIN, M. Esttica da criao verbal. So Paulo: MartinsFontes, [1979] 2000.

    KLEIMAN, A. (Org). Os significados do letramento. Campinas:Mercado de Letras, 1995.

    MARCUSCHI, Luiz A. Gneros textuais: definio e funciona-lidade. In: DIONSIO, ngela P., MACHADO, Anna R., BE-ZERRA, Maria A. Gneros textuais e ensino. Rio de Janeiro:Lucerna, 2002, p. 19-36.

    ROJO, Roxane (Org). A prtica de linguagem em sala de aula:praticando os PCN. So Paulo: EDUC; Campinas: Mercadode Letras, 2000.

    SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingstica geral. So Pau-lo: Cultrix, [1916] 1998.

    SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gneros orais e es-critos na escola. Traduo e organizao de Roxane Rojo eGlas Sales Cordeiro. Campinas: Mercado das Letras, 2004.

    Recebido em junho de 2007Revisado e aprovado em setembro de 2007

    Aris, Campina Grande, v. 13, n. 2, p. 163167, jul./dez. 2007

    Oralidade como saber de referncia na formao do professor de lngua materna