07 a grande babilônia

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A GRANDE BABILÔNIA O capítulo dezessete do Apocalipse provavelmente contém mais definições e explanações do simbolismo profético do que todo o resto do Novo Testamento junto. Estas explanações têm sido de auxílio incalculável na compreensão de outras profecias, tais como as do livro de Daniel. Mas Apocalipse 17 tem permanecido, por si só, um enigma até tempos bem recentes. Toda a sorte de interpretações estranhas têm sido feitas. É verdade que o significado geral dos dois símbolos mais importantes é claro demais para haver equívoco. Mesmo os teólogos Católicos Romanos admitem que na profecia uma mulher significa um corpo religioso, ou o que geralmente é chamado uma "igreja"; mas sendo que eles se jactam que Roma jamais erra e nunca pode errar, esta mulher embriagada e dissoluta não pode possivelmente ser ela. E eles não vêem nada errado ou repreensível em a mulher cavalgar a besta, isto é, a igreja dominando ou dirigindo o poder civil; de modo que se outras partes do capítulo poderiam por infortúnio ou possibilidade apontar em sua direção, nada de

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A GRANDE BABILÔNIA

O capítulo dezessete do Apocalipse provavelmente contém mais definições e explanações do simbolismo profético do que todo o resto do Novo Testamento junto. Estas explanações têm sido de auxílio incalculável na compreensão de outras profecias, tais como as do livro de Daniel.

Mas Apocalipse 17 tem permanecido, por si só, um enigma até tempos bem recentes. Toda a sorte de interpretações estranhas têm sido feitas. É verdade que o significado geral dos dois símbolos mais importantes é claro demais para haver equívoco. Mesmo os teólogos Católicos Romanos admitem que na profecia uma mulher significa um corpo religioso, ou o que geralmente é chamado uma "igreja"; mas sendo que eles se jactam que Roma jamais erra e nunca pode errar, esta mulher embriagada e dissoluta não pode possivelmente ser ela. E eles não vêem nada errado ou repreensível em a mulher cavalgar a besta, isto é, a igreja dominando ou dirigindo o poder civil; de modo que se outras partes do capítulo poderiam por infortúnio ou possibilidade apontar em sua direção, nada de mal ou digno de culpa resultaria pela posição e atividade desta meretriz.

Aqueles que se denominam Protestantes Fundamentalistas estão de fato completamente impedidos de interpretar este capítulo em termos de história passada de qualquer sorte, pois eles seguem o exemplo de certos expositores católicos em empurrar o anticristo e todas as suas obras mais lá para uma época futura hipotética. Assim, que interesse possível podem eles ter na interpretação histórica desta ou de qualquer outra profecia do Novo Testamento?

Urias Smith e outros adventistas têm sempre aplicado esta profecia à grande apostasia, e nisto estavam sem dúvida corretos. Mas Smith tinha pouco a dizer sobre os detalhes.

Este estudo toma a posição que nenhuma correta compreensão deste capítulo foi possível enquanto as muitas explanações aqui encontradas

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A Grande Babilôniaforam compreendidas como tendo sido dadas pelo anjo do ponto de vista do Império Romano, em vez de serem considerados por João e explicados pelo anjo em termos dos últimos dias, o tempo do fim. Não foi um dos anjos com as sete últimas pragas que motivou esta visão a João? E não foi João tomado e levado "embora no espírito" de seu lugar e tempo próprios, para ver condições como seriam no fim o término da história terrestre? Com este ponto de vista esclarecido nós podemos finalmente fazer um bom início no procurar interpretar a mensagem deste capítulo.

Um segundo ponto vital precisa ser ajustado com respeito aos versos 8 e 10, pois estes dois versos parecem significar que são contemporâneos. Nenhum menor indício é dado de uma mudança de ponto de vista de um verso para o outro. Ambos são dados pelo mesmo anjo, na mesma explicação, da mesma visão, no mesmo tempo. Ambos os versos lidam com os mesmos símbolos numéricos, e ambos os versos usam os três tempos – passado, presente e futuro. De maneira que o que toda a lei de exegese reúne, nenhuma teoria a priori de interpretação, deveria ousar separar.

Não é justa ou segura a exegese que separaria o verso 8 dos versos seguintes, dizendo que a explicação do anjo começa com o verso 9. Como todas as explicações das profecias extensas de Daniel, esta de Apocalipse 17 começa com um breve resumo da mensagem toda, até ao fim da história humana ou da ida para a perdição. Mas este esboço é uma parte vital da explicação do anjo e não deve ser separada do restante. É arbitrário e pedante dividir o que o anjo diz, aplicando uma parte a um tempo e outra parte a outro, quando o texto não dá indício de qualquer divisão tal.

Se os versos 8 e 10 significam ser contemporâneos, eles devem ser um paradoxo intencional, ou uma aparente contradição própria. O verso 8 diz que a besta da perseguição "era e não e"; o verso 10 declara que uma das cabeças "é", ou "está reinando" (Goodspeed). Não obstante, Jesus constantemente usou paradoxos em suas conversas, assim por que

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A Grande Babilôniadeveria um embaraço como este ser considerado estranho nesta passagem?

Fundamental para fazer qualquer bom sentido deste capítulo, como me parece, está a convicção resolvida que estes dois versos precisam ser considerados como contemporâneos, significando retratar condições que seriam contemporâneas em nosso mundo moderno, o tempo do fim. Se for assim, então deve existir alguma diferença essencial entre o significado da "besta" do verso 8 e a "cabeça" do verso 10.

Mas uma tal diferença é simples de reconhecer. Elas não podem ser exatamente as mesmas no significado, e provavelmente a contradição aparente em seu significado foi usado a fim de dirigir-nos no estudo da mensagem altamente importante que elas têm para nossa geração. A "besta" claramente não significa a Igreja Católica, pois ela está viva e próspera, embora o seu poder de lidar com os "hereges" tenha passado, e isto é o sentido em que a ferida mortal da besta (não da mulher) ainda está aberta. Assim a besta neste verso tem o poder de perseguir pela religião, ou a habilidade de forçar conformidade.

Vejamos agora o significado das "cabeças" do verso 9 e 10, um dos quais "é" ou "está reinando" ao mesmo tempo. Repetidamente temos mostrado o nosso ponto de vista que estas sete cabeças significam civilizações sucessivas, desde os primeiros tempos até ao presente. De acordo com isso, os cinco que "caíram" seriam os cinco estágios precedentes da história do mundo que passaram antes do começo do tempo do fim em 1798. E nossos tempos modernos podem ser descritos como caracterizados pelas duas liberdades, civil e religiosa, como já explicamos. Estes culminaram na apostasia anti-Gênesis aqui na América, enquanto havia a Revolução Francesa eles culminaram no comunismo agora dominante através de porções do resto do mundo.

Assim nós vemos uma diferença distinta entre o significado destes dois versos, porque a "besta" de um dos versos não é idêntica com a "cabeça" do outro. Nós podemos também ver que aí não há contradição entre as duas declarações quando nós olhamos a elas como

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A Grande Babilôniacontemporâneas. E ainda mais, nós podemos reconhecer que é o espírito atual de intolerância pela "cabeça" reinante que conserva a ferida mortal da "besta". Mas nós não devemos nunca esquecer que "a falsa ciência do tempo presente, que mina a fé na Bíblia" (GC 573) se tornará o fator principal na cura da ferida mortal, que é equivalente à feitura da imagem da besta.

De fato nós podemos dizer que estamos mesmo no latente ou embrionário estágio da imagem da besta. A perseguição ainda não começou, pois a ferida ainda não sarou completamente. Mas a "cabeça" agora reinante tem há muito enganado os habitantes da terra por meio dos milagres que lhe foi permitido fazer; e não demorará muito até que o resto da profecia será visto como tendo se cumprido.

Mas eu não devo ser dogmático, pois eu reconheço que muitos dos meus leitores têm sido ensinados de modo diverso, e esta sugestão que os versos 8 e 10 nos contam acontecimentos contemporâneos durante as últimas horas da história humana lhes parece indevidamente revolucionária. Assim vamos apenas procurar experimentar a idéia para vermos se ela funcionará. Eu quero dizer que nós devemos seguir as conseqüências lógicas desta hipótese para ver o que envolve.

1º) Vai significar que o período da ferida mortal é contemporâneo com o tempo do fim.

2º) Vai se enquadrar muito facilmente no correto ponto de vista que a mulher não foi de todo prejudicada pela ferida mortal, exceto de ser despojada de seu amante consorte e feito uma viúva. Mas Apocalipse 18:7 olha além do tempo a um período subseqüente à cura da ferida, quando a besta voltou à vida outra vez e a mulher exultantemente proclama que ela não é mais uma viúva.

3º) O período "não ser" de Apocalipse 17:8 corresponde perfeitamente com os nossos dias atuais, pois o poder de perseguir o povo de Deus (o poder da besta) hoje não existe, apesar de muitos sinais indicarem que em breve será revivificada em escala global.

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A Grande Babilônia4º) Os cinco estágios da opressão universal e tirania (verso 10) se

foram, ou "caíram"; aquele que "está", nº 6 justamente diretivo e latente, inativo. Mas este poder bestial latente dá muitas indicações de vida renascente. E quando tornar à vida outra vez, continuará apenas por um pouco de tempo, ou um "espaço curto".

Certamente tudo aqui está claro, consistente, e harmonioso. Mas o fator do paradoxo merece mais comentários, e não

voltaremos a este tópico aqui. "O paradoxo" escreveu o supremo juiz Oliver Wendel Holmes em uma de suas recentemente publicadas cartas, "tira a espuma da mente." obviamente não temos nestes dois textos um paradoxo intencional, uma aparente contradição própria, designada para acordar uma mente adormecida para que possa perceber uma verdade importante que de outra maneira poderia passar desapercebida. Para dizer que a besta "não é", e então quase no mesmo fôlego dizer que uma das sete cabeças está ao mesmo tempo em existência, é plenamente paradoxal. Mas Jesus o grande Mestre do paradoxo enquanto esteve aqui na terra, poderia bem nos ter dado aqui uma verdade importante na intrigante forma de uma aparente contradição própria.

Mas a verdade básica envolvida nestas duas declarações é duplicada pela situação atual nos tempos modernos, que também são paradoxais. Embora a besta da intolerância religiosa tenha de fato sido posta fora de ação por dois séculos, não obstante a nossa civilização ocidental ("cabeça" nº 6 da série) está tão completamente sob o controle do malvado que está enganando o gênero humano mais completamente do que nunca antes. Não somente está "a falsa ciência do presente" preparando o caminho para a aceitação do papado (GC 573), mas "o poder de Satanás atual de tentar e enganar é dez vezes maior do que foi nos dias dos apóstolos." – Spiritual Gifts, vol. 2, p. 277.

Lembramos que esta parte da profecia está lidando com a besta, não a mulher. Não a mulher, mas a besta está fora de ação durante este período do tempo do fim. No capítulo 17 os dois são claramente diferentes. No capítulo 13, onde a igreja e o estado estão ligados e não

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A Grande Babilôniaseparados, é a besta leopardo que recebe a ferida mortal; e esta besta leopardo é geralmente definida como simbolizando a igreja romana. Mas não é uma exegese certa considerar o décimo capítulo só, e não compará-lo com seu paralelo, ou duplicata, no décimo sétimo capítulo. Apocalipse 17 não diz nada a respeito da mulher ser posta fora de ação, mas de fato diz que no tempo mencionado "a besta que viste, era, e não é." (verso 8).

Isto concorda exatamente com a realidade. A igreja católica certamente não está fora de ação; está muito viva. Mas se separarmos a mulher da besta em que ela cavalga, nós chegamos a um quadro mais acurado da situação presente. Quando então definirmos a besta na maneira mais abstrata como o poder do diabo de perseguir o povo de Deus, sempre exercido através de alguma organização humana, então a besta pode ser corretamente declarada fora de existência visto que o perverso não tem uma organização humana pela qual exerça esse poder. E esta é agora a situação. A perseguição em escala mundial não foi vista por aproximadamente dois séculos. A igreja Romana está ainda muito viva; mas os seus "grandes dentes de ferro" (Dan. 7:7) foram arrancados. A besta ainda está sem poder por causa da ferida mortal. Ela "era e não é".

Não parece haver uma possibilidade de negar que este estágio "não é" da besta é mencionado a corresponder ao tempo da ferida mortal de Apocalipse 13:3. Isto significa tudo o que denominamos tempo moderno e corresponde ao estágio jovem da besta – surgir da terra com dois chifres de cordeiro. Neste estágio de sua carreira esta besta de dois chifres ainda não se formou uma das sete cabeças, pois o termo ulterior é usado unicamente de poderes mundiais quando atuam a parte do diabo em ativamente se oporem ao trabalho e ao povo de Deus. Mais tarde, quando falar como dragão, se tornará o número 7 da série, e com a besta leopardo será "lançado vivo" no lagar de fogo (Apoc. 19:20).

Mas o nosso tempo presente, ou desde 1798 em diante, vem entre os cinco que "caíram" e o número 7, que "ainda não chegou" (Apoc. 17:10). Portanto este tempo do fim deve ser o tempo do número 6, como

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A Grande Babilôniaacabamos de explicar em um capítulo prévio. E o tempo do qual esta visão foi mostrada ao apóstolo teria que ser durante a última parte deste tempo do fim, durante o reinado do número 6 das sete "cabeças".

Um terceiro problema envolvendo o ponto de vista de tempo, o tempo na história do mundo do qual estes assuntos foram mostrados ao profeta, aparecem nos versos 12-17 deste capítulo. Estes vemos falam dos dez reis possuindo finalmente "um só pensamento" (verso 13), e concordando de "oferecer à besta o seu reino" (verso 17). Ellen G. White claramente aponta estas passagens bem às últimas horas do tempo, quando todo o mundo se unir contra o povo de Deus.

Usou-se ensinar por alguns escritores que esta condição de ter "um pensamento" foi durante a Idade Escura, quando Roma governava a maior parte do mundo civilizado. Mas isto é dificilmente o que esta profecia significa. Estes versos são uma parte da mesma explicação divina dada pelo anjo com as sete últimas pragas; e elas se aplicam aos últimos dias da história humana. Parece ser uma má aplicação destes versos de assinalá-los à Idade Escura; em vez disto retratam uma combinação global absoluta; quando todos os poderes da terra combinar-se-ão numa luta contra o aparentemente abandonado povo de Deus.

Tal interpretação concorda plenamente com a seguinte declaração de Ellen G. White:

"O assim chamado mundo cristão deverá ser o teatro de ações grandes e decisivas. Homens em autoridade decretarão leis controladoras da consciência, conforme o exemplo do papado. A Babilônia fará todas as nações beber do vinho da ira da sua fornicação. Todas as nações estão envolvidas... 'Eles têm uma mente, e darão o seu poder e força à besta'.

"Haverá um laço universal de união, uma grande harmonia, uma confederação das forças de Satanás." – Manuscrito 24, 1891.

Em Isaías 8:9-15 encontra-se uma profecia Velho Testamental predizendo esta mesma combinação mundial de nações nos últimos dias. A "confederação" aqui mencionada é exatamente equivalente à declaração a respeito dos dez reis terem "um pensamento". E ambos são paralelos à passagem do capítulo 16 a respeito dos três espíritos imundos

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A Grande Babilôniaunindo os reis do mundo inteiro "para a peleja (guerra) do grande dia do Deus Todo-poderoso." (Apoc. 16:13, 14).

Quanto à parte que o dragão, ou comunismo ateu, terá nestes eventos finais, nós não podemos ver claramente de nosso ponto de vista humano presente limitado. Na última passagem citada, porém, o dragão é mencionado com a besta também e o falso profeta como fazendo guerra contra Deus e seu povo.

A sorte espetacular e trágica da mulher embriagada é dita na canção fúnebre do capítulo 18, enquanto o fim da besta em que ela cavalgava é dado em Apocalipse 19:20. Assim estes três capítulos, dezessete a dezenove, são uma unidade detalhando os vários meios em que todos os poderes em oposição a Deus e sua verdade nos últimos dias finalmente encontrarão seu fim trágico e inglório, sua destruição final.

E o capítulo 17 é a introdução a tudo isto. Babilônia a Grande é um símbolo escolhido divinamente em seu mais amplo sentido – representa o estilo do diabo da religião apóstata durante toda a história humana, desde os primeiros começos da Babilônia em Babel a fora até o segundo triunfo de Roma, quando o falso profeta induz todo o mundo a adorar a besta e sua imagem. Semelhantemente a besta em que a mulher cavalgava simboliza o estilo do diabo de governo civil durante o mesmo tempo, as sete tentativas sucessivas, mais ou menos bem sucedidas, a controlar os negócios nacionais do mundo.

Alguma forma de religião pagã tem sempre sido usada por Satanás a manipular o poder civil para impedir o trabalho de Deus e afligir Seu povo. Eu digo "sempre", mas isto significa até o período mencionado na profecia quando a besta "não é" (Apoc. 17:8). Durante os nossos tempos modernos, o tempo do fim, o povo de Deus tem tido um descanso da perseguição governamental. Os dois chifres como um cordeiro, a liberdade civil e religiosa, têm dominado por quase dois séculos. A besta tem sofrido de uma pancada mortal, uma ferida mortal; no grego significa que parecia como se tivesse sua garganta cortada "à morte".

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A Grande BabilôniaMas em breve esta ferida mortal estará curada, a besta virá à vida

outra vez, e então o mundo inteiro seguirá após ele em admiração maravilhosa. Então o falso profeta começará a falar como um dragão, e todos os outros eventos profetizados seguirão em rápida sucessão.

Que Deus nos guarde da desilusão e decepção durante os terríveis tempos precisamente à frente.

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