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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES DEFINIÇÃO 1: Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade DEFINIÇÃO 2: Ética é o conjunto de normas de comportamento e formas de vida através das quais o homem tende a realizar o valor do bem. OBSERVAÇÕES 1.- É ciência: Tem (a) objeto de estudo (a moral, moral positiva, o bem), (b) leis e método próprio; 2.- Etimologia: ethos (grego) = costumes {(mos, mores (latim)--> moral)}; 3.- Moral: É um dos aspectos do comportamento humano; *(Outros: jurídico, social, alimentar, etc.) *É um conjunto de regras de comportamento próprias de uma cultura. 4.- A ética vai além da moral: procura os princípios fundamentais do comporta- mento humano (J. R. Nalini).

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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES

DEFINIÇÃO 1: Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade

DEFINIÇÃO 2: Ética é o conjunto de normas de comportamento e formas de vida através das quais o homem tende a realizar o valor do bem.

OBSERVAÇÕES

1.- É ciência: Tem (a) objeto de estudo (a moral, moral positiva, o bem), (b) leis e

método próprio;

2.- Etimologia: ethos (grego) = costumes {(mos, mores (latim)--> moral)};

3.- Moral: É um dos aspectos do comportamento humano;

*(Outros: jurídico, social, alimentar, etc.)

*É um conjunto de regras de comportamento próprias de uma cultura.

4.- A ética vai além da moral: procura os princípios fundamentais do comporta-

mento humano (J. R. Nalini).

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Lembrar a estória de Alice no

País das Maravilhas

• Conta o escritor inglês Lewis Caroll, que Alice entrou em uma toca a procura de um coelho falante e se encontrou com um gato. Perguntou, então: como posso sair daqui?

• O gato respondeu: isso depende muito de para onde você quer ir.

• Alice explicou: Não quero ir para lugar nenhum. Apenas sair daqui.

• O gato retrucou: Se você não vai para lugar nenhum, qualquer direção serve.

• Alice se impacientou: Não quero ir para lugar nenhum, mas quero chegar a um lugar.

• Então o gato disse: siga por um caminho e andando bastante você certamente chegará a algum lugar.

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“A moralidade significa a ética da conduta (administrativa ); a pauta de valores morais a que (a Administração Pública ) „o cidadão‟(eu), segundo corpo

social, deve submeter-se para a consecução do interesse coletivo. Nessa pauta de valores insere-se o ideário vigente no grupo social (??) sobre v.g., honestidade, boa conduta, bons costumes, equidade e justiça. Em outras palavras, a decisão do (agente público –) „cidadão‟ (eu) deve atender àquilo que a sociedade, em determinado momento, considera eticamente adequado, moralmente aceito. Ora, o princípio da moralidade nada mais é do que o atendimento do bem comum, observado todos os ditames legais, sem violar a ideologia ética e moral vigente na época. É a satisfação do interesse social com legalidade ética” (Marino Pazzaglini Filho).

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“A ética está para a moral assim como a musicologia está para a música”. “A ética é a ciência da conduta”.

Lei de ouro da ética: Não faça ao outro o que não queres que o outro faça a ti (atitude passiva).

Faça ao outro o que queres que o outro faça a ti (Atitude pró-ativa).

Kant: "Vive de tal forma que a máxima de teu agir possa por ti ser querida como lei universal"

O todo da ética é integrado pela Deontologia e pela Diceologia (Paulo L. Netto Lobo - “Comentários ao estudo da Advocacia”, Ed. Brasília Jurídica, 1966).

DEONTOLOGIA: Ramo da ética que trata dos deveres (ex.: códigos de ética).

DICEOLOGIA: Ramo da ética que cuida dos direitos.

Exs.: Deontologia jurídica: estudo dos deveres dos profissionais de direito. As regras deontológicas do Código de Ética são concentrados em 48 artigos.

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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES

“Ética e moral são sinônimas” (M. Camargo).

Outra fonte:

ÉTICA - MORAL

Permanente --> Temporal

Universal --> Cultural

Regra --> Conduta de regra

Teoria --> Prática

Princípios --> Aspectos de conduta específicos

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Valores éticos sintetizados por Aristóteles em “Ética a Nicômaco”

(Ver: Ética dos valores)

(Nicômaco era o nome do pai e do filho dele)

(Escreveu ainda “Ética a Eudemo”, e “Grande Ética”):

- Coragem

- Temperança

- Liberalidade

- Magnanimidade

- Mansidão

- Franqueza

- Justiça

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IMPORTÂNCIA DA ÉTICA

A ética é importante?

1.- JURAMENTO DO FORMANDO EM DIREITO

“Juro acreditar no direito como a melhor forma para a convivência humana. Prometo fazer da justiça uma consequência normal e lógica do direito. Juro confiar na paz como resultado final da justiça. E, acima de tudo, prometo defender a liberdade, pois sem ela não há direito que sobreviva, muito menos justiça, e nunca haverá paz. Prometo utiliza-me, no exercício da profissão de Advogado, dos princípios éticos e morais sobre os quais se fundamentam as leis e a justiça, valendo-me deles para assegurar aos Homens os seus direitos fundamentais e inatacáveis”.

2.- Matéria inserida no “provão” do MEC, em diversos cursos (O Estado de S. Paulo).

3.- Nosso currículo, nossa obrigação.

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IMPORTÂNCIA DA ÉTICA

Problemas trazidos pela Tecnologia da Informação ao Direito(?!)

- Roubo de software

Hacking

Virus

Invasão de privacidade

Super-dependência de máquinas “inteligentes”

Stress de trabalho

Crimes por computador (contra pessoas - contra instituições)

Confiabilidade e problema da qualidade do “software/hardware”

Implicações sociais (desemprego, saúde, exclusão social, agressão ao meio ambiente, ...)

etc.

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O ATO “’ETICO”

Um ato só pode ser classificado quanto à ética se for

VOLUNTÁRIO

OUTROS TIPOS DE ATOS:

CRIMINOSO: violação culpável da lei penal

CONTRAVENÇÃO PENAL: ato ilícito menos importante que o crime, que só acarreta multa ou prisão simples (Ex. jogo de bicho, desrespeito a sinais de trânsito, vadiagem, ...)

NÃO ÉTICO: zombar de defeitos alheios

ÉTICO

INDIFERENTE?

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O ATO “LEGAL”

(Folclore)

- - Nos EUA tudo é permitido, exceto o que a lei proíbe;

- (“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. – Art. 5,

Inciso II da Constituição Brasileira)

- - Na Alemanha tudo é proibido, exceto o que a lei permite;

- - Na Rússia tudo é proibido, inclusive o que a lei permite;

- - No Brasil tudo é permitido, inclusive o que a lei proíbe (leis que „não pegam‟).

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"(...) ao contrário de outros seres, vivos ou inanimados, nós, seres humanos, podemos inventar e escolher em parte a nossa forma de vida. Podemos optar pelo que nos parece bom, quer dizer, conveniente para nós, frente ao que nos parece mau e inconveniente. E, como podemos inventar e escolher, podemos enganar-nos, que é uma coisa que não costuma acontecer a castores, abelhas e térmitas. Assim, parece prudente estarmos bem atentos ao que fazemos e procurar um certo saber viver que nos permita acertar. Esse saber viver, ou arte de viver, se preferires, é aquilo a que se chama ética." (Ética para um jovem, p. 25-26).

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CLASSIFICAÇÕES DA ÉTICA

A) Quanto ao resultado do comportamento:

1 – Ética absoluta (apriorística);

2 – Ética relativa (factual, experimental).

B) Quanto ao aspecto histórico (sobretudo ocidental):

1 – Ética empírica (em contraste com a ética racionalista)

2 – Ética dos bens

3 – Ética formal

4 – Ética de valores

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CLASSIFICAÇÕES DA ÉTICA= Quadro Geral

A) Quanto ao resultado do comportamento:

1 – Ética absoluta (apriorística);

2 – Ética relativa (factual, experimental).

B) Quanto ao aspecto histórico (sobretudo ocidental):

1 – Ética empírica: Anarquista - Utilitarista - Ceticista - Subjetivista

2 – Ética dos bens: Socrática - Platônica - Aristotélica - Epicurista - Estóica

3 – Ética formal

4 – Ética de valores

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A.1 – Ética absoluta (apriorística);

CONCEITOS:

- Seu enfoque para explicar o mundo é a razão (constrói a teoria explicativa e vai ao mundo para ver sua adequação).

- Cada ser humano tem uma bússola, um semáforo (a consciência, a razão) inato que indica racionalmente o que é bom e o que é mau, o que tem valor.

- A norma ética é atemporal, absoluta, ubíqua (Existem valores éticos que podem ser conhecidos - e ensinados - a priori).

- (ubíquo; que está ou pode estar em toda parte ao mesmo tempo; onipresente).

- Existe ética universal, objetiva (em contraposição a subjetiva).

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A.2 – Ética relativa (factual, experimental)

CONCEITOS:

- Seu enfoque é o estado atual do mundo (observa o que existe e constrói a teoria explicativa).

- A norma ética é puramente convencional, mutável, subjetiva. Logo existem várias normas aplicáveis (para uma mesma situação).

- Não existem valores universais, objetivos, mas estes são convencionais, condicionados ao tempo e ao espaço.

- Não existem valores a priori: eles são criados conforme seja necessário ou oportuno.

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B.1 – Ética Empírica

A ética empírica pode ser enfocada em 4 configurações:

B.1.1.- Ética Anarquista

B.1.2.- Ética Utilitarista

B.1.3.- Ética Ceticista

B.1.4.- Ética Subjetivista

B.1.5.- Ética Cínica

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B.1 – Ética Empírica

- B.1.1.- Ética Anarquista

PRINCÍPIO BÁSICO: Só tem valor o que não contraria as tendências naturais.

CARACTERÍSTICAS - Repudia normas e valores: Afirma que o direito (as leis), a moral, a religião, etc. são

convenções sociais arbitrárias, fruto da ignorância, do medo e da maldade. - --> Toda organização social deve desaparecer.

- Acredita existir a liberdade natural, i. é, inata (o que implicaria na prevalência dos mais

fortes).

- A busca do prazer e a fuga da dor é o objetivo supremo (ver Hedonismo).

OBS. O anarquismo individualista e o comunista ou libertário são as formas atuais do anarquismo. No comunista tudo é comum, não há propriedade privada enquanto o anarquismo individualista adota-a.

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B.1 – Ética Empírica

- B.1.2.- Ética Utilitarista - PRINCÍPIO BÁSICO: É bom o que é útil (“A felicidade é o único fim da ação humana e sua

consecução o critério para julgar toda conduta”. J. S. Mill)

- COROLÁRIO: Os fins justificam os meios.

CARACTERÍSTICAS

- Xxxxxxx

NOME: John Stuart Mill

OBS.: O utilitarismo pode ser aceito se entendido como o emprego dos meios (eticamente válidos) para obtenção de fins moralmente valiosos.

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Jeremy Bentham- foi quem formulou o mais disseminado conceito de utilidade. Para ele, se entende por utilidade aquela propriedade, em qualquer objeto, mediante a qual tende a produzir benefício, vantagem ou prazer, bem ou felicidade.

Em linhas gerais o utilitarismo se caracteriza por considerar bom o que é útil.

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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES

B.1 – Ética Empírica

- B.1.3.- Ética Ceticista

- PRINCÍPIO BÁSICO: Não se pode dizer com certeza o que é certo ou errado, bom ou mau, pois ninguém jamais será capaz de desvendar os mistérios da natureza.

CARACTERÍSTICAS

- Na dúvida, o cético não nega, nem afirma: não julga, abstém-se de tomar uma atitude (o que já é uma atitude).

- Dizem que não crêem em nada (o que é falso, pois se fossem coerentes duvidariam até desta afirmação).

- Na realidade os céticos históricos não pregavam o ceticismo absoluto: admitiam valores como a dignidade do trabalho, acolhimento das leis locais, satisfação moderada das necessidades.

NOMES: Sexto Empírico, Protágoras (c. 487 - 420 a.C.), Carneades (214 - 129 a.C.) (ver: “Os 100 livros que mais influenciaram a humanidade).

OBS.:

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O cético

O cético não acredita em nada, ou desacredita de tudo. Seu pensamento se reduz a um pêndulo a oscilar entre polos dogmáticos opostos, sem se deter em qualquer um deles. E “ a dúvida não implica o conhecimento. É uma mera suspensão do juízo. Cético não é o que nega, nem o que afirma, senão o que se abstém de julgar.”

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B.1 – Ética Empírica - B.1.4.- Ética Subjetivista - PRINCÍPIO BÁSICO: “O homem é a medida de todas as coisas existentes ou inexistentes”

(Protágoras).

DIVISÃO: - B.1.4.a. - Ética Subjetivista Individual - B.1.4.b.- Ética Subjetivista Social ou Específica

CARACTERÍSTICAS (B.1.4.a. - Ética Subjetivista Individual) - Nesta ética cada qual adota a conduta mais conveniente com sua própria escala de valores.

- O certo e o errado devem ser avaliados em função das necessidades do homem.

- Não existe um critério objetivo, seguro de avaliação pois esta varia com o sujeito: Todas as opiniões

seriam verdadeiras ou falsas. Não haveria ciência.

NOMES: Protágoras (487-420 a.C.) OBS.:

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B.1 – Ética Empírica - B.1.4.- Ética Subjetivista - PRINCÍPIO BÁSICO: “O homem é a medida de todas as coisas existentes ou inexistentes”

(Protágoras).

DIVISÃO: - B.1.4.a. - Ética Subjetivista Individual - B.1.4.b.- Ética Subjetivista Social ou Específica

CARACTERÍSTICAS (B.1.4.b. - Ética Subjetivista Social ou Específica) - Nesta ética o certo, bom, justo, verdadeiro etc. são obtidos por apreciação coletiva, por indicação

da sociedade.

- Não existe um critério objetivo, seguro de avaliação pois esta varia conforme o grupo focalizado. - Todas as opiniões seriam verdadeiras ou falsas. Não haveria ciência.

NOMES: Durkheim, Bouglé (Sociólogos Franceses) OBS.: 1.- Como a sociedade define o que é bom, tem-se a possibilidade de que ela chancele um erro pois a

verdade não é definida estatisticamente (as sociedades nazista, faxista, canibais convivem, com seus erros éticos).

2.- O subjetivismo ético (individual ou específico) originam o relativismo absoluto.

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B.1 – Ética “Empírica” - B.1.5.- Ética Cínica (“Ética do Barril”) - PRINCÍPIO BÁSICO: “A verdadeira felicidade está na libertação das coisas efêmeras” - Independe do prazeres do luxo, do poder, da boa saúde, etc. Corolário: Pode ser alcançada por todos (e uma vez alcançada não pode ser perdida?).

NOMES: Antístenes (fundador) Diógenes: Vivia em um barril, só tinha uma túnica, um cajado e um embornal de pão. Respondeu a

Alexandre, o grande, que lhe pediu se tinha algum desejo: “Sim, desejo que te afastes do meu sol”. (Sócrates: “Inspirador” - “Vejam quantas coisas o ateniense precisa para viver” (no mercado))

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B.2 – Ética dos bens

PRINCÍPIO BÁSICO: Existe um “bem supremo” a nortear os comportamento. Ele é o fim de todos os meios. Bens possíveis: a) A Felicidade (grego: eudemonia; (eu = bom) + demonia (= espírito)). Originou a corrente dos

eudemonistas, como Aristóteles.

b) A Virtude ou a prática do bem: A finalidade última do homem está em ser bom, virtuoso e não em ser feliz. Originou os idealistas.

c) O Prazer (sensual, intelectual, artístico, etc.). Originou a corrente dos hedonistas (ver cínicos). d) A Sabedoria. OBS.: Há correntes mistas como Eudemonismo idealista (virtude é o meio, felicidade o fim); Eudemonismo

hedonista (o prazer é o meio) DIVISÃO DA ÉTICA DOS BENS: - B.2.1.- Ética Socrática - B.2.2.- Ética Platônica - B.2.3.- Ética Aristotélica - B.2.4.- Ética Epicurista - B.2.5.- Ética Estóica

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B.2 – Ética dos bens - B.2.1.- Ética Socrática

PRINCÍPIO BÁSICO: As 2 máximas de Sócrates (c. 469 – 399 a.C.) “Só sei que nada sei” e “Conhece-te a ti mesmo”.

Para ele o supremo bem, a virtude máxima é a sabedoria. CARACTERÍSTICAS: - Assim como Platão e Aristóteles, considerava o homem um ser

social, político. - Para Sócrates, conhecendo o bem, por conseqüência o homem

pratica-lo-á e será feliz. Quem faz o mal é porque não conhece o bem, pois conhecendo-o, não agiria contra “o que tem no coração”, para não ser infeliz (O mundo de Sofia, p. 84).

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B.2 – Ética dos bens

- B.2.2.- Ética Platônica (“Filosofia do bosque”)

PRINCÍPIO BÁSICO: Para Platão (427 – 347 a.C), todos os fenômenos naturais são meros reflexos de formas eternas, imutáveis, as idéias, sugerindo o “mundo das idéias”.

CARACTERÍSTICAS: - Discípulo de Sócrates, de quem registrou e desenvolveu as idéias, ensinava no “ bosque Academus”

procurando embasar a teoria da conduta em bases racionais, para serem sólidas, imutáveis. - Era “dualista”: os homens são formados por 2 naturezas: material (corpo, perecível) e espiritual (alma,

imortal). - A lógica e a razão são os instrumentos para atingir a sabedoria. - O problema moral não é individual, mas coletivo, social e cabe ao estado providenciar educação aos cidadãos

para conheçam e pratiquem as virtudes, o que torna-los-á felizes. - Em “A República” propõe o Estado modelo, utópico, com governantes filósofos, dividido em 3 castas:

- CORPO CABEÇA PEITO BAIXO VENTRE - ALMA Razão Vontade Desejo - VIRTUDE Sabedoria Coragem Temperança - ESTADO Governantes Segurança Trabalhadores

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B.2 - Ética dos bens - B.2.3.- Ética Aristotélica (“Filosofia peripatética: do passeio”)

PRINCÍPIO BÁSICO: Aristóteles (384 – 322 a.C.), aluno do Academus, diz que a

felicidade só pode ser conseguida com a integração de suas 3 formas: prazer, virtude, sabedoria (ou: prazeres/satisfação + cidadania responsável + filosofia/ciência).

CARACTERÍSTICAS: - A felicidade é um processo de busca constante da virtude, que é o

desenvolvimento das faculdades naturais, e deve sempre obedecer a “lei do meio termo”, do equilíbrio (“Virtus in medium est”).

- Contrariando Platão, propõe o estudo do mundo usando não só a razão (mundo mítico das idéias: visão racionalista) mas também os sentidos para observá-lo como ele é (visão empírica), criando a metodologia científica.

- Sua famosa frase: “O homem é um animal político por natureza”, expõe seu pensamento quanto ao fato do agir social humano.

OBS.: A mulher é passiva, inferior, mera receptora da „semente de humanidade‟,

fornecida pelo homem (idéia que vigorou até a idade média, no ocidente).

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B.2 - Ética dos bens - B.2.4.- Ética Epicurista (“Filosofia do jardim”)

PRINCÍPIO BÁSICO: Os seguidores de Epicuro (341 – 270 a.C.) tinham como bem

supremo a felicidade, a ser atingido por meio dos prazeres (eudemonismo hedonista) e os do espírito são mais elevados que os do corpo. Seu objetivo maior era afastar a dor e os sofrimentos.

CARACTERÍSTICAS: - Consideravam a prudência a virtude dos sábios. - A ética epicurista é individualista, com certo utilitarismo egoísta. - Admitiam 3 classes de prazer: - Naturais e necessários (Ex.: satisfação moderada dos apetites); - Naturais mas não necessários (Ex.: gula, ócio); - Nem naturais nem necessários (Ex.: glória). Nomes:

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B.2 - Ética dos bens - B.2.5.- Ética Estóica (“Filosofia do pórtico ” (Grego Stoa))

PRINCÍPIO BÁSICO: Zenon (de Chipre, c. 300 a.C.) fundou esta filosofia que ensina a ética da

virtude como fim: o estóico não aspira ser feliz, mas ser bom. CARACTERÍSTICAS: - Propunham o direito (normas éticas) universalmente válido, atemporal: o direito natural. - Professavam o monismo: os seres têm apenas uma natureza (todas as pessoas são parte de

uma mesma razão universal, o “logos”) - Ensinavam que se deve desligar-se das afeições, do mundo exterior e viver conforme a

natureza concebida pela razão. - Eram fatalistas: Nada acontece por acaso e o destino de todos está traçado. - Tanto as coisas felizes como as desgraças são coisas naturais e devem ser aceitas com

naturalidade (com estoicismo). - NOMES: O imperador romano Marco Aurélio (121 - 180), Sêneca (4 a.C - 65 d.C.), Cícero (106

- 43 a.C).

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B.3 - Ética formal (Ética do dever ou ética da atitude)

PRINCÍPIO BÁSICO: Immanuel Kant propôs diretriz formal a que chamou “imperativo categórico” (vale sempre e é uma ordem): “Age sempre segundo aquelas máximas através das quais possas, ao mesmo tempo, querer que elas se transformem em lei geral” (O mundo de Sofia, p. 356, 357).

CARACTERÍSTICAS: - Aceita a premissa básica da ética empírica: E possível distinguir o certo do errado através da

experiência, do resultado do procedimento, da observação sensorial do que de fato ocorre no mundo, mas

- Juntamente com a premissa da ética racional: A razão deve ser consultada na investigação do fim último da existência humana.

- Definiu “máxima” como: princípio subjetivo, autônomo, interno (ligada à idéia do dever ética do dever). Lei moral: princípio objetivo, universal (diz como conduzir-se).

- Autonomia e Heteronomia: Kant diz que a atitude ética é proveniente da vontade do agente (autonomia) e não de outrem (heteronomia). Uma ação é correta se feita com “boa vontade”, pureza de intenção, independente de sua consequência (ética da atitude).

- Classificação das ações: - - A Contrárias ao dever - - B Conformes ao dever: - B.1. Feitas por dever - - B.2. Não feitas por dever (mas por outro motivo) (Ex.: Conservar a vida (é um dever) por dever mesmo quando não há mais apego a ela).

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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES

B.4 - Ética dos valores

PRINCÍPIO BÁSICO: Uma ação é boa (e consequentemente é um dever) se estiver fundamentada em um valor (Kant, de modo inverso, se baseia na ideia do dever: uma ação é boa, tem valor, deve ser feita, se obedece o “princípio categórico”).

CARACTERÍSTICAS:

- Os valores existem e devem ser descobertos, ensinados e aprendidos.

- Axiologia: Ciência que estuda os valores, sobretudo os morais. - Os valores obedecem a uma escala hierárquica e podem ser

classificados em: a) vitais; b) espirituais; c) religiosos, etc.

Exs. de valores: Justiça, Caridade, Temperança, família, pátria Valores da Revolução Francesa: Liberdade, fraternidade, igualdade, ... Valores do Exército Brasileiro: Patriotismo, dever, lealdade, probidade, coragem

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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES

B.4 - Ética dos valores Moral cristã (= “ocidental”) Santo Agostinho (354 – 430) São Tomás de Aquino – Tomismo (1225 – 1274)

Moral cristã (= “ocidental”)

PRINCÍPIO BÁSICO: Cristo reafirmou a doutrina bíblica do Antigo Testamento (decálogo), mas

ressaltou enfaticamente 2 mandamentos: (1) “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, com toda a tua alma e com toda a tua força” e (2) “ao próximo como a ti mesmo” (Deuteronômio, VI, 5 e Levítico, XIX, 18).

CARACTERÍSTICAS: - Cristo põe de forma pró-ativa a lei de ouro da ética “Não faça ao outro o que não queres que

o outro te faça”, dizendo: “Tudo que quereis que os outros vos façam, fazei primeiro a eles” (Mateus, VII, 12).

(“Bastaria a sua observância para a desnecessidade de qualquer outro comando ético ou

legal” – J. R. Nalini).

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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES

B.4 - Ética dos valores - Moral cristã (= “ocidental”)

“Lei de ouro da ética” (Não faça ao outro o que não queres que o outro faça a ti) vista por outras religiões

- Hinduísmo: “O dever é, em suma, isto: não faças aos outros aquilo que se a ti for feito, te causará dor”. Mahâbhârata, 5, 1517.

- Budismo: “Não atormentes o próximo com o que te aflige”. Udanavarga, 5, 18.

- Confucionismo: “Não faças aos outros aquilo que não desejas que te façam”. Analecto, 15, 23.

- Zoroastrismo: “Só terás boa índole quando não fizeres aos outros o que não for bom para ti

próprio”. Dadistani-dinik, 94,5. - Taoísmo: “Considera o lucro do teu vizinho como se fora o teu próprio e o prejuízo do teu

vizinho como se fora teu próprio prejuízo”. T‟ ai Shang Kan Ying P‟ ien. - Judaísmo: “Se algo te fere, não o use contra o próximo. Isto é todo o Torah; o mais simples

comentário”. Talmude. - Islamismo: “Ninguém será um crente enquanto não desejar para o seu próximo aquilo que

desejaria para si mesmo”. Tradições.

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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES

B.4 - Ética dos valores Moral cristã (= “ocidental”)

Santo Agostinho (354 – 430)

PRINCÍPIO BÁSICO: “Ama e faça o que quiseres”. “A medida do amor é não ter medida”. CARACTERÍSTICAS: - Os atos humanos serão bons ou maus conforme o for o objeto do seu amor. - O mal é a ausência de Deus e o bem Sua presença. - Seguiu, quando jovem, a doutrina maniqueísta (Mani, seu idealizador, pregava um mundo

dividido de modo estanque em bem e mal, luz e trevas, etc.). - Após conversão ao cristianismo adotou o ideário platônico, “cristianizando-o”. Atribuiu a

Deus as “idéias eternas”: antes de ter criado o mundo Ele já as tinha em Sua cabeça.

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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES

B.4 - Ética dos valores Moral cristã (= “ocidental”)

São Tomás de Aquino – Tomismo (1225 – 1274)

PRINCÍPIO BÁSICO: O tomismo é considerado uma adaptação do aristotelismo e do cristianismo. (Tomás “cristianizou” Aristóteles - Ver Agostinho)

CARACTERÍSTICAS: - É a doutrina que mais influenciou a Igreja Cristã. - Ensinou que, assim como existem 2 caminhos para a revelação de Deus, i. é, as verdades

reveladas na Bíblia (“Teologia revelada”) e as descobertas na natureza (“Teologia natural”), o mesmo vale para o campo moral: Existe o caminho mostrado pela consciência, “natural”, e dos mandamentos bíblicos.

(Aristóteles também propunha a visão do mundo com “2 lentes” a racional e a empírica).

- Aceitou o equívoco de Aristóteles da inferioridade da natureza (não da alma) da mulher, o que

se alastrou pela civilização ocidental.

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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES

Conclusão (J. R. Nalini)

- Ética pode ser ensinada e aprendida.

- Os estudos dos cursos de direito são adequados quanto à extensão e profundidade, mas negligentes quanto aos aspectos da ética.

- O primeiro compromisso do profissional deve ser o de bem conhecer a ética e praticando-a (uma de suas

normas propõe o aperfeiçoamento profissional contínuo) crescerá nas disciplinas que caracterizam sua profissão.