1 -Carboidratos Em Alimentos
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Universidade Federal de Santa Catarina
Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos
Centro de Ciências Agrárias
Professora Marilde T. Bordignon Luiz
BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS
Material de apoio para aulas teóricas
Lembre-se: Este material é apenas um apoio para as aulas teóricas, tem como objetivo auxiliar a
pesquisa em livros e o acompanhamento das aulas. Não deve ser utilizado como única fonte de
informações para seus estudos.
2
SUMÁRIO
1. CARBOIDRATOS EM ALIMENTOS ................................................................................ 3 2. ÁGUA ..................................................................................................................................... 38
3. CARACTERÍSTICA DOS TECIDOS VEGETAIS COMESTÍVEIS ............................ 48
4. CORANTES ......................................................................................................................... 58
5. AMINOÁCIDOS, PEPTÍDIOS E PROTEÍNAS .............................................................. 72
6 OVOS .................................................................................................................................. 103
7. LEITE ................................................................................................................................. 108
8. QUÍMICA DO TECIDO ANIMAL – CARNE ............................................................... 115
9. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 127
3
1. CARBOIDRATOS EM ALIMENTOS
TÓPICOS:
1.2. Fibras;
1.3. Oligossacarídeos;
1.4. Polissacarídeos em alimentos;
1.4.1. Carboidratos obtidos de plantas terrestres;
1.4.2. Carboidratos obtidos de plantas aquáticas;
1.4.3. Carboidratos obtidos de exudados de plantas terrestres;
1.4.4. Carboidratos obtidos por processos microbiológicos;
1.4.5. Carboidratos obtidos de sementes de plantas terrestres;
1.5. Reação de Maillard.
1.1. MONO, DISSACARÍDEOS, OLIGOSSACARÍDEOS (exercício de revisão)
1.2. FIBRAS
Fibras: Carboidratos complexos de origem vegetal que não são digeridos pelo intestino
humano. Incluem vários polissacarídeos de parede celular até polissacarídeos modificados
quimicamente como a carboximetilcelulose (CMC).
FIBRA DIETÉTICA/OLIGOSSACARÍDEOS
Toda a célula vegetal é envolvida por uma matriz de polímeros de açúcar que exerce funções
diversas na planta. Tais polímeros são ingeridos a partir de todos os alimentos naturais de
origem vegetal e, também alguns alimentos processados nos quais esses polissacarídeos são
aplicados com fins específicos de alterar suas propriedades físico-químicas.
FIBRA SOLÚVEL/INSOLÚVEL
As fibras solúveis e insolúveis apresentam efeitos fisiológicos diferentes.
A fibra solúvel pode formar dispersão em água, e forma um gel viscoso no trato intestinal.
Devido à capacidade de formar gel, este tipo de nutriente tem a propriedade de retardar a
evacuação gástrica, o que torna mais eficiente a digestão e absorção dos alimentos resultando
numa maior saciedade.
A fibra insolúvel aumenta o volume das fezes. Isso ocorre pois as fibras não se degradam no
organismo e podem reter água dentro de uma matriz. Partículas de fibras grossas geram maior
massa fecal.
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Exemplos:
- Solúvel (pectina, gomas, hemiceluloses);
- Insolúvel (celulose, ligninas).
Polissacarídeos são considerados como fibras, quando apresentam características como:
- Fisiológica: não absorvidos no intestino delgado;
- Estrutural: são polissacarídeos;
- Analítica: são determinados por métodos oficiais de fibra determinam quantitativamente.
1.3. OLIGOSSACARÍDEOS
Estes carboidratos não são considerados como fibras apesar de não serem absorvidos.
OLIGOFRUTANOS
São componentes naturais de frutas, hortaliças, cereais, legumes, mel e leite. Glicosídeos que
contém entre 3 e 10 resíduos de açúcar.
Os oligossacarídeos não assimiláveis se comportam como fibra alimentar e são fermentados no
cólon quase exclusivamente por bifidobactérias. Destacam-se oligofrutanos e oligossacarídeos
(FOS). FOS são componentes muito utilizados em novos alimentos funcionais e sua produção
continua crescendo. Ex. inulina, oligofrutose e frutanos sintéticos.
INULINA E OLIGOFRUTOSE
Comportam-se como fibra dietética do ponto de vista nutritivo e são considerados ingredientes
naturais na maioria dos países europeus.
a) Inulina
Mistura de oligômeros de diferentes graus de polimerização (GP) que ocorre naturalmente em
produtos vegetais tais como cebola, alho, alcachofra e raízes de chicória.
Estrutura: Mistura de polímeros de frutose, unidos por ligação β -1,2 grau de polimerização de
2 a 60.
b) Oligofrutose
Obtenção: Hidrólise enzimática (inulinase) parcial da inulina , grau de polimerização- 2
e 10 unidades.
5
Estrutura: Mistura de fruto-oligossacarídio. Composta de cadeias lineares de unidades de
frutose, ligadas entre si por ligacoes β (2-1).
c) Frutanos Sintéticos
Obtenção: Síntese enzimática à partir da sacarose.
São considerados alimentos novos.
1.4. POLISSACARÍDEOS EM ALIMENTOS
1.4.1.Carboidratos estruturais de plantas terrestres
AMIDO
Designação:
Fécula - Quando extraído de órgãos subterrâneos, raízes, tubérculo e bulbos.
Amido - Quando extraído de órgãos aéreos de vegetais (frutos, sementes e caules).
Uso:
Constitui importante reserva de nutrição de todas as plantas superiores (sementes, tubérculos,
rizomas e bulbos).
Ocorre também em algas.
Pelo fato de ser facilmente hidrolisado e digerido é um dos elementos mais importantes da
alimentação humana.
Muito utilizado em vários segmentos da indústria Alimentos, metalúrgica, mineração,
construção, cosmética, farmacêutica, papel, papelão têxtil.
Aplicações na indústria de alimentos como: espessante, gelificante, modificador textura,
elaboração de xarope de glicose
Vantagens: baixo custo, disponibilidade, facilidade de armazenamento e manipulação
Desvantagens: baixa estabilidade gelo-degelo, em meio ácido, calor, cisalhamento.
Estrutura:
Constituído de dois polímeros: amilose e amilopectina
A proporção de cada polímero varia de acordo com o grau de maturação das plantas, o que
influencia na viscosidade e no poder de gelificação do amido.
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- Amilose
Polissacarídeo linear, formado pôr unidade de D-glicopiranose unidos entre si por ligações
glicosídicas (1-4).
Desenhe a estrutura
Amilopectina
Figura 1. Estrutura da amilopectina
Fração altamente ramificada do amido. É formada por várias cadeias constituídas de 20 a 25
unidade de -D-glicopiranose (unidas por ligação 1 - 4 ), essas cadeias por sua vez, estão unidas
entre si por ligações (1 - 6). A proporção numérica de ligações 1,6 e 1,4 é de
aproximadamente 1: 20. Tamanho variável, mas normalmente possui um alto peso molecular.
Estrutura ramificada do tipo galho de árvores.
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Solubilidade
O amido é praticamente insolúvel em água fria. Podendo absorver até 30% do seu peso,
com pequeno volume do grão. Quando aquecido aumenta a quantidade de água absorvida. Com
isso o volume dos grânulos aumenta, passando a ocupar todo o espaço possível. Durante este
processo parte da amilose de menor peso poderá passar a solução. Chega-se a um sistema que
toda a água estará ligada às cadeias de amilose e amilopectina, ou presa nos espaços entre os
grãos, formando uma solução com amilose. A viscosidade do sistema aumenta até o máximo e a
transparência também. Temos agora um sol viscoso de amido. Se o aquecimento for prolongado
e temperatura acima de 100°C, a viscosidade do sol pode diminuir pela destruição dos grânulos,
ou seja, as estruturas naturais desaparecem e sobram somente as moléculas livres hidratadas.
Gelatinização:
Figura 2. Trocas observadas no grão de amido durante o aquecimento
Fonte: Wong 1997.
Temperatura de gelatinização: É a temperatura, em que as ligações de hidrogênio mais fracas
entre as cadeias de amilose e de amilopectina são rompidas e os grãos de amido, começam a
intumescer e formar soluções consideravelmente viscosas.
Cada amido apresenta um intervalo de temperatura de gelatinização característico,
correspondente ao ponto de máxima viscosidade do sol. Este intervalo é medido a partir do
início do desaparecimento das zonas cristalinas do grão até o seu fim, visível em microscópio
com luz polarizada.
Fatores que afetam a formação e característica do gel
- Natureza do amido;
- Concentração;
- pH (em meio ácido a hidrólise pode impedir a formação do gel, em meio alcalino quebra da
cadeia por -eliminação, pode produzir efeito semelhante ao ácido);
- Açúcar (afeta o gel devido a sua competição pela água, em altas concentrações 30%, em
concentrações baixas melhora a formação do gel);
Esfriar Envelhecer
8
- Sais (devido ao caráter não iônico é pouco afetado por sais, nas concentrações baixas
encontradas nos alimentos).
Retrogradação do amido:
Definição: Reorganização das moléculas de amilose e amilopectinas no gel de amido.
Ocorrência (estrutura):
Figura 3. Trocas observadas no amido durante o processo de retrogradação.
Fonte : Wong, 1997.
Quando uma solução de amido é resfriada à temperatura ambiente, ou mesmo a
temperatura mais baixa, haverá a formação de gel ou de precipitados microcristalinos,
dependendo da concentração das soluções e da velocidade do resfriamento. Esses precipitados
cristalinos são formados devido à tendência a formação de ligações intermoleculares da fração
linear. No processo da retrogradação há sempre liberação de moléculas de água anteriormente
ligadas às cadeias de amilose, e esse fenômeno é denominado sinerese. Com eventual saída de
líquido e queda da viscosidade.
As ramificações da amilopectina impedem ou dificultam a aproximação dessas cadeias, o que
faz com que a amilopectina permaneça em solução.
AMIDOS MODIFICADOS
(Ver estruturas em Linden, 1996)
As necessidades industriais de amidos com propriedades especiais estimularam à produção de
amidos modificados.
Essas modificações visam obter produtos: com cadeias menores, ou tenham suas ramificações
alteradas, ou ainda que elas sejam interligadas ou com substituintes volumosos etc.
Cada amido modificado pode adquirir diversas propriedades específicas, para uso específico na
indústria de alimentos.
As modificações podem ser realizadas por: métodos químicos, enzimáticos e modificações
genéticas.
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a) Amidos reticulados
A reticulação permite realizar uma reestruturação das cadeias moleculares unindo umas as
outras. Obtendo-se uma rede molecular reforçada que permite assim atuar sobre o perfil
reológico do amido.
Com a reticulação é possível fixar a viscosidade desejada.
O tratamento permite aumento da resistência dos amidos ao aquecimento em meio ácido. A
existência de pequeno número de pontes é suficiente para modificar o amido.
Agentes formadores de pontes:
- Derivados cloroepóxidos: epicloridrina;
- Derivados fosfatados: trimetafosfato de sódio (TMFS);
- Dianidridos de ácidos: anidrido misto adípico, acético ou cítrico-acético;
- Derivados aldeídicos: formol.
São utilizados como espessantes (molhos, sopas, alimentos para crianças).
b) Amidos estabilizados
A introdução de grupos éster ou éter estabiliza a viscosidade principalmente em baixas
temperaturas.
- Entre os ésteres predominam os acetatos e ésteres fosfóricos;
- Entre os éteres – amidos hidroxietilados e hidroxipropilados (apresentam boas
propriedades de retenção de água a baixa temperatura (alimentos congelados ou ultra
congelados);
c) Amidos específicos
Com ou sem cargas
Amidos aniônicos – Comparáveis a CMC, o Carboximetil amido (utilizado como espessante:
cola para papel, pastas de impressão, setor têxtil).
Amidos catiônicos - Derivados de aminos terciários e quaternários são mais comuns (fabricação
de papel).
Amidos hidrófobos – Introdução de um grupo alquil de cadeia longa (reação de um anidrido de
ácido por exemplo).
Amidos bipolares – Introdução de um grupo lipofílico do tipo acetil sucinato de sódio, o caráter
bipolar usar como estabilizante de emulsões. (substituindo a gordura).
d) Hidrolisados de amidos
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Obtenção
Enzimática – utilizando glicosil-hidrolases específicas.
Química – que apresenta a vantagem de ser rápida e completa (observamos defeito de cor e
sabor enriquecimento do sal que é utilizado para neutralização).
AMIDO
Liquefação
ou
Dextrinização
MALTO-DEXTRINAS
Sacarificação
XAROPE DE GLICOSE
Cristalização
Isomerização
Glicose
Xarope de
glicose que
contém frutose
Frutose
Figura 4. Principais tipos de produtos obtidos da hidrólise do amido
Fonte: Linden, 1996.
Maltodextrinas, xaropes de glicose e hidrolisados
Equivalente em dextrose : Maltodextrinas, xaropes de glicose e hidrolisados são caracterizados
por Equivalente em dextrose - DE .
DE (equivalente de dextrose) - medida do conteúdo de açucares redutores expresso como
glicose.
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Exemplo
Amido - DE = 0
Dextrose - DE = 100
Hidrolisados - DE 97
Xaropes de glicose - DE = 20 – 97
Malto dextrina = DE 20
Esta definição é limitada, pois com diferentes procedimentos tecnológicos obteremos diferentes
produtos de hidrólise do amido.
Podemos ter produtos com composições diferentes tendo globalmente o mesmo DE.
Maltodextrina
Obtenção: São polímeros da D-glicose produzidas por hidrólise ácida ou enzimática (-
amilases) do amido de milho.
Estrutura: Segundo FDA - Maltodextrinas são polímeros não doces de açucares que consistem
de unidades de D-glicose ligados primariamente por ligações 1-4 tendo DE 20
Usos:
- Conferir viscosidade;
- Aumentar teor de sólidos solúveis;
- Inibir a cristalização;
- Controlar ponto de congelamento;
- Aumenta a mastigabilidade “gomas de mascar”;
- Diminui o sabor açucarado;
- Suprime a cristalização superficial da sacarose (pontos brancos) em sorvetes;
- Alimentos infantis;
- Alimentos dietéticos;
- Sonda enfermo.
DE próximo a 20: Utilizadas como substitutos de gordura
DE próximo a zero: substitutos de açucares
Dextrina
Estrutura:
Estrutura semelhante á do amido, porém com menor massa molar.
Obtenção:
Processo: físico- químico
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Enzimático: Por ação de amilases
Características
Quando comparadas ao amido são mais solúveis em água, produzem soluções menos viscosas.
Não formam complexo com iodo.
Usos
- Adesivo para fins variados;
- Cartonagens, envelopes, selos;
- Papel higiênico;
- Indústrias têxteis e produtos farmacêuticos;
- Filmes.
-
Na indústria de alimentos:
- Cervejaria;
- Panificação;
- Indústria de suco e bebidas à base de cacau, licores destilados.
Xaropes e hidrolisados de glicose
Obtenção:
Hidrólise Enzimática – realizada por uma mistura de amilase, isoamilase e glicoamilase de
xaropes de glicose cujo DE é elevado pode alcançar 97 ( 97% glicose).
Hidrólise ácida - Xaropes de glicose DE – 20-65
e) Ciclodextrinas
Obtenção: Obtida através de degradação enzimática do amido em mistura de dextrinas
Conceito: Compostos macrocíclicos que consistem de resíduos de glicopiranose ligados através
de ligações alfa (1- 4) obtendo-se alfa, beta e gama ciclodextrina as estruturas contém 6, 7 e 8
unidades de glicose respectivamente.
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Estrutura
Figura 5. Representação esquemática da β- CD
Fonte: Quím. Nova v. 30, 2007.
Formação de Complexos: A molécula de ciclodextrina pode formar complexos de inclusão,
devido a sua cavidade não-polar, formando complexos com muitas substâncias. As moléculas
“hóspedes” são encapsuladas total ou parcialmente, a ciclodextrina cabe o papel de hospedeiro
ou de receptor. A estrutura permite a formação de complexos de inclusão estáveis, com uma
grande variedade de substâncias orgânicas, como também com sais e halogênios.
A formação do complexo resulta em modificações de propriedades como solubilidade,
propriedades organolépticas, estabilidade entre outras.
Uso: Devido a estas características especiais estes compostos possuem diversas aplicações
industriais
- Estabilização de substâncias voláteis, de emulsões, de compostos aromáticos, etc.;
- Supressão de moléculas indesejáveis (amargor de medicamentos e alimentos, de colesterol de
alimentos);
- Modificações da atividade química de uma molécula, por proteção de alguns de seus grupos
funcionais;
- Modificação da solubilidade;
- Proteção frente à oxidação.
f) Amido Resistente
A partir da década de 80, os pesquisadores começaram a observar que uma quantidade
significativa de amido não era digerida. Esta fração foi denominada de amido resistente (AR) e
passou a ser reconhecida como responsável por determinados efeitos fisiológicos atribuídos à
fibra alimentar.
Amido resistente (AR) a hidrolise enzimática, pode ser fisiologicamente definido como a soma
do amido e produtos da degradação do amido não digerido/absorvido no intestino delgado de
indivíduos saudáveis, podendo ser fermentado no intestino grosso.
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Tabela 1. Classificação nutricional do amido in vitro
Tipo de amido Exemplo de ocorrência Provável digestão no
intestino delgado
1. Amido rapidamente digerível
Alimento amiláceo
recentemente cozido
Rápida
2. Amido lentamente digerível
Principalmente cereal cru Lenta, mas completa
3. Amido resistente
Tipo I: Amido
fisicamente inacessível
Preso dentro da matriz do
alimento. As enzimas amilolíticas
não tem acesso. Este tipo de
amido é afetado amplamente pela
mastigação e pelo processamento
dos alimentos, como a trituração e
moagem.
Grão de semente
parcialmente moído
Resistente
Tipo II: Grânulos Amido
Resistente
Amido granular nativo. Sua
resistência é dada por sua
compactação e estrutura
parcialmente cristalina, que pode
ser alterada pela gelatinização.
Batata e banana cruas
Resistente
Tipo III: Retrogradado
Pode ser formado através de
processamento de alimentos, por
métodos que utilizam teor de
umidade alta, cozimento e/ou
autoclavagem, podendo ser usado
como ingrediente para reduzir o
teor calórico, reduzir o
índiceglicêmico e/ou aumentar o
teor de fibras alimentares de
alimentos processados
Batata cozida e resfriada,
pão e “corn flakes”
Resistente
Fonte: Lajolo et al, 2008
15
PECTINA
Obtenção
Hidrocolóide natural presente, em frutas como componentes das paredes celulares.
Protopectina: insolúvel devido ao seu alto M.M. e interação com outros componentes da parede
celular
Pectina Comercial: Se obtém da polpa de maçã e frutas cítricas.
A quantidade de pectina encontrada nas frutas é variável, conforme o tipo de fruta e seu estágio
de maturação.
Estrutura
A pectina é um polissacarídio constituído de 150-500 unidades de ác. galacturônico (MM
30.000-100.000). Parcialmente estereficado com grupos metóxi, como mostra a Figura 10.
Figura 6. Estrutura da Pectina
Fonte : Fennema, 1996.
A cadeia contém também restos de l ramnose, ramificada com cadeias lateral compostas de -D-
galactopiranose e -D-arabinofaranose.
Classificação da Pectina Comercial
De acordo com o grau de esterificação (metoxilação) temos:
Pectinas de Alta Metoxilação (ATM - HM)
Pectina rica em grupos metoxi grau de esterificação superior a 50%.
O
OH
C O
CCH3
O
OH
OO
C O
OH
O
OH
OOO
OH
C O
NH3
OHOH
C O
OH
grupo
carboxilo
metilado
grupocarboxiloamidado
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Mecanismo de gelificação: A pectina HM é estabilizada por meio de interações hidrofóbicas dos
grupos ester metílico e mediante a formação de ligações de hidrogênio intermoleculares, pH 2,5.
Pectinas de baixa metoxilação (BTM - LM) Pectina pobre em grupos metoxi, grau de esterificação inferior 50%.
Mecanismo de gelificação: Sua geleificação é controlada introduzindo íons Ca++
no sistema (
pH 2,5 - 6,5) em um meio com 10 -20 % de sólidos solúveis.
Métodos de Dissolução
Legislação
Enzimas pectinolítica
17
CELULOSE
Obtenção
A celulose é insolúvel em solventes aquosos e muito resistentes a degradações químicas é
extraída essencialmente em solventes alcalinos e ácidos diluídos a quente.
Estrutura
Figura 7. Estrutura da celulose
Fonte: Fenemma, 1996.
M.M. = Próximo a 2.000.000 - Unidades D-piranoglicose, unidades entre elas por ligações beta -
1 – 4.
Insolúvel em água
Em meio ácido é parcialmente hidrolisada formando microcristais que pode ser adicionada ao
alimento
Uso
Uso como fibras dietéticas
DERIVADOS SINTÉTICOS DA CELULOSE
A celulose pode ser convertida em:
- Ésteres (nitrato de celulose, acetato de celulose etc.)
- Éteres (metilcelulose, carboximetilcelulose etc).
a) Carboximetilcelulose - O-carboximetilada - CMC
Obtenção
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É obtida por tratamento da celulose com solução de NaOH e monocloroacetato de Na
(ClCH2COONa). Grupos OH da celulose reagem com NaOH
R-OH + NaOH R-ONa + H20
R-ONa + ClCH2-COONa R-OCH2-COONa + Na
Estrutura:
Figura 8. Estrutura da Carboximetilcelulose
Fonte: Fenemma, 1996.
Solubilidade
A presença de substituintes como o grupo CH2-COOH na cadeia da celulose permite mais
facilmente a penetração da água e confere solubilidade em água fria.
Estável pH 5-11 devido a grupos carboxílicos. Pode precipitar em pH abaixo de 3,0
Uso
- Bebidas e molhos;
- Em produtos lácteos do tipo creme gelados, obtém-se uma textura untuosa e regular,
ocorrendo o crescimento de cristais de gelo;
- Viscosidade reduzida a pH abaixo de 5,0;
- Estabilizante de emulsões;
- Espessante pós para pudins, sorvetes refrescos sobremesas, gelados comestíveis leites
aromatizados, produtos dietéticos.
b) Metilcelulose ( O-metilada)
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Obtenção:
Preparado da mesma forma que CMC, o material resultante da ação do NaOH é tratado com
cloreto de metila
Estrutura:
Figura 9. Estrutura da Metilcelulose
Fonte : Fennema, 1996
c) Hidroxipropilmetilcelulose ( O-hidroxipropilada)
Estrutura
Figura 10. Estrutura da Hidroxipropilmetilcelulose
Fonte: Fennema, 1996.
Solúvel em água fria e estável em ácido e bases entre pH 3 e 11;
Gelifica a quente reversivelmente entre temperatura 75 - 85C.
Uso
Propriedades semelhantes a metilcelulose, dependendo a escolha do preço e necessidades
particulares de cada produto alimentício.
20
1.4.2. CARBOIDRATOS OBTIDOS DE PLANTAS AQUÁTICAS
CARRAGENA
Obtenção
Polissacarídeo obtido de diversas espécies de algas vermelhas, mediante extração alcalina a
quente posterior dessecação e precipitação.
Estrutura
São galactanas sulfatadas de estrutura bastante ramificada.
De acordo com sua localização de grupos sulfatos na cadeia temos 3 tipos, Figura 11
- (capa) ;
- (iota) ;
- (lambda) .
Figura 11. Estrutura das carragenas.
Fonte: Fennema, 1996.
Ânion sulfato
A função do ânion sulfato é manter a carragena em solução.
Diminuindo o conteúdo em sulfato favorece a troca de estrutural do polissacarídeo, passando de
um enrolamento ao acaso para outro helicoidal.
A estrutura menos sulfatada (Carragena kappa) forma géis opacos.
Estrutura com maior percentagem de sulfato como a carragena iota tende a permanecer em
solução formam géis claros e elásticos que não sofrem sinerese (ver Tabela 2).
Interação com proteínas Carragenas formam complexos estáveis com proteína láctea, através de interações eletrostáticas
entre ânions sulfato e as cargas positivas localizadas na superfície das micelas da caseína.
Interação carragena e k caseína
A -caseína em pH neutro apresenta uma extensa região positiva entre os aas 20-115. Entre as
proteínas do leite e -caseína é a única que interage com a carragena, é sugerido que interação
eletrostática ocorre nesta região.
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A interação da molécula de carragena com a micela deixa livre na solução os segmentos não
absorvidos da cadeia de polissacarídeo, formando anéis ou caudas. Os segmentos livres se
associam para formar uma rede que constitui o gel.
O efeito é sinérgico.
Uso - Derivados lácteos - natas (conc. 0,1 - 0,5%);
- Em concentrações baixas (0,01-0,004 %) a carragena e proteínas leite forma gel fraco,
propriedade que se usa para suspender o cacau na hora de fabricar leites
achocolatados,em achocalatados evita a separação gordura (emulsão), queijo fresco
(evita sinérese), leite condensado (evita separação proteínas);
- Produtos de padaria - Melhora propriedades reológicas, possibilita maior adição de leite;
- Carnes - Melhora capacidade gelificante interações com sais de potássio;
- Estabilização de gelados e clarificação de bebidas.
Tabela 2. Estruturas e propriedades funcionais da carragena
Capa () (iota) (lambda).
Unidades que se repetem
galactose-4-sulfato-
3,6anidrogalactose
Grau de esterificação
25% de éster sulfato
34% de 3,6 AG
Íon necessário para
geleificação
K+
Textura do gel
forte, rígido e opaco
Sinerese
+
Estabilidade no
descongelamento
-
Estabilidade em meio ácido
+
Estabilidade ao corte
-
galactose-4-sulfato-
3,6anidrogalactose 2
sulfato
32% de éster sulfato
30% de 3,6-AG
Ca+
elástico e claro
-
+
+
+
galactose-2-sulfato-galactose-2,6 dissulfato
35% de éster sulfato
pouco 3,6 AG
não geleifica
não geleifica
-
+
+
-
Fonte:Wong, 1995.
22
ALGINATO
Obtenção
Extraído de algas pardas (marrons)
Estrutura
Polímero linear constituído de unidades de:
- Ácido -D-manurônico - (àc.D-manopiranosilurônico (M));
- Ácido L-gulurônico - (àc. L-glulopuranosilurônico (G));
- Unidos por ligações 1,4;
- Grau de polimerização que oscila entre 100 a 1000.
Os resíduos de D-manuronato e L-guluronato, Figura 12, formam as seguintes seqüências:
1.Blocos de ác. Manurônico – M-M-M-M
2.Blocos de ác. Gulurônico - G-G-G-G-G
3.Blocos alternantes -M-G-M-G-M
Cada bloco contém em torno de 20 resíduos do açúcar. Blocos do tipo homogêneos são mais
resistentes a hidrólise que os alternantes.
Figura 12. Estrutura do alginato
Fonte: Fennema, 1996.
Solubilidade
O ác. Algínico é insolúvel em água, para aumentarmos a sua solubilidade são transformados em
sais de metais alcalinos (Na e K).
Geleificação Soluções de alginato gelificam rapidamente em presença de íons Ca
++, (Figura 13).
Ácido L-gulurônico Ácido -D-manurônico
23
Para obter um gel uniforme é melhor utilizar sais com menor solubilidade como citrato, tartarato
de cálcio ou dihidrato de fosfato de dicálcio. Empregam-se também sais insolúveis em soluções
neutras (carbonato de Ca, fosfato dicálcico anidro).
Mecanismo da geleificação: Consiste na interação entre os íons Ca++
e os blocos de
poliguloronato.
Figura 13. Interação do poligalacturonato com cálcio para formar uma estrutura “caixa de ovos”.
Fonte: Wong, 1995.
A associação entre o ác. poligalacturônico e íons cálcio proporciona uniões que permitem o
estabelecimento de uma rede tridimensional de polímeros de alginato (modo caixa de ovos
“Huevera” )
Possui propriedades semelhantes à pectina.
Usos:
- Estabilizante em sorvetes e queijos;
- Produtos lácteos - creme de leite esterilizado, sorvetes, leites aromatizados;
- Geléias artificiais;
- Pós p/ mingaus, pudins refresco;
- Coberturas para salada, refrescos;
- Recheios e revestimento de produtos de confeitaria.
ALGINATO DE PROPILENO GLICOL
Para estabilizar alimentos ácidos esterifica-se parcialmente os grupos carboxílicos com óxido de
propileno formando alginato de propilenoglicol (Figura 14).
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Figura 14. Formação do alginato de propilenoglicol
Aumenta o caráter lipofílico da goma sendo usado em emulsões tipo óleo-água e como
estabilizante de espumas (cervejas e bebidas carbonatadas)
AGAR AGAR
Obtenção A goma agar é obtida a partir de algas vermelhas da classe Rhodophyceae, sendo as mais
importantes delas a Gelidium cartilagineum, Gracilaria confervoides, e Pteroclaia capillacea.
Estrutura
Esta goma constituída de galactose e anidrogalactose parcialmente esterificada com ácido
sulfúrico,
Uso
Considerada como um dos agentes gelificantes mais importantes,produz uma gel perceptível em
concentrações baixas (0,04 %).
Não é solúvel em água fria, mas se dissolve completamente em água quente, e o gel se inicia na
faixa de 35 – 40ºC, resultando num gel forte, claro e termoreversível que só se liqüefaz a
temperaturas maiores que 85ºC.
As propriedades gelificantes dessa goma, a resistência térmica de seus géis e a marcada
diferença entre as suas temperaturas de gelificação e fusão, são as razões fundamentais para sua
seleção.
A concentração da ordem de 0,12% melhora a maciez de sorvetes e, na fabricação de queijos,
sua utilização melhora a sua textura e qualidade dos cortes.
óxido de propileno
CH3 - CH - CH2 + RCOO H+CH3 - CH - CH2 - O - C - R
OOH
OAlginato de propilenoglicolgrupo carboxilato
do alginato
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1.4.3. CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS DE EXSUDATO DE PLANTAS
TERRESTRES
GOMA ARÁBICA - GOMA ACÁCIA (E 414)
Obtenção É um exsudato de árvores de Acacia senegal, var. kerensis , sub família Mimosoideae família
Leguminosae.
Estrutura Complexo heteroglicano MM. 250.000 - 1.00.000 dalton
Altamente ramificada, com diferentes frações de arabinogalactano responde pela funcionalidade.
Quimicamente é um polissacarídeo complexo contendo cálcio, potássio e magnésio.
Contém seis tipos de resíduos de açúcar galactose, ramnose, arabinopiranose, arabinofuranose,
ácido glucurônico e metil glucurônico e pequena quantidade de proteína, a qual confere ação
emulsificante estabilizadora de emulsões.
Uso
- Utilizada desde 2650 a.C. para colar bandagens durante a mumificação;
- constitui-se em fonte de fibras solúveis para dieta;
- baixa viscosidade é possível formar soluções de aproximadamente 55% de goma acácia;
- pode ser adicionada em soluções com até 10% de fibra solúvel sem modificar a textura;
- atua como emulsificante, mantendo estável a fase oleosa mesmo em alta diluição, e como
inibidora de cristalização de açúcares;
- é indicada também para produtos aerados com baixo teor de gordura como manteiga,
margarina, confeitos, coberturas e sobremesas geladas (estabiliza espumas);
- substitutos de gorduras em molhos para saladas;
- em bebidas estabiliza essências;
- boas propriedades de filme;
- facilidade a adesão de temperos à superfície de “snak foods”;
- protege vitaminas lipossolúveis da oxidação e permite a lenta liberação do sabor;
- não pode ser empregada em produtos que requerem alta viscosidade;
- pode ser utilizada em alimentos dietéticos como substituto de amido, pois reduzem a
cristalização da sacarose e estabilizam a emulsão das gorduras.
26
GOMA CARAIA (E 416)
Obtenção: Exsudado de Sterculia urens.
Estrutura: Heteropolissacarídio de elevada M.M. contendo L ramnose, D-galatose, ác. D-
galacturônico.
Uso: Usada como estabilizante de emulsões e como agente encapsulante.
GOMA TRAGACANTE (E 413)
Obtenção: Exsudato da Astragalus gummifer.
Estrutura – Estabilidade: Heteropolissacarídeo - ác. D-galacturônico, D-galactose, D-xilose, l-
arabinose, íons, Ca, Mg, K.
Uso: Usada como estabilizante de emulsões.
1.4.4.CARBOIDRATOS OBTIDOS POR PROCESSOS MICROBIOLÓGICOS -
GOMAS MICROBIANAS
GOMA XANTANA (E 415)
Obtenção Pode ser obtido de diversas espécies de Xantomonas sendo a fermentação do
Xanthomonas campestris a mais utilizada comercialmente.
Cultivo aeróbico de Xanthomonas campestris em um meio que contenha carboidratos e outros
nutrientes.
A goma é precipitada com isopropanol, dessecada e moída.
27
Estrutura
Figura 15. Estrutura da goma xantana
Fonte. Wong, 1995.
- Heteropolissacarídeo
- M.M. em torno 200.000
Estabilidade: A cadeia lateral protege a ligação glicosídica do esqueleto. Grande estabilidade
quanto à hidrólise química ou enzimática.
Estável frente a diferentes condições:
- Temperatura: estável frente a uma grande faixa de temperatura 0 a 100 C (inclusive a
microondas);
- pH: estável em ampla faixa de pH;
- Gelo-degelo: estável em ciclos de gelo e degelo.
Solubilidade: Solúvel em água quente ou fria, produzindo alta viscosidade.
Uso
- Molhos para saladas;
- bebidas;
- geléias;
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- produtos cárneos;
- enlatados;
- confeitos;
- sopas;
- produtos lácteos;
- Outros.
GOMA GELANA (E 418)
Obtenção: Fermentação aeróbica de Sphingomonas elodea (substâncias glicídicas, pH 7,0,
temperatura 30oC) bastante comparáveis as condições utilizadas na produção de goma xantana.
Estrutura:
- Macromoléculas lineares, tetrassacarídio (glicose, ácido glucurônico, ramnose, proporção
molar 2:1:1);
- Forma nativa (acetilada) - high acyl;
- Forma substituída (desacetilada) low acyl (tratamento com alcali). Remoção dos grupos
acil.
1.4.5. CARBOIDRATOS OBTIDOS DE SEMENTES DE PLANTAS TERRESTRES
Galactomananos são polissacarídeos de reserva característicos de sementes pertencentes à
família Leguminosae que possuem endosperma e são classificados como gomas originárias de
sementes.
São solúveis em água e formam dispersões viscosas e estáveis.
São constituídos por manose, que formam uma cadeia principal de manano, ramificada com
resíduos de galactose ligadas à cadeia principal.
Os galactomananos estão presentes em sementes de diversas espécies em todo mundo mas suas
principais fontes comerciais são a goma guar, goma caroba ou locusta e goma tara.
GOMA “LOCUSTA” - LBG
Obtenção: Isolada de sementes de uma leguminosa da subfamilia Caesalpinaceae (Ceratonia
siliqua) que cresce no mediterrâneo. Incluindo Itália, Grécia, Espanha Portugal Turqia e Algéria.
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Figura 16. Modelo esquemático da semente
Fonte
Estrutura:
Manose e galactose (relação 4:1).
MM mais ou mentos- 300.000.
Devido ao seu caráter neutro é estável na faixa de pH 3,5 a 11.
Gelificação:
Isoladamente não forma gel, mas exibe um sinergismo com xantana e kapa-carragena e agar.
Uso:
- Atua como: espessante e estabilizante de emulsões e sinerese;
- Comumente utilizada em produtos de lacticínios tais como sorvetes, queijos cremosos
como também em molhos, geléias, sobremesas e misturada com outros polissacarídeos a
finalidade de evitar a sinerese em géis.
GOMA GUAR (E 412)
Obtenção: É obtida do endosperma moído de sementes de Cyamopis tetragonolobus. Cresce na
India e no Paquistão e algumas partes do sudoeste dos EUA A semente da guar consiste de três
partes: germe, endosperma e casca.
Estrutura: Alto MM.- 220.00. É uma galactomanana, formada por uma cadeia linear de manose
(lig. 1,4) com resíduos de galactose como cadeia lateral, na proporção de uma unidade de
galactose para duas de manose.
Características:
- Não forma gel;
- atua como espessante e estabilizantes;
- forma soluções altamente viscosas quando tratada em água fria;
- é instável a ph muito baixo;
- baixa concentração confere cremosidade;
- sob condições normais exibe excelentes propriedades gelo-degelo;
- hidrata rapidamente em água fria - formando soluções altamente viscosas.
Uso:
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- Sobremesas geladas;
- Produtos de lacticínios;
- Molhos;
- Sopas;
- Produtos de panificação;
- Outros.
Em combinação com outros hidrocolóides como carragena ou jataí é utilizada para prevenir a
formação de cristais durante ciclos de congelamento/descongelamento, conferindo estrutura
cremosa e macia ao produto.
GOMA TARA (E 417)
Figura 17. Semente de goma tara.
Fonte:
Originária do endosperma da semente da árvore peruana Tara (Caesalpinea spinoza) da família
das Caesalpinaceae leguminosas., similar à caroba, da qual se extrai o LBG, trata-se de um
polissacarídeo composto de manose e galactose. A planta de Tara é uma leguminosa é robusta e
resistente à seca e chega a 2 a 5 m de altura.
Uma vantagem da Tara é seu sinergismo com outras gomas, como xantana, carragena e a ágar-
ágar. A interação com a xantana, por exemplo, permite a formação de um gel elástico, forte e
termicamente reversível,. Um blend entre tara e xantana pode substituir uma tradicional mistura
feita com a LBG com vantagem: a gelificação fica até três vezes mais potente.
Estrutura
Polissacarídio, constituído por unidades de galactose e manose, unidos por ligações glicosídicos
(galactomananos). O componente principal consiste em uma cadeia linear de unidades de (1-
>4)--D-manopiranose com unidades de -D-galactopiranose com ligações (1->6). A proporção
entre manose e galactose é de 3:1.
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Propriedades: Evita as reações indesejáveis de sinerese e outras alterações, é considerado um substituto ou
complemento outras gomas. Tem uma grande capacidade de absorção de água em água fria se
dispersa lentamente; quando é aquecido se Solúvel em água al 60% a 25ºC, alcançando total
solubilidade a 98ºC
Viscosidade: A viscosidade de dispersões ou soluções de goma de tara depende da temperatura,
tempo, concentração, pH, velocidade de agitação e tamanho da partícula do pó.
Uso: Goma de Tara se usa principalmente para espessar soluções aquosas e para controlar a
mobilidade de materiais dispersados ou dissolvidos.
- Produtos lácteos: leite condensado, em pó, gelados, iogurte, queijo;
- Confeitaria: doces, fruta confeitada, caramelo, etc;
- Alimentos dietéticos: panificação, cremes etc;
- Molhos para salada: maionese, ketchup, molhos, etc;
- Cereais: cereais matinais;
- Bebidas: sucos, néctares de fruta, etc;
- Produtos cárneos: embutidos, etc;
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1.5. REAÇÃO DE MAILLARD
Na indústria de alimentos 3 principais reações relacionadas com o escurecimento são destacadas
- Escurecimento Enzimático;
- Escurecimento Não Enzimático;
- Caramelização.
ESCURECIMENTO ENZIMÁTICO
As enzimas como a Polifenol Oxidase, 1,2 benzonodiol, oxigênio óxido redutase (tironase),
polifenol oxidades, catecol, catalisam das importantes e diferentes reações utilizando como
substrato um grande número de fenóis.
Exemplos:
- Não desejável: em produtos como batatas, maças, bananas;
- Desejável: em chá preto, café.
A reação pode ser inibida por:
- Branqueamento;
- Sulfito de sódio, ácido ascórbico.
CARAMELIZAÇÃO
A reação de caramelização envolve a degradação de açúcar em ausência de AA ou proteínas,
ocorre somente pelo efeito da temperatura.
A reação é essencialmente iônica podendo se catalisada por ácido ou base.
ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO – REAÇÃO DE MAILLARD
Uma das mais importantes reações dos alimentos. Tem um papel importante quanto a
pigmentação e numerosos produtos responsáveis por sabor e odor dos alimentos elaborados.
Efeitos indesejáveis:
- Aparecimento de cor escura;
- Odores estranhos. 3
Exemplos:
- alimentos líquidos (leite, suco de frutas...);
- alimentos desidratados (ovos, leite, frutas...);
- animais marinhos (ricos em ribose).
Efeitos desejáveis:
- Cor e aroma que caracterizam numerosos alimentos.
Exemplos: pão, batata frita, carnes assadas, cereais tratados com calor, “corn flakes”, café,
cerveja, chocolate.
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Alterações nos alimentos:
- Cor;
- Aroma;
- propriedades funcionais;
- diminui o valor nutricional (perdas dos aminoácidos: lisina, arginina, histidina e triptodono;
diminui a digestibilidade protéica);
- formação de compostos tóxicos.
Reação estudada a mais de 100 anos os produtos podem variar de acordo com o caminho da
reação. A figura 18 mostra os principais caminhos da reação.
Figura 18. Reação de Maillard
REAÇÃO DE MAILLARD
Açúcar redutor + aminoácido
(Reação de Maillard, 1912)
N-glicosilamina ou N-frutosilamina
Rearranjo de Amadori - Furfural - 5-hidroxifurfural
REDUTONAS E DE-HIDROREDUTONAS
Degradação de Strecker
Aldeídos + alfa-amino-cetonas
Acetoína
herociclização
Piridinas Tiazóis Pirazinas Pirrois Oxazóis Imidazóis AROMAS
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a) Etapas da reação
A primeira etapa é uma simples condensação entre o grupo amino não ionizado e o grupo
carbonílico de um açúcar redutor. N-glicosilamina (produto da condensação), perde rapidamente
uma molécula de água, sendo convertida para uma base de Schiff instável.
Degradação de Strecker – compostos dicarboxílicos reagem com o grupo amino de um aa.
Constam de uma série de reações, todavia não completamente elucidadas. Entre as aceitas
temos.
1. Formação de glicosaminas via base de Schiff entre o grupo carbonilo de açúcar redutor e
grupo amino de uma amina.
Reação reversível, catalisada por ácido, sendo favorecida por um conteúdo baixo de água.
2. Reorganização de Amadori.
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b) Reações secundárias
Duas vias de degradação (enolização 1,2 e 1,3) proporcionam compostos dicarbonílicos que são
intermediários chaves para reações subseqüentes e degradações de grande importância para os
atributos característicos dos alimentos.
Reação com Sulfito e bissulfito
O escurecimento não enzimático pode ser inibido diante a reação de produtos intermediários,
como os carbonilos α β insaturados com sulfito para formar ácidos sulfônicos estáveis.
Para inibir a reação de Maillard nos alimentos pode ser utilizado dióxido de enxofre.
A pH não inferior a 6 o grupo hidroxilo do C4 da forma enólica da 3 desoxiglicosulose pode ser
recolocado por bissulfito com possível inversão. A cetona α β insaturada como 3-en-glicosulona,
reage com bissulfito por adição, dando o mesmo produto 3,4 didexoxi-4-sulfo-D-glicosulosa.
Degradação de Strecker
Compostos dicarbonilo formados na reação de Maillard com o grupo α amino de um aminoácido
para dar base de Schiff. Sua forma enólica é um aminoácido que se descarboxila facilmente para
dar o enaminol.
O enaminol sofre autocondensação a polímeros escuros, ou hidrólise para dar amina ou aldeído.
O aldeído formado tem um átomo de carbono a menos que o aminoácido original. Os aldeídos
derivados dessa reação de Strecker são compostos com importantes repercussões sobre o sabor e
aroma dos alimentos.
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Formação de Melanoidinas
As melanoidinas são resultado da polimerização dos compostos carbonilos não saturados
formados pela reação de Maillard com as aminas.
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c) Fatores que afetam a velocidade a reação de maillard.
- Temperatura;
- pH;
- atividade de água;
- natureza do carboidrato;
- natureza do aminoácido;
- catalisadores.