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Conceitos gerais em anatomia

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    GENERALIDADES SOBRE O ESTUDO DA ANATOMIA

    01 - CONCEITOS GERAIS

    A Anatomia e a Fisiologia so ramos da Cincia que nos fornecem as bases para a

    compreenso da organizao estrutural do corpo, assim como a forma como as estruturas

    anatmicas funcionam para garantir a homeostasia interna e externa do corpo.

    O termo Anatomia de origem grega e significa cortar, separar, enquanto o termo

    latino com igual significado Dissecar. Normalmente se estuda a Anatomia correlacionando

    cada estrutura ou rgo com sua respectiva funo, uma vez que a forma e a organizao de

    uma estrutura anatmica esto intimamente relacionadas com a sua funo, sendo quase

    impossvel ou, no mnimo improdutivo estud-las separadamente. Por seu lado, a Fisiologia

    se encarrega de explicar como as estruturas anatmicas ou rgos realizam as suas funes.

    H um conceito antigo, porm muito atual, sobre a relao da estrutura anatmica e sua

    funo A estrutura anatmica representa a imagem plstica de sua funo, em determinado

    momento (Renato Locchi). Assim, uma clula muscular realiza a sua funo, encurtando,

    portanto ela deve ser alongada, enquanto uma clula epitelial tem funo de revestir e como

    tal deve ser achatada e to larga quanto longa. Alm disso, uma estrutura anatmica pode

    ajustar a sua forma de acordo com uma nova funo.

    Para o estudante de Anatomia e Fisiologia fundamental que ao final de cada captulo

    saiba responder as seguintes interrogaes: 1)Quem ? Ou seja, qual o nome da estrutura

    anatmica?; 2) Como ? ou qual a forma ou o aspecto da estrutura anatmica?; 3) Onde

    est? ou qual a localizao da estrutura anatmica, no corpo e com que outras estruturas

    estabelece relaes; 4) O que faz? Ou seja, qual a funo daquela estrutura?

    Essas quatro questes devem ser respondidas pela Anatomia, enquanto a Fisiologia

    trata de explicar: Como faz? Ou seja, como a estrutura anatmica realiza a sua funo.

    1.1 - Divises ou enfoques da Anatomia

    A Anatomia una, portanto, indivisvel, mas, existem vrias formas de se estudar

    Anatomia (enfoques). Assim, a Anatomia macroscpica pode ser estudada considerando-se

    os diversos sistemas do corpo, quando a denominamos: Anatomia Sistmica ou considerar

    um enfoque regional quando denominada - Anatomia Regional ou Anatomia Topogrfica.

    Outras denominaes so aceitas: Anatomia de Superfcie, Anatomia Microscpica

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    (Histologia), Anatomia do Desenvolvimento (Embriologia), Anatomia da mulher, Anatomia

    do Idoso e assim por diante, h quase uma infinidade de enfoques que podem ser

    considerados.

    Muitas vezes, mais de um enfoque so considerados concomitantemente no estudo da

    Anatomia.

    1.2 - Principais Sistemas do Corpo Humano

    Em geral, so treze os sistemas considerados no estudo da Anatomia Sistmica,

    enquanto para a Anatomia Regional depende do enfoque a ser considerado para cada regio.

    Destarte, normalmente se consideram os seguintes sistemas.

    1) Tegumento Comum - Formado pela pele e seus derivados: pelos, glndulas

    sudorparas, glndulas sebceas e unhas.

    2) Sistema Esqueltico - Composto pelos ossos, cartilagens e eventualmente outros

    tecidos.

    3) Sistema Articular - Constitudo por um conjunto de dispositivos que unem as peas

    do esqueleto entre si, permitindo que movimentos possam se realizar ou produzindo

    segmentos de alta resistncia, com o objetivo de proteo.

    4) Sistema Muscular - Formado pelos msculos estriados esquelticos responsveis

    pelos movimentos voluntrios.

    5) Sistema Circulatrio Sanguneo - Composto pelo sangue, corao e vasos

    sanguneos, responsvel por fazer circular o sangue.

    6) Sistema Respiratrio - Formado pelos pulmes e vias aerferas, responsvel pela

    hematose sangunea e outras funes.

    7) Sistema Digestrio - Composto pelo canal alimentar e rgos anexos, responsvel

    pela digesto e absoro dos alimentos.

    8) Sistema Urinrio - Formado pelos rins e vias urinferas responsvel pela filtrao do

    sangue e eliminao dos resduos.

    9) Sistema Genital Masculino - Constitudo pelos testculos e vias espermticas,

    responsvel pela produo do gameta masculino e secreo de hormnios fenotpicos

    masculinos.

    10) Sistema Genital Feminino - Constitudo pelos ovrios, tubas uterinas, tero, vagina,

    vulva e mamas, responsvel pela produo do gameta feminino e hormnios femininos,

    assim como nutrio e proteo do embrio e do feto.

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    11) Sistema Neural - Formado pela parte central e parte perifrica responsvel pelo

    controle de todas as funes orgnicas.

    12) Sistema Endcrino - Constitudo pelas glndulas endcrinas, responsvel pela

    secreo dos hormnios.

    13) Sistema Circulatrio Linftico - Composto pela linfa, vasos linfticos, linfonodos e

    rgos linfides, responsvel pelo recolhimento do liquido intersticial e seu retorna corrente

    sangunea, assim como produo de clulas brancas do sangue.

    Alm dos sistemas mencionados vrios outros podem ser enumerados, tais como:

    sistema visual; sistema auditivo etc.

    1.3 - Terminologia Anatmica

    A terminologia anatmica consiste de uma linguagem comum utilizada por quem

    estuda anatomia. constituda por uma srie de termos especiais que denominam e localizam

    as estruturas anatmicas no organismo.

    Os termos utilizados possuem significados precisamente definidos que permitem uma

    comunicao clara e precisa entre estudiosos de diferentes idiomas.

    Para se chegar a uma terminologia anatmica adequada, foi criado um comit

    organizador denominado: Comit Internacional de Norma Anatmica (CINA), que por sua

    vez, criou uma srie de normas e regras, as quais so aceitas como leis, entre os anatomistas e

    estudiosos da Anatomia, assim como por toda a comunidade biomdica de todo o mundo.

    Assim a primeira regra a ser obedecida ao se nomear uma estrutura anatmica a

    proibio de se empregar Epnimos.

    Epnimos significa emprestar o prprio nome ou qualquer nome prprio para nomear

    uma estrutura anatmica. A razo disso que, em geral, o epnimo no sugere absolutamente

    nada sobre as caractersticas da estrutura nomeada, dificultando sobremaneira o seu estudo e

    aprendizagem. Assim, termos como trompa de Falpio; Saco de Douglas; Fscia de Skarpa

    e outros, no mais podero ser usados. O termo anatmico deveria iniciar o processo de

    esclarecimento sobre a estrutura. Trompa de Falpio passou a se chamar Tuba Uterina;

    Saco de Douglas, Escavao Uterina e assim por diante.

    Resolvida essa dificuldade, outras existiam a dificultar o perfeito entendimento da

    Anatomia. Por exemplo: como afirmar que o nariz superior boca? E se o individuo estiver

    deitado ou de cabea para baixo?

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    Foi necessrio criar e convencionar uma posio para o corpo ao se proceder qualquer

    descrio anatmica, a partir da qual, se passaria descrio de qualquer estrutura anatmica.

    Essa posio especifica denominada Posio Anatmica significa que o corpo est de

    p, com os calcanhares juntos e dedos afastados aproximadamente 45, palmas voltadas para

    frente e olhar fixo no horizonte.

    Assim, toda e qualquer descrio em Anatomia deve considerar o corpo nesta posio.

    Posio de Descrio Anatmica

    1.4 Planos e Eixos do Corpo Humano.

    Mesmo aps, estabelecida a Posio Anatmica, algumas dificuldades ainda

    permaneciam, no que se referia localizao de estruturas especificas no corpo. Foi

    necessrio criar e convencionar os Planos e Eixos do Corpo Humano.

    1.4.1 Planos Limtrofes do Corpo Humano

    Com o corpo humano previamente colocado na posio anatmica podem-se

    estabelecer quatro planos limtrofes neste corpo. como se o corpo fosse colocado em uma

    caixa retangular, esta caixa fosse preenchida com parafina liquida e aps a solidificao o

    bloco fosse retirado contendo includo nele o corpo na posio anatmica.

    A face superior do paraleleppedo constitui o Plano Limtrofe Superior ou Cranial (S);

    a face inferior, o Plano Limtrofe Inferior ou Caudal(I) ; a face posterior, o Plano Posterior

    ou Dorsal (P); a face anterior, o Plano Anterior ou Ventral (A), enquanto as faces laterais

    formam os Planos Limtrofes Direito e Esquerdo (D e E)

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    1.4.2 Eixos Imaginrios do Corpo Humano

    Estabelecidos os seis planos limtrofes, procede-se a unio dos centros dos planos

    opostos entre si, atravs de uma linha imaginria, denominada eixo. A unio dos planos

    superior com o inferior constitui o Eixo Longitudinal; O plano ventral com o dorsal

    constitui o Eixo Anteroposterior e finalmente a unio dos planos laterais entre si forma o

    Eixo Transversal.

    1.4.3 Planos de Seco do Corpo Humano

    Conhecidos os trs eixos, podem-se deslocar uns sobre os outros como se fossem

    lminas cortantes, estabelecendo Planos de Seco sobre o bloco e consequentemente

    sobre o corpo.

    Assim, o deslocamento do eixo longitudinal sobre o eixo anteroposterior e vice-versa

    forma um plano de seco que passa exatamente pela linha longitudinal mdia do corpo. Esse

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    plano denominado Plano Longitudinal Mediano ou Plano Sagital que divide o corpo

    em metade direita e metade esquerda denominadas Antmeros. Qualquer plano paralelo ao

    Plano Sagital denominado Plano Paramediano ou Parasagital.

    Por seu lado, o deslocamento do Eixo Transversal sobre o Eixo Longitudinal e vice-

    versa estabelece um plano de seco que passa atravs da sutura Frontoparietal ou Coronal

    denominado Plano Frontal ou Plano Coronal. O Plano Coronal divide o corpo em parte

    anterior e parte posterior denominadas Paqumeros. Qualquer plano paralelo ao Plano

    Frontal denominado Parafrontal ou Paracoronal

    Finalmente, o deslocamento do Eixo Transversal e do Eixo Anteroposterior um sobre o

    outro ir determinar o Plano Transversal que divide o corpo em partes, superior e parte

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    inferior denominadas Metmeros. Os respectivos planos paralelos so denominados Planos

    Paratransversais.

    Em relao aos membros deve-se considerar o eixo longitudinal do prprio membro e

    no o eixo do corpo.

    1.5 - Termos para designar a posio e a direo das estruturas anatmicas

    Os planos e eixos do corpo humano so os mais importantes pontos de referncia no

    estudo da Anatomia. Todos os rgos e estruturas so localizados e muitas vezes nomeados

    levando-se em conta esses planos e eixos.

    Assim, o conhecimento dos trs planos bsicos de seco de fundamental importncia

    para localizar, nomear e descrever estruturas anatmicas no organismo.

    Uma srie de termos anatmicos estabelecidos a partir dos planos de seco designa a

    posio e a direo das estruturas anatmicas e uma srie de outros termos pode indicar

    movimento das mesmas estruturas.

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    Desta forma, uma estrutura superior em relao outra quando est mais prxima do

    plano limtrofe superior e inferior quando est mais prxima do plano inferior ou mais

    longe do plano superior; Mediano quando est sobre o plano sagital; Medial, mais prxima

    do plano sagital; Lateral, mais longe do plano sagital; Intermdio, entre uma lateral e outra

    medial; Posterior, mais prximo do plano posterior; Anterior, prximo ao plano anterior;

    Cranial, o mesmo que superior; Caudal, mesmo que inferior; Proximal, mais prximo da raiz

    do membro; Distal, mais longe da raiz do membro; Superficial, mais prximo da superfcie;

    Profundo, mais longe da superfcie; Interno, no interior de uma cavidade; Externo, fora de

    uma cavidade; Ipsilateral, do mesmo lado; Contralateral, do lado oposto.

    1.6 - Termos que designam movimentos de seguimentos corporais

    Uma srie de termos foi criada, especificamente, para dar a idia de movimentao de

    uma parte do corpo em relao outra, principalmente envolvendo as articulaes.

    Flexo significa a movimentao de um segmento corporal sobre outro, causando a

    diminuio do ngulo entre ambas.

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    Alguns movimentos de flexo so convencionais, pois no indicam claramente essa

    mudana de ngulo, por exemplo, a flexo da coxa o movimento de levar a coxa para

    frente, assim como a flexo do brao.

    Extenso, movimento oposto flexo, enquanto a flexo diminui o ngulo, a extenso o

    aumenta.

    Igualmente, alguns movimentos de extenso so convencionais como no caso da

    extenso da coxa e do brao que significa levar para trs.

    Abduo e Aduo: o movimento de abduo indica o afastamento do segmento

    corporal em relao ao plano sagital, enquanto o movimento oposto de aproximao

    aduo.

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    Em relao aos dedos da mo e do p, considera-se como plano de referncia o

    longitudinal do membro e no o sagital mediano. Nesse caso, quando se movimentam os

    dedos para longe do corpo, tem-se uma abduo lateral, e para perto do corpo uma abduo

    medial. A aduo a aproximao dos dedos em relao ao plano mediano do membro.

    Abduo Aduo

    Rotao - um movimento giratrio do segmento sobre seu maior eixo. O movimento

    de um membro na direo do plano sagital Rotao Medial e na direo oposta Rotao

    Lateral.

    Pronao e Supinao: So movimentos giratrios do antebrao sobre si mesmo, ao nvel

    do cotovelo. Sendo a pronao, o movimento medial, no qual a palma da mo fica voltada para o

    solo, se o membro estiver fletido ou voltado para frente e o corpo estiver na posio anatmica.

    O movimento de supinao aquele que desfaz a pronao.

    Em medicina, principalmente em medicina legal, frequentemente se usa o termo

    pronado quando o corpo est em decbito ventral (deitado de bruos) e supinado,

    quando em decbito dorsal (deitado de costas).

    Circundao: o movimento especifico de um membro sobre a articulao que o

    prende ao tronco, cujo resultado descreve um cone, com seu vrtice na articulao e sua base

    na extremidade do membro. Na verdade, a circundao a somatria dos movimentos de:

    aduo, abduo, flexo e extenso do membro.

    Inverso e Everso: So movimentos dos ps nos onde a inverso significa voltar a

    planta do p medialmente e a everso lateralmente.

    Outros termos menos comuns podem ser utilizados, alguns dos quais: Oposio, Levar

    o polegar contra outro dedo; Reposio, Retornar o polegar da oposio para normal;

    Protuso, Movimento da mandbula para frente; Retruso: Movimento da mandbula para

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    trs; Elevao, Levantamento do ombro; Depresso, Abaixamento do ombro; Dorsiflexo,

    Flexo superior do p (contra a perna) Flexo Plantar, Flexo inferior do p.

    1.7 - Como estudar Anatomia?

    No h uma resposta satisfatria para tal pergunta. Frequentemente considera-se a

    aprendizagem da Anatomia como uma questo de pura memria. Ledo engano! muito mais

    fcil entender a Anatomia do que tentar memorizar uma srie de detalhes.

    muito importante frisar que o mais importante uma viso geral e no mincias

    envolvidas em casos clnicos ou biolgicos especficos.

    A Anatomia uma cincia visual e tctil por excelncia e, portanto, aprend-la requer

    observao cuidadosa e repetida, alm de manusear cuidadosamente as peas anatmicas ou

    o cadver.

    O estudo principal deve ser feito no laboratrio de dissecao onde possvel repetir o

    manuseio das peas anatmicas, quantas vezes forem necessrias.

    No to importante decorar os nomes das estruturas ou saber descrev-las, mas sim

    conseguir construir aquela imagem global que pode ser vista na mente.

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    Manuais e Atlas so de grande valia no laboratrio, na ajuda para se compreender as

    estruturas, porm devem ser utilizados como auxiliares perante o cadver e nunca substitu-

    lo. mais fcil compreender as estruturas anatmicas quando j fizemos uma leitura prvia a

    seu respeito.

    Entre os mais diversos mtodos de estudo, a dissecao parece ocupar lugar de

    destaque. Dissecar um cadver um ato semelhante desmontagem do motor de um

    automvel, pelo mecnico, observar e estudar cada pea e depois remontar o motor, com a

    diferena de que na dissecao do cadver no possvel remonta-lo, mas sim imagina-lo e

    pensar cada estrutura ou rgo em sua posio e forma normais.

    Entre os diversos mtodos de estudo da Anatomia, alm da dissecao, via magna,

    citam-se: Observao; palpao; auscultao; RX; Tomografia; Ressonncia magntica;

    Ultrassonografia e muitos outros, a maioria dos quais utilizada no estudo da Anatomia do

    vivente, principalmente pelos mdicos.

    1.8 - Fatores Gerais de Variao

    Os conceitos de Variabilidade e Normalidade em Anatomia so de fundamental

    importncia para a compreenso da Anatomia normal e ou Anormal. Qualquer estrutura

    anatmica, por mais frequente que seja est sujeita a uma possvel fuga daquilo que normal.

    Assim alguns conceitos importantes devem ser discutidos aqui.

    Normalidade - At pouco tempo atrs uma estrutura anatmica para ser considerada

    Normal deveria aparecer com as mesmas caractersticas em pelo menos 75% dos casos,

    mas hoje, uma estrutura anatmica considerada normal quando est presente com as

    mesmas caractersticas na maioria dos casos. Ex: corao no antmero esquerdo; uma artria

    renal de cada lado.

    Variabilidade uma estrutura considerada uma Variao Anatmica quando est fora

    dos padres normais, porm as alteraes presentes no interferem em seu funcionamento.

    Ex: dextrocardia, artrias renais duplas no mesmo rim.

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    Anomalia uma variao um pouco mais profunda, a ponto de interferir no

    funcionamento da estrutura ou rgo. Ex: Polidactilia

    Monstruosidade uma anomalia to profunda que se torna incompatvel com a vida.

    Ex: anencefalia.

    Alguns fatores interferem nas caractersticas anatmicas do corpo, produzindo

    diferenas entre indivduos da mesma espcie. Os principais fatores gerais de variao

    anatmica so:

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    Sexo: para um bom observador basta olhar para duas pessoas de sexo diferentes para

    que se perceba uma srie de diferenas anatmicas inerentes a cada sexo.

    Idade: um outro fator geral de variao anatmica importante, pois, muitas

    caractersticas anatmicas s se manifestam em determinadas fases do desenvolvimento

    etrio. Criana, pbere, adulto e velho.

    Grupo tnico: Embora hoje se possa considerar, em termos globais, uma nica raa

    humana, em algumas partes do mundo as pessoas exibem caractersticas muito especficas

    (Oriente, frica) nos quais mesmo que as estruturas sejam as mesmas, estas possuem

    caractersticas tpicas (cor, tipo de cabelo, tipo de olho).

    Bitipo: bitipo quer dizer o jeito fsico-biolgico de cada indivduo. Desta forma,

    existem os indivduos altos, magros e esguios, com membros e tronco longos, os quais so

    denominados longelneos (ectomorfos)

    Longelneo Mediolneo Brevelneo

    No outro extremo esto as pessoas baixas, atarracadas, cujo tronco, membros e pescoo so

    curtos; estes so os indivduos denominados brevelneos (endomorfos). Todos os indivduos

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    cujas caractersticas fsicas esto entre estes dois extremos so denominados mediolneos

    (mesomorfos) Os indivduos mediolneos constituem a grande maioria das pessoas. A forma

    e a posio de muitas estruturas so tpicas de acordo com o bitipo.

    1.9 - Outros Conceitos Bsicos Importantes

    Alm dos conceitos j vistos, existem outros de grande importncia para que se possa

    compreender o estudo da Anatomia:

    Analogia rgos anlogos so aqueles que possuem origem embrionria diferente,

    porm, a mesma funo. Ex: Asa do morcego X Asa do inseto.

    Homologia rgos homlogos so aqueles que possuem a mesma origem

    embrionria, porm, suas funes so diferentes. Ex: pnis X clitris.

    rgos Transitrios so rgos que nascem, se desenvolvem, atingem um mximo e

    depois atrofiam e por vezes, at desaparecer por completo. Ex: Placenta.

    rgos Rudimentares tambm so rgos que atingem seu mximo desenvolvimento

    e depois atrofiam deixando resqucios. Ex: ducto arterioso X ligamento arterioso.

    1.10 - Conformao e Diviso do Corpo Humano (CH)

    Com finalidade didtica pode-se dividir o corpo humano em segmentos como:

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    1.11 - Nveis de Organizao do Corpo Humano

    O corpo humano apresenta uma organizao de altssima complexidade para que os

    milhares de funes possam ser adequadamente realizadas no sentido de manter a

    homeostasia.

    Essa organizao complexa pode ser identificada em 8 nveis estruturais: qumico,

    molecular, celular, tecidual, orgnico, sistmico, de aparelhos e organismo.

    Qumico: O nvel qumico representado pelos tomos que so considerados a unidade

    morfolgica da matria viva.

    Molecular: Cada molcula constituda por dois ou mais tomos especificamente

    ligados entre si. As molculas so capazes de realizar funes simples.

    Nvel celular: no nvel celular de organizao do corpo humano, que constitudo pelos

    diversos tipos de clulas, as molculas se agrupam em quantidade e de forma especifica para

    originar as organelas e estas as clulas. Todas as clulas vivas possuem componentes

    semelhantes, quais sejam as organelas, as membranas etc. Cada clula est adaptada para

    desempenhar uma funo especfica considerada simples, porm, mais complexas do que

    aquelas realizadas pela molcula.

    Nvel tecidual: no corpo humano existem funes de diferentes nveis de

    complexidades. Uma funo um pouco mais complexa, no pode ser realizada apenas por

    uma nica clula. Desta forma, clulas semelhantes unem-se para formar um tecido, que por

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    sua vez pode desempenhar uma funo mais complexa com sucesso (tecido muscular, neural,

    epitelial, etc.).

    Nvel Orgnico: uma funo, ainda mais complexa do que a anterior, no pode ser

    resolvida por um nico tipo de tecido, assim, dois ou mais tecida se juntam em quantidade e

    de forma especifica para formarem um rgo, (nvel orgnico) o qual, por seu lado, pode

    cumprir com sucesso a funo proposta (corao, estmago, rins, etc.).

    Cada rgo formado pelos quatro tipos de tecidos do corpo humano, conjuntivo,

    muscular, neural e epitelial, dispostos em quantidade e formas especificas em cada rgo, em

    conformidade com a funo a ser desempenhada.

    Nvel Sistmico: funes muito complexas envolvem a atividade de vrios rgos, os

    quais se agrupam, de forma especfica, formando os sistemas, que por seu lado, podero

    atender esta funo complexa. Ex.: a funo de nutrio do corpo por si s, um processo

    complexo, onde vrios rgos se juntam cada um desempenhando funes bem especificas e

    mais simples, mas a somatria de vrias destas funes completa uma funo maior que a

    alimentao.

    Nvel de Aparelhos: A mxima complexidade funcional alcanada, por exemplo, na

    locomoo, onde vrios sistemas esto diretamente envolvidos, formando um aparelho o

    exemplo mais claro o aparelho locomotor constitudo pelos sistemas esqueltico, muscular

    e articular, alm de outros sistemas como o circulatrio e o neural que participam

    indiretamente.

    Para muitos Autores existe superposio de significados nos conceitos de Sistema e

    Aparelho sendo que alguns os consideram a mesma coisa, no entanto no nosso ponto de

    vista, acreditamos que devam ser considerados separadamente. Nos sistemas embora haja a

    participao de vrios outros componentes, esta indireta, mas no aparelho, o

    comportamento diferente, vrios sistemas participam diretamente. Por exemplo: no sistema

    digestrio os rgos so prprios do sistema, todavia ocorre a participao indireta do

    sistema neural e do circulatrio, j o aparelho locomotor formado por trs sistemas

    prprios: esqueltico, articular e muscular e ainda a participao indireta do circulatrio e do

    neural.

    1.12 - Principais Sistemas do Corpo Humano

    O corpo humano constitudo por 12 sistemas principais, cada um constitudo por

    diferentes rgos especificamente dispostos para realizarem uma funo especfica:

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    Tegumentar: Pele e anexos

    Esqueltico: ossos, cartilagens e outros tecidos

    Articulaes: continuas e contguas

    Muscular: tecido muscular e anexos

    Neural: parte central e parte perifrica

    Endcrino: todas as glndulas de secreo interna

    Cardiovascular: Corao e vasos sanguneos

    Linftico: Vasos linfticos, linfonodos e outros tecidos

    Respiratrio: pulmes e vias aerferas

    Digestrio: canal alimentar e rgos anexos

    Urinrio: rins e vias urinferas

    Reprodutor: gnadas e rgos associados

    Alm desses sistemas considerados, anatomicamente, mais importantes, mas apenas

    anatomicamente, existem outros menos expressivos como o sistema lacrimal, sistema biliar e

    assim por diante, so possveis de identificao infinitos sistemas no corpo humano.

    1. 13 - Principais Cavidades do Corpo Humano

    O corpo humano possui duas grandes cavidades, uma ventral ou visceral e uma dorsal

    ou neural.

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    Ambas as cavidades podem ser subdividas em cavidades menores, assim a cavidade

    visceral pode ser subdividida em cavidade abdominal e cavidade torcica, separadas pelo

    diafragma e cujo contedo de ambas denominado vsceras, enquanto a cavidade dorsal ou

    neural pode ser subdividida em cavidade craniana e cavidade ou canal vertebral, ambas

    alojam os sistema neural.

    Ainda no interior de cada cavidade podem-se identificar cavidades menores, as quais

    so, s vezes, tratadas como fossas. (fossas do crnio, fossas da cavidade plvica, etc.).

    1.14 - Quadrantes e Regies do Corpo Humano

    Para facilitar a localizao e descrio correta dos rgos e estruturas anatmicas o

    corpo humano pode ser subdivido em reas ou regies. Uma diviso mais simples e geral

    obtida pelo cruzamento de duas linhas imaginrias, a horizontal na altura do umbigo e a

    longitudinal no plano sagital, com isso o corpo fica subdividido em quatro quadrantes:

    superior direito e esquerdo; inferior direito e esquerdo.

    1- Hipocndrio direito; 2-Epigstrio; 3- Hipocndrio esquerdo; 4 Lombar direita 5-

    Umbilical; 6- Lombar esquerda; 7- Inguinal direita; 8- Pbica; 9- Inguinal esquerda

    Uma diviso um pouco mais acurada utiliza duas linhas longitudinais que coincidem

    com o plano mdio-clavicular de cada antmero e outras duas linhas transversais, a superior

    ou subcostal localizada logo abaixo do arco costal e a linha inferior ou transtubercular que

    tangencia o ponto mais alto da crista ilaca.

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    Essas quatro linhas dividem o tronco em nove regies: hipocondracas direita (1) e

    esquerda (3), epigstrica (2), lombares, direita (4) e esquerda (6), umbilical (5), inguinais

    direita (7) e esquerda (9) e hipogstrica (pbica) (8). Essas nove regies permitem a

    localizao topogrfica de rgos, com maior preciso. Cada uma dessas regies pode ser

    subdividida conforme o interesse: clavicular, subclavicular, mamria, mamilar, etc.

    1.15 - Posio Relativa dos rgos

    De acordo com os planos limtrofes, planos de seco e regies do corpo humano torna-

    se possvel localizar com bastante preciso os rgos e estruturas anatmicas do corpo

    humano, todavia nem todos possuem uma posio fixa, podendo esta variar dentro de limites

    relativos.

    A descrio e posicionamento de rgos no corpo humano sempre levam em conta a

    relao com outros rgos ou com pontos de referncia denominados pontos de referncia

    ou pontos de reparo anatmicos.

    O conhecimento geral da posio relativa dos rgos de fundamental importncia para

    se ter uma ideia da construo geral do corpo.

    INTRODUO AO ESTUDO DA FISIOLOGIA

    Ao longo de toda a sua histria, talvez, a busca mais constante dos seres humanos seja

    entender como o seu corpo formado e como ele funciona. Essa busca adquire maior

    importncia ainda, quando o interesse , por exemplo, tratar uma doena.

    Qualquer interveno sobre o corpo exige antes de tudo, o conhecimento deste corpo

    normal e saudvel, seja de sua organizao anatmica ou da forma como as estruturas

    funcionam.

    Enquanto a Anatomia cuida da organizao estrutural do corpo, a fisiologia tenta

    explicar o funcionamento das estruturas e sistemas.

    O termo Fisiologia foi utilizado por Aristteles (384-322 aC) exatamente como

    hoje, no sentido de explicar ou descrever o funcionamento dos organismos vivos.

    Funo e Processo Fisiolgico - A funo um evento que explica ou tenta explicar por

    que os rgos e estruturas funcionam, ou seja, para que as estruturas anatmicas existem.

  • 21

    O Processo Fisiolgico explica o mecanismo pelo qual a funo ocorre, ou seja, como

    ocorre.

    Homeostase - A homeostase ou equilbrio o objetivo fim da fisiologia, ou seja, a

    funo dos rgos e sistemas, a manuteno do equilbrio interno e ou externo por meio de

    ajustes e reajustes.

    A maioria das clulas vivas toleram apenas uma faixa muito estreita de variabilidade e

    qualquer fuga, um pouco maior, deve ser reajustada, atravs das funes.

    Conceitos Bsicos em Fisiologia

    Alguns conceitos gerais so fundamentais para que se possa compreender a fisiologia e

    os sistemas fisiolgicos.

    Homeostase e Sistema de Controle o corpo vivo enfrenta constantemente uma srie de

    variaes ou fugas da normalidade ou homeostase, cujo retorno ou ajustes so

    responsabilidade da funo do rgo. A funo e o processo fisiolgico so regulados por um

    sistema de controle que monitora as variveis e promove o reajuste que envolve: A Deteco

    da varivel que consiste na identificao da varivel; Um Controlador que analisa e processa

    a varivel; Uma resposta adequada, nascida a partir do processamento da varivel.

    A maior parte dos sistemas de controle envolve processos muito complexos uma vez

    que no est restrito a um nico sistema.

    Energia Biolgica os processos biolgicos em geral requerem direta ou indiretamente

    energia biolgica, cuja modalidade o ATP, produzido no prprio corpo, a partir do alimento

    e oxignio.

    Estrutura e Funo A estrutura anatmica e a funo esto intimamente relacionadas

    de tal forma que a estrutura de um rgo a imagem plstica da funo, assim, a estrutura

    anatmica pode ajustar-se morfologicamente funo que desempenha. As molculas vivas

    possuem a capacidade de se organizarem ou reorganizarem em conformidade com a funo.

    O corpo vivo, embora uno, est separado ou subdividido em reas ou compartimentos

    que possibilitam a uma clula, tecido ou rgo especializar-se em determinada funo. Assim,

    por exemplo, as membranas isolam as organelas que desempenham funes especficas.

    Sistema de intercomunicao - As clulas vivas de um corpo necessariamente se

    comunicam entre si por meio de um fluxo bidirecional de informaes, permitindo que uma

    funo possa envolver vrios tecidos ou rgos formando os sistemas.

  • 22

    A maioria dos eventos fisiolgicos pode ser representada por meio de grficos, os quais

    so construdos quando os dados so plotados em um espao retangular no qual, a varivel

    independente marcada no eixo horizontal e a varivel dependente na vertical.