1 ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE … · PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS...

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1 ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO LOCAL BRENA DE CASTRO COSTA AVALIAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL, HÁBITOS DE VIDA E FATORES ASSOCIADOS DA POPULAÇÃO RURAL DE ANCHIETA(ES): CONTRIBUIÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE AÇÕES SOCIAIS E DE SAÚDE VITÓRIA / ES 2013

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA

DE VITÓRIA - EMESCAM

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS E

DESENVOLVIMENTO LOCAL

BRENA DE CASTRO COSTA

AVALIAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL, HÁBITOS DE VIDA E FATORES

ASSOCIADOS DA POPULAÇÃO RURAL DE ANCHIETA(ES): CONTRIBUIÇÕES

PARA ELABORAÇÃO DE AÇÕES SOCIAIS E DE SAÚDE

VITÓRIA / ES

2013

2

BRENA DE CASTRO COSTA

AVALIAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL, HÁBITOS DE VIDA E FATORES

ASSOCIADOS DA POPULAÇÃO RURAL DE ANCHIETA(ES): CONTRIBUIÇÕES

PARA ELABORAÇÃO DE AÇÕES SOCIAIS E DE SAÚDE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Políticas Públicas e

Desenvolvimento Local da Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia de

Vitória - EMESCAM, como requisito parcial para

obtenção do grau de mestre em Políticas

públicas e Desenvolvimento local.

Orientador: Prof . Dr. Hebert Wilson Santos Cabral

VITÓRIA / ES

2013

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BRENA DE CASTRO COSTA

AVALIAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL, HÁBITOS DE VIDA E FATORES

ASSOCIADOS DA POPULAÇÃO RURAL DE ANCHIETA(ES): CONTRIBUIÇÕES

PARA ELABORAÇÃO DE AÇÕES SOCIAIS E DE SAÚDE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e

Desenvolvimento Local da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de

Vitória - EMESCAM, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Políticas

públicas e Desenvolvimento local.

Aprovada em .24... . de .. . . . . . .ABRIL... . . . . .. . . de 2013

BANCA EXAMINADORA

. . . . . . .. . . . .. . . . .. . . . .. . . . . .. .. . . . . . .. . . . .. . . . .. . . . .. . . . . .. .. . . . . . .. . . . .. . . . .. . . . .. .

Prof. Dr. Hebert Wilson Santos Cabral

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória -

EMESCAM

Orientador

............................................................................................................

Prof. Dr. César Albenes de Mendonça Cruz

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória -

EMESCAM

............................................................................................................

Profª. Drª. Luciane Bresciani Salaroli

Universidade Federal do Espírito Santo

4

AGRADECIMENTOS

A Deus, por mais essa conquista.

Aos meus pais, pelo apoio, confiança e incentivo. Amo vocês!

Ao meu irmão e ao Guilherme por sempre acreditarem que tudo ia dar

certo.

Ao meu orientador, pelos ensinamentos, dedicação, confiança, incentivo,

conselhos e por me guiar, desde o primeiro momento, sendo fundamental

na construção desse projeto. De todo o coração, muito obrigada!

A toda equipe do mestrado que, de certa forma, contribuiu muito para

realização da pesquisa.

A Luciane, que me acompanhou desde a graduação até o mestrado. Suas

considerações foram fundamentais para o andamento do estudo.

A todo o pessoal de Anchieta, pela imensa ajuda na coleta de dados.

A Alana, em especial, pela amizade, dedicação, parceria, direcionamento

e conselhos. Muito obrigada!

A Marluci, pela dedicação, empenho e considerações valiosas.

5

RESUMO

Este estudo teve como objetivo a análise das características sociais demográficas, da

prática de atividade física, dos hábitos alimentares, dos tipos de alimentos consumidos e

do tabagismo em uma população rural de Anchieta-ES, buscando propor ações e

políticas voltadas para o desenvolvimento da população rural de Anchieta. Após cálculo

amostral prévio realizado por consultor estatístico estimou-se uma amostra de no

mínimo 160 indivíduos, residentes na área rural de Anchieta, que foram

selecionados no período de 14 a 30 de agosto de 2012 e que consentiram em

participar do estudo. Para isso, buscou-se descrever o perfil relacionado às

características sociais demográficas, a prática de atividade física, aos hábitos

alimentares, aos tipos de alimentos consumidos e ao tabagismo, correlacionando com

dados nutricionais, por meio de índice de massa corporal e circunferência da cintura.

Para atingir os objetivos foi realizada a avaliação antropométrica (IMC, CC, CB) e a

aplicação de três questionários. Os resultados revelaram que 40,6% da amostra

encontram-se sobrepeso e 22,5% obesos; 47,5% apresentam-se com risco aumentando

para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e 33,8% estão com risco muito

aumentado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Em relação à prática

de atividade física, quase 100% da amostra não pratica nenhum tipo de exercício. No que

se refere aos hábitos alimentares, a ingestão de frutas e hortaliças, leite e derivados é

baixa, já o açúcar adicionado, a fritura, os carboidratos, como arroz e macarrão, são

consumidos com maior frequência. Após análise dos resultados, constatou-se que, no

meio rural de Anchieta, é fundamental a adoção de estratégias, por meio de políticas

sociais, para redução do consumo de carne com gordura visível, consumo regular de

refrigerante, aumento da ingestão de frutas e hortaliças, prática de atividade física,

controle com excesso de peso, tabagismo e consumo de bebida alcoólica, para

prevenção dos novos casos de obesidade e de outras doenças crônicas não

transmissíveis.

Palavras-chave: Hábitos alimentares. Meio rural. Sobrepeso e obesidade. Políticas

sociais.

6

ABSTRACT

This study aimed to analyze the social demographic characteristics, the practice of

physical activity, eating habits, the types of foods consumed and the smoking in a rural

population of Anchieta-ES, seeking propose actions and policies directed at the

development of the rural population of Anchieta. After previous sample calculation

performed by statistical consultant estimated a sample of at least 160 individuals,

residents in the rural area of Anchieta, which were selected in the period of August 14-30,

2012 and who consented to participate in the study. For this reason, we sought to

describe the profile related to social demographic characteristics, the practice of physical

activity, eating habits, the types of foods consumed and smoking, correlating with

nutritional data, by means of body mass index and waist circumference. To achieve the

objectives was performed anthropometric assessment (BMI, WC, CB) and the application

of three questionnaires. The results showed that 40.6% of the sample are overweight and

22.5% obese; 47.5% present with increasing risk for the development of cardiovascular

diseases and 33.8% are with very increased risk for the development of cardiovascular

diseases. In relation to the practice of physical activity, almost 100% of the sample did not

practice any type of exercise. As far as the eating habits, the intake of fruits and

vegetables, milk and dairy products is low, since the added sugar, frying, carbohydrates,

such as rice and pasta, are consumed with greater frequency. After analysis of the results,

it was found that, in the rural environment of Anchieta, is fundamental to the adoption of

strategies, by means of social policies, in order to reduce the consumption of meat with

visible fat, regular consumption of soft drinks, increased intake of fruit and vegetables,

physical activity practice, control with excess weight, smoking and alcohol consumption,

for the prevention of new cases of obesity and other chronic non-communicable diseases.

Keywords: Eating habits. Rural Environment. Overweight and obesity. Social policies.

7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Classificação do IMC para adultos ...................................... 62

Tabela 2 - Estado nutricional segundo circunferência do braço ............ 64

Tabela 3 - Medidas antropométricas .................................................. 69

Tabela 4 - Dados sociodemográficos 1 ............................................... 71

Tabela 5 -

Tabela 6 -

Dados sociodemográficos 2 ...............................................

Características da atividade física..................................................

73

75

Tabela 7 - Dados dos hábitos alimentares (grupo das hortaliças,

leguminosas e frutas) .........................................................

77

Tabela 8 - Dados dos hábitos alimentares (grupo das hortaliças,

leguminosas e frutas) (continuação) ........................................

78

Tabela 9 - Dados dos hábitos alimentares (grupo dos óleos, gorduras

e açúcares) .......................................................................

80

Tabela 10 - Dados dos hábitos alimentares (grupo dos óleos, gorduras

e açúcares) (continuação) ....................................................

81

Tabela 11 - Dados dos hábitos alimentares (grupo do leite e produtos

lácteos) .............................................................................

82

Tabela 12 - Dados dos hábitos alimentares (grupo dos pães, cereais e

tubérculos) ........................................................................

84

Tabela 13 - Dados dos hábitos alimentares (grupo das carnes, ovos e

embutidos) ........................................................................

85

Tabela 14 - Dados dos hábitos alimentares (grupo das bebidas) ........... 86

Tabela 15 - Dados da prática do tabagismo .......................................... 87

Tabela 16 - Correlações dos dados nutricionais por meio de medidas

antropométricas relativas a dados sociodemográficos .........

88

Tabela 17 - Correlações dos dados nutricionais por meio de medidas

antropométricas relativas à prática de atividade física ........

89

Tabela 18 - Correlações dos dados nutricionais por meio de medidas

antropométricas relativas à prática do tabagismo e hábitos

alimentares .................. ......................................................

90

8

LISTA DE SIGLAS

CARMEN - conjunto de ações para redução multifatorial das enfermidades

não transmissíveis

CC - medida de circunferência da cintura

DANT - doenças e agravos não transmissíveis

DCNT - doenças crônicas não transmissíveis

FAO - Food and Agriculture Organization

FUNRURAL - Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC - índice de massa corporal

INCA - Instituto Nacional de Câncer

INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão

Rural

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

OMS - Organização Mundial de Saúde

PAS - promoção da alimentação saudável

PNPS - Política Nacional de Promoção da Saúde

POF - pesquisa de orçamento familiar

PRONAF - programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar

QFCA - questionário de frequência do consumo alimentar

VBP - valor bruto de produção

VET - valor energético total

VIGITEL - vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas

por inquérito telefônico

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 11

2 OBJETIVOS ..................................................................................... 14

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................ 14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................. 14

3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................... 15

3.1 GENERALIDADES DO LOCAL ................................................................. 15

3.1.1 Características Regionais .............................................................. 15

3.1.2 Das Mudanças Sociais e Trabalhistas ........................................... 17

3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL ................... 24

3.2.1 Da Agricultura Familiar em Anchieta ............................................. 29

3.3 DA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA ................................. 31

3.4 DAS RELAÇÕES CAMPO E CIDADE ........................................................ 35

3.5 DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DE ANCHIETA ......................................... 38

3.5.1 A Pesca ........................................................................................... 38

3.6 DO IMPACTO DA MODERNIZAÇÃO DO MEIO RURAL E A TRANSIÇÃO NUTRICIONAL

......................................................................................

40

3.6.1 A Epidemia do Excesso de Peso e Obesidade ............................. 44

3.7 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ................................................... 47

3.8 DA AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR .............................................. 50

3.9 DO MODELO DE ATENÇÃO EM SAÚDE PARA DOENÇA CRÔNICA NÃO TRANSMISSÍVEL

..................................................................................

52

3.9.1 Da Política Social em Anchieta ...................................................... 55

3.9.2 Dos Dez Passos para uma Alimentação Saudável Elaborados pelo Ministério da Saúde

................................................................

56

4 MATERIAS E MÉTODOS ................................................................. 59

4.1 SELEÇÃO AMOSTRAL ........................................................................... 59

4.1.2 Local ................................................................................................ 60

4.2 MÉTODO ............................................................................................ 60

4.2.1 Instrumentos ................................................................................... 61

4.2.2 Circunferência da Cintura .............................................................. 62

4.3 APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS ......................................................... 64

4.3.1 Questionário 1 ............................................................................... 65

4.3.2 Questionário 2 ............................................................................... 66

4.3.3 Questionário 3 ................................................................................ 66

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA .......................................................................... 67

5 RESULTADOS ................................................................................. 68

5.1 DOS PERFIS ESTUDADOS ..................................................................... 68

5.1.1

5.1.2

Das medidas antropométricas........................................................

Das características Sociais e Demográficas da Amostra ............

68

70

5.1.3 Das Características Relativas à Atividade Física da Amostra ..... 74

10

5.1.4 Das Características Relativas aos Hábitos Alimentares e Tipo de Alimentos Consumidos ............................................................

76

5.1.5 Das Características Relativas aos Hábitos de Tabagismo da Amostra ..........................................................................................

87

5.2 DAS CORRELAÇÕES MÚLTIPLAS REALIZADAS ......................................... 88

5.2.1 Das Correlações do IMC e CC com os Dados Sociodemográficos

.........................................................................

88

5.2.2 Das Correlações do IMC e CC com à Prática de Atividade Física 89

5.2.3 Das Correlações do IMC e CC com à Prática do Tabagismo e Hábitos Alimentares .......................................................................

90

5.3 DAS AÇÕES PROPOSTAS COM BASE NOS PRINCIPAIS RESULTADOS ......... 91

6 DISCUSSÃO .................................................................................... 92

6.1 DAS CARACTERÍSTICAS SOCIAIS DEMOGRÁFICAS DA AMOSTRA ............... 92

6.2 DAS CARACTERÍSTICAS RELATIVAS À ATIVIDADE FÍSICA DA AMOSTRA ...... 96

6.3 DAS CARACTERÍSTICAS RELATIVAS AOS HÁBITOS ALIMENTARES E ALIMENTOS CONSUMIDOS DA AMOSTRA

.................................................

99

6.3.1 Grupo das Hortaliças, Leguminosas e Frutas .............................. 99

6.3.2 Grupo dos Óleos, Gorduras e Açúcares ...................................... 102

6.3.3 Grupo do Leite e Produtos Lácteos ............................................... 105

6.3.4 Grupo dos Pães, Cereais e Tubérculos ......................................... 107

6.3.5 Grupo da Carne, Ovos e Embutidos .............................................. 109

6.3.6 Grupo das Bebidas ......................................................................... 112

6.4 DAS CARACTERÍSTICAS RELATIVAS AOS HÁBITOS DE TABAGISMO DA AMOSTRA

...........................................................................................

114

6.5 DAS CORRELAÇÕES DO IMC E DO CC ................................................... 115

6.5.1 Das Correlações com os Dados Sociodemográficos ................... 115

6.5.2 Das Correlações com a Prática de Atividade Física ..................... 116

6.5.3 Das Correlações com a Prática de Tabagismo e Hábitos Alimentares .....................................................................................

117

6.6 DAS POLÍTICAS SOCIAIS E AÇÕES PROPOSTAS COM BASE NOS RESULTADOS DO PRESENTE ESTUDO

....................................................

118

7 DOS RISCOS PARA A POPULAÇÃO RURAL DE ANCHIETA ........ 121

8 CONCLUSÕES ................................................................................ 122

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 123

APÊNDICES....................................................................................................... 136

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................... 137

APÊNDICE B - Questionário Sobre os Dados Socioeconômicos, a Prática de Atividade Física e os Hábitos

Alimentares ..............................................

138

APÊNDICE C - Como Está a Sua Alimentação? ............................................ 141

APÊNDICE D - Questionário de Frequência Alimentar ................................. 144

ANEXOS............................................................................................................. 147

ANEXO A - Avaliação Antropométrica ........................................................... 148

ANEXO B - Classificação da circunferência da cintura de acordo com o sexo para adultos e idosos

caucasianos .......................................................

149

ANEXO C - Tabela de Percentis da Circunferência do Braço ...................... 150

11

1 INTRODUÇÃO

A promoção da saúde é uma das estratégias para buscar a melhoria da

qualidade de vida da população. É definida como o processo de

capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de

vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo

(BRASIL, 2005). A elaboração e implementação de políticas públicas, a

criação de ambientes favoráveis à saúde, o reforço da ação comunitária, o

desenvolvimento de habilidades pessoais e a reorientação do sistema de

saúde são os principais campos de atenção à promoção a saúde (BUSS,

2000).

Dentre as medidas de promoção a saúde destaca-se a promoção de

práticas alimentares balanceadas, que se constitui numa estratégia de vital

importância para o enfrentamento dos problemas alimentares e nutricionais

do contexto atual (BRASIL, 2006b).

A promoção da alimentação saudável (PAS) é um meio estratégico da

Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), que confirma o

compromisso do Ministério da Saúde na ampliação e qualificação das

políticas públicas, interligando as diversas áreas do setor sanitário e outros

setores de governo, os setores privados e não governamental, assumindo

compromissos com a qualidade de vida da população, por meio da

prevenção da obesidade e da prática de atividade física (BRASIL, 2006b).

Nas últimas décadas a população brasileira experimentou intensas

transformações nas suas condições de vida, saúde e nutrição, como a

ascensão da obesidade. A obesidade avança em todas as faixas etárias e

classes sociais, com impacto significativo nas mulheres inseridas nos

estratos de menor renda. Nota-se, ainda a difusão da obesidade em todas

as regiões geográficas, tanto no meio urbano, quanto no meio rural. Os

novos padrões da industrialização e urbanização causam mudanças nos

hábitos alimentares da população rural (SICHIERI et al., 1994).

12

A urbanização induziu uma mudança nos hábitos de vida e no

comportamento alimentar das populações. O tipo de alimento consumido

pela população rural apresenta-se diferente daquele consumido pela

população urbana, numa relação diretamente proporcional ao poder

aquisitivo ou a nível socioeconômico. Dados do Ministério da Saúde (2009)

demonstram que a população urbana de baixa renda apresenta uma

ingestão calórica inferior, se comparada à população rural, apesar da

primeira consumir mais proteína e gordura animal do que a segunda. Além

disso, a não prática de atividade física apresenta-se como característica

generalizada, vai desde a população rural a população urbana (POPKIN,

1998).

Em se tratando dos padrões de vida, o sedentarismo aliado aos hábitos

nutricionais não balanceados tem um impacto maléfico na saúde da

população, podendo resultar na obesidade e numa série de doenças

crônico degenerativas na população. O impacto negativo da falta de

atividade física pode levar a graves consequências, e por isso deve ser

tratado como problema de saúde pública (WORLD..., 1995).

Estudo realizado por Falerio (2006) sobre obesidade, atividade física e

estado socioeconômico de adultos moradores de Portugal revelou que

indivíduos com excesso de peso e obesidade são os menos ativos, ou

seja, os mais sedentários, já os mais ativos são os que possuem o estado

nutricional mais adequado.

Características encontradas no município de Anchieta (ES) através dos

resultados do projeto CARMEN (Conjunto de Ações para Redução

Multifatorial das Enfermidades Não Transmissíveis), realizado nos anos de

2010 e 2011 pelo Ministério da Saúde, pela Organização Pan-Americana

da Saúde no Brasil, pela Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo e

pela Secretaria Municipal de Saúde de Anchieta (YOKOTA et al., 2012).

A iniciativa CARMEN teve como objetivo principal melhorar a saúde da

população de Anchieta reduzindo a prevalência dos fatores de risco para

doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) por meio de políticas sociais,

13

com a implantação de um sistema de vigilância e monitoramento dos

fatores de risco e proteção para doenças e agravos não transmissíveis

(DANT) de forma integrada com a atenção básica no município de

Anchieta, utilizando como base medidas de prevenção e promoção da

saúde (MINISTÉRIO..., 2010b; ORGANIZAÇÃO..., 2007).

Os resultados do projeto CARMEN mostram que metade da população do

município apresentou excesso de peso, sendo a prevalência nos homens,

cerca de 1,2 vezes maior do que nas mulheres e nos residentes da zona

rural, cerca de 1,3 vezes maior do que na zona urbana. Em relação à

obesidade, essa condição foi apresentada por 17% dos adultos, sem

diferença entre sexo e local de residência. Evidenciando o

desenvolvimento de novos estudos no local, a fim de buscar entender os

motivos do meio que levaram a esses números (YOKOTA et al., 2012).

Já na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), sobre o estado nutricional dos

brasileiros, onde revelou que o excesso de peso e obesidade juntos atingem

cerca de 60% dos brasileiros adultos, o excesso de peso e obesidade foram mais

frequentes nos domicílios urbanos do que nos rurais (IBGE, 2009).

Diante deste contexto, o estudo delimitou, como abordagem, as

características sociodemográficas, a prática de atividade física, a prática

de tabagismo e os hábitos alimentares da população rural de Anchieta,

Espírito Santo / Brasil, buscando correlacionar dados sociodemográficos,

atividade física, hábitos alimentares e prática de tabagismo com medidas

antropométricas.

14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Estudar características sociais demográficas, perfil antropométrico, prática

de atividade física, hábitos alimentares, tipos de alimentos consumidos e

tabagismo em uma população rural de Anchieta, buscando propor ações e

políticas voltadas para o desenvolvimento da população rural deste

município.

2.1.2 Objetivos Específicos

1- Descrever o perfil relacionado às características sociais demográficas, a

prática de atividade física, hábitos alimentares, tipo de a limentos

consumidos e tabagismo;

2- Correlacionar dados nutricionais por meio de índice de massa corporal

(IMC) e circunferência da cintura (CC) com dados sociodemográficos,

prática de atividade física e prática de tabagismo;

3- Propor ações com base nos resultados dos objetivos anteriores.

15

3 REFERENCIAL TEÓRICO

É necessário um texto

3.1 GENERALIDADES DO LOCAL

É necessário um texto

3.1.1 Características Regionais

A cidade de Anchieta está localizada no sul do Espírito Santo, a cerca de

80 quilômetros da capital Vitória, com uma área territorial de

aproximadamente 420 km². O município faz divisa com Guarapari, Alfredo

Chaves, Piúma e Iconha. Anchieta é uma das localidades mais antigas do

Espírito Santo e do Brasil (PREFEITURA..., 2010).

A atual divisão político administrativo de Anchieta é representada pelos

distritos de Anchieta (sede), Jabaquara e Alto Pongal. De acordo com

dados do Ministério das Cidades e Perfil Municipal, a população da cidade

é de 23.894 habitantes, sendo, aproximadamente, 6.000 habitantes da

área rural (IBGE, 2010a).

A data exata da fundação da cidade é incerta. Alguns historiadores falam

em 1561, 1567 e outros em 1569, mas todos são unânimes ao afirmar que

o dia da fundação da cidade foi 15 de agosto. Como este dia é dedicado a

Nossa Senhora da Assunção ela foi escolhida a padroeira da cidade. O

nome Anchieta é uma homenagem a José de Anchieta, padre jesuíta

espanhol, nascido em Tenerife, nas Ilhas Canárias, em 1534

(PREFEITURA..., 2010).

De acordo com os dados do Programa de Assistência Técnica e Extensão

Rural - PROATER (INCAPER, 2011), o município apresenta um índice

significativo de agricultores familiares, visto que, apresenta 87,63% das

16

propriedades com áreas de até a quatro módulos fiscais1. Esses números

ajudam a evidenciar a importância da agricultura familiar para o município

de Anchieta, tanto na questão da ocupação de mão de obra quanto na

geração de riquezas econômicas (INCAPER, 2011).

Os setores da agropecuária e da pesca são responsáveis pela geração de

aproximadamente 5.000 ocupações no município. Esse número expressivo

se explica pela configuração fundiária do município, caracterizada

amplamente por agricultores familiares. Atividades rurais não agrícolas

diretamente ligadas ao setor agropecuário se fortalecem a cada dia. Em

termos agrícolas, a maior parte do solo anchietense está ocupado com

pecuária de leite e de corte; logo em seguida vem a atividade do café e da

banana e com destaque menor veem as atividades anuais, a fruticultura e

a silvicultura que está passando por processo de crescimento (INCAPER,

2011).

Segundo dados do censo agropecuário (IBGE, 2006), as áreas que

apresentam maior degradação são as de pastagens. Alguns locais do

município apresentam pastagens com forte processo de erosão de solos e

baixíssimo aproveitamento produtivo. O município tem 692 hectares de

pastagens degradas.

Apesar da melhora da situação e dos esforços dos órgãos públicos,

principalmente o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e

Extensão Rural (INCAPER) e a Secretaria Municipal da Agricultura, no que

se refere à preservação do solo, através de trabalhos de assistência

técnica e extensão rural, verifica-se que as práticas agrícolas de

conservação do solo ainda necessitam estar na pauta de debate junto aos

agricultores e suas lideranças, pois o problema é grave e as

consequências são grandes, influenciando negativamente na produtividade

(INCAPER, 2011).

1 Segundo dados do Incra os módulos fiscais define a propriedade: pequena (entre 1 a 4 módulos fiscais), média (acima de 4 até 15 módulos fiscais) e grande propriedade. (entre outros aspectos, para ser considerada familiar, a propriedade não pode ter mais que 4 módulos fiscais).

17

O município também é caracterizado pelas manifestações culturais, que

são distribuídas em quatro grupos diferentes: religioso, folclórico, artístico

e ecológico. No grupo religioso, destacam-se a Festa do Beato José de

Anchieta, de São Pedro, com a procissão marítima, de Nossa Senhora da

Assunção e de Nossa Senhora da Penha. No campo artístico, as fanfarras

das escolas municipais, os grupos de teatros e as bandas de música têm

maior destaque. No grupo ecológico, estão os passeios nas águas do rio

Benevente, com visitação às ruínas jesuíticas (PREFEITURA..., 2010).

Devido a sua localização portuária estratégica e a relativa proximidade

com a região metropolitana da grande Vitória, Anchieta vem se preparando

para abrigar os desdobramentos dos complexos mineradores e

siderúrgicos do Espírito Santo. O município está passando por um grande

desenvolvimento com a implantação de um polo siderúrgico na região. A

usina de tratamento de gás já foi inaugurada e está em pleno

funcionamento. Novos empreendimentos estão previstos para o município,

como a 4ª Usina de Pelotização da Samarco Mineração e o porto da

Petrobrás (PREFEITURA..., 2010).

3.1.2 Das Mudanças Sociais e Trabalhistas

A cada dia que passa, aumentam as metamorfoses sociais e urbanas no

município. O fenômeno urbano que se dirige a essa localidade produz

efeitos sobre a população local, provocando impactos socioeconômicos e

ambientais sob os anchietenses. De acordo com o histórico do município

de Anchieta, levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) do ano de 2010, a ocupação populacional do município chegou ao

auge nos meados de 1980, quando se contava com uma população de

cerca de 11.000 habitantes, sendo 75% desta população residente no

campo. A partir daí, diante de toda uma conjuntura desfavorável a

agricultura e a produção camponesa, se inicia uma das maiores evasões

ou êxodo rural por toda parte da região (IBGE, 2010b).

18

Com o avanço da globalização e com a reestruturação dos modos de

produção, o modelo de desenvolvimento capitalista tem penetrado não só o

espaço da cidade, mas também do campo, modificando a relação

sociedade-natureza e o modo de vida das comunidades camponesas, a

começar pela alimentação (PONTES, 2012).

A partir do século XVIII o rural e o urbano são apresentados como polos

opostos, separados e com características diferentes. Tal visão associa o

rural ao atraso, a baixa densidade populacional, ao isolamento, a falta ou

precariedade de infraestrutura. Já o urbano apresenta um significado de

progresso, desenvolvimento, modernidade, dinamicidade, concentração de

serviços, comércio, indústria, ou seja, elementos representativos do

desenvolvimento (PONTE, 2004).

Segundo dados dos setores censitários de 2000 do IBGE, são classificadas

como área urbanizada aquela legalmente definida como urbana,

caracterizada por construções, arruamentos e intensa ocupação humana.

Isso coloca o rural como tudo aquilo externo ao perímetro urbano.

No sentido de defender seus direitos, projetos e interesses, surgem no

Brasil às primeiras organizações rurais, caracterizadas pela falta de

reconhecimento junto ao Ministério do Trabalho. Contudo, desde a década

de 1930, já havia organizações sindicais de trabalhadores rurais, ainda que

principiantes (GRYNZPAN, 2002).

Muitas eram as dificuldades para esse tipo de organização, a legislação

trabalhista era feita para os trabalhadores urbanos, não considerando a

especificidade do trabalho no campo (SILVA, 2006).

Segundo Almeida (1997, p. 27), com diferentes formas de organização,

surgiram em 1945, às primeiras Ligas Camponesas apoiadas pelo Partido

Comunista Brasileiro (PCB). Já em 1954, no final do segundo governo

Vargas, aconteceu a II Conferência dos Lavradores e Trabalhadores

Agrícolas e, desse encontro, deu-se origem a União dos Lavradores e

Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB), com o objetivo de organizar as

associações existentes.

19

Grande parte da legislação trabalhista existente no país não se estende

aos que vivem de salário na lavoura. A falta de higiene e de assistência

médica a mortalidade, tanto de adultos como de crianças, atinge a níveis

assustadores. A previdência social dos lavradores e trabalhadores

agrícolas deve garantir todos os encargos e riscos sociais como:

enfermidade, maternidade, invalidez, acidentes de trabalho, velhice,

moléstias profissionais, desemprego parcial ou total, falecimento e garantia

de estabilidade no emprego (ALMEIDA apud GARCIA, 2008).

Já em 1955, iniciou a segunda fase das Ligas Camponesas, que se deu em

um contexto específico. Ainda no ano de 1955 foi sancionada a lei nº

2.613, que criava o Serviço Social Rural (SSR), na tentativa de dar

assistência à população rural. Outra referência deste período foi a criação

Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), que ficou

responsável por atuar em áreas críticas das vias de transporte e que

tivessem fatores de desenvolvimento econômico e que estivessem em

péssimas condições sanitárias (OLIVEIRA, 1988).

Em 1963, João Goulart sancionou o Estatuto do Trabalhador Rural, que

significava a chegada dos direitos trabalhistas ao campo e a criação da

Previdência Social. Fundada em 22 de dezembro de 1963, no Rio de Janeiro

a CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) é a

maior entidade sindical de trabalhadores e trabalhadoras rurais da atualidade.

Na época existiam 14 federações e 475 Sindicatos de Trabalhadores Rurais.

Hoje, são 27 federações que reúnem cerca de quatro mil sindicatos rurais e

20 milhões de trabalhadores do campo.

Esse mesmo ano é caracterizado pela criação do Fundo de Assistência e

Previdência do Trabalhador Rural (FUNRURAL), que consistia em um

sistema de previdência específico para os trabalhadores da área rural, com

benefícios e formas próprias de custeio (OLIVEIRA, 1988).

No ano de 1969, foi criado e implantado o Plano Básico da Previdência,

atrelado ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que contemplava

os trabalhadores rurais dos recentes agronegócios e de empresas produtoras

20

ou fornecedoras de produtos agrários in natura que ficaram sem acesso ao

FUNRURAL. Nesse mesmo ano, cria-se o Programa Estadual de Apoio ao

Pequeno Produtor Rural (PRORURAL), que tinha como objetivo garantir os

direitos para esses trabalhadores (OLIVEIRA, 1988).

O programa foi uma conquista social, pois os trabalhadores desde a

década de 1950 se manifestaram em prol da sua importância e da sua

implantação, além do engajamento na reivindicação de melhorias

(PEDROSO, 2000).

Associado as reivindicações e a criação de programas em benefício aos

trabalhadores rurais, às décadas de 1950 a 1980 foram marcadas pelo

processo de desenvolvimento rural brasileiro, que ocorreu por intermédio de

um processo de integração da agricultura ao sistema capitalista industrial,

com destaque para as mudanças tecnológicas. O desenvolvimento não foi

somente para o campo, mas para o país como um todo, e teve como

principal objetivo a substituição de importações pelo crescimento industrial

(PEDROSO, 2000).

A revolução industrial iniciada no século XVIII veio alterar a situação

anterior. Na realidade, a emergência de uma nova sociedade urbano

industrial acarretou perda da centralidade econômica e social da área

rural, passando a ser vista como arcaica. Os países desenvolvidos e

subdesenvolvidos foram tomados pelo crescimento industrial, e

consequentemente pelo capitalismo que os dominam. Uns detentores de

maior poder, possuidores do maior capital e outros tentando buscar , o seu

lugar no espaço (WANDERLEY, 1995).

O trabalho externo se torna, na maioria dos casos, uma necessidade

estrutural, isto é, a renda obtida nesse tipo de trabalho vem a ser

indispensável para a reprodução não só da família como do próprio

estabelecimento familiar. Assim, o trabalho extra-agrícola, realizado por

membros residentes no estabelecimento agrícola familiar, tem duas

funções sociais: a primeira função é de complementar a renda da família e

21

a segunda diz respeito à permanência dessas famílias no meio rural, ou

seja, garantir a propriedade do bem rural (WANDERLEY, 1995).

Os trabalhadores do campo, diante da revolução tecnológica, migram

muitas vezes para as periferias das grandes cidades em busca de novas

oportunidades de trabalho. E na verdade, o crescimento industrial, com a

implantação de fábricas modernas, poupadoras de mão de obra, não

provocou como prometiam os tecnocratas, um crescimento da oferta de

empregos, apenas deu margem para que a população expulsa do campo

passasse a viver desempregada ou subempregada, fazendo trabalhos

esporádicos e de baixa remuneração ou desempenhando atividades

marginais (FRANKFURT, 2009).

A população rural, expropriada e expulsa de suas terras, compelida à vagabundagem, foi enquadrada na disciplina exigida pelo sistema de trabalho assalariado, por meio de um grotesco terrorismo legalizado que empregava o açoite, o ferro em brasa e a tortura (MARX apud FRANKFURT, 2009, p. 130).

No final dos anos de 1950, o campo brasileiro é marcado pela implantação

de um projeto desenvolvimentista e de modernização da agricultura, que

visava tirar o campo do “atraso” (FRANKFURT, 2009).

Passa-se a estimular a produção para exportação, fundada principalmente

em monoculturas, contando com créditos subsidiados e com uso intensivo

de tecnologias, como máquinas e insumos, principalmente os químicos,

gerando impactos ambientais e sociais. As políticas públicas de

modernização da agricultura brasileira privilegiaram os setores

agropecuários e a produção agrícola voltada para o meio externo. Fato que

também se refletiu na pesca artesanal, que ficou a margem das políticas

de modernização (BATTESTIN, 2009).

A estrutura fundiária, altamente concentradora da propriedade da terra em

mãos de pequenos grupos, continuou a permitir que os proprietários

mantivessem o sistema de ocupação extensiva do solo e que, ao

trabalhador agrícola restassem poucas alternativas de emprego e uma

quase impossibilidade de acesso à propriedade da terra. Os órgãos

governamentais estimularam a modernização da agricultura, dando aos

22

médios e grandes proprietários vantagens, deixando marginalizados os

trabalhadores sem terra e estimulando, assim, a mecanização agrícola, em

nome do aumento da produtividade e da diminuição do custo (ANDRADE,

1979).

Em algumas áreas estimulou a pastagem, acabando com o sistema

tradicional dos proprietários fornecerem terras aos agricultores para

cultivarem algodão, milho, feijão, entre outros. Além disso, o incentivo a

expansão da pecuária fez com que a criação de gado passasse a ocupar

áreas anteriormente caracterizadas por atividades agrícolas, desempregando

os agricultores e expulsando-os para a cidade (ANDRADE, 1979).

Esqueceram-se os planejadores tecnocratas que o desenvolvimento

agrícola não só se realizaria apenas com a elevação das possibilidades de

acumulação do capital por parte dos grandes e médios proprietários,

necessitaria também de que tivessem sido planejadas opções para

população que vivia da venda da sua força de trabalho aos proprietários.

Esse desenvolvimento foi conseguido graças à proletarização e ao

empobrecimento do trabalhador rural, sem nem se preocupar com a

preservação do meio ambiente (ANDRADE, 1979).

A produção capitalista, sob a lógica de acumulação, afasta todo e qualquer

obstáculo imposto a sua frente que possa impedi-la de explorar os

recursos naturais, inclusive os não renováveis, e também consegue

ultrapassar, os mecanismos democráticos inspirados na defesa do

desenvolvimento sustentável. Sob a lógica da extração do lucro máximo,

destroem aos passos largos as condições de vida no planeta Terra. E, pelo

mesmo movimento, destroem também a vida de grandes contingentes

populacionais, dadas às relações de trabalho a que os submete, fonte da

pobreza e de outros males sociais vigentes em nossa sociedade (RAMOS,

2010).

O avanço do modo de produção capitalista no campo se desenvolve graças

às facilidades do financiamento as grandes propriedades, fazendo

desaparecer as pequenas áreas cultivadas pelos trabalhadores sem terras,

23

em face da permissão ao trabalhador rural das vantagens da legislação

trabalhista. Assim, o agricultor que necessita trabalhar todos os dias da

semana para obter o direito ao repouso semanal remunerado ou a férias

anuais, prefere trabalhar para o proprietário a cultivar sua própria lavoura,

visando obter estabilidade. Ou seja, o trabalhador é refém da sua própria

prestação de serviço (RAMOS, 2010).

A divisão do trabalho expressa modos de segmentação da sociedade, ou seja, desigualdades sociais mais abrangentes como a que ocorre da separação entre trabalho manual e intelectual, ou entre “trabalho industrial e comercial e o trabalho agrícola; e, como consequência a separação entre cidade e campo e a oposição de seus interesses” (MARX e ENGELS, 1976, p. 53).

A partir daí, cria-se uma relação de dependência para sustentar e

aumentar o desenvolvimento capitalista. O crescimento dos grandes polos

modernos passou a depender da captação dos excedentes econômicos da

economia agrária. O trabalho excedido gera riqueza, produzida no campo,

e essa é drenada em direção as cidades metropolitanas. Com isso, os

trabalhadores agrícolas passam a ter papel na economia urbana, sem

aproveitar do desenvolvimento econômico (ANDRADE, 1979).

Nesse cenário, destaca-se a agricultura familiar, uma vez que, mesmo os

pequenos agricultores sendo possuidores dos modos de produção estão

subordinados a dominação do capital, se submetendo as relações

capitalistas que dominam toda a economia e a vida social brasileira . O que

se assemelha com as características presentes entre as famílias de

Anchieta, onde a terra ou propriedade é insuficiente para garantia do

sustento de toda a família, fazendo com que os seus filhos busquem

alternativas de trabalho fora da propriedade ou da comunidade

(ANDRADE, 1979).

24

3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL

Agricultor familiar é todo aquele que tem na agricultura sua principal fonte

de renda (mais de 80%) e que a base da força de trabalho utilizada no

estabelecimento seja desenvolvida por membros da família , ou seja, tenha

renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas

vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento (VEIGA et al.,

2001).

A agricultura familiar pode ser definida a partir de três características

centrais: a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela

realizados, feita por indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de

casamento; b) a maior parte do trabalho é igualmente fornecida pelos

membros da família; c) a propriedade dos meios de produção (embora nem

sempre da terra) pertence à família e é em seu interior que se realiza sua

transmissão em caso de falecimento e de aposentadoria dos responsáveis

pela unidade produtiva (FAO/INCRA apud PORTO et al., 2010).

Segundo os censos agropecuários do IBGE (1995/1996), existem no Brasil

4.859.732 estabelecimentos rurais, ocupando uma área de 353,6 milhões

de hectares. Destes, 4.139.369 são estabelecimentos familiares, ocupando

uma área de 107,8 de hectares, sendo responsáveis por R$ 18,1 bilhões

ou 37,9% do valor bruto da produção total, apesar de receber apenas

25,3% dos financiamentos agrícolas, ou seja, os agricultores familiares

demonstram ser mais eficientes no uso do crédito rural, pois produzem

mais com menos recursos (IBGE, 2006).

Os agricultores menos capitalizados foram destinados a terras menos

férteis e frágeis (sujeitas facilmente à erosão), explorando mão de obra

familiar para produzir um pequeno excedente comercializável para os

mercados urbanos, garantindo preços baixos para os produtos alimentares

da cesta básica da população (ALMEIDA, 1997).

25

Grande parte da cesta básica vem da agricultura familiar. Ela é

responsável por garantir boa parte da segurança alimentar2 do país como

importante fornecedora dos alimentos para o mercado interno. Em 2006, a

agricultura familiar era responsável por 87% da produção de mandioca,

70% de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 58% do leite,

59% do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21%

do trigo. A cultura com menos participação da agricultura familiar foi a soja

(16%) (ALMEIDA, 1997).

Veiga et al. (2001, p. 108) informam que, nos sete censos agropecuários

realizados no Brasil desde 1950, a participação dos agricultores que têm

menos de 100 hectares nunca se distanciou de 90% do total de

estabelecimentos, e sempre lhes coube 20% da área, o que ind ica uma

permanência duradoura desses produtores de pequeno porte por toda a

segunda metade do século. Essa permanência no cenário agrícola, apesar

dos desafios, mostra que esse segmento está em constante mudança,

compondo estratégias de sobrevivência, as quais dependem do meio no

qual os agricultores familiares estão inseridos.

Os mesmos autores ressaltam a importância da presença da agricultura

familiar no meio rural brasileiro, visto que uma região rural terá um futuro

tanto mais dinâmico quanto maior for a capacidade de diversificação da

economia local impulsionada pelas características de sua agricultura

(VEIGA et al., 2001).

A agricultura familiar brasileira tem o seu funcionamento econômico não

fundamentando na maximização da rentabilidade do capital , e sim voltado

para o atendimento das necessidades da família e para manutenção das

potencialidades produtivas do meio. Os agricultores familiares valorizam a

diversidade através da associação do policultivo e criações, distribuídos de

forma equilibrada no espaço e no tempo, com o objetivo de valorizar as

potencialidades dos recursos naturais, diferente do grande produtor

2 Segurança alimentar é um conjunto de normas de produção, transporte e armazenamento de alimentos visando determinadas características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais padronizadas, segundo as quais os alimentos são adequados ao consumo.

26

empresarial, que reduz os limites naturais, substituindo-os por artificiais,

destruindo o meio ambiente (BLUM e SIDERSKY apud PEDROSO, 2000).

A produção capitalista, sob a lógica de acumulação, afasta todo e qualquer obstáculo imposto a sua frente que possa impedi -la de explorar até a exaustão os recursos naturais, inclusive os não renováveis, e também consegue ultrapassar, driblando, os mecanismos democráticos inspirados na defesa de um desenvolvimento sustentável. Sob a lógica da extração do lucro máximo, destroem os passos largos as condições de vida no planeta Terra. E, pelo mesmo movimento, destroem também a vida de grandes contingentes populacionais, dadas às relações de trabalho a que os submete, fonte do pauperismo e de outros males sociais vigentes em nossa sociedade (RAMOS, 2010, p.1).

“Heterogêneo” é o melhor termo que define a agricultura familiar brasileira.

Pelo Brasil, existem formas variadas de agriculturas familiares compondo

um leque de diversificação econômica, social e cultural (RAMOS, 2010).

Em estudo realizado através da cooperação técnica do Instituto Nacional

de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e da Organização das Nações

Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization -

FAO), com base nos dados do censo agropecuário do IBGE, verificaram

que quando se calculou a renda total por hectare, a agricultura familiar

mostrava-se muito mais eficiente que a patronal3, produzindo uma média de

R$104,00/hectare/ano contra apenas R$44,00/hectare/ano dos agricultores

patronais (IBGE, 1995/1996).

Ao longo do período de 1994 a 1998, o Convênio INCRA/FAO 4 realizou

uma série de estudos sobre os sistemas de produção adotados pelos

agricultores familiares nas diversas regiões do país. O objetivo foi

aprofundar o conhecimento sobre alguns aspectos do funcionamento da

agricultura familiar e identificar os obstáculos enfrentados (BUAINAIN e DI,

2009).

3 “Patronal” é o termo utilizado no INCRA/FAO (2000) para designar o sistema de “agricultura industrializada empresarial”. Ambas as terminologias distinguem-se da agricultura familiar mediante as condições de uso de força de trabalho: assalariada na primeira e familiar na segunda.

4 Em 1998-99, o Incra e a FAO reuniram um grupo de pesquisadores com o objetivo de delimitar o universo da Agricultura Familiar brasileira, quantificar sua participação no setor agropecuário e mensurar sua contribuição econômica e social para o desenvolvimento do país (BUAINAIN e DI, 2009).

27

Estudos confirmam que a agricultura familiar explora de forma intensiva os

recursos escassos disponíveis e que é possível gerar níveis de renda

agropecuária superior ao nível de reprodução da família. Mas nem sempre

esse potencial se realiza, seja em razão das severas restrições de

recursos, particularmente na região Nordeste, seja por causa das

condições macroeconômicas negativas e da ausência ou deficiência das

políticas públicas (BUAINAIN, ROMEIRO e GUANZIROLI, 2003).

Os agricultores enfrentam problemas associados à disponibilidade de

capital e recursos para investimentos. Na prática, a grande maioria dos

produtores necessita de recursos de terceiros para operar suas unidades

de maneira mais eficaz. A ausência desses recursos, seja pela

insuficiência da oferta de crédito, seja por causa das condições contratuais

inadequadas, impõe restrições ao funcionamento da agricultura familiar

mais moderna e, principalmente, na sua capacidade de se manter

competitiva em um mercado cada vez mais exigente (BUAINAIN,

ROMEIRO e GUANZIROLI, 2003).

A promoção da agricultura familiar não pode ser concebida e enfrentada a

partir de políticas e instrumentos isolados, como vem ocorrendo no Brasil.

É preciso, portanto, ter uma visão global do problema e reconhecer que,

não se trata apenas de integrar as políticas específicas de apoio à

agricultura familiar a política macroeconômica e as políticas setoriais, ao

contrário, trata-se de definir uma estratégia de desenvolvimento nacional,

com políticas econômicas e setoriais compatíveis a proposta de estimular

um padrão de crescimento econômico com equidade social (RAMOS,

2010).

Diferente do modelo patronal, a agricultura familiar é visualizada como

forma de organização produtiva em que os critérios adotados para orientar

as decisões relativas à exploração agrícola não se subordinam unicamente

a produção e rentabilidade econômica, mas levam em consideração

também as necessidades e objetivos da família (CARMO, 1999).

28

A propriedade rural é mantida pelos integrantes da família, salvo

contradições temporárias, como em tempo de colheita. A denominação

“agricultura familiar”, que surgiu nos anos 1990, é um dos termos usados

para caracterizar essa forma de organização do trabalho voltado para o

âmbito familiar (CARMO, 1999).

Na década de 1990, se vivenciou a abertura do mercado internacional e

uma marginalização política, econômica, social e cultural dos trabalhadores

rurais, com o aumento da evidência do trabalho escravo e infantil,

intensificação do êxodo rural, queda do emprego na agricultura,

flexibilização dos salários e das relações de trabalho (cooperativas de mão

de obra, trabalho temporário etc.), aumentando os prejuízos causados ao

meio ambiente (RIBEIRO et al., 2007).

Para Armani (1998, p. 239)

“A desestruturação e o sucateamento dos serviços públicos de assistência técnica, de pesquisa, de financiamento, de formação profissional, de armazenamento e de comercialização foram danosos ao desenvolvimento da agricultura familiar ”.

Ao longo desse processo que em grande parte contribuiu para a exclusão

do modo de produção familiar, há um paradoxo: a agricultura familiar não

só continua existindo, como passou a ser importante pilar para o

capitalismo. Essa funcionalidade se deu porque este modo de produção,

baseado na mão de obra familiar, conseguia garantir a oferta de alimentos

a preços menores para que a população assalariada tivesse maior acesso

aos bens duráveis (ABRAMOVAY et al., 1998).

Com a inserção do Brasil no processo de globalização no início dos anos

de 1990 e com esse novo modelo agrário, capitalismo agrário, que

resultaram em transformações fruto da pressão do mercado internacional,

pode-se dizer que a realidade socioeconômica vivida pelos agricultores,

marcada pelas lutas sociais, se agravou ainda mais (ABRAMOVAY et al.,

1998).

No caso de Anchieta o maior impacto que o município sofreu foi decorrente

da reestruturação produtiva que se perseguia no estado do Espírito Santo,

29

no momento em que as atividades econômicas estavam expostas a todo

tipo de concorrência, não mais regional, mas internacional, dada como

consequência da implantação dos grandes projetos no Espírito Santo,

como por exemplo, a instalação da Samarco em Anchieta, que hoje tem a

maior participação no produto interno bruto (PIB) do município. O

município integrou-se, na década de 1970, à lógica capitalista, já que, até

então, apresentava-se como um município de pouco dinamismo,

sustentado por uma agricultura tradicional e pouco diversificada, um

turismo incipiente e um comércio de curto alcance. (PREFEITURA...,

2006).

3.2.1 Da Agricultura Familiar em Anchieta

Quando nos referimos ao meio rural de Anchieta, podemos caracterizá-lo

como pequeno e diversificado, com baixo emprego de tecnologias mais

“avançadas”. Segundo o censo agropecuário de 1995/1996, analisado por

INCRA/FAO (2007), existiam naquele período 544 estabelecimentos no

município, que ocupam uma área de 24.147 hectares. Desses, 424 são

classificados como “familiares”, o que equivale a 78% do total; e 119 são

denominados “patronais”, correspondendo aos 21% restantes. Porém,

quando se analisa a área ocupada por cada um, os familiares ocupam 40%,

enquanto os patronais 60% da área. Considerando no valor bruto de

produção (VBP) da safra analisada (1995/1996), o valor correspondente à

agricultura, identifica-se que 45,8% dele tem origem na produção da

agricultura familiar, enquanto 53,5% da agricultura patronal. O que significa

que mesmo com menos área, a agricultura familiar produziu mais naquele

período (INCRA/FAO, 2007).

Ao analisar a situação da estrutura fundiária, observa-se que, ao

somarmos os estabelecimentos familiares de até 50 hectares, chegamos a

um percentual de 90% do total de propriedades do município. Os mesmos

correspondem a aproximadamente 60% da área do conjunto dos

estabelecimentos familiares, bem como somam 73% da renda desse grupo

30

(INCRA/FAO, 2007). Segundo a Prefeitura Municipal de Anchieta

(PREFEITURA..., 2006), 78% do total das 568 propriedades rurais do

município ocupam áreas de até 50 hectares, sendo que a Samarco Mineração

é detentora de 5.000 hectares.

Com base no estudo feito pelo INCRA/FAO, a agricultura familiar em

Anchieta pode ser considerada grande geradora de postos de trabalho.

Isso porque, nos dados de 1995/1996, sobre mão de obra empregada

familiar e mão de obra utilizada, das 929 unidades de trabalho existentes,

em 766 predomina a mão de obra exclusivamente familiar, 51 possuem

mão de obra temporária e somente 41 fazem uso de máquinas. Nos dados

de 1995/1996 sobre grau de integração com o mercado, observa-se que

dentre os estabelecimentos familiares, 50,5% tinham participação de

66,8% no VBP. Enquanto 17,2% tinham participação de 9,4% no VBP. O

que significa que quanto mais integrado ao mercado, melhor era a

participação no VBP (INCRA/FAO, 1995/1996).

De acordo com dados do IBGE (2007) sobre produção agrícola municipal

(2001 e 2002) e do Sebrae-ES (2007), as principais culturas do município

são café, banana e mandioca, plantados em regiões de “meia encosta” e

morros, verificando-se ultimamente o café junto com o coco ocupando

áreas de baixadas. Porém, há inúmeras outras produções em menor peso,

como o arroz, a cana de açúcar, o feijão, o milho, a borracha, fruticulturas,

bovinos, suínos, ovinos, caprinos etc., indicando que existe uma

considerável diversificação da produção nas unidades familiares, ainda que

estas produções não representem relevante participação no percentual de

produção total do estado (IBGE, 2005).

De acordo com Instituto Jones dos Santos Neves (2007), de 1990 a 2005

houve diminuição na área ocupada com lavoura permanente (4.836

hectares em 1990 e 3.888 hectares em 2005) ao passo que sua

participação no valor de produção aumentou de 76,4% em 1990 para

94,9% em 2005. O Instituto, ao analisar a população ocupada em 2000,

mostrou que a agricultura é responsável por 19,8% (1.603) dos postos de

trabalho no município. Seguido por comércio, serviços domésticos,

31

construção, respectivamente segundo, terceiro e quarto colocados. Isso

mostra que a agricultura, mesmo não sendo a principal economia do

município, é uma das mais importantes geradoras de trabalho e renda.

Quanto ao crédito rural, principalmente os vinculados ao Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), detecta-se

número muito pequeno de operações em Anchieta se comparado ao

município vizinho Alfredo Chaves. Enquanto no primeiro foram realizados

167 contratos, totalizando um valor de R$ 898.448,19, no segundo, no

mesmo período foram realizados 5.342 contratos com um montante de R$

24.525.378,47. Algumas hipóteses podem ser atribuídas a esse fato, como

o considerável número de propriedades em situação irregular, a cultura

contrária a utilização de crédito, pouco conhecimento sobre o mesmo,

dentre outros (PREFEITURA..., 2006).

Mesmo com as tecnologias mais avançadas presentes no local , sob

influência da modernização e com base nos dados aqui apresentados,

pode-se observar que há um predomínio da agricultura familiar na

economia agrícola do município de Anchieta, bem como esta exerce

grande importância no desenvolvimento socioeconômico do município de

Anchieta (PREFEITURA..., 2006).

3.3 DA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA

Somente a partir de meados da década de 1960, a agricultura brasileira

inicia o processo de modernização5, com a chamada Revolução Verde6.

Emergem, nessa década, com o processo de modernização da agricultura,

5 Nesse contexto, Graziano Neto (apud Balsan, 2006) complementa: “Normalmente quando se fala em modernização da agricultura pensa-se apenas nas modificações ocorridas na base técnica de produção, na substituição das técnicas agrícolas substituídas por técnicas “modernas”. Modernização, porém, significa mais que isso. Ao mesmo tempo em que vai ocorrendo aquele processo técnico da agricultura, vai-se modificando também a organização da produção, que diz respeito às relações sociais (e não técnicas) de produção”.

6 A partir de meados da década de 1960, vários países latino-americanos engajaram-se na chamada “Revolução Verde”, fundada basicamente em princípios de aumento da produtividade através do uso intensivo de insumos químicos, de variedades de alto rendimento melhoradas genericamente, da irrigação e da mecanização, criando a ideia que passou a ser conhecida (BALSAN, 2006).

32

novos objetivos e formas de exploração agrícola originando

transformações na pecuária e na agricultura (BALSAN, 2006).

A industrialização da agricultura gera mudanças nas relações de produção,

com a crescente substituição da mão de obra camponesa residente na

fazenda pelo trabalhador vindo de fora, contratado em caráter temporário.

Surgem, também, os boias-frias, que expressam o resultado do avanço do

processo de proletarização no campo (MARQUES e DIAS, 2006).

Na década de 60, com objetivo de maximizar a produção do país, bem

como a de substituir as importações, se incorporou no Brasil um setor

industrial. A década foi marcada por diversos debates entre estudiosos

para tentar compreender e explicar as transformações ocorridas na

agricultura a partir da implantação de tecnologia e seus efeitos no

processo produtivo da pequena produção familiar, estimulada pela

modernização e expansão do capitalismo (SOTO apud PEREIRA, 2010).

Isto ocorreu com a efetiva participação do Estado que, através de suas

políticas de crédito subsidiado, pesquisa tecnológica, assistência técnica e

extensão rural, viabilizaram as maiores propriedades agrícolas,

principalmente aquelas localizadas em terras melhores, mais férteis.

Caracterizando o tripé: pesquisa agrícola, extensão rural e crédito rural

subsidiado (ALMEIDA, 1997).

Esse modelo desenvolvimentista que caracterizou a agricultura brasileira

gerou uma grande concentração de terras e de renda no meio rural,

marginalizando, grande parte da população que vive no campo, refletindo

no agravamento do desemprego (campo e cidade), no aumento dos preços

dos alimentos e na degradação do meio ambiente (ALMEIDA, 1997).

Nos anos 1970 e 1980, o Estado numa lógica de desenvolvimento de

substituição das importações, se preocupou principalmente no ordenamento

territorial e na modernização da agricultura visando melhorar o abastecimento

industrial e alimentar da população. Ao final dos anos 1980, com a crise da

dívida externa e, no início dos anos 1990, com a liberalização econômica, a

preocupação principal passou a ser o incremento da competitividade, o que

33

afastou a agricultura familiar do quadro estratégico do Estado (TONNEAU e

SABOURIN, 2007).

Durante muito tempo, não houve interesse na geração de políticas públicas

para esse segmento da sociedade. Os próprios instrumentos do Estado, a

exemplo da assistência técnica e extensão rural, da pesquisa e do crédito,

eliminavam o agricultor familiar de suas agendas. O homem do campo,

agricultor familiar, era considerado incapaz de tomar decisões eficazes no

gerenciamento do seu negócio (TONNEAU e SABOURIN, 2007).

Diante de manifestos, insatisfações de anos e lutas, os agricultores familiares

foram lembrados. A partir de 1994, além da busca da competitividade, a

preocupação do Estado passou a ser o combate à pobreza e o

desenvolvimento diferenciado entre a agricultura familiar e o agronegócio ,

o que levou a criação de novos ministérios [Ministério de Desenvolvimento

Social e Ministério para o Desenvolvimento Agrário (MINISTÉRIO..., 2008)]

e a implantação de políticas específicas para este fim, tais como as bolsas

de ajuda as famílias (bolsa família) e o PRONAF, criado em 1996, partindo

da luta por uma política pública específica e diferenciada para a agricultura

familiar (TONNEAU e SABOURIN, 2007).

Um marco dessa transformação foi a implementação do PRONAF, que, ao

direcionar suas linhas de crédito a um público marcado pela renegação das

políticas públicas, confirmou o reconhecimento e a legitimação do Estado

em relação às especificidades de uma nova categoria social - os

agricultores familiares (SCHNEIDER, CAZELLA e MATTEI, 2004).

Com o passar dos anos, o PRONAF foi se estruturando e aumentando seu

campo de atuação. Uma importante etapa desse programa foi justamente a

incorporação de novas linhas de apoio, seja através da inserção de

segmentos até então excluídos pelas políticas agrícolas, como mulheres,

jovens, pescadores, indígenas e quilombolas, seja pela inclusão,

reconhecimento e legitimação de novas atividades agrícolas e não

agrícolas no meio rural, como industrialização em escala familiar, turismo

rural, agros combustíveis etc. (WESZ JUNIOR, 2010).

34

Em toda a história brasileira, somente a partir de 1996, com a criação do

PRONAF, os agricultores familiares conquistaram uma atenção maior do

governo federal e ações específicas destinadas a promover a melhoria das

suas condições de vida. O agricultor familiar passou a ser considerado e a

agricultura familiar passou a ser vista como a melhor e mais econômica

opção para geração de emprego e de ocupações produtivas para o

desenvolvimento de uma sociedade em crise (WESZ JUNIOR, 2010).

Mas, infelizmente, a realidade é outra. Esse modelo desenvolvimentista que

caracterizou a agricultura brasileira gerou uma grande concentração de terras

e de renda no meio rural, marginalizando mais de dois terços da população

que vive no campo. Tomando como exemplo a reforma agrária7, ainda não

foram tomadas medidas que assegurem a emancipação dos assentamentos

que permitam a sua integração as comunidades locais e a efetiva inserção no

circuito da economia agrícola e de desenvolvimento (MARQUES e DIAS,

2006).

Em se tratando de Anchieta, prevalece à tendência de aumento do

desemprego e uma crescente precarização das relações de trabalho, com

o crescimento do setor informal, abrigando um número significativo de

trabalhadores temporários e subempregados. A instabilidade, que tem

cada vez mais caracterizado a condição de nosso trabalhador, representa

uma relação descontínua com o trabalho (TELLES apud MARQUES e

DIAS, 2006).

É fundamental que as políticas públicas locais levem em consideração a

diversidade de situações verificadas no campo, as quais diferem em termos

sociais, econômicos e políticos. Para isso é necessário definir estratégias

diferenciadas e desencadear ações específicas, proporcionando o bem estar

de todos (WESZ JUNIOR, 2010).

7 Conjunto de medidas para promover a melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural sustentável e aumento de produção. A concepção é estabelecida pelo Estatuto da Terra (Lei nº 4504/64). (www.incra.gov.br).

35

3.4 DAS RELAÇÕES CAMPO E CIDADE

No nosso comportamento atual, construímos uma economia contra a vida ,

contra o planeta. Pela primeira vez na história da Terra, tornou-se possível

que uma espécie destruísse todo o sistema de vida do planeta.

Influenciados pelo capitalismo, crescemos acreditando que estaríamos em

melhores condições adquirindo mais produtos, quando, na verdade, mais

produtos podem significar a morte de nosso planeta, que é nosso único

produto (LA CHANCE, 1996).

A situação em que se encontra a zona rural na atualidade, no caso

brasileiro, é resultado de um processo histórico iniciado a partir da

colonização, sendo influenciada pelos acontecimentos políticos,

econômicos e sociais das últimas décadas (LA CHANCE, 1996).

Acontecimentos que, em função da modernização do meio rural, resultaram

em impactos no meio ambiente, a começar pela degradação do solo,

afetando boa parte da segurança alimentar do país que é garantida pela

agricultura familiar. O uso inadequado do solo acelera a degradação da

capacidade produtiva, alterando, consequentemente, o meio ambiente

(IBGE, 2006).

O manejo, a conservação e a recuperação dos recursos naturais são uma

preocupação que atualmente mobiliza o mundo inteiro. Os danos causados

a natureza e a crescente destruição do meio ambiente colocam a

necessidade da sua preservação e recuperação, buscando formas

racionais de produção (BALSAN, 2006).

Segundo Rampazzo

A exploração ambiental está diretamente ligada ao avanço do desenvolvimento tecnológico, científico e econômico que, muitas vezes, tem alterado de modo irreversível o cenário do planeta e levado a processos degenerativos na natureza (1997, p. 157) .

Como consequência desse desenvolvimento, novos hábitos culturais

surgem na vida dos trabalhadores rurais, trazendo mudanças, inclusive no

padrão alimentar, como o consumo crescente de alimentos instantâneos,

36

óleo de soja, refrigerantes, maionese, margarina, produtos derivados do

açúcar, alimentos semiprontos, entre outros (RAMPAZZO, 1997).

Acrescentou aos produtos tradicionalmente considerados como de

alimentação (arroz, feijão, milho, mandioca e batata) a disponibilidade

interna do açúcar e dos novos produtos hoje incluídos na dieta básica da

população, graças à própria modernização da agricultura: óleos vegetais

(soja, algodão e amendoim), alguns produtos de origem animal (carnes

bovina, suína e de aves, leite e ovos) (GRAZIANO DA SILVA, 1981).

A água também sofreu influência com a modernização da agricultura,

contaminada pelo uso de fertilizantes, adubos inorgânicos e agrotóxicos,

resultando na contaminação direta das pessoas. Geralmente essa face é

menos comentada, devido aos dados escassos no nosso país e também ao

fato de muitos envenenamentos ocorrerem por alimentos (carnes ou

vegetais), ou pelo manuseio de agrotóxicos, no caso de quem lida

diretamente com os produtos. Os agrotóxicos surgem neste período da

chamada “moderna agricultura”, trazendo problemas que afetam o meio

ambiente, a qualidade de vida e o processo de produção (BALSAN, 2006).

Atualmente têm-se, ainda, as plantas transgênicas, criadas sob o mito de

que trazem benefícios aos produtores rurais e consumidores. Em países

como o Brasil, um papel de destaque nas atividades de pesquisa biológica

é desempenhado por fundações internacionais (Rockfeller, Ford, etc.).

Essas pesquisas se fazem no sentido de intensificar o efeito das inovações

químicas ou mecânicas de grandes multinacionais (GRAZIANO DA SILVA,

1981).

Na estratégia de acumulação e expansão do capitalismo, a população do

campo se coloca na dependência da busca da produção e da

produtividade, atrelando-se, muitas vezes, ao complexo industrial, sofrendo

mudanças econômicas, sociais e culturais, que persistem até hoje, como

agravamento das questões ambientais, inchamento das cidades,

concentração de terra e renda, inclusão e/ou exclusão de segmentos

sociais e de lugares no processo agrícola, caracterizando um modelo de

37

exploração capitalizada, dotada de meios e técnicas que garantam a

eficácia e rentabilidade de produção (BALSAN, 2006).

O crescimento das cidades e o esvaziamento demográfico do campo se

dão com o confinamento de massas despossuídas de capital em grandes

bolsões de pobreza. O grau de indigência é tal que, os pequenos recursos

a elas destinados pelo Estado significam a este um grande capital político.

Verifica-se, contraditoriamente, a disseminação de formas de clientelismo

urbano (MARQUES e DIAS, 2006).

O campo também tem abrigado um importante segmento do excedente

populacional no Brasil. Verifica-se uma tendência do acúmulo de

desempregados disfarçados no âmbito da produção familiar e de

trabalhadores sem terra e sem função econômica nas vilas e no campo,

fato que está relacionado ao aumento das tensões sociais nos centros

urbanos, fazendo com que muitos deles se mantenham ligados a área de

origem por meio de vínculos familiares, sendo possível o seu retorno em

momentos de crise, sobretudo quando a família possui um pedaço de terra

(MARQUES e DIAS, 2006).

Em Anchieta, a concentração industrial compromete os potenciais

econômicos como os segmentos do turismo, da pesca e da agricultura,

afetando as atividades socioeconômicas do local e a agricultura familiar

existente. Essas mudanças acarretam elevado crescimento populacional,

que desenvolve forte pressão por ampliação da área urbana do município,

possibilitando o surgimento de conflitos de ocupação do solo e pressões

sobre o meio ambiente e infraestrutura (PREFEITURA..., 2006).

38

3.5 DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DE ANCHIETA

É necessário texto

3.5.1 A Pesca

A atividade pesqueira em Anchieta congrega cerca de 600 famílias, com

uma produção média em torno de 2.800 toneladas por ano. Estima-se um

número de 1.250 pescadores profissionais ligados diretamente à atividade

de captura, distribuídos nas sete comunidades litorâneas do município

(ANCHIETA, 2006).

Com base nos dados do censo da pesca artesanal no município, a

atividade pesqueira tem forte expressão socioeconômica no município,

porém apresenta fragilidade em relação à infraestrutura, organização

social, formação, treinamento e capacitação profissional. Os pescadores

artesanais exercem a atividade como principal meio de vida e são

nomeados como “embarcados” e “não embarcados”. A pesca artesanal e o

“pescador artesanal de subsistência” são caracterizados como um tipo de

atividade que envolve a “família toda”, sendo uma atividade cultural,

passada de geração em geração (SEAP, 2005).

O artigo 2 da Lei no 10.164, de 11 de maio de 1994, define pesca artesanal

como o tipo de pesca profissional, exercida sem vinculo empregatício com

indústria, praticada em águas litorâneas ou interiores, desde que o

trabalho seja em economia familiar, com ou sem auxílio de terceiros 8

(SEAP, 2005).

Diversas mudanças estão ocorrendo no mundo do trabalho. Em Anchieta,

as mudanças estão relacionadas às novas demandas de geração de

emprego e renda, sobretudo para pescadores artesanais, em função dos

impactos causados por indústrias que atuam na exploração de petróleo e

gás (BARBOSA, 2008).

Os pescadores foram os primeiros a sentirem os reflexos das

transformações advindas do processo industrial petrolífero. A pesca, uma

8 Para maiores informações acesse: http://www.mp.rs.gov.br/ambiente/legislacao/id1955.htm.

39

das maiores fontes de renda do município, tem diminuído

consideravelmente, pois a criação do porto da Samarco reduziu a área

para a prática pesqueira. Além disso, a “falta de qualificação” para atuação

em outras áreas dificulta aos pescadores a busca de alternativas para

geração de trabalho e renda (ANCHIETA, 2008).

Diante desse cenário, surgem associações de pescadores, organizações

não governamentais (ONGs) e políticas específicas para regular este tipo

de atividade. No município, os órgãos envolvidos com a atividade

pesqueira são a Secretaria Municipal de Pesca, o INCAPER, a Associação

de Pescadores de Ubu e Parati e a Colônia de Pesca “Marcílio Dias”. Em

termos de políticas públicas para o setor, conta-se com o PRONAF

(BARBOSA, 2009).

Porém, o PRONAF, em sua elaboração, não foi “pensado” para pescadores

artesanais, mas sim para os agricultores familiares, como resposta para

suas reivindicações, portanto a prioridade do programa é a agricultura

familiar e não a pesca. O próprio desenvolvimento do pescador, indicado

pelo aumento de sua renda, o impede de seguir acessando os recursos do

programa. Desde 1997 o PRONAF atende aos pequenos agricultores e

pescadores profissionais que se dediquem a pesca artesanal com fins

comerciais, explorando a atividade como autônomos, com meios de

produção próprios ou através de parceria com outros pescadores

artesanais (BARBOSA, 2009).

No cenário da pesca artesanal, as políticas públicas de modernização têm

inserido essa categoria num contexto mais amplo, esquecendo-se de

considerar suas particularidades socioculturais e econômicas. Para

Barbosa (2009, p. 31), “A pesca brasileira tem sido configurada pela

„eficiência produtiva‟, e não como meio de produção e reprodução social de

um modo de vida”.

No entanto, diferente da agricultura, o pescador artesanal trabalha para

extrair ou coletar aquilo que se reproduz biologicamente no mar. A

40

produção do pescador é igual a tudo aquilo que ele consegue extrair do

mar a partir do seu trabalho (BARBOSA, 2009).

Diante desta breve contextualização, percebe-se que mesmo havendo um

programa público relacionado à pesca, este ainda é bastante frágil e pouco

estruturado para ação local. A falta de organização política e de

representantes para reivindicar novas medidas que atendam às demandas

dos pescadores, é característica do município de Anchieta (BARBOSA,

2009).

3.6 DO IMPACTO DA MODERNIZAÇÃO DO MEIO RURAL E A TRANSIÇÃO

NUTRICIONAL

Os novos padrões da industrialização e urbanização trouxeram aumento da

ingestão de calorias e diminuição da atividade física, estabelecendo o

princípio do sobrepeso, ou seja, maior ingestão calórica e menos gasto

energético, com acúmulo de gordura. A correria do dia a dia, a falta de

tempo para o preparo do alimento e para o exercício da atividade física faz

com que a população aumente o consumo de fast foods, enlatados,

industrializados, aqueles que já são prontos para o consumo (TARDIO e

FALCÃO, 2006).

Nos países da América Latina e África, os processos de urbanização e

industrialização ocorreram de forma mais rápida e intensa, se compararmos com

os países do hemisfério Norte, ocasionando, num curto espaço de tempo,

mudanças significativas nos hábitos alimentares da população. Fatores como o

ingresso da mulher no mercado de trabalho, logística de produção, distribuição

dos alimentos e a publicidade foram importantes nessa questão (DIEZ-GARCIA,

1997).

A saída da mulher para o mercado profissional exigiu cada vez mais a

elaboração de produtos que economizam tempo. A indústria se encarrega

também da dieta de seus clientes, através de produtos diet e light. As

modificações, contudo, não se apresentam apenas pela demanda dos

41

consumidores, os distribuidores também têm grande influência no

mercado, proporcionando aparência, praticidade, tempo de prateleira, entre

outros aspectos (SAMPAIO, 2005).

Principalmente a partir de meados do século XX, a produção agrícola

adquire um ritmo acelerado de concentração e intensificação. Os produtos

da agricultura são cada vez mais transformados pela indústria. As

transações comerciais se multiplicaram e a distribuição passa por

significativas mudanças, aumentando o número de supermercados pelo

mundo. Com isso, a alimentação se torna um mercado de consumo de

massa com produtos altamente transformados por procedimentos

industriais, comercializados com o apoio de modernas estratégias de

marketing e publicidade (FISCHLER, 1998).

A urbanização induziu uma mudança nos padrões de vida e

comportamentos alimentares da população. O que era diferenciado na

população rural, com o predomínio da ingestão de cereais, raízes e

tubérculos, hoje não se garante mais, uma vez que os industrializados

estão em toda parte. O processo de industrialização dos alimentos tem

sido apontado como um dos principais responsáveis pelo crescimento

energético da dieta da maioria da população do Ocidente (TARDIO e

FALCÃO, 2006).

Embora a concentração de renda no Brasil não permita falar em mercado

homogêneo, nas duas últimas décadas houve predomínio no consumo de

alimentos industrializados comprados em supermercados por todas as

classes de renda. As mudanças verificadas pelas pesquisas de orçamento

familiares indicam incremento na aquisição de produtos industrializados e

redução de alimentos in natura por parte das famílias, pois as carnes,

especialmente o frango, e os laticínios têm sido uma ampliação na oferta

de produtos processados e os refrigerantes constituem em si, a

representação máxima da industrialização (TARDIO e FALCÃO, 2006).

Castro e Peliano (1985, p. 121) apontam que o preço, o paladar e a

nutrição aparecem como critérios de decisão para a inclusão de alimentos

42

no cardápio, sempre intermediados por uma questão cultural. Hoje, nos

supermercados da maioria das cidades brasileiras, é possível adquirir

alimentos resfriados, congelados, temperados, preparados, empanados,

recheados, onde a maior parte tem uma indicação para fritura.

Para Varella (1997, p. 48), os brasileiros adéquam sua alimentação de acordo

com o poder aquisitivo e a oferta de mercado. O efeito do que se come em

termos de saúde é uma ideia que ainda não direcionada as compras. São

poucos os que se preocupam.

O aumento de consumo de refrigerantes e embutidos, que tem marketing

constante, ou mesmo dos laticínios, que, além da propaganda maciça,

também tiveram redução de preço nos últimos anos, permite afirmar que a

propaganda, aliada ao bom preço, tem sido eficaz na mudança de hábitos

do brasileiro (BLEIL, 1998).

Dietas com alta densidade energética, associadas a um estilo de vida

sedentário, são apontadas como principais fatores do aumento da

prevalência de peso no mundo. As atividades esportivas, com gasto

energético acentuado foram substituídas por horas na frente do

computador ou televisão, uso frequente de eletrodomésticos como máquina

de lavar, aspirador de pó, entre outros. Características que fazem parte da

população rural de Anchieta (BLEIL, 1998).

No Brasil, entre outros fatores, a expansão do setor de serviços, com a

predominância de ocupações que demandam baixo gasto energético, sugere

que o desenvolvimento e a modernização do país associam-se a

alterações negativas na prática de atividade física, sendo estas relevantes

para explicar a ascensão da obesidade. É bastante provável que a redução

da atividade física nas populações, nas últimas duas décadas, seja um

determinante do perfil nutricional (DUTRA, CUNHA e MARCHINI, 1996).

A aquisição de bens de consumo duráveis por parte da população

contribuiu para mudanças no padrão de atividade física da população, o

43

que se associa a elevação do IMC9. Quanto maior for o IMC da pessoa,

maior a chance dela morrer precocemente e de desenvolver doenças do

tipo diabete mellitus, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares

(BRASIL, 2009).

A prática regular da atividade física contribui para o bom funcionamento

dos órgãos, principalmente coração, para o bom funcionamento do

intestino, diminui o estresse e a depressão, melhora o humor, reduz em

40% as chances de morte por doenças cardiovasculares, contribui para o

funcionamento normal dos mecanismos cerebrais de controle de apetite de

modo a trazer um equilíbrio entre a ingestão e o gasto de energia aliada ao

consumo reduzido dos alimentos, aumenta a perda de gordura e melhora

sua distribuição corporal (MINISTÉRIO..., 2009).

Nas últimas três décadas, pesquisas apontam que, como em outros países

em desenvolvimento, o Brasil tem apresentado modificações no perfil

nutricional de sua população, fruto de um processo conhecido como

transição nutricional. Muitos países na Ásia, América Latina e África, tem

experimentando, em função da urbanização, um aumento no padrão de

consumo de certos componentes da dieta com relação ao padrão de três

décadas atrás. Essa mudança nos padrões dietéticos inclui o significativo

aumento na disponibilidade de gorduras, principalmente as de origem

animal, e açúcares, contrastados com a disponibilidade de gorduras,

principalmente as de cereais e fibras (POPKIN, 2001; DUTRA, CUNHA e

MARCHINI, 1996).

A transição nutricional integra os processos de transição demográfica e

epidemiológica com modificações sequenciais no padrão de nutrição e

consumo, acompanhados de mudanças econômicas e sociais, e do perfil

de saúde das populações. O processo de transição nutricional em Anchieta

se reflete no estado de saúde da população, onde mais de 50%,

especialmente na área rural, encontra-se com excesso de peso e

9 IMC= Peso atual (Kg) / altura (m

2). Indicador utilizado para avaliar a proporção entre o peso e

altura de adultos (SISVAN, 2004).

44

obesidade. Novos padrões de consumo estão inseridos no local

(PINHEIRO, FREITAS e CORSO, 2004).

Nesse contexto, compartilham o mesmo cenário dois extremos da má

nutrição: desnutrição pela carência e obesidade pelo excesso, o que se

pode chamar de paradoxo nutricional. Portanto, a obesidade e o sobrepeso

constituem, na atualidade, importantes problemas de saúde pública, pelas

altas taxas de prevalência, não somente em adultos, mas também em

crianças e adolescentes (LAMOUNIER e PARIZZI, 2007).

3.6.1 A Epidemia do Excesso de Peso e Obesidade

A obesidade está sendo considerada a mais importante desordem

nutricional nos países desenvolvidos, atingindo também países em

desenvolvimento. No Brasil, o número de crianças e adultos obesos é cada

vez maior, até mesmo em países que se caracterizam por uma população

magra, como é o caso do Japão. A Organização Mundial de Saúde (OMS)

passou a considerar a obesidade como problema de saúde pública tão

preocupante como a desnutrição (MINISTÉRIO..., 2009).

Ela pode ser definida, de forma simplificada, como uma doença

caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, sendo

consequência de balanço energético positivo e que acarreta repercussões

à saúde com perda importante não só na qualidade como na quantidade de

vida (WORLD..., 2000).

Diversos estudos têm apontado motivos diferentes para o surgimento e a

manutenção da obesidade em inúmeras populações. Os estudos que têm

sido empreendidos correlacionando aspectos genéticos à ocorrência de

obesidade não têm sido capazes de evidenciar a interferência destes em

mais de um quarto dos obesos, fazendo com que ainda se acredite que o

processo de acúmulo excessivo de gordura corporal, na maioria dos casos,

seja desencadeado por aspectos socioambientais (SICHIERI et al., 1994).

45

A pesquisa de orçamento familiar (POF) realizada pelo IBGE (2009) mostra

que em todas as regiões do Brasil, em todas as faixas etárias e em todas

as faixas de renda aumentou contínua e substancialmente o percentual de

pessoas com excesso de peso e obesas. O sobrepeso atinge mais de 30%

das crianças entre cinco e nove anos de idade, cerca de 20% da população

entre 10 e 19 anos e 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20

anos. Entre os 20% mais ricos, o excesso de peso chega a 61,8% na

população de mais de 20 anos. Também nesse grupo se concentra o maior

percentual de obesos (16,9%) (IBGE, 2009).

A obesidade é considerada uma doença integrante do grupo de DCNT, as

quais são de difícil conceituação, gerando aspectos polêmicos quanto à

sua própria denominação, seja como doenças não infecciosas, doenças

crônicas degenerativas ou como DCNT, sendo esta última à conceituação

atualmente mais utilizada (LESSA, 1998).

Essa doença crônica é preocupante não apenas pelas implicações à

saúde, como pela complexidade de seu tratamento e controle, já que este

acarreta em mudança de comportamento alimentar no plano individual e da

adoção de políticas públicas que podem ir contra os diferentes setores da

indústria e comércio de alimentos (RINALDI et al., 2008). Por serem

doenças de longa duração, as DCNTs, incluindo a obesidade, são as que

mais demandam ações, procedimentos e serviços de saúde, afetando a

qualidade de vida da população. O conhecimento a cerca dos seus fatores

de risco e o seu monitoramento, principalmente os de natureza

comportamental, como dieta, sedentarismo, dependência química (tabaco,

álcool e outras drogas) é uma das ações de vigilância mais importantes

(MALTA et al., 2006).

As DCNT podem ser caracterizadas por doenças com história natural

prolongada, múltiplos fatores de risco complexos, interação de fatores

etiológicos desconhecidos, causa necessária desconhecida, especificidade

de causa desconhecida, longo período de latência, longo curso

assintomático, curso clínico em geral lento, prolongado e permanente,

manifestações clínicas com períodos de remissão e de exacerbação,

46

lesões celulares irreversíveis e evolução para diferentes graus de

incapacidade ou para a morte (LESSA, 1998).

O aumento dos valores da mortalidade proporcional por DCNT e causas

externas vem mostrando que o país está avançando na transição,

ultrapassando 50% das causas de morte, o que parece bastante

semelhante ao que ocorre em países desenvolvidos, como EUA e Europa

(LAURENTI, 1990).

Estudos sobre a tendência secular do IMC de adultos são encontrados com

alguma frequência nos países desenvolvidos. Dados abrangentes

procedem de inquéritos nacionais sobre saúde e nutrição realizados nos

Estados Unidos entre 1960 e 1994. Estes inquéritos documentaram um

aumento progressivo na prevalência de adultos obesos, sendo que, no

período de 1976 a 1994, verificou-se o aumento da obesidade entre

homens, na proporção de 12,3% para 19,9% e, entre mulheres, de 16,9%

para 24,9% (MONTEIRO e CONDE, 1999).

Segundo Albano e Souza (2001, p. 941), o aumento da disponibilidade de

alimentos gordurosos, com alta densidade energética, e a diminuição na

prática de exercícios físicos são os dois principais fatores, ligados ao meio

ambiente, que colaboram para o aumento da prevalência da obesidade.

Diante desses dados, é necessário que se concretizem os investimentos

para educação em saúde, visando proporcionar a descoberta de novos

prazeres através de um estilo de vida mais saudável. É fundamental que a

população portadora de excesso de peso, em conjunto com os

profissionais de saúde, assuma a responsabilidade de reestruturar suas

práticas mais cotidianas de saúde, empenhando-se no aumento de seu

tempo de prática de atividade física, bem como a opção por alimentos

menos ricos em gordura e menos energéticos (PINHEIRO, FREITAS e

CORSO, 2004).

No nível primário de atenção a saúde, é preciso avançar para o

planejamento e implementação de ações de proteção específica e

diagnóstico precoce, como por exemplo, iniciativas que restringem o uso

47

de frituras na merenda escolar, implementada na cidade de Florianópolis,

estado de Santa Catarina. O monitoramento do estado nutricional a partir

da antropometria em todas as faixas etárias é um bom exemplo de

utilização para diagnóstico precoce de sobrepeso e obesidade infantil ,

evitando, assim, um adulto nessas condições (PINHEIRO, FREITAS e

CORSO, 2004).

3.7 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL

Em estudos epidemiológicos, especialmente naqueles que se referem à

obesidade, há uma necessidade de avaliar o estado nutricional mediante

procedimentos diagnósticos que possibilitem precisar a magnitude, o

comportamento e os determinantes dos agravos nutr icionais, assim como

identificar os grupos de risco e as intervenções adequadas. Dentre estes

métodos, a obtenção de medidas de massa corporal e da estatura é o

principal conjunto utilizado, sendo um método não invasivo, de baixo custo

e universalmente aplicável, disponível para avaliar o tamanho e proporções

do corpo humano (RIBAS et al., 1999).

A antropometria, que consiste na avaliação das dimensões físicas e da

composição global do corpo humano, tem se revelado como o método

isolado mais utilizado para o diagnóstico nutricional em nível populacional

pela facilidade de execução, baixo custo e inocuidade (SIGULEM e VEIGA,

2000). O conhecimento acerca da massa corporal e da estatura nas

populações é relevante para a saúde geral. Com a diminuição das

prevalências de baixo peso e o avanço da epidemia de obesidade, medidas

como IMC têm sido utilizadas como marcadores do estado nutricional em

estudos epidemiológicos, tanto através de medição direta, com uso de

equipamentos (CHOR, 1999; SMITH, 2000).

O estudo de caso realizado por Matos (2000), para avaliar as condições de

trabalho e o estado nutricional de operadores do setor de alimentação

coletiva de uma Unidade de Alimentação e Nutrição, para obtenção do

48

título de mestre em engenharia de produção pela Universidade Federal de

Santa Catarina, avaliou o estado nutricional da população utilizando o

método IMC, devido a sua praticidade e eficácia, assim como o presente

estudo.

Embora apresente limitações quanto à sua correlação com a distribuição

de gordura, o IMC apresenta-se como de fácil medição e correlaciona-se

diretamente com medidas de massa corporal total (CHOR, 1999). De

acordo com Anjos, Silva e Serrão (1992, p.50), o IMC é um indicador válido

de estado nutricional em grupos populacionais e tem sido amplamente

usado para este propósito. Estudos demonstram bons níveis de validade

até mesmo entre os obesos (que poderiam apresentar maior tendência à

subestimação de massa corporal) e entre grupos com baixa escolaridade,

além de serem adequados também para o monitoramento da prevalência

de obesidade na população (BOLTON-SMITH et al., 2000).

Assim como no presente estudo, Kuczmarski et al. (2001), examinou a

associação entre idade e IMC obtido por medidas antropométricas

autorreferidas e comparou com valores obtidos a partir de medidas diretas

em homens e mulheres com 20 anos ou mais. Os resultados também

apontaram que a idade é uma variável importante nos resultados dos

questionários autorreferidos, apresentando diferenças significantes entre o

IMC baseado em medidas de adultos mais velhos. Além da idade, a

validade do IMC baseado em medidas de massa corporal e estatura

autorreferidos pode se alterar conforme o gênero e também segundo as

condições socioeconômicas dos grupos estudados (SCHMIDT et al., 1993;

FONSECA et al., 2004).

O IMC e a medida de CC têm sido amplamente utilizados na avaliação do

excesso de peso e da obesidade abdominal. Medidas que são recomendadas

pela World Health Organization (WORLD..., 1998) e pelo National Institute of

Health (NIH, 1998). A medida da CC, além de não invasiva, utiliza o mínimo

de equipamentos quando comparada as técnicas laboratoriais, é de rápida

aplicação, fácil de ser utilizada, sendo de custo muito acessível (FREEDMAN

et al., 1999).

49

Assim como no estudo em questão, para avaliação do estado nutricional da

população de Anchieta, realizada pelos profissionais do Projeto CARMEN,

optou-se pela aplicação do IMC e para medição da obesidade localizada

na região abdominal, os valores da CC (MINISTÉRIO..., 2010).

Segundo os pontos de corte recomendados por esses órgãos

internacionais, o risco de morbidade em homens adultos eleva-se à medida

que o indivíduo migra da categoria de IMC normal (IMC: 18,5 a 24,9kg/m²)

para a categoria de sobrepeso (IMC: 25,0 a 29,9kg/m²) e obesidade

(IMC > 30kg/m²), e quando apresentam a medida de circunferência de

cintura maior ou igual a 94cm e/ou quando a relação cintura-quadril é

maior ou igual a 1,0 (WORLD..., 1998).

É importante ressaltar que as categorias de IMC de adultos não são

diferenciadas segundo o sexo, além de abranger uma ampla faixa etária

(20 a 59 anos). Um fator que limita a aplicação do IMC é que ele não é

capaz de fornecer informações relacionadas com a composição corporal.

Pessoas com elevada quantidade de massa muscular podem apresentar

elevado IMC, mesmo que a gordura corporal não seja excessiva (CALLE et

al., 1999).

Apesar de o IMC não fornecer informações relacionadas com a quantidade

e distribuição da gordura corporal, muitos estudos demonstram a sua

importância e validade na avaliação do risco de mortalidade. Em adultos,

observa-se que valores extremos de IMC aumentam o risco de mortalidade

(CALLE et al., 1999; WIENPAAL, RAGLAND e SIDNEY, 1990; ZHU et al.,

2003).

Quando o objetivo da avaliação nutricional é obter um indicativo do risco a

saúde decorrente da quantidade e distribuição da gordura corporal, uma

boa alternativa é a utilização da medida dos perímetros corporais em

valores absolutos ou por meio de índices. Assim, embora o IMC seja uma

medida simples, conveniente e válida para o estudo da obesidade,

medidas de obesidade central, principalmente a circunferência abdominal

ou da cintura, tem se mostrado mais relacionadas tanto com risco

50

coronariano elevado, quanto com infarto agudo do miocárdio (CUPPARI,

2002). Ainda assim, estudos têm demonstrado que indivíduos com IMC

normal podem apresentar medida de circunferência de cintura elevada

(BOOTH et al., 2000; ARDEN et al., 2004).

A CC é utilizada em estudos epidemiológicos, devido a sua facilidade de

medida e também por apresentar uma associação com fatores de risco

(FREEDMAN et al., 1999). É um dos indicadores mais utilizados na

aferição da distribuição centralizada do tecido adiposo em avaliações

individuais e coletivas. O conhecimento desses pontos de corte é útil na

detecção do risco de desenvolvimento de doenças, tanto na vigilância

nutricional quanto em estudos de diagnóstico populacional, uma vez que a

obesidade abdominal (androide) é um fator de risco mais preocupante que

a obesidade da parte inferior do corpo (ginoide) (FERREIRA et al., 2006).

Os pontos de corte de 88 cm para mulheres e 102 cm para o homens foram

determinados para o risco muito aumentado de doenças cardiovasculares

(WORLD..., 2000).

O estudo de Barbosa (2008), para obtenção do grau de mestre em Saúde

Materno Infantil da Universidade Federal do Maranhão, São Luiz, utilizou

os parâmetros do IMC e da CC para mensuração do estado nutricional dos

pacientes de um ambulatório de cardiologia, em São Luiz. Assim como o

presente estudo, optou-se pela utilização desses dois métodos de

avaliação antropométrica por serem os mais comumente utilizados e pela

precisão dos resultados (ALBERTI, ZIMMET e SHAW, 2006).

3.8 DA AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR

Os dados sobre consumo alimentar integrados com outros indicadores do

estado nutricional, segurança alimentar, morbidade e risco de doenças,

são as bases para o monitoramento das tendências dietéticas e a definição

de políticas para agricultura, economia e saúde. Paralelamente a isso,

esses dados podem auxiliar no desenvolvimento de guias dietéticos e

51

material para educação nutricional, que são fundamentais para o

desenvolvimento e a condução de pesquisas científicas, contribuindo para

a produção de novos estudos sobre consumo alimentar (HARRISON,

2004).

Entre as técnicas empregadas para avaliação do estado nutricional, os

métodos dietéticos são os mais adequados para detectar a deficiência

nutricional em seu estágio inicial, sendo, por isso, utilizados em estudos de

base populacional de associação entre exposição ao fator e desfecho

(LOPES et al., 2003).

Dentre eles destaca-se o questionário de frequência de consumo

alimentar, que consiste em um checklist de um número de alimentos, que

podem variar de acordo com os objetivos do estudo. Ele foi desenvolvido

por Wiehl, em 1960, e é frequentemente utilizado em estudos em que há

limitações financeiras e de tempo, sendo rotineiramente empregado em

estudos epidemiológicos que relacionam a dieta com a ocorrência de

doenças crônicas (FERRO-LUZZI, 2002; MCPHERSON et al., 2000).

Assim como no presente estudo, Moreira (2010), com a aplicação do

modelo do consumo de óleos e gorduras e sua relação com consumo

alimentar e estado nutricional em um Serviço de Promoção da Saúde, para

obtenção do título de mestre em Saúde e Enfermagem pela Universidade

Federal de Minas Gerais também aplicou os questionários sobre o

consumo alimentar, por se tratar de um levantamento simplificado da

ingestão alimentar da população investigada (FERRO-LUZZI, 2002).

Hoje, existem variações do questionário de frequência do consumo alimentar

(QFCA) em relação ao seu desenho original, como o QFCA qualitativo, que

visa avaliar os tipos de alimentos consumidos e sua frequência, e o

semiquantitativo, que visa, além de avaliar os principais alimentos

consumidos, estimar o seu consumo. O QFCA, tanto em sua forma original

quanto em suas variações, é capaz de avaliar a frequência de consumo

alimentar diária, semanal, quinzenal, mensal ou sazonal (FERRO-LUZZI,

2002).

52

Estima (2007), em seu estudo sobre o consumo de refeições, ingestão

alimentar e estado nutricional de adolescentes residentes em Duque de

Caxias (RJ), para obtenção do grau de mestre pela Universidade Federal

do Rio de Janeiro, aplicou o questionário de frequência alimentar devido

aos resultados detalhados que o método fornece.

Para McPherson et al. (2000) a utilização do QFCA é um método

relativamente simples, objetivo e facilmente adaptável à população em

estudo. Uma das vantagens da utilização do instrumento é oferecer a

possibilidade de uma correta estratificação dos resultados em quartis de

consumo, o que possibilita analisar níveis extremos de ingestão.

Diante dos métodos de avaliação apresentados para avaliação do estado

nutricional e da ingestão alimentar de uma determinada população, surge a

necessidade de serem aplicados em grupos populacionais, como a área

rural de Anchieta, para obtenção do estado nutricional, curando os casos

existentes e prevenindo os futuros casos, por meio de políticas sociais

desenvolvidas no local (MCPHERSON et al., 2000).

3.9 DO MODELO DE ATENÇÃO EM SAÚDE PARA DOENÇA CRÔNICA NÃO

TRANSMISSÍVEL

É importante a conscientização de que o quadro epidemiológico nutricional

do Brasil por tratar de uma conjunção de fatores, deve gerar estratégias de

saúde pública capazes de implementar um modelo de atenção voltado para

os casos de desnutrição e obesidade na perspectiva de prevenção da

produção social de doença da populações (LESSA, 1998).

A emergência da obesidade e sua inserção nas DCNT tornam clara a

necessidade de um modelo de atenção à saúde, capaz de contemplar e

integrar ações eficazes para seu controle e prevenção. De acordo com

Lessa (1998, p. 284) as mudanças nos padrões epidemiológicos apontam

para a necessidade de construção de novos modelos conceituais

integrativos que deem conta da complexidade dos níveis de determinação,

53

propondo medidas que tenham efetividade na resolução dos problemas de

saúde.

Dentre os modelos epidemiológicos, o modelo ecológico, ainda bastante

utilizado, não é suficiente para esclarecer questões relacionadas às DCNT.

O conceito do "campo da saúde", adaptado por Dever (1988, p. 394), para

análise de políticas de saúde, vem sendo a proposta que parece melhor se

aplicar às DCNT. Este modelo é composto por quatro elementos: biologia

humana, estilo de vida, ambiente e organização do sistema de atenção à

saúde. Cada um dos elementos é amplamente constituído por fatores

conhecidos e por outros ainda desconhecidos, sendo que efeitos e/ou

interações entre estes fatores determinariam a ocorrência, prognóstico

e/ou morte por DCNT (LESSA, 1998).

Embora as razões relacionadas ao fenômeno da transição nutricional ainda

estejam em discussão, parece claro que ela determina importantes

padrões na forma de adoecer e morrer das populações. Monteiro (2001, p.

433) acrescenta que se deve incorporar na agenda de saúde pública e nas

políticas de saúde do Brasil, o controle e prevenção das DCNT,

enfatizando a necessidade de estruturar ações de educação em

alimentação e nutrição, capazes de alcançar de modo eficaz todos os

estratos econômicos da população.

Atualmente, no Brasil, questões voltadas para prevenção e controle da

obesidade, encontram-se em seus primeiros passos. Os serviços de saúde

começam a se organizar para implementar propostas e estratégias de

atenção primária para a obesidade (ENGSTROM, 2002).

As vertentes de atuação do Ministério da Saúde referentes à PAS incluem

medidas de incentivo, de proteção e de apoio, procurando viabilizar as

escolhas alimentares saudáveis à população. As medidas de incentivo são

aquelas que difundem informação e possibilitam práticas educativas que

motivam os indivíduos para a adoção de práticas saudáveis, por meio de

ações educativas nas unidades básicas de saúde, escolas e ambiente de

trabalho, campanhas publicitárias e eventos de mobilização. Como por

54

exemplo, o Plano Nacional para Promoção da Alimentação Adequada e

Peso Saudável, que inclui mensagens de incentivo a hábitos de vida e

alimentação saudável (BRASIL, 2006b).

Já as medidas de apoio são aquelas que tornam mais factível a adesão a

práticas saudáveis por indivíduos e coletividades informados e motivados,

como a rotulagem nutricional, programas de alimentação institucional,

cantinas saudáveis nas escolas e ambiente de trabalho e espaços que

favoreçam a amamentação no ambiente de trabalho. E as medidas de

proteção são as ações de caráter regulatório, que impedem que

coletividades e indivíduos fiquem expostos a fatores e situações que

estimulem práticas não saudáveis, como a regulamentação da venda e

propaganda de alimentos nas cantinas escolares; regulamentação de

publicidade dirigida ao público infantil e a regulamentação da rotulagem de

produtos dirigidos a lactentes (BRASIL, 2006b).

As políticas públicas se expressam em leis, decretos, regulamentações e

normas que são adotadas pelo Estado para proteger as condições

econômicas e sociais que têm impacto significativo na saúde. Faz-se

necessária uma ação sustentável e articulada para possibilitar ações por

parte do Estado que tornem o ambiente mais saudável, tornando as

escolhas alimentares saudáveis mais factíveis à população, avançando em

políticas de saúde e qualidade de vida. Destaca-se que tanto a PNPS

como a PNAN apontam para a necessidade de coibir práticas que

desestimulem uma alimentação saudável, em que cabem ao Estado ações

de regulação, como a da publicidade de alimentos, principalmente a que é

dirigida para crianças e adolescentes (BRASIL, 2006).

O Guia Alimentar para a População Brasileira é o primeiro documento

oficial que define as diretrizes alimentares para orientar escolhas mais

saudáveis de alimentos pela população brasileira a partir de dois anos de

idade. A abordagem multifocal trabalhada no Guia favorece a definição de

prioridades e a construção de uma agenda local que potencialize estas

atividades, incentivando a integração entre as diversas áreas de atuação

da saúde, o compromisso dos gestores e a mobilização da sociedade em

55

torno do mesmo objetivo, o de promover saúde e práticas alimentares

saudáveis (BRASIL, 2006a).

3.9.1 Da Política Social em Anchieta

O município de Anchieta foi o primeiro município do Espírito Santo a

realizar a linha de base para implantação da vigilância de fatores de risco

e proteção para DANT, considerada parte da iniciativa CARMEN. Estes

dados possibilitaram conhecer a distribuição, magnitude e tendência

dessas doenças e de seus fatores de risco na população, identificando

seus condicionantes sociais, econômicos e ambientais (YOKOTA et al.,

2012).

A iniciativa CARMEN, proposta pela Organização Pan-Americana da Saúde

(OPAS) em 1995, baseada em experiências bem sucedidas como a CINDI

(Countrywide Integrated Noncommunicable Disease Intervention), tem

como objetivo principal melhorar a saúde da população reduzindo a

prevalência dos fatores de risco para DCNT por meio de medidas de

prevenção e promoção da saúde. Para isso, recomenda-se inicialmente

implantar a vigilância dos fatores de risco e proteção para DCNT. Esta

estratégia já foi implantada em alguns municípios brasileiros, como Goiânia

(GO) e Pelotas (RS) (CARNELOSO et al., 2010; CAPILHEIRA et al., 2008).

Profissionais da área da saúde que atuam na atenção primária na

vigilância em saúde do município, previamente capacitados por

profissionais do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde

do Espírito Santo, realizaram toda a coleta de dados (medidas

antropométricas, aferição da pressão arterial), medidas físicas e químicas

(exames laboratoriais), avaliação de fatores socioeconômicos e dos

hábitos alimentares, com a finalidade de obter uma linha de base para o

monitoramento de fatores de risco e proteção para DANT em adultos no

município de Anchieta (YOKOTA et al., 2012).

56

Após o conhecimento da saúde e das necessidades da população,

recomenda-se o planejamento, execução e avaliação das estratégias de

prevenção e controle das DANTs que devem ser implementados no

município e fiscalizados por meio da realização de inquéritos periódicos a

cada três a cinco anos, a fim de monitorar as condições de saúde da

população (MINISTÉRIO..., 2010).

Diante dos objetivos desse modelo de política social aplicado em Anchieta,

foi sugerido ao Ministério da Saúde, que a equipe do Estado e do

município, responsável pelo Projeto, elaborasse uma planilha com as

estratégias de intervenção para redução da prevalência dos fatores de

risco para DANT no município, com ações, população alvo, objetivos,

metas e parceiros internos e externos para cada fator de risco e proteção

analisado. Sugestão que tem sido muito discutida, mas não colocada em

prática de maneira eficaz para reduzir o excesso de peso da população,

principalmente, dos moradores da área rural. Do ano da implantação da

iniciativa CARMEN (2011) em Anchieta até os dias de hoje a população

continua sem conhecer os dez passos para uma alimentação saudável

(BRASIL, 2006).

3.9.2 Dos Dez Passos para uma Alimentação Saudável Elaborados

pelo Ministério da Saúde

a) Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois

lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições;

b) Inclua diariamente seis porções do grupo de cereais (arroz, milho,

trigo, pães e massas), tubérculos como as batatas e raízes como a

mandioca/macaxeira/aipim nas refeições. Dê preferência aos grãos

integrais e aos alimentos na sua forma mais natural;

c) Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras

como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas

57

sobremesas e lanches;

d) Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por

semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de

proteínas e bom para a saúde;

e) Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção

de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes

e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais

saudáveis;

f) Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais, azeite,

manteiga ou margarina. Fique atento aos rótulos dos alimentos e

escolha aqueles com menores quantidades de gorduras “trans”;

g) Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e

recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra da

alimentação;

h) Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa.

Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio) como

hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos,

conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos;

i) Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dê

preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições;

j) Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30 minutos de

atividade física todos os dias e evite as bebidas alcoólicas e o fumo.

Mantenha o peso dentro de limites saudáveis.

Uma alimentação saudável é aquela que reúne os seguintes atributos: é

acessível e não é cara, valoriza a variedade, as preparações alimentares

usadas tradicionalmente, é harmônica em quantidade e qualidade,

naturalmente colorida e segura sanitariamente, conforme apresentada na

figura 1 (BRASIL, 2006).

58

Figura 1 - Alimentação saudável e suas diretrizes

Saborosa Harmônica

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Colorida Segurança sanitária

Acessível

financeiramente

Fonte: BRASIL, 2006.

59

4 MATERIAS E MÉTODOS

O estudo teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Superior

de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), através

da resolução 196/96, sob parecer 04353412100005065, no dia 01/08/2012.

4.1 SELEÇÃO AMOSTRAL

O cálculo amostral prévio realizado por consultor estatístico que utilizou o

cálculo de populações finitas com erro de prevalência de 3 a 5%, estimou-

se uma amostra de no mínimo 160 indivíduos, residentes na área rural de

Anchieta, que foram selecionados no período de 14 a 30 de agosto de

2012, que consentiram em participar do estudo.

Os critérios utilizados para a escolha dos participantes foram:

a) Critérios de Inclusão:

- ambos os sexos

- moradores da área rural de Anchieta

- adultos (20 a 59 anos);

b) Critérios de Exclusão:

- limitações cognitivas

- dificuldade de escrita e comunicação

- não preenchimento total dos itens

- gestante (consulta do prontuário da Estratégia de Saúde da Família

de Anchieta)

60

4.1.2 Local

O estudo quantitativo foi realizado nas Estratégias de Saúde da Família de

Baixo Pongal e São Mateus, localizadas na área rural do município de

Anchieta.

4.2 MÉTODO

À medida que os pacientes adultos chegavam para o atendimento da

consulta nas Estratégias de Saúde da Família de Baixo Pongal e São

Mateus, localizados na área rural de Anchieta, iam sendo recrutados para

explicação prévia da pesquisa, onde puderam ter uma noção da

importância do estudo, dos benefícios de uma alimentação saudável e dos

malefícios do excesso de peso. Eles foram convidados a participar do

estudo mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido.

Após o consentimento dos participantes, iniciou-se a coleta de dados para

cumprimento dos objetivos. Os passos foram:

a) assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - no

primeiro momento o participante leu e assinou o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, aceitando fazer parte do estudo

(APÊNDICE A);

b) avaliação antropométrica por meio do IMC, CC e CB - a avaliação

antropométrica incluiu peso e estatura, para o cálculo do IMC, CC e

circunferência do braço;

c) aplicação dos questionários para rastreio - para investigar o

consumo alimentar da população e os hábitos de vida foram

aplicados dois questionários, o primeiro contendo três blocos e o

segundo com perguntas elaboradas pelo Ministério da Saúde.

61

A avaliação antropométrica foi realizada pelo próprio pesquisador e a

aplicação dos questionários por entrevistadores previamente treinados,

que foram os próprios funcionários da Estratégia de Saúde da Família

(enfermeira e técnico em enfermagem).

Na sequência segue a explicação dos instrumentos.

4.2.1 Instrumentos

Para obtenção do IMC o peso e a estatura foram aferidos utilizando as

seguintes técnicas:

a) técnica da aferição do peso - o peso foi aferido em balança digital

portátil calibrada modelo Filizola®, com precisão de 100g e

capacidade de 150 kg, com o voluntário descalço, com o mínimo de

roupa (JELLIFFE, 1998);

b) técnica da medição da estatura - a estatura foi medida em

estadiômetro portátil modelo Sanny®, fixo a uma parede sem

rodapé, com capacidade de medição de 115 cm a 210 cm. Os

indivíduos foram orientados a permanecerem descalços de costas,

com os pés paralelos, os tornozelos juntos, braços soltos ao longo

do corpo, em posição ereta e com a cabeça posicionada de forma

que a parte inferior da órbita ocular estivesse no mesmo plano do

orifício externo do ouvido - Plano de Frankfort. Os tornozelos, as

nádegas e os ombros deviam estar em contato com o plano

verticular. Foi usado um esquadro para ajudar na medição

(JELLIFFE, 1998).

O IMC foi calculado pela divisão entre o peso (em quilogramas) e o

quadrado da altura (em metros):

62

Para adultos (indivíduos com 20 anos ou mais e menores de 60 anos de

idade) não são necessários cálculos adicionais para interpretação do

indicador de IMC. Portanto, o estado nutricional será determinado a parir

do IMC (OMS, 2004).

A classificação do estado nutricional de adultos é realizada a partir do

valor bruto do IMC preconizadas pela OMS, 1995. Nesse caso são

definidos pontos de corte para o indicador de IMC, permitindo a seguinte

classificação (Tabela 1):

Tabela 1- Classificação do IMC para adultos

Classificação IMC (Kg/m2)

Desnutrido

Peso adequado ou Eutrófico

Sobrepeso

Obesidade classe I

Obesidade classe II

Obesidade classe III

˂ 18,5

18,5 - 24,99

25,0 - 29,99

30,0 - 34,99

35,0 - 34,99

≥ 40,0

Fonte: World Health Organization (WHO), Geneva (1995)

Ao final, o estado nutricional dos participantes foi classificado conforme a

tabela acima (ANEXO A)

4.2.2 Circunferência da Cintura

Para a análise da obesidade centralizada optou-se por medir a CC,

utilizando-se das técnicas propostas por Callaway et al., 1991. O indivíduo

esteve em pé, com abdômen relaxado, braços estendidos e peso

igualmente distribuído entre as pernas, com os pés próximos e paralelos. A

região da cintura deve estar desprovida de roupa. Para localizar e marcar o

ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, solicitar ao indivíduo

que inspire e segure a respiração por alguns segundos. Depois, medir a

distância entre os dois pontos e marcar o ponto médio. A fita inelástica e

63

flexível modelo Sanny (resolução de 150cm), foi colocada horizontalmente

ao redor da cintura sobre o ponto médio, de forma ajustada, sem enrugar a

pele, para obtenção do resultado, em centímetro.

Embora o IMC seja uma medida simples, conveniente e válida para o

estudo da obesidade, medidas de obesidade central, principalmente CC,

tem se mostrado mais relacionada com risco coronariano elevado e infarto

agudo do miocárdio (VIEBIG, 2011).

O ponto de corte para risco de doenças cardiovasculares da medida da CC

é ≥ 94 cm para homens e ≥ 80 cm para mulheres, e risco muito aumentado

≥ 102cm para homens e ≥ 88cm para mulheres conforme as diretrizes

internacionais da OMS (WORLD..., 2000) (ANEXO B).

4.2.2.1 Circunferência do braço

A circunferência do braço (CB) é o parâmetro nutricional antropométrico

recomendado pela OMS para a estimativa da proteína muscular

esquelética total. A medida da CB fornece informação sobre o depósito de

gordura e massa muscular local (VIEBIG, 2011).

Para a obtenção da circunferência o braço do participante estava

flexionado em direção ao tórax, formando um ângulo de 90º. Em seguida, o

ponto médio entre o acrômio e o olécrano foi marcado. Para marcação foi

contornado o braço com fita no ponto marcado de forma ajustada evitando

a compressão da pele ou folga. Por último, o resultado foi anotado

(VIEBIG, 2011).

O resultado obtido deve ser comparado aos valores de referência do

NHANES I (National Health and Nutrition Examination Survey), demonstrados

em tabelas de percentis por Frisancho (1990 / ANEXO C). A adequação da

CB pode ser determinada por meio da equação a seguir e o estado nutricional

classificado de acordo com a tabela 2.

64

Fórmula de adequação da CB:

Fonte: Blackburn e Thornton (1979)

Tabela 2- Estado nutricional segundo circunferência do braço

Classificação IMC (Kg/m2)

Desnutrição grave

Desnutrição moderada

Desnutrição leve

Eutrofia

Sobrepeso

Obesidade

< 70%

70 - 80%

80 - 90%

90 - 110%

110 - 120%

> 120%

Fonte: Blackburn e Thornton (1979)

Ao final, os pacientes foram classificados conforme a gordura localizada na

região da cintura e na região do braço.

4.3 APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS

Após a avaliação antropométrica realizou-se a aplicação de três

questionários para rastreio dos hábitos de vida e do consumo alimentar. O

primeiro questionário (Questionário 1) foi subdividido em três blocos:

dados socioeconômicos, prática de atividade física e consumo alimentar:

(APÊNDICE B), o segundo questionário (Questionário 2) inclui perguntas

elaboradas pelo Ministério da Saúde e o terceiro questionário

(Questionário 3) trata-se de uma investigação do consumo alimentar.

65

4.3.1 Questionário 1

O Questionário 1 é composto por 35 perguntas subdividas em três blocos.

O primeiro bloco do questionário inclui 18 questões objetivas sobre os

dados socioeconômicos do participante. Esse módulo foi adaptado de

perguntas do VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para

Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), realizadas no Brasil em 2010,

visa obter informações sobre acesso a TV, internet, automóvel, uso de

eletrodomésticos, tipo de ocupação, se o indivíduo trabalha no campo ou

na cidade e o acesso à educação na área rural.

O segundo bloco do questionário inclui 10 questões objetivas sobre a

prática de atividade física dos participantes. Esse módulo adaptado de

perguntas utilizadas na “Avaliação da Efetividade de Programas de

Atividade Física no Brasil” pela Secretaria de Vigilância em

Saúde/Ministério da Saúde em 2011 e perguntas do VIGITEL, realizadas

no Brasil em 2010, visa identificar o tipo de atividade exercida pelo

participante; a existência de locais apropriados para a prática do

exercício/infraestrutura/qualidade na área rural de Anchieta e a execução

de políticas públicas com iniciativas no combate ao sedentarismo, como

por exemplo: serviço de orientação do Exercício.

O terceiro bloco do questionário possui 7 questões objetivas, sobre as

escolhas alimentares dos participantes, adaptadas do questionário

utilizado na dissertação de mestrado - Escolha alimentar do comensal de

um restaurante por peso - de Manuela Mika Jomori, submetida à

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC), em 2006, para

obtenção do grau de mestre em Nutrição e as perguntas do Teste de

Alimentação, ação de Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN),

que avalia o nível de qualidade de sua alimentação. Disponível em:

http://nutricao.saude.gov.br, que tem como objetivo investigar os critérios

utilizados nas escolhas alimentares, o conhecimento da informação

nutricional contida nos rótulos dos alimentos, a presença de serviços de

66

alimentação na área rural de Anchieta e o fornecimento de ações para

prevenção da obesidade.

4.3.2 Questionário 2

O Questionário 2 é composto por 18 questões objetivas elaboradas pelo

Ministério da Saúde juntamente com a Coordenação Geral da Política de

Alimentação e Nutrição. Com o objetivo de orientar a população brasileira

a ter uma alimentação saudável e fazer escolhas alimentares mais

adequadas, o Ministério da Saúde lança, em 2006, a versão de bolso do

Guia Alimentar para a População Brasileira, no formato de “Dez Passos

para uma Alimentação Saudável”. Este Guia de bolso traz também um

teste sobre a sua alimentação, que pode ajudar a refletir e modificar seus

hábitos alimentares. Disponível em: http://nutricao.saude.gov.br/ teste_

alimentacao.php. (APÊNDICE C)

A lista dos alimentos foi determinada a partir dos alimentos mais

consumidos pela população brasileira com base Estudo Nacional de

Despesa Familiar (ENDEF) realizado em 1974-1975 e adaptado para

adultos, com inclusão de alimentos como hambúrguer, pizza, pipoca, balas

e chocolate (FONSECA, SICHIERI e VEIGA, 1998).

4.3.3 Questionário 3

Foi utilizado o Questionário de Frequência Alimentar semiquantitativo para

estimar o consumo de hortaliças, legumes e frutas; óleos, gorduras e

açúcares; leite e produtos lácteos; pães, cereais e tubérculos; carne, ovo e

embutidos; e bebidas, adaptado do questionário utilizado na tese de

doutorado - Desenvolvimento de um questionário semiquantitativo de

frequência alimentar para adolescentes - de Betzabeth Slater Villar,

validado para adultos, submetida à Faculdade de Saúde Pública da

67

Universidade de São Paulo (SP) em 2001, para obtenção do grau de

doutor (APÊNDICE D).

Após a obtenção dos dados relativos aos instrumentos IMC, CC, CB e

questionários os dados foram planilhados em Excel e codificados de forma

a serem submetidos à análise estatística.

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram analisados quanto à estatística descritiva no que se refere

às frequências dos grupos e subgrupos das variáveis analisadas.

As múltiplas correlações realizadas utilizaram a comparação não

paramétrica de Spearman para obtenção de correlações positivas e

negativas.

As análises utilizaram o pacote estatístico SPSS 17.0 com índice de

confiança maior que 95% e o valor de P menor que 0,05.

68

5 RESULTADOS

Foram entrevistadas 184 pessoas daquelas que incluíram os critérios de

inclusão e excluídas 24, todos por não contemplarem todas as informações

necessárias ao abastecimento dos dados, conforme critérios metodológicos

previstos.

Na sequência serão abordadas as características sociais demográficas, os

hábitos de tabagismo, a prática de atividade física, hábitos alimentares,

alimentos consumidos e prática de tabagismo.

5.1 DOS PERFIS ESTUDADOS

Os perfis estudados foram: medidas antropométricas, características

sociodemográficos, prática de atividade física, hábitos alimentares e

tabagismo.

5.1.1 Das medidas antropométricas

As medidas antropométricas, peso, estatura, para classificação do IMC,

circunferência da cintura e circunferência do braço estão apresentados na

tabela 3.

69

Tabela 3 – Medidas Antropométricas

Medidas Antropométricas População Estudada

n=160 100%

N %

IMC

Magreza Grau II

Magreza Grau III

Eutrofia

Sobrepeso/Pré Obeso

Obesidade

2

2

50

65

41

1,3

1,3

31,3

40,6

25,6

Circunferência da Cintura

Risco aumentado (cardiovasculares)

Risco muito aumentado

Sem risco

76

54

30

47,5

33,8

18,8

Circunferência do Braço

Desnutrição

Eutrofia

Sobrepeso

Obesidade

3

39

62

56

1,9

24,4

38,8

35

Fonte: Brena de Castro Costa

De acordo com a Tabela 3, pode-se destacar que 40,6% da população estudada

encontra-se com excesso de peso e 25,6% já são classificados como obeso.

Somente 31,3% estão com seu estado nutricional adequado.

No que se refere a medida a Circunferência da cintura, 47,5% apresenta risco

aumentado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, 33,8%

apresentam risco muito aumentado e somente 18,8% não apresentaram nenhum

risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

70

A Circunferência do braço só veio a confirmar o excesso de peso da população

rural de Anchieta, onde 38,8 foi classificado como sobrepeso e 35% como

obesos, e apenas 24,4% da população estudada apresentaram-se como

eutróficos.

5.1.2 Das características Sociais e Demográficas da Amostra

Os dados sociodemográficos das características relativas a gênero, estado

civil, fototipo, acesso a Internet, acesso a TV, automóvel, escolaridade e

renda mensal da família estão apresentados nas tabelas 4 e 5, que são

denominadas de dados sociodemográficos 1 e dados sociodemográficos 2.

Tabela 4 - Dados sociodemográficos 1

Características População Estudada

71

n=160 100%

N %

Sexo

F

M

109

51

68,1

31,9

Estado civil

Casado

Solteiro

Divorciado

Viúvo

123

18

15

4

76,9

11,3

9,4

2,5

Fototipo

Branca

Negra

Parda ou Morena

56

24

80

35,0

15,0

50,0

Acesso a Internet

1 a 3h

4 a 5h

Não acessa

Outros

33

11

106

10

20,6

6,9

66,3

6,3

Acesso a TV

1 a 3h

4 a 5h

6 a 10h

Não assiste

Outros

76

42

22

16

4

47,5

26,3

13,8

10,0

2,5

Fonte: Brena de Castro Costa

Observando a tabela 4 (dados sociodemográficos 1), percebe-se que o

perfil amostral social e ocupacional das variáveis mensuradas é

72

caracterizado, em sua maioria, por mulheres, 109 (68,1%) mulheres e em

sua minoria 51 (31,9%) homens.

Quanto ao estado conjugal, a maioria é formada por indivíduos casados,

123 (76,9%) do total da amostra são casados, 18 (11,3%) deles são

solteiros, 15 são divorciados, o que representa (9,4%) e somente quatro

(2,5%) indivíduos são viúvos.

Em relação a característica fototipo, 56 (35%) dos indivíduos estudados

são brancos, 24 (15%) são negros e 80 (50%) são pardos ou morenos,

representando a grande maioria.

Quanto o acesso à internet no meio rural, 33 (20,6%) indivíduos acessam

de uma a três horas por dia, 11 (6,9%) acessam de quatro a cinco horas

por dia, em sua maioria 106 (66,3%) não acessam a internet e 10 (6,3%)

dos participantes alegaram acessar por diferentes períodos. O que

comprova a urbanização do meio rural de Anchieta é o fato de 44 dos

entrevistados acessarem a internet diariamente.

Já em relação à TV, 76 pessoas afirmaram que passam pelo menos de

uma a três horas sentados em frente a televisão, o que representa (47,5%)

da amostra, 42 (26,3%) indivíduos ficam em frente a TV de quatro a cinco

horas, 22 (13,8%) ficam de seis a 10 horas em frente a TV, somente 16

(10%) dos 160 entrevistados não assistem TV e quatro (2,5%) não

assistem por diferentes períodos de tempo.

Tabela 5 - Dados sociodemográficos 2

73

Características População Estudada

n=160 100%

N %

Automóvel

Possuo

Não possuo

87

73

54,4

45,6

Escolaridade

Ensino Superior

Ensino Superior Incompleto

Ensino Médio

Ensino Médio Incompleto

Até a 4a série

Até a 8a série

Outros

8

9

13

12

30

60

28

5,0

5,6

8,1

7,5

18,8

37,5

18,5

Renda mensal da família

1 salário mínimo

1 a 3 salários mínimos

Mais de 3 salários mínimos

Outros

Não quis informar

8

29

7

23

93

5,0

18,1

4,4

14,4

58,1

Fonte: Brena de Castro Costa

No que tange a tabela 5, percebe-se que o perfil amostral social e

ocupacional das variáveis mensuradas tem como característica a presença

de automóveis nas famílias estudadas, no qual 87 (54,4%) indivíduos

alegaram possuir automóvel em casa e 73 (45,6%) não possuem automóvel.

Quanto à escolaridade, destaca-se que 30 (18,8%) dos entrevistados

estudaram somente até a 4ª série e 60 (37,5%) só estudaram até a 8ª série;

12 (7,5%) ainda não concluíram o ensino médio e 13 (8,1%) concluíram o

ensino médio; nove (5,6%) ainda não concluíram o ensino superior e oito

(5,0%) apresentam ensino superior completo; 28 (17,5%) dos entrevistados

apresentam diferentes graus de escolaridades.

74

Em relação à renda mensal da família, vale ressaltar que 93 dos indivíduos

entrevistados não quiseram informar a renda da família, o que representa

mais da metade da amostra (58,1%), 23 (14,4%) deles relataram possuir

diferentes rendas, oito (5,0%) afirmaram que a família possui renda de um

salário mínimo por mês, 29 (18,1%) das famílias passam o mês com um a

três salários mínimos e somente sete (4,4%) ganham mais de três salários

mínimo por mês.

5.1.3 Das Características Relativas à Atividade Física da Amostra

As características relativas à atividade física foram avaliadas através da

mensuração de prática de atividade física, local para prática de atividade

perto de casa e qualidade das estruturas, que estão apresentados na

tabela 6.

Tabela 6 - Características da atividade física

Características População Estudada

75

n=160 100%

N %

Pratica de atividade física

Não Pratica

Pratica

152

8

95

5

Local para prática perto de casa

Praça

Quadra

Não Conhece

Pratica em Piúma ou Centro de Anchieta

11

73

65

11

6,9

45,6

40,6

6,9

Qualidade das Estruturas

Boa

Ruim

Insuficiente

Outros

88

9

1

62

55

5,6

0,6

39,8

Fonte: Brena de Castro Costa

Observando a tabela 6, características da atividade física, percebe-se que

o perfil amostral é caracterizado pelo sedentarismo, no qual 152 dos

indivíduos entrevistados não praticam atividade física, totalizando quase

100% da amostra (95%), somente 5% praticam algum tipo de atividade.

Merece destaque o fato de 73 (45,6%) pessoas conhecerem a quadra na

área rural, afirmarem que a qualidade é boa (55%), mas mesmo assim não

praticarem a atividade física. Dos entrevistados, 65 (40,6%) deles alegam

não conhecer nenhum local perto de casa para a pratica de atividade e 11

se deslocam até Piúma ou vão ao centro de Anchieta praticar atividade

física.

Somente nove (5,6%) indivíduos estão insatisfeitos com a qualidade das

estruturas dos locais para prática de atividade física na área rural, uma

pessoa alega ser insuficiente e 62 (38,8%) deles não se identificaram com

nenhuma das opções do questionário.

76

5.1.4 Das Características Relativas aos Hábitos Alimentares e Tipo de

Alimentos Consumidos

Os dados dos hábitos alimentares relativos ao grupo das hortaliças,

leguminosas e frutas; óleos, gorduras e açúcares; leite e produtos lácteos;

pães, cereais e tubérculos; carne, ovo e embutidos e o grupo das bebidas

estão apresentados nas tabelas 7 a 14, e os dados da prática de

tabagismo da amostra estão apresentados na tabela 15.

5.1.4.1 Grupo das hortaliças, leguminosas e frutas

As características relativas aos hábitos alimentares foram avaliadas

através da mensuração da ingestão de diversos alimentos: alface, acelga,

repolho, agrião, rúcula, couve flor, beterraba, cenoura, espinafre, couve,

ervilha, milho verde, pepino, tomate, feijão, abacate, abacaxi, laranja,

banana, maçã, pera, melão, melancia, mamão e outros (kiwi, ameixa), que

estão apresentados na tabela 7 e 8.

Tabela 7 - Dados dos hábitos alimentares (grupo das hortaliças,

leguminosas e frutas)

Alimentos do QFA

População Estudada

n=160 / 100%

77

Nunca Menos de 1 x por mês

1 a 3 x por mês

n % n % n %

Alface 15 9,4 32 20 26 16,3

Acelga/repolho 50 31,3 40 25 47 29,4

Agrião/rúcula 67 41,9 31 19,4 36 22,5

Couve flor 21 13,1 52 32,5 54 33,8

Beterraba 36 22,5 18 11,3 33 20,6

Cenoura 32 20 22 13,8 17 10,6

Espinafre/couve 62 38,8 31 19,4 42 26,3

Ervilha 38 23,8 38 16,9 58 36,3

Milho verde 38 23,8 28 17,5 39 24,4

Pepino 25 15,6 12 7,5 31 19,4

Tomate 17 10,6 17 10,6 15 9,4

Feijão 12 7,5 4 2,5 0 0

Abacate/abacaxi 52 32,5 37 23,1 47 29,4

Laranja/banana 11 6,9 11 6,9 14 8,8

Maçã/pera 26 16,3 20 12,5 29 18,1

Melão/melancia/mamão 50 31,3 30 18,8 50 31,3

Outros - uva, ameixa, kiwi 101 63,1 37 23,1 19 11,9

Suco de fruta s/ açúcar 60 37,5 31 19,4 25 15,6

Suco de fruta c/ açúcar 20 12,5 9 5,6 8 5

QFA=questionário de frequência alimentar

Fonte: Brena de Castro Costa

Tabela 8 - Dados dos hábitos alimentares (grupo das hortaliças,

leguminosas e frutas) (continuação)

78

Alimentos do QFA

População Estudada

n=160 / 100%

1 x por semana

2 a 4 x por semana

1x por dia 2 ou mais x por dia

N % n % n % n %

Alface 25 15,6 46 28,8 11 6,9 5 3,1

Acelga/repolho 11 6,9 9 5,6 3 1,9 0 0

Agrião/rúcula 16 10 7 4,4 3 1,9 0 0

Couve flor 22 13,8 11 6,9 0 0 0 0

Beterraba 37 23,1 26 16,3 9 5,6 1 0,6

Cenoura 32 20 51 31,9 6 3,8 0 0

Espinafre/couve 19 11,9 4 2,5 2 1,3 0 0

Ervilha 20 12,5 14 8,8 3 1,9 0 0

Milho verde 27 16,9 25 15,6 3 1,9 0 0

Pepino 40 25 45 28,1 7 4,4 0 0

Tomate 31 19,4 61 38,1 12 7,5 7 4,4

Feijão 32 20 35 21,9 49 30,6 28 17,5

Abacate/abacaxi 18 11,3 3 1,9 3 1,9 0 0

Laranja/banana 31 19,4 54 33,8 27 16,9 12 7,5

Maçã/pera 34 21,3 43 26,9 7 4,4 1 0,6

Melão/melancia/mamão 15 9,4 11 6,9 4 2,5 0 0

Outros - uva, ameixa, kiwi 3 1,9 0 0 0 0 0 0

Suco de fruta s/ açúcar 16 10 21 13,1 5 3,1 2 1,3

Suco de fruta c/ açúcar 32 20 60 37,5 18 11,3 13 8,11

QFA=questionário de frequência alimentar

Fonte: Brena de Castro Costa

Vale destacar que os alimentos básicos da mesa do brasileiro, como alface

e tomate são os mais consumidos. Entretanto, o percentual da ingestão

desses alimentos é baixo, somente 11 (6,9%) indivíduos comem alface

pelo menos uma vez ao dia e 12 (7%) deles consome tomate uma vez ao

dia.

O que confirma a não ingestão de hortaliças é o percentual de

participantes, 50 (31,3%) deles não consumirem acelga, repolho, 47

(29,4%) dos indivíduos só comem de uma a três vezes ao mês, o agrião e

79

rúcula nunca são consumidos por 67 (41,9%) pessoas, o espinafre e a

couve nunca são consumidos por 62 (38,8%) participantes, o que

representa.

Cumpre mencionar que o feijão aparece como destaque sendo consumido

uma vez ao dia por 49 (30,6%) indivíduos e duas ou mais vezes por dia por

28 (17,5%) deles.

Em relação ao consumo de frutas, as que se destacam são laranja e

banana que são ingeridas por 31 (19,4%) indivíduos uma vez por semana,

uma vez ao dia por 27 (16,9%) pessoas e o percentual dos que nunca

consomem é baixo (6,9%); 34 (21,3%) indivíduos consomem maçã e pera

pelo menos uma vez por semana; melão, mamão e melancia não são bem

aceito por eles, visto que 50 (31,3%) indivíduos nunca consomem esses

alimentos; outras frutas como kiwi, ameixa, morango, que possuem o custo

mais elevado, não são consumidas por 101 (63,1%) dos 160 entrevistados,

o que era previsto devido a renda mensal da amostra. O suco com açúcar

está presente na vida de 60 dos participantes, pelo menos de duas a

quatro vezes na semana, representando 37,5% do total.

5.1.4.2 Grupo dos óleos, gorduras e açúcares

As características relativas aos hábitos alimentares foram avaliadas

através da mensuração da ingestão de diversos alimentos (batata chips -

salgadinho, sorvete, achocolatado em pó, pipoca, açúcar adicionado,

sanduíche, cachorro quente, salgado frito, salada de maionese, farofa,

pizza, maionese tradicional, manteiga-margarina, azeite de oliva), que

estão apresentados na tabela 9 e 10.

80

Tabela 9 - Dados dos hábitos alimentares (grupo dos óleos, gorduras e

açúcares)

Alimentos do QFA

População Estudada

n=160 / 100%

Nunca Menos de 1 x por mês

1 a 3 x por mês

n % n % n %

Batata chips-salgadinho 35 21,9 31 19,4 41 25,6

Sorvete 49 30,6 55 34,4 39 24,4

Achocolatado em pó 33 20,6 11 6,9 25 15,6

Pipoca 54 33,8 43 26,9 36 22,5

Açúcar adicionado 16 10 3 1,9 1 0,6

Sanduíche/Cachorro quente 16 10 30 18,8 38 23,8

Salgado frito 15 9,4 29 18,1 28 17,5

Salada de maionese 14 8,8 37 23,1 54 33,8

Farofa 22 13,8 10 6,3 6 3,8

Pizza 53 33,1 58 36,3 35 21,9

Maionese tradicional 26 16,3 43 26,9 34 21,3

Manteiga /Margarina 21 13,1 7 4,4 3 1,9

Azeite de oliva 107 66,9 24 15 4 2,5

QFA=questionário de frequência alimentar

Fonte: Brena de Castro Costa

81

Tabela 10 - Dados dos hábitos alimentares (grupo das óleos, gorduras e

açúcares) (continuação)

Alimentos do QFA

População Estudada

n=160 / 100%

1 x por semana

2 a 4 x por semana

1x por dia 2 ou mais x por dia

N % n % n % n %

Batata chips-salgadinho 29 18,1 15 9,4 4 2,5 5 3,1

Sorvete 14 8,8 1 0,6 2 1,3 0 0

Achocolatado em pó 26 16,3 37 23,1 13 8,1 15 9,4

Pipoca 17 10,6 8 5 0 0 2 1,3

Açúcar adicionado 26 16,3 43 26,9 39 24,4 32 20

Sanduíche/Cachorro quente 48 30 27 16,9 1 0,6 0 0

Salgado frito 26 16,3 44 27,5 14 8,8 4 2,5

Salada de maionese 43 26,9 10 6,3 2 1,3 0 0

Farofa 36 22,5 54 33,8 24 15 8 5

Pizza 12 7,5 2 1,3 0 0 0 0

Maionese tradicional 29 18,1 11 6,9 7 4,4 10 6,3

Manteiga /Margarina 18 11,3 39 24,4 43 26,9 29 18,1

Azeite de oliva 3 1,9 6 3,8 8 5 8 5

QFA=questionário de frequência alimentar

Fonte: Brena de Castro Costa

No grupo dos óleos, gorduras e açúcares, o açúcar adicionado as

preparações está presente uma vez por dia na rotina de 39 (24,4%)

participantes e na vida de 32 (20%) deles duas ou mais vezes ao dia. O

achocolatado em pó é consumido por 37 (23,1%) indivíduos duas a quatro

vezes por semana.

O sorvete, a pipoca, a pizza não são muito consumidos porque não são

encontrados na região rural, representando, respectivamente, os

percentuais 30,6%, 33,8% e 33,1%, da opção nunca consomem.

Já a fritura (salgado frito) é consumida com frequência, 44 (27,5%)

indivíduos consomem de duas a quatro vezes por semana, 26 (16,3%) uma

vez por semana e 14 (8,8) pelo menos uma vez por dia.

82

Como destaque, as frequências observam o consumo de farofa, no qual 54

(33,8%) participantes da amostra consomem de duas a quatro vezes por

semana, 36 (22,5%) pessoas uma vez por semana e 24 (15%) deles uma

vez por dia, somente 22 (13,8%) nunca consomem e a ingestão de

manteiga e margarina, no qual 29 (18,1%) dos indivíduos consomem duas

ou mais vezes por dia, 43 (26,9%) deles uma vez ao dia, 39 (24,4%) das

pessoas consomem de duas a quatro vezes na semana e somente 21

(13,1%) indivíduos nunca consomem.

5.1.4.3 Grupo do leite e produtos lácteos

As características relativas aos hábitos alimentares foram avaliadas

através da mensuração da ingestão de diversos alimentos (leite integral,

leite desnatado, leite fermentado, derivados do leite - queijo, requeijão),

que estão apresentados na tabela 11.

Tabela 11 - Dados dos hábitos alimentares (grupo do leite e produtos lácteos)

População estudada

n=160 / 100%

Alimentos do QFA

Nunca Menos 1 x por

mês

1 a 3 x por mês

1 x por semana

2 a 4 x por

semana

1 x por dia

2 ou mais x por dia

n % n % n % n % n % n % n %

Leite integral

48

30 21

13,1

14

8,8 21

13,1

31

19,4

12

7,5

13

8,1

Leite desnatado

66

41,3

33

20,6

30

18,8

13

8,1 7 4,4 10

6,3

1 0,6

Leite fermentado

69

43,1

31

19,4

49

30,6

9 5,6 1 0,6 1 0,6

0 0

Outros - queijo, requeijão

32

20 24

15 37

23,1

32

20 25

15,6

8 5 2 1,3

QFA= questionário de frequência alimentar

Fonte: Brena de Castro Costa

83

No que se refere ao consumo de leite e derivados é apontado como um

resultado inesperado, uma vez que, muitos trabalhadores rurais tem

acesso direto ao leite da vaca.

Dos 160 participantes, 30% nunca ingerem o leite integral, 41,3% nunca

consomem o leite desnatado e ainda maior, 43,1% nunca tomam o leite

fermentado. Somente 12 (7,5%) dos participantes ingerem leite integral

uma vez ao dia.

Em relação ao leite desnatado, 30 (18,8%) indivíduos consomem o leite

uma a três vezes ao mês e 49 (30,6%) deles ingerem o leite fermentado na

mesma frequência.

Em relação aos produtos lácteos, como queijo, requeijão, 32 (20%)

indivíduos consomem uma vez por semana, em contrapartida o mesmo

percentual nunca consome; 37 (23,1%) pessoas alegaram comer com

pouca frequência, somente de uma a três vezes ao mês.

5.1.4.4 Grupo dos pães, cereais e tubérculos

As características relativas aos hábitos alimentares foram avaliadas

através da mensuração da ingestão de diversos alimentos (arroz cozido,

macarrão, pão francês, pão caseiro), que estão apresentados na tabela 12.

84

Tabela 12 - Dados dos hábitos alimentares (grupo dos pães, cereais e

tubérculos)

População estudada

n=160 / 100%

Alimentos do QFA

Nunca Menos 1 x por

mês

1 a 3 x por mês

1 x por semana

2 a 4 x por

semana

1 x por dia

2 ou mais x por dia

n % n % n % n % n % n % n %

Arroz cozido

0 0 3 1,9 3 1,9 30 18,8 49 29 38 22,5 37 21,9

Macarrão 3 1,9 3 1,9 11 6,9 47 29,4 70 43,8 21 13,1 5 3,1

Pão francês /caseiro

8 5 8 5 12 7,5 36 22,5 59 36,9 28 17,5 9 5,6

Fonte: Brena de Castro Costa

Na tabela 12 é exposto que o grupo dos pães, cereais e tubérculos faz

parte do dia a dia da amostra. Somente três (1,9%) dos participantes

nunca consomem macarrão e 5% nunca comem pão francês e caseiro.

Todos os participantes (100%) alegaram consumir arroz.

Dos 160 participantes, 49 (30,6%) consomem arroz pelo menos uma vez

por semana, 38 (23,8%) de duas a quatro vezes por semana e 37 (23,1%)

consomem o carboidrato duas ou mais vezes por dia.

O macarrão se destaca devido a 70 (43,8%) indivíduos consumi-lo de duas a

quatro vezes por semana e 47 (29,4%) pelo menos uma vez por semana.

O pão (francês e caseiro) também merece destaque: 59 (36,9%) indivíduos

consomem esse carboidrato de duas a quatro vezes por semana e 36

(22,5%) consomem pelo menos uma vez por semana.

85

5.1.4.5 Grupo da carne, ovos e embutidos

As características relativas aos hábitos alimentares foram avaliadas

através da mensuração da ingestão de diversos alimentos (carne cozida,

carne fruta, ovo frito, embutidos), que estão apresentados na tabela 13.

Tabela 13 - Dados dos hábitos alimentares (grupo das carnes, ovos e

embutidos)

População estudada

n=160 / 100%

Alimentos do QFA

Nunca Menos 1 x por mês

1 a 3 x por mês

1 x por semana

2 a 4 x por

semana

1 x por dia

2 ou mais x por dia

n % n % n % n % n % n % n %

Carne cozida

5 3,1 20 12,5 23 14,4 35 21,9 41 25,6 32 20 4 2,5

Carne frita

1 0,6 5 3,1 6 3,8 31 19,4 81 50,6 30 18,8 6 3,8

Ovo frito 0 0 3 1,9 7 4,4 16 10 65 40,6 41 25,6 28 17,5

Embutidos 21 13,1 40 25 50 31,3 35 21,9 14 8,8 0 0 0 0

Fonte: Brena de Castro Costa

No que diz respeito ao consumo de proteína, destaca-se a ingestão de

fritura. A carne frita é consumida com maior frequência pelos participantes:

81 (50,6%) consomem de duas a quatro vezes por semana e 30 (18,8%)

pelo menos uma vez por dia. Dos 160 entrevistados, 65 (40,6%) consomem

ovo frito duas a quatro vezes por semana.

O ovo frito está presente no prato de 41 (25,6%) indivíduos uma vez por

dia. Trata-se de uma opção barata e prática de preparar. Além disso, 28

(17,5%) dos participantes ingerem ovo duas ou mais vezes por dia.

86

A carne cozida também aparece na mesa dos participantes, sendo que 32

(20%) deles ingerem esse tipo de carne pelo menos uma vez por dia e 41

(25,6%) pelo menos duas a quatro vezes por semana.

Somente 3,7% dos indivíduos alegaram nunca consumir carne e 21

(13,1%) indivíduos nunca consumiu embutidos, como salsicha, linguiça,

salame, presunto, mortadela, entre outros.

5.1.4.6 Grupo das bebidas

As características relativas aos hábitos alimentares foram avaliadas

através da mensuração da ingestão de diversos alimentos: refrigerante,

suco artificial, chá e café. (Tabela 14)

Tabela 14 - Dados dos hábitos alimentares (grupo das bebidas)

População estudada

n=160 / 100%

Alimentos do QFA

Nunca Menos 1 x por mês

1 a 3 x por mês

1 x por semana

2 a 4 x por

semana

1 x por dia

2 ou mais x por dia

n % n % n % n % n % n % n %

Refrigerante 7 4,4 2 1,3 15 9,4 38 23,8 56 35 30 18,8 12 7,5

Suco artificial

27 16,9 16 10 26 16,3 42 26,3 29 18,1 17 10,6 3 1,9

Chá / Café 15 9,4 4 4 0 0 26 16,3 40 25 35 21,9 40 25

Fonte: Brena de Castro Costa

Na tabela 14, as frequências observam que 56 indivíduos, o que

representa (35%) da amostra, bebem refrigerante duas a quatro vezes por

semana, 38 (23,8%) ingerem esse líquido pelo menos uma vez por

semana, 30 (18,8%) participantes bebem refrigerante uma vez por dia e 12

(7,5%) deles bebem duas ou mais vezes ao dia. Fator que chama atenção,

principalmente por ser tratar de uma população rural.

87

Já o suco artificial é consumido em menos frequência, destacando que 27

(16,9%) pessoas nunca consomem esse produto.

Em relação ao consumo de café e chá, o percentual da ingestão desses

produtos merece destaque: 40 (25%) participantes ingerem essa bebida

duas ou mais vezes por dia, 35 (21,9%) tomam uma vez por dia, 40 dos

160 da amostra ingerem duas a quatro vezes por semana, representando

25% do total e 26 (16,3%) deles consomem, pelo menos, uma vez por

semana.

5.1.5 Das Características Relativas aos Hábitos de Tabagismo da

Amostra

As características relativas à prática do tabagismo foram avaliadas através

da mensuração do uso do cigarro, que estão apresentados na tabela 15.

Tabela 15 - Dados da prática do tabagismo

Prática do tabagismo

População estudada

n=160 / 100%

n %

Fumante 26 16,3

Não fumante 134 83,8

Fonte: Brena de Castro Costa

A tabela 15 mostra que 26 dos participantes são fumantes, o que

representa 16,3% da amostra e 134 (83,8%) não são fumantes.

Alguns relataram ser ex-fumantes e outros fumantes passivos, o que não

foi avaliado no presente estudo.

88

5.2 DAS CORRELAÇÕES MÚLTIPLAS REALIZADAS

Foram realizadas correlações entre as variáveis analisadas. No entanto,

para cumprimento dos objetivos, serão apontadas as que merecem

destaque (IMC, CC, fumo, prática de atividade física e hábitos

alimentares).

5.2.1 Das Correlações do IMC e CC com os Dados Sociodemográficos

Nas tabelas 16, 17 e 18, as múltiplas correlações realizadas utilizaram a

comparação não paramétrica de Spearman para obtenção de correlações

positivas e negativas, utilizando o pacote estatístico SPSS 17.0 com índice

de significância maior que 95% e o valor de P menor que 0,05. Os achados

relativos a essas tabelas serão descritos na sequência.

As características relativas às correlações dos dados nutricionais (IMC e

CC) e dados sociodemográficos estão apresentadas na tabela 15.

Tabela 16 - Correlações dos dados nutricionais por meio de medidas

antropométricas relativas a dados sociodemográficos

Medidas antropométricas

População Estudada

n=160 / 100%

Renda Escolaridade Acesso TV Acesso Internet

Automóvel

IMC NS NS NS NS NS

CC NS NS * - 0,033 NS NS

NS= não significante; * correlação significante < 0,05; ** correlação muito significante < 0,01; (-) correlação negativa; (+) correlação positiva. Fonte: Brena de Castro Costa

Na tabela 16, a CC teve correlação negativa com o acesso a TV. Isso

significa que há uma correlação inversamente proporcional entre ambos,

89

ou seja, quanto maior a CC menor é o acesso a TV e quanto maior é o

acesso a TV menor é a circunferência abdominal.

5.2.2 Das Correlações do IMC e CC com à Prática de Atividade Física

As características relativas às correlações dos dados nutricionais (IMC e

CC) e prática de prática de atividade física estão apresentadas na tabela

16.

Tabela 17 - Correlações dos dados nutricionais por meio de medidas

antropométricas relativas à prática de atividade física

Medidas antropométricas

População Estudada

n=160 / 100%

Prática de atividade física

Local perto de casa Qualidade das estruturas

IMC NS

NS

NS

NS

NS

NS CC

NS= não significante; * correlação significante < 0,05; ** correlação muito significante < 0,05

Fonte: Brena de Castro Costa

Os dados da tabela 17 mostram que não houve correlação das medidas

antropométricas IMC e CC com a prática de atividade física, com o local

para a prática e com a qualidade das estruturas desses locais na área rural

de Anchieta.

90

5.2.3 Das Correlações do IMC e CC com à Prática do Tabagismo e

Hábitos Alimentares

As características relativas às correlações dos dados nutricionais (IMC e

CC), prática de tabagismo e hábitos alimentares estão apresentadas na

tabela 18.

Tabela 18 - Correlações dos dados nutricionais por meio de medidas

antropométricas relativas à prática do tabagismo e hábitos alimentares

Medidas antropométricas

População Estudada

N=160 / 100%

Tabaco Consumo de Legumes

Consumo de Peixe

Consumo de Frutas

Consumo de Doce

IMC

CC

*+0,018

NS

NS

*+0,028

NS

*+0,048

NS

NS

NS

NS

IMC=índice de massa corporal; CC=circunferência da cintura; NS= não significante; * correlação significante < 0,05; (+) correlação positiva Fonte: Brena de Castro Costa

Na tabela 18 o IMC teve correlação positiva com o tabaco. Isto é, quanto a

maior o IMC maior a prática de tabagismo ou quanto menor o IMC menor é

a prática de tabagismo, sendo uma relação diretamente proporcional.

O mesmo se repete na correlação da CC do presente estudo com o

consumo de legumes. É uma correlação positiva, diretamente proporcional.

De acordo com os achados, quanto maior a CC maior o consumo de

legumes ou quanto menor a CC menor é o consumo de legumes.

Em se tratando da correlação da CC com o consumo de peixe,

encontramos também uma correlação positiva, diretamente proporcional.

Portanto, quanto maior a CC maior é o consumo de peixe e quanto menor

a CC menor é consumo de peixe.

91

5.3 DAS AÇÕES PROPOSTAS COM BASE NOS PRINCIPAIS RESULTADOS

a) Excesso de peso e obesidade

b) Excesso de gordura localizada nas regiões da cintura e do braço

c) Inatividade física

d) Nível baixo de escolaridade

e) Baixa renda da família

f) Déficit de informações sobre alimentação saudável

g) Consumo de carne com gordura visível

h) Ingestão excessiva de refrigerante

i) Não consumo de legumes e hortaliças

j) Alimentação não balanceada: maior consumo de arroz, macarrão e pão

do que os outros alimentos.

A partir desses resultados, serão propostas políticas sociais voltadas para

o desenvolvimento da população rural de Anchieta que serão abordadas na

discussão do item 6.6.

92

6 DISCUSSÃO

É necessário texto

6.1 DAS CARACTERÍSTICAS SOCIAIS DEMOGRÁFICAS DA AMOSTRA

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD - 1998/2003)

e da Pesquisa Mundial em Saúde (2003) corroboram precariedades

socioeconômicas relacionadas ao estado de saúde da população. Relação

evidenciada no presente estudo, onde 106 indivíduos apresentam excesso de

peso e obesidade (DACHS e SANTOS, 2002; SANTOS et al., 2006).

Do total de indivíduos do presente estudo, 93 não quiseram informar a

renda mensal, por se sentirem envergonhados, alegando que é muito

baixa, 37 afirmaram que suas famílias tem renda mensal em torno de um a

três salários mínimos por mês. Dos 160 estudados, 123 são casados,

chefes de família, que precisam garantir o sustento em suas casas.

Os resultados do estudo de Santos (2011), sobre o excesso de peso e

autoavaliação do estado de saúde, em 17 capitais brasileiras e no distrito

federal no período de 2002/2003, apontam uma relação entre autoavaliação

do estado de saúde segundo variáveis sociodemográficas na população

brasileira, o que vem a corroborar com os dados encontrados pela PNAD em

1998/2003 e evidenciar a relação das características sociodemográficas

com o estado de saúde da população rural de Anchieta.

Pela falta de oportunidade e pela situação econômica, a área rural de

Anchieta é marcada pela antiga tradição das mulheres serem donas de

casa. A amostra estudada é caracterizada, em sua maioria, pelo sexo

feminino: 109 (68,1%) são mulheres e 79 (49,9%) delas são donas de

casa. A partir dessas características surgem os questionamentos: quais

estratégias essas mulheres utilizam para lidar com a situação de pobreza

na qual se encontram (um a três salários mínimos por mês para a família)?

Quais seriam suas expectativas de vida frente ao futuro? Como essas

pessoas terão um estado de saúde e nutricional adequados se não

93

possuem o mínimo adequado para a sua sobrevivência? (COUTINHO,

2005).

Szwarcwald et al. (2004), utilizando dados da Pesquisa Mundial de Saúde,

realizada no Brasil em 2003, confirmam o aumento de evidência sobre a

relação entre saúde e nível socioeconômico usando características

individuais, como escolaridade, renda, os quais têm promovido o

acompanhamento de desigualdades socioeconômicas, tornando-se um

importante componente da avaliação do estado de saúde. Os achados em

Anchieta vêm a corroborar a relação entre o nível sociodemográfico e

escolaridade, por exemplo.

Foi observado na comunidade rural de Anchieta que 37,5% dos

participantes estudaram até a 8ª série, 8,1% possuem o ensino médio e 30

deles, o que representa 18,8%, estudaram somente até a 4ª série do

primário, e sem perspectiva para irem adiante. Muitos relataram que não

possuem escolas que atendam suas necessidades na área rural tendo que

se deslocar para o centro da cidade.

O que vem a comprovar essa relação são aos achados de Morimoto et al.

(2008), no estudo sobre a qualidade da dieta de adultos residentes na

região metropolitana de São Paulo, que indivíduos com escolaridade mais

elevada tendiam a apresentar maior conhecimento para aquisição de

alimentos, aumentando a variedade da dieta através do consumo de,

principalmente, frutas e hortaliças.

Em se tratando da renda, Brasil (2006) afirma que o apoio e o fomento aos

agricultores familiares e às cooperativas para a produção e a

comercialização de produtos saudáveis, como leguminosas e grãos, são

importantes alternativas, não somente para a melhoria da qualidade da

alimentação, mas também para estimular geração de renda em pequenas

comunidades, como é o caso da área rural de Anchieta. São essenciais na

manutenção da qualidade de vida da população, além de sinalizar para a

integração com as políticas de produção de alimentos. Afirmações que

evidenciam a seguinte dúvida: Será que os agricultores familiares de

94

Anchieta estão sendo apoiados para a produção de produtos saudáveis e

para geração de renda na região?

O estudo de Perkkanivew (1995), sobre os padrões alimentares do mundo,

leva à reflexão sobre alguns aspectos importantes que interferem nos

padrões de consumo dos países desenvolvidos e em desenvolvimento,

como as condições climáticas, costumes religiosos e educação alimentar.

Assim como Brasil (2006), que deixa claro que a melhoria econômica é

fator preponderante na mudança de padrões de consumo. Diante das

evidências, surgem mais alguns questionamentos: Como reverter à

situação econômica local para melhoria do estado de estado de saúde da

população rural de Anchieta? As políticas públicas em benefício da

educação alimentar estão sendo colocadas em prática na comunidade?

Outros autores partem do mesmo principio de que os fatores

sociodemográficos são determinados pelas condições naturais do clima e

solo, história, mídia, cultura, políticas e práticas econômicas e comerciais

presentes no local. Para alguns autores, esses hábitos fazem parte da

cultura e do poder econômico de um povo, além de serem de suma

importância para a análise do comportamento alimentar de determinado

grupo populacional. Em se tratando de poder econômico, como anda a

situação econômica de Anchieta? E quais investimentos têm sido feito na

área rural do município? (BOURGUERS, 1998; PHILIPPI et al., 1999).

Além da baixa renda e do nível de escolaridade, o crescimento

demográfico, a industrialização e a urbanização do meio rural, mudam o

estilo de vida, favorecendo o sedentarismo, a restrição da necessidade de

gasto de energia para as atividades diárias e para o trabalho, além de

facilitar o consumo de alimentos prontos e de alta densidade energética,

aumentando os problemas de saúde como a obesidade, a hipertensão e

alguns tipos de câncer (Comissão Nacional dos Estados Unidos, 1992).

(BOURGUERS, 1998; PHILIPPI et al., 1999).

Tal fato evidencia as seguintes dúvidas: O meio rural de Anchieta está

preparado para receber tantas modificações de um processo acelerado

95

como a urbanização e industrialização? Políticas públicas estão sendo

implementadas nessas comunidades para fortalecer o comércio local?

Como acompanhar tal desenvolvimento com a renda mensal existente?

(BOURGUERS, 1998; PHILIPPI et al., 1999).

O Estado, por intermédio de suas políticas públicas, tem a

responsabilidade de estimular mudanças socioambientais, em nível

coletivo, para favorecer as escolhas saudáveis. A responsabilidade dividida

entre sociedade, setor produtivo privado e setor público é o caminho para a

construção de modos de vida que tenham como objetivo principal a

promoção da saúde e a prevenção das doenças. Assim, é objetivo da PAS

ampliar e fomentar a autonomia decisória dos indivíduos e grupos, por

meio do acesso à informação para a escolha e adoção de práticas

alimentares saudáveis. E essas são justamente as necessidades da

população do presente estudo, promoção da saúde e prevenção de

doenças (BRASIL, 2005).

Diante das responsabilidades do Estado evidenciadas pelo Ministério da

Saúde, surge a seguinte pergunta: Onde estão sendo aplicadas essas

Políticas Públicas na área rural do município de Anchieta? Trata-se de uma

comunidade carente de informações sobre a prática de alimentação

saudável, onde mais de 50% alegam não ter acesso a orientações sobre o

tipo de alimento que deve ser consumido, os horários corretos das

refeições, quais alimentos são mais calóricos, entre outros. A data de

validade do alimento nem sequer é olhada por 44 dos entrevistados e 116

olham às vezes, quando estão com tempo. Os mesmos não tem

conhecimento dos perigos desencadeados por um alimento fora do prazo

de consumo, olham somente os preços. Será que não faltam investimentos

financeiros em prol da qualidade de vida dessa população? (BRASIL,

2005).

O que se pode perceber é que o conjunto sociodemográfico (renda,

escolaridade, clima, acesso a tecnologia) são determinantes primordiais na

qualidade de vida da população. Essas características individuais somadas

ao meio encontrado na área rural de Anchieta chama a atenção no sentido

96

de medidas preventivas e curativas. É notório que a população está

esquecida, necessitando de investimentos na educação, nos comércios

geradores de renda para a região, na educação alimentar e no

desenvolvimento econômico em geral (WIMMER e FIGUEIREDO, 2006).

6.2 DAS CARACTERÍSTICAS RELATIVAS À ATIVIDADE FÍSICA DA AMOSTRA

A inatividade física é considerada um dos mais importantes problemas de

saúde pública do século XXI. Além de atuar na prevenção de DCNT, a

atividade física representa um componente importante para um estilo de

vida saudável e para promoção da saúde (WORLD..., 2010). Fator

alarmante nos achados do presente estudo, onde 152, quase 100% da

amostra, não praticam atividade física de forma nenhuma, nem mesmo

uma caminhada.

A estratégia global da OMS recomenda que os indivíduos adotem níveis

adequados de atividade física durante toda a vida. A atividade física pode

ser definida como qualquer movimento realizado pelo sistema esquelético

com gasto de energia, o que não se confunde com o exercício físico, que é

uma categoria da atividade física definida como um conjunto de

movimentos físicos repetitivos planejados e estruturados para melhorar o

desempenho físico (WORLD..., 2004). A realização de pelo menos 30

minutos de atividade física (podendo ser formal ou de lazer), realizada pelo

menos três vezes na semana, em que haja um dispêndio total de 700 a

1.000kcal (quilocalorias) por semana, tem sido proposta para a

manutenção da saúde e prevenção de uma grande variedade de doenças

crônicas. Tal fato revela a importância do incentivo à prática de atividade

na comunidade rural de Anchieta (PATE et al., 1995).

Relacionando a recomendação da OMS dos níveis de atividade física para

a vida toda e da recomendação de pelo menos 30 minutos física proposta

por Pate et al. (1995), pode-se destacar que o grupo estudado não cumpre

essa regra. Diante da faixa etária do grupo estudado (20 a 59 anos) surge

97

uma curiosidade: o que leva esse grande percentual (95%) da população

rural de Anchieta a não praticar atividade física? A situação econômica

relatada no capítulo anterior influencia diretamente na inatividade física

dessa população? (PATE et al., 1995).

Segundo a população entrevistada, 65 (40,6%) indivíduos não conhecem

os locais que possam ser utilizados para a prática do exercício, 73 (45,6%)

utilizam a quadra local para realizar caminhada, jogar futebol, entre outros

e 11 (6,9%) se deslocam até Piúma ou ao Centro de Anchieta. A afirmação

de que a qualidade das estruturas de locais, como a quadra, é boa, foi

relatada por 88 (55%) dos participantes. A maior insatisfação é a falta de

Serviços de Orientação a Educação (SOE) na região. Esse serviço oferece

aulas gratuitas de alongamento, ioga, hidroginástica, ginástica localizada,

caminhada e dança. As aulas são ministradas por professores e

estagiários de educação física em módulos instalados em parques, praças

e outros espaços públicos (MINISTÉRIO..., 2009).

Diante dessa insatisfação e dos dados já apresentados pelo Projeto

CARMEN, realizado em Anchieta, em 2011, pela Organização Pan-

Americana de Saúde, onde somente 13% da população rural praticava

atividade física, surge à pergunta: Há políticas públicas agindo no incentivo

da prática de atividade física na área rural de Anchieta? (MINISTÉRIO...,

2010)

A relação da ascensão da obesidade com redução do nível de atividade

física refere-se às mudanças nas ocupações do dia a dia e nos processos

de trabalho com redução do esforço físico. As atividades de lazer, que

passaram de atividades de alto gasto energético, como práticas esportivas,

para longos períodos diante da televisão ou computador; o uso dos

equipamentos domésticos, como a máquina de lavar roupa e o uso de

automóvel; veículo para o deslocamento. Características que se refletem

no presente estudo onde 76 (47,5%) pessoas afirmaram ficar em frente à

TV por uma a três horas do seu dia e 42 (26,3%) delas passam de quatro a

cinco horas do seu dia em frente à televisão (MENDONÇA e ANJOS,

2004).

98

Dados da II Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição, realizada em 1997,

com amostra representativa do estado de Pernambuco, destacou a relação

da prática de atividade física com prevalência de excesso de peso no sexo

masculino e feminino de 34,2% e 43%, respectivamente. Em Recife, dados

provenientes do estudo realizado por inquérito telefônico, em 2006,

revelam que o excesso de peso esteve presente em 43,3% da população

(MOURA et al., 2008).

Dados que coincidem com os achados do presente estudo, onde a

obesidade e o sobrepeso aparecem em destaque no presente estudo, cujo

65 dos 160 participantes, o que representa 40,6% da amostra estão com

excesso de peso (pré-obesos) e 41 (25,6%) já são classificados como

obesos. Em relação à CC a gordura excessiva também é bastante

preocupante, 76 (47,5%) deles apresentaram risco elevado para as

doenças cardiovasculares e 54 (33,8%) já desenvolveram um risco muito

elevado (WORLD..., 1998) e a não prática de atividade física é

representada por quase 100% da amostra.

Outros achados semelhantes foram encontrados no estudo realizado por

Costa et al. (2003) que investigaram o nível de atividade física dos

funcionários técnico administrativos de uma universidade localizada no

Estado do Rio de Janeiro, detectando que a inatividade física foi altamente

prevalente, tanto homens quanto em mulheres.

Os achados de Mello, Fernandes e Tufik (2000), sobre o levantamento

epidemiológico da prática de atividade física na cidade de São Paulo (SP),

também vem a corroborar com os achados anteriores. Segundo os autores,

a baixa porcentagem das pessoas que se exercitam regularmente e que

constam com a supervisão de um profissional capacitado é uma fonte de

preocupação. Para eles, um dos motivos relacionados a não prática de

atividade física é a situação econômica do indivíduo. O que vem a

comprovar a relação da baixa renda da população rural de Anchieta com o

percentual de sedentários (95%).

99

A OMS (2007) estima que o sedentarismo seja responsável, anualmente,

no mundo, por 1,9 milhões de mortes. Assim, programas de incentivo para

o aumento da prática de atividade física, particularmente entre os

segmentos populacionais com maiores prevalências de sedentarismo,

como é o caso de Anchieta, representa hoje uma das principais políticas de

saúde pública. Os vários achados mencionados só vêm a evidenciar essa

necessidade (ORGANIZAÇÃO..., 2007).

6.3 DAS CARACTERÍSTICAS RELATIVAS AOS HÁBITOS ALIMENTARES E

ALIMENTOS CONSUMIDOS DA AMOSTRA

Das características subdividas nos seguintes grupos: grupo das hortaliças,

leguminosas e frutas; grupo dos óleos, gorduras e açúcares; grupo do leite

e produtos lácteos; grupo dos pães, cereais e tubérculos; grupo da carne,

ovo e embutidos e o grupo das bebidas.

6.3.1 Grupo das Hortaliças, Leguminosas e Frutas

Com base nas informações coletadas na Pesquisa Mundial de Saúde,

realizada pela OMS em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, Jaime e

Monteiro (2005) estimaram a frequência e a distribuição do consumo de

frutas, legumes e verduras entre a população brasileira, verificando que

menos da metade (41%) dos indivíduos adultos consume frutas

diariamente e menos de um terço da população (30%) relata o consumo

diário de hortaliças. O consumo de frutas e hortaliças é maior nas áreas

urbanas do que nas áreas rurais e aumenta com a escolaridade do

indivíduo.

Dados que se assemelham aos achados do presente estudo, onde

somente 11% dos indivíduos relataram consumir alface e tomate uma vez

por dia, as outras hortaliças como acelga, couve, couve flor, agrião,

raramente são consumidas, o espinafre e a couve não são consumidos por

100

62 participantes, o que representa 38,8% da amostra. Em relação ao

consumo de frutas o resultado também é semelhante. As frutas que são

mais consumidas são laranja e banana, que são ingerias uma vez ao dia

por 27 participantes. As outras frutas, como melão, mamão não são bem

aceitas. Kiwi, ameixa, morango nunca são consumidos, pelo custo elevado.

Dados que se assemelham também aos achados do Projeto CARMEN,

realizado em Anchieta com apoio da Organização Pan-Americana de

Saúde, nos anos 2010 e 2011, que revelou mais da metade da população,

sendo o predomínio na área rural, além da falta de atividade física, o baixo

consumo de frutas e hortaliças, somente 14% da população revelou

consumir frutas e hortaliças regularmente (MINISTÉRIO..., 2010).

Mais um estudo que coincide com o presente estudo e com os resultados

do Projeto CARMEN, são os achados de Federmann (1994) que investigou

o consumo de fibras em indivíduos diabéticos e verificou que 92% deles

apresentaram ingestões abaixo das recomendações. Além disso, outros

estudos utilizando os dados do ENDEF (1994) registraram que a dieta da

população de três capitais, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre,

apresentaram baixo consumo de fibras alimentares (IBGE, 1994).

O estudo de Caroba (2007), sobre a disponibilidade de energia e nutrientes

e participação dos grupos de alimentos no valor energético total (VET), nos

domicílios rurais e urbanos das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil,

encontrou resultado semelhante relacionado à ingestão de vitaminas e

minerais. Famílias pesquisadas na Região Sudeste do Brasil não

apresentam o hábito de incluir frutas, legumes e verduras diariamente na

alimentação. Segundo o autor esses alimentos são abundantes no Brasil,

mas estão deixando de serem consumidos pelo fato da mudança de

hábitos de vida que só aumenta com o passar dos dias. Característica

presente no município de Anchieta, especialmente na área rural. O avanço

tecnológico, a urbanização e industrialização trouxeram novos hábitos e

costumes para população (SILVA e NAVES, 2001).

101

Diante desses achados que evidenciam a baixa ingestão de frutas e

hortaliças, surge o seguinte questionamento: Será que o Estado, mediante

políticas públicas, está agindo para que essa deficiência não se dissemine

ainda mais? A não ingestão desses alimentos pode acarretar deficiência de

vitaminas, minerais e fibras no organismo. Dentre elas, a vitamina C, uma

vez que 90% dessa vitamina é proveniente das frutas e vegetais, como

couve, brócolis. Entre as frutas com elevado teor de vitamina C, destacam-

se, além das frutas cítricas (laranja, limão e tangerina), acerola e goiaba

(CARDOSO, 2006).

Além disso, o baixo consumo de vegetais verdes folhosos (como brócolis e

espinafre), alimentos considerados boas fontes de ácido fólico, também

pode comprometer a disponibilidade de vitamina A na dieta (SILVA e

NAVES, 2001). E a presença de fibras em quantidades insuficientes na

alimentação, por um período longo de tempo, pode contribuir para o

aparecimento de doenças crônicas, como: constipação intestinal (prisão de

ventre), doenças cardiovasculares e câncer de intestino. A recomendação

diária de fibras deve ser de 25 a 30 gramas por dia para um adulto

saudável (ou cerca de 6g/1000 cal), com um máximo de 35g, porém se

ingeridas em excesso, podem vir a interferir na absorção de outros

nutrientes como cálcio e zinco, principalmente em crianças e idosos

(MATTOS e MARTINS, 2000).

Dado positivo encontrado no presente estudo é o consumo de feijão pela

grande maioria, somente 12 deles (7,5%) alegaram não consumir a

leguminosa, 49 consomem pelo menos uma vez por dia e 28 alegaram

consumir duas ou mais vezes por dia. No Brasil, se a dieta tradicional

como feijão, que é uma das principais fontes de ácido fólico, fosse à base

da alimentação e considerando-se que o conteúdo de ácido fólico do feijão

preto cozido é de 25mg, seria possível atingir as recomendações diárias só

com a dieta (SICHIERI et al., 2000).

Dados semelhantes ao consumo de feijão encontrado na área rural de

Anchieta são os achados de Mattos e Martins (2000), que avaliaram o

consumo alimentar de 559 adultos residentes no município de Cotia (SP), e

102

observaram que o feijão foi o único alimento com alto teor de fibras na

dieta habitual, presente no almoço e no jantar.

No estudo de Silva e Pinto (2008), foi constatado que o feijão supria o total

de fibras em 57,5% no total da refeição. Resultado semelhante foi

encontrado por Marinho, Hamann e Lima (2007), onde o feijão obteve um

alto consumo (71,2%) entre a população estudada, o que corrobora com os

achados do presente estudo.

De acordo com informações do Guia Alimentar para a População

Brasileira, a alimentação diária deve conter três porções provenientes do

grupo de verduras e legumes, o que equivale a cerca de 45 kcal, quando

se considera uma dieta de 2000 Kcal (2,25% de contribuição para o VET).

Para as leguminosas essa recomendação é uma porção diária (55 Kcal ou

2,75% de contribuição no VET) e três porções provenientes do grupo das

frutas, o que equivale a cerca de 210 kcal, quando se considera uma dieta

de 2.000 Kcal (11% de contribuição para o VET) (MINSTÉRIO..., 2006).

Em se tratando dos achados encontrados na área rural de Anchieta, os

participantes não atingem as recomendações informadas pelo Ministério da

Saúde. As verduras e os legumes só são consumidos uma vez por dia, por

11 participantes. O feijão é que o mais se enquadra nas recomendações,

sendo consumido diariamente por 77 participantes. E em se tratando do

consumo de frutas, somente 12 participantes alegaram consumir laranja ou

banana duas ou mais vezes por dia (BRASIL, 2006a).

6.3.2 Grupo dos Óleos, Gorduras e Açúcares

As gorduras são importantes fontes de energia para o corpo, além de ter

papel fundamental no crescimento e restauração das células e para o

transporte e absorção de algumas vitaminas. Mas vale destacar que temos

que optar pelo tipo saudável de gordura, as chamadas insaturadas e

consumir somente o recomendado. Os dados do estudo da área rural de

Anchieta revelam que os participantes não possuem o hábito de consumir

103

alimentos como chips, sorvete, sanduíche, cachorro quente, entre outros.

O consumo está entre uma vez por semana e de uma a três vezes por mês

(MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2002).

Em compensação, as frituras aparecem com frequência, onde 44 dos

participantes consomem salgado frito de duas a quatro vezes por semana

e 26 deles uma vez por semana. Sendo que 63 participantes, o que

representa 43,1% da amostra, prepara o alimento utilizando manteiga ou

banha animal.

O consumo excessivo de alimentos com alto teor de gordura está

associado ao crescimento e ao risco de incidência de várias doenças.

Devido à densidade energética da gordura, quando as dietas de

populações sedentárias contêm mais de 25% de gordura, as pessoas

tendem a ter excesso de peso ou obesidade (WORLD..., 2000).

Característica verificada na população estudada: população sedentária

associada à ingestão de alimentos com alto teor de gordura e excesso de

peso e obesidade na grande maioria.

De acordo com o estudo realizado por Caroba (2007), também de base

populacional realizado nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, é

possível verificar que no meio rural e nos municípios do interior de Minas

Gerais há o hábito de consumir alimentos altamente calóricos, como a

prática de não retirar a gordura da carne, o que se assemelha aos dados

encontrados na área rural de Anchieta, onde 141 (88,1%) dos 160

participantes relataram não retirar a gordura.

Uma tendência crescente que chegou a comunidade rural de Anchieta é o

consumo de alimentos de maior concentração calórica, promovida pela

indústria de alimentos por meio da produção de alimentos saborosos, de

alta densidade energética e de custo relativamente baixo, os famosos fast

foods (CAROBA, 2007).

Em se tratando do açúcar adicionado, ele está presente uma vez ao dia na

rotina de 39 participantes e duas ou mais vezes por dia nas refeições de

32 indivíduos. O achocolatado em pó é consumido por 37 pessoas, duas a

104

quatro vezes por semana, sendo o açúcar de mesa adicionado a ele. O que

comprova os exageros da população são as recomendações da OMS para

a prevenção das DCNT, onde o consumo de açúcares livres deve ser

inferior a 10% do valor calórico total da dieta. O termo açúcares livres se

refere a todos os monossacarídeos e dissacarídeos presentes em produtos

industrializados, ao açúcar adicionado pelo consumidor a produtos e

alimentos, além do açúcar naturalmente presente no mel, em xaropes e em

sucos de frutas (WORLD..., 2003).

Fato preocupante não só na população rural de Anchieta. No Brasil,

utilizando-se como fontes de dados às pesquisas sobre orçamentos

familiares (POF) da Fundação IBGE, realizadas entre 1995 e 1996 (16.014

domicílios), tendo ambas como universo de estudo as áreas metropolitanas

do Brasil, observou-se que a participação relativa de açúcar refinado e de

refrigerantes cresceu em todas as regiões do país. Nota-se que é elevado

o consumo de sacarose, que em 1996 correspondia a aproximadamente

24% do total de carboidratos consumidos pela população brasileira

(MONTEIRO, MONDINI e COSTA, 2000).

De acordo com informações do Guia Alimentar para a População

Brasileira, a alimentação diária deve conter uma porção proveniente do

grupo dos gorduras e óleos, o que equivale a cerca de 73 kcal, quando se

considera uma dieta de 2000 Kcal (3,7% de contribuição para o VET). Para

o grupo de açúcares e doces, recomenda-se o consumo de no máximo

uma porção diária (110 Kcal), equivalente a, aproximadamente, 6% do

VET. O que difere das características do presente estudo, uma vez que a

fritura e o açúcar adicionado estão presentes na rotina dos participantes,

sendo consumidos mais de uma vez por dia (BRASIL, 2006a).

105

6.3.3 Grupo do Leite e Produtos Lácteos

Considerando que aproximadamente 70% da adequação diária do cálcio

provêm do consumo de leite e derivados e que esse mineral é

indispensável para a formação e manutenção dos ossos, surge uma

preocupação diante dos achados do presente estudo: somente 25

participantes ingerem leite integral uma ou mais vezes por dia, 30

consomem o leite desnatado de uma a três vezes por mês, 30% da

amostra não ingerem o leite integral e 41,3% não consomem o leite

desnatado. Sem mesmo saber a diferença do leite integral para o

desnatado, os participantes do estudo alegaram comprar o mais barato

(MARQUES, 1999).

O leite integral possui um conteúdo de gordura igual ou superior a 3,2%, o

leite desnatado tem o conteúdo de gordura inferior a 0,3%, já o

semidesnatado apresenta um conteúdo de gordura entre 1,5% e 1,8%.

Além da grande maioria do grupo estudado não consumir o leite

diariamente, os que ingerem bebem o que tem o maior teor de gordura, o

integral (FRANCHIN, 2011).

Este resultado está de acordo com a tendência encontrada pelo estudo da

VIGITEL (2009), cuja prevalência do consumo de leite integral foi elevada

variando de 48,1% em Porto Alegre (RS) a 66,0% em Manaus (AM) (IBGE,

2009).

Os dados do estudo de base populacional de Muniz (2012), sobre o

consumo de leite e derivados entre adultos e idosos no Sul do Brasil,

corroborou com os achados do presente estudo e com os achados da

VIGITEL, onde a maioria dos entrevistados (75,5%) relatou consumir leite

integral.

Dados que também se assemelham aos achados, em relação ao consumo

de leite integral, são os do Projeto CARMEN, realizado em Anchieta com

apoio da Organização Pan-Americana de Saúde, nos anos 2010 e 2011,

106

revelando que mais da metade da população de Anchieta, ingeri o leite

integral mais que o desnatado.

As estimativas do presente estudo são semelhantes com estudos da POF

(2008-2009) que mostraram consumo insuficiente de leite e/ou derivados

pela população adulta brasileira. Os resultados do POF, cujos dados

permitiram conhecer além da disponibilidade média de alimentos no

domicílio, o consumo individual de alimentos, indicaram que o consumo de

leite e derivados está aquém da recomendação (IBGE, 2010c).

Outros achados que se assemelham com os resultados do estudo realizado

na área rural de Anchieta, é o estudo transversal, realizado em Ribeirão

Preto (SP), com adultos jovens (23-25 anos de idade), utilizando

questionário de frequência alimentar, identificando que o consumo diário

de leite e derivados era inferior ao recomendado (1,7 porções/dia) (MUNIZ,

2012).

Possivelmente, devido ao desconhecimento de que o consumo de leite é

nutricionalmente importante para todas as faixas etárias, o mesmo é

considerado um alimento que deve ser consumido preferencialmente por

crianças e adolescentes. Isso, em parte, pode explicar a tendência de

menor consumo de leite conforme aumenta a idade. O que corrobora os

achados do presente estudo. Muitos participantes não sabem a importância

do leite nas diferentes faixas etárias, achando que só é importante para

crianças e adolescentes (MATTOS e MARTINS, 2000).

No estudo de Caroba (2007), também de base populacional, sobre a

disponibilidade de energia e nutrientes nas regiões Sudeste e Nordeste , o

resultado encontrado relacionado à ingestão de cálcio destaca que a maior

ingestão desse mineral é verificada nas famílias residentes nas áreas

rurais do Sudeste, o que difere do presente estudo.

Já o estudo sobre o consumo alimentar da população também adulta

residente na área rural de Ibatiba, no Espírito Santo, realizado por

Carvalho e Rocha (2011), se assemelha ao presente estudo, onde somente

107

30% da amostra consomem esse alimento frequentemente. Dado ainda

maior que o encontrado no presente estudo (15,6%).

De acordo com informações do Guia Alimentar para a População

Brasileira, a alimentação diária deve conter três porções provenientes do

grupo de leite e derivados, o que equivale a 360 kcal, quando se considera

uma dieta de 2.000 Kcal (18% de contribuição desse grupo para o VET)

(BRASIL, 2006). O que não acontece no presente estudo, onde poucos

ingerem o leite e a ingestão de derivados é de uma ou mais vezes por dia.

6.3.4 Grupo dos Pães, Cereais e Tubérculos

A tradição do consumo do arroz com feijão representa ainda hoje uma

importante fonte energética da dieta habitual da população de todas as

regiões do país (CARDOSO, 2006). Essa tradição também se faz presente

no dia a dia da população rural de Anchieta. Todos os participantes da

amostra relataram consumir o arroz, sendo que 75 consomem o

carboidrato uma ou mais vezes por dia. O macarrão é consumido por 70

pessoas de duas a quatro vezes por semana.

No estudo realizado por Freitas, Phillipi e Ribeiro (2011), que analisou as

listas de alimentos relacionadas ao consumo alimentar de um grupo de

idosos no estado de São Paulo, os resultados se assemelham aos achados

do presente estudo, onde houve um consumo elevado de alimentos com

fonte de carboidratos complexos (pão, arroz, macarrão batata), porém com

baixo teor de fibras.

O pão é consumido por grande maioria da população rural de Anchieta.

Somente oito pessoas alegaram não consumir esse alimento, 95 relataram

consumir esse carboidrato semanalmente, de uma a quatro vezes por

semana e 37 consomem uma ou mais vezes por dia. A tradição do pão

caseiro é presente na comunidade estudada. Muitas donas de casa fazem

um pão por dia. Dados que se assemelham ao estudo de Levy Costa et al.

(2005) sobre a ingestão de carboidratos de população brasileira, onde

108

detectaram que a contribuição desse macronutriente para a dieta dos

brasileiros foi de 55,9%, com o agravante de que cerca de 12% eram

provenientes do açúcar.

Em contrapartida, se a ingestão de alimentos ricos em carboidratos é maior

do que o recomendado e há pouca variedade nos tipos de alimentos

consumidos, os nutrientes fornecidos por essa alimentação não são

suficientes para garantir a nutrição e a saúde adequada, podendo acarretar

em algum tipo de distúrbio nutricional. Tal fato faz com que surja uma

preocupação e indagação referente à população rural estudada. Será que

se a população tivesse sendo acompanhada por profissionais da área a

dieta seria mais diversificada? (BRASIL, 2006)

Além disso, observou-se nos últimos anos uma redução da quantidade de

energia proveniente desse macronutriente e uma alteração da qualidade

dos carboidratos consumidos, com a substituição de alimentos ricos em

carboidratos complexos, como os cereais, por refrigerantes e carboidratos

refinados (produtos a base de farinha de trigo), sendo um dos causadores

do aparecimento de DCNT. Característica perceptível entre a população

rural estudada, no qual a alimentação da maioria é composta por

basicamente arroz, macarrão, pão, tornando-a exposta ao risco de

deficiência de proteína e de micronutrientes (CARDOSO, 2006).

Enes e Silva (2006) analisaram a disponibilidade de energia e nutrientes

nos domicílios brasileiros, com base nos dados da POF (INSTITUTO...,

2004) e consideraram o carboidrato como o macronutriente que revelou a

maior participação na alimentação das famílias. As principais fontes de

alimentação do brasileiro são arroz, trigo, milho, tubérculos, como as

batatas, raízes, principalmente a mandioca (BRASIL, 2006a). O que se

assemelha aos achados do presente estudo. A alimentação diária da

população rural de Anchieta está baseada em arroz, macarrão, pão.

Caroba (2007), em seu estudo realizado sobre a disponibilidade de energia

nas regiões Nordeste e Sudeste, detectou que apenas as famílias

moradoras nas áreas urbanas de Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do

109

Norte e Sergipe não atingem o valor superior (65%) da recomendação da

ingestão de carboidrato. Nos demais estados, a participação desse

macronutriente excede o valor máximo recomendado para a totalidade da

família. Segundo a autora, o custo baixo é um dos principais fatores que

explicam esse consumo exagerado. O presente estudo não avaliou a

quantidade exata do alimento ingerido, mas pelo relato de cada um, tan to

homem quanto mulher, pode-se perceber que são várias colheres de arroz,

macarrão e pedaços grandes de pão caseiro, especialmente por serem

alimentos de custo mais baixo e por renderem grandes porções, o que vem

a corroborar com os achados da autora.

De acordo com informações do Guia Alimentar para a População

Brasileira, a alimentação diária deve conter seis porções provenientes dos

pães, cereais e tubérculos o que equivale a 900 kcal, quando se considera

uma dieta de 2.000 Kcal (45% de contribuição desse grupo para o VET).

Em se tratando de variedade os indivíduos da comunidade estudada não

estão de acordo com essa recomendação. Pelo que se pode perceber, eles

concentram esses alimentos em uma ou duas refeições exageradas. As

porções não são fracionadas. Alguns relataram consumir em torno de 1kg

de macarrão no almoço (BRASIL, 2006a).

6.3.5 Grupo da Carne, Ovos e Embutidos

As proteínas são consideradas nutrientes essenciais em todos os

processos fisiológicos e bioquímicos do organismo, para todos os estágios

de vida. Elas são destinadas a síntese proteica, como reparação e

manutenção dos tecidos e ao processo de crescimento e desenvolvimento.

Tal fato, relacionado aos achados do presente estudo, é preocupante, pois

este macronutriente não está muito presente na refeição diária dos

participantes. O consumo aparece mais na frequência semanal, 76

indivíduos alegaram consumir a carne cozida de uma a quatro vezes por

semana, já a frita aparece com frequência maior, 112 consomem a carne

frita com a mesma frequência (TIRAPEGUI et al., 2005).

110

No Estado do Rio Grande do Norte é tradicional o consumo de carne

bovina, carne de sol e carne de carneiro frita com a manteiga de garrafa.

Assim como nos achados do presente estudo, a gordura utilizada para o

cozimento dos alimentos, em 43,1% dos participantes é a banha animal ou

a manteiga. Tais alimentos, de elevado teor energético, contribuem para

maior disponibilidade de colesterol na dieta dessas famílias (FIESBERG,

WHEBA e COZZOLINO, 2002).

Sobre o consumo de carnes pela população adulta de Pelotas (RS),

Schneider (2010) identificou que 99,1% da população avaliada consumiu

algum tipo de carne em 2009, o que difere do presente estudo. Segundo

Ramos (2007), o consumo de carnes está intimamente relacionado à

disponibilidade do alimento, ao preço, a tradição, a economia, a influências

religiosas e até mesmo à geografia do local. Tal fato faz com que apareça

o seguinte questionamento: Será que além da baixa renda evidenciada

pelos participantes, a falta de conhecimento sobre a importância do

consumo desse alimento tem contribuição direta na alimentação diária da

população rural de Anchieta?

Considera-se que os alimentos de origem animal, como carnes, aves,

peixes, leite, queijo e ovos, possuem proteínas consideradas de boa

qualidade, suficientes para torná-los as melhores fontes de aminoácidos

essenciais para o organismo humano. O que se associa positivamente ao

consumo de ovo da população estudada. Esse alimento aparece em

destaque, onde 69 pessoas afirmaram consumir o alimento uma ou mais

vezes por dia.

Os ovos são fonte de proteínas, vitaminas A, D e vitaminas do complexo B.

A gema é composta, em média, por 34% de gordura, 16% de proteína e

50% de água. Cerca de 5% da gordura é colesterol, por isso recomenda-se

o consumo de dois a três ovos por semana (PHILIPPI, 2003).

A ingestão de ovos da população estudada se assemelha aos achados de

Enes (2005), sobre a ingestão proteica da população brasileira, onde foi

constatado que a renda familiar influencia diretamente na disponibilidade

111

proteica no âmbito domiciliar das famílias residentes nas Regiões Norte e

Sul do Brasil. Característica preponderante na população estudada.

Já Levy Costa et al. (2005), contrários aos achados de Enes (2005) e aos

achados do presente estudo, afirmam que, com relação aos dados sobre

aquisição de alimentos pelas famílias brasileiras referentes à última POF

(INSTITUTO..., 2004), foi verificada em todas as regiões do País e em

diferentes de classes de rendimento a adequação do teor proteico das

dietas, como também o elevado conteúdo de proteínas de alto valor

biológico, as de origem animal.

No Estado do Rio Grande do Norte é tradicional o consumo de carne

bovina, carne de sol, carne de carneiro e manteiga de garrafa (FIESBERG,

WHEBA e COZZOLINO, 2002). Bem como no presente estudo, a carne

está presente no dia a dia, principalmente as fritas, e a gordura utilizada

para o cozimento dos alimentos, em 43,1% dos participantes é a banha

animal ou a manteiga. Tais alimentos, de elevado teor energético,

contribuem para maior disponibilidade de colesterol na dieta dessas

famílias.

De acordo com informações do Guia Alimentar para a População

Brasileira, a alimentação diária deve conter três porções provenientes do

grupo das carnes, ovos e peixes, o que equivale a 190 kcal, quando se

considera uma dieta de 2.000 Kcal (9,5% de contribuição desse grupo para

o VET (BRASIL, 2006a). Diante dessa recomendação surgem as seguintes

dúvidas: Quais os motivos que levam a população rural de Anchieta a não

se encaixarem nessas recomendações? Essa população está sendo

assistida para reverter essa carência? As políticas públicas relacionadas à

alimentação estão agindo em prol do suprimento das necessidades de

macronutrientes e micronutrientes da comunidade rural de Anchieta?

112

6.3.6 Grupo das Bebidas

Atualmente, metade dos americanos e a maioria dos adolescentes

consomem refrigerantes diariamente. Dados do Departamento de Agricultura

dos Estados Unidos (USDA) mostraram um aumento de 500% no consumo

de refrigerantes nos últimos 50 anos, que constituem a maior fonte de

açúcar adicionado na dieta. Tal fato se relaciona ao consumo de refrigerante

pela população rural de Anchieta, onde 42 entrevistados relataram ingerir a

bebida mais de uma vez por dia e 94 participantes da amostra afirmaram

consumir o refrigerante mais de uma vez por semana. (LUDWIG,

PETERSON e GORTMAKER, 2001).

Dados que se assemelham aos achados do presente estudo são os

resultados encontrados por Enes (2005), em seu estudo realizado sobre o

consumo alimentar nas regiões do Brasil, onde detectou uma disponibilidade

excessiva de refrigerantes entre as famílias das Regiões Norte e Sul do

Brasil, principalmente nos domicílios rurais da Região Norte. Para Enes

(2005), a praticidade é uma dos principais fatores para justificar tamanha

ingestão.

Corroborando com Enes (2005), muitos dos participantes alegaram ingerir

a bebida pela praticidade e por gostarem da Coca-Cola, sem saber que

além de possuir muitas substâncias artificiais em sua composição, o

refrigerante contém valor nutricional quase nulo. As variações “cola”, em

especial, contam com uma grande quantidade de fosfatos que, em

excesso, provocam o enfraquecimento dos ossos através da liberação do

cálcio.

No Brasil, o sistema Coca-Cola responde pela terceira maior operação de

empresa em todo mundo, superada apenas pelos Estados Unidos e pelo

México. Líder no mercado brasileiro de refrigerantes, sua produção total ,

em 2002, foi de seis bilhões de litros, entre refrigerantes, água, sucos e

energéticos (COCA-COLA, 2007).

113

Outra bebida que faz parte da vida da população rural estudada é o café.

Dos participantes da amostra, 75 alegaram consumir o café mais de uma

vez por dia. Segundo o IBGE (2003), através de um mapeamento dos

hábitos alimentares dos brasileiros com o estudo da análise do consumo

alimentar pessoal no Brasil, o café é o alimento mais consumido entre os

brasileiros.

Característica positiva do grupo estudado, uma vez que, estudos

realizados para avaliar a ingestão de café pela Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), 2012, mostraram que o café pode

atuar na prevenção do câncer de cólon e reto, doença de Parkinson e de

Alzheimer, apatia, depressão, obesidade infantil, diabetes tipo II, entre

outros, além de aumentar o estado de vigília do cérebro e diminuir a

sonolência.

O que vem a comprovar esses benefícios para a saúde humana são os

estudos realizados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

como a dissertação de mestrado defendida por Torres e Farah (2010),

onde o café apresentou a maior capacidade antioxidante dentre diversos

alimentos avaliados, seguido pelo chá-mate, vinho tinto e açaí. Assim, o

café foi destacado como o mais importante contribuinte de antioxidantes na

dieta do brasileiro, independente da classe de renda e da grande região do

Brasil (TORRES e FARAH, 2010).

Fácil preparo, sensação de alerta e aroma agradável, o café faz parte do

dia a dia das pessoas. Tanto na área rural quanto na urbana, o café é

consumido em massa. É a segunda bebida mais consumida no Brasil, só

perdendo para a água, segundo levantamento realizado pelo Instituto Ivani

Rossi Consultoria em Pesquisa para a Associação Brasileira da Indústria

do Café (Abic). Tal fato se assemelha a aceitabilidade do café na área

rural de Anchieta, onde as pessoas associaram a bebida ao fácil preparo, à

sensação de alerta, ao aroma e ao costume da região (EMBRAPA, 2012).

Levy Costa et al. (2005), em estudo sobre disponibilidade domiciliar de

alimentos no Brasil, verificaram que o café foi o alimento com maior

114

frequência de consumo, dado que coincide também com a POF

(INSTITUTO..., 2004) e com os achados do presente estudo, onde

aproximadamente 50% da população consome o café diária e

semanalmente.

Em relação ao consumo de bebida alcoólica, os achados de nosso estudo

revelam que 40 (25%) dos participantes, consomem a bebida diariamente.

O que se torna preocupante quando se comparado aos achados do Projeto

CARMEN, realizado em Anchieta pela Organização Pan-Americana de

Saúde, nos anos 2010 e 2011, que verificou que 23% da população rural

de Anchieta fazia o consumo de álcool. Além disso, foi detectado que cerca

de um quarto da população referiu ter consumido bebida alcoólica de forma

abusiva nos 30 dias anteriores à entrevista, sendo a prevalência de

consumo abusivo de álcool entre os homens três vezes maior do que a das

mulheres (MINISTÉRIO..., 2010).

O que se pode perceber é que está havendo um aumento do percentual da

ingestão da bebida alcoólica pela população rural de Anchieta que, em

pouco tempo, subiu em 2%. Tal fato evidenciam duas perguntas: Será que

os órgãos competentes estão agindo para que esse número não aumente

com o passar do tempo? Medidas socioeducativas estão sendo colocadas

em prática para diminuir ou cessar o vício?

6.4 DAS CARACTERÍSTICAS RELATIVAS AOS HÁBITOS DE TABAGISMO DA

AMOSTRA

A prática de tabagismo foi encontrada em percentual pequeno (16,3%) nos

achados deste estudo. Dos 160 entrevistados, somente 26 relataram fazer

uso do cigarro. Característica positiva marcante da amostra estudada, uma

vez que o consumo do cigarro ou outros produtos derivados do tabaco,

além de ser prejudicial à saúde, mata cerca de cinco milhões de pessoas

por ano no mundo, sendo 200 mil somente no Brasil (WORLD..., 2003).

115

Dados que se assemelham ao presente estudo foi o dado do Projeto

CARMEN, realizado em Anchieta pela Organização Pan-Americana de

Saúde, nos anos 2010 e 2011, onde 17% da população rural fazia uso do

cigarro. O Projeto CARMEN mostrou que, na população rural de Anchieta,

24% são ex-fumantes e 34% são fumantes passivos, isto é, que convivem

com fumante.

Responsável por cinco milhões de mortes anuais no planeta, o tabagismo é

um problema de saúde pública global. Medidas socioeducativas contra

esse problema global devem ser incentivadas na comunidade rural de

Anchieta com objetivo de diminuir o número de fumantes e prevenir os

novos casos. Em nível nacional e local, campanhas devem ser inseridas

com o propósito de alertar a população sobre os malefícios dessa droga e

tratar os casos já existentes evitando mortes prematuras (INCA, 2006).

Por se tratar de milhões de mortes anuais, surge a seguinte pergunta: Será

que essas medidas socioeducativas citadas pelo Instituto Nacional de

Câncer (INCA) estão sendo colocadas em prática a ponto de diminuir e

prevenir os novos casos? No caso da comunidade rural de Anchieta, que o

percentual ainda é baixo, as políticas públicas estão sendo aplicadas para

que esse número não aumente? (INCA, 2006).

Medidas como a Aliança Por Um Mundo Sem Tabaco, instituída em 2002,

com o apoio do INCA, estão sendo implementadas nas comunidades

rurais, nos grandes centros urbanos, nas capitais, nos polos industriais e

nas regiões que mais necessitam dessa política pública? (INCA, 2002).

6.5 DAS CORRELAÇÕES DO IMC E DO CC

É necessário texto

6.5.1 Das Correlações com os Dados Sociodemográficos

Sabemos que a obesidade e o sobrepeso aparecem em destaque no

presente estudo, onde 65 (40,6%) dos 160 participantes estão sobrepeso

(pré-obesos) e 41 (25,6%) já são classificados como obesos. Em relação à

116

CC, a gordura excessiva também é bastante preocupante, 76 (47,5%)

apresentaram risco elevado para as doenças cardiovasculares e 54

(33,8%) já desenvolveram um risco muito elevado, além disso, no que se

refere à gordura localizada no braço, 33,1% foi classificado como obeso e

36,7% sobrepeso (ABESO, 2009).

Correlacionando a CC ao acesso a TV, principalmente entre as mulheres,

onde 79 são donas de casa e mais de 50% delas relataram assistir

televisão de uma a três horas por dia e ainda muitas vezes comendo algum

alimento, pode-se fazer as seguintes atribuições: primeiramente, a

influência da mídia sobre os hábitos alimentares, onde o marketing usufrui

de propagandas para atingir públicos de todas as faixas etárias. O visual

causa impactos na mudança de escolhas, de modo positivo ou negativo.

Em detrimento disso, surge o questionamento: Por que a quantidade de

propagandas de cerveja e refrigerantes é muito maior que a de alimentos

saudáveis, como por exemplo, frutas e hortaliças? E até que ponto essas

propagandas tem influencia sobre a alimentação da população rural de

Anchieta? (EWALD, 2007).

Outro fato associado é o sedentarismo. Mas não necessariamente a pessoa

que assiste muito TV não faz atividade física. Mas em se tratando dos

achados do presente estudo, esse também pode ser um agravante para

obesidade da população, onde quase 100%, 95% não pratica nenhum tipo

de atividade física (ABESO, 2009).

6.5.2 Das Correlações com a Prática de Atividade Física

Os resultados do presente estudo mostram que não houve correlação entre

medidas antropométricas IMC e CC e a prática de atividade física, o local

para a prática e a qualidade das estruturas dos locais para a prática na

área rural de Anchieta.

117

6.5.3 Correlações com a Prática de Tabagismo e Hábitos Alimentares

A maioria das orientações sobre alimentos, nutrição e saúde aborda,

concomitantemente, o uso do tabaco. Tal fato está relacionado aos

achados das correlações do presente estudo, onde o uso de cigarro está

correlacionado positivamente com o IMC. Mesmo o percentual de fumantes

da área rural de Anchieta sendo baixo, ele está relacionado de maneira

diretamente proporcional com o IMC (BRASIL, 2003).

Existem evidências de que o cigarro pode atenuar o ganho de peso e de

que a cessação do tabagismo pode resultar em significante aumento do

IMC. Os mecanismos dessa relação são complexos e podem envolver uma

série de fatores incluindo mudanças no consumo calórico e na prática de

atividade física. Tal fato serve de alerta para o pulação rural de Anchieta,

já que há uma correlação positiva do tabagismo com o IMC

(ORGANIZAÇÃO..., 2007).

O fumante, na maioria das vezes, tem dificuldade em praticar atividade

física, estando sempre cansado, uma vez que a inalação da fumaça

dificulta o processo respiratório, favorecendo o ganho de peso. O que vem

a corroborar com os achados do presente estudo, pois, além de estarem

com peso elevado, à maioria (95%) dos indivíduos entrevistados não

praticam atividade física, evidenciando o sedentarismo como um dos

responsáveis da correlação, IMC e tabagismo (BRASIL, 2003).

Em se tratando do consumo alimentar, a nicotina presente nos cigarros

compete com os nutrientes contidos nos alimentos na hora da absorção

celular. Como resultado, os nutrientes não são totalmente aproveitados

pelo organismo. Consequentemente, o fumante apresenta uma carência

maior de vitaminas e minerais. Situação preocupante, pois além da

correlação do IMC com a prática de tabagismo, a ingestão de hortaliças e

frutas pelo grupo estudado é baixa (BRASIL, 2003).

Além da correlação entre o IMC e a prática de tabagismo, a CC esteve

correlacionada positivamente com consumo de peixe e hortaliças. De

118

acordo com os achados deste estudo, o consumo de peixe é baixo, onde

24,4% consomem o alimento de duas a quatro vezes por semana e,

conforme demonstrado na tabela 6, às hortaliças e frutas são pouco

consumidas pela população estudada, o que vai contra as recomendações

sobre a dieta do Ministério da Saúde (2006), que é manter o equilíbrio

energético e o peso saudável aumentando o consumo de frutas, legumes e

verduras, cereais integrais e leguminosas e diminuindo a ingestão de

gorduras e carboidratos complexos, como arroz e macarrão (BRASIL,

2006).

Vale ressaltar que a dieta da população engloba um conjunto de fatores

como qualidade do alimento, quantidade da porção e fracionamento das

refeições, que são determinantes na classificação do estado nutricional do

indivíduo. O conjunto alimentação não balanceada associada à inatividade

física refletem diretamente nos achados referente à CC da população rural

de Anchieta, onde 76 (47,5%) dos avaliados apresentaram risco elevado

para as doenças cardiovasculares e 54 (33,8%) já desenvolveram um risco

muito elevado (BRASIL, 2006a).

O contato com os alimentos in natura é um fator muito positivo para a

mudança da alimentação da população rural de Anchieta. A disponibilidade

desses alimentos associada às orientações nutricionais e as medidas

socioeducativas levarão a mudanças nos hábitos de vida dessa

comunidade, associando ao fato de que muitos dos indivíduos

entrevistados trabalham diretamente com a agricultura e, grande parte,

extrai o alimento de plantações do próprio quintal (BRASIL, 2006a).

6.6 DAS POLÍTICAS SOCIAIS E AÇÕES PROPOSTAS COM BASE NOS RESULTADOS

DO PRESENTE ESTUDO

No campo das ações socioeducativas e seus respectivos programas de

execução, cabe observar com precisão o que se pretende atingir com o

objetivo de prevenir e tratar os casos existentes. Tratar de medidas

119

socioeducativas implica discutir política social e, mais do que isso,

aprofundar-se acerca de um conjunto de ações dirigidas à população, com

todas as demandas e especificidades que a região possui (BOBBIO, 1992).

Em função dos resultados apresentados neste estudo, observa-se uma

necessidade da implementação de um conjunto de ações e políticas

sociais para melhoria do estado de saúde da população de Anchieta, tais

como: palestras socioeducativas sobre alimentação saudável com uma

linguagem motivacional e de fácil entendimento, acompanhamento em

supermercados e mercearias identificando produtos menos calóricos e

saudáveis com preço acessível, cartilhas contendo os Dez Passos da

Alimentação Saudável estipulados pelo Ministério da Saúde,

acompanhamento individual dos casos que necessitam de uma atenção

maior, aulas práticas sobre o preparo do alimento, gincanas que estimule o

participante a perder peso por meio de competição, atendimentos por um

nutricionista na própria estratégia de saúde da família, sem ter que se

deslocar ao centro urbano do município, e mostrar para todos da

população rural que as frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas,

minerais e fibras e devem estar presentes diariamente nas refeições, pois

contribuem para a proteção à saúde e diminuição do risco de ocorrência de

várias doenças (BRASIL, 2006; MINISTÉRIO..., 2006).

Em se tratando do consumo de frutas e verduras, que é um fator

preocupante entre a população do município de Anchieta, sugere-se como

papel do Governo, Estado e órgãos internos (MINISTÉRIO..., 2010):

a) valorizar e promover a produção e o processamento, com

preservação do valor nutritivo de frutas, legumes e verduras,

principalmente os de origem local, na perspectiva do

desenvolvimento sustentável;

a) fomentar mecanismos de redução dos custos de produção e

comercialização desses alimentos;

120

b) Criar estratégias que viabilizem a instalação de rede local de

comercialização, facilitando o acesso regular da população a esses

alimentos, a preços acessíveis;

c) monitorar o uso de agentes químicos (agrotóxicos) potencialmente

prejudiciais à saúde;

d) viabilizar campanhas e outras iniciativas de comunicação social e de

educação que valorizem e incentivem o consumo desses alimentos;

e) assegurar a presença desses alimentos nos programas públicos e/ou

institucionais de alimentação e nutrição (como o Programa de

Alimentação do Trabalhador, o Programa de Alimentação Escolar e

outros) e nas refeições das populações.

De todo modo, se propõe incentivar a orientação alimentar como atividade

de rotina nos serviços de saúde, contemplando a formação de hábitos

alimentares saudáveis desde a infância, com a introdução da alimentação

saudável a todo tempo, respeitando a identidade cultural e alimentar da

comunidade rural de Anchieta (MINISTÉRIO..., 2010b).

121

7 DOS RISCOS PARA A POPULAÇÃO RURAL DE ANCHIETA

Os achados do presente estudo, vem comprovar as tendências da

obesidade na população adulta de Anchieta e a magnitude que essa

doença crônica assumiu no país, contribuindo para o avanço das maiores

causas de morbidade e mortalidade, que são as doenças cardiovasculares,

a hipertensão arterial sistêmica e a diabetes mellitus tipo 2 (BRASIL,

2006a; ABASSE et al., 2007).

O crescimento da incidência das DCNTs observado na área rural de

Anchieta está relacionado, em grande parte, com o ganho excessivo de

peso, resultante do sedentarismo e da alimentação não balanceada

(BRASIL, 2006a).

Estima-se que, para cada 5% de aumento de peso acima daquele

apresentado aos 20 anos de idade, ocorra um aumento de 200% no risco de

desenvolver a síndrome metabólica da meia idade, que está associada ao

desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica e

doenças cardiovasculares (ABASSE et al., 2007). Estimativas da OMS

apontam que as DCNTs são responsáveis por 58,5% de todas as mortes e

por 45,9% pelo desencadeamento de doenças (ORGANIZAÇÃO..., 2007).

8 CONCLUSÕES

122

Diante dos resultados apresentados em nosso estudo, conclui-se que a

população rural de Anchieta é caracterizada pela baixa renda, baixo nível

de escolaridade, sedentarismo, alimentação não balanceada e ingestão

insuficiente de frutas e hortaliças. Trata-se de uma população que não

recebe assistência necessária para melhoria do seu estado de saúde, a

começar pela falta de orientação nutricional.

Os dados sociodemográficos da região, o tabagismo e o consumo

alimentar estão diretamente relacionados com o excesso de peso e com a

obesidade da população rural de Anchieta, no entanto, não confirmados

pelas correlações realizadas, provavelmente pela reduzida amostra e por

ser uma população homogenia. Portanto, é de suma importância o apoio

da Secretaria Municipal e de outros órgãos competentes, por meio de

ações e de profissionais da saúde capacitados na manutenção preventiva

e corretiva da população.

É importante adotar estratégias, por meio de políticas sociais, para

redução do consumo de carne com gordura visível, o consumo regular de

refrigerante e de bebida alcoólica, o tabagismo e o excesso de peso, assim

como o incentivo do aumento da ingestão de frutas e hortaliças e da

prática de atividade física, para prevenção dos novos casos de obesidade

e de outras DCNT.

123

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

A escolha de Anchieta para realização do estudo se baseou nos resultados do Projeto CARMEN, 2011 (Conjunto de Ações para Redução Multifatorial das Enfermidades Não Transmissíveis), realizado pelo Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil no município de Anchieta. Os resultados do Projeto CARMEN mostram que mais da metade da população de Anchieta, sendo a prevalência nos homens e nos residentes da área rural, estão com excesso de peso e que os hábitos alimentares da população estão prejudicados. O objetivo é estudar características sociais demográficas, prática de atividade física, hábitos alimentares, tipos de alimentos consumidos e tabagismo em uma população rural de Anchieta, buscando correlacionar dados sociodemográficos, atividade física, hábitos alimentares e medidas antropométricas. Inicialmente, na primeira etapa, realizarei a avaliação antropométrica dos participantes, na própria Estratégia de Saúde da Família. Em seguida, serão aplicados questionários contendo questões sobre a situação socioeconômica, prática de atividade física, escolha alimentar, e estilo de vida. Os dados serão confidenciais, não havendo nenhum comprometimento para os participantes. O nome do participante só será revelado com a autorização do mesmo. Os benefícios da pesquisa são para melhoria do estilo de vida da população. A importância de hábitos alimentares saudáveis e da prática de atividade física será apresentada à população rural de Anchieta. O voluntário tem o direito de não participar ou de se retirar da pesquisa a qualquer momento sem nenhum prejuízo para o seu atendimento dentro da instituição aonde a pesquisa for executada.

Consentimento do Indivíduo

Eu, .............................................. aceito participar da pesquisa “AVALIAÇÃO DO

PERFIL NUTRICIONAL, HÁBITOS DE VIDA E FATORES ASSOCIADOS DA

POPULAÇÃO RURAL DE ANCHIETA(ES): CONTRIBUIÇÕES PARA

ELABORAÇÃO DE AÇÕES SOCIAIS E DE SAÚDE”, estando ciente de todas as

informações contidas no termo.

Dados do participante:

Endereço: ...............................................................................................................

Identidade: ..........................

Contato: ..................................................................................................................

Assinatura do participante: ......................................................................................

Local, data, ano: ..........................., .......... / .......................... / .............

Pesquisador Responsável: Brena de Castro Costa. Portadora do CPF 12036208703, ID 1771886, residente na Av. Mario Corteletti, n.115, Mata da Praia, Vitória-ES. Contato: (27) 97788148. Comitê de Ética em Pesquisa (27) 33343558.

Assinatura do pesquisador (a): .............................................................................

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APÊNDICE B - Questionário Sobre os Dados Socioeconômicos, a Prática de Atividade Física e os Hábitos Alimentares

DENTIFICAÇÃO E CONTROLE

Nome: ............................................................................................................................................... Endereço: ......................................................................................................................................... Cep: .......................... Bairro-Comunidade: ..................................................................................... Telefone fixo: .....................................................; Celular: ............................................................... Número de moradores no domicílio: ............................... Local de trabalho: ............................................................................................................................. Tel. do trabalho: ..........................................................

Bloco 1- Dados Socioeconômicos 1. QUAL A SUA IDADE .............. anos 2. Data nascimento: ____/____/____ 3. SEXO: 1 ( ) masculino 2 ( ) feminino 4. QUAL SEU ESTADO CIVIL ATUAL? 1( ) solteiro 2( ) casado/ união estável há mais de 6 meses 3( ) viúvo 4( ) separado/divorciado 5. O(A) SR(A) CARACTERIZA A COR DA SUA PELE COMO: 1( ) branca 2( ) negra 3( ) parda ou morena 4( ) amarela (apenas ascendência oriental) 5( ) vermelha (confirmar ascendência indígena) 6( ) não sabe 7( ) não quis informar 6. O(A) SR(A) TEM TELEFONE FIXO EM CASA? 1( ) sim 2( ) não 3( ) não quis informar 7. O(A) SR(A) TEM CELULAR? 1( ) sim 2( ) não 3( ) não quis informar 8. O SR(A) PASSA QUANTOS HORAS POR NA INTERNET? 1( ) 1 a 3 horas 2( ) 4 a 5 horas 3( ) 6 a 10 horas 4( ) não possuo internet 9. QUANTAS HORAS POR DIA PASSA EM FRENTE A TV? 1( ) 1 a 3 horas 2( ) 4 a 5 horas 3( ) 6 a 10 horas 4( ) 10 a 15 horas 5( ) não tenho ou não assistoTV 10. O(A) SR(A) POSSUI AUTOMÓVEL? 1( ) sim 2( ) não 11. O(A) SR(A) POSSUI ELETRODOMÉSTICOS EM CASA, COMO: MÁQUINA DE LAVAR, AR CONDICIONADO, MICRO-ONDAS, ASPIRADOR DE PÓ? (Se possuir apenas uma desses pode marcar SIM). 1( ) Sim 2( ) Não

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12. ATUALMENTE O(A) SR(A) TEM UM TRABALHO OU ATIVIDADE REMUNERADA? 1 ( ) sim 2( ) não 13. O TRABALHO DO(A) SR(A) É NO CAMPO OU NA CIDADE? 1 ( ) campo 2 ( ) cidade 14. QUAL A SUA OCUPAÇÃO? 1( ) Aposentado 2( ) Estudante 3( ) Dona de casa 4( ) Outros. Qual? ................................................................................ 15. QUAL É A RENDA DA SUA FAMÍLIA POR MÊS? TOTAL POR MÊS R$ ........................................ ( ) Não Sabe/Recusa 16. O (A) SR (A) FREQUENTOU A ESCOLA? 1( ) sim 2( ) não 17. SE SIM, ATÉ QUE SÉRIE E GRAU O SR (A) ESTUDOU? ........................................... 18. O(A) SR(A) OU FILHO(A) OU NETO(A), PRECISA SE DESLOCAR ATÉ O CENTRO DA CIDADE PARA ESTUDAR? 1 ( ) sim 2 ( ) não Bloco 2 - Prática de Atividade Física 19. O(A) SR(A) PRATICA ATIVIDADE FÍSICA REGULARMENTE, ISTO É, PELO MENOS, 30 MINUTOS POR DIA, TODOS OS DIAS DA SEMANA? 1( ) sim 2( ) não 20. QUE TIPO DE EXERCÍCIO OU ESPORTE PRATICA? 1( ) caminhada 2( ) musculação 3( ) natação 4( ) futebol 5( ) nenhum 6( ) caminhada/bicicleta somente pra ir e voltar do trabalho 21. EXISTE PERTO DE SUA CASA ALGUM LUGAR PARA FAZER CAMINHADA, REALIZAR EXERCÍCIO OU PRATICAR ESPORTE? 1( ) sim 2( ) não 22. ESTE LUGAR É: (ANOTAR O MAIS ACESSÍVEL) 1( ) um clube 2( ) uma academia 3 ( ) uma praça ou um calçadão ou um parque 4 ( ) uma escola 5 ( ) não conhece

23. A QUALIDADE DAS ESTRUTURAS, OS PROFISSIONAIS QUE TE ATENDEM, OS APARELHOS FORNECIDOS SÃO? 1( ) bons 2( ) ruins 3( ) insuficientes para a quantidade de aluno 24. EXISTE ALGUM MÓDULO DO SOE (SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO PARA O EXERCÍCIO) PRÓXIMO DE SUA RESIDÊNCIA? 1( ) sim 2( ) não 25. ONDE O(A) SR(A) ULTILIZA OS SERVIÇOS DO SOE? 1( ) Academia Popular 2( ) Unidade Básica de Saúde 3( ) Centros de Referência 4( ) Módulos fixos localizados em parques, praças ou calçadões 26. QUANTOS DIAS POR SEMANA? 1( ) 1 a 2 dias 2( ) 3 dias na semana 3( ) 3 a 5 dias na semana 27. O(A) SR(A) FUMA? 1( ) sim 2( ) não 28. O(A) SR(A) SE SENTE CANSADO, SENTE FALTA DE AR QUANDO ESTÁ PRATICANDO ALGUM EXERCÍCIO? 1( ) sim 2( ) não Bloco 3 - Hábitos Alimentares 29. QUANDO VAI AO SUPERMERCADO, QUAL CRITÉRIO QUE O(A) SR(A) CONSIDERA MAIS IMPORTANTE NA HORA DA COMPRA DO ALIMENTO ?

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1( ) marca que confio/conhecida 2( ) ser um alimento de qualidade 3( ) ser mais nutritivo/enriquecido com vitaminas 4( ) ser gostoso/saboroso 5( ) ser barato (compro somente o básico, arroz, feijão e ovo) 6( ) não tem perto da minha casa 7( ) aquele alimento que lhe chamou a atenção em uma propaganda (TV, internet, jornal) 30. AO SR(A) É OFERTADO PALESTRAS, DINÂMICAS SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL? 1( ) sim 2( ) não 31. COM QUE FREQUÊNCIA O(A) SR (A) FREQUENTA LANCHONETE, TRAILER, BAR, RESTAURANTE? 1( ) 1 a 2 dias por semana 2( ) 3 a 4 dias por semana 3( ) todos os dias (inclusive sábado e domingo) 4( ) nunca 32. O QUE O(A) SR(A) LEVA EM CONSIDERAÇÃO NA ESCOLHA DO ALIMENTO? 1( ) aparência (ex: cor, combinação da preparação, montagem e arrumação local, higiene, presença de gordura ou não) 2( ) sabor/odor 3( ) forma de preparo (ex: assado, cozido, cru, grelhada) 4( ) valor nutricional e calórico (ex: alimentos que considera saudável) 5( ) preço 33. PRINCIPAL FERRAMENTA PARA OBTER INFORMAÇÕES SOBRE ALIMENTOS E PRODUTOS: 1( ) Internet 2( ) Jornais e revistas 3( ) Familiares 4( ) Televisão 5( ) Nutricionistas, médicos 34. QUAL A INFORMAÇÃO APRESENTADA NOS RÓTULOS DOS ALIMENTOS QUE MAIS LHE INTERESSA? 1( ) Nenhuma 2( ) Sobre calorias 3( ) Gordura trans 4( ) Colesterol 5( ) Açúcar 6( ) Sódio / sal 35. O(A) SR(A) MUDOU SUA ALIMENTAÇÃO NO ÚLTIMO MÊS OU ESTÁ FAZENDO ALGUM TIPO DE DIETA (emagrecer ou outro motivo)? 1( ) não 2( ) sim, para reduzir peso- sem orientação médica 3( ) sim, para reduzir peso- com orientação médica 4( ) sim, para dieta vegetariana ou redução da consumo de carne 5( ) sim, para redução de sal 6( ) sim, para redução do colesterol 7( ) sim, para ganho de peso

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APÊNDICE C - Como Está a Sua Alimentação? Escolha só UMA resposta. Vamos começar. 1 – Qual é, em média, a quantidade de frutas (unidade/ fatia/pedaço/copo de suco natural) que você come por dia? a. ( ) Não como frutas, nem tomo suco de frutas natural b. ( ) 3 ou mais unidades/fatias/pedaços/copos de suco natural c. ( ) 2 unidades/fatias/pedaços/copos de suco natural d. ( ) 1 unidade/fatia/pedaço/copo de suco natural 2 – Qual é, em média, a quantidade de legumes e verduras que você come por dia? Atenção! Não considere nesse grupo os tubérculos e as raízes (veja pergunta 4). a. ( ) Não como legumes, nem verduras todos os dias b. ( ) 3 ou menos colheres de sopa c. ( ) 4 a 5 colheres de sopa d. ( ) 6 a 7 colheres de sopa e. ( ) 8 ou mais colheres de sopa 3 – Qual é, em média, a quantidade que você come dos seguintes alimentos: feijão de qualquer tipo ou cor, lentilha, ervilha, grão-de-bico, soja, fava, sementes ou castanhas? a. ( ) Não consumo b. ( ) 2 ou mais colheres de sopa por dia c. ( ) Consumo menos de 5 vezes por semana d. ( ) 1 colher de sopa ou menos por dia 4 – Qual a quantidade, em média, que você consome por dia dos alimentos listados abaixo? a. Arroz, milho e outros cereais (inclusive os matinais); mandioca/macaxeira/aipim, cará ou inhame; macarrão e outras massas; batata-inglesa, batata-doce, batata-baroa ou mandioquinha: .................colheres de sopa b. Pães: ................. unidades/fatias c. Bolos sem cobertura e/ou recheio: ...................... fatias d. Biscoito ou bolacha sem recheio: ................ unidades 5 – Qual é, em média, a quantidade de carnes (gado, porco, aves, peixes e outras) ou ovos que você come por dia? a. ( ) Não consumo nenhum tipo de carne b. ( ) 1 pedaço/fatia/colher de sopa ou 1 ovo c. ( ) 2 pedaços/fatias/colheres de sopa ou 2 ovos d. ( ) Mais de 2 pedaços/fatias/colheres de sopa ou mais de 2 ovos 6 – Você costuma tirar a gordura aparente das carnes, a pele do frango ou outro tipo de ave? a. ( ) Sim b. ( ) Não c. ( ) Não como carne vermelha ou frango

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7 – Você costuma comer peixes com qual frequência? a. ( ) Não consumo b. ( ) Somente algumas vezes no ano c. ( ) 2 ou mais vezes por semana d. ( ) De 1 a 4 vezes por mês 8 – Qual é, em média, a quantidade de leite e seus derivados (iogurtes, bebidas lácteas, coalhada, requeijão, queijos e outros) que você come por dia? Pense na quantidade usual que você consome: pedaço, fatia ou porções em colheres de sopa ou copo grande (tamanho do copo de requeijão) ou xícara grande, quando for o caso. a. ( ) Não consumo leite, nem derivados (vá para a questão 10) b. ( ) 3 ou mais copos de leite ou pedaços/fatias/porções c. ( ) 2 copos de leite ou pedaços/fatias/porções d. ( ) 1 ou menos copos de leite ou pedaços/fatias/porções 9 – Que tipo de leite e seus derivados você habitualmente consome? a. ( ) Integral b. ( ) Com baixo teor de gorduras (semidesnatado, desnatado ou light) 10 – Pense nos seguintes alimentos: frituras, salgadinhos fritos ou em pacotes, carnes salgadas, hambúrgueres, presuntos e embutidos (salsicha, mortadela, salame, linguiça e outros). Você costuma comer qualquer um deles com que frequência? a. ( ) Raramente ou nunca b. ( ) Todos os dias c. ( ) De 2 a 3 vezes por semana d. ( ) De 4 a 5 vezes por semana e. ( ) Menos que 2 vezes por semana 11 – Pense nos seguintes alimentos: doces de qualquer tipo, bolos recheados com cobertura, biscoitos doces, refrigerantes e sucos industrializados. Você costuma comer qualquer um deles com que frequência? a. ( ) Raramente ou nunca b. ( ) Menos que 2 vezes por semana c. ( ) De 2 a 3 vezes por semana d. ( ) De 4 a 5 vezes por semana e. ( ) Todos os dias 12 – Qual tipo de gordura é mais usado na sua casa para cozinhar os alimentos? a. ( ) Banha animal ou manteiga b. ( ) Óleo vegetal como: soja, girassol, milho, algodão ou canola c. ( ) Margarina ou gordura vegetal 13 – Você costuma colocar mais sal nos alimentos quando já servidos em seu prato? a. ( ) Sim

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b. ( ) Não 14 – Pense na sua rotina semanal: quais as refeições você costuma fazer habitualmente no dia? Assinale no quadro abaixo as suas opções. Cada item vale um ponto, a pontuação final será a soma deles.

Não(0) Sim(1)

Café da manhã

Lanche da manhã

Almoço

Lanche ou café da tarde

Jantar ou café da noite

Lanche antes de dormir

Pontuação Final Preenchida pelo pesquisador

15 – Quantos copos de água você bebe por dia? Inclua no seu cálculo sucos de frutas naturais ou chás (exceto café, chá preto e chá mate). a. ( ) Menos de 4 copos b. ( ) 8 copos ou mais c. ( ) 4 a 5 copos d. ( ) 6 a 8 copos 16 – Você costuma consumir bebidas alcoólicas (uísque, cachaça, vinho, cerveja, conhaque etc.) com qual frequência? a. ( ) Diariamente b. ( ) 1 a 6 vezes na semana c. ( ) Eventualmente ou raramente (menos de 4 vezes ao mês) d. ( ) Não consumo 17 – Você faz atividade física REGULAR, isto é, pelo menos 30 minutos por dia, todos os dias da semana, durante o seu tempo livre? Considere aqui as atividades da sua rotina diária como o deslocamento a pé ou de bicicleta para o trabalho, subir escadas, atividades domésticas, atividades de lazer ativo e atividades praticadas em academias e clubes. Os 30 minutos podem ser divididos em 3 etapas de 10 minutos. a. ( ) Não b. ( ) Sim c. ( ) 2 a 4 vezes por semana 18 – Você costuma ler a informação nutricional que está presente no rótulo de alimentos industrializados antes de comprá-los? a. ( ) Nunca b. ( ) Quase nunca c. ( ) Algumas vezes, para alguns produtos d. ( ) Sempre ou quase sempre, para todos os produtos

144

APÊNDICE D - Questionário de Frequência Alimentar

Grupo das Hortaliças, Legumes e Frutas

Alimento Quantidade Nunca Menos de 1x mês

1 a 3x por mês

1 x por semana

2 a 4x por

semana

1 x ao dia

2 ou mais x ao dia

Alface 1 porção/6 folhas médias

Acelga/repolho 2 colher de servir

Agrião/rúcula 3 ramos/6 folhas médias

Couve flor 2 ramos médios

Beterraba 1 colher de servir

Cenoura 1 colher de servir

Espinafre/couve 1 colher de servir

Ervilha 2 colher de sopa

Milho verde 1 colher de sopa

Pepino 6 fatias médias

Tomate 3 fatias médias

Feijão 1 ½ concha média

Abacate/abacaxi ½ unidade

Laranja/banana 1 unidade média

Maçã/pera 1 unidade média

Melão/melancia/mamão 1 fatia média

Outros- kiwi, ameixa, uva

½ xícara de chá

Suco de fruta sem açúcar

1 copo de requeijão

Suco de fruta com açúcar

1 copo de requeijão

145

Grupo dos Óleos, Gorduras e Açúcares

Alimento Quantidade Nunca Menos 1x mês

1 a 3x mês

1 x por semana

2 a 4x por

semana

1x ao dia

2 ou mais x ao dia

Batata chips ou salgadinho

½ pacote grande

Sorvete 2 bolas/1 unidade

Achocolatado em pó 2 colher de sopa rasas

Pipoca 1 saco médio de pipoqueiro

Açúcar adicionado em chá, café, leite etc.

2 colher de sobremesa

Salgado frito 1 unidade média

Salada de maionese 1 colher de servir

Farofa 1 colher de servir

Pizza 1 fatia média

Maionese tradicional 1 colher de servir

Manteiga/Margarina 1 ponta de faca

Azeite de oliva 1 colher de café

Grupo do Leite e Produtos Lácteos

Alimento Quantidade Nunca Menos 1x mês

1 a 3x mês

1 x por semana

2 a 4x por

semana

1x ao dia

2 ou mais x ao dia

Leite integral 1 copo de requeijão cheio

Leite desnatado 1 copo de requeijão cheio

Leite fermentado 1 garrafinha

Outros- queijo, requeijão

1 fatia média/1 ponta de faca

146

Grupo dos Pães, Cereais e Tubérculos

Alimento Quantidade Nunca Menos 1x mês

1 a 3x mês

1 x por semana

2 a 4x por

semana

1x ao dia

2 ou mais x ao dia

Arroz cozido 4 colheres de sopa/1 ½ colher de servir/1 escumadeira grande

Macarrão 3 colheres de servir/pegador

Pão Frances/caseiro 1 ½ unidade/3 fatias

Grupo da Carne, Ovo e Embutidos

Alimento Quantidade Nunca Menos 1x mês

1 a 3x mês

1 x por semana

2 a 4x por

semana

1x ao dia

2 ou mais x ao dia

Carne cozida 1 fatia média/ 1 colher de servir/ 1 unidade média

Carne frita 1 pedaço médio/1 unidade média

Ovo frito 1 unidade média/1 pedaço médio

Embutidos- salsicha, presunto

2 fatias médias

Grupo das Bebidas

Alimento Quantidade Nunca Menos 1x mês

1 a 3x mês

1 x por semana

2 a 4x por

semana

1x ao dia

2 ou mais x ao dia

Refrigerante 1 ½ copo de requeijão/ 1 lata

Suco artificial 1 copo de requeijão

Café/chá 1 xícara de chá pequena

147

ANEXOS

148

ANEXO A - Avaliação Antropométrica

Peso: ......................

Altura: ................................

Circunferência da Cintura: ..................................

Circunferência do Braço: ....................................

IMC: .................................

149

ANEXO B - Classificação da circunferência da cintura de acordo com o sexo

para adultos e idosos caucasianos

Complicações associadas a obesidade Homem e

Mulher

Homem Mulher

Sem Risco < 94,0 cm < 80,0 cm

Risco Elevado ≥ 94,0 a < 102,0 cm cm ≥ 80,0 a < 88,0 cm

Risco Muito Elevado ≥ 102,0 cm ≥ 88,0 cm

Fonte: WHO, 1998

150

ANEXO C - Tabela de Percentis da Circunferência do Braço