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OS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA E SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: reflexões sobre os métodos de ensino e aprendizagem da língua Renata Cristina da Cunha 1 [email protected] RESUMO: O presente artigo, resultante de pesquisa em desenvolvimento junto ao programa de Mestrado em Educação (PPGED) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), (ARTICULAÇÃO COM A PESQUISA REALIZADA) tem como questão central a seguinte indagação: Qual a relação entre as práticas pedagógicas do professor de Língua Inglesa e os métodos de ensino e aprendizagem da língua? Nessa perspectiva, o objetivo geral desse estudo é refletir sobre esta relação e suas implicações para o ser professor de inglês. (OBJETIVO DO TRABALHO) Trata- se de uma pesquisa bibliográfica (TIPO DE PESQUISA DESENVOLVIDA) no âmbito da qual dialogamos com autores, tais como: Almeida Filho (1999, 2004, 2007), Leffa (2001, 2003), Gimenez (2004, 2005, 2006), entre outros. (AUTORES PRINCIPAIS) Além das reflexões iniciais e finais, o artigo contempla mais duas seções. Nas reflexões iniciais, discutimos brevemente as funções do professor de inglês na atualidade. Na primeira seção, apresentamos as competências que acreditamos serem necessárias para o exercício profissional do professor de inglês. Na segunda seção, apontamos os métodos de ensino e aprendizagem da língua mais recorrente e sua relação com a prática pedagógica do professor de inglês. (ESTRUTURA DO ARTIGO COM O RESUMO DE CADA SEÇÃO) Nas reflexões finais, ressaltamos que as relações entre as práticas pedagógicas do professor de inglês são fortemente influenciadas por suas concepções acerca dos métodos de ensino e aprendizagem da língua.(MENÇÃO SUCINTA DA CONCLUSÃO) PALAVRAS-CHAVE: Professor de Língua Inglesa. Práticas pedagógicas. Métodos de ensino e aprendizagem da língua. 1 Mestranda em Educação (UFPI), professora auxiliar da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) desde 2003 e da Faculdade Piauiense (FAP) desde 2005.

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Modelo de artigo científico. Estrutura e padronização para elaboração de trabalho científico. Com marcações.

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OS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA E SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS:

reflexões sobre os métodos de ensino e aprendizagem da língua

Renata Cristina da Cunha1

[email protected]

RESUMO:

O presente artigo, resultante de pesquisa em desenvolvimento junto ao programa de Mestrado em Educação (PPGED) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), (ARTICULAÇÃO COM A PESQUISA REALIZADA) tem como questão central a seguinte indagação: Qual a relação entre as práticas pedagógicas do professor de Língua Inglesa e os métodos de ensino e aprendizagem da língua? Nessa perspectiva, o objetivo geral desse estudo é refletir sobre esta relação e suas implicações para o ser professor de inglês. (OBJETIVO DO TRABALHO) Trata-se de uma pesquisa bibliográfica (TIPO DE PESQUISA DESENVOLVIDA) no âmbito da qual dialogamos com autores, tais como: Almeida Filho (1999, 2004, 2007), Leffa (2001, 2003), Gimenez (2004, 2005, 2006), entre outros. (AUTORES PRINCIPAIS) Além das reflexões iniciais e finais, o artigo contempla mais duas seções. Nas reflexões iniciais, discutimos brevemente as funções do professor de inglês na atualidade. Na primeira seção, apresentamos as competências que acreditamos serem necessárias para o exercício profissional do professor de inglês. Na segunda seção, apontamos os métodos de ensino e aprendizagem da língua mais recorrente e sua relação com a prática pedagógica do professor de inglês. (ESTRUTURA DO ARTIGO COM O RESUMO DE CADA SEÇÃO) Nas reflexões finais, ressaltamos que as relações entre as práticas pedagógicas do professor de inglês são fortemente influenciadas por suas concepções acerca dos métodos de ensino e aprendizagem da língua.(MENÇÃO SUCINTA DA CONCLUSÃO) PALAVRAS-CHAVE: Professor de Língua Inglesa. Práticas pedagógicas. Métodos de ensino e aprendizagem da língua.

REFLEXÕES INICIAIS (INTRODUÇÃO / NOÇÕES INTRODUTÓRIAS...) – OBS:

ESTA SEÇÃO NÃO É NUMERADA.

Ser professor de inglês nunca foi tarefa fácil, especialmente na sociedade

globalizada em que estamos vivendo, pois além das exigências básicas para ser um

profissional de ensino, o professor da Língua Inglesa (doravante LI), além de ministrar os

conteúdos específicos da disciplina, ainda fica incumbido essencialmente de mais duas tarefas

bastante complexas.

1 Mestranda em Educação (UFPI), professora auxiliar da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) desde 2003 e da Faculdade Piauiense (FAP) desde 2005.

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A primeira é despertar nos alunos aspectos relevantes acerca da natureza

comunicativa da linguagem, articulando o conhecimento sistêmico, de mundo e de

organização textual para a construção de significados no mundo social em que estão inseridos.

A segunda é proporcionar aos alunos a oportunidade de conhecer os aspectos

sociais, culturais, econômicos e até mesmo políticos dos países em que a língua é falada, pois

“(...) o professor de línguas é um mestre não somente de uma língua, mas de uma cultura,

‘uma forma de vida’” (GEE, 1988, p. 69). Essa tripla função do professor de inglês é

esclarecida pelos PCN (BRASIL, 1998, p. 37) ao afirmarem que: CITAÇÃO DIRETA

A aprendizagem de Língua Estrangeira contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades lingüísticas. Leva a uma nova percepção da natureza da linguagem, aumenta a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve maior consciência do funcionamento da própria língua materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui para desenvolver a percepção da própria cultura por meio da compreensão da(s) cultura(s) estrangeira(s). O desenvolvimento da habilidade de entender/dizer o que outras pessoas, em outros países, diriam em determinadas situações leva, portanto, à compreensão tanto das culturas estrangeiras quanto da cultura materna. Essa compreensão intercultural promove, ainda, a aceitação das diferenças nas maneiras de expressão e de comportamento.

Assim, o professor de LI deve proporcionar aos alunos, além do conhecimento

dos conteúdos da disciplina e da compreensão da dimensão comunicativa da língua, a

exploração e a ampliação de sua visão de mundo, fator fundamental para o exercício do

pensamento crítico e de reflexões múltiplas acerca de seu papel na sociedade; o que nos

remete às cinco competências apontadas por Almeida Filho (1999) para o ensino de inglês: a

competência lingüístico-comunicativa, a competência implícita, a competência teórica, a

competência aplicada e a competência profissional. CITAÇÃO INDIRETA

1 AS COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA –

DESENVOLVIMENTO – NO DESENVOLVIMENTO AS SEÇÕES PODEM SER

NUMERADAS OU NÃO.

Para Almeida Filho (1999), o professor de LI deve dominar e articular cinco tipos

de competências que não são aprendidas do dia para a noite, mas adquiridas e consolidadas ao

longo de sua formação formal e informal. O autor supracitado define competência como “[...]

um construto teórico que se compõe de bases de conhecimentos informais (crenças), de

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capacidade de ação e deliberação sobre como agir na sala de aula” (p.11). As competências

são categorizadas em Implícita, Lingüístico-Comunicativa, Teórica, Aplicada e Formativo-

Profissional, descritas a seguir:

A competência Implícita está veiculada à subjetividade do professor, é adquirida

através de suas intuições, crenças, experiências vivenciadas no decorrer de sua trajetória

pessoal e profissional, entre outros, porque:

Quando o professor vai para o curso de formação inicial, ele é alguém que, em sua trajetória de vida, como filho e como aluno, já passou pela escola e já construiu expectativas, crenças e representações, e que, muitas vezes, ignorada no curso de formação, podem levá-lo a atuar de forma que não corresponde ao trabalhado nos curso de formação. (SILVA, 1997, p. 47).

Assim, esta competência envolve as experiências vivenciadas pelo professor

enquanto aluno e professor ao longo de sua vida, fortemente influenciadas pela interação com

outras pessoas e com o meio onde está inserido. É desenvolvida de forma subconsciente e está

presente em nas salas de aula, determinando de certa forma as ações espontâneas do

professor, baseada na prática pedagógica de professores com os quais o docente conviveu

durante sua vida escolar e até mesmo acadêmica.

A competência Lingüístico-comunicativa se refere aos conhecimentos que o

professor tem da língua que ensina, à capacidade de se comunicar nesta língua e às

habilidades específicas que articula ao comunicar-se na língua-meta. Relaciona-se

principalmente à proficiência na língua alvo, considerada, especialmente nos cursos livres de

idiomas, como suficiente para que o professor seja contratado. Nas palavras de Gimenez

(2005, p. 172), “[...] freqüentemente esse professor é visto como um falante/usuário da língua

que ensina. Sua formação, em muitos casos, restrita a essa competência estabelece um perfil

do profissional que está longe de lhe garantir o status de uma profissão”. Realmente

acreditamos que o professor deve ser proficiente na língua que ensina, mas ser professor de LI

é muito mais do que ser proficiente na língua.

A competência Teórica é adquirida a partir de estudos de referenciais teóricos

sobre os processos que envolvem as especificidades do aprender e do ensinar línguas.

Normalmente, é aprendida de maneira formal e sistemática nos cursos de graduação e pós-

graduação na área. A Lingüística Aplicada (LA doravante), ciência que se dedica, entre

outros, aos processos de ensino e aprendizagem de uma LE, é considerada um dos pilares da

competência teórica.

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A competência Aplicada se refere à capacidade que o professor aprende/

desenvolve para, no exercício de sua profissão, colocar em prática o que aprendeu na teoria,

pois, como afirma Pereira (1999, p. 114):

Assim como não basta o domínio de conteúdos específicos ou pedagógicos para alguém se tornar bom professor, também não é suficiente estar em contato apenas com a prática para se garantir uma formação docente de qualidade. Sabe-se que a prática pedagógica não é isenta de conhecimentos teóricos e que estes, por sua vez, ganham novos significados quando diante da realidade escolar.

Portanto, este conhecimento mostra-se fundamental para sustentar a prática

pedagógica docente, pois permite o professor reveja sua prática, reorganizando seus objetivos

para lidar com as adversidades com as quais se depara diariamente, pois “[...] os professores

de línguas precisam explicar porque ensinam línguas, como ensinam e por que seus alunos

aprendem como aprendem” (ALMEIDA FILHO, 1999, p.12). Assim, fica claro que esta

competência é importante para que o professor explique porque ensina da maneira como

ensina, indispensável para uma prática pedagógica crítico-reflexiva.

A competência Formativo-profissional relaciona-se à consciência que o professor

desenvolve sobre seu papel enquanto profissional da educação. Implica em assumir-se como

professor profissional com direitos e deveres, sobretudo para com o aluno e para com a

sociedade. Esta competência, articulada às demais, é considerada fundamental para a

consolidação do ser professor de inglês, pois “[...] o professor precisa desenvolver uma

competência profissional capaz de fazê-lo conhecer seus deveres, potencial e importância

social no exercício do magistério na área de línguas” (ALMEIDA FILHO, 2007, p. 94).

Essas competências são desenvolvidas ao longo da vida docente e construídas

antes da formação acadêmica do professor, variando de docente para docente. Além de serem

fortemente influenciadas pela história de vida do professor, tais competências influenciam

sobremaneira a forma de ensinar do docente.

Nesse contexto, entendemos a reflexão como um fio condutor tanto para a

articulação, quanto para o desenvolvimento dessas competências profissionais dos professores

de LI, por estar intimamente relacionada à prática pedagógica desse docente. Segundo Vieira-

Abrahão (1999, p. 46), “a capacidade de reflexão [...] poderá levar este professor a um

processo de auto-avaliação constante, e torná-lo aberto para a análise de novas abordagens e

propostas que, com certeza, surgirão em sua vida profissional”. Assim sendo, a prática

reflexiva sistematizada e contínua assume um duplo papel, pois possibilita que o professor

não apenas compreenda suas ações, mas também as reavalie e renove constantemente.

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Acerca dessa dimensão, Almeida Filho (2004, p. 9) ressalta que “[...] na grande

área de teoria de ensino e aprendizagem de língua(s), o paradigma formador atual de mais alta

persuasão é o reflexivo”, o que corrobora nosso pensamento sobre a relevância da

reflexividade crítica para a consolidação da profissão professor de inglês.

Acreditamos que com a reflexão o professor se torna um pesquisador de sua

própria prática, questionando o conhecimento a cada momento, e que o mesmo seja (re)

construído a partir da reflexão. A capacidade de refletir sobre sua prática é essencial para o

desenvolvimento profissional docente e não se conclui somente durante o período de

graduação, mas é um processo contínuo de aprendizagem.

A formação de um verdadeiro profissional - reflexivo, crítico, confiável e capaz de demonstrar competência e segurança no que faz - é um trabalho de muitos anos, que apenas inicia quando o aluno sai da universidade. A verdadeira formação, que incorpora não apenas aquilo que já sabemos, mas que abre espaço para abrigar também aquilo que ainda não sabemos (LEFFA, 2001, on-line).

No entanto, apesar de discutirem questões reflexivas, os trabalhos de Gimenez

(2002) e Vieira-Abrahão (2002) priorizam a prática pedagógica, centrada no processo de

ensinar a língua para lidar e resolver os problemas cotidianos vivenciados em sala de aula, o

que nos remete às escolhas pedagógicas e metodológicas que concorrem para a construção da

prática pedagógica do professor de inglês.

Nesse cenário, o método utilizado pelo docente para o ensino da língua está

diretamente relacionado às suas ações no ambiente escolar, alterados consoante o momento

político, social e até mesmo ideológico vigente, posto que o professor é influenciado pela sua

experiência anterior como professor ou aluno de LE. Nas palavras de Almeida Filho (2007, p.

11), “[...] essas tradições de ensinar línguas nas escolas exercem influências variáveis sobre o

professor, que por sua vez traz para o ensino disposições pessoais e valores desejáveis da sua

própria abordagem”. Assim, entendemos ser necessário estabelecer um paralelo entre os

principais métodos de ensino e a prática do professor de LI.

2 OS MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA

Definir a quantidade de métodos utilizados no processo de ensino e aprendizagem

da língua torna-se impreciso, pois não existe consenso entre os pesquisadores das

metodologias para o ensino de inglês2 sobre esse número. Diante dessa indefinição,

2 Larsen-Freeman (1986), Brown (2001), Almeida Filho (2004).

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revisitamos tais pesquisadores, verificamos os métodos comuns a todos e optamos pelos três

mais discutidos: método de gramática e tradução, método audiolingual e método

comunicativo. Cabe ressaltar que embora cada método apresente características próprias para

a tríade da educação: professor, aluno e escola, no âmbito desse estudo discutiremos apenas a

relação entre o método e a prática pedagógica do professor de inglês.

O método de Gramática e Tradução, conhecido também como método Tradicional

ou Clássico, foi inserido nas escolas graças à forte influência jesuítica na educação ainda no

século XVI. Como o próprio nome sugere, é baseado no ensino da gramática e na prática da

tradução de textos clássicos. Nesse método, o professor é considerado o detentor maior de

todo conhecimento cuja prática reprodutivista é marcada pela transmissão do conteúdo. O

quadro negro, as listas intermináveis de vocabulário, os exercícios de tradução literal e o

dicionário são os recursos mais utilizados pelo docente.

Por um lado, o processo de ensino e aprendizagem concentra-se na habilidade de

escrita e as aulas são ministradas na língua materna dos alunos, ou seja, em português, o que

não exige do professor o domínio da língua ensinada. Por outro lado, a interação entre

professor e aluno é praticamente inexistente, principalmente devido ao fosso que separa

aquele que domina o conhecimento daquele que nada sabe, o aluno. Nesse contexto, podemos

concluir que a prática pedagógica do professor que segue esse método é repetitiva,

reprodutivista, além de autoritária e solitária.

Apesar das características negativas que marcam esse método, ele ainda está em

vigência até hoje em muitas escolas públicas e particulares de ensino médio e fundamental. A

pouca exigência da competência lingüística na língua é apontada como uma possível

explicação para isso, o que, decididamente, torna mais fácil o acesso de qualquer pessoa à

profissão professor de inglês.

Com o advento da Segunda Guerra Mundial, o método Audiolingual ganhou

espaço no mundo ocidental, principalmente pelos altos investimentos americanos para a

expansão da língua, que precisava ser dominada rapidamente pelos militares envolvidos direta

ou indiretamente com a guerra. Fortemente influenciado pela psicologia behaviorista, esse

método centra-se na prática do estímulo-resposta-recompensa. As habilidades auditivas e

orais são o foco do ensino cujo conteúdo é ministrado através de diálogos em inglês.

Nesse método, o professor é visto como um aplicador especializado de técnicas,

sem autonomia alguma sobre o material didático e sobre o conteúdo programático. As fitas

cassetes, o laboratório de línguas e os recursos visuais surgem como indispensáveis para o

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exercício da atividade docente. Memorização, imitação e repetição também marcam o

processo de ensino e aprendizagem da língua.

Nesse contexto, a prática do professor de inglês é considerada tecnicista,

reprodutivista, mecânica, além de descontextualizada e acrítica. Ele não precisa ser formado,

mas sim treinado para ser professor, ou seja, simplesmente repetir o que aprendeu nos cursos

oferecidos pelas escolas de idiomas. Com esses cursos, as escolas buscam um resultado

limitado e imediato, investindo no desenvolvimento da competência técnica do professor para

utilizar o material didático adotado ou elaborado pela escola (LEFFA, 2001).

Esse método de ensino encontrou terreno fértil, sobretudo nos cursos livres de

idioma, por quase quatro décadas. A necessidade de professores fluentes na língua e a

disponibilidade dos recursos materiais são apontadas como principal razão para isso. Vale

ressaltar que essa prática contribuiu sobremaneira para valorizar a contratação de nativos, ou

seja, aqueles que nasceram e cresceram em países que têm como primeira língua o inglês,

para serem professores dos cursos; o que levou muitas pessoas a acreditarem que para ser

professor de inglês, bastava saber a língua.

No entanto, com o passar do tempo, constatou-se que o método Audiolingual não

contemplava as reais necessidades comunicativas dos alunos, o que ocasionou uma mudança

no foco do ensino da língua, que passou a ser voltado para a comunicação na vida real, no dia

a dia do aluno. Nesse cenário, nos anos 70 do século passado, nasceu na Europa o método

Comunicativo, fortemente influenciado por outras ciências, como a Filosofia, Sociologia e

Lingüística, em resposta aos novos anseios de uma sociedade contemporânea, de certo modo,

mais democrática e crítica.

A inserção do método Comunicativo no Brasil aconteceu a princípio lentamente,

em meados da década de 80 do século XX, para hoje ser a principal referência quando se fala

no ensino de línguas no país, principalmente pelas mudanças da ênfase e de natureza no

processo de ensinar e aprender línguas.

Ao contrário dos métodos anteriores que se concentravam apenas na competência

lingüística, ou seja, o domínio da língua, o método Comunicativo visa a competência

comunicativa a partir da vivência real da língua, cabendo ao professor ensinar a língua e não

sobre a língua. Assim, o aluno passa a ser considerado, juntamente com o professor, o

responsável pela sua aprendizagem, assumindo-se sujeito ativo e participante do processo.

Num primeiro sentido, ser comunicativo significa preocupar-se mais com o próprio aluno enquanto sujeito e agente no processo de formação através da

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LE. Isso implica menor ênfase no ensinar e mais força naquilo que abra ao aluno as possibilidades de se reconhecer nas práticas do que faz sentido para a sua vida, do que faz diferença para seu futuro como pessoa. (ALMEIDA FILHO, 2007, p. 63).

Para o autor, a prática pedagógica do professor comunicativo deve estar apoiada

em quatro dimensões distintas, quais sejam: o planejamento das unidades de um curso, a

produção de materiais de ensino ou a seleção deles, as experiências na, com e sobre a língua-

alvo realizadas com os alunos e a avaliação de rendimento dos alunos e a auto-avaliação do

professor.

1) O planejamento das unidades de um curso, pois diferentemente do método

Audiolingual em que o professor não se responsabilizava pelo planejamento de suas aulas,

pois já as recebia previamente planejadas da escola, no método Comunicativo é o próprio

professor que planeja suas aulas, de acordo com os objetivos estabelecidos previamente. Vale

ressaltar a dimensão flexível do planejamento nesse método, que pode ser (re) adaptado de

acordo com a situação vivenciada pelo professor e pelos alunos.

2) A produção de materiais de ensino ou a seleção deles implica em uma certa

autonomia docente sobre o material didático. Envolve uma certa autonomia porque, na

maioria dos cursos, o professor deve utilizar o livro didático adotado pelo curso, sem, no

entanto ficar alienado a ele. Uma vez mais, diferentemente do método Audiolingual, cabe ao

professor decidir que materiais de ensino, ou seja, textos, filmes, música que irá utilizará no

desenvolvimento de suas aulas.

3) As experiências na, com e sobre a língua alvo realizadas com os alunos

principalmente dentro, mas também fora da sala de aula. Nesse método, a prática pedagógica

do professor de inglês deve focar as todas as experiências vivenciadas pelo aluno no que diz

respeito à língua. A relação que o aluno estabelece com a língua tanto na sala de aula, quanto

fora da sala de aula são muito relevantes nesse método, pois a língua deve ser aprendida em

situações reais, vivenciadas no dia a dia do aluno. Nas palavras de Almeida Filho (2007,

p.32),

Aprender uma língua estrangeira é quase sempre uma experiência intensa (mágica mesmo) para iniciantes reais em situações de normalidade. O professor da escola secundaria, das disciplinas iniciais na universidade ou da escola de línguas carrega uma grande responsabilidade no sentido de não aniquilar já nos estágios iniciais essa expectativa de adentrar uma nova comunidade de usuários dessa língua-alvo.

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4) A avaliação de rendimento dos alunos, a própria auto-avaliação do professor e

avaliação dos alunos e/ou externa do trabalho do professor. No método Comunicativo, a

avaliação da aprendizagem docente envolve muito mais do que apenas um procedimento

avaliativo, um instrumento de verificação aplicado em um momento previamente

estabelecido. Embora as provas sejam utilizadas, envolvem as quatro dimensões

comunicativas falar, ler, ouvir e escrever em inglês, sempre avaliadas em simulações da vida

real. Nesse caso também, o professor tem autonomia parcial, pois normalmente recebe as

provas escritas prontas da escola, mas tem a liberdade da avaliar o esforço do aluno em

aprender a língua continuamente, ou seja, em todas as aulas.

O método Comunicativo também implica na auto-avaliação do professor sobre a

sua própria prática, pois para tornar suas aulas mais dinâmicas, mais atraentes e mais

produtivas o professor deve estar constantemente refletindo sobre suas ações e atitudes de

maneira crítica e consciente. Embora a auto-avaliação seja uma prática desafiadora e

angustiante, é indispensável para a (auto) formação docente.

Nesse método, o professor assume o papel de motivador, orientador e principal

facilitador da aprendizagem. Para tanto, as fitas de áudio e vídeo e os textos autênticos3 são

utilizadas como ferramentas para reproduzir as situações da vida real, com as quais os alunos

se deparam diariamente. Nesse cenário, as experiências de ambos, alunos e professores

adquirem um status especial durante as aulas.

Apesar da LI ser utilizada em sala de aula, a Língua Portuguesa, língua materna,

não é ignorada, podendo ser utilizada pelo professor e pelos alunos dependo da situação,

cabendo ao professor o discernimento para decidir como, sem prejudicar a comunicação em

sala.

Essa mudança de paradigmas no perfil profissional passou a exigir um professor

bem preparado, capaz de dominar não apenas a competência comunicativa, mas também as

outras fundamentais para o exercício da profissão professor de inglês. Nesse contexto, o

professor que anteriormente era treinado para ser um aplicador de métodos, passa a ser

formado em cursos específicos para docentes que se dedicam também ao embasamento

teórico. A formação docente implica, entre outros, no desenvolvimento da compreensão

crítica do papel que o professor de língua exerce durante sua carreira.

Diante dessa nova realidade, ainda que modestamente, as escolas passam a se

preocupar com o perfil profissional dos professores que, mesmo tendo as competências

3 Um texto autêntico é um material escrito, de qualquer natureza, veiculado socialmente, para satisfazer um propósito (FONTANA, 2004). São exemplos de textos autênticos artigos de jornal, revistas, poemas, propagandas, embalagens, recibo de cartão de crédito, menu de restaurantes, bulas de remédio, entre outros.

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comunicativa e lingüística, precisam de subsídios, condições e incentivos para adentrar as

salas de aula, conscientes da real dimensão do que é ensinar e aprender uma LE. Nesse

contexto, os questionamentos sobre o que é aprender, o que é ensinar, o que é língua, entre

outros, assume um papel fundamental na prática docente, desenvolvendo principalmente o

senso crítico docente.

Esse método também encontrou terreno fértil nos cursos livres, onde foi adotado

para substituir o método Audiolingual. Uma das principais razões para isso é que o foco das

escolas de idiomas é a competência comunicativa na língua, ou seja, ao se matricular em um

desses cursos o aluno tem como objetivo maior conseguir se comunicar em inglês, pois:

O ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de aprender em termos de atividades relevantes/ tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua-alvo para realizar ações de verdade na interação com outros falantes-usuários dessa língua (ALMEIDA FILHO, 2007, p. 36).

Nesse contexto, cabe ao professor explorar e desenvolver uma linguagem da

vida real, dando liberdade ao aluno de ser criativo e interativo, além de aprender com suas

próprias experiências, ao invés de decorar listas de vocabulário, traduzir textos clássicos e

reproduzir diálogos descontextualizados. O professor do século XXI deverá respeitar a

individualidade e subjetividade do aluno, suas potencialidades e limitações em relação à

língua, além de estimular a aprendizagem e orientar todo o processo como agente co-

participante pela aprendizagem do aluno.

No entanto, segundo Almeida Filho (2007), são necessárias três mudanças

profundas para que o professor tenha uma prática pedagógica verdadeiramente comunicativa.

Em primeiro lugar, é preciso que o professor conheça as críticas sérias tecidas sobre o método

de Gramática e Tradução. Em segundo lugar, o docente deve conhecer as bases teóricas que

sustentam o ensinar comunicativamente. Em terceiro e último lugar, é fundamental que o

professor se mantenha atualizado com os resultados das pesquisas sobre os processos de

ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras.

REFLEXÕES FINAIS (CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS...) – TAMBÉM

NÃO É NUMERADA

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Embora não possamos afirmar que o ciclo de métodos para o ensino de línguas se

encerre definitivamente com o método Comunicativo, reconhecemos que atualmente esse

método tem sido o mais utilizado nas escolas de idiomas no país, o que não acontece nas

escolas da rede regular de ensino. A formação precária do professor, as salas de aula lotadas, a

falta de material didático adequado, a indisponibilidade de recursos audiovisuais e até mesmo

o desinteresse dos alunos são apontados como principais obstáculos para a adoção do método

Comunicativo nas escolas hoje4.

Independentemente do método adotado e das dificuldades estruturais com as quais

se depara diariamente, entendemos que é responsabilidade do professor formar cidadãos

conscientes e críticos, capazes de intervir na sociedade hodierna. Para isso, é preciso que a

realidade que ora se mostra acerca da formação do professor de inglês seja revertida a fim de

que o professorado possa assumir os novos papéis que lhes são exigidos pela sociedade e

enfrentar os novos desafios que lhes são impostos pela docência de forma adequada, sensata e

responsável.

Em síntese, a sociedade do século XXI exige um professor que se realmente se

assuma como profissional da educação, que combata o perfil sacerdotal e técnico docente,

vigente no século passado, consciente de suas responsabilidades para com seus alunos e para

consigo mesmo, além da assumir a condição de eterno aprendiz cuja formação está em suas

próprias mãos.

DE ACORDO COM AS NORMAS ABNT DO ANO DE 2006 A TRADUÇÃO

EM OUTRA LÍNGUA DEVERÁ FICAR APÓS O TEXTO (APÓS AS CONSIDERAÇÕES

FINAIS).

THE ENGLISH TEACHERS AND THEIR PEDAGOGICAL PRACTICES:

reflections about the English teaching and learning methods

ABSTRACT:

This article is the result of a research which is being developed at the “Mestrado em Educação” (PPGED) of the Federal University of Piauí (UFPI) whose main question is: What is the relation between the English teacher’s pedagogical practices and the teaching and learning methods of the language? This way, the main objective of this study is to reflect about this relation and its implications to the English teacher. It is a bibliographical research in which we talk to authors as: Almeida Filho (1999, 2004, 2007), Leffa (2001, 2003), Gimenez (2004, 2005, 2006), among others. Besides the first and last reflections, the article contains two more sections. In the first reflections, we briefly discuss the English teacher’s function currently. In the first section, we present the competences we believe are necessary

4 Gimenez (2004), Leffa (2004), Almeida Filho (2007).

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to be an English teacher. In the second section, we point out some teaching and learning methods of the language and their relation with the English teacher’s pedagogical practices. In the last reflections, we stress that the relation between the English teacher’s pedagogical practices are deeply influenced by their conceptions about the teaching and learning methods of the language.

KEY-WORDS: English teacher. Pedagogical practices. Teaching and learning methods of the language.

REFERÊNCIAS – NO ARTIGO CIENTÍFICO SOMENTE CABE REFERÊNCIA,

ISTO É SOMENTE SE COLOCA OS AUTORES EFETIVAMENTE CITADOS NO

TEXTO.

ALMEIDA FILHO, J. C. Conhecer e desenvolver a competência profissional dos professores de LE. Contexturas, ed. especial, vol. 9, p 9-19. São Paulo: APLIESP, 2007.

______. Lingüística aplicada: ensino de línguas e comunicação. Campinas, SP: Pontes, 2005.

______. O professor de Língua Estrangeira em formação. Campinas, SP: Pontes, 1999.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira. Secretaria do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

FONTANA, B. Material autêntico e educação em língua estrangeira. Entrelinhas. Revista do curso de Letras. Ano 1, nº 0, maio de 2004. Disponível em http://www.unisinos.br/cursos/graduacao/letras/entrelinhas/index.php?e=1&s=9&a=3. Acesso em: 15 mar. 2009.

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