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1% 1% limiliiiiii k, ,llK %A e ýo ý11111181 IIIIIiIIIIIIIIJU V illiwluiiilil 1111151 ýý Mal Ký si I:M 111 DEPOSITANDO AS SUAS - POUPANÇAS NO BANCO EVITA QUE SEJAM ROUBADAS OU... DEVORADAS PELO FOGO ou... ARRASTADAS PELAS ÁGUAS ORGANIZE A VIDA DA SUA FAMILIA ABRINDO UMA CONTAm -DEPOSITO PARA GUARDAR AS SUAS POUPANÇAS MONTEPIO DE MOÇAMBIQUEj E Biblioteca do 1 A NOSSA CAVA: Avilro rOdesiano abatido pelas FPLM Diorect ' larino: Muradali Mamadhuse; Chefe da Redacç;o lInterlno: Luis David; Redlacçio: Albino Megaia, Alvas Gomes, Ant6nio. Matunse, Calane da Silva Carlos Cardoso, Luís David. Mendes de Oliveira, Narciso Castanheira: SecretIra da Redacção: Ofélie Tombe; Fotografl: Ricardo Rangel, Kok Nem, Noite Ussene, Armindo Afonso (colaborador); Maquetização: Eugénio Aldasse; Correspondentes Intereacionais: Wilfred Burchet. Pietro Petruchi, Berrada Abderrazak (França) Tony Avirgan (Tanzania) José Baptista (inglaterra); Colaboração editorial com a revisto aTercer Mundos Propriedade: Tempográfica Oficinas. Redacção e Serviços Comercais: Av. Ahmed Sekou Touré, 1078-A e B (Prédio) Invicta). Tais 26191/2/3: C.P. 2917 - Maputo, República Popular deMoçambiiaue. 0 16 de Junho de 1960

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EBiblioteca do 1A NOSSA CAVA:Avilro rOdesiano abatido pelas FPLMDiorect ' larino: Muradali Mamadhuse; Chefe da Redacç;o lInterlno: Luis David;Redlacçio: Albino Megaia, Alvas Gomes, Ant6nio. Matunse, Calane da SilvaCarlos Cardoso, Luís David. Mendes de Oliveira, Narciso Castanheira: SecretIrada Redacção: Ofélie Tombe; Fotografl: Ricardo Rangel, Kok Nem, Noite Ussene,Armindo Afonso (colaborador); Maquetização: Eugénio Aldasse;Correspondentes Intereacionais: Wilfred Burchet. Pietro Petruchi, BerradaAbderrazak (França) Tony Avirgan (Tanzania) José Baptista (inglaterra);Colaboração editorial com a revisto aTercer Mundos Propriedade: TempográficaOficinas. Redacção e Serviços Comercais: Av. Ahmed Sekou Touré, 1078-A e B(Prédio) Invicta). Tais 26191/2/3: C.P. 2917- Maputo, República Popular deMoçambiiaue.0 16 de Junho de 1960

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mostra aos moçambicanos que pela via pacífica é impossível a independência. Odiálogo que os moçambiçanos quiseram encetar com o s representantes d ocolonialismo português em Moçambique teve como resposta apenas a prisão e omassacre.-Sobreviventes e participantes relatam o q u eA vila de Mapai foi completamente destruda pelas tropas racistasfoi o repugnante Massacre de Mueda.Página ........... 42de Smith. Esta escalada da agressão das forças rodesianas contra o nosso Pais tevelugar entre os dias 29 de Maio e 2. de Junho, sendo claro que o exército rodesianoaumenta progressivamente os seus ataques a alvos económicos.PAGINA POR PAGINACartas dos Leitores 2......2 Semana nacional . ....... 6Seminário de dinamizadores da «Ofensiva Cúltural» - Responsáveis deconstrução civil terminam curso - Joaquim Chissanoreunião da OUA.Semana internacional .. ..... 8Avanço da esquerda em França preocupa a América-A novaescravidão no Brasil.Jornais e revistas .. ...... ..10 Factos e crítica ..... . . . . 12 Angola: Fraccionistas ea luta pelopoder .. ....... . . 14O Exército do Povo vai ao Trabalho (2) .... ........ 16Panamá tem fronteira ao centro 19 Pretória - Santiago do Chile: Umaaliança vergonhosa ..... ...22 Mangonhe: Centro educacional revolucionário oucentro de difusão religiosa ....... 28 Serração de Rumbatsatsa. Insuficiência demeios de produção 33 Desinteresse é posição de classe 38 Recordando oMassacre de Muede 42 Soweto: lembrando o 16 de Junho 50 Mapei: A escaladada agressão . 54Página ............ 54 ok págbna . ......POD COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES:PROVINCIA DE MAPUTO: Namaacha: Manhiça. Moamba, Incoluane.Xinavane e Boane: PROVINCIA DE GAZA: Xai-Xai. Chicualacuala. Chibuto.Chokwé, Mass;nr. Mapjacazv. Caniçado. Mabalane ar Nhamavila; PROVINCIADE INHAMBANE: Inhambane, Quissico-Zavala. Maxixe, Homoine.Morrumbene. Mambone, Parda e Mabote; PROVINCIA DE MANICA: Chimoio,Espungabera e Manica: PROVINCIA DE SOFALA: Beira, Dondo e Marromeu;PROVINCIA DE TETE: Tetr, Scngo. Angónia, Mutarara, Zóbué, Moatize eMégoé; PROVINCIA DE ZAMBÉZIA: QÇcelimane, Pebane. Gilé, Ile, Mganiada Costa, Nomecurta. Ch;nde, Luabo. Alto Molocué. Lugela, Gúrué, Mocuba eMacuse: PROVINCIA DE NAMPtA: Nampule, Nacala, Angoche. Lumbo,Murrupula, Meconta e Mossur;l: PROVINCIA DE CABO DELGADO: Pembe.Mocmboa da Praia e Montepuez; PROVINCIA DO NIASSA: Lichinga eMarrupa. EM ANGOLA: Luanda, Lubango, Huambc. Cabinda. Benguela eLobito. EM PORTUGAL: Usboa.

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. .0. ~<'S4~~. .t..oo.v.kos<%.i;?. y< ~0.0,. . . . 0*,.....,...W..,.....,<,.,..00..0.00.*~*:.o..$.d*~k0*o**~~P... .:o..,:*oo.0* .*..CONDIÇÕES DE ASSINATURA:Povincias de Maouto, Gaze e Inhambane: 1 ano (52 números - 760$00; é mesas(26 números) - 0$00; 3 mesas (13 números) - 190$00. Outras províncias, porvia aérea: 1 ano (52 números) - 840$00; 6 mesas (26 números) -420$00; 3 meses(13 números) -210$00. O pedido de assinatura deve ser acompanhado daimportância respectiva.

Xiconhoca e gatoNestes dias li muitas pessoas que desviam o sentido das palavras, empregando-assomente para incomodar os outros, como por exemplo XICONHOCA.Quando alguém manda parar um carro para pedir boleta, se o motorista disser queo carro esta cheio, é frequente ouvir dizer este condutor é XICONHOCA.As vezes uma pessoa falta ao trabalho porque realmente estd doente. Quando osamigos souberem que tal fulano hoje não veio ao serviço, logo alguns dizem éXICONHOCA.Amigos leitores, acham que a palavra XICONHOCA empregada nestas situaçõesé correcta? Eu não estou a negar a palavra Xiconhoca, mas entre nós devemossaber empregar a palavra.Outra palavra é GATO.Nesta nossa zona de Espungabera, as pessoas quando não se dão bem com certaspessoas é frequente.ouvir dizer que fulano é GATO. Às vezes quando falam malde alguém, dizem aquele é GATO. Sobretudo os boatei-ros costumam dizer, porexemplo: sabe, o Américo é Gato, é ele que anda a dizer coisas ao chefe para vocêsair desta oficina. Portanto, estassuo palavras que certas pessoas pronunciam para ofender as outras o que de certonão devia ser desta forma. Tudo isto deixo aos amigos leitores, se XICONHOCAe GATO eOSt bem ou não e qual o vosso parecer. Obrigado.Agostinho Jeremias NhabocoEspungabercN..1 - Estamos de acordo com a opinio do leitor; 2- Devemos ter cuidado para que osentido da figura de Xiconhoea (inimigo infiltrado entre nós), no seja aproveitadope lo inimigo; 3 - Por vezes confunde-se o Xiconhoca com alguém que teve umou mais comportamentos xiconhocas; 4-0 que sucede em relação ao Xiconhocatambém acontece com as palavras de or'dem do Partido - m u i t O.s reaccionáriosutilizam-nas para enganar. Contra este tipo de inimigo devemos saber utilizar umadas nossas armasqtt>..é a Vigilância.tZ&vais paa donde não viesteÉs moçambcano És filho d'Africaporque nesta terra Neste continente Teus pais e tu nascestesVds aonde fores Estejas onde estiveres Faças o que fizeres Penses no que quiseresgs 'e serds 100 por cento[ano

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Renunciaste a tua nacionalidade, tá (certoRenegaste a tua PátriaPor ambição material Por traição Enfli 'por teres agidosem antes [reflectiresSPor que renunciaste? Horror ao socialismo? A~srr.ao capitalismo?! Apego aocolonialismo?l Abrenúncio ao Poder Popular?!Tens a consciência intranquila Pol razões que tu conheces Cumplicidade talvezNoý massacres ao povoNa sabotagem econômicaE o sangue derramadoDerramado pelos irmãos teuse meuOs massacres ao povoTudo isto, por tudo isto, nada séntes?!

Estranha alegria a tua, irmão!E agora?Que futuro pensas construir Na terra de outrem Na terra onde a tua origem A tuasituação económica São motivo de discriminação?Tu vais, vais para donde não vieste Nós ficamos a reconstruir a Pátria Pátriadestruida que hoje abandonas Mas que pensas voltar nela trabalha.Ires amanhãComo técnico estrangeiro con,atado.Sansão Bonito MahanjaneZambéziaÇLã necessidadede bazet eixo na tua.?(ESCLARECIMENTO)Da Casa Bancária de Moçambique, com pedido de publicação, recebemos oseguinte:Surpreendidos ficámos com, o Arti. gO publicado na Revista Tempo n.^ 346, poisque na verdade, a 13 de Maio de 1977 demos instruções ao pessoal de limpeza,para a eliminação dos panfletos de propaganda, que já não eram usados há cercade 3 anos por se encontrarem há muito ultrapassados.Desconhecemos totalmente os métodos utilizados para essa eliminação. eestranhamos do mesmo modo a origem do Artigo acima referenciado.Vendet o cotpo pot cem escudos...«Em Lichinga há Centro de Reeducação mas existe uma camada de pros titutas.Não só em Lichinga mas de Rovuma ao Maputo». Caras leitores da revista Tempode todos os pontos do nosso Pais, este é o primeiro parágrafo da carta docamarada ABILIO TORRES NAHAUANIACA.Tenho certeza que este camarada em conformidade com a sua carta foicobrado uma das quantias referidas na sua carta, na revista Tempo n.' 347 de 29de Maio de 1977. Não estou para defender acções das marginais ou dos demaiscriminosos da nossa Sociedade, mas sómente queria fazer umas duas ou trêsperguntas ao Camarada NAHAUANIACA, portanto são as seguintes:-Quando foi cobrado à força por

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uma dessas prostitutas, foi ter com o Grupo Dinamizador disporo surgido?- Camarada, conhece bem a Estação de Lichinga?- Se bem foi cobrado e porquenão denunciou a pessoa em frente do Grupo Dinamizador?- Conhece bem onde funcionam o3Grupos Dinamizadores?- Camarada quem é não é elemento do Povo e porque não conta com a vigilância,só conta para o Grupo Dinamizador?Se conheceu os pinheiros como casas para pessoas dormir é melhor a partir dadata que vai ler esta carta terminar não ir nos pinheiros, embora faz escuro develembrar que aquilo é nossa riqueza.Na sua carta falaste das marginais que foram à reeducação. Quanto a este pontodirei que o Camarada defende as marginais, por falta da escriturária é uma faltapara si muito grande gostava que não fosse para reeducação e sentiste choque epensaste para escrever à revista Tempo mostrar a sua tristeza se ela foi uma dessasvaleu a pena para ser recuperada e seguir a nossa correcta linha. Queremosavançar em conjunto como ondas no Mar. Queria também apelar ao camaradaassim como para os demais que a vigilância é para todo o Povo de Rovuma aoMaputo e não só Grupo Dl. namizador como falou o mesmo citado em cima. Nãofalou directamente mas a minha maneira de entender ele pensa que a vigilância ésó para o Grupo Dinamizador. Em resumo queria dizer o seguinte: os velhoscostumam dizer, uma pessoa que nunca atravessou um rio não pode dizer que orio X é fundo.Portanto com isso queria dizer que o camarada TORRES é o autor destas coisasandar dar porradas às mulheres dos outros pode não lhe satisfazer as suasnecessidades.Abaixo a corrupçãoAbaixo os confuslonistasA LUTA CONTINUA!José Jafar Welemo (Well> LichingaPedido decottespondênczaUm leitor de Angola, interessado em trocar correspondência com jovensmoçambicanos e moçambicanasw, escreveu-nos para que publicássemos o seuendereço que é o seguinte:Domingos da Costa -Caixa Postal n.~ 12004 - Luanda - República Popu. lar deAngola.O btaço atmadoQue milhões de escravos! Ensanguentando os navios america[nos, europeus,indianos... Feriram águas oceãnlas com fadigas, o rosto coberto de es[pinhas e obusto achatado, São deformações dos traços remor.[saisÉ a razão de ser da sociedade quep [vivesteDesdenhado na vida por promessas [falsas

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Nascido de uma pobre engrama Não estás & margem da interdepen(dência socialA tua ambição enriqueceu a tua his[tória no teu solo heróico e generoso Nascesteda resistência secular Movido pelo, ódio da escravatura Desafio vertical daAlgéria, Bagamo[yo, Kongwa e Nachinguea Onde eram purificadas as tuas cargas[impurasQue trazias ideias ocultas e ódio brlf[to baluartes daquilo que tu hoje és.[teve consequências Os teus mais remotos, Gungunhana.[Macombe. Bonga..ftMPU 3b0 - y 3

A tua infnca cativou-se no matagal Numa confidência paternal Mas ainda tesentes jovem Sentes sede de seres o braço arm Nunca reflaste com o teu sacudú às[costasA tua arma na mão direita A tua enxada na mão esquerda O teu livro à tua frenteEu te vi trepando e descendo grandes [montanhasMontanhas de Matequenha Montanha de Napyali Montanha de ManherereMontanhas de Akalema M'lcwateni Nunca reivindicaste e quase progre[dias aosmontes Libombo e progre[dias aos montes mais altos de Na[muliTão cansado em baixo do sol abrasa[dorNas chuvas torrenciais Nas ondas dos ciclones imperialista Com sede e com fomeNunca disseste é demais Nunca é demais Tu és herói da terra Rechaçando os ditosheróis do mar O monstro colonial-capitalista Oh braço armado do povo! Sua vozpor Moçambique soava, soa [e soaráE faz recuar a tirania De novo hoje incentivas no seu corpo [do qual és membro (0POVO) o teu [idealCom o teu exemplo internacionalista Os teus slógans destàcam-se entre ou(trasforças do Continente És"5lho vigilante do Continente Fazes estremecer o mundoreaccioná[rio da humanidade Deves sentir ouvido em todo Conti[nenteEm todo o mundo p'ro humanidade ils Mensageiro que arremessará os(alvos distantes às novas gerações 2 apenas um esboço ainda distante Oh" braço -do povo! Tens muito que fazer Herói da terra! A tua jornada contlnudA LUTA CONTINUAVIVAM AS FORÇAS POPULARES (DE LIBERTAÇÃO DE MOiÇAMBIQUEHenri Joaquim Jaime Gandar (F.L.)CANIÇADOQuem tev.istaencmendas ?Se hoje chego até escrever este pequeno manuscrito à Revista Tempo, é porquenão tenho mais outro lado por onde hei-de reclamar a respeito dos C.T.T. doDistrito de Songo. Primeiramente serão as minhas desculpas para todos aquelesque hão-de jazer a leitura desta carta. Posteriormente, ando a frequentar o cursode Rádio Electrónica e Televisão por correspondência - CECAlvaro Torrão, acaboalém disso de obter a formação como Operador de Rádio «Phillips», mediante ocurso «Aprender e Fazendo» no Centro Cultural por Correspondência -EURORADI z.-- LISBOA, do qual passou o correspondente DIPLOMA.

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Para os mesmos efeitos, tenho mandado vir os materiais práticos tanto comoteóricós. Mas acontece que no ano transacto, os materiais vinham em ordem comoforam enviados nos Estabelecimentos 4o Ensino. Dando inicio o ano correnterecebo umas Encomendas todas desmanchadas e com novas embalagens. Aoconferir, nas quais encomendas depois de a gente recebê-las, nas facturasmencionadas, vejo os materiais em falta. Dirijo ao Correio para me informar sobreos mesmos, dizem que não sabem por que não são eles que fazem a revista dasEncomendas.Agora,. procuro saber, se além dosresponsáveis dos C.T.T. há outros elementosque se responsabilizam pelas encomendas vindo a livre cobrança9Ao nos tirar os materiais práticos que temos" direito dos cursos que prestamos porcorrespondência, nãoterá o mesmo si~nificado proibir man dar vir qualquer um dos cursos que tenhadireito destes materiais prdticos?De V.x.'4Muito, atenciosamenteDomingos Sardinha (Songo)O,¿í izmãos moambicanos que vivem inconscientes nos pédiosDigo isto porque, há pouco tempo estou a residir no Bairro do Alto-Maé na áreacompreendida entre aAv. Guerra Popular e Largo 21 de Outubro estando eu na Av. Magulguana e que,nesta área deve haver chicos qu por completo posso dizer logo que sãoXiconhocas. porquê que digo isto abertamente? É que, num dos prédios vizinhosvivem uns irmãos que por já tenho medo chamar -camaradas porque, um diadesses, quanum guarda que executa ali as suas funções quando viu um desses ch...a deitar lixo num depósito existente neste sitio disse: Camarada não deitas nochão porque os gatos vêm espalhar o lixo em todo o lado e este respondeu«QUERES QUE EUDURMA COM ISTO NA MINHA CAr MA?» E o camarada guarda disse: não, -mas sim, podias deitar da maneira que não deixas cair porque nem aquelescamaradas de Câmara andam com as pás para apanharem as migalhas cadas nochão e o Senhor conhecido por X grande, responde ao guarda: «ELES VIRÃOAPANHAR PE LAS MAOS PORQUE. ELES RECEBEM DINHEIRO PORISTO, mais adiante disse ao guarda, ATÉ POI QUE DEVIA SER VOC2APANHAR O QUE CAI PORQUE ÉS GUARDA».E mais um dia vimo-lo a varrer dentro da sua casa atirando o lixo para as escadasdeixando ai mesmo e o camarada guarda do prédio, como, revoluciondrio nãocansa conm os insultos do Sr. X foi mais uma vez ter com este ,que responderespostas1 __________________TEMPO n. 350 - pág. 4

idênticas às anteriores. Agora irmos o ezpoente aqui pergunta se este ou esta nãoserá tal inimigo/a do povo? Será que o ser guarda é algum mal na R.p.M.? do, estemesmo sabe que não é nenhum mal o que falta é um bom conhecimento políticona cabeça pois disse o camarada guarda que este nem participa nas reuniões

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pedindo o mesmo guarda se podia tirar alguns dados deste Xiconhoca... a fim de onosso grupo ou a nossa célula convoque-o a fim de em cow junto, tentarmoscalmamente arrancarmos o colonialismo e o divísionismo que ainda reina a esteindivíduo.Viva a colectividade Viva a mobilização Abaixo Xlconhoqulça Abaixo oDivisionismoLourenço J. MatslnheN.R.Embora esta carta foqueum caso particular, trata-se de um problema geral, cujo combate deve serintensificado. As conquistas do Povo moçambicano devem ser escru pulosamenterespeitadas pois são o resultado de grandes sacrifícios. Os moradores deste tipopensamos que não devem ter direito a beneficiar por aquilo que o Povo lutou durante tantos anos.Chamamos a atenção paraa carta que publicamos a seguire que também foca o aspecto da má utilização dascasa que, como diz seu autor, «ão caíram do céu, mas foram os nossos sacrifícios,o nosso sangue e o nosso* suor».7¿faciona¢aões sãoj>uto do nosso sangueFoi já há 13 meses atrds que a FRELIMO guia do povo moçambicano tomou umaséria decisã9 de nacionaliza?' os prédios. Pois foi uma grande vtória para o povomoçambi-cano, mas para aqueles que desvalorizam as vitórias conquistadas não! Porque éque falo assim? Falo assim porque aparecem muitos prédios e seus quintaisdesorganizados isto é, paredes sujas assim como os quintais.Se analisarmos bem podemos dizer que os moram nesses prédios uns estão emtrânsito, segundo o seu tratamento às suas habitações! Até quando se passa pelocaminho pode-se dizer que aquela casa não é habitada isto é, não há pessoa queocupa aquela casa. Mas quando vai entrar lá dentro a pessoa espanta-se porquepensava que não morasse ninguém e afinal de contas a casa está ocupada! Éporque vê-se a casa muito suja! Olhando para as janelas não têm cortinas e para oquintal transformou-se numa reserva, paredes aparecem como tipo antigostemplos, assim é viver organizado? Isto não é desvalo-rizar o sacrifício que opovo foi vítima durante os 500 anos? Eu pessoalmente não vivo no prédio, mas sequiser posso viver. E falo assim não é por causa de não estar num dos prédiosnão! não é isso, mas sim é uma desorganização que eu vejo em certas casas queaté parecem que não são habitadas por falta da limpeza. Que história, é essa? Bomé do conhecimento. nosso que alguns nunca viveram nas referidas casas. Contudoseria eficaz seguir exemplos doutros que já têm prática pois seria melhor.E quero acrescentar ainda que aparecem outras pessoas que levam um balde cheiode água suja estando no 3.0 ou 4.° deitam-na para baixo. E se olharmos para asditas flores nalguns quintais ah! Podemos dizer que é uma outra coisa ffá não sãoflores não! Em vez de flores tfansformaram-se em florestas!Eu sei que são flores. As outras fIlores que eu vejo nalguns quintais não merecemnem tão pouco! V.ale mais cortar tudo do que #Wjar o quintal, pois se a pessoa

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não é capaz de organizar as- flores não é culpada por isso porque não sabe. Outraslevamfogões de carvão, levam-nos ao 3.' andar e enchem-nos de carvão deitandopetróleo acendem, antes de queimar bem fornece um fumo escuro que vai sujandoas paredes. Então para esses individuos isto não interessa.. Agora pergunto o queé isto? Não é sabotagem? Se não me engano alguns nunca passam a cera nos seusquartos.Para terminar a minha observação digo ,que atrav.s desta carta quero que não sejaou sirva de ataque para os que moram nos prédios mas uma critica para aquelesque não consideram as conquistas alcançadas através do sangue do nosso povo.Isto falo para todos os que ocupam as casas do Estado para que não consideremque elas caíram do céu, mas foram os nossos sacrifícios, o nosso sangue e nossosuor.Antônio JohnF.P.LM.Pemba - Cabo DelgadoN.R.1-As apreciações que o leitor faz são correctas e justas. Esta é uma forma departicipar na consolidação das conquis tas revolucionárias do Povomoçambicano.2- Defender e valorizar as nossas conquistas é uma tarefa de todos nós. Anactonali zação dos prédios de rendimento é uma dessas conquistas cujaconservação deve ser assumida como uma tarefa de todos os dias. Nesse Fentidotêm sido desenvolvidas div3rsas campanhas e também o 30 Congresso daFRELIMO estudou o assunto tendo feito várias recomendações, entre as quais ade que a Co missão criada para dirigir a Campanha Nacional de Conservação doParque Imobiliário do Estado seja permanente, com vista a résolver os problemasque vão surgio.TEMPO n.~ '369 - pág. 5

IANA A SEM,TERMINOU SEMINÀRIO DE DINAMIZADORES DA "OFENSIVACULTURAL DAS CLASSES TRABALHADORAS"Encerrou no passado sábado, na Escola Comercial do Maputo, o Seminário dosdinamizadores da «Ofensiva Cultural das Classes Trabalhadoras», cujos trabalhosse desenvolveram durante uma semana no Centro de Estudos Culturais com a-participação de trinta elementos.Esta iniciativa enquadra-se na segunda fase da «Ofensiva Cultural» em que oobjectivo principal é a formação de quadros dotados de conhecimentos científicose práticos essenciais p a r a , ao lado das classes trabalhadoras procederem a umlevantamento cultural de base, sensibilizar e mobilizar o Povo moçambicano paraa prática de todas as expressões culturais sem qualquer discriminação.Começando por referir que «a culturaaliada à educação são meios eficazes para a evolução do homem», o responsávelda Direcção Nacional de Cultura ao terminar a sua intervenção no encerramentodaquela reunião afirmou: «Saiamos daqui com um esforço redobrado para que

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possamos levar as nossas ex-periências ao Bairro, Escola, Empresa Estatal e não-estatal, Aldeia Comunal, Cooperativa. É lá que se encontra a Cultura Popular».RECOMENDAÇÕES DO SEMINÁRIODada a sua importância, publicamos aseguir as recomendações do Seminário.contidas no documento «Síntese e Recomendações do Seminário dosDinamiiadores da Ofensiva Cultural das Classes trabalhadoras»:«... Todo este, trabalho imenso que senos depara pela frente e que cabe a todo o nosso povo realizac, apenas atingirá oseu objectivo se formos capazes de sensibilizar as largas massas para o papelimportante que tem a desempenhar. Assim, o Seminário dos Dinamizadores daOfensiva Cultural das ClassesTrabalhadoras recomenda que:- Se implemente um programa desensibilização da prática cultural o todos os níveis, de modo a se atinTEMPO n.ý350 - pág. 6gir o engajamento de todas as classes trabalhadoras.Seja dinamizada nos locais de produção e residência, o estudo colectivo dodocumento base da Ofensiva Cultural das Classes Trabalhadoras, como forma deenriquecimento científico e histórico das expressões culturais do nosso povo, cujoresultado permitirá a formação básica de estruturas para a formação de gruposculturais poliva lentes.Que no processo do estudo colectivo sejam criados embriões para as estruturasinternas dos grupos culturais polivalentes; que englobem a prática de teatro,dança, música, canção, p o e s ia, literatura e artes plásticas, como forma dealargamento prático das expressões culturais.No campo"da música, dança e canção, o Seminário recomenda que:- Se incentive *o estudo da músicapelas classes trabalhadoras, Criando ao mesmo tempo condições para avalorização e aprendizagemcom base na recolha.- Que o espírito criativo na dança seja uma constante, introduzindo novas formascoreográficas sem queestas destruam a raiz cultural.Que sejam reabilitadas as dançasdesvirtuadas pelo colonialismo, procurando desenvolvê-las segundo os princípiospopulares e revolucionários.-Que como forma de combate aoestágio regional e tribal dos grupos de danças, seja activado o intercâmbio culturalentre fábricas, cooperativas, aldeias comunais eescolas.No campo do teatro, o Seminário reconienda que:- S e j a desmestificado ,o conceitoburguês de teatro, incentivando apopularização desta expressão cultural anteriormente vedada ao povo.

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Seja popularizada a actividade teatral com base na utilização de temas tradicionaise revolucionários que deverá, sobretudo, ir ao encontro da realidade de quem opar-ticipa e assiste.- Que as sessões teatrais quebrem a barreira entre o artista e o espectador e sejaimplementada a discussão, -como forma de enriquecimento dos temas.No campo da literatura e poesia o Seminário recomenda que:- Seja desmestificado o conceito literário de que esta só pode existir quandoescrita, incentivando a recolha de tradição oral, forma maisalta da literatura em África.- Que seja incentivado o processoda passagem à escrita de- toda a tradição oral, como base para o enriquecimentohistórico cultural detodo o povo e futura geração.- Sejam promovidos concursos- literários no seio das classes trabalhadoras para aincentivação da prática literária e poética.-Seja combatida a ideia errada deque só é capaz de escrever poesia quem possua conhecimentos didácticos eliterários.Seja sensibilizado o poeta moçambicano para que se inspire na vida diária dopovo, exprimindo os seus sentimentos como parte integrantedele.No campo de artes plásticas e artesanato o Seminário recomenda que:-Seja popularizada a sua prática pela aprendizagem das técnicas largamentevedadas ao nosso povo.-Sejam estudadas condições para aorganização dos artesãos em cooperativas, como forma de organi-

zaçáo na sociedade nova que construímos.Sejam promovidos concursos e exposições artísticas como estímulo para a práticae desenvolvimentodas artes plásticas.Seja estudada a criação de um circuito de comercialização de obras artísticas quepermitam um escoamento e distribuição uniforme a nível nacional e internacional,permitindo deste modo, não só um desenvolvimento da produção económica,como um intercâmbio cultural.No respeitante à criação de Casas de Cultura, o Seminário recomenda que:DE CONSTRUÇÃO CTeve o seu fim, na manhã do dia 12 do corrente mês, a primeira fase do curso deresponsáveis das frentes de trabalho de construção civil, que deçor reu, durantetrês meses, nas instalações da Escola do Magistério Primário, em Maputo.Na sessão de encerramento do referido curso, promovido pelo Ministério dasObras Públicas e Habitação, esteve presente o Ministro Júlio Carrilho e cerca- Sejam criadas brigadas de dinamização cultural que terão como itarefa:a) Sensibilização para a prática dacultura.b) Recolha da experiências culturais do nosso povo

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c) Incentivação para troca de experiéncias.d) Fornecimento às classes trabalhadoras de base científica para transformar acultura popular em cultura revolucionária ao seuserviço.Dinamizar a organização de grupos culturais polivalentes como estrutura basecapaz de dar continuidade ao trabalho de dinamização culturalede cinquenta elementos vindos de vários pontos do País.O Ministro das Obras Públicas e Ha bitação, Júlio Carrilho, dirigindo-sé aospresentes, incentivou-os, ao lado dos trãbalhadores da construção civil e semdescurar a troca de experiências no respeitante a conhecimentos técnico:práticosdo serviço, a planificarem correctamente as suas .actividades, um dos meiosviáveis para vencer as difiçuldades que existem.Terminou no passado sábado em Maputo o primeiro curso de gestoreselementares para as comissões administrativas, que contou com a participação decerca de 90 elementos das comissões adminístrativas da capital do Pais. Estecurso teve por finalidade dar aos participantes os conhecimentos básicosnecessários para uma gestão económico-financeira eficiente das empresas sobcontrolo estatal. A imagem refere-se à sessão de encerramento do referidocurso,que teve lugar no Liceu Josina Machel.Em Luanda discute-selibertação da AfricaMINISTROJOAQUIM CHISSANONA REUNIÃO DO COMITÉDE LIBERTAÇÃO DA OUATeve início no dia 14 do corrente mês em Luanda, Capital de Angola, a 29. sessãodo Comité de Libertação da OUA. Para participar na referida sessão. partiu natarde do dia 12, com destino a Luanda, o Ministro dos Negócios Es trangeiros donosso Pais, Joaquim Chis sano, chefiando uma delegaçao moçam bicana.Momentos antes da sua partida, Joa quim Chissano falando à Informação, re feriu-se à reunião de Luanda afirmon que nela seriam discutidos assuntos re lacionadoscom a libertação da Africa. sendo saliente a questão do balanço da luta delibertação dos povos de Zimba bwe e da Namíbia.«Por outro lado discutiremos também, nesta sessão, a questão de Djibouti, que jáse encontra rasolvida. Certamen te, receberemos um relatório a eése respeito, etambém iremos ver qual será a resolução do problema das Ilhas Canárias-acrescentou o titular da pasta dos Negócies Estrangeiros.Fazendo referência às agressões do regime racista contra Moçambique e so bre o,últimos acontecimentos regista dos e#i Luanda, Joaquim Chissano ,firmou que«inevitavelmente, serão discu tidos todos estes assuntos, pois eles estão ligados àluta de libertação da Africa. Estes aspectos, estão estreita mente relacionados coma luta do Povo de Zimbabwe. Sabemos que a causa) principal das agressões feitascontra Moçambique pelo regime racista de lan Smith, é o avanço da luta delibgrtação e as vitórias dos combatentes do Zimbabwe. E, como tal, serãolevantados na reunião».

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TERMINOU CURSO DE RESPONSAVEIS

=SEMANA A SEMANAAVANÇO DA ESOUERDA EM FRANÇA PREOCUPA A AMÉRICAA grande Rpssibilidade de vitória da esquerda nas eleições legislativas de Marçode 1978 em França inquieta consideravelmente os centros de poder norte-americanos.Oficialmente o Presidente Carter abandonou, neste como noutros domínios, aatitude dós seus predecessores e es, pecialmente de Henry Kissinger que tinhamameaçado abertamente os países «aliados que permitissem a subida doscomunistas ao Governo». A nova administração, ao contrário, declarou que umatal possibilidade não a inquietava e foi mesmo ao ponto de multiplicar as suasmanifestações de boa vontade. É assim que representantes do Partido Socialista deFrançois Mitterand foram convidados e visitar Washington enquantorepresentantes do Partido Comunista se entrevistaram com responsáveisamericanos.Mas por trás desta aparência de bom senso e de pragmatismo está a realidade daverdadeira campanha de imprensa que decorre há várias semanas nos jornaisamericanos.Os jornalistas mais conhecidos, entre eles certos «colunistas» publicados pordezenas de orgãos de imprensa, assinaram artigos com o objectivo único deassustar Washington em relação à perspectiva de uma vitória dos partidos doprograma comum em França. Um dia, elas retomam as mentiras mais abjectassobre os métodos dos comunistas nas municipalidades q u e e 1 e s governam.Num outro dia, perguntam-se gravemente sc o exército francês poderia levar acabo um golpe de estado. Em seguida levantam o problema das milícias secretascriadas pela direita a partir de 1968 para proteger as suas reuniões políticas eescrevem que se trata de verdadeiros exércitos prontos a etftrar em acção se aesquerda chegar ao poder. Um jorna-lista conseguiu a façanha de publicar duas entrevistas com uma semana deintervalo com o presidente da República Francesa cujas informações alarmistassão a cada vez desmentidas por Giscard D'Estaing.A coordenação de acção de todos estes 'jornalistas dentre os mais influentes queescrevem nas mais importantes publicações dos Estados Unidos, não pode serfortuita. Ela indica com certeza quemesmo que fosse vert ad. que o Presidente Carter por si ,róipro estivesse pronto adecidir de u na nova politica estrangeira, outros me, s muito poderosos continuema agir rL, senda da guerra fria.O exemplo da Franç i não é único. Não podemos esquecer que as multinacionaisamericanas são nor vezes mais possantes que o gover > federai e que podem ter asua própria política estrangeira, na Europa em Africa ou em qualquer outro lado.A questão que se põe é: trata-se verdadeiramente de duas pofticas diferentes ounão serão talvez duas tácticas para uma mesma estratégia?A NOVA ESCRAVIDÃO NO BRASILA Amazônia, vesta região ao norte do Brasil, conhece desde há alguns anos umprocesso económico novo: o dasmatamento de grandes áreas que se convertem

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em pastagens em beneficio do capital internacional. A floresta cede lugar ao gado.Fazendas-empresas compram. com o apoio e o incentivo de ditadura militar,extensas. regiões: o objectivo é o de exportar produtos agro-pecuários.Duas figuras sociais foram criadas por este processo: o gato e o peão.O peão é o trabalhador rural assalariado. Suas tarefas são as de derrubar asárvores, limpar o terreno e preparar as pastagens. De modo geral, o peão é, umpequeno proprietário ou um posseiro que vem de ser expulso de suas terras peloavanço das grandes empresas. Para sobreviver tem que vender sua força detrabalho. Mas as condições desta vendaestão determinadas pelas condições sociais que dominam na região amazónica-é ai que surge a figura do gato, intermediário que se ocupa de recolher umdeterminado número de peões e vendê-los a uma determinada empresa. Em suma,trata-se de restabelecer, sob outras formas, relações escravistas, e isto a serviço demodernas empresas capitalistas. O que demonstra, mais uma vez, a capacidade docapitalismo pôr a seu serviço formas de exploração mais atrasadas.O peão trabalha por períodos de tempo bem precisos. O tempo, por exemplo, derealizar o desmatamento de uma certa área. Na realização deste trabalho o peãonão tem carteira de trabalho. não tem nenhuma garantia de pagamento, não recebequalquer assistência médica ou previdenciária. Quando um empreiteiro ou patrãoresolvem que não pa-

Subdrbios da cidade de Recife onde as inundações são uma ameaça cons. tante.Ao fundo a cidade «urbanitã. da». Ao lado: Quando as diguas decem, cada umsalva o que não foi destruido pela inundação.gam, pouco se pode fazer. Entrevistado por um jornal brasileiro, o delegado daConfederação dos trabalhadores da agricultura disse singelamente: «Não vamosmuito longa. Tomamos os depoimentos dos lesados e pedimos que se abramprocessos. Os processos são abertos mas sè os acusados são absolvidos, isso não écoisa de nossa alçada. Para nós o importante é que estejam sendo feitosprocessos».O peão quando chega na cidade, expulso de suas terras, se aloja em «hotéis». Aliserá buscado pelo gato que paga suas despesas de hospedagem. De outro lado, naprática de seu trabalho, é obrigado a comprar na cantina da empresa todos osgéneros de que nen.essita: café, sal, feijão, açúcar, etc. Ou seja, muito pouco sobraao peão depois destes pagamentos (alojamento e gastos de sobrevivência). Emgeral, ele permanece, em funçãó de suas dividas, amarrado ao gato ou/e à empresaque o contrata.Um gato declara sem vacilar: «Pou. cos peãos se deram bem. Só melhoraram devida os que arranjaram uma terra para plantar. Os outros ficam nisso. Vão para omato, juntam dinheiro e gastam na cidade. As vezes, por causo dacanseira o mata e da cachaça um peão esquenta a cabeça no mato e então alguémsai prejudicado».As palavras do peão mostram bem precisamente sua situação:Onde você compra comida?No barrac§o do seringal.Quem deve a cantina (barracão)?

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Tem gente, família muito grande, gen. te doente e gente que gasta muito.Quem deve. pode sair do seringal?Tem que pagar antes de sair.Pode plantar lavoura na terra da fazenda?Só coisa pequena, depe~de do chefe.o Edmar.É boa pessoa?É.Você trabalha quantos dias na semana?Trabalho quantos der.Milano com o patrão é mau negócio?Com toda a certeza.Quem é o presidente da República?Nio'si.Quem é o governador do Estado (província)?Não lei.E a previdência social?Não tenho.E o Funrural (outro organismo de previdência social)? Também não.Não quer se associar?Acho que quero.Você tem carteira de trabalho?Não.Que é que você faz com o dinheiro?Gasto no fim de semana.Em quê?Tem bar, tem menina.Qual a distáncia daqui até a menina mais perto?25 quilómetros.Assim vive o peão. Principal responsável pelos pelos penosos trabalhos dedesmatamento ora em curso na região Amazónica, vive numa situação de semi-escravidão que beneficia única e ex-, clusivamente.as grandes empresascapitalistas que actuam sob o manto protector da ditadura militar brasileira.Tudo isso não impede uma. autoridade do Ministério do trabalho afirmar sem rir:« A legislação trabalhista brasileira é socialista. Tudo para o trabalhador».César MiltonTEMPO n.' 350 - pág. 9

NA A UtMANAEsquerdismoO aparecimento do esquerdismo no mo,omento operário e revolucionário não éobra do acaso, não é resultado dos erros de alguns indivíduos e grupos, nemproduto de particularidades nacionais ou de tradições do movimento operário erevolucionário. As raízes mais profundas do esquerdismo encontram-se no

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sistema económico e social do capitalismo, na sua estrutura de classes e nocarácter do desenvolvimento do movimento operário e revolucionário.O esquerdismo tem, pois as suas raízes sociais, e económicas e políticas. queinteressa conhecer, para compreender porque surge e -o que alimenta.A raiz de classe, ou raiz social, do esquerdismo ercontra-se na situação particulardo pequeno proprietário, do pqueno.patrão, que sofre no capitalismo uma pressãocontinua e, frequentemente ^ma degradação incrivelmente rápida das condiçõesde vida. O pequeno burguês arruinado cai com frequência no ultra-revolucionarismo. sendo incapaz de mostrar serenidade, espírito de organização,disciplina a firmeza. Mas este pequeno burguês «enfurecido» com os horrores docapitalismo é inconstante: tão depressa apregoa um ultra-revolucionarismo estérilcomo se torna apático e submisso, pron10 a entusiasmar-se «furiosamente» poresta ou aquela corrente burguesa em moda.Os camponeses, os artesãos e. em ge ial. os pequeno-burgueses arruinados, aoingressarem no movimento operário e revolucionário trazem ainda as suasconcepções pequeno burguesas de origem. tomando-se porta-vozes doesquerdismo. Não devemos também esquecer que, em iesultado dos progressos daciência e da técnica, se tornou maior o peso dos intelectuais na sociedade. Muitostorna ram-se revolucionários autênticos. Mas há também os que continuam fiéisàs suas concepções pequeno-burguesas, alimentando o esquerdismo.Mas o esquerdismo não tem nó raizes sociais: tem também raizes económi cas epolíticas. Isso permite explicar por que razão certos operários, não sendo deorigem pequeno burguesa, assimilam a ideologia desta, tomando-se esquerdis tas.O ritmo do desenvolvimento do capitalismo nos diferentes países e em diferentesesferas da economia é desigual. As relações económicas atrasadas ou que se vãoatrasando no seu desenvolvimento conduzem sempre ao aparecimento de pessoas9 grupos que só assimilam alguns aspectos da concepção operária do mundo.sendo incapazes de romper definitivamente com todas as tradições da concepçãoburguesa.Mas o ritmo de desenvolvimento do capitalismo também é desigual no tempo. O:capitalismo tem períodos de prosperidade e periodos de crise. Se nos periodos deprosperidade se expandem as ilusões reformistas e se cria um clima favo rável aooportunismo de direita, as dificuldades económicas estão na origem de posiçõesesquerdistas. Tais são as raizes económicas do esquerdismo.O esquerdismo tem ainda raizes políti. cas. Os ziguezagues da política daburguesia levam ao aparecimento de vacila. ções no movimento operário erevolucionário. A História mostra como a utilização da violência pela burguesiaprovo. ca, simultaneamente, reacções esquerdistas (nos que querem a «revoluçãojá» e oportunistas nos que temerosos, preferem abandonar a luta). Por outro-lado,o combate pela liberdade, pela democracia e pelo socialismo, não salda só porvitórias, mas também por derrotas, revezes e dificuldades. As dificuldades fazemvacilar os poucos firmes: arrastam uns para o abandono da luta, para a conciliaçãocom. o inimigo, para o portunismo de direita: e podem levar outros ao desespero,a tentar resolver todos os problemas de «um só golpe», saltando etapasnecessárias ao desenvolvimento, do processo revolucionário. Isso conduz,inevitavelmente, à aventura política, a uma táctica secreta.

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A base teórica do esquerdismo é, frequentemente, o doutrinarismo, que no aspectopolítico e orgânico leva ao sectarismo. Pela subestimação das massas, pelaincompreensão do desenrolar do processo :revolucionário, pela incapacidade deapreciar objectivamente a realidade e de dar resposta aos problemas do dia a dia,pelo sentido auto-suficiente e autoritário, o sectarismo, alimenta o espírito deseita, dificultando o diálogo e o fortalecimento da unidade democrática eantifascista.MANIFESTAÇOEk DO ESQUERDISMOOs esquerdistas dão valor absoluto a certas fórmulas, sem ter em conta que a vidaé mais complexa o meis rica que todas as fórmulas. Apegam-se às citações doslivros como um cientista que tivesse na cabeça um monte de citações e as atirassecá para fora. Só que, quando se lhes depara uma situação nova que não estavadescrita nos livros, se deenorteiam, atirando cá fora precisamente com umacitação diferente da que faz falta,São os «heróis» de frase «revolucionária». Só que o maior perigo para umautêntico revolucionarismo, está em exagerar o seu revolucionarismo. emesquecer os limites e as condições do emprego adequado e eficaz dos métodosrevolucionários. É aqui que os autênticos revolucionários se espalham com maisfrequência, quando começam a escrever «REVOLUÇÃO» com maiúsculas,quando colocam a Revolução à altura de uma coisa quase divina, quando perdema capacidade de compreender, de pesar e de comprovar em que momento, em quecircunstâncias e em que terreno um revolucionário deve avançar e em quemomento e circunstâncias e terreno deve saber recuar organizadamente.0 esquerdismo tem os mais diversos matizes. Mas apresenta alguns traçoscomuns:l) É incapaz de analisar as situações concretas, de avaliar a correlação deforças, de traçar uma orientação e uma táctica correcta; 2) Aponta como inimigoprincipal, não o fascismo e a reacção, mas precisamente as forças revolucionárias;3) Despreza as massas, utiliza o «golpismo» como arma, atribui a revolução a«minorias activas»; 4) Faz alianças sem princípios. inclusivé com as mais negrasforças da reacção, para combater os revolucionários mais consequentes; 5) Exerceno movimento operário e popular uma constante acção de intriga, divisão edesagregação; 6) Dá uma imagem odiosa da Revolução e dos revolucionários,atemorizando e afastando camadas sociais que deviam ser ganhas; 7) Cria a ilusãode que tudo se tem de resolver de uma só vez, num só momento; 8) Desenvolveuma persistente acção provocatórla, servindo a reacção.Nas fábricas, os esquerdistas estimulam reivindicações irrealitas, levam àagudização artificial dos conflitos, servem-TEMPO n.' 350 -pág. 10

-se da luta reivindicativa como elemento de intriga e divisão dos trabalhadores,sabotam a unidade e o trabalho sindicalista levam, quase sempre, à derrota e àdesmobilização dos trabalhadores. Procuram agrávar a situação das empresas,desorgãnizar a economia.Coincidem com as posições do patronato reaccionário e dos fascistas.Nos campos defendem o corte de re. lações de solidariedade entre cooperativas eUnidades Colectivas, exigem salã. rios incomportáveis, aconselham à distribuíç§o

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de todas as receitas sem cuidar do futuro, pretendem conduzir à ruina e prepara aliquidação de cooperativas e unidades, tentam minar a coesão dos trabalhadores eatirá-los contra os seus sindicatos. Coincidem com os latifúndiários e a reacçãonos ataques à Reforma Agrária.Nas escolas, os esquerdistas levam à desorganização e à desmobilização,alimentam divisões e ódios entre os estudantes, desprestigiam as estruturasassociativas. Coincidem também com a reacção.Nos quartéis, os esquerdistas foram e são factor de divisão, desagregação econflitos que se podiam evitar, Tiveram enorme responsablidade na divisão,reacção dos militares antifascistas. Serviram igualmente.No combate pela democracia, procuraram desviar as massas populares dos seusobjectivos fundamentais, colocá-losem confronto aberto e violento com as instituições e o regime democrático., levá-ias a adoptar formas de luta extremas que conduziriam a becos sem saída.Tamb#m em relação a Angola os esquerdistas portugueses alinharam ao lado dareacção e do imperialismo, contra o MPLA.(In «0 Diário». Portugal)Brasil:Treze anos de ditaduraExaminemos agora o mercado de trabalho das mulheres no Brasil. Dos cerca de 3milhões de trabalhadores sem nenhuma remuneração (trabalho auxiliar no cam.po) no mínimo uma terça parte é composta de mulheres.O maior contingente de trabalho feminino no Brasil é constituído pelo chamado«ser viço doméstico», que no Censo apareceu com um total de 1 milhão e 700mil, em sua quase totalidade, mulheres, ganhando abaixo do salário mínimo. Estenúmero representa mais de 10 Dor cento dos empregados urbanos registados peloCenso, num total de 15 milhões e 800 mil, o que faz das empregadas domésticas,juntamen. te com os trabalhadores da construção civil, o maior contingente detrabalhadores urbanos no Brasil. Deve se acrescentar ainda a participaçãofeminina entre os empregados no comércio (1 milhão e 217 mil); os transportes,comunicacão e arma-zenagem (1 milhão); na indústria de produtos alimentares (380 mil) e na indústriatêxtil (343 mil). É de se destacar que nes. tes dois últimos ramos há uma grandeparticipação de mão de obra feminina. mas sempre com reducão do salárioequivalente pago ao homem. O que repr3senta, além da evidente discriminação.uma maneira de jogar com este mercado de trabalho feminino contra asreivindicações salariais. O regime utiliza assim a mão de obra feminina,duplamente. como uma reserva e como ameaça à luta reivindica. tória dosassalariados. CAMPONESES SEM TERRAAo examinar o quadro da situação dos trabalhadores rurais, apreseýnta.se outroem que se pode demonstrar o prejuízo dos interessas desses trabalhadores, face àprotecção ao latifúndio e à submissão do regime ao imperialismo.A ditadura moveu, uma perseguição atroz ao movimento sindical camponês,eliminando dezenas de dirigentes sind cais, de cujo desaparecimento nunci sDteve notícia, mas mesmo assim, viu se obrigada. a reconhecer a existênc;a da sua

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organizacão sindical, muito -mbora noh controlo tão ou mais rigorosoldo quD c3sindicatos urbanos.O Brasil possui hoje 14 milhões e 700 mil camooneses sem terras. ou com poucaterra, posseiros, meeiros, assalariados agrícolas que representam um fortecontingente de Párias sociais, cuja situação d:sesperadora leva-os a uma migraçãopermanente e a um desemprego constante.Dessa imensa população, 6 milhões e 500 mil constituem os chamados safreirosou «Bóias-frias», isto é, mão de obra temporária, sem direito de residir no lo caldo trabalho, sem nenhum direito à legislação trabalhista, e sujeita à alicia. cão deintermediários a quem o latifúndio delega i oderes, a fim de fugir à sua responsabilidade trabalhista. Este fenómeno tornou se mais agudo a partir de 1970.principalmente em São Paulo. Paraná. EE, tado do Rio e até mesmo no Nordeste,em Pernambuco. Mas é a; também. onda o regime comece a enfrentar uma sériaresistência à sua oolítica, verificando se cioqu.s entre nosseiros, meeiros eassalariados contra o latifúndio, que for çam -o noverno a mobilizar o seuaparelho reoressivo contra os cEmpcn33ýy.(In «Seara Nova». Pcrtu>a'TEMPO n.' 350epág. 11

FACTOS E CRITICACamaradas L "Camaradas"Entre os'diversos apontamen tos sobre a acção reaccionária de 27 de Maiocolhidos pelo nosso enviado especial a Angola divul gados na última edição,incluía mos o depoimento de alguns tra balhadores da Rádio Nacional de Angola.que ai acompanharam de perto a evolução das manobras reaccionárias.Num desses depoimentos podemos ler, a determinado pas.so « ...entretanto entraum camarada. camarada que não se deve chamar camarada... ».Apesar de ter sentido que de facto a um contra-revolucionário não se deve chamarcamarada, e s s e trabalhador, inconsciente mente fá-lo por duas vezes segui das(«entrou um camar/ada» e, lo go a seguir «camarada que não... »Chamamos à atenção para isso, porque isso não a o n t e e por acaso. De factotodos entre nós que tivemos oportunidade de ter estado em Angola (pelo menosem Luanda) notámos isso - to das as pessoas lá se tratam por camaradas.A explicação para isso foi nos dada por v á r i o s militantes do MPLA: essaprática surgiu essencialmente da necessidade de uma distinção entre os militantesdo movimento e os reaccionários li gados às organizações fantocheF (que setratavam de «irmãos»), nas fases mais críticas da con frontação, antes e durante a«se gunda guerra de libertação:). E, foi depois mantida e cultivada comoinstrumento de materializa ção da política de unidade nacional, preconizada peloMPLA como arma necessária e indispensável à reconstrução nacional. Todos osangolanos engajados TEMPO n.- 350 - páq. 12na reconstrução nacional, sob a direcção do MPLA, eram camara das.O processo foi portanto um bocado distinto do nosso. Porque a oposição àFRELIMO a nível de organizações fantoches e reaccionárias não teve nunca um

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mínimo de força e apoio popular, como a unidade em torno da FRELIMO foi umaconquista muito rápida a nível de todo o país, não foi necessário arrastar essaconcessão de permitir que qualquer pessoa fosse tratada por camara da muitotempo. Entre nós essa tentativa surgiu mais sob outras formas, tentando escondercoisas demasiado evidentes, como o dos patrões quererem ludibriar ostrabalhadores tratando-os por ca maradas, como os colonialistas substituíremtratamentos depre ciativos e discriminatórios (co mo o de «oh rapaz», ao falarcom um homem que apesar de poder ter idade para seu pai, porque que era pretoera «oh rapaz» pas sou a ser substituído por «camarada»).Com o aumento de consciência política, e, na sua origem, a agu dização da luta declasse, os tra balhadores não consentiram por muito tempo que os patrões usassem tratá-los por camaradas, os colonialistas foram perdendo a coragem dechamar o empregado do café «oh camarada».O frustado golpe contra revolu cionário de 27 de Maio em Ango la é umespelholímpido da agudi zação do processo de luta de elas ses na República Popular deAn gola. O objectivo pelo qual diziam lutar os contra-revolucionários é t ã o anti-científico t á o utópico, que deixa muito clara a sua intenção única de liquidar aRevolução, embora em nome da Revo lução. A maneira pi inta como o MPLA, asFAPLA, o Povo angolano de um modo geral, souberam de fender a Revolução,deixa claro estarèm prontos e decididos a de fendê-la e conduzi-la até às últimasconsequências. O antagonismo entre os dois campos é muito claro, muitoevidente.Se examinarmos no e n t a n t o quem estava envolvido no com plot e na intentonacontra revolucionários encontraremos quadros superiores do partido, quadrossuperiores do aparelho de estado, comissários políticos provinciais, chefes deserviços, comandantes das FAPLA, combatentes, polícias, trabalhadores,jornalistas, ele mentos da organização da mulher angolana... angolanos «camaradas» de todos os sectores.Perante esta violenta agudiza. ção da luta de classes, os revolucionários angolanossentem a ne cessidade cada vez maior de au mentar sua vigilância. É nessecontexto que surge, aperceber da necessidade de redefinir melhor a designação decamarada. Foi o que quando. connosco falava fez quase espontaneamente essetrabalhador da rádio angolana, quan do teve que se referir a um contra-revolucionário, que apesar de. lá trabalhar de há muito com ele lado a lado, e atéaí aparentemen te sob a bandeira do MPLA, esta va feito com os traidores.Com o agudizar (que não para com o sufocar do golpe, como não parou com aheróica vitória ,na segunda guerra de libertação) do antagonismo que opõe aRevolução à contra-revolução e ao Imperialismo, esse processo de selecçãodesenvolver-se á.O

Pemba: A Livraria do PartidFoi na capital de Cabo Delgado balhos para Pemba reabastecen que deparámospela primeira vez assim a livraria, o Instituto r com uma livraria do Partido. Alicional do Livro e do Disco n em Pemba o antigo Departamen- envia com

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regularidade'e quar te de Informação e Propaganda dade os livros solicitados. o(DIP) (actualmente o D.T.I.) Os livros esgotam se rapi lançou-se numainiciativa valiosa mente não só porque existe ef e de alcance político evidente aotivamente uma grande fome fundar uma livraria do Partido. leitura como tambémpelo facA livraria do Partido em Pemba dos monitores dos variadíssim não vende apenaslivros, quer se- cursos de formação política q jam do Partido ou de política ge- serealizam em Pemba recome ral, mas também esculturas e ar- darem determinadoslivros que tesanato oriundo dos artistas das livraria do Partido normalmercooperativas de arte existentes manda vir da capital do pais. naquela Províncta.A livraria do Partido em PemSegundo nos foi informado tan- a primeira a surgir no pais, é u to os livros comoas esculturas iniciativa a todos títulos louváv são rapidamente vendidos e esgo epensamos que o seu exemplo tados, mas acontece que, enquan- estenderá a outrasProvíncias. to a s cooperativas d o s artistasnormalmente enviam os seus traMocimboa :a praia não pode.ser latrinaA cidade de Mocímboa da Praia e os seus populosos e extensos subúrbios sãotalvez uma das pou cas zonas de Cabo Delgado onde não deparámos com atremenda falta de água como acontece na maioria dos distritos daquela Provínciamoçambicana. Um rio de água permanente d e s a g u a n a baía ali perto epermite canaliza-ção para a cidade e só é pena q os canos não atingirem també todas as casassuburbanas. Aq a população é abastecida atrav d2 chafarizes.Tendo em conta a afirmação um técnico de hidráulica em C bo Delgado, de que aexistênc de água para as populações aj da 90<7< os Serviços de Saúde, pde se afirmar em c0ntra-partida que apesar de existência de água em Mocímboada Praia a popula- çao está ela própria em riscos de ficar 90% sem saúde. Nósexplicamos porquê.O grosso da população suburbana e até uma parte da população da cidade adquiriu ao longo dos anos umhábito anti-higiénico de defecar na praia, mesmo defronte da cidade.Há muitos decénios, diariamente, muitas gerações se revezam ali de manhã e ànoite num à vontade digno de nota. Muito embora nas é p o c a s das marés-grandes parte das fezes é diluída, outra vai-se acumulando ou f a z e nd o parte daprópria textura do ter reno: as antigas areias cristalinas de Mocímboa estão hojetransformadas numa espécie de lodo viscoso.Quando o sol aquece, principaldo mente no verão, um cheiro deve Na rasnauseabundo exala da praia. ao É claro que os habituais do sitioijá nem sequer sentem na pituitáda ria essa onda mal-cheirosa mas ec para todosos outros é de facto de algo quase insuportável. to É efectivamente um h á b i to osue mau, perigoso para a saúde de to en da a comunidade. Todavia é um a hábitoque politicamente pode ser ite corrigido.

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ba Existe uma campanha ao nível na nacional, lançada precisamente rel peloMinistério de Saúde, para se a construção de latrinas. Em Mocímboa muitos ainda não sabem* o que é uma latrina, as suas vantagens a sua necessidade premente.Há portante urgência em se começar a mobilizar nesse sentido de modo a sanear se o meio am biente e nestecaso espeçífico a ue . . .m própria praia. ui A saúde da população está em és causa e em Mocímboanão basd no, as palavras de ordem escri aetas nos jornais do Povo para se 3aia alcançar a vitória também na hi u. giene. Há que concretizá-las. oeTFMPO n., 3%. -nac 13

Angola:RACCIONISTASE LUTAPELO PODER«Ou eles se entregam ou então vão-se entregar ao Zaire. É o destino de todos.Todos vão-se entregar ao imperialismo. E este grupo se não vier ter connosco éporque irão ter com o Zaire. Esses fraccionistas sempre fizeram o jogo doimperialismo»! Disse o Presidente Agostinho Neto no domingo de manhã diantede milhares de angolanos reunidos no estádio desportivo de Luanda.A aventura deste ambicioso grupo de assassinos sufocada poucas horas depois doseu inicio, mas não sem provocar a morte de alguns dos mai. valorososcombatentes revolucionários angolanos, criou a indignação da população deLuanda e do pais. As brigadas revolucionárias de vigilância, a organização dedefesa popular e mesmo a OPA dos pioneiros, ao lado das FAPLA e da polícia,engajaram-se esta semana na caça aos criminosos que ainda" estão em fuga.No muceque Sambizanga, onde a acção subversiva de Alves e de Van Dunemdata desde há muito tempo, a população contribuiu activamente para areconstrução dos movimentos dos assassinos e identificação e isolamento dos quetinham colaborado com eles.*É este mesmo povo de Luanda com o qual Alves contava para camuflar o avançodos blindados sobre o palácio da Presidência e que - para isso - tinha intoxicadocom uma propaganda anti-governamental e racista, de módo a usá-lo como alibipara a tomada ao poder, e que agora o denuncia ainda com mais firmeza. E no dia27 de manhã, quando da rádio ocupada vinham os apelos incessantes a umamanifestação diante do palácio e em seguida diante da estação de rádio, quandogrupos armados dos fraccionistas procuravam provocar a agitação diante daspequenas casas dos bairros*do caniço e tentavam obrigar as pessoas a participar numa manifestação contraos mestiços do MPLA e do TEMPO n.' 350 - pág. 14Governo, a população de Luanda rejeitou à manobra e recusou-se a sair às ruas.

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O trabalho de pelo menos sete comissões populares de bairro, cujas direcçõeseram células activas do grupo nitista, não fez mais que encorajar um sentimentode rebelião nos luandenses. Eles tinham escondido toneladas de alimentos nosarmazéns e nas caves das cooperativas destinadas a abastecer os habitantes dosbairros. Deixando apodrecer gigantescas quantidades de frutos e legumes,fornecendo ao mercado negro bebidas alcoólicas - sem se esquecerem de guardarum pouco para as suas festas de sábado à noite- e esvaziando as prateleiras e montras enquanto sopravam aos ouvidos daspessoas que a culpa era desses ministros corrompidos instalados no Governo. Eaté tinham razão. Só que os ministros corrompidos eram aqueles que organizavama sabotagem e a corrupção em combinação com Nito. Nito Alves e José VanDunem não tiveram escrúpulos para a sua revolução «consequente e científica».Todos os meios eram bons. Conluio, agudização dos antagonismos regionais eraciais - herança do colonialismo frustração e mesmo a impaciênciarevolucionária das camadas estudantis dos liceus luandenses influenciadas pelalinguagem estereotipada de cer-tos grupos extremistas portugueses.. Na formação do grupo fraccionista oregionalismo e o racismo desempenharam um papel determinante. Alves e VanDunem a partir do 25 de Abril, contanto com o apoio um de alguns quadros quecom ele tinham vivido a experiência da primeira região, e o outro dos ex-prisioneiros do campo de concentração de São Nicolau, onde tinha hegemonizadoa politização (enquanto garantia para si mesmo o lugar de líder)- que na altura daqueda do fascismo português .faziam 6.000 - tinham organizado um MPLA sobmedida.Eles pensavam que bastava ter o controlo político de Luanda, onde desde já em1974 os ex-presos políticos de São Nicolau tinham contribuído de mododeterminante para a - constituição das milícias espontâneas e para as primenirascomissões de gestão autónoma dos bairros, e que agrupavam alguns quadrosmuito importantes - estudantes, funcionários e intelectuais para aí recrutar osnovos dirigentes do pais, o seu futuro de lideres estava assegurado.O MPLA não era para eles senão um instrumento para a tomada do poder. E - elespensavam - ninguém lhes podia contestar este papel, nem mesmo o MPLA deNeto. Mas o MPLA trazia consigo - quan-De Angola escreve a nossa correspondenteAugusta ConChiglla

Na Cooperativa da Comissão PopuIlr do Bairro Patrice Lumuma, como em outroslocais, foram encontradas grandes quantidades -4e éne~ros e outros artigos culgafalta se~Josl sentir nos estabelecimentosde L#~a.do da reunificação de todos os nmilitantes em 74-além de um número importantede quadros formados na luta, uma praxis bem diferente, uma prática de debates noseu seio, de decisôes de maneira colectiva e sobretudo um programa político claroe coerenteýContra isso nada podia a formação demasiado teórica e a mal escondida ambiçãode Alves e Van Dunem, que nunca se mediram com a realidade as 'massas

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exploradas, nem na primira região impedidos pela duríssima repressão do exércitocolonialista e da PIDE.Logo no primeiro encontro com: os dirigentea e militantes do MPLA por ocasiãodo chamado Congresso de Lusaka de Agosto de 74, estas divergências eramevidenteá. Ao mesmo tempo que apoiava Neto contra as duas facções aliadasentre si - Chipenda e Viana- Nito e Van Dunem tinham já debaixo do braço aspropostas que apresentariam na conferência inter-regional segundo as quais osbrancos em Angola não deviam ter direito à nacionalidade. Para os mestiços elepropunham o direito de opçãõ.., A esta conferência, que foi o verdadeiroCongresso do MPLA, em que a esmagadora maioria dos comandantes militares edos comissários políticos, delegados de regiões libertadas e quadros queregressavam do exílio ou*da prisão, confirmou o seu apoio indefectível à direcçãode Neto contra asmanobras secessionistas dos revoltosos, a proposição racista foi enérgicamenterejeitada.«Este problema - disse no domingo passado o Presidente Neto a propósito dosbrancos angolanos - estava para nós resolvido há muito tempo».Alves e Van Dunem, doentes de racismo e dogmatismo, esconderam sempre assuas teses reaccionárias por trás de um extremismo de consumo fácil. Talvez porafinidade em dogmatismo - grupos de extremistas portugueses, juntaram-se aosfraccionistas desde o período anterior à independência. Cegos pela preOcupaçãode uma aplica ção rigorosa e esquemática dos textos sagrados, estes extremistasacusavam o MPLA de moderado e contribuíam para a promoção de Nito, comolíder intransigente da revolução angolana. «É claro que hoje aqui no nosso país,ninguém pode atäcar-nos dizendo que é fascista ou que defende o capitalismo.Todos dizem que são pelo sooialismo. Todos' defendem as ideias mais radicais.São esquerdistas todos. Pertenceram a partidos de esquerda em Portugal e é sobessa forma que eles se apresentam. Apresentam-se como homens de esquerda quequeriam avançar mais rapidamente o processo revolucionário angolano e para issotomam posições contra o Governo. No fundo- continua o Presidente Neto - eles não eram nada progressistas. Ele3 eram éreaccionários, queriam ver restaurados aqui o colonialismo o neocolonialismo, ocapitalismo e a introdução das forças imperialistas. Isso era o objectivo.Mas nas reuniões do CC e do Conselho da Revolução, onde os nitistas deveriamter debatido e defendido os seus pontos de vista, ou melhor o que eles*propagandeavam clandestinamente, «em vez de discutir os 'problemas que eraminscritos na ordem de trabalho»- disse ó Presidente Neto, pegavam num livro epunham-se a ler à socapa. Muitas vezes tinham sono, dormiam, talvez porquetivessem reuniões demais... Havia alguns dos nossos compatriotas que estavam noCC, estavam no Conselho da Revolução, que não contribuíam em nada para asdecisões sérias, patrióticas que nós tomámos. Iam lá com um volume, grandeslivros debaixo do braço, e iam lendo. Não lhes interessava nada daquilo que sepassava no CC, aquilo se passava no CR, iam com outros objectivos. De vez emquando havia posiçõe3 a tomar, eles escreviam muito. Tomavam notas paradepois criticar o CC, criti-

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car quem interviesse e, como aconteceu a alguns dos nossos camaradas, para osassassinar no momento oportuno».Nada mais que uma luta pelo poder.Uma luta que se enraizou nos militantes de Luanda ao longo destes três anos quenos separam do 25 de Abril. Divididos em grupos eles guerreavam-se entre si,para a conquista da hegemonia sobre os outros. Uns saíram de um campo deconcentração, uns saíram da prisão, uns saíram de outra prisão e cada grupoqueria ter a supremacia e nós assistimos aqui, desde o I1 de Novembro, a uma lutatremenda onde se foram eliminando urx a um okrupos predominantes.Primeiramente foi o grupo que se chamava «Comités Henda», foi eliminado.Depois eram os «Comités Amílcar Cabral», foram eliminados. Apareceramdepois alguns deles, indivíduos que pextenciam a esses dois grupos, numa outraorganização chamada OCA, «Organização Comunista de Angola» e tambémforam eliminados. A direcção do MPLA, que dirigiu a luta armada e quefinalmente tomou conta do país, como direcção do Partido e direcção do Estado,devia ser a última a ser eliminada. Nós todos do CC devíamos segundo os planosfeito-, devíamos desaparecer no dia 27 de Maio , para que um desses grupos,repito para que um grupo, um desses em luta contra os outros' grupos luandenses,pudesse assumir o poder». Para se garantirem 0 bom sucesso do golpe, os nitistastinham feito alianças com agentes da PIDE, que foram presos na sequência dadestruição da rede clandestina fraccionista, e com os lumpens criminosos queforam encarregados da eliminação física dos dirigentes do MPLA... Isso é certo.Mas o contexto internacional - como recordou o Presidente Neto - em que o grupoestá integrado as ameaças nas fronteiras, a persistência das infiltrações de bandosfantoches a partir do Zaire e da África do Sul., tornam legitima a questão: «quemeram os agentes dessa política?Os fraccionistas - continua a afirmar o Presidente Neto - aconselhavam a nãocombater. Era preciso não combater os bandos armados que pnetravam no 'nossopais 'porque eles queriam fazer um outro tipo de revolução.., infiltraram-senalguns sectores das forças armadas e fizeram com que eles não funcionassempara a revolução, mas funcionassem, sim, no sentido de um golpe de estado».eTEMPO n.o 350 -pàíg. 15

O EXÉRCITO DO POVOVAI AOTRABALHO (2É normal que um exército seja desmobilizado depois de tal guerra e normalmenteregistr-se-la m 1a considerável insatisfação nas suas fileiras se não se procedessebastante rapidamente à sua desmobiização. Mas'tanto quanto fiquei a saber, aesmagadora maioria de soldados pediram uma folga de 15 dias para poderemvisitar as suas famflias;'esperaram p acientemente a sua vez, depois do queregressaram perguntando: «Qual é a próxima missão, camaradas?». Depois de 30anos de guerra para muitos deles, esta é mais uma manifestação de extraordináriavitalidade do povo vietamita. Seja a preparar imensas plantações de café e

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borracha nos planaltos centrais ou a pescar lagostas no mar alto, tudo é aenas maisuma, missão.Como foi mencionado no pri meiro artigo, o Exército Popular do Vietnamedesempenha um pa pel vital em todos os campos do vasto processo dereconstrução nacional que tem lugar no Viet name. Teria sido impossível recontruir o caminho de ferro Ha noi-Saigão num ano sem a parti cipação de trêsdivisões comple tas das tropas do EPV. Aberto ao tráfego a 31 de Dezembro de1976, foi reconstruido com velo cidade tal que acompanhou o avanço relâmpagodo EPV nos úl ,imos,55 dias de guerra e constiuiu mais um ekemplo da estreitacooperação entre o exército e as populações locais que partici param às centenasde milhares nos trabalhos, estando 60.000 elementos da populaçãopermanentemente engajados. A linha férrea com 1.730 quilómetros teve de sertotalmente reconstruída, incluindo a construção de 457 pon tes de umcomprimento total de 13,4 quilómetros (e a reparação de outras 250) e areconstrução de 150 estações. Engájados no trabalho, sempre se encarregando dastarefas mais árduas e difíceis, estavam as animadas tropas do EPV, tal como osencontrámos em todas as outras principais tarefas de reconstrução por todo oVietname.Alguns organizavam e desempe nhavam as perigosas tarefas de detecção debombas que não exTEMPO-n.° 350 -pág. 16plodiram e da remoção dos campos de minas, outros frequentavam cursos rápidos sobre os fun damentos daconstrução de caminhos de ferro, sobre a tolerância aceitável no planeamento decur vas e gradientes, enquanto outros ainda se empenhavam na transformação derestos metálicos das bombas e balas em martelos, enxadas e picaretas de modo aque o trabalho pudesse ser iniciadoAs províncias do Vietname foram reduzidas para serem transformadas emunidades maiores, mais económicas e viáveis. Exis.tem actualmente 38 provínciasno' total do país enquanto anteriormente havia 44 só no Sul. Isto torna possívelque se organizem projectos de reconstrução muito grandes ao nível provincial.Um exemplo é o da província de Song Be, formada pela fusão das antiDo Vitnm (Poíní de . nece e o nos coresondntsem que fosse preciso esperar a chegada de equipamento técnico que só poderia irchegando conforme fosse progredindo o trabalho de construção da linha férrea. Agrandeza do feito que foi a reconstrução de toda a linha num prazo de 12 mesespode ser avaliada pelo facto de que os vitais 200 quilómetros de via férrea entreVinh e Hue e que tem o mesmo comprimento da antiga li nha divisória ao longodo paralelo 17, levou aos franceses 32 anos a construir! «A paz tem as suasvitórias não menos famosas que a guerra», salientou uma vez Sir Phillip Sidney,um conhecido escritor britânico do século XIX. O que se aplica muito bem aofeito que foi a reconstrução do caminho de ferro trans-Vietname.gas províncias de Phuoc Long, Thu Dau Mot, Phuc Phanh e Bin Long epercorrida de Norte a Sul pelo rio Song Be do qual a nova província tomou onome. Desde a poucos quilómetros da cidade de Ho Chi Minh o distrito prolonga-se para q Norte em direcção ao Camboja com que tem uma fronteira comum

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de 220 kms. No distrito mais ao sul do país, em Ben Cat, ficava o famoso«Triângulo de Ferro», cenário da multas batalhas violentas e de feroz repressãocontra a população local, incluindo intensa guerra química que eliminou toda afloresta e lfantações d e borracha. C o m grande espanto vim a saber que o«Triângulo de Ferro» fora durante toda a guerra o quartel-general do ExércitoPopular de Li

bertação. O cornando EUA Saigão tinha-o sempre localizado na pro víncia TayNinh ao longo da fron teira cambojana. Na realidade lo calizava-se num localsomente a 30 quilómetros ao Norte de Sai gão!)Song Be é uma província sub povoada, com 500.000 habitantes p a r a quase10.000 quilómetros quadrados de terras. Desde o fim da guerra já recebeu150.000 habitantes adicionais, provenientes da cidade de Ho Chi Minh e estáprestes a receber mais 150.000 es te ano devendo a população total aumentar paraquase um milhão nos próximos dois ou três anos. O que significa uma grande expansão de infraestputuras, princi palmente nos sectores de irriga ção e energiaeléctrica.«Para construir o socialismo temos de fazer as coisas em grande escala», disseTran Ngoc Khanh vice-presidente do Comité Popular provincial e membro Comité Permanente provincial do Partido Comunista. «Em grande escala e de modoespecializado. Temos organizado um plano pro vincial de acordo com as decisõesdo IV Congresso (do Partido Co. munista Vietnamita, realizado emHanói entre 14 e 20 de Dezembro de 1976, W. B.) e os distritos es tão agora atrabalhar na organi zação dos seus planos. A nível provincial, abriremos paracultivo 50.000 hectares de terra para plantações de borracha e'outros 70.000hectares para a cana de açúcar. Será construída uma refina ria com umacapacidade de 4.500 toneladas diárias e com um moinho anexo para transformaros restos não aproveitados da cana de açú car e das folhas em papel. Vamosorganizar um armazenamento em grande escala baseado principalmente nasresíduos da cana de açúcar depois de esmagada. Tudo isto requer um sistema deirrigação muito grande mas todo o con junto está integrado num plano geral queestará completo em 1980. O EPV dá-nos uma ajuda a todos os níveis e é difícilimaginar como poderíamos solucionar os nossos problemas sem essa ajuda. Elesestão sempre na vanguarda limpando a floresta, retirando as minas das terrascultiváveis, construindo barragens e canais de ir rigação. Na maior parte das nossas províncias podemos utilizar o trabalho" mecanizado, mas co mo não temosainda máquinas,as tropas do EPV trabalham com as suas mãos nuas como todos nós».De modo semelhante, na pro víncia de Hau Giang que resultou da fusão dasprovíncias de Can Tho e Soc Trang - ambas ricas em tradições revolucionáriasunidades do EPV estavam em ac çao com a sua energia usual recu. perando para ocultivo mais de 30.000 hectares de terras abando nadas durante os 30 anos de guerra, no que é agora a machamba estatal «Bandeira Vermelha». No conjunto naprovíncia de Hau Gi ang o EPV tinha reconstruído seis barragens, cavara váriosqui .lómetros. de canais de irrigação e trabalhara e plantara 62.000 hec tares deterra toda irrigada para o sistema de colheitas d u p 1 a s anuais - novidade para o

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Dèlta do Mekong onde está situada Hau Giang. Até a marinha desempenha o seupapel nos problemas econó micos ao tomar parte na. pesca de alto mar durantetodo o ano e ao organizar o transporte por barcos costeiros e fornecendo al gumasdas suas instalações costei ras para a criação de gado.Perguntei ao general Van Tien Fung chefe de estado maior do EPV - q u ecomandou pessoal mente a «Ofensiva de Primavera» esmagando o exército deSaigão em 55 dias e noites de combates contínuos- como se sentiam os oficiais esoldados do EPV por terem sido transferidos do caro pa de batalha e campos detreino para a construção de canais, cul tivo do arroz, construção de es tradas ecaminhos de ferro e as numerosas outras actividades em que está engajado o EPV.O gene ral de 60 anos, um homem peque no e forte com uma poderosa ca beçairradiando a mesma calma cheia de energia e confiança que o general Vo NguyenGiap, fora um trabalhador têxtil em Hanói quando se «juntou a revolução» comodisse, em 1937. «Embora o EPV tenha atravessado uma lon ga guerra»,respondeu, «devido à sua disciplina e organização tem se adaptado bem às suasnovas tarefas». Mas nunca perdemos de vista o facto de que a nossa prin cipaltarefa é melhorar a nossa força e técnica militares e aumen tar a nossa capacidadede defen der o Estado Socialista. SimultaTEMPO n ' l <'

neamente nós tomámos p a r t e juntamente com toda a população nas tarefas deconstrução socialista. Assim as forças armadas, enquanto continuam com as seustreinos, participam em m u i t o s projectos; abertura de novas terras para cultivo,produção de ar roz, trabalhos florestais - corte de madeira e reflorestação - reconstrução de c i d a d e s, alargamento das estradas existentes e construção denovas restauração de linhas férreas; grandes projec tos de irrigação incluindo acons trução de barragens-- e mesmo em sectores tais como a pesca da lagosta.«Tradicionalmente o exército tem três funções principais», con tinuou o generalVan Tien Dung. O combate. Trabalho de propa ganda. Produção. (As primeirasunidades do que veio mais tarde a ser o EPV eram conhecidas como «GruposArmados de Propaganda», W. B.) Nós ainda desem penhamos um importantepapel de propaganda na mobilização do povo nas áreas recentemente libertadasonde as nossas bases revolucionárias eram fracas. Não é nada de novo para asnossas for ças armadas a participação na produção - eles sempre o fizeram masdesta vez numa escala muito maior. Continuamos a ter estas três principaisfunções sendo sempre a prioridade para o fortalecimento a nossa capacida de decombate. Enquanto existir o imperialismo devemos e s t a r preparados p a r alutar de novo. Estamos ainda especialmente vigilantes no que respeita aos agressores dos Estados Unidos. Embora eles tivessem sofrido uma der rota vergonhosa,certos círculos nunca chegaram a abandonar os seus planos diabólicos em relaçáoao Vietname. Talvez já te nham compreendido que é Impossível realizar e s s e splanos,mas de qualquer modo as nossas forças armadas permanecem for tes e agoratemos todas as condições para as fortalecermos transformando-as n u m averdadeira força moderna. Esteja onde esti verem, nos campos ou florestas ouprojectos de irrigação, os ofi ciais e homens do EPV nunca perdem de vista o seuprincipal papel. «O general Dung continuou a recordar-me que existe uma tra

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dição no Vietname que vem des de há séculos, em que as forças armadasdesempenham um papel duplo na defesa e produção.Isto era particularmente evi dente durante a dinastia! Tran fundada por Tran ThaiTon no século XIII - dinastia cujo herói mais ilustre, o general Tran Hung Daoderrotou por três vezes- e decisivamente - as «Hordas» dos prestigiosos mongóisde Kublai Khan. Talvez um dos prifiros estados fe.dais a introduzir o treino miliarpara todos, ýsob o reinado dos Trans todos os ho mens na idade militar (exceptoos servos) passavam por um período de treino militar de tempo integral, depois doque regressavam às suas aldeias para conti nuar a trabalhar na terra'. Eles eramoficialmente conhecidos como «Camponeses-soldados». e de pois do treinomilitar, constitu iam uma força de reserva inacio nal pronta a ser mobilizadaquando surgiam ameaças de invasão. Embora este sistema fosse mais altamentedesenvolvido sob o reinado dos Trans - que usavam o exército regular e a força dere serva em projectos de grande es cala para a construção de sistemas de irrigaçãoe estradas - es ta prática vinha já pelo menos do século X depois de um exércitovietnamita comandado por Nguy en Quen ter acabado por expulsar os chinesesdepois de 1000 anos de ocupação.Foi sem dúvida esta carecteristica nacional do «camponês-solda do» igualmentehabilitado para o combate e para a produção, que permitiu aos Vietnamitasdurante dois mil anos derrotar invasores inavariavelmente muito mais po derososque eles próprios e- no fim - expulsá-los do país.Em alguns círculos dos Esta dos U n i d o s tem-se expressado alarme- e emalguns países do Sudoeste Asiático - pelo facto de o EPV não ter desmobilizadoos seus soldados e possuir um enor me arsenal de armas norte-ameri canascapturadas. O r e 1 a t ó r i o anual recentemente publicado pe lo Instituto deEstudos Estraté gicos, baseado em Londres, ali menta tais alarmes ao falar de «umnovo e imprevisível período» no Sudoeste Asiático devido à emergência doVietname como a «terceira maior potência comu nista no mundo» com «consideráveis riquezas naturais, dirigentes confiantes e forças armadas altamente treinadas»(Segundo a ver são Kyodo-Reuter do relatório).É normal que um exército se ja desmobilizado depois de tal guerra e normalmenteregistar-se-ia uma considerável insatisfação nas suas fileiras se não se proce desse bastanterapidamente à sua desmobilização. Mas tanto quan to fiquei a saber, a esmagadoramaioria de soldados pediram uma folga de 15 dias para poderem vi sitar as suasfamílias; esperaram pacientemente a sua vez, depois do que regressaramperguntando: «Qual é a próxima missão, cama radas?» Depois de 30 anos deguerra para muitos deles, esta é mais uma manifestação da ex traordináriavitalidade do povo vietnamita. Seja a preparar imen sas plantações de café eborracha nos Planaltos Centrais ou a pes car lagostas no mar alto, tudo é apenasmais uma missão.Aqueles que ficaram alarmados ficariam menos se pudes em ver o tipo deactividades em que es tá engajado-o EPV e se estudas sem a história vietnamitanos últimos 2.000 anos, haveriam de descobrir que as forças armadas doVietname têm tradicionalmen te estado engajadas em repelir agressões e não emagredir por si próprios.

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Panamá tem uma fronteira ao centro.., com os Estados UnidosAIMAS NuCLEMES E VINTE MIL SOLDAEOS*ARDM M CANAL INDEfSVauo ranama escreve Paulo Cannabrava FilhoNa realidade, mais que uma força bélica de defesa territorial dos Estados Unidos,constitui uma força avançada que, ão estar situada na fronteira da América do Sul,representa uma ameaça à segurança de todas as nações latino-americanas.A República d o Panamá é a única nação que tem uma fronteira ao centro. Umaextensa faixa de terra de 1.432 quilómetros quadrados atravessa as entranhas doPanamá dividindo-o em dois. É o que se chama a Zona do Canal, uma via Inter-ocica que une o Atlântico ao Pacífico.A Zona do Canal constitui um verdadeiro enclave colonial dos Estados Unidos nocoração d o território panamiano. Com Porto Rico, Bélice e Malvinas é um dosúltimos bastiões do coloniasmo clássico na América Latina e em todo o mundo.Os Estados Unidos consegui ram impor ao Panamá, em 1903, um tratado bilateralque confere aos norte-americanos plena Juris-dição sobre o território da denominada Zona do Canal. Foi um francês, PhlipeBuneau-Varilla, interessado na empresa construtora do canal, quem assinou oreferido tratado na ausência dos representantes panamianos q u e estavam emtrânsito para Washington.Com o pretexto de administrar, assegurar sua manutenção e defender o Canal doPanamá, os Estodas Unidos mantêm nessa faixa um verdadeiro exército deocupação, integrado por mais de vinte mil soldados e outro tanto entre técnicos,burocratas e empregados em serviços diversos.Os norte-americanos que vivem na Zona disfrutam de vantagensespeciais, asseguradas por um go verno próprio, serviço de correio próprio e suaprópria corte de Justiça. Concretamente, consideram a Zona como parte doterritõrio da União, sujeita às leis do Estado do Alabama, um dos Estados maisconservadores do Sul dos Estados- Unidos.DISCRIMINAÇAOA situação conquistada pelos Estados Unidos dentro da Zona caracterizaperfeitamente a existência de um estado dentro de outro Estado. Além dessa violação flagrante da soberania nacional, os norte-americanos prati cam nessa área todasorte de discriminação contra o povo panamiano.Situada na costa do Pacifico, a cidade de Balboa é o principal centro urbano esede da «gobernación» da Zona, cujo governador é nomeado pelo Departamentode Defesa dos Estados Unidos. Tratase de uma ãrea explendidamen te urbanizada,c o m abundante área verde e de recrea , com um centro comercial muito bemorganizado, porém exclusivo para os «grngos».No comércio local só se ven dem produtos «made in USA»; o idioma oficial é oinglês, o que significa que toda actividade cultural e artística é exclusiva para os«gringos», inclusivé as escolas em todos os níveis. Também os produtosalimenticios procedem dos Estados Uni dos e os impostos são pagos à União.Tudo isso representa umaTEMPO n.° 350 - pág. 19

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Canal do Panam.

evasão de recursos para o Panmá, o que provoca urna quebr* na sua economia,uma vez que tudo o que se consome ali pode ria ser comprado no pas.Os residentes da Zona são conhecidos como «zonia~s» ou azoneítas», a maioriasoldados ou oficiais em «serviço no exterior» o que assegura um ingressoadiciona ao já alto salário pago na Zona, em reaç com o Ingresso médio daAmérica Latina.COMPLEXO MILITARQuase 20 mil soldados e 14 bases militares equipadas com o mais sofisticadomaterial bélico moderno são mantidos na Zona sob o pretexto de defender oCanal. Afirma-se que os Estados Unidos di s p õ e, inclusivé, de armamentonuclear nas várias instala* ções secretas do Panamá.Não obstante, os estrategistas modernos asseguram que o Canal é indefeso frentea qualquer projéctil intercontinental e mais ainda, à sabotagem de um g r u p oguerrilheiro bem treinado.Com base n e s s e raciocínio a publicação «Comander Digest», que reflecte opensamento do Pen tágono, concluiu, em número de Setembro do ano passado,que o «mútuo objectivo do Panamá e dos Estados Unidos é negociar um tratadoque satisfaça as in quietações básicas, ganhar a aceitação çonstitucionalapropriada de ambas as nações e evocar o apoio integral dos povos norte-americano e panamiano. Então, desaparece a justifica ção de que a presença bélicanorte-americana na Zona seja para a defesa do Canal. Na realidade, maisque umforça bélica de defesa territorial dos Estados Uni dos, constitui uma força deavançada ue, ao estar situada na frOMteira da América do Sul, representa umaameaça à segurança de todas as nações latino-americanas.Essa foi a conclusão a que chegaram os países latino-americanos quandocondenaram a pre sença militar dos Estados Unidos no Panamá, na reuniãoespecial do Conselho de Segurança da ONU realizada nesta capital, em Março de1973. COndenação que fóí reiterada sucesivamente em outros foros, como XAssembleia TEMPO n.° 350 - pág. 20Ornar Torrijos (àesquerda) quandose encontrou como Chefe do Governo Líbio, Muhamar El Khadaf 1.«A nossa-luta é delibertação ~ao.sal e alcançaremos esse objectio0 com ou Semnegociações».Geral da OEA, a Reunião Cimeira dos Não Alinhados e a Assem-, biela Geral dasNações Un14as.A c~munidade internacional dá por sentado hoje que a presença do ComandoSul dos Estados Unidos na Zona do Canal obedece a propósitos ImperialstasAlém do «US Southern Commnld» e suas bases - das quais partiram muitos d o ssoldädos que guerrearam no Vietname estão Fort Gullick a base de AIbrook onde

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os Estados Unidos preparam os oficiais latipo-amercanos em diversas técnicas,principalmente de anti-guerrilha.UMA OBRA CICLOPICA.O Canal do Panamá é realmen te uma obra ciclópica de engenharia, bastantecomplexa, que exige um amplo conhecimento técnico para sua conservação efuncionamento.O Canal funciona com dois sistemas de reservatórios: um no lago Gatum, que estáa 26 metros sobre o nível do mar, na costa Atlântica; e outro, no lago Miraflores,na costa do Pacífico, com um desnível de óito metros, que é vencido em um sópasso.Cada câmara dos reservatórios contém aproximadamente 250.000 metros cúbicosde água, uns 65,8 milhões de galões. Para cada bar co que transita pelo Canalvertem-se cerca de 52 milhões de galões de água doce no mar, o suficiente para abasteceras cidades de Panamá e Colón- 2.0 cidade do pais- por um período de quase doismeses. Pelo menos seis naves cruzam o canal em cada pe ríodo de 24 horas.As comportas dos reservatórios são de estrutura de aço, tê, 20 'metros de largura emais de dois thetros de espessura. A altura varia desde 14,32 metros até 25 me-tros, equivalente à altura de um edifício de sete ou oito aas. Essas comportas deaço pesam de 390 a 730 toneladas.CIDADE DE CONTRASTESCiudad de Panamá, a cidade capital da República, contrada chocantemente com azona do Canal. . uma típica capital latino-americo.a: seus velhos casarões colaconcentrados no«Casco Viejo», imensas «barriadas de emergència» (favelas), grandes,concentrações de casarios de madeira do começo do séculõ e bem urbanizadosbairros das classes mais abastadas.- A maioria da população vive muito mal, concentrada numa área reduzida,apertada entre o mar e as cercas que separam a cidade da Zona proibida dos «grlngos». Devido ao enclave colonial, a cidade não pode se expandir e isso se reflectena especulação imobiliária.Ao lado dos casarios de madeira, destitudos das mínimas condições de higiene esanidade, os sumptuosos casinos e hóteis de luxo, as intermináveis vitrinasoferecendo tudo o que se p o s s a imaginar em matéria de artigos d e consumosupérfluo, a o s melhores preços do mercado internacional. Tudo isso reflecte ograu de distorção da sociedade panamenha, com uma minoria muito rica e umamaioria sumamente pobre e marginalizada, porém quase todos. alienados peloconsumismo.Cerca de 17-mil panamianos trabalham na Zona do Canal. Eles representam umgrupo, privilegia do em relação aos demais habitãntes do pais e, ao mesmo tempo,constituem um grupo discriminado na cidade do Panamá, um trabalhador ganhacerca de 66

centavos de dólares por hora, os «zoneítas» recebem ce r c a de 1,80 dólares,como mínimo. Os melhores postos e os salários mais altos são reservadossomente para os norte-americanos. O panamiano tem o acesso aos postos de

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responsabilidade vetados por uma claúsula de «seguridad» imposta pelaadministração militar do Canal.«SANGRE POR UNA BANDERA»Em Balboa existem escolas exclusivas para os filhos dos «gringos». No dia 9 deJaneiro de 1964 esse sítio foi cenário de sangrentos acontecimentos queconstituem um dos mais importantes marcos históricos no processo da lutapanamenha por sua descoloniaç.Nesse histórico dia, ao pretender Içar a bandeira do Panamá ao lado da dosEstados Unidos na Escola Superior de Balboa, um grupo de estudantespaímmia'nos foi agredido por «zonians» inconformados. Explode a revolta dospanamianos. Resultado: 19 mortos e mais de 300 feridos no Panamá e três mortose mais de 150 feridos em Colón. Total: 22 panamianos mortos e mais de 450feridos.Os norte-americanos usaram seus soldados, seus tanques e seus modernosarmamentos para sufocar a rebelião de uma juventude que queria, unicamente, vera sua própria bandeira ondeando no seu próprio solo. Depois de um período emque as relações entre os dois estados estiveram suspensas, iniciaram-se asnegociações para «anular as causas de conflito». Em Outubro de 1968, opanorama altera-se radicalmente quando o «Guardia Nacional», encabeçada peloentão jovem coronel Omar Torrijos, depõe o governo pró norte-americano deArnulfo Arias e inicia um processo que qualificam-de luta de libertação nacional.«Nossa luta é de libertação na cional e alcançaremos esse objectivo com ou semnegociações» reiterou recentemente o General Omar Torrijos, quando em mea dosde Abril se entrevistou em Trpolo com o chefe do governo líbio Muhammar ElKhadaffi.Um mês antes, denunciando a administração Carter de realizar novas manobrasdilatõris nu negociações para um novo tra. tado sobre o Canal,~- coronel nu benDario Paredes, Ministro do Desenvolvimento Agropecuário, acusou os EstadosUnidos de estar pretendendo um novo «nove de Janeiro» no Panamá.Depois de Instar os Estados Unidos a deixar o «jogo semntico» e a exporclaramente suas intenções, o coronel Paredes disse que «se os Estados Unidosquerem sangue, desta vez terão sangue dos militares que estarão adiante dajuventude panamenha».UM GRANDE NEGÕCIOPelo menos seis barcos podem cruzar o Canal do Panamá em cada periodo de 24horas. Os barcos pagam uma taxa calculada com base na tonelagem. Cerca de umdólar por tonelada quando o barco leva carga e uns 20 centavos menos se vai semcarga.Ao evitar a volta pelo Estreito de Magalhães, no Sul do Continente Americano, asempresas de navegação economizam, pelo menos dez vezes a importância quepagam de taxa. Só por conceito de tarifas, o enclave colonial tem um ingressosuperior aos 10 mi ihões de dólares anuais.Em 56 anos de exploração do Canal, os Estados Unidos ganharam mais de 13biliões de dólares, enquanto que o Panamá recebeu apenas 10 milhões em 1903 ealgumas anualida des insignificantes.

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De 1955 a 1972, os Estados Unidos pagavam uma anualidade de 1,9 milhões dedólares ao Panamá mas recebiam o equivalente a cerca de dez vezes essaimportância, até que o governo do General Omar Torrijos cancelou o recebimentode qualquer importância derivada da operação do Canal.Segundo dados à disposição na Companhia do Zona do Canal, os E s t a d o sUnidos recuperaram 300 por cento, do investimento original, apenas com o direitode dobro de trânsito navieiro o que significa que ganharam -3 vezes o quegastaram.Além desse lucro nada depreciável, há que considerar a economia que representapara os Estados Unidos a utilização dessavia martima. Sómente na II Guerra Mundial a poupança económico -- militar dosEstados Unidos pela utilização do Canal foi da ordem de 1,5 milhões de dólares.Da mesma forma o Exército norte-americano economiza cerca de 200 milhões dedólares anuais graças às facilidades oferecidas pelo Canal.RIQUEZA NATURALA situação geográfica, dada por sua cintura fstmica, constitui o recurso naturalmais importante do Panamá. Paradoxalmente, é um das nações mais ricas doglobo quem dispõe desse recurso.Não são sòmente os Ingressos derivados do trânsito pelo Canal que poderiambeneficiar ao Panamá. Nos limites do enclave colonial estão as áreas mais propícias para construção de portos de águas profundas e o pais carece de recursos paraconstruir outros portos em áreas de difícil acesso.Além do que significa integrar à economia nacional. uma zona úrbanizada commais de 40 mil habitantes com alto poder aquisitivo, o Panamá também poderiaobter benefícios da utilização de docas secas para reparação de navios que cruzamo Canal e resolver o problema crucial da expansão urbana da cidade capi tal sobreas áreas hoje utilizadas com fins militares. Do total do território da Zona, 51 porcento são terras s e m uso algum, a maioria reservas florestais necessárias paramanter o regime de águas e 37 por cento são integra das por bases militares.O Panamá, ao reivindicar sua soberania plena sobre a chamada Zona do Canalreivindica o seu direito à plena utilização dos seus recursos naturais e o fim deuma ultrajante e anacrónica, situação colonial em seu território. Não obstante,para Omar Torrijos e a maioria dos panamianos, a luta de libertação nacional vaialém da conquista da soberania usurpada. Ela significa também a «trans fórmaçãodas estruturas sócioeconómicas para que o pais saia do poço negro dosubdesenvolvimento em que o submergiram Os demagogos £ os mandatáriosdesonestos».TTEMPO n.- 350 -pág. 21

TEMPO n.' 350 -pág, 22000ý

O desenvolvimento das relações entre os desacreditados regimes do Cile e Africado Sul que tiranicamente oprimem e exploram os seus povos dé4amodo que mereceram o repúdio unânime daconsciência universal, constítui

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um acto vergonhoso para a dignidade humana e uma demonstraçao palpável dasingular convergência que tem lugar entre os mais encarniçados inimigosdo progresso, justiça e liberdade.Esta sinistra aliança reaccionária, reconhecida e apoiada pelo imperialismo norte-americano é demonstrada pelos antecedentes que exporemos dm seguida e cujodesenvolvimento cronológico tem inicio a partir do golpe de estado fascista noChile.Em Dezembro de 1974, depois de um longo estudo das suas re açõeInternacionais - q u e ti a~ atingido um estado crítico quando a AssembleiaGeral das Nações Unidas aprovou uma re solução condenando a violação dosdireitos humanos no Chile o governo pôs à disposição de Pinochet ummemorando confi dencial, que traçava uma nova estratégia exterior para a Junta,destinada fundamentalmente a melhorar a sua imagem e quebrar isolamento emque se encon trava, para «assegurar os amigos» e conquistar aliados no cam pointernacional.Em resumo, propunha-se for talecer o Serviço Exterior e a lis ta de embaixadores,integrando Salvador Allende, Presidente do Chile derrubado em Setembro de19ý3 por pessoal civil e, principalmente, um golpe militar jascista, funcionáriosde carreira conhece. dores do mundo diplomático; e to tempo, a Junta foi muitocuida- ano antes, e isto porque não se Iniciar uma aproximação com os dosaquando se tratava de mani- modificou em nada, antes au países do chamadoTerceiro Mun festar publicamente estes víncu mentou, a violação de todos osdo, dando especial prioridade aos los com a Africa do Sul, que ca- direitoshumanos e liberdades púdo >4édio Oriente e Ãfrica. da dia tornavam maisestreitos, bUlcas, o que provocou uma novaO regime racista da Africa do «devido ao seu Isolamento inter condenação pelaAssembleia Ge Sul, a partir do golpe militar de nacional» segundo a própria ex-ral da ONU, desta vez aprovada Setembro de 1973, converteu-se pressão dosredactores do me por um número maior de paisesnum aliado natural da ditadura morando confidencial, que no ano anterior.fascista do Chile, e como tal foi Em fins de 1975 tornou-se claro Em relação àAfrica do Sul, se classificado por esta como «país que fracassara a novaestratégia é que os seus governantes tentaamIgo». No entanto, durante muiexterior adoptada peli Junta um ram alguma vez melhorar: a sua

Imagem internacional, estes pia nos foram por água abaixo com a insistência doregime de manter o abominável sistema de apartheid (desenvolvimento racialseparado) condenado pelas Nações Unidas, e também pela agressão militar, emOutubro de 1975, à República Popular de Angola na sua fase de independên cia,que mereceu o repúdio mais categórico de toda a humanidade progressista.Plinochet e Vorster não contam senão com o apoio do im perialismo e seuslacaios mais obedientes. Mas os imperialistas-promotores e suportes dos seus regimes-procuram camuflar os seus laços directoscom ambos, imaginando formas subtis de canalizar a sua ajuda económica emilitar.

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Desde 1974 até ao presente, produziram-se mudanças substanciais nas relaentre o Chile e a Africa do Sul. Se naquela altura a ditadura de Plnochet eracuidadosa na divulgação das suasrelações com o regime sul-africano, actualmente estas emergiram à luz ýpúblicadevido à dinâmica dos factos que ocorreram durante este tempo e ao permanenterepúdio das suas politicas fascista e racista que afastaram deles novos sectores eque obrigaram Pi nochet e Vorster a apoiar-se mutuamente ante 'a impossibilidadede melhorar a sua Imagem e ganhar novos aliados.O estreitamento dos laços teve lugar em todos os sectores, fundamentalmente nassuas relações diplomáticas, económicas e militares.RELAÇÕES DIPLOMÁTICASAs relações entre o Chile e a África do Sul começaram a incrementar.seostensivamente durante os primeiros meses, de 1975 e foi no campo diplomáticoque se realizaram as primeiras manifestações públicas.Os primeiros contactos deste género ocorreram em Maio desseano, quando viajou até Santiago o embaixador sul-africano na Argentina, HenrickGeldenhuy, com a missão de se converter simulta: neamente em representanteofical do seu governo na ditadura de Plinochet e iniciar uma série de conversaçõespara materializar uma maior aproximação noutros campos.Esta primeira visita pública preparou o caminho para mis: sões económicas e-militares posteriores que começaram a chegar ao Chile poucos dias depois daentrevista do embaixador Geldenhuy com as altas autoridades da ditadura dePinochet.Também não se fizeram esperar os resultados da visita do diplomata racista,embora num campo pouco usual de relações entre governo e estados. A 15 deJunho, a revista pró-Junta «Qué Pasa» informou que o Chile aceder a jogar com aÁfrica do Sul o desafio final de ténis da zona americana da «Taça Davis» nos dias19 e 20 de Junho seguintes.TEMPO n.- 350 - pag. 24

Este encontro desportivo - que só foi possível porque a Colômbia e o Méxicopreferiram perder a sua oportunidade de se qualificarem para as finais, a jogarcom a Africa do Sul - realizou-se na data prevista no estádio nacional de Santiago,o mesmo que serviu de campo de concentração e de morte para milhares dechilenos depois do golpe. A tomada desta decisão pelas autoridades militares, quetambém assumiram o controlo do desporto no Chile, demonstrou que a ditaduraesta va disposta a violar as recomendações das Nações Unidas para o nãoestabelecimento de qualquerrente indecisão em abrir urna em baixada em Pretória, ao mesmo tempo que o fezo regime de Vorster deve ter obedecido A influên. cla que ainda exerciam sobrePi nochet as recomendações formuladas pela Chancelaria no seu me morandoconfidencial.Durante o resto do ano a aproximação entre a Junta e o regime sul-africanocontinuou a progredir. Este 'timo, interessado em que o Chilê formalizasse as suasrelações diplomáticas, ofereceu um empréstimo de 450 mifl*s de dólares em trocada abertura de uma embaixada da Juiata e de uma viagem a Santiago do primei-

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Imagem obtida poucos dias após o derrube de Salvador Aliende. Cenas como estaforam (e ainda são) frequentes no Chile como são frequentes no Swoeto e em todaa África do Sul.vínculo com o regime do «apar theid».A meados de 1975, o quadro das relações formais entre o Chile e a África do Sulera o seguin te:O regime racista tinha aberto uma missão diplomática a nível de embaixada emSantiago, operação q u e foi organizada s e m qualquer publicidade pelo q u epassou quase despercebida n a imprensa. Pelo seu lado, o Chile mantinha naÁfrica do Sul, à data, só três representações consulares honorárias d e residentes,c o m sedes em Durban, C i d a d e do Cabo e Joanesburgo. A sua apa-ro ministro John Ba|thazar Vors ter.O incremento das relações é explicável: a Junta necessita de créditos para cancelara sua divida externa e investimentos estran geiros para conseguir estabilizar a suaeconoma na prática; ne cessita ainda de uma fonte segura de fornecimento dearmamen to, sobretudo a partir da crescen te oposição nos círculos políticos dosEstados Unidos ao prosseguimento da venda de material de guerra a Pinochet.Pelo seu lado, para a África do Sul o Chile*repre senta em primeiro lugar uminvestimento político na América Latina, área onde por longo tempo tentou penetrar e fazer amigos se gurosespecialmente desde que o seu isolamento internacional cresceu devido aorepúdio mundial em relação à sua política de apar theid. Daí que ambos osregimes necessitem um do outro. Consequência da aproximação verificada, dosacontecimentos internacionais em que se viram en volvidos e das conversaçõespúblicas e secretas, a ditadura de Pi nochet decidiu em fins de Dezem bro instalaruma representação a nível diplomático em Pretória, designando o capitão defragata Carlos Aston como consul geral do Chile na África do Sul. Aston, queassumiu o cargo em Janeiro de 1976, desempenha va desde o golpe fascista, asfun ções de chefe da Direcção de Di fusão Exterior da Chancelaria. Filho de umalmirante, efectuou todos os seus estudos na Esco la Naval. Mais tarde, passou aiguns anos no serviço activo espe clalizando-se como oficial de artilharia econtrolo de fogo. Em 1970 foi um activo colaborador da campanha presidencialdo candidato conservador Jorge Ales sandri. Durante o Governo de UnidadePopular foi gerente da Rádio Agricultura, emissora que se converteu em porta-vozdos sectores golpistas. Durante o mesmo periodo foi presidente da Associação deRadiodifusores do Chile (ARCHI), organismo q u e agrupa os empresários daradio difusão. Como gerente da emissora citada participou nas opera çõesdestinadas a montar os equipamentos de rádio com que os militares transmitiramao pais a partir do Ministério da Defesa no dia do golpe, e durante os meses quese seguiram. Poucos dias de pois'do 11 de Setembro de 1973, na sua tlualidade deconselheiro da Associação Interamericana de Radiodifusores (AIR) assistiu àSegunda Conferência Mundial de Rádio e TV no Brasil, na qual formulou umadefesa calorosa do novo regime fascista chileno. Todos estes «méritos» valeram-lhe a re incorporação'no serviço activo da marinha e a chefia da Difusão Ex terior.RELAÇÕES ECONõMICAS

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Grande parte dos e8!orços realizads para o estreitamento deTEMPO n.° 350 - pág. 26

relações teve lugar no campo eco nómico e muito especialmente no dosinvestimentos.A 9 de Novembro de 1974, o diáriq «Granma» de Havana, Cuba, publicou umacrónica do cor respondente da agência Prensa Latina nas Nações Unidas, Angel E.Pião, onde denunciava a utilização do Chile controlado pela Junta como ponta delança da pe netração do racismo sul-africano na América Latina.O correspondente assinalava, citan4o fontes latino-americanas chegadas aoorganismo internacional, que nessa altura a Africa do Sul realizava grandesesforços de penetração económica na Amé rica Iatina, plano em que a Juntajogava um p a p e l importante, «fundamentalmente no que res peita ao grupo sub-regional andino». Tais projectos foram examinados entre representantes sul-africanos e chilenos. «A Africa do Sul dizia a denúncia - ofereceu importantescréditos ao Chile, assim como ajuda financeira e tecnológica para. ser aplicada nocampo da exploração mineira, especialmente na extracção e comer cialização docobre. Robert A. Duploy, diplomata do regime ra cista e chefe da delegação queparticipou nestas conversações, manifestóu um interesse vivo na ampliação dasrelações com o Chile.! Disse mesmo que o Chile apresentava «condiçõesconvidati vas para os investimentos estrangeiros e pai. o intercâmbio co mercial».Os esforços de Pretória no Chile estariam orientados de modo a ,mostrar aospaíses vizinhos «as vantagens » que esse pais oferece em matéria deinvestimentos e 1nOtiváloa a aceitír uma ampla pàrticipação das companhias sul-africanas na industrialização dos seus recursos naturais.Nove meses mais tarde, a 8 de Agosto de 1975, o periódico «Financial Mail»indicou que as relações entre ambos os regimes se estavam a tornar «maiscalorosas» e revelou que o comércio total da Africa do Sul com o Chi le entre1973 e 1974 alcançara os 152 milhões de dólares.O mesmo jornal assinalou nessa altura que a Ovenstone Invest mentll umacompanhia sul-africa na naýcionalizada pelo governo do Presidente SalvadorAllende, penTEMPO n. 350 - pág. 26sava em retomar as suas operações no Chile. Um fabricante de equipamentosmineiros, Shaft Sin ker, ofereceu-se. pelo seu lado, para levar a cabo estudossobre as possibilidades existentes no campo de exploração mineira do ouro nopais. Outros interesses examinavam a possibilidade de lançar uma empresa defertilizan tes. Assim, aquele jornal revelou que missões enviadas pela SouthAfrican Industrial Development Corporation (Corporação Sul-Africana para o Desenvolvimento Industrial) e a Credit Guarantees InsuranceCorporation tinham vi sitado o Chle com o propósito de examinar a possibilidadede ampliar os créditos à exportação.O interesse de Pretória chegou ao ponto de considerar a possibilidade" detransferir o seu conse lheiro de minas destacado em Buenos Aires para a capitalchilena.

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Em fins de Outubro de 1975, o próprio Boletim Oficial da Chancelaria da Junta,que é dis tribuldo a todas as missões diplomáticas estrangeiras informou atravésde várias agências de in formações estrantgeiras, que tinham sido iniciadasconversações com representantes do governo e com o embaixador racista no Chilea fim de estudar possíveis investimentos sul-africanos na in dústria extractiva docobre e ou tras a médio prazo no sistema fabril.RELAÇÕES MILITARESA aproximação entre as ditadu ras do Chile e da Africa do Sul persegue tambémfins militares.Neste campo, a Africa do Sul necessita de um aliado seguro a que possa recorrersobretudo depois do descalabro militar que foi a invasão da República Popu lar deAngola. A Junta chilena, pelo seu lado, precisa de uma fonte segura deaprovisionamento bélico e assistência militar, a par tir do momento em quemuitos países europeus cancelaram as suas vendas, ou diminuiram-nasconsideravelmente, d e v i d o a pressões que exerciam sobre o s seus governos ospovos e perso nalidades progressistas e desde que o Congresso dos Estados Unidos começaram a p ô r entraves ao fornecimento de armamento norte-americanoao Chile.Para tratar destas e o u t ra s questões relativas ao campo mi litar, o adido militarsul-africano no Chile, coronel John Edward Lelio, encontrou-se durante bastantetempo - a 7 de Agoýto de 1975- com o chefe de estado maior general da ForçaAérea do Chile (FACH) general José Berdichewsky. O militar racista, queassumira recentemente o seu cargo, estava acompanhado pelo adido naval sul-africano John Charles Ferris e pelo adido adjunto da embaixada, comandante deaviação Pierre François Gauws.Os objectivos visados por cada um dos regimes ao iniciarem-se as negociações aeste nível cumpriram-se já em grande parte, embora pela natureza própria dasrelações militares, os acordos te-nham sido mantidos secretos.Mas nem todos estes acordos p a ss ar a m despercebidos. Em Março último, operiódico «New Nigerian» da Nigéria, revelou que uma delegação da Africa doSul, presidida pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, ti n h a mantidonegociações s c r e t a s com a. J.Iunta em Santiago. A agência soviética Novostipublicou um artigo de denúncia que c; articulista Yri Gvozdov intitulou«Mercenários Chilenos para a República Sul-Africana?» Em resumo, ainformação expressa que Pinochet se propõe enviar chilenos treinados nas basesmilitares norte-americanas situadas na zona do canal de Panamá. Taisconversações tiveram lugar quando o regime racista ainda mantinha ocupada partedo Sul de Angola, pelo que os 3oldados cXe Pinochet- deveriam manter posiçõesai e na Namibia, sob as ordens do militar racista.O comentarista assinala que tudo isto são produtos lógicos da comunhão deinteresses de ambos os regimes que se mantêm1 no poder pela violência.Acrescenta que «trocando carne para canhão chilena por empréstimos sul-africanos, Pinochet conta seguramente com a benção de Wa shington» e adverte operigo de tal precedente, pois n a d a pode assegurar que «estes mercenários nãosejam também utilizados nas repúblicas do hemisfério ocidentalb.Noutro plano das suas relações militares, a Junta intensi-

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Enternational HeraRrTriburficou ultimamente a aquisição de armamento n a República S u I«Africana,operação que foi montada através de algumas missões militares agregadas aembaixadas do Chile na Europa e, muito especialmente, através da embaixada emBona.As relações entre as forças armadas sul-africanas e chilenos chegaram a tal pontoque a ditadura de Pinochet convidou um oficial racista para participar no XXICruzeiro de :Instruã que realiza neste momento o navio escola da Marinha doChile «Esmeralda» nos mares do Atlântico Sul. Para o imperialismo result§ muitoproveitosa a aliança Pretória-Santiago - que impulsionou na sombra - porque comela pretende reforçar a sua linha estratégica naval no Atlântico Sul e estender atéessa zona acordos similares aos da Organização do Tratado do Atlântico Norte(NATO). É assim que ultimamente se vem relançando com irsis-tência a proposta de criação da Organiação do Tratado do Atlântico Sul (OTAS).Debaixo do con trolo directo do Pentágono, o Chile e o Brasil encarregar-se-iamde manter o domínio imperialista na ponta sul da América e a Africa do Sulacentuaria o seu papel de .política do imperialismo na manuntenção dos seusinteresses na ponta sul de Africa, reprimindo os movimentos de libertação.A CONDENAÇAOINTERNACIONALAs relações entre os regimes fascista do Chile e r a c i s t a da Africa do Sulprovocariam o repúdio generalizado da comunidade internacional, dos povos eper sonalidades progressistas de todo o mundo.A 31 de Agosto de 1975, a Quinta Conferência de Chancelarias do Movimentodos Países Não-Alinhados, que esteve reunida em Lima durante cinco d i a scom a presença de 82 delegações e mais de uma trintena de ob servadores econvidados, aprovou a sua resolução final, denominada «Documento de Lima».Nos parágrafos 21 e 22, os mi nistros dos negócios estrangeiros «condenamenergicamente a política de «apartheid» e denunciam a criação dos chamados«bantus tões» destinados a proteger o do minio do regime opressivo e repressivodo apartheid. Os ministros reiteraram q u e o apar theid constitui uma séria ameaça para a paz e segurança internacionais.O parágrafo que se refere ao Chile diz: A conferência tomou nota compreocupação da recente* visita do chefe do' regime racis ta da Africa do Sul aoParaguai e Uruguai, assini como o incre mento das relações de outros governos daAmérica Latina, em particular o do Chile, cóm o go verno sul-africano. AConferência mostrou-se profundamente preo cupada pela cooperação cada vezmaior entre os regimes racistas da Africa do Sul e de Israel, es pecialmente noscampos militar, político, diplomático, económico e cultural».A 18 de Março de 1976, a pre sidente do Comité Especial da ONU contra oApartheid, JeanneMartin Cisse, deplorou a «abertu ra de um consulado geral doChile na Africa do Sul» e afirmou que «este passo do governo chi leno representauma violação das resoluções da Assembleia Geral que pediu o isolamentoeconómi co, político e diplomático de Pretória».

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A 9 de Abril seguinte, o subse cretário geral da Organização da Unidade Africana(OUA) Noure dinne Djoudi, denunciou nas Nações Unidas a aproximação progressiva entre a Junta e o regi me racista, facto que era comprovado pela recenteabertura do Consulado Geral chileno em Pre tória.«A Junta deu um passo que não podemos aceitar», afirmou Djou di, que anuncioudepois que na próxima reunião da OUA a realizar em Junho na República Malgaxe será analisada a posição assumida pelo Chile em relação à Africa do Sul.(Chile Democrático - Escritórios de Nova lorque).TEMPO r. ;ýb - pág. 27

Mangonhe:TEMPO

DOS NOSSOS INVIADOSÀ PROVINCIADE INHAMBANEDois centros educacionais totalmente opostos: um centro catequétco e.um centroeducacional primário, no mesmo loa~ e quwse ocupando as mesmas instaAgrande diferença existente entre aqueles dois centros, torna por demais evidenteque nem um nem outro poderão desenvolver os seus trabalhos de forpmaprodutiva.Com objectivos ideológicos antagónicos a ruptura terá inevitavelmente de surgir.TEMPO n., 350 - pág. 29

Aquando da nacionalização de -AS CONTIDIÇOESescolas e hospitais, a missão de As ont começaramMangonhe deixou de funcionar co- ando os novos agentes de ensino moanteriormente. Desfez-se o in- quand oupar as insta ino ternato, e o ensinoprimário passou .detendea o n asaue dás mãos dos missionários aos pro- damissão de Mangonhe, quase que fesoi-es dos Serviços de Educação. na suatotalidade.«Os padres não quiseram entrega as casas, e disseram que só o faram comautorização do bispo»- afirmou o responsável do centro primário.Esta situação deveu-se ao mau esclarecimento por parte dos professores do centroprimário, em relação àquilo que deviam ou não ocupar. Há seis casas de alvenarianaquela missão, que não estavam a ser utilizadas, e que podiam servir para alojaros trabalhadoresda escola, e foi o que estes quiseram fazer, logo de inicio.Entretanto, como os fflissionários se tivessem recusado, e reclamado perante asestruturas superiores, foi enviada, do M a p u t o, uma delegação da Educação eCultura para de perto inteirar-se da situação.Ficou estabelecido o que os trabalhadores da e s c o l a primária deviam ou nãoocupar, mas perante esta situação, Os missionários acharam-se «vitoriosos» e ocentro primário ficou sem apoio. P e 1 o contrário, segundo aquilo que lá nosinformaram, a missão deu uma festa em comemoração àquela «vitória», o que

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desprestigiou de certo modo a posição do novo centro primário, porque nessafeata várias foram as injúrias dirigidas aos trabalhadores da escola primária.o CENTRO PRIM~O Centro primário de Mangonhe, funciona actualmente com 3 salas de aula, demanhã, à tarde e à noite. Os 640 alunos que o frequentam desde a pré-primária àquarta elase, nem todos téni aulas no interior das salas, pelo que, algumas turmasfuncionam ao ar livre. Há falta de professores, pois no ano passado foramtransferidos alguns que não chegaram a ser substitudos, e por conseguinte, os 8pItEm cimaResponsdves da escola, quando nos transmtiam as dilildades que atravessai.Foram salientadas as contradiõe# existentes entre eles e os servioes do centromisslondrloEm baixo:Nos tempos livres, os alunos dedicam-se à prdtica de danças culturais. Na loto,pode-se ver um enorme tambor que completa os instrumentos musicais de quedispóemTEMPO n.° 350 - pág. 30

A maior parte destes alunos, vivem a longas distâncias da escola. Comoconsequência disso não conseguem cumprir integralmente com os horários. E nãosó: o cansaço dàficulta.lhes a aprendizagemNeste turma, há alunos que frequentam classes diferentes. É um facto que osprofessores, que são poucos para os 640 alunos, acumglam vdrias turmassimultaneamente!fessores ali existentes acumulamvárias classes simultaneamente.No ano passado,, tentou-se fazerdaquela escola, um centro educa cional primário em regime de in ternato, dadas asdificuldades de deslocação dos alunos, das suascasas àquele local.«A maior parte dos alunos queaqui, frequentam, vivem a longas distàncias da escola. Eles têm muita dificuldadeem cumprir Integralmente com os horários, prejud can.do assim o bom acompanhamento do programa» - informou-nos umprofessor.Todavia, a tentativa de forma.ção do internato falhou. Funcionou apenas um, mês, corA 100 alunos, dentre osquais 26 raparigas. 'A que se deveu essa falha?perguntámos.«Principakmente por causa daaHmentaçio» - começou por dizer o responsável do centro - «Este terreno aqui emvolta não favorece para a plamta~io dos produtos que seriam necessários para aau.to-suficiêunca do centro. E eses produtos são, de entre outros, milho e atroz».Durante o curto funcionamento

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do internato, O$ alunos alimentavam-se, quase sempre, de feijãonhemba e coco.Não havia outras formas que possibilitassem o abastecimento dos génerosalimenticios de que necessitavam ? - Esta foi outra questão, que pusemos aoresponsável do centro que respondeu nos seguintes termos:eBom, se nós tivéssemos uma carrinha, ou algum que nos desse apoio,poderíamos adquirir os alimentes nma vila de Ma g De ú~amdo em ves,pediamos apoio aos padres da missão, para nos trazerem os alimentos, mas nem/' sempre cosegulam satisfazermos».Para além do problema de alimentaçio, a instalae s que eles deviam ocupar nãoofereciam boas condições para alojar os internados. Eles dormiam e estudavam si-':' multaneamente nas salas onde funciona a escola.Naturalmente q u e problemas desta natureza são e já foram vividos em muitosoutros centros educacionais em regime de internato, mas aqui a questão situa-semais no problema de alimentação que agrava-se com wfalta de boasTEMPO n.* 350 - pág. 31

E.:tes alunos necessitam de apoio para que sejam realmente continuadores darevolução moçambicanarelações entre o centro primário e o centro catçquético, pois, pelo que nosconstou,,este último não vive o mesmo problema sexdo embora um internato.Portanto, se existissem boas relações, da mesma for ma que o centro catequéticose abastece, também seria abastecido o centro primário.- O que ,& facto, é o internato ter-se desfeito e o centro funcionar somente comoescola primária. E na própria escola, «também temos falta de material, tal comocadernos e cauctas» - disse-nos um alu no.Isto significa, pois, que aquela escola z'travessa grandes dificulda des naõrganização, e não recebe apoio suficiente para a sua melhoria ou reestruturação.Por outro lado, ao procurarmos saber mais pormánores s o b r e o funcionamentodaquele centro, o actual responsável dissenos que desconhecia certas coisas,porqueTÈMPO n., 350 pág. 32o antigo responsável trabalhava isoladamente e não dava conhecimento das suasactividades aos demais colaboradores. Isto é grave quando se pretende formarescolas que funcionem oganizadamente. Em suma, ali a transformação ainda épouca em relação àqúilo que já se devia ter conseguido e que já se conseguiunoutras escolas.CENTRO CATEQUÉTICOComo anteriormente dissemos, o centro catequético da missão de Mangonhe, estásituado no mesmo recinto onde se encontra o centro primário já mencionado.tA nossa actividade é a do ensino religioso, o estudo da biblia. Para além disso,temos também a puericultura p a r a as mulheres»-informou Octávio Rafael, cate. quista daquele centro missionário, tendoacrescentado em s e g u i d a que: «Depois de um ano, todos osnossos alunos regressam às suas terra e Implementam os conhecimentos que aquiadquiriram».

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Na altura da nossa visita, o cen tro catequético que funciona en" regime deinternato, tinha sete fa2mílias a frequentá-lo. Durante o tempo que ali estiverem(um ano) todas as despesas são subsidiadas pela missão.As pessoas que para ali vão estudar, são provenientes de terras longínquas ediferentes uma das ou tras. 2 por essa razão que o catequista nos diz que findo ocurso, regressam para as suas terras implementar os conhecimentos ali adquiridos,ou seja, espalhar a religião para os pontos mais distantes.A equipa missionária que ali funciona, é composta por seis elementos: 2 padres, 3irmãs de caridade e um catequista. Todos eles vivem ali no própro centro.Quais são as relações que existem entre os trabalhadores do cen tro primário e osdeste centro catequético ? - quisemos saber.eNão são lá muito boas. As contradições começaram quando eles quiseram fazerdesaparecer o centro missionário. As casas são da Igreja e as coisas da Igreja nãosão do Estado. Desde ai, nós temos tido má relações e, portanto, cada qualtrabalha no seu centro e pronto» - disse o catequista Octávio Rafael.0 QUE SE PODE CONCLUIRDos dois centros, lado a lado, e com características d i f e r e n te s agravadaspelas más relações ali existentes entre eles, a que conclusão podemos chegar? EmMangonhc, ou funciona o centro religioso ou então um centro educacionalprimário.Primeiro porque os objectivos são opostos: um luta pela difusão do estudoreligioso, e o outro pela formação dos futuros quadros de que o pais necessita.Somos pela formação de quadros para servir a revolução.Mas o problema que se põe é: como poderão os continuadores da revoluçãoestudar lado a lado com os estudantes religiosos? No seu programa de ensino nãoconsta o estudo religioso, e aquele tipo de contacto pode afectar os bonsresultados na aprendizagem escolar.e

Serracio de Rumbatsatsa:U ma serraçao, onde operarnos engajaos no seu trabalho lutam pelo aumento daprodução.O processo de luta que ah se trava, Insere-se nas difleuldades que os trabalhadoresenfrentam em relação à falta de transporte eficiente para o escoameto dos troncosque são cortados nas matas que distammuitos quilómetros do l bem como também à oAo existêna de ordenadosreguarzaReportamo,~ seguidamente àquilo que constatámos aquando da nossa visita àreferida se~ , no passado m^ de -Abril.TEMPO n., 350 - pág. 33

Aspectú de uma das maquinas de serrr troncos para barrotes. Para além debarrotes, ali é preparada madeira para .o fabrico de, parqués e outros materiais damesma espécie.

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Rum'batsatsa é uma localidade que fica situada a cerca de 40 qui lómetros dodesvio da estrada Nacional n.0 1 para a sede do distrito de Vilanculos, naProvíncia de Inhambane.Uma picada onde é di fícil caminhar - saltos, buracos e mesmo charcos deágua- onde só uma viatura alta ou um jipe podem circular razoavelmente, é aúnica, ou seja, a via que pode ser utilizada para lá se chegar. Enfim; logo.de iniciodeparámos com um problema que afecta, em geral e principalmente, as zonasrurais do nosso país: a falta de estradas.A SERRAÇAOCom um misero telhado de zinco, sem coberturas laterais e com máquinas muitoantias, é lá onde 78 operários desenvolvem os seus trabalhos.Algumas mãquinas encontram-se fora do recinto coberto e isto TEMPO n.° 350 -pág. 34implica, pois, que nelas se deposite maior zelo na sua limpeza e conservação, emrelação às outras, porque estão sujeitas à fer rugem provocada pelo cacimbo e achuva.A madeira já trabalhada e pronta a ser comercializada é deposi tada num pequenoarmazém que se encontra quase nas mesmas condições que o sector de laboração.«Não temos um armazém que garanta a conservação da madeira durante muitotempo»informou-nos um responsável da serração.Esta pequena unidade de produção, funciona desde Maio de 1975, Sobre gestãodos trabalhadores. Existe uma comissão administrativa no próprio local, que écontrolada por uma comissão geral para outras empresas e que tem a sua sede naMaxixe. O contacto entre a serração de Rumbatsatsa e a referida comis são geral éfeito através de um receptor-transmissor, montado numa pequena barracaconstruida em madeira que também servede escritório. Essa casa faz parte das instalações do antigo proprietário, ondeoutras, idênticas formam um pequeno acampamento. «É para aqui que o nossoantigo patrão vinha instalar-se, durante um ou dois dias, para manter o controlo daserração» - disse-nos um trabalhador, que acrescentou: «o patrão nem sempre e s tava aqui connosco., Quem nos -orientava nos trabalhos do quotidiano era umcapataz, também trabalhador».Aquela serração não passava, portanto, de um complemento da rede deinvestimentos do Rocha e Companhia. De salientar que essa companhia dominavaas vá rias serrações existentes na provincia de Inlambaney mais preci samente nodistrito de Vilancu los. E por outro lado, era proprietária da PARMOL, fábriea deparqués situada no distrito da Ma xixe -já nos referimos a esta fábrica numareportagem recentemente publicada na nossa revista. É, pois, por essa razão que aserração de Rumbatsatsa não es

tá provida-de material suficientemente eficaz para se manter activamente, muitoembora nesta altura os trabalhadores da mesma o tentem fazer.O TRABALHO E AS RELAÇõESSOCIAISSuor, dedicação e trabalho organizado: assim encontrámos o desenvolvimento dasactividades dos operúrios daquela serração.. «Trabalhamos como podemos, or

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ganizados e aproveitando ao mázimo o material de que dispomos» - afirmou umtrabalhador.Entre os 78 trabalhadores ali existentes, há mestres, ajudantes e serventes. Mas ofacto.de a serração estar nas mãos dos trabalhadores, não impede que cada qualconheça e exerça correctamente a sua tarefa sem desrespeitar os seus superiores.Um factor bastante positivo, em relação a multas outras empresas onde ostrabalhadores procedem indisci-plina-amente, ou seja: falta de cumprimento das orientações dos seus superiores eambição por este ou aquele lugar sèm qwna condições, em termos de capa cidade, para tal.«A nossa vida aqui mudou em relação ao tempo dos antigos pa-«Nós vamos continuar a trabalhar, e estamos certos que todos estes problemasserão resolvidos». Disse-nos um operdrio ao finalizarmos a reunião que tivemoscom os trabalhadores da serraçdo de Rumbatsatsa.Alou mdqu~ns est~o montadas fora da cobertura de zinco. A que se vê na foto éuma parte da máquina de empurrar troncos r~gs, e o restánte das peças que acompletam estão mais para fora.TEMPO n.° 350 - pág. 35

trões. Nessa altura, se por exempie um in4ivíduo fosse servente não respeitava,mas sim, temia o mestre. Quer dizer, havia o medo e não o respeito. Agora nósrespeitamo-nos uns aos outros. Vivemos em conjunto os nossos problemas e nãohá privilegiados».afirmou um operário, com observação afirmativa por parte dos demais.Nesta altura, estávamos reuni dos com todos os trabalhadores da serração. Não eratempo de descanço, mas aproveitou-se um pequeno período em que o sector delaboração encontrava-se paralizado. Isto porque o pequenoTEMPn n.* 350 -pág. 36motor a «diesel» que fornece ener gia às máquinas também alimen ta aaparelhagem de comunicação (receptor-transmissor) e quando este está afuncionar não só despende muita energia c o m o o barulho das máquinas tambémpode dificultar a transmissão. Esta paralização é frequente, pelo que podemosconsiderá-la um fac tor que prejudica os trabalhos da serração. Isto enquadra-sena fal ta de material suficiente, porque se houvesse outro motor esta situação jánão se verificaria.Para além deste problema, «temos um outro muito grave» informaram-nos osoperários daserração, que indagados s o b r e qual seria esse problema, afirma ram: «É aquestão da falta de vencimentos regulares. Quer dizer, ficamos muito tempo semreceber».A que se deve esta situação?procurámos saber ainda. «Este problema surge daorganização da comissão geral. A comissão funciona na Maxixe e vive muitasdificuldades no seu trabalho porque ainda se ncontra numa fase de organização e,pelo que ,'-nos têm esclarecido, há instabilidade no sector económico» -responderam-nos.

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-Ao lado: Note-se que o trabalhador do lado de cá, tem à sua frenteuma tábua que o protege da serradura que salta da madeira. Assim, não corre orisco de ser atingido na vista. Contando com as próprias forças, e dentro da suainiciativa criadora, ooperdrio cria meios de protecção e segurança.As mdquinas estão velhas. Isto faz com que os trabalhadores tenham dedesenvolver um esforço muito maior empurrando os troncos com os próprioscorpos.Segundo o que nos informou ainda o responsável da comissão que funciona naprópria serração, a referida comissão geral tem yá rias fábricas sob o seu controloe, como é do conlhecimento geral, o problema económico viveu-se e ainda se viveem várias empresas nacionalizadas.Entretanto, esperamos que es ,ta si tu a ç ã o seja ultrapassada, pois é através doaumento da pro dução que isso se consegue. E aqueles trabalhadores estãoconscientes disso, muito embora «o facto de estarmos há cinco meses semordenado, trazer-nos enormes dificuldades nas nossas despesasdiárias» - segundo afirmou u m operário daquela serração.O PROBLEMA DO TRANSPORTE«Conseguimos lazer cerca de 240 atados de madeira trabalhada por dia, maspoderlamos pro duzir mais, se não tivéssemos o problema do transporte» - informounos o responsável da serra ção.Como anteriormente dissémos, as estradas, naquela zona, encon tram-se em muitomau estado, o que com a falta de transporte su ficiente para o escoamento dostroncos, das matas ao local, agra va a prodúção na serração. Ela dispõe de doistractores, que nem sempre se encontram em boas condições de funcionamento.Quando falamos em matas a longas distâncias, podemos focar dois exemplosdisso: matas do rio Save e florestas de Mabote.<#Temos muitos troncos no Save. à espera de serem transportados para aqui. Émuito longe e não temos os tractores em condições»- disseram nos ainda.Saliente se que, nessas matas há trabalhadores que se dedicam ao abate de árvorespara o corte de troncos. Aqui pode-se d e d u z i r que, o esforço que esses trabalhadores despendem no desempe nho da sua tarefa é de certo mo do inútil. Istoporque, por mais t r o n c o s que consigam cortar, após algum tempo - queimadospelo sol ou molhados pela chuva- deixam de dar o' rendimento necessário nos trabalhos da ser ração.Enfim, «nós vamos continuar a trabalhar, e estamos certos que todos estesproblemas serão re solvidos» - disse-nos um operá rio ao finalizarmos aqueleencontro.TEMPO i], 350 - pâg 37

* Reunio das Comissões AdministrativasDESINTERESSE 1 POSICAO DE CLASSE

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Se analisarmos os objectivos propostos e depois os resultados, vemos que se ficoumuito aquém do que seria de esperar. Os objectivos eram no entanto justos,razoáveis. Porque não foram atingidos então?De 31. de Maio a 2 de Junho realizou-se em Maputo a 6.,. reunião das empresasadministrativas dependentes do Ministério de Indústria e Comércio. A reunião foiorientada por elementos dos gabinetes de controlo e apoio do Ministério deIndústria e Comércio, elementos da Comissão de implemenção dos conselhos deprodução e da sede provincial do Partido. Nela participaram elementos dascomissões administrativas, dos grupos dinamizadores e dos conselhos deprodução.Os objectivos foram apresentados na sessão de abertura pelo responsável doGabinete de controlo, Alexandre Correia. Primeiro as comissões administrativasdeveriam dar relatório das suas actividades, explicar como estavamdesempenhando suas tarefas, depois estudar algunis documentos fundamentais,como o que criou e regula a actividade dos conselhos de produção, o decreto18/77 (que prevêXa transformação de algumas' dessas empresas em empresasestatais), explicar como decorria a sua organização em sectores de actividade, q ue dificuldades estavam encontrando, na defesa dos direitos dos trabalhadores (p el a adpção de novos critérios de disciplina, pela coexistência de critérios de justiçae leis de trabalho contraditórias) como decorria o problema do saneamentoeconómico e financeiro, como e st a v a m transformando os métodos de ges tão, eoutros.Se analisarmos os objectivos e analisarmos depois os peultados da reunião vemosque ape3ar de algumas conclusões e propostas válidas, se chegou ao fim dostrabalhos muito aquém do que seria de prever e esperar. Se voltarmos depois analisar os objectivos vemos que são razoáveis, são objectivos justos de exigir doisanos TEMPO ,. 35U -- pág 38após o funcionamento das comis.sões administrativas. Se tivéssemos assistido àreunião, compreenderíamos então o porquê da não ob enção total dos objectivospropostos,, da adopção de conclusões e propostas qualitativamente muito maismodestas do que os objectivos inicialmente .propostos.A razão é simples: a fraca participação, o fraco grau de consciência e desinteresseda maioria dos elementos das comissões administrativas.O primeiro indício dessa falta de consciência dessas pessoas em que o strabalhadores moçambicanos, directamente ou através do seu estado, atribuíram atarefa de dirigir a estrutura administrativa das suas unidades de produção, foi ofacto de pura e simplesmente não comparecerem na reunião todos os elementosconvocados. De acordo com a convocatória deveriam comparecer na reunião1200 pessoas (4 de cada uma das 300 empresas com comissão administrativadependentes do Ministério de Indús-tria e Comércio). Não pudemos contar quantos tero comparecido, mas, a avaliarpelo espao da s ocupada (no cinema S. Miguel, onde se realizou o encoiatro)estariam lá o máximo entre 400 a 500 pessoas..RELATORIOS REVELADORES

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Mas foram efectivamente os relatórios e as intervenções da maioria dos poucospresentes o espelho da sua fraca participação e seu ma nifestamente fracointeresse em le var por diante e de modo correcto suas atribuições.Os relatórios pedidos deveriam nas suas diversas alíneas sugerir o trabalhorealizado a nível de sector de empresas, maneiras de melhorá-lo, sugestões paramelhor apoio das estruturas estatais e esse trabalho. Porém os relatóriosapresentados muito pouco tinham a ver com o que era pedid9.Primeiro houve sectores (os sectores são constituídos por várias empresas,geralmente da mesma actividade) que não fizeram sequer

re4tõrlo. Ou porque nao minam feilo qualquer reunião a nível.de sector, ouporque a empresa coordeadora do sector, porque tinha delado de o ser, nãoconvocara umi reunião. Desculpas naturalmie] te inaceitáveis.l epois outros houve que aprese taram relatórios que se não er ni, textualmentecopiados( isI), eram muito, muito seme-Mla itles.s comissões administrativas forar essencialmente criadas para ma iter emfuncionamento as uni dades de produção e não permitir qu os seus trabalhadoresperdes. ser seus postos de trabalho, nas em )rsas abandÕnadas ou alvo de salotagem pelos seus antigos propri ýtários. Esse objectivo foi conseo. Nalgumaschegou a haver rlves quebras de produçãe e de prdutividade, mas todas seaguenm, muitas delas já recuperara inteiramente seu ritmo e qualid e deprodução, outras melho. ra m-no, até. Isto é um facto conr o. Sem dúvida umagrande coníqta da Revolução Moçambicana. Ms se procurarmos os motivos de t avitória, encontraremos: a co sciencialização dos trabalhadore de um modo geral, otrabalho de mobilização e dinamização dosgrup.Ul Umia.I LI.UUL UU L revolucionário gerado pela tomada pelaFRELIMO do poder, pelas medidas revolucionárias tomadas ....muitos outrosfactores, e n t r e eles o trabalho das comissões administrativas.No entanto nos relatórios todosos factores principais -incluindo .o esforço e consciencialização dos trabalhadores- eram esquecidos, não mereciam qualquer referência. Como se às comissõesadministrativas coubesse todo o mérito desta importante conquista. . Isto não setrata simplesmente de alienação ou usurpação, é uma posição de classe bem clara.(Aqui como em todas estas manifestações).Nalguns não faltavam sequer os ataques aos grupos dinamizadores e aosconselhos de produção. Acusações de que os grupos dinamizadores nãocompreendiam que não tinham poder executivo, acusações de lhes não ter Sidoainda explicado, nem compreenderem o papel dos conselhos de produção... Umalinguagem e um modo de actuação que nos pareceu muito próximo e nos fezlembrar muito um outro que já haviamos conhecido nos primeiros plenários dosconselhos de produção (só que aí era assumidoAbertura da reunião das comissões administratwas: «Estamos aqui para dar.4atório das transformações ld conseguidas nestes dois anos nas empresas ondoram colocadas comissões administrativas».Apesar de a nível de organização da unidade de produção a comissãoadministrativa pertencer à «estrutura administrativa», assim como os conselhos de

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produção pertencem à «estrutura organizacional», essa como estes temnaturalmente funções antes de mais políticas. As «funções políticas» não são demodo algum restritas à estrutura política - aos grupos dinamizadores. Primeiropela sua origem - os elementos nomeados para as comissões administrativas oueram trabalhadores ( mesmo operários) ou foram propostos pelo Estado. Depois, eessencialmente, pelas suas funções. O papel das comissões administrativas não serestringe de modo algum a gerir as empresas. É muito mais amplo-elas deveih, em conjunto com a estrutura política e a estrutura organizacional,com os trabalhadores em geral, encontrar e adoptar novas formas de gestão - agestão colectiva. Estudar, em última análise o modo de transformar as relações deprodução na empresa. De chegar ao controlo operário, de entregar o poder aostrabalhadores.Não havia nos relatórios, manifesta a mínima preocupação de caminhar nessesentido. De assumir essa responsabilidade.pretendiam apresentar-se como «va;iguarda». Mas vanguarda de quê? Asvanguardas estão bem derinidas aqui na República Popular de Moçambique. Atarefa da estrutura administrativa é apoiar a classe operária, colaborar na criaçãode estruturas e métodos de trabalho que entreguem o poder.Como princípio para a organização, planificação correcta, estabelecimento de -metas, dos diversos sectores da economia moçambicana e seu integramento nocontexto global, de acordo com as prioridades já estabelecidas, foi determinadoque as empresas dos diversos sectores se aproximassem e se organizassem,exactamente por secLores.Pelo que ficou expresso pelosrelatórios também essa tarefa não tem, para a maioria dos casos, sido realizada.Praticamente todos eles se queixavam, e atribuíam como razão principal para onão avanço, a falta de participação das comisr sões administrativas nas reuniões ede sector.Como resultado dessa falta deTEMPO i.' 350 -páq, 39

partlcIpao a experici eramuito restrita, não permitindo assim avançar. Comoresultado a~nda verifiearam-se situações nitidas em-que a empresa que apresentava o relatório (a empresa coordenadora do sector)em lugar de apresentar os problemas e as preocupaões do sector apresentava assuas (ou como tal, ou mesmo como sendo as do sector). Questões individuaiseram apresentadas como gerais,. eram apresentadas de modo absolutamente'desligado da realidade do sector, da realidade do todo económico que compõe aeconomia do pais. A e m p r e s a coordenadora aproveitavase dessa sua situaçãopara tentar resolver os seus problemas individuais.Um outro grande objectivo da reunião era naturalmente uma recolha desugestões.' Porque as tarefas e objectivos não tinham sido de um modo geralassumidos, porque em consequência disso a prática era fraca, as contribuiçõesnesse sentido foram naturalmente pobres..

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Os problemas eram atirados sem qualquer sugestão de soluções. Muitas vezes asresponsabilidades eram atribuídas e transferidas para os gabinetes de apoio econtrolo e diversas outras estruturas. Porque não havia no entanto uma prática detentar resolver as dificuldades por si, elas não eram dlramente expostas, asexigências de colabqração a apoio não eram correctamente (de;forma concreta eprecisa) expostas. Depois da apresentação dos relatórios houve a sua discussão.Também ai a participação foi bastante fraca. Daí resultaram situações ~omo a dena apresentação dos relatórios dessas discussões o plenário ter aplaudidopropostas absolutamente contraditórias. Isso significa uma vez mais o não assumirdas responsabilidades, pouco interesse ou não compreensão da enormeresponsabilidade que pesa sobre as comissões administrativas, dos seus deveres eobrigações políticas. Não compreensão da finalidade das comissõesadministrativas.No estudo conjunto dos documentos relativos às atribuições e objectivos dosconselhos de produção e à transformação de empresas com comissãoadministrativa TEMPO n.'- 350 - pág. 40Em cima e à direita: Coube aos trabalhadores e suas estruturas políticas o esforçoessencial na grande vitória que constituiu a manutenção das unidades de produçãoa funcionar e a conservação dos seus postos de trabalho, face a todas as tentativasde sabotagem e manobras dos capitalistas.em empresas estatais - fundamentais para a mínima compreensão do processo - fo i b e m patente também que muitos dos participantes ainda sequer nãoconheciair bem os documentos. Houve discussões posições de classe bemmarcadas, antagónicas, o que é bom.CONCLUSOLS E PROPOSTASDo conjunto dos trabalhos, apesar das dificuldades enumeradas, e outras, foi noentanto possível chegar a algumas conclusões e propos-tas importantes. A sua"materializaáo ansporá certamente muitas destasdificuldades, obrigando a desmascarar ainda melhor os que se querem opor aoprocesso, que serão isolados e expelidos.Das «decisões» salientam-se a criac~ de secretariados para a coordenao dossectores (que-serão constituídos por três empresas)- a neiessidade de adopção demedidas administrativas para os elementos que permaneçam na atitude de nãoquerer participar nas reuniões,* mecessidade da criação de cefr

de estudo por sectores, (para os elemento$ das diversas estruturas estadaram osdoeumentos e orlentações do Partido e Estado). Foi ajnda concluída a necessidadede reconversão de cada sector (que deve ser estudada pelo secretariado, e poderá.Incluir medidas como ade encerramento de unidades Im. produtivas, *plicaçãoracional dos t-ecursos técnicos e humanos existentes no sector, transferir unidadesde produção ou comereiàlização de modo a melhor servirem). Foi tambémrelembrada a necessidade de adopção de medidas de austeridade, que todaprodução das unidades de produção passe a ser lançada nos circuitos decomereialização (deixando de constituir pri. vilégio dos trabalhadores dasunidades produtoras) e a necessidade de intensificação da organização dasempresas.

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Quanto ao problema das matérias-primas foi adoptada a criação de equipes deplanificação por sector constituídas por trabalhadores aptos a fazer esse trabalho.Ainda em relação a este problema foi decidida prioridade de apoio paraimportação de matérias-prima aos sectores produtivos virados â exportação.Quanto às «propostas a submeter à apreciação superior» - o segundo documentosaído da reunião- nelas se destacavam: que o min tério aplique as medidas admiistrativaspropostas, que alnlst&rio aprecie as propostas de reconversão, que sejamreconstituidaS algumas comissões administrativas com elementos mais dinâmicose Comisentes, que se criem condições para através de transferência. se possa fazermelhor aproveitamento dos recursos humanos, que sejam dadas facilidades para opagamen. to das dividas do tempo da entidade patronal (de modo a que não di.ficulte o n o r m a l funcionamento das empresas) que os contratados sejamobrigados a aceitar nos eom. tratos a obrigaão ,de colaborar na formação dequadros. Eram ainda propostas a revisão das «recomendações gerais às comissõesadministrativas, de acordo com as novas realidades (a da dos con.selhos de produção e o decreto 18/ /77) a inte~ de novos quadros no gabinetede apoio e a i. tensificação do apoio da central de contabilidade às empresas.Se, como dizemos no início ,cempararmos os objectivos com os re sultadosverificamos que se avan-çou menos do que seria de desejar e esperar. Falta de interesse num processo emque se agudiza dia a dia a luta de classes, é uma posição de classe bem clara.Se quando se tomam medidas concretas para o avanço do processo de tomada dopoder económico pelas classes trabalhadoras (como a criação dos conselhos deprodução, suas atribuições e seus objectivos, e a transformação de unidades deprodução em empresas estatais) há quem - estando em posição de dar uma grandecontribuição na luta dos trabalhadores pela transformação das relações sociais deprodução (como o estão as comissões administrativas) - nlão empreender todo oseu esforço e não emprestar todas as suas capacidades é um travão, uma oposiçãoconsciente à justa luta das classes trabalhadoras. Opor-se às classes trabalhadoras,é aliarse ao inimigo. Não há uma classe especial para os elementos das comissõesadministr*tivas, que não têm nem terãoqualquer estatuto de vanguar da. Seu únicoprivilégio é servir os operáriOS, que serão ees a classe dirigente.TEMPO n.° 350 - oáa. 41

_______ *Sbe viventeseprtc te. e lJri 1 'te'Mauvilo a ku Mweda (sofrimento - Masacre - em Mueda), traduzindo da própriaexpressãolíngua Maconde marcou profundamente os olhos, o coração e a consciência detodo o povo moçambicano. Foram cerca de 600 os massacrados. As cicatrizes sãobem visíveis ali entre a população de Mueda. Este odioso crime do colõnialismoportuguês em Moçambique não é esquecido, bem pelo contrãrio, agiganta-se aosolhos da nossa história, da história dos povos em luta contra a opressão.

historiagj mssacre

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<0 goveMrado perutou: Porquê esta gste aqui? Por que é que tUm pfpfis ma mo oua cambas com a palavra UHUBU T«Eu dumo: Uhum quer dbr be e flapeida. As pessoas aqui querem lberdades.(Faustino Vanomba - representante do povo no dia 16 de Junho - sobrevivente-vive em Inhambane).«Eu estaw parado peto da varada. O goven dor não tinha armas mas mandava. Ogovernador deu-me ordem para dispa~a, u disparei. Osoldados portugueses tihamdo e t aam metb dora. Quando aés eomeý&o a disparar as armas 7,7 eles que já estavam ali pertoescoNi começa Sdisprar as m so.e o pvo. O povoestava desama~do morrerm m~ts, muitos. Meus Imh os, meus pi m tiosestavam ali, morreramtab ».(Emesto Chipakalla - cipato da adminis tra~5 participante nO massacre - viveem Mueda).<Depos quano estava fugido em e soube queabrhmn uma grnde cova e enterraram toda a geste aqui perto da admlnstraçi.. Osportugueses comeW ram a pa mesmo que haviam de ter guerra poraquilo que fizeram e então mandaram vir para aqui soldados da companhi que esv&m Pemba e do Batalhã que estava em Nampula».(Crstiano Tiago N'Papaluka - sobrevivente - vive em Mueda).Aqui, onde form encontrda as ossadas dos masacrados a Pouco mais de 100metros do eddllio da antiga adminstra. çdo, o povo ergueu um,singelo'monumento em lomenagem aos 600 sacrificados pe1a liberdade do país.TEMPO n.* 350 - pág. 43

No dia 16 de Junho, como tem acontecido todos os anos desde a vitória do povocontra o colonialismo português, o povo de Mueda e representantes de todos osdistritos de Cabo Delgado concentram-se no largo da administração e ali evocama memória, de centenas de moçambicanos de todos os sexos e idades massacradospor terem ousado vir ali clamar por liberda de.É costume nesse dia a população de Mueda reviver numa peça de teatro o que foiaquele dia terrível para todo o povo moçambicano e em homenagem sentidadepositar ramos e flores no singero monumento erguido precisamente no localonde foram encontradas as ossadas de centenas de moçambicanos massacrados amenos de uma centena e meia de metros da antiga administração, onde seconsumou aque le assassinato em massa.Estivemos ali poucos dias antes do 16 de Junho. As predes do velho edifícioadministrativo erguem-se solitárias no topo da rua principal de Mueda sobraçandoum terreiro largo e limpo, que a população não atravessa numrespeito quase institivo por aqueles, que espalharam ali o seu sangue para que nósoutros fôssemos livres. Uma árvore enorme -a mesma de há 17 anos -e umpequeno obelisco construido pelos portugueses evocando a batalha de Negomanocontra os alemães durante a primeira guerra mundial, limitam por um lado o largovendo-se por outro o caminho que leva ao poaço de Chudi e ao actual monumentoaos massacrados.

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Por detrás da administração e obliqua°mente a ela o terreno desce abrup tanenteformando um enorme precipício. Muito povo no dia 16 de Junho de 1960 acaboupor morrer ao tentar fugir das balas assassinas por aquele lado. Foi-nos impossívelir ver as ossa das que lá existem pois o terreno até ãs bordas do precipício aindaestá minado. Os soldados portugueses quando se foram embora deixaram asminas ali, sendo óbvia a intenção.,Empenhados num trabalho de investigação do hediondo massacre, facto que noslevou não só à Provincia de Cabo Delgado como também à de Inhambane, torna-se possível a g o r areconstituir a história que originou o massacre, a história da resistência do povomoçambicano ao colonialismo português e que pôs bem a claro a sua face cruel everdadeira do sistema no dia 16 de Junho.Os depoimentos recolhidos ènfer mam de uma lacuna que consideramosimportante por recusa de uma testemunha crucial daqueles acontecimentos - opróprio administrador de Mueda- em 1960 - e que ainda vive em Maputo.o COLONL&LISMO E OS PRIM EROS PASSOS POLITICOSNos fins da década de 50 enquant( os povos africanos dominados pekimperialismo inglês e francês força vaia as respectivas metrópoles coloniais aadmitirem a independência de vários países - grande parte dos quais num sistemaneocolonial, bem entendido-nas colónias portugueses o regime fascista português,impondo uma ditadura criminosa, esmagava com a sua política qualquer tipo demanifestaçãoUm elemento das FPLM, Amãndio Amuza (o mais baixo da foto) umsobrevivente do massacre e Cristiano N'Papaluka, também sobrevivente, indiçamo local onde se resguardou e escapou das balas assassinas Alberto Chipandeactualmente membro do Comité Político Permanente da FRELIMO e Ministro daDefesa do nosso país.'TEMPO n. 350 i - pág. 44

. Leonardo Asselia Naulanda:"voÊ É BUR R! ALGUMA VEZVOC SABE O QUE É #WE0PE» ?"o Diss.~ o '~*"an c Mueda-Eu estive lã perto, ms quando começou o fogo eu consegui fugir a correr até unaárvore. Quando o fogo diminuiu um pouco ou fugi, comercel a correr, corrercorrer, fui-me embora. Depois aquilo que aconteceu atrás de mim é que ou não vibem.- Depois ou fui até à missão, Quando cheguei lá eu diase «eu vou voltar s6zinho».Então voltei comecei a correr.- Veio, veio, veio e ai mesmo no caminho encontrei-me com o padre, o padre queficava naquela missIo, Este padre assistiu ao massacre era um padre estrangeirode nome Amberguer. Entãlo elo parou e eu perguntei «como é?» ele disse «vaiapara Mueda?» eu disse «sim», ei disse «então vai mas morreu muita gente. Euperguntei «mas posso passar?» ei raspondeu «sim hás-de passar». Eu entiocheguei à casa do secretário, meu patrão, mas quando cheguei lá ele não estava láp , etav na oad<hnlstnreç., e quando velo

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encontrou-me lê em esa.-Quando chegou coneçou a insuitarin ai: você é burro. ou dism que você n§o podevir ai Você disse que iade oposição, fazendo crer ao mundo inteiro que, ao contràrio dos outros p o v o s,os das suas colónias não queriam a Independência, pois Portugal era um pais «unoe indivavel».2 claro que Iso não em verdade e as ~ndependências dos P~lmes africanos nossosvizinhos deram alento aos movimentos nacionalistas moçambicanos que jápontilhavam naquela altura. O.colonialismo português mantinha-se ~nalteravel ehorripilante:C--Um preto moçambcn.O, na em coloiaL não em cont4zdo como um ser vivo,mas sim um pe de vinho,isto é, quando um colnas bebesse Vin, tinh como seu br~queo o preto. Quandomos que jamais poderíamos aguentr com quel a ~,tão escandalosa, entao comem aabrir o camino PaM Dar-Xs4aaamn. Al tundmos a MANU. A MANU (Mo.sambique Africa National U~uo União Africn Nacona de Moçambique)começou a desenvolver trabalhos de Mobilização e entrdmos em Moçambique em13 de Feveriro de 1959. Nós perguntdvamos ao povo porque não faav, porque nãopediam liberdade*- Estas são palavreis de Paustino Vanomba, ez-ecretdLo Geral da M.~IU, comquem contactimos muito recen temente em Inhambane. Vanomba. juntamente omKibiriti Dwane (Pre-ver a independência. Onde está a independência? Alguma vez você sabe o que é aindependência? Vocês sabem copiar alguma coisa? Quem é você? Então vocêmorria lá! É uma boa sorte e até eu posso matar você aqui! Eu disse que você nãopode ir lá, e você foi. O que é que você ia levar? Então entra no carro vamos! Euentrei no carro e fui até lá na administração. Dormimos lá na administração .Elecom a arma dele, o aspirante com a arma dele, dormimos lã no dia 16 à noite eentão a tropa é que andava a pé, aquela tropa que estava em Chudi. Então quandoamanheceu eu pensei «eu não vou aguentar ficar aqui» e resolvi uma maneira edisse ao mau patrão «então eu vou lá em casa» e ele disse «o que é que vaifazer?» eu respondi «vou lá fazer uma coisa». Quando sal daqui ou levei abicicleta dele. Andei como se fosse comprar coisas. Quando .cheguel lá nas lojas,fugi e fui até à minha casa, casa dos meus pais.Foi desta varanda da administração de Mueda onde o governador colonial deCabo Delgado, comandante Teixeira da Silva-deu a ordem fatídica de jogo.sidente da MNU), falecido em 30 de a um representante do colonialismo Janeirodo corrente ano também em português em Moçambique, que na alInhanbane,representando aquela or- tura já tinha mudado o nome de cológanização políticapediram ao então go nia para «Provincia» tentando por ouvernador de CaboDelgado, Teixeira da tro lado os portugueses impingir ao Silva (Comandante daMarinha), liber mundo que toos Qs pretos moçambi dado e Independência para opovo mo canoa eram portugueses e gozavam çambicano. dosmesmos direitos como cidad^os.

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Era a primeira vez que uma organi Aos nossos olhos de hoje esta petizaç.opolítica ousava pedir liberdade ção soa a ingenuidade, mas não nos TEMPO n.,350 - pág. 45

devemos esquecer que esta organiza ção, assim como outras da mesma naturezanascida entre os moçambicanos exilados, julgavam vir a poder funcio nar dentrodo nosso pais como funcio navam nas colónias britânicas, onde uma metrópolenão fascista permitia certo tipo de organização política e respectivo diálogo.Mas como veremos ao colonialismo português sobrepunha-se ainda a ideologia eos métodos fascistas pelo que Vanomba e os seus companheiros não poderiamobter qualquer sucesso com o diálogo, apenas a prisão e o massa cre.Há que desde já afirmar que antes de'Mueda houve levantamentos espon tâneosem todo o pais que terminaram sempre em massacres e prisões, facto-que aumentava o ódio aos colonialistas.Co7po disse, começámos a enviar pessoas da Tanzania para saber porque osmoçambicanos não pediam a liberdade a independência. Primeiro manddmosTiago Múller alar secretamente com as populações. Mas este enviado foi presopelos portugueses e então reunimo-nos outra vez e o povo moçambicano queestava na Tanzania disse que desta vez tinham de atravessar a fronteira o próoVanomba, eu,e o Kibiriti para falar com o Governador. Nós atravessdmos a fronteira echegdmos dia 14 a Mueda. O administrador de Mueda, Garcia Soares, depois deouvir o que nós queríamos, disse «eu não posso saber Isso, quem sabe, é ogovernador» e disse que ta fazer uma mensagem para o governador para ele viraté em Mueda» -narra ainda Faustino Vanomba.OUTROS ANTECEDENTES AODIA DO MASSACREEstas afirmaçes de Faustino Vanomba em Inhambane coincidem com asnarrativas efectuadas por outros sobreviventes do Massacre com quemcontactámos em Mueda, como por exemplo, Cristiano Tiago N'Papaluka, agoracom 37 anos, trabalhador naquela vila, e Leonardo Asselia Naulanda actualmenteresponsável da Agricultura em Mueda. Este último confirmou aquelas palavras eacrescentou: «Na admtnstraçdo o Klbirlti e o Vanomba foram falar com oadministrador e pediram a independência. O administrador disse «se vocêsquerem a independência não é comigo, vocês aIam com o governador» OKlbiritl disse «Não! A gente laia consigo de-Faustino Vanomba: ex-Secretdrio Geral da MANU. No dia 16, juntamente comKlbiriti Dlwane, presidente daquela antiga organização política que mais tarde sefundiu com outros movimentos formando a FRELIMO, pediram ao governadorcolonial liberdade para o povo. A resposta foi a sua própria prisão e .o massacredo povo.pois o senhor administrador diz ao governador o que nós queremos. Oadministrador então disse se «é assim então vocês ficam aqui em Mueda e eu façomensagem ao Gove ». Entoo administrador disse para virmos dia 16 sexta-feira que o governador havia de virnesse dia».

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Cristiano Tíago N'Papaluka:"FIQUEI DOENTE COM AQUILOOUE VI COM OS MEUS OLHOS"O admnistOdor aqui de Muada ele sb dava ordens nho disparava. Ele nilo tinhaarma. o padre tub~m não tin arma, mas estava ali a assistir o povo ser massacrado.- O necretário de dmitaçlo e o chefe de posto deCristino Tiago N'Papaluka. Na varanda do edifício da administração ele apontaatravés de um «guché»o quarto onde se encontrava o padre que também assistiuao massacreN'Gapa (Moclmboa do flovuma) dispararam nmito mataram muita gente.«Tempo»- Mas esses cipaios e chefes de posto conseguiram matar sozinhosseiscentas pessoas? Os soldados não ajudaram a matar?--Os cipaio t mnbm tinhum cercado a poulaglo e a v esconidos a s das rvors.Mas tmb m haviasoldados escondidos com os cipalos--Um hefe de posto não sei se eam de Negom~o também tinha vindo com osseus opaos,--Depois fuil para casa e fiquei doe~e por cmm de pancadas que recebi e poraquilo que eu vi com os meus olhos.Quando estava em ças soube que os por ume im uma grande cove a enterramtoda a gpate aqui pIIto d admintração. Foram alguns cipaios que disseram issomais tarde, Os cipalos também ficaram dpos muito tepo afastados do povo porquetinham medo de ser mortos,- Os portugueses começaram a pensar mesmo que haviam de ter guerra por aquiloque fizeram e entIo mandaram vi para aqui para Mueda soldados da opahia quseta-va em Pemba. Porto Amélia. e do batallio de Nampua.- O Vanomba e IKibiiti levaam prasos.- Ainda sobre o massacre quero dizer que muitos feri. moreram sem assistância nomato. Eu era pedreiro de~is mais tarde juntei.me às Forças Populares. Prkneia nFREUMO fiz trabalho de mobllIzaço e passava cartões da FREUMO, depois fuitreinar, ser um soldado e continuo nas Forças Poputars Agora sou O rdaposéveldeproduçe distrital do Partido.TEMPO n.- 3150 - Pág. 46rum

O movimento político que em 1960 se manifestava em Cabo Delgado devido àexistência da MANU e da proximidade da fronteira com a Tanzania pais que naaltura se preparava para atingir a independência através da TANU, eraacompanhado pela própria movimenta~ão dos camponeses, na altura engajados naformação de cooperativas, o que preocupava seriamente as autoridadescolonialistas portuguesas. Por conseguinte parece-nos evidente que depois daprisão de Tiago Muller e o aparecimento à luz do dia dos dirigentes da MANU areivindicarem a liberdade, os colonialitas portugueses se tivessem preparado para«dar uma Uçdo a esses burros» - como dizia o secretário da administração deB&ueda ao seu manato no dia do massacre. A tal glição» & portuguesa vinha nospróprios campêndos de história, que

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obrigavam os assimilados moçambica nos a decorar e onde mal disfarçada. mentese estampavam desenhos de ca. valeiros de armas e espadas rutilantes a cortarcabeças e corpos das naturais das regiões que conquistavam à forca.16 DE JUNHO: O DIA FATIDICOA manhã do dia 16 de Junho de 1960 súrgiu coberta de uma espessa neblina, aliásfacto bastante vulgar e quase diá rio durante todo o ano no planalto. Como apopulação já sabia dos acon tecimentos pois tinha sido avisada pe los dirigentesda MANU e outros activistas, muitos foram aqueles que vieram de localidadesbastante distantes, de bicicleta ou a pé para virem assistir às conversações com ogovernador.O governador Teixeira da Silva tinha efectivamente chegado com cerca de duassecções démilitares (o número exacto de militares não conseguimos apurar, maspelos vários depoimentos julga-se que eram menos de um pelotão) muito bemarmados e que tinham es tacionados em Chudi a meia dúzia de quilómetros daadministração de Mue da, onde existia um poço de água.Juntamente com o Governador con centraram-se em Mueda vários chefes dePosto como o de N'Gapa (Mocim boa do Rovuma), Muidembe o Secre tário deMueda, Faria de Carvalho, o aspirante Godinho, um padre católico Holandês queum dos sobreviventes disse chamar-se Amberger (nome não confirmado) damissão de Imbu, e multas outras pessoãs cujas identidades a maior parte dossobreviventes não conseguiu recordar-se.-Todos os anos desde a tomada do Poder peia FRELIMO que a população deMueda evoca o massacre. Para além deoutras cerimónias realiza-se uma peça de teatro no próprio local dosacontecimentos de 16 de Junho de 1 9 60 TEMIPO n.* 350 - pá, 47

«Eram 10 horas quando consegui fuçir da casa do meu patrão que era o secretárioda administração e fui para , lugar frente à administração onde o povo que tinhavindo a cantar estava ,eunido» - recorda Asselia Naulanda que continua: «Quandocheguei o gorernador estava a ~. Então começa-ram a dizer 'levantem, levantem' o governador já chegou .Mas ninguémselevantou. Todos estivemos sentados. O governador primeiro não ficou aquipassou e foi a casa do administrador. Ficou lá um pouco e então os cipaioscomeçaram a entrar lá na secretaria para ir receber munições».Estes pormenores são 'çonfirmados pelo próprio cipaio chamado ErnestoChipakalia que em conversa connosct precisa: «Quando o governador chegou naadministração sexta-feira todos nós os cipaios fomos chamados para dentro decasa. Começaram a distribuir-nos armas 7,7 com balas. Nós nãoErnesto Chipakalia (cipaio): O GOVERNADOR DEU-ME ORDEM PARADISPARAR E EU DISPAREICipsio - Os soldados mataram. muitos porque tinham metralhadoras. Eles estavamescondidos.Tempo.- Há muits pessoas que não viram os soldados. mas eles estavamescondidos e mataram muita gente. É ver AAErnesto Chipakalia- o sistema armou a sua mão para matar o povo <Agora souum camponês, arrependido do que fiz»

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-Lembro também que os feridos foram levados para a enfermaria e os mortosforam levados e amontoados todos para um canto perto da administração e juntoslá. Então de lá as autoridades portuguesas mandaram abrir uma cova muitogrande, não muito longe daqui da administração.Tempo-Você viu a meterem os corpos nessa cova?Cipaio- Quando enterraram as pessoas não estivemos presentes porque tinham-nos mandado controlar os caminhos que vêm p>ara Mueda. porque díziam que apopulação vinham invadir Mueda.Tempo - Quando começaram os disparos onde é que você estava? Estava perto dogovernador?Cipaio -Eu estava parado perto da varanda.Tempo -O Governador não tinha armas só mandava, mas havia um chefe de postoque dispara muito uma metralhadora. Quem era esse chefe de posto?Cipaio - Era o secretário de Mueda, que depois passou para Montepuez. masmuito, muito, quem disparava com pequena metralhadora era o Chefe da posto deN'Gapa, Não sei o nome dele.Trapo- Viu esse chefe de posto a matar muita gente?Cipaio - Sim vi ele a matar muita gente com a metralhadora.Tempo-, E você disparava também?Cipaio - O governador deu-me ordem para disparar, eu também disparei.Tempo -Mas os soldados portugueses quando chegaram não mataram ninguém?Cipalo --- Os soldados portugueses tinham vindo a correr de Chudi atrás doGovernador. Eles é que tinham metralha. dora de mão. Quando nós começámos adisparar as armas 7-7 eles começaram lá de longe escondidos também a dispararcontra o povo. Quer dizer quando o governador veio para a administração tambémos soldados vieram de Chudi para Mueda escondidos.Tempo - Quando deixou de ser cipaio?Cipaio - Só deixei o serviço depois da independência em 1975.Tempo: E agora o que é que você faz?Cipaio - Agora sou um canmponês. Vivo aqui perto de Mueda e trabalho naminha machamba.Tempo: E os outros cipaios que participaram no massacre onde estão?Cipaio - Todos nós nos separámos em 75, outros foram-se embora daqui!Tempo- O que você pensa da justiça da FRELIMO. do povo moçambicano?Cipaio - Não posso mentir, O povo não fez mal nenhum e estou aqui a viverbem.Não sei o que será o futuro.Tempo - Mas você está arrependido do que fez no tempo colonial? Você podiaestar num centro de reeducação mas está aqui livre no seio do povo. Você estáarrependido do que fez?Cipalo - Eu sinto muito, sinto de mais porque quem Morreu aqui foi um irmlomeu, um primo meu, um tio meu. Foi uma ordem que me deram ali e eu não sabianaquele momanto como fazer, Mas sinto muito.

sablamos para que eram as armas. Êramos cerca de 10 cipaios ali dentro. ogovernador depois disse para sairmos com as armas ló para foras.

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Entretanto pouco depois o governador saiu também para fora com a bandeiraportuguesa na mão e foi até ao sití do posto e mandou içá-la. Novame1te o CipaioChipakalia confirma os pormenores já por nós ouvidos da boca de outrossoltreviventes ao dizer:---Então o governador deu ordem à populaçã para levantar-se para saudar abandeira portuguesa. O povo como recusava, não queia aquela bandeira, não selevantou. Daquela muita gente que estava ali tinha só levantado uma mulher, maso povo começou a f~rWr pouco e a assobiar e ela sentou-se outra VeZ»- «Quando acabou o serviço da Bandeira o Faustino Vanomba e o Kiblrlteestavam na varanda da administração e foram chamados logo depois para dentroda casa» - conclui o cipaio.O «DIÁLOGO» A PRSAO E AORDEM DE FOGOAcontece que antes de Vanomba e o Kibiriti entrarem dentro de casa váriossobreviventes incluindo aqueles dois representantes contam que o governadordirigiu-se à popula . Tiago N'Papaluka, por exemplo narra este episódio daseguinte maneira:«Então o governador disse 'nós vamos alar um pouco. Primeiro vamos falar umpouco sobre produtos. O preço do produto. Nós vamos aumentar os preços, Opovo disse que nós não viemos aqui resolver o preço do produto, isso não é nada,queremos falar das coisas daqueles representantes ali'. O governador disse 'não'.Primeira coisa vamos alar isto e depois vamos falar com aqueles ali'. O Povo disseque 'não, não, o produto trabalha-se seis meses, nós não viemos aqui pedir preço,vocês sabem desde hd muito tempo que o preço do produto é muito baixo, nãoquiseram resolver naquele tempo e querem resolver hoje? 'Voc& quem tapar estaconversa que os nossos representantes trouxeram, eles estão ali'. Foi então que ogovernador chamou o Kibiriti e Vanomba e entrou dentro da administração comeles».É fácil imaginar-se a conversa que o Governador teve com os responsáveis daARU na presença do administrador de Mueda e outros chefes de posto dentro daAdministração. Todavia ouçamos o próprio Vanomba recordar o tal «d«Trngo».Antes, por, há que re-cordar que estes dois nacionalistas moçambicanos foram ouvidos 1separadamente, como se tratasse de um interrogatório policial. Aliás, nada maisera do que. iso como veremos:«0 Governador perguntou-me - por. que esta gente aqui? Têm papéis escrttos namão e nas camisas a palavra Uhuru. Eu disse 'Uhuru quer dizer independência,liberdade. As pessoas querem liberdade 'O Governador perguntou 'porque vestão na Tanzania eagora trouxeram aquela maneira de NYerere, porquê? Eu disse 'não trouxemaneira de Nyerere, eles têm a TANU, nós temos a MANU, não é igual. OGovernador então disse «eu nãoposso dar liberdade, porque vocês não têm estu-'do, como é que vocês hão-de governar o pais? Eu disse 'este pais deixa assimcomo estd, mesmo que não temos estudos deixa como está e a gente hd-deprocurar maneira de governar o pais, assim como antigamente antes de vo. .cês -entrarem nós govern#vamos nós próprios. A gente quer assim».

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O governador dise então 'vocês são malandros. Não temos mais conversa comvocês agora ficam presos'.Lá fora, entretanto, uma chuva miu dinha e depois ligeiramente mais fortecomeçou a cair, mas ninguém arredava o pé dali. O povo estava reunido desdemanhã cedo e já eram cerca das 15 horas da tarde. Não tinham comido durante odia, mas era bom sacrificar-se pela liberdade.Entretanto, o governador sai para a varanda e atrás dele Já amarrados o Vanombae o Kibiriti. O Governador diz à multidão que ele3 estão presos e serão levadosnum carro. Um «Land-Rover» aproxima-se de facto do terreno junto à' varandapara tr sportar os presos. A multidão enfurece-e e diz que «Mnguém vai preso, ouentdo vamos nós todos aqui. Jovens e velhos Juntam-se perto do «Lapd-Rover» enão deixam que os presos Pntrem nem que õ carro parta. O Cipaio Ernestoconfirma que «a poPop~o agarrou o carro e ndo deixou sair e começaram a lançarpedras para a varanda onde estava o governador e os chefes de pos. to. Eutambém estava ali e apanhei uma pedrada (apontou-nos a testa com a marca aindavisvel da pedrada). É- Cristiano NIPapaluka que estava a pouco "passos davaranda da administraço que nos narra o que aconteceu exactamente depois: «0primeiro tiro foi, dado por um cipaio de nome Kachmul~ ele deu um tiro para oar. Outro ipaio ao lado apontou a arma para um velho de nome KaãdurLFoi o primeiro a cair morto. A população protestava mais contra isto mas não saiadali, o mesmo clpaio apontou a arma para o Joo Nankaah e matou logo também.Qando mataram o João então todos os cipaios e os chefes de posto e secretário daadministração que estavam na varanda começaram a fazer fogo contra o povo. Ochefe de posto de 'NGapa' (Moclmboa do Rovuma) que tinha metralhadorapequena era o que matava mais povo. Não me reçordo do nome deste chefe deposto. Quando estava quase a acabar o fogo havia ld um cipaio de nomeLanguende este cabo apontou a arma para mim mas a bala não me acertou e ogovernador deu ordem para acabar--com o fogo e então esse cipaio virou a suaarma e bateu-me na cabeça e nas costas com a coronha da arma».Muitos destes sobreviventes foram unânimes em afirmar que a tropa estavaescondida e começou logo a disparar quando começou o tiroteiro. As tropasdispararam com metralhadoras e só assim se compreende o número elevadissimode vitimas deste massa cre.Muitas outras pessoas vieram a morrer dias 'mais tarde devido aos feri mentosrecebidos. Arrastavam-se feridos e morriam pelo caminho ou em suas casas, se láconseguiam chegar. O cipaio Ernesto afirmou depois que os portuguesesmandaram abrir uma cova muita grande não muito longe da administração paraenterrar os cadá veres. Foi também este mesmo cipaio que 15 anos depois indicouaos comba tentes da FRELIMO o local exacto on de foram enterrados os corpos.Vanomba e Kibiriti foram entretanto levados presos para Moclmboa da Praia, duipara Pemba (então Porto Amélia) e em seguida para o Maputo onde foramjulgados e condenados a vários anos de prisão findos os quais foram enviadoscom residncia fixa para Mambone e Inhambane respectivamente.TTEMPO n.° 350 - pág. 48

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SOWETO:BAD O 16 DE JUNHOAlunos de escolas primárias do Soweto constroem barricada.Uma nova geração sem medo.A diferença substancial entre o 16 de Junho de 1976 no Soweto (Africa do Sul) eo 16 de Junho de 1960 em Mueda (Moçambique) reside no facto de no primeirocaso ter havido condlções muito concretas para a revolta popular se seguirimediatamente ao massacre. Com efeito em Mueda não havla essas condições e só4 anos mais tarde (25 de Setembro de 1974) o povo moçambicano inicia aquelaque viria a ser a derradeira etapa da resistência ao colonialismo português: aguerra popular prolongada.De resto ambos os massacres revelam, em toda a sua amplitude, a resposta dopoder fascista e racista à reivindicação mais elementar de um povo: odireito de poder determinar o seu próprio destino, Não é o facto de os doismassacres terem ocorridc numa mesma data que une os dois povos em causa.1 sosomente realça na consciência popular o mútuo co nhecimento dos sofrimentospor que dois passaram i luta paralela contra um inimigo que em muitos as pectosfoi o mesmo: a aliança colonialismo portu guês/Apartheid ontem, e hoje a aliançaentre o apaw theid e o imperialismo que continua a travar a liber tação total dosub-continente africano.Essa unidade de dois povos ao nível de processo histórico - cujas ramificaçõesatingem não só a Afr ca do Sul e Moçambique mas também toda a AfriaTEMPO n. 350 - pág. 50ulý

Austral-necessita de ser elevada ao nível mais alto da unidade ideolôglca eorganizacional a fim do que amplie e consolide o internaionalismo militantedesses povos, internacionalismo esse que é a arma mais poderosa dos povoscontra o imperialismo, o seu inimigo permanente. Desse modo a unidade actualentre os Povos moçambicano e ZimbabweaaO tem to,das as eondi~ para seestender a uma unidade tão consequente entre os povos moçambicano e sul-afriIÉpois nesta perspectiva que aqui recordamo hoje o que aconteceu a 16 de Junho doano passado no Sowe, a maior cidade-dormitório para negros da Africa do SuLCarros blindados da polícia sul-africana preparando-se para entrar no Soweto.A mais desigual das lutas.QUARTA-FEIRA, DIA 16 DE JUNHO DE 1970Ás sete da manhã cerca de 15 mil estudantes das escolas primárias e secundáriasdo Soweto preparam-e para marchar até ao estádio desportivo de Orlando situadono centro do «township».'Â medida que percorrem as ruas que compõem osdiversos bairros do Soweto os estudantes fazem apelos a outros estudantes para sejuntaram a eles e-entoam palavras de ordem e canções do ANC. Nos cartazespodem-se ler dísticos de contestação contra a imposição governamental deinstituir nas esco-las para negros o «Afrikaans» como lingua base para todas as disciplinas.O reitor de um dos liceus que se havia esvaziado de estudantes chama a polícia.Pouco tempo passa até que os estudantes saibam disso. Um deles dirige-se à

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multidão nos seguintes termos: «Irmãos e irmãs, soubemos que chamaram apolícia. Peço-vos que se mantenham calmos. Não façam nada aos policias. Nãoqueremos violência».A meio da manhã chega a polícia. Mais de 300. Põem-se em frente do liceu deOrlando ocidental onde seis semanas antes começara primeira onda de grevesestu-Hector Peterson, 13 anos de idade. O primeiro mártir~sntis. A duas centenas de metros mais de 15 mil estudantes aguardam sem noentanto fazerem algum gesto de ataque à policia.«Pensávamos que a polícia nos ia tentar dispersar co4i os altifalanteo ou quetalvez falassem connosco. Em vez disso os policias continuaram a falar entreeles», diz mais tarde o estudante Barney. 1 também Barney que descreve osmomentos seguintes: «Um policia atirou uma bomba de gás lacrimogénoo para omeio de nós. Pensávamos que era uma bomba e fugimos. Quando vimos o gás asair voltámos». 2 ainda Barney que explica o primeiro tiro: «Um polícia emuniforme apontou a sua pistola para o meio dos estudantes da frente. Um colegameu gritou: Olhem ele vai matar o miúdo».0«miúdo» era Hector Peterson, o primeiro mártir de Soweto.Segue-se o mapsacre. A polícia dispara para todos os lados e os estudantesreagem atacando ós policias com pedras e paus.Samuel Nzima dó jornal «The World» descreve o que viu:»O primeiro tiro foidisparado antes de os estudantes terem começado a atirar pedras à polícia. Emseguida foi o caos total. Os jovens corriam em todas as direcções atirando pedrasaos polícias».Em poucos minutos aquilo que começara com uma marcha de protesto pacificaganhara as dimensões de um levantamento. Por todo o So Reto corria já a noticiados assassinatos às mãos da polícia.TEMPO n.- 30 --- pág 51

Polícias espancam um jovem em Cape Town.A revolta em todo o pais ainda as chamas do Soweto se não tinham apagado.Assim pelas ruas do «Getto» inicia-se o assalto a todas as manifestações físicas doapartheid. As administraes banto, os correios (só para negros), as lojas de vendade bebidas alcoólicas, e mesmo as escolas são apedrejadas e algumas incendiadaspor estudantes enfurecidbs pela morte dos seus companheiros.Ao meio-dis a polícia aparece reforçada e reinicia-se o massacre, agora commuito maiores proporções. Alf Kumalo, repórter fotográfico do «Sunday Times»descreve uma das muitas cenas daquela hora: «Os estudantes cercavam os políciase apedrejavam-nos de todos os lados. Depois mais tiros. Lembro-me de olhar paraos miú-Elemento de uma unidade para-militar, disparando sobre manifestantes.A resposta governamental às reivindicações populares.TEMPO n.' 350 -pág. 52

Ao' lado: Vista aérea parcial de um dos bairros do Soweto. Ã esquerda, naestrada, filas de manifestantes.

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Policias com mdscaras de protecção cpntra o gas lacrimogéneo. A verdadeira facedo racismo.dos nos seus y~mes escolares e pensar até quando poderiam resistir à polícia. Derepente um rapazito caiu ao meu lado. O que mais me impressionava era o factode os jovens parecerem ignorar totalmente o perigo que corriam. Continuavam acorrer contra a policia, ora baixando-se ora zigue-za" gueando. Comecei a tirarfotografias do rapazito que morria a meu lado enquanto companheiros seustentavam parar o sangue que lhe saía da boca».Ao princípio da tarde o Soweto é um imenso campo de batalha. Metralhadorascontra pedras na mais desigual das lutas só possível onde o desespero já substituiuo mínimo sentimento de preservação da vida. A palavra de ordem <Te-mos tudo a ganhar e nada a perder» gritada tantas vezes por oprimidos de todo omundo era ali no Soweto aplicada em toda a sua plenitude.Entretanto chegam as primeiras unidades especiais da polícia trei-' nadas nocombate aos levantamen-, tos urbanos. Às 3,30 uma unidade de 55 homenscomandadas pelo coronel Theunis Swanapoel entra no Soweto. (Este oficial sul-africano é conhecido pelos presos políticos sul-africanos de todas as raças como o«Demónio Vermelho» devido às torturas que aplicava durante os interrogatórios.Os seus métodos de tortura tornam-se famosos nos primeiros anos da década desessenta particularmente junto dos presos de Robben Island).O coronel avança com os seus homens e apanha uma multidão de cinco miljovens perto do liceu de Orlando. Morrem mais alguns estudantes às mãos dopróprio coronel. No meio dos confrontos os estudantes apoderam-se de um políciabranco e outro negro e guardam-nos como reféns.NestA altura adiantada da tarde já os estudantes haviam começado a organizar adefesa do Sowetó. Camiões e machimbombos (estes da companhia privadaPUTCO) são incendiados e servem de barricadas contra a entrada dos polícias.Neste primeiro dia a polícia cerca o Soweto enquanto mais forças policiais e para-militares são enviadas para as suas ruas.Quando a noite cai o Soweto parece uma cidade em chamas. Nas suas ruelasjazem centenas de corpos de estudantes assassinados no maior confronto entre opoder ra« cista e as massas de que há memória nas últimas décadas. Um novaetapa da história da África do Sul era iniciada. Em menos de uma semana arevolta do Soweto estendia-se a todo o ýaís.Hoje, um ano mais tarde, novas man"UtaSes se preparam nas «toWhohips» daÁfrica do Sul. A. políla já foi alertada.TEMPO n.* 350 - pág. 53

.MAPAI: A ESCALADA DA AGAA semana passada jornalists nadomas e est aeiros estiveram na vila, de Mapai-ioonde recolhe ram as informações referentes à t grande ofensiva rodesana contraa ProvincJa de Gaa ocorrida entre os dias 29 de- Mao e -2 de Junlto. Pelo que aosfoi dado ver e pelos esclare~n mts prestados por resposivel das FPM ao local mionos foi difícil refora, a conclumuo de que: 1) O exército rodesla~o amnentaprogressivamente os seus ataques a alvos ecomimcos no nosso país,TEMPO n.° 350 - pág. 54

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ESSÃOalguns dos quais de carácter infra-estrutural e par tso de extrema importância parao dia a dia das populações (transportes, vias de comunicação, postos de venda degéneros alimentícios, etc.); A intenção política global é logicamente tentar.desmobilizar essas populações e o Povo moçambicano em geral no respeitante aoapoio que dá aos combatentes zimbabweanos.2) Aumentam também as provocações directas às FPLM para as levar a atacar oregime de Smith lá dentro da Rodésia ou para provocar a entrada de países amigosde Moçambique na guerra. Quer uma quer outra aponta para o facto de Smithquerer internacionalizar o conflito com vista a arranjar um pretexto «válido» paraa entrada maciça do exército sul-africano em Moçambique;3) Os soldados rodesianos continuam a não mostrar o mínimo de escrúpulos emrelação ao factor população civil Homens, mulheres e crianças indefesas sãoassassinados quando não conseguem fugir dos locais onde se desenrolam oscombates. Desta vez foi Tete a província mais atingida neste aspecto.Como fiícou o hangar de machimbombos da empresa Ngalade Mapal-rio d e p o i s dosbombardeamentos.Dezenas 'de milhar de contosde prejuízo.Mapai rio está completamente destruída.Mal entramos na vila sentimos. o cheiro característico da carne putrefacta. Essecheiro provinha dos currais onde mais de cem cabeças de gado da população e da«Libombo Comercial» (bois, vacas, cabritos, e porcos) jaziam mortos e aapodrecer. Quando as tropas rodesianas ocuparam a vila metralharam todo o gadoque conseguiram encontrar. Este método de provocar a fome na zona foiestendido à cantina e Loja do Povo que foram pilhadas e depois destruidas pordinamite. O mesmo aconteceu a um celeiro de milho que continha váriastoneladas desse produto básico da dieta alimentar das populações.As casas de cimento da vila foram quase todas dinamitadas. No ataque de 26 deJunho do ano passado os rodesianos destruiram mui tas das casas de alvenariamas essa destruição foi parcial porque não tinham material adequado para umadestruição completa. Desta vez algumas das casas foram pura e simplesmentearrasadas por fortes dispositivos de dinamite. Não ficou tijolo sobre tijolo. Nem ohospital e o posto de pri melros socorros foram poupados. A escola primária foimetralhada por fora e por dentro.Importa aqui focar que desta vez os rodesianos chegaram ao pormenor de roubar até as torneiras das casas.Sobre a empresa de transportes «Ngala» nada ficou que se apro veite. Quandoentrámos na parte central da Vila deparámos com um espectáculo desolador: ohangar da empresa e cerca de vinte veículos completamente destruidos (machimbombos, Jeeps, camiões, ca mionetas e caterpillars). Para os destruir foiusado o mesmo método que para as casas: dinamite. Um autocarro da empresaassim como um camião DAF e um To yota foram roubados pelos rode sianos. Deigual modo roubaram diverso material das oficinas da «Ngala».

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Por agora é impossível saber o montante exacto dos prejuízos materiais causadosmas cremos que devam ultrapassar os cem mil contos além do que um trabalho deressuscitamento da vida dentro da vila vai ser extremamente árduo. A maior partedas populações vive em redor da vila, no mato, e tem uma actividade económicaainda de subsistência. Portanto podem continuar a viver lá, já que as tropasrodesianas não ousaram dispersar-se pelo mato com receio de serem emboscadaspelas FPLM. As suas palhotas continuam por isso intactas e as suas machambastambém. Por outro lado perderam toda a assistência que tinham dos serviçosprestados pela vila. Na aíTEMPO n.° 350 -pág. 55

tura do ataque até já havia sabão e a cantina como a Loja do Povo estavam muitobèwabastecidas de produtos de primeira necessidade. Nós próprios vimos muitagente da população a voltar doý pontos vizinhos onde se tinham refugiado duranteos combates e portanto cremos que a vida vai continuar naquela zona mas norespeitante às pessoas que viviam dentro da vila é difícil nesta altura dizer sevoltarão ou não já que quase tudo que tinham já não existe. Resta acrescentar quetoda a zona vai ser afectada principalmente no que diz respeito a transportes. Acom.panhia «Ngala» era praticamente a única que fazia transporte de ,passageirosdá região, transporte esse que agora deixou também de existir.RACISTAS AO ATAQUENa manhã do dia 29 do mês passado cerca de mil soldados d o exército rodesiano( d o i s batalhões) penetraram em Moçambique na zona de Chitanga eavançaram ao longo da estrada que liga Mapai-Estação à vila Eduardo TEMPO n.'350 - pág. 56

e- se De 5e eo Imgn do -.ã de trnpres (dsc7o ýaýj8a ,MondIane (ex-Malvérnia). Apesar de virem fortemente armados (artilhariapesada) e protegidos pela aviação não conseguiram escapar a algumasemboscadas feitas por patrulhas das FPLM estacionadas na vila EduardoMondane. Entretanto o comando de Chicualacuala avisou Mapai de que osrodesianos avançavam para aquela zona e nas duas Mapais s FPM e MilíciasPopulares organizaram a retirada de todas-as populações para zonas afastadas nomato.Depois algumas horas de resistência das FPLM em Mapai - Estação, esta vilaferroviária foi ocupada pelos rodesianos que nos combates perderam 4 dos seussoldados (número confirmado). Enquanto cerca de duas centenas deles ficavamem Mapai-Estação a destruir a linha férrea o grosso da coluna avançava paraMapai-Rio com peças de artilharia pesada e precedidos pela aviação (três jac-tos bombardeiros e um caça «Mirage». Ainda no dia 29 caíram duas primeiras deuma série de bombas de 500 quilos perto do campo de aviação na margem decá do rio Limpopo. O objectivo dos rodesianos era danificar a pista de aterragempara não permitir a vinda de reforços para as FPLM por via aérea.No dia 30 os rodesianos atingiram o segundo campo de aviação de Mapai-RiÒque fica a cerca de sete quilómetros da vila. Aí as F PLM emboscaram o inimigoque sofreu três baixas. Crê-se que dois deles tenham sido enterrados perto da

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pista. Quanto ao número de feridos disseram-nos que não era pos sível determinarquantos foram.MapaiRio foi ocupada no dia 31 depois de constantes bombardeamentos aéreos ede artilharia pesa da. No dia seguinte passaram por Mapai-Rio dois jactosbambardeiros em direcção ao sul de Gaza. O

Gado metralhado pelos soldados rodesianos.objectivo principal era destruir a ponte de ligação em Niza que fica a cerca devinte quilómetros da Aldeia da Barragem.Esta ponte, que liga a Aldeia da Barragem a Mabalane, não foi destruida porqueas bombas caíram ao lado. Á vinda os jactos metralharam um camião quetransportava gasóleo na estrada de Mabalane o condutor conseguiu escapar ileso,bombardearam uma cantina da localdade de Mpuzi e destruiram a linha férrea emCombommu ne, locãlidades situadas, respectivamente, a 50 e 100 quilómetros aosul de Mapai-Estação.Combommune, que tinha apenas uma patrulha de seis elementos das FPLM, foitambém alvo das tropas terrestres rodesianas. Estas vie-ram a Mapai-Estação transportadas em blindados e destruiram parte da estação. Avolta minaram a estrada que liga essa localidade Mapai-Estação a fim de impedira vinda de reforços para as FPLM.A retirada dos rodesianos processou-se a partir do dia 2 de manhã. Em Mapai-Riofomos informados de que se esperavam noticias sobre combates na região deChicualacuala na medida em que o mais provável era os rodesianos sereminterceptados na sua retirada nessa região.AVIÃO NA MIRADAS FPLMAs 5.30 tarde do dia 31 um avião de transportes rodesiano aterrouna pista de Mapai-Rio que fica entre esta vila e Mapai-Estaçãp. Entre as árvoresque ladeiam a pista encontravam-se três elementos das Forças Populares queaguardaram que a avião carregasse todo o material transportado de Mapai-Rio atéali. Depois do carregamento entraram quinze homens no avião, possivelmente osoficiais que comandaram as operações além do pessoal técnico do avião. Quandoo avião já ia a levantar voo um dos três elementos das FPLM disparou a suabazooka contra a parte central do avião. O resultado foi uma grande explosão quedeve ter morto os ocupantes do avião instantaneamente. Quando visitámos a pistavimos pedações do aparelho a mais de duzentos metros do localI

onde ele explodiu. Quanto às pessoas que se encontravam lá dentro nada restadelas senão cinza. A carbonização foi completa. Uma pistola calibre 9identificava como oficial o elemento que a usava; de assinalar que esta perda deoficiais é bastante grave para o exército rodesiano na medida em quea morte deum deles equivale à morte de muitos soldados. Por outro lado isso causa grandedesmobilização no seio dos colonos.Depois da explosão as dezenas de soldados rodesianos que se encontravam napista abandonaram-na apressadamente deixando nela o material que o avião lhes

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trouxera de Salisbúria: duas baterias de carro e um pneu sobressalente entre outrascoisas.Os três elementos das ForçasPopulares ainda conseguiram lançar alguns obuzes de morteiro pa ra o lado ondese encontravam os rodesianos mas não sabem se ma, taram ou feriram algum.PERDAS HRUMANAS.Durante os combates só um elemento das FPLM perdeu -a vida. Dois outrosmorreram quandoEstilQaços (e uma aas varias oomoas ue ouu tmos ançaaas pelo 1nzmigoTEMPO n.° 350 -pág. 59

Interior do pequeno hospital depois do ataque.Um inimigo sem o mínimo de escrúpulos. TEMPO n.° 350 - pág. 60transportavam feridos civis num Jeep. Desses civis dois homens, uma mulher euma criança foram idortos na emboscada em que caiu o J~p. Um civil e umelemento das Forças Populares conseguiram escapar.Quanto a feridos há a registar alguns das FPLM (sem gravidade) e uma mulher euma criança. A mulher caminhava perto do campo de aviação com o seu filho jádepois da retirada dos iodesianos quando pisou uma mina deixada por eles. Elaficou sem a parte inferior da perna esquerda e a ciiança ficou ferida pelosestilhaços da mina. Pouco depois de termos chegado a Mapai-Rio a múlher e aiança foram transportadas para Mabalane num Jeep das FPLM.

Ao lado: Resultado da de2!;' !çào com dtnamite.Desta nova ofensiva do regime racista de Salisbúria contra Moçambique - a maiordesde a ofen. siva contra Tete em Novembro do ano passado - importa salientaralguns aspectos.Pela primeira vez a aviação inimiga usou um «Mirage», avião que atinge cercade 2500 quilómetros por hora. Este caça faz parte de uma esquadrilha de seis queSmith recebeu recentemente da África do Sul, o que é o mesmo que dizer, daFrança através da África do Sul.Pela primeira vez os rodesianos lançaram bombas de quinhentos quilos cujosefeitos são altamente destrutivos e que, por exemplo no Vietname, causaram amorte demuitos milhares de pessoas. Estas bombas são caríssimas e só potências altamentedesenvolvidas a s podem fabricar ou comprar. Perguntamos: quem as forneceu aIan Smith?Também pela primeira vez a for ça aérea do inimigo penetrou e bombardeouzonas na parte sul de Gaza numa autêntica indicação de que está disposto a irmais ]on ge na sua estratégia altamente irTEMPO n., 350 - pg. 61Duas armas do inimzgo.A pistola revela que o seu portador era oficial.

responsável de querer a todo o custo internacionalizar o conflito que o opõe aopovo do Zimbabwe O regime de Smith sabe hoje que a FRELIMO está adesenvolver um grande trabalho de modernização das FPLM, modernização essa

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de importância vital para a defesa do pais; um pais com mais de dois milquilómetros de frontei. ra com regimes racistas e agressores que não pode serdefendido com os mesmo métodos e armas TEMPC n.' 350 -pág. 62 1 .que foram usados durante a Luta de Libertação Nacional. Portanto é de esperarque Smith venha a escalar ainda mais a guerra para que Moçambique abandone apresente estratégia de conter a guerra. Para já, Smith provocou recentamente aZâmbia dizendo que poderá retirar aos zambianos a energia do Lago Cariba que écontrolado por Salisbúria.Para além das informações já divulgadas sobre os ataques a Te-te na altura em que se processava a ofensiva contra Gaza não temos ainda umadescrição pormenorizada do que aconteceu naquela Província. A questão quequeremos levantar aqui refere-se à perda de material de guerra do exército ro-ACÇOES DOS COMBATENTESZIMBAB WEA NOSEnquanto os rodesianos preparavam os seus ataques às provin<ias de Tete e Gaaros combatentes zimbabweanos lançavam novas ofensivas dentro da Rodésia.Assim no<) dia 21 do mues passado, três dias antes do primeiro ataque aéreorodesiano a Tete, os guerrilheiros da Frente Patriótica fizeram um número deoperações em várias regiões do pais.Em Mount Darwin um avião de transportes rodesiano (Dakota) foi abatido pelosguerrilheiros. Nesse mesmo dia abateram um helicóptero do exército rodesianoperto de Grand Reef que é a maior base operacional dós rodesianos no leste dopais. Ainda a 21 do mês passado dois aviões gLYNX» foram abatidos no sudeste,mais especificamente, na área de Chirendzi.No dia ( deste mês um incidente a 90 quilómetros de Salisbúria confirmou atáctica dos combatentes que é cercar progressivamente as cidades princi>ais: aponte da linha férrea que liga Salisbúria í Umtali, perto da vila de Gatuma, foidestruída pelos guerrilheiros do ZIPA.No dia seguinte foi atacado o complexo hidro-eléctrico do Lago Kariba quefornece energia para toda a Rodésia incluindo a capital a qual ficou 24 horas semenergia eléctrica.Todas estas operações seguem-se à destruição da base Ruda, unia das maioresbases do exército rodesiano, que ficou completamente destruida tendo dozesoldados rodesianos perdido a vida. O ataque foi feito em Abril e para ele o ZIPAusou cerca de duzentos iomens e artilharia pesada.

Filha da mulher que ficou ferida pelos estilhaços da mina.lesiano nesta sua última agressão &o nosso país. Perder quatro iviões, umhelicóptero e pelo meNos 22 soldados (alguns deles ofiiais) - de Tete ainda, nãohá inlOrmação referente a este assuntoem auatro dias é um golpe bas-tante duro. No entanto a pior derrota de Smith foi política. Todo o mundo,incluindo os países ocidentais, foram unânimes em condenar esta, agressão, Osdiplomatas ingleses e norte-americanos que se encontram em contactospermanentes com as várias partes do conflito rodesiano tornaram públicasemelhante condenação dizendo que ela poderia perigar as futuras negociações.

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Mas o que importa registar aqui é o facto de que os países ocidentais,nomeadamente os EUA, a França, a Inglaterra e a Alemanha Federal não seilibam de todas as acusações que pesam sobre eles com recriminações verbais aoregime de Smith. Isso sabe demasiado a hipocrisia já que alguémveja nelas algum sentimento de respeito pelos povos da Africa Austral por partedos governos que dirigem essas nações.Por tudo isto torna-se cada vez mais claro que Ian Smith não cairá comrecriminações mas sim sob a força das arma8 dos combatentes zimbabweanos(ver caixa). E quando o Zimbabwe for independente, em Moçambique rejubilaráum Povo que dá um exemplo magnífico ao mundo do que é a uni. dade entre ospovos, rejubilará um Povo que nesta altura experimenta uma dignidade que os di.plomatas ocidentais que por aqui passam com planos e esquemas talvez nuncavenham a entender bem.e

"NIISMO": A NOVA fACI DA NEGRIIODENuma altura em que a República Popular de Angola é atacada a norte e a Sul pprforças solidamente aliadas ao imperialismo (Zaire e África do Sul); numa alturaem que no interior do pais se lançam as primeiras bases organizativas para areconstrução nacional; numa altura em que a direcção do MPLA preparaactivamente o 1., Congresso do Movimento para a formação do Partido, deVanguarda das classes trabalhadoras angolanas; em suma, numa altura em que oMPLA tenta estender a todo o pais o exercício diário da democracia popularconquistada pelas massas trabalhadoras angolanas com muito sacrifísico eheroismo, uma.tentativa de golpe de estado como 9 de 27 de Março último, nãopodia deixar de ser raccionária. Esse golpe, dada a presença de todos essesfactores, servia objectivamente os interesses do imperialismo; ou seja, a completadestabilização interna que possibilitaria a reentrada dos exércitos impèoialistas emAngola. Fosse qual fosse a cor ideológica dos seus protagonistas, um golpe deestado em Angola neste momento marcaria o fim do poder popular que as massastrabalhadoras angolanas vão construindo pouco a pouco.Se por um lado esta observação apon''a a globalidade contextual do fraccionismo«nitista» expondo-o na sua dimensão objectiva, por outro lado, ela não explica anatureza sócio-política e cultural daquilo que se optou chamar de «nitismo». Oque é então o «nitismo»?Outros mais conhecedores do que nós desta vastissima questão de lutas polib ticasem África sem dúvida darão uma resposta detalhada à pergunta, após a presentefase de estudo minucioso que se desenvolve em torno dos mecanismos do golpe eem tomo de todo o período- que o antecede, desde a luta armada contra ocolonialismo português até à vitória contra os exércitos imperialistas. No entanto,com os dadosique foram até agora revelados é já possível tirar algumasconclusões.Na tarde do dia 26 de Março, um dia antes do golpe, Lúcio Lera 1 aos mcrofonesda Rádio Nacional e da TeIbvisão um comunicado do Bureau Político do MPLAque põe a nu toda a actividade fraccionista (divisionista) do grupo de Nito Alves,quer ao nível do aparelho de estado quer ao nível dos orgãos de massas do MPLA.

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Uma das passagens desse comunicado sintetisa extremamente bem acomplexidade sócio-política, ideológica e cultural do frac-cionismo «nitista». Diz essa passagem: «Calda a máscara revolucionária, ficou adescoberto a ideologia pequena-burguese. trdbalista, racista e confusionista queinspirou todo o processo».Lembremos alguns factos.A 6 de Fevereiro de 1916 a direcção máxima do MPLA 6 obrigada & pro!bir umprograma radiofónico chamado í<Kudibanguela». Esse programa era controladopor Nito Alvas e através dele espalhavam-se em Angola os conceitos maisfundamentais da negritude; a negação de toda e qualquer cor que não a negra cujoparalelo na Europa fói, por exemplo, o Nazismo d' Hitler e o fascismo de Salazare Franco. A mistura sobressaíam exposições tribalistas sob a tese global dotradicionalismo africano. Tudo isso permanece nos panfletos a discursos de NitoAlvps-particUlarmente os discursos em público -e no dia do golpe a RádioNacional - enquanto ocupada pelos fraccionistastransmite palavras de ordemracistas e tribalistas através dos seus emissores em linguas nacionais. AgostinhoNeto caracterizou a essência cultural do «iitismo» poucos dias antes do golpequando afirmou que os fraccionistas consideravam «todo o branco um PIDE, todoo mulato um OCA (Organização Comunista Angolana) o todo o negro ummilItante consequente do MPLA».Portanto a questão do racismo á clara.Mas á volta dessa base cultural racista - e portanto marcadamente da direita -surge toda a complexidade terminológica aparentemente de esquerda que levouLúcio Lara a falar em »máscara revolucionária» e ddeologia... confusionista»,.Com efeito todos os planfletos e discursos da Nito Alvos são vestidos com aroupa dos termos revolucionários: poder proletário já, combate imediato áburguesia, etc... É. em suma, a direita racista angolana, a expropriar á esquerdarevolucionária, encabeçada por Agostinho Neto, a sue terminologia, aterminologia do Morxismo-Leninismo. Angola ganha a sua independência viradapara o poder popular. Toda a realidade do dia a dia das suas populações écaracterizada por um contacto com os termos (novos) da revolução. É pois essalinguagem, esm dia a dia, que Nito Alves vai buscar para encobrir o seu racismo ea sua ânsia de poder. É o populismo. Este populismo gnhla e. apoio da camadapequena-burguesa, flm<pen (desde,os m#rginais, bandidos aos desempre-, gados) e confunde certos sectores dooperariado. O apoio popular fica no en-I tanto muito aquém das expectativas deNito Alves como se viu no dia do golpe quando muito pouca gente' respondeu aos#pus apelos para irem para a frente do palácio do Povo.E q prática revela, melhor do que osdiscursos, todo o çonfusionismo ideológico com que Lilo Lera qualifica NitoAlvos.Primeiro, enquanto ministro da administrpção interna, manda prender todos oselementos da OCA e dos Comités Amilcar Cabral. Estas duas organizações,foram caracterizadas por um esquerdismo infantil e perigoso bastante acentuadona altura da independência quando os seus elementos andavam de fábrica emfábrica a exigir a luta aberta contra a burguesia ao mesmo tempo que a FNLA e o

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exército Zeirense avançavam pelo norte até 12 quilómetros da capital. Mesesdepois é o próprio Nito Alves que aplica a mesma linguagem psaudo-revoluclonária com glande frequência - se bem com intenções diferents-oe naaltura do golpe os seus homens abrem a cadeia de Luanda onde estão os taiselementos da OCA e dos C.A.C. Alguns sairam e outros entregavam-se poucodepois.Uma outra confusão: porque é queNito Alvas se rodeia de cidadãos portugueses com passado político poucocoerente? Em primeiro lugar, Cita Vales' que, segundo a agência noticiosaangolana (ANGOP) citando o ex-comíssrio político de Luanda implicado nogolpe., se gabava de militar no Partido Comunista Português e convidava outros afazer o mesmo. Depois Rui Coelho, anti- go estudante de direito, que segundo amesma fonte seria um dos principais mpntores ideológicos de Nito Alves ei teriamilitado no MRPP em princípio e mais tarde na UEC (União dos EstudantesComunistas) e no PCP. Por fim., Costa Mariins, que foi ministro do trab)alho emPortugal até ao quinto governo provisório. Estas ligações são as mais difíceis dedesvendar nos seus porquês e para qués mas não duvidamos de que o MPLA e opróprio PCP conseguirão em breve esclarecer todo o assunto. Em suma, é este oresumo analítico que nos propomõs fazer nesta altura sobre o fenómeno »nitista».Em África a negritude tem tomado várias formas. Esta é talvez a mais avançada, amaissubtil até hoje registada.

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