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The Hollow Jessica Verday

Série The Hollow

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Quando a melhar amiga de Abbey, Kristen, desaparece na ponte perto do cemitério de Sleepy

Hollow, todo mundoaceita rapidamente que Kristen está morta... e rumores dizem que sua morte não foi

acidental. Abbey passa pelos sentimentos de luto pela sua melhor amiga, mas secretamente, ela se recusa

a acreditar que sua melhor amiga realmente se foi. Então ela conhece Caspian, o lindo e misterioso garoto

que aparece do nada no funeral de Kirsten, e continua aparecendo na vida da Abbey. Caspian tem

claramente segredos sobre si mesmo, mas é a única pessoa que faz Abbey se sentir normal de novo... mas

também especial.

Apenas quando Abbey começa a sentir que pode sobreviver a tudo isso, ela descobre um segredo que a faz

questionar tudo o que ela achava que sabia sobre sua melhor amiga. Como Kirsten pôde ter mantido

silêncio sobre tanta coisa? E esse segredo poderia ter causado sua morte? Enquanto Abbey luta para

entender a traição de Kristen, ela descobre uma verdade assustadora que quase a destrói - um segredo que

vai desafiar o seu emergente amor por Cáspian, assim como sua própria sanidade.

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Prefácio

Eles disseram que ela tinha se matado. Todo mundo estava dizendo isso.

O que tinha começado apenas como um rumor sussurrou quietamente no recolhimento

das pessoas educadas, crescendo em direção a algo que era abertamente discutido em

grandes massas de pessoas descortês. Eu estava cansada de ouvi-los falando sobre isso.

Eles tinham me interrogado. De novo e de novo, tentando descobrir se eu sabia o que tinha

acontecido. Mas minhas respostas não mudavam. No entanto, nunca falhou – alguém

perguntaria novamente, como se de um dia para o outro, minha resposta fosse ser

diferente.

Eu não sabia, mas deveria... e isso esteve me assombrando desde então.

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Capítulo Um

Últimas Palavras ―Do repouso indiferente do local e do caráter peculiar de seus habitantes... este vale

isolado é há muito conhecido pelo nome de Sleepy Hollow.‖

— The Legend of Sleepy Hollow by Washington Irving

Era engraçado. Em tempos como esses, eu não deveria pensar em coisas sérias

sobre a eternidade, e na vida após a morte, e tudo isso? Com uma olhada nos pequenos

grupos formados ao redor da sala, parecia que era isso que eles estavam pensando. Cada

rosto sombrio refletia pensamentos religiosos, mas tudo que eu podia pensar era no

incidente de tingimento-de-cabelo pelo qual passamos.

Foi engraçado.

Eu acho que deveria estar pensando em todas as coisas que eu queria dizer. Todas

as coisas que eu não poderia dizer. E todas as coisas que eu nunca teria a chance de dizer.

Mas eu não estava. Era como se nada disso estivesse realmente acontecendo. Ela só estava

desaparecida desde 9 de junho. Sessenta e oito dias. Isso não é tempo o bastante para ela

estar... morta.

Você não pode ter uma visão do corpo se não há nenhum corpo.

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E alguém não pode ter realmente partido de sua vida para sempre se você não vê o

corpo. Isso funciona assim. Era apenas uma representação. Apenas mostrava o que

estávamos passando.

Eu estava encarando o caixão fechado ha bastante tempo, então alguém se moveu

atrás de mim. A mensagem era silenciosa, mas clara. ―Você teve sua vez. Agora mova-se.‖

Eu me movi.

Eu me pressionei o mais perto da parede o possível, tentando me misturar. Um

cheiro de mofo velho flutuava ao redor de mim, e reconheci o odor de flores após a

primavera. Como se a sala em si tivesse absorvido o odor em anos. Colocando uma mão em

minhas costas, eu estendi a mão para tocar o amarelado papel de parede. Era áspero

embaixo dos meus dedos, e cobria cada centímetro quadrado de uma sala que parecia não

ser arrumada desde 1973. Era horrível. A sala estava começando a encher, e eu me esquivei

para a esquerda. Aqui, o carpete cor de sopa-de-ervilha estava desgastado em diversos

pontos. Fotos velhas de pastores que guardavam seus rebanhos decoravam as paredes, mas

todos eles estavam com manchas d‗água e pendurados com um berrante fio dourado.

Porquê em todo o mundo, alguém escolheria uma sala como essa para amontoar

um grande grupo de pessoas? Esta deve ser sala mais feia que já vi. Um bingo seria mais

apropriado. Mas todas as vezes que pensei em escapar desta sala e de todas essas pessoas,

minha mãe captava meus olhos e me dava uma olhada. Aquele sinto-muito-querida-mas-

isso-vai-terminar-logo-eu-prometo olhar. O que significava que isso, na verdade, iria ser

muito demorado.

Especialmente desde que minha mãe e meu pai pareciam mais que felizes de

passar vinte minutos conversando com cada pessoa que entrava na sala. Então encarei o

horrível papel de parede... e o tapete desgastado... e aquelas pinturas de mau gosto...

Eu tinha que sair. Eu dei a minha mãe um sinal, ou pelo menos eu espero te passado algum

tipo de aviso, que eu estava escapando para uma caminhada. Ela não respondeu, mas como

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ela estava no outro lado da sala, ela não podia fazer nada para me impedir.

A porta mais próxima me levou a um corredor que terminava em um foyer em

frente a casa funerária. O foyer era velho e poeirento, e decorado com horríveis flores

falsas, e painéis de madeira falsos que cobriam a metade inferior de cada parede. Alguém

aparentemente tinha pensado que seria uma boa ideia dar continuação ao tema floral do

lado de fora, e havia colado hera verde nas paredes, o que era tão horrível quanto o papel

de parede de dentro.

Não era algo bom de se olhar.

Então eu vi um banco. A chapelaria próxima a ele estava cheia, mas o banco estava

vazio, e era todo meu.

De repente, eu não me importei com os feios painéis de madeira, nem mesmo com

a hera. Parecia silencioso lá no banco, e eu me sentei para contemplar quão legal era esse

alguém que tinha pensado em colocar esse banco ali, exatamente para mim.

Mas meus pensamentos foram interrompidos quando três pessoas saíram da sala

de exibição e começaram a andar em minha direção. Desde que o banco e a chapelaria

estavam posicionados perto da saída, eu esperei desesperadamente que eles estivessem de

saída.

Eu não estava com humor para forçar um sorriso e conversar com pessoas que eu

não queria estar perto.

Eles estavam vestidos de preto, uma maneira de parecerem adequados, tenho

certeza. Srta Horvack, a professora substituta, estava na direita, e eu notei que a Sra.

Kelley, a historiadora da cidade, estava na esquerda. Eu não reconheci a mulher que estava

no meio. Sleepy Hollow pode ser uma cidade pequena, mas isso não significa que eu

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conheço todo mundo que vive aqui. Seus sussurros barulhentos perturbavam o ar, e eu

tentei muito não ouvir o que elas estavam dizendo, mas eu desisti rapidamente quando

algo interessante chamou minha atenção. Eu me aproximei da ponta do banco para ouvir.

— tentando jogar ovos nos carros pela janela do banheiro. Onze e nove anos, eles

tinham. Onze e nove! — A grave voz da Srta. Horvack quebrou enquanto ela falava cada vez

mais alto.

— Mmm-hmm, — alguém murmurou.

— Graças a Deus eu estava lá para impedi-los. Depois de dez minutos eu abri a

porta e entrei para dizer que eles já tinham esgotado o tempo limite e eles precisavam sair

dali. Foi uma coisa boa eu ter feito isso, — ela resmungou, sua voz ficando mais excitada.

—Você não sabe; eles vieram atacando com os ovos, tirando eles de seus bolsos. Eu

fiquei espantada. Pasma, na verdade.

Sra. Kelley falava agora.

— Os pais não se importam mais, e isso é uma vergonha. Não respeitam seus pais e

não respeitam os idosos. Nenhum deles. Isso foi o que aconteceu com aquela garota

Kirsten, eu aposto. — Eu estava ouvindo mais de perto quando a mulher que eu não

conhecia juntou-se a conversa.

— Ela não tinha nenhum respeito para sua família. Eu ouvi que ela estava fazendo

todos os tipos de besteira, assim como seu irmão.

Os suspiros indignados das outras duas mulheres fundiram-se com meu silencioso

ataque de descrença. Kirsten nunca faria besteiras. Esta mulher obviamente obteve seus

fatos de uma fonte errada.

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— Foi provavelmente relacionado a drogas, — Srta. Horvack concordou. —Essas

crianças de hoje só tem feito besteira. Tudo pelas drogas. — Sra. Kelley expressou

fortemente sua concordância sobre ‗as drogas‘.

— E isso tudo se resume a que? — A terceira mulher fez uma pausa, e em seguida,

assumiu a conversa novamente.

— Nenhum respeito, como eu disse. Eles não têm respeito por nada. Que pena dos

pais dela.

Srta. Horvack e Sra. Kelley concordaram rapidamente, apontando severamente

mais razões para a óbvia queda da sociedade jovem.

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Quem eram aquelas pessoas para

espalhar rumores sobre Kirsten desse jeito? Todo mundo em Sleepy Hollow sabia que a

família de Kirsten nunca superou a perda de seu único filho por causa de uma overdose

oito anos atrás. Se havia uma coisa em que Kirsten nunca se envolveria, eram as drogas.

Cerrando meus punhos, senti cada unha penetrar na palma da minha mãe, e eu

tentei controlar minha raiva. Mas eu não podia aguentar mais. Aquelas mulheres estavam

erradas, e elas precisavam saber disso. Eu pulei para interrompê-las, mas então vi minha

mãe espreitando pelo corredor. Ela me viu também, e levantou uma sobrancelha.

— Aí está você, Abigail.

Eu conhecia aquele olhar. E aquela sobrancelha.

Eu encarei a Sra. Kelley e a Srta. Horvack diretamente nos olhos enquanto passava

por elas, para provar que tinha ouvido tudo que elas tinham dito, e para deixá-las sabendo

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que aquilo tinha me deixado muito irritada. Eles fingiram que não perceberam.

Quando eu entrei novamente na sala, fui ficar de pé com o meu pai. Ele colocou

seus braços em meus ombros, e foi bom sentir o apoio. A conversa que tinha entreouvido

corria pela minha cabeça, repetindo-se de novo e de novo. Eu queria confrontar aquelas

mulheres e fazer com que as lembranças delas fossem corretas. Dizer a elas o que pensava

das pessoas que falavam da Kirsten daquele jeito, e quão inapropriado era.

No fim das contas, pensei, eu só queria dizer que elas estavam muito, muito, muito

erradas. Ao invés disso, eu só fiquei lá olhando fixamente para o caixão.

A foto de Kirsten na escola, do ano passado, tinha sido colocada próximo ao caixão,

e me concentrei fortemente na foto, tentando sintonizar todos ao meu redor. A mãe dela

tinha me perguntado se podia usar uma foto de nós duas usando um grande chapéu idiota

e com grandes sorrisos patetas. Mas eu não tinha sido capaz de responder a ela. Eu

simplesmente não sabia o que dizer quando ela me perguntou, então eu acho que ela levou

aquilo como um não.

Olhando para a foto da escola, de repente desejei que tivesse dito sim. Deveria ter

uma foto de nós duas ali, mesmo que isso fosse somente uma encenação. Eu deveria ter

sido capaz de dar a Kirsten pelo menos isso. Todos aqui mereciam ver a verdadeira

Kirsten, não apenas algo tenso, colocado ao seu lado.

As pessoas ao meu redor começaram a curvar as cabeças e fechar os olhos, e

percebi que o Reverendo Prescott estava encerrando a noite com uma oração. Não

demorou muito, e quando ele terminou, segui minha mãe e meu pai pela sala para nossa

rodada final.

Os pais de Kirsten estavam muito emocionados, então nós apenas demos um

rápido adeus. Na verdade, eu estava um pouco aliviada, porque a última coisa que queria

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fazer era dizer algo terrivelmente inapropriado, como o quanto ia sentir falta da lasanha

que a mãe dela costumava fazer para mim.

O reverendo Prescott estava perto, junto com todos que estavam saindo. Isso

acabou nos dando vinte e cinco minutos para conseguirmos sair da sala, e nunca fiquei tão

feliz em ver um corredor. O trio ainda estava lá, só que agora tinham atraído mais pessoas.

Elas nem se incomodaram em parar de falar enquanto passava por eles, e suas palavras me

acertaram em cheiro.

— Coitadinhos

— É tão triste, ter que enterrar um caixão vazio.

— Eles provavelmente nunca vão achar o corpo.

— Se ela estava deprimida, então obviamente foi suicídio.

Eu me virei e lancei a Sra. Kelley e a Srta. Horvack outro olhar quando passei, só

que dessa vê eu acrescentei gelo nele. Me afastando, passei pelas pesadas portas da saída, e

pisei no lado de fora com mamãe e papai, e tentei deixar o ar da noite acalmar meu

temperamento. As portas ecoaram com barulho enquanto fechavam atrás de nós.

As fofoqueiras nem repararam.

Eu fiquei acordada naquela noite, deitada na cama, encarando o teto até que os

primeiros sinais da madrugada avançaram para meu quarto. Eu tentei me forçar a dormir

um pouco, mas não adiantou muito, e o nascer do sol não ajudou. O tempo ficou nublado e

opressor no meio da manhã. O funeral estava marcado para as 16h30min, mas depois do

almoço, eu não aguentava mais ficar dentro de casa, então peguei uma leve capa de chuva e

avisei a minha mãe que estava saindo para uma caminhada. Ela estava no meio de uma

discussão com o papai sobre imprimir folhetos sobre o funeral, então ela só sacudiu a

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cabeça em minha direção.

Eu estava do lado de fora antes mesmo dela ter a oportunidade de perguntar onde

eu estava indo, agradecida por ela não me fazer sentar e discutir meus sentimentos com

ela, ou algo parecido.

Não sabendo exatamente aonde eu ia, comecei a subir lentamente a ladeira que

fazia um caminho para longe de casa. Uma fria brisa soprou, e parei por um minuto para

vestir a capa amarela, mantendo as mãos dentro dos bolsos. Eu observei como o chão se

movia embaixo de mim, e não muito tempo depois, me encontrei no único cemitério em

toda a cidade de Sleepy Hollow. Ele esticava por quilômetros, e Kirsten e eu vínhamos aqui

praticamente todos os dias. Era nosso cemitério.

Passando pelos grandes portões de ferro que guardavam a entrada, meus pés

seguiram automaticamente o caminho que tomávamos quando vínhamos aqui. Eu fiquei

vagando pelo passado, através das colinas com suas árvores e arbustos, e parei em seguida

para dar uma olhada ao redor. Sempre tinha algo interessante para ver todas as vezes que

eu vinha aqui. Se era uma gravação recente em uma lápide, ou um brinquedo posicionado

em um túmulo, sempre era variado. Mas de vez em quando, algo anormal e estranho

aparecia. Algo que fazia você imaginar aquele item em particular tinha sido deixado ali, e

qual historia por trás disso.

Hoje era uma cadeira.

Uma cadeira antiga feita de ferro forjado com uma almofada no assento de

madeira repousava ao lado de um túmulo recente. A cadeira parecia estar esperando, como

se alguém fosse sentar nela para conversar sobre quem tinha sido recentemente enterrado.

Era inquietante e belo ao mesmo tempo.

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Hesitando brevemente, dei uma rápida olhada ao redor para me certificar de que

ainda estava sozinha. Não queria incomodar nenhum membro da família de luto que

pudessem ainda estar por perto. Então me desviei do meu caminho e fui até a cadeira,

tomando cuidado ao pisar no solo frouxo.

— Posso sentar aqui por um momento? — perguntei à sepultura fresca. — Eu

prometo sair se o dono da cadeira aparecer. — Um galho de uma cerejeira balançou para

cima e para baixo, e tomei isso como um sim. Cuidadosamente, limpei o assento e me

sentei. Vastos campos me cercavam por todos os lados, pontuados com pequenos pontos

de cor. Várias árvores de grande porte começavam a perder as folhas, e era um contraste de

cores vivas e brilhantes. O cemitério ficaria completamente deslumbrante quando o outono

finalmente chegasse e todas as folhas caíssem.

— Este é um lugar lindo, — eu disse baixinho, falando com a sujeira ao meu lado.

— Eu sei que você não está aqui há muito tempo, mas você vai gostar.

Uma gigantesca árvore estava posicionada atrás de nós, e sua sombra seguia todo o

caminho até a colina. Algumas de suas folhas estavam começando a mudar agora, e era de

tirar o fôlego. Eu tinha passado tanto tempo nesse cemitério que nem me sentia estranha

por estar conversando com um túmulo.

— Eu tenho uma amiga que vai ser enterrada aqui hoje, — eu continuei. — Não

aqui nesta parte, mas mais lá para baixo, perto da antiga capela. Espero que eles tenham

uma árvore lá para ela. Ela gostaria de ter uma árvore. Onde quer que ela esteja...

O vento aumentou e fiquei em silêncio. Ele uivava ao meu redor, fazendo um

estranho gemido. Era mais triste do que assustador, era como se o vento estivesse de luto

pela minha perda. E apesar de que essa coisa era apenas uma perda de tempo, eu

definitivamente senti como se tivesse a perdido. De certa forma, eu acho que saber que ela

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realmente estava morta teria sido mais fácil de entender. De certa forma, seria mais fácil

de lidar.

Algo brilhante chamou minha atenção de repente. Eu me inclinei para frente para

ter uma visão melhor. Era um pequeno trator em movimento ao longo de um dos

caminhos abaixo. Depois de alguns minutos, ele parou em frente a um toldo. Várias

pessoas estavam ao redor, e duas delas estavam segurando pás. Em algum lugar no fundo

da minha mente, eu sabia o que eles iam fazer. Eu também sabia que provavelmente não

deveria vê-los fazendo isso. Mas não podia me mover. Com a atenção fixada, assisti

enquanto eles começaram o lento processo de cavar uma sepultura. A escavadeira levantou

e abaixou suas pás várias vezes, voltando todas às vezes com uma pilha escura de sujeira.

Em seguida, os trabalhadores entraram com suas pás no buraco. Eu presumi que eles

estavam tirando o resto da sujeira. Aconteceu repetidamente, e continuei assistindo-os. Eu

deveria ter sentido alguma coisa. Raiva... Nojo... Tristeza. Mas não senti nenhuma dessas

coisas. Ao invés disso, eu estava hipnotizada. Quando eles terminaram sua tarefa, a

escavadeira recuou.

Os homens jogaram suas pás no chão, e começaram a colocar placas de metal no

interior do buraco. Quando terminaram, os trabalhadores montaram um toldo branco e

colocaram várias cadeiras ao lado do túmulo. Em seguida, carregaram as pás, entraram no

trator e foram embora. Foi incrível ver a transformação completa de um pedaço de terra

vazio para um lugar pronto para um sepultamento, e também doía um pouco entender

como tudo podia ser facilmente feito.

O vento gemia de novo e vários pingos de chuva caíram sobre minha cabeça. Eu

tinha perdido completamente a noção do tempo, e provavelmente deveria voltar para casa

correndo e me arrumar para o funeral. Pelo canto do olho, vi uma sombra negra se

movendo, mas quando virei para a direção que achei que a sombra tinha ido, não havia

nada lá. Voltando para a sepultura ao meu lado, eu levantei minha voz suavemente para

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ser ouvido sobre o barulho do vento. — Obrigada pela companhia.

Levantei-me da cadeira e fiz um aceno de despedida antes de ir embora. Antes de

ir, olhei mais uma vez sobre os meus ombros, mas a sombra já tinha sumido.

Foi quando o céu se abriu.

Grandes gotas de chuva caíram, batendo com força no chão. Eu enfiei as mãos

dentro da minha capa de chuva, para que pelo menos alguma parte do meu corpo ficasse

seca. Mesmo que uma parte pequena. O caminho do cemitério tornou-se escorregadio por

causa da água e da lama, e espirrou no meus jeans e nos meus sapatos. Infelizmente, eu

ainda estava muito longe da entrada, e mais longe ainda da minha casa. Eu não tinha nada

pela frente, a não ser um longo, molhado e miserável caminho de volta para casa.

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Capítulo Dois O Funeral

―Ainda ouvem-se cantos peculiares na igreja... Que dizem ser originados legitimamente

de Ichabod Crane.‖

— The Legend of Sleepy Hollow, by Washington Irving

Eu mal tive tempo de me secar e trocar a roupa por um vestido preto antes de

voltar ao cemitério. O funeral aconteceu dentro da Igreja antiga. E todos os bancos de

madeira estavam ocupados. No espaço restante só dava para ficar de pé. A cidade inteira

tinha aparecido. Enquanto o barulho da chuva tamborilava no vitral, o reverendo falava

firmemente. A maneira como ele falava de Kirsten a fazia parecer menos como a minha

melhor amiga, e mais como uma estranha que eu nunca havia conhecido. Era estranho e

desconcertante. Um fraco odor impregnava o salão, um cheiro familiar que vinha das

caldeiras acesas devido ao tempo cinzento e frio lá fora. Mexi-me desconfortavelmente no

banco duro, e encontrei meus olhos vagueando sobre a pintura que estava pendurada

acima da cabeça do reverendo. Retratava a cena que ficou famosa por Washington Irving,

mostrando o medo de Ichabod Crane, olhando por cima do ombro enquanto um

ameaçador cavaleiro sem cabeça galgava atrás dele. Eu tinha perguntado uma vez ao

reverendo Prescott o porquê a pintura estava na igreja, ele me disse com grande prazer que

preferia manter em vista as virtudes mantendo nossos olhos no Senhor quando o demônio

estava bem atrás oferecendo tentações. Quando ele terminou, eu me arrependi de ter

perguntado. De repente, o reverendo parou de falar e todos ao meu redor começaram a

levantar. Era hora da procissão final. As pessoas saíram da igreja em fila, uma por uma,

escondendo-se embaixo de guarda-chuvas, tentando ficar secos embaixo da segurança das

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telhas o máximo que podia. Mas era uma ação inútil, e logo eles aceitaram a derrota.

Eu segui meus pais enquanto eles seguiam a solene multidão que se movia

lentamente através dos túmulos. Apesar de a maioria tentar andar cuidadosamente pelos

caminhos traiçoeiros, a cada passo que davam um dedo ou calcanhar ficava preso na lama.

Eles chegariam sujos e molhados ao túmulo de Kirsten.

Escorregando pelo caminho molhado, andei afastada dos outros. Eu fui por um

caminho que não estava tão enlameado, mas a chuva escorria pelo meu rosto já que eu não

tinha um guarda-chuva comigo. Parecia um déja vu de mais cedo. Novamente fui pega pela

chuva. Quando cheguei ao local da sepultura, tive sorte de encontrar um pequeno lugar

desocupado embaixo da tenda, e fiquei ali, esperando silenciosamente. Os homens

carregaram o caixão até o cemitério, e depois o colocaram dentro da cova, no centro

daquelas placas de metal. Minha mãe tentou captar meu olhar, enquanto as pessoas iam

até a sepultura para dar seus sentimentos finais e falar algumas palavras. Ela continuou

fazendo um pequeno movimento com a cabeça, pedindo que eu fosse lá e falasse algumas

coisas, mas apenas sacudi a cabeça para ela. Eu não podia encarar essas pessoas. Não

agora e não desse jeito. Tudo isso era uma farsa, mas eu não podia ir lá e falar isso. Mais

pessoas subiram. Muitos chegaram a tocar o caixão, e um rapaz colocou uma única flor na

tampa. Surpreendeu-me quando ele foi à frente da multidão e disse simplesmente que ia

perder a chance conhecer Kirsten melhor. Seu cabelo castanho encaracolado era uma

bagunça, e seus olhos castanhos estavam avermelhados e lacrimejantes. Parecia que ele

estava pronto para começar a berrar a qualquer momento. Eu o encarei enquanto ele se

arrastava. Eu sabia que ele estudava com a gente e que seu nome era Brad ou Brett, mas

com exceção disso, eu não sabia nada sobre ele.

Então por que ele falava como se realmente fosse sentir falta de Kirsten?

Reconheci algumas outras pessoas da escola, algumas líderes de torcida, que falavam sem

parar das boas lembranças que tinham de Kirsten.

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Como ela tinha sido uma boa pessoa... Que eles iriam sentir muita falta dela... blá,

blá, blá. Tantas palavras inúteis. Eles não conheciam Kirsten realmente. Para eles, era tudo

sobre a atenção que iam receber. E então, tudo acabou. Uma última flor foi jogada, uma

última lágrima derramada, e o adeus foi dito, o serviço estava terminado e era hora de ir

embora. Um caixão vazio colocado sobre o chão duro e frio, era o que simbolizava a vida da

minha melhor amiga. Era muito inapropriado.

A multidão saiu rapidamente, enfrentando as poças de lama bravamente de volta

para seus carros. Eles haviam feito sua parte. Agora era hora de seguir em frente. Eu fiquei

onde estava até o último deles ter saído. Minha mãe e meu pai estavam andando com o

reverendo Prescott de volta para a igreja, e esperava que eles tivessem entendido que eu

precisava de um tempo sozinha. Para resolver algumas coisas.

Dando um passo mais para perto, eu me concentrei no caixão. Tudo tinha sido virado de

cabeça para baixo nos dois últimos meses. Eu não sabia que caminho seguir agora e não

tinha ninguém para perguntar. Isso fez minha cabeça doer, e senti como se nunca fosse

capaz de desvendar meus pensamentos. Mas acima de tudo, fazia meu coração doer.

Dentro do meu peito eu sentia um enorme aperto que parecia esmagar tudo que tinha lá

dentro. Um dia, eu não teria mais nada além de um buraco negro dentro de mim.

Uma breve explosão de luz captou meu olhar, e eu olhei para cima, afastando-me

temporariamente do meu sofrimento. O sol estava espreitando sob uma nuvem, tentando

valentemente aparecer através da chuva. Um raio de luz atingiu a lateral do caixão e

transformou uma sombra normal e incômoda em uma estrela.

Cada mancha de tinta era momentaneamente iluminada, mostrando a verdadeira

cor do caixão, um vermelho sangue vibrante. Eu sorri. Vermelho era nossa cor favorita. E

então, o sol desapareceu. Eu estendi a mão e toquei a tampa do caixão. Estava frio. Tão frio

que imediatamente agarrou minha mão. Eu quase senti como se estivesse me queimando.

Eu fiquei parada lá. Eu não podia dizer nada... Não em voz alta, pelo menos. Mas milhares

de pensamentos corriam em minha mente, e milhares de sentimentos explodiam

violentamente em meu coração. O tempo imitou minhas emoções. Um forte vento soprou,

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uivando em indignação. As bordas do toldo bateram com raiva nos postes de alumínio que

as apoiavam, e causou um horrível zumbido. Até a chuva batia com mais força,

ricocheteando amargura. E ai foi quando eu senti que tinha alguém me olhando.

Eu olhei através das lápides, das placas memoriais, dos mausoléus e das criptas.

Lá, ao lado de um enorme mausoléu construído na encosta de um morro, estava um

menino. Vestido em um terno preto, com camisa branca e uma gravata preta, e seu cabelo

era tão pálido que parecia quase branco. Suas mãos estavam apertadas na frente do seu

corpo e percebi que ele não tinha guarda-chuva e nem uma capa de chuva. Ele estava

completamente encharcado. Eu não podia dizer qual cor eram seus olhos, ele estava longe

demais para isso, mas ele olhou para mim e seu olhar prendeu o meu.

―Quem é ele? Será que ele conhece a Kirsten? Ou ele está aqui por outra pessoa‖

O vento continuava a uivar a minha volta, e a chuva martelou sobre o escasso

abrigo sobre minha cabeça. Quem quer que ele fosse, era louco por estar de pé do lado de

fora. Antes que eu pudesse pensar sobre isso, encontrei-me saindo da segurança do toldo.

Eu deveria falar com ele, eu pensei. Descobrir se ele estava aqui por Kirsten. Descobrir o

porquê ele está me encarando. Dizer-lhe que é doido por estar naquela chuva.

Mas o vento me empurrou de volta. A ferocidade foi tão repentina que eu

cambaleei para trás, buscando o poste do toldo como apoio. A chuva também não cedeu, e

gostas escorriam pelo meu rosto, deixando o mesmo caminho que lágrimas teriam

deixado. Com a cabeça erguida, agarrando no poste com toda minha dignidade, eu encarei

o estranho. Desafiando-o a se aproximar. Exigindo que ele não olhasse para mim com um

abismo em seu olhar. O vento sacudiu suas roupas e sacudiu seu cabelo em direção ao seu

rosto, mas ele ficou onde estava. Então ele abaixou sua cabeça ligeiramente. Algo me dizia

que isso era um sinal de respeito, então eu acenei de volta. Eu me virei para dar uma

última olhada no caixão atrás de mim. Conhecê-lo teria que esperar. Hoje eu tinha coisas

diferentes para pensar.

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A chuva começou a abrandar enquanto eu me afastava da sepultura. Avistei meus

pais falando com o reverendo nos degraus da igreja, e eu definitivamente não queria ficar

presa em nada disso. Movi-me rapidamente para o carro enquanto pegava o celular do

bolso e discava o numero da mamãe. Ela enfiou a mão na bolsa e olhou para o telefone

antes de dar um pequeno passo para longe do reverendo.

— Abbey? — ela disse distraidamente.

— Eu vou para casa a pé, ok mãe? — Mesmo à distancia, eu podia dizer que ela não

gostou da ideia. Um olhar estava se formando em seu rosto.

— Eu acho que você deveria vir com a gente na casa dos Maxwell, Abbey. Eles

passaram por um monte de problemas para organizar o encontro, e Kirsten era sua amiga,

então é apropriado que você esteja lá—

— Mãe — eu suspirei. — Não estou com vontade de ficar no meio de um monte de

gente agora. Eu só quero ficar sozinha.

— Você deve vir, Abigail. — O uso do meu nome completo não era um bom sinal.

Não mesmo. — Você pode ter todo o tempo que precisa depois—

— Mas mãe...—

— Agora, Abigail—. O clique do telefone me fez voltar a mim. Minha mãe sempre

comparecia nos eventos, e isso obviamente significava que eu deveria também.

— Tudo bem, que seja, mãe, — eu me queixei enquanto marchava pela escadaria

da igreja.

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Esperei com impaciência enquanto eles terminavam a conversa com o reverendo.

Eles levaram um tempo, é claro.

Depois de dez agonizantes minutos de conversa fiada, eles finalmente se

despediram e saímos do cemitério. Foi uma curta viagem de carro até a casa dos Maxwell,

mas já haviam carros alinhados pelo quarteirão quando chegamos lá. Meu pai deixou

minha mãe e eu na porta da casa para procurar uma vaga para estacionar. Minha mãe deu

apenas três passos dentro da casa antes de ser interrompida por alguém. Ouvi o riso atrás

de mim e continuei andando pela horda de pessoas e fui direto para a cozinha. Eu

encontrei a mãe de Kirsten lá. Ela estava de costa e ambos os braços estavam enterrados

em uma pia cheia de espuma e detergente. Quando cheguei mais perto, pude ver que só

havia duas canecas e dois pratos na pia. Dificilmente o suficiente para preocupar sobre

limpeza quando você tem uma casa cheia de convidados.

Então vi que seus ombros estavam sacudindo. Eu não queria interromper sua dor,

então fiz meu caminho de volta para o corredor em silêncio. Uma mesa de bebidas tinha

sido colocada ali, então peguei um copo limpo e derramei água quente. Coloquei um

saquinho de chá de ervas, esperei um minuto, e acrescentei leite e açúcar. O calor do copo

em meu aperto me fazia sentir confortável, e eu bebi devagar, bloqueando tudo e todos ao

meu redor. Mas meu momento de paz foi interrompido quando alguém de repente

esbarrou em meu ombro, fazendo-me agarrar o copo firmemente.

— De-desculpe, — a pessoa gaguejou.

Virando-me com uma carranca no rosto, vi o garoto de cabelo encaracolado na

minha frente.

— Tudo bem, — eu disse. — Não se preocupe com isso, Brad

Ele pegou uma caneca também, e depois lutou para abrir o saquinho de chá.

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— Na verdade, uh, é Bem. Estou em sua classe na escola—

Isso.

— Ok, então te vejo por aí. — Eu não estava no clima para uma conversa no

momento. Tudo que eu queria era ficar sozinha. Eu pensei em ir ao quarto de Kirsten, mas

desisti dessa ideia. Não parecia certo, de alguma maneira, estar no quarto dela sem ela lá.

Então, escolhi o porão. Havia um ligeiro cheiro de mofo que senti assim que comecei a

descer as escadas. Lá em cima parecia a casa de algum desconhecido com todas aquelas

pessoas ao meu redor, mas aqui embaixo, era exatamente como eu lembrava. Eu fiquei

aliviada em estar em um ambiente familiar. Uma lâmpada tinha sido acesa na velha mesa

de café, e lançava um fraco brilho amarelo, deixando a maioria da sala escondida na

escuridão. Esta sala sempre pareceu tão segura e quente para mim no passado que a

escuridão não me incomodava em nada. Caminhei até uma celha cadeira de balanço

parcialmente coberta pelas sombras, e esperei-a parar para apoiar minha caneca de chá.

Inclinei a cabeça para trás, fechei os olhos enquanto balançava a cadeira para frente e para

trás, e pensei sobre lembranças antigas.

— Está horrível, Abbey. Eu nunca vou sair novamente—

A voz chegou até a mim vinda do fundo do banheiro. Pensei ter ouvido um

fungar, seguido pelo inconfundível som de soar o nariz.

— Vamos Kirsten, abra a porta, — eu implorei. — Deixe-me ver como ficou. Não

pode estar assim tão ruim. Abra a porta.

— Ah, está ruim sim. Muito, muito ruim. Eu provavelmente deveria raspar minha

cabeça. Você sabe quanto custa uma peruca? Ou talvez eu pudesse colocar uns apliques—

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— Você não vai raspar sua cabeça, Kirsten, — eu retruquei em voz alta. — E você

sabe o quão caro apliques são? Se está assim tão terrível, nós vamos apenas pintar de

outra cor. É uma maneira bem mais fácil.

— O que você acha de chapéus?— ela sugeriu. — Pareceria estranho se eu usasse

um diferente a cada dia?

Apesar dela não poder ver, esacudi minha cabeça para ela e estava prestes a usar

a tática se-você-não-sair-eu-vou-entrar quando a fechadura fez um barulho e aporta se

abriu lentamente.

Eu dei três passos para dentro e tentei fortemente não mostrar o choque em meu

rosto. — O que você... fez?

— Eu não sei— , ela gemeu, segurando uma mecha mal pintada do cabelo. — Eu

estava tão cansada de ter uma chama vermelha na minha cabeça! Eu pensei que a

tintura preta ajudaria a escurecer um pouco. Eu sei que está horrível.

Ela estava quase chorando de novo.

— Hei Kris, não está tão ruim. Deixe-me ver um minuto,— chegando mais perto,

eu inspecionei seu cabelo ainda molhado. A tintura preta havia coberto todo vermelho,

mas só em certos pontos.

— Por que você não seca o cabelo, e então nós veremos se fica diferente? — eu

sugeri.

— Ok— ela suspirou tristemente e pegou o secador de cabelos embaixo da pia.

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— Por que você não me esperou? — eu gritei sobre o barulho do secador. — Eu

poderia ter te ajudado.

— Eu não sei, — ela gritou de volta. Eu acho que eu queria que fosse uma

surpresa. Só deixar você ver depois de pronto, sabe? Bem, bem feito, é claro.

— Você é louca. — Fiz círculos com o dedo no lado da cabeça. Ela riu, e eu me

sentei na borda da banheira enquanto eu esperava que ela terminasse. Dez minutos

depois os cabelo estava completamente seco, e mostrava mais mechas do que

aparentava.

Levantei-me. — Agora vamos dar uma olhada nisso outra vez.

Ela pegou uma escova e passou pelo seu cabelo, dividindo para o lado como se ela

sempre usava.

— Está vendo?— Eu disse, reorganizando, e ajeitando. — Se você usá-lo desta

forma, parece bom. — Como se você desejasse ter feito isso o tempo todo.

— Sério? — Ela se virou de lado a lado na frente do espelho. — Você realmente

acha que ele parece bem? Você me diria se não, né?

— Claro que eu te diria, Kirsten, é para isso que servem os amigos.

Honestamente, parece bom desse jeito. Quase como se você tivesse pintado de preto e

acrescentado alguns reflexos vermelhos.

Ela deu outra olhada no espelho. — Eu não sei, Abbey.

Seus olhos estavam preocupados.

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— Está realmente bom. — Tranquilizei-a. — Realmente.

Em seguida, bateu a inspiração.

— Ei, se eu fizer mechas vermelhas no meu cabelo? Nós vamos dizer a

todos fizemos o cabelo juntas. O que você acha?

Seus olhos se iluminaram. — É uma ótima ideia. Obrigado, Abbey. Podemos

ir buscar as coisas agora, e ai eu faço seu cabelo depois do jantar.

— Combinado.

Peguei uma toalha pequena da pilha ao lado dela e comecei a limpar os respingos

de tinta sobre a pia.

— Mamãe e papai têm uma reunião hoje à noite, então a casa ficará livre para

mim, de qualquer maneira.

Seu sorriso era enorme. ‗— Eu vou dizer à mamãe que você vai ficar para o

jantar.

Ela começou a sair do banheiro, mas parou e voltou com um olhar tímido no

rosto.

— Será que você colocar pode guardar o secador para mim?

Balancei a cabeça e sorri para mim mesma enquanto ouvi-a gritar para sua mãe

que ela queria lasanha e pão de alho para o jantar.

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Meu prato preferido.

Sim, é isso que servem os amigos.

Um som suave me fez abrir os olhos e minha cabeça caiu para frente. Olhei para o

quarto, certa de que eu ouvia passos.

Eu quase o deixei passar.

Mesmo que ele estivesse sentado a dois passos de mim, seu terno preto estava

completamente misturado com as sombras. Apenas seu cabelo lhe entregava. A cor branca,

loura, brilhava no escuro. Ele era o menino do cemitério.

Senti que ele olhava para mim, e eu juro que meu coração começou a bater mais

rápido. Eu não sabia o que fazer, o que dizer... Mas eu tive que perguntar a ele alguma

coisa. Eu falei baixinho, tentando acalmar o meu pulso acelerado.

— Você conhece a Kirsten?

Eu esperei por sua resposta. Dois batimentos cardíacos passaram ... e depois mais

outro. A minha pergunta pairava no espaço entre nós.

Não houve resposta.

Eu levantei a minha voz ligeiramente, no caso dele não ter me ouvido.

— Então, um, como você conhecia Kirsten Maxwell? — Eu movi minha cadeira, e

os guincho que fez ecoou pela sala. Tomei um pequeno gole de chá para me distrair.

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— Desculpe, você falou comigo? — Ele falava tão baixinho que no começo eu não

tive certeza se tinha imaginado a sua resposta.

Fiquei surpresa com a pergunta. Será que ele realmente não tinha me ouvido?

— Eu queria saber se você conhecia que Kirsten.— Eu aumentava o tom a

cada palavra. — Eu te vi hoje no funeral, e estava justamente pensando como você a

conheceu.

— Você estava se perguntando como eu conhecia Kirsten, — ele repetiu ainda

falando baixinho, quase para si mesmo. Então, sua voz ficou mais alta, e ele se inclinou

para mim. — Eu a via... por aí.

Mas eu nunca o conheci antes. Ela era algum tipo de admirador secreto ou algo

assim? Tentei examiná-lo mais perto, mas ele ainda estava oculto pelas sombras. Sua voz

soou mais velha. Talvez fosse um amigo irmão dela?

— Você conhece o Thomas?

— Thomas? — Ele parecia confuso. — Não, eu não conheço nenhum Thomas.

— O irmão da Kirsten? — Eu disse, aguardando a sua resposta.

— Não, eu não sabia que ela tinha um irmão. — Sua voz estava mais alta agora.

Como se ele estivesse se aproximando, mas eu não o tinha visto se mover. Isso me

deixou um pouco nervosa. Aqui estava eu, sozinha com um estranho que tinha vindo à casa

de Kirsten e até o seu porão, mas parecia não conhecê-la realmente, ou sua família. Era

tudo muito estranho.

Eu escondi o meu nervosismo com um pequeno riso.

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— Oh, ok. Bem, eu estou indo lá para cima para ver se eles precisam de ajuda na

limpeza — Abandonei meu chá ao pé da cadeira de balanço e fui em direção à escada. Eu

dei quatro passos antes de perceber que o desconhecido tinha me seguido. Virei-me.

Ele ficou no fundo da escada, obscurecido na escuridão.

— Você não precisa ter medo de mim, Abbey. Estou aqui na verdade por causa de

você.

— Como você sabe meu nome?— Segurei no corrimão da escada.

Minha pergunta saiu em um guincho. — Quem é você? O que você que dizer com

estar aqui por causa de mim?

— Não se preocupe, Abbey. Eu sou um amigo.— Ele se inclinou para frente,

colocando-se em um raio de luz para que eu pudesse vê-lo claramente.

Choque me atingiu primeiro. Seguido por uma sensação de... Qualquer outra coisa.

Ele era lindo. Gostoso total. Eu quase ri ao pensar nisso em um momento como este. Seu

cabelo foi a primeira coisa que observei de perto neste momento. A cor pálida era

incomum, mas ele tinha um traço acentuado de preto como azeviche na testa. Suas

sobrancelhas eram escuras demais, e ele tinha um nariz reto e lábios carnudos. Mas seus

olhos foram o que realmente me surpreendeu. Eles eram de um verde claro e chocante que

senti um arrepio passando na espinha quando ele olhou para mim. Seus olhos estavam

deslumbrantes. E seu olhar era bondoso.

— Você é a melhor amiga de Kirsten, certo? — Sua voz soou calma, audível agora,

e ele olhou para mim com tal interesse que juro que eu senti um pouco do meu nervosismo

desaparecer. — Fale-me sobre el.

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Desviei o olhar por um momento, lisonjeada que ele estava me dando toda a

atenção, e depois com raiva de mim mesmo por ter me importado. Meus olhos caíram no

canto do quarto onde Kirsten e eu tínhamos passado tanto tempo juntas, e eu comecei a

falar sobre isso para me distrair de minhas emoções turbulentas.

— Você vê aquele canto ali, perto da estante de livros?— Inclinei-me para apontar,

e ele acenou. — Quando éramos pequenas, Kirsten e eu costumávamos vir aqui em dias

chuvosos. A mãe dela trazia um par de lençóis e amarrava-os em torno da estante para

fazer uma barraca. Então nós pegávamos alguns livros e uma lanterna e sentávamos lá

dentro, lendo histórias uma para outra. Sua mãe sempre nos trazia sanduíches de pepino e

manteiga de amendoim com todas as cascas cortadas enquanto estávamos lá dentro.—

Eu ri com a lembrança. — Nós realmente tivemos a fase do pepino e a fase de manteiga de

amendoim. Eu não tenho ideia do por que. — Então eu encontrei-me confessando ainda

mais. Era como se Kirsten tivesse esse lugar secreto em seu porão que podíamos vir para cá

sempre que chovia. — Eu costumava chamá-lo de meu castelo de chuva mágica, e eu

achava que era a coisa mais legal. — Minhas bochechas estavam avermelhadas por causa

da história e do quanto tinha revelado. — Eu não sei por que eu disse isso. É muito bobo,

né?

Ele tinha um olhar divertido no rosto. — Eu não acho que isso seja bobagem. Toda

criança deve ter um lugar como esse para brincar. Eu gostaria de ter tido um desses. Parece

divertido.

— Obrigada — disse, sorrindo para ele. — Essa foi uma boa lambrança. Eu

precisava disso. — O silêncio no vão das escadas cresceu, e eu tornei-me ciente de quão alta

e rápida a minha respiração soava. Eu concentrei-me em regulá-la, tentando respirar mais

normalmente.

Ele falou baixinho, e eu tive que inclinar para frente para pegar suas palavras.

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— Se você decidir que quer construir o seu castelo de chuva mágico novamente,

Abbey, me diga. Vou ter que parar para uma visita.

Minha respiração ofegou sobre essas palavras, e meu coração pulou uma batida

pela implicação por trás deles. Eu não soube o que dizer, então não disse nada. Minha

mente correu freneticamente, pensando em todas as perguntas que eu tinha para ele.

O toque do meu celular nos interrompeu. Olhei para baixo na tela e fiz uma careta

quando eu vi quem era.

— Desculpe, mas eu tenho que atender. É a minha mãe.

Eu andei até o topo da escada e atendi o telefone.

— Uh, oi, o que você quer, eu quero dizer, o que está acontecendo, mamãe?

Olhei sobre meu ombro. Eu ainda podia ver seus brilhantes olhos verdes. Ele

ficou olhando fixamente para mim, então minha resposta para a minha mãe foi um pouco

distraída. — Aham, hum... tudo bem.

Sua voz ecoou bem alto através do telefone, e eu olhei para longe. — Estou quase

pronta também. Eu estava no porão.... Sim, eu sei. É claro que eu vou dizer tchau para os

Maxwells. Vejo você em cinco minutos.

Eu olhei para trás por cima do meu ombro e sussurrei um pedido de desculpa

enquanto eu saia do porão. Ele assentiu e desapareceu nas sombras abaixo enquanto eu me

dirigia à cozinha para encontrar a mãe de Kirsten.

Ela ainda estava lá, agora secando os pratos, e rastejei hesitantemente para perto.

Ela parecia mais calma, e olhou por cima do ombro quando me ouviu chegar.

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— Abbey, oi.

Sua voz era suave e seus olhos estavam levemente avermelhados, mas seu sorriso

era encorajador. Abraçando-a, lembrei tardiamente que tinha deixado meu copo no porão.

Ela não disse nada enquanto me abraçava de volta, mas eu não tinha necessidade de ouvir

as palavras. Eu sabia o que ela estava sentindo.

— Você quer que eu fique e ajude a limpar?— Eu perguntei.

Ela balançou a cabeça. — Não, não se preocupe, querida. Vou dar conta de tudo.

Isso vai me dar algo para fazer. — Sua voz quebrou ligeiramente na última frase, mas eu

fingi não perceber.

— Você nos liga se precisar de alguma coisa, né? Qualquer coisa.

— Claro, querida. — Ela tentou me dar um sorriso corajoso, mas não funcionou. —

Diga a seus pais adeus para mim.

— Ok, — eu respondi. — Eu vou. Cuide-ss.— Ela assentiu com a cabeça, e eu

apertei a mão dela uma vez antes de sair da cozinha.

Mamãe estava me esperando no corredor.

— Eu já volto, e então eu estarei pronto para ir, — eu disse a ela. Em um aceno de

acordo, me virei e voltei para o porão. Eu tinha mais um adeus a dizer, mas quando

cheguei lá, ele tinha ido embora.

— Olá? — Gritei, andando até a cadeira de balanço para recolher o meu copo.

Senti-me estúpido por não perguntar seu nome. Eu esbarrei em um interruptor nas

proximidades, e a sala foi imediatamente inundada com oito lâmpadas de sessenta watts

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de iluminação fluorescente.

Isso apenas confirmou o que eu já sabia. Ele não estava lá. Eu não ia ter a chance

de dizer adeus, ou descobrir o seu nome. Eu nem sequer sabia se o veria novamente.

Desligando o interruptor de luz no meu caminho de volta para fora, parei por um momento

no escuro.

— Obrigada, — eu sussurrei por cima do ombro até a sala vazia.

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Capítulo Três Pesadelos e Alucinações

―Eles recebem todos os tipos de crenças maravilhosas; estão sujeitos a transes e visões; e

muitas vezes vêem coisas estranhas e ouvem músicas e vozes no ar.‖

— The Legend of Sleepy Hollow— by Washington Irving

Eu não consegui dormir muito nos dias que se seguiram. A escola começaria em

duas semanas, mas esta era a última de minhas preocupações. Desde o dia do funeral eu

vinha tendo pesadelos. Eu não conseguia me lembrar de nenhum deles, mas eles estavam

sempre lá, no fundo da minha mente e no precipício da minha consciência.

Então piorou.

Eu acordava de repente, meu corpo ensopado de suor, enquanto meus olhos

procuravam freneticamente os cantos escuros do meu quarto. Eu normalmente via a forma

de uma pessoa. Como se alguém estivesse no quarto comigo.

Se eu me concentrasse e focalizasse meus olhos por tempo o suficiente, a forma

desaparecia. Eu sabia que não eram nada mais que sombras nas paredes, mas cada noite,

por aqueles breves segundos, meu coração martelava em completo horror. Mais de uma

vez eu me encontrei chamando o nome de Kirsten. Pedindo, implorando com ela para que

ela estivesse lá. Sabendo em minha cabeça que ela não estava, mas esperando em meu

coração que sim. Eu pensei que estava ficando maluca.

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Apesar da quarta noite seguida de pesadelos e alucinações, achei que realmente

estava ficando um pouco louco. Eu lutei para ficar acordada a noite, dormindo apenas

quando a manhã chegava. Eu não me senti nem um pouso descansada, mas pelo menos

mantinha os pesadelos acuados. Manter-me ocupada durante a noite toda, no entanto, era

um diferente tipo de problema.

Primeiro, eu tentei ler. Eu encontrei um livro que não tinha começado ainda, e era

interessante o suficiente para segurar minha atenção durante a primeira noite. Mas

naquela tarde eu estava muito cansada para ir pegar novos livros, e esse foi o problema

quando a noite chegou. Folhear algumas revistas velhas matou o tempo na segunda noite,

mas não funcionou muito bem, e eu acabava cochilando. A manhã demorou muito para

chegar e me corpo estava ordenando que eu dormisse. Essa foi mais uma noite que eu

terminei chamando por Kirsten. Depois de checar meu e-mail, inclusive todas as contas

antigas que tinha, eu só tinha conseguido matar cerca de uma hora. Havia novos sites de

comprar interessantes, mas eles não prendiam minha atenção também. O que eu estava

realmente sentindo falta era o bonequinho* da Kirsten sinalizando que ela estava online

também. Quase sempre nos conectávamos ao mesmo tempo, com poucos minutos de

diferença. Era estranho não ver seu nome subindo automaticamente. Com um suspiro

pesado eu apertei o botão de desligar e assisti enquanto a tela apagava na minha frente.

Girando lentamente em minha cadeira, eu estudei o topo da minha escrivaninha.

Diversas pilhas de papel estavam empilhadas em um canto, e alguns cd‘s estavam apoiados

em uma caixa de joias. Meu celular estava conectado a tomada, piscando uma luz vermelha

para mim, sinalizando que estava totalmente carregado. Peguei o aparelho e

automaticamente apertei o número um, que era a chama direta para Kirsten. Não foi atá a

mensagem da caixa de correio começar a tocar que percebi o quão idiota eu era. O som de

sua voz era tão normal, tão familiar... tão real. Eu tinha ligado para o celular dela quase

todos os dias antes dela desaparecer, e nunca pensava duas vezes. Mensagens curtas,

longas, engraçadas, até mensagens chateadas... Eu já tinha deixado mensagens de todos os

tipos.

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Uma coisa tão pequena e insignificante de se fazer, mas agora eu percebia o quão

importante cada uma daquelas mensagens realmente tinha sido. Um bip alto do outro lado

chamou minha atenção. Eu não sabia se deveria dizer alguma coisa. Segurando a

respiração por um segundo, eu pausei, e em seguida em uma corrida de pensamentos e

palavras, falei: — Hei, Kirsten, sou eu. Eu não sei... Eu não sei o que falar, nem mesmo o

porquê eu estou fazendo isso. Não é como... Isso é... Idiota. Sinto muito.

Eu desliguei o telefone, me sentindo frustrada e com raiva de mim mesma por ter

ligado. Não era como se ela fosse ligar de volta. Onde quer que ela estivesse, o celular não

estava com ela. Ela tinha deixado em casa sem bateria na noite que desapareceu.

Agarrando um pedaço em branco de papel da minha escrivaninha, eu comecei a rabiscar.

Pequenos desenhos, padrões bizarros, símbolos malucos... Qualquer coisa que me viesse à

cabeça. Rabisquei estas coisas repetidamente, novamente, até que tive que pegar uma nova

folha. Então eu comecei a escrever meus pensamentos. Qualquer coisa sobre coisa

nenhuma. De madrugada, eu tinha enchido oito folhas de papéis com palavras aleatórias.

Foi um processo cansativo, mas quando a manhã chegou, eu caí em um sono profundo. Eu

pulei o café da manhã e senti como se estivesse saltando o almoço também, e minha mãe

me deu um olhar estranho quando tropecei cozinha adentro.

— Você está se sentindo bem, Abbey? — ela perguntou, colocando a mão em minha

testa.

— Sim, eu estou bem, — eu admiti sentada à mesa. — Eu estou tendo dificuldades

para dormir, ultimamente.

Trazendo duas garrafas d‘água, ela sentou à mesa perto de mim, e me deu uma

garrafa. Eu olhei para as minhas mãos descansadas sobre a mesa, não prestando atenção

em nada mais.

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— Realmente acho que devo ir para a cama. Estou exausta.

— Você acha que não está dormindo bem por causa do funeral? — A pergunta

inesperada de minha mãe me assustou.

— Provavelmente tem algo a ver com isso. — A conversa no funeral veio á minha

mente e eu ouvi aquelas mulheres falando de Kirsten novamente. — Ou talvez tenha a ver

com o fato de que algumas pessoas dessa cidade não tenham nenhuma decência, ou boas

maneiras.

Ela franziu o cenho. — O que você quer dizer?

— Quero dizer que essa cidade é tão estupidamente pequena, tudo que precisa é

que uma pessoa comece um rumor falso, e antes que você perceba isso se torna a verdade

absoluta. — Frustração atravessou minha voz. — Você sabe do que eu estou falando, mãe, e

você sabe que não é certo. Eu ouvi algumas pessoas falando que Kirsten ou tinha se matado

ou estava envolvida com drogas. Elas não deveriam estar espalhando rumores como esses.

Não é justo com a família dela, e não é justo com ela— Batendo em meu braço, ela usou um

tom simpático.

— Eu sei como você se sente, Abbey. Mas não há muito que possamos fazer. As

pessoas falam. Isso irá morrer eventualmente.

— Você NÃO entende e você NÃO sabe como eu me sinto, — eu repreendi. — Ou

você faria alguma coisa para parar quem fala da Kirsten por trás. Use sua posição no

conselho da cidade. Fala algo a respeito deles.

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— Eu não posso controlar o que as pessoas da cidade pensam, Abigail. Você sabe

disso. — Ela levantou e foi até a lava-louças. — Apenas ignore-os; isso vai ser esquecido

logo.

Eu não podia acreditar que ela estava me falando para ignorá-los. Eu deveria ficar

de lado e deixar as pessoas falarem da minha amiga? De jeito nenhum.

— Bem, eu posso fazer algo sobre isso, mãe. — Eu estava com raiva. Eu estava

furiosa. — Eu posso defender minha melhor amiga. Mesmo que você não esteja disposta. —

Saindo da cozinha, eu deixei a água sobre a mesa e martelei escada acima para meu quarto.

Eu bati a porta com força para que ela soubesse que eu estava falando sério. Ela

provavelmente gritaria comigo mais tarde por isso, mas eu não me importava.

Eu só pretendia fechar meus olhos por um ou dois segundos quando deitei na

cama, mas devo ter caído no sono, pois a próxima coisa que eu sabia, mamãe estava

debruçada sobre mim, chamando meu nome. Lutando para me sentar, eu bocejei alto e

esfreguei meus olhos. — Estou cansada... Apenas tirando uma soneca... Por que você me

acordou?— eu resmunguei.

— Você gostaria de ir à nova loja de ervas comigo? — ela disse.

— Aquela após a guarita? Mas é uma hora de distância! Você quer realmente ir lá?

— Claro, porque não? Eu tenho uns papéis para deixar na casa do prefeito Archer

no caminho, mas, além disso, eu irei se você quiser.

Eu estava cansada demais para argumentar se era uma viagem para mim ou para o

prefeito, então deixei passar. Pelo menos ela estava tentando.

— Ok, — forcei um sorriso. — Vamos

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Nós fomos para o carro e eu peguei algumas uvas para comer. Pular o café da

manhã e o almoço estava fazendo algum efeito em mim agora. Não demorei muito para

acabar com elas e coloquei a última em minha boca antes de entrar no banco de

passageiros.

Minha mãe entrou no carro e colocou a chave na ignição, mas não o ligou. Eu

fiquei tensa, esperando para ver se uma lição sobre como eu deveria controlar minha raiva

estaria vindo.

— Abbey...— ela começou. Limpando a garganta uma vez, ela tentou de novo. — Se

você precisar falar sobre Kirsten... Ou qualquer outra coisa, bem... Eu quero que você saiba

que você sempre pode contar comigo. Se eu não puder ajudar, nós podemos encontrar um

profissional que você possa conversar. — Seus olhos azuis estavam cheios de preocupação,

mostrando as pequenas rugas ao redor deles.

— Obrigada, mãe — Eu sorri fracamente. — Eu vou te falar se eu precisar de algo.—

Eu deveria estar tão perto do precipício quanto sentia se mamãe estava falando de me levar

a um psicólogo.

Minha resposta pareceu satisfazê-la, e ela sorriu de volta para mim, parecendo

aliviada de que sua parte tinha terminado. Ela ligou o carro e nós fizemos o caminho ate a

casa dos Archers.

Dez minutos depois nós tínhamos chegado lá, e mamãe prometeu que estaria de

volta em cinco minutos. Quando a porta bateu, eu peguei a caneta e um pequeno caderno

do porta luvas, sabendo que ficaria esperando. Os cinco minutos da minha mãe estavam

mais para vinte. Eu comecei fazendo uma lista do que esperava encontrar na nova loja, e

estava completamente perdida em pensamentos, quando minha mãe abriu a porta. —

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Desculpe ter demorado tanto, — ela disse, sentando no banco e reajustando o retrovisor. —

Eu tive que resolver algumas coisas com o prefeito.

— Sem problemas, — eu respondi ainda ocupada com minha lista. Eu acrescentei

frascos de teste e óleo de bergamota. Eu estava ficando sem os dois. Nós voltamos à

estrada, e eu coloquei o caderno de lado assim que senti que estava adormecendo. Eu sabia

que não ia aguentar mais muito tempo.

O som da porta abrindo me despertou, eu acordei com um empurrão. Olhando

para minha mãe, sorri preguiçosamente. — Desculpe, eu caí no sono. Eu acho que ainda

estava muito cansada.

— Não se preocupe com isso, — ela disse. — Nós chegamos.

Eu virei meu pescoço para absorver tudo enquanto eu saía do carro.

Uma grande placa de metal verde com acabamento brilhante nos cumprimentava,

proclamando o nome da loja, que era — A Thyme and Reason1 — e eu me apaixonei

instantaneamente.

A loja em si parecia que tinha existido em outra vida como uma grande cada da

virada do século, completa com gingerbread trim2, janelas do chão ao teto, e telhado

inclinado. O exterior era pintado diversos tons de magenta e verde que completavam um

ao outro maravilhosamente, e eu sabia que esse era o tipo de loja que eu gostaria de ter um

dia.

1 Um Tomilho e Razão

2 São enfeites que colocam nas casas, http://northeasternscalelumber.com/osc/catalog/images/gingerbread.gif

http://img2.timeinc.net/toh/i/g/0107_gingerbread/victorian-trim-09.jpg

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Assim que entramos, eu vi que era melhor do que eu esperava.

A loja não tinha só uma grande variedade de ervas, mas também tinha uma seção

de jarras e garrafas, frascos e kits de amostras, e embalagens para viagem de todos os tipos.

Eles também tinham quase todos os tipos de óleo perfumado conhecido pela humanidade.

Eu estava no paraíso. Eu teria passado semanas ali facilmente. Eles tinham quase tudo da

minha lista

Depois de procurar por quarenta e cinco, percebi que estava testando a paciência

de minha mãe, assim eu comecei a estreitar minhas escolhas. Peguei frascos para testes,

alguns frascos âmbar grandes, e um novo conjunto de conta-gotas. Mamãe finalmente me

alcançou na seção de óleos.

— Para que serve o óleo de bergamota? — ela perguntou, me observando enquanto

eu decidia qual tamanho do frasco eu iria levar.

— Sabe aquele perfume que eu fiz para você no outono passado? Eu quero fazer

isso de novo esse ano, mas com um toque mais terroso — Eu debati entre óleo de gengibre

ou de amora.

— Eu simplesmente amei esse perfume! — ela disse. — Você pode me fazer um

nesse inverno também? Algo com essência natalina?

— Claro, — respondi, acrescentando hortelã, pimenta, baunilha, óleo e bálsamo

para a minha coleção. Então eu peguei ambas as garrafas, de amora e gengibre e

acrescentei em minha pilha. A última coisa que eu peguei antes de me obrigar a sair de

perto da prateleira foi uma enorme garrafa de óleo de jojoba3. Agora eu tinha tudo que eu

3 óleo ojoba é a cera líquida produzido na semente da jojoba (Simmondsia chinensis) da planta, um arbusto nativo sul

do Arizona, Califórnia, sul e noroeste do México.

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precisava.

— Eu estou finalmente pronta para ir, — eu disse, cambaleando sob o peso da

minhas coisas, enquanto eu liderava o caminho até a frente da loja.

— Este lugar é absolutamente lindo, — eu disse a senhora de pé por detrás do

caixa, assim que cheguei lá. — Os proprietários fizeram um grande trabalho de decoração,

e as entregas são incríveis!

Ela riu. — Bem, obrigada. Eu o decorei, e eu aprecio os elogios.

— Você tem um site que posso encomendar mais algumas coisas da loja? — eu

perguntei ansiosamente.

Normalmente, eu abastecia meus estoques em uma loja perto de minha casa, mas

ela é realmente pequena e não têm nem metade do o que você tem aqui.

Ela riu novamente e acenou com a cabeça, me entregando um cartão de visita com

o nome da loja e o endereço do site corajosamente impresso nele. Eu dobrei-o com

segurança no meu bolso de trás quando ela começou a passar meus itens. Mamãe me

surpreendeu pagando por minhas compras, me dizendo para guardar o dinheiro, e

também pegou um CD de música clássica para ela. Eu sorria de orelha a orelha quando

demos adeus à proprietária da loja e íamos embora.

— Obrigado por ter-me trazido aqui, mamãe — eu disse, empilhando as bolsas no

carro. — Foi divertido.

Ela apenas sorriu para mim, e subimos em nossos assentos. Nós realmente não

falamos no caminho de casa, mas ela colocou o CD que ela tinha comprado, e a música

preencheu o silêncio. A viagem de volta foi calma e silenciosa, e eu realmente consegui

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ficar acordada.

Mais tarde naquela noite, cercada por minhas compras recentes, eu estava ansiosa

para finalmente voltar ao meu trabalho. Desde o desaparecimento abrupto de Kirsten, eu

tinha perdido toda minha paixão para fazer perfume. Meu coração não estava ali, então eu

desisti completamente. Mas hoje à noite era diferente. Senti-me centrada mais uma vez,

pela primeira vez em muito tempo.

Eu estava pronta para enfrentar um novo projeto.

Eu não tive qualquer preocupação em ficar acordada enquanto eu preparava meu

espaço de trabalho. Todas as vezes que eu faço um perfume novo, é necessária constante

concentração e grande quantidade de anotações durante todo o todo o processo, então

sabia que ia me manter ocupada. A meia noite veio e foi, e eu quase não notei. Quando

deram cinco horas da manhã, fiquei surpresa que já era hora de tentar dormir um pouco.

Dormi profundamente, e realmente acordei sentindo-me ansiosa e animada no

final da tarde. Criação de novos perfumes era um negócio ardil. Envolvia várias rodadas de

testes de diferentes combinações de óleo, à procura de reações, verificando notas,

comparando amostras, escrevendo as novas notas e, em seguida iniciar o processo inteiro

mais uma vez a cada nova escolha perfume.

E eu amei cada minuto dela.

Havia um milhão de combinações possíveis para um perfume, e cabia a mim

encontrar aqueles que se complementavam.

Às vezes era difícil, mas nunca era nunca entediante. E a melhor coisa sobre todo o

processo foi que cada noite parecia voar. Elas não se arrastavam mais, ameaçando-me com

sombras e sonhos.

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Eu comecei a trabalhar um pouco mais cedo cada noite, e dormir um pouco menos

durante o dia. Depois de aperfeiçoar a fórmula para o perfume de Outono de mamãe, e a

criar um perfume de inverno novo, eu decidi fazer algo diferente. Algo que me encheu de

medo e mais do que um pouco de receio, mas uma coisa eu sabia que tinha que fazer.

Eu ia fazer um perfume para Kirsten.

Ela me pediu várias vezes para fazer um especificamente para ela, mas eu sempre

hesitei. Era uma coisa desafiadora para se fazer, a criação de aromas para as pessoas que

não só cheirava bem, mas que combinasse misturando com a química do corpo. Desde que

Kirsten era minha melhor amiga, sempre senti uma pressão extra para me certificar de que

sua assinatura no perfume dela caberia perfeitamente. Eu nunca quis desiludir ela de

qualquer maneira. Mas dessa vez eu decidi tentar.

Ele acabou sendo muito mais difícil do que eu jamais pensei que poderia ser. Eu

não conseguia encontrar aromas que ficassem bem ao misturar, e depois de várias horas

de trabalhar sobre eles, levantei da mesa de trabalho e caminhei ao redor da sala para

esticar as pernas. Uma dor de cabeça estava começando a despontar entre meus olhos, e eu

esfregava minhas têmporas com a ponta dos dedos. De maneira nenhuma poderia

continuar trabalhando com fortes essências enquanto estivesse com dor de cabeça. Eu não

conseguia me concentrar.

Agarrando vários travesseiros no pé da minha cama, levei-os para o assento da

janela e montei uma pilha. Esperava que, se descansasse os olhos só por um instante, a dor

de cabeça ia embora... Esperava.

Eu estabeleci-me em meu ninho de almofadas e descansei minha bochecha contra

a vidraça. Foi legal e ajudou a aliviar um pouco o martelar em minha cabeça. Suspirei com

o alívio temporário. A posição estava bastante confortável... Poderia ficar assim para horas.

Quando abri meus olhos novamente, o mundo exterior estava em um tom suspeito de

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laranja. Então percebi que era o nascer do sol. Eu tinha dormido durante a noite, sem

pesadelos.

Ao longo dos próximos dias eu lentamente reajustei o cronograma do meu sono.

Eu não adormecia até depois da meia-noite, mas pelo menos eu não estava mais dormindo

durante o dia. O que era uma coisa muito boa, porque a escola começava na segunda-feira.

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Capítulo Quatro Primeiros dias

―Sua casa-escola era uma construção pequena de um quarto grande, rudemente

construído de madeira; as janelas de vidro, em parte, e parcialmente corrigida com folhas de cópia de livros antigos.‖ — The Legend of Sleepy Hollow

Não foi até chegar a quatro quadras longe de casa, na segunda-feira de manhã que

percebi que estava indo na direção errada. Parei, abruptamente no meio da calçada. Não

haveria mais uma parada diária na casa de Kristen para buscá-la. Não este ano... E não no

próximo ano. Isso não aconteceria nunca mais.

Uma dor começou a latejar ao redor do meu coração, machucando meu peito.

Esfreguei enquanto virava na direção do colégio e comecei a andar lentamente em direção

à escola. Sozinha. Eu traguei o ar rapidamente, repetidamente, para tentar fazer com que a

sensação fosse embora, mas não foi. Eu continuei sentindo como se estivesse esquecendo

alguma coisa durante todo o caminho.

Eu ainda estava ocupada com meus pensamentos quando cheguei aos portões de

metal que marcavam a entrada do colégio e ao passar por eles, cheguei ao corredor

principal. Um grande letreiro com letras gravadas à mão colado na parede à minha

esquerda direcionava todo movimento ao ginásio para uma assembleia.

Seguindo o som de tênis novo rangendo alto no chão de madeira, polido

recentemente, eu me arrastava com a crescente multidão, apenas mais uma estudante em

uma fila muito longa.

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Enquanto passava pela porta vermelha giratória, pude ver que diversas fileiras das

arquibancadas de metal já tinham sido montadas e foram sendo preenchidas rapidamente.

Forçada a me lembrar que ninguém iria guardar um lugar para mim este ano, eu dirigi-me

ao fundo da sala e escolhi um lugar ao lado do setor geralmente reservado para os

professores.

Diretor Meeker estava meio sem jeito em um pódio montado em frente ao ginásio,

e ele limpou a garganta ruidosamente várias vezes enquanto esperava que o rangido

embaralhado de ruídos cessasse.

Ele estava vestindo uma camisa Paisley marrom estilo anos setenta que não

lisonjeava sua estrutura imponente, de nenhuma maneira e, infelizmente, já apontavam

uma fraca marcação de suor embaixo de cada braço. Era totalmente nojento.

Quando o barulho finalmente foi reduzido a um rugido maçante, o diretor Meeker

bateu palma uma vez e começou a falar.

— Bem-vindos de volta, alunos e professores. Eu acredito que todos tenham tido

férias de verão boas e educativas?

Suas sobrancelhas grossas subiram em expectativa e ele fez uma pausa. Após um

momento de silencio constrangedor, ele ajeitou seus óculos e voltou a falar.

— Antes de falar de algumas regras gerais para o próximo ano letivo, eu queria

discutir uma recente tragédia que tem afetado muito nossa escola e comunidade. Como a

maioria de vocês já sabe durante as férias de verão Kristen Maxwell foi envolvida em um...

er... afogamento fatal... acidente.

Eu podia ouvir o deslocamento nos bancos, de repente centenas de cabeças

pareciam girar e olhar na minha direção.

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Hollow High tinha apenas cerca de quatrocentos alunos, e naquele momento senti

como se cada um deles estivesse olhando pra mim.

Meus olhos trancaram-se ao chão. Concentrei-me fixamente no dedo do pé do meu

sapato, assim não teria que vê-los todos olhando pra mim. Quanto tempo ele vai falar

sobre isso?

— À luz deste acontecimento, teremos conselheiras extras à disposição de todos

que precisem de algum tipo de ajuda.

As cabeças deslocaram-se e eu já não era o principal tema de interesse.

— Eles estarão disponíveis antes e depois do período de almoço no escritório do

conselheiro durante toda a semana. Por favor, não hesite em parar e ver um deles se você

sente que precisa conversar com alguém sobre isso.

Ele olhou para nós e as sobrancelhas ressuscitaram.

— Apenas lembrem-se, pessoal, isso não é um passe livre. Os conselheiros só

podem ser utilizados por aqueles que, legitimamente, necessitam deles.

Então ele começou a compartilhar algumas de suas memórias sobre Kristen e abriu

a palavra para qualquer pessoa que quisesse fazer o mesmo. Vários professores se

levantaram e disseram todos os habituais sentimentos falsos. Coisas que as pessoas dizem

quando realmente não conhecem a pessoa, mas sentem-se obrigados a elogiá-los de

alguma forma. O momento passou como se estivesse através de uma névoa. De vez em

quando alguém olhava novamente em minha direção e me dava um olhar claramente

perguntando quando eu iria levantar e falar.

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Eu estava realmente começando a ficar cansado desse olhar. De outras pessoas

tentando decidir o que eu deveria ou não fazer.

Finalmente três meninas soluçando, fungando, com olhos lacrimejantes

levantaram-se e fizeram seu caminho lentamente para frente da sala. Elas eram,

naturalmente, as mais perfeitamente vestidas, perfeitamente confeccionadas,

perfeitamente pessoas coordenadas de toda a escola.

Um sussurro de emoção varreu a multidão.

Todo mundo sabia quem eram essas garotas.

E eu sabia que nem uma única delas jamais se preocupou em dizer qualquer coisa

para Kristen, ou para mim, já que tínhamos começado o ensino médio juntas.

A mais alta, e claramente a líder do grupo, Shana Williams, falou primeiro.

— Nós só queríamos dizer que não podemos acreditar que uma coisa tão terrível

tenha acontecido. Perder um dos nossos colegas em tão tenra idade é tão... tão... trágico.—

Ela fungou delicadamente e jogou seu cabelo loiro perfeito com uma mão.

Revirei os olhos. Essas meninas não se importam com Kristen. Tudo o que

importava era a atenção que estavam recebendo.

— A equipe de torcida do colégio decidiu dedicar esta temporada para a memória

de Kristen Markell. — Aubra Stanton falou do meio do grupo. Ela era a única morena do

grupo. — Faremos o nosso melhor pra que a memória dela fique viva em todos nós.—

Eu bufei alto quando ouvi isso, fazendo com que vários professores me olhassem

com simpatia. Elas provavelmente pensaram que eu era uma escolha contínua da minha

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dor ou algo assim.

A loira menor, Erika alguma coisa, teve a sua vez.

— Ela era apenas uma pessoa tão boa, sabe? Eu não posso acreditar que ela

realmente se foi. — Ela imediatamente se explodiu em soluços delicados, sendo muito

cuidadosa para não manchar sua maquiagem intocável, enquanto as outras duas meninas a

abraçavam.

Eu quase engasguei.

Primeiro, elas nem mesmo sabiam o sobrenome de Kristen, e em seguida elas

tiveram a audácia de se levantar e agir como se elas tivessem sido melhores amigas a vida

toda?

Que besteira.

Elas não se preocupavam com Kristen. Elas não tinham conhecido Kristen.

O som das minhas botas batendo no chão de madeira ecoaram alto pela sala

enquanto eu me levantei e fiz meu caminho pra fora do ginásio. Eu deixei a porta se fechar

atrás de mim e não me incomodei em olhar pra trás, preferindo para o maior reservado do

banheiro mais próximo para me esconder até que o sinal tocou para o primeiro período.

Este ia ser um ano bem longo.

A manhã se arrastou, e enquanto todos os outros à minha volta se esforçaram para

voltar ao hábito de ouvir professores e tomando notas novamente, eu lutava para não

pensar em Kristen. Não havia sequer uma cadeira esperando por ela. Como se ninguém

esperasse que ela voltasse.

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Quando o sinal tocou, finalmente, sinalizando o fim da aula de história e o início

do almoço, eu deslizei para a fora da porta e corri para o refeitório. Eu precisava

desesperadamente de um intervalo. Mas não era mais fácil lá dentro, e eu

automaticamente procurei a multidão pelo rosto de Kristen, enquanto eu caminhava para

o nosso local de costume. Algumas pessoas sorriram para mim quando passavam por ali,

mas eu não consegui sorrir de volta. Eu não queria piedade. Ou companhia forçada.

Depois de vinte minutos excruciantes, gastos escolhendo minha comida, eu saí do

refeitório, antes da multidão chegar ao corredor principal. Indo para o meu armário, eu

estava grata pelo armário de Kristen não ter sido atribuído a ninguém ainda, pois estava

diretamente junto ao meu. Enquanto ele estivesse vazio, eu não teria que aturar alguém

novo tentando assumir seu espaço.

Eu pulei quando o segundo sinal tocou, e então, peguei minha mochila em um

movimento assustado. Batendo a porta do meu armário, corri para a próxima aula. A tarde

se arrastou ainda mais lenta do que a manhã, e cada segundo era angustiante. Fiquei

aliviada ao descobrir que a minha última aula do dia, era apenas uma sala de estudo de

curta duração. Uma sala de estudo, eu aprendi rapidamente, juniores e seniores que foram

autorizados a pular para o segundo semestre do ano letivo.

Esse foi meu ponto alto do dia todo.

Mas mesmo o breve momento de felicidade desapareceu, e cinco minutos depois

eu estava pronta pra ir. Os dezoito minutos que faltavam até a liberdade pareciam mais

como dezoito horas.

Já que não estava indo realmente estudar ou qualquer coisa, e ninguém estava

sentando próximo a mim, apoiei meus livros até esconder minha cabeça para trás e fechei

os olhos. Por um tempo eu só me sentei lá. Pensando no dia até agora e temendo o resto do

ano escolar.

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Talvez eu devesse falar com minha mãe sobre estudar em casa...

Foi o zumbido alto da campainha e alguém batendo na minha carteira escolar que

me acordou abalada. Limpando algumas babas no canto da minha boca com uma mão, eu

olhava ao redor pra ver se alguém tinha notado. Felizmente, não havia ninguém para

perceber. Eu era a única que ainda estava aqui. Agarrando os livros na minha frente,

empurrei-os para a mochila e me dirigi para a porta.

Um dia acabado, oitocentos milhões a mais para ir.

Peguei o longo caminho para casa, pensando nas horas dolorosas que passei na

escola. Não tinha sido agradável, e a última coisa na terra que eu queria fazer era repetir o

dia de hoje de novo. Essa ideia de estudar em casa estava começando a soar cada vez

melhor.

Logo que cheguei à porta de trás e entrei na cozinha, a voz da mamãe me

cumprimentou.

— Então, como foi seu primeiro dia? O Diretor ligou.

Todos os pensamentos de escola-em-casa imediatamente deixaram meu cérebro, e

eu estava congelada no lugar. Uns milhões de cenários diferentes passaram por minha

mente, enquanto eu assimilava a informação. O que fez o diretor ligar? Estou em apuros

pela tempestade fora da reunião? Ou por tirar um cochilo na sala de estudo? Como devo

jogar isto?

Eu testei a maré lentamente, encolhendo os ombros com indiferença.

— Foi tudo bem. Direto Meeker fez uma reunião e mencionou Kristen...

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Olhando com o canto do meu olho, vi que mamãe estava trabalhando em alguns

pápeis na mesa, e eu suspirei de alívio. Isso sempre foi um bom sinal. Isso significava que

ela estava pensando em algo mais importante do que eu.

— Sobre isso que ele ligou.

Ela nem sequer olhou pra mim, mas arrastou alguns jornais ao redor.

— Ele estava deixando todos os pais cientes sobre os conselheiros extras

disponíveis na escola. Espero que você vá dar um bom exemplo para os outros alunos,

Abigail.

Eu não tinha ideia do que ela quis dizer com isso.

— Claro, mãe. — Tanto faz.

— Eu vou lá pra cima pra começar meu dever de casa agora. Me chama quando o

jantar estiver pronto?

— Ok. — Ela respondeu distraidamente, e eu aproveitei para fazer uma fuga rápida

para o meu quarto.

Jogando minha mochila em cima da cama, fechei a porta atrás de mim e andava

pelo quarto, sentindo enjaulada e inquieta. Eu não sabia o que fazer comigo mesma. Eu

deveria estar com a Kristen agora. Caminhando pelo cemitério ou passeando na ponte.

Falando sobre o primeiro dia de volta à escola e quem tinha usado o quê. Compartilhando

observações enquanto lamentávamos sobre como era injusto os professores ordenarem

deveres na primeira noite... Qualquer uma dessas coisas.

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Isso não está certo. Eu não estava acostumada a ser tão sozinha.

Desesperada para ouvir a voz dela, para me enganar em pensar que tudo estava

normal de novo, peguei meu telefone e liguei para o número dela. Fui recebida por um frio

automático do-número-que-você-ligou-não-está-mais-na-mensagem-de-serviço. Eu não

podia sequer ouvir a sua voz gravada mais.

Desmoronando em minha cama, fui bombardeada com imagens do dia. Foi

confuso, e devastador, e eu não conseguia mais conter as lágrimas.

Eu ainda podia ouvir Diretor Meeker anunciando a morte de Kristen na frente de

toda escola. Eu podia ver o armário abandonado junto ao meu, onde ela deveria ter

continuado com as coisas dela. Ligar para o telefone dela e não ter resposta...

Escorregando para o chão, me enrolei numa pequena bola e balancei pra trás e pra

frente; tentando afastar a dor e o vazio, pôr de volta dentro daquele lugar escuro, então eu

não iria mais sentir isso. Um aperto agarrou meu coração e estava apertando toda a vida

dentro de mim.

Eu não podia lidar com este tipo de dor. Era muito grande. Muito bruto. Muito.

Quando minha mãe me chamou pra jantar, eu disse a ela que não me sentia bem e estava

indo pra cama cedo. Não era uma mentira total, pois meu peito doía e eu me sentia mal do

estômago. Mas eu não tinha intenção de ir para cama. Em vez disso, eu terminei todos os

meus trabalhos de casa e comecei a trabalhar no perfume de Kristen. Foi uma noite longa e

desgastante e eu não dormi.

No dia seguinte eu tive um tempo difícil pra me concentrar em minhas aulas na

escola e acabei adormecendo na sala de estudos novamente. Mas sabia que não importava.

Ninguém se importou com o que eu fazia mesmo assim.

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Na tarde de sexta-feira eu arrastei meu traseiro depois que o último sinal tocou e

praticamente corri da sala de aula, mas me acalmei logo que deixei o prédio. Por um lado,

fiquei extremamente feliz que iria fazer uma pausa de dois dias daquele inferno miserável

que suga alma chamado escola, mas por outro lado, não era como se eu estivesse indo ter

todo tipo de diversão ficando sozinha em casa.

Eu me arrastava em direção a casa, mas na última hora mudei de direção. Talvez

eu não tenha que gastar todo o meu tempo em casa.

Bati duas vezes quando cheguei à porta dos Maxwell, fiquei sem jeito na frente da

varanda. Normalmente, eu teria seguido Kristen na direita, mas as coisas são... diferentes

agora. Então, eu esperei.

A mãe de Kristen abriu a porta, e um sorriso largo dividiu seu rosto quando ela viu

que era eu.

— Abbey, venha. Você não tem que bater. Eu achei que era o carteiro.

Eu sorri e entrei no familiar corredor, tentando dificilmente não pensar na última

vez que estive aqui.

— Hey, Sra. M., eu só queria parar e dizer oi. Com o início da escola e durante toda

essa semana, eu tenho estado... ocupada. — Eu terminei indevidamente.

Bem, algo assim. Triste, oprimida, chateada, magoada. Ocupada? A mesma coisa.

Acenou-me para a sala e sentou-se num pequeno sofá azul bebê, enquanto eu

escolhi uma poltrona verde e rosa florida, próxima.

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— Então, como o primeiro ano vai indo até agora? — Ela me perguntou,

inclinando-se ligeiramente.

— Eles dizem que o primeiro ano é quando você começa todo o trabalho duro fora

do caminho para que você possa aproveitar seu último ano.

Forcei um sorriso falso. — Eu não duvido. Muito trabalho duro neste ano, isso é

verdade. Vai ser difícil.

— Com certeza será.

Ela disse suavemente, dobrando as mãos juntamente e descansando-as em

seu colo.

— Eu sei que Kirsten – Sua voz quebrou no nome, mas ela continuou falando.

— Bem, ela estava ansiosa por este ano. Ela não conseguia esperar pelo baile de

formatura, e começar a procurar por faculdades.

Inclinei-me mais perto dela, dei uma palmadinha no braço.

— Eu sei que ela estava, Sra. M, eu sei.

Eu tentei pensar em outra coisa pra falar. Isso não estava indo muito bem.

— Ela deveria estar aqui, Abbey, com você.

Sua exclamação repentina ecoou meus pensamentos do início da semana.

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— Começando a escola. Fazendo lição de casa. Fazendo planos para o final de

semana. Não... isso.

Ela olhou ao redor da sala, impotente.

— Agora é só uma casa vazia.

— E se ela ainda estiver lá fora?— Perguntei-lhe, de repente. — Por que você

desistiu tão cedo? — Eu sabia que não deveria dizer essas coisas, mas eu não consegui

parar. O filtro entre meu cérebro e minha boca explodiu espontaneamente.

Ela olhou pra mim com tristeza.

— Você sabe que ela não está lá fora, Abbey. Você sabe o que encontraram.

Ela não podia dizer isso, mas eu sabia do que ela estava falando.

— A polícia deveria ter feito mais. — Eu disse com raiva.

— Eu vi como essas coisas funcionam em Lei e Ordem. Eles não desistem tão

facilmente, e trazem em outras agências. E quanto ao FBI? Por que não chamaram eles?

Eles teriam feito alguma coisa. Só porque ela está desaparecida, não significa que está

morta.

— Não é como se fosse a primeira vez que isso acontece. — Ela refutou.

— Quando aquele velho homem caiu ano passado, não encontraram seu corpo por

seis meses.

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— Eu sei. É que...— Eu suspirei e sacudi a cabeça.

— Como não houve pedido de resgate, nenhuma evidência de sequestro.

— E o sangue?— Eu interrompi. — Isso poderia significar que alguém a machucou.

Desta vez foi a vez dela balançar a cabeça.

— A polícia sabe o que está fazendo, Abbey. Eles disseram que a pequena

quantidade de...sangue... na pedra não era compatível com alguém que bateu com a cabeça

e caiu. Você já sabe.

— Sim, bem, eu ainda acho que eles deveriam estar procurando mais. Como a

polícia na TV.

— A vida não é um programa de televisão.

Ela suspirou cansada antes de se levantar do sofá.

— Você quer sorvete? Acho que preciso de hortelã duplo com chocolate agora.

Eu assenti, e ela saiu da sala por um instante, antes de voltar com uma caixa

grande e duas colheres.

Passamos o balde de sorvete pra frente e pra trás várias vezes antes de falar

novamente.

— Eu não quero desistir dela, Abbey. — Ela disse claramente.

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— Mas precisávamos de algum tipo de encerramento. Com Thomas era diferente.

Desta vez nós precisávamos ter algum tipo de fim para tudo. Você entende isso?

Eu não entendo. Mas eu desejo com todo meu coração que a tristeza possa ir

embora pra ela tão facilmente como o sorvete fazia.

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Capítulo Cinco Escolhas

―Ao longo de um profundo riacho negro, não muito longe da igreja, que antigamente era uma ponte de madeira... Este era um dos lugares favoritos do Cavaleiro Sem Cabeça...‖

— The Legend of Sleepy Hollow

Na terça-feira seguinte, depois de mais um dia difícil na escola, eu tinha uma

sensação muito forte que se eu fosse pra casa, ia acabar no chão do quarto novamente,

balançando pra trás e pra frente. O que não era uma expectativa agradável. Eu descartei a

ideia e comecei a andar, sem saber a onde estava indo, mas sabendo que tinha que

continuar.

Quando cheguei a uma bifurcação na estrada, fiz uma pausa, pensando sobre

minhas opções. Alguma coisa me puxou e disse que direção tomar.

Cinco passos depois, os dois enormes portões de ferro que marcava a entrada do

Cemitério Sleepy Hollow me cumprimentaram. Inspirei profundamente, dei um passo pra

trás, e dois passos pra frente... e conclui meu destino.

Eu nunca pensei que algo tão simples como andar pudesse ser tão difícil, mas o

primeiro passo era grande. E tão difícil de tomar. Cada movimento que fiz parecia que iria

destruir a terra, pois me lembrava da última vez que estive aqui nesse cemitério... a razão

pra isso...

Não era uma boa memória.

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Concentrando em colocar um pé na frente do outro, eu andei lentamente ao longo

do caminho.

Eu sabia onde tinha que ir, havia alguém com que eu precisava conversar.

Lápides de todas as formas e tamanho apareceram pelo caminho.

Jazigos de famílias de muitas gerações foram escondidos atrás da estreita cerca

que servia para separar do canteiro. Frágeis barreiras erguidas entre os vivos e os mortos.

Mausoléus e criptas, com nomes desbotados que eu sabia de cor, erguiam-se

majestosamente para fora da terra.

Suas laterais, apesar de devastado pelo efeito do tempo, ainda fornecia um lugar

seguro para os corpos que descansam lá dentro, e eu assenti com a cabeça em sinal de

respeito às casas dos que partiram.

E então eu andei para a cadeira.

Ela ainda estava aqui, descansando ao lado de sua sepultura. A fina cobertura de

grama agora cresceu acima da superfície da sepultura e flores frescas cercava a borda do

canteiro. Acenei olá rapidamente antes de seguir em frente.

As árvores em volta de mim estavam explodindo com as cores vivas de outono. Era

absolutamente maravilhoso, e eu parei por um momento para aproveitar tudo. Então, eu

percebi o quanto eu realmente sentia falta de visitar esse lugar. Era minha casa. Meu

santuário.

Quando finalmente cheguei ao fim do caminho, virei à esquerda e sai em volta de

outro enorme mausoléu esculpido do lado de uma colina. Uma porta de ardósia gigante

protegia a entrada, mas meu destino era um próximo lugar... Túmulo onde Washington

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estava.

Depois de seguir os estreitos degraus de pedra que me levou num caminho até um

pequeno portão de ferro, empurrei vagarosamente o portão aberto e cruzei para o jazigo da

família Irving. Eu sabia que este lugar era melhor do que qualquer outro. Kristen e eu

parávamos aqui quase todos os dias. Quando éramos mais jovens, brincávamos de faz de

conta entre as lápides e gastávamos horas especulando sobre um lendário escritor que fez

nossa pequena cidade tão famosa.

Nós tínhamos sonhado com as figuras míticas enterradas abaixo da velha seção

holandesa e cada uma tinha um medo bobo de histórias de fantasmas que envolvem o

Cavaleiro Sem Cabeça4. E em mais de uma ocasião nós compartilhamos nossos segredos

para uma contadora de histórias que tinha partido há muito tempo, porém, ainda nos

fascinava com suas palavras. Eu não poderia pensar numa forma mais perfeita de ter

passado minha infância.

De repente, a memória esquecida de um projeto escolar da quarta-série veio à

minha cabeça, e sorriu pra mim. Sentia que tinha sido uma vida desde que Kristen e eu

cautelosamente copiamos cada nome das lápides Irving e usamos informações de velhos

jornais da biblioteca para projetar uma árvore genealógica. Nós também montamos um

boletim da família que detalhava os destaques e os favoritos da vida de cada pessoa.

Foi um A++ para nós duas.

Kristen estava tão orgulhosa do + extra que o professor tinha nos dado. Foi tudo

que ela falou durante dias. Eu balancei minha cabeça, e a memória desapareceu novamente

4 "The Legend of Sleepy Hollow" (em português: "A lenda do Cavaleiro Sem-cabeça" ou "A lenda da caverna adormecida") é um conto de

Washington Irving incluído na coleção The Sketch Book of Geoffrey Crayon, Gent., escrita enquanto o autor vivia em Birmingham, Inglaterra. A

primeira publicação foi em 1820. Ao lado da história de "Rip Van Winkle", "The Legend of Sleepy Hollow" é um dos primeiros exemplos da ficção

norte-americana, lidos até hoje.

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afastada para o fundo da minha mente.

Realmente tinha sido uma vida inteira pra trás. Dela.

Vagando lentamente entre as lápides, levei um tempo para ler as datas e as

palavras inscritas sobre elas, dizendo olá a todos da família enquanto passava. Parei

próximo a um enorme carvalho que ficava no meio do terreno e passei os dedos sobre as

iniciais gravadas nela. Tantas cartas. Tantas histórias diferentes.

Mas eu não demorei muito tempo, e quando cheguei à Pedra da Vida de

Washington, olhei para a visão familiar de oferendas deixadas para trás por seus adorados

fãs. Pilhas de moedas, tostões, vinte e cinco centavos, e até mesmo moeda estrangeira eram

empilhadas em torno de sua lápide. As pessoas faziam isso sempre - ou pelo menos

enquanto eu vivi aqui - e eu ainda não consegui descobrir a lógica por trás disso.

Havia também um par de pequenos papéis dobrados em pequenas pedras ao lado da

sepultura. Mensagens, sem dúvida, escrito por um autor famoso. Em uma cidade que

celebra e reverencia — A Lenda de Sleepy Hollow — era impossível não aprender sobre

Washington Irving. Suas obras eram leituras obrigatórias no currículo escolar como parte

da história da cidade, e os alunos eram incentivados na aula de inglês a escreverem carta

pra ele, a cada ano

Kristen e eu tínhamos escrito várias vezes pra ele. Um monte de crianças gostaram

do elemento extra-perigoso que foi entregue junto com uma carta aos mortos na noite de

halloween. Nos também tínhamos feito isso. Mas para mim, — A Lenda— sempre foi...

mais. Mais do que apenas uma tarefa da escola, ou uma obsessão da cidade. Mais do que

apenas um assunto pra falar com a minha melhor amiga. Isso significava mais do que

qualquer outra coisa. Eu não sei qual era a conexão, ou porque ainda tem, mas eu acho que

sempre esteve lá. Agora por mim, eu arranquei umas violetas solitárias de um ramo de

flores que cresciam ao lado da árvore de carvalho para deixar meu sinal.

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— Bom dia pra você, Sr. Irving. — Eu falei baixinho enquanto abaixava para

colocar a flor ao lado de uma pilha de moedas. Eu me endireitei, e depois hesitei, não sabia

como começar. — Lamento não ter visitado por um tempo. Algumas coisas... mudaram.—

Eu não podia pensar muito sobre o que dizer, ou como dizer, então eu deixei as palavras

virem naturalmente.

— Kristen não veio visitar você também. Ela não vai voltar... não mesmo. Houve

um acidente.

As palavras soavam ocas e alheias para meus ouvidos.

— Há muitos rumores, mas nenhum deles é verdadeiro.— Falei rapidamente, pra

poder conseguir isso. — Eles dizem que ela se afogou no rio Crane, mas eles ainda não

encontraram o corpo. Um funeral foi realizado há duas semanas. Enterraram o caixão

vazio. — Minha voz falhou na última frase, e parei por um minuto. — Isso.. isso é muito

bonito.

Eu não estava esperando algum tipo de resposta e, obviamente, eu não tive

nenhuma. Uma leve brisa passou, e por um segundo eu juro que senti o som de duas

meninas rindo. Ouvi mais de perto, mas desapareceu. Não havia ninguém lá. Eu seguia o

título da lápide, enquanto infelizmente sussurrava: — Sim, ela não vai voltar.

Um ruído suave me distraiu, e me virei para ver um velho de cabelo grisalho tirar

as folhas dispersas que haviam caído sobre o pequeno canteiro.

Eu não tinha ideia de quanto tempo ele esteve ali, ou o que ele ouviu, mas ele foi

surpreendentemente gracioso ao mover a pilha de folhas em torno da sepultura. Depois de

fazer cinco ou seis pilhas, ele puxou uma escova de seda do bolso e começou a limpar a

parte superior de cada sepultura. Ele não disse nada para mim, ou até mesmo agiu como se

soubesse que eu estava lá. Eu lhe dei mais alguns minutos e, em seguida, me aproximei

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dele quando ele caiu de joelhos e começou a tirar ervas que atingem ao longo da borda da

grade de ferro.

— Eu posso te ajudar com isso, se quiser.— Eu ofereci.

Ele olhou pra mim com grandes olhos castanhos que tinham profundas rugas no

canto. Ele pareceu surpreso por querer ajudá-lo.

— Eu agradeço seu oferecimento, e aceito.— Disse ele suavemente.

Olhei para ele interrogativamente. Ele estava falando sério? A maioria das pessoas

de idade que eu conheço não sabe falar dessa maneira. Então ele sorriu, e seus olhos

brilhavam. Eu poderia dizer que ele sabia exatamente o que eu estava pensando.

Me envergonhei, caí de joelhos e comecei a arrancar as ervas descontroladamente,

indiferente das manchas de grama que meu jeans provavelmente iria suportar.

Trabalhamos lado a lado em silêncio por alguns minutos e, em seguida ele sentou-se de

repente. Algo estava em sua mão, e ele mostrou-a para mim.

— Olha, temos um prêmio aqui.

Olhei duramente para folha verde descansando em sua mão alinhada e cicatrizada.

— Hera venenosa? — Adivinhei.

Ele sorriu e abanou a cabeça.

— Não, algo melhor.

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Em seguida, ele rasgou a folha em duas partes, estalou parte dela em sua boca, e

começou a mastigar. Eu vi como ele era louco. Se ele começasse a ter uma convulsão, ou a

espumar, eu estava pronta para correr por uma segunda ajuda.

— É hortelã. — Ele disse, rindo da minha expressão e segurando a outra metade da

folha para mim.

Eu, cautelosamente, aceitei a oferta, olhando para ele como um camelô. Levando

até meu nariz, eu cheirei profundamente, e fui surpreendida pelo forte aroma.

— Você está certo. — Cheirei de novo, sentindo o perfume um pouco mais familiar

a cada respiração.

— Eu nunca vi isso crescendo antes. Estou acostumada a encontrá-lo em garrafa.—

Ele pareceu surpreso, mas satisfeito. — Que maravilha! Tem muitas utilidades.

Eu assenti. — Eu uso óleo de essência de hortelã com pimenta e misturo outros

óleos para criar perfumes.

Era estranho, dizer uma coisa tão pessoal como isso a um desconhecido, mas eu

senti orgulho dele parecer satisfeito porque eu sabia o que era.

Ele sorriu entusiasmado e se inclinou para trás de seu trabalho.

— Essa é uma maneira muito criativa para usá-lo.

Quando ele se calou, olhei para ele, realmente vendo pela primeira vez o estranho

com que eu estava trabalhando. Ele usava um macacão azul empoeirado, que obviamente

tinha sido remendado várias vezes combinando com uma camisa com botão baixo de

manga curta. Suas botas pretas eram velhas e usadas, mas elas tinham uma aparência

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confortáveis.

Seu cabelo grisalho tocou suavemente o vento, ele parecia ser um avô agradável.

— Eu sou Abbey, a propósito. — Eu disse. — Na verdade, é Abigail, mas eu acho

Abbey melhor.

— Meu nome é Nikolas.— Ele respondeu. — É um prazer conhecê-la, Abbey.

Eu comecei a trabalhar com a grama de novo, e não demorou muito para nós dois

fazermos o caminho em volta da cerca. Logo que terminamos, arrastamos através das

plantas e acrescentamos uma pilha de folhas. Eu não tinha certeza do que fazer depois.

— Então, hum, você é amigo da família ou algo assim? — Perguntei meio sem jeito.

— Acho que pode se dizer isso. — Respondeu Nikolas.

— Você sabe se eles têm um zelador no cemitério que eu suponho fazer esse tipo de

coisa, certo? O nome dele é John.

Eu tinha encontrado John várias vezes antes, e embora ele fosse muito bom no seu

trabalho, ele não era muito amigável. Mas eu acho que precisa de um certo tipo de

personalidade para ser capaz de trabalhar sozinho apenas com a companhia dos mortos

todos os dias. Definitivamente não é um trabalho para uma pessoa do povo.

Nikolas puxou um saco de lixo preto do outro bolso e rapidamente encheu-o com

as ervas e as folhas antes que tivesse a chance de oferecer ajuda.

— Os velhos hábitos são difíceis. — Disse ele ao amarrar um nó no topo do saco. —

Eu sou algo como um zelador.

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Ele sorriu para mim, e os cantos dos seus olhos se enrugaram novamente.

— Obrigado por sua ajuda hoje, Abbey e tente relembrar a boas memórias. Elas vão

ajudar as mais tristes.

Eu vi de perto como ele levantou o saco sobre o ombro e desceu as escadas

estreitas, tomando o caminho que o levou para o outro lado do cemitério. Então,

obviamente, ele ouviu o que eu disse. E ainda não me incomodou e isso foi estranho.

Parando por um momento, eu sabia que meu tempo aqui ainda não havia terminado.

Acenei um silencioso adeus à família Irving, tomei meu caminho de volta até o portão, em

direção a Velha Igreja Holandesa.

Um pavor encheu a boca do estômago no momento em que a estrutura de pedra

apareceu à frente, grande e imponente. À minha direita era a Ponte de Washington Irving,

onde Kristen tinha caído. À minha esquerda estava o local do enterro de Kristen. Eu olhei

em ambas as direções, numa escolha perdida a fazer. Mais uma vez eu senti um puxão. Foi

uma invisível direção me conduzindo para o meu destino, me dizendo para onde ir. Então

eu escutei. Eu escolhi a ponte.

A ponte de Washington Irving era um projeto interminável que ainda estava em

construção. Quando era admitida a hipótese para ajudar, traziam mais turistas para recriar

a famosa ponte coberta que Ichabod Crane tinha caçado ao longo da — A Lenda— , tudo o

que tinha feito até agora foi criar engarrafamentos. E os turistas não gostam de tráfego.

Portanto, o plano tinha sido um grande fracasso. Com o atraso da investigação do acidente

de Kristen, e os meses de inverno chegando rapidamente, uma retenção temporária tinha

sido aplicada ao plano. Da maneira que as coisas estavam indo, provavelmente seriam

mais três anos até a ponte ser concluída.

Caminhei lentamente até a margem do rio e parei ali. A água escorria agitada e

borbulhante, em seu frenético movimento. O salto repentino de um esquilo vibrou em uma

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árvore próximo a mim me assustando, e me movi em direção à ponte. Em direção ao nosso

lugar.

Muito antes da cidade decidir reconstruir a ponte, Kristen e eu conhecemos no Rio

Crane, um nomeado professor desengonçado e apaixonado que se assustou por causa do

Cavaleiro no conto da Vida de Washington. Uma plataforma que tinha ficado na parte

velha da ponte serviu diretamente um dos concretos de apoio das torres, ele fez um assento

fantástico. As vigas de madeira fizeram uma espécie de banco, e seus pés podiam oscilar ao

longo do mar aberto. Não havia qualquer grade em frente para segurá-lo no lugar, ou pegá-

lo se caísse, mas era como se estivesse, literalmente, sentado em cima do rio. A construção

que tinha feito recentemente fez a plataforma um pouco mais rígida para chegar, mas eu

ainda era capaz de alcançar. Eu subi na torre e me prendi, olhando para fora sobre a água.

O sol estava quente no meu rosto, mas estava frio por dentro. Se tivesse acontecido

realmente aqui, nesse lugar? Eu nunca iria ter outra oportunidade de sentar debaixo dessa

ponte e falar com Kristen de novo? Tudo parecia tão surreal. Esta não era a minha vida

como eu imaginei. Um carro estrondou por cima, e senti toda a vibração em todo o

caminho aos meus pés, mas eu ignorei.

Em vez disso, pensei no ano passado, como nossos primeiros dias depois da escola

tinham sidos gastos nessa ponte...

— Você nunca vai adivinhar quem me perguntou se você está tendo Francês esse

ano. — Eu brinquei com Kristen.

Seus olhos castanhos se arregalaram. — Quem?

— Oh, poderia ter sido Trey Hunter. — Estraguei minha compostura com um

grande sorriso.

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— Ele me perguntou onde você normalmente se senta, e se alguém em especial

senta perto de você.

Meu sorriso cresceu mais ainda quando vi seus olhos se iluminarem com a

notícia.

— Ele até me agradeceu muito bem depois que eu disse. Acho que ele gosta de

você.

Ela corou e desviou o olhar. Então, seu sorriso desapareceu um pouco, e ela

balançou a cabeça.

— Ele provavelmente só quer me perguntar se eu vou trocar de lugar com ele, ou

algo assim. Eu não acho que ele realmente queira se sentar ao meu lado.

— Você não sabe, Kris.

— Sim, eu sei, Abbey. Eu simplesmente.. sei. — Ela encolheu os ombros.

Quando ela se virou para mim novamente, a triste Kristen desapareceu e a feliz

Kristen estava de volta em seu lugar.

— Eu tenho que te mostrar essa nova camisa que eu consegui. — Ela disse

entusiasmada.

— È um profundo Borgonha, com espartilho de laço na frente. Mas você tem que

me deixar usá-lo pelo menos uma vez antes de pegar emprestado, ok? Porque eu sei que

você vai totalmente tentar roubá-lo de mim.

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Nosso riso saltou para a água e veio ecoando de volta para nós.

Algo pegou no canto da minha visão e eu perdi o som do riso, estalando de volta à

realidade com um golpe afiado. Virei à cabeça lentamente, seguindo uma sombra até que

eu podia ver claramente o que era. Um pequeno pedaço de fita amarela na cena do crime

flutuava ao longo da borda da superfície da água, enrolando na parte de um galho de

árvore. Era uma lembrança cruel de que outra coisa tinha acontecido aqui. Eu olhei para a

fita, vendo nas ondas da água, e em seguida batendo contra a árvore.

Isso não faz parte daqui. Não pertence a lugar algum, mas especialmente em algum

lugar que significava muito para mim. Descer do meu lugar era fácil. Eu havia feito isso mil

vezes, e não demorou muito para os meus pés baterem firmemente ao redor. Na verdade,

retirar o pedaço da fita não foi tão fácil. Eu tentei, a princípio, chegar ao rio e

simplesmente livrá-lo da árvore, mas foi preso fortemente com o galho. Então agarrei uma

vara com uma ponta afiada e tentei usá-la para desengatar. Mas eu estava muito longe.

Não importa o quanto eu mexia, a fita ainda estava pendurada. Então eu tentei me

inclinar mais para fora, sobre a água. O que apenas resultou em fazer com que eu segurasse

a vara por mais tempo. O mais perto que consegui, a menos que quisesse encaixar naquele

pedaço de fita. Pensei em quebrar a vara, mas podia ficar muito curta. Eu teria que surgir

com alguma solução diferente. A ideia da vara não estava funcionando. Levantando ao meu

redor, vi uma grande pedra que parecia que poderia ser capaz de me dar à assistência que

eu precisava. Era o suficiente para chegar perto da árvore se eu estivesse sobre ela, e

poderia quebrar a vara e tentar chegar à fita. O único ponto negativo foi que a pedra estava

na água. Se eu realmente quisesse aquela fita, ia ter que me molhar.

Olhei em volta mais uma vez, um check duplo nas minhas opções. Não havia

outras opções. Era isso ou nada. Apoiando juntamente a margem do rio até encontrar um

local mais seco e menos lamacento, tirei minhas botas. Depois vieram as minhas meias. Eu

meti-as dentro das botas e enrolei o jeans na minha perna até o joelho. A água parecia

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muito alta, e eu não queria ficar mais molhada do que era absolutamente necessário. O

primeiro passo correu um arrepio por mim. Ainda que mal cobrissem meus pés, a água

estava fria. Eu entrei um pouco mais fundo, rangendo os dentes enquanto o frio rastejava

até meus tornozelos. Deixando meu corpo se acostumar com a temperatura apenas por um

momento, eu mergulhei para frente, tentando não me cutucar com a vara que eu estava

arrastando atrás.

Três passos a mais, e eu alcancei a pedra.

Subi com cuidado, tentando me equilibrar com a vara na mão. Logo que tive os

dois pés firmemente posicionados, eu levantei a vara para cima e quebrei um pedaço para

encurtá-la um pouco. Então apontei na direção da fita na cena do crime. A fita deslizou da

árvore e desceu para cima da vara. Eu agarrei e segurei na minha mão. Dedilhando a fria e

úmida textura enrugada.

Eu li as palavras LINHA POLICIAL: NÃO ATRAVESSE repetidas vezes, pensando

sobre a razão pela qual tinha sido colocado aqui.

E então, meu pé escorregou.

A perda repentina de equilíbrio me surpreendeu, e me deixou lutando

descontroladamente para recuperar o apoio para meus pés. Eu não podia cair. Não

importa o que aconteça, eu não poderia cair. Isso não poderia acontecer comigo também.

Eu deixei cair a vara e a fita, e me inclinei ligeiramente à minha esquerda. Um duplo

empurrão depois, e uma breve pancada de vento, e eu era capaz de recuperar meu

equilíbrio. Vi a fita amarela flutuando no rio, afastando-se ao longo da corrente até que

estava fora de vista. Agora que ela tinha ido embora, a paisagem parecia normal

novamente.

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Pisando com muito cuidado para fora da pedra, eu fiz meu caminho lentamente de

volta à margem. A água não tinha a sensação tão fria agora, mas rodopiou em torno dos

meus tornozelos em um movimento arrastado. Foi uma sensação perigosa, como se eu

fosse ser arrastada para fora dos meus pés e levada a qualquer momento. Quando cheguei

mais perto da borda do rio, eu prestei muita atenção na margem do rio.

Qualquer quantidade de surpresas desagradáveis podia estar escondida lá. Coisas

que eu não queria perfurar entre meus dedos. Então, o sol refletiu em algo brilhante e meio

escondido na lama. Temendo que pudesse ser um pedaço de vidro, me abaixei para olhar

de perto. Tudo o que eu podia ver eram meus pés descalços. A superfície clara da água

revelou o sangue vermelho profundo que eu tinha pintando nas unhas dos pés. E me

lembrei de outro tom de vermelho, a cor do caixão de Kristen. Deixando de lado o que quer

que fosse a coisa brilhante, eu sai da água para cima da terra seca. Enquanto andava na

direção dos meus sapatos e meias, minha cabeça estava cheia de pensamentos sobre esse

dia no cemitério.

— Por um momento eu pensei que você estivesse caindo.

Eu peguei minhas botas e olhei a minha volta, descontroladamente. Sob a ponte, à

minha esquerda, era um garoto.

Uma dramática faixa preta se destacava em seu cabelo loiro.

Eu dei um duplo passo em direção a ele, tendo o cuidado de olhar o chão já que

ainda estava com os pés descalços, e depois olhei diretamente em seus olhos.

— Nunca. — Eu zombei. — Eu estava em completo controle o tempo todo.

Ele olhou para mim e sua voz era suave.

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— É claro

Minha língua amarrou, e eu gostaria de ter algo inteligente a dizer.

Ele me olhava com um pequeno sorriso em seu rosto, e eu não conseguia parar de

olhar para seus olhos. Eles eram tão vivos. Eu nunca tinha visto um tom de verde assim

antes. Um canto de sua boca se contorceu para cima.

Ele está rindo de mim?

Eu ouvi uma batida maçante e percebi que tinha deixado uma das minhas botas

cair. Olhei para baixo silenciosamente até meu cérebro engrenar. Envergonhei-me, e me

senti idiota de dez maneiras diferentes, e eu rapidamente joguei a outra ao lado dele e ela

afundou no chão.

Meus pés estavam secos o suficiente para colocar meus sapatos de volta, mas eu

limpei alguma sujeira imaginaria antes de enfiar nas minhas meias. Eu prestava muita

atenção em cada pé, ganhando tempo. Ele não ia embora. E ele não disse nada. Depois de

gastar uma quantidade extraordinária de tempo em cada bota, e cuidadosamente

reorganizando meus jeans, eu sacudi o pó das minhas mãos e me levantei.

Ele ainda estava lá, com as mãos no bolso.

— Qual o seu nome? — Eu perguntei.

— Caspian.

Ele não ofereceu qualquer outra coisa.

Estava começando a ficar escuro, e eu sabia que tinha que chegar em casa cedo,

mas havia algo que eu tinha que perguntar a ele.

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Algo que eu precisava saber.

— Naquele dia, na casa de Kristen... o que você quis dizer quando disse que estava

lá por causa de mim?

Eu segurei minha respiração, esperando ele responder.

Ouvi cada palavra claramente quando ele falou.

— Eu sei o quanto Kristen significava para você, Abbey.

— Você nem mesmo me conhece. Eu não conheço você. Por quê?

Seus ombros subiam e desciam enquanto passava a mão pelo cabelo, e ele parecia

tímido, de repente.

— Eu não sei. Eu pensei que se estivesse lá, iria ajudá-la de alguma forma... eu só

queria estar lá para você.

Aquelas palavras me tiraram o fôlego. — Obrigada.— eu disse baixinho.

— Ajudou.

Eu odiaria quebrar o momento, mas eu sabia que estava correndo contra o tempo.

— Eu tenho que ir. Preciso ir para casa... jantar...

Eu não conseguia olhar diretamente em seus olhos. As palavras que ele acabara de

dizer ainda pendia entre nós. Eram grandes e poderosas palavras.

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— Sim, eu também.

Uma rua acima da ponte recuou automaticamente enquanto a luz do dia continuou

enfraquecendo ao nosso redor. É um brilho ligeiramente descendente, deixando metade

do rosto de Caspian aparecendo enquanto a outra metade estava escondida pela escuridão.

— Então, foi, hum, um prazer te conhece, Caspian, e... e acho que vou vê-lo algum

dia. — Eu disse nervosamente. É esta a maneira correta de dizer adeus?

— Como é que você vai chegar em casa. Ele me perguntou.

— Eu vou pelo cemitério.— Eu respondi. — Há espaço suficiente para passar entre

os dois portões principais. Ou às vezes eu passo pela ponte. Demora mais tempo, mas ela

me leva diretamente para a estrada principal, e eu moro logo depois.

— Você vai fazer isso, Abbey? Vai pela ponte e pegar a estrada principal? — Ele

parecia muito sério.

— Sim, eu posso. — Eu disse, embora eu tenha ficado confusa com a lógica por trás

de sua pergunta.

— Pode haver uma pessoa louca aí só esperando alguém vir andando. Eu não quero

que você se machuque. — Ele disse timidamente.

Oh, essa era a lógica dele? Eu estive pelo cemitério de noite, dezenas de vezes

antes. Embora tivesse sido um tanto assustador, e eu normalmente tinha a Kristen comigo,

nunca aconteceu nada.

Mas eu mantive a realidade para mim mesma.

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— Ok.— Eu sorri para ele. — Obrigada por pensar em mim. Te vejo depois.

Eu me virei para ir embora, tentando esconder meu sorriso megawatts antes que

ele pudesse vê-lo. Ele não queria que eu me machucasse? Poxa, demais. Eu poderia

realmente estar perto de desmaiar aqui.

— E no sábado, Abbey? Você está livre sábado de manhã? Você vai me encontrar

aqui? — Sua voz quebrou meus pensamentos vertiginosos.

Eu voltei. Não havia atraso em casa, ou obrigação de limpar a casa que me

impediria de responder essa.

— Estou livre. — Eu tentei soar vago e indiferente sobre isso. — Eu posso encontrá-

lo aqui.

— Bom. Sábado, então. — A luz brilhou metade de seu rosto, e ele estava sorrindo.

— Boa Noite, Abbey. Bons sonhos.

Meu estômago mergulhou.

— Boa noite... Caspian. — Eu sussurrei.

Eu não sei se me lembrei de sorrir de volta ou não. Eu estava muito ocupada

tentando não tropeçar em meus próprios pés quando me virei para a estrada principal.

Sim, eu definitivamente iria ter bons sonhos essa noite.

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Capítulo Sete Grandes Esperanças

―Eu confesso não saber como o coração das mulheres são cortejados e vencidos. Para mim, eles sempre foram enigmáticos e motivo de admiração.‖ — The Legend of Sleepy

Hollow.

Os próximos dias voaram, mas eu tive problemas para dormir na sexta-feira. Apenas

essa noite não eram os pesadelos ou as memórias tristes que me mantinham acordada. Era

a excitação. Eu passeei pelo me quarto enquanto meu cérebro trabalhava intensamente.

O que eu devo usar?

O que eu devo dizer?

E se ele pensar que eu sou uma idiota total?

E se ele me abraçar?

Quando os ponteiros do relógio começaram a se aproximas das três da manhã, me

forcei a deitar na cama e pensar em coisas que me fizessem dormir. Mas isso não

funcionou, e acabei encarando o teto. Olhando para o relógio novamente, percebi que tinha

somente... Droga! Eu não sabia quantas horas eu tinha para dormir ainda. Caspian não

tinha me dito que horas iríamos nos encontrar. Agora meu cérebro trabalhava

rapidamente de novo, se preocupando com isso. Nove horas era muito cedo? Eu teria que

me levantar antes das oito para conseguir me arrumar a tempo. Talvez dez ou dez e quinze

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fosse melhor. Assim eu não pareceria desesperada. Eu poderia aparecer casualmente no

cemitério e agir como se não tivesse pensado duas vezes. Sim, isso ia funcionar. Desespero

não era nada bom. Satisfeita com minha decisão, fechei meus olhos e pensei na ponte pela

centésima vez. Revivendo cada palavra que ele disse, cada gesto que ele fez, examinei a

memória por todos os ângulos. Eu não queria perder nenhum mínimo detalhe ou nenhuma

nuance sutil que tinha acontecido.

Eu não quero que você se machuque.

Eu não podia evitar que um grande sorriso se espalhasse pelo meu rosto enquanto

eu ouvia aquelas palavras em minha cabeça novamente. Quando finalmente adormeci,

sonhei com penetrantes olhos verdes assombrando figuras escuras meio escondidas nas

sombras.

Eram doces sonhos, na verdade.

A manhã de sábado chegou muito rápido. Eu encarei o relógio ainda grogue, me

perguntando por que ele tinha soado antes das nove, quando, de repente, me ocorreu o que

eu deveria fazer hoje... E com quem eu deveria fazer. Eu pulei da cama e corri para o

chuveiro. Cantarolando baixinho, eu ensaboava meu cabelo com o xampu de baunilha e

depois passei o gel de toranja rosa. Os dois cheiravam maravilhosamente bem e isso me

animou ainda mais. Porém, meu entusiasmo diminuiu enquanto eu secava meu cabelo

com a toalha. Eu tentava domar desesperadamente meus cachos em perfeitas espirais, mas

eles discordavam de mim veementemente. Era uma batalha rapidamente perdida.

Ressentidamente, eu me conformei em torcer varias mechas e prender em um coque

frouxo no alto da minha cabeça. Se eu o mantivesse por trinta minutos, então

esperançosamente, ele ficaria meio ondulado. Cabelos rebeldes estão voltando à moda, eu

tentei convencer o meu reflexo no espelho. É chamado de — suave e romântico. — Você

será uma criadora de tendências. Mas eu realmente não queria redefinir as tendências. Só

queria ter um cabelo sexy. Com um pesado suspiro, fui me vestir. È claro que meu guarda-

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roupa me deu uma nova crise. A calça cargo que eu tinha pensado em usar não ficavam

nem um pouco lisonjeiras no corpo. Se minha bunda era do tamanho que aparentava

naquela calça, então eu precisava entrar em uma academia ou fazer um esporte, e logo. Em

pânico, procurei pelo meu armário por alguma outra coisa para usar, e logo a cama estava

toda coberta pelas minhas opções descartadas. Eu finalmente vesti meus jeans que faziam

com que ficasse bonita, e um longo suéter preto envolvente. Eu finalizei com um chapéu

quadriculado vermelho e preto.

Eu não sabia se Caspian quis dizer para que eu o encontrasse na ponte, mas era lá

que eu estava indo.

Ignorando o cemitério, me mantive na estrada principal. Meu coração estava

batendo mais rápido e borboletas estavam começando a voar em meu estômago. Eu podia

ver a ponte agora. Eu fiz uma varredura na beira do rio, mas não o vi. Meu coração

afundou. Ele não estava lá.

Ainda, eu tentei consolar a mim mesma. Ele não está aqui ainda. Ele disse que ia

me encontrar, então não havia motivo nenhum para achar que ele não iria.

Talvez ele tenha decidido o contrário, uma vozinha resmungou no fundo da minha

cabeça. Ou talvez ele já tenha ido embora. Ele provavelmente tinha outras coisas a fazer ao

invés de ficar esperando por mim durante toda a manhã. Dúvidas encheram minha mente,

e meus passos desaceleraram. Estou muito atrasada? Eu deveria voltar para casa? Eu

chequei a hora em meu relógio novamente: 10:27h. Eu deveria esperar? Por quanto

tempo? A incerteza me fez descer até a beira. Eu não podia ver debaixo da ponte, e me

agarrei a pequenas frestas de esperança de que ele poderia estar esperando lá por mim.

Pisando com cuidado nas árvores e nas pedras soltas, eu desci. Enquanto descia, o espaço

entre a ponte e o chão ficou mais visível e vi alguém sentado ao chão lendo um livro. O seu

cabelo o denunciou de longe. Meu estômago pulou. Ele estava aqui. Ele olhou para cima

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enquanto me aproximava. Seu sorriso era lindo.

— Hey, Abbey. — Meu sorriso em resposta foi tão grande, parecia que meu rosto

estava dividido em dois.

— Oi, Caspian.

Ele ergueu a mão e estendeu uma violeta ligeiramente murcha para mim.

— Desculpe-me, está toda... Amarrotada. Eu colhi para você mais cedo. Elas

crescem em todos os lugares por aqui.

Eu podia sentir a surpresa se espalhando por todo o meu rosto enquanto meu

maxilar se encolhia. Eu estava espantada. Eu não sabia o que fazer. Ele estava me trazendo

flores? Ok, tecnicamente não era uma dúzia de rosas ou algo assim, mas ainda era, ai meu

Deus, maravilhoso.

Agarrei a haste da flor, logo em cima de onde o polegar dele estava descansado. Em

algum outro universo alternativo, onde eu era legal e não era tímida, eu vi minha mão

deslizar para descansar sobre a dele, confiante e sexy. Mas eu não era assim nesse

universo, e com um suspiro suave, eu tive certeza de que tinha pelo menos uma polegada

de distância entre nossos dedos.

— Obrigada, — eu respondi. — É... bonita. Absolutamente linda, Caspian.

Ele sorriu para mim novamente, e meu coração derreteu-se em uma poça aos meus

pés. Sim, eu queria dizer a ele, que ele tinha acabado de fazer toda fantasia romântica que

eu já tive se tornar realidade. Mas desde que Covarde é o meu nome do meio, eu mantive

os meus pensamentos para mim.

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Eu fiquei ainda mais tímida quando o seu olhar passou por mim. Esperando

freneticamente que o meu cabelo ainda parecesse tão bom quanto ele tinha estado em meu

quarto, tentei passar discretamente a língua sobre os dentes, caso eu tivesse qualquer

mancha de batom sobre eles.

— Eu não tinha certeza do que horas chegar aqui. Você não falou sobre isso.

Deixei o meu olhar vagar por ele um pouco também e notei que ele estava vestido

com jeans preto e uma longa preta camisa de manga. Ele ficava muito bem neles, deixando

seu olhar sombrio e misterioso. E sexy. Muito, muito sexy.

Eu estava babando? Meu Deus, eu esperava que não.

Ele deu de ombros.

— Estou feliz que você pode vir. Desde que você tenha vindo qualquer horário seria

bom para mim. Você teve bons sonhos?

Dei de ombros, rezando para que não ficasse vermelha e me traísse.

— Sim, com certeza, eu acho que sim. Eu realmente não me lembro dos meus

sonhos.

Mentirosa, mentirosa, calças no fogo5.

— Você não veio pelo cemitério, não é? —Ele pareceu preocupado.

5 Liars liars, paints on fire = uma brincadeira que as crianças fazem quando alguém mente

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— Não. Eu vim pela estrada principal.

— Bom,— ele disse suavemente. — Bom.

Olhei para o livro que ele estava segurando. Eu não conseguia ler o título.

— Há quanto tempo você está aqui?

— Desde das sete. Eu não queria que você ficasse esperando.

— Desde as sete? Sete da manhã? — Senti minhas sobrancelhas subindo em minha

testa.

— Sim. — Ele abaixou a cabeça timidamente e mudou de assunto.

— Então, muitas pessoas costumam vir aqui?

— Na verdade não. É muito abrigado debaixo da ponte.

Ele se virou e fez um leve gesto de liderança à frente com o seu livro. — Depois de

você, então.

Liderei o caminho debaixo da ponte, segurando forte a minha flor, e o vento bateu

na água, soprando uma brisa fresca sobre nós. Eu peguei o leve perfume do meu shampoo

de baunilha flutuando com vento, e eu estava contente que eu tinha escolhido algo quente

para vestir.

Nós nos sentamos um pouco sem jeito, com um pé de espaço entre nós. Eu queria

chegar mais perto, mas não sabia como. Usando a desculpa de ajeitar minhas pernas,

consegui diminuir o espaço em um centímetro ou dois.

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Ele não pareceu notar nada. Olhei para o rio enquanto falava.

— Então, qual o livro você estava lendo antes deu chegar aqui? — Não é

exatamente o tópico mais emocionante dos tópicos, mas pelo menos era uma conversa.

— Grandes Esperanças. Eu já li uma vez, mas estou lendo novamente para

entender umas coisas que perdi. Têm muitos detalhes.

Eu conhecia esse.

— Pobres Pip e Estella, — eu suspirei. — É meio crueldade continuar fazendo com

que eles se encontrassem quando jovens uma vez que eles nunca poderiam ficar juntos no

final.

— Crueldade foi a única razão para que eles tenham se conhecido, — ele apontou.

— Miss Havisham armou isso para ensinar a Estella a partir corações.

— Eu sei, — concordei. — Mas você não acha que o amor verdadeiro deveria

consertar tudo? Eu não sei, talvez seja apenas a romântica que há em mim... — Eu

disfarcei, percebendo que a conversa estava tomando um rumo de amor verdadeiro e finais

felizes para sempre. Eu não queria assustá-lo.

— Então você acha que o final é acreditável?— Eu guiei a conversa de volta a um

terreno seguro. — Eu li várias vezes. Metade do tempo eu penso que é genial, mas na outra

eu penso ser inacreditável. Como se Dickens tivesse escolhido a mistura mais improvável e

tivesse feito a história funcionar em torno disso.

— Eu nunca pensei dessa maneira, Abbey. Eu sempre pintei isso como a maneira

de Dickens de mostrar como um simples momento pode afetar vidas tão profundamente.

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O olhar intenso em seu rosto me fez sorrir. Eu não podia acreditar que estava me

divertindo tanto falando sobre um livro que tinha sido material de leitura obrigatória para

a escola.

— Eu realmente não queria ler a princípio. Foi designado como obrigatório para a

gente na oitava série, — eu admiti. — Todos os dias nós éramos obrigados a ler um capítulo

em voz alta para toda a classe. Era tãooo chato. E depois, quando chegamos a parte sobre o

misterioso benfeitor, o garoto sabe tudo disse a todos quem era. Eu não acreditei nele, por

isso, peguei o livro em casa para ler e terminei na mesma noite. Eu fiquei completamente

chocada porque ele estava certo.

— Oh, cara — Caspian sacudiu a cabeça com descrença. — Que idiota. Mas você

tem que ser uma leitora muito rápida para ter terminado o livro em uma noite.

— Bem, eu acho que sou. Eu posso normalmente terminar um livro em um dia ou

dois. Sendo justa, tive que ficar acordada grande parte da noite e então terminar o último

capítulo antes da escola no dia seguinte.

— Ainda assim é muito impressionante.

Seu elogio me encantou. Eu sou boa em mais alguma coisa que eu possa dizer a

ele? Eu posso fazer uma torrada francesa de matar... e crepes... e eu sei o nome de todos os

vice-presidentes. Não, não, isso é muito sobre mim. Eu não quero que ele pense que eu

tenho o ego do tamanho de Manhattan.

— E você?— eu perguntei. — Você deve gostar de ler também. Eu não conheci

muitos caras que leriam um livro como Grandes Esperanças, ou livro nenhum, para ser

sincera, e discutisse isso de bom grado. Você não está secretamente gravando essa

conversa para um trabalho da faculdade está?

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Ele sorriu. — Não, eu só decidi ler alguns dos clássicos. Enriquecer-me na

literatura. Expandir o meu cérebro. Eu não sei...— Ele desviou o olhar. — Eu não sou um

leitor rápido, então isso faz com que eu passe o tempo.

— Você tem muito tempo para matar? Você não está na faculdade ou alguma

coisa? — Eu me encolhi quando ouvi as minhas perguntas em voz alta.

— Desculpe. Você não tem que responder a isso.

— Não, está tudo bem. Eu não me importo,— ele disse. — Eu não vou para a

faculdade agora. Eu tirei um tempo para... pensar na minha opções.

Eu não sabia o que dizer, e fiquei em silêncio. Eu obriguei o meu cérebro, tentando

pensar em outra coisa para falar sobre outra coisa que não me fizesse soar: (a) chata ou (b)

stalkerish6. Até agora eu não tinha conseguido nada. Então eu pensei sobre o cemitério

atrás de nós como inspiração.

— Você já morou em Sleepy Hollow? — perguntei-lhe.

Ah, bem, eu nunca afirmei ser a melhor conversadora do mundo.

— Na verdade, eu sou de White Plains. Me mudei há cerca de dois anos e meio

atrás, com meu pai.

— De onde você se mudou?

— Viemos de West Virginia. Meu pai conseguiu um emprego como o gerente de

uma academia. Ele vai, eventualmente, assumi-la quando o proprietário se aposentar.

6 Não consegui uma tradução ao pé da letra, mas: descreve comportamento assustador de uma pessoa.

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Nova York ofereceu um dinheiro melhor do que West Virginia, por isso mudamos. — Ele

deslocou o livro que segurava de uma mão para outra. — Fui transferido para a escola

White Plains no meio de março, e me formei no penúltimo ano. Você vai para Hollow

High, certo?

— Sim. — Eu dei um suspiro tímido. — Eu sou júnior. Eu mal posso esperar para

me formar.

Ele ficou quieto por um momento e depois falou de novo.

— E você, Abbey? Você já mora aqui há muito tempo?

— Nascida e criada. Mamãe e papai cresceram aqui, foram para a escola juntos

aqui, e se casaram aqui. Eu nunca vivi em outro lugar.

— Uau. — Ele riu. — Eu aposto que você não pode esperar pela faculdade, e então,

sair dessa cidade.

Eu sorri para ele. — Né? Na verdade, saindo da casa de meus pais, claro, eu não me

importaria de ficar aqui. Belos parques, paisagens, este cemitério... E algumas das

melhores pizzas que eu já provei.

Ele riu novamente, desta vez mais alto. Foi uma risada muito boa.

— Eu concordo com você sobre isso. Nova York definitivamente sabe como fazer

uma boa pizza.

Nós sorrimos timidamente para o outro.

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— Eu quero começar um negócio, — eu soltei. — Eu já tenho a loja escolhida e tudo

mais. É necessário algum trabalho, mas tem uma bela janela.

— Sério? — Ele parecia surpreso. — Que tipo de negócio?

De repente eu hesitei com a pergunta. Eu já tinha dito muito. Eu não podia

acreditar que tinha acabado de dizer isso a ele. Kristen foi a única pessoa que já tinha

falado sobre isso.

— Eu não tenho certeza ainda, — murmurei, desviando o olhar.

— Não? Nenhuma ideia? — ele cutucou delicadamente. — Eu acho difícil acreditar

que alguém que já tem o local escolhido para sua empresa não tem quaisquer ideias para o

tipo de negócio que realmente quer tocar.

— Ok, ok, — eu gemi. — Sim, eu tenho algumas ideias.

Ele inclinou a cabeça para um lado, esperando pacientemente pelo meu

acabamento.

Eu suspirei. Desde que eu já falei isso tudo...

— Faço perfumes, e eu pensei em ter um lugar onde as pessoas pudessem ir para

conseguir o seu próprio perfume personalizado feito para eles. Eu também acho

interessante fazer um pouco de sabonete e shampoo, embora a minha última criação tenha

sido um desastre e vai demorar um tempo antes de eu começar a acertar as fórmulas — As

palavras derramava-se de mim com muita velocidade.

— Basicamente, eu só quero ter uma casa de sabonetes artesanais e artigos para o

corpo, e chamá-lo Abbey's Hollow... em honra a Washington Irving.— Eu o espiei, rezando

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silenciosamente para ele não falar de como estúpido isso parecia. Eu não estava pronta

para a rejeição. Para seu crédito, ele nem sequer pareceu entediado.

— Eu gosto disso

— Você gosta?— Perguntei-lhe, um pouquinho chocada. — Mas e o nome? Você

acha que é brega.

— Não. Eu não acho nem um pouco brega.

Eu dei-lhe um olhar que pedia para que me contasse a verdade.

— Falando sério, — ele respondeu com uma cara reta. Ele se inclinou um pouco

mais perto de mim, e seus olhos fitaram os meus. — Eu realmente gosto da ideia, Abbey.

Eu acho que é ótimo. E o nome é a melhor parte.

Eu nem sequer pensei duas vezes para contar-lhe mais.

— Eu já comecei um plano de negócios, — confessei. — Mas, mamãe e papai estão

pressionando-me para ir a alguma universidade de prestígio. Tudo o que realmente quero

fazer é ter algumas aulas de negócios locais, e talvez aprender com alguém que dirige sua

loja própria ervas. Ou ir para Paris e ver o que posso aprender lá. — Dei de ombros com

indiferença.

— Eu não quero desperdiçar a minha vida na faculdade por algo que eu não tenho

interesse, sabe?

Outro pensamento intruso, e eu franzi a testa. — Naturalmente, todos os meus

planos podem acabar indo para lugar nenhum. Kristen ia...— Minha voz falhou, e eu me

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interrompi. Olhando para a violeta flácida em minha mão, eu brinquei com a haste e

concentrei-me rigidamente para não chorar.

— Kristen ia me ajudar com a loja. Tinha as ideias mais surpreendentes para as

etiquetes e perfumes...

Uma lágrima vazou pelo canto do meu olho e limpei às pressas, tentando não

borrar a maquiagem.

— Está tudo bem, Abbey — Caspian disse suavemente. — Não chore. Eu acho que é

uma boa ideia abrir sua loja. Você estará fazendo Kristen feliz em continuar com seu

sonho.

— Você acha? — Eu perguntei, tentando inutilmente manter o tremor longe da

minha voz.

Ele assentiu gravemente e habilmente levou a conversa de volta para meus pais.

— E se você se comprometer com eles? — Ele sugeriu. — Se você disser a seu pai e

mãe que suas ideias são para agora, talvez eles não vão perder tempo planejando um futuro

diferente para você. Você nunca sabe. Vale a pena tentar.

O que ele disse fez um sentido incrível. A simplicidade fez-me sentir estúpida por

não pensar nisso sozinha.

— Obrigada pelo conselho, Caspian. Eu nunca teria pensado em uma resposta tão

óbvia. Ela estava ali na minha frente o tempo todo.

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— De nada, — disse ele. — Às vezes, basta olhar o problema de um ângulo

diferente. Você pode sempre pedir o meu conselho, Abbey. Vou tentar ajudar sempre que

puder.

Eu estava ouvindo mais por trás dessa declaração. O que ele realmente queria

dizer? Eu não poderia dizer.

Eu limpei minha garganta. Hora de passar para coisas mais felizes, para que eu

não passasse o dia inteiro fungando e chorando.

— Você não quer ver alguma coisa? Há uma pequena cachoeira, no outro lado da

ponte. Nós teremos que andar um pouco para alcançá-la. É um pouco escondida. — Se ele

notou minha mudança repentina de assunto, ele não mencionou.

— Ok. — Ele colocou o livro no chão. — Eu acho que vou deixar o livro aqui e

depois volto para buscar.

— Ninguém vai roubá-lo, — Eu garanti-lhe com um sorriso antes de levantar.

Cuidadosamente, coloquei a flor no bolso da minha calça e tentei limpar qualquer resíduo

de rocha ou terra que pudessem ter ficado grudados na minha camisa. Eu não queria

descobrir mais tarde que tinha desfilado com pedaços da natureza na minha bunda.

Caspian esperou e acenou para que eu indicasse o caminho. Virando, nós saímos debaixo

da ponte e ficamos em silêncio enquanto caminhávamos ao longo da margem do rio.

— Você já leu alguma coisa... De Edgar Allan Poe?— Arrisquei. Eu tinha de mantê-

lo falando. Ele ia pensar que eu era uma aberração, se eu ficasse em silêncio o tempo todo.

— Eu amei a sua história The Tell-Tale Heart. Falar sobre assustador..

— Vou ter de ler esse, — disse ele. — Já ouvi falar de The Raven, mas não esse.

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— The Pit and the Pendulum é outro bom. Procure este também, — eu disse.

Estava realmente ficando cada vez melhor nesta coisa conversa fiada? Talvez fosse porque

ele era tão fácil de falar. E ele amava livros. Ele poderia ser mais perfeito?

— Eu acho que viver na cidade de Sleepy Hollow significa que você leu a história de

Washington Irving, certo? — Ele inclinou-se para pegar um punhado de pedrinhas

pequenas, jogando-as suavemente ao redor enquanto falava.

— Você está brincando comigo? Eles ensinam isso na primeira série do Ensino

Fundamental. Esta cidade idolatra o Sr. Irving. Suas outras histórias foram boas, mas nada

pode tirar o topo de The Legend of Sleepy Hollow.

— Eu acho que é legal que a casa dele ser por aqui. Fala sobre o amor verdadeiro

por sua cidade.

Eu balancei a minha cabeça em concordância.

— Ele está enterrado aqui. Numa encosta no lote da família de Irving.

Fiz uma pausa para me virar e apontei em uma direção geral ao cemitério.

— Eu venho muito aí. Vou ter que mostrá-lo algum dia.

— É um encontro, — ele disse baixinho, pegando meu olhar.

— Tudo bem. É um encontro, — eu falei de volta. As borboletas começaram a nadar

em torno de meu estômago de novo, e eu senti minhas bochechas começarem a queimar.

Eu parei sob um galho de árvore baixo, segurando meu chapéu com uma mão enquanto

também tentava diminuir as batidas de meu coração.

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Inspire e expire. Pensamentos calmos, pensamentos tranquilos. O que ele disse não era

grande coisa.

Não era sequer um oficial eu vou te buscar e nós sairemos para jantar. Eu

simplesmente ia mostrar-lhe uma velha lápide. Não é grande coisa. Então porque é que

estou hiper ventilando?

Ele interrompeu a minha mini-sessão de loucura.

— Na verdade, eu tenho uma pequena confissão a fazer. Quer ouvir?

Eu estava legal. Eu estava calma. Eu poderia lhe responder agora. Dei de ombros.

Uhm, SIM! — Claro. O que é?— Eu estava realmente ficando boa nesse negócio de fingir

não estar nervosa. — Eu não li a história ainda, — disse.

Meu cérebro não devia estar funcionando corretamente. Era a única desculpa que

eu tinha.

— Que história?— Perguntei idiotamente.

Ele riu.

— Você sabe, a história que estamos falando? The Legend of Sleepy Hollow?

Cheguei a parar e virei para encará-lo.

— Espere. O quê? Sério? Você nunca leu The Legend of Sleepy Hollow? Bom Deus,

não deixe os nativos ouvirem você dizer isso. Você vai ser amarrado e assado por não ler o

livro obrigatório, ou algo assim.

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Ele piscou para mim, e eu quase podia ouvir o sorriso em sua voz quando ele se

inclinou para frente e sussurrou em tom conspiratório.

— Eu vou ter que contar com você, então, Abbey, para preencher as lacunas na

minha educação, antes que algum deles descubra. Você acha que está apta para isso?

Minhas bochechas queimaram como fogo, mas consegui manter a minha voz

normal.

— Eu acho que posso... Mas vamos esperar até ficarmos mais confortáveis.

Ouvi minhas palavras, e logo percebi todas as formas que poderiam ser

interpretadas, eu parei e depois acelerei. Eu era uma aberração. Uma aberração completa e

total da natureza. Chegamos a uma divisão no caminho que nos levou para a esquerda.

Espremendo-me entre dois pedregulhos, acenei para Caspian me seguir enquanto

eu tentava apagar as minhas palavras anteriores. — Como eu disse, é uma pequena

cachoeira, mas eu ainda acho que é muito bonita. — Nós paramos e uma vista panorâmica

apareceu diante de nós. Dezenas de pedras estavam espalhadas como uma barreira e tinha

água correndo entre elas. Terminava com uma queda livre em uma bacia que tinha menos

de dois metros de profundidade.

Eu me aproximei e sentei em uma rocha lisa e plana e seca. Era grande o suficiente

para duas pessoas, mas para minha decepção, Caspian empoleirou-se num tronco de

árvore oco ao meu lado. Ele jogou um punhado de pedras no rio e eles fizeram — plocs—

antes de afundarem.

Então ele se moveu para me encarar. — Então, a respeito dessa lenda...

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Um grande sorriso correu pelo meu e eu esqueci tudo sobre meu constrangimento

anterior. Esta era a minha história. Eu a conhecia de trás para frente, e eu não podia

esperar para contar.

— Tudo começa com este professor chamado Ichabod Crane, que também é o

maestro, motivo de fofocas da cidade, general garoto de recados. Depois de lecionar

durante o dia, ele ia de casa em casa para fofocar e contar histórias de fantasmas na noite.

Uma das histórias favoritas da época era sobre um soldado de Hessen que tinha perdido a

cabeça e havia rumores de que ele assombrava a igreja e a ponte. Ele foi nomeado

Cavaleiro Sem Cabeça.

Eu prestei atenção para ver se ele estava ficando entediado ou inquieto, mas os

olhos de Caspian estavam focados unicamente em mim. Seus olhos eram lindos, e eu tive

que lutar para não me perder neles. Levei um segundo para lembrar-me onde eu tinha

parado.

— Então, Ichabod Crane está feliz ensinando em sua escola e sendo o portador das

fofocas, até que um dia ele vê Katrina Van Tassel, filha de Baltus Van Tassel e apaixona-se

perdidamente por ela. Claro, eu acho que ele provavelmente se apaixonou por todas as

terras, animais e óbvio, a riqueza que Baltus possuía, mas de qualquer maneira, ele estava

determinado a possuí-la.

Eu abaixei a minha voz e acrescentei-lhe um tom ameaçador. — O que Ichabod

rapidamente percebeu, porém, que Katrina era uma conquistadora e já tinha vários

pretendentes. O mais popular sendo Brom Bones. Brom era basicamente tudo o que

Ichabod não era. Forte, bonito, violento e cheio de si. Um homem muito viril.

Caspian bufou, e dei-lhe um meio sorriso rápido.

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— Quando Ichabod começa a tentar cortejar Katrina, Brom fez piadas sobre ele.

Aterrorizava os alunos de Ichabod, saqueando sua escola, tirando sarro da sua voz... Todo

tipo de coisa. Então tudo acontece em uma grande festa da colheita que Van Tassel deu.

Ichabod foi convidado, e tenta finalmente ganhar a mão de Katrina. Mas algo dá errado, e

Katrina o despensa. Com o coração partido, Ichabod deixa a festa, em seu velho e coxo,

cavalo emprestado, para voltar para casa na escuridão.

— Você sabe o que acontece daqui para a frente, né? — Eu me interrompi para

perguntar à Caspian.

Ele sorriu. — Continue. Isso está ficando bom.

Mudei o meu peso para um lado e ajeitei minhas pernas.

— Ok, então.... Enquanto Ichabod volta para casa, cada pequeno ruído assusta-o

quase até a morte, porque tudo o que ele consegue pensar são todas as histórias de

fantasmas que vem contando. Quando de repente ele ouve um cavalo segui-lo. Cada vez

mais perto. O tropel ecoa em torno dele, cada vez mais alto. E depois... Ele o vê. O

Cavaleiro Sem Cabeça, montando um enorme cavalo preto e carregando sua cabeça na sela

vindo direto para ele! Ichabod apressa seu cavalo, mas o Cavaleiro está muito perto, e

Ichabod o vê se virar atrás e jogar a cabeça diretamente para ele!

Parei para tomar fôlego, e continuei.

— E então na manhã seguinte Ichabod Crane é declarado desaparecido, uma

abóbora quebrada é encontrada ao lado de seu cavalo solitário, e Brom Bones casa com

Katrina Van Tassel, pouco depois, todos rindo a caminho do altar.

Caspian olhou para mim, incrédulo. — É isso?

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— Basicamente, — eu disse. — É claro que é muito mais divertido quando você lê a

história real, em vez de apenas ouvir a versão resumida, mas é isso.

— Então era Brom Bones o tempo todo. Nunca houve nenhum Cavaleiro Sem

Cabeça. Apenas alguém que usou um truque maldoso sobre uma pessoa ingênua.

— Bem, eu não diria que não há um cavaleiro fantasma. Há sempre histórias

flutuando sobre ele; Washington Irving não se limitou a fazer esse acompanhamento. Mas

eu não acho que foi o Cavaleiro sem Cabeça que o matou. Acho que foi Brom. Invejoso,

miserável Brom, tentando se certificar de que ele seguiria seu rumo. E ele o fez.

Então Caspian sorriu, um breve sorriso de você-me-diverte, e balançou a sua

cabeça. Eu levantei uma sobrancelha.

— O quê?— Exigi.

— Uma imagem mental divertida, isso é tudo, — ele disse.

Esperei que ele desenvolvesse, ele não parecia querer compartilhar.

— Você sabe que é rude manter uma menina esperando, — eu o provoquei.

Ele sorriu novamente. — Minhas sinceras desculpas. Eu não quero mostrar meus

maus modos. Isso pode esperar para a próxima vez.

Balancei a cabeça para ele continuar.

— Eu estava imaginando você sendo perseguida por um Cavaleiro Sem Cabeça e

em seguida, parando para mandá-lo dar o fora. Foi engraçado.

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— Eu não acho que eu faria isso. — Eu balancei minha cabeça. — O Cavaleiro é

uma pessoa que eu não quero conhecer.

— Porque ele é um fantasma?

Dei de ombros. — Sim, eu acho. Ele não te assustaria?

— Nunca, — ele zombou. — Eu sou um homem viril.

Eu não conseguia segurar no meu riso. — Sim, claro.

— Não importa, no entanto. Eu não vou vê-lo a qualquer momento em breve. Eu

não acredito em fantasmas.

Caspian esticou as pernas e novamente a decepção bateu em mim porque ele não

tinha se sentado ao meu lado.

— A única coisa que eu não entendo sobre a história toda é porque a cidade

idolatra tanto Washington Irving.

Fiquei horrorizada. — Nós idolatramos Washington Irving porque ele era um

contador de histórias incríveis, por um motivo. Ele deu vida e imaginação à literatura.

Pegando porções e pedaços de pessoas reais, e lugares reais, e misturando-os para este belo

conto popular americano que durou muito mais tempo do que ele. Quando você vive em

Hollow, você não consegue evitar, deseja comemorar. Ou, pelo menos, é assim que eu

sempre senti.

Fiquei olhando para os meus pés quando percebi que eu tinha feito um discurso

inflamado. Ótimo, agora ele pensava que eu era uma lunática. Ótimo começo para causar

uma boa impressão, Abbey. Uma porcaria de impressão.

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Em vez disso, ele fez a coisa mais estranha de todas. Ele começou a bater palmas.

— Bravo, Abbey. Você já pensou em correr para o escritório?

Fiz uma careta para ele. — Desculpe por isso. Demais? Meus pais são da Câmara

Municipal, e às vezes vou às reuniões e acabo entrando nessa de orgulho da cidade e tal. Eu

não sou fanática ou coisa assim. Mas é justo que algumas das coisas que eles dizem que

fazem muito sentido. Dei de ombros. — Você sabe, como uma futura empresária e dona de

um estabelecimento por aqui...

Ele sorriu para mim novamente.

— Você nunca deve pedir desculpas por qualquer coisa que você acredita Abbey.

Eu falei sério. Você seria uma ótima política.

— Uh-uh. — Eu balancei minha cabeça. — Não tem nenhuma chance de me tornar

uma política. Eu tenho pavor de multidões. Pâ-ni-co. E os discursos? Eu não pude dizer

três linhas no nosso jogo quando estávamos no quarto ano. Eu fiquei tão nervosa que

vomitei tudo... Bem, algo me diz que o público não gostaria de limpar vômito de suas

roupas toda vez que eu tivesse que fazer um discurso. — Eu ri tanto com essa imagem

mental que eu realmente tive que enxugar lágrimas.

Então eu percebi que eu provavelmente parecia uma hiena rindo e tentei

arduamente me recompor. Não há necessidade de mais constrangimento. Felizmente,

Caspian estava rindo muito.

— Nem todas as reuniões do conselho da cidade são interessantes, — eu apontei,

feliz por estar falando de algo diferente. — Na verdade, a maioria delas são muito chatas.

Sempre que a conversa se volta para leis de zoneamento, limites de gramado, ou problemas

de velocidade, meus olhos começam a se cruzar. Então eu só saio e vou passear em

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algumas das outras salas. Todas as reuniões são realizadas no museu, então foi assim que

eu meio que comecei meu tour particular.

— Que tipo de coisas que eles têm lá dentro? — ele perguntou, inclinando-se mais

perto. — Como os artefatos antigos, ou jornais, ou o quê?

Eu tentei exibir as imagens do museu com clareza na minha mente.

— Eles têm basicamente de tudo, de coisas que foram encontradas, peças de

cerâmica, potes de conservas velhos, balas usadas de mosquete, rodas de corrida – todos

os trajes que eram usados na época de Washington. Uma das exposições é dedicada

exclusivamente à genealogia de Sleepy Hollow. Quem nasceu aqui, que casaram com as

famílias entre si, e como as vidas de seus filhos estavam interligadas. Há uma grande

quantidade de Bíblias e recortes de jornais antigos.

Eu não tinha certeza se era isso que ele quis dizer sobre os artefatos e jornais. — Se

você quer dizer jornais da cidade, no entanto, todos esses são mantidos em uma sala de

arquivo da biblioteca.

Nós sentamos e falamos sobre tudo e nada durante uma hora, ocasionalmente

caindo em momentos de silêncio, apenas interrompido por os ruídos intermitentes de

pássaros chamando uns aos outros.

O toque do meu celular interrompeu um daqueles silêncios, e o som ecoou em

torno de nós. Vendo que era o número de minha mãe na tela, eu mandei para o correio de

voz. Se ela realmente precisava de mim, ela deixaria uma mensagem.

Quando o identificador de chamadas sumiu, olhei para ver se era hora do almoço.

Bem na hora, meu estômago roncou. — Você quer... comer uma fatia de pizza... ou algo

assim?

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Eu não podia olhar diretamente nos olhos de Caspian. Minha timidez não tinha

desaparecido completamente. Ele hesitou e se levantou.

— Abbey, me desculpe, mas eu tenho que ir. Tenho algumas coisas para fazer esta

tarde.

Eu estou bem, estou calma.

— Certo, nenhum problema. Talvez da próxima vez. Eu devo ir também, tenho um

trabalho de ciências bem grande para terminar. — Eu saltei da minha rocha.

Seu sorriso era deslumbrante e comovente, tudo ao mesmo tempo.

— Obrigado, Abbey. Eu passei bons momentos com você hoje.

— Sim, com certeza.— Voltamos em direção as pedras. — Quando eu não estava

lançando algum discurso, talvez.

Seus olhos brilhavam com o riso silencioso, e um pedaço de seu cabelo caiu sobre

um olho. Ele ajeitou casualmente.

— Você não falou qualquer coisa a toa, — ele me tranqüilizou. — Tudo que nós

falamos foi legal. Uma troca de inteligência.

Caminhamos lado a lado no percurso para a ponte.

Ele desviou os olhos por um momento, e depois os voltou para mim novamente.

— Você tem esse jeito de ver as coisas, Abbey.... Coloca todo o meu mundo de

cabeça para baixo.

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Eu não sabia o que dizer a essa declaração surpreendente.

Devo dizer algo legal em retorno? Eu não tive que me preocupar com isso, porém,

porque o meu telefone tocou novamente. O nome da mamãe piscou na tela pela segunda

vez.

— Desculpe, — eu disse a ele. — Eu provavelmente devo atender. É a minha mãe.

Mais uma vez. — Ele balançou a cabeça, e eu abri o telefone.

— Ei, mãe.... Sim, o correio de voz acabou de aparecer. Eu não consegui ouvir

ainda.... Por quê? O que houve?... Espera – o quê? Sua voz está falhando. Espera.... Eu

disse, espera.

Nós estávamos quase na ponte agora, e eu andei rapidamente por baixo dela para

chegar ao outro lado. A recepção era muito melhor lá.

— Ok, repita essa última parte. Você precisa de quê? Qual arquivo? O que está no

terceiro gabinete. Ok, entendi. Não é o que está na pilha verde, certo?... Espere um pouco,

espere.

Cobri o telefone e virei-me para Caspian. Ele tinha parado para pegar o seu livro.

— Eu tenho que ir. Minha mãe precisa de alguns documentos para uma reunião

que ela está, e eu tenho que pegar para ela. Obrigado por... tudo... Caspian. Eu tive ótimos

momentos também.

Mal ouvi o seu sussurrou

— Tchau, Abbey, — enquanto me afastava da ponte novamente.

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— Sim, mãe, eu ainda estou aqui. Mas por que você não pode pegá-lo? ... Ok. Dê-

me cerca de trinta minutos para pegá-lo para você, ok? — Eu espiei sobre o meu ombro e

sibilei outra

— Desculpa — enquanto subia o rio. Levantando a mão em despedida, Caspian

acenou adeus para mim. Colocando uma mão no meu bolso, eu toquei violeta amassada

que repousava ali, e eu não consegui parar de sorrir durante todo o caminho de volta para

casa.

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Capitulo Sete Membro Honorário

―Esses pratos de bolos de variados tipos são quase indescritíveis, conhecimento apenas

da experiência de uma dona de casa holandesa!‖— A Lenda de Sleepy Hollow

Dizer que eu estava distraída pelo resto do fim de semana seria a mentira do ano. Eu

tinha que continuar a me puxar para fora do mundo dos sonhos de volta a realidade. E isso

só porque eu decidi que tinha um trabalho de ciências para terminar e que eu não iria

voltar pelo rio só no caso que no domingo ele esteve lá.

Depois que entreguei a tarefa concluída na manhã de segunda-feira, passei o resto

da aula debatendo se devo ou não tomar o caminho de casa, que passava pelo rio. Caspian

estaria lá? E se ele estivesse esperando por mim? Ou se ele não estivesse lá agora, mas

fosse mais tarde?

Havia tantas opções a considerar, eu poderia enlouquecer tentando pensar em tudo.

Eu forcei a mim mesma a relaxar; Eu estava pensando muito nisso. Ele saiba que eu tinha

ido à escola. Se ele quisesse me ver de novo, ele poderia me encontrar. Então o pânico me

atingiu. Oh Deus,e se ele aparecesse aqui, na escola?

Eu esperei que o Sr. Knicker bocker não estivesse revisando nada que seria preciso

depois para um teste, porque não prestei atenção em uma palavra que ele disse durante

aquela aula de ciências. Eu estava muito ocupada tentando resolver o que eu iria fazer.

Finalmente eu fiz um plano provisório de esperar lá fora na escola para ter uns 15 minutos

extras no caso de Caspian aparecer, e então tomar o caminho pelo o rio se ele não fizesse.

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Mas perto do fim do próximo período, eu estava completamente convencida de que

ia parecer desesperada se esperasse na escola e parasse no rio de novo. Eu não queria

parecer que estava perseguindo ele por toda a parte.

Eu fui de um lado para outro ao longo do dia, mas acabei sendo nocautiada com

tanta lição, que estava muito ocupada para me preocupar se Caspian ia ou não aparecer.

Eu tinha um monte de livros para colocar dentro da minha minúscula bolsa, e ela se

recusava a cooperar. Eu esqueci tudo sobre a ideia de esperar lá fora no fim do dia e

rapidamente comecei a ir para casa.

O que eu não esqueci porém foi a minha indecisão sobre qual caminho tomar na

verdade. Eu tentei convencer a mim mesma de que havia várias razões válidas para ir até o

rio. Eu deveria parar lá no caso de outro pedaço de fita da policia tivesse ficado preso em

uma árvore. E eu provavelmente deveria ter certeza que ninguém pisou naquela coisa

brilhante que eu tinha visto na água. Ou que se alguém tivesse pisado na coisa brilhante, e

acabasse sendo um vidro, e não houvesse ninguém por perto para ajudar com o curativo do

seu pé?

Havia meia dúzia de desculpas que eu poderia ter usado, mas sabia que a

verdadeira razão pela qual eu estava indo. Eu queria ver Caspian de novo. Isso era o fim da

linha. Nenhuma desculpa mal disfarçada era necessária. Eu segurei a minha respiração em

antecipação enquanto ia na direção do rio e tentava trabalhar numa pequena conversa

inteligente em minha cabeça. Hei, o que você está fazendo aqui?

Wow! Que surpresa! Eu não esperava ver você aqui tão cedo.

Vem sempre aqui?

Boa jogada, Abbey, me castiguei. Cumprimente-o com uma linha usada em bares.

Yeah, Eu não era tão boa nisso.

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Quando cheguei à margem do rio procurei por todo canto, não havia ninguém. Eu

olhei várias vezes por debaixo da ponte, mas também eu não o vi sentado lá. Obviamente,

eu tinha muito mais tempo livre nas mãos do que ele. E, obviamente, eu era a única que

estava desesperada para que nos visemos outra vez. Decepção tomou conta de mim e eu

arrastei meus pés o resto do caminho para casa.

Eu não estava de bom-humor quando finalmente cheguei no meu quarto. Lição

acabada, e demorou uma eternidade para fazer. Se esta foi uma indicação que esse ano

escolar, não ia ser fácil. Eu nem queria pensar na pilha de folhetos lustrosos e panfletos

coloridos que a minha mãe e o meu pai tinham começado a colocar no meu caminho. Meu

cérebro não podia lidar com qualquer drama da faculdade agora.

Era depois das 00:30 quando terminei todas as minhas lições, mas eu ainda estava

muito ligada na decepção da ponte para dormir. Então comecei a procurar as minhas

anotações para o perfume da Kristen, e sentei para ajustar algumas coisas. As próximas

horas voaram.

Por causa disso, acabei ficando com apenas três horas de sono para a escola no dia

seguinte, e isso resultou em um cochilo interrompido durante as aulas e o caminho mais

curto para casa, então eu poderia terminar aquele cochilo.

O resto da semana passou da mesma maneira, sem ver Cáspian nem mesmo uma

vez no cemitério, ou na ponte, e eu gastei cada noite tentando me distrair com meu projeto

de perfume.

Mas na sexta-feira eu estava numa emboscada.

Eu tinha acabado de fechar a porta do meu armário quando vi uma das

cheerleaders, Shana, tentando chamar minha atenção no fim do corredor. Com a

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esperança de evitá-la, eu fiz uma meia volta rápida, e comecei a caminhar na direção

oposta. Má ideia. Erika estava vindo por esse caminho, e ela começou a acenar para mim

também.

Eu congelei, olhando para frente e para trás entre as duas, como um cervo parado

nos faróis. Elas devem ter percebido o meu desejo de correr, porque elas começaram a

acenar freneticamente. Pareciam duas pessoas em uma ilha deserta, desesperadas para

sinalizar o único avião voando no céu. Seus braços estavam batendo loucamente sobre suas

cabeças.

Aparentemente eu era a única que percebeu como isso parecia louco, embora,

porque ninguém mais no corredor meio-vazio prestou qualquer atenção. Shana chegou

primeiro em mim, e eu sabia que estava condenada.

— Ai está você, — ela disse, abrindo um perfeito, mas muito falso, sorriso. — Nós

estávamos tentando chamar sua atenção.

Eu só ficava encarando ela. Eu supostamente deveria dizer alguma coisa aqui?

Agarrei a primeira coisa que veio à mente. — Oh, yeah, eu, uh, apenas lembrei que eu tinha

que parar na sala de inglês. Eu deixei um dos meus livros lá. — Eu sorri fracamente. Será

que isso funciona? Será que elas me deixariam em paz?

— Bem, isso só vai tomar um minuto. Tenho certeza que você vai ter tempo de

sobra. Você conhece Erika, né?

— Hei, — Erika disse, que tinha levado muito mais tempo para chegar a meu

armário. Provavelmente tinha algo a ver com o fato de que ela havia sido parada por nada

menos que sete meninos em sua viagem a partir do outro lado do corredor.

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Eu dei para ela um sorriso forçado. Se eu não convencer muito, vai incentiva-las a

me deixar mais rápido? Eu estava agarrada à tênue esperança de que elas fariam.

— De qualquer maneira, — continuou Shana, com um olhar entediado no rosto. —

O que você acha sobre entrar para o comitê de formatura desse ano? Claro, você só vai ser

um membro honorário, mas nós gostaríamos de lhe dar a oportunidade porque, você sabe.

Eu não tinha ideia sobre o que ela estava falando.

— Desculpe. Eu não quero ser isso.

— Ser isso? — zombou Erika. — Não há nada para ser. Nós estamos te perguntando

algo. Você diz sim ou não.

Sim, mas por que elas estavam fazendo essa pergunta?

Erika respondeu meus pensamentos não ditos. — Olha, eu não dou a mínima para

você, eu não dou a mínima se você vai ou não participar do comitê de formatura. Todo

mundo sabe que você está o tempo todo pobre-de-mim-minha-amiga-morreu que coisa,

mas por algum motivo, todos os professores estão comprando. E o diretor Meeker a cima

de tudo. Ele está nos forçando a perguntar para você como uma forma confusa de mostrar

respeito da memória daquela garota Kristen.

Para me dar algum crédito, eu realmente conseguiu segurar meu bufo de

descrença. Em que universo paralelo me pedindo para ser um membro honorário do

comitê pagaria respeito à memória de Kristen? Antes que eu pudesse sequer tentar seguir

essa linha de lógica, Shana falou novamente.

— Desde que o baile é em outubro, todo o planejamento importante foi feito na

última primavera, é claro. Agora, os membros do comitê oficial do baile de formatura só

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têm que decidir com quais combinações de cores decorar, que tipo de lembranças dar, se

terá ou não sorvete no ponche... coisas assim. Como um membro honorário, você

conseguirá, assim, ouvir o que nós decidirmos.

— Pessoalmente, não vou votar para sorvete de frutas este ano, — Erika se

intrometeu. — Aquela matéria é repugnante. Eu não me importo se ele não engorda como

até mesmo como sorvete normal. Ainda vai direto para seus quadris.

— Não se preocupe, Erika, nós totalmente não temos sorvete no ponche este ano.

Eu estou colocando meu pé no chão sobre isso. — Shana deu o voto dela no assunto de

sorvete de frutas.

Eu tentei muito duramente não pensar sobre todos os pingos de chocolate na fatia

de massa de biscoito e sorvete que Kristen e eu tínhamos feito em muitas festas do pijama.

Tinha sido praticamente uma exigência para nós. Nem pensei sobre o fato que eu gosto

muito de sorvete de fruta no ponche, e sempre fazia um grande esforço para colocar um

pedaço disso ao servir minha bebida.

Não importa de qualquer jeito, porque não havia nenhuma maneira no inferno que

eu ia aceitar uma posição como — membro honorário— por causa do Comitê. Ou qualquer

outra posição, quanto ao assunto. Planejar é contra minha religião teria que trabalhar.

Era tudo que eu poderia pensar.

— Então.— Shana estava falando de novo — Como a Erika disse, nós não nos

importamos com o que você faz. Mas o diretor Meeker não acha isso, e ele prometeu para

nós primeiro os ingressos da viagem dos seniores se você participar. Adivinhem só? Você

vai participar. A primeira reunião será amanhã, no auditório, às nove da manhã.

— Não chegue tarde, perdedora, — Erika disse, com um maldoso empurrão no meu

ombro esquerdo que me enviando para trás tropecei em meu armário.

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Ambas riram e me virei enquanto eu esfregava meu braço com uma mão.

Meu cérebro ainda estava tentando formar uma frase coerente, sensata, que me

envolvia as deixando mais baixas do que o chão liso, mas tudo o que saiu foi: — Ow. — Eu

olhei para minha mochila, e depois de volta na direção onde elas tinham desaparecido.

— Mas—

Só o meu armário me ouviu, e ele se preocupava tanto quanto elas.

— Dureza, — disse uma voz atrás de mim, e me virei para ver Ben vindo em minha

direção.

Eu gemi interiormente. Este cara está me seguindo ou coisa assim? Primeiro ele

estava no funeral da Kristen, então ele aparece na casa dela, e agora aqui?

Ele parou próximo ao armário ao lado do meu. O vazio.

— Esse era o armário de Kristen?— ele perguntou, encarando o armário como se

ele pudesse ver pelo metal.

— Yeah, — eu disse, momentaneamente distraída da minha dor no braço.

— Deve ser difícil não vê-la aqui todos os dias. Eu não me acostumei com isso.

— Nem eu, — Eu disparei.

Ele só olhou para mim então. Seus grandes olhos castanhos eram... Tristes. Como

se ele realmente sentisse falta dela.

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O sinal tocou uma vez, nos colocando em ação. Ele deu um passo para trás e virou-

se para descer o corredor.

— Não deixe que as cadelas cheguem até você, Abbey, — ele gritou quando se

dirigia para sua próxima aula.

— O kay ...?— Eu disse meio sem jeito enquanto apertava minha mochila. Então,

balancei minha cabeça. Eu estava usando algum tipo de perfume que atraiu a estranheza?

Hoje estava se transformando em um dia muito estranho.

Eu caminhei para casa o mais depressa que pude depois da escola, todos os

pensamentos de estranheza do dia esquecidos. Algumas combinações do novo perfume de

Kristen tinha milagrosamente batido em meu cérebro, e eu estava ansiosa para trabalhar

nelas.

Minha mãe estava usando o laptop dela à mesa de cozinha quando entrei. Peguei

uma laranja e me dirigi até o meu quarto para começar a ficar ocupada. Duas horas depois,

após várias rodadas de misturas, de medição, cheirar, e tomar nota, eu tinha proposto um

par de cheiros novos que eu estava bem contente. Mas eu ainda precisava de uma segunda

opinião. Reunindo vários frascos de teste, eu voltei para a cozinha.

— Mãe! — Eu gritei, no meio da escada. — Você está na cozinha?

— Sim, eu estou, — sua resposta foi distraída.

Eu pulei os últimos degraus e saltei para a cozinha. — Será que você pode cheirar

um par destes testes para mim? Eu preciso de um segundo nariz.

— Yeah, com certeza. — Ela empurrou seu laptop para o lado. — Eu poderia usar

um efeito de todo esse plano Hollow Ball de qualquer maneira.

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— Cheire cada um, e então me conte o que você acha, — eu instruí conforme eu

alinhava os frascos na frente dela. — Eu os cheirei todos tantas vezes que os cheiros estão

em mim.

Ela pegou o primeiro. — Tudo bem. Vou dar o meu melhor. Teve alguém que falou

com você sobre a comissão de formatura?

Eu quase derrubei o último frasco que eu segurava. — Como você sabe sobre isso?

Ela não me respondeu, mas mudou para a próxima amostra e cheirou. — Ooh, eu

gosto desta aqui. — Ela pegou o terceiro frasco enquanto eu estava de pé lá e a encarava

como se tivesse crescido há pouco um braço extra.

— Mãe! — Eu esperei... então eu arqueei minha sobrancelha para ela.

— O que? — ela tentou me olhar surpresa, mas eu não comprei isso.

— Como você sabe sobre isso? — Exigi novamente.

— Diretor Meeker telefonou, — ela admitiu. — Ele mencionou que as meninas da

torcida estavam indo falar com você sobre isso. Então eu acho que elas fizeram.

Eu empurrei a última amostra para ela e apontei, indicando que eu queria que ela

cheirasse, não falasse. — O que você acha? — Eu perguntei. — Houve qualquer coisa que

você gostou ou não gostou, sobre eles? — Eu esperei por sua resposta.

— Todos eles têm um aroma único. Numero dois é meu favorito, mas eu realmente

não gostei do numero quatro.

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— Isso porque a amostra número dois teve duas notas de baunilha, — eu lhe

informei — O que você definitivamente gostou, enquanto o número quatro tem lavanda, o

que você definitivamente não gosta. Número dois é meu favorito também, então esse é com

o que eu vou. Obrigado por me ajudar. — Eu comecei a recolher os frascos e voltar lá para

cima.

— Você não respondeu minha pergunta, Abbey. — Seu tom me fez parar morta nas

escadas.

— Mãe, eu só... — Eu estava irritada. — A resposta é não. Não, eu não vou

participar do seu comitê baile estúpido. Fim de história.

— Mas por que, Abbey?— Ela me implorou. — O que dói? Você e Kristen têm

falado sobre o baile desde que eram meninas. Agora você pode realmente ajudar a planejar

isso. Kristen iria querer que você estivesse nisto. E, além disso, não seria divertido

conversar as outras meninas sobre seus vestidos? Eu sei que você não gosta do que eu

comprei para você, mas não é tarde demais para ir comprar outro.

Eu nem mesmo ia entrar na briga eu-não-posso-acreditar-que-você-comprou-um-

vestido-que-eu-nem-escolhi de novo. Que já tinha acontecido várias vezes.

— Não, mãe. Kristen não quer que eu esteja em alguma comissão dirigido por

umas estúpidas, garotas falsas que não falaram com qualquer uma de nós desde o ensino

médio. Eu acho que sei o que minha melhor amiga que quer que eu faça.

— Se você não quer fazer isso pela Kristen, então tudo bem, faça isso pela escola.

Pense sobre como irão olhar os seus pedidos para a faculdade. Além disso, seria um bom

exemplo, Abbey. Seu pai e eu temos vivido nossas vidas sempre tentando ser um bom

exemplo para aqueles que nos rodeiam. Talvez você precise aceitar o convite,

simplesmente porque essas meninas tomaram o momento de pensar em você.

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— Elas não pensam em mim, mãe! — eu explodi. — Você sabe mesmo como me

pediram? Você sabe? Encurralaram-me no corredor e praticamente me obrigaram a dizer

que sim. Tudo por causa do diretor Meeker. Ele queria que elas — honrassem — a memória

de Kristen me pedindo para ser membro honorário. É a coisa mais estúpida que eu já ouvi

falar.

— Bem, naturalmente você não pode ser um membro regular do comitê; você tem

que ser votada. Sendo um membro honorário é um privilegio especial. E eu acho que é uma

forma extremamente agradável para eles honrarem Kristen. Foi muito atencioso da parte

deles. — Sua voz tinha ficado mais alta.

— Muito atencioso?— Eu estava quase gritando. — Elas não fizeram isso porque

elas foram atenciosas. Elas fizeram isso para que elas pudessem obter algum privilégio

estúpido relacionado a escola E — naturalmente — Eu não posso ser um membro regular?

Você não está se ouvindo? Eu nunca pedi para ser uma aberração de comitê em primeiro

lugar. Eu não me importo se é uma posição honorária, uns votos para posição ou

presidente da coisa toda!

— Eu só não acho que está certo para você recusar uma oportunidade que nem essa

simplesmente porque você não se senti assim.— A voz dela assumiu um tom mortalmente

silencioso. — Você não pode parar de viver a vida, Abbey, apenas porque Kristen... Com o

passar do tempo melhorará.

— Eu estou vivendo a vida, — eu respondi com ar de cansada. Sentia como se de

repente todos os músculos em meu corpo tivessem sido esticados até o limite. — Eu ainda

estou me levantando para ir à escola, não estou? Ainda estou fazendo minha lição de casa e

comendo meus legumes, não é? Eu ainda estou tomando banho, me vestindo, colocando

meus sapatos.... se eu ainda faço todas essas coisas, então eu ainda estou vivendo a vida.

Mas isso nunca ficará melhor. Não importa quantos comitês eu entre, ou com quantos

panfletos de faculdade eu seja entretida, ou ...— Olhei para os frascos nas minhas mãos. —

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Ou quantos perfumes novos que eu faça. Este nó frio sempre estará dentro de mim.

Sempre.

A voz da mãe era tranqüila, mas firme. — Sinto muito, Abbey. Eu sinto muito que

você se sinta assim, e se você precisar falar com um profissional sobre o assunto, então nós

podemos arranjar isso para você. Mas você vai aceitar essa oferta. Nenhum outro

argumento.

— Tudo bem. Tanto faz, mãe.— Eu me afastei. — Mas eu não preciso conversar

com um profissional sobre nada. — Um dos frascos de repente caiu da minha mão e

estourou em minúsculos pedaços de vidro no chão. O instantâneo cheiro de lavanda

encheu o ar. Amostra número quatro. Senti uma sensação de satisfação perversa me

encher, mas eu tentei esmagá-la.

— Apenas vá, — minha mãe disse. — Eu limparei isso. Nós continuamos essa

discussão mais tarde, Abigail.

Oh, ótimo, isso é exatamente o que eu queria ouvir: — Nós continuamos essa

discussão mais tarde, Abigail. — O que havia para continuar? Minha mente obviamente

tinha feito as pazes por mim. Eu subi as escadas, perguntando quantas garrafas de óleo de

lavanda que eu poderia — acidentalmente derramar— no meu quarto.

Dormi demais no sábado de manhã, e isso era um grande modo para começar um

dia de merda e eu nem queria ver o que ia acontecer. Eu não tive tempo para tomar o café

da manhã, então eu estava de mau humor com o estômago roncando enquanto eu cortava

caminho pelo cemitério para chegar à escola. Em um sábado.

— Hei, Abbey. — Sua voz me assustou.

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Eu me virei. — Caspian, oi.— Meu dia instantaneamente foi de muito ruim para

muito bom.

— Como você está? — Ele estava em pé perto da ponte.

— Eu estou bem. Como você está?— Eu dei um sorriso meio tímido, não

completamente capaz de olhar diretamente nos seus olhos.

— Eu estou bem. Eu estou realmente bem. Você está fazendo alguma coisa hoje?

Quer sair um pouco? — Ele me deu um pequeno sorriso muito atraente.

Seria ruim se eu o chamasse de adorável? Provavelmente. Garotos geralmente não

gostam desse tipo de garota que usa esses termos com eles.

— Yeah, eu — Então eu lembrei onde eu supostamente deveria estar indo. — Quero

dizer, eu realmente gostaria de ficar, mas eu não posso. Eu tenho essa coisa estúpida na

escola e eu tenho que ir.

— Não é grande coisa. Talvez outra hora, então.

Era só minha imaginação extremamente esperançosa, ou ele tinha um olhar

desapontado? — Que tal semana que vem? Eu posso te levar naquela exposição de

sepultura viva de Washington. Nós nos encontraremos aqui, no próximo sábado as onze e

meia? — Isso deve me dar tempo o suficiente para voltar se eu tivesse outra reunião de

baile estúpida. As borboletas começaram a voar no meu estomago. Ele me rejeitaria?

— É um encontro, — ele concordou. — Xau, Abbey. Vejo você na próxima

semana.— Ele se virou para ir embora.

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— Xau, Caspian!— Eu disse. Ele parou, e me deu um grande sorriso por cima do

ombro. Eu sorri de volta como o gato Cheshire7. O que sobre ele que me fez tão

ridiculamente feliz?

Até que eu chegasse ao auditório da escola, eu estava em um bom humor, que era

incrível. Eu nem estava perturbada pelos olhares de morte que recebi de Shana e Erika. —

Eu trouxe muffins todos naturais de baixo teor de gordura e água mineral para todo o

mundo, — Shana me disse, apontando para uma mesa perto. — Apenas tente não sei,

assim, comer tudo, ok? — Erika riu do que ela disse, mas eu simplesmente as ignorava.

Pessoalmente, eu teria escolhido uma dúzia de rosquinhas de açúcar, mas desde

que eu estava morrendo de fome, eu não podia dar ao luxo de ser exigente. Eu caminhei até

a mesa, agarrei um muffin, e deslizei um extra no meu bolso para mais tarde. Então eu

roubei uma garrafa de água. Encontrando uma cadeira que estava perto do outro, mas não

dentro da conversa, tomei um assento.

Olhando ao redor, eu contei um total de doze, sério, doze pessoas eram

necessárias pra uma reunião do comitê. Em outro canto tinha mesas e tabuleiros

montados. Dois caras estavam inclinados no tabuleiro, enquanto o terceiro ficava de fora,

assistindo todos os movimentos. Eu notei seus cabelos castanhos encaracolados quase ao

mesmo tempo, ele reparou em mim, e Ben olhou para cima, dando-me um enorme sorriso

bobo e acenando como um idiota.

Eu tentei lhe devolver discretamente um xauzinho, e então virei minha atenção

para o muffin em minha mão. Eu deveria ter adivinhado ele estaria aqui.

Um minuto e meio depois eu estava seriamente lamentando aquele muffin.

7 Gato do Alice no país das Maravilhas

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— Tudo natural — deve ter significado — feito com serragem natural — ou algo

assim, porque era disso que essa coisa tinha gosto. Eu tentei engolir com um gole de água,

mas isso só fez a coisa seca, virar uma bagunça molhada.

Eu lutei contra um reflexo automático de engasgar e desesperadamente queria ter

pegado um guardanapo. Pelo menos então eu poderia cuspir a imitação vergonhosa de

muffin. Claro que foi quando Shana decidiu anunciar o meu nome como membro

honorário especial e todos voltaram para me olhar. Eu rezei que nenhum pedaço perdido

de muffin escapasse da minha boca enquanto eu dava um sorrisinho sem abrir meus

lábios.

A maioria deles olhou para longe quando Erika começou a falar, e eu

freneticamente mastiguei o que restou do bagunçado muffin. Eu engasguei um pouco

quando engoli, mas eu acho que só um cara me ouviu. Ele me deu um olhar compreensivo

quando me viu colocando o muffin no chão próximo de mim, em grande parte intacto.

Olhei atentamente para as outras pessoas na sala, perguntando quantos deles tinham

também cometido o erro do muffin. Ninguém mais tinha farelos incriminadores ou

migalhas perdidas ao redor. Talvez eles sejam mais espertos do que eu.

Duas agonizantes horas se arrastaram muito lentamente, e eu comecei a

contemplar se eu poderia ou não me sufocar até a morte com o muffin que estava no meu

bolso. Aquele encontro, até agora, tinha sido uma interminável conversa sobre quais as

cores para decorar e por quê.

Quando parecia que eles tinham feito a sua decisão final, eu rapidamente recolhi

os restos se muffin e a garrafa de água vazia para jogar fora. Eu estava indo

definitivamente para jogar uma garrafa de óleo de lavanda no chão da cozinha hoje. Minha

mãe deve ter que sofrer tanto quanto eu tive desde que ela é a razão para eu estar aqui, em

primeiro lugar.

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Passando a lata de lixo poderia fazer meu caminho para fora, eu esperava fugir sem

ser interrompida por ninguém. Mais dois passos e eu estaria saindo pela porta. Eu estava

tão perto.

— Cuidado com os muffins da próxima vez. Eles são assassinos.

Olhei por cima do meu ombro enquanto eu empurrava a porta. Erika estava a

apenas um pé de distância. Senti meu rosto ficar vermelho, e ela riu alto. Mas eu não me

importava, porque a última coisa que ela viu foi meu dedo do meio na sua direção

enquanto eu ia para fora.

Na segunda-feira, Shana me informou que a comissão de formatura já não

precisava de meus serviços honorários. Eu mal continha a minha alegria. Mas o resto da

semana na escola parecia que nunca iria acabar. Era como se estivéssemos todos presos em

algum tempo continuo de Twilight Zone8, destinados a repetir a mesma aula de novo e de

novo. Os segundo do relógio passavam extremamente lentos, quando tudo que eu queria

era que sanado chegasse logo e eu finalmente poderia ver.

Finalmente, finamente, sábado chegou, e eu estava acordada e pronta para ir às

nove e meia. Minha mãe e eu estávamos ainda na fase de só-falo-com-você-quando-for-

necessário, então eu andava nas pontas dos pés ao redor dela enquanto eu fazia uma xícara

de chá. Uma dose agradável de chá de baunilha era o que eu precisava. Fiquei ainda mais

feliz quando eu encontrei um pacote de biscoitos fechado no armário.

Então eu passei a hora seguinte, assando biscoitos.

Eu tinha um estranho desejo de dar alguma coisa para Caspian, e percebi que ele

provavelmente ia preferir os cookies do que perfume. Depois que a terceira fornada tinha

8 seriado americano

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esfriado, eu deslizei uma dúzia de deles em uma caixa de biscoito da sorte vazia e peguei

um para beliscar conforme eu ia porta a fora.

— Não se esqueça que os Baxleys estão vindo para jantar esta noite, Abigail,—

Minha mãe me lembrou áspera enquanto eu saia. Desde que eu ainda teria a maioria do

dia com Caspian, eu só concordei em silêncio e fechei a porta atrás de mim. Não valia a

pena uma discussão.

Eu andei rapidamente para o rio, e ele estava me esperando sob a ponte

novamente. Quando cheguei mais perto, gritei para ele e acenou a caixa de biscoito da

sorte. Ele sorriu para mim, o sol refletido seu cabelo.

Meu coração parou por um momento. Eu não sabia que golpe de sorte tinha

causado isso, mas eu me sentia muito, muito sortuda.

— Oi, linda, — ele disse calmamente.

Eu não o respondi; eu estava muito ocupado olhando para os olhos. Ele estava usando

lentes de contato para fazê-los parecer ainda mais vivos? Se fosse assim, então as lentes de

contato dessa cor deveriam ser proibidas. Elas poderiam fazer as pessoas pensarem coisas

perigosas....

Eu percebi que ele estava esperando por mim para dizer alguma coisa.

— Aqui, — disse, empurrando a caixa de biscoitos para ele de repente. — Esses são

para você.

Um olhar divertido cruzou seu rosto. — Você comprou biscoitos da sorte para

mim? Eu preciso de alguma sorte?

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Eu ri. — Não, eles não são biscoitos da sorte. Essa foi à única caixa que eu pude

encontrar. Abra. Eles são snickerdoodles9. Eu os assei essa manhã.

Seus olhos se iluminaram como de um menino com um brinquedo novo. — Você

fez biscoitos para mim? — Ele abriu a caixa e cheirou dentro. O olhar em seu rosto era pura

felicidade. — Ahh. Como você sabia que era meu favorito? Obrigado, Abbey. Você não sabe

o que isso significa.

Eu decidi que estava tudo bem e então que eu faria um perfume de snickerdoodle e

o usaria, de forma que um dia ele sentiria meu cheiro assim.

— De nada. — Dei de ombros, tentando esconder a minha vertigem extrema sobre

o fato de que ele gostou dos biscoitos. — Estou feliz que você goste deles. Pronto para ir?

Uma chuva muito boa começou a cair, e depois me assegurando que se ele não se

importava, eu também não me importava, nós começamos nosso tour. Levei-o para o

enredo Washington Irving em primeiro lugar, e então lhe mostrei alguns enredos de

famílias e os meus favoritos. Mas eu não o levei para onde Kristen foi sepultada, ou a

sepultura onde a cadeira estava. Hoje eram lembranças diferentes.

Caminhamos pelo cemitério, conversando sobre mais história da cidade, e da

lenda. Quando a conversa eventualmente foi para a escola, nós rimos muito comigo

tentando imitar meus professores.

9 A Snickerdoodle é um tipo de bolinho feito de açúcar com a manteiga ou óleo, açúcar e farinha de laminados no

açúcar com canela. Os ovos também podem às vezes ser usado como um ingrediente. Snickerdoodles são

caracterizados por uma superfície rachada e pode ser crespa ou macia, dependendo da preferência. Em receitas

modernas, o agente de fermentação é freqüentemente fermento em pó, em contraste com as técnicas tradicionais

utlizing o bicarbonato eo cremor de tártaro.

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A última parada que fizemos era um túmulo duplo com o nome de família de Crane

sobre ele. Foi gravado bastante recente, só um pouco de anos, mas a morte datas indicadas

tanto para João e Maria eram as mesmas.

— É realmente triste morrer no mesmo dia, — eu disse a ele antes de nos

levantarmos. — Deve ter sido algum tipo de acidente ou algo assim, eles não tinham nem

sequer sessenta anos ainda. Mas você sabe o que eu amo? Todos os anos no aniversário de

suas mortes alguém deixa uma única rosa para eles.

Caspian estava calado, e eu não sabia se tinha matado há pouco o humor mais feliz

do dia. Eu me virei, olhando o morro à minha esquerda para ver se havia lá qualquer coisa

que eu pudesse falar sobre isso que mudaria o humor. Eu não estava tendo sorte,

entretanto. Você não consegue exatamente pegar — assuntos — e — vibrações alegres— de

um cemitério.

Uma figura do outro lado da colina chamou minha atenção, eu apenas vi o cabelo

cinza. Nikolas! Coloquei uma mão para acenar, eu torci minha cabeça atrás para Caspian.

— Olha! Ali. É—

Ele me interrompeu. — Vamos continuar caminhando, Abbey. Eu não acho que

devemos estar... nesta chuva.

Mas ele estava olhando para a figura no morro enquanto ele disse isto.

O-kay. — Podemos voltar para a ponte, — sugeri. Ele concordou, e fomos lá, e

passei uma hora conversando sobre filmes, música, livros e muito mais.

— Obrigada de novo pelos biscoitos, Abbey. Isso foi muito gentil.— Ele segurou a

caixa com uma mão e empurrou a outra mão no bolso dianteiro da calça jeans. — Eu

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desejava que eu tivesse algo para te dar em troca, mas tudo que eu tenho é a minha

gratidão eterna.

Oh. Meu. Deus. Ele estava usando linhas do manual de Como Ser um Perfeito

Cavaleiro ou algo assim?

— Você é muito bem-vindo para comer biscoitos, e você não precisa me dar nada

em troca, — disse, silenciosamente me dizendo para não desmaiar. — Tente eles com um

pouco de chá; eles são grandes mergulhadores.

— Eu vou, — ele prometeu. — Xau, Abbey. — Ele saiu na chuva e começou na

direção oposta de onde eu estava indo. Me virei, e sai na chuva mesmo. Então eu parei de

repente.

— Caspian! — Eu gritei. Ele estava mais longe do que eu pensava que estaria. — Eu

não vou poder te encontrar no fim de semana que vem; nós estamos indo para nossa

cabana no interior.

— Não se preocupe com isso, Abbey, — sua voz flutuava de volta para mim. — Eu

vou te ver novamente.

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Capitulo Oito notificação breve

―Algo, no entanto, eu receio que deu errado.‖— A Lenda de Sleepy Hollow

Infelizmente, a escola não começou muito bem na segunda de manhã. Eu escapuli

de um teste e um questionário e, finalmente, fui repreendida por adormecer na sala de

estudo.

Eu tentei ficar por cima das coisas colocando um tempo extra para fazer minha lição

de casa e realmente me focando em meu projeto para Kristen, mas os pesadelos

retornaram. Não houve qualquer alucinação desta vez, mas eu ainda não estava dormindo

muito.

Então eu comecei a me sentir culpada sobre Caspian.

Eu não deveria estar feliz. Por que eu mereço a felicidade? Minha melhor amiga

estava morta. E em vez de falar sobre ela, tudo que eu podia fazer era falar sobre mim. Eu,

eu, eu, o tempo todo. Eu era uma amiga horrível, e me sentia terrível sobre isso.

Foi demais, e na quarta-feira tudo desabou sobre mim. Acabei de me balançar de

um lado para outro no chão novamente, como antes. Eu tentei desesperadamente segurar

isto, mas um sentimento frio veio congelando esse vazio negro por dentro e endurecendo-o

em uma bola de gelo afiada.

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Meu coração estava coberto de minúsculos pedaços de gelo que me apunhalou com

cada respiração que dava. Rasgando e triturando, até que eu estava em carne viva e

sangrando por dentro. Nada mais que um tremor, desculpa lamentável para um ser

humano. Aquela noite foi muito, muito ruim.

Eu rigorosamente evitei o rio e o cemitério o resto da semana. Tomando o caminho

mais longo para casa depois da escola a cada dia para evitar encontros acidentais, eu tentei

muito duramente não pensar em Caspian todo o tempo. Isto significa que tudo o que fazia

parecia provocar uma memória dele.

Em primeiro lugar, uma das minhas criações cheirava exatamente como biscoitos

snicker-doodle. Enfiei essa amostra numa gaveta para ser esquecida. Então teve a

repetição de três dias do filme Great Expectations na TV. Eu não assisti nada pelos três

dias. Nad. Eu estava começando a pensar que o universo estava dando uma gigantesca

risada cósmica a minha custa.

Desnecessário dizer, que eu estava extremamente contente quando sai da escola na

sexta-feira e pai começou a carregar nossas bolsas na van. Longe de todas as distrações e

lembretes, eu poderia realmente ser capaz de relaxar. Eu também tive um bom

pressentimento sobre o perfume de Kristen. Esperançosamente, isso ira acontecer na

cabana.

Bati meus dedos com impaciência no encosto do meu lado, remexendo no meu

lugar e esperando para meu pai acabar com a última mala. Depois que terminamos, nós

nos sentamos prontos e inquietos, esperando a minha mãe, que ainda estava dentro da

casa. Três buzinas e quinze minutos depois ela saiu pela porta da frente segurando uma

pasta com alguns papéis caindo. Ela começou a travar a porta, e de repente desapareceu

para dentro de novo. Quando ela voltou, tinha o telefone sem fio.

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— Abbey! — ela gritou, gesticulando para que eu vá encontrá-la. — Tem um

telefonema para você.

Olhei para meu pai, mas ele apenas deu de ombros. — Eu tentarei fazer isto rápido,

— eu disse, — e eu a mandarei para fora primeiro assim ela não acha um milhão de outras

coisas que têm que ser feitas antes de nós partirmos.

Ele sorriu para mim. — Bom plano. Vou distraí-la aqui.

Pulando da van, perguntei a minha mãe quem era. Ela balançou a cabeça. — Eu

não sei. Alguns meninos.

Meu pulso correu e meu coração disparou quando eu peguei o receptor. 75,

Caspian? Como ele conseguiu meu número? O que devo dizer?

Minha mãe montava guarda em cima da pia, aparentemente encontrou alguma

mancha inexistente que precisava ser polida ou limpada — Mãe, — disse com firmeza,

segurando a minha mão sobre o telefone, — Vai para a van. O pai precisa de você lá fora.

Ele disse que era importante.

Eu podia ver o argumento se formando na ponta da sua língua.

— Vai! — eu a espantei, virando as costas para ela, mas esperei até que ouvi a porta

da frente abrir e fechar de novo antes que eu falasse no telefone.

— Alô? — Minha língua estava inchada, minha garganta se fechou. Eu rezei para

que fosse capaz de formar pelo menos uma frase semi-coerente.

— É Abbey? — A voz do outro lado estava errada. Não era ele.

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— Quem é? — Exigi, empurrei para fora a minha súbita euforia.

— É Justin Gaines. Vamos para escola juntos? Uh, assim, eu sei que isso foi rápido

e tudo, mas ouvi dizer que você não tem um encontro ainda. Então você quer ir ao baile

comigo?

Isso era totalmente o que eu não tinha expectativa de ouvir. — Espera — O que? O

que você acabou de dizer? Eu pelo menos conheço você?

— Bom, uh, nós temos matemática juntos...

— E? — eu incitei.

— E... é i-isso, — ele gaguejou.

E ainda minha perplexidade não cessou. — Então me deixa ver se entendi. Temos

apenas uma aula juntos, e você nunca falou comigo antes... correto?

— Uh, yeah.— Sua voz soou um pouco enjoada.

— Ok, então uma aula, nem uma conversa real... E o que seria a base para você me

pedir para ir ao baile com você?

Outra coisa que ele disse de repente se encaixou. — E quem exatamente lhe disse

que eu não tenho um par?

Houve um silêncio completo na outra extremidade.

— Alô? Justin? — Eu tinha ido além de confusa e estava agora chateada.

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— Shana Williams, — foi uma resposta calma. — Ela me disse que eu deveria lhe

perguntar, como um favor a ela, desde que... você sabe.

— Não, eu não sei,— eu cuspi no telefone.

— Desde que, você sabe, Kristen Maxwell morreu. E ela era sua amiga. As meninas

me disseram sobre a coisa da comissão do baile. Shana então sugeriu que eu lhe

perguntasse. Desde que ninguém mais provavelmente iria fazer. Agora o silencio estava na

minha extremidade. As cheerleaders estavam arrumando encontros para mim? Não tem

como ficar pior do que isso.

— A-Abbey? Você está ai? — Parecia que uma festa de vômito estava a caminho.

— Justin, — eu disse docemente, — obrigada muitíssimo por ligar, mas da próxima

vez que você ver Shana Williams, você pode dizer a ela para ir ao inferno.

— Okay, então isso é um não?

— Yeah, isso é um grande e gorduroso não. — Eu apertei o botão de desligar e

encarei o telefone na minha mão. Claramente teria que ser queimado. A estranheza tinha

se espalhado por ele.

O som estridente tocou de novo e me fez pular uma milha. Ele não entende a

palavra não? Eu apertei o botão FALAR.

— Ouça, eu disse para você que na—

— Uh, é a Abigail Browning? — outra voz masculina me perguntou. — É Trevor

McCreeless. Eu estou ligando sobre o baile.

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Esfreguei minhas têmporas ferozmente. Eu estava ficando com uma dor de cabeça

assassina.

— Me deixa adivinhar, — suspirei. — Uma das lideres de torcida sugeriu a você

ligar?

— Bom, yeah, Erika fez. Como você?

— Eu sou vidente, — Eu falei petulantemente, o cortando — A resposta é não.

Bati o telefone de volta no carregador e coloquei a secretária eletrônica desligada

eu definitivamente não precisava que minha mãe ouvisse, Deus sabe quantas mensagens

mais estranhas dos meninos me pedindo para ir ao baile. Ela nunca me deixaria sair disso

assim.

Além, havia só um encontro que eu já sonhei com dizer que sim.

Peguei a chave de casa coloquei no meu bolso e corri para a porta. O telefone

começou a tocar de novo, quantas pessoas as meninas fizeram com que saibam? Mas eu

ignorei e tranquei. Eu só esperava que a minha mãe e o meu pai não pudessem ouvi-lo do

carro.

— Quem era, querida? — Mãe me perguntou no instante em que sentei e fechei a

porta. Curiosa estava escrito na sua cara.

— Só alguém da escola. Ele precisava saber alguma coisa sobre o comitê. — Isso

não era tecnicamente uma mentira, uma vez que Shana e Erika estavam no comitê, e elas

tinham sugerido que ele perguntasse.

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— Vê? — Ela sorriu para mim. — Você não está feliz que fez a escolha certa, Abbey?

Eu disse que era uma boa ideia entrar para o comitê. — Ela não esperou pela minha

resposta, mas começou a conversar com o pai sobre algo espetacular que ela tinha feito

quando estava no comitê do baile no colégio.

Eu coloquei meus fones de ouvido e ignorei a conversa deles. O ritmo suave de

uma canção lenta descontraída enquanto eu observava as árvores passarem. Eu fechei

meus olhos e me concentrei na música, sentindo meu corpo gradualmente dormir. Quando

chegamos à cabine e eu dei meu primeiro passo para dentro, e as lembranças da última vez

que estivera lá me dominaram. Os detalhes desse terrível telefonema vieram correndo de

volta, e eu precisava de um momento para me equilibrar. Eu lutava para não perdê-lo....

— Eu vou buscá-la, — minha mãe disse, terminando com seu último café. — Você

me serviria outra xícara? E então me conte mais sobre aquele sonho que você estava me

falando. — Ela correu para sala para atender ao telefone a tempo.

— Não se preocupe com o sonho, mãe. Não foi nada. Sério, apenas esqueça isso.

Eu levantei minha voz para que ela pudesse me ouvir enquanto eu me levantava

para pegar o refil do café.

Eu ouvi um abafado — Alô — e depois um murmúrio da conversa. Não pude

distinguir as palavras, e eu não estava realmente ouvindo de qualquer jeito enquanto eu

ia com movimentos automáticos para pegar café pronto. Tomei um gole... Precisava de

mais leite.

Minha mente voltou para o estranho sonho da noite anterior. Algo sobre isso

realmente me incomodou. Alguma coisa no fundo da minha cabeça que só não poderia

puxar com o meu dedo.

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Uma súbita agitação ardente tomou conta de mim. A dor veio rápida, apertando

minhas entranhas. Afiada e apunhalando. Foi intensa e avassaladora. Eu estava ficando

doente.

Larguei a caneca de café e voltei para a mesa para me sentar por um minuto.

Descansei minha testa sobre a mesa, dei várias respirações profundas, mas a dor não foi

embora.

— Mãe,— coaxei10, em seguida, tomei uma outra respiração profunda e tentou

novamente. — Mãe! Acho que algo está errado. — Virei minha cabeça e coloquei-a de

lado. A mesa era boa contra a minha bochecha. Respirando devagar, eu tentei me

concentrar. Outra forte dor veio. Desta vez, tirou meu fôlego, e eu me dobrei.

Eu nunca mais beberia café de novo.

Enquanto eu me sentei lá debruçada sobre a mesa, as fortes dores eventualmente

recuaram, elas deixaram para trás uma terrível dor de estômago. Tudo que eu queria

era algum Pepto-Bismol11 e minha cama, ASAP.

Optando primeiro pela cama, Pepto depois, eu estava devagar, tentando não me

mover muito rápido. A última coisa que eu precisava era vomitar por toda a cozinha. Eu

manquei até a sala para deixar minha mãe saber que eu estava indo lá para cima. Suas

costas estavam viradas para mim, e ela ainda estava no telefone.

Encostada no batente da porta, eu tentei chamar sua atenção. — Mãe, eu acho

que eu estou doente. Eu vou mentir—

10

É o canto dos sapos e rãs.

11 Remédio para ânsia de vômito.

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131

— Sim. Tudo bem.... eu entendo. Eu ligarei o—Espere um pouco, eu ligo de volta.

Isso deve ter sido quando ela me ouviu.

Ela desligou o telefone e se virou. A primeira coisa que eu notei era que sua

maquiagem, usualmente tão perfeita, tinha começado a borrar um pouco. Ela sempre

era muito cuidadosa com coisas assim.

— Abbey.— Ela falou com calma, em voz baixa. — Abbey, Eu preciso que você me

ouça... É Kristen. Eles não sabem como aconteceu… é a mãe dela...Eu sinto tanto,

querida.

Eu não entendia.

— O que? O que aconteceu com ela? Aconteceu alguma coisa com a mãe de

Kristen?

Ela balançou a cabeça para frente e para trás e pegou um lenço de papel da caixa

em cima da mesa — Não é a mãe da Kristen. — Ela ainda falava calmamente, mas agora

estava esfregando cuidadosamente cada olho para não borrar a maquiagem.

— É Kristen, Abbey. É Kristen.

É…Kristen...É...Kristen...

Eu ouvi as palavras ritmicamente, como a batida lenta de uma batida de

coração.

É...Kristen...É…Kristen...

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Forcei a memória de volta e lutei para recuperar minha compostura. Meu pai nem

se incomodou mesmo em descompactar os sacos do carro, mas sugeriu ir buscar algumas

pizzas em vez disso. Rodamos ao redor procurando qualquer lugar que ainda estivesse

aberto, e encontramos um velho fliperama dos anos cinquenta que prometia que O

DIVERTIMENTO É GRATIS! Quando voltamos para a cabana, naquela noite, eu tropecei

no meu quarto e desabei sobre a cama, caindo em um sono agitado.

Na manhã seguinte minha mãe me perguntou se eu queria fazer biscoitos de

chocolate. Apesar de tudo o que eu realmente queria fazer era ficar na minha quente e

agradável cama, eu sabia que ela estava tentando me ajudar a substituir as memórias ruins

com boas, então concordei.

Depois de me arrastar para fora da cama, eu ajudei a deixar a cozinha pronta, e

cavei através de vários gabinetes para encontrar um par de tigelas. — Onde estão os copos

de medição? — eu perguntei, com uma de minhas mãos na gaveta de velharias.

— Eu acho que colocamos no armário em cima da pia — ela respondeu. Então ela

tirou alguns ovos e manteiga da geladeira. — Você se lembra da última vez que cozinhamos

juntas aqui? Eu acho que você estava o que, com oito ou nove?

— Ugh, está certa. — Fiz careta. — Você me falou que eu gostaria de fato de pão de

banana.

Ela riu. — Bem, você costumava amar bananas quando você era um bebê, então eu

pensei que você amava pão de banana.

— Gostar de bananas mole quando você tem dois anos de idade e gostar de

bananas e pão misturado junto quando você tem oito anos de idade são duas coisas

completamente diferentes, — retorqui, e depois estremeci. — Eu ainda não consigo comer

bananas regularmente ao dia porque elas me fazem pensar em pão de banana. E eu odeio a

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cor amarela porque me faz lembrar de bananas!

Ela me olhou chocada. — Sério? Eu não tinha ideia que é por isso que você não

comia bananas.

— Sim, você me traumatizou de maneira ruim quando eu era criança. Eu nunca

vou comer bananas novamente. — Adotei uma pose dramática, coloquei uma mão na testa

e tentei parecer negligenciada. Mas eu não pude manter um rosto sincero.

Minha mãe jogou um pano de prato na minha cabeça, e eu peguei com uma mão —

Mãos a obra, odiadora de banana, — Ela ordenou com um tom provocador.

Passei o resto do dia trabalhando no perfume da Kristen, e anotei o último par de

notas que eu precisaria para o projeto. Foi um momento agridoce, para finalmente

terminar aqui na cabana, mas eu estava tremendamente aliviada. Dei uma despedida

silenciosa para o fantasma de memórias antigas enquanto nós íamos embora.

Estávamos quase em casa antes que eu notasse os olhares preocupados que minha

mãe e de meu pai mantinham passando um ao outro. Quando eu peguei meu pai me

olhando ansiosamente pela quinquagésima terceira vez no espelho retrovisor, eu sabia que

alguma coisa estava acontecendo.

— Ei, gente? — Eu perguntei. — O que está acontecendo com vocês dois?

Nenhum deles encontrou meus olhos no espelho.

— O que você quer dizer, Abbey? Nada há de errado entre seu pai e eu.

— Ok, então, o que há de errado em geral? Você dois continuam olhando

preocupados. A última vez que olhou você me olhou assim, disse que alguém tinha

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morrido. Eu acho que eu prefiro ouvir que vocês estão se divorciando a ouvir isso de novo,

— Eu brinquei.

Papai olhou para mamãe. — Diga a ela, — disse ele calmamente.

— Espere, não é um divórcio... é isso?

— Abbey, — disse minha mãe, — temos algo extremamente importante para lhe

dizer, mas não tenho certeza de como você vai levar a notícia.

— Mas isso não é um divórcio, certo? Diga-me que isso não é um divorcio!—

Minha cabeça girava com o fato de que eu poderia ter para lidar com as famílias separadas

e compartilhar feriados. Eu tinha um pouco demais acontecendo no meu próprio mundo,

agora ter que aprender a lidar com qualquer coisa assim estava acima disto.

— Não, isso não é um divorcio. — Meu pai falou, e acenou para minha mãe

continuar.

Alívio imediato me atingiu como uma onda de água fria e me deixou quase tonta de

alegria. Eu não estava tento sucesso com a bomba.

— Abbey... enquanto estávamos na cabana... Bem... — Mãe falou hesitante e com

muito cuidado. — Recebemos um telefonema da polícia.

Eu senti meu corpo instantaneamente imóvel.

— E?

— Eles acharam ela, Abbey. Encontraram o corpo de Kristen duas milhas e meias

no rio Crane. Ela estava à deriva, e tinha ficado presa sob uma pilha de galhos. Eles vão

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enterrá-la amanhã, às nove horas. Podemos escrever uma nota para a escola, se você quiser

ir... Eu sinto muito.

Minha mãe esperou pela minha resposta, mas eu balancei a cabeça e depois virei o

rosto para a janela. — Eu nunca vou voltar na cabana de novo, — eu disse baixinho.

Minha mãe e meu pai não disseram mais nada depois disso.

Eu não ia à cerimônia na segunda-feira para enterrar o corpo de Kristen. Eu não

podia fazer tudo isso de novo. E eu não pensei sobre Caspian em tudo. Ele era a coisa mais

distante na minha cabeça.

O baile estava chegando era sábado à noite, e isso era tudo que qualquer um na

escola conseguia conversar. Mas eu não poderia esperar o baile terminar. Levou toda a

minha concentração permanecer centrada sobre as coisas mundanas da vida.

Levantar.

Tomar banho.

Vestir.

Procurar meias que combinem.

Tomar café da manhã.

Isso parecia ser tudo que eu poderia compreender agora.

Acima de tudo eu estava cansada. Eu me sentia tão cansada o tempo todo. Eu tive

que começar a colocar dois despertadores porque um sozinho não me acordava. Eu tirava

uma soneca depois da escola a cada dia, acenar com a cabeça durante o jantar, e então de

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noite dormia como se estivesse morta. Eu não tinha tempo para pensar em outra coisa, eu

estava praticamente dormindo toda hora.

Isso não ajudava as coisas exatamente quando eu parecia tão exausta quanto me

sentia. Fundos círculos roxos se formaram debaixo de meus olhos, e cada pálpebra parecia

que iria ficar permanentemente meio fechada. Meu cabelo era monótono e sem vida, e eu

não me importava mais com o que eu usava.

Quando eu peguei um vislumbre de mim na escola na quinta-feira, eu estava

tentado arrancar o espelho fora do meu armário. Eu estava horrível. Então alguém gritou

meu nome e me virei para ver Ben acenando para mim. Eu gemi e interiormente

contemplava bater brevemente minha cabeça várias vezes na porta do armário de pura

frustração. Seria bom adicionar uma agradável contusão roxa para combinar com os

círculos debaixo dos meus olhos.

Mas eu não tive tempo suficiente para seguir com meu plano, ele quase me

alcançou. O sorriso no rosto tornou-se um olhar preocupado quando ele finalmente chegou

ao meu armário.

— Hey, Abbey. Como vai você? Você está se sentindo bem?

Eu não sorri de volta.

— Perfeita.

— Parece que você tem um resfriado ou algo assim, — sugeriu.

— Yeah, alguma coisa assim,— disse secamente.

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— Ok. — Ele deu de ombros. Ele tinha um olhar engraçado no rosto, como se ele

não tinha certeza se deveria continuar ou não.

— Olha, Abbey, — ele disse sério. — Eu sei que isso deve ser uma droga para você

agora, com a formatura chegando, e ouvir as últimas notícias sobre Kristen. Tenho

saudades dela também, mas sei que deve ser um milhão de vezes pior para você. E se você

totalmente disser não, eu entendo, mas gostaria de ir ao baile comigo? Eu sei que isso é de

repente, e nós não temos que ir como um encontro. Pode ser apenas uma coisa de amigo. O

que você acha? No meio dessa toda droga de bagunça, quer tentar ter uma noite de

diversão? Se você estiver se sentindo bem para ir, é isso.

Ben parecia tão sincero que eu não falei um automático não. Seus grandes olhos

castanhos me olhavam com expectativa, como um cachorrinho adorável esperando por sua

recompensa. Foi muito doce que ele estava tentando me animar, mas eu tinha esse

sentimento irritante...

— Será que alguém te pediu para fazer isso?

Ele parecia desconfortável. — Bem, 'pedir' não é realmente a palavra... — Ele viu

minhas defesas subirem e se fechando para o que estava vindo no seu caminho. Ele tentou

recuar. — Eu quero dizer... Veja, Shana disse que algumas das garotas da equipe de torcida

estão mencionando o fato que você precisava de um encontro com algum dos caras que

elas conhecem. Mas ela não disse especificamente para mim. Eu juro. Eu só ouvi a

conversa. Eu estava planejando pedir para você muito antes de sequer ouvir sobre isso.

Eu senti meu rosto esquentar. Minha mortificação estava completa.

Embaraçosamente, meus olhos começaram a arder com as picadas das lágrimas

derramadas.

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— Então por que você não me perguntou antes de você os ouvir falando sobre isso?

— Eu perguntei para ele quietamente, mantendo meu olhar desviado para o armário.

— Eu… eu…— ele gaguejou.

— Desculpe, Ben, mas eu não acredito em você. A resposta é não.

— Mas, Abbey, eu... perdi minha cabeça, — ele disse sem jeito.

Eu não conseguia olhar para os seus olhos, então eu fechei o meu armário e fui

embora. Ele me chamou uma vez, mas eu não me virei. Eu estava tentando segurar as

minhas lágrimas... Pelo menos até eu fazer isso anonimamente no banheiro feminino.

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Capitulo Nove De Noite

―Ela usava os ornamentos de ouro amarelo puro, que sua tataravó tinha trazido

da Saardam, o charme tentador dos velhos tempos; e, além disso, uma saia curta

provocadoramente, para mostrar o mais bonito tornozelo e pé no país.‖ — The Legend of

Sleepy Hollow

Evitei Ben pelo resto da semana, e ouvi dizer que uma das meninas seniores

acabou o convidando para o baile no último minuto. Eu realmente esperava que ele tivesse

um bom momento com ela. Coisas que provavelmente seria estranho entre nós agora, e me

senti mal por isso.

Sábado de manhã, dia do baile, finalmente chegou, estava brilhante e ensolarado

em vez de frio e chuvoso, como achei que deveria ser. Eu puxei as cobertas sobre minha

cabeça e tentei ficar na cama enquanto podia, mas eventualmente minha mãe me arrastou

para ajudá-la a colocar algumas fantasias no sótão.

Anualmente, a Câmara Municipal realizou uma parte Halloween considerou a

Hollow Ball na mesma noite que o baile sênior. Eu sempre tive uma suspeita de que a

verdadeira razão por trás disso foi para que todos os pais dos juniores e seniores se

distraíssem, assim que não precisam se preocupar com o que seus filhos estivessem

fazendo. Na maioria das vezes isso parecia funcionar.

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Minha mãe e meu pai sempre iam à festa, como Katrina Van Tassel e Ichabod

Crane. Eles tinham roupas de época feitas e os figurinos que eram absolutamente lindos.

Um pouco incômodos e pesados, mas lindos. Um ano eu tinha tentado convencer o papai

de misturar as coisas e ir como Sr. Irving desde que eu senti que o contador de histórias

merecia ter alguém que se vestisse como ele, mas minha mãe não achava que seria ideal

para Katrina Van Tassel aparecer com Washington Irving. Tanto faz.

Nós estávamos no meio do desempacotamento dos acessórios, quando uma grande

nuvem de poeira voou da peruca que eu peguei, e eu espirrei ruidosamente.

— Se isso era supostamente para ser protegido por estar guardado no lugar certo,

como é que a poeira subiu nela? — perguntei para minha mãe.

Ela olhou por cima da jaqueta que ela estava sacudindo. — Eu não sei.

Provavelmente é pó de arroz que sobrou do ano passado. Mas não limpe tudo. Acrescenta-

se ao ambiente.

— Se você quer ter aranhas em seu cabelo, tudo bem por mim, — eu disse,

colocando-a para o lado.

Ela riu e jogou um sapato de cetim para mim. — Aqui, verifique se tem aranhas. —

Então, ela ficou séria. — Tem a certeza que não querem vir conosco para a festa de hoje à

noite? Ou você poderia ir sozinha ao baile. Tenho certeza que muitos de seus amigos vão

estar lá. E você nunca sabe quem você pode conhecer. Poderíamos deixá-la no caminho.—

Eu suspirei. Ela tinha que ser sempre tão insistente? Ela parecia tão agressiva

ultimamente.

— Eu não vou à festa hoje à noite, mãe, e eu definitivamente não estou indo ao

baile. Sei exatamente quem vou encontrar lá... alguém que já tem um encontro. Além

disso, eu não tenho ingresso para isso, ou um vestido que escolhi, para o caso. E você sabe

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o quanto Kristen e eu queríamos ir juntas. Eu não me sinto bem em ir sem ela.

Um olhar animado cruzou seu rosto. — Que tal se nós comprássemos um vestido

diferente? Eu não queria te forçar antes, mas é o seu primeiro baile. É suposto que nós

estivéssemos todas tontas e gastando muito dinheiro no vestido perfeito. — Ela inclinou a

cabeça para o lado. — Eu vi um vestido de cetim preto adorável em uma loja de noivas na

semana passada. Aposto que eles ainda o têm. Eu sei que você gostará daquele. — Era

como ela não tivesse ouvido 90 por cento do que eu disse.

— Não, mãe, — eu disse energicamente. — Obrigada de qualquer jeito, mas eu

ficarei bem aqui. Provavelmente haverá alguns filmes de monstro, e eu vou assistir eles.

Mais, alguém precisa estar aqui para todos os doces ou travessuras. — Eu sabia que ela

queria discutir, mas ela deixou passar.

Depois que terminamos de desempacotar a última peça da fantasia, minha mãe foi

tentar colocar sua roupa. Eu abri um saco de doces. Eu tinha acabado de arrumar tudo em

tigelas quando ela voltou.

— Como estou? — perguntou ela.

— A mesma que no ano passado, — eu respondi. Então ela fez beicinho, e eu joguei

um pacote de chocolate para ela. — Oh, vamos lá, mãe. Você sabe que está ótima.

— Eu sei. — Ela rasgou pacote minúsculo. — Mas você poderia ter me dito em

primeiro lugar. — Colocou o doce na boca, ela mastigava alto enquanto ia trocar de roupa.

Caminhei até o sofá e liguei a TV. Mudando de canais cegamente, não estava realmente

prestando atenção. Meus olhos continuaram a se arrastar até a janela. Escureceria mais

cedo. Quase todas as garotas juniores e seniores provavelmente estavam em um salão de

beleza fazendo cabelo e maquiagem agora, se preparando para o baile. Kristen e eu

deveríamos estar fazendo isso também.

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Eu tentei não pensar sobre o cabelo loiro-branco em um encontro de olhos

verdes... ou nos bonitos vestidos de cetim preto ... ou partilhar a emoção de baile com uma

melhor amiga .... Mas eu estava falhando miseravelmente. Kristen deveria estar aqui, e nós

deveríamos ir lá. Não era suposto que fosse assim. Não era suposto que eu gastasse meu

baile júnior sozinha, em um sofá, sem minha melhor amiga.

Depressão sentou em mim igual a um cobertor pesado. O canal que deixei estava

passando um filme de vampiros, e eu deixei nesse. Arrumando o travesseiro atrás da

minha cabeça, coloquei meus pés para cima e fechei meus olhos.

— Abbey, eu vou ter que ir costurar essa barra, ela descosturou quando e fui prova-

la. Precisamos de mais doce? Soda? Qualquer coisa? — voz da minha mãe interrompeu a

música de horror malfeitos da televisão.

Eu não lhe respondi, mas virei o rosto no travesseiro. Se tivesse sorte, ela pensaria

que eu estava dormindo. A ouvi dar um passo mais perto do sofá, e, em seguida, um

momento depois, ela se afastou. Eu acho que eu tive sorte. Houve um ruído farfalhante, e

eu percebi que ela estava colocando sua roupa em um saco de roupa de plástico, e, em

seguida, um minuto depois, e então um minuto depois eu ouvi a porta sendo trancada. Eu

mantive meus olhos fechados, ainda pensando no baile, e não demorou muito para eu

realmente cair no sono.

O vestido do baile era lindo. Um antiquado estilo vitoriano. O tecido era de cetim

vermelho sangue com um veludo preto delicado que modelou um padrão de videira que

torcia e se enroscou pelo topo do corpete antes de se arrastar abaixo, nos lados. O cordão

na parte de trás foi projetado para imitar os fios de um colete, enquanto uma

combinação de renda preta aparecia tão ligeiramente para fora no fundo do vestido e

completou a imagem.

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Foi algo saído de um conto de fadas gótico.

''Escolha esse, Kristen. Esse é perfeito para você.— Eu agarrei o cabide e virei

para dar ele a ela, mas ela não o pegou de mim.

— Eu não posso, Abbey. Eu já tenho um vestido. — Ela apontou para a peça cinza

escura esfarrapada de tecido que ela estava. A bainha com costuras rasgadas se parecia

que alguém tinha tentado rasgar a roupa em dois pedaços. Horrorizada, vi que a parte

inferior do vestido começou a pingar água.

— Não, não, — insisti. — Por favor, Kristen, coloque este. Há alguma coisa

errada.

Mas ela apenas balançou a cabeça e sorriu tristemente para mim. '— Eu não

posso, Abbey. Eu não posso.

Minha mãe estava chacoalhando meu ombro e chamando meu nome quando eu

finalmente acordei. Meu cérebro ainda estava muito nebuloso para processar seu traje, e

eu não tinha ideia de quem era à pessoa louca na minha frente. Fiquei lá, piscando,

enquanto seu rosto gradualmente entrou em foco e as palavras Kristen desvaneceram-se

da minha mente.

— Você está acordada agora, Abbey? — ela me perguntou. — Nós temos que sair.

Mamãe estava completamente vestida na sua fantasia, e papai estava polindo um

de seus sapatos. Eu olhei vagamente ao meu redor. Está escuro agora, e o relógio do DVD

está marcando 5:30. Eu estive por um bom tempo.

— Yeah, eu estou acordada, mamãe. Eu vejo vocês mais tarde, — eu disse.

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Ela inclinou-se para me dar um abraço, ou a coisa mais próxima que sua fantasia

permitiria, e eu sorri tristemente para ela. — Vá em frente, — eu sussurrei. — Eu ficarei

bem. Se divirta.

— Nós precisamos sair ainda hoje, — meu pai chamou da porta.

Minha mãe se levantou. — Estou indo, estou indo. — Então ela olhou para mim. —

Doces sobre a mesa. Vamos deixar a luz da varanda acessa. Tenha cuidado e para não ficar

acordada até muito tarde. — Ela acariciou sua peruca, uma última vez e partiu para o meu

pai.

— Oh, e Abbey.— Ela fez uma pausa no meio do caminho — Olhe atrás da porta de

seu guarda-roupa. — E com isso eles me deram um ultimo aceno e foram embora.

Eu não tinha certeza se queria saber o que ela tinha me deixado. Ingressos para o

baile gravado no espelho? Um traje de abóbora para a Hollow Ball deixada na porta? Eu só

podia adivinhar.

Infelizmente, para a próxima hora tudo que eu podia fazer era adivinhar. A

campainha não parava de tocar... e tocar... e tocar. Foi um fluxo interminável de

fantasmas, duendes, bruxas, e uma pobre criança que conseguira apenas um hidratante

com doces-e-travessuras. Eu o deixei levar duas mãos cheias de doce.

Quando houve uma trégua nos clientes, eu desliguei a luz da varanda para que eu

pudesse me esgueirar para cima para ver o que a minha mãe tinha deixado. Meu queixo

caiu quando abri a porta e viu que estava lá.

Pendurado na parte de trás da porta do armário estava o vestido de baile mais

lindo que eu já tinha visto.

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Eu toquei primeiro a saia. Ela tinha uma fina camada de tule preto sobre o tafetá

preto que brilhava sempre tão ligeiramente quando a luz o atingia. O top do espartilho era

de cetim estava frio e liso sob meus dedos e eu descobri uma fita à direita na frente em um

padrão de X. Ela ainda deixou um par de saltos pretos de tiras que combinavam

perfeitamente.

Era incrível.

Eu olhava para o vestido por um momento mais longo, então balancei a cabeça e

fechei a porta muito delicadamente. Ela podia ser agressiva, e teimosa sem nenhum fim,

mas às vezes ela era uma mãe muito, muito boa.

Logo que voltei para baixo e acendi a luz da varanda de novo, os monstros pouco a

pouco começaram a fazer fila. Eles realmente queriam os seus doces. Comecei a me

perguntar se as pessoas estavam enviando as crianças de outras cidades, porque a fila ia

crescendo mais e mais.

Eu tentei apagar a luz da varanda de novo, mas que não funcionou. Eles apenas

tocavam a campainha de qualquer maneira. Depois que a décima primeira pequena face

triste se virasse quando eu falei para a criança que estava sem doces, eu não aguentava

mais.

Ligando para a farmácia mais próxima, eu descobri que eles estavam abertos até

nove. E tinham muitos doces. Desde que eram apenas cinco quarteirões de distância, não

demorei muito para chegar lá também.

Pensei em colocar um INDO BUSCAR MAIS DOCES escrito na porta, mas decidi

que não. Pode ter a casa cheia por duendes bravos que querem o doce deles.

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Uma brisa fria tocou ao longo do meu rosto enquanto eu caminhava até a loja, e

um par de nuvens pequenas encheu o céu. Eu teria levado mais tempo se eu não estivesse

tão preocupada com multidões enfurecidas de crianças pichando12 a casa em busca de

doces. Esse pensamento terrível me fez andar um pouco mais rápido.

Quando cheguei à farmácia, havia uma limusine preta estacionada do lado de fora,

e eu não conseguia descobrir o que ela estava fazendo ali. Então vi uma janela abaixar e

tive um lampeje de um smoking dentro. O baile, claro.

Um grupo de rapazes que tinham alugado e, provavelmente, estavam em seu

caminho para pegar seus encontros. Tentei não dar muita atenção ao motivo pelo qual eles

parariam em uma farmácia na noite do baile. Talvez eles ficaram sem doce também?

Sorrindo para mim enquanto eu abria a porta, eu desci dois corredores e então

levei uma bolada. Tudo estava com 50 por cento de desconto. Dupla bolada. Eu estava

tentando decidir se devia ir com uma variedade ou apenas um tipo de doce, quando uma

voz do próximo corredor chamou minha atenção.

— ...Ele pediu que a menina esquisita, a Abbey, mas ela, o negou,— uma menina

disse.

— Yeah, e ela foi uma verdadeira cadela sobre isso também. Eu tive que pedir para

ele, como, duas vezes antes dele aceitar ir comigo.

— Eu pensei que você disse que apenas pediu a ele uma vez e ele-

— Yeah, tanto faz. Olha, vamos apenas pegar as câmeras e ir embora. Os garotos

estão esperando.

12

Aqui estava stampeding que é carimbando, então eu troquei para pichando que faz mais sentido.

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Eu espiei no corredor e ao redor. Havia duas meninas com vestidos para o baile ali

e, obviamente, uma delas era a sênior que tinha convidado Ben. Cada uma pegou uma

máquina fotográfica descartável e, em seguida, subiram para os caixas. Três pessoas já

estavam na fila, e eu poderia dizer que as meninas não estavam felizes com isso. Voltei

para a seção de doces, peguei dez sacos aleatórios, e caminhei lentamente para frente.

Felizmente alguém tinha chegado à fila atrás delas, então eu não tive a preocupação de

chegar muito perto para o meu conforto. Mas eu ainda estava perto o suficiente para ouvir

cada palavra que disseram. E elas tinham muito a dizer.

— Ele terá muito mais diversão com você, — a menina de vestido rosa garantiu a

menina de amarelo. Pelo menos elas foram codificadas por cores, então eu sabia quem era

quem.

— É claro que ele vai, — disse a de vestido amarelo, com uma jogada de cabeça.

Como ela fez isso, eu notei que seu vestido ainda estava com o preço, e saindo do

seu zíper lateral para o mundo inteiro ver. Gostaria de saber se a de vestido rosa a diria

sobre isso. Mas a de vestido amarelo se manteve falando.

— Quero dizer, como ela é rude? Ela deveria ter sido grata que alguém a pediu para

ir ao baile de formatura.

— Eu ouvi que a torcida inteira teve que praticamente implorar para convidarem-a

para ir, como um favor pessoal para eles.

— Quão patético é você ter outras pessoas arrumando acompanhantes para você, e

ainda acabar com ninguém?

Aquela dor. Senti a picada no interior, e uma corrida instantânea de lágrimas. Eu

não estou chateada, eu disse a mim mesma. Eu estou chateada. Mas não importa como eu

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realmente estava, ainda tinha a minha visão borrada.

Fiquei olhando para o doce em minhas mãos, sem realmente vê-lo. Elas não

podem buscar outra caixa lá em cima para ajudar a mover a fila? Tentei ajustar tudo e

não ouvir a conversa, mas era como um acidente de carro ruim. Eu não podia me virar.

Elas eram as próximas, mas ainda continuaram falando.

— Você viu-a na escola esta semana?— perguntou a de vestido rosa.

— Ugh, sim. Ela estava terrível. Alguém realmente precisa se despedir das

margueritas a meia-noite em noites da semana.

— Eu sei, né?

— Alguém deveria também dizer para ela não se vestir de preto o tempo todo. É

totalmente por fora. O que é que ela, uma garota gótica? E aquilo é chamado de corte de

cabelo. Arranje um.

A vestida de rosa riu agora. — Talvez ela se vista de preto porque quer emagrecer.

Poderia estar escondendo alguns 'pontos problemáticos. Você sabe, desde que a amiga dela

morreu, ela está mais e mais estranha. Ela é uma perdedora. Eu não ficaria surpresa se ela

pulasse da ponte apenas para ter alguma atenção.

— Ela está totalmente tentando explorar o abismo,— disse a de vestido amarelo. —

Você sabe que ela está. Primeiro, a colocam na comissão de formatura, e agora eu aposto

que todos os professores estão deixando ela com a tarde livre para a lição de casa. Ela

provavelmente vai começar a pular aulas para que possa ir chorar em um ombro

conselheiro sobre o quanto ela sente saudades da sua amiga morta.

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Por alguma razão, ouvindo essas palavras em voz alta, me pareceu absurdamente

engraçado, e eu encontrei-me rindo incontrolavelmente. Eu não conseguia parar. Eu não

queria parar. Assim eu valsei meu caminho para baixo do morro sustentando meus braços

na forma adequada de dançar, o tempo todo segurando meu frasco de perfume na mão.

Entre os ataques de risos histéricos, eu cantarolava trechos de uma canção antiga. Eu fui

valsando ao meu redor, ao longo de vários caminhos para chegar ao meu destino final. Eu

estava quase lá.

Então, meu pé ficou preso na borda de um túmulo quebrado, e ele me fez tropeçar.

Tentei recuperar o meu equilíbrio, mas fui difícil. Felizmente, os meus braços estendidos

detiveram o impacto da queda. Infelizmente, essa queda foi de encontro à borda da lápide.

Ela raspar minhas duas mãos em carne crua. Fiquei ali sentada no chão frio e duro e olhei

para as palmas das mãos. A carne havia sido arrancada em linhas irregulares, e estava

escorrendo sangue fresco para a superfície. Eu não sabia o que fazer sobre isso.

O que eu sabia era que o perfume da Kristen estava faltando. Procurei no chão

freneticamente por sinais de vidro quebrado, mas não havia nenhum. Eu finalmente avistei

o frasco perto de um tronco de árvore e me arrastei até lá, enquanto a chuva começou. A

chuva bateu forte e rápida, e meu vestido foi rapidamente encharcado. Mamãe vai ficar tão

chateada.

Mantive minhas palmas das mãos para cima na chuva, pelo menos elas não

estariam mais sangrentas, em seguida peguei o frasco. De alguma forma ele tinha

sobrevivido à queda.

Quando avistei a lápide da Kristen, eu desisti de qualquer pensamento de salvar o

vestido de baile e se sentei ao lado dela. Foi a primeira vez que eu vi a pedra, e estendi a

mão para tocá-la, meio que esperando sentir o choque frio o mesmo que senti quando eu

toquei seu caixão. Mas apenas senti como uma pedra. Eu segui o contorno de profundidade

das letras esculpidas lá. Ela estava realmente aqui e agora.

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Abri o frasco de perfume, derramei algumas gotas sobre a lápide. Misturado com a

chuva, correram em rios minúsculos para o chão, encharcando a sujeira abaixo.

— Hey, Kris, — Eu comecei suavemente. — Eu finalmente te fiz um perfume.

Agarrei-me as palavras. Fiquei tão entorpecida por dentro que não sabia o que

dizer para ela.. — Eu espero que você goste. Usei toranja e gengibre, com apenas um toque

de baunilha. Eu acho que combina com você. Levei um tempo para acertar, mas eu queria

que ficasse perfeito. — Um punho enorme de tristeza bateu em mim, e meus olhos

começaram a transbordar. Eu senti isso submergir do meu interior.

— É a noite do baile... hoje ... Kristen,— Eu tentei falar entre soluços. — Nós

deveríamos ir… juntas. Mas não desse jeito... Isso não era para ser assim.

Um soluço escapou ofegante, e eu estava perdida para palavras novamente. Baixei

a cabeça, e minha tristeza se transformou em raiva, ódio puro voltado para Kristen, o

mundo, ninguém, eu mesma.

O trovão rolou novamente atrás de mim, e me levantei com os punhos cerrados de

raiva. — Por que você não está aqui, Kristen? Você deveria estar aqui! — Eu gritei para

lápide. — Como você pode apenas cair? Nós nunca caímos na água! — A chuva escorrendo

pelo meu rosto, e eu corri.

Eu corri rápido e forte, contanto que pudesse chegar até a margem. Eu pensei que

tinha visto uma forma branca, e eu corri até minhas pernas doerem, e meus pulmões

queimarem. É ela? Ela está aqui? Eu persegui isto até que desapareceu, então me

desmoronei em um amontoado à beira da água.

Meu corpo se esforçou para lutar por cada respiração, arrastando em um suspiro

doloroso e curto, um depois do outro. Eu coloquei um braço em cima da minha cabeça, e

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derramei o resto do perfume na corrente dançante, me aproximando até que eu estivesse

ao longo da beira da água. Fechando meus olhos, descansei minha cabeça no redemoinho

de água em baixo de mim. Ele sussurrou sedutoramente, convidando-me a perder a minha

dor e a tristeza, minha raiva e meu medo, sentir-se calma e serena.

Ver Kristen de novo ...

Meu cabelo estava flutuando ao meu redor, formando uma aureola negra. A água

estava gelando, e embora isso deva me fazer sentir frio, isso não fazia. Ao invés disso sentia

como se fosse um calmante nas minhas feridas emocionais. Eu respirei fundo, imaginando

Kristen aqui, enquanto o cheiro de toronja, gengibre, e baunilha me cercaram. Mas eu

ainda estava entorpecida por dentro. Eu ergui uma mão e deixei-a percorrer o curso,

observando como o frasco de perfume vazio flutuou para longe. Fiquei respirando devagar,

tentando acalmar minha mente. E então estava começando a funcionar. Eu estava me

acalmando.

O som de alguém gritando meu nome, me fez abrir os olhos.

Caspian estava do outro lado do rio. — Oh Deus, Abbey. Pensei que estivesse

morta! — ele gritou. Ele saltou numa grande rocha lisa no meio da água, e depois outra,

para se aproximar.

Eu não me movi.

— Abbey, — ele disse muito calmamente, — O que você está fazendo? Você precisa

sair da água.

Eu ri alto. — Eu preciso sair da água? Mas Kristen não saiu da água, Caspian. De

que outra forma eu poderia alcançá-la?

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— Venha, Abbey, — ele persuadiu, agachando-se perto de mim, mas ainda um par

de metros de distância. — Eu não sei o que aconteceu, mas você precisa se levantar e sair

da água. Agora.— Sua voz se tornou dura.

Eu levantei de repente, e água voou para todos os lugares. A chuva continuava

caiando, e eu vi que ele estava encharcado também. Seu cabelo estava grudado em sua

cabeça, mas uma risca preta destacou-se nitidamente contra o resto do seu cabelo claro.

— Você não sabe o que aconteceu? — eu disse histericamente. — O que aconteceu é

que minha melhor amiga morreu, Caspian. Isso foi o que aconteceu. Ela se afogou nesse

mesmo rio, lembra? Você estava em seu funeral. Só que não era realmente o seu funeral,

porque eles não tinham um corpo para enterrar. Mas eles agora... Ou eles fizeram. Seu

corpo foi encontrado na semana passada, e ela foi enterrada. E isso significa que tudo é

real. Ela se foi, e eu não estava lá. — O peso das palavras me machucando profundamente.

— Eu sei, Abbey. Eu sei a dor que você deve estar sentindo. Mas por que você está

aqui agora... e em um vestido? — Seus belos olhos verdes me imploraram para lhe dar as

respostas que queria.

Eu peguei uma camada do vestido, encharcado e arruinado — Isso?— Segurei para

ele, e então deixei cair. — Isso é o meu vestido do baile. Hoje a noite é o baile. Porque essa

cidade estúpida não consegue fazer nada normal, nosso baile é no Halloween. Kristen e eu

supostamente deveríamos ir juntas com nossos encontros. Mas eu acho que ela tinha um

compromisso antes.— Eu ri veemente.

— Abbey, venha, por favor, afaste-se da água, — ele implorou. — Venha aqui para

mim. Você pode conversar comigo sobre isso.

— Conversar com você sobre isso? Eu não posso conversar com você sobre isso. Eu

nem mesmo deveria estar aqui com você, Caspian. Eu nunca deveria ter me encontrado

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com você aqui. Esse é o nosso lugar. Meu e da Kristen. E o que eu faço? Eu esqueço tudo

sobre ela. Eu não contei para você como ela era uma boa pessoa, ou como era divertida, e

quanto ela amava a família dela... ela amava tanto, Caspian.— Falei furiosamente agora.

— Kristen gostaria que você fosse feliz, Abbey. Mesmo se isso significou me

encontrar aqui.

— Você não sabe o que ela gostaria — Gritei, me levantando para enfrentá-lo. Ele

também se levantou. O vento chicoteando em torno de nós e levou minhas palavras para

longe e, em seguida jogou de volta no meu rosto. Minha respiração estava fora de controle,

e eu senti a pura raiva pulsando através de mim novamente. — eu sabia o que ela queria

quando ninguém mais sabia. Não qualquer um na escola, nem ninguém nesta cidade, e

nem você!

Minha voz se tornou tranquila agora. A raiva ainda estava lá, mas estava focada,

uma quieta raiva crua. — Você sabe que eu sonhei com ela, na noite que ela morreu? Isso é

o quão unida, éramos. Eu sabia que ela estava morrendo. Eu consegui sentir. Eu senti isso,

Caspian. Tudo. Mas eu não estava aqui. Eu não parei isso. Eu nem mesmo sabia o que isso

significou na manhã seguinte. Ela precisava da minha ajuda, e eu não fui uma boa amiga o

bastante para ajudá-la. Então eu acho que isso significa que eu não era realmente a melhor

amiga dela, depois de tudo.

Eu me virei. Minha fúria morrendo. Eu me senti hesitante e em pedaços, frio de

novo dentro de mim enquanto a raiva se tornava tristeza.

— Eu não fui ao baile hoje porque ela não estava aqui para ir comigo, — eu disse

amargamente. — Oh yeah, e também porque eu sou uma perdedora, e tão patética, que elas

têm que arrumar um encontro para mim. Você sabia que elas imploraram para pessoas me

pedirem para sair? E elas dizem que eu preciso de um corte e cabelo...— vaguei para longe.

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— Abbey, eu preciso que você fale devagar, — implorou. — Eu não entendo você.

Quem pediu para pessoas te chamassem para sair? E quem disse que você precisa cortar o

cabelo?

— As cheerleaders, — respondi. — E algumas garotas na farmácia.

— está tudo bem que essas coisas te incomodem, Abbey. Venha até aqui e podemos

sentar juntos. Se você não sente vontade de falar, você não precisa. — Sua voz era calma,

mas um pouco instável.

Olhei para ele. Ele tinha um olhar selvagem igual ao meu, e eu senti o desejo

desesperado de fazê-lo me entender.

— Sentir? — zombei. — É ai que você está errado, Caspian. Eu não sinto nada. — E

então eu vi alguma coisa mudar em seus olhos. Um olhar de entendimento que me desfez

completamente. Dei um passo mais perto dele, e tropecei.

— Oh Deus, Caspian, —eu disse horrorizada. — Eu não sinto nada.

Foi quando a parede se quebrou. Toda a dor e dormência se racharam e quebraram

em um milhão de pedacinhos. Cada um desmoronou, revelando o enorme buraco deixado

para trás. Um grande vazio negro em volta do meu coração. Eu comecei a chorar. Lágrimas

incontroláveis me consumiram de dentro para fora, e cada uma derramava e rolava, e doía.

Caindo de joelhos, eu chorei e chorei e chorei. Eu chorei todas as lágrimas que eu

não tinha sido capaz de derramar no funeral dela. Eu chorei todas as lágrimas que tinha

estado comigo durante as noites solitárias. Eu chorei pela amiga que tinha perdido, e as

memórias que nós não iríamos partilhar.

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E então eu chorei por mim.

Abraçando meus joelhos no meu peito, eu chorava todas as lágrimas que haviam

estado presas dentro de mim. Toda dor no coração veio derramando em pele retorcida de

raiva e emoção crua, antes de escorrer distante do rio até não sobrar nada para trás.

Enquanto minhas lágrimas paravam de cair uma por uma, o tempo teve pena de mim e

ofereceu suas condolências. O vento cessou e a chuva diminuiu.

Caspian esperou em silêncio. Ele simplesmente estava lá pacientemente, até que

eu estivesse pronta. Quando ele finalmente voltou a falar, eu olhei para ele com olhos

arregalados.

— A pergunta para achar a resposta para o que Kristen estava fazendo aqui na

noite que ela morreu, — ele sussurrou. — Então, vamos descobrir, Abbey. Vamos descobrir.

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Capítulo Dez Escolhendo Aromas

―Era realmente a noite das bruxas...‖ — The Legend of Sleepy Hollow

Caspian me levou para casa pelo rio, colocando-se como uma barreira silenciosa

entre a estrada e eu. E mesmo que não estivesse passando carro nenhum, o gesto me

deixou com uma doce dor no fundo da garganta.

Eu olhei para meu vestido, molhado e arruinado, enquanto caminhávamos.

Manchas de grama e lama riscavam a frente dele. Esperava que meu rosto e cabelos não

estivessem tão ruim quanto o vestido. Mas, novamente, eu estava tão cansada que

realmente não ligava para como eu aparentava.

Bem, talvez eu me importasse um pouco.

A casa estava completamente escura quando chegamos lá. Eu estava com tanto frio

por estar molhada que não pude me impedir de tremer. Estava congelando do lado de fora.

Peguei a chave reserva de um tijolo ao lado da porta da frente e rapidamente a destranquei,

e entrei, acendendo todas as luzes. Desamarrando minhas botas enlameadas, chutei-as e

tentei não espalhar lama por todos os lugares.

Caspian recuou nas sombras da casa. Eu mal podia vê-lo. Até mesmo seu cabelo

claro estava escondido na escuridão.

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— Você pode entrar, se quiser, — eu o chamei. — Apenas deixe o seu sapatos na

porta. — Olhando para o relógio na parede, eu vi que era quase onze e meia. Mamãe e

papai não estariam em casa por pelo menos mais uma hora.

— Será que os seus pais não se importam? — perguntou ele, ecoando o meu

pensamentos.

— Não, eles estão no Baile de Hollow. Eles sempre ficam até o final, como os bons

membros do conselho que eles são. E então eles se oferecem para serem os motoristas

encarregados, ou para ajudar a limpar depois... E assim por diante. Eles provavelmente vão

estar em casa por volta de meia noite e meia, ou até mesmo uma da manhã.

Ele saiu da escuridão. — Você gostaria que eu entrasse Abbey? — Seus olhos verdes

brilhavam, e ele olhou para mim de perto.

— Sim, — eu sussurrei. Então eu limpei minha garganta e tentei novamente.

— Sim.

Eu olhei para meu vestido. — Eu preciso tirar esse vestido e colocar algo seco.

Estou virando um pingente de gelo aqui. Por que não me segue até meu quarto? Tenho

certeza que você está congelando também.

Ele deu um passo mais perto e de repente estava bem ao meu lado. — Eu não estou

com frio, — disse. — Está quente aqui.

Olhei para ele por um momento antes de perceber que eu definitivamente

precisava me distrair com alguma coisa. Dando um passo para o lado, eu dei a volta e

peguei as agora vazias tigelas de doce. As borboletas nadavam em meu estômago, e eu

tentei não pensar no fato de que estaríamos na casa... Sozinhos.

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Arrepios corriam para cima e para baixo nas minhas costas. Era tanta coisa para

não pensar sobre.

— Só vou limpar isso, — eu murmurei.

Caspian tirou os sapatos e depois me seguiu para cozinha, enquanto levei mais

tempo do que era necessário para lavar cada tigela. Uma vez que elas já estavam secas e

guardadas, não havia nada mais a fazer. Eu pigarreei nervosamente. — Bem... Meu quarto

é lá em cima, acho que nós... Podemos ir para lá agora.

Argh. Eu era patética.

Ele não disse nada, mas veio atrás de mim enquanto eu caminhava para a escada.

O relógio começou a badalar onze e meia quando começamos a subir, e Caspian parou,

ouvindo os toques.

— Quase meia-noite, — ele sussurrou atrás de mim.

A escada rangeu sinistramente quando dei o próximo passo. Ele estava apenas um

passo abaixo de mim, e eu tinha que me lembrar de ver onde eu estava indo. Tropeçar e

cair da escada não traria uma impressão muito boa. Quando chegamos ao topo, e

estávamos a apenas alguns metros do meu quarto, senti a estranha compulsão de parar.

Para prolongar o momento, antes que ele entrasse no meu quarto e visse o meu espaço

pessoal.

E se ele não gostar dele? Eu deveria ter limpado minhas amostras de perfume?

Será que o cheiro dos óleos que eu venho trabalhando está muito forte? E se ele odiar a cor

vermelha, que eu pintei?

— Você... Você gostaria de algumas roupas secas? — Eu perguntei.

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— Quero dizer, obviamente, não minha, mas eu podia olhar alguma coisa do meu

pai. Talvez encontrar um velho jeans para você?

Ele me olhou com um sorriso divertido no rosto. — Eu estou bem. Quase seco.

Olhei para suas roupas. Elas pareciam estar secas. Silenciosamente eu amaldiçoei

o meu vestido e as pesadas camadas de tecido.

Ele brincou. — Eu prometo não sentar em sua cama e molhá-la toda.

Ele tentava ser engraçado, mas não achei graça nenhuma. Pensamentos dele... Na

minha cama... Era perigoso, e ao invés de sentir frio agora me sentia quente. Talvez esta

não era uma boa ideia, afinal.

Minhas bochechas queimaram como se estivessem em chamas. Seus olhos não

estavam brincando mais e eu não sabia dizer se ele estava tendo os mesmos pensamentos

sobre a minha cama que eu estava. Ele se moveu para o lado, abrindo meu caminho. Eu

racionalizava comigo enquanto entrava no meu quarto. Não era como se estivéssemos

namorando. Nós nem segurávamos as mãos ainda. Ele nunca, nem acidentalmente, tinha

encostado sua pele na minha. Nada iria acontecer.

Olhei para o quarto rapidamente enquanto andava na frente dele, procurando

discretamente por roupas sujas e tentando não entrar em pânico. Então lembrei que o dia

da lavanderia foi ontem. Não teve tempo para Monte da Roupa Suja se erguer novamente.

Caminhando casualmente até a cama, dobrei o lençol e endireitei a ponta do

edredom. Então peguei uma meia que estava enrolada ao lado de minha mesa de cabeceira

e empurrei alguns animais de pelúcia do assento da janela para dentro do armário. Eu

espiei atrás de mim para ver se Caspian tinha notado.

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Ele estava ocupado olhando ao redor do quarto.

— Eu só vou me trocar, — disse, indo em direção ao banheiro. Senti-me um pouco

estranha ao saber que eu estaria literalmente tirando a roupa a poucos metros de distância

dele. A ideia me fez sentir enjoada e excitada, tudo ao mesmo tempo. Kristen tinha sido a

única pessoa a entrar em meu quarto, além de meus pais.

Tendo Caspian aqui era como expor uma parte secreta de mim. Era aterrorizante.

Eu só esperava que ele gostasse do que visse. O pensamento dele não gostar do meu

quarto, uma extensão de mim, fez com que eu me contorcesse.

Eu parei no meu armário para pegar algumas roupas secas, mas virei para vê-lo

parado em frente da mesa em que estavam os meus suprimentos de perfumes. Comecei a

pensar se deveria realmente ter convidado-o para vir aqui, quando sua voz me fez parar.

— É aqui que você trabalha, Abbey? — Ele parecia tão intrigado que me esqueci de

entrar em pânico ... e me trocar ... e caminhei até ele.

— Sim, é. — Eu peguei a grande mala que estava em cima da mesa e a abri. Várias

linhas de tubos de vidro, frascos e jarras foram expostas. — Quase todos os meus

suprimentos estão aqui. Amostras prontas, tubos de teste, óleos essenciais. Tem até um

bolso para minhas notas. Ele olhou atentamente a bolsa. — Então você usa o óleo de um

tubo e mistura com óleo de outro tubo, e então está pronto? O perfume é feito?

— É um pouco mais complicado do que isso. Veja, quando você faz perfume, você

precisa ter nota superior, uma nota média, e uma nota inferior. Em seguida, as três notas

se misturam para criar o perfume.Uma vez feito isso, você mistura com o óleo do portador,

pois óleos essenciais podem ser perigosos se forem aplicados diretamente à pele.

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Minha mão percorreu vários dos minúsculos tubos de vidro transparente.

— Na maioria das vezes eu tenho boa sorte com a escolha de aromas que misturam

bem. Mas agora, de vez em quando, eu falho. Então eu sempre tomo notas de todos os

processos.

— Quantos você já fez até agora? — ele perguntou, olhando para todos os meus

frascos de amostra.

— Um monte. — Eu ri. — As possibilidades são infinitas, realmente. Pode dar pane

no cérebro se tentar numerá-las.

— Pane no cérebro, né? — Ele sorriu também. Seu sorriso era morno e convidativo,

e eu não perdi a oportunidade de sorrir de volta.

— Então o que você faz quando você cria um perfume que você gosta? — Ele tocava

uma amostra minúscula. — Você apenas enche um monte desses pequenos?

Colocando a mala na cadeira, eu abri uma pequena gaveta no topo da mesa. —

Aqui é onde eu guardo os que estão prontos. — Apanhei um grande frasco de cobalto azul e

estendi para ele. O vidro de um azul profundo captou a luz do quarto, revelando seu tom

verdadeiro, uma jóia. — Eles guardam mais do que meus testes, e eu tenho um monte deles

escondidos no meu armário.

— Eles são codificados por cores? — Ele olhou para a amostra que eu estava na

mão, e em seguida, de volta para mim. — Percebi que você tem tubos de várias cores

diferentes.

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— Muito bom. — Fiquei impressionada. — Os óleos essenciais são mantidos em

frascos de vidro âmbar, pois ele ajuda a manter a luz. Amostras de perfumes que eu estou

trabalhando são mantidas em pequenos frascos de vidro transparente. E perfumes que já

estão terminados são colocados em frascos de cobalto.

— São estes perfumes que você vai vender no Abby‘s Hollow?

Concordei com entusiasmo, e então eu corei. — Desculpe se eu divaguei demais. Eu

não quis lhe dar uma aula formal sobre como fazer perfume nem nada assim.

Ele riu novamente. — Tenho certeza de que era a versão condensada. É, parece que

você gasta um monte de tempo e esforço em seu trabalho, Abbey. Você é, obviamente,

muito dedicada. Um dia desses eu vou ter que ser o seu primeiro cliente e pedir-lhe para

fazer um perfume para mim. Você acha que pode fazer isso?

Olhei em seus olhos verdes e imediatamente pensei em Snickerdoodle cookies e

noites de chuva em um cemitério.

— Quais são algumas de suas coisas favoritas? — Ouvi-me perguntando a ele. Eu

me perguntava quão difícil seria a criação de um perfume para ele.

— Hmmm, deixe-me pensar sobre isso.— Ele se afastou de mim,

momentaneamente, parando em vários pontos diferentes ao redor do meu quarto.

— Bem, eu amo cookies Snickerdoodle, mas você já sabia disso. Também gosto de

torta de abóbora.

Perambulou um pouco mais, e depois voltou para perto mim. Eu fiquei

absolutamente imóvel.

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— E baunilha, Abbey. — Sua voz era baixa, pouco mais que um sussurro. — Gosto

do cheiro da baunilha. Você tem cheiro de baunilha e... biscoitos de gengibre. E outra coisa

que eu não consigo descobrir.

Ele estava muito, muito perto agora. Assim como seus lábios. Seus belos lábios. Eu

assistia-os enquanto ele falava, como ele enunciava cada palavra, e como dizia meu nome.

— Toranja, — eu sussurrei, levantando o olhar. Comecei pelos cabelos e parei em

seus olhos. Eles estavam mudando... Escurecendo. — É o aroma de Kristen. Fiz para ela.

É por isso que eu fui ao cemitério hoje à noite, para dar a ela.

Eu poderia dizer que queria que ele me tocasse, mas algo estava me segurando.

Talvez fosse a mesma coisa que me fazia hesitar toda vez que eu pensava em tocá-lo. Medo

de rejeição? Ou o medo que uma vez que a nossas peles se tocassem, elas se fundiriam e

nós não seriamos capazes de nos afastar?

Ele deu um passo para trás abruptamente. O momento foi interrompido, e senti-

me confusa. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo aqui. Ele se afastou

novamente, e parou na frente da lareira, olhando para alguma coisa. Eu fui atrás dele para

ver o que estava olhando.

Era um retrato de mim e Kristen, tirado na noite que tínhamos feito mexas

vermelhas em nosso cabelo. Um sorriso lento rastejou em seu rosto enquanto ele estendia

a mão para tocar a moldura. Eu assisti em absoluta fascinação. Havia algo sobre ele que

prendia minha atenção, era como uma mariposa impotente atraída a uma chama bonita.

Caspian suavemente traçou suavemente o padrão da decoração das bordas de prata e, em

seguida ele olhou para a parede ao lado da lareira.

— Então, devo saber que sua cor favorita é o vermelho?

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Sorri.

— Como você descobriu? Pelos reflexos vermelhos na foto, as listras pintadas na

parede, ou ..— Eu olhei para trás de mim. — O edredom vermelho na cama?

— Foi por acaso, apenas uma suposição minha.

Ele virou um pouco e me deu um meio sorriso. — Eu gosto de seu quarto, Abbey.

Ele combina com você. As cores aqui são apenas... surpreendentes. Eu nunca vi nada

parecido.

Ele não poderia ter dito nada mais perfeito naquele momento.

Meu coração bateu de forma irregular, e eu orei com todas minhas forças para não

chorar com aquelas palavras.

Então, sua expressão mudou. — Você gosta de astronomia?

Eu ainda estava apreciando a agradável sensação que seu elogio tinha me

proporcionado, e estava um pouco perdida em como tínhamos ido de listras vermelhas na

parede para astronomia. Dando um passo mais perto, eu vi o meu telescópio encostado

contra a parede ao lado dele.

— Eu não o uso desde que eu era mais jovem, — eu admiti. — Meu pai comprou

para mim e nós costumávamos observar as constelações juntos. Foi assim que meus pais se

conheceram, na verdade. Aula de astronomia. Papai amava isso, e minha mãe pegou como

a aula como crédito extra.

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Ele abaixou-se e olhou através da lente, brincando com os botões e correndo as

mãos sobre ele como uma criança admirando um brinquedo novo.

— E você não o usou mais? Porque não? — O olhar de puro espanto em seu rosto

era adorável e eu tive que me controlar para não rir.

— Eu meio que esqueci sobre ele, na verdade. Fiquei ocupada, tinha outras coisas

para fazer. E além do mais, era uma coisa especial entre meu pai e eu. Ele ia me dizer tudo

sobre as estrelas e constelações, e todo sábado à noite, íamos para o topo da colina atrás de

nossa casa olhar para o céu. Depois que ele se juntou ao conselho da cidade, nunca teve um

momento livro. Acho que foi quando eu parei de usá-lo.

A compreensão abateu, e eu me virei, sentindo o familiar ardor. Ótimo, agora eu ia

chorar. Caspian notou imediatamente. Ele se levantou e saiu de perto do telescópio. —

Encontre-me na biblioteca amanhã, — ele insistiu de repente.

— Por que? — Eu ainda estava tentando piscar as lágrimas não vertidas, e seguir

sua linha de pensamento, ao mesmo tempo.

— Você sabe o que o nome Astrid significa?

— Ele mudou de assunto de novo, e eu não era capaz de acompanhar.

— Não.

— Significa 'estrela'. Isso é o que eu penso de você, Abbey. Um dia olhei para cima

e lá estava você. Uma mancha de luz ardente cercada por trevas. Você me faz sentir que

tudo é possível. E, vendo o telescópio ali, isso só se confirmou.

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— Isso é bonito, Caspian, — eu sussurrei. — Mas o que tem a ver com a biblioteca?

Ele deu uma risada, e o som ricocheteou através de mim.

— Eu quero que você me encontre amanhã na biblioteca porque eu tenho que

ir agora. Mas amanhã eu posso ... Apenas diga um horário e eu vou encontrá-la.

Droga. Eu já tinha prometido a mãe que eu iria ajudá-la reorganizar o sótão

amanhã de manhã. Eu não o tinha prometido a ela a minha tarde, no entanto.

— Amanhã. Na biblioteca. Às duas e meia, eu disse em um sussurro, não querendo

falar muito alto. Ele balançou a cabeça em concordância.

Alguma coisa oscilou. No fundo da minha mente eu me perguntava se era a

eletricidade. Se nós nos beijássemos, haveria faíscas?

Inconscientemente dei um passo mais perto. Eu não tinha certeza do que estava

prestes a acontecer, mas eu definitivamente queria que algo acontecesse. Havia algo que

me arrastava para perto dele dentro de mim, e eu estava perto. Tão perto. Dolorosamente

perto.

Eu tentei controlar a minha respiração, mas ele saía rápida e mais rápida. Lá

embaixo o relógio começou a badalar, e eu prendi a respiração, uma vez que badalava uma

vez a cada hora. Dez, onze, doze batidas. Eram meia-noite.

Seus olhos começaram a escurecer, eu podia ver as emoções em si.

Erguendo um dedo, ele traçou um caminho suave no meu rosto, o mesmo que

havia traçado na moldura. Lentamente, quase incerto de si.

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E apesar de estarmos ambos completamente vestidos, com os nossos sapatos, tudo

se tornou mais íntimo. Senti-me pequena e delicada perto dele.

— Eu realmente preciso ir, Abbey, — ele sussurrou para mim. — Seus pais vão estar

em casa logo, e eu...—

— Não vá. Fique. — Eu suspirei.

Eu queria fechar meus olhos e me impregnar no sentimento de seu toque. Mas eu

não podia desviar o olhar. Nem mesmo por um segundo. Meus lábios estavam de repente

muito seco, e eu os lambi. Ele assistiu atentamente. Então, ele traçou o meu lábio inferior...

Hesitante novamente. Meus olhos fecharam-se lentamente.

Agora. Ia acontecer agora.

— Eu não sei se...— Ele gemia e, de repente se afastou.

Meus olhos se abriram e eu o vi correndo suas mãos através de seu cabelos quase

desesperadamente. Aquele olhar selvagem estava de volta em seus olhos, juntamente com

alguma coisa determinada, e perigosa.

Ele andava pelo quarto várias vezes de forma agitada.

Então, ele pareceu clarear sua mente, e virou-se para mim.

Urgentemente agarrando o meu rosto entre as mãos, ele olhou para meus olhos.

Procurando por algo em neles. — Caspian? O que há de errado? — Abri os olhos, para

mostrar o que fosse que ele queria ver. Não tinha certeza do que era.

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Ele olhou por um momento mais, e depois falou.

— Prometa-me que você não vai para o rio sozinha de noite novamente. Eu

não quero que a mesma coisa aconteça com você, Abbey. Oh Deus, eu pensei que você

estava morta naquela água.

Eu sabia o que ele estava falando. O desespero em sua voz falou mais alto do que

qualquer palavra nunca poderia.

— Há tanta coisa que quero, mas não posso ter .... O momento não é certo.—

Fechou os olhos e acariciou minha bochecha uma vez.

— Só por favor, por favor me encontre amanhã, Abbey. Não se esqueça. Prometa?

— Eu não vou esquecer, — eu prometi. — E eu não vou cair.

Quando abriu os olhos novamente, ele parecia aliviado, mas irritado. Lançando um

olhar sobre o relógio na minha mesa de cabeceira, disse novamente, — Eu realmente tenho

que ir.

Eu estava perdida. Eu não sabia o que estava acontecendo agora. Eu sabia que o

que quase aconteceu, e eu tinha certeza que queria ir de volta para aquele lugar.

— Você não tem que ir, Caspian. ... Não ainda. — Meu olhar relanceou para a cama

e então voltou rapidamente para ele. Eu não sabia em que lado eu deveria jogar, qual era

meu papel. — Sim, eu sei, Abbey, — ele suspirou. — Acredite em mim, não é que eu não...

Eu só preciso ir. — Ele arrastou a ponta do dedo em meu lábio inferior pelo menor dos

momentos. — O que eu quis dizer sobre a estrela e o nome Astrid... É para você. Você é

minha estrela, — disse ele calmamente. — Por favor, não se esqueça amanhã.

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Então, ele lançou um rápido olhar para baixo.

— E não se esqueça de cuidar de suas mãos. Tenha bons sonhos, Astrid.

Eu ouvi ele descer as escadas, e então uma porta se abriu e fechou, mas eu não

podia me mover. Fiquei muito chocada. Meus pés estavam enraizados no chão, enquanto a

expressão — minha estrela— e — Astrid — brincavam na minha cabeça. Em seguida, um

enorme sorriso se espalhava em meu rosto, ri alto enquanto tentava girar vacilante. Meu

movimento inábil foi refletido no espelho e eu parei e me aproximei.

Meus olhos estavam brilhando e minhas bochechas estavam rosadas, mas o resto

de mim estava molhado e sujo. Meu cabelo estava uma bagunça, empapado em torno de

meus ombros e meu vestido estava manchado pela lama e grama. Eu estendia palma das

minhas mãos. Vários irregulares riscos, e as arestas foram escurecidas com sangue seco. As

implicações de onde eu estava e que eu tinha feito, de repente bateram em mim. Eu estava

louca, eu tinha que ser. Eu poderia ter me afogado no rio. Podia ter batido com a cabeça

em uma lápide. Poderia ter sido atacada por alguém escondido no cemitério.

Astrid

E então eu percebi quem esteve ali comigo, que tinha me tirado da beira do

precipício e de dentro da água. Levou-me para casa e teve a certeza que eu estava segura.

Ouviu-me murmurar como uma pessoa louca. Esperou ao meu lado enquanto eu chorava.

Eu precisava compartilhar isso com alguém, e eu tive a pessoa perfeita ao meu lado.

Agarrando um caderno e uma caneta da minha mesa, eu me enrosquei no assento

na janela. Meu vestido de baile já tinha começado a secar, então não estava me

incomodando em nada, e comecei a escrever uma carta para Kristen. Desde o início, eu

disse-lhe tudo. Eu escrevi sobre o quão difícil foi para mim ir ao funeral dela, a acreditar

que ela realmente não estava lá. Expliquei o quão perdida me senti durante os últimos

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meses sem ela. O sentimento que tive quando eu toquei seu caixão. Eu descrevi a sensação

da fita amarela da polícia na minha mão. Então disse a ela sobre as líderes de torcida, e

aquilo que elas tinham feito. Sobre a noite do baile, e as meninas de vestidos rosa e

amarelo. Como eu dançava loucamente através o cemitério, e fiz um perfume para ela. Mas

o que eu mais escrevi foi sobre uma pessoa com vívidos olhos verdes e cabelo loiro-branco

com uma faixa de negro. Expliquei como nos conhecemos, e como ele me fez companhia na

casa dela. O passeio que eu tinha dado com ele no cemitério, e nossas conversas sobre

literatura clássica. Eu disse-lhe que ele esteve lá por mim hoje à noite, quando finalmente

cheguei ao fundo, e como ele fez desaparecer os sentimentos perdidos.

A única coisa que eu deixei de fora foi o nome especial que ele tinha me dado. Eu

precisava que a minha própria memória privada, por agora, e era a primeira vez que eu

mantinha em segredo conscientemente algo de Kristen. Até o momento de eu terminar de

escrever, eu tinha preenchido todo um caderno e minha caneta estava ficando sem tinta.

Mamãe e papai ainda não estavam em casa, no entanto, o relógio me disse que era uma

hora.

Levantei-me do banco da janela e peguei o vidro azul com o nome de Kristen sobre

ele da minha mesa. Então polvilhei algumas gotas sobre as páginas do caderno. Na minha

gaveta também tinha um livro semi-usado, uma caixa de fósforos e uma vela vermelha,

então eu borrifei também.

Após acender a vela, eu levei até o assento da janela. Sentei e com cuidado, abri a

janela. O ar da noite estava claro e frio. Eu respirei fundo e senti-me calma. Muito, muito

calma.

Eu lentamente arranquei as páginas do caderno, e mantive a vela para fora da

janela enquanto eu queimava pedaços de papel, um por um. Eu assisti cada punhado de

espiral de fumaça se dirigir para o céu, e as cinzas dispersando pelo vento. O cheiro do

perfume misturado com o cheiro da vela criou um véu nebuloso ao meu redor.

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Pensei em uma memória específica com Kristen enquanto eu queimava cada

página, e hesitei quando eu finalmente cheguei ao último.

— Eu não viu dizer adeus, porque eu espero que alguma parte de você sempre

esteja comigo. Então eu vou dizer... A um novo começo. É um final para o nosso velho jeito

de fazer memórias, mas eu vou encontrar uma maneira de fazer novas, eu prometo. Eu

nunca vou te esquecer, Kristen. Nunca — Prometi enquanto a última página do caderno

desapareceu em cinzas na minha frente.

Soprei a vela, me sentei no chão e levantei depois para apagar as luzes. Eu estava

me sentindo sonolenta, mas eu não queria ir para a cama ainda. Então eu tirei o vestido do

baile e deixei-o em uma pilha no chão. Então, eu peguei um short e uma camiseta velha e

voltei para minha janela. Resolvi deixar o vestido onde estava até de manhã e depois

esconder no armário antes que minha mãe tivesse uma chance de vê-lo. Ia custar uma

fortuna para deixá-lo limpo e novo de novo.

A próxima coisa que eu soube, era que meu alarme estava soando, informando que

eram oito da manhã, e meu rosto estava com a marca do peitoril da janela.

Consegui abrir uma pálpebra, vi que a minha janela estava fechada e o vestido que tinha

estado no chão tinha sumido.

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Capitulo Onze A Biblioteca

―A partir do momento que Ichabod pôs os olhos sobre estas regiões do prazer, a paz de

sua mente estava acabada...‖ — The Legend of Sleepy Hollow

Minha cabeça começou a doer na hora que eu levantei, e tive uma terrível câimbra

no meu pescoço. Dormir no peitoril da janela provavelmente não tinha sido a mais

brilhante ideia que eu já tive. Movendo-me muito lentamente, verifiquei novamente o

chão, e então meu armário, para me certificar de que eu não tinha deixado largado o

vestido lá.

Sem sorte. O vestido definitivamente estava desaparecido.

Eu estava tendo um tempo difícil cuidando disso, apesar de tudo. Café da manhã e

algum remédio para dor de cabeça eram as primeiras coisas na minha lista... e então eu me

preocuparia sobre o vestido.

Rastejando para baixo tomei todo o meu esforço, e tinha que me concentrar muito

para não perder nenhum dos passos no caminho para baixo.

Minha mãe estava fazendo café quando eu alcancei a cozinha, e ela se virou quando

eu tropecei. — Bom Dia, querida. Quer um pouco de café? — Ela ergueu uma caneca vazia.

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— Egghhh — Eu grunhi, esperando que ela iria tomar isso como um não. Eu tirei

uma tigela de cereal e então me encolhi enquanto a porta do armário batia com força e o

som ecoava na minha cabeça.

— Dor de cabeça, — grunhi novamente enquanto eu me movia a passo de caracol

para despejar o cereal e leite na tigela. Mal olhando a mesa, eu coloquei a tigela nela e

descansei minha cabeça em minhas mãos. Então, eu gemi alto.

— Noite difícil?— minha mãe perguntou, vindo se sentar ao meu lado.

— Não pergunte, — minha resposta foi abafada.

Ela não teve a chance, porque apenas então um gemido ainda mais alto veio da sala.

Ela acariciou as minhas costas e esfregou o topo da minha cabeça. — Pobre bebê. Seu pai

está sentido a sua dor. Aparentemente, ele não consegue lidar com bebidas misturadas

como ele costumava fazer. Acabei sendo a condutora designada na noite passada.—

Um horrível, lamentável na-beira-da-morte-gemido irrompeu a partir da sala de

novo.

— É melhor ir checar ele,— ela disse, colocando a caneca de café para baixo e

levantando da mesa. — Eu não o quero estragar o sofá.—

Ela hesitou por um momento, e Eu quase ouvia as engrenagens começarem a girar

em sua cabeça. Ela pensava alto. — Você não... tem uma dor de cabeça pela a mesma razão

que seus pais tem... você tem, Abbey?—

— Não, mãe.— Ergui a cabeça uma fração de uma polegada. — É chamado de

adormecer em um assento na janela, com o pescoço apoiado em um ângulo estranho. Isso

é por que eu tenho uma dor de cabeça.—

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Eu juro que ela realmente suspirou de alívio.

— Isso é bom. Me deixe ir ver seu pai e depois eu vou trazer para você algumas

aspirinas, ok?—

Ela realmente era uma boa mãe.

Eu tentei dizer obrigada, mas saiu como outro gemido. Eu debati se eu só poderia

ou não ficar onde estava pelo resto do dia, mas eu sabia que tinha que comer meu cereal.

Não levaria muito tempo para ele ficar empapado.

Alcançando minha colher, levantei minha cabeça e vi os arranhões irritados e

vermelhos na minha mão. Eles ainda estavam sangrentos. Eu nunca os limpei ontem a

noite. Concentrando na mesa ao lado da tigela, coloquei cereal em minha boca o mais

rápido que pude. Eu definitivamente queria pular o interrogatório de dez perguntas que eu

sabia que viria da minha mãe se ela visse os arranhões.

Engolindo o último dos cereais, me levantei para largar a tigela na pia. Então eu

corri um pouco de água fria sobre as palmas das mãos e as enxuguei suavemente com uma

toalha. Uma vez que o sangue seco foi lavado, elas não pareciam tão ruins.

Minha cabeça começou a latejar uma sinfonia de novo, e cambaleei para trás da

pia. Segurei a mão para na minha têmpora latejante e esperei a dor aliviar. Devia ter estado

realmente distraída pelas minhas mãos que eu tinha esquecido minha dor de cabeça.

Consegui voltar em pé para a mesa e coloquei minha cabeça em minhas mãos. Não

demorou muito para que eu ouvir minha mãe vindo de novo.

— Então o que você estava fazendo dormindo na sua janela na noite passada?

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Estava aberta. Tive de fechá-la para que não caísse.

Eu abri uma pálpebra e olhei para ela. — Dor de cabeça — implorei pateticamente.

— Remédio?

Ela jogou as mãos para o ar. — Eu peguei, eu peguei. Você não quer falar sobre

isso. Mas se você me contar o porquê, eu vou te dar um belo copo grande de suco de laranja

junto com sua aspirina.

Eu abri o meu outro olho. Ela tinha sua sobrancelha levantada. — As mães não

devem subornar os seus filhos doentes, — murmurei. — Mas se você quer muito saber, eu

caí adormecida na janela, porque eu estava curtindo o ar da noite. Havia uma brisa

agradável. É isso. Você está feliz agora? — Eu coloquei uma mão na minha têmpora e gemi.

Sim, eu poderia ter fingindo um pouco, mas eu realmente tinha uma dor de cabeça

assassina. Fechei meus olhos de novo, e um minuto depois, ouvi dois comprimidos e um

copo sendo colocados sobre a mesa. Mantendo meus olhos bem fechados, eu coloquei os

comprimidos na boca e levei os dois para baixo com o suco.

— Obrigada, mãe. — Fiz uma pausa do suco e abri meus olhos novamente. — Eu

estou me sentido muito ruim aqui. Está tudo bem se eu for tirar um cochilo antes de

começar com o sótão?

Ela deve ter se sentido mal com a coisa de subornadora, porque ela me deixou fora

da reorganização do sótão e nem sequer perguntou sobre o vestido. Eu me arrastei até as

escadas, o meu alarme estava para 12h30min, e cai em uma pilha em cima da cama.

Eu dormia antes mesmo de bater as almofadas.

''Vamos, Kristen.— Eu chutei a água com o pé brincando e espirrei água nela. —

Tire os sapatos e entre.

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Ela estava sentada na beira do rio, lendo um livro — Agora não, Abbey. Eu estou

ocupada.

Eu espirrei água uma segunda vez. — O que você está lendo? O que pode ser mais

importante do que sua melhor amiga?

Ela sorriu e riu, mas não disse nada.

Chegando mais perto da beira, eu tentei ver o titulo do livro. Mas Kristen usava

suas mãos para esconder uma das páginas. — Você vai jogar água nele, — ela disse.

— Não, eu não vou, — protestei. — Olha, eu nem mesmo estou perto. — Eu tentei

de novo persuadir ela a entrar no rio. — Abaixe esse livro, Kristen. Você terá muito tempo

para lê-lo mais tarde. —

— Eu não posso. Tenho que lê-lo agora.

Soltei um suspiro de frustração. — Qual é esse? Eu juro que não vai ficar

molhado.

Kristen sorriu novamente e segurou o livro para eu ver. As páginas estavam

ensopadas. Toda a tinta estava correndo junta, e a água corria em coluna vertebral. —

Você já fez.

Mesmo depois do meu sonho estranho sobre Kristen, quando o alarme disparou,

Eu acordei pronta para ir. Se o meu bom humor foi devido ao cochilo, a minha dor de

cabeça tinha ido, ou a emoção de quem eu ia ver, era discutível. Mas eu estava excitada... e

feliz. De alguma forma eu sabia que a partir de agora eu ia ter um monte de bons dias.

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Passei umas duas horas fazendo uma bela bagunça no banheiro para tentar

reanimar as luzes do meu cabelo vermelho desbotado, e evitando estreitamente uma

banheira cheia de alvejante indo pelo ralo. As luzes demoraram por um longo tempo, e eu

quase tive que começar do zero. Nada disso importava, porém, quando vi o resultado final.

Estava perfeito.

Quando eu estava pronta para me vestir, o que era suposto ser uma viagem rápida

para o meu armário virou um debate angustiante de trinta minutos sobre o que eu deveria

usar. Eu fortemente debatida abandonar cor preta para algo diferente, mas finalmente

resolvi ir com jeans, uma longa camiseta preta, e uma jaqueta preta.

Eu verifiquei minhas mãos e fiquei aliviada ao ver que os arranhões quase curados.

Eu passei um pouquinho de pomada em cada um, para me certificar que ficasse desse jeito,

soprei eles para secar. Eu ainda tinha 15 minutos antes que tivesse que sair, então voltei à

cozinha e aqueci alguns restos de macarrão chinês. Eu fiquei tão fixada numa revista que

minha mãe que tinha deixado em cima da mesa antes que eu percebesse, o macarrão

sumiu, e assim lá se foi o meu tempo.

Impaciente de volta lá em cima, eu peguei meu celular, empurrei vinte dólares no

meu bolso, e me perguntei o que mais eu estava esquecendo. Quando meus olhos

pousaram na mesa, eu sabia.

Corri mais procurando através de uma pilha de frascos de amostra minúsculas

todas amontoadas na gaveta da mesa, me amaldiçoando o tempo todo por não os rotular

melhor. Mas eu finalmente o encontrei.

Liberalmente me mergulhando em perfume o colocando atrás de cada orelha e na

garganta, eu respirava na fragrância de biscoitos snickerdoodle. Depois de uma última

olhada no espelho, eu estava saindo.

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Eu fiz um tempo realmente incrível para chegar à biblioteca, e fiquei surpresa ao

ver que estava adiantada dez minutos. O cheiro reconfortante dos livros me rodeando

quando entrei pela porta da entrada de madeira maciça de um espaço familiar. Caspian

tinha dito que me encontraria, mas eu não sabia onde deveria esperar.

A sala dos velhos arquivos parecia acenar pra mim, e enquanto eu descia, eu

desejei saber como Caspian me acharia se eu não ficasse em lugar algum. As lâmpadas

tremulavam e arranhavam em cima e o quarto tinha um cheiro velho. Eu andei entre as

prateleiras altas, infinitas e labirínticas, literalmente recheada com livros antigos. Todos

agora e então um ponto desencapado estava em revelando, assim como a abertura de um

dente. Eu me movi silenciosamente, quase reverente, através deste espaço que detinha

tanta história.

Eu não sei o que me fez olhar por cima quando eu fiz, mas Caspian estava ali num

canto. Ele estava vestido com jeans e uma camisa verde escuro. Ele deve ter ouvido os

meus passos, pois ele se virou para mim naquele momento exato, e um sorriso enorme

estourou em seu rosto. Estava cheio de felicidade.

— Astrid.— Foi um sussurro. Eu não deveria ter sido capaz de ouvi-lo, mas eu fiz.

Aquele momento, naquele sorriso, resumido, o momento perfeitamente claro do tempo —

eu sabia. Foi nesse momento que eu caí de amor por ele. Ele realmente me fez parar, e o

tempo congelou por apenas um segundo. Mas o sentimento era tão certo e tão forte, que eu

sabia que não estava errada.

Depois, tudo voltou ao normal. Caminhei em direção a ele, e ele sorria para mim.

Um milhão de pensamentos corriam pela minha cabeça enquanto continuei andando.

Ele pode dizer? Está aparecendo no meu rosto? Eu estou dando dica de alguma

forma? Quando devo contar a ele? Como devo dizer a ele? Que se ele não sente o mesmo?

E se ele não sente?

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Eu tentei ser fria e manter o meu sorriso constante, mas não conseguia parar os

pulinhos no meu passo. — Oi, — eu disse timidamente assim que cheguei mais perto. Como

você diz oi para alguém que você acabou de descobrir que ama? Sorri novamente e tentei

colocar alguns dos meus sentimentos recém-descobertos por trás daquele sorriso.

— Estou feliz que você pode fazer isso. — Ele ainda estava sorrindo também. — E

realmente feliz que você não esqueceu... Hoje é um dia bom.

Era estranho como ele parecia aliviado, e ele atirou-me um pouco fora do

equilíbrio.

— Como eu poderia esquecer depois de tudo o que você fez por mim na noite

passada? — Devo ter parecido tão confusa assim como eu me sentia, porque ele ficou um

pouco rosa e abaixou a cabeça.

alcançando uma de minhas mãos, ele virou o lado da palma para cima e,

lentamente, traçou um dos arranhões.

Eu tive que segurar um suspiro enquanto os seus dedos suavemente roçaram a

pele delicada. Ele hesitou um pouco, como se ainda tivesse medo de me tocar. Meu braço

inteiro vibrou de prazer. Isso era permitido em público?

Um arrepio percorreu-me, e um pequeno arrepio levantou-se em meus braços

enquanto seus dedos soltaram a minha mão. Eu ri levemente e tentei pedir para não me

tocar novamente.

— Eu só quero proteger você, Abbey. Ter certeza que você está bem, e que você

chegou em casa em segurança, — ele disse. — Eu não quero que nada aconteça com você. —

O olhar que ele me deu foi direto ao meu coração.

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Ele começou a acariciar minha mão novamente. Seus dedos eram longos e magros,

e muito, muito quente. Eu tentei pensar numa maneira de orientar a conversar outra coisa,

mas foi inútil. Meu cérebro foi rapidamente voltando-se para tolices.

Bom Senhor. Tudo o que ele fazia era tocar minha mão, e eu estava pronta para

dizer tudo que o meu coração era todo dele. E eu tinha certeza que estava chegando ao

ponto em que nem ligaria se ele não me amasse de volta, se ele prometia nunca parar de

me tocar.

Eu não sei se o meu rosto mostrava o que eu estava pensando, ou se ele de alguma

forma leu minha mente, mas ele soltou a minha mão e me deu um sorriso torto.

— Eu quero falar sobre Kristen hoje. Existequalquer lugar que podemos ir onde

não seremos perturbados? Aqui tem cadeiras? Eu realmente não sei o caminho aqui.

Meu cérebro estava ainda um pouco nebuloso a partir do sensor de sobrecarga de

apenas momentos antes, mas esclareci rapidamente. — Há uma sala no andar de cima para

aulas particulares, mas ninguém usa. Posso ir falar com um bibliotecário que eu conheço,

se você quiser.

Ele acenou com acordo. — Eu vou esperar por você lá. Qual o caminho para cima?

Eu andei para a escada de madeira que levam para fora da sala de arquivo.

— Siga todo o caminho até o quinto andar. É no final do corredor, à esquerda.

Você não irá se perder. Volto já.

Ele acenou com a cabeça novamente e começou a subir as escadas. Eu fui ao

encontro da minha bibliotecária favorita, Sra. Walker. Ela não teve qualquer problema em

me deixar usar a sala, então fui ao encontro de Caspian. O corrimão definitivamente tinha

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teia de aranha quanto mais para cima eu fui, e parecia que outro degrau gemia com a

velhice.

Não havia quase ninguém na biblioteca, e eu não passei por uma única alma na

minha longa jornada.

Quando eu finalmente cheguei ao quarto, Caspian remexeu na cadeira. Seus dedos

estavam rufando suavemente sobre a mesa na frente dele, e seus olhos se moviam

constantemente, nunca se fixou em uma coisa por muito tempo. Mesmo com a minha

entrada, eu poderia dizer que ele era preenchido com uma energia incansável. Ele pareceu

se acalmar no instante em que ele me viu, porém, e puxou uma cadeira ao lado dele. Eu

tinha planejado ficar na frente dele, mas eu não ia discutir a mudança de assento.

— Então eu acho que não sé capaz de se safar daqui dentro, — ele disse

seriamente, apontando para o MATENHA A PORTA ABERTA TODO O TEMPO sinalizado

acima do interruptor da luz.

Eu puxei a porta, fechando-a para que estivesse aberta apenas um pouco antes de

eu fizesse meu caminho até a cadeira. — Bem, eles nunca disseram nada sobre manter bem

aberta, — eu propus de volta, séria. Nós dois sorrimos, ao mesmo tempo.

— Agora diga-me sobre esse sonho que você teve, — Caspian disse. — Sobre aquela

noite no rio.

Eu respirei fundo e olhei para a mesa, concentrando minha mente de volta.

— Nós tínhamos ido à cabana para o fim de semana,— eu comecei. — Chegamos lá

à noite para não fazer nada fora do comum. Desempacotamos nossas coisas, tinha um par

de coisas desarrumadas, jantamos e depois fui para a cama. Olhei algumas notas antes de

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adormecer, para um novo perfume que eu estava tentando fazer em casa. Rosa, lavanda e

cravo.

Eu olhei para ele, e ele estava prestando atenção, totalmente centrado em tudo o

que eu disse. Seus olhos estavam concentrados e intensos. Obriguei-me de volta para o

assunto em questão.

— Eu me lembro de acordar muito naquela noite. Eu estava tendo pesadelos. Mas

eles não foram pesadelos diferentes, era sempre o mesmo. Toda vez eu voltava a dormir, só

para cair no mesmo pesadelo.— Um sino de alerta começou a tocar na parte de trás do

meu cérebro.

— Você não se lembra de nada específico sobre o sonho? — ele cutucou

delicadamente.

O sino ficava mais alto, e eu sabia que a resposta para essa pergunta era sim.

Fechei os olhos e deslizei imediatamente de volta para a memória. Imagens vívidas

em minha mente surgiram em uma cascata de imagens selvagens, e eu tinha que lutar a

minha maneira através de dizer o caminho que estava acontecendo.

Elas não fazem sentido, quase como se eu fosse vê-las fora de ordem. Retardando cada

imagem, eu cavei mais fundo e tentei lembrar o início do sonho.

— Eu não posso fazer isso. Está tudo confuso na minha cabeça. — Deixei escapar

um suspiro frustrado e abri os olhos novamente. Minha cabeça estava começando a doer e

tudo por causa do maldito toque. — Eu estou tendo dificuldades para colocar tudo juntos

agora, mas naquela manhã, me lembrei de um detalhe. Como se eu estivesse realmente no

sonho. — Olhei para ele.

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— Tente de novo, Abbey. Olhe o que a rodeia, no sonho, e depois pense sobre o que

você está sentindo fisicamente. — Sua voz estava suave, e acalmou a campainha de aviso

que estava tinindo tão alto na minha cabeça. Aquele sino que me disse que eu sabia o que

tinha acontecido no sonho, mesmo se eu não quisesse lembrar. Eu fechei meus olhos e me

concentrei fortemente. De repente eu estava lá. De volta no sonho de novo... a noite que ela

morreu.

A biblioteca tinha ido embora, e eu estava em um novo lugar. As emoções que eu

sentia eram grandes e pesadas, pressionando para baixo em mim. Isto deve ter sido o que

Kristen sentia.

— Panico. Terror, — eu deixei escapar. — Está frio e eu tenho que lutar contra isso.

— Algo explodiu na parte traseira do meu crânio, irrompendo em uma dor terrível que

dançavam ao longo do meu cérebro.

Olhei vagamente em meu redor, no sonho, através da dor que preencheu a

memória. — Há sombras em volta de mim. Mas eu não posso ver nada. É muito escuro.

Tudo está escuro. — Eu senti outra onda de sentimento, uma última tentativa desesperada

de lutar. — Eu estou tentando lutar contra isso, mas dói, — Eu disse. — Isso não vai me

deixar ir. — A dor na minha cabeça foi acompanhada por uma dor no meu peito. Eu não

conseguia respirar. Eu estava indo para baixo.

Sua mão agarrou a minha, e eu a segurei como se fosse a minha salvação. Eu

queria parar. Eu não quero mais fazer isso. Havia outra onda de dor e medo... e depois

nada. Ela tinha ido embora. Apenas assim.

Eu lentamente abri os olhos e viu Caspian olhando para mim. Seus olhos estavam

cheios de compaixão.

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— Eu sinto muito, Abbey. Eu sinto tanto, tanto. Eu não sabia que seria assim para

você. Você está bem?

Pisquei lágrimas quentes e lhe dei uma risada trêmula. — Wow. Essa foi uma

viagem, eu espero não ter que repetir de novo tão cedo.

Ele apertou minha mão, e ficamos sentados em silêncio. Fiquei contente com o

momento de silêncio para recolher os meus pensamentos. Ele esperou, lançando olhares

ansiosos para mim a cada dois segundos.

— Eu estou bem, Caspian, — eu finalmente disse, segurando sua mão apertada e

olhando nos olhos dele. — Realmente, eu estou bem.

— Nós devemos parar de falar sobre isso? — Preocupação encheu seus olhos. — Eu

não quero causar mais dor para você, Astrid.

Esse nome baniu qualquer pensamento que eu tive, e eu inclinei meus ombros.

— Não é você, Caspian. Nunca é você. Se qualquer um desses ficar muito difícil

para mim, me dê um momento para trabalhar com ele, e eu vou coonseguir. Kristen

merece isso. Ela merece algum tipo de sentimento feito de sua morte. Eu sei que nós vamos

passar por isso... juntos.

Foi a coisa mais ousada que eu havia dito a ele ainda que em referência, nós juntos.

Eu segurei minha respiração e rezei para que ele não fosse esmagar meu coração com sua

resposta.

— É uma ideia, — ele respondeu, me presenteando com o seu belo sorriso. Seu

polegar acariciou a parte de trás do meu polegar e meu coração inchou. Ele olhou

pensativo por um instante, e então perguntou: — E antes do sonho? Kristen estava agindo

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estranho, ou aconteceu alguma coisa incomum?

Eu repassei essas semanas antes de sua morte em minha mente, mas veio com um

branco. — Eu não me lembro de qualquer coisa incomum acontecendo. Nada que fosse

fora do comum para mim, assim mesmo. Deveríamos ir comprar roupas para ir a escola,

quando voltei do provador, mas isso é muito razoável.

— É tão estranho, — ponderou Caspian, distraidamente correndo os dedos pelos

cabelos. — O que ela estava fazendo no rio? Ela decidiu ir para uma caminhada? Será que

ela escorregou e caiu? Eu queria ter estado lá.

— Nós fizemos um pacto quando nós éramos pequenas que nunca iríamos no rio

sozinha a noite, no caso de algo acontecer, — eu disse suavemente. — Eu não sei o que

teria acontecido para ela quebrar isso. — Olhei para o espaço, tentando imaginar as

respostas. — Eu acho que nós nunca saberemos.

Engoli em seco o caroço na minha garganta e subitamente peguei sua mão

novamente. Ele pareceu surpreso pelo contato, e olhou diretamente para mim. Seus olhos

estavam arregalados e claros.

— Obrigada, — eu disse. — E obrigada por me encontrar ontem a noite.— Fui

sincera e franca, e ele abaixou a cabeça em resposta.

— Agora, — eu provoquei, dando a mão um aperto rápido. — Chega de toda essa

conversa triste. Quando você vai me dizer o quanto você gosta do meu cabelo? — Eu

balancei a cabeça e suguei meu rosto, me fazendo de modelo com a pior pose de moda.

Ele riu e puxou um dos cachos de cor vermelha. — Eu gosto do seu cabelo, Abbey.

Mas a verdadeira questão é: Você gosta do meu? — Um dedo penteou o cabelo louro

desgrenhado para frente até que seu rosto estivesse completamente coberto, e depois ele

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me espreitou com um olho verde quase imperceptível.

Eu retornei o favor puxando delicadamente a mecha preta. — Eu gosto

especialmente do preto.

— É desde a terceira série. Fui a uma festa de aniversário aquática de um garoto e

ele quase se afogou. Depois disso só tipo cresceu. — Ele deu de ombros e desviou o olhar

indiferente, mas havia alguma tristeza por trás do gesto.

Ele sacudiu o cabelo, e eu rapidamente me perguntei quando Deus decidiu que

tinha que dar aos caras a capacidade de balançar a cabeça e ter seu cabelo perfeitamente

no lugar, enquanto as meninas têm de trabalhar muito mais duro para isso.

— É muito estrela do rock, — Eu o provoquei. — Todas as meninas da terceira série

devem ter amado ele.

— Muitas pessoas não gostaram do preto então, — ele disse. — Não demorou muito

tempo para aprender que eu deveria começar a tingi-lo. Ao longo dos anos, bem ... Eu acho

que a tinta simplesmente parou de funcionar.

O imaginei na terceira série, sendo atormentado por outras crianças por algo que

não tinha controle, e meu coração se partiu um pouco por ele.

Então ele sorriu novamente e deu outro puxão meu cabelo. A tristeza desapareceu.

— Tudo que importa agora é o fato de que você gosta, Abbey.

Meu coração cambalhotou. Ele é o homem mais perfeito da Terra.

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Eu não sabia o que dizer, então rapidamente me lancei dentro da história de como

eu estritamente evitei meu acidente dessa manhã envolvendo o alvejante e a banheira. Ele

começu a rir muito. E então me encontrei o presenteando com outras desventuras do meu

cabelo desde a minha infância. Acho que ele gostou mais da história vamos-cortar-nossa-

própria-franja-Kristen.

Passamos o resto da tarde conversando e segurando as mãos, revezando-se para

ver quem poderia rir mais alto. Isto envolveu muitos gestos selvagens e roncos. Eu

particularmente gostei do fato de que, tão logo ele percebia que não estava mais segurando

a minha mão, ele agarrava-a, quase desesperadamente. Eu tinha sido totalmente ausente

às outras vezes que tinha nos encontrado.

Não foi até que eu estava realmente enxugando as lágrimas de riso, com apenas

uma mão é claro, que lembrei que eu não tinha ideia de que horas eram. Eu tirei meu

celular do bolso e chequei as horas. A biblioteca fecharia em menos de uma hora.

— Wow, — eu poderia ouvir a surpresa na minha voz. — É já são 5:30.

Caspian parou de rir. Um olhar que eu estava começando a reconhecer estava em

seu rosto. — Eu odeio dizer isso, Abbey, mas eu preciso ir.

— Eu sei. Eu imaginei. — Eu não queria a minha resposta soasse tão deprimida,

mas saiu.

— Eu vou te dizer o quê. Tenho que encontrar meu pai, oito da noite, mas o que

você acha se nos encontrarmos mais tarde? Eu prometo que você estará em casa à meia-

noite.

— Eu não posso, — eu gemi. — Meus pais ainda vivem na Idade das Trevas. Não só

tenho que pedir, como, três semanas de antecedência para ir em um encontro, mas o meu

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'toque de recolher oficial — é as nove horas.

— Não é grande coisa, Abbey. Eu vou te ver novamente em breve, — ele prometeu,

se levantando da cadeira.

— Yeah, com certeza. Vou vê-lo novamente pelo rio algum dia. — Fiquei parada,

não tinha certeza se eu realmente deveria tentar abraçá-lo ou esperar por ele para me

abraçar.

— Isso vai ser no rio, e não no rio, né?— Ele olhou sério.

— Certo, — eu concordei, e então pisquei para ele.

Ele sorriu, e ficamos lá por um difícil momento. Comecei a dar um passo em

direção a ele, mas depois só parei e congelei.

— Bem... xau, Abbey. Vejo você mais tarde. — Ele não parece notar os meus

movimentos estranhos, e saiu da sala.

Eu estava na minha cadeira, me sentindo como um idiota. Talvez eu devesse ter

perguntado o seu número de telefone ou algo assim.

Então ele chamou meu nome.

Eu corri para fora da sala, mas me obriguei a ir mais devagar antes deu chegar no

corrimão. Ele estava esperando no pé da escada.

Ele colocou um dedo através das grades da escada e me chamou a sua altitude.

Ignorando as teias de aranha, me ajoelhei entre os eixos de madeira mal pintada e os

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segurei firmemente. Eu estava apenas alguns centímetros de seu rosto.

Ele fez sinal para eu chegar mais perto, e me movi uma fração de uma polegada.

Seus olhos tinham um olhar desesperado de novo, e eu procurei neles, não sei o que estava

acontecendo. Nós estávamos tão perto, e eu queria naquele momento que tivéssemos

pouco para compartilhar. Minhas pálpebras lentamente se fecharam, e eu esperei,

mantendo sempre parte do meu corpo completamente imóvel.

Seus lábios mal tocaram os meus. Parecia que tudo que ele fazia ao meu redor era

hesitante, como se ele estivesse receoso que eu iria quebrar... ou lhe dizer que não.

Assim aconteceu.

Essa explosão aconteceu na minha cabeça novamente, só que dessa vez não era

dor; isso era prazer. Meu coração parou de bater. Meus dedos do pé enrolado. E eu,

esperei.

Ele beijava como se eu fosse delicada e frágil, uma coisa facilmente quebrável.

Eu ouvi um gemido suave, e meus olhos voaram abertos. Eu estava mortificada que

eu tinha feito um som. Seus olhos abriram também, e ele olhou para mim, sua boca ainda

pressionando a minha. Então, seus olhos escureceram e ele sussurrou meu nome contra os

meus lábios, enquanto ele corria um dedo na minha bochecha.

Eu fechei meus olhos de novo, e afundei tudo que eu tinha naquele beijo. Suas

mãos se movendo do meu rosto para a parte detrás do meu cabelo, e ele estava segurando

minha cabeça, quase a embalando.

O beijo de repente se tornou mais, e mais desesperado. Eu provei a urgência e

pensei que ia morrer de prazer. Será que se nos trancarem na biblioteca a noite, nos

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encontrarão mortos nos braços um do outro? Morrer de prazer? Esse pensamento enviou

um arrepio com uma viagem deliciosa para o meu corpo inteiro.

Isso é um milhão de vezes melhor que segurar sua mão eu queria que isso nunca

acabasse.

Tão logo que eu pensei, ele se afastou de mim, e eu sentia a separação por todo o

caminho até a minha alma. Ele realmente era uma espécie de leitor de mentes.

Eu olhei dentro dos seus olhos, ligeiramente ofegante, e tentei recuperar o fôlego.

Eu esperava fervorosamente que eu não fosse uma decepção para ele.

Ele estava olhando para mim, o cabelo levemente despenteado, e afastou o cabelo

de seus olhos. — Abbey, eu a— Sua voz era um sussurro rouco. Ele quebrou o contato

visual comigo e parecia momentaneamente que desceria a escadaria. Então ele olhou para

mim de novo. — Eu realmente amo seu cabelo, Astrid.

E com um puxão final de um cacho vermelho, ele desapareceu descendo as

escadas.

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Capítulo Doze Segredos

―Ele sempre estava pronto, para uma luta ou uma brincadeira.‖ — The Legend of Sleepy

Hollow— by Washington Irving

Quando eu acordei na segunda-feira de manhã, de sonhos com longos vestidos

brancos e casas com cercas brancas, percebi que meu subconsciente estava realmente

apressando as coisas. Mas isso não me impediu de sonhar durante todo o dia na escola.

Claro, eu poderia ter revivido aquele beijo um milhão de vezes. Ou talvez tenha pensado

no nome do nosso primeiro cachorro. E possivelmente, escrevi nossos nomes cercados por

corações.

Eu precisava seriamente ir com calma.

Caspian nunca disse que me amava. Eu nem mesmo sabia se ele sequer gostava de

mim. Nós não tivemos nenhum encontro oficial ainda, e não é como se eu tivesse falado

exatamente para ele como eu me sinto. Porém, ainda rabiscava, e sonhava acordada, e

sorri alegremente para todos ai meu redor. Nem mesmo os dez milhões de horas extras de

dever de casa que cada professor avidamente passou puderam arruinar meu bom humor.

Tudo estava bem no meu cantinho no mundo. Na terça-feira eu passei em um teste de

História que tinha esquecido totalmente de estudar. Na quarta-feira, a máquina de

refrigerante do refeitório não aceitou meu dinheiro, mas depois de uma leve sacudida,

cuspiu um refrigerante de qualquer jeito. Mesmo que refrigerante de uva não fosse

exatamente o que eu queria, era de graça, então eu não estava reclamando. Mesmo o

almoço parecia estar melhorando. Mudei para uma mesa onde conversa era mutuamente

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odiado por várias outras pessoas. Passamos o tempo todo fazendo trabalho de casa, lendo

um livro, ou, no caso de um deles, brincando com a nossa comida. E eu não era aquela que

brincava com a comida. Não era o momento mais empolgante na minha vida, mas estava

melhor do que vinha sendo.

Na tarde de quinta-feira eu encontrei um recado de Ben no meu armário me

pedindo para encontrá-lo no ginásio depois da escola. Isso realmente me surpreendeu; eu

pensei que estávamos evitando um ao outro.

Quando a última campainha tocou no final do dia, eu não estava inteiramente

certa se devia ir ver o Ben ou não. Eu senti um tipo de culpa por isso.

O que Caspian acharia? Ele se importaria de eu estar encontrando outro cara?

Quero dizer, não era como se eu estivesse indo ficar com Ben, mas mesmo assim...

Minha mochila estava cheia de livros e senti como se tivesse um peso de vinte

quilos nas minhas costas, me cansando enquanto andava para frente e para trás na frente

do meu armário tentando tomar uma decisão. Se eu fosse ver Ben agora e só ficasse por

alguns minutos, então poderia me desculpar sobre a toda a coisa do baile terminar mal e

parar no rio a caminho de casa para ver se Caspian estava por lá. E esta foi a opção

vencedora.

Essa ideia pareceu aliviar minha carga, e meu espírito, e eu fui em direção ao

ginásio para procurar por Ben. Assim que eu pisei na sala, vi dois corredores se aquecendo

em um canto e senti uma sensação imediata de alívio porque nós não estaríamos sozinho.

Então me repreendi por pensar isso, e repeti em voz alta a frase — eu não vou sentir culpa.

— Eu era jovem e despreocupada.

Ou pelo menos eu deveria ser.

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Certo.

Eu levei a minha jovialidade e despreocupação em direção ao outro lado do

ginásio, ainda à procura de Ben. Ele não estava aqui ainda? Eu rodei a arquibancada, e foi

quando eu o vi, encostado na parede assistindo os corredores. Quando cheguei mais perto,

pude ver que ele tinha uma visão perfeita da porta pela qual eu entrei. Ótimo. Será que ele

tinha me visto falando comigo mesma?

Uma estranha sensação de nervosismo tomou conta de mim enquanto me

aproximava dele. Será que ele estava com raiva de mim pelo que eu tinha dito a ele sobre o

baile? E se ele tivesse tido um encontro terrível com seu par e quisesse me culpar por isso?

Ele me viu e sorriu. — Abbey, estou feliz que você tem visto meu bilhete.

O nervosismo se dissipou. Meu sorriso de resposta foi amplo, e eu senti meu rosto

corar enquanto ele me olhava.

— Ei, Ben,— eu disse, andando até ele e deixando minha mochila cheia de livros na

parede. — Eu juro que essa coisa quer me matar.

Ele riu. — Sim, todos os professores estão realmente pegando pesado essa semana.

Eu espero que nós não tenhamos nenhuma lição de casa para o feriado de Ação de Graças.

— Somente em um mundo perfeito, — eu suspirei.

— Verdade. — Ele sorriu para mim novamente. — Ei, você mudou seu cabelo. Eu

gostei.

Eu corei furiosamente e levantei as mãos para tocar meus cachos. — Obrigado.

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Eu estava me sentindo... festiva.

— Parece legal, — disse ele.

Olhei para o chão de madeira, ainda sentindo o calor em minhas bochechas.

Ficamos ali em silêncio, e me perguntei o que ele realmente queria dizer. Talvez eu deva ir

primeiro, eu pensei.

— Olha, Ben. — Eu tentei olhar em qualquer lugar, menos em seus olhos. — Eu

sinto muito pelo que disse a você sobre o baile. Você estava tentando fazer uma coisa

agradável, e eu não deveria ter agido como eu agi.

Ele balançou a cabeça. — Foi estúpido. Me desculpe. É por isso que eu mandei o

bilhete para me encontrar aqui. Eu deveria ter te pedido de volta da primeira vez que eu

quis. Você tinha todo o direito de negar. — Ele me deu um olhar esperançoso. — Você me

daria uma segunda chance se eu te chamar para sair de novo?

Hmm. Qual a melhor forma de contornar esta questão?

— Você não tem que lançar o olhar cachorro em mim, Bem.— Eu tentei fazer

piada. — Desculpas aceitas. — Eu me virei para pegar minha mochila, mas sua voz me fez

parar.

— Que tal um abraço, então?

Eu olhei para ele, dizendo-me com firmeza para não fazer disso algo maior do que

realmente era. As pessoas se abraçam o tempo todo. Isso não queria dizer nada.

— Claro. — Eu me aproximei, e ele cruzou os braços em volta de mim. Eu

rapidamente levantei os meus para abraçá-lo de volta, e comecei a me afastar quando ele

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se inclinou perto do meu ouvido.

Eu podia sentir seu hálito quente, e eu congelei.

— Eu realmente gostei do seu cabelo, Abbey, — ele sussurrou, tocando suavemente

uma onda que estava perto do meu rosto. Virei a cabeça e fiquei cara a cara com ele. Seus

grandes olhos castanhos estavam apenas a alguns centímetros de distância dos meus. Mas

na minha cabeça, uma voz diferente estava dizendo essas palavras para mim e por um

momento, os olhos eram verdes.

Um segundo depois, percebi em que posição eu tinha me colocado. Se eu não me

movesse muito rápido, ele teria uma ideia errada. — Sinto muito, Ben, — eu disse,

puxando-me para trás dele. — Eu tenho um namorado...— O termo tropeçou na minha

língua, mas senti uma sensação quente por dentro quando disse isso. Eu revivi a palavra

por dentro e gostei de como soou.

— Ah, mas eu - eu pensei ...,— ele gaguejou. — Quero dizer, você tem?

Ele se afastou também. — Eu não vi você com ninguém. Ele é daqui?

— Ele se formou há dois anos, — eu disse com orgulho.

— Oh. Bem, eu ... eu não quis dizer nada com isso. Eu não sei. Apenas pensei que

você e eu... desde Kristen.

Eu me senti horrível. — Não, está tudo bem. Ninguém sabe realmente sobre isso. É

meio recente. — Eu sabia que isso ia acontecer? Era por isso que eu estava me sentindo tão

culpada por ir encontrar com ele? Eu tentei melhorar a situação.

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Afinal, ele realmente não me quer. Era óbvio que Kristen tinha foi a única por

quem ele teve uma queda.

— Se eu não tivesse um namorado, as coisas poderiam ser diferentes. Estou

realmente muito lisonjeada que você achava que nós poderíamos - bem... Eu espero que

isso não estrague a nossa amizade, Ben.

— Oh, Abbey, você está me matando, — ele gemeu. — Primeiro o ‗eu ficaria com

você se não tivesse mais ninguém‘ e, em seguida a zona de amizade? Isso é como o beijo da

morte.

Eu estava arrasada, mas eu não sabia mais o que fazer.

Ben deu um suspiro do coração, e então ele riu. — Está tudo bem. Estou apenas

brincando. Se você estiver feliz, então estou feliz. Eu ainda estou feliz por ser seu amigo. —

Afastei-me dele e inclinei-me para pegar minha mochila.

Quando me virei para encará-lo novamente, ele tinha um sorriso no rosto.

Mas seus olhos pareciam tristes.

— Sinto muito, — eu sussurrei, dando um pequeno aperto em sua mão. Ele

balançou a cabeça, e comecei a ir embora. Tanta coisa para o meu bom humor. Ele agora

tinha desaparecido completamente enquanto eu pensava sobre a pessoa que eu estava

deixando para trás.

Decidi contar a Caspian como me sentia assim que chegasse ao rio. Eu tinha que

saber se ele não sentia o mesmo por mim. Esperançosamente, a minha confissão não seria

em vão, ou então eu estaria me unindo ao clube dos rejeitados. Entretanto, minha

determinação foi embora, enquanto passava pelo rio, e depois da ponte. Ele não estava

aqui.

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Andei pelo cemitério, procurando em todos os lugares. Mas uma vez que eu

percebi que não iria encontrá-lo em um lugar que ele obviamente não estava, eu parei de

procurar. Deprimida, eu mantive o meu olhar no chão e segui o familiar caminho de casa.

Foi quando olhei para cima para evitar um buraco profundo na estrada que eu o notei.

— Cáspian, o que você está fazendo aqui?— Felicidade inundou minha pergunta, e

eu não pude deixar de corar. Ele estava sentado ao lado de um grande monumento em um

jazigo da família, desenhando em um pedaço de papel. Ele tinha manchas pretas em suas

mãos, e ele parecia tão surpreso por me ver como eu estava por vê-lo. — Oi, Abbey.— Um

olhar estranho passou pelo seu rosto, e ele empurrou o papel por trás dele. — Eu estou

apenas sentado...

— Uau. — Eu ri. — Você deve gostar daqui ainda mais que eu. — Mudei minha

mochila sem jeito. — Eu sei que nós nos vimos há apenas dois dias atrás, mas...

Corei novamente a memoria do nosso último encontro e, em seguida, parei

abruptamente quando percebi que eu estava andando a esmo. Ele não disse nada. O

silêncio cresceu entre nós, e eu comecei a ficar preocupada. — Você estava esperando...

aqui... por mim? — Eu estava esperando por um não a essa pergunta, mas eu podia ver a

resposta em seus olhos.

— Sim. Parei pelo cemitério e no rio todos os dias. Mas eu não esperei por muito

tempo. Outras coisas para fazer, você sabe. — Ele disse.

Fiquei com uma sensação de mal estar na boca do estômago. — Eu realmente sinto

muito por não ter passado, Cáspian. Eu... Eu não sabia.— Encontrei-me repetindo as

palavras de Ben.

— Não é nada demais. Nós nos entraremos de novo, ok? — Ele pegou o desenho e

se levantou.

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— Caspian, espere, — eu disse. Ele já tinha começado a se afastar.

— Quando ... Onde você quer que nos encontremos?

— Eu estou muito ocupado este fim de semana, mas acho que podemos nos

encontrar aqui sábado, ao meio dia, — ele respondeu sobre seu ombro. — Tchau, Abbey

Observei-o ir embora, e estava confusa com seu tom de desprezo. Ok, então ele

estava chateado que eu não tivesse passado por ali, mas não foi como se tivessemos

estabelecido uma data e hora. E se tivesse seu telefone, eu poderia ter ligado para ele. Fiz

uma nota mental para lhe pedir o número no próximo sábado.

Chateada, e sem nem mesmo saber muito bem porquê, eu fui para a sepultura de

Washington. Como sempre, não havia ninguém lá e eu passei pelo portão. Caminhei em

todo o comprimento da área cercada, ainda muito perturbada para sentar no chão.

— Como eu ia saber que ele estaria esperando aqui?— Eu murmurrei, meio para

mim, meio para o cemitério vazio. — Eu já assumi ser uma leitora de mentes? Não, eu não

fiz. Então, como ele pode esperar que eu leia sua mente? — Irada, eu chutei a uma folha

perdida no chão.

— Chama-se número de telefone. Consiga um.

Enquanto eu ouvia aquelas palavras saindo da minha boca, ecoando as palavras de

ódio ditas uma vez por alguém em um vestido de baile, parei de andar imediatamente. Fui

sentar ao lado da árvore onde tinham esculpidas as iniciais. Eu enterrei minha cabeça nos

meus braços e dobrei as pernas debaixo de mim. Por que ele agiu dessa forma hoje? Era

tudo tão confuso. Passos suaves perturbaram a grama em volta de mim, e eu olhei para

cima para ver o velho zelador, que vinha para a árvore. Ele estava usando o mesmo

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remendado macacão azul, mas ele estava com uma camisa marrom. Forcei um sorriso na

minha cara e olhei para meus pés.

— Olá Nikolas.

Todo o seu rosto iluminou-se, e o sorriso que ele me deu quase me fez chorar. Ele

parecia tão feliz em me ver.

— Abbey, que maravilha encontrá-lo aqui de novo! Como você está?

Dei de ombros e enfiei as mãos nos bolsos de meus jeans. — Eu acho que estou

bem. Meio que está sendo um dia difícil.

— Há algo que eu possa ajudar?

— Eu não sei. É só... — Eu hesitei. — Não é como se houvesse nada

especificamente errado, sabe? Eu só não entendo como alguém pode agir de determinada

maneira que é muito positivo, e de repente ser diferente.

— Como mudar sua mente sobre alguma algo? — ele perguntou.

— Não, — eu disse, confusa sobre a forma de descrever o meu dilema.

— Deixa para lá. É só... garotos. Eles são insuportáveis. Isso é tudo.

Ele tinha aquele olhar malicioso em seu rosto novamente, e disse muito

solenemente: — Bem, falando como alguém que já foi, tecnicamente, um rapaz... — Corei,

completamente envergonhado agora. — Eu não quero dar nenhuma desculpa para seja lá

quem for que você está falando, — ele continuou, — mas... ele é louco.

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Meus olhos se arregalaram, e ele riu. — Eu estou apenas brincando com você.

Espero que não se importe.

Eu não conseguia esconder meu sorriso, e eu balancei a cabeça para ele. — Você está

sendo tão ruim quanto os meninos, — eu provoquei volta.

Ele sorriu. — Eu só queria te ver sorrir. Eu espero que você não se importe de

aturar um homem velho. Na verdade, no entanto, dê o seu jovem homem algum tempo.

Tenho certeza que ele está confuso ou inseguro. O orgulho do homem é uma coisa muito

poderosa.

— Isso definitivamente é verdade, — eu concordei. — Então você acha que talvez

não seja eu, mas ele? Talvez ele esteja apenas lidando com algo pessoal?

Nikolas inclinou-se e disse baixinho: — Eu posso dizer que você tem uma alma

muito sábia e bondosa, Abbey. E eu sou um excelente juiz de personalidade. Eu não acho

que foi alguma coisa que você poderia ter feito. Além disso, se ele não pode superar o que

está incomodando, mande-o para mim e eu vou colocá-lo na linha.

Para minha vergonha total, eu comecei a chorar. Então eu me inclinei para abraçá-

lo.

— Obrigada, Nikolas,— eu sussurrei. — Isso significa muito para mim.

Ele soltou um suspiro suave, quase como se eu tivesse o surpreendido, e hesitou

sem jeito tentando me abraçar. Ele parecia um pouco enferrujado nisso. Eu rapidamente

afastei minhas lágrimas, esfregando as mãos no meu rosto.

— Você sabe, — disse ele, — às vezes a gente usa uma fachada, porque temos medo

de como as pessoas próximas a nós irão reagir se verem o nosso verdadeiro eu. Só porque

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alguém faz isso, não significa que ele quer te afastar ou que não gosta de você. Eu não vejo

como alguém poderia não gostar de você, Abbey

Tirando um minuto para me recompor, inclinei-me e agi como se meu tênis

estivesse desamarrado. Depois de remexer-me com ele por um tempo, e esperando que

meus olhos não estivessem vermelhos e borrados, eu levantei e encarei o rosto de Nikolas.

— Eu... Hum... devo ir. Minha mãe provavelmente está me esperando, e eu tenho

um monte de lição de casa para fazer. Então... obrigado. Eu realmente agradeço.

Ele bateu no meu braço delicadamente e sorriu para mim. — De nada, Abbey.

Espero vê-la novamente em breve.

Eu balancei a cabeça, tentando não parecer muito envergonhada por ter chorado

na frente de um estranho total, e se dirigi-me ao portão. Após uma breve pausa para acenar

para Nikolas, desci as escadas e caminhei para casa. Este tinha sido um dia dos infernos.

Na manhã de sábado, eu perguntei a minha mãe se ela queria ir comigo à casa dos

Maxwells. Já tinha um tempo desde que eu tinha visto a Sra. M., e queria ver como ela

estava. Eu fiquei chocada quando a mamãe me disse que ela não tinha nenhum plano e

realmente concordou em ir. Eu acho que a última vez que ela teve um fim de semana livre

foi, assim, uma década atrás. Debatemos sobre se deveríamos ou não ligar antes, até

chegarmos concordarmos em usarmos a abordagem ‗só estávamos de passagem... ‘

Felizmente o Maxwells estavam em casa quando chegamos. Foi bom vê-los

novamente e estar no ambiente familiar, mas também era difícil. Tentamos não falar muito

sobre Kristen.

Quando minha mãe se levantou para se servir de uma xícara de café, tomei como

um convite para conversar com a Sra. Maxwell sozinha.

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— Como você está realmente indo, Sra. M.? — Perguntei-lhe baixinho.

Ela pegou minha mão e a segurou. Eu poderia dizer que ela estava tentando

parecer forte. — Eu estou bem, Abbey. É difícil, obviamente. E Deus sabe que eu nem

sequer pensei no que fazer com o quarto dela ainda. Mas estamos levando um dia de cada

vez.

Uma ideia surgiu na minha cabeça. — Você se importaria se eu subisse lá?

— Você não tem que me pedir para ir para o quarto dela, Abbey. Você sabe disso.

Você praticamente morava aqui quando... — Ela parou e desviou o olhar.

Em pé, dei-lhe um breve abraço. — Obrigada, Sra. M. não vou demorar. — Virei-

me para sair da sala, e ela me chamou. — Se houver qualquer coisa no quarto de Kristen

que você queira, Abbey, vá em frente e pegue.

Eu sorri e acenei com a cabeça, em seguida, dirigi-me para as escadas.

Parecia uma longa viagem, e respirei fundo para me manter até que chegasse ao

quarto dela. No meu quarto podia ser capaz de lidar com os meus pensamentos e emoções

em relação a sua morte, mas na verdade entrar no quarto dela era uma história totalmente

diferente.

Eu lentamente abri a porta, e a visão familiar do papel de parede com pétalas pinks

- que Kristen tinha odiado com uma paixão desde ela completou onze anos - me

cumprimentou enquanto eu entrava no quarto. Ele não tinha mudado muito desde a

última vez que estive aqui. A única grande diferença é que o chão e cama, geralmente

cobertas de roupas sujas, agora estavam ambos completamente limpos.

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Mas sua pequena mesa do computador ainda estava uma bagunça. E a velha

cômoda branca ainda tinha o seu som com a sua torre de caixas de CD vazio ao lado dele.

Sua favorita camisa vermelha estava pendurada na maçaneta da porta do armário também.

Quase como se ela fosse estar de volta a qualquer minuto.

A tristeza afundou-se em mim enquanto percebia que ela nunca estaria de volta...

mas eu a afastei. Nós tínhamos passado muito tempo aqui, e não foi difícil associar

praticamente tudo no quarto com algum tipo de memória feliz. Eu me agarrei a esse

pensamento, enquanto me movia ao redor do quarto. Havia alguma coisa aqui que me

dissesse por que ela tinha ido ao rio naquela noite? Dei uma olhada no seu armário em

primeiro lugar, mas nada parecia fora do lugar ali. Folheei sobre a mesa próxima, e que

revelou o mesmo resultado. Seu celular estava encostado ao lado do carregador ao lado de

um abajur. Afastei o olhar dali e continuei procurando. A única coisa que o armário

continha eram roupas, e me livrei delas assim que consegui. Elas ainda cheiravam a seu

shampoo favorito, e isso quase me fez cair em meus joelhos. Sentei-me com força na borda

da cama, tentando me concentrar nas coisas boas. A mesa de cabeceira ao meu lado tinha

uma pequena gaveta, e eu a abri. Um diário estava lá dentro.

Peguei-o, eu folheei as páginas. Eu me senti meio mal por espreitar os

pensamentos privados de Kristen, mas tempos desesperados exigem medidas

desesperadas.

Nada me chamou a atenção, no entanto. Parecia que ela não tinha escrito nada

sobre o rio. Então eu notei um dos cantos da colcha estava pendurado contra a borda da

estrutura da cama em um ângulo estranho. Eu me inclinei para baixo para endireitá-la.

Meus dedos roçaram algo duro, dobrado entre o colchão e as molas, e eu cheguei mais

perto para ver o que era.

Preso sob o canto da cama estava um pequeno livro com o tamanho de um...

diário. Eu tive que mudar a borda do colchão e enfiar minha mão ao lado do quadro, mas

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eu era capaz de alcançá-lo. Quando eu puxei-o para fora, era uma cópia do livro que eu

segurava nas minha outra mão. Apenas a capa era vermelha, enquanto a capa do primeiro

diário era preta. Agora fiquei intrigada. Eu tinha encontrado vários diários de Kristen?

Abri a primeira página do livro preto e procurei por uma data. A primeira entrada era de 19

de abril. Então eu abri a primeira página do livro vermelho para verificar a sua data. 19 de

abril... do mesmo ano. Por que ela teve dois diários para o mesmo ano?

Sentei-me em meus calcanhares, eu folheei o vermelho, com intenção de encontrar

algumas respostas. Eu senti uma pontada de culpa de novo, mas minha curiosidade era

muito forte.

Eu tentei acalmar a minha consciência, fazendo um acordo comigo mesmo.

Se eu ler os diários de uma só vez, e em seguida, colocá-los de volta, eu não estaria

realmente fazendo algo errado. E a mãe de Kristen disse que eu poderia fazer qualquer

coisa que quisesse. Claro, ela provavelmente estava falando de roupas ou CDs, mas isso

estava além. Antes de ter a chance de começar a ler, minha mãe chamou meu nome lá

baixo. Eu pulei com a súbita interrupção e fiquei de pé, olhando rapidamente ao redor do

quarto. Eu precisava de algo. A camisa vermelha na maçaneta da porta do armário.

Perfeito.

Agarrei-a e cuidadosamente embalei os diários por dentro. Enquanto eu ia para

porta, passei pela mesa de Kristen novamente, um pedaço de papel amassado chamou

minha atenção. Um tubo de batom descansava ao lado dele. Eu peguei o batom e removi a

tampa, revelando um tom vermelho escuro. Querendo deixar minha marca, meu último

adeus, de alguma forma, eu cuidadosamente alisei o papel e rabisquei — Memórias duram

para sempre — sobre ele. Então eu assinei o meu nome em uma letra grande, em negrito e

fechei o batom antes de guardá-lo com o bilhete na gaveta. Fechando a porta do quarto

com cuidado atrás de mim, desci as escadas até onde minha mãe estava esperando.

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Memórias definitivamente duravam para sempre.

Assim que cheguei em casa, fui direto para o meu quarto, e tranquei a porta atrás

de mim para ter privacidade. Então, pensando duas vezes, fui para dentro do meu armário

e tranquei a porta. Eu me acomodei em uma enorme pilha de animais de pelúcia e me

sento confortável. Eu não seria interrompida aqui. Eu cuidadosamente coloquei os diários

lado a lado, e então comecei pelo preto. A primeira página era inocente o suficiente.

Abril 19 sexta-feira de manhã

Este fim de semana Abbey e eu vamos comprar alguns óleos essenciais e garrafas

que ela precisa. Há uma nova loja que abriu ao lado do shopping, e ela não pode esperar

para ir. Eu concordei com a condição de que parássemos no shopping por alguns sapatos

novos, e possivelmente um pretzel de canela. Ela agiu como se quisesse me dar uma

bronca por isso, mas ela não conseguiu manter uma cara séria por tempo suficiente. Ela

é tão engraçada.

Depois que voltar, eu tenho que começar trabalho de fim de ano de ciências. Eu não posso

me dar ao luxo de receber qualquer coisa menor do que um A-, então eu preciso me

apressar. Eu gostaria que a escola fosse mais fácil. Às vezes penso que um dia meu

cérebro vai explodir de tanta álgebra, biologia, história que eu estou sendo forçada a

meter lá dentro.

Oh, bem, outro dia.

Kristen

P.S. Acabei de voltar do shopping, e eu sou agora a orgulhoso proprietário da mais linda

sandália marrom. Anime-se, tempo quente, então eu poderei mostrar a minha linda

sandália nova!

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Sorri ao ler o que estava escrito em sua caligrafia, pequena e graciosa. Era tão

tipicamente Kristen. Virei-me para o diário vermelho.

Abril 19 sexta-feira à noite

Decidi iniciar este diário alternativo para falar sobre D.

Eu tenho medo de que se eu escrever algum desses aspectos para o meu diário

real, ele será tirado de mim, como um sonho.

D. me ligou hoje à noite. Nós conversamos por mais de uma hora, e ele quer me encontrar

amanhã. Estou tão nervosa. Eu não posso acreditar que ele está realmente interessado

em mim. Estou sonhando? Será que vou acordar e descobrir que isso era tudo mentira?

Deus, eu espero que não. Eu não acho que poderia lidar com um coração partido.

É tão difícil esconder isso de Abbey. Eu quero tanto compartilhar tudo isso com minha

melhor amiga. Mas eu sei que não posso. E essa é a coisa mais difícil de todos.

K.

Sentei-me em silêncio, atordoada. Minha melhor amiga tinha mantido segredos de

mim? Uma dor me atravessou, e empurrei os diários longe, enterrando a cabeça em

minhas mãos. Como isso poderia ser verdade? Eu nunca tinha mantido um segredo dela.

Minha mente tentava lidar com a impossibilidade da situação. 19 de abril. Ela

vinha mantendo segredos de mim desde 19 de abril.

Quem é D.? Porque Kristen não me contou sobre ele?

Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu as deixei cair. Eu não sabia como lidar

com isso. O que deveria fazer agora? Parte de mim queria ler mais, para ver se ela revelou

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seus segredos. Mas outra parte de mim estava muito ferida e furiosa, e quis arrancar todas

as páginas e rasgá-las em pedaços pequenos. Ela havia me traído.

Eu não sabia o que devia fazer. Quando a mamãe me chamou para jantar naquela

noite, eu estava melancólica e não falei muito. Eu tinha chegado a um acordo com o fato de

que não importava como ou o que eu sentia. Eu tinha que continuar a leitura dos diários.

Eles podiam explicar por que Kristen tinha ido ao rio.

E segredos ou não, eu devia isso a ela .

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Capítulo Treze Uma boa razão

―...E um livro de sonhos e adivinhação, em que a última era uma folha de papel

almaço muito rabiscado e apagado, em várias tentativas infrutíferas de fazer versos em

homenagem à herdeira de Van Tassel.‖ —The Legend of Sleepy Hollow

Tive dificuldade de ir e voltar entre os dois diários, então parei de ler o preto e o

deixei de lado. De alguns modos era difícil ler aquele. No diário preto ela agia tão

normalmente. Como a Kristen que eu achei que conhecia. Era uma mudança abrupta

passar para o diário vermelho. Todo o tom era diferente. Até seu estilo de escrita havia

mudado.

Pelo que pude juntar, Kristen havia conhecido este cara que insistiu em manter o

relacionamento deles em segredo, e passara horas conversando com ele ao telefone. Eles

estiveram juntos um par de vezes.

Ela nunca disse como o conheceu, ou quando eles haviam sido apresentados. Mas

eu não pude me impedir de perguntar onde esteve todo aquele tempo. Parecia muito uma

traição particular.

Ela obviamente fizera muito esforço extra para se assegurar que eu não descobrisse

sobre ele. Não consegui entender por que ela fez isso, se ele a fazia tão feliz. Então

continuei lendo para achar um vestígio...qualquer vestígio...

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23 de abril – terça-feira a tarde

Acho que estou apaixonada ! D. é tão romântico. Ele fingiu colocar uma mecha de

cabelo atrás da minha orelha e gentilmente tocou minha bochecha, então

aconteceu...nosso primeiro beijo. Não estar com ele é uma tortura – cada hora em que

estamos separados eu morro, uma lenta morte de solidão agonizante. Não posso segurar

esse sentimento. Eu desejo que pudéssemos passar cada dia juntos. Desejo que sejamos

livres para dizer ao mundo. Desejo que ele concorde em me deixar dizer. Abbey.

Espero que ele me ligue novamente essa noite. Por favor me ligue, meu amor. Me tire

dessa penúria.

K.

17 de maio – sexta a noite

Hoje D. disse que sou linda. Nunca esquecerei aquele momento. Enquanto eu olhava em

seus olhos, quase pude acreditar nele. Então me fez chorar quando me deu uma flor que

encontrou. Mas eu tive que esquecer isso. Não queria que ninguém visse. Então ele me

prometeu uma dúzia de rosas. Talvez um dia…

K.

2 de junho – domingo de manhã

Tem exatamente um mês desde que D. e eu tornamos isso oficial. Eu o amo tanto!

às vezes não posso acreditar que ele me ganhou. Não sei o que ele fez, mas sei que

estaremos juntos para sempre. Sei o que ele quer mas estou apavorada. O pensamento

daquilo é aterrorizante... e excitante... e hilariante, mas a maior parte aterrorizante. Na

verdade, o que mais me assustava de tudo isso, era o fato de que nunca poderia voltar

atrás. Desejo poder falar com Abbey sobre isso. Como você não conta ao seu melhor

amigo algo desse tipo? Não sei se posso manter essa coisa em segredo.

K.

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Eu penso em nossos últimos dois meses na escola, tentando analisar todo o tempo

que estive com Kristen. Por que não prestei mais atenção?

E então meus pensamentos se voltavam para outras coisas. Tipo, quantas vezes ela

quis que eu desse minha aprovação para que ela pudesse ficar com esse cara?

Ou, será que ela contou para ele algum dos meus segredos?

Este diário lançou dúvidas de cada palavra que ela havia me dito, e minha mente

começou a se afastar de todas as coisas que fizemos juntos. Não podia me impedir de

questionar — E se eu tivesse perguntado a ela sobre algo disso, ela mentiria para mim?

Infelizmente, a resposta parecia ser sim. E aquilo doía.

Desejei nunca ter encontrado este lado dela. Eu queria apenas que as coisas

voltassem a ser o que eram. Antes que eu descobrisse que minha melhor amiga estava

mantendo segredos de mim e mentindo todos os dias. Antes de questionar todos os

motivos por trás de suas ações. Antes de perguntar se ela realmente havia sido minha

melhor amiga com tudo isso.

26 de julho – sexta à noite

Como posso pensar em uma decisão como essa? Se eu disser não, o que ele vai

fazer? Não posso dizer não. Tento me convencer que não é grande coisa. Todo mundo

pensa nisso alguma vez. Se inclina para fazer isso. Se inclina para fazer isso.

K.

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13 de agosto – terça-feira de manhã

Nós falamos sobre o que íamos fazer, e eu concordei. Eu queria pedir mais tempo para

pensar nisso, mas ele já havia me dado quase três meses. Tenho medo de perdê-lo. É tudo

em que tenho pensado ultimamente. Encontrei-me obcecada por isso.

Pergunto-me se Abbey sabe o que tenho planejado. Ela tinha que ter achado. Como posso

manter um segredo desses da melhor amiga que quase lê minha mente. Espero que D.

não perceba que Abbey deve saber alguma coisa. Eu não quero .. eu não quero perdê-lo.

Oh, Deus, não deixe que eu o perca.

K.

16 de agosto – sexta-feira a tarde.

Esta é a noite. Estamos indo para o parque, como sempre. Tenho que estar pronta

logo. Estou tão nervosa. Espero que possa fazê-lo feliz.

K.

18 de agosto – domingo de manhã

Apenas tive outra briga com D. Não entendo por que isso continua acontecendo. Ela pode

não me perdoar por ter escondido tudo isso dela, mas preciso falar com alguém.

K.

18 de agosto – domingo de manhã II

Toda vez que penso que acabou, que estamos apenas muito diferentes. Ele diz algo que

muda minha mente. Começo a me perguntar se estou com ele porque quero ou porque ele

realmente quer que eu queira.

K.

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19 de agosto – segunda-feira de manhã

Não posso mais fazer isso. Os segredos... as mentiras...Eu disse a D. que queria contar a

Abbey sobre nós e tivemos uma briga enorme. Tive que implorar que ele me desse outra

chance. Ele concordou enquanto estávamos indo para o parque. Não sei onde mais

podemos ir. Ás vezes desejo que nunca tivéssemos...

Não sei o que fazer. Não posso viver sem ele.

K.

Era isso. O último texto.

Joguei o diário debaixo da cama e balancei a cabeça furiosamente, rejeitando esta

nova informação. Não havia modo de ela ter deixado qualquer destas coisas para mim.

Estávamos muito próximas para isso. Mas a prova na forma do diário vermelho? Disse-me

que estava errada.

Kristen havia escondido segredos de mim ... um monte deles.

Acordei anormalmente cedo no domingo de manhã. A semana havia voado, mas

não conseguia parar de pensar no diário. Estava gostando de tentar resolver um quebra-

cabeça quando não sabia como era a figura.

Me forcei para fora da cama, desci para a cozinha para fazer mais alguns cookies

para Caspian. Depois de nossa última conversa, estava esperando que ele se satisfizesse

enquanto eu oferecia paz.

Eu segui a receita do livro automaticamente, sem realmente prestar atenção para o

que estava fazendo. Não até que a segunda fornada estava grudando pelo forno, por culpa

da minha distração, e eu terminei pegando o cookie quente com minha mão descoberta ao

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invés de simplesmente abaixar o fogo. A queimadura metálica marcou imediatamente, e eu

joguei a bandeja sobre o fogão. Felizmente, eu não planejei levantar mais um pouquinho,

ou não estaria muito longe de cair. Amaldiçoei meu caminho para a pia da cozinha, e então

xinguei mais um pouco quando o telefone começou a tocar.

Decidindo que minha queimadura adicional precisava de mais atenção que o

telefone, eu despejei água fria e senti imediatamente o bálsamo do alívio. Dez segundos

mais tarde minha mão estava meio enrugada, mas o telefone ainda estava tocando.

Agarrei um pano-de-prato e passei debaixo d‘água, colocando sobre a pústula que já havia

começado a se formar. Me virando para alcançar o telefone atrás de mim, ajeitei o pano-

de-prato em uma posição melhor.

— Alô?

— Oi, docinho — veio uma voz satisfeita na outra linha. — É a sra. Maxwell. Pensei

em pegar a máquina.

— Ah, olá, sra. M. — Eu mordi meus sentidos imediatamente. isto é um sinal?

Devo falar para ela sobre o diário?

— Estava ligando apenas para avisar a sua mãe que não se preocupasse sobre as

reservas amanhã a noite. Eu já cuidei delas.

— Tudo bem — respondi— Direi a ela. Vocês farão algo especial?

— Tivemos um encontro com a cabeça da sociedade histórica. Vai ser divertido. O

último foi detestável.

O sarcasmo pesado em sua voz me fez ir. — Tenho certeza que será muito

excitante.

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— Pelo menos a comida será boa — ela suspirou —Nos encontraremos no

Callenini‘s. Eles tem o melhor frango Alfredo daqui.

— Aaaaa é. — concordei — Diga a mamãe que me traga bolinho de alho. Amo essas

coisas.

— Vou dizer.

Falamos um pouco mais sobre o restaurante, então a sra. M disse que precisava desligar.

Não falei sobre o diário. Não poderia fazer isso.

Mas enquanto desligava o telefone, todos os sentimentos de dor e traição

ressurgiram e eu senti uma lágrima correr lentamente pelo meu rosto. Outra lágrima

seguiu, e eu me mexi a cabeça, chafurdando em um momento de autocomiseração.

De repente o timer sobre o forno apitou alto, e me assustou. Eu programei para

desligar? Quinze minutos para uma nova fornalha de cookies. Correndo as mãos pelo meu

rosto, rapidamente sequei meus olhos. Não tinha tempo para a festa da piedade.

Ainda tinha uma bandeja inteira de massa de cookie e mais duas dúzias de cookie

para fazer. Então liguei a música mais raivosa que pude encontrar, aumentando até que

ecoou através da casa, e cantei a todos pulmões enquanto voltava a trabalhar.

Quatro fornalhas de cookie e treze músicas fodonas depois, era tempo de me

aprontar para ver Caspian. Exatamente uma hora após isso, estava vestida em jeans e um

suéter vermelho, e desci as escadas colocando alguns biscoitos em um saco de papel.

Visto que nenhum dos pais gritou para eu abaixar o som antes, percebi que eles

provavelmente já estavam fora de casa e um deles em infindáveis reuniões. Deixei alguns

biscoitos em um prato próximo à cafeteira para eles encontrarem. Então chequei tudo,

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para ver se estava desligado, agarrei a sacola para Caspian, e bati a porta em meu caminho.

Eu não senti frio, primeiro eu me refresquei e caminhei para o vento. Mas não

durou muito antes de começar a desejar ter pego o pesado casaco e um par de luvas para

sair. O vento soprava forte, e senti sua respiração fria me rasgando. Eu estremeci e inclinei

minha cabeça, tentando ignorar o tremor enquanto andava para o cemitério.

Fazendo meu caminho através dos portões e em direção à grama em frente ao rio,

encontrei Caspian na parte da família Irving. Suas costas estavam viradas, e eles estava

todo vestido de preto, mas eu teria reconhecido aquele cabelo em qualquer lugar. Eu desci

lentamente, me movendo cuidadosa e silenciosamente, até que estava bem atrás dele.

— Caspian.

Se ele me ouviu, não deu para perceber. Ele permaneceu perfeitamente parado. Eu

dei outro passo e estava agora perto dele. Eles estava encarando a tumba de Washington.

Eu estendi minha mão para tocar seu braço.

— Moedas. Por que você acha que eles deixam moedas? Sua o voz baixa enviou um

arrepio através de mim, e por alguma razão puxei minha mão de volta. Ele virou a cabeça

para olhar para mim, e seus olhos estavam levemente desfocados. — Você acha que quer

dizer alguma coisa? Pare ele, quero dizer? Ele parecia genuinamente perplexo com a

questão.

Não tinha certeza se devia responder ou não. Então ele piscou e sua expressão

mudou. Um sorriso se formou em seu rosto.

— Astrid, estou feliz que você veio.

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Minha cabeça girou. Ele sabia quanto seu sorriso derretia meu coração? Ou o

modo que sua voz enviava formigamentos para cima e para baixo de meus braços, e

borboletas flutuando de forma selvagem em minha barriga. Algum dia serei capaz de dizer

a ele como me faz sentir. Mas não hoje. Sorri de volta.

—Ei, Caspian.

Meu sorriso o fazia derreter? Minha voz o animava, ou mandava arrepios correndo

por sua pele? Eu planejei perguntar essas coisas algum dia. Mas não hoje.

— Espero que você não esteja mais chateado comigo. Eu espreitei timidamente

para ele.

— Chateado com você? — ele perguntou — Por que eu estaria chateado com você?

— Porque eu não vim encontrar você semana passada. Pensei que você estivesse

irritado com isso.

Ele balançou a cabeça. Eu não estava chateado com você. Como você deveria saber

que eu estaria aqui?

— Não sei. Acho que imaginei ... — franzi. — Não sei.

— Não estava chateado, Abbey — ele reafirmou. — Acredita em mim? Ele tinha

esse olhar de garotinho sério em seu rosto agora.

Anrram, como se eu pudesse resistir aquilo.

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— Tudo bem — suspirei dramaticamente. — Acredito em você. Ri para deixá-lo

saber que estava brincando, e recebi um sorriso de volta.

Lembrando dos biscoitos, lembre da sacola e entreguei para ele.

— Fiz alguns biscoitos para você não ficar chateado comigo. Mas já que você não

estava chateado, acho que vou ter que ficar com eles.

Ele arrancou a sacola da minha mão. — Pensando melhor, se eles são cookies

snickerdoodle*, então acho que preciso deles para ajudar a aplacar minha fúria. — ele fez

um olhar zangado de brincadeira. Eu ri desse gesto.

— Claro que são snickerdoodle. Eu não faria de nenhum outro tipo para você. Quer

sentar embaixo da ponte para comê-los? Deve estar mais quente lá. Eu tremi e esfreguei

minhas mãos juntas.

Estava realmente frio ali. Ele imediatamente pareceu arrependido. — Você está

com frio? Por que não está com uma jaqueta mais pesada?

— Quem é você para falar? Você também não está usando.

Ele olhou para baixo e pareceu surpreso. Então riu. — Eu nunca uso. Acho que

tenho o sangue quente. Mas você está certa a respeito da ponte, vamos para lá.

Nos afastamos da tumba de pedra e começamos a descer o morro. Não falamos,

mas não era um silêncio desajeitado. Era confortável. Pequenos seixos estalavam embaixo

de nossos pés enquanto seguíamos a trilha para a beira do rio. Estava mais frio pela água,

até que chegamos embaixo da cobertura da ponte. Já me senti mais quente apenas por

estar com ele.

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Outro momento de silêncio passou. Eu olhei para uma rachadura quebrada na

parede de concreto que fazia parte do pilar de suporte da ponte.

— Então, eu fui ver a mãe de Kristen semana passada, e achei alguma coisa

escondida embaixo da cama de kristen. Ela estava mantendo dois diários. — Encarando a

rachadura, tentei dar a minha mente outra coisa para se ocupar. — Um estava escrito como

a Kristen que conheci, mas o outro... estava repleto de algumas coisas que não estava

esperando encontrar.

Pude ouvir o quieto sussurro do rio perto de mim, e olhei para a água. — Você já

pensou que conhecia alguém e depois descobriu que era tudo mentira? — As palavras

explodiram pela minha boca. Os pensamentos que estavam se contorcendo em mim, e eu

estava precisando de ajuda para impedi-los. A represa abrira uma brecha. Eu enfiei as

mãos nos bolsos, curvada pela frustração. — Pensei que conhecia Kristen. Ela deveria ser

minha melhor amiga, e eu dizia tudo a ela. Tudo!

Ela estava mentindo para mim o tempo todo, e nem percebi isso. Eu sou tão idiota!

Quer dizer, como você podia fazer aquilo com alguém? Como você poderia fingir ser outra

pessoa, e esconder quem você realmente é?

— Como alguém faria isso? — Eu arrastei meus pés na lama.

— Talvez ela não tivesse escolha — disse Caspian levemente. — Algumas pessoas

não tem escolha sobre os segredos que guardam.

Dispensei a lógica dele. — Kristen tinha escolha. Ninguém a estava forçando a

esconder de mim o namorado. Ela podia ter me dito sobre ele a qualquer hora. Além do

mais, é quase uma lei sobre ser melhor amiga. Você não mantém segredo com as pessoas

que se importa, e você definitivamente não mantém segredos como aquele.

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Minha voz era chocada e eu me senti perigosamente perto do limite. Pisquei rapidamente e

respirei. Eu não ia me constranger chorando como um bebê.

— Então, Kristen tinha um namorado secreto, estou certo? Caspian perguntou —

Você acha que ela estava encontrando com ele aqui aquela noite?

— Não sei. Mas acho que eles estavam...realmente envolvidos.

Caspian lançou um olhar para mim, mas eu não conseguia encarar seus olhos.

Embaraço. Sempre um amigo meu.

— Ela menciona um nome em algum lugar?

Balanço a cabeça. — Apenas a inicial — D. — Definitivamente havia algo errado,

Todo seu estilo de escrita havia mudado, como se ela tivesse ficando deprimida. Nunca

percebi isso pessoalmente. — eu disse, tristemente – Eu não sei como ela administrou,

manter isso de mim. Deve ter sido uma coisa difícil de fazer.

— Tenho certeza que ela teve suas próprias razões, — Caspian disse — Ela deve ter

tido. Eu não acho que ela esconderia algo assim de você sem ter uma razão muito boa.

Confie nela, Abbey.

— Confiar nela? Depois dela ter mentido para mim por meses?

Ele não respondeu. Mas isso não me incomodou. Eu apenas precisava de alguém,

alguém para ouvir minhas frustrações. Nós dois ficamos calados por um longo tempo,

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então me inclinei contra a parede e deslizei para o chão.

Oka, então eu estava procurando alguém pra responder, pra me dizer que eu não

estava louca e estava certa por me sentir como me sentia. Mas não falamos sobre mais

nada, e um momento depois ele escorregou ao meu lado. Ambos estávamos presos em

nossas próprias pequenas palavras.

Meu mundo foi interrompido quando meu telefone tocou. Mensagem de voz.

Deslizei para abrir e vi que estava sem sinal. Chequei minhas ligações perdidas e vi o

número da mamãe registrado ali.

— Então, você vai comer algum dos seus bolinhos ou esperar até chegar em casa?

Perguntei a Caspian, tentando amenizar os ânimos antes que nosso dia terminasse mau.

Ele olhou para mim como se tivesse despertado de um pensamento profundo. — O

quê? —Então olhou para a sacola entre nós.

— Ah, sim. — Ele riu — Você está brincando? Não posso esperar para cair de boca.

–Ele abriu cuidadosamente a sacola e pegou um cookie que estava partido ao meio.

Enquanto ele mordeu, eu olhei para meu telefone outra vez.

— Vou checar meu correio de voz, volto já.

Ele assentiu e continuou mastigando. Levantei e andei da parte debaixo da ponte

para uma área mais distante onde deveria ter um sinal melhor. A voz de mamãe veio alta e

clara através da mensagem. Suspirei pesadamente, nem mesmo me preocupando em ouvir

o que ela tinha a dizer, e rapidamente apertei o botão de salvar enquanto andava de volta

para a ponte.

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— Você sabe — eu falei, fechando meu telefone uma vez que cheguei perto de

Caspian. — Se você me der um número de telefone, você vai fazer eu te encontrar muito

mais fácil.

Havia um olhar encabulado em seu rosto quando ele levantou. — Sei que vai soar

muito século vinte mas...eu não tenho um.

Meu queixo caiu.

— Você não tem um celular?

— Não.

Não conseguia acreditar no que ele estava dizendo, — Tudo bem, então que tal o

telefone de sua casa?

Ele balançou a cabeça de novo. — Aquele não funciona, tampouco. Meu pai deixa

fora do gancho, ele dorme em horas estranhas.

— msn, email ...e ai eu poderia te escrever?

Eu pude ver a resposta vindo antes que ele sequer dissesse. Eu estava em estado de

choque.

— Olha, Abbey — ele disse — Não estou tentando ser esquisito ou nada assim. Eu

só não tenho como passar muito tempo em casa. E eu não fico pelo computador quando

estou em casa. Não se preocupe sobre isso. Nos encontraremos.

Caspian estendeu o resto de seu cookie para mim – Cookie?

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São os melhores que já provei.

Eu peguei o pedaço oferecido e sorri. Colocando na minha boca, senti um arrepio

só de saber que seus lábios roçaram esse biscoito. Então quase transformei nele me

beijando outra vez. Mastiguei alegremente, tomando cuidado para engolir direito, e então

passei a língua pelos dentes para remover os farelos.

— Vou estar meio ocupado nas próximas duas semanas — ele falou — mas vamos

trabalhar em algo.

Abri minha boca para protestar, mas ele me cortou.

— Já disse que você não se preocupe tanto, Abbey, Relaxe. — Ele estava sorrindo

para mim, e eu não pude me impedir de sorrir de volta. Achei que ele fosse notar que eu

concordaria com tudo por aquele sorriso.

— Tá, tá bom — respondi — Aproveite o resto dos seus cookies e te vejo por aí.

— Vê? — ele disse com uma risada — Não é tão difícil não é Astrid? Sem

preocupações. —Ele inclinou a cabeça levemente. — Muito obrigado. Tenho certeza que

eles acabarão antes que eu chegue em casa, agora, antes de ir embora, feche os olhos e abra

a mão.

Eu encarei.

Ele esperou.

Suspirei dramaticamente e estendi minha mão enquanto fechei os olhos. Nada

aconteceu.

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— Tem certeza que seus olhos estão fechados? — ele perguntou.

— Certeza absoluta.

— Promete só abrir em casa?

Aquela era uma promessa flexível de fazer. Ele tinha algo para me dar? Era uma

caminhada muito, muito longa para casa.

— Abigail Astrid? — ele provocou.

Eu ri — Sim, sim, prometo. Mesmo que eu morra de curiosidade, prometo não

abrir o que quer que você me dê até chegar em casa.

Alguma coisa pequena e macia deslizou em minha mão aberta. Senti como um

pedaço de roupa e antes que abrisse meus olhos, coloquei dentro do meu bolso. A tentação

seria muito grande se eu visse.

— Tchau, Abbey — ouvi Caspian falar — Lembre-se de sua promessa.

Meus olhos flutuaram abertos, mas ele já estava andando para longe de mim, na direção

oposta. Sorri quando senti a pequena coisa em meu bolso. Talvez devesse tentar correr

para casa pensei.

— Tchau Caspian — eu disse, me virando para o outro caminho. Mas minha mente

voltou para a conversa por celular, e alguma coisa do que ele disse me cutucou.

— Espere, Caspian! — eu corri de volta.

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Ele estava muito longe, mas ele ouviu e se virou.

–Você sabe, eu nem ao menos sei seu sobrenome! eu gritei. Mesmo à distancia

pude ver o lampejo em seus olhos.

— Crane! — ele gritou de volta — É Caspian Crane.

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Capítulo Quatorza Novos amigos

―Muitas das pessoas de Sleepy Hollow estiveram presentes na Van Tassel‘s e,

como sempre, repartiram suas maravilhosas e selvagens lendas.‖ — A lenda de Sleepy

Hollow.

Apenas consegui chegar em casa. O suspense estava me matando. Alternei entre

uma corrida e uma caminhada que rapidamente me deixaram ofegante. Não estava em

forma para isso. Várias vezes fiquei tentada a olhar o que tinha no meu bolso, mas então

ouvia as palavras de Caspian, e a promessa que havia feito, e a culpa me parava.

Quando a porta de entrada finalmente entrou em minha visão, fiquei

extremamente aliviada. Subi correndo os degraus da varanda, respirando pesadamente e

procurando ansiosamente as chaves em meu bolso. Depois de tirá-las do bolso de trás da

minha calça com dificuldade, a coloquei na fechadura. Logo a maçaneta girou sozinha e a

porta se abriu. Assustada, olhei o rosto de minha mãe.

— Oh querida, está aqui. O que aconteceu com você? — Ela perguntou. Estava

correndo?

Meus olhos se baixaram imediatamente para o chão. Não podia lhe dizer

exatamente que estava com um garoto no cemitério. Inspirei repetidamente, tratando de

acalmar minha respiração, mas isso não ajudou.

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— O que aconteceu?

A voz dela estava se elevando, e levantei a mão para parar sua preocupação.

— Não aconteceu nada. — falei. Apenas caminhei... um pouco rápido. — Lembrei...

de uma tarefa... que tenho que terminar.

— Mas é sábado. — Minha respiração começou a diminuir para um ritmo normal.

— Mãe... ninguém quer fazer tarefas no domingo. — Fui até a cozinha e peguei uma

garrafa de água antes de desabar sobre um banco ao lado da mesa. Tomei água o mais

rápido que pude.

— Tenha cuidado. — Ela me advertiu. Ficará doente se beber tão rápido.

Coloquei a garrafa vazia sobre a mesa e sorri com ironia. Ela estava muito, muito

amável. Sentindo ao redor do meu bolso pela milionésima vez, me perguntava de novo, que

surpresa poderia encontrar enquanto passava meus dedos sobre as suaves bordas. Olhei o

relógio na parede, e pensei em quão rápido poderia escapar até meu quarto. A curiosidade

iria me matar a qualquer segundo.

— Fico feliz que tenha recebido minha mensagem sobre esta noite, Abbey. — A voz

de minha mãe interrompeu meus planos.

Mensagem? Era certo que mamãe havia deixado uma mensagem de voz na ponte.

Me retorci em meu lugar. Não havia escutado exatamente o que ela havia mandado.

Enganei ela.

— Sim, recebi sua mensagem de voz, mas tinha uma recepção terrível na ponte. —

Falei por auto, com esperança de que ela entendesse que não havia escutado a mensagem

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completa devido à má recepção.

— Está passando muito tempo na ponte. — Ela franziu o cenho. Sei que era seu

lugar favorito para ir com Kristen, mas não é saudável para você ficar lá sozinha o tempo

todo. Talvez devesse ver se algum de seus amigos da escola possa se juntar a você.

Podemos planejar algo divertido, como uma noite de garotas ou algo assim.

Se ela apenas soubesse que não estou sozinha quando estou na ponte... Mas isso é

algo que não compartilharia com minha mãe.

Eu diferi. — Sim, talvez lhes pergunte.

Talvez em outra vida.

Mas isso colocou um olhar de felicidade no rosto de mamãe e ela começou a falar

de novo.

— Muito bem, para jantar esta noite com tia Marjorie pensei em carne assada, mas

logo lembrei que não sei se ela gosta de carne. E se ela preferir frango ou cordeiro?

Me desconectei do resto da conversa. Jantar... Esta noite... Tia Marjorie... sorri

fracamente e tratei de assentir em todos os momentos apropriados enquanto mamãe

balbuciava ao mesmo tempo em que me agitava na cadeira, ansiosa para ir logo para a

intimidade do meu próprio quarto.

— É muito agradável que esteja interessada nisto, carinho. Tia Marjorie gostará.

Poderia estar abrindo o presente de Caspian neste momento... Neste mesmo

segundo, pegando-o em minhas pequenas e gananciosas mãos... Minhas pernas

começaram a se mover nervosamente sozinhas, prontas para correr escada acima a

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qualquer momento.

— Está muito inquieta. — Mamãe franziu o cenho. — Por que não vai tomar um

bom banho quente para acalmar seus nervos? Sei que não vemos tia Marjorie faz muitos

anos, mas não é motivo para estar ansiosa.

Pulei do banco feliz por ter uma desculpa. — Soa como uma boa ideia, mãe. Estou

toda suada e asquerosa por correr também. — Não sei se ela me ouviu. Ela iria fazer outra

coisa, provavelmente checar os ingredientes do jantar, ou o que fosse.

— Entendo. — Ela riu. — Obrigada, Abbey. Aproveite o banho.

Contive minha respiração até escutar seus passos se afastarem. Alcancei meu

travesseiro, peguei o presente, o coloquei para fora e o aninhei em meu colo, exalando

profundamente. Fiquei olhando a porta por dois minutos, esperando ver se viriam mais

interrupções, mas parecia que estava tudo limpo.

Creio que me esqueci de respirar enquanto desenrolava algumas capas de tela

vermelha. Ficava cada vez menor, até a última camada revelar o tesouro em seu interior.

Era um colar. Ele me dera um colar. Muito suavemente o recolhi. Parecia feito de

diminutas camadas quadradas de cristais, e as bordas estavam unidas em toda volta. Um

pequeno círculo estava atado na parte superior e uma fita de cetim se enroscava através

dele. Mas a melhor parte era o que estava debaixo da superfície de vidro. Na frente, com

um fundo azul meia-noite, estava o nome Astrid gravada em um tom vermelho escuro que

fluía com letra cursiva. Segui as elegantes linhas com a ponta de meus dedos, e

cuidadosamente lhe virei ansiosa para ver o outro lado.

A parte posterior tinha o mesmo fundo azul brilhante, mas estava salpicado com

pequenas estrelas brancas e cada uma pendurada como um perfeito diamante,

deslumbrantes com o lenço da noite. Era absolutamente esquisito. A coisa mais bela que

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jamais havia visto. Atando a fita ao redor de meu pescoço, me levantei dando um salto da

cama e corri até o espelho. O colar estava na minha garganta, e o laço negro abraçou meu

pescoço em um agraciado V. Não havia maneira de que dessem algo tão pessoal a alguém

que fosse — apenas seu amigo.

Esse pensamento me encheu com uma estranha alegria, e dancei alegremente ao

redor do quarto, apenas parando, quando estive perigosamente perto de me chocar com a

cabeceira. Fui me olhar mais uma vez no espelho, e repentinamente me lembrei do banho

que supostamente deveria estar tomando.

Fui até o banheiro, coloquei o tampão na banheira e abri a torneira da água,

movendo o botão até encontrar uma temperatura agradável. Logo adicionei uma colherada

de sais de banho e fechei a porta atrás de mim enquanto deixava o banheiro para tirar o

colar.

Pouco a pouco desatei o laço e sustentei o pequeno pingente em minha mão. As

bordas do metal estavam ásperas e duras, um contraste com o suave vidro prateado.

Me surpreendi com os pequenos detalhes. Onde tinha conseguido isto? Era uma

verdadeira obra de mestre. Uma pequena obra de arte certamente que valia mais para mim

que qualquer peça feita por Monet ou Van Gogh.

O som da água correndo lembrou o banho que havia esquecido de novo, coloquei o

colar sobre a cama e corri até o banheiro. Estive há um centímetro de ter uma banheira

transbordada, mas cheguei a tempo.

Fechei a torneira e me despi antes de submergir um dedo do pé dentro. Estremeci

com o contato. Fazia tanto calor que na realidade me deu calafrio. Dando-me um tempo

para me adaptar à temperatura, juntei-me pouco a pouco e exalei um feliz suspiro quando

fiquei totalmente submergida. Este era o céu em uma banheira.

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Alcançando a bolsa de estopa laranja que continha meus sais de banco, acrescentei

outra colherada à água de banho, uma deliciosa essência de torta de abóbora encheu

imediatamente o banheiro, inclinei minha cabeça para trás e fechei meus olhos. Os sais

ásperos roçaram em minha pele enquanto descia até o fundo e rodei gentilmente minhas

mãos ao meu redor, criando pequenas ondas para ajudar a dissolver os sais mais

rapidamente. A água estava morna e suave, e senti como se meu corpo começasse a relaxar

lentamente.

Minha mente estava à deriva, e me encontrei pensando no último par de meses.

Muitas coisas haviam acontecido — boas e más. Quando me conscientizei da morte da

Kristen, de certa forma, ainda me preocupava por tudo de que me inteirei pelos diários. E

sobre os planos para minha história? Verdade que Kristen queria que eu passasse por isso

com eles? Logo pensei em Caspian, o que trouxe um sorriso imediatamente ao meu rosto.

Não decidi ainda quando ou como ira lhe dizer o que sentia, mas ainda tinha tempo de

sobra para descobrir. O momento adequado viria. Eventualmente.

Fiquei na banheira até meus dedos se enrugarem e havia revivido aquele beijo da

coleção uma e outra vez. Levantei-me a contragosto e me sequei, logo fui inspecionar meu

guarda-roupa em busca de algo bonito para vestir. Acabei escolhendo um vestido tipo

camisa, de cor rosa, que mamãe havia comprado para mim no ano passado, para a escola.

Coloquei-me no vestido para ela, e minhas botas negras de combate para mim. Isso era um

bom acordo. Depois de me vestir, coloquei o colar de Caspian na parte posterior e amarrei

um pano negro no pescoço para escondê-lo. Realmente não estava com humor para

explicar para meus pais de onde o colar tinha vindo, mas logo não ia deixar de usá-lo.

Arrastando os pés, desci a escada ao encontro do que seria seguramente a noite

mais chata de minha vida. Mamãe aceitou minha sugestão sobre torta de carne, e eu dei

um sorriso educado a Tia Marjorie assim que chegou. O jantar permaneceu bastante

normal enquanto meus pais mantiveram a maior parte da conversa.

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Tia Marjorie me surpreendeu por completo enquanto ela estava pegando as

ervilhas, quando ela anunciou que tinha usado botas negras de combate também, e ela

realmente gostou das minhas.

O olhar de surpresa no rosto de mamãe foi impagável, e decidi ali mesmo que a tia

Marjorie era oficialmente minha nova tia avó favorita. Ela passou o resto da noite, me

contando histórias sobre seus anos de jovem rebelde e quando era piloto. Ela ainda tinha

seu próprio avião e tudo.

Eu continuava insistindo que ela me contasse outras histórias até que a o jantar

acabou e haviam passado várias horas sem que nenhum de nós percebesse. Quando ela

recolheu seu casaco, eu estava realmente triste por vê-la indo embora, mas prometi que

iria visitá-la logo, e ela prometeu me levar em seu avião e me ensinar uma coisa ou duas

sobre vôo.

Logo ela era oficialmente meu parente favorito de todos os tempos.

Não tinha ideia de que alguém tão interessante estivesse relacionado comigo.

Não poderia esperar para ir visitá-la.

Senti como se o solo tivesse fechado meus olhos apenas por um par de segundos

quando chegaram as nove em ponto na manhã seguinte. Certamente não me sentia como

se tivesse passado sete horas e meia em uma cômoda cama, rodeada por cômodas

almofadas. Mas uma vez que me meti a ducha de água quente fez maravilhas. Tive a

sensação de que Caspian poderia estar no cemitério hoje, e que queria lhe agradecer pelo

lindo colar.

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Olhei pela janela para avaliar o tempo e vi o vento agitando as árvores, agitando as

folhas de cores brilhantes sobre o solo, e fazendo cada uma dançar. Agarrei um casaco

vermelho impermeável no caminho até a porta. Não iria pegar um resfriado dessa vez.

O ar estava fresco e limpo, respirei profundamente. Tudo estava muito brilhante e

novo. Era como um mundo diferente aqui. Senti-me leve, suave e bonita, completamente

feliz. Nada poderia arruinar meu bom humor... Exceto vagar pelo cemitério a manhã toda,

buscando alguém que não estava ali.

Para piorar as coisas, saí sem tomar café-da-manhã de novo, o que significava que

estava mais além da fome. Fome, eu tive há uma hora e meia. Agora me sentia como se

pudesse comer o desjejum, o almoço e o jantar, todos amontoados um sobre outros.

Caminhei ao longo do caminho do cemitério mais uma vez, até o rio, com as mãos

firmemente fechadas nos bolsos. Uma vez mais. Faria uma caminhada sobre a ponte, e

depois iria embora daqui. Várias fatias de pizza quente e recém-feitas estavam, chamando

pelo meu nome, da pizzaria no centro da cidade, não queria negá-las.

A decepção pesou na minha mente enquanto olhava por baixo da ponte,

desesperada para ver Caspian. Ele não está aqui.

Pouco a pouco voltei para o caminho principal do cemitério, mas virei à direita

quando normalmente teria virado à esquerda. A rota se dividia, e comecei a caminhar em

direção a outra metade do cemitério, dizendo-me que não havia nenhuma razão especial

por eu tomar este caminho. Este caminho me levaria para fora do cemitério e para a

pizza... eventualmente.

Não era como se eu fosse ver Caspian quando terminasse esse lado. Isso

definitivamente não iria acontecer. Quase havia me convencido, quando vi alguém. Meu

coração se acelerou até que vi que era Nikolas. Decepção chegou para mim. Eu abri minha

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boca para dizer alguma coisa, mas eu percebi que estupidamente não sabia o que dizer.

Eu não sei se fiz algum som estranho com a boca entreaberta, ou se ele apenas

percebeu que eu estava lá de alguma forma, mas de repente ele se virou e olhou na minha

direção. Um sorriso largo tomou seu rosto e eu acenei. Eu sorri de volta e aumentei o

ritmo.

— Olá, Nikolas. — eu disse quando estava perto. Seu cabelo estava ainda mais

bagunçado pelo vento do que antes, mas seus olhos ainda estavam quentes e amigáveis. Ele

acenou com a cabeça em uma saudação.

— Katy, olha, nós temos um visitante. A jovem de que te falei. —disse Nikolas. Eu

me virei na direção onde ele parecia estar falando. Mais abaixo em um outro caminho, uma

velha mulher foi colocar uma flor em cada lápide. Ela olhou em nossa direção, e eu pude

ver seu rosto enrugado se iluminando em um sorriso.

Seus longos cabelos dourados de morango estava preso em ondas suaves, e ela

usava uma saia velha que parecia completamente fora de lugar, mas fazia todo o sentido.

Ela se inclinou para pegar a cesta do chão e depois se levantou e caminhou em nossa

direção.

Nikolas estendeu a mão para ajudá-la quando ela nos alcançou. Ela deu um aperto

rápido, e Nikolas a apresentou.

— Esta é Abigail — e, Abbey, querida. — Ele virou para mim. Ela é minha esposa,

Katy.

— É um prazer te conhecer. — eu disse. Seus olhos estavam sobre os dele,

amistosos e com rugas nos cantos, mas eles eram claramente azuis. Ainda mais brilhantes

do que meus próprios olhos azuis.

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— Que bom te conhecer, Abbey. — ela disse. — Nikolas disse que o ajudou a

encontrar o Sr. Irvin. Eles gostaram da empresa. Quer se juntar a nós para o chá esta

tarde?

Ela olhou para mim esperançosamente. — Você tem algum chá de menta? —

Perguntei sorrindo a Nikolas. Ambos riram.

— Ahh, sim, claro. É o nosso favorito. — disse Katy.

— Então eu adoraria. — eu concordei.

Katy passou a cesta que ela estava segurando para Nikolas. — Se você levar isso

para mim, amor, para o caminho. — Então, ela lhe deu um olhar interrogativo, e ele

assentiu uma vez.

Segurando minha mão, Katy a colocou na dobra do cotovelo. Não sabia onde

iríamos. Não havia nenhuma casa perto deste lado do cemitério, mas ela começou a andar,

e tratei de segui-la. Ela foi surpreendentemente rápida para alguém que era,

provavelmente, sessenta anos mais velha que eu.

Caminhamos um pouco por este caminho. De vez em quando batia um vento forte

de um lado para o outro. Quanto mais nos afastávamos, mais eram frequentes torções e

voltas. A folhagem também começou a se tornar mais densa. As árvores pareciam estar

mais próximas, seus ramos entrelaçados uns com os outros, filtrando a luz solar que abria

espaço através de pequenas manchas. O chão estava coberto de musgo e flores espalhadas.

Samambaias silvestres abriram caminho na estrada, invadindo nosso espaço. Parecia estar

chegando a borda de nossas roupas enquanto passávamos. Suponho que as mudanças no

cenário deveriam ter me assustado, mas estar com Nikolas e Katy me relaxou. Eu podia

ouvir o canto estridente dos pássaros, cantando uma melodia interminável que só eles

sabiam.

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Um golpe seco tap, tap, tap indicava que um pica-pau estava perto, e quando

passamos pelo tronco de uma árvore gigante, pude vê-lo. Sua cabeça era da cor vermelho

vivo, e parou as bicadas para me olhar, como se espantado ao ver alguém tão próximo de

seu território.

Tudo era tão... incrível. Passei muito tempo fora, e sem dúvida tinha visto árvores,

plantas e aves antes, mas isto... isto era completamente diferente. Aqui fora tudo era

selvagem e intocado. Natureza como deve ser. O que mais me surpreendeu foi, talvez, que

eu nunca tivesse notado este lugar. Eu tinha pensado que Kristen e eu tivéssemos

explorado cada centímetro do terreno do cemitério.

De repente Katy desacelerou e indicou que iríamos atravessar uma pequena ponte

de madeira logo a frente. As trêmulas e velhas ripas de madeira e saltaram e balançaram

sob os nossos pés quando cruzamos, fazendo um eco ao nosso redor. Isto criou um

ambiente estranho, e dei uma olhada atrás de mim mais do que uma vez para ter certeza de

que não estava sendo seguida por um cavalo real. E talvez um cavaleiro sem cabeça? Olhei

para baixo, para o riacho pouco profundo abaixo de mim e eu me senti idiota.

O cavaleiro não podia atravessar a água. O que eu estava pensando? Forcei um riso quando

nós descemos na ponte, dei um suspiro de alívio não tão silencioso.

Nikolas estava a um passo atrás, mas rapidamente nos alcançou. Fiquei de boca aberta

quando olhei para cima e vi o que estava nos esperando mais a frente. Era a casa mais

perfeita extraída das páginas de um livro de histórias que eu jamais tinha visto.

As paredes foram construídas com o tempo, pedras irregulares redondas, enquanto as

telhas do teto pareciam feitas de palha. Várias plantas cresciam em abundância sob o arco

de chumbo de cada janela de vidro. Uma videira de flores roxas trepava a chaminé de

pedra à esquerda da porta da frente de madeira.

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Wisteria* (gênero de plantas trepadeiras lenhosas, com folhas compostas e flores vistosas

de cor violeta ou branca). - eu disse suavemente. Eu reconheci pelo bairro de Irving.

– Sua casa é absolutamente linda! - Suspirei com reverência. – Não sabia que moravam

aqui atrás.–

Katy assentiu. – Obrigada pelo elogio. Eu sei que minha casa agradece. –

Havia um brilho em seus olhos. – Eu estou contente que sua casa goste de logios . - disse

com um sorriso.

Levei mais um momento para observar a beleza ao meu redor, e Nikolas se virou para levar

a cesta que vinha carregando em frente a porta.

Então, gentilmente abriu a porta e estendeu a mão à espera de Katy, que se

inclinou para arrancar uma folha seca do caule da wisteria. Ela colocou a mão sobre ele, e

cruzaram a porta juntos, trocando um olhar que me fez ficar com uma intensa saudade de

meus avós mortos.

– Por favor, sinta-se em casa, Abbey. - disse Katy de dentro da casa.

Respirei fundo e entrei, sem saber o que veria. Mas não me decepcionei. Ela era tão bela

por dentro como era fora. Havia flores absolutamente por toda parte. A casa parecia ter

sido feita por uma florista. Buquês de flores secas ficavam pendurados nas vigas e paredes,

enquanto as flores frescas enchiam as garrafas de vidro velho cobrindo toda a superfície do

complemento. A prateleira estava arrumada e limpa, e cheia de guloseimas e comida como

a de minha casa. Nem mesmo um pedaço de pão. Uma velha roda estava pendurada em

uma das paredes brancas, mas o lugar de reunião era uma mesa grande, antiga, construída

em frente à lareira de tijolos.

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Fiquei ali sem jeito, sem saber o que fazer agora que estava realmente dentro da casa, mas

Katy me disse para sentar e apontou para a mesa.

Retirei a cadeira de madeira com decorações esculpidas, fiz o que me disseram. Nikolas se

ocupou de uma chaleira de metal pendurada ao lado da lareira, a levando para a pia, e

falou baixinho com Katy enquanto a enchia de água. Ela pegou algumas folhas de uma

placa na prateleira e levou para ele.

Alisando o cabelo revolto com a mão enrugada, ela lançou um olhar que me fez sentir como

se estivesse invadindo um momento muito pessoal. Olhei para longe e deixei minha mente

vagar. Eu podia me ver totalmente aqui. Rodeada por minhas garrafas, óleos e frascos de

vidro. Fazendo meu próprio chá de hortelã com alguém que tinha cabelos brancos-loiros e

olhos verdes e um sorriso que me faria derreter.

Construiríamos um espaço de trabalho sob a janela ao lado da pia, e criaria meus

perfumes ao longo do dia com uma visão perfeita do jardim externo. Um gato gordo e

preguiçoso se estendaria em frente a chaminé, e nas tardes, Caspian e eu tomaríamos

nosso chá. Ele me ajudaria a etiquetar os odores, encher as garrafas, e levantar todas as

coisas que fosses pesadas demais para mim, e falar sobre qualquer coisa enquanto

trabalhávamos lado a lado.

O repentino som metálico da chaleira que golpeava a chaminé interrompeu meu sonho. Eu

estava realmente usando a casa de alguém para satisfazer as minhas necessidades e

planejar o futuro de Caspian por ele? O que estava acontecendo comigo? E se ele não

quisesse viver em uma casa aconchegante e encher garrafas, ou levantar objetos pesados,

ou fazer chá durante o descanso da tarde? E se ele quisesse fazer algo diferente com sua

vida? E se ele não me... quisesse? Eu estava enlouquecendo, e obtendo uma forma de me

adiantar muito, então respirei fundo e tentei me acalmar.

Olhei ao redor e vi que Nikolas estava indo para uma cadeira de balanço no canto

com uma pequena faca e um pedaço de pau na mão, enquanto Katy limpava o balcão na

frente dela. Ver os dois ali, em um lugar muito querido e obviamente adaptado a eles,

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trouxe uma dor forte no meio do meu estômago. Eles realmente me faziam lembrar de

meus avós. Desde que os meus avós morreram um a poucos dias do outro quando eu tinha

6 anos, tinha apenas um punhado de recordações deles. Mas o sentimento geral de amor e

ternura que sempre estava ali. Eu lembro vagamente o quanto eles pareciam realmente

apreciar a companhia um do outro. Isso era algo muito longe dos avós do lado do meu pai.

Eles estavam divorciados a mais tempo do que tinham estado casados e até mesmo não

gostavam de ouvir a menção do nome do outro. Eu esperava fervorosamente que isso

nunca acontecesse comigo. Eu queria um final feliz e uma casa de pedra no meu futuro.

Não queria acabar odiando a pessoa que jurei amor até que a morte nos separasse. Eu

prefiria não amar alguém, a que isso acontecesse comigo.

Pensamentos de divórcio e histórias posteriores de desgraça, certamente não

acrescentariam alegria à tarde, então eu decidi tentar uma conversa trivial. Afinal, não

poderia ser pior do que sentar na minha cadeira me deprimindo com meus próprios

pensamentos. Disse a primeira coisa que me veio à mente.

- Então, gostam da lenda? - Katy e Nikolas estavam olhando para mim como se eu

estivesse falando em uma língua estrangeira.

- ¬Lenda? - Eles perguntaram inocentemente.

- Vocês sabem, - eu detalhei - A Lenda de Sleepy Hollow— . Como vocês vivem aqui ...

Fiquei me perguntando se gostavam da lenda ...

- Sim, nós apreciamos a lenda. - Nikolas falou antes que eu tivesse a oportunidade de

curvar a cabeça e pedir desculpas pela forma socialmente inadequada, obviamente, estava

falando. Eu o olhei, ele estava concentrado em diminuir pequenas lascas.

- Como vivemos aqui toda a nossa vida, isso é uma história que é próxima e

querida para nós. - Katy falou puxando a cadeira ao meu lado. Ela segurava uma pilha de

fios coloridos, e eu podia ver duas brilhantes agulhas de tricô saindo pelo lado.

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- E quanto a você, querida? - Ela perguntou. - O que você acha disso? Você parece ter uma

forte ligação com o Hollow.

- Oh, é um dos meus favoritos. - eu disse rapidamente. - Eu vivi aqui toda a minha vida

também, e eu acho ótimo que a cidade tenha histórias como essa. Meus pais estão no

conselho da cidade, por isso vou a muitas reuniões com eles, e vejo em primeira mão todos

os trabalhos que vão para a preservação de Sleepy Hollow.

Katy assentiu com a cabeça quando ele começou a ordenar a pilha de fios. - A

conscientização da cidade certamente cresceu ao longo dos anos, mas sempre foi algo

especial sobre este lugar. Eu não acho que ninguém iria passar um tempo morando aqui e

não sintir que é mágico... a atração da história viva que nos rodeia.

Nós mesmos sentimos um vínculo especial com o cemitério. Um clique soou na sala

quando ela pegava a agulha e começou a tricotar. Cruzei as mãos na minha frente e

observei seus dedos voando através dos movimentos, pressionando e movendo os fios,

uma e outra vez.

- Você foi no museu de Sleepy Holowan ultimamente?- Eu perguntei me inclinando um

pouco para a frente, ainda insegura sobre o que fazer com as mãos. - A exposição da

genealogia tem um monte de coisas novas realmente interessantes. - Eu gosto de - a

chaleira apitou forte, interrompendo a minha frase e eu pulei pelo ruído inesperado.

Nikolas se levantou para pegar um pano da cozinha para manipular a chaleira de água

quente. - Só um minuto, querida. - Katy me deu uns tapinhas antes de conseguir três

xícaras de chá idênticas. - Deixe-me fazer um chá, e logo poderá continuar.

Nikolas lhe trouxe um vaso novo, vertendo cuidadosamente o líquido fumegante, e

devolveu a chaleira para seu gancho de ferro. Dois pequenos conjuntos de travessas

prateadas repousando no meio da tabela, e os aproximou de nós. Katy trouxe uma vasilha

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de prata da geladeira e a colocou ao lado das outras duas.

- O leite está aqui, e essas dois são o açúcar e o mel - ela explicou, tomando sua xícara de

chá. Olhei enquanto ela derramou um pouco de leite e algumas gotas de mel em seu chá e,

em seguida agradeceu a Nikolas quando pôs três colheres sobre a mesa. Nikolas preparou

seu chá da mesma maneira, exceto que usou um pouco mais de mel. Katy sorriu em

simulação da desaprovação e ele sorriu como uma criança que estava segurando a segunda

fatia de bolo de chocolate.

Minha xícara era a próxima. Normalmente preparava o chá como se preparasse o meu

café. Três de leite e dois de açúcar. Mas hoje eu provei o mel. Acrescentei algumas gotas

extras, como Nikolas, calculando a doçura, o melhor. Enquanto rapidamente agitava

minha colher na minha xícara, Katy se acomodou em seu assento e Nikolas retornou à sua

cadeira de balanço. Eu tomei um gole cauteloso. Estava surpreendentemente bom. O sabor

de menta era claro e forte, muito melhor do que um saco de chá de hortelã genérico e o mel

adicionou a quantidade certa de sabor, lhe dando uma vantagem. Tomei outra colherada.

Alonguei esse momento. Eu poderia realmente começar a gostar disto.

Sentamos em silêncio, e quase me senti como se eu conhecesse Katy e Nikolas toda a vida,

e tivesse passado todos os dias bebendo chá com eles. Mas então eu comecei a sentir que

eu tinha de recuperar o tempo perdido, e isso me assustou um pouco. Estes não são seus

avós, me lembrei com dureza. Embora eles pareçam muito gente boa, eles provavelmente

tinham seus próprios netos que realmente vinham para uma visitá-los e tomar chá. Eu era

apenas uma estranha que passava.

- Vá em frente e termine o que eles estavam dizendo, querida. - pediu Katy com um

sorriso caloroso, e eu me forcei a livrar da melancolia. - Só vou dizer que gosto muito da

exibição que eles fizeram baseada na vida de Washington. Isso é tudo. -

Envolvi os dedos ao redor da xícara quente na minha frente. - Você deve ser uma fã dele. -

disse Katy. - Não há muitas pessoas da sua idade que ajudariam um ancião a cuidar de um

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túmulo.-

- Oh, eu faria isso para qualquer um. - disparei. - Quero dizer, para qualquer tumba, mas

sobretudo por sua sepultura. Minha melhor amiga e eu costumávamos passar muito tempo

lá. Conversando com ele e outras coisas. - Olhei para a minha bebida, percebendo o quão

louco isso soou. - Bom, - eu disse apressadamente - Não como louca nem nada. Apenas

como... fingindo. - Ouvi as minhas palavras e me encolhi interiormente. Sim, isso vai fazer-

lhes que eu não estou louca.

Katy sorriu sobre suas agulhas. -Nós sabemos que você quer dizer, a Abbey. Penso que é

maravilhoso. Ele foi muito importante para nós, também. Suas obras são um pedaço da

história americana, e eu acho que você faz um grande serviço à sua memória recordando-o

dessa forma.

- Isso é exatamente o que eu acho dele também! — A Lenda de Sleepy Hollow— é uma

história de fantasmas americanos, e eu vivo justo aqui, no meio de tudo. É incrível.

Estamos vivendo literalmente na história, e isso me deixa impressionada.

Nikolas riu do meu entusiasmo, e eu fiquei vermelha. - Desculpa. - eu disse. - Às vezes eu

deixou me levar um pouco.

Katy discordou. - Bobagem. Não há nada de errado com amar a história. Eu aposto que sua

amiga sente o mesmo, não?

- Bem, ela sentia. Ela... morreu. - Olhei para o que restava do meu chá.

- Aqui estão as lembranças tristes novamente. - Disse Nikolas do seu canto. Eu lhe dei um

sorriso corajoso e balancei a cabeça. - Hoje não. Eu não vou deixar que as tristezas venham

hoje.

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Capítulo Quinze

A oferta de trabalho

Sua pequena e notável mulherzinha também tinha muito que fazer para atender

aos trabalhos da casa e se encarregar do curral, porque, como observou astutamente, os

patos e galinhas eram tontos e deveriam ser cuidados, mas as garotas poderiam se cuidar

sozinhas.

—A lenda de Sleepy Hollow—.

Eu parei na beira do rio quase todos os dias durante a semana seguinte, mas

Caspian não estava lá. Sei que ele disse que estaria ocupado, mas por que não poderia tirar

alguns minutos de seu horário? Visitei Nikolas e Katy mais uma vez, mas só acabei ficando

alguns minutos. Eu não era uma companhia muito boa.

Uma tarde encontrei—me indo ao túmulo de Kristen. Não tinha estado lá desde a

noite do baile de formatura, e realmente não tinha o melhor humor, mas senti a

necessidade de ir. Tinha passado muito tempo desde que eu a tinha visto.

Quando foi possível ver sua lápide, prendi a respiração. Eu podia sentir a dor ir

direto ao meu coração. Algum dia se tornaria mais fácil? Alguma vez seria capaz de me

acostumar com o fato de que minha melhor amiga agora vivia aqui?

Ajoelhei e toquei a ponta da laje. – Oi Kris. — Tocando as bordas de seu nome

gravado, fiquei em silêncio. Era lindo me conectar com ela de forma tão calma.

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Após ficar sentada um momento, comecei a falar sobre a carta que lhe escrevi na

noite do baile de formatura. Logo toquei no tema de Caspian e como tinha passado os

últimos dias procurando por ele. Eu não mencionei os diários que encontrei, ou os

segredos que ela tinha escondido. Eu não estava pronta para falar sobre isso ainda. Talvez

nunca estivesse.

Começou a escurecer e soube que tinha que voltar para casa, então me levantei,

rigidamente da minha posição no chão. Uma das minhas pernas estava dormente, e

manquei no caminho de volta do cemitério, deixando Kristen com um rápido adeus e

prometendo visitá—la novamente o mais rápido possível.

Enquanto caminhei de volta para casa, me inventei desculpas por Caspian. Ele

deve ter ido para longe no feriado. Ele ficou doente. Sua família espontaneamente decidiu

se mudar para a África... mas eu sabia que nenhuma delas era verdadeira, e a depressão

chegou. Manter-me concentrada, me custava bastante. Não dormi muito bem. E até

mesmo o meu apetite foi embora.

Quando finalmente consegui sair da escola para o feriado do Dia de Ação de

Graças, na tarde de segunda—feira, estava completamente agradecida. Minha viagem

diária ao cemitério não me deu nenhuma novidade e acabei deitada, acordada, na cama

naquela noite. Depois de passar uma hora acordada olhando para o teto, eu sabia que tinha

que encontrar algo para fazer antes de enlouquecer. Acendi a lâmpada, e olhei ao redor do

quarto. Um saco meio cheio contra a porta chamou a minha atenção.

Como íamos ficar pulando de parente em parente durante o feriado de Ação de

Graças, eu precisava ter certeza que tinha de me manter ocupada, e assim poderia gastar o

menor tempo possível, na realidade, com a extensa família.

Passei as próximas duas horas em minha loja de perfumes, procurando diferentes

notas de projetos antigos que ainda não tinha acabado. Embalei muitos frascos de amostra,

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uma dúzia de tubos extras de azul cobalto e quase todos os meus óleos essenciais. Depois

arrumei outro saco de livros, CDs, filmes e um par de revistas.

Quando tudo estava pronto, eu chequei novamente, feliz com o que tinha

escolhido. Sentindo uma dor súbita nas costas e o peso nas minhas pálpebras, empilhei

agora, uma mala cheia e dois sacos, no canto, e depois tropecei para a cama. Na esperança

do sono chegar logo. Iriam me acordar cedo.

Considerando que só tive quatro horas de sono naquela noite, sentia—me

surpreendentemente bem na manhã seguinte. Pulando fora da cama, corri para garantir

meu lugar na van. Se não chegasse lá antes que meu pai terminasse de carregar tudo, eu

seria obrigada a suportar uma viagem longa e desconfortável presa entre as pilhas de

bagagem.

Felizmente, o sucesso foi todo meu, e me assegurei que tudo que eu precisasse para

a viagem de sete horas até Ohio estivesse à mão. Papai deve ter apressado a mamãe

também, porque apenas cerca de 30 minutos depois, os dois tinham posto um cinto de

segurança e nós estávamos a caminho.

Tirei um par de fones de ouvido da minha bolsa, os coloquei em meus ouvidos, e

coloquei a música baixa. A melodia era lenta e triste, mas me acalmava. Joguei minha

cabeça para trás e olhei para a janela quando saímos de casa; eu estava feliz em deixar

minha mente simplesmente divagar. As árvores passavam e ficavam turvas, uma após a

outra, e tornou—se algo hipnótico. Meus olhos iam de uma para outra, enquanto minha

mente passava de pensamento a pensamento.

Por que tinha que ser eu, a que tinha descoberto os segredos de Kristen? Por que

tinha que ser eu, a que tinha sido traída pela melhor amiga? Por que tinha que ser eu a que

era arrastada para longe de casa em casa através da metade do país para ver os parentes

que só via uma vez por ano? Por que meus pais não sabiam que ficaríamos igualmente bem

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em casa, como na casa de qualquer um deles?

E por que Caspian não tinha um maldito número de celular para que eu pudesse

me comunicar com ele?

Claramente, o mundo inteiro conspirava contra mim.

Infelizmente, meu humor não teve a oportunidade melhorar quando chegamos à

casa de meus parentes. Acabei dormindo em uma cadeira desconfortável, meus primos

distantes me irritaram infinitamente, e fui lembrada uma ou outra vez, por várias tias, o

motivo de que tinha que me concentrar mais na escola, — porque entrar na faculdade não é

fácil como ir a um piquenique—. Agora eu estava deprimida, irritada, e louca, de ter que

estar nessa família.

Graças a Deus, terminou, e nós fomos para a casa de nossos parentes em Nova

Jersey.

Eles, pelo menos, tinham um quarto extra e um DVD extra também. O tempo

passou muito rápido ali.

O lugar final da nossa viagem de Ação de Graças era de novo em Nova York, na

casa do tio Bob. Ele vivia apenas à uma hora de nós e tinha uma sorveteria que estava a uns

vinte minutos de nossa casa. Quando me disseram que íamos visitar a sorveteria, esperei

com impaciência o momento. Tio Bob + soverteria = todas as amostras grátis que pudesse

comer.

Ah, sim, eu não podia esperar essa visita.

A viagem não demorou muito, mas eu estava muito cansada de tantos parentes

desde a semana passada, então deitei sobre uma poltrona de couro antiga no escritório do

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tio Bob, logo que chegamos lá. Quando acordei, eu podia ouvir a mãe e o pai falando com o

tio Bob na verdadeira parte da sorveteria, então silenciosamente voltei para a sala de

abastecimento, para comer algumas amostras grátis. Sabia que Tio Bob me deixaria comer

todo o sorvete que quisesse, mas minha mãe, por outro lado, era outra história.

O almoxarifado era escuro e frio, mas os freezers eram surpreendentemente

brilhantes e novos. Eles eram, provavelmente, a única coisa nova aqui. Tio Bob havia

tentado decorar a maior parte da sorveteria com uma decoração clássica de 1950, mas

acabou parecendo mais algo velho e sem graça, do que antigo e clássico.

Depois de onze amostras grátis, não conseguia comer mais sorvete, voltei ao

escritório do tio Bob. Um monte de fotos antigas decorava as paredes, e a maioria delas

estavam assinadas por pessoas que tinham passado pelo lugar em algum momento.

Reconheci um casal de celebridades, e dois cantores, mas o resto, não conseguia

reconhecer. Os quadros estavam desgastados e empoeirados, e parecia que deveriam ter

sido mudados há vários anos.

Neguei com minha cabeça, quando vi mais sinais de negligência na minha turnê no

escritório, e jurei a mim mesma, que o meu negócio nunca ficaria assim.

Uma vez que cheguei ao escritório, vi mais evidências de que a manutenção não

era, obviamente, muito boa, e a limpeza não era —o mais importante— na lista. As caixas

estavam por todos os lados.

Todas estavam cheias aleatoriamente de papéis, recibos e envelopes fechados. Sob

a mesa, ao lado de uma cadeira, havia uma enorme caixa rotulada —vencimentos— em

letras pretas. Estavam transbordando também. Um armário estava contra a parede, e tinha

uma gaveta semi—aberta, e com uma inspeção maior, descobri que eram apenas pastas

vazias.

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Enquanto eu olhava ao redor do escritório, percebi que alguém teria que arrumar

ele um pouco. Um escritório não poderia ser tão desorganizado e ainda funcionar bem. E

se Tio Bob não funcionava, poderia perder o negócio. Eu não queria que isso acontecesse.

Além isso, era algo com que me manter ocupada, enquanto a mãe e o pai lhe contavam

cada detalhe e cada uma das coisas que tinham acontecido desde a última vez que o

tínhamos visto.

Isso iria demorar um pouco. Então, joguei minhas amostras quase vazias na lata

de lixo mais próxima, jurei nunca mais tentar comer manteiga de amendoim e sorvete de

abacaxi, e comecei a trabalhar.

A primeira coisa que fiz foi começar com o escritório, que estava completamente

coberto com pilhas de cartas, perto de um alimento caro. Mais ou menos em qualquer

lugar que as cartas pudessem ser guardadas ou dispersas, ali estavam... empilhadas e

espalhadas. Era uma confusão enorme. Concentrei-me tanto em meu projeto que perdi a

noção do tempo e não parei de novo até que ouvi vozes se aproximando. Quando percebi

que me chamavam, corri para fora do escritório para encontrá—los.

Mamãe me olhou com curiosidade, enquanto me perguntou se eu estava ocupada

demais para almoçar. Olhei para o meu jeans, completamente perdida sobre o que dizer,

mas depois vi uma faixa de poeira na minha perna. Rapidamente me sacudi, tentando

pensar em uma explicação. — Eu estava... só... sacudindo a poeira de algumas... fotos... na

parede. — Eu disse fracamente.

Ela deve ter acreditado em minha desculpa tão idiota, porque deixou passar. E o

pai, e o tio Bob chegaram e fomos todos para uma pizzaria.

A pizzaria que fomos estava praticamente vazia, e o proprietário fez, e trouxe

pessoalmente as tortas para a nossa mesa. Tio Bob estava no meio de uma história sobre

um peru que havia sido queimado no Dia de Ação de Graças do ano passado, quando a

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campainha tocou e Ben entrou no lugar.

Suponho que deveria ter ficado surpresa ao vê—lo, mas não. Eu tentei não fazer

contato visual direto, e me coloquei um pouco para trás em minha cadeira, mas ele me viu

de qualquer maneira. Um segundo depois, a campainha tocou novamente e entrou uma

garota que parecia muito familiar. Presumi que ele provavelmente ia para a escola com ela.

— Não olhem lá. — sussurrei para todos na mesa. Naquele exato momento, todas

as cabeças se voltaram para a porta. — Eu disse não olhem. — rosnei. — São uns garotos

que vão para a escola e não quero que me vejam.

Mas era tarde demais.

— Olá, Abby. — gritou Ben. — Podemos nos sentar com vocês? — A garota com

quem ele estava não parecia muito feliz com isso, e eu muito menos.

— Claro querido. — minha mãe disse antes que eu tivesse a oportunidade de dizer

'não'.

Já pedimos umas pizzas, então porque não ter mais dois garotos?

Ben sorriu e pegou a mão da moça, trazendo—a para a nossa mesa. Forcei um

sorriso e arrastei minha cadeira para o lado oposto da mesa. Poderiam partilhar a nossa

comida, mas isso não significava que eu tinha que sentar ao lado deles.

Dizendo que a menina se chamava Ginger, Ben sentou—se, e eu relutantemente fiz

a rodada de apresentações, apresentei—os a todos, começando com o pai. Ele e minha mãe

pareciam contentes por ter mais companhia, e o tio Bob estava entusiasmadíssimo de ter

um público maior para a história do peru, a qual voltou em seguida.

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Consolando—me com uma fatia de pizza, tentei esconder minha humilhação,

enquanto Ginger olhava para mim com punhais nos olhos, e eu quis saber exatamente

quanto tempo levaria este almoço de vergonha.

No retorno para a empresa do tio Bob, mamãe e papai continuaram sua conversa, e

voltei para o meu projeto. Eu esperava com isso apagar da minha memória, a pizza e o

almoço de hoje.

Eu mudei todos os calendários para o mês atual, e empilhei de novo uma pilha de

revistas que tinham caído da mesa de café por cima do sofá. A última coisa que fiz foi

empurrar uma enorme pilha de correspondência fechada, para a poltrona de couro que

servia como cadeira para o escritório.

No momento em que terminei, estava coberta de poeira e minhas costas doíam,

mas o escritório estava começando a ficar genial. Desmoronando no sofá, tirei meus

sapatos e descansei minha cabeça em um travesseiro. Ao Tio Bob teria custado o olho da

cara tudo que eu tinha feito, se fosse feito uma limpeza profissional. Era uma coisa boa que

eu gostasse tanto de sorvete. Tio Bob poderia me pagar em colheradas.

Senti o colar que usava sob minha camisa, toquei—o por um momento e pensei em

Caspian. O que ele estaria fazendo agora? Ele estava pensando em mim? Fechei os olhos e

tentei descansar, mas pensamentos cheios de chocolate e menta, e sorvete duplo arco—íris

dançavam na minha cabeça. Esqueci de descansar. Era hora de buscar o meu pagamento.

Eu coloquei de novo os sapatos, balancei meus braços e pernas para tirar a poeira,

e dei uma palmada única rapidamente. Uma vez que todos os vestígios de terra já não

estavam sobre mim, minha mãe que não me iria olhar estranho novamente.

Voltei para a sala de fornecimento e comecei a cobrar duas bolas de sorvete de

menta com chocolate duplo arco—íris e sorvete na mesma tigela, lembrando da última vez

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que eu tinha comido sorvete arco—íris. Foi com Kristen no verão passado. Sempre

competíamos para ver quem conseguia comer mais sorvete sem congelar o cérebro. Ela

geralmente ganhava.

Um golpe súbito na porta ao lado do freezer interrompeu meus pensamentos.

Segurando a colher em uma mão e o copo na outra, me inclinei sobre o cotovelo

para abrir a porta com o pé. — Não é como se estivesse frio aqui, ou algo assim. — disse

uma voz. Um braço com um Rolex prata se esticou para agarrar a porta.

Quase derrubou meu copo.

Um rapaz entrou pela porta e imediatamente preencheu meu espaço. Seus cabelos

loiros estavam tingidos com grande cuidado, e os reflexos também foram arrumados com

estilo, para simular um look natural e perfeito, e sua jaqueta de couro parecia nova. Senti

como se tivessem aberto meus olhos.

— Meu pai me perguntou se eu poderia deixar esses papéis. Precisam ser assinados

e devolvidos até segunda—feira. — olhou para mim e pareceu me notar pela primeira vez.

— Quem é você?

— Sou... hum ... sua sobrinha. A sobrinha de Bob. — coloquei a tigela e a colher do

sorvete sobre a tampa do freezer.

— Sim, que seja. Você pode ter certeza de que ele receba os documentos? Eles são

muito im—por—tan—tes. — Ele disse as duas últimas palavras lentamente, como se fossem

soletrando para uma criança.

Idiota.

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— Claro. — eu disse alegremente. Forcei um maravilhoso, e falso, sorriso.

Pode beijar a minha...

— Ótimo. — deixou os papéis no freezer e foi até a porta. – Obrigado. — ele disse

sarcasticamente enquanto saía. A porta se fechou atrás dele e coloquei minha língua para

fora.

A cara de pau que algumas pessoas tinham.

Depois de preparar o resto do meu sorvete, fechei a porta do freezer e fui ao

escritório do tio Bob. Deixei o papel em sua mesa limpa e em seguida fui para me juntar ao

resto da família na parte principal da loja. Nós ficamos por uma hora, e Tio Bob nos levou

para a van, quando estávamos prontos para ir.

A viagem de volta para casa foi tranqüila, e passou rapidamente. Eu não podia

esperar para subir as escadas para meu quarto e, finalmente, dormir na minha própria

cama por mais de uma noite. Tudo o que eu queria era estar em casa e ficar ali para

sempre.

Eu nem mesmo reclamei, de ter que carregar minhas malas para cima quando

finalmente chegamos. Felizmente me bati com tudo enquanto subia as escadas e tirei meus

sapatos tão rápido como eu poderia, quase em silêncio abri a minha bagagem. Eu acho que

realmente senti sono logo que minha cabeça tocou no travesseiro e meu corpo se

aconchegou sob as cobertas. Deus, como era bom estar em casa.

No domingo de manhã levantei cedo e não podia adivinhar porque tinha dormido

tão bem, até o estupor que estava sentindo devido ao sono, a causa de tanto dormir, se foi e

vi que estava na minha própria cama. Eu nunca tinha me dado conta do quanto amava o

meu quarto até que fui forçada a sair. Jurei que não voltaria a acontecer. Pelo menos, não

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até o próximo dia de ação de graças.

Enquanto tropeçava para fora da cama para me vestir, passei por uma pilha de

roupa suja que tinha saído da minha bagagem, e logo percebi que lavá—la deveria ser o

primeiro na minha lista de prioridades para o dia. Eu estava esperando que a mãe quisesse

lavar.

Carregando o que pude, desci a roupa suja, tropeçando devido ao peso. Imaginei

que o mínimo que eu podia fazer era levá—la até onde ela estivesse, pois cuidaria de tudo.

Joguei as roupas na máquina de lavar roupa e depois parti para o ataque na cozinha, ou

seja, um café—da—manhã. Carregar a roupa realmente dá fome.

Depois de devorar duas tigelas de cereal, subi de novo e sentei na minha mesa. Eu

estava um pouco cansada, mas não queria voltar para a cama. Não sabia o que fazer na

realidade.

Deixando de lado alguns trabalhos perdidos pela mesa, puxei um velho livro

perfumado, e o olhei sem prestar atenção. Um pensamento pequeno começou a emergir do

fundo da minha mente, e ficava buscando, sem ver as páginas que eu tinha diante de mim,

mas sim o pensamento desta brilhante e nova idéia que estava se formando.

Levantei—me para pegar minha bolsa de perfumes, mas fiquei quieta. Talvez

deveria ir ao cemitério de novo no caso de Caspian ter me esperado, pensava isso. E ainda

não tinha agradecido o presente.

O orgulho misturado com o senso comum estava decidindo o quão boas são as

chances de que desta vez realmente iria encontrá—lo. O senso comum me disse que as

chances não eram boas. O orgulho me disse que ele deveria vir a minha procura.

Então me sentei-me à mesa com a minha mala de perfumes na mão. As aulas

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recomeçarão na segunda—feira, e poderia passar pelo cemitério quando voltasse para casa.

Então eu o procuraria. Tudo o que eu tinha de fazer era passar o dia.

Obriguei-me a me concentrar em meus projetos inacabados, e foi meu estômago

grunhido o que finalmente me desconcentrou. Afastei minhas notas e garrafas, enquanto

me levantava para esticar as pernas. Desci para comer algo, e estava prestes a entrar na

cozinha quando a mãe me chamou.

Gritando em resposta que estava ocupada, procurei algo comestível na geladeira.

Tudo o que encontrei foram algumas sobras, e carne para o almoço.

Por que não podia encontrar nada para comer? Nunca tínhamos comida em casa.

Estava parada frente à dispensa, quando ela me chamou novamente, desta vez

mais insistente.

Segurando um saco de batatas fritas com uma mão e um saco de biscoitos com a

outra, entrei na sala de jantar pisando forte.

— Estou ocupada, mãe, estou subindo. Não tenho tempo para conversar.

Estava sentada no sofá com o laptop aberto ao seu lado, mas parou um instante e

olhou para mim. — Você tem uma chamada Abbey.

— Quem é? — Eu perguntei, deixando meus lanches na cadeira mais próxima e

correndo para atender ao telefone.

— Tio Bob. — Meus dedos estavam ainda no botão de 'falar'. — Tio Bob? — Quase

grasnei.

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– Digo... eh... mmm ... por que .... queria falar comigo?

Ela encolheu os ombros, dando mais atenção para a tela que para mim. — Eu não

sei.

Apenas perguntou se você estava livre para falar.

Eu engoli meu medo, contei até dez, e apertei o botão. — Olá? Tio Bob? — Sua voz

fez um forte eco no receptor, e segurei—o a centímetros do meu ouvido.

— Abbey Oi. Como está tudo?

— Bem, tio Bob. Tudo bem com as minhas coisas. Como está indo com as suas?

— Bem, bem. — respondeu. — Ouça Abbey, eu liguei para perguntar algo. Espero

que não se importe. Bem, acho que você não se importa, talvez, se pensar bem.

Às vezes, seguir a linha de pensamento Tio Bob era mais fácil falar que fazer. Era

algo que todos que estavam ao redor se acostumavam em fazer, mais cedo ou mais tarde.

Franzi o cenho. – O que acontece, tio Bob? O que queria me perguntar?

— Bem, veja você, é sobre o meu escritório. Eu não pude deixar de notar o que você

fez lá.

Meu coração caiu aos pés. Oh, não. Lá vem ele. Ele provavelmente estava ligando

porque eu tinha mudado alguma coisa importante e agora não conseguia encontrar. —

Olha Tio Bob. — eu interrompi. — Eu realmente sinto muito. Só achei que você ia gostar.

Eu posso ir lá e... não sei, tentar colocar de volta como estava antes? — sim, claro, como se

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pudesse voltar a poeira e sujeira. Grande Abbey, bem feito.

— Está brincando? — Tio Bob falou de novo, alto e claro. – Eu amei. Fez um

trabalho tão bom que estava esperando que pudesse voltar e fazê—lo novamente. Basta

verificar os jornais e outras coisas. Inclusive fazer um arquivo com isso? Eu pagaria claro.

Como um emprego depois da escola. — O que diz?

O que dizia? Estava sem palavras. Eu pensei que ele estava ligando para gritar

comigo, e ele me oferecia um emprego? Que coisa tão boa era essa? Minha falta de palavras

não passou despercebida.

— Abbey? Você ainda está aí? Se você se preocupa com o dinheiro, eu posso pagar

dez dólares a hora. O que você acha?

Eu estava completamente surpresa, mas achei minha voz. — Hum, sim, claro, Tio

Bob. Tudo soa bem. Quando quer que eu comece?

Creio que me perguntou se queria começar na semana seguinte. Apenas fiz alguns

ruídos para aceitar. Eu não podia acreditar que esta ligação realmente estivesse

acontecendo.

Depois de desligar, minha mãe tinha percebido olhar atordoado que eu tinha

quando peguei de volta meus lanches. — O que foi tudo isso? Está tudo bem com o tio Bob?

– me perguntou.

Ri bem alto. — Sim, está. Tudo bem. Creio... creio que acaba de me oferecer

trabalho.

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Capitulo 16

Uma visita

...uma espécie de zumbido silencioso reinou por toda a sala de aula.

—A lenda de Sleepy Hollow—

Na manhã de segunda—feira acordei com a neve. Enquanto estava deitada na

cama assistindo os flocos cintilantes flutuarem lentamente até a terra, me aconcheguei

mais em meu ninho quente de cobertor. Eu realmente não queria sair da cama. Talvez eu

pudesse falar para minha mãe me trazer um chocolate quente.

Comecei a cochilar novamente, mas a voz da minha mãe me empurrou para fora

do meu sono. Eu sentei, perdendo o cobertor rapidamente, e lamentei instantaneamente,

quando um choque de ar frio gelado soprou sobre mim. Tremendo, peguei o cobertor de

novo e me escondi atrás e debaixo do cobertor, ignorando minha mãe quando ela me

chamou uma segunda vez.

Foi o bater na escada dez minutos mais tarde que foi muito difícil para ignorar. Eu

rolei para fora da cama, joguei duas camisetas e um par de calças de moletom por cima do

meu pijama, meus pés atolados em um par de meias grossas. Eu não estava feliz com o

pensamento de ter que deixar minha cama quentinha. Corri para o topo da escada, mas

minha mãe já estava na metade do caminho dela. Ela não parecia muito feliz. —Eu estava

prestes a vir te puxar para fora da cama, Abigail. —

Oh droga, meu nome completo.

— Você só tem quarenta e cinco minutos para ficar pronta para a escola, e então eu

vou embora. —

— Desculpa mãe — bocejei. — Estou em pé agora. Indo me vestir. Você pode me

fazer um pouco de chocolate quente para o café da manhã? — Eu joguei um olhar

esperançoso sobre meu ombro, mas ela estava sacudindo a cabeça e resmungando para si

mesma e começou a descer as escadas.

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— Okay, esquece a ideia do chocolate quente — murmurei.

Voei para o meu banheiro e tomei um banho rápido. Não queria deixar a cascata

de água quente, mas eu sabia que estava correndo com pouco tempo. Resmungando sobre

chuveiros quentes e manhãs frias, me sequei bruscamente e corri para meu armário. Uma

vez lá, peguei um longo suéter e um par de meias vermelhas que nunca tinha usado antes.

Quando desci escada abaixo, olhei perdidamente para a mesa da cozinha, onde

uma caneca estava sentada, cheia com um pacote de chocolate quente instantâneo. Não é

bem o que eu tinha em mente, mas acho que é a intenção que vale, certo? Olhei para o

relógio do forno. Dois minutos para ir. Eu não tinha tempo para o chocolate quente de

qualquer jeito. Chegando a um dos armários, peguei uma barra de granola e a enfiei na

minha bolsa, em seguida, roubei uma maçã da geladeira. Eu acho que o café da manhã

seria uma correria hoje.

A buzina do carro soou impaciente na entrada da garagem. Com o café da manhã

firmemente na mão, fiz malabarismo com minhas chaves rapidamente e tranquei a porta

da frente em meu caminho para fora.

Ahhh, segundas—feiras. Temos que amá—las.

A neve estava linda quando eu pisei lá fora, e ela fez um ruído de trituração suave.

Corri para o carro, grata pelo seu calor, e mordi minha maçã enquanto me afastava. O

interior era azedo e delicioso, mas lamentei o fato de que não era quente e reconfortante ...

como o chocolate quente.

—Você quer que eu te busque depois da escola hoje? O clima está ficando mais frio.

— Minha mãe disse.

— Não, obrigada — Respondi imediatamente. Eu tinha planos que envolviam um

cemitério e, esperançosamente, uma visita com Caspian. — Não está tão frio. Além disso,

gosto de caminhar na neve. —

— Okay. Vejo você quando chegar a casa, então. —

O carro parou e eu abri a porta. Mordendo a minha maçã, desci e acenei. — Xau,

mãe! —

Ela sorriu quando a porta se fechou atrás de mim, e então ela saiu em disparada.

Eu olhei para a imponente estrutura cinza que estava na minha frente, puxando minha

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bolsa para mais alto, e relutantemente comecei a marchar em direção a ela.

Onde está uma nevasca, quando você precisa de uma?

Enquanto eu fazia o meu caminho no corredor da escola, todo mundo ao meu

redor parecia que tinha apreciado a descida de uma bela cama aconchegante esta manhã, e

enfrentado o mundo frio tanto quanto eu tinha. Narizes vermelhos e olhos com lágrimas,

um após o outro. Camadas de lama cobriam o chão de madeira, e mais uma luva tinha sido

abandonada, perdida fora de um bolso de casaco, para nunca mais ver sua companheira

novamente.

Considerando que esse era o último lugar na Terra que eu queria estar agora, me

sentia estranhamente alegre neste mar de miséria.

O dia escolar passou como muitos outros dias escolares passaram antes disso. Os

exames estavam chegando e Janeiro era logo após as férias de Natal, então todos os

professores passaram seu tempo explicando o que iria rever nas próximas semanas.

Quando o último sinal do dia tocou, a neve já tinha parado. A maior parte do solo

tinha ido, com a exceção de alguns trechos que ainda brilhavam aninhados nas sombras.

Gritos de alegria encheram o estacionamento enquanto o corpo coletivo escolar foi

finalmente libertado de sua prisão para outro dia. Passei longe de todo o barulho e fui em

direção ao cemitério, esperando fervorosamente que Caspian estivesse lá.

Passando pela beira do rio, eu vi flores marrons em diversas sepulturas, enquanto

seguia o caminho do cemitério. Eu não poderia dizer se as flores estavam mortas porque

tinham ficado aqui muito tempo ou se elas foram mortas por causa do recente clima frio.

De qualquer maneira, estava triste.

Eu quase parei uma ou duas vezes para me livrar delas, mas depois pensei melhor.

As famílias podem querer fazer isso. Isso é uma coisa engraçada. Algumas pessoas não se

importariam se um completo estranho se livrasse das flores mortas sobre a sepultura da

sua amada, enquanto outras ficariam profundamente ofendias.

Eu escolhi o caminho menos ofensivo e segui em frente, soltando um pequeno —

Desculpe — em cada túmulo com flores marrons que deixei para trás.

Uma colina familiar ficou à vista, e depois a cerca de ferro pequeno que marcava o

lote da família Irving. Assistindo os trechos congelados, subi os degraus de pedra e

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empurrei meu caminho através do portão. As pilhas de moedas estavam ainda perto da

sepultura de Washington, mas agora uma garrafa de vidro marrom grosseiramente

marcada ABSINTO jazia ao seu lado, ao pé da pedra. Alguém tinha também colocado uma

brilhante poinsettia* vermelha em cima de seu indicador que estava perigosamente perto

de cair. Eu pisei em torno do frasco de vidro castanho e arrumei a planta, tirando os

pedaços de sujeira.

* http://utnews.utoledo.edu/wp—content/uploads/2009/11/poinsettia.jpg

Agachando do lado da lapide, tracejei a usada inscrição como tinha feito tantas

vezes antes. —Bom dia para você, Sr. Irving. Bom ver você de novo. — Um vento frio

soprava em torno de mim, e enfiei a mão no meu bolso, sinceramente lamentando o fato de

que eu tinha deixado as luvas em casa. — Espero que você tenha tido uma boa Ação de

Graças. — Balancei ligeiramente para trás em meus calcanhares. — Nós passamos nossas

férias inteiras visitando os parentes. Foi terrível. —

Eu olhei para cima ao céu. Nuvens cinzentas rolavam. Não o tipo que esperamos

tempestade que está a caminho, mas do tipo que esperamos que neve está a caminho.

Esperançosamente muitos, muitos metros de neve.

Silêncio me envolveu, e tremi de novo no frio. Eu sabia que realmente deveria ir.

Era tudo muito óbvio que eu não estava indo encontrar Cáspian. Talvez nunca fosse vê—lo

novamente.

Esse pensamento me encheu com uma dor penetrante, e lutei contra as lágrimas.

Tinha sido apenas há duas semanas; era muito cedo para desistir de qualquer esperança.

Eu só estava sendo tola e excessivamente dramática. Baixei a cabeça e esperei o nó na

minha garganta desaparecer antes de eu falar. — Nós, hum ... temos um pouco de neve

hoje. Primeira neve da temporada. Parece bonita e brilhante no chão por toda parte. E

alguém deixou uma poinsettia para você. Todo o resto está limpo e arrumado por aqui.

Nikolas fez um bom trabalho. —

O rangido da porta sendo empurrada me surpreendeu. Torci para ver o que tinha

acontecido, e escorreguei. Apoiando-me antes de cair no chão, olhei para cima.

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Era Caspian.

Eu pulei para os meus pés, um pouco excitada, e quase corri para ele. Meu Deus,

ele estava lindo. Forçando-me a ir mais devagar, silenciosamente repeti uma e outra vez

que não pularia nos seus braços de novo. Eu não iria.

Seu cabelo estava desarrumado pelo vento, como se tivesse acabado de correr os

dedos por ele. E seus olhos... Para o inferno com o não saltar em seus braços. Com o olhar

que ele estava me dando agora, seus braços eram o único lugar que eu queria estar.

Eu perdi a cabeça cerca de seis centímetros de distância dele.

— Oi — eu disse suavemente.

— Oi, Astrid. — Ele tinha suas mãos em seus bolsos, e eu queria pegar e colocá—las

nas minhas.

— Eu tentei encontrar você, mas eu po...— comecei.

— Eu realmente senti sua falta — ele disse na mesma hora.

Eu pude sentir minhas bochechas se tornarem vermelhas, e embaralhei meus pés,

cavando com meu dedo do pé em um buraco imaginário no chão.

— Você primeiro — Ele riu.

Eu ri também, mas estava repassando suas palavras na minha cabeça. Eu? Eu disse

alguma coisa? Pensei nos três segundos atrás. Certo, okay. —Eu tentei encontrar você, para

agradecer você o belo presente, mas não pude. E então meus pais me arrastaram para ver

os parentes no dia de Ação de Graças, então fiquei fora por um tempo. Você não estava, uh,

aqui esperando por mim... você estava? —

Um brilho malicioso surgiu em seus olhos antes dele sacudir a cabeça. — Eu

deveria totalmente dizer que sim, mas não, não estava. Eu estava ocupado demais. Ação de

Graças com a família e tudo mais. —

Uma onda de alívio imediato e tontura tomaram conta de mim, e olhei pra ele

brevemente. Era tão bom vê—lo aqui, em carne e osso. Minha imaginação não lhe havia

feito justiça o suficiente. Hmmm... imaginá—lo... em carne...

Eu estava com medo do meu rosto ficar vermelho para sempre. Rapidamente voltei

minha atenção para outro lugar. Ele levantou uma sobrancelha zombando de mim e sorriu

maliciosamente, e juro que ele sabia o que eu estava pensando.

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Culposamente olhando em volta de mim, eu quis que meu rosto voltasse à sua cor

normal. — De qualquer maneira. — Eu limpei minha garganta ruidosamente. — Obrigada,

de novo, pelo o belo colar. É perfeito, e adorei. Onde você o encontrou? Nunca vi nada

como isso antes. —

Era a sua vez de olhar envergonhado, e ele abaixou a cabeça. — Isso é o porquê o

fiz. — Ele me espiou, e meu coração se derreteu. Eu estou sonhando? Isso tem que ser um

sonho.

— Você fez isso? — Algo molhado bateu meu rosto e eu a limpei, esperando

impacientemente a sua resposta.

— Yeah — ele disse timidamente. — Eu fiz. —

Outro ponto molhado bateu no meu nariz, e balancei a cabeça em desgosto.

Realmente, não poderia manter a chuva longe um pouco mais? Então algo branco e macio

ficou preso na minha pestana. Eu olhei para cima para o céu. Milhões de minúsculos flocos

molhados de repente começaram a cair, evaporação, logo que batiam na grama. — Neve! —

exclamei. — Está nevando de novo! —

Caspian olhou para cima também, e ri dele enquanto ele colocava a língua para

fora. A neve passou de uns minúsculos chuviscos molhados para grandes, gordos flocos

macios que aterrissaram em nossos cabelos e roupas. Joguei as minhas mãos para cima e

girei delicadamente antes de fazer uma parada suave.

Meu coração começou a correr quando o seu olhar caiu em meus lábios. Sim, faça

isso! Minha mente gritava. Nada seria mais romântico no mundo agora do que um beijo na

neve!

Ele só olhou para mim, seu olhar verde queimando um buraco no meu coração.

Implorei com os meus olhos para ele me beijar. Que era exatamente o que eu queria agora.

Ele deu um súbito passo para trás e olhou em volta de nós. Dei um súbito passo para

frente.

Obviamente, este foi um daqueles momentos estúpidos e ele não entendeu o que

eu queria. Eu estava para explicar muito, muito em breve.

Mas ele deu mais um passo para trás, e parei de repente confusa. Nós não

estávamos na mesma página aqui?

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— Você precisa ir para casa, Abbey. Eu não quero que você pegue essa tempestade

— ele disse com urgência.

Estiquei a mão, não conseguia me parar. — Ok — disse corajosamente. — Por que

você não caminha comigo até lá? —

A expressão de dor encheu seus olhos. Ele estendeu a mão também, mas a deixou

cair. — Abbey, eu... eu não posso — ele disse, parecendo genuinamente arrependido. — Eu

tenho que ir por outro caminho, e estou atrasado. —

Seus olhos pareciam tão tristes, isso quebrou meu coração. — Está tudo bem,

Caspian. Esquece sobre isso. Eu nunca mencionei isso. — Abaixei minha mão — Vejo você

por ai. —

Ele deu um passo em minha direção, mas depois parou. —Você tem certeza?— Seu

rosto estava preocupado, e meu coração se inundou com calor.

— Yeah — Eu respondi. Então decidi testar as águas. — Mas você sabe, se apenas

acontecer de você estar livre amanhã a noite, meus pais vão sair. Eles têm uma reunião do

conselho da cidade que estão indo. Você poderia vir... se você quiser...— corei de novo.

Ele não me respondeu à primeira vista, e tentei não hiperventilar. Ele estava indo

me rejeitar. O que eu estava pensando?

— Okay — ele disse ferozmente. Seus olhos olharam determinados. — Que horas

você me quer? —

Oh, a multiplicidade de significados por trás dessas palavras. — Sete e quinze? —

disse suavemente. Eu estou fazendo isso? Estou realmente fazendo isso? — A reunião

começa as sete e os meus pais saem cerca de dez minutos mais cedo para chegar lá. Como

vai ser? —

— Soa como um encontro — ele disse, tão suavemente. —Vejo você então, Abbey.

Ele colocou uma mão para se despedir, já passando por mim, e fiz o mesmo. Por

um instante, as nossas mãos quase se tocaram. Éramos duas estátuas congeladas com tão

pouco, e ainda assim muito, nos separando. Mas então o momento se quebrou e ele foi

andando.

E eu estava caminhando para casa sozinha. Emocionada com as pontas das minhas

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brilhantes botas vermelha.

Capitulo 17

SINAIS MISTURADOS

...E embora seus jogos amorosos, eram algo como suaves carícias e carinhos de

um urso, ainda sussurrado para ela não perder completamente suas esperanças.

— A lenda de Sleepy Hollow—

Eu caminhei de um lado para outro entre a porta da frente e a escadaria, fixada no

relógio da avó enquanto o tempo fazia tique—taque e passando segundo por segundo

lentamente.

Terça a noite tinha finalmente chegado, e eu era um feixe de nervos. Meus pais

tinham acabado de sair para sua reunião, e me senti como se estivesse no modo

automático. Verificando a casa toda, conseguindo eliminar tudo o que podia ser

embaraçoso, com atenção especial a quaisquer pilhas de roupas.

7:01 rolei ao redor. Então 7:02. Pelas 7:03 eu estava pronta para gritar. 7:15 nunca

chegaria aqui. Meus olhos percorreram a sala mais uma vez, e então olhei para baixo para

meus sapatos. Esta roupa realmente foi à escolha certa? Devo ir mudá—la? Talvez eu

devesse colocar um vestido...

O toque da campainha ecoou pela casa e me fez pular para fora da minha pele. Ele

estava aqui. Meu coração começou a bater selvagemente, e tentei controlar minha

respiração. Oh. Meu. Deus. Ele estava realmente aqui. Na minha casa.

A campainha soou novamente e corri para atender. Isso não era grande coisa. Ele

tinha estado aqui antes, no meu quarto, pelo menos. Isso nem era grande coisa.

Enquanto me movia rapidamente, eu gostaria de ter agarrado um par de pastilhas

de hortelã. Tentei o teste da mão—na—boca, mas isso realmente não funciona muito bem,

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e a campainha tocou novamente. Se eu não responder em breve, ele ia pensar que eu estava

o ignorando.

Cruzando os meus dedos, abri a porta.

As dobradiças rangeram assustadoramente enquanto a porta se abria, mas Caspian

estava lá com um sorriso no rosto. Estava nevando, e alguns flocos cintilantes repousavam

sobre os ombros do seu casaco preto.

— Oi, Caspian. Entre — disse nervosamente. Eu não pensaria nos meus pais agora,

e como eles provavelmente me matariam se eles soubessem sobre isso.

Ele entrou e correu os dedos pelos cabelos, dispersando os flocos de neve. — Prazer

em vê—la novamente, Abbey. —

Eu guiei o caminho para a sala de estar, sem saber se devo ou não pegar o casaco,

ou deixá—lo com ele. — Você também — Eu disse, enfiando um pedaço perdido de cabelo

atrás da orelha. — Você quer se sentar ou... ?—

— Yeah, com certeza. — Depois de tirar o casaco, dobrou ele e o colocou sobre as

costas do sofá antes de tomar um assento. — Está bom aqui? — ele perguntou.

— Está bom. — Balançando a mão no que eu esperava que fosse um show de

desinteresse casual, tomei um lugar no lado oposto do sofá. — Estou surpresa de você estar

usando um. — Coloquei conscientemente o meu suéter cinza e preto listrado, e notei que

ele estava vestindo um pesado casaco com borda cinza e calça jeans.

O silêncio pairava entre nós e dobrei meus pés debaixo de mim, feliz por não ter

colocado nenhum sapato. Ficando mais confortavelmente no sofá, olhei ao redor. A

atmosfera era quente, e aconchegante, e romântica... mas eu não conseguia pensar uma

coisa para dizer.

Caspian estava estudando a sala, olhando para todos os lugares, menos para mim.

Suspirei por dentro. Isso não estava acontecendo conforme o planejado. Claro, eu

não tinha exatamente feito qualquer plano, mas certamente não o tinha convidado aqui

para olhar a parede da sala. Eu precisava de alguma coisa para falar agora — Então como

foi sua Ação de Graças?— Eu me aventurei. — Você disse que passou com seus parentes,

né? —

Ele se voltou para me olhar.

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— Em uma maneira de falar— ele disse lentamente. — Fui para ir ver alguns

familiares que não visitava há algum tempo. Foi bom vê—los novamente. Acho que você

nunca sabe quanto tempo lhe resta, por isso é bom se atualizar de vez em quando. —

Bem, isso foi apenas um pouco patético. — Hum, sim, acho que não. Então, você

fez o peru na casa dos seus parentes, ou na sua? Quero dizer, se vocês mesmo fazem peru.

Eu não sei, talvez a sua família goste de presunto de Ação de Graças. Ou hambúrguer de

tofu, se você for vegetariano. Você é vegetariano? —

Ele sorriu e balançou sua cabeça. — Não, não sou vegetariano. Nós geralmente

fazemos peru na casa de ninguém, mas na nossa própria. Meu pai não faz a melhor comida

do mundo. Ele cozinha bem e organiza, mas o peru é um bocado stretch.—

— É só você e seu pai, então? — perguntei hesitantemente. — Você nunca

mencionou sua mãe. —

Ele brincou com as bordas franjadas de um cobertor ao lado dele no braço do sofá.

— Yeah. Só eu e meu pai. Minha mãe foi embora quando eu era bebê, e não a tenho visto

desde então. Meu pai nunca fala dela. Não tenho nenhuma idéia de onde ela está. —

Olhei para minha calça e tirei um pedaço de fio inexistente. Meus pais não estavam

realmente em casa muitas vezes, mas eu sempre soube que eles estariam lá por mim. Não

podia imaginar qual seria a sensação de ter um pai tirado assim. Caspian tinha crescido

provavelmente se perguntando se ele era de alguma forma culpado que ela o tinha deixado.

— Tenho certeza que ela achava que tinha uma boa razão. — Não olhei para cima

do meu fio imaginário. — Não havia nada que poderia ter feito para impedi—la. E nada

que você fez a fez optar a ir embora.— Olhei para ele, então, e ele estava olhando para

longe com um olhar estranho em seus olhos.

— Eu sei — ele disse suavemente. — Mas ainda assim, às vezes me pergunto se...—

Ele não terminou, e foi quase como se não estivesse falando comigo. Isso enviou um

arrepio na espinha, e eu queria trazê—lo de volta para o aqui e agora, comigo.

— Você não me disse antes que seu pai era mecânico? E ele estava começando sua

própria loja? — Aquilo o levou para fora de seu torpor, e ele olhou para mim novamente.

— Yeah, meu pai vai assumir a loja, logo que o proprietário se aposentar. Redigi

algumas das plantas para que ele pudesse ter um novo visual da loja —.

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— Qual é o nome do lugar?— perguntei. — É perto daqui?— Então uma palavra que

ele tinha dito se ressaltou para mim. — Espera, o quê? Você desenhou a planta da loja para

ele? —

Ele assentiu, parecendo satisfeito consigo mesmo. — Sim, eu desenhava no chão,

planos para ele. Mike, o proprietário, fez uma reforma agora, mas meu pai pretende mudar

para mais de uma loja, e estocar com o material de personalizar carros. Ele tem algumas

idéias realmente grandes. —

— Ohhhh —. Eu estava ficando perdida em toda essa conversa sobre carros. Eles

realmente não eram meu negócio. — Então você é um tipo de pessoa que gosta de carro? —

Um olhar surpreso cruzou seu rosto. — Eu? Não. De jeito nenhum. Meu pai é

aquele que gosta de carros. Embora eu use um maçarico de vez em quando, sou mais na

minha arte. Muito para o desânimo perpétuo dele — acrescentou tristemente.

Eu me animei. — Você tem uma pasta de desenhos ou algo assim? —

— Eu tenho minha coleção de quando trabalhava em uma loja de tatuagem. Antes

de mudarmos para cá, desenhei algumas coisas para eles. — Ele parecia feliz agora, seus

olhos estavam brilhando de orgulho.

Essa notícia foi muito interessante.

— Uma loja de tatuagem? — Estendi as minhas pernas por debaixo de mim e

aproximei das dele no sofá. — Uau. Você teve uma vida muito emocionante. —Tentei lhe

dar meu melhor olhar você—é—tão—sexy—e—eu—estou—impressionada, mas não acho

que funcionou.

Ele simplesmente riu e correu os dedos pelos cabelos de novo. — Eu não sei se

chamo a minha vida emocionante, mas foi legal. —

— Você estava desenhando no cemitério aquele dia? Suas mãos estavam pretas. —

Ele olhou para longe por um minuto, e pensei que vi um ligeiro corar em seu rosto.

Mas poderia ter sido o quarto. Estava ficando muito quente aqui dentro.

—Você deve ter visto o carvão — disse ele. — Quando eu uso carvão, uso carvão

vegetal. Peguei o hábito de fazer desenhos para tatuagens, e depois fiquei preso a ele. Eu

gosto da textura que ele me dá. O único inconveniente é que me esqueço de lavar as mãos

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depois de um tempo —.

Então era isso que o fez corar? Porque ele admitiu que ele não lavou as mãos? Eu

pensei que era como uma exigência para o cara ser sujo a maior parte do tempo. Mas eu

não queria que ele se sentisse mal, então admiti, — fico muito presa com os meus

perfumes, também. Quando não sou cuidadosa, posso derramar meus óleos, e nem quando

lavo minha roupa um monte de vezes o cheiro sai —.

Ele me deu um meio sorriso, e a temperatura do quarto parecia que tinha subido

para 112 graus. Bom Deus, esta quente aqui. Desesperada por uma brisa fria, eu pensei em

abrir a porta, mas decidi que não. Fui olhar pela janela em vez disso, usando o pretexto de

ver a neve que continuava a cair para que eu pudesse sentir o frescor da janela.

— Fazer uma tatuagem dói? — perguntei, voltando para ele depois de um minuto

olhando a neve. —Você tem alguma? —

Ele esticou os pés debaixo da mesa de café na frente dele e mudou ligeiramente o

rosto para mim.

— Eu não posso falar por ninguém, mas a minha não doeu. Senti uma leve pressão

e, em seguida uma picada maçante, mas não doeu. Tudo depende de onde você coloca,

quem está fazendo isso, e qual o seu limite de dor. —

Eu coloquei minha mão contra o vidro da janela e senti a frieza penetrar em minha

pele. — Onde você... tem a sua?— Perguntei olhando a janela em frente de mim, tímida

demais para enfrentá—lo.

— Duas delas estão nas minhas costas, e uma está no meu braço esquerdo. —

Meu truque da janela de repente parou de funcionar, e decidi ser ousada. Voltei ao

sofá. — Posso ver elas? —

Caspian olhou assustado. Eu esperei, considerando se devia ou não rir como se

fosse uma piada ou dizer—lhe para esquecer. MAS EU NÃO QUERIA ESQUECER SOBRE

ISSO. Havia muitas coisas que eu... queria. Era hora de ver se ele queria alguma dessas

coisas também.

Ele não me respondeu, mas sustentou meu olhar atentamente enquanto ele se

levantou e começou lentamente a subir sua camisa. Ele se virou e a levantou sobre seus

ombros, e esqueci como respirar. A blusa deslizou para fora dele em um movimento muito

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suave e estragou o seu cabelo, deixando—o despenteado e sexy para o futuro.

Uma cadeia interligada de pequenos círculos e triângulos negros foram gravados

em cada ombro, terminando na metade de suas costas. Foi um belo design que parecia ao

mesmo tempo atraente e exótico, e eu sofria para colocar uma mão e segui—la. Ele se

voltou para me encarar, e seus olhos verdes olharam através de mim.

Eu quebrei o seu olhar e olhei para baixo, engolindo em seco. Seu peito era

musculoso, mas não muito e seus quadris eram magros. Uma trilha de pelos loiros pálidos

escorria de seu umbigo e desaparecia debaixo do cós da calça jeans. Engoli em seco

novamente e tentei muito arduamente não babar.

Ele levantou o braço para me mostrar os círculos entrelaçados negros tatuados lá.

— Eu sempre fui fascinado com os padrões — ele disse, enquanto eu olhava para ele. —

Com os círculos, não há começo nem fim. Ele só vai para sempre. Eu gosto disso. —

Ouvi meu coração ecoar bem alto a nossa volta enquanto me arrastava cada

respiração, de repente dolorosa.

— Você tem alguma tatuagem, Abbey? — ele sussurrou.

— Ainda não — eu disse. — Onde você acha que deveria ter uma?— Sem qualquer

esforço, parecíamos ter chegado mais perto um do outro. A sala ficou mais quente

novamente. Meus olhos caíram involuntariamente para seu peito nu e me imaginei

passando um dedo sobre esse projeto tatuado. Então olhei para ele novamente e coloquei

tudo o que eu sentia, e tudo o que queria fazer, por trás desse olhar.

Ele estremeceu e fechou os olhos. O momento era poderoso, e tão avassalador que

fechei meus olhos também. Ele tinha que saber. Ele tinha que ter visto como eu me sentia

sobre ele. Eu não poderia dar um sinal de forma mais clara. Queria que ele me beijasse

agora.

Senti uma leve brisa repentina em cima de mim, e tremi no projeto de frio. Meus

olhos se abriram, e vi que ele puxou a camisa de volta. Eu podia sentir a relutância sobre

ele agora. — Por quê? — Eu gritei. — Por que você fez isso? Sou eu? Existe algo sobre mim?

Eu pensei que você, que sentimos... — Eu suspirei de total frustração e fiquei esperando a

sua resposta.

Ele não disse nada.

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— Você não gosta de mim? Porque pensei que depois daquele beijo na biblioteca, e

o colar, e todas as vezes que conheci... e a noite do baile! Você estava em meu quarto na

noite do baile! Pensei que talvez você gos... Eu parei e olhei para o chão. Eu estava

balbuciando. De novo.

— Abbey, me desculpe. Isso é tudo que posso dizer. — Olhando-me com tristeza em

seus olhos, ele tentou explicar. — Eu não quero ser assim. Eu só não sei como... Me perdoe,

Astrid. —

Uma desculpa e meu nome especial? Era difícil ficar brava com isso — Perdoar

você pelo quê, Caspian? Por agir como se você gostasse de mim quando você realmente não

gosta? Eu não te entendo, às vezes. Você toma dois passos à frente e então volta cinco.

Você age como se você quisesse que eu chegasse em casa em segurança, mas não vai andar

comigo. Nós nunca nos encontramos em qualquer lugar normal, como um restaurante ou

um shopping, e você sempre tem que estar em outro lugar. — O que está acontecendo?

Você quer ficar comigo ou não? —

Lágrimas quentes encheram meus olhos, mas me recusei a desviar o olhar. Eu

queria que ele visse toda a mágoa e confusão que estava sentindo. Então talvez eu teria

uma resposta direta.

Ele se virou e começou a andar entre o sofá e uma poltrona. Para frente e para trás.

— Por favor, não chore, Astrid — ele implorou. — Eu não mereço isso. Eu sinto muito.

Realmente, eu sinto muito. As coisas estão complicadas agora. Não é que eu não ... Eu

quero estar com você. Não significa que te dou sinais mistos. Eu só preciso de você para

trabalhar comigo de alguma forma. Me dá algum tempo para descobrir tudo. Vamos fazer

devagar. —

Fazer devagar. O beijo da morte. De repente lembrei das palavras de Ben de outro

tempo e lugar, e compreendi exatamente o que ele quis dizer. Ele sentiu uma suspeita igual

desejando que não fosse verdade, mas realmente era.

Mas meu coração queria Caspian, e estava disposta a fazer o que ele pediu.

—Ok. — Eu balancei a cabeça, piscando as lágrimas. — Ok, podemos fazer isso

devagar. — Eu ri, trêmula e tentei não pensar sobre em qual página estávamos agora. Esse

caminho era muito confuso. —Você quer alguma coisa para comer? Ou beber? Vou para a

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cozinha. Estou com fome. — esperei por sua resposta, mas ele balançou a cabeça.

Andar até a cozinha tomou um grande esforço, e respirei fundo, tentando me

recompor. Este foi apenas um pequenino obstáculo a ser superado. Não é grande coisa.

Peguei uma lata de refrigerante fora da geladeira e a coloquei no balcão antes de cruzar

para os armários. Acabei passando por tudo lá dentro. Meu apetite subitamente

desapareceu. Eu não tava com tanta sede assim, mas eu precisava de algum tipo de

desculpa para ir me acalmar.

No caminho de volta para pegar o refrigerante, parei subitamente, quando eu vi

meu reflexo na porta do microondas. Meus olhos se arregalaram e minhas bochechas

estavam pálidas. Bati no meu rosto e, em seguida as apertei para trazer alguma cor.

Passando a mão por meus cachos selvagens, afofei e os reorganizei. Não foi um milagre,

mas ajudou um pouco.

Arrumei meus ombros, me levantei e marchei direto para a sala, com a bebida na

mão. Caspian estava perto da janela olhando a neve, e me sentei no sofá, ao mesmo tempo

abrindo o topo da minha lata. — Eu lhe contei que meu tio quer que eu trabalhe na sua loja

de sorvete? — Mudar de assunto era a única coisa que conseguia pensar.

Eu tomei um gole grande, mas ainda elegante, a partir da lata de refrigerante e

continuei. — Eu vou manter seu escritório. Ou algo parecido. Não tenho conhecimento de

todos os detalhes ainda, mas tenho que começar este fim de semana. —

Caspian se afastou da janela e veio se sentar no sofá, mantendo uma distância

muito grande entre nós. Tentei não deixar ser atingida.

— Isso é ótimo, Abbey — ele disse. — Sei que você fará um bom trabalho. —

Levantei e coloquei o refrigerante agora esquecido sobre a mesa de café. — Acha

que sim? Digo, estou realmente preocupada. E se eu errar em algo? É um negócio real aqui,

não apenas aquele que tenho pensado. E se não puder fazer isso?— Eu realmente não tinha

dado voz a muitos dos meus medos, mas estavam direto lá, borbulhando sob a superfície.

— Você vai ser capaz de lidar com isso — ele me assegurou. — Eu tenho fé em você,

Abbey. Você não vai estragar tudo, e ele vai lhe dar a prática para quando você estiver

pronta para abrir Abbey's Hollow. —

Eu me inclinei no sofá, perguntando se iria ver esse dia. Parecia tão longe. E como

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ele tem um jeito de me fazer sentir tão confortável de novo?

— Você sabe, desde ontem venho trabalhando nesta ideia para uma nova linha de

perfumes. — Excitação encheu minha voz. — É baseado na Lenda de Sleepy Hollow, e cada

personagem tem um aroma único. Mas não só os aromas dos personagens, assim como os

sentimentos, emoções e configurações. Que eu tinha planejado — O som de uma chave na

porta da frente me parou congelada.

Nós dois congelamos. Eu podia ouvir vozes abafadas lá fora.

— Meus pais! — eu guinchei. — Rápido, sai pela porta dos fundos. Eles não vão te

ver assim. —

Caspian se levantou e pegou seu casaco, enquanto eu corria. Qualquer segundo

agora eles estariam abrindo a porta, e estaria muito ferrada.

Ele abriu a porta silenciosamente e corri atrás dele, enfiando apressadamente os

meus pés em um velho par de botas deixadas lá fora. —Tchau, Caspian — disse em voz

baixa. — Obrigado por ter vindo. Agora vai! —

Ele acenou uma despedida silenciosa e saiu para a noite. Eu fiz uma rápida

confusão através da neve, enquanto o assistia ir embora, mas estava tendo um tempo difícil

para me livrar de todas as pegadas. A neve não estava caindo rápido o suficiente para

cobri—las completamente.

Isso foi quando a inspiração bateu.

Deitei-me no chão e acenei os meus braços e as pernas freneticamente, criando um

anjo de neve improvisado. Então escolhi outro lugar e fiz isso de novo. Um terceiro fez o

truque, e todas as —evidências— foram arruinadas. Eu tentei não me preocupar com o fato

de que minhas pegadas iam de uma distância da casa na direção que ele tinha ido. Eu só

esperava que meus pais fossem ficar dentro de casa durante a noite.

Estava absolutamente frio aqui fora agora, e meu coração estava disparado em 90

milhas por minuto quando entrei pela porta de trás dou de cara com meus pais perplexos.

— Nós estávamos procurando por você — disse a mãe. — Nós pensamos que você

tinha adormecido. —

— Não. Eu estava aqui fora na neve. Só a notei e eu não podia esperar para ir fazer

um anjo de neve. — Será que eles realmente iriam comprar essa? Não tinha mais sete anos.

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— Sem o seu casaco?— perguntou meu pai, com um olhar confuso em sua cara.

— Eu, uh, apenas pensei que seria só um minuto ... então não peguei meu casaco.

Estou muito cansada, no entanto. Hora de ir para a cama. Vejo vocês de manhã. — Ambos

me olhavam enquanto pegava minha lata de refrigerante e me dirigia até a escada. Lancei

um olhar discreto sobre o meu ombro para me certificar de que não havia sinais visíveis de

que tive um convidado.

Eu estava pronta para ir.

— Boa noite. Vejo vocês pela manhã — disse novamente, enquanto eu corria para

meu quarto no andar de cima. Eu ficaria acordada a noite toda.

Capitulo 18

CONVERSAS INDESEJADAS

...O nosso homem tinha cartas, por isso, era peculiarmente feliz com todos os

sorrisos de todas as donzelas do país.

—A lenda de Sleepy Hollow—

Eu fiz isso durante a maior parte da semana, e pensei que eu tirei. Meus pais nunca

iriam descobrir que Caspian tinha vindo quando eles não estavam em casa. Mas não era

um bom sinal quando desci para o café da manhã e vi meu pai sentado em uma cadeira

lendo o jornal.

Meu pai nunca fica em casa até tarde. Ele deveria ter saído para trabalho quase

uma hora atrás.

Tropeçando na cozinha, eu fingia estar meio adormecida. — Ei, pai, o que você está

fazendo aqui? Você não vai se atrasar para o trabalho? — Diga que você está indo para o

trabalho .... Por favor, diga que você está indo para o trabalho. Eu esfreguei os olhos

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sonolentamente e olhei para ele.

Ele dobrou o papel no meio e o enfiou sob o seu braço. — Por que você não fica em

casa hoje, Abbey? Eu acho que deveríamos ter uma pequena conversa. Vou escrever um

bilhete para você. —

Eu quase me esqueci da cadeira que eu estava puxando. Era isso. Eu estava em

apuros.

— Ficar — Minha voz falhou. — Ficar em casa? Sem escola? Não podemos

conversar agora? Sabe, no café da manhã. Tenho muitos exames chegando, e eu realmente

não devo perder nenhuma das coisas que estamos revendo em sala de aula. — Pense,

Abbey. Pense muito rápido. Pense numa boa razão do porquê Caspian estava aqui. Com

você. Sozinhos.

Meu cérebro começou a pensar

Novo estudante na cidade?

Colega de estudo?[/i]

Aluno participante do programa de troca obrigatória?

Meu cérebro continuou pensando.

— Eu não sei, Abbey — ele disse hesitante. — Sua mãe e eu passamos por muitas

coisas e achamos que precisamos discutir com você. —

Oh. Meu. Deus. Joguem. Água. No. Meu. Cérebro. Pensei. E de novo. Não.

Consegui. Completar. As. Frases. — Pô, pai — eu finalmente cuspi, após um minuto de

mau funcionamento do cérebro. — Eu realmente não quero perder nada para os exames.

Não podemos apenas falar esta noite, depois da escola? —

Depois de ter tido tempo para pensar em muitas, muitas desculpas, contar com a

ajuda de muitas pessoas na escola e/ou eventualmente fugir. É claro que havia o problema

muito pequeno que eu não conhecia muitas pessoas na escola. Mas isso era uma ponte, que

eu poderia atravessar.

Mordi os lábios. Quantas semanas eu estaria de castigo se inventasse uma

desculpa que tem a ver com a escola? Provavelmente, a menor. Foi à única maneira de ir.

— Eu sei!— Meu pai disse de repente, praticamente me dando um ataque do

coração. — Se você ficar em casa hoje vou fazer panquecas e nós vamos ao boliche. Além

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disso, tenho certeza que seus professores não darão muita matéria que você vai perder. É

uma sexta—feira. Eles nunca fazem muito às sextas—feiras. —

Bem, ele estava certo sobre isso. Além disso, com panquecas e boliche, eu não

poderia estar em muitos problemas. Pelo menos eu não esperava. Meu pai sorriu e

acariciou minha mão alegremente enquanto ele aguardava a minha resposta. Interessante

... Muito interessante.

Senti minhas esperanças começam a aparecer. Com certeza meu pai estaria com o

rosto sério e disciplinador se eu estivesse prestes a ficar encrencada para o resto da minha

vida natural. E talvez enquanto como as panquecas posso usar o tempo para pensar em

uma desculpa por matar a aula se eu realmente estava nisso profundamente. Eu poderia

realmente ser capaz de fazer a coisa funcionar, pensei.

— Oh, tudo bem, pai. Você pode escrever para mim um bilhete para a escola hoje.

Mas não esqueça, muitas, muitas gotas de chocolate nas minhas panquecas. —

— É isso aí — ele disse. — Eu cuido do bilhete agora para você tê—lo para

segunda—feira. Então vou começar as panquecas. Você vai se vestir. Elas estarão prontas

em aproximadamente quinze minutos. —

Eu acendi para ele meu bravo sorriso enquanto levantava. Boliche e longas

conversas com meu pai.

Yeah, esse dia estava sendo tão chato.

Enquanto estava na frente do meu armário tentando escolher a melhor roupa que

diria Não, realmente, eu não tinha mais aquele menino, porque eu queria. Eu tive que

fazer isso para um projeto da escola, tentei pensar o que dizer para que eles me tirassem

do castigo.

Eu não tinha um carro ou minha licença ainda, então isso estava fora. E não

podiam exatamente me proibir de ver Kristen, de modo que estava fora também. Acho que

eles poderiam tirar o trabalho do tio Bob, e todo o dinheiro que trazia. Mas vendo como eu

não tinha sequer começado esse trabalho, no entanto, não houve dinheiro para perder.

A única alternativa era ficar presa no meu quarto. E enquanto isso definitivamente

apresenta uma certeza, não iria ver Caspian, se não fosse por muito tempo, então eu

poderia trabalhar no meu mais novo projeto de perfume. Yup. Definitivamente usar uma

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desculpa da escola.

Desisti de encontrar uma roupa que permitia reduzir o tempo de castigo e me

contentei com uma blusa azul escura e um par de jeans. Depois de colocar minhas botas,

desci lentamente as escadas. Meus quinze minutos tinham acabado e meu julgamento me

aguardava. Talvez eu devesse elogiar as habilidades do meu pai no boliche...

—Algo cheira bem, pai!— Eu disse brilhantemente, com um sorriso falso colado no

meu rosto quando entrei pela porta da cozinha. — Espero que você tenha feito um monte

de panquecas, porque estou morrendo de fome. — Voltei para a cadeira que eu estava

sentada antes, fazendo um rápido pit stop no caminho para a caixa de suco de laranja. Tão

longe, tão bom.

Meu pai trouxe uma pilha de panquecas empilhadas, pelo menos dez, e no alto

uma placa amarela brilhante de manteiga. — Aqui está, Abbey. Deixe-me um par se você

puder. Eu vou colocar uma segunda fornada. —

Engoli em seco enquanto olhava para a pilha enorme fazendo o seu caminho em

direção a mim. Talvez eu tenha exagerado no eu—estou—tão—faminta, apenas um pouco.

— Isso é o bastante, pai. Por que você não vem me ajudar a comer essas enquanto elas

estão quentes, e então você pode nos fazer mais algumas?—

Ele pareceu gostar da ideia e pegou um garfo para si mesmo.

— Não esqueça os copos — eu lembrei ele. — Tenho a O.J.—

Meu pai comeu sua primeira e a segunda panqueca antes mesmo de eu chegar à

metade da minha primeira. —Vamos, Abbey — ele brincou comigo. — Pensei que você

estava faminta. —

Sorri de volta e me forcei a engolir o resto da minha panqueca, já com medo da

segunda. Não foi até que ele estava terminando o último pedaço de sua pilha inteira antes

que ele falasse de novo. —Você vai comer o resto dessas? Se você ainda está com fome, eu

posso fazer mais. —

Eu balancei a cabeça e parei com o garfo no ar. — Está tudo bem, pai. Acho que

devo estar ainda satisfeita do jantar na noite passada. Você pode comer estas, se quiser, ao

invés de fazer outras. — Ele voluntariamente tomou o resto da minhas panquecas, e eu de

bom grado as entreguei. Eu não ia comer nem um terço delas.

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Afundando contra a cadeira, deixei minha perna balançando para frente e para

trás, tomando pequenos goles do suco de laranja para me manter ocupada. Eu me

perguntei quanto tempo levaria para que a conversa começasse. Meu coração acelerou e

me forcei a continuar tomando pequenos goles. Quem eu era para ficar brincando? Estava

ferrada.

Não tive muito tempo para esperar, porque meu pai comeu o resto das minhas

panquecas mais rápido do que ele tinha terminado com as dele, e empurrou o prato para

longe. — Abbey — ele disse, entre os goles de suco de laranja. Oh Deus, lá vem. Meu

coração batia no ritmo de sapateado, mas ele se lançou para a direita.

— Sua mãe e eu temos conversado muito sobre isso ultimamente, e nós queremos a

sua opinião sobre isso. — Colocando o suco de lado, ele cruzou as mãos e se sentou na sua

cadeira. — Como tem sido... o enfrentamento... ultimamente? Como as coisas estão indo

para você desde o acidente? Eu quero dizer, agora que Kristen se foi?—

Era uma boa coisa eu estar sentada, ou eu teria caído da cadeira de novo. Era

sobre isso o que ele queria conversar? Kristen. Totalmente não vi isso vindo.

Achei difícil, e escolhi cuidadosamente as minhas palavras. Eu não poderia contar

para ele sobre a noite do baile. Isso apenas traria perguntas demais. E sermões.

Definitivamente teria sermões. — Eu lidei com isso do meu jeito. Era muito mais difícil

quando encontraram... ela. Mas consegui pensar nela. Estou em paz.—

Ele estava prestando muita atenção.

— Como têm sido as coisas na escola? Eu sei que não pode ser fácil passar o ano

inteiro com sua melhor amiga desaparecida. E sua mãe me contou sobre a comissão de

formatura. Já fez amizade com as meninas?—

Fiquei completamente chocada com as perguntas que ele estava perguntando. Elas

eram realmente intuitivas e perspicazes. — A escola praticamente me suga — admiti — mas

isso é toda a escola. Todo mundo me deixa sozinha a maior parte do tempo. Uma vez que o

baile acabou, as meninas não tinham duas palavras para me dizer. Eu esperava isso, no

entanto. Elas só estavam fazendo isso por atenção.

Brinquei distraidamente com o meu copo. Eu estava tão envolvida com Caspian,

ultimamente, e obcecada com o que Kristen estava escondendo de mim, que não tinha

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dado muita atenção para a escola. Cada dia realmente estava sozinha. Engraçado como eu

nunca tinha notado isso.

Meu pai limpou a garganta, e olhei para ele. Suas mãos ainda estavam dobradas

juntas e ele parecia um pouco envergonhado. —Abbey, arranjamentos podem ser feitos —

ele disse, se inclinando para dar um tapinha desajeitado na minha mão. —Se você precisar

mudar de escola, nós podemos fazer isso. Eu sei que a sua mãe não gostaria muito disso,

mas quero que você esteja confortável. E se precisar falar com alguém, um psicólogo, ou

um orientador, nós podemos arranjar isso, também. Não há nada com que se envergonhar.

Eu tinha algum sinal invisível no meu pescoço que dizia CUIDADO: DOIS PASSOS

LONGE DA LOUCA ou alguma coisa assim? Todo mundo sempre assumia que eu

precisava de ajuda profissional.

Tirei minha mão meio sem jeito. — Não, pai, estou bem. Sério. Obrigada pela

oferta sobre a escola, mas estou bem lá, também. — Ele me deu um olhar de interrogação,

mas eu balancei minha cabeça. — Eu realmente estou bem, pai. Se eu precisar... qualquer

coisa... então você será o primeiro a saber. Tudo bem?—

Ele concordou e tirei minha mão, contente de que essa conversa não era o que

pensei que seria.

— Assim, desde que tudo esteja bem na escola para você, então, você pensou no

que vem depois? — ele perguntou.

Eu gemi interiormente. O sermão — futuro —. Eu deveria ter sabido que isso iria

acontecer. Subi minhas defesas e tentei pensar na melhor maneira de falar sobre isso.

—Bom... — comecei lentamente, tentando pensar mais rápido. —Você sabe que eu

tinha falado sobre o desejo de abrir o meu próprio negocio. Tenho pensado muito

ultimamente. Pesquisando os aspectos diferentes e preparando o terreno, esse tipo de

coisa. —

Ele não parecia impressionado. — Eu quero dizer detalhes. Que tipo de campo você

está pensando entrar? Que tipo principal é que você vai escolher? Quais faculdades

específicas você quer fazer? —

Suas perguntas me pegaram desprevenida. Sinceramente, eu ainda não tinha

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pensado sobre esses detalhes. — Eu ainda tenho bastante tempo, pai. Há um monte de

opções lá fora, e quero me certificar de escolher o caminho certo. Sabe? —

Agora ele estava me olhando infeliz.

— Você não tem muito tempo, jovem senhorita. Se você quer ser aceita em uma

boa escola, então você precisa começar a pensar sobre as provas, experiências, e taxa de

inscrição. Há muito trabalho envolvido para entrar em uma faculdade, e isso não é fácil. —

Uma ruga estava começando a se formar através de sua testa, e eu sabia que o meu

navio estava afundando rapidamente. Pensei nos meus perfumes, e isso era o que queria

fazer com minha vida, e então as palavras de Caspian cristalizaram na minha cabeça. Se

você contar para seus pais quais são seus ideais agora, então talvez eles não vão perder o

seu tempo planejando um futuro diferente para você .

— Olha, pai — eu disse — Eu sei que você e minha mãe só têm as melhores

intenções no coração, realmente sei disso, mas o que faço com a minha vida é a minha

decisão. Eu estou sendo a única que vai arcar com as conseqüências das escolhas que fizer.

Eu poderia ir para uma faculdade que você escolher, ou escolher uma das principais que

você gosta, e talvez até conseguir um emprego em algum lugar que você aprova, mas não

vou ser feliz com isso. —

Ele começou a dizer alguma coisa, mas levantei uma mão. — Por favor, apenas me

deixe terminar aqui e então você pode rebater tudo que digo, okay? — Ele assentiu com a

cabeça, e continuei. — Claro que quero um grande trabalho e um future seguro, mas quero

fazer isso do meu jeito. Não quero me tornar uma doutora, ou uma advogada, ou ser das

relações públicas, ou uma publicitária. Essas coisas poderiam me levar mais dinheiro, ou

eles podem te fazer feliz, mas não vão me fazer feliz. Você não quer que eu seja feliz, pai,

acima de tudo? — eu dei a ele meu mais sincero olhar, e ele assentiu com a cabeça

lentamente.

— Eu só quero ser feliz com minhas escolhas na vida. E como disse, tenho um

monte de pensamentos para o meu futuro, muito mais do que a maioria das outras

crianças da minha idade. Quero ter minha própria loja no centro da cidade. Eu mesma

escolhi o lugar e tudo. Sei como é que vai ser alugar, quais os tipos de custos indiretos que

vou ter... Além disso tenho uma lista de inventário que comecei, e quanto disso manter em

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estoque. Tudo o que tenho até agora é escrito em um plano de negócios. Eu sei que ainda

precisa de muito trabalho, e sei que vai ser difícil no início, mas estou limitada e

determinada para ver isso completo. Do meu jeito. —

Eu esperava ter coberto todas as minhas bases, quando algo bateu na minha

cabeça. — Oh, e eu faço planos para cursar alguma coisa sobre negócios, talvez até obter

um diploma, mas provavelmente vai demorar um pouco e vai ser em uma faculdade local.

Quero trabalhar como aprendiz de alguém que já tem uma loja em um campo semelhante

enquanto tomo minhas aulas, e usar isso como uma abordagem prática para a minha

educação. Essa é uma das razões pela qual estou tão animada sobre trabalhar no Tio Bob,

também. Isso me dará alguma experiência prática. —

Sentando de volta, respirei fundo. Foi tudo para fora agora. Ele iria amar ou odiar

isso. Qualquer um, os gritos, podiam começar.

Ele tinha um olhar pensativo no rosto, e eu não poderia dizer se ele estava

realmente pensando sobre o que disse, ou pensando em maneiras de rebater isso. Mas ele

não disse nada e comecei a ficar nervosa. Isso poderia acabar sendo muito, muito ruim.

—Eu acho que é uma ótima ideia, Abbey.—

—Você acha?—

—Sim, acho — ele disse. —Você expôs os seus planos em uma maneira muito clara,

concisa. Você obviamente tomou um tempo pensando bastante sobre isso. E se você

realmente tem feito tudo o que você acabou de me dizer, então já está à frente do jogo.

Estou muito orgulhoso de você. —

Wow. Hoje estava voltando a ser o dia mais fantástico de todos.

— Obrigada, pai — eu transbordei. —Você não tem ideia do que isso quer dizer

para mim. Pensei que você e minha mãe iriam pirar totalmente quando eu contasse para

vocês. Obrigada por estar sendo tão legal sobre isso. —

Ele parecia um pouco desconfortável, mas bateu na minha mão novamente. —

Bem, eu não sei como sua mãe vai reagir, mas vou dar a notícia a ela suavemente. Afinal,

você está certa sobre ser sua decisão, e nós dois queremos que você seja feliz. E se isso

significa que você vai ficar mais perto de casa, então tenho certeza que ela não se importa

com isso. —

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Eu sorri para ele. Essa conversa estava indo muito bem.

— Eu vou te dizer o que mais vou fazer— disse ele abruptamente. — Se você

terminar o seu plano de negócios, digamos, no fim do ano letivo, então vou lhe dar três mil

dólares em dinheiro para ajudar você a começar. Fechado? —

Ele estendeu a mão, e rapidamente me sacudiu. — Fechado. —

Como eu ainda tinha que pensar sobre isso. Três mil dólares apenas para terminar

o meu plano de negócios? Eu estava chegando lá.

Meu pai parecia muito satisfeito consigo mesmo, e estava me sentindo muito feliz

também. Sorri para ele e saltei para lhe dar um abraço meio espontâneo. Ele ficou

surpreso, mas retornou o abraço, e eu sorria como uma tola, me sentindo absurdamente

feliz pelo momento. Então, ele limpou a garganta e sentou ao seu lado.

— Você sabe, você parecia mais feliz ultimamente. Mesmo com a morte de Kristen.

Existe algo que você quer me dizer?—

Vamos ver…

Eu estava apaixonada pela primeira vez. Eu não tinha ficado em apuros por ter um

menino em casa quando estava lá sozinha. Amanhã eu estava indo começar um doce

emprego que pagava muito bem. E eu tinha apenas ganhado um monte de dinheiro para

escrever um documento de negócio.

Há algo que eu quero dizer a ele?

— Não — eu disse com um sorriso.

— Você tem certeza? — ele me perguntou, com um olhar provocando um brilho

perverso em seus olhos. —Não há nenhum garoto especial na foto? Um garoto que você

não tem contado para nós? —

Eu tentei muito, muito mesmo não corar, mas senti minhas bochechas ficarem

vermelhas. — Aw, pai — disfarcei. —Você conhece, nós garotas. Nós sempre estamos

paquerando algum cara ou outro. Isso é uma coisa boba. —

Ele riu e empurrou sua cadeira para trás da mesa. — Eu sei, eu sei. Mas não se

esqueça de nos apresentar esse alguém especial. Sua mãe e eu queremos conhecer esse

rapaz. —

—Ok, pai. — Yeah, certo.

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Ele começou a recolher os pratos, e me movi rapidamente para ajudá—lo. — Por

que nós não vamos para o boliche agora?— perguntei, tentando mudar de assunto. —

Então nós podemos parar para comprar comida chinesa no caminho de volta. —

Ainda rindo, ele me deu uma piscadela. — Ok. Vamos deixar os pratos aqui, e vou

cuidar deles quando nós voltarmos. Vamos ver quem chega primeiro no carro. —

Eu empilhei os pratos e me dirigi para a pia, o deixandoele ter uma vantagem,

dizendo a mim mesma que tudo isso era por uma boa causa. Qualquer coisa que tivesse

que fazer para ficar com o seu lado bom, totalmente valia a pena. Mesmo que isso fosse

boliche... com o meu pai... em público.

Boliche foi surpreendentemente bom. Havia apenas uma outra pessoa na pista da

esquerda, de modo que praticamente tínhamos que correr do lugar. Acabamos jogando

três partidas, e meu pai feliz tripudiou sobre como ele havia vencido dois dos três jogos,

mas gentilmente me ofereceu uma revanche.

Tinha muita comida chinesa, que foi apreciada por nós dois, depois disso, e

decidimos voltar para mais um par de rodadas. Era quase seis horas no momento em que

chegamos a casa. Fiquei agradavelmente surpresa como o meu pai, acabou sendo legal. Foi

realmente um dia de diversão. Não que eu jamais admitiria isso para ninguém, no entanto.

Minha mãe estava em casa, e tinha jantar esperando por nós enquanto

entrávamos. Eu avidamente sorvi várias tigelas de sopa de mariscos e comi metade de um

pão francês junto com ele. Eu caí na cama um pouco mais tarde naquela noite exausta, mas

acolhedora e cheia. Foi uma grande sensação.

Na manhã seguinte, no entanto, não me sentia tão grande, uma vez que ainda

estava congelando, e tinha que me forçar para fora da cama aconchegante, mais uma vez.

Era sábado, e eu tinha um trabalho a fazer.

Bocejei e esfreguei meus olhos turvos, enquanto minha mãe ficava dizendo como

tinha coisas para fazer nos fins de semana e também que não envolvia ser meu táxi pessoal,

enquanto ela me levava para a loja do tio Bob. Mas mudou de tom, quando de bom grado

lembrei que eu poderia ir buscar a minha licença a qualquer momento e dirigir para eu

mesma por ai. Então, ela rapidamente concordou em dirigir para mim a cada fim de

semana.

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Eu sabia que a coisa da licença funcionaria.

Minha mãe parou em frente ao tio Bob com uma parada brusca e me disse que

estaria de volta para me pegar às cinco. Eu fui despejada de vez sem a menor cerimônia na

porta da frente, e ela partiu. Eu poderia jurar que ouvi os pneus cantarem.

Voltando para encarar a loja, empurrei meu caminho por entre as portas de vidro.

Os sinos tocaram suavemente em cima de mim enquanto eu chamava o tio Bob.

— Aqui atrás — foi sua resposta do fundo, algum lugar de perto da área geral do

escritório. — Estou feliz que você veio. Tem certeza que isso vai funcionar para você? Eu sei

como vocês garotas querem gastar tempo com seus namorados e namoradas nos fins de

semana. Quero dizer, isto é, se você tem um namorado. Você ... você tem um desses? —

Eu rolei os olhos enquanto caminhava para encontrar ele lá atrás. Eu estava quase

com medo de responder. Só Deus sabia onde isso me levaria. Como eu poderia explicar

esse meu relacionamento vai— não vai com Caspian? — Não, tio Bob — Falei de volta. —

Não tenho um desses. —

Na tarde de quarta—feira me vi sentada de pernas cruzadas sob a ponte, olhando à

toa para a água. O natal estava apenas duas semanas de distância, e eu não sabia o que

devia dar para Caspian.

A trituração de cascalho chamou minha atenção, mas eu não tinha que olhar para

cima. Eu sabia quem era. Um segundo depois Caspian se aproximou e sentou ao meu lado,

balançando a cabeça em silenciosa saudação. Eu balancei a cabeça de volta. Ele não disse

nada, e voltei para a água e os meus pensamentos.

Ele tinha um bloco de notas na mão e algo magro e preto na outra, e assisti com o

canto do meu olho que ele começou a desenhar em uma das páginas.

Franzindo a testa, ele parou de desenhar, balançou a cabeça e esfregou um dedo

repetidas vezes sobre a página, causando uma mancha escura que florescia. Ele olhou para

ela por mais um momento, então virou para uma página nova, fresca e pôs o seu carvão

para funcionar novamente.

Eu abandonei todos os pensamentos anteriores e angulei meu corpo para vê—lo

mais de perto, agora completamente apanhado em que estava fazendo. Não demorou

muito para que uma árvore, depois um rio e, finalmente, a própria água começar a tomar

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forma no papel.

Seus dedos magros voaram por toda a página, e vi com assombro como cursos

curtos, em negrito fixaram residência ao lado de longos e lisos. Criando uma cena que

subia e descia junto, espelhando as suas contrapartes da vida real. Foi bonito de ver.

— Como foi o seu primeiro fim de semana no seu novo emprego? — ele me

perguntou baixinho, nunca tirando os olhos do papel. Eu não conseguia parar de olhar

para suas mãos. Eles estavam se movendo tão rápido, mas ele nunca vacilou. Gostaria de

saber se na próxima vez que ele me tocasse, seria com toda a confiança, ou hesitação?

— Foi ótimo — disse, tentando forçar o meu pensamento em outro lugar. —Tudo o

que fiz até agora foi abrir e classificar todas as mensagens do meu tio, mas ele tinha uma

tonelada delas. Este fim de semana vou para configurar um novo sistema de arquivo para

ele e lhe mostrar como usar. — Suas mãos se moviam. Sombreando agora. Misturando as

bordas de uma linha dura em outra.

— Então no fim de semana que vem vou começar a guardar todas as suas faturas e

informações de fornecedores e fazer um banco de dados para eles. Ele me disse que,

eventualmente, ele quer que eu assuma completamente o escritório da sua empresa. Eu

meio que não posso acreditar nisso. —

— Eu lhe disse que seria ótimo para ele — ele respondeu. —Então, o seu tio lhe

pagará com sorvete? Porque estou totalmente disponível, se ele quiser contratar um

segundo funcionário.—

Eu bufei. — Não, ele não vai me pagar com sorvete, mas recebo todas as amostras

grátis que quero. Uma das vantagens de se trabalhar lá. —

Vir-me-ei com um sorriso feliz em sua direção, pegando seus olhos por um breve

segundo, quando ele olhou para cima. — E você sabe o que mais é legal? Passei sexta—feira

com meu pai, falando sobre algumas coisas. Como a escola e outras coisas, e disse a ele

sobre meus planos para a loja. Pega essa: Ele realmente recebeu muito bem, e pensou que

era uma ótima idéia. Ele até ofereceu me dar alguma dinheiro para eu começar e terminar

meu plano de negocio! —

Ele sorriu. — Vê? Eu estava completamente certo. —

—Yeah, eu ri. —Yeah, você estava —

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Caspian voltou a desenhar, e voltei para a água. — Você sabe — eu disse baixinho,

— É realmente bom estar trabalhando com tio Bob. Kristen e eu tínhamos planejado

conseguir um emprego depois da escola este ano juntas, e acho que ela gostaria do fato, de

que estou trabalhando lá — . Com o canto do meu olho eu podia vê—lo assentir com a

cabeça.

Então ele perguntou — Você tem aprendido alguma coisa nova sobre o namorado

secreto da Kristen?—

Peguei um pequeno punhado de pedras, lentamente, as deslocando de lado a lado

em minhas mãos. Os pensamentos inesperados dos diários de Kristen me afligiram, e

irritada, eu precisava de algo para me distrair. — Não, não tenho. — Eu reajustei minhas

pernas e, em seguida, joguei as pedras na água.

— Diga-me o que devo fazer Caspian — disse de repente, desesperadamente.

Surpreendendo até a mim mesma. — Eu não sei o que fazer. Não há ninguém para

perguntar, nenhuma maneira de ter respostas. Não sei quem esse cara era, ou quão

envolvido ele poderia estar com o que aconteceu. E se ele estava lá com ela no rio naquela

noite? E se ele pudesse ter salvado ela? E se ele estava lá e ela fez algo estúpido e

desesperado? Eu nem tenho certeza se quero saber o que aconteceu mais. —

Eu coloquei minhas mãos no chão e me empurrei para cima dos meus pés. — Mas

preciso saber Caspian. Preciso saber as respostas para essas perguntas. —

Ele se sentou. Trabalhando em sua página.

—Caspian? — Ainda sem resposta.

Eu agarrei meus dedos enquanto chamava seu nome de novo. — Caspian! Diga-me

o que eu devo fazer... por favor. —

Ele finalmente olhou para cima. — Eu não acho que você quer que diga isso — ele

disse lentamente.

Eu esperei impacientemente, com as sobrancelhas levantadas, para que ele

continuasse. — Por que não?— Solicitei.

— Porque — ele disse, no mesmo tom lento — você não gostará. —

— Por favor, me diga — Eu implorei. — Se eu não quisesse o seu conselho, então

não teria perguntado. —

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Seus dedos se acalmaram, e ele olhou para mim. Eu podia ver uma tempestade se

formando em seus olhos. — Nós temos que fazer isso, Abbey? — ele perguntou ferozmente.

— Você realmente quer ir lá? Por que você apenas não deixa ir, e nós vamos fingir que isso

nunca aconteceu. Basta voltar para a forma como as coisas eram, antes de falarmos sobre

qualquer coisa disso. Eu nunca deveria ter trazido isso. — Ele parou, e parecia que estava

ficando irritado.

De onde diabos isso veio? Eu não pensei. As palavras só começaram a voar para

fora da minha boca. — Oh, não — disse muito calmamente, estufando a minha raiva. —

Vamos lá. Vamos definitivamente ir lá. Sou uma garota grande. Posso lidar com isso.

Então me diga o que você acha que devo fazer. Vai lá, me diga — eu aferroei.

Com um aceno de cabeça ele colocou o caderno e o pedaço de carvão no chão. —

Não quero fazer isso, Abbey. Não quero brigar com você. Diga-me o que falar para fazer

com que tudo isso vá embora, e eu falarei. Diga-me o que fazer para tornar isso melhor. —

Eu comecei a andar, pensei em usar um buraco no chão. Eu não queria fazer isso,

mas algo estava errado comigo. Alguma parte da minha mente perversa tinha o prazer em

me torturar. Não havia como voltar atrás agora. — Apenas me diga o que vai dizer. Simples

assim e isso tudo vai acabar. —

Ele sacudiu a cabeça novamente e soltou um grande suspiro. Seus olhos

encontraram os meus se travaram enquanto ele também se levantava. Nós encaramos um

ao outro, atraídos pelo calor do momento. Nossa raiva era grande e mortal. Algo que não

deveria ter existido entre nós.

—Ok, você venceu — ele disse simplesmente. — Você sempre ganhará Abbey. Eu

não queria te dizer o que fazer porque acho que você deve apenas deixar ir. Permita que

Kristen guarde seus segredos. Todo mundo tem segredos, Abbey, até mesmo você, e alguns

precisam ser mais protegidos do que outros. Talvez este seja um desses. Talvez suas

perguntas nunca serão respondidas, mas acho que você deveria deixar isso assim. Você

está feliz agora? — Seus ombros cederam e ele virou de mim para enfrentar o rio.

Eu me senti como se tivesse levado um soco no peito.

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—Deixar ir? Você acha que devo apenas deixar ir? Não posso fazer isso, Caspian.

Ela era a minha melhor amiga, tenho o direito de saber. E se esse namorado secreto estava

envolvido? Não posso deixar que vá, e você não tem direito de me pedir. —

Eu estava respirando rápido agora, raiva que cresceu dentro de mim. E mesmo que

disse essas palavras amargas com raiva, eu queria fazer com que elas voltassem. Dizer —

Sinto muito — e implorar o seu perdão. Fazê-lo entender que era Kristen, e eu mesma. Eu

estava realmente brava. Não com ele.

Mas não disse essas coisas, e as palavras feias penduradas entre nós. Eu nunca fui

boa em qualquer conversa fiada, nem em desculpas.

— Desculpe-me Abbey, mas essa não é sua escolha para fazer — ele disse. —Você

não sabe se esse cara é responsável por qualquer uma dessas coisas, e Kristen não está aqui

para te contar algo diferente. Eles eram os seus segredos para contar... ou guardar. E ela

fez sua escolha. —

Minhas mãos tremiam e lutei contra a vontade de chorar. Elas não seriam lágrimas

de tristeza, mas lágrimas de raiva e frustração. Eu odiava o fato de que se desistisse, iria me

fazer parecer como um bebê chorando. — Então, primeiro você me quer para descobrir por

que Kristen foi para o rio, mas depois quando faço, você me diz para ir embora? Pensei que

você iria me apoiar nessa, mais acho que pensei errado... — As palavras me faltaram, e eu

não sabia o que dizer. — Bem, igual como você foi. Tudo sem apoio.—

Eu odiava a concluir de forma tênue, mas eu estava muito surpreendida, muito

sobrecarregada, para terminar com eloqüência. Levantei minha mão para impedi—lo de

responder. — Você sabe o que? — disse cansada. — Apenas não. Não responda isso. Não

me dê sua opinião. Não — vai lá. — Não posso lidar com mais essa agora. Eu tenho que ir.

Eu. Eu vejo você mais tarde. —

Eu não dei uma chance dele falar, mas vi o olhar triste em seus olhos. Afastei-me,

atolei minhas mãos no fundo dos meus bolsos. Uma pequena pedra deve ter sido deixada

para trás daquelas quando eu estava jogando, porque enquanto empurrei meus punhos em

meu jeans, senti o corte repentino na borda áspera de uma pedra contra a palma da minha

mão. Estranhamente, não me importava a dor maçante. Foi uma distração do que eu

estava deixando para trás.

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E mais, isso não era nada comparado à dor que estava no meu coração quando eu o

ouvi sussurrar — Desculpe-me Astrid — enquanto eu caminhava indo embora.

Capítulo Dezenove

O Presente Perfeito

...Outra fonte para o seu terrível prazer era passar as noites de inverno com as

velhas esposas holandesas... com uma fileira de maçãs assando e crepitando na fogueira, e

escutar aos seus maravilhosos contos de fantasmas e duendes...

— A Lenda de Sleepy Hollow —

Eu chorei para dormir pelos próximos dois dias, e evitei o cemitério e o rio a todo o

custo. Senti-me depressiva, terrível, e doente do coração. Entre a nossa mais recente briga

e a conversa mais cedo sobre — ir devagar —, as coisas não estavam indo bem entre o

Caspian e eu. O fato de já ser quase Natal fazia tudo dez vezes pior.

O Tio Bob deve ter percebido o meu humor, porque ele continuou me perguntando

se eu estava me sentindo bem enquanto eu montava o sistema de arquivo para ele. Disse

para ele que tudo estava ótimo, e me senti ótima, mas não acho que ele acreditou em mim.

Não é como se eu pudesse culpá—lo, no entanto. Eu estava retraída e silenciosa, com

bolsas roxas * permanentes embaixo dos meus olhos. Não exatamente a garota propaganda

de saúde.

*olheiras

Finalmente não agüentei mais ele me atormentando e saí mais cedo no domingo a

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tarde. Ele insistiu em me pagar por um dia inteiro de trabalho e até me deu um bônus de

Natal. Eu só tentei não chorar, e dei um grande abraço nele antes de encontrar a mamãe lá

fora. O choro era algo que estava ficando irritante, mas estava acontecendo muito nos

últimos dias. Por sorte, consegui manter a choradeira no mínimo.

A mamãe me surpreendeu ao parar em um shopping a caminho de casa, dizendo

que eu estava desesperadamente necessitando de uma terapia sazonal espontânea de

compras. Eu discordava fortemente dela. O último lugar que eu queria estar agora era em

um shopping lotado vendo todos aqueles casais felizes andando de mãos dadas dividindo

as alegrias do Natal um com o outro.

Sim, definitivamente não estava com humor para isso.

Mas a mamãe sempre foi ótima em estratégia, e me convenceu com promessas de

comida de graça e novos sapatos. Enquanto nós nos empurrávamos pelas portas rotatórias,

ela seguiu para a praça de alimentação, e pegou para nós alguns rolos de canela frescos e

chocolate quente.

Enquanto eu mastigava com vontade, não pude evitar pensar que a mamãe deveria

ter sido um general de guerra, ou algo assim. Ela havia perdido totalmente a sua vocação.

Não deixando espaço para dúvida, ela me guiou para a loja de sapatos, e,

inconscientemente, me encontrei sendo a nova dona do mais lindo par de botas marrons.

Droga, ela era boa.

Nós andamos por tocadores de sinos, embrulhadores de presentes, e os corais de

Natal vestidos com roupas antigas. De tempos em tempos nós parávamos para olhar uma

loja, mas a maior parte do tempo só olhávamos. Nós até vimos Papai Noel, e um duende

muito alto, e muito entediado, então pensamos duas vezes para parar lá. Depois fomos até

a janela de um pet shop, e passamos um bom tempo olhando todos os filhotinhos de gatos,

mamãe e eu decidimos nos dividir por um tempo, e fomos a caminhos separados.

Eu não levei muito tempo para achar uma nova pasta para ela carregar o notebook

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para o seu presente de Natal, e um jogo eletrônico de perguntas sobre beisebol para o

papai. Eu nem tinha idéia do que comprar para os Maxwell, e nada me chamou atenção

enquanto continuava a procurar, então decidi esperar e dar ao presente deles um pouco

mais de tempo.

E quanto ao Caspian... eu ainda não sabia o que fazer a respeito disso.

Por um lado, eu nem sabia se ainda estávamos nos falando, e muito menos se

éramos namorado—e—namorada. Mas por outro lado, não parecia certo não dar nada para

ele de Natal. Eu tinha que ser capaz de encontrar algum tipo de presente para dar a ele.

Trotei pelo shopping e terminei em uma loja esportiva, uma loja de eletrônicos, e

até uma loja de roupas masculinas no caminho, mas ainda não consegui encontrar nada.

Quando comecei a considerar meias enquanto me perguntava se eu podia embrulhá—las

para presente, soube que era hora de parar.

Arrastando as minhas sacolas de volta para a praça de alimentação, parei para

pegar outro chocolate quente antes de encontrar um banco. Por um momento só sentei ali

na beirada da multidão e assisti ao aglomerado de pessoas passar enquanto soprava

gentilmente a minha bebida.

Bem no momento que eu estava dando um gole para provar e olhando o meu

celular para ver quanto tempo eu ainda tinha antes de ir encontrar a mamãe, alguém se

sentou ao meu lado. Eu me mexi surpresa, e tentei segurar o copo de isopor. Minhas

sacolas bateram contra as minhas pernas e me virei, pronta para encher o saco de quem

havia sentado ali.

A Sra. Maxwell sentava ali, fazendo uma leve careta. — Sinto muito, querida;

pensei que você me viu chegando. Eu nunca teria chegado de surpresa se soubesse que

você estava com uma bebida quente na mão. —

— Não tem problema. — Tentei casualmente dizer, mas a bebida ainda estava no

meu aperto. Então dei um gole. —— vocês estão? Não vejo vocês faz um tempo. Você

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conseguiu fazer algumas comprar de Natal? — Notei a falta de sacolas dela e mentalmente

me chutei. Ela tinha uma pessoa a menos para fazer compras este ano, e eu provavelmente

havia lembrado ela disto.

— Hoje foi na maior parte só para olhar vitrines — ela respondeu. — Eu não

comprei nada desde que, bem, você sabe. As coisas estão diferentes este ano. —

Eu me ocupei com a minha bebida novamente, e nós caímos em um silêncio

desconfortável.

— Então... você pode acreditar que nós já estamos com neve? Espero que seja um

Natal branco este ano. — Era podre falar sobre o tempo, mas infelizmente, era tudo o que

eu tinha.

— Eu sei — ela disse. — A neve é tão linda. Espero também que seja um Natal

branco. Mas só neve, não gelo. Eu odeio gelo. —

Tomando um gole lento, olhei ao meu redor, acenando em concordância. Sempre

será estranho assim entre nós? A mãe de Kristen havia sido como uma segunda mãe para

mim, mas agora era como se fôssemos meras conhecidas. Uma morte podia mudar tantas

coisas para tantas pessoas. Era de quebrar o coração.

— Vocês vão à festa de Ano Novo no museu? — perguntei, esperando que fosse um

território seguro.

Ela balançou a cabeça. — Eu acho que não. Nós provavelmente vamos ficar em

casa este ano e ficarmos sossegados. É melhor. —

Um olhar triste cruzou o seu rosto, e pude notar que ela estava lutando para não

chorar. Coloquei o meu copo quase vazio no chão perto de mim e alcancei a mão dela. —

Eu sei que este Natal será difícil para vocês. Perder Kristen era como perder um membro, e

eu podia especialmente sentir a sua dor. Será difícil para todos nós. — Eu respirei fundo, e

prometi naquele momento nunca contar para a mãe da Kristen sobre os diários dela. Ela

não precisava disso a preocupando.

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— Mas eu vou ver vocês na nossa casa para o jantar de Natal, certo? Você não pode

pular isso. E você sabe que alguém tem que meu ajudar a comer todas aquelas dúzias de

biscoitos que a mamãe vai inevitavelmente fazer em um surto de loucura. Você não quer

me deixar sozinha nisso, quer? Vou acabar ganhando, tipo, cem quilos, e então

definitivamente vou ficar brava com vocês quando for forçada a comprar novas roupas. —

Ela riu e apertou a minha mão. — Sua mãe realmente fica em um frenesi de fazer

biscoitos todo ano. Eu acho que não seria justo te deixar sozinha naquela tristeza. —

Eu soltei uma respiração profunda. — Você entende. Obrigada por ficar com pena

de mim e da minha pobre cintura. —

Ela riu de novo, e o meu espírito se elevou. Talvez eu possa me livrar de todo essa

coisa estranha afinal. Um sorriso em seu rosto era definitivamente uma melhora das

lágrimas.

— Na mesma hora, o mesmo local, então? — perguntei convidando.

Ela acenou, e o sorriso ficou em seu rosto. Era tão bom vê—la feliz. Eu queria a

fazer ficar dessa maneira para sempre. — Sabe — eu disse suavemente — se você alguma

vez precisar adotar uma filha, mesmo que seja, por, umas duas horas, eu sou toda sua.

Você sempre foi como uma segunda mãe para mim, e ficaria honrada de retribuir o favor.

Os olhos dela ficaram embargados com isso, e ela balbuciou. — Obrigada — antes

de me dar um abraço trêmulo. — Eu preciso ir querida. Eu disse para o Harold que o

encontraria em dez minutos. Se não encontrá—lo a tempo, estaremos presos aqui por

horas olhando a loja de eletrônicos. Você sabe como os homens são. —

Eu acenei, e ela olhou para mim por mais um minuto, e então se virou e foi

embora, rapidamente se tornando uma sombra derretida entre todos os outros clientes. Já

que eu tinha mais uns dois minutos para matar, decidi olhar a loja de perfume.

A mamãe me encontrou dez minutos depois, cheirando feliz várias amostras. —

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Como você sabia que eu estava aqui? —

Eu nem me virei. — Hey, mãe. Você já acabou toda a sua compra? —

— Sim, sim — ela disse rapidamente. — Mas precisamos ir agora. Esqueci que

tenho que fazer cinqüenta e quatro laços vermelhos para todas as lojas participando do

Natal em Hollow. Eu quero voltar para casa e começar isso. —

— Eu estou pronta para ir quando você estiver. Você acha que os meus perfumes

cheiram melhor que esses? — Eu segurei o tubo de teste. — O meu tem uma fragrância

mais forte para eles, e não tem tanto cheiro de álcool depois do cheiro. —

Ela se inclinou por uma cheirada rápida e fez um cara. — Sim, o seu cheira

melhor. Agora pegue as suas sacolas e vamos. —

Eu tampei a amostra e peguei as minhas sacolas antes de me virar para ir embora.

A mamãe estava tagarelando sobre o quão feliz estava que somente as lojas da Rua

Principal estavam participando e que não era toda a rua, porque então ela teria quinhentos

laços para fazer... blá, blá, blá.

Eu não estava prestando muita atenção na divagação nela. Estava muito ocupada

pensando, como o meu perfume Sleepy Hollow se projetava e como eu podia englobar tudo

isso com um tema de festas.

Estávamos a dez metros das portas de saída quando um pequeno buraco na parede

chamou minha atenção. Era uma livrara chamada Hallowed Words, e a placa na porta

dizia que era especializada em livros antigos. Eu parei repentinamente, sacolas voando

descontroladamente ao meu redor. A mamãe não notou de primeira, mas então ela se

virou quando bateu nas portas da frente sozinha. — Eu preciso fazer uma parada aqui — eu

disse rapidamente. — Só demorarei cinco minutos, prometo. —

O olhar dela era descrente. — Você teve todo o tempo do mundo mais cedo, Abbey.

Porque você não foi naquela hora? Eu disse para você que tenho muito trabalho para fazer

esta noite. —

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— Por favor, mãe? Só cinco minutos. Você pode ir esquentando o carro e trazê—lo

para perto. Prometo que vou demorar só cinco minutos. —

Ela encarou. — É melhor que você esteja na porta quando eu chegar lá. Cinco

minutos. —

— Tudo bem — falei por sobre o meu ombro, pronta para ir em direção à loja. Eu

não sabia se encontraria algo lá, ainda mais em cinco minutos, mas tinha um bom

pressentimento.

Passando pelas portas de vidro era como voltar no tempo. A loja tinha um cheiro

de papel de livro velho, e era bom, respirei profundamente, me perguntando por um

momento se eu poderia fazer um perfume que cheirasse como livros velhos, mas então

rapidamente segui em frente. Cinco minutos estavam se passando, e percebi que não havia

maneira de cinco minutos serem suficientes para passar aqui.

Os livros estavam literalmente em todo o lugar. Do piso até o teto, fileira após

fileira. Prateleiras de livros estavam alinhadas uma atrás da outra, e cada uma era

praticamente gemendo sob o seu peso carregado.

Eu estava condenada. Nunca conseguiria sair a tempo.

Zanzando pelo primeiro corredor, continuei dizendo a mim mesma que deveria ir

embora. Era uma perda de tempo. Mas continuei andando, e o primeiro corredor me guiou

para o segundo, que me levou para um terceiro, e então virei a direita. Eu estava tentando

virar e desistir, quando me deparei com uma exposição no canto.

Lá, em duas prateleiras pequenas de bronze, estavam diversos livros velhos, e o

preço estava no centro. Um telescópio antigo. Enquanto eu chegava perto, podia ver que a

exposição tinha como tema a astronomia. Minha cabeça começou com uma sensação de

zumbido, e senti um pequeno choque correr pela minha espinha enquanto olhava com uma

adoração e admiração muda.

É isso. Eu encontrei o presente perfeito para o Caspian.

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O telescópio estava em perfeitas condições primitivas. Feito de vidro antiquado e

um belo metal antigo parecia como algo achado em um laboratório de um cientista louco.

Era perfeito.

Eu segurei a minha respiração enquanto o segurava, sentindo a sua superfície

pesada e sólida na ponta dos meus dedos, e rezei para que ele tivesse um preço que

pudesse pagar. Visões de etiquetas de preço marcando duzentos, trezentos, e até

quinhentos dólares continuavam a correr pela minha cabeça, e eu desesperadamente

esperei que estivesse errada.

Quando a etiqueta revelou um preço de cinquenta dólares reduzido pela metade, e

25 dólares marcados ao lado dela, eu praticamente estourei em um canto e dança. Ah, sim,

ele era totalmente meu.

Cuidadosamente colocando o meu tesouro embaixo de um braço, me virei para os

livros e peguei um que era belamente ilustrado com desenhos de estrelas. Era do começo

de 1900, e eu não podia acreditar na minha boa sorte. A etiqueta do preço nessa belezinha

eram meros oito dólares, e rapidamente o acrescentei para a minha pilha.

Sabendo que o meu tempo já havia se passado há muito tempo, tentei encontrar a

frente da loja, e ansiosamente esperei pelo vendedor vir despachar as minhas compras.

— Você encontrou o que estava procurando? — ele perguntou enquanto passava

lentamente as coisas.

— Sim — respondi com um grande sorriso. — Eu encontrei exatamente o que

estava procurando. —

CAPÍTULO VINTE

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ESTA TEMPORADA

...Livros foram deixados de lado sem serem recolocados nas prateleiras, mesas

foram derrubadas, os bancos jogados, e toda a escola virou uma bagunça uma hora

antes do horário habitual, irrompendo como uma legião de jovens diabinhos

— A Lenda de Sleepy Hollow —

Uns dois dias antes das férias de Natal, foram brutais, e eu não era a única cansada

de estudar para as provas. Uma vez que a aula começava, a atenção se desviava

rapidamente do que estava sendo escrito no quadro, para quem estava vestindo o que para

o próximo baile de Natal.

Era ruim o bastante ver os pôsteres coloridos me encarando em todo lugar com sua

alegria detestável, mas isso não era nada comparado a apunhalada de solidão que eu sentia

sempre que um fragmento de conversa chegava aos meus ouvidos.

— Ah meu Deus, tenho o vestido mais perfeito! É vermelho e branco. —

Eu pensei que o tema do baile seria romance no inverno na terra das maravilhas?

Não.

— Eu ouvi dizer que eles vão fazer nevar... —

Eu ligava que haveria delicados pingentes e montes de neve fofa falsa cobrindo

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tudo?

Não.

— Você pode acreditar que vai ter corridas de trenó... —

Eu ligava que haveria uma carroça puxada por cavalos disponíveis para que você

pudesse dar um passeio romântico do lado de fora com o seu acompanhante?

Não.

Eu queria ir nesse estúpido baile?

Sim. Desesperadamente.

Não era realmente justo. Eu tinha um namorado agora. Claro, não estávamos

exatamente nos vendo nesse momento, mas eu supostamente deveria ser uma daquelas

garotas decidindo que vestido usaria no baile. Não parada do lado de fora olhando para

dentro.

Uma pontada de culpa me atingiu, quando percebi que somente dois meses atrás

eu não havia ido ao baile porque Kristen nunca poderia ter a chance de ir. Sentindo-me

como uma melhor amiga terrível, eu prontamente bani todos os pensamentos sobre o baile

para o fundo da minha mente, e jurei não pensar nisso novamente.

O último sinal tocou ruidosamente acima das nossas cabeças, e me arrancou dos

meus pensamentos. As portas se abriram repentinamente ao longo do carredor, enquanto

as vozes preenchiam o ar. A maioria dos estudantes nem paravam nos seus armários. Eles

tinham duas semanas de liberdade a frente deles, e eles queriam sair.

Eu não podia culpá—los.

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Sozinha no corredor vazio, joguei minha bolsa de livros no chão e deixei o zíper

bem aberto. A porta do meu armário bateu na porta ao lado, mas eu não liguei. Peguei o

meu livro de Literatura Inglesa e o joguei para dentro.

Estúpido baile de Natal.

O meu livro de álgebra foi o próximo.

Estúpidos pingentes e neve falsa.

E então o de ciências.

E o cavalo provavelmente vai cagar em todo o lugar.

Os baques maçantes eram estranhamente satisfatórios, e joguei os últimos dois

livros com veemência. Eu estava completamente sem munição agora, e meu armário

parecia vazio e desamparado. E então olhei para baixo e vi dezenas de papéis de chiclete,

bolas amassadas de papel de caderno, e lápis mastigados espalhados no fundo.

Hora para uma limpeza rápida.

Tirando vantagem do corredor vazio, arrastei a lata de lixo mais próxima. Era feita

de um metal monstruosamente velho e bem barulhento e fez um terrível barulho

estridente. Lutei e puxei e praticamente implorei com a coisa para ela cooperar comigo,

mesmo que só um pouco. Felizmente, escolheu cooperar, e metade da batalha havia

acabado uma vez que o estacionei ao lado do meu armário.

Eu comecei a arremessar os papéis de chiclete, anotações de aula esquecidas do

último semestre, uma prova antiga de ciência que eu havia procurado em todo lugar, uma

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mão cheia de lápis maltrapilhos, uma foto minha e da Kristen.

A foto caiu antes que eu tivesse a chance de reconhecê—la, e então era tarde

demais. Enquanto eu encarava a pilha grande lixo nojento, eu sabia. Não podia deixá—la

lá. A foto havia sido tirada ano passado em uma viagem da escola, e era a única cópia que

eu tinha.

Primeiro tentei alcançar com o braço, ficando cuidadosamente longe dos lados

nojentos. Mas não alcancei. Eu era uns quinze centímetros mais baixa. Desejei que alguém

alto ainda estivesse por aqui que pudesse aparecer de repente e pegá—la para mim, mas

uma olhada rápida pelo corredor me disse que havia zero chance de isso acontecer. Eu

estava sozinha e dependia só de mim.

Então eu tentei...

Segurando a minha respiração, e colocando um pedaço de papel como uma

barreira entre a minha camiseta e a lata, me lancei com toda a vontade. Não havia muita

luz uma vez que entrei, então eu estava tentando achar cegamente até sentir a foto.

Também consegui de alguma forma agarrar uma meia barra de chocolate comido enquanto

estava fazendo isso, mas rapidamente larguei aquilo e me arrastei para fora de lá.

Eu me ergui e saí da lata de lixo, tentando tirar meu cabelo para fora do caminho.

E então voltei um passo, com a foto segura nas mãos, e prontamente dei de cara com

alguém.

Não era exatamente uma das minhas melhores horas.

Eu me virei lentamente. Os olhos risonhos do Ben entrou em foco, e ele tinha um

olhar estranho em seu rosto, como se ele estivesse segurando uma fungada e uma risada ao

mesmo tempo. Ergui minha cabeça enquanto as minhas bochechas ficavam vermelhas. —

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Não é o que você pensa. Eu deixei cair algo acidentalmente lá e tive que tirar. Essa era a

única forma. —

Ele balançou a cabeça e ainda tinha aquele olhar estranho em seu rosto. Somente

com o meu insistente — Vá em frente — que ele dobrou e explodiu em gargalhadas. Mas

pelo menos não durou muito.

— Desculpa, Abbey — ele disse, limpando as lágrimas. — Sério, eu não quis rir de

você. Era só uma visão engraçada. Pensei que talvez você estivesse indo atrás de um

sanduíche lá ou algo. — Ele me deu um sorriso bobo, e sorri de volta. Era infeccioso.

Eu me inclinei cotra o meu armário e apoiei meu quadril para dar suporte,

abandonando todas as tentativas de parecer legal. O que possivelmente pode ter feito o

Ben escolher este momento para me encontrar?

Ele me deu um sorriso grave e olhei para meu armário nervosamente. — Então,

como as coisas estão andando com você, Abbey? —

Por um momento, me bateu um deja vu. Já não tinham me perguntado isso antes?

— As coisas estão bem — respondi, depois que a sensação passou. — E você? —

— Bem... Elas estão boas para mim também — ele disse. — Eu comecei a sair com a

Amanda Reynolds. Nós estamos saindo a mais ou menos um mês por aí. —

Amanda Reynolds. O nome fez cócegos no fundo do meu cérebro, mas não

conseguia lembrar dela. —Desculpa, acho que não conheço ela. —

Ele olhou de volta para o armário e então para baixo para a lata de lixo. — Nós, uh,

fomos ao baile juntos. —

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Mes lábios fizeram o som antes que eu pudesse pensar. — Oooooooh. — Vestido

amarelo. Da noite do baile. Aquela que disse que eu era uma biscate.

— Não é como se fosse sério nem nada disso. — Ele deu de ombros. — Mas quem

quer ficar sozinho no Natal? —

Eu acenei minha cabeça lentamente. Sim, quem quer ficar sozinho no Natal?

Ele me olhou nos olhos por um segundo e hesitou, quase como se ele estivesse

esperando que eu fosse dizer algo. Permaneci em silêncio, e ele continuou. — Então, de

qualquer forma, como estão as coisas entre você e qual é o nome dele? —

— Caspian — eu respondi. — O nome dele é Caspian. E as coisas estão bem, eu

acho. Nós estamos tentando resolver algumas coisas. Mas está tudo bem. —

Ele acenou, e nós dois ficamos lá parados em um silêncio desconfortável. Ben foi

que quebrou o beco sem saída. — Aqui. — Ele puxou algo de seu bolso traseiro. — Isso é

para você. — Ele tirou um envelope vermelho, e eu olhei para ele surpresa.

— É só um cartão de Natal — ele disse, respondendo a minha pergunta silenciosa.

— Não é grande coisa. Só, sabe, porque é essa temporada e tal. —

Eu olhei novamente para o cartão, muda. Ele havia comprado um cartão de Natal

para mim? Eu não havia ganhado um de ninguém mais. Era uma tradição do colegial que

você trocasse cartões de Natal com todos os seus amigos a cada ano, mas desde que a

Kristen e eu somente éramos amigas uma da outra, isso deixou a nossa lista de cartões bem

curta.

— Eu não sei o que dizer. — Era verdade, eu realmente não sabia. Ainda não havia

pegado o cartão.

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— Não diga nada. Só pegue o cartão. — Ele segurou o cartão mais perto de mim, e o

peguei, pateticamente agradecida.

— Obrigada, Ben. Isso significa muito para mim. —

Vendo que a foto que eu havia sofrido tanto para resgatar do lixo ainda estava na

minha mão, eu a lancei para ele. —Eu quero que você fique com isto.—

Ele tentou protestar no começo, mas não desisti. Finalmente ele a aceitou. Eu não

perdi o fato de que ele havia tocado o rosto sorridente da Kristen antes de ele enfiar a foto

no bolso dele. Abaixando a cabeça, ele ficou tímido. —Eu tenho que ir. Se cuide, Abbey, e

Feliz Natal.—

—Sim, para você também,— falei para ele enquanto se virava e começava a voltar.

—Boas festas.—

Eu esperei e não abri o envelope do Ben até que comecei a ir para casa. Havia

apenas um cartão genérico de Boas Festas dentro, assinado com o nome dele, mas

realmente significava algo para mim. Senti-me terrível que não havia dado um para ele,

mas era muito tarde agora. Se eu desse um para ele quando nós voltássemos para a escola,

pareceria como alguém que obviamente estava devolvendo um favor.

Oh, bem. Pelo menos há o ano que vem.

Quando finalmente cheguei em casa, suspirei de alívio enquanto tirava a bolsa

com os livros dos meus ombros doloridos e deixava—a cair no chão em um arremesso sem

descuidado. Eu nem liguei que a mamãe pudesse gritar comigo depois por deixar a bolsa

no meio do corredor. Só não importava.

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Andei em direção a cozinha e comecei a movimentar para pegar algum salgadinho

antes de seguir para o meu quarto. Depois de ligar o computador, descansei minha cabeça

nas mãos enquanto esperava ele iniciar. Eu estava tão cansada. Exaustão era uma

constante companhia minha.

O computador ligou, bipou e zuniu, e quando todos os barulhos pararam, eu sabia

que estava pronto para funcionar. Loguei a internet e levei o meu tempo checando os e—

mails. E então naveguei por alguns sites de compras familiares. A maioria deles estava

oferecendo GRÁTIS! TRANSPORTE RELÂMPAGO! Para as festas, e mais uma vez minha

mente virou para os presentes. Mentalmente conferia a lista na minha cabeça de quem eu

já havia comprado, e isso me deixava apenas com o Sr. E a Sra. Maxwell.

Ainda incerta do que comprar para eles, digitei ‗presentes raros‘ na caixa da

ferramenta de pesquisa. Dentro de segundos dezenas de listas apareceram na minha tela.

Eu estava insatisfeita com todos eles até que finalmente encontrei um site anunciando para

dar nome a uma estrela.

Dez minutos depois eu estava convencida. Dar o nome de Kristen a uma estrela

seria o presente perfeito. Os Maxwells iriam amar isso. Rapidamente cliquei o meu

caminho até despachar, descontente com o fato de que GRÁTIS! TRANSPORTE

RELÂMPAGO! Não era oferecido neste site, e para que eu conseguisse pegar o meu

certificado de aviso a tempo para o Natal, iria me custar trinta dólares extra.

Mas eu o escolhi de qualquer jeito, já que era Natal e tal, e o Tio Bob tinha me dado

um bonus. Enquanto digitava de memória o número de cartão de crédito da mamãe, me

lembrei severamente de dar o dinheiro para ela depois.

Pensamentos sobre o Tio Bob me lembraram o fato de que eu havia esquecido

completamente de comprar um presente para ele, então comecei a clicar o meu caminho

por mais sites. Era ainda mais difícil encontrar algo para ele, e uns momentos depois

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desliguei o computador, frustrada pra caramba. Quando fazer compras havia se tornado

tão difícil?

Eu empurrei minha cadeira e me levantei, andando até o assento da janela. Lá

fora, a neve clara estava caindo, e a cena congelada era linda e calma. Dentro, no entanto,

eu não sentia nada a não ser preocupação e a ansiedade. Eu queria desesperadamente ir ao

cemitério encontrar o Caspian.

Decidindo que distração estava em ordem, agarrei meu casaco e me dirigi escada

abaixo. Para manter minha mente distraída, desta vez iria na dierção oposta do cemitério.

Rua Principal. E talvez até poderia encontrar algo para o Tio Bob enquanto estivesse lá.

Lembrei-me das luvas desta vez, e rapidamente as coloquei enquanto eu andava.

Dentro de minutos a primeira loja entrou no caminho, Era absolutamente linda, e parei

para admirar a decoração. Lacinhos vermelhos e guirlandas verdes acentuadas por bolas

de vidro prateadas penduradas do lado de fora da loja, enquanto cordas de pipoca e

cintilantes luzes brancas cobriam a parte de dentro.

Olhando ao meu redor, notei que essa não era a única frente decorada. Os vizinhos

haviam realmente caprichado. Trotei lentamente, observando o grande laço vermelho em

cada vitrine de cada janela. Aquilo era certamente trabalho da mamãe. Ela havia criado o

perfeito laço claro, e definitivamente adicionava o toque certo.

Até mesmo as esquinas das ruas haviam sido decoradas, e uma lâmpada de gás

antiga estava colocada em cada esquina. As chamas dançantes piscando por trás da

máscara de vidro cobertos cruamente iluminando os flocos de neve que caíam sem parar.

Era um espetáculo para ver, e rapidamente me senti como se estivesse sido transportada

de volta no tempo.

A próxima janela que passei estava sem enfeites e vazia, mas eu parei. Era a minha

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loja. Ou minha futura loja, de qualquer forma. Estiquei uma mão e amorosamente corri

meu dedo sobre o vidro sujo. A moldura pintada de madeira estava lascada e descascando,

mas não liguei. Estava esperando por mim. Isso seria o meu bebê um dia. Eu sonhava

acordada sobre como a montaria.

Talvez pudesse usar uma banheira velha garra—pé e armários diferentes para

mostrar as minhas mercadorias. Eu podia ter uma seção de leitura, com uma biblioteca de

livros antigos, com todos os trabalhos de Washington Irving. Ou talvez haveria mesas

antigas, e garrafas boticário. Uma loja com o tipo de beleza a moda antiga. As

possibilidades eram infinitas.

Meus pensamentos viajavam, mas relutantemente me afastei da janela. Eu não

tinha muito tempo restando antes que todas as lojas começassem a fechar, e eu veria o Tio

Bob amanhã.

Eu precisava encontrar um presente para ele, e precisava encontrar rápido.

Uma pequena loja de flores rendeu—me o presente perfeito para o Tio Bob, e ele

ficou emocionado com a caneca de melhor chefe do mundo que dei para ele no trabalho,

no sábado. Ele fez questão de trazê—la cada vez que ele vinha falar comigo, segurando—a

até que eu visse que ele estava com ela. Eu não consegui trabalhar quase nada.

No domingo ele parecia satisfeito em deixar a caneca em sua mesa, e finalmente

consegui começar um novo projeto. Quando foi a hora da mamãe vir me buscar naquela

noite, lembrei ao Tio Bob que o veria em duas semanas, e ele disse de novo que ele estava

muito agradecido pela caneca. Eu corri para fora de lá antes que ele tivesse a chance de ir

pegá—la novamente.

Eu estava finalmente livre para as festas de fim de ano e pronta para o relaxamento

começar.

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Pelos próximos três dias dormi até o meia dia, fiz dezenas e dezenas de biscoitos

com a mamãe, e bebi litros de chocolate quente. Era completamente tranquilizante.

A véspera de Natal veio antes que eu percebesse, e passei grande parte da manhã

ajudando a mamãe a encaixotar os biscoitos para todos os membros da nossa extensa

família. O que provavelmente explicava porque mamãe sempre virava uma cozinheira

maluca todo ano. Nós tínhamos muitos parentes.

Depois que nós terminamos de empacotar os últimos, fui para o meu quarto

embrulhar alguns presentes sozinha. O certificado dê—nome—a—uma—estrela havia

chegado bem a tempo, e estava animadíssima de ver que veio em uma linda moldura preta.

Eu adicionei um papel de presente e um laço vermelho e o terminei a tempo. O próximo

eram os presentes do papai e da mamãe e eles também não foram demorados para

embrulhar.

Eu mergulhei profundamente no meu lado criativo para achar uma maneira única

de embrulhar os presentes do Caspian. Depois de encontrar um papel de presente azul

escuro, e adicionar pequenos adesivos em formato de estrela estrategicamente

posicionados, desenhei alguns formatos circulares com uma caneta cinza. O resultado foi

perfeito.

Tentando encontrar uma caneta vermelha para escrever o nome dele, procurei

dentro da minha caixa de suprimentos de perfume. Parei por um minuto quando meus

olhos pararam em uma amostra que havia feito para a Kristen. Tirando a tampa da garrafa

de vidro azul, derramei um pouco no meu provador e adicionei—o a pilha de presentes.

Eu não podia esquecer a minha melhor amiga.

Quando a tarefa estava completa, e encontrei a caneta vermelha, meus

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pensamentos vaguearam de volta para o cemitério. Lutei com a decisão de ir ou não lá,

enquanto distraidamente escrevia os nomes em cada presente. Era Natal, afinal de contas.

E não importava realmente quem disse o que, contanto que tudo estivesse bem entre nós.

Indecisão me fez morder meu lábio de preocupação, então decidi me distrair com

mais biscoitos. Biscoitos sempre funcionaram antes, e espero, eles não me desapontariam

agora.

Desci as escadas para a cozinha e me joguei no processo de fazer outra fornada, mas

logo que eu percebi que estar com o braço inteiro em massa de biscoito dava a minha

mente tempo suficiente para imaginar e me preocupar. Extremamente desgostosa comigo

mesma, e me sentindo extremamente deprimida, desisti dos biscoitos, coloquei a massa

na geladeira, e marchei de volta para o meu quarto para pensar no que eu deveria fazer.

E então a desculpa perfeita me bateu. Presentes para Nikolas e Katy.

Eu sabia instintivamente o que a Katy iria gostar, e procurei nos meus perfumes,

procurando impacientemente por uma fragrância que não havia utilizado antes. Encontrei

uma mistura mais antiga, e depois olhei rapidamente na descrição do rótulo, destravei a

tampa e aspirei profundamente.

A fragrância, com toques de violeta e madressilva, estava estocada por mais de um

ano e havia envelhecido muito bem. Era quase um cheiro à moda antiga, e eu sabia de cara

que era o presente perfeito para dar a ela. E então sentei e ponderei sobre o que dar ao

Nikolas.

Eu não estava completamente certa que ele gostaria de ganhar um perfume de

presente de Natal. E mais, não queria que ele tivesse a ideia errada e achar que eu estava

dando um dica que ele precisava de um cheiro novo. O odor de biscoitos frescos ainda

permaneciam no ar, e me distraiu enquanto o sentia apreciativamente.

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A inspiração me bateu de novo, e segui para o andar de baixo. Da mesma forma

que eu sabia que a Katy amaria o perfume, sabia que o Nikolas amaria biscoitos recém

assados. Escolhi da seleção de pão de gengibre, snickerdoodle*, biscoitos Russian

thumprint* que a mamãe e eu havíamos feito mais cedo. Coloquei-os dentro de uma lata

redonda brilhante e colorida. Quando ficou cheia, fechei a tampa e adicionei um laço.

*Os snickerdoodles são biscoitos que antes de assados são envolvidos em uma

mistura de açúcar e canela.

*http://cocoa—heaven.com/wp—content/uploads/2010/05/dark—chocolate—

almond—thumbprint—cookies.jpg

Era hora de virar Papai Noel.

Naveguei pelas ruas cuidadosamente, tentando evitar qualquer pedaço de gelo

escondido. A neve ainda estava caindo, e uma camada fina se prendia molhada no chão. Eu

escorregava e deslizava uma hora ou outra, mas consegui com sucesso não derrubar minha

bolsa de presentes ao longo do caminho. Não levei muito tempo para cruzar a cidade, e a

casa dos Maxwells entrou na vista.

Pisei cuidadosamente nas escadas estreitas e bati meus pés uma vez quando

cheguei na entrada. Sempre houve uma pequena abertura na cortina branca que cobriam a

janela da frente que davam de cara ao alpendre, e olhei para dentro enquanto colocava a

minha bolsa em um local seco.

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Ambos os Maxwells estavam sentados no pequeno sofá, e eles pareciam estar em

uma conversa intensa. Assisti enquanto o Sr. Maxwell gesticulava selvagemente com as

mãos enquanto a Sra. Maxwell balançava a cabeça. Quando olhei mais de perto, pude ver

que os olhos dela estavam vermelhos, e tinha um lenço todo amassado na mão.

Obviamente essa não era a melhor hora para interromper.

Silenciosamente procurei na minha bolsa de presentes e retirei o presente deles.

Afofando as beiradas do laço levemente amassado, olhei em volta e procurei pelo lugar

mais seguro para colocá—lo. A moldura da porta chamou a minha atenção. Era larga,

profunda, e seca.

Eu encravei o presente, para que ele ficasse apoiado em um ângulo, e o reajustei

uma vez ou duas vezes antes de bater suavemente na porta. Mesmo se eles não

respondessem na hora, eu sabia que eles o encontrariam mais cedo ou mais tarde. Pegando

minha bolsa e dando uma última olhada por sobre o ombro, rastejei para fora do alpendre

e segui em direção ao cemitério. Para o meu próximo destino.

Puxei meu casaco mais apertado a minha volta enquanto andava, sentindo a

picada da neve. Eu não tinha percebido quanta diferença fazia ficar debaixo de um

alpendre coberto por aqueles dois minutos. Estava congelando aqui fora.

Ao invés de retornar, no entanto, continuei marchando, segurando minha bolsa

apertada. Quando cheguei aos portões largos do cemitério, aumentei o passo. Eu ainda

tinha uma boa caminhada a minha frente, e o tempo estava ficando pior. Pegando o

caminho principal, passei pelo local da tumba do Irving e fui mais para frente para o outro

lado do cemitério. A rota ainda estava fresca na minha mente, e segui o percurso cheio de

curvas, fazendo diversas viradas quando precisei.

Com a respiração gelada de inverno no ar, a floresta ao meu redor era cinza e

ameaçadora. Não havia nenhum pássaro desta vez, e a maior parte das plantas haviam

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secado. Tudo parecia tão estéril e vazio, era uma grande diferença da última vez que eu

havia estado aqui.

Virei meus olhos para frente, continuando pelo caminho a minha frente. Não podia

me dar ao luxo de parar agora. Presa em uma tempestade de neve não era um lugar que eu

queria estar.

Localizando uma grande chaminé de pedra, corri o resto do caminho e bati

fortemente quando cheguei a porta da frente. Ela se abriu imediatamente, e Nikolas estava

parado lá parecendo preocupado, com a Katy ao seu lado.

Os seus olhos se acenderam quando ele viu que era eu, e eles tentaram me chamar

para entrar, mas ergui uma mão. — Eu não posso ficar por muito tempo. Só queria desejar

aos senhores um Feliz Natal e dar para os senhores isso. — Tirei os presentes da minha

bolsa e lancei na mão deles.

Um grande sorriso apareceu no rosto de Nikolas enquanto ele passava o perfume

para a Katy. Ela segurou o frasco para cima para a luz fraca atrás dela e o examinou

ansiosamente.

— É perfume — eu expliquei. — Lembram que contei que eu fazia perfume? Esta

fragrância é para a senhora, Katy. É só abrir a tampa e segurar o seu dedo em cima

enquanto a vira de cabeça para baixo. É dessa forma que você tira pouco. —

Ela destravou a tampa e fez como instruí, e então segurou o seu dedo para o nariz

para cheirar. — É maravilhoso! — ela exclamou, um olhar de puro prazer em seu rosto. —

Eu sinto cheiro de madressilva e violetas selvagens. Duas das minhas coisas favoritas. Você

tem um talento e tanto, Abbey. Muito obrigada pelo meu lindo presente. —

Eu acenei, impressionada pela habilidade dela de distinguir os cheiros

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individualmente.

Nikolas rapidamente virou sua atenção para o presente dele, abrindo

espalhafatosamente a tampa da lata. Katy e eu rimos da expressão de alegria em seu rosto

quando ele viu o que estava dentro. — Biscoitos! Você, por um acaso, fez algum desses,

Abbey? —

Eu acenei novamente, respondendo a sua questão. — Sim, ajudei a fazê—los. —

— Eles parecem deliciosos. Obrigado, Abbey. Significa ainda mais para mim que

você gastou seu tempo e atenção neles. —

Eu corei, vencida pelos seus elogios. — Não foi nada. Sério. Vocês dois foram tão

legais comigo que só queria dar a vocês uma pequena lembrança do meu agradecimento. —

— Por que você não entra e se esquenta um pouco? — Sugeriu Katy. — Eu vou fazer

um chá para nós. —

Eu balancei minha cabeça lamentosamente. — Eu adoraria, mas não posso. Tenho

mais uma parada para fazer, e então tenho que ir para casa para o jantar. Na verdade, é

melhor eu já ir. —

Katy se inclinou para frente para me dar um abraço rápido. — Tudo bem, querida.

Mas venha nos ver de novo para uma visita depois do natal, ok? Nós temos muito que falar.

— Tudo bem. — Nikolas deu um passo para frente para me dar um abraço de lado,

e me perdi por um momento em uma memória do meu avô e os abraços de urso dele. Eu

apertei bem o Nikolas, desejando até enquanto o soltava que ele fosse o meu avô. Isso seria

um bom presente de natal.

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Katy desapareceu por um minuto e então retornou. Ela tinha um pequeno

embrulho nas mãos. — Eu quase esqueci. Isso é para você, querida. Nós não tínhamos

certeza quando nós te veríamos novamente, então nós estivemos guardando—o. Feliz

Natal. —

Aceitei o embrulho que ela segurava e o enfiei seguramente na minha bolsa. —

Obrigada. Obrigada aos dois. E Feliz Natal para os senhores também. Eu definitivamente

vou voltar para vê—los depois do Natal. Guarde um pouco de chá de menta para mim. —

Eles riram e acenei enquanto começava o percurso que saía da casa deles. Joguei

um último sorriso sobre o meu ombro e gritei — Feliz Natal para todos, e para todos boa

noite!— mas o vento cortou minhas palavras e as espalhou nas árvores ao meu redor.

Olhando para cima para o céu escurecido infinito, me enfiei dentro do casaco, e parti para

encontrar meu caminho de volta ao cemitério.

Eu estava quase sem tempo.

Quando finalmente voltei a trilha, a segui até chegar a uma tumba conhecida, e

parei de repente, golpeada novamente pelo memória viva que a minha melhor amiga

estava morta.

Eu agarrei o frasco de perfume da Kristen, e então derrubei minha bolsa no chão.

Destampando o frasco, o segurei com cuidado, tentando não derramar nada. E então o

carreguei e me ajoelhei diretamente em frente à tumba. Limpei um pouco de neve

capturada nas letras gravadas esculpidas na superfície antes de falar. — Hei, Kris, Feliz

Véspera de Natal. Eu te trouxe um presente. — Jogando perfume no chão congelado, o

assisti lentamente devorar uma fina camada de neve e gelo.

A fragrância de toranja, gengibre, e baunilha subiu até mim. — Tenho que ir agora

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— mas queria que você soubesse que sua mãe e seu pai não estarão sozinhos no Natal. Eles

concordaram em vir jantar. Oh, eu já dei o presentes deles. Consegui uma estrela com o teu

nome. —

Eu enfiei o agora vazio frasco perto de algumas flores falsas no pé da tumba e

então me levantei. — Tchau, Kristen. Vejo você amanhã. Não vou esquecer nossa tradição.

O vento rugiu novamente, e me virei, me abaixando para pegar bolsa enquanto ia

embora. O caminho mais rápido para fora do cemitério era passar pelo lote da família

Irving, então escolhi aquele caminho, dando uma olhadinha enquanto passava.

Percebi imediatamente que o portão de metal estava aberto, e com uma pedra

encravada no meio para mantê—lo no lugar. Subi as escadas, intrigada por saber quem

havia deixado o portão daquela maneira. Uma investigada rápida na área próxima revelou

que não havia sido feito com a intenção de vandalizar as sepulturas. Nada havia sido

mexido.

Ao invés disse, parecia que havia sido feito para mim...

Uma caixa, longa e reta, estava escorada ao lado da sepultura de Washington

Irving, e o meu nome estava rabiscado grossamente nela. Ou melhor, como fui perceber

quando me aproximei, o meu apelido estava rabiscado nela.

Uma pontada agridoce atingiu meu coração enquanto olhava ao meu redor.

O pacote definitivamente não estava aqui quando passei por aqui mais cedo. Deve

ter sido deixado enquanto estava no chalé. Aparentemente o donatário havia decidido não

permanecer por perto, no entanto, porque ele não estava em nenhum lugar a vista.

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Pegando—a, tirei um pouco de neve e a segurei reverentemente. As palavras não

abra até o NATAL estavam escritas em letras grandes embaixo do nome Astrid, com vários

pontos de exclamação firmes. Eu sorri e olhei ao redor novamente antes de retirar o

presente do Caspian da minha bolsa.

Desenrolando o cachecol preto do meu pescoço, eu o usei como uma camada extra

de proteção para a pequena pilha de Caspian. Não tinha ideia de quanto tempo demoraria

até ele os encontrar, mas esperava que eles não ficassem muito molhados. Colocando—os

exatamente no mesmo lugar que ele havia colocado o meu, beijei uma ponta do dedo e

toquei a pilha. Se eu não conseguisse vê—lo nenhuma vez no Natal, então isso seria a

minha mensagem silenciosa para ele.

A neve gelada começou a se acumular rapidamente no meu pescoço nu e

rapidamente me lembrei de onde eu estava, então enfiei o presente dele na minha bolsa, e

dei um passo para longe da sepultura. — Feliz Natal, Caspian — sussurrei para o vento. —

Eu amo você. —

Falta 21,22,23,24,25+epilogo

Capítulo Vinte e Um

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Uma tradição

Se alguma vez eu tivesse que desejar ir para um retiro, aonde eu pudesse roubar

o mundo de suas distrações... Eu sei que nenhum mais promissor do que este vale pouco.

- ‗A Lenda Sleepy Hollow.‘

A neve foi uma companheira gelada enquanto eu fazia meu caminho de volta para

casa. O jantar foi carne guisada com pão recém assado, e cheirava divinamente. Mamãe e

papai pareciam estar tão distraídos quanto eu, e nós nos movemos um por um para dentro

da cozinha, onde nós enchemos uma caneca de sopa e então perambulamos até nossos

cantinhos. Era obviamente uma noite de Buffet.

Eu carreguei o meu jantar e a minha recompensa até o meu quarto, ansiosa para

olhar os meus presentes. O guisado ainda estava muito quente, então eu o coloquei na

mesa e coloquei a sacola de presentes na minha cama. Eu tirei a jaqueta molhada que eu

ainda estava vestindo, a pendurando na parte de trás da minha porta, e chutei meus tênis

encharcados para fora. Depois de encontrar uma calça de moletom e uma camiseta de

manga comprida, eu estava seca novamente e rapidamente me acomodei.

Pegando o presente do Caspian, e então um do Nikolas e da Katy, eu os coloquei

lado a lado e afundei na cama para olhá-los. O do Caspian era difícil de investigar porque

tudo o que eu podia ver pelo lado de fora era só uma caixa marrom comum. O aviso de

esperar até o Natal pesava na minha consciência, e eu olhei para o relógio. Quatro horas e

meia a mais até a meia noite...

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Tecnicamente, se eu esperasse até lá, seria manhã de Natal e eu poderia abri-lo

sem violar as regras. Era uma pequena tecnicalidade, mas funcionava para mim. Eu

empurrei o presente do Caspian para o lado e me distrai com o pacote do Nicolas e da Katy.

Pelo menos eu podia abrir um presente cedo.

O pacote no final resultou em algum tipo de cobertura acolchoada longa e

vermelha, e uma vez que eu comecei a desenrolá-lo, o pacote dentro foi ficando menor e

menor. Uma xícara de porcelana linda foi revelada quando eu puxei o último pedaço do

tecido. Era pequeno e delicado, com borda de pregas e uma asa, com a boda folheada a

ouro. Pequenas rosas estavam espalhadas pela superfície, e parecia como se cada tivesse

sido pintada a mão.

Eu a peguei e a admirei de cada ângulo. Parecia haver algo enfiado dentro da

xícara, então eu a virei em cima da cama. Uma pequena porção de material vermelho, um

pedaço de madeira, e uma folha de papel foram despejadas para fora. Eu examinei o papel

primeiro, sorrindo animada quando eu vi uma receita para o chá de menta que estava

escrito a mão nele. Tocou o meu coração que eles se dedicaram tanto nesse presente. Eles

não poderiam ter escolhido nada mais perfeito para mim.

O pequeno pedaço de tecido foi o próximo, e eu o segurei e o estiquei um pouco. Eu

pude dizer imediatamente que era um par de luvas vermelhas tricotadas, e eu me virei de

volta para o pedaço mais longo de tecido, tardiamente percebendo que era um cachecol

combinando. Eles eram adoráveis, e haviam sido feitos na minha cor favorita. Katy era

uma boa palpiteira.

Eu vesti as luvas e o cachecol e alcancei o pedaço de madeira. Cabia na palma da

minha mão e era uma réplica exata da placa nos portões de ferro que dizia CEMITÉRIO

DE SLEEPY HOLLOW.

Os detalhes eram incríveis. Obviamente foi feito a mão, cada letra era grossa, e se

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destacava com um fundo ensombrado. A palavra ‗Cuidadores‘ havia sido gravada na parte

de trás. Eu podia dizer que o Nikolas havia passando muitas horas trabalhando nela.

Tocada novamente pela gentileza e generosidade deles, eu me lembrei de passar por lá

para vê-los logo eu pudesse. Talvez eu até pudesse levar mais biscoitos comigo.

Levantando-me da cama, eu coloquei a xícara e a gravura de madeira na minha

mesa, e então alcancei o guisado. Era um pouco estranho estando de luvas, mas naquele

ponto eu não ligava de verdade. Exaustão estava tomando conta, e eu só queria comer o

jantar tão rápido quanto eu pudesse.

Depois de terminar as duas últimas mordidas, eu coloquei a caneca vazia na mesa

novamente e fui deitar perto dos presentes do Caspian. O meu estômago estava

agradavelmente cheio, e eu senti a sonolência me bater como um martelo. Estaria tudo

bem se eu tirasse uma pequena soneca. Até por que, eu tinha quase quatro horas para

matar...

Quando eu acordei, o relógio estava piscando 12:48 e eu estava perigosamente

perto de rolar em cima da caixa que o Caspian havia me deixado. Eu me sentei grogue e

puxei um cobertor a mais ao redor dos meus ombros antes de tirar as luvas que eu ainda

estava vestindo. Olhando para o relógio novamente, eu levantei a caixa de papelão. A hora

finalmente havia chegado.

Um sentimento de nervoso chegou ao meu estômago, mas eu o dispensei e rasguei

um dos lados da caixa para abri-la.

Um caderno espiral fino e um pequeno pacote embrulhado com um papel

vermelho estavam dentro, e eu tirei o pequeno pacote primeiro. Era similar no tamanho e

no formato do tecido vermelho que o meu colar havia sido embrulhado antes, e eu decidi

abrir este primeiro. Enquanto eu rasgava o papel em uma longa tira, outro colar foi

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revelado.

Eu o olhei, abismada, e o segurei contra a luz.

Feito da mesma maneira que o outro, o pingente possuía um desenho de um

Cavaleiro sem Cabeça de um lado e uma grande abóbora laranja do outro. O Cavaleiro era

feito com uma risca negra e grossa de carvão, lindo e dramático, enquanto a abóbora

estava totalmente colorida e sombreada. Parecia que havia sido arrancado de uma

plantação de abóbora próxima.

Ambos os desenhos eram perfeitos, e completamente vivos. Dizer que eu estava

meramente feliz com ele seria um grande desserviço. Era uma representação perfeita da

lenda que eu amava. Eu não podia acreditar que ele havia feito outro colar para mim.

Pulando para fora da cama, eu corri para colocar o colar. Eu me virei de um lado

para o outro para olhar no espelho, me maravilhando com sua beleza. Então eu me lembrei

do caderno.

Eu corri de volta à cama para retornar a minha atenção para ele, e inclinei a caixa.

O caderno deslizou dela, fazendo um ruído quando bateu nas cobertas. Um desenho de um

lápis estava na capa, mas a parte de trás era feita de papelão. Eu o abri, e a primeira página

estava intitulada apenas ‗O Caderno de Desenho‘.

Eu estava abismada quando eu virei para a próxima página.

Caspian havia feito este lindo desenho do cemitério com nítidas linhas irregulares

de tumbas acentuadas contra as curvas mais suaves da grama e das árvores. Ele havia

capturado cada minuto de detalhe, até as inscrições nas tumbas e as bordas enroladas das

folhas caídas que haviam flutuado das árvores.

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O papel se dobrou levemente quando eu o toquei, e eu sentei em silêncio. Talvez eu

deveria ter feito algo para ele também. O presente era tão pessoal, tão... incrível. E se ele

não gostasse do telescópio e o livro que eu havia comprado para ele? Como algo comprado

de uma loja poderia ser comparado ao tempo e esforço que ele obviamente gastou criando

isso?

Preocupação e dúvida se instalaram, e eu comecei a passar pelas páginas para me

distrair. Parecia que o caderno inteiro estava repleto com desenhos. Havia um de uma

ponte, e uma do rio. Outra da sepultura de Washington Irving, e outra depois dessa que era

um desenho do alto portão de ferro que guardava a entrada do cemitério. Eles todos foram

feitos com carvão, variando de contornos pretos para cenas com inúmeras quantidades de

luz e sombras cinza escuras.

Eu estava surpreendida quando uma das últimas páginas revelou um desenho

meu, e eu olhei ele mais de perto. Caspian havia me desenhado sentada ao lado da

sepultura da Kristen, olhando para o além. Uma duas mechas de cabelo voavam

suavemente com uma brisa não-existente, e a tristeza era evidente nos meus olhos. Ele

havia colocado o título ‗Abbey & Kristen‘.

Eu lentamente virei para a próxima página, incerta do que eu iria descobrir.

Havia outro desenho meu lá, desta vez no rio no dia do baile. Caspian havia

capturado a água corrente perfeitamente, e eu no meu vestido negro, deitada no meio da

água com o meu cabelo flutuando ao meu redor. Ele até desenhou a gargantilha que eu usei

naquela noite, e os meus olhos estavam queimando. Este retrato estava com o título ‗Dor

da Abbey‘.

A penúltima página mostrava o desenho de uma fachada de loja, no centro na Rua

Principal. Eu não havia dado muitos detalhes para ele, mas foi desenhado exatamente

como a loja que eu havia escolhido como minha. Ele também havia adicionado uma placa

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no topo da loja que dizia ‗A Caverna da Abbey‘. Este retrato era chamado ‗O Futuro da

Abbey‘.

Uma lágrima de repente rolou pela minha bochecha, e eu a sequei, tentando muito

não manchar nenhuma das linhas na página. Hesitação me fez parar antes de virar para a

última página, mas eu sabia que eu não conseguiria não olhar ela. Então eu contei até três

e segurei minha respiração enquanto eu virava para o desenho.

Era somente eu, minhas mãos nos quadris e o meu cabelo puxado para um lado, de

jeans e blusinha. Ele havia escrito ‗Abbey, a Corajosa‘ no final da página, e eu não consegui

descobrir por quê. Então eu vi um pequeno espaço entre a cintura do meu jeans e a barra

da minha camiseta. De primeira eu achei que estava imaginando.

Mas eu não estava.

Bem onde o osso do meu quadril esquerdo deveria estar, Caspian havia desenhado

uma tatuagem. O desenho parecia algum tipo de padrão circular e triangular, uma réplica

da dele. Eu sorri e balancei minha cabeça, sentindo um brilho quente se acumular em cima

de mim. Como eu iria dizer ‗Obrigada‘ por isso!

Enquanto eu cuidadosamente fechava o caderno, uma carta caiu das páginas, e eu

a peguei, me perguntando como eu não a tinha visto. Prestando atenção a cada palavra, eu

ansiosamente comecei a ler.

Querida Abbey,

Eu espero que você tenha gostado dos seus presentes de Natal. Eu queria te dar

algo que te lembraria de mim. Eu não sei como seguir daqui. Eu não acho que isso está

funcionando. O que eu quero e o que eu posso ter são duas coisas diferentes. Sinto muito.

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Tem que ser desse jeito.

Feliz Natal (Eu espero)

Com amor, Caspian

Meu coração parou de bater e afundou como uma rocha com essas palavras. O

brilho quente sumiu, e eu senti um frio nas profundezas do meu ser. Ele estava terminando

comigo? Nós tínhamos algo para terminar? Eu abaixei minha cabeça até as minhas mãos e

pensei calmamente por um minuto antes das lágrimas chegarem. Mas então elas realmente

vieram.

Empurrando os desenhos para a beirada da cama, eu tirei o colar e o enfiei

embaixo do travesseiro. Eu me enterrei embaixo de uma montanha de cobertas e usei o

meu travesseiro para encobrir os meus soluços enquanto eu chorava até dormir.

Definitivamente seria um Natal depressivo para mim.

Meus olhos estavam irritados e inchados quando eu acordei na manhã seguinte, e

uma olhada no espelho me confirmou que eles pareciam tão ruins quanto eu os sentia.

Meu nariz estava entupido também, então eu me arrastei de volta para a cama para deitar

embaixo das cobertas por mais umas duas horas.

Mamãe foi a primeira a tentar me acordar, me perguntando várias vezes por que

eu ainda não estava lá embaixo abrindo os meus presentes. Quando o pensamento de

coisas de graça nem me faziam nada, eu sabia que o negócio estava ruim.

Eventualmente eu me arrastei para fora da cama e fui cambaleando para o andar

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de baixo como um zumbi. Os rostos da mamãe e do papai estavam felizes e animados, e eu

fiz o esforço de desembrulhar os meus presentes, mas eu não ligava realmente para o que

eles haviam me dado.

Enquanto as pilhas de roupas, livros, sapatos, CDs, e suprimentos de perfume

cresciam, eu me sentia pior e pior. Eu tentei fazer uma cara feliz quando eu dei o meu

presente a eles, e eles pareciam realmente animados ao ganhá-los, especialmente o papai.

Mas mesmo isso não durou muito tempo, e eu acho que a mamãe começou a perceber que

tudo era fingimento.

- Você está se sentindo doente, Abbey? – ela me perguntou, tomando o seu tempo

para separar, dobrar e ajeitar cada pedaço de papel rasgado que ela encontrava.

Eu balancei minha cabeça, muito miserável para dizer qualquer outra coisa. Com

os meus olhos vermelhos e o meu nariz entupido, eu parecia doente. E por dentro, eu

definitivamente me sentia doente. Eu fiz o meu caminho até a janela, me encostando

contra o vidro, e encarei o lado de fora. Era um Natal branco, afinal de contas. A mamãe

continuou a trabalhar ao meu redor, parando uma vez para sentir a minha testa com as

costas de sua mão e murmurar algo sobre temperatura.

O papai havia começado a fazer o café da manhã, e não demorou muito para um

prato de panquecas com muitas gotas extras de chocolate com um acompanhamento de

bacon e ovos aparecessem na minha frente. Eu não me sentia com fome, ou cheia, ou

qualquer outra coisa. Eu só me sentia vazia por dentro.

Eu cutuquei as panquecas para que eu não machucasse os sentimentos do papai,

mas ignorei todo o resto. Depois de uns dois minutos, no entanto, eu entreguei o prato

para a mamãe, agradecendo a ambos pelos presentes, e segui para o andar de cima. Hoje

parecia um dia para ficar na cama o dia todo, e eu não ia lutar contra isso.

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Quando eu cheguei ao meu quarto, eu só fique lá por um tempo. Eu não podia ir

dormir, e os meus pensamentos pareciam perambular de um tópico para o outro. Era como

se eu não conseguisse desligar o meu cérebro. Finalmente eu puxei os lençóis até a minha

cabeça e tentei fazer um casulo de algum jeito, me enrolar e morrer lá dentro. Minha mão

bateu em algo frio e duro quando eu movi o travesseiro, e eu pus a mão nele, sentindo uma

pontada de horror preencher o meu estômago enquanto eu libertava o que quer que aquilo

fosse.

Logo que os meus olhos o reconheceram, as comportas abriram novamente.

Instantaneamente mais lágrimas vieram, e eu chorei suavemente enquanto eu sentava lá

acariciando o vidro liso. Eu o virei várias vezes compulsivamente. E enquanto eu não

achava que fosse realmente possível chorar enquanto você está dormindo, eu não consegui

notar a diferença. Minhas lágrimas pareciam que nunca terminariam.

* * *

Horas depois eu senti um lento puxão, aquela vontade preguiçosa que te diz que é

hora de levantar porque você já esteve dormindo por muito tempo. Mas queria lutar contra

ele. Eu queria ficar onde eu estava para sempre, e nunca mais mover outro músculo.

Nunca.

No entanto, o puxão era forte e eu fiquei mais e mais acordada, mesmo eu estando

lá deitada com os meus olhos firmemente fechados. Eu podia dizer que era tarde do dia

porque a luz havia mudado. Sombras brincavam atrás dos meus olhos, e eu os abri para

um quarto escurecido com um despertador piscando que me deixou saber exatamente o

quão tarde era.

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Sentando devagar, eu olhei o meu entorno. Tudo parecia diferente meio encoberto

pela escuridão, e eu tentei sair do meu estado grogue. Algo resmungou na minha mente até

eu me lembrar de que dia era. Eu não tinha muito tempo restando.

Eu saí exausta da cama e coloquei um jeans e uma blusa o mais rapidamente

quanto pude. Mas eu tive que parar diversas vezes para me dar um tempo. Cada músculo

no meu corpo doía. Quem ia saber que chorar te esgotava tanto? Eu peguei as minhas

luvas e cachecol e os coloquei enquanto eu descia as escadas dois degraus de cada vez. Eu

realmente iria ter que me apressar para voltar a tempo de jantar com os Maxwells.

Quando eu cheguei na cozinha, e segui para o armário que guardava os antigos

potes e merendeiras, e quase caí em cima de uma cadeira. Eu procurei pelos recipientes

perto do fundo do armário e tirei um pequeno isolamento térmico para viagem.

Justamente o que eu estava procurando. Então eu fiz o meu caminho até a geladeira e tirei

vários recipientes de suco.

A mamãe veio quando eu estava de costas, mas havia um tom de desaprovação em

sua voz. – O que você está fazendo, Abbey?

Eu tentei agir como se eu não tivesse a ouvido, enquanto eu procurava o meu

prêmio. O tempo estava passando, e eu tinha que fazer isso antes da noite de Natal ter

acabado.

- E por que você está de luvas e cachecol? Você está com tanto frio assim? Deixe-

me sentir a sua temperatura de novo.

Eu estava procurando desesperadamente agora, movendo caixas de ovos e tigelas

de massa de biscoito para fora do caminho. – Eu não estou gripada, mãe. Eu só estou

procurando pela gemada. Você comprou este ano? Você sempre compra. – Eu arrisquei um

olhar rápido na direção dela. – E por que nós temos três caixas de leite? Quem toma tanto

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leite?

Ela se aproximou, tentando se esticar e alcançar a minha testa.

- Está na esquerda, depois de dois potes de manteiga e uma sacola de aipo, - ela

suspirou. – Mas talvez você devesse tomar um pouco de chá quente ao invés disso. Eu não

sei se gemada faria bem para você agora.

Eu segurei as térmicas enquanto eu movia os potes de manteiga e pegava a

gemada. – Não é para mim, mãe. É nossa tradição, lembra-se?

Um olhar preocupado cruzou o seu rosto e ela já estava balançando a cabeça antes

de eu terminar de falar. – Não este ano, não é. Você não vai sair lá fora com este tempo. Os

Maxwells estarão aqui a qualquer minuto.

Eu olhei severamente para o relógio na parede atrás de mim antes de abrir a tampa

da térmica e colocar a gemada dentro. – Eles não estarão aqui por pelo menos mais vinte e

três minutos. E eu não ficarei fora por muito tempo. Você sabe que eu tenho que fazer isso,

mãe. Eu não posso desapontar a Kristen. Eu já falei para ela que eu faria isso por nós duas

este ano.

A tampa da térmica foi colocada novamente e eu a apertei firme antes de colocar

de volta no lugar com um alto pop. Eu coloquei a gemada e o suco e os recipientes de leite

de volta na geladeira, e então bati a porta.

- Você já falou para quem? O que você quer dizer com isso? – A mamãe parecia

confusa.

- Eu falei para a Kristen. Sabe... no túmulo dela. Eu disse para ela que eu faria isso

por nós duas hoje. Olha, eu estou bem agasalhada, e eu até vou abotoar o meu casaco até o

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topo. Mas tenho que ir. Será rápido, e voltarei a tempo para o jantar, mas para fazer isso,

tenho que sair agora.

Eu dei um beijo na bochecha dela e peguei as térmicas. Então eu segui para o

armário para pegar a minha jaqueta. Ela estava de pé lá com a boca aberta. Ela se segurou

por um minuto e ergueu um dedo para mim. – Tudo bem, Abbey. Mas se você pegar

pneumonia, não diga que eu não te avisei. E se você se atrasar para o jantar, nós não

vamos esperar.

- Tudo bem, mãe - eu falei da porta enquanto eu abotoava o meu casaco com uma

mão só. – Vejo você logo. Te amo, também.

Suas últimas palavras vieram flutuando para mim, meio murmurada enquanto eu

fechava a porta da frente. – Não ache que eu vou passar o meu dia inteiro fazendo canja de

galinha quando você ficar doente!

Eu sorrio para mim mesma. Quem ela acha que está enganando? Provavelmente

terá um chocolate quente esperando por mim quando eu chegar a casa mais tarde.

Segurando as térmicas em uma mão e o meu casaco com a outra, eu mantive

minha cabeça abaixada e andei rapidamente. A neve ainda estava caindo, revirando-se ao

meu redor e fazendo um barulho alto embaixo do meu pé. Se continuasse desse jeito, nós

teremos uma nevasca de manhã.

Enquanto eu marchava para frente, eu pensei sobre a primeira vez que eu havia

feito isso...

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* * *

- Apresse-se Kristen. O sol vai se pôr logo. Eu queria fazer isso de dia.

- Por que nós não fazemos isso a noite, Abbey? Provavelmente será mais

assustador desse jeito. E você tem certeza que a gemada sem açúcar e baixas calorias

será suficiente? – ela falou para mim. – Isso foi tudo o que a minha mãe comprou este

ano.

Eu ri com a pergunta dela. – Claro que sem açúcar está bom. Não é como se ele

realmente fosse beber um pouco dela. É só simbólico. E não é pra ser assustador. Deixar

cartas no túmulo dela na noite do Halloween era assustador. Mas no Natal? Não é para

ser.

- Sim? – Kristen deu um sorrisinho. – Bem, diga isso para o Tim Burton. Ele acha

que o Natal tem tudo a ver com assustador.

Nós duas rimos enquanto nós subíamos a colina e empurrávamos o portão do

cemitério. Enquanto nós chegávamos mais perto de seu túmulo, Kristen se inclinou e

sussurrou - eu acho que esta deveria ser uma tradição anual.

- Concordo - eu sussurrei de volta.

Eu sorri com a memória. Nós nos divertíamos tanto juntas. Era difícil acreditar

que isso não aconteceria novamente. O pensamento me deixou sóbria, e quando eu

alcancei os portões principais, meus dedos escorregaram no ferro molhado e gelado.

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Frustração se acumulou dentro de mim enquanto eu jogava as minhas térmicas contra o

portão em uma explosão repentina de raiva. – Droga!

Não aconteceu nada, claro, exceto mandar uma dor ressoante pelo meu braço e a

minha omoplata, e eu abaixei minha cabeça por um minuto antes de tentar novamente.

Desta vez, enquanto eu me concentrava, o portão se moveu para frente só o

bastante para eu deslizar para dentro, e eu estava grata por pequenos auxílios. Eu corri

para o túmulo da Kristen primeiro, parando com um derrape na frente dele. – Estou aqui,

Kristen. Eu trouxe a gemada. – Eu ergui as térmicas. – Eu vou informá-lo que é para nós

duas. Feliz Natal.

Eu senti um sentimento estranho de libertação enquanto eu encarava a sua lápide.

Talvez realmente estivesse tudo bem que eu não soubesse todos os seus segredos e nunca

descobriria quem era o D. Talvez o negócio importante fosse o fato que ela queria me

contar, mas por quaisquer razões ela não pôde. Talvez isso fosse o bastante.

Erguendo uma mão, eu acenei antes de me virar e ir em direção ao túmulo do

Washington Irving. A neve estava mais e mais difícil de enxergar, então eu me apressei

para chegar lá o mais rápido possível.

Uma vez que eu subi as escadas e passei pelo portão sem escorregar, eu dei uma

olhada no lote da família. Eu estava feliz de ver que os presentes de Caspian não estavam

mais lá, mas triste de ver que ele não estava em nenhum lugar a vista. Meu coração

machucado e esfarrapado deu um pequeno tremor, mas eu deixei o sentimento de lado e

me dediquei para a tarefa do momento.

Perto do túmulo eu apressadamente desenrosquei a tampa das térmicas. Não foi

uma tarefa difícil fazer com as minhas luvas, mas estava muito frio para tirá-las, mesmo

que fosse por uns dois segundos. Um minuto depois eu sucedi, e eu coloquei uma pequena

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quantidade dentro da tampa antes de segurá-la em cima do túmulo. – Feliz Natal para o

senhor, Sr. Irving. Terá que ser rápido, mas este aqui é meu e da Kristen. Que todos os seus

Natais sejam felizes.

Eu bati de leve a caneca na pedra, e então dei um gole na minha gemada antes de

derrubar os conteúdos das térmicas dentro da terra gelada na minha frente. Eu esperei um

breve segundo em silêncio, e acenei minha cabeça uma vez. – Vejo o senhor ano que vem.

Ficando de pé, eu recoloquei a tampa nas térmicas enquanto eu fazia o meu

caminho para fora do lote da família. A luz do dia estava quase no fim, e eu dei pequenos

passos, consciente da possibilidade de um perigoso gelo escondido. Quando eu finalmente

havia saído do cemitério, eu apertei o passo, então a caminhada para casa não levou muito

tempo. Eu cheguei à porta da frente na mesma hora que os Maxwells estavam colocando o

pé na entrada para limpar a neve de seus casacos e botas cheios de neve.

Eu dei um rápido abraço em ambos e dei as boas vindas antes que o Sr. Maxwell

entrasse. A mãe de Kristen estava com um olhar zombeteiro em seu rosto quando ela viu a

grossa camada de neve que cobria o meu casaco. Eu segurei as térmicas para cima como

uma resposta para a sua pergunta não feita. – Só tive que passar na casa de um velho

amigo. É uma tradição.

Ela sorriu um pouco enquanto ela acenava. Eu podia dizer pelo olhar dela que ela

sabia exatamente sobre o que eu estava falando. Ela se esticou para outro abraço e me

segurou firme por um momento, e então soltou o seu aperto. – Eu queria te agradecer pelo

lindo presente, Abbey. Realmente significou muito para nós.

- De nada - eu respondi.

Ela passou o seu braço pelo meu, e nós fomos para os nossos lugares. A mamãe

realmente havia se superado, e a mesa, coberta de pratos, bandejas, travessas, e tigelas,

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estava realmente rangendo com o peso da comida.

Eu sentei à esquerda da Sra. M. e peguei a minha taça de água quando todos

levantaram as suas taças de champagne para um brinde. – Para celebrações, anos novos

saudáveis, e boas memórias daqueles que amamos - entoou papai.

- Para aqueles que amamos - ecoou o resto da mesa.

Olhando para fora da janela para a neve, eu fiz o meu brinde silencioso. – Para

aqueles que amamos...

Capítulo vinte e dois

Um novo companheiro

Ele que ganhou milhares de corações comuns é por isso merecedor de alguma

fama; mas ele que mantém inquestionável poder sobre o coração de uma namoradeira, é

de fato um herói.

-A Lenda de Sleepy Hollow-

Janeiro chegou como um tiro. Ou ao menos foi assim pra todos os outros. Pra mim

foi mais como uma batida maçante. Eu passei a noite de ano novo sozinha, muito

deprimida para sequer esperar a bola cair*. Mamãe e papai saíram para celebrar com

alguns amigos, então fui cedo para cama. Não era como se eu tivesse qualquer coisa para

estar feliz por. Meu namorado não queria ser meu namorado. Minha melhor amiga

continuava morta. E o período de testes iria começar assim que eu voltasse pra escola.

Definitivamente nada pelo que estar feliz. Em meus últimos e rápidos dias de liberdade,

trabalhei sem parar no meu projeto de perfume Sleepy Hollow. Eu teria decidido fazer um

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aroma para cada uma das personagens principais, mas primeiro eu queria criar aromas

que evocassem as configurações e emoções da lenda. Eu tinha a combinação perfeita em

mente para uma eu queria chamá-la de Midnight Hour, e gastei muitas horas tentando

aperfeiçoá-la. Pensei em trabalhar no meu plano de negócios, mas a tentação de brincar

com os perfumes era muito forte, e a distração de meus pensamentos era terapêutica. No

geral, foi um sombrio e quieto, mas produtivo feriado.

*New Year's Eve Ball, globo de luz tradicional na noite de ano novo na Times

Square, New York, NY.

Quando a escola começou de novo, nós tivemos dois dias finais de preparação

antes dos testes começarem. Eu estava na verdade feliz pelo trabalho extra da escola, e me

enterrei em livros o tempo todo. Perecia que eu tinha esquecido quase tudo que nós

tínhamos revisado antes do feriado. Meu cérebro parecia vazio e abafado. Tio Bob

provavelmente teria brincado sobre minha cabeça animado. No final surpreendi até eu

mesma por gerenciar passar em todos os meus testes. Eu suei em matemática,

conseguindo um cinco e meio, mas tirei sete em história, e tudo mais foi por volta de nove.

Mamãe e papai me deram um bem ensaiado você-tem-de-se-esforçar-mais discurso, é

claro, eu deixei entrar por uma orelha e sair pela outra. Eles provavelmente teriam me

dado o mesmo discurso se eu houvesse trazido um boletim recheado de noves e alguma

coisa. Nós não tínhamos muito do que um descanso da escola uma vez que a nossa semana

de testes era encerrada. A próxima bomba infernal foi jogada em cima de nós na próxima

segunda de manhã na aula de ciências. Sr. Knickerbocker esperou pacientemente até todos

estarem sentados e terem seus livros na mesa antes dele fazer o grande anúncio. Eu estava

inquieta com meu lápis, rolando-o para frente e pra trás na mesa, quando o ouvi limpar a

garganta. - senhoras e senhores, se eu puder ter a sua atenção. -

O ti-ti-ti parou e a sala cresceu em silêncio. - Eu sei que vocês estão todos bem

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tristes pelo fim dos testes. - Nós gememos em dica, e ele nos deu um largo fingido sorriso. -

mas tenho uma boa notícia para vocês. Sua gravata dura ligeiramente cortada e ele

começou a andar de um lado para outro na frente da sala, mãos batendo atrás das costas

dele. Não havia possibilidade de serem boas notícias. Ciência não é igual a boas notícias.

Ele veio hesitou e segurou um dedo levantado. - é tempo da ciência, gente. - Outro gemido

encheu o ar, mas ele continuou a conversa, como se ele não tivesse nos escutado. - para ser

preciso, é tempo de feira de ciências. Aquele maravilhoso momento do ano no qual vocês

têm de espremer seus pequeninos cerebrozinhos e então maravilhar-me com seu

brilhantismo.

Eu rolei os olhos. Essa definitivamente não era uma boa notícia. Sr. Knicker-

bocker tinha a reputação de não deixar as pessoas escolherem seus próprios parceiros para

feira de ciências, e com minha sorte eu ficaria presa com uma das garotas do grupo de

líderes de torcida.

- Este ano, ao invés do método tradicional de escolher parceiros, vou apenas fazer

alfabeticamente começando pelo Z. Assim que você e seu parceiro forem definidos, vou

esperar que vocês troquem de assentos. Você ficará sentado próximo de seu parceiro pelo

resto do ano escolar.

Agora eu realmente segurei minha respiração, e até mesmo rezei silenciosamente.

Mentalmente trabalhando meu caminho pelo alfabeto, eu exalei quando percebi que

nenhuma das cheerleaders' tinham o sobrenome que começasse com A, B, ou C.

Sr. Knickerbocker continuou. - vocês terão três meses para trabalhar no seu

projeto. Apresentações são durante a segunda semana de abril. E nesse tempo nós

estaremos esperando a feira de ciências e vocês serão responsáveis pela apresentação de

seus projetos. Isto irá representar vinte e cinco por cento de suas notas, pessoal, então

pensem longamente e bastante. Qualquer questão, por favor, me procurem depois da aula.

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Eu sintonizei quando ele começou a citar os nomes dos pares, e a sala rapidamente

se encheu com os sons de cadeiras e mesas sendo arrastadas. Levou um tempo

surpreendente para ele chegar ao meu nome, e eu compus uma entediada expressão em

meu rosto, esperando que quem quer que fosse que eu ficasse presa pegaria a dica de que

eu não estava interessada em fazer novos amigos. Cadeiras continuavam a arranhar o chão

com muito barulho, e estudantes se acomodavam, quando ele finalmente chamou meu

nome, então perdi quem deveria ser meu parceiro. Sentei congelada em minha cadeira,

esperando que a pessoa que fosse se sentar ao meu lado pelos próximos dois meses

estivesse se mudando. Porque eu com certeza não estava. Olhando discretamente sobre

meu ombro, vi uma garota com um idêntico olhar de tédio na cara, e uma cadeira vazia ao

seu lado. Eu me virei de volta para pegar meus livros e ir sentar ao lado dela, quando de

todos de repente Ben pipocou ao meu lado.

- O que você está fazendo? - eu perguntei pra ele. Estou confusa estava

provavelmente escrito na minha testa. Ele apenas levantou sua sobrancelha e me disse. -

eu sou Bennett. Você é Abey, certo?

Compreensão ainda não havia baixado. - Sim, e daí? - Sou seu parceiro - ele riu.

Minhas bochechas ficaram vermelhas. - Oh - eu disse desajeitada.

- Eu não devo ter prestado atenção.

Ele balançou a cabeça e empilhou seus livros num lado.

- Então, alguma ideia para o que podemos fazer? Ou onde você não prestou

atenção ao que o Sr. Knickerbocker disse?

Eu chutei o pé dele sob a mesa, e senti uma faísca de satisfação quando ele se

dobrou. Ele continuava rindo, mas eu poderia dizer que ele não queria dizer aquilo. - Não,

Sr. Tiro quente ouvinte, eu não tenho ideias. E você?

Ele veio com uma ideia envolvendo matemática, DNA, e algum tipo de viagem

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especial, mas eu já estava balançando minha cabeça. - Ora vamos. Caia na real, nerd da

ciência. É um projeto de ciências, não ficção cientifica. Se você quiser ficar totalmente

responsável pelo projeto, então se faça meu convidado e vá em frente. Mas se você na

verdade quer que eu faça algum trabalho, então teremos de escolher algo um pouco menos

Star Trek e um pouco mais... normal.

Cruzando os braços em frente ao seu peito, ele inclinou a cadeira em duas pernas. -

Bem, se você não tem nenhuma ideia, então como você pode contribuir?

Eu dei de ombros. - Eu não sei. Eu vou até a biblioteca e dou uma olhada em algum

livro ou algo assim. Deve haver uma tonelada de idéias lá.

Agora ele deu de ombros. -Tanto faz, mas eu não quero que você pule nenhuma

boa idéia, então vou com você também.

- Você tem o último período livre? - eu perguntei.

Ele acenou.

- Ok. Então nós vamos.

Ele reclinou a cadeira de volta para o chão e piscou pra mim. - Ótimo! É um

encontro.

Eu apenas enterrei meu rosto nas mãos e balancei a cabeça. Estes seriam uns

realmente longos três meses.

Eu tinha concordado em encontrar Ben na porta principal da escola ao final de

nossa última aula, e puxei impacientemente a alça da mochila enquanto esperava por ele.

O sino havia tocado há dez minutos, e eu estava pronta para dar o fora dali antes que

alguém perguntasse o que eu estava fazendo por ali.

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Ele apareceu cinco minutos depois, sorrindo envergonhadamente e sacando

alguma desculpa, mas eu já estava deslizando pelas portas duplas feliz em deixá-lo pra

trás. Ele me alcançou um minuto depois, e puxou a alça de minha mochila quando eu

comecei a virar à esquerda, na direção da biblioteca. - Onde você está indo? Ele perguntou.

- O estacionamento é na outra direção.

Eu parei. - Não estamos tão longe da biblioteca. Imaginei que pudéssemos ir

andando.

Ben balançou a cabeça. - Não vou deixar meu carro aqui, e está muito frio. Vamos.

Eu suspirei alto enquanto o seguia para o estacionamento de estudantes, navegando pelo

labirinto de carros enquanto íamos.

- Pelo que eu estou procurando? - Chamei escaneando em muitas direções.

- Está bem aqui.

Eu não podia mais vê-lo, então segui o som de sua voz e parei quando cheguei a

um gasto Jeep Cherokee verde. Ele estava sentado dentro, mexendo na ignição.

- Sua carruagem a espera - ele disse sobre o barulho alto. - Venha, entre. - Eu

tentei não rir quando o exaustor cuspiu uma lufada de fumaça negra.

Joguei minha mochila no banco de trás, sacudi a cabeça enquanto escalava para o

assento do passageiro. - Sabe, você é realmente agressivo. Devagar ele tirou o carro da

vaga, e briguei com o cinto de segurança por sobre meu ombro. - Aqui ele disse,

alcançando e dando um puxão - Você tem de encontrar seu doce lar.

- Seu carro tem um doce lar? Você está de brincadeira né? Agora só falta você me

dizer que também deu um nome pra ele.

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Ele manteve os olhos na estrada, mas acenou. - É claro. Todos os bons carros têm

nome. O nome deste aqui é Candy Christine.

Eu não pude evitar. Eu explodi em mais gargalhadas. - Candy Christine? Você

inventou esse nome quando você tinha doze anos?

Suas bochechas se tornaram brilhantes e vermelhas e ele tomou um tempo

checando todos os espelhos antes de me responder. - Como você adivinhou? Eu ganhei o

carro quando eu tinha doze anos, ajudei meu pai a reconstruí-lo, e quanto chegou a hora de

batizá-lo, eu... uh... apenas coloquei minhas duas coisas favoritas daquele tempo juntas. Eu

estava atravessando uma fase extremamente Stephen King.

Eu continuei rindo. A imagem era simplesmente hilária. Um Ben de doze anos de

idade batizando seu futuro carro de Candy Christine era absurdamente engraçado pra

mim.

- Desculpe-me - engoli em seco, entre ataques de riso. - Eu acho que podemos ficar

felizes por você não ter esperado até ser mais velho para dar um nome ao carro. Candy

provavelmente já não seria mais o número um na sua lista de coisas favoritas.-

Ele deu de ombros. - Você está certa. Se eu tivesse esperado para lhe dar um nome

até eu tirar minha licença, então ela teria sido um tipo de doce diferente. - Sorrindo

maliciosamente, ele riu quando eu enrubesci por perceber o que ele queria dizer com

aquilo.

É, eu deveria ter deixado minha boca fechada na coisa toda sobre dar um o nome

ao carro. Mas ele ficou com pena de mim e parou de provocar. - Então o que você está

dirigindo?-

- Não estou. - Eu suspirei com tristeza. - Meus pais estão me fazendo esperar para

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tirar minha licença ate eu fazer dezessete.

- Cara, isso é um saco. Sem rodas igual a sem liberdade. Eu não consigo imaginar o

que eu faria se eu não tivesse Candy Christine. Ela é como da família.

- Não é assim tão ruim. - Eu disse. - Meus pais são bem perdidinhos com as regras,

então eu tenho seja lá o que eu quiser. E já que cresci andando por todo canto, eu meio que

me acostumei a não ter um carro próprio. Minha mãe me dá uma carona até o trabalho nos

fins de semana.

Nós tínhamos chegado à biblioteca, e ele guiou o carro pelo estacionamento ate

encontrar o primeiro lugar vago. - Você trabalha? Legal. Onde?

Eu expliquei enquanto saíamos do carro e andávamos para a biblioteca. Ele

escutou o que eu disse, e segurou a porta pra mim enquanto entrávamos. Eu não tive a

chance de perguntar pra ele se ele tinha um trabalho ou não, porque nós fomos

imediatamente cumprimentados por uma bibliotecária cara-fechada que nos deu um olhar

bem severo.

Parando no meio da frase, eu diminuí meu tom. - Que seção você acha que

deveríamos explorar primeiro?

- Vamos ver se eles têm uma seção para estudantes - ele sugeriu. - Nós podemos

achar algo lá.

Eu concordei, e nós imediatamente saímos procurando por aquela seção. Nós não

encontramos nada no primeiro andar, e o segundo andar acabou sendo um tempo perdido

também. Mas o terceiro andar nos deu exatamente o que estávamos procurando. - Bem

aqui. - Ben gesticulou enquanto dávamos a volta no balaustre e subimos o ultimo degrau. -

Eu posso ver uma seção de estudantes. - Eu o segui através dos arquivos, e nos separamos

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cada um pegando uma extremidade.

- Parece até que tem uma seção inteira de ideias para projetos científicos - eu falei

da minha metade da estante.

- Eu encontrei alguns livros diferentes especificados em matemática e ciências -

ecoou de volta pra mim.

Eu passei mais alguns minutos pesquisando. Eu devo ter realmente me

concentrado bastante, porque pulei metros quando Ben deu a volta e veio me surpreender.

Seus braços estavam lotados de livros. - Aqui. Eu vou ver quantos livros nós podemos

levar.

Depois de largar os livros numa pilha aos meus pés, ele saiu, e eu tornei a minha

atenção de volta a estante. Quando ele retornou, eu adicionei muitos livros que escolhi à

pilha.

- A bibliotecária disse que podemos pegar apenas oito livros por vez - ele disse,

encarando o monte à minha frente. - E mesmo que nós dois tirássemos oito, nós temos

muito mais do que isso aqui.

Eu olhei para a pilha e rapidamente contei. Nós tínhamos trinta e dois livros entre

nós.

- A bibliotecária também mencionou uma sala de estudos dois andares acima, e

disse que poderíamos reservá-la por duas horas - ele continuou. - Então eu disse pra ela

que usaríamos por enquanto. Disposta a carregar alguns livros comigo?

Meu estômago revirou. E não porque eu estava com medo de carregar livros. Não,

isso tinha mais a ver com o fato de eu saber exatamente a qual sala de estudos ele se

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referia. Eu hesitei por um instante, mas então sacudi isso pra longe. - Claro - eu disse

indiferente. - Vamos lá. - Cada um de nós pegou uma braçada cheia de livros, e Ben se

certificou de pegar duas vezes mais do que eu. Eu dei a ele um olhar desdenhoso, mas ele

apenas se virou e começou a andar pela porta. - É a coisa máscula a se fazer - ele disse por

cima do ombro. - Eu tenho que carregar mais livros do que você.

Eu reajustei o monte em meus braços e o segui, tentando manter meus

pensamentos para mim mesma. Isso não será tão difícil. É só uma sala. Eu com certeza

posso fazer isso. Não vou pensar nem um pouco no Caspian, e no lugar vou pensar

apenas em que tipo de projeto de ciências Ben e eu faremos para a feira.

Quando finalmente chegamos à sala, eu despejei meus pesados livros sobre a

mesa. Momentaneamente distraída pela dor afiada em meus braços, jurei para mim

mesma que eu iria começar a malhar por esses dias. Mais duas viagens como essa iriam me

matar.

Ben baixou seus livros também, e deu a sala uma breve reavivada. - Acho que é isso

pelas próximas duas horas. - Ele olhou para cima, para a pintura do teto descascando, e a

figuras cadentes nas paredes. - Parece que eles estouraram o orçamento na decoração de

todas as outras salas da biblioteca.

Eu lhe dei um sorriso torto enquanto espalhava meus livros na minha frente e me

sentava. Então cuidadosamente dei aos livros dele um gentil cutucão para o lado oposto da

mesa. Ele ainda continuava rondando a sala, e tentei ignorá-lo, escolhendo um livro que

parecia particularmente pesado antes de abri-lo para a mesa de assuntos.

- Eles com certeza não querem ninguém saindo com qualquer coisa daqui - ele

disse, apontando para o sinal ‗mantenha a porta aberta todo o tempo.‘

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Eu congelei

As palavras de Caspian vieram a minha cabeça, e eu ouvi a minha resposta. Bem,

eles nunca disseram para deixar a porta escancarada. Banindo impiedosamente a

memória, forcei minha atenção de volta ao livro e encarei a página diante de mim.

Mas eu não estava vendo as palavras. Eu estava vendo uma memória de cabelos

brancos-loiros e profundos olhos verdes que brilhavam sobre um largo sorriso. Aquela

vívida faixa preta se destacou, e por um Segundo eu juro que podia quase tocá-lo.

A mão do Ben ondulando na minha frente quebrou o momento, e meu pensamento

foi destruído. Olhei para ele e levantei uma sobrancelha. - sim?

Ele estava se sentando agora, sobre onde eu tinha empurrado os livros dele, e ele

parecia irritado. - Eu estava te chamando, mas você não me respondeu. Você está bem?

Não, eu não estou bem! Meu cérebro gritou, mas eu apenas dei a ele um irritado

olhar. - Desculpe. Eu estava concentrada. Nós temos que fazer algum trabalho aqui, sabe.

Ele se inclinou pra trás na cadeira e abriu um livro. - Certo. Deixe-me saber

quando você encontrar algo.

Dei de ombros e voltei para a página na minha frente, meio animadamente

folheando entre algumas seções diferentes. Eu sabia que deveria estar prestando atenção

ao que estava na minha frente, mas era realmente difícil fazer meu cérebro cooperar.

Lembrando-me novamente da regra não-pensar-em-Caspian, eu comecei a ler

sobre um projeto que usava diferentes aromas e uma venda para testar os cinco sentidos.

Eu rapidamente fui pega por aquela seção. Essa soava como uma boa ideia.

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Ben interrompeu minha linha de pensamentos. -você acha que poderíamos

conseguir um pouco de petróleo, álcool e etanol? Seriam usados totalmente em nome da

ciência, é claro. Acho que nós poderíamos fazer nossa própria gasolina.

Colocando meu dedo no lugar onde eu estava lendo, olhei para ele. ―E o objetivo

disso seria…?-

- Não ter mais de pagar para pôr gasolina no meu carro. - Ele disse. - Você tem

alguma ideia sobre quanto está custando um galão de combustível sem chumbo?

Eu rolei os olhos. - Nós não vamos descobrir como fazer gasolina para seu carro

como um projeto de ciências. Agora, continue lendo. Retornando para meu lugar, eu tentei

terminar a leitura, mas acabava lançando olhares para Ben. Eu sabia exatamente quando

ele tinha encontrado outra idéia que ele gostou, porque seus olhos iluminavam e ele se

agitava em sua cadeira como um macaco. Suspirando, abaixei meu livro de novo e olhei

direto pra ele. - O que é dessa vez?

Ele olhou pra mim, praticamente explodindo em seu assento, e disse - O que você

acha do espaço-tempo contínuo? Se nós pudéssemos pegar alguns espelhos, e refletir a luz,

acho que poderíamos calcular uma teoria de física quântica, e então nós poderíamos...‖ ele

parou quando viu minha expressão. - isso se encaixa na categoria anormal?

E acenei concordando.

- E sobre viagem no tempo?- ele contra-atacou.

Eu sacudi a cabeça. - Deixe isso pra NASA, ou seja, lá isso ou qualquer coisa que

eles pesquisem. Aqui. Eu acho que encontrei uma. - Enquanto eu lia pra ele do livro eu

sustentei um projeto baseado na sensibilidade do nariz e o poder de compensar a perda de

sentidos, ele me encarou aéreo.

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- Você ouviu alguma coisa? - eu perguntei quando terminei. - Eu acho que este

seria um projeto realmente legal pra fazer. Eu sempre me perguntei o quão forte é o

sentido olfativo. Quando estou fazendo meus perfumes, às vezes eu juro que...-

Ele me interrompeu. - Você faz perfume? Eu não sabia disso.

Eu o ignorei e continuei falando do projeto. - Você pode apenas se concentrar aqui,

Ben? Por favor? Eu acho que é este o nosso. Não será chato. E você vai poder fazer as

pessoas cheirarem coisas nojentas. Quanto mais diversão você pode conseguir?

Ele pareceu intrigado com a ideia, e eu tomei a oportunidade para ler para ele um

pouco mais do livro, mas ele me interrompeu de novo. - Você vai voltar a pôr aquelas

mechas vermelhas no seu cabelo, Abbey? Eu realmente gostava delas.

O fôlego me escapou, e me senti feito um peixe, desesperado por ar. Isso me

atingiu em cheio no coração, e queimou todo o caminho ate minha alma. Ele não tinha

jeito de saber. Não havia forma de dizer que a pergunta dele podia me ferir tanto.

- O que você acha do meu?- Ben perguntou. - Eu deveria pôr algumas mechas

vermelhas? Elas poderiam combinar com as suas. -

Ele me deu um sorriso, mas eu apenas me sentei lá em estado de choque. Para meu

horror imenso, uma lágrima escorregou por minha bochecha, e eu imediatamente apaguei

isso pra longe, abaixando minha cabeça com vergonha. Eu senti a mesa mudar abaixo de

mim, e então lá estava um estranho toque em meu braço.

- Hey - Ben disse suavemente. – A gente pode fazer o projeto sobre o negócio do

olfato. É legal. Eu estava apenas brincando com você sobre os outros. Eu não quis dizer

isso pra valer.

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Eu ri sacudidamente, e limpei outra lágrima antes de levantar a cabeça. - Não é

isso, Ben, mas obrigada. - Eu olhei em volta a sala e apontei fracamente. - Esta sala… tem

algumas memórias pra mim… e quando você disse aquilo das mechas vermelhas, bem... –

Ele deixou sua mão cair e deu um passo pra trás. - Isso te lembrou ele, certo? Isso é

bom? Ou ruim?

Eu balancei a cabeça e passei uma mão no cabelo, levando um cacho para trás da

orelha. - Honestamente? Eu não sei ao certo. - parecia ter um corrimento em meu nariz, e

eu tentei assuar-lo o mais discretamente possível. - As coisas têm estado meio bagunçadas,

e eu não sei o que fazer. É só que estar nesta sala de novo… as lembranças eram muito mais

felizes há um tempo, e eu achei que ficaria tudo bem... mas não estou.

Ele deu à volta na mesa e pôs a mão em meu braço de novo.

- Abbey, está tudo bem. Você deveria ter me dito isso. Nós não temos de ficar

aqui.-

Eu me levantei e comecei a andar pra frente e pra trás. - Tudo bem se formos

embora? Nós podemos ir pra minha casa ou algo assim. Talvez pedir pizza?

Ele concordou e começou a arrumar os livros. - Eu vou levar estes de volta pra

bibliotecária. Você tome o tempo que precisar e me encontre lá embaixo quando você

estiver pronta, certo?

- Obrigada, Ben. - Eu empurrei o livro que estava lendo para ele. - Peça este aqui

para mim, e iremos levar conosco. –

Ele recolheu todos os livros da mesa, incluindo os que eu tinha carregado, virou

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pra porta, e então virou de volta pra mim. - Você vai ficar bem agora? Nada mais de

lágrimas? Eu não sei como lidar com garotas chorando. Toda vez que minha irmã de cinco

anos abre o berreiro, eu acabo comprando uma Barbie pra ela. Você não precisa de uma

Barbie nova precisa?

Eu sacudi minha cabeça. - Cale-se, Benjamin Bennett. Não esqueça, eu sei da

história do nome do carro. Você não iria querer que toda a escola soubesse, agora,

gostaria?

Ele saiu pela porta, e sua risada ecoou pra mim. Depois de respirar fundo algumas

vezes, eu forcei minha espinha e joguei os ombros pra trás. Então a regra não-pensar-no-

Caspian não funcionou muito bem. Ao menos isso não poderia ficar muito pior do que

desmanchar em choro na frente de um colega de classe. Não, eu disse a mim mesma

enquanto desligava a luz e deixava a sala atras de mim, isso com certeza não poderia ficar

pior. Eu tomei meu tempo descendo os cinco lances de escada, e correndo meu dedo sobre

o sujo balaustre enquanto eu ia. Foi quando estava descendo para o primeiro andar que

algo familiar chamou minha atenção. Meus olhos registraram isso antes de meu cérebro,

mas assim que percebi o que era, eu parti na mesma direção. Eu o segui até o andar de

baixo, e me encontrei na pobremente iluminada sala de arquivos.

O ar continuava carregado, e torres de livros assombravam-me por todo lado. Eu

desci cada corredor, olhando loucamente pra todas as direções. Eu tinha visto um flash de

loiro-branco, e só havia uma pessoa que eu conhecia que tivesse essa sombra particular de

cabelo. Caspian estava aqui.

Eu procurei por todo o lugar, firmemente convencida que eu o tinha visto. Havia

tantos lugares aqui embaixo para uma pessoa se esconder. Eu rodei o último corredor

antes das escadas pela segunda vez, e foi quando eu o vi sentado numa pequena mesa com

um livro em sua frente. Ele não me ouviu chegando, e eu estava quase ao lado dele antes

dele olhar pra cima.

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- Oi - eu disse suavemente. Eu olhei pra baixo, para o que ele estava lendo, e vi

ilustrações de estrelas. Foi o livro que comprei pra ele de natal.

-Oi - ele disse de volta. - Recebi seus presentes. - Ele apontou para o livro, e eu

acenei. - São ótimos, obrigado, Abbey.

Meu pobre ego machucado elevou-se com o modo como ele pronunciou meu

nome.- Recebi o seu também, Caspian. Os desenhos são... incríveis. E o colar é lindo.

É claro eu ainda não tinha usado, porque só de vê-lo eu começava a chorar, todas

às vezes. Então o colar tinha encontrado um novo lar debaixo do travesseiro, escondido da

vista, mas perto dos meus sonhos.

Ele olhou de volta para o livro e estranheza encheu o ar entre nós. Procurei em

minha mente algo para dizer, mas só consegui me lembrar que Ben estava me esperando, e

que eu provavelmente deveria estar em meu caminho de encontrá-lo.

- Tenho que ir. Há alguém esperando por mim - eu cuspi. Ele tirou os olhos do

livro de novo e olhou pra cima, encontrando meus olhos, e meus joelhos ficaram fracos. Eu

sabia que naquele preciso momento eu teria dado qualquer coisa para voltar no tempo e

estar naquela sala de estudos com ele de novo

- Certo - ele disse, virando um página e quebrando o contato de nossos olhares. - te

vejo por aí.

- S-sim, te vejo por aí - eu gaguejei. Ele voltou a ler sua página de novo antes

mesmo de eu terminar minha fala. Eu solidifiquei minha resolução e vir-me-ei. Se for

assim que ele queria agir, então dois podiam jogar aquele jogo.

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Subindo as escadas, eu bisbilhotei por sobre meu ombro uma última vez antes de

ele estar completamente fora de vista. Eu quase tropecei quando vi que ele estava me

encarando de volta. Meus olhos fecharam dos dele antes de eu me virar e continuar a subir

as escadas. Isso não quis dizer nada. Eu não podia me deixar pensar que isso significava

algo.

Ben estava esperando por mim no balcão, e ele pareceu confuso quando ele me viu

nas escadas subindo da ala de arquivos. Ele fez um desempenho duplamente exagerado.

Pensei que você estava lá em cima.

Eu estava. - Respondi. - Mas vi alguém que eu conhecia e parei para dizer olá. - Eu

liderei o caminho pela porta da frente e para a fria luz do sol. Ben me seguiu alguns passos

atrás.

- Foi o Caspian? Tudo bem para ele, por eu ir ate sua casa? Eu não quero pisar em

nenhum calo.

Eu olhei para os dois lados antes de atravessar para o estacionamento e ir em

direção ao carro dele. - Você não está pisando em nenhum calo. Acredite em mim.

Ben não disse nada enquanto entrávamos no carro, e ele ligou Candy Christine. Eu

dei a ele as direções para minha casa e fomos em silencio. Quando chegamos, eu fiz

apressadas apresentações para mamãe e papai, que aconteceram de estar em casa no

mesmo momento, e então pedi uma pizza. Ben e eu fomos direto ao trabalho, pontuando o

que precisaríamos para o projeto, e nós passamos a hora seguinte pensando em tudo.

Mamãe e papai foram bastante reservados, e eu fiquei completamente maravilhada com o

controle deles.

Mesmo quando papai começou a piscar pra mim sempre que ele podia encontrar

meu olhar, e eu tive que dar pra ele o olhar do eu–vou-te-matar-se-você-não-parar-com-

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isso, eles se controlaram. Eu fiquei chocada.

Quando Ben me disse que tinha que ir, eu agarrei meu casaco e me ofereci para

acompanhá-lo ate o carro. Eu dei a papai aquele olhar enquanto eu passava, mas ele não

piscou. O rápido ar invernal foi legal no meu rosto enquanto eu saía, e eu puxei meu casaco

mais pra perto e o abotoei. Ben abriu a porta e se sentou, escorregando sua mochila de

livros para o banco do passageiro ao seu lado.

Eu parei na janela do lado do motorista. Então como você quer fazer isso? ―Eu

tenho trabalho nos fins de semana com meu tio, mas estou livre depois da escola.‖

Ben virou a ignição, e o exaustor fez um puff de fumaça branca no ar frio. - Você

quer me encontrar quarta e sexta feira pela tarde? - ele perguntou. - Amanda tem treino de

cheerleading esses dias, e eu não começo a trabalhar até as sete da noite.

Eu olhei pra baixo, pra calçada sob meus pés. Bom saber que estamos planejando

nosso trabalho de ciências em volta da namorada dele.

Meus pensamentos devem ter transparecido em meu rosto, porque ele falou um

pouco na defensiva. - Ou nós podemos fazer outra coisa. O que funcionar pra você.

Eu colhi uma linha do cordão da minha jaqueta antes de olhar pra ele de novo. -

Tudo bem. Assim funciona pra mim. Nós iremos nos encontrar nesta última aula vaga do

dia. - Ele anotou.

- Certo - eu disse. - Eu te verei amanhã na escola. E obrigada por ser tão legal sobre

tudo hoje, Ben. Eu realmente agradeço.

Eu segurei seu olhar para ele saber que eu falava sério. Mas ele só pareceu

envergonhado, e deu de ombros como se não fosse grande coisa.

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- Então onde você trabalha?- eu perguntei com um sorriso divertido. Eu queria

afastar o tópico da conversa para o mais longe possível de mim antes dele ir embora. -

Talvez eu vá atormentá-lo. –

Ele riu e passou a marcha no carro, mantendo o pé no freio. - Sou garçom no

restaurante Horseman's Haunt. Bem, é mais para um glorificado faz tudo. Se você passar

lá, vou me certificar de que você receba um copo d‘agua. Por conta da casa.

Eu sorri. - Essa é uma oferta muito boa para deixar passar.

Ele sorriu e ondulou enquanto ele vagarosamente movimentava o carro pra frente.

- Tchau, Abbey. Te vejo por aí.

- Tchau,Ben - eu respondi. - Cuide de Candy Christine.

Eu ouvi seu whoop de risada enquanto voltava para casa. Papai estava em pé lá,

perto da porta, piscando um olho pra mim, e eu cumprimentei enquanto pendurava minha

jaqueta.

Eu iria obviamente ter de dar pra ele um sermão.

Capítulo vinte e três

Confusão

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Ele parecia ser um cavaleiro de grandes dimensões, e montado em um cavalo

negro de poderoso porte.

"A lenda de Sleepy Hollow"

Janeiro voou e rapidamente chegou fevereiro. Nas quartas e sexta, eu encontrava

Ben por uma ou duas na escola, e nos fins de semana eu trabalhei para o tio Bob. Eu

continuamente ignorei o cemitério, e todo momento livre que eu tinha gastava com meu

plano de negócios. Se alguma vez quis aquele dinheiro do papai, era tempo de trabalhar

sério. Eu tinha apenas dois meses restante antes do fim do ano letivo.

Foi durante um curto intervalo do trabalho numa terça a noite que me encontrei

no humor para uma xícara de chá de hortelã com pimenta. Agarrando minha nova, e ainda

não utilizada, xícara de chá da minha mesa, percebi que ainda não tinha tido a chance de

agradecer Nikolas e Katy pelo presente de natal deles ainda. Eu estive tão colada com o

projeto da feira de ciências, e meus perfumes, e meu coração partido que não tinha

passado para uma visita. Eu me senti mal por isso. Eles tinham sido tão bons comigo, e

tinha parecido extremamente apressada para minha visita. Era terrível que eu ainda não

tivesse parado pra uma visita. Quando a minha água ferveu e eu coloquei um saquinho de

chá de hortelã com pimenta na xícara, prometi a mim mesma que se eu terminasse meu

trabalho mais cedo hoje, eu iria vê-los.

Com meus planos firmemente definidos, voltei lá pra cima e sentei na minha mesa,

continuando meus cálculos de estimativas de lucros brutos por três anos. Os meus

músculos do pescoço gritando e olhos ardendo finalmente me lembraram que eu estava

trabalhando por muito além do tempo, olhei para o relógio na parede com horror. Era

quase meia noite. Muito tarde para uma visita, e com escola no dia seguinte, era hora de eu

me enfiar na cama. Eu fracamente empurrei meus papéis para um lado da mesa e deixei

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minha xícara vazia lá. Isso poderia esperar ate amanhã para ser lavada. Brigando com

muitos bocejos enormes, troquei por um par de pijamas quentes e felpudos, e me

aconcheguei para debaixo dos cobertores. Amanhã, eu me assegurei. Eu irei vê-los

amanhã

* * *

Mas quando sexta feira de tarde chegou, me encontrei trabalhando no projeto com

Ben na escola, e meus planos mudaram de novo. Se eu conseguisse que ele me desse uma

carona ate o cemitério e me deixasse na casa de Nikolas e Katy, então eu diria a eles um

rápido obrigado e fazer planos para uma visita mais longa outra hora. Essa me pareceu

uma sólida ideia, e eu rapidamente fui pega de novo pelo trabalho com Ben.

Nós estávamos fazendo uma lista de todas as diferentes coisas que precisaríamos

para as pessoas cheirarem, e ele estava fazendo um trabalho completamente desprezível de

me enojar. Reajustando meu assento à mesa vazia que estávamos usando, eu dei uma

olhada na nossa lista de categorias de novo. Eles eram divididos em sim, não e talvez.

- Eu acho que deveríamos adicionar uma nova categoria aqui, Ben - eu disse.

- A 'nem a pau' categoria. É onde os ovos podres deveriam estar.

Seus ombros balançaram com a gargalhada, e o sorriso em seu rosto era

contagiante. Comecei a rir também.

- Estou falando sério, Ben - eu disse entre risos. - De forma alguma a gente pode

fazer as pessoas cheirarem ovos podres. Você quer que eles vomitem por sobre todo o

projeto?

Os olhos dele se iluminaram, e eu lancei minhas mãos no ar, sabendo

imediatamente que eu apenas dei a ele outra ideia. - Não. Não. Definitivamente não.

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Ele acionou sua expressão sádica. - Vamos, Abbey, você não está fazendo isso ser

divertido. Eu achei que você tivesse dito que eu poderia fazer as pessoas cheirarem coisas

realmente nojentas. Não foram essas exatamente suas palavras?

Eu suspirei em derrota. Ele estava certo.

- Certo, certo. - Eu desisti. - Você pode ter os ovos podres, mas nada de vômito. E

se as pessoas começarem a vomitar por causa do cheiro, eu vou fazer você limpar tudo,

certo?

Seu largo sorriso foi à única resposta que tive, enquanto eu sacudia a cabeça e

escrevia - Ovos podres debaixo da categoria sim. Quando terminei de escrever, ele se

inclinou e arranhou - B.B. - perto. Eu encarei o papel, tentando entender por que ele fez

aquilo. Eu olhei pra cima e levantei uma sobrancelha pra ele.

- Eu desisto. O que isso significa?

Ele apontou para o B.B. - Ben Bennett. Minhas iniciais. Eu não quero que você

esqueça de quem foi a ideia maneira.

Eu o encarei como se ele tivesse acabado de se tornar verde, bem na frente de meus

olhos.

- Maneira? Oh, sim. Eu vou me certificar de te lembrar disso quando você estiver

enterrado até os joelhos numa pilha de vômito.

O olhar que ele me deu foi tão cômico que me dobrei de rir de novo, e uns dois

segundos depois ele se juntou a mim.

- Sua risada é contagiosa, Abbey - ele me disse depois que me controlei.

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Eu o soquei no braço. - É tudo culpa sua, sabe. Você me faz esquecer-se de tudo e

rir demais. Nós nunca conseguiremos terminar este projeto se não colocarmos algum

trabalho sério nisso.

Ele pegou a caneta de minha mão e rabiscou no papel: - É melhor rir do que

chorar, não é?

A seriedade da questão dele me bateu, e eu fiquei sóbria, acenando com a cabeça

lentamente. Ele continuou a olhar pra o que ele estava fazendo, e continuou rabiscando.

Tensão se abateu em volta de meus ombros, e eu pensei de volta na cena na biblioteca,

ainda me arrependendo daquele momento de novo.

Ben continuou em silencio, até que olhou para seu relógio e então pulou

repentinamente. - Oh, cara, estou atrasado. Eu tenho que ir. Eu deveria pegar Amanda as

cinco hoje. Nós temos um encontro.

Eu saquei meu celular do meu bolso, e vi que já eram 4:53. - Pode ir. Te vejo

segunda.

Ele catou a mochila enquanto eu afastava a lista que tínhamos feito, e ele se virou

para me encarar antes de sair pela porta. - Até mais, Abbey. Tem sido divertido. Você é a

melhor parceira que eu já tive num projeto de ciências.

Eu ri. - Eu sou a única parceira de ciências que você já teve. Ate agora, nós nem

sequer tivemos que participar de uma feira de ciências.

Sorrindo, ele levantou um ombro de um jeito casual. - Mesma diferença.

- Vá - eu disse. - Dê o fora daqui. - Ele ondulou antes de sair, e eu terminei de

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fechar minha mochila, me certificando de que estava tudo bem guardado.

Ben poderia ser um enchedor, mas ao menos ele mantinha minha mente ocupada.

Jogando a mochila no ombro, eu fui em direção da porta e parei quando percebi que tinha

esquecido de pedir uma carona ate o cemitério pra ele. Eu hesitei, incerta se eu deveria

continuar com meu plano e ir andando até a casa de Nikolas e Katy ou se eu deveria ligar

pra minha mãe e pedir uma carona pra casa. Dei uma olhada pela janela, para checar o

tempo. Estava ficando escuro lá fora, mas estava limpo. Eu peguei meu celular de novo e

disquei o número de minha mãe, esperando que ela atendesse. A voz dela soou distraída, e

quando ela me disse que o jantar ia atrasar por causa de algum trabalho de última hora, eu

me decidi.

Eu disse pra ela não se preocupar. Eu iria andando pra casa e pegar algo pra comer

no caminho. Depois de checar se eu tinha dinheiro suficiente, ela soprou um audível

suspiro de alivio e rapidamente desligou o telefone. Com tudo ajeitado, eu guardei de volta

o celular em meu bolso e saí da sala de aula. Era um pouco estranho ainda estar na escola

até tão tarde, e me apressei pelos corredores e atravessei as portas principais. O barulho

distante de uma enceradeira cantarolava ao fundo, e uns dois professores deixaram de

olhar seus papéis quando passei pelas salas onde estavam. Eu lhes dei um sorriso falso e

continuei andando, ansiosa para estar em meu caminho.

Uma vez que eu estava do lado de fora. Um imediato senso de liberdade me

envolveu. Revirando minha mochila, enterrei meus dedos sem luva em meus bolsos e virei

em direção ao cemitério. Eu tinha de parar lá. Eu escolhi a direção que me levaria direto ao

cemitério cruzando o rio. Era uma escolha perigosa, e era a primeira vez que eu quebrava o

pacto com Kristen, mas era o caminho mais rápido. Eu andei rapidamente, e logo cheguei

ao banco de pedras que marcou meu destino adiante.

Assistindo o turbilhão de água raivosa por um minuto, enviei uma breve prece que

eu faria a travessia para o outro lado sem cair. Tudo o que eu tinha que fazer era ter

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atenção ao pisar nas pedras, e eu teria atravessado o rio num minuto. Ancorando minha

mochila em meus ombros mais firmemente, e abrindo os braços para me equilibrar

melhor, dei um passinho na pedra mais próxima para testar se estava escorregadia.

Pareceu que a maior parte da neve havia derretido, mas na água congelante, gelo era

minha maior preocupação. Coloquei meu pé na pedra e fiquei parada por um minuto. Até

agora, tudo bem. Eu tinha de pisar em mais quatro ou cinco pedras para atravessar tudo. A

água corrente se movia rápida, e tentei não olhar diretamente pra baixo. Mantendo meus

olhos na outra margem, eu esperancei a próxima pedra. Escolhendo apenas as maiores e

planas pedras era um tanto arriscado, mas pisei na próxima e me encontrei no meio do rio.

Eu olhei a minha volta, vendo a margem de onde eu acabara de vir, lá atrás, e a margem

que eu tentava alcançar tão longe adiante.

A próxima pedra era de maneira angular, e eu sabia que seria provavelmente difícil

conseguir passar por isso em segurança. Fiz meu movimento, mas meu pé escorregou da

pedra e quase alcançou a água. Eu me joguei pra cima e pra trás, tentando manter meu

equilíbrio. Tentando de novo, meu pé escorregou pela segunda vez, e eu quase perdi minha

mochila. Isso me sacudiu, e eu tive de me forçar a não entrar em pânico. Eu não sabia se

deveria continuar indo ou dar meia volta, e me senti cercada. Era quase como meu sonho

daquela noite em que Kristen tinha morrido. Eu encarei o rio limpo. Eu sabia que estaria

frio. De entorpecer a mente, de tirar o fôlego e frio como gelo. E rápido. A corrente iria

ficar a minha volta e me levar se acontecesse de eu cair ali.

Um pensamento me prendeu e eu olhei pra pedra na qual eu estava empoleirada.

Foi nessa que ela bateu a cabeça? Será que o sangue da Kristen ainda mancha essas águas

em algum lugar? O som de alguém gritando algo me tirou de minha contemplação, e eu

lancei um olhar a outra margem do rio. Uma figura escura estava lá, ondulando para mim,

e eu mal podia cruzar o contorno integral. Armando um copo com minhas mãos em volta

de minha boca, eu gritei - Nikolas é você?

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- Sim, Abbey, sou eu - ecoou de volta.

- Espere aí! - eu gritei. - Estou quase chegando!

Olhando a pedra na minha frente, vagarosamente escorreguei um pé, tentando um

ângulo diferente dessa vez. Funcionou, e eu podia plantar meu pé mais firmemente.

Apoiei-me nas duas pedras, segurei minha mochila, e então me lancei. Eu não me mantive

firme por muito tempo, mas continuei me movendo. A próxima pedra era a maior de todas,

e rapidamente atravessei-a. Quando alcancei a última pedra que ficava entre a terra seca e

eu, podia ver o Nikolas em pé próximo a margem do rio. Uma frágil mão estava estendida

em minha direção, e me agarrei a ela assim que atingi a margem, grata pela linha da vida.

Após dar uma última olhada pra trás, me virei pra ele e deixei toda a gratidão que

estava sentindo se expressar em meus olhos. - Obrigada, Nikolas. Você é o segundo homem

que vem em meu resgate neste rio. Uma garota poderia se acostumar a este tipo de coisa.

Ele arrastou os pés, e fez barulhos de reprovação, mas acho que ele estava

satisfeito com minhas palavras. Quando soltei sua mão, ele puxou sua gasta jaqueta de

flanela um pouco mais pra perto de seus ombros e me deu um olhar ansioso. - Você não

deveria estar cruzando aquele rio, Abbey. Se você tivesse escorregado, ou caído aí, eu não

sei o que eu teria feito. Ainda não é a sua hora. - O seu rosto marcado pareceu preocupado,

e eu estava devastada por causar a ele alguma preocupação.

Eu dei uma batidinha na mão dele suavemente e coloquei um braço em volta de

meu ombro. - Eu prometo que não irei cruzar aquele rio de novo tão cedo, Nikolas. Uma

vez que eles terminarem de construir a ponte Washington Irving, eu poderei passar por lá

toda vez. Certo? - ele acenou e pareceu aliviado. - Alem disso - eu disse - o que você está

fazendo aqui fora com este tempo? Katy não está aqui fora também, está? - eu lancei um

olhar a minha volta, mas não vi nada.

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Ele pareceu afrontado pela possibilidade de que Katy estaria vagando por aí na fria

escuridão. - Minha amada está segura e quente em casa, aconchegada na frente de uma

lareira flamejante. Ela não estava se sentindo muito bem, então me ofereci para sair e

pegar alguma lenha, e pela rota eu tomei uma pequena caminhada.

Eu me preocupei diante do pensamento de Katy estando doente. Eu não podia

suportar o pensamento de algo acontecendo com ela, e alcancei ambas as mãos dele

urgentemente. -Ela está bem? Vocês precisam que eu faça algo?

Nikolas sacudiu sua cabeça. - Ela esta bem. Apenas e pequeno resfriado de

inverno. - Colocando uma de minhas mãos debaixo de seu cotovelo, ele virou para a rampa

suavemente inclinada. -Nada mais, nada menos. Embora, irei avisá-la sobre sua

preocupação por ela. Tenho certeza de que ela ficará grata. - Com apenas uma leve

hesitação nós subimos o declive juntos e paramos perto do topo, perto da trilha que ia até

sua casa.

- Se houver qualquer coisa que eu possa fazer, por favor, me diga. - Eu respondi. -

Você também pode agradecê-la por mim? As luvas e a encharpe são absolutamente lindas.

E a xícara de chá perfeita. - Ele esperou pacientemente enquanto eu tagarelava. - Oh, e

obrigada pela escultura! Eu adorei! Os detalhes são incríveis. E como Katy sabia que

vermelho é a minha cor favorita? Ela deve ser adivinha ou algo assim.

Nikolas sorriu pra mim e apertou meu braço. - Eu irei com certeza passar as doces

palavras para ela. Ela teve um pressentimento de que você iria gostar de vermelho. Eu

ficarei feliz em falar pra ela que estava certa.

Eu sorri e lhe dei um sorriso espontâneo. - Espero que vocês dois tenham passado

um feliz natal. - disse em sua orelha. Ele me abraçou e então, deu um passo pra trás,

parecendo um pouco encabulado.

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- Então, agora - ele disse, acertando sua jaqueta, devo voltar para minha dama.

Diga-me, quando você virá para uma visita?-

Eu inclinei a cabeça pro lado e dei-lhe um olhar sério.

- Bem, já que você não quer que eu cruze o rio à noite... - ele levantou um dedo e

balançou a cabeça. E você quer que eu dê a Katy algum tempo para descansar... - eu agi

como se estivesse ponderando a questão por um minuto. - Que tal a próxima terça, depois

da escola? Eu não tenho planos pra este dia. Está bem por você?

Nikolas concordou, e eu cuidadosamente removi minha mão de seu braço. - Certo.

Então virei vê-los na terça. Coloque um pouco de chá de hortelã com pimenta na sua

chaleira neste dia.

Um olhar feliz preencheu seus olhos, e esperei que ele se fosse, mas ele não foi.

Então esperei, imaginando se ele esqueceu-se de algo. Ele se virou para encarar a água.

- Você não vai atravessar aquele rio de novo para voltar para casa, vai? - eu pensei

ter escutado ele murmurar algo sobre ‗cair novamente‘, mas não tive certeza.

- Não - eu disse, balançando minha cabeça. - Vou seguir a outra trilha acima, para

o portão principal e - um barulho atrás de mim nos interrompeu, e virei para ver o que era.

Soou como se algo tivesse atravessado.

Caspian saiu das sombras do mausoléu para minha esquerda, e meu queixo caiu de

surpresa. Eu não estava esperando vê-lo ali.

- Afaste-se, Abbey. Afaste-se dele agora. - Seu tom me chocou, e seus olhos verdes

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eram frios.

Tudo pareceu claro como cristal quando vi uma pedra em suas mãos e senti meus

sentidos mudarem. Uma pequena descarga de medo desceu pelas minhas costas, e eu

endireitei minha espinha reta. Isso era bem real agora, eu tinha de lidar com isso. Dei as

costas ao Nikolas, me movi para ficar na frente dele e levantei uma mão para Caspian,

tomando um cauteloso passo à frente. - O que você está fazendo aqui, Caspian? O que há

de errado?

O punho dele claramente apertado na pedra, mas o que me confundia eram seus

olhos. Eles estavam fixados no Nikolas, mas quando mudaram pra mim, suavizaram-se,

quase dóceis. Eu parei e encarei. O que está havendo aqui?

Ele segurou uma mão, a que não estava segurando uma pedra, e me puxou para

seu lado. Sua voz era bem, bem suave. - Apenas venha pra cá comigo, Abbey.

Eu tomei um passo automático para perto dele, mas então parei novamente. A

pedra me assustava e não pude entender nada. Minha cabeça girava, e coloquei minhas

mãos pra cima, tentando tomar algum controle na situação.

- Por que você está com uma pedra, Caspian? Eu não sei se você pensa que estou

em algum tipo de perigo aqui, mas não estou. Este é o Nikolas, e ele é - a próxima

interrupção veio de uma forma que eu não esperava.

Uma mão agarrou meu pulso por um lado gentilmente, mas o segurar era sólido e

forte. Eu olhei pra trás em surpresa. Era o Nikolas.

Havia algo diferente nele, uma sensação de poder e autoridade, e por um

segundinho não estive certa sobre de quem sentir medo. Eu me livrei daquele sentimento.

E olhei pra baixo ao meu braço. Caspian cuspiu algo, mas não pude ouvi-lo. Nikolas estava

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falando agora, e era apenas para meus ouvidos.

- Não tenha medo dele, ou de mim. - ele disse calmamente. - O jovem pensa que

está te protegendo. Ele se sente bem certo sobre você. Eu sei que você não entende tudo o

que está havendo aqui, Abigail, mas você irá. A hora chegou. -

Ele soltou meu braço e se posicionou ao meu lado. - Não se preocupe - ele disse

para Caspian. - Ela não está em perigo algum, eu prometo.

Caspian trocou a pedra de mão e tomou um passo para perto. - Afaste-se velho, se

ela não está em nenhum perigo, então por que não a deixa vir para mim?

Nikolas se virou e me deu um suave empurrão para frente. - Vá em frente. - Ele

sussurrou. - Mostre ao jovem tolo que não sou um mentiroso.

Eu dei um passo para perto de Caspian e fiquei a menos de um pé longe dele. Seus

olhos estavam angustiados, e eu os procurei, buscando respostas.

- Astrid, por favor. Venha aqui. Eu irei te proteger. Eu prometo - ele me implorou.

Por um momento hesitei. Eu o imaginei me tomando em seus braços e me levando

em segurança para casa. Nós chegaríamos na porta da frente, e ele iria gentilmente me pôr

no chão, enquanto nós...

De repente eu me acertei na testa. Foco, garota. Foco. Eu não precisava de

salvamento. Eu estava com o Nikolas. O homem que eu tinha como avô. Algo estava muito,

muito errado aqui, e eu precisava consertar isso. Imediatamente.

Depois de fazer um gesto de ‗tempo‘ com minhas mãos, coloquei ambos os punhos

em meus quadris e me virei para o Caspian. - Antes de tudo, você precisa largar essa pedra

estúpida. Agora.

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Eu cruzei os braços e esperei que ele me escutasse. Quando ele hesitou, eu bati

meu pé contra o chão até que ele tivesse completado minhas ordens. - Obrigada - eu disse

docemente. Então parti pros negócios. - Agora, eu não sei como as coisas estão entre nós

bem agora, Caspian, mas com certeza você não virá aqui me assustar pra caramba, e então

destratar um amigo meu.

Nikolas deu um passo a frente. - Em um minuto, Nikolas. Eu já falo com você em

seguida. - Ele voltou ao seu lugar um olhar castigado em seu rosto.

Eu virei de volta para Caspian. - Eu não pude fazer as apresentações adequadas

anteriormente, mas este é Nikolas. Ele e sua esposa Katy moram perto daqui. Eles eram

guardas, e ambos se tornaram bons amigos meus. E Nikolas, este é Caspian. Ele é meu,

bem era meu… ele é apenas um amigo. Agora, por que você estava segurando uma pedra

assim, Caspian?

Ele pareceu agitado, e moveu ambas as mãos pelos cabelos antes de falar. - Eles

não são o que parecem, Abbey. Há mais do que qualquer conversa mole que ele tenha te

contado. Ele é perigoso.

Bufei em descrença e virei para encarar Nikolas. - Você é perigoso, Nikolas?

Ele baixou a cabeça, parecendo para todo o mundo um homem velho e frágil, e

então olhou pra mim. - Eu alguma vez te machuquei, Abbey?

- Observação feita - respondi. - Agora, você irá explicar ao Caspian aqui, que foi ele

quem tomou algum tipo de pílula maluca hoje, que você é apenas um guarda que mora na

floresta.

Nikolas inclinou sua cabeça de novo e falou para Caspian. - Não importa quem, ou

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o que, nós tenhamos sido em outra vida, tudo que dissemos a ela sobre nós é verdade.

- É mentira - Caspian cuspiu. - Eu conheço a verdade. Eu vi o cavalo. E te vi

conversando com eles.

Minha cabeça estava positivamente rodando agora, e começava a sentir um pouco

do frio noturno. Eu não fazia idéia do que as palavras de Caspian significavam.

- Eu não sou nada mais que um homem - derrotou Nikolas - e agora mesmo, eu

sou um homem que precisa ir pra casa, para ver sua amada.

Eu balancei minha cabeça e dei a cada um deles um olhar aborrecido. - Espere.

Apenas um minuto. Eu não sei o que está rolando aqui, entre vocês dois, mas quando se

sentirem prontos para parar de falar em código secreto, aí vocês saberão onde me

encontrar.

Caspian falou ante que eu pudesse me afastar de modo digno. – Desculpe-me,

Abbey. Eu não queria que você ficasse presa no meio disso.

- Disso? O que é disso, Caspian? - eu perguntei irritada. - Eu nunca sei o que estou

fazendo com você. Você nunca está onde eu possa encontrá-lo, você esconde coisas de mim

o tempo todo... eu apenas não posso amarrar minha cabeça em volta de nada disso. Eu não

posso manter tudo isso certo. E agora você está aqui, com uma pedra? O que você ia fazer?

Jogar a pedra num cavalo, em Nikolas… ou em mim?

Ele pareceu triste, como se seus sentimentos tivessem sido feridos, e isso apenas

me deixou louca. Eu era quem deveria estar magoada, aqui.

Caspian sacudiu sua cabeça. - Eu nunca iria te machucar, Abbey. Você sabe disso. -

Senti uma alfinetada de culpa, porque em algum lugar lá no fundo eu sabia daquilo. - Eu

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joguei aquela pedra pra chamar sua atenção. Para te afastar dele. Eu atirei naqueles

arbustos ali. - Ele apontou para a moita que estava a pelo menos dez metros distante de

onde Nikolas e eu estávamos.

- Ainda assim - eu disse, - você realmente me amedrontou, Caspian. Eu não posso

lidar com isso por cima de tudo de estranho que está havendo aqui. Eu tenho que… eu só

tenho que ir.-

- Deixe-me ir com você. - Ele se adiantou.

Eu levantei uma mão para impedi-lo. - Eu acho que você deveria me deixar sozinha

por enquanto. Deixe-me sozinha.

Eu olhei pra trás por sobre meu ombro enquanto me afastava daquela confusão

toda, e eu não podia ver Caspian. Até seu brilhante cabelo havia derretido no meio da

escuridão.

Mas Nikolas estava lá, e eu juro que vi o contorno escuro de um cavalo fuçar por

detrás dele,enquanto ele abaixava sua cabeça. E isso fez o mais assustador de tudo

acontecer. Eu comecei a me questionar, e o quão sã eu realmente estava.

Capítulo 24

A LENDA

Ichabod estava horrorizado, ao perceber que estava sem cabeça!— mas o seu

horror era ainda maior, ao observar que a cabeça, que deveria estar repousada em seus

ombros, estava sendo transportada antes dele no punho da sela...

-A Lenda do Sleepy Hollow-

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Minha concentração ficou para o fim de semana e a semana seguinte. Mas eu acho

que um passeio noturno por meio de um cemitério com o confronto louco faria isso com

qualquer um.

Ben realmente intensificou a ajuda e ajudou a terminar o projeto de ciências,

entretanto, ele até se absteve de me perguntar qualquer dúvida, e eu estava grata pelos

pequenos favores. Especialmente porque eu não tinha nenhuma resposta para as

perguntas que eu já estava me perguntando.

Quando quinta-feira à tarde finalmente chegou, reforcei minha coragem, para

parar em seu armário e pedir alguns conselhos. Ele estava conversando com um casal de

amigos, mas logo se dispersaram quando me viram aproximando. Ben bateu a porta do

armário fechada e esperou por mim.

Eu não sabia por onde começar. - Ben, eu queria lhe dizer que... - eu hesitei. Conto

para ele tudo? Ou nada? -Olha, eu sei que estou sendo um grande fardo essa semana, e me

desculpe sobre isso. Na próxima semana estarei melhor. Eu prometo. Vou cuidar de algo

hoje que acho que vai ajudar. -

Ele não parece saber como reagir, mas só brincava com a barra de sua camisa

marrom escuro. - Não se preocupe sobre isso, Abbey - ele disse depois de um momento. -

Isso é legal. Você lida com isso e se certifica que tudo está bem no seu final. Eu vou cobrir

para você. -

Eu olhei para baixo para minha botas, envergonhada que tinha chegado a isso.

- Que parceira eu fui, huh?

Ele balançou a cabeça. - Eu não estou jogando o jogo A Culpa da Abbey. Apenas

lide com isso, siga em frente, e vem ser minha parceira de novo, ok?

- Concordo - respondi. - E, ei, eu sinto muito sobre derrubar as nossas ideias sobre

a coisa antes de viajar o espaço e o tempo.

Alguém chamou o seu nome do lado oposto do corredor, e ele gritou uma

saudação. - Não é um problema - ele disse para mim. - Eu já tinha esquecido.

-Posso só perguntar mais uma coisa a você? - eu disse de repente.

-Claro. -

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-Você e a Amanda confiam um no outro? Quero dizer, se você descobriu que ela

estava guardando segredos de você, e se você perguntar a ela sobre isso?

Ele pareceu confuso pela minha pergunta, mas respondeu mesmo assim. - Amanda

e eu confiamos um no outro, eu acho, até certo ponto. Nossa relação não é, assim, toda a

confiança profunda e significativa, mas que ela não vai me enganar. Até onde sei ou não eu

lhe perguntaria por algo que pensei que ela poderia estar escondendo ... yeah, eu faria. -

Ele deu de ombros. - Sem confiança, que tipo de relacionamento você pode esperar ter com

alguém?

Eu balancei a cabeça. Suas palavras foram exatamente o que eu precisava ouvir, e

ecoavam meus próprios pensamentos sobre o assunto. - Obrigada, Ben. Vejo você mais

tarde. Eu sei que seus amigos estão esperando por você.

Eu me virei, mas ele segurou minha mão e me olhou diretamente nos olhos.

- Não deixe que seu namorado lhe dar qualquer merda, Abbey. Há um monte de

outros caras lá fora. Você não precisa de um perdedor.

Eu suspirei, e puxei minha mão da sua assim que comecei a andar passos lentos

longe de seu armário. - Esse é o problema. Ele não é um perdedor ... e ele é o único que eu

quero. - Ben me deu um sorriso triste. - Eu sei o que você quer dizer - ele disse baixinho.

Encolhendo os ombros desanimada, eu acenei um adeus enquanto me dirigia para

o lado oposto do corredor. Era hora de ir ver Nikolas e Katy, e ter algumas respostas sobre

estas questões de uma vez por todas.

Ensaiei o que ia dizer por todo caminho a pé para sua casa. Enquanto eu vagava ao

longo do caminho, disse a mim mesma para relaxar e jogar com calma. Apressando-me

para a porta da frente, eu nervosamente dei uma batida. Katy veio responder, e me saudou

com um sorriso quente, quando ela abriu a porta para deixar-me entrar. Nikolas estava

sentado em sua cadeira de balanço no canto, e eu dei um pequeno aceno antes de tirar o

meu cachecol vermelho e luvas e colocá-los em cima da mesa.

O bule já estava borbulhando no fogo, e três lugares tinham sido arranjados em

cima da mesa. Sentei-me no lugar que sentei na última vez, e olhei em volta da casa. Nada

havia mudado, ainda sentia calorosa e acolhedora por dentro.

- Estamos felizes que você veio - disse Katy, sentada à mesa, com suas agulhas de

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tricô na mão.

Fiz um gesto para o monte de fios na frente dela. - Fico feliz em ver que você está

se sentindo melhor. Nikolas passou meus bons desejos e palavras de agradecimento para

você? -

Ela sorriu. - Ele fez, e estou tão feliz que você gostou dos presentes. Algo me disse

que vermelho era a cor.

Eu sorri para ela. Eu nem sabia quando, ou como, começar a perguntar minhas

questões, então virei para encarar Nikolas no canto e precipitei-me. - Eu realmente sinto

muito sobre o que aconteceu na outra noite. Eu não sei por que Caspian estava agindo

daquele jeito. Você teve a chance de dizer sobre isso a Katy já?

Ele balançou a cabeça uma vez enquanto ele falava. - Eu lhe disse tudo. Tenho

certeza que você deve ter algumas perguntas para nós.

Eu balancei a cabeça em retorno. -Sim, eu tenho.

- Antes de começar, porém - ele disse - Eu quero que você saiba que Katy e eu

viemos a admirá-la muito neste curto período de tempo, e penso em você como seria a

nossa própria neta.-

Não pude conter meu sorriso megawatt. - Sério? Sinto-me honrada. Penso em

vocês do mesmo jeito. Parece que nós conhecemos uns aos outros por muito mais tempo

do que realmente temos.

- Isso pode ser porque, de certa forma partilhamos uma ligação muito especial.

Eu olhei para ele, imaginando o que poderia ser exatamente.

- Você vê, Abbey, há algo ... único sobre você, e seu namorado vê isso também.

- Seu nome é Caspian, e eu certamente espero que ele veja algo de especial em

mim. - Eu sorri para Katy, mas ela não retribuiu o sorriso. Foi então que eu tive a menor

pontada de desconforto no estômago.

- Vá em frente - estimulou Nikolas. - Eu não queria interromper.

Ele se virou para ver o fogo, pois ele continuou falando. - Na outra noite, quando o

Caspian, quando estava tentando defendê-la, ele só pensava que ele estava fazendo o que

era certo. Como eu disse, há um forte sentimento lá, e eu acho que poderia ser a razão por

trás de suas ações.

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Eu estava ficando frustrada e agora queria que ele chegasse ao ponto, em vez de me

dizer coisas que eu já sabia. Eu mal conseguia manter minha boca fechada e os meus

pensamentos para mim mesma.

Ele começou novamente. - Quando eu te conheci no túmulo dos Washington,

fiquei surpreso quando você falou comigo... Outras pessoas não. Você compreende tudo

para onde estou indo com isso? -

Impaciência fez minha cara ficar feia, e suspirei. - Eu realmente quero, mas eu não.

O que você quer dizer?

- Sua habilidade para me ver e falar comigo, quando ninguém mais pode. É porque

nós somos todos uma parte deste lugar.... Nós temos uma ligação com Irving Washington e

a - E a lenda de Sleepy Hollow .

Comecei a entrar em pânico, mas teimosamente agarrado à pequena esperança de

que ele estava brincando, por algum motivo estranho. - Eu não entendo o que você quer

dizer, Nikolas. Você está falando coisas sem nexo aqui. - Olhei para Katy por algum tipo de

confirmação, mas ela estava olhando para mim sem um pingo de expressão em seu rosto.

- Você não vê, querida? - disse ela. - Caspian tinha medo de Nikolas porque ele

ainda não nos compreende totalmente. -

Senti meu coração começar a bater mais forte, e minha respiração ficou mais

rápida. Eu estava hiperventilando? Era isso que um ataque de coração parecia? Tentei

manter a calma, mas a loucura falada na sala estava começando a ir para a minha cabeça.

- O que há para entender? - perguntei a Katy. - Ele é apenas um homem inofensivo

de idade, e você é inofensiva, certo? - Eu pensei imediatamente de volta para o chá de

hortelã que eu tinha consumido aqui. Bom Deus, essas pessoas colocam folhas para

deixar louco em seu chá?

Levantei-me e andei ao redor da sala. Nikolas e Katy pareciam estar esperando eu

me acalmar. Eles estavam me olhando com expressões aguardando, e ouvi as palavras de

Caspian na parte de trás da minha cabeça. Eles não são o que parecem, Abbey. Há muito

mais para qualquer falsa história que ele lhe contou.

Parei de pagar o meu pensamento e voltei a eles com um grande sorriso no meu

rosto. - Eu entendo. Vocês dois são como uma daquelas pessoas que fingem que fazem

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parte da história de vida ou algo assim, certo? Você se veste e vai para campos de batalha e

coisas assim. Só que, uma vez que vivemos em Sleepy Hollow, você finge que é uma parte

disso. Eu entendo. - Alívio fluiu por mim quando entendi isto. Eles só estavam com sua

atuação um pouco longe demais.

Katy balançou a cabeça em mim. - Nós não fingimos que somos da lenda. Somos a

lenda.

Revirando os olhos, olhei para Nikolas. - Sério. Vamos lá, pessoal. Eu preciso que

você sejam sinceros comigo.

Nikolas se levantou da cadeira e se aproximou de mim. Eu senti que a mudança

acontecia de novo, e podia encher o ar.

- Eu sei que é duro, Abbey, mas você tem que acreditar em nós - disse ele

gentilmente. - O nome completo de Katy é Katrina Van Tassel. Temos provas. Um registro

de nascimento, fotos e muito mais ...-

Eu zombei dele. Ele estava indo longe demais. - E quem você deveria ser? Ichabod

Crane? Ou Brom Bones? A lenda diz que ela se casou com Brom, mas eu sempre tive

minhas suspeitas de que Ichabod voltou para a história. -

- Nem um. Eu sou o Cavaleiro Sem Cabeça.

Meu queixo caiu ao chão. Na verdade, olhei para baixo para ver se eu precisava

pegá-lo de volta. - O Cavaleiro Sem Cabeça? - Eu repeti com um gole. - Mas você ... você ...

tem ... bem, uma cabeça-

Eu mentalmente me castiguei enquanto eu vinha com essa lógica falha, mas,

aparentemente, eu estava na terra de loucos agora, por isso espero que eu não esteja louca.

- Aparências nem sempre são o que parecem, Abbey - Nikolas disse suavemente.

Neste ponto, comecei olhar a porta e calcular o quanto ela estava longe e era a

única saída. Se eu começasse a me aproximar, eu poderia fazer isso.

-Okay - eu admiti, ri para eles enquanto comecei meus avanços lentos. - Então, se

você é o Cavaleiro Sem Cabeça, o real, a partir da lenda, como você veio parar aqui?

- Bem, a lenda é verdade - disse Nikolas. - Até o ponto em que eu era um soldado, e

morri em batalha. Mas então eu me apaixonei por Katrina. Ela poderia me ver quando

ninguém mais conseguia. -

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Eu balancei a cabeça como se eu estivesse acompanhando, e me virei para Katy. -

Então, o Cavaleiro Sem Cabeça era um fantasma que se apaixonou por você. Mas e quanto

Brom Bones? O fim da lenda ... - Eu estava chegando mais perto e mais perto da porta, e

acenei para que ela terminasse.

Ela tinha uma expressão animada em seu rosto, e senti uma pequena parte de

culpa por fazê-los pensar que eu acreditava em sua loucura. - Irving Washington escreveu a

lenda de maneira para nos proteger. Ele mudou o final.

Chegando por detrás de mim, senti a maçaneta e a girei lentamente.

- Então, você realmente terminou com ele, o Cavaleiro Sem Cabeça, em vez, e

ambos decidiram ficar em Sleepy Hollow juntos para sempre?

Katy sorriu. - Sim, querida, somos os cuidadores do cemitério desde então. Eu

estou tão feliz que você acredita em nós.

Empurrando a porta aberta, eu estava enquadrada no sol da tarde se inclinando

sobre nós. Atualmente - eu disse - Eu acho que vocês são um simpático casal de velhos que

têm enganado a si mesmos em pensar essas coisas porque vocês não querem encarar a

realidade. Desculpe-me se as coisas ficaram muito estranhas e muito abafadas para vocês,

lá fora no mundo real, mas isso é onde eu moro, e é aí que eu vou voltar.

Eu me virei e corri o caminho todo o que valeu a pena. Deixando minhas luvas e

cachecol para trás. Deixando para trás o calor e a amizade que eu pensava que tinha. E

deixando um pedaço do meu coração partido para trás para essas pobres pessoas solitárias.

Capítulo 25

A VERDADE

As esposas no velho país, no entanto, que são as melhores juízes sobre estes

assuntos, manteram este dia que Ichabod foi velado...

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"A lenda de Sleepy Hollow"

Atirei-me no projeto com Ben para me manter ocupada. Ele mantinha minha

mente ocupada, e tentei compensar o tempo que eu tinha passado antes, não atrapalhando

o meu fim do trabalho. Eu não me permito pensar em cemitérios, ou pessoas de idade que

estavam loucos, ou chá de hortelã, ou os meninos de olhos verdes, ou melhores amigas

mortas.

Cada vez que meus pensamentos começavam a divagar, eu imediatamente tirava

um caderno e começava a escrever as ideias para novos aromas para o projeto de ciências.

Claro, já tínhamos terminado a nossa lista principal, e era uma dor na bunda lutar com um

notebook no escuro à noite na cama ... mas era a única coisa que funcionava.

Quando o dia dos namorados estava a menos de uma semana me afastei, eu pedi

para uma pessoa trabalhar no Tio Bob's no fim de semana. Eu não estava com vontade de

ver casais felizes olhando para os olhos uns dos outros enquanto partilham sundaes juntos.

Eu pretendia ficar em casa e continuar meu processo de não pensar em nada.

Na tarde de sábado, eu estava deprimida em casa. O tempo estava frio lá fora e

desagradável, e não havia acabado trovoadas em toda a manhã. Não é muito adequado

para um dia claro e brilhante feliz. Eu realmente deveria ter apenas subido de volta para a

cama com um chocolate quente e um bom livro, mas eu estava inquieta.

Depois de perambular sem rumo de janela em janela na sala, me arrastei até o

sofá. Minha mãe estava lendo um livro lá, então me deixei cair ao lado dela. Peguei o

controle remoto e começei a trocar de canal, mas parecia levá-la para sempre de

reconhecer o meu tédio.

Fiquei suspirando dramaticamente depois de cada comercial, até que finalmente

ela fechou seu livro com força e olhou para mim. - Tudo bem. Entendi. Você está entediada

ou triste, ou algo assim. Quero falar sobre isso?

Eu balancei minha cabeça e mantive teimosamente a petulância.

- Por que você não vai até seu quarto, então? Alguns de nós estavam desfrutando

de paz e sossego por aqui.

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Eu desliguei a televisão e cruzei os braços diante de mim. Minha mãe pegou o livro

novamente e voltou à sua leitura. Inclinei a cabeça para trás para olhar para o teto, tentei

seguir uma pequena rachadura de uma extremidade da sala para a outra. Foi um exercício

dolorosamente chato, mas não tenho mais nada a fazer.

Suspirei de novo.

Isso deve ter sido demais para a minha mãe, porque ela bateu seu livro fechado e

tava em seus pés. -O silêncio não é apenas o silêncio para você, não é? Pega seu casaco.

Vamos ver um filme ou algo assim.

Eu me levantei do sofá para pegar meu casaco. - Podemos ver alguma coisa que

tenha explosões de bombas? Eu não estou tão no clima para uma comédia romântica.-

- Vamos ver o que está lá. - Ela se juntou a mim na porta e entrou na sua jaqueta

antes de escavar as chaves no pequeno chaveiro no corredor.

Nós pisamos lá fora, e eu corri para a van. A chuva tinha parado por um momento,

mas o ar ainda estava frio. Assim que ouvi as portas destravarem, eu me mexi até no banco

da frente e esperei impacientemente enquanto minha mãe dava partida. Meus dentes

batiam, e rapidamente liguei o aquecedor tão alto quanto ele ia.

Uma vez que o interior tinha aquecido levemente, e meu nariz já não se sentia

como se tivesse sido apanhado no freezer, a mãe colocou as duas mãos no volante e passou

a dirigir. Então ela se virou para mim e colocou de volta estacionando. - Por que você não

dirigi hoje?

- Eu? D-dirigir? - Eu gaguejei. - Mas eu nem sequer tenho a minha autorização, no

entanto, e você só me deixou práticar num estacionamento vazio, como, por duas vezes.

Ela encolheu os ombros. - Então? Seu décimo sétimo aniversário está chegando em

um par de meses, e terá sua licença então. Além disso, é apenas quinze minutos para o

teatro, e não há muitas pessoas hoje. A prática vai ser boa para você.

- Ok -. Eu agarrei a chance e joguei a porta do passageiro aberta. Minha mãe trocou

de lugar comigo e eu cuidadosamente ajustei meus espelhos em seguida, coloquei o cinto

de segurança.

- Bom trabalho - Minha mãe disse. - Agora é só puxar devagar e com calma. Você

sabe o caminho. -

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Olhando para os dois lados, enquanto eu saia da garagem, eu coloquei o meu

pisca-alerta ligado, sinalizando um vire à esquerda. Isto é um pedaço de um bolo. Eu tomei

meu tempo nas estradas laterais, mas realmente coloquei gás quando entrei na rodovia

nove. O sinal postado disse cinquenta e cinco, e eu queria me certificar de que chegava à

muito pouco dessa velocidade.

Eu passei ao longo, atingindo a minha velocidade e meu passo, e olhei para a

minha mãe. Ela estava realmente sorrindo e acenou para mim. - Você está indo muito bem,

Abbey. Boa condução. - Eu sorri de volta. Eu só tirei os olhos da estrada por um segundo,

mas foi por isso que não vi até que fosse tarde demais.

Em frente, caído na estrada a poucos centímetros de distância, estava um dois-por-

quatro com vários pregos enferrujados saindo dele.

Eu bati no freio com força e desviei para a esquerda. E por um par de segundos

estávamos no ar antes de tocar o chão de novo. Eu segurei firme no volante, mesmo assim

eu ouvi as batidas maçante, e travei novamente até chegarmos a uma parada em um

estacionamento de cascalho.

- Que diabos isso estava fazendo na estrada? - eu explodi

Mamãe não disse nada, mas ela tinha uma expressão doentia em seu rosto.

- Desculpe, mãe - eu disse rapidamente: - Eu não quis dizer.-

Ela me cortou. - Não se preocupe com isso, Abbey. Está bem? - Dei um breve

aceno, ela olhou para o espelho lateral. - Você fez o que era necessário. Uma vez que você

viu que freiar não estava funcionando a tempo, você saiu do caminho. Foi a coisa mais

inteligente a fazer. - Ela suspirou profundamente. - Vamos olhar tudo e ver qual foi o dano.

Desliguei o motor e deslizei para fora do meu lugar. Minha mãe já estava

caminhando para o seu lado do carro e olhando-o de cima para baixo. - Tudo parece muito

bem aqui - ela gritou.

Olhei para meu lado e vi imediatamente. - É por aqui, ao meu lado. Ambos os

pneus estouraram -. A sensação de mal estar inundado meu estômago. Isso poderia ser

realmente uma má notícia para mim e minha futura licença.

Minha mãe deu a volta para inspecionar os danos. Agachou-se e olhou para cada

pneu antes de me instruir a chamar o reboque. Fiz o que ela pediu, e ela saiu para ir

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espreitar o para-choque.

- Porra - eu ouvi um minuto depois. Houve um som alto, e voltei para ver o que ela

estava fazendo.

- Bem, nós temos um macaco, mas não um estepe - ela me informou. - Não é um

estepe que nós tínhamos de bom, de qualquer maneira, mas isso não vem ao caso. Eu falei

para seu pai que era preciso substituir o que tinha, e ele me ouviu? Não, ele não fez.

Ela continuou falando alto, mesmo quando ela pegou o celular e discou para obter

informações do número do caminhão de reboque mais próximo. Então ela ligou para

companhia de seguros para lhe dar alguma informação, e eu ouvi ela falando alto com eles,

também. Eu fui mover a tábua para fora da estrada desse modo ninguém bateria nela. Dei-

lhe um pontapé feroz com o meu pé, murmurei várias palavras de raiva antes de voltar

para o carro.

Minha mãe tinha acabado de fazer todos os telefonemas dela, e me disse que

poderia muito bem esperar dentro do carro, uma vez que pudesse ser um passatempo. Eu

atendi o conselho dela e entrei no lado do passageiro, a uma distância segura do volante.

A chuva começou de novo, e nos sentamos lá, encolhidas em silêncio miserável.

Duas horas se passaram, e vários telefonemas foram feitos a mais, antes do caminhão de

reboque finalmente aparecer. Nós ficamos na chuva com ele enquanto ele carregava a van

para cima.

- Acho que não vamos estar vendo esse filme, afinal - eu disse para minha mãe. Ela

apenas rolou os olhos para cima e me disse para ir para dentro do caminhão de reboque.

Eu apertei o meu caminho entre sacos amassados de fast-food e um zilhão de latas de

refrigerante vazias antes da minha mãe e o homem do reboque subirem.

- Então está próximo de uma oficina aqui? - A minha mãe perguntou para o cara e

ela me deu uma cotovelada para dar um pouco mais de espaço.

Ele correu uma mão gordurosa pelo cabelo oleoso, antes de responder. -Yeah.

Cerca de cinco quilômetros até a estrada aqui é Mike‘s Auto Repair.-

Minha mãe deu um suspiro audível de alívio. - Se você pudesse nos levar lá, nós

realmente apreciaríamos isso. - Ele balançou a cabeça e então mudou à medida que

cambaleamos para baixo da estrada.

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Não demorou muito para descobrir que cinco quilômetros passando espremida ao

lado de uma mudança de velocidades foi inteiramente demasiado longo para o meu

conforto, e felizmente me desembaracei quando chegamos na loja de automóveis.

Minha mãe pagou o condutor do reboque, e nós duas corremos para um prédio

cinza retangular pequeno. Enquanto ela foi até o balcão de peças, vaguei por um corredor

de volta, procurando uma área de espera. Eu a encontrei com bastante facilidade, mas

suspirei em desespero enquanto notava que tudo que tinha para oferecer era um velho

televisor, uma máquina de café bruto, e um par de revistas de carro.

Não era exatamente como eu imaginava passar minha tarde.

Mas tomei uma cadeira e estiquei as pernas sobre a cadeira laranja de plástico

vazia ao meu lado. Tentei ignorar o cheiro de graxa velha que permeava o ar, e peguei o

controle remoto. A televisão teve um total de sete canais, e três deles estavam como

fantasmas. - Claro que sim, claro que sim - eu disse para a sala vazia.

Fechando meus olhos, coloquei minha cabeça contra a parede atrás de mim,

fingindo que estava em casa no sofá. Talvez isso tudo acabe quando eu abrir meus olhos

de novo.

Alguém entrou na sala, e abri meus olhos para ver que era a minha mãe.

- Bem - ela disse. -A boa noticia é que eles têm nossos pneus em estoque, e isso

deve levar cerca de uma hora e meia para terminar. -

Eu gemi. - Quanto tempo vai levar para colocar os pneus, uma vez que eles os

têm?-

- Oh, não vai demorar muito tempo. Mas isso não é a melhor parte. A melhor parte

é que, com peças e mão-de-obra, isso vai acabar me custando cento e cinquenta dólares.

Eu gemi de novo, desta vez mais alto. Eu poderia me ver fazendo quantidades

infinitas de roupa e entregando partes de meus contracheques do Tio Bob pelos próximos

cinco anos. - Eu realmente sinto muito, mãe. Vou pagar por isso. Eu não queria fazê-lo. Foi

um acidente completo.

- Não se preocupe com isso - ela disse. - Eu sei que provavelmente vou me

arrepender disso mais tarde, mas os acidentes acontecem a todos.

Eu quase levantei e abracei ela direito então, meu alívio foi tão grande. - Obrigada,

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mãe. Realmente, obrigada. Mas eu estava dirigindo muito bem antes disso, certo?

Ela olhou para mim. - Não force. Eu ainda poderia te fazer lavar muito mais pratos

a partir de agora - alertou.

Eu fechei minha boca e fechei os olhos novamente. Tudo o que ela quisesse, apenas

contanto que eu não tivesse que pagar esses pneus.

- O que temos de nos entreter por aqui? - perguntou.

Levantei a mão, apontei na direção geral da TV, ou pelo menos onde eu pensei que

a TV estava, uma vez que meus olhos estavam fechados. -A TV que recebe quatro canais,

um café velho, e um par de revistas.

Sua voz se animou. - Revistas?

Eu abri meus olhos brevemente, e depois fechei-os novamente. - Você não vai

querer elas. Não a menos que você secretamente lê Car and Driver or Auto Enthusiast.

Sua voz caiu. - Oh.

Eu reajustei meus pés, e ela ficou em silêncio. Eu mantive meus olhos fechados,

alheio a tudo o que ela estava fazendo, e tentei dormir.

A próxima coisa que sabia, eu estava empurrada acordada, e me segurando antes

que eu caísse da cadeira. Olhei ao redor da sala, sonolenta. Eu devia ter pego no sono

depois de tudo. Minha mãe estava escrevendo furiosamente afastada em seu PDA, e

bocejei alto antes de ficar em pé. - Eu vou dar um rápido passeio para esticar as pernas um

pouco, talvez ver quanto tempo eles vão demorar no carro.-

- Okay - ela murmurou.

Saí da sala de espera e encontrei o meu caminho de volta para a parte principal da

loja. Nosso carro ainda estava aguardando para ser colocado no elevador, por isso fui

obrigada a ficar um pouco. Exalando alto, virei a esquina e caminhei até o final do

corredor, onde parecia ter um outro quarto. Eu não quis entrar para bisbilhotar ou

intrometer, mas eu estava entediada fora da minha mente. Isso tinha que contar como

circunstâncias atenuantes ou algo assim.

Eu coloquei a minha cabeça dentro do quarto e vi um homem de cabelos escuros

sentado atrás de uma mesa grande. Ele vestia um macacão de mecânico, mas eu não

conseguia ler o crachá costurado sobre ele. Bati duas vezes na moldura de madeira à porta

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e esperei.

Ele olhou para cima com uma expressão vazia no rosto, e eu falei, hesitante. - Sinto

muito incomodá-lo, senhor, mas minha mãe e eu estamos esperando para a nossa van ser

consertada, e eu estava me perguntando se você tivesse algo mais para ler por aqui. Nada

relacionado a carro?

O homem olhou para mim, depois apontou para o canto. - Há uma caixa de

revistas antigas. Elas foram doadas, então não sei o que está lá dentro. Eu acho que

poderíamos ter jogado um livro ou dois da última vez que limpamos a loja. Mas você é bem

vinda para olhar dentro dela. -

Eu sorri para ele e fui pegar a caixa. - Obrigada. Tenho certeza que isso vai ajudar a

passar o tempo.

- Você é muito bem-vinda - ele disse. - Fico feliz em ajudar.

A caixa estava meio pesada, mas consegui leva-la do escritório. Eu só dei três

passos em direção a sala de espera antes de eu cair, no entanto. Como não havia ninguém

nas proximidades, caí de joelhos para ver o que havia dentro.

Vasculhando todos os tipos de revistas, incluindo alguns que remontam à década

de oitenta, eu rapidamente percebi que havia um monte de porcaria naquela caixa. Um

livro robusto, foi enterrado perto do fundo, e eu o peguei, apenas para ler Car Chilton's

Guide: Toyota 1984 ao lado antes de colocar dentro de volta.

Continuei a cavar.

Momentos depois os meus dedos atingiram outra coisa lisa e dura, e eu levantei

um anuário empoeirado. Estava voltado para baixo, mas quando eu o virei, fiquei surpresa

ao ver que era de White Plains High. E ele tinha apenas dois anos e meio de idade

Jackpot.

Eu tirei as minhas pernas de baixo de mim e sentei com as pernas cruzadas, de

costas para a parede. Todos os meus anuários em casa tinham várias assinaturas e todo

rabiscado, cada um me desejando várias maneiras de ter um bom verão, mas percebi que

as páginas deste livro permaneia livre de assinaturas.

Interessante.

Folheando devagar, eu não estava surpresa ao ver que a maioria das fotos foram

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dominadas por gente bonita. Eu manusei por elas até que vi fotos individuais. Um dos

professores, em um terno amarrotado e peruca óbvia, chamou minha atenção, e me

lembrei de um jogo de Kristen e eu tinha jogado na aula de história no ano passado.

- É hora para outra rodada de adivinhar quando o Sr. Ives Toupee vai cair -

murmurei para mim mesma. - Você era muito boa nesse jogo, Kristen.

Pobre Sr. Ives, tinha sido o peso de um monte de piadas desse ano. Toda vez que

ele ia atravessar a sala muito rápido, sua peruca mal anexada voava da cabeça dele. Agora,

ele mudou de perucas para apliques de cabelo ruim ainda pior. O homem, obviamente, não

tinha ideia de quão cruel o ensino médio poderia ser.

Eu balancei a cabeça, sorrindo para a memória da peruca voadora. Deus, que tinha

sido um ano divertido.

Eu continuei foleando, e finalmente cheguei ao último par de páginas. Sentando

reta, procurava com meus olhos enquanto olhava para o grupo de senhores que anunciava

o final de seus anos de escola. Era uma foto em preto-e-branco da direita antes da

formatura no ginásio, e as faces eram difíceis de obter, mas eu escaniei sobre elas, à

procura de Caspian. Ele deveria ter estado lá. Esta foi a sua turma.

Eu procurei as linhas de nomes na extrema esquerda da foto, amaldiçoando o

minúsculo tamanho e quatro fonte que tinha escolhido, e olhei para os C. Ele estaria

listado lá.

Mas entre Carlotta e Cruz, não havia Crane.

Olhei por todos os nomes com C novamente, pensando que eu devo ter perdido, ou

ele pode ter sido mal-alfabetizado, mas não consegui encontrá-lo em qualquer lugar. Então

fui linha por linha, roçando o dedo até que me deparei com o nome de Caspian estava

listado com os Vs. Eles tinham o nome dele como Caspian Vander.

O erro que me deixou perplexa. Claro, ele tinha sido um aluno novo e tudo, mas

ninguém tinha verificado os registros escolares para garantir que eles não estragassem

sobrenomes antes rotulados as fotos? Eu verifiquei de novo o anuário com mais cuidado,

mas não vi outras fotos que ele estivesse.

Então eu capotei para a seção de retratos dos seniores, pensando que ao menos

eles tinham de ser rotulados corretamente. Mas os nomes C listado lá renderam os

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mesmos resultados que antes. Eles tinham um anúncio sob o Vs, mais uma vez, por um

Caspian Vander, mas na pequena caixa onde deveria ter havido uma imagem estavam as

palavras - Desculpe, não há imagem disponível. - Eu não tinha maneira de saber se era

realmente ele ou não.

Fechei suavemente o anuário, joguei no meu joelho e descansei o queixo na minha

mão. Isso foi estranho. Eu não penso seriamente que havia dois caras chamados Caspian,

que só passaram a ir para o mesmo colégio. Era um nome bastante incomum. No entanto,

distintamente, lembrei que o Caspian que tinha conhecido me disse que tinha ido pra

White Plains High, e seu sobrenome era Crane.

Não havia Caspian Crane neste anuário.

Passo a passo ecoando alto no corredor interrompeu meus pensamentos, e eu olhei

para ver o homem que tinha falado anteriormente. Obviamente ele tinha acabado de sair

de seu escritório e foi andando no meu caminho. Eu disse - Oi - automaticamente quando

ele passou, mas meus pensamentos não estavam com ele em tudo. Meu cérebro estava

ocupado demais tentando descobrir as peças deste quebra-cabeça que tropecei em cima.

- Esse anuário estava na caixa? - Ele parecia confuso. - Eu não quis dizer para ele

colocar lá. -

Eu olhei para o anuário, e depois de volta para ele antes mesmo de perceber que

ele estava falando comigo. Meu cérebro estava agindo confuso. - Oh, sim - eu soltei,

olhando para a caixa. - Estava. - Ahhh, meu cérebro estava de volta. - Você sabe de quem

é?

Um pequeno sorriso triste jogado em seu rosto. - Sim, eu sei. Foi do meu filho.

Pela terceira vez na minha vida o tempo congelou. Eu podia ver seu crachá

claramente agora, e ele disse Bill Vander. Quando minhas palavras saíram, lento e

distorcido, como se eu fosse falar debaixo d'água. Soou engraçado mesmo para meus

próprios ouvidos.

- Seu… filho...?-

Ele balançou a cabeça, e de repente as coisas aceleraram novamente. Tempo

correu em torno de mim, e eu sabia que ele estava se movendo muito rápido. Eu tive que

desacelerar isso ... para impedir o que vinha ... mas eu não podia.

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- Ele costumava ir ao White Plains High School - disse o homem. - Formou-se há

quase três anos.

Não pergunte a ele, Abbey. Só não pergunte a ele.

- Qual era o seu nome? - perguntei a ele.

- Caspian Vander. Por quê? Você o conheceu? Você foi para lá também?

Eu não conseguia me parar.

- Não. Mas eu acho que vi ele por ai uma ou duas vezes. Cabelo alourado, com uma

faixa preta ... e os olhos verdes? -

O homem riu, mas era um riso triste. - Sim, é ele mesmo. - Ele balançou a cabeça e

falou baixinho, quase para si mesmo: - Essa maldita mecha...

Não faça isso, Abbey. Apenas não faça isso.

Meu cérebro estava absolutamente em pânico agora, com algumas réplicas

minúsculas de pensamento. Eu não queria fazer isso, mas eu tinha que saber.

Coloquei a minha mão, ou melhor, enfiei a mão para cima, pois eu ainda estava

sentada no chão. - Sou Abigail Brownin, Abbey. -

Ele segurou minha mão e a apertou. - Bill.

- Então, Caspian deixou isso para trás quando ele foi para a faculdade ou algo

assim?

- Não.

Não diga isso. Por favor não diga isso.

- Ele morreu um pouco mais de dois anos atrás em um acidente de carro. Logo

após o Halloween.

Algo explodiu na parte de trás da minha cabeça e meus ouvidos realmente tocaram

a partir da força dele. Deixei cair o anuário. - Eu tenho que ir a-agora - eu gaguejei,

tropeçando nos meus pés. - Sinto muito por seu - Minha mãe ... eu tenho que ir. -

Cegamente, me virei e senti o meu caminho de volta para a sala de espera, me segurando

no muro de suporte.

- Você está bem? - ele gritou atrás de mim. Mas eu ignorei. As bordas da minha

visão estavam embaçadas e pequenas manchas brancas dançavam por trás de minhas

pálpebras quando eu as fechei, mas eu estava sobre a parede e tentei desesperadamente

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não chorar.

Minha mãe estava em pé ao longo da cafeteira, fazendo algo com a tampa quando

entrei. - Ah bom, você está de volta - disse ela. - Eles me avisaram que isso será apenas

mais 20 minutos ou assim.

Sentei-me entorpecida nas cadeiras de plástico e puxei meus joelhos até meu peito.

Eu não disse nada em voz alta ... mas minha mente estava gritando.

Quando finalmente veio a minha mãe 25 minutos depois, e ela pagou a conta, eu

sentei no banco do passageiro do carro e olhei para fora da janela. Minha mãe começou a

dirigir e ligou o rádio baixo antes de se dirigir na direção da casa.

- Não vamos dizer nada sobre isso com seu pai ainda. Ok, Abbey, eu quero

informá-lo eu mesma, quando ele estiver de bom humor.

Dei de ombros, ainda enfrentava a janela, e fiquei em silêncio. Isso foi bom pra

mim. Meu pai e os novos pneus eram as mais distantes das coisas da minha mente agora,

considerando que o mecânico me disse que meu namorado estava morto.

A chuva começou a bater novamente à direita como se puxada para dentro da

garagem, e minha mãe fez uma corrida louca para a porta da frente. Eu fiquei onde estava.

A chuva caía forte e rápida, e assisti a respingos de gotas grandes cair e, em seguida, rolar

através do pára-brisa.

Eu tentei coletar meus pensamentos, mas não consegui. Parecia que todos os fios

na minha cabeça tinham sido fritados, como um fuzil tinha estado errado. Mas eu sabia

que havia uma coisa que eu poderia fazer que faria tudo melhor. Escalando do carro, eu

caminhava lentamente para casa, sem me importar com a chuva. Eu não andei para

dentro, mas só abri a porta o suficiente para chamar a atenção da minha mãe. Ela estava

puxando alguma coisa fora do freezer, que parecia um saco de almôndegas congeladas.

- Eu tenho que fazer algumas coisas, mãe - eu disse. Meu tom de voz estava

normal, que de maneira nenhuma me surpreendeu. - Eu não sei quanto tempo vai

demorar, mas é importante.

Ela olhou por cima do saco na mão. Algo no meu tom, ou cara, deve ter a deixado

saber como era sério, porque ela não disse nada. Ela apenas olhou para fora na chuva. -

Você vai ficar doente se você ficar fora muito tempo. Tente se apressar.

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Eu balancei a cabeça e me desviei, mas ela chamou meu nome. Eu olhei para trás. -

Espero que um dia você possa me dizer o que está acontecendo, Abbey. Estou preocupada,

muito preocupada com você.

Lágrimas encheram os olhos e olhei para ela, tentando mostrar a ela o que eu não

poderia dizer no momento. Ela deu um passo em direção a mim, os olhos arregalados, mas

me afastei e deixei a porta se fechar atrás de mim. Minha mãe não podia me ajudar agora.

Apenas uma pessoa poderia.

A chuva bateu para baixo, e levantei minha cabeça para que ela me lavasse. Não

me importava se eu estava encharcada. Meu casaco cobria meu corpo, mas na medida do

meu rosto e cabelo ... Eu apenas não me importei.

Eu mantive meu ritmo lento e constante, com o meu destino escolhido em mente.

Tentei resolver tudo na minha cabeça, mas ainda não podia pensar com clareza. Era como

tentar ler um livro escrito com números em vez de letras. Eu não poderia dar sentido a

tudo.

Com o tempo vim para a cerca de ferro grande marcando a entrada, e tomei o

caminho familiar, funcionando agora enquanto eu ia mais longe e mais longe. Cada passo

batendo ecoou o som do meu coração em meu peito, um padrão que foi rodado e voltava

dentro da minha cabeça. Por favor, esteja aqui, esteja aqui, cantava.

Eu não parei de correr quando o enredo de vida veio para ver, mas mantive a

direita em ir para o rio. Meus pés deslizaram sobre a pista enlameada molhada, mas eu

continuei empurrando para frente. Eu tinha que encontrar ele. Eu tinha que saber agora.

Antes mesmo de eu perceber, minha boca começou a sondar as palavras ecoando

dentro do meu cérebro. - Por favor esteja aqui. Por favor, esteja aqui - eu ofegava, tentando

controlar meu ritmo. Contornando o declive que levava para a Velha Igreja Holandesa e

Rio Crane, fiquei no meu curso.

O rio chegou à vista. Eu desacelerei para uma caminhada quando finalmente

cheguei ao seu banco de pedra. Escorregando meu caminho, olhei toda a área de novo. Mas

ele não estava lá. Eu joguei minha cabeça para trás e uivei a minha frustração com o vento.

Onde eu estou indo para encontrar ele?

Algo silencioso dentro me agarrou e me disse para calar a boca e prestar atenção.

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Eu empurrei pesadas mechas de cabelo molhado dos meus olhos e imediatamente acalmou

minha respiração. Então fiquei muito quieta. Depois, exalando uma vez, respirei fundo e

me virei para olhar em direção a ponte novamente.

Uma figura escura estava encostada no pilar de concreto, quase misturado

completamente. Eu sabia, sem sombra de dúvida que minha busca havia acabado. Saí

correndo, e parei sob a segurança da ponte. Apenas um pé de distância dele. Ele pareceu

surpreso a me ver.

- Abbey, o que...

- Por que você não me beijou de novo? - Eu interrompi. - Desde aquele dia na

biblioteca? Era real, certo? Eu não fiz isso, fiz?

Ele não disse nada, e dei um passo mais perto. Agora eu tinha apenas seis

centímetros de distância dele. - É porque você não quer? - Silêncio novamente. - Ou

porque você não pode?-

Ele deu um passo de distância, e eu juntei tudo, de repente, querendo o confronto.

- Eu conversei com Nikolas e Katy. Tinham algumas coisas interessantes a dizer. Gosto de

como eles pensam que são realmente personagens da 'Lenda de Sleepy Hollow. - Eu dei

uma gargalhada exagerada ao absurdo. - Nikolas pensa que é o suposto Cavaleiro Sem

Cabeça, que se apaixonou por Katy, que é diminutivo para Katrina, como em Van Tassel,

enquanto ele era um fantasma. Lindas coisas malucas. Quanto você sabe sobre isso? - Eu

olhei pra baixo, esperando uma reação.

- Isso poderia explicar algumas coisas sobre eles - ele disse calmamente. Então,

mais alto - eu não sabia mais do que você. Juro, Abbey.

- E que tal sobre o seu sobrenome, então, Caspian?- eu perguntei. - Qual é o seu

sobrenome? Seu real sobrenome?-

Ele olhou para mim, mas não respondeu. Eu me senti como reforço para ele e

cutucando ele enquanto eu enunciava cada palavra.

- Minha mãe e eu paramos em uma oficina hoje - eu comecei. - Conheci um

homem que tinha o nome de Bill. Eu também encontrei um anuário da White Plains High

lá de dois anos e meio atrás. Engraçado, porém, não há ninguém chamado Caspian Crane

lá. Somente um Caspian Vander.

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Seu olhar me disse tudo, e eu tropecei para trás, quase caindo.

- Isso é verdade, então? - sussurrei - Mas como - por que...?-

Ele passou as mãos pelos cabelos. Um gesto que eu tinha encontrado uma vez

cativante era agora de quebrar o coração. - Eu não sei por que, Abbey. Eu nem mesmo sei

como. Tudo o que sei é que estou aqui, e você está aqui, e de alguma forma ...- Ele não

terminou.

- Mas seu pai. Ele disse que estava em um carro... acidente de carro - Eu coloquei

uma mão até a boca para sufocar um soluço, mas foi um ato inútil. Não adianta tentar

segurar uma onda com um único saco de areia.

Ele balançou a cabeça, e dor encheu seus olhos.

- Eu não acredito em você - eu disse ferozmente. - Todos nesta cidade inteira

ficaram loucos, e eu sou a única pessoa sã. Eu não sei por que o homem disse aquilo hoje,

mas não acredito nele. E não acredito em você - Eu apontei um dedo acusador para ele.

Ele estendeu uma mão. - Abbey, me desculpe. Eu não queria que você descobrisse

deste jeito. Eu esperava que nós pudéssemos encontrar uma maneira... Eu não sei. E então

pensei que poderia ser melhor se eu tentasse para fazer você ficar longe de mim, mas isso

só...

Tentei não olhar nos olhos dele. Isso era muito impressionante agora. - Seu

sobrenome é Vander? perguntei.

Ele balançou a cabeça uma vez.

- Então por que você me disse que era Crane?

Ele olhou para a água ao nosso lado, rolando e rodando sob o ataque implacável da

chuva. - Por algum motivo eu estava atraído por este rio. Um dia, no ano passado, eu vi

você e Kristen aqui no cemitério, e desde então ... Já se tornou uma espécie de meu refúgio,

me trouxe certo senso de paz. Então, quando você perguntou meu nome, apenas escolhi

sair dessa forma.

Eu não conseguia olhar para ele. - E o resto? Se aquele era o seu pai ... era tudo

verdade? - Dirigi às minhas perguntas para o rio, eu não queria ver seu rosto.

- Eu não sei - ele sussurrou. - Eu vi os artigos de jornal, mas não consigo lembrar

de nada. É tudo preto. Tudo o que sei é que sou atraído por este lugar, e por você. Você é

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tão bonita ... Onde quer que você vá, eu vejo essas cores. Você é a única...

Eu me virei para encará-lo agora. - Talvez não seja realmente verdade, então - eu

disse ansiosamente. - Quero dizer, talvez você só teve uma concussão ou algo assim, e é por

isso que você não tem uma parte da memória. Ou talvez eles tenham a identidade errada.

Ele balançou a cabeça. - Abbey, não.

- Mas você não sabe! - eu gritei com ele. - Você apenas não sabe!

Ele chegou mais perto, até que ele estava bem próximo a mim. - Pegue minha mão

- ele ordenou baixinho.

Eu olhei para ele incrédula. - O que?

- Pegue minha mão - ele disse de novo.

Eu suspirei e estendi a mão para tocá-lo. Mas meus dedos deslizaram através dele.

Eu voltei para cima, para fora na chuva, horrorizada.

- O que você fez? - eu gritei, dançando perigosamente perto do limite da histeria. -

Por que você fez isso?

- É como Isso é, Abbey - ele disse. - É exatamente como isso é.

Agora eu estava balançando a cabeça freneticamente, para trás. Parecia que eu

estava à beira de um colapso nervoso. Algo estava quebrado na minha cabeça, algum tipo

de fio foi desarrumado.

-E naquela noite no meu quarto? - Perguntei, tentando me agarrar a algum

pequeno fio de sanidade. Você tocou meu rosto. E na biblioteca eu segurei sua mão. E

beijei você. E você me beijou de volta, caramba. Então faça o que você fez, então agora -.

Eu estava navegando além da repartição histérica, evidente chateada e irritada.

Ele caminhou para perto de mim, até que ele estava apenas sob a borda da ponte. -

Eu não posso fazê-lo novamente, Abbey. É por isso que fiquei longe de você. Foi só por um

dia. Naquele dia, especificamente.

Eu pisei para trás sob a segurança da ponte. - Faz novamente - disse. – Deixe-me

ver você fazer isso de novo. - Eu estendi minha mão, e ele posicionou o braço por cima

dela.

Então ele virou para baixo.

Meus olhos se abriram e saltaram para fora da minha cabeça enquanto eu

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observava seu braço inteiro passar pelo meu. Então, ele trouxe para cima e fez isso de

novo.

Eu só senti o simples fio de um arrepio cada vez que ele passava por mim.

- Chega - gaguejei, me curvando para colocar minhas mãos sobre minha cabeça.

Estava latejante, e a mesma explosão de sentimento estava acontecendo na base do meu

pescoço novamente.

- Agora você vê, Abbey? Caspian perguntou. - Você entende porque eu tive que

ficar longe?

Minha cabeça explodiu, enviando uma vaga e temporária sombra sobre o meu

globo ocular esquerdo. Quando clareou, tropecei nos meus pés e apoiada na chuva de novo.

Segurando ambos os braços na minha frente, eu os usei como escudo para defender.

Então a dor no meu coração veio.

Foi uma dor lancinante brutal, tão forte que me fez cair de joelhos e miserável.

Levantando novamente, e novamente, eu vomitava até que nada foi deixado, meu corpo

estremecendo e em convulsão. Quando o pior já tinha passado, me arrastei até a borda do

rio. Não dando atenção a minha roupa, ou o sabor salgado em minha boca, eu mergulhei

nessa fria água correndo e lavei a boca.

Barulho suave atrás de mim me disse que Caspian tinha me seguido, mas ele

recuou. Eu peguei os meus cabelos pesados, encharcado em uma mão e torci para o lado

antes de chegar aos meus pés. Eu estava completamente encharcada, mas eu não prestava

atenção a isso.

- Só me diga uma coisa - eu sussurrei através de uma dor de garganta quando me

virei para encará-lo. As lágrimas derramadas, e eu lutava para recuperar minha

compostura. - Naquela noite em meu quarto, e no dia seguinte na biblioteca ... se você,

você ia dizer que me amava?

Ele balançou a cabeça, mas não respondeu. Eu esperava. E olhei profundamente

em seus olhos.

- Pelo menos me dê a dignidade de uma resposta, Caspian - Eu chorei quando

vários minutos se passaram. - Você me deve muito

Ele olhou para longe, e depois de volta para mim novamente. Quando ele falou,

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cada palavra era pesada e cheia de agonia, como se elas estivessem sendo retiradas do

fundo da sua alma. - Claro que eu não te amo, Astrid. Eu não tenho uma alma. Eu não sei o

que esse sentimento é, mas isso não é amor. Não pode ser.-

- Mas eu... amo você - Eu disse entrecortada.

E com essa confissão, eu virei de costas para ele e fui embora.

Fim...

Série The Hollow continua em: The Haunted

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Agradecimentos

Fórum ALISHEA DREAMS : http://alisheadreams.com/

http://alisheadreams.foroactivo.com/

Em especial, o nosso mais profundo agradecimento a toda equipe de Tradução e Revisão envolvida neste projeto, pessoas sem as quais nada disto seria possível.

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