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TEORIA MACROECONÔMICA IIECO1217

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Segunda Parte – Economia aberta

Objetivo: estudar os fenômenos macroeconômicos em economias abertas, nas quais há transações relevantes entre residentes e não-residentes, tanto de bens e serviços (conta-corrente), quanto de ativos (conta de capitais). Estudar os equilíbrios macroeconômicos nas economias abertas. Estudar os choques e os mecanismos de propagação em economias abertas. Estudar os efeitos de políticas macroeconômicas em economias abertas.

Referências: OB (capítulo 18) e DFS (capítulo 12).

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Macroeconomia Aberta

Estudaremos agora com mais atenção os fundamentos dos mercados de divisas e da determinação da taxa de câmbio. Vamos também explorar os modelos macro no contexto de uma economia aberta.

Abertura cobre 3 noções distintas:

1) Abertura nos mercados de bens: -escolha entre bens domésticos e importados -tarifas -cotas -campo de batalha nivelado (level playing field)

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Macroeconomia Aberta

2) Abertura dos mercados financeiros

-escolha entre ativos domésticos e estrangeiros

-controles de capitais

-integração dos mercados financeiros mundiais/ mobilidade de capitais.

3) Abertura nos mercados de fatores:

-liberdade para as firmas escolherem onde instalar suas fábricas e para os trabalhadores escolherem onde trabalhar;

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Exportações e Importações dos EUA (%PIB)

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Exportações e Importações americanas como Percentual do PIB

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Macroeconomia AbertaOlhando-se o gráfico da evolução temporal das razões X/Y e M/Y nos

EUA, vê-se que ocorre um grande declínio de ambas as séries no período da grande depressão, 1929-36. Neste período, houve a famosa Lei Smoot-Hawley que aumentou espetacularmente as tarifas para tentar aumentar a demanda por bens domésticos. Os demais países retaliaram, levando a um grande declínio do comércio mundial.

Os EUA registraram amplos superávits comerciais na segunda metade dos 40’s (reconstrução européia) e amplos déficits desde o início dos 80’s, devido ao mix fiscal-monetário.

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Macroeconomia AbertaOs EUA, como o Brasil, não é uma economia muito aberta. Vejamos as

cifras mais recentes para o Brasil:Exportações e Importações como Percentual do PIB

0,00%

2,00%

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Macroeconomia Aberta

8484BélgicaBélgica2727Reino UnidoReino Unido

HolandaHolanda

ÁustriaÁustria

SuíçaSuíça

País

AlemanhaAlemanha

JapãoJapão

Estados UnidosEstados Unidos

Razões entre exportações e PIB para países selecionados da OCDE, 2000

Tabela 18-1

74743333

48481010

45451111

Coeficiente de exportação (%)

Coeficiente de exportação (%)País

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Abertura Comercial dos Países da União Monetária Européia em 2004.2

Austria 80,3% Irlanda 91,6%Bélgica 168,0% Itália 41,8%Finlândia 58,5% Holanda 113,4%França 46,1% Portugal 53,7%Alemanha 60,1% Espanha 45,6%Grécia 34,5%

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Macroeconomia Aberta

O grau de abertura de uma economia não é só medido pelo comércio efetivo. É importante também levar em consideração os mercados que estão expostos à competição internacional, sem que necessariamente haja importações. Uma medida melhor do grau de abertura deve ser a proporção do produto agregado composto de bens comerciáveis (tradables)

Pode-se concluir da tabela acima que os EUA têm mais restrições ao comércio do que UK ou Luxemburgo?

Não. GEOGRAFIA e TAMANHO são as causas.-Japão – grau de abertura e seu isolamento geográfico.-Bélgica (5% do PIB dos EUA) e Luxemburgo (0.3% do PIB dos EUA) são

pequenos.

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Macroeconomia Aberta

Pode um país exportar mais do que seu PIB?Como a abertura dos mercados de bens afeta o equilíbrio no mercado de

bens?Em uma economia fechada, nos centramos na decisão de consumir ou poupar.Agora, há adicionalmente a decisão de, em se consumindo, comprarem-se

bens domésticos ou importados.A variável chave para esta última decisão é o preço dos bens estrangeiros em

termos dos bens domésticos, que é a taxa real de câmbio. Ao contrário da taxa nominal de câmbio, a taxa real não é diretamente observável.

A taxa real de câmbio nos dá o preço dos bens externos em relação aos bens internos. A taxa nominal de câmbio nos dá o preço relativo entre as moedas.

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Macroeconomia Aberta – Taxa de Câmbio Nominal

Convenciona-se aqui definir a taxa de câmbio nominal E como o número de unidades de moeda doméstica que se pode obter em troca de uma unidade de moeda estrangeira (preço da moeda estrangeira em termos da moeda nacional). (Alguns paises usam a convenção contrária, p.ex., o Reino Unido.)

Apreciação da moeda doméstica (R$) E diminuiDepreciação da moeda doméstica (R$) E sobeAlém do câmbio nominal, é importante saber o poder de compra de cada

moeda, para decidir-se sobre comprar doméstico ou importado. Isto diz respeito à taxa de câmbio real.

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Macroeconomia Aberta – Taxa de Câmbio Real

Suponha que os EUA só produzam cachorro-quente e o Brasil só produza café. Para construir a taxa de câmbio real – o preço dos bens nos EUA em termos dos bens no Brasil –é simples:

1 cachorro-quente custa US$1 * 3R$/US$ = R$31Kg de café custa R$9O preço do cachorro-quente em termos de café é R$3/R$9 = 0.33

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Macroeconomia Aberta – Taxa de Câmbio Real

Para achar a verdadeira taxa de câmbio real, substitua o cachorro-quente pela cesta de bens e serviços produzidos nos EUA e café pela cesta brasileira.

Seja P o deflator do PIB do Brasil e P* o deflator do PIB dos EUAEntão a taxa de câmbio real é dada por:=EP*/P, P* sendo preço dos bens americanos em reais e P dos bens brasileiros em

reais.Taxa real de câmbio preço dos bens externos em termos dos bens

internos

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Taxa de Câmbio do Bigmac

Dois casos extremos que são úteis para entender a taxa de câmbio: especialização total (caso hot-dog e café) nenhuma especialização – caso Big Mac

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Índice Big Mac para 16 de dezembro de 2004

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Macroeconomia Aberta – Taxa de Câmbio Real

A taxa de câmbio real é um número índice. Em geral, fixa-se arbitrariamente =1 para um dado ano. Já os movimentos não são arbitrários.

Um aumento no preço relativo dos bem domésticos em termos dos bens importados é uma apreciação real;

Uma diminuição no preço relativo dos bens domésticos em termos dos bens importados é uma depreciação real; ou seja

Apreciação real: Os bens estrangeiros tornam-se relativamente mais baratos; o preço dos bens estrangeiros em termos dos bens domésticos cai; cai

Depreciação real: Os bens estrangeiros tornam-se relativamente mais caros; o preço dos bens estrangeiros em termos dos bens domésticos sobe.

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Câmbio Real Bilateral - IPCA/CPI (a preços de fevereiro/05)

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Média jan/99-fev/05: 2,95

Média mai/01-fev/05: 3,22

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Macroeconomia Aberta – Taxa de Câmbio Multilateral

Podemos medir o preço médio dos bens nacionais em termos dos diversos parceiros comerciais que o Brasil possui, teremos a taxa de câmbio real multilateral.

No lugar de assumir P* como o índice de preços de apenas um país, podemos calcular um índice de preços ponderado para diversos países. P* corresponderia ao índice de preço dos parceiros comerciais ponderado pela participação relativa deste país no comércio nacional (média das exportações e importações relativas).

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Equilíbrio no Mercado de Bens

Y = A (Y,i) + NX (Y,Y*, ), onde = EP*/P Determinantes do equilíbrio do mercado de bens na economia aberta:

além do dispêndio doméstico, a renda mundial e a taxa de câmbio real afetam a IS.

Mesmo com taxa de câmbio fixa, o preço relativo pode ser afetado pelos preços domésticos P

“vazamentos externos” do multiplicador

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Duas Formas de Abordar Demanda Global e Oferta Globais na economia aberta sem transações

financeiras: Demanda global ≡ absorção mais exportações líquidas e Oferta interna

≡ PIB. Oferta Global de Bens e Serviços (PIB mais Importações) para atender

à demanda Global (Absorção mais Exportações) Oferta Global ≡ PIB + importações = Demanda Global ≡ Absorção interna mais exportações

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Equilíbrio Macro – versão 1

Oferta Interna igual ao que foi visto na unidade anterior

Demanda Global agora – suponhamos ausência de transações financeiras, com taxa de câmbio flexível, e preços internos fixos: o equilíbrio externo é promovido pelo mercado de câmbio, dadas as políticas macroeconômicas (fiscal e monetária)

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Para as Próximas Aulas

Papel dos preços relativos e da política macroeconômica no equilíbrio entre demanda global por bens e serviços e oferta interna (preços internos fixos, versus preços internos flexíveis)

Dilemas da política macro na economia aberta: equilíbrio interno versus equilíbrio externo: com preços fixos – conflitos entre taxa natural e equilíbrio externo

Abertura financeira – Conta de Capital (transações entre residentes e não-residentes, nos mercados de ativos financeiros)