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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

PÓS-GRADUAÇAO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA

CLAUDIA DE OLIVEIRA

PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DE ADOLESCENTES GRÁVIDAS

ACOMPANHADAS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO

MUNICIPIO DE CAMPO GRANDE

CAMPO GRANDE

2011

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CLAUDIA DE OLIVEIRA

PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DE ADOLESCENTES GRÁVIDAS

ACOMPANHADAS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO

MUNICIPIO DE CAMPO GRANDE

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Pós-Graduação em

Atenção Básica em Saúde da Família, da

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,

como requisito à obtenção do título de

Especialista.

Orientadora: Prof.ª ma. Cibele Bonfim de

Rezende Zárate

CAMPO GRANDE

2011

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RESUMO

Trata-se de estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizada em setembro e outubro de 2011, com 19 adolescentes gestantes acompanhadas na Unidade Básica de Saúde da Família Macaúbas, em Campo Grande/MS. O objetivo deste estudo foi identificar o perfil sócio-demográfico das gestantes adolescentes e conhecer o motivo que as levou a engravidar, visto o alto índice (22,2%) de gravidez nesta população local, sendo superior ao nacional e municipal respectivamente (19,9% e 18,8%). Concluiu-se que a maioria têm mais de 16 anos, solteiras, moram na casa de familiares e não estudam, pararam de estudar no ensino fundamental e apenas uma concluiu o ensino médio, todas têm uma renda per capta menor que um salário mínimo. Destaca-se a prática do sexo desprotegido como o principal motivo para engravidar, apesar de não planejarem a gravidez atual e declarassem ter acesso e conhecimento sobre métodos anticoncepcionais e/ou de já ter feito uso anteriormente.

Palavras-chaves: Gravidez na adolescência; Saúde da família; Saúde do adolescente.

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SUMARIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................5

2. METODOLOGIA.......................................................................................................7

3. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS.............................................................8

4. CONCLUSÃO..........................................................................................................11

5. REFERENCIAS........................................................................................................13

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1. INTRODUÇÃO

A adolescência, faixa etária entre 10 e 19 anos, é o período da vida caracterizado por

intenso crescimento e desenvolvimento, que se manifesta por transformações anatômicas,

fisiológicas, psicológicas e sociais. (BRASILa, 1996, p.5). No contexto da sexualidade, o

comportamento e a vivência dos jovens não podem ser considerados isoladamente, mas dentro

de um contexto geral que inclui seu relacionamento com os companheiros, sua vida familiar,

seu trabalho ou sua atividade escolar, portanto são complexas (COSTA, 2001,p.217). Nessa

perspectiva, a gravidez na adolescência tem sido tema de inúmeros estudos e reflexões devido

aos riscos físicos, emocionais e sociais que podem acarretar (DIAS e TEIXEIRA, 2010, p.

123).

Até o século passado, a gestação na adolescência era considerada normal, ocorrendo

na maioria das vezes, dentro do casamento. As mulheres se casavam muito cedo e a função

feminina era, basicamente, a procriação. A partir do movimento de liberação feminina e com

o surgimento dos anticoncepcionais na década de 1950, mudanças profundas ocorreram no

panorama nacional. Esse fato levou a um declínio na taxa de fecundidade de um modo geral;

porém, entre os adolescentes, o mesmo não foi observado, havendo mesmo um acréscimo nos

últimos anos (CHALEM, 2007, p.177).

Em pesquisa realizada por Komura (2010, p. 123), as principais causas da gravidez na

adolescência foram a precocidade do namoro e o não uso de métodos anticoncepcionais,

mesmo com amplo conhecimento sobre a questão. Outras pesquisas mostram que, muitas

vezes, a gravidez pode ser desejada pelas jovens, pois assume uma nova identidade através do

papel materno na sociedade.

A gravidez na adolescência atualmente é considerada um problema de saúde pública

tanto no Brasil como em muitos outros países do mundo. Sua importância superou a prática

assistencial, dado seu aumento no final do século passado. Para entender os possíveis fatores

de origem ligados ao avanço das gestações nessa faixa etária, é preciso perceber a

complexidade e a multicausualidade desses fatores, que tornam os adolescentes especialmente

vulneráveis a essa situação (BRASIL, 1999).

Em relação aos riscos obstétricos, em estudo realizado em São Luiz –MA, revelou que

somente as mães menores de 18 anos tiveram maiores taxas de resultados desfavoráveis na

gravidez (maiores taxas de baixo peso ao nascer, prematuridade e mortalidade infantil)

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comparado às mulheres acima de 18 anos. As adolescentes de 18 a 19 anos têm os riscos

parecidos com os das mulheres mais velhas (SIMÕES, 2003, P. 559)

No contexto social, aponta-se que as mães jovens têm maior probabilidade de serem

pobres do que aquelas que foram mães em idade maiores; o divórcio e o abandono escolar são

mais freqüentes, seus salários são consideravelmente mais baixos e a alta proporção de

ilegalidade limita o acesso aos direitos legais e ao cuidado da saúde (SOUZA, 1998,p. 74).

Apesar de gravidez na adolescência acontecer com maior freqüência em populações mais

empobrecidas, não se pode negar que o fenômeno acontece em todos os estratos

populacionais, porém suas conseqüências podem ser mais negativas para adolescentes

inseridas nas classes mais empobrecidas (KOMURA, 2010, p.123).

Entretanto, em estudo com adolescentes paraenses, Pantoja (2003, p.335.), mostrou

que a experiência de gestação na adolescência não é necessariamente um fator limitador das

oportunidades de escolarização e da busca por um futuro melhor, a maternidade adolescente

fortaleceu a permanência dessas jovens na escola, uma vez que, na concepção delas, a

escolaridade esteve associada ao projeto de “ser alguém na vida e ter uma oportunidade de

oferecer uma vida melhor ao seu filho. Em outro estudo mostrou que a mudança de vida

ocorrida pela gestação na adolescência é revelada como um acontecimento bom que traz

satisfação e felicidade, apesar das adversidades. As adolescentes se revelam mães satisfeitas,

felizes, com planos para o futuro, e se posicionam com domínio da situação vivida

(RIBEIRO, 2011,p.361).

Apesar de considerar os dados positivos anteriormente relatados, percebe-se que a

adolescência não é a melhor fase para uma gestação. Todavia, a sua incidência é um fato

muito observado nos serviços de saúde, sugerindo-nos que não se tem conseguido atender às

reais necessidades desta clientela relacionadas à abordagem da saúde sexual e reprodutiva.

Baseado nos índices de gravidez na adolescência pode-se considerar que pouco se

avançou em direção à sua diminuição no Brasil, sendo que esses índices aumentaram de

forma excepcional, causando preocupações no âmbito da família, educação, saúde e dentre

outros. O Brasil é apontado pela ONU como um dos países com taxas de gravidez na

adolescência acima da média mundial (CASTRO, 2004, p.19).

O município de Campo Grande implantou, em 1999, as três primeiras equipes do

Programa de Saúde da Família (PSF), na região do Macaúbas, no sentido de reorganizar a

prática de atenção à saúde, priorizando ações de prevenção, sem detrimento das ações

curativas e de reabilitação (KAMUGAI, 2005,p. 17). E dentre essas ações, a prevenção de

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gravidez indesejada na adolescência é uma das ações prioritárias a ser realizada pela Equipe

de Saúde da Família.

Em 2011, ao realizar o levantamento de pessoas da área de abrangência do UBSF

Macaúbas, verificou-se que 7.132 pessoas estão cadastradas e sendo acompanhadas, sendo

que 709 (9,94%) são adolescentes do sexo feminino (DATASUS, 2011). Em setembro e

outubro 2011 havia 99 gestantes cadastradas na ficha B-GES (SIAB) e, destas, 22 são

adolescentes, correspondendo a 22,2% do total das gestações da área.

Esse fato chamou a atenção e verificou-se que, segundo DATASUS (2009) as

gestações de mães adolescentes correspondiam, no Brasil, a 19,94% do total e em Campo

Grande, 18,78%., sendo que o índice encontrado na UBSF Macaúbas era superior ao nacional

e ao do Município. Esse fato conduziu a buscar conhecer os aspectos que influenciam a alta

ocorrência da gravidez na adolescência com o propósito de estabelecer parâmetros para guiar

as ações de saúde praticadas pelas equipes saúde da família.

Este estudo consiste na identificação de aspectos sócio-demográficos das gestantes

acompanhadas na Unidade Básica de Saúde da Família Macaúbas, situada no Município e

Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul. Incluindo também o objetivo de conhecer os

possíveis motivos que levaram essas adolescentes a engravidarem.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado com a

população constituída pelas adolescentes gestantes residentes na área de abrangência da

UBSF Macaúbas e que concordaram em participar da pesquisa, através do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Das 22 adolescentes cadastradas, 19 participaram do estudo. Excluiu-se 3 por não

terem sido encontradas no domicilio. A entrevista foi realizada através de um questionário

estruturado, no período de setembro e outubro de 2011.

A coleta de dados aconteceu após a adolescente ter sido convidada, informada e

esclarecida sobre o estudo. A entrevista foi realizada no domicilio pela enfermeira, utilizando-

se um formulário que constava de questões referentes aos aspectos sócio-demográficos e de

planejamento familiar.

Na coleta de informações preocupou-se com as seguintes variáveis: idade, estado civil,

ocupação, renda familiar e escolaridade e aspectos sobre o comportamento e conhecimento

relacionados à anticoncepção.

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Os dados foram tabulados e analisados de forma descritiva, utilizando-se média

ponderada, porcentagem, número absoluto e apresentados em tabelas.

3. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

A média ponderada de idade das participantes foi de 16,5 anos. A parcela das

adolescentes acima de 16 anos correspondeu a 76% do total e somente foi encontrada 1

(05,2%) gestante menor que 14 anos.

Tabela 1 - Distribuição das adolescentes grávidas, em relação à idade , escolaridade e ocupação.

UBSF Macaúbas - Campo Grande - MS, 2011.

Variáveis Nº %

Idade

13 01 05,2

14 03 15,8

15 01 05,2

16 03 15,8

17 03 15,8

18 02 10,5

19 06

Escolaridade

Ensino Fundamental incompleto 10 52,6

Ensino Fundamental completo 01 05,2

Ensino Médio incompleto 07 36,8

Ensino Médio completo 01 05,2

Evasão escolar por causa da gravidez

Sim 08 42,1

Não 11 58,9

Ocupação

Nenhuma e/ou dona de casa 15 78,9

Estuda e/ou exerce atividade remunerada 04 21,1

De acordo com a Tabela 1, das 19 adolescentes grávidas desse estudo, 05 (26,3%),

encontravam-se na faixa etária de 13 a 15 anos de idade e 14 (76,1%) tinham idade superior a

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16 anos. Em relação à escolaridade, observa-se que mais da metade das adolescentes não

concluíram ao menos o ensino fundamental (10 – 52, 6%). E, das 09 gestantes que

ingressaram no ensino médio, apenas 01 (11,1%) chegou a concluí-lo. De acordo com as

idades observadas anteriormente 11(57,9%) adolescentes já superaram a faixa dos 17 anos,

idade suficiente para iniciar no ensino médio, revelando atraso no desempenho escolar.

O abandono escolar devido a gravidez (08 – 42,1) foi expressivo. Mas foi menor que

em um estudo semelhante, realizado na periferia de São Paulo (CHALEM ,2007, p.77), onde

a gravidez foi a responsável por 60,2 % dos casos da evasão escolar. A literatura em geral tem

mostrado que gestantes e mães adolescentes apresentam atraso na escolaridade, com altas

proporções de evasão escolar, sendo a gravidez um dos fatores que pode contribuir para o

afastamento da escola ou atraso no nível de instrução, como também os determinantes

socioeconômicos (COSTA, 2005, P.719).

Quanto à ocupação atual das adolescentes grávidas, obteve-se um número expressivo

de adolescentes que referiram não estudar e nem exercer nenhuma atividade remunerada (15

– 78,9%), comprovando a influência da gravidez precoce nas questões ligadas à educação e

trabalho, conforme mostrou também em pesquisa realizada por Aquino et al (2003, p.377).

Tabela 2 - Distribuição das adolescentes grávidas, em relação às características sociais. UBSF

Macaúbas - Campo Grande - MS, 2011.

Variáveis Nº %

Situação conjugal

Solteira 08 42,1

Casada 02 10,5

União consensual 09 47,4

Mora com quem atualmente

Apenas com o parceiro 04 21,1

Com o parceiro em casa de familiares 07 36,8

Com familiares sem o parceiro 08 42,1

Renda Familiar

< Salário mínimo 19 100

≥ 1 Salário mínimo ou mais 00 00

Em relação ao estado civil, observa-se que as uniões consensuais ou ausência de união

estável entre adolescentes costuma aparecer em maiores proporções. Também foi observado

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neste estudo que a maioria das entrevistadas convivem com o companheiro, sendo 9 (47,4%)

delas em união consensual e apenas 02 (10,5%) são casadas.

No que diz respeito à moradia das gestantes, pode-se constatar que somente 04

(21,5%) tinham seu próprio lar, ou seja, moravam apenas com o parceiro. As demais viviam

com o parceiro na casa de seus familiares, evidenciando uma dependência dos familiares.

Finalmente, quanto à renda familiar, verifica-se que todas as 19 (100%) adolescentes

declararam renda per capta da família inferior a um salário mínimo.

Tabela 3 - Antecedentes das práticas em relação aos métodos anticoncepcionais das adolescentes

grávidas. Campo Grande – MS, outubro 2011.

Variáveis Nº %

Buscou orientação antes de iniciar atividade sexual

Com alguém da família 06 31,6

Profissional de saúde da UBSF 00 0,00

Amigas 03 15,8

Ninguém 10 52,6

Já teve orientação sobre sexualidade e prevenção de

gravidez na escola

Sim 12 63,2

Não 07 36,4

Usava algum método anticoncepcional antes de

engravidar?

Nunca 06 31,6

Às vezes 07 36,8

Sempre 06 31,6

Métodos utilizados com maior freqüência

Camisinha 05 38,5

Pílula 05 38,5

Injetável 03 23,1

Teve ou acredita que teria dificuldade em ter acesso

a algum desses métodos.

Sim 17 10,5

Não 02 89,5

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Referente à busca por orientação antes da primeira relação sexual, 06 (31,6%)

afirmaram ter conversado com alguém da família, mas o que chama a atenção é que nenhuma

procurou orientação de um profissional na UBSF. Mas a maioria das adolescentes

entrevistadas 12 (63,16%) relatam que teve informações sobre prevenção de gravidez na

escola.

Em relação ao uso prévio de métodos contraceptivos, 13 (68,4%) adolescentes

referiram ter utilizado algum método antes da gravidez, sendo a camisinha e a pílula os

métodos mais utilizados, com 10 casos no total (52,63%), revelando que a maioria tinha

algum conhecimento sobre o uso destes. Das 13 (13%) adolescentes que referiram ter

utilizado algum método anticoncepcional, 04 (30,8%) afirmaram estar usando um

contraceptivo e mesmo assim engravidaram. Quanto ao acesso aos métodos

anticoncepcionais, evidencia-se que existe informação suficiente e facilidade em utilizá-los,

apenas 2 (10,5%) declararam não estar acessível.

Tabela 4- Motivo da gravidez atual das adolescentes gestantes. Campo Grande – MS, outubro 2011.

Em relação à atual gestação Nº %

Desejou engravidar 07 36,8

Engravidou usando contraceptivo 04 21,0

Não pensava em engravidar, mesmo assim

não usava nenhum método contraceptivo

08 42,1

Sobre a gravidez ter sido planejada ou não pelas adolescentes, pode-se constatar que

um número significativo (07 – 36,8%) confessou ter desejado, mas a maioria afirmou o

contrário, ou seja, admite não ter planejado a atual gestação (08 - 42,1 %), embora não tivesse

tomando os devidos cuidados.

O pensamento mágico dos adolescentes de que nada acontece com eles, associado à

ocorrência cada vez mais cedo da iniciação sexual os levam a várias situações de risco,

circunstâncias estas que têm sido apontadas como facilitadoras para a ocorrência da gestação

na adolescência (CAVALCANTI, 2000, p.112).

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4. CONCLUSÃO

Neste estudo, conferiu que as adolescentes grávidas desta comunidade estão

concentradas na faixa etária de 16 a 19 anos (73,68% ). A média ponderada de idade foi de

16,63 anos. O abandono escolar motivado pela gravidez foi de 43,10%, sendo que 78,94 não

estão estudando e nem exercendo atividade remunerada. Apenas 21% moram somente com o

parceiro. A renda per capta de todas as adolescentes entrevistadas é menor que um salário

mínimo. Evidenciando a situação de vulnerabilidade e pobreza em que elas se encontram.

Este estudo revelou também que as adolescentes nunca buscaram orientações sobre

sexualidade e prevenção de gravidez na Unidade de Saúde, no entanto observou-se que elas

têm relevante conhecimento e experiência em relação aos métodos anticoncepcionais, mas

isso não interferiu na prevenção efetiva da gravidez, pois a maioria não planejou a gestação,

mas não utilizava nenhum método anticoncepcional.

Não foi possível especificar os motivos do sexo desprotegido praticados pelas

participantes, mas é possível descartar a possibilidade de falta de acesso aos métodos

anticoncepcionais ou de informações relacionadas, pois a grande maioria já utilizaram algum

contraceptivo e declararam já terem tido orientações a respeito, seja com a família ou na

escola.

Diante dos resultados apresentados, este estudo propicia à equipe da Unidade de Saúde

da Família rever o atendimento a esta população, buscando estratégias mais eficazes na área

da sexualidade e projeto de vida para adolescentes.

Levando em conta os diversos fatores que influenciam a ocorrência da gravidez na

adolescência, focar somente os temas saúde sexual e reprodutiva não parece ser a solução.

Outros assuntos devem ser discutidos com este grupo, como relacionamento afetivo-familiar,

auto-estima, perspectiva de futuro entre outros.

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5. REFERENCIAS

AQUINO, Estela M. L. et al. Adolescência e reprodução no Brasil: a heterogeneidade dos perfis sociais. Cad Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.19,n.2, p. 377-388, 2003.

BRASIL, Ministério da Saúde. Programa Saúde do Adolescente. Brasília, 1996, p.5.

BRASIL, Ministério da Saúde. Fatores etiológicos relacionados à gravidez na adolescência: vulnerabilidade à maternidade. Cadernos juventude saúde e desenvolvimento. Brasília, 1999. p. 223-229.

CASTRO, Mary Garcia. Juventudes e Sexualidade. Brasília: UNESCO Brasil, 2004, p.19.

CAVALCANTI Adriana Paula Leocádio Soares et al. Aspectos psicossociais de adolescentes gestantes atendidas em um serviço público da cidade do Recife. In: Ramos, Flavia Regina Souza et al. Um encontro da enfermagem com o adolescente brasileiro. Brasília: ABEN; 2000. p. 112-118.

CHALEM, Elisa et al. Gravidez na adolescência: perfil sócio-demográfico e comportamental de uma população da periferia de São Paulo. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, P. 177-186, jan. 2007.

COSTA, Maria Conceição Oliveira. Sexualidade na adolescência: desenvolvimento, vivência e propostas de intervenção. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v.77, n.2,p. 217-224, 2001.

DATASUS. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. Disponível em: http:/www.datasus.gov.br/. Acesso em: 30 out. 2011.

DIAS, Ana Cristina Garcia  e  TEIXEIRA, Marco Antônio Pereira. Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno complexo. Paidéia, Ribeirão Preto, vol.20, n.45, p. 123-131, jan./abr. 2010.

GRANDIM, Clícia Valin Côrtes et al. O Perfil das grávidas adolescentes em uma Unidade Saúde da Família de Minas Gerais. Rev. APS, Juiz de Fora, v.01, n.13, p.55-61, jan./mar. 2010.

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KOMURA L.A. et al. Razões e reflexões da gravidez na adolescência: narrativa dos membros da família. Esc. Anna Nery Rev. Enferm., Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 151-57, jan./mar. 2010.

KUMAGAI, Thais Sathie Iseki. Percepção dos Agentes Comunitários de Saúde do Programa Saúde da Família sobre Atenção em Saúde Bucal à Gestante. 2005.77f. Monografia (Residente em Saúde da Família) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2005.

PANTOJA, Ana Lídia Nauar. “Ser alguém na vida”: Uma análise sócio-antropológica da gravidez/maternidade na adolescência, em Belém do Pará, Brasil. Cad. de Saúde Pública, v. 19, n.2, p.335-343, 2003.

SIMÕES, Vanda Maria Ferreira et al. Características da gravidez na adolescência em São Luís, Maranhão. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.37, n.35, p. 559-565, maio 2003.

SOUZA, Marcelo Medeiros Coelho. A maternidade nas mulheres de 15 a 19 anos como desvantagem social. In: VIEIRA, Elizabeth Meloni et al (organizadores). Seminário Gravidez na Adolescência, Rio de Janeiro: Associação Saúde da Família, 1998 p. 74-91.

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APÊNDICES

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APÊNDICE - A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezada participante:

Sou Enfermeira da UBSF Macaubas, estou realizando uma pesquisa cujo

objetivo é conhecer o perfil sócio-demográfico de gestantes com menos de 20 anos

de idade residentes na região desta Unidade de Saúde. Consiste em uma entrevista

através de um questionário.

A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou

quiser desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-

lo. de

Sua identidade será mantida no mais rigoroso sigilo. Serão omitidas todas as

informações que permitam identificá-la.

Mesmo não tendo benefícios diretos em participar, indiretamente você estará

contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de

conhecimento científico.

Atenciosamente

___________________________Claudia de Oliveira

____________________________Local e data

Consinto em participar deste estudo.

_____________________________Nome e assinatura do participante

______________________________Local e data

APÊNDICE - B

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PÓS GRADUAÇAO EM ATENÇAO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA –UFMS

Questionário para avaliação do perfil socio-demográfico de adolescentes grávidas

acompanhadas na Unidade de Saúde da Família Macaúbas.

Data:______/_________/___________

Nome da participante ______________________________________________

Idade:_______

Escolaridade

( ) Ensino fundamental incompleto

( ) Ensino fundamental completo

( ) Ensino médio incompleto

( ) Ensino médio completo

Está estudando atualmente?

( ) Sim

( ) Não

Ocupação

( ) Nenhuma e/ou dona de casa

( ) Exerce atividade remunerada

Abandonou a escola devido à gravidez?

Sim ( ) não ( )

Situação conjugal

Casada ( )

Solteira ( )

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Mora junto com o companheiro

Mora com quem?

( ) Apenas com o companheiro

( ) Com familiares e companheiro

( ) Com familiares sem o companheiro

Total de pessoas na família:______

Renda total da família

( ) Menos de 01 salário mínimo

( ) De 01 a 02 salários mínimos

( ) De 02 a 03 salários mínimos

( ) Acima de quatro salários mínimos

Buscou orientação antes de iniciar atividade sexual

( ) Com alguém da família

( ) Profissional da UBSF Macaúbas

( ) Amigas

( ) Ninguém ou outros

Já teve orientação sobre sexualidade e prevenção de gravidez na escola e ?

( ) Sim

( ) Não

Em relação ao assunto de sexualidade e gravidez, antes de engravidar:

( ) Nunca conversei com a minha família sobre esse assunto

( ) Sempre tive liberdade de falar sobre sexualidade e anticoncepção com minha família

( ) Não sabia com quem conversar sobre esse assunto

( ) Nenhuma dessas alternativas

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Usava contraceptivo antes de engravidar?

( ) Nunca

( ) Às vezes

( ) Sempre, desde que iniciei a atividade sexual

Métodos que já foram utilizados com maior freqüência( ) Camisinha

( ) Pilula

( ) Injetável

( ) Outros

Você teve ou acredita que teria dificuldade em obter e consequentemente usar corretamente mais de um desses métodos anticoncepcionais?

( ) Sim

( ) Não

Em relação à gravidez atual?

( ) Desejou engravidar

( ) Não pensava em engravidar, mas mesmo assim não estava usando nenhum método

contraceptivo.

( ) Engravidou usando contraceptivo.