10-17 microbiologia

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MICROBIOLOGIA 10 O Monitoramento e controle microbiológico Indispensável para controlar a qualidade dos ambientes de fabricação e manipulação de produtos farmacêuticos (e de outros segmentos), o monitoramento microbiológico de salas limpas está em discussão internacional. No Brasil, os critérios de contagem microbiana e as medidas de controle estão previstos em resolução técnica estabelecida pela ANVISA Marcelo Couto monitoramento e o controle mi- crobiológico em salas limpas e demais áreas críticas do pro- cesso de produção de medicamentos fazem parte da rotina de garantia da qualidade nas indústrias farmacêuticas de todo o mundo. O objetivo é medir e avaliar sistematicamente a quantidade de micro-organismos vivos presentes nesses ambientes e orientar medidas preventivas e corretivas para eliminar possíveis focos de contaminação. “Embora saibamos que a maior parte dos contaminantes seja proveniente de matérias-primas, o controle am- biental é uma importante variável do processo e merece atenção”, destaca a farmacêutica Déa de Aguirra, da Yugue Assessores, especializada em consultoria e treinamento. As técnicas comumente empre- gadas para medir a carga microbiana envolvem: a) Coleta por meio de amostrado- res de ar (amostragem ativa): utiliza equipamentos como os de impactação, centrífuga e impinger, entre outros. b) Sedimentação (amostragem passiva): coleta realizada por exposi- ção de placas de Petri contendo uma formulação padrão de meio de cultura suplementado com ágar (técnica de sedimentação). c) Técnica de contato: amostragem realizada diretamente sobre a superfí- cie do local desejado, principalmente nos pontos críticos, utilizando peque- nas placas contendo meios de cultura sólidos apropriados, também conheci- das como Placas RODAC – Replicated Organisms Detection and Counting. d) Coletas com hastes flexíveis com pontas de algodão produzidas para esta finalidade ( swabs). O mate- rial é semeado diretamente – ou após submetê-lo a suspensão e/ou dilui- ção – em placas de Petri ou caldos- -padrão. A análise dos resultados obtidos a partir dessas técnicas serve de parâ- metro básico para avaliar se a carga microbiana total se mantém dentro dos limites estabelecidos pelas orienta- ções normativas. A detecção da carga microbiana presente no ambiente é fundamental para a manutenção de um plano de controle eficiente, elaboração dos documentos e acompanhamento do histórico de contaminação. Estas in- formações são essenciais para a obe- diência às Boas Práticas de Produção (BPF), como a adoção de medidas preventivas e corretivas relacionadas aos procedimentos operacionais, va- lidação dos processos de limpeza e sanitização das instalações e treina- mento do pessoal. Os profissionais responsáveis pelo monitoramento e controle microbiológi- co, no entanto, esbarram em uma série de desafios cotidianos, a começar pelo manejo dos métodos e equipamentos existentes para realizar as medições. Uma situação: diferentes equipamen- tos e métodos adotados nos testes podem apresentar resultados diversos para amostras realizadas ao mesmo

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Microbiologia

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o

Monitoramento e controle microbiológico

indispensável para controlar a qualidade dos ambientes de fabricação e manipulação de produtos farmacêuticos (e de outros segmentos), o monitoramento microbiológico de salas limpas está em discussão internacional. No brasil, os critérios de contagem microbiana e as medidas de controle estão previstos em resolução técnica estabelecida pela aNViSa

Marcelo couto

monitoramento e o controle mi-

crobiológico em salas limpas e

demais áreas críticas do pro-

cesso de produção de medicamentos

fazem parte da rotina de garantia da

qualidade nas indústrias farmacêuticas

de todo o mundo. O objetivo é medir e

avaliar sistematicamente a quantidade

de micro-organismos vivos presentes

nesses ambientes e orientar medidas

preventivas e corretivas para eliminar

possíveis focos de contaminação.

“Embora saibamos que a maior parte

dos contaminantes seja proveniente

de matérias-primas, o controle am-

biental é uma importante variável do

processo e merece atenção”, destaca

a farmacêutica Déa de Aguirra, da

Yugue Assessores, especializada em

consultoria e treinamento.

As técnicas comumente empre-

gadas para medir a carga microbiana

envolvem:

a) Coleta por meio de amostrado-

res de ar (amostragem ativa): utiliza

equipamentos como os de impactação,

centrífuga e impinger, entre outros.

b) Sedimentação (amostragem

passiva): coleta realizada por exposi-

ção de placas de Petri contendo uma

formulação padrão de meio de cultura

suplementado com ágar (técnica de

sedimentação).

c) Técnica de contato: amostragem

realizada diretamente sobre a superfí-

cie do local desejado, principalmente

nos pontos críticos, utilizando peque-

nas placas contendo meios de cultura

sólidos apropriados, também conheci-

das como Placas RODAC – Replicated

Organisms Detection and Counting.

d) Coletas com hastes flexíveis

com pontas de algodão produzidas

para esta finalidade (swabs). O mate-

rial é semeado diretamente – ou após

submetê-lo a suspensão e/ou dilui-

ção – em placas de Petri ou caldos-

-padrão.

A análise dos resultados obtidos a

partir dessas técnicas serve de parâ-

metro básico para avaliar se a carga

microbiana total se mantém dentro dos

limites estabelecidos pelas orienta-

ções normativas.

A detecção da carga microbiana

presente no ambiente é fundamental

para a manutenção de um plano de

controle eficiente, elaboração dos

documentos e acompanhamento do

histórico de contaminação. Estas in-

formações são essenciais para a obe-

diência às Boas Práticas de Produção

(BPF), como a adoção de medidas

preventivas e corretivas relacionadas

aos procedimentos operacionais, va-

lidação dos processos de limpeza e

sanitização das instalações e treina-

mento do pessoal.

Os profissionais responsáveis pelo

monitoramento e controle microbiológi-

co, no entanto, esbarram em uma série

de desafios cotidianos, a começar pelo

manejo dos métodos e equipamentos

existentes para realizar as medições.

Uma situação: diferentes equipamen-

tos e métodos adotados nos testes

podem apresentar resultados diversos

para amostras realizadas ao mesmo

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tempo, em função das limitações téc-

nicas. Algumas vezes não é possível

sequer relacionar o resultado dos cha-

mados métodos rápidos (alternativos)

com os obtidos pelo método conven-

cional, no qual os micro-organismos

são desenvolvidos em meio de cultura.

Pelo método convencional, que

utiliza meios de cultura e requer tempo

de incubação (em geral de cinco dias),

o resultado não reflete o momento atu-

al e sim aquele em que a amostra foi

colhida. “O monitoramento neste caso

ajuda a compor um histórico e avaliar

se o ambiente está em tendência de

melhora, de piora ou de estabilização

dos resultados. Na prática, o que se

faz é obter a situação do passado e

extrapolá-la para o presente, mas isso

implica em considerável grau de incer-

teza”, aponta a consultora.

O desenvolvimento dos métodos

rápidos em microbiologia (também

conhecidos pela sigla em inglês RMM)

é uma tentativa de se obter um “retra-

to” do ambiente a partir de resultados

imediatos e mais precisos, tornando

o controle mais efetivo. Em geral, o

princípio adotado nestes casos não é

baseado na capacidade de os micro-

-organismos crescerem em um meio

de cultura, mas sim na análise da ati-

vidade ou do conteúdo das células, de-

monstrando dessa maneira resultados

em termos de unidades viáveis e não

unidades formadoras de colônias.

“Embora os métodos rápidos este-

jam conquistando cada vez mais acei-

tação, ainda há certa resistência dos

microbiologistas, em função do domí-

nio das práticas tradicionais, de algu-

mas limitações dos próprios métodos e

da falta de reconhecimento mais amplo

deles pelos órgãos reguladores, mas a

tendências é que a tecnologia ganhe

espaço”, comenta Ana Lucia Gonella,

mestre em microbiologia e doutoranda

em biotecnologia pela Unicamp – Uni-

versidade de Campinas.

limites de aceitação

Um dos maiores desafios, no en-

tanto, é a dificuldade de se estabelecer

limites de aceitação microbiana para os

diferentes tipos de ambientes de produ-

ção. “Também devemos considerar que

a identificação dos micro-organismos

é tão importante quanto os limites de

aceitação deles. Por exemplo, na área

de produtos injetáveis, submetidos

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Microbiologia

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a esterilização terminal, não é segu-

ra a presença de micro-organismos

gram-negativos ou termorresistentes,

enquanto na manufatura de produtos

com filtração esterilizante devemos nos

preocupar com a presença de bacté-

rias com tamanho ≤ 0,2µm”, destaca a

microbiologista Ana Lucia. Os debates

são ainda mais intensos em relação

aos limites para áreas controladas de

produtos não-estéreis.

O IEST – Instituto de Ciências

Ambientais e Tecnologia, sediado nos

Estados Unidos, desenvolveu uma re-

comendação sobre “Micro-organismos

em Salas Limpas”, a IEST-RP-CC023,

que é uma das importantes referências

sobre o assunto. O documento, que

aborda áreas estéreis e não-estéreis,

fornece diretrizes para o controle e a

medição da contaminação no ar e nas

superfícies, descrevendo procedimen-

tos e técnicas para alcançar o nível

de controle microbiano desejado. Ele

apresenta ainda uma introdução aos

métodos aceitos para controle e mo-

nitoramento e os recursos disponíveis

para a realização dessa atividade, além

de orientações sobre desinfetantes,

seu espectro de letalidade e técnicas

de aplicação.

“No Brasil, a SBCC também deu

uma valiosa contribuição para o tema

ao publicar a recomendação normativa

RN-007-05, adaptada à realidade na-

cional”, lembra Jean-Pierre Herlin, dire-

tor da Análise Engenharia e Consulto-

ria, um dos membros do comitê técnico

responsável pelo desenvolvimento da

RN. Publicado em 2005, como resul-

tado das atividades de um grupo de

especialistas, o documento, intitulado

“Metodologia e Limites Microbiológicos

em Áreas Limpas” continua em vigor e

é uma importante referência para os

interessados nessa questão.

No ano passado, a ANVISA – Agên-

cia Nacional de Vigilância Sanitária

publicou a sua resolução RDC 17/2010,

em substituição à RDC 210, que dispõe

sobre as Boas Práticas de Fabricação

de Medicamentos e na qual estão

previstos, entre diversos critérios, os

parâmetros de monitoramento e con-

trole microbiológico. “Os critérios de

contagem microbiana e os limites de

contaminação microbiológica apresen-

tados foram baseados nas referências

da Organização Mundial da Saúde e

na regulamentação dos medicamentos

adotada na diretiva europeia, a GMP

EU”, comenta Andréa Muggiati de

Abreu, gerente de Garantia da Quali-

dade do Instituto de Tecnologia do Pa-

raná - TECPAR. Ela reforça que essas

orientações, ao serem incorporadas na

resolução brasileira, tornaram-se com-

pulsórias no País.

A RDC 17, assim como já previa

a RDC 210, determina que as áreas

de produção onde estiverem sendo

processados produtos suscetíveis a

contaminação por micro-organismos

sejam monitoradas periodicamente,

considerando as diferentes classes das

áreas limpas. “Entre outros aspectos,

o documento estabelece que, quando

forem realizadas operações assépti-

cas, o monitoramento seja frequente e

se utilize métodos apropriados, entre

os quais estão incluídos aqueles que

envolvem placas de sedimentação,

amostragens volumétrica de ar e de

superfícies”, destaca a representante

do TECPAR. As áreas, obviamente,

não devem ser contaminadas pelos

métodos de amostragem e os resulta-

dos de monitoramento devem ser revi-

sados para fins de liberação do produto

terminado. Além disso, a resolução diz

que as superfícies e o pessoal deve ser

monitorados após operações críticas.

Ainda de acordo com a resolução

da ANVISA, as indústrias devem esta-

belecer limites de alerta e de ação para

a detecção de contaminação micro-

biológica, e para o monitoramento de

tendência da qualidade do ar nas suas

instalações. Os limites neste caso, ex-

pressos em unidades formadoras de

colônia (UFC), são os que constam na

tabela abaixo, adotados em consonân-

cia com o citado padrão europeu.

Os limites adotados levam em con-

sideração o grau de limpeza da sala.

Para aquelas classificadas como “A”,

onde estão localizadas zonas de alto

risco operacional e são realizados en-

vases e conexões assépticas, o limite

de UFC por metro cúbico nas amostras

Classificação RDC 17 e GMP UE

GRaU Da

sala

limites recomendados de contaminação microbiológica (valores médios)

amostra de ar UFC/m3

Placa de sedimentação

Ø90mm UFC/4h

Placa de contato Ø55mm

UFC/placa

amostra de luva (5 dedos)

UFC/luva

a <1 <1 <1 <1

B 10 5 5 5

C 100 50 25 –

D 200 100 50 – www.dmdsolutions.com.bre-mail: [email protected] - (19) 3386.0301 distribuidor autorizado

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de ar deve ser menor que 1; em am-

bientes com grau “B”, que circundam

às de grau “A”, para preparações e en-

vases assépticos, esse número pode

chegar a 10; e nas áreas limpas onde

são realizadas etapas menos críticas

da fabricação de produtos estéreis os

limites podem atingir 100 UFC/m3 (grau

C) e 200 UFC/m3 (grau D). Padrões

também são estabelecidos para amos-

tragens de superfícies por meio das

análises de placas de sedimentação

para um período de quatro horas, de

placa de contato, além de amostras de

luva dos trabalhadores envolvidos.

O FDA, órgão norte-americano res-

ponsável pela regulação de alimentos

e medicamentos, também adota limites

de contaminação microbiológica para

as diferentes classes de áreas limpas,

conforme demonstra a tabela ao lado.

Classificação cGMP - FDa

Clean area Classification

(0.5 µm particles/ft3)

IsO Designation

b

≥ 0.5 µm particles/m3

Microbiological active air

action levelsc (cfu/m3)

Microbiological settling Plates action levelsc,d (diam. 90mm; cfu/4hours)

100 5 3,520 1e 1e

1000 6 35,200 7 3

10,000 7 352,000 10 5

100,000 8 3,520,000 100 50

Critical areaProduto e embalagem

estéreis expostosIsO Classe 5 para

partículas ≥ 0,5 µm

supporting clean areaÁrea imediatamente adjacente à linha de processo asséptico

IsO Classe 7 em operação ou Classe 6

ou Classe 5

less critical activities IsO Classe 8

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Microbiologia

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Os números integram as orientações

de Boas Práticas de Fabricação do

órgão, o cGMP (current Good Manu-

facturing Practices), e são igualmente

levados em conta pelas indústrias

farmacêuticas de todo o mundo, seja

em observância aos padrões e proce-

dimentos corporativos adotados pelas

suas matrizes ou para que estejam cre-

denciadas a exportar e comercializar

seus produtos nos Estados Unidos.

Novos conceitos e discussões

Na sua mais recente edição, a

USP – United States Pharmacopeia

acrescentou novos elementos para

a discussão da contagem microbia-

na e do controle de contaminações

microbiológicas. Autoridade oficial

não-governamental que define pa-

drões para medicamentos e outros

produtos para a saúde, a USP tem as

suas orientações acompanhadas de

perto. Na versão 2011 (USP 34) do

documento são recomendados novos

critérios, que levam em conta a taxa de

incidência de contaminações. O limite

tolerável é de 0,1%. Isso significa que a

cada 1.000 contagens realizadas seria

permitida apenas a ocorrência de uma

placa com até 15 unidades formadoras

de colônia (UFC).

“O problema é que essa contagem

leva um tempo considerável para ser

obtida. Se uma indústria estabele-

cer, por exemplo, que vai colher um

amostra por dia em determinada área

ou zona controlada, levará quase três

anos para completar 1.000 placas. Evi-

dentemente, esse tempo diminui à me-

dida que mais amostras sejam colhidas

em um mesmo dia, mas ainda assim

demanda longo período de avaliação”,

considera Silvia Eguchi, diretora de

Microbiologia da Dosage Pesquisas

Laboratoriais e coordenadora do GT 2

da SBCC, grupo de trabalho criado no

âmbito do ABNT CB-46 para tratar de

questões ligadas à biocontaminação

em áreas limpas.

Um dos caminhos para se chegar

a padrões mundiais deve ser a revisão

da norma ISO 14698 – Partes 1 e 2,

publicada em 2003 com a finalidade

de oferecer princípios e metodologia

básica para avaliar e controlar a bio-

contaminação. O documento original,

porém, não foi muito adotado, pela

falta de parâmetros objetivos para a

realização de contagens e o estabe-

lecimento de limites microbiológicos

para as diferentes classes de áreas.

“Muitos profissionais consideram essa

norma um ‘guia’, por apresentar orien-

tações gerais, mas sem fixar critérios

de níveis de biocontaminação, obtidos

por dados do histórico do controle mi-

crobiológico”, comenta Silvia Eguchi,

que é a delegada brasileira no grupo

de trabalho da ISO encarregado de

discutir a norma. “Do jeito que está, ela

não é exatamente uma norma e, por

isso, especialistas de diversos países

foram convocados para a sua refor-

mulação”, acrescenta. O processo de

revisão, iniciado há quatro anos, deve

consumir pelo menos mais três, mas a

expectativa é que, ao final, os especia-

listas cheguem a números e critérios

globalmente aceitos.

O estabelecimento de padrões in-

ternacionais por meio da norma ISO

esbarra não apenas na dificuldade téc-

nica de se estabelecer números exatos

– nem sempre facilmente aplicáveis na

área de microbiologia –, mas também

na resistência regional: adotar critérios

mais rígidos que os atuais implica em

rever procedimentos e realizar investi-

mentos para se adaptar. Representan-

tes de alguns países participantes das

discussões temem que a introdução

de números na norma se sobreponha

a regulamentações, legislação e guias

locais seguidos atualmente.

Apesar disso, a expectativa é de

que as discussões continuem avan-

çando e, nos próximos anos, os crité-

rios estabelecidos sejam mais claros e

harmonizados em todo o mundo. Para

isso, o que se busca é estabelecer

padrões mínimos, aplicáveis de forma

prática e objetiva em todos os países

afiliados à ISO, o que representa uma

evolução do ponto de vista técnico e

também operacional e mercadológico

para uma indústria cuja produção se

dá em escala mundial e com atuação

em mercados globalizados.

A busca pelo aperfeiçoamento das

técnicas de contagem microbiana e a

definição de números consensuais,

que balizem os limites aceitáveis nos

diferentes ambientes classificados,

são os principais desafios vivencia-

dos pelos profissionais que atuam na

indústria farmacêutica – e também em

outros segmentos como os de alimen-

tos e de cosméticos – com o objetivo

de desenvolver práticas cada vez

melhores de produção, com adequado

controle microbiológico e segurança

dos seus produtos.

Expectativa é de que a norma iSo 14698, que está sendo revisada,

passe a oferecer limites de aceitação

baseados em consenso internacional

Composite

C M Y CM MY CY CMY K

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A especialista em microbiologia

Silvia Eguchi, coordenadora do GT

2 da SBCC mantido pelo comitê

ABNT CB-46 para tratar de ques-

tões ligadas à biocontaminação

em áreas limpas defende o esta-

belecimento de critérios interna-

cionais e o aperfeiçoamento dos

métodos de mensuração e con-

trole microbiano nos ambientes

críticos classificados. Ela comenta

a questão dos números:

Como os limites aceitáveis são

definidos?

São convenções estabelecidas

pelos pesquisadores do assunto e

profissionais que militam na área,

a partir de estudos e das experiên-

cias práticas. Como se trata de cri-

térios estabelecidos pelo homem,

os limites fixados estão sujeitos a

questionamentos decorrentes do

avanço científico e do próprio de-

senvolvimento de análises estatís-

ticas aplicadas à microbiologia. Por

isso, é natural que sejam continua-

mente discutidos, de acordo com o

avanço técnico-científico.

Mas é importante ter números?

Sim, em termos. Eles são mais

importantes em áreas limpas,

onde a contaminação microbia-

na é muito baixa. Buscamos um

indicador numérico, baseado em

estatísticas e critérios científicos, a

ser tomado como referência. Seja

ele qual for, é importante que seja

acordado por especialistas dos

diversos países e tenhamos parâ-

metros claramente estabelecidos.

Caminhamos nesta direção e es-

tou confiante de que a revisão da

norma ISO 14698 será um avanço

para harmonizar padrões.

Questão dos números

Fot

o: G

lauc

ia M

otta

Composite

C M Y CM MY CY CMY K

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