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20. Esquerda, Direita e Centro Luiz Salvador de Miranda-Sá Jr. Em sua origem, os termos políticos esquerda e direita estão relacionados com a Revolução Francesa como instrumento de mudança social e diz respeiro aos conflitos entre o capital e o trabalho. Os termos esquerda e direita apareceram na Assembléia Nacional francesa logo após a revolução burguesa, pois os deputados populares revolucionários tinham assento no plenário no lado esquerdo do lugar do rei, e os deputados monarquistas que defendiam os interesses dos proprietários (conservadores e reacionários) se sentavam no lado oposto, à direita do rei. Daí a origem destes epítetos. Por consequência, no centro do plenário se sentavam aqueles que tinham posição intermediária entre as duas anteriores. O centro. A tradição política francesa desde o início do século XIX emprega os termos esquerda e direita para indicar, respectivamente, os adeptos da revolução social à esquerda e os partidários da contra-revolução à direita do presidium. Por muito tempo, os termos esquerda e direita estiveram vinculados à noção de transformação política revolucionária e insurrecional. Mais tarde, no início deste século, com o advento da revolução bolchevique de 1917, na Rússia, se afirmou mais e mais esta identificação com o processo político chamado revolucionário. O termo centro implica em designar duas posições políticas como suas duas variantes principais, centro esquerda e centro-direita, indicam um compromisso com mudanças democráticas, transformações sociais pacíficas, sujeitas aos procedimentos eleitorais formais. Como regra geral, mesmo propondo mudanças políticas radicais, optavam por um processo político reformista, gradual e obtido atraves de um processo politico educativo para obter seus resultados. Dão preferIencia à disputa política sobre a insurreução armada para obter suas propósitos.

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20. Esquerda, Direita e Centro

Luiz Salvador de Miranda-Sá Jr.

Em sua origem, os termos políticos esquerda e direita estão relacionados com a Revolução Francesa como instrumento de mudança social e diz respeiro aos conflitos entre o capital e o trabalho. Os termos esquerda e direita apareceram na Assembléia Nacional francesa logo após a revolução burguesa, pois os deputados populares revolucionários tinham assento no plenário no lado esquerdo do lugar do rei, e os deputados monarquistas que defendiam os interesses dos proprietários (conservadores e reacionários) se sentavam no lado oposto, à direita do rei. Daí a origem destes epítetos. Por consequência, no centro do plenário se sentavam aqueles que tinham posição intermediária entre as duas anteriores. O centro.

A tradição política francesa desde o início do século XIX emprega os termos esquerda e direita para indicar, respectivamente, os adeptos da revolução social à esquerda e os partidários da contra-revolução à direita do presidium. Por muito tempo, os termos esquerda e direita estiveram vinculados à noção de transformação política revolucionária e insurrecional. Mais tarde, no início deste século, com o advento da revolução bolchevique de 1917, na Rússia, se afirmou mais e mais esta identificação com o processo político chamado revolucionário. O termo centro implica em designar duas posições políticas como suas duas variantes principais, centro esquerda e centro-direita, indicam um compromisso com mudanças democráticas, transformações sociais pacíficas, sujeitas aos procedimentos eleitorais formais. Como regra geral, mesmo propondo mudanças políticas radicais, optavam por um processo político reformista, gradual e obtido atraves de um processo politico educativo para obter seus resultados. Dão preferIencia à disputa política sobre a insurreução armada para obter suas propósitos.

Mais tarde, sobretudo depois da experiência concreta dos governos comunistas na União Soviética e em outros países que assumiram a caracterização de esquuerda, colocou-se a necessidade de uma esquerda democrática não ditatorial e não totalitária) que poderia chegar a ser bastante radical em seus propósitos sem comprometer a idéia de democracia e dos direitos humanos. Foi somente aí que a nocão de esquerda e direita deixaram de significar uma posição insurrecional e contra-insurrecional, localizando-se em um processo político reformista ou revolucionário sem insurreição.

Os partidos de direita se comprometem com a liberdade (desde que não comprometam sua pretensões), a ordem, o direito ilimitado à propriedade e à herança, o apego superlativo às tradições e

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religiões. É comum que pretendam manter uma posição recista. Direita Nacional (racista e nacionalista, no sentido clássico da expressão), Direita Liberal (caracterizada pela defesa da livre-empresa ilimitada e das limitações ao poder do Estado), Direita Jacobina (Estado hipertrofiado a serviço dos interesses políticos das camadas médias e da plutocracia), Direita Colonialista, Direita Monarquista.

O pensamento de direita está assentado sobre três pilares fundamentais: a necessidades das pessoas comuns serem controladas pelas autoridades; na imutabilidade das instituições; e a supremacia do indiviadual sobre o social.

Os partidos de esquerda estão comprometidos com a idéia de progresso social necessário, da prevalência dos interesses coletivos sobre os individuais e as propostas de transformação da sociedade, com as idéias de igualdade e justiça social, com o humanismo e com a sociedade civil.

Em geral, os esquerdistas prestigiam os mais pobres, mais fracos e mais explorados de preferência ao mais ricos, mais fortes e que se beneficiem de uma posição exploradora.

Como acontece com a direita, é possível haver uma infinidade de posições políticas de esquerda.

Avaliando-se a prática política concreta, pode-se duzer que existe uma esquerda científica, uma esquerda sentimental, uma esquerda socialista, uma esquerda comunista, uma esquerda democrática (que se confunde com a centro-esquerda e a social democracia) e muitas outras categorias definidas por sua adjetivação. Contudo, todas estas posições têm algo em comum; o pensamento de esquerda está fundado basicamente na convicção em três princípios cardeiais: a educabilidade dos seres humanos e a plasticidade da sociedade; na influência que o meio social, sobretudo as instituições, exercem nos indivíduos; e a prevalência das necessidades sociais sobre as individuais.

Atualmente, frente à derrocada dos Estados de orientação comunista no leste europeu, apareceu uma doutrina ideológica do fim da esquerda, do fim da história, do desaparecimento dos interesses de classe e seus conflitos. Tudo isto não passa de recurso político para beneficiar os interesses liberais e neoliberalistas a srviço do grande capital especulativo. Não é para ser levado a sério. Enquanto existirem trabalho e capital, enquanto existirem contradições entre eles, existirá esquerda e direita.

Características da Direita Política

Além das características mencionadas acima, deve-se acrescentar: desconfiança e resistência frente às mudanças na sociedade, nos costumes e nas estruturas familiares, políticas e instituicionais;

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crença dogmática em uma religião ou doutrina política fechada e dogmatizada para exercer o controle social; exagero do dever estatal de manter a lei e a ordem; defesa da intervençao do Estado na vida econômica; desconfiança nos indivíduos livres e nas associações; aceitação das desigualdades humanas como algo natural e eterno; desconfiaça frete aos organismos governamentais e às instituições estatais. Os direitas tende a assumir posição a favor do capital e dos mais fortes.

Denominam-se conservadores quando se propõem a impeir ou retardar o progresso e reacionários, quando objetivam fazer rereoceder estados de avanço já consagrados na sociedade ou na cultura.

Características da Esquerda Política

Mais além das característica apontadas acima, os adeptos da esquerda política se caracterizam por: desejo de mudar o que parece funcionar mal e mudar rapidamente; crença na inevitabilidade (ou na necessidade) da violência para promover as transformações sociais; convicção no dever do Estado na provisão do bem-estar social e seguridade; defesa da propriedade coletiva dos meios de produção como única maneira de garantir a justiça social; preocupação maior com o conteúdo que com a forma das instituições democráticas. Os esquerdistas tendem a ficar ao lado dos trabalhadores, dos mais fracos.

Esquerda, Direita e Democracia

Denominam-se esquerda e direita extremas quando tendem a excluir seus opostos. As sociedades democráticas tendem a manter uma releção dinâmica desta díade, inclusive, parece ótimoo quando se alternam no poder.

As posições polícas e sociais de extrema direita e extrema esquerda tendem a resistir aos procedimentos democráticos, mesmo formais. Preferem os estados autocráticos, sejam ditatoriais (exagero do poder governamental) ou totalitários (quando o poder estatal invadade os direitos individuais).

Quando se avaliam as quesões de esquerda e direita considerando a forma e o conteúdo de suas estruturas de poder, pode-se verificar que ambas podem coexistir com as mais diferentes manifestações de poder político. Nenhuma delas tem o monopólio da democracia ou da autocracia, da tolerância ou da intelerância, da liberdade ou da ditadura, da dominação necessária ou do totalitarismo (dominação absoluta).

O Panorama Brasileiro Atual

Ao fim da ditadura da UDN aparecereceram nos país dois dirigentes políticos vinculados subrepticiamente ao grande capital

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internacional promotor do consenso neoliberalista: Fernando Henrique Cardoso, antigo patrocinado da Ford Foundation, e Luiz Inácio Lula da Silva, patrocinado pelo movimento sindical norte americano. FHC elege-se primeiro e comprou sua reeleição, assim inventou e Lula reeleito que acompanhou as diretrizes de sua política econômica entreguista e neoliberalista. Ambos direitistas e neoliberalistas que criram um falso dualismo confitivo politicamente o PSDB contra o PT. Sem que houvesse, de fato, qualquer contradição entre os dois em termos políticos, econômicos ou éticos. Ainda que os petistas tivessem menos educação formal, falassem e se vestissem pior que os peessedebistas. No essencial, iguaizinhos. Só a questão eleitoral os separava e separa.

De esquerdista, FHC tem os livros que teria escrito e que pediu a todos que esquecessem. Enquanto Lula, de esquerdista tem apenas as gravatas vermelhas. Ambos são crias do conenso de Seatle.

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