10 primeira categoria - caso 9

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Primeira categoriaAlucinações telepáticas em que o

animal é o agente

Caso 9 (Auditivo-coletivo)

Eu destaco do Journal of the S. P. R. (vol. 4, pág. 289), o caso seguinte, relatado pela senhora Beauchamp, de Hunt Lodge, Twiford, em carta endereçada à senhora Wood, de Colchester, do qual reproduzimos a seguinte passagem:

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“Megatherium” é o nome do meu cachorrinho hindu, que dorme no quarto da minha filha. Na noite passada, levantei-me de supetão ao escutá-lo pular no quarto. Conheço bem suas maneiras de pular, bastante características. Meu marido, por sua vez, não demorou a acordar. Eu lhe perguntei: “Está ouvindo?” e ele me respondeu: “É Meg”.

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Acendemos rapidamente uma vela, olhamos por toda parte, mas nada pudemos encontrar no quarto; no entanto, a porta estava realmente fechada. Então, veio-me a ideia de que uma desgraça tinha acontecido com Meg; tinha a sensação de que ele tinha morrido naquele exato momento; olhei o relógio para ter certeza da hora e cismei que tinha de descer e ir imediatamente me certificar da intuição. No entanto, isso me parecia bastante absurdo e, além do mais, estava tão frio... Permaneci por um instante indecisa, e o sono me venceu.

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Pouco tempo deve ter se passado até o momento em que alguém veio bater à porta; era minha filha que, com uma enorme expressão de tristeza, avisou-me: “Mamãe, mamãe, Meg está morrendo”. Descemos pela escada e encontramos Meg virado de lado, com as pernas alongadas e rígidas, como se já estivesse morto. Meu marido o levantou dali e certificou-se de que o cão ainda vivia: ele não se deu conta imediatamente do que havia acontecido. Constatamos enfim que Meg, sabe-se lá como, enrolou ao redor de seu pescoço a fita de sua roupinha de tal maneira que quase foi estrangulado por ela. Nós o livramos imediatamente e, assim que o cão pôde respirar, não demorou a se reanimar e a se recobrar.

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Para outras informações sobre este assunto, remeto o leitor ao citado jornal.

Doravante, se me for dado sentir sensações dessa natureza em relação a alguém, proponho-me ir socorrer sem delongas. Juraria ter ouvido os saltinhos tão característicos de Meg ao redor da cama e meu marido pôde dizer o mesmo.”

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Neste caso, mais uma vez, a gênese genuinamente telepática parece indubitável (tanto mais porque, dessa vez, duas pessoas tiveram as impressões auditivas); mais uma vez aqui, afirmo, a manifestação telepática se processa de forma simbólica: um chamado urgente de socorro, vindo da mentalidade do cão agente, chega ao percipiente transformado num eco característico do saltinho que o animal repetia todas as manhãs ao redor da cama de seus donos. Ora, é incontestável que uma percepção telepática dessa categoria, ao considerar as circunstâncias em que ela se produziu, não podia constituir a expressão exata do pensamento do cão, mas unicamente uma tradução simbólico-verídica do pensamento em questão. De fato, se é lógico e natural pensar que um animal a ponto de morrer estrangulado tenha voltado intensamente seu pensamento para aqueles que eram os únicos em condições de salvá-lo, não seria, ao contrário, de modo algum admissível que o animal, naquele instante supremo, tenha pensado em outra coisa a não ser nas estripulias costumeiras que fazia todas as manhãs ao redor da cama de seus donos.