10 Vale de Josafá e Armagedom

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O Vale de Josafá e o Armagedom O VALE DE JOSAFÁ E O ARMAGEDOM O versículo 32 de Joel 2 está citado três vezes no Velho Testamento. Passaremos agora a considerar o capítulo 3, que é uma explicação dos versos que o precedem. O profeta preferiu contar primeiro o clímax, e depois narrar os eventos que conduzem a este clímax. Esta é a maneira hebraica de pensar e expressar. Leiamos Joel 3, versos 1 a 3. Estes versos indicam que Deus quer restaurar Judá e Israel após o cativeiro babilônico. Isto se cumpriu nos dois retornos do cativeiro (536 e 457 AC). Mas, será que tudo o que está descrito nestes versos se cumpriu? Todos os inimigos de Israel se ajuntaram no Vale de Jerusalém? Não sabemos exatamente quando viveu o profeta Joel. É interessante que ele chama os vales ao redor do Monte de Sião de "O Vale de Josafá". Josafá foi um fervoroso rei de Judá que teve uma grande vitória contra os seus inimigos (II Crôn. 20:21- 25). Esta batalha pode ser o tipo da que aconteceria em Joel 3. O nome Josafá significa "Jeová vai julgar", apontando o que ocorreria em volta de Jerusalém. Nos vales ao redor de 1

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O Vale de Josafá e o ArmagedomO VALE DE JOSAFÁ E O ARMAGEDOM

O versículo 32 de Joel 2 está citado três vezes no Velho Testamento. Passaremos agora a considerar o capítulo 3, que é uma explicação

dos versos que o precedem. O profeta preferiu contar primeiro o clímax, e depois narrar os eventos que conduzem a este clímax. Esta é a maneira hebraica de pensar e expressar.

Leiamos Joel 3, versos 1 a 3. Estes versos indicam que Deus quer restaurar Judá e Israel após o cativeiro babilônico. Isto se cumpriu nos dois retornos do cativeiro (536 e 457 AC). Mas, será que tudo o que está descrito nestes versos se cumpriu? Todos os inimigos de Israel se ajuntaram no Vale de Jerusalém? Não sabemos exatamente quando viveu o profeta Joel. É interessante que ele chama os vales ao redor do Monte de Sião de "O Vale de Josafá". Josafá foi um fervoroso rei de Judá que teve uma grande vitória contra os seus inimigos (II Crôn. 20:21-25). Esta batalha pode ser o tipo da que aconteceria em Joel 3. O nome Josafá significa "Jeová vai julgar", apontando o que ocorreria em volta de Jerusalém. Nos vales ao redor de Jerusalém Deus julgará os inimigos. Todos serão destruídos.

Queremos saber o que significa o "Vale de Josafá". Sabemos que os dois partidos aí se encontram, mas esquecemo-nos de que este não é um território geográfico. O mais importante aqui são os motivos envolvidos na batalha. Por que existe esta guerra contra Israel, com todos os seus inimigos unidos? Não tem tanta importância o tamanho do campo de batalha, e sim a natureza da batalha.

Deus não quer que façamos especulações. Leiamos cuidadosamente o verso 2, para percebermos todos os princípios aí envolvidos.

"Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá..." Isto nos indica que Deus está nesta batalha final, pois Ele vai congregar as nações. Vai transformar esta guerra numa guerra religiosa. "Ali entrarei em juízo contra elas por causa do meu povo e da minha herança, Israel". O

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O Vale de Josafá e o Armagedomque fizeram os inimigos de Israel? "Israel, a quem elas espalharam por entre os povos, repartindo a minha terra entre si."

Por que Deus está no centro da batalha? Porque eles atacaram o povo de Deus. Como podemos interpretar "meu povo Israel"? Se considerarmos a nação de Israel em seu puro sentido étnico, teremos que aplicá-lo à nação israelita de hoje, e toda a guerra final terá que ver apenas com a nação de Israel e será no Oriente Médio. A igreja cristã nada teria a ver com esta guerra. Esta maneira de pensar é Dispensacionalismo. Os dispensacionalistas interpretam Joel sem o Novo Testamento. Esta é uma interpretação errônea do Antigo Testamento, que é um livro cristão.

É Jeová que está no centro da batalha – Jesus Cristo e Seu Pai. O Velho Testamento é um livro espiritual. Como devemos interpretar a expressão "meu povo Israel"? É o Israel espiritual remanescente – o Israel que vive em função de um concerto vivo e de uma relação viva com Deus. Lembremos do capítulo 2, verso 32. Ali se encontra este povo Israel no Monte Sião e Deus intervém em Seu favor. Este é o real e verdadeiro Israel espiritual. Já aprendemos que o Israel nacional até se encontrava do lado dos inimigos de Deus.

Muitos, ao se referirem a Joel 3, falam apenas do Oriente Médio, esquecendo-se de que esta é uma profecia que envolve o povo de Deus e que tem Deus no seu centro.

Deus vai ferir os gentios porque feriram a menina dos Seus olhos – o Seu povo. Nos versos 4 a 8 lemos sobre a preocupação de Deus por terem os gentios agido desta maneira.

No verso 7 vem a recompensa pelo que fizeram contra o povo de Deus. Leiamos também o verso 11, que repete o verso 2. O profeta Joel mostra-nos que ele está tão emocionalmente envolvido no problema que começa a orar e vê o povo de Deus reunido no Monte Sião, em pequena minoria. Pensa, com temor que eles perdem a batalha. O que quis ele dizer quando orou: "Ó SENHOR, faze descer os teus valentes"? Que Deus mandasse um exército para ajudar na batalha. Ele clama pelos anjos

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O Vale de Josafá e o Armagedomcelestiais, porque o homem é fraco. Em Zacarias 14:5 encontramos a mesma oração.

Em Joel 2, verso 12 temos outra repetição do verso 2. Há uma importante urgência neste capítulo! Deus quer ajuntar todas as pessoas do mundo neste conflito final, e cada um tem que tomar a sua posição: ou no Monte Sião ou no Vale de Josafá, ou no Monte da Salvação ou no Vale do Juízo. Esta é a mensagem de Elias.

A seguir, Joel faz uma descrição poética. Os poemas muitas vezes apresentam uma dimensão mais profunda do assunto. O verso 13 usa uma linguagem figurada. Ao redor do Monte Sião havia muitos campos onde o trigo crescia e lagares onde se espremiam uvas para fabricação de vinho. O profeta contempla estas searas de trigo e estes lagares, e vê que o povo está envolvido neste vale. Relacionando os lagares com a moralidade, diz que "a sua malícia é grande". Em vez de uvas, ele vê o povo nos lagares, e Deus é o homem que vem para espremer essas uvas humanas.

No verso 14 ele diz ele diz: "multidões no vale da Decisão!" Que significa isso? Alguns dizem que é a decisão do próprio povo, que escolheu ir ao vale em vez de ir ao Monte Sião. É uma boa aplicação. Exegese é saber o que o verso quer dizer antes da aplicação homilética. Quem vai levar o povo ao vale? Jeová, como vemos na segunda parte do verso 14. Como no capítulo 2, verso 31, são relacionados em 2:15 os sinais do Universo: "O sol e a lua se escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor."

Os versos 16 e 17 apresentam o clímax do capítulo 3. Grande promessa de Deus: não existirão mais inimigos e Israel viverá em paz e prosperidade. Isto se refere à Nova Terra e ao novo Céu depois do Milênio. Esta é a luz do Novo Testamento. Vamos estudar especialmente a aplicação do Novo Testamento.

A esta altura gostaria de resumir qual é o propósito e o assunto da batalha. O motivo envolvido é o governo de Deus e o povo do Seu concerto. Sabemos, pela luz que temos, que tudo isto está envolvido com

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O Vale de Josafá e o Armagedomo quarto mandamento. No centro de tudo está o povo do concerto, que não está sozinho, mas com o seu Deus.

Leiamos Apocalipse 14:14-16. Qual é a sua correspondência com Joel 3? Vemos aí a foice. A seara está madura. Não nos falou Jesus em Mateus que a ceifa é o fim do mundo? A relação é muito clara. É uma relação tipológica. A ceifa é o tipo – o fim do mundo, o antítipo. Só podemos entender os dois juntos. Aí está a colheita do Vale de Josafá, em volta de Jerusalém, na Palestina. Esta é a imagem de Joel 3. Isto teria sido cumprido se Israel fosse uma nação espiritual. Era uma profecia condicional para o Israel literal, mas incondicional quanto à natureza dos eventos que se darão. Podemos compará-la ao Segundo Advento. Cristo virá, quer queiramos quer não (neste aspecto é incondicional) mas se virá para salvar ou não, depende de cada um de nós (neste aspecto é condicional). A verdade sempre tem mais de um aspecto, e devemos cuidar para não ir a extremos.

Os dispensacionalistas afirmam que Deus vai cumprir tudo literalmente, como está em Joel. A motivação é muito boa, pois querem vindicar a Palavra de Deus no Velho Testamento, dizendo, em outras palavras, que Deus é fiel e vai cumprir tudo. Na verdade, Deus é fiel, e vai cumprir tudo, mas como será fiel? De que forma Joel 3 será cumprido? O próprio Jesus explica isto em Apocalipse 14, onde está o segredo da mensagem em sua plenitude. Esta é a interpretação cristológica.

Em Joel, quem tem a foice aguda em Sua mão? Jeová. Em Apocalipse, quem tem a foice aguda em Sua mão? Jesus Cristo.

O grande Juiz de Joel 3 é Jesus Cristo (João 5:22). Se não cremos que Joel será cumprido por Jesus não somos mais

cristãos. Se rejeitarmos a Cristo, aceitando só Jeová, caímos na Velha Dispensação e estaremos na mesma posição do rabino que rejeita Cristo. O cristão aceita que Joel 3 será cumprido em Jesus, conforme a mensagem de Apocalipse. O grande Dia de Juízo de Joel 3 é a Segunda Vinda de Jesus.

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O Vale de Josafá e o ArmagedomApocalipse 14:14-16 tem sua raiz em Joel 3. O verso 13 é um

resumo de todo o capítulo de Joel 3 – a guerra final do Vale de Josafá. O "Jeová" de Joel 3 corresponde a "Cristo" de Apocalipse 14. "Israel" de Joel 3 corresponde ao "remanescente de Cristo", como

vemos em Apoc. 14: e 20, que também são chamados os 144.000, e especificamente chamados israelitas, que descendem das doze tribos. Esta é outra relação com o antigo Israel.

Vamos agora procurar saber qual é o tamanho do Vale de Josafá. Em Apoc. 14:15 lemos: "Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu!" Em Joel, a seara era o campo de Josafá, e agora Jesus disse que a seara era a Terra. Isto inclui o mundo todo.

No verso 16 lemos que "aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada."

Esta é a colheita do trigo, do povo de Deus, que é ajuntado de toda a Terra. Nos versos 17 a 20 lemos de uma outra colheita – a dos ímpios – os que não se arrependeram. É a colheita das uvas, que são postas dentro do lagar. O termo "lagar" também é tirado de Joel 3 (4-13). O lagar está cheio – os ímpios o superlotam.

Em Apoc. 14 está o cumprimento de Joel 3. Quem vai pisar o lagar para destruir os ímpios? Jesus Cristo, com

os Seus anjos. Lemos em Apoc. 14, verso 20 que "o lagar foi pisado fora da cidade".

Esta cidade é Jerusalém e isto nos leva ao verso 1: "eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil ..."

Quem estará dentro da cidade? Jesus e os 144.000 santos, que pertencem ao Pai e ao Filho num sentido especial. A ira de Deus cai fora da cidade, sobre o lagar de vinho. Esta ira de Deus são as Sete Últimas Pragas (Apoc. 15, 16 e 17). Estas pragas, sem misericórdia e sem graça, caem do lado de fora da cidade. Para estarmos livres das pragas, temos que estar dentro da cidade. O único lugar de refúgio é o Monte Sião. E onde está o Monte Sião? Ele é a igreja remanescente.

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O Vale de Josafá e o ArmagedomEm Apoc. 14:1 aprendemos que os 144.000 estão com o Cordeiro,

que é símbolo de Cristo. Então, o que temos de buscar é Cristo, e não o Monte Sião. Jesus não está onde está o Monte Sião, mas o Monte Sião está onde está Jesus. Jesus é o princípio de interpretação e não o território geográfico. Isto seria literalismo geográfico.

Chegamos agora à grande interpretação do verso 20. Esta é a cidade santa – a cidade que pertence aos santos. No Apocalipse o povo de Deus é chamado "a cidade santa" (Apoc. 11:2). Os inimigos de Deus também são chamados "cidade" – Babilônia. Temos que saber quem.

O conflito final é entre duas cidades: Jerusalém e Babilônia. Temos que saber quem são estes dois partidos – Israel e Babilônia.

A cena de Joel 3 é apresentada melhor seis vezes em Apoc. 14, em duas colheitas. Cada colheita é apresentada como tendo o tamanho da Terra (num total de seis vezes).

Concluímos que Apocalipse 14 amplia o Vale de Josafá de Joel 3 para todo o mundo.

As 7 últimas pragas da ira de Deus não vão cair indiscriminadamente sobre todo o mundo, pois assim todos os filhos de Deus seriam também afetados. Elas somente cairão no Vale de Josafá, fora da cidade. Nossa missão neste mundo é trazer todos os sinceros do Vale de Josafá para dentro da cidade. Isto significa trazê-los a Cristo e reuni-los com o Seu povo. Cristo é a real cidade de Deus. Ele é o Monte Sião, o Monte da Salvação.

Em extensão, o Monte Sião é a igreja, mas dizendo só assim, perdemos Jesus Cristo neste pensamento. É isto que fazem as Testemunhas de Jeová quando afirmam que a salvação está na sua cidade, e é isto que fazem os católicos quando afirmam que a salvação está na Igreja Romana. Não façamos o mesmo, dando a impressão que a salvação está na Igreja Adventista.

Estejamos com o Cordeiro de Deus e busquemos as pessoas para Ele – então nossa igreja será o lugar da salvação. Jesus não apenas disse

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O Vale de Josafá e o Armagedom"Eu sou a luz do mundo" (João 8:12), mas disse também: "Vós sois a luz do mundo" (Mat. 5:16).

Em Apoc. 14, verso 20 está: "e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios."

Este sangue é literal ou espiritual? Assim como na luta entre Caim e Abel, haverá sangue literal e

espiritual, mas a motivação será espiritual e moral. 1.600 estádios – Temos dois números estranhos neste capítulo. O

outro está no verso 1: 144.000. Devemos interpretar estes números usando os mesmos princípios. Quem são os 144.000? O que são os 1.600 estádios? Ambos são imagens do Velho Testamento, usando a geografia literal do Israel literal. Tem um aspecto étnico e geográfico. Os 144.000 possuem uma característica étnica e os 1.600 estádios uma característica geográfica.

No quarto princípio hermenêutico aprendemos que as limitações étnicas e geográficas são removidos, ampliando-se para proporções mundiais. Vamos ver se isto funciona, pois do contrário este princípio está errado.

Comecemos pelos 144.000. Apoc. 7 é o único outro lugar onde lemos sobre os 144.000, como

sendo 12.000 das doze tribos mencionadas. Muitos perguntam se 144.000 é um número literal ou simbólico. Se

144.000 é um número literal, 12.000 também é literal e as 12 tribos também – portanto, os 144.000 serão judeus literais que aceitaram a Cristo. Esta é a posição dos dispensacionalistas.

Em todo o Novo Testamento aprendemos que a igreja é o Israel de Deus (o texto-chave é Gál. 3:29 e 6:16) – judeus e gentios que aceitaram Cristo. Por isso rejeitamos o princípio hermenêutico do literalismo. O literalismo mata. A Bíblia é um livro espiritual: Deus e Cristo são o seu centro. Continuemos neste caminho e teremos a verdadeira interpretação literal, que é a interpretação espiritual. Quando não temos uma interpretação espiritual, temos uma interpretação literalista.

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O Vale de Josafá e o ArmagedomQual é o número-chave dos 144.000? Cristo indicou-o ao escolher

12 apóstolos para continuar as 12 tribos. Todos nós podemos pertencer às 12 tribos se aceitarmos os 12 apóstolos. A igreja está construída sobre os 12 apóstolos (Efés. 2:20). A Nova Jerusalém será construída sobre os apóstolos. Os nomes dos 12 apóstolos estarão nos fundamentos da Nova Jerusalém.

O que significa o número 12? Qual é o seu significado teológico? Ele significa o Israel de Deus. Israel é espiritualidade, como sempre foi no Velho Testamento. Portanto, os 144.000 representam o Israel de Deus. Multiplicando-se 12 por 12 e multiplicando por mil para enfatizar o povo de Israel final. Esta multiplicação por mil enfatiza a plenitude de Israel. Todos esses são israelitas e fora dos 144.000 só se encontram babilônios. Os 144.000 são os únicos selados, e este é um ponto muito importante. Com que propósito foram eles selados na sua testa pelos anjos de Deus no último grande conflito? A Sra. White diz-nos que este selo é uma prova de proteção, um sinal de aprovação de Deus, um sinal de proteção contra as sete últimas pragas. Quem não tiver esse sinal será atingido pelas sete últimas pragas.

A única conclusão a que podemos chegar é que os 144.000 são israelitas espirituais.

Sempre há os que pensam que este número pode ser literal. Mas Deus disse a Davi para não contar o povo de Israel, pois isto é pecado. Somente Deus sabe o número real. Devemos lutar por pertencer a este povo.

Chegamos agora aos 1.600 estádios. Qual é o número-chave? 4. Existe na Bíblia alguma luz sobre o número 4? Quatro direções, quatro cantos da Terra (Apoc. 7:2), quatro ventos da Terra. O quatro é símbolo de universalidade.

No SDA Bible Commentary , vol. 7, pág. 835 lemos sobre o número 1.600. O pensamento é que os inimigos da igreja de Deus, finalmente serão vencidos na sua totalidade. É uma boa conclusão.

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O Vale de Josafá e o ArmagedomJoel 3 será cumprido em Jesus Cristo e na Sua gloriosa igreja

remanescente. Deus nos ajuda a estar reunidos no Monte Sião, na Cidade Santa e

no Lugar Santo. Compreendemos melhor o Apocalipse quando entendemos o seu

contexto-raiz no Antigo Testamento. Joel 2:32 refere-se a Apocalipse 12:19. Joel 3 refere-se a Apocalipse 14:14-20. Joel 2:28-32 refere-se a Apocalipse 14:6-12. As três mensagens angélicas estão implícitas no derramamento do

Espírito Santo, cujo resultado final são esses 144.000 de Apoc. 14:1 a 5. Apocalipse 14 possui 3 partes distintas:

(1) Os 144.000 – o clímax (2) As três mensagens angélicas – que mostram como são formados

os 144.000. (3) O destino final de todos (a dupla colheita).Estas três partes podem estar implícitas em Joel 3. É por isso que

esperamos uma chuva serôdia. O verso 32 do capítulo 2 é explicado no capítulo 3, e também em Apocalipse 12 e 14.

Existe também uma relação entre Joel e Apocalipse 16:13-16, que é um capítulo onde muitos fazem confusão. Se compreendemos este capítulo, vamos compreender todo o curso de Escatologia. Todos, inclusive Urias Smith, concordam que a base para este capítulo é Joel 3.

Consideremos Apoc. 16, versos 13-16. Esta expressão "então, vi" indica uma quebra de pensamento em

relação ao verso anterior. Não há uma seqüência cronológica (de 12 a 13). Os que julgam que o verso 13 segue-se cronologicamente ao 12 estão fechando as portas para a correta interpretação deste texto. O verso 12 refere-se à sexta praga, e os versos 13 a 16 ocorrem antes da 6ª praga. É o mesmo que acontece em Joel: No cap. 2:32 encontramos o clímax, conduzindo-nos ao clímax. Há dezenas de outros exemplos disso na Bíblia. Nem sempre os profetas descrevem os eventos cronologicamente.

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O Vale de Josafá e o ArmagedomEm Apocalipse 1:7 encontramos a descrição do advento de Cristo, mas o que se segue a este verso acontece antes.

A palavra "então" mostra que é uma nova visão sobre algum evento passado.

Apoc. 16, verso 13 revela-nos que três poderes espirituais darão início a esta guerra final, e que Satanás está por trás destes poderes.

Sabemos que a besta representa o romanismo; o falso profeta representa o protestantismo apostatado; e o dragão parece ter uma dupla aplicação: em primeiro lugar representa o espiritismo, mas também representa um poder político, como vemos claramente no verso 14.

As três rãs são símbolos de três espíritos imundos – três anjos caídos. Portanto, há uma tríplice mensagem angélica falsa.

O Apocalipse é o livro dos contrastes: Jerusalém contra Babilônia, a mulher pura contra a prostituta, a Besta contra o Cordeiro, a Besta recebe uma ferida mortal e o Cordeiro também, a Besta após receber a ferida mortal, levanta-se e o mesmo acontece com o Cordeiro. Precisamos saber quais são as três mensagens angélicas falsas!

Chegou a hora de testar o conhecimento adquirido nos capítulos anteriores. Se tudo o que está descrito nos versos 13 em diante acontece durante as seis pragas, ou mais especificamente, durante a sétima praga, então o conselho do verso 13 é dado muito tarde, porque durante as pragas, não há mais oportunidade – a porta já se fechou. E o verso 15 refere-se ainda ao tempo da graça, portanto, refere-se a um tempo anterior ao verso 12.

O verso 14 continua no verso 15. De acordo com este texto, a falsa mensagem angélica parece estar relacionada com sinais e prodígios com o objetivo de unir as igrejas caídas com os Estados – unir os reinos do mundo numa só confederação. Ecumenismo Então, vem de uma palavra grega e indica a reunião de todas as igrejas, mas significa "terra habitada ou civilizada". Portanto, torna-se claro que não somente os reis do Oriente vão se unir, mas os de toda a Terra. Reis simbolizam poderes políticos – todas as nações serão reunidas.

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O Vale de Josafá e o ArmagedomCristo também ajunta o Seu povo. Há a união da alma com Cristo e

a Unidade de uma igreja mundial. São unidos no espírito, nas ações, mas o diabo não está descansando. No momento em que Cristo começa a reunir a sua Igreja, ele também se apressa em reunir a sua igreja.

Existe o ajuntamento de Cristo e o de Satanás – somente este dois partidos. Todos os seres pensantes terão que estar de um ou de outro lado. Não há meio-termo. Só há dois generais, reunindo dois exércitos: Cristo e Satanás. Desde 1844 ambos já estão reunindo os seus exércitos.

Haverá duas bandeiras: a bandeira ensangüentada do Príncipe Emanuel e a bandeira preta de Satanás, significando apostasia. É este o quadro descrito na passagem que estamos considerando. Não há qualquer indício de que seja uma guerra entre nações do Oriente e do Ocidente. É somente olhar o texto. Todos os reis se tornam um só partido, com um inimigo comum. No verso 14 lemos que eles se ajuntam "para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso".

Portanto, a batalha não está fundamentada entre o sétimo e o primeiro dia da semana. Qualquer comunista sabe que o sétimo dia da semana é o sábado. O conflito final não será quanto a um ou outro mandamento, baseado em doutrinas ou coisa semelhante, mas no governo universal de Deus, Seu caráter e a legitimidade do Seu governo. Tudo isto está cristalizado no quarto mandamento, mas devemos atingir, através deste mandamento, Aquele que nos deu a lei. O conflito final é um conflito moral.

Os dois partidos não são, de modo algum, limitado geográfica ou etnicamente, mas por suas crenças religiosas e morais. O sábado é um sinal de compromisso com o Doador da lei.

Quem é que ajunta as nações? Em Joel lemos que Deus faz este ajuntamento, mas agora parece que os três espíritos imundos o fazem. Há uma aparente contradição, mas a verdade é que Deus permite que os demônios façam este trabalho, mas estabelece limites.

Em Sua providência, Deus incorpora este plano maligno em Seu plano mais amplo para vindicar o Seu caráter. Deus jamais ordenou que

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O Vale de Josafá e o Armagedomo pecado viesse a existir, no entanto toma sobre Si a responsabilidade de resolver este problema do pecado, de tal modo que a responsabilidade final é Sua. Que Deus maravilhoso!

Deus está supervisionando tudo. Todos estes poderes rebeldes se ajuntarão no lugar que em hebraico se chama Armagedom. O termo "Armagedom" não aparece no Velho Testamento. O Espírito Santo criou esta palavra para nos dar uma chave. Todos concordam que Armagedom identifica-se com Joel 3, onde o lugar em que estão os ímpios é chamado Vale de Josafá. Este é o fundamento do Velho Testamento.

Vamos ver o que significa este termo. "Armagedom" quer dizer Monte da Matança, monte da destruição, monte da maldição. Está em oposição ao Monte da Bênção, Sião.

"Megido" em hebraico significa "monte. E monte não é a mesma coisa que Vale, mas os dois estão sempre juntos. Para haver vale é preciso haver monte. Temos que encontrar uma explicação teológica. Matemática e Geografia não são Teologia.

Megido é uma palavra do Velho Testamento que já é transliterada como Magedom, significando matança. Houve uma batalha em Megido (Juízes 4 e 5) quando morreu o Faraó Neco e todos os inimigos de Israel foram vencidos. Megido é um tipo do Monte da Maldição.

Isto, porém, não é uma conclusão final sobre a origem da palavra Armagedom. Não precisamos ser dogmáticos quanto a isto.

O Monte de Sião é mundial, portanto o Armagedom também será mundial. Não haverá qualquer lugar de refúgio para os ímpios (Jer. 25:33). Já no Velho Testamento havia esta interpretação universal, mesmo quando o mundo era centralizado na Palestina.

Alguns pensam que a guerra do Armagedom é entre o bloco oriental e o ocidental, lutando por causa do petróleo. Nesta interpretação, Deus foi tirado do centro; Cristo foi esquecido, a Igreja e o sábado nada têm que ver com a batalha.

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O Vale de Josafá e o ArmagedomO Senhor quer que voltemos à Bíblia. A única segurança que temos

é no "Está Escrito". Joel 3 e Apocalipse 16 nos esclarecem dois pontos – a guerra final é contra Jeová e Seu povo é um dos partidos.

Por que as nações odeiam tanto este remanescente de Deus? O que acontece com este povo em Joel 2:28? Recebem o Espírito Santo. E o povo que recebe o Espírito Santo em sua plenitude não permanece repousando, mas começa a falar e a testemunhar. Esta ação provoca a reação de rebelião e ódio. A guerra final não será porque o povo estará morno, estagnado, mas a perseguição final virá porque o povo estará cheio de vigor, cheio de poder, testemunhando. Nós mesmos atrairemos a perseguição sobre nós. Durante a angústia de Jacó surgirá a dúvida: "Será que era plano de Deus esta perseguição?"

Apoc. 16:13-16 é uma explanação maior de Apoc. 12:17 e Apoc. 14. Devemos interpretar Apoc. 16 conforme o contexto imediato e o contexto raiz.

Para compreendermos o Armagedom devemos olhar para Joel 3, onde é explicado a real natureza desta batalha. Também podemos olhar para o Salmo 2, Ezequiel 38 e 39, ou Zacarias 12 e 14, e também Daniel 11:40-45 e cap. 12:1 e 2.

Vamos agora a Apocalipse 17 para saber como estas passagens do Antigo Testamento devem ser compreendidas e o que realmente significa o Armagedom. O ponto principal está nos versículos 12 a 14.

Podemos observar nestes versos uma elaboração maior do capítulo 16. Estes dez chifres são da besta que também é citada nos caps. 12 e 13. Desde 1798 a besta recebeu a ferida mortal.

Apocalipse 12 e 13 são história e Apocalipse 17 fala do julgamento final desta besta, como vemos nos versos 1 e 2. Este julgamento é futuro.

O verso 12 torna-se mais específico. Os dez chifres eram originalmente os dez poderes da Europa após a queda do Império Romano. Isto está em Daniel 7. Há o contexto imediato e o contexto raiz.

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O Vale de Josafá e o ArmagedomEstes dez chifres tornam-se mais e mais amplos até o ponto de

representar todos os reis da Terra. Não podemos dizer que os dez dedos da estátua de Daniel 2 representam somente os dez reinos da Europa. Quando a pedra, que representa Cristo, vier, não destruirá apenas a Europa, mas o mundo inteiro.

O que acontecerá, conforme Apocalipse 17 nos revela? Os reis unir-se-ão à besta e como lemos no verso 13, todos estarão unidos num só pensamento. Incluindo poderes do Oriente e do Ocidente.

Oriente e Ocidente estarão unidos. O conceito de uma divisão entre Oriente e Ocidente não é bíblico, é uma falsa doutrina. A Igreja e o Estado estarão unidos em todos os países da Terra. Isto ainda não foi cumprido, mas as profecias bíblicas apoiam este conceito. A Bíblia será cumprida. As nações do Oriente também serão afetadas pelas doutrinas de Babilônia, pois a segunda mensagem angélica afirma que todas as nações se embebedam com o vinho. É por isso que os três anjos devem atingir todas as nações da Terra. Babilônia atingirá todo o mundo, e a igreja de Deus também será mundial.

O clímax está no versículo 14 – Todos os poderes políticos se unirão para fazer guerra – não guerra entre elas, pois isto eles fazem no presente – mas "pelejarão eles contra o Cordeiro". Isto é Armagedom – a Besta contra o Cordeiro.

A besta monstruosa tem muito poder em suas mãos, mas o Cordeiro vai vencê-la. Esta é uma mensagem de conforto para o povo de Deus, uma mensagem de vitória. É isto que necessitamos ouvir.

"O Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele."

Este Rei tem muitos súditos. Cristo não está sozinho, mas Seus súditos estão com Ele. A guerra contra Cristo é uma guerra contra a Igreja de Cristo. É bom que saibamos disto e nos preparemos desde já. Devemos estar alerta.

Cristo é o único Governador legítimo deste planeta.

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O Vale de Josafá e o ArmagedomApoc. 19:11-21 é a melhor descrição do Armagedom. A Sra. White

diz que esta passagem refere-se ao Armagedom. É uma aplicação maior de Apoc. 12, 13, 14, 16, 17 e também de Gên. 3:15 e de todos os apocalípticos do Velho Testamento.

Verso 11: "... o seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça" – relaciona-se com Isaías 11:4 e 5 – "julgará com justiça os pobres ... ferirá a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso. A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade, o cinto dos seus rins." Apoc. 19 é o cumprimento disto.

Verso 13: "Está vestido com um manto tinto de sangue" – relaciona-se com Isa. 63:2 e 3, que é uma profecia de juízos sobre Edom, arqui-inimigo de Israel. Atualmente Israel é a Igreja Remanescente, e Edom representa os inimigos da Igreja de Deus, que em Apocalipse são chamados de Babilônia. O sangue que tinge o manto do Rei de Israel é o sangue dos inimigos. Deus destrói os inimigos para salvar o Seu povo. Não é possível separar a destruição da salvação. Ambas vêm juntas. Deus destrói com o objetivo de salvar. Destruiu os exércitos no Mar Vermelho a fim de salvar o Seu povo.

Ao pisar o lagar, o suco das uvas manchou as Suas vestes. Mas há outra implicação muito importante.

Podemos ler em Isa. 63, verso 3: "O lagar, Eu o pisei sozinho". Há no Novo Testamento uma aplicação surpreendente deste texto. Jesus estava sozinho no Getsêmani, pisando nossos pecados e o Seu próprio sangue manchou as Suas vestes.

No Novo Testamento há, portanto duas aplicações, tanto referindo-se à primeira como à Segunda Vinda de Cristo. Isto é o evangelho, e é por causa deste fato que Ele tem o direito de pisar os inimigos no lagar.

Voltemos a Apocalipse 19. O verso 14 diz: "e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos..."

Este exército que segue o Rei é um dos partidos na guerra. Há, portanto, exércitos celestes, montados em cavalos brancos. É por isso que Joel orava: "Senhor, manda os teus guerreiros." Estes já se assentam

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O Vale de Josafá e o Armagedomnos cavalos brancos; são os anjos e os salvos que já estão no Céu. Em Apoc. 4:4 é-nos dito que eles possuem coroas, portanto, todos são príncipes celestiais.

No verso 16 lemos: "REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES" Deus é o Rei Supremo de todos os príncipes do Céu. Cristo é chamado o Arcanjo. Ele é o Líder dos anjos. Vamos comparar o cap. 17:14 onde o mesmo nome é dado a Jesus. Por que é enfatizado este aspecto da liderança do Universo? Porque o conflito final gira em torno deste governo de Deus. Todo o mundo estará unido em rebelião a este governo. Cristo é o único Governante Supremo. O Salmo 2 vem novamente à tona, como no verso 15, onde é citado Sal. 2, verso 9. Portanto, o Salmo 2 também trata do Armagedom.

Em Testemunhos, vol. 6, pág. 406, a Sra. White diz que este capítulo descreve o Armagedom.

Os versos 17 a 19 apresentam um convite às aves do céu para que venham comer alguma coisa. Este convite: "Reuni-vos para a grande ceia de Deus" é uma citação do Velho Testamento" (Ezeq. 39:17-22).

Apocalipse 19 fala-nos do cumprimento de Ezeq. 39:17-22 ainda antes do milênio. Estes versículos são o resumo dos capítulos 37 e 38, que fazem referência à guerra do Armagedom, enfatizando freqüentemente as montanhas de Israel. Estas profecias terão dois cumprimentos: já sabemos do seu cumprimento em Apoc. 20, após o milênio, mas há também um cumprimento antes do milênio, que diz respeito à Igreja da última geração. Principalmente os versos 14 e 19 falam sobre os dois partidos, um dos quais é a besta, entre os inimigos de Deus.

Apocalipse 19 cumpre Ezequiel 39 com relação à Igreja de Deus nos últimos dias e Apocalipse 20 fala sobre um cumprimento que acontecerá em relação a todos os salvos, de todas as eras (não somente do último povo). O mesmo espírito de ódio e rebelião ocorrerá após o milênio, quando haverá esta luta final contra o povo de Deus. O centro do cumprimento é Cristo e Sua Igreja universal. Aqui encontramos Cristo na Nova Jerusalém. Ambas as batalhas são mundiais, mas em

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O Vale de Josafá e o Armagedomprimeiro lugar haverá o cumprimento através de uma Igreja que está espalhada por todo o mundo e após o milênio todo o Deus estará localizado na Nova Jerusalém que desce do Céu.

Os inimigos, no primeiro caso, estarão espalhados por todo o mundo lutando contra os filhos de Deus, mas no segundo, o povo de Deus estará dentro da cidade; portanto, os inimigos estarão reunidos em redor da cidade. Em Ezequiel, Gogue vem do Norte, mas em Apoc. 20, Gogue e Magogue reúnem-se dos quatro cantos da Terra – as restrições geográficas são removidas.

Concluímos com as palavras de Tiago White, quando ele afirmou: "A grande batalha não é de nação contra nação, mas entre a Terra e o Céu."

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