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    NDICE

    NDICE .......................................................................................................................... 1

    ENQUADRAMENTO ................................................................................................... 2

    DESCRIO DO PROJECTO SPIDER....................................................................... 4

    DESCRIO DOS OUTROS PROJECTOS .............................................................. 16

    EMPREENDIMENTO PORTUCALLE PARQUE DAS NAES ................... 16

    LISBOA LOFT - PROJECTO DE ESTRUTURAS E FUNDAES(ALTERAO) ....................................................................................................... 22

    REABILITAO DO VIADUTO DE ALHANDRA ............................................ 35

    AVALIAO DAS CONDIES DE SEGURANA DO EDIFCIO DA AV.

    DUQUE DE LOUL N 39 ..................................................................................... 50

    INSPECES - METRO ROMA ........................................................................... 59

    VISITAS AO VIADUTO SOBRE A CALADA DE CARRICHE DO

    METROPOLITANO DE LISBOA .......................................................................... 64

    CONCLUSES ........................................................................................................... 71

    PARECER DO A2P CONSULT, LDA ....................................................................... 72

    PARECER DO PATRONO ......................................................................................... 73

    ANEXO ........................................................................................................................ 74

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    ENQUADRAMENTO

    O presente relatrio refere-se actividade realizada no estgio formal, estabelecido

    pelos Estatutos da Ordem dos Engenheiros, concludo pelo estagirio na empresa A2PConsult Lda sob orientao do Eng. Jlio Appleton. A A2P Consult uma empresa de

    projectos e consultoria que actua essencialmente no domnio da engenharia estrutural,

    domnio do agrado do estagirio. O estgio visou a integrao do licenciado na vida

    profissional da engenharia civil.

    O estgio comeou realmente em Novembro de 2001, embora formalmente s tenha

    comeado em 15 de Maro de 2002, e terminou em 31 de Outubro de 2002. Este

    relatrio refere-se a todo esse perodo.

    O estgio desenvolveu-se no domnio da actividade do A2P Consult, ou seja, na rea

    de estruturas. A principal tarefa do estgio prendeu-se com o Projecto SPIDER, um

    projecto a nvel europeu que visava o desenvolvimento de uma nova tecnologia, para

    implementao em novas estruturas ou reforo ssmico de estruturas j existentes,

    associada dissipao da energia devida aco ssmica. A restante actividade do

    estgio pertenceu a diferentes reas da engenharia estrutural; entre todas as aces emque o estagirio esteve envolvido, salientam-se:

    (a) reabilitao do viaduto de Alhandra (reabilitao e reforo estrutural, engenharia

    ssmica, tal como o SPIDER);

    (b) projecto do empreendimento Portucalle (obra nova de beto armado e pr-

    esforado);

    (c) projecto de reconverso do Lisboa Loft (reconverso, reabilitao e reforo

    estrutural em beto armado e alvenaria);

    (d) estudo para avaliao das condies de segurana do edifcio da Av. Duque de

    Loul n 39 (reforo estrutural);

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    (e) campanha de inspeces efectuada no mbito das obras de reconverso e

    ampliao da estao do Metropolitano de Roma (inspeces a estruturas

    vrias);

    (f) visitas ao viaduto sobre a Calada de Carriche do Metropolitano de Lisboa (obra

    nova de beto armado e pr-esforado com recurso a elementos estruturais pr-

    fabricados).

    Este documento pretende dar uma ideia dos projectos e aces em que o estagirio

    esteve envolvido, destacando os aspectos mais relevantes de cada um e as tarefas que

    couberam ao estagirio. No se pretendeu um documento exaustivo e, portanto, no se

    apresentam os clculos justificativos dos projectos trabalhados. Apresentam-se sim os

    aspectos que o prprio entendeu como interessantes e importantes para a sua

    formao profissional e pessoal.

    O estagirio no poder deixar de apresentar agradecimentos ao caro Eng. Jlio

    Appleton, coordenador e orientador do estgio, ao caro Eng. Joo Appleton, ao Eng.

    Joo Pedro Nunes da Silva e a todos os seus colegas engenheiros do A2P que, com as

    suas inexcedveis pacincia e ateno, muito contribuiram para o sucesso do estgio.

    O estagirio agradece tambm aos colegas desenhadores do A2P, sempre solcitos eexperientes, porque tambm contribuiram para este objectivo.

    No posso deixar de me lembrar da minha querida famlia e dos meus bons amigos

    porque, apesar de no estarem presentes no palco dirio das atribulaes, me deram,

    de longe, um apoio perene e slido.

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    DESCRIO DO PROJECTO SPIDER

    Sntese do Projecto

    O reforo de edifcios face aco ssmica est a tornar-se um mercado importante. O

    mtodo tradicional e o isolamento ssmico obrigam a trabalhos com custos, quer

    directos, quer indirectos, elevados. A introduo dos aparelhos dissipadores de

    energia, uma tecnologia com futuro, actualmente limitada em edifcios.

    Neste quadro, uma nova tecnologia desenvolvida no programa S.P.I.D.E.R. (Strands

    Prestressing for Internal Damping of Earthquake Response), programa custeado pela

    Comunidade Europeia de acordo com o contrato EVG1-1999-00088 e executado por

    um consrcio internacional onde figuram, para alm do A2P, as entidades Bouyges

    Travaux Publics, Jarret, VSL, ENEA, Universidade de Udine e ENEL.HYDRO

    (ISMES). A tecnologia do projecto SPIDER baseia-se na associao em srie de

    amortecedores e cabos de pr-esforo (Damper Cable System - DCS) de forma a

    favorecer a dissipao controlada de energia.

    O programa SPIDER comeou em 1 de Maro de 2000 e terminou em 31 de Outubrode 2002 e teve um oramento prximo do milho e meio de euros. Este programa

    contemplou tanto a anlise experimental como a anlise numrica. O objectivo

    consistiu em validar a referida associao de amortecedores e cabos atravs do uso de

    prottipos e de testes num modelo escala real. Por outro lado, os resultados destes

    testes foram paralelamente utilizados para calibrar as ferramentas numricas

    desenvolvidas para este programa. O planeamento de trabalhos do programa SPIDER

    dividiu todas as actividades em nove grupos de tarefas:

    1. Identificao das Caractersticas do Sistema DCS;

    2. Dimensionamento e Optimizao do Sistema DCS;

    3. Integrao Arquitectnica do Sistema DCS;

    4. Modelao Matemtica de Estruturas Equipadas com Sistema DCS;

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    5. Anlise Numrica de Estruturas;

    6. Ensaios Experimentais em Prottipos;

    7. Ensaios Experimentais em Modelos Estruturais;

    8. Elaborao de um "Manual do Utilizador";

    9. Anlise dos Benefcios Tcnicos e Econmicos da Implementao do Sistema

    DCS.

    Descrio dos aspectos mais relevantes do projecto

    Descrio do Sistema DCS (Damper-Cable System)

    Descrio geral

    Figura 1 - Vista de uma aplicao experimental do sistema DCS

    ("mock-up")

    O sistema DCS consiste em cabos de pr-esforo associados em srie com um

    amortecedor visco-elstico (Figura 1); o amortecedor visco-elstico um aparelho

    especial de dissipao de energia desenvolvido pela JARRET (Figuras 2 e 3), um dos

    membros do consrcio. Os cabos de pr-esforo so fixos, numa das pontas, base do

    edifcio atravs do amortecedor e, na outra ponta, a uma parte relevante do edifcio

    (caso se trate de um edifcio baixo, ao topo e, caso se trate de um edifcio alto, a um

    piso intermdio). Os amortecedores so colocados junto base do edifcio para

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    facilitar a instalao e a manuteno (Figura 3). O traado dos cabos optimizado em

    funo da rigidez do edifcio e a sua arquitectura.

    Figuras 2 e 3 - Pormenor e vista do aparelho amortecedor visco-

    elstico

    As vibraes de pequena amplitude so absorvidas pelos cabos de pr-esforo sem

    accionar o amortecedor uma vez que este possui uma carga de accionamento superior

    fora de servio do cabo. O objectivo deste procedimento assegurar que o

    amortecedor s trabalhar para grandes deslocamentos, ou seja, para grandes

    acrscimos de carga nos cabos; espera-se assim aumentar a vida til do amortecedor e

    o perodo de funcionamento sem manuteno.

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    Identificao das tipologias estruturais abrangidas

    O sistema DCS pode ser utilizado em (a) novas estruturas ou em (b) reabilitao e

    reforo de estruturas j construdas.

    (a) Novas estruturas: Analisando os mtodos de dimensionamento tradicionais ou

    recentes (capacity design) onde a no-linearidade do material estrutural explorada (e

    os danos so aceites assim como a correspondente necessidade de reparar aps um

    sismo intenso), torna-se visvel uma grande vantagem do sistema DCS: possvel, por

    intermdio deste conceito, evitar os danos e conseguir uma resposta quase elstica da

    estrutura concentrando a dissipao da energia ssmica nos amortecedores que

    apresentam, por sua vez, a grande vantagem de dissipar energia sem danos prprios.

    A experincia obtida dos efeitos dos ltimos sismos mostrou tambm os grandes

    custos de reparao, sobretudo em elementos no estruturais, devidos a deslocamentos

    do edifcio que podem ser identificados como deslocamentos entre pisos. O sistema

    proposto, atravs dos efeitos do pr-esforo e dos amortecedores, aumenta a rigidez

    da estrutura e diminui a sua excitao, reduzindo assim os deslocamentos entre pisos.

    Este conceito permite (practicamente) dimensionar estruturas, em zonas ssmicas, para

    as cargas verticais e concentrar o controlo da resposta ssmica no sistema DCS.

    Este sistema interessante para os seguintes tipos de estruturas:

    1. Estruturas flexveis -edifcios sem elementos-parede siginificativos e edifcios

    altos;

    2. Estruturas pr-fabricadas - evita-se os custos associados a ns estruturais

    dimensionados para a aco ssmica;

    3. Estruturas com muito diferente rigidez para duas direces ortogonais -para

    compensar a diferente rigidez.

    (b) Reabilitao/reforo estrutural: A experincia obtida nos ltimos sismos e as

    medies da acelerao do solo conduziram a um aumento das exigncias

    regulamentares face aco ssmica em muitos pases. Os novos cdigos introduzidos

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    recentemente usam aces ssmicas de clculo mais severas para o dimensionamento

    estrutural.

    Estas concluses levantam o problema do controlo do risco ssmico de edifcios

    existentes, em especial, de hospitais, centros de comunicao e edifcios com

    importncia operacional. Sabe-se que, em muitos pases, muitos dos edifcios

    construdos no sc. XX no verificam as exigncias regulamentares respeitantes

    aco ssmica devido a omisses regulamentares da poca de construo, a deficiente

    pormenorizao/construo e nveis de segurana reduzidos. Assim, ser, no futuro,

    uma tarefa corrigir a resistncia ssmica de muitos edifcios.

    Outra rea de aplicao do sistema DCS a necessidade de intervir aps um sismo,

    reparando os danos e reabilitando/reforando a estrutura. Se as tcnicas de

    dimensionamento elstico forem aplicadas nessas estruturas, a extenso e a

    quantidade de intervenes implicariam custos muito altos e seriam proibitivos em

    muitos casos. Neste cenrio, defensvel e correcto recorrer a intervenes estruturais

    selectivas concentrando em alguns elementos o reforo ou introduzindo novos

    elementos para a resistncia ssmica. O uso do sistema DCS corresponde a uma

    interveno selectiva e evita o reforo de outros elementos estruturais.

    O uso deste sistema providencia resistncia ssmica e diminui a possibilidade de

    danos na estrutura no caso de um sismo. Este sistema permite ainda diminuir ao

    mnimo o reforo de fundaes.

    Estudo do Impacto Arquitectnico

    A viabilidade do sistema DCS depende no s da sua eficincia tecnolgica mas

    tambm da sua integrao arquitectnica e da sua interferncia com a funcionalidadedo edifcio. Para averiguar esta questo, foram efectuados estudos no mbito do

    Projecto SPIDER, concluindo-se que a instalao do sistema poderia ser externa,

    interna ou no prprio plano das paredes. De entre estas possibilidades, a instalao

    externa prefervel uma vez que permite a operabilidade do edifcio durante os

    trabalhos da reabilitao. No entanto, as caractersticas arquitectnicas dos edifcios

    podero chocar com esta soluo tecnolgica. Nestes casos, os cabos podero ser

    escondidos, usando para o efeito painis. Note-se que esta soluo permite a

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    proteco do sistema DCS a fornece proteco trmica ao edifcio. Por outro lado, a

    estrutura metlica que suportaria os painis poderia ser usada com estrutura de

    reaco s foras estticas associadas ao pr-esforo dos cabos.

    Modelao Matemtica

    Numa primeira interveno, foram construdos modelos de elementos finitos no

    programa de clculo automtico ABAQUS combinando elementos no-lineares para a

    modelao dos elementos com comportamento real no-linear, como os

    amortecedores e os desviadores dos cabos de pr-esforo. Aps alguns testes

    executados em modelos de edifcios com dois pisos, utilizando para o efeito

    acelerogramas artificiais e reais provenientes de registos ssmicos, concluiu-se que (a)

    os elementos utilizados para simular os amortecedores produziam resultados

    satisfatoriamente correspondentes s curvas tericas de funcionamento dos aparelhos

    e (b)os elementos especiais utilizados para modelar os efeitos dos desviadores tinham

    tratamento complicado e afectavam negativamente a convergncia dos resultados,

    com implicao directa no tempo de clculo computacional. Com o objectivo de

    minorar ou anular este efeito, foram desenvolvidos e testados modelos simplificados

    para simular os desviadores dos cabos de pr-esforo (Figura 4).

    Figura 4- Representao de um desviador e da estrutura concebida

    para suportar e transmitir as foras de desvio a que estar sujeito

    A possibilidade de utilizao de modelos numricos simplificados para o sistema

    DCS, baseados em elementos j disponveis nos programas de clculo automtico

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    correntes, muito importante e possibilitar o uso alargado aos projectistas tornando

    esta tecnologia acessvel em termos de clculo.

    Testes Experimentais

    Testes em Prottipos

    Antes de proceder ao ensaio geral num edifcio de testes construdo para o efeito

    ("mock-up"), executaram-se ensaios em dois prottipos para averiguar o

    comportamento de todos os elementos constituintes do sistema DCS: amortecedor,

    cabos de pr-esforo, ligao entre amortecedor e cabo, desviador (Figuras 6 e 7).

    Figura 5 - Vista em pormenor dos desviadores utilizados no "mock-

    up"

    Os dois prottipos ensaiados correspondiam a duas configuraes: configurao recta

    (Figura 6) e configurao no recta (Figura 7). Para a configurao no recta

    colocaram-se os cabos e um desviador de modo a criar um ngulo de 17 entre os dois

    troos extremos dos cabos (Figura 7).

    Foi feita a caracterizao dinmica dos dois sistemas utilizando diferentes pares

    frequncia/deslocamento imposto. Estes testes serviram tambm para verificar os

    resultados calculados analiticamente para o efeito e concluiu-se que os resultados

    reais correspondiam a estes.

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    Figuras 6 e 7 - Configuraes recta e no recta dos prottiposensaiados

    Testes no "mock-up"

    Utilizou-se um prottipo de um edifcio real ("mock-up") para realizar os testes

    globais (Figura 1). Os objectivos destes testes eram: (1) averiguar a eficcia do

    sistema DCS em melhorar a resposta estrutural do "mock-up"e (2) caracterizar com

    detalhe a resposta do modelo real. Note-se que as caractersticas estruturais do "mock-up" foram pensadas de modo a que este possusse fraco desempenho ssmico. Por

    outro lado, as vigas do "mock-up" tiveram de ser reforadas com uma estrutura

    metlica para assegurar uma correcta transferncia de cargas aos ns viga/pilar

    (Figuras 8 e 9).

    Figura 8 - Pormenor da estrutura metlica de reforo das vigas do

    "mock-up"

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    Figura 9 - Vista da estrutura metlica de reforo das vigas do

    "mock-up"

    Aps ter sido equipado com o sistema DCS, o "mock-up" foi sujeito aco de uma

    fora sinusoidal aplicada no topo por um excitador que permitia a variao de

    intensidade (at o valor mximo de 70kN) e frequncia (entre 1Hz e 20Hz) desta fora

    (Figura 10). Estes testes foram realizados para diferentes configuraes do sistema

    DCS (diferentes valores dos parmetros) e para a ausncia deste.

    De acordo com os resultados, verificou-se que seria necessrio multiplicar a fora

    mxima aplicada ao "mock-up" equipado com o sistema DCS por um factor entre 2.5

    a 3 para obter um nvel de deslocamento semelhante ao obtido na estrutura original.

    Os resultados referentes energia total dissipada nos amortecedores mostraram que o

    sistema DCS eficiente e dissipou mais de 50% da energia total nos ensaios

    efectuados.

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    Figura 10 - Excitador utilizado para a aplicao de um regime

    dinmico de foras

    Descrio dos trabalhos efectuados pelo estagirio

    O estagirio ocupou-se durante parte considervel do seu estgio no grupo de tarefas 5

    - Anlise Numrica de Estruturasdo projecto SPIDER.

    O objectivo principal desta sua tarefa foi realizar a anlise numrica de edifcios

    (virtuais e reais) com o sistema DCS sujeitos aco ssmica num programa

    comercial de clculo automtico de estruturas. Esta tarefa revelou-se bastante

    complexa uma vez que abrangia muitos conceitos, agrupveis em duas grandes

    questes:

    1. Anlise ssmica no linear, no tempo, com recurso a acelerogramas

    artificiais:esta anlise requereu o estudo do Eurocdigo 8 (referente aco

    ssmica) e do respectivo Documento Nacional de Aplicao para o estudo dos

    parmetros nacionais que definem a aco ssmica, o estudo do mtodo de

    gerao de acelerogramas artificiais e respectiva validao, a compreenso do

    algoritmo utilizado pelo programa de clculo automtico referente anlise no

    tempo de ficheiros de acelerao do solo. Esta anlise, por ser no tempo, no

    linear mas, no que se refere ao comportamento reolgico dos elementos

    finitos, poderia ser linear ou no linear consoante o referido comportamento.

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    2. Anlise no linear, no tempo, com recurso a elementos numricos no

    lineares: uma das vantagens do sistema DCS na anlise numrica a

    concentrao da no linearidade fsica principalmente num nico elemento, o

    amortecedor visco-elstico do sistema DCS. Uma das grandes questes

    referentes implementao numrica do sistema DCS , precisamente, a

    modelao do comportamento no linear deste amortecedor visco-elstico que

    entra na sua constituio. A modelao deste aparelho correspondeu ao maior

    desafio desta tarefa. No entanto, a descoberta de uma forma de, com os

    elementos numricos simples de que o programa de clculo automtico

    Figura 11 - Vista de um modelo de elementos finitos utilizado no

    decurso do projecto Spider

    utilizado dispe, modelar o comportamento real complexo do aparelho visco-

    elstico obrigatoriamente exige a verificao da sua adequao e correco.

    Para este propsito utilizou-se tambm um programa de clculo especialmente

    desenvolvido no mbito do projecto SPIDER para verificar os resultados

    obtidos. O objectivo de modelar no programa comercial utilizado estruturas de

    edifcios com o sistema DCS no foi totalmente atingido devido a limitaes

    do programa que impediram de simular o diferente comportamento que o

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    aparelho possui consoante a fora que actua sobre ele seja superior ou inferior

    fora de accionamento (Figura 12), levando concluso de que, com o

    programa de clculo comercial utilizado, no possvel a correcta modelao

    de uma estrutura com o sistema DCS sujeita aco ssmica.

    Figura 12 - Diagrama do comportamento do aparelho amortecedor

    visco-elstico.

    No decorrer da execuo desta tarefa, o estagirio fez uma apresentao em lngua

    inglesa do relatrio dos seus trabalhos no projecto SPIDER numa reunio ocorrida emLisboa em que todos os parceiros europeus do referido projecto participaram.

    O projecto SPIDER, bem como outro projecto em que o estagirio colaborou e que

    mencionado mais frente, obrigaram o estagirio a consolidar os seus conhecimentos

    na rea da engenharia ssmica e, assim, permitiram a este ganhar -vontade neste

    campo.

    Fora

    Deslocamento

    Fora deAccionamento

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    DESCRIO DOS OUTROS PROJECTOS

    EMPREENDIMENTO PORTUCALLE PARQUE DAS NAES

    Dono de Obra: Grupo Lar

    Projectista de Arquitectura: Frederico Valsassina Arquitectos

    Projectista de Engenharia:A2P Consult

    Empreiteiro Geral:Ramalho Rosa Cobetar

    Sntese do projecto

    Trata-se de um projecto, coordenado pelo Eng. Jlio Appleton, de quatro lotes (lotes

    A, B, C e D) de edifcios de habitao e comrcio no Parque das Naes (Figuras 13 e

    14). Os outros engenheiros envolvidos neste projecto so: Eng. Jos Delgado (lote A),

    Eng. Cristina Martins (lote C, fundaes e estrutura "vertical" do lote B) e Eng

    Margarida Oom (lote D). O estagirio colaborou activamente no projecto do lote B

    ficando directamente a seu cargo o projecto das lajes, vigas e pr-esforo de lajes.

    Figura 13 - Aspecto do futuro empreendimento Portucalle

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    Figura 14 - Planta de implantao do conjunto de lotes

    Descrio dos aspectos mais relevantes do projecto

    O lote B (Figura 15) tem rea de implantao aproximadamente igual a 3550m2, 5

    pisos elevados e 2 pisos enterrados.

    O piso trreo desdobra-se em dois atravs de um jogo de cotas e alturas livres. As

    lajes so do tipo fungiforme aligeirado por blocos de beto leve no aparentes,

    recorrendo-se a vigas no bordo e em casos pontuais. A espessura adoptada para as

    lajes foi 0.35m. Empregou-se a soluo de pr-esforo nas lajes em reas delimitadas

    dos pisos -1 e 0 ( cota 7.75m) e em todo o jardim suspenso do piso 1, fazendo uso de

    monocordes pr-esforados nas bandas macias entre pilares.

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    Figura 15 - Planta do 1 piso do lote B

    A soluo estrutural delineada para o jardim suspenso acessvel com 70cm de terra

    uma laje com 0.45m de espessura, fungiforme, aligeirada por blocos de beto leve

    vibrado no visveis e com pr-esforo nas bandas macias entre pilares (Desenho em

    Anexo). Devido a condicionantes de arquitectura, existe nesse jardim um vo de

    10.5m entre pilares que foi vencido por uma banda macia com 0.70m de espessura

    (invertida) com 22 monocordes pr-esforados agrupados em pares (Figura 16).

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    Figura 16 - Corte transversal da banda macia mais espessa

    Descrio dos trabalhos efectuados pelo estagirio

    No captulo da modelao, recorreu-se a modelos planos (anlise bidimensional) de

    elementos finitos para as lajes.

    O estagirio optou por modelar o efeito dos pilares no comportamento das lajes

    atravs de apoios simples caracterizados pela restrio dos deslocamentos do n. Esta

    opo revela-se conservativa na estimativa de deslocamentos verticais da laje uma vez

    que no contabiliza o efeito favorvel da rigidez dos pilares.

    Nos pisos enterrados, o apoio contnuo conferido pelas paredes moldadas foi simulado

    por apoios simples localizados em todos os ns extremos dos elementos de laje de

    bordo. O estagirio considera esta aproximao vlida visto que um grande nmero de

    apoios pontuais deste tipo acaba por traduzir o apoio contnuo que as paredesconferem satisfazendo tambm as restries de rotaes que estas impem; dado o

    mtodo construtivo das ligaes entre as paredes moldadas e as lajes, considera-se que

    estas acabam por permitir rotaes segundo o eixo do seu desenvolvimento.

    O pr-esforo em lajes foi simulado por foras pontuais actuantes nos pontos de

    mudana de direco do traado de clculo dos cabos (Figura 17). Relembre-se que

    dada a esbelteza do elemento estrutural laje, o traado real dos cabos de pr-esforo

    pode ser aproximado por troos rectilneos.

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    Figura 17 - Idealizao do traado dos cabos de pr-esforo em lajes

    A quantificao das aces e suas combinaes foram feitas de acordo com o

    Regulamento de Segurana e Aces para Estruturas de Edifcios e Pontes.

    Seguiu-se o tratamento dos resultados do programa automtico de clculo e odimensionamento das armaduras resistentes. Calcular as armaduras para os momentos

    flectores negativos sobre os pilares foi um desafio. Uma vez que os pilares foram

    simulados por apoios pontuais, as reais dimenses destes no exerceram a sua

    influncia e a presena de um apoio singular e pontual traduziu-se num pico no

    realista do campo de momentos flectores. Para fazer frente a esta dificuldade,

    recorreu-se ao conceito de redistribuio transversal de momentos que tira partido

    desta capacidade de elementos to hiperstticos como a laje. Tal distribuio foicalculada com rigor para zonas sobre diferentes tipos de pilares considerados

    representativos quanto sua rea de influncia e posio relativa. As prprias

    dimenses reais dos pilares so importantes para a determinao do momento flector

    de dimensionamento, valor que acaba por ser um reflexo da percentagem de

    redistribuio dos momentos elsticos. O regulamento portugus de estruturas de

    beto armado REBAP tambm contempla esta redistribuio transversal de momentos

    atravs do seu artigo 119.

    Refira-se ainda que soluo de lajes fungiformes obriga a verificao do Estado

    Limite ltimo de Punoamento.

    A fase seguinte da pormenorizao de armaduras tambm muito importante. Perante

    um problema de engenharia, essencial reproduzi-lo de modo a que o modelo, quer

    seja de clculo manual ou automtico, seja representativo da situao que sucede ou

    ir suceder na realidade. Assim, a segunda etapa de aproximao de um modelo

    tg P

    P

    L/4

    tg P

    tg P

    tg P P

    L/4

    L

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    realidade concretiza-se na pormenorizao. Por outro lado, uma boa pormenorizao

    pode efectivamente diminuir o problema da fendilhao.

    O estagirio realizou ainda medies do lote em que esteve envolvido. As medies

    podem trazer benefcios relevantes pois o medidor pode ganhar sensibilidade aos

    valores da quantidade de armadura para os diferentes tipos de elementos estruturais.

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    LISBOA LOFT - PROJECTO DE ESTRUTURAS E FUNDAES

    (ALTERAO)

    Dono de Obra: GLEN

    Projectistas de Arquitectura:Raul Abreu/Miguel Varela Gomes

    Projectista de Engenharia:A2P Consult

    Empreiteiro Geral:Beterga

    Sntese do projecto

    Trata-se da converso do edifcio de uma antiga fbrica de lmpadas num edifcio de

    habitao, cujo projecto estrutural for coordenado pelo Eng. Joo Appleton.

    Este projecto apresentou, no entanto, duas peculiaridades: (1) trata-se de um projecto

    de alterao de um projecto de estruturas de um outro projectista cuja linha de

    orientao no agradou o dono de obra e, (2) face aos atrasos decorrentes da rejeio

    do projecto original, o prazo de tempo para a concluso das obras foi comprometido.

    A estrutura original deste edifcio construdo h cerca de 80 anos constituda por

    paredes de alvenaria ordinria (paredes exteriores, de separao entre corpos do

    edifcio e de ncleos) com espessuras entre 0.75m e 1.10m. Esta estrutura vertical

    complementada por pilares interiores formados por pares de perfis UNP perifricos a

    um ncleo de beto, constituindo uma seco mista (Figura 18).

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    Figura 18 - Representao da seco transversal dos pilares

    existentes

    A estrutura dos pisos constituda por lajes compostas por perfis INP140 afastados de

    cerca de 0.75m, separados por abobadilhas de tijolo cermico em um dos corpos e por

    beto simples nos restantes dois corpos do edifcio. As vigas destas lajes so perfis

    INP maiores que os anteriores (INP300) e que se apoiam nos pilares (Figura 19) e nas

    paredes mestras mediante capitis metlicos.

    Figura 19 - Vista da estrutura metlica existente que suporta as

    lajes constitudas por abobadilhas cermicas intercaladas por

    perfis INP140

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    Com o incio do processo de execuo das obras de converso, constatou-se que a

    estrutura existente apresentava um conjunto de deficincias que podem ser divididas

    em quatro categorias:

    1. Corroso, de intensidade varivel, afectando perfis metlicos de vigas e pilares

    (fotografia 20);

    Figura 20 - Perfis metlicos com sinais de corroso

    2. Deformaes significativas de pilares (excentricidades/desaprumo);

    3. Precariedade das ligaes entre vigas e entre vigas e pilares;

    4. Mau estado de conservao de alguns pavimentos constitudos por perfis I de

    ferro e abobadilhas cermicas ou de beto simples.

    A estratgia de interveno escolhida para este projecto, tendo em vista a satisfao

    das exigncias de segurana da regulamentao actual e, paralelamente, das

    condicionantes arquitectnicas, caracterizou-se pela reparao dos danos observados e

    pelo reforo estrutural, ou, mais concretamente, por:

    (a) reparao das deficincias assinaladas;

    (b) introduo, ao nvel dos pisos, das alteraes justificadas pela soluo

    arquitectnica proposta;

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    (c) introduo de novos pisos e de coberturas.

    Descrio dos aspectos mais relevantes do projecto

    A soluo estrutural para o problema em questo foi pensada de acordo com uma

    perspectiva unificante dos diferentes materiais existentes e a empregar e sintetizada

    nos sete pontos seguintes.

    1. Fundaes

    As fundaes existentes so, no caso dos pilares, semi-directas constitudas por blocos

    prismticos (em dois dos corpos) e tronco-piramidais (no corpo restante) de beto

    simples, atingindo profundidades que asseguram o atravessamento dos aterros e o

    apoio no firme. No caso das paredes, as fundaes so constitudas pelo

    prolongamento das prprias paredes at se atingirem os extractos mecanicamente

    adequados.

    Optou-se assim, e de acordo com o primeiro projecto de estruturas, por reforos das

    fundaes dos pilares interiores e das paredes constitudos por grupos de micro-

    estacas encabeadas por macios de beto armado (Figura 21) para fazer face a

    acrscimos de esforos, como os devidos construo de andares adicionais.

    Figura 21 - Fundao existente de pilar interior reforada com

    micro-estacas

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    2. Estrutura vertical existente

    As paredes de alvenaria foram reforadas por uma lmina de beto projectado com

    70mm de espessura armado com uma rede de ao distendido. Estas lminas foram

    executadas pelo interior dos edifcios, o que significa que as paredes exteriores foram

    reforadas apenas pelo interior enquanto que as paredes interiores (como so as de

    separao de blocos e as das caixas de escadas) foram reforadas com duas lminas

    interligadas por grampos atravessantes.

    Os pilares foram todos reforados, desde a base at ao seu topo, atravs de um

    encamisamento com cantoneiras e chapas de ao, colocadas em posio tal que ficasse

    assegurada a verticalidade dos pilares aps o seu reforo e que fossem reduzidas as

    excentricidades que se registavam originalmente. Realizado este encamisamento,

    prescreveu-se o preenchimento dos espaos remanescentes entre os pilares e os

    encamisamentos metlicos com microbeto.

    3. Pavimentos existentes

    Os pavimentos existentes foram totalmente mantidos, tendo-se feito o seu reforo de

    modo a compensar as perdas de resistncias dos elementos metlicos devidas

    corroso do ao. Este reforo foi conseguido atravs da execuo de faixas de beto

    armado ligadas aos perfis de ao atravs de conectores, de modo a poder ser

    mobilizado o efeito de viga mista ao-beto (Figura 22). Obteve-se um acrscimo de

    rigidez devido mobilizao deste efeito misto enquanto que, por outro lado,

    aumentou-se a resistncia global mediante a criao de condies de continuidade

    sobre os apoios que possibilitaram a mobilizao de momentos negativos

    significativos que anteriormente eram desprezveis.

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    Figura 22 - Pormenor estrutural do reforo das lajes existentes

    Estima-se que este acrscimo de resistncia assim conseguido tenha sido muito

    superior quebra de resistncia devida corroso dos elementos metlicos, devendo

    assinalar-se ainda que, com esta soluo de reforo, se ganhou tambm em termos de

    segurana ao fogo, e em relao segurana ssmica por se aumentar a capacidade de

    redistribuio de esforos.

    Com a soluo preconizada assegurou-se ainda que todas as zonas de apoio das vigas

    fossem inspeccionadas, garantindo-se desse modo que todas as deficincias tenham

    sido reparadas.

    Nos pavimentos existentes foram introduzidas alteraes decorrentes do projecto

    arquitectnico proposto: aberturas existentes a fechar, novas aberturas a executar,

    escadas existentes a demolir, etc. Quanto s aberturas existentes que tiveram de ser

    fechadas, props-se o recurso reproduo das solues existentes de vigas de ao

    intercaladas por "abobadilhas" cermicas ou de beto simples, integrandonaturalmente os reforos preconizados. As novas aberturas foram executadas de modo

    a garantir a colocao de perfis de ao de apoio a vigamentos interceptados, ligando-

    se s vigas principais e aos pilares.

    4. Nova estrutura vertical

    O projecto de arquitectura imps a ampliao em altura, o que obrigou criao de

    nova estrutura vertical. Esta nova estrutura vertical surgiu a partir da estrutura vertical

    1 1

    2

    CORTE 1-1

    CORTE 2-2

    PORMENOR DO REFORO DAS LAJES EXISTENTES

    '2

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    j existente de forma natural: novas paredes estruturais executadas sobre as paredes

    estruturais de alvenaria j existentes e novos pilares executados como prolongamento

    dos pilares existentes.

    As novas paredes resistentes so constitudas por um pano de tijolo macio revestido,

    em ambas as faces, com lminas de beto projectado armado. Pretendeu-se que estas

    lminas de beto estabelecessem continuidade com o reforo das paredes existentes

    (referido anteriormente).

    Os novos pilares so constitudos pelo prolongamento do reforo previsto para os

    pilares existentes preenchido com beto armado (Figura 23). Prescreveu-se, portanto,

    que o encamisamento referido no ponto 2 se estendesse at ao ltimo nvel estrutural.

    Figura 23 - Execuo em obra do prolongamento dos pilares

    existentes

    5. Novos pavimentos

    Os novos pavimentos destinam-se ao piso 1, ao piso 4 do corpo 10 e aos mezzaninosde todos os pisos.

    Para o piso 1, optou-se por uma laje fungiforme de beto armado apoiada na estrutura

    vertical existente mediante um sistema misto. Este sistema misto constitudo por

    cantoneiras com conectores chumbadas s paredes de alvenaria existentes e fichas de

    beto armado escavadas nessas mesmas paredes - caso dos apoios nas paredes

    estruturais de alvenaria j reforadas (Figura 24) - e por capitis metlicos no caso dos

    pilares existentes j reforados.

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    Figura 24 - Pormenores estruturais da ligao da laje de beto

    armado s paredes estruturais de alvenaria sem e com fichas

    escavadas nestas

    LIGAO LAJE-PAREDE DE ALVENARIA COM FICHA

    LIGAO LAJE-PAREDE DE ALVENARIA SEM FICHA

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    Para os restantes novos pavimentos, a soluo idealizada e executada de uma

    estrutura mista de laje de beto armado (12cm de espessura) com cofragem metlica

    perdida e colaborante, apoiadas em vigas mistas ao-beto. Estas apoiam-se em

    capitis de ao executados nos pilares, e nas paredes estruturais, nestas ltimas atravs

    de vares roscados chumbados (Figuras 25 a 28).

    Figura 25 - Pormenor estrutural da ligao dos perfis metlicos aos

    pilares reforados

    Figura 26 - Aspecto do reticulado da nova estrutura metlica

    LIGAO DOS PERFIS HEB240 AOS PILARES

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    Figura 27 - Pormenor estrutural da ligao dos perfis metlicos s

    paredes estruturais

    Figura 28 - Ligao das vigas metlicas dos mezaninos mistos s

    paredes estruturais

    6. Novas coberturas

    As novas coberturas tm duas solues estruturais. Em parte do perfil transversal dos

    edifcios so caracterizadas por uma soluo mista ao-beto em tudo semelhante

    maioria dos novos pavimentos e, na parte remanescente, e onde a execuo de tal

    soluo seria difcil, so constitudas por uma laje de beto armado. A soluo de laje

    de beto armado foi adoptada para os extremos do perfil transversal onde se

    PORMENOR DA LIGAO DOS HEB240 S PAREDES ESTRUTURAISDE ALVERARIA REFORADA

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    aproveitou a maleabilidade que tal soluo oferece para executar as abbodas e o

    culo central da cobertura (Figura 29).

    Figura 29 - Aspecto da parte da cobertura executada com beto

    armado com as suas abbodas e culo central

    7. Outras estruturas

    Os novos ncleos dos elevadores e as novas escadas de servio so de beto armado

    enquanto que todas as restantes escadas so de ao (Figura 30). Saliente-se que as

    estruturas das escadas no se apoiam nas paredes por encastramento mas atravs de

    cantoneiras de ao chumbadas alvenaria j reforada.

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    Figura 30- Escada metlica da entrada posterior do Lisboa Loft

    Descrio dos trabalhos efectuados pelo estagirio

    O estagirio colaborou activamente com o coordenador do projecto e esteve envolvido

    na concepo e verificao de toda a estrutura excepto fundaes. Dadas as condies

    particulares (estruturais e no estruturais) deste projecto imobilirio e que regularam

    todo o projecto estrutural, foi possvel ao estagirio auxiliar e participar activamente

    no acompanhamento da execuo da obra. Gerou-se uma dinmica tal entre o dono de

    obra, "a obra" e o gabinete projectista que vezes houve em que a soluo estrutural

    para determinada sub-estrutura foi discutida em reunio num dia, calculada

    imediatamente a seguir pelo estagirio e executada no dia seguinte ao seu clculo.

    Estas condies que este empreendimento imps contribuiram fortemente para a

    "educao operativa" do estagirio, obrigando-o a ultrapassar a insegurana

    psicolgica que tais condies naturalmente geram e a inteirar-se de todos os factores

    concorrentes para o xito da empreitada na perspectiva que condiciona um projectista:

    assegurar a segurana estrutural mas sempre com uma preocupao prtica e

    econmica.

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    Figura 31 - Modelo da laje de beto armado do piso 1 com esforos

    representados

    Figura 32 - Colocao em obra de uma viga metlica para os novos

    pavimentos

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    REABILITAO DO VIADUTO DE ALHANDRA

    Dono de Obra:BRISA

    Projectista de Engenharia:A2P Consult

    Empreiteiro Geral: Freyssinet

    Sntese do projecto

    O Viaduto de Alhandra da A1, Auto-Estrada do Norte, Sublano Lisboa-Alverca,

    apresentava vrias anomalias associadas deteriorao dos materiais e aocomportamento estrutural. O projecto de reabilitao deste viaduto foi elaborado por:

    Eng. Jlio Appleton (coordenador) e Eng. Antnio Costa. O estagirio participou

    tambm colaborando activamente no dimensionamento do dispositivo de controlo

    ssmico.

    As anomalias associadas deteriorao dos materiais referiam-se essencialmente

    deteriorao do beto de recobrimento, provocada pela corroso de armaduras e

    infiltrao de gua no tabuleiro que contribuia para a corroso dos perfis metlicos da

    laje do separador central e para a deteriorao do beto. Verificava-se tambm a

    deteriorao dos sistemas de pr-esforo do viaduto, nomeadamente as placas de

    ancoragem dos cabos das carlingas e as bainhas dos cabos monocordo do pr-esforo

    exterior.

    As anomalias associadas ao comportamento estrutural referiam-se principalmente ao

    comportamento ssmico da obra. O viaduto foi concebido com o tabuleiro ligado a um

    encontro fixo por um sistema de ferrolhos, no tendo estes elementos estruturais

    capacidade para resistir aco ssmica que actuaria nesta obra. Desta forma,

    verificou-se que a estrutura do viaduto no satisfazia os actuais critrios de segurana

    regulamentar, sendo previsveis danos elevados durante a ocorrncia de um sismo

    com intensidade significativa.

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    A forma mais econmica de resolver o problema da deficiente resistncia para a aco

    ssmica longitudinal consistia em modificar o comportamento da estrutura por forma a

    baixar o valor da aco.

    Esta tcnica poderia ser concretizada eliminando a ligao monoltica entre o

    tabuleiro e o encontro fixo, cortando os chumbadouros e introduzindo aparelhos de

    apoio mveis e dispositivos de controlo ssmico.

    Com este sistema foi possvel reduzir o coeficiente ssmico de 0.32, verificado na

    situao existente, para um valor da ordem de 0.05.

    Para alm destas intervenes, era ainda necessrio re-estabelecer a continuidade

    estrutural na direco longitudinal e impedir o deslocamento do tabuleiro na direco

    transversal sobre as travessas onde se efectuou o corte dos ferrolhos na altura dos

    trabalhos de re-nivelamento da rasante.

    Descrio dos aspectos mais relevantes do projecto

    O Viaduto de Alhandra tem um desenvolvimento total de 275.66m correspondente a

    19.50m do Encontro Sul, 238.06m da estrutura do Viaduto (14.05m + 14 x 15.00m +

    14.01m) e 18.10m do Encontro Norte (Figuras 33 e 34). O tabuleiro do viaduto, com

    uma largura total de 26m, constitudo, para cada faixa de rodagem por uma laje

    Figura 33 - Corte Longitudinal do Viaduto de Alhandra

    contnua de 15cm de espessura apoiada em 9 vigas pr-esforadas (pr-fabricadas in

    situ) de 1.00m de altura e 0.18m de alma afastadas 1.44m ao eixo. Esta laje est ligada

    s vigas unicamente por pr-esforo transversal. Os tabuleiros eram ligados por uma

    laje de separador central, simplesmente apoiada com um vo de 1.50m e 0.12m de

    espessura.

    ENCONTRO MVEL ENCONTRO FIXO

    1 2 3 4 65 7 118 9 10 12 13 14 15 NS

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    Figura 34 - Vista do desenvolvimento longitudinal do viaduto

    As vigas longitudinais so interligadas por carlingas com 0.20m x 1.00m sobre os

    alinhamentos dos apoios, a meio vo e a quartos de vo. As carlingas esto ligadas s

    vigas unicamente por pr-esforo transversal.

    Cada tramo independente, ou seja, simplesmente apoiado.

    Em cada alinhamento de apoios o tabuleiro apoia em 2 pilares com 11m de altura e

    com a forma de Y encimados por uma travessa. Os pilares transmitem as aces ao

    terreno atravs de estacas 0.60m (6 por pilar) existindo um macio de

    encabeamento das estacas e lintel interligando os macios dos 2 pilares (Figura 35).

    Figura 35 - Corte transversal do viaduto com representao do

    lintel que une os macios de encabeamento de estacas

    CORTE TRANSVERSAL

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    Na direco longitudinal os pilares so articulados na base e na direco transversal os

    pilares so articulados no topo.

    Os encontros so ocos e integram uma grelha que constitui o prolongamento do

    tabuleiro do viaduto. No encontro Sul, a laje com 0.20m de espessura apoia numa

    grelha de vigas de 0.50m0.85m de seco, com uma modelao de vos de

    3.50m6.00m. No encontro Norte, a laje tambm com 0.20m de espessura apoia

    numa grelha formada por paredes com 0.30m de espessura, com uma modelao de

    vos varivel nas direces transversal e longitudinal.

    H cerca de dez anos, procedeu-se ao aumento da largura da faixa de rodagem de 2

    para 3 vias de circulao em cada sentido

    Nesta interveno, para alm da correco do perfil transversal com um aumento da

    largura para 26.50 m (visvel na Figura 35), foi realizado um pr-esforo exterior das

    vigas exteriores e carlingas (Figuras 36 e 37) e foi re-nivelado o tabuleiro pela

    introduo de apoios com altura varivel compensando os assentamentos de fundao

    observados em dois alinhamentos. Foi tambm introduzida nova laje no separador

    central, interligando os dois meios tabuleiros.

    Figuras 36 e 37 - Vistas das ancoragens do sistema de pr-esforo

    exterior do viaduto

    Procedeu-se inspeco da obra no local, tendo-se detectado cinco tipos de

    anomalias:

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    1. Deteriorao do beto armado por corroso de armaduras (Figura 38)

    Esta anomalia afectava principalmente as vigas de bordo de cada meio

    tabuleiro, as vigas de bordadura dos passeios e as travessas dos pilares. A

    principal causa deste tipo de deteriorao foi a carbonatao do beto

    associada ao pequeno recobrimento das armaduras.

    Figura 38 - Pormenor da deteriorao do beto por corroso de

    armaduras

    2. Infiltraes de gua no tabuleiro (Figura 39)

    Esta anomalia ocorria essencialmente na zona da laje do separador central

    e nas juntas dos passeios, sendo a causa principal da deteriorao dos

    perfis metlicos que apoiam a laje atrs referida e da deteriorao das

    travessas dos pilares e das vigas de bordo interiores de cada meio

    tabuleiro.

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    Figura 39 - Vista das infiltraes de gua no tabuleiro

    3. Deteriorao das ancoragens do pr-esforo das carlingas (do projectooriginal da obra)

    Esta deteriorao foi originada pela deficiente proteco conferida pela

    argamassa de revestimento das ancoragens o que motivou o

    desenvolvimento da corroso nas placas e nos fios de pr-esforo.

    4. Rotura da bainha dos cabos-monocordo (do projecto de alargamento do

    tabuleiro) (Figura 40)

    As deficincias observadas nas bainhas dos cabos-monocordo do pr-

    esforo exterior poderiam causar a corroso da armadura e conduzir

    rotura dos cabos, dada a elevada sensibilidade deste tipo de ao corroso

    sob tenso.

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    - 41-

    Figura 40 - Vista de roturas nas bainhas dos mono-cordos do

    sistema de pr-esforo exterior

    5. Deslocamento dos pilares de apoio da laje do encontro Sul (Figura 41)

    Alguns destes pilares apresentam deslocamentos significativos no topo

    e/ou na base, o que poderia pr em causa a estabilidade da laje, caso

    viessem a sair da posio.

    Figura 41 - Vista dos efeitos do deslocamento de um pilar de apoio

    da laje do encontro Sul

    Depois de feitas as inspeces obra, sistematizaram-se os dados obtidos em funo

    do tipo de anomalia inerente e a localizao. Aps se ter encontrado a explicao dos

    fenmenos observados, procedeu-se indicao dos trabalhos de reparao e

    reabilitao estrutural a executar, divididos nas seguintes tarefas:

    (a) Proteco geral;

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    - 42-

    (b) Reparao das zonas deterioradas por corroso de armaduras;

    (c) Reparao dos perfis metlicos da laje do separador;

    (d) Impermeabilizao do tabuleiro;

    (e) Introduo de novos apoios junto aos aparelhos de apoio danificados e

    reposicionamento de placas de chumbo;

    (f) Reposicionamento e reforo da ligao dos pilares de apoio da laje do

    encontro sul;

    (g) Restabelecimento da continuidade do tabuleiro e seu travamento

    transversal;

    (h) Reparao das bainhas dos cabos monocordo;

    (i) Substituio das juntas entre o tabuleiro e os encontros;

    (j) Corte dos ferrolhos no encontro norte;

    (k) Introduo de aparelhos de apoio mveis e travamento transversal do

    tabuleiro;

    (l) Corte parcial do espelho do encontro norte;

    (m) Introduo dos dispositivos de controlo ssmico e sua estrutura de apoio

    (n) Vedao da rea de implantao da estrutura de apoio do dispositivo de

    controlo ssmico.

    Descrio dos trabalhos efectuados pelo estagirio

    A anlise ssmica deste viaduto dividiu-se em anlises ssmicas transversal e

    longitudinal. Esta diviso simples torna-se possvel uma vez que o viaduto de

    Alhandra possui traado recto em planta.

    Na direco transversal efectuou-se uma anlise dinmica linear como objectivo de

    verificar a capacidade resistente dos pilares, a capacidade resistente dos

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    - 43-

    chumbadouros que efectuam a ligao entre as carlingas e as travessas dos pilares e o

    clculo dos tirantes para o travamento transversal do tabuleiro nos alinhamentos onde

    se efectuou o corte dos chumbadouros que antes existiam.

    Na direco longitudinal efectuou-se uma anlise dinmica no linear e no tempo para

    dimensionamento dos amortecedores viscosos, sua estrutura de apoio e estrutura de

    ligao ao tabuleiro e dimensionamento dos dispositivos de ligao longitudinal dos

    tramos do tabuleiro. O estagirio participou activamente nesta ltima anlise,

    concretamente no dimensionamento dos amortecedores viscosos, descrevendo com

    algum pormenor as condies do problema e a metodologia utilizada.

    Dimensionamento dos Aparelhos Amortecedores Viscosos

    Introduo

    Para efeito de controlo da aco ssmica deveriam ser introduzidos quatro dispositivos

    (dois em cada meio tabuleiro) constitudos por amortecedores viscosos e respectivas

    estruturas de apoio e de ligao ao tabuleiro.

    A estrutura de apoio constituda por perfis HEB340 apoiados numa fundao de

    estacaria e ligados horizontalmente na base por uma viga de beto armado com seco

    de 0.80.5m2.

    Para efeitos de anlise estrutural, consideraram-se apoios elsticos que simulam a

    deformabilidade das fundaes, materializadas pelas estacas e lintis de beto armado.

    A rigidez de clculo destas fundaes, funo das carctersticas do terreno (argila

    mole) e da rigidez dos elementos de fundao, foi traduzida por uns coeficientes de

    rigidez para os deslocamentos vertical (kw) e horizontal (ku):

    Note-se que na rigidez dos apoios na direco horizontal (ku) considerou-se a

    participao das estacas do encontro por forma a diminuir os deslocamentos da

    estrutura de apoio do amortecedor e, assim, aumentar a sua eficincia.

    =

    =

    kN/m108.1k

    kN/m101.7k4

    w

    4u

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    Mtodo de Anlise

    O conjunto dos quatro aparelhos funcionaria em paralelo pelo que se legitimava a

    anlise e dimensionamento de apenas um aparelho, solicitado em caso de sismo pelas

    foras de inrcia correspondentes massa de um quarto do tabuleiro.

    Para poder realizar a anlise ssmica foi necessria a caracterizao dos parmetros

    tcnicos que definem a resposta do aparelho dissipador. O aparelho dissipador -

    amortecedor viscoso - pode ser, em termos reolgicos, traduzido por um amortecedor

    no linear, com expoente da velocidade no unitrio (Figura 42).

    Figura 42 - Lei de comportamento do amortecedor viscoso

    A fora total que o aparelho transmite dada por

    amort. xCF &=

    Com o objectivo de modelar o problema em causa, foi necessrio considerar todas as

    condies envolventes do sistema dissipativo: a presena da superestrutura, traduzida

    por uma mola com a respectiva rigidez de translaco longitudinal, e a presena da j

    descrita estrutura de suporte com as suas condies de fundao (Figura 43).

    C,

    F

    v

    F=Cv^ (

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    - 45-

    Figura 43 - Modelo utilizado para analisar o problema

    Fez-se um estudo paramtrico para apurar os valores para as diferentes grandezas

    intervenientes: rigidez do solo de fundao (Ku e Kw), rigidez da superestrutura (K1),

    rigidez elstica do aparelho (K2) e factor de amortecimento (C).

    O programa de clculo automtico utilizado possibilitou a anlise ssmica no linear

    no tempo, o que foi explorado. Este tipo de anlise pode ser definido como uma

    anlise do equilbrio (neste caso, dinmico) em determinados instantes do tempo

    igualmente espaados (definio depasso) numa estrutura que possui elementos com

    comportamentos reolgicos no lineares solicitada por aces que so, neste caso,

    funo do factor tempo. Para este efeito, necessrio que sejam introduzidos

    acelerogramas, funes que do a acelerao do solo no tempo.

    Para este efeito, foi necessrio que se introduzissem acelerogramas, funes que do a

    acelerao do solo ao longo do tempo. Devido inexistncia de dados estatsticos

    histricos, recorreu-se a acelerogramas artificiais.

    A gerao de acelerogramas foi feita a partir da funo densidade espectral de

    potncia definida na regulamentao portuguesa (RSA) para os dois tipos de sismo

    considerados e para terrenos do tipo II. Considerou-se que a aco ssmica pode ser

    0.8*0.5m2

    HEB340

    x

    z

    K tab

    Ku

    Kw

    C

    M/4

    Ku

    Kw

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    - 46-

    modelada por um processo estocstico gaussiano estacionrio. Para cada tipo de

    sismo, foram introduzidos dez acelerogramas considerados vlidos.

    Obtidos e compilados os resultados da anlise executada pelo programa automtico,

    procedeu-se ao dimensionamento do aparelho amortecedor viscoso e da estrutura de

    suporte.

    Acelerogramas Considerados

    Como dito, a gerao de acelerogramas artificiais para as direces horizontais foi

    realizada a partir da funo densidade espectral de potncia de acelerao definida

    pelo RSA. Para este efeito, partiu-se do facto de a aco ssmica poder ser

    representada por um processo estocstico gaussiano estacionrio (no tempo).

    Considerou-se, como aconselhvel, que o nmero de acelerogramas necessrio para

    definir cada tipo de sismo era igual a dez. Note-se que os valores da acelerao para

    cada instante foram majorados por 1,5 para todos os acelerogramas.

    A seleco dos acelerogramas considerados vlidos no que respeita

    representatividade da aco ssmica foi feita de acordo com as regras indicadas no

    EC8. Efectuou-se a comparao (grfica) entre o espectro de resposta regulamentar e

    o espectro de resposta artificial mdio para os dois tipos de sismos, mtodo indicado

    para averiguar a adequao dos acelerogramas gerados.

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    Figuras 44 e 45 - Comparao grfica entre os espectros de

    resposta regulamentar e artificial mdio para os sismo tipo 1 e 2

    Anlise dos Parmetros do Amortecedor e da Influncia da Rigidez da

    Superestrutura

    Realizou-se um estudo breve acerca da influncia dos parmetros C e sobre os

    deslocamentos horizontais do tabuleiro e da estrutura de suporte e sobre a fora

    transmitida pelo amortecedor viscoso estrutura de suporte.

    Comparao entre os Espectros de Resposta Regulamentar e Artificial Mdio(sismo 1, terreno II)

    0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    2.5

    3.0

    3.5

    4.0

    4.5

    5.0

    0 5 10 15 20 25

    f (Hz)

    a(m/s2)

    Espectro Artificial Mdio Espectro Regulamentar

    Comparao e ntre os Espectros de Resposta Regulamentar e Artificial Mdio(sismo 2, terreno II)

    0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    2.5

    3.0

    0 5 10 15 20 25f (Hz)

    a(m/s2)

    Espectro Artificial Mdio Espectro Regulamentar

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    Esta verificao de influncia foi realizada a partir dos resultados calculados para um

    acelerograma artificial de cada uma das aces ssmicas tipo 1 e 2.

    Quanto influncia da rigidez da superestrutura, foram calculados os resultados para

    diferentes valores de grandeza da rigidez elstica dos deslocamentos horizontais da

    superestrutura.

    Uma vez que existiam incertezas acerca da rigidez real do tabuleiro, testou-se ainda o

    comportamento de um sistema de controlo ssmico constitudo por um amortecedor

    viscoso definido por um valor fixo do factor de amortecimento C para valores de

    rigidez do tabuleiro dez vezes inferior e dez vezes superior rigidez esperada.

    Verificou-se que a variao do deslocamento da estrutura de suporte era muito

    pequena enquanto que sucedia o inverso para o deslocamento da superestrutura; a

    variao deste atingia 34% do valor esperado para a menor rigidez. Considerou-se, no

    entanto, esse valor aceitvel (Figura 46).

    Figura 46 - Variao do deslocamento do tabuleiro e do suporte

    com a rigidez da superestrutura

    Os valores mximos obtidos para o deslocamento da superestrutura/tabuleiro

    condicionaram o dimensionamento da junta entre o tabuleiro e o encontro Norte.

    Deslocamentos para diferente rigidez da superestrutura

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    1 10 100 1000 10000 100000 1000000

    Ktab (kN/m)

    UX(m)

    SUPORTE TA BULEIRO

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    Estimados os valores mximos da fora aplicada pelos amortecedores para a aco

    ssmica, procedeu-se ao dimensionamento da estrutura de suporte, tendo-se prescrito

    perfis HEB340 (Figura 47).

    Figura 47 - Estrutura ssmica de suporte

    dispositivo de controlo s smico15

    HEB340

    HEA300HEB340

    HEA300

    ESTACAS 50ESTACAS 50

    HEA300

    CORTE LONGITUDINAL

    junta de dilatao mvel

    aparelhos de apoio moveis

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    AVALIAO DAS CONDIES DE SEGURANA DO EDIFCIO

    DA AV. DUQUE DE LOUL N 39

    Dono de Obra:Estado Portugus

    Consultor de Engenharia:A2P Consult

    Sntese do estudo

    O objectivo deste estudo coordenado pelo Eng. Jlio Appleton consistiu em avaliar as

    condies de segurana do edifcio da Av. Duque de Loul n 39, onde funcionam

    diversos servios da Polcia Judiciria. Pretendeu-se, em particular, avaliar as

    condies de segurana das lajes, as quais se apresentavam anormalmente

    deformadas, e as condies de segurana do edifcio associadas aco ssmica.

    O referido edifcio, projectado pelo Eng. Jacinto Bethencourt de acordo com o

    Regulamento de Beto Armado - Decreto 25948 de 1935/10/16, tem estrutura

    horizontal constituda por lajes de beto armado com 10cm de espessura assentes

    numa grelha de vigas que, por sua vez, se apoiam na estrutura das fachadas e empilares interiores (Figura 48). A estrutura vertical constituda por um misto de

    alvenaria e beto armado. Sinteticamente, a estrutura vertical nas fachadas principal e

    posterior do edifcio de beto armado enquanto que o "miolo" do edifcio tem

    estrutura vertical de alvenaria furada e/ou macia. As paredes da caixa de escadas so

    de alvenaria a uma vez, de tijolo furado, com pilares de beto armado nos cantos.

    As fundaes do edifcio sero constitudas, de acordo com o projecto, por uma rede

    de sapatas ligadas entre si por lintis, sendo todos estes elementos de beto armado.

    Saliente-se que o projecto estrutural do edifco foi feito numa altura em que ainda

    no era exigida a verificao da segurana estrutural face aos sismos.

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    Figura 48 - Planta original do edifcio

    Descrio dos aspectos mais relevantes do estudo

    Caracterizao do Estado Anterior

    Com o objectivo de avaliar o comportamento das lajes do edifcio e verificar a

    conformidade entre o projecto e a obra construda realizou-se no dia 29 de Maio uma

    visita de inspeco ao edifcio em referncia. O estagirio participou nessa visita.

    Procedeu-se no local medio da flecha da laje (na face superior, Figura 49) e ao

    levantamento de armaduras por processos no destrutivo, fazendo recurso a um

    detector electromagntico (Figura 50).

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    Figura 49 - Medio da flecha da laje

    Figura 50 - Levantamento das armaduras existentes utilizando um

    tacmetro

    Constatou-se que a deformao permanente era da ordem dos 5cm

    100

    1

    vo

    flecha,

    valor muito elevado e superior ao que usualmente se considera admissvel

    =

    400

    1a

    300

    1

    vo

    flecha, ou seja, nestas lajes 1.4cm a 1.8cm.

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    Verificou-se igualmente que as armaduras detectadas no correspondiam s do

    projecto, sendo inferiores a essas.

    Decidiu-se ento proceder a 3 sondagens expondo as armaduras e medindo tambm a

    espessura da laje, tendo-se concluido que (1) dado o acabamento do piso (camada de

    argamassa com espessura constante e tacos de madeira), presumiu-se que a

    deformao medida correspondia a uma deformao permanente, (2) a espessura da

    laje variava entre 10.0cm e 11.5cm e (3) as armaduras existentes eram efectivamente

    inferiores s indicadas nos desenhos de projecto e concordantes com as obtidas por

    mtodo no destrutivo.

    Avaliao das Condies de Segurana das Lajes do Edifcio

    Para o efeito, consultou-se o regulamento normativo dos projectos de estruturas de

    beto armado da poca (Regulamento de Beto Armado - Decreto 25948 de

    1935/10/16) para compreender melhor as aces e resistncias assumidas e os

    mtodos de clculo da poca. Por comparao feita entre o regulamento da poca e o

    ainda actual REBAP, concluiu-se que esta estrutura, se respeitasse o antigo

    regulamento, verificaria as condies de segurana do REBAP.

    Para avaliar a capacidade resistente das lajes utilizou-se o mtodo das bandas que, de

    acordo com o teorema esttico da anlise limite, fornece minorantes da carga ltima,

    valores que estaro assim do lado da segurana.

    Confirmou-se ento que se as armaduras do projecto tivessem sido aplicadas a

    segurana em relao rotura estaria verificada.

    Dadas as armaduras descobertas pelos ensaios destrutivos, considerou-se verosmil

    assumir determinada distribuio uniforme de armaduras nas lajes (71/4"/m).

    Calcularam-se as cargas ltimas dos diversos painis de laje de acordo com tabelas de

    valores obtidas com anlise elstica e concluiu-se que a maioria destes no

    verificavam a segurana ao estado limite ltimo de flexo.

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    Comportamento em Servio das Lajes

    Quanto ao comportamento em servio das lajes, foi estudado o comportamento das

    lajes no respeita fendilhao e deformao.

    Calcularam-se os momentos tericos de fendilhao de acordo com as tabelas

    referidas anteriormente e inferiu-se que, provavelmente, as lajes estariam fendilhadas

    sobre os apoios (paredes de alvenaria) mas no a meio vo, como se comprovou

    visualmente no local.

    O clculo da deformada elstica linear foi feita utilizando um programa de clculo

    automtico de elementos finitos (Figura 51). Afectando os valores obtidos da anlise

    elstica com factores ponderados que traduzissem os efeitos da fendilhao, obtidos

    pelo mtodo dos coeficientes globais, e da fluncia, concluiu-se que, mesmo assim, as

    flechas reais deveriam ser inferiores aos valores medidos. Tal diferena poderia estar

    associada aos efeitos de um elevado nvel de carga em utilizaes passadas ou a uma

    pobre qualidade/resistncia do beto empregue.

    Figura 51 - Modelo de elementos finitos de poro de laje existente

    (de canto)

    A constatao de que a flecha real era superior estimada reforou a convico da

    inevitabilidade do reforo desses elementos estruturais se se pretendesse reocupar

    esses espaos.

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    Aps a sistematizao dos resultados para os diferentes painis de laje, foram

    seleccionados aqueles que deveriam ser reforados e fez-se advertncia para a

    limitao de uso de outros painis.

    Procedeu-se proposta da soluo para reforo das lajes. Tal soluo deveria visar 3

    objectivos:

    1. aumentar a capacidade resistente da laje por forma a garantir uma sobrecarga

    admissvel igual imposta pelo RSA para um uso do tipo actual (3kN/m2);

    2. aumentar a rigidez da laje por forma a reduzir a sua deformabilidade e a

    aumentar a frequncia prpria de modo a diminuir as vibraes;

    3. no aumentar o peso prprio tanto mais que as lajes esto apoiadas no interior

    em paredes de alvenaria, as quais poderiam sofrer danos nesse caso.

    Se possvel, a soluo de reforo deveria ainda anular a flecha permanente da laje ou

    pelo menos nivelar a face superior da laje.

    Estudaram-se algumas solues (demolio e reconstruo das lajes, reforo das lajes

    com perfis metlicos, reforo da laje apenas na face superior com aumento deespessura) mas, pesados os prs e os contras, optou-se por prescrever a soluo que a

    seguir se descreve:

    a laje dever ser reforada na face inferior com laminados de fibra de carbono.

    Tratar-se-iam de placas de 100mm a 120mm de largura e 1.2mm a 1.4mm de

    espessura de um material leve e com uma resistncia de 3000MPa (compare-se

    este valor com o da tenso de cedncia de clculo do A235 das lajes existentes).

    Estas placas so flexveis e de fcil colocao por colagem com resina epoxy;

    a laje dever ser reforada na face superior com umas nervuras em beto armado.

    Para executar essas nervuras o revestimento de tacos ser removido (podendo ser

    reaproveitado) assim como a betonilha de assentamento. Essas nervuras teriam,

    para alm da espessura da laje, cerca de 5cm nos apoios e cerca de 10cm no vo.

    O espao entre essas nervuras ficaria vazio ou seria preenchido com barrotes de

    madeira para assentamento do revestimento do piso e poderia ser aproveitado para

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    colocar instalaes elctricas e de comunicaes. Com excepo de um painel de

    laje, estas nervuras seriam executadas apenas na direco do menor vo das lajes.

    Estimou-se que a rigidez da laje sofreria um aumento de cerca de 40% com tal

    soluo (Figura 52).

    Figura 52 - Caracterizao sumria da soluo proposta

    Foi apresentada uma estimativa de custo para a soluo aconselhada.

    Avaliao das Condies de Segurana para a Aco Ssmica

    Para este efeito, caracterizou-se com pormenor a estrutura do edifcio.

    O edifcio constitudo por 5 andares elevados, R/C (piso de entrada), cave (garagem)

    e sub-cave (fundaes e numa pequena rea para arrecadao).

    Como se referiu antes, a estrutura dos pisos elevados constituda por lajes de beto

    armado com 10cm de espessura apoiadas numa estrutura mista de alvenaria e beto

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    armado. A estrutura das fachadas principal e posterior constituda por pilares e

    lintis de beto armado preenchida com painis de alvenaria. As paredes interiores so

    em alvenaria, de tijolo furado a vez nos 3 e 4 andares e de tijolo macio a vez

    nos 1 e 2 andares. Nas paredes das caixas de escada e divisrias de inquilinos as

    paredes so de alvenaria a uma vez, de tijolo furado.

    A estrutura do tecto do R/C realizada integralmente em beto armado. As lajes so

    apoiadas num reticulado de vigas (grelha) apoiada na estrutura das fachadas e em 11

    pilares interiores, 4 dos quais localizados na prumada da caixa da escada. A estrutura

    do tecto da cave constituda tambm por uma grelha (diferente da do tecto do rs do

    cho) apoiada na estrutura das fachadas e em 6 pilares interiores.

    Sob o ponto de vista de concepo os aspectos que mereciam reviso eram a ligao

    das lajes s paredes e, em especial, o comportamento das paredes de alvenaria quando

    sujeitas a aces horizontais (em particular as paredes de alvenaria de tijolo furado).

    Para melhorar o comportamento do edifcio a interveno poderia envolver o reforo

    de algumas paredes atravs da introduo de um reboco com malhas de armaduras

    (galvanizadas) em ambas as faces, por forma a controlar a sua fendilhao e evitar o

    seu colapso. Tal reforo deveria ser colocado nas paredes da caixa de escada (a qualtem uma localizao favorvel para o reforo ssmico) e eventualmente num nmero

    limitado de outras paredes interiores por forma a interligar as fachadas e o ncleo

    central com paredes reforadas. No entanto, s uma anlise estrutural mais detalhada

    permitiria definir as paredes a reforar.

    Os pilares que esto localizados no alinhamento da caixa de escada deveriam ser

    reforados na sua cintagem.

    Foi estimado um custo para estas intervenes.

    Descrio dos trabalhos efectuados pelo estagirio

    O estagirio prestou apoio de clculo ao coordenador do estudo.

    A participao neste estudo confirmou ao estagirio a noo de que, na sua prtica, o

    engenheiro deve esforar-se por compreender o problema que estuda na sua

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    globalidade e que so mais importantes algumas contas (bem) feitas manualmente

    mas que resultam de uma escolha criteriosa ponderando os factores relevantes do que

    uma poro de clculos automticos muito complexos mas onde no prevalece o

    sentido crtico do engenheiro que oriente a linha de clculo.

    O estagirio considerou interessante a simplicidade do mtodo utilizado para

    determinar as flechas das lajes na sua face superior: colocou-se um fio de nylon preso

    nas pontas a parafusos que foram roscados ao revestimento do piso e, na zona em que

    o fio estava mais distante deste, mediu-se a distncia laje com uma fita mtrica. As

    extremidades do fio foram colocadas na zona extrema dos painis de laje em questo,

    junto s paredes (zonas dos apoios).

    A ponderao das solues de reforo das lajes e a escolha da soluo aconselhada foi

    uma experincia muito enriquecedora e til uma vez que se trata de um assunto cada

    vez mais importante para a idade actual da construo em beto armado (e alvenaria)

    e com um crescente importncia no mercado mas que, infelizmente, no abordado

    com profundidade no curso de licenciatura.

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    INSPECES - METRO ROMA

    Cliente:ZAGOPE

    Sntese das inspeces

    Executou-se uma campanha de inspeces no mbito da "Empreitada ML 592-01 -

    Ampliao e Remodelao da Estao Roma, E.P.".

    Com esta campanha pretendeu-se averiguar acerca das tipologias construtivas bem

    como do estado de conservao do edificado que se situa na rea de influncia

    daquela obra, ou seja, os edifcios que se encontram sobre o traado da futura linha,

    bem como na sua periferia.

    Figura 53 - Aspecto da fachada de um dos edifcios vistoriados

    Descrio dos aspectos mais relevantes do inspeces

    A anlise de cada um dos edifcios foi feita em duas fases distintas, partida:

    1. em primeiro lugar, faz-se uma inspeco do edifcio, por uma equipa

    constituda por tcnicos do A2P Consult, na qual se toma conhecimento do

    estado geral do edifcio, do tipo construtivo em que se insere, da sua poca de

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    construo, ao mesmo tempo que se executa um registo videogrfico e escrito

    destas caractersticas;

    2. em segundo lugar, fez-se um relatrio de inspeco, no qual feita a descrio

    do que foi encontrado na vistoria, assim como dada a indicao de (eventuais)

    medidas a tomar.

    Dependendo da extenso destas medidas, poderia haver uma terceira fase da

    anlise/interveno do edifcio, a qual podia consistir em medidas de observao

    deste, ou at, em casos especialmente delicados, de reforo estrutural.

    Descrio dos trabalhos efectuados pelo estagirio

    O estagirio participou activamente em todo o processo inerente campanha de

    inspecces efectuada, podendo este ser sintetizado por:

    (a) preparao das inspeces a realizar;

    (b) vistorias efectuadas no local com recurso a suporte escrito e videogrfico. O

    suporte escrito constitudo por fichas, com campos sobre as caractersticas

    estruturais tipolgicas do edifcio em causa, sistematizadas por forma a

    permitir um fcil e rpido preenchimento no local;

    (c) elaborao de relatrios das inspeces efectuadas.

    Caracterizao do Edificado

    O edificado da zona inspeccionada corresponde ao tipo habitacional, construdo entre

    o final da dcada de 40 e incio da dcada de 50. A estrutura deste conjunto deedifcios corresponde assim s solues caractersticas desta poca: os pisos tm lajes

    de beto armado, geralmente com espessuras entre 80mm e 100mm, apoiando em

    paredes interiores de alvenaria de tijolo macio (at ao rs-do-cho) e exteriormente

    numa estrutura hbrida de alvenaria reforada com vigas e pilares de beto. As

    empenas so, frequentemente, lminas de beto simples ou armado. No rs-do-cho,

    destinado quase sempre a lojas de comrcio, e na cave, algumas das paredes da

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    estrutura interior so substitudas por um reticulado de vigas e pilares de beto

    armado.

    Nos pisos elevados, ocupados na generalidade por habitao ou fogos devolutos, as

    solues originais de revestimentos e acabamentos mantm-se quase na ntegra; os

    pisos das zonas secas so tacos de madeira e os das cozinhas e instalaes sanitrias

    so de ladrilhos hidrulicos. Na grande maioria dos casos, as paredes so estucadas,

    com lambris de azulejos em cozinhas e instalaes sanitrias e os tectos so

    estucados. Registavam-se pequenas alteraes em alguns fogos e as lojas de comrcio

    do piso trreo apresentavam-se, naturalmente, mais alteradas no que se refere a

    materiais de acabamento.

    As coberturas de todos os edifcios vistoriados eram inclinadas, em telhado cermico

    no acessvel.

    Estado Geral do Edificado

    Tratando-se de edificado com cerca de 50 anos, naturalmente apresentava anomalias

    caractersticas de um edifcio desta poca, entre as quais se salienta:

    (a) verificao frequente de patologias associadas a mau funcionamento da rede

    de esgotos domsticos, tais como sinais de manchas de humidade nas lajes

    (Figuras 54 e 55) e de degradao local de rebocos e estuques de tecto;

    Figuras 54 e 55 - Manchas causadas pela humidade

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    (b) alguma fendilhao, sendo particularmente evidente e frequente a que afecta

    os tectos (face inferior das lajes) (Figuras 56 e 57);

    Figura 56 e 57 - Aspecto de fendilhao encontrada nos edifcios

    vistoriados

    (c) existncia de fracturas nas pedras junto ligao das guardas metlicas das

    varandas (Figura 58);

    Figura 58 - Pedra de varanda fendida

    (d) corroso das armaduras em alguns elementos de beto armado, sendo este

    fenmeno particularmente evidente nas lajes das varandas (Figura 59).

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    Figura 59 - Armaduras com sinais de corroso avanada

    Concluses das Vistorias

    O edificado vistoriado encontra-se relativamente prximo de uma zona na qual haver

    alguma actividade susceptvel de introduzir algumas vibraes no solo.

    Assim, recomendou-se a adopo de algumas medidas cautelares de monitorizao

    dos edifcios, atravs da medio topogrfica das cotas de algumas soleiras e peitoris.

    Deveriam ser tomadas medidas de outro tipo, como aplicao de fissurmetros ou de

    terstemunhos, apenas nos casos de se verificar a ocorrncia de assentamentos ou o

    aparecimento de novas fendilhaes.

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    VISITAS AO VIADUTO SOBRE A CALADA DE CARRICHE DO

    METROPOLITANO DE LISBOA

    Dono de Obra:Metropolitano de Lisboa

    Projectista de Engenharia:A2P Consult

    Empreiteiro Geral: Contacto

    Sntese do projecto

    O Viaduto de Odivelas, com uma extenso de 66.80m, est localizado entre asEstaes Senhor Roubado e da Quinta das Lavadeiras da Linha Amarela do

    Metropolitano e atravessa a Calada de Carriche, via que um dos acessos a Lisboa

    com maior trfego. Em complemento ao viaduto, fazem ainda parte desta obra dois

    encontros-tneis com 10m e 20.36m de extenso a nascente e a poente,

    respectivamente. O conjunto da obra insere-se num troo de alinhamento recto

    (encontro nascente e meio viaduto) e num troo de curva de concordncia de raio

    varivel (segunda metade do viaduto e encontro poente).

    O perfil longitudinal apresenta inclinao constante de 0.826% (Figura 60).

    Figura 60 - Alado longitodinal do viaduto e dos encontros-tneis

    A seco transversal tipo em recta apresenta uma plataforma com 8.04m, com uma

    entrevia de 3.20m e uma distncia at caleira de cabos de 1.415m. A bitola de

    1.435m. Lateralmente dispe-se de guarda de proteco com uma altura de 2.20m

    acima do topo dos carris.

    ALADO LONGITUDINAL

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    Para a seco transversal tipo em curva, a plataforma mantm a largura de 8.04m

    medida na direco paralela linha que une os topos dos carris. A entrevia varivel.

    Junto guarda localiza-se uma caleira de drenagem longitudinal ao nvel da tampa da

    caleira de cabos.

    O projecto do Viaduto de Odivelas foi coordenado pelo Eng. Jlio Appleton tendo

    participado no seu clculo o Eng. Nuno Travassos e o Eng. Joo Pedro Nunes da

    Silva.

    Descrio dos aspectos mais relevantes do projecto

    De acordo com o traado e indicaes fornecidas pelo Metropolitano de Lisboa,

    concebeu-se o Viaduto da Calada de Carriche com uma extenso entre eixos de

    juntas de 66.80m, complementado por dois encontros-tneis.

    No que se refere escolha dos vos entre pilares a concepo adoptada teve em conta

    o processo construtivo que se pretendeu adoptar, os condicionamentos rodovirios e

    as condies geotcnicas para a execuo das fundaes.

    O facto de o viaduto se desenvolver sobre uma via com trfego rodovirio muito

    intenso sem possibilidade de interrupes ou novos constrangimentos motivados pela

    obra em perodos extensos de tempo conduziu concepo adoptada de um viaduto

    composto por dois tramos pr-fabricados. Deste modo minimizada a perturbao

    introduzida pela obra e, sendo esta de durao muito limitada, pode ser remetida para

    perodos de menor trfego (Figura 61).

    O tabuleiro tornado contnuo atravs da betonagem in-situ das carlingas, e fica

    apoiado sobre dois encontros-tneis e um pilar central.

    Dotou-se o viaduto de um sistema de guiamento e batentes transversais nos dois

    encontros e no pilar, sendo todos mobilizados para aces transversais. No sentido

    longitudinal, o tabuleiro est fixo no encontro poente para aces dinmicas e efeitos

    trmicos, sendo o movimento longitudinal livre sobre o pilar e encontro nascente.

    Entre o tabuleiro e o encontro poente colocaram-se batentes em neoprene cintado que

    constituem apoios elsticos para as aces ssmicas. A anlise ssmica da estrutura

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    assim pensada revelou que esta concepo adequada para o problema ssmico

    produzindo uma reduzida deformao. A transferncia dos esforos devidos aco

    ssmica assegurada por dispositivos independentes dos que recebem as cargas

    permanentes e sobrecargas conforme prescrito pelo Metropolitano de Lisboa.

    Figura 61 - Faseamento construtivo do viaduto

    De acordo com o relatrio das sondagens efectuadas na fase de concurso e das

    sondagens complementares realizadas pelo Empreiteiro, o terreno caracteriza-se por

    BETONAGEM DAS CARLINGAS, DA LAJE E APLICAO DO PR-ESFORO DE CONTINUIDADE

    A F G

    ED

    FASE 4

    COLOCAO DAS PR-LAJES

    F G

    ED

    FASE 3

    EXECUO DE APOIOS PROVISRIOS E COLOCAO EM OBRA DAS VIGAS PR-FABRICADAS

    F G

    ED

    FASE 2

    EXECUO DE FUNDAES, PILAR E ENCONTROS

    BA

    C

    F G

    ED

    FASE 1

    H

    BA

    C

    H

    BA

    C

    H

    B

    C

    H

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    uma camada de aterro superficial na zona do pilar, com uma espessura da ordem dos

    3.00m, sem condies para fundao. Abaixo desta camada surge uma formao de

    argilas siltosas, algo margosas, denominada Formao de Benfica que apresenta

    boas condies de resistncia e valores de NSPT superior a 60 pancadas. Concluiu-se

    portanto que o pilar teria de ser fundado sobre estacas que deveriam encastrar cerca de

    3 a 4 dimetros na Formao de Benfica, resultando assim um comprimento total de

    8m.

    Os encontros situam-se nas encostas laterais via rodoviria. O encontro nascente

    localiza-se numa plataforma actualmente existente a meio da encosta e o encontro

    poente situa-se na encosta oposta numa zona com pendente moderada mas em

    transio para maior inclinao. Em ambos os casos o terreno superficial corresponde Formao de Benfica. Todavia, no caso do encontro nascente, a sua localizao

    prximo de um talude com inclinao muito acentuada, implicou a adopo de

    fundaes por estacas de modo a no transferir a carga do encontro para a crista do

    talude. Esta soluo resultou na adopo de estacas com comprimentos de 9m e

    9.80m. No encontro poente, a natureza do terreno permitiu fundaes directas.

    Os vos adoptados para os apoios do tabuleiro resultaram dos condicionamentos

    impostos pela largura da via rodoviria atravessada e seu posicionamento em relao

    ao vale em que se insere, condicionamentos que conduziram a uma soluo com um

    s pilar. Os vos adoptados so de 29.16m do lado nascente e 35.14m do lado poente,

    entre eixos de apoios.

    O tabuleiro tem uma seco transversal com 8.04m de largura total e constitudo por

    uma laje com duas nervuras em caixo. A altura total das nervuras constante e igual

    a 2.05m. A largura inferior da nervura constante e igual a 1.80m, sendo a faceinferior da nervura paralela laje. Duas das nervuras so perpendiculares ao plano da

    laje, sendo as restantes duas oblquas (figura 62).

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    Figura 62 - Seco transversal (configurao final) do viaduto

    O tabuleiro foi executado de forma faseada, sendo o processo iniciado com a

    colocao de 4 vigas pr-fabricadas de beto armado pr-tensionado em forma de U

    sobre apoios metlicos provisrios adjacentes aos encontros e ao pilar. Sobre as vigas

    foram colocadas pr-lajes em toda a extenso do viaduto excepto na vizinhana das

    carlingas. A continuidade do tabuleiro assegurada atravs da betonagem in-situ

    das carlingas e da camada superior da laje, aplicando-se depois pr-esforo de

    continuid