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O que é a Calatonia:

A Calatonia também conhecida por “hipnose das articulações” pelos terapeutas naturistas, é uma técnica de relaxamento profundo que leva à regulação do tônus, promovendo o reequilíbrio físico e psíquico do indivíduo uma vez que atua na formação reticular e representações vegetativas no córtex cerebral.Consiste em toques nos artelhos, sola, calcanhar, região posterior das pernas integrados com a respiração do cliente.

Origem do Método:

A técnica foi criada por Pethó Sándor, um médico húngaro que radicou-se no Brasil desde 1949 (até seu falecimento em 1992) aqui desenvolvendo trabalhos clínicos, de pesquisa iniciados quando ainda vivia na Europa na época do pós-guerra.

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Áreas de aplicação:

Desde 1950 a Calatonia vem sendo utilizada no Brasil, por vários profissionais, em especial nas áreas de saúde e educação (Psicólogos, Médicos, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas, Massagistas. Fonoaudiólogos, Educadores, entre outros) em vários contextos, a saber: consultórios, hospitais, pré-escolas, centros de saúde mental, etc.

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Leia relato de profissionais sobre a aplicação do método

Descrição do Procedimento Básico:

O procedimento básico da Calatonia consiste em uma série de 9 toques que o terapeuta realiza na área dos pés: em cada um dos artelhos, em dois pontos da sola dos pés, calcanhares; tornozelos além de mais um toque no início da barriga das pernas. Pode ser acrescido do décimo toque, conhecido como Calatonia da cabeça, aplicado na nuca (região occipital). Estes toques são feitos em silêncio, de forma simples e suave, durante 2 a 3 minutos em cada um dos pontos citados. (Para uma descrição detalhada da técnica com fotos, use o cursor aqui).

Veja Fotos

O que são os Toques Sutis

Os Toques Sutis são as numerosas modalidades de trabalhos corporais desenvolvidos por Pethö Sándor a partir dos mesmos princípios da Calatonia. Da mesma forma como na Calatonia, os Toques Sutis utilizam-se do alto potencial da sensibilidade cutânea, para proporcionar vivências multissensoriais, ou seja: os estímulos utilizados se fazem sentir tanto a nível físico quanto psíquico, atuando sobre a totalidade do organismo de modo reestruturador. Estes toques, ou seqüência de toques, são aplicados em diferentes partes do corpo onde se localizam articulações, determinadas áreas com extensa sensibilidade nervosa e/ou circulatória, áreas com acesso a processos ósseos, etc. Os critérios de escolha de tais “pontos de toque”, ou estimulação, variam caso à caso, em função do histórico e evolução do processo psicoterápico.

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O con-tato e o Relacionamento Terapeuta-Paciente

A quem se destina a Calatonia

Em princípio, qualquer pessoa poderá se beneficiar da Calatonia para obtenção de um relaxamento profundo. Porém tal trabalho deverá ser sempre acompanhado por um profissional habilitado, capaz de avaliar e elaborar com o paciente, suas reações à técnica, bem como as possíveis contra-indicações à aplicação do método. Em São Paulo, Brasil já dispomos de relatos de profissionais de diferentes áreas sobre a utilização da Calatonia como recurso auxiliar na Psicologia, Medicina, Educação, Reabilitação Física, Fonoaudiologia, etc. Embora a utilização da Calatonia não vise resultados específicos (uma vez que a reorganização psicofisica é global, e cada organismo reage à sua própria maneira individual e única) esta técnica atua sobre uma variada gama de queixas diante das quais tem-se observado resultados bastante positivos. Por exemplo: tensão muscular, estresse, enxaquecas, asma, obesidade, alergias, distúrbios glandulares, dores, distúrbios de ordem psicossomática, etc.

A Calatonia na Psicoterapia

A Calatonia, na prática psicoterápica, integra-se como um recurso mobilizador do processo terapêutico, requisitando porém uma formação bastante específica do profissional que a utilize. Esta formação envolve não somente a habilitação

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prática pelo aprendizado das técnicas, mas também a aquisição de um sólido embasamento teórico, fundamentado na Psicologia Profunda.

Além destes requisitos, é considerado essencial que o terapeuta que pretenda utilizar esta metodologia de intervenção submeta-se à vivência pessoal dentro deste enfoque terapêutico, e realize, a princípio, um trabalho supervisionado.

A Calatonia deu origem a uma metodologia de trabalho psicoterápico:

a "Integração Psicofísica". Essa metodologia alia o conjunto das técnicas de trabalho corporal baseadas na estimulação tátil sutil à Psicologia Analítica de G. G. Jung.

A aplicação psicoterapêutica da Calatonia é utilizada, atualmente, por um representativo grupo de psicólogos clínicos, especialmente na cidade de São Paulo, Brasil, além de outras localidades.

Calatonia, Toques Sutis e Terapia Junguiana

Se aceitarmos que a principal meta da Psicoterapia é a expansão da consciência do paciente, incluindo a consciência de si mesmo, e se aceitarmos ainda que cada pessoa é um todo indivisível e que seu corpo e seu psiquismo são apenas diferentes formas de expressão desta mesma unidade sincrônica, então entenderemos a necessidade de incluir o corpo no contexto do atendimento psicoterápico. Dentro da perspectiva Junguiana, o corpo é parte inalienável do processo de "vir a ser um todo", que é a Individuação.

A Calatonia é um instrumento de acesso à memória psicológica "gravada" no corpo físico, através da mobilização espontânea de conteúdos internos do paciente. Ela atua potencialmente em vários níveis da complexa estrutura psicofísica de cada indivíduo, trazendo à tona a evocação de vivências que podem ser elaboradas depois, em psicoterapia verbal.

Para alguns, tais vivências podem surgir sob a forma de reações ao nível fisiológico e/ou motor (como sensações ou movimentos mais ou menos sutis por todo o corpo); para outros, em termos afetivo/emocionais, (na forma de recordações, associações, etc.); para outros ainda, podem ocorrer alterações do estado de consciência análogos àqueles promovidos pela meditação, com a eventual recordação de imagens. Estas imagens, do ponto de vista psicoterapêutico, têm um valor semelhante ao valor dos sonhos, e podem ser elaboradas em terapia como vivências simbólicas, metáforas, etc.

Por sua atuação global, a Calatonia em geral mobiliza conteúdos que têm uma prioridade ou premência psicológica de se manifestarem, da mesma forma como ocorre com sonhos. São conteúdos que estão "maduros" para aflorarem à consciência e que têm total pertinência ao processo psicodinâmico que o paciente está vivendo.

É aí que observamos o caráter "auto-regulador" deste tipo de abordagem corporal, que não tem a intenção de mobilizar um determinado aspecto específicos, mas de promover uma vivência que mobilize espontaneamente o que for mais adequado para equilibrar o paciente naquele momento. Essa capacidade de auto-regulação é também conhecida como a "sabedoria do corpo", que pode por si só, se lhe for permitido, expressar suas necessidades e se reorganizar na direção da homeostase (equilíbrio), dentro do ritmo e intensidade peculiar a cada indivíduo.

Veja Relatos Clínicos

Conforme podemos perceber no parágrafo acima, a forma de trabalho terapêutico que Sándor desenvolveu traz implícita uma determinada maneira de entender tanto a natureza do ser humano, quanto a função da psicoterapia.

A Calatonia, mais do que uma simples técnica (que se define pelos seus procedimentos práticos), é um método de trabalho terapêutico, método este que integra elementos da Psicologia Profunda (em especial as idéias de Jung) ao trabalho corporal, para promover a integração psicofísica do indivíduo.

A CALATONIA COMO RELACIONAMENTO

Paulo Machado

Um importante e significativo aspecto subjacente ao método calatônico é o relacionamento que se estabelece entre o terapeuta e o paciente.

Como em todo processo terapêutico, a relação que ocorre entre ambas as partes possui duas dimensões, uma consciente e outra inconsciente. Juntamente com a percepção objetiva que tem do paciente, o terapeuta traz consigo uma imagem interior que corresponde à sua própria experiência interna como paciente e que é projetada no paciente, e

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ocorrendo ainda, reciprocamente, por parte do paciente, a "projeção" na pessoa do terapeuta, de sua configuração interna de "curador". Esta configuração, embora inconsciente, certamente é decisiva na orientação de seu processo, o que provavelmente começou a ocorrer inclusive no momento de escolher a pessoa que lhe auxilia (o terapeuta).

No processo da Calatonia, observa-se ainda a vinculação corporal do terapeuta ao paciente durante todo o período de aplicação dos toques, período este em que um amplo envolvimento bi-pessoal se estabelece, produzindo um conjunto peculiar de ressonâncias psico-físicas, com a evocação de sensações e sentimentos e com o "constelar" de imagens internas.

Devido à multidimensionalidade do processo que ocorre entre os dois pólos, durante a aplicação da Calatonia, a atitude do terapeuta representa um aspecto importante no decorrer do treinamento do método proposto por Pethö Sándor. Para evitar interferências diretivas ou parciais durante a execução dos toques, recomenda-se que se evite a intenção pessoal ou a mobilização através do EGO durante este período. Pethö Sándor sugeria a evocação de um "terceiro ponto", como um SELF projetado, para onde se direcionaria a atenção psíquica do terapeuta e de onde proviria o "comando" da relação.

Justamente por esta multidimensionalidade, a relação bipessoal que se estabelece através da Calatonia é muito rica e pode constituir-se numa experiência peculiar se realizada entre casais, ou mesmo entre amigos ou familiares, surgindo como uma "modalidade" no ato de relacionar-se, evidentemente que após o treinamento e preparo devidos. Neste caso, esta possibilidade apresenta-se também como uma alternativa ao psicoterapeuta, nos enfoques de terapias familiares ou de casais ou ainda nos locais onde os toques não são bem aceitos como procedimento na relação terapeuta – paciente.

AS IMAGENS CALATÔNICAS

Paulo Machado

Uma importante e comum observação que decorre da vivência da Calatonia corresponde às imagens, que surgem espontaneamente durante o processo.

Estas imagens, que também podem emergir em outros exercícios, num estágio intermediário entre a vigília e o sono, e que na Calatonia se acrescenta, conforme a referência de PETHÖ (1974), na "mobilização de componentes epicríticos e protopáticos" através da sucessão "sutil e monótona" de estímulos nas extremidades inferiores ou superiores, correspondem a condensações projetivas, inclusive aquelas cujos conteúdos ainda não podem ser descritos ou que não atingiram a amplitude para uma descrição simples através de palavras e que, na medida em que não forem intencionalmente provocadas, direcionadas ou reduzidas a procedimentos interpretativos, possuem o mesmo valor simbólico que as imagens oníricas.

Tais imagens, embora referindo-se a uma expressão subjetiva que emerge durante o processo de relaxação, correspondem, conforme a observação de PETHÖ, a uma realidade psíquica, e assim constituem-se de imenso valor e ajuda para a compreensão do inconsciente e no desenvolvimento da psicoterapia.

PETHÖ chama a atenção, ainda, para o dinamismo integrador das imagens calatônicas e refere-se à "finalidade inerente" das mesmas, ou seja, à extraordinária correspondência de tais imagens com a necessidade momentânea do paciente.

A observação sistemática das referidas imagens pelo psicoterapeuta, acrescentadas ao processo da análise juntamente com as correspondências corporais (recondicionamento psicofísico) que se verificam, constituem-se numa composição integrativa que, apoiados na base da Psicologia Junguiana, delimitam um novo método terapêutico e certamente constituindo-se, o referido conjunto, numa importante contribuição para o próprio desenvolvimento da psicologia profunda.

QUEM FOI PETHÖ SÁNDOR

BIOGRAFIA

Morte não existe - só transformação de consciência"

Sándor

O Professor Sándor sempre foi muito avesso a qualquer forma de enaltecimento de sua personalidade.

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Em seu estilo de vida extremamente simples e despojado de qualquer ostentação, zelava também por sua privacidade. No entanto, sua trajetória de vida sempre despertou interesse e admiração em todos que dele se aproximaram.

Nossa intenção aqui, portanto, não é incentivar qualquer tipo de culto à sua pessoa, mas ilustrar quanto sua vida e seu trabalho foram gestos integrados de amorosa e generosa resposta frente às severas dificuldades e desafios que a vida lhe apresentou.

Sándor nasceu em 28 de abril de 1916, em Gyertyamos, região que então compreendia o sul da Hungria, e hoje compões a Iugoslávia. Foram seus pais: Tibor Sándor, juiz de Direito, e Sarolta Kafka, e teve dois irmãos. Quando Sándor tinha três anos de idade a família mudou-se para Also Göd, uma cidade de intenso movimento intelectual e eventos culturais. Foi desse convívio que provavelmente surgiu o interesse de Sándor pelas artes, em especial pela música: estudou canto lírico e chegou a pensar em tornar-se tenor. Sándor cresceu nessa atmosfera estável e refinada, e posteriormente formou-se médico na Faculdade de Medicina de Budapeste, "Paz Many Peter", em 1943, com especialidade em Ginecologia e Obstetrícia.

Sándor já havia se casado com Marieta Marton ao se formar, e no mesmo ano de 1943 nasceu seu primeiro filho. Em 1944 nasceu o segundo filho do casal.

Com o início da guerra, porém, sobrevem uma seqüência de fatos dolorosos na sua até então tranqüila vida de jovem médico.

O avanço das tropas russas obrigou a família a deixar a Hungria em abril de 45, antes do final da guerra, em busca de refúgio mais seguro. Durante essa viagem de trem, Sándor desembarcou em uma das paradas para buscar água para os demais, que permaneceram no vagão. Nesse breve intervalo o comboio foi confundido pelas tropas americanas com um trem militar, e foi intensamente metralhado. Sándor era o único médico presente, e iniciou prontamente o atendimento aos inúmeros feridos. Como uma espécie de 'deferência' as duas primeiras vítimas que trouxeram para que socorresse foram justamente, e em seqüência, seu pai e sua mãe. Sándor, ao constatar a gravidade de seus ferimentos teria dito: "Por estes não posso fazer nada. Tragam-me os demais". Então, após prestar socorros aos demais, voltou a procurar por seus pais, constatando que já haviam falecido. Só então Sándor permitiu-se um breve momento de recolhimento: retirou-se para um ponto mais distante da cena, dentro da mata, sentou-se e permaneceu por alguns minutos em isolamento. Esse trágico episódio aconteceu em 20 de abril de 1945. Sándor estava então com 29 anos de idade.

No inverno seguinte Marieta, sua esposa, adoeceu e foi internada em um hospital. Ao ser avisado sobre o agravamento de seu estado, Sándor seguiu em meio à neve de bicicleta, o único meio de transporte viável. Ao chegar, soube que ela havia falecido de complicações respiratórias. Marieta tinha apenas 26 anos. Foi assim que, em menos de um ano, Sándor perdeu o lar, a pátria, os pais e a esposa, restando-lhe dois filhos, quase bebês, de 2 e 3 anos para cuidar.

Nessa ocasião já trabalhava como médico da Cruz Vermelha nos campos de refugiados, na Alemanha. Ali conheceu aqueles que viriam a se tornar sua nova família por adoção: O casal Irene e Jozseph Buydoso, ambos astrólogos e estudiosos de esoterismo. Irene, que era também ceramista, acolheu maternalmente as crianças. Sándor, já interessado na Psicologia Profunda, iniciou com eles seu estudo nessas matérias.

No campo de refugiados, Sándor iniciou suas observações sobre os procedimentos que dariam origem à Calatonia. Ao atender como obstetra nas enfermarias femininas deparou-se com numerosos casos de problemas circulatórios. Sem os recursos convencionais, devido à escassez da guerra, passou a 'experimentar' toques e manipulações suaves nas extremidades do corpo de suas pacientes, visando o alívio dos sintomas e dores. E assim iniciou a observação dos "efeitos terapêuticos do toque suave".

O mesmo recurso foi utilizado com as pessoas que, apresentavam as mais variadas queixas: "...desde membros fantasmas e abalamento nervoso, até depressões e reações compulsivas..."*.

Sándor foi muitas vezes solicitado pelos soldados alemães, que recorriam ao "doutor que sabia tirar a dor com as mãos". Nesses ocasiões, Sándor atendia aos pedidos de ajuda, porém com uma única condição: ficar só com o paciente para preservar sua técnica e a possibilidade de receber o precioso pagamento da época: alimentos que partilhava entre os demais refugiados...

Depois, durante os três anos em que trabalhou na Alemanha em hospitais que recebiam refugiados, tratou de pacientes poli-traumatizados:

"Aplicava-se a mesma técnica às pessoas deslocadas que se preparavam para a emigração e na população alemã abalada e constrangida, mas desta vez não em doentes das clínicas cirúrgicas, mas em pacientes das áreas psicológicas ou neuropsiquiátrica."

Foi a partir dessas experiências que Sándor iniciou a "fundamentação multilateral" (sic) de seu trabalho, posteriormente ampliada no Brasil:

"...onde houve a possibilidade de estudar as pesquisas mais recentes sobre a formação reticular, as representações vegetativas na córtex e sobre proprioceptivos periféricos. Ao mesmo tempo acumulou-se bastante material de ordem psicológica, reforçado aqui no Brasil, por aqueles colegas que adotaram o método, particularmente na Psicologia."

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Em 1949, Sándor decidiu emigrar e recomeçar seu trabalho longe das lembranças da guerra. Contam seus familiares**, que Sándor tentou vários países: Canadá, Estados Unidos e mesmo a Argentina, onde já vivia uma tia sua. Porém, o Brasil foi o único país que os aceitou sem restrições. Sándor veio com sua família adotiva: um total de 10 pessoas, composição que nenhum outro país aceitou.

A caminho do Brasil, a bordo do "Marine Marlise", navio de origem alemã, Sándor iniciou seus estudos de português. Além do húngaro, falava alemão, inglês e, através da sólida formação européia, sabia também as línguas clássicas: o grego e mais intensivamente o latim.

Sándor possuía um preciosismo e domínio impressionante de nosso idioma. Com freqüência usava termos, em suas traduções, desconhecidos para seus alunos. Quando perguntado, explicava seu significado acrescentando com humor: "Consta do Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa..."

Chegou ao Brasil em 14 de junho de 1949. Não pôde, porém, atuar como médico por causa da documentação necessária à validação de seu diploma. Trabalhou então como laboratorista, por quatro anos na empresa "Nitroquímica" em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Nos primeiros tempos de sua chegada foi bastante atuante junto à comunidade húngara de São Paulo, especialmente através da igreja dessa comunidade.

Anos depois, tendo já um maior domínio do idioma, mudou-se para a Rua Augusta, onde atendia pacientes em terapia psicológica, iniciando o trabalho que se estruturou nos moldes em que o conhecemos hoje. Passou também a ensinar suas técnicas aos profissionais brasileiros, basicamente psicólogos, que passaram a introduzir a Calatonia em sua prática clínica.

O companheiro de emigração Jozseph faleceu pouco depois da chegada ao grupo ao Brasil, mas o grupo familiar manteve-se unido. Em 1955 Sándor casou-se com Irene, assumindo então, por sua vez, a responsabilidade de cuidar paternalmente da família do amigo, mesmo após o falecimento de Irene, em 1966. Seus familiares por adoção e afinidade são hoje, quase todos, profissionais dedicados à continuidade de seu trabalho.

Nessa época, meados dos anos cinqüenta, Sándor passou a lecionar "Psicologia Profunda" na Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mantinha também, nos grupos já mencionados, o estudo de temas correlatos: desde técnicas básicas de relaxamento (Shultz, Jacobson, Reich, além da Calatonia) até variados textos de Psicologia Junguiana, astrologia e temas esotéricos.

Não aceitava pagamento dos grupos de astrologia e estudos esotéricos, mas somente dos grupos que optassem por temas estritamente acadêmicos. Explicava que não poderia cobrar por ensinamentos que recebera gratuitamente. Era extremamente exigente quanto à pontualidade, assiduidade, bem como quanto à dedicação de seus alunos para participarem em tais grupos.

Nos anos 70, passou a ensinar as técnicas de trabalho corporal no meio acadêmico, no curso "Integração Fisiopsíquica" da Faculdade de Psicologia, na PUC-SP. No início dos anos 80, Sándor iniciou o Curso de Especialização no Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo, que conduziu até 1992, ano de seu falecimento.

No final dos anos 80, iniciou também a realização dos "Encontros de Final de Ano", realizados no próprio Sedes Sapientiae, em que seus alunos relatavam os resultados de suas próprias práticas e pesquisas.

Casado desde 1985 com Maria Luiza Simões, também psicóloga e colaboradora, Sándor dividia seu tempo entre os cursos no Sedes, os grupos de estudo e seus pacientes em consultório. Seu 'descanso sagrado' eram os finais de semana passados no sítio de Pocinhos do Rio Verde (próximo à Poços de Caldas) onde se "recarregava" através do contato com a natureza.

E foi nesse sítio no dia 28 de janeiro de 1992, onde passava as férias de verão, que veio a falecer em seu sono.

Para o grande grupo de alunos o primeiro sentimento foi de incredulidade. Logo após, o sentimento de uma grande perda. Mas em seguida, prevaleceu a mensagem essencial do exemplo de vida de Sándor. Houve uma intensa mobilização do grupo no sentido de dar continuidade ao trabalho por ele iniciado.

Os grupos de estudos continuam através de vários profissionais e o curso de Especialização, bem como os Encontros de Cinesiologia (todo final de ano), ainda acontecem no Instituto Sedes Sapientiae.

* Referimo-nos ao livro "Técnicas de Relaxamento", em que Sándor apresentou a Calatonia. A indicação completa desta publicação encontra-se na nossa bibliografia.

** Agradecemos à Agnes Geöcze (filha 'de coração' de Sándor) por pacientemente nos auxiliar na ordenação e complementação das informações aqui contidas.

Texto redigido por Rosa Farah

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A sutileza do toque

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Calcanhar

A integração corporal que inclui coração e alma é objetivo da calatonia, técnica psicossomática

Tocar de forma delicada regiões específicas dos pés é uma espécie de ritual, uma atitude de reverência àquela parte importante e esquecida que sustenta todo o edifício corporal e dá base a cada um de nós para a nossa caminhada na vida.

De acordo com a terapeuta corporal, Francyska Almeida, os toques sutis como a calatonia, o Reiki e outras técnicas, utilizam-se do alto potencial da sensibilidade cutânea a fim de proporcionar vivências multissensoriais. Os estímulos empregados são sentidos não somente na dimensão física, mas também no nível emocional, mental e espiritual.

No caso dos pés, há milênios os chineses descobriram a correlação reflexa de cada uma das partes da base e de todo o organismo, mapeando essa região. Constataram que qualquer estímulo nos pés atuava sobre a totalidade do organismo de modo reestruturador.

Reequilíbrio

O terapeuta que lança mão dos toques sutis da calatonia entende que a aplicação, na seqüência determinada, conduzem as diferentes partes onde se localizam articulações, áreas com extensa sensibilidade nervosa e/ou circulatória, com acesso a processos ósseos, entre outros, a um reequilíbrio global.

Francyska Almeida esclarece que, em função do histórico e evolução do processo de acompanhamento da pessoa tratada, os critérios de escolha dos “pontos de toque” específicos variam em cada um dos casos.

“Trata-se de uma técnica terapêutica muito simples, com base em toques suaves. Seu criador, o médico e psicólogo húngaro, Pethö Sándor, chegou à calatonia no período de guerras, quando atuava na Cruz Vermelha, tendo ajuda muitos ex-combatentes a se recuperarem”, descreve.

Naquela época, registra Francyska, Dr. Sándor conviveu com a constante falta de remédios para aliviar as inúmeras dores, sobretudo dos soldados cujos membros eram amputados. Teve a felicidade de constatar que o método minimizava as reações compulsivas, dores dos membros fantasmas, depressões e abalos de maneira geral, ao se atuar sobre essas terminações nervosas.

A calatonia, justifica a terapeuta corporal, utiliza do potencial da sensibilidade da pele de todo corpo, o qual é carregado de terminações nervosas. Por isso, tem condições de promover em cada aplicação um relaxamento profundo no paciente e, como conseqüência, produzir uma liberação de bloqueios e emoções reprimidas em níveis musculares, por meio da mobilização de sensações e percepções jamais percebidas de outro modo.

Dr. Sándor, ressalta a especialista, foi conduzido pela intuição para desenvolver essa técnica, que era aplicada em toques com contato suave e de modo não estruturado, sobre os pés de seus pacientes. Mesmo sendo assim tão leves, esses toques conseguiam atenuar sintomas e ajudavam na recuperação dos doentes, tanto na parte física quanto psicoemocional.

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Conexões

O psicólogo, psicoterapeuta e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), Fernando Nobre Cortese fala que atualmente há uma grande busca de síntese em diversas áreas do conhecimento humano. O objetivo é chegar a um denominador comum entre áreas aparentemente diversas e sem qualquer conexão, como acontece com a pesquisa científica ortodoxa, os textos das tradições espirituais, assim como a Física Quântica.

Autor de “Calatonia e Integração Fisiopsíquica” (Editora Escuta), Cortese buscou com o livro preencher uma lacuna importante no trabalho realizado com a calatonia. Tendo sido aluno e convivido muitos anos com Dr. Sándor, o psicólogo foi fiel na retransmissão da técnica, com a ressalva de que este trabalho está muito além de ser uma técnica psicossomática, e sim uma postura existencial, com toques para o corpo, o coração e a alma.

A calatonia nos pés, ressalta Francyska Almeida, é indicada para atenuar os sintomas de pessoas estressadas, portadoras de insônia, enxaqueca, asma, obesidade, ansiedade, instáveis emocionalmente, com alteração de postura física, dores ciáticas, coluna, dores fantasmas em membros amputados. Também pode ser empregada juntamente com a fisioterapia, nos casos de lesões cerebrais, seqüelas de (AVC) transtornos alimentares, disfunções glandulares, perdas, antes da realização de concursos, cirurgias ou apresentações.

“É feita através da aplicação de uma seqüência de nove toques na área dos pés, dedos, calcanhares ou tornozelo e panturrilha, fechando com toques polarizantes na cabeça, ombros ou pés. Nesta terapêutica - feita com os toques sutis - o terapeuta atinge de forma simples e suave as áreas do corpo onde há concentração de receptores nervosos. Esses toques são feitos em um ambiente silencioso, durante cerca de três a cinco minutos em cada um dos pontos dos pés”, descreve a terapeuta corporal.

Complementando outras abordagens, a calatonia por ser simples e muito delicada, também pode ser utilizada, diz a terapeuta corporal, com o intuito de fechar outros trabalhos com terapias complementares. Os toques sutis estão entre as numerosas modalidades de trabalho corporal desenvolvidas pelo Dr. Sándor a partir dos mesmos princípios da calatonia, dentre eles, a Cinesiologia.

LIVRO"Calatonia e Integração Fisiopsíquica"Fernando N. CorteseR$ 28,00140 páginas2008EDITORA ESCUTA

FIQUE POR DENTRO

Estimular áreas dos receptores nervosos

A calatonia foi criada por Pethó Sándor, um médico húngaro no período da Segunda Guerra Mundial. Dr. Sándor radicou-se no Brasil em 1949, permanecendo aqui até seu falecimento, em 1992. Desenvolveu inúmeros trabalhos clínicos no País, continuando suas pesquisas iniciadas quando ainda vivia na Europa, no pós-guerra.

A técnica específica da calatonia é voltada para promover um relaxamento profundo, por meio de toques leves, os quais levam também à regulação do tônus muscular. Seu objetivo é conduzir ao reeqüilíbrio físico e psíquico do paciente.

Em essência, a calatonia atua com sensibilidade táctil, por meio da aplicação de estímulos suaves, em áreas do corpo onde se verifica especial concentração de receptores nervosos.

A técnica integra uma série de nove toques feitos em silêncio e de forma suave por dois ou três minutos por um terapeuta na área dos pés: em cada um dos artelhos, em dois pontos da sola dos pés, calcanhares; e tornozelos, além de mais um toque no início da barriga das pernas. Pode ser acrescido do décimo toque, conhecido como ´calatonia da cabeça´, aplicado na nuca (região occipital).

DADOS

LEVEZA E SUAVIDADE

1 INÍCIO: A terapeuta inicia a sessão com o toque nos pés, como reconhecimento e acolhimento desse suporte que sustenta toda a estrutura corpórea e favorece o aterramento do ser na realidade física

2 DEDOS: Cada dedo dos pés é tocado para estabelecer o equilíbrio de todas as funções, dos níveis físico, emocional e mental. O primeiro corresponde ao relaxamento muscular, o seguinte regula o tônus afetivo e o mental

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3 HÁLUX: Quem pratica a calatonia desenvolve um alto nível de percepção (sensação e intuição) profunda de seu paciente em seus diversos níveis. O toque no hálux equilibra os elementos e sua síntese

4 CALCANHAR: Os toques para a aplicação da calatonia são tão suaves como se alguém segurasse uma bolha de sabão. Aqui se sustenta o calcanhar e ao redor dos maléolos. O toque seguinte é na perna (panturrilha)