11 - Conceito - Formação e Medida Da Personalidade

download 11 - Conceito - Formação e Medida Da Personalidade

If you can't read please download the document

description

Formaçao

Transcript of 11 - Conceito - Formação e Medida Da Personalidade

Parte 3 PERSONALIDADEOBJETIVOS DA APRENDIZAGEMDepois de estudar este capitulo, voc dever ser capaz de:explicar o que significa personalidade em Psicologia; nomear e descrever os princpios subjacentes s diversas definies de per sonalidade; apontar os dois grandes fatores que formam a personalidade e explicar a re lao entre eles; explicar por que a hereditariedade significa, ao mesmo tempo, diferenas e semelhanas entre os indivduos; distinguir entre hereditariedade da espcie e individual e fornecer exemplos da influncia de ambas na formao da personalidade; distinguir entre meio fsico e social e fornecer exemplos da influncia de ambos na formao da personalidade;- listar e descrever as diferentes maneiras de medir a personalidade.Cap. 11 - CONCEITO, FORMAO E MEDIDA DA PERSONALIDADECONCEITO DE PERSONALIDADETodos ns j ouvimos falar, provavelmente muitas vezes, em per sonalidade Ou um pai que, orgulhoso, diz que seu filho tem uma personalidade forte, ou algum que, ressentido, diz que seu colega n tem personalidadeO que estas pessoas estariam querendo significar com esta palavra? Pode ser que o pai esteja dizendo que seu filho exerce uma influnciamarcante sobre os amiguinhos dele e a outra pessoa, quem sabe, est163afirmando que o colega no sustenta suas opinies em todas as situa es.O que parece comum, neste exemplos, e tambm sempre que a pa lavra personalidade usada na linguagem informal, a referncia a um atributo ou caracterstica da pessoa, que causa alguma impresso nos outros. Isto tambm vlido quando se ouve falar em personali dade tmida ou agressiva, etc.Este significado implcito derivado, provavelmente, do sentido etimolgico da palavra.Personalidade se origina da palavra latina persona, nome dado mscara que os atores do teatro antigo usavam para representar seus papis (per-sona significa soar atravs).O sentido original do termo est, pois, bastante relacionado ao sen tido popular porque se refere aparncia externa, impresso que cada um causa nos outros.E os psiclogos, o que entendem por personalidade?O psiclogo Gordon Allport, da Universidade de Harvard, listou, em 1937, cinqenta definies diferentes da palavra e, depois de estu d-las, classificou-as em categorias gerais. Este estudo e outros que pos teriormente foram feitos, permitiram identificar a existncia de idias fundamentais comuns a respeito da personalidade, isto , pode-se perceber princpios subjacentes s vrias tentativas de conceituar per sonalidade. Estes princpios so:a) Principio da globalidade: Os vrios traos e caractersticas, os vrios sistemas, cognitivo, afetivo e de comportamento so integrados e fundidos. Elementos inatos, adquiridos, orgnicos e sociais esto in cludos no conceito de personalidade. Personalidade tudo o que so mos.b) Princpio social. impossvel pensar em personalidade sem di menses sociais. As caractersticas de personalidade se desenvolvem e se manifestam em situaes sociais. A personalidade consiste nos h bitos e caractersticas adquiridos em resultado das interaes sociais, que promovem o ajustamento do indivduo ao meio social.c) Princpio da dinamicidade. Personalidade um conceito essen cialmente dinmico. Os vrios elementos interagem, combinando-se e produzindo efeitos novos e originais. Entende-se, pois, que a perso nalidade o que organiza, integra e harmoniza todas as formas de com portamento e caractersticas do indivduo, de tal maneira que h um grau de coerncia no comportamento. Apesar da coerncia e estabili dade, a personalidade sempre capaz de receber novas influncias, adaptar-se a novas circunstncias.d) Princpio da individualidade. A personalidade sempre uma rea lidade individual, que marca e distingue um ser do outro. H sem pre uma dimenso peculiar e nica da personalidade. Cada um de ns nico no mundo. A personalidade, ento, o conjunto de todos os aspectos prprios do indivduo pelos quais ele se distingue dos outros.A partir de todas estas concepes comumente aceitas, pode-se, re sumindo, dizer que, em Psicologia, entende-se por personalidade quele conjunto total de caractersticas prprias do indivduo que integradas, estabelecem a forma pela qual ele reage costumeiramente ao meio.possvel perceber que personalidade , talvez, o conceito mais amplo em Psicologia, j que abrange, de uma forma ou de outra, todos os tpicos estudados por esta cincia, como o fsico, as influncias sociais, as emoes, a aprendizagem, as motivaes, etc.Todo o conhecimento psicolgico, enfim, contribui, para a compre enso da personalidade: os fatores que a constituem, como ela se desen volve, as causas das diferenas individuais, etc.A FORMAO DA PERSONALIDADEA configurao nica da personalidade de um indivduo desenvol ve-se a partir de fatores genticos e ambientais.Os fatores genticos exercem sua influncia atravs da estrutura orgnica e do processo de maturao. Os fatores ambientais incluem tanto o meio fsico como social e comeam a influenciar a formao da personalidade j na vida intra-uterina.No mesmo instante em que o ovulo fecundado, isto , no momen to da concepo, o ser humano recebe a totalidade de sua herana gentica. Nada poder ser acrescentado. Mas a partir do momento da fecundao, este projeto de indivduo se encontra necessariamente sob a influncia de um ambiente, o tero materno, habitat primrio dos mamferos. Portanto, do ponto de vista da gentica, nem tudo aquilo com que nascemos (congnito) hereditariedade.Personalidade e HereditariedadeHereditariedade a transmisso de caracteres dos pais aos seus des cendentes atravs dos genes. Os genes (ou gens) so estruturas mins culas encontradas nos cromossomos, presentes no ncleo das clulas.As clulas humanas, segundo as ltimas pesquisas, tm 46 cromos somos dispostos em 23 pares. As clulas germinativas (espermatozide e vulo) contm apenas um membro de cada par, de modo que, quando se unem e formam o zigoto, completam novamente os 23 pares.165164Assim, na formao de cada novo indivduo, exatamente a metade dos cromossomos vm do pai e a outra metade, da me.Um clculo terico estabeleceu em 8.385.108 (223) o nmero possvel de combinaes diferentes de cromossomOs para um nico homem ou para uma mesma mulher (Krech e Crutchfield, 1974, p. 241). Resulta da que, numa concepo, qualquer um destes milhes de espermatozides diferentes pode fecundar qualquer um dos milhes de ti pos de vulos. A possibilidade de nascerem indivduos diferentes, no entanto, ainda infinitamente maior, dado o fenmeno do atravessamento, isto , possvel troca de genes entre os cromoSsomoS.Apontam Bigge e Hunt (1975, p. 155) que as combinaes possveis de genes so de tal ordem que um nico casal poderia ter 20 tipos diferentes de crianas, nmero superior ao total de seres humanos que jamais existiram.No surpreendente, portanto, que dois irmos possam ser muito diferentes entre si e nem que cada pessoa seja nica no mundo.Seria um erro pensar, entretanto, que a hereditariedade estabelea apenas diferenas entre as pessoas; existe um limite para as diferenas individuais estabelecidas pela hereditariedade. Qualquer que seja a combinao de cromossomos que venha a ocorrer, nada poder estar a que no tenha provindo de um dos pais. Quanto mais prximas as relaes de parentesco entre as pessoas, menores so as diferenas genticas encontradas. Assim, as diferenas entre primos so maiores do que entre irmos, entre gmeos fraternos do que entre gemos idnticos. Estes, gmeos univitelneos, so as nicas pessoas iguais entre si do ponto de vista gentico. Por isso, so de grande interesse para o estudo das questes ligadas hereditariedade.Como a hereditariedade influencia a formao da personalidade? Em primeiro lugar, preciso deixar bem claro que a hereditariedade no se constitui em causa direta do comportamento. Sua influncia se d de forma indireta, atravs das estruturas orgnicas pelas quais respondemos aos estmulos.Para se compreender melhor a influncia da hereditariedade, til distinguir entre hereditariedade da espcie e hereditariedade individual.A hereditariedade da espcie caracteriza todos os membros de uma mesma espcie. Certas possibilidades e limitaes do comportamento; j so estabelecidas aqui pelas diferentes estruturas orgnicas herdadas.As estruturas orgnicas diferentes que possibilitam ao pssaro voar e ao homem falar e no possibilitam o vice-versa. Enfatiza-se a expesso possibilidade, j que a presena de determinada estrutura condio necessria, mas no suficiente para o desenvolvimento de determina do comportamento. O fato de possuirmos uma estrutura que nos permi te falar lnguas estrangeiras no garante que necessariamente as falare mos. As estruturas so herdadas mas o comportamento no.A maturao o processo fisiolgico pelo qual a hereditariedade atua durante toda a vida, determinando mudanas na estrutura do cor po, no funcionamento das glndulas e do sistema nervoso. Em conse qncia, tambm ocorrero mudanas no comportamento. Assim, tambm responsabilidade da hereditariedade da espcie que espcis diferentes tenham diferentes ritmos de maturao.O conhecido estudo de Kellogg, da Universidade de Indiana, apon tou este fenmeno. Esses estudiosos trouxeram para casa um filhote de chipanz, Gua, e o trataram em tudo como a seu prprio filho Donald. As mesmas condies de estimulao e aprendizagem foram garantidas. O chipanz, devido ao seu ritmo de maturao, aprendeu a subir uma escada e a desc-la, abrir uma porta, operar um interruptor de luz, beber em um copo, comer com a colher e controlar os esfncteres, tudo isto bem antes que Donald. No entanto, aos poucos, Donald passou a superar Gua.A hereditariedade da espcie determina, ainda, que espcies dife rentes tenham diferentes comportamentos instintivos ou no apren didos. (Ver cap. 8).A hereditariedade individual a que, excetuando-se a influncia do ambiente, faz um indivduo ser diferente de outro da mesma esp cie.Os indivduos, j por ocasio do nascimento, diferem acentuada mente quanto ao nvel de atividade. Isto, por sua vez, acarretar dife renas acentuadas na maior ou menor percepo de estmulos e conse qente aprendizagem. Desde o nascimento, umas crianas reagem pron tamente s variaes de luz, som, temperatura, etc. e outras permane cem quase insensveis.Provavelmente, os fatores hereditrios desempenham papel mais preponderante na determinao dos padres de comportamento dos animais do que dos seres humanos. Mesmo assim nossas diferenas fi siolgicas, determinadas geneticamente, desempenham papel decisivo na formao de nossa personalidade.Apesar de no existir uma relao causal direta entre estruturas hereditrias e auto-estima, agressividade, sociabilidade e outras carac tersticas de personalidade, ns nos comportamos por meio de nosso corpo e a estrutura e funcionamento do organismo so influncia dos pela hereditariedade.166167A nossa aparncia fsica influencia muito na maneira pela qual se remos tratados pelos outros e a partir das relaes interpessoais se estabelecem muitas caractersticas pessoais, como o auto-conceito e outras. (Ver cap. 4).So aceitos os princpios segundo os quais incapacidades corpo rais e deformidades fsicas influenciam a personalidade. Elas determi nam no s um auto-conceito negativo, mas tambm desencadeiam mecanismos compensatrios. Adier defendeu com vigor esta tese.De um modo geral, as pesquisas indicam que pessoas portadoras de defeitos fsicos ou muito diferentes, fisicamente, da maioria das pes soas na sua cultura, apresentam um indice maior de retraimento social, infelicidade e comportamentos defensivos. Esses indivduos so, em geral, desestimados pelo sociedade e tm grande propenso para aceitar esse julgamento desfavorvel, o que os conduz inevitavelmente a um conceito negativo de si mesmos. Interiorizado o conceito negativo, passam a agir de acordo com ele. O nvel de ansiedade tambm costu ma ser maior nestas pessoas. Sob o domnio da ansiedade, sentem maiores dificuldades e enfrentam menos adequadamente o meio.Outra descoberta que atesta a influncia da hereditariedade indivi dual sobre a personalidade que inmeras desordens de comportamen to pressupem certas predisposies orgnicas herdadas. Estados de pressivos, por exemplo, podem ser causados por insuficincia de insu lina.Para concluir, ressalta-se a idia de que a hereditariedade no causa direta do comportamento, mas atravs das estruturas orgnicas, estabelece limites para as manifestaes comportamentais.Parece ser til a diviso do conceito de ambiente em ambiente fsico e social. O primeiro se refere s influncias da nutrio, tempe ratura, altitude etc., e o segundo s influncias das relaes interpes soais.Pode-se, portanto, incluir sob o rtulo um nmero enorme, de fatores que influem na formao da personalidade. Entre eles esto: a situao pr-natal, as primeiras experincias infantis, a constelao familiar, as relaes entre pais e filhos, as variadas influn cias culturais e institucionais e muitos outros.J so amplamente conhecidos os resultados de alteraes no am biente pr-natal. Dieta inadequada, ingesto de drogas e tratamento de raio X durante a gravidez podem alterar profundamente a perso nalidade do futuro beb. Emoes fortes e prolongadas, neste pero do, podem fazer o mesmo. Isto se deve, provavelmente, s alteraes hormonais que passam, atravs da placenta, para o feto, tornando-oexcessivamente ativo. Depois do nascimento, esta criana pode conti nuar a sofrer os efeitos destas alteraes, sendo hiperativa e irritvel.A nutrio um fator dos mais importantes no desenvolvimen to da personalidade em muitos, seno em todos os aspectos, como, inteligncia, constituio fsica, coordenao motora, ateno, mem ria, etc., sem se falar nas caractersticas derivadas destas, como o caso do auto-conceito.As primeiras experincias na vida de uma pessoa so as mais impor tantes. Freud e a maioria dos estudiosos acredita que a estrutura da personalidade fixada nos primeiros anos de vida; o que ocorre ou dei xa de ocorrer neste perodo decisivo.Tem-se pesquisado bastante, recentemente, sobre os efeitos das privaes de estimulao nos primeiros momentos da vida. Vrios es tudos envolvendo crianas criadas em orfanatos, comparadas com cri anas criadas em ambientes familiares, apontam, naquelas, uma srie de problemas como sade fraca, declnio intelectual progressivo e desajuste social e emocional.As privaes sensoriais iniciais tm uma influncia marcante no desenvolvimento da criana, que no facilmente superada mesmo que depois se lhes oferea um meio estimulante. Os estudos efetuados com as chamadas crianas selvagens ilustram bem este ponto. Com animais, muitas so as pesquisas sobre privao sensorial ou quaisquer condies especiais do ambiente no incio da vida.Harlow e Zimmermann estudaram macacos criados por mes verdadeiras e mes substitutas feitas de pano e arame. (Este estudo j foi referido no cap. 6). Em situaes de emergncia, os filhotes recorriam me substituta de pano, independentemente de qual delas ha via amamentado o animal. Ficou claro que o contato macio e aconchegante representa uma estimulao importante. Mesmo os filhotes criados com a me de pano, comparados aos criados com a me verdadeira, apresentam, na vida adulta, comportamentos peculiares e anormais. So mais agressivos e anti-sociais, apresentam desenvolvimento psicomotor deficiente e tm grande dificuldade de manter relaes sexuais normais.Freud foi um dos primeiros estudiosos a chamar a ateno para as experincias traumatizantes, principalmente na primeira infncia. Atribuiu grande importncia a certas atividades como a de alimentar a criana, o treinamento para o controle dos esfncteres, educao sexual e o controle da agresso.Alfred Adier procurou na constelao familiar uma explicao para a personalidade. Cada membro da famlia tem uma posio dife168169rente que determinada pelo sexo e pela ordem de nascimento. Essa posio no contexto familiar gera certas caractersticas peculiares.Rosenthal estudou a relao existente entre expectativas dos pais e o nvel de aspirao e desempenho dos filhos.Alm das primeiras experincias e do meio familiar, a sociedade exerce poderosa influncia sobre a personalidade, particularmente no perodo da adolescncia, quando os grupos de amigos, a escola e a cultura tornam-se poderosos agentes determinantes da personalidade.Tipos de Estudos sobre a Questo Hereditariedade e Meio-AmbienteJ se destacou, no Cap. 9, a dificuldade e talvez, mesmo, impropriedade de se traar uma linha demarcatria entre as influncias da hereditariedade e ambiente. Estes dois fatores interagem, numa relao multiplicativa, para determinar qualquer caracterstica da personalidade.No entanto, muitas vezes seria desejvel, at por razes prticas, estabelecer o peso da contribuio de cada fator nas diferenas encontradas entre os indivduos. Por exemplo, se a inteligncia fosse uma questo preponderantemente gentica, tornar-se-iam de pouca utilidade os esforos de muitos programas educacionais que buscam desenvolv-la.Apenas pela observao do comportamento de uma pessoa, entre tanto, no possvel responder a questes como esta. Para isso, muitos estudos tm sido criativamente elaborados. (alguns j foram referidos neste livro).Os primeiros consistiram em investigar genealogias familiares.Francis Galton, cientista ingls, publicou uma obra em 1869 sobre isto. Estudou um grande nmero de rvores genealgicas de pessoas ilustres (principalmente entre militares e artistas) e acreditou ter encontrado provas de que a genialidade herdada. De Candolle, suo, 1873, escreveu uma espcie de refutao s idias de Galton. Listou uma srie de influncias ambientais, tais como riqueza, boa educao, localizao geogrfica, laboratrios e bibliotecas acessveis, que teriam influenciado mais de 500 cientistas europeus.Estes dois estudiosos, infelizmente, cometeram o mesmo tipo de erro. Levados pelo entusiasmo de provar as suas idias, ignoraram a influncia ambiental ou gentica.Os casos dramticos e raros das chamadas crianas selvagens, embora sem dados completos, fornecem um exemplo vigoroso da in fluncia do meio-ambiente.Trata-se de crianas que foram encontradas vivendo nas florestas,como animais. Os casos mais conhecidos so o do selvagem de Avey ron, menino de uns 11 anos, encontrado em 1799, ao sul da Frana; o das crianas-lobo, duas meninas que viviam com lobos, com 9 e 2 anos aproximadamente, encontradas em 1920, na provncia de Bengala, na ndia; o caso de Tamasha, o rapaz selvagem de Salvador, que possuia muitos comportamentos de macaco.O estudo destes casos, nem sempre to detalhados quanto seria de sejvel, leva a algumas poucas concluses. Estas crianas desenvolve ram comportamentos de certa forma adaptados ao seu ambiente, como certos meios de locomoo, sons lingsticos, reaes emocionais. Estes comportamentos, entretanto, esto longe de ser aqueles que conhecemos como humanos. No existe a linguagem, a conduta social, o raciocnio, pelo menos como os conhecemos. possvel uma recuperao, at certo ponto, destas crianas, mas quanto maior o tempo em que ficaram isoladas, menor a probabilidade de virem a ser normais.Experimentos tm sido feitos com animais, em que eles so cria dos em condies de isolamento desde a mais tenra idade, permitindo-se-lhes ou no, estimulao sensorial. As observaes destes animais, na idade adulta, mostram que eles se tornam pouco adaptveis, no mostram algumas das reaes que se considera tpicas das espcies e no resolvem problemas simples de aprendizagem.O cruzamento seletivo de animais (ver exemplo no cap. 9) mostrou que possvel obter, em poucas geraes, descendentes com caractersticas bem evidentes: maior ou menor inteligncia, agressividade, emotividade, etc.Com seres humanos, um experimento de privao sensorial consiste em colocar pessoas (voluntrios) num pequeno compartimento com o menor nmero de estmulos possvel: olhos vendados, ouvidos tapados, mos e ps cobertos por luvas grossas (Bexton, Heron e Scott). Os sujeitos relatam que em muito pouco tempo tornam-se incapazes de concentrar-se em qualquer coisa e comeam a ter alucinaes.Estes estudos enfatizam a necessidade de contato contnuo com o meio-ambiente fsicos e social para um comportamento normal.Os gmeos idnticos criados em ambientes diferentes constituem um objeto de especial interesse para os psiclogos, pois sendo sua constituio gentica exatamente a mesma, eventuais diferenas obser vadas no seu comportamento podem ser atribudas ao do meio.Os gmeos fraternos, to parecidos geneticamente quanto dois irmos quaisquer, tm, na maioria dos casos, um ambiente muito pa recido. (No possvel falar em ambientes iguais). No caso de serem170171detectadas diferenas muito acentuadas no seu comportamento, talvez elas possam ser atribu (das hereditariedade.Os filhos adotivos tambm se constituem em excelente material de estudo porque podem ser comparados, segundo muitas caractersticas, aos pais verdadeiros e aos pais adotivos. Quando em alguma caracters tica se assemelham mais aos pais verdadeiros, razovel atribuir a se melhana hereditariedade; se ocorre o contrrio, ao meio.Os estudos com gmeos e filhos adotivos tm investigado, com maior freqncia, os efeitos da hereditariedade e meio sobre a inteli gncia, mas procurando-se fazer uma sntese das suas descobertas, os gmeos idnticos criados em ambientes diferentes (apesar de no se poder estabelecer em quanto) tm mostrado notvel semelhana em es trutura fsica, inteligncia e execuo motora. Gmeos fraternos, assim como outros irmos que crescem juntos, so muitos mais semelhantes do que os que crescem separados; os filhos adotivos so mais semelhan tes, no que se refere inteligncia, aos pais verdadeiros do que aos pais adotivos.Estas concluses parecem apoiar a tese da maior influncia da he reditariedade, mas quando, com estes mesmos sujeitos, se investiga as atitudes sociais e os interesses, verifica-se que eles so determinados basicamente pelo meio.A comparao entre as personalidades das pessoas criadas em cul turas diferentes (ver exemplo no Cap. 3) revela a grande diferena es tabelecida pelas condies diferentes de criao, hbitos, valores e pr ticas sociais, atestando a importncia do meio.MEDIDA DA PERSONALIDADETendo-se aprendido o conceito de personalidade, tendo-se dado conta da amplitude deste conceito, um subttulo como este mensu rao da personalidade h de causar espanto. Ser possvel medir tudo o que ns somos?A resposta, obviamente, no. Entretanto, os cientistas desenvol veram algumas maneiras de medir alguns aspectos da personalidade e estas maneiras receberam a denominao de testes de personalidade.Assim, alguns testes avaliam a inteligncia, outros as atitudes, os valores, as dimenses introverso-extroverso, etc.Uma avaliao formal e cuidadosa de alguns aspectos da persona lidade recomendada quando decises importantes esto em pauta no caso de tratamento psiquitrico, admisso e promoo no trabalho, planejamento educacional e vocacional. Sem dvida, no se trata detarefa fcil: h muitos problemas tcnicos e ticos envolvidos nessa tarefa.Os principais testes de personalidade so: entrevistas, escalas de a- vai iao, inventrios, testes projetivos e situacionais.A entrevista, que pode ser mais ou menos estruturada, consiste num dilogo que possui propstio definido. Sem dvida, o treinamento do entrevistador determinar em grande parte a validade dessa tcnica. Deve-se ter presente que o comportamento do entrevistador pode interferir nas respostas do entrevistado.As escalas de avaliao grfica, que podem ser respondidas pela prpria pessoa ou por outra,solicitam ao avaliador que registre num deter minado ponto do grfico o seu julgamento referente ao indivduo que est sendo objeto de anlise.Exemplo: Como as pessoas reagem sua presena?_______________________________ L 1Evitado Tolerado EstimadoMuito ProcuradoEstimadoO inventrio de personalidade um questionrio bastante extenso e minucioso que o indivduo responde fornecendo informaes sobre si mesmo. Pode visar a medir um nico, ou vrios traos de personali dade. A maior dificuldade relacionada aos inventrios a possibilida de que oferecem de se responder de acordo com o que se julga ser soci almente aceito. A pessoa no precisa ser muito inteligente para perce ber o que recomendvel como resposta. Para evitar essas possveis fal sificaes os estudiosos tm elaborado indicadores de falsificao.O Inventrio Multifsico de Personalidade de Minnesota (MMP), composto de 495 itens, representa um exemplo clssico de inventrio. Eis algumas das afirmaes que devem ser tomadas como verdadeiras, falsas, ou no posso dizer.N gosto de toda a gente que conheo.Algum tentou roubar-me.Sou perturbado por acessos de nusea e vmito.Disseram-me que costumo caminhar durante o sono.O MMPI possui as seguintes escalas: Hipocondria, Depresso, His teria, Psicopatia, Masculinidade, Parania, Psicastenia, Esquizofrenia, Hipomania e Introverso Social.Outros exemplos de inventrios so: a Tabela de Preferncias Pes 173172soais de Edwars (EPPS), o Teste 16 FP de Cattel, o Estudo de Valores Alipor Vernon Lindzey.Os testes projetivos caracterizam-se por respostas a estmulos pou co estruturados e bastante ambguos. Esses est(mu los provocam uma evocao da personalidade. O objetivo dos testes projetivos a revela de aspectos inconscientes e profundos da personalidade.O teste de borro de tinta de Rorschach e o Teste de Apercepo Temtica (TAT) representam exemplos clssicos de tcnicas projetivas.O TAT consiste basicamente em solicitar ao sujeito que, diante de qua dros ambguos, representando pessoas em variadas situaes, conte uma histria. O indivduo orientado pelas questes: O que est acontecen do?, O que foi que provocou a cena? e Qual seria o desfecho?Os testes projetivos fundamentam-se no seguinte pressuposto: As respostas provocadas pelos estmulos apresentados s pertinentes personalidade do indivduo e se referem a contedos profundos que o sujeito, normalmente, resiste em revelar ou desconhece totalmente. Ao responder aos estmulos o indivduo projeta sua personalidade.No teste situacional, psiclogos observam o comportamento do indivduo numa situao simulada da vida real. O pressuposto bsico que a reao do sujeito diante desta situao representa sua reao vida normal. Nos ltimos anos esta tcnica vem sendo muito empregada e oferece boas perspectivas.OU E ST ES1. O que se entende, em Psicologia, por personalidade?2. Em que sentido as concepes populares divergem e se parecem com a concepo cient(fica sobre personalidade?3. Quais so os princpios, sobre a personalidade, que foram identificados nas definies ao termo? Explic-los.4. Quais s os dois grandes fatores formadores da personalidade? Como, de maneira geral, eles exercem sua influncia sobre a personalidade e como se relacionam para determin-la?5. Como a hereditariedade estabelece diferenas e semelhanas entre as pessoas?6. Qual a distino entre hereditariedade da espcie e hereditariedade individual? Ilustrar a resposta com exemplos da influncia de cada um dos tipos dehereditariedade.7. Apontar algumas das influncias do meio fsico e social sobre a formao da personalidade.8. possvel, literalmente, medir a personalidade? Explicar a resposta.9. Nomear e descrever as diferentes maneiras de medir a personalidade.174