11 - Macgregor - Rebelde

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8/11/2019 11 - Macgregor - Rebelde http://slidepdf.com/reader/full/11-macgregor-rebelde 1/184 REBELDE REBELDE Nora Roberts Nora Roberts Uma mulher passional, capaz de amar e odiar com a mesma intensidade.  A pureza da menina havia sido definitivamente comprometida na noite em que a honra de sua família foi manchada pelos ingleses. A revolta começou a guiar os passos de Serena, cada passo de uma vida cheia de indignação. Enquanto muitas jovens sonhavam com os sales iluminados onde a no!reza fluía dos prazeres da fortuna, a re!elde escocesa via nisso apenas o resultado das injustiças que condenava. "e temperamento e#plosivo e natureza ind$cil, não se amoldava aos padres e#igidos para uma dama dos círculos da realeza. %as o amor pelo conde ingl&s surgiu sem que pudesse reprimi'lo, ela resolveu viver a felicidade de um romance, tão fugidia quanto o !rilho das sedas e dos !rocados.  A separação era inevit(vel) *omo Serena conseguiria se su!meter +s regras de uma sociedade ftil- A um homem que, para ela, representava todos os seus inimigos-

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REBELDEREBELDE

Nora RobertsNora Roberts

Uma mulher passional, capaz de amar e odiar com a mesma intensidade.

 A pureza da menina havia sido definitivamente comprometida na noite em que a honrade sua família foi manchada pelos ingleses. A revolta começou a guiar os passos deSerena, cada passo de uma vida cheia de indignação.

Enquanto muitas jovens sonhavam com os sales iluminados onde a no!reza fluía dosprazeres da fortuna, a re!elde escocesa via nisso apenas o resultado das injustiças quecondenava. "e temperamento e#plosivo e natureza ind$cil, não se amoldava aospadres e#igidos para uma dama dos círculos da realeza.

%as o amor pelo conde ingl&s surgiu sem que pudesse reprimi'lo, ela resolveu viver afelicidade de um romance, tão fugidia quanto o !rilho das sedas e dos !rocados.

 A separação era inevit(vel) *omo Serena conseguiria se su!meter +s regras de umasociedade ftil- A um homem que, para ela, representava todos os seus inimigos-

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*opright / 0122 ! 3ora 4o!erts

5u!licado originalmente em 0122 pela 6arlequin 7oo8s, 9oronto, *anad(.

9ítulo original: 4e!ellion

5u!licado originalmente pela Editora 3ova *ultural em 0121

*opright para a língua portuguesa: 0111 ;4EE"<=>?@ E"<9?4A 3?A *UB9U4AB B9"A.

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PRÓLOGO

Glenroe Forest, Escócia, 1735.

?s ingleses chegaram + tardinha, quando o cCu se adensava de nuvens pesadase as velas e os candeeiros começavam a !rilhar nos chalCs da aldeia. 3aquele sil&ncio,

o estrCpido das patas dos cavalos, transmitido pela vi!ração do solo gelado, ecoou pelafloresta como o surdo ri!om!ar de um trovão, fazendo com que os pequenos animais,

assustados, corressem em !usca de a!rigo.

Serena %acDregor acomodou o irmãozinho de colo no quadril e foi atC a janela.

5apai e seus homens estão voltando da caçada mais cedo, pensou. E ficou

conjeturando por que não irrompiam gritos de !oas'vindas nem e#ploses de riso dascasas situadas no sopC da colina.

Esperou, o nariz achatado contra a vidraça, pelos primeiros sinas da chegada, osoar da trompa, os latidos dos cães, em!ora estivesse ainda ressentida. Uma vez maisnão lhe haviam dado permissão para acompanhar os caçadores.

*oll fora com eles, e tinha apenas catorze anos e não era tão destro no arco eflecha quanto ela. Sua !oca cerrou'se de desdCm, enquanto continuava a perscrutar apaisagem deserta, iluminada pela luz que morria. Seu irmão iria vangloriar'se dessaprefer&ncia durante dias. E ela seria, no fim, + custa de importunação, levada a ouvir suas ga!olices.

%as quando o pequeno %alcolm começou a choramingar, sua irritação sedissipou. Em!alou'o automaticamente, os olhos fi#os na trilha íngreme que corria entreos cercados e os chalCs, murmurando:

' Fique quieto. 5apai não vai gostar de encontrar voc& chorando.

S!ito, uma angstia ine#plic(vel a fez aconcheg('lo contra o peito e olhar nervosamente por cima do om!ro. As velas ardiam nos candela!ros de prata e umaroma !om de ensopado de carneiro evolava'se do caldeirão suspenso so!re o fogo dacozinha. ? assoalho e os m$veis !rilhavam, as arcas recendiam a lavanda dospequenos sach&s que sua mãe confeccionara.

9udo parecia normal, porCm um peso estranho oprimia'lhe o coração. 3umimpulso, enrolou %alcolm num #ale e saiu para o jardim. As som!ras alongavam'se,sinuosas, mas não se ouvia nenhum outro som, alCm do ruído seco das patas doscavalos escalando a trilha da colina.

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ão aparecer a qualquer momento, pensou e, sem sa!er por que, um calafriopercorreu'lhe a espinha. Guando ouviu o primeiro grito, vindo de um dos chalCs, deuum passo para tr(s.

3o mesmo instante, Fiona %acDregor, o lindo rosto p(lido e tenso, desceu

correndo os degraus de pedra. %as não ficou parada aos pCs da escada, como era seuh(!ito, para dar !oas'vindas ao marido.

' Entre, Serena. "epressa)

' %as mamãe...

' amos menina. 5elo amor de "eus) ' Ela agarrou a filha pelo !raço e conduziu'a quase + força pela alameda de cascalho.

' E papai-

' 3ão C seu pai)

 Antes de entrar, Serena viu os primeiros cavaleiros assomarem ao alto da colina.3ão vestiam o manto a#adrezado dos %acDregor, mas os casacos vermelhos dosdrages ingleses. 9remeu de medo. Em!ora tivesse apenas oito anos, j( conhecia asterríveis hist$rias que circulavam na aldeia acerca desses soldados.

' ? que eles querem, mamãe- 3ão fizemos nada)

' 3ão C necess(rio fazer, mas apenas e#istir)

Fiona fechou a porta, num gesto de desafio, mesmo consciente de que isso não

iria deter os intrusos. Apesar de pequena e esguia, não costumava se desesperar nassituaçes difíceis. Sa!ia o que era preciso fazer, e fazia'o calma e competentemente.

' Serena.

' Sim, mamãe-

' ( para o quarto das crianças e leve %alcolm com voc&. 3ão saia de l(enquanto eu não mandar.

' Est( !em, mamãe.

3esse instante, o vale ressoou com outro grito, seguido de um choro selvagem.

5ela janela, as duas viram a fumaça grossa desprender'se do teto de colmo de um doschalCs e chamas saltarem pelas janelas e a!erturas.

' Guero ficar aqui em!ai#o com voc& ' disse Serena com voz tr&mula.

' 3ão, querida.

' 5apai não gostaria que eu a dei#asse sozinha.

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B( fora, ordens de comando elevaram'se no ar, esporas e sa!resentrechocaram'se. ?s imensos olhos verdes de Fiona espelharam preocupação.

' (, agora) E faça o que eu lhe disse.

Serena voou escadas acima. 3ão havia ainda vencido o primeiro lance, quando

ouviu alguCm !ater com força na porta da ftente. 5arou e voltou'se. Um grupo dedrages estava parado no hall de entrada. Um deles avançou alguns passos e inclinou'se profundamente diante de sua mãe, que permanecia empertigada e altiva no meio dasala. %esmo daquela distHncia, ela perce!eu a ironia do gesto.

' 5egue %alcolm ' disse !ai#inho a DIen, sua irmazinhã de cinco anos que aaguardava no topo da escada. ' ( para o quarto das crianças e feche a porta.

' %as Serena...

' "epressa) E não dei#e o !e!& chorar.

"epois disso, agachou'se junto ao corrimão e ficou + espreita.

' Fiona %acDregor- ' ouviu o dragão perguntar secamente.

' Sou lady %acDregor.

Fiona estava disposta a arriscar a vida para proteger seu lar, seus filhos. %asrecusava'se a adotar uma atitude hip$crita de su!missão.

' Gue direito tem o senhor de invadir minha casa- ' disse, um olhar de desdCm!rilhando nos olhos verdes e orgulhosos.

' *om o direito de um oficial do rei)' Guem C o senhor-

' *apitão Standish, a seu serviço. ' Ele tirou lentamente as luvas, esperando ver o medo estampar'se no rosto dela. ' ?nde est( seu marido... lady %acDregor-

' ? senhor destas terras est( caçando em companhia de seus homens.

Standish não proferiu palavra alguma. ?lhou durante alguns segundos aorgulhosa criatura que tinha diante de si e depois fez sinal a tr&s de seus homens paraque iniciassem a !usca.

Fiona não nutria esperança de que qualquer sentimento de compai#ãoconseguisse a!randar o coração daquele homem. 4esolveu, portanto, conservar intactos seu orgulho e sua dignidade, revidando ironia com ironia.

' *omo v&, chegou em m( hora. 6( apenas mulheres e crianças em Dlenroe. ?ufoi talvez por isso que tenha se atrevido a vir atC aqui-

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Sem pensar duas vezes, Standish levantou a mão e es!ofeteou'a duramente,primeiro numa face depois na outra.

' Aprenda a respeitar um oficial de sua majestade, escocesa)

Serena desceu as escadas com a velocidade de uma !ala e atirou'se so!re ele,

martelando'lhe o peito com os punhos cerrados.

' %eu pai o matar( por isto)

? homem empurrou'a para um lado com !rutalidade.

' 5irralha do inferno)

Fiona colocou'se diante da filha, protegendo'a com seu pr$prio corpo.

' ?s homens do rei Deorge costuma !ater em crianças- São essas as leisinglesas-

 A respiração de Standish acelerou'se. 3ão podia permitir que seus homens ovissem em desvantagem diante de uma mulher e uma criança, especialmente quandoam!as pertenciam + ralC escocesa) %as tinha ordens apenas para interrogar e dar !uscas nas casas dos suspeitos. Em!ora descontente com seus sditos escoceses, arainha *arolina não gostaria que acontecesse um incidente isolado na Alta Esc$cia.

' Beve essa pirralha para cima e tranque'a num dos quartos ' ordenou em tom(spero a um de seus drages.

Sem uma palavra, o soldado agarrou Serena pela cintura, tomando cuidado para

evitar seus pontapCs e seus punhos.' A senhora cria gatos selvagens, milady ' o!servou Standish, voltando'se para

Fiona.

' %inha filha não est( acostumada a ver um homem usar de viol&ncia com suamãe ou outra mulher qualquer.

? capitão fitou aquela !ela mulher, s$ e sem protetores, com ar pensativo. 3ãoreconquistaria a estima de seus homens punindo uma criança. %as a mãe... Um sorriso

cruel contraiu'lhe os l(!ios, quando disse:

' Seu marido C acusado de estar envolvido na morte do capitão 5ortenous.Fiona surpreendeu'se.

' ? capitão não foi sentenciado + morte pela corte inglesa por ter atirado so!reuma multidão indefesa-

' ? capitão atirou num grupo de desordeiros, não em homens indefesos. "equalquer modo, a sentença que o condenava + morte foi suspensa.

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Standish colocou a mão no punho da espada. Ele tinha fama de cruel mesmoentre seus pares. Achava que medo e intimidação ajudavam a conservar seus homensna linha. 5or que isso não iria funcionar com uma vaga!unda escocesa-

' Suspensa- 5or qu&-

' 5ortenous foi encontrado morto em sua cela. Gueremos desco!rir seusassassinos.

' 3ão sinto pena desse desaventurado ' disse Fiona. ' %as posso lhe garantir que não temos nada a ver com sua morte.

' 5ois temos prova mais do que evidente que seu marido assassinou, ou mandouassassinar o capitão.

' <sso C falso) ' e#clamou Fiona, revoltada.

' Milady, como sua esposa, não ter( direito + proteção da rainha ' continuou

Standish, impertur!(vel ', a menos que coopere com a justiça.

' A rainha, melhor do que ninguCm, deve sa!er de que lado se acha a justiça. Eunão tenho nada a declarar)

' J uma pena.

? capitão sorriu com fingida simpatia e deu um passo para a frente.

' 3esse caso, vou lhe mostrar o que acontece +s mulheres desprotegidas.

3o andar superior, Serena !ateu na porta com os punhos atC suas mãos

sangrarem. "epois, pKs'se a andar de um lado para outro do quarto, agitada. "o lusco'fusco que reinava fora, chegavam longos e lamentosos gritos femininos. %as elapensava unicamente em sua mãe, sozinha e desprotegida no meio dos odiados

soldados ingleses.

Guando, afinal, a chave voltou a girar na fechadura, saiu a correr do quarto,

precipitou'se para as escadas e atravessou a sala. Sua mãe estava caída junto +lareira. Suas feiçes finas apresentavam uma palidez intensa, o vestido rasgado

permitia distinguir as manchas arro#eadas que se espalhavam pelo corpo inteiro.

*aiu de joelhos a seus pCs.

' %amãe)

Ela chorava. L( a vira chorar antes, mas não assim, com l(grimas silenciosas edesesperançadas. 9irou uma manta da arca e co!riu'a. Enquanto os drages seafastavam a galope, sustentou'a com um !raço, a!rigando com o outro DIen e opequeno %alcolm. 9inha apenas uma vaga compreensão do que havia ocorrido, masisso foi suficiente para faz&'la odiar os ingleses pelo resto da vida.

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CAPÍTULO I

Londres, 1745 

7righam Bangston, o quarto conde de Ash!urn, sentou'se + mesa de cafC de suaelegante casa citadina e desdo!rou a carta que estivera esperando tão ansiosamente.Beu'a com atenção, pesando cada palavra. Seus olhos !rilharam e sua !oca en'trea!riu'se num leve sorriso. Era uma carta e#plícita, composta com cuidado. 3ão dizianada de menos ou de mais, mas havia ali palavras que tocavam seu coração depatriota.

' *om os dia!os, 7rig) Guanto tempo ainda vai me fazer esperar-*oll %acDregor, o temperamental escoc&s de ca!elos vermelhos que fora seu

companheiro em viagens pela <t(lia e França, parecia a ponto de e#plodir.

Em resposta, 7righam apenas levantou a mão !ranca e esguia, enfeitada comrenda no punho. Estava acostumado com aquelas e#ploses e, em geral, isso o

divertia. %as, dessa vez, manteve a impaci&ncia do escoc&s so! controle e tornou a ler a carta.

' J dele, não C- "o nosso príncipe)

*oll levantou'se da mesa e mediu o aposento com passadas largas, dando aimpressão de que apenas as !oas maneiras o impediam de arrancar a carta das mãosdo amigo.

' 9enho tanto direito de l&'la quanto voc&.

7righam ergueu os olhos e dei#ou'os deslizar so!re o homem que andavanervosamente de um lado para outro da pequena sala. 3ão levou em conta sua revoltae disse apenas:

' A carta est( endereçada a mim.

' 5or um nico motivo: C mais f(cil enviar clandestinamente uma carta aoimportante conde de Ash!urn do que a um %acDregor. ?s escoceses estão todos namira do governo)

7righam encolheu os om!ros e virou a p(gina, continuando a leitura. *oll lançouuma torrente de injrias e depois desa!ou so!re a cadeira, resignado.

' oc& tem o dom de esgotar a paci&ncia de um santo)

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' ?!rigado.

7righam ficou longo tempo a fitar o encorpado papel tim!rado e a escrita que seestendia atravCs dele em linhas r(pidas e disciplinadas. "epois colocou'o ao lado doprato e serviu'se de mais cafC. Sua mão estava tão firme como quando empunhava

uma espada ou uma pistola. E, na verdade, essa carta era uma arma de guerra.' oc& tem razão, meu caro. E uma mensagem do príncipe *harles ' disse, por 

fim entre um gole e outro de cafC.

' 7om. E o que ele diz-

' Beia voc& mesmo.

*oll apoderou'se do papel com impaci&ncia. Enquanto ele se engolfava na

leitura da carta, lorde Ash!urn pKs'se a estudar pensativamente a sala. ? papel azul deparede, os tapetes de ricos desenhos e os m$veis elegantes, quase delicados com

suas curvas e cercaduras douradas, haviam sido escolhidos por sua av$, de quemlem!rava não s$ o leve sotaque escoc&s como a teimosia.

 As graciosas figurinhas de porcelana %eissen, que ela tanto apreciava, estavamainda so!re a pequena mesa redonda colocada perto da janela. Guando era menino,

tinha a permissão de olhar mas não de tocar, e seus dedos fremiam na Hnsia desegurar a estatueta representando a pastora de rosto delicado e longos ca!elos de

porcelana.

? retrato em moldura dourada de %ar %ac"onald, a mulher forte e decidida que

se tornara lady Ash!urn, estava so!re a lareira e mostrava'se investida da dignidadeinconsciente da riqueza. ? porte ereto e a orgulhosa inclinação da ca!eça diziam que

ela podia ser persuadida mas não forçada, convocada mas não induzida.

%ar transmitira a seu neto os mesmos ca!elos pretos, os mesmos olhos

cinzentos, as mesmas feiçes aristocr(ticas: testa alta, nariz reto e !oca !emdelineada. %as não apenas isso. 9ransmitira'lhe tam!Cm uma natureza apai#onada e

senso de justiça.

3aquele instante, ele pensou na carta e nas decises a serem tomadas, e fez um!rinde silencioso ao retrato.

A senhora gostaria que eu fosse. 9odas as hist$rias que me contou, essa fCinque!rant(vel na causa dos Stuart que me pKs na ca!eça durante os anos que cuidoude mim... 9enho certeza de que se ainda estivesse viva iria pessoalmente + Esc$cia.5or que então não ir em seu lugar-

' *hegou a hora) ' disse *oll com voz e#ultante. Ele tinha vinte e quatro anos,seis meses menos do que seu amigo, e esperara tanto tempo, que !radava por ação e

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por uma mudança.

7righam empurrou para tr(s sua alta cadeira esculpida e levantou'se.

' oc& tem que aprender a ler nas entrelinhas, *oll. *harles conta ainda com oapoio dos franceses, mas est( começando a perce!er que o rei Buís prefere falar a agir.

5ensativo, ele ergueu a ponta da cortina e olhou para os jardins adormecidos.E#plodiriam em cores e perfumes na primavera. %as era improv(vel que estivesse alipara admirar esse espet(culo.

' Guando freqMent(vamos a corte, Buís parecia muito interessado em nossa

causa. "ava atC a impressão de desprezar o títere dos 6anover que ocupa atualmenteo trono ingl&s ' o!jetou *oll.

' Sim, mas isso não quer dizer que ele ir( afrou#ar os cordes de sua !olsa parao 5ríncipe galante ou pela causa dos Stuart) A idCia de *harles, armar uma fragata e to'

mar o rumo da Esc$cia, me parece mais condizente com a realidade. %as essas coisaslevam tempo.

' 3ão podemos começar a preparar o terreno-

7righam dei#ou a cortina cair e virou'se.

' oc& conhece sua gente melhor do que eu. Gue apoio o príncipe conseguiriana Esc$cia-

' ? suficiente para entusiasm('lo)

*oll levantou'se e !radou de modo arre!atado)' ?s clãs se levantarão por seu verdadeiro rei e lutarão contra o usurpador)

"epois fitou seu companheiro com ar pensativo. Sa!ia que ele arriscaria tudo

com essa viagem: título, dinheiro, reputação e atC a vida.

' 7rig, eu posso levar a carta a meu pai e, com o au#ílio dele, convocar todos osclãs da Alta Esc$cia. 3ão C necess(rio que voc& v( tam!Cm.

? rosto moreno de 7righam a!riu'se num sorriso de quem verdadeiramente sedivertia.

' Acha então que l( eu não teria nenhuma utilidade-

' 3ão quis dizer isso, 7righam, e voc& sa!e) ' *oll colocou'lhe afetuosamente amão no om!ro. ' Guem não gostaria de contar com um homem como voc&, que sa!efalar e lutar, um aristocrata ingl&s disposto a arriscar tudo pela causa-

' E se eu não for !em'sucedido-

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' A!surdo) *onheço o seu valor, amigo. Afinal, quem foi que me salvou a vida, emais de uma vez, durante nossa viagem pela <t(lia e pela França-

' 3ão e#agere, *oll. ' 7righam pu#ou a renda de seus punhos. ' 3ão C de seufeitio.

? escoc&s deu um largo sorriso.

' <sso sem falar de sua ha!ilidade de transformista. 3um instante um e#ímio es'padachim, no outro o arrogante conde de Ash!urn)

' %eu caro, eu sou o conde de Ash!urn)

*oll olhou'o com admiração. 3inguCm melhor do que ele conhecia a força que seescondia so! aquelas rendas e aquelas maneiras lHnguidas, quase afetadas.

' 3ão era o conde de Ash!urn que lutou om!ro a om!ro comigo, quando nossacarruagem foi atacada nos arredores de *alais. 3ão era o conde de Ash!urn que quase

em!riagou a mim, um %acDregor, naquela taverna de 4oma)

' 5ois eu digo que era. Bem!ro'me muito !em dos dois incidentes e asseguro'lhes que era o conde de Ash!urn em carne e osso)

*oll não o!jetou.

' Estou falando sCrio, 7righam. oc& devia ficar aqui e continuar a freqMentar festas e !ailes, tomar parte nas caçadas. 5oderia fazer mais pela causa permanecendona <nglaterra, de so!reaviso.

' E se eu não concordar-' 7om, se est( decidido a ir, gostaria de t&'lo a meu lado, participando da luta.

7righam voltou a olhar para o retrato de sua av$ e então fez um sinal afirmativo

com a ca!eça.

' 3aturalmente, meu amigo.

? tempo em Bondres estava mido e frio. *ontinuava imut(vel, tr&s dias depois,quando os dois homens iniciaram sua jornada. iajariam em direção ao norte no relativo

conforto da carruagem de 7righam e então fariam o resto do percurso a cavalo.

5ara todos os efeitos, lorde Ash!urn ia + Esc$cia para uma visita de cortesia +família de seu amigo. Apenas a alguns, um punhado de t$ries e jaco!itas fiCis, eleconfiara secretamente os seus planos e as suas esperanças, e tam!Cm a guarda deseu solar no campo e de sua mansão em Bondres.

9inha plena consci&ncia de que passaria muito tempo, meses, talvez anos, atC

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que pudesse voltar a instalar'se definitivamente na <nglaterra.

Bevava consigo apenas o que podia carregar sem chamar atenção. Sua!agagem consistia de um !a com roupas, entre as quais acondicionara uma miniaturade sua av$ e, por um capricho sentimental, a pastorinha de porcelana. ?utro, menor,

acomodava peças de ouro em quantidade maior do que a necess(ria para uma simplesvisita de cortesia. E, por precaução, fora colocado so! o assoalho da carruagem.

 Avançavam lentamente. As estradas estavam tão escorregadias, que a marchaera um penoso e#ercício de equilí!rio. A carruagem atolava, o!rigando muitas vezes ococheiro a descer da !olCia e a conduzir a parelha a pC. 7righam teria preferido umpasso mais r(pido, mas um olhar + janela disse'lhe que o tempo na região norte s$tendia a piorar. Então, com paci&ncia que aprendera a cultivar atravCs dos anos,recostou'se no espaldar, descansou os pCs calçados de finas !otas de couro no !ancooposto, onde *oll cochilava, e dei#ou seus pensamentos voltarem para 5aris.

3o ano anterior, passara alguns meses divertidos naquele país. Era a França deBuís N, que deslum!rava o mundo com a pompa e a magnific&ncia de sua corte. 6aviaconhecido ali mulheres lindas, de ca!elos empoados e trajes escandalosos, com quemmantivera delicadas ligaçes amorosas. %as aquela indolente vida palaciana aca!arapor cans('lo, fazendo'o ansiar por ação e prop$sitos.

 A e#emplo de outros Bangston, ele havia sempre apreciado a intriga política,apoiando secretamente os Stuart, os legítimos herdeiros da coroa da <nglaterra, no seuentender. Assim, quando o príncipe *harles EdIard, um jovem carism(tico, corajoso edecidido, chegara + França, oferecera'lhe sua ajuda em qualquer e#pedição que elepudesse empreender para reconquistar seu direito ao trono.

%uitos o teriam considerado um traidor. E os Whigs, que ap$iam o gordousurpador alemão, gostariam de v&'lo enforcado se tivessem conhecimento daquelaprova de lealdade. %as preferia correr o riscoO não havia ainda esquecido as hist$riasde 0P0Q e dos !animentos e e#ecuçes acontecidos antes e depois dela.

Enquanto a paisagem tornava'se mais agreste e Bondres desaparecia na !rumada distHncia, tornou a pensar que a casa dos 6anover havia feito muito pouco para setornar !enquista na Esc$cia. ? país estava dividido, tornando mais alarmante a som!ra

de guerra que pairava ora ao norte ora do outro lado do *anal. Se a <nglaterra quisessetornar'se uma nação poderosa, necessitaria de um rei legítimo.

 Afinal não haviam sido os olhos azuis do príncipe nem suas !elas feiçes que oconvenceram a apoi('lo. Foram seus projetos am!iciosos e talvez a confiança juvenilde que ele podia e iria reclamar o que era seu.

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 Ao anoitecer pararam numa pequena estalagem de paredes de pedra, teto !ai#oe chão de terra, situada no limite entre a 7ai#a e Alta Esc$cia. ? ouro de 7righam e seutítulo granjearam lenç$is limpos e uma saleta particular aos dois amigos.

7em alimentados e aquecidos pelo fogo que crepitava na lareira, puseram'se a

 jogar dados e a tomar cerveja, enquanto o vento soprava das montanhas e !atia nas janelas. E durante algumas horas, foram simplesmente dois jovens cavalheiros quecompartilhavam de uma viagem aventurosa.

' *om os dia!os, 7rig) oc& est( com sorte esta noite.

? quarto conde de Ash!urn recolheu os dados e as moedas de ouro com osolhos !rilhantes de satisfação.

' E o que parece. amos tentar mais uma partida-

' Sua sorte pode mudar. ' *oll sorriu e dei#ou os dados rolarem. ' amos ver se

desta vez voc& consegue me vencer.

Bogo depois, entretanto, ele sacudia a ca!eça.

' 5arece que a sorte não vai a!andon('lo tão cedo. *omo naquela noite em5aris, quando voc& jogava com o duque pelos favores de uma doce mademoiselle.

*om ou sem os dados, eu j( tinha conquistado o coração da !ela dama.

? escoc&s tornou a jogar mais um punhado de moedas so!re a mesa.

' Espero que a sorte continue a sorrir'lhe nos meses que estão por vir.

7righam levantou a ca!eça e assegurou'se de que a porta da saleta estivessefechada.

' A sorte ter( que sorrir não apenas para mim, mas tam!Cm para o príncipe.

' Ele tem a am!ição de que precisamos, ao contr(rio de seu pai. ' *oll ergueu acaneca de cerveja. ' Ao 5ríncipe Dalante)

' Ele ir( precisar muito mais do que sua !ela apar&ncia e sua conversainteligente para convencer os escoceses ' o!servou 7righam, retri!uindo o !rinde.

? amigo franziu a testa.

' Est( duvidando da lealdade dos %acDregor-

' oc& C o nico %acDregor que eu conheço.

 Antes que *oll começasse um discurso so!re seu clã, 7righam apressou'se a

perguntar:

' 3ão est( feliz de rever sua família-

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' Ah, sim) 3ão que eu não tenha me divertido em 4oma e 5aris. %as um homemque nasceu na Alta Esc$cia prefere morrer na sua terra e entre sua gente.

? escoc&s tomou um gole longo de cerveja, pensando nos pHntanos cor deprpura e nos lagos azuis e cristalinos.

' Segundo minha mãe, estão todos !em. %as eu me sentiria mais tranqMilovendo isso com meus pr$prios olhos.

Ele fez uma pausa demorada, antes de continuar:

' %alcolm deve estar com seus nove ou dez anos agora e parece que C um

garoto endia!rado. ' Sorriu, orgulhoso. ' *omo todos n$s, ali(s.

' oc& me disse que sua irmã C um anjo.

' DIen. ' A voz de *oll encheu'se de ternura. ' Sim, ela C meiga, paciente e lindacomo um anjo.

' oc& não tem outra irmã-

' Sim, Serena. %as s$ "eus sa!e por que lhe deram esse nome. Ela C umaverdadeira gata selvagem)

' E !onita ao menos-

' 3ão C feia. Em sua ltima carta, mamãe contou'me que alguns rapazestentaram fazer'lhe a corte, mas que ela os mandou passear.

' 9alvez eles não tenham sa!ido... sensi!ilizar seu coração.

' Sensi!ilizar Serena- <mpossível) 9enho pena do homem que se atrever a pKr osolhos nela)

' 5arece que sua irmã C uma amazona)

7righam imaginou uma jovem ro!usta e sadia, com as feiçes de *oll e umadesordenada massa de ca!elos vermelhos a emoldurar o rosto redondo. Saud(velcomo uma ordenhadora, pensou e igualmente simpl$ria.

' *onfesso que prefiro os tipos mais meigos e d$ceis.

' Ela não C d$cil, mas C sincera e inteiramente devotada + família. L( lhe falei danoite em que os drages chegaram a Dlenroe-

? olhos de *oll tornaram'se som!rios.

' Serena era apenas uma menina naquela Cpoca e estava assustada. %as

cuidou de minha irmã e distraiu as outras crianças atC n$s voltarmos. 3ão chorouquando nos viu. E, de olhos en#utos, nos contou tudo.

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7righam pKs a mão so!re o !raço do amigo.

' 3ão C hora de vingança, mas de justiça.

' *onseguirei am!as ' murmurou *oll por entre os dentes e jogou novamente osdados.

?s dois viajantes partiram !em cedo na manhã seguinte. "essa vez foram a

cavalo, seguidos pela carruagem que os acompanhava em marcha moderada.

Encontravam'se agora nas terras de que 7righam ouvira falar quando criança.

Era uma região rstica e solit(ria, entremeada de altos penhascos e charnecasdesoladas. 5icos proeminentes, algumas vezes cortados por cachoeiras espumantes e

rios piscosos, penetravam no cinzento opalescente do cCu.

Em alguns sítios, pedras !rutas, de grandes dimenses, distri!uíam'se em

círculos, como que semeados por mão cuidadosa. 5areceria um lugar antigo, reservadoaos ritos da superstição druídica, se não fosse a visão de algum chalC, com a fumaça a

elevar'se da a!ertura central no teto de colmo.

? solo estava congelado e o vento soprava em rajadas colCricas, carregando emseu rastro nuvens de neve desfeita em partículas, penetrando em seus grossoscasacos de lã e enregelando'os atC os ossos. A luz do sol era p(lida e coada e seus

raios o!líquos pareciam tão frios quanto os da lua.

*avalgavam a toda !rida, quando a estrada permitia. %as, em geral, eram

o!rigados a a!rir caminho por trilhas co!ertas com neve que chegava atC a cintura.*autelosos, passavam ao longo dos fortes que os ingleses haviam construído eevitavam atC a hospitalidade que lhes seria oferecida prazerosamente em cada chalC.

 A hospitalidade, como *oll avisara, envolveria perguntas so!re o motivo da jorna'da, so!re suas famílias e seu destino. Forasteiros eram raros na Alta Esc$cia e a no'tícia de sua presença naquelas paragens solit(rias logo correria de aldeia em aldeia evoaria de !oca em !oca.

Seguiram, portanto, por estradas secund(rias e pararam numa taverna paratomar uma refeição quente, enquanto os cavalos descansavam. Ali, o assoalho erasujo, a sala escura e enfumaçada, cheirando a pei#e e aos odores de seusfreqMentadores. 3ão era e#atamente um lugar apropriado para rece!er o quarto condede Ash!urn. %as o fogo era acolhedor e o taverneiro prometeu'lhes uma refeiçãorazo(vel.

4etiraram os grossos capotes, que puseram a secar diante do fogo da lareira.7righam usava calção de montaria complementado por um casaco sem enfeites. %as,

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em!ora simples, o traje assentava sem uma ruga so!re seus om!ros amplos. ?s!otes eram de prata, as !otas de couro fino. ?s a!undantes ca!elos negros estavamatados na nuca por uma fita e em seu dedo mínimo !rilhavam o sinete de família e umaesmeralda. Esses detalhes acentuavam o !elo porte que atraía os olhares dos

presentes.

' 3este !uraco não estão acostumados a ver tipos como voc& ' o!servou *oll.

 R vontade em seu saiote escoc&s, com o raminho de pinheiro de seu clã enfiadona fai#a, ele devorava com apetite seu pastelão de carne.

7righam correu os olhos pela sala, enquanto dizia:

' 9amanha admiração faria a alegria de meu alfaiate.

*oll ergueu a caneca de cerveja e pensou com agrado no uísque que iria tomar com seu pai, naquela noite.

' 3ão são apenas seus trajes. oc& pareceria um conde mesmo nos andrajos deum mendigo.

9erminada a refeição, ele jogou algumas moedas na mesa e levantou'se.

' ?s cavalos j( descansaram, portanto não vamos perder tempo. Estamos noslimites do territ$rio dos *amp!ell, inimigos de sangue da minha família. 3ão querocorrer o risco de levar um tiro pelas costas)

Enquanto vestiam seus capotes, tr&s homens saíram furtivamente da taverna,dei#ando penetrar na sala uma fria rajada de ar.

*oll continha a custo a impaci&ncia. "e volta + Alta Esc$cia, ele não queria outra

coisa senão rever seu lar, sua família.

? caminho que agora seguiam conduzia a um pequeno vale, atravessado por um

riacho de margens pantanosas, para logo depois penetrar na charneca, onde cresciamem apenas pequenos zim!ros entre os mataces. ez por outra, avistavam fileiras de

chalCs encravados no sopC das colinas mosqueadas de sol, e gado pastando no chãodesigual. Em!ora tivessem ainda algumas horas de viagem pela frente, *oll podia

quase sentir o aroma familiar de sua casa e da floresta que a rodeava.

' 7rig, veja que paz)

%as 7righam endireitara'se su!itamente na sela.

' Duarde seu flanco esquerdo ' gritou ele. ' 3otei qualquer coisa !rilhar atr(sdaqueles mataces.

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3em !em aca!ara de falar, dois cavaleiros irromperam de tr(s de um grupo derochas e galoparam contra eles. Am!os montavam animais vigorosos, pKneisescoceses de crinas ao vento, e em!ora seus capotes estivessem puídos e sujos, o açode suas lHminas !rilhava perigosamente ao sol da tarde. Antes que as armas de

chocassem, espelindo faíscas, 7righam teve tempo para lem!rar se os vira na taverna.

 Ao lado dele, *oll pu#ou a espada contra outros dois e as colinas ecoaram com otinido das armas e com o estrCpito das patas dos cavalos. So!re suas ca!eças, uma(guia dourada voava em círculos e esperava.

?s !andidos que haviam atacado 7righam haviam su!estimado seu valor. Asmãos dele podiam ser delicadas, o corpo esguio como o de um dançarino, mas ospunhos eram fortes e el(sticos. Usando os joelhos para guiar sua montaria, ele lutavacom uma espada numa das mãos e a adaga na outra. As duas armas eramguarnecidas com lavores de ouro, porCm as lHminas eram feitas para matar.

?uvia *oll gritar e praguejar, ante a arremetida dos dois homens poderosamentearmados, mas continuou a lutar em sil&ncio. *om perícia admir(vel, conservava osantagonistas a distHncia, ora voltando'se com a agilidade de um falcão, ora mantendo'se fora do alcance dos golpes dos inimigos, investindo +s vezes contra um, +s vezescontra outro e distri!uindo'lhes golpes formid(veis sem lhes dar tempo de atacar.

S!ito, um deles lançou um grito medonho, que não durou mais do que umsegundo. Ele vacilou e caiu por terra, o sangue manchando a neve alva. Seu animal,assustado com o cheiro da morte, correu para as rochas arrastando as rCdeas. Furioso,o outro assaltante contra'atacou com redo!rada ferocidade.

Seu ataque quase apanhou o conde fora de guarda. Ele sentiu o fio da lHminarasgar'lhe a carne do om!ro, mas conseguiu devolver os golpes do advers(rio com amesma destreza, o!rigando'o a recuar pouco a pouco para as rochas. Então os olhosfi#os no rosto do homem, visou'lhe o coração com fria precisão e trespassou'o.

9endo realizado essa dupla proeza, ele esporeou seu cavalo na direção de *oll.? escoc&s lançava por terra um dos !andidos e agora ia'se apro#imando do outro coma espada erguida. %as antes que pudesse !ai#('la, seu cavalo deslizou no soloescorregadio, e seu advers(rio aproveitou a oportunidade para vi!rar'lhe um golpe no

flanco esquerdo.7righam partiu como um raio em seu au#ílio. Ao ver'se em situação difícil, o

!andido esporeou seu pKnei, e galopou para a trilha que serpeava por entre as rochas,desaparecendo de vista.

' *oll) oc& est( ferido-

' Sim, por "eus) ' ? escoc&s fez força para manter'se na sela. ' Est( ardendo

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como fogo.

' "ei#e'me ver isso.

' 3ão h( tempo, aquele chacal pode voltar com reforço. amos sair daqui.*hegaremos em casa antes do anoitecer. ' "ito isto, ele lançou seu cavalo num galope

desenfreado.

*avalgaram sem descanso. 7righam mantinha um olho na estrada, para evitar uma nova em!oscada, e o outro em *oll. ? grande escoc&s estava p(lido, masdominava !em o ginete. Apenas uma vez, diante de sua insist&ncia, ele concordou emfazer uma parada para que seu ferimento pudesse ser convenientemente avaliado.

7righam não gostou do que viu. ? corte era profundo e sangravaa!undantemente. ?!rigou'o a tomar um longo trago de aguardente e, quando seu rostop(lido reco!rou a cor, ajudou'o a montar.

5enetraram no !osque quando nuvens de formas indistintas !arravam o cCucomo espesso edredrom, escondendo o sol. ? ar cheirava a pinho, mesclado a um leve

odor de fumaça que vinha de um chalC distante. Uma le!re cruzou a picada edesapareceu no meio das moitas. Atr(s dela, como um clarão de luz, seguiu umesmerilhão. Fram!oesas de inverno, grossas como polegares, pendiam de ar!ustosespinhosos.

' Eu costumava me esconder nestes !osques, quando era criança. Foi aqui querou!ei o primeiro !eijo de minha namorada ' disse *oll, reminiscente. ' 3ão sei por que

parti e dei#ei tudo isto.

' 5ara voltar como um her$i ' o!servou 7righam.

? escoc&s es!oçou um leve sorriso.

' "esde que o mundo C mundo, sempre houve um %acDregor na Alta Esc$cia. 'Ele virou'se para 7righam e disse com orgulho: ' Sai!a que minha linhagem C real,conde de Ash!urn)

' 5ois est( dei#ando seu sangue real nestas trilhas. 5ara casa)

*avalgaram lentamente. Guando passaram diante dos primeiros chalCs, gritos

alegres elevaram'se no ar. Fora das casas, algumas feitas de pedra e madeira, outrasde !arro socado, havia gente esperando. Em!ora fraco, *oll parou para cumpriment('las.

%inutos depois, transpunham, lado a lado, a colina, avistando ao mesmo tempoo solar dos %acDregor. "a ampla chaminC, uma espiral de fumaça su!ia para o cCuescuro. Buzes !rilhavam atr(s das vidraças e a ard$sia azul do telhado cintilava comoprata aos ltimos raios do sol poente.

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' Afaste'se dele, ingl&s) %eu irmão chega em casa quase morto e o senhor semum arranhão) 3ão C estranho-

*oll su!estimou sua !eleza mas não seu g&nio), pensou 7righam.

' 5osso e#plicar isso depois que cuidarmos dele ' disse, erguendo o amigo nos

!raços com facilidade.

' Beve sua e#plicação de volta para Bondres)

Ele olhou'a com tal firmeza, que ela corou.

' Acredite, senhora, não C essa minha intenção. Gueira, por favor, tomar conta

dos cavalos que eu levarei seu irmão para dentro.

Serena a!riu a !oca, mas um olhar ao rosto p(lido de *oll foi suficiente parafaz&'la engolir as palavras ferinas que se haviam formado em seus l(!ios. 5orCm,enquanto o ingl&s levava seu irmão para dentro de casa, lem!rou'se do que acontecera

na ltima vez em que outro ingl&s havia transportado aquele um!ral. Então, dei#ou cair as rCdeas dos dois cavalos e correu atr(s dele vociferando ameaças.

CAPÍTULO II

Uma criada aguardava 7righam + entrada da casa dos %acDregor. Ao v&'lo comseu fardo, ela levou a mão + !oca e depois correu para a cozinha, gritando por lady 

%acDregor.

Fiona chegou apressadamente, as faces coradas pelo calor do fogo. %as, + vista

de seu filho, inconsciente nos !raços de um estranho, empalideceu.

' *oll. Ele...

' 3ão, milady. %as est( muito ferido.*om mão delicada, ela tocou o rosto do filho.

' amos lev('lo para o quarto. 5or aqui, por favor.

 Atravessaram o hall de entrada e depois galgaram uma reluzente escada demogno, com Fiona + frente iluminando o caminho com uma vela. Uma vez no quarto,7righam carregou seu amigo atC a cama e o fez deitar. Enquanto lhe afrou#ava a gola

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da camisa, uma jovem de compleição delicada chegou correndo.

' %amãe...

' DIen... Draças a "eus) ' suspirou Fiona. ' *oll est( muito ferido.

' Acenda as velas e os candeeiros, %oll ' disse a jovem + criada que a seguira. 'ou precisar de muita luz.

"epois colocando a mão na testa do irmão, ela voltou'se para 7righam.

' Ele est( fe!ril. Guer me ajudar a tirar'lhe as roupas-

7righam respondeu com um leve gesto de assentimento.

Enquanto as roupas de *oll caíam ao chão, DIen deu !reves instruçes +criada para que providenciasse !acias de (gua, ataduras e ungMentos, e s$ entãoinclinou'se para e#aminar o ferimento. Guando %oll voltou com o necess(rio, não

perdeu tempo: limpou delicadamente o corte e aplicou'lhe os medicamentos que suae#peri&ncia prescrevera para tais casos.

 Apesar de seus cuidados, *oll começou a quei#ar'se e a gemer. Ela despejouentão um pouco de #arope de papoula numa taça de madeira, que introduziu por entreos l(!ios dele com a ajuda de Fiona. Guando o viu mergulhar em leve sonol&ncia,sentou'se na !eirada da cama e pKs'se a costurar a ferida.

' 9emos que fazer !ai#ar a fe!re, mamãe. J perigoso, no estado dele.

' *oll C forte como um touro ' disse Fiona calmamente. ' ai resistir.

Enquanto !anhava a testa do rapaz com (gua fria, ela voltou'se para 7righam eolhou'o com gratidão.

' ?!rigada por t&'lo trazido para casa. 5ode nos contar o que aconteceu-

' 3aturalmente. Sofremos uma em!oscada a algumas milhas ao sul de Dlenroe.*oll acredita que os atacantes pertençam ao clã dos *amp!ell.

' Então foi isso... ' Fiona contraiu os l(!ios, mas prosseguiu, com voz tranqMila,educada: ' 5reciso me desculpar por não ter ainda me apresentado. Sou Fiona%acDregor, a mãe de *oll.

' E eu 7righam Bangston, grande amigo de seu filho.

Ela es!oçou um leve sorriso.

' ? conde de Ash!urn, naturalmente. *oll escreveu'nos a seu respeito. 5or favor,d& seu casaco a %oll e fique + vontade.

' Ele C ingl&s) ' e#plodiu Serena do um!ral.

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7righam virou'se para ela, surpreso. 6avia desprezo em seus olhos verdes.

' Sei disso, Serena. ' Fiona voltou a sorrir para seu h$spede. ' Seu casaco, lorde7righam. A jornada foi longa e acidentada. 9enho certeza de que gostaria de tomar umarefeição quente e de descansar um pouco.

Guando 7righam levantou'se e tirou o grosso casacão de viagem, um gritoa!afado escapou dos l(!ios dela.

' %as o senhor est( ferido)

' 3ão C nada, senhora.

' Um simples arranhão ' o!servou Serena com desdCm e tentou apro#imar'se dairmã. Um olhar de Fiona deteve'a.

' Beve nosso h$spede + cozinha e cuide de seu ferimento.

' Eu preferia cuidar de um rato) ' e#clamou a jovem, os olhos cintilando de $dio.Fiona ficou a olh('la durante alguns segundos, o rosto como o de uma m(scara

de m(rmore.

' oc& o far(. Est( dito) 7righam interveio.

' 3ão C necess(rio, lady %acDregor.

' "esculpe, mas C necess(rio. ? senhor est( agora so! meu teto. ' Ela virou'separa a filha. ' Serena-

' Est( !em, mamãe. Faço isso pela senhora. ' A jovem curvou'se com um sorriso

forçado. ' Gueira ter a !ondade de me acompanhar, lorde 7righam.

<nteressado em o!serv('la, 7righam pareceu não notar a ironia e seguiu'a pelocorredor, e pelos dois lances de degraus estreitos da escada de serviço. A cozinha eraaconchegante e recendia aos ricos aromas que evolavam de um caldeirãodependurado so!re o fogo e de uma assadeira cheia de tortas ainda quentes.

Serena indicou'lhe uma cadeira.

' Sente'se, my lord.

Ele a o!edeceu.

' Espero que não desmaie + vista de sangue, srta. %acDregor.

' E eu espero que o senhor não tenha um ataque de nervos, quando vir sua lindacamisa arruinada)

Era mais do que um simples arranhão. Foi o que ela perce!eu ao ver a manchapegajosa a alargar'se so!re o om!ro da camisa. E, em!ora o homem fosse ingl&s,

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' Mylady me ofende, se pensa que C gratidão que eu espero de voc&.

Sem mais uma palavra, ela virou'se e tirou do arm(rio uma tigela de madeira, aoinvCs de um prato de louça fina, encheu'a de ensopado e colocou'a com força so!re amesa. A seguir, despejou um pouco de cerveja numa caneca de estanho, e jogou

algumas !olachas de aveia num pratinho.' Seu jantar, my lord. E tenha cuidado para não se engasgar)

7righam levantou'se em toda a sua estatura e, pela primeira vez, ela notou queele era quase tão alto quanto *oll, em!ora fosse mais esguio.

' Seu irmão me avisou que a senhorita era geniosa.

Serena pKs as mãos nos quadris e olhou'o atravCs das p(lpe!ras semicerradas.

' Sorte sua, my lord. Assim não far( a tolice de me contrariar.

Ele deu um passo na direção dela.' Se pretende correr atr(s de mim ameaçando'me com a espada de seu avK,

como fez com seu irmão, pense duas vezes.

Ela apertou os l(!ios, como se estivesse sufocando o riso.

' 5or qu&- 9em pCs ligeirosO !assenach" perguntou, usando o termo gaClico

para designar o odiado invasor ingl&s.

7righam sorriu e tomou'lhe a mão, levando'a aos l(!ios.

' Sou'lhe grato por seus cuidados e sua hospitalidade, srta. %acDregor.

Em resposta, Serena virou'lhe as costas e saiu da cozinha esfregando a mão nasaia.

3aquela noite, depois de uma ceia leve mas satisfat$ria, 7righam retirou'se paraos aposentos que lhe haviam sido destinados. Enquanto descansava, pensou que seuamigo descrevera os %acDregor com admir(vel e#atidão.

Fiona era uma mulher encantadora, !em educada, mas de pulso firme. A jovemDIen, tão doce, discreta e envergonhada, possuía, no entanto, uma e#traordin(riacapacidade para atender um leito de enfermo e cuidar de ferimentos. Guanto aSerena... *oll nada dissera, mas sua irmã era uma lo!a com um rosto que rivalizariacom o de 6elena de 9r$ia. Ela tinha !ons motivos para não gostar dos ingleses.

 Achava, porCm, que devia julgar os homens pelo que eles eram, não por suasnacionalidades.

"evo tam!Cm julg('la pelo que ela C e não por sua !eleza-, pensou. Guando

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ela começara a correr na direção do irmão, os ca!elos esvoaçando ao vento e o rostorefletindo intensa emoção, ele tivera a impressão de ter sido atingido por um raio.Felizmente, não era homem de se dei#ar seduzir por um !elo par de olhos e um lindocorpo. iera + Esc$cia para lutar pela causa em que acreditava e não tinha que se

preocupar se uma garota mal educada que o considerava como pertencente a umaraça infame)

Bevantou'se e, enquanto media o aposento com largas passadas, refletiu que,devido a seu alto nascimento, não tivera outro interesse na vida senão reverenciar onome de sua família e cultuar a mem$ria de seus antepassados.

"esde a mais tenra idade, aprendera que ser um Bangston era não s$ umprivilCgio como uma responsa!ilidade. 3ão considerara nenhuma das duas coisas comleviandade. Se o tivesse feito, estaria agora em 5aris, usufruindo dos prazeres e dase#travagHncias de uma sociedade elegante, e não ali, nas montanhas da Esc$cia,

arriscando tudo para apoiar um jovem príncipe em sua empresa."e!atia'se ainda comesse pro!lema, quando uma !atida na porta interrompeu sua refle#es.

' Sim- perguntou, voltando'se.

 A jovem criada que o rece!era na chegada entrou e lançou'se em profundarever&ncia.

' Gueira desculpar'me, Borde 7righam.

7righam suspirou, impaciente. ' 5osso sa!er do que est( se desculpando-

' Borde %acDregor chegou e deseja v&'lo. Se for de sua conveni&ncia, senhor 'disse a moça, ainda não se atrevendo a levantar a ca!eça da humilde postura.

' *ertamente. "escerei num minuto.

Guando ela saiu, 7righam escovou cuidadosamente o casaco de seu nico trajeformal. 9rou#era consigo apenas uma muda de roupas, dei#ando na carruagem, quedevia chegar a Dlenroe no dia seguinte, o grosso de seus pertences.

%as isso não o a!orreceu. E assim, minutos depois, desceu as escadas, es!eltoe elegante num traje negro com !otes prateados. Uma camisa !ranca, enfeitada comum ja!K de rendas espumosas, complementava sua indument(ria. Em 5aris ouBondres, seguiria a moda empoando os ca!elos. %as ali, no campo, julgara de !om'tom dispensar tal cuidado e os penteara para tr(s simplesmente.

Borde %acDregor esperava'o na sala de jantar, junto + lareira, cujas chamascrepitavam, altas, +s suas costas. ?s ca!elos vermelhos, a!undantes e longos, caíam'lhe atC os om!ros e uma !ar!a da mesma cor co!ria'lhe as faces. Em homenagem aoilustre h$spede, ele encontrara tempo para cuidar de sua pessoa. Estava irrepreensível

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no saiote pregueado que lhe assentava muito !em j( que era tão alto e forte como seufilho. *omo ele, usava um gi!ão de pele curtida, guarnecido com um !roche de ourorepresentando uma ca!eça de leão.

' Borde Ash!urn) ? senhor C !em'vindo + Dlenroe e + casa de <an %acDregor)

? sorriso era cordial, os olhos desanuviados e a mão firme ao cumprimentar.

' ?!rigado por acolher'me aqui) ' 7righam aceitou a cadeira e o porto que lheeram gentilmente oferecidos. ' 5osso sa!er como est( *oll-

' %ais descansado, em!ora minha filha DIen afirme que ele ter( uma noite

difícil.

<an fez uma ligeira pausa.

' *oll escreveu'nos dizendo que o senhor C amigo dele. E mesmo que nãotivesse dito, seria considerado como tal por traz&'lo de volta para n$s.

' ?!rigado, senhor.

' A sua sade, m lord. ' Ele sorveu um longo gole de vinho e depois continuou: 'Sou!e que sua av$ era uma %ac"onald.

' Efetivamente, senhor. Uma %ac"onald da ilha de S8e.

? rosto de <an, curtido pelo sol e pelo vento, a!riu'se num largo sorriso.

' 3esse caso, C duplamente !em'vindo. Ele ergueu novamente a taça e olhou

para seu hospede com ar interrogativo. Ao verdadeiro rei-

7righam retri!uiu o !rinde.

' Ao rei que est( alCm'mar ' disse, sustentando com firmeza o olhar de <an. ' E +re!elião que vir(.

' Sim, !e!amos a isso ' respondeu seu anfitrião, e virou a taça de um s$ trago. ' Agora, diga o que aconteceu ao meu rapaz.

7righam falou so!re a em!oscada, descrevendo com pormenores os homensque os haviam atacado. Enquanto ele falava, <an inclinou'se para a frente, nãoperdendo uma s$ palavra do que era dito.

' %orte infame aos *amp!ell) ' vociferou ele, dando um soco na mesa e fazendoos copos tilintarem.

' *onheço um pouco da rivalidade que impera entre os clãs e os feudos, lorde%acDregor. E tudo leva a crer que a em!oscada foi um simples caso de vingançapessoal. %as não descarto a hip$tese de que fomos o alvo de uma conspiração.

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' *omo assim-

' ?s rumores so!re o apoio dos jaco!itas ao legítimo rei podem ter chegado atCaqui.

<an afagou a !ar!a, pensativo.

' Guatro contra dois, não foi- 3ão C tão estranho assim, quando se trata dos*amp!ell. "isseram'me que tam!Cm o senhor foi ferido.

' Um arranhão. ' 7righam encolheu os om!ros. ' Guanto a *oll, foi umainfelicidade. Se o cavalo dele não tivesse escorregado, seu advers(rio não o teria

colhido fora de guarda. Seu filho C um espadachim de primeira, my lord# 

' Ele diz a mesma coisa do senhor. ' <an sorriu. 3ão havia nada que ele mais

gostasse do que uma !oa luta. ' 3ão houve tam!Cm uma escaramuça a caminho de*alais-

7righam sorriu + lem!rança.

' Uma simples diversão.

' Dostaria de ouvir toda a hist$ria. %as, antes, conte'me tudo a respeito do5ríncipe Dalante e de seus planos.

*onversaram durante horas, enquanto as velas pingavam gotas de cera.Esvaziaram a garrafa de porto e esqueceram as formalidades. Eram apenas doishomens unidos pelos mesmos ideais, am!os guerreiros por !erço e temperamento.5oderiam lutar por razes diferentes, um numa desesperada tentativa de preservar seu

modo de vida e suas terras, o outro por uma simples questão de justiça, mas lutariamsempre.

Guando se separaram, <an para ver seu filho e 7righam para tomar um pouco dear fresco e dar uma olhada em seus cavalos, sa!iam tudo o que necessitavam sa!er um do outro.

Era tarde quando 7righam voltou da estre!aria. A casa estava silenciosa, o fogoa!afado. Fora, o vento fazia estalar os galhos, lem!rando o quão distante seencontrava de Bondres e de tudo que lhe era familiar.

5erto da porta, fora dei#ada uma vela acesa para gui('lo na escada. Apanhou'ae começou a su!ir os degraus, em!ora não estivesse ainda com sono. ?s %acDregor haviam'no interessado desde a primeira vez em que partilhara com *oll uma garrafa devinho e a hist$ria de suas vidas. Sa!iam que eram unidos, não apenas por o!rigaçesfamiliares, mas por inquestion(veis laços afetivos e um amor comum + terra ondehaviam nascido.

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3aquela tarde, tivera ocasião de verificar isso. 3ão houvera choros e gritos,quando ele carregava *oll para casa, nem desmaios femininos. 5elo contr(rio. *adaum fizera a sua parte. Era desse tipo de compromisso que o príncipe *harlesnecessitaria nos meses que viriam.

 Ao chegar ao patamar, no topo da escada, não se dirigiu diretamente ao seuquarto, mas do!rou pelo corredor na direção do quarto de *oll. A porta estava a!erta eas cortinas do leito corridas, dei#ando ver que seu amigo dormia so! o edredom deplumas. Sentada ao seu lado, Serena lia um livro + luz do castiçal.

Era a primeira vez que a via fazer jus a seu nome. A suave claridade, seu rostocalmo parecia e#traordinariamente encantador. Ela trocara o vestido de casa por umcham!re verde'escuro, fechado no pescoço, que acentuava a alvura de sua tez.Enquanto a o!servava de longe, com olhos especulativos, viu'a inclinar'se para o irmãoe tomar'lhe o pulso.

' *omo est( ele-

Ela so!ressaltou'se e, quando ergueu os olhos, sua e#pressão transformou'sede s!ito, dando lugar a uma atitude reservada e fria.

' A fe!re est( ainda alta. %as DIen acha que !ai#ar( pela manhã.

7righam deu alguns passos para a frente. ? cheiro de remCdios, misturado ao de

papoulas, competia com o odor de resina das achas que ardiam na lareira.

' *oll me disse que ela sa!e operar milagres com as ervas. L( vi mCdicos com

mãos menos firmes do que as dela, no ato de coser uma ferida.

' Ela tem o dom de curar, alCm de um coração de ouro. 9eria ficado a noite toda+ ca!eceira de *oll, se eu não a tivesse posto para fora do quarto.

' Então, a senhorita pe para fora todo mundo, não apenas os estranhos- ' Ele aimpediu de retrucar com um gesto de mão. ' Acalme'se, minha querida, ou seus gritosirão acordar sua irmã e o resto da família.

' 3ão sou sua querida)

' %era forma de e#pressão.

? enfermo me#eu'se no sono e 7righam perguntou:

' Ele j( voltou a si-

' Uma ou duas vezes, mas não est( ainda plenamente consciente.

Serena umedeceu uma toalha e !anhou com ela a testa fe!ril de seu irmão.

' J melhor o senhor se retirar. 5oder( v&'lo amanhã de manhã.

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' E a senhorita-

 As mãos dela eram gentis ao cuidarem do irmão, e ele imaginou como seriamacariciando'lhe o rosto.

' ? que h( comigo-

' 3ão tem ninguCm que a leve para a cama-

Ela ergueu os olhos, plenamente consciente do significado daquelas palavras.

%as limitou'se a dizer:

' Sua vela est( no fim, lorde Ash!urn.

7righam assoprou'a, mergulhando'os na doce intimidade da luz do nicocastiçal.

' Uma vela C suficiente.

' Espero que ache o caminho para seu quarto no escuro.

' 9enho uma vista e#celente. ' *om gestos lHnguidos, ele apanhou o livro que elaestivera lendo. ' Mac$eth"

' Est( admirado- As senhoras de suas relaçes não costumam ler-

' Algumas.

7righam folheou rapidamente o livro, o!servando:

' J uma hist$ria de horror e de crime.

' E de poder. J a vida, my lord. Ela pode ser terrível, como os ingleses nosprovam tão freqMentemente.

' %ac!eth era escoc&s ' lem!rou'a ele. ' E essa hist$ria degradante, deinfortnio e desespero, nada tem a ver com a realidade) J assim que v& a vida-

' Eu a vejo como ela pode ser.

7righam encostou'se + mesa. ? ponto de vista dela o interessava.

' 3ão v& %ac!eth como um vilão-

' 5or qu&- Ele se apoderou do que, no seu entender, lhe pertencia.' E seus mCtodos-

' Eram rudes, !rutais. 9alvez os reis devam ser rudes. ? príncipe *harles nãoconquistar( o trono pedindo por favor.

' 3ão. ' Ele fechou o livro com um golpe seco. ' %as não se pode comparar 

traição com uma luta leal.

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passou.

7righam ofereceu'lhe seu lenço.

' En#ugue as l(grimas.

' ?!rigada.

' %elhor, agora-

' Sim. ' Ela respirou fundo. ' %as gostaria que o senhor se retirasse.

' 5ara onde quer que eu v(- 5ara o meu quarto ou para o dia!o-

?s l(!ios dela curvaram'se num sorriso.

' 5ara onde quiser, my lord.

Ele sentiu a tentação de !eij('los e a consci&ncia disso espantou'o tanto quanto

o sorriso dela. Gueria sentir os l(!ios macios, entrea!ertos e c(lidos so! os seus) 3umimpulso, alcançou'a e mergulhou os dedos naqueles ca!elos que pareciam feitos deluz, + claridade do sol nascente.

' 3ão ' disse Serena, admirada de que sua negação soasse tão pouco

convincente.

Ele tomou'lhe a mão e !eijou'a.

' oc& est( tremendo.

' 3ão devia dei#ar que me tocasse.

Sem forças para evitar as sensaçes que a sufocavam, ela apoiou'se contraaquele peito forte e vigoroso, arquejando. Guando o viu a!ai#ar a ca!eça, fechou osolhos e entrea!riu instintivamente os l(!ios.

' Serena-

Ela virou'se a!ruptamente e seu rosto ardeu de vergonha ao ver'se diante deDIen, que se de!ruçava so!re a figura adormecida de *oll.

' 5ensei que estivesse ainda na cama ' murmurou, apro#imando'se. ' oc&dormiu apenas algumas horas.

' Foram suficientes- E *oll-

' A fe!re cedeu.

' Draças a "eus)

Envolta num cham!re azul, com os ca!elos dourados a lhe emoldurarem o rostode feiçes delicadas, DIen parecia realmente o anjo que *oll descrevera.

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' Ele est( dormindo e vai dormir por mais algumas horas ' afirmou ela, quando secertificou de que o irmão estava inteiramente livre dos sintomas fe!ris.

 Ao erguer os olhos, viu 7righam junto + janela e surpreendeu'se.

' Borde Ash!urn) ? senhor passou a noite em claro-

' Ele j( ia se recolher ' interveio Serena, nervosa.

' ? senhor precisa descansar. Bem!re'se de seu ferimento.

7righam fez uma leve inclinação de ca!eça. ' Eu a agradeço por seu interesse.%as não se preocupe. ou direto para a cama. ?s olhos dele deslizaram para Serena,

irKnicos.

' Seu criado, senhora.

DIen sorriu, sonhadora, quando ele desapareceu nas som!ras do corredor.

' 9ão !onito...

 A irmã encolheu e#pressivamente os om!ros.

' 5ara um ingl&s...

' Foi muita gentileza da parte dele ficar + ca!eceira de *oll, não acha-

' 3ão) E quero que ele apodreça numa fossa)

CAPÍTULO III

7righam dormiu atC as primeiras horas da tarde. Guando despertou, sentia'se!em'disposto. Seu om!ro ferido estava rígido, mas não o incomodava. Anotaria isso

como crCdito a favor de Serena.

Logou as co!ertas para um lado, lançando um olhar distraído para seu casaco demontaria. Estava em pCssimas condiçes, mas teria de vesti'lo assim mesmo, j( quenão podia usar um traje de noite +quela hora do dia) AtC que seus !as chegassem,

não havia outro jeito senão conformar'se com a situação.

5assou a mão pelo quei#o !ar!udo, pensando o que diria seu criado de quartose o visse naquele estado. ? caro e fiel 5ar8ins) Ficara a!orrecido ao sa!er que iria

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porçes de pei#e fresco com ovos, !olachas de aveia, cafC e uma grande variedade degelCias.

7righam sentia'se confort(vel, + vontade. Achava o sotaque de lad Fionaencantador e sua conversa agrad(vel. Esperava que ela lhe perguntasse o que havia

discutido com seu marido na noite anterior, porCm ela parecia contente com seu papelde dona de casa.

' Se quiser, my lord, remendarei seu casaco.

Ele olhou para a manga que a espada do !andido estraçalhara e fez umpequeno gesto de pesar.

' Acho que não tem mais conserto.

' Faremos o que for possível.

' ?!rigado.

*ontinuaram nesse tom por mais cinco minutos, atC que Fiona afastou a cadeirae levantou'se.

' 5oder( desculpar'me, my lord" 9enho muito o que fazer atC a chegada de meumarido.

' Borde %acDregor partiu-

' Sim, mas voltar( ao anoitecer. 9am!Cm ele tem muito o que fazer, antes que opríncipe *harles comece a agir.

7righam fitou'a com admiração. Lamais conhecera uma mulher queconsiderasse a ameaça de uma guerra com tanta calma) Fezlhe uma rever&ncia cort&se su!iu ao andar superior. "o corredor, ouviu *oll resmungar:

' 3ão vou comer esse grude)

' ai comer, sim) ' Era a voz de Serena. ' DIen fez isso especialmente paravoc&.

' 3ão adianta insistir. 3ão vou comer e ponto final)

Ficou a o!serv('los por um instante do limiar, depois entrou no quarto. ? amigo

rece!eu'o com um suspiro de alívio.

' *hegou em !oa hora, 7rig) %ande'a levar de volta essa papa horrível. Eu querocomer carne. *arne) ' repetiu ele com mais vigor. ' E tomar uísque)

7righam apro#imou'se da cama e deu uma espiada no mingau ralo que enchia atigela.

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' 3ão C nada apetitoso.

' Foi o que eu disse. ' *oll apoiou a ca!eça no espaldar da cama e tornou asuspirar. ' 3inguCm, a não ser uma mulher teimosa, esperaria que eu comesse estalavagem.

' 9ivemos presunto no almoço.

?s olhos do escoc&s !rilharam.

' 5resunto-

' *ozido, no ponto certo. *umprimente sua cozinheira por mim, srta. %acDregor.

' %eu irmão precisa comer mingau de aveia ' disse ela entre dentes ', e C issoque ele vai comer)

7righam deu de om!ros e sentou'se na !eirada da cama.

' <sso C com voc&, *oll.

' %ande'a em!ora daqui)

' 9erei prazer, certamente, em fazer tudo o que estiver a meu alcance. %as acho

perigoso recorrer a mim. Sou ingl&s)

*oll virou'se para a irmã.

' ( para o dia!o, Serena) E leve este mingau de aveia com voc&)

' %uito !onito) J assim que agradece o esforço de DIen- Ela não s$ cuidou de

voc&, mas teve atC o tra!alho de lhe preparar algo com suas pr$prias mãos. Bevarei a!andeja para !ai#o, se C isso que voc& quer. E direi a DIen que prefere jejuar a comer o mingau que ela fez)

irou'se e caminhou para a porta. %al havia dado dois passos, *oll a chamou:

' *om mil demKnios, Serena) olte e me d& essa !andeja)

Ela apro#imou'se dele com um sorriso e enfiou a colher no mingau.

' A!ra a !oca, querido.

' 3ão preciso de sua ajuda. ou comer sozinho)

' E respingar mingau so!re os lenç$is limpos- 3ada disso, meu irmão)

7righam levantou'se.

' L( vou indo, *oll. 7om apetite.

? rapaz agarrou'lhe o pulso.

' 3ão me dei#e sozinho. Ela... ' Ele fez uma pausa, quando sua irmã enfiou'lhe

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' Sei disso. E agora durma.

Ela o aconchegou ternamente no edredrom de plumas, dei#ando'se ficar ummomento a contempl('lo. "epois, apanhou a !andeja e fez menção de sair do quarto.

' A senhorita dormiu !em- ' perguntou 7righam, !loqueando a passagem.

' 7em, o!rigada. ' Serena tentou manter o sangue'frio. ' "esculpe'me, lorde Ash!urn, mas tenho muito o que fazer.

' Borde Ash!urn... 5ara que tanta formalidade- Afinal, passamos a noite juntos)

Ela lançou'lhe um olhar de puro $dio.

' 5or quem me toma- 5or uma daquelas francesinhas da corte do rei Buís-Duarde sua intimidade para elas)

Ele sorriu, divertido.

' Sa!e que tem os olhos mais incríveis que j( vi- Guando fica zangada, elesardem como duas chamas verdes)

Serena corou profundamente. Sa!ia como lidar com a lisonja, como aceit('la, oudescart('la. %as era difícil manter a confiança em si mesma, quando sua vontadeestava em luta com a daquele homem forte, altivo e resoluto.

' "ei#e'me passar.

' Bogo agora que a conversa est( ficando interessante-

' 5ara o senhor)

7righam agarrou'a pelo !raço.

' oc& teria me !eijado, não teria, se sua irmã não tivesse aparecido-

' Saia da minha frente)

3esse instante, um garoto de cerca de dez anos, ca!elos ruivos e olhos verdes,chegou correndo pelo corredor e estacou + porta do quarto.

' %alcolm) ' disse Serena, levando o dedo indicador aos l(!ios. ' 3ão faça!arulho, *oll est( dormindo.

' Gue pena) Eu queria v&'lo.

' oc& pode dar uma espiada nele, mas antes vai ter que se lavar. Est(parecendo um garoto de estre!aria)

' Eu estava com a Cgua. Ela vai dar cria dentro de um ou dois dias.

' <sso não C desculpa.

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' Est( !em. oltarei mais tarde. ' Antes de virar'se, o menino apontou para7righam. ' J ele o maldito ingl&s-

' %alcolm) ' disse Serena, escandalizada. "epois, corando, acrescentou: 'Gueira desculp('lo, my lord.

7righam lançou'lhe um olhar zom!eteiro. Sa!ia de quem o garoto ouvira ae#pressão ofensiva.

' 3ão quer nos apresentar-

' %eu irmão %alcolm, lorde Ash!urn.

' Seu criado, sr. %acDregor ' disse ele, com voz calma e impessoal.

? menino sorriu diante do tratamento formal. ' %eu pai gosta do senhor confidenciou ele. ' E tam!Cm minha mãe e DIen.

?s l(!ios de 7righam curvaram'se num leve sorriso.' Sinto'me honrado.

' Sou!e que tem os melhores cavalos de Bondres. 3esse caso, eu tam!Cm vougostar do senhor)

7righam desmanchou'lhe os ca!elos e olhou para Serena.

' iu s$- ?utra conquista.

Ela ergueu o quei#o e ignorou'o.

' ( se lavar, %alcolm.' Elas estão sempre querendo que eu me lave ' disse o menino com um suspiro.

' E !om que haja mais homens na casa)

*erca de duas horas depois, a carruagem de lorde Ash!urn chegou a Dlenroecausando sensação. ? conde era um homem requintado e seu aparato de viagem não

constituía e#ceção. A carruagem, negra com adornos de prata, era conduzida por umcocheiro vestido de preto, com o au#ílio de um jovem palafreneiro, instalado a seu lado,na !olCia.

' Ei, garoto)

? cocheiro saltou ao chão e chamou um menino, que estava sentado + margemda estrada, admirando a carruagem.

' ?nde fica o solar %acDregor-

' Siga em frente. A casa fica no alto da colina. Esta C a carruagem do lorde

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ingl&s-

' Acertou, garoto.

Satisfeito, o menino apontou para o alto.

' Ele est( morando l( em cima.

7righam viu quando a carruagem parou no p(tio do solar e começou a descer asescadas de pedra.

' 5or que demoraram tanto-

' 5eço desculpas, my lord. As estradas estavam ruins.

Ele apontou para os !as.

' 9raga'os para dentro, Tiggins.

' 5ois não, my lord.

' ?s est(!ulos ficam atr(s da casa, Lem. Beve os cavalos para l(. oc&s j(

comeram-

? jovem palafreneiro, cuja família servia os Bangston durante tr&s geraçes,

saltou ao chão, meio tonto.

' Apenas um !ocado, milorde. Tiggins estava com pressa.

' 9enho certeza de que encontrarão uma refeição quente na cozinha. Se voc&s...

7righam interrompeu'se quando a porta da carruagem a!riu'se, e um homem,

mais altivo do que um duque, pKs o pC no estri!o.

' 5ar8ins)

Seu criado de quarto inclinou respeitosamente a ca!eça.

' My lord.

Então ao notar o estado dos trajes do patrão, ele estremeceu e sua voz encheu'se de horror:

' ?h, my lord# 

7righam olhava para ele, a !oca entrea!erta, como se estivesse vendo umfantasma. "epois de um longo sil&ncio, e#plodiu:

' %as o que est( fazendo aqui-

' ? senhor precisa de meus cuidados. Eu sa!ia que tinha de vir e, agora, nãotenho mais dvidas a esse respeito. ou dar ordens para que os !as sejam levados

imediatamente para os aposentos de my lord.

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' 5or que não- ' 7righam tirou o capote de lã e preparou'se para tra!alhar. '9alvez, num dia desses voc& queira me mostrar suas ha!ilidades guiando minhacarruagem.

3ão havia meio mais r(pido para conquistar o coração do menino.

' erdade- ' disse ele, entusiasmado. ' Sua carruagem C muito pesada, senhor.9emos uma carruagem leve, de duas rodas, mas minha mãe não permite que eu a guiesozinho.

' <rei com voc&, est( !em-

7righam afagou'lhe os ca!elos e depois virou'se para e#aminar seus cavalos.

' Eles parecem em !oa forma, Lem. ( dar uma olhada na Cgua do sr.

%acDregor.

' 3ão gostaria de v&'la tam!Cm, senhor- ' disse %alcolm. ' Ela C uma !eleza)

' 9erei imenso prazer.

? menino tomou'o pela mão e guiou'o atravCs da estre!aria atC uma das !aias.

' Aí est( minha 7ets.

 Ao ouvir seu nome, a pequena Cgua castanha enfiou o focinho por entre as ripas

do portão e fungou.

' J uma lady encantadora.

7righam esfregou'lhe o focinho aveludado e ela o fitou com olhos calmos e

interrogadores.

' 7ets gostou do senhor) ' disse %alcolm, e#ultante.

3a !aia, Lem e#aminava a Cgua, que permanecia quieta, suspirandoocasionalmente, quando seu ventre estremecia, ou agitando o ra!o.

' Ela ir( dar cria logo ' confirmou o cavalariço. ' "entro de um ou dois dias,segundo meus c(lculos.

' Eu queria dormir aqui, mas Serena não vai permitir ' quei#ou'se %alcolm.

' 3ão se preocupe. 7ets est( em !oas mãos agora.' Lem me avisar( quando chegar o momento, senhor-

' *laro) 3ão se preocupe. ' 7righam colocou a mão no om!ro do menino. ' 3ãoquer lev('lo atC a cozinha- Ele ainda não almoçou.

' ?h, sim) A sra. "rummond ter( imenso prazer em lhe preparar alguma coisapara comer.

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' 7oa tarde, lorde Ash!urn

' 7rig, por favor ' sugeriu ele.

%alcolm sorriu e apertou a mão que lhe era oferecida. Então, dirigiu'se para aporta, convidando o cavalariço a segui'lo.

' Lem ' disse 7righam, antes que seu empregado saísse. ' Bem!re'se de que eleC jovem e impression(vel. 3ão solte pragas nem maldiçes na frente dele, ou a culparecair( so!re mim.

' Sim, milorde. 5rometo que sa!erei me comportar.

7righam dei#ou'se ficar ali. 9alvez porque o est(!ulo estivesse silencioso e oscavalos fossem !oa companhia. Dostava deles e podia, se necess(rio, arrear uma

parelha tão rapidamente quanto seu cavalariço, ou ajudar uma Cgua no tra!alho departo. Em outra Cpoca, acalentara o sonho de criar cavalos. %as tivera de esquec&'lo,

quando herdara não s$ o título como as responsa!ilidades que isso comportava.

5orCm, não era em cavalos ou nos sonhos perdidos que pensava agora. Era em

Serena. E talvez porque seus pensamentos estivessem tão concentrados nela, nãoficou surpreso ao v&'la entrar na estre!aria envolta numa grossa capa de lã.

9am!Cm ela estava imersa em pensamentos. 3ão fizera outra coisa no decorrer da manhã, senão pensar no homem que se hospedava em sua casa e comia em sua

mesa. 5or que permitira que ele a tocasse e a olhasse daquele modo- Bem!rou'o depC junto + janela, a luz da manhã envolvendo'o em seu !rilho. Seus olhos haviam'se

tornado tão escuros...

Sa!ia quando um homem a olhava com interesse. L( havia sido cortejada por alguns, fora !eijada e sentira'se atC mesmo e#citada. 5orCm nunca haviae#perimentado uma emoção tão poderosa como a que ele lhe despertara.

3o entanto, estava disposta a resistir, a fazer valer sua independ&ncia. Guandotivesse uma nova oportunidade de deparar'se com o arrogante conde Ash!urn, sa!eriacomo trat('lo)

Suspirou e olhou em torno da estre!aria mergulhada em o!scuridade.

' %alcolm, seu dia!inho) ou lev('lo para casa nem que seja + força. oc& aindanão terminou suas tarefas)

' Sinto muito, mas a senhorita ter( que procur('lo na cozinha. ' 7righam saiu dassom!ras, satisfeito em surpreend&'la. ' Aca!ei de mand('lo para l( junto com meucavalariço.

Ela fitou'o com altivez.

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' *om que direito- Ele não C seu criado)

7righam chegou mais perto e notou que as cores da capa, que lhe caía emamplas e graciosas pregas em torno do corpo es!elto, com!inavam com o tom de seusca!elos.

' %alcolm tomou'se de simpatia por Lem. 9am!Cm ele, como seu irmão, tem umgrande amor pelos cavalos.

? coração de Serena enterneceu'se, como acontecia sempre que se tratava de%alcolm.

' Ele não sai daqui. 9enho sempre quer vir !usc('lo e lev('lo para casa + força. 'Ela fez uma pausa. ' 3ão permita que ele o pertur!e.

' %alcolm e eu nos entendemos muito !em.

7righam deu mais um passo a frente. Ela cheirava a lavanda, um aroma leve e

casto que parecia fazer parte de sua personalidade.

' 5recisa descansar, Serena. oc& est( dormindo em pC.

' Eu estou !em, o!rigada. E estaria ainda melhor se o senhor não me tratassecom essa insolente familiaridade)

' Dosto do seu nome. Serena...

Soa diferente nos l(!ios dele, pensou ela, pertur!ada.

' ? senhor impressionou meu irmão com seus cavalos, não foi isso-

' Ele C um tipo mais acessível do que a irmã.

' ? senhor não tem nada que possa impressionar'me, my lord.

' 3ão acha cansativo desprezar tudo o que C ingl&s-

' 3ão. Acho gratificante.

7righam sorriu.

' 5or que temos de discutir o tempo todo-

5or um !reve instante, o coração de Serena amoleceu, mas ela reagiu depressa,

fazendo reavivar o $dio que alimentava h( tanto tempo. 3ão podia perder a !atalha)

' 5orque, para mim, o senhor C apenas um no!re ingl&s que quer tudo + suamaneira) *omo pode estar preocupado com as condiçes de nosso povo se nada sa!ea nosso respeito- Se ignora os atos de falsidade, opressão e tirania-

' Sei muito mais do que pensa ' disse ele, controlando'se.

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' Enquanto o senhor ficava ao a!rigo de sua linda casa em Bondres, ou de seusolar no campo, sonhando com os novos valores e as grandes mudanças sociais, n$stínhamos de lutar apenas para conservar o que era nosso) ? que o senhor sa!e so!renossos anseios, ou so!re a frustração de não sermos capazes de fazer outra coisa

senão esperar-

7righam agarrou'a rudemente pelos om!ros.

' 3ão me faça acreditar que compartilha da hostilidade que seu povo alimentacontra o meu) oc& me despreza, Serena-

' Sim) ' gritou ela com todas as suas forças.

' 5orque sou ingl&s-

' 3ão C uma !oa razão para desprez('lo-

' 3ão) E vou dar'lhe outra melhor)

5ara minha satisfação e para acalmar essa Hnsia que est( me consumindo,pensou ele.

Ela girou o corpo e tentou escapar, mas 7righam estava preparado para isso eagiu com rapidez. 3o momento em que lhe tomou a !oca, ela cessou de lutar. ?s l(!iosdela eram macios, suaves. *om um gemido, envolveu'a pela cintura, pressionando'lheos seios contra o peito.

Serena reconheceu a pr$pria vulnera!ilidade. "issera que o desprezava e oodiava, mas seus sentimentos, seu coração e seu corpo diziam coisas muito diferentes.

Uma e#citação fe!ril a tomou de assalto, levando'a a a!andonar'se contra aquele peitoforte, correspondendo ao !eijo apai#onadamente.

7righam sentiu'lhe a doçura da língua e a volpia dominou'o por completo.Encostou'a num pilar de pedra e tornou a co!rir'lhe a !oca com !eijos profundos epossessivos.

' 7om "eus, onde voc& aprendeu a !eijar assim-

Aqui, nesse instante, quis dizer Serena. %as a vergonha e a confusão fizeram'na calar'se. Ela permitira não s$ que ele a !eijasse, mas correspondera aos seus

!eijos) 5recisou de alguns segundos para recuperar o auto'domínio.

' "ei#e'me ir ' murmurou então, com voz fraca.

' 3ão sei se posso.

Ele quis acariciar'lhe o rosto, mas, sa!endo o que poderia ocorrer se fraquejassede novo, Serena empurrou'o rudemente e cruzou os !raços so!re o peito.

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 A idCia de um conde ingl&s, arrastando na lama a sua no!reza e a suaarrogHncia, trou#e calma a seu coração e a fez sorrir novamente. %as preferia manejar o chicote pessoalmente: faria o miser(vel ajoelhar'se a seus pCs, implorando perdão)

4ecomeçou a !ater, pensando em como era triste que amasse a viol&ncia. <sso

preocupava sua mãe. 5ena que não tivesse herdado a doçura dela, ao invCs do g&nioindom(vel do pai. %as não podia mudar sua natureza. 3ão havia dia em que nãoperdesse a calma, sofrendo, depois, as agruras da culpa e do remorso.

Soltando um profundo suspiro, continuou sua mon$tona tarefa. Sua mãe sa!eriae#atamente como enfrentar lorde Ash!urn e seus indesej(veis avanços. Ela o poriaimediatamente no seu lugar, tratando'o com distante altivez. E quando ele e#ternassesuas intençes, o fitaria com tal indignação, que o canalha não teria outro remCdiosenão a!ai#ar humildemente a ca!eça.

Guanto a si pr$pria, confessava que não sa!ia lidar com os homens. Guando

eles a a!orreciam, o que acontecia com freqM&ncia, fazia'os sa!er disso em linguagemaudaciosa. E por que não-, pensou. 3ão era pelo fato de ser mulher que deviacomportar'se com !randura e pretender mostrar'se desvanecida, quando um homemtentava cortej('la com afetada galanteria)

' ai estragar a manteiga com esses olhares assassinos, querida ' o!servou derepente a cozinheira.

Serena encolheu os om!ros.

' Estava pensando nos homens, sra. "rummond.

 A cozinheira, uma mulher corpulenta, de ca!elos grisalhos e cintilantes olhos

azuis, soltou uma gostosa gargalhada.

' A mulher deve ter um sorriso nos l(!ios, quando pensa nos homens. Um sorriso

os atrai com mais facilidade.

' 3ão quero sa!er de homens + minha volta. Eu os detesto)

 A sra. "rummond terminou de a!rir a massa da torta de maçã e então perguntou:

' ? jovem 4o! %acDregor voltou a persegui'la-

' Ele não se atreveria)

' J um !elo rapaz ' ponderou a mulher.

' %as não C suficientemente !om para nenhuma de minhas moças. Guero quevoc& seja cortejada, desposada e levada para a cama por um homem de condição

superior.

' 3ão quero ser cortejada e muito menos desposada ou levada para a cama)

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' Agora não, querida. Guando chegar a hora. ' A sra. "rummond a!riu um largosorriso. ' J um prazer ter um homem nos !raços.

' 3ão quero me prender a um homem apenas pelos prazeres do leito conjugal)

' 3ão h( motivo melhor para justificar o casamento) %as desde que seja com o

homem certo. ? meu "uncan sa!ia cumprir seus deveres e houve noites em que euadormecia grata por isso. ' Ela suspirou fundo. ' Gue sua alma repouse em paz.

' Ele fazia voc& sentir'se... ' Serena fez uma pausa + procura das palavrasadequadas. ' *omo se estivesse galopando na direção de um a!ismo-

 A sra. "rummond olhou'a com desconfiança.

' 4o! não voltou mesmo a a!orrec&'la-

' *om 4o!, C como cavalgar colina acima num pKnei cansado ' disse Serenacom malícia.

Foi com essa e#pressão que 7righam a viu, quando entrou na cozinha. ?s dedoslongos cerrados em volta do pilão, as saias arregaçadas e o rosto iluminado por umsorriso. "ia!o de mulher) 5or que não podia dei#ar de olh('la-

Sua entrada foi silenciosa, mas Serena pressentiu'o e virou a ca!eça. Seusolhos encontraram'se !revemente, quase em desafio.

 Aquela troca de olhares durou apenas uma fração de segundo, mas não passoudesperce!ida + sra. "rummond. E ela logo sou!e o que dei#ava Serena possessa deraiva. ?u melhor, quem era a causa de sua inquietação.

Então C isso-, pensou, divertida, e não pKde sufocar um sorriso. Um choque devontades... Era um !om modo de começar um namoro, e o conde Ash!urn tinhaqualidades, alCm de um rosto e um corpo que faziam atC seu coração de viva !ater com mais força.

' Em que posso servi'lo, my lord"

7righam virou'se para ela.

' *oll est( com fome e a senhorita DIen acha que um pouco de sopa lhe far(!em.

 Ainda sorrindo, a sra. "rummond dirigiu'se para o caldeirão que estava so!re ofogo.

' ou mandar servi'lo imediatamente. <mporta'se se eu lhe perguntar, my lord,

como est( meu rapaz-

' *oll dormiu !em e est( com uma apar&ncia melhor. A senhorita DIen

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considera seu estado satisfat$rio, em!ora acredite que ele deva guardar o leito por mais alguns dias.

' Ela pode conseguir isso. "eus sa!e que s$ ela e mais ninguCm conseguedomar aquele rapaz)

 A sra. "rummond virou'se e surpreendeu Serena olhando para o conde atravCsdas p(lpe!ras semicerradas. Ficou a o!serv('la de soslaio, com olhos investigadores, edepois tornou, em tom natural:

' Apreciaria um pouco de caldo, my lord" ?u um pedaço de torta de carne-

' ?!rigado, mas estou de saída. ou + estre!aria.

' <sso C que C homem) ' disse ela, entusiasmada, quando ele saiu.

' Ele C um ingl&s ' o!servou Serena, como se isso e#plicasse tudo.

' J verdade. %as um homem C um homem. "e saiote ou de calçes. E os deleassentam'lhe !em)

Serena sufocou uma risadinha.

' Uma mulher direita não notaria isso.

' S$ se fosse cega)

 A sra. "rummond colocou a tigela de sopa numa !andeja, acrescentando, por conta pr$pria, um pratinho com um pedaço de torta de fram!oesa e depois o!servou:

' ? criado de quarto que lorde Ash!urn trou#e de Bondres C um verdadeiro

cavalheiro. Dostei do homem.

Serena sorriu com desdCm.

' <magine, trazer um criado s$ para cuidar das roupas dele)

' ?s no!res costumam fazer as coisas a seu modo ' disse a cozinheira,pensativa. ' 5arece que esse 5ar8ins não C casado.

' 5o!rezinho) "eve estar ocupado demais com as rendas de lorde Ash!urn parater sua pr$pria vida.

5ode ser que ele ainda não tenha encontrado a mulher que lhe fizesse valer isso, pensou a sra. "rummond e um ar de satisfação estampou'se nos olhos dela.

' Acho que o sr. 5ar8ins devia engordar um pouco.

3o!reza, pensou Serena, horas depois, torcendo o nariz. Sangue azul nãosignificava a!solutamente no!reza) E tampouco fazia de um homem um cavalheiro. Um

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aristocrata, talvez, que não sentia a necessidade de justificar escrupulosamente a suaconduta.

"e qualquer modo, ela não ia desperdiçar seu tempo pensando no conde Ash!urn. Fazia dois dias que não punha o nariz para fora da porta de casa, ocupada

com tarefas domCsticas que haviam aumentado com a doença de *oll. E agora quedispunha de algum tempo livre, iria aproveitar para dar um passeio a cavalo. Sua mãe,provavelmente, não aprovaria que saísse quase na hora do jantar. E tam!Cm nãoaprovaria o velho calção de montaria que estava usando. %as tomaria cuidado e, comum pouco de sorte, ninguCm notaria sua saída furtiva.

*autelosa, levou sua montaria para o portão dos fundos da estre!aria e depoisguiou'a a passo moderado na direção das colinas co!ertas de liquens e urzes !rancas.%as no instante em que os !osques fecharam'se + sua volta, estimulou a Cgua, quepassou do trote a um galope acelerado. Sua capa enfunava'se ao vento, o ar gelado

chegava a doer'lhe nos pulmes, mas a sensação de li!erdade superava qualquer incKmodo.

' Bivre) Sou livre) ' gritou, com o rosto a !rilhar de contentamento, e sua vozecoou no sil&ncio do !osque.

5or um instante ainda, permitiu'se sa!orear esse encantamento. Su!itamente,outras lem!ranças afloraram'lhe + mente. Seu sorriso desvaneceu'se, e ela suspirou,sentindo'se estranhamente envergonhada de seu !em'estar. 5rovavelmente, teria quefalar com seu confessor, como havia feito quando dei#ara a escola do convento, em<nverness.

Seis meses da minha vida jogados fora, lem!rou. Seis meses longe da casaque amava para conviver com aquelas jovens afetadas que, estimuladas por suasfamílias, haviam metido em suas ca!eças ocas que iriam tornar'se damas)

Fora um sacrifício intil, no seu entender. Sua mãe j( a havia ensinado a dirigir uma casa. E quanto +s !oas maneiras, não havia dama mais fina nas redondezas doque Fiona %acDregor. Filha nica de um grande propriet(rio de terras, ela tivera umaeducação refinada, aprimorada por temporadas em 5aris e Bondres.

S$ era mesmo necess(rio que sou!esse comportar'se em sociedade, e s$ "eus

sa!ia por qu&, poderia aprender isso em sua pr$pria casa, onde a conversa não giravaapenas em torno de vestidos, penteados e da ltima moda em 5aris)

*ontinuou a estimular a Cgua atC apro#imar'se do rio. Aí, então, pu#ousuavemente as rCdeas, para que a agitação do animal se a!randasse aos poucos, erespirou fundo o ar fresco e revigorante. ?s raios do sol poente lançavam uma luzp(lida, que permanecia suspensa so!re os ramos que!rados e os troncos nodosos dos

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minueto sem par)

' %alcolm não devia ter vindo aqui. Ele tem muito o que fazer l( em casa.

' Ele me assegurou que fez tudo pela manhã. 7righam sentou'se numa rocha eestudou'a atentamente.

' 5osso perguntar se costuma dançar sozinha nos !osques... E de calção-

?s olhos de Serena chamejaram.

' ? senhor não tinha o direito de ficar me espiando)

' Eu estava sentado + margem do riacho, pensando nas trutas que iria pescar,quando vi alguCm chegar velozmente pelo !osque, assustando meus pei#es. Fiqueicurioso, como era natural.

' Se sou!esse que o senhor estava aqui, teria tomado outro caminho)

' Seria uma pena. 3ão teria o privilCgio de v&'la de calção.

Em resposta, Serena virou'lhe as costas e deu dois passos na direção do cavalo.

' 5ara que tanta pressa- Est( com medo de mim-

Ela voltou'se, um lampejo s!ito iluminando'lhe o rosto.

' 3ão tenho medo de ninguCm)

7righam olhou'a com admiração. Encantadora) 3ão havia outra palavra paradescrev&la. Seus olhos pareciam duas gemas e seus ca!elos, que lhe caíam pelos

om!ros, uma cascata de fogo. AlCm do mais, conduzira o cavalo pela floresta intrincadacom uma facilidade que revelava destreza no manejo do animal. 3ão podia negar suacoragem e seu estilo.

3em negar que sua apar&ncia o pertur!ava. ? calção de montaria realçava comdiscreta sensualidade as linhas perfeitas do corpo e a !lusa justa, enfiada no c$s,quase revelava a curva dos seios ofegantes.

' 9alvez voc& devesse ter medo ' murmurou. ' 3este momento, estoue#perimentando toda sorte de intençes desonestas.

Serena sentiu um arrepio s!ito percorrer'lhe a espinha, mas simulouindiferença.

' ? senhor não me assusta, lorde Ash!urn. L( enfrentei situaçes piores)

' 5osso imaginar)

Ele levantou'se e caminhou para ela, silencioso e ameaçador.

' %as voc& ainda não teve que se haver comigo. "uvido que consiga me dominar 

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' 3ada tenho a discutir com voc&, Serena.

' 5elo visto, o senhor não pode mudar nada. 3ada do que aconteceu antes, nadado que est( ainda por vir)

7righam apertou'lhe o !raço com mais força.

' 3ão posso revelar nossos planos, mas vou lhe dizer uma coisa: quando chegar a hora, haver( uma grande mudança.

' E quem ir( se !eneficiar com isso-

Ele a pu#ou rudemente para si.

' ? que est( querendo insinuar-

' 3ão acredito que o senhor, ou outro no!re ingl&s, se interesse realmente pelodestino da Esc$cia. ? que est( fazendo aqui, lorde Ash!urn- endo de que lado sopra

o vento-Um lampejo de ira !rilhou nos olhos dele.

' "esta vez, voc& foi longe demais)

Ela estremeceu, mas não resistiu ao desejo de desafi('lo.

' L( que não quer me e#plicar por que motivo a!raçou nossa causa, eu estou

livre para pensar o que quiser)

' 5ode pensar o que quiser, mas deve ter mais cuidado com suas palavras.

Serena nunca o vira tão zangado. 3ão sa!ia que seus olhos podiam arder comoduas !rasas, ou que sua fisionomia pudesse endurecer'se tanto, a ponto de parecer esculpida em granito)

' ? que vai fazer- Atravessar'me o coração com uma espada-

' 3ão seria justo, voc& est( desarmada. %as não nego que sinto uma vontadeirresistível de estrangul('la.

Sem dei#ar de fit('la, ele envolveu'lhe o pescoço com as duas mãos.

' oc& t&m um pescoço macio, Serena. Fle#ível, f(cil de ser partido.

Ela arregalou os olhos e prendeu a respiração. "epois, num gesto instintivo dedefesa, pKs'se a esmurr('lo no peito com os punhos cerrados.

' Solte'me)

' Solto quando !em entender. 3a estre!aria, voc& não protestou quando...

<nadvertidamente, as mãos de 7righam roçaram os seios dela, um contato que

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Sentiu'lhe o h(lito fresco, enquanto sua língua penetrava a !oca quente eadocicada. 9eria ainda de lhe ensinar muita coisa. Ela não devia sa!er que, do contatode mãos, !ocas e corpos se desencadeava uma infinidade de sensaçes deliciosas.

 Ansioso para que ela encontrasse o prazer, tocou'a em pontos sensíveis,

despertando'lhe desejos e deleites que atC então haviam sido ignorados.Serena fechou os olhos e aspirou o aroma almiscarado da pele de 7righam,

flutuando num mundo sem idCias, insuportavelmente e#citante. Sentiu o leve flu#o ereflu#o da respiração dele contra seus ca!elos, e#perimentou a doce sensação dededos gentis acariciando'lhe as faces, e depois a percepção desses mesmos dedosdesco!rindo a curva suave de seus seios.

' 7righam... ' murmurou, com voz entrecortada pela emoção.

<ncapaz de resistir, ele massageou os seios atC sentir os !icos rígidos so! seus

dedos. Ansiava por tom('los em sua !oca para e#perimentar'lhes o sa!or. Em vezdisso, porCm, co!riu'lhe a !oca quase !rutalmente, dei#ando, apenas por um momento,prevalecer seus impulsos.

Serena estremeceu quando a pai#ão su!stituiu o langor, e uma sensação quaseinsuport(vel de prazer a dominou. %as não se rendeu e, tremendo, começou a lutar contra ele, contra si mesma.

' 3ão. 3ão faça isso ' murmurou, agitando'se entre os !raços que a enlaçavam.

"iante de suas quei#as a!afadas, 7righam ergueu a ca!eça. 3os olhos verdes

havia medo e confusão, não s$ desejo. Endireitou'se e soltou'a !ruscamente, e depoisesperou atC recuperar o pr$prio autocontrole.

' 3ão tenho desculpas ' disse por fim. ' E#ceto que eu a desejo. E s$ "eus sa!epor qu&.

Serena tinha vontade de chorar. Gueria que ele a tomasse nos !raços e a!eijasse. %as gentilmente, como fizera a princípio.

' S$ os animais dei#am prevalecer seus instintos, my lord# 

' %uito !em dito ' murmurou ele, sa!endo e#atamente como ela se sentia. ' %as

h( alguma coisa em voc&, Serena, que e#cita minhas emoçes primitivas. Eu lheasseguro, porCm, que sa!erei control('las no futuro.

Ela inclinou levemente a ca!eça.

' J o que eu espero.

"epois, levantou'se e alisou as roupas. Enquanto recolhia as rCdeas de suamontaria, sentiu a mão dele em seus ca!elos e retesou'se.

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' 5or favor, não)

' 6( folhas em seus ca!elos ' murmurou 7righam, lutando contra o desejo deatraí'la para si.

' 3ão tem importHncia.

' Eu a magoei-

Ele disse isso com tanta suavidade, que a raiva de Serena quase desapareceu.

E teve que lutar consigo mesma, para que sua resposta fosse seca e sua vozimpassível.

' 3ão me do!ro facilmente, my lord.

4ecusando a mão que lhe era oferecida, ela lançou'se so!re a sela, apertou osflancos do cavalo com os calcanhares e partiu a toda !rida.

CAPÍTULO V

' ? que espera que eu faça-

' Gue fique preso a este leito, como um entrevado, enquanto voc& e meu paisaem em campanha pelo príncipe-

' 5or que não- ' disse 7righam.

' Esqueça'se disso)

*oll levantou'se cam!aleante da cama e ficou longo tempo parado, como se nãoestivesse seguro de ha!itar seu pr$prio corpo. Sua ca!eça girava e ele teve que seapoiar a uma das colunas para arrancar a camisola de dormir.

' ?nde estão as minhas roupas-' *omo posso sa!er-

' 3ão sa!e onde foram guardadas-

' Sinto muito, mas não sei. ' A voz de 7righam suavizou'se. ' ou lev('lo de voltapara a cama, antes que desmaie.

' Ainda vai chegar o dia em que ver( um %acDregor perder os sentidos)

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' L( aconteceu uma vez, lem!ra'se-

*oll soltou uma torrente de pragas e, com esforço, caminhou atC a arca dasroupas.

' Sei como se sente, meu amigo. J difícil permanecer impassível, enquanto

outros se movimentam ao nosso redor. %as voc& não est( ainda em condiçes desuportar a viagem.

' 5ois eu lhe digo que estou.

' DIen afirma que não.

' Gue direito tem aquela garota de controlar minha vida-

' ? direito de quem o salvou.

*oll passou a mão pela !ar!a, que dei#ara crescer, e permaneceu mudo.

' Seria uma pena ver todo o tra!alho dela perdido s$ porque voc& C orgulhosodemais para guardar o leito, atC se resta!elecer.

' %aldito seja o *amp!ell que me impossi!ilitou de sair com meu pai paraconvocar os chefes dos clãs) Estou ansioso para participar dos de!ates, 7rig)

' 6aver( tempo para isso, *oll. Estamos apenas no começo da campanha.

7righam sorriu aliviado, ao perce!er que a c$lera de seu amigo estava esfriando,e j( conseguia raciocinar com clareza. Guanto ao g&nio, era muito parecido com a irmã.

5ena que Serena não se acalmasse com a mesma rapidez)

' Guero lem!r('lo de que o o!jetivo de nossa saída C uma inocente caçada nafloresta. J isso, pelo menos, que queremos que os outros acreditem.

' *ompreendo. *oll sa!ia que não estava suficientemente forte para viajar rumoao oeste. E, se insistisse nesse prop$sito, iria retardar seus companheiros.

' <rão se encontrar com os %ac"onald e os *ameron-

' Acredito que sim. ?s "rummond e os Fergusson se farão representar por seusemiss(rios.

' 3ão dei#em de falar com o *amerom de Bochiel. Ele foi sempre fiel aos Stuart.E suas opinies são ouvidas e respeitadas por toda a comunidade.

*oll correu os dedos pela farta ca!eleira aco!reada.

' *om todos os dia!os) Eu devia estar l(, com meu pai, para mostrar a todos que

estou do lado do príncipe)

' 3inguCm ir( duvidar disso ' começou 7righam, mas interrompeu'se quando

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DIen entrou com a !andeja da refeição matinal.

' Espero que não tenha feito arre!entar nenhum ponto ' disse ela, inclinando'separa olhar o ferimento do irmão.

*oll panhou rapidamente o lençol e co!riu'se.

' 9enha um pouco mais de respeito, menina)

*om um sorriso gentil, ela colocou a !andeja na mesa e depois virou'se para

7righam.

' 7om dia, 7rig.

' 7rig, hein- ' murmurou *oll, olhando um e outro com olhos indagadores. '5arece que voc&s dois se tornaram !astante íntimos)

' "ispensamos todas as formalidades, enquanto est(vamos + sua ca!eceira.

7righam vestiu o capote e depois fez um gesto r(pido na direção da cama.

' 5arece que seu paciente vai lhe dar um pouco de tra!alho, DIen. Ele est( forade si.

' *oll não me d( tra!alho algum ' respondeu ela, suavemente, enquanto afofavaos travesseiros. ' enha, querido. oc& se sentir( melhor depois de ter tomado sua

refeição. %ais tarde se quiser dar um passeio pelo jardim, eu o acompanharei.

7righam sufocou uma risada. ? pequeno anjo de *oll não tinha o domínio e

altivez de sua irmã mais velha, mas sa!ia fazer'se o!edecer.

' oc& est( em !oas mãos. Agora posso ir em!ora.

' 7rig...

Ele colocou as mãos nos om!ros do amigo. ' Estarei de volta dentro de umasemana. %uito fraco para discutir, *oll disse apenas:

' Gue "eus o acompanhe.

7righam a!riu a porta e saiu para o corredor. %as parou !ruscamente ao ver 5ar8ins + sua espera com um saco de viagem na mão.

' 4esolveu voltar para a <nglaterra, 5ar8ins-' 5elo contr(rio, my lord. 5retendo acompanh('lo em sua caçada.

' Gue eu seja danado se vou permitir isso) ' e#clamou 7righam, com s!ita ira navoz.

Um pequeno tremor no canto da !oca de 5ar8ins foi a nica indicação de seunervosismo.

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' Eu estou muito !em) E peço'lhe que me perdoe. 3ão sa!ia a razão dessesangue em seu vestido.

5or um instante Serena ficou sem sa!er o que dizer. Ele havia erguido a espadacomo se estivesse disposto a enfrentar um e#Crcito por ela. E a chamara de meu

amor... %as quando conseguiu a!rir a !oca, as palavras saíram formais, inadequadas:' 5reciso mudar de roupa.

Sentindo'se um perfeito tolo, 7righam procurou mascarar sua confusão.

' A Cgua e as crias estão passando !em-

' Sim, muito !em.

Serena tornou a olhar para o vestido e, de repente, sentiu vontade de rir. 3ãodei#ava de ser engraçado: Borde Ash!urn empunhando a espada, como um anjovingador, para defend&'la de um inimigo imagin(rio)

' *hame a isso um acidente, se quiser ' disse, sem conseguir conter um risonervoso.

' %eu engano a diverte, senhora- ' A voz dele soou fria e ríspida.

Ela suspirou.

' "esculpe se o ofendi. %as estou muito cansada.

Ele fez menção de a!rir a porta.

' 3ão quero prend&'la mais.

3ão pode dei#('lo ir em!ora zangado, desafiou'a sua consci&ncia. 3ão C justo)

' My lord.

Ele virou'se, o olhar gClido, a e#pressão indecifr(vel.

' Sim-

 As palavras custavam a vir'lhe aos l(!ios. 3ão podia despedir'se dele com umsimples voto de !oa viagem. ?utro qualquer teria se contentado com isso: mas não

aquele ingl&s indom(vel e altivo)' ? senhor vai partir com meu pai e os homens da aldeia-

' ou.

' "esejo'lhe !oa sorte... na caçada.

7righam ergueu as so!rancelhas. Ela tam!Cm sa!ia. %as não era tão

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surpreendente assim, tratando'se de uma %acDregor)

' ?!rigada, senhora)

Ela o fitou com intensidade antes de acrescentar:

' Eu daria tudo para acompanh('lo)

 Antes que ele pudesse refazer'se da surpresa, Serena recolheu as saias e saiucorrendo.

Ele ficou parado + porta, vendo'a descer apressadamente para a casa. Era amais terrível das ironias: estava apai#onado por ela) Acompanhou'a com os olhos e

suspirou fundo. Estava apai#onado por uma mulher que preferia lhe enfiar uma adagano coração antes de entregar'lhe o seu)

 A jornada constituiu'se numa longa e difícil cavalgada por campos desolados,convertidos em duro gelo. ? vento varria a sua superfície, dei#ando e#postas rochasnuas e arestas congeladas que se assemelhavam +s (guas crespas de um lago!ranco. 3o horizonte, picos cinzentos e fragas escarpadas emergiam so! o peso daneve.

*avalgaram durante horas sem ver uma nica choupana. 5or fim, ap$satravessarem uma ponte arruinada, avistaram uma aldeia construída na encosta de ummonte. A chegada de um grupo de cavaleiros era um acontecimento raro naquelasparagens, e todos saíram +s portas de suas casas para cumpriment('los e ouvir as

ltimas notícias.Era uma Esc$cia agreste, freqMentemente estCril, mas onde a hospitalidade

imperava em toda a sua amplitude. Ao meio'dia, fizeram uma parada e foramconvidados para almoçar na ca!ana de turfa de um pastor. 6avia uma sopa grossa feitade cevada, !atatas e trigo, pão (zimo, morcela e cerveja. 9odos fizeram honra + mesa,sa!endo que a refeição simples constituía um festim naquelas colinas solit(rias.

' 4eceio que privamos o pastor e sua família de seu estoque de alimentos o!servou 7righam, quando de novo mergulharam na desolação que reinava fora,rumando para o oeste.

' ? propriet(rio das terras onde tra!alham providenciar( para que não lhesfaltem nada. Essa C a lei dos clãs ' tranqMilizou'o <an %acDregor.

Ele cavalgava ereto na sela e parecia infatig(vel.

' 6omens como esse propriet(rio acham que o príncipe *harles far( a Esc$ciaprosperar.

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' Borde Ash!urn, meu velho amigo dei#ou'o + vontade-

' <nteiramente, o!rigado.

' Então o senhor C filho de %ar %ac"onald, de Sleatin S8e-

' 3eto, my lord.

' Eu me lem!ro de sua av$, em!ora fosse apenas um menino naquela Cpoca.Era uma linda moça. Foi ela que o criou-

' Sim, depois que meus pais morreram. Eu tinha dez anos então.

' 5arece que ela fez um !om tra!alho. ' %ac"onald sorriu. ' A ceia ser( servidalogo.

' E os outros chefes- ' perguntou <an, olhando + sua volta.

' *hegarão amanhã-

Um leve ruído de passos no corredor fez %ac"onald voltar a ca!eça. Então a!riuum sorriso.

' Ah) Aí est( minha %argaret. Bem!ra'se dela, <an-

7righam virou'se para a porta e viu uma jovem de compleição mida e ca!elosescuros, vestindo um traje formal de veludo azul'escuro, que com!inava perfeitamente

com a cor de seus olhos. Ela inclinou'se numa rever&ncia e depois adiantou'se para <ancom as mãos estendidas e um sorriso que a!riu covinhas em suas faces delicadas.

' Aqui est( nossa moça)

Ele !eijou'a em am!as as faces e depois recuou para admir('la.

' oc& cresceu, %aggie.

' Faz dois anos que não nos vemos ' disse ela com voz suave.

' Sua filha C o retrato da mãe, "onald. 3ão pu#ou a voc&, graças ao Senhor)

6avia orgulho na voz de %ac"onald, quando ele disse:

' Borde Ash!urn, permita que lhe apresente minha filha %argaret.

%aggie fez outra rever&ncia e estendeu os dedos para 7righam.' My lord.

' Srta. %ac"onald... J um prazer ver um lírio'do'vale nestas rudes paragens.

Ela deu uma risadinha.

' ?!rigada, my lord. % senhor C grande amigo de *oll, não-

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' Sou, sim.

' 5ensei... ' ?s olhos dela voltaram'se para <an. Seu filho não o acompanhou,lorde %acDregor-

' 3ão por vontade dele, %aggie. ' Ele sorriu, paternal.

' 6( alguns anos eu era o tio <an, lem!ra'se-

Ela ergueu'se na ponta dos pCs e !eijou'lhe o rosto !ar!udo.

' 5ara mim, o senhor ser( sempre o tio <an.

%acDregor afagou'lhe os ca!elos e depois voltou'se para o seu anfitrião.

' *oll e 7righam tiveram alguns pro!lemas durante a viagem de Bondres para c(.

' ai ter que contar isso, <an.

6ouve um tremor na voz de %aggie, que revelava mais do que ela teria desejadomanifestar, quando perguntou:

' Ele foi ferido-

' L( est( convalescendo, querida. %as DIen achou que ele não estava ainda

suficientemente forte para viajar.

' "iga o que aconteceu, por favor) %ac"onald sorriu para a filha.

' %ais tarde, querida. Agora, faça com que um criado acompanhe nossosh$spedes a seus quartos. 5oderão lavar'se e descansar um pouco antes do jantar.

' ?h) "esculpe'me. Eu mesma lhes mostrarei o caminho.

Draciosamente, ela recolheu as saias e guiou os visitantes pela escada emcaracol. 3o corredor, ela estacou.

' ? jantar ser( servido dentro de uma hora, se lhes convCm.

' 3ada me conviria mais ' disse <an, afagando'lhe a mão. ' oc& se tornou umalinda moça, %aggie. Sua mãe sentiria orgulho de voc&. Ela o fitou com olhos

angustiados.

' 9io <an... *oll foi seriamente ferido- Ele sorriu.

' *oll est( se resta!elecendo !em. 3ão se preocupe.

Lantaram com elegHncia, sentados ao redor de uma grande mesa de carvalho,em cujo centro havia ostras enormes, salmão preparado de diversos modos, comotam!Cm pato assado, aves midas regadas com molho de groselha e quartos decarneiro, acompanhados de um clarete precioso. 5ara finalizar, foram servidos pastCisrecheados com uvas passas, maçãs e am&ndoas, tortas, p&ras cozidas, confeitos.

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' ? príncipe pretende lutar por seus direitos e pelos direitos de sua casa. "issonão h( a menor dvida.

Ele fez uma pausa e lançou um olhar em torno. 9odos estavam atentos a suaspalavras, mas nem todos pareciam convencidos.

' ? príncipe conta com o apoio dos jaco!itas, tanto aqui como na <nglaterra, eespera convencer o rei Buís a sustentar sua causa. 9endo a França como aliada,grandes serão as chances de confundirmos os inimigos e depois a!at&'los.

' ?s ha!itantes da 7ai#a Esc$cia irão engrossar as fileiras do e#Crcito dogoverno ' disse Bochiel, pensando com tristeza nas mortes e na destruição que seseguiriam. ' *omo o príncipe *harles conta enfrent('los, jovem e ine#periente como C-

7righam assentiu, reconhecendo a justiça da o!servação.

' Ele ir( precisar tanto de conselheiros prudentes quanto de !ons soldados. %as

não duvide de suas intençes. Ele vir( + Esc$cia, erguer( seu estandarte e necessitar(que os clãs lhe jurem lealdade, oferecendo'lhe suas mãos e suas espadas.

' 9er( am!as as coisas de mim ' afirmou Lames, enchendo sua taça atC a !ordae erguendo'a em desafio.

' Se C intenção do príncipe legitimar sua so!erania, tão grata aos coraçesescoceses ' disse Bochiel devagar ', os *ameron lutarão com ele e por ele.

 A discussão continuou noite adentro e nos dias que se seguiram. Alguns dentreos convivas se convenceram de que deviam se colocar + disposição do príncipe. ?utros

estavam !em longe disso.Guando os viajantes se despediram dos %ac"onald, o cCu estava tão som!rio

quanto os pensamentos de 7righam. Ele temia que muitos contestariam o direito dopríncipe *harles ao trono ingl&s e, que, com isso, os caminhos diante e atr(s dele sefechariam, e#tinguindo para sempre seus !rilhantes projetos de unificação.

CAPÍTULO VI

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Fiona penteava os longos ca!elos de sua filha mais velha, sentada diante dofogo crepitante da lareira, com a paciente ha!ilidade de suas mãos delicadas. Era um

instante precioso, que lhe trazia lem!ranças doces e tristes a um tempo, da infHncia deSerena, quando era f(cil resolver'lhe os pro!lemas. %as a criança de outrora nãoe#istia maisO tornara'se uma mulher, pronta a lutar pelo que desejava e a fazer o quelhe parecia certo.

<nclinou'se para e#aminar'lhe o rosto corado pelo !anho. Em geral, emmomentos assim, de tranqMila intimidade, sua filha tagarelava satisfeita, fazendoperguntas e contando pequenas hist$rias. Agora, no entanto, ela estava a!sorta empensamentos, os olhos fi#os nas chamas, as mãos em repouso so!re o colo. Gueestaria acontecendo-

Soltou um leve suspiro. "e seus quatro filhos, era Serena que mais apreocupava. *oll, teimoso mas auto'suficiente, não teria dificuldades em achar seupr$prio caminho. DIen, uma criatura doce e af(vel, de coração generoso e apar&nciafr(gil, atrairia, sem dvida, a afeição de um homem !om e honrado. Guanto a%alcolm... Fiona sorriu, enquanto manejava a escova. Seu filho caçula era tão cheio deencanto e malícia, que não haveria coração que pudesse resistir'lhe.

Serena, porCm, herdara o temperamento impetuoso dos %acDregor, alCm deuma sensi!ilidade e#agerada. Ela sa!ia odiar tão apai#onadamente quanto amar, fazia

perguntas que não podiam ser respondidas e... lem!rava'se do que devia ser esquecido.

9emia que aquele odioso incidente houvesse dei#ado marcas tão profundas nocoração da filha como as que dei#ara em seu pr$prio coração. "evia ser principalmenteali que residia a raiz do rancor que ela alimentava contra os ingleses. Um rancor quetransparecia freqMentemente em seus olhos, e que, +s vezes, a fazia e#plodir emtorrentes de injrias.

5reocupada, ficou a olh('la, procurando inutilmente decifrar'lhe os pensamentos. Ah) *omo era difícil cuidar de uma filha crescida.

' 5or que est( tão quieta, meu amor- Est( vendo algum duende nas chamas-

Serena sorriu levemente.

' oc& sempre disse que poderíamos v&'los, se olh(ssemos !em.

' Sim, mas...

' %as o qu&, mamãe-

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' Eu estava de !ranco e usava as pCrolas de minha av$. 9inha os ca!elosempoados e, segundo diziam, estava muito !onita. Seu pai pediu a "onald que oapresentasse e tirou'me para dançar.

' ?h) mamãe. 3unca imaginei que papai sou!esse dançar)

' 5ois sa!ia. E ninguCm dançava com mais graça e leveza do que ele, apesar deser um homem tão grande.

Serena sorriu + idCia de seus pais jovens e esperou, calmamente, que sua mãecontinuasse.

' ? engraçado C que Alice e eu tínhamos feito um pacto de escolher apenas osmais !onitos, os mais elegantes e os mais ricos para nossos pares.

' oc&, mamãe- ' indagou, fitando'a com ar escandalizado.

' 3aquela Cpoca, eu era ftil e vaidosa. Fiona alisou os ca!elos, ainda sem fios

grisalhos, e prosseguiu:

' A partir do dia do !aile, seu pai começou a fazer'me a corte. E, no final, foi ele,que não era o mais !onito, nem o mais elegante, nem o mais rico de meuscortejadores, que eu escolhi para marido.

' %as como voc& teve certeza de que era ele o homem que amava- ' perguntouSerena, impulsivamente.

Fiona lançou'lhe um olhar longo, penetrante, e depois quase sorriu diante de umpensamento novo.

Então C esse o pro!lema. %inha filhinha est( apai#onada) *omo foi que nãonotei antes-

4apidamente, passou em revista os nomes e os rostos dos jovens quefreqMentavam sua casa. 3ão se lem!rava de ter visto sua filha lançar sequer um olhar interessado a um deles. 5elo contr(rio, ela despachava a todos com desdenhosaaltivez.

' 5orque meu coração falou mais alto do que minha razão ' respondeu, calma.

Serena rejeitou enfaticamente a e#plicação.

' <sso não !asta) 9em que haver uma certeza, um sentido. Se papai fossediferente, se não tivesse sua mesma formação nem seus ideais, seu coração nuncateria falado mais alto)

' ? amor não leva em conta as eventuais diferenças que h( entre um homem euma mulher, Serena.

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Foi então, de s!ito, que Fiona compreendeu a verdade, como um jato de (guafria que lhe !atesse no rosto. Sua filha, sua orgulhosa e o!stinada filha, estavaapai#onada pelo lorde ingl&s)

' %inha querida ' disse, então, com um sorriso e uma leve malícia no olhar. ' ?

amor raramente faz sentido.' Eu prefiro ficar solteira a me casar com um homem que certamente me far(

infeliz)

' ? amor s$ assusta quem tenta lutar contra ele.

Serena enterrou o rosto em seu peito.

' ?h) %amãe, por que C tão difícil sa!er o que se quer-

Fiona afagou'lhe os ca!elos.

' Guando chegar a hora, voc& sa!er(. E corajosa como C, aceitar( o seu destino.Um estrCpito de patas de cavalos, seguidos do som de vozes e do latido dos

cães, interrompeu a conversa.

' "eve ser seu papai ' disse ela, encaminhando'se para a porta. ' ou pedir +sra. "rummond que prepare uma refeição quente.

%al Fiona saiu do quarto, as portas da frente escancararam'se e uma animaçãoruidosa su!stituiu o sil&ncio que imperava na casa. Serena afofou os ca!elos, alisou ocham!re verde e desceu para cumprimentar o pai. Encontrou'o na sala, o rosto ainda

corado pelo e#ercício, conversando animadamente com DIen e *oll.7righam estava diante da lareira, uma das mãos segurando uma taça e a outra

enfiada no !olso do calção. Guando a viu, não proferiu palavra, limitando'se a

cumpriment('la com uma leve inclinação de ca!eça. Ela fitou'lhe o rosto moreno e!onito, iluminado pelo clarão das chamas e, pelo espaço de alguns segundos, não viumais nada na sala.

3esse instante, <an avistou'a e a!riu os !raços, chamando'a para si.

' Aí est( voc&, meu pequeno gato selvagem da Alta Esc$cia) eio dar um !eijoem seu velho pai-

Guando ela correu ao seu encontro, ele a ergueu do chão e a fez rodopiar no ar.

' Aqui est( uma moça de verdade. ? homem que sou!er aparar suas garraslevar( para casa um pr&mio valioso)

' 3ão quero ser pr&mio para ninguCm, papai)

' 3ão disse a verdade, 7rig- Serena não C aut&ntica-

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7righam moveu a ca!eça afirmativamente, sem uma palavra.

' Estou com vontade de d('la a "uncan %acVinnon, como ele vem me pedindoh( tempo.

' 5ode fazer isso, papai. %as correr( o risco de ver o filho de seu amigo aleijado

para sempre.

<an riu novamente. Em!ora nutrisse um amor profundo a todos os seus filhos,não escondia de ninguCm que Serena era a sua predileta.

' "espeje mais um pouco de uísque na minha taça, e na dos outros tam!Cm, e

não se preocupe. Sei que o jovem "uncan não C p(reo para voc&.

Ela o o!edeceu incontinenti. %as, enquanto enchia a taça de 7righam, não

resistiu + tentação de dizer como num desafio:

' 3em "uncan nem homem nenhum, papai.

 A luva havia sido atirada e 7righam viu'se no direito de reagir + provocação.

' 9alvez não tenha ainda encontrado o homem que lhe ensinasse a recolher asgarras, senhora.

' %uitos j( tentaram, my lord. %as, atC agora, ninguCm conseguiu.

' E porque a senhora tem encontrado homens errados.

Serena levantou os olhos e fitou'o frente a frente.

' Est( enganado, senhor. E volto a afirmar que não sou para homem nenhum.

Ele sorriu, um sorriso largo.

' 5erdoe'me, madame, mas uma Cgua nervosa raramente compreende anecessidade da mão livre de um cavaleiro.

*oll soltou urna gargalhada.

' J intil, Serena. ? homem poder( continuar nesse tom durante horas e voc&

nunca o vencer(. "esista e venha servir'me. %inha taça est( vazia.

' *omo sua ca!eça)

' *alma, moça, não me arranque a pele) Estou ainda convalescendo de umadoença sCria.

' Est( mesmo- ' Ela tirou'lhe !ruscamente a taça da mão. ' 3esse caso, vaitomar o caldo de DIen em vez de uísque)

Sorrindo, *oll agarrou'a pela cintura e a fez sentar em seu colo.

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' Sirva'me mais !e!ida que eu guardarei seu segredo.

Serena pKs'se em guarda.

' Gue segredo-

' ?s calçes de montaria ' murmurou ele ao seu ouvido.

Ela o amaldiçoou !ai#inho e despejou em sua taça mais um pouco de uísque.

' oc& não estava tão doente assim, se pKde chegar atC a janela)

' Um homem acuado defende'se como pode)

' Sil&ncio, crianças)

<an esperou que todos os olhos se fi#assem nele e então anunciou:

' Encontramos os %ac"onald !em de sade. "aniel, o irmão de "onald, tornou'

se avK pela terceira vez, o que me dei#a envergonhado.

Ele a!arcou com o olhar seus dois filhos mais velhos, que sorriam

inocentemente.

' oc&s ficam sorrindo como dois !o!os, sa!endo muito !em que não estão

cumprindo as o!rigaçes determinadas pelo clã. Um pai mais severo j( os teria casado,com ou sem os seus consentimentos.

' 3ão h( pai melhor do que o nosso ' murmurou Serena com suavidade.

? rosto de <an distendeu'se, e ele quase sorriu.

' 7om, vamos mudar de assunto. *onvidei %aggie %c"onald para passar algunsdias conosco.

' ?h, senhor... ' gemeu *oll. ' Gue amolação)

' 3ão diga isso) %aggie C a minha melhor amiga) ' censurou'o Serena. ' Guando

ela vem, papai-

' 3a pr$#ima semana ' disse <an, lançando um olhar duro a *oll. ' Espero, meu

rapaz, que não se considere dispensado das cortesias devidas + filha de meu melhor amigo.

' Ela não vai me dei#ar em paz) ' protestou o filho.

' %aggie não C mais uma criança. *ertamente encontrar( distração nacompanhia de Serena e DIen.

?s dias que se seguiram foram passados em fe!ril atividade. 5oliram'se os

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' 5are, por favor) 3ão quero ouvir mais nada.

' 5orqu&- 5or que sou ingl&s-

' 3ão... não sei. Sei apenas que não quero me sentir do jeito que voc& me fazsentir.

Ele a pu#ou para si, apertando'a de encontro ao peito.

' *omo eu a faço sentir'se, Serena-

Ela fechou os olhos, com vontade de fugir dele e ocultar'se em seu quarto. %asrespondeu:

' Fraca, tr&mula, com raiva de mim mesma. 3ão, não faça isso ' acrescentounum fr(gil murmrio, quando ele fez menção de tomar'lhe os l(!ios. ' 3ão me !eije.

' Então !eije'me voc&.

' 3ão quero.

Seguro de si, 7righam pKs'se a passear a !oca so!re o rosto ardente, co!rindo'ocom !eijos leves.

' Sim, voc& quer.

?s joelhos de Serena fraquejaram e ela oscilou, como um ar!usto ao sa!or de

um vento forte. Então, dei#ando que seu coração falasse mais alto, jogou a ca!eçapara tr(s e entrea!riu os l(!ios tr&mulos de emoção e desejo.

*om um murmrio de j!ilo, ele a ergueu da tina e a manteve a!raçada por um

momento. Então, lentamente, dei#ou'a deslizar ao longo de seu corpo, atC que os pCsdela tocassem o chão.

Serena sentiu que não podia... não queria resistir ao anseio incontrol(vel dea!andonar'se +quelas carícias. *om um suspiro, colou'se a ele sem reservas,dei#ando'o sentir a maciez de seus seios, so! o casaco a!erto.

7righam perce!eu'a despertar para a volpia e, em!ora e#citado, sou!e quedevia parar antes que a situação fugisse ao seu controle.

' 5recisamos conversar, Serena ' disse, tomando'lhe am!as as mãos e

afastando'a delicadamente de si.

' 5ara qu&-

' 5ara que eu não a!use da confiança que seu pai e seu irmão depositaram emmim.

S!ito, Serena compreendeu o que acontecia sempre que ele a tomava nos

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!raços e a !eijava: ela se rendia, em su!missão ao pr$prio desejo. Ao se dar contadisso, o sangue gelou em suas veias.

' 3ão quero conversar. Guero que v( em!ora)

' %as C necess(rio, não v&-

' 3ão.

Ele a fitou com desalento.

' Serena, não podemos continuar a fingir, nem pretender que nada aconteçaentre n$s quando estamos juntos.

Ela engoliu o n$ que se formou em sua garganta e disse lacKnica:

' ?s desejos morrem.

Uma som!ra de tristeza velou os olhos cinzentos de 7righam.

' Gue palavras tão frias)

' "ei#e'me em paz, est( !em- Eu era feliz, antes que voc& chegasse. E voltareia s&'lo, quando voc& for em!ora.

' 3ão acredito. Se eu fosse em!ora, voc& iria chorar.

' Eu nunca derramaria uma l(grima por voc&. 5or que deveria- oc& não C oprimeiro homem que me !eijou e não ser( o ltimo)

Ele estreitou os olhos, irritado.

' oc& diz coisas perigosas, Serena.

' "igo o que me agrada. Agora, dei#e'me)

Envolvendo'a pela cintura, 7righam tomoulhe os l(!ios e !eijou'a atC faz&'larender'se por completo.

' ?s outros fizeram'na sentir'se assim, lHnguida, quase desfalecida- oc& osolhou como est( me olhando agora, com os olhos enevoados de desejo-

Ela virou o rosto, fugindo dos penetrantes olhos cinzentos, mas ele pegou seuquei#o e o!rigou'a a encar('lo.

' Sim ou não-

' 3ão.

' Ah...

3esse instante, DIen a!riu a porta e, ao ver sua irmã a!raçada ao lorde ingl&s,

ficou parada no limiar, sem sa!er o que fazer.

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' Gueiram me desculpar ' disse por fim, sentindo uma s!ita vergonha de estar ali.

Serena deu um passo para tr(s e alisou os ca!elos, num gesto nervoso.

' Borde Ash!urn estava justamente...

' 7eijando sua irmã ' completou ele friamente.

DIen !ai#ou os olhos e sufocou uma risadinha maliciosa.

' "esculpem'me ' tornou a dizer, pensando se não era melhor dei#ar os doissozinhos.

' 3ão h( necessidade de se desculpar ' interveio Serena. ' Borde Ash!urn veiopedir'me um prato de sopa.

7righam lançou'lhe um olhar irKnico.

' Era essa a minha intenção, mas perdi o apetite.

CAPÍTULO VII

' ? rei Buís não ir( intervir na sucessão disse 7righam.

Ele estava de pC diante da lareira, com as mãos cruzadas +s costas. Em!ora suavoz estivesse calma e controlada, graves preocupaçes pareciam agitar'lhe o espírito.

' A medida que o tempo passa, torna'se cada vez mais evidente que ele nãopor( seus homens nem seu ouro a serviço do príncipe.

*oll jogou so!re a mesa a carta trazida havia pouco por um mensageiro ecomeçou a andar de um lado para o outro da sala.

' 6( um ano, Buís parecia disposto a sustentar a causa dos Stuart. %ais do queisso. Estava ansioso)

' 6( um ano ' o!servou 7righam ', Buís acreditava que *harles pudesse lhe ser 

til. %as desde março, quando a idCia de invasão da <nglaterra foi a!andonada, opríncipe passou a ser ignorado pela corte francesa.

' Então, iremos + luta sem os franceses)

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*oll fitou o pai, ansioso.

' 3osso povo dar( a vida pelos Stuart.

' 5ode ser ' concordou <an, a e#pressão carregada. ' 5recisamos de união. 5aravencer, os clãs deverão lutar unidos so! uma s$ !andeira.

' *omo lutamos antes) ' disse seu filho e#altado. ' 3ão pode haver dvidaalguma so! que partido os chefes se unirão.

' Dostaria que fosse verdade ' tornou <an, pensativo. ' 3ão podemos pretender que cada chefe proteste lealdade e dedicação ao verdadeiro rei, ou leve seu clã a

cerrar fileiras em torno do príncipe. 9emo que muitos erguerão seus !raços contra n$s,unindo'se +s forças do governo.

7righam apanhou a carta e leu'a mais uma vez. "epois rasgou'a muito devagar e atirou'a ao fogo. Enquanto a via arder lentamente, disse:

' Espero a qualquer momento notícias de meu contato em Bondres. Se forem asque imagino, a nossa empresa mudar( completamente de aspecto.

*oll voltou'se para ele.

' Guanto tempo ainda teremos que esperar- Guantos meses, quantos anosteremos que ficar aqui, enquanto o usurpador permanece sentado no trono-

' Acho que a hora da re!elião chegar( mais cedo do que imagina. ? príncipeest( impaciente.

' ?s chefes da Alta Esc$cia vão se unir novamente ' anunciou <an. ' Eles tememque uma ação prematura ou mal planejada possa causar grave dano e de!ilitar a fC dosescoceses numa causa que reivindica para si o direito ao trono ingl&s. %as temos quetomar cuidado com essas reunies para não despertar a suspeita dos 7lac8 Tatch.

' %alditos sejam ' rosnou *oll entre dentes, + menção dos escocesescola!oracionistas.

' ?utra caçada- ' perguntou 7righam, impertur!(vel.

' 9enho em mente algo um pouco diferente.

 Ao som de uma carruagem que se apro#imava, <an sorriu e guardou o cachim!o.' Um !aile, rapazes) J hora de oferecermos algum entretenimento aos nossos

vizinhos. E a jovem que vem nos visitar C, a meu ver, um lindo prete#to.

7righam apro#imou'se da janela e levantou a ponta da cortina a tempo de ver Serena descer correndo a escadaria de pedra. Guase ao mesmo tempo, uma jovem deca!elos escuros saltou da carruagem e atirou'se em seus !raços.

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' *laro que me lem!ro)

%aggie ergueu os olhos e sentiu o coração !ater descompassado. Ele era muitomais !onito do que ela se lem!rava: mais alto, mais charmoso...

' E muito !om ver voc&, *oll. Espero que seu ferimento j( tenha cicatrizado.

' Gue ferimento-

' Seu pai nos contou que houve uma em!oscada, durante sua viagem de volta

de Bondres.

' ?h... não foi nada.

' 9enho certeza de que foi coisa sCria, mas estou contente de v&'lo em !oaforma.

' J maravilhoso estar em Dlenroe novamente) 9io <an... tia Fiona, agradeço a

am!os pelo convite.3esse instante, a criada chegou com a !andeja do ch( e todos se acomodaram

diante da lareira. Ao invCs de se retirar, como havia anunciado, *oll viu'se disputando acadeira mais pr$#ima de %aggie. 7righam aproveitou o instante de confusão e inclinou'se para Serena com o prete#to de passar'lhe um prato de !olinhos.

' oc& est( me evitando, Serena.

' A!surdo)

' Estou plenamente de acordo. Seria um a!surdo.

' ? senhor se tem em altíssima conta, !assenach# 

' J gratificante ver como eu a dei#o nervosa. Ele sorriu, satisfeito, e depoisvoltou'se para os outros.

' DIen, voc& fica encantadora de rosa.

Ele nunca me disse que sou encantadora, pensou Serena, olhando o fogo queagonizava. 3unca me fez rever&ncias nem disse frases galantes. *omigo são apenasfarpas e ironias. E !eijos, lem!rou'se, com um estremecimento involunt(rio. 7eijosprofundos, possessivos...

Faria melhor não pensando nisso... ou nele. Fora criada na Alta Esc$cia, masnão era nenhuma tola. Estava ciente da li!erdade de costumes que imperava naaristocracia inglesa. E 7righam não podia ser diferente de seus pares.

3ão capitularia diante das emoçes poderosas e irresistíveis que ele lhedespertava, entregando'se levianamente. 3ão queria um mero prazer, passageiro efe!ril. Gueria um sentimento profundo o duradouro, e isso era algo que 7righam não

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seria capaz de lhe oferecer.

' Sonhando de olhos a!ertos, meu amor- ' murmurou ele, de s!ito, com vozsedutora.

' Espero que seja comigo.

Bi!ertando'se a custo da melanc$lica magia das !rasas e das cinzas, respondeu'lhe com sarcasmo:

' Estava pensando nas vacas que devem ser ordenhadas.

7righam riu e depois o!servou com uma ponta de ironia:

' 5elo jeito, *oll não est( se a!orrecendo com a srta. %ac"onald.

Serena olhou para o irmão. Ele estava corado e alegre.

' *oll d( a impressão de alguCm que foi atingido por um raio)

' ?u no coração, por uma flecha de *upido. Guem acreditaria numa coisadessas- Acha que ele chegar( ao ponto de dizer versos + sua amada-

7righam suspirou fundo, com simulada resignação.

' ?s homens fazem as coisas mais insensatas, quando amam.

' 6( alguns anos, ele não podia nem ouvir falar em %aggie.

' Agora ela não C mais uma criança. J mulher feita e muito !onita, por sinal.Serena sentiu um aperto no coração.

' Sim, muito !onita. 5arece que ela fascinou a todos.

Ele ergueu um pouco as so!rancelhas escuras e depois sorriu.

' Guanto a mim, prefiro uma jovem de olhos verdes e língua afiada.

' 3ão estou ha!ituada aos flertes de salão, my lord.

' Essa C outra coisa que eu preciso lhe ensinar.

Ela perce!eu que estava em desvantagem e decidiu'se por uma retiradaestratCgica.

' enha, %aggie ' disse, levantando'se. ' ou lhe mostrar seus aposentos.

Serena não se surpreendia de que sua amiga estivesse ainda apai#onada por 

*oll. ? que a dei#ava cada vez mais perple#a, + medida que os dias iam passando, erao fato de que seu irmão parecia retri!uir esse sentimento com igual intensidade. <sso

era algo quase inacredit(vel. %as não podia negar o que estava acontecendo de!ai#o

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de seus pr$prios olhos. Ele que, dois anos antes arrumava sempre uma porção deprete#tos para evit('la, agora procurava outros tantos para ficar na companhia dela)

%aggie, por sua vez, parecia aceitar a situação com naturalidade, o que, nofundo, Serena admitia lhe causar um pouco de inveja. 5or que o amor fazia sua amiga

tão feliz, enquanto ela se sentia insatisfeita e atC amedrontada-

? tempo continuava frio, as !rumas elevavam'se das (speras encostas paralogo, envolvidas nos tur!ilhes do vento cortante de março, desfazer'se em flocos edesaparecer. %as o inverno chegava ao fim. "entro de um m&s, as (rvores estarãoco!ertas de folhas novas e as primeiras flores silvestres se a!rirão ao sol, pensouSerena. L( se ouviam pios de aves e houve um fugaz !rilho de asas, quando oscavalos pertur!aram a quietude do !osque.

*avalgavam a passo moderado e isso a impacientava. Sa!ia que %aggie erauma e#ímia cavaleira, mas sua amiga preferia retardar'se na trilha, ao lado de *oll, doque lançar'se num galope estimulante.

' Guer apostar uma corrida- ' perguntou'lhe 7righam, colocando'se ao lado dela.

' 7om... sim.

' ? que estamos esperando, então- amos) Eles nos alcançarão mais tarde.

Serena hesitou. Sua mãe não aprovaria que cavalgassem aos pares, ao invCs denum nico grupo.

' 3ão ficaria !em.

' Est( com medo de não poder me acompanhar-

Ela o fitou, com os olhos faiscantes.

' <ngl&s nenhum C p(reo para uma %acDregor)

' 5rove isso, Serena ' disse ele !randamente. ' ? lago fica a menos de umamilha daqui.

Um desafio era um desafio. Sem refletir, Serena inclinou'se so!re seu cavalo e

pressionou'lhe os flancos com os calcanhares, estimulando'o a lançar'se para a frente.*om mão leve e evitando os ramos !ai#os, guiou'o atravCs de curvas e desvios,fazendo'o saltar so!re eventuais troncos caídos.

 A senda que seguiam era tão estreita que mal dava lugar para os dois animais,mas nenhum deles queria ceder seu espaço ao outro, de modo que cavalgavam quaseom!ro a om!ro. Ela olhou rapidamente para seu companheiro, o rosto moreno a!ertonum sorriso, e tornou a esporear sua montaria. A floresta ecoou com sua risada clara,

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quando tomou a dianteira.

Seus olhos !rilhavam, seus l(!ios entrea!riam'se. E#perimentava uma sensaçãode !em'estar, de leveza do coração, que vinha so!retudo da companhia de 7righam.Essa emoção persistia, fazendo'a desejar que o lago estivesse a dez milhas de

distHncia, para que eles continuassem a cavalgar cada vez mais velozmente so! osraios do sol, que iluminavam, em remendos resplandecentes, a trilha pela qual a!riamcaminho.

7righam olhou'a com admiração. Ela cavalgava como uma deusa.Elegantemente e com uma confiança ina!al(vel. Se estivesse em companhia de outramulher, teria contido o cavalo, receoso pela segurança dela. %as, com Serena, sentia'se estimulado a prosseguir com mais ardor, pelo puro prazer de v&'la voar ao longo dorstico atalho, a capa enfunada so!re o traje cinzento de montaria.

oc& não vai ganhar, disse a si mesmo, ao ver a superfície azul do lago !rilhar 

por entre os troncos nodosos dos carvalhos.

<mpeliu o cavalo para a frente e logo estavam galopando lado a lado, colinaa!ai#o. Alcançaram a margem juntos, mas Serena esperou atC o ltimo instante pararefrear o cavalo, que estacou com um sonoro relincho de protesto. Ela ria, os olhosverdes espelhando triunfo. Se j( não estivesse apai#onado, ficaria naquele instante, tãoirremediavelmente quanto um homem fulminado por um raio.

' enci, !assenach# 

' Engana'se. Fui eu que venci e por uma ca!eça de vantagem.

' "ane'se a ca!eça de vantagem) Eu venci, mas voc& não C homem para admitir 

isso)

Serena inspirou fundo e continuou, tomada por uma estranha sensação de

desafio:

' Se estivesse usando calção, ao invCs deste traje, eu o teria dei#ado para tr(s, acomer a poeira da estrada)

7righam não es!oçou reação alguma. Ficou mudo, enfeitiçado por aqueles olhosverdes, cujo !rilho era atenuado pelos cílios longos e sedosos.

' %as voc& não tem do que se envergonhar. J um !om cavaleiro. Guase tão !omquanto um escoc&s estropiado e cego de um olho ' acrescentou ela com uma risada.

' Seus elogios me desvanecem, em!ora a senhora pareça não levar em contaque venci a corrida. My lady C muito presunçosa... ou muito o!stinada para admiti'lo.

Serena lançou a ca!eça para tr(s. ? chapCu caiu'lhe e os ca!elos se

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espalharam, numa massa de cachos aco!reados.

' Fui eu que venci. E um cavalheiro teria a fineza de me conceder a vit$ria.

' Uma verdadeira dama nunca teria disputado uma corrida.

' ?h)

Ela não se importava de ser chamada de presunçosa ou o!stinada, masressentia'se quando lhe diziam que não era uma dama.

' A idCia da corrida foi sua) Se eu tivesse recusado, voc& me chamaria decovarde. %as eu aceitei e venci, e então voc& se vinga, dizendo que não sou uma

dama)

' Aceitou e perdeu ' corrigiu'a 7righam, gostando do modo como suas facesficavam coradas no calor da discussão. ' *omigo, voc& não precisa portar'se comouma dama. Dosto de voc& assim como C.

' ?u seja...

' Uma deliciosa gata selvagem que usa calçes e sa!e lutar como um homem.

Ela o encarou, possessa de raiva e, num impulso, deu uma palmada na anca damontaria dele, fazendo o animal pular para a frente. Se 7righam não reagisseprontamente, pu#ando as rCdeas, teria sido lançado de ponta'ca!eça nas (guasgeladas do lago.

' %egera ' murmurou ele, num misto de perple#idade e admiração. ' Est(

querendo me afogar-Ela deu de om!ros, com indiferença, e pKs'se a contemplar o lago. 4aios

o!líquos de sol refletiam'se nas (guas claras, !rincavam no contínuo enovelar'se das

ondas. Bi!Clulas azuis pairavam so!re a superfície, lutando contra s!itas lufadas de ar ainda mido e frio. 9udo era tão calmo e !onito, que ela sentiu seu a!orrecimentoesvaecer'se como por encanto.

' 5roponho uma trCgua.

' 5osso sa!er por qu&-

' 3ão teria ninguCm com quem conversar, enquanto %aggie e *oll namoram.7righam saltou agilmente ao chão e colocou'se ao lado dela.

' A senhora aquece meu coração.

Serena sorriu e estendeu'lhe as mãos, para que ele a ajudasse a descer. %as,antes que perce!esse suas intençes, ele a agarrou pela cintura e a jogou rudementeso!re os om!ros.

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' Est( ficando louco- 5onha'me j( no chão) ' gritou ela, esperneando.

Sem fazer'lhe caso, ele caminhou atC a margem.

' 3ão quer e#perimentar as (guas do lago-

' oc& não se atreveria) ' 6avia uma nota de pHnico na voz dela.

' %inha querida, j( lhe disse que um Bangston nunca se omite diante de umdesafio. Sa!e nadar-

' %elhor do que voc&, !assenach# %as se não me largar...

Ele ameaçou atir('la na (gua e ela soltou um grito de terror.

' 3ão faça isso, as (guas estão geladas) "epois, pKs'se a rir e a dar'lhepontapCs ao mesmo tempo.

' Luro que o matarei, quando recuperar a li!erdade.

' <sso não me anima a solt('la. 5orCm, se voc& admitir que eu venci acompetição...

' 3unca)

' 3esse caso...

Ele deu mais um passo para a frente, mas Serena esmurrou'lhe as costas comtanta força que o fez cam!alear e tropeçar numa raiz.

Guase em seguida, os dois foram ao chão, numa confusão de saiotes e

maldiçes.' ?lhe s$ o estado de minha saia) ' quei#ou'se ela.

' A culpa C toda sua) oc& me fez perder o equilí!rio.

' Foi mesmo- 9omarei mais cuidado na pr$#ima vez. ' Serena sorriu, satisfeita, e

e#aminou'lhe o calção sujo de terra.

' 5ar8ins vai repreend&'lo, quando vir o estado desse lindo traje de montaria.

' %eu criado C uma pCrola e não vai dizer palavra.

' Gue juízo voc& faz do car(ter desse 5ar8ins-' Ele C correto, leal, mas um tanto teimoso. 5or qu&-

' A sra. "rummond acha que ele daria um !om marido.

' A sra. "rummond- ' 7righam fitou'a, incrCdulo. ' A sua sra. "rummond e...5ar8ins-

' 5or que não- A sra. "rummond C uma $tima pessoa.

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' 3ão duvido disso. %as... 5ar8ins-

7righam pKs'se a rir. 3ão podia imaginar seu criado fazendo par com acorpulenta cozinheira dos %acDregor.

' Ele est( ao par das intençes dela-

' Ainda não. A sra. "rummond pretende convenc&'lo com suas tortas e seusmolhos, e#atamente como %aggie est( encantando *oll com sua !eleza e seu sorrisotímido.

7righam lançou'lhe um olhar perscrutador.

' <sso a incomoda-

' ?h, não) Dostaria muito que eles se casassem. %as..

' %as...

' endo'os juntos, não posso dei#ar de pensar que depois do degelo, quandoromper a primavera, o país estar( em guerra.

' 5referia que não houvesse guerra-

Ela suspirou e ficou olhando as nuvens, que corriam r(pidas no cCu azul.

' Sinto'me dividida. Dostaria de lutar, mas tam!Cm de ficar esperando a

renovação da primavera.

Ele tomou'lhe a mão. Era fr(gil demais para empunhar a espada.

' 6aver( outras primaveras. E outras floraçes.Ela o fitou, dominada pelo magnetismo dos olhos cinzentos. Sentia'se !em a seu

lado, ouvindo'o, enquanto p(ssaros invisíveis cantavam em meio + espessura das(rvores e o perfume da terra evolava'se ao calor do sol.

Seus dedos entrelaçaram'se aos dele, num gesto tão instintivo que não sou!e oque havia feito atC não perce!er a mudança que houve na e#pressão de 7righam: os!ito escurecimento das pupilas, a intensidade do olhar. Era como se o mundo + suavolta houvesse desaparecido, e s$ eles estivessem ali, as mãos unidas, os olhos nosolhos.

S!ito, num instinto de defesa, retraiu'se.

' 3ão)

7righam envolveu'a pela cintura, r(pido.

' Eu poderia dei#('la ir em!ora, Serena. %as isso não mudaria o que h( entren$s.

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indigna das criaturas. 5or outro lado, se encontrasse forças para recus('lo,conservando intacto o seu orgulho, se sentiria completamente infeliz.

' 5reciso pensar ' tornou a dizer, confusa.

*urvado so!re ela, 7righam a fitava com ar interrogativo.

' oc& me ama, Serena-

Ela olhou'o um momento, hesitou e disse muito !ai#o:

' Gue importHncia pode ter isso-

Ele endireitou'se e suspirou resignado.

' *ompreendo. Eu sou ainda o ingl&s que veio de Bondres. E voc& jamaisesquecer( isso, não importa o que sinta por mim, não importa o que possamossignificar um para o outro)

' 3ão posso esquecer quem voc& C, nem quem eu sou. ' 7ruscamente ele sedesvencilhou dela.

' Est( !em. oc& ter( tempo para pensar. %as lem!re'se: não vou implorar por seu amor.

CAPÍTULO VIII

%aggie equili!rou'se no degrau da escada de mão e poliu o canto superior doespelho. "epois voltou'se para Serena, entusiasmada.

' Ser( um lindo !aile, perfeito em seus mínimos detalhes) A msica, as luzes...

' E *oll ' acrescentou Serena.

Sua amiga não se dei#ou, de modo algum, pertur!ar e respondeu, com seudivino e suave sorriso:

' Sim, *oll. Ele me pediu que eu lhe reservasse a primeira dança, sa!ia-

' <sso não C surpresa.

' Estava tão carinhoso quando me disse isso... 9ive vontade de responder quelhe reservaria todas as danças se ele quisesse. %as achei que iria dei#('lo sem jeito.

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' Seria a primeira vez que alguCm consegue tal proeza)

' 3ão C maravilhoso- ' suspirou %aggie, deliciada.

' Ele est( apai#onado por voc& e isso C a melhor coisa que poderia lheacontecer.

' Est( dizendo isso porque C minha amiga-

' 3ão s$ por isso. *oll irradia felicidade, quando voc& est( presente.

%aggie sentiu as l(grimas aflorarem'lhe aos olhos.

' Bem!ra'se de que alguns anos atr(s prometemos uma + outra que seríamosirmãs um dia-

' oc& se casaria com meu irmão e eu com um de seus primos ' confirmouSerena. ' *oll j( fez o pedido-

' Ainda não. %as o far(. Eu o amo tanto...

' 9em certeza- Jramos crianças, quando fizemos essa promessa. Agora voc& Cmulher feita.

' J um sentimento diferente, Serena. Guando Cramos crianças, eu o julgava umpríncipe)

' *oll-

' Ele era tão alto e !onito... Eu o imaginava !atendo'se em duelo por mim edepois levando'me para !em longe num corcel ricamente enfeitado.

%aggie riu e desceu um degrau.

' 6oje eu sei que ele não C nenhum príncipe. A conviv&ncia me fez v&'lo so! umnovo aspecto: o de um homem equili!rado e gentil, que, +s vezes, pode perder a calmae tornar'se ousado e atC imprudente. %as eu o amo de todo o meu coração.

' Ele j( !eijou voc&- ' perguntou Serena, o rosto revelando maior interesse.

' 3ão, mas gostaria que me !eijasse.

Ela viu o maravilhoso sorriso e a e#pressão dos !elos olhos azuis e comoveu'se.

' 3unca vi *oll com esse ar tão sonhador. Guando ele olha para voc&, fica p(lidoe depois enru!esce.

' ?h) %as C tão tímido... Se ele não se declarar logo, tomarei a iniciativa) Serenaolhou'a com curiosidade.

' *omo-

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' 7em, eu...

%aggie interrompeu'se, ao ouvir um ruído de passos que se apro#imavam. Suapulsação acelerou'se, dando'lhe a certeza de que era *oll, antes mesmo que eleentrasse na sala. Então, entregando'se sem constrangimento aos impulsos de seu

coração, dei#ou o pC resvalar pelo degrau da escada e caiu docemente ao chão.*oll alcançou'a com duas passadas e passou'lhe o !raço pela cintura.

' oc& se machucou-

' Sou mesmo desajeitada ' murmurou ela, enquanto fitava o rosto querido a um

palmo do seu.

' Uma jovem tão fr(gil como voc& não devia arriscar'se tanto.

Ele a ajudou a levantar'se, mas no instante em que a ouviu soltar um gritoa!afado de dor, tornou a sustent('la pela cintura.

' Guer que eu chame DIen- ' perguntou, aflito.

' Ela pode dar um jeito nisso.

' ?h, não) Se eu pudesse sentar'me apenas um momento...

"e pronto, *oll ergueu'a nos !raços e a depositou na cadeira mais pr$#ima,

como se ela fosse um o!jeto fr(gil e precioso.

' oc& est( p(lida, %aggie. ou !uscar um copo de (gua.

Ele endireitou'se e saiu, antes que ela pudesse pensar numa desculpa qualquer 

para ret&'lo.

' Est( doendo muito- ' perguntou Serena, ajoelhando'se aos pCs dela. ' ?h)%aggie... Seria uma pena se voc& não pudesse dançar amanhã.

' %as eu vou dançar) E dançarei a noite toda com *oll.

' E o tornozelo-

' 3ão seja !o!a, não h( nada em meu tornozelo) ' 5ara provar o que dizia,%aggie levantou'se e ensaiou uma passo de dança.

' oc& mentiu para *oll, %argaret %ac"onald)' 3ada disso) ' disse ela com aud(cia e tornou a sentar'se. ' Ele supKs que eu

tivesse torcido o pC, mas eu não disse a!solutamente nada)

' %as voc& caiu da escada de prop$sito)

' Sim, e não me arrependo.

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' Guerido... C o que eu mais quero) ' Ela ergueu o rosto para que ele a !eijasse. 'oc& C tudo para mim.

E foi assim que Fiona os encontrou, ao entrar no salão, um nos !raços do outro,num a!andono completo.

' *oll) *omo se atreve-

Ele voltou'se para ela, irradiando felicidade.

' %aggie concordou em ser minha esposa) 3ão C maravilhoso, mamãe-

Fiona fitou um e outro com os olhos cheios de espanto, e então suspirou.

' 3ão posso dizer que seja propriamente uma novidade, mas... acho que Cmelhor voc& não ficar a s$s com ela atC o dia do casamento.

' %amãe...

' Bargue essa moça, *oll.

 Assim que ele a o!edeceu, Fiona estendeu os !raços para %aggie, que seencolhera toda diante de seu ar severo.

' 7em'vinda + família, minha querida. Finalmente, meu filho mostrou ter umpouco de !om senso.

Enquanto terminava de ordenhar, Serena pensou na alegria de %aggie, aoanunciar que ela e *oll iam se casar.

' Gue pensa disso- ' perguntou + vaca que ruminava tranqMilamente na !aia.

 A notícia não era ainda oficial. Sua mãe insistira para que *oll fizesse antes opedido a lorde %ac"onald, como era de pra#e. %as ninguCm duvidava que o velholorde, que ia chegar dentro de algumas horas, com outros convidados, concordassecom os esponsais. %aggie estava quase delirante + idCia de que o anncio do noivadoseria feito durante o !aile daquela noite.

Serena sorriu, enquanto erguia os dois !aldes. Estava feliz pelos dois. Suaamiga seria uma !oa esposa: sa!eria refrear os impulsos mais e#altados do marido eficaria satisfeita de fiar e coser para um !ando de pirralhos. *oll, por sua vez, seria

como seu pai: um homem devotado + família.Guanto a ela pr$pria, estava mais decidida do que nunca a não se casar. Seria

uma pCssima esposa. 3ão por ser seca de ternura, ou por não querer filhos. %asporque não via com !ons olhos a perspectiva de viver em perpCtua su!missão a ummarido autorit(rio.

E depois, como posso me casar com um homem qualquer, quando estou

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apai#onada por 7righam-, perguntou'se, enquanto saía da !aia. %esmo sa!endo quenunca poderia tornar'se parte da vida dele, ou ele parte da sua, isso não mudava o queestava nas profundezas de seu coração.

Equili!rou os dois !aldes e começou a galgar a costa. ? sol começava a !rilhar,

derretendo as ltimas neves do inverno. A trilha estava escorregadia, mas transit(velpara quem, como ela, fazia esse caminho diariamente. *ontudo, ia sem pressa. 3ãopor precaução, mas porque sua mente estava longe dali.

3ão invejava a felicidade de *oll e %aggie. Seria mesquinhez, sem contar queela os amava demais. 5orCm, o modo pelo qual sua amiga conseguira realizar seusanseios afetivos, simplesmente fazendo'se de fr(gil, dava'lhe o que pensar.

Um ruído de !otas pisando o solo rochoso interrompeu'lhe os pensamentos.Ergueu os olhos: era 7righam que se dirigia para a estre!aria. Sem pensar, mudou derumo, de modo que seus caminhos se cruzassem. "epois, murmurando um perdão

silencioso pelo leite que ia ser derramado, dei#ou'se escorregar pelo declive lamacento.

7righam correu para ela com o rosto fechado.

' %achucou'se-

Era uma acusação, não uma pergunta que traduzisse cuidados. Serena ferveude raiva por dentro, mas procurou representar !em seu papel.

' 3ão tenho certeza, mas acho que torci o tornozelo.

' 5or que dia!o voc& tem que andar por aí com esses !aldes de leite- ' Ainda

nervoso, ele inclinou'se para e#aminar'lhe o tornozelo. ' ?nde est( %alcolm, ou adesmiolada da %oll-

' ?rdenhar não C tarefa de %alcolm. E %oll est( ocupada com os preparativosdo !aile.

S!ito, Serena desistiu de parecer fr(gil ou feminina. ? seu amor não deveriadepender de tal estratagema.

' 3ão C nenhuma vergonha ordenhar, lorde Ash!urn) 9alvez as delicadas damasinglesas de seu círculo social não sai!am distinguir o !ere de uma vaca de...

' <sso não tem nada a ver com minhas damas inglesas) As trilhas estãoescorregadias e os !aldes são pesados demais. oc& est( fazendo um tra!alho queest( acima de sua forças.

Ela empurrou a mão dele com rudeza.

' Sou tão forte quanto o senhor e talvez mais) E C a primeira vez que escorregonesta trilha)

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Ele olhou'a fi#amente e depois !alançou a ca!eça.

' 9eimosa como uma mula)

Serena sentiu o sangue su!ir'lhe + ca!eça.

Sem uma palavra, apanhou um !alde de leite que estava pela metade e lançou'lhe o contedo no rosto. "epois levantou'se, os olhos fuzilando.

' 3ão h( nada melhor para uma delicada pele inglesa do que um pouco de leite

morno, my lord# 

7righam en#ugou o leite que lhe escorria do rosto moreno e vociferou:

' Eu deveria dar'lhe uma surra, sua pirralha malcriada)

' 3ão quer tentar, !assenach " provocou ela, sem nenhuma ponta de remorso.

' Serena)

Seu ar desafiador transformou'se numa e#pressão su!missa, quando o chamadoperempt$rio de seu pai cortou o ar ainda mido da manhã. 3ão havia outra coisa afazer senão a!ai#ar a ca!eça e esperar o pior.

' oc& perdeu o juízo- ' trovejou <an, possesso de raiva, quando os alcançou.

Ela suspirou, resignada.

' Sim, pai.

' Foi um acidente ' começou 7righam, conciliador. ' Serena escorregou como os

dois !aldes e...' 3ão foi um acidente ' retrucou ela, fria e composta. ' Eu despejei o !alde de

leite em lorde Ash!urn deli!eradamente.

' Foi o que imaginei) ' As feiçes de <an pareciam esculpidas em pedras. ' oume desculpar com lorde Ash!urn por seu comportamento deplor(vel e prometer'lhe queser( castigada. L( para casa, moça)

' Sim, pai.

7righam colocou a mão no om!ro dela.

' 3ão posso permitir que Serena leve toda a culpa. Eu a provoquei, tam!Cmdeli!eradamente. *hamei'a de mula. ? insulto foi tão infeliz quanto o incidente e

igualmente e#plor(vel. oc& me faria um favor <an, se dei#asse o assunto morrer.

%acDregor permaneceu em sil&ncio por um segundo. "epois ordenou, !rusco:

' Beve esse !alde de leite para casa, Serena)

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' oc& est( linda, Serena. E ficar( ainda mais, se sorrir.

Serena mostrou os dentes, numa careta.

' "esse modo, voc& vai espantar os rapazes)

' 9anto melhor. 5refiro v&'los pelas costas.

' 7righam não teria medo ' o!servou DIen, com uma ponta de malícia.

Serena ergueu o vestido de !aile, que estava estendido so!re a cama, e deu de

om!ros.

' 3ão me interessa o que lorde Ash!urn possa pensar.

' Ele C !onito, para quem gosta de homens morenos. ' *omentou %aggie. ' %asum tanto cheio de si, não acha-

' 7righam não C cheio de si ' disse Serena com calor. ' Ele C...

 Ao ouvir a risadinha de DIen ela se reprimiu e completou:

' Ele C grosseiro, a!orrecido.. e ingl&s) Sua irmã, porCm, não se conteve.

' ?utro dia eu o surpreendi !eijando Serena na cozinha.

?s olhos de %aggie arredondaram'se de espanto.

' ? qu&-

' DIen) ' e#plodiu Serena, escandalizada.

' 5odemos confiar em %aggie, não podemos- ' A voz de DIen adquiriu um

petulante tom infantil: ' %as como eu ia dizendo, ele estava !eijando Serena. Foi tãoromHntico...

' L( chega) 3ão foi romHntico, foi...

Ela quis dizer desagrad(vel, mas como não sa!ia mentir, rompeu num lamento

quase furioso:

' ?h) Guem me dera ele me dei#asse em paz) %aggie ergueu uma so!rancelha.

' Se foi assim tão terrível, por que voc& guardou segredo-

Serena enru!esceu e gaguejou:' 5orque... não dei nenhuma importHncia ao fato.

Sua amiga reprimiu um sorriso.

' 3ão se a!orreça, Serena. %eu primo Lamie vai estar presente ao !aile. 9alvezele lhe agrade mais do que lorde Ash!urn.

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Guando 7righam conseguiu escapar dos cuidados perfeccionistas de 5ar8ins,estava irritadiço, mal'humorado e pouco disposto ao convívio social. ?s rumores quecorriam não s$ na <nglaterra como na Esc$cia eram alarmantes, dando conta de que o

apoio que o príncipe esperava de seus simpatizantes ingleses não fora irrestrito e total,como se esperava.

6avia ainda a esperança de que, usando de sua pr$pria influ&ncia, pudesseconvencer os indecisos a aderirem + facção dos Stuart. Seria, porCm, um missãoperigosa. 3ão podia prever se teria sucesso ou, caso fosse desco!erto, o que seriafeito de suas propriedades e de seu título.

3aquela noite, dezenas de chefes de clãs se reuniriam no solar dos %acDregor. As lealdades seriam testadas, os juramentos confirmados. ? que veria e ouviria ali seriacuidadosamente e#posto no clu!e dos jaco!itas, em Bondres, com o fato de estimular o

espírito com!ativo dos ingleses leais ao príncipe. Era uma guerra que se !aseavaso!retudo em dis' cursos, em palavras. E, a e#emplo de *oll, estava começando a ficar cansado disso.

 Ao descer a escada, no entanto, era a imagem perfeita de um elegantearistocrata ingl&s. 3ada em seu aspecto, ou em sua e#pressão, traía as opressivaspreocupaçes que lhe agitavam o espírito.

' Borde Ash!urn...

Fiona fez uma rever&ncia, quando ele entrou no salão. Ela j( tomara

conhecimento dos sentimentos que o conde nutria por sua filha mais velha. E, maissensível do que o marido, entendia as desencontradas emoçes que Serena deviaestar e#perimentando.

' Lady %acDregor... A senhora est( encantadora.

Ela sorriu, não dei#ando de o!servar que os olhos dele perscrutavam, ansiosos,

o salão.

' ?!rigada, my lord. Espero que se divirta esta noite.

' 5osso pedir que me reserve uma dança-

' Ser( um prazer. %as, antes, permita que eu o apresente aos nossosconvidados.

Fiona pousou a mão no !raço dele e dei#ou que ele a conduzisse pelo salãoque, pouco a pouco, enchia'se de uma multidão elegantemente trajada. ?s homens,em sua maioria, usavam saiotes e mantos com as cores de seus clãs, formando um!elo contraste com os vestidos mais alegres e lu#uosos das damas. A doce claridade

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' Srta. %acDregor... ' murmurou, com uma elegante curvatura. ' 5ode meconceder a honra desta dança-

Ela, que tinha vontade de recus('lo, viu'se, sem sa!er como, estendendo'lhe amão e, numa espCcie de torpor, deslizando para o meio do salão. S!ito, ficou com

medo de ter esquecido atC os passos mais simples. 5orCm, quando ele sorriu einclinou'se novamente, pKs'se a e#ecut('los com graça cativante, seus pCs malparecendo tocar o chão.

Sonhara com isso certa vez, na clareira do !osque. Agora, seu sonho setransformava em realidade. Efetuou todos os movimentos com tal leveza, que os l(!iosdele entrea!riram'se num sorriso de aprovação, quando ela curvou'se atC o chão, narever&ncia final.

' ?!rigado. ' Ele não largou'lhe a mão, como am!os sa!iam que era apropriado.' Estava querendo dançar com voc& desde o instante em que a vi + !eira do rio. E

quando penso nisso, não sei dizer se voc& estava mais encantadora de calção ounesse lindo traje verde.

' ? vestido C de mamãe ' e#plicou ela e acrescentou: ' Guero me desculpar pelo... incidente desta manhã.

 Audaciosamente, ele !eijou'lhe a mão.

' 3ão C preciso se desculpar. oc& fez o que achou que devia fazer.

' "esculpar'me C o mínimo que posso fazer, depois que my lord me salvou da

ameaça de um surra.

' Apenas ameaça-

' Sim, papai s$ faz ameaçar. Ele nunca ergueu a mão contra mim. 9alvez por issoeu seja tão impossível.

' Esta noite, minha querida, voc& C apenas uma mulher !onita.

Serena corou e a!ai#ou os olhos.

' 3ão sei o que dizer quando my lord fala desse modo.

' ?h) Serena...

' Srta. %acDregor-

?s dois voltaram'se ao mesmo tempo para o intruso, o jovem filho de umpropriet(rio de terras das vizinhanças.

' Guer me dar a honra- ' Ele curvou'se, elegante e polido.

Serena teria preferido esquivar'se, para evitar o tCdio que previa, mas sa!ia

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quais eram seus deveres. Es!oçando um sorriso formal, estendeu'lhe graciosamente amão, pensando, cheia de ansiedade, quando voltaria a dançar com 7righam.

Ele não podia manter os olhos longe dela. Sentia uma c$lera fria, irracional, aov&'la nos !raços de outro. 5or que sua mãe permitira que ela usasse um traje que a

tornava tão... deleit(vel- E seu pai, como não via que aquele jovem devassomurmurava !o!agens encantadoras ao ouvido da filha-

<mprecou por entre os dentes e rece!eu um olhar espantado de DIen, comquem aca!ara de dançar.

' Gue disse, 7rig-

' ?h... nada. ' Ele sorriu e procurou falar com naturalidade. ' Est( se divertindo-

DIen retri!uiu o sorriso, desejando secretamente que ele a tirasse novamentepara dançar.

' %uito. E voc&, 7rig, aprecia os !ailes e as festas-

' Em Bondres, durante a temporada, não passava dia sem que houvesse algumtipo de entretenimento a que eu era o!rigado a comparecer.

' Eu adoraria conhecer Bondres e 5aris.

' Algum dia, alguCm a levar( para conhec&'las.

Ela riu, delicada.

' Acha mesmo-

' Sem dvida nenhuma.

?ferecendo'lhe o !raço, 7righam levou'a de novo para o centro do salão. %as,mesmo então, seus olhos continuavam fi#os em Serena e seu par. Guando a dançaterminou, quis sa!er:

' Guem C esse rapaz que est( falando com Serena-

' J 4o!, um dos admiradores dela.

' Admirador...

7righam sentiu como um choque no peito. 9entou falar, sorrir, mas a cenacontinuava diante de seus olhos. Então, sem refletir, atravessou o salão com largas

passadas.

' Srta. %acDregor... posso falar com a senhora-

Serena voltou'se para ele, surpresa.

' Borde Ash!urn) 5ermita que lhe apresente 4o! %acDregor.

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' ( em!ora) Eu vim aqui para ficar sozinha.

Ela estava chorando, em!ora negasse o fato. 7righam queria tom('la nos !raçose confort('la, mas sa!ia qual seria sua reação.

' ou partir amanhã ao amanhecer, Serena. E h( coisas que quero contar a voc&

em primeiro lugar.

' "iga, então. E depois v( para Bondres ou para o inferno)

 A fisionomia de 7righam não se alterou.

' amos desmontar-

' Faça o que quiser)

Ele saltou ao chão e, depois de amarrar os dois cavalos numa (rvore, estendeuos !raços para ajud('la.

' 3ão quero sua ajuda)

' 5ois eu lhe digo que vai querer.

' Ser( um ato de viol&ncia)

' erdade-

 Ato contínuo, ele arrancou'a da sela + força e a colocou no chão.

' Sente'se.

' 3ão)

' Sente'se) ' repetiu ele, começando a perder a paci&ncia.

' Est( !em. So!re o que quer conversar, my lord"

' oc& torna tudo tão difícil... 9enho vontade de estrangul('la)

Ela sorriu, irKnica.

' "evo lhe dizer, lorde Ash!urn, que depois que chegou a minha casa fiqueiconhecendo melhor as maneiras inglesas.

' 3ão h( limites para a sua insol&ncia, não C- ' 7righam fi#ou'a com uma frieza

que a gelou. ' Sou ingl&s e não me envergonho disso)Ele fez um esforço so!re'humano para controlar'se.

' Agora ouça. 3ão h( nada em minha linhagem que me faça corar. 5elo

contr(rio, os Bangston são uma antiga e respeit(vel família e eu me orgulho muito dela.5ortanto, pare com seus insultos e ironias)

' 3ão era sua família que eu pretendia insultar, my lord.

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' Era a mim, então- ?u talvez a toda a <nglaterra-

Ela fez menção de falar, mas 7righam agarrou'a pelos om!ros com ar tãoameaçador que a o!rigou a manter sil&ncio.

' Sei o que seu clã sofreu. Sei que o nome %acDregor ainda est( proscrito e que

muitos de voc&s são o!rigados a adotar outros. J uma crueldade que perdurou tempodemais. %as não fui eu que os persegui nem a maioria dos ingleses ' concluiu ele,apertando'lhe ainda mais os om!ros.

' Gue pensa que eu sou- ' quei#ou'se ela. ' Est( me machucando)

Ele a largou de repente e disse com voz fria: ' 5erdão, madame.

Serena, su!itamente, caiu em si. 6avia apenas uma coisa a fazer: apresentar 

desculpas pela sua grosseria.

' Sou eu que lhe devo desculpas. oc& tem razão. 3ão C justo culp('lo pelas

coisas que aconteceram antes que tivCssemos nascido. 3ão C justo culp('lo porquealguns drages ingleses a!usaram de minha mãe, ou porque jogaram meu pai numa

prisão durante um ano, para que a desonra não fosse vingada.

Ela fez uma pausa e depois acrescentou, !ai#ando os olhos.

' Sei que não tem culpa de nada, mas C que... estou com medo.

' "o qu&- ' perguntou 7righam em tom mais !rando.

Ela retraiu'se, mas ele a o!rigou a encar('lo.

' Fale)' "ei#e'me ficar sozinha, my lord.

' Guero uma resposta, Serena. "o que voc& tem medo-

Ela hesitou um instante, antes de responder:

' "e esquecer quem voc& C.

' <sso importa-

5ela e#pressão de 7righam, ela perce!eu que, fosse qual fosse a resposta, seu

destino estava selado.' Sim, importa.

' 5ois eu acho que não.

 Antes que Serena pudesse retrucar, ele a pu#ou para si, a!raçando'a com força.Ela de!ateu'se furiosamente, atC que os l(!ios dele encontraram os seus. A partir daí,uma grande sensação de a!andono invadiu'a, anulando qualquer possi!ilidade de

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resist&ncia. *om um gemido sufocado, moldou o corpo ao dele e correspondeu'lhe aos!eijos com uma lentidão deliciosa.

' ?h, 7rig, não quero que v( em!ora)

Ele se afastou um pouco para olh('la.

' Eu voltarei. 9r&s semanas, quatro no m(#imo, e estarei de volta.

' oltar(-

' Sim, voltarei. 3ão acredita em mim-

Serena acariciou'lhe ternamente o rosto. Se isso era amor, por que doía tanto-5or que não lhe trazia a felicidade e a alegria que vira nos olhos de %aggie-

' 3ão acredito que voltar( para mim. %as não quero falar so!re isso agora.

' Então vamos falar de outras coisas.

' 3ão, não falaremos nada. ' "evagar, ela começou a desa!otoar o casaco.

' Gue est( fazendo-

Em resposta, ela dei#ou o casaco escorregar pelos om!ros, pondo + mostra o

fino corpete r$seo, so! o qual se desenhavam os seios pequenos e redondos.

' ? que n$s dois queremos.

Ele juntou'lhe as mãos e olhou'a com infinita tristeza.

' 3ão assim, Serena. 3ão C justo para voc&.

' 5or que não- ' ela perguntou ofegante.

' 6( coisas que não precisam ser ditas.

' Guero que me tome nos !raços e que me faça sonhar. oc& não quer-

Ele a a!raçou docemente e, procurando'lhe os l(!ios, deu'lhe um longo !eijo na!oca.

' 3ão h( nada no mundo que eu queira mais.

' Então me faça sua. "&'me algo de si mesmo, antes de ir em!ora.

Ela lhe tomou a mão e pressionou os l(!ios quentes e macios na palma.

' %ostre'me o que C ser amada, 7righam.

' Serena... 3ão sei o que dizer.

Ela e#asperou'se.

' oc& vai em!ora amanhã)

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' Eu não iria, se tivesse o poder da decisão.

' %as ir() E eu quero ser sua antes disso.

7righam ergueu'lhe o rosto e fitou'a nos olhos.

' 9em certeza-

Ela es!oçou um sorriso e colocou'lhe a mão so!re seu coração.

' Sinta como ele !ate depressa. J sempre assim, quando estou perto de voc&.

' oc& est( gelada ' disse ele, aconchegando'a nos !raços.

' 5egue a manta de meu cavalo. 5odemos estend&'la ao sol. Ficaremos !emaquecidos.

Ele a apertou nos !raços e co!riu'lhe as p(lpe!ras de !eijos.

' 3ão tenha receio. 3ão vou mago('la.

Serena confiava nele. 9inha certeza de que seria gentil e cuidadoso. Estava

escrito em seus olhos, enquanto a fitavam com ternura e em seus l(!ios, enquantodeslizavam so!re seus om!ros nus. E em suas mãos, enquanto se punham a acarici('

la, transmitindo calor e um desvelo infinito.

5or um momento sem fim, a!andonou'se, enlanguescida, +s sensaçes

provocadas por aquele contato m(gico. "epois, adquirindo confiança, devolveu'lhe ascarícias, correndo os dedos pelo contorno daquela !oca sensual, que tinha tanto poder 

so!re os seus sentidos.

Guando se ajoelharam um diante do outro, com o sol a aquec&'los, sou!e que seentregava não cegamente, mas com a confiante certeza de que quando seseparassem, teriam a alma cheia de recordaçes.

7righam olhou'a, deslum!rado. Ela nunca lhe parecera tão linda, com os olhos!rilhantes so! as p(lpe!ras e as faces coradas pelo prazer. Sentiu um assomo deternura. Seria delicado com ela.

Em!ora dispusesse de pouco tempo, agiu como se aquele instante fosse durar para sempre. Acariciou'a lenta, suavemente, sentindo que aos poucos a pai#ão se

apoderava do corpo delicado.Guando Serena deslizou as palmas macias para dentro de seu colete, os dedos

tímidos lutando com os !otes da camisa, acompanhou'lhe os gestos, achandoinsuportavelmente e#citante ser despido por mãos tão ine#perientes. Era quase umatortura, mas tinha de se controlar. E não apenas por causa da inoc&ncia de Serena,mas por si pr$prio. Gueria gravar na mem$ria cada instante, cada carícia quecompartilhavam. 5ara sempre.

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 Ainda ajoelhada, Serena tirou'lhe a camisa e depois seguiu o contorno da cinturaquase medrosamente. ? corpo dele era tão moreno quanto seu rosto, um corpomusculoso, forte e firme, em perfeita harmonia com sua personalidade altiva e resoluta.3ão teria imaginado que um homem pudesse ser tão !onito)

Guando ele lhe !eijou os seios, ela fechou os olhos e caiu arquejante so!re amanta, perdida na tensão sensual que fazia todos os seus nervos vi!rarem emsucessivas ondas de prazer.

7righam enlaçou'a e deslizou a mão pelo ventre liso de Serena atC alcançar osp&los dourados entre as co#as. Então, com o cuidado de um homem e#periente,curvou'se para !eijar'lhe delicadamente o se#o.

Guando a sentiu despertar para a volpia, teve que lutar consigo mesmo paranão possuí'la nesse instante. 5orCm, era preciso inici('la para o amor de modo corretoe satisfat$rio, continuando a e#cit('la e fazendo'a chegar + !eira do &#tase, antes de

torn('la sua.

' Sonhei tanto com esse instante, querida)

' Guero voc&, 7righam.

' oc& me ter(, amor. 3o seu devido momento. Antes disso, quero oferecer'lhemuito mais.

Ela quis dizer que era impossível. Seu corpo parecia saciado. %as quando eletornou a !eij('la, sentiu'se arre!atada por uma onda de volpia tão intensa, que pensou

que iria desfalecer. A!andonando'se por completo +quele apelo ardente, mergulhoucom ele num mundo de puro prazer.

 Ao perce!er que Serena estava + !eira do &#tase, 7righam apartou'lhe as co#ase, com cuidado, penetrou'a. Ao ouvi'la soltar um grito a!afado, selou'lhe a !oca com

um !eijo profundo e demorado. Guando a sentiu mais descontraída, soergueu o corpo ecomeçou a movimentar'se lenta e compassadamente.

Serena tinha a impressão de que as emoçes iriam lev('la ao desvario.<nstintivamente, ergueu'se um pouco para amoldar'se melhor a ele, e o acompanhouem seu ardor.

3ão pensou mais em nada, a!andonando'se completamente + torrente depai#ão que a conduziu a um mundo de indizível prazer.

Guando a!riu os olhos, as som!ras alongavam'se, a luz era menos intensa e oazul do cCu mais profundo. 5erdera toda a noção de tempo. Sa!ia apenas que o solcomeçava a declinar no horizonte e que os p(ssaros silenciavam, recolhidos a seusa!rigos no !osque.

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' Sua... esposa- ' Ela o fitou, !oquia!erta.

' Est( falando em... casamento-

' *asamento, sim) Gue estava pensando-

Então, ele compreendeu o motivo da insegurança dela e a c$lera transformou'seem piedade.

' Foi por isso que pediu tempo para pensar, na ltima vez que estivemos juntos-

' A risada dele foi sem alegria. ' Gue !elo julgamento voc& faz de mim, Serena)

' Eu... ' Ela dei#ou'se cair sentada numa rocha. ' Eu pensei... ?s homens

preferem ter amantes a...

' S$ uma pequena doida poderia supor que eu estava lhe oferecendo outracoisa, a não ser meu coração e meu nome)

' *omo poderia sa!er que estava falando de casamento- oc& nunca me dissenada)

' L( falei a esse respeito com seu pai.

' Falou com meu pai- ' disse ela, medindo cada palavra. ' Falou com meu paisem ao menos me consultar-

' 3esses casos, a etiqueta e#ige que se peça a permissão dos pais.

' 5ara o inferno as formalidades) ' Ela apanhou a manta e do!rou'a. ' oc& não

tinha o direito de tomar a iniciativa sem antes falar comigo.

Ele o olhou com intensidade.

' Acho que lhe disse mais de uma vez que te amo, Serena.

Ela corou e foi jogar a manta so!re o dorso do cavalo.

' 3ão sou tão ing&nua a ponto de não perce!er que, depois do que aconteceuentre n$s, dificilmente haver( casamento.

Ele a agarrou pelo !raço e a fez voltar'se.

' Acha então que sou um vil sedutor, que adapta seus projetos +s circunstHncias

e trama de acordo com os acontecimentos- E minha promessa de casamento- Foiigualmente calculada-

' 3ão sei o que se passa em sua ca!eça.

' 5ois então sai!a que eu quero que seja minha esposa)

' ? senhor quer. %as quem lhe disse que eu quero- 3ão estamos na <nglaterra,my lord# 

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' %entiu, quando disse que me ama-

' 3ão, mas...

Ele a trou#e para mais perto de si e co!riu'lhe os l(!ios com um !eijo quesufocou'lhe os protestos. "epois disse:

' Então voc& mente, quando afirma que não quer ser minha esposa)

' *omo posso dei#ar a Esc$cia para acompanh('lo + <nglaterra- ' ela perguntou

desesperada.

' Então C isso...

' 5recisa compreender que eu não quero tornar'me a esposa de um conde)

' "e um conde ingl&s ' corrigiu ele. ' Afinal, voc& C filha de um lorde.

' <sso não C suficiente. oc& mesmo me disse, e mais de uma vez, que não sou

uma dama.

' Guero que seja minha esposa, não uma dama)

' 3ão)

' 3ão ter( outra escolha, quando eu disser a seu pai que a comprometi.

Serena ficou transtornada. ' oc& não se atreveria)

' Sim, eu me atreveria ' disse ele tristemente.

' Eu o mataria)

' Acredito que seu pai não seja tão sedento de sangue quanto voc&.

 Antes que ela pudesse retrucar, ele a ergueu do chão e colocou + força so!re +

garupa do cavalo.

' L( que se recusa a casar comigo porque me ama, então ir( casar'se comigo

porque ser( o!rigada a isso)

' 5referia casar'me com uma mula de duas ca!eças)

Ele montou seu cavalo e fez meia volta.

' %as se casar( comigo, querida. "e !om ou mau grado. "urante minhaaus&ncia, ter( tempo para pensar so!re o assunto. Guando voltar, eu falarei com seupai e tomarei as necess(rias provid&ncias.

Serena lançou'lhe um olhar furioso e esporeou o cavalo. Esperava que eleque!rasse o pescoço, durante essa viagem a Bondres)

%as no dia seguinte, + hora de sua partida, ela virou'se de !ruços na cama e,

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a!raçando o travesseiro, chorou atC esgotar todas as l(grimas.

CAPÍTULO X

"e pC junto + janela, 7righam olhava para a elegante multidão que transitava

pela avenida. Fazia seis semanas que se encontrava em Bondres. A primavera estavaagora no auge e seu jardim, um dos mais lindos da cidade, e#i!ia impec(veis gramados

e canteiros repletos de flores fragrantes.

 A chuva amena, que caíra quase incessantemente desde o princípio de a!ril,

havia sido su!stituída pelos ventos vindos do sul. ?s dias eram dourados, estimulandoas mulheres !onitas a usarem leves vestidos de seda e chapCus emplumados, e a

passearem nos parques. "iariamente, havia !ailes e reunies, jogos de cartas erecepçes matinais. Um homem, de !oa condição social e que dispusesse de uma

!olsa recheada de ouro, poderia desfrutar de uma vida confort(vel, com poucosinconvenientes e muitas satisfaçes.

Dostava da atmosfera suave de Bondres, cidade onde nascera e se criara, e

onde tudo lhe era familiar. Apesar disso, sentia que seu coração não estava mais ali,mas na Esc$cia. E perguntava'se como seria a primavera em Dlenroe e se Serenaestaria sentindo sua falta.

Se dependesse dele, j( teria voltado para l(. %as seu tra!alho em favor de*harles estava tomando mais tempo do que o previsto. As coisas não estavam

marchando como imaginara. ?s jaco!itas ingleses eram numerosos, mas poucosdentre eles se animavam a erguer a espada por um príncipe ine#periente.

 A conselho de lorde Deorge, falara com v(rios grupos influentes, não s$ paradar'lhes uma idCia da disposição de Hnimo dos clãs da Alta Esc$cia, mas tam!Cm para

transmitir'lhe todas as informaçes que rece!ia do pr$prio príncipe.

Fora a %anchester e mantivera conluios secretos com mem!ros de sua facçãopolítica. %as era arriscado. ? governo estava alerta agora que os rumores de umaguerra com a França corriam soltos pelo país. ?s simpatizantes dos Stuart e seuspartid(rios ativos seriam acusados de traição e encarcerados, se desco!ertos. <sso namelhor das hip$teses. Bem!ranças de e#ecuçes p!licas e deportaçes permaneciam

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taças de vinho.

' Entre, Lohnn, e diga'me o que aconteceu.

Seu amigo aceitou a taça que ele lhe oferecia e esvaziou o contedo de umtrago.

' 9emos pro!lemas ' disse então, dei#ando'se cair numa cadeira.

' "e que natureza-

' %iltIa, aquele ca!eça oca, em!riagou'se na casa de sua amante e faloudemais.

' Ele citou nomes-

' 3ão temos certeza, mas parece que sim. E, nessas circunstHncias, o seu C omais $!vio.

3enhuma emoção se revelou nos olhos calmos de 7righam.

' A amante dele não C aquela dançarina ruiva-

' Ela sa!e um !ocado de coisas, 7rig. Aquele jovem idiota tem mais dinheiro do

que cCre!ro)

' Ela ficar( de !oca fechada se lhe dermos uma !oa recompensa-

' 9arde demais. Foi por isso que vim atC aqui. Ela j( passou algumasinformaçes a nossos inimigos. Suficientes para que %iltIa fosse preso.

' 5o!re im!ecil)' 3ossos companheiros acham que voc& ser( interrogado, 7rig. E se

desco!rirem algo que o incrimine...

' 3ão sou tão tolo quanto %iltIa.

' 7righam fez uma pausa.

' E voc&, Lohnn, tem a necess(ria co!ertura-

' 3eg$cios urgentes e#igem minha presença no campo.

' ? conde de Thitesmouth sorriu.' 5ara todos os efeitos, j( estou a caminho de minha propriedade.

' Wtimo.

? jovem conde serviu'se de mais vinho.

' ? que pretende fazer-

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' ou partir para a Esc$cia esta noite.

' Essa partida s!ita pode parecer suspeita. Est( pronto para justific('la-

' Estou cansado de simular.

' 3esse caso, desejo'lhe uma !oa viagem.

7righam sentiu'se tocado com a sua no!re cortesia.

' oc& se arriscou muito, vindo avisar'me. Fico'lhe grato por isso.

' ?!rigado, mas não perca tempo.

' Apenas o suficiente para me preparar. oc& falou com mais alguCm so!re aindiscrição de %iltIa-

' 3ão. Achei que seria melhor vir diretamente a sua casa.

7righam assentiu.

' Fez !em. 5assarei algumas horas no clu!e, como tinha planejado, para sa!er 

se os rumores j( começaram a circular. Guanto a voc&, far( melhor saindo de Bondresantes que alguCm perce!a que não est( a caminho de sua propriedade.

Thitesmouth levantou'se e pegou o chapCu.

' Um conselho, 7rig. 3ão su!estime *um!erland, o filho do 5ríncipe'Eleitor. EleC jovem, mas e#tremamente am!icioso.

3o clu!e, 7righam foi calorosamente cumprimentado e convidado a reunir'se aos jogadores de cartas ou dados. *om o prete#to de tomar uma taça de vinho emcompanhia do visconde Beighton, ele desculpou'se polidamente e dirigiu'se para juntoda lareira, onde seu amigo o aguardava.

' 3ão quer tentar a sorte, Ash!urn-

' 3ão nas cartas, Beighton. E não esta noite, perfeita para uma viagem ao

campo.

Beighton manteve os olhos estudadamente fi#os no !orgonha.

' 6( notícias de tempestade ao norte.

' 9enho pressentimento de que, !reve, haver( uma tempestade aqui.

7righam aproveitou o instante em que as vozes dos jogadores tornaram'se maisaltas e inclinou'se para frente.

' %iltIa fez confid&ncias comprometedoras + sua amante e foi preso.

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' oc& disse... Standish-

' Sim. *oronel, acredito. Ele granjeou uma pCssima reputação durante oescHndalo que envolveu 5orteous, em 0PXQ. 5arece que ele sentia prazer em saquear e queimar aldeias e que isso valeu'lhe uma promoção.

' Ele devia ser capitão em 0PXQ ' o!servou 7righam, pensativo.

' 5ossivelmente. ' Um !rilho de interesse iluminou os olhos de Beighton. ' oc& oconhece, afinal-

' "e nome... e a fama ' murmurou 7righam, lem!rando'se de ter ouvido *oll

dizer que o capitão Standish era respons(vel pela violação de sua mãe, pelas casasqueimadas e pela morte dos seareiros indefesos.

' Acho que chegou a hora de nos conhecermos melhor. Sa!e, Beighton, voutentar a sorte, como voc& me sugeriu.

' Est( ficando tarde, Ash!urn. 7righam sorriu.

' Algumas horas a mais não farão diferença.

3ão lhe foi difícil entrar no jogo. %enos de vinte minutos depois, ajudado por sua!oa sorte, ele j( comprara a !anca, ao passo que o coronel amargava uma perdaconsider(vel. 5or volta da meia'noite, quando havia apenas tr&s jogadores + mesa, fezum sinal ao criado que servisse mais vinho e, deli!eradamente, acompanhou Standishna !e!ida. 5retendia matar o homem em igualdade de condiçes.

' 5arece que os dados não o estão favorecendo, coronel.

' ?u o estão favorecendo demais)

 As palavras de Standish eram ditadas não s$ por influ&ncia da !e!ida, mas

tam!Cm da amargura. 9udo conspirava para e#cluí'lo das mais simples e das maisnecess(rias dentre todas as satisfaçes da e#ist&ncia. Estava a zero... falido mesmo deesperança. *ontava o!ter os favores de uma jovem dama, coisa que lhe permitiaalimentar seu gosto pelo jogo e conquistar um lugar na sociedade, mas essa confiançamorrera naquela tarde. Estava certo de que fora o!ra de 7eesle, aquela vaga!unda)

Sacudindo raivosamente a cai#a de couro, Standish atirou os dados e tornou a

perder.

' J uma pena. ' 7righam sorriu e tomou mais um gole de vinho.

' 3ão me importo de perder ' resmungou o oficial.

' Espero que não considere falta de patriotismo de minha parte vencer umdragão do rei. %as, aqui, somos apenas homens comuns.

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? propriet(rio do clu!e voltou com o martelo, como lhe fora ordenado,desmanchandose em mesuras:

' My lord, eu o imploro para não agir impulsivamente. 3ão C necess(rio.

' 5ois eu lhe asseguro que C necess(rio. Gue!re os dados.

Segundos depois, Standish olhava para os fragmentos que estavam so!re opano verde. Foi um estratagema, pensou, empalidecendo. "e algum modo, aqueles!astardos o haviam logrado. Gueria v&'los todos mortos, esses aristocratas demaneiras delicadas e vozes suaves)

' ? senhor est( em!riagado, coronel ' disse 7righam, lançando'lhe ao rosto ocontedo de seu copo.

Standish levantou'se da mesa, o vinho escorrendo'lhe do rosto magro. A !e!idae a humilhação haviam feito seu tra!alho. Ele teria arrancado a espada da !ainha ali

mesmo, se os outros não o tivessem segurado pelo !raço.

' Eu o espero + entrada da cidade, entre quatro e cinco horas da manhã)

eremos, então, se sa!e manejar tão !em a espada quanto os dados)

' *omo quiser, senhor. ' 7righam virou'se para o visconde. ' %eu caro Beighton,peçolhe que seja meu padrinho.

Um pouco antes do amanhecer, um grupo de homens de negro encontrava'se nodescampado que orlava a cidade. A nCvoa se desprendia do chão, aumentando o ar de

a!andono do lugar ermo so! a luz fria e distante da estrela matutina.

Beighton dei#ou escapar um suspiro, enquanto o!servava o amigo.

' Suponho que voc& tenha suas razes para essa loucura.

' Sim, tenho.

? visconde olhou para o cCu, que o sol nascente tingia de rosa, e franziu oscenhos.

' Fortes suficientes para atrasar sua viagem-

7righam pensou em Serena e na e#pressão de seu lindo rosto, enquanto falavado a!uso que sua mãe sofrera. 5ensou em Fiona, tão fr(gil e delicada, e confirmou:

' Sim, muito fortes.

' ? homem C um canalha. %as isso não me parece uma razão para estarmosaqui, a estas horas da manhã. 5orCm, se acha que C seu dever, estou do seu lado.5retende mat('lo-

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' Sim, pretendo.

' Seja r(pido, então. 3ão quero me atrasar para o cafC da manhã.

"ito isto, Beighton foi conferenciar com o padrinho de Standish, um jovem oficialque estava p(lido e e#citado + idCia de assistir a um duelo.

"epois que as armas foram e#aminadas e julgadas aceit(veis, 7righam apanhouuma delas e sopesou'a cuidadosamente. Standish, de sua parte, estava pronto e quaseansioso. 3ão tinha dvida de que aca!aria com o jovem pedante, e que voltaria para acaserna em triunfo)

*umprimentaram'se como era de pra#e, tocando as lHminas. "epois, tomaramposição, rompendo a quietude do campo com o retinido das armas. 7righam mediucuidadosamente seu advers(rio e, afastando Serena da mente, enfrentou'o comha!ilidade e precisão de gestos. ? homem tinha e#peri&ncia e sa!ia guardar'se, mas

seu estilo era agressivo demais.' ? senhor C h(!il no manejo da espada, coronel. %eus cumprimentos.

' 6(!il suficiente para espetar seu coração, Ash!urn)

' eremos ' As lHminas tocaram'se uma, duas, tr&s vezes. ' %as o senhor nãoprecisou de uma espada para violentar lady %acDregor.

Estas palavras romperam a concentração de Standish. %as anos de treinamentosomados a um forte instinto de conservação levaram a melhor, fazendo'o neutralizar oarremesso de 7righam antes que sua espada encontrasse o alvo.

' 3ão se viola uma prostituta ' disse entre dentes, perce!endo que fora levado aoduelo como um carneiro ao matadouro. ' ? que essa vaga!unda escocesa representapara o senhor-

' ai morrer pensando nisso, coronel.

*ontinuaram a esgrimar em sil&ncioO 7righam frio e impassível, enquanto ocoronel ardia de raiva e humilhação. As espadas se chocavam agora com mais vigor,competindo com o som de suas respiraçes ofegantes e silenciando atC os p(ssaros.

S!ito, num ousado ecart, Standish simulou um ataque pela direita, que

confundiu seu advers(rio, o!rigando'o a guardar'se. "epois retesou os msculos evi!rou'lhe um golpe, atingindo'o no om!ro. Uma ca!eça mais fria teria tirado vantagemdisso. %as o coronel via apenas o sangue e, com ele, sentiu o sa!or da vit$ria.Lulgando'se a um passo dela, atacou com redo!rado furor.

7righam aparava um golpe atr(s do outro, tomando tempo, sem se importar como sangue que lhe escorria ao longo do !raço. 4ecuou, e, durante uma fração de

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segundo seu peito ficou a desco!erto. A luz da vit$ria j( iluminava as feiçes de seuopositor, que se lançou para frente, visando'lhe o coração.

Furtou agilmente o corpo e desviou'lhe a arma um momento antes que ela oatingisse. Dirando então com rapidez vertiginosa, fez sua espada descrever uma curva

ampla e mergulhou'a no peito dele. Guando retraiu a lHmina manchada de sangue, ocoronel j( estava morto.

Beighton e#aminou o corpo junto com o oficial de rosto p(lido e anunciou:

' oc& o matou, Ash!urn. J melhor que tome seu caminho sem demora. Eu dareium jeito nessa confusão.

' ?!rigado.

' "ei#e'me cuidar de seu ferimento.

7righam entregou'lhe a espada e mostrou, com um gesto cansado, o inestim(vel

5ar8ins que o esperava a alguns metros de distHncia.

' %eu criado far( isso.

Serena despertou pouco antes do nascer do sol, !anhada em suor. A lem!rançado sonho permanecia, com menos nitidez, um tanto descone#o, mas ainda oprimindoseu coração. Um sonho impregnado de horror, que aumentava o sofrimento em quevivia desde o dia em que 7righam partira.

E loucura, pensou sentando'se na cama. Ele est( em Bondres, a salvo.5or um certo tempo, permitira'se acreditar que ele voltaria, como havia

prometido. %as, a vCspera do casamento de *oll e %aggie, sentia'se insegura. Se

7righam não voltara para o casamento de seu melhor amigo, era porque não voltarianunca mais.

*onfusa e amargurada, concluíra que seu amor não havia sido mais do que uminterldio em suas vidas tão diferentes. Um delicioso fogo de amor, mas fora da

realidade. Agora, restavam'lhe apenas as lem!ranças.

iu no espelho o seu rosto alterar'se de s!ito e as l(grimas su!irem'lhe aos

olhos, trans!ordando. Bongos soluços a!afados sacudiram'na tão profundamente que,por um momento, julgou estar gritando. Afinal, esgotada a emoção, lamentou aquela

fraqueza tão contr(ria ao domínio que tinha de si mesma.

4etomando a posse da vontade, desceu para tomar cafC com sua família.

"epois, mergulhou de corpo e alma no tra!alho. E sempre que ameaçava cair emdepressão, tentava convencer'se que os momentos de encantamento que tivera dariam

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para preencher uma vida.

? crepsculo j( esfumava as formas, quando saiu furtivamente da casa,vergando os calçes de montaria. Sua mãe e %aggie escolhiam os fios para tecer eDIen estava visitando um dos doentes da aldeia. 3inguCm notaria sua aus&ncia.

Som!ras espessas, no !osque de pinheiros que ela atravessava inclinavam'se eafastavam'se + sua passagem.

Guando alcançou a orla, pu#ou suavemente as rCdeas do cavalo e desmontou.

 A relva, junto + margem, era !rilhante e fresca e entremeada de flores !rancas e

amarelas. *olheu um punhado delas, enfiou'as nos ca!elos, e depois deitou'se decostas, com +s mãos cruzadas so! a nuca.

Fechou os olhos e não resistiu + recordação de 7righam, dei#ando que asimagens que visualizava a acalmassem ao invCs de atorment('la.

 Ao sentir um leve toque, como se um inseto tivesse pousado em sua face,ergueu a mão para afast('lo, mas não a!riu os olhos. Gueria permanecer mais um

pouco a sonhar com o que poderia ser seu futuro. 7righam, pensou, como eu queriaque me !eijasse. Sorriu levemente ao sentir um toque suave nos l(!ios.

' ?lhe para mim, Serena.

Ela o!edeceu automaticamente, ainda imersa em seu devaneio. Guandoencontrou um par de olhos cinzentos fi#os nela, e#perimentou uma felicidade tãogrande, que permaneceu muda, sem sa!er o que dizer.

Ele viu as feiçes delicadas resplandecerem de ternura, de agrad(vel surpresa.5u#ou'a para si, pressionando os l(!ios contra os dela.

' *omo senti sua falta, querida)

5odia ser verdade- A mente de Serena girava em tur!ilhão, enquanto ela oenvolvia em seus !raços.

' 7righam... C mesmo voc&- 5arece uma coisa irreal v&'lo aqui agora ' disse,

temendo que ele desaparecesse de repente. ' 7eije'me outra vez)

Ele a !eijou outra vez, querendo transmitir o que sentira ao v&'la adormecida no

mesmo lugar em que haviam feito amor. Bogo despiam'se com urg&ncia, na Hnsia desaciar a pai#ão que a saudade fizera crescer.

Serena o a!raçou com força, as mãos deslizando pelo corpo forte de 7righam,acariciando'o, tocando'o sem a timidez do primeiro encontro, mas com a desenvoltura

de uma mulher que reencontrara o homem amado.

 A noite j( co!ria Dlenroe. Entregues ao doce langor que se seguiu aos

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momentos de &#tase, eles continuaram a!raçados, desfrutando a felicidade de estarem juntos.

' %al consigo acreditar que voc& est( aqui... ' ela falou, olhando'o nos olhos.

' ?ra, menina, eu não disse que voltaria- ' Ele curvou'se para !eij('la. ' Eu te

amo, Serena. 3ada poderia me impedir de voltar para voc&.

' Esteve fora durante tanto tempo e não me escreveu uma s$ vez.

' Seria arriscado. "aqui a pouco vai começar a !atalha, Serena.

' Então... ' Ela interrompeu'se, ao ver seus dedos manchados de sangue. ' 7rig,

voc& est( ferido)

So!ressaltada, e#aminou a fai#a que lhe rodeava o om!ro. Estava ensopada desangue.

' Foi atacado novamente- ?s *amp!ell)' 3ão. Foi um pequeno ajuste de contas em Bondres.

' *omo assim-

' 3ão vamos falar so!re isso agora, querida. L( anoiteceu e devemos voltar paracasa.

Ela rasgou a camisa dele para fazer uma nova fai#a.

' *omo foi que voc& me encontrou aqui-

' Eu poderia dizer que apenas segui os impulsos de meu coração. %as averdade C que rece!i a informação de %alcolm. Ele a viu sair em disparada. ' Fitou'aem!evecido e então pediu: ' 5or favor, Serena, diga o que estou ansioso por ouvir.

' Eu te amo, querido. %ais do que jamais imaginei que seria capaz.

' E ir( se casar comigo-

Guando ela !ai#ou os olhos, contrafeita, ele e#plodiu:

' oc& diz que me ama, mas quando eu falo em casamento, parece que estoulhe propondo ir + forca)

' L( lhe disse que não posso ser sua esposa.

' 5ois eu lhe digo que pode. ' Arrancou'lhe a camisa das mãos e vestiu'a. ' oufalar com seu pai.

' 3ão, não faça isso)

' oc& não me dei#a outra alternativa. Eu te amo, Serena e não quero passar 

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mais uma s$ noite na agonia da dvida.

Ela suspirou.

' Guando a guerra começar, voc& partir( e eu ficarei + espera. amos nos dar tempo para enfrentar o que est( para acontecer.

' 5ois fique sa!endo que, no final, eu não lhe darei outra escolha.

CAPÍTULO XI

"ias ap$s a chegada de 7righam a Dlenroe, os franceses impuseram umahumilhante derrota aos ingleses em Fonteno. Apesar disso, Buís N ainda hesitava emconceder seu apoio aos re!eldes. E *harles, na e#pectativa de que a vit$ria da Françadesse o tão necess(rio impulso + sua causa, foi uma vez mais a!andonado + suapr$pria sorte.

%as, dessa vez, ele não permaneceu de !raços cruzados + espera do au#ílioque não achava em parte alguma. *om o dinheiro que conseguiu empenhando osfamosos ru!is de sua mãe, equipou e armou a fragata &outelle e um navio de linha

regular, o Eli'a$eth. Então, dei#ando a seus seguidores a tarefa de continuar a pressão,visando uma nova aliança de interesses, o 5ríncipe Dalante zarpou de 3antes, rumo +Esc$cia e ao seu destino.

Era pleno verãoO quando a notícia chegou a Dlenroe. Sou!e'se então que o

Eli'a$eth, com seu precioso carregamento de homens e armas, fora perseguido por seus inimigos !ritHnicos e o!rigado a voltar ao porto. Em compensação a &outelle, com*harles a !ordo, continuava a navegar na direção da costa escocesa, onde se formariaum e#Crcito leal aos Stuart.

' %eu pai acha que eu sou muito jovem para com!ater ' disse %alcolm comtristeza. ' %as eu não concordo com isso.

7righam olhou para o garoto que aca!ara de completar onze anos e reprimiu umsorriso.

' *oll e eu lutaremos em seu lugar ' retrucou, enquanto lhe desmanchava os

ca!elos com o jeito paternal com que o tratava.

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%alcolm suspirou.

' 3ão me conformo de ser tratado como uma criança.

' Acha que seu pai confiaria seu lar e sua família a uma criança- Guando elepartir com seus homens, não haver( nenhum %acDregor no solar, alCm de voc&. Guem

proteger( as mulheres, se vier conosco-

' Serena ' disse o menino, sem hesitar.

' "ei#aria + sua irmã o encargo de proteger o nome e a honra de sua família-

%alcolm refletiu um minuto.

' Ela sa!e atirar melhor do que eu ou *oll, em!ora meu irmão não queira admitir.%as eu sou melhor com o arco e a flecha.

' Se voc& estiver aqui, não precisaremos nos preocupar com a segurança das

mulheres.7righam sentou'se a seu lado e pousou'lhe a mão no om!ro.

' ou lhe dizer uma coisa, %alcolm. Um homem não vai com prazer + guerra,mas ir( com o coração mais leve, se sou!er que suas mulheres estão protegidas.

' 3ão vou permitir que nada lhes aconteça.

' Sei disso e seu pai tam!Cm. E se acontecer que Dlenroe não ofereça maissegurança, peço'lhe que as leve para as colinas.

' ou procurar um !om a!rigo para elas. Especialmente por causa de %aggie.

' 5or que especialmente para ela-

' 5or causa do !e!& que vai nascer. 3ão sa!ia-

7righam fitou'o, espantado. "epois soltou uma risada.

' 3ão. E voc&, como sou!e-

' ?uvi a sra. "rummond falar so!re isso. Ela disse que tem certeza de que

haver( um !e!& no solar na pr$#ima primavera.

' 3esse caso deve ser verdade)

%alcolm sorriu com malícia.

' Estão dizendo tam!Cm que voc& vai se casar com Serena. ai mesmo, 7rig-

' ou, mas ela ainda não sa!e.

' Então, voc& se tornar( um %acDregor.

' 5or e#tensão. Assim como Serena se tornar( uma Bangston.

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' Uma Bangston. Ser( que ela vai gostar disso-

? sorriso dei#ou os l(!ios de 7righam.

' Serena ter( que se acostumar com a idCia. 7om, se ainda quer dar um passeioa cavalo C melhor irmos andando.

%alcolm levantou'se de um salto.

' Sa!e que 5ar8ins est( cortejando a sra. "rummond-

7righam estacou, !oquia!erto.

' E verdade-

' Luro que C)

"a janela da sala de visitas, Serena viu'os partir para o campo a!erto rindo alto.7righam parecia tão alto, tão !onito) Ela de!ruçou'se + janela e seguiu'os com o olhar 

atC v&'los desaparecer de vista. Ele não iria esperar muito... era o que havia dito daltima vez que se encontraram, perto do lago. Gueria torn('la lady Ash!urn, do Solar 

 Ash!urn. Lady Ash!urn, da alta sociedade de Bondres. Essa idCia era simplesmenteaterradora)

?lhou para seu vestido caseiro, de algodão azul, e para os seus pCs nus, algoque sua mãe teria reprovado. Lady Ash!urn nunca mais correria pelas charnecas oupelos !osques de pCs descalços. E#aminou as mãos com ar crítico. %acias porque amãe o!rigava'a a esfreg('las com loção todas as noites. %as não eram as mãos deuma lady.

 Amava'o, porCm, e entendia agora que o coração podia falar mais alto do que arazão.

<ngl&s ou não, seria dele) 5referia trocar sua amada Esc$cia pela <nglaterra aviver sem ele)

' Serena.

Ela virou'se rapidamente e viu sua mãe parada no corredor.

' L( terminei minhas tarefas, mamãe.

Fiona entrou na sala e fechou a porta atr(s de si.

' Sente'se, Serena. 5reciso falar com voc&.

Fiona raramente usava esse tom grave. Em geral, isso significava que ela estavapreocupada ou a!orrecida.

' Fiz alguma coisa que a a!orrecesse, mamãe-

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' oc& est( pertur!ada ' começou Fiona. ' 5ensei que estivesse sentindo falta de7righam. %as ele voltou h( v(rias semanas e voc& continua pertur!ada.

' 3ão estou pertur!ada. Estava pensando no que acontecer( quando o príncipechegar.

"eve ser verdade, pensou Fiona. %as não inteiramente.

' Em outras Cpocas, voc& teria se a!erto comigo, Serena.

' 3ão sei o que dizer.

Dentilmente, Fiona tomou'lhe a mão entre as suas.

' "iga o que est( em seu coração.

' Eu o amo ' confessou ela, por fim, deitando a ca!eça no colo da mãe. ' Eu oamo e isso d$i terrivelmente.

' Sei disso, querida. ? amor traz grandes alegrias mas tam!Cm grandessofrimentos.

' 3ão devia fazer sofrer)

' Guando a!rimos nosso coração, ficamos muito sensíveis, querida.

' Eu não queria am('lo. Agora, não posso fazer mais nada.

' Ele a ama-

' Sim, ama.

' Sa!e que ele a pediu em casamento-

' Sei.

' E sa!e que seu pai, depois de uma longa refle#ão, deu seu consentimento-

<sso, Serena não sa!ia. Ela endireitou'se !ruscamente e voltou o rosto p(lido

para a mãe.

' %as eu não posso me casar com ele, mamãe. 3ão posso)

Fiona olhou'a com atenção.

' Seu pai nunca a o!rigaria a casar'se contra a vontade. %as voc& mesmaaca!ou de dizer que o ama e que esse amor C retri!uído)

' Eu o amo e gostaria muito de me casar com ele. %as isso me assusta.

Fiona começou a compreend&'la melhor.

' 5o!re menina) oc& não C a primeira jovem a ter esses receios, nem ser( a

ltima.

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' 3ão quero me tornar lady Ash!urn)

' 5or qu&- ' perguntou Fiona, surpreendendo'se com a veem&ncia da filha. ' Juma família muito honrada.

' 3ão quero ser condessa, mamãe. Lady Ash!urn teria que viver na <nglaterra,

em grande estilo. 9eria de se vestir com elegHncia, comportar'se como uma dama,oferecer jantares magníficos)

' 3unca pensei ver minha filha acuada num canto, como uma gata medrosa)

Serena enru!esceu.

' 3ão tenho medo apenas por mim. Eu estaria disposta a ser uma esposaperfeita, uma digna lady Ash!urn. %as...

Ela fez uma pausa, + procura de palavras que traduzissem sua apreensão.

' 7righam me ama pelo que eu sou. %as amaria a mulher que eu teria de metornar para ser sua esposa-

Fiona guardou sil&ncio por um momento.

' J isso que a atormenta-

' Sim. 3ão fiz outra coisa, nestas ltimas semanas, senão pensar nisso.

' Se ele a ama de verdade, não ir( pretender que voc& se torne o que não C.

' 5refiro perd&'lo a envergonh('lo)

' <sso não ir( acontecer. ' Fiona tomou'lhe as mãos entre as suas. ' Guerida, h(uma coisa que voc& precisa sa!er.

' ? qu&-

' Eu estava tra!alhando na horta, quando ouvi 5ar8ins e a sra. "rummondconversarem na cozinha. 7righam...

' Sim, mamãe-

' 5arece que antes de dei#ar Bondres, 7righam !ateu'se em duelo com umoficial do e#Crcito do governo. ? coronel Standish.

9oda a cor a!andonou o rosto de Serena.

' Standish... ' disse ela num sussurro, revendo'o como o vira dez anos antes,es!ofeteando sua mãe. ' *omo isso foi acontecer- 5or qu&-

' 3ão sei. Sei apenas que houve um duelo e que Standish morreu. ' Fiona juntoufervorosamente as mãos. ' Gue "eus me perdoe, mas estou contente. ? homem quevoc& ama vingou minha honra e eu nunca vou esquecer isso)

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Essa noite, Serena foi ter com ele. Era tarde e a casa estava havia muito emsil&ncio. A!riu a porta do quarto e o viu sentado + mesa, escrevendo. A luz do castiçalincidia so!re seu rosto, acentuando os contornos perfeitos.

7righam ergueu a ca!eça e fitou'a espantado. 3ão perce!era nenhum ruído depassos nem da porta sendo a!erta.

"epKs a pena so!re a mesa e levantou'se.

' Serena.

' Eu queria ficar a s$s com voc&.

' 3ão devia ter vindo aqui e muito menos vestida desse jeito)

' 9entei dormir, mas foi impossível. ' Ela umedeceu os l(!ios. ' Amanhã, a esta

hora, voc& j( ter( partido.Ele a a!raçou, !eijando'lhe a testa.

' %eu amor, C necess(rio que lhe diga outra vez que voltarei-

Ela ergueu os olhos !rilhantes de l(grimas.

' Eu queria lhe dizer que sentir( orgulho de sua futura esposa, quando voltar.

5or um momento, ele não disse nada, apenas a fitou.

' Esposa... Foi seu pai que lhe ordenou que se casasse comigo-

' 3ão. A decisão C minha.

Era a resposta que ele queria ouvir. Dentilmente, !eijou'lhe a mão.

' Eu a farei feliz, Serena. Luro pela minha honra)

' E eu serei a mulher que voc& merece. Eu lhe prometo.

' oc& C a mulher que eu preciso, meu amor.

Ele tirou o anel de esmeralda do dedo e colocou'o em Serena.

' Esse anel pertence aos Bangston h( mais de cem anos. 5eço'lhe que o use atC

minha volta. Aí, se "eus permitir, eu lhe darei outro.Serena atirou'se nos !raços de 7righam chorosa.

' Se eu o perder, 7rig, que ser( de mim-

' 3ão quero que se preocupe comigo, amor. ' Ele ergueu'lhe o rosto e !eijou'lheos l(!ios. ' 3unca.

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' Se dei#ar que o matem, eu o odiarei pelo resto de minha vida.

' 3esse caso, vou tomar muito cuidado. Agora v(, antes que voc& me faça sentir vivo demais)

' 3ão. S$ depois que me fizer sentir assim.

Uniram os l(!ios. 9inham pela frente a noite toda, antes que a manhã viesse asussurrar de encontro +s janelas.

Serena acordou e sorriu ao ver que 7righam a o!servava com imensa ternura.

' Eu estou tão feliz. Dostaria que fosse sempre assim ' continuou a fit('la,

fascinado. Ela era linda atC mesmo ao despertar, com os ca!elos revoltos e os olhosum pouco inchados.

' Ser( sempre assim conosco.

Ele pu#ou'a para si e aconchegou'a em seus !raços.' Um dia, eu a levarei para o Solar Ash!urn. J lindo, Serena, com seus telhados

vermelhos e seus imensos jardins.

' Então nosso filho nascer( l(. ?h, 7rig, não vejo a hora de termos um filho)

' 5ara que tanta pressa- %ais tarde, se voc& quiser, teremos uma dzia. *om a

esperança de que não sejam geniosos como a mãe)

' ?u arrogantes como o pai-

Serena apoiou'se nele. ? tempo estava passando depressa. A luminosidade do

amanhecer j( se insinuava por entre a fenda das cortinas. Apesar disso hesitava, semsa!er como formular uma pergunta que poderia a!orrec&'lo. *omeçou:

' 7righam...

' Sim-

' Sou!e que lutou com um oficial chamado Standish. 5or qu&-

Ele a fitou intrigado, mas logo compreendeu. 5ar8ins devia ter !atido com alíngua nos dentes.

' 5or uma questão de honra. Ele me acusou de estar trapaceando no jogo dedados.

Ela ficou em sil&ncio alguns instantes.

' 5or que est( mentindo-

' 3ão C mentira. ? coronel perdeu muito dinheiro e achou que devia haver outromotivo para isso, que não sua falta de sorte.

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' Est( querendo dizer que não sa!ia quem era ele-

7righam suspirou.

' Sa!ia, sim. E digamos que o encorajei a me desafiar para um duelo.

' 5or qu&-

' 5or outra questão de honra.

Serena tomou'lhe a mão e !eijou'a.

' ?!rigada.

' Foi por isso que veio aqui esta noite e concordou em ser minha esposa-

' Sim.

Ele !alançou a ca!eça decepcionado antes de se afastar !ruscamente. %as

Serena o reteve, atraindo'o de volta a seus !raços.

' 3ão foi por me sentir grata, em!ora seu gesto tenha pesado muito em minha

decisão.

' oc& não me deve nada ' murmurou ele, ainda ressentido.

' "evo'lhe muito ' ela retrucou com veem&ncia. ' Agora, quando me lem!rar daquela noite terrível, sa!erei que o infeliz est( morto e que morreu por suas mãos.

' Guero muito que seja minha esposa, Serena. %as por amor, não por gratidão.

' E voc& tem alguma dvida so!re o meu amor-

Ele hesitou apenas um instante.

' 3ão.

' Eu j( o amava, 7righam. L( sa!ia que não amaria nenhum outro a não ser voc&. E foi isto que eu vim lhe dizer esta noite: se permitir, quero honrar o seu nome

como voc& honrou o meu.

Ele a !eijou, emocionado.

' ou dei#ar meu coração com voc&, Serena. Guando voltar, eu lhe darei tam!Cm

o meu nome.

CAPÍTULO XII

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unicamente com a força de sua personalidade, de sua alegria contagiante, de suaconfiança sem temor.

? tempo continuava !om, parecia que o pr$prio "eus a!ençoava a re!elião. As!risas eram c(lidas e frescas as (guas que desciam da montanha. A noite, as turfeiras

pontilhavam'se de fogueiras. E, enquanto as chamas ardiam alto, soltando centelhasque su!iam como vagalumes na escuridão, e os !ardos tiravam de suas gaitas de folemelodias inspiradas, os homens !e!iam uísque, riam e gracejavam. *ontudo, estavamprontos a trocar rapidamente o festim por uma !atalha.

Foi 7righam o primeiro a sa!er que um e#Crcito do governo, liderado pelogeneral sir Lohn *ope, havia sido despachado para o norte. Ele rece!eu a notícia dopr$prio príncipe, no instante em que os homens levantavam acampamento epreparavam'se para reiniciar a jornada.

' amos lutar, meu amigo)

' 5arece que sim, Alteza.

 A manhã estava quente e a suave claridade do cCu da Esc$cia derramava'se,so!re os campos. 3o ar, pairava o odor acre das fumaradas, misturado ao cheiro doscavalos e do suor dos soldados.

' 5arece um !om dia para lutar ' tornou *harles, estudando o rosto de seu sdito

leal. ' ?u acha que devemos esperar por lorde Deorge-

' Borde Deorge C um e#celente marechal'de'campo, Alteza ' disse 7righam,

cauteloso.

' 9em razão. %as podemos contar com ?ZSullivan. ' *harles apontou para osoldado irland&s que estava organizando os homens para a jornada.

7righam tinha suas dvidas. Ele não questionava a lealdade do irland&s, massentia que havia nele mais entusiasmo do que a prud&ncia permitia. 5orCm, sa!endomuito !em que seria intil opor'se ao príncipe, disse respeitosamente:

' Sa!emos o que devemos ao nosso rei, como seus sditos. Butaremos.

' Eu estou aqui para isso)

*harles acariciou o punho de sua espada, enquanto olhava em torno.E#perimentava um amor sincero e profundo por essa terra. Guando fosse rei, faria detudo para que a Esc$cia e seu povo fossem recompensados.

' Ser( uma longa jornada, 7righam, que nos distanciar( cada vez mais do rei

Buís e de sua corte.

' Sem dvida, Alteza. %as valer( a pena empreend&'la.

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' Sa!e que havia l(grimas nos olhos de algumas daquelas lindas damas, quandovoc& partiu- 9eve tempo de arrasar coraçes tam!Cm na Esc$cia-

' 6( apenas uma mulher para mim, sir. E um coração que tomarei cuidado denão partir.

?s olhos negros do príncipe cintilaram de prazer.

' %uito !em) 5arece que o disputado lorde Ash!urn caiu de amores por uma jovem escocesa. "iga, mon ami, ela C tão !onita quanto a sensual Anne'%arie-

7righam es!oçou um leve sorriso.

' Eu pediria a ossa Alteza que não fizesse comparaçes, especialmente napresença da jovem em questão. Ela C muito temperamental)

' J mesmo- ' *harles riu, deliciado. ' Estou curioso. Guero conhecer a mulher que conquistou o coração do homem mais co!içado pelas damas francesas)

 As tropas de *ope não apareceram. A estrada para Edim!urgo estava a!ertaaos re!eldes. *om tr&s mil homens a mais, eles capturaram 5erth, depois de uma!atalha !reve mas fulminante. itorioso, continuaram sua marcha para o sul,enfrentando, com sucesso, dois regimentos de drages.

 A luta parecia aquecer seus Hnimos. Ali havia ação, em vez de conversa, fatosem vez de planos quimCricos. *om a espada e as gaitas de fole, escudos e achas decom!ate, eles eram invencíveis. ?s que não caíam so! o jugo de suas armas,

contariam depois hist$rias fant(sticas so!re sua ha!ilidade e seu destemor.

So! a liderança de lorde Deorge %urra, que os alcançou em 5erth, assediaramEdim!urgo com o fito de ali se instalarem. ?s ha!itantes entraram em pHnico. *orriamrumores terríveis acerca de atos de !ar!(rie, cani!alismo e chacina praticados pelos in'vasores. A guarda fugiu, apavorada e, enquanto Edim!urgo dormia, a facção dos *a'meron investiu contra as sentinelas e assumiu o controle da cidade.

3inguCm poderia imaginar que apenas um m&s depois de sua chegada, o mais jovem descendente dos Stuart entraria como um cavaleiro eleito pela porta do castelo

de seus ancestrais e dele tomaria posse)*oll estava ao lado de 7righam, quando o príncipe, conduzindo um ginete

cinzento, de arreios ricamente adornados, rumou para 6olrood 5ar8. A multidão que seacotovelava nas ruas ergueu entusi(sticos gritos de aclamação, ao v&'lo com a tnicade lã a#adrezada da Alta Esc$cia e a !oina azul com penacho !ranco. 9alvez ele nãofosse ainda o príncipe da <nglaterra, mas era certamente um deles)

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' ?uça'os, C emocionante ' disse *oll, sorrindo. ' J a nossa primeira vit$ria real)

7righam moderou a marcha de sua montaria, guiando'a com cuidado atravCsdas ruas estreitas.

' Eu juraria que, agora, ele pode gui('los atC Bondres com uma nica palavra. S$

espero que os suprimentos e os homens que precisamos cheguem a tempo)

' 5oderemos ser vitoriosos mesmo inferiores em nmero. Seria como foi em5erth e em *olt!ridge. ' *oll torceu o nariz. ' Este lugar est( cheio demais. 5refiro oscampos a!ertos e as colinas da Alta Esc$cia. *omo um homem pode respirar, se o ar não circula-

Edim!urgo era um amontoado confuso de construçes de fachadas s$rdidas, emsua maioria de pau'a'pique. ?s edifícios de pedra, freqMentemente com mais de noveou dez andares, estavam espremidos de encontro a colinas perigosamente a!ruptas.

' 5ior do que 5aris ' o!servou 7righam.

 As ruelas e os !ecos e#alavam um forte mau cheiro, e o li#o e os detritos

o!struíam as alamedas. %as o povo, na Hnsia de aplaudir o príncipe, parecia não seimportar com isso, e o seguia com entusiasmo.

%uito alCm dos cortiços e das vielas, so!re uma colina que ascendia do rio,erguia'se o *astelo 4eal de Edim!urgo, majestosamente envolto na poeira luminosa de

sua antiguidade e de sua hist$ria. Em outros tempos, fora o cen(rio de pai#esinconfess(veis. %ar, rainha da Esc$cia, sua mais famosa e infeliz inquilina, ali casara'

se e vivera, ali vira seu amante 4izzio ser assassinado.

E era ali, nesse lugar de pompa e intrigas, que o príncipe *harles, trineto deLames <, iria instalar sua corte. "epois de desmontar, ele atravessou lentamente o p(tioe as arcadas, reaparecendo momentos depois + janela de seus novos apartamentos,

de onde acenou para a multidão. Edim!urgo em peso aclamava o príncipe e ele, por sua vez, reverenciava a cidade. <ria provar essa adoração poucos dias depois, quando

*ope movimentou suas tropas, levando'as para o sul.

?s jaco!itas defrontaram'se com o e#Crcito do governo a leste da cidade, em5restopans. 3o primeiro instante, somente o som fant(stico das gaitas de fole rompia o

estranho sil&ncio do campo de !atalha. Sua melodia profunda e sentida erguia'se so!reas charnecas, espalhando tristeza como nCvoa de inverno.

? primeiro ataque fez os p(ssaros de!andarem em revoada. Foi o sinal para queas duas primeiras filas de am!os os partidos, apoiadas pela retaguarda, se lançassemuma contra a outra num choque tão formid(vel que se ouviu a uma milha de distHncia.

*omo acontecera antes, a infantaria inglesa não pKde suportar a viol&ncia da

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carga escocesa. Guando a linha vermelha ondulou e que!rou'se, os cavaleirosesporearam os cavalos, e as espadas de dois gumes !rilharam ao sol. ?s corvoscrocitaram, em meio + fumaça de canhão e morteiro, e, atraídos pelo cheiro de sangue,puseram'se a voar cada vez mais !ai#o.

7righam conduzia sua montaria atravCs do que havia so!rado das linhasinglesas. Enquanto o solo e#plodia com o impacto das !alas, pKde vislum!rar ospenachos !rancos dos jaco!itas e os mantos a#adrezados dos %acDregor, dos%ac"onald e dos *ameron. Alguns caídos, vítimas das !aionetas ou das espadas.

 Ap$s dez minutos, a !atalha estava decidida: a cavalo ou a pC, os dragesretiravam'se precipitadamente para os a!rigos das colinas. Esse dia, as gaitascomemoravam a vit$ria, e o pavilhão dos Stuart foi hasteado na torre de 6olrood6ouse.

' 3ão compreendo por que estamos aquartelados em Edim!urgo, quando podía'mos estar marchando para Bondres) ' disse *oll, enquanto caminhava pelo p(tio de 6o'lrood envolto num manto que o a!rigava da ne!lina gelada.

5ela primeira vez, 7righam concordou com a impaci&ncia do amigo. Fazia quasetr&s semanas que estavam na corte recCm'esta!elecida de *harles. erdade que opríncipe não esquecia seus homens, dividindo seu tempo entre 6olrood e oacampamento sediado em "uddingston. ? moral era alto, mas havia ali mais de umhomem que partilhava das opinies de *oll. ?s !ailes e as recepçes podiam esperar.

' A vit$ria em 5restopans nos valeu mais apoio ' o!servou 7righam. ' "uvido queficaremos aqui por mais tempo.

' Se os pro!lemas que h( entre lorde Deorge e ?ZSullivan se resolverem)

Essa era uma questão que inquietava 7righam.

' *onfesso a voc& que ?ZSullivan me preocupa. 5referia um comandanteenCrgico, que estivesse menos interessado em causar confusão ao inimigo, e maisinteressado na vit$ria definitiva.

' 3ão teremos nem uma coisa nem outra, se demorarmos mais um pouco aqui.

7righam sorriu compreensivo.

' oc& est( sentindo falta de sua casa e de sua mulher.

' Faz dois meses que dei#amos Dlenroe. E uma vez iniciada a marcha para o

sul, poder( passar um ano antes de revermos nossos lares e nossas famílias.

*oll !ateu amigavelmente nas costas do companheiro.

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' A corte C magnífica e as mulheres são !onitas. 5osso jurar que voc& j( partiuuma dezena de coraçes com a sua indiferença.

' 9enho outras coisas na mente. ' 7righam sorriu. ' Gue me diz de um jogo dedados-

*oll assentiu e os dois voltaram a atravessar o p(tio. Enquanto seguiam pelasarcadas imersas em som!ras, uma mulher, ao passar, olhou para 7righam. Ele foiatraído por seu porte, gracioso e reto, mas não se preocupou com ela. S!ito, estacou,pensando por que aquela estranha lem!rava'lhe tão intensamente sua pastora deporcelana.

oltou'se. Ela estava ainda l(. ? capuz enco!ria'lhe parte do rosto e, + luz quemorria, conseguiu apenas ver que era muito alta' e esguia. 5odia ser uma criada ouuma das damas da corte tomando ar.

' ? que h( com voc&- ' *oll virou'se. Ao ver a figura de mulher oculta nassom!ras, sorriu. ' ?h, C isso) 5resumo que, agora, não vai querer jogar dados.

%as 7righam não o ouvia. A mulher a!ai#ara o capuz e os ltimos raios do solpoente incidiam so!re seus ca!elos, fazendo'os !rilhar como ouro.

' Serena-)

*omeçou a correr na direção dela, suas !otas produzindo um ruído seco so!re o

chão de pedra. 9omou'a nos !raços antes que ela pudesse murmurar seu nome e aestreitou contra o peito.

' Guerida...*oll alcançou'os um segundo depois.

' E %aggie- ' perguntou ele, ansioso, enquanto !eijava a testa da irmã.

' Estamos todos aqui ' disse Serena, sem fKlego.

' ? príncipe nos convidou. *hegamos h( uma hora.

' %aggie est( aqui- ?nde-

Sem esperar resposta, *oll girou nos calcanhares e saiu correndo atravCs do

p(tio.' 7righam... ' murmurou ela.

' 3ão diga nada, meu amor. 3ão diga nada.

Ele a atraiu para si e !eijou'lhe os l(!ios macios, sentindo o leve perfume e acurva delicada daquele dorso so! as suas mãos.

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' 3ão sa!e que tortura C viver tanto tempo longe de voc&.

' Fiquei desesperada quando tivemos notícia da !atalha)

Serena afastou'se um pouco e olhou'o. Era o mesmo homem que partira deDlenroe quase tr&s semanas antes.

' E depois temia que voc& tivesse mudado. 9udo aqui C tão espl&ndido)

' 3ada poder( mudar o que e#iste entre n$s, Serena.

Ela voltou a aninhar'se nos !raços dele com um suspiro.

' 5edi tanto a "eus que voc& não encontrasse conforto nos !raços de outramulher...

' %eu amor, não receie ninguCm, porque não h( ninguCm que possa secomparar com voc&. Esta noite, vou provar isto.

' 3ada me daria mais prazer. %as seria imprudente. ? que não diriam os criados,se o vissem entrar em meu quarto, ou se me vissem entrar no seu-

' Esta noite, voc& vir( a meu quarto como minha esposa)

Serena olhou'o, sem poder acreditar.

' <mpossível)

' E a!solutamente possível) enha, vamos falar com o príncipe.

Sem lhe dar tempo para o!jetar, ele a arrastou atravCs das arcadas. ? príncipe

estava em seus aposentos, preparando'se para a recepção da noite, mas consentiu emrece!&'los.

' Alteza. ' 7righam inclinou'se profunda e respeitosamente, ao entrar na sala deestar.

' 7oa noite, 7righam. %adame...

Guando Serena postou'se numa rever&ncia, *harles ajudou'a a se erguer e

depois !eijou'lhe a ponta dos dedos.

' Agora compreendo por que lorde Ash!urn não lança sequer um olhar +s nossas

damas)' Alteza, quero lhe agradecer o convite que fez a mim e a minha família. Foi

muita !ondade de sua parte.

' "evo muito aos %acDregor. Eles nos deram um apoio incondicional. 9amanhalealdade não tem preço. 3ão quer se sentar-

Serena correu os olhos pela sala. 3ão havia ali senão coisas !elas. 3o teto,

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cupidos espalhavam flores. E das paredes, decoradas no alto com ornatos em forma defolhagens, pendiam tapeçarias que reproduziam as vit$rias dos Stuart nos campos de!atalha.

' ?!rigada, Alteza.

' !ir, tenho um favor a lhe pedir ' começou 7righam.

*harles sentou'se, convidando'o a fazer o mesmo.

' 5eça o que quiser, meu amigo. Eu lhe devo muito.

' Bealdade não C dívida, Alteza.

?s olhos de *harles suavizaram'se e Serena compreendeu por que ochamavam de 5ríncipe Dalante. 3ão era s$ por seu !elo rosto ou sua figura altiva mas,principalmente, pela !eleza de sua alma.

' Gue deseja-' Dostaria de me casar com a srta. %acDregor.

? sorriso de *harles alargou'se.

' Eu j( imaginava. ' irou'se para Serena. ' Em 5aris, lorde Ash!urn parecia de'leitar'se na companhia das damas da corte. Em 6olrood, ele passa por desdenhoso e

de gosto difícil.

Serena retri!uiu o sorriso.

' Borde Ash!urn C um homem prudente, sir. Ele conhece a impetuosidade e o

temperamento dos %acDregor.

*harles riu, divertido.

' 5resumo que voc& queira casar'se aqui na corte, 7righam.

' Sim, Alteza. Esta noite.

? príncipe ergueu as so!rancelhas.

' Esta noite- 9al pressa C... ' Ele olhou para o rosto radiante de Serena econcluiu: ' ...perfeitamente compreensível. 9em a permissão de lorde %acDregor-

' Sim, Alteza.

' 6( o pro!lema dos !anhos, mas eu acho que um aspirante ao trono tem ao!rigação de resolver os pro!lemas de seus futuros sditos. *harles levantou'se.

' 5rometo que os casarei ainda esta noite.

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5(lida, tendo a impressão de estar sonhando, Serena foi ao encontro de seuspais.

' Serena) ' Fiona !alançou a ca!eça ao ver que sua filha usava ainda os trajesde viagem. ' oc& precisa mudar de roupa. Estamos na corte, não em Dlenroe)

' %amãe, eu vou me casar)

<an !eijou'a na testa. ' L( sa!emos, filha.

' Esta noite)

' ? qu&- ' Fiona levantou'se impetuosamente. ' %as como-

' 7righam e eu fomos pedir permissão ao príncipe.

' *ompreendo. 9em certeza de que C isso mesmo que voc& quer-

' 9udo aconteceu tão depressa... Sim, mamãe. 3ão h( nada que eu queira mais

do que ser a esposa de 7righam)

Fiona passou'lhe o !raço pelos om!ros.

' 3esse caso, temos que nos apressar. 5or favor, <an, dei#e'nos a s$s.

' Est( me mandando em!ora de seus aposentos, my lady"

Fiona estendeu'lhe am!as as mãos.

' oc& iria se a!orrecer aqui.

<an !eijou'as e depois atraiu a filha para si.

' Esta noite, voc& passar( a usar o nome de outro homem. %as não se esqueça:ser( sempre uma %acDregor)

3ão houve tempo nem para pensar. As criadas prepararam rapidamente o !anhoe, enquanto Serena mergulhava na imensa !anheira e um doce aroma de flores

impregnava o ar, DIen e %aggie puseram'se a ajustar o traje de cetim !ranco danoiva.

' J tão romHntico... ' murmurou DIen, alisando o cetim.

' %aravilhoso ' concordou %aggie. ' A noiva ser( a mais linda)

Essas palavras transmitiram, a um s$ tempo, alegria e medo a Serena, que saiudo !anho tremendo.

' enha depressa para perto do fogo, querida.

Fiona tomou a mão da filha e perce!eu que seu tremor pouco tinha a ver com ofrio. 5rocurou tranqMiliz('la:

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' Este C o dia mais importante na vida de uma mulher. "aqui a alguns anos,quando olhar para tr(s, ir( lem!rar'se dele com saudade.

' Estou com tanto medo...

Fiona sorriu.

' Guanto mais se ama, maior C o medo.

' Então, amo 7righam mais do que imaginava.

' Eu não poderia desejar um marido melhor para voc&, querida. Guando a guerraterminar, voc&s conhecerão as alegrias que dão valor + vida.

' 3a <nglaterra ' o!servou Serena.

' Guando eu me casei com seu pai, dei#ei minha família e meu lar ' disse Fiona,enquanto a preparava com delicada atenção. ' A floresta de Dlenroe me assustava, e

eu não suportava a idCia de ficar longe de tudo o que amava.' *omo conseguiu superar esse medo-

' Amando e dedicando'me ainda mais a seu pai.

Serena assentiu suavemente. "epois com agrado mirou no espelho a imagem damulher ali refletida. ?s ca!elos derramavam'se so!re suas costas, !rilhantes. ?

corpete do vestido de cetim modelava'lhe o !usto, permitindo que os seios seelevassem suavemente. As mangas, muito amplas, ajustavam'se nos punhos !ordadoscom pCrolas. As pedras tam!Cm salpicavam a saia, que se avolumava so!re a onda de

rendas dos saiotes. A fai#a que lhe cingia a cintura era larga e guarnecida com um pe'queno !uqu& de rosas cor'de'rosa.

Foi assim, parecendo uma visão de contos de fadas, que ela atravessou a nave

iluminada com os refle#os o!líquos dos vitrais, para se unir a 7righam pelos sagradoslaços do matrimKnio.

Ele a esperava aos pCs do altar, cujos degraus estavam co!ertos de rosas. Foiao seu encontro, pensando que nunca o vira assim tão !onito. A peruca !ranca

realçava o rosto moreno e o !rilho dos olhos escuros. Guando ele tomou'lhe a mão,Serena parou de tremer e foi confiante que se ajoelhou diante do sacerdote.

 Ap$s a cerimKnia, haveria, segundo o desejo do príncipe, uma grande recepção.E assim, minutos depois de se ter tornado lady Ash!urn, Serena viu'se conduzida para

a Daleria dos 4etratos, onde, ap$s a tomada da cidade, *harles oferecera seu primeiro!aile de gala. Ali, desejaram'lhe felicidade, !eijaram'na e olharam'na com inveja ou

admiração.

 Ao convid('la para dançar, o príncipe teceu'lhe o louvor que se d( + mais !ela:

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' Est( e#traordinariamente !onita, lady Ash!urn.

(Lady Ash!urn), pensou Serena.

' ?!rigada, Alteza. *omo posso agradec&'lo por tornar isso possível-

' 5rezo muito seu marido, my lady.

Seu marido)

' Sua Alteza C e#tremamente gentil.

Guando a dança terminou, 7righam veio !usc('la.

' Est( se divertindo, meu amor-

Ela corou profundamente. Ele estava diferente de peruca. Guase não podiaacreditar que aquele era o mesmo homem que se deitara a seu lado e que a acariciaracom ternura. 5arecia tão encantador quanto o príncipe e quase tão estranho quanto ele.

' Sim, muito.

' iu os retratos- São de monarcas escoceses. "isseram'me que foramencomendados por *harles <<, em!ora ele nunca mais tenha voltado + Esc$cia, ap$s a

4estauração.

' Aquele C 4o!ert the 7ruce, um soldado destemido e um rei adorado.

' "evia sa!er que uma mulher instruída como voc& conhece perfeitamente ahist$ria de seu país. ' 7righam inclinou'se e perguntou !ai#inho: ' ? que sa!e so!reestratCgia militar-

' *omo-

' Ah) Então h( ainda alguma coisa que eu posso lhe ensinar.

 Antes que ela pudesse retrucar, ele a levou para o corredor deserto, e ergueu'anos !raços.

' 5ara onde me leva-

' 5ara o quarto ' murmurou ele, dando'lhe um grande !eijo na !oca.

' Gue dirão os outros-

' 3ão se preocupe. 3inguCm notar( a nossa aus&ncia.

Sem dar'lhe tempo para protestar, 7righam galgou os degraus de dois em dois.Uma vez diante de seu quarto, a!riu a porta com um pontapC.

' Aqui estamos) ' anunciou então, colocando sua esposa so!re a cama.

Ela fingiu'se indignada.

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' J desse modo que trata sua esposa, my lord"

' Ainda não comecei)

' Eu estava com vontade de dançar.

' 5ois sim, querida, dançaremos. AtC o amanhecer)

' %inuetos- ' provocou'o Serena.

' 3ão C !em isso que eu tenho em mente.

Ela alisou o vestido amarrotado.

' DIen acha'o um personagem de romance, mas duvido que ela continuar( apensar assim, quando eu lhe contar que voc& me jogou na cama como se eu fosse umfardo)

' 4omance- ' Ele acendeu as velas dos castiçais. ' J isso o que voc& quer,

Serena-

' J com isso que DIen sonha.

' oc& não-

' 9oda mulher tem direito a romance no dia de seu casamento.

Ele tirou'lhe os escarpins e !eijou'lhe os pCs, reverente.

' Gue fiz eu para merecer uma mulher assim- 3o instante em que a vi a meulado, no altar, sou!e que todos os meus sonhos iriam se realizar.

' oc& parecia um príncipe...

' Esta noite, sou apenas um homem apai#onado. ' Ele !eijou'lhe o colo. 'Enfeitiçado... escravizado)

' Estava com tanto medo)

Ele desa!otoou'lhe o corpete do vestido e dei#ou'o cair atC a cintura.

' E agora-

' "ei#ei de sentir medo quando voc& me levou para o corredor e me ergueu nos

!raços. Foi aí que encontrei o meu 7righam novamente.' Serei sempre seu, Serena. Sempre.

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CAPÍTULO XIII

6olrood 6ouse era a grande atração da Cpoca. 5or seus vastos sales, outroradesertos, circulava tudo o que havia de mais no!re, mais !elo e rico nas regiessetentrionais da Esc$cia. *harles, esse príncipe corajoso e temer(rio, car(ter !rilhantee romanesco, ocupara seu castelo e estava deslum!rando seus pares com a suahospitalidade e magnific&ncia.

 Ainda um tanto entorpecida pela felicidade, Serena via 7righam incorporar'secom naturalidade +quele mundo que lhe pertencia por direito. Ao passo que elaprecisava reprimir o seu temperamento impetuoso para moldarse +quela vida deprazeres.

3aquela corte frívola e elegante, foi o!rigada a aprender novas regras deetiqueta, a usar !rilhantes nos ca!elos, a empoar'se e a perfumar'se com as mais finasess&ncias francesas. E ali, junto com a desco!erta do que significava realmente ser lady Ash!urn, teve uma noção e#ata da fortuna de seu marido.

Uma semana ap$s o casamento, 7righam, valendo'se de seus contatos, fez vir de Bondres as fa!ulosas esmeraldas de sua família e presentou'a com elas. "epois,não satisfeito, contratou uma modista para que a vestisse de seda e cetim, de cam!raiafina e rendas delicadas.

Era impossível não apreciar aquele lu#o. %as, + medida que os dias passavam,não podia afastar a sensação de que os privilCgios, as honras, a pompa, a conviv&nciadi(ria com o príncipe eram um sonho.

 As noites, porCm, lhe pareciam reais. Entregava'se então a 7righam com todo oardor de sua juventude. Amava e era amada e esquecia tudo, a guerra e a inevit(velseparação, diante daquela felicidade tão fugidia quanto o !rilho das sedas e dos!rocados.

"urante o dia sentia'se uma impostora, uma criada disfarçada com os trajes desua ama. Seu maior desejo era correr descalça por entre as (rvores meio desfolhadas

dos !osques, galgar as colinas a!ruptas que fechavam o parque do castelo, ao sul.

3ão ousava. Apenas uma vez, quando teve certeza de que ninguCm a notaria,acompanhou %alcolm aos est(!ulos. <nvejava seu irmão pela li!erdade que lheconcediam de entregar'se a cavalgadas desenfreadas. %as continha'se, determinada acomportar'se como a esposa perfeita que 7righam merecia.

9r&s semanas passadas, Serena aprovava'se por sua conduta. Ao mesmo

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' Esta luta C tam!Cm minha. Dostaria de ir com voc&.

' oc& ir( comigo. Aqui. ' Ele apontou para o coração. ' 3ão deve esquecer quesua família conta com voc&.

%eus sentimentos não contam- As palavras su!iram aos l(!ios de Serena,

mas ela as reprimiu.

' Est( !em, 7righam ' disse, o!ediente. ' Ficarei esperando por voc& emDlenroe.

' 6( uma coisa que eu quero que sai!a, caso as coisas não correrem !em. Em

meu quarto, voc& encontrar( um cofre com ouro e j$ias suficientes para comprar suaincolumidade e a de sua família, se for necess(rio. 6( tam!Cm uma arca com algo maisprecioso, que eu espero que conserve para sempre.

' 5osso sa!er o que C-

Ele acariciou'lhe o rosto com delicadeza.

' oc& sa!er(, quando chegar o momento.

' %as voc& vai voltar, não vai- 5rometeu que me levaria ao Solar Ash!urn.

' 3ão vou esquecer uma promessa.

Ela começou a desatar a fai#a do vestido com os olhos ainda nele.

' Acha impr$prio que eu queira fazer amor com meu marido tão cedo pela

manhã-

7righam tirou o casaco sorrindo.

' 3unca C cedo demais para fazer amor.

 Amaram'se !anhados pela luz do sol que entrava magnífica pelas janelasa!ertas. 4ecordaram sua !ela e curta hist$ria, e outra manhã ensolarada, cheia dedesejo e pai#ão, + !eira do lago. Essa lem!rança, somada +s incertezas de um futurovelado, fez com que a entrega fosse total.

Era novem!ro quando as forças de *harles puseram'se finalmente em marcha.%uitos, e 7righam dentre eles, teriam preferido que o príncipe houvesse começado acampanha mais cedo, aproveitando a vantagem adquirida no início, ao tomaremEdim!urgo. %as ele preferira esperar por um au#ílio de maior peso da França.

? ouro franc&s havia na verdade chegado, e tam!Cm suprimentos. %as nãohomens. Em vista disso, *harles reunira seu pequeno e#Crcito e decidira'se por umataque fulminante, alcançando a vit$ria ou a derrota em curto espaço de tempo. *omo

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na primeira vez, ele chegara + conclusão que a empresa s$ podia ser realizada por meio de um golpe de aud(cia.

 Alguns meses antes, seu intento fora motivo de risos. Entretanto, ap$s a quedade Edim!urgo, os ingleses tinham revisto suas opinies e mandado +s pressas reforços

de Flandres para o marechal de campo Tade, aquartelado em 3eI *astle.Enquanto isso, o e#Crcito do príncipe, so! o comando de lorde Deorge %urra,

marchava para Bancaster, encontrando pouca resist&ncia no caminho. 9omaram acidade com relativa facilidade, mas a vit$ria foi ofuscada pela deserção de um grandenmero de jaco!itas ingleses.

*erta noite fria, logo ap$s o com!ate, 7righam encontrava'se sentado junto auma das fogueiras do acampamento em companhia do conde Tithesmouth, queacorrera de %anchester para defender a causa.

' "evíamos ter atacado as forças de Tade ' o!servou Thitesmouth, tomando umlongo gole de uísque para aquecer'se do vento cortante. ' Agora, ele convocou*um!erland, o filho do 5ríncipe Eleito, que j( deve estar marchando atravCs das%idlands. Guantos somos, 7rig- Guatro, cinco mil-

' 3o m(#imo. ' 7righam fitou as chamas.

' Enquanto isso, o príncipe hesita entre dois líderes de vises opostas, %urra e

Sullivan. Gualquer decisão, por menor que seja, C tomada ap$s um penoso de!ate.Guer sa!er a verdade, Lohnn- 5erdemos nosso grande momento em Edim!urgo. E

essa perda pode ter sido irremedi(vel.

' %as voc& continua com ele.

' Sim, vou empunhar a espada e o escudo e seguir em sua companhia,compartilhando com ele da sorte que "eus nos enviar.

5ermaneceram um momento em sil&ncio, ouvindo o vento asso!iar nas colinas.

' Sa!e que tam!Cm os escoceses estão desertando e voltando furtivamente paraseus vales e colinas- ' tornou Thitesmouth.

' Sim, eu sei.

 Aquela mesma tarde, <an e os outros chefes de clãs haviam discutido a situação.%as teriam compreendido que as !rilhantes vit$rias o!tidas por seus homens devia'seao fato de que eles haviam lutado com os seus coraçes- Uma vez perdida a fC, acausa estaria comprometida.

 Afastando esses pensamentos pertur!adores da mente, ele passou aconsideraçes mais pr(ticas:

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7righam tinha consci&ncia de que a estratCgia de lorde Deorge era a maisaconselh(vel. Apesar disso, suas dvidas persistiam: uma retirada significava partir aespinha dorsal da re!elião. 5ela primeira vez, que seria talvez a nica, concordava com?ZSullivan.

'*om o respeito que devo a Sua Alteza, afirmo que se eu tivesse o poder dadecisão marcharia para Bondres ao raiar do dia, aproveitando o moral alto de nossastropas.

' ? coração me diz para lutar, Alteza ' disse um dos conselheiros. ' %as, naguerra, deve'se seguir tam!Cm a razão. Se avançarmos so!re Bondres agora, nossasperdas podem ser consider(veis.

' ?u grande o nosso triunfo) ' o!jetou *harles com vigor. ' Seremos como as mu'lheres, que co!rem as ca!eças ao primeiro sinal de neve, e que s$ pensam em aquecer os pCs junto ao fogo- 4etirada estratCgica, recuo... C tudo a mesma coisa)

Ele voltou'se para %urra espumando indignação.

' Ser( que o senhor não pretende a!andonar'me, depois de todos os protestosde lealdade e dedicação-

%urra empalideceu como um homem que rece!esse uma flechada no peito,mas falou com calma:

' Lamais faria tal coisa. %eu nico o!jetivo na vida C ver sua causa !em'sucedida.

 A discussão continuou mas, antes que terminasse, 7righam sou!e comoaca!aria. ? príncipe, sempre hesitante quando enfrentava uma dissid&ncia entre osseus conselheiros, seria forçado a concordar com a estratCgia cautelosa de %urra.

3o dia seis de dezem!ro, como previra, *harles decidiu'se pela retirada, mesmoconsciente que o caminho de volta + Esc$cia seria longo. ?s homens haviam perdido oestímulo. A interrupção do e#u!erante e agressivo avanço, que dera tanto poder aosclãs no verão anterior, sufocara o espírito da re!elião.

"urante a retirada, tomaram DlasgoI, uma cidade que lhes era a!ertamentehostil. ?s homens, frustrados e desiludidos, queriam destruí'la e saque('la. Apenas aca!eça fria e o espírito de compai#ão de *ameron de Bochiel impediram um massacretotal.

*ontinuaram sua marcha vitoriosa. "ominada a cidade de Stirling, homens,suprimentos e muniçes chegaram da França. 5arecia, afinal, que o príncipe haviatomado a decisão certa, ao optar pela estratCgia de %urra.

 As tropas voltaram a recompor'se com novas adeses. 6ouve outra !atalha ao

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sul de Stirling, travada so! um purpreo crepsculo de inverno, e de novo sentiram osa!or da vit$ria. %as e#perimentaram tam!Cm o sofrimento, quando <an %acDregor caiu so! uma espada inimiga.

Ele resistiu durante toda a noite, apesar do ferimento ser mortal, mergulhado

numa sonol&ncia inquieta. "e madrugada, despertou de um leve em!alo no limiar daconsci&ncia e ergueu um pouco a mão hesitante atC encontrar a de seu filho.

' Sua mãe...

' Eu cuidarei dela.

' Sim ' <an !al!uciou, respirando com dificuldade. ' A criança... %eu nico pesar C não poder ver seu filho.

' Ele ter( seu nome ' disse *oll.

?s l(!ios e#angues do mori!undo entrea!riram'se num leve sorriso.

' 7righam.

' Estou aqui, senhor.

' 3ão dome minha gata selvagem... Ela morreria no cativeiro. Ajude *oll a cuidar da pequena DIen e de %alcolm.

' Eu prometo.

' %inha espada... %inha espada C para %alcolm. oc& j( tem a sua, *oll.

' Ele a ter(, pai.

' 9ínhamos o direito de com!ater. ' <an a!riu os olhos pela ltima vez. ' 3ossaraça C real. Somos %acDregor, a despeito de tudo.

 Aquele inverno, *harles, instalou seu quartel'general em <nverness. A inatividadenovamente estimulou a de!andada. 6ouve algumas escaramuças isoladas e, numadelas, os jaco!itas conseguiram tomar o Forte Augusto, a odiada fortaleza inglesacravada no coração da Alta Esc$cia. %as os homens ansiavam por uma vit$ria decisivae pela volta ao lar.

Enquanto isso, *um!erland reunia suas forças e esperava o degelo. %as pareciaque o inverno jamais aca!aria.

Estava nevando, quando Serena ajoelhou'se diante do tmulo do pai. Faziaquase um m&s que haviam trazido o corpo a Dlenroe para que seus familiares e amigos

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pudessem chorar sua morte.

 As l(grimas voltaram a co!rir suas faces quando recordou a voz sonora e osolhos sempre risonhos. Dostaria de poder gritar, e#travasar sua fria contra aquelesque o haviam matado. %as estava esgotada. Em seu coração havia apenas angstia e

uma dor profunda, insuport(vel. 5arecia que aos homens ca!ia lutar e +s mulheresapenas chorar.

Fechou os olhos e dei#ou que a neve molhasse seu rosto. L( havia perdido umdos homens que amava. *omo poderia viver, se perdesse outro- A re!elião era justa.? povo que acredita firmemente num ideal, est( pronto a lutar e morrer por ele. Seupai dissera isso.

' 5apai... ' murmurou. ' Estou esperando um filho.

5assou a mão pelo ventre e seus pensamentos voltaram'se instintivamente para

7righam. Ele ainda não sa!ia que estava gr(vida.' Serena)

oltou'se e deparou com %alcolm parado a alguns passos de distHncia dela. Aneve caía entre eles como uma cortina espessa, mas pKde ver que havia l(grimas nos

olhos dele. Sem proferir palavra, a!riu'lhe os !raços.

*onfortou'o enquanto ele chorava. Ele fora tão corajoso, permanecera tão firme

segurando o !raço da mãe quando o sacerdote murmurava a oração fne!re)*omportara'se como um homem. Agora, era um menino.

' ?deio os ingleses) ' ouviu'o dizer com voz a!afada.' %amãe diria que odiar não C cristão. %as +s vezes, eu acho que h( um

momento para odiar, assim como h( um momento para amar.

' Ele era um soldado corajoso.

' E voc& não acha que um soldado prefere morrer lutando por seu ideal-

' Sim, mas eles estavam em plena retirada o!jetou %alcolm com amargura.

 A carta que haviam rece!ido de 7righam e#plicava a estratCgia adotada, assimcomo a insatisfação e o crescente descontentamento das tropas.

' 3ão compreendo a estratCgia do general %alcolm. %as sei que, vencendo ouperdendo, nada mais ser( como era antes.

' Guero ir para <nverness e com!ater.

' %alcolm...

' 3ão sou mais uma criança. 9enho a espada de papai) ou us('la para ving('lo)

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Serena olhou para ele. ? menino que chorara em seus !raços era um homemnovamente. Ele havia se endireitado e sua mão estava cerrada em volta do punho daadaga.

' 3ão, voc& não C mais criança. E acredito que poder( usar a espada de papai

como um homem. 3ão vou impedi'lo, se seu coração diz que voc& deve ir. %as gostariaque pensasse em DIen e %aggie.

' oc& pode cuidar delas.

' ou tentar, mas eu tenho de pensar em meu !e!&. ' Ela tomou'lhe a mão entreas suas. ' Guando eu estiver tão pesada quanto %aggie, como poderei defend&'las, seos ingleses chegarem- 3ão lhe peço para não lutar, %alcolm. %as gostaria que lutasseaqui. *omo um homem.

5ertur!ado, ele voltou'se e fitou o tmulo do pai. A neve co!ria a l(pide como

uma mortalha !ranca.' Acho que papai gostaria que eu ficasse.

' 3ão C vergonha ficar para tr(s. 3ão, quando C a nica coisa certa a fazer.

' %as C terrível)

' Eu sei. Acredite em mim, %alcolm. Eu sei) ' 5ensativa, Serena fez uma pausaantes de voltar a falar: ' Se as tropas do príncipe estão tão perto de <nverness, osingleses não devem estar longe daqui. 5oderão atacar Dlenroe. Então, quem poder(nos defender- 6( pouca gente na aldeia, e em sua maioria mulheres e crianças.

' oc& acha que os ingleses chegarão atC aqui-

' 5ode acontecer, %alcolm. L( não atacaram %o 6all-

' E foram derrotados.

' %as estão perto demais. E como não podemos nos defender, teremos ao

menos que nos proteger. amos procurar um lugar secreto nas colinas e construir uma!rigo, se for preciso com as nossas pr$prias mãos.

' *onheço uma caverna. 5ode ser um !om lugar.

' 3ão quer me levar atC l( amanhã-

Era quase a!ril e o inverno ia se e#tinguindo, alternando períodos de nevascascom geladas calmarias. ? frio continuava e os e#Crcitos em luta cavavam a!rigos eaguardavam o degelo.

7righam tinha partido com um punhado de homens famintos e cansados, um

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grupo miser(vel como tantos outros que vinham de <nverness, + procura de comida esuprimentos.

"urante a !atida, tomara conhecimento de certas notícias alarmantes quecomeçavam a circular: ? duque de *um!erland, filho do 5ríncipe Eleitor, estava

acampado em A!erdeen com um grande contingente de homens !em armados e !emalimentados, e parecia na imin&ncia de avançar so!re <nverness.

5reciso levar essas novas ao conhecimento do príncipe *harlesimediatamente, pensou, olhando para tr(s com preocupação.

Seus homens cavalgavam em total sil&ncio. Eram soldados corajosos. %asagora, prostrados pela fome e pelo cansaço, pensavam apenas em encontrar alimentopara encher seus estKmagos vazios e dormir. 3ão podia censur('los.

oltou'se na sela com um suspiro e perscrutou a estrada deserta. 9inham agora

alcançado um !osque de pinheiros. Estavam prestes a penetrar em seu recesso,quando um inesperado contingente de drages vermelhos surgiu a oeste. "eteve oshomens com um gesto e ergueu'se nos estri!os para estudar o inimigo a distHncia. ?singleses eram superiores em nmero e pareciam descansados. 5recisava decidir:escapar ou lutar.

Fazendo seu cavalo dar meia'volta, olhou seus homens com determinação.

' *a!e a voc&s decidir: podemos galgar as colinas e escapar, ou enfrent('losaqui na estrada. ?s casacos vermelhos t&m os rochedos atr(s de si. Estão, portanto,

sem via de escape.

' 5ara a frente) ' gritou alguCm.

Um homem desem!ainhou a espada. "epois outro e mais outro. 7righam sorriu.Era a reação que esperava.

' 3esse caso, vamos mostrar'lhes quem são os homens do rei Lames) ' "izendoisso, partiu a galope.

 Animados pelo desespero e pelo e#emplo de seu chefe, os homens cavalgaramcomo demKnios, soltando gritos de guerra em gaClico e !randindo suas armas. Ap$ssemanas de frustração e raiva, queriam saciar naquele ataque a sede de vingança quehavia muito os animava contra os soldados do usurpador.

*onseguiram levar os drages para os rochedos e perseguiram'nos sempiedade. Guando terminaram, cerca de uma dezena de casacos vermelhos jaziam,mortos ou agonizantes, so!re a neve manchada de sangue. ? resto da tropaesgueirava'se rapidamente, por entre as rochas.

' amos atr(s deles) ' gritou um dos homens.

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7righam !loqueou a estrada com seu cavalo.

' *om que prop$sito- ' Ele desmontou e limpou a lHmina de sua espada naneve. ' L( fizemos o que devia ser feito. Agora, vamos cuidar dos mortos e dos feridos.

' amos dei#ar os ingleses para os a!utres)

7righam virou a ca!eça. Seus olhos estavam frios como gelo quando se fi#aramno rosto sujo de sangue do escoc&s que falara.

' 3ão somos animais. amos enterrar os mortos, sejam amigos ou inimigos)

oltaram para <nverness lentamente, ainda mais famintos do que quando haviam

partido. A cada milha que venciam, 7righam tomava consci&ncia, cheio de apreensão,como os drages haviam estado perto de Dlenroe.

CAPÍTULO XIV

?s tam!ores rufavam, as gaitas tocavam. Em <nverness, o e#Crcito aprontava'separa com!ater. As poderosas forças do duque *um!erland encontravam'se a apenas

doze milhas de distHncia.' 3ão aprovo o campo de !atalha ' disse %urra.

Ele era ainda o conselheiro do príncipe mas, a partir do epis$dio da retirada, omuro de frieza que se erguera entre eles crescia ine#oravelmente.

' 5or que não-

' "rumossie %oor C um campo mais apropriado para as t(ticas do e#Crcitoingl&s, Alteza. ? com!ate ser( desigual.

%urra fez uma pausa e escolheu as palavras com cuidado.

' Essa charneca ampla e nua C ideal para as mano!ras da infantaria de*um!erland. ?s escoceses do norte estão ha!ituados a um solo mais ondulado.

' ? senhor est( se esquivando) interveio ?ZSullivan, irKnico.

' Alteza, os escoceses do norte j( provaram que são audaciosos e sagazes em

qualquer campo) ? mesmo não se pode dizer do general.

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' Aqui, não se trata simplesmente de uma questão numCrica.

%urra deu as costas a ?ZSullivan e sua argumentação se converteu num apelo+ compreensão do príncipe.

' !ir, esse campo C uma armadilha) Se nos retirarmos novamente para o norte,

alCm do 3airn Tater...

' 5or que tanta o!stinação, %urra- 5or que foi, ?ZSullivan quem escolheu ocampo- ' perguntou *harles. ' 5ois eu lhe digo que vamos permanecer e enfrentar *um!erland. Esperamos por esse momento todo o inverno. 3ão vamos esperar mais)

%urra e 7righam, que j( haviam discutido a decisão do príncipe, entreolharam'se, desalentados.

' A decisão est( tomada, Alteza. %as eu quero lhe propor uma mano!ra que, se!emsucedida, poder( nos levar + vit$ria.

' Wtimo... se não incluir uma retirada, my lord.

%urra sentiu a pung&ncia da resposta e enru!esceu.

' 6oje C o anivers(rio do duque. Ele ir( cele!rar a data em companhia de seushomens. Ficarão !&!ados como esponjas. Um ataque de surpresa + noite poder(desmantelar as tropas.

? príncipe considerou a estratCgia.

' ? plano parece interessante. *ontinue.

' "uas colunas de homens se apro#imarão de am!os os lados do campo, nummovimento em pinça, e surpreenderão os drages de *um!erland, enquanto elesdormem so! o efeito do (lcool.

' Um !om plano ' murmurou o príncipe, os olhos !rilhando de e#citação. ' A festado duque pode durar pouco.

? plano era de fato !om, mas os homens que deviam e#ecut('lo estavamcansados e famintos. Esgueiraram'se no meio da noite escura e fria, e perderam o

rumo, uma, duas, tr&s vezes seguidas. 3ão eram mais do que um !ando desordenadode homens frustrados, trKpegos e esmagados pelo cansaço, quando, ao amanhecer,

voltaram para o acampamento.

%ontado em seus cavalos, 7righam e *oll o!servaram sua chegada.

' %eu "eus... ' murmurou o escoc&s. ' A que ponto chegamos)

*om o cansaço a pesar tam!Cm so!re seus om!ros, 7righam voltou'se na sela.?s homens dormiam em pC. %uitos dei#avam'se cair no relvado do parque de *ulloden

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6ou#, ou na estrada.

7righam tornou a voltar'se e olhou para "rumossie %oor. A charneca, co!ertaagora de geada e de uma leve camada de ne!lina, era ampla e nua. 5oderia converter'se num campo de parada para a infantaria de *um!erland. Ao norte, alCm do rio 3airn,

o solo era acidentado. %urra, com seu tato e e#peri&ncia militar, o teria escolhido. Alihaveria ainda uma chance de vit$ria. %as era ?ZSullivan quem dava as cartas agora.

' A campanha de *harles vai terminar aqui ' disse 7righam com serenidade. '5ara o melhor ou para o pior.

Ele olhou para o cCu que começava a clarear. A leste, o sol emergia da camadaespessa de nuvens. As fogueiras se apagavam + luz fraca da manhã. Esporeando seucavalo, atravessou o acampamento, gritando:

' "e pC, homens) 5retendem dormir atC que o inimigo venha lhes cortar a

garganta- 3ão estão ouvindo os tam!ores ingleses-?s soldados, estonteados de sono, levantaram'se com esforço e começaram a

reagruparse em destacamentos. Duarneceu'se a artilharia e distri!uíram'se todas asraçes disponíveis +s tropas. %as serviram apenas para dar uma sensação deinsatisfação aos estKmagos vazios dos homens.

%unindo'se de lanças e achas de com!ate, rifles e foices, eles se reuniram so! o

estandarte dos %acDregor, %ac"onald, *ameron, *hrisholm, 4o!ertson e outros mais.Eram cinco mil homens em frangalhos, mal equipados, unidos apenas. por uma causa

que consideravam justa, que se enchiam de uma nova esperança.

*harles, parecendo um príncipe da ca!eça aos pCs com seu casaco escoc&s e

!oina emplumada, passou as tropas em revista. Aqueles eram seus homens, e a tarefaque lhes destinara não era menor do que aquela que ele pr$prio havia assumido.

' *ompanheiros) ' !radou. ' 3ão h( ninguCm a quem o interesse da <nglaterra ea vida de todos, ingleses e escoceses, sejam mais caros do que a mim. E eu lhes digo,

nunca este país necessitou tanto como agora do apoio daqueles que o amam.

 AtravCs da charneca, o!servaram o inimigo avançar. inham em tr&s colunasque lenta, disciplinadamente, converteu'se numa nica linha. A e#emplo do príncipe, o

duque desempenhou seu papel de representante do poder e percorreu'a lentamente,encorajando os soldados.

 Acima do uivar do vento que açoitava as faces p(lidas dos jaco!itas, ouviu'senovamente o rufar dos tam!ores e o som plangente das gaitas de fole. "epois, osil&ncio. A direita, um tiro de canhão ecoou, surdo, solit(rio, e perdeu'se na distHncia. ?

primeiro estampido ainda ressoava, um segundo e um terceiro ri!om!aram. A !atalha

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começava.

Guando o primeiro tiro de canhão e#plodiu perto de *ulloden 6ouse, %aggiecontorceu'se num espasmo e gemeu. "epois, esgotadas as forças, dei#ou escapar um

fraco quei#ume.

' 5o!re menina... ' murmurou a sra. "rummond, que chegava com (gua fresca elenç$is limpos.

Fiona terminou de !anhar o rosto suado de sua nora e voltou'se para ela.

' Alimente o fogo, por favor. 5recisamos manter o quarto aquecido para omomento em que o !e!& nascer.

' Guase não h( mais lenha.

' Usaremos toda a que temos. DIen-' ? !e!& est( sentado, mamãe. ' A jovem endireitou'se e fle#ionou os msculos

das costas. ' %aggie C tão pequena...

Serena agarrou'a pelo !raço e perguntou !ai#inho:

' 5ode salvar os dois-

 As duas se olharam. Ap$s uma pausa, DIen acenou com a ca!eça.

' Se "eus quiser... ' E o!servou, cautelosa: ' 5ode haver complicaçes.

' Serena... ' soluçou %aggie nesse instante. ' oc& est( aí-' Sim, meu amor. Eu estou aqui. 3$s tr&s estamos aqui.

' *oll... eu quero *oll.

' Ele vai voltar. ' Serena tomou'lhe a mão crispada e !eijou'a. ' 5rocure

descansar entre as contraçes para reco!rar as forças.

' 9entarei. ai demorar muito-

%aggie olhou para DIen.

' "iga'me a verdade. 6( algo errado com o meu !e!&-DIen de!ruçou'se so!re a cama para apalpar e e#aminar'lhe o ventre rígido.

5or uma fração de segundo, foi tentada a mentir. %as, em!ora fosse ainda jovem,achava que as mulheres deviam enfrentar a verdade com coragem.

' Ele est( de n(degas, %aggie. Eu sei o que tem de ser feito. %as não ser( umparto f(cil.

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' ou morrer-

3ão havia desespero na pergunta de %aggie, apenas a necessidade de sa!er averdade.

' 3ão.

DIen j( tomara a sua decisão. Se tivesse que optar, salvaria a vida da mãe.5orCm, antes que pudesse proferir palavra, uma nova contração o!rigou %aggie aarquear'se.

' %eu !e!&... não dei#e meu !e!& morrer) 5rometa)

' 3inguCm vai morrer ' disse Serena, alisando'lhe os ca!elos midos de suor. '%as voc& tem de lutar. Guando sentir dor, grite) %as não desista. ?s %acDregor nunca

desistem.

? fogo concentrado da artilharia inimiga continuava a fazer estragos nas linhas jaco!itas. ?s homens caíam como moscas. ? vento açoitava os rostos dos querecompunham as fileiras, a fumaça os cegavam, eles, porCm, mantinham suasposiçes, agMentando o fogo inimigo e o massacre de seus companheiros.

' Senhor, por que não nos dão ordem de avançar- ' *oll, o rosto sujo de fuligem,olhava para aquela carnificina com ar desesperado. ' Guando chegar a hora j(estaremos aniquilados pela longa espera. E sem que tenhamos erguido a espada)

7righam fez meia'volta e galopou atC alcançar o flanco direito.

' Em nome de "eus) ' gritou ele, quando se defrontou com o príncipe. ' "& aordem para avançar. Estamos morrendo como cães danados)

' Aguardamos que *um!erland faça o primeiro movimento.

' Esperaremos em vão) Seus canhes estão arrasando nossas linhas de

vanguarda) ' Borde Ash!urn...

' *um!erland não ir( atacar enquanto puder nos matar a distHncia, Alteza) Se

pudCssemos ao menos responder ao fogo... %as não contamos com uma artilharia degrande alcance)

*harles ia dispens('lo. Sua posição era tal que não lhe consentia uma visãoclara do poder mortal da artilharia de *um!erland e do horror da situação. %as,naquele instante, o pr$prio %urra chegou dizendo:

' 5recisamos dar uma ordem imediata, Alteza. Atacar ou recuar-

' Atacar ' concedeu o príncipe.

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? mensageiro preparava'se para e#ecutar fielmente a ordem, quando foi a!atidosem que pudesse alcançar as vanguardas. Em vista disso, 7righam tornou a esporear ocavalo e saiu em disparada gritando atacar)

?s soldados que formavam o centro das tropas foram os primeiros a se

moverem, correndo como selvagens atravCs da charneca, e deferindo golpes com suasespadas e foices. 5areciam lo!os sedentos de sangue. 5orCm, eram apenas homens eseus esforços desesperados encontraram uma resist&ncia igualmente vigorosa por parte dos inimigos, que os rece!eram com uma descarga mortal de seus rifles.

? ataque escoc&s continuou, mas o terreno, como %urra havia previsto,favorecia os ingleses. Ainda assim, por um instante, os escoceses conseguiramfragmentar a vanguarda de *um!erland, forçando os drages a recuarem. *ontudo, asegunda linha resistiu, despejando uma rajada de fogo devastador so!re os escocesesenfurecidos. Eles caíam aos montes, de modo que os que ainda estavam de pC, eram

forçados a passar por cima dos corpos de seus infortunados companheiros.So!re o campo havia a !ruma, a umidade e o cheiro (cido, estranho, de salitre e

de sangue. Enquanto 7righam a!ria caminho por entre as formaçes escocesas, a!ruma desfez'se e a situação tornou'se mais clara: o flanco direito do e#Crcito dopríncipe *harles estava rompido.

3um mano!ra desesperada, ele o!rigou seu cavalo a dar meia'volta,determinado a reagrupar o maior nmero de homens que pudesse. Então viu *oll.*ercado por um grupo de drages, ele girava sua espada de dois gumes no ar,afrontando'os com toda a animosidade que um $dio mortal podia inspirar. Sem hesitar,desmontou e foi em seu au#ílio.

Em torno deles, os jaco!itas ainda lutavam com ardor mas, pouco a pouco, eramforçados a recuar para a charneca. A ala direita despedaçada permitia a passagem dosdrages que, agora, ameaçavam os soldados em retirada. ?s escudos fendiam'se aosrepetidos golpes das espadas. ? chocar das armas e os gritos dos com!atentesmisturavam'se aos sons das gaitas de fole, e afogavam os gemidos dos que caíam eque ficavam rolando indefesos so! as patas dos cavalos.

%as, naquele momento, a derrota pouco significava para *oll e 7righam, que

continuavam a lutar om!ro a om!ro. 9omados de compreensível fria, am!os investiramcontra o grupo de drages e, golpeando a torto e a direito, derru!aram um advers(rio acada golpe.

 Ap$s essa pequena vit$ria pessoal, os dois puseram'se a correr pela charneca,escorregadia pelo sangue dos mortos e dos feridos.

' %eu "eus... eles nos destruíram)

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L( não era uma !atalha, era uma carnificina contínua. ?s canhes troavam por toda a e#tensão da misteriosa fumaça que ora se dissipava, o!uses e granadasvoavam constantemente, com um si!ilo r(pido. A cada novo tiro, os que aindaso!reviviam tinham menos pro!a!ilidades de escapar com vida.

*oll olhava para aquele espet(culo estarrecido. Era algo que homem nenhum jamais esqueceria, um vislum!re do inferno.

' "eviam ser mais de dez mil ingleses... ' começou ele a dizer, quando viu umdragão mutilar !rutalmente um dos homens de seu clã. ' *ão) ' gritou, cerrando os den'tes, e desferiu'lhe uma violenta pancada na ca!eça.

"epois de muito esforço, 7righam conseguiu arrast('lo para longe.

' 7asta) 3ão h( mais nada que possamos fazer aqui, a não ser morrer. A causaest( perdida. A re!elião terminou.

%as *oll não o ouviu. 7randia a espada que tinha na mão, a sede de vingança!rilhando em seus olhos alucinados.

' 4eflita, amigo. Dlenroe est( perto demais daqui. 9emos que voltar e tirar nossagente de l(.

' %aggie) ' B(grimas começaram a correr dos olhos de *oll. ' Sim, voc& temrazão.

5useram'se a caminho com os sa!res prontos. Aqui e ali ouviam'se gritos e tirosespor(dicos. Estavam quase alcançando a !orda da charneca, quando o dragão ferido

ergueu seu mosquete e fez montaria. 7righam viu o orifício negro da arma de fogocrescer e deu co!ertura a *oll. 3ão sentiu o tiro. Apenas viu, de repente, !em junto deseus olhos, a relva que co!ria "rumossie %oor. "epois, suas p(lpe!ras fecharam'se.

Fle#ionando os msculos tensos das costas, Serena saiu de casa para respirar um pouco de ar fresco. 6avia !atalha que s$ as mulheres conheciam e ela aca!ava detravar uma delas. 9inham passado quase duas noites na desesperada tentativa detrazer a criança de %aggie ao mundo. 6ouvera muito sangue e sofrimento, tanto comonunca imaginara ser possível. ? menino viera ao mundo, mas dei#ara sua mãe entre avida e a morte.

 Agora, era quase noite, e DIen garantira que %aggie viveria. Ela ouvira osprimeiros, dC!eis vagidos de seu filho e sorrira, antes de desmaiar de e#austão e defraqueza.

 Ali fora a !risa era fresca, com o apro#imar'se da noite. A leste, as primeirasestrelas tremulavam no cCu escuro.

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' ?h, 7righam... 5reciso tanto de voc&)

' Serena-

Ela virou'se, so!ressaltada, e estreitou os olhos para focalizar a figura queemergia das som!ras.

' 4o!... 4o! %acDregor-

Então viu'o claramente, o gi!ão manchado de sangue, os ca!elos emplastrados

de suor e sujeira, os olhos selvagens.

' %eu "eus) Gue aconteceu- ' gritou, correndo para ampar('lo.

' A !atalha... os ingleses... eles nos destruíram, nos massacraram)

Serena sacudiu'o pelos om!ros.

' ?nde est( 7righam- Em nome de "eus, diga onde est( 7righam)

' 3ão sei. 9antos. morreram, tantos... ' 4o! chorou no om!ro dela. %eu pai,meus ir' mãos... Eu os vi cair diante de meus olhos.

' iu 7righam- ' perguntou ela, desesperada. ' E *oll-

' Sim, eu os vi. %as havia muita fumaça e os canhes não paravam de atirar. ?campo estava co!erto de mortos e feridos.

' ?h, "eus... ' Serena fechou os olhos. 5recisava acreditar que 7righam e *olltinham so!revivido)

' 6avia centenas de corpos tam!Cm ao longo da estrada, mas não pudemosenterr('los.

' Guando foi isso-

' ?ntem. %as parece que foi h( um sCculo.

' Acha que eles virão aqui-

' Estão nos caçando como animais selvagens) 3ão respeitam nem as mulheres,

nem as crianças.

Serena o manteve em seus !raços atC que toda aquela tensão se dissipasse.

"epois, afastou'se delicadamente.

' E sua mãe-

' Ainda não fui para casa. 3ão sei como dar'lhe a notícia.

' "iga'lhe que os homens morreram !ravamente, a serviço do verdadeiro rei."epois, leve'a para as colinas, junto com as outras mulheres.

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Serena olhou para a trilha imersa em som!ras.

' "esta vez, quando os ingleses chegarem para queimar as casas, nãoencontrarão nenhuma mulher para violentar.

 Ao voltar para casa, ela foi procurar DIen, que estava ainda + ca!eceira de

%aggie.

' *omo est( ela-

' %uito fraca. Dostaria de sa!er mais coisas. 6( tanto para aprender...

' oc& fez tudo o que podia ser feito. Salvou mãe e filho.

DIen voltou'se para a grande cama de dossel, onde %aggie dormia.

' 9ive muito medo.

' 9odos n$s tivemos.

' AtC voc&- ' DIen sorriu. ' oc& parece tão confiante, tão segura de si... 7om, opior j( passou. A criança C saud(vel, graças a "eus.

Guanto a %aggie, algumas semanas de repouso e cuidados farão milagres.

' Guando acha que ela, poder( se levantar-

' Bevantar'se- 5ara qu&-

' Aca!o de ver 4o! %acDregor.

' 4o!- %as...

' 6ouve uma !atalha, DIen. E foi terrível)

' *oll... 7righam-

' 4o! não sa!e. %as ele me disse que o campo estava co!erto de mortos eferidos. ?s ingleses estão perseguindo os so!reviventes.

' 5odemos escond&'los) Se os ingleses chegarem aqui e encontrarem apenasmulheres, partirão novamente.

' L( esqueceu o que aconteceu antes-

' Aquele homem era um doido)' 4o! disse que estão todos loucos. ?s drages não estão respeitando nem as

mulheres, nem as crianças. Se eles chegarem aqui antes que essa loucura passe, nosmatarão a todos. %aggie e as crianças.

' Ela poder( morrer, se tentarmos remov&'la)

' Antes isso, do que v&'la torturada pelos ingleses. Apronte tudo o que for 

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necess(rio.

"ei#aremos a casa ao amanhecer.

' ? que vai ser de voc& e de seu !e!&-

?s olhos de Serena !rilharam intensamente.

' amos so!reviver)

*om suas pr$prias palavras a ecoar em seus ouvidos, ela desceu as escadas.

3a cozinha, sua mãe preparava uma !andeja com o jantar de DIen.

' %amãe-

' oc& deve descansar, Serena. ( para a cama.

' 5recisamos conversar.

Fiona empalideceu.

' Aconteceu alguma coisa a %aggie- ?u ao !e!&-

' ?s dois estão !em. E %alcolm-

' Est( na estre!aria, cuidando dos cavalos.

Serena voltou'se para 5ar8ins e a sra."rummond.

' ?uçam todos.

Ela a!arcou os tr&s com um s$ olhar e esperou um minuto, reunindo as forças eas palavras. "epois, com voz firme, disse'lhes tudo.

"ei#aram o solar + primeira luz do dia, levando consigo apenas o estritamentenecess(rio. 5ar8ins deitou %aggie numa padiola que ele improvisara e deu início +

 jornada para as colinas. ? percurso foi feito lentamente e quase em sil&ncio. 3inguCm

tinha vontade de falar. .

Fizeram a primeira parada ao atingirem o alto da colina, onde as primeiras floressilvestres a!riam'se ao sol, e voltaram'se para contemplar o cen(rio. Fiona lançou umolhar nost(lgico para o vale. ?s !osques que ela atravessara pela primeira vez quando

recCm'casada refulgiam so! a leve !ruma matutina. 5ouco alCm estava a casa ondevivera com <an e seus filhos.

' oltaremos, mamãe ' disse Serena, passando'lhe o !raço pela cintura. ' Elesnão tomarão nossa casa.

Fiona ergueu altivamente a ca!eça.

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' Sim, os %acDregor voltarão a Dlenroe.

Ficaram mais alguns minutos contemplando os telhados azuis, de ard$sia, que!rilhavam ao sol d a manhã e depois seguiram caminho. Alcançaram a caverna duashoras depois. L( havia ali uma provisão de lenha e de pedaços de turfa, co!ertas,

víveres, remCdios e leite fresco. ?culta atr(s das rochas que formavam o fundo, estavaa arca que continha os !ens de 7righam.

Serena apoiou a espada de seu pai na entrada e verificou as pistolas e asmuniçes.

' Sa!e atirar, 5ar8ins-

' Se for necess(rio, lady Ash!urn.

 A despeito de seu cansaço, ela sorriu de seu ar formal.

' 3ão quer ficar com esta-

' 5ois não, my lady ' disse ele, apanhando a arma com uma leve inclinação deca!eça.

' oc& C uma preciosidade ' disse Serena, lem!rando com que destreza eleconstruíra a padiola para %aggie e com que cuidado levara a carga fr(gil atravCs daladeira íngreme.

' ?!rigado, my lady.

' *omeço a perce!er por que lorde Ash!urn não dispensa os seus serviços. Faz

tempo que est( com ele-' Estou a serviço dos Bangston h( muitos anos, my lady. ' A )o' de 5ar8ins

tornou'se mais !randa. ' Ele voltar( para n$s.

 As l(grimas ameaçaram trans!ordar dos olhos de Serena.

' Dostaria de lhe dar um filho homem. Gual era o nome do pai dele-

' "aniel, my lady.

' "aniel. ' Ela sorriu. ' Então n$s o chamaremos de "aniel)

' 3ão quer descansar agora, lady Ash!urn- * jornada foi muito cansativa.

' Estive pensandoO 5ar8ins: quando 7righam e meu irmão voltarem, alguCm ter(

de avis('los que estamos aqui. Ser( necess(rio que um de n$s desça de vez emquando atC o vale. *reio que %alcolm, voc& e eu poderemos nos revezar nessa tarefa.

' 3ão, my lady.

' 3ão-

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' 3ão, senhora. 3ão posso permitir que faça esse esforço. %eu patrão nãogostaria.

Serena olhava'o, atKnita.

' 3ão compreende, homem- 5recisamos avis('los)

' ? jovem %alcolm e eu nos encarregaremos disso. A senhora ficar( aqui, my 

lady.

Serena franziu a testa.

' 3ão, quando posso ser til a meu marido)

5ar8ins estendeu calmamente uma manta perto do fogo.

' <nsisto para que descanse, lady Ash!urn. My lord faria questão disso.

' Se lorde Ash!urn estivesse aqui, tenho certeza de que o despediria)

' Ele ameaçou despedir'me v(rias vezes. %as nunca o fez ' o!jetou 5ar8ins comuma impassi!ilidade tipicamente !ritHnica. ' E agora, se me permite, vou lhe preparar um pouco de leite quente.

Serena dormiu com a pistola numa das mãos e a espada na outra. %as seus

sonhos foram deliciosos, povoados com a imagem de 7righam. 4evia'o tãonitidamente, que pKde quase sentir o calor de seu corpo, quando ele segurou'lhe

am!as as mãos e atraiu'a para si.

"ançaram + margem do rio, ao som do murmrio das (guas e do canto dosp(ssaros. Ele usava um traje com de!runs de prata, e ela um vestido de cetimsemeado de pCrolas. Guando ele inclinou'se para !eij('la, enlaçou'o murmurando não

C o fim para n$s, querido. "epois a!riu os olhos e olhou'o. Ele era tão !onito) E sa!ia!eijar com tanta doçura)

S!ito, viu o sangue que manchava o seu casaco. ? sangue era tão real, quepodia sentir seu contato pegajoso na palma da mão. Assustada, quis sustent('lo nos

!raços, mas a imagem desvaneceu'se e ela ficou sozinha + margem do rio.

 Acordou murmurando 7righam. Um pHnico incontrol(vel dominou'a. Ergueu amão e não encontrou sangue algum. Bentamente, lutando para separar o sonho darealidade, perce!eu que não era o canto de um p(ssaro que ouvira, mas o grito de uma(guia. 3ão escutara o murmrio do rio, mas o gemido do vento.

Ele est( vivo), disse a si mesma, com fervor.

Guase no mesmo instante, ouviu o choro do recCm'nascido. Bevantou'se com

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esforço. %aggie, com a ajuda de Fiona, amamentava o pequeno <an.

' Serena. ' As faces da cunhada estavam ainda p(lidas, mas seu sorriso eradoce. ' enha ver o meu !e!&. Ele fica mais forte a cada dia que passa.

' Ele C lindo) ' disse Serena sentando'se ao lado dela. ' E parecido com voc&,

graças a "eus)

%aggie riu.

' Eu não sa!ia que podia amar, outra pessoa tanto quanto amo *oll. %as agoraeu sei.

' *omo est( se sentindo-

' Fraca, cansada... 3ão gosto de me sentir assim.

Fiona acariciou'lhe o rosto.

' 5rocure dormir um pouco. Eu cuidarei dele.

' *oll vai voltar logo-

' Sim, logo. E ficar( orgulhoso de seu filho.

Serena pegou o !e!& no colo.

' 5arece um milagre)

' 9odas as crianças são um milagre disse Fiona.

' São a promessa de uma nova vida. Sem elas, não poderíamos suportar a morte

e a dor da perda.

Serena olhou'a fi#amente.

' Acha que eles morreram-

' 5eço sempre a "eus que olhe por eles.

' ?nde est( %alcolm-

' *om 5ar8ins. ?s dois saíram assim que voc& pegou no sono. Foram !uscar algumas coisas que estão faltando.

Serena assentiu e aceitou a tigela de leite que a sra. "rummond lhe ofereceu.' 3ão se preocupe com aqueles dois, querida ' disse ela. ' %eu 5ar8ins sa!e o

que faz.

' Ele C um !om homem, sra. "rummond. Um leve ru!or su!iu +s faces redondasda cozinheira.

' Sa!ia que vamos nos casar-

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' Fico muito feliz... ' Serena interrompeu'se e fez uma pausa. ' ?uviu isso,mamãe-

' 3ão ouvi nada ' disse Fiona, mas seu coração !ateu mais forte.

' AlguCm est( chegando. ( para o fundo da caverna e não dei#e <an chorar.

 Antes que a mãe pudesse impedi'la, Serena caminhou silenciosamente para aentrada da caverna e empunhou a pistola com mão firme. Seria capaz de matar ointruso, se "eus não lhe mostrasse outro caminho) ? ingl&s que entrasse ali,encontraria algumas mulheres sozinhas mas não indefesas) Atr(s dela, a sra."rummond apanhou o facão de cozinha e ficou + espera.

Guando os passos se apro#imaram, não houve mais dvidas, de que a cavernaseria avistada. Erguendo a arma, saiu para fora da caverna, e preparou'se para lutar.

' E mesmo minha gata escocesa ou uma miragem-

7righam, amparado por *oll e 5ar8ins, tentou sorrir para ela. R luz do dia, asmanchas pegajosas que se alargavam so!re seu casaco e seu calção eram claramente

visíveis.

Serena dei#ou cair a arma e correu lançando um grito:

' 7righam)

Ele murmurou seu nome e depois tom!ou para frente.

CAPÍTULO XV

' Ele não vai morrer, não C verdade- ' perguntou Serena, desesperada. ? medorevolvia'lhe as entranhas, causando'lhe ligeira vertigem.

DIen permaneceu em sil&ncio, ocultando a dvida que sentia, e continuou aapalpar delicadamente o flanco direito do ferido, onde a !ala se alojara.

' ? tiro seria para mim, se 7righam não se colocasse na minha frente ' disse *olla!ruptamente.

' Foi assim- ' indagou Fiona, cheia de compai#ão.

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Seu filho acenou vagamente com a ca!eça.

' Est(vamos derrotados, não havia mais nada que pudCssemos fazer. Ele queriasair daquele inferno a qualquer custo. ' *oll fez uma pausa demorada. ' A princípio,pensei... pensei que ele estivesse morto.

Serena acariciou'lhe a mão.

' oc& o trou#e de volta para mim. ?!rigada.

*oll fechou os olhos. 3ão conseguia esquecer o desespero que sentira, quando,com 7righam +s costas, seguira a trilha acidentada que levava ao dorso da colina.

Escondera'se numa cavidade de rocha e ministrara os primeiros cuidados ao amigoenquanto os ingleses vasculhavam os urzais. Ao cair da noite, haviam iniciado a longacaminhada de volta ao lar.

' Est(vamos com pressa por causa de voc&s ' tornou. ' 9emíamos que os in'

gleses chegassem antes que pudCssemos tir('los do solar.

DIen endireitou'se e todos os olhares se voltaram para ela.

' A !ala tem de ser e#traída. S$ um mCdico pode fazer isso.

' 3ão h( mCdicos em Dlenroe) ' gritou Serena, su!itamente fora de si. ' Sesairmos + procura de um, atrairemos a atenção dos ingleses.

'Sim, mas...

' Bogo terão conhecimento da presença de um fugitivo aqui. 7righam C um

homem marcado. Eles o farão prisioneiro... e o matarão)DIen fitou'a cheia de piedade.

' Gue podemos fazer-

' 9ente alguma coisa, pelo amor de "eus)

' ? ferimento C profundo, não sa!eria o que fazer. 5oderia mat('lo, ao invCs desalvar'lhe a vida.

' 5ois !em. Eu mesma farei isso)

' My lady. ' A voz de 5ar8ins era calma e controlada. ' Eu removerei a !ala com aassist&ncia da srta. %acDregor.

' oc& est( maluco) ' disse Serena sem meias palavras. ' 3ão estamos falandode rendas e !a!ados, mas da vida de um homem)

' L( fiz isso uma vez, my lady ' insistiu 5ar8ins, impertur!(vel. ' ou acender ofogo e ferver uma chaleira de (gua. "epois, alguCm ter( de segurar lorde Ash!urn para

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mim.

' Eu mesma farei isso ' Serena falou com determinação. ' E peça a "eus quesua mão não falhe)

DIen esterilizou a faca e depois derramou uma infusão de papoula por entre os

l(!ios semicerrados de 7righam.

' ( descansar, Serena. Eu assistirei 5ar8ins.

' 3ão, isso ca!e a mim.

Enquanto 5ar8ins tirava o casaco e arregaçava as mangas, preparando'se para

agir, ela fechou os olhos por um momento. Estava tomando em suas pr$prias mãos oque restava do fio de vida de seu marido. 9ornou a a!ri'los e fitou 5ar8ins. Sua calma

tranqMilizou'a. 6esitou apenas um segundo, antes de fazer'lhe um sinal para que desseinício + cirurgia.

Em!ora so! o efeito da droga, 7righam gritou de encontro + mordaça que lheenfiaram na !oca, e Serena teve que lançar mão de toda a sua força para segur('lo.

*omo em transe, ela o!servou o sangue do marido empapar o chão de terra, enquantoseu rosto tornava'se lívido e seus l(!ios e#angues.

 A !ala havia se cravado profundamente na carne, e 5ar8ins teve de gastar minutos preciosos para localiz('la.

' Encontrei'a ' disse ele por fim, o suor escorrendo'lhe do rosto. ' %antenha'oim$vel, my lady.

Guando a operação terminou, DIen su!stituiu'o.

' 9emos que estancar o sangramento. 7righam j( perdeu sangue demais. Sra."rummond, passe os ungMentos.

Feitos os curativos, ela enrolou de novo os co!ertores em torno do corpo ferido edepois voltou'se para sua irmã, que parecia a ponto de desmaiar.

' ( tomar um pouco de ar, querida.

Serena levantou'se e caminhou lentamente para a entrada da caverna. Um anoantes, fora 7righam que havia chegado a Dlenroe carregando *oll gravemente ferido.

 Agora, era seu marido que estava + !eira da morte. ? tempo entre esses doisacontecimentos passara como num sonho, marcado por momentos de amor, pai#ão,

l(grimas e risos.

Ergueu os olhos e o!servou a paisagem. Ao longe, em meio + tranqMilidade que

reinava no vale, as colinas tomavam uma coloração purprea. 3ossa terra pensou,pela qual muitos lutaram. Seu pai dissera: 3ão lutamos em vão. 3o entanto, o

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homem que amava estava agonizando e a terra pela qual haviam lutado escapava'lhedas mãos. Esse era o momento que ela, havia muito, receava: o momento em que asduras conseqM&ncias da luta se tornavam, afinal, claras.

' Lady Ash!urn.

Ela era lady Ash!urn, mas tam!Cm uma %acDregor. 5ousou a mão no ventre esentiu o pulsar de uma nova vida, de uma nova esperança. 3ão, a luta não fora em vão)

oltou'se e quase sorriu. 5ar8ins tinha envergado o casaco e assumidonovamente o seu papel.

' Sim-

' 3ão gostaria de tomar um pouco de ch(- ' perguntou ele, passando'lhe +s

mãos uma tigela de madeira.

' ?!rigada, 5ar8ins. ' Serena tomou, um gole da !e!ida fumegante e fitou'o. '

Guero me desculpar pela minha rudeza. Espero que não tenha se ofendido.

My lady estava muito preocupada ' disse ele, a e#pressão cheia de !ondade.

' oc& tem mãos firmes, 5ar8ins. E um coração de ouro.

' ?!rigado, my lady.

' Salvou a vida de lorde Ash!urn. Fico'lhe muito grata por isso. E gostaria defazer alguma coisa por voc&.

5ar8ins !alançou a ca!eça, num gesto de veemente recusa. "epois, muito

solene, disse:' 3ada fiz para merecer sua !enevol&ncia.

' oc& fez muito, não sa!e quanto)

"ito isto, Serena voltou para junto do marido. ? vento levantara'se, violento.5enetrava atravCs da co!erta que vedava a entrada da caverna e fazia as chamas dofogo se inclinarem. Em seu encalço, ela ouvia algo que se assemelhava a um risoreprimido, a suspiros, murmrios e gemidos. Eram os espíritos das colinas, mas não aassustavam.

elou 7righam a noite inteira. Ele delirava no colchão de palha, murmurandopalavras e frases entrecortadas. 5or elas, teve uma noção mais clara de todo o horror da !atalha, e do perigo que ele e *oll tinham enfrentado.

5ouco antes do raiar do dia, Fiona ofereceu'se para su!stituí'la.

' oc& precisa descansar. 5or si mesma e por seu filho.

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' 3ão posso dei#('lo, mamãe. Rs vezes, ele a!re os olhos e me olha, dando aimpressão de que sa!e que estou ao seu lado.

' Então, deite a ca!eça no meu colo e durma um pouco.

' Ele C tão !onito, mamãe)

Fiona sorriu.

' Sim, 7righam C muito !onito.

' %eu !e!& vai se parecer com ele. ai ter esses mesmos olhos cinzentos e essa!oca !em'feita.

Serena fechou os olhos e as recordaçes a invadiram.

' Eu o amei desde a primeira vez que o vi. %as fiquei assustada. 3ão sa!ia queo coração tem razes mais profundas do que aquelas que eu tinha imaginado. Agora eu

sei.

?s sonhos de 7righam eram impregnados de horror. Ele se via quase sempreem meio a um mundo destruído, gotejando sangue. Em torno dele, os homensagonizavam, os rostos cheios de dor. 5odia atC sentir o cheiro da morte, predominandoso!re o odor acre da p$lvora. 5odia ouvir o som das gaitas, o rufar dos tam!ores e oincessante ri!om!ar da artilharia ultrapassando todos os lamentos.

5unha'se a correr e de repente era atirado no ar por um estampido medonho e

principiava a cair, a cair, num longo redemoinho sem fim, atC !ater de encontro ao solorelvoso. A vida esvaía'se de seu corpo lentamente e parecia a ponto de interromper'se.

 Rs vezes, quando a!ria os olhos, via Serena tão nitidamente, que conseguia

distinguir suas faces p(lidas pelo cansaço. Ela se de!ruçava so!re ele e o acariciavacom mãos macias. 4eagia, num esforço para v&'la melhor. %as suas p(lpe!raspesavam como chum!o.

"urante tr&s dias, de!ateu'se na inconsci&ncia. 3ão perce!ia nada do pequeno

mundo que fervilhava + sua volta. ?uvia vozes, mas não conseguia entender o quediziam. 5ensou ouvir uma mulher chorar !ai#inho e depois uma criança choramingar.

 Ao final de tr&s dias, caiu num sono profundo, sem sonhos. ? despertar foi algosemelhante a um parto: confuso, doloroso, desamparado. Ainda não tinha consci&ncia

plena de onde se encontrava, se na charneca, em meio + !atalha, ou em outro lugar qualquer.

? primeiro jato de luz feriu seus olhos. Fechou'os novamente e procurou seorientar por meio dos sons e dos odores. 6avia o cheiro enjoativo de papoulas, de terra,

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de lenha queimando, e, coisa estranha, o cheiro !om de !atatas assando. ?uviumurmrios. 5acientemente, pKs'se a decifrar as vozes. *oll. DIen. %alcolm. Uma ondade calor percorreu'lhe o corpo, tão reconfortante quanto o produzido por vinho fino,Serena devia estar ali tam!Cm)

 Aos poucos, seguro daquele calor que o aquecia, foi a!rindo os olhos. Agora, avia a um palmo de seus olhos, mirando'o cuidadosamente, uma e#pressão de alegriano rosto ador(vel. A!riu a !oca, mas não emitiu nenhum som.

' Serena ' conseguiu !al!uciar por fim, ao estender o !raço para toc('la.

Serena se de!ruçou so!re ele, não sa!endo se ria ou chorava.

' oc& voltou para mim, amor)

 A princípio, 7righam permaneceu num estado entre a vigília e o sono.

"espertava, quando lhe passavam uma toalha mida pelo corpo dolorido, ou quando ofaziam tomar ch(. Era !om sentir o líquido descer por sua garganta ressequida.

 A lem!rança da !atalha era clara, mas não se lem!rava do que aconteceradepois. Dradualmente, com a ajuda de *oll, foi coordenando os pensamentos e asrecordaçes dolorosas. E não conseguiu dominar o pesar e a indignação..

' ?ZSullivan estava enganado. E n$s... nada pudemos fazer. 3ão podíamos dar ordens ao príncipe. E agora...

Sua revolta atenuava'se apenas quanto tinha Serena e seu filho ainda por 

nascer junto de si..

' Este lugar não nos oferecer( segurança por muito tempo ' disse'lhe certa tarde.

' oc& est( ainda muito fraco para locomover'se ' o!servou ela.

Ele !eijou'lhe as mãos com ar pensativo.

*omo poderia permitir que sua esposa desse + luz naquela caverna-

' 9enho parentes em S8e, eles poderão nos ajudar. Guando acha que %aggie eo !e!& estarão suficientemente fortes para viajar-

' "entro de um ou dois dias. %as voc& não poder( participar de uma viagem comos ferimentos ainda a!ertos)

' Estou curado. Ademais, meus ferimentos t&m menos importHncia do que umarranhão de alfinete.

' oc& estar( curado quando n$s lhe dermos alta)

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Um !rilho da antiga arrogHncia surgiu nos olhos dele.

' A senhora C uma tirana, madame.

Ela sorriu.

' Fui sempre uma tirana, !assenach.

' Ador(vel tirana... ' murmurou ele, afundando a ca!eça no travesseiro.

' "escanse agora. Guando reco!rar as forças, iremos para onde voc& quiser.

7righam olhou'a com intensidade.

' ou tomar isso como uma promessa, Serena.

 A voz dele estava tão fraca, que Serena sentiu seu coração oprimir'se. Guandoele partira, era um homem forte, invencível. oltara para ela a !eira da morte.

' ?nde estão *oll e %alcolm-

' Saíram para caçar. 9alvez tenhamos carne para o jantar.

"eitou'se ao lado dele e, enquanto continuava a acarici('lo, pensava por queseus irmãos estavam demorando tanto para voltar.

?s dois estavam deitados de !ruços no alto do platK que se erguia atr(s daencosta da colina, e olhavam para o vale. 6avia no ar o cheiro do inc&ndio. Fios defumaça e pequenas chamas su!iam para o cCu. ? solar dos %acDregor ardia e as

pequenas herdades jaziam em ruínas, com os chalCs arrasados atC o solo. ?s inglesestinham voltado novamente trazendo o fogo, a morte, a destruição)

' Gue o dia!o os leve ' murmurou *oll, !atendo com o punho no solo rochoso. 'Gue o dia!o os leve)

' 5or que estão queimando nossas casas- ' perguntou %alcolm, com os olhoscheios de l(grimas. ' Gue necessidade h( de destruir nossos lares-

?s est(!ulos, lem!rou'se ele de repente e fez menção de levantar'se.

*oll segurou'o pelo !raço.

' Eles j( devem ter retirado os cavalos de l(, garoto.

%alcolm encostou o rosto na pedra !ruta e chorou.

' Ser( que agora nos dei#arão em paz-

? irmão lem!rou'se da carnificina da !atalha de *ulloden e murmurou:

' 4eceio que não. <rão dar uma !usca nas colinas e perseguir os fugitivos sem

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descanso. 9emos que voltar depressa para a caverna.

Serena estava sentada a pequena distHncia do fogo, em repouso. ?uvia a lenhaestalar, %aggie cantar uma canção de ninar ao pequeno <an, a sra. "rummond e

5ar8ins falarem !ai#inho, enquanto preparavam a refeição. 9ranqMilos ruídos familiaresvinham reforçar a sua pr$pria calma.

?lhou para a mãe que tecia um #ale para o neto, pensando que, afinal, estavamtodos reunidos e em segurança. Um dia, quando a <nglaterra se cansasse de oprimir aEsc$cia e retornasse a suas fronteiras, poderiam instalar'se definitivamente no solar."aria a 7righam uma vida cheia de felicidade, de modo a faz&'lo esquecer o mundosuntuoso de Bondres. 5oderiam atC construir uma casa para eles pr$prios perto dolago.

Esse pensamento trou#e'lhe um sorriso aos l(!ios. Um ruído s!ito de passos +entrada da caverna a fez voltar'se. Ficou + escuta. 6ouve um novo estalido. "eviam ser seus irmãos. 5alavras de !oas'vindas vieram'lhe aos l(!ios, quando se lem!rou queeles não teriam a necessidade de chegar tão furtivamente. So!ressaltada, alcançou apistola.

Uma som!ra !loqueou a claridade que jorrava pela a!ertura. iu o dragão ingl&sentrar com a espada erguida e um !rilho de triunfo nos olhos. Ergueu a pistola. Guandoele deu o primeiro passo, atirou. ? homem cam!aleou, a surpresa estampando'se por um instante em seu rosto, antes que ele tom!asse ao chão, morto.

5ensando apenas em defender os seus, ela agarrou a espada de seu pai eergueu'a. Sentiu a presença de 7righam a seu lado no instante em que mais umsoldado avançava para eles com a !aioneta calada. ?utro estampido ecoou no espaçoconfinado. ?s dois voltaram'se ao mesmo tempo. 5ar8ins estava no meio da cavernacom a pistola ainda fumegante na mão.

' olte a carregar as armas ' ordenou'lhe 7righam, pu#ando Serena atr(s de si.

Um terceiro dragão apareceu + entrada, mas não chegou a dar um passo.

5ermaneceu um instante parado, e depois caiu para a frente, fulminado por um tiro.

?fegante, 7righam saiu da caverna. Fora, havia mais dois soldados. *oll lutava com umdeles com todo o desespero de um homem acuado, enquanto protegia o irmão com seupr$pria corpo. 7righam quis enfrentar o outro, mas uma dor aguda e#plodiu em seucCre!ro, cegando'o.

? dragão fez então meia'volta e j( erguia a espada, mirando a ca!eça de

%alcom quando, da !oca da caverna, Serena atirou com a pistola que aca!ava decarregar, atingindo'o no coração.

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9oda a ação não havia durado mais do que cinco minutos. Agora, cinco drages jaziam mortos. %as a caverna dei#ara de constituir um refgio.

Foram em!ora ao anoitecer, tomando a direção do oeste.

aliam'se da hospitalidade do povo generoso da Alta Esc$cia e, quando isso nãoera possível, !uscavam a!rigo nas choças a!andonadas. "urante a caminhada,tiveram notícias de *um!erland, que era agora conhecido como ? *arniceiro.

 A perseguição aos fugitivos era implac(vel. 5ara aque!rantar ainda mais o Hnimo

do povo derrotado, sem chefes, faminto, haviam confiscado ovelhas, cavalos, gado. Ainda assim, terras, gentes, florestas se faziam cmplices para guardar, comdevotamento, o seu príncipe.

 Avançavam lentamente. *ada dia encerrava um novo perigo. Era junho, quando

conseguiram finalmente zarpar do continente e desem!arcar na ilha de S8e, ondeforam acolhidos pelos %ac"onald de Sleat.

' J tão linda quanto minha av$ dizia ' murmurou 7righam enquanto, do topo dacolina de %ugston 6ouse, inspirava profundamente o ar puro da ilha e a!arcava com o

olhar todo o panorama luminoso que se descortinava + sua frente.

' 4ealmente linda ' confirmou Serena. ' 9udo me parece lindo agora que

estamos todos em segurança.

5or quanto tempo ainda-, pensou 7righam. *orriam rumores de que o príncipe

estava nas imediaçes, procurando escapar para a França ou para a <t(lia. E, onde eleestivesse, haveria sempre ingleses por perto. A orla marítima estava sendorigorosamente patrulhada.

4efletira muito nos dias de sua convalescença e durante a longa e perigosa jornada atravCs das colinas da Esc$cia. 3ão podia voltar para a <nglaterra e dar +Serena a vida que ela tinha direito como lad Ash!urn, e não podia voltar + Dlenroe.9inha que haver uma outra alternativa.

' enha sentar'se aqui ' disse, conduzindo'a a um pequeno !arco de pedrasom!reado por uma (rvore em flor. ' Sa!e que voc& est( mais linda do que nunca-

' oc& C um mentiroso-

Ela sorriu e apoiou a ca!eça no om!ro dele.

' Estou feliz que tenha a oportunidade de conhecer o lugar onde sua av$ nasceu

e cresceu. ?s parentes dela foram tão gentis conosco)

' Serei sempre grato a eles e a todos os que nos deram a!rigo.

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?s olhos de 7righam enevoaram'se, enquanto ele olhava para o mar.

' J difícil compreender por que deram a!rigo a um ingl&s.

' *omo pode dizer isso- ' indignou'se Serena. ' 3ão foi a sua <nglaterra queassassinou o espírito de li!erdade da Esc$cia. Foi *um!erland, com sua sede de

vingança, sua necessidade de destruição)

' Em Bondres, ele C aclamado como her$i.

Ela o fitou com intensidade.

' 6ouve tempo em que eu culpava todos os ingleses pelos erros de alguns. 3ão

cometa o mesmo erro, 7righam)

Ele atraiu'a para si.

' Sa!e o que aconteceria aos %ac"onald, se sou!essem que estou aqui-

' 3ão o encontrarão)

' 3ão podemos fugir para sempre, Serena. Estou cansado de me sentir cercado,perseguido, caçado pelos carrascos de um regime sangrento)

' 3ão temos outra alternativa) 9am!Cm o príncipe est( sendo caçado)

' Sim, e eu me preocupo por ele. %as me preocupo tam!Cm com voc& e nosso

filho. 3ão consigo esquecer o ltimo dia que passamos na caverna, quando voc& foiforçada a matar para defender a mim e a sua família)

' Fiz o que devia ser feito, o que voc& teria feito. 5ela primeira vez, depois de

tantos meses, senti'me verdadeiramente til.

' 3unca a amei tanto como naquela dia, quando a vi erguer a pistola e a espada,como uma deusa vingadora)

Ele curvou'se e !eijou'lhe am!as as mãos.

' Eu queria lhe dar uma vida cheia de !eleza, queria lhe dar tudo o que era meu. Agora, não tenho mais nada.

' 7righam...

' ?uça. 6( algo que eu preciso sa!er. Um dia, voc& me disse que iria comigopara onde eu quisesse. Sua promessa continua de pC-

Serena sentiu uma pontada no coração, mas sua voz era firme, quando disse:

' Sim.

' "ei#aria a Esc$cia, Serena, e iria comigo para o 3ovo %undo- 3ão posso dar'lhe tudo o que prometi, muita coisa ter( que ser dei#ada para tr(s. oc& ser( apenas a

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sra. Bangston.

Ela o a!raçou com força.

' <ria ao inferno com voc&, se me pedisse)

Ele sorriu.

' 3ão pediria tanto. ' "epois, repentinamente sCrio, acrescentou: ' Estouque!rando todas as promessas que lhe fiz, Serena.

' oc& me prometeu amor e essa promessa foi cumprida.

' E suficiente-

' Entenda, querido. As semanas que passei na corte foram maravilhosas, mas s$porque voc& estava comigo. ? lu#o nada significa para mim. 3em os !ailes e osvestidos de gala. Apenas voc&.

Ela o fitou nos olhos, longamente.

' Rs vezes, em 6olrood, cheguei a pensar se voc& não havia cometido um erro,ao escolher'me para sua esposa)

' Gue a!surdo C esse-

' Eu nunca serei uma dama, 7righam. E meu maior medo era que voc& me

pedisse para ir viver na corte do rei Buís.

7righam olhou'a com surpresa.

' B(, voc& teria uma vida tão agrad(vel quanto a de Edim!urgo)' E teria que me comportar como uma dama, quando meu maior desejo seria

usar calçes e cavalgar livremente pelos !osques)

' 5refere então ir para a AmCrica contando apenas com um punhado de ouropara realizar esse novo sonho-

' oc& perdeu a <nglaterra e eu a Esc$cia. Faremos da AmCrica a nossa nova

p(tria) ' disse ela com ardente convicção.

Esta resposta tocou'o mais do que qualquer outra. Serena estava afastando'se

do passado e voltando'se para o futuro com a firme vontade de não se dei#ar a!ater pelos pesares. Essa coragem com que ela enfrentava o mundo seria, doravante, a força

e a !ase do amor que lhe dedicava.

Sentiu a mão dela apertar a sua e murmurou:

' 9e amo, Serena.

3o cais, um !arco preparava'se para singrar as (guas azuis, o leme da proa

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!rilhando na som!ra crescente. 7reve, muito !reve, tam!Cm eles estariam de!ruçadosno convCs de um navioO rumo a uma nova e#ist&ncia. A e#ist&ncia que o destino lhesreservara.

EPÍLOGO

Era junho, quando o príncipe *harles EdIard desem!arcou na ilha de S8e,para se asilar em %ugston 6ouse. *hegava disfarçado de criada de Flora %ac"onald,uma jovem lad que arriscara a vida por ele, mas não havia perdido nem a infinitaconfiança em si pr$prio, nem seu intrCpido orgulho.

Guando ele se foi, amado, admirado, com uma lenda de valentia e romance emtorno de seu nome, dei#ou a Flora um anel de seus ca!elos e a promessa de quevoltariam a encontrar'se na corte de St. Lames.

5ouco antes de sua partida, o príncipe encontrou'se com 7righam num dossales da no!re morada. *onversaram como sempre o haviam feito, com intimidade

real e profunda mesclada a um mtuo respeito. *harles EdIard não disse, masesperava que seu fiel partid(rio o acompanhasse em sua viagem + França.

Guando 7righam falou'lhe de seus novos projetos, ele não respondeuimediatamente. Afastou'se uns passos e ficou a olhar, em meio + tranqMilidade que

reinava na ilha, o mar azul e profundo. "ecorrido um momento, voltou para junto dele.Seu !elo rosto aristocr(tico estava contraído por uma emoção contida.

' Então, nada mais h( a dizer, não C certo-

' 3ada mais, Alteza.

' "esejo felicidades a am!os.

' ?!rigado.

%ais tarde, na intimidade de seus aposentos, Serena comentou:

' ai sentir falta dele, amor.

' E do que ele representou para mim: a fC de minha infHncia.

7righam pu#ou'a para si, a!raçando'a com força.' 3ão vencemos, Serena. %uitos morreram defendendo uma causa perdida. %as

quando olho para voc& e meu filho, vejo que não perdemos.

 Afastou'se um pouco para olhar o pequeno "aniel que dormia no carrinho.

' *omo seu pai disse, não lutamos em vão.

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' 5eço unicamente a paz, 7righam. 5ara voc& e para mim.

Ele !eijou'lhe levemente os l(!ios.

' Est( pronta-

' Estou. ' Serena apanhou o manto de viagem e envolveu'se nele. ' 5ena quemamãe, *oll e %aggie não possam vir conosco. <rei sentir falta deles.

' %as voc& ter( DIen e %alcolm.

' Eu s$ desejo...

' 6aver( novamente um %acDregor em Dlenroe ' antecipou'se 7righam. ' E n$svoltaremos um dia.

Ela o fitou. ia diante de si aquele homem !onito, rico de promessas, que aatraíra desde o princípio: o seu homem de confiança.

' E haver( tam!Cm um Bangston no Solar Ash!urn. "aniel voltar(, ou o filhodele.