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11.6 CIDADE PELOTAS (RS) PAC - ANGLO – AVALIAÇÃO QUALITATIVA

Estudo de Caso – PAC- Anglo - (PAC urbanização de Assentamentos Precários)

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Localização das charqueadas e destaque para as de José Gonçalves da

Silveira Calheca e Valadares Moreira....................................................................... 12

FIGURA 2- Identificação das áreas .......................................................................... 18

FIGURA 3- Localização Loteamento Farroupilha ..................................................... 18

FIGURA 4- Localização Loteamento Ceval .............................................................. 19

FIGURA 5- Localização Loteamento Osório ............................................................. 19

FIGURA 6- Localização loteamento anglo................................................................ 20

FIGURA 7- 1ª parte- linha do tempo da implementação do PAC Anglo. .................. 25

FIGURA 8- 2ª parte- linha do tempo da implementação do PAC Anglo. .................. 26

FIGURA 9- 3ª parte- linha do tempo da implementação do Pac Anglo. ................... 27

FIGURA 10- 4ª parte- linha do tempo da implementação do PAC Anglo. ................ 28

FIGURA 11- 5ª parte- linha do tempo da implementação do PAC Anglo. ................ 29

FIGURA 12- Implantação do projeto PAC Anglo. primeira proposta. ...................... 31

FIGURA 13- Avaliação pós-ocupação de 58 unidades habitacionais entregues em

jan/mar. 2012 PAC/Anglo – levantamento em janeiro de 2013. ............................... 34

FIGURA 14- Implantação do projeto PAC Anglo. nova implantação. ...................... 37

FIGURA 15- Mapa que representa os domicílios particulares permanentes do tipo

apartamento – Pelotas.............................................................................................. 42

FIGURA 16- Mapa que representa a condição de ocupação - alugados - Pelotas .. 42

FIGURA 17- Gráficos que ilustram tipos de domicílios de Pelotas e São Gonçalo .. 43

FIGURA 18- gráficos que ilustram tipos de domicílio - zona da balsa e pac/anglo .. 44

FIGURA 19- gráficos que ilustram condição de ocupação – pelotas/ são gonçalo .. 45

FIGURA 20- Gráficos que ilustram condição de ocupação – Zona da Balsa/

PAC/Anglo ................................................................................................................ 46

FIGURA 21- Gráfico que ilustra a quantidade de moradores por domicílio de Pelotas

................................................................................................................................. 47

FIGURA 22- Gráfico que ilustra a quantidade de moradores por domicílio– São

Gonçalo .................................................................................................................... 47

FIGURA 23- Gráfico que ilustra a quantidade de moradores por domicílio–

PAC/Anglo ................................................................................................................ 48

FIGURA 24- Gráfico que ilustra a classe de rendimento nominal mensal domiciliar -

pelotas ...................................................................................................................... 49

FIGURA 25- Gráfico que ilustra a classe de rendimento nominal mensal - Zona da

Balsa ........................................................................................................................ 49

FIGURA 26- Gráfico que ilustra a classe de rendimento nominal mensal -

PAC/Anglo ................................................................................................................ 50

FIGURA 27- Gráfico que ilustra a população residente segundo faixa etária - distrito

Pelotas...................................................................................................................... 52

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FIGURA 28- Gráfico que ilustra a faixa etária - subdistrito São Gonçalo ................. 52

FIGURA 29- Gráfico que ilustra a população residente segundo faixa etária - setor

censitário PAR .......................................................................................................... 53

FIGURA 30- Gráfico que ilustra a população residente segundo faixa etária - setor

PAC/Anglo ................................................................................................................ 53

FIGURA 31- Mapa dos setores censitarios - banheiro ou sanitário - Pelotas ........... 57

FIGURA 32- Transporte coletivo na região próxima ao loteamento Anglo ............... 59

FIGURA 33- Escolas dispostas na região próxima ao Loteamento Anglo ................ 60

FIGURA 34- Equipamento de saúde dispostos na região próxima ao Loteamento

Anglo ........................................................................................................................ 61

FIGURA 35- Áreas verdes dispostas na região próxima ao Loteamento Anglo ....... 62

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- Dados sobre os empreendimentos do PAC Farroupilha. ...................................... 17

QUADRO 2- Tipo de domicílios Pelotas - São Gonçalo - Zona da Balsa .................................... 43

QUADRO 3- Tipo de domicílios - Grupamentos da Zona da Balsa .......................................... 43

QUADRO 4- Condição de ocupação Pelotas – Zona da Balsa/ São Gonçalo.............................. 45

QUADRO 5- Condição de ocupação – Grupamentos da Zona da Balsa .................................... 45

QUADRO 6- Quantidade de moradores por domicílio - Pelotas, São Gonçalo e Zona da Balsa ...... 46

QUADRO 7- Quantidade de moradores por domicílio – grupamentos da zona da Balsa............... 47

QUADRO 8- Classe de rendimento nominal mensal domiciliar - Pelotas ................................... 48

QUADRO 9- Classe de rendimento nominal mensal domiciliar- Zona da Balsa e grupamentos...... 49

QUADRO 10- Classe de rendimento nominal mensal domiciliar em percentuais – Pelotas, Zona da

Balsa e PAC Anglo ................................................................................................. 50

QUADRO 11- População residente urbana - distrito, subdistritos e setores censitários ................ 51

QUADRO 12- População residente urbana – discriminação dos setores censitários da Zona da Balsa

........................................................................................................................... 51

QUADRO 13- Domicílios particulares permanentes segundo abastecimento de água - Pelotas, São

Gonçalo e Zona da Balsa ......................................................................................... 54

QUADRO 14- Abastecimento de água - Zona da Balsa ......................................................... 54

QUADRO 15- Domicílios particulares permanentes segundo abastecimento de energia elétrica -

Pelotas, São Gonçalo e Zona da Balsa ........................................................................ 54

QUADRO 16- Energia elétrica - Zona da Balsa .................................................................... 55

QUADRO 17- Domicílios particulares permanentes segundo o destino do lixo - Pelotas ............... 55

QUADRO 18- Domicílios particulares permanentes segundo o destino do lixo - São Gonçalo e Zona

da Balsa ............................................................................................................... 56

QUADRO 19- Destino do lixo - Zona da Balsa ..................................................................... 56

QUADRO 20- Domicílios particulares permanentes segundo banheiro ou sanitário - Pelotas, São

Gonçalo e Zona da Balsa ......................................................................................... 56

QUADRO 21- Banheiro ou sanitário - Zona da Balsa ............................................................ 56

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social

HIS Habitação de Interesse Social

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

CREA-RS Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do

Rio Grande do Sul

ASAEC-NH Associação de Arquitetos e Engenheiros Civis da cidade de

Novo Hamburgo

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE QUADROS

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 7

1.1 Objetivos ............................................................................................................. 7

1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................................ 7

1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................................................... 7

1.2 Escolha do Estudo de caso...................................................................................... 8

1.3 Metodologia ......................................................................................................... 9

2 SEÇÃO 1 - LEVANTAMENTO DO HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO E DA

IMPLEMENTAÇÃO DA POLITICA .......................................................................................11

2.1 Introdução histórica do estudo de caso .................................................................... 11

2.2 Origens da ocupação da Região da Balsa................................................................. 11

2.3 A Ocupação Anglo ............................................................................................... 14

2.4 O contexto do surgimento do PAC .......................................................................... 15

2.5 O PAC em Pelotas ............................................................................................... 16

2.6 A promoção e produção do PAC Anglo .................................................................... 23

2.7 Detalhamento da linha de tempo do PAC Anglo ......................................................... 29

3 SEÇÃO 2 - LEVANTAMENTO DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS DA

REGIÃO ONDE SE INSERE O PAC ANGLO ....................................................................39

3.1 IntroduçÃo ......................................................................................................... 39

3.2 Objetivos secundários .......................................................................................... 40

3.3 Utilização da ferramenta Painel do Censo 2010 ......................................................... 40

3.4 Resultados ......................................................................................................... 43

3.4.1 Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Tipo de Domicílio .............................................. 43

3.4.3 Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Quantidade de Moradores por Domicílio ........ 46

3.4.4 Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Renda ................................................................ 48

3.4.5 Grupo Pessoas / Tema População Residente .......................................................................... 50

3.4.6 Grupo Pessoas / Tema Faixa Etária ............................................................................................... 51

3.4.7 Grupo Saneamento e Energia / Tema Abastecimento de Água................................................. 53

3.4.8 Grupo Saneamento e Energia / Tema Energia Elétrica .............................................................. 54

3.4.9 Grupo Saneamento e Energia / Tema Destino do Lixo ........................................................... 55

3.5 Conclusões parciais ............................................................................................ 57

4 SEÇÃO 3 - INSERÇÃO URBANA .................................................................................58 4.1 Introdução.......................................................................................................... 58

4.2 Transporte Coletivo .............................................................................................. 59

4.3 Educação .......................................................................................................... 59

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4.4 Saúde ............................................................................................................... 60

4.6 Conclusões parciais ............................................................................................. 62

5 CONCLUSÕES ...................................................................................................................63 5.1 Condução do processo participativo e necessidades habitacionais ................................. 63

5.2 Tempo de execução: um problema de gerenciamento do município? .............................. 64

5.3 Processo de transição: da precariedade a nova moradia .............................................. 66

5.4 Regularização fundiária ........................................................................................ 67

5.5 Trabalho Técnico Social ........................................................................................ 68

5.6 Gestão pós- ocupação .......................................................................................... 69

5.7 Considerações finais ............................................................................................ 70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................71

NOTICIAS EM PERIÓDICOS..................................................................................................73

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1 INTRODUÇÃO

Este relatório de pesquisa é parte do projeto mais amplo

"Desenvolvimento de Procedimentos Metodológicos para Avaliação das

dimensões relativas ao Processo, Produto e Impactos do Programa Minha

Casa Minha Vida e do eixo de Urbanização de Assentamentos Precários do

Programa de Aceleração do Crescimento”, em resposta a CHAMADA

UNIVERSAL – MCTI/CNPq N.14/2012 - e responde ao TEMA 2 - Aspectos de

desenho, implementação e avaliação do PAC Urbanização de Assentamentos

Precários.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Elaborar Procedimentos Metodológicos de Avaliação de natureza

quantitativa, que possam ser utilizados para o aperfeiçoamento do Programa

Minha Casa Minha Vida e do eixo de Urbanização de Assentamentos Precários

do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC urbanização de

Assentamentos Precários).

1.1.2 Objetivos Específicos

a) Realizar uma avaliação concentradas de empreendimentos do PMCMV

e do PAC (Urbanização de Assentamentos Precários) nas localidades

apresentadas, com os Procedimentos Metodológicos de Avaliação formulados.

b) Analisar criticamente as dimensões relativas ao processo, produto

habitacional e impacto nas condições de vida e no ambiente urbano de

empreendimentos do PMCMV e do PAC;

c) Desenvolver procedimentos metodológicos que aproximem as

avaliações quantitativas das avaliações qualitativas, estabelecendo valores que

possam ser utilizados em ambas avaliações quantitativas;

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d) Desenvolver procedimentos metodológicos que visem capturar as

dimensões participativas e associativas dos beneficiários, permitindo

estabelecer percepções distintas entre as duas modalidades do PMCMV.

1.2 Escolha do Estudo de caso

O estudo de caso desta pesquisa é o PAC (Urbanização de

Assentamentos Precários), mais especificamente o loteamento Anglo

localizado no município de Pelotas, denominado neste relatório de PAC -

Anglo.

A área pertence à região da Balsa, Região de Planejamento São

Gonçalo, onde está sendo desenvolvido o Programa de Extensão Vizinhança

da Universidade Federal de Pelotas e que nos permitiu uma aproximação com

as lideranças comunitárias. O Programa Vizinhança teve início no ano de 2009,

promovido pelo Departamento de Extensão e Treinamento, sob iniciativa da

Faculdade de Enfermagem, sendo cadastrado junto a Pró Reitoria de Extensão

e Cultura (PREC) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e teve como

objetivo “formal” o atendimento das necessidades da população vizinha ao

Campus Anglo da UFPEL. Entretanto o Programa se estabeleceu como uma

estratégia da Reitoria para diminuir o impacto sobre a população da região do

novo campus da UFPEL. Lideranças comunitárias do entorno manifestaram ao

reitor, na época Prof. César Borges, sua preocupação com a inserção da

UFPEL no bairro. O receio era de uma expulsão “branca” da comunidade, pelo

aumento do preço dos imóveis, ou uma requalificação urbana planejada, que

não levasse em conta os moradores já estabelecidos, mas em situação de

irregularidade fundiária ( MEDVEDOVSKI, 2010).

O projeto, que permanece em andamento, tem como parceria as

diversas áreas de conhecimento que compõe a comunidade acadêmica e sua

estratégia é a utilização das expertises das diversas áreas para a interação

com a comunidade em temas como: a inclusão digital da população, o ensino

de ciências, resgate histórico e da memória do bairro, educação ambiental,

desenvolvimento de atividades esportivas, arte e cultura e promoção da

educação em saúde. Dentro do Programa Vizinhança, por iniciativa da

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, desenvolveu-se o projeto de

Requalificação Urbana Participativa, buscando a participação da comunidade

para a requalificação do próprio espaço urbano através dos temas da

pavimentação, arborização, disposição de resíduos sólidos e edificação de

limites dos terrenos privados. O estudo preliminar de Pavimentação da Balsa

foi desenvolvido para atender uma demanda da comunidade daquela região.

Demanda esta identificada através do DRUP (Diagnóstico Rápido Urbano

Participativo) e pelos líderes comunitários. Desta forma, o Projeto de

Pavimentação buscou desenvolver a qualificação e humanização do espaço

urbano através da pavimentação das vias, complementada com as demais

ações de requalificação urbana. Este projeto foi encaminhado pela UGP –

Unidade Gestora de Projetos da Prefeitura Municipal de Pelotas para

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obtenção de recursos do PAC Farroupilha – Extensão1.

O estudo de caso do PAC Anglo se oportunizou devido ao

conhecimento prévio da região da Balsa propiciado pelo Projeto de

Requalificação Urbana da zona da Balsa bem como pela aprovação de recurso

destinada ao projeto do PAC em 4 áreas na cidade de Pelotas (PAC

Farroupilha), quando optou-se por desenvolver a pesquisa em uma das regiões

abrangidas pelo projeto, o Loteamento Anglo.

A pesquisa sobre o PAC Anglo, além de elaborar Procedimentos

Metodológicos de Avaliação de natureza quantitativa, que possam ser

utilizados para o aperfeiçoamento do PAC urbanização de Assentamentos

Precários, também buscou ferramentas metodológicas qualitativas, partindo do

pressuposto teórico que a pesquisa sobre uma parcela da cidade pré existente

necessita um conhecimento da história da sua comunidade e do processo de

ocupação de seu território. Esta pesquisa busca instrumentos metodológicos

qualitativos que auxiliem a estabelecer esses conhecimentos bem como do

estabelecimento de prioridades pela população moradora em relação a sua

inserção na cidade.

1.3 Metodologia

Para a execução desse trabalho, primeiramente foram realizadas

pesquisas bibliográfica e exploratória sobre o tema do PAC Minha Casa Minha

Vida – Regularização de assentamentos precários, para obter um melhor

conhecimento das características do programa, seus objetivos e seu alcance.

Num segundo momento foi realizada pesquisa documental junto aos

arquivos da Unidade Gestora de Projetos – UGP da Prefeitura Municipal de

Pelotas e junto aos técnicos da Secretaria Municipal de Gestão Urbana e

Mobilidade. Foram selecionadas informações sobre o programa em Pelotas, a

forma de atuação da prefeitura nas comunidades selecionadas, a forma de

condução do projeto arquitetônico e urbano em uma área consolidada do

município e, também, o volume de recursos destinados ao projeto.

Após esta etapa, desenvolveu-se um pesquisa bibliográfica no acervo

do Núcleo de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo integrante da Faculdade

de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas para obter

conhecimento sobre as informações já existentes sobre o local e sobre outras

intervenções semelhantes realizadas em outras áreas da cidade.

1 Este recurso para a pavimentação foi contemplado mas não aplicado na região da Balsa. Este fato

causou uma situação de impasses nas relações entre a Universidade – Programa Vizinhança e a

comunidade da Balsa. As lideranças passaram a encarar com descrédito os projetos de extensão da

universidade e atribuir a essa a responsabilidade pela não aplicação dos recursos e houve uma

desmobilização da comunidade. Nas reuniões mensais do Programa Vizinhança as várias representações

da comunidade estavam representadas, entre elas a da área denominada PAC Anglo, com a liderança e

vice da comunidade. Em 2008 este parcelamento clandestino estava iniciando seu processo de

regularização técnica e fundiária e a comunidade estava muito mobilizada., o que possibilitou a

aproximação da equipe de pesquisa com a mesma.

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Para conhecer o ponto de vista das pessoas diretamente envolvidas

neste projeto, foram realizadas entrevistas com informantes qualificados, como

o líder comunitário do local, Pedro Ferraz e com ex-funcionários da hoje extinta

Secretaria de Habitação e Cooperativismo.

Para realizar uma comparação do projeto do PAC Anglo com outros

projetos semelhantes de outras regiões do país, foi realizada pesquisa

documental em sites da internet relacionada aos movimentos populares por

moradia.

Buscando um contato maior com a comunidade e reforçando opiniões

diversas sobre o andamento do projeto no dia 25 de junho de 2013 foi aplicado

o Diagnóstico Rápido Urbano Participativo junto a comunidade residente.

A pesquisa de caracterização e avaliação do PAC em Pelotas foi

desenvolvida através dos seguintes instrumentos metodológicos:

Seção 1 -Levantamento do histórico da ocupação e da implementação da

política

É efetuada a organização de dados secundários e de dados obtidos

através de entrevistas com os atores do processo de requalificação e

regularização sob a forma de “linha de tempo”, elencando os episódios

marcantes no desenrolar da política do PAC Anglo e identificando sua fonte de

informação : a comunidade ou os “agentes públicos”. Inicialmente, através de

dados secundários coletados junto a Secretaria de Gestão e Mobilidade

Urbana e dos relatórios anuais do PAC.

a. PAC em Pelotas

b. PAC Anglo

Seção 2 – Levantamento de dados sócio demográficos da região onde se

insere o PAC Anglo

Utilização dos dados da ferramenta “Painel do Censo” do Censo do

IBGE de 2010 para a caracterização de domicílios e moradores do

empreendimento, da região de inserção e do município. Objetiva o auto

reconhecimento da comunidade através de dados quantitativos disponíveis on

line no site do IBGE. Em regiões em que não existem dados cadastrais da

população a ser atendida, pode dar uma primeira aproximação com a

realidade. No caso analisado foi comparado com os dados provenientes do

primeiro cadastro da comunidade a ser beneficiada com os recursos do PAC

Anglo.

Seção 3 - Análise da Inserção urbana

Utilização de dados cadastrais disponíveis na Prefeitura Municipal de

Pelotas para avaliação da presença e disponibilidade de serviços e

equipamentos urbanos.

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2 SEÇÃO 1 - LEVANTAMENTO DO HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO E DA IMPLEMENTAÇÃO DA POLITICA

2.1 Introdução histórica do estudo de caso

Reconstruir o histórico desta política pública - o PAC MCMV - na área

que compreende o loteamento Anglo, tomando-o como estudo de caso para

melhor entender e avaliar as novas políticas governamentais de redução do

déficit habitacional.

Para que esses processos se concretizem , o grupo de pesquisa

precisa conhecer em profundidade a história dessa área e da população

moradora.

Inicia com a história da ocupação da região da Balsa e do PAC Anglo.

2.2 Origens da ocupação da Região da Balsa

Historicamente o município de Pelotas destaca-se pela produção

do charque que teve papel importante para a economia e desenvolvimento da

cidade. Durante o século XIX, charqueadores portugueses instalaram-se na

região ao longo do arroio Pelotas, próximo ao canal São Gonçalo, dando

origem à população que demarcou o início do município (Figura 1).

A área do loteamento Anglo está inserida nesta região, onde estava

localizada a charqueada de José Gonçalves da Silveira Calheca, que mais

tarde foi herdada por Antônio Ferreira Vianna, genro de Calheca. (Biblioteca

publica de Pelotas,, RPTMP, p. 93, 144 apud GUTIERREZ, 2001).

Este terreno sofreu desmembramentos ao longo dos anos e parte dele

foi vendida pela família Ferreira Vianna à Prefeitura. Nesta área se estabeleceu

o galpão do Asseio Público da municipalidade e se efetuaram obras de aterro

do banhado para acesso a balsa que dava acesso ao município de Rio Grande

. Mais tarde, em 1957, foi fundada, no mesmo local, a Escola Municipal de

Ensino Fundamental Ferreira Vianna, na Rua João Thomas Munhoz nº 86,

Bairro da Balsa, zona do Porto/Várzea em Pelotas, RS. (SANTOS, 2002).

Os dados a seguir foram coletados pela pesquisa histórica de Jeske (

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1999) sobre a atuação do Frigorífico Anglo em Pelotas no período 1940-1970,

bem como através dos relatos coletados junto aos moradores no período de

2009- 2013 pelo projeto de Extensão Vizinhança.

Segundo a autora, o avanço do capitalismo internacional, que primava

por tecnologias e produções mais qualificadas, levou os pecuaristas gaúchos a

colocarem em prática o projeto de um frigorífico de capital nacional. Apoiados

pelo Governo do Estado, esses pecuaristas elaboraram um plano para

industrializar a carne dos rebanhos gaúchos. Pelotas foi escolhida para a

realização deste projeto, e a Intendência Municipal cedeu a área, que, outrora,

havia pertencido à charqueada Moreira, à beira do canal São Gonçalo, para a

construção do frigorífico, que recebeu o nome de Companhia Frigorífica Rio

Grande.

Figura 1- Localização das charqueadas e destaque para as de José Gonçalves da Silveira Calheca e Valadares Moreira.

Fonte: Base principal no RPTMP, do museu da BPP apud GUTIERREZ, 2001.

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A história da Companhia Frigorífica Rio Grande foi passageira. O grupo

não conseguiu superar as dificuldades iniciais de falta de dinheiro e em 1921, a

Companhia Frigorífica Rio Grande foi vendida para a Companhia Lancashire

General Investiment Trust Limited, de propriedade do grupo britânico Vestey

Brothers. Em novembro do mesmo ano começa a operar então, o Frigorifico

Anglo de Pelotas. Após adquirir as instalações da mal sucedida Cia. Frigorífico

Rio Grande, o grupo pouco utilizou a unidade, desenvolvendo atividades de

abate apenas na safra de 1921. Nos próximos três anos, o abate foi

inviabilizado pela guerra civil. Em 1926 o frigorífico é fechado e só retoma suas

atividades 17 anos depois, dentro de um contexto criado pela Segunda Guerra

Mundial. Em dezembro de 1943, após passar por algumas obras, são

inauguradas as novas instalações do Frigorífico Anglo. A reinauguração do

Frigorífico representou, para os trabalhadores pelotenses, sobretudo, a

possibilidade de emprego regular. No auge da “safra” atuavam até 4000

trabalhadores, sendo 1500 de forma permanente.

Os primeiros moradores da região Balsa eram empregados da

prefeitura, muitos dos quais trabalhavam junto aos serviços públicos urbanos

(Asseio Público) e construíram a via de acesso para a travessia por balsa

para o município de Rio Grande, fato que deu origem ao nome do bairro Balsa.

As primeiras e poucas unidades habitacionais aproveitaram as bordas do

aterro, conquistando paulatinamente o banhado com novos aterros. Com a

vinda do frigorífico Anglo, este perfil se modifica aumentando o número de

moradores, estimado por Jeske entre 800 e 1200, cerca de 80% empregados

do Anglo.

Segundo Jeske (1999, p.85):

“Pode-se inferir que a maioria dos moradores do Bairro da Balsa fixaram residência naquele local em função do emprego, que, nas décadas de 50-60, era oferecido, basicamente, pelo Frigorífico Anglo, com menor participação do Porto de Pelotas e de outras indústrias que funcionavam próximas àquela área. Esses moradores eram oriundos ou da zona colonial da cidade, ou das regiões próximas a ela, como Canguçu, Piratini, Jaguarão, Arroio Grande”.

Apesar do interesse de ocupação da área próxima ao frigorífico por

parte dos trabalhadores, foi possível notar certo descaso da grande indústria

com a formação do Bairro da Balsa. O Anglo construiu apenas quatro ou seis

casas, para abrigar operários qualificados que vieram de outras localidades

trabalhar, diferente da atuação de outras empresas inglesas que construíram

alojamentos para seus empregados junto às fábricas, sob a forma de vilas

operárias A justificativa para tal fato é de que já existia mão-de-obra com

experiência em abate oriunda das charqueadas e que moravam na periferia da

cidade, próximos ao empreendimento, não precisando portanto, investir em

unidades habitacionais para atrair e fixar os operários.

Muitos trabalhadores eram naturais de Pelotas e iam residir no Bairro

da Balsa para ficarem mais próximo ao local de trabalho; porém a grande

maioria era de fora cidade, das cidades próximas d, trabalhando inicialmente

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como “safristas” (períodos determinados) tendo se mudado para a cidade

quando se efetivaram no Frigorífico.

Com o auxílio ocasional de administradores municipais, os

trabalhadores foram demarcando suas posses, aterrando o banhado e

ocupando o território no entorno do Frigorífico e da Rua Tiradentes, que dava

acesso à Balsa.

Segundo Jeske (1999, p.87):

Após a ocupação do espaço e a construção de suas moradias, os trabalhadores enfrentaram a falta de água potável, de esgotos, de energia elétrica e transporte coletivo, entre outros. Iniciaram de forma coletiva as negociações junto ao poder publico e as concessionárias dos serviços pela solução desses problemas. Para resolverem a falta de água potável e energia elétrica, os moradores da Rua Paulo Guilayn criaram a Associação dos Amigos da Balsa, em 1969. Essa associação evoluiu, promovendo a organização dos moradores e possibilitando sua atuação nas áreas social, médica e de lazer...”.

Esta história de luta pelas suas condições de sobrevivência e inserção

urbana da população da Balsa certamente foi a origem da luta pela ocupação e

melhoria da área do PAC Anglo desenvolvida pelos seus descendentes. Na

narrativa desta busca pela observância de seus direitos aos serviços básicos

de água potável e energia elétrica, os moradores destacam que a “...sua

organização trouxe resultados que ultrapassaram os limites das reivindicações,

tendo a Associação de Moradores passado também, a atuar na área do lazer e

da saúde para os seus sócios...”(JESKE,1999,90).

2.3 A Ocupação Anglo

A gleba de terras onde atualmente se encontram as 150 famílias do

PAC Anglo era parte do patrimônio do Frigorifico Anglo. Era usada pelo mesmo

como “piquete“ para o gado a ser abatido, ou seja, ali chegava o gado

proveniente e era selecionado segundo suas condições sanitárias para ser

encaminhado ao frigorífico. Uma “casa de passagem”, hoje sede da

Associação de Moradores, foi edificada e os animais condenados eram

sacrificados para aproveitamento de sebos e ossos.

Com as mudanças tecnológicas na produção e armazenamento da

carne e com a instalação de diversos frigoríficos nacionais, as empresas

começaram a fechar suas portas. O Frigorífico Anglo encerrou suas atividades

em 1991, após a tentativa de diversificação para frutas e verduras enlatadas.

No ano de 1993 o Grupo Vestey Brothers vende todos seus frigoríficos no país.

(MICHELON, 2012, 127). Inicia-se um período de decadência da zona

portuária, com o fechamento da maior parte das empresas ligadas a cadeia

produtiva de produtos alimentícios, com redução significativa na oferta de

empregos e o empobrecimento da população e diminuição de sua qualidade de

vida.

A ocupação desta área começou no final da década de 90, coincidindo

com o fechamento do Frigorífico, sendo os moradores inicialmente filhos e

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15

netos dos seus antigos funcionários, muitos dos quais aguardando na justiça o

pagamento de indenizações pelas demissões ocorrida na época da falência do

mesmo.

Em janeiro de 2007 o governo federal dá início o Programa de

Aceleração do Crescimento – PAC. O período que se desenvolve entre a

ocupação do terreno, bem como o que se segue após a implementação do

PAC Farroupilha é detalhado através de uma linha do tempo. Esta estratégia

de desdobrar os fatos pregressos e os do processo de implementação da

política municipal busca atender ao objetivo enunciado de “analisar

criticamente as dimensões relativas ao processo, produto habitacional e

impacto nas condições de vida e no ambiente urbano de empreendimentos do

PMCMV e do PAC”.

2.4 O contexto do surgimento do PAC

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi criado em 28 de

janeiro de 2007 no segundo mandato do presidente Lula (2007-2010) com o

objetivo de retomar o planejamento e execução de grandes obras de

infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, visando a

aceleração do seu desenvolvimento de uma forma sustentável. Este conjunto

de políticas econômicas planejadas para os quatro anos seguintes previu

investimentos totais de R$ 503,9 bilhões de reais.

A estrutura do programa se dividiu em cinco blocos:

Infraestrutura social, como habitação, saneamento e transporte em massa;

Medidas para estimular crédito e financiamento;

Melhoria do marco regulatório na área ambiental;

Desoneração tributária;

Medidas fiscais de longo prazo.

Em 29 de março de 2010, o PAC entrou na sua segunda fase (PAC 2),

com o mesmo pensamento estratégico. No entanto, mais recursos foram

reservados para o programa (uma previsão de R$ 1,59 trilhão de reais) e mais

parcerias com estados e municípios foram fechadas para a execução de obras

estruturantes objetivando melhorar a qualidade de vida nas cidades brasileiras.

Nesta etapa, o programa foi dividido em seis áreas de investimento e

com as seguintes finalidades:

PAC Cidade Melhor: enfrentar os principais desafios dos grandes centros

urbanos para melhorar a qualidade de vida das pessoas;

PAC Comunidade Cidadã: aumentar a oferta de serviços básicos à população

de bairros populares e garantir a presença do Estado;

PAC Minha Casa, Minha Vida: reduzir o déficit habitacional, dinamizar o setor

de construção civil e gerar trabalho e renda;

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16

PAC Água e Luz para Todos: universalizar o acesso à água e à energia elétrica

no país;

PAC Transportes: consolidar e ampliar a rede logística, interligando diversos

modais (rodoviário, ferroviário e hidroviário) para garantir qualidade e

segurança;

PAC Energia: garantir a segurança do suprimento a partir de uma matriz

energética baseada em fontes renováveis e limpas. Desenvolver as

descobertas no Pré-Sal, ampliando a produção de petróleo no país.

2.5 O PAC em Pelotas

Por critérios do diagnóstico do PLHIS - Plano de Habitação de

Interesse Social, apresentado em abril de 2013, o déficit habitacional de

Pelotas foi definido com de 13.598 unidades habitacionais. A cidade possui 113

mil residências cadastradas no IPTU e seu déficit habitacional é de 11,93%,

índice considerado alto em comparação às cidades do mesmo porte e que

apresentam em média 6% de carência.

A assessoria técnica também identificou que Pelotas apresenta uma

característica diferente das demais cidades de mesmo porte: ao contrário da

urgência da construção de novas moradias está a necessidade de se melhorar

as já existentes. Este fato é revelado pelo número elevado de moradias

consideradas inapropriadas incluídas no total de carência habitacional, seja

pela falta de regularização fundiária, seja pelas precárias condições de

infraestrutura.

O relatório do PLHIS ainda aponta que, ao contrário de outros

municípios de seu porte, Pelotas apresenta grande quantidade de coabitações

e de famílias que comprometem mais de 30% de sua renda em aluguéis,

problema característico de grandes metrópoles. Do somatório total do déficit de

11, 93%, o déficit de coabitação corresponde a 5,91% e o ônus de aluguel

significa 5,03%. Ainda, foram identificados 159 loteamentos considerados

assentamentos precários, mostrando uma relação de interação entre as

carências habitacionais e o conflito com o meio ambiente.

Dentre esses assentamentos precários o poder publico municipal

elegeu, por situação de risco ambiental e precariedade das habitações 4

áreas, contemplando 1714 famílias com infraestrutura urbana, regularização

fundiária e parte delas com novas unidades habitacionais.

O município de Pelotas recebeu dois investimentos do PAC no setor da

habitação classificados como Urbanização de Assentamentos Precários. O

primeiro denominou-se PAC Farroupilha (Ver Quadro 1), abrangendo as áreas

Vila Farroupilha e loteamentos Ceval, Osório e Anglo (Figuras 2, 3, 4, 5 e 6) e

teve investimento previsto de R$22.471.745,86 (dados de 2014). O órgão

responsável pelos recursos é o Ministério das Cidades e o executor, o próprio

município, através da Secretaria de Habitação. O segundo tornou-se um

investimento complementar, denominado PAC Farroupilha- Extensão, com as

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mesmas características, abrangendo as mesmas áreas além de investimento

aproximado de R$8.704.595,02.

Quadro 1- Dados sobre os empreendimentos do PAC Farroupilha.

Empreendimento Construtora(s) Linha de

Financiamento Público

Alvo Total de

Unidades Valor Global de Vendas

Data da Contratação

PAC Farroupilha

EGEL Empresa Gaúcha de

Estrada Ltda., BKI Engenharia

Ltda.

Governo Federal + Município

População Alocada

em Áreas de Risco

175 + 90 14.009.049,00 Setembro de 2007

PAC Anglo

ACPO Ltda., Quality Serviços de Engenharia

Ltda., AVS Construções

Ltda.

Governo Federal + Município

População Alocada

em Áreas de Risco

90 + 20 3.175.208,03 Setembro de 2007

PAC Osório

CPC Construtora Ltda., Loki Engenharia

Ltda.

Governo Federal + Município

População Alocada

em Áreas de Risco

79 1.083.102,43 Setembro de 2007

PAC Ceval

TBS Sul Sistemas

Construtivos e Arquitetônicos

Ltda., CPC Construtora

Ltda., Quality Serviços de Engenharia

Ltda.

Governo Federal + Município

População Alocada

em Áreas de Risco

14 1.311.371,68 Setembro de 2007

Fonte: Acervo NAUrb/UFEPL, 2007

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18

Figura 2- Identificação das áreas

Fonte: Acervo NAUrb – Mapa elaborado em SIG, 2014

Figura 3- Localização Loteamento Farroupilha

Fonte: acervo NAUrb - ferramenta Google Earth, 2014

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Figura 4- Localização Loteamento Ceval

Fonte: acervo NAUrb - ferramenta Google Earth, 2014

Figura 5- Localização Loteamento Osório

Fonte: acervo NAUrb - ferramenta Google Earth, 2014

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Figura 6- Localização Loteamento Anglo

Fonte: acervo NAUrb - Ferramenta Google Earth, 2014

O total de unidades a serem construídas em 4 áreas foi de 468,

cabendo ao PAC Anglo 90 unidades para substituir as unidades em área de

risco ou em situação precária e mais 20 unidades para situações de

precariedade (ver Quadro 1).

A informação da Secretaria de Habitação é que estas estavam

localizadas em áreas de risco, mas as entrevistas com o líder comunitário do

Loteamento Anglo mencionam uma suposta intervenção de um vereador local

para a inclusão do Anglo .

Segundo entrevista com o funcionário Jorge Alves da PMPEL2, que

pertencia aos quadros da Secretaria de Habitação (SEHAB) no governo Fetter,

e anteriormente à Secretaria de Habitação e Cooperativismo – SEHAB, no

governo Marroni, os recursos do PAC Anglo tiveram origem numa demanda

voltada ao Loteamento Farroupilha.

Segundo o funcionário, no ano de 2006 o governo federal publicou na

home page do Ministério das Cidades o convite para uma reunião com os

prefeitos em Brasília, onde estes apresentariam projetos para utilização de

recursos não aplicados pelas prefeituras no tema de HIS. A SEHAB comunicou

ao prefeito Fetter, que compareceu a reunião levando o projeto para a Vila

Farroupilha, duramente atingida pelas cheias dos dois anos anteriores.

Segundo Alves “O projeto fizemos correndo, de um dia para o outro e

colocamos um valor absurdo em tudo ...triplicamos esse valor. Deu para fazer

2 Entrevista com Jorge Alves do Departamento de Habitação da Secretaria de Gestão Urbana e

Mobilidade da PMPLE em 09/03/2015.

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toda a Farroupilha e mais as outros três (Ceval, Osório e Anglo) com o valor

aprovado”. Segundo Alves, a inclusão da Vila Farroupilha se deu pelo risco das

cheias, a Osório pela necessidade de desocupar uma via pública estruturante

da cidade, e na Ceval a SEHAB tinha um projeto em curso de mutirão. O Anglo

foi incluído porque a prefeitura de Pelotas estava pagando judicialmente para a

massa falida do Frigorífico Casarin a segunda e terceira parcelas do terreno,

adquirido no governo Marroni.

Os quatro projetos foram desenvolvidos sem nenhuma participação da

população residente, por funcionários da SEHAB3. “Os únicos dados que se

tinha da população era a listagem dos posseiros destas áreas”, relata. E

continua: “Não foi discutido nenhum do projetos com os moradores Sabemos

hoje que eles são contra as casas geminadas, mas não sabíamos na época.

Só discutiram com a comunidade a destinação do galpão do Anglo para ser o

Centro Comunitário”.

Relata ainda que a comunidade do Loteamento Anglo sempre foi muito

mobilizada e que a primeira audiência pública solicitada pela mesma na

Câmara de Vereadores foi “de sensibilização”. “Até ratos mortos ele levaram na

Câmara” relata. Eu estava de férias e o Brandão ( Secretário Municipal de

Habitação) e a Claudia Leite ( arquiteta) pediram meu socorro na Câmara.

Segundo Alves, com a criação da Unidade Gestora de Projetos, a

SEHAB se esvaziou, pois todos os projetos do PAC e Banco Mundial foram lá

concentrados, criando uma “supersecretaria”. Observa que a UGP só

administra os projetos oriundos das secretarias municipais, que não tem a

capacidade de “criar projetos”. “Eles somente intermediam a gestão”, declara.

“E isso é um problema para todas as secretarias, temos um poder

paralelo”, complementa.

Pelo relato deste funcionário, com larga experiência de contato com a

população de baixa renda e conhecimento de todas as áreas de risco e

irregulares do município, perdeu-se o elo que a Secretaria de Habitação tinha

com esta comunidade, sua história e suas reivindicações. Os projetos

adquiriram um caráter mais “técnico”, “operacional”, na busca de uma

racionalidade administrativa.

Essa “racionalidade” de uma agência centralizada para gestão de

projetos pode ser contestada com base nos dados do RELATORIO DE

FISCALIZACAO 01356. MUNICIPIO DE PELOTAS – RS realizado pela

Controladoria- Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno.

Presidência da República. 3 / E02 Sorteio Especial PAC – Unidades Municipais

- Pelotas – RS.

Os trabalhos foram realizados no período de 11 de Março de 2009

a 24 Abril de 2009, e tiveram como objetivo “...analisar a aplicação dos

recursos federais no Município sob a responsabilidade de órgãos federais,

estaduais, municipais ou entidades legalmente habilitadas”. No pé de página de

3 Arquitetos Gilberto Fernandes, Claudia Leite e Eng. Civil Monica Lima.

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todas páginas do relatório aparecia a frase: Missão da SFC: “Zelar pela boa e

regular aplicação dos recursos públicos.”

Três foram as Ações Governamentais que foram objeto da

fiscalização todas da supervisão do Ministério das Cidades. A primeira

destinava recursos para Elaboração de Planos de Interesse Social na Região

Sul (valor: R$ 58.500,00), a segunda ao Apoio a Provisão Habitacional de

Interesse Social na Região Sul (valor: R$ 1.214.529,41) que destinou-se a

retomada de obras de saneamento básico e a terceira ao Apoio a

Urbanização de Assentamentos precários (Habitar Brasil) no Estado do Rio

Grande do Sul (valor: R$ 22.281.405,20), que compreenderam as áreas Vila

Farroupilha e loteamentos Ceval, Osório e Anglo. Estas totalizavam os R$

23.641.405,20.

A relatoria aponta diversas irregularidades: falta de titularidade das

áreas onde os recursos serão aplicados, demoras na tramitação de projetos e

decisões administrativas, a não realização do trabalho social junto as

comunidades, irregularidade sobre preço, e obras contratadas em ritmo lento

de realização. O relatório não possui nenhuma manifestação sobre as

irregularidades, nenhuma contestação, por parte da PMPEL.

A suposta “agilidade” e “racionalidade” das ações centralizadas pela

UGP pode ser contestada com base nas ações de fiscalização. Destacamos

trechos do documento que reforçam esta contestação:

Pg. 14 e 15 : Item 1.2.2 CONSTATAÇÃO:

Morosidade, por parte da Prefeitura Municipal de Pelotas, na

contratação do objeto pactuado através do Contrato de Repasse

n°0236592-40/2007 que tem como objeto a "elaboração do Plano

Habitacional de Interesse Social (PLHIS), no Município de Pelotas". ( ...)

Examinando a documentação que compõe o dossiê do contrato de

repasse em pauta, verificamos que a Prefeitura Municipal de Pelotas, apesar

de ter recebido autorização para contratação dos serviços ainda no mês de

março de 2008, não procedeu, até a presente data (abril de 2009), à consecução do procedimento licitatório necessário à sua contratação. Foi

alertada pela CAIXA acerca da proximidade do término do prazo disponível

para que a contratação fosse realizada. Em resposta, a Prefeitura Municipal

limitou-se a pedir prorrogação do prazo de vigência do contrato de repasse,

sem apresentar qualquer justificativa plausível para a não contratação do

objeto pactuado, no tempo transcorrido desde liberação para a sua

contratação, ainda no mês de março de 2008.

Portanto, por 11 meses, a UGP “segurou” a realização do PLHIS.

Pag. 9 e 10 : Item 1.1.7 CONSTATACAO: Obras contratadas

em ritmo lento de execução.

FATO: No âmbito do Contrato de Repasse n° 0222658-

33/2007/Ministério das Cidades/Caixa, em tela, existem, até presente data,

03 (tres) obras de engenharia em andamento, a saber, 1) Centro

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Comunitário no Loteamento Osório, em execução pela empresa Loki

Engenharia Ltda., contratada por meio da Dispensa de Licitação n°

MEM/001604/2008, pelo valor de R$ 151.621,33; 2) Centro Comunitário no

Loteamento Ceval, em execução pela empresa Zechlinski Engenharia e

Construção Ltda., contratada por meio da Concorrencia Pública CC 01/2008-

SMH (Processo n° 200.007891/2008), pelo valor global de 134.671,02; e 3) 69

unidades habitacionais no Loteamento Osório, em execução pela empresa

Pérgola Arquitetura, Construção & Restauração, contratada por meio da

Concorrencia Pública CC 01/2008-PAC/SMH (Processo n° 200.010427/2008),

no valor de R$ 714.482,79.

Ao analisarmos as datas da contratação destas obras, as datas de

liberação da execução, e os períodos previstos para conclusão,

verificamos que as tres obras apresentam atrasos em relação aos

cronogramas previstos nos contratos (...) (segue tabela ).

(...) Conforme se verifica da tabela acima, as tres obras deveriam

estar concluídas na data da fiscalização da CGU (18/03 /2009), sendo que no

caso do Centro Comunitário do Loteamento Osório, o atraso estimado já

alcança 200 dias e, no caso da construção das 69 unidades habitacionais, no

mesmo loteamento, a obra que já deveria estar concluída, apresentava apenas

15,0% de execução. O centro Comunitário da Ceval, tinha 60,0%

aproximadamente da obra executada, com um atraso de 162 dias.

O tempo de obra prevista em todos os contrato era de 4 a seis meses.

O que efetivamente ocorreu nestas obras para que estes atrasos ocorressem

não foi identificado para estes casos, mas é detalhado para o PAC Anglo

através de uma linha de tempo.

O PAC Anglo ocupa um terreno triangular que margeia o canal do

Pepino e é limitado em sua outra lateral pela ocupação da Balsa, área

consolidada entre a década de 50 e 60 por trabalhadores do frigorifico Anglo. É

limitado na base do triângulo por dois conjuntos residenciais promovidos após

a venda do patrimônio industrial para a Fundação Simon Bolívar, da UFPEL,

em áreas desmembradas da gleba original.

Ao longo do canal do Pepino está planejada um das avenidas

estruturantes da cidade, de ligação zona norte com a zona portuária. Para sua

realização é necessária a remoção dos moradores da beira do canal.

2.6 A promoção e produção do PAC Anglo

Identificar as ocorrências ao longo do tempo do processo de

planejamento e implementação do PAC Anglo foi o método adotado para atingir

ao objetivo da pesquisa de “Analisar criticamente as dimensões relativas ao

processo, produto habitacional e impacto nas condições de vida e no ambiente

urbano de empreendimentos do PMCMV e do PAC” (objetivo secundário b).

Para tanto foi adotado o procedimento metodológico de reunir num

mesmo painel, sob a forma de uma Linha de Tempo, todos os dados

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secundário coletados, principalmente nos noticiários dos jornais locais, bem

como as informações obtidas por depoimentos dos representantes do poder

público e dos representantes da comunidade.

A construção desta linha de tempo ultrapassa o tempo desta

pesquisa, pois está em constante complementação e também porque o

processo de qualificação urbana do Loteamento Anglo ainda não está

finalizado.

Apresentamos o recorte temporal que vai do período anterior a

implementação da política do PAC- Urbanização de Assentamentos Precários

e resgata a história de ocupação da gleba onde esse hoje se assenta e

trazemos essa linha até a data de fevereiro de 2015.

A linha de tempo é composta por cinco imagens que ampliam as cinco

parcelas em que esta foi dividida para poder fazer parte desse relatório. Suas

dimensões reais são de altura de uma folha A0 (1,1m) multiplicada por 5 vezes

em seu comprimento (4,20 m). Essa é representada pelas Figuras 7, 8, 9, 10 e

11. Seu objetivo é mostrar visualmente o desenrolar do processo ao longo do

tempo , evidenciando todas as datas de eventos marcantes. O material está

sendo utilizado para dialogar com a comunidade e agentes públicos sobre a

concretização do PAC Anglo.

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Figura 7- 1ª Parte- Linha do tempo da implementação do PAC Anglo.

Fonte: Acervo NAUrb, 2014.

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Figura 8- 2ª Parte- Linha do tempo da implementação do PAC Anglo.

Fonte: Acervo NAUrb, 2014

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Figura 9- 3ª Parte- Linha do tempo da implementação do PAC Anglo.

Fonte: Acervo NAUrb, 2014

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Figura 10- 4ª Parte- Linha do tempo da implementação do PAC Anglo.

Fonte: Acervo NAUrb, 2014

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Figura 11- 5ª Parte- Linha do tempo da implementação do PAC Anglo.

Fonte: Acervo NAUrb, 2014

2.7 Detalhamento da linha de tempo do PAC Anglo

Além da exposição no infográfico da linha de tempo é efetuada a

descrição das ocorrências de forma mais detalhada, identificando através da

cor laranja as iniciativas da comunidade.

1914- A Companhia de Gêneros Congelados compra da Prefeitura

Municipal de Pelotas o terreno onde sediará o Anglo.

1917- Foi constituída a Companhia Frigorífica Rio Grande.

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30

1920- Fevereiro: Foi vendido um terreno adquirido pela Companhia

Frigorífica Rio Grande a Companhia Lancashire General Investimento Trust

Limited.

1921 - Foi constituída no Rio Grande do Sul a Sociedade Autônoma

The Rio Grande Meat Company com sede em Pelotas.

1924 - A The Rio Grande Meat Company passou a determinar-se

também Frigorífico Anglo.

1932 - O Frigorífico Anglo passa por reforma nas suas instalações.

1979 - O Frigorífico Anglo encerra seus abates.

1993 - o patrimônio industrial em Pelotas do Grupo Vestey Brothers é

vendido ao Frigorifico Casarin, que após atividade reduzida, entra em falência.

1998 - Inicia a ocupação do terreno onde está localizado o Loteamento

Anglo; segundo o líder comunitário Sr. Pedro Ferraz, já era do conhecimento

dessa comunidade que o terreno pertencia a uma massa falida, o que seria a

chance de terem seus imóveis, pois havia a possibilidade da Prefeitura

Municipal de Pelotas comprar ou desapropriar esse terreno.

2001 - Início da gestão do PT em Pelotas – 2001/2004. Prefeito

Fernando Marroni. Criada a Secretaria de Habitação e Cooperativismo.

2001- 2004 - Negociação entre a comunidade do PAC Anglo e PMPEL

para a aquisição da gleba ocupada.

2004 - LEI Nº 5.044, DE 7 DE MAIO DE 2004 : Autoriza o Poder

Executivo Municipal a adquirir imóvel de propriedade da massa falida do

Frigorífico Casarin S.A. É paga a primeira parcela de R$ 30.000 (trinta mil

reais), de um total de R$ 90.000 (noventa mil reais).

2005 – Assume o prefeito do PPS, Bernardo Olavo Gomes de Souza.

2006- Parte da massa falida do Casarin é adquirida pela Fundação

Simon Bolívar, ligada a Universidade Federal de Pelotas4. Esta instala sua

reitoria em 2009, bem como a Biblioteca Central e diversos cursos.

2006 - Assume o vice prefeito Antônio Fetter – 2006/2008 e 2009/2012.

2006– Negociações entre PMPEL e comunidade com apoio de

vereador para inclusão da Ocupação Anglo nos projetos de solicitação de

4 Em 2006, a Fundação Simon Bolivar adquiriu fração da área de 122.582,00 m2 (cento e vinte e dois mil e quinhentos e oitenta e dois metros quadrados) em leilão judicial realizado no processo falimentar do Frigorífico Casarin Ltda., constituído do terreno e das construções do antigo frigorífico. O valor da aquisição foi de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais). Uma fração de 20.569,38 m2 da matrícula no 65.975 foi doada à UFPEL. No local, a UFPEL viria a erguer os prédios do Campus Porto - Bloco A: onde funciona a Reitoria; Bloco B: onde funcionam diversas unidades acadêmicas e a Biblioteca do Campus. CGU - RELATORIO DE DEMANDAS EXTERNAS Número: 00190.015177/2012-62(2012)

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31

recursos do PAC Farroupilha. Pagamento do restante do valor do terreno à

massa falida do Frigorífico Casarin. Aquisição de nova parcela de terreno à

massa falida para viabilizar a urbanização com permanência da população

original.

2007 – UGP – Unidade Gestora de Projetos da Prefeitura Municipal de

Pelotas encaminha ao Ministério das Cidades suas propostas para fim de

seleção para o PAC Farroupilha, abrangendo as áreas da Vila Farroupilha e

loteamentos Ceval, Osório e Anglo.

2008 - Março - O Ministério das Cidades, por meio de fax enviado à

Secretaria Municipal de Habitação, confirmou a aprovação da Síntese do

Projeto Aprovado (SPA), autorizando assim, o início das obras do PAC

Farroupilha. Nesse momento o prefeito em exercício, Adolfo Antônio Fetter

Júnior, assina o contrato do PAC para que os loteamentos Anglo, Ceval e

Osório recebessem os investimentos do programa. O valor total estimado da

obra do Anglo é de R$ 3 milhões – R$ 1,6 milhão investido em habitações, R$

1,2 milhão em infraestrutura e R$ 200 mil no Salão Comunitário.

2007 - Inicio do levantamento de dados cadastrais pelas assistentes

sociais contatadas para a execução do PAC – Urbanização da PMPEL.

2008 – Abril - Aviso de Concorrência Pública Nº 03/2008 -

PAC/SMH. Execução de Obras de Infraestrutura no Loteamento Anglo - PAC-

Farroupilha. Data de Abertura: 09/05/2008 às 14 horas.

2008 - Abril - Aviso de Concorrência Pública Nº 04/2008 - PAC/SMH

- Construção de 90 Habitações no Loteamento Anglo - PAC-Farroupilha. -

Data de Abertura: 09/05/2008 às 16 horas. Ver Figura 12 – Implantação original

PAC Anglo.

Figura 12- Implantação do projeto PAC Anglo. Primeira proposta.

Fonte: Prefeitura Municipal de Pelotas – Unidade Gestora de Projetos, 2014

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2008 – Outubro - Lançamento de nova concorrência para as obras de

infraestrutura pela ausência de participantes na primeira concorrência. Aviso

de Concorrência 06/2008 - PAC/SMH - Execução de obras de infraestrutura

no Loteamento Anglo - PAC/SMH. Data de Abertura: 11/11/2008 às 10 horas.

2008 - Dezembro- A empresa Artefatos de Concreto Pedro Osório

(ACPO) vence a licitação para as obras de infraestrutura - rede de esgotos,

terraplanagem, pavimentação e rede de água e foi contratada para a execução

das obras. Contrato 487/2008. Valor R$1.177.961,73.

2009 – Março - Efetuado o RELATORIO DE FISCALIZACAO 01356.

MUNICIPIO DE PELOTAS – RS – sobre as obras do PAC Farroupilha pela

Controladoria-Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno.

Presidência da República. 3 / E02 Sorteio Especial PAC – Unidades Municipais

- Pelotas – RS. O relatoria aponta diversas irregularidades: falta de titularidade

das áreas onde os recursos serão aplicados, demoras na tramitação de

projetos e decisões administrativas, a não realização do trabalho social junto as

comunidades, sobre preço e obras contratadas em ritmo lento de realização. O

relatório não possui nenhuma manifestação sobre as irregularidades por parte

da PMPEL.

2009- Abril- Início das obras de infraestrutura da ACPO.

2009- Maio- Uma segunda empresa venceu a licitação para construção

das casas, a Pérgola Arquitetura Construção inicia as obras das 90 casas do

loteamento Anglo.

2010- Abril - Empresa Pérgola Arquitetura Construção e Restauração

Ltda. abandona o canteiro de obras, alegando problemas financeiros.

2010- Setembro – contrato com a Empresa Pérgola Arquitetura e

Restauração Ltda. é rescindido.

2011- Março- ACPO recebe notificação de suspensão de obra,

decorrente de "dificuldade para sequência das obras enquanto tramita junto à

Caixa Econômica Federal documentos relativos aos ajustes de projeto e o

orçamento, assim como aguarda a remoção dos ocupantes da beira do canal e

áreas das intervenções". Esta medida impede a empresa de receber por

qualquer trabalho que venha a ser executado após a data da notificação. O

gerente comercial da empresa afirmou em entrevista à equipe da

CUFA/Pelotas que as obras foram executadas até onde a definição da estação

elevatória de esgoto não interferia, pois se houvesse a mudança, o projeto

original sofreria alterações.

2011- Maio - Prefeitura solicita novo projeto da rede elevatória de

esgotos, com capacidade para atender também os moradores da Balsa, para o

SANEP – Serviço Autônomo de Saneamento, autarquia municipal. O Eng.

Arnaldo Soares do Serviço Autônomo de Abastecimento de Água de Pelotas

(SANEP) responsável pelo projeto da rede de esgotos do loteamento, propôs

inicialmente que a rede seria ligada a uma tubulação já existente, porém a

declividade do terreno ficou acentuada e exigiu que o plano fosse alterado, já

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que a escavação do local era impraticável. Depois de constatado o problema, a

Unidade Gestora de Projetos (UGP) da PMPEL, optou por fazer uma o projeto

de nova estação elevatória que contemplasse também a região da Balsa.

2011 - Meses depois a autarquia enviou o projeto para o Setor de

Representação de Desenvolvimento Urbano e Rural (Redur), da Caixa

Econômica Federal. Foi afirmado pelo presidente do SANEP, Jacques

Reydams, como justificativa pela demora da retomada das obras, que a

avaliação dos processos apresentados ao banco é rigorosa e, em decorrência

disso, o projeto retornou mais de uma vez com pedidos de adequações.

2011– Julho - Lançamento de nova concorrência pública para

retomada das obras das 90 unidades habitacionais do PAC Anglo dez meses

depois da rescisão do contrato com a empresa anterior. Concorrência

Publica 04/2011 (90 Unidades Habitacionais- Anglo) – SMH/PAC. OBJETO:

Obra de construção de noventa unidades habitacionais no loteamento Anglo

neste município de Pelotas/RS, com serviços relacionados principalmente a

fundação, estrutura, alvenaria, cobertura, instalações, esquadrias, ferragens,

revestimentos, impermeabilização, pisos, vidros e pintura.

2011– Setembro– Contratação da empresas Quality Serviços de

Engenharia Ltda. Dispensa de Licitação MEMO 4144E1060. Conclusão para

a execução de 90 unidades habitacionais - Contrato 226/2011 - 02/09/2011 –

Valor: R$1.619.393, 30. Prazo de 12 meses.

2012 -Janeiro - Primeiras casas de um lote de 58 são entregues.

2012 - Março - Últimas das 58 casas da primeira etapa são entregues.

2012 – Março - Em março de 2012, após negociação com as

assistentes sociais da UGP/PMPEL sem resultado, moradora do Anglo em

Pelotas é intimada a abandonar sua casa - um pequeno chalé em precárias

condições em dez dias, com a promessa de que em quatro meses teria uma

casa de alvenaria. "Eu sabia que não cumpririam os prazos, minha casinha era

humilde, mas confortável, por isso eu não queria sair", diz. Sem opção,

Carmem relata que foi morar com a filha e os dois netos de favor no terreno de

um vizinho, em condições mais precárias ainda, onde está há mais de um ano

e sem perspectiva de mudança.

2012 – Abril- AVISO DE LICITAÇÃO - Tomada de Preços 21/2011

(PAC) – SMH. OBJETO: Contratação de empresa para execução da Obra do

Centro Comunitário que abrange a zona denominada Anglo, no município de

Pelotas/RS – SMH/PAC. Data da abertura: 03 de abril de 2012 às 10h30min.

2012 – Outubro – Inicio das obras de reforma do Centro Comunitário.

2012 - Maio - Impasses na continuidade das obras da unidades

habitacionais . Quality Engenharia recebe comunicado de suspensão de obras

por “falta de liberação de área”. Segundo entrevista com o responsável pela

empresa, Eng. Ubirajara Leal, a prefeitura instruiu a empresa a construir as

casas e, assim que concluídas, entregá-las., mesmo sem a definição do

impasse da estação elevatória. Seguindo esse processo, as primeiras

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residências foram entregues em janeiro de 2012 e as últimas (da primeira

etapa do programa – 58 casas), em março, porém a empresa também recebeu

notificação de suspensão de serviço por parte da prefeitura. De acordo com

Leal, isso ocorreu pela “falta de liberação de área”, pois algumas famílias se

recusaram a deixar suas casas situadas na área onde seriam construídas as

novas. A população residente no local não foi direcionada para moradias

temporárias e também temia pelo atraso da entrega das novas casas pois já

estavam informados sobre a demora para a definição do local de instalação da

estação elevatória de esgotos. Fica suspensa a construção de 32 unidades

habitacionais.

2013 – Janeiro – Eduardo Leite, do PSDB assume a Prefeitura de

Pelotas.

2013 – Janeiro - Levantamento realizado em janeiro de 2013 revela

que das 58 casas já entregues, foram construídos muros e cercas em 25

unidades menos de 1 ano após a entrega. (Figura 13).

Figura 13- Avaliação pós-ocupação de 58 Unidades Habitacionais entregues em jan/mar.

2012 PAC/Anglo – Levantamento em janeiro de 2013.

Fonte: Acervo NAUrb, 2014.

2013 - Maio- Segundo Jacques Reydams, dirigente do SANEP, o

último encaminhamento do projeto da rede de esgoto à Caixa Econômica

Federal foi realizado em maio de 2013 – dois anos após a decisão de criação

da nova rede elevatória (fonte : Reportagem Central Única das Favelas –

CUFA Pelotas 17/07/2013).

2013 – Junho - Moradores do Anglo lotam Câmara de Vereadores em

uma audiência pública para cobrar agilidade no processo. “Cansadas das

variadas justificativas para a demora na entrega do loteamento Anglo, as 32

famílias que ainda não foram contempladas foram em busca de seus direitos

na Defensoria Publica. A situação de dez destas é ainda pior, pois foram

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retiradas de suas casas com a promessa de terem novas moradias em tres

meses e estão em locais improvisados há mais de um ano.”- Reportagem

especial Diário Popular de 28/08/2013.

2013 – Julho – Defensor Público, Igor da Silva promove reunião entre

os moradores do PAC Anglo, SANEP e UGP/PMPEL.

2013 – Julho - Os moradores argumentam que a rede de esgotos das

casas já construídas está ligada diretamente no canal do Pepino, sem

tratamento de efluentes. Desconsiderando os cuidados ambientais, a

população demonstra interesse principalmente em retornar a ocupar seus

terrenos e moradias, e argumenta que se 58 casas foram construídas com

ausência da rede elevatória de esgotos sem prazo específico de ligação, o

restante das casas não teriam empecilho para serem concluídas e entregues.

2013 - No dia 11 de julho, declaração de um representante da Caixa,

via assessoria de imprensa, na qual o mesmo afirma estar aguardando

documentos complementares do Executivo e que a agilidade de seus

processos depende do "envio tempestivo e adequado da documentação

solicitada".

2013 – Julho - Empresa Quality Engenharia e Consultoria Ltda.

protocola pedido de rescisão de contrato com a Prefeitura. O Eng. Leal relata

que a empresa comprou material hidráulico, esquadrias, entre outros itens para

as 90 casas, para reduzir custos em compras menores e todo este material

está parado, sem uso. Já o gerente comercial da ACPO, afirma que a empresa

tem todo o interesse em retomar as obras, mas não pode fazer isso em

decorrência da notificação para suspensão, sem que a prefeitura defina onde

será instalada a rede elevatória de esgotos e sem os devidos ajustes de

preços, já que os valores acertados em 2008, quando foi assinado o contrato,

estão defasados. São efetuados ajustes nos contratos.

2013 - Julho - Depois de audiência publica na Câmara de Vereadores,

realizada no diz 16, sobre o PAC Farroupilha em Pelotas, Jacques Reydams

desiste de tentar encaminhar o projeto da estação elevatória pela Caixa e

afirma que a autarquia irá arcar com os recursos de cerca de R$ 50 mil para a

execução. “O SANEP vai absorver este serviço, a obra para a estação deve

começar na semana que vem e a previsão de conclusão é tres semanas, já a

finalização da rede depende de alguns serviços que não nos competem. O

SANEP deixará de ser um empecilho para a conclusão destas obras”, disse.

(Reportagem especial Diário Popular de 28/08/2013).

2013 - Julho - O gestor da UGP, Jair Seibtl afirma que para agilizar o

processo conseguiu aterro gratuito - sobra da obra de duplicação da BR-392 - e

abriu uma licitação para encontrar uma empresa que leve o material para o

Anglo. Como não apareceu nenhuma interessada, foi aberto um novo processo

- o edital será publicado na quinta-feira. A prefeitura, via assessoria de

imprensa, diz estimar que o aterramento esteja pronto até o dia 15 de agosto.

(fonte : Reportagem Central Única das Favelas – CUFA Pelotas 17/07/2013).

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2013 – Agosto - Manchete do Diário Popular 28 /08: Há cinco anos, o

anúncio do investimento de R$ 57 milhões para moradias populares em

Pelotas alimentou a esperança de muitos; porém, das 448 casas prometidas

para 2011, via PAC Farroupilha, só 72 foram efetivamente entregues.

2013 – Agosto – Finalizado Serviços de Terraplanagem no Loteamento

Anglo” para viabilizar finalização das obras de infraestrutura pela ACPO.

Contrapartida da PMPEL. Contatado por Dispensa de Licitação MEM8363/20

08SMH/2008. Contrato 272/2008 (?). Valor: R$135.212,7 . Executor: J.A

SILVEIRA.

2013 – Dezembro - Integrantes da equipe do Núcleo de Pesquisa em

Arquitetura e Urbanismo da UFPEL compareceram a reunião do dia

10/12/2013 na sede da UGP e apresentam os dados do levantamento da

poligonal e dos conflitos entre o projeto original e o implantado. Proposta de

parceria para desenvolvimento da regularização fundiária do PAC Anglo.

2013 - Novembro - Os posseiros do Loteamento Anglo receberam um

prazo de 15 dias para desocupar o espaço referente a praça do loteamento e

das 32 unidades a serem finalizadas.. As famílias precisaram recorrer a

parentes ou mesmo a pagar aluguel durante o período. É o caso de Nilza da

Silva, que desde 2004 estava residindo na região e precisou adicionar aos

gastos mensais o valor de um aluguel não previsto no orçamento apertado.

“Quem recebe um salário mínimo sabe a dificuldade de pagar as contas da

casa, aluguel e alimentação. Passei necessidade neste tempo, mas valeu a

pena a espera.” Situação semelhante foi vivida pela costureira aposentada

Orfila de Carvalho. Com o prazo para sair do local, Orfila precisou mudar-se

para o Monte Bonito enquanto aguardava a entrega da casa no loteamento. “O

que mais me indignou foi o prazo de 15 dias sendo que as obras demoraram

três meses para começar”. (Diário Popular. 21 agosto 2014).

2014- Março- Definida nova implantação das 32 unidades habitacionais

pela UGP e moradores. Nova planta de implantação elaborada e preservada a

área verde prevista no projeto original. ( Ver Figura 14 )

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Figura 14- Implantação do projeto PAC Anglo. Nova implantação.

Fonte : Quality Serviços de Engenharia Ltda.

2014 – Julho - Em parceria com o NAURB (Núcleo de Pesquisa em

Arquitetura e Urbanismo) a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Federal de Pelotas (FAUrb/UFPel), a Secretaria de Gestão da

Cidade e Mobilidade Urbana (SGMU) anunciou aos moradores do Anglo, na

manhã de sábado (19/07/14), em reunião no Centro Comunitário do

Loteamento, o inicio do processo de Regularização Fundiária na comunidade.

(Diário Popular – 19/07/2014)

2014 – Julho - “Durante a reunião, a população aproveitou para cobrar

a entrega das 32 casas construídas com recursos do PAC Farroupilha. Do total

previsto de 90 residencias, 58 já foram destinadas aos moradores. Conforme a

prefeita em exercício, a rede de esgoto ainda não foi finalizada, impedindo a

utilização das construções. A greve dos servidores do Serviço Autônomo de

Abastecimento de Agua de Pelotas (Sanep) foi dada como justificativa para a

demora nas obras de saneamento. Prometida para julho, a entrega teve o

prazo adiado para agosto.” (Diário Popular – 19/07/2014).

2014 - Agosto- Casas do Loteamento Anglo são entregues aos

moradores. “Em meio a acabamentos e ajustes elétricos, as 32 famílias que

aguardavam a entrega de suas moradias no Loteamento Anglo finalmente

receberam as chaves de casa. O clima era de euforia durante a cerimônia

realizada nesta quinta-feira (21) no centro comunitário construído no local.

(Diário Popular 21/08/2014). Falta finalizar as obras de pavimentação da via

que margeia o canal e urbanizar a praça.

2014 - Outubro/ dezembro- Em elaboração por alunos da Faculdade

de Arquitetura e Urbanismo, que desenvolvem trabalho de extensão no

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NAURB, o projeto de uma praça com brinquedos, arborização e quadra de

futebol para o Loteamento Anglo, atendendo a demanda da comunidade deste

local.

2014 – Outubro- Realização da demarcação e mapeamento dos lotes

e aplicação do questionário socioeconômico ao morador. Os alunos começam

o processo de selagem que garante a participação do imóvel no Projeto ­ o

adesivo contém a localização, número de porta, ocupação e tipo de uso da

construção.

2015 – Janeiro / ? - A penúltima etapa corresponde a elaboração de

uma planta topográfica da região, para então confeccionar o contrato de

compra e venda dos imóveis. Este contrato garantirá a escritura dos lotes,

tornando os atuais posseiros em proprietários.

2015 – Janeiro - A liderança comunitária solicita visita da UGP ao PAC

Anglo para vistoria de obras de coleta de pluvial danificadas pela circulação

do caminhão de coleta de resíduos sólidos. O SANEP não instala a estação

elevatória, alegando ser tecnicamente viável a utilização da rede existente.

Problemas de mau cheiro e esgoto depositado nas vias são identificados.

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3 SEÇÃO 2 - LEVANTAMENTO DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS DA REGIÃO ONDE SE INSERE O PAC ANGLO

3.1 INTRODUÇÃO

Este item tem o objetivo de descrever a situação dos moradores e dos

domicílios da região onde está inserido o PAC Anglo, através dos dados

sociodemográficos obtidos pelo censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística – IBGE.

O presente relatório apresenta um conjunto dos dados censitários

coletados em 2010 obtidos através de ferramentas disponíveis no Painel do

Censo 2010, acessível no endereço www.ibge.gov.br/censo2010/painel. O

trabalho foi efetuado buscando delinear as características sócio econômicas

dos locais de estudo, Região administrativa do São Gonçalo, Zona da Balsa e

PAC Anglo, como base para as futuras ações participativas da população sobre

o território e da avaliação das políticas publicas de moradia sobre elas

implementadas.

Almeida (2007) afirma que a ausência de dados geográficos, a falta de

acesso aos dados produzidos ou de precisão e confiabilidade de dados

georreferenciados existentes nas bases municipais podem dificultar ou diminuir

a eficácia dos instrumentos de planejamento e gestão pública oferecidos pelo

estatuto da cidade, que prevê a participação popular nos processos de

planejamento

O censo realizado pelo IBGE a cada início de década é um estudo

aprofundado da sociedade brasileira. Delineia de modo quantitativo o perfil

socioeconômico da população e serve de instrumento de apoio a processos

decisórios e de planejamento de diversos setores da economia e gestão

pública. Segundo o próprio IBGE o censo é “um retrato de corpo inteiro do país

com o perfil da população e as características de seus domicílios, ou seja, ele

nos dirá como somos, onde estamos e como vivemos.” (IBGE, 2012). A

utilização dos dados do Censo é uma forma de minimizar a falta de dados

sobre as comunidades e parcelas da cidade, utilizando –se da unidade mínima

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de disponibilização dos dados censitários, que é o setor censitário, para trazer

a tona dados sobre as mesmas.

A visão que esta pesquisa tem é de disponibilizar à população leiga a

capacidade de autorreconhecimento a partir dos dados levantados. Também

busca descrever de modo detalhado as áreas em estudo para subsidiar ações

de qualificação urbana, tanto públicas quanto privadas, nestes locais e de

avaliação das políticas publicas.

Os produtos alcançados na pesquisa possibilitam fazer algumas

análises descritivas dos locais em estudo. Com a pesquisa foi possível

caracterizar as áreas por meio das variáveis disponíveis no censo de 2010. A

síntese dos resultados apresenta as semelhanças e diferenças destas

variáveis para o PAC Anglo em relação a cidade de Pelotas, a Região de

Planejamento (São Gonçalo) onde se insere e em relação a vizinhança mas

próxima, a denominada Zona da Balsa e será mostrada a seguir com

informações que revelam estes cenários. Objetivo

O objetivo principal de realizar a caracterização de áreas habitacionais

de interesse social segundo os dados censitários do IBGE é propiciar para a

população residente autorreconhecimento de suas condições no ambiente de

moradia e dos próprios moradores, bem como a fim de apoiar processos

participativos de gestão e avaliação dos mesmos.

3.2 Objetivos secundários

É aplicada a caracterização de áreas habitacionais de interesse social

segundo os dados censitários do IBGE à cidade de Pelotas, Região de

Planejamento do São Gonçalo e Zona da Balsa e PAC Anglo.

3.3 Utilização da ferramenta Painel do Censo 2010

A ferramenta utilizada para a obtenção dos dados, Painel do Censo

2010, disponibilizado online no site do IBGE (www.ibge.gov/censo2010/painel),

propicia criar mapas temáticos de acordo com as variáveis propostas e extrair

os dados brutos para outras análises. Assim, foi produzido para cada variável

tabelas e gráficos das áreas estudadas. A Zona da Balsa é composta por um

conjunto de seis setores censitários que somados totalizam a área. O PAC

Anglo corresponde a um destes setores.

São utilizados dois meios de obtenção de informação. O mais

tradicional e que não requer conhecimento especialista é o uso das

ferramentas disponíveis no webgis do IBGE, que oferece a possibilidade de

gerar informação sobre as variáveis levantadas no censo por meio de

infográficos e cartogramas. Embora esta ferramenta esteja ao alcance de

todos, desde que tenham acesso à internet, o mecanismo tem certa

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complexidade para sua utilização efetiva5.

O outro método requer conhecimento prévio em tecnologias de

informação geográfica, mais especificadamente em softwares de

geoprocessamento. O IBGE fornece, por meio da internet e de mídias digitais,

base cartográfica e dados tabulares para subsidiar estudos com esta

tecnologia. Este recurso possibilita realizar análises espaciais mais complexas

e que não estão disponíveis na ferramenta online do IBGE.

A utilização dos dados do censo 2010 do IBGE e as análises realizadas

na pesquisa seguiram dois caminhos distintos para a produção de dados que

subsidiassem informações sobre as áreas de estudo.

O primeiro passo foi fundamentalmente utilizar dados tabulares brutos

disponíveis no site do IBGE. Como o órgão disponibiliza as variáveis de forma

organizada em sistema de banco de dados (dados brutos), em grandes tabelas

onde todas as variáveis são cruzadas entre si, a pesquisa julgou conveniente

copiar os dados dos gráficos, onde a visualização é facilitada, e importá-los

para planilha eletrônica (no caso: Excel) a fim de elaborar tabelas e gráficos de

acordo com as variáveis e locais de interesse da pesquisa. Com este

expediente foi possível gerar gráficos analíticos e tabelas sobre os seguintes

temas:

a) GRUPO DOMICÍLIOS

Tipo de Domicílios

Condição de Ocupação

Quantidade de Moradores

Renda

b) GRUPO PESSOAS

População Residente

Faixa etária

c) GRUPO SANEAMENTO E ENERGIA

Água

Energia

Lixo

Banheiro ou Sanitário

Outro caminho seguido pela pesquisa foi a elaboração de mapas

temáticos utilizando a ferramenta de webgis disponível no site do IBGE (o

endereço da ferramenta é < http://www.censo2010.ibge.gov.br/painel/ >).

Foram mapas produzidos conforme as variáveis:

5 O presente trabalho se utilizou de um conjunto de ferramentas disponível do Painel do Censo 2010, e acessível no endereço www.ibge.gov.br/censo2010/painel bem como de um tutorial onde as variáveis e as formas de representação (gráficos, tabelas e cartogramas) foram mais facilmente apropriadas pela comunidade científica e leiga. Este tutorial compõe um subgrupo de atividades da pesquisa denominada MORAR TS em que faz parte outras universidades brasileiras, inclusive a Universidade Federal de Pelotas, por meio do Núcleo de Estudos em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. O objetivo é buscar tecnologias sociais (TS) em habitação de interesse social (HIS) que sejam apropriadas pela população local das áreas em estudo.

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a) GRUPO DOMICÍLIOS

Tipo de Domicílios – Apartamentos. Ver Figura 15 que representa o

Mapa.

Condição de Ocupação – Alugados. Ver Figura 16 que representa o

Mapa.

Figura 15- Mapa que representa os domicílios particulares permanentes do tipo apartamento – Pelotas

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 16- Mapa que representa a condição de Ocupação - Alugados - Pelotas

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

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3.4 Resultados

3.4.1 Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Tipo de Domicílio

Quanto ao Tipo de Domicilio Particular Permanente, em Pelotas

predominam as Casas como tipo principal de domicílios, atingindo 79% do

total. O percentual de Apartamentos é 20% concentrando-se na Região Centro

(Figura 17). Constata-se ser pouco significativo o número de Casas de Vila ou

em Condomínio (1%).

De acordo com a Figura 18 predominam as casas, na zona da Balsa,

atingindo 94,86% do total. Em alguns casos, como na reião do PAC/Anglo,

nota-se a ausência dos outros tipos de domicílio, caracterizando o tipo casa

como exclusivo dessas regiões. A Figura 18 e os Quadros 2 e 3 constatam os

dados referidos.

Quadro 2- Tipo de Domicílios Pelotas - São Gonçalo - Zona da Balsa

Tipo

Habitacional

Pelotas São Gonçalo Zona da

Balsa

Nº % Nº % Nº %

Casa 87.242 79 7384 78,2 1.904 94,86

Apartamento 22.007 20 1578 16,7 98 4,88

Casa de Vila

ou em

Condomínio

1.598 1 477 5,1 5 0,24

Total 110.847 100 9439 100 2.007 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 3- Tipo de Domicílios - Grupamentos da Zona da Balsa

Tipo Habitacional

Univers. Perret PAR PAC/Anglo M.

Meneguetti Balsa

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Casa 253 100 554 99,1 1 1,04 142 100 424 99,89 530 100

Apartamento 1 0,17 95 98,9 2 0,46

Casa de Vila ou em

Condomínio 4 0,71

1 0,23

Total 253 100 559 100 96 100 142 100 427 100 530 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 17- Gráficos que ilustram Tipos de domicílios de Pelotas e São Gonçalo

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

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44

Figura 18- Gráficos que ilustram Tipos de Domicílio - Zona da Balsa e PAC/Anglo

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

3.4.2 Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Condição de Ocupação

A condição de ocupação dos domicílios em Pelotas é em sua maioria

Próprio (79%), os domicílios Alugados são a segunda maior forma, totalizando

14%. A condição Cedido apresenta 6% e outra Condição de Ocupação

apenas1%. Quanto a localização, a concentração de imóveis alugados se dá

na região central da cidade e no bairro operário do Fragata. Ver Quadro 4.

Quanto as condições de ocupação, na zona da Balsa como um todo,

há predominância dos imóveis Próprios, sejam quitados ou em aquisição

(90,0%), repetindo os percentuais da cidade. Em alguns casos específicos,

como nas regiões da Universidade, do Perret, do Meneguetti e da Balsa, nota-

se a predominância da Condição de Ocupação do tipo Próprio. O percentual

de imóveis alugados tanto na Região do São Gonçalo como na Zona da Balsa

é bem menos significativo que na cidade como um todo: passa de 14,1% para

4,44%.

Porém na região do PAC/ANGLO o destaque vai para o tipo Cedido

(53.5%), fato que tem relação direta com a situação de posse recente de

grande parte dos moradores desta área. Apesar da situação de posseiros,

muitos moradores se declaram como domicílios Próprios (45.7%), Verifica-se

que o Alugado tem baixa ocorrência em relação aos demais (0,70%).

Como o loteamento PAC Anglo entrou em processo de regularização

fundiária a partir de outubro de 2014, a situação de Posse e Cedência deverá

ser transformada em poucos meses ( previsão de finalização em abril de 2015)

em situação de Propriedade. O acompanhamento da implementação do

programa deverá estar atento pela pressão do mercado imobiliário de aluguel

na região da Balsa pela demanda gerada pela presença do novo campus

universitário da UFPEL ( Campus Anglo) . O PAC Anglo situa-se a menos de

300 m do Campus Anglo e a regularidade poderá ter um efeito contrario ao

esperado: poderá liberar os imóveis para o mercado formal de aluguel.

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45

Quadro 4- Condição de Ocupação Pelotas – Zona da Balsa/ São Gonçalo

Condição de Ocupação Pelotas Zona da balsa

Nº % Soma % Nº % Soma %

Próprio e Quitado 81855 71,8 90.369 79

1724 86,1 1802

89,9

9 Próprio em Aquisição 8514 7,5 78 3,89

Alugado 16063 14,1 16063 14,1 89 4,44 89 4,44

Cedido por Empregador 790 0,7 6.637 5,82

27 1,34 110 5,48

Cedido de Outra Forma 5847 5,1 83 4,14

Outra Condição de

Ocupação 882 0,8 882 0,8

Total 113.951 100 113.951 100 2001 100 2001 100

...(continua)

Condição de Ocupação São Gonçalo

Nº % Soma %

Próprio e Quitado 6884 72,8 7643 80,8

Próprio em Aquisição 759 8

Alugado 1124 11,9 1124 11,9

Cedido por Empregador 63 0,7 606 6,4

Cedido de Outra Forma 543 5,7

Outra Condição de

Ocupação 84 0,9 84 0,9

Total 9457 100 9457 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 5- Condição de Ocupação – Grupamentos da Zona da Balsa

Condição de Ocupação

Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Próprio 242 95,6 508 91,6 67 69,7 65 45,7 413 96,9 507 95,6

Alugado 5 1,97 31 5,5 27 28,1 1 0,70 8 1,8 17 3,2

Cedido 6 2,47 15 2,7 2 2 76 53,5 5 1,17 6 1,13

Total 253 100 554 100 96 100 142 100 426 100 530 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 19- Gráficos que ilustram Condição de Ocupação – Pelotas/ São Gonçalo

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

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Figura 20- Gráficos que ilustram Condição de Ocupação – Zona da Balsa/ PAC/Anglo

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

3.4.3 Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Quantidade de Moradores por Domicílio

A maior parte dos domicílios no município de Pelotas tem 2 a 3

moradores ( 29,08% e 26,37% respectivamente). A sub região do São Gonçalo

e a Zona da Balsa repetem essa tendência. Em suas médias. Entretanto nos

grupamentos dos setores censitários há uma diferença significativa dessa

distribuição: o PAR, conjunto de apartamentos construídos para oferta aos

funcionários da UFPEL, tem sua maior concentração em 1 morador por

domicilio (38,54) e o menor percentual em 4 moradores por domicilio (8,3%) .

A área da Universidade, Balsa e o Perret , ocupações mais antigas da

região, apresentam percentuais semelhantes de domicílios com 4 moradores (

19,9 a 20,44%), e o PAC Anglo um percentual um pouco superior de 22,52%. A

diferença maior aparece nos domicílios com 5 ou mais moradores, que a média

da cidade de Pelotas é 7,75%. A sub região do São Gonçalo apresenta 15,5%

de seus domicílios com 5 ou mais moradores e o PAC Anglo sobe este

percentual para 17,11% .

Estes dados evidenciam que a proposta padronizada de moradias com

2 dormitórios ofertada pelo PAC no município de Pelotas deixa 17,11% das

famílias fora de um atendimento condizente com o número de moradores. Foi

também evidenciado que 28,82 % dos domicílios possuem entre 1 e 2

moradores, e que a opção por uma moradia com um dormitório poderia

atender a 12,61% das famílias beneficiadas . Uma oferta mais diversificada da

tipologia habitacional ou a possibilidade de uma casa evolutiva no lote

atenderia de forma mais eficaz as demandas da população.

Quadro 6- Quantidade de Moradores por Domicílio - Pelotas, São Gonçalo e Zona da Balsa

Quant. de morador (s)

Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

1 31 13,77 73 14,37 37 38,54 14 12,61 71 16,62 78 16,21

2 48 21,33 150 29,52 30 31,25 18 16,21 87 20,37 116 24,11

3 70 31,11 124 24,4 21 21,87 35 31,53 103 24,12 139 28,89

4 46 20,44 103 20,27 8 8,33 25 22,52 85 19,9 97 20,16

5 ou + 30 13,33 58 11,41 0 0 19 17,11 81 18,96 51 10,6

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47

Total 225 100 508 100 96 100 111 100 427 100 481 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 7- Quantidade de Moradores por domicílio – Grupamentos da Zona da Balsa

Quant. de morador (s)

Pelotas São Gonçalo Zona da

Balsa

Nº % Nº % Nº %

1 20776 19,21 1695 17,9 233 16,39

2 31448 29,08 2367 25 362 25,4

3 28521 26,37 2315 24,5 389 27,3

4 18991 17,56 1616 17,1 279 19,63

5 ou + 8388 7,75 1464 15,5 158 11,11

Total

100 100

100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 21- Gráfico que ilustra a quantidade de Moradores por Domicílio de Pelotas

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 22- Gráfico que ilustra a quantidade de Moradores por Domicílio– São Gonçalo

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

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Figura 23- Gráfico que ilustra a quantidade de Moradores por Domicílio– PAC/Anglo

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

3.4.4 Grupo Domicílio / Tema Domicílio / Variável Renda

Não diferente da realidade brasileira, Pelotas tem uma distribuição de

renda concentrada nas faixas menores de rendimento.

No Brasil, 71,9% ganha até 2SM mensais de renda domiciliar e 18,9 %

recebe de 2 a 5 SM, mas em Pelotas há uma maior concentração nas faixas 1

a 2 SM (24,59%) e de 2 a 5 SM ( 38,36%).

Entretanto essa realidade se distribui de forma desigual na cidade e na

Zona da Balsa e no PAC Anglo a concentração nas faixas de menores

rendimentos é maior do que a media brasileira e pelotense, respectivamente

93,41% na Balsa e 95,67% no PAC, sendo que no PAC Anglo 90,50% dos

domicílios encontram-se concentrados na faixa de até 1 SM.

Estes dados são um alerta para os técnicos sociais do Programa e

para os técnicos municipais e gestores públicos. A baixa capacidade financeira

das famílias é um problema para a manutenção dos espaços da habitação e

do entorno imediato. O investimento realizado pode rapidamente se deteriorar

caso o município não estabeleça um programa especial de gestão e

manutenção das unidades e do território.

Quadro 8- Classe de rendimento nominal mensal domiciliar - Pelotas

Quantidade de

salário(s) mínimo

Pelotas Zona da Balsa

Nº % Nº %

Até 1/2 1930 1,74 633 33,35

+ de 1/2 a 1 14344 12,99 730 38,46

+ de 1 a 2 27139 24,59 410 21,6

+ de 2 a 5 42334 38,36 114 6

+ de 5 a 10 16154 14,63 9 0,47

+ de 10 a 20 6224 5,64 2 0,10

+ de 20 2214 2,00

Sem declaração 15 0,01

Total 110354 100,00 1898 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

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Quadro 9- Classe de Rendimento nominal mensal domiciliar- Zona da Balsa e grupamentos

Quant. de

salário(s)

mínimo

Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Até 1/2 103 40,55 129 23,71 3 3,19 77 66,37 184 50 137 26,24

+ de 1/2 a 1 108 42,51 234 43 17 18,08 28 24,13 127 34,51 216 41,37

+ de 1 a 2 34 13,38 155 28,49 36 38,29 6 5,17 48 13,04 131 25,1

+ de 2 a 5 9 3,54 25 4,59 31 32,97 4 3,44 9 2,44 36 6,89

+de 5 a 10 0 0 1 0,18 6 6,38 1 0,86 0 0 1 0,19

+ de 10 0 0 0 0 1 1,06 0 0 0 0 1 0,19

Total 254 100 544 100 94 100 116 100 368 100 522 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 24- Gráfico que ilustra a Classe de rendimento nominal mensal domiciliar - Pelotas

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 25- Gráfico que ilustra a Classe de Rendimento Nominal Mensal - Zona da Balsa

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

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Figura 26- Gráfico que ilustra a Classe de Rendimento Nominal Mensal - PAC/Anglo

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 10- Classe de Rendimento nominal mensal domiciliar em percentuais – Pelotas, Zona da Balsa e PAC Anglo

Quantidade de Salário(s)

mínimo

Brasil

(%)

Pelotas

(%)

Zona da Balsa

(%)

PAC Anglo

(%)

Até 1 39,2 71,9 14,73 39,32 71,81 93,41 90,50 95,67

De 1 a 2 32,7 24,59 21,60 5,17

De 2 a 5 18,9 38,36 6,00 3,44

De 5 a 10 6,1 14,63 0,47 0,86

+ de 10 3,1 7,64 - -

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

3.4.5 Grupo Pessoas / Tema População Residente

Na avaliação do PAC Anglo é importante verificar a quantidade de população

alvo desta ação de regularização técnica e fundiária frente a população total do bairro

e da população total de Pelotas.

Segundo o censo de 2010, Pelotas tem uma população de 327.789

habitantes. A Região de Planejamento de São Gonçalo representa 8,72 da população

da cidade, sendo que a Zona da Balsa, bairro onde está inserido o PAC Anglo,

representa 1,46% do total dos habitantes pelotenses.

Dentro dessa região da Balsa, o PAC Anglo corresponde somente a 11,76 %

do total de 4.793 moradores, com 564 habitantes.

Apesar de seu número de domicílios ser relativamente baixo, a localização

dessa ocupação é estratégica para o processo de renovação que a região está

passando, com a instalação do novo campus universitário da UFPEL e a retomada das

atividades portuárias. Situada junto a um canal, ocupou o leito de uma via planejada

que ligará a zona norte da cidade à região portuária. O projeto de regularização do

parcelamento libera essa via para que passe a fazer parte do sistema viário da cidade.

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51

Quadro 11- População Residente Urbana - Distrito, Subdistritos e Setores Censitários

População

Residente

Urbana

Distrito Subdistrito Grupamento dos Setores Censitário

Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa

Nº % Nº % Nº %

327.789 100 28.608 8,72 4.793 1,46

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 12- População Residente Urbana – Discriminação dos Setores Censitários da Zona da Balsa

População

Residente

Urbana

Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa

Nº Nº Nº Nº Nº Nº

863 18 1.810 37,76 192 4 564 11,76 1.364 28,45 1.710 35,67

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

3.4.6 Grupo Pessoas / Tema Faixa Etária

A pirâmide etária de Pelotas já reflete a diminuição da natalidade

experimentada no pais nas últimas décadas.A década de 1960, quando a taxa

de fecundidade era de cerca de 6 filhos por mulher, passamos para 4,5 no final

da década de 1970. Em 2010, conforme dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média de fecundidade no Brasil era de

1,86 filho por mulher, semelhante à dos países desenvolvidos e abaixo da taxa

de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher. O desenho da

pirâmide da Região do São Gonçalo tem perfil semelhante. Os dois perfis

diferenciados dentro da Região do São Gonçalo são o conjunto Habitacional

denominado PAR, com predomínio de jovens adultos de 20 a 34 anos sendo o

número de crianças de 0 a 4 anos cerca de 1/3 do de jovens adultos da faixa

mencionada. Na área do PAC Anglo predominam as crianças e jovens até 14

anos, sendo que a base da pirâmide alargada remete a uma distribuição

populacional de famílias com número mais elevado de filhos. As três primeiras

faixas etárias possuem o triplo de pessoas em ralação a de jovens adultos (

20 a 34 anos). Predominam as mulheres entre os adultos entre 25 e 34 anos,

reforçando os dados do aumento da chefia de domicílio feminina encontrada

nas populações de mais baixa renda.

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Figura 27- Gráfico que ilustra a População Residente segundo Faixa Etária - Distrito Pelotas

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 28- Gráfico que ilustra a Faixa Etária - Subdistrito São Gonçalo

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

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53

Figura 29- Gráfico que ilustra a População Residente segundo Faixa Etária - Setor Censitário PAR

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 30- Gráfico que ilustra a População Residente segundo Faixa Etária - Setor PAC/Anglo

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

3.4.7 Grupo Saneamento e Energia / Tema Abastecimento de Água

O abastecimento de água via Rede Geral dos Domicílios Particulares

Permanentes na zona da Balsa como um todo é predominante. O mesmo

ocorre na comparação das regiões da Zona da Balsa. Na maioria dos casos, a

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Rede Geral é a única forma de abastecimento de água. A única região que

possui Outra Forma de Abastecimento é a Mário Meneguetti (19,9% do total). A

situação de posse não tem sido um impeditivo para ligação à rede geral.

Quadro 13- Domicílios Particulares Permanentes segundo Abastecimento de Água - Pelotas, São Gonçalo e Zona da Balsa

Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa

Nº % Nº % Nº %

Rede Geral 107225 94,1 9330 98,7 1.915 95,75

Poço ou nascente

na propriedade 4648 4,07 6 0,1 - -

Outra forma de

abastecimento 2068 1,8 121 1,3 85 4,25

Total 113.941 100 9457 100 2.000 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 14- Abastecimento de Água - Zona da Balsa

Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti Balsa

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Rede Geral 252 100 557 100 96 100 140 100 341 80 529 100

Poço ou nascente

na propriedade - - - - - - - - - - - -

Outra forma de

abastecimento - - - - - - - - 85 19,90 - -

Total 252 100 557 100 96 100 140 100 426 100 529 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

3.4.8 Grupo Saneamento e Energia / Tema Energia Elétrica

Sobre a energia elétrica, os dados mostram que os Domicílios

Particulares Permanentes da zona da Balsa possuem, quase que na sua

totalidade, abastecimento de Energia Elétrica por Companhia Distribuidora e o

mesmo se repete nas regiões da Balsa. No caso dessas regiões, as únicas que

possuem outras formas de abastecimento de Energia Elétrica, são a região do

PAC/Anglo (2,12% proveniente de Outras Fontes) e a região do Mário

Menguetti (7,46% proveniente de Outras Fontes e 0,33% sem Energia Elétrica).

Supõe-se que estas sejam de ligações clandestinas.

Quadro 15- Domicílios Particulares Permanentes segundo abastecimento de Energia Elétrica - Pelotas, São Gonçalo e Zona da Balsa

Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa

Nº % Nº % Nº %

Com energia

elétrica de

outras fontes

590 0,51 54 0,6 48 2,2

Sem energia

elétrica 522 0,45 38 0,4 2 0,1

Com energia 112.839 99 9365 99 2.126 98

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55

elétrica de

companhia

distribuidora

Total 113.951 100 9457 100 2.176 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 16- Energia Elétrica - Zona da Balsa

Univers. Perret PAR PAC/ANGLO M. Meneguetti Balsa

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Com energia elétrica de outras fontes

- - - - - - 3 2,12 45 7,46 - -

Sem energia elétrica

- - - - - - - - 2 0,33 - -

Com energia elétrica de companhia distribuidora

253 100 556 100 95 100 138 97,80 556 92,2 528 100

Total 253 100 556 100 95 100 141 100 603 100 528 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

3.4.9 Grupo Saneamento e Energia / Tema Destino do Lixo

Quanto ao lixo, analisando os dados das tabelas (Quadros 18 e 19), conclui-se

que o destino do lixo na Zona da Balsa se dá, em sua maioria, de forma

Coletada. Já na comparação entre as regiões da Balsa, verifica-se que a

totalidade do lixo é coletado em todas as sub áreas analisadas. De acordo com

entrevistas realizadas com moradores do local, embora haja coleta nessas sub

áreas, não existem recipientes adequados para depósito do lixo a ser coletado.

Quadro 17- Domicílios Particulares Permanentes segundo o Destino do Lixo - Pelotas

Forma de coleta Pelotas

Nº % Soma %

Coletado

Por serviço de limpeza

97057 85,17

110606 97,06 Em caçamba de serviço de limpeza

13549 12

Queimado/Enterrado (na propriedade)

- - - 2662 2,33

Jogado em Terreno Baldio/Logradouro/ Rio/Mar

- - - 183 0,16

Outro destino - - - 500 0,43

Total - - - 113951 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

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56

Quadro 18- Domicílios Particulares Permanentes segundo o Destino do Lixo - São Gonçalo e Zona da Balsa

Forma de Cotela São Gonçalo Zona da Balsa

Nº % Soma % Nº % Soma %

Coletado

Por serviço de limpeza

8862 93,7

9397 99,36

1.964 98,2

1.966 98,34 Em caçamba de serviço de limpeza

535 5,65 2 0,1

Queimado/Enterrado (na propriedade)

- 15 - 15 0,15 - - - -

Jogado em Terreno Baldio/Logradouro/ Rio/Mar

- 25 - 25 0,26 - - 18 0,9

Outro destino - 20 - 20 0,21 - - 15 0,75

Total - - - 9457 100 - - 1999 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 19- Destino do Lixo - Zona da Balsa

Universidade Perret PAR PAC/ANGLO M. Meneguetti Balsa

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Coletado 253 100 557 100 96 100 141 100 393 100 527 100

Total 253 100 557 100 96 100 141 100 393 100 527 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 20- Domicílios Particulares Permanentes segundo Banheiro ou Sanitário - Pelotas, São Gonçalo e Zona da Balsa

Pelotas São Gonçalo Zona da Balsa

Nº % Nº % Nº %

Com banheiro de uso exclusivo dos moradores ou sanitário

113.137 99,3 9404 99,4 1.980 98,6

Sem banheiro de uso exclusivo dos moradores e nem sanitários

814 0,7 53 0,6 27 1,34

Total 113.951 100 9457 100,0 2.007 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Quadro 21- Banheiro ou Sanitário - Zona da Balsa

Univers. Perret PAR PAC/Anglo M. Meneguetti

Balsa

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Com banheiro de uso exclusivo dos moradores ou sanitário

251 99,2 556 99,8 96 100 142 100 408 95,6 527 99,4

Sem banheiro de uso exclusivo dos moradores e

2 0,8 3 0,2 - - - - 19 4,4 3 0,6

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nem sanitários

Total 253 100 559 100 96 100 142 100 427 100 530 100

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

Figura 31- Mapa dos Setores censitarios - Banheiro ou Sanitário - Pelotas

Fonte: IBGE: Censo Domiciliar 2010

3.5 Conclusões parciais

Os dados censitários do censo domiciliar 2010 do IBGE aplicados para

as microrregiões permitiram ver o potencial da ferramenta para possibilitar o

autorreconhecimento da comunidade e a disponibilização de dados para

embasar políticas públicas focadas neste território. Entretanto a ferramenta

poderia ser mais amigável, permitindo a organização de microterritórios

diretamente no mapa disponibilizado, diferentes das organizações territoriais

do subdistrito, que é ainda muito abrangente, estabelecendo um nível de

pesquisa intermediário entre este e o setor censitário, sua unidade mínima de

informação.

Para seguimento da pesquisa serão aplicadas ferramentas de

geoprocessamento em que serão utilizadas as feições geográficas dos setores

censitários (shapes) das regiões, com a possibilidade de somatório de setores

censitários para delimitar novas áreas diretamente no mapa, sem a

necessidade de extrair os dados de cada setor e agrupá-los. Os shapes

também permitirão o cálculo de densidade populacional, precisando a

distribuição espacial das variáveis. Agregado a este, no subgrupo 2 - meta

física 2.2 - foi elaborado um tutorial para facilitar o acesso e disseminação

deste conhecimento com a listagem destas variáveis e os passos para

utilização da ferramenta, socializando essa informação e possibilitando o

embasamento para processos participativos em outras comunidades.

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58

4 SEÇÃO 3 - INSERÇÃO URBANA

4.1 Introdução

O projeto PAC Anglo está sendo construído na região Administrativa do

São Gonçalo, na área denominada popularmente de Balsa, o qual é uma área

pertencente à prefeitura municipal de Pelotas. Segundo a classificação utilizada

no Relatório do Grupo de Trabalho das Áreas Especiais de Interesse Social

(AEIS), produzido pelo NAUrb – UFPel, o local é caracterizado como área

pública, ocupada por população de baixa renda, onde há interesse público em

promover a regularização fundiária, produção, manutenção e recuperação de

habitação de interesse social.

De acordo com o tratado dos Direitos Econômicos e Sociais de

Organização das Nações Unidas – ONU, ratificado pelo Brasil em 1992, “a

moradia digna localizada em terra urbanizada, com acesso a todos os serviços

públicos essenciais, é um direito humano” e o seu não cumprimento significa

uma violação a estes direitos. (PROJETO MORADIA, 2002 apud PAOLI, 2014).

Sendo assim, pode-se concluir que os equipamentos urbanos são essenciais

para a cidade, para dar suporte à população que necessita de assistência

médica, áreas de lazer e convívio, educação, entre outros. Cabe salientar que

a proximidade desses equipamentos serve para suprir a necessidade das

pessoas que moram nos bairros, pois não precisam deslocar-se para a área

central com o intuito de realizar tais atividades. Entretanto, a implantação

desses equipamentos depende da autorização e iniciativa do poder público,

sendo complementado, em alguns casos, por iniciativa privada.

Esta é uma analise expedita, que leva em conta somente o raio de

abrangência dos equipamentos e serviços urbanos. A qualidade da prestação

de serviços não está somente ligada a sua acessibilidade, mas também a

frequência ( horários de funcionamento) e continuidade.

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4.2 Transporte Coletivo

O transporte coletivo percorre vias que hoje tangenciam o PAC Anglo

junto a Avenida Tiradentes, acesso principal da Balsa à zona central da cidade.

A Figura 32 representa o itinerário do ônibus. A localização em relação ao

centro comercial e histórico é privilegiada e os moradores podem deslocar-se a

pé e de bicicleta, pois a distancia ao mesmo não ultrapassa dez quarteirões,

cerca de 700 m.

Figura 32- Transporte coletivo na região próxima ao Loteamento Anglo

Fonte: acervo NAUrb, 2014.

4.3 Educação

O PAC Anglo está na área de abrangência de uma escola estadual e

parcialmente num escola municipal de acordo com o mapa representado pela

Figura 33. No dialogo com a população , verificamos que a maior parte das

crianças estão na escola estadual, apesar da necessidade de travessias da

avenida que margeia o canal. A escola que atende ao bairro da Balsa, poderá

ser solicitada quando a avenida de mão dupla estiver incorporada ao sistema

viário da cidade. Para o escolar, o acesso a escola municipal da Balsa será a

opção mais segura.

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60

Figura 33- Escolas dispostas na região próxima ao Loteamento Anglo

Fonte: acervo NAUrb, 2014

4.4 Saúde

O buffer considerado para ao alcance dos equipamentos de saúde é

de 800 m, estando o PAC Anglo dentro do raio de abrangência do Posto de

Saúde da Balsa.. Entretanto o posto não tem atendido à demanda do entorno.

Moradores queixam-se da falta de médicos ou de poucas fichas para

atendimento, a Figura 34 representa esse buffer. Mais uma vez, o tema da

distância, embora facilite o acesso, não é o determinante para a satisfação dos

moradores quanto ao atendimento à saúde.

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61

Figura 34- Equipamento de saúde dispostos na região próxima ao Loteamento Anglo

Fonte: Acervo NAUrb, 2014

4.5 Áreas verdes

O critério de proximidade não se mostra suficiente para avaliar o

acesso às áreas verdes. Além da distancia temos as dimensões das mesmas.

Zona de ocupação irregular e espontânea, a Balsa tem somente duas áreas

verde: ao lado da escola e no Ambrosio Perret. No projeto do parcelamento do

solo da área de 30.078,00 m2 do PAC Anglo, estão previstos somente 3,65%

para a área verde, muito abaixo da exigência da legislação municipal para

loteamento, que é 15% , podendo 5% estar contabilizada nos canteiros e

arborização das vias pública.

Juntamente com o projeto das casas do PAC Anglo, foi planejada uma

área verde dentro do perímetro da área, porém as obras da mesma não

tiveram início até o momento. A Figura 35 representa essa área verde.

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62

Figura 35- Aáreas verdes dispostas na região próxima ao Loteamento Anglo

Fonte: Acervo NAUrb, 2014.

4.6 Conclusões parciais

Analisando a disposição de determinados equipamentos urbanos e

comunitários – áreas verdes, instituições educacionais, linhas de transporte

coletivo e unidades de saúde - da área, constata-se a ausência de

equipamentos na área do Loteamento Anglo. Ao redor do mesmo, quando há

equipamentos, nota-se que a população tem de percorrer de médias a grandes

distâncias para usufruir dos mesmos (Figuras 32, 33, 34 e 35). A maior parte

dos equipamentos tangencia o PAC Anglo no limite do raio de abrangência

admitido como adequado.

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5 CONCLUSÕES

5.1 Condução do processo participativo e necessidades habitacionais

Através das informações levantadas foi possível verificar a dificuldade

de se efetuar um projeto de requalificação urbana de assentamentos precários

sem a efetiva participação da comunidade em todas as etapas. A comunidade

não foi cogestora, mas sim "objeto" de uma intervenção de requalificação

urbana.

Desde a assinatura do contrato do PAC por parte do prefeito Adolfo

Fetter para as regiões mencionadas receberem os investimentos do programa,

em 2008, já se passaram 7 anos e o projeto não foi concluído até janeiro de

2015 (data de término da pesquisa). Se contabilizarmos o período desse a

ocupação do terreno, temos de 1998 a 2004, seis anos até que a comunidade

tenha a segurança da compra do terreno e a seguir, mais quatro anos se

seguem até a inclusão da área nas verbas do PAC Urbanização de

Assentamentos Precários. São 17 anos de instabilidade e apresentação das

demandas da população ao poder público e de existência de uma comunidade

organizada.

Entretanto, apesar desta comunidade organizada, o projeto da área,

iniciado em 2007 após o levantamento cadastral, não levou em conta o perfil

das famílias, aplicando um único projeto padrão de unidade habitacional de 2

dormitórios de 36,90 m2.

O dados do censo de 2010 evidenciam que no PAC Anglo temos um

percentual de 17,11% de domicílios com 5 ou mais moradores bem como

28,82 % dos domicílios possuem entre 1 e 2 moradores, e que a opção por

uma moradia com um dormitório poderia atender a 12,61% das famílias

beneficiadas.

Estes dados evidenciam que a proposta padronizada de moradias com

2 dormitórios ofertada pelo PAC no caso estudado deixa 17,11% das famílias

fora de um atendimento condizente com o número de moradores e que falta um

maior detalhamento das necessidades dos domicílios com 1 a 2 moradores,

para oferta de unidades com um dormitório. Uma oferta mais diversificada da

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tipologia habitacional ou a possibilidade de uma casa evolutiva no lote

atenderia de forma mais eficaz as demandas da população.

As primeiras 54 unidades já apresentam modificações e ampliações

poucos meses após a entrega. Levantamento realizado em janeiro de 2013

revela que das 58 casas, foram construídos muros e cercas em 25 unidades

(Ver Figura 35). Além da busca da segurança essas construções anexas

ordenam o território e estabelecem um espaço de transição entre a moradia e a

rua. Entretanto a precariedade de recursos se alia à falta de orientação para a

execução destas obras. Não há nenhuma intervenção das assistentes sociais

para busca de soluções conduzidas de forma coletiva. Cada morador edifica

com os recursos e limites que estão a seu alcance. Desperdiça-se a

oportunidade de relacionar a ação de capacitação profissional desenvolvida

pelo trabalho social com a de realizar melhorias habitacionais. Esta também

seria uma oportunidade de desenvolver programas de assistência técnica à

moradia de baixa renda, como aprovado na Lei Nº 11.888, de 24 de dezembro

de 2008. Esta assegura o direito das famílias de baixa renda ( até 3 SM) à

assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de

habitação de interesse social, como parte integrante do direito social à moradia

previsto no art. 6o da Constituição Federal. Apesar de aprovada e defendida

pelas instituições de promoção e controle da arquitetura e urbanismo, não foi

considerada pelo Ministério das Cidades como prioritária e somente

experiências isoladas tem sido implementas ( LINASSI, 2014).

5.2 Tempo de execução: um problema de gerenciamento do município?

Pelotas participou, com mais 5 municípios da Metade Sul do RS, de

projeto de desenvolvimento financiado pelo BIRD - Banco Internacional para

Reconstrução e Desenvolvimento, com as primeiras negociações iniciadas

ainda na gestão municipal do governo Marroni. Durante o período seguinte, de

2005 a 2007 o município recebeu treinamento para compatibilização e

adequação de projetos e estabeleceu um estrutura local para elaboração de

projetos, preparação de editais, fiscalização de obras e prestação de contas,

através da UGP – Unidade Gestora de Projetos (envolvendo diversas

Secretarias e órgãos da prefeitura), com qualificação da equipe da UGP (e de

diversos servidores), que teve atribuições ampliadas para encaminhamento de

outros projetos (PAC 1 e 2, emendas parlamentares e Consulta Popular). A

assinatura do Contrato entre o BIRD e Pelotas ocorreu em março de 2008 com

o início das obras e intervenções, com prazo de 5 anos para conclusão de 30

projetos (pavimentação e arborização, calçadão do Laranjal, na orla da Lagoa

dos Patos, Centro de Comercio Popular - “camelódromo”, entre outras) . Além

das obras do BIRD, o controle de todos projetos e obras do PAC ficaram ao

encargo da UGP durante todo o período do governo Fetter mantendo-se a

mesma estrutura no governo eleito a partir de 2013, de Eduardo Leite.

Se a UGP foi ágil na captação dos recursos do Governo Federal, na

execução dos projetos do não teve o mesmo desempenho. Em entrevista de

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novembro de 2012 ao Diário Popular, Fetter declara que, se por um lado a

negociação inicial com o Banco Mundial foi extremamente difícil , levou cerca

de tres anos, uma vez assinado o contrato o processo foi ágil e “tudo funcionou

muito bem”, dentro dos prazos acertados. “Com o governo federal a situação

se inverteu: a parte de projetos foi fácil, mas depois a execução se tornou muito

difícil, não foram cumpridos prazos de fiscalização nem de pagamentos...

Em março de 2009 a Secretaria Federal de Controle Interno da

Controladoria- Geral da União efetua o Relatório de Fiscalização 01356 RS

sobre a elaboração do PLHIS e do PAC Farroupilha no Município de Pelotas.

O relatoria aponta diversas irregularidades: falta de titularidade das áreas onde

os recursos serão aplicados, demoras na tramitação de projetos e decisões

administrativas, a não realização do trabalho social junto as comunidades,

sobre preço e obras contratadas em ritmo lento de realização. O relatório não

possui nenhuma manifestação sobre as irregularidades, nenhuma contestação,

por parte da PMPEL. A retenção dos recursos para realizar o PLHIS – Plano de

Habitação de Interesse Social é claramente denunciada (recursos retidos por

mais de 10 meses) e revela uma disputa de poder: a sociedade civil e a

academia querem que este seja elaborado, e do outro lado o Secretario de

Habitação do governo Fetter, que neste momento entende que um plano

realizado de forma democrática poderia entrar em conflito com as decisões

centralizadas na UGP. Em Pelotas o PAC veio antes do Plano.

Executar o caminho contrario, ou seja, a elaboração de uma política

pública municipal de habitação adequada às características do município e de

forma participativa, poderia entrar em conflito com a posição de total apoio ao

capital imobiliário que a PMPEL estava praticando.

O ano de 2007 é pródigo em editais para execução das unidades

habitacionais e infraestrutura das quatro áreas do PAC. Para as obras do PAC

Anglo, uma empresa local é selecionada para obras de infraestrutura e uma

segunda de fora do estado para 90 unidades habitacionais. Os passos

seguintes da construção destas unidades são uma sequencia de falência, novo

edital, falta de candidatos interessados, novo edital e por fim, dispensa de

licitação. O engenheiro responsável pela empresa contratada para finalizar as

90 unidades parcialmente construídas diz que “foi praticamente convidado” a

realizar a obra, que ninguém mais se interessava.

Kapp (2012,473) evidenciou para Belo Horizonte “o descompasso

entre programas federais, com suas agendas e pré-requisitos, e os problemas

enfrentados pelas prefeituras no dia a dia”. Em muitas delas não existe nenhum

órgão especificamente responsável pelas políticas habitacionais e urbanas.

Pelotas, no período de governo do PT, criou a Secretaria de Habitação e

Cooperativismo, praticamente desativada nas duas gestões seguintes,

eliminando-se o Cooperativismo tanto de seu programa de ação como de seu

nome. A nova SEHAB efetua o projeto preliminar para envio ao Ministério

das Cidades da Vila Farroupilha e os Projetos Finais e a gestão são logo

assumidas pela Unidade Gestora de Projetos. Separa-se cabeça e corpo em

prol de uma “agilidade”, de uma “eficiencia da máquina pública”: a SEHAB

pensa e a UGP coloca em prática.

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66

Entretanto, pelo relatório da Controladoria Geral da União e pela

análise da Linha de Tempo do processo de planejamento, projeto, obra e pós

ocupação do PAC Anglo, vimos que a fórmula administrativa centralizadora

não funcionou. O descompasso entre os tempos do Governo Federal e os do

municipal permaneceu, porque outras são as dificuldades para a execução de

projetos de requalificação urbana, não resolvidos pela existencia de uma “super

secretaria executiva”.

Deste estudo de caso elencamos algumas das dificuldades

encontradas:

1. Falta de empresas que tivessem simultaneamente o interesse e o perfil de

poder participar das licitações. O mercado habitacional aquecido, com

alternativas de recursos nas três faixas do MCMV, abriram diversificadas

oportunidade às empresas locais. Algumas das concorrências publicas não

tiveram nenhuma empresa local inscrita. Empresas de fora que se

apresentaram às licitações do município não possuíam o conhecimento das

questões legais e dos processos de tramitação junto aos organismos públicos e

autarquias, o que pode causar tempo e custos adicionais. A primeira empresa

que venceu a concorrência publica para construção das 90 unidades do PAC

Anglo, abandonou o canteiro de obras de forma tempestiva em menos de um

ano.

2. A forma de Concorrência Pública não tem conseguido atender a obras de

pequeno porte e espalhadas em vários pontos da cidade. O PAC Farroupilha

no total construiu 420 unidades habitacionais em 4 sítios distintos. Somente

para o PAC Anglo tivemos 4 concorrências e duas dispensas de

concorrência e um processo que corre de março de 2008 a março de 2015, 7

anos e ainda não finalizadas as obras da praça e pavimentação do ultimo

trecho da via principal, bem como a regularização fundiária. Se essa forma de

contratação de obras for estendida para a requalificação e regularização das

159 áreas do município de Pelotas, precisaremos de uma capacidade de

gerenciamento impossível de manter numa prefeitura de cidade de médio

porte.

3. Falta de experiência das empresas em obras onde a população moradora

permanece no terreno ou é parcialmente remanejada. Problemas operacionais

na execução de obras de infraestrutura com a presença de menores de idade

nas vias, demora na saída dos moradores de suas casas e ruas, que para a

empresa, não é entendida como o local de moradia, mas sim como canteiro de

obra, e imprevistos em custos de infraestrutura. Estes fatores podem

acarretar abandono e/ ou falências das empresas contratadas.

5.3 Processo de transição: da precariedade a nova moradia

Além da demora, como constatado nas entrevistas, não houve uma

política para a relocação temporária dos moradores que tiveram de deixar suas

casas para que as obras pudessem iniciar. A população afirma que teve de

providenciar por conta própria locais temporários para se abrigar. Alguns se

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estabeleceram em casas de parentes e outros puderam apenas improvisar

abrigos temporários em péssimas condições de sobrevivência, com materiais

sucateados e sem nenhuma infraestrutura.

Apesar de previstos dentro das normativas do Programa, não foi

proposta utilização dos recursos para aluguel e para casa de passagem. A

condição de precariedade e insalubridade das famílias deste assentamento

certamente recomendam a transição em casa de passagem com assistência

social para que as noções de cuidados com a moradia e com a infraestrutura

urbana fossem trabalhadas com os moradores. Esta situação de saída de sua

moradia e necessidade de buscar apoio em familiares ou amigos trouxe muito

desconforto e custos para os moradores. A obra do PAC Anglo se

desenvolveu em duas etapas distintas: a primeira por urbanização e construção

de novas unidades num terreno vazio, contíguo a área já ocupada. Estas

primeiras 58 moradias foram destinadas aos moradores da comunidade do

Anglo que estavam sobre o leito da via que margeia o canal. Estes passaram

de uma situação de total insalubridade para um moradia mínima nos padrões

do Programa. As demais 32 famílias tiveram que ser desalojadas para que

sobre o terreno por elas ocupado , se construísse novas vias e unidades

habitacionais. A espera pelas novas moradias, que seria de 3 a 4 meses, se

entendeu para alguns moradores de 12 a 18 meses. Esta transição da antiga à

nova moradia causa uma desestabilização do cotidiano que deve ser resolvida

pelo gestor da política publica, e não pode ser justificada pela busca da

qualificação do espaço da moradia e da cidade que o Programa tem por

objetivo.

5.4 Regularização fundiária

O processo de regularização fundiária está em curso. Há uma

divergência entre a demarcação da gleba original do terreno e a do

levantamento de campo das obras de requalificação urbana desenvolvidas,

que superada, possibilita o envio final ao registro de imóveis para poder

proceder a titulação onerosa.

A Prefeitura teve que estabelecer uma metodologia de abordagem da

regularização que fixasse uma data limite para identificação dos residentes e

que fazem parte da comunidade original. Muitas famílias, atraídas pela

perspectiva de obterem o titulo de propriedade, querem agregar-se ao grupo

original. Com o Loteamento Anglo, este fato ocorreu nos primeiros anos da

aquisição da área, antes da implementação do PAC. A liderança comunitária

foi extremamente rígida quanto a entrada de novos membros no terreno e o

grupo permaneceu praticamente igual durante o processo de execução do

PAC.

O uso de geotecnologias, propiciado pelo convênio do projeto de

Extensão Vizinhança com a UFPEL e a existência de uma imagem de

sobrevoo atualizada facilitou o processo de fechamento da poligonal e

descrição dos lotes. Entretanto o Cadastro Sócio Econômico dos moradores

ainda é feito de forma analógica, aplicada por questionários analógicos, e sem

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a constituição de um banco de dados. Tampouco é feita a associação entre o

banco de dados cadastral e a localização das unidades habitacionais.

Recomenda-se a implementação destas ferramentas para possibilitar a

espacialização das informações. Situações de risco social, como drogadição,

prostituição e situações de fragilidade social familiar (mães menores de idade,

mulheres chefe do domicílio, podem estar associados a determinados locais do

empreendimento. Se mais facilmente identificadas essas correlações, estas

poderão servir de base para ações e programas de prevenção e melhorias,

bem como de fácil localização para situações de urgência e risco.

Sobre a eficácia deste programa de requalificação urbana associado a

regularização fundiária, o funcionário Entrevistado Jorge Alves recorda que o

município não pode repassar sem ônus o terreno regularizado para as famílias.

O valor aprovado pela Câmara Municipal foi de três Unidades de Referencia

Municipal (R$ 88,12), parcelado em 10x, o que nos valores de janeiro de 2015

significa R$26,43 mensais. Este valor , que muitas vezes as famílias, muitas

sem rendimentos, não poderão pagar, contrasta com os valores de locação de

apartamentos de 2 quartos na mesma região de Pelotas, que varia de

R$800,00 a R$1800,00. O funcionário declara: ... acho que vamos regularizar e

eles vão vender. Não tivemos coragem de usar a Concessão Real de Uso”.

5.5 Trabalho Técnico Social

Segundo as entrevistas com as técnicas do trabalho social do PAC

Anglo, o trabalho social é feito com a contrapartida do Município , em um

percentual de 2.5% do valor do projeto. Todas as ações planejadas pelo TTS

são submetidas a aprovação da CEF, após implantadas junto a comunidade.

As ações efetivadas com a contrapartida do Município, foram os cursos de

geração de renda, (portaria, cobrador de ônibus, manicure e pedicure, doces

tradicionais de Pelotas, informática básica e técnica básica de cozinha), que

beneficiou a comunidade do loteamento, contemplando o eixo de

desenvolvimento socioeconômico – que objetiva “a articulação de políticas

públicas, o apoio e a implementação de iniciativas de geração de trabalho e

renda, visando à inclusão produtiva, econômica e social, de forma a promover

o incremento da renda familiar e a melhoria da qualidade de vida da população,

fomentando condições para um processo de desenvolvimento sócio territorial

de médio e longo prazo”.

Esse é o discurso oficial das técnicas sociais, entretanto o

RELATORIO DE FISCALIZACAO 01356. MUNICIPIO DE PELOTAS – RS –

sobre as obras do PAC Farroupilha pela Controladoria-Geral da União

Secretaria Federal de Controle Interno nos revela outra realidade. Constata a

“Inexecução do trabalho técnico social previsto no Plano de Trabalho”.

Conforme o relatório:

“Analisando o dossie do contrato de repasse em tela, verificamos que

o trabalho técnico social previsto para referida etapa 01 não vem sendo

executado pela Prefeitura Municipal de Pelotas. Examinando os dois boletins

de "Acompanhamento e Avaliação do Trabalho Técnico Social - AVT",

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emitidos pela Caixa, datados respectivamente de 21/08/2008 e 28/11/2008,

verificamos que somente o segundo acusa alguma medição de serviços, no

valor de R$ 304,38 (trezentos e quatro reias e trinta e oito centavos), valor

este ínfimo em relação a monta prevista para esta atividade (R$ 76.775,89),

pelo qual pode ser considerado que o referido trabalho encontrava-se, a

época, ainda não iniciado.” ( CGU, 2009)

Além de tardio, o trabalho técnico social se limitou a efetuar o

cadastramento das famílias em 2007 e posteriormente a oferecer cursos de

capacitação profissional. O Cadastro foi meramente burocrático e seus dados

não foram utilizados para revelar as características sócio econômicas da

população para planejamento de ações. Novo cadastro foi realizado em finais

de 2014 , mas como já mencionado, não houve nenhuma utilização de seus

dados. O tema da inadequada ocupação das áreas de recuos das habitações,

de promoção de ações coletivas de uso e manutenção das vias publicas foi

abordado superficialmente através de palestras. Não foi realizada qualquer

ação para o aproveitamento do espaço do Salão Comunitário, Este permanece

vazio, com uso eventual para as reuniões entre com o poder publico e a

Universidade. A liderança comunitária está em busca de parceiras para sua

utilização e interditou o uso dos moradores com a justificativa de que este

poderá ser depredado.

A ação do técnico social no PAC Anglo mostrou-se meramente

burocrática, reforçando a observação das perdas que a instalação da UGP

trazia a política habitacional do município.

5.6 Gestão pós- ocupação

A realidade se distribui de forma desigual na cidade de Pelotas e na

Zona da Balsa e no PAC Anglo a concentração nas faixas de menores

rendimentos é maior do que a média brasileira e pelotense, respectivamente

93,41% na Balsa e 95,67% no PAC, sendo que no PAC Anglo 90,50% dos

domicílios encontram-se concentrados na faixa de até 1 (um) salário mínimo.

Estes dados são um alerta para os técnicos sociais do Programa e

para os técnicos municipais e gestores públicos. A baixa capacidade financeira

das famílias é um problema para a manutenção dos espaços da habitação e

do entorno imediato. Os baixos rendimentos desta população nos levam a

refletir sob dois ângulos: primeiro, uma constatação positiva, o programa

habitacional PAC-Urbanização de Assentamentos Precários está efetivamente

atingindo a população de mais baixa renda, como a residente nesse

assentamento; segundo, devido a baixa renda, a população residente terá

baixa capacidade de pagamento de impostos, tarifas e taxas de serviços

públicos. Este fato poderá comprometer o processo de uso e manutenção dos

mesmos. O investimento realizado pode rapidamente se deteriorar caso o

município não estabeleça um programa especial de gestão e manutenção das

unidades habitacionais e do território e um processo participativo da

população.

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5.7 Considerações finais

Finalizando, destacamos a inversão da ordem do planejamento e

execução da política publica de habitação: em Pelotas, o PAC Urbanização de

Assentamentos Precários foi realizado sem o PLHIS. Apesar da incontestável

necessidade de uma regularização técnica e fundiária da área em estudo,

verificou-se que este foi um momento único de entrada de recursos

oportunizada por um edital do Ministério das Cidades e que não teve

continuidade. Não foram contempladas novas áreas e a capacidade gerencial

da UGP mal está dando conta de finalizar as quatro áreas contempladas com

os recursos. Ou seja, foi uma ação pontual e descolada do PLHIS. O estudo

de caso do PAC Anglo revelou que o projeto está sendo realizado sem a

participação popular, em prazos que muito ultrapassam os originalmente

estabelecidos, que apesar de estar findando a regularização fundiária e o os

moradores demonstrarem sua satisfação com o futuro titulo de propriedade,

não foi um processo pleno A regularização fundiária implica a regularidade

técnica, jurídica e a participação da população. O projeto da requalificação do

PAC Anglo não foi um projeto conjunto entre a comunidade e o poder público

municipal, e sim uma sequência de embates para resolver os problemas que se

apresentavam ao longo de sua concretização. Ainda não se alcançou a

regularidade técnica, pois a estação elevatória de esgoto não foi construída

pela autarquia de saneamento municipal, o SANEP e os problemas de

saneamento são constantes. O salão comunitário, pronto há um ano e meio,

ainda não possui um programa de utilização e está fechado ao acesso dos

moradores. Moradias não adequadas ao perfil de um quinto das famílias já

apresentam construções irregulares e grande parte das unidades se

apropriaram do espaço frontal. A permanência no local original dessa

comunidades, de localização privilegiada na cidade, e a melhoria das

condições de salubridade da moradia e do urbano certamente são conquistas

do Programa. Mas o projeto das unidades geminadas e o desenho urbano

repetem um modelo tradicional sem preocupações com evolutibilidade e

sustentabilidade. E o tema da gestão dos novos espaços públicos no seu uso

e apropriação cotidianos não fez parte dos objetivos do Programa.

A conjugação do PLHIS no nível municipal com projetos específicos

para o nível da comunidades, com a efetiva participação da população é o

que seria a formulação ideal. Uma maior autonomia da comunidade local seria

o desejado, bem como a possibilidade de alternativas de projetos com

inovações nas concepções projetuais, tecnológicas e de gestão. O formato

atual do PAC -Urbanização de Assentamentos Precários, não está apoiando e

permitindo estas alternativas, bem como as estruturas de gestão municipais.

Uma revisão crítica deste programa deve buscar alternativas que modifiquem

estas relações e ampliem a aplicação dos recursos do PAC para que a

urbanização e a cidadania efetivamente cheguem aos assentamentos

precários.

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http://www.pelotas.rs.gov.br/noticias/detalhe.php?controle=MjAxMi0xMS0yMQ==&codnoticia=32709Pelotas.21 Nov 2012 LIMA, Joice. Loteamento Anglo: Cerca de 34 famílias devem ser removidas em breve. Regularização reafirmada. Diario da Manhã, Pelotas, 08 de out. 2006, p. 8.

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11. SCHNEIDER, T. Invasão iniciada após fechamento do Frigorífico Anglo é lembrada depois da compra das antigas instalações pela UFPEL. Revitalização para uma área quase esquecida. Diário Popular, Pelotas, 5 de jul. 2009, p. 10. SCHNEIDER, T. Invasão iniciada após fechamento do Frigorífico Anglo é lembrada depois da compra das antigas instalações pela UFPEL .Habitação com dignidade. Diário Popular, Pelotas, 5 de jul. 2009, p. 11.

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