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    Análise ergonômica do projeto da cadeira Sorriso

    Jusselma Coutinho Barros1 

     [email protected] Priscila Maia Meija

    [email protected]ós-graduação em Ergonomia  –  Faculdade Ávila

    Resumo

     Esse trabalho consiste em analisar ergonomicamente o projeto de uma cadeira modelo

    chaise-longue, que também acumula a função de sofá por possuir local para até 2 pessoas

     sentarem. Nesta avaliação estaremos verificando os requisitos antropométricos e

    biomecânicos, a fim de atender o individuo que após uma longa jornada de trabalho merece

    um descanso com qualidade, eficiência, funcionalidade, segurança e satisfação. Para tanto

    iremos fazer uso dos conhecimentos dos conceitos e parâmetros da Ergonomia e da

     Antropometria publicados por diversos autores.Palavras-chave: Ergonomia; Antropometria; Cadeira “S orriso”. 

    1. Introdução

    Muito se fala da importância da qualidade de vida do homem moderno. No campo do trabalhotem-se investido em adequações do ambiente proporcionando melhorias nas condiçõeslaborais a fim de contribuir para a saúde do trabalhador, diminuindo assim o absenteísmo, osafastamentos por licença médica. O que antes era tratado de forma corretiva, agora se investena prevenção como forma de agilizar o processo.A Ergonomia teve um papel fundamental na evolução desse processo. Muitos autores, como

    IIDA (2002), dizem que a gestão da Ergonomia date da Pré-História quando o homem tentavaadaptar os objetos que criava às suas necessidades. No século XIX o desafio era adequar ohomem ao trabalho. A longa jornada limitava o trabalhador que já desgastado fisicamente nãotinha mais forças para pensar e lutar por condições dignas de trabalho uma vez que era vistoapenas como peça no processo de produção. Com a evolução dos tempos, principalmente odesenvolvimento industrial, os profissionais se preocuparam em melhorar a produtividade econdições de vida da população no universo do trabalho. Já no século XX surge um novo

     padrão tecnológico que substitui o trabalho pesado pela tecnologia.A Ergonomia vem acompanhando a evolução do homem ampliando sua visão, iniciando coma valorização dos aspectos físicos e material, depois passando para o cognitivo e psicológico eatualmente, o de fundamental importância, o social e cultural.

    Para estarmos em boas condições físicas, emocionais, e psicológicas dependemos também doque fazemos em nossas horas de descanso e lazer. Di Masi (1999) tem defendido a ideia deque pessoas precisam de mais tempo livre para serem mais criativas e essa criatividade podecontribuir de forma satisfatória no setor profissional.

     No contexto da Ergonomia social proponho a utilização da cadeira de descanso denominada“Sorriso”, no modelo chaise-longue por entender que ela traz conforto, segurança e beleza

     proporcionando momentos de relaxamento e prazer tão importantes para a qualidade de vidado trabalhador.

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     Pós-graduanda em Ergonomia2 Orientadora: Graduada em Fisioterapia, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda emAspectos Bioéticos e Jurídicos da Saúde 

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    A maioria das avaliações ergonômicas de produtos são destinadas a ambientes de trabalhodevido ao grande número de queixas e afastamento dos postos. Essa preocupação também édecorrente da quantidade de horas que o ser humano passa usando tal produto ou ambiente.Dessa forma é comum encontrarmos ergonomia reativa. Neste trabalho estamos enfatizando aergonomia de concepção, aquela cuja aplicação dar-se durante o projeto do produto ou do

    ambiente. É uma ergonomia preventiva.Tendo em vista que, das 24 horas do dia, o ser humano gasta boa parte desse tempo laborandoe outra grande parte está destinada ao descanso e como a maioria das análises estão na área dotrabalho, nos propomos a analisar uma peça de mobiliário destinada ao repouso e a poucasatividades geralmente desempenhadas no ambiente doméstico. Já passamos da época que o consumo de mobiliário se dava pela necessidade de cada produto.Precisava-se de uma cama, comprava-se apenas pensando em sua utilidade. Esta prática foisendo substituída com o passar dos anos e os consumidores procuram além da função prática,a função simbólica e a função estética para suas peças. Atualmente a indústria moveleira temse preocupado cada vez mais com o ser humano ou o indivíduo que vai usar suas peças e temexplorado ao máximo esses novos conceitos despertados em seus clientes.

    Os produtos são adquiridos por serem “a cara” de quem vai utilizá-lo. Alain de Botton (2005, p. 124) fala que: “nossos acessórios domésticos também são memoriais de identidade” Para poder oferecer estes novos produtos no mercado, as empresas tem que estudar cada vezmais o desejo ou criar uma nova necessidade para seus clientes.Porangaba e Toledo, falam que a expressividade e a sensação de conforto no espaço habitadoe principalmente no mobiliário é um misto de realidade e representação, diferentes aspectosno móvel nos confortam, tanto pelo que eles são, como pelo que representam. Buscamosencontrar nos produtos que adquirimos a máxima sensação de conforto e descanso.Pensando nesta necessidade do consumidor é que a indústria moveleira está usando cada vezmais estudos de antropometria e ergonomia em seus projetos para tentar fazer com que seus

     produtos despertem essas sensações em seus clientes.

    2. Definição de Ergonomia

    O termo Ergonomia do grego ergo (trabalho) e nomos  (normas, regras) define-se como aciência de utilização das forças e das capacidades humanas. É o estudo da adaptação dotrabalho ao homem (LIDA, 2005) e fundamenta-se em conhecimentos multidisciplinar nasáreas de antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia, design, integrando-os de modoque auxiliem o desenvolvimento de técnicas aplicadas para melhoria da qualidade dascondições de trabalho e da vida do homem.Através da Ergonomia pode-se desenvolver produtos e serviços capaz de atender e entender

    as condições físicas e psicológicas do trabalhador. Chapanis (1994) definiu ergonomia como

    sendo “um corpo de conhecimentos sobre as habilidades humanas, limitações humanas eoutras características humanas que são relevantes para o design”. 

    “Uma vez que atingimos o desenvolvimento tecnológico e produtivo máximo (...),acreditamos ser este o momento propício de posicionar o homem como o centro e areferência maior –  no sentido mais amplo e total do termo  –  na concepção de novos

     produtos a serem industrializados.Se a tecnologia nos permite, hoje, a confecção de produtos em qualquer dimensão etipologia possível, qual seria a medida e a forma mais adequada ao homem?” (DIJON DE MORAES, 1997).

    3. Antropometria 

    É basicamente o estudo das medidas do corpo humano. Para desenvolvermos qualquer projetode produto ou ambiente, necessitamos saber as medidas dos possíveis usuários. A cada ano os

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     projetistas, designers, arquitetos e engenheiros são mais cobrados pelas industrias adesenvolverem produtos com medidas mais precisas e detalhadas pois devido a produção emmassa esses valores representar mais custos ou lucro para as empresas.Para encontrar estas medidas, muitas variáveis são consideradas. Tais como: sexo, idade,etnia, tipos físicos e alguns casos especiais como gravidez. Outro fator importante é o tipo da

    antropometria pois esta pode ser estática, dinâmica e funcional. O uso da antropometria devedar-se em função do uso do produto e do publico alvo usando assim o percentil que atenda aum maior número de pessoas.

    4. O projeto da cadeira Sorriso

    4.1 Uma viagem no tempo

    Apesar da relativa simplicidade das ferramentas os artesãos das antigas civilizações egípcia,grega e romana criaram "day-beds" ( espécie de cama/poltrona) cujo design tem avançadoatravés dos anos como as mais básicas formas.Por causa da instabilidade no estilo de vida da nobreza no período medieval, e da constante

    mudança de um castelo para outro, leve e também portátil tornou-se de extrema importância. No século dezenove explorou-se as possíveis maneiras de deitar-se.Descanso prolongado foi procurado em um móvel para relaxamento, e tem sido sempresinônimo de luxo para deitar e praticar atividades mentais como ler, escrever, jogar...

    Fonte: http://saberdesign.com.br/content/chaise-lounge-historiaFigura 1 - 'LIT BATEAU'- esta é chamada também recamier

    4.2 Curiosidades 

    Os Day_bed (Sistemas horizontais utilizados para descanso humano) em diferentes culturas:os chineses não viam distinção entre os móveis para dormir e sentar e os índios americanosdescansavam em Day-bed, chamado por eles de "hamaca" (redes).Os pacientes de Sigmund Freud (1856-1939, psiquiatra australiano, fundador da psicanálise)reclinavam-se em uma Day-bed que era coberta por um tapete oriental. Durante o inicio doséculo XX esse tipo de móvel também foi requerido por um numero crescente de pacientesoficialmente diagnosticados sofrendo de doenças pulmonares (tuberculose). Pacientes ficavamdeitados horas na cadeira "curadora" recomendada por sua inclinação que facilita a respiração.

    4.3 A chaise-longue

    Móvel considerado por muito tempo como apenas objeto de decoração, vem sendo alvo dedecoradores e designers que descobriram sua funcionalidade nos mais variados ambientes. Aindústria mobiliária investiu nessa peça para atender às necessidades de um público cada vez

    mais exigente do conforto, da qualidade e da beleza.

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    Os modelos se adequaram aos ambientes mais distintos como home teather, home-office,varandas, salas de estar, deck de piscinas e até quartos de dormir. As chaise-longueacompanharam a evolução e a modernidade e podem ser encontradas em várias formas, cores,tamanhos e materiais, que se enquadram na necessidade, no espaço e no orçamento de cadaconsumidor.

    4.4 Consumidores

    Ao contrário do que se diz ou se pensa a chaise-longue não é uma peça de difícil acesso, noaspecto financeiro. Ela acompanha os objetos eletros-eletrônicos como DVD, CD PLAYER´s,TV´s tela plana, fornos de microondas, que têm um custo relativamente acessível pelas formasde pagamento que o mercado oferece. Então não pode mais ser considerada peça exclusiva daclasse alta da sociedade.O público-alvo para a cadeira Sorriso está numa classe social intermediária entre a classe A,que é um público que pode comprar peças com valores muito altos e a classe relativamente

     baixa, que compram apenas o necessário a sua sobrevivência. Então a definimos como agrande massa consumidora, que engloba a maioria da população. Esta foi definida assim

     baseada nas facilidades já mencionadas.Quanto a idade destes consumidores, esta cobre uma faixa abrangente por se tratar de um

     produto comum a toda família. Assim como, também existe uma abrangência nadeterminação do sexo dessas pessoas.A definição das pessoas que usarão este tipo de mobiliário esta relacionada com os seushábitos e as funções da cadeira.

    4.5 Parâmetros e requisitos utilizados para geração do conceito da cadeira Sorriso

    Tabela 1 - Parâmetros para geração do conceito cadeira sorriso.

    4.6 Análise da tarefa e da postura

    Segue abaixo as posturas adequadas para desempenhar algumas atividades proporcionadas pela cadeira Sorriso.

    Obrigatórios DesejáveisErgonômicos Utilizar as medidas antropométricas

    dinâmicas e estáticas indicadasAplicar matéria-prima que proporcione conforto na suausabilidade.

    Funcionais Proporcionar conforto e mobilidade posturais do usuário na suautilização.

    Sistema desmontável

    Estéticos Harmonia formal e uso do materialcomo elemento de percepção tátil,olfato e visão.

    Simbólicos Utilizar elementos da cultura brasileira, aliada aos materiaisempregados.

    Processos e tecnologia Levar em consideração a otimizaçãoda produção.

    Aplicação de materiais Utilizar o tecido em algodão queatualmente é usado para produçãode redes.

    Levar em consideração aspectosambientais.

    Custo Levar em consideração o custo damatéria-prima.

    Reduzir o tempo de execução do produto.

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    Figura 2: Postura 1 Figura 3: postura 2

    Esta posição é ideal pra fazer algum tipo de Lendo nessa posição, você pode apoiar o livroalimentação rápida. Um lanche... nas pernas e ficar com o tronco levantado.

    Figura 4: Postura 3 Figura 5: postura 4

    Posição ideal para assistir televisão com as Dessa forma você ativa a circulação e relaxa as pernas estiradas. pernas depois de um dia inteiro de trabalho.

    4.7 Análise Ergonômica

    Adequação das posturas atribuídas às atividades listadas acima, aos bonecos ergonômicos.

    Figura 6: Boneco ergonômico postura 1 Figura 7: Boneco ergonômico postura 2

    Figura 8: Boneco ergonômico postura 3 Figura 9: Boneco ergonômico postura 4

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    Figura 10: Entrada e saída da cadeira

    4.7.1 Algumas posturas que podem ser adotadas nesta peça de mobiliárioEstas posturas estão relacionas às descritas anteriormente nas análises.

    Sentada lendo ou fazendo uma Deitada lendo com os braços apoiados nas pernasalimentação breve

    As pernas estiradas para Deitada com as pernas elevadas para facilitarfacilitar o descanso a circulação

    Figura 11: Simulação feita com bonecos ergonômicos das posturas desempenhadas pela cadeira Sorriso

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    4.8 Vistas do desenho da cadeira

    Lateral esquerda Frontal Lateral direita

    SuperiorFigura 12: Vistas do desenho da cadeira Sorriso

    4.8.1 Vistas da simulação gráfica da cadeira Sorriso

    Figura 13: Simulação em 3D das vistas e materiais da cadeira Sorriso

    4.9 Detalhamento e Estrutura 

    O nome cadeira Sorriso é uma referência a sua vista frontal pois neste ângulo de visão osencostos circulares dão a impressão de serem olhos, juntamente com toda a curvatura do

    assento que remete a uma boca sorrindo.Esta cadeira foi desenvolvida com o intuito de proporcionar conforto e descanso ao usuário.Isto é facilmente percebido pelas suas formas e materiais (estofamento e o tecido) que oconvidam ao deleite.Em sua estrutura tem-se duas possibilidades, uma, mostrada acima, é confeccionada com tubocromado e a outra é que o tubo de aço carbono tenha como acabamento pintura.Este conceito tem uma possibilidade de mudança que, aqui, será apenas mencionada, mas serádesenvolvida posteriormente, que é a composição de kits de capas para as almofadas doencosto da cadeira e para o colchonete do assento. Como opcional tem-se o uso de pantufasque também farão parte deste kit. A idéia de compor kits que podem ser vendidosseparadamente da cadeira teve como objetivo o aumento na utilização do tecido. Além disso,

    eles proporcionam a renovação do mobiliário e a adequação deste a vários públicosdependendo do kit que for adquirido.

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    Figura 14: Detalhamento e estrutura da cadeira Sorriso

    4.10 Considerações que foram utilizadas para o dimensionamento desta cadeira

     Na posição sentada, o corpo entra em contato com o assento por dois ossos situados na bacia,chamados de tuberosidades isquiáticas, semelhantes a uma pirâmide invertida. Astuberosidades são cobertas por uma camada de tecido muscular e uma pele grossa, adequada

     para suportar grandes pressões. Apenas 25 cm2 de superfície da pele sob essas tuberosidadesconcentram 75% do peso total do corpo sentado.

    O estofamento o assento deve ser intermediário entre duro e macio, de forma a acomodar umaárea de contato em torno de 1050 cm2. O material deve ter capacidade de dissipar calor eumidade gerada pelo corpo. Deve-se evitar o uso de plásticos lisos e impermeáveis.Princípios gerais sobre assento: as dimensões do assento devem ser adequadas às dimensõesantropométricas do usuário. A altura do assento deve ser igual a altura poplítea (parte inferiorda coxa à sola do pé); A largura deve ser adequada a largura torácica do usuário e tercomprimento com 2 cm afastado da parte interna da perna; O assento deve permitir variaçõese postura.O encosto deve ajudar no relaxamento. Deve-se deixar um espaço de 15 a 20 cm entre oassento e o encosto para acomodar as nádegas. Um suporte situado entre a 2ª e 5ª vértebraslombares permite maior liberdade ao tronco.Medidas padrão para cadeiras de descanso e relaxamento.

    1 –  Tubo 2”; 2 –  Tubo de 1”; 3  –   Espuma ortopédicadensidade 33;4 –  Capa em tecido;5  –   Capa em tecido comfranjas;6 –  Arame trefilado.

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    Figura 15: Representação gráfica das medidas

    Figura 16: Dimensionamento da cadeira Sorriso

    5. Parâmetros para a análise

    A análise ergonômica da cadeira Sorriso foi feita baseada em valores sugeridos para proporcionar maior conforto em uma cadeira de descanso.Como esta cadeira é multifuncional e se propõe a ser um sofá para dois lugares e/ou umachaise long, então procuramos autores que nos fornecessem medidas para sofás e para

    cadeiras de descanso.

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    5.1 Medidas ergonômicas para uma cadeira de descanso

    5.1.1 Largura do assento

    Fazendo a leitura de PANERO e ZELNIK (1989, p.134), elucidamos que a largura do assentodeve ser pensada, considerando a largura máxima da estrutura do corpo da população

    masculina de 71,1 cm (percentil 95º). De acordo com IBV (1992, p.103), a menor largura possível de assentos em sofás deve ser de 55 cm, vez que se adapta à largura dos cotovelosdas pessoas de percentil 95º, em relação ao universo da população masculina. Contudo, aestas dimensões devem ser acrescidas, ao menos, medida suficiente para apoio de um braço.Fazendo uma consulta dos dados antropométricos da população brasileira, temos que a larguracotovelo / cotovelo (sujeito sentado) de homens e percentil 95º é de 53,1 cm (INT, 1988 p.87).Desta maneira, cabe inferir que a largura mínima disponível para um assento de sofá seja de55 cm. E quando avaliamos o aumento de espaço na largura para o descanso do braço, estadimensão não necessita ser superior a 71,1 cm.

    5.1.2 Altura do assentoIBV (1992, p. 101) orienta também que o assento deve ser baixo quando sua principalfinalidade for o descanso, de maneira que permita que o usuário estique suas pernas, vez queestas se estendem à medida que aumenta o ângulo assento/encosto. Portanto, é aconselhadauma altura que varie a partir de 38 até 40 cm para ângulos inferiores a 150º e entre 36 à 38 cmquando o ângulo for superior a 150º.

    Para PANERO & ZELNIK (1989, p.79 e 95), a altura do assento é determinada de acordocom a altura poplítea da população 5º percentil, o equivalente a 35,8 cm, estando aptas aacomodar tanto os indivíduos de menor, quanto os de maior altura poplítea. A altura dosujeito sentado, relativa à população brasileira 5º percentil é de 39,0 cm (INT, 1988, p.66).

    Quando nos referimos a um sofá caracterizado como um assento para descanso, com posturasmenos relaxadas e utilização de ângulo assento/encosto inferior a 150º, a altura do sofáobrigatoriamente estará entre 38 e 40 cm.

    5.1.3 Profundidade do assento

    Em relação à profundidade do assento, o Instituto IBV (1992, p. 102) recomenda asdimensões entre 45 e 48 cm, baseadas na profundidade poplítea da população de percentilabaixo da média, em decorrência da utilização por parte de todos os usuários, incluindo os

     baixos.

    Já PANERO & ZELNIK (1989, p.134) recomendam o uso de dados da população de 5º

     percentil, o equivalente a 43,2 cm, visto que esta medida acomodará uma maior quantidade deusuários: os de menor e os de maior profundidade poplítea. A profundidade poplítea (sujeitosentado) da população brasileira de 5º percentil é de 43,5 cm. (INT, 1988, p73). Então,

     podemos inferir que a profundidade do assento deve estar entre 45 e 48 cm, estando assimaptos a atender ao maior número de usuários.

    5.1.4 Altura do encosto

    Para as cadeiras de descanso IBV (1992,p. 107) sugere o encosto com dimensões entre 55 - 60cm, devendo apoiar desde a região lombar até os ombros. Para cadeiras multiuso o IBV adota42 - 45 cm, dimensão que comporta o suporte torácico.

    PANERO & ZELNIK (1989, p 129) também faz recomendações de altura do encosto apenas para cadeiras de multiuso, com dimensões entre 43,2 –  61,0 cm. A altura do tórax (sentado)

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    da população brasileira de percentil 50º é 42,5 cm. Com relação ao sofá de um assento comfunções múltiplas deve ser adotado no mínimo 42,5 cm, para acomodar região torácica.

    5.1.5 Inclinações

    As orientações do IBV (1992, p.105) referentes as inclinações para cadeiras multiuso e

     poltronas, estão relacionadas com as atividades realizadas e posturas utilizadas. Para posturade descanso intermediária, utilizada no sofá (entrepostura de descanso e postura erguida)aponta um ângulo de 115º.

    PANERO &ZELNIK (1989, p.128) também aponta ângulos de assento / encosto somente para cadeiras multiuso e poltronas -105º. Então concluiu-se que o ângulo assento encosto deveestar entre 105º e 115º.

    5.2 Medidas ergonômicas para uma cadeira de descanso e para sofás

    Encontramos sugestões de medidas para mobiliário para sala de estar de acordo com Pronk(2003)

    Fonte: Dimensionamento em Arquitetura, Pronk, (2003) Figura 17: Dimensões para mobiliário da sala de estar

    6. Análise ergonômica da cadeira Sorriso baseada nas medidas propostas pelos autores citados

    MEDIDAS PANERO &ZELNIK

    IBV Parâmetro para aanálise

    CADEIRASORRISO

    Largura do assento 71,1 55 55 a 71c/apoio braço 50 p/ sofá e55 / chaise

    Altura do assento 35,8 INT 39 38 a 40 < 150o 38 a 40 37 semestofado

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    Profundidade 43,2 INT 43,5 45 a 48 45 a 48 55 sofáAltura do encostocadeira de descanso

     Não faz referência 55 a 60 42,5 população brasileira 50%

    47 chaise

    Altura do encostocadeira multiuso

    43,2 a 61 42 a 45 42,5 população brasileira 50%

    45 sofá

    Inclinação 105o 115o Entre 105o e 115o 118o

    Tabela 2: Dados para a análise

    7. Conclusões sobre os dados para análise

    Avaliando o conceito da cadeira Sorriso, podemos falar que a escolha dessa proposta é beminteressante pois reúne em um móvel duas funções a de sofá e de chaise long. Como toda peçade mobiliário que se propõe a ser multiuso, nem todas as funções serão tão bemdesempenhadas. Uma vai sobressair a outra, vai depender do critério do usuário na hora daescolha.

     Nossa proposta foi analisar este projeto quanto aos seus dados ergonômicos e verificando osdados acima, podemos fazer as seguintes observações:a)

     

    Quanto a largura do assento para a função chaise long, as medias da cadeira Sorriso estãoadequadas, mas já par a função sofá, a medida está 5cm, por pessoa, inferior a mínimaexigida. Ou seja, para o sofá de 2 lugares proposto, a medida mínima seria de 110cm e no

     projeto encontramos apenas 100cm; b)  Já para avaliar a altura do assento, os dados da cadeira Sorriso estão imprecisos, pois

    mostram apenas a altura da estrutura sem mencionar a altura do estofamento. A altura daestrutura é de 37cm e os valores usados como referência estão entre 38 e 40cm. Valeressaltar que este é um ponto a ser verificado no projeto pois após a escolha doestofamento e tendo ciência da deformação do material, o valor da altura deste somadocom a altura da estrutura devem estar entre 38 a 40 cm. Ou seja, se o estofamento tiver

    altura superior a 3cm, esta diferença deverá ser reduzida da altura da estrutura da cadeiraSorriso;c)  Observando a medida da profundidade referente a função sofá, o valor da cadeira sorriso

    está bem acima do limite que é de 45 a 48cm. A profundidade do sofá é a mesma medidada largura da chaise que é de 55cm. Chegamos a um dado conforme sinalizamos acimaonde uma função terá que se sobrepor a outra. Percebemos que a medida determinante foia da largura da chaise deixando a profundidade do sofá 7cm acima do limite. Para esteempasse propomos duas soluções: acrescentar um jogo de almofadas neste encosto pararemediar esta diferença ou que os encostos do sofá sejam reguláveis;

    d)  Avaliando a altura dos encostos propostos para o sofá cuja medida é de 45cm observamosque está de acordo com o mínimo exigido de 42,5cm. Mas já para a função chaise a

    medida proposta é de apenas 47cm o que deixa este dado bem abaixo do valor proposto pelo IBV que é de 55 a 60 cm. Outros autores sugerem 70 até 80 cm como limite paracadeira de repouso levando em consideração o repouso também da cabeça. Para apoioapenas do tronco valores acima de 45cm já seriam aceitos;

    e)  Analisando o ângulo de inclinação da proposta da chaise, este apresenta-se 3o acima domáximo indicado pelos parâmetros escolhidos que foram de 105o a 115o. Como estamosavaliando valores de um projeto, ainda é possível alterar esses dados antes da produção do

     protótipo. Sugiro uma pequena redução nesta angulação desta forma a altura do encosto poderá ser aumentada um pouco sem que altere muito a medida total desta peça demobiliário. Assim, poderá ser ajustada 2 medidas para melhorar as medidas ergonômicas.

    f)  De acordo com os desenhos das atividades propostas pelo projeto, algumas posturas que

     podem ser adotadas na cadeira não podemos avaliar pois não encontramos parâmetros para tal análise nos autores pesquisados;

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    g)  Sugerimos o ajuste de algumas medidas mencionadas acima e a confecção de um mock-up para que possa ser realizado um teste de usabilidade e aplicação de tabelas de conforto dousuário. Nesse momento poderão ser testados alguns tipos de estofamento e o que obtivermaior aceitação pela amostra de público escolhido poderá ser definido para a cadeira eassim possa ser feito o ajuste de sua altura.

    h) 

    Após estas verificações das medidas e tomando como base que vários autores afirmamque o bom assento é aquele que permite variações de posturas, então esta cadeira pode simser uma cadeira ergonomicamente correta.

    Referência bibliográfica

    BAXTER, Mike. Projeto de Produto: guia prático para desenvolvimento de novos produtos . São Paulo:Edgard Blücher, 1998. 

    BOTTON, Alain de. A arquitetura da felicidade. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

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    CRANZ, Galen. The Chair: rethinking culture, body and design. New York: W. W. Norton & Company,1998.

    IBV, Instituto de Biomecanica de Valencia.Guia de recomendaciones para el diseño de mobiliarioergonomico. Valencia, 1992.

    IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 8ª Reimpressão. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda, 2002.

    INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA - INT. Manual de aplicação dos dados antropométricos -Ergokit. Rio de Janeiro: 1995.

    INT, Instituto Nacional de Tecnologia. Pesquisa antropométrica e biomecânica dos operários da indústriade transformação  –  RJ –  Medidas para Postos de Trabalho. Rio de Janeiro, 1988.

    MORAES, Anamaria de; MONT'ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: conceitos e aplicações. 2.ed Rio de Janeiro: 2AB, 1998.

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