12-Lagoa de Araruama

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3 Lagoa de Araruama

Secretaria Desenv Sustentvel Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel Consrcio Lag Joo Consrcio Ambiental La gos-So Joo

LAGOA DE ARARUAMAPerfil Ambiental do Maior Ecossistema Lagunar Hipersalino do Mundo La gunar Hiper salino do Mundo gunar Hiper salino

AutoresPaulo Bidegain da Silveira Primo Carlos Roberto S. Fontenelle Bizerril

Projeto Plangua Semads / GTZ de Cooperao Tcnica Brasil-Alemanha janeiro/2002

4 Lagoa de Araruama

Depsito legal na Biblioteca Nacional conforme decreto n 1.825, de 20 de dezembro de 1907.

Ficha catalogrficaB 585 Bidegain, Paulo Lagoa de Araruama - Perfil Ambiental do Maior Ecossistema Lagunar Hipersalino do Mundo / Paulo Bidegain, Carlos Bizerril. - Rio de Janeiro: Semads 2002. 160 p.: il ISBN 85-87206-15-X Cooperao Tcnica Brasil - Alemanha, Projeto Plangua Semads / GTZ Inclui Bibliografia. 1. Recursos Hdricos. 2. Meio Ambiente. 3. Lagoas. 4. Lagunas. 5. Saneamento Ambiental. I. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel. II. PLANGUA. III. Bizerril, Carlos. IV. Ttulo. CDD-333.91

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel Rua Pinheiro Machado, s/n Palcio Guanabara Prdio Anexo / 2 andar Laranjeiras CEP: 22238900 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: ( 21 ) 2299-5290 - 2299-5285 e-mail: [email protected] www.semads.rj.gov.br

Projeto Plangua Semads / GTZ O Projeto Plangua Semads / GTZ, de Cooperao Tcnica Brasil-Alemanha, vem apoiando o Estado do Rio de Janeiro no gerenciamento de recursos hdricos com enfoque na proteo de ecossistemas aquticos. Campo de So Cristvo, 138 / 315 So Cristvo CEP: 20921440 - Rio de Janeiro - RJ Tel.:/Fax: ( 0055 ) ( 21 ) 2580-0198 e-mail: [email protected] janeiro/2002

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Coordenadores Antnio da Hora Subsecretrio Adjunto de Meio Ambiente da Semads Wilfried Teuber Planco Consulting / GTZ Reviso e adaptao William Weber Diagramao Luiz Antonio Pinto Editorao Jackeline Motta dos Santos Raul Lardosa Rebelo

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Consultores Paulo Bidegain da Silveira Primo Carlos Roberto S. Fontenelle Bizerril Consultores do Projeto Plangua Semads / GTZ Colaborao Luiz Firmino Martins Pereira Consrcio Ambiental Lagos-So Joo Arnaldo Vila Nova Associao de Defesa da Lagoa de Araruama - Adla Viva Lagoa Francisco Guimares Neto Adla Viva Lagoa Mapas e desenhos Marco Aurlio Santiago Dias Fotos Paulo Bidegain da Silveira Primo Carlos Roberto S. Fontenelle Bizerril Consrcio Ambiental Lagos-So Joo Projeto Plangua Fotos e mapa da capa: legenda

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4 1 - Eroso e assoreamento em Araruama 2 - Lanamento de esgoto na lagoa 3 - Foto de satlite da Regio dos Lagos 4 - Lagoa Pernambuca - urbanizao 5 - Exemplo de maracha 6 - Marnel em Figueira janeiro/2002

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7 Lagoa de Araruama Mensagem

presentao Apresentao

Neste sentido, devemos mencionar o A lagoa de Araruama, a maior do mundo em hipersalinidade permanente, emoldura com sua peculiar trabalho conscientizador do Consrcio Ambiental beleza 160 quilmetros dos 850 da extenso da regio Lagos-So Joo, formado por doze prefeituras situadas costeira fluminense. na bacia hidrogrfica, empresrios e Organizaes A milenar histria geolgica da lagoa e de seu No-Governamentais ONGs. O consrcio cumpre ecossistema mostra que suas transformaes naturais diretrizes, em paralelo s aes desenvolvidas por comprometeram-se, ao longo do tempo, com a rgos estaduais na regio, que j produzem crescente presena humana e uso indevido do solo da resultados positivos em prol da Lagoa de Araruama e regio nos ltimos 30 anos. do seu ecossistema, como a retirada de obstculos Movido por tais evidncias, o Governo do ( marnis ) para melhorar a circulao das guas. Com a nova mentalidade no trato das Estado enfrenta a questo ambiental como uma de suas prioridades. O Programa Nossas Lagoas um dos questes ambientais, aliada gesto e aplicao das exemplos de ao governamental que a Secretaria de legislaes estaduais sobre recursos hdricos Lei Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento 3.239/99 e Decreto 27.208/00 , estamos Sustentvel Semads implementa mediante a aplicao convencidos de que os atuais problemas de lanamento de recursos do Fundo Estadual de Conservao de esgotos e lixo, ocupao indevida das margens, Ambiental Fecam. dragagens desordenadas para retirada de conchas, Alm da desobstruo do canal de Itajuru, dentre outros impactos ambientais, sero eliminados a para melhorar a entrada de gua do mar na lagoa de curto prazo, sem o que a Lagoa de Araruama deixar de Araruama, o Programa promove a recuperao de ser bela, admirada e til s atuais e futuras geraes. Esta publicao da srie que a Secretaria de outros sistemas lagunares, como Jacarepagu, Piratininga-Itaipu, Maric e da lagoa de Saquarema. Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Medidas prticas como essas so importantes. Sustentvel vem produzindo como parte do Projeto Entretanto, o futuro da lagoa de Araruama e de sua Plangua Semads / GTZ, de Cooperao Tcnica Brasil bacia com 404 quilmetros quadrados, como de - Alemanha, tem como objetivo disseminar novos outros ambientes lacustres estaduais, depende de conhecimentos ambientais e contribuir para a cooperao dos esforos e efetivas diferentes atores de parcerias entre gesto e para a governos, sociedade Secretrio de Estado de Meio Ambiente e integrao de aes organizada e usurios em prol da para que formaes Desenvolvimento Sustentvel preservao e litorneas to frgeis recuperao da Lagoa sejam recuperadas, de Araruama e de seu mantidas vivas e teis ecossistema. coletividade. janeiro/2002

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Mensagem

O que pode haver de melhor do que ter, frente a frente, a presena de uma beleza singular, ofertada por Deus, com contornos perfeitos, gua mansa de calmaria entre brancas areias, onde garas planam sobre o espelho dgua, que imponente, deixa viver em suas margens homens afoitos por desfrutar do paraso? Quantas cidades nasceram e sobrevivem por elas? Quantos olhos j a observaram e levaram, extasiados, impresses de sua beleza, quando o sol refletia o seu nascer ou deitava-se sonolento espera de um novo alvorecer? Todas as cores sobre estas guas j se deleitaram. As espumas, o vento, o sal, a brisa mansa da manh, as ostras, as conchas e os moinhos unem-se para formar uma tela perfeita, onde a paz e o descanso criam um ponto nico de transparente presena do Criador. Histrias nasceram sua volta, sob a rede de pescadores, sambaquis e stios que revelam seu passado, onde lendas de araras nascem na foz dos rios e riachos que desguam como serpentes, s vezes dando vida, as vezes trazendo para seu interior a constante presena do homem que teima em viver dos frutos de suas entranhas. Suas margens passeiam no limite de seis cidades que a possuem, dela retiram fios de vida formam regio repleta de sal, de gente tatuada pelo sol, do suor dos barcos que vislumbram, na amplido de suas guas, terras de Cabo Frio, do Arraial do Cabo ou da Aldeia de So Pedro, que na sinuosidade dos recantos e cantos ainda trazem o dialeto presente das Iguabas Grande ou Pequena, da Araruama que

lhe d nome, ou do trecho de Saquarema que aglutina a regio e forma um paraso repleto de natureza pulsante. Por todos os lados que se olha, a lagoa onipotente, presente supremo, ddiva divina, parece que aqui pode-se caminhar sobre as guas, passear solitrio, longe da orla, ouvindo o som do silncio que embriaga-nos com tamanha paz. O vento que por ela sobrevoa, curva coqueiros e amendoeiras lhe dando um ar selvagem e o infinito dobra-se aos seus encantos. Velas e velejadores comprazem-se no inefvel deslizar sobre seu espelho dgua, que, translcido, reflete a magia das bromlias, cactos e orqudeas que ainda teimam em existir nas restingas que emolduram suas margens. Sobre o mirante, pode-se admirar todo o seu poder, com caractersticas nicas e especiais, onde noite, as luzes artificiais tingem as suas guas de prata em tonalidades azuladas que parecem pintadas com a arte da perfeio. Enfim, a lagoa de Araruama um recanto paradisaco, onde muitos j fincaram razes para sempre e outros a desfrutam com brevidade. A beleza concreta, misteriosa, imponente e h de persistir, resistir, suportar o seu assdio e prosseguir altiva, pois a vida no haver de abandon-la enquanto existir amor por estas guas; ela h de continuar se sobrepujando, sendo musa para poetas, acordes para msicas, concretizando um eterno encontro com a paz, onde existir, sempre, um raro prazer tropical com o sabor encantador da brisa constante, cu azul e sol o ano inteiro. Francisco Carlos Fernandes Ribeiro Presidente do Conselho de Scios do Consrcio Ambiental Lagos-So Joo

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ndice ndiceINTRODUO 11 13 13 13 15 15 15 17 19 19 19 22 23 25 27 29 30 31 32 32 35 CARACTERSTICAS AMBIENTAIS ATUAIS Corpo principal Canal de Itajuru Pontas, pennsulas e espores Falsias e praias Ilhas, coroas e estreitos Descrio da orla Obras hidrulicas Batimetria Hidrodinmica Sedimentos Depsitos de conchas Obras de proteo costeira Obras de saneamento Obras de acostagem e dragagem Caractersticas fsicas e qumicas das guas Biodiversidade, cadeia alimentar e produtividade biolgica 37 37 39 41 43 44 44 55 55 57 59 59 62 62 63 63

BACIA HIDROGRFICA Superfcie e divisores de gua Sete municpios Clima Topografia Uso da terra e a vegetao Infra-estrutura e empreendimentos

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SNTESE INFORMATIVA Origem do nome Localizao e acessos Formao 1503: primeiro assentamento europeu Maiores transformaes Nmeros

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SUB-BACIAS Principais rios Hidrologia Usos da gua Qualidade das guas dos rios Vida qutica: rios e lagoas associadas

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IMPACTOS AMBIENTAIS Poluio por esgotos Diminuio da salinidade Reduo do espelho dgua Desorganizao do movimento das guas Lixo domstico e hospitalar Poluio por leo Menos peixes e camares

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75 75 77 82 84 88 90 90 90 93 96 99 99 100 101 101 102 103 103 104 107 108

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USOS DOS RECURSOS NATURAIS Pesca artesanal Extrao de sal Extrao de conchas Empresas Recreao, lazer e turismo Uso medicinal reas protegidas Empreendimentos relevantes

ATIVIDADES EM CURSO PARA RECUPERAO Aes recentes Consrcio Ambiental Lagos-So Joo Centro de pesquisa e especialistas Entidades pblicas

DIRETRIZES PARA GERENCIAMENTO Sistema de gerenciamento compartilhado Gerncia tcnica e administrador exclusivo Definio e zoneamento dos usos mltiplos Plano da bacia hidrogrfica Fortalecimento institucional do consrcio Fortalecimento institucional Cadastro e monitoramento ambiental Reduo da poluio Restaurao da lagoa de Araruama Uso turstico e gerao de renda Medidas emergenciais

109 110 112 113 114 114 116 117 118 118 123 124 129

SIGLAS

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BIBLIOGRAFIA

Composio do Consrcio Ambiental Lagos-So Joo

PROJETO PLANGUA SEMADS / GTZ

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Introduo Introduo

A lagoa de Araruama a maior laguna hipersalina em estado permanente do mundo. Ao lado dela, destacam-se pelo tamanho as lagunas de Coorong, na Austrlia; de Dawhat as Sayh, no golfo rabe; de Bardawill, na costa leste do Mediterrneo; de Madre do Texas e de Torrey Pines, nos EUA; de Madre de Tamaulipas e de Ojo de Liebre, no Mxico, e de Enriquillo, na Repblica Dominicana. A finalidade desta publicao disponibilizar ao pblico informaes atuais sobre a lagoa de Araruama, alm de propor diretrizes para sua recuperao e aproveitamento sustentado. Fruto de uma parceria entre o Consrcio Ambiental Lagos-So Joo e o Projeto Plangua Semads/GTZ de Cooperao Tcnica Brasil / Alemanha, a publicao se destina a suprir uma demanda identificada pelo Consrcio que, desde sua criao, tem sido freqentemente procurado por estudantes, profissionais da rea ambiental e pelo pblico em geral, em busca de informaes sobre a lagoa de Araruama. Nos ltimos vinte anos, capitaneado pela UFF, UFRJ e Instituto cqua ( Programa Prolagos ) e com a participao da Feema, IEAPM, INPH, CNA e Ferlagos, observou-se uma grande produo de conhecimentos cientficos sobre a lagoa e sua bacia hidrogrfica nas reas de hidrologia, geomorfologia, geologia, biologia, ecologia, geoqumica, geografia

urbana e aspectos scioeconmicos. Esta gama de dados tem contribudo sobremaneira para a compreenso dos ciclos e processos ecolgicos de funcionamento do ecossistema da lagoa de Araruama, assim como de seus usos e potencialidades econmicas. Contudo, as informaes encontram-se dispersas em teses de mestrado e doutorado, atas de congressos, relatrios oficiais e artigos de revistas cientficas, dificultando populao o acesso s mesmas. Desde o trabalho de sntese da engenheira Agrnoma Lzia Vanacr, publicado em 1987 no Boletim da Fundao Brasileira para a Conservao da Natureza, nenhuma publicao foi lanada com este escopo. A presente publicao procurou compilar e sistematizar em linguagem no especializada e de maneira sinttica, as principais caractersticas ambientais e scioeconmicas da lagoa de Araruama, obtidas a partir de exame da farta bibliografia tcnica, de inspees de campo e da colheita de informaes conseguidas oralmente com pescadores. Por no se tratar de um trabalho acadmico, mas de um guia introdutrio, evitou-se o uso de citaes bibliogrficas. Para aqueles que desejam se aprofundar no tema, o captulo final apresenta uma extensa relao de fontes bibliogrficas.

Os Autoresjaneiro/2002

Localizao da Lagoa de Araruama

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Lagoa de Araruama

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Fonte: Projeto Plangua Semads / GTZ

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sntese informativa

transformaes ansfor Histria e transfor maes desde 1503origem do nomeNo h consenso entre os especialistas sobre o significado da palavra Araruama. Adotou-se aqui o de Pedro Alcoforado que parece ser o mais adequado. Na obra O Tupi na Geografia Fluminense, o autor cita que, provavelmente, o nome original era Iriruama. As palavras iriru, ariru ou araru significam marisco ou concha. J iama ou uama indicam abundncia ou grande quantidade, da Iriruama, lugar ou lagoa com grande quantidade de mariscos. Por sua vez, o canal que liga a lagoa ao oceano, Itajuru, significa boca de pedra em tupiguarani. Araruama. O acesso lagoa a partir da capital pode ser feito de duas maneiras: pela BR-101, at Rio Bonito, e da pela RJ-124 ( Via Lagos ); ou pela RJ106 ( Rodovia Amaral Peixoto ), estrada litornea que tem incio em Niteri. A distncia da lagoa capital

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localizao e acessosA lagoa de Araruama situa-se no Estado do Rio de Janeiro, na Regio dos Lagos, entre as latitudes de 2250S e 2257 S e entre as longitudes de 4200 W e 4244 LAGOA DE Ararauama, em trecho da restinga de Massambaba W. Estende-se pelos municpios de Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, So Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Arraial do Cabo. de cerca de 120 km. Pode-se ainda chegar lagoa No que tange a sua localizao nas unidades por via area a partir da cidade do Rio de Janeiro, com territoriais de gesto ambiental estabelecidas pelo destino ao aeroporto de Cabo Frio. As cidades Decreto Estadual n 26.058, de 14/03/00, a lagoa de situadas na orla da lagoa eram ligadas a Niteri por Araruama insere-se na Macrorregio Ambiental 4. ferrovia, a Estrada de Ferro Maric, desativada em O mapa ao lado mostra a localizao da lagoa de 1962. janeiro/2002

Panorama geral da Lagoa de Araruama

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Fonte: Projeto Plangua Semads / GTZ

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formaoA lagoa de Araruama, na verdade uma laguna, um ecossistema relativamente recente, com idade estimada entre 5 e 7 mil anos, estando sua origem vinculada formao das restingas de Massambaba e de Cabo Frio. A explicao clssica sobre a formao da lagoa de Araruama foi formulada pela primeira vez pelo engenheiro de minas Alberto Ribeiro Lamego e publicada em 1938 no Boletim Geogrfico do IBGE. De acordo com a hiptese de Lamego, h milhares de anos a atual margem norte da lagoa era mar aberto, com reentrncias, salincias e praias pequenas. Algo semelhante costa da baia de Sepetiba, faltando, porm, os morros elevados que mergulham no mar. A lagoa surgiu quando a areia, arrastada pelas ondas e correntes martimas, formou as duas restingas, tendo a de Massambaba crescido a partir do morro de Nazar, situado em Saquarema, ampliando-se no sentido leste. O crescimento das restingas formou, inicialmente, uma baia pequena, que foi fechada em seqncia. Nos ltimos anos, a tese de Lamego foi contestada, a partir de observaes sobre o ngulo de incidncia das ondas na regio. O avano das pesquisas lideradas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ e Universidade Federal Fluminense UFF atestam que, na verdade, a lagoa foi formada por uma sucesso de eventos geolgicos complexos que se iniciaram h pelo menos 120 mil anos e se estenderam at 7 mil anos atrs. De acordo com a nova teoria, a lagoa resultado de uma ao combinada de construo das restingas com as oscilaes do nvel do mar, acima e abaixo do nvel atual, que aconteceram nos ltimos 100 mil at 5 mil anos atrs. Uma explicao detalhada do processo pode ser obtida no livro Environmental Geochemistry of Coastal Lagoon Systems of Rio de Janeiro, Brazil, publicado pela UFF em 1999.

de Noronha e, devido a desavenas, se divide. Vespcio segue com um par de naus e Gonalo Coelho com o restante da flotilha, ambos para percorrer a costa do Brasil. Vespcio chegou a Cabo Frio, provavelmente, em novembro de 1503 e a permaneceu por cinco meses. O local do desembarque tem sido aventado como a praia da Rama, atual dos Anjos, em Arraial do Cabo. Ergueu uma feitoria, constituda por casebres rsticos e roas protegidas por uma paliada de madeira e carregou os navios com pau-brasil. Este acampamento constitui o primeiro assentamento europeu no Brasil. Inaugurava-se assim o ciclo do paubrasil. Durante a de incio, estada em Cabo o crescimento das Frio, Vespcio restingas organizou uma expedio para formou uma baa explorar a regio. pequena Acompanhado de 30 homens, percorreu durante um ms cerca de 40 lguas ( 250 km ). Foi a primeira incurso de um europeu pelo interior do Brasil. Vespcio conheceu tribos indgenas nmades ( tamoios ), mas no encontrou metais. Muito provavelmente, a deu-se o primeiro encontro de um europeu com a lagoa de Araruama, pois obrigatoriamente ele teve que atravessar o canal de Itajuru. Em abril de 1504, Vespcio zarpou, chegando a Portugal no dia 18 de junho. Em Cabo Frio, foram deixados 24 homens com mantimentos para sobreviver por seis meses.

maiores transformaes

Infelizmente, no se dispe de mapas com preciso cartogrfica anteriores a 1870, poca em que se iniciou a implantao de salinas na orla da lagoa, mostrando seus contornos originais. O mapa mais antigo que a retrata em maiores detalhes a carta 1503: primeiro Baie de Guanabara et le Cap Frie produzida pelo cartgrafo francs Jacques de Vaulx de Clay, assentamento europeu publicado em 1574, cujo original encontra-se depositado na Biblioteca Nacional de Paris. Em 1929, Deve-se mencionar que o primeiro europeu a veio luz o primeiro mapa com alguma preciso conhecer a lagoa foi, provavelmente, o florentino cartogrfica da lagoa de Araruama, encartado na Amrico Vespcio. Ele partiu de Portugal no dia 10 de publicao A Indstria de Sal no Brasil. junho de 1503 comandando uma das naus da Ao que tudo indica, as maiores transformaes segunda expedio de Gonalo Coelho ao Brasil. Dois ocorreram no canal de Itajuru e nas enseadas do meses depois a frota depara com a ilha de Fernando Maracan, Palmeiras e Tucuns. O canal era uma janeiro/2002

Mapa da Lagoa de Araruama em 1929

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Lagoa de Araruama

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Escala da reduo:

5km

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Pluviosidade mdia anual na lagoa e na bacia hidrogrfica: entre 750 e 900mm. Evaporao mdia anual: entre 890 e 1.370mm Ventos: predomina o vento Nordeste Idade estimada da lagoa: entre 5 a 7 mil anos Superfcie da lagoa ( km ): 220 km Permetro da lagoa ( km ): 160 km at a ilha dos Anjos, excluindo-se o canal de Itajuru Volume da lagoa: 636 milhes de m Largura mxima da lagoa: 13 km, entre a praia de So Pedro e a rea urbana de Monte Alto Comprimento mximo da lagoa ( km ): Sem o canal de Itajuru: 37 km Com o canal de Itajuru: 39,7 km Extenso e largura do canal de Itajuru: 5,5 km, considerando seu incio na ilha dos Anjos e seu final da boca na boca da barra Profundidade mdia: de 2 a 3 metros, mas h locais onde atinge at 19 metros Salinidade mdia: em torno de 52 , que corresponde a uma vez e meia a do oceano Renovao da gua: lenta, a cada 84 dias so trocados 50% do volume da lagoa Mar: no canal de Itajuru e nas enseadas das Palmeiras e do Maracan. A partir do Boqueiro no tem mais influncia. Nmero de praias: 57 Nmero de ilhas: 10 Nmero de pontas: 28 reas urbanas na orla: cidades de Araruama, Iguaba Grande, So Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo e Cabo Frio e as localidades urbanas de Iguabinha, Praia Seca, Monte Alto e Figueira Usos da lagoa e margens: pesca artesanal de linha e rede para captura de peixes e camares coleta de invertebrados ( mariscos e caranguejos ) em manguezais extrao de conchas de Anamalocardia brasiliana atravs de dragagens extrao de sal nmeros turismo ( passeios de barco, marinas, bares e hotis na orla ) recreao, esporte e lazer ( banhos, esportes Apresenta-se a seguir uma sntese informativa sobre a nuticos, pesca amadora ) lagoa de Araruama e sua bacia hidrogrfica: navegao ( transporte de passageiros por pequenas embarcaes ) rea da Bacia Hidrogrfica: 404 km medicinal ( uso de lama ) Principais rios contribuintes: rios das Moas e Principais empreendimentos na orla: Cia. Nacional Mataruna de lcalis ( CNA ), Aeroporto de Cabo Frio, Volume mdio de gua doce despejado pelos rios: Adutora de Juturnaba ( Prolagos ), Refinaria 2,3 m3/s Nacional de Sal, Base Aeronaval de So Pedro da Populao estimada na Bacia: 260 mil habitantes Aldeia, rodovia RJ-106, Salinas e Ilhas Perynas na baixa temporada Resort ( em implantao ) janeiro/2002

sucesso de pequenas enseadas conectadas, sendo sua rea 50% maior do que hoje. A enseada do Maracan ganhou dois enormes conjuntos de marnis ( so estruturas largas e compridas, de pedra e terra que so erguidas no espelho dgua pelos sedimentos, isolando partes da lagoa ). A enseada das Palmeiras foi aterrada na parte norte por salinas e a de Tucuns foi retalhada por marnis. No restante da lagoa, as intervenes foram bem menores, destacando-se os aterros da marina da Flumitur, em Araruama, e os realizados para a construo da rodovia RJ-106, nos idos de 1940. Contudo, muitas praias, provavelmente, foram suprimidas pelas salinas. Alm disso, os marnis e outras estruturas devem ter provocado mudanas nas correntes internas da lagoa, o que pode ter acelerado a eroso em alguns trechos da orla e o assoreamento em outros. O estreitamento do canal de Itajuru reduziu a penetrao da mar, diminuindo a renovao da gua. A orla da lagoa muito dinmica e jamais foi estvel devido movimentao litornea de areia e outros materiais que as correntes produzidas pelas ondas fazem. Com respeito salinidade, ela sempre oscilou ano a ano consoante as chuvas, mas sempre se manteve alta. provvel que muitos manguezais tenham existido ao longo do canal de Itajuru e na foz dos principais cursos de gua da margem norte, estando extintos, hoje, a grande maioria. Por fim, cabe assinalar que o primeiro impacto sobre a lagoa de Araruama ocorreu nos idos de 1615, quando os portugueses obstruram a boca do canal de Itajuru para impedir a entrada de navios piratas que contrabandeavam o pau-brasil, provocando o assoreamento de parte do mesmo. Contudo, foi com o desenvolvimento das salinas, a partir de 1870 e em especial aps a Primeira Guerra Mundial, que tiveram incio as maiores transformaes na lagoa.

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Bacia Hidrogrfica da Lagoa de Araruama

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Fonte: Projeto Plangua Semads / GTZ

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bacia hidrogrfica

Sete municpios e o uso do solosuperfcie e divisores de guaconstitudos pela cadeia de dunas e pequenas elevaes arenosas.

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A bacia hidrogrfica da lagoa de Araruama abrange cerca de 404 km, dos quais, aproximadamente, 60 sete municpios km2 so de salinas e 6 km2 correspondem s lagoas situadas em sua periferia. Incluem-se nesta superfcie A bacia da lagoa de Araruama abrange o territrio de as reas das restingas de Massambaba e Cabo Frio, sete municpios, a saber: Rio Bonito, Saquarema, cujas drenagens fluem tambm para a lagoa. A bacia Araruama, Iguaba Grande, So Pedro da Aldeia, Cabo formada por um conjunto de 20 sub-bacias onde Frio e Arraial do Cabo. Nenhum deles est, somente dois rios so perenes, o das Moas e o integralmente, situado na bacia. Rio Bonito abrange Mataruna. rea muito pequena, localizada nas cabeceiras do rio A bacia da lagoa de Araruama limita-se, a Marimbondo, prximo localidade Oeste, com as bacias das lagoas de Latino Melo. de Jacarepi e Saquarema; ao Norte e Noroeste, com as bacias O mapa ao lado revela que o a bacia formada por um dos rios So Joo e Una e, a Leste, municpio que mais detm terras com a estreita faixa da restinga de situadas na bacia Araruama, conjunto de 20 subCabo Frio. Ao Sul, delimitada ocupando 35,5% da mesma, bacias onde somente dois pelas partes mais altas da restinga seguido de Saquarema com 21%. rios so perenes: das de Massambaba, onde parcela das Com respeito populao, nota-se Moas e Mataruna guas flui para a lagoa e a outra que o contingente atual ( Censo do ocorre diretamente para pequenas Ano 2000 ) dos sete municpios lagoas e brejos ou para o oceano. situados, parcial ou integralmente Os divisores de gua da bacia so pouco perceptveis na bacia, descontando Rio Bonito, de 334 mil na maior parte de sua extenso, pois esto em colinas habitantes. Contudo, o exame dos quadros a seguir e baixas, de topo arredondado, com altitudes que da distribuio das reas urbanas na bacia revela que oscilam entre 30 50 metros, raramente atingindo a populao que, efetivamente, reside na bacia 70m. Esta altitude superada somente nas serras do hidrogrfica menor, pois encontram-se fora da Palmital, Sapiatiba e Sapiatiba-Mirim e nos morros da mesma: a cidade de Saquarema e a localidade Boa Vista, dos Canelas, Milagres e Frade, onde os urbana de Bacax; a cidade de Arraial do Cabo; divisores tornam-se mais distinguveis. Na restinga de pequena parte da cidade de Cabo Frio; uma pequena Massambaba e Cabo Frio, os divisores situam-se em poro da rea rural do Municpio de Iguaba Grande e altitudes, via de regra, abaixo de 5 metros, sendo grandes reas rurais dos municpios de Araruama, janeiro/2002

Sub-bacias da bacia da Lagoa de Araruama

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Fonte: Projeto Plangua Semads / GTZ

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So Pedro da Aldeia e Cabo Frio. Assim, estima-se que populao fixa da bacia seja da ordem de 260 mil habitantes. A populao flutuante, segundo estimativa da Secretaria de Estado de Obras e Servios Pblicos feita na dcada passada, em mdia duas vezes e meia superior a populao residente, ocorrendo este acrscimo populacional nos meses de vero, feriados e fins de semana. Considerando esta realidade, a multiplicao do

contingente populacional acontece em 25% do perodo anual. Os quadros a seguir informam, respectivamente, a participao territorial dos municpios na bacia da lagoa de Araruama, a evoluo da mesma, desde 1940 at 2000, e os dados do ltimo Censo ( 2000 ). Dada a nfima participao territorial de Rio Bonito na bacia, foram descartadas as informaes sobre sua populao.

Participao territorial dos municpios na bacia hidrogrfica da lagoa de Araruama Data de rea total rea na bacia hidrogrfica Percentual Municpio instalao ( km ) Absoluta ( km ) Relativa ( % ) da bacia Saquarema 29/01/1861 354,7 86,00 24,25 21,00 Araruama 25/08/1859 633,8 148,00 23,35 35,50 Iguaba Grande 01/01/1997 36,1 18,00 49,85 4,50 So Pedro da Aldeia 01/02/1893 357,1 61,00 17,00 15,30 Arraial do Cabo 01/01/1986 157,8 43,00 27,25 12,00 Cabo Frio 15/08/1616 403 45,00 11,15 11,00 Rio Bonito 01/10/1846 462,1 3,00 0,70 0,70 100Fonte: Projeto Plangua Semads/GTZ 1 de acordo com a Fundano Cide 2 de acordo com o IBGE sinpse do Censo 2000

Evoluo da populao residente nos municpios que integram a bacia ( 1940-2000 ) Populao total Municpio 1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2000 Cabo Frio 8.816 9.750 16.646 29.297 50.239 76.311 101.398 126.894 Araruama 25.049 26.242 30.904 40.031 49.822 59.024 66.148 82.717 So Pedro da Aldeia 14.340 16.109 15.868 23.668 33.371 42.400 55.926 63.009 Saquarema 18.970 18.880 19.865 24.378 28.194 37.888 44.017 52.464 Arraial do Cabo 2.897 3.195 7.275 10.974 15.362 19.866 21.548 23.864 Iguaba Grande 2.877 4.153 4.131 8.074 9.221 15.052 2.877 3.528 Total 74.889 79.003 96.046 134.471 183.099 245.554 300.254 366.000Fonte: Fundao Cide e IBGE

Populao residente, em 2000, nos municpios que integram a bacia Valores absolutos Valores relativos ( % ) Municpio Urbana Urbana Total Total Na sede Total Total Na sede municipal municipal Cabo Frio 100 126.894 106.326 105.679 83,79 83,28 Araruama 100 82.717 74.992 62.156 90,66 75,14 So Pedro da Aldeia 63.009 51.932 51.932 100 82,42 82,42 Saquarema 100 52.464 50.427 21.839 96,12 41,63 Arraial do Cabo 100 23.864 23.864 23.864 100 100 Iguaba Grande 100 15.052 15.052 15.052 100 100 Total 364.000 322.593 280.522 Fonte: IBGE-Censo 2000

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climaEmbora pequena, a poro territorial abarcada pela bacia e pela lagoa de Araruama singular por dois motivos: primeiro, por se tratar da regio com a menor quantidade de chuvas do Estado, uma mancha seca encravada no mido litoral fluminense e, segundo, por apresentar dois tipos de clima, separados por uma

curta distncia: o da parte ocidental pode ser classificado como tropical, enquanto na parte oriental semi-rido. A mdia de chuvas em Arraial do Cabo baixa, da ordem de 750 mm/ano, enquanto em Iguaba eleva-se um pouco, conforme mostra o quadro a seguir. Observa-se que a evaporao maior que a precipitao, o que gera um dficit hdrico na maior parte da bacia. A razo de aridez climtica tem sido

Dados climticos da regio da lagoa de Araruama Arraial do Cabo Iguaba Grtande Variveis Temperatura mdia ( C ) Vero 26,4 25,1 Inverno 21,5 21,4 Precipitao ( mm ) 898 751 Evaporao ( mm ) 1.372 894 Umidade relativa ( mm ) 82 82 Insolao ( h/ano ) 2.477 2.507

. .

Fonte: Barbiere ( 1975 ) citado por Lessa ( 1990 ) 1 anteriormente o posto meteorolgico chamava-se Cabo Frio e ficava no centro da cidade. Em 1970, foi relocado na beira da lagoa, em Arraial do Cabo, passando a se operado pela Companhia Nacional de lcalis

atribuda grande distncia entre a costa e as serras mais prximas, que surgem somente em Silva Jardim e Casimiro de Abreu, o que elimina as precipitaes causadas por efeito orogrfico. De fato, as escarpas da serra do Mar esto afastadas mais de 60 km da costa. Alguns cientistas apontam como causa a ressurgncia que ocorre na costa de Arraial do Cabo e Cabo Frio. Ressurgncia o processo pelo qual a gua fria de profundidade sobe superfcie. Outros citam que a ressurgncia e os ventos nordeste apenas acentuam o dficit hdrico. As maiores precipitaes ocorrem entre outubro e abril, atingindo um mnimo no bimestre julho e agosto. O vento de maior freqncia, mdia anual, o nordeste ( 37% ), predominando durante todo o ano com velocidades entre 4 a 6 m/s, podendo, freqentemente, chegar a 10 m/s. Sopra com maior fora nos meses de setembro a abril. Entre junho e agosto, principlamente, observam-se rajadas intensas e de curta durao do vento sudoeste e sudeste, com velocidade de 2 a 4 m/s. Calmarias so registradas em apenas 11% do tempo.

Fonte: Barbieri, 1984

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topografia

O relevo da bacia hidrogrfica representado por serras e morros isolados, colinas, baixadas e restingas. A paisagem predominante na bacia de colinas de topo arredondado com altitudes inferiores a 50m, raramente ultrapassando a 70m. Os pontos mais elevadas esto nas serras do Palmital, Sapiatiba e Sapiatiba-Mirim. A primeira, situada no extremo Oeste da bacia, estende-se por cerca de 9 km entre as localidades de Latino Melo ( Rio Bonito ) e Bacax ( Saquarema ). Apresenta suas cristas com altitudes entre 190m e 594m, sendo este o ponto culminante da bacia, conhecido como pico da Castelhana. Nas serras de Sapiatiba e Sapiatiba-Mirim, em So Pedro da Aldeia, os picos esto nas altitudes de 297m e 242m, respectivamente. Dentre os morros isolados que apresentam altitudes superiores a 70 metros, destacam-se os de Itatiquara ( 120m ), Juca Domingues ( 85m ), Boa Vista ( 167m ) e So Jorge ( 81m ), em Araruama; dos Canelas ( 92m ) e da Farinha ( na rea da UFF, com 75m ), em Iguaba Grande; dos Milagres ( 175m ) e do Frade ( 195m ), em So Pedro da Aldeia e do Telgrafo ou Gamboa ( 95m ), em Cabo Frio. As baixadas encontram-se nas reas marginais aos cursos de gua, sendo maiores nos vales dos rios das Moas, Mataruna, Cortio, Salgado, Iguaaba, Una e do crrego Piripiri. Na parte Sul da bacia, o relevo constitudo pela restinga de Massambaba, que tem 48 km de comprimento, apresentando cotas baixas, em geral menores que cinco metros e alguns campos de dunas que atingem 20 metros. A largura mxima da restinga de 3,5 km, medida entre a ponta do Anzol e a praia Seca, e a mnima de 500m, entre a enseada da Gaivota e o oceano. A restinga tem um relevo variado, apesar de sua aparente homogeneidade. Compe-se de duas faixas paralelas de areia, chamadas pelos gegrafos de cordo litorneo. Um dos cordes, o interno, mais prximo da lagoa, chegando, em alguns trechos, a fazer parte da orla. O outro alonga-se defronte ao mar aberto. O cordo mais interno tem altura mdia de 11 metros, largura entre 300 a 700m e acaba na base do esporo da ponta de Acara. J o externo, tem altura mdia de 6m e largura entre 100 e 200m, constituindo sua face Sul a praia de Massambaba. Espremidas entre os dois cordes, LAGOA Vermelha ( trecho ): suas guas so as mais salgadas do Estado encontram-se as lagoas Vermelha, janeiro/2002

Pitanguinha, Pernambuca e os brejos do PauFincado e Espinho. Observam-se tambm dois conjuntos de dunas. Um deles tem incio na localidade de Figueira estendendo-se at as proximidades de Arraial do Cabo, na retaguarda da praia Grande. O segundo campo de dunas, mais largo e com altura de at 25m, situa-se defronte a enseada do Rebolo. As ondas que atingem a restinga de Massambaba vm de sudeste e sudoeste. As alturas na arrebentao so em geral de 0,5m, atingido mais de 2m nas tempestades, que ocorrem, principalmente, em junho e julho. Em alguns momentos, predomina o transporte de areia pelas ondas, ao longo da praia de Massambaba, de leste para oeste. A parte Leste da praia de Massambaba parece estar perdendo areia, enquanto a Oeste est engordando. Na parte mais fina da restinga, a Leste, ocasionalmente, as ondas de tempestade ultrapassam o topo das dunas. A poro Leste representada pela restinga de Cabo Frio, que se estende por 8 km entre os morros de Arraial do Cabo e o canal de Itajuru, com largura mxima de 6km. Na restinga de Cabo Frio, assentam-se as cidades de Cabo Frio e Arraial do Cabo. Grande parte da restinga est ocupada por salinas da Cia. Nacional de lcalis, da empresa Perynas e da Refinaria Nacional de Sal. Um campo de dunas fixas e mveis, orientadas de nordeste para sudoeste, prolongam-se pela orla ocenica desde a praia de Forte at a do Pontal, em Arraial do Cabo. No meio deste campo est a maior delas, que mereceu a denominao de duna Dama Branca.

Relevo da restinga de Massambaba

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel

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Fonte: Corra, 1990. Parcialmente adaptado

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uso da terra e a vegetaoO uso do solo predominante na bacia so as pastagens, seguidas das reas urbanas e salinas. Registram-se ainda diminutos campos de cultivo de cana e remanescentes de vegetao nativa, compreendendo pequenas capoeiras de Mata Atlntica, situadas sobretudo nas serras do Palmital, Sapiatiba e Sapiatiba-Mirim; vegetao de restinga, nas restingas de Massambaba e Cabo Frio, e brejos, estes situados tanto na parte continental quanto nas restingas citadas. Alm destes, h um tipo peculiar de vegetao chamado de savana estpica, que ocorre nos morros e colinas de Iguaba Grande, So Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Arraial do Cabo. As florestas que cobriam a bacia eram ricas em pau-brasil, que foi intensamente explorado at sua quase exausto. Estas florestas foram derrubadas

para dar espao cana de acar, do caf, a laranjais e por ltimo pecuria. O botnico alemo E. Ule, ao percorrer a bacia em 1899, constatou que as florestas estavam muito destrudas, restando poucas capoeiras. Este o quadro atual na parte continental da bacia, completado por brejos de diversos tamanhos e por extensas reas urbanas. Contudo, em diversos trechos da bacia possvel verificar uma regenerao vigorosa da capoeira, indicando que, na ausncia de fogo, h grande possibilidade da mata se reerguer. Tal fato deve ter ocorrido por volta de 1920-1960, quando as fazendas da regio se dedicavam produo de carvo. Orlando Valverde percorreu a bacia em 1960 e relatou que haviam muitas capoeiras e capoeires. A savana estpica uma vegetao arbustiva com aparncia acinzentada e com muitos cactus, com alguns exemplares que ultrapassam quatro metros de altura. Adaptada aridez do clima e aos fortes ventos, seu melhor remanescente encontra-se na rea da UFF, em Iguaba Grande.

RESTINGA DOS Brejos

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reas protegidas da bacia da Lagoa de Araruama

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel

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Fonte: Consrcio Ambiental Lagos - So Joo

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reas protegidas situadas na bacia da lagoa de Araruama Denominao / subordinao Pblicas estaduais Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo / Ibama Parque das Dunas Reserva Ecolgica de Massambaba / Feema Reserva Ecolgica de Jacarepi / Feema rea de Proteo Ambiental de Massambaba / Feema rea de Proteo Ambiental da Serra da Sapiatiba reas tombadas Dunas de Cabo Frio e Arraial do Cabo / Inepac Lagoa de Araruama e demais lagoas e Faixa Marginal de ProteoFonte: Projeto Plangua Semads/GTZ 1 integra as Dunas do Per, Massambaba, Dama Branca e as situadas ao redor desta, na restinga de Cabo Frio 2 parcialmente situada na bacia. A outra parte est na bacia do rio Una

rea ( ha ) 1.680 1.267 7.630 6.000

Atos legais

Municpio

Decreto de 1996 Lei 1.807, de 03/04/91 Dec. 9.529-A, de 15/12/86 Dec. 9.529-B, de 15/12/86 Dec. 9.529-C, de 15/12/86 Dec. 15.136, de 20/07/90 Resoluo 46/88, da Sec. de Estado de Cultura Constituio Estadual

Arraial do Cabo Dunas dos municpios litorneos Arraial do Cabo Saquarema Arraial do Cabo, Araruama e Saquarema So Pedro da Aldeia e Iguaba Grande Cabo Frio e Arraial do Cabo -

-

das empresas guas de Juturnaba e Prolagos, ambas com atuao no setor de abastecimento de gua e tratamento de esgoto; e as rodovias estaduais. A empresa guas de Juturnaba tem como rea de concesso os municpios de Saquarema e Araruama. A Prolagos atende os municpios de Iguaba Grande, So Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo ( somente gua ) e Cabo Frio. Ambas comearam a operar em 1998, substituindo a Companhia Estadual de guas e Esgotos Cedae. A adutora de Juturnaba foi construda em 1977. As caractersticas da infraestrutura de coleta e tratamento de esgotos na bacia, em 2001, resumida no quadro a seguir. Fora estes sistemas, verifica-se na bacia a presena de sistemas individuais ou coletivos de fossas spticas e filtro anaerbicos, seguidos, nem sempre, de sumidouros, ligados com freqncia s infra-estrutura e redes de guas pluviais. Nas reas de baixa renda, a situao se agrava e os efluentes so lanados empreendimentos diretamente na rede pluvial ou nas drenagens naturais. Alguns condomnios possuem estaes compactas de lodo ativado, que normalmente operam Os principais empreendimentos e obras de infrade modo incipiente. A empresa Prolagos j possui um estrutura situadas na bacia so: a Companhia Plano Diretor de Saneamento aprovado pela Agncia Nacional de lcalis, o Aeroporto de Cabo Frio, a Reguladora de Servios Pblicos Asep, com Refinaria Nacional de Sal, a Salinas Peryna, a Base investimentos totais previstos da ordem de R$ 160 Aero-Naval de So Pedro da Aldeia, as instalaes janeiro/2002 Alm destas, pode-se considerar tambm o Campo Experimental da UFF, situado em Iguaba Grande e So Pedro da Aldeia, como uma rea protegida. As lagoas de Araruama, Jacon Pequena, Vermelha, Pitanguinha, Pernambuca, bem como suas faixas marginais, brejos perifricos, manguezais e praias foram declaradas como de preservao permanente pelas leis orgnicas de Saquarema, Araruama, Cabo Frio, So Pedro da Aldeia e Arraial do Cabo. A Lei Orgnica do Municpio de Araruama estabeleceu ainda que so de preservao permanente as falsias fsseis e as encostas das colinas voltadas para a lagoa, localizadas s suas margens e a respectiva vegetao.

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Infra-estrutura de saneamento na bacia Municpio Araruama Infra-estrutura 21 km de rede coletora nas imediaes do bairro Mataruna Uma estao elevatria na rua Bernardo de Vasconcelos, com capacidade de 80l/s Linha de recalque de 3.550m, com dimetro de 300mm Uma ETE* do tipo lagoa de estabilizao com capacidade atual para cerca de 14.000 habitantes Uma ETE de lodos ativados com rede coletora no Centro 18 km de rede coletora no trecho entre a Base Area e o Centro Uma estao elevatria junto Rodoviria com capacidade de 40l/s Linha de recalque de 2.000m, com dimetro de 300mm Uma ETE do tipo lagoa de estabilizao com capacidade atual para cerca de 14.000 habitantes Uma ETE em construo do tipo lagoas aeradas com capacidade para 50.000 habitantes

So Pedro da Aldeia

Cabo Frio

Fonte: Consrcio Ambiental Lagos-So Joo * Estao de Tratamento de Esgotos

milhes, enquanto a guas de Juturnaba encontra-se na plataforma continental adjacente bacia, grandes investimentos vm sendo feitos para explorao de com o Plano em elaborao. Diversas rodovias estaduais cruzam a bacia. A petrleo, resultando em receitas considerveis para os municpios atravs dos royalties. RJ-106, que vem de Saquarema, atravessa quase Um importante empreendimento que se toda a bacia, contendo trechos muito prximos orla encontra desativado a Estrada de Ferro Maric, que da lagoa, sobretudo em Iguaba Grande. Em So muito contribuiu para a economia regional e o Pedro da Aldeia ruma para norte, passa pela Base transporte de passageiros. Sua bitola era de 1 metro e Aero-Naval e pouco depois abandona a bacia. tinha como ponto inicial a Estao de Neves, poca A RJ-124 ( Via Lagos ) parte de Rio Bonito e em Niteri, e final em Cabo Frio, com extenso de 158 atravessa a parte superior da bacia, terminando na km. Ao longo de sua trajetria, tinha 16 estaes: RJ-106, em So Pedro da Aldeia, bifurcando antes Neves, Sete Pontes, Raul Veiga, Ipiiba, Uirajaba, Ino, com um acesso para Araruama. operada pela Maric, Itapetei, Nilo Peanha de Maric, Sampaio empresa Concessionria da Rodovia dos Lagos, que Correia, Bacax, Ponte dos Leites, Araruama, Iguaba tem como integrantes as Construtoras Camargo Grande, So Pedro da Aldeia e Cabo Frio. A viagem Corra e a Andrade Gutierrez. A RJ-128 sai da Via Lagos, nas imediaes da localidade de Latino Melo, e durava, em mdia, 5 horas entre os pontos extremos. O incio da construo da ferrovia deu-se em 1887, se dirige a Bacax, cruzando o extremo oeste da com o aporte de capitais de empresrios e fazendeiros bacia, na regio das cabeceiras de formadores do rio da cidade de Maric. Em 1888, concluiu-se o primeiro das Moas. A RJ-138 inicia-se na cidade de trecho, entre Alcntara e Rio do Ouro, chegando a Araruama e segue em direo a sede distrital de So Maric somente em 1894. No Governo de Nilo Vicente de Paulo, cortando longitudinalmente a bacia. Peanha, a ferrovia foi levada at Iguaba Grande. A RJ-140 parte da RJ-106, em So Pedro da Aldeia, nas proximidades da Base Aero-Naval, segue paralela Tempos depois, assumiu a estrada uma empresa belga, que a repassou francesa Compagnie adutora de Juturnaba, cruza o canal de Itajuru e a rea Genrale aux Chemis du Fer. O Governo Federal, em urbana de Cabo Frio e termina na cidade de Arraial do 1933, encampou a estrada, que passou a integrar a Cabo. A RJ-132 uma estrada curta, que comea na RJ-106 e termina na RJ-102, estrada essa que percorre malha da Central do Brasil com o nome de Linha Auxiliar de Cabo Frio. Posteriormente, a estrada foi toda a restinga de Massambaba, atravessando as prolongada at Cabo Frio, sendo a estao localidades de Praia Seca, Figueira e Monte Alto. inaugurada em 11 de setembro de 1937. Em 10 de Passa em frente ao Aeroporto de Cabo Frio e termina na rea urbana da referida cidade. Releva mencionar janeiro de 1962, deu-se a desativao da ferrovia. que, janeiro/2002

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sub-bacias

Rios contribuintes e lagunas belas lagunasTodos os rios da bacia so bens ambientais de domnio do Estado do Rio de Janeiro, de acordo com a Constituio Federal. A bacia hidrogrfica da lagoa de Araruama pode ser dividida em 20 sub-bacias, como:

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Sub-bacias hidrogrficas Cdigo SB-1 SB-2 SB-3 SB-4 SB-5 SB-6 SB-7 SB-8 SB-9 SB-10 SB-11 SB-12 SB-13 SB-14 SB-15 SB-16 SB-17 SB-18 SB-19 SB-20 Sub-bacia Nome Lagoa de Jacon Pequena Rio do Congo Rio das Moas Areal Rio Maturana Hospcio Rio do Cortio Rio Salgado - Bananeiras Iguabinha Rio Iguaaba Costa do Sol Rio Ub Riacho do Cndido Balnerio Crrego Piripiri Trevo Canal do Mossor Base Naval Ponta Grossa Palmeiras Norte Margem Norte do canal de Itajuru Restinga de Cabo Frio Restinga de Massambaba Cursos dgua constituintes Valas e canais de interligao com a lagoa de Araruama Rio do Congo Rio das Moas Valas do Barreto e outros canais Rio Maturana e valas Rio do Cortio e valas Rio Salgado e valas Valas Rio Iguaaba Valas Rio Ub Riacho do Cndido e valas Crrego e valas Crrego Piripiri Valas Canal do Mossor, crregos e valas Valas Valas Valas de salinas, canais do Siqueira e Excelsior Valas de salinas que unem a lagoa de Araruama s lagoas Vermelha, Pitanguinha e Pernambuca rea ( km ) 9,80 5,60 94,00 9,30 55,10 12,30 24,20 5,90 10,20 8,40 7,70 6,80 10,30 3,80 5,10 21,70 5,00 10,90 45,50 52,40

Fonte: Projeto Plangua Semads / GTZ

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principais rios

Moas. O rio Bonsucesso seu principal afluente, nascendo na serra do Palmital com o nome de rio da Tbua. Tem como tributrio maior o rio da Represa, cujas nascentes encontram-se tambm na serra do Os principais cursos de gua que desembocam na Palmital, em altitudes superiores a 500 metros. lagoa so os rios das Moas, Mataruna, Salgado, O rio Mataruna possui um pequeno curso de Cortio, Iguaaba e Ub. Os nmeros entre 1,5 km de comprimento, iniciando-se aps a juno parnteses, no texto a seguir, indicam o comprimento dos rios do Limo e Buraco do Pau, que so seus do rio. formadores. A sub-bacia est integralmente inserida O rio das Moas formado pela confluncia dos rios dos Leites e Ibicuba, que se juntam prximo no Municpio de Araruama. Na ponte prxima foz, tem-se a falsa impresso de que o Mataruna um rio foz. Por este motivo, seu curso, com esse nome, tem com considervel volume de gua, j que no trecho apenas 2 km de comprimento. Desgua na enseada tem 36m de largura. Ocorre que as guas que se da Ponte dos Leites, no local chamado de Canto do vem na calha do rio so da lagoa de Araruama, que Rio. A sub-bacia abrange terras dos municpios de nele penetram vrios quilmetros para montante, Rio Bonito, Saquarema e Araruama. a maior subtornando-as salgadas e salobras, conforme se afasta bacia. O rio dos Leites tem como principal formador o da foz. Deste modo, o trecho do rio prximo rio Santana, que a montante da desembocadura do desembocadura um brao da lagoa de Araruama. O crrego Lagoa dAnta, muda de nome para rio rio do Limo, com 7,4 km, nasce em colinas baixas, Regam. O curso dgua constitudo pelos rios dos com altitudes da ordem de 50-55m. Seu principal Leites Santana Regam tem suas nascentes na tributrio o ribeiro dos Banqueiros ( 9,5 km ), que serra do Palmital, em altitudes da ordem de 300-350m e percorre cerca de 19 km at sua desembocadura no pela margem esquerda recebe o rio do Pinho e, pela margem oposta, os crregos Boa Vista e Oliveiras. O rio das Moas. Os principais afluentes so, pela rio Buraco do Pau ( 6,9 km ) tem suas cabeceiras no margem direita, os crregos das Rochas, do Fonseca morro de Itatiquara, em altitudes da ordem de 110m. e da Conceio e, pela margem esquerda, o crrego Seus afluentes so os crregos Almotacs, pela Querino Ferreira, o rio Marimbondo e os crregos do margem direita, e Juca Domingues, pela margem Matias, Barro Vermelho, lagoa dAnta e Itatiquara. esquerda. O rio Ibicuba nasce em colinas com cerca de O rio Salgado, antigamente conhecido como 65m de altitude, prximo e a oeste do morro do Ovdio. rio Parati, nasce no morro de So Jorge, em altitude Percorre cerca de 6,6 km at desembocar no rio das de 80-90m, e desgua na enseada de Parati aps um curso de 9,6 km. Tem como afluente, pela margem direita, o rio Guararu. O engenheiro Hildebrando de Ges, em relatrio da Comisso de Saneamento da Baixada Fluminense publicado em 1934, descreve que o rio Parati foi canalizado pelos salineiros, com curso de 5 km e largura mdia de 20m, drenando os campos da Fazenda Parati. O rio do Cortio, com 7,4 km de extenso, nasce no mesmo morro, na vertente norte-nordeste. A foz encontra-se na enseada do Parati, na praia do Barbudo. As sub-bacias dos rios Salgado e Cortio esto integralmente situadas no Municpio de Araruama. O rio Iguaaba, antigamente conhecido como rio Iguaba ( 4,3 km ), tem sua sub-bacia no Municpio de Iguaba Grande. Nasce em um morro com altitude MANGUE RIO das Moas de 80m e desgua na praia de Iguaba. At cerca de 1 km para montante a gua janeiro/2002

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salgada. Tem dois tributrios: pela margem direita, o canal Salgado ( 2,4 km ) e, pela margem esquerda, o rio dos Caranguejos ( 2,5 km ). O rio Ub tem suas cabeceiras nas serras de Sapiatiba e Sapiatiba-Mirim, em altitudes da ordem 200m. Flui por 6,4 km at desaguar na enseada de Iguaba. A sub-bacia situa-se nos municpios de Iguaba Grande e So Pedro da Aldeia. O rio do Congo, cuja sub-bacia situa-se no Municpio de Saquarema, nasce em uma colina com cerca de 50m de altitude. Sua foz est na enseada da Ponte dos Leites. A sub-bacia restinga de Massambaba constituda pelas lagoas de Jacon Pequena, Vermelha, Pitanguinha e Pernambuca, que so ligadas lagoa de Araruama por valas e canais escavados pelos salineiros, e tambm pelas valas que FOZ DO rio Mataruna, em Araruama drenam as localidades urbanas de Praia Seca, Figueira e Monte Alto, alm de salinas. A sub-bacia Restinga de Cabo Frio formada demais reas da bacia, cujo clima semi-rido; 2) as salinas funcionam mais como uma superfcie de por amplas superfcies de salinas conectadas com a evaporao ( espelho de gua ) do que como uma rea lagoa atravs de valas, pequenas reas de restinga e de drenagem; e 3) parte da gua captada na represa a rea urbana de Cabo Frio, onde se sobressaem os de Juturnaba pelas empresas de saneamento e canais do Siqueira e Excelsior. distribuda populao da bacia tem como destino final lagoa de Araruama, onde chega sob a forma de esgoto e guas servidas. Assim, alm das guas dos rios afluentes, a lagoa de Araruama recebe uma hidrologia quantidade adicional devido a transposio das guas do rio So Joo. Partindo destas premissas, os autores Estudos da UFF liderados por B. Kjerfve e Carlos calcularam, separadamente, o escoamento potencial Schettini apontam caractersticas hidrolgicas importantes sobre a bacia da lagoa de Araruama. So das sub-bacias sob regime tropical e semi-rido e elas: 1) as bacias dos rios Mataruna e das Moas, os admitiram que 50% das guas captadas na represa de Juturnaba chegam lagoa de Araruama, encontrando nicos que so perenes, esto sob regime tropical, ou os valores apresentados no quadro a seguir. seja, a precipitao maior que nas

Volume de gua doce que entra na lagoa de Araruama Regio Sub-bacias sob clima semi-rido Sub-bacias sob clima tropical Transposio de bacia Salinas TotalFonte: Schettini ( 1994 )

Vazo Mdia ( m/s ) 0,5 1,3 0,5 0,0 2,3

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Verifica-se que as guas resultantes da transposio da bacia ampliaram em 30% o volume mdio de gua doce que chega na lagoa. Apesar de pequeno, o fluxo derivado da transposio relativamente grande para o ecossistema e tende a aumentar conforme os servios de abastecimento de gua forem sendo melhorados ou

ampliados para atender ao crescimento da populao. No estudo de modelagem computacional da lagoa de Araruama realizados pela Coordenao de Ps-Graguao em Engenharia Coppe/UFRJ foram estimadas as vazes dos principais rios da bacia, expostas no quadro a seguir.

Vazes mdias dos principais rios Vazo Mdia das Moas Mataruna ( m/s ) 1,02 0,51Fonte: Schettini ( 1994 )

Rios Salgado 0,32

Ub 0,16

Congo Iguaaba 0,09 0,09

Sobre as vazes mximas, o quadro a seguir ilustra os resultados obtidos pelo estudo realizado pela Concessionria da Rodovia dos Lagos em 1997.

usos da gua

As guas dos rios e crregos afluentes da lagoa de Araruama so utilizadas Vazes mximas ( m/s ) estimadas na foz dos para dessedentao de animais principais cursos dgua domsticos e para irrigao de Tempo de recorrncia pequenas lavouras, sendo observados Curso alguns audes construdos para estas dgua 10 10 50 100 finalidades. So usadas tambm para abastecimento de algumas casas das Moas 271,97 417,74 481,61 334,53 dispersas no meio rural, visando suprir Maturana 131,40 201,83 232,69 161,63 as necessidades domsticas. Pequenas do Cortio 61,80 104,11 123,34 79,64 extraes de areia nos leitos dos rios Salgado 75,23 115,54 133,21 92,53 so registradas. Infelizmente, o maior Iguaaba 111,63 188,08 222,81 143,87 uso das guas a diluio de despejos Ub 33,05 55,68 65,96 42,59 sanitrios em face da precria infraFonte: Concessionria da Rodovia dos Lagos - Estudos e Impacto Ambiental da Ampliao da Rodovia RJ-124 ( 1997 ) estrutura de coleta e tratamento de esgoto. Com respeito recreao, alguns cursos de gua que descem da serra do Quanto ao regime, o perodo de cheia dos rios Palmital so utilizados para banho, mas somente no e crregos corresponde aos meses de vero. As perodo de maior precipitao. No h obras menores vazes ocorrem nos meses de inverno. O hidrulicas significativas nos rios da bacia, a no ser drstico desmatamento na bacia, provavelmente, pequenos audes. afetou negativamente as vazes dos rios nos meses de pouca chuva, devido a reduo da capacidade de armazenamento da gua no subsolo, processo este facilitado pelas razes das rvores. No h informaes sobre a carga de qualidade das sedimentos que os rios transportam para a lagoa. guas dos rios Suspeita-se que elas sejam baixas devido pequena vazo dos rios e topografia, relativamente, plana da bacia. As cargas maiores so, provavelmente, as dos rios Mataruna e das Moas. Ressalta-se que, embora Estudos da UFF comprovam que os rios e crregos reduzidos, os sedimentos fluviais podem constituir afluentes da lagoa so de qualidade ruim. Uma uma importante fonte de material para manuteno simples inspeo permite detectar que quase todos os das praias, ao serem movimentados e depositados cursos de gua encontram-se deteriorados. Sinais pelas correntes. eloqentes disso so a presena de odores janeiro/2002

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desagradveis, lodo escuro, pequena transparncia, lixo e excesso de plantas aquticas. Os estudos apontam ainda que, dentre os rios que drenam laguna, os rios das Moas e o Mataruna so as principais fontes de nutrientes da lagoa. O rio das Moas apresenta-se como um esturio com cunha salina bem definida, onde as guas salgadas avanam mais de 1 km da foz. No rio Maturana, ao contrrio do rio das Moas, a salinidade ao longo de sua calha descontnua, com vrios bolses de gua salina intercalados por massas de gua com menor salinidade. Na bacia hidrogrfica da lagoa de Araruama e em seu entorno, em especial na restinga de Massambaba, encontram-se as lagoas de Jacon Pequena, Vermelha, Pitanguinha, Pernambuca e Azul, esta situada prxima ao canal da Cia. Nacional de lcalis, alm dos brejos do Pau-Fincado, Espinho, Grande e do Mosquito. exceo das lagoas de Jacon Pequena e Azul, todas as demais encontramse situadas entre as duas faixas de areia que formam a restinga de Massambaba. Detalhes destes ecossistemas aquticos so mostrados nas figuras. Lagoa Pernambuca, em 1956

Lagoas Vermelha e Pitanguinha, em 1956

Lagoas Vermelha e Pitanguinha, em 1967

Lagoa Jacon Pequena, em 1956

Lagoa Azul, em 1966 Lagoa Pernambuca, em 1967

Brejos do Pau-Fincado, Espinho, Grande e Mosquito, em 1966

Fonte: IBGE, Carta de Araruama ( 1956 e 1967 ) e Carta de Cabo Frio ( 1966 )

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Caractersticas das lagoas e brejos da restinga de Massambaba Lagoa Ano rea Permetro Comprimento Largura Tipo de gua mxima ( km ) ( km ) ( km ) (m) Jacon Pequena 1956 0,59 3,33 1 800 doce ou ligeiramente salobra Vermelha 1962 2,5 10,88 4,3 750 salgada Pitanguinha 1956 0,55 3,5 1,5 750 salgada Pernambuca 1956 1,89 12,34 5 550 salgada Azul 1966 0,28 2,12 0,8 600 salgadaFonte: Projeto Plangua Semads / GTZ 1 dimenses calculadas a partir da Carta de Araruama do IBGE ( escala 1:50.000 ) elaborada a partir de aerofotografias de 1956 2 dimenses calculadas a partir da Carta de Cabo Frio do IBGE ( escala 1:50.000 ) elaborada a partir de aerofotografias de 1966

A lagoa de Jacon Pequena, inserida no Municpio de Saquarema, encontra-se em avanado processo de tornar-se um brejo, devido as valas de drenagem que a une lagoa de Araruama e ao rio do Congo. Em 1929, medies executadas pela Comisso de Saneamento da Baixada Fluminense indicavam que o nvel da lagoa estava 0,75m acima do nvel da lagoa de Araruama e 0,39m acima do nvel da Vermelha, que lhe vizinha.

A lagoa Pitanguinha, localizada no Municpio de Araruama, cercada por salinas em mais de dois teros de seu permetro, contendo marnis em seu interior que a segmentam em vrios pedaos.

A lagoa Vermelha, situada nos municpios de Araruama e Saquarema, a que tem as guas mais salgadas do Estado, em torno de 100. Seu nome deriva da formao de tapetes de cianobactrias ( algas cianofceas ) que assumem uma aparncia avermelhada. Encontra-se duplamente segmentada por marnis. Liga-se lagoa de Araruama atravs de uma vala por dentro das salinas. Ncleos residenciais prximos s margens so observados apenas nos extremos Oeste e Leste. A margem sul bem conservada.

LAGOA DE Jacon Pequena

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A lagoa Pernambuca, tambm em Araruama, tem formato alongado, sendo constituda por uma sria de pequenos bolses separados por pontas. No canto Leste, est um canal que a conecta com a lagoa de Araruama, com cerca de 300m, com sada na praia dos Nobres. A lagoa Pernambuca foi muito danificada pelas salinas que lhe ocupam a margem norte, cujos marnis a seccionam em trs partes desiguais. O marnel mais a Leste tem uma ponte que liga a margem Norte a uma salina abandonada em processo de loteamento, ao Sul. Os outros dois, h muito esto consolidados, mostrando inclusive rvores na parte emersa. Alm de salinas, a margem Norte vem sendo ocupada por residncias. J a margem Sul tem dunas e est melhor preservada. Os usos das lagoas Vermelha, Pernambuca e Pitanguinha so basicamente a extrao de sal, o banho e a manuteno da fauna e flora aquticas.

LAGOA Pernambuca

vida aqutica: rios e lagoas associadas

A lagoa Azul est situada em Arraial do Cabo, prxima ao canal da Cia. Nacional de lcalis, em rea de preservao desta empresa. Tem formato arredondado, sendo muito rasa. Seu espelho dgua diminui bastante no inverno. Encontra-se em bom estado, com margens preservadas contendo vegetao de restinga e sem nenhuma ocupao. Uma estrada de terra, de uso restrito, passa prximo a sua margem Leste. A lagoa Salgada e os brejos do Pau-Fincado e Espinho situam-se em Arraial do Cabo, no interior da Reserva Ecolgica de Massambaba. Os brejos do Mosquito e Grande se localizam na parte mais larga dos espores das pontas das Coroinhas e do Acara, respectivamente.

A vida aqutica dos rios que afluem lagoa de tamboats (Callichthys callichthys), acars Araruama, bem como dos brejos e lagoas associadas, (Geophagus brasiliensis) e uma espcie de banjo nunca foi objeto de estudos mais aprofundados. Os catfish (Dysichthys ihering), sem nome popular local e nicos registros de fauna dos rios provm de praticamente desconhecido quanto sua biologia. Nos amostragens pontuais, nas quais foram identificados brejos de gua doce, ocorre uma espcie de peixe pequenos lambaris (Astyanax sp., Hyphessobrycon anual (Nematolebias whitei ). Na lagoa Vermelha, a bifasciatus, H. reticulatus), sairus (Cyphocharax despeito da elevadssima salinidade, possvel avistar gilbert), barrigudinhos (Phalloceros caudimaculatus, mariscos (Anomalocardia brasiliana) e pequenos Poecilia vivipara), jundis (Rhamdia quelen), peixes. janeiro/2002

Compartimentos ambientais da Lagoa de Araruama

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Fonte: INPH, 1982

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caractersticas ambientais atuais

Estudos mostram mostram alterado ecossistema alteradoNa dcada de 80, estudos realizados por tcnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Hidrovirias INPH e do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira IEAPM, combinando caractersticas hidrolgicas, de qualidade da gua, dos sedimentos e, principalmente, de salinidade, revelaram que a lagoa de Araruama era formada por trs compartimentos ambientais, a saber:

4

. rea 1 das Palmeiras, desdedesua e Compreende o canal Itajuru a enseada aembocadura at o Baixo Grande, onde passa a adutora de Juturnaba e a ponte da RJ-140. As caractersticas fsico-qumicas so muito parecidas com a do mar.

. reaGrande e o Boqueiro, que entre o 2 Compreende a regio Baixocorresponde enseada do Maracan. enseada da Ponte dos Leites.

. reaEstende-se desdeaomaior poro daa 3 Compreende lagoa. Boqueiro at

FIGUEIRA: ocupao do solo

e alguns depsitos do Grupo Barreiras ) e de sedimentos aluviais, enquanto as margens sul e leste so predominantemente arenosas. A restinga de Cabo Frio estende-se por 8 km, entre o morro de corpo principal Arraial do Cabo at o canal de Itajuru, e possui 6 km de largura, fechando a lagoa pelo setor leste. Um A lagoa de Araruama constituda por um corpo estiro de 32 km da restinga de Massambaba fecha a principal, que a lagoa propriamente dita, e pelo canal lagoa pelo setor Sul. de Itajuru, que a liga ao oceano. Possui um volume O corpo principal da lagoa formado por com cerca de 636 milhes de m. A margem norte da segmentos justapostos em forma aproximada de lagoa de natureza rochosa ( rochas pr-cambrianas elipse, chamados de enseadas, que so separados janeiro/2002

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formado pelo acmulo de sedimentos lanados por este rio na lagoa. A prxima enseada a do Convento, limitada pelas pontas do Antunes e das Coroinhas. Nela tambm destaca-se um grande aterro, construdo pela Flumitur na dcada de 70 para ser uma marina pblica, projeto que no se concretizou. Na parte Norte seguem-se as enseadas de Parati, Iguabinha, Iguaba e de So Pedro da Aldeia e, na parte Sul, as de Tiririca ( Ing ou Aa ), Rebolo ( Acara ou das Coroinhas ), Figueira ( Gaivotas ou do Atalho ) e Tucuns ( Massambaba ou Martins ). Na enseada da Figueira, prximo ao Fundinho, est um marnel com cerca de 1 km, construdo dentro da lagoa. Isto ocorre tambm na enseada de Tucuns, onde oito marnis interligados perfazem pouco mais de 13 km, isolando a parte sul. Nesta enseada esto as maiores profundidades da lagoa, com uma fossa que atinge 19 metros ou mais. Entre as enseadas de Tucuns e do Maracan est um estreito conhecido como Boqueiro, que um notvel afunilamento da lagoa. Trata-se de uma passagem com menos de 400 metros de largura, situada entre as pontas da Areia, acidente geogrfico da pennsula de So Pedro da Aldeia, e dos Macacos, esta localizada na restinga de Cabo Frio. Nesta ponta est o morro dos Macacos, elevao isolada no meio de uma plancie de areia tomada por salinas. A enseada do Maracan tem uma parcela considervel de sua superfcie esquadrinhada por grandes marnis. A Leste da praia de Mossor, em So Pedro da Aldeia, um conjunto de seis marnis de salinas abandonadas atingem cerca de 5,6 MARNEL EM Figueira km de comprimento. Ao Sul, o saco de Perynas, praticamente, foi isolado por cerca de 10 marnis que, unidos, tm aproximadamente Apresenta um comprimento mximo de 37 km. 7,3 km. Neste local h tambm uma pista de pouso Da ilha do Anjo at a boca do canal de Itajuru so mais 2,7 km em linha reta. A largura mxima da lagoa aterrando parte do espelho dgua. Os marnis inutilizam um espao precioso da lagoa para pesca e de 13 km, entre a praia de So Pedro da Aldeia e a localidade de Monte Alto, na restinga de Massambaba. lazer. A ligao entre as enseadas do Maracan e De leste para oeste, a primeira enseada chama-se Ponte dos Leites, recebendo sua parte Sul das Palmeiras se d atravs de dois estreitos. O primeiro, natural, comea no Baixo Grande, local o nome de enseada da praia Seca. Muito rasa, situado junto a ponte da RJ-140, estendendo-se at a apresenta profundidades mximas em torno de 1,5m, ponta do Ambrsio ( estreito do Baixo Grande ). Muito tendo por limites as pontas do Anzol e das Cabras. assoreado no seu trecho inicial, so visveis os bancos Entre estas pontas h um vo pequeno ( estreito do de areia que impedem a navegao e dificultam a Anzol ) com menos de 1 km, bastante assoreado, que dificulta a passagem de embarcaes. Em frente a foz passagem dos cardumes. Sua largura foi reduzida por uma salina, hoje desativada, um marnel retangular do rio das Moas est um banco emerso de areia com janeiro/2002cerca de 900m de comprimento e pelo aterro dapor pontas, pennsulas ou espores de areia. A orla norte caracterizada pela presena de um grande nmero de reentrncias e salincias dos mais variados tamanhos, enquanto na orla Sul sucedem-se largas enseadas de contornos suaves, separadas por espores arenosos encurvados para oeste. Alguns pescadores chamam as enseadas de largo e a orla norte de costa de terra firme. A lagoa tem por limite Leste a entrada do canal de Itajuru, situada defronte a ilha do Anjo, aps a enseada das Palmeiras, e por limite Oeste a enseada da Ponte dos Leites. Sua superfcie de 220 km. O permetro da lagoa de Araruama perfaz aproximadamente 160 km ( medio feita por computador das cartas do IBGE, escala 1.50.000 ).

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rodovia RJ-140 que leva ponte, erguidos sobre o canal de itajuru espelho de gua. A ponte propriamente dita pequena. O aterro estrangulou a passagem do fluxo de gua da enseada das Palmeiras para a do A lagoa se comunica com o mar em sua extremidade Maracan e vice-versa, que flui somente pelos Leste, atravs do estreito e raso canal de Itajuru, cuja pequenos vos da ponte. A situao agravada pela embocadura encontra-se voltada para o Sul, entre presena da adutora da Prolagos na embocadura do pontes rochosos situados em Cabo Frio. O canal canal, com suas dezenas de pilares que favorecem o tem cerca de 5,5 km de comprimento e permetro assoreamento. A segunda passagem artificial, total de 14 km. A largura ao longo de seu trajeto sendo constituda pelo canal Palmer. varia entre 100 e 300 metros e as profundidades, A enseada das Palmeiras, a ltima da lagoa, medidas em 1985, oscilavam entre 0,5 e 2 metros, pequena e no passado perdeu uma rea considervel pelo aterro de salinas. A parte ao norte chamada de aumentando conforme se aproxima da boca da barra, onde atingia 5 metros. Por volta de 1934, estudos da saco da Sarita e ao Sul de saco de Marta Figueira. Comisso de Muito rasa, sua Saneamento da periferia ao Itajuru Detalhe do canal de Itajur u N Baixada norte quase Fluminense totalmente encontraram circundada por salinas profundidades desativadas, de at 2,7 metros que tudo indica, na regio do so aterros. A antigo porto. A Leste da figura a seguir enseada tem mostra algumas incio o canal sees do canal de Itajuru, entre de Itajuru, do a ilha do Anjo e canal Palmer e uma salina do canal que une abandonada na as enseadas do orla continental Maracan e das de Cabo Frio. Palmeiras. Ao Sul deste, O canal encontra-se o de Itajuru iniciasegundo se na segmento do extremidade da canal Palmer, ilha do Anjo, que une a logo aps a enseada ao enseada das canal de Itajuru. Palmeiras. O

Fonte: Projeto Plangua Semads / GTZ

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transversal ansver Itajuru, Perfil transversal de 4 sees do canal de Itajur u, do Palmer estreito Ponte canal Palmer e do estreito da Ponte

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Fonte: Lessa, 1990

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trecho inicial, entre a ilha e a margem Norte, bastante estreito. Defronte ilha est o mangue do Porto do Carro, o maior da lagoa. Depois da ilha, o canal alarga-se um pouco, faz uma curva suave e margeia a ilha da Draga. Entre esta ilha e a margem Norte surge uma enseada muito rasa, com fundo de lama repleto de lixo e com plantas de mangue em processo de crescimento. Aps a ilha da Draga, o canal segue sinuoso, descrevendo uma curva de 90 graus, sendo atravessado neste trecho pela ponte Feliciano Sodr. Passando a curva, o canal toma rumo nordeste, faz novamente uma curva suave de 90 graus e assume direo norte-sul at a desembocadura. Nas proximidades da barra o canal se alarga, sendo dividido ao meio pela ilha do Japons. A boca do canal estreita, com cerca de 80 metros, estvel e em uma posio pouco sujeita CANAL de Itajru, junto ponta do Ambrsio ao ataque frontal das ondas, o que dificulta a entrada de sedimentos empurrados pelas correntes e ondas marinhas. A boca frente a ilha do Japons detectaram profundidade de guarnecida, a Oeste, por uma pequena formao rochosa situada no final da praia do Forte, onde est o apenas 0,3m. A referida ilha o resultado do processo de assoreamento, sendo a parte emersa de Forte de So Mateus e, a Leste, por outra elevao um delta recente. rochosa, chamada de ponta da Lajinha. Ao longo de seu trajeto, o canal recebe diversos lanamentos de esgotos provenientes da rea urbana de Cabo Frio. Estudo de Guilherme Lessa, da UFRJ, atesta pontas, pennsulas que o canal de Itajuru era, originalmente, constitudo por uma sucesso de pequenas lagunas. O canal e espores vem sofrendo alteraes desde os princpios do sculo XVII. Por esta poca, navios portugueses e franceses com at 150 toneladas fundeavam nas Na margem Norte, h diversas pontas, em geral guas defronte a ilha do Japons, cuja profundidade rochosas, sendo que algumas terminam em curtas mnima na baixa-mar era, provavelmente, de 4 metros. projees de areia emersas. De leste para oeste, Em 1862, medies feitas no mesmo local indicaram contabilizam-se as pontas do Capim, Mathias, Anzol profundidade de 0,9m. Suspeita-se que a causa ( Outeiro ou Hospcio ), Pontinha ( ou ponta do Frei deste assoreamento tenha sido a obstruo da boca Joo ), da Pea, do Cemitrio, do Antunes, das da barra feita em 1615 pelos portugueses para Bananeiras, das Andorinhas, do Bico Preto, da dificultar a entrada de navios franceses que vinham se Farinha, da Madeira, dgua, do Cndido, Grossa, dos abastecer de pau-brasil. A obstruo diminuiu metade Cardeiros ( ou Faustina ), da Areia, do Maracan e do da barra da Gamboa e assim permaneceu por 250 Ambrsio. A mais notvel a pennsula de So Pedro anos at ser reconstituda por volta de 1880 pelo da Aldeia, que avana 6,5 km no interior da lagoa e Baro de Tef. Durante este tempo, a diminuio do separa as enseadas de So Pedro e do Maracan, volume de gua marinha que entrava pela barra na apresentando largura mxima de 800m. Encontra-se preamar reduziu o fluxo, acarretando o assoreamento. urbanizada em sua maior parte. Destaque tambm Posteriormente, sucessivos aterros foram para as pennsulas do Areal-Hospcio, com 2,5 km de realizados para instalao de salinas, loteamentos, comprimento, e da Pontinha, que se prolonga por 1,5 condomnios e clubes nuticos, reduzindo a superfcie km para dentro da lagoa. Ambas partem do continente do canal em 50%. Em 1985, sondagens feitas em com uma base alargada e tambm so urbanizadas janeiro/2002

reas do canal de Itajuru tomadas para urbanizao e salinas

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Fonte: Lessa, 1990

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na maior parte de suas superfcies. A orla Sul mostra uma das caracterstica mais marcantes da lagoa de Araruama: a presena de espores arenosos, tambm chamados de pontais ou spits, que se projetam para dentro da lagoa a partir das restingas de Massambaba e Cabo Frio. Os pescadores chamam de cordo ou coroa as partes submersas dos espores e os bancos de areia rasos. A ao combinada dos ventos e correntes circulares

faz com que os espores se desenvolvam de forma semelhante, encurvando-se para oeste. Todos tendem alcanar a ponta da margem oposta e alongarse obliquamente restinga. Na restinga de Massambaba, o primeiro esporo rombudo, tomado de salinas e em parte urbanizado ( localidade de Praia Seca ), apresentando as pontas das Marrecas, das Cabras e do Ing. O quadro abaixo resume a situao dos demais espores.

Esporo Ponta das Coroinhas Ponta das Acaras

Restinga de onde parte Massambaba Massambaba

Ponta da Massambaba Massambaba Ponta dos Macacos Cabo Frio Ponta do Costa ponte da RJ-106 Cabo Frio Cabo Frio

Caractersticas dos espores Comprimento Largura Ocupao ( km ) mxima 3,5 1 Urbanizado na base e com salinas na extremidade 5 4 Urbanizado na parte Leste prximo base e com salinas na extremidade Leste 6,5 3 Ocupado integralmente por salinas 2,5 1 Ocupado integralmente por salinas da Cia. Perynas. Tem um morro na extremidade 1,5 0,65 Ocupado integralmente por salinas na Refinaria Nacional de Sal 1,25 0,5 Ocupado por salina desativada

Fonte: Projeto Plangua Semads / GTZ

falsias e praiasAs falsias podem ser encontradas nas proximidades da foz do rio das Moas e nas pontas do Antunes, Bananeiras, Andorinhas, Bico Preto, dgua e na costa entre as pontas da Farinha e do Cndido. A lagoa possui 57 praias, relacionadas a seguir, por municpio. As praias em melhor estado natural so a do Rebolo, em Arraial do Cabo, seguida da praia Linda, situada na extremidade da pennsula de So Pedro da Aldeia, dentro de propriedade particular. As mais compridas so a do Sudoeste, que se estende da ponta dos Macacos at as proximidades do Aeroporto de Cabo Frio, a do Rebolo e a de Monte Alto. Outra curiosidade que h trs praias com o nome de Linda e duas chamadas de Sudoeste. janeiro/2002

PRAIA DA Baleia ( So Pedro da Aldeia ), tambm d nome associao de pescadores locais

44 Lagoa de Araruama

Municpio Saquarema Araruama

Nmero de praias 1 20

Praias da lagoa de Araruama Praias do Barreiro ( ou de Fora ) do Areal ( ou do Enjeitado ), do Hospcio, de Araruama, da Pontinha, do Clube Nutico, dos Amores ( ou da Cigarra ), do Coqueiral, do Barbudo ( ou do Ouvidor ), do Gavio ( ou do Novo Horizonte ou do Giz ), do Condomnio, das Bananeiras, do Lake View ( ou de Geispolis ), das Espumas, de Iguabinha ( ou do Per ), do Tom, Seca, do Ing, das Virtudes, dos Nobres e da Tiririca ( ou do Pneu * ) das Andorinhas, de Iguaba, do Sol *, do Ub e das Carapebas * das Carapebas *, Linda, do Balnerio, da Tereza, de So Pedro, da Pitria, do Arrasto ( da Miranda ), do Sol *, do Sudoeste, da Ponta dos Cordeiros, da Baleia, da Ponta da Areia, do Nordeste, Brava, dos Pescadores, de Mossor, do Maracan e Linda ( do Baixo Grande ) da Tiririca ( ou do Pneu * ), do Rebolo, de Figueira, de Monte Alto e do Sudoeste * do Sudeste *, do Siqueira, dos Coqueiros, do Portinho, do So Bento, da Ilha do Japons e da Barra

Iguaba Grande So Pedro da Aldeia

5 19

Arraial do Cabo Cabo Frio

5 7

Fonte: Projeto Plangua Semads/GTZ * praia que abrange mais de um municpio

iIlhas, coroas e estreitos

Na lagoa de Araruama esto cerca de dez ilhas naturais e artificiais, todas de tamanho reduzido, conforme mostra o quadro na pgina a seguir. H tambm uma pequena ilha, situada nas proximidades da Salina Libanesa, em Araruama, cujo nome no foi obtido. Luiz Palmier, em artigo escrito em 1948, cita as seguintes ilhas: Andorinhas, Ferreiros, Macacos, Pombos, Jos Leal e Ilhota. Com exceo de apenas uma ( Pombos ), nenhuma outra foi localizada em mapas oficiais. Citam-se os estreitos que so Extenso das orlas municipais passagens estreitas, ou canais entre enseadas , do Anzol, Boqueiro, Baixo Grande e da Valor absoluto Valor relativo Municpio Estacada como os mais notveis. ( km ) (%) Saquarema Araruama Iguaba Grande So Pedro da Aldeia Cabo Frio Arraial do Cabo Total janeiro/2002 3,20 38,60 7,50 39,40 23,00 48,30 160,00 2 24 4,5 25 14,5 30 100

conforme mostra o quadro abaixo. Observa-se que Arraial do Cabo o municpio com maior comprimento de orla, enquanto Saquarema o menor. As margens da lagoa de Araruama so predominantemente planas. Pequenas colinas isoladas junto orla norte podem ser vistas em algumas pontas. Somente em So Pedro da Aldeia aparecem de forma mais contnua ao longo da pennsula. Na lagoa de Araruama, observam-se os seguintes tipos de orla: praias e dunas; rochas; barrancos minsculos de terra; reentrncias de terra com faixas minsculas de areia; pedras em taludes de aterros; diques de tanques de salina; costa de

descrio da orlaSeis municpios detm o domnio sobre a orla,

Fonte: Projeto Plangua Semads/GTZ

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Ilhas da lagoa de Araruama Ilha Santa Rita Cndido Marques ou Caboclo Paulo Chico Marques do Bajuru das Pombas Palmer da Salina Conceio do Anjo ou da Estacada da Draga do Japons Localizao Defronte a praia de Iguaba Em frente a praia Linda Entre as praias Linda e do Balnerio Em frente a praia do Balnerio Prximo ao Boqueiro, na enseada do Maracan Enseada das Palmeiras Entre as enseadas do Maracan e das Palmeiras Na entrada do canal de Itajuru No canal de Itajuru No canal de Itajuru Caracterstica de Pedra, tem um oratrio dedicado Santa Rita de Cssia, instalado em 1917 e um atracadouro Plana Plana, unida ponta dgua por um istmo de areia Plana Pequena elevao Pequena elevao Ilha artificial, parcialmente ocupada por residncias ao longo do canal Palmer. O restante salina abandonada Ilha artificial, ocupada por um condomnio fechado e unida Cabo Frio por uma ponte Unida margem norte do canal. Ocupada por residncias, restaurante, mercado de peixes, estabelicimentos de apoio pesca e atracadouros Plana, com uma praia

Fonte: Projeto Plangua Semads/GTZ

concreto e mangues e banhados salgados. As praias condomnios ou de clubes nuticos. so, via de regra, estreitas e formadas por areias com Os manguezais remanescentes encontram-se pouco silte e quase ausncia de argilas, de cor branca no Porto do Carro, em Cabo Frio, e prximo foz do rio das Moas, em Araruama. Notam-se ainda e cinza claro, misturadas com conchas inteiras e algumas aglomeraes representadas por poucas trituradas. Na orla Norte, as praias tm maior teor de rvores atrs da ilha da Draga, na foz do canal argila e silte. Na orla Norte, por detrs da faixa de Excelsior, na orla Norte nas proximidade da ilha do areia, encontram-se por vezes campos em cujo solo Japons, na praia da Barreiro e na ponta de mistura-se uma proporo maior de terra seguida de Massambaba. Em alguns pontos, como na enseada areia e conchas. Na orla Sul, nas restingas, os atrs da ilha da Draga e na desembocadura do canal campos so arenosos. Excelsior, os mangues esto iniciando sua expanso Dunas aparecem na margem da restinga, por sobre a lama. A vegetao nativa predominante principalmente no incio da praia de Monte Alto e na na orla, retaguarda das praias, formada por praia do Rebolo. Costas rochosas naturais surgem campos de ervas ( Paspalum sp e Salicoria sp ) apenas na parte continental, quase nas pontas e tm tolerantes salinidade. Nas dunas, surge uma pequena expresso. A orla Norte tem trechos vegetao arbustiva de restinga, cujos pontas dos formados por minsculos barrancos de terra com menos de 20 centmetros. Em alguns locais que esto galhos, por vezes, encostam na gua. Na orla Norte, em poucos locais preservados, surge nos morros a sofrendo processos erosivos, a orla configurada por vegetao denominada de savana estpica. pequenas reentrncias que alternam terra e Poucas rvores nativas so encontradas junto minsculas faixas de areia. Nos aterros, a orla a orla. As mais comuns so a guaxima ou algodoeiroformada por pedras enfileiradas no talude. Onde h da-praia ( Hibiscus pernambucencis ) e a aroeira salinas, a orla constituda pelos diques dos tanques, ( Schinus terebintifolius ). Podem-se observar raros sendo estes formados por uma mistura de argila com ings-mirins ( Inga sp. ), como por exemplo, na praia areia e pedras. A costa de concreto ocorre em geral do Barbudo, e figueiras ( Ficus sp ) plantadas na praia onde h cais e obras de defesa costeira de janeiro/2002

46 Lagoa de Araruama

de Araruama e encontradas tambm em algumas praias da pennsula de So Pedro. As rvores predominantes na orla so todas exticas, destacando-se as casuarinas australianas, seguida pelas amendoeiras e coqueiros, descaracterizando a paisagem.

pelos diques dos tanques. A salina encontra-se desativada com sua parte central ocupada por residncia e lotes desocupados.

. do Sul da Salina Libanesa ponta das Marrecas Do sul da Salina Libanesa at a ponta das Marrecas, a orla formada, inicialmente, pela praia do Tom, com estreita faixa de areia ( 2 3m ), onde est o Condomnio Village do Sol. Segue um conjunto de pequenas reentrncias onde se alternam barrancos minsculos de terra com faixas reduzidas de areia, onde se observa um ntido processo de eroso.

. da foz do rio das Moas aoloteamento da Salina Libanesa A foz do rio das Moas mede cerca de 25 metros, sendo atravessada por uma ponte simples de concreto. Entre esta ponte e a da RJ-32, que leva praia Seca, localiza-se um pequeno manguezal. Os terrenos marginais, de ambos os lados da desembocadura, encontram-se ocupados por residncias. A orla constituda por minsculos barrancos de terra misturada com conchas e areia. Ao Sul da foz do rio das Moas at a salina Libanesa, a orla segue com o nome de praia do Barreiro ou da Farofa, passando a rodovia RJ-132 muito prximo orla. A praia tem uma faixa estreita de areia, com no mximo 2 3 metros. Entre a estrada e a praia est uma rea plana com vegetao rasteira de plantas nativas ( casuarinas ) e algumas rvores nativas de espcie no identificada. O campo abriga ainda trs quiosques. Na Salina

. da ponta das Marrecas ponta do Ing Entre estas pontas esto a praia Seca, a ponta das Cabras e a praia do Ing, cuja retaguarda ocupada por salinas.

. da ponta do Ing ponta das Coroinhas Entre a ponta do Ing e o canal que une as lagoas de Araruama e Pernambuca, est a praia dos Nobres, cujo trecho inicial conhecido por praia das Virtudes. Nesta praia um condomnio impede o trnsito de pessoas pela orla. A praia dos Nobres est situada na localidade urbana de Praia Seca. muito freqentada, dispondo de cerca de 19 quiosques. A faixa de areia alterna trechos finos e largos. Ao longo da praia, observamse diversas manilhas de gua pluvial que carreiam esgotos e interferem na movimentao litornea de sedimentos. A Leste do canal est a praia da Tiririca ou do Pneu, que se estende at a ponta das Coroinhas.

Libanesa, a orla formada

PONTA DAS Marrecas ( Arraial do Cabo )

janeiro/2002

47 Lagoa de Araruama

. da ponta das Coroinhas ponta de Acara Entre as pontas das Coroinhas e de Acara est a praia do Rebolo. A orla desta praia a mais bem conservada da lagoa, sendo pouco ocupada. A faixa de areia estreita, com muitas casuarinas. Dunas so encontradas na base do esporo da ponta de Acara. O trecho da parte oeste comea a ser ocupado pelo loteamento Villagio Valtellina.

. da ponta de Acara ponta de Massambaba O segmento inicial da orla ocupado por salinas. Da segue um loteamento localizado em salina desativada em processo inicial de ocupao, duas salinas e a rea urbana central de Figueira. A praia de Figueira comea na rea urbana, com faixa larga de areia que vai se estreitando para leste, conforme adentra a vila. Nesta, a praia tem vrios pontos de eroso e cerca de cinco espiges de concreto, que separam reduzidas faixas de areia. As casas fazem fundo com a lagoa. A rodovia RJ-102 passa muito prximo da lagoa, por sobre o topo da duna situada na margem. As guas que saem dos bueiros da estrada tm erodido a duna, lanando o material na lagoa. A praia volta a alargarse e segue pelo Clube da Aeronutica, que dispe de um atracadouro, contorna uma salincia arredondada da restinga, passa por uma salina e ingressa, novamente, na rea urbana de Figueira por um curto trecho. Em seqncia, a orla volta a ser de areia at a base do esporo, quando passa a ser ocupada por salinas que se estendem at a ponta de Massambaba. Diversas valas de esgoto podem ser observadas neste trecho.PONTA DE Acara ( Arraial de Cabo )

proximidades da base do esporo, sendo interrompida quase no final pelo Iate Clube Summer Beach, um loteamento em processo inicial de comercializao de lotes. Em seguida, a orla passa a fazer parte da rea urbana de Monte Alto. As residncias situam-se enfileiradas a 4 5 metros de distncia da orla, separada por uma rua de terra, provavelmente construda com aterro. A costa formada por uma sucesso de pequenas reentrncias de terra, pedras e minsculas faixas de areia separadas por marachas, apresentando diversos pontos de eroso e valas de esgoto. Saindo de Monte Alto at o canal, a praia segue bem preservada, com estreita faixa de areia e dunas pouco antes das salinas. A meio caminho fica a base de um grande marnel da Companhia Nacional de lcalis CNA, que sai perpendicular da praia e d passagem para um veculo. No ponto de encontro do marnel com a praia, a face Oeste est erodindo, enquanto a oposta est engordado. A praia termina nas salinas que se estendem at a entrada do canal da CNA.

. da ponta de Massambaba entrada do canal da CNA

. da entrada do canal da CNA ponta dos Macacos

Entre a entrada do canal da CNA e o Aeroporto de Neste trecho, est a praia de Monte Alto ou Tucuns. Cabo Frio, encontram-se duas salinas ativas. Da Inicialmente, a orla caracterizada por salinas at as janeiro/2002

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para o Norte, at a ponta dos Macacos, est a praia do Sudoeste. A longa praia tem curta faixa de areia disposta em reentrncias suaves, seguida a retaguarda de terrenos arenosos planos, com ervas e muitas casuarinas. A praia, por vezes, interrompida por canais de salinas. Em vrios locais, pequenas marachas e espiges de pedra, construdos em ngulo reto com a praia, contribuem para a eroso da mesma. No seu trecho final, situado nos terrenos das Salinas Perynas, est prevista a instalao da Ilhas Perynas Resort. A praia termina na ponta dos Macacos, onde est o morro de mesmo nome, de natureza rochosa, com vegetao de cactus colunares e arbustos.

. da ponta do Costa aocanal Palmer No incio, a partir da ponta do Costa, a orla constituda por diques de tanques de salinas at as proximidades da Universidade Veiga de Almeida, quando passa a ter um curto trecho de concreto que circunda o aterro. Segue a foz de um canal, uma salina desativada, em processo de aterramento para ser ocupada e, adiante, a praia do Siqueira. Esta praia tem faixa de areia larga, com coqueiros e vrios quiosques, sendo delimitada por calada e via urbana. Nela, desgua o canal do Siqueira, que lana elevadas cargas de esgotos. A praia termina no canal Palmer.

. do canal Palmer ao incio damargem Sul do canal de Itajuru Ambas as margens do primeiro trecho do canal Palmer so constitudas por taludes de concreto, podendo-se observar que alguns pedaos desabaram. A margem Norte ocupada por residncias com rampas para barcos entre segmentos de taludes de concreto. Na margem Sul, est uma via urbana. Segue a praia dos Coqueirais, com faixa de areia varivel entre 2 a 5 metros, em cuja retaguarda situam-se capinzal com casuarinas e palmeiras antigas, de porte elevado, e uma via de terra. O trecho final da praia, na foz do canal Excelsior, de lama, observando-se um incio de manguezal. Atrs, est uma salina desativada que se prolonga at o segundo trecho do canal VISTA PANORMICA da Refinaria Nacional de Sal Palmer. Este muito semelhante ao primeiro, com taludes de concreto e rampas para barcos. Na margem Norte, esto as residncias de um condomnio que ocupa toda a ilha do Anjo, enquanto ao Sul