12/09 ESPECIAL LINGUA PORTUGUESA Morfologia

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ST.JAMES ESPECIAL VESTIBULAR DATA: 12 DE SETEMBRO CONTEÚDO: MORFOLOGIA TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Uma campanha alegre, IX Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado: Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder, trocam o Poder... O Poder não sai duns certos grupos, como uma pela* que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos. Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no Poder, esses homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os outros que lá não estão — os corruptos, os esbanjadores da Fazenda, a ruína do País! Os outros, os que não estão no Poder, são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais — os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do País. Mas, coisa notável! — os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a ruína do País, durante o maior tempo possível! E os que não estão no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem — os verdadeiros liberais, e os interesses do País! Até que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da Fazenda e ruína do País; em tanto que os que caíram do Poder se resignam, cheios de fel e de tédio — a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do País. Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da Fazenda e ruína do País... Não há nenhum que não tenha sido demitido, ou obrigado a pedir a demissão, pelas acusações mais graves e pelas votações mais hostis... Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas — pela Imprensa, pela palavra dos oradores, pelas incriminações da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador... E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o País, neste caminho em que ele vai, feliz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, e num chouto** tão triunfante! (*) Pela: bola. (**) Chouto: trote miúdo. (Eça de Queirós. Obras. Porto: Lello & Irmão-Editores, [s.d.].) 1. (Unesp 2012) Assinale a alternativa cuja frase contém um numeral cardinal empregado como substantivo. a) Há muitos anos que a política em Portugal apresenta... b) Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder... c) ... os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar... d) ... são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos... e) ... aos quatro cantos de uma sala... TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Não interessa aqui discutir se cabe considerar a chegada dos europeus ao continente americano, em 1492, como descoberta, encontro ou o que seja: questão, no geral, mais esterilizante que produtiva. O fato é que, naquele ano, os europeus se deram conta da existência de uma porção vasta de terra 1 até então desconhecida e habitada por homens diferentes dos da Europa. O navegador Cristóvão Colombo (1451-1506), responsável por viabilizar tal encontro, achou que estava chegando no Oriente: com base nas medidas adotadas pelo astrônomo árabe do século 9, Abu al-Farghani, calculou mal o tamanho do grau, unidade na qual se dividia a esfera terrestre, e ainda errou ao converter a milha árabe para a milha italiana.

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ST.JAMES ESPECIAL VESTIBULAR DATA: 12 DE SETEMBRO CONTEÚDO: MORFOLOGIA

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Uma campanha alegre, IX

Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado:Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder,

trocam o Poder... O Poder não sai duns certos grupos, como uma pela* que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos.

Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no Poder, esses homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os outros que lá não estão — os corruptos, os esbanjadores da Fazenda, a ruína do País!

Os outros, os que não estão no Poder, são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais — os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do País.

Mas, coisa notável! — os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a ruína do País, durante o maior tempo possível! E os que não estão no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem — os verdadeiros liberais, e os interesses do País!

Até que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da Fazenda e ruína do País; em tanto que os que caíram do Poder se resignam, cheios de fel e de tédio — a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do País.

Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da Fazenda e ruína do País...

Não há nenhum que não tenha sido demitido, ou obrigado a pedir a demissão, pelas acusações mais graves e pelas votações mais hostis...

Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas — pela Imprensa, pela palavra dos oradores, pelas incriminações da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador...

E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o País, neste caminho em que ele vai, feliz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, e num chouto** tão triunfante!

(*) Pela: bola.(**) Chouto: trote miúdo.

(Eça de Queirós. Obras. Porto: Lello & Irmão-Editores, [s.d.].)

1. (Unesp 2012) Assinale a alternativa cuja frase contém um numeral cardinal empregado como substantivo. a) Há muitos anos que a política em Portugal apresenta... b) Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder... c) ... os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar... d) ... são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos... e) ... aos quatro cantos de uma sala...

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Não interessa aqui discutir se cabe considerar a chegada dos europeus ao continente americano, em 1492, como

descoberta, encontro ou o que seja: questão, no geral, mais esterilizante que produtiva. O fato é que, naquele ano, os europeus se deram conta da existência de uma porção vasta de terra 1até então desconhecida e habitada por homens diferentes dos da Europa. O navegador Cristóvão Colombo (1451-1506), responsável por viabilizar tal encontro, achou que estava chegando no Oriente: com base nas medidas adotadas pelo astrônomo árabe do século 9, Abu al-Farghani, calculou mal o tamanho do grau, unidade na qual se dividia a esfera terrestre, e ainda errou ao converter a milha árabe para a milha italiana.

O grego Ptolomeu (90-168) e toda a escola de Alexandria lhe teriam servido melhor, mas se calculasse bem, o genovês não teria chegado onde chegou. Mesmo porque a imaginação, encharcada de relatos sobre terras fantásticas e da obsessão por monstros, o guiava tanto ou mais que o conhecimento ‘científico’. Encontrar tais monstros era fundamental, com a tradição rezando que sua presença augurava riquezas. Foi grande o desapontamento de Colombo quando os naturais das ilhas do Caribe lhe disseram que nunca tinham visto 2tais seres. Conforme a realidade contradizia o que 3lhe ia pela cabeça, o navegador substituía elementos: na falta dos súditos do Grande Cã, levou para a Espanha os ‘índios’ de Hispaniola; em vez das sedas e dos brocados, exibiu aos reis católicos as máscaras estranhas e cintos feitos de osso de peixe; no lugar das presas de elefantes ou unicórnios, ostentou papagaios verdes. [...]

Ao longo do século 16, Colombo já morto, cresceu na Europa a consciência da magnitude das transformações provocadas por aquelas terras novas, ignoradas pelos autores antigos e capazes de mostrar quanta coisa escapara a 4sua sabedoria. O nome do Novo Mundo ainda flutuava, cada vez mais sendo identificado ao de outro navegador, o florentino Américo Vespúcio (1454-1512). Ao léxico faltava capacidade para exprimir tanta coisa nova e estranha, daí recorrer-se primeiro ao que era familiar e conhecido. As palavras não bastavam para um desesperançado Gonzalo de Oviedo descrever a plumagem brilhante dos pássaros americanos, nem para Jean de Léry contrastar o semblante dos tupinambás da costa brasílica, tão diferentes dos europeus: quem quisesse “desfrutar do prazer de 5os conhecer”, afirmou este, teria de “visitá-los no seu país”. Ao dedicar sua Historia General de Las Indias ao imperador Carlos V, em 1553, Francisco Gómara escreveu bombasticamente: “O maior acontecimento desde a criação do mundo (excluindo a encarnação e a morte d’Aquele que o criou) foi a descoberta da Índia”.

(SOUZA, Laura de Mello. Colombo, a América e o Conhecimento. Ciência Hoje, julho 2011, p. 83.)

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2. (Ufpr 2012) Assinale a alternativa que não relaciona de forma adequada a expressão grifada com a informação que essa expressão retoma. a) “até então” (ref.1) = ano de 1492. b) “sua sabedoria” (ref.4) = de Colombo. c) “tais seres” (ref.2) = monstros. d) “lhe ia pela cabeça” (ref.3) = Cristóvão Colombo. e) “os conhecer” (ref.5) = seres da costa brasílica.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o seguinte trecho de uma entrevista concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa:

Entrevistador: - O protagonismo do STF dos últimos tempos tem usurpado as funções do Congresso?Entrevistado: - Temos uma Constituição muito boa, mas excessivamente detalhista, com um número imenso de dispositivos e, por isso, suscetível a fomentar interpretações e toda sorte de litígios. Também temos um sistema de jurisdição constitucional, talvez único no mundo, com um rol enorme de agentes e instituições dotadas da prerrogativa ou de competência para trazer questões ao Supremo. É um leque considerável de interesses, de visões, que acaba causando a intervenção do STF nas mais diversas questões, nas mais diferentes áreas, inclusive dando margem a esse tipo de acusação. Nossas decisões não deveriam passar de duzentas, trezentas por ano. Hoje, são analisados cinquenta mil, sessenta mil processos. É uma insanidade.

Veja, 15/06/2011.

3. (Fuvest 2012) No trecho “dotadas da prerrogativa ou de competência”, a presença de artigo antes do primeiro substantivo e a sua ausência antes do segundo fazem que o sentido de cada um desses substantivos seja, respectivamente, a) figurado e próprio. b) abstrato e concreto. c) específico e genérico. d) técnico e comum. e) lato e estrito.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto de Antônio Prata a seguir.

O bem mais valioso de nossa época não é o diamante nem o petróleo: é o tempo. Obedecendo à lei da oferta e da procura, quanto mais escasso ele fica, mais caro nos é. A seca temporal é geral: eu não tenho tempo, você não tem tempo, o empresário Eike Batista não tem tempo, o cara que está vendendo bala no farol, em agônica marcha atlética para recolher os saquinhos dos retrovisores, antes que abra o sinal, também não tem.(...)Há quem diga que a culpa é da melhora das comunicações e, consequentemente, da maior agilidade no envio de dados. Com a informação viajando tão rápido, desaprendemos a arte da espera. Antigamente, aguardar era normal. Estávamos sempre esperando alguma coisa chegar. Uma carta, pelo correio. Um disco, do exterior. Uma foto, um texto ou um documento, via portador. Esses hiatos eram tidos como normais, uma brecha saudável, pausa para o café, a prosa, o devaneio, a conversa na janela, a morte da bezerra. Hoje, não. Tá tudo aqui, e, se não está, nos afligimos.(...)Enquanto não descobrimos a cura para este mal, a única saída é aprender a lidar com ele. Há que cercar com muros altos certas horas do relógio, para que nada as possa roubar de nós. Fazer diques de pedra em torno da hora de ficar com nosso amor, da hora de trabalhar no projeto pessoal, da hora do esporte, de ler um livro, encontrar um amigo. Mesmo assim, vira e mexe, vêm as obrigações, como um tsunami, ou os eventos sociais, como meteoros, e derrubam as barragens. Não há nada a fazer, senão reconstruir os muros, ainda mais fortes do que antes.

(http://antonioprata.folha.blog.uol.com.br. Adaptado.)

4. (Uftm 2012) Considere as frases do texto.

I. O bem mais valioso de nossa época não é o diamante nem o petróleo: é o tempo.II. Obedecendo à lei da oferta e da procura, quanto mais escasso ele fica, mais caro nos é.III. Há quem diga que a culpa é da melhora das comunicações e, consequentemente, da maior agilidade no envio de dados.IV. Há que cercar com muros altos certas horas do relógio, para que nada as possa roubar de nós.

Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta sobre as frases apresentadas. a) Em I, o termo destacado tem o mesmo sentido e a mesma função sintática que em: Hoje, o tempo pode ser considerado bem

mais valioso que o diamante ou o petróleo. b) Em II, os termos em destaque têm valor adversativo e estabelecem entre as orações uma relação de contraste. c) Em III, o termo consequentemente estabelece uma relação de causa e efeito entre as orações e pode ser substituído por

portanto. d) Em IV, o termo certas indica precisão e tem o mesmo sentido e a mesma função sintática que em: Este relógio sempre marcou

a hora certa, sem adiantar nem atrasar. e) Em IV, o termo para é empregado com o sentido de direção, destino, e tem significado equivalente na frase: Nossos pais

viajaram para a cidade de Maceió.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia uma passagem do livro A vírgula, do filólogo Celso Pedro Luft (1921-1995).

A vírgula no vestibular de português“Mas, esta, não é suficiente.”“Porque, as respostas, não satisfazem.”“E por isso, surgem as guerras.”“E muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”“Pois, o homem é um ser social.”“Muitos porém, se esquecem que...”“A sociedade deve pois, lutar pela justiça social.”Que é que você acha de quem virgula assim?Você vai dizer que não aprendeu nada de pontuação quem semeia assim as vírgulas. Nem poderá dizer outra coisa.Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu. O certo é que ele se formou no curso secundário. Lepidamente, sem maiores dificuldades. Mas a vírgula é um “objeto não identificado”, para ele.Para ele? Para eles. Para muitos eles, uma legião. Amanhã serão doutores, e a vírgula continuará sendo um objeto não identificado. Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos ultrapassam o vestíbulo... Com vírgula ou sem vírgula. Que a vírgula, convenhamos, até que é um obstáculo meio frágil, um risquinho. Objeto não identificado? Não, objeto invisível a olho nu. Pode passar despercebido até a muito olho de lince de examinador...— A vírgula, ora, direis, a vírgula...Mas é justamente essa miúda coisa, esse risquinho, que maior informação nos dá sobre as qualidades do ensino da língua escrita. Sobre o ensino do cerne mesmo da língua: a frase, sua estrutura, composição e decomposição.Da virgulação é que se pode depreender a consciência, o grau de consciência que tem, quem escreve, do pensamento e de sua expressão, do ir-e-vir do raciocínio, das hesitações, das interpenetrações de ideias, das sequências e interdependências, e, linguisticamente, da frase e sua constituição.As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do fraseado.Na minha carreira de professor, fiz muitos testes de pontuação. E sempre ficou clara a relação entre a maneira de pontuar e o grau de cociente intelectual.Conclusão que tirei: os exercícios de pontuação constituem um excelente treino para desenvolver a capacidade de raciocinar e construir frases lógicas e equilibradas.Quem ensina ou estuda a sintaxe — que é a teoria da frase (ou o “tratado da construção”, como diziam os gramáticos antigos) — forçosamente acaba na importância das pausas, cortes, incidências, nexos, etc., elementos que vão se espelhar na pontuação, quando a mensagem é escrita.Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas da frase. Pontuar bem é ter ordem, no pensar e na expressão.

5. (Unesp 2012) Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu. O certo é que ele se formou no curso secundário.As palavras colocadas em negrito, nesta passagem,

I. são pronomes pessoais.II. são pronomes pessoais do caso reto.III. apresentam no contexto o mesmo referente.IV. pertencem à terceira pessoa do singular.

As afirmações corretas estão contidas apenas em: a) I e II. b) II e III. c) I, II e III. d) I, III e IV. e) II, III e IV.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Quem nunca fotoxopou?

FALA-SE HOJE em Facebook, Google e iPhone com a mesma combinação de fascínio e terror que um dia já se falou de Motorola e Nokia. Tudo se move rápido demais no mundo digital, e são poucas as empresas que conseguem permanecer competitivas ao longo dos anos. Apesar de o Vale do Silício ter aquele ar hollywoodiano de terra de oportunidades, contam-se nos dedos empresas longevas como uma Adobe, uma Dell, uma Amazon.

Por ter grande mobilidade, a concentração de poder e influência no mundo digital surge tão rápido quanto desaparece, a ponto de ser cada vez mais difícil encontrar quem fique na liderança por uma mísera década. Na virada do século não havia Friendster, Myspace nem Orkut, o grande buscador era o Yahoo!, seguido pelo Lycos. E a internet móvel estava a cargo de empresas inovadoras como Palm e Kyocera.

O usuário de produtos digitais é cada vez mais volúvel e pragmático. Novos produtos e serviços podem até seduzi-lo com propaganda, design e preço. Mas a relação dificilmente será mantida se a marca não se renovar com a velocidade esperada, pouco importa sua fatia de mercado. Kodak e Sony que o digam. Mesmo que ainda sejam gigantescas, já não têm o apelo de outrora.

A melhor lição de empresas bem-sucedidas em relacionamentos de longo prazo é a do bom e velho Photoshop, vendendo saúde em seus 22 anos de idade e 12 plásticas (oops, versões). Como o Google, ele é sinônimo de categoria e verbo. Mas também é adjetivo, substantivo, pejorativo e indicativo de retoques fotográficos, mencionado com familiaridade até por quem não faça ideia de como ele funciona. Ao contrário do AutoCAD, que é oito anos mais velho, mas desconhecido fora de seu nicho, o Photoshop é unanimidade.

Folha de S. Paulo, 26/03/2012.

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6. (Insper 2012) Quanto às variações exploradas a partir do termo "Photoshop", é correto afirmar que a) o neologismo do título foi formado pelo mesmo processo que o termo "design", presente no texto. b) como adjetivo, o valor depreciativo do termo “fotoxopado” decorre exclusivamente do sufixo “-ado” agregado ao radical. c) as palavras formadas a partir do estrangeirismo “photoshop” constituem jargões restritos à área de informática. d) a grafia abrasileirada de “fotoxopou”, diferentemente de “hollywoodiano”, no 1.º parágrafo, é uma prova de que o software se

popularizou no mundo. e) apesar de não ter sido mencionado no texto, também seria possível transformar “Photoshop” em advérbio de modo:

“fotoxopalmente”.

7. (Uel 2011) A questão refere-se ao romance O outro pé da sereia, de Mia Couto.A crítica literária tem aproximado o moçambicano Mia Couto do brasileiro Guimarães Rosa, em particular pelo fato de ambos empregarem neologismos em suas obras.

No trecho “as mãos calosas, de enxadachim”, extraído do conto “Fatalidade”, de autoria do autor brasileiro, o neologismo “enxadachim” é construído pelo mesmo processo de formação de palavras utilizado pelo autor moçambicano para a criação de a) vitupérios. b) bebericava. c) tamanhoso. d) mudançarinos. e) malfadado.

8. (Enem 2ª aplicação 2010) O American Idol islâmico

Quem não gosta do Big Brother diz que os reality shows são programas vazios, sem cultura. No mundo árabe, esse problema já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“O Poeta dos Milhões”), líder de audiência no golfo pérsico, o prêmio vai para o melhor poeta. O programa, que é transmitido pela Abu Dhabi TV e tem 70 milhões de espectadores, é uma competição entre 48 poetas de 12 países árabes — em que o vencedor leva um prêmio de US$ 1,3 milhão.Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia. O BBB teve a polêmica dos “coloridos” (grupo em que todos os participantes eram homossexuais). E Millions’ Poet detonou uma discussão sobre os direitos da mulher no mundo árabe.

GARATTONI, B. O American Idol islâmico. SuperInteressante. Edição 278, maio 2010 (fragmento).

No trecho “Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia”, o termo destacado foi utilizado para estabelecer uma ligação com outro termo presente no texto, isto é, fazer referência ao a) vencedor, que é um poeta árabe. b) poeta, que mora na região da Arábia. c) mundo árabe, local em que há o programa. d) Brasil, lugar onde há o programa BBB. e) programa, que há no Brasil e na Arábia.

9. (Enem 2010) Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas.

LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no fragmento apresentado. Observando aspectos da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o texto, o conectivo mas expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto. a) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto. b) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase. c) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase. d) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor. e) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso.

10. (Enem 2010) O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar a área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área.No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0.

Disponível em: http://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado).

O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que a) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça. b) enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo. c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocorrência. d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado. e) por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um bloqueio.