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122 Vanilla palmarum Lindl. baunilha Ornamental Tabela 17 – Lista de espécies ameaçadas da Mata Atlântica Família Nome Científico Nome Vulgar Importância Econômica Moraceae Clarisia racemosa Ruiz. Et Pavon orticica da mata Madeireira Lecythidaceae Gustavia augusta Sapotaceae Micropholis gardneriana (DC) Warb. prejuí Madeireira Myristicaceae Virola gardineri (DC.) Warb. urucuba Madeireira Chrysobalanaceae Couepia rufa Ducke oiti coró Comestível

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Discussão e Conclusão

Dos grandes fragmentos de Mata Atlântica existentes em Pernambuco, a

reserva de Gurjaú ainda está entre as mais conservadas em relação à

vegetação e flora pernambucana. É grande o número de áreas com beleza

sênica do conjunto água, vegetação, flora e fauna, que precisam ser

conservadas para as gerações futuras.

A proteção da flora existente na área requer urgência, já que existe uma

comunidade habitando a área e retirando para o sustento os materiais da

floresta para uso na alimentação, construção de moradias, artesanato, etc. O

que concorre para a degradação do ecossistema ali existente.

Devido aos endemismos a alta ocorrência de espécies raras de árvores

(Micropholis gardneriana (DC) Warb, prejuí), arbustos (Psychotria sp.

possivelmente espécie nova) ervas ornamentais de grande porte (Costus sp.) e

ervas de valor medicinal incontestável precisam ser estudadas antes que se

acabem.

Por essas evidências, salienta-se a importância da preservação da área pela

biodiversidade sugerindo a criação de uma Unidade de Conservação para as

Matas de Gurjaú.

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Figura 37 - Heliconia psittacorum Sw.(paquevira) espécie abundante nas matas de Gurjaú. Abril de 2003.

Figura 38 – Centropogon cornutus (L) Druce observado na borda da Mata do Cuxió, Gurjaú, em abril de 2003.

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Figura 39– Cayaponia tayuya Cogn. (Cucurbitaceae) observada na Mata do Mané do Doce, Gurjaú, em abril de 2003.

Figura 40 – Calathaea sp (Marantaceae) observada na borda da Mata do Mané do Doce, Gurjaú, em abril de 2003.

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4.2.6 Ecologia da vegetação arbórea

Introdução

Por ser um ecossistema complexo, a floresta tropical sempre é um desafio para

a ciência florestal. O conhecimento desse recurso é uma necessidade, visto

que, a cada momento, intervenções sucessivas acontecem, sem a mínima

preocupação com a conservação desse recurso natural. O entendimento da

complexa dinâmica que envolve as florestas tropicais inicia-se pelo

levantamento da florística e fitossociologia. A identidade das espécies e o

comportamento das mesmas em comunidades florestais são o começo de todo

processo para a compreensão deste ecossistema. Com o conhecimento de

parâmetros básicos da vegetação, as técnicas de manejo surgem como uma

forma de conservação e preservação da diversidade das espécies e, até

mesmo de subsidiar a recuperação de fragmentos florestais, em processo de

degradação Marangon (1999).

Os trabalhos em florestas nativas, embora de importância crescente, sofrem

grandes limitações, motivadas pela falta de informações das espécies. Além do

desconhecimento das espécies existentes, se desconhece também os

fenômenos que ocorrem nas florestas ou em espécies isoladas, mesmo os

mais simples como floração, mudança foliar e frutificação.

Por outro lado, atualmente, uma má utilização do solo e da água e a forma de

utilização dos recursos florestais têm proporcionado sérios danos a esses

recursos, comprometendo seriamente a biodiversidade. No momento, a

cobertura vegetal da região Nordeste se apresenta muito fragmentada e em

mal estado de conservação, principalmente, as áreas, anteriormente ocupadas

por contínuos florestais. Esses remanescentes necessitam urgentemente de

pesquisas básicas, no sentido de subsidiar ações de conservação, preservação

e recuperação dessas áreas.

Desde o início da colonização do Estado de Pernambuco, a vegetação da mata

atlântica vem sendo explorada para diversos fins, o que causou a

descaracterização da paisagem natural e do clima regional, gerando perdas de

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biodiversidade local e alterações da dinâmica das populações e comunidades

vegetais e animais. Somente na última década tem crescido o interesse em

resgatar as informações sobre a vegetação de mata atlântica no Estado,

especialmente a florística e a fitossociologia (Ferraz et al. 2002). Desta forma, a

compreensão da dinâmica de sucessão e crescimento das florestas tendem a

contribuir para a utilização racional desses recursos, por meio de técnicas

adequadas de manejo. Segundo Rolim (1997), a discussão em torno da

sustentabilidade das florestas tropicais é de extrema importância para a

aplicação de técnicas de manejo. Nesse sentido, Jardim et al. (1993) afirmam

que os vários sistemas silviculturais aplicáveis ao manejo da floresta,

objetivando o rendimento sustentável, ainda exigem conhecimentos básicos

sobre a dinâmica de crescimento e recomposição da floresta nativa original,

para que possam ser aplicados com sucesso, sem comprometer a estabilidade,

a renovabilidade e a sustentabilidade desse recurso.

Lamprecht (1964), afirma que o estudo da estrutura da floresta secundária

produz análises importantes sobre a dinâmica e as tendências do

desenvolvimento futuro da floresta. Nesse sentido, os estudos fitossociológicos

se tornam imprescindíveis, pois estabelecem as bases para a dinâmica de

florestas naturais.

A fitossociologia envolve o estudo das interrelações de espécies vegetais

dentro de uma dada comunidade vegetal, no caso em questão, comunidades

vegetais arbóreas. Tal estudo se refere ao conhecimento quantitativo da

composição, estrutura, funcionamento, dinâmica, história, distribuição e

relações ambientais da comunidade vegetal.

A taxonomia vegetal, fitogeografia e as ciências florestais servem de base para

a fitossociologia que se apóia nessas áreas e possui estreitas relações com as

mesmas. Sendo assim pretende-se analisar o estado atual de conservação da

vegetação arbórea da reserva de Gurjaú.

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MATERIAL E METODOS

Levantamento Fitossociológico

Nas matas Mané do Doce, Cuxio, Passarinho e Prejuí foram lançadas um total

de 40 parcelas de 10 x 25 m (250 m²), distanciadas entre si 25 m. Em cada

mata, instalaram-se 10 parcelas sistematizadas no sentido do maior

comprimento da área de estudo. Nas parcelas foi mensurado e identificado

todo vegetal arbóreo, com circunferência à altura do peito (CAP) maior ou igual

a 15,0 cm, a 1,30 m do solo, conforme Marangon (1999).

PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS

Na análise fitossociológica foram usadas estimativas dos parâmetros da

estrutura horizontal que envolve a freqüência, a densidade e a dominância.

Tais parâmetros, quando reunidos em uma única expressão, determinam o

valor de importância e o valor de cobertura que proporcionará o conhecimento

da importância de cada espécie na comunidade florestal estudada. A

distribuição diamétrica foi analisada por meio da distribuição do número de

árvores por classes de diâmetro com intervalos de 5,0 cm, a partir de um CAP

(circunferência à altura do peito) mínimo de 15,0 cm, que equivale a um DAP

(diâmetro a altura do peito) de 4,77 cm.

Diversidade Florística

Para a análise da heterogeneidade, calcularam-se os índices de diversidade

de Shannon (H'), conforme Mueller-Dombois & EllenberG (1974).

Regeneração Natural

A regeneração natural das espécies será baseada na metodologia empregada

por Finol (1971) e modificada por Volpato (1994).

Nas unidades amostrais implantadas para o estudo fitossociológico foram

locadas sub-unidades de 5 m x 5 m (25 m²). A classe 1 contemplou indivíduos

com altura mínima de 1,0 a 2,0 m; a classe 2, com indivíduos de 2,0 m a 3,0 m

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e a classe 3, com indivíduos superiores a 3,0 m e CAP (circunferência à altura

do peito) menor que 15,0 cm. Para cada espécie foram estimados os

parâmetros: freqüência e densidade absoluta e relativa em cada classe de

altura pré estabelecida.

RESULTADOS

Mata Mané Do Doce

FITOSSOCIOLOGIA

Em uma área amostrada de 2500 m2 (0,25 ha), equivalente a 10 parcelas de 10

m x 25 m, foram encontrados 296 indivíduos arbóreos, com 18 indivíduos

mortos. A maior altura foi detectada em um indivíduo de Simarouba amara

(Simarubaceae) com 35 m e o maior diâmetro encontrado foi em um segundo

indivíduo da mesma espécie com 70,03 cm. Nesta mata foram amostradas 23

famílias, 49 gêneros, 55 espécies e um índice de diversidade de SHANNON e

WEAVER (H') 3,52 nats/espécies. Quando se estima o número de indivíduos

por hectare, que é de 1180 indivíduos, é um número baixo para Floresta

Atlântica. Ferraz (2002), em estudo realizado na zona da Mata Norte, município

de São Vicente Férrer, Pernambuco, encontrou 1521 indivíduos por hectare. Fica

evidente, e os dados irão mostrar isto, que a mata Mane do Doce sofreu um

corte seletivo bastante intenso nos últimos anos. Os parâmetros fitossociológicos

(Tabela 18) mostram a estrutura da mata com as espécies mais presentes na

área com ênfase em Densidade Relativa, Freqüência Relativa e Dominância

Relativa.

Tabela 18 – Parâmetros fitossociológicos da Mata Mané do Doce, onde DR = Densidade Relativa, FR = Freqüência Relativa, DOR = Dominância Relativa e VI = Valor de Importância

Nome científico DR(%) FR(%) DOR(%) VI

Simarouba amara 3,72 3,31 16,68 23,70 Annona glabra 9,46 6,62 4,84 20,92 Brosimum discolor 10,81 4,64 4,54 19,99 Caraipa densifolia 3,38 3,97 8,90 16,25 Diplotropis purpurea var. brasiliensis 2,36 1,99 11,12 15,48 Pogonophora schomburkiana 4,73 3,97 6,07 14,78

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Eschweilera ovata 4,73 3,31 3,54 11,58 Mabea occidentalis 4,39 3,31 3,15 10,85 Tapirira guianensis 3,72 2,65 3,86 10,22 Schefflera morototoni 2,03 2,65 3,93 8,61 Thyrsodium schomburgkianum 2,36 3,31 2,36 8,04 Brosimum conduru 2,70 2,65 2,37 7,72 Euphorbiaceae 1,35 1,99 2,95 6,29 Protium giganteum 2,70 2,65 0,87 6,23 Ocotea opifera 2,70 1,99 0,90 5,59 Dialium guianensis 1,69 2,65 1,05 5,39 Manilkara salzmanii 1,69 1,99 1,39 5,06 Maprounea guianensis 2,36 1,99 0,61 4,96 Guatteria schlechtendaliana 2,70 1,99 0,27 4,96 Pera ferruginea 0,68 1,32 2,52 4,52 Pourouma guianensis 1,69 1,99 0,61 4,28 Sttyphnodendron pulcherrimum 0,68 0,66 2,87 4,20 Psychotria sessilis 1,69 1,99 0,33 4,01 Macrosamanea pedicellaris 0,68 1,32 1,84 3,84 Aspidosperma discolor 1,01 1,99 0,66 3,66 Cupania racemosa 1,35 1,99 0,30 3,64 Bowdichia virgilioides 0,68 1,32 1,57 3,57 Lecythes pisonis 0,68 1,32 1,34 3,34 Himatanthus bracteatus 1,35 1,32 0,51 3,19 Myrcia fallax 1,01 1,99 0,11 3,11 Cecropia glaziovi 1,35 0,66 0,80 2,82 Trichilia silvatica 1,01 1,32 0,19 2,52 Psychotria cartaginensis 1,35 0,66 0,49 2,51 Rheedia gardineriana 1,01 1,32 0,15 2,49 Miconia albicans 0,68 1,32 0,34 2,34 Nectandra cuspidata 0,68 1,32 0,17 2,17 Pouteria grandiflora 0,68 1,32 0,17 2,17 Ocotea glomerata 0,68 1,32 0,14 2,14 Helicostylis tomentosa 0,68 1,32 0,11 2,11 Byrsonima sericea 0,34 0,66 0,35 1,35 Inga thibaudiana 0,34 0,66 0,24 1,24 bucho de viado 0,34 0,66 0,21 1,21 Virola gardneri 0,34 0,66 0,04 1,04 Casearia arborea 0,34 0,66 0,03 1,03 Peltophorum dubium 0,34 0,66 0,03 1,03 Sorocea hilarii 0,34 0,66 0,03 1,03 Amaioua guianensis 0,34 0,66 0,02 1,02 Guapira oposita 0,34 0,66 0,02 1,02 Psychotria martiana 0,34 0,66 0,02 1,02

As espécies de maior VI (Valor de Importância) foram: Simarouba amara,

Annona glabra, Brosimum discolor, Caraipa densifolia, Diplotropis purpurea var.

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brasiliensis, Pogonophora schomburkiana, Eschweilera ovata, Mabea

occidentalis, Tapirira guianensis e Schefflera morototoni. Em relação ao total de

espécies amostradas, as famílias mais presentes foram Euphorbiaceae e

Moraceae, com 9,09 % cada. Leguminosae Mimosoideae, com 7,27 %,

Lauraceae e Rubiaceae, com 5,45 % cada. Anacardiaceae, Annonaceae,

Apocynaceae, Lecythidaceae, Leguminosae Caesalpinioideae e Leguminosae

Papilionoideae, com 3,63 % cada.

DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA

Quando se analisa a distribuição diamétrica (Figura 40) na Mata Mané do

Doce, verifica-se, na primeira classe de diâmetro (0,0 – 5,0 cm) 13 indivíduos.

Na segunda classe (5,1 – 10, 0 cm) há um aumento expressivo no número de

indivíduos que sobe para 115. Nas classes subseqüentes ocorre uma queda

gradativa até a ultima Classe, que é a décima quinta (15). No caso das

primeiras classes, devido ao fato de existir um corte seletivo na área, há uma

regeneração natural nas clareiras, provocada pelas derrubadas, que vem

recompondo a mata. Esta dinâmica ocorre em função da ação antrópica na

área que induz a distribuição diamétrica na forma de “J” invertido, o que é

esperado para uma floresta ineqüiânea secundária.

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Mata Mané do Doce

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Classes de diâmetro

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Figura 41– Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos da Mata Mané do Doce em Classes de diâmetros com intervalo entre classes de 5,0 cm.

Da quarta classe (15,1 – 20,0 cm) até a oitava (35,1 – 40,0 cm) há uma

tendência das espécies se distribuírem de forma mais balanceada na

comunidade florestal ali instalada. Nestas classes, as espécies predominantes

são as secundárias iniciais e tardias, apesar da distribuição diamétrica

caracterizar um estágio de sucessão ainda inicial. Este comportamento prova

mais uma vez que o corte seletivo vem provocando este comportamento na

comunidade. As demais classes apresentam indivíduos remanescentes que

sobreviveram aos cortes seletivos e se destacam em relação à comunidade

como um todo (Figura 41). Indivíduos de Diplotropis purpúrea var.brasiliensia

60,80 cm de DAP, Caraipa densifolia, com 64,94 cm de DAP e Simaruba

amara com 70,03 cm de DAP caracterizam bem estes remanescentes na Mata

Mané do Doce.

A presença de espécies com declínio no número de indivíduos nas classes

diamétricas de valores intermediários e mais altos pode estar comprometida na

evolução dos estágios sucessionais, visto que, nesse caso, pode não estar

sendo eficiente o seu processo de regeneração ou, até mesmo, por se tratarem

de espécies pioneiras, que em condições normais não toleram competição e à

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medida que os diâmetros vão aumentando essas espécies vão desaparecendo.

Por outro lado, a presença de espécie em várias classes de diâmetros,

apresentando uma distribuição mais uniforme, tendendo a um balanceamento,

neste caso indica um estágio sucessional mais avançado com estratos melhores

definidos. A presença das espécies que compõem estes estratos, nas três

classes de alturas em regeneração indica a garantia das mesmas na tipologia

florestal da área estudada.

REGENERAÇÃO NATURAL

Nas dez sub-parcelas amostradas encontraram-se 205 indivíduos,

pertencentes a 27 famílias, e 38 espécies no levantamento da regeneração

natural da Mata Mané do Doce. As estimativas dos parâmetros

fitossociológicos da regeneração natural encontram-se na Tabela 19 a seguir.

Tabela 19 – Parâmetros fitossociológicos de regeneração natural da Mata Mané do Doce, onde DR = Densidade Relativa, FR = Freqüência Relativa , DOR = Dominância Relativa e VI = Valor de.Importância.

Nome científico DR(%) FR(%) DOR(%) VI

Annona glabra 18,14 8,60 13,79 40,53 Protium giganteum 8,82 6,45 23,82 39,10 Pogonophora schomburkiana 4,41 5,38 22,96 32,75 Nectandra cuspidata 8,82 4,30 6,49 19,61

Eschweilera ovata 5,88 5,38 4,36 15,62 Siparuna guianensis 4,41 3,23 3,80 11,44 Gratteria schlechtendaliana 5,88 2,15 2,78 10,82 Brosimum discolor 3,92 4,30 2,57 10,79 Brosimum conduru 4,41 5,38 0,76 10,55 Myrcia rostrata 2,94 5,38 0,61 8,93 Miconia albicans 1,96 4,30 2,01 8,27 Maprounea guianensis 2,45 2,15 1,85 6,45 Caraipa densifolia 2,45 2,15 1,22 5,83 Pouteria grandiflora 1,47 3,23 0,86 5,56 Psychotria sessilis 2,45 2,15 0,91 5,51 Cordia nodosa 1,47 3,23 0,26 4,96 Campomanesia xanthocarpa 1,47 3,23 0,23 4,93 Mabea occidentalis 1,96 2,15 0,50 4,61 Sorocea hilarii 1,47 2,15 0,66 4,28 Rheedia gardneriana 1,47 2,15 0,51 4,14 Ficus gomeleira 1,96 1,08 1,08 4,11 Simarouba amara 0,98 2,15 0,86 3,99

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Dialium guianensis 0,98 1,08 1,72 3,78 Indeterminada 0,98 2,15 0,33 3,46 Eugenia sp 0,98 2,15 0,18 3,31 Cestrum megalophyllum 1,47 1,08 0,34 2,89 Manilkara salzmanii 0,49 1,08 1,19 2,76 Pourouma guianensis 0,49 1,08 1,19 2,76 Trichilia silvatica 0,98 1,08 0,66 2,72 Pera ferruginea 0,49 1,08 0,53 2,10 Thyrsodium schomburgkianum 0,49 1,08 0,38 1,95 Ocotea opifera 0,49 1,08 0,13 1,70 Allophylus sericeus 0,49 1,08 0,13 1,70 Agonandra sp 0,49 1,08 0,08 1,65 Casearia arbórea 0,49 1,08 0,06 1,63 Erythroxylum squamatum 0,49 1,08 0,06 1,63 Swartza pickelii 0,49 1,08 0,05 1,61 Aspidosperma discolor 0,49 1,08 0,03 1,60

As dez espécies mais presentes na regeneração natural que mais se

destacaram em todos os parâmetros fitossociológicos estudados foram:

Annona glabra, Protium giganteum, Pogonophora schomburkiana, Eschweilera

ovata, Siparuna guianensis, Gratteria schlechtendaliana, Brosimum discolor,

Brosimum conduru, Myrcia rostrata e Miconia albicans.

Ao se comparar com as adultas, verifica-se que a maioria encontrada na

regeneração possui representantes desenvolvendo-se normalmente na Mata

Mané do Doce. Analisando a composição da vegetação arbórea da Mata Mané

do Doce verifica-se que as espécies com grande número de indivíduos nas

classes menores de diâmetro tendem a estar presentes na floresta futura

daquele local. Essa afirmativa é constatada quando se observam na

regeneração os resultados e se verifica a presença dessas espécies em

destaque no povoamento. Fica evidente, no entanto, que a Mata Mané do Doce

está desenvolvendo seu processo sucessional de forma eficiente e garantindo

a fitofisionomia da região, ou seja, a Floresta Ombrófila Densa de Encosta.

Citiadini-Zanette (1995), afirma que as espécies que ocorrem em todas as

classes de altura teoricamente possuiriam maior potencial para participar da

composição futura da floresta, ou seja, são as que melhor conseguem

estabelecer-se na floresta futura.

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O destaque fica para Annona glabra, com 38 indivíduos. É uma espécie

secundária inicial, que normalmente possui altura média de 12 m e diâmetro

em torno de no máximo 25,0 cm. Essa espécie é seguida por Protim giganteum

com 18 indivíduos amostrados. É também uma espécie secundária inicial cujas

dimensões estão próximas da Annona glabra.

Mata do Cuxio

FITOSSOCIOLOGIA

Em uma área amostrada de 2500 m2 (0,25 ha), equivalente a 10 parcelas de 10

m x 25 m, foram encontrados 274 indivíduos arbóreos, com 13 indivíduos

mortos. A maior altura foi detectada em indivíduos de Esclerolobium

densifolium e Parkia pendula, ambas com 35 m, os maiores diâmetros

encontrados foram das espécies citadas, com respectivamente 72,75 cm e

80,85 cm. Foram amostradas 22 famílias, 44 gêneros, 50 espécies e um índice

de diversidade de SHANNON e WEAVER (H') 3,50 nats/espécies. O número

de indivíduos estimado por hectare é de 1096. Resultado muito próximo da

Mata do Mané do Doce com 1180 indivíduos. Os parâmetros fitossociológicos

(Tabela 20) mostram a estrutura da mata com as espécies mais presentes na

área com ênfase em Densidade Relativa, Freqüência Relativa e Dominância

Relativa.

As espécies de maior VI (Valor de Importância) foram: Caraipa densifolia,

Manilkara salzmanii, Diplotropis purpurea var. brasiliensis, Euphorbiaceae,

Brosimum discolor, Annona salzmanii, Protium heptaphyllum, Thyrsodium

schomburgkianum, Pogonophora schomburkiana e Parkia pendula estas

espécies são as de maior destaque na Mata do Cuxio. Em relação ao total de

espécies amostradas, as famílias mais presentes foram Euphorbiaceae com

9,09 %, Lauraceae e Myrtaceae com 5,45 % cada, Anacardiaceae,

Apocynaceae, Burseraceae, Lecythidaceae, Leguminosae Caesalpinioideae,

Moraceae, Rubiaceae e Sapotaceae com 3,63 % cada.

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136

Tabela 20 – Parâmetros fitossociológicos da Mata do Cuxio, onde DR = Densidade Relativa, FR = Freqüência Relativa , DOR = Dominância Relativa e VI = Valor de Importância.

Nome científico DR(%) FR(%) DoR(%) VI

Caraipa densifolia 4,03 2,58 16,88 23,49 Manilkara salzmanii 9,89 6,45 4,22 20,56 Diplotropis purpurea var. brasiliensis 2,56 3,23 10,16 15,95 Euphorbiaceae 4,40 3,23 6,66 14,28 Brosimum discolor 6,96 3,87 2,59 13,42 Annona salzmanii 5,49 3,87 3,50 12,87 Protium heptaphyllum 5,49 5,16 2,20 12,86 Thyrsodium schomburgkianum 5,49 3,87 3,24 12,60 Pogonophora schomburkiana 4,03 5,16 2,51 11,70 Parkia pendula 1,47 2,58 6,58 10,63 Sclerolobium densiflorum 1,10 1,29 8,05 10,44 Protium giganteum 2,93 3,87 2,97 9,78 Guatteria schlechtendaliana 4,40 3,87 1,06 9,33 Brosimum conduru 3,30 2,58 2,36 8,24 Nectandra cuspidata 3,30 3,23 0,46 6,98 Pouteria grandiflora 2,56 2,58 1,79 6,93 Aspidosperma discolor 2,93 1,94 1,86 6,72 Eschweilera apiculata 1,83 2,58 1,98 6,39 indeterminada 1,47 1,94 2,13 5,53 Eugenia sp 2,20 2,58 0,41 5,19 Himathantus bracteatus 1,47 2,58 1,02 5,06 Tapirira miriantha 0,73 1,29 3,01 5,03 Eschweilera ovata 1,47 1,94 1,37 4,77 Dialium guianensis 1,47 1,94 1,26 4,66 Pourouma guianensis 1,47 1,94 1,24 4,64 Schefflera morototoni 1,47 1,94 0,64 4,04 Rheedia gardneriana 1,47 1,94 0,41 3,81 Cecropia glaziovi 1,47 1,29 1,03 3,79 Virola gardineri 1,10 1,94 0,72 3,76 Psychotria sessilis 1,47 1,94 0,18 3,58 Bowdichia virgilioides 0,37 0,65 2,45 3,46 Mabea occidentalis 1,10 1,29 0,66 3,05 Calipthrantes sp 1,47 0,65 0,48 2,59 Pera ferruginea 0,73 1,29 0,47 2,50 Miconia calvescens 0,37 0,65 1,18 2,19 Simarouba amara 0,73 0,65 0,71 2,09 Ocotea opifera 0,73 1,29 0,05 2,08 Zanthoxyllum rhoifolium 0,37 0,65 0,51 1,53 Lonchocarpus guilleminianus 0,73 0,65 0,08 1,45 Bucho de veado 0,37 0,65 0,39 1,41 Hyeronima alchorneoides 0,37 0,65 0,09 1,10 Cupania racemosa 0,37 0,65 0,08 1,09 Annona glabra 0,37 0,65 0,07 1,08

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137

Maytenus ilicifolia 0,37 0,65 0,06 1,07 Psychotria cartaginensis 0,37 0,65 0,06 1,07 Trichilia silvatica 0,37 0,65 0,04 1,06 Mapronea guianesis 0,37 0,65 0,04 1,05 Myrcia rostrata 0,37 0,65 0,04 1,05 Ocotea odorifera 0,37 0,65 0,02 1,04 Vismia guianesis 0,37 0,65 0,02 1,03

DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA

A distribuição diamétrica (Figura 41) na Mata do Cuxio é bastante semelhante à

Mata do Mane do Doce. Verifica-se na primeira classe de diâmetro (0,0 – 5,0

cm) 19. Na segunda classe (5,1 – 10, 0 cm) há um aumento expressivo no

número de indivíduos que sobe para 124 indivíduos. Nas classes subseqüentes

ocorre uma queda gradativa até a ultima Classe que é a décima sexta (16). No

caso das primeiras classes, a situação é semelhante à Mata Mane do Doce,

existe corte seletivo na área, há uma regeneração natural nas clareiras,

provocadas pelas derrubadas, que vêm recompondo a mata. Esta dinâmica

ocorre em função da ação antrópica na área o que provoca, com mais

intensidade, uma distribuição diamétrica na forma de “J” invertido o que,

normalmente, é esperado para uma floresta ineqüiânea secundária.

Da terceira classe (10,0 - 15,1 cm) até a oitava (60,1 - 65 cm) há uma

tendência das espécies se distribuírem de forma decrescente e gradativa na

comunidade florestal ali instalada. Quando se compara com a Mata Mané do

Doce, o que se verifica é a presença de um corte seletivo ainda mais intenso.

Nestas classes as espécies predominantes são as secundárias iniciais e

tardias. As demais classes apresentam indivíduos remanescentes que

sobreviveram aos cortes seletivos e se destacam em relação à comunidade

como um todo. Indivíduos de Esclerolobim densiflorum com 72,75 cm de DAP,

e Parkia pendula com 80, 85 cm de DAP são os representantes destes

remanescentes.

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138

Mata do Cuxio

19

124

41

2722

11 105 5

2 3 2 10 1 1

0

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110

120

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Classess de Diâmetro

mer

o d

e In

div

ídu

os

Figura 42 – Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos da Mata do Cuxio em Classes de diâmetros com intervalo entre classes de 5,0 cm.

REGENERAÇÃO NATURAL

Nas dez sub-parcelas amostradas encontraram-se 228 indivíduos pertencentes

a 20 famílias e 34 espécies no levantamento da regeneração natural da Mata

do Cuxio. As estimativas dos parâmetros fitossociológicos da regeneração

natural encontram-se na Tabela 21 a seguir.

Tabela 21 – Parâmetros fitossociológicos de regeneração natural da Mata do Cuxio, onde DR = Densidade Relativa, FR = Freqüência Relativa , DOR = Dominância Relativa e VI = Valor de Importância.

Nome científico DR(%) FR(%) DoR(%) VI

Myrcia rostrata 21,49 6,80 7,37 35,66 Manilkara salzmanii 4,82 5,83 17,02 27,67 Protium giganteum 1,75 2,91 18,09 22,76 Mabea occidentalis 10,53 3,88 3,81 18,22 Pouteria scytalophora 7,89 7,77 0,27 15,93 Euphorbiaceae 5,70 5,83 1,50 13,03 Miconia calvescens 2,19 3,88 5,05 11,13 Rheedia gardneriana 3,95 4,85 2,30 11,10 Ingá tibaudiana 3,51 6,80 0,40 10,71 Brosimum conduru 2,63 3,88 3,47 9,99 Siparuna guianensis 1,32 2,91 5,69 9,92 Psychotria sessilis 4,82 2,91 1,92 9,66 Annona glabra 0,88 0,97 7,06 8,91 Nectandra cuspidata 2,19 3,88 1,81 7,88

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139

Miconia albicans 3,51 3,88 0,27 7,66 Thyrsodium schomburgkianum 2,63 2,91 2,03 7,57 Eschweilera apiculata 2,19 3,88 1,26 7,33 Pogonophora schomburkiana 1,75 2,91 1,72 6,39 Brosimum discolor 0,44 0,97 4,97 6,38 Ixora sp 2,63 2,91 0,40 5,95 Swartza pickelii 3,07 1,94 0,27 5,28 Rheedia sp 1,75 2,91 0,14 4,81 Cupania racemosa 1,32 1,94 1,32 4,58 Parkia pendula 0,88 0,97 2,40 4,25 Eschweilera ovata 0,44 0,97 2,83 4,24 Simaruba amara 1,75 1,94 0,30 4,00 Campomanesia xanthocarpa 0,44 0,97 2,40 3,81 Protium heptaphyllum 0,88 1,94 0,68 3,50 Cordia nodosa 0,44 0,97 1,72 3,13 Pouteria grandiflora 0,44 0,97 1,03 2,44 Schefflera morototoni 0,44 0,97 0,20 1,61 Miconia sp 0,44 0,97 0,15 1,56 Zanthoxylum roifolium 0,44 0,97 0,10 1,51 Diplotropis purpurea var. brasiliensis 0,44 0,97 0,04 1,45

As dez espécies mais presentes na regeneração natural que mais se

destacaram em todos os parâmetros fitossociológicos estudados foram: Myrcia

rostrata, Manilkara salzmanii, Protium giganteum, Mabea occidentalis, Pouteria

scytalophora, Euphorbiaceae, Rheedia gardneriana, Inga tibaudiana e

Brosimum conduru.

Quando se compara com as adultas, verifica-se que a maioria encontrada em

regeneração possui representantes desenvolvendo-se normalmente na Mata

do Cuxio. A situação da comunidade é a mesma da Mata Mané do Doce, ou

seja, a composição da vegetação arbórea da Mata do Cuxio apresenta as

espécies com grande número de indivíduos nas classes menores de diâmetro

tendendo a estarem presentes na floresta futura desta comunidade.

O destaque fica para Myrcia rostrata que apresenta características de

secundária inicial, também em destaque Manilkara salzmanii e Protium

giganteum. São espécies que possuem características de tardia e secundária

inicial, respectivamente. Muito provavelmente estarão na floresta futura.

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140

Mata do Piriquito

FITOSSOCIOLOGIA

Em uma área amostrada de 2500 m2 (0,25 ha ), equivalente a 10 parcelas de

10 m x 25 m, foram encontrados 251 indivíduos arbóreos, com 7 indivíduos

mortos. A maior altura foi detectada em indivíduos de Taprira guianensis e

Boudichia virgilioides. A primeira, com 66,53 cm de diâmetro e 35 m de altura. A

segunda, com 62,71 cm de diâmetro e 38 m de altura. Foram amostrados 19

famílias, 43 gêneros, 48 espécies e um índice de diversidade de SHANNON e

WEAVER (H') 3,47 nats/espécies. O número de indivíduos estimado por hectare

é de 1004, muito próximo da Mata do Cuxio, que foi de 1096, e menor da Mata

Mané do Doce, com 1180 indivíduos. Os parâmetros fitossociológicos (Tabela

22) mostram a estrutura da mata com as espécies mais presentes na área, com

ênfase em Densidade Relativa, Freqüência Relativa e Dominância Relativa.

As espécies de maior VI (Valor de Importância) foram: Pera ferruginea,

Thyrsodium schomburgkianum, Eugenia sp, Protium heptaphyllum, Helicostylis

tomentosa, Nectandra cuspidata, Annona glabra, Ocotea opifera, Bowdichia

virgilioides e Eschweilera ovata. Em relação ao total de espécies amostradas

as famílias mais presentes foram Moraceae 8,33 %, Euphorbiaceae,

Leguminosae papilionoideae e Sapotaceae com 6,25 % cada e.

Anacardiaceae, Burseraceae, Lauraceae, Lecythidaceae, Leguminosae

Mimosoideae com 4,16 % cada.

Tabela 22 – Parâmetros fitossociológicos da Mata do Periquito, onde DR = Densidade Relativa, FR = Freqüência Relativa, DOR = Dominância Relativa e VI = Valor de Importância.

Nome científico DR(%) FR(%) DOR(%) VIPera ferruginea 1,71 1,42 20,02 23,15 Thyrsodium schomburgkianum 11,11 4,96 0,02 16,10 Eugenia sp 1,28 1,42 12,40 15,10 Protium heptaphyllum 8,12 4,96 0,53 13,61 Helicostylis tomentosa 7,26 4,96 0,56 12,79 Nectandra cuspidata 5,98 4,96 1,51 12,46 Annona glabra 0,43 4,96 6,06 11,45 Ocotea opifera 2,56 3,55 5,05 11,16 Bowdichia virgilioides

4,27 3,55 2,04 9,86 Eschweilera ovata 4,27 4,26 0,44 8,97 Casearia arborea 0,85 1,42 5,97 8,24 Erythroxylum squamatum 0,85 1,42 5,74 8,02

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141

Euphorbiaceae 2,56 2,13 3,20 7,89 Myrcia fallax 4,70 2,84 0,18 7,72 Tapirira guianensis 2,99 4,26 0,03 7,28 Schefflera morototoni 2,56 3,55 1,14 7,25 Pogonophora schomburkiana 0,43 0,71 5,64 6,78 Lonchocarpus guilleminianus 1,71 2,13 2,82 6,65 Parkia pendula 2,14 2,84 1,54 6,52 Aspidosperma sp 3,85 2,13 0,22 6,20 Maclura sp 2,99 2,84 0,31 6,13 Miconia bentaniana 2,99 2,84 0,24 6,07 Himathantus bracteatus 1,28 2,13 2,60 6,01 Simarouba amara 2,99 2,84 0,17 6,00 Caraipa densifolia 1,28 1,42 3,13 5,83 Trichilia silvatica 0,85 1,42 3,31 5,59 Myrcia rostrata 1,28 1,42 2,43 5,13 Prunus sellowii 1,71 2,13 0,60 4,44 Eschweilera apiculata 1,28 2,13 1,01 4,42 Siparuna guianensis 2,14 2,13 0,04 4,31 Mapronea guianensis 0,85 0,71 2,50 4,07 Inga thibaudiana 1,71 2,13 0,16 4,00 Miconia albicans 1,28 2,13 0,50 3,90 Diplotropis purpurea var. brasiliensis 0,43 0,71 2,55 3,68 Protium giganteum 0,85 1,42 0,47 2,75 Manilkara salzmanii 1,28 0,71 0,74 2,73 Ideterminada 0,43 0,71 1,04 2,18 Artocarpus integrifólia 0,43 1,42 0,12 1,97 Pouteria grandiflora 0,43 0,71 0,82 1,96 Chrysophyllum gonocarpum 0,43 0,71 0,65 1,78 Sloanea obtusifolia 0,43 0,71 0,58 1,71 Sebastiana sp 0,85 0,71 0,02 1,59 Couepia rufa 0,43 0,71 0,35 1,48 Tapirira miriantha 0,43 0,71 0,19 1,33 Ficus gomeleira 0,43 0,71 0,18 1,32 Sorocea hilarii 0,43 0,71 0,13 1,27 Pourouma guianensis 0,43 0,71 0,04 1,18

DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA

A distribuição diamétrica (Figura 42) na Mata do Periquito é bastante

semelhante à Mata do Cuxio. Verificam-se, na primeira classe de diâmetro (0,0

– 5,0 cm), 6 indivíduos. Na segunda classe (5,1 – 10, 0 cm) há um aumento

expressivo no número de indivíduos, que sobe para 109. Nas classes

subseqüentes ocorre uma queda gradativa até a ultima Classe que é a décima

quarta (14). No caso das primeiras classes, a situação é semelhante à Mata do

Page 21: 122 - CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente · valor de importância e o valor de cobertura que proporcionará o conhecimento da importância de cada espécie na comunidade florestal

142

Cuxio. Há corte seletivo na área, o que promove uma regeneração natural nas

clareiras, provocadas pelas derrubadas, e conseqüentemente um número

grande de indivíduos jovens no local. Esta dinâmica ocorre em função da ação

antrópica na área onde a distribuição diamétrica apresenta-se na forma de “J”

invertido, o esperado para uma floresta ineqüiânea secundária.

Mata do Piriquito

21323356

10

20

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6

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10

20

30

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90

100

110

120

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Classes de diâmetro

mer

o d

e in

div

ídu

os

Figura 43 – Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos da Mata do Piriquito em Classes de diâmetros com intervalo entre classes de 5,0 cm.

Da terceira classe (10,1 - 15,0 cm) até a oitava (60,1 - 65 cm) há uma

tendência das espécies se distribuírem de forma decrescente e gradativa na

comunidade florestal do local. Situação muito semelhante à Mata do Cuxio,

descrita anteriormente. As demais classes apresentam indivíduos

remanescentes que sobreviveram aos cortes seletivos e se destacam em

relação à comunidade como um todo. Indivíduos de Taprira guianensis e

Boudichia virgilioides são, sem dúvidas, representantes autênticos destes

remanescentes com, respectivamente, 66,53 cm de diâmetro e 35 m de altura

e 62,71 cm de diâmetro e 38 m de altura.

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143

REGENERAÇÃO NATURAL

Das dez sub-parcelas amostradas encontraram-se 193 indivíduos pertencentes

a 18 famílias e 35 espécies no levantamento da regeneração natural da Mata

do Piriquito. As estimativas dos parâmetros fitossociológicos da regeneração

natural encontram-se na Tabela 22, a seguir.

Tabela 22 – Parâmetros fitossociológicos da regeneração natural da Mata do Piriquito, onde DR = Densidade Relativa, FR = Freqüência Relativa , DOR = Dominância Relativa e VI = Valor de Importância.

Nome científico DR(%) FR(%) DoR(%) VISiparuna guianensis 16,06 7,79 14,37 38,23

Helicostylis tomentosa 10,88 6,49 14,81 32,19 Eschweilera ovata 11,92 5,19 10,79 27,90 Protium giganteum 4,66 9,09 9,03 22,78 Annona glabra 6,22 7,79 5,66 19,67 Cordia nodosa 8,29 5,19 3,04 16,52 Protium heptaphyllum 6,74 5,19 2,70 14,64 Thyrsodium schomburgkianum 4,15 3,90 5,84 13,88 Inga blancheitiana 3,11 1,30 9,23 13,64 Sorocea hilarii 3,63 6,49 0,71 10,83 Brosimum discolor 1,04 2,60 3,93 7,56 Pouteria grandiflora 2,59 2,60 1,41 6,59 Myrcia rostrata 2,07 1,30 3,17 6,54 Brosimum conduru 2,07 2,60 1,85 6,52 Miconia albicans 2,59 2,60 0,98 6,17 Nectandra cuspidata 0,52 1,30 3,80 5,62 Eschweilera apiculata 1,55 2,60 0,69 4,84 Psychotria sessilis 1,55 2,60 0,23 4,38 Myrcia fallax 1,04 2,60 0,37 4,00 Parkia pendula 0,52 1,30 2,03 3,85 Cestrum megalophyllum 1,04 1,30 0,64 2,97 Macrosamanea pedicellaris 1,04 1,30 0,56 2,90 Ocotea opifera 0,52 1,30 0,95 2,77 Cupania racemosa 0,52 1,30 0,68 2,50 Aspidosperma sp 0,52 1,30 0,46 2,27 Eugenea sp 0,52 1,30 0,36 2,18 Miconia bentaniana 0,52 1,30 0,36 2,18 Caraipa densifolia 0,52 1,30 0,28 2,09 Maclura sp 0,52 1,30 0,28 2,09 Campomanesia xanthocarpa 0,52 1,30 0,20 2,02 Pogonophora schomburkiana 0,52 1,30 0,20 2,02 Casearia arborea 0,52 1,30 0,14 1,96 Cecropia glaziovi Snethlage 0,52 1,30 0,09 1,91 Inga thibaudiana 0,52 1,30 0,09 1,91

Page 23: 122 - CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente · valor de importância e o valor de cobertura que proporcionará o conhecimento da importância de cada espécie na comunidade florestal

144

Manilkara salzmanii 0,52 1,30 0,09 1,91

As dez espécies mais presentes na regeneração com destaque em todos os

parâmetros fitossociológicos estudados foram: Siparuna guianensis,

Helicostylis tomentosa, Eschweilera ovata, Protium giganteum, Annona glabra,

Cordia nodosa, Protium heptaphyllum, Thyrsodium schomburgkianum , Inga

blancheitiana e Sorocea hilarii.

Comparadas com as adultas, verifica-se que a maioria encontrada em

regeneração possui representantes desenvolvendo-se normalmente na Mata

do Periquito. A situação da comunidade é a mesma das Matas até então

estudadas, ou seja, a composição da vegetação arbórea da Mata do Periquito

apresenta as espécies com grande número de indivíduos nas classes menores

de diâmetro tendendo a estarem presentes na floresta futura desta

comunidade.

O destaque fica para Siparuna guianensis, uma espécie secundária bem

característica das florestas Estacionais Semidecíduas e das Florestas

Ombrófilas Densas. Também se destaca Helicostylis tomentosa e Eschweilera

ovata. Possuem características de secundária inicial e tardia, respectivamente.

São espécies garantidas na fitofisionomia futura.

Mata do Prejuí

FITOSSOCIOLOGIA

Na área de amostral de 2500 m2 (0,25 ha ), equivalente a 10 parcelas de 10 m x

25 m, foram encontrados 256 indivíduos arbóreos, com 10 indivíduos mortos. A

maior altura foi detectada em um indivíduo de Pera ferruginea com 35 m e o

maior diâmetro em um indivíduo de Parkia pendula com 89,45 cm. Foram

amostrados 24 famílias, 53 gêneros, 58 espécies e um índice de diversidade de

SHANNON e WEAVER (H') 1,59 nats/espécies. Quando se estima o número de

indivíduos por hectare, é de 1024. Número próximo da Mata do Piriquito, que foi

de 1004, difere um pouco da Mata do Cuxio, de 1096, e menor que a Mata Mané

do Doce, com 1180 indivíduos. Os parâmetros fitossociológicos (Tabela 23)

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145

mostram a estrutura da mata com as espécies mais presentes na área com

ênfase em Densidade Relativa, Freqüência Relativa e Dominância Relativa.

Tabela 23 – Parâmetros fitossociológicos da Mata do Prejuí, onde DR = Densidade Relativa,

FR = Freqüência Relativa, DOR = Dominância Relativa e VI = Valor de Importância.

Nome científico DR(%) FR(%) DoR VI

Pera ferruginea 1,95 1,41 77,96 81,33 Annona glabra 11,72 7,04 2,04 20,80 Guatteria schelchtendaliana 8,20 2,82 0,67 11,69 Thyrsodium schomburgkianum 5,47 4,93 0,66 11,06 Nectandra cupidata 3,91 4,93 1,31 10,15 Parkia pendula 1,56 2,11 4,29 7,97 Brosimum discolor 3,52 3,52 0,51 7,55 Euphorbiaceae 3,91 2,82 0,78 7,51 Diplotropis purpurea var. brasiliensis 3,13 2,11 2,27 7,50 Eschweilera ovata 3,91 2,82 0,55 7,27

Helicostylis tomentosa 3,13 2,82 0,35 6,29 Protium heptaphyllum 3,13 2,82 0,32 6,26 Tapirira guianensi 2,73 2,11 1,40 6,25 Pouteria grandiflora 3,13 2,82 0,22 6,16 Protium giganteum 2,34 3,52 0,11 5,97 Miconia albicans 1,95 2,82 0,63 5,40 Dialium guianensis 1,95 2,82 0,51 5,28 Myrcia rostrata 1,56 2,82 0,04 4,42 Mabea occidentalis 2,34 1,41 0,39 4,14 Simaruba amara 1,56 2,11 0,24 3,92 Rheedia gardneriana 1,56 2,11 0,08 3,76 Ezembeckia sp 2,73 0,70 0,31 3,75 Pogonophora schomburgkiana 1,95 1,41 0,27 3,64 Pourouma guianensis 1,17 2,11 0,12 3,40 Schefflera morototoni 1,17 2,11 0,06 3,35 Pouteria scytalophora 1,56 1,41 0,30 3,27 Bowdichia virgilioides 1,17 1,41 0,59 3,17 Clusia nemorosa 1,17 1,41 0,20 2,78 Byrsonia sericea 0,78 1,41 0,53 2,72 Rubiaceae 1,17 1,41 0,08 2,66 Erythoxilum scamatum 1,17 1,41 0,04 2,62 Indeterminada 0,78 1,41 0,20 2,39 Croton gladulosum 0,78 1,41 0,19 2,38 Virola gardneri 0,78 1,41 0,08 2,27 Cordia selloriana 0,78 1,41 0,06 2,25 Ocotea odorifera 0,78 1,41 0,03 2,22 Cupania racemosa 1,17 0,70 0,02 1,90

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146

Ocotea opifera 0,39 0,70 0,34 1,43 Sttyphnodendron pulcherrimum 0,39 0,70 0,28 1,37 Maclura sp 0,39 0,70 0,18 1,27 Piptocarpa sp 0,39 0,70 0,16 1,26 Annona glabra 0,39 0,70 0,13 1,22 Manilkara salzmanii 0,39 0,70 0,08 1,18 Hirtella racemosa 0,39 0,70 0,08 1,17 Caraipa densifolia 0,39 0,70 0,07 1,16 Rudgea erythrocarpa 0,39 0,70 0,06 1,16 Aspidosperma sp 0,39 0,70 0,06 1,16 Brosimum conduru 0,39 0,70 0,05 1,15 Sloanea obtusifolia 0,39 0,70 0,03 1,12 Gomidesia blanchetiana 0,39 0,70 0,02 1,11 Sebastiana sp 0,39 0,70 0,01 1,11 Psyconthria cartaginensis 0,39 0,70 0,01 1,10 Sorocea hilarii 0,39 0,70 0,01 1,10

Ouratea castanaefolia 0,39 0,70 0,01 1,10 Swartza pickelii 0,39 0,70 0,01 1,10 Eschwelera apiculata 0,39 0,70 0,00 1,10 Lonchocarpus guilleminianus 0,39 0,70 0,00 1,10 Symphonia globulifera 0,39 0,70 0,00 1,10

As espécies de maior VI (Valor de Importância) foram: Pera ferruginea, Annona

glabra Guatteria schlchtendaliana, Thyrsodium schomburgkianum, Nectandra

cuspidata, Parkia pendula, Brosimum discolor, Euphorbiaceae, Diplotropis

purpurea var. brasiliensis e Eschweilera ovata., as de maior destaque na Mata

do Prejuí. Em relação ao total de espécies amostradas, as famílias mais

presentes foram Euphorbiaceae 10,34 %, Moraceae 6,89 %, Annonaceae e

Sapotaceae 5,17 % cada, Anacardiaceae, burseraceae, Guttiferae, Lauraceae,

Lecythidaceae, Leguminosae Mimosoideae, Leguminosae Papilionoideae e

Myrtaceae 3,44 % cada.

DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA

A distribuição diamétrica (Figura 43) na Mata do Prejuí é semelhante à Mata do

Cuxio e do Piriquito. Verifica-se na primeira classe de diâmetro (0,0 – 5,0 cm)

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147

19 indivíduos. Na segunda classe (5,1 – 10, 0 cm) há um aumento expressivo

no número de indivíduos que sobe para 97. Nas classes subseqüentes ocorre

uma queda gradativa até a sétima classe (30,1 – 35,0). No caso das primeiras

classes, a situação é semelhante às Matas até aqui analisadas. Há corte

seletivo na área, promovendo uma regeneração natural nas clareiras

provocadas pelas derrubadas, e conseqüentemente, um número grande de

indivíduos jovens no local, recompondo a mata. Esta dinâmica ocorre em

função da ação antrópica na área que induz ainda mais a distribuição

diamétrica na forma de “J” invertido, o esperado para uma floresta ineqüiânea

secundária.

Da terceira classe (10,1 - 15,0 cm) até a sétima (35,1 – 40,0 cm) há uma

tendência das espécies se distribuírem de forma decrescente e gradativa na

comunidade florestal ali instalada. Situação muito semelhante ás matas

anteriormente descritas. As demais classes apresentam indivíduos

remanescentes que sobreviveram aos cortes seletivos e se destacam em

relação à comunidade como um todo. Indivíduos de Parkia pendula e Pera

ferruginea são representantes autênticos destes remanescentes com,

respectivamente, 89,45 cm de diâmetro e 25 m de altura e 35,33 cm de

diâmetro e 35 m de altura.

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148

Mata do Prejuí

110111211

75

12

18

33

42

97

19

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Classes de Diâmetro

mer

o d

e In

div

ídu

o

Figura 44– Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos da Mata do Prejuí em Classes de diâmetros com intervalo entre classes de 5,0 cm.

REGENERAÇÃO NATURAL

Nas dez sub-parcelas amostradas encontraram-se 217 indivíduos pertencentes

a 23 famílias e 43 espécies no levantamento da regeneração natural da Mata

do Prejuí. As estimativas dos parâmetros fitossociológicos da regeneração

natural encontram-se na Tabela 24 a seguir.

Tabela 24 – Parâmetros fitossociológicos da regeneração natural da Mata do Prejui, onde DR = Densidade Relativa, FR = Freqüência Relativa , DOR = Dominância Relativa e VI = Valor de Importância.

Nome científico DoR DR FR VI

Annona glabra 10,37 12,44 8,65 31,46 Guatteria schlechtendaliana 6,08 13,36 3,85 23,29 Pouteria grandiflora 10,01 5,53 4,81 20,35 Brosimum discolor 6,84 6,45 5,77 19,06 Protium giganteum 8,87 4,15 5,77 18,79 Brosimum conduru 5,28 4,61 4,81 14,69 Siparuna guianensis 5,25 5,07 3,85 14,16 Protium heptaphyllum 8,30 1,84 2,88 13,03 Eschweilera ovata 0,91 5,07 6,73 12,71 Helicostylis tomentosa 6,85 3,69 1,92 12,46 Mabea occidentalis 7,80 1,84 0,96 10,61

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149

Rheedia gardineriana 3,72 2,30 3,85 9,87 Myrcia sylvática 2,55 1,38 2,88 6,81 Psychotria sessilis 2,01 1,84 2,88 6,74 Miconia albicans 1,11 2,30 2,88 6,30 Nectandra cuspidata 1,46 1,84 2,88 6,19 Eugenia sp 1,34 1,84 2,88 6,07 Thyrsodium schomburgkianum 1,03 1,84 2,88 5,76 Pouteria scythalophora 1,09 2,30 1,92 5,32 Licania rigida 1,57 2,30 0,96 4,83 Cassia ferruginea 3,05 0,46 0,96 4,47 Eschweilera apiculata 0,72 1,38 1,92 4,03 Simaruba amara 0,25 1,38 1,92 3,56 Erythroxyllum scamatum 0,70 1,38 0,96 3,04 Campomanesia Xanthocarpa 0,10 1,84 0,96 2,90 Sorocea hilarii 0,26 1,38 0,96 2,60 Cordia nodosa 0,42 0,92 0,96 2,31 Swatza pickelii 0,38 0,92 0,96 2,26 Allophyllus edulis 0,28 0,92 0,96 2,16 Psychotria carthaginensis 0,53 0,46 0,96 1,95 Allophyllus sericeus 0,08 0,46 0,96 1,51 Cordia sellowiana 0,08 0,46 0,96 1,51 Erythroxyllum squamatum 0,08 0,46 0,96 1,51 Macrosamanea pedicellaris 0,08 0,46 0,96 1,51 Ocotea glomerata 0,08 0,46 0,96 1,51 Pogonophoraschomburgkiana 0,08 0,46 0,96 1,51 Pouruma guianensis 0,08 0,46 0,96 1,51 Symphonia globulifera 0,08 0,46 0,96 1,51 Casearia arborea 0,05 0,46 0,96 1,47 Inga thibaudiana 0,05 0,46 0,96 1,47 Prunus selowii 0,04 0,46 0,96 1,46 Dialiuim guianensis 0,02 0,46 0,96 1,44 Inga thibaudiana 0,02 0,46 0,96 1,44 Psychotria sessilis 0,01 0,46 0,96 1,44 indeterminada 0,01 0,46 0,96 1,43

As dez espécies mais presentes na regeneração natural que se destacaram em

todos os parâmetros fitossociológicos estudados foram: Annona glabra,

Guatteria schlechtendaliana, Pouteria grandiflora, Brosimum discolor, Protium

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150

giganteum, Brosimum conduru Protium heptaphyllum, Siparuna guianensis

Protium heptaphyllum, Eschweilera ovata, e Helicostylis tomentosa.

Se comparadas com as adultas, verifica-se que a maioria encontrada em

regeneração possui representantes desenvolvendo-se normalmente na Mata

do Prejuí. A comunidade encontra-se com a mesma tendência, em termos de

estrutura, das matas até então estudadas, ou seja, a composição da vegetação

arbórea da Mata do Prejuí apresenta espécies com grande número de

indivíduos nas classes menores de diâmetro tendendo a estarem presentes na

floresta futura da comunidade arbórea estudada.

O destaque fica para Annona glabra., espécie secundária característica da

Floresta Ombrófila Densa. Destaca-se ainda Guatteria schlechtendaliana e

Pouteria grandiflora, espécies que possuem características de secundária

inicial, sendo que as mesmas estariam garantidas na floresta futura.

Análise da Reserva de Gurjaú

FITOSSOCIOLOGIA

Na área amostrada de 1,0 hectare, equivalente a 40 parcelas de 10 m x 25 m

(250 m2), correspondendo às quatro matas estudadas, foram encontrados 1075

indivíduos arbóreos, com 48 indivíduos mortos. A maior altura foi detectada em

um indivíduo de Pera ferruginea com 35 m e o maior diâmetro em um indivíduo

de Parkia pendula (Figura 44) com 89,45 cm. Foram amostrados 36 famílias, 81

gêneros, 104 espécies e um índice de diversidade de SHANNON e WEAVER

(H') 3,97 nats/espécies. Ferraz (2002) encontrou 1521 indivíduos arbóreos em

1,0 ha, pertencentes a 58 famílias, 96 gêneros e 151 espécies arbóreas em

estudo realizado no município de São Vicente Férrer – PE.

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151

Figura 45 – Exemplar de Parquia pendula com 89,45 cm de diâmetro e 25,0 m de altura, mostrando a exuberância de remanescentes presentes nas matas da Reserva de Gurjaú.

Segundo Martins (1991), o índice de diversidade de SHANNON é influenciado

pela amostragem, oferecendo uma boa indicação da diversidade específica e

possibilitando comparar florestas em locais distintos. Estudos em Mata Atlântica

realizados por Melo & Matovani (1994), na ilha do Cardoso-SP apresentaram

valor de 3,64; Citadini-Zanette (1995), em Orleans-SC e Negrelle (1995), em

Itapoá-SC, mostram, respectivamente, valores de 3,81 e 3,62.

Nota-se uma grande variação nos valores de índice de diversidade

apresentados mesmo dentro de uma mesma região fitogeográfica. Isso se

deve, principalmente, às diferenças nos estágios de sucessão somados às

discrepâncias das metodologias diferenciadas de amostragem, níveis de

inclusão, esforços de identificações taxonômicas além, obviamente, das

dissimilaridades florísticas que as diferentes comunidades apresentam.

O número de indivíduos (1075) para Mata Atlântica não é dos melhores. Isto se

deve tão somente ao corte seletivo na área, ocorrendo em tempos passados

com mais intensidade que nos dias atuais, porém, ainda continua nas matas da

Reserva de Gurjaú.

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152

Espécies com maiores valores de VI das Matas da Reserva de Gurjaú:

Simarouba amara, Annona glabra, Brosimum discolor, Caraipa densifolia,

Diplotropis purpurea var. brasiliensis, Pogonophora schomburkiana,

Eschweilera ovata, Mabea occidentalis, Tapirira guianensis, Schefflera

morototoni, Manilkara salzmannii,, Euphorbiacea, Annona salzmannii, Protium

heptaphyllum, Thyrsodium schomburgkianum, Parkia pendula, Pera ferruginea,

Eugenia sp, Helicostylis tomentosa, Nectandra cuspidata, Ocotea opifera,

Bowdichia virgilioides e Guatteria schlechtendaliana.

Famílias mais presentes nas matas da Reserva de Gurjaú: Anacardiaceae,

Annonaceae, Apocynaceae Burseraceae, Euphorbiaceae, Guttiferae, Lauraceae,

Lecythidaceae, Leguminosae Caesalpinioideae, Leguminosae Mimosoideae,

Leguminosae Papilionoideae, Moraceae, Myrtaceae, Sapotaceae e Rubiaceae.

DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA

Quando se analisa a área como um todo, verifica-se que, nas três primeiras

classes de diâmetro (0,0 – 5,0 cm de 5,1 – 10,0 cm e 10,1 – 15,0 cm),

encontra-se o maior número de indivíduos da comunidade em questão, ou seja,

697 (Figura 46). As demais apresentam uma diminuição no número de

indivíduos à medida que o diâmetro aumenta. Isso é esperado para uma

floresta inequiânea secundária em estágio inicial de sucessão, que apresenta

uma curva em forma de “J” invertido na sua distribuição diamétrica. As matas

que constituem a Reserva de Gurjaú possuem características de floresta

natural inequiânea, (Figura 45) conforme conceito dado por François De

Lioucourt, em 1898, segundo Meyer et al. (1952), citados por Mariscal Flores

(1993).

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153

Figura 46 – Detalhe da distribuição diamétrica de indivíduos das espécies arbóreas na Reserva de Gurjaú.

O número muito grande de indivíduos nas classes iniciais mostra que esta

comunidade é jovem. Essa característica em classes de diâmetro menores

significa que a regeneração está eficiente, garantindo a formação da tipologia

florestal da região. Para Silva-Júnior (1984), um maior número de indivíduos

nas classes mais baixas mostra que a comunidade está em fase inicial de

desenvolvimento. Afirmação semelhante faz Martins (1991) ao estudar a Mata

da Capetinga, no Estado de São Paulo. Segundo o referido autor, o excesso de

classes baixas, em detrimento das médias, indica que a população arbórea

dessa mata ainda está em crescimento, sendo constituída na maioria por

jovens (Figura 46).

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154

Figura 47 – Distribuição diamétrica de indivíduos arbóreos da Reserva de Gurjaú, por classes diamétricas, cujo intervalo entre classes é de 5,0 cm.

Na realidade, a reserva de Gurjaú sofre corte seletivo em toda a sua extensão.

Tais cortes, clandestinos, geram grandes clareiras e o processo de sucessão

naquele local se reinicia. Por serem várias em toda área, as predominâncias de

indivíduos jovens na mata é sempre incrementado, o que sugere um estágio

sucessional ainda inicial, mesmo com indivíduos remanescentes que escapam

do corte seletivo, e são, na maioria das vezes, de porte considerável. Isto ficou

bem claro quando destacamos por mata as espécies de maior porte para cada

área específica.

Reserva de Gurjaú

12123510812

15

313846

78

126

197

444

56

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Classes de diâmetro

mer

o d

e in

div

ídu

os

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155

REGENERAÇÃO NATURAL

Nas 40 subparcelas, de 5,0 x 5,0 m, lançadas para estudo de regeneração,

foram amostrados 843 indivíduos, evidenciando uma excelente capacidade de

regeneração das espécies arbóreas na área de estudo. Ao se comparar com as

adultas, verifica-se que a maioria das espécies encontradas em regeneração

possui indivíduos adultos desenvolvendo normalmente na área de estudo.

Analisando a composição da vegetação arbórea do local, verifica-se que as

espécies com grande número de indivíduos nas classes menores de diâmetro

tendem a estar presentes na floresta futura do local. Essa afirmativa é

constatada quando se observa na regeneração os resultados e se verifica a

presença dessas espécies em destaque no povoamento. Fica evidente, no

entanto, que a vegetação arbórea estudada vem desenvolvendo seu processo

sucessional de forma eficiente, garantindo a fitofisionomia da região. Citadini-

Zanette (1995) afirma que as espécies que ocorrem em todas as classes de

altura da regeneração teoricamente possuíriam maior potencial para participar

da composição futura da floresta, ou seja, são as que melhor conseguem

estabelecer-se na floresta futura.

Na Figura 47 pode se verificar o desempenho da regeneração na área

estudada, que apresenta em sua dinâmica tendências diferenciadas,

principalmente quanto ao número de indivíduos por parcela. Para cada local,

ao longo da amostragem, ficaram claras as mudanças neste sentido, em

função basicamente do dossel mais fechado (Figura 48) ou mais aberto e

ambiente com mais umidade ou com menos.

Espécies que mais se destacaram na regeneração em termos de parâmetros

fitossociológicos das matas da Reserva de Gurjaú são: Annona glabra,

Guatteria schlechtendaliana, Pouteria grandiflora, Brosimum discolor, Protium

giganteum, Brosimum conduru, Protium heptaphyllum, Siparuna guianensis,

Eschweilera ovata, Helicostylis tomentosa, Cordia nodosa, Thyrsodium

schomburgkianum, Inga blancheitiana, Sorocea hilarii, Myrcia rostrata,

Manilkara salzmannii, Mabea occidentalis, Pouteria scytalophora,

Euphorbiaceae, Rheedia gardneriana, Inga tibaudiana, Pogonophora

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156

schomburkiana e Miconia albicans. Estas espécies, além de possuírem

representantes adultos, aparecem nas três classes de altura de regeneração.

Neste caso as mesmas estarão garantidas na floresta futura e, sem dúvidas,

farão parte da fitofisionomia da região.

Figura 48 – Detalhe da regeneração nas matas da Reserva de Gurjaú, em local de dossel mais aberto, apresentando uma grande densidade.

Figura 49 - Detalhe do dossel mais fechado da área de estudo, com tronco de Macrosamanea pedicellaris, em primeiro plano.

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157

Introdução

O fim do século XX e a passagem do segundo para o terceiro milênio

trouxeram algumas preocupações e novos desafios. O “ano 2000” tem sido

ligado com freqüência à denominação de iniciativas internacionais que

consideram um planejamento a longo prazo para as atividades de natureza

global. São exemplos: a Agenda 21, Educação 2000+, Botânica 2000, espécies

2000, Agenda Sistemática 2000. Entretanto, novos paradigmas sobre a

mudança global, diversidade e sustentabilidade emergem como resultado de

um aumento crescente na escala de percepção e de compreensão do mundo.

Eles refletem também uma maior consciência do poder da humanidade para

influenciar seu ambiente de forma dramática, chegando a modificar o curso de

sua própria evolução.

Além disso, as questões que emanam da diversidade biológica, mudança

global e desenvolvimento sustentável constituem a tríade sobre a qual se

baseou a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

realizada em 1992, no Rio de Janeiro (ECO 92). A Convenção sobre a

Diversidade Biológica, assinada nessa época por mais de 162 países, foi

ratificada. Esta Convenção representa uma importante conquista, visando frear

a destruição das espécies, habitats e ecossistemas, considerando a

biodiversidade um recurso para a construção do desenvolvimento.

A biodiversidade pode ser entendida de duas formas: pode ser vista como um

recurso e/ou como uma propriedade da vida. A percepção pública da

biodiversidade evoluiu rapidamente de um estágio dominado pelo medo da

perda de certas espécies carismáticas da fauna e flora, para aquele da

Convenção, no qual a biodiversidade é percebida como um recurso precioso

que devemos conservar e manejar para benefício de gerações humanas

presentes e futuras.

Há pouco mais de dez anos, pouca importância era dada ao conceito de

diversidade biológica, surgindo o termo biodiversidade aproximadamente em

1986. Geralmente os taxonomistas tratam os grupos florísticos e faunísticos

4.2.7 Biologia da Conservação

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158

como organizações em mosaicos de espécies. A descrição e os índices de

diversidade biológica tratam apenas do número de espécies que integram as

comunidades, ecossistemas e paisagens. Por outro lado, os biólogos

moleculares, os geneticistas e os biólogos do desenvolvimento se centram,

sobretudo, em demonstrar a unidade da vida, mais que explicar qual o

significado da biodiversidade (Dobson 1995; Younès 2001).

A biologia da conservação é uma ciência multidisciplinar que foi desenvolvida

como resposta à crise com a qual a diversidade biológica se confronta

atualmente (Soulé 1985).

A biologia da conservação tem dois objetivos: primeiro, entender os efeitos da

atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas, e, segundo,

desenvolver abordagens práticas para prevenir a extinção de espécies e, se

possível, reintegrar as espécies ameaçadas ao seu ecossistema funcional

(Primack e Rodrigues 2001).

Diante da necessidade de tratar as sérias ameaças à diversidade biológica,

não solucionada pelas disciplinas tradicionais aplicadas, é que surgiu a biologia

da conservação.

A biologia da agricultura, silvicultura, do gerenciamento da vida silvestre e da

piscicultura ocupam-se basicamente com o desenvolvimento de métodos para

gerenciar umas poucas espécies para fins mercadológicos e de recreação.

Geralmente estas disciplinas não tratam da proteção de todas as espécies

existentes nas comunidades, e caso as tratem, o fazem como um assunto

secundário (Primack e Rodrigues op cit).

A biologia da conservação complementa as disciplinas aplicadas fornecendo

uma abordagem mais teórica e geral para a proteção da diversidade biológica;

ela se difere das demais disciplinas porque leva em consideração, em primeiro

lugar, a preservação a longo prazo de todas as comunidades biológicas, e

coloca os fatores econômicos em segundo plano (Primack e Rodrigues op cit).

As disciplinas de biologia populacional, taxonomia, ecologia e genética

constituem o centro da biologia da conservação e muitos profissionais

procedem dessas áreas.

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159

Uma vez que grande parte da crise da biodiversidade tem origem na pressão

exercida pelo homem, a biologia da conservação também incorpora idéias e

especificidade de várias outras áreas, além da biologia. Por exemplo, a

legislação e a política ambiental dão sustentação à proteção governamental de

espécies raras e ameaçadas e de habitats em situação crítica. A ética

ambiental oferece fundamento lógico para a preservação das espécies. As

ciências sociais, tais como antropologia, sociologia e geografia fornecem a

percepção de como as pessoas podem ser encorajadas e educadas para

proteger as espécies encontradas em seu ambiente imediato. Os economistas

ambientais analisam o valor econômico da diversidade biológica para sustentar

argumentos em favor da preservação. Ecologistas e climatologistas de

ecossistemas monitoram as características físicas e biológicas do meio

ambiente e desenvolvem modelos para prever as respostas para os distúrbios.

Sob vários aspectos a biologia da conservação é uma disciplina de crise. As

decisões sobre assuntos relativos à conservação são tomadas diariamente,

muitas vezes com informação limitada, e com forte pressão do tempo. A

biologia da conservação tenta fornecer respostas a questões específicas

aplicáveis a situações reais. Tais questões são levantadas no intuito de

determinar as melhores estratégias para proteger as espécies raras, conceber

reservas naturais, iniciar programas de reprodução para manter a variação

genética de pequenas populações e harmonizar as preocupações

conservacionistas com as necessidades do povo e governo locais.

As funções ambientais de regulação, suporte, produção e informação são

atribuídas, sobretudo, às áreas naturais. A Biologia da Conservação tem por

finalidade proteger essas áreas naturais, promover a qualidade de vida, e

conseqüentemente viabilizar o desenvolvimento sustentado. Dessa forma, a

Biologia da Conservação busca assegurar que as populações possam

continuar a responder as variações ambientais de uma forma adaptativa. A

Reserva de Gurjaú constitui uma dessas áreas naturais de Pernambuco.

A Reserva de Gurjaú encontra-se inserida na porção Sul da região

metropolitana do Recife, precisamente na divisa dos municípios de Jaboatão

dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Moreno. Está situada a Noroeste

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da usina Bom Jesus, entre os engenhos São Salvador, São Brás e São João

Rochas Velhas, com cerca de 744,47 ha inserida no município do Cabo de

Santo Agostinho, 157,44 ha em Jaboatão dos Guararapes e 157,19 ha em

Moreno, totalizando 1.077,10 ha. A reserva foi criada através do Decreto

Estadual no 9.985 de 13 de janeiro de 1987.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) criado pela Lei

Federal no 9.985 de 18 de junho de 200 não contempla a categoria de Reserva

Ecológica, daí a necessidade da recategorização em área de proteção integral

ou de uso sustentado, no entanto, a legislação estabeleceu cerca de dois anos

para enquadramento sem que o Estado tomasse qualquer decisão sobre suas

reservas, dentre elas a Reserva Ecológica de Gurjaú.

Por outro lado, Gurjaú, que apresenta mais de 1000 ha, enquadra-se em um

tamanho mínimo necessário para torna-se viável como unidade de

conservação segundo alguns autores. Dessa forma, pretende-se caracterizar

os moradores da Reserva de Gurjaú, quanto ao uso do solo, relação com o

meio ambiente e percepção ambiental. Associando essa diagnose os

resultados dos levantamentos da biodiversidade, para elaboração de um

zoneamento da área e proposição de uma unidade, segundo critérios

estabelecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

METODOLOGIA

Foi realizado um reconhecimento de toda a área da Reserva, servindo-se de

mapas, evidenciando-se os marcos topográficos, assim como com a ajuda de

um morador de Gurjaú.

Para um melhor aproveitamento das visitas de campo e a título de metodologia

de trabalho, a Reserva Gurjaú foi dividida em dois subconjuntos, sendo o

primeiro (Área 1) compreendido por: Rua da Capela, Rua da Cachoeira, Rua

dos Ventos, Porteira Preta, Sítio Porteira Preta, Jaqueira e Sítio dos Periquitos

e o segundo (Área 2), por São Salvador. Primeiramente os trabalhos de

Biologia da Conservação foram aqueles relacionados à área 1. A segunda

etapa foi a área 2, localizada em São Salvador, onde foi encontrado o maior

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adensamento populacional de posseiros com atividades agrícolas de

subsistência e comercial, assim como pecuária. Assim, a Área 1 foi aquela que

constituiu a primeira etapa dos levantamentos. Dando-se continuidade a de

São Salvador, a Área 2, foi trabalhada por um período mais longo por tratar-se

de uma área onde foi observado um maior adensamento populacional de

posseiros com atividades agrícolas de subsistência e comercial e também de

pecuária de pequeno porte (Fig. 49). Para um melhor reconhecimento das

áreas recenseadas, foram confeccionados croquis dividindo a reserva em

setores – em São Salvador, setores de A a L - tendo-se o cuidado de

georeferenciar cada casa.

Questionários foram aplicados entre os posseiros/moradores da reserva de

Gurjaú com o objetivo de aferir a forma de uso do solo, conflitos, relação com o

meio ambiente e percepção ambiental na área da reserva, avaliar o tipo de

atividade agrícola, relação do posseiro com a reserva (forma de uso),

perspectivas com a implantação de uma unidade de conservação, dentre

outras, conforme modelo em anexo.

Os questionários sócio-econômico-ambientais foram aplicados durante seis

dias por mês no período do levantamento. Por ocasião da diagnose, foram

anotadas as coordenadas geográficas de todas as posses.

Ao final do levantamento foram associados os resultados obtidos na diagnose

sócio-econômica-ambiental com aqueles da biodiversidade resultando na

proposta de zoneamento da unidade, assim como a sugestão da sua forma de

uso.

Resultados

Uma vez conhecida a área da Reserva Gurjaú, foi dado início o levantamento

para o estudo da Biologia da Conservação. Ao total, foram aplicados 284

questionários entre os posseiros da reserva de Gurjaú. Menos de 5% desse

total não foram entrevistados, uma vez que as casas encontravam-se fechadas

ou desocupadas. Nestes casos foram feitas outras tentativas no intuito de

encontrar os moradores, mas não houve sucesso. Mesmo assim, as casas

foram georeferenciadas. Este percentual foi encontrado em São Salvador.