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2068 O EFEITO NA EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DEVIDO A MUDANÇAS TECNOLÓGICAS NAS SUAS CADEIAS PRODUTIVAS (1990-2009) Luiz Dias Bahia

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  • 2068

    O EFEITO NA EVOLUO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO DA INDSTRIA BRASILEIRA DEVIDO A MUDANAS TECNOLGICAS NAS SUAS CADEIAS PRODUTIVAS (1990-2009)

    Luiz Dias Bahia

  • TEXTO PARA DISCUSSOB r a s l i a , m a r o d e 2 0 1 5

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    O EFEITO NA EVOLUO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO DA INDSTRIA BRASILEIRA DEVIDO A MUDANAS TECNOLGICAS NAS SUAS CADEIAS PRODUTIVAS (1990-2009)1, 2

    Luiz Dias Bahia3

    1. O autor agradece o apoio tcnico de Bruno Rodrigues Pinheiro. E tambm as sugestes apresentadas no seminrio da Diretoria de Estudos e Polticas Setoriais de Inovao, Regulao e Infraestrutura (Diset) do Ipea, em especial a Fabiano Mezadre Pompermayer e Mansueto Facundo de Almeida Jnior. Os erros ainda existentes so de responsabilidade do autor.2. Este trabalho essencialmente o mesmo publicado em Bahia (2014), com algumas correes.3. Tcnico de Planejamento e Pesquisa da Diset do Ipea.

  • Texto para Discusso

    Publicao cujo objetivo divulgar resultados de estudos

    direta ou indiretamente desenvolvidos pelo Ipea, os quais,

    por sua relevncia, levam informaes para profissionais

    especializados e estabelecem um espao para sugestes.

    Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada ipea 2015

    Texto para discusso / Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada.- Braslia : Rio de Janeiro : Ipea , 1990-

    ISSN 1415-4765

    1.Brasil. 2.Aspectos Econmicos. 3.Aspectos Sociais. I. Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada.

    CDD 330.908

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    Assessor-chefe de Imprensa e ComunicaoJoo Cludio Garcia Rodrigues Lima

    Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoriaURL: http://www.ipea.gov.br

  • SUMRIO

    SINOPSE

    ABSTRACT

    1 INTRODUO ..........................................................................................................7

    2 O DEBATE SOBRE PRODUTIVIDADE A PARTIR DOS ANOS 1990 NO BRASIL ..............7

    3 A ESPECIFICIDADE DESTE TRABALHO E SUA METODOLOGIA ..................................14

    4 RESULTADOS ..........................................................................................................18

    5 CONCLUSO .........................................................................................................39

    REFERNCIAS ...........................................................................................................40

    ANEXO .....................................................................................................................42

  • SINOPSE

    A especificidade deste trabalho tentar fazer uma mensurao da produtividade do trabalho na indstria brasileira entre 1990 e 2009, considerando a cadeia produtiva e as relaes intersetoriais de cada setor industrial no o setor isolado; a produtividade do trabalho devido apenas s mudanas tecnolgicas da produo do setor; uma mensurao dinmica todas as relaes intersetoriais mobilizadas por determinada produo final do setor , e no esttica.

    Buscou-se observar como se compe a produtividade do trabalho ao longo das relaes intersetoriais devido s alteraes temporais exclusivamente tecnolgicas na indstria brasileira. Assim, pde-se observar se elos para trs do setor, ou para frente, vm influenciando e como a evoluo da produtividade da cadeia.

    Assim, no parece que a indstria teria entrado em um perodo de degradao produtiva depois de 1999, ou mesmo de queda generalizada de produtividade do trabalho.

    Palavras-chave: indstria brasileira; produtividade do trabalho; tecnologia.

    ABSTRACT

    This paper tries to mesure the labour productivity in the Brazylian industry from 1990 until 2009. We do note consider the sectors one by one only, but their supply chains and intersectorial relationships. Besides, we mesure the evolution of labour productivity caused exclusively by technological changes. Finally, we consider the dynamic relationships among all the sectors together that are mobilized by production of each final sector.

    So it is possible to know what intersectorial relationship (backward or forward the sector itself) has influence (and how) above labour productivity evolution of the supply chain.

    We conclude that Brazylian industry did not walked a percurse of productive degradation after 1999, or even of a generalized labour productivity fall.

    Keywords: Brazylian industry; labour productivity; technology.

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    1 INTRODUO

    Muito j se pesquisou e analisou sobre o tema importante da evoluo da produtividade na economia brasileira a partir da abertura comercial nos anos 1990. Desde a melhor fonte de mensurao, passando pelos fatores causadores, at as consequncias das evolues observadas, os trabalhos vm sendo feitos em nvel macroeconmico e por setor produtivo ou regio do Brasil.

    Este trabalho tenta fazer uma mensurao da produtividade do trabalho na indstria brasileira entre 1990 e 2009, considerando a cadeia produtiva e as relaes intersetoriais de cada setor industrial no o setor isolado; a produtividade do trabalho devido apenas s mudanas tecnolgicas da produo do setor; uma mensurao dinmica todas as relaes intersetoriais mobilizadas por determinada produo final do setor.

    O objetivo do estudo observar como se compe a produtividade do trabalho ao longo das relaes intersetoriais devido s alteraes temporais exclusivamente tecnolgicas na indstria brasileira. Assim, pde-se observar se elos para trs do setor, ou para frente, vm influenciando e como a evoluo da produtividade da cadeia. Especialmente, verificou-se a influncia de elos da infraestrutura brasileira e da administrao pblica, alm da intermediao comercial. E, enfim, compararam-se setores e complexos entre si, no mesmo perodo de tempo ou intertemporalmente.

    O trabalho se organiza de maneira simples. A seo 2 faz uma sntese no exaustiva de estudos sobre produtividade do trabalho no Brasil desde 1990. A seo 3 apresenta a metodologia utilizada. A seo 4 traz os resultados com sua anlise. E finalmente, na seo 5, conclui-se o estudo.

    2 O DEBATE SOBRE PRODUTIVIDADE A PARTIR DOS ANOS 1990 NO BRASIL

    Na dcada de 1990, depois do incio da abertura comercial em fins dos anos 1980, acentuada de 1990 em diante, a produtividade do trabalho passou a aumentar significativamente, depois de estar quase estagnada ou decrescente nos anos 1980. Isto suscitou acirrado debate metodolgico sobre a maneira correta de medir tal produtividade. No se descrever neste trabalho a conjuntura de tal debate, mas procurar-se- cit-lo apenas quando se tratar

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    de trabalhos que, j nos anos 2000, com o debate tendo chegado a um suficiente consenso, apresentaram vrios aspectos conclusivos sobre o tema. Adicionalmente, apresentar-se-o tambm trabalhos que analisaram a produtividade nos anos 2000. Deve-se salientar que se tratar aqui apenas da indstria brasileira e da agropecuria, por ser indispensvel para a agroindstria.

    Bonelli (2002) apresenta uma sntese da evoluo da produtividade do trabalho nos anos 1990. Sua primeira evidncia de que teria havido uma clara reverso da evoluo da produtividade do trabalho na dcada de 1990 comparada com a de 1980: crescimento expressivo na primeira, e decrscimo profundo na segunda considerando toda a economia, e no apenas a indstria. Observando a indstria apenas, e tratando produtividade como valor agregado (VA) por pessoal ocupado, o autor apresenta taxas de crescimento mdio negativas para a dcada de 1980, e positivas para a de 1990 da ordem de 8% ao ano (a.a.). Entretanto, salientado que ao final da dcada de 1990, especialmente depois da crise asitica em 1997 apesar de neste ano a taxa de crescimento da produtividade ter atingido seu auge para a dcada (cerca de 15%) , h uma desacelerao do crescimento da produtividade, iniciando os anos 2000 ano at o qual vai a anlise do autor em ritmo cadente.

    Outra anlise que Bonelli (2002) apresenta, particularmente importante para este trabalho, a decomposio, pelo autor, da evoluo da produtividade do trabalho nos anos 1990 em dois fatores: efeito estrutural e efeito tecnolgico. O primeiro significaria a reduo de pessoal empregado em setores de baixa produtividade e sua migrao para os de alta produtividade, mantendo-se constantes os nveis de produtividade em geral. O segundo efeito ocorreria se no houvesse tal mobilidade de mo de obra, e, no entanto, todos fizessem um esforo para aumentar a produtividade, como o mesmo pessoal ocupado. O autor conclui que o efeito estrutural, entre 1990 e 2000, foi responsvel por 139,8% da evoluo da produtividade, enquanto o efeito tecnolgico foi responsvel por 239,8% da mesma evoluo. Ou seja, apesar de ter havido reduo de pessoal ocupado em setores tradicionalmente de menor produtividade, este fator no explica a evoluo da dcada de 1990, e sim o esforo tecnolgico feito pelas empresas. Adicionalmente, Bonelli (2002) ainda conclui que no houve, no perodo, convergncia de produtividade entre os setores da indstria.

    Outro esforo expressivo para entender o comportamento da produtividade do trabalho na dcada de 1990 est em Carvalho (2000). O estudo buscou as causas do aumento de produtividade no perodo, por meio de coeficientes de correlao e regresses

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    entre microdados de produtividades setoriais e resultados de pesquisas institucionais em empresas sobre o motivo do aumento da produtividade. Uma concluso importante a predominncia no perodo 1990-1997 de investimento para racionalizao e modernizao de baixo nvel de dispndio, com poucos riscos e rpido retorno de dispndios em detrimento dos investimentos para incorporar nova safra de bens de capital e inovaes tecnolgicas de maior vulto. No primeiro caso, predominam novos mtodos de gesto da produo. Os investimentos feitos, no segundo grupo, foram predominantemente para reduzir custos, o que leva o autor a concluir que a retomada de investimentos depois do Plano Real no esteve predominantemente associada a aumento efetivo de capacidade produtiva expanso de plantas ou nova planta. Os novos mtodos de gesto da produo concentraram-se mais em controle de qualidade, seguidos, em ordem decrescente de importncia, por: planejamento e gesto, economia de tempos e materiais, e organizao do processo de trabalho. Tambm quanto organizao da produo, Carvalho (2000) conclui pelo carter reativo desta, pois mudanas de maior flego na organizao da empresa por exemplo, just in time, reengenharia, trabalho em grupo etc. ficaram em segundo plano.

    Finalizando essa parte de sua anlise, Carvalho (2000) assinala um relevante resultado: a presso competitiva com a abertura comercial foi um fator importante na explicao do aumento da produtividade e, mais ainda, os setores submetidos a maior presso competitiva foram os que mais tiveram acrscimo de produtividade (op. cit., p. 193 e 196). Nessa linha, frente, o autor detalha mais a ltima afirmao, inferindo que tanto a maior presena de importaes competindo no mercado com a produo nacional quanto nveis mais elevados de importao de insumos, em princpio de melhor qualidade, esto positivamente associados evoluo da produtividade (op. cit., p. 208).

    Quanto ao investimento, Carvalho (2000) chega a evidncias empricas de que o aumento da intensidade do investimento (investimento/receita) e o crescimento do investimento em equipamentos de processamento de dados geram impacto positivo na produtividade, o que evidencia que a difuso da microeletrnica tem impactos positivos sobre a produtividade (op. cit., p. 235). Outro resultado surpreendente: as empresas que investiram em ampliao de capacidade e novas plantas, no apenas em reduo de custos e modernizaes superficiais, foram as mais bem-sucedidas em aumento de produtividade (op. cit., p. 235).

    Enfim, Carvalho (2000) conclui que foram trs os fatores determinantes com as especificidades citadas para o aumento da produtividade do trabalho na dcada

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    de 1990: aumento dos coeficientes de abertura comercial, novos mtodos de gesto da produo, e modernizao tecnolgica. Todos estes fatores poderiam ser includos no que Bonelli (2002) chamou de determinantes tecnolgicos no de mobilidade do fator trabalho entre empresas da evoluo da produtividade na dcada de 1990.

    Bonelli (1999) faz uma pesquisa semelhante de Carvalho (2000), tentando construir uma matriz de correlaes entre produtividade e vrios itens de emprego e instalao de novas tecnologias as variaes de produtividade do trabalho so de 1993-1996. A primeira concluso de no haver correlao significativa entre emprego e produtividade ou entre emprego e novas tecnologias de produo. Alm disso, h correlaes muito fortes e significativas entre produtividade e mtodos e tcnicas de gesto: just-in-time, uso de mquinas-ferramenta com controle numrico, troca rpida de ferramentas, uso de eletronic data interchange, uso de robs e adoo de benchmarketing, uso de computer aided manufacturing (CAM), uso de mainframe, implementao de trabalho em grupo, planejamento estratgico, e manuteno preventiva total. Finalmente, o autor chama ateno para a implantao de recursos tecnolgicos de automao e tambm para a elevada complementaridade entre estes.

    Rocha (2007) desenvolve uma comparao de longo prazo na produtividade (valor agregado/pessoal ocupado VA/PO) da indstria brasileira. Seu objetivo tentar verificar se mudanas estruturais da indstria teriam influenciado sua evoluo de produtividade. Para o perodo 1985-2001, nota-se, como assinalou Bonelli (2002), que no houve migrao expressiva de postos de trabalho entre setores de baixa, mdia-baixa, mdia-alta e alta produtividade. Adicionalmente, no mesmo perodo, o crescimento da produtividade foi intrassetorial, o que novamente confirma Bonelli (2002). Finalmente, Rocha (2007) conclui que as mudanas estruturais da indstria brasileira de 1985 a 2001 no so relevantes dado seu bnus estrutural muito pequeno para explicar a evoluo da produtividade do trabalho no perodo. Bonelli (2002) tambm aponta o perodo posterior a 1997 como j apresentando um descenso do crescimento da produtividade. Rocha (2007) tambm considera que, nos anos subsequentes a 2001, o crescimento da produtividade provavelmente no se manteria.

    Em uma anlise mais comparativa entre pases da Amrica Latina, Katz (2000) enfatiza alguns cmbios estruturais ocorridos na dcada de 1990. O primeiro destes seria o ganho de importncia produtiva de setores intensivos em recursos naturais (ao, petroqumica, minerais no ferrosos, alimentos e celulose/papel) em pases como Argentina, Chile, Brasil e Uruguai. O segundo seria que uns caminharam para as indstrias

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    chamadas de maquiladoras (computadores, equipamentos de vdeo, televiso, automveis etc.) em pases como Mxico e outros da Amrica Central. Quanto produtividade do trabalho, o autor assinala um aumento do crescimento desta nos anos 1990, exceto Mxico. Entretanto, Katz (2000) aponta ter ocorrido no Brasil, na Argentina, na Colmbia e no Uruguai uma forte queda de emprego industrial o que para o autor explica o incremento de produtividade no perodo, mais que o aumento da produo. Finalmente, Katz acrescenta que alm daqueles setores intensivos em recursos naturais que teriam tido melhor desempenho em 1990-1996, comparado aos perodos anteriores, no Brasil a indstria automobilstica teve expressivo aumento de peso na estrutura industrial, enquanto os setores tradicionais (vesturio, calados, txtil etc.) perderam peso. Contudo, nas evidncias empricas apresentadas pelo autor, no houve nenhuma mudana estrutural de grandes propores no Brasil, o que vai ao encontro do trabalho de Rocha (2007).

    Ferreira e Guilln (2004) analisam o efeito da abertura comercial sobre a indstria brasileira quanto produtividade total dos fatores em nvel setorial e em poder de mercado. Seus dados no so diretamente comparveis aos deste estudo, pois trabalhou-se aqui com produtividade do trabalho. De qualquer maneira, na equao que julga mais adequada a seu exerccio, aquele com retornos constantes de escala e deslocamento de produtivi-dade diferente para cada setor, os autores encontram aumento de produtividade total dos fatores na maioria dos setores, a partir da abertura comercial.

    Muendler (2004), tambm trabalhando com produtividade total dos fatores, investiga trs possveis fontes de aumento desta em nveis agregados para a indstria brasileira de 1990 a 1998, devido abertura comercial: aumento da competio, que teria levado as empresas a aumentar sua eficincia; disponibilidade de novos insumos e bens de capital, que teria levado melhoria de processos produtivos; eliminao de firmas ineficientes, o que levaria a aumento da produtividade geral das firmas remanescentes. O autor encontra evidncias confiveis apenas para o primeiro canal de aumento de produtividade total dos fatores.

    Uma crtica ao trabalho de Muendler (2004) feita por Lisboa, Menezes e Schor (2010). Os autores investigam se de fato o aumento da competio entre empresas, provocado pela reduo de tarifas de produtos acabados na abertura comercial, teria efetivamente levado a um aumento de produtividade total dos fatores, ou se tal aumento teria ocorrido devido reduo de tarifas de importao de insumos e bens de capital mais eficientes e modernos, o que tambm teria provocado mais competio nos setores produtores de insumos e mquinas nacionais. A disponibilidade de dados nesse trabalho

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    mais detalhada que no de Muendler (2004), pois os autores obtiveram dados por firma e por setores de toda a indstria da Pesquisa Industrial Anual (PIA). A investigao vai de 1988 a 1998. Na tabela 2 (Lisboa, Menezes e Schor, 2010, p. 285), chega-se principal concluso: a mudana de competio via menores tarifas de produto no significativa nem para setores intensivos em trabalho, nem para os intensivos em capital; ao passo que a mudana tecnolgica via reduo de tarifas de insumos e bens de capital significativa para ambos. Assim os autores concluem que o aumento de produtividade total dos fatores induzida pela abertura comercial foi devido a fatores tecnolgicos, apesar de seu exerccio ainda no ter respondido se o aprimoramento tecnolgico foi via importao de bens de capital e insumos mais sofisticados ou, ainda, via mais competio provocada nos fabricantes nacionais. De qualquer maneira, apesar do exerccio ser bem diferente, h uma similaridade com a concluso de Bonelli (2002), ou seja, o aumento da produtividade do trabalho com a abertura comercial se devia fundamentalmente a fatores tecnolgicos.

    Galeano e Wanderley (2013) calculam a produtividade do trabalho ou seja, valor da transformao industrial dividido por pessoal ocupado (VTI/PO) na PIA entre 1996 e 2007, concluindo por uma taxa mdia anual decrescente, principalmente depois de 1999. O trabalho envolve questes regionais que vo alm do escopo deste estudo.

    Feij e Carvalho (2006) mostram a evoluo da produtividade do trabalho na indstria ou seja, produo fsica dividida por pessoal ocupado (PF/PO) por meio da Pesquisa Industrial Mensal de Produo Fsica (PIM-PF) e da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salrio (Pimes), concluindo pelo seu crescimento na dcada de 1970, estagnao e regresso na de 1980 e retomada de crescimento nos anos 1990, embora com forte poupana de mo de obra. Usando a mesma base de dados, os autores anteveem uma recuperao da produtividade do trabalho industrial a partir de 2002, principalmente 2004, mas sem a caracterstica de poupana de mo de obra da dcada de 1990.

    Galeano e Feij (2013) investigam a produtividade do trabalho (VTI/PO) na PIA de 1996 a 2007. As autoras concluem pela perda de crescimento da produtividade no perodo, com esta entrando em descenso a partir de 2000 no que concordam com as expectativas de Rocha (2007) e confirmam a desacelerao da produtividade j depois de 1997, auferida por Bonelli (2002). Assim, Galeano e Feij (2013) concluem que os ganhos de produtividade do trabalho da indstria se dissiparam depois de 1999, no que

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    se reveem as expectativas de Feij e Carvalho (2006) de significativa ascenso depois de 2004. Outra concluso importante das autoras se refere concluso de que, entre 1996 e 2007, a participao dos setores no emprego mudou pouco (Galeano e Feij, 2013, p. 18), sinalizando que, apesar das transformaes promovidas nos processos produtivos nos anos 1990 e 2000, a estrutura industrial se manteve relativamente rgida (op. cit., p. 18, grifo nosso).

    Squeff et al. (2012) utilizam as Contas Nacionais, verso 2000, para calcular a produtividade do trabalho (VA/PO) da indstria no perodo 2000-2009. A exemplo dos autores citados, estes concluem por uma que paulatina e lenta queda da produtividade do trabalho, em termos mdios de -0,6% a.a. (indstria como um todo) e -0,9% a.a. (indstria de transformao). Entretanto, este no foi o comportamento de toda a economia, que teria tido um crescimento de produtividade do trabalho de cerca de 0,9% a.a. para o mesmo perodo.

    Finalmente, Barbosa Filho e Pessa (2013),1 a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD), calculam vrias modalidades de produtividade para a economia brasileira como um todo no perodo 1982-2012. Para a produtividade do trabalho, os autores concluram pelas seguintes taxas mdias anuais de variao no perodo de 1982 a 1992: queda de -0,6% a.a. usando como denominador de produtividade o pessoal ocupado (PO) e 0,1% a.a. usando como denominador de produtividade as horas trabalhadas (HT) , concluindo que a primeira queda foi devida reduo da jornada de trabalho (-0,7%), com PO contribuindo em 2,6%; em outras palavras, na dcada perdida teria havido estagnao, no queda, da produtividade do trabalho. No perodo 1992-2002, teria ocorrido o seguinte com a produtividade do trabalho: crescimento de 0,9% a.a. com PO e 0,9% a.a. com HT. No perodo 2002-2012 teria ocorrido o seguinte com a produtividade do trabalho: crescimento de 1,4% a.a. com PO e 1,7% a.a. com HT. Assim, segundo os autores, a produtividade do trabalho no teria cado depois de 2002, mas acelerado, em comparao com o perodo 1992-2002. Trata-se de uma concluso importante, apesar dos dados se referirem economia como um todo, e no indstria. De qualquer maneira, para o perodo 2002-2012, os dados so comparveis aos de Squeff et al. (2012) para a economia como um todo no perodo 2000-2009: nos primeiros, a produtividade do trabalho em PO teria crescido cerca de 1,4% a.a., enquanto para os segundos, cerca de 0,9% a.a.

    1. Caso se deseje aprofundar nos resultados, as desagregaes apresentadas esto disponveis em Barbosa Filho e Pessa (2013).

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    Apesar da diversidade de mtodos e conceitos, alm de fonte de dados, parece claro que a produtividade do trabalho aumentou bastante desde 1990, tendo rompido um perodo de quase inrcia nos anos 1980. Parece tambm um consenso, para todos os analistas, que na dcada de 1990 a produtividade do trabalho aumentou de maneira mais intensiva que na dcada seguinte. Assim, um dos objetivos deste trabalho construir uma mensurao homognea metodologicamente para as duas dcadas, enfatizando a indstria. Os objetivos mais especficos sero expostos nas sees a seguir.

    3 A ESPECIFICIDADE DESTE TRABALHO E SUA METODOLOGIA

    3.1 A especificidade

    Nota-se que todos os estudos citados na seo 2 trabalham com setores agregados e estanques: automobilstica, vesturio etc. Entretanto, sabe-se que cada setor, ao produzir, entra necessariamente em relaes de compra (insumos) e venda (transporte, comrcio etc.), que constituem sua cadeia produtiva. Esta cadeia produtiva, por sua vez, para produzir, entra em relaes intersetoriais com outras cadeias produtivas, o que se chama de uma interao para produzir. Ou seja, considerando a cadeia produtiva esttica ou dinmica, h muito mais o que mensurar de produtividade que o setor isolado e esttico.

    A vantagem de tal abordagem ser capaz de analisar e identificar os elos dinmicos da cadeia produtiva de cada setor, verificando eventuais problemas e pontos de menos eficincia o que impossvel de se analisar em um setor estanque e esttico.

    Alm da caracterstica citada, h outra especificidade deste trabalho: mensurar a evoluo da produtividade devido apenas s alteraes tecnolgicas de cada cadeia dinamicamente. Foram isolados todos os demais possveis efeitos (variao da composio da demanda, variao de produo setorial, mobilidade da mo de obra, variao de preos do setor e preos relativos etc.) para se trabalhar apenas com a variao tecnolgica pura e dinmica de cada cadeia. Assim, os resultados de produtividade e eficincia tcnica neste estudo identificados so devidos apenas s mutaes tecnolgicas. E tecnologia aqui entendida como tecnologia do modelo de Leontief.2

    2. A esse respeito, ver Varian (1992).

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    Uma especificidade final que se est trabalhando com produtividade do trabalho, no a que usa o valor agregado setorial ou seja, produtividade como VA/PO , mas outra, que utiliza valor de produo setorial ou seja, produtividade como valor de produo/pessoal ocupado (VP/PO). As justificativas para isto so vrias.

    1) Como se quer mensurar produtividade, tem-se que referenciar teoricamente a uma funo de produo; a definio cannica desta se encontra em Samuelson (1997, p. 84), em que a varivel dependente produo, e as independentes, os variados insumos.3

    2) No modelo de Leontief, as relaes intersetoriais so compras e vendas de valor de produo (VP), no de VA.

    3) VP a verdadeira proxy de produo, sendo VA uma medida derivada.

    4) VP incorpora efetivamente a tecnologia produtiva, enquanto VA o resduo de lucros, salrios e custos financeiros.

    5) Esses resduos variam com o tempo, sem necessariamente uma lgica produtiva e tecnolgica, mas de conjuntura macroeconmica (juros, cmbio, preos de mercadorias compradas como insumos e vendidas como produtos), o que em uma economia em ajuste h dcadas, como o Brasil, pode gerar vis na anlise.

    3.2 Metodologia

    A metodologia a mesma utilizada em Bahia (2012), com adaptaes para o presente exerccio, que mais geral e tem algumas especificidades. A seguir, apresentar-se-o as diferenas principais.

    1) Trabalhou-se com as Tabelas de Recursos e Usos (TRUs)4 de 1990 a 2009 integrais. Assim, o procedimento de colocar todas as TRUs a preos de 1995 mais geral que o feito em Bahia (2012). Essencialmente, a equao (11) de Bahia (2012) para cada item de exportao foi generalizada para cada item de cada TRU. Trata-se de encadear os valores de cada item de uma TRU de determinado ano com a do ano anterior (ou seguinte), pois as TRUs foram disponibilizadas a preos correntes de um determinado ano e a preos do ano anterior. Assim, colocaram-se todas as TRUs a preos de 1995. O ano de 1995 foi escolhido por ser o primeiro depois do

    3. Um trabalho com a mesma concluso o de Syverson (2011), especialmente s pginas 329-331, onde se l: Esta frase deve ser substituda por: Expressando de maneira simples, produtividade eficincia na produo: quanto de produo obtida a partir de um dado conjunto de insumos (Traduo e grifos nossos). Observamos que insumos na frase anterior expresso em sentido amplo, ou seja, incluiu capital instalado, trabalho e bens intermedirios.4. Tabelas de Recursos e Usos (TRUs) das Contas Nacionais Anuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Os recursos so as produes de cada setor; os usos so os fluxos entre setores de bens (expressos em valores monetrios) para a produo.

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    advento do Plano Real, quando provavelmente a disperso de preos entre setores era a menor possvel.

    2) Uma vez com as TRUs todas a preos de 1995 mas no a preos bsicos5 de 1995 , passou-se a construir a matriz de insumo-produto. Por meio da Conta de Recursos, construiu-se a matriz de market-share para cada TRU de cada ano. A metodologia usada foi a de Gigantes (1998). Em seguida, utilizou-se a metodologia de Guilhoto e Sesso Filho (2005) para se chegar matriz de usos a preos bsicos. De posse desta matriz, chegou-se matriz tecnolgica retangular, dividindo cada clula pelo VP a preos bsicos de sua atividade. Multiplicando a matriz de market-share pela matriz tecnolgica retangular, obteve-se a matriz tecnolgica quadrada, que a matriz A de Leontief.6

    3) A matriz A, para cada ano, est a preos constantes de 1995. Em seguida transformou-se a matriz A na matriz inversa de Leontief (IL), utilizada nas simulaes. A matriz inversa : .

    4) Passou-se, assim, a utilizar as equaes (27) e (28) de Bahia (2012), com duas modificaes: a IL a de cada ano, de 1990 a 2009; o vetor de exportaes foi substitudo por um choque padro por atividade (R$ 1milho a preos de 1995) ou por todas as atividades de um determinado complexo. Em seguida, utilizou-se as equaes (30) a (37) (Bahia, 2012), analogamente substituindo a IL pela de cada ano, e o vetor de choque pelo padronizado neste estudo. Chamando de F o choque padronizado, e V o vetor de valores de produo resultante, tem-se que:

    .

    5) Assim, obteve-se dois conjuntos de resultados: o vetor de V a preos bsicos de 1995 em cada atividade resultante de cada choque padronizado, importante para se acompanhar a eficincia tcnica (ET) de cada atividade entre 1990 e 2009; depois, a produtividade de trabalho a preos de 1995, resultante tambm do choque padronizado. O conceito de eficincia tcnica deste estudo : quantidade de insumos mobilizados por toda a economia para produzir uma dada quantidade fixa de demanda final de certa atividade (mesmo F); como no exerccio a quantidade de demanda final constante em todos os anos, um aumento da quantidade total de insumos mobilizados uma perda de eficincia tcnica; o contrrio seria um ganho de eficincia tcnica. O conceito de eficincia tcnica deste trabalho vem de

    5. Preos bsicos so os correntes menos as margens de comrcio e transporte, alm dos impostos indiretos. Assemelham-se aos preos das mercadorias ao sairem da produo, sem nenhuma incidncia de impostos ou distribuio.6. Matriz A a matriz de coeficientes tcnicos. Os coeficientes tcnicos so a diviso, a cada elo de relao intersetorial, do valor a preos bsicos do insumo utilizado na produo de uma atividade pelo valor de produo total a preos bsicos da mesma atividade.

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    Farrel (1957). Este um conceito que nada indica sobre inovao, seja de produto, seja de processo. Pode haver aumento de eficincia tcnica sem nenhuma inovao uma combinao mais eficiente de insumos, por exemplo , assim como uma inovao pode induzir a um aumento de eficincia tcnica a produo de um insumo com caractersticas tcnicas e produtivas melhores, por exemplo. Quando se mensura intertemporalmente eficincia tcnica, tem-se duas possibilidades de mudana desta: com a manuteno da proporo entre os insumos na produo; e sem sua manuteno. O conceito de Farrel (1957) est ligado ao primeiro caso. Assim, quando se fala de eficincia tcnica neste estudo, est se utilizando tal conceito lato sensu, por meio de sntese escrita em Farrel (1957) para a firma, seu sucesso em produzir tanto produto quanto possvel a partir de um dado conjunto de insumos (Farrel, 1957, p. 254, grifo e traduo nossos). Como o produto aqui est fixo em todos os anos, para todos os setores, o aumento na cadeia de insumos indica perda de eficincia (sinal negativo na tabela), e a diminuio destes na cadeia indica aumento de eficincia (sinal positivo na tabela).

    6) Deve-se considerar que a comparao de um elemento de e da mesma atividade, expressa nesses vetores nos seus dois valores respectivos, no indica uma mudana de eficincia naquele elo da cadeia produtiva da atividade que encabea tal cadeia. O conceito de Farrel (1957) considera todos os insumos mantidos na mesma proporo entre si e que, assim, passam para menor gasto total de insumos. Assim, mediu-se neste estudo eficincia tcnica apenas comparando a soma de todos os elementos de

    e . A comparao de cada elemento com seu anlogo em termos intertemporais poderia estar indicando vrias coisas, como substituio de um insumo por outro da mesma cadeia produtiva7; importao8 de parte do insumo daquele elo entre (t) e (t+1); ou, eventualmente, uma alterao de eficincia produtiva. Manteve-se ao longo da exposio a ideia de ganho quando o valor positivo ou perda quando

    7. A substituio de insumos sempre factvel. Entretanto, deve-se ter em mente que as atividades indicam produtores de uma gama elevada e diversificada de produtos, sendo menos provvel a substituio entre atividades (apesar de possvel). Por exemplo, pouco provvel a substituio de refino que inclui a primeira e segunda geraes da petroqumica toda com agropecuria produtora de lcool e seiva de seringueiras para se fazer borracha. Essas substituies seriam sempre possveis, mas muito menos frequentes no perodo que se analisa. Por isso, preferiu-se manter o foco na questo de mutaes de eficincia, mais provveis de serem factveis no perodo.8. No anexo deste trabalho, para os perodos 1990-2009 e 2000-2009, mostrou-se que os coeficientes de correlao nas atividades da TRU entre a mdia geomtrica da variao percentual em um determinado perodo das importaes de insumos e a mdia geomtrica de seus respectivos valores de produo extremamente baixa, o que indica: a influncia das importaes marginal sobre a matriz A, desde 1990; a importao de insumos influencia marginalmente as concluses a cada elo de V e na medida de eficincia tcnica, na metodologia utilizada. Adicionalmente, pode-se observar que em 1990 os insumos importados correspondiam a 17,28% do consumo intermedirio total (nacional e importado), enquanto em 2009, 20 anos depois, correspondiam a 24,25%. Nota-se que h um pequeno aumento de 6% em 20 anos, o que, junto s evidncias (anexo), deixam claro que a matriz A representa bem a tecnologia utilizada no Brasil de 1990 a 2009.

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    o valor negativo de eficincia tcnica para cada elo da cadeia. Mas se deve ter em mente a possibilidade de substituio de nfase de uso de insumos entre os elos. Se um insumo mais usado em um determinado elo, este no ter necessariamente um papel de menor eficincia tcnica (sinal negativo do ndice), pois usar mais pode indicar produzir produto final em mais quantidade, ou seja, neste caso se estaria aumentando a eficincia tcnica (e o sinal do ndice seria positivo).

    1) O acompanhamento sequencial da eficincia tcnica indica como dinamicamente a economia brasileira, na interao de todos seus setores, est se organizando para produzir aquele R$ 1 milho a preos de 1995 padronizados para todos os anos os valores poderiam ser outros, sem alterao das concluses de uma determinada atividade, ou de um conjunto destas.

    2) O acompanhamento da produtividade do trabalho permite avaliar de 1990 a 2009, em uma mesma base metodolgica, e devido a fatores exclusivamente tecnolgicos, a produtividade de cada atividade mobilizando toda a economia. A produtividade do trabalho foi encontrada de maneira simples, ou seja, construiu-se um vetor vertical B, em que cada elemento corresponde a uma atividade, contendo o valor de PO/VP pessoal ocupado naquela atividade dividido por valor da produo a preos bsicos de 1995 da mesma atividade, que se tira das TRUs; multiplicou-se cada elemento de B com seu respectivo valor mesma atividade com mesma atividade em V; o resultado desta multiplicao elemento por elemento entre os dois vetores um vetor D, contendo em cada elemento, que corresponde a cada atividade, o PO efetivamente utilizado daquela atividade na cadeia em questo; dividindo o somatrio dos elementos de V pelo somatrio dos elementos de D, encontrou-se a produtividade do trabalho da cadeia em questo, ou de um conjunto de cadeias se se der mais de um choque em mais de uma atividade simultaneamente.

    3) Deve-se enfatizar que o trabalho tem como objetivo o clculo da eficincia tcnica da(s) cadeia(s) e sua produtividade do trabalho. As explicaes s vezes levantadas a partir dos resultados so especulativas, por estarem alm do escopo da metodologia utilizada. Entretanto, foram feitas tais especulaes por se entender serem estas ensejo para estudos futuros detalhados.

    4 RESULTADOS

    Organizou-se a exposio dos resultados e sua anlise por complexos industriais. Sua definio terica mais rigorosa se encontra em Haguenauer et al. (2001), assim como os setores que compem cada complexo. Em cada complexo, fizeram-se as simulaes para o complexo como um todo e, em separado, para cada atividade que o constitui.

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    Deve-se enfatizar que, apesar da exposio ser feita como mencionado, cada simulao mobiliza todos os setores da economia, inclusive os no industriais. Assim, as cadeias produtivas de cada atividade incluem setores para frente e para trs da atividade simulada, em que entram servios, setores agropecurios etc.

    Na exposio que se far sobre eficincia tcnica, no se apresentam os resultados de toda a economia, o que seria tedioso e pouco agregaria s concluses. Para efeito de exposio, selecionaram-se as atividades cujo VP mobilizado representava pelo menos 1% do VP total mobilizado na cadeia em questo.

    4.1 Complexo metalomecnico

    Os resultados de eficincia tcnica no complexo metalomecnico e suas atividades so apresentados na tabela 1.9

    Observando os resultados para o complexo metalomecnico como um todo (MM), nota-se primeiro que sua eficincia tcnica agregada aumentou a uma taxa mdia significativa (0,719 % a.a.), sendo o desempenho depois de 1999 ainda melhor (0,815% a.a.).

    Setorialmente, h apenas dois desempenhos negativos entre 1990 e 2009: servios industriais de utilidade pblica (SIUP) e comunicaes, ambos da infraestrutura. O importante em SIUP o fornecimento de energia eltrica e gua canalizada. No caso de energia eltrica, descarta-se o problema de preos, pois se est trabalhando com preos constantes de 1995. Assim, a perda de eficincia deve ter vindo de limites quantitativos no fornecimento, como maior distncia de hidreltricas no Norte, fornecendo a outras reas no Sul e Sudeste. Alm disso, o problema em SIUP pode advir de desperdcio de gua, ou seu reaproveitamento ainda precrio. Comunicaes basicamente se refere a telecomunicaes. Este quesito apresentou evoluo negativa de ET em todos os complexos e em todas as atividades. Sua especificao nas atividades das TRUs mui-to agregada apenas telecomunicaes , sendo difcil ter uma ideia muito concreta de seu efeito produtivo, apesar deste ser pequeno seu VP entre 1% e 2% do VP de qualquer cadeia, em todos os casos. Talvez isto indique uma demanda insatisfeita por servios de telecomunicaes como uso ainda incipiente de internet ou problemas de utilizao de celular, como possveis quedas frequentes das ligaes, o que induz a mais ligaes para efetivar o mesmo contato etc. , mas de fato difcil ir alm dessa evidncia: a perda de eficincia generalizada.

    9. Em todas as tabelas os nmeros apresentados representam a mdia geomtrica do crescimento anual da varivel em questo no perodo e atividade (ou complexo) assinalados, expressos em porcentagem.

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    Transportes apresentou crescimento positivo e significativo de ET, o mesmo acontecendo com comrcio, para o complexo como um todo. Ou seja, a infraestrutura de transporte no parece ser um gargalo produtivo neste caso, nem o comrcio tem dissolvido os ganhos de eficincia do metalomecnico. Um resultado expressivo a contribuio positiva da administrao pblica para a eficincia da cadeia. Aqui se trata de servios fornecidos pela administrao pblica para a atividade produtiva do complexo: essencialmente regulao de atividades econmicas e segurana e ordem pblica. A rubrica administrao pblica em geral tambm deveria ser includa no relacionamento com o setor produtivo, no fosse sua generalidade, que dificulta a especificao dos servios envolvidos mesmo sabendo que h inmeros servios ligados ao setor produtivo, fica difcil avaliar um conjunto a tal ponto heterogneo e amplo. Ainda assim, acredita-se adequado incluir tal rubrica na atividade administrao pblica. Finalmente, deve-se mencionar que, a exemplo de comunicaes, mas no sentido bom, administrao pblica tem desempenho de ET positivo em todos os complexos e todas as atividades.

    Todas as demais atividades significativas apresentam variao anual positiva de ET no complexo metalomecnico. Assim, pode-se afirmar ser este um complexo bem dimensionado em termos de eficincia. Comparando seu desempenho de ET agregada nos perodos 1990-2009 e 1999-2009, notou-se que no segundo a ET cresceu ainda mais, o que significa que o desempenho da dcada de 1990 foi melhorado na dcada de 2000.

    Na atividade siderurgia (SID), todas as demais atividades significativas de sua cadeia apresentam variao positiva anual de ET. Mas os gargalos aparecem na infraestrutura. SIUP e comunicaes apresentam evolues anuais de eficincia cadentes. Alm disso, h menos ET das fbricas na intermediao comercial. Finalmente, a terceirizao feita na atividade expressa em servios prestados empresa parece mal ajustada, e no final acaba reduzindo a ET da cadeia. Transportes, entretanto, no problema, pois agrega ET cadeia. Finalmente, pode-se notar que a cadeia, como um todo, aumentou sua eficincia ao longo do tempo: a ET no perodo 1999-2009 cresceu anualmente mais que em 1990-2009.

    Na metalurgia dos no ferrosos (MNF), que trata majoritariamente da metalurgia do alumnio, mas tambm de outros, como cobre, nquel etc., todas as atividades apresentam evoluo anual positiva de ET, no havendo nenhum gargalo produtivo, exceto em SIUP e comunicaes, sendo a primeira atividade muito importante (talvez decisiva) na metalurgia do alumnio. A evoluo agregada nos perodos 1990-2009 e 1999-2009 muito positiva, com a segunda maior que a primeira.

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    Na atividade outros metalrgicos (OMET), que trata de tubos de ferro e ao, peas de ao fundido e outras peas e artigos de ferro e ao, toda a cadeia tambm apresenta evoluo anual positiva de suas atividades. Seria possvel dizer, adicionalmente, que elos como qumicos diversos e metalurgia dos no ferrosos, apesar do desempenho de ET positivo, destoam do conjunto, por apresentarem desempenho positivo, mas bem menor assim, talvez estes sejam elos a prioritariamente buscar o aumento de ET na cadeia. O desempenho negativo fica por conta de SIUP e comunicaes. O desempenho agregado da cadeia foi bastante positivo em 1990-2009, mas ainda mais em 1999-2009, novamente sinalizando aumento de ET nos anos 2000 em relao aos de 1990.

    Na atividade mquinas e equipamentos (MQE) nota-se que no h nenhum elo da cadeia com perda de eficincia, nem mesmo em SIUP, como nas cadeias anterior-mente citadas. A nica perda de eficincia se encontra em comunicaes, por motivos semelhantes aos anteriores, e que so os motivos de todas as cadeias. O crescimento de eficincia de toda a cadeia no perodo 1990-2009 significativo, e aumenta em 1999-2009, sinalizando que a dcada de 2000 superou neste quesito a de 1990.

    TABELA 1Complexo metalomecnico: taxa anual mdia de variao de eficincia tcnica (1990-2009)(Em %)

    Atividade MM SID MNF OMET MQE MELET ELETRON AUTOM AUTOPAgropecuria x x x 0,247 x x x x xExtrativa mineral 0,252 0,757 3,138 2,680 x x x x xMineral no metlico 2,125 x 3,008 x x 0,291 6,562 x xSiderurgia 0,956 0,296 2,800 1,984 2,550 1,681 6,933 2,212 2,758Metalurgia no ferrosos 0,479 x 0,171 0,641 2,238 2,540 6,021 1,427 0,507Outros metalrgicos 0,341 2,158 0,770 0,068 0,840 -0,003 4,860 0,675 -0,327Mquinas e equipamentos 0,361 x 1,956 1,982 0,108 0,581 5,772 0,271 0,972Material eltrico 0,732 x x x 3,700 0,164 6,988 x xEquipamentos eletrnicos 1,136 x x x x x 1,276 x xAutomvel/caminho/nibus 0,234 x x x x x x 0,064 xPeas e outros veculos 0,428 x x x 1,890 x x 1,339 0,190Madeira e mobilirio x x x x x x 7,480 x xCelulose, papel e grfica 1,111 x x x x 0,081 5,034 x xIndstria da borracha x x x x x x x 2,404 xElementos qumicos x x 2,108 x x x x x xRefino do petrleo 2,867 2,575 2,811 2,792 2,678 2,321 5,464 3,041 2,338Qumicos diversos 2,089 x 1,937 0,793 x 1,454 x 2,764 xArtigos plsticos x x x x x 2,415 6,406 x xSIUP -0,803 -1,510 -1,334 -0,626 0,088 0,010 3,323 -0,529 -1,166Comrcio 1,210 0,206 1,186 1,009 2,197 0,673 4,179 0,506 0,330Transportes 1,850 1,560 1,860 1,934 1,938 1,066 4,219 1,283 2,190Comunicaes -4,231 -5,605 -8,007 -4,497 -4,113 -4,980 -0,141 -4,745 -5,111Servios prestados empresa x -1,247 x x x x x x xAdministrao pblica 2,339 1,830 1,874 2,389 2,548 1,801 5,877 2,313 1,673Total 1990-2009 0,719 0,413 0,443 0,552 0,669 0,360 2,281 0,692 0,506Total 1999-2009 0,815 0,454 0,451 0,707 0,871 0,283 2,876 0,754 0,363

    Fonte: TRUs do IBGE.Obs.: Fez-se mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho.

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    A cadeia de material eltrico (MELET) apresenta um elo com problema de ET: outros metalrgicos. Esta perda de eficincia no vem sendo resolvida ao longo dos anos, porque o crescimento de ET agregada da cadeia tende a diminuir se se comparar a dcada de 2000 com a de 1990. H outras perdas de eficincia, comuns s outras cadeias do complexo, como comunicaes. Adicionalmente, deve-se notar que a evoluo mdia de ET agregada da cadeia, tanto no perodo 1990-2009, quanto durante 1999-2009, a menor de todo o complexo. Claramente, esta uma cadeia mais frgil do complexo metalomecnico sob o ponto de vista de ET.

    A cadeia de equipamentos eletrnicos (ELETRON) apresenta a melhor evoluo de ET do complexo, o que foi aprofundado ao longo dos anos, ou seja, a dcada de 2000 melhorou o desempenho da de 1990. No h nenhum elo problemtico, exceo de comunicaes.

    A cadeia de automveis, caminhes e nibus (AUTOM) a que apresenta melhor desempenho agregado de ET depois de ELETRON desempenho que foi aprimorado na dcada de 2000 ante a de 1990. O elo de outros metalrgicos mereceria uma ateno de aprimoramento na ET, pois destoa do nvel dos demais elos, apesar de j ser positiva. H finalmente perda de eficincias em SIUP e comunicaes, mas aqui cabem as mesmas observaes feitas anteriormente.

    A cadeia de outros equipamentos de transporte (AUTOP), na qual se incluem preponderantemente as autopeas da cadeia automobilstica, apresenta alguns elos com perda de eficincia: outros metalrgicos, SIUP e comunicaes. Fora os dois ltimos, para os quais cabem as mesmas consideraes feitas anteriormente, o primeiro parece ser o problema mais crtico. E, de fato, esta cadeia das poucas no complexo que teve evoluo de ET menor na dcada de 2000 comparada de 1990. Esta ltima perda de eficincia aparentemente mais tecnolgica, talvez advinda de algum ajuste mais fino na fabricao de peas menos elaboradas para a fabricao final de autopeas.

    A tabela 2 apresenta os resultados de produtividade do trabalho.

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    TABELA 2Complexo metalomecnico: variao anual mdia de produtividade do trabalho(Em %)

    Perodo MM SID MNF OMET MQE MELET ELETRON AUT AUTP1990-1994 5,790 4,952 4,581 5,373 6,431 6,657 5,979 5,866 6,756

    1995-1998 2,894 3,868 3,496 1,739 3,543 4,681 0,148 2,148 4,004

    1999-2002 -1,580 -0,686 -0,700 -0,884 -2,199 -1,457 -3,697 -1,035 -1,920

    2003-2006 -0,219 -0,311 0,447 -2,158 -0,445 -0,791 7,683 2,107 -3,202

    2007-2009 -1,761 -1,319 0,460 -4,311 -3,088 -2,092 -1,038 0,343 0,258

    1990-1998 3,961 3,915 3,591 3,317 4,521 5,062 3,003 3,714 4,855

    1999-2009 -1,137 -0,723 0,032 -2,292 -1,810 -1,389 1,043 0,474 -1,802

    1990-2009 0,978 1,204 1,515 0,032 0,808 1,277 1,864 1,826 0,948

    Fonte: TRUs de 1990 a 2009/IBGE.Obs.: Fez-se a mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho.

    Pode-se notar que a produtividade do trabalho, no complexo metalomecnico como um todo, e em cada uma de suas atividades, apresentou uma taxa de crescimento anual expressiva no perodo 1990-1998 e uma taxa negativa exceto em equipamentos eletrnicos e automveis, caminhes e nibus no perodo 1999-2009. No cmputo geral do perodo 1990-2009, a taxa anual positiva em todas as atividades e no geral.

    O decrscimo da produtividade depois de 1999 praticamente constante ao longo dessa dcada, salvo excees pontuais que no predominam.

    Esse resultado parece paradoxal: como se mostra na tabela 1, a ET cresceu e at aumentou seu crescimento nos anos 2000, enquanto a produtividade do trabalho fez o movimento exatamente contrrio. A questo como isto se explicaria.

    Nos limites metodolgicos do presente exerccio, a resposta a essa primeira questo simples: h um uso inadequado do fator trabalho, ao se passar da ET para a produtividade do trabalho. A segunda questo em que consistiria esta inadequao.

    A resposta a essa segunda questo est alm do escopo da presente metodologia. Pode-se enumerar hipteses explicativas, para futuros trabalhos tentarem investig-las e avali-las.

    1) A organizao do trabalho na produo efetiva pode estar defasada em relao tecnologia instalada.

    2) O capital instalado pode ser insuficiente para um uso timo do fator trabalho, ou seja, poderia estar ocorrendo uma desproporo entre capital instalado e fator trabalho contratado, dada a carncia prolongada de investimentos fsicos, levando a produtividades marginais cadentes do trabalho alm do equilbrio timo.

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    3) A qualidade da fora de trabalho pode estar defasada em relao tecnologia instalada, ou seja, o trabalhador com formao formal insuficiente e pouca experincia profissional esta ltima agravada por alta rotatividade pode ter limites crticos na capacidade de realizar determinadas atividades, ampliar as atividades que consegue realizar, e na rapidez de executar atividades com a preciso exigida.

    4) Perodos de desemprego prolongado ocorridos na dcada de 1990 podem ter trazido certa obsolescncia de habilidades profissionais nos trabalhadores, que teriam sido recontratados na dcada de 2000 emergindo de um perodo precrio de ociosidade, comprometendo o desempenho em novas tecnologias.

    5) Pode estar havendo um descasamento entre trabalhadores de melhor qualificao em postos de trabalho de exigncia tcnica adequada a suas qualificaes, ou seja, uma alocao ineficiente entre qualificao laboral e empresas com processos produtivos compatveis. Neste ltimo caso se incluiriam os casos de desemprego friccional e o desemprego por descasamento. Trata-se de um problema em grande parte informacional, ou seja, trabalhador e empresa no esto conectados para saber o local ideal para se empregar e o trabalhador ideal para contratar.10

    4.2 Complexo qumico

    Na tabela 3 mostrou-se o comportamento da ET no complexo qumico (QUIM).

    O primeiro aspecto a notar que h evolues anuais de ET negativas nesse complexo, algo que no ocorre no complexo metalomecnico. Alm disso, na cadeia geral do complexo qumico h alguns elos com evoluo negativa de ET.

    O primeiro est na atividade petrleo e gs. Acredita-se que este resultado se deva s condies crescentemente mais difceis e onerosas de explorao de petrleo e gs em guas profundas, que tem sido a parte mais expressiva de extrao desde meados dos anos 1980. Ou seja, cada vez mais as condies geolgicas so mais delicadas, a profundidade martima maior, a distncia costa mais longa. Enfim, tem ficado mais trabalhoso extrair petrleo e gs, o que parece ser o que expressa o resultado da tabela 3.

    Outra perda de eficincia marcante no complexo qumico como um todo se deve aos fornecedores externos, em servios prestados empresa. Este resultado pode estar indicando uma defasagem tecnolgica entre fornecedores externos e seus clientes. Sabe-se

    10. As hipteses 1 e 2 foram levantadas pelo autor deste estudo. As demais se encontram em Ellery, Barros e Grosner (2013).

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    que os primeiros so empresas menores, cuja organizao do trabalho talvez seja menos eficiente que a necessria ou exigida pelo cliente. De qualquer maneira, este um elo a se aprimorar neste complexo. No complexo como um todo, ainda h perdas de eficincias em SIUP e comunicaes, mas as observaes feitas para o complexo metalomecnico valem tambm neste caso. Finalmente, nota-se que tais perdas de eficincia localizadas no predominaram e, no complexo como um todo, a evoluo anual de ET positiva no perodo 1990-2009, tendo se aprimorado depois de 1999.

    TABELA 3Complexo qumico: taxa anual mdia de variao de eficincia tcnica (1990-2009)(Em %)

    Atividades QUIM PG BOR REF QDIV FARM PLASTAgropecuria x x 0,461 x -3,431 -2,223 x

    Petrleo e gs -0,342 -0,065 0,585 -2,042 0,300 x -0,342

    Mineral no metlico x x x x x 1,405 x

    Siderurgia x 0,044 x x 2,187 x x

    Outros metalrgicos x 0,800 1,080 x 1,905 x x

    Mquinas e equipamentos x 0,988 1,864 0,250 1,571 x 0,342

    Material eltrico x X x x x x x

    Celulose, papel e grfica 0,414 0,519 x x 1,369 -0,464 0,010

    Indstria da borracha 0,161 x 0,121 x x x x

    Elementos qumicos 1,343 x x 0,044 1,376 x 2,686

    Refino do petrleo 1,066 2,164 2,826 0,258 2,559 2,805 1,949

    Qumicos diversos 0,072 x x x 0,033 0,697 -0,226

    Frmaco e veterinria 0,126 x x x x 0,036 x

    Artigos plsticos 0,211 x x x x 1,190 0,126

    Indstria txtil x x 1,984 x x x x

    Fabricao de leos vegetais x x x x 1,802 -1,854 x

    SIUP -0,468 -0,350 0,364 -1,772 0,020 -0,892 -0,311

    Comrcio 1,247 -0,147 1,718 0,559 1,328 1,518 2,038

    Transportes 1,618 1,896 2,326 0,705 1,857 0,974 1,549

    Comunicaes -4,464 -3,852 -3,715 -6,410 -4,340 -4,632 -4,308

    Servios prestados empresa -0,992 -0,339 X x x -1,352 x

    Administrao pblica 2,053 2,107 2,970 1,958 2,509 2,047 2,044

    Total 1990-2009 0,301 0,202 0,787 -0,288 0,514 0,168 0,480Total 1999-2009 0,562 0,282 1,182 -0,114 0,938 0,508 0,685

    Fonte: TRUs de 1990 a 2009/IBGE.Obs.: Fez-se a mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho.

    Na cadeia de petrleo e gs (PG), a evoluo anual de ET foi relativamente baixa no perodo 1990-2009, mas aumentou significativamente depois de 1999. Entretanto, h alguns elos importantes com perda de eficincia, que se passar a citar. Primeiro, a cadeia recursiva de PG mostra leve perda de eficincia, o que talvez seja uma questo de ajuste operacional, j que a evoluo anual da perda de eficincia nem chega a 0,1% a.a. Este comportamento pode estar associado ao fato da extrao de petrleo e gs ter ficado

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    progressivamente mais trabalhosa depois de 1985 maior profundidade martima, distncia maiores da costa, condies geolgicas mais delicadas. H uma evoluo negativa de ET em comrcio, indicando que ganhos produtivos de PG vm sendo em parte perdidos nas etapas frente de intermediao comercial o comrcio estaria auferindo ganhos que no so dele, mas das etapas de produo do produto que comercializa. Finalmente, o mesmo problema de ET aparece em servios prestados s empresas, cabendo aqui as mesmas observaes feitas no pargrafo anterior.

    Na cadeia de indstria da borracha (BOR) nota-se um expressivo aumento de ET se comparado ao perodo 1990-2009 (0,787% a.a.) versus o de 1999-2009 (1,182% a.a.), sinalizando mais uma vez um aprimoramento de desempenho nos anos 2000. No h nenhum elo com perda de eficincia, salvo comunicaes, a exemplo de todos os setores.

    Na cadeia de refino de petrleo (REF), que inclui a petroqumica, tem-se uma perda de eficincia agregada no perodo 1990-2009, que se atenua em 1999-2009. O elo de petrleo e gs um dos elos de maior perda de eficincia. Tal desempenho provavelmente se deve ao atraso na ampliao das refinarias por anos, enquanto a produo de petrleo e gs batia recordes tambm ano aps ano ou, ainda, possibilidade do petrleo brasileiro ter ficado mais pesado e, consequentemente, mais trabalhoso de refinar e processar na petroqumica. As outras perdas de eficincia esto em SIUP e comunicaes, cujos comentrios a fazer so os mesmos de antes.

    Na cadeia de qumicos diversos (QDIV) h um crescimento anual expressivo de ET em 1990-2009, que se amplia na dcada de 2000. Um elo com forte perda de eficincia o da agropecuria, fornecedora de produtos vegetais para tintas, solventes, esmaltes etc. Neste caso pode estar ocorrendo algum descasamento de modernizao produtiva entre fornecedores e receptores de insumos, mas acredita-se ser mais uma defasagem temporal entre cultivo e o processamento qumico, devido natureza distinta entre um e outro. Este o nico elo com problemas, exceto comunicaes, cujo perfil de ET j se descreveu.

    A cadeia de frmacos e perfumaria (FARM) apresentou uma evoluo anual de ET pequena em 1990-2009, mas melhorou significativamente em 1999-2009. A perda de eficincia com agropecuria parece ter o mesmo perfil daquela observada em QDIV. H uma perda de eficincia expressiva com celulose, papel e grfica, com certeza ligada a embalagens um elo para frente da cadeia , que absorve parte expressiva de seu valor

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    criado produtivamente, mas que no se deve comercializao dos produtos. Outra perda de eficincia expressiva se deve fabricao de leos vegetais, em que provavelmente se tem uma defasagem temporal e tcnica entre a colheita e processamento do leo e seu uso na perfumaria. Finalmente, h as perdas de eficincia de praxe com SIUP e comunicaes.

    A cadeia de plsticos (PLAST) apresenta uma evoluo anual agregada de ET expres-siva, que aumenta na dcada de 2000. Apesar de no comprometerem o resultado final, h trs elos de perda de eficincia incluem tambm petrleo e gs, alm de qumicos diversos. Dos dois, o mais importante seria o ltimo, sendo a deficincia de ET advinda talvez da eficincia diversa com que cada cadeia recursiva funciona, ou seja, muito maior em PLAST que em QDIV. As demais deficincias so de SIUP e comunicaes, sobre as quais cabem as mesmas observaes anteriores.

    A tabela 4 apresenta a evoluo da produtividade do trabalho do complexo qumico.

    TABELA 4Complexo qumico: variao anual mdia de produtividade do trabalho (Em %)

    QUIM PG BOR REF QDIV FARM PLAST

    1990-1994 2,831 3,212 3,975 3,056 3,112 1,231 2,623

    1995-1998 2,455 2,380 4,358 0,866 2,056 1,757 1,989

    1999-2002 -0,139 -1,118 1,346 1,804 0,506 0,876 -3,895

    2003-2006 0,263 -0,133 0,572 -0,671 1,493 0,261 -0,752

    2007-2009 -0,162 -1,081 -0,323 -0,565 0,618 2,137 -1,652

    1990-1998 2,346 2,481 3,695 1,736 2,292 1,327 2,047

    1999-2009 0,001 -0,751 0,607 0,251 0,894 0,994 -2,150

    1990-2009 1,105 0,727 2,091 0,965 1,602 1,204 -0,298

    Fonte: TRUs de 1990 a 2009/IBGE.Obs.: Fez-se a mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho.

    Nota-se no complexo qumico como um todo (QUIM), entre 1990 e 1998, um crescimento da produtividade do trabalho relativamente alto: 2,346% a.a. Entre 1999 e 2009, a produtividade do trabalho ficou estagnada na mdia. Durante o perodo 1990-2009, h na mdia um crescimento de 1,105% a.a., o que para um perodo de vinte anos no pouco. Assim, pode-se dizer que para o complexo qumico como um todo a produtividade do trabalho refletiu bem o crescimento da ET. Acredita-se que a justificativa seja a organizao do trabalho: enquanto no complexo metalomecnico as possibilidades so muitas para o mesmo capital instalado, no qumico os fluxos produtivos independem muito mais do trabalhador: ocorrem nas mquinas, enquanto o trabalhador

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    faz mais uma regulagem que o trabalho de gerar o fluxo qumico, ou as reaes diversas. Mesmo assim, algum problema com o fator trabalho tambm est presente neste caso, pois a produtividade cresce menos exatamente no perodo que a ET aumenta.

    Esse ltimo problema se repete de maneira geral em todos os setores, mas a produtividade do trabalho s cai em mdia durante o perodo 1999-2009 nos setores petrleo e gs, alm de fabricao de plsticos. So exatamente nestes setores que a mo de obra cumpre tarefas com mais autonomia e em que a organizao do trabalho tem um peso mais significativo.

    Nos demais setores, h reduo no ganho de produtividade na dcada de 2000, mas em nenhum a evoluo anual mdia fica negativa. E, de todos os setores, o nico com variao mdia anual negativa de 1990 a 2009 o PLAST. Este setor bem sensvel em termos de organizao do trabalho no sentido apresentado na seo 4.1, sobre o complexo metalomecnico , pois tem uma estrutura bem atomizada talvez a mais atomizada de seu complexo , com empresas menores e menor poder de mercado, o que o leva a ter uma estrutura menos estvel que a primeira e a segunda gerao da petroqumica, que so extremamente oligopolizados.

    4.3 Complexo txtil

    A tabela 5 apresenta os resultados de ET do complexo txtil e suas atividades.

    Para o complexo como um todo (TODAT), o primeiro a se notar que a evoluo anual de ET mostra-se positiva entre 1990 e 2009, melhorando tal tendncia ao longo da dcada de 2000. Entretanto, h duas perdas de eficincia significativas nos elos do complexo: agropecuria e indstria da borracha. A primeira envolve fornecimento de algodo, juta e outras fibras vegetais. Este fornecimento vem sendo problemtico desde o incio da dcada de 1990 e, parece, por algum motivo ainda problemtico talvez temporalidade de cultivo, talvez qualidade das fibras etc. A segunda perda de eficincia tcnica sugere algum problema de fornecimento de borracha para calados, quando estes apresentam maior intensidade de seu uso e de maneiras mais sofisticadas. Fica a indagao sobre se a indstria de borracha vem preenchendo a contento tais requisitos. Finalmente, h uma perda de eficincia em abate de animais, que mais frente fornece couro para calados, ou seja, entre o abate e os curtumes h perda de eficincia tcnica

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    a se corrigir. Quanto perda de eficincia em comunicaes, as mesmas observaes anteriores valem neste caso.

    TABELA 5Complexo txtil: taxa anual mdia de variao de eficincia tcnica (1990-2009)(Em %)

    Atividade TODAT TEXT VEST CAL

    Agropecuria -4,336 -7,302 -6,910 -1,335

    Mquinas e equipamentos X 2,778 X X

    Celulose, papel e grfica 3,333 X 8,537 1,774

    Indstria da borracha -4,288 X X -5,477

    Refino do petrleo 3,257 3,820 3,509 2,538

    Qumicos diversos 0,863 -0,339 X 1,444

    Artigos plsticos 3,045 X X 2,651

    Indstria txtil 0,684 0,752 0,374 1,750

    Artigos do vesturio 0,042 X 0,027 X

    Fabricao calados 0,438 X X 0,430

    Abate de animais -0,568 X X -0,591

    SIUP 0,013 0,184 -0,039 -0,179

    Comrcio 5,179 5,287 5,951 1,793

    Transportes 1,745 1,815 1,809 1,692

    Comunicaes -4,203 -4,182 -4,045 -4,227

    Administrao pblica 2,430 2,002 2,394 2,769

    Total 1990-2009 0,452 0,661 0,283 0,440

    Total 1999-2009 0,676 0,990 0,520 0,550

    Fonte: TRUs de 1990 a 2009/IBGE.Obs.: Fez-se a mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho.

    Na cadeia txtil (TEXT), a evoluo anual de ET a maior do complexo, seja em 1990-2009, seja em 1999-2009 quando acelera em relao dcada anterior. H trs elos com perda de eficincia tcnica: agropecuria, qumicos diversos e comunicaes. O primeiro elo encerra as mesmas observaes citadas no pargrafo anterior. A perda de eficincia de qumicos diversos pequena, representando mais tintas e corantes para tecidos. E a ltima perda de eficincia encerra as mesmas observaes anteriores. Comparada com as outras cadeias de outros complexos, a txtil uma das de melhor desempenho tcnico.

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    A cadeia de vesturio (VEST) a de desempenho anual de ET mais modesto do complexo. Salvo as perdas de eficincia comuns a todas as cadeias do complexo (agropecuria e comunicaes), a existente em SIUP, mesmo pouco expressiva, deve vir basicamente de uso de gua encanada.

    Finalmente, a cadeia de calados (CAL) a que encerra as perdas de eficincia mais expressivas: indstria da borracha e abate de animais. Estas perdas de eficincia so aquelas j apontadas para o complexo txtil como um todo. As demais perdas de eficincia (agropecuria, SIUP e comunicaes) so as comuns s demais cadeias. Deve-se chamar ateno, entretanto, para o fato de que a cadeia calados a que apresenta mais elos com problemas neste complexo. Assim, esta a cadeia-chave para se iniciar o aumento de ET do complexo txtil.

    Deve-se enfatizar que o diferencial de custos principalmente do trabalho no influencia diretamente a medida de eficincia tcnica. Neste caso se trabalha apenas com quantidades; a variao de preos est eliminada. Alm disso, o valor monetrio dos custos pode influenciar o valor monetrio da lucratividade, mas o aumento de eficincia tcnica poderia compensar tal limitao, teoricamente. A medida de produtividade do trabalho tambm aqui calculada est isenta do fator preo e sua evoluo.

    A tabela 6 apresenta os resultados de produtividade do trabalho do complexo txtil.

    TABELA 6Complexo txtil: variao anual mdia de produtividade do trabalho (Em %)

    Perodo TODAT TEXT VEST CAL

    1990-1994 -0,870 -0,145 -1,664 0,507

    1995-1998 3,107 5,180 2,809 1,824

    1999-2002 -4,304 -4,483 -5,050 -3,274

    2003-2006 -4,313 -1,436 -6,970 -2,688

    2007-2009 0,094 2,711 0,423 -1,920

    1990-1998 0,988 2,465 0,337 1,227

    1999-2009 -3,128 -1,454 -4,301 -2,693

    1990-2009 -1,415 0,178 -2,375 -1,061

    Fonte: TRUs de 1990 a 2009/IBGE.Obs.: Fez-se mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    Nota-se que o complexo txtil como um todo e cada uma das cadeias apresenta-ram crescimento de produtividade contnuo entre 1995 e 1998, anos de ajuste depois do Plano Real. Antes desse perodo e depois, os desempenhos so mais fracos e des-contnuos. O importante a notar neste caso, semelhante aos complexos anteriores, o descompasso entre o crescimento de longo prazo na ET e o desempenho a desejar na produtividade. O especfico deste complexo que o problema anterior no ca-racterstico da dcada de 2000, mas j se inicia em 1990. Em outras palavras, h um problema de competitividade mais antigo, ligado ao fator trabalho. No por acaso que este um dos complexos com maior intensidade no uso de mo de obra, maior informalidade e empresas menores mais frgeis frente concorrncia com as gran-des, oligopolizadas. Entretanto, um dos complexos que mais empregam e em que as iniciativas individuais de pequenos empreendedores apresentam mais facilidade para abertura de empresas. Em outras palavras, parece ser um complexo em que os ganhos sociais justificam o esforo (certamente significativo) de aumento de competitividade. O que se tenta mostrar neste caso que a competitividade do complexo, mesmo que sofrendo de problemas estticos comparativos internacionalmente, tem problemas dinmicos de produtividade do trabalho pouco considerados na maioria das anlises e que, talvez trata-se de algo a investigar , se superados, poderiam compensar os limites estticos.

    4.4 Complexo construo civil

    A tabela 7 apresenta a evoluo de ET do complexo construo civil.

    No complexo da construo civil como um todo (TCONST), os nicos elos com perda de eficincia so SIUP, e comunicaes por motivos semelhantes aos demais complexos.

    Na extrativa mineral (EXTR) h uma perda de eficincia muito concentrada em servios e infraestrutura: SIUP, e comunicaes. Nota-se ainda leve perda de eficincia em mquinas e equipamentos, que so fluxos para manuteno de capital j instalado.

    Na atividade de minerais no metlicos (MNM) chama ateno a perda de eficincia medianamente expressiva em SIUP, provavelmente devido ao uso de gua pouco adequado. As demais perdas de eficincia aqui merecem as mesmas consideraes da cadeia anterior, exceto quanto perda de influncia em celulose, papel e grfica, que muito leve.

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    TABELA 7Complexo construo civil: taxa anual mdia de variao de eficincia tcnica (1990-2009)(Em %)

    Atividade TCONST EXTR MNM MAD CONST

    Agropecuria 0,270 X X 0,630 X

    Extrativa mineral 0,212 0,098 1,944 X X

    Minerais no metlicos 0,075 3,156 0,095 X -0,132

    Siderurgia 2,138 2,625 2,121 1,360 2,447

    Metalurgia no ferrosos x X X X 0,780

    Outros metalrgicos 0,630 0,686 0,647 0,331 0,820

    Mquinas e equipamentos 0,522 -0,076 0,977 X 0,697

    Material eltrico X X X X 3,040

    Madeira e mobilirio 0,279 X X 0,233 1,910

    Celulose, papel e grfica 0,448 0,116 -0,038 X X

    Elementos qumicos X X 1,714 X X

    Refino do petrleo 2,089 1,863 2,227 2,288 2,025

    Qumicos diversos 0,642 1,369 1,358 0,820 -0,271

    Artigos plsticos X X X 1,609 1,870

    Indstria txtil X X X -0,465 X

    SIUP -0,876 -1,197 -1,121 -0,463 0,101

    Construo civil X X X X 0,019

    Comrcio 1,185 0,075 1,214 1,899 0,601

    Transportes 0,731 0,572 0,510 1,475 1,027

    Comunicaes -4,667 -4,772 -4,430 -4,596 -4,630

    Administrao pblica 1,561 1,283 1,513 2,199 1,652

    Total 1990-2009 0,270 0,204 0,311 0,367 0,204

    Total 1999-2009 0,357 0,196 0,421 0,475 0,344

    Fonte: TRUs de 1990 a 2009/IBGE.Obs.: Fez-se mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho.

    Na cadeia de madeira (MAD), nenhuma perda de eficincia foi observada, salvo SIUP e comunicaes, que merecem as mesmas consideraes anteriores. Alm deles, o caso de indstria txtil se refere a uso em mveis, que faz parte de MAD, junto aos insumos da construo civil trata-se, entre outros artefatos, de estofamentos, principalmente.

    Na construo civil (CONST), h duas perdas de eficincia importantes: minerais no metlicos e qumicos diversos. O primeiro um dos grupos de insumos (cimento, brita, louas) de grande uso nesta atividade, o que merece, portanto, ateno. A segunda perda de eficincia se refere a tintas, vernizes e aditivos etc., sendo importante nos acabamentos.

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    Finalizando, pode-se dizer que a ET do complexo e suas atividades melhorou na dcada de 2000 em relao dcada de 1990. De qualquer maneira, trata-se de um setor claramente de produtos no comercializveis, ou seja, pouco afetados diretamente pela abertura comercial.

    A tabela 8 apresenta o resultado das produtividades do trabalho.

    TABELA 8Complexo construo civil: variao anual mdia de produtividade do trabalho(Em %)

    Perodo TCONST EXTR MNM MAD CONST

    1990-1994 2,261 4,013 3,980 0,845 1,895

    1995-1998 2,304 3,197 3,068 2,612 0,898

    1999-2002 -1,967 -1,870 -2,072 -0,568 -3,308

    2003-2006 0,156 2,286 -0,445 -0,099 -0,412

    2007-2009 -0,400 0,678 0,569 -2,100 0,134

    1990-1998 2,283 3,604 3,523 1,724 1,395

    1999-2009 -0,772 0,320 -0,766 -0,819 -1,328

    1990-2009 0,503 1,690 1,018 0,244 -0,190

    Fonte: TRUs de 1990 a 2009/IBGE.Obs.: Fez-se mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho.

    Nota-se que, a exemplo dos complexos anteriores, a produtividade do trabalho caiu na dcada de 2000 em relao dcada de 1990, tendo ocorrido um movimento contrrio na ET. Assim, novamente a explicao parece estar no fator trabalho, com as possveis explicaes j apresentadas.

    4.5 Complexo agroindstria

    A tabela 9 apresenta os resultados de eficincia tcnica para o complexo agroindstria.

    O complexo agroindstria como um todo (AGIND) apresenta uma evoluo de ET menos regular e positiva que os demais complexos, apesar de repetir o comportamento de melhorar a ET na dcada de 2000, em relao de 1990. Do ponto de vista dos insumos, h perda de eficincia em qumicos diversos (basicamente fertilizantes e aditivos ao solo) e outros produtos alimentcios (basicamente raes para animais e aves). O que parece haver nesse caso que estes insumos podem estar sendo usados alm da intensidade efetivamente necessria e/ou a expanso da terra cultivada pode estar tendo que lidar com solos mais trabalhosos e menos frteis, o que exige quantidade de insumos extra. H outras perdas

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    de eficincia, como beneficiamento de produtos vegetais e indstria do caf, que no so fornecedores de insumos. O que este ltimo caso revela que estes elos esto tendendo a ocupar, com o passar do tempo, uma presena tcnica na cadeia agroindustrial maior que seu proporcional acrscimo ao produto agropecurio final e total ou seja, outros produtos vm surgindo com valores finais mais expressivos, independentemente da variao de preos monetrios. Finalmente, o elo com agropecuria apresenta perda de eficincia expressiva, o que pode estar sendo motivado por falta de coordenao temporal entre a colheita junto criao maturada e seus processamentos e abates posteriores ou seja, perdas de eficincia nos estoques e tempo adequado para abate.

    Finalmente h as conhecidas perdas de eficincia em SIUP provavelmente falta de fornecimento de energia eltrica e gua encanada em locais de acesso mais difcil , alm de comunicaes.

    A cadeia agropecuria (AGRP) apresenta as mesmas perdas de eficincia em qumicos diversos e outros produtos alimentcios. As observaes a seu respeito so as mesmas citadas em pargrafos anteriores. Mas a novidade neste caso outra: trata-se da cadeia em que os problemas de infraestrutura aparecem de maneira mais patente. A perda de eficincia em SIUP reflete fornecimento de energia eltrica e de gua (provavelmente para irrigao). A perda de eficincia em transportes indica dificuldades expressivas no escoamento de safras e acesso a reas ainda pouco exploradas. A perda de eficincia em comrcio indica excesso de intermediao ou precariedades de comercializao de safras, que acabam absorvendo parte do produto agropecurio sem necessidade tcnica. E comunicaes uma perda de eficincia com as explicaes anteriores. A cadeia recursiva de agropecuria em si no apresenta perda significativa de eficincia, mas esta ocorre na interao via elos com outros setores da economia.

    Na cadeia de celulose, papel e grfica (PGRA), h uma perda de eficincia, alm das convencionais em SIUP e comunicaes, apenas com a agropecuria. Trata-se de uma questo de equilbrio das fbricas de celulose, pois em geral so delas as plantas e rvores para o prprio uso. Como sua cadeia recursiva eficiente, e toda a cadeia uma das mais eficientes desse complexo com a evoluo dos anos 2000 mais aprimorada que a dos anos 1990 , trata-se de uma questo de ajuste tcnico interno das prprias empresas talvez mtodos de plantio e corte, ou tipo de rvore plantada.

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    Na cadeia de elementos qumicos (EQUIM) tem-se essencialmente a pro-duo de lcool. Nota-se uma expressiva perda de eficincia com agropecuria, a mais alta do complexo. A origem desta evidncia pode ser tanto heterogeneidade regional de tcnica de cultivo da cana ou algum desperdcio no seu esmagamento. De qualquer maneira, um ponto a ser investigado, considerando-se sua magnitude. A perda de eficincia em comunicaes encerra tambm os mesmos aspectos antes salientados. A cadeia apresentou perda de ET no perodo 1990-2009 como um todo, mas recuperou-se na dcada de 2000, apresentando evoluo anual mdia de ET positiva no perodo.

    Na cadeia de caf (CAF), nota-se que o elo com agropecuria (ou seja, a plantao, colheita etc. de caf) no apresenta perda de eficincia, mas a cadeia recursiva da atividade, sim. Isto sugere alguma perda de eficincia no processamento do gro, a ser corrigida. Outra perda de eficincia est em qumicos diversos, em que corantes e pigmentos parecem estar sendo usados em excesso, alm da necessidade de ET. Finalmente, SIUP e comunicaes so elos com problema de ET, a exemplo de outras cadeias. A cadeia caf apresentou uma taxa de ET anual negativa no perodo 1990-2009, mas recuperou-se na dcada de 2000, com evoluo anual de ET positiva.

    A cadeia beneficiamento de produtos vegetais como um todo (BENV) apresentou evoluo anual mdia de ET negativa no perodo 1990-2009, apesar de ter melhorado no perodo 1999-2007, ainda assim apresentando evoluo de ET negativa. Apresenta significativas perdas de eficincia nos elos com agropecuria e qumicos diversos, sugerindo debilidade de negociao intersetorial. Outras perdas de eficincia ocorrem em SIUP e comunicaes entretanto, com as mesmas observaes anteriores. A perda de eficincia geral desta cadeia, apesar de pequena, sugere que o caminho percorrido pelo produto agrcola do produtor ao varejo ainda encerra muitas questes pouco sanadas, e que sua soluo aumentaria em geral a ET de todo o complexo.

    A cadeia abate como um todo (ABAT) tambm apresenta evoluo anual mdia de ET negativa, tanto em 1990-2009 quanto em 1999-2009. Os elos crticos para este desempenho so: agropecuria, qumicos diversos e outros produtos alimentcios. No primeiro caso deve estar havendo perda de eficincia na relao da criao com a cadeia matadouro-frigorfico. O segundo aspecto sugere mais excesso de tratamento das carnes industrializadas, talvez por questes de armazenamento prolongado demais. O terceiro

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    problema foi descrito quando se tratou da cadeia agropecuria. As perdas de eficincia de SIUP e comunicaes encerram os problemas descritos anteriormente.

    TABELA 9Complexo agroindstria: taxa anual mdia de variao de eficincia tcnica (1990-2009)(Em %)

    Atividades AGIND AGRP PGRA EQUIM CAF BENV ABAT LAT AUC OVEG OUTROA

    Agropecuria -0,819 -0,002 -1,176 -14,866 0,231 -2,039 -0,688 -0,885 -3,190 0,545 2,828

    Extrativa mineral X X X 1,979 X X X X X X X

    Outros metalrgicos X X X 0,953 X X X X 1,324 1,812 4,090

    Mquinas e equipamentos

    1,563 X X 1,396 X X X X 2,345 X X

    Celulose, papel e grfica 0,177 X 0,100 X X X X X 0,398 X 2,159

    Elementos qumicos 0,688 X X 0,267 X X X X X X X

    Refino do petrleo 1,709 0,437 2,732 1,140 1,355 1,710 0,684 1,592 0,726 2,658 3,867

    Qumicos diversos -0,346 -0,789 1,591 X -0,428 -1,462 -1,247 -0,928 -1,808 0,490 2,370

    Artigos plsticos X X 1,603 X X X X 1,920 X X X

    Indstria txtil X X X X X X X X 0,826 2,884 X

    Indstria do caf -0,068 X X X -0,064 X X X X X X

    Beneficiamento de produtos vegetais

    -0,473 X X X X 0,001 X X X X 2,010

    Abate de animais 0,156 X X X X X 0,074 X X X X

    Indstria de laticnios 0,169 X X X X X X 0,140 X X X

    Fabricao de acar 0,149 X X 0,600 X X X X 0,090 X 1,783

    Fabricao de leos vegetais

    0,770 X X X X X X X X 0,394 10,998

    Outros produtos alimentcios

    -0,457 -1,989 X X X X -1,566 X X X 0,084

    SIUP -0,461 -0,764 -0,807 0,218 -0,453 -0,606 -1,737 -0,786 -0,415 -0,987 0,889

    Comrcio 1,672 -1,008 1,648 0,170 0,440 0,538 0,396 0,657 -0,018 3,229 3,367

    Transportes 1,301 -0,768 1,107 0,390 0,913 1,349 0,758 1,159 0,513 2,454 3,012

    Comunicaes -4,422 -5,809 -3,807 -4,158 -5,156 -5,494 -5,384 -4,222 -5,093 -3,569 -2,481

    Administrao pblica 2,211 0,060 2,379 1,026 1,603 2,005 0,909 1,985 1,446 3,051 3,834

    Total 1990-2009 -0,029 -0,273 0,340 -0,580 -0,010 -0,493 -0,311 -0,116 -0,717 0,604 1,260

    Total 1999-2009 0,164 -0,474 0,575 0,428 0,282 -0,154 -0,353 -0,180 -0,773 0,841 1,697

    Fonte: TRUs de 1990 a 2009/IBGE.Obs.: Fez-se mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho.

    Deve-se salientar que a cadeia recursiva de ABAT eficiente, cabendo neste caso novamente a observao de que os elos fora dela que apresentam necessidade de aprimoramento.

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    A cadeia de indstria de laticnios (LAT) apresentou uma perda de ET na dcada de 2000, e tambm na mdia como um todo para o perodo 1990-2009. Os elos de perda de eficincia so basicamente dois: agropecuria e qumicos diversos. No primeiro caso, trata-se essencialmente do relacionamento entre a ordenha com o fornecimento do leite e as processadoras, que fornecem ao varejo desde o leite at todo o tipo de derivados deste enfim, este um trajeto ainda com alguns problemas no fornecimento por cria-dores mais atomizados; e tambm pode estar ocorrendo algum tipo de perda recorrente por motivos difceis de descrever apenas com a presente metodologia. O segundo elo com problema provavelmente encerra alguma desproporo entre conservantes e outros produtos para processamento do leite at os derivados. O elo comunicaes apresenta os problemas antes descritos. De qualquer maneira, a cadeia recursiva de LAT eficiente, havendo problemas com o uso de energia eltrica e gua, alm de comunicaes.

    Na cadeia de fabricao de acar (AUC), nota-se uma perda de ET da cadeia como um todo, seja em 1990-2009, seja em 1999-2009. H uma ineficincia no elo com agropecuria. Outra perda de eficincia acontece no elo de qumicos diversos, ligada a produtos qumicos orgnicos provavelmente usados alm do necessrio na fabricao de acar. Mas o cerne das perdas de eficincia encontra-se na infraestrutura: SIUP, comrcio e comunicaes. Aqui, as observaes seriam anlogas s das outras atividades agroindustriais. Entretanto, mais uma vez se nota que a cadeia recursiva de fabricao de acar tem evoluo positiva de ET mdia no perodo 1990-2009, ou seja, suas perdas de eficincia so importadas por meio de relaes intersetoriais com outras atividades.

    A cadeia fabricao de leos vegetais (OVEG) a de desempenho mais equilibrado, do ponto de vista de ET, em todo o complexo. Todos os seus elos apresentam evoluo positiva de ET, e a cadeia como um todo tambm, principalmente na dcada de 2000, quando aumenta significativamente este quesito. H as perdas de eficincia j comuns em SIUP e comunicaes, em que cabem as mesmas observaes de antes.

    Finalmente, quanto cadeia fabricao de outros alimentos (OUTROA), que abarca um conjunto heterogneo de produtos, desde biscoitos at raes, o desempenho de ET muito bom, tendo se incrementado na dcada de 2000. A nica leve perda de eficincia est em comunicaes, em que novamente cabem as observaes de antes.

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    A tabela 10 apresenta a evoluo da produtividade do trabalho no complexo agroindstria.

    TABELA 10Complexo agroindstria: variao anual mdia de produtividade do trabalho(Em %)

    Perodo AGIND AGRP PGRA EQUIM CAF BENV ABAT LAT AUC OVEG OUTROA

    1990-1994 2,130 2,733 1,549 -16,502 3,930 3,442 2,604 1,711 1,775 2,900 2,522

    1995-1998 3,477 4,415 3,430 2,299 2,973 -0,949 4,003 4,203 3,649 3,925 5,870

    1999-2002 3,087 5,394 1,516 8,627 3,936 -2,183 3,705 2,351 2,314 2,804 6,137

    2003-2006 0,766 1,998 0,384 -0,813 3,005 0,472 0,795 0,690 -2,981 3,619 3,366

    2007-2009 3,249 5,529 1,076 -3,475 5,861 2,691 4,192 3,411 1,860 5,012 1,417

    1990-1998 2,801 3,570 2,485 -7,578 3,450 1,222 3,301 2,949 2,708 3,411 4,183

    1999-2009 2,281 4,183 0,983 1,763 4,116 0,093 2,769 2,030 0,234 3,699 3,825

    1990-2009 2,499 3,924 1,613 -2,280 3,835 0,567 2,993 2,416 1,268 3,578 3,975

    Fonte: TRUs de 1990 a 2009/IBGE.Obs.: Fez-se mdia geomtrica dos valores de variao anual de produtividade do trabalho.

    Nota-se que o complexo como um todo e a agropecuria em particular mantiveram, desde 1990 at 2009, um elevado grau de aumento de produtividade. Isto parece peculiar devido evoluo adversa de ET mostrada na tabela 9, para a dcada de 2000, em particular. Entretanto, a agroindstria e a agropecuria apresentam uma diversidade, na utilizao do fator trabalho em relao s demais atividades industriais: seu ajuste produtivo comeou em fins da dcada de 1970 (migrao para fronteira, desenvolvimento tecnolgico de sementes e semelhantes, alterao de propriedades rurais etc.), enquanto a indstria s o iniciou efetivamente com a abertura comercial nos anos 1990 e, segundo acredita-se, em grau muito mais tmido. Assim, o ajuste no fator trabalho, que ainda est por ser feito na indstria, j se encontra muito mais avanado na agroindstria, motivo pelo qual (acredita-se) sua produtividade do trabalho cresceu em unssono desde 1990.

    Todas as atividades da agroindstria apresentaram evoluo positiva da produtividade do trabalho, nica exceo de elementos qumicos, que teve dois perodos adversos: 1990-1994 e 2003-2009.

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    O Efeito na Evoluo da Produtividade do Trabalho da Indstria Brasileira Devido a Mudanas Tecnolgicas nas suas Cadeias Produtivas (1990-2009)

    5 CONCLUSO

    A principal concluso deste trabalho diz respeito indstria brasileira ter apresentado desenvolvimento tecnolgico, de 1990 a 2009, suficiente para aumentar sua eficincia tcnica em praticamente todas as suas atividades, salvo poucas excees. Contudo, ao contrrio da agroindstria e da qumica, esse aumento de eficincia tcnica no foi transferido para a produtividade do trabalho depois de 1999.

    Dentro dos limites da presente metodologia, pode-se afirmar que tal comportamento provavelmente se deve a um uso pouco adequad