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III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga: Água e Saneamento, desafios à conservação 28 e 29 de Novembro de 2012 Sorocaba SP Interpretação dos Aspectos Hidroclimáticos no Médio Sorocaba e sua Influência na Dinâmica do Relevo bacia do Ribeirão Cubatão, Serra de São Francisco-SP 1 Marcos Dias Morais (Universidade Federal de São Carlos Campus Sorocaba) Graduando de Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de São Carlos [email protected] ² Emerson Martins Arruda (Universidade Federal de São Carlos Campus Sorocaba) Prof. Dr. Adjunto do Curso de Geografia, Universidade Federal de São Carlos [email protected] Resumo A organização de dados hidroclimáticos da Bacia do Rio Sorocaba nos permite compreender a dinâmica climática do contato entre os compartimentos geomorfológicos do Planalto Atlântico e da Depressão Periférica Paulista, a partir deste levantamento será estudado a influência desta dinâmica climática no relevo da bacia hidrográfica do Ribeirão Cubatão, que sofre influência destes dois domínios morfológicos. Esta pesquisa buscará interpretar os aspectos físicos por meio do Método Sistêmico, que considera a dinâmica dos recursos naturais para compreender a configuração da paisagem. Palavras-chave: Bacia Hidrográfica, Hidrografia, Climatologia.

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III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga:

Água e Saneamento, desafios à conservação

28 e 29 de Novembro de 2012

Sorocaba – SP

Interpretação dos Aspectos Hidroclimáticos no Médio Sorocaba e

sua Influência na Dinâmica do Relevo bacia do Ribeirão Cubatão,

Serra de São Francisco-SP

1 Marcos Dias Morais (Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba)

Graduando de Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de São Carlos

[email protected]

² Emerson Martins Arruda (Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba)

Prof. Dr. Adjunto do Curso de Geografia, Universidade Federal de São Carlos

[email protected]

Resumo

A organização de dados hidroclimáticos da Bacia do Rio Sorocaba nos permite

compreender a dinâmica climática do contato entre os compartimentos geomorfológicos do

Planalto Atlântico e da Depressão Periférica Paulista, a partir deste levantamento será

estudado a influência desta dinâmica climática no relevo da bacia hidrográfica do Ribeirão

Cubatão, que sofre influência destes dois domínios morfológicos. Esta pesquisa buscará

interpretar os aspectos físicos por meio do Método Sistêmico, que considera a dinâmica dos

recursos naturais para compreender a configuração da paisagem.

Palavras-chave: Bacia Hidrográfica, Hidrografia, Climatologia.

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Introdução

O estudo de bacias hidrográficas é uma escala de análise natural e sistêmica, que

baseado na abordagem ambiental estudado pela ciência Geográfica pressupõe analisar a

paisagem, configurada pela inter-relação dos elementos naturais.

A Bacia do Rio Sorocaba apresenta potencialidades de abastecimento de água e

produção de energia na região do município de Sorocaba, que se destaca economicamente,

compreender os aspectos hidroclimáticos é de grande relevância para contribuir com o

planejamento e execução de políticas públicas, uma vez que algumas comunidades sofrem

anualmente com as cheias e inundações do Rio Sorocaba.

A bacia hidrográfica do Ribeirão Cubatão, se localiza no município de Votorantim,

sudeste do estado de São Paulo, sendo um tributário do Rio Sorocaba. O Ribeirão Cubatão

encontra-se no setor chamado por Ab Sáber (1952) como fall line paulista, caracterizado por

seqüência topográfica entre a superfície do Planalto Atlântico e a Depressão Periférica

Paulista.

A alta taxa de precipitação pluviométrica regional e o relevo com camadas litológicas

dobradas, típica do contato do Planalto com a Depressão influenciaram na alta densidade

de drenagem e na sucessão de quedas e cachoeiras que fomentou a instalação de

pequenas usinas hidrelétricas, definindo assim, os primeiros núcleos urbanos nesta região.

Objetivo

Compreender a dinâmica hidroclimática da bacia hidrográfica do Rio Sorocaba e

correlacionar esses aspectos climáticos, resultantes das inter-relações dos elementos

naturais com a dinâmica do relevo da bacia hidrográfica do Ribeirão Cubatão, Serra de

Francisco, SP.

Método e Metodologia

A metodologia foi desenvolvida pautando-se na Abordagem Sistêmica, que analisa a

dinâmica da paisagem inter-relacionando os aspectos naturais, sendo dividida em três

etapas: a primeira indireta com a revisão bibliográfica e a organização de documentos

cartográficos já existentes; na segunda ocorreu a análise de imagens de satélite e a

elaboração de Mapas Temáticos, como a Base Topográfica, destacando as curvas de

níveis, extraído a partir extraído da base SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), o

Mapa Hipsométrico, com destaque para as formas do relevo, elaborado por meio das curvas

de nível, o Mapa de Declividade, realizado com o uso da ferramenta slope, e o Mapa

Geológico, feito a partir da base fornecida pelo site do Serviço Geológico do Brasil, que

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permite relacionar a litologia da bacia com as áreas ocupadas. E a terceira etapa, contou

com abordagem direta a partir da realização de trabalhos de campo.

Resultados e Discussões

O rio Sorocaba localiza-se na porção sudeste do estado de São Paulo, e é o afluente

mais importante da margem esquerda do Médio Tiete, possui padrão dendrítico, com

interflúvios elevados, vales entalhados e densidade de drenagem elevada. As

características hidroclimáticas e endógenas estão diretamente associadas á forma do

relevo, suas nascentes no Planalto Atlântico apresentam médias pluviométricas mais

elevadas, e a porcentagem de declividade das vertentes são maiores (Mapa 01),

destacando setores de maior energia para dispersão dos fluxos hídricos, estes aspectos

estão diretamente associados à maior erosão destas áreas. O contrário ocorre na

Depressão Periférica, onde as médias pluviométricas são menores, em comparação á áreas

de Planalto, pois a Depressão possui menor densidade hídrica, menor porcentagem de

declividade e consecutivamente menor índice de erosão em condições naturais.

O clima predominante na UGRHI 10 (Unidade de Gerenciamento dos Recursos

Hídricos) do rio Sorocaba e Médio Tietê se dividem em três: quase toda UGRHI apresenta

clima úmido quente com inverno seco; os municípios de Ibiúna e Piedade possuem clima

quente úmido sem estação seca; e o município de São Roque se destaca pelo clima

temperado úmido sem estação seca, segundo SINISGALLI e CARVALHO (2010).

Segundo Nímer (1979) as massas de ar que mais influenciam as condições

climáticas no estado de São Paulo são: mEc (Massa Equatorial Continental), que se forma

sobre o continente aquecido, atuando ventos fracos, sobretudo no verão; mTa (Massa

Tropical Atlântica), forma-se na região marítima quente do Atlântico Sul, recebendo muito

calor e umidade na superfície; e mP (Massas Polares), que originam-se na zona

subantártica, estas massas não possuem subsidência, o que permite a distribuição, em

altitude, do valor e umidade colhidos na superfície quente do mar, aumentados a medida

que a massa caminha para o Trópico, e em virtude de sua temperatura baixa, chuvas de

diferentes intensidades apontam sua passagem.

A análise apontada pelo estudo de FERNANDES, NOLASCO e MORTATTI (2010),

que consiste no acompanhamento de índices pluviométricos de 1984 a 2008, em duas

estações distintas na Bacia do Rio Sorocaba, a estação Iperó e Entre Rios.

Os gráficos abaixo foram caracterizado a partir de dados diários fornecidos pelo

Centro Tecnológico de Hidráulica e Recursos Hídricos (Maria Laura – informação pessoal

em 11 mar 2009 para as estações Iperó (23°01`S, 47°41` W) e Entre Rios (23°01`S,

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47°48`W). Estando a primeira na porção média da bacia e a segunda próxima a foz do rio

Sorocaba.

A precipitação média anual de 1984 á 2008 foi de 1246,3 mm, sendo agosto o mês

mais seco com 34,8 mm, e janeiro o mais chuvoso com 239,8 mm (Gráfico 01). A vazão

média anual no mesmo período foi de 63, 1 m³s ¹־, sendo fevereiro o mês com maior vazão

média com 122,1 m³s ¹־, e setembro com a menor com 37,5 m³s ¹־ (Gráfico 02).

Nestes outros quatro gráficos podemos observar a distribuição pluviométrica no

município de Sorocaba:

Gráfico 03- Totais mensais de Chuva em Sorocaba de 1993 a 2000. Fonte: FERREIRA & DANIEL,

2003.

Gráfico 02- Médias mensais de vazão na

bacia do rio Sorocaba de 1984 a 2008.

Fonte: FERNANDES, NOLASCO e

MORTATTI (2010).

Gráfico 01- Precipitação Média Mensal

na estação Iperó de 1984 á 2008. Fonte:

FERNANDES, NOLASCO e MORTATTI

(2010).

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Gráfico 04 - Médias mensais de chuva em Sorocaba no período de 1950 a 1964. Fonte: FERREIRA &

DANIEL, 2003.

Gráfico 05- Médias mensais de chuva em Sorocaba de 1993 a 2000. Fonte: Ferreira & Daniel, 2003.

Gráfico 06- Totais anuais de chuva em Sorocaba de 1950 a 2000. Fonte: Ferreira e Daniel, 2003.

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De acordo com Monteiro (1973), podemos observar que o clima é controlado por

massas tropicais e polares (climas zonais). Clima úmido da face oriental e subtropical do

continente dominado por massas tropicais. As características climáticas da bacia do Rio

Sorocaba podem ser analisadas a partir de diferentes escalas; uma relacionada ao contexto

mais amplo vinculado à ação das massas de ar, e outra de âmbito regional e local,

associada aos aspectos topográficos da área em questão.

Uma questão interessante que tem sido observada na área, mas que necessita de

estudos complementares mais aprofundados refere-se à coleta de dados de pluviometria no

alto da Serra de São Francisco, em seu setor escarpado, bem como na área relacionada à

moraria vinculada ao Grupo São Roque. Tal projeção de atividade futura, se faz necessário

para identificar de forma coerente as reais interferências da Serra na determinação de

microclimas na área de estudos.

Aspectos das diferentes declividades, como podem ser identificados no Mapa 01,

mostram a complexidade de inclinações que certamente interferem na dinâmica pluvial e

fluvial.

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Considerações Finais

A precipitação da região da bacia do rio Sorocaba apresenta um ciclo anual com

maiores índices pluviométricos em dezembro, janeiro e fevereiro (verão), e menores em

junho, julho e agosto (inverno). O clima predominante na Unidade de Gerenciamento do

Médio Tietê e rio Sorocaba se divide em três: clima úmido quente com inverno seco

predominante em quase toda UGRHI 10, clima quente úmido sem estação seca nos

municípios de Ibiúna e Piedade e clima temperado úmido sem estação seca município de

São Roque. A área apresenta predomínio de chuvas no verão e estiagem no inverno.

Podemos verificar que o clima da área de estudo é influenciado pelas diferentes

altitudes das províncias geomorfológicas, pois o Planalto Atlântico apresenta maior

influência da mTa, que recebe umidade marítica; e também da mP, que não sofre

subsidência e atua diretamente na queda da temperatura no Planalto Atlântico.

Nesta conjunção o Ribeirão Cubatão é forte dissecação, apresentando maior

pluviosidade e escoamento pluvial, que associados a geometria das vertentes e ao mosaico

de setores impermeabilizados de áreas em processo de urbanização, contribui no

desenvolvimento de erosão na área, que foi ocupada a partir de um planejamento precário,

que expõe a população ali residente às áreas com risco de inundação, movimentos de

massas, colapsos de solo, e dentre outros.

Conseqüentemente constatou-se que grande parte dos eventos de inundação que

ocorrem na área da baixa bacia está relacionada ao assoreamento dos canais por

sedimentos erodidos da Serra de Inhaíba e da Serra de São Francisco, como também pelos

entulhos carregados ao longo das vertentes.

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