13ª Edição PACTA

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PACTA (13)

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EDITORIALDepois de um ano em que todos os dias tentamos

levar aos nossos seguidores o que de mais relevante ocorre no mundo, chegamos agora, com esta edição da PACTA, ao fim do terceiro ano deste projeto, que não pára de crescer e nos faz trabalhar com tanto gosto e afinco. Em Setembro a equipa da PACTA volta com novas ideias para continuar a desenvolver este apaixonante trabalho, de forma a tratar o que de melhor e pior se passa no mundo das Relações Internacionais, e para trabalhar de forma ainda mais intensa no sentido de vos surprender, pois a PACTA não é nossa, é de todos!

Para a última edição deste ano lectivo, e seguindo sempre o nosso lema, procurámos oferecer-vos informação com qualidade, pertinência e actuali-dade. Uma vez mais, temos o orgulho de vos apre-sentar uma edição recheada de artigos de opinião e uma entrevista, que incidem sobre os principais temas da realidade internacional que nos rodeia.

Como não podia deixar de ser, trazemos-vos os Cadernos do Tiaguistão, a habitual coluna do Professor Tiago Ferreira Lopes. Do ISCSP, contamos com uma reflexão do professor Pedro Fonseca sobre a Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CQNUAC) a ocorrer em Paris no final deste ano e uma abordagem à questão estratégica do mar para Portugal desenvolvida pelo professor Pedro Borges Graça. De fora do ISCSP, contamos com uma revisão crítica de Diogo Noivo a um livro sobre Adolfo Suárez da autoria de Fernando Ónega e com a opinião de Vasco Martins dos Santos acerca do estado actual das relações Rússia-Finlândia. Ainda, apresentamos mais uma experiência ERASMUS, desta vez em Estocolmo, na Suécia.

Nesta 13ª edição da PACTA a capa é dedicada à entrevista realizada com o Senhor Embaixador do Qatar, na qual foram abordadas as principais questões sobre as relações de Portugal com o Qatar, os grandes desafios e oportunidades regionais e globais do Qatar, o papel do país nas várias frentes da sua acção internacional e a importante organização do Mundial de 2022.

As Relações Internacionais têm vindo a crescer ao longo dos anos e suscitado o interesse de cada vez mais pessoas. Por isso, a disciplina ganhou importância com o decorrer do tempo e suscitou a necessidade de um olhar mais aprofundado sobre os eventos e organismos que integram o sistema internacional. Assim, nesta edição, não podia ser esquecida a tão bem sucedida simulação “Liga Árabe Summit 2015”, que ocorreu no passado mês de Abril, pelas mãos do Núcleo de Estudantes de Relações Internacionais (NERI), no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Sendo que o mundo árabe mostra uma crescente importância nas estruturas de poder internacionais, o artigo do Duarte Vieira, aluno do 2º ano de Relações Internacionais no ISCSP, mostra-nos como esta iniciativa decorreu e qual o seu propósito.

Desde já gostaria de deixar aqui um agradeci-mento tanto para a equipa como a todos os que nos acompanham. Sem vocês nada disto seria possível e só assim conseguimos evoluir e tornar esta revista útil e interessante para todos vós. Para o próximo ano, voltaremos ainda com mais garra e ambição de continuar um trabalho de qualidade e inovador!

Tiago NobreSub-Coordenador da Equipa PACTA

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Coordenadores da PACTA:Sofia Ramos, 212430Tiago Nobre, 216492

Colaboradores:Filipe Gomes, 216427Gabriel Machado, 216387João Pinto, 214903Nuno Gonçalves, 216399Teresa Dominguez, 214346

Responsáveis pelas Redes Sociais:Filipe GomesGabriel MachadoJoão PintoNuno GonçalvesTeresa DominguezTiago Nobre

Design Editorial:Maria João Martins

EQUIPA

ÍNDICE DE CONTEÚDOS

PÁG. 4 Cadernos do TiaguistãoDO COMITATUS À LEALDADE

DO TIPO GAFANHOTO

ARTIGOS DA CASAA OPÇÃO ESTRATÉGICAATLÂNTICA DE PORTUGALPÁG. 6

A POLÍTICA DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS EM PARIS:

De mãos vazias novamente?PÁG. 8

ENTREVISTAcom H.E. Mr. Adel Ali AlKhal

PÁG. 10

PUEDO PROMETER Y PROMETO. MIS AÑOS COM ADOLFO SUÁREZ

PÁG. 14

ARTIGOS DE FORA

FINLÂNDIA E RÚSSIA:A desconfiança que veio do frio

PÁG. 16

CRONOLOGIA

PÁG. 18

ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS

LIGA ÁRABE SUMMIT 2015PÁG. 22

EXPERIÊNCIA ERASMUS

ESTOCOLMO, SuéciaPÁG. 24

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A ideia de Lealdade tem sofrido mutações profundas ao longo da História. Da ideia de uma lealdade-profunda-perene (ainda em vigor no dito bárbaro Cáucaso e Ásia Central), que, por vezes, justificava o tolher da própria existência, passámos (no tal civilizado Ocidente) a uma ideia de lealdade-tipo-xarope, em que cada um toma a que quer e na qual a ideia de perenidade não existe… Já nem a ideia de irrevogabilidade parecemos conhecer…

A História da Antiguidade na Ásia Central, Cáucaso e no Médio Oriente faz-se através de uma parada complexa de reinos e impérios que ora guerreiam entre si, ora se aliam por razões nem sempre claras, ou racionais; faz-se de sátrapas que passam a capitais de novos Impérios e de capitais que se tornam em cidade regionais de média dimensão…

Quando não desaparecem da História.Curiosamente existe um elemento comum

entre os vários contendores. Para além de Hititas, Persas, Citas, Turquemenos, Cazares, Uigures, Hunos, Heftalitas, Sogdianos, Mongóis, Avares, Eslavos, Chineses, Tibetanos e Coreanos partilharem a origem Centro-Eu-rasiática, parece que, talvez por causa dessa origem comum, todos estes grupos mantiveram uma instituição informal no decurso de toda a Antiguidade pré-Islâmica: o comitatus.

Antes de explicar o que é o comitatus, olhemos um pouco para a tal “parada complexa de reinos e impérios”. Nos finais do século IV começo do século V os Avares, que dominavam o território entre a Bacia do Tarim (China) e a Coreia, tinham por rivais o Reino de Tabgach (sob domínio dos Mongóis Hsien-pei) que dominavam a maioria do Norte da China, o sudeste e a zona das estepes. Diga-se que os Avares, cuja origem permanece em zona semi-obscura, começaram por ser vassalos de Tabgach sob égide dos Hsien-pei.No começo século VI, com as tribos de Hsien-pei maioritariamente sinizadas, fez-se a paz entre os Avares e Tabgach. Em meados desse mesmo século VI, a dinastia Wei (que controlava Tabgach) dividiu o reino em duas metades: Tabgach Oriental e Tabgach Ocidental. Tabgach Oriental manteve a paz recém firmada com os Avares mas Tabgach Ocidental aliou-se ao líder dos Goturcos, até então vassalos dos Avares.

Entretanto os Goturcos, aliados a Tabgach

DO COMITATUS À LEALDADE DO TIPO GAFANHOTO

TIAGO FERREIRA LOPES

Director Académico da Sustainable Leadership Initiative, ÍndiaInvestigador Integrado no Instituto do Oriente, Portugal

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Cadernos do Tiaguistão

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Ocidental, sabem que Tiele (confederação de clãs no norte da Mongólia) se preparava para atacar os Avares. O que fazem? Os Goturcos, sozinhos, atacam preventivamente Tiele, salvando os suseranos Avares a quem tinham jurado lealdade. Bumïn (líder dos Goturcos) pede ao khagan Anagai (Imperador dos Avares) uma princesa Avar em casamento.

Anagai reage com repulsa, negando o pedido com um: “Como é que o meu escravo ferreiro se atreve a pronunciar tais palavras”? Com a honra manchada e orgulho ferido, Bumïn volta-se para o aliado Tabgach Ocidental com o mesmo pedido que é aceite. Os Avares são derrotados pela força conjunta Goturca-Tabgach Ocidental ressurgindo, mais tarde, no pós-primeira invasão árabe, no Daguestão (Cáucaso Norte, a Sul da Rússia).

Os Goturcos, os Tabgach, os Tiele e os Avares partilham entre si não apenas uma complicada História feita de alianças, traições, vinganças e novas alianças mas também a manutenção do tal comitatus! O comitatus mais não é do que um sentimento de lealdade fraterna perene partilhado entre o líder e os seus homens mais próximos. Foi graças ao comitatus que Bumïn lança as bases do Império Goturco e, mais tarde, Temüjin (Genghis Khan) funda o Império Mongol.

Lealdade fraterna perene! Algo que não sabemos bem o que significa nos nossos dias. Os homens do comitatus teriam obrigações invioláveis entre si. A mais importante seria que todos os homens do comitatus cometessem suicídio caso o líder morresse primeiro. Várias escavações arqueológicas mostram que tal era prática comum entre Citas, Turquemenos, Cazares, Uigures, Hunos, Heftalitas, Sogdianos, Mongóis, Avares e Coreanos.

Lealdade fraterna perene implica colocar o bem comum a cima das agendas pessoais de cada um. Se Anagai tivesse apenas rejeitado o pedido de Bumïn, sem lhe manchar a honra, hoje teríamos uma Mongólia, China e Coreia bem diferentes. Lealdade fraterna perene implicava que o líder tomava conta dos subordinados, que encarava como irmãos de sangue e pelos quais fazia sacrifícios.

era de tal ordem que estes eram tidos em linha de conta na hora de dividir o saque, de escolher matrimónios aristocráticos e até nos testamentos dos suseranos. O líder entendia a sua liderança como um esforço partilhado, olhando para os que lhe eram leais de igual para igual. Por estes dias, temos uma leal-dade-de-gravata-e-gabinete em que o chefe exige dos outros lealdade submissa para apenas e só para consigo. Sejam leais a mim, que eu também serei leal a mim mesmo.Hoje a lealdade também é gafanhoteira, se me é permitida a expressão. Criam-se pactos e acordos de estabilidade, que ao mínimo sopro de vento se desfazem como a espuma no final de um dia de praia. A lealdade deixou de ser garante de estabilidade, para se tornar quase sempre num nado-morto. A lealdade está aqui, para depois estar ali, não porque o bem comum importa mas porque a agenda pessoal impera. É a era do Eu sobre o Nós.É certo que a lealdade do comitatus tinha o seu lado dramático, com vários suicídios cometidos em prol de um laço estabelecido em cerimónias simbólicas e que, de resto, esteve na origem das relações feudais (no tal civilizado Ocidente) entre Suseranos e Vassalos. Mas é igualmente certo que também é dramático uma existência saltitante, onde a lealdade se revoga a cada pequena variação de temperatura. Felizmente só temos quatro estações…

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O Mar configurou Portugal. Na fundação da nacionalidade, há nove séculos, o Oceano Atlântico representou a Oeste uma via de liberdade e comércio perante três frentes de guerra que encurralavam Portugal: a Norte o Reino de Leão, a Este o Reino de Castela e a Sul os Mouros. Entre os séculos XII e XV, Portugal teve assim a sua economia fortalecida pela orla marítima, como atestam os estudos de Orlando Ribeiro no campo da Geografia Humana, particularmente em “Introduções Geográficas à História de Portugal”, publicado em 1977 pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

A Conquista de Ceuta em Agosto de 1415, há precisamente 600 anos, consolidou essa condição transformada em opção estratégica vital para o desenvolvimento do espaço português. A persecução da opção estratégica atlântica não foi porém consensual nesse distante século XV. No seio do núcleo real, após a morte de D. João I, formou-se um “partido”

que defendia antes uma opção estratégica europeia, liderado pelo Infante D. Pedro, que chegou a ser Regente após a morte do seu irmão mais velho D. Duarte e ficou conhecido como o “Infante das Sete Partidas” exactamente pelas viagens que fez pela Europa. O confronto entre as duas opções teve o seu desfecho com a morte de D. Pedro em 1449 na Batalha de Alfarrobeira, em Alverca perto de Lisboa.

A opção estratégica atlântica ficou pois firmada na História de Portugal com as Descobertas e os sucessivos factos de colonização e exploração económica em ambas as margens do Oceano, até 25 de Abril de 1974. Esta data representou assim uma ruptura, estrutural, nessa opção enquanto movimento de longa duração da História de Portugal, uma vez que lhe sobreveio a opção estratégica europeia que, na verdade, ressurgiu actualizada quase seis séculos depois da Batalha de Alfarrobeira. Numa geração, aproximadamente, Portugal virou costas ao Atlântico e ao Sul e concentrou-se na Europa, isto é, Portugal ficou política e jurídica e economicamente enquadrado no processo de integração conducente à União Europeia.

Com o fim dessa opção estratégica atlântica, para todos os efeitos inevitável nos termos em que se desenrolara, Portugal sofreu de imediato consequências no orçamento nacional, histo-ricamente dependente em grande medida das relações económicas com o “ultramar”, que ficava para Sul e com o qual transaccionava

A OPÇÃO ESTRATÉGICA ATLÂNTICA DE PORTUGAL

PEDRO BORGES GRAÇAProfessor Associado do ISCSP

Director do Centro de Estudos Estratégicos do Atlântico

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Da Casa

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por via do Oceano Atlântico. Ainda no século XX, ocorreu a intervenção do FMI na segunda metade dos anos 70, que voltou de novo a verificar-se na primeira metade dos anos 80. A injecção massiva de dinheiro em Portugal, e consequentemente do equilíbrio recorrente do orçamento nacional, começou então com a entrada na Comunidade Económica Europeia.Visto agora em perspectiva histórica, Portugal não teve qualquer vantagem comparativa sustentável desde o início relativamente aos seus parceiros europeus, cujos níveis de indus-trialização e de competitividade não diminuíram nem abrandaram ou mesmo estagnaram. À custa da agricultura e do mar (das pescas ao transporte marítimo), sem o “ultramar”, Portugal passou de pequeno produtor a grande consumidor dos produtos dos outros países europeus mais avançados na industriali-zação das suas economias e com dimensões geográficas e demográficas muito mais favoráveis ao crescimento e desenvolvimento. Com o alargamento sucessivo da “integração europeia” aos países do Leste, Portugal ficou também numa posição económica e produtiva sucessivamente desfavorável relativamente à que teria se, ao invés, se tivesse verificado um aprofundamento do princípio e correspon-dente processo da coesão económica e social europeia no sentido de uma aproximação àqueles níveis de industrialização e compe-titividade. É que no processo da “integração europeia” a solidariedade e a cooperação foram conjugadas com a competitividade – dinâmicas de forças contrárias –, sobrepondo-se a última às primeiras como dinâmica natural e nuclear da economia de mercado. Portanto, vemos hoje que Portugal construiu inúmeras infraes-truturas (nacionais, regionais, locais e urbanas) das quais se destaca uma rede excelente de estradas e comunicações para a circulação de produtos que não chegaram a ser produzidos nem pela indústria nem pela agricultura nem pelas pescas, por incapacidade própria de gerar competitividade minimamente comparável aos parceiros europeus. Na verdade, contraria-mente ao que era suposto acontecer, Portugal foi submergido pelos fundos europeus no que

respeita à sua capacidade produtiva. Assim, economicamente fragilizado e dependente, Portugal sucumbiu à crise internacional de 2008 e de novo se viu obrigado a recorrer ao FMI com o apoio da União Europeia.É neste contexto que de há alguns anos a esta parte assistimos ao ressurgimento actualizado da opção estratégica atlântica através de factos como a Expo 98, o relatório da Comissão Estratégica dos Oceanos em 2004, a proposta de extensão da plataforma continental marítima junto das Nações Unidas e a formulação de uma estratégia nacional para o mar. Como envolvente, temos um discurso político “suprapartidário” progressivamente empenhado em indicar que tal opção é vital para o desenvolvimento económico e social de Portugal. Estimulada, uma nova geração de portugueses voltados para o mar, para a ciência, para a criatividade, para a invenção mais que a inovação e para o empreendedorismo está a emergir.

Tal como há nove séculos, o Oceano Atlântico representa uma via de liberdade para Portugal, que aí poderá explorar científica e economicamente o potencial de recursos que inverterão a desvantagem produtiva e competitiva relativamente aos parceiros europeus. E no horizonte estão os países atlânticos de língua portuguesa.

Portugal é mar - noventa e sete por cento para ser mais concreto - com uma dimensão avassaladora correspondente ao território da União Europeia. Como fazer? Que planear? Como executar? Como conjugar a opção estratégica atlântica com a opção estratégica europeia? Eis o desafio. É a hora!

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A POLÍTICA DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS EM PARIS:DE MÃOS VAZIAS NOVAMENTE?

Paris receberá, entre 30 de novembro e 11 de dezembro de 2015, a 21ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CQNUAC). Analisar a evolução das negociações climáticas ao longo dos últimos 20 anos é uma tarefa penosa na qual a desilusão habita de forma confortável. Quando foi constituído o Painel Intergoverna-mental sobre as Alterações Climáticas (PIAC) em 1988 já se suspeitava que estavam em curso importantes alterações climáticas a nível planetário. Todavia, para a tomada de decisões políticas, era necessário um estudo aprofundado e sistemático que permitisse conhecer a dimensão e as causas do problema. Enfrentando poderosos interesses e uma constante oposição organizada e bem financiada, o PIAC publicou diversos relatórios de avaliação que sustentam a ideia de que estão em curso mudanças climáticas sem precedente desde há vários milhares de anos, as quais são provocadas pelas atividades humanas. Em causa está sobretudo o excessivo consumo de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) do qual resulta o crescimento das emissões e da concentração na atmosfera de gases de efeito estufa (GEE), em particular de CO2. Que ironia e que azar! Na raiz do problema haviam logo de estar os combustíveis fósseis, fontes de energia que permitiram à humanidade, desde a revolução industrial, ultrapassar o cenário de escassez de energia que tinha caracteri-zado a sua História e construir as bases da

nossa civilização. Em 2013 os combustíveis fósseis representaram mais de 80% das fontes de energia primária a nível mundial.

Apoiando-se nos relatórios do PIAC, vários especialistas, instituições governamentais e organismos internacionais têm vindo a alertar que as alterações climáticas colocam desafios extraordinários ao ambiente, ao desenvolvimento e à segurança, podendo também contribuir para o surgimento ou aprofundamento de conflitos violentos e para o agravamento das condições de vida em vários pontos do planeta, fatores que podem originar Estados falhados, crises humanitárias, grandes massas migratórias e ameaçar a paz e segurança mundiais. Perante estes impactos, as negociações políticas cedo estabeleceram o objetivo de estabilizar a concentração de GEE na atmosfera num nível que evitasse uma inter-ferência antropogénica perigosa no sistema climático (princípio basilar da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas adotada em 1992). Ao longo dos anos, o PIAC lá foi alertando que, na medida em que parte do CO2 permanece na atmosfera durante vários milhares de anos, um certo nível de alterações climáticas está já em curso e é irreversível, pelo que importava evitar alterações climáticas perigosas. Assim, estabeleceu-se o objetivo de reduzir as emissões numa dimensão que evite um crescimento da temperatura média global superior a 2°C até ao fim do século face aos valores pré-industriais.

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Da Casa

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Ao longo dos últimos vinte anos, conferência após conferência, negociação após negociação, a política das alterações climáticas não tem produzido resultados relevantes para evitar as denominadas alterações climáticas perigosas, visto que, ano após ano, as emissões e a concentração na atmosfera de GEE têm crescido de forma acelerada. A evolução verificada tem mesmo levado alguns a considerar que a mitigação do problema climático que permita evitar as alterações climáticas perigosas é já uma “batalha” perdida. Outros, quem sabe mais otimistas, acreditam que, apesar de escasso, ainda há tempo para construir uma resposta global ao problema. No final do ano de 2015, Paris receberá os líderes mundiais para uma nova ronda negocial na qual se ambiciona a obtenção de um acordo global de redução quantificada e obrigatória das emissões de GEE ao longo das próximas décadas. Tal como no passado, o lançamento da conferência tem sido rico em boas intenções, elevadas ambições e nobres declarações. No texto final da cimeira do G7, realizada em junho de 2015, fala-se, de forma vaga é certo, em descarbonizar a economia global ao longo do presente século. A União Europeia mantem-se, como quase sempre no domínio climático, ambiciosa. Nos EUA, a Administração Obama promete uma ação sem precedente no combate às alterações climáticas, aspiração típica de quem cumpre o último mandato. Os países em desenvolvimento declaram-se disponíveis para um esforço adicional. Como sempre, as organizações ambientalistas e vários movimentos da sociedade civil exigem nada menos do que o fim da era dos combustíveis fósseis. Neste prelúdio da conferência de Paris até o Papa Francisco prepara a publicação da encíclica “Laudato si” sobre questões ambientais, na qual reconhece a importância de mitigar as alterações climáticas. Nada disto é novo e nem sequer verdadeiramente surpreendente, visto que às grandes ambições e exigências regularmente declaradas nos períodos de lançamento das negociações têm-se seguido, quase sem

exceção, acordos frágeis ou mesmo estrondosos fracassos. A verdade é que o elevado número e diver-sidade dos atores envolvidos e a expansão da agenda negocial têm complexificado mui-tíssimo as negociações climáticas, assim como a procura de consensos alargados tem resultado ou em acordos frágeis e pouco ambiciosos. Paralelamente, os debates em torno de temas como as responsabilidades comuns mas diferenciadas, a fuga de carbo-no, as desigualdades de desenvolvimento, a mobilização de fundos para mitigação/adap-tação e a vulnerabilidade climática têm origi-nado discórdias profundas, descredibilizado o regime internacional de combate às alte-rações climáticas. Uma resposta eficaz às alterações climáticas exige respostas com-plexas e dispendiosas, requer uma profunda cooperação global com a participação dos principais emissores mundiais de CO2 (paí-ses desenvolvidos e em desenvolvimento), obriga a cedências de todos os atores e exi-ge uma transformação célere de um sistema energético mundial ainda demasiado depen-dente dos combustíveis fósseis que susten-tam a nossa civilização. Escrevia Sophia de Mello Breyner que ‘apesar das ruínas e da morte, onde sempre acabou cada ilusão, a força dos meus sonhos é tão forte, que de tudo renasce a exaltação e nunca as minhas mãos ficam vazias’. Chegados a Paris, essa eterna Ville-Lumière, permanece a ilusão e reinventa-se o sonho de lá não sair de mãos vazias novamente.

Pedro FonsecaProfessor Auxiliar no ISCSP

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PACTA: Firstly, hope Your Excellency enjoys being in Lisbon, Portugal. Could you tell us about when and how the Embassy of the State of Qatar was settled in Portugal?

H.E. The Ambassador: In Qatar’s foreign policy, the opening of an embassy in any country should be preceded by an opening of that country’s embassy in the State of Qatar. So when Portugal sent H.E. Mr. Fernando Araújo – as the first Ambassador of Portugal in the State of Qatar, on December 2011, the government of the State of Qatar decided to send me as an Ambassador to Portugal. I arrived on the 6th of January 2012 and I presented my accreditation letter to H.E. Prof. Aníbal António Cavaco Silva, the president of the Republic of Portugal on the 10th of January of 2012. I’m officially In Portugal for

ENTREVISTAcom H.E. Mr. Adel Ali AlKhal

3 and half years. Usually, the ambassadors are shifted every 4 or 5 years so I am expecting to be shifted this year or the next one.Regarding Portugal, I like the country a lot, it is a beautiful country. When I arrived in January I did not bring my family along. My son was in high school so we decided to wait until he graduates from school. My wife, son and daughter arrived to Portugal in August or September of 2012. In those 8 months I had the opportunity to go all over Portugal. I went to Porto, Alentejo and Algarve and I have been all around the country’s villages and I liked it very much.

PACTA: Currently what are the fields that the State of Qatar gives priority to in its relations with Portugal? Has there been significant cooperation in those fields?

Ambassador Extraordinary and Plenipotentiary of the State of Qatar in Portugal

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H.E. The Ambassador: Qatar is looking now to increase mutual investment. We want to increase investment in Portugal and increase the presence of the Portuguese companies in Qatar. Qatar is going to host the 2022 World Cup and to host that we need to build stadiums, roads, underground, railways, which means a lot of business.

Who usually build these are Germans, French, Americans or British, because it has been like that for a long time. My role here is to bring investors and companies from Portugal to Qatar, so they can compete with others because I know that Portuguese are able to compete with the rest, especially in terms of quality and prices.

On the other hand, Qatar is also looking for investments in Portugal. In this field, I arranged a meeting between the Qatar Investment Authorities (QIA) and the Agency for Investment and Foreign Trade of Portugal (AICEP). They studied the fields of investments for 3 days, in February of 2012.

After that, H.E. Mr. Paulo Portas, Deputy Prime Minister, took care of this negotiation and visited Qatar 3 or 4 times. He met with QIA in London and in France several times.

In terms of Qatar’s investment, Qatar has a share of 2.6 percentage of EDP, the energy company in Portugal, which is not that much. However, the Qatari investment in Portugal is more significant and clear through VINCI, the French company- bearing in mind that Qatar is the biggest shareholder in VINCI. VINCI is holding now the 2 bridges of Lisbon and running the airports ANA, as well as many other businesses. When they have a ceremony they always invite the French Ambassador and the Qatari Ambassador. So I consider that in these 3 and half years, we have reached something but I want more from both sides mainly in the field of investment.

I have discovered that there are Portuguese companies working in Qatar since 2007. There are 2 companies there since 2007, one is working in the field of information and technologies (IT) and the other is working in engineering. The IT Company has its origin in Porto and has its office in Qatar with around

150 workers in which approximately 20 of them are Portuguese; while the rest are from all over the world. The company is doing well for almost 8 years, which proves it is possible for a Portuguese company to succeed there.

PACTA: What are the main exter-nal goals of the country in the long term?

H.E. The Ambassador: Qatar has three priorities: infrastructure, health and edu-cation. The aim is to reach to the goals that the government has set in 2030. Now, the income in Qatar is 80% from petrol and gas, 20% from others. Our target in 2030 is to flip this figure by making the oil and gas reach 20% of the total income and others reach-ing the 80%, and when I say others, I mean from the Qatari investments abroad. Qatar invests a lot mainly in the last years all over the world, I cannot say where concretely, but we are looking to invest more in Portugal.

Speaking of the 3 priorities, I would like to highlight the importance of education that is to say, if the country pays attention to the ed-ucation and prioritize it, the governments will not face problems such as the problems in the Middle East region at this time; take Syria, Ye-men and Libya for an example. Poverty and the lack of education created a massive tragedy.

PACTA: And what are the main inter-national challenges that Qatar is facing?

H.E. The Ambassador: Internationally, Qa-tar was a member of the UN Security Coun-cil 2006-2007. In the meantime, it is the rep-resentative of the United Nations Alliance of Civilizations (UNAOC). H.E. Mr. Jorge Sam-paio was the high representative of UNA-OC and he delivered it to the State of Qatar. Qatar was also the head of the Non-Align-ment movement (NAM) in 2005, and it is working with an International Group, focused in solving what is happening in the region.

PACTA: So, regionally, what is the role of Qatar in the Gulf Cooperation Council (GCC)?

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H.E. The Ambassador: Qatar is a part of the GCC just as Portugal is a part of the European Union (EU). Qatar has its own policy but also there is a common policy in the GCC. Qatar is also a member of several different organ-isations such as the Organisation of Islamic Cooperation and the United Nations (UN).

To sum it up, Portugal has two “umbrellas”: the EU and the UN. On the other hand, Qatar has four “umbrellas”. So the challenges are almost common: political challenges, economic challenges, environmental challenges and social challenges. So what Portugal faces, Qatar faces too. How Portugal is trying to solve it, Qatar is also trying to solve it. We are now in a global society, you cannot work alone in this globalisation, you have to be a part of other groups. As you are a part of two groups, we are a part of four groups.

PACTA: How are the relations with the West, namely with the USA and the EU?

H.E. The Ambassador: Fantastic, cannot say more than that, they are our allies. Especially, fighting terrorism, fighting ISIS, as a part of a coalition. Our presence there is important to prove that the EU and the Americans are not fighting against a Muslim country alone, because GCC does not believe that USA is attacking an Arab country, we want to be there so that others do not make that an argument. Our presence there is exactly to avoid this argument.

PACTA: Qatar will host the 2022 FIFA World Cup. How important is that for the country, since Qatar will be the first Arab country to do it?

H.E. The Ambassador: The World Cup was always hosted by European or South American countries, as it is hosted in summer. For that reason, it always goes to Europe or to South America as the weather during that time of the year is good. Now there is some news about the probability of shifting it from summertime to wintertime because of the heat during the summer in Qatar, and this will give not only Qatar but all the countries of that part of the world who

could not host a World Cup so far, the opportunity to host it in the future. For us is very important to host it and it is also important for other countries from the area in which Qatar is located. Every country that has very tough weather, they are giving them the chance to host this event in the future.

PACTA: So now we have finished the questions. Thank you very much for you time.

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Puedo prometer y prometo. Adolfo Suárez repetiu esta fórmula sete vezes ao longo de um discurso proferido no dia 13 de Junho de 1977, apelando ao voto na sua União de Centro Democrático (UCD) nas eleições legislativas desse ano. Mais do que o exercício costumeiro de promessas miríficas que tende a acompanhar os processos eleitorais, a frase puedo prometer y prometo foi uma demonstração de responsabi-lidade e de pragmatismo político num momento crucial para a consolidação da democracia em Espanha. Juntamente com o Rei Juan Carlos, Suárez foi responsável pela edificação de um Estado de Direito Democrático, assegurando que o processo de transição entre o Franquismo e a democracia se fazia sem violência e livre de sobressaltos de maior – algo praticamente

impensável quando se tem presente o quão adversas eram as condições de partida.

Muito embora não haja consenso quanto às datas de início e de término do processo de transição democrática em Espanha, a generalidade dos autores tende a compreender este período entre 1975 e 1982. O momento inicial, mais consensual, ocorre com a morte de Francisco Franco. Já o ponto de chegada é passível de discórdia. Embora a Constituição fosse aprovada em 1978, só com a criação dos estatutos autonómicos da Catalunha e do País Basco temos em Espanha um quadro institu-cional suficientemente amplo e estabilizado que permite antever a sedimentação da democracia liberal. Aliás, importa não esquecer que a 23 de Fevereiro de 1981 há uma tentativa de golpe de Estado com vista a reverter o processo de democratização – um dia que ficou na memória colectiva dos espanhóis como um momento de elevado sentido de Estado, de coragem política e física de Adolfo Suárez e do General Gutierrez Mellado, que mesmo sob a ameaça de armas recusam vergar perante os golpistas. Por outro lado, o ano de 1982 conta ainda com outro argumento a favor de ser este o ano em que termina a Transición: dá-se o que o cientista político Samuel Huntington designou de “turnover test”, isto é, o poder muda de mãos. A UCD de Suárez perde as eleições para o Partido Socialista Obreiro Espanhol de Felipe González, mostrando o normal funcio-

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De Fernando Ónega

PUEDO PROMETER Y PROMETO. MIS AÑOS CON ADOLFO SUÁREZ.

DIOGO NOIVO

Mestre em Segurança e Defesa pela Universidade Complutense de Madrid & Centro

Superior de Estudios de la Defensa Nacional (CESEDEN)

Licenciado em Ciência Política pela Universidade Lusíada de Lisboa

De Fora

(Barcelona: Plaza Janés, 2013), 330 páginas.

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-namento institucional da alternância política resultante de eleições livres e democráticas. Fernando Ónega, um dos jornalistas mais conceituados em Espanha e antigo assessor de Adolfo Suárez, pede emprestada a frase emblemática do discurso para titular o livro onde, cerca de 40 anos depois, percorre a memória da transição política espanhola de forma algo episódica, sem grandes preocupações cronológicas mas sem comprometer o rigor do relato. Embora logo no início fique a advertência de que não se trata de uma biografia, as recordações de Ónega e os testemunhos que recolheu junto a outros que, como ele, conviveram e trabalharam com Suárez, deixa-nos um retrato muito completo e cheio de detalhes de alguém que foi marido, pai, amigo, mas sobretudo político. Essa é porventura a melhor descrição do personagem retratado por Fernando Ónega: alguém que sempre quis ser Presidente de Governo, como o próprio admitiu em entrevista ao El País em 1979. Alguém que se assumia político, mas que com prejuízo pessoal e partidário sempre usou o poder que obteve em prol da construção da democracia em Espanha. O livro é o retrato eminente-mente pessoal deste carácter e deste percurso.

Numa outra entrevista a que o autor faz referência Suárez afirma “não sou especialista em nada, mas acho que sou um bom político”. A frase é exemplar a dois níveis. Em primeiro lugar, deixa transparecer a consciência do desdém com que era visto por detractores e por companheiros de partido, para quem ele era alguém simples e destituído dos títulos académicos que permitem a sobranceria no poder – um dos apodos menos hostis que lhe foi dirigido na época foi o de “empregado de armazém”. Em segundo lugar, a frase é o elogio da política enquanto tal. Mais do que um tecnocrata altamente qualificado ou um académico munido das credenciais da praxe, de um político espera-se uma visão de conjunto e integrada do país, bom-senso e astúcia na gestão dos interesses públicos, e o pragmatismo necessário para trabalhar com todos, indepen-dentemente das opiniões pessoais ou políticas que deles tenha. E foi assim que Suárez exerceu o poder, e foi assim que Fernando Ónega

o acompanhou nos bastidores da política.Adolfo Suaréz exerceu o cargo de Presidente de Governo ao longo de cinco anos e meio, fez aprovar a Lei da Reforma Política que, desde o estrito respeito pela legalidade e paz social, enterrava toda a estrutura franquista. Legalizou o Partido Comunista espanhol – um episódio admirável que condensa na perfeição a inteligência, a habilidade política e cultura conciliadora de Suaréz – e legalizou os sindicatos Comisiones Obreras (CC.OO) e UGT. Organizou os Pactos de La Moncloa, que uniram os vários partidos e sindicatos, apesar das profundas diferenças que os afastavam, para debelar os sérios problemas económicos do país. Foi o homem que logrou romper com o passado sem choques abruptos através de procedimentos reformistas. Estes e outros episódios do processo de transição democrática em Espanha, sem esquecer as relações com a imprensa, a política externa, ou a ameaça da ETA, são abordados em Puedo Prometer y Prometo, cruzando com mestria os planos pessoal e político do “piloto” da Transición.

Em artigo publicado no El País por ocasião da morte de Suárez, a jornalista Soledad Gallego-Diáz descreve-o como o político mais solitário que alguma vez existiu na democracia espanhola e, no entanto, numa época “perigosamente incerta”, o político que mais se empenhou em promover o diálogo e a pacificação social de um país profunda-mente dividido e receoso em relação ao futuro.

Adolfo Suárez tem hoje o estatuto de lenda. E embora este livro o retrate como o homem que foi, colocando a astúcia e a coragem a par com os erros, as imperfeições e as debilidades, não lhe retira a grandeza que está reservada aos poucos estadistas que se tornam imemoriais.

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FINLÂNDIA E RÚSSIA:A DESCONFIANÇA QUE VEIO DO FRIO

Na sequência da anexação da Crimeia, e das movimentações dos exército russo na Ucrânia, importa analisar os efeitos da nova postura da Federação Russa sobre os países vizinhos, como é o caso da Finlândia.

Os conflitos com o Império Russo iniciaram-se quando Finlândia era ainda parte integrante do império sueco. A Rússia invadiu a Finlândia sucessivas vezes, culminando na anexação da Finlândia em 1809. Na Primeira Guerra Mundial, com o colapso do Império Russo, a Finlândia aproveitou a fragilidade russa e o princípio da auto-determinação nacional preconizado por Lenin, para declarar a inde-pendência. Após a Guerra Civil Finlandesa e a Revolução de Outubro, no período entre as guerras mundiais, as relações entre os dois Estados mantiveram-se tensas, com a Rússia a procurar repetidamente interferir na política interna finlandesa. Depois da disputa pela área

de Karelia, ocupada pelos Russos, sanada pelo Tratado de Tartu em 1920, a União Soviética impõe um bloqueio ao tráfego naval finlandês.

A Finlândia é atacada pela URSS em 1939 dando inicio à “Guerra do Inverno”, e posterior-mente à “Guerra da Continuação” prolongan-do-se durante a 2.ª Guerra Mundial na guerra contra a URSS. Nestas guerras os finlandeses sofreram 90.000 baixas e causaram pesadas baixas aos soviéticos (120.000 mortos na Guerra de Inverno, 200.000 na Guerra de Continuação). Como resultado Finlândia perdeu mais de 10% do seu território anterior à Guerra de Inverno, incluindo a cidade Vyborg, para a União Soviética. Devido a esta conflitualidade histórica, a Finlândia é dos poucos países que mantém umas Forças Armadas dimensionadas e estruturadas para repelir uma eventual invasão do seu território.

Durante a “Guerra Fria”, a Finlândia adoptou uma posição de imparcialidade entre os dois blocos, procurando prevenir novos conflitos com a URSS. Por essa razão, a Finlândia nunca pediu a adesão à Nato, mas desenvolveu sólidas relações comerciais com os seus membros. Em 1995, a Finlândia torna-se membro da UE, subscreve o Tratado de Schengen em 1996 e faz parte da Zona Euro desde 1999, obrigando-a agora a participar nas sanções europeias contra a Rússia. Isto não impediu que estabelecesse fortes relações comerciais com a Federação, aproveitando a grande dimensão daquele mercado.

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VASCO MARTINS DOS SANTOS

Assessor da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento

Colaborador do Instituto de Estudos Pós-Graduados do ISCSP

De Fora

Page 17: 13ª Edição PACTA

Com uma população de 5,5 milhões e 350.000 reservistas, um produto interno bruto de 218.3 biliões de dólares, e um orçamento militar de 1,5% do PIB, a Finlândia adoptou uma estratégia que conjuga a criação de sólidas relações comerciais, com a manutenção de um aparelho militar independente da NATO, com capacidade autónoma de defesa do seu território – chamam-lhe a Finlandização. Esta estratégia traduziu-se na conquista do mercado russo através das exportações de madeira e seus derivados, serviços e tecnologia principalmente na área das comunicações. Actualmente procura exportar produtos que não estejam cobertos pelas sanções da UE. Nesta estratégia enquadram-se também os programas de cooperação bilateral nas áreas do controlo ambiental, transportes, emigração e missões de busca e salvamento. Da Rússia, a Finlândia importa principalmente combustível, procurando neste momento outras fontes de abastecimento. Mas a questão que se coloca neste momento é se a finlandização será eficaz para garantir a integridade do seu território?

Na Federação Russa assistimos actualmente a um revisionismo histórico. Puttin, ainda antes de ser eleito Presidente afirmou que a maior catástrofe do Séc. XX foi o fim da União Soviética em 1991. Esse marco, segundo a generalidade dos autores sinaliza o fim da Guerra Fria, porém não há qualquer documento assinado que estabeleça os termos e condições definindo vencedores e vencidos. Esse é o fundamento do discurso de Puttin: a Rússia foi lesada pelo desmoronamento da União Soviética, considerando inaceitável a expansão da NATO aos países que fazem parte do chamado “cordão sanitário” entre a Rússia e o Ocidente.

A alteração das fronteiras da Europa provocou um forte ressentimento nas elites russas que reclamam a revisão das fronteiras, mas também a recuperação da influência russa no sistema internacional. Existe uma forte desconfiança em relação ao Ocidente pelo papel atribuído á Rússia depois da Guerra Fria e uma tentativa de reafirmação do seu poder, procurando combater as barreiras geoestratégicas da segurança euro-atlântica e o isolamento imposto pelo

Ocidente. O revisionismo russo abarca toda a sua histórica área de influência, incluindo a Ásia Central e o Cáucaso. Zonas com conflitos locais latentes, onde a China surge como novo actor, principalmente no vector económico e energético aproveitando as actuais fragilidades russas.

Com a anexação da Crimeia pela Federação Russa, a Finlândia foi obrigada a participar nas sanções económicas impostas pela UE, o que aliado à baixa do preço do petróleo fez diminuir drasticamente as exportações da Finlândia para o vizinho, bem como o turismo russo, embora esta situação tenha vindo a ser colmatada pela crescente procura chinesa no mercado finlandês.

No passado mês de Fevereiro, a Federação enviou 3000 militares para reactivar a base aérea de Murmansk Oblast junto da cidade Finlandesa de Rovaniemi. A Força Aérea Russa tem realizado constantes exercícios ao longo da fronteira com bombardeiros e dispõe de uma nova geração de caças Sukhoi. Ao largo da península de Kola encontram estacionado em submarinos boa parte do potencial nuclear russo.

O Ministro da Defesa Haglund tem-se distanciado cada vez mais das propostas russas de cooperação na área da Indústria de Defesa, bloqueando todos os projectos e recusando a aquisição de tecnologia militar russa, por suspeita de que esses equipamentos pudessem comprometer a segurança e eficácia operacional. A par disto é notória a maior aproximação da Finlândia à NATO.

Independentemente da coragem finlandesa, o “urso” russo deve ser levado a sério. Estamos a assistir à fragmentação da estratégia da “finlandização” e consequente aumento do desagrado russo, o que nos leva a concluir que a Federação Russa pode ser no imediato uma ameaça real ao Estado Finlandês, embora essa ameaça seja dificilmente sustentável num futuro longínquo, dadas as fragilidades russas no plano económico, político e social.

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2 ABRManoel de Oliveira

(1908-2015), o tempo faltou-lhe, claramente.

(Público)

Segunda caixa negra confirma ação voluntária

do co-piloto na queda do A320. (Público)

Obama presses case for Iran nuclear deal in

weekly address. (Reuters)

3 ABR 4 ABR

CRONOLOGIAABRIL, MAIO E JUNHO

Pág. 18 | PACTA

Egyptian court sentences Muslim

Brotherhood leader to death.

(CNN)

“Data activist Max Schrems surrounded by media in the courthouse after his trial against Facebook. Schrems, who closed the list of plaintiffs after 25,000 people joined, is clai-ming damages of 500 euros per user for alleged data violations by Facebook, including ai-ding the US National Security Agency’s PRISM programme, which mined personal data”

Fonte: Leonhard Foeger/Reuters

11 ABR

“Cuba não é uma ameaça para os EUA.” Diz Obama depois de encontro com Castro.

(Euronews)

12 ABR9 ABR

Nigeria protesters demand action on

Chibok abductions.(Al Jazeera)

14 ABR

Irão critica interferências

externas no Iémen. (Euronews)

16 ABR

EUA: Justiça acusa 6 polícias do “homicídio”

de Freddy Gray.(Euronews)

1 MAINúmero de mortos no

sismo do Nepal ultrapassou as 7000

pessoas. (Diário de Notícias)

2 MAINepal government

criticised for blocking earthquake aid to

remote areas.(The Guardian)

3 MAIItalia rescata a 5.800

inmigrantes en el Mediterráneo.

(El País)

3 MAI

Page 19: 13ª Edição PACTA

Pág. 19 | PACTA

“Data activist Max Schrems surrounded by media in the courthouse after his trial against Facebook. Schrems, who closed the list of plain-tiffs after 25,000 people joined, is claiming damag-es of 500 euros per user for alleged data violations by Facebook, including aid-ing the US National Security Agency’s PRISM programme, which mined personal data”

Fonte: Leonhard Foeger/Reu-ters

Senate approves bill on reviewing Iran nuclear

deal.(The Washington Post)

7 MAIGreek PM forecasts

‘happy end’; Eurogrup chief cites progress in

talks.(Reuters)

8 MAIChina ‘negotiates

military base’ in Djibouti.

(Aljazeera)

9 MAIUE leva à ONU plano

militar contra traficantes no Mediterrâneo.

(Público)

10 MAI

“A firefighter uses a saw to open a metal gate while fight-ing a fire in a convenience store and residence during clashes after the funeral of Freddie Gray in Baltimore, Maryland in the early morning hours. Baltimore erupted in violence on Monday as hun-dreds of rioters looted stores, burned buildings and at least 15 police officers were in-jured following the funeral of a 25-year-old black man who died after suffering a spinal in-jury in police custody. The riots broke out blocks from where the funeral of Freddie Gray took place and spread through much of west Baltimore.”

Fonte: Eric Thayer/Reuters

Ukraine crisis: Kerry has ‘frank’ meeting with

Putin.(BBC News)

12 MAIObama says

Israel-Palestinian two state solution ‘vital’ for

peace.(Reuters)

14 MAIBombista de maratona

de Boston condenado à morte por unanimidade.

(Diário de Notícias)

15 MAIMetade da Síria sob

controlo do grupo Estado Islâmico.

(Público)

21 MAI

14 ABR

28 ABR

Page 20: 13ª Edição PACTA

CRONOLOGIAABRIL, MAIO E JUNHO

Pág. 20 | PACTA

França: supermercados proibidos de deitar fora

alimentos.(Euronews)

22 MAIIreland becomes first

nation to legalize same sex marriage.

(CCN)

23 MAIPutin promulga lei que proíbe a presença de

ONG ‘indesejáveis’ na Rússia.

(Público)

24 MAIEx-Israeli Prime Minister Ehud Olmert sentenced

to 8 months in prison. (The Washington Post)

25 MAI

China to extend military reach, build lighthouses

in disputed waters. (Reuters)

26 MAIJapan earthquake: Tremors felt across

nation.(CNN)

30 MAIMacedónia prepara

legislativas antecipadas. (Euronews)

2 JUNDois anos depois de

Snowden EUA limitam a espionagem.

(Diário de Notícias)

5 JUN

Greece submits new reform plan to EU

and IMF.(BBC News)

9 JUN

Demir Kapija, Macedonia“A group of migrants walk on a road on their way to the Serbian border. Macedonia has become one of the main transit routes for thousands of migrants from the Middle East and Africa, entering from neighbouring Greece on their way to western European countries”

Photograph: Robert Atanasovski/AFP/Getty Images

U.S. Airstrike in Libya Targets Al Qaeda

Leader.(The New York Times)

14 JUN

Portugal 2014. O ano em que emigrámos mais

do que nunca e morre-mos ainda mais do que

nascemos .(Observador)

16 JUN

11 JUN

“O Nepal a caminho do renascimento após a

tragédia.”(Euronews)

15 JUN

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Pág. 21 | PACTA

Sanliurfa, Turkey“A man carries a girl as Syrians fleeing the war pass through broken-down border fences to enter Turkish territory illegally”

Photograph: Bulent Kilic/AFP/Getty Images

El Rey Felipe VI relanza el apoyo a la Monarquia.

(El País)

18 JUNMilhares protestam contra políticas da

austeridade em Londres.

(Euronews)

20 JUNEUA pedem ‘flexibili-

dade’ nas negociações com a Grécia.

(Público)

21 JUNS. C. Gov. Haley calls

for removal of Confederate flag near

the state Capitol.(The Washington Post)

22 JUN

Hungria suspende aplicação da Convenção

de Dublin .(Euronews)

23 JUNCedências das duas

partes ainda insuficien-tes para um acordo para

a Grécia. (Público)

25 JUNLibya talks at crucial

stage over power-sharing deal.

(Reuters)

26 JUNTunisia attack: Tourists

flee the country after gunman killd 38 .

(CNN)

27 JUN

15 JUN

Page 22: 13ª Edição PACTA

LIGA ÁRABE SUMMIT 2015

Nos passados dias 28 e 29 de Abril o NERI realizou, no Instituto Superior de Ciên-cias Sociais e Políticas, mais uma gran-de iniciativa como já nos vem habituando. Desta vez foi a Liga Árabe Summit 2015. Quando soube da ideia tive desde logo inte-resse em participar, afinal de contas o que faz falta nestes eventos são “ajudantes” e eu tive o privilégio de estar na organização e ser membro da Mesa durante o debate.

À semelhança de outras simulações do género tentámos organizar o debate da sim-ulação o mais próximo possível da realidade. No primeiro dia as equipas participantes, di-vididas em comités, organizaram as suas moções, bastante pertinentes e adequadas

à realidade política actual do Médio Oriente e do mundo árabe, que levaram para a mesa de debate no segundo dia. Assistimos a um debate vivo e interessante, com muito boas intervenções e com todas as equipas a par-ticipar activamente e a promover o debate.

Porquê a Liga Árabe? A Liga dos Estados Árabes é uma organização regional de estados árabes formada em 1945 que conta hoje com vinte e dois estados e cerca de 400 milhões de habitantes, cujos principais objectivos são estreitar a as relações dentro da Liga e cola-borar entre si de modo a garantir a sua segu-rança, independência, soberania e promover os seus interesses na esfera internacional.

Esta é uma realidade que não estamos tão

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Organização de Eventos:

DUARTE VIEIRAAluno do 2º Ano de Relações Internacionais no ISCSP

Page 23: 13ª Edição PACTA

Pág. 23 | PACTA

habituados a ver no Ocidente, pois somos de certa forma alienados de muito do que se passa deste lado do mundo. Para alunos de Relações Internacionais (e não só) é neces-sário ter uma visão abrangente do mundo que nos rodeia, não só política mas também eco-nómica, social e cultural. O mundo árabe é um destes exemplos com uma crescente impor-tância nas estruturas de poder internacionais, daí a necessidade de se estudar e adquirir in-formação sobre esta realidade. Todos os parti-cipantes saíram da simulação certamente com mais conhecimento dos países da Liga Árabe.

Nesta simulação, para além de todos os participantes adquirirem mais à vontade em se exprimirem em público e treinarem a sua capacidade de retórica e argumentação, ti-vemos todos também a oportunidade de ter uma abordagem e uma experiência mais prática do funcionamento das Relações In-ternacionais neste tipo de organizações.

A primeira edição da Liga Árabe Summit foi sem dúvida um grande sucesso e convi-do desde já todos a participarem nos even-tos que o NERI vai certamente organizar no próximo ano, com a esperança de se con-tinuar o projecto da Liga Árabe e nunca es-quecendo a habitual simulação G20 Summit.

SÍMBOLO DA LIGA ÁRABE

Page 24: 13ª Edição PACTA

Experiência ERASMUS:

Muitos são aqueles de nós que desejam e fantasiam sobre a ideia de estudar para o es-trangeiro. Começamos por equacionar pergun-tas como: Quão diferente será viver no país x em comparação com Portugal? Será que me adaptaria bem a um novo meio cultural? A par-tir daí e do momento em que todas as buro-cracias estão tratadas para irmos ao encontro do nosso destino de eleição, todo o estudan-te em Erasmus embarca numa nova aventura que se afigura inevitavelmente inesquecível.

No início do segundo ano da Licenciatu-ra decidi que ia realizar um sonho já tido há algum tempo e ir estudar para fora. O onde pouco importava porque queria ter uma ex-periência completamente diferente daquela que tinha aqui, acabando por escolher Es-tocolmo como minha nova casa por ser a ci-dade mais estereotipicamente distinta de Lisboa e pelo prestígio internacionalmente reconhecido da Universidade de Estocolmo.

Lembro-me do receio inicial de sair da mi-nha zona de conforto, de deixar todos os meus amigos e família, de deixar para trás algumas experiências como a bênção das fitas em prol de partir para uma realidade totalmente

desconhecida. A vontade de conhecer, de descobrir e crescer através das diferenças e semelhanças que par-tilhamos com pessoas que vêm de uma realida-de totalmente diferente da minha foi o que me motivou a ir sem olhar para trás uma única vez.

Assim, no segundo semestre do terceiro ano, meti-me num avião e começou uma das me-lhores experiências da minha vida. Lembro-me vivamente do friozinho na barriga que sentia por ir sozinha, por ser a minha primeira expe-riência de “liberdade”. O facto de não se co-nhecer ninguém, de não se falar a língua local, de não nos parecermos minimamente com as pessoas locais, faz com que o primeiro impac-to seja de um choque brutal mas também de uma intensa adrenalina, afinal de contas cria-se um cenário de infinitas probabilidades de conhecer algo pela primeira vez, várias vezes.

O primeiro dia em solo sueco foi um mis-to de emoções, de ansiedade e curiosida-de. Recordo-me de chegar ao meu quarto na residência, aquela que seria a minha casa nos próximos seis meses, e admirar a neve pela janela, ver aquelas ruas cheias de bi-cicletas e as pessoas totalmente cobertas

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ESTOCOLMO, SUÉCIA

Page 25: 13ª Edição PACTA

de roupa e pensar como este cenário seria completamente impossível no calor lisboeta.

Na primeira noite há uma festa para que to-dos os novos estudantes se conheçam e foi aí que comecei por fazer amigos. Começa-mos com as perguntas típicas “Como te cha-mas? De onde vens? O que estudas?” na esperança de que haja um click e é sempre isso que acontece, esse click acontece inú-meras vezes pois independentemente do local de onde vimos ou o que estudamos todos te-mos em comum esta sede do desconhecido. A partir daí, começas a ter contacto com todos estes desconhecidos que rapidamente pas-sam a amigos e a explorar a nova realidade.

Sendo a estupenda cidade que é, Estocol-mo tem muito a oferecer. Desde os ringues de patinagem de gelo, ao famoso fika (nada mais significa que amigos a conversarem acompa-nhados de uma boa bebida quente e de uns bolinhos), passando pelas tardes ensolaradas junto ao rio e as visitas aos inúmeros museus, a cidade tem de tudo um pouco, para todos os gostos e todas as estações do ano, afiguran-do-se uma maravilha arquitectónica em con-junto com a, talvez surpreendente, simpatia e amabilidade do seu povo. Os inúmeros barcos

de cruzeiro que partem da cidade para ou-tros destinos do Báltico permitem-nos conhe-cer muitos dos países “vizinhos” a um pre-ço bastante acessível, permitindo-nos viajar ainda mais e ligando-nos aos companhei-ros de viagem de forma ainda mais palpável.

Conhecidos pela sua metodológica or-ganização, não foi espanto para mim che-gar à Universidade e ter uma grande recep-ção feita para todos os novos alunos, onde nos é explicado o funcionamento da Uni-versidade bem como do país, fazendo-nos sentir imediatamente mais bem recebidos. O próprio sistema de ensino é totalmente di-ferente, havendo testes que se realizam no conforto da nossa casa, muitos trabalhos de grupo que envolvem bastante leitura e mui-ta interacção entre alunos e professores na aula que nos permite debater ideias e apren-der de forma mais dinâmica. No final de con-tas, o aluno que vai estudar para a Suécia vê-se posto numa realidade totalmente diferente mas que se revela eficazmente enriquecedora.

Filipa BastosLicenciada em Relações Internacionais no ISCSP

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