15 - Os Cavaleiros

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    Os Quatro Cavaleiros

    Gil Vicente termina com uma cena apotetica que constitui a moralidade doauto. Ope os Cavaleiros que morreram a combater pela F aos que trabalhavam polavida transitria(v.830).

    O facto de terem morrido a combater os Mouros o suficiente para alcanarem oParaso: morremos nas Partes dAlm / e no queirais saber mais (vv.849 -850),responde o 2 Cavaleiro ao Diabo quando este ousa interrog-los. E o Anjo, ao declinarda cena, diz claramente: quem morre em tal peleja / merece paz eternal (vv. 861 862).

    Os Cavaleiros surgem no cais a cantar. A cano dirige-se aos vivos e, maisespecificamente, aos pecadores: Senhores que trabalhais / pola vida transitria, Vigiai-vos,pecadores.

    A cantiga aconselha a acreditar no temeroso cais, isto , no momento do

    julgamento final e da sentena, cu ou inferno. Relativamente aos pecadores dizVigiai -vos porque podero sofrer Dolores. Para evitar este sofrimento convida barca da vida, ou seja, entrar na barca do Anjo, o qu e significa fazer o bem em vida.Assim o grande conselho a prtica do bem para evitar sofrimentos futuros.

    Smbolos a Cruz de Cristo, o escudo e a espada

    Estes elementos simbolizam a defesa da Reconquista Crist e da Expanso da Fde Cristo, como forma de atingir a salvao divina.

    Ausncia de Inteno Crtica

    Contrariamente crtica presente nas outras cenas, nesta parte Gil Vicenteexalta a luta contra os Mouros no Norte de frica, em nome da difuso da fCrist.

    A colocao dapersonagem colectiva os Quatro Cavaleiros no final da peapermite transformar a cenanum final triunfante, reforar a crena na salvao eincitar f em Deus. A salvao dos cavaleiros corresponde a umaalegoria religiosa,simboliza a salvao atravs da luta e morte em nome de Deus.

    A concepo de salvao nesta obra corresponde aoespiritualismo, despreocupao com os bens terrenos, por oposio condenao atravs domaterialismo o apego aos bens materiais.

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    Moralidade da Pea

    Gil Vicente era um poeta essencialmente cristo e as suas obras representam aviso da vida e da sociedade do seu tempo, atravs de olhos de artista cristo emoralista, que tem sempre presente a rpida caducidade das obras humanas, quanto finita a vida terrena, quanto frgil a argila humana, porque muito vivamente sentetambm a bem-aventurana da vida eterna, que os justos aguarda, e a cada passo vsobre si postos e sobre esses que descuidosos se abandonam vida pecadora os olhosomnividentes de Deus, quetudo devassam e inquirem.

    Fidelino de Figueiredo, Histria da Literatura Clssica

    Na cantiga dos Cavaleiros est condensada a moralidade da pea, isto , a vidaterrena consiste numa preparao definitiva para a condenao ou para a salvaodepois da morte.

    Aqueles que vivem conscientes da transitoriedade da vida e da inevitabilidadeda morte, que temem a condenao eterna e trabalham em nome de Deus, sero salvos.Assim, temos a preparao para a vida eterna como explicao para a vida terrena,segundo a ideologia catlica.

    A Reconquista e a Expanso da F Crist

    Expanso da F Crist no Norte de frica: ESPIRITO DE CRUZADA

    Foi este o grande meio de que a Igreja lanou mo para coadjuvar eficazmenteos nossos reis, primeiro na luta contra os mouros do territrio metropolitano e depoisnos Descobrimentos e conquistas. Com efeito, a concesso de abundantes graas eprivilgios espirituais aos fiis, que tomavam pessoalmente parte nessas empresas ou

    para elas contribuam com subsdios, e a cedncia de uma parte dos rendimentoseclesisticos do Reino para as mesmas equipararem os nossos arrojadosempreendimentos s cruzadas da Terra Santa. Contribuindo de modo eficaz para seremcoroados de xito. Deve, todavia, notar-se que os portugueses, do ponto de vistareligioso, foram sempre tolerantes com os vencidos, ao contrrio do que fizeram muitoscruzados estrangeiros, por exemplo, em Lisboa (1147 e 1190) e em Silves (1189).

    Dicionrio de Histria de Portugal, dirigido por Joel Serro

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    Saber mais

    O esprito de cruzada servia, sem dvida, os interesses do rei de Portugal, masera tambm a representao colectiva e herica de um recurso sem alternativa, quearrastava para a guerra uma grande parte da populao e que no podia deixar deaparecer como justificao vlida aos prprios interessados fossem eles capites ousimples soldados.

    Exerccios

    1. Assinala com V (verdadeira) ou F (falsa) as seguintes afirmaes:

    a) Os quatro Cavaleiros no tm nome prprio, porque so uma personagem colectiva.b) Os Cavaleiros vo directamente Barca do Anjo, pois j no tinham lugar na Barca

    do Inferno.c) Os Cavaleiros morreram em frica a lutar pela santa f catlica.d) A cantiga entoada pelos Cavaleiros uma sntese da ideologia catlica.

    2. Assinala a razo pela qual os Cavaleiros vo directamente Barca do Anjo.

    a) O facto de terem morrido a combater os mouros garante-lhes a salvao.b) Esto certos de que no seriam bem recebidos pelo Diabo.c) J no tinham lugar na Barca do Inferno.

    3. Com base na cantiga dos Cavaleiros, faz corresponder cada um dos elementosque caracterizam a salvao aos elementos opostos que traduzem uma ideia decondenao.

    Salvao Condenao

    a) barca segura bens terrenosb) barca da vida vida transitriac) vida eterna barca da morted) vida ganha vida perdidae) bens eternos barca perdida

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    4. Caracteriza o estado de esprito do Diabo e dos Cavaleiros no curto dilogo quetravam.

    Diabo Cavaleiros

    ( indignao, segurana, estupefaco, deciso, superioridade, admirao )

    5. Explica a evoluo fontica do seguinte vocbulo: dolor > door (1) > dor (2).

    (1) ____________ do (l) intervoclico;(2) ____________ dos (oo)

    ( sncope, prtese, crase, assimilao )

    Prof. Maria Filomena Ruivo Ferreira Santos