159678069-Orixas-Sonia.pdf
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Os orixás (do iorubá Òrìsà, Oricha em castelhano, Orisha em inglês e alemão) são as
divindades da religião tradicional dos iorubás (também chamados nagôs no Brasil e
lucumis em Cuba) e dos cultos afro-brasileiros (candomblé) e afro-cubanos (santería)
dela derivados ou por ela influenciados (como a umbanda).
Segundo Pierre Fatumbi Verger, o orixá seria, em princípio, um ancestral divinizado
que, em vida, estabelecera vínculos que lhe garantiam um controle sobre certas forças
da natureza, como o trovão, o vento, as águas doces ou salgadas, ou então assegurando-
lhe a possibilidade de exercer atividades como a caça, o trabalho em metais ou o
conhecimento das plantas. O axé, poder do ancestral-orixá teria, após sua morte, a
faculdade de encarnar-se momentaneamente em um de seus descendentes durante um
fenômeno de possessão por ele provocado. A passagem da vida terrestre à condição de
orixá desses seres excepcionais, possuidores de um axé poderos, produz-se, em geral,
em um momento de paixão, cujas lendas conservaram a lembrança.
Na África, o orixá, ancestral divinizado, é um bem de família, transmitido pela
linhagem paterna. Os chefes das grandes famílias, os balés, delegam a responsabilidade
do culto ao orixá familiar a um ou uma alaaxé, guardião ou guardiã do poder do deus,
que dele cuidam ajudados pelos eleguns, possuídos pelos orixás em certas
circunstâncias. O culto de cada orixá está ligado originalmente ao povo de certa cidade-
estado ou território - Xangô a Oyó, Iemanjá à região de Egbá, Euá a Egbado, Ogum a
Ekiti e Ondô, Oxum a Ijexá e Ijebu, Erinlé a Ilobu, Logunedé a Ilexá, Oxalá a Ifé,
subdividido em Oxalufã em Ifan e Oxaguiã em Ejigbó etc. Ao migrarem, as famílias
levavam seu culto a outras comunidades iorubas e seus sacerdotes asseguravam o culto
a todo o grupo.
No Novo Mundo, os orixás e seu culto tomaram uma feição mais pessoal. Quando o
ioruba era transportado pelos negreiros para o Brasil, seu orixá tomava um caráter
iindividual, ligado à sorte pessoal do escravo, separado de seu grupo familiar.
A qualidade das relações entre um indivíduo e seu orixá é, portanto, diferente na África
e no Brasil. Na África, as cerimônias de adoração são asseguradas por sacerdotes
designados e os outros membros do grupo só têm o dever de contribuir materialmente,
respeitar as proibições alimentares e outras ligadas ao único orixá cultuado em seu
grupo.
No Brasil, cada um deve assegurar pessoalmente as exgências do orixá, tendo, porém, a
possibilidade de encontrar no terreiro o meio onde inserir-se e um pai ou mãe-de-santo
capaz de guiá-lo em suas obrigações. Existem múltiplos orixás pessoais em cada
terreiro, cultuados não só por descendentes de iorubás, como também por outras etnias,
inclusive brancos e mestiços. O orixá perdeu o caráter de ancestral que volta a encarnar-
se em um dos seus descendentes e tornou-se um guia que escolhe seus "filhos" e "filhas"
de acordo com seu temperamento e biotipo, freqüentemente de acordo com as
tendências secretas e reprimidas que se exprimem no arquétipo do orixá. Diz-se, ainda,
que cada indivíduo possui dois orixás, um mais aparente, aquele que pode provocar
crises de possessão, outro mais discreto, "assentado", fixado, acalmado, mas que ainda
assim influencia o comportamento.
Índice
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Panteão Editar
Segundo Verger, não existe, no território iorubá, um panteão dos orixás bem
hierarquizado, único e idêntico. Orixás que ocupam uma posição dominante em alguns
lugares estão totalmente ausentes em outros. O culto de Xangô, que ocupa o primeiro
lugar em Oyó, é oficialmente inexistente em Ifé, onde um deus local, Oramfé, está em
seu lugar com o poder do trovão. Oxum, cujo culto é marcante na região de Ijexá, é
ausente em Egbá e Iemanjá, soberana nesta região, é desconhecida na primeira.
No Brasil, há uma maior sistematização e um certo número de orixás é reconhecido por
todos os terreiros, embora outros sejam menos conhecidos e alguns orixás importantes
na África sejam aqui totalmente ignorados. Desde a entrada da roda-de-santo no
barracão, todos os papéis religiosos são vividos intensamente, numa atuação sincrônica
cujos elementos ordenadores são dados pelo xirê, que é a estrutura que organiza a
entrada das cantigas e danças ao som do ritmo dedicado a cada orixá, cujo transe é
previsto neste momento.
Assim que o orixá "vira", outros papéis são imediatamente acionados: a ekede, que deve
acompanhá-lo, vesti-lo, secar-lhe o suor do rosto e dançar com ele; o pai-de-santo, que
deve receber a reverência do orixá; o dos alabês, que devem saber o quê, e de que modo,
deve ser tocado para este orixá etc. Além de ser uma estrutura seqüencial ordenadora
das cantigas (louvações), o xirê denota também a concepção cosmológica do grupo,
funcionando como elemento que "costura" a atuação dos personagens religiosos em
função dos papéis e dos momentos adequados à sua representação. Na ordenação,
costumeira do candomblé kêtu, primeiro toca-se para Exu (porque ele é o intermediário
entre os homens e os orixás, entre o mundo do além e o da terra, para que não perturbe
os trabalhos com seu lado malévolo e para que agencie a boa vontade dos orixás que
serão invocados no culto); depois para Ogum (porque é o dono dos caminhos e dos
metais e sem ele e suas invenções da faca e da enxada o sacrifício aos orixás e o
trabalho na terra estariam impedidos), Oxóssi (porque é irmão de Ogum e porque
também está ligado à sobrevivência através da caça e da pesca), Obaluaiê (porque é o
orixá da cura das doenças, ou aqueles que as traz), Ossãe (dono das folhas que curam,
daí sua ligação com Obaluaiê e também porque nada se faz sem folhas no candomblé),
Oxumaré (por sua ligação com Xangô, como escravo deste e como aquele que faz a
ligação entre o céu (nuvens) e a terra), Xangô (deus do trovão e do fogo, trazido por
Oxumarê), Oxum (esposa favorita de Xangô), Logunedé (o filho de Oxum, mas com
Oxóssi), Iansã (que no mito criou Logunedé juntamente com Ogum quando Oxum o
abandonou); Obá (tida em muitas casas como irmã de Iansã e a terceira mulher de
Xangô), Nanã (a mais velha das iabás - orixás femininos), Iemanjá (a dona das cabeças
e mulher de Oxalá) e, finalmente, Oxalá, o senhor de toda a criação.
Há ainda alguns orixás que não costumam ser incorporados, ou o são raramente, mas
são regularmente homenageados no candomblé de outras maneiras: Euá, irmã de
Oxumaré e esposa de Obaluaiê, cujo complexo ritual foi esquecido no Brasil; Olocum,
mãe de Iemanjá; Iroco, homenageado na forma de uma árvore; Ibêji, protetor dos
gêmeos e das crianças; e Orunmilá, o orixá da adivinhação que só se manifesta pelo
oráculo do Ifá, um rito complexo que exige um longo treinamento e no Brasil foi
praticamente esquecido e substituído por métodos mais simples, intermediados por
Oxum ou Exu.
De importância equivalente aos orixás, mas considerados e cultuados inteiramente à
parte, embora apareçam a seu lado nos mitos iorubás, são os Eguns, espíritos dos
ancestrais masculinos e manifestação de Iku, a morte, e Iyami Oxorongá, manifestação
coletiva dos ancestrais femininos que tomam a forma de bruxas capazes de se
transformar em pássaros.
Sincretismo Editar
As primeiras menções às religiões africanas no Brasil são de 1680, por ocasião das
pesquisas da Inquisição, mas faziam alusões ao culto africano, com sacrifícios de
animais, danças extáticas e partilha de refeições. É difícil precisar o momento em que o
sincretismo se estabeleceu. Em 1890, quando Nina Rodrigues pesquisou o tema, ainda
estava em formação e a equivalência entre orixás e santos católicos era flutuante e
variável de terreiro para terreiro.
O processo parece ter-se baseado, de maneira geral, sobre detalhes de estampas
religiosas que poderiam lembrar certas características dos deuses africanos. São
Jerônimo, por exemplo, foi assimilado a Xangô por causa de estampas que o mostravam
com um leão docilmente deitado a seus pés, pois o leão é símbolo de realeza entre os
iorubás. São Lázaro, coberto de feridas e abscessos, foi naturalmente equiparado a
Obaluaê, deus da varíola. Santa Bárbara, segundo a lenda cristã, foi sacrificada pelo pai
devido à sua conversão ao cristianismo e ele foi fulminado por um raio; por isso, ela é
associada para se pedir proteção contra raios e tempestades e foi assimilada a Iansã. Em
Cuba, e também em alguns terreiros brasileiros no tempo de Nina Rodrigues, o trovão
fazia Santa Bárbara ser assimilada a Xangô, apesar da diferença de sexo.
Oxalá, o orixá mais respeitado, foi identificado a Jesus Cristo. Nanã Buruku, a mais
idosa das divindades das águas, foi comparada a Sant'Ana, mãe da Virgem Maria e esta,
como mãe do Deus cristão, a Iemanjá, mãe de numerosos outros orixás. Na Bahia, São
Jorge, que mata um dragão na maioria das estampas, foi assimilado a Oxóssi, o caçador;
no Rio de Janeiro, a Ogum, deus da guerra e da metalurgia, pois carrega armas e
armadura de ferro.
Na Bahia, é Santo Antônio que é assimilado a Ogum, o deus da guerra, por uma
tradição peculiar à cidade de Salvador. Em 1595 uma imagem sua foi maltratada por
protestantes. Estes foram capturados e viram dar à praia a imagem, que tinham jogado
ao mar. Pela vitória contra os inimigos luteranos, o santo foi alistado no Forte da Barra,
com direito a soldo. Em 1705, foi promovido a capitão e, na II Guerra Mundial, a major.
A partir das últimas décadas do século XX, a valorização da pureza das raízes africanas
pelos antropólogos que estudavam o candomblé e depois pelos próprios adeptos
promoveu um movimento de expurgo do sincretismo do ritual e da linguagem dessa
religião. Assim como o hábito de chamar os orixás por nomes de santos começou a ser
abandonado, as imagens católicas começaram a desaparecer ser substituídas nos
terreiros por representações de caráter mais africano. Já na umbanda, o sincretismo
continua ativo, mas hoje se estende também a outras influências religiosas e esotéricas,
inclusive anjos, deuses pagãos e divindades orientais.
Também se estabeleceu a equivalência, ou mesmo identidade, dos orixás iorubás com
divindades africanas de outras etnias que têm seu culto no Brasil, como os voduns do
culto jeje (fon) e os inquices dos cultos bantos.
Correspondências usuais entre orixás, santos, voduns e
inquices Editar
orixá santo
na Bahia
santo
no Rio de
Janeiro
vodum
jeje
inquice
congo ou
angola
Exu O Diabo Santo Antônio
(13 de Junho) Legbá
Bombogira
(masc.)
Panjira
(fem.)
Ogum Santo Antônio
(13 de junho) São Jorge
(23 de abril) Gu Roximucumbi
Oxóssi São Jorge
(23 de abril)
Erinlé
São Sebastião
(20 de janeiro) Aguê
Kibuco
Motolombo
Xapanã,
Obaluaiê ou Omolu
Obaluaiê: São Roque
(16 de agosto)
Omolu: São Lázaro
(17 de dezembro)
São Lázaro
(17 de dezembro) Azoani ou
Sakpatá Kingongo
Ossãe Santo Onofre
(12 de junho) São Benedito
(5 de outubro) - Katendê
Oxumaré São Bartolomeu
(24 de agosto) - Dan
Hongolo (masc.)
Angoroméa (fem.)
Xangô
Xangô: São Jerônimo
(30 de setembro)
Dadá: Cristo Rei
(Domingo
anterior ao
1º domingo
do Advento)
Aganju: São José
(19 de março)
Oraniã Airá: São Pedro
(29 de junho)
Xangô: São Jerônimo
(30 de setembro)
Xangô Obomi: São
João
(24 de junho)
Sobô, Badê
ou Heviosso Zaze
Oxum Nª.Srª. das
Candeias
(2 de fevereiro)
Nª.Srª. da
Conceição
(8 de dezembro)
Aziri
Tobóssi Kissimbi
Logunedé Santo Expedito
(19 de abril)
ou São Miguel (29 de
- - Gongobira
setembro)
Iansã ou Oiá
Santa Bárbara
(4 de dezembro) Santa Bárbara
(4 de dezembro) - Kaiongo
Obá Sta. Catarina
(25 de novembro) Sta. Joana D'Arc
(30 de maio) - -
Nanã Sant'Ana
(26 de julho) Sant'Ana
(26 de julho) - Rodialonga
Iemanjá Nª.Srª. da
Conceição
(8 de dezembro)
Nª.Srª. da
Glória
(15 de Agosto) Aziri Kaia Danda Lunga
Oxalá ou
Obatalá
N. Senhor
do Bonfim
(2º domingo
depois do
dia de Reis)
Oxalufã
Oxaguiã
Odudua
Ocô
Oxalufã: Deus Pai
Oxaguiã:Jesus Cristo
(25 de dezembro)
Olissara ou Lissá
Lembá Dilê
Ibêji São Cosme e
São Damião
(27 de setembro)
São Cosme e
São Damião
(27 de setembro) - Nvunji
Iroco São Francisco
(4 de outubro) - Loco Tempo
Euá Nª.Srª.
das Neves Nª.Srª. de
Monte Serrat - -
Olocum - - Aziri Kaia -
Orunmilá ou Ifá
Santíssimo
Sacramento
(1º domingo
de julho)
- Fá -
Orixás em Cuba Editar
Em Cuba, os orixás são cultuados no ramo mais importante da santería, conhecido
como La Regla de Ocha. Dentro desta está incluido, como um ramo, La Regla de Ifá,
referente à prática de adivinhação.
Segundo Nei Lopes, os orixás cultuados na Regla de Ocha são os seguintes:
Orixás da criação do mundo e dos seres viventes: o Olófin, o aspecto criador por excelência, causa e razão de todas as coisas,
personificação da divindade que se relaciona diretamente com os orixás e os humanos. Como ato preliminar da criação, criou Olodumare para dominar os espaços e Olorún para dominar a energia.
o Olodumare, o Universo com todos os seus elementos, a manifestação material e espiritual de tudo quanto existe na Natureza.
o Olorún, o Ser Supremo, a força vital e energia impulsionadora do Universo, manifestada pelo Sol que aquece e ilumina.
o Odudua, pai de todos os lucumis, representa os mistérios e segredos da morte.
o Boromú, que vive nos desertos, representa os ossos, o que resta do ser humano após a morte. Esposo de Euá.
o Obatalá é o criador da Terra e escultor dos seres humanos, dono de tudo o que é branco, da cabeça, dos pensamentos e dos sonhos.
o Oké é o orixá dos morros e montanhas, bem como de tudo o que é elevado e alto.
o Ogán é o secretário de Odudua, dono da enxada, e forma uma trindade com Ogbón e Ogboni. É o orixá da inveja, avareza e egoísmo.
o Ori ou Eri é o orixá pessoal, representando o espírito que mora na cabeça do ser humano.
Orixás guardiões, responsáveis pela guarda dos indivíduos e de suas casas: o Ikú, a morte, que vem buscar o humano quando é chegado seu dia e Olófin
pede a sua cabeça. o Egun, que representa o conjunto dos espíritos dos mortos e está sob o poder
de Odudua. o Eleguá, orixá que detém as chaves do destino, abrindo e fechando a porta à
desgraça ou à felicidade e manifestando-se por mais de duzentos avatares, qualidades ou caminhos.
o Ogún, dono dos minerais, montanhas e ferramentas e patrono de todos os que trabalham com o ferro.
o Ochósi, patrono dos que têm problemas com a justiça, mago, adivinho, guerreiro, caçador e pescador.
o Ósun, mensageiro de Obatalá e Olófin e sustentáculo dos poderes divinatórios e Orunmilá.
Orixás da natureza: o Osáin, dono da natureza, principalmente da flora. o Aja e Aroni, orixás ligados a Osáin e às plantas medicinais. o Orichaoko, orixá da terra, da agricultura e das colheitas. o Iroko, orixá da ceiba, bastão de Olófin. o Ochumare, orixá do arco-íris, serpente colorida que surge no céu como sinal
de bênção. Orixás da maternidade:
o Yemayá, mãe da vida e de todos os orixás. o Dada Baldone, protetor dos recém nascidos e das crianças que nascem com os
cabelos muito crespos ou encaracolados. Uma de suas qualidades é Obañeñe. o Ibeyis, protetores dos gêmeos, macho e fêmea, filhos de Changó e Ochún,
criados por Yemayá. o Kori Kotó, orixá feminino da fertilidade e da procriação, protetora das crianças
que nascem predestinadas. Orixás das águas:
o Ochún, mulher de Changó, amiga íntima de Eleguá, é o orixá da feminilidade, símbolo da coqueteria, da graça e da sexualidade femininas.
o Inle, patrono da medicina, protetor dos médicos, dono dos rios e amigo inseparável de Abatá.
o Ologun Edé, filho de Inle e Ochún. o Olokum, dono do oceano, metade homem, metade peixe. o Olosá, irmã e mulher de Olokum, dona dos lagos e lagoas.
Orixás do fogo:
o Aganyú Solá, um gigante, divindade da terra seca, dos desertos e dos vulcões, protetor dos caminhantes.
o Changó, orixá do fogo, do raio, do trovão e da guerra, mas também da dança, da música e da beleza masculina.
o Ogué, companheiro de Changó, protetor de todos os animais com chifre. o Oroiña, manifestação do fogo universal, o centro incandescente do globo
terrestre, onde nascem os vulcões e os terremotos. Orixás da adivinhação:
o Orumilá ou Orunlá, orixá da adivinhação, reverenciado no culto de Ifá. o Chugudú, uma espécie de Exu, só invocado em ocasiões muito especiais. o Orungan, orixá do meio-dia.
Orixás da saúde e da morte: o Oyá Iansá, dona dos raios, dos temporais e dos ventos, de caráter voluntarioso
e violento. É também dona do cemitério. Além de ter grande poder sobre os eguns, domina os quatro ventos juntamente com Eleguá, Orunlá e Obatalá.
o Oba, orixá guerreira, ligada aos mortos. Também é guardiã das tumbas dos cemitérios e símbolo da fidelidade conjugal.
o Euá, outro orixá feminino dos cemitérios, encarregada de entregar os cadáveres a Oya Iansá. Esposa de Boromú. Orixá de grande respeitabilidade, na sua presença ninguém pode desnudar-se, falar alto ou comportar-se de maneira rude.
o Naná Burucu é a divindade misteriosa e terrível que vive e forma de serpente em mananciais, rios e pântanos.
o Babalú Ayé, orixá da varíola, da lepra, das doenças venéreas e das afecções de pele em geral.
o Ajé Chaluga, orixá da saúde, das primeiras riquezas e da sorte.
Orixás na Umbanda Editar
Na Umbanda, os orixás tomam um caráter mais abstrato do que nos mitos iorubás ou no
Candomblé. São identificados com as sete radiações, energias ou "linhas de vibração"
emanadas pelo Deus supremo, Oludumaré ou Olorum, correspondentes a sete planos
espirituais supostamente presentes em toda parte. São concebidos como aspectos da
divindade suprema, de maneira mais ou menos análoga à concepção do Deus cristão
como constituído de três pessoas.
Três dessas linhas - Oxalá, Xangô e Ogum - reúnem a maioria dos chamados caboclos,
enquanto a maioria das caboclas está relacionadas à linha de Iemanjá, cujos integrantes
são também conhecidos como "povo d'água". A linha de Oxóssi inclui principalmente
caboclos, mas também algumas caboclas. A linha de Yori, reúne os erês ou espíritos
infantis; e a linha de Yorimá, os pretos-velhos e pretas-velhas. Yori e Yorimá, nomes
inexistentes na tradição iorubá, foram cunhados em 1956 por Woodrow Wilson da
Matta e Silva ou "Yapacani" (1917-1988), na primeira edição do seu livro Umbanda de
Todos Nós e são às vezes identificados por outros autores com Ibêji e com Omolu,
respectivamente.
Além disso, cada uma dessas linhas reúne também exus, o "povo da rua", sendo que os
exus femininos ou pombagiras são agrupados (assim como as caboclas) na linha de
Iemanjá. Chama-se de Umbanda o trabalho ritual com as entidades das falanges e de
Quimbanda com as entidades das legiões, mas não se trata de duas religiões ou seitas
diferentes: ambas pertencem ao mesmo sistema de crenças (geralmente denominado
simplesmente "Umbanda") e são freqüentemente praticadas nas mesmas tendas ou
terreiros, pelos mesmos pais-de-santo ou mães-de-santo.
Cada uma dessas sete linhas se subdivide em uma legião formada por sete falanges de
caboclos, erês ou pretos-velhos e outra legião formada por sete falanges de exus. Cada
falange também é vista como uma "vibração", sob as quais se agrupam milhares de
espíritos propriamente ditos, às vezes identificados com os eguns do candomblé,
espíritos que não se reencarnam, mas trabalham em harmonia com os orixás e são
incorporados pelos pais-de-santo e mães-de-santo, ao passo que os orixás propriamente
ditos nunca são incorporados. A primeira falange de cada legião exprime a linha em sua
forma mais "pura" e seu líder é considerado também o líder de toda a legião. Cada uma
das outras legiões representa uma conexão com alguma das outras linhas e tem algo da
linha em relação à qual é tida como "intermediária".
Os orixás ou "orixás maiores" da Umbanda, portanto, constituem mais uma chave de
classificação desses espíritos do que entidades com mito e personalidade próprias. O
falangeiro, espírito principal e suposto líder de cada falange (que pode ser um caboclo,
preto-velho, exu etc.) é às vezes considerado um "orixá menor". Líderes de sub-falanges
(sete para cada falange) também podem ser considerados "orixás menores", enquanto os
de hierarquia inferior são chamados "guias" e os que estão abaixo deles de "protetores".
Como há sete graus na hierarquia e cada um se subdivide em sete, chega-se a um total
de 49 orixás menores (1º, 2º e 3º graus), 2.401 guias (4º grau) e 823.543 protetores (5º,
6º e 7º graus). Abaixo destes, segundo alguns, estão os "capangueiros".
Alguns terreiros contam uma oitava linha, "Linha do Oriente", ou a colocam no lugar da
linha de Yori. Trata-se de uma linha que abrange espíritos de "sábios do Oriente",
hindus, árabes, chineses, e mesmo romanos, gauleses, incas, astecas e médicos e
cirurgiões da cultura ocidental moderna e seria chefiada por São João Batista. Reúne, na
prática, todos os espíritos e entidades que não se originam da cultura popular brasileira.
Em Matta e Silva, esses espíritos estão integrados na primeira linha, a de Oxalá.
Pertencem às linhas tradicionais, por outro lado, todos os negros e africanos (pretos-
velhos), o "povo da rua" urbano e marginal (exus e pombagiras), crianças brasileiras
(erês), indigenas brasileiros (caboclos) e personagens diversos da cultura popular
brasileira (boiadeiros, baianos, marinheiros e ciganos, geralmente classificados também
como "caboclos").
A tabela abaixo resume uma entre outras possíveis classificações de orixás na
Umbanda, baseada em Matta e Silva. É popular entre os umbandistas, mas ante a grande
variedade de interpretações que existe entre diferentes tendas e terreiros, não pode ser
considerada canônica. É apenas um exemplo da lógica classificatória da
umbanda/quimbanda.
Organização das Falanges
Linha Astro e Conceito Falanges e Umbanda Quimbanda
(Orixá) Arcanjo Intermediários
Oxalá
1ª
Legião
Sol
Gabriel Paz
1ª Falange - Oxalá
2ª Falange - Ogum
3ª Falange - Oxóssi
4ª Falange - Xangô
5ª Falange - Yorimá
6ª Falange - Yori
7ª Falange - Iemanjá
1ª Caboclo Urubatão
2ª Caboclo Guaraci
3ª Caboclo Guarani
4ª Caboclo Aimoré
5ª Caboclo Tupi 6ª Caboclo
Ubiratã 7ª Caboclo
Ubirajara
1ª Exu Sete Encruzilhadas
2ª Exu Sete Poeiras
3ª Exu Sete Cruzes
4ª Exu Sete Chaves
5ª Exu Sete Pembas
6ª Exu Sete Capas
7ª Exu Sete Ventanias
Ogum
2ª
Legião
Marte
Samuel Vitória
1ª Falange - Ogum
2ª Falange - Oxalá
3ª Falange - Oxóssi
4ª Falange - Xangô
5ª Falange - Yori
6ª Falange - Yorimá
7ª Falange - Iemanjá
1ª Caboclo Ogum da Lei
2ª Caboclo Ogum Matinada
3ª Caboclo Ogum Rompe-Mato
4ª Caboclo Ogum Beira-Mar
5ª Caboclo Ogum Malê
6ª Caboclo Ogum Megê
7ª Caboclo Ogum Iara
1ª Exu Tranca-Ruas das Almas
2ª Exu Tira-Teimas
3ª Exu Veludo 4ª Exu Arranca-
Toco 5ª Exu Porteira 6ª Exu Limpa-
Trilho 7ª Exu Tranca-
Gira
Oxóssi
3ª
Legião
Vênus
Ismael Cura
1ª Falange - Oxóssi
2ª Falange - Ogum
3ª Falange - Oxalá
4ª Falange - Xangô
5ª Falange - Yori
6ª Falange - Yorimá
7ª Falange - Iemanjá
1ª Caboclo Arranca-Toco
2ª Caboclo Araribóia
3ª Caboclo Arruda
4ª Caboclo Cobra-Coral
5ª Caboclo Tupinambá
6ª Cabocla Jurema
7ª Caboclo Pena-Branca
1ª Exu Marabô 2ª Exu Pemba 3ª Exu Campina
ou dos Rios 4ª Exu da Capa
Preta 5ª Exu Lonã 6ª Exu Bauru 7ª Exu das
Matas
Xangô
4ª
Júpiter
Miguel Justiça
1ª Falange - Xangô
2ª Falange -
1ª Caboclo Xangô Caô
2ª Caboclo
1ª Exu Gira-Mundo
2ª Exu
Legião Oxalá 3ª Falange -
Oxóssi 4ª Falange -
Xangô 5ª Falange -
Yorimá 6ª Falange -
Yori 7ª Falange -
Iemanjá
Xangô Pedra-Branca
3ª Caboclo Xangô Agodô
4ª Caboclo Xangô Sete-Montanhas
5ª Caboclo Xangô Sete-Cachoeiras
6ª Caboclo Xangô Pedra-Preta
7ª Caboclo Xangô Sete-Pedreiras
Mangueira 3ª Exu Pedreira 4ª Exu
Corcunda 5ª Exu Calunga 6ª Exu Meia-
Noite 7ª Exu Ventania
Yorimá
5ª
Legião
Saturno
Yramael Sabedoria
1ª Falange - Yorimá
2ª Falange - Oxalá
3ª Falange - Oxóssi
4ª Falange - Ogum
5ª Falange - Xangô
6ª Falange - Yori
7ª Falange - Iemanjá
1ª Pai Guiné 2ª Pai Tomé 3ª Pai Joaquim 4ª Pai Benedito 5ª Vovó Maria
Conga 6ª Pai Congo
d´Aruanda 7ª Pai Arruda
1ª Exu Pinga-Fogo
2ª Exu Come-Fogo
3ª Exu Bara (Elegbara)
4ª Exu Alebá (Elegbara)
5ª Exu Caveira 6ª Exu do Lodo 7ª Exu Brasa
Yori
6ª
Legião
Mercúrio
Yoriel Pureza
1ª Falange - Yori
2ª Falange - Oxalá
3ª Falange - Oxóssi
4ª Falange - Ogum
5ª Falange - Xangô
6ª Falange - Yorimá
7ª Falange - Iemanjá
1ª Tupãzinho 2ª Ori 3ª Damião 4ª Iari 5ª Doum 6ª Cosme 7ª Iariri
1ª Exu Tiriri 2ª Exu
Toquinho 3ª Exu
Manguinho 4ª Exu Ganga 5ª Exu Lalu 6ª Exu
Veludinho 7ª Exu Mirim
Iemanjá
7ª
Legião
Lua
Rafael Amor
1ª Falange - Iemanjá
2ª Falange - Oxalá
3ª Falange - Oxóssi
4ª Falange -
1ª Cabocla Iara 2ª Cabocla
Estrela do Mar 3ª Cabocla
Indaiá 4ª Cabocla do
Mar
1ª Exu Pombagira Rainha
2ª Exu Carangola
3ª Exu Nanguê 4ª Exu Maria
Ogum 5ª Falange -
Xangô 6ª Falange -
Yorimá 7ª Falange -
Yori
5ª Cabocla Iansã
6ª Cabocla Nanã Burucum
7ª Cabocla Oxum
Padilha 5ª Exu Maré
(Oxumaré) 6ª Exu Gererê 7ª Exu do Mar
Umbanda com Quatorze Orixás Editar
Uma interpretação mais recente atribui dois orixás a cada linha da Umbanda,
representando seus aspectos ativo e passivo, ou feminino e masculino, chegando a um
total de quatorze orixás.
O seguinte esquema é da Fraternidade Confraria da Luz [1]
Linha Par Vibracional
Oxalá Odudua
Ogum Obá
Oxóssi Ossãe
Xangô Iansã
Yori Oxum
Yorimá Nanã
Iemanjá Oxumaré
O esquema abaixo corresponde ao de As sete linhas de Umbanda de Rubens Saraceni [2]
:
Linha Pólo Ativo Pólo Passivo
Primeira Oxalá Oiá
Segunda Oxum Oxumaré
Terceira Oxóssi Obá
Quarta Xangô Iansã
Quinta Ogum Egunitá
Sexta Obaluaiê Nanã
Sétima Iemanjá Omolu
Notas Editar
1. ↑ "As Sete Linhas da Umbanda" [1]
2. ↑ Blog de SM-Umbanda e Anjos[2]
Referências Editar
Pierre Fatumbi Verger, Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo, São
Paulo: Corrupio, 1981
Nei Lopes, Kitábu: o livro do saber e do espírito negro-africanos, Rio de
Janeiro: Senac, 2005
Rita Amaral, "Povo-de-santo, Povo de Festa: a centralidade da festa de
candomblé como potência estruturante da religião", em Os Urbanitas, ano 1,
vol. 1, nº 1 [3]
Rita Amaral & Vagner Gonçalves da Silva, "Cantar para subir - um estudo
antropológico da música ritual no candomblé paulista" [4]
Woodrow Wilson da Matta e Silva, Mistérios e Práticas da Lei de Umbanda,
Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1981
Umbanda racional: sincretismo [5]
Umbanda menor: sincretismo [6]
Thiago Luiz Ferreira Miranda, "O Canto do Sabiá e o Pio da Coral" em
Estudando a Umbanda [7]
O que são e quais são as 7 Linhas de Umbanda [8]
Arcanjos e Orixás [9]
Veja também Editar
Voduns
Inquices
Bonsus
Loás
Caboclos
Ler mais
Nanã
Erinlé
Iemanjá
Os Orixás
Os Orixás não são Deuses como muitas pessoas podem conceber como em
outras religiões, mas sim Divindades criadas por um único Deus: Olorun
(dentro da corrente Nagô) ou Zamby (dentro da corrente Bantu e das
correntes sincréticas).
Na UMBANDA (de uma maneira geral, pois existem variações referentes às
diversas ramificações existentes), os Orixás são cultuados como divindades
de um plano astral superior, ARUANDA, que na Terra representam às
forças da natureza (muitas vezes confundindo-se a força da natureza com o
próprio Orixá):
Exu: o mensageiro, o ponto de contato entre os Orixás e os seres humanos;
Oxalá: o senhor da força, o senhor do poder da vida.
Oxum: as águas doces;
Iemanjá: a rainha dos peixes das águas salgadas;
Iansã: os ventos, chuvas fortes, os relâmpagos;
Xangô: a força do trovão e o fogo provocado pelos relâmpagos quando (diz
uma lenda que "sem Iansã, Xangô não faz fogo ... ") chegam 'a Terra;
Ogum ou Ogun: senhor dos caminhos; os desbravador dos caminhos; senhor
do ferro;
Oxossí: o Orixá Odé, o Orixá caçador, senhor da fartura 'a mesa, senhor da
caça;
Ossãe: o Orixá das folhas e, sem folhas, nada é possível na Umbada ou no
Candomblé; o dono, preservador, das matas e florestas, das folhas
medicinais, das ervas de culto;
Obá: a guerreiro, a força da libertade;
Nanã: senhora do lodo, das águas lodosas da junção entre o rio e o mar,
fonte de vida, e também senhora da morte;
Obaluayê: "O dono da Terra, o Senhor da Terra"; o Orixá das doenças,
senhor dos mortos (pois conta uma lenda que Obaluayê foi o único Orixá que
dominou a morte, Iku); é aquele que tira a doença, mas também aquele que
dá a doença.
Oxumaré: é o Orixá do arco-íris, um dos pontos de ligação entre o Aye (a
Terra) e o Orun (o Céu); também representa a fartura, o bem estar.
A cada Orixá está associada uma personalidade e um comportamento diante
do mundo e com seus filhos, os quais, são seus protegidos e uma parte das
emanações do próprio Orixá, presentes no Orí ou Camatuê (Cabeça) desses
filhos.
Orixá, dentro do culto Umbandista (de uma maneira geral) não são
incorporados (não se incorpora o fogo de Xangô, os ventos de Iansã, as
águas doces de Oxum ...). O que se vê dentro dos vários terreiros, centros,
tendas etc, são os Falangeiros dos Orixás (ou também conhecidos como
encantados); ou seja, Espíritos (não reencarnacionais) de grande força
espiritual (de grande Luz, como alguns gostam de falar) que trabalham sob
as Ordens de um determinado Orixá.
Os Falangeiros são os representantes dos Orixás, e, em muitos casos, a
essência dos próprios Orixas manifestada nos médiuns, pois sua força é a
emanação pura dos Orixás (ou como alguns dizem: são a vibração virginal dos
Orixás). Sendo assim, eles podem incorporar nos médiuns, em seus “cavalos”,
e mostram sua presença e sua força em nome de um Orixá. Porém, são
frágeis (o médium pode perder sua sintonia muito facilmente) e exigem
muito dos médiuns, não podendo permanecer por muito tempo em Terra.
Podemos utilizar como exemplos de falangeiros:
Ogum
Falangeiros de Ogum
Ogum Beira-Mar
Ogum Megê
Ogum Sete Ondas
Ogum Sete Espadas
Ogum Iara
Ogum Matinata
Ogum Rompe-Mato
Em algumas ramificações da Religião de Umbanda (nas Umbandas de
Caboclo, Umbanda branca, Umbanda esotéria e nas Umbandas voltadas ao
Espiritismo ou Kardecismo) que não trabalham diretamente com os Orixás ,
na forma de Falangeiros de Orixás (não estão ligados a uma corrente
africana), o trabalho com os Orixás é feito com os Guias (Espíritos
reencarnacionais, pois já tiveram vida corpórea) chamados "Capangueiros de
Orixás", ou seja, são Guias (entidades que falam, bebem, fumam, dão
consultas ...) que vêm na vibração ou emanação daquele Orixá. Na maioria
das vezes, são Caboclos que cumprem essa função e carregam o nome do
Orixá junto ao deles, como:
Caboclo Ogum Iara;
Caboclo Ogum Sete Espadas;
Caboclo Ogum Beira-mar;
Caboclo Xangô das Matas;
Caboclo Xangô Sete Pedreiras ...
Existem casos (talvez por isso cause tanta confusão) que os médiuns não
colocam a palavra caboclo na frente do nome do Capangueiro, e acaba saindo
Ogum Iara, Ogum Sete Espadas, em vez de Caboclo Ogum Iara, Caboclo
Ogum Sete Espadas ... Isso confunde as pessoas e elas acabam achando que
estão trabalhando com um Orixá, que o Orixá bebe, fuma, dá consultas etc.
Porém, o que está se manifestando alí (com grande força e beleza), são
Guias, são os Capangueiros.
Então como diferenciar os Falangeiros dos Orixás e os Guias Capangueiros
dos Orixás?
É simples. Os Falangeiros dos Orixás não falam, não bebem, não fumam (na
grande maioria dos casos), não dão consultas, e estão vinculados à casas de
corrente Africana (casas de Umbanda com fundamentos como feitura,
camarinha, boris, obrigações, oferendas, cortes ...). Trabalham na
harmonização do terreiro, afastando cargas e no desenvolvimento e
equilíbrio dos médiuns. Já os Guias Capangueiros dos Orixás dão consultas,
fumam, bebem, e falam (interagem) com os assistenciados (e as casas em
que trabalham, em sua grande maioria, não estão vinculados à corrente
Africana diretamente).
Só lembrando que todos os guias (Pretos-velhos, Caboclos, Crianças,
Boiadeiros, Marinheiros, Baianos, Exus / Pombogiras, ...) trabalham sob as
ordem de um Orixá e também podem ser considerados como "Capangueiros".
A diferença entre eles e os Guias Capangueiros dos Orixás é que eles não
carregam em seus nomes o próprio nome do Orixá de trabalho.
Dentro da cultura Afro-brasileira é considerada a existência de uma “vida
passada na Terra”, na qual os Orixás teriam entrado em contato direto com
os seres humanos, aos quais passaram ensinamentos diretos e se mostraram
em forma humana.
Essa teria sido uma época muito distante na qual o ser humano necessitava
da presença física dos Orixás (um estado presencial em forma humana), pois
o ser humano ainda se encontrava em um estágio muito primitivo, tanto
materialmente como espiritualmente.
Após passarem seus ensinamento voltaram à Aruanda, mas deixaram na
Terra sua essência e representatividade nas forças da natureza.
Em algumas correntes Umbandistas ditas sincréticas há a associações entre
Oxalá e Jesus Cristo, entre Santo Antônio e Exu, entre Santa Bárbara e
Iansão, entre São Jorge e Ogum ... E isso acabaou virando "uma simbiose
Espiritual, uma apropriação simbólica", em que a imagem do Santo Católico
apenas representa um Orixá, mas não é o Orixá; é apenas um símbolo, uma
referência material e a apropriação da data de comemoração do Santo para
se louvar o Orixá. Entendendo assim, que não se "baixa" São Jorge em umo
terreiro, não se baixa Santa Bárbara, mas sim, o Orixá, que é representado
com a imagem do Santo.
Em alguns terreiros de Umbanda a associação sincrética (não em todos)
acabau virando transmutação religiosa. Esses terreiros de Umbanda
acreditam que Oxalá é Jesus e utilizam toda uma forma doutrinária voltada
ao Cristianismo. Uns até utilizam a Bíblia e, outros, o Evangelho Segundo o
Espiritismo em sua doutrina e estudos. Daí acabou surgindo as correntes
que se auto denominam como "Umbanda Cristã" ou "Umbandista Cristã".
Os Orixás e seus dias de comemoração (sincretismo Afro-Católico):
Orixá Sincretizado Como: Comemoração
Exu* Santo Antônio 13 de Junho
Iansã Santa Barbara 4 de Dezembro
Iemanjá Nossa Senhora da Glória 15 de Agosto
Nanã Nossa Senhora de Sant'Anna 26 de Julho
Oba Joana d'Arc 30 de Maio
Obaluayê São Roque 16 de Agosto
Ogum
São Jorge 23 de Abril
Oxalá Jesus Cristo 25 de Dezembro
Omulu São Lázaro 17 de Dezembro
Oxossi São Sebastião 20 de Janeiro
Oxum Nossa Senhora da Conceição 8 de deDezembro
Oxumaré São Bartolomeu 24 de Agosto
Xangô São Jerônimo 30 de Setembro
* O Orixá Exu não é sincretizado como o Diabo Judaico-Cristão. Exu não é Diabo e nunca foi. Isso foi uma invenção doentia que ainda macula o bom nome da religião de Umbanda.
A UMBANDA é dividida em linhas. Cada uma delas com um chefe, um Orixá
que a comanda. E cada linha é dividida em falanges:
As 7 Linhas das Umbanda:
As linhas representão os grupamentos dos Orixás e seus falangeiros que
atuam dentro da Umbanda.
Não existe uma ortodoxia dentro da Umbanda. Assim, existem diversas
representações das 7 linhas, e, em algumas correntes, já citam a
possibilidade de existirem não 7, mas 9 linhas, ou mesmo 14 linhas.
Existe um concenso de 5 linhas fixas (Oxalá, Xangô, Ogum, Yemanjá e
Oxossi) e duas linhas variáveis que serão ocupadas de acordo com os
fundamentos doutrinários oriundos de cada forma doutrinária de Umbanda.
Dentro do trabalho da "Umbanda de pretos-velhos", as linhas assim estão
dispostas:
Linha
Orixás
componentes à
linha
Falangeiros ou
falange
subordinada
Linha de Oxalá Todos os Orixás
Guias Flangeiros de
Oxalá, guias mais
comuns: Pretos-
Velhos, Caboclos e
Crianças.
Linha de Iemanjá ou
Yemanjá
Oxum, Nanã, Obá e
Oxumaré
Marinheiros,
Sereias, Ondinas,
Caboclos de
Iemanjá,
Falangeiros do
Orixá Iemanjá,
Guias Falangeiros
de Iemanjá.
Linha de Xangô Iansã
Falangeiros do
Orixá Xangô, Guias
Falangeiros do
Orixá
Xang,Caboclos de
Xangô, falange do
Oriente.
Guias mais comuns:
Caboclos e Baianos.
Linha de Ogum
Falangeiros do
Orixá Ogum, Guias
Falangeiros do
Orixá Ogum,
Falangeiros em
geral.
Linha de Oxossi
Falangeiros do
Orixá Oxossi,
Guias Falangeiros
do Orixá Oxossi,
Falangeiros em
geral, guias mais
comuns: Caboclos,
Baoiadeiros e
Baianos.
Linha de Almas ou
Pretos-Velhos
(Linha Africana ou dos
Ancestrais -
Babalorixás, Yalorixás,
Sacerdotes diversos)
Interagem com a
Linha do Orixá
Omulu.
Pretos-velhos.
Linha de Omulu Obaluayê Pretos-velhos e
Caboclos,
curadores e
mandingueiros,
Exus e Pombogiras.
Outras linhas conhecidas em outras ramificações da Umbanda:
Linha
Linha de Oxalá
Linha de Iemanjá ou
Yemanjá
Linha de Xangô
Linha de Ogum
Linha de Oxossi
Linha de Yorimá (ou
Omulu)
Linha de Yori (Crianças)
Ramificação mais comum de sua utilização: Umbanda esotérica, algumas
Umbandas brancas, algumas Umbandas populares.
Linha
Linha de Oxalá
Linha de Iemanjá ou
Yemanjá
Linha de Xangô
Linha de Ogum
Linha de Oxossi
Linha de São Cipriano
(Pretos-velhos)
Linha de Oriente
Ramificação mais comum de sua utilização: algumas Umbandas brancas,
algumas Umbandas populares.
As falanges dentro das Linhas
As falanges são formadas por grupos de características iguais chamados
guias, assim temos os seguintes grupamentos dentro da Umbanda:
Pretos-velhos
Caboclos
Crianças
Boiadeiros
Marinheiros
Exus
Outras falanges trabalhadas em outras ramificações da Umbanda:
Baianos
Ciganos
Orientais
Mineiros
Orixás são elementos da natureza, cada orixá representa uma força da
natureza.
Quando cultuamos nossos orixás, cultuamos também as forças elementares
oriundas da água, da terra, do ar, do fogo, etc. Essas forças em equilíbrio
produzem uma enorme energia (asé), que nos auxilia em nosso dia a dia,
ajudando para que nosso destino se torne cada vez mais favorável.
Sendo assim, quando dizemos que adoramos deuses, nós nos referimos a
estarmos adorando as forças da natureza, forças essas pertencentes a criação do grande pai. Pai esse
conhecido por nós como "Ólorun"ou Olodumaré (Deus supremo).
No Brasil, erroneamente, diz-se que Oxalá é o pai maior. Na verdade, Oxalá é um dos mais velhos, Orixá
Fun Fun* (Nota: quando nos referirmos a Ifá/Iyami, a fim de não criar confusões, pedimos que visitem o
nosso portal Matriz Afro para ter esclarecimentos mais abrangente e técnicos sobre a senhoridade e
Cronologia) Orisála por ser sincretizado no Brasil com Jesus Cristo, é cultuado como "Orisá maior", no
Brasil o mais respeitado e o mais velho entre os Orixás.
A grande maioria das nações africanas anterior a era cristã, conheciam a existência de Ólorun como
grande criador, ser fundamental.
Acreditamos que nosso Deus "é o todo". E o todo é a natureza e seus integrantes, (animais,
vegetais, homens, planetas, etc.)
Nota: Olorun está acima da vaidade pessoal e de religiões que buscam sempre monopolizar o seu
poder.
Nosso Deus jamais pune seus filhos tão pouco condena-os a fogueira eterna, também nunca os entregou
ao seu maior inimigo (Satanás) após cometer erros divinos chamado de pecados eternos, nosso deus não
destrói países e não aniquila civilizações de filhos amados por ciúmes quando não adorado, amado ou
seguido...
Como pai, jamais deixaria de perdoar meus filhos, tão pouco condenaria-os ao extermínio por erros que
cometem ou possam cometer.
O verdadeiro pai perdoa, ensina, ama e protege seus filhos.
Portanto nosso deus é um pai mais perfeito que qualquer outro pai...
Como já havíamos comentado, nosso panteão nada mais é que a junção das energias de todo os
elementos da natureza, cada elemento e força da natureza é por nós representado por um Orixá...
Aprendemos a sentir e manipular essas energias individualmente através de cada Orixá, os seguidores
iniciados(iyawos) sobre a influência de um Orixá, específico,detém mais energia do seu influente que os
filhos de outros Orixás.
Exemplo: Os filhos de Ossain possuem mais energia voltada para as curas e plantas do que os filhos de
Ogun que possuem por sua vez, detém mais energia voltado a armas, metais, ferramentas, etc.
Em resumo, quase todos os Orixás tiveram uma curta passagem pelo nosso mundo, sendo muitos
ancestrais divinizados que após fatos heróicos ou divinos, e por possuerem energia extrema, maior que a
capacidade humana poderia suportar, encantaram-se e/ou retornaram ao Orun (céu), deixando para nós,
segredos e ensinamentos, encurtando a ligação do material ao espiritual. Ligação essa, que nós
preservamos e usamos não só para nós, mas também para as pessoas que nos procuram, mesmo sem
ter ligações diretas com a religião. Essas ligações são em sua grande maioria revelados por IFÁ, cujo
veremos na parte relacionado a Odús.
Em nossa religião, é fundamental a integração com a natureza, pois quanto maior o contato com a
natureza, maior será seu desenvolvimento, sua energia, seu asé e portanto, maior será o cordão (elo) de
ligação com seu Orixá aproximando mais de olorum(Deus criador/construtor de todo o universo).
Orixá significa também o caminho que nos guia em determinados pontos de nossas vidas, caminhos
revelados por Ifá onde se faz necessário o devido culto para que os que dele pertencem seguir e
equilibrar sua energia durante o tempo que permanecerá no aiye (terra).
Entre todos Orixás, salientamos o de maior e incontestável importância que é ORI, seu Deus pessoal, sua
identidade, sua conciência viva e presente, que antes de tudo deve ser muito bem cuidada, alimentada e
equilibrada para que se possa ter a consiência e o o equilíbrio mental para possuir ou ser conduzido na
Energia pura de Orixá
(Orisá).
Finalizando: energia = natureza; natureza = Orixá; Orixá = caminho.
Texto Obanise
Finalizando: energia = natureza; natureza = orixá; orixá = caminho.