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    Revista Prticas de Linguagem. v. 2, n. 1, jan./ jul. 2012

    Um dos temas mais discutidos na relao escola-cidado,

    atualmente, a questo do letramento. Desde os estudos precursores, no

    Brasil, de Magda Soares, o letramento vem sendo cada vez mais debatido

    e ampliado, como comprova o mais recente livro de Roxane Rojo

    (Letramentos mltiplos, escola e incluso Social. So Paulo: Parbola,

    2009).

    Doutora em lingustica aplicada ao ensino lnguas pela PUC- SP e

    professora do curso de letras e do programa de ps-graduao em

    lingustica aplicada da UNICAMP, Roxane Rojo tem se dedicado a

    pesquisas, consultorias e assessorias junto a entidades pblicas e privadas

    relacionadas educao, tendo se empenhado, ultimamente, nos estudos

    acerca do letramento e suas derivaes.

    Seu livro inicia-se pelo relato do insucesso da escola nas prticas de

    ensino, explora as diferenas que h entre a aprendizagem do cidado

    dentro e fora da escola e analisa a importncia do contato do indivduo

    com os diversos meios de leitura e prticas sociais. Por meio de grficos e

    dados diversos, a autora compara o crescimento nos nveis de leitura,

    comparando-o ainda educao das ltimas dcadas e ressaltando a

    melhoria na educao brasileira, em razo de alguns programas de

    ROJO, Roxane. Letramentos mltiplos, escola e incluso social.

    So Paulo: Parbola, 2009.

    Mrcia Moreira Pereira*

    [email protected]

    *Possui graduao em Letras pela Universidade Nove de Julho e Ps-Graduao

    lato sensu em Traduo: Ingls-Portugus, pela mesma universidade. Atualmente

    faz Mestrado em Educao na Universidade Nove de Julho e atua como professora

    de lngua portuguesa na rede pblica de ensino.

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    incentivo governamentais (PNLD, PNLEM, PNBE, PROUNI etc.). Tais

    recortes, contudo, no dispensam uma visada crtica, em que a autora

    destaca o insucesso escolar apontado por alguns indicadores, como o

    Programa Internacional de Avaliao de Estudantes (PISA, 2000),

    segundo o qual os brasileiros obtiveram um dos piores resultados no

    mbito educacional global: [...] isso vem demonstrar, explica a autora,

    que a escola tanto pblica como privada, neste caso parece estar

    ensinando mais regras, normas e obedincia a padres lingsticos que o

    uso flexvel e relacional de conceitos, a interpretao crtica e posicionada

    sobre os fatos e opinies, a capacidade de defender posies eprotagonizar solues, apesar de a nova LDB j ter doze anos. (p. 33)

    Tratando especificamente do tema do livro e apoiando-se nos

    conceitos elaborados por Magda Soares, Roxane Rojo lembra que o

    alfabetismo , na verdade, [...] um conceito que disputa espao com o

    conceito de letramento(s). Se tomarmos a alfabetizao como a ao de

    alfabetizar, de ensinar a ler e escrever, que leva o aprendiz a conhecer o

    alfabeto, a mecnica da escrita/leitura, a se tornar alfabetizado,

    alfabetismo pode ser definido como o estado ou condio de quem sabe

    ler e escrever. (p. 44). Nesse sentido, afirma, especificando melhor o

    conceito de letramento: [...] para ler (...) no basta conhecer o alfabeto

    e decodificar letras e sons da fala. preciso tambm compreender o que

    se l, isto , acionar o conhecimento de mundo para relacion-lo com os

    temas do texto, inclusive o conhecimento de outros textos/discursos

    (intertextualizar), prever, hipotetizar, inferir, comparar informaes,

    generalizar. preciso tambm interpretar, criticar, dialogar com o texto:

    contrapor a ele seu ponto de vista, detectando o ponto de vista e a

    ideologia do autor, situando o texto com seu contexto. (p. 44)

    Assim, os primeiros captulos de seu livro abordam a questo dos

    ndices de alfabetismo e a leitura, aprofundando-se nestes assuntos e

    levando a autora a retomar o tema da responsabilidade da escola em no

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    considera as verses fraca e forte do conceito de letramento. A verso

    fraca [...] estaria ligada ao enfoque autnomo, (neo) liberal e estaria

    ligada a mecanismos de adaptao da populao s necessidades e

    exigncias sociais do uso da leitura e escrita, para funcionar em

    sociedade (p. 100). J a verso forte [...] seria revolucionria, crtica, na

    medida em que colaboraria no para adaptao do cidado s exigncias

    sociais, mas para o resgate da autoestima, para construo de identidades

    fortes para a potencializao de poderes [...]. (p.100)

    A partir dessas distines, e baseando-se nas ideias de M. Hamilton,

    Roxane Rojo passa a analisar o conceito central do livro, a idia demultiletramentos ou letramentos mltiplos, considerando, na mais tpica

    ideologia freiriana, que no devemos ignorar o mundo do aluno, devendo

    ensin-los por meio dele: [...] muitos dos letramentos que so influentes

    e valorizados na vida cotidiana das pessoas e que tm dupla circulao

    so tambm ignorados e desvalorizados pelas instituies educacionais

    (p. 106). Desse modo, enfatiza, finalmente, a importncia das redes

    sociais no ensino: para a autora, a escola, em vez de considerar esses

    meios como ferramenta para aproximao do aluno, ignora que os

    adolescentes de hoje se comunicam pelo que chama de internets,

    modalidade discursiva que deveria ser includa e no ignorada no

    ensino: [...] um dos objetivos principais da escola justamente

    possibilitar que seus alunos possam participar das vrias prticas sociais

    que se utilizam da leitura e da escrita (letramentos) na vida da cidade, de

    maneira tica, crtica e democrtica (p. 107). Segundo a autora, para

    faz-lo, preciso que a educao lingstica leve em conta hoje, de

    maneira tica e democrtica: os multiletramentos ou letramentos

    mltiplos, letramentos multissemiticos e os letramentos crticos e

    protagonistas.

    Roxane Rojo finaliza o livro colocando em foco a necessidade de

    escola e aluno andarem juntos, no de modo distante, metodolgico, mas

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