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Curso de Microfones Parte 1: os lapelas Vou iniciar com o lapela uma série de artigos citando as características, vantagens e desvantagens de cada tipo de microfone para ser utilizado nas nossas igrejas. Vamos dividir os "tipos" pelos formatos propriamente ditos lapela, mics de mão, headsets, earsets, goosenecks, etc. Para tanto, vamos usar exemplos reais de microfones disponíves no mercado. A LeSon fabrica o microfone de lapela mais comum de ser encontrado em qualquer loja. É o LeSon ML-70, bom, bonito e barato. O microfone de lapela é muito utilizado por pregadores, no altar e/ou púlpito. É um microfone condensador (cápsula pequena, precisa de energia pilha), com padrão de captação ominidirecional (capta todos os sons em 360º na horizontal e 360º na vertical). Tem sensibilidade alta, - 38dB, ampla resposta de frequência, bastante linear, mas com um pouco de reforço nos graves. É acessível, custa em média R$ 50,00, e facílimo de ser encontrado em qualquer eletrônica. Possui garantia de 6 meses. Apesar de mais raros, existem microfones de lapela padrão cardióide. São mais comuns de serem encontrados em microfones sem fio. Vantagens Por possuir uma cápsula pequena e leve, a grande vantagem do lapela é a discrição. É preso nas roupas, mas é tão pequeno que em nada atrapalha a movimentação do pregador e a visão do público em direção a ele. Também é bem leve, possibilitando o uso por horas sem cansar. Se for sem fio, a liberdade é excelente. No caso do ML-70, ele é alimentado por uma pilha do tipo AA 1,5V, que costuma durar meses. Em geral, ela vai acabando aos poucos, e praticamente só se nota isso quando é necessário compensar muito o volume no canal da mesa de som.

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Curso de Microfones – Parte 1: os lapelas

Vou iniciar com o lapela uma série de artigos citando as características,

vantagens e desvantagens de cada tipo de microfone para ser utilizado nas nossas

igrejas. Vamos dividir os "tipos" pelos formatos propriamente ditos – lapela,

mics de mão, headsets, earsets, goosenecks, etc. Para tanto, vamos usar exemplos

reais de microfones disponíves no mercado.

A LeSon fabrica o microfone de lapela mais comum de

ser encontrado em qualquer loja. É o LeSon ML-70,

bom, bonito e barato. O microfone de lapela é muito

utilizado por pregadores, no altar e/ou púlpito.

É um microfone condensador (cápsula pequena, precisa

de energia – pilha), com padrão de captação

ominidirecional (capta todos os sons em 360º na

horizontal e 360º na vertical). Tem sensibilidade alta, -

38dB, ampla resposta de frequência, bastante linear, mas com um pouco de

reforço nos graves. É acessível, custa em média R$ 50,00, e facílimo de ser

encontrado em qualquer eletrônica. Possui garantia de 6 meses.

Apesar de mais raros, existem microfones de lapela padrão cardióide. São mais

comuns de serem encontrados em microfones sem fio.

Vantagens

Por possuir uma cápsula pequena e leve, a grande vantagem do lapela é a

discrição. É preso nas roupas, mas é tão pequeno que em nada atrapalha a

movimentação do pregador e a visão do público em direção a ele. Também é bem

leve, possibilitando o uso por horas sem cansar. Se for sem fio, a liberdade é

excelente.

No caso do ML-70, ele é alimentado por uma pilha do tipo AA 1,5V, que

costuma durar meses. Em geral, ela vai acabando aos poucos, e praticamente só

se nota isso quando é necessário compensar muito o volume no canal da mesa de

som.

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Por ter alta sensibilidade, permite ser utilizado a vários centímetros da fonte

sonora, dando ampla liberdade de movimentação ao pregador.

Forma de utilização

Apesar de sua alta sensibilidade, o lapela deve

ser utilizado preso na gravata, logo abaixo do

“nó”. Nessa posição, o microfone estará de 10

a 15cm da boca da pessoa, e não será preciso

aumentar muito o volume, diminuindo a

chance de microfonia.

Apesar do próprio nome do microfone indicar

que é para ser usado na lapela do paletó, o uso neste local pode trazer alguns

problemas. Um deles é o fato de que, quando a pessoa vira o rosto para o lado

oposto, a captação do microfone é muito pequena, perdendo principalmente os

agudos. O segundo erro é de uso: algumas pessoas erram e colocam o microfone

ou muito alto ou muito baixo na lapela. Muito alto, o microfone perde a captação

de agudos. Muito baixo, temos que aumentar o volume e corre-se o risco de

microfonia. Assim, a melhor posição para esse microfone é logo abaixo do nó da

gravata, onde se resolve os dois problemas. Os operadores precisam ensinar

aos usuários a utilizar os microfones dessa forma.

Ah, é por cima da gravata. Tem usuários que os colocam por baixo, só para ficar

mais discreto ainda, mas é uma situação impossível de se conseguir uma

regulagem razoável. Se o pregador da sua igreja usa assim, é necessário

conversar com ele.

O cabo entre o compartimento da pilha e o microfone é pequeno, então o melhor

a fazer é prender o compartimento logo abaixo do tampo superior do púlpito. Nas

igrejas que visito, tenho visto diversas formas de fazer isso, mas é necessário

deixar a possibilidade de se efetuar a troca da pilha quando necessário. Alguns

usuários colocam o compartimento no bolso.

Desvantagens

A mais séria desvantagem deste modelo de lapela é o fato do mesmo ser

ominidirecional. A sua ampla captação (em todas as direções) e sua alta

sensibilidade (capta som de longe) o torna um "prato feito" para microfonias em

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situações de sonorização ao vivo. Mesmo que as caixas de som estejam “de

costas” para o pregador, ainda assim dá muita microfonia, se o volume estiver

alto. Usar um retorno para o pregador? Nem pensar. Nos modelos sem fio que

são cardióides, o problema é muito minimizado, mas ainda podem acontecer se o

pregador andar muito e for para próximo de uma caixa de som.

O microfone da Le Son tem uma captação reforçada nos graves, (+3dB em

relação à médios e agudos), e isso aliado com a mesas de som com equalização

deficiente (um exemplo: Ciclotron MXS, que também tem um reforço nos

graves), acaba causando a necessidade de se tirar quase todo o grave na mesa de

som, e mesmo assim o som ainda fica com muito “peso”. E é nos graves que

acontecem a maioria das microfonias com este microfone. E quanto pior for a

acústica da igreja, mais difícil será de conseguir uma boa regulagem, tanto em

volume quanto em equalização. Ele é difícil mesmo de trabalhar, mesmo com

uma mesa melhor e com equalizador.

Se por um lado a cápsula condensadora permite ao microfone ser pequeno e leve,

por outro torna-os frágeis. O fio entre o compartimento da pilha e a cápsula é

muito fino, e pode se romper se alguém der um puxão forte no mesmo (e não é

raro alguém “esquecer” que está com o lapela e sair do púlpito carregando ele).

Mesmo com todo o cuidado, as cápsulas condensadoras são frágeis e quebram.

Na minha igreja, por exemplo, quando usávamos lapela, todo ano tinha que

trocar de microfone de lapela, por esse motivo.

A presilha da cápsula merece cuidado também. Se quebrar, não existe

substituição. Ninguém vende, então não jogue fora seus microfones de lapela

quebrados. Guarde-os, para aproveitar a presilha, o windscreen, etc. em caso de

necessidade.

A pilha, se por um lado dura muito, coincidentemente costuma acabar nos cultos

importantes, como casamentos, ceias, vigílias. Então não se esqueça de trocá-las

antes.

Outras informações

Em caso de quebra da cápsula, existe a reposição da mesma em algumas

eletrônicas. Vem completa, com a cápsula, a presilha e o fio, devendo ser soldado

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diretamente no compartimento da pilha, já que a solda na cápsula é muito difícil.

A peça custa caro, 50% do valor de um microfone novo.

É comum vermos esses microfones em estúdios de TV, em programas de

entrevista. Não quer dizer que é ótimo só porque a Rede Globo utiliza. Nas

entrevistas, trata-se de uma conversa entre algumas pessoas em um estúdio com

tratamento acústico, e os microfones estão alí apenas para gravação da voz.

Nesses casos, não há retorno de som, não há caixas de som por perto, não há

microfonias e não há problemas: parece então ser o microfone perfeito. Na igreja,

com acústica deficiente, com instrumentistas tocando alto, com retorno de voz

para o pastor, ele não é tão perfeito assim não….

Já vi este microfone ser utilizado em gravações do coral de igrejas. Não é difícil:

simplesmente coloque alguns voltados para o grupo, bem alto, usando pedestais.

Abra bem o volume do canal e você ouvirá uma captação bem ampla de todo o

grupo. Mas esse som não poderá ir para as caixas, apenas para a gravação, sob

pena de mcrofonia.

Por ser um microfone barato, também tenho visto muitos músicos utilizando-os.

Principalmente com violinos e flautas, pois o microfone é pequeno e pode ser

adaptado facilmente ao instrumento. O problema é a ocorrência de vazamentos,

que é quando um microfone capta sons indesejados, além da sua fonte sonora.

Por exemplo, capta um violino mais uma voz ou outro instrumento que esteja

situadas por perto. O problema para o operador é regular um som que sofre

grande influência de outros sons, sendo muito difícil conseguir uma boa

equalização.

Recomendo utilizá-lo em igrejas com boa acústica e com mesas de som de

qualidade melhorpois tem qualidade melhor de equalização e se consegue obter

um resultado agradável. Os sem fio cardióides são mais fáceis de trabalhar, mas

ainda podem ser complicados.

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Curso de Microfones – Parte 2: os goosenecks

Apesar do nome estranho, se você já viu alguma foto ou mesmo na TV de

políticos na Assembléia Legislativa ou no Congresso Nacional, você

provavelmente já viu um microfone gooseneck. O nome vem do inglês goose =

ganso, neck = pescoço. Microfone pescoço de ganso. Sua característica é possuir

uma longa haste flexível (o gooseneck), com a pequena cápsula de captação na

ponta. Essa haste pode ser manejada pela pessoa de forma a posicioná-la da

melhor maneira possível em direção à sua boca.

É um tipo de microfone específico para serem colocados

em cima de superfícies (mesas, púlpitos), com alguns

modelos possuindo uma base e outros próprios para

serem fixados na própria madeira do púlpito. Não

veremos esse tipo de microfone sendo utilizado para em

corais ou instrumentos, por exemplo.

Se no lapela existe quase um monopólio do Le Son ML-

70, no caso dos goosenecks existem vários modelos e

fabricantes. TSI, Le Son, Yoga, SuperLux, todos eles tem pelo menos um na sua

linha, isso sem falar nos grandes nomes (e preços caros). O que eu falo abaixo, só

vale para os TSI MMF-102, 202 ou 302, e não para os outros. São os que eu

conheço, já testei e confio, podendo recomendar.

São microfones condensadores (cápsula pequena, precisam de energia – pilha),

com padrão de captação cardióide (captam todos os sons em 180º na horizontal e

180º na vertical). Sensibilidade alta, -38dB, e boa resposta de frequência,

também com uma preponderância nos graves, como o lapela. O preço é bem mais

salgado: varia de 130,00 (modelo 102), 170,00 (modelo 202) a 220,00 (modelo

302). Possuem garantia de 6 meses.

Vantagens

A grande vantagem deste tipo de microfone, em relação ao lapela, é o seu padrão

de captação, que agora é cardióide. Ele capta os sons vindos de uma única

direção, e isso os torna muito menos propensos a microfonias que os lapelas. Não

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que eles sejam imunes a esse tipo de problema, mas é bem mais fácil regular um

gooseneck que um lapela.

Apesar de existir toda a haste e a cápsula ser maior que o lapela, ainda assim

possibilitam uma boa visão do pregador. Por terem alta sensibilidade, permite ser

utilizado a vários centímetros da fonte sonora, dando ampla liberdade de

movimentação ao pregador. Aliás, com um único microfone deste, situado bem

no meio do púlpito, consegue-se captar o som do pregador mesmo quando ele

vira o rosto para as laterais e se movimente um pouco. Atende bem um púlpito de

1 a 1,5 metro. Evidente que, se o pregador tem o costume de se movimentar por

todo o altar (ou palco), o gooseneck não é indicado.

A construção desse tipo de microfone também é muito mais robusta. A base é de

um plástico resistente, com um peso de chumbo por dentro, e a haste é metálica.

Como o manuseio é feito apenas pela haste, é difícil haver problemas. Pode ser

abaixado, para quando o usuário está de joelhos, sem problema

algum. Inclusive, a movimentação da haste não gera ruído algum no microfone

(o que usamos na minha igreja só começou a dar barulho de movimentação após

3 anos de uso, e foi só passar lubrificante – parafina – para resolver). A cápsula é

bem robusta. É microfone para anos.

O uso certo de qualquer microfone exige que o mesmo seja apontado em direção

à fonte sonora (boca). Mas é comum a pessoa errar, não direcionando o

microfone da forma correta, ou deixando mais alto ou mais baixo. No caso de um

lapela, isso faz muita diferença. No caso do gooseneck, a diferença não é tão

grande. Pequenos erros de posicionamento são facilmente acertados com ajuste

no volume.

Forma de utilização

É colocar um no meio do púlpito, ensinar aos pregadores a abaixar e levantar o

microfone pela haste quando estiverem de joelhos, a ligá-lo e desligá-lo e pronto.

Quando de joelhos, as pessoas devem orar de cabeça levantada, apontada para o

microfone (que deverá estará inclinado para baixo). Quando em pé, as pessoas

devem apontá-lo para a boca, acertando a posição da cápsula para a altura

correspondente de cada um. Se o seu pastor for muito alto, o modelo 202 tem

5cm de haste a mais que o 302. Se for muito alto mesmo, existe o modelo 303,

com uma haste de 60 cm, mais que suficiente.

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Apesar de sua alta sensibilidade permitir captar o som a uma distância

relativamente grande (já testei em alguns casos a até 80 centímetros da fonte,

com boa captação) quanto mais perto da fonte sonora (boca) melhor, pois

teremos que usar menos volume, com um risco menor de microfonias. De 10 a

20 centímetros é uma boa distância.

Na base, há o compartimento para duas pilhas AA, mas também funciona com

Phanton Power (há uma chave de seleção). Se a pilha do lapela durava meses, no

gooseneck costuma durar não mais que um mês. É necessário estar atento para

não esquecer ele ligado de um dia para o outro.

Os TSI modelos 202 e 302 contam com uma luz vermelha junto da cápsula que

acende quando o microfone está ligado. No começo se acha um pouco estranho e

feio, mas alguns dias depois ninguém se lembra que ela existe (e até sentem

falta). Na prática, essa luz serve para indicar tanto para o pregador quanto ao

operador de som que o microfone está ligado e operando, e ajuda a evitar que se

esqueça o microfone ligado após o culto. O operador pode ver quando o pregador

esqueceu de ligar o microfone e pode tomar uma atitude.

Desvantagens

Quase nenhuma. Mais robusto (quebra menos), mais fácil de regular (cardióide) e

ainda permitir ampla liberdade do pregador, esse microfone quase não tem

defeitos. Basicamente, o problema dele é o preço, mais caro que o lapela.

O microfone tem uma captação reforçada nos graves. Em igrejas com acústica

ruim (por exemplo, teto baixo), ele ainda será complicado de trabalhar. Muito

mais fácil que o lapela, mas ainda assim trabalhoso para se conseguir uma boa

equalização.

Outras informações

Não ache que este microfone é a salvação para os problemas de microfonia. Ele é

bem mais fácil de regular, dá menos microfonia, mas precisa ser usado certo. Dá

até para usar uma caixa de som de retorno para o pregador, mas ela precisa estar

exatamente "nas costas" do microfone, à 180º em relação à cápsula.

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Soube de dois microfone destes com defeito. Em ambos, era na junção

haste/base, o fio rompeu logo alí. Nada que qualquer pessoa com conhecimento

de solda não consiga acertar.

Os 3 modelos da TSI (102, 202 e 302) usam a mesma cápsula, mas tem preços

muito diferentes. Os modelos 102/202 tem uma chave liga/desligada de

membrana, um pouco difícil de fazer funcionar. O 302 tem uma chave muito

mais fácil, mas é o mais caro. Os modelos 202 e 302 tem a luz vermelha em volta

da cápsula.

Recomendo para as igrejas com boa acústica, que já se cansaram do lapela, cujos

pregadores fiquem fixos em um lugar, não se movimentando muito. Funciona

bem em qualquer mesa de som. Aliás, quem já experimentou um gooseneck não

volta para o lapela jamais.

Outras marcas e modelos de gooseneck

Não são todos os modelos que prestam. O TSI MMS-100 é o modelo mais barato

(100,00), mas não resolve nada. Ele tem cápsula condensadora, mas sua

sensibilidade de -60dB é baixíssima, menor que um microfone dinâmico bom (-

53, -56dB, em média). Isso quer dizer que o pregador terá que usar o microfone

muito perto da boca, e isso acaba com a liberdade dele. Algumas igrejas que

compraram esse modelo acabaram tendo que usar 2, um de cada lado do púlpito,

e mesmo assim o resultado não é bom. O mesmo se aplica para os modelos TSI

PA-100 e PA-300, que usam cápsulas dinâmicas.

O gooseneck da Le Son também não é bom: tem sensibilidade baixa também (-

48dB). Só fica bom se houver 2, mas cada um custa o mesmo que um único

MMF-202. Os goosenecks da SuperLux e Yoga não conheço, então não posso

falar nada. Repito para ninguém fazer errado: gosto e recomendo os TSI das

séries MMF-102, MMF-202 e MMF-302. Todos tem sensibilidade altíssima, -

38dB, e um único deles, no meio do púlpito, consegue captar completamente o

som do pregador.

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Curso de Microfones – Parte 3: de mão (sorvetões)

Sorvetão?? Isso é microfone? Na verdade, sorvetão é o nome dado ao tipo mais

comum de microfones, os microfones de mão. São aqueles formados por um

cone metálico, onde em uma ponta fica o conector XLR e na outra a cápsula de

captação, e esta é protegida por um globo. O formato imita perfeitamente um

sorvete, daí o nome. Se você acha o nome “sorvetão” ruim, pode chamá-lo de

microfone de mão.

É o tipo de microfone mais comum que existe, tanto com ou sem fio.

Encontrados em qualquer lugar: até lojas de departamento e camelôs. Assim, fica

difícil recomendar uma marca e/ou modelo específico. Existem centenas de

microfones, desde os famosíssimos Shure até os desconhecidos Carol, JWL e

Aistar. Mas não quer dizer que por ser de marca desconhecida seja ruim. Às

vezes, há boas surpresas nessas marcas, com um preço muito menor que os

similares famosos.

Em algumas denominações, os pregadores os usam na mão (como os cantores

fazem), tanto para ter liberdade total de movimentos (pregadores que andam

muito no altar ou palco, por exemplo) quanto para dar um efeito mais dramático.

Se o modelo for sem fio, a liberdade é total. Em algumas igrejas, esse microfone

é utilizado em cima de um pedestal de púlpito. Não é aquele pedestal de

microfone que vai até o chão não; é um pequeno, com uma base de ferro (para

servir de contrapeso) e uma haste metálica flexível. Essa haste permite ajustar o

microfone, como a haste dos goosenecks.

Para cantores, é usado em geral na mão mesmo ou em pedestais. Para

instrumentos, sempre com pedestais de microfones.

Em geral, são microfones dinâmicos, com cápsulas relativamente grandes.

Alguns raros são condensadores. As cápsulas dinâmicas têm o mesmo princípio

de construção de um alto-falante, e não precisam de energia para funcionar. A

maioria absoluta tem padrão de captação cardióide (capta todos os sons em 180º

na horizontal e 180º na vertical) ou mesmo supercardióide (captação em 130º na

horizontal e 130º na vertical).

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A sensibilidade é muito mais baixa que as cápsulas condensadoras: varia de –

50dB (os melhores) a –80dB (os piores). O preço varia conforme os modelos:

pode-se comprar bons microfones a partir de R$ 50,00 a até o caríssimo Shure

Beta58, por R$ 900,00. Cada fábrica tem uma garantia diferente, em geral de 1

ano, mas alguns chegam a ter 5 anos.

Pelas características desse microfone, vamos inverter a ordem: primeiro

apresentar as desvantagens e depois as vantagens:

Desvantagens

A baixa sensibilidade desses microfones obriga a pessoa a utilizá-lo bem

próximo à boca. Quanto mais afastado da fonte sonora, menor a captação. Os

melhores (próximo a -50dB) podem ser usados até 10cm da fonte sonora, no

máximo 15cm, mas os piores (qualquer coisa acima de –65dB) praticamente

obrigam ao usuário “grudar” a boca no microfone. Para o pregador, com o

microfone em pedestal, isso é péssimo, pois tira toda a liberdade do pregador. Ele

vira “refém” do microfone, não podendo se distanciar muito dele, sob pena da

captação diminuir muito. A não ser, claro, que o utilize na mão.

Esse microfone é o que mais sofre com o chamado “efeito de proximidade”.

Quanto maior a distância entre a boca e o microfone, menos graves o microfone

conseguirá captar. Por outro lado, quanto mais próximo, mais graves haverá.

Todos os microfones direcionais (cardióides, supercardióides) sofrem com isso,

mas nos dinâmicos de mão é onde o problema é mais aparente.

O efeito de proximidade é ruim para o operador de áudio, que precisa estar bem

atento. Momentos em que o pregador lê a Bíblia ou faz alguma oração, abaixa a

cabeça e se aproxima do microfone, fazem o grave ficar mais forte, o que precisa

ser compensado na mesa de som. Não é muita coisa a se compensar, mas exige

atenção.

Para cantores, principalmente as vozes masculinas, se o microfone estiver muito

afastado, a voz perderá o grave característico. Mas alguns cantores masculinos

usam o efeito de proximidade como um aliado. Aproximam o microfone nas

partes mais suaves da música, para dar "peso", e o afastam nas partes mais fortes,

para compensar o aumento no volume de voz.

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Para uso em púlpito, esse microfone é muito grande e pesado quando comparado

com os outros tipos. E como a haste do pedestal também é bastante larga, acaba

atrapalhando a visão do pregador. É como você conversar com alguém que está

chupando sorvete: a boca e queixo desaparecem atrás do mesmo. Isso sem contar

o fato de que às vezes acontecem acidentes: o microfone “escorrega” do

cachimbo (peça que prende o microfone à haste do pedestal) e vai parar no

púlpito ou mesmo no chão. Isso não é raro de acontecer.

Muitas cantoras também não gostam de ficar segurando o microfone. Realmente,

alguns modelos são pesados, como o Samson Q7, com quase meio quilo.

"Arrebenta" o braço do usuário se ele tiver que ficar segurando o microfone por

muito tempo. Existem modelos leves mas com qualidade. De qualquer forma, o

uso de pedestais resolve o problema.

Se usado com pedestal, é um microfone trabalhoso na hora de ajoelhar. É

necessário tirar o microfone do pedestal, utilizá-lo e depois colocar novamente

no púlpito. O movimento gera vibrações que costumam ser captadas pelo

microfone e o sonoplasta precisa estar sempre atento. Se usado na mão, não há

problema algum.

Vantagens

Se por um lado a baixa sensibilidade “prende” o pregador, cantor e músico junto

ao microfone, ela também dificulta a ocorrência de microfonias. Como o

microfone não consegue captar sons a distâncias grandes, a chance de captar o

som de uma caixa de som ou de uma reflexão na parede é mínima. Não quer

dizer que não aconteça, mas dá muito menos microfonia que qualquer lapela e

menos que qualquer gooseneck. Se a acústica do lugar é muito ruim, este é o tipo

de microfone a ser utilizado.

Permite a utilização de caixa de retorno. A caixa deve estar sempre “nas costas”

do microfone, nunca apontada para ele, claro. Por isso, é o microfone ideal para

ser usado com cantores que exigem volume de retorno muito alto.

A durabilidade deste tipo de microfone é enorme. Os “sorvetões” são

extremamente robustos, principalmente os de boa marca, durando anos, décadas.

Aguentam até quedas, mas não é por isso que vamos descuidar deles.

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Por último, não usa pilhas. Pelo menos não tem problema da pilha acabar logo na

vigília ou casamento.

Escolha do microfone

É importante escolher o microfone certo para ser utilizado no púlpito. Sempre

tenha o cuidado de escolher um modelo com grande sensibilidade. Tem que ser

entre –60 e –50dB. Obrigatoriamente. Quanto mais baixo o número, melhor.

O ideal, como já vimos, é usar um microfone dinâmico para um único usuário.

Para cantores, um mic bem sensível permite o uso de até 3 vozes femininas (ideal

2) por microfone, e até 2 vozes masculinas (ideal 1) para vozes masculinas. A

cada vez que "acrescentamos" um usuário, afastamos um pouco o microfone das

fontes, e com isso perdemos graves (efeito de proximidade).

Cuidado com a escolha do padrão de captação (cardióide ou supercardióide).

Deve-se levar em conta o tipo de retorno que será utilizado.

Para o púlpito, recomendo para as igrejas com acústica muito ruim. Na verdade,

é o microfone menos indicado para o púlpito, mas às vezes é a única solução para

evitar microfonias onde a acústica é ruim. Já para cantores e instrumentos, é

praticamente a primeira opção de escolha.

Outras informações

Os sorvetões são o “Bombril” dos microfones. 1001 utilidades. Podem ser

utilizados em qualquer lugar (acústica boa ou ruim), com qualquer instrumento

(através do pedestal adequado), com qualquer voz. São chamados de microfones

de uso geral, funcionam bem em qualquer lugar. Pode não ser o melhor

microfone para uma certa aplicação, mas com certeza funcionará bem, com a

vantagem de ser muito robusto e durável, e de ter excelentes preços.

Em caso de defeito da cápsula, pode-se substituí-la facilmente. Nas eletrônicas

existem as cápsulas originais Le Son (cabem em qualquer microfone), mas são

muito caras, custando às vezes mais que um microfone inteiro de outra marca

(dólar baixo faz isso).

Não se esqueça: quanto mais próximo da fonte sonora, melhor! Ensine aos

usuários a manterem o microfone próximo à boca, ao instrumento. O microfone

precisa estar bem posicionado, o globo do microfone deve sempre apontar

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diretamente para a fonte sonora. Ensine sempre, pois é muito comum os usuários

utilizarem o microfone "de lado", como um sorvete, posição esta que perde

muito em captação.

Curso de Microfones – Parte 4: os headsets

Microfones headsets (head = cabeça) são condensadores (cápsula pequena,

precisa de energia – pilha) com uma haste que é presa na cabeça do usuário, nas

duas orelhas. O Le Son HD-75 é um bom exemplo com fio, mas é muito mais

comum encontrar esse tipo de microfone em sistemas sem fio.

Como o microfone é preso pela cabeça, ele acompanha

a movimentação da pessoa. Dá bastante liberdade ao

usuário. A cápsula do microfone está sempre posição

diretamente à frente da boca da pessoa.

No modelo da Le Son, a pilha fica em um

compartimento igual aos lapelas ML-70, e tem uma boa

durabilidade (meses). Em microfones sem fio, a mesma

pilha que alimenta o transmissor também alimenta a cápsula.

A sensibilidade pode ser baixa, pois a distância até a fonte sonora é pequena e

não varia. No caso do HD-75, a sensibilidade é de –46dB, um valor intermediário

entre os lapela e gooseneck (-38dB) e os dinâmicos de mão (-52dB). Essa

sensibilidade aliada à posição fixa bem próxima da boca permite um alto volume

de captação. Existem modelos com padrão de captação ominidirecional ou

cardióide (captação em 360º ou em 180º), sendo este última mais comum e é

utilizado neste modelo da Le Son . O preço do Le Son HD-75 é

aproximadamente 150,00. Garantia de 6 meses.

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Vantagens

A grande vantagem deste tipo de microfone é a posição fixa e constante, junto à

boca da pessoa. Por estar próximo da fonte sonora, precisamos abrir pouco o

volume, e por consequência teremos menos risco de microfonia. A maioria ainda

é direcional (cardióide, supercadióide), e dá para ter retorno de som

tranquilamente.

A liberdade de movimentação do usuário é total. Para onde ele se virar, o

microfone estará sempre com ele. Este tipo de microfone, em sistemas sem fio, é

o preferido por palestrantes e professores, que precisam se movimentar muito e

ter as mãos livres.

Podemos ver esse microfone na televisão, em programas de auditório ao vivo,

onde o usuário muito se movimenta. São locais com muitas caixas de som, e

nesse caso headsets são insuperáveis, pois são os menos sujeitos à microfonias.

A construção desse tipo de microfone varia muito de qualidade. O Le Son até é

bem robusto, e vários modelos de boas marcas também o são. Mas existem os

que são tão frágeis quanto os lapelas. Já cheguei a ter nas mãos um modelo todo

de plástico de R$ 30,00, de aparência fragilíssima De qualquer forma, toda

cápsula condensadora precisa de mais cuidados que uma dinâmica.

Desvantagens

É pouco usado como microfone de púlpito, apesar das vantagens. O motivo é que

é um “trambolho”. Ainda que seja de cápsula relativamente pequena e não

atrapalhe a visão da platéia para o pregador, o sistema de fixação na cabeça é

complicado. É necessário encaixar o suporte nas orelhas e depois acertar a

posição da haste do microfone em direção à boca. É trabalhoso e toma tempo, e

por isso muitos não querem utilizar um microfone desses. Também é incômodo

para quem usa óculos. Chega a doer a orelha após algumas horas de uso. No caso

do modelo da Le Son, ainda tem um "trambolhinho", que é o compartimento da

pilha.

É um excelente microfone, que não merece os olhares desconfiados dos usuários.

Parece que as pessoas tem verdadeira vergonha de colocar o headset, já que é

trabalhoso mesmo. Mas, uma vez acertado, é simplesmente excepcional. A

maioria é bem leve.

Page 15: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

Outras informações

É um tipo de microfone útil para quem precisa deixar as mãos livres. É muito

utilizado por músicos, como os flautistas, ou ainda aqueles que querem cantar e

tocar ao mesmo tempo, como tecladistas.

Recomendado: sempre, é muito bom mesmo. Pouquíssimo problema de

microfonia (sem exagerar no volume, claro). Mas convencer os usuários é outra

história. Quando a acústica do lugar for péssima, será a melhor opção.

Curso de Microfones – Parte 5: os earsets

Microfones earsets (ear = orelha) são uma evolução dos headsets. Se os headsets

são “trambolhos”, os earset são extremamente pequenos e discretos. Na verdade,

são quase invisíveis. São condensadores (cápsula pequeniníssima, precisa de

energia – pilha), cuja haste é presa em apenas uma orelha do usuário. É o

microfone muito utilizado por apresentadores de televisão em programas de

estúdio, sendo que algumas vezes só o notamos se prestarmos bastante atenção.

Os earsets são caros, caríssimos. São tão

caros que praticamente só existem modelos

para uso em sistemas sem fio. O preço dos

sem fio começam em 1.500,00 reais, mas há

modelos até 5.000,00 reais.

A maioria é ominidirecional, de

sensibilidade baixa. A sensibilidade pode ser baixa porque a distância até a fonte

sonora é pequena e não varia, tal qual o headset.

Vantagens

Como os headsets, a grande vantagem deste tipo de microfone é a posição fixa e

constante, próximo à boca da pessoa. Mesmo sendo ominidirecional, a baixa

sensibilidade faz com que somente o som bem próximo à boca seja captado. Dá

Page 16: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

até para utilizar retorno para o pregador sem problemas, mas em volume menor

que nos headsets.

A liberdade de movimentação do pregador é total. Para onde ele se virar, o

microfone estará sempre com ele. Este tipo de microfone, em sistemas sem fio, é

o preferido por pregadores de quaisquer igrejas, tanto pela discrição quanto pela

qualidade. E é bom também para os operadores, pois é difícil de dar microfonia.

Desvantagens

Extremamente frágil. Todos precisam

de muito cuidado. As soldas são

mínimas, e quebram facilmente. Os

fios são finíssimos, e muito

suscetíveis a problemas. A cápsula é

mínima, de tão pequena. É um

microfone que requer muita atenção e

cuidado antes, durante e depois do culto. A figura ao lado destaca os pontos mais

frágeis, exatamente os pontos de solda.

Ele é bem menor que os headset, mas seu sistema de prender é mais complicado.

Se no headset você tem que encaixar o suporte por cima das orelhas, neste é

necessário encaixar o suporte em volta de uma orelha. A diferença parece ser

pequena, mas não é. Muita gente se complica totalmente ao colocar esse

microfone. E nem todo mundo acerta: alguns acabam colocando errado o

microfone e apontando a cápsula muito para baixo ou para cima, forçando uma

intervenção do operador de som (ir no lugar e acertar).

Atente para isso: esse microfone precisa de treino para ser colocado

corretamente. O sonoplasta deve aproveitar um momento antes ou após o culto e,

com cada usuário, treinar a colocação e retirada do microfone.

Outras informações

Aproveite para comprar o modelo com a maior garantia possível. Em caso de

defeito e o microfone estiver fora da garantia, o conserto será estremamente

difícil e caro. Alguns fabricantes vendem somente o microfone, sem ter que

comprar o sistema sem fio completo.

Page 17: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

Recomendo sempre, é excelente. Mas precisa de treino de uso por parte

dos usuários e muito cuidado por parte de todos.

Curso de Microfones – Parte 6: para coral (A)

Microfones para coral são pequenos, alguns modelos até lembram o lapela, só

que sem o suporte para prender no terno. São representantes dessa categoria os

AKG CK31, o AKG CK32, o Shure EZO e o Samson CM12C. São microfones

que permitem a captação de muitas fontes sonoras ao mesmo tempo, por isso são

indicados para captação de coral e orquestras (instrumentos acústicos).

O AKG CK31 e o CK32 são idênticos, mas o CK31 é cardióide e

o CK 32 é ominidirecional. Ambos são microfones

condensadores, precisam de Phantom Power, bem pequenos (um

pouco maior que o lapela), altíssima sensibilidade (-34dB) e

caríssimos. Custam aproximadamente R$ 800,00.

Já o Shure EZO é um condensador cardióide que também precisa

de Phantom Power, sensibilidade de –45dB. Também é bem

pequeno. O custo é menor, por volta de R$ 600,00.

A Samson também tem um modelo, o CM12C. Condensador

cardióide, tem sensibilidade de -42dB. O custo é

aproximadamente R$ 350,00.

Vantagens

Todos são muito pequenos e fáceis de carregar.

Como têm alta sensibilidade, permitem a captação de

várias pessoas de uma só vez. O CK32, ominirecional,

tem uma área útil de captação de até 7m de distância

entre a fonte sonora e a cápsula, em cada direção (um

círculo de 7 metros de diâmetro em volta do microfone).

O CK31, cardióide, tem captação até 7 metros de

Page 18: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

distância em forma de meio-círculo. O Samson CM12C e o

Shure EZO abrangem uma menor área, captando sons a uma distância bem

menor que os outros (e por isso talvez será necessária uma quantidade maior

deles).

Também podem ser utilizados para captação de um naipe (um conjunto de

instrumentos idênticos) na orquestra. Um único microfone desses pode captar 12

ou mais cordas, por exemplo.

Como são microfones que captam várias vozes/instrumentos ao mesmo tempo,

uma vantagem interessante é poder utilizar uma pequena quantidade de

microfones e mesa de som pequena. A economia em quantidade de microfones,

cabos e mesa de som pode até compensar o maior custo desse tipo de microfone.

Forma de uso

São microfones específicos para a captação de

corais, (de um naipe de vozes até todo o coral) ou de

uma orquestra (naipe de instrumentos ou toda a

orquestra). Capta-se as vozes ou instrumentos, a

interação entre eles e até mesmo a ambiência do local.

Essa interação entre as vozes e instrumentos é muito

importante. A sonoridade obtida, com várias vozes/instrumentos aparecendo em

uníssono (soando como se fosse uma única fonte sonora) é totalmente diferente

de se fazer uma captação individual, voz por voz (instrumento por instrumento),

e depois misturar tudo.

Desvantagens

Se ser pequeno e fácil de carregar é uma vantagem por um lado, por outro lado

facilita a perda, o “esquecimento” e o furto do microfone. Olho neles e muita

atenção! São muito caros.

Se a alta sensibilidade ajuda na captação de um naipe, de outro lado complica a

vida do operador de som. Pode acontecer muito problema de vazamento

(captação de outros sons indesejados) e realimentação (microfonia). O uso de

caixas de som de retorno é bastante limitado (somente se o microfone for

cardióide, e a caixa deve estar exatamente atrás) ou até mesmo não recomendado

Page 19: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

(se os microfones forem ominidirecionais, caso do AKG CK-32, que é mais

voltado para gravação, não para sonorização ao vivo).

A sensibilidade altíssima de alguns modelos os tornam até difíceis de trabalhar.

Qualquer barulho na área de captação vai direto para o microfone, inclusive o

folhear de uma coletânea, o zíper de uma Bíblia, a marcação com o pé de um

ritmo, o andar de alguém. Solução? Muito treino e ensaio, muita explicação para

os usuários do que pode fazer e não fazer. Por outro lado, não se perde nem um

detalhe, nenhuma nuance musical.

Como são microfones para serem usados em suportes (alguns são presos

diretamente ao teto) ou pedestais, o grupo precisa cantar todos os hinos na

posição em que o microfone foi regulado. O grupo não pode trocar de posição

(em pé/sentado), porque muda tudo e não dá para reajustar o microfone.

Além disso, recomenda-se utilizados em locais de acústica ótima. Com acústica

ruim, o microfone capta o som e a reflexão, e microfona muito fácil. O cardióide

sofre menos, mas a alta sensibilidade ainda assim torna o risco muito grande.

Outras informações

Esse tipo de microfone é comum em estúdios, onde temos ambientes

acusticamente controlados e tempo, muito tempo para encontrar o melhor

posicionamento. Em igrejas e em Anfiteatros, até é possível arriscar um

microfone desses, desde que com boa acústica e condições de se testar várias

posições para os cantores e músicos. Já em eventos em colégios, quadras, etc,

não são recomendados, pois nunca se sabe qual a acústica do local.

Curso de Microfones – Parte 7: para coral (B) – os overs

Over (= por cima) designa um tipo de microfone em formato de tubo, com

cápsulas condensadoras, cardióides e todos precisando de energia (na maioria,

Page 20: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

Phantom Power). Nos Estados Unidos, chamam esse microfone de "pencil type",

ou seja, "tipo caneta". Existem vários exemplos:

- Le Son MP-68PH, sensibilidade –

48dB. Funciona com uma pilha AA. Preço

médio: R$ 250,00

- TSI C-3, sensibilidade –45dB. Funciona

com pilha AA ou Phantom Power. Preço

por volta de R$ 250,00 (mais caro que o

Le-Son, mas vem com case de proteção

em alumínio).

- Samson C02, sensibilidade –40dB. Preço

médio de R$ 350,00 o par (só é vendido

aos pares)

- Behringer C2, sensibilidade –41dB.

Preço médio do par: R$ 280,00

É muito comum ver esses microfones captando os pratos e a ambiência de

baterias acústicas. Mas nada impede que sejam utilizados para outros fins.

Os microfones tem características parecidas com os microfones para corais. Eles

também servem para captação de muitas vozes ou instrumentos ao mesmo

tempo, dada sua alta sensiblidade. E apresentam, dentre suas inúmeras vantagens,

um preço bem mais acessível.

Vantagens

Mais robustos que os microfones para coral, com quase as mesmas

características, apesar da sensibilidade ser um menor, na média. Ainda assim, são

pequenos e fáceis de carregar.

Como são microfones que captam várias fontes sonoras ao mesmo tempo, pode-

se usar um pequeno número de microfones e mesa de som de poucos canais. A

economia com cabos e canais de mesa de som compensa facilmente o seu custo.

A sensiblidade mais baixa e o fato de serem todos cardióides ajuda a diminuir a

ocorrência de microfonias e vazamentos. Em compensação, serão utilizados mais

microfones que os modelos para coral.

Page 21: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

Forma de uso

Como tem a sensibilidade um pouco mais baixa e são cardióides, um microfone

desses vai captar um menor número de vozes ou instrumentos, em relação aos

outros tipos de microfone para coral vistos no artigo anterior. Por exemplo, em

testes que já realizamos, um Le Son MP-68 chega a captar até 8 vozes, enquanto

um Samson C02 chega a captar 10 a 20 vozes. Evidente que isso varia de caso a

caso. Até mesmo a disposição dos cantores e/ou músicos em relação ao

microfone altera essa conta.

Em locais com boa acústica, podem ser usados em pedestais, por cima do coral

ou dos músicos, de forma a captar uma boa quantidade deles. Em locais com

acústica ruim, devem estar ainda em pedestais, mas na altura da fonte sonora,

captando uma quantidade menor de fontes. Exigem um certo espaço para a

montagem do pedestal e adequação da posição.

Para quem for usá-los para captação de corais, o ideal é colocar as pessoas que

cantam com menos volume de voz mais próximas do microfone, e as que cantam

com volume mais forte devem estar mais afastadas, compensando assim as

diferenças de volume com a varaição da distância. Quanto ao posicionamento,

o ideal seria colocar todos os cantores em formação de meia-lua ao redor do

microfone.

Desvantagens

Como são microfones para coral, é necessário evitar abrir zíper de Bíblia, folhear

coletâneas e hinários, conversar, etc. Tudo isso será captado pelo microfone. Os

usuários precisam ser instruídos quanto a isso.

Um detalhe pequeno mas importante: são microfones para serem usados em

pedestais. Acertar microfones com os cantores sentados é uma coisa, em pé é

outra completamente diferente. Uma vez acertada a posição, o grupo de cantores

deverá sempre cantar na mesma posição. Isso é menos crítico para músicos, que

sempre tocam na mesma posição.

Outras informações

Alguns desses microfones, por serem projetados principalmente para captação de

pratos de bateria, tem resposta de graves atenuada, com ênfase nos médios e

agudos, o que os torna melhores para vozes femininas que

Page 22: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

masculinas. O Behringer C2 (em menor grau) e o Le Son MP-68 (em maior grau)

são exemplos disso.

Em comparação com os microfones de coral do artigo anterior, já dá para usar

esses microfones em eventos, emlocais com acústica não tão boa.

O Edu Silva, que organiza o www.audiolist.org, o maior fórum de sonorização

profissional do Brasil, deu uma verdadeira aula sobre microfonação de corais.

Ele ensina como microfonar 40 vozes com apenas 4 microfones, em um ginásio

(!!!), e dá outros macetes e detalhes. Confira em:

http://audiolist.org/forum/kb.php?mode=article&k=95

Curso de Microfones – Parte 8: de estúdio

Apesar de não ser comum, algumas igrejas ou mesmo um cantor ou músico

investe em um microfone de estúdio. Não que os outros tipos de microfone não

possam ser utilizados em estúdio, mas este é um tipo especificadamente

construído para gravações.

Quando falamos em

gravações, estamos querendo

dizer:

- qualidade sonora

extremamente agradável. –

chave de atenuação e filtros de

graves selecionáveis no

próprio microfone

- condensadores que precisa

de Phantom Power (mesas de

estúdio sempre têm Phantom)

- preço alto

- sensível a variações de

Page 23: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

umidade

- microfones delicados (pouco robusto).

As características técnicas (padrão de captação, sensibilidade, resposta de

frequência) podem variar de um modelo para outro, mas isso não importa muito

para esse artigo.

A pouca robustez desse tipo de microfone (uma queda pode causar sérios

danos) não é um defeito, mas sim uma característica do ambiente em que o

mesmo será usado. Um estúdio é um ambiente controlado: ar-condicionado

(temperatura e umidade estáveis), lugar para guardar tudo, pedestais firmes

presos no chão e no teto. E só o pessoal do estúdio que mexe nos equipamentos.

Quem está lá para gravar só pede, os funcionários que fazem.

Um exemplo é o Behringer B-1(mas assim como ele existem centenas de

modelos específicos para estúdio, de dezenas de fabricantes). Ele vem em uma

maleta própria, toda rígida e forrada de espuma, e ainda com a proteção anti-

choque. O microfone é preso firmemente no anti-choque e este é preso no

pedestal. O anti-choque (mais conhecido como aranha) tem várias funções, a

saber: isola o microfone das vibrações do pedestal, do chão, etc. e proteje o

microfone das mãos do usuário. Você movimenta o pedestal, não o microfone,

para acertar o posicionamento.

Essa “delicadeza” faz com que o microfone seja muito frágil, e deve ser utilizado

com muito cuidado. Não é um microfone indicado para sonorização ao vivo,

porque nesses lugares não temos como controlar todo o necessário. Sempre pode

acontecer um acidente: alguém que passa e derruba o pedestal com microfone

junto.

Por serem condensadores de alta sensibilidade, também podem ser utilizados

para corais ou naipes de instrumentos. Entretanto, por terem os diafragmas

largos, microfonam muito fácil nas frequências graves. Dos tipos que já

estudamos (mics de coral propriamente dito e mics do tipo “over”), seria os

menos indicados.

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Curso de Microfones – Parte 9: comprando microfones

Na Revista “Áudio Música e Tecnologia” de Agosto/2004 achei muito

interessante uma pergunta feita a Sólon do Valle, sobre microfones, que ilustra

bem os passos para se comprar um microfone. Definido o tipo de microfone

(lapela, sorvetão, de coral, gooseneck, etc), escolher entre tantos modelos e tipos

é algo complicado. Este artigo visa facilitar o processo de escolha.

Nota: os microfones citados na revista são de estúdio, muito caros. O importante

não é o tipo do microfone, mas o conceito por trás da idéia que o engenheiro e

professor quis passar.

“Olá,

onde está a diferença (na prática) entre um microfone que tem resposta de

frequência de 10Hz a 18kHz (como o CAD E-100) e outro que tem resposta de

frequência de 20Hz a 20kHz (como o C1 da Studio Projects)? Alan

Caro Alan,

Na prática, só a resposta não define muita coisa – e você já deve ter desconfiado

disso. Na música e no áudio em geral não existe nada usável abaixo de 20Hz

(infrasom) e muito pouco entre 18kHz e 20kHz. Mas devemos lembrar que,

provavelmente, um microfone que responde a partir de 10Hz responde com

maior facilidade, maior solidez, abaixo de 50Hz do que outro que responde

“só” a partir de 20Hz. O mesmo vale para o limite superior: o microfone que

responde até 20KHz provavelmente é mais transparente acima de 16KHz do que

outro que “só” responde até 18KHz. E isso também vale para outros

componentes da cadeia do áudio, como mesas, amplificadores e alto-falantes.

Analisando os gráficos de curva de resposta dos microfones que você citou, note

que há diferença: a 50Hz, o C1 responde 2dB a menos, portanto o E-100 é mais

“gordo” (tem mais “peso”, mais graves). Além disso, o C1 é muito mais

“brilhante” (mais agudos) , realçando cerca de 5dB em 12,5KHz. Ou seja, para

instrumentos e vozes graves, a escolha seria pelo E-100 (mais “gordo”), enquanto

para instrumentos e vozes agudas o favorito certamente seria o C1.

Page 25: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

As variações da resposta entre 40 e 16KHz são as que definem de fato o timbre

de um microfone. Microfones são instrumento musicais, e não frios conversores

de eneriga. Têm colorações, modificam o som de maneira muitas vezes

agradável. Em muitos casos, um microfone com resposta “pior” é o que soa

melhor.

Não use só a resposta especificada como parâmetro de escolha. Experimente,

pergunte a outras pessoas. Não se prenda a números apenas”. Sólon do Valle.

Observe só:

- o Sóllon provavelmente não tinha os microfones em mãos.

- ele pesquisou e verificou as características técnicas dos aparelhos, seus

manuais. Um bom microfone sempre apresenta nos seus manuais as

características técnicas.

- ele analisou os aparelhos não só pela resposta de frequência, como também esta

em relação à curva de resposta.

Page 26: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

Pela curva de resposta, podemos “prever” o comportamento do microfone.

Repare nos 2 gráficos de resposta de frequência dos exemplos acima. É

claramente perceptível que a resposta de um dos microfones é plana entre 100Hz

e 2kHz, enquanto no outro a resposta só é plana entre 300Hz e 2kHz. Podemos

esperar que o microfone com resposta mais plana na região das baixas

frequências tenha graves melhores que o outro (o que já pudemos constatar na

prática).

Page 27: 165815604-Curso-de-Microfones.pdf

Aqui, fica o primeiro alerta. Ao escolher microfones, sempre confira antes os

seus manuais, suas especificações técnicas. Analise a resposta de frequência,

sempre em conjunto com a curva de resposta. Verifique o tipo de tecnologia da

cápsula: condensadora ou dinâmica. Condensadoras costumam captar mais

detalhes e ter melhores agudos, mas em compensação são mais frágeis.

Dinâmicos são mais resistentes e não precisam de Phantom Power.

Verifique a sensibilidade. Entre dois microfones semelhantes, sempre escolha o

que tiver a sensibilidade mais alta. Também não deixe de olhar o máximo

volume de pressão sonora (SPL) que o microfone aguenta. Bons microfones

aguentam altos níveis de volume, enquanto outros “racham”, distorcem quando

submetidos a uma pessoa de voz poderosa ou instrumento musical mais forte

(metais, por exemplo). Quanto maior o dB SPL suportado, melhor.

Fuja dos microfones que não apresentam essas características nos seus manuais,

ou que nem apresentem manuais. Se o fabricante não teve o cuidado sequer de

escrever o comportamento esperado pelo microfone, imagine o “cuidado” que ele

deve ter tido na construção do mesmo.

Números e especificações ajudam, mas não bastam para decidir um investimento.

Para isso é necessário testar, testar e testar. Comparar, ouvir, saber o que se está

procurando e o que se espera. Usar para isso um dos mais fantásticos

“equipamentos” que Deus nos proporcionou: os nossos ouvidos.

Cuidado com marcas! Mesmo alguns fabricantes de primeira linha (Shure, AKG,

Audio-Technica, etc) tem microfones que às vezes nos surpreendem…

negativamente. Parei em uma loja para examinar um microfone AKG D40S, de

R$ 50,00, resposta de frequência de 80Hz a 20kHz. Pedi para testar, e quando o

vendedor o tirou da caixa, tive uma surpresa total: o AKG D40 é de plástico, com

cabo fixo, parecendo microfone de karaokê*. Qualidade sonora de “taquara

rachada”. Eca!!! Já um outro microfone de marca desconhecida, Groovin GM-

580, chinês de baixo custo, apresentou um som muito mais encorpado, bons

graves e agudos, em relação ao D40S. E o preço do Groovin era até menor, cerca

de R$ 45,00. Como disse o engenheiro, não dá para viver só de números.

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* nota: pesquisando no site, descobri que o D40S é realmente voltado para uso

doméstico, karaokê mesmo. Se pareceu “taquara rachada” em uma caixa de PA,

em um alto-falante de televisão vai funcionar perfeitamente bem.

Vai comprar um microfone para as vozes do coral da igreja? Então leve cantores

junto com você. Uma voz feminina e uma voz masculina. Coloque-os para testar

o microfone, sempre repetindo o mesmo trecho de música. Mantenha o mesmo

equipamento: a mesma mesa, o mesmo cabo, a mesma caixa de som. Mantenha

toda a equalização em flat! Vá trocando apenas os microfones.

Enquanto uma pessoa canta, outra avaliará qual é o melhor resultado sonoro. Não

dá para uma pessoa cantar e avaliar (muita gente erra nisso, faz seus próprios

“testes” de microfone). É absolutamente normal descobrir que o microfone X

funciona melhor para vozes masculinas, enquanto o microfone Y funciona

melhor para vozes femininas.

Da mesma forma, se for um microfone para um instrumento musical, leve o

músico e o seu instrumento para a loja. Não se importe em “pagar mico”.

Importe-se em fazer a melhor escolha possível.Faça isso com muito tempo, sem

pressa. Teste todos os microfones que couberem no seu orçamento. Os resultados

serão surpreendentes, e com certeza você terá condições de fazer a melhor

escolha.

Não dá para usar para pregadores em um púlpito. Esse tipo de microfone é muito

grande (com a aranha, fica maior ainda), atrapalhando a visão do pregador. Mas

em um estúdio, em uma rádio, não tem coisa melhor.

Por último, cuidado com vendedores. Se você chegar em uma loja e pedir o

melhor microfone da loja, provavelmente vão te apresentar um desses. E você

testará, e soará muito melhor que os outros, inclusive melhor que Shure SM-58.

E, se dinheiro não for problema, você o comprará. Só que o vendedor não vai lhe

dizer que é um microfone frágil. Aí você leva para a igreja ou para o evento e

descobre esses problemas da pior forma: perdendo o microfone.

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Não recomendo para uma igreja comprar. Muita gente vai mexer e poucos vão

cuidar. Só compre se for para seu uso pessoal, e só se você for tomar conta muito

bem dele.