17.01 O Animismo 20 jan 2015

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Estudos Dirigidos O Animismo Vamos falar aqui sobre o Animismo.

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Estudos DirigidosO Animismo

Vamos falar aqui sobre o Animismo.

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Observem agora um trecho do livro do Dr. António J. Freire, “da Alma Humana”, a abordagem do tema

sobre existências passadas, ou, nossas múltiplas personalidades do passado. E também em outro trecho, abordando o assunto da incorporação!

Estudos DirigidosO Animismo

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É talvez pelo desdobramento e dissociação do duplo que se poderátentar uma explicação satisfatória para os maravilhosos trabalhos doeminente experimentador, o coronel-conde Rochas d’Aiglun, relativosà pluralidade das existências (reencarnacionismo), obtendo, na hipno-se profunda magnética, a regressão da memória, fazendo dissociar osrefolhos mais íntimos das camadas do perispírito ou almas secundárias(Lancelin), fazendo reviver aos sentidos astrais o Arquivo do passado,comprimindo nos domínios do subconsciente e subliminal, criando oestado de múltiplas personalidades no passado, correspondendo cadauma delas a uma das nossas existências passadas, através da nossalinha evolutiva na série indefinida das nossas vidas sucessivas (Palin-genesia), arquivadas, talvez, na tríada espiritual (corpo causal), na par-te relativa ao supraconsciente.

É ainda pelo desdobramento e bilocação do duplo que se explica, natural e logicamente, ofenômeno vulgaríssimo das incorporações ou encarnações (dissociação de personalidade,prosopopese) nas sessões espiritistas, em que a alma do médium exteriorizada, parcial ouintegralmente, é substituída pela alma dum desencarnado ou, mesmo, pelo duplo dumencarnado, como temos registrados algumas vezes. O modus operandi é análogo, tantopara os desencarnados, impropriamente chamados mortos, vivendo no plano astral, comopara os encarnados, vivendo no plano físico planetário, quando em plena exteriorizaçãoanímica.

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Capítulo VIExperiências de HectorDurville e de L. Lefranc

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Sem o estudo prévio do Animismo, dificilmente se poderá compre-ender o fenômeno banal da incorporação nas sessões experimen-tais do Espiritismo, generalizadas e praticadas em todos os paísescivilizados, já muito difundidas em Portugal, tendo como instrumen-tos de ação numerosos Centros e Grupos espíritas, disseminadospela metrópole, ilhas e colônias portuguesas, alguns trabalhandocom elevação e proficiência, animados duma fé ardente, libertos depreconceitos e de superstições.

Nas incorporações, o Espírito agente, encarnado ou desencarnado,apossa-se do corpo físico dum médium (passivo) que fica sendo oinstrumento dócil e plástico ao sabor do capricho da alma incorpo-rada. É como um novo maquinista que tomasse conta do volante edireção daquela máquina, representada pelo corpo físico inerentedo médium a que imprime gestos e atitudes que podem levar àtransfiguração fisionômica, por vezes, completa, de semelhançafulgurante com o corpo físico correspondente ao que foi ou é naTerra o espírito incorporado, com todos os caracteres somáticos,morais e intelectuais, estabelecendo uma identidade incontestadae flagrante de expressão e de realidade.

CONTINUA

Capítulo VIExperiências de HectorDurville e de L. Lefranc

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Este fenômeno comum à grande maioria das sessões espíritas ébaseado num fenômeno de animismo, proveniente da exterio-rização do duplo do médium total ou parcial, tendo por comple-mento um fenômeno espírita quando a incorporação é determi-nada pela ação direta dum Espírito desencarnado, ficando na ca-tegoria dos fenômenos anímicos se, porventura, o espírito incor-porado fosse o dum encarnado.

Os fenômenos de incorporação são, pois, sempre resultantes dadissociação e exteriorização do duplo do médium, desintegran-do a sua essência anímica do seu corpo físico para que nele seintegre uma alma estranha, venha donde vier, que fica animan-do e dirigindo todo o seu invólucro físico. Por este mecanismose explicam os casos de obsessão, fascinação e subjugação (dis-sociação de personalidade, estado segundo), que constituemgrande parte da população dos manicômios, renitentes aos tra-tamentos clássicos da psiquiatria, mas facilmente curáveis peloEspiritismo, pelo menos, em certos casos, sempre que se obten-ha a iluminação do Espírito obsessor (doutrinação).

FIM

Capítulo VIExperiências de HectorDurville e de L. Lefranc

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Capítulo 11Estados Conscienciais

Relacionados

TRANSE ANÍMICO

Em certas circunstâncias, alguns indivíduos manifestam transes (nosfenômenos chamados de incorporações ou psicofonia) que, paratodos os efeitos e testemunhas, parecem ser um transe parapsíquico,o que, no entanto, para as percepções de um clarividente veterano,revelam não ter a participação de nenhuma consciência extrafísica(de um outro espírito). Nestas circunstâncias, o indivíduo em transemuda de voz, entonação, postura física ou mesmo de idioma, porémvários destes casos são, de fato, um mergulho retroativo na memóriaintegral da própria pessoa, de tal forma que a mesma reassume umapersonalidade (sua mesmo) do passado. Mais do que um relembrar,neste caso incorpora-se temporariamente aquele eu do passado.

Um exemplo clássico, que foi estudado no século passado, é o do as-trônomo francês Camile Flamarion que supostamente canalizava Gali-leu Galilei, até que se descobriu que Flamarion havia sido o próprioGalilei no passado.

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FIM

Capítulo 11Estados Conscienciais

Relacionados

MÚLTIPLA PERSONALIDADE

Dentro das limitações do paradigma materialista, esta forma depsicose tem resistido a todas as tentativas de explicação e dis-secação de seus mecanismos e causas. Porém, considerando-se amultidimensionalidade e serialidade da consciência, entende-se comcerta obviedade que, além de uma grande maioria de casos cau-sados por intrusões conscienciais (obsessão, encosto, possessão),muitos podem ser resultado de personalidades ou eus anteriores damesma consciência, que afloram novamente, sem o elementoorganizador da lucidez, como discutido anteriormente no caso maisbenigno do transe anímico.

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Capítulo 23Animismo

Mediunidade e animismo

Alinhando apontamentos sobre a mediunidade, não será licito es-quecer algumas considerações em torno do animismo ou conjuntodos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação conscienteou inconsciente dos médiuns em ação.

Temos aqui muitas ocorrências que podem repontar nos fenômenosmediúnicos de efeitos físicos ou de efeitos intelectuais, com a própriaInteligência encarnada comandando manifestações ou delas partici-pando com diligência, numa demonstração de que o corpo espiritualpode efetivamente desdobrar-se e atuar com os seus recursos e im-plementos característicos, como consciência pensante e organizado-ra, fora do carro físico.

A verificação de semelhantes acontecimentos criou entre os opositores da Doutrina Espíri-ta as teorias de negação, porquanto, admitida a possibilidade de o próprio Espírito encar-nado poder atuar fora do traje fisiológico, apressaram-se os cépticos inveterados a afirmarque todos os sucessos medianímicos se reduzem à influência de uma força nervosa queefetua, fora do corpo carnal, determinadas ações mecânicas e plásticas, configurando,ainda, alucinações de variada espécie.

FIM

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Capítulo 23Animismo

Obsessão e animismo

Muitas vezes, conforme as circunstâncias, qual ocorre no fenômenohipnótico isolado, pode cair a mente nos estados anômalos (irregu-

lar, anormal) de sentido inferior, dominada por forças retrógradasque a imobilizam, temporariamente, em atitudes estranhas ou inde-sejáveis.

Nesse aspecto, surpreendemos multiformes processos de obsessão,nos quais Inteligências desencarnadas de grande poder senhoreiamvítimas inabilitadas à defensiva, detendo-as, por tempo indetermi-nado, em certos tipos de recordação, segundo as dívidas cármicas aque se acham presas.

Frequentemente, pessoas encarnadas, nessa modalidade de provação regeneradora, sãoencontráveis nas reuniões mediúnicas, mergulhadas nos mais complexos estados emoti-vos, quais se personificassem entidades outras, quando, na realidade, exprimem a si mes-mas, a emergirem da subconsciência nos trajes mentais em que se externavam noutrasépocas, sob o fascínio constante dos desencarnados que as subjugam.

FIM

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Animismo e hipnose

Capítulo 23Animismo

Imaginemos um sensitivo a quem o magnetizador intencionalmentefizesse recuar até esse ou aquele marco do pretérito, pela deliberadaregressão da memória, e o deixasse nessa posição durante semanas,meses ou anos a fio, e teremos exata compreensão dos casos mediú-nicos em que a tese do animismo é chamada para a explicação ne-cessária.

O “sujet”, nessa experiência, declarar-se-ia como sendo a personali-dade invocada pelo hipnotizador, entrando em conflito com a reali-dade objetiva, mas não deixaria, por isso, de ser ele mesmo sob con-trole da ideia que o domina.

Nas ocorrências várias da alienação mental, encontramos fenômenos assim tipificados, re-clamando larga dose de paciência e carinho, porquanto as vítimas desses processos de fi-xação não podem ser categorizadas à conta de mistificadores inconscientes, pois represen-tam, de fato, os agentes desencarnados a elas jungidos por teias fluídicas de significativaexpressão, tal qual acontece ao sensitivo comum, mentalmente modificado, na hipnose delongo curso, em que demonstra a influência do magnetizador.

FIM

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Capítulo XIX.Item 223.

A questão do Animismo no Livro dos Médiuns.

CONTINUA

2ª As comunicações escritas ou verbais também podem emanar dopróprio Espírito encarnado no médium?

“A alma do médium pode comunicar-se, como a de qualquer outro. Segoza de certo grau de liberdade, recobra suas qualidades de Espírito.Tendes a prova disso nas visitas que vos fazem as almas de pessoas vivas,as quais muitas vezes se comunicam convosco pela escrita, sem que aschameis. Porque, ficai sabendo, entre os Espíritos que evocais, alguns háque estão encarnados na Terra. Eles, então, vos falam como Espíritos enão como homens. Por que não se havia de dar o mesmo com omédium?”

a) Não parece que esta explicação confirma a opinião dos que entendem que todas ascomunicações provêm do Espírito do médium e não de Espírito estranho?

“Os que assim pensam só erram em darem caráter absoluto à opinião que sustentam, por-quanto é fora de dúvida que o Espírito do médium pode agir por si mesmo. Isso, porém,não é razão para que outros não atuem igualmente, por seu intermédio.”

3ª Como distinguir se o Espírito que responde é o do médium, ou outro?

“Pela natureza das comunicações. Estuda as circunstâncias e a linguagem e distinguirás. Noestado de sonambulismo, ou de êxtase, é que, principalmente, o Espírito do médium semanifesta, porque então se encontra mais livre. No estado normal é mais difícil. Aliás, hárespostas que se lhe não podem atribuir de modo algum. Por isso é que te digo:estuda e observa.”

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Capítulo XIX.Item 223.

Nota. Quando uma pessoa nos fala, distinguimos facilmente o que vemdela daquilo de que ela é apenas o eco. O mesmo se verifica com osmédiuns.

4ª Desde que o Espírito do médium há podido, em existências anteriores,adquirir conhecimentos que esqueceu debaixo do envoltório corporal,mas de que se lembra como Espírito, não poderá ele haurir nas profun-dezas do seu próprio eu as ideias que parecem fora do alcance da suainstrução?

“Isso acontece frequentemente, no estado de crise sonambúlica, ouextática, porém, ainda uma vez repito, há circunstâncias que não permi-tem dúvida. Estuda longamente e medita.”

5ª As comunicações que provêm do Espírito do médium, são sempre inferiores às quepossam ser dadas por outros Espíritos?

“Sempre, não; pois um Espírito, que não o do médium, pode ser de ordem inferior à destee, então, falar menos sensatamente. É o que se vê no sonambulismo. Aí, as mais das vezes,quem se manifesta é o Espírito do sonâmbulo, o qual não raro diz coisas muito boas.”

6ª O Espírito, que se comunica por um médium, transmite diretamente seu pensamento,ou este tem por intermediário o Espírito encarnado no médium?

CONTINUA

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Capítulo XIX.Item 223.

FIM

“O Espírito do médium é o intérprete, porque está ligado ao corpo queserve para falar e por ser necessária uma cadeia entre vós e os Espíritosque se comunicam, como é preciso um fio elétrico para comunicar àgrande distância uma notícia e, na extremidade do fio, uma pessoainteligente, que a receba e transmita.”

7ª O Espírito encarnado no médium exerce alguma influência sobre ascomunicações que deva transmitir, provindas de outros Espíritos?

“Exerce, porquanto, se estes não lhe são simpáticos, pode ele alterar-lhesas respostas e assimilá-las às suas próprias ideias e a seus pendores; nãoinfluencia, porém, os próprios Espíritos, autores das respostas; constitui-se apenas em mau intérprete.”

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PERGUNTA: — Que devemos entender por animismo, no tocante àscomunicações mediúnicas da seara espírita?

RAMATÍS: — Animismo, conforme explica o dicionário do vosso mundo,é o "sistema fisiológico que considera a alma como a causa primária detodos os fatos intelectivos e vitais".

O fenômeno anímico, portanto, na esfera de atividades espíritas, signifi-ca a intervenção da própria personalidade do médium nas comunica-ções dos espíritos desencarnados, quando ele impõe nelas algo de simesmo à conta de mensagens transmitidas do Além-Túmulo.

Assim, quando os aficionados do Espiritismo afirmam que determinadacomunicação mediúnica foi "puro-animismo" querem explicar que aalma do médium ali interveio com exclusividade, tendo ele manifestadoapenas os seus próprios conhecimentos e conceitos pessoais, emboradepois os rotulasse com o nome de algum espírito desencarnado.

Essa interferência anímica inconsciente, por vezes, é tão sutil, que o médium é incapaz deperceber quando o seu pensamento intervém ou quando é o espírito comunicante quetransmite suas idéias pelo contato perispiritual.

Capítulo 19.Página 172.

FIM

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A bondade e a compaixão devem sempre acompanhar o comportamento do verdadeiroespírita que se disciplina através do conhecimento do espiritismo, a doutrina que se ca-racteriza pelo conhecimento intelecto-moral, tendo, porém, como bandeira a caridade.

Como identificar se o médium é anímico?

DIVALDO - A mais eficiente maneira de o conseguir é com a utilizaçãodo método de análise das comunicações de que o médium se faz por-tador. Encontrando-se-lhe lugares-comuns, repetições viciosas, fixa-ções doentias, lamentações ou exacerbações, identificação de conteú-do igual entre todas, dispõem-se de algumas características dos con-flitos do médium, em catarse que libera os seus arquivos do incons-ciente atual.

Escolhos daMediunidade

Apesar disso, o paciente necessita de orientação e não de apodos (zombaria, gracejo) ou acusações indébitas.

FIM

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Capítulo 16Considerações SobreSessões Mediúnicas

É verdade que o animismo medra em largaescala, cabendo, no entanto, ao estudioso daDoutrina, ao invés de coibi-lo, educar o sujet,fazendo-o liberar-se das impressões profundasque lhe afloram do inconsciente, nosmomentos de transe, qual oportuna catarseque o auxiliará a recobrar a harmonia íntima.Outrossim, da mesma forma que muitos seafadigam em doutrinar os desencarnados,realizarão trabalho valioso doutrinando oscompanheiros do plano físico, portadores demediunidade em fase atormentada.

Dr. Bezerra de MenezesFIM

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Iremos incluir aqui o conceito dado por Alexandre Aksakof sobre

o animismo, em seu livro “Animismo e Espiritismo”.

Volume 1 e 2

Estudos DirigidosO Animismo

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Porém, além do conceito sobre animismo, também incluiremos o termo Personismo e Espiritismo. Ou seja,

daremos os três conceitos de Alexandre Aksakof que, segundo as suas hipóteses, podem ocorrer em um

fenômeno mediúnico: Personismo, Animismo e Espiritismo.

Volume 1 e 2

Estudos DirigidosO Animismo

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Volume 1 e 2

(...) temos à nossa disposição não uma, porém três hipóteses, susce-tíveis de fornecer a explicação dos fenômenos mediúnicos, hipótesescada uma das quais tem a sua razão de ser para a interpretação deuma série de fatos determinados; por conseguinte, podemos classifi-car todos os fenômenos mediúnicos em três grandes categorias quese poderiam designar da maneira seguinte:

1° - Personismo

Fenômenos psíquicos inconscientes, produzindo-se nos limites da es-fera corpórea do médium, ou intramediúnicos, cujo caráter distintivoé, principalmente, a personificação, isto é, a apropriação (ou adoção)do nome e muitas vezes do caráter de uma personalidade estranha àdo médium.

Prefácio daEdição Alemã

Tais são os fenômenos elementares do mediunismo: a mesa falante,a escrita e a palavra inconsciente.

Temos aqui a primeira e a mais simples manifestação do desdobra-mento da consciência, esse fenômeno fundamental do mediunismo.

CONTINUA

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Volume 1 e 2

Prefácio daEdição Alemã

Os fatos dessa categoria nos revelam o grande fenômeno da duali-dade do ser psíquico, da não identidade do “eu” individual, interior,inconsciente, com o “eu” pessoal, exterior e consciente; eles nosprovam que a totalidade do ser psíquico, seu centro de gravidade,não está no “eu” pessoal; que esse último não é mais do que a ma-nifestação fenomenal do “eu” individual (numenal); que, por conse-guinte, os elementos dessa fenomenalidade (necessariamente pes-soais) podem ter um caráter múltiplo — normal, anormal ou fictício—, segundo as condições do organismo (sono natural, sonambulis-mo, mediunismo). (...)

Por sua etimologia, a palavra pessoa seria inteiramente apta parajustificar o sentido que convém dar à palavra personismo. No latimpersona se referia antigamente à máscara que os atores colocavamno rosto para representar a comédia, e mais tarde se designou poresta palavra o próprio ator.

CONTINUA

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Fenômenos psíquicos inconscientes se produzidos fora dos limitesda esfera corpórea do médium ou extramediúnicos (transmissão dopensamento, telepatia, telecinesia, movimentos de objetos sem con-tato, materialização).

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2° - Animismo

Temos aqui a manifestação culminante do desdobramento psíquico;os elementos da personalidade transpõem os limites do corpo e ma-nifestam-se, à distância, por efeitos não somente psíquicos, porémainda físicos e mesmo plásticos, e indo até à plena exteriorização ouobjetivação, provando por esse meio que um elemento psíquico po-de ser, não somente um simples fenômeno de consciência, mas ain-da um centro de força substancial pensante e organizadora, poden-do também, por conseguinte, organizar temporariamente um simu-lacro de órgão, visível ou invisível, e produzindo efeitos físicos.

A palavra alma (anima), com o sentido que tem geralmente no Espi-ritismo e no Espiritualismo, justifica plenamente o emprego da pala-vra animismo. Segundo a noção espirítica, a alma não é o “eu” indivi-dual (que pertence ao Espírito), porém o envoltório, o corpo fluídicoou espiritual desse “eu”.

CONTINUA

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Volume 1 e 2

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Por conseguinte, nós teríamos, nos fenômenos anímicos, manifesta-ções da alma, como entidade substancial, o que explicaria o fato deessas manifestações poderem revestir também um caráter físico ouplástico, segundo o grau de desagregação do corpo fluídico ou do“perispírito”, ou ainda do “metaorganismo”, segundo a expressão deHellenbach.

E, como a personalidade é o resultado direto do nosso organismoterrestre, segue-se dai naturalmente que os elementos anímicos(pertencentes ao organismo espiritual) são também os portadoresda personalidade.

CONTINUA

Volume 1 e 2

Capítulo IVA Hipótese dos Espíritos

(...) o estudo do animismo deve preceder o do Espiritismo. Sendo osfenômenos anímicos bem estabelecidos, o exame da hipótese espi-rítica não oferecerá mais dificuldades insuperáveis quando se nosdepararem fatos que o animismo já não pode explicar; ele nos per-mite preparar o caminho e afastar todas as objeções que geralmentese opõem ao Espiritismo. É ele que nos conduz passo a passo à con-vicção de que o que é possível a um homem vivo é igualmente a umhomem morto.

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3° - Espiritismo

Fenômenos de personismo e de animismo na aparência, porém quereconhecem uma causa extramediúnica, supraterrestre, isto é, forada esfera da nossa existência.

Temos aqui a manifestação terrestre do “eu” individual por meio da-queles elementos da personalidade que tiveram a força de manter-se em roda do centro individual, depois de sua separação do corpo, eque se podem manifestar pela mediunidade ou pela associação comos elementos psíquicos homogêneos de um ser vivo.

Isso faz que os fenômenos do Espiritismo, quanto ao seu modo demanifestação, sejam semelhantes aos do personismo e do animismo,e não se distinga deles a não ser pelo conteúdo intelectual que traiuma personalidade independente.

CONTINUA

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Uma vez admitidos os fatos dessa última categoria, claro é que a hi-pótese que daí resulta pode igualmente ser aplicada aos fatos dasduas primeiras categorias; ela não é mais do que o desenvolvimentoulterior das hipóteses precedentes. A única dificuldade que se apre-senta é que, muitas vezes, as três hipóteses podem servir com omesmo fundamento para a explicação de um só e mesmo fato.

Volume 1 e 2

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Assim, um simples fenômeno de personismo poderia também serum caso de animismo ou de Espiritismo. O problema é pois decidir aqual dessas hipóteses é preciso atender, pois que se enganaria quempensasse que uma só é bastante para dominar todos os fatos. A crí-tica proíbe ir além da que basta para a explicação do caso submetidoà análise.

Assim, pois, o grande erro dos partidários do Espiritismo é ter querido atribuir todos osfenômenos, geralmente conhecidos sob esse nome, aos “espíritos”. Este nome, por si só,basta para nos insinuar em um mau caminho. Ele deve ser substituído por um outro, porum termo genérico, não envolvendo hipótese alguma, doutrina alguma, como por exem-plo à palavra mediunismo, denominação que desde muito tempo introduzimos na Rússia.

Toda verdade nova, no domínio das ciências naturais, faz seu caminho lentamente, gradu-almente, porém seguramente.

FIM

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Hoje, graças às experiências hipnóticas, a noção da personalidade sofre uma completa revolução.

Não é mais uma unidade consciente, simples e permanente, como oafirmava a antiga escola, porém uma “coordenação psicológica”, umconjunto coerente, um consenso, uma síntese, uma associação dosfenômenos da consciência, enfim, um agregado de elementos psíqui-cos; por conseguinte, uma parte desses elementos pode, em certascondições, se dissociar, se destacar do núcleo central, a tal ponto queesses elementos tomem por temporário o caráter de uma persona-lidade independente.

Eis uma explicação provisória das variações e dos desdobramentos dapersonalidade, observados no sonambulismo e no hipnotismo.

Se a Ciência não tivesse desprezado os fatos do magnetismo animal, desde o começo, osseus estudos sobre a personalidade teriam dado um passo imenso e teriam entrado nodomínio do saber comum; o vulgo se teria então comportado de modo diferente a respei-to do Espiritismo, e a Ciência não teria tardado em ver, nesses fenômenos superiores, umnovo desenvolvimento da desagregação psicológica, e essa hipótese com certos desenvol-vimentos teria podido também se aplicar até a todos os outros gêneros de fenômenos me-diúnicos; assim nos fenômenos superiores de ordem física (movimentos de objetos semcontato, etc.), ela teria visto um fenômeno de desagregação de efeito físico, e, nos fatosde materialização, um fenômeno de desagregação de efeito plástico.

CONTINUA

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Volume 1 e 2

Prefácio daEdição Alemã

Um médium, conforme essa terminologia, seria um indivíduo no qualo estado de desagregação psicológica sobrevém facilmente, no qual,para empregar a expressão do Senhor Janet, “o poder de síntese psí-quica fica enfraquecido e deixa escapar-se, para fora da percepçãopessoal, um número mais ou menos considerável de fenômenospsicológicos”.

Como o Hipnotismo é em nossos dias um instrumento por meio doqual certos fenômenos de automatismo psicológico (de dissociaçãodos fenômenos da consciência, ou de desagregação mental) podemser obtidos à vontade e submetidos à experimentação, com o mesmofundamento, não hesitamos em afirmar que o Hipnotismo tornar-se-áem breve um instrumento por meio do qual quase todos os fenômenosdo Animismo poderão ser submetidos a uma experimentação positiva, obedecendo à vontade do homem; a sugestão será o instrumento por meio do qual a desagregação psíquica transporá os limites do corpo e produzirá efeitos físicos à vontade.

Será também o primeiro passo para a produção à vontade de um efeito plástico, e o fenô-meno conhecido em nossos dias sob o nome de “materialização” receberá o seu batismocientífico. Tudo isso importa necessariamente na modificação das doutrinas psicológicas eas conduzirá a ponto de vista monístico, segundo o qual cada elemento psíquico é porta-dor não só de uma forma de consciência, como ainda de uma força organizadora.

CONTINUA

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Volume 1 e 2

Prefácio daEdição Alemã

Dissecando a personalidade, a experimentação psicológica chegará aencontrar a individualidade, que é o núcleo transcendente das forçasindissociáveis, em roda do qual vêm grupar-se os elementos múlti-plos e dissociáveis que constituem a personalidade.

E então que o Espiritismo fará valer os seus direitos.

Somente ele pôde provar a existência e a persistência metafísica do indivíduo.

E chegará o tempo em que, no ápice da possante pirâmide que a Ciên-cia há de elevar com os inumeráveis materiais reunidos no domínio dosfatos não menos positivos quão transcendentes, ver-se-ão brilhar, ace-sos pelas mãos da própria Ciência, os fogos sagrados da Imortalidade.

FIM

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Volume 1 e 2

Capítulo IVA Hipótese dos Espíritos

(...) no organismo humano há uma consciência interior, que é dota-da de uma vontade e de uma razão individuais, agindo independen-temente da consciência exterior que conhecemos; que a ação dessaconsciência interior não é adstrita aos limites de nosso corpo, queela possui a faculdade de entrar em comunhão intelectual, passiva eativa, com os seres humanos, quero dizer: que ela pode não somen-te receber (ou arrogar-se) as impressões que emanam da atividadeinteligente de uma consciência estranha (quer interior, quer exte-rior), como ainda transmitir a essa última as suas próprias impres-sões, sem o auxílio dos sentidos corpóreos (transmissão de pensa-mentos); ainda mais, somos coagidos a admitir que essa consciênciainterior é dotada da faculdade de perceber as coisas presentes epassadas, no mundo físico como no mundo intelectual, e que essedom de percepção não é limitado pelo tempo nem pelo espaço, enão depende de qualquer das fontes conhecidas de informações(clarividência). (...)

(...) Em resumo, o estudo dos fenômenos mediúnicos nos força a aceitar as duas verdadesseguintes, fazendo abstração de qualquer hipótese espírita:

CONTINUA

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1) Existe no homem uma consciência interior, na aparência indepen-dente da consciência exterior, e que é dotada de uma vontade e deuma inteligência que lhe são próprias, assim como de uma faculdadede percepção extraordinária; essa consciência interior não é conheci-da da consciência exterior nem influenciada por ela; não é uma sim-ples manifestação dessa última, pois que essas duas consciênciasnão agem sempre simultaneamente ( (...) segundo a opinião de ou-tras pessoas, é uma individualidade, um ser transcendente. Deixare-mos de lado essas definições; basta-nos dizer que a atividade psíqui-ca do homem apresenta-se como dupla: atividade consciente e ati-vidade inconsciente - exterior e interior - e que as faculdades dessaúltima excedem muito às da primeira).

Volume 1 e 2

Capítulo IVA Hipótese dos Espíritos

2) O organismo humano pode agir à distância, produzindo um efeito não somente inte-lectual ou físico, como ainda plástico, dependente, segundo todas as aparências, de umafunção especial da consciência interior. Essa atividade extracorpórea é independente, con-forme parece, da consciência exterior, pois essa última não tem conhecimento de tal ativi-dade, não na dirige.

CONTINUA

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Volume 1 e 2

Capítulo IVA Hipótese dos Espíritos

Para maior brevidade, proponho designar pela palavra animismo to-dos os fenômenos intelectuais e físicos que deixam supor uma ativi-dade extracorpórea ou a distância do organismo humano, e mais es-pecialmente todos os fenômenos mediúnicos que podem ser expli-cados por uma ação que o homem vivo exerce além dos limites docorpo.

Quanto ao que diz respeito à palavra Espiritismo, ela será aplicada somente aos fenôme-nos que, após exame, não podem ser explicados por nenhuma das teorias precedentes eoferecem bases sérias para a admissão da hipótese de uma comunicação com os mortos.

Nota explicativa do autor: (...) Na verdade, a palavra psiquismo teria podidopreencher o mesmo fim que a palavra animismo, mas, uma vez aceita a pa-lavra espiritismo, parece-me que é preferível formar as duas expressões comradicais latinos e adotar estes dois termos para designar essas duas categoriasde fenômenos, absolutamente distintos quanto à sua fonte, se bem que te-nham grande afinidade em sua manifestação exterior. Demais, o adjetivo psí-quico serve hoje para traduzir as mais variadas ideias, frequentemente muitovagas..

CONTINUA

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Se as asserções contidas nessa hipótese acham sua justificação: en-tão o termo animismo será aplicado a uma categoria especial defenômenos, produzidos pelo princípio anímico (considerado comoser independente, razoável e organizador) enquanto está ligado aocorpo; e neste caso a palavra Espiritismo compreenderá todos osfenômenos que podem ser considerados como manifestação dessemesmo princípio, porém desprendido do corpo. Por mediunismoentenderemos todos os fenômenos compreendidos no animismo eno Espiritismo, independentemente de uma ou de outra dessas hi-póteses.

Volume 1 e 2

Capítulo IVA Hipótese dos Espíritos

FIM

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Observaram como Aksakof demonstra a possibilidade do surgimento de personalidades vindas da própria

individualidade. Ou seja, uma dissociação do próprio médium, podendo vim uma personalidade do

passado, ou melhor, de uma vivência do passado.

Volume 1 e 2

Estudos DirigidosO Animismo

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Vamos deixar aqui para vocês um relato bastante interessante no livro de Alexandre

Aksakof. Depois retornaremos ao nosso assunto sobre o fenômeno da incorporação.

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Volume 1 e 2

Capítulo IVA Hipótese dos Espíritos

Antes de passar à rubrica seguinte, é preciso responder a uma ques-tão que se apresenta aqui muito naturalmente: se as manifestaçõesmediúnicas não são em muitos casos mais do que efeitos da açãoextracorpórea do homem vivo, porque pois essas manifestações nãose anunciam como tais, já que dão testemunho de uma inteligênciaprópria? Esses casos existem, mas creio que foram geralmente des-prezados, como se pode ver pela observação seguinte do SenhorHarrison, antigo editor do “Spiritualist”:

“No sábado, 12 de Setembro de 1868, dirigi-me sozinho a uma ses-são privada em casa do Senhor e da Senhora Marshall, para ter umalonga conversação com John King (Espírito). No começo, estávamosem plena luz e disseram-nos por meio de pancadas:

“— Sou o vosso bom Espírito familiar.

“— Então tenha a bondade de dizer-me quem és.

“— Sim, sou tu mesmo.

“Voltei-me para a Senhora Marshall e perguntei-lhe o sentido dessa comunicação. Respon-deu-me que nada sabia a tal respeito; dantes, ela nunca tinha ouvido dizer coisa algumasemelhante. Era talvez teu duplo, acrescentou ela, pois que, diz-se, certas pessoas têmseus duplos no mundo dos Espíritos.

CONTINUA

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Volume 1 e 2

Capítulo IVA Hipótese dos Espíritos

“Era a primeira vez que eu ouvia falar da existência de duplos, e erapara mim uma hipótese muito ousada para que me submetesse tãodepressa a ela. Concluí daí, imediatamente, que a comunicação erauma brincadeira à maneira de John King. Eu perguntei:

“— Dir-mo-ás ainda em um aposento escuro?

“A resposta foi: — Sim.

“Entramos no aposento escuro, e, no fim de pouco tempo, vimosproduzirem-se corpos luminosos semelhantes a cometas, do compri-mento de cerca de 30 centímetros, alargados em uma das extremi-dades e afilando-se em delgada ponta na outra; esses corpos lumi-nosos flutuavam no ar, aqui e ali, seguindo uma trajetória curvilínea.Um momento depois, uma voz me disse, muito perto de mim:

“— Sou teu próprio “eu” espiritual; falei contigo no aposento vizinho.

“Pensei ainda que era uma brincadeira de John King e não continuei a conversação.

“Sempre lamentei essa circunstância, agora que sabemos que papel importante represen-tam em grande número de manifestações espiríticas o duplo e outros agentes semelhan-tes.)”

FIM

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Vamos colocar também aqui agora um episódio do livro “Nos Domínios da Mediunidade”.

Incluímos quase o texto completo do capítulo para o nosso estudo. Vamos ver o que ele tem a

ver com o nosso assunto sobre o animismo.

Estudos DirigidosO Animismo

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Capítulo 22Emersão do Passado

Em uma instituição, no atendimento espiritual a encarnados...

(...) eis que uma das senhoras enfermas (aguardando ser atendida) caiem pranto convulsivo, exclamando:

— Quem me socorre? Quem me socorre?...

E comprimindo o peito com as mãos, acrescentava em tom comovedor:

— Covarde! Por que apunhalar, assim, uma indefesa mulher? Sereitotalmente culpada? Meu sangue condenará seu nome infeliz...

Raul (trabalhador encarnado da instituição), com a serenidade habi-tual, abeirou-se dela e consolou-a, com carinho:

— Minha irmã, o perdão é o remédio que nos recompõe a alma doente... Não admita queo desespero lhe subjugue as energias!... Guardar ofensas é conservar a sombra. Esqueça-mos o mal para que a luz do bem nos felicite o caminho...

— Olvidar? Nunca!... O senhor sabe o que vem a ser uma lâmina enterrada em sua carne?Sabe o que seja a calamidade de um homem que nos suga a existência para arremessar-nos à miséria, comprazendo-se, depois disso, em derramar-nos o próprio sangue?

— Sim, sim, ninguém lhe contraria o direito à justiça, segundo as suas afirmações,entretanto, não será mais aconselhável aguardar o pronunciamento da Bondade Divina?Quem de nós estará sem mácula?

CONTINUA

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Capítulo 22Emersão do Passado

— Esperar, esperar? Há quanto tempo não faço outra coisa! Em vãoprocuro reaver a alegria... Por mais me dedique ao trabalho de rompercom o pretérito, vivo a carregar a sombra de minhas recordações, comoquem traz no próprio peito o sepulcro dos sonhos mortos... Tudo porcausa dele... Tudo pelo malvado que me arruinou o destino...

E a pobre criatura prorrompeu em soluços, enquanto um homem desen-carnado, não longe, fitava-a com inexprimível desalento

Perplexos, Hilário e eu lançamos um olhar indagador ao Assistente, quenos percebeu a estranheza, porquanto a enferma, sem a presença damulher invisível que parecia personificar, prosseguia em aflitiva posiçãode sofrimento.

— Não vejo a entidade de quem a nossa irmã se faz intérprete — alegou Hilário, curioso.

— Sim — disse por minha vez —; observo em nossa vizinhança um triste companheirodesencarnado, mas se ele estivesse telepaticamente ligado à nossa amiga, decerto amensagem definiria a palavra de um homem, sem as características femininas dalamentação que registramos... Em verdade, não notamos aqui qualquer laço magnéticoque nos induza a assinalar fluidos teledinâmicos sobre a mente da médium...

Áulus afagou a fronte da doente em lágrimas, como se lhe auscultasse o pensamento, eexplicou:

CONTINUA

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Capítulo 22Emersão do Passado

— Estamos diante do passado de nossa companheira. A mágoa e o azedu-me, tanto quanto a personalidade supostamente exótica de que dá teste-munho, tudo procede dela mesma... Ante a aproximação de antigo desa-feto, que ainda a persegue de nosso plano, revive a experiência dolorosaque lhe ocorreu, em cidade do Velho Mundo, no século passado, e entraem seguida a padecer insopitável melancolia. Recomeçou a luta na carne,na presente reencarnação, possuída de novas esperanças, contudo, tãologo experimenta a visitação espiritual do antigo verdugo, que a ela seenleia, através de vigorosos laços de amor e ódio, perturba-se-lhe a vidamental, necessitada de mais ampla reeducação. É um caso no qual se fazpossível a colheita de valiosos ensinamentos.

— Isso quer dizer, então...

A frase de Hilário ficou, porém, no ar, porque o instrutor lhe, definiu o pensamento,acrescentando:

— Isso quer dizer que nossa irmã imobilizou grande coeficiente de forças do seu mundoemotivo, em torno da experiência a que nos referimos, a ponto de semelhante crista-lização mental haver superado o choque biológico do renascimento no corpo físico,prosseguindo quase que intacta. Fixando-se nessa lembrança, quando instada de maisperto pelo companheiro que lhe foi irrefletido algoz, passa a comportar-se qual se esti-vesse ainda no passado que teima em ressuscitar. É então que se dá a conhecer comopersonalidade diferente, a referir-se à vida anterior.

CONTINUA

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Capítulo 22Emersão do Passado

Sorrindo, paternal, considerou:

— Sem dúvida, em tais momentos, é alguém que volta do pretérito a co-municar-se com o presente, porque ao influxo das recordações penosasde que se vê assaltada, centraliza todos os seus recursos mnemônicostão-somente no ponto nevrálgico em que viciou o pensamento. Para opsiquiatra comum é apenas uma candidata à insulinoterapia ou ao ele-trochoque, entretanto, para nós, é uma enferma espiritual, uma cons-ciência torturada, exigindo amparo moral e cultural para a renovaçãoIntima, única base sólida que lhe assegurará o reajustamento definitivo.

Analisei-a, com atenção, e concluí:

— Mediunicamente falando, vemos aqui um processo de autêntico animismo. Nossa amigasupõe encarnar uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de simesma...

— Poderíamos, então, classificar o fato no quadro da mistificação inconsciente? —interferiu Hilário, indagador.

Áulus meditou um minuto e ponderou:

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Capítulo 22Emersão do Passado

— Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da NovaEra, sob a égide do Espiritismo, vêm convertendo a teoria animista numtravão injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de reali-zação do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavrasmistificação inconsciente ou subconsciente, para batizar o fenômeno. Narealidade, a manifestação decorre dos próprios sentimentos de nossaamiga, arrojados ao pretérito, de onde recolhe as impressões depri-mentes de que se vê possuída, externando-as no meio em que se encon-tra. E a pobrezinha efetua isso quase na posição de perfeita sonâmbula,porquanto se concentra totalmente nas recordações que já assinalamos,como se reunisse todas as energias da memória numa simples ferida, cominteira despreocupação das responsabilidades que a reencarnação atuallhe confere.

“Achamo-nos, por esse motivo, perante uma doente mental, requisitando-nos o maiorcarinho para que se recupere. Para sanar-lhe a inquietação, todavia, não nos bastamdiagnósticos complicados ou meras definições técnicas no campo verbalista, se não houvero calor da assistência amiga.”

Nosso orientador fez ligeira pausa, acariciando a enferma, e, enquanto Raul Silva conti-nuava a doutriná-la e a consolá-la, notificou-nos, bondoso:

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Capítulo 22Emersão do Passado

— Deve ser tratada com a mesma atenção que ministramos aos sofredo-res que se comunicam. É também um Espírito imortal, solicitando-nosconcurso e entendimento para que se lhe restabeleça a harmonia. A ideiade mistificação talvez nos impelisse a desrespeitosa atitude, diante do seupadecimento moral. Por isso, nessas circunstâncias, é preciso armar ocoração de amor, a fim de que possamos auxiliar e compreender. Umdoutrinador sem tato fraterno apenas lhe agravaria o problema, porque,a pretexto de servir à verdade, talvez lhe impusesse corretivo inoportunoao invés de socorro providencial. Primeiro, é preciso remover o mal, paradepois fortificar a vítima na sua própria defesa.

Felizmente, o nosso Raul assimila as correntes espirituais que prevalecem aqui, tornando-se o enfermeiro ideal para as situações dessa ordem.

Hilário, tanto quanto eu, edificado com os ensinamentos ouvidos, perguntou respeitoso:

— E podemos considerá-la médium, mesmo assim?

— Como não? Um vaso defeituoso pode ser consertado e restituído ao serviço.Naturalmente, agora a paciência e a caridade necessitam agir para salvá-la. Nossa irmãdeve ser ouvida na posição em que se revela, como sendo em tudo a desventurada mulherde outro tempo, e recebida por nós nessa base, para que use o remédio moral que lheestendemos, desligando-se enfim do passado... O assunto não comporta desmentido,porque indiscutivelmente essa mulher existe ainda nela mesma. A personalidade antiganão foi tão eclipsada pela matéria densa como seria de desejar. Ela renasceu pelacarne, sem renovar-se em espírito...

CONTINUA

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Capítulo 22Emersão do Passado

O Assistente fixou o gesto de quem mergulhava na própria consciência asonda de suas reflexões e falou, qual se o fizesse de si para consigo:

— Ela representa milhares de criaturas aos nossos olhos... Quantosmendigos arrastam na Terra o esburacado manto da fidalguia efêmeraque envergaram outrora! Quantos escravos da necessidade e da dortrazem consigo a vaidade e o orgulho dos poderosos senhores que jáforam em outras épocas!... Quantas almas conduzidas à ligação consan-guínea caminham do berço ao túmulo, transportando quistos invisíveis deaversão e ódio aos próprios parentes, que lhes foram duros adversáriosem existências pregressas!... Todos podemos cair em semelhantes esta-dos se não aprendemos a cultivar o esquecimento do mal, em marchaincessante com o bem...

Nessa altura, Raul Silva, na condição de hábil psicólogo, convidou a doente ao benefício daprece. Competia-lhe a ela suplicar ao Céu a graça do olvido. Cabia-lhe expungir o passadoda imaginação, de maneira a pacificar-se. E, singularmente comovido, recomendou-lherepetir em companhia dele as frases sublimes da oração dominical.

A pobre senhora acompanhou-o docilmente. Ao término da súplica, mostrava-se maistranquila. O prestimoso amigo, traduzindo a colaboração do mentor que o acompanhava,solícito, rogou-lhe considerar, acima de tudo, o impositivo do perdão aos inimigos para areconquista da paz e, em lágrimas, a enferma desligou-se das impressõesque a imobilizavam no pretérito, tornando à posição normal. CONTINUA

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Capítulo 22Emersão do Passado

Enquanto Silva lhe aplicava passes de reconforto, o Assistente comentou:

— Outra não pode ser, por enquanto, a intervenção assistencial em seubenefício. Pela enfermagem espiritual bem conduzida, reajustar-se-ápouco a pouco, retomando o império sobre si mesma e capacitando-separa o desempenho de valiosas tarefas mediúnicas mais tarde.

FIM

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Estudos Dirigidos

Vamos dar uma pausa por aqui.

http://vivenciasespiritualismo.net/index.htmLuiz Antonio Brasil

Périclis [email protected]